Cultivo Técnico de Melão e Melancia

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  • DOSSI TCNICO

    Cultivo de melo e melancia

    Lisiane Fernanda Fabro de Castilhos Instituto de Tecnologia do Paran - TECPAR

    Janeiro/2012

  • O Servio Brasileiro de Respostas Tcnicas SBRT fornece solues de informao tecnolgica sob medida, relacionadas aos processos produtivos das Micro e Pequenas Empresas. Ele estruturado em rede, sendo operacionalizado por centros de pesquisa, universidades, centros de educao profissional e tecnologias industriais, bem como associaes que promovam a interface entre a oferta e a demanda tecnolgica. O SBRT apoiado pelo Servio Brasileiro de Apoio s Micro e Pequenas Empresas SEBRAE e pelo Ministrio da Cincia Tecnologia e Inovao MCTI e de seus institutos: Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico CNPq e Instituto Brasileiro de Informao em Cincia e Tecnologia IBICT.

    Cultivo de melo e melancia

  • Dossi Tcnico CASTILHOS, Lisiane Fernanda Fabro de Cultivo de melo e melancia Instituto de Tecnologia do Paran - TECPAR

    27/1/2012

    Resumo Descrio dos cultivos de melo e melancia, suas espcies, caractersticas, formas de preparao do solo, adubao, irrigao. Informaes a respeito de pragas nas culturas, doenas e distrbios fisiolgicos. Deteco do ponto de colheita, tcnicas para retirar os frutos, modo de transportar e armazen-los.

    Assunto CULTIVO DE MELO Palavras-chave Adubao; adubo; agricultura; clima; colheita; condio

    ambiental; controle de praga; cultivo; doena de planta; fertirrigao; fruto; irrigao; melancia; melo; plantio; praga agrcola; solo

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    Sumrio

    1 INTRODUO ................................................................................................................ 4

    2 MELO ............................................................................................................................ 4

    2.1 Tipos de melo ............................................................................................................ 4 2.1.1 Melo Amarelo ........................................................................................................... 4 2.1.2 Melo Cantaloupe ou Japons ................................................................................... 6 2.1.3 Melo Charentais ....................................................................................................... 7 2.1.4 Melo Glia ................................................................................................................ 7 2.1.5 Melo Orange ............................................................................................................ 8 2.1.6 Melo Pele de sapo ................................................................................................... 9

    2.2 Composio qumica .................................................................................................. 9

    2.3 poca de plantio ........................................................................................................ 10

    2.4 Clima ........................................................................................................................... 10 2.4.1 Temperatura ............................................................................................................. 10 2.4.2 Umidade relativa ....................................................................................................... 11 2.4.3 Precipitao .............................................................................................................. 11 2.4.4 Luminosidade ........................................................................................................... 11

    2.5 Solo ............................................................................................................................. 11

    2.6 Adubao ................................................................................................................... 12

    2.7 Plantio ......................................................................................................................... 12 2.7.1 Espaamento ............................................................................................................ 13 2.7.2 Propagao .............................................................................................................. 13

    2.8 Tratos culturais .......................................................................................................... 13

    2.9 Distrbios e desordens fisiolgicas ......................................................................... 14

    2.10 Irrigao.................................................................................................................... 15

    2.11 Fertirrigao ............................................................................................................. 16

    2.12 Principais pragas ..................................................................................................... 17 2.12.1 Mosca-branca ......................................................................................................... 17 2.12.2 Brocas-das-cucurbitaceas ....................................................................................... 18 2.12.3 Pulgo .................................................................................................................... 18 2.12.4 Moscas minadoras .................................................................................................. 18 2.12.5 Mosca-das-frutas .................................................................................................... 18

    2.13 Principais doenas .................................................................................................. 19 2.13.1 Doenas causadas por fungos ................................................................................ 19 2.13.2 Doenas causadas por bactrias ............................................................................ 20 2.13.3 Doenas causadas por nematoides ........................................................................ 21 2.13.4 Doenas causadas por vrus ................................................................................... 21

    2.14 Colheita .................................................................................................................... 22

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    3 MELANCIA ..................................................................................................................... 23

    3.1 Tipos de melancia ...................................................................................................... 24

    3.2 Composio qumica ................................................................................................. 24

    3.3 Clima ........................................................................................................................... 25 3.3.1 Temperatura ............................................................................................................. 25 3.3.2 Umidade relativa do ar .............................................................................................. 25 3.3.3 Luz ............................................................................................................................ 25

    3.4 poca de plantio ........................................................................................................ 25

    3.5 Solo ............................................................................................................................. 25

    3.6 Adubao ................................................................................................................... 26

    3.7 Plantio ......................................................................................................................... 26

    3.8 Irrigao ..................................................................................................................... 26

    3.9 Tratos culturais, pragas e doenas .......................................................................... 27

    3.10 Colheita e classificao ........................................................................................... 27

    CONCLUSES E RECOMENDAES ............................................................................ 27

    REFERNCIAS ................................................................................................................. 28

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    Contedo

    1 INTRODUO

    O melo e a melancia so ricos em vitaminas e sais minerais, possuem propriedades refrescantes e so considerados frutas do vero.

    So frutos pertencentes famlia das Cucurbitceas; plantas de crescimento rasteiro com vrias ramificaes. A melancia cultivada especialmente por pequenos agricultores e seus frutos so utilizados tanto na alimentao humana como animal. A regio Nordeste destaca-se como a maior produtora no Brasil e, diferentemente do melo, o comrcio externo de melancia ainda pouco significativo. Os maiores produtores de melo so Rio Grande do Norte, Cear, Bahia e Pernambuco, sendo os 4 responsveis por 95% da produo (SERVIO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL, 2007).

    2 MELO

    O melo uma planta tropical originria da frica, mas cultivada em vrios pases do Mediterrneo, sia e Amrica. Sua grande variabilidade gentica permite a adaptao deste fruto as mais diferentes regies, sendo cultivadas espcies com muitas formas, cores e aromas (COSTA, [200-?]).

    Os meles so classificados como aromticos e inodoros. Os aromticos so o Cantaloupe, Charentais, Glia e Orange; os inodoros so o Amarelo e o Pele de sapo (SERVIO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL, 2007).

    Para que o meloeiro possa se desenvolver bem e fornecer frutos de boa qualidade necessrio um solo com boa drenagem, aerao e fertilidade, temperatura variando entre 25 a 35C, clima seco e com muita luminosidade. A temp eratura e luminosidade favorecem a fotossntese e a produo de acar, tornando os frutos mais doces e saborosos (HORTIBRASIL, 2007).

    2.1 Tipos de melo

    Os meles so geralmente classificados como inodoros ou aromticos. Os inodoros possuem a casca lisa com uma colorao amarela ou verde escura, sua polpa possui uma colorao entre a branca e a verde-clara. So mais resistentes que os aromticos suportando um perodo de at 30 dias aps a colheita. As duas espcies cultivadas no Brasil so o melo amarelo e o pele de sapo (HORTIBRASIL, 2007).

    Os meles aromticos caracterizam-se pela casca rendilhada ou rugosa semelhante a gomos. A colorao da polpa varia entre o amarelo e o salmo e sua resistncia aps a colheita bem menor do que os meles inodoros (HORTIBRASIL, 2007).

    2.1.1 Melo Amarelo

    O melo amarelo tambm chamado por melo espanhol um fruto de forma redonda, um pouco ovalada, sua polpa geralmente possui colorao creme quando madura (FIG. 1). Seu peso mdio varia de 1,2 a 2,0 kg. a espcie mais resistente ao manuseio e conservao, suportando o transporte por longas distncias, e tambm a mais cultivada no Brasil (SERVIO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL, 2007).

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    Figura 1 Melo Amarelo Fonte: (SERVIO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL, 2007)

    Mendes et al. (2010) descrevem seus principais hbridos:

    Hbrido AF 682 (Agroflora/Sakata): resistente ao odio raa 1 e ao vrus do mosaico do mamoeiro e estirpe melancia (PRSV-w). Possui um ciclo que varia entre 55 a 65 dias e sua produo mdia maior que 20 t/ha;

    Hbrido Vereda (Agroflora/Sakata): resistente ao odio, raa 1 e ao vrus do mosaico do mamoeiro e estirpe melancia (PRSV-w). Seus frutos possuem uma cavidade interna pequena e boa conservao ps-colheita. Possui um ciclo que varia entre 55 a 65 dias e sua produtividade acima de 20 t/ha.

    Hbrido Iracema (Agroflora/Sakata): resistente ao odio raas 1, 2, 3 e 5; Fusarium raas 0, 1 e 2 e ao vrus do mosaico do mamoeiro estirpe melancia (PRSV-w). Tem boa uniformidade de tamanho e alta estabilidade de slidos solveis. Suas mudas possuem maior facilidade de pagamento e sua produtividade supera 20 t/ha;

    Hbrido 4945 (Agroflora/Sakata): resistente ao odio raas 1, 2 e 5; Fusarium raas 0 e 2 e ao vrus do mosaico do mamoeiro estirpe melancia (PRSV-w). Seu fruto possui forma alongada e uma cor amarela intensa. Seu perodo de colheita aps 67 dias;

    Hbrido Goldex (Agristar/Topseed): tolerante ao Fusarium raas 0 e 2 e odio. Possui um alto teor de slidos solveis, sua polpa branca e a casca um pouco rugosa, seu peso mdio 1,4 kg. O perodo de colheita varia de 64 a 70 dias;

    Hbrido 10/00 (Agristar/Topseed): com tolerncia ao Fusarium raas 0, 1 e 2. Seu peso varia entre 2,3 a 2,8 kg, possui um alto teor de slidos solveis e seu ciclo mdio de 65 dias;

    Hbrido Tropical (Agristar/Topseed): suas caractersticas so idnticas ao Hbrido 10/00 (Agristar/Topseed) diferindo apenas em seu ciclo que aproximadamente 75 dias.

    Hbrido Mandacaru (Clause Tzier): resistente ao mldio. Seus frutos so arredondados com uma casca vincada, sua polpa firme e seu peso varia entre 1,5 a 2,3 kg. Seu ciclo mdio de 60 a 65 dias;

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    Hbrido Gold Mine (Seminis): tolerante ao odio, ao mldio e ao Fusarium raas 0, 1 e 2. Seus frutos possuem forma ovalada e sua casca levemente enrugada. O peso mdio de 1,5 a 2 kg, com pequena cavidade interna. Seu ciclo de 60 a 65 dias;

    Hbrido Natal (Rijk Zwaan): possui resistncia s raas 2 de odio e 0 e 1 de Fusarium. Seus frutos possuem um formato ovalado e peso mdio de 1,2 a 2 kg. Sua polpa branca e firme e a casca lisa. O ciclo de 65 dias e o potencial produtivo superior a 20 t/ha.

    2.1.2 Melo Cantaloupe ou Japons

    Este melo de origem americana possui forma esfrica, casca rendilhada e a polpa cor salmo (FIG. 2). Seu peso varia de 1 a 1,5 kg. So menos resistentes que os amarelos, necessitando de refrigerao aps a colheita (SERVIO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL, 2007).

    Figura 2 Melo Cantaloupe Fonte: (SERVIO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL, 2007)

    Mendes et al. (2010) relatam os hbridos:

    Hbrido Torreon (Agristar/Topseed): resistente ao Fusarium raas 0 e 2 e odio raas 1 e 2. Seu fruto possui polpa de cor salmo e seu peso aproximadamente 1,2 kg. Sua casca apresenta um timo rendimento e boa resistncia ao transporte. O perodo de colheita de 65 dias;

    Hbrido Vera Cruz (Syngenta/Rogers): com tolerncia ao Fusarium raas 0 e 2 e odio raas 1 e 2. Sua casca apresenta um rendimento denso e uniforme. A colorao de polpa alaranjada com uma pequena cavidade interna. Seu peso mdio varia de 1 a 1,2 kg, com ciclo de 62 a 64 dias;

    Hbrido Acclaim (Syngenta/Rogers): com tolerncia ao Fusarium raas 0 e 2 e odio raas 1 e 2. Sua polpa firme e de colorao laranja, com casca reticulada densa e uniforme, seu peso varia entre 1 a 1,5 kg. Seu ciclo de 66 a 68 dias;

    Hbrido Sedna (Syngenta/Rogers): possui resistncia ao Fusarium raas 0 e 2, odio raas 1 e 2 e a Sphaerotheca fuliginea raas 1 e 2. Possui forma arredondada, com a casca rendilhada e uniforme, sua polpa alaranjada intensa e o peso mdio 0,8 a 1 kg. Com um ciclo mdio de 64 a 68 dias;

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    Hbrido Hy Mark (Seminis): com resistncia ao odio raa 1. Possui forma um pouco ovalada, a casca reticulada e a polpa na colorao salmo. Apresenta uma pequena cavidade interna e seu peso varia de 1,4 a 1,5 kg. Seu ciclo de 62 a 67 dias com uma produtividade acima de 20 t/ha;

    Hbrido PX 4048 (Seminis): com a forma redonda-ovalada de colorao salmo. Tem produtividade acima de 20 t/ha e colheita entre 62 a 66 dias. Seu maior diferencial um maior perodo de vida til;

    Hbrido Caribbean Gold (Rijk Zwaan): com resistncia s raas 0, 1 e 2 de Fusarium. Possui uma casca reticulada, porm mais fina que os demais cultivares. Sua polpa de cor laranja, com pequena cavidade interna. Seu ciclo de 65 dias e o perodo de vida til maior, assim como o hbrido PX 4048.

    2.1.3 Melo Charentais

    So meles aromticos de origem francesa, possuem casca lisa, verde-clara reticulada com suturas ou costelas, seu formato arredondado ou achatado, a colorao da polpa salmo, algumas variedades possuem leve rendimento (FIG. 3). O peso mdio dos frutos varia de 1 a 1,2 kg, necessitando de cuidados no manuseio e refrigerao aps a colheita (SERVIO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL, 2007).

    Figura 3 Melo Charentais Fonte: (SERVIO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL, 2007)

    O Magrite (Nunhens) um hibrido de formato redondo e polpa com cor laranja, com ciclo de 65 dias e produtividade acima de 20 t/h. O hbrido Magisto (Nunhens) apresenta as mesmas caractersticas do Magrite (Nunhens) (MENDES et al., 2010).

    2.1.4 Melo Glia

    O melo Glia de origem israelense, sua forma arredondada e a casca possui rendimento menor que os Cantaloupes (FIG. 4). A colorao da polpa varia de branco a branco-esverdeado e seu peso varia entre 0,7 a 1,3 kg. Pertence ao grupo dos aromticos, exige cuidados no manuseio e necessita de refrigerao aps a colheita (SERVIO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL, 2007).

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    Figura 4 Melo Glia Fonte: (SERVIO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL, 2007)

    De acordo com Mendes et al. (2010), os hbridos so:

    Hbrido Ciro (De Ruiter): com resistncia ao Fusarium raas 0 e 1, e tolerncia ao odio. Fruto de rendilhado fino e uniforme, com peso variando entre 0,9 a 1 kg;

    Hbrido Nctar (Clause Tzier): resistente ao Fusarium raas 0, 1 e 2, e tolerncia ao mldio. Possui colorao de polpa verde e casca rendilhada. Com peso variando entre 0,8 a 1,2 kg, apresenta excelente conservao ps-colheita;

    Hbrido Estoril (Nunhens): com forma redonda e polpa verde, a produtividade fica acima de 20 t/ha e o ciclo de 56 dias.

    2.1.5 Melo Orange

    So meles redondos com casca lisa de cor creme, a colorao da polpa laranja-escura ou creme-esverdeada (FIG. 5). Seu peso varia de 1,5 a 1,8 kg. Exige manuseio cuidadoso e refrigerao aps a colheita (SERVIO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL, 2007).

    Figura 5 Melo Orange Fonte: (SERVIO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL, 2007)

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    Os hbridos Orange County (Seminis) so frutos de formato redondo, casca lisa com colorao creme e polpa laranja intensa. Com peso variando entre 1,5 a 1,8 kg e produtividade acima de 20 t/ha (MENDES et al., 2010).

    2.1.6 Melo Pele de sapo

    Este melo possui o nome devido a casca dura, a colorao verde-clara com manchas verde-escuras e a textura um pouco enrugada (FIG. 6). Seu formato ovalado e pertence ao grupo dos inodoros, sendo o maior entre os meles cultivados no Brasil com peso variando entre 1 a 3,5 kg (SERVIO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL, 2007).

    Figura 6 Melo Pele de sapo Fonte: (SERVIO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL, 2007)

    Seus principais hbridos so (MENDES et al., 2010):

    Hbrido Sancho (Syngenta/Rogers): com resistncia ao Fusarium raas 0 e 2, e ao odio. Possui forma ovalada e reticulada, sua polpa firme e de cor creme. Seu peso varia entre de 1,8 a 3,5 kg, com um ciclo mdio de 70 a 80 dias;

    Hbrido Medellin (Nunhens): de forma ovalada e polpa branca, com produtividade acima de 20 t/ha e perodo para a colheita de 65 dias;

    Hbrido Grand Prix (Agroflora/Sakata): com resistncia Sphaerotheca fuliginea raa 2, e ao Fusarium raas 0, 1 e 2. Frutos com peso mdio de 3 kg e produtividade de 30 t/ha.

    Todos estes hbridos apresentados possuem as caractersticas padronizadas tanto para o mercado interno quanto o externo.

    2.2 Composio qumica

    O melo um fruto rico em vitaminas A, B, B2, B5 e C, com um valor energtico de 20 a 62 kcal/100 g de polpa. Contm minerais como potssio, sdio e fsforo, alm de pequenas quantidades de cidos ctrico e mlico. Seu principal acar a sacarose, mas tambm contm frutose, glicose e rafinose em menores quantidades (COSTA, [200-?]; HORTIBRASIL, 2007).

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    A caracterizao do sabor do melo mensurada pelo contedo de slidos solveis. Seu sabor uma combinao de acares com inmeros compostos aromticos, como alcois, steres e cetonas. O Quadro 1 indica os compostos contidos no melo e suas propores para 100 g de polpa (COSTA, [200-?]; HORTIBRASIL, 2007).

    Composio Contedo Composio Contedo gua 83% Riboflavina 0,02 mg

    Calorias 62 kcal Niacina 0,50 mg Protenas 0,60 g Clcio 10,0 mg Gorduras 0,10 g Fsforo 13,1 mg

    Carboidratos 15,7 g Sdio 9,0 mg Fibra 0,30 g Magnsio 13,1 mg

    Vitamina A 1540 UI Potssio 188 mg Vitamina C 16,0 mg Ferro 0,30 mg

    Tiamina 0,03 mg Zinco 0,13 mg Quadro 1 Composio nutritiva do melo para 100 g de polpa

    Fonte: (COSTA, [200-?])

    O fruto contm propriedades medicinais como calmante, refrescante, alcalinizante, mineralizante, oxidante, diurtico, laxante e emoliente. Tambm aconselhado seu consumo em casos de controle da gota, reumatismo, artritismo, obesidade, atonia intestinal, priso de ventre, afeces renais, nefrite, cistite, colite, leucorria e uretrite (COSTA, [200-?]).

    2.3 poca de plantio

    A poca de plantio varia de acordo com as condies climticas exigidas pela planta. Em regies onde o clima um pouco mais frio, o plantio do melo ocorre de outubro a fevereiro, para climas amenos, de agosto a maro, e nas regies de clima quente, durante o ano todo (COSTA, [200-?]; MENDES et al., 2010).

    importante verificar as pocas de chuvas intensas na regio, pois estas alteram a qualidade dos meles, como j foi relatado. O nordeste a regio mais propicia para o cultivo desta planta. As altas temperaturas, insolao e luminosidade, baixa umidade relativa do ar e presena de solos frteis fazem da regio uma grande exportadora deste produto (COSTA, [200-?]; MENDES et al., 2010).

    2.4 Clima

    O clima influencia na adaptao do meloeiro. As condies ambientais que favorecem seu crescimento, desenvolvimento e qualidade so: temperatura; umidade relativa; chuvas e luminosidade. Para alcanar uma alta produtividade deve-se analisar uma combinao destes fatores para escolher a melhor poca de plantio, de acordo com a localizao e altitude da regio (COSTA, [200-?]; MENDES et al., 2010).

    2.4.1 Temperatura

    A temperatura do ar afeta a maioria dos processos bioqumicos ou fisiolgicos das plantas. Para o meloeiro este fator predominante para garantir seu bom desenvolvimento. Para se obter uma boa produtividade a planta necessita de temperaturas variando entre 25 a 30C durante todo seu ciclo de desenvolvimento. Isto faz com que o teor de acar dos frutos excedam 10Brix (fator que mede a quantidade de sl idos solveis e proporo de acar) (COSTA, [200-?]; MENDES et al., 2010).

    O cultivo da espcie em temperaturas na faixa de 15 a 20C inibe a ramificao da planta resultando em baixa produtividade. J com valores abaixo de 12C, o crescimento vegetativo paralisado. Temperaturas acima de 35C estimulam a formao de flores

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    masculinas e ocasionam problemas na maturao podendo ocorrer ruptura da casca (COSTA, [200-?]; MENDES et al., 2010).

    2.4.2 Umidade relativa

    A faixa de umidade ideal para o cultivo do meloeiro de 65 a 75%. Locais com umidade acima de 75% h grande probabilidade de doenas fngicas que causam quedas das folhas, produzindo frutos menores e com pequena quantidade de aucares (MENDES et al., 2010).

    2.4.3 Precipitao

    Assim como a umidade relativa, o excesso de chuvas influi na qualidade do fruto, facilitando o aparecimento de doenas fngicas. No perodo de maturao e colheita, as chuvas danificam os frutos e alteram o teor de acar (MENDES et al., 2010).

    2.4.4 Luminosidade

    A radiao solar tambm exerce influncia sobre a produo do meloeiro, interferindo diretamente na qualidade do fruto. recomendvel o plantio do melo em regies que apresentem exposio solar na faixa de 2.000 a 3.000 horas/ano. Estes valores garantem um bom crescimento foliar e, consequentemente, frutos com boa qualidade (COSTA, [200-?]; MENDES et al., 2010).

    2.5 Solo

    Para que uma planta possa crescer e desenvolver-se, o solo precisa fornecer condies adequadas como regular os fluxos da gua e conter elementos importantes como carbono (C), nitrognio (N), fsforo (P), e potssio (K) (COSTA, [200-?]).

    A cultura do melo exigente quanto fertilidade, apesar de se adaptar a diferentes tipos de solos. O sistema radicular do meloeiro normalmente superficial, porm, em solos profundos e bem arejados, atinge profundidades acima de 1 metro (COSTA, [200-?]; MENDES et al., 2010).

    Para que a cultura tenha um bom desenvolvimento necessrio o preparo do solo, geralmente faz-se uma arao seguida de gradagem no sentido perpendicular. Mas em solos muito compactados o ideal fazer uma subsolagem (COSTA, [200-?]; MENDES et al., 2010).

    Se a rea de cultivo apresentar declividade, necessrio que os canteiros sejam feitos seguindo as curvas de nvel. Isso diminui o arraste do solo provocado pelas enxurradas nos perodos de chuva (MENDES et al., 2010).

    O solo padro para o desenvolvimento do melo leve, poroso, profundo com boa drenagem e faixa de pH entre 6,4 a 7,2. Pode-se tambm cultiv-lo em solos mais secos ou arenosos, porm h necessidade de irrig-los (MENDES et al., 2010).

    Para se obter uma boa produo faz-se necessrio avaliar o solo para detectar o valor do pH, a presena de elementos txicos e carncia de nutrientes, para ento fazer uma adubao adequada (MENDES et al., 2010).

    A calagem utilizada em solos cidos para prepar-los ao cultivo. Este processo consiste na adio de calcrio que neutraliza o alumnio trocvel, alm de oferecer s plantas uma maior quantidade de P, Ca, Mg e Mo. recomendvel fazer a calagem em solos que apresentam pouca quantidade destes nutrientes, ainda que este no seja cido (MENDES et al., 2010).

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    O tempo ideal para realizar a calagem de 30 dias antecedentes ao plantio. necessrio fazer uma gradagem no solo para ento adicionar o calcrio. Para que a neutralizao do solo ocorra preciso umidade, para isso deve-se utilizar calcrios com um PRNT (poder relativo de neutralizao total) acima de 80%. recomendvel a utilizao de calcrio dolomtico, que alm do clcio apresenta maior teor de magnsio (MENDES et al., 2010).

    2.6 Adubao

    Para realizar uma adubao eficaz, necessrio analisar o solo e o tecido foliar da planta e, assim, mensurar as quantidades de nutrientes necessrias cultura. A anlise desses fatores aumenta a produtividade, reduz o custo de adubao, previne o aparecimento de pragas e doenas, alm de diminuir os impactos ambientais causados pelo uso excessivo de fertilizantes e agrotxicos (MENDES et al., 2010).

    Os principais componentes que afetam o desenvolvimento da planta so: nitrognio, fsforo, potssio, clcio, magnsio, enxofre, boro, zinco, cobre e molibdnio (MENDES et al, 2010).

    A deficincia de nitrognio diminui o crescimento da planta e causa clorose nas folhas mais velhas, que uma reduo na produo de clorofila, provocando nas folhas uma colorao diferente da normal. A deficincia do enxofre semelhante ao nitrognio, entretanto, os sintomas aparecem primeiramente nas folhas jovens (MENDES et al., 2010).

    A falta de fsforo forma uma folhagem verde-escura ou azul-esverdeada com pigmentos vermelhos, purpreos e marrons ao longo das nervuras, a reduo severa deste nutriente reduz o crescimento (MENDES et al., 2010).

    A carncia de potssio forma folhas semelhantes falta de fsforo, com manchas necrticas que podem provocar o murchamento da folha, um crescimento reduzido alm da morte das gemas e partes terminais da planta. A falta de clcio afeta drasticamente o desenvolvimento das razes, deixando-as propensas infeco por bactrias e fungos, altera tambm a colorao da polpa (causando transparncia) e a firmeza do melo (MENDES et al., 2010).

    A falta de magnsio causa a clorose na parte marginal das folhas acompanhada pelo desenvolvimento de uma variedade de pigmentos. J a deficincia de boro reduz o crescimento radicular, prejudica as gemas apicais, deforma as folhas e o caule, afeta o florescimento, quando produz frutos estes so speros e fendidos (MENDES et al., 2010).

    A escassez de zinco e cobre origina a clorose nas folhas podendo necros-las. O florescimento e a frutificao so minimizados em condies severas. A privao de molibdnio causa clorose nas nervuras da folha, enrolando-as (MENDES et al., 2010).

    Uma orientao fazer a adubao orgnica com esterco de curral curtido, seguida da adubao mineral. Os fertilizantes minerais comuns so o sulfato de amnio, a ureia, o superfosfato simples, superfosfato triplo, o cloreto de potssio e o sulfato de potssio. Geralmente, utilizam-se combinaes de alguns destes fertilizantes para certificar o suprimento de enxofre s plantas, como sulfato de amnio e superfosfato triplo, ou ureia e superfosfato simples. Recomenda-se o uso alternado entre o sulfato e o cloreto de potssio, pois o excesso de cloreto acelera a deteriorizao do fruto aps a colheita (COSTA, [200-?]).

    2.7 Plantio

    O plantio do melo feito por semeadura direta no local ou por transplantio de mudas. A semeadura direta geralmente realizada por pequenos produtores, nela so colocadas de 2 a 3 sementes em uma cova com profundidade entre 2 a 3 cm. Nesta forma de plantio, utilizam-se cultivares de polinizao aberta com uma mdia de 30.000 a 50.000 sementes/ha, para sementes hibridas utiliza-se apenas uma semente por cova devido ao seu elevado custo. Uma vantagem na semeadura direta que o ciclo da cultura menor

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    quando comparado ao transplantio, o que diminui consideravelmente o custo final da cultura (COSTA, [200-?]; MENDES et al., 2010).

    O transplantio aquele em que as sementes so plantadas em bandejas e, aps um periodo de formao de aproximadamente 10 dias, so transplantadas para a rea de cultivo. importante que durante esta mudana a raiz da muda se mantenha coberta com terra para facilitar a adaptao (MENDES et al., 2010).

    Uma recomendao importante umedecer o solo antes do plantio e no realizar o transplante aps 15 dias porque neste perodo comeam a surgir as primeiras folhas definitivas (COSTA, [200-?]).

    2.7.1 Espaamento

    O principal fator que determina o espaamento das plantas a exigncia do mercado, os frutos destinados exportao devem ser menores, o que permite um plantio em fileiras duplas, aumentando a competio entre as plantas, estimulando uma maior produo de frutos com tamanhos menores (COSTA, [200-?]).

    No plantio em pequenas reas geralmente usado espaamentos de 2 metros entre fileiras e 30 a 50 centmetros entre plantas. Para reas grandes, o espaamento varia de 2,0 a 3,0 metros entre fileiras e de 12 a 50 centmetros entre plantas (COSTA, [200-?]).

    2.7.2 Propagao

    A propagao de melo em viveiro possibilita um cultivo homogneo em pocas mais frias e a seleo de mudas de qualidade no transplante. As sementes so disseminadas em bandejas plsticas ou de isopor preenchidas com substrato. A utilizao de canteiros tipo sementeira no recomendada para o cultivo do melo, pois a fragilidade do seu sistema radicular no permite o transplante com as razes expostas devido dificuldade de recuperao (MENDES et al., 2010).

    Os substratos usados no cultivo de melo so a base de vermiculita e cinzas vegetais ou fibra de casca de coco. Este ltimo possui alta reteno de umidade, mas pobre em nutrientes, necessitando a adio de um complemento nutricional aps a germinao da semente. Seu preparo deve ser alguns dias antes da semeadura. A irrigao das bandejas pode ser manualmente ou com sistemas de microaspreso ou difusor (MENDES et al., 2010).

    As vantagens do sistema de propagao so a uniformidade na germinao e desenvolvimento da muda, maior nutrio da planta, proteo contra as principais pragas, economia de gua e de sementes (MENDES et al., 2010).

    2.8 Tratos culturais

    O cultivo de melo exige alguns tratos como capinas, polinizao, desbaste, poda, raleamento e manejo de fruto, para que sua qualidade e produtividade sejam elevadas (MENDES et al., 2010).

    O desbaste ocorre de 12 a 15 dias aps a semeadura, onde as folhas mais fracas so removidas manualmente ou com auxilio de uma faca. Esse procedimento ocorre apenas em plantio onde se coloca mais de uma semente por cova (MENDES et al., 2010).

    O sistema de poda, ou seja, a conduo das ramas varia conforme o tipo de cultura. Para faz-la deve-se avaliar a fertilidade do solo, as condies climticas, o modo de produo e o vigor da planta. No uma prtica comum, pois eleva o custo de mo de obra e facilita a disseminao de algumas viroses. Os produtores tm usado cada vez mais sementes

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    melhores, tcnicas de irrigao e outros procedimentos que tornaram a poda um trato desnecessrio (COSTA, [200-?]; MENDES et al., 2010).

    O meloeiro possui flores femininas e masculinas separadamente, as abelhas so as responsveis pela polinizao. Para o desenvolvimento de um fruto saudvel necessrio que uma mesma flor seja visitada cerca de 15 vezes para que a quantidade de plen seja suficiente. O melhor perodo para a fecundao so as primeiras horas da manh, por isso, deve-se evitar a pulverizao de inseticida na poca do florescimento. Caso a quantidade de abelhas seja pouca aconselhvel instalar colmeias 23 dias aps a germinao, deixando-as de 3 a 4 semanas na rea de cultivo (COSTA, [200-?]; MENDES et al., 2010).

    O raleamento tem como objetivo aumentar o tamanho dos frutos retirando aqueles com m formao ou pouco desenvolvidos, com intuito de melhorar a qualidade dos frutos que permaneceram (COSTA, [200-?]; MENDES et al., 2010).

    O controle de ervas daninhas evita a competio entre as plantas e pode ser feito com enxada ou trator no incio. Mas, com o desenvolvimento do meloeiro deve-se utilizar somente a enxada. Pode-se usar apenas herbicidas registrados para o cultivo de melo (COSTA, [200-?]; MENDES et al., 2010).

    O calamento utilizado para evitar o contato do melo com o solo, pode-se utilizar bambu, palha, capim seco, plsticos e isopor. Esse procedimento reduz o apodrecimento do fruto, apesar de aumentar o custo de produo. Uma alternativa para o calamento a alternncia da posio do fruto, girando-o de forma que a parte de baixo fique na lateral e no para cima pois esta parte muito sensvel e os raios solares podem provocar queimaduras nesta regio (COSTA, [200-?]; MENDES et al., 2010).

    A proteo da cultura com agrotxtil importante at 30 dias aps o plantio, ento removido o tecido para o incio do perodo de polinizao. A estrutura para proteo feita com arcos de ferro de 5/8 de dimetro, com uma altura de 50 cm e distncias de 7 a 10 m (COSTA, [200-?]; MENDES et al., 2010).

    A rotao de cultura deve ser feita para restabelecimento do solo e evitar a propagao de pragas. aconselhvel o plantio de culturas como milho, cebola, sorgo ou qualquer outra planta que no seja hospedeira das mesmas pragas que o meloeiro (COSTA, [200-?]; MENDES et al., 2010).

    2.9 Distrbios e desordens fisiolgicas

    Existem alguns distrbios fisiolgicos adversos que causam a reduo da produtividade e prejudicam a qualidade do fruto causados por deficincias nutricionais, na polinizao, desequilbrio hdrico, alm de fatores desconhecidos (MENDES et al., 2010).

    O amarelo do meloeiro um distrbio provocado pela falta de molibdnio, ocorre especialmente em solos cidos com baixo teor de matria orgnica e drenagem deficiente. Seus sintomas so amarelecimento das folhas seguido da secagem das bordas. O problema pode ser corrigido por aplicao de molibdato de amnio ou molibdato de sdio 0,05% (10 g produto/20 litros de gua) nas folhas (MENDES et al., 2010).

    A m formao do fruto pode ser ocasionada pelo crescimento irregular do ovrio que acontece devido deficincia na deposio de plen ou ainda plen com lbulos estigmticos inativo. Para evitar este problema deve-se instalar colmeias para aumentar a polinizao. Recomenda-se remover os frutos assim que apresentarem o problema (MENDES et al., 2010).

    O fruto cabacinha, nome vulgarmente conhecido, ocorre na fase inicial de crescimento formando um afinamento na regio prxima ao pednculo. Isso acontece quando h um desequilbrio hdrico ou deficincia na polinizao dos frutos (MENDES et al., 2010).

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    Deteriorao precoce de frutos resulta de uma queda de temperatura na fase final de maturao, isso inibe a colorao caracterstica do fruto maduro, mascarando o ponto de colheita. A causa esta associada ao excesso de ureia na fase de maturao (MENDES et al., 2010).

    As rachaduras nos frutos ocorrem devido ao excesso de umidade e temperatura elevada principalmente na fase de maturao (MENDES et al., 2010).

    A podrido apical causada pela deficincia de clcio e alternncias de perodos midos e secos. Inicia-se com uma colorao escura na regio, seguida de um apodrecimento. Para minimizar o problema pode-se aplicar fertilizantes contendo clcio, fazer uma cobertura do solo e manter o nvel de umidade constante (MENDES et al., 2010).

    2.10 Irrigao

    A finalidade da irrigao oferecer planta a quantidade necessria de gua, no tempo adequado para que o fruto tenha um melhor desenvolvimento.

    Existem vrios sistemas de irrigao, inclusive a fertirrigao onde juntamente com a gua so enviados insumos e nutrientes. Para escolha do sistema de irrigao deve-se levar em considerao o tipo de solo, topografia, clima, cultura, custo do equipamento, energia, qualidade de gua disponvel, mo-de- obra, etc. (MENDES et al., 2010).

    Outro fator importante conhecer a fisiologia da planta e perodos crticos de consumo de gua para saber o momento certo de iniciar as irrigaes e quanto de gua aplicar para o bom desenvolvimento da cultura (MENDES et al., 2010).

    Para a cultura de melo, o sistema de irrigao mais indicado o gotejamento que proporciona maior produtividade e melhor qualidade de frutos. Esta forma de irrigao trabalha com emissores de gua de baixa vazo fazendo com que seu perodo de irrigao seja maior do que os outros sistemas (MENDES et al., 2010).

    Existem diversos tipos de gotejadores. Com o objetivo de melhorar a eficincia da aplicao de gua tm-se os gotejadores autocompensante e antidrenante. Outra forma muito utilizada so as fitas gotejadoras que se diferenciam da mangueira com gotejador por trabalhar com baixa vazo e baixa presso, muito utilizada por pequenos produtores devido ao baixo custo, porm sua durabilidade menor comparada s mangueiras (MENDES et al., 2010).

    A faixa de presso utilizada para os sistemas de irrigao por gotejamento varia de 0,5 a 2 kgf/cm2 com vazes entre 0,5 a 5 L/h. O espaamento entre os gotejadores mais utilizados so de 20 a 30 cm para solos de textura grossa e de 50 a 100 cm para solos de textura mdia e fina. Entretanto, para as fitas gotejadoras os mais usados so emissores espaados de 10 a 30 cm (MENDES et al., 2010).

    O ciclo da cultura do melo, para fins de irrigao, pode ser dividido em quatro estgios: inicial, vegetativo, frutificao e maturao. Sua durao varia conforme as condies locais de clima e solo (MENDES et al., 2010).

    A fase inicial corresponde do plantio at a planta atingir 10% do desenvolvimento vegetativo. O prximo estagio vai at o florescimento que compreende at aproximadamente 80% do desenvolvimento da parte area da planta. A frutificao vai at o incio da maturao, sendo este o perodo mais crtico para deficincia de gua no solo. Sua umidade deve ficar prxima capacidade de campo (CC) que, para solos de textura grossa (arenoso), normalmente corresponde ao teor de gua que est retido a uma fora que varia de -8 kPa a -15 kPa, e solos de textura fina de -25 kPa a -40 kPa. A maturao segue at a colheita, nesta etapa pode-se estimar a evapotranspirao da cultura, repondo no solo a quantidade

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    de gua evapotranspirada A estimativa da lmina de irrigao pode ser feita usando dados agroclimticos ou dados de solo (MENDES et al., 2010).

    O manejo da irrigao pode ser feito da seguinte forma:

    Turno de rega fixo e lmina de irrigao varivel a irrigao feita em intervalos com dias fixos e a quantidade de gua de irrigao varivel. Este mtodo aplicado em locais de irrigao onde os irrigantes tm dia fixo para receber gua (MENDES et al., 2010);

    Turno de rega fixo e lmina de irrigao fixa a irrigao feita em intervalos de dias fixos e a quantidade de gua de irrigao fixa. Utilizado onde os irrigantes, alm de terem dia fixo de receber gua, tambm tm uma quantidade fixa de gua disponvel (MENDES et al., 2010);

    Turno de rega varivel, e lmina de irrigao fixa neste mtodo no existe dia pr-definido para irrigar e a quantidade de gua para irrigao fixa. Muito usado em reas onde o irrigante recebe gua em seu lote constantemente, porm em quantidade fixa (MENDES et al., 2010);

    Turno de rega varivel e lmina de irrigao varivel neste critrio, tanto o dia de irrigar quanto a lmina de irrigao varivel, ou seja, determina-se quando e quanto irrigar (quantidade). Esse mtodo usado em empreendimentos particulares e d ao irrigante mais flexibilidade no desenvolvimento dos trabalhos na propriedade (MENDES et al., 2010).

    2.11 Fertirrigao

    Para a cultura do melo, a fertirrigao apresenta uma produtividade maior do que a irrigao apenas com gua. Para este cultivo, em especial, a irrigao apenas com gua pouco eficiente. Os Quadros 2 e 3 apresentam manejos de fertirrigao para dois tipos de solo.

    Nitrognio Opo 1 Ureia Perodo de aplicao 3 a 42 dias aps a germinao Frequncia Diria Dose 80 Kg/ha de N Opo 2 Ureia/sulfato de amnio/nitrato de potssio

    Perodo de aplicao Ureia: 3 a 15 dias aps a germinao Sulfato de Amnio:16 a 30 dias aps a germinao Nitrato de potssio:31 a 42 dias aps a germinao

    Potssio (k2O) Perodo de aplicao At 55 dias aps a germinao Frequncia Diria Dose 90 kg/ha Fsforo (P2O5) Perodo de aplicao Em fundao, antes do plantio Dose 120 Kg/ha Produtividade esperada (Latossolo) 30 kg/ha Produtividade esperada (Vertissolo) 40 t/ha Quadro 2 Frequncia, doses, fontes e perodo de aplicao de nutrientes na cultura do melo

    Fonte: (PINTO et al., 1996 apud MENDES et al., 2010)

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    Quadro 3 Distribuio percentual de nitrognio (N), clcio (C) e fsforo (P) a ser aplicada via fertirrigao, ao longo do ciclo de desenvolvimento do meloeiro pelo sistema de gotejamento

    Fonte: Adaptado de (MAROUELLI et al., 2003 apud MENDES et al., 2010)

    A fertirrigao aumenta a produtividade, reduz os custos de produo, a manuteno da fertilidade dos solos, a conservao do meio ambiente, diminui os riscos de eroso e de lixiviao de nutrientes (MENDES et al., 2010).

    2.12 Principais pragas

    As principais pragas que ocorrem na cultura do meloeiro so descritas a seguir.

    2.12.1 Mosca-branca

    Bemisia tabaci, bitipo B (Hemiptera: Aleyrodidae)

    um inseto com alta capacidade de adaptao a novos hospedeiros, a condies climticas e inseticidas, dificultando o controle. Seu desenvolvimento propcio em locais com altas temperaturas e baixa umidade. Sua disseminao na cultura ocorre principalmente pelo transporte das partes contaminadas das plantas para outros locais (MENDES et al., 2010).

    Seus principais danos so a suco da seiva e inoculao de toxinas que inibem o desenvolvimento vegetativo e reprodutivo da planta, diminuindo o peso, o tamanho e o grau Brix do fruto (MENDES et al., 2010).

    Em casos extremos de contaminao, as folhas mais velhas ficam amareladas enquanto as novas secam completamente. Alm do enfraquecimento da planta esta mosca excreta um lquido semelhante ao mel, que auxilia no crescimento do fungo saprfita de colorao negra, chamado fumagina (MENDES et al., 2010).

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    A melhor ttica de controle o cultivo escalonado; para sua preveno deve-se fazer plantios isolados; utilizar como cerca-viva plantas no hospedeiras da praga; no intercalar o plantio com culturas suscetveis praga; eliminar os restos culturais imediatamente aps a colheita. Pode-se fazer o controle qumico, porm ele no tem eficcia a longo prazo devido a capacidade de adaptao da praga (MENDES et al., 2010).

    2.12.2 Brocas-das-cucurbitaceas

    Diaphania nitidalis e Diaphania hyalinata (Lepidoptera: Pyralidae)

    So lagartas de aproximadamente 20 mm de comprimento, diferindo apenas na colorao quando adultos. Estas espcies atacam as folhas, ramos, flores e frutos causando desfolha total da planta, quando em altas populaes (MENDES et al., 2010).

    Para seu controle faz-se uso de inseticidas. Para as lagartas nos primeiros estgios de desenvolvimento, a pulverizao com Bacillus thuringiensis pode apresentar elevada eficincia sem acarretar impacto negativo sobre os inimigos naturais e sem deixar resduos nos frutos (MENDES et al., 2010).

    2.12.3 Pulgo

    Aphis gossypii (Hemiptera: Aphididae)

    So insetos que formam colnias nas folhas da planta. Atacam as brotaes e folhas novas do meloeiro sugando a seiva. Mas seu maior prejuzo a transmisso do vrus-do-mosaico, que compromete totalmente o desenvolvimento da planta (MENDES et al., 2010).

    Para o controle desta praga deve-se eliminar ervas daninhas hospedeiras do pulgo, efetuar os plantios em sentido contrrio aos ventos e cultivar culturas atrativas aos inimigos naturais, como o sorgo (MENDES et al., 2010).

    2.12.4 Moscas minadoras

    Liriomyza sativae e Liriomyza huidobrensis (Diptera: Agromyzidae)

    So insetos pequenos, de colorao preta, com manchas amarelo-claras na cabea e na regio entre as asas. Suas larvas possuem colorao amarelo-intensa e branco-creme. Desenvolve-se em perodos chuvosos, no sendo adaptvel a altas temperaturas (MENDES et al., 2010).

    Seus maiores danos so provocados na fase larval formando leses esbranquiadas nas folhas, podendo sec-las e causando a queima dos frutos pela exposio ao sol (MENDES et al., 2010).

    A aplicao do princpio ativo Abamectin na dose de 100 ml para 100 L elimina esta praga com 100% de eficincia (MENDES et al., 2010).

    2.12.5 Mosca-das-frutas

    Anastrepha grandis (Diptera: Tephritidae)

    A presena dessa espcie de mosca-das-frutas em reas de produo de melo pode inviabilizar a exportao da fruta. So insetos de colorao amarela, suas larvas alimentam-se da polpa dos frutos deteriorando-os e facilitando a entrada de patgenos, alm de provocar o amadurecimento prematuro do fruto. Seu controle com inseticidas ou acaricidas especficos para cada praga (MENDES et al., 2010).

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    2.13 Principais doenas

    As doenas do meloeiro podem ser causadas por fungos, bactrias, nematoides ou vrus. A seguir, so descritas as principais delas e seus agentes propagadores.

    2.13.1 Doenas causadas por fungos

    Cancro-das-hastes, crestamento-gomoso ou podrido-de-micosferela

    uma doena que atinge o meloeiro em qualquer estgio de seu crescimento. Desenvolve-se principalmente nas ramas podendo atacar as folhas e frutos. No incio da doena surgem pontos esbranquiados, que se tornam escuros e formam um exsudado gomoso de colorao marrom avermelhada. Nas folhas infectadas podem-se observar manchas circulares de colorao marrom-escura, rodeadas ou no por halo clortico (MENDES et al., 2010).

    Para o manejo adequado da doena importante a adoo de medidas culturais para a reduo do inoculo e aplicao de fungicidas adequados, pois este fungo sobrevive nas sementes, no solo e em restos da cultura e se dispersa por meio de sementes, da gua e de complementos agrcolas (MENDES et al., 2010).

    Para o controle deve-se fazer cultivo intercalado com culturas no hospedeiras e queimar os restos da cultura e frutos contaminados e no reaproveitar as sementes dos cultivos anteriores. Os produtos qumicos indicados para o controle da doena so os triazis (metconazol, tebuconazol e difenoconazol), os benzimidazis (tiabendazol e tiofanato metlico), bisditiocarbamatos (principalmente mancozebe), as imidas cclicas (iprodione e procimidona) e clorotalonil (MENDES et al., 2010).

    Podrido-do-colo ou cancro-seco

    uma doena semelhante ao cancro-das-hastes, causada pelo fungo Macrophomina phaseolina, que ocorre principalmente na zona do colo, com o desenvolvimento da doena vai secando e adquirindo um aspecto esbranquiado com fendas longitudinais (MENDES et al., 2010).

    A diferena da podrido-do-colo do cancro que na primeira ocorre o desfilamento dos tecidos, e na segunda o colo da planta se despedaa. Com a proliferao do fundo nas ramas, as folhas tornam-se amareladas com necrticas nas margens at secar totalmente. Dificilmente esta doena ataca os frutos (MENDES et al., 2010).

    Para o manejo da doena devem-se utilizar sementes sadias e evitar o plantio em reas onde anteriormente havia cultivo de feijo ou milho e manter o balano hdrico adequado (MENDES et al., 2010).

    Murcha-de-fusrio ou fusariose

    uma doena causada pelo fungo Fusarium oxysporum f. sp. melonis, seus sintomas so o murchamento e necrose das folhas, alm de reduo no desenvolvimento e escurecimento vascular quando cortes transversais so feitos nas ramas (MENDES et al., 2010).

    Este fungo pode sobreviver durante vrios anos no solo, penetrando pelas razes da planta. Por isso, deve-se adotar medidas de preveno como utilizao de sementes certificadas, eliminar as plantas com sintomas de murcha, adubao equilibrada, evitar irrigaes por sulco e manter os nveis de clcio altos, pois no existem fungicidas para controle deste patgeno em meloeiros (MENDES et al., 2010).

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    Mldio

    uma doena causada pelo fungo Pseudoperonospora cubensis, seus primeiros sintomas so o aparecimento de manchas amareladas com aspecto oleoso no limbo foliar que avanam para manchas necrticas irregulares, de tamanho varivel, circundadas por halo clortico at tornarem-se completamente seca, ficando fixa a planta (MENDES et al., 2010).

    O mldio um fungo com esporos facilmente transportados pelo vento e chuva, que necessita de gua para iniciar seu processo infeccioso, por isso deve-se evitar o plantio em reas encharcadas ou com pouca drenagem (MENDES et al., 2010).

    Para evitar a contaminao deve-se eliminar os restos de culturas anteriores e fazer controle preventivo, utilizando principalmente cpricos, clorotalonil, mancozeb, mas estes produtos no so eficientes quando a doena j est estabelecida (MENDES et al., 2010).

    Odio

    a principal doena do meloeiro no Nordeste brasileiro, causada pelos fungos Erysiphe cichoracearum e Sphaerotheca fuliginea. Seus sintomas so manchas pulverulentas brancas que podem cobrir toda a folha chegando aos pecolos e ramas; no estgio avanado as folhas tornam-se amarelas e secas. Em caso de ataque muito severo o fruto pode ser afetado (MENDES et al., 2010).

    Sua disperso ocorre principalmente pelo vento, gua e insetos. Para o controle da doena utilizado enxofre e tambm fungicidas sistmicos (triazis e estrobilurinas), alm da eliminao dos restos culturais (MENDES et al., 2010).

    Antracnose

    uma doena causada pelo fungo Colletotrichum orbiculare (C. lagenaria) e pode atingir toda a parte area da planta. Os sintomas so manchas circulares aquosas que evoluem para a necrose nas folhas, podendo apresentar perfuraes nos locais das leses (MENDES et al., 2010).

    Nas hastes e nos pecolos, as leses so elpticas, enquanto que nos frutos so elpticas ou circulares, podendo apresentar uma massa rsea no centro das leses, que constituem as estruturas do patgeno (MENDES et al., 2010).

    Recomendam-se como medidas de manejo a pulverizao com fungicidas cpricos, o uso de sementes sadias, destruio de restos de cultura e de outras cucurbitceas (MENDES et al., 2010).

    2.13.2 Doenas causadas por bactrias

    Mancha-aquosa do melo

    uma doena causada pela bactria Acidovorax avenae subsp. citrulli (Pseudomonas pseudoalcaligenes subsp. citrulli) principalmente em poca chuvosas. Sua manifestao ocorre nas folhas em todo o perodo de desenvolvimento e nos frutos. Nas folhas, a doena caracterizada por manchas escuras e angulosas; nos frutos, surgem pequenas manchas de aparncia encharcada ou oleosa que tornam-se necrticas. As leses podem atingir a polpa e sementes dos frutos (MENDES et al., 2010).

    A forma principal de infestao por sementes contaminadas e a disseminao ocorre atravs da chuva e gua de irrigao. Como no existe controle qumico eficaz, deve-se utilizar apenas sementes certificadas, evitar plantio em reas com histrico de ocorrncia da doena e fazer sempre a rotao de culturas, com espcies no hospedeiras, alm de evitar o plantio em pocas chuvosa (MENDES et al., 2010).

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    Barriga dgua ou fermentao interna dos frutos

    uma doena causada pela bactria Xanthomonas campestris pv. Melonis, no interior do fruto. Aps a colheita, observa-se que o fruto tem grande quantidade de lquido resultante da decomposio do tecido. Algumas vezes os frutos exalam mau cheiro que causado pela presena de outras bactrias (Pectobcterium carotovorum subsp e Carotovorum) (MENDES et al., 2010).

    No controle preventivo deve-se evitar excesso de nitrognio (N) e manter a adubao com clcio (Ca) equilibrada. A alternativa fazer o plantio de maneira que a colheita no coincida com o perodo chuvoso (MENDES et al., 2010).

    2.13.3 Doenas causadas por nematoides

    A meloidoginose uma doena que pode provocar perdas de at 100% da produo, seus sintomas aparecem em reboleira, com o crescimento irregular das plantas, no respondendo adubao, podendo ainda apresentar clorose. As partes infectadas ficam murchas e o sistema radicular no se desenvolve bem. A diferenciao desta doena com as outras so as galhas nas razes (MENDES et al., 2010).

    Para o controle, deve-se utilizar plantas formadas em viveiros livres de contaminao. A destruio das razes logo aps a colheita e o revolvimento do solo so importantes para evitar a sobrevivncia do patgeno. Existe apenas um nematicida registrado para o controle deste nematoide em meloeiro, sendo fenamifs do grupo dos organofosforados (MENDES et al., 2010).

    2.13.4 Doenas causadas por vrus

    Mosaico-da-melancia (Papaya ringspot virus PRSV-W)

    Este vrus transmitido por pulges, seus sintomas aparecem nas folhas com o amarelecimento entre as nervuras seguido de mosaico severo e m formao. As folhas apicais tm o limbo foliar reduzido e aparecem apenas nas nervuras principais. Os frutos formados so menores, deformados e com alterao na colorao (MENDES et al., 2010).

    Mosaico-da-melancia II (Watermelon mosaic virus-II WMV II)

    Esta doena tem apresentado uma incidncia relativamente baixa. Os sintomas so de mosaico, embolhamento, anis clorticos e m formao em folhas, alm da reduo da qualidade e quantidade de frutos (MENDES et al., 2010).

    Mosaico-do-pepino (Cucumber mosaic virus CMV)

    uma doena de baixa frequncia no melo. As folhas tornam-se menores, mosqueadas, com mosaico, enroladas e mal formadas. As flores podem apresentar ptalas esverdeadas e os frutos podem ser deformados e de tamanho reduzido (MENDES et al., 2010).

    O controle pode ser feito por utilizao de inseticidas contra pulges-vetores, aplicao de leo mineral que interfere na reteno das partculas virais pelos pulges. Evitar cultivos na direo do vento e eliminar plantas daninhas (MENDES et al., 2010).

    Amarelo ("Melon yellowing associated virus" MyaV)

    Este vrus transmitido pela mosca-branca, seus sintomas iniciais so clareamento entre as nervuras das folhas at ficarem completamente amarelas. Atinge principalmente as folhas mais velhas (MENDES et al., 2010).

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    2.14 Colheita

    A colheita do melo deve acontecer quando o fruto atingir o tamanho, formato, sabor, aroma e colorao ideais. Por isso, h necessidade de fazer um acompanhamento regular da cultura. Para determinar o perodo correto da colheita, deve-se observar algumas caractersticas (MENDES et al., 2010).

    O nmero de dias varia de acordo com o hibrido ou o cultivar, mas est entre 50 e 65 dias. A colorao da casca tem que ser uniforme com as caractersticas de cada cultivar. Para a colheita o melo deve apresentar no mnimo 9Brix, mas o ideal valores de 10 a 12Brix principalmente para exportao (MENDES et al., 2010).

    A firmeza da polpa um fator que pode ser medido por um penetrmetro. Este avalia a resistncia do fruto ao transporte e a sua conservao ps-colheita. Os meles Orange Flesh, Cantaloupe (hbrido Hy Mark) e Glia (hbrido Solar King) deve apresentar um valor de firmeza de 30 N, enquanto os meles Amarelos e Gold Mine devem ser colhidos com firmeza de polpa igual a 40 N; para o AF 646, o valor 24 N (MENDES et al., 2010).

    Em algumas espcies de meles como os Cantaloupe e Glia ocorre uma rachadura em torno do pednculo, a colheita deve ser feita antes ou no incio desta fase. Outro indicador a mudana de cor na regio de insero do pednculo, a principal caracterstica para o ponto de colheita de meles cantaloupensis e reticulatus (MENDES et al., 2010).

    Alguns cuidados devem ser tomados durante a colheita que deve ser feita nas horas mais frescas do dia, cortando o pednculo com comprimento entre 1 e 4 cm. Deve-se cuidar para no danificar a planta ou os frutos que ainda no atingiram o ponto de colheita. Os frutos colhidos devem ficar protegidos do sol at o momento do transporte (MENDES et al., 2010).

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    3 MELANCIA

    A melancia uma planta de ciclo vegetativo anual, crescimento rasteiro com um sistema radicular superficial, seus caules so angulosos e estriados com gavinhas ramificadas e folhas profundamente lobadas. Suas flores permanecem abertas por apenas 24 horas e sua polinizao ocorre principalmente por abelhas (ROCHA, 2010).

    Sua forma pode ser redonda, oblonga ou alongada sua colorao verde, claro ou escuro, de tonalidade nica ou rajada (FIG. 7). A polpa normalmente vermelha, podendo ser amarela, laranja, branca ou verde (FIG. 8) (ROCHA, 2010).

    Figura 7 Exemplos de algumas variedades de melancia Fonte: (VIEIRA et al.,2005)

    Figura 8 Colorao de polpa da melancia Fonte: Adaptado de (LILLIVERDI, 2011)

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    3.1 Tipos de melancia

    As cultivares de melancia diferem entre si quanto forma do fruto; colorao externa (casca); colorao interna (polpa); tolerncia a doenas, etc. O produtor no momento de escolher a cultivar para o plantio deve considerar o tipo de fruto preferido pelo mercado (em sua regio ou onde pretender comercializ-la) e isso tambm acarreta na propriedade de resistncia ao transporte; a adaptao da cultivar sua regio e a tolerncia a doenas e aos distrbios fisiolgicos a que a cultivar est sujeita. A utilizao de sementes de hbridos fica mais cara, entretanto, elas apresentam maior precocidade na produo com frutos maiores e uniformes (COSTA; LEITE, [200-?]).

    As cultivares se dividem em diploides (com semente) e triploides (sem sementes) (ALMEIDA, 2003).

    A descrio dos principais tipos de melancia cultivadas no Brasil encontra-se no Quadro 4.

    Quadro 4 Caractersticas das principais cultivares de melancia plantadas no Brasil Fonte: (COSTA; LEITE, [200-?])

    3.2 Composio qumica

    A melancia no um fruto com alto valor nutritivo, entretanto, seu sabor refrescante muito apreciado.

    O principal acar da melancia a frutose, nas variedades mais antigas os slidos solveis totais situam-se abaixo de 9Brix e nas mais recent es podem exceder a 12Brix. Esses valores dependem das condies ambientais, pois o excesso de gua no estgio final do ciclo pode diminuir o valor do grau Brix devido a maior diluio dos acares (ROCHA, 2010).

    O Quadro 5 indica os principais componentes da melancia:

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    Quadro 5 Composio mdia da melancia em 100 g de parte comestvel Fonte: (ALMEIDA, 2003)

    3.3 Clima

    As condies favorveis para o desenvolvimento de frutos com qualidade so um clima ameno a quente, com baixa umidade relativa do ar e dias longos (COSTA; LEITE, [200-?]).

    3.3.1 Temperatura

    A faixa ideal de temperatura para a melancia est entre 23 e 28C. Temperaturas abaixo de 12C paralisam o crescimento vegetativo. Durante o perodo germinativo, a temperatura no pode ser menor que 16C. Na florao, a temperatura ideal entre 20 e 21C (COSTA; LEITE, [200-?]).

    3.3.2 Umidade relativa do ar

    Os frutos, em geral, apresentam melhor sabor, aroma e consistncia em locais quentes e com baixa umidade relativa do ar. A alta umidade do ar favorece a incidncia de doenas foliares (COSTA; LEITE, [200-?]).

    3.3.3 Luz

    O crescimento vegetativo e o florescimento so maiores quando h maior incidncia de luz. Dias longos e quentes e noites quentes so ideais para o desenvolvimento da cultura da melancia (COSTA; LEITE, [200-?]).

    3.4 poca de plantio

    A poca adequada para o plantio varia de acordo com a regio. Em climas quentes pode ser feito o ano todo. Em climas frios, o plantio ocorre de outubro a fevereiro e em clima ameno de agosto a maro (COSTA; LEITE, [200-?]).

    3.5 Solo

    Os solos mais adequados para o cultivo da melancia so os de textura mdia com boa drenagem, embora ela se adapte a outros tipos. Antes de iniciar o plantio necessrio analisar o solo para verificar a escassez de calcrio e fertilizantes (COSTA; LEITE, [200-?]).

    Os nveis de pH que a cultura tolera variam de 5,5 a 7, para solos com valores inferior necessrio fazer a calagem. Para a melancia sugere-se fazer a calagem com calcrio dolomtico, pois, tanto clcio quanto o magnsio aumentam a qualidade dos frutos (COSTA; LEITE, [200-?]).

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    Assim como na cultura do melo, a calagem tambm reduz a podrido-apical, associado deficincia de clcio. As formas de manejo do solo so iguais as do melo (COSTA; LEITE, [200-?]).

    3.6 Adubao

    A adubao feita conforme a necessidade do solo. Convencionalmente aplica-se um tero do nitrognio, todo o fsforo e um tero do potssio estabelecido antes do plantio. O restante deve ser aplicado em duas vezes, uma 25 e outra 40 dias aps o plantio. Para o caso da fertirrigao os nutrientes so aplicados juntamente com a gua de irrigao (COSTA; LEITE, [200-?]).

    Caso haja matria orgnica na regio sugere-se aplicar 10 m3/ha de esterco de curral curtido ou 1 t/ha de torta de mamona curtida no solo, antes do plantio. O Quadro 6 indica as quantidades de nutrientes aps a anlise do solo (COSTA; LEITE, [200-?]).

    Quadro 4 Adubao para a cultura da melancia segundo a anlise de solo Fonte: Adaptado de (COSTA; LEITE, [200-?])

    3.7 Plantio

    No Brasil, as principais regies produtoras de melancia so o Sul (34%) e o Nordeste (30%) do total da produo nacional (ROCHA, 2010).

    O plantio feito por semeadura direta com duas sementes por cova, profundidade de 2 a 3 cm. O semeio deve ser feito em solo mido, para evitar a desidratao das sementes. Pode-se acelerar e uniformizar a germinao, deixando as sementes na gua por um perodo de quatro horas (COSTA; LEITE, [200-?]).

    3.8 Irrigao

    A irrigao indispensvel para a produo de frutos de boa qualidade e tamanho, principalmente em climas secos. Assim como na cultura do melo, o sistema de gotejamento o mais indicado, pois, reduz a incidncia de doenas, facilita controle de plantas daninhas e a aplicao de fertilizantes via gua de irrigao (COSTA; LEITE, [200-?]).

    O consumo total de gua durante o ciclo cultural varia 3000 a 4000 m3/ha, sendo equivalente a uma lmina mdia de irrigao de 3,5 a 4,5 mm/dia. Esta quantidade suficiente para conservar o solo mido at uma profundidade de 40 cm (COSTA; LEITE, [200-?]).

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    Geralmente, utiliza-se intervalos de dois a quatro dias para irrigao em solos arenosos e cinco a sete dias em solos argilosos, devido a sua grande tendncia de reter gua. Durante o perodo da semeadura at o crescimento das ramas, a planta exige uma quantidade moderada de gua, o consumo vai aumentado gradativamente at o florescimento. Entre o florescimento e o incio da maturao dos frutos as irrigaes devem ser mais frequentes porque o perodo em que a planta mais necessita de gua. Seguindo a maturao deve-se reduzir os nveis de gua e os dias de irrigao, pois, nesta fase o excesso de gua causa rachaduras e podrides nos frutos alm da diminuio do sabor (COSTA; LEITE, [200-?]).

    3.9 Tratos culturais, pragas e doenas

    Os tratos na cultura da melancia, as pragas e doenas a que ela est sujeita so os mesmos descritos para a cultura do melo.

    3.10 Colheita e classificao

    O perodo de colheita varia de 65 a 75 dias aps o plantio conforme a variedade da cultura. Porm, deve ser colhida no ponto exato de maturao, pois a melancia no melhora a qualidade aps a colheita. Para avaliar o ponto de colheita so necessrias algumas observaes como mudana de colorao na parte inferior do fruto que permanece em contato com o solo, passando de branco para amarelo ou creme. Outra indicao o secamento no pednculo do fruto e a alterao da casca que passa de um tom brilhante para o opaco. O pednculo deve ser cortado a cerca de 5 cm do fruto para evitar que fungos ou bactrias entrem no fruto pela cicatriz do corte. Aps a colheita, os frutos devem permanecer em um local sombra, seco e ventilado, podendo ficar de duas a trs semanas armazenados (ALMEIDA, 2003; COSTA; LEITE, [200-?]).

    As frutas so muito sensveis a temperaturas inferiores a 5C e no deve ser armazenadas a menos de 10C, correndo-se o risco dos frutos apresentarem machas na casca, odor desagradvel, perda da cor vermelha da polpa e incidncia de doenas ps-colheita. A melancia tambm sensvel ao etileno, que causa amolecimento da polpa e mau cheiro, por esta razo no deve ser transportada com outros frutos que produzam etileno (ALMEIDA, 2003).

    Quanto classificao da melancia, ela feita de acordo com o peso, em frutos grandes (acima de 9 kg), mdios (de 6 a 9 kg) e pequenos (abaixo de 6 kg), sendo os frutos com peso acima de 10 kg os que obtm os melhores preos (COSTA; LEITE, [200-?]).

    Concluses e recomendaes

    As duas culturas se desenvolvem bem em climas quentes ou amenos com baixa umidade relativa e longos perodos de luminosidade.

    Estas culturas so adaptveis a vrios tipos de solo, mas so exigentes quanto fertilidade, por isso deve-se realizar uma adubao eficaz, mensurando as quantidades de nutrientes mais adequadas a cada cultura conforme as necessidades em relao ao solo.

    A finalidade da irrigao oferecer planta a quantidade necessria de gua no tempo adequado para que o fruto tenha um melhor desenvolvimento. A tcnica que se aplica melhor a estas culturas a irrigao por gotejamento.

    Adubao e irrigao eficientes podem evitar alguns distrbios fisiolgicos que causam a reduo da produtividade e prejudicam a qualidade do fruto, devido deficincia nutricional, ao desequilbrio hdrico e dificuldades na polinizao.

    As culturas do melo e melancia so atacadas por diversas pragas, entre elas a mosca-branca, pulgo, mosca-da-fruta, mosca minadora e broca-das-curcunbitaceas. Quanto s doenas podem ser transmitida por fungos bactrias e nematoides.

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    O perodo de colheita da melancia varia de 65 a 75 dias aps o plantio, j o melo de 50 a 75 dias, conforme o tipo da cultura. Para avaliar o ponto de colheita da melancia so necessrias algumas observaes como mudana de colorao na parte inferior do fruto, secamento no pednculo e a alterao da casca que passa de um tom brilhante para o opaco. Para o melo deve-se observar se a colorao da casca esta uniforme, medir a firmeza da polpa e o grau Brix, que deve variar de 10 a 12Brix.

    Aps a colheita da melancia os frutos devem permanecer em um local sombra, seco e ventilado, podendo ficar de duas a trs semanas armazenados. J para os meles, alguns tipos podem ser armazenados como a melancia, mas a maioria necessita de refrigerao.

    Referncias

    ALMEIDA, Domingos P. F. Cultura da melancia. [Porto, POR]: Faculdade de Cincias, Universidade do Porto, 2003. Disponvel em: . Acesso em: 03 jan. 2012.

    COSTA, Nivaldo Duarte. O cultivo do melo. [S.I], [200-?]. Disponvel em: . Acesso em: 29 set. 2011.

    COSTA, Nivaldo Duarte; LEITE, Wydjane de Moura. O cultivo da melancia. [S.I.], [200-?]. Disponvel em:. Acesso em: 29 set. 2011.

    INSTITUTO BRASILEIRO DE QUALIDADE EM HORTICULTURA. O sabor do melo amarelo. [So Roque, SP]: Hortibrasil, 2007. Disponvel em: . Acesso em: 03 jan. 2012.

    LILLIVERDI, Lgia. Melancia, uma variedade de cores e sabores. [S.I.], 2011. Disponvel em: . Acesso em: 29 set. 2011.

    MENDES, Alessandra Monteiro Salviano et al. Sistema de produo de melo. Petrolina: Embrapa Semirido, 2010. Disponvel em: . Acesso em: 24 out. 2011.

    ROCHA, Marta Rodrigues da. Sistemas de cultivo para a cultura da melancia. 2010. 76 f. Dissertao (Mestrado) - Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2010. Disponvel em: Acesso em: 29 set. 2011.

    SERVIO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL. Cultivo de melo: manejo, colheita, ps-colheita e comercializao. Braslia: SENAR, 2007. 104 p. (Coleo SENAR, 131). Disponvel em: . Acesso em: 29 set. 2011.

    VIEIRA, Jairo Vidal et al. Avaliao da coleo de germoplasma de melancia da Embrapa Hortalias para tolerncia a viroses. Braslia: Embrapa Hortalias, 2005. Disponvel em: . Acesso em: 24 out. 2011.

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