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Português para Câmara Municipal/RJ Teoria e questões comentadas Prof. Fabiano Sales Aula 10 Prof. Fabiano Sales www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 128 AULA 10 Gênero e tipologia textual. Compreensão e interpretação de texto. Coerência e coesão. Semântica. Reescritura de frases (paráfrase). Variação linguística. Figuras de linguagem. SUMÁRIO PÁGINA 01. Gênero Textual X Tipologia Textual. 02 02. Tipologia Textual: Narração, Descrição, Injunção e Dissertação. 05-59 03. Compreensão e Interpretação de Textos; Coerência e Coesão; Significação de Palavras. 60-88 04. Reescritura de Frases (Paráfrase). 89-97 05. Variação Linguística. 98-106 06. Figuras de Linguagem. 107-119 Reflexão: “A distância entre o sonho e a realidade chama-se disciplina.” (Bernardinho)

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AULA 10 Gênero e tipologia textual. Compreensão e interpretação de texto. Coerência e coesão. Semântica. Reescritura de frases (paráfrase). Variação linguística. Figuras de linguagem.

SUMÁRIO PÁGINA 01. Gênero Textual X Tipologia Textual. 02 02. Tipologia Textual: Narração, Descrição, Injunção e Dissertação.

05-59

03. Compreensão e Interpretação de Textos; Coerência e Coesão; Significação de Palavras.

60-88

04. Reescritura de Frases (Paráfrase). 89-97 05. Variação Linguística. 98-106 06. Figuras de Linguagem. 107-119

Reflexão:

“A distância entre o sonho e a realidade chama-se disciplina .” (Bernardinho)

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GÊNERO TEXTUAL X TIPOLOGIA TEXTUAL

Inicialmente, é importante esclarecer que gênero textual e tipologia textual não se confundem. O gênero textual relaciona-se à função, ao objetivo do texto . A observância dos títulos e da fonte (veículo material onde se encontra o texto) é muito importante para se saber qual é o objetivo textual. Por exemplo, qual o objetivo do gênero anúncio ? É provocar uma atitude de compra . E do gênero manual de instruções ? Quem já teve contato com esse gênero sabe que a finalidade é auxiliar na utilização adequada de algum aparelho . Por sua vez, o gênero noticiário tem a função de informar . Já um editorial tem a finalidade de expor um fato . Por fim, o gênero horóscopo , presente diariamente em jornais e revistas, apresenta a finalidade de prever . Com relação à tipologia textual , podemos dizer que há obediência a aspectos linguísticos próprios, relacionados à estrutura do texto. Por exemplo, o gênero noticiário , quando analisado sob o viés estrutural, apresenta características pertencentes a uma narrativa . Por sua vez, o gênero horóscopo , quanto ao modo de organização do discurso, contém características relativas a um texto injuntivo (ou instrucional) .

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Em síntese, os gêneros textuais baseiam-se em critérios externos (sócio-comunicativos e discursivos) e os tipos textuais , em critérios internos (linguísticos e formais). Logo, é necessário observar o objetivo a que se destina o texto e as técnicas/características pertinentes a cada tipo textual .

TIPOLOGIA TEXTUAL Seguindo a tradição exigida em concursos públicos organizados pelas

principais bancas, dentre as quais se destaca a FJG, abordaremos os tipos de

textos mais recorrentes, sendo classificados em narrativos , descritivos , injuntivos

(instrucionais) e dissertativos (expositivos ou argumentativos) . Por ser o texto

dissertativo-argumentativo a modalidade discursiva mais recorrente em concursos

públicos, daremos ênfase a essa tipologia.

Dificilmente encontra-se um texto que apresente características

exclusivamente narrativas, descritivas, injuntivas ou dissertativas (expositivas ou

argumentativas). Em provas, é frequente a combinação de características inerentes

a esses tipos de textos em uma só superfície textual, mas, normalmente, há a

predominância de uma dessas formas. Assim, devemos dizer que “O texto é

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predominantemente” narrativo, descritivo, injuntivo ou dissertativo (expositivo ou

argumentativo).

Exemplo:

Veio uma mulher (narração); era a cartomante (descrição). Camilo disse que

ia consultá-la, ela fê-lo entrar. Dali subiram ao sótão, por uma escada (narração)

ainda pior que a primeira e mais escura. Em cima, havia uma salinha, mal alumiada

por uma janela, que dava para os telhados do fundo. Velhos trastes, paredes

sombrias, um ar de pobreza, que antes aumentava do que destruía o prestígio

(descrição).

A cartomante fê-lo sentar diante da mesa, e sentou-se do lado oposto,

(narração) com as costas para a janela, de maneira que a pouca luz de fora batia

em cheio no rosto de Camilo (descrição). Abriu uma gaveta e tirou um baralho de

cartas (narração) compridas e enxovalhadas (descrição). Enquanto as baralhava,

rapidamente, olhava para ele, não de rosto, mas por baixo dos olhos (narração). Era

uma mulher de quarenta anos, italiana, morena e magra, com grandes olhos sonsos

e agudos (descrição). Voltou três cartas sobre a mesa, e disse-lhe (narração):

(...)

(A cartomante. Machado de Assis)

O texto acima é predominantemente narrativo , pois apresenta sequência

de fatos, uma ordem cronológica dos acontecimentos.

Vocês podem me perguntar: Fabiano, como saberemos se um texto possui

predominantemente características narrativas, descritivas, injuntivas ou

dissertativas?

Meus amigos, para que façamos essa identificação, estudaremos as

características dos principais tipos de textos.

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NARRAÇÃO

Narrar é contar uma história, uma sequência de fatos ocorridos em determinado local e tempo. Em outras palavras, é o retrato de um fato real ou imaginário contado por um narrador. Para que vocês consigam compreender uma narração, é preciso que o narrador evidencie: - O fato ocorrido;

- O motivo de sua ocorrência;

- De que forma ocorreu; e

- Com quem o fato ocorreu. Para tanto, é necessário conhecer os elementos básicos de um texto narrativo: narrador , personagem , espaço , tempo e enredo . NARRADOR - é aquele que relata os fatos. A história pode ser narrada por um narrador-personagem (1ª pessoa) ou por um narrador-observador (3ª pessoa).

Conceito Exemplo

Nar

rado

r- p

erso

nage

m

(1ª

pess

oa)

É uma personagem que, ao mesmo tempo, participa da história e narra os acontecimentos. Em outras palavras, a personagem vê os fatos de dentro da história (ponto de vista interno). Com o narrador-personagem, o foco narrativo é de 1ª pessoa, sendo marcado pelo emprego do pronome pessoal reto eu, além de suas formas oblíquas correspondentes (me, mim ). Com o narrador-personagem, a narração é subjetiva , isto é, os fatos são narrados de acordo com os sentimentos e as emoções daquele que narra.

Contou-me um guia em Buenos Aires, que quando se diz que essa cidade é a mais europeia das Américas, muitas pessoas torcem o nariz. Pura dor de cotovelo! Quem conhece Buenos Aires como eu, sabe que isso é verdade.

Nar

rado

r-ob

serv

ador

(3

ª pe

ssoa

)

Relata os acontecimentos da narrativa como observador. Em outras palavras, alguém está observando o fato de fora e o relata. O foco narrativo é de 3ª pessoa , sendo marcado tanto pelo emprego dos pronomes ele(s) , ela(s) quanto pelo uso de verbos em 3ª pessoa . Com o narrador-observador, a narração é objetiva , ou seja, aquele que relata os fatos narra-os sem demonstrar seus sentimentos.

Ele morava numa cidade-zinha do interior. Tinha nascido ali, conhecia todo mundo. Era muito dado, dado demais para o gosto da mulher, que estava sempre de olho nos salamaleques que ele vivia fazendo para a mulherada do lugar. Puras gentilezas - dizia ele.

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PERSONAGEM – é o elemento que participa da história. Pode ser pessoa, coisa ou animal. O narrador deve sempre criá-la, pois não há narração sem personagem. Havendo mais de uma personagem, o narrador pode separá-las em protagonista e antagonista . Esta (antagonista) é a personagem que se opõe à principal. Aquela (protagonista) é a personagem principal, em quem se centraliza a narrativa. Há, ainda, as personagens secundárias: são aquelas que participam dos fatos, mas não constituem o núcleo da narrativa.

ESPAÇO (ou LUGAR) - é a localização física e geográfica dos fatos narrados, a fim de estimular a imaginação do leitor. Vamos ver um exemplo. “Muitos anos mais tarde, Ana Terra costumava sentar-se na frente de sua casa para pensar no passado. E, no seu pensamento como que ouvia o vento de outros tempos e sentia o tempo passar, escutava vozes, via caras e lembrava-se de coisas... O ano de 81 trouxera um acontecimento triste para o velho Maneco: Horácio deixara a fazenda, a contragosto do pai, e fora para o Rio Pardo, onde se casara com a filha dum tanoeiro e se estabelecera com uma pequena venda.” (Érico Veríssimo, O Tempo e o Vento)

Esse texto caracteriza-se narrativo, porque:

• está situado no tempo (81); • faz menção a lugares onde a trama (enredo) se desenvolve (frente da casa, fazenda e Rio Pardo); e • apresenta personagens (Ana Terra, Maneco e Horácio). TEMPO - é o momento em que a história se passa. O tempo da narração pode ser presente , passado ou futuro . Em narrativas, há o predomínio do tempo passado (pretérito), pois essa tipologia textual tem como característica básica o “fato consumado”, isto é, o fato narrado já ocorreu. Quando a intenção é a criação do imaginário ou a sensação de fantasia , usa-se a forma do pretérito imperfeito do indicativo . Exemplo: “João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num barracão sem número. Uma noite, ele chegou ao Bar Vinte de Novembro. Bebeu Cantou Dançou Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado."

(Manuel Bandeira)

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O tempo da narrativa pode ser cronológico (linear, ocorrendo na ordem natural dos fatos – por exemplo, um dia, uma semana) ou psicológico (a memória do narrador – de acordo com as lembranças do narrador, a ordem dos acontecimentos pode ser modificada). Exemplo de tempo cronológico (tempo real) Após o expediente, partiu para comemorar seu aniversário na casa de seus queridos amigos. Sabia que lá haveria muita brincadeira, alegria e descontração. Assim que chegou ao local, foi recebido alegremente por todos. Exemplo de tempo psicológico (tempo mental)

Aguardava o socorro dos bombeiros para ser retirado das ferragens. Pensou em sua vida, na família, nos amigos, nos planos que ainda não realizara. Tinha uma esposa linda, muito carinhosa, e uma filha que só lhe trazia alegrias. Mas voltou a si ao sentir as pernas presas nas ferragens.

ENREDO - é definido como a trama desenvolvida em torno das personagens, sendo formado pela sequência de ações (causa e efeito) que se desenrolam durante a narrativa. Memorizem isto: toda narração é marcada por uma progressão temporal ! O que pretendo dizer com isso? Que toda narração contém uma exposição , em que se apresentam a ideia principal, as personagens e o espaço (ou lugar); um desenvolvimento, em que se detalha a ideia principal, que, por sua vez, divide-se em dois momentos distintos: a complicação (têm início os “conflitos” entre as personagens) e o clímax (ponto culminante); e um desfecho , que é a conclusão da narrativa. Exemplos: O rapaz varou a noite inteira conversando com os amigos pela Internet (exposição ). O pai, quando acordou às seis horas, percebeu a porta do escritório fechada e a luz acesa (complicação ). O filho ainda estava no computador e não havia ido dormir. Sem que este percebesse, trancou a porta por fora (clímax ). Meia hora depois, o filho queria sair e teve que chamar o pai, que abriu a porta (desfecho ). “João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num barracão sem número. (exposição ) Uma noite, ele chegou ao Bar Vinte de Novembro. Bebeu Cantou (complicação ) Dançou Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas (clímax ) e morreu afogado

(desfecho )." (Manuel Bandeira)

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Narração (síntese)

Podemos dizer, em linhas gerais, que a narração conceitua-se por apresentar:

� narrador participante (narrador-personagem) ou não (narrador-observador) dos fatos narrados;

� personagens que vivenciam tais fatos, localizando-os no tempo e no espaço;

� fatos em sequência (progressão temporal), numa relação de causa e efeito.

TIPOS DE DISCURSO

Há três tipos de discurso, a saber:

DISCURSO DIRETO – as personagens apresentam suas próprias palavras, sendo precedidas dos chamados verbos declarativos , tais como falar , dizer , responder , argumentar , confessar , ponderar , expressar etc. O discurso direto também é marcado por alguns recursos de pontuação (dois-pontos, travessão, aspas, mudança de linha), cuja finalidade é anunciar a participação direta das personagens. Exemplos:

(1) O servidor disse ao chefe: – Pretendo fazer hora extra.

(2) – Pretendo fazer hora extra - disse o servidor ao chefe.

(3) O servidor disse ao chefe: “Pretendo fazer hora extra”.

(4) “Pretendo fazer hora extra”, disse o servidor ao chefe. DISCURSO INDIRETO

Ocorre quando o narrador, com suas próprias palavras, transmite a fala das personagens.

O discurso indireto apresenta os verbos declarativos (falar , dizer , responder , argumentar , confessar , ponderar , expressar etc.), sendo marcado também pela subordinação (oração subordinada substantiva objetiva direta ) entre as orações, com as conjunções integrantes que e se. Exemplo: O servidor disse ao chefe que pretendia fazer hora extra.

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TRANSPOSIÇÃO DE DISCURSO

Discurso Direto

Discurso Indireto

Enunciado em 1ª ou 2ª pessoa . Ex.: “O aluno disse:

- Irei à escola.” Verbo no presente do indicativo . Ex.: “O aluno disse:

- Sou estudioso.” Verbo no pretérito perfeito do indicativo . Ex.: “O aluno disse:

- Estudei ontem.”

Verbo no futuro do presente . Ex.: “O aluno disse:

- Estudarei muito.” Verbo no imperativo , presente do subjuntivo ou futuro do subjuntivo . Ex.: “-Não faça escândalo - disse o aluno.” Oração justaposta . Ex.: “O aluno disse: - A prova está fácil .” Oração interrogativa direta . Ex.: “O aluno perguntou:

- Lá é bom?” Pronomes demonstrativos de 1ª (este, esta, isto) ou 2ª (esse, essa, isso) pessoas . Ex.: “O aluno disse:

-Esta é a prova.” Advérbios de lugar aqui e cá. Ex.: “O aluno disse:

Aqui está a prova.” Presença de vocativo . Ex.: Você vai aplicar a prova, professor ? – perguntou o aluno.

Enunciado em 3ª pessoa . Ex.: “O aluno disse que iria à escola.” Verbo no pretérito imperfeito do indicativo . Ex.: “O aluno disse que era estudioso.” Verbo no pretérito mais-que-perfeito do indicativo . Ex.: “O aluno disse que estudara ontem.” Verbo no futuro do pretérito . Ex.: “O aluno disse que estudaria muito.” Verbo no pretérito imperfeito do subjuntivo . Ex.: “O aluno disse que não fizesse escândalo.” Oração com conjunção . Ex.: “O aluno disse que a prova estava fácil.” Oração interrogativa indireta (forma declarativa). Ex.: “O aluno perguntou se lá era bom.” Pronome demonstrativo de 3ª pessoa (aquele, aquela, aquilo) . Ex.: “O aluno disse que aquela era a prova.” Advérbio de lugar ali e lá. Ex.: “O aluno disse que ali estava a prova.”

Presença de objeto indireto na oração principal . Ex.: O aluno perguntou ao professor se ele aplicaria a prova.

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DISCURSO INDIRETO LIVRE

O discurso indireto livre ocorre quando as falas da personagem e do narrador se misturam (narrador onisciente – aquele que, além de conhecer os fatos, sabe em que a personagem está pensando), isto é, a fala da personagem é incluída no discurso do narrador. Nesse tipo de discurso, não há verbos declarativos e recursos de pontuação (dois-pontos, travessão, aspas, mudança de linha). Essa mistura ocasiona um monólogo da personagem.

Exemplo: "Aperto o copo na mão. Quando Lorena sacode a bola de vidro a neve sobe tão leve. Rodopia flutuante e depois vai caindo no telhado, na cerca e na menininha de capuz vermelho. Então ela sacode de novo. ‘Assim tenho neve o ano inteiro’. Mas por que neve o ano inteiro? Onde é que tem neve aqui? Acha linda a neve. Uma enjoada. Trinco a pedra de gelo nos dentes." (Lygia Fagundes Telles, As meninas)

Notamos que a primeira frase em destaque pertence ao narrador, todavia a segunda se confunde entre narrador e personagem. Com esse recurso, a narrativa se torna mais fluente, aproximando narrador e personagem.

DESCRIÇÃO Podemos definir descrição como o “retrato” de uma sequência de características, de impressões, de detalhes sobre uma pessoa, um “objeto”, podendo ser um animal, um ambiente ou uma paisagem. Na descrição, há valorização dos processos verbais não significativos ou de ligação, ou seja, os verbos de ação ou movimento são secundários. Nessa tipologia textual, o tempo verbal é o presente do indicativo ou o pretérito imperfeito . Entretanto, utilizam-se em maior número as formas nominais do verbo (gerúndio , particípio ou infinitivo ), proporcionando a imobilidade do objeto descrito. Exemplo:

“Estavam no pátio de uma fazenda sem vida. O curral deserto, o chiqueiro das cabras arruinado e também deserto, a casa do caseiro fechada, tudo anunciava abandono.”

(Graciliano Ramos, Vidas Secas) O parágrafo é descritivo, pois: • são relatadas imagens, cenas, lugares, com adjetivações (fazenda sem vida,

curral deserto) de um lugar concreto (pátio); e

• os acontecimentos são simultâneos, isto é, não há progressão temporal nem

transformação de estado (as cenas ocorrem ao mesmo tempo na fazenda)

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Tipos de Descrição

De acordo com o “objeto” descrito, a descrição pode ser:

CONCEITO EXEMPLO

Des

criç

ão O

bjet

iva

(Exp

ress

ioni

sta)

O autor descreve o “objeto” de forma precisa e imparcial , sem emitir opinião, ou seja, quem descreve mostra a realidade concreta, com uma perspectiva isenta e imparcial. A descrição objetiva é marcada, predominantemente, pela linguagem denotativa , aproximando o “objeto” da realidade, por substantivos concretos e por adjetivos pospostos .

Ele tem uma estrutura de madeira, recoberta de espu-ma. Sobre a espuma há um tecido grosso. É o sofá da minha sala.

Des

criç

ão S

ubje

tiva

(Im

pres

sion

ista

)

O autor descreve o “objeto” de forma emotiva , fazendo uso de adjetivos , locuções adjetivas , orações adjetivas e verbos de estado . Quem descreve apresenta uma visão pessoal e parcial , na tentativa de impressionar o leitor. A descrição subjetiva é marcada, predominan-temente, pela linguagem conotativa , por subs-tantivos abstratos e por adjetivos antepostos .

Monique era magra, muito fina de corpo, com uma cor morena. Tinha as pernas e os braços muito longos e uma voz ligeiramente rouca.

Des

criç

ão

Est

átic

a

Na descrição estática, autor e “objeto” estão parados , sem movimentar-se. É semelhante a uma fotografia, em que o autor faz uma descrição detida e atenta do “objeto” ou do lugar que observa.

Tem trinta anos, mas aparenta mais de quarenta. Sentado no velho sofá de couro, olhos fechados, pensa nos amigos ausentes ...

Des

criç

ão

Din

âmic

a

Na descrição dinâmica, enquanto o autor está parado, o “objeto” descrito movimenta-se . É uma cena em movimento, a qual exige muita concentração do observador.

“Ficava grande parte do dia em pé, andando de mesa em mesa. Um prazer de tirar os sapatos, as meias, mexer os dedos dos pés ...” (Jorge Amado)

Des

criç

ão

Fís

ica

O autor descreve traços físicos da personagem: altura, cor dos olhos, cabelo, forma do rosto, do nariz, da boca, porte, trajes.

Sua pele era muito branca, os olhos azuis, bochechas rosadas. Estatura mediana, magra. Parecia um anjo.

Des

criç

ão

Psi

coló

gica

O autor apresenta o comportamento da personagem, seus hábitos, atitudes e personalidade.

Era sonhadora. Desejava sempre o impossível e recusava-se a ver a realidade.

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ESTRUTURA DA DESCRIÇÃO

Estruturalmente, a descrição deve ser dividida em:

� Primeiro parágrafo – Introdução : parte do texto em que devem ser apresentados os aspectos gerais – externos e/ou e internos, referentes à procedência do “objeto” ou à sua localização;

� Parágrafo(s) central(is) – Desenvolvimento : parte do texto em que são detalhadas as características físicas e/ou psicológicas do “objeto” descrito;

� Último parágrafo – Conclusão : parte do texto em que são mencionados os demais aspectos gerais do “objeto” (utilidade ou característica que o represente como um todo). Exemplo:

“Este pequeno objeto que agora descrevemos encontra-se sobre uma mesa

de escritório e sua função é a de prender folhas de papel. (aspectos gerais )

Tem o formato semelhante ao de uma torre de igreja. É constituído por um

único fio metálico que, dando duas voltas sobre si mesmo, assume a configuração

de dois desenhos (um dentro do outro), cada um deles apresentando uma forma

específica. Essa forma é composta por duas figuras geométricas: um retângulo cujo

lado maior apresenta aproximadamente três centímetros e um lado menor de cerca

de um centímetro e meio; um dos seus lados menores é, ao mesmo tempo, a base

de um triângulo equilátero, o que acaba por torná-lo um objeto ligeiramente

pontiagudo. (características físicas )

O material metálico de que é feito confere-lhe um peso insignificante. Por ser

niquelado, apresenta um brilho suave. Prendemos as folhas de papel, fazendo com

que elas se encaixem no meio dele. (características físicas )

Está presente em todos os escritórios onde se necessitam separar folhas em

blocos diferenciados. Embora aparentemente insignificante, dadas as suas

reduzidas dimensões, é muito útil na organização de papéis.” (aspectos gerais )

(Branca Granatic, Técnicas básicas de redação)

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Descrição (síntese)

Podemos dizer, em linhas gerais, que a descrição :

� caracteriza-se por meio de imagens ou palavras, seres, processos, cenas e lugares;

� emprega termos com função adjetiva (adjetivos, locuções adjetivas, orações adjetivas) e verbos de ligação;

� estabelece comparações (metáforas, por exemplo); � faz inferências a impressões sensoriais: cores, formas, gostos, cheiros, sons

etc.

Vamos visualizar as diferenças entre narração e descrição:

NARRAÇÃO DESCRIÇÃO Fatos não simultâneos, marcando uma temporalidade (há progressão temporal).

Fatos simultâneos , concomitantes, marcando uma atemporalidade (ausência de progressão temporal).

É dinâmica , com presença de verbos significativos, uma vez que o importante é a ação, isto é, o que aconteceu.

É estática , isto é, destituída de ação; o ser, o objeto ou o ambiente têm mais importância.

Destaca as relações lógicas , as causalidades . Em outras palavras, sempre haverá o desenrolar de um fato: a ação ; a presença de quem participa do fato: a personagem ; o lugar em que ocorre fato: o espaço ; o instante em que ocorre o fato: o tempo ; alguém que conta o fato: o narrador ; e o fato pro-priamente dito: o enredo .

Destaca os seres , os objetos , im-pondo-lhes características . Por essa razão, as frases têm como destaque o substantivo (representa cenas, paisagens, ambientes, seres, coisas e estados psíquicos) e o adjetivo (indica aspectos mais característicos, representando o registro de impressões sobre o descrito, marcando cor, sonoridade, textura, aroma ou sabor).

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Exemplo de parágrafo narrativo Eram sete horas da noite em São Paulo e a cidade toda se agitava naquele clima de quase tumulto típico dessa hora. De repente, uma escuridão total caiu sobre todos como uma espessa lona opaca de um grande circo. Os veículos acenderam os faróis altos, insuficientes para substituir a iluminação anterior. Esse texto caracteriza-se narrativo, pois:

• relata fatos concretos, num espaço concreto (São Paulo) e tempo definido (sete horas da noite); e

• os fatos narrados não são simultâneos: há mudança de um estado para outro, e, por isso, existe uma relação de anterioridade e posteridade entre os enunciados (antes “... a cidade toda se agitava” e depois “... uma escuridão total caiu sobre todos ...”). Exemplo de parágrafo descritivo Eis São Paulo às sete horas da noite. O trânsito caminha lento e nervoso. Nas ruas, pedestres apressados se atropelam. Nos bares, bocas cansadas conversam, mastigam e bebem em volta das mesas. Luzes de tons pálidos incidem sobre o cinza dos prédios. O parágrafo é descritivo, pois:

• são relatadas várias adjetivações (trânsito lento e nervoso; pessoas apressadas; bocas cansadas) de um lugar concreto num ponto estático do tempo (Eis São Paulo às sete horas da noite);

• os acontecimentos são simultâneos – ou concebido como se fossem –, isto é, não há progressão temporal entre os enunciados (tudo ocorre às sete horas da noite).

INJUNÇÃO

O texto injuntivo (ou instrucional ) é aquele que, através de uma linguagem apelativa, tem como objetivo persuadir o leitor/alocutário a realizar uma ação ou a adotar determinado comportamento. Nessa tipologia textual, exprimem-se ordens, pedidos, sugestões, orientações. Além disso, o texto injuntivo é marcado pelo emprego de formas verbais no imperativo , seja no afirmativo, seja no negativo, e pelo uso da segunda pessoa (pronomes tu e você ) para aproximar o receptor da mensagem. Essa tipologia é muito recorrente em textos publicitários , propagandas , receitas , manuais , leis , horóscopos , provérbios e discursos políticos . Vejam:

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(Encarte pôster, inserido na ed. 147, revista VendaMais, de julho de 2006.)

No texto acima, encontramos formas verbais no imperativo (“sonhe”, “estude”, “analise”, “reveja” etc.) – denotando ordem, pedido – e a forma pronominal “você ”, empregadas com a intenção de aproximar receptor e mensagem. São características do texto injuntivo . Essa é para quem é mais “antigo” (eu, por exemplo...rs). Quem não se recorda da famosa propaganda da Garoto ? Vejam abaixo:

“Compre Baton. Compre Baton. Seu filho merece Baton!”

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No anúncio, percebe-se a clara intenção de persuadir o receptor da mensagem, levando-o à compra do produto. Como os publicitários conseguiram obter esse efeito? Através do emprego de formas imperativas (“Compre, Compre”), aproximando, mais uma vez, mensagem e receptor.

Injunção (síntese)

Podemos dizer, em síntese, que o texto injuntivo:

� caracteriza-se por uma linguagem apelativa, direta e persuasiva;

� emprega formas verbais no imperativo (afirmativo ou negativo); e

� lança mão de formas pronominais de segunda pessoa (tu e você), com a intenção de aproximar receptor e mensagem.

DISSERTAÇÃO

Podemos definir dissertação como a apresentação de fatos ou a emissão de uma opinião, baseada em argumentos, acerca de um determinado assunto. Existem dois tipos de dissertação: a expositiva (objetiva) e a argumentativa (subjetiva) . O texto dissertativo expositivo (objetivo) , também conhecido com informativo (para a FJG), é aquele em que o autor não defende sua opinião. Em outras palavras, o autor apenas explica as ideias, sem preocupar-se em convencer os leitores, tendo por objetivo apenas informar, apresentar, definir ou explicar o fato aos interlocutores. Esse tipo de texto é usado na imprensa, em livros didáticos, em enciclopédias, em biografias e em revistas de divulgação técnica e científica.

Exemplo:

Cor da casca depende da ração

Por que existem ovos de galinha com a casca branca e outros com a casca marrom? Há algumas diferenças nutritivas, entre elas a cor da casca dos ovos, que dependem basicamente da composição da ração que é dada à galinha. “Existem várias opções de composição. Cada criador escolhe a que mais se adapta ao tipo de animal que está criando”, explica a engenheira de alimentos Eney Martucci, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em São Paulo. Se houver, por exemplo, beterraba ou cenoura na ração, a coloração da casca será alterada e ela ficará mais escura. A cor do ovo, portanto, não tem relação com a cor da galinha que o gerou.

(Revista Superinteressante, novembro de 1995, com adaptações)

Com uma abordagem objetiva, o autor do texto acima tem por finalidade apenas informar o leitor acerca do motivo que acarreta as diferenças entre as cores dos ovos: a ração que é oferecida à galinha.

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Exposição Em resumo, podemos dizer que o texto expositivo (ou informativo) apresenta:

� objetividade – vocabulário preciso e denotativo;

� impessoalidade/imparcialidade – o autor não emite opinião; apenas expõe o assunto;

� documentação – o autor baseia as informações em testemunhos de autoridades, citar fontes etc. Já o texto dissertativo argumentativo (subjetivo) tem como finalidade o desenvolvimento de um tema, sendo composto por opiniões do autor acerca do assunto. É baseado em argumentos que pretendem persuadir o leitor. Exemplo:

Preconceito contra a roça A sociedade brasileira, infelizmente, enxerga seu universo rural com preconceito. Em decorrência, menospreza a importância da agropecuária na geração de emprego e da renda nacional. Pior, atribui ao setor uma pecha negativa: o moderno está na cidade; o atraso, na roça. Razões variadas explicam esse terrível preconceito. Suas origens remontam ao sistema latifundiário. Com a acelerada urbanização, o violento êxodo rural subverteu, em uma geração, os valores sociais: quem restou no campo virou passado. As distâncias geográficas do interior, a defesa ecológica, a confusão da reforma agrária, o endividamento rural, todos esses fatores explicam a prevenção contra o ruralismo. Na linguagem popular, o apelido depreciativo é sempre da agricultura. Fulano é burro, vá plantar batatas! Nas finanças, o malandro é laranja. Que pepino, hein? Um grande abacaxi! Ninguém usa comparações positivas: íntegro como boi, bonito qual jequitibá! Na música, a sanfona, ou a viola, é brega. Pior de tudo, nas festas juninas, crianças são vestidas com calças remendadas, chapéu de palha desfiado e, pasmem, dentes pintados de preto para parecerem banguelas. Triste país que deprecia suas origens. Um misto de desinformação e preconceito que impede que a agricultura ressalte sua força e seu valor. As mazelas do campo - ainda são muitas - suplantam, na mídia, os benefícios da modernidade rural. Os meios de comunicação focalizam seus problemas e não as vitórias alcançadas. Miopia cultural.

(Xico Graziano. O Estado de S. Paulo, Caderno 2º, 25/7/2001, com adaptações.)

No texto acima, o autor claramente demonstra seu ponto de vista ao criticar

a depreciação do universo rural feita sociedade brasileira. Para a defesa de sua

tese, o autor tenta persuadir o leitor, evidenciando a importância da agropecuária na

geração de emprego e da renda nacional, fazendo uso de modalizadores –

indicadores de opinião (“infelizmente”, “pior”, “terrível”) – e de expressões

contrárias ao preconceito (“Miopia cultural”).

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Vejamos, agora, como se estrutura o parágrafo. A seguir, apresentarei

algumas estratégias argumentativas.

ESTRUTURANDO O PARÁGRAFO

Antes entrar na organização do parágrafo, vamos definir o que é frase.

Segundo as lições de Othon Garcia, autor de referência na maioria das provas,

“frase é todo suficiente por si mesmo para estabelecer a comunicação”. A partir do

conceito apresentado, percebemos que frase é um composto que contém uma

informação, ainda que apresente extensão curta.

Percebemos, assim, que a extensão do parágrafo é determinada pela

unidade temática , já que cada ideia central deve corresponder a um parágrafo .

Por essa razão, vocês poderão encontrar parágrafos longos e outros mais curtos,

mas estes sempre deverão ser claros , objetivos e concisos .

Segundo as lições de Othon M. Garcia, “o parágrafo é uma unidade de

composição, constituída por um ou mais de um período, em que se desenvolve

determinada ideia central, ou nuclear, a que se agregam outras, secundárias,

intimamente relacionadas pelo sentido e logicamente decorrentes dela.”

O parágrafo constitui a principal coordenada para a elaboração de textos

dissertativos em prosa (linguagem contínua, linear, desprovida de ritmo, rima ou

métrica), atualmente muito observados em concursos públicos, em detrimento das

manifestações em verso (linguagem mais musical, que se caracteriza pela

presença obrigatória de ritmo, além do emprego facultativo de rima e métrica).

Desenvolve uma ideia de sentido completo , a qual geralmente é composta por, no

máximo, cinco períodos.

Vencida essa etapa inicial, passaremos ao estudo da relação entre o

parágrafo e o tópico frasal .

O PARÁGRAFO E O TÓPICO FRASAL

De acordo com Othon Garcia (1985:203), a identificação do tema é facilitada

pela análise das partes do texto que podem ou não ser identificadas com os

parágrafos formados por uma estrutura análoga à textual, pois se constituem de

“uma unidade de composição, em que se desenvolve determinada ideia central, a

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que se agregam outras, secundárias, intimamente relacionadas pelo sentido e

logicamente decorrentes dela”.

Pessoal, quando se muda o parágrafo, não se muda o assunto. O assunto, a

rigor, deve ser o mesmo, do princípio ao fim do texto. A abordagem, porém, pode

mudar. É neste ponto que o parágrafo “entra em ação”. A cada nova ideia central ,

haverá um novo parágrafo .

Formalmente, o parágrafo também é uma divisão gráfica pelo fato de sua

primeira linha iniciar em margem especial . Funcionalmente, a compreensão da

estrutura do parágrafo é o melhor caminho para a segura elaboração e

compreensão do texto.

O parágrafo é estruturado com base em um tópico frasal (enunciado que

expressa a ideia-núcleo), a ser desenvolvido por frases com que o autor vai

expressar seu pensamento sobre a ideia que enunciou. Localizando os tópicos

frasais de cada parágrafo, o leitor terá condições de identificar o conteúdo, numa

primeira instância, até chegar ao tema geral do texto.

O tópico frasal não necessita, obrigatoriamente, aparecer no começo. No

entanto, a maioria dos parágrafos se enquadra nesse esquema.

TIPOS DE TÓPICO FRASAL

O tópico frasal deve ser claro, pois deve apontar, resumidamente, os

argumentos que serão desenvolvidos no parágrafo. As formais mais comuns são:

a) Declaração inicial – essa é a feição mais comum: o autor afirma ou nega algo,

para, em seguida, justificar ou fundamentar a asserção, apresentando argumentos

sob a forma de exemplos, confrontos, razões etc.

Exemplo:

A Administração pública, no exercício da atividade administrativa, produz

determinados atos capazes de produzir efeitos jurídicos.

No parágrafo acima, temos o tópico frasal definido como declaração inicial:

A Administração pública (...) produz determinados atos capazes de produzir

efeitos jurídicos.

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b) Definição – consiste na explicação de um conceito em que o trabalho está

embasado. É muito frequente na linguagem didática, que procura explicar o

significado de algo.

Exemplo:

A doutrina define ato administrativo como toda manifestação unilateral de

vontade da Administração, visando criar, modificar, declarar ou extinguir direitos e

obrigações, para si ou para os administrados.

c) Interrogação – o parágrafo é iniciado por uma pergunta retórica , a qual se

relaciona ao tema . Esse tipo de tópico frasal tem como finalidade chamar a

atenção do leitor logo no tópico frasal. Segundo as lições de Othon M. Garcia, “a

interrogação camufla um tópico frasal por declaração ou por definição”. Entretanto,

se o parágrafo a seguir fosse iniciado com uma declaração, a atenção para o

assunto não seria despertada da mesma forma.

Exemplo:

É possível afirmar que o ato administrativo produz efeitos jurídicos?

Consoante a doutrina, a produção desses efeitos ocorre quando a Administração

Pública exerce a atividade administrativa. (...).

d) Divisão – o autor apresenta o tópico frasal sob a forma de divisão ou de

discriminação das ideias a serem desenvolvidas nos parágrafos de

desenvolvimento.

Exemplo:

Todo ato administrativo deve apresentar elementos de validade, sendo

pressupostos para sua eficácia. Entre esses elementos, encontram-se o motivo, a

competência e a forma.

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O PARÁGRAFO DA INTRODUÇÃO

Ao organizar um texto, devemos saber estruturar o primeiro parágrafo , pois

nele estarão os referenciais a serem desenvolvidos no decorrer do texto. Porém,

o tema não deve ser esgotado . Em outras palavras, a introdução sempre aponta

as ideias e a estrutura em que será organizado o texto.

OS PARÁGRAFOS DO DESENVOLVIMENTO

Na dissertação, não existe uma progressão temporal entre os enunciados.

Nesse tipo de texto, há uma relação de natureza lógica, chamada progressão

temática .

Os parágrafos de desenvolvimento do texto argumentativo devem ampliar

as ideias apresentadas na introdução , sempre fundamentando o ponto de vista

defendido pelo autor. Eles devem apresentar não só uma unidade interna, mas

também uma correlação entre si. Para isso, o redator deve apresentar uma boa

argumentação.

A ARGUMENTAÇÃO

A argumentação consiste em qualquer tipo de procedimento usado pelo

produtor do texto que tem como objetivo levar o leitor a aderir às teses defendidas.

Assim, a argumentação está sempre presente em qualquer texto.

O sucesso de alguém, na tentativa de persuadir seus receptores, depende da

consistência dos argumentos utilizados. Estes devem ser consistentes,

inquestionáveis, irrefutáveis, concretos e convincentes. Não basta, por exemplo,

dizer que “a convalidação só é possível quando o vício ocorrer nos elementos

formas e competência”; é preciso que se apresentem as provas que justificam e

fundamentam esse ponto de vista.

Existem algumas ferramentas argumentativas que persuadir o leitor, quais

sejam:

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� Unidade

Um deles é evitar um texto dispersivo, repleto de informações

desencontradas . É importante que o autor mostre para o leitor/receptor a tese e o

posicionamento que serão defendidos no decorrer do texto. Para tanto, a superfície

textual deve tratar de um só “objeto”, uma só “matéria”.

� Argumento de autoridade – É o argumento baseado na opinião de

um especialista. Os citados podem ser especialistas profissionais de determinada

área, organismos, instituições, órgãos da imprensa, pesquisas etc. A força desses

argumentos se apoia na credibilidade da autoridade evocada.

Ademais, um testemunho é um tipo de argumento de autoridade, apoiado na

experiência pessoal de alguém que participou diretamente de fatos ou que recebeu

uma informação de outro que tenha participado.

Exemplo:

Todo ato administrativo deve apresentar elementos de validade, sendo

pressupostos para sua eficácia. Entre esses elementos, encontra-se o motivo, o

qual pode ser conceituado, em conformidade com as lições de Hely Lopes Meirelles,

como pressuposto de fato e de direito que autoriza a produção do ato (...).

Reparem que, no parágrafo acima, inicialmente foi apresentado o tópico

frasal por definição: “Todo ato administrativo deve apresentar elementos de

validade, sendo pressupostos para sua eficácia”. Essa ideia deve ser desenvolvida

no decorrer do parágrafo.

Em seguida, o argumento “motivo” foi introduzido por meio da definição de

Hely Lopes Meirelles: “Entre esses elementos, encontra-se o motivo, o qual pode

ser conceituado, em conformidade com as lições de Hely Lopes Meirelles, como

pressuposto de fato e de direito que autoriza a produção do ato”. Assim, o

parágrafo, além de denunciar boa capacidade argumentativa, ganhou credibilidade.

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� Exemplificação - trata-se de apresentar exemplos concretos que ajudem a

sustentar uma determinada posição.

Exemplo:

A convalidação consiste em sanar os defeitos do ato, produzindo efeitos

retroativos à sua edição. Entretanto, segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a

possibilidade de convalidação só é possível quando o ato administrativo estiver

eivado de vício nos elementos competência, caso esta não seja exclusiva, e forma,

se esta não for essencial. Pode-se citar, por exemplo, o artigo 55, da Lei nº

9.784/99, o qual aduz que “em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão

ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos

sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração”.

O trecho destacado acima é um exemplo utilizado para ratificar a

argumentação. Trata-se, pois, de um excelente recurso argumentativo.

� Enumeração – é caracterizada pela exposição de uma série de elementos,

bem como pela indicação de características, funções ou situações para confirmar a

afirmação estabelecida no tópico frasal.

É possível fazer uma enumeração seguindo critérios de importância,

preferência, classificação ou, ainda, aleatoriamente..

Exemplo:

Todo ato administrativo deve apresentar elementos de validade, sendo

pressupostos para sua eficácia. Entre esses elementos, encontram-se o motivo, a

competência e a forma . (...).

� Contra-argumentação – A estratégia da contra-argumentação consiste em

combater e desconstruir o ponto de vista do adversário. Em outras palavras, em vez

de argumentar diretamente a favor da sua tese, argumenta-se contra o

posicionamento do rival.

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O exemplo abaixo é um parágrafo do texto “Impunidade”, no qual se propõe a

redução da maioridade penal no Brasil para 16 anos. Esta é, portanto, a tese

defendida no texto. Notem que, no trecho transcrito abaixo, o redator não apresenta

um argumento a favor da redução da maioridade penal. Em vez disso, ele se ocupa

de combater e desconstruir, por meio de um questionamento, um dos argumentos

daqueles que são contrários a essa redução.

Exemplo: Alguns doutrinadores defendem que reduzir a maioridade penal seria

inconstitucional, já que o artigo 60, parágrafo 4º, da Constituição Federal, proíbe

emendas que venham a abolir direitos e garantias fundamentais. Ora, temos dois

fatores a explanar quanto a este assunto. O primeiro é: o que é inconstitucional?

Hoje é implementada uma série de emendas constitucionais.

� Concessão – Um tipo eficiente de contra-argumentação é a concessão. Essa

estratégia é executada em duas etapas. Em um primeiro momento, o argumentador

dá a impressão de concordar com o seu rival – ou seja, ele parece conceder a razão

ao seu adversário. Logo em seguida, contudo, a tese adversária é combatida e

devidamente refutada.

No exemplo abaixo, procura-se defender a tese de que o aborto deve ser

legalizado no Brasil. Em um primeiro momento, o autor parece concordar com seus

rivais, ou seja, parece se inclinar contra a legalização do aborto. No contexto, essa

impressão é transmitida pelo emprego da expressão “É verdade”. Mas isso dura

pouco. Logo em seguida, ele levanta um questionamento: “Mas por que o mesmo

raciocínio (...)”. Esse questionamento, claro, tem o objetivo de contestar o raciocínio

adversário e, em última instância, invalidar a tese rival.

Exemplo: Muitos dizem que o aborto é uma forma de assassinato e que a vida

deve sempre ser preservada. É verdade. Mas porque o mesmo raciocínio não deve

valer para preservar a vida das milhares de gestantes que acorrem todos os anos a

clínicas clandestinas cujos procedimentos “cirúrgicos” não raro resultam em morte?

Feita a apresentação das estratégias argumentativas, passemos a algumas

dicas de leitura.

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DICAS DE LEITURA

• Ideia-chave

Uma boa dica de leitura de textos é dividir os parágrafos (ou partes dele), fazendo um resumo da(s) ideia(s) principal(is) apresentada(s) em cada um. É a técnica das ideias-chave .

• Palavra-chave Outra boa estratégia de leitura é buscar as palavras mais importantes de cada parágrafo. Elas constituirão as palavras-chave do texto, em torno das quais as outras se organizarão e criarão um intercâmbio de significação para produzirem sentidos. As palavras-chave representam uma síntese temática , contêm a ideia central do texto. Funcionam como uma chave que introduz o leitor ao assunto principal da mensagem. A correlação entre texto e título, em geral, é feita por meio das palavras-chave. Portanto, nem sempre é preciso saber a acepção de todas as palavras do texto para compreendê-lo. Por adquirir tal importância na estrutura textual, as palavras-chave normalmente aparecem ao longo de todo o texto das mais variadas formas: repetidas , modificadas , retomadas por sinônimos etc. Elas estruturam o caminho da leitura, levando o receptor a compreender melhor o texto.

• Inferência lexical

A inferência lexical faz parte de uma série de recursos utilizados para identificar o sentido da mensagem que se deseja entender, ou seja, é um recurso que auxilia na compreensão do texto. É um procedimento usado por nós desde “bebês”, na linguagem verbal e desde a alfabetização, na linguagem escrita. Por exemplo, um bilhete mal escrito, com partes apagadas, expressões desconhecidas ou estrangeirismos, muitas vezes não impede o entendimento da mensagem. Do vocabulário que utilizamos hoje, apenas algumas poucas palavras procuramos no dicionário ou alguém nos disse seu significado. O conhecimento do significado da grande maioria foi por meio da dedução pelo contexto. As palavras adquirem um sentido peculiar, às vezes único, dependendo do contexto. Somente por meio do uso podemos determinar, com exatidão, o seu significado. Quando precisamos saber o significado de uma palavra ou expressão que desconhecemos e que é fundamental para a compreensão do texto ou para respondermos a uma pergunta proposta, devemos buscar um significado que se adapte ao contexto, por meio das informações verbais e não-verbais que já possuímos ou pela posição na frase ou pela classe gramatical. Além das estratégias disponíveis, podemos fazer uso da analogia e de conhecimentos prévios sobre o assunto. É preciso ter cautela, entretanto, com o que chamamos de “conhecimento prévio” ou “conhecimento de mundo”. Isso porque, muitas vezes, uma questão pode levar vocês a extrapolar, a responder não

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o que está no texto, mas exatamente aquilo em que vocês acreditam ou aquilo que vocês conhecem.

• Enunciados das perguntas Para compreendermos os enunciados das perguntas, devemos utilizar as mesmas estratégias de leitura que utilizamos para o texto (a busca das palavras/ideias-chaves, a dedução pelo contexto etc). A partir do enunciado da pergunta, decidimos o que vamos buscar no texto, se a ideia global, uma referência numérica ou uma informação específica. Caso o enunciado mencione tema ou ideia principal , procurem a resposta nos parágrafos de introdução e/ou conclusão . É comum retomada do principal conteúdo apresentado. Se, no enunciado, o examinador mencionar argumento , busquem a resposta nos parágrafos de desenvolvimento . Vamos ver como aplicar os conceitos apresentados e resolver algumas questões. 1. Leia os parágrafos a seguir e marque: (1) – Narração (4) – Dissertação expositiva (2) – Descrição (5) – Dissertação argumentativa (3) – Injunção

( ) "Existem momentos em que autoridades públicas adotam decisões que levam o observador comum a duvidar de suas condições para ocupar os cargos para os quais foram designados, ou então, a admitir que algo mais, não revelado ao comum dos mortais - nós todos - existe por detrás dos aparentes absurdos."

(Jornal Almanara) ( ) "As folhas das árvores nem se mexiam; as carroças de água passavam ruidosamente a todo instante, abalando os prédios; e os aguadeiros, em manga de camisa e pernas arregaçadas, invadiam sem cerimônia as casas para encher as banheiras e os potes." (Aluísio de Azevedo) ( ) “Irene preta "Irene boa "Irene sempre de bom humor" (Manuel Bandeira) ( ) “O PREVINVEST padrão de vida durante a aposentadoria. Com ele, você pode escolher o tipo de fundo de investimento em que você quer aplicar seus recursos, o valor da contribuição ou da renda desejada e a partir de quando pretende receber o benefício. O PREVINVEST é oferecido em duas modalidades: PGBL e VGBL. (...)”

(Prova da CAIXA. Caderno 15 – 1 – Cargo: Técnico Bancário) ( ) "O homem é um animal político, portanto, animal que só se desenvolve em sociedade, dependente, para sobreviver, da interação de indivíduos, grupos ou clãs." (R. A. Amaral Vieira)

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( ) “A exploração do trabalho infantil fere os direitos que a criança tem de viver com plenitude a infância: a criança que queima esta etapa de sua vida amadurece muito cedo, o que pode trazer-lhe problemas psicológicos sérios na fase adulta; Eis porque, independentemente do que consta nas leis e nos estatutos dos menores, a criança não deve trabalhar. Ela deve brincar o suficiente para ser um adulto equilibrado e feliz.” ( ) “O Cacique estava indo de trem para a cidade para assinar um Tratado de Paz com o branco. Ia ele e o ajudante de ordens ao lado. De repente, o Cacique vira-se para o ajudantes de ordens e diz: – Ajudante Pomba Roxa, Cacique Touro Sentado tem sede. Buscar água. Pomba Roxa pegou o copo, foi ao toalete do vagão, voltou com o copo cheio d’água. Cacique bebeu.”

(Ziraldo)

GABARITO E COMENTÁRIOS

(4) Dissertação expositiva (ou objetiva) – Com uma abordagem objetiva, o autor do texto tem por finalidade informar o leitor acerca das decisões adotadas pelas autoridades públicas. (2) Descrição dinâmica – Os “objetos” descritos estão em movimento: “as carroças passavam”; “os aguadeiros (...) invadiam”. É caracterizada por seres “carroças” e “aguadeiros”, cenas “passavam ruidosamente a todo instante, abalando os prédios”. Tudo é atemporal, ou seja, ocorre ao mesmo tempo. (2) Descrição física e psicológica – Manuel Bandeira descreve traços físicos e psicológicos da personagem “Irene”: “preta”, “boa” e “sempre de bom humor”. (3) Injunção – O texto tem como objetivo persuadir o leitor a aderir o PREVINVEST. É marcado pelo emprego da forma pronominal você para aproximar o receptor da mensagem, com uma linguagem apelativa e persuasiva: “é um excelente investimento para quem quer manter seu padrão de vida durante a aposentadoria”. (5) Dissertação argumentativa (ou subjetiva) – No trecho, o autor demonstra seu ponto de vista ao fazer a conclusão “(...) portanto, animal que só se desenvolve em sociedade, dependente, para sobreviver, da interação de indivíduos (...)”. (5) Dissertação argumentativa (ou subjetiva) – O excerto é dissertativo- -argumentativo, pois o autor defende a tese “os direitos da criança”, acerca do tema “exploração infantil”: “Ela (a criança) deve brincar o suficiente para ser um adulto equilibrado e feliz”. (1) Narração – O trecho é narrativo por apresentar personagens envolvidos nos enredo, o qual se desenvolve no tempo e no espaço. Notem que os verbos presentes são significativos, isto é, denotam ação – “estava indo”, “Ia”, “vira-se”, “Buscar”, “foi”. A narração também é caracterizada pela presença do discurso direto, marcado por verbos declarativos (“diz”) e por recursos de pontuação – dois-pontos, travessão, aspas e mudança de linha.

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Agora, vamos começar a resolver questões de concursos. Para efeito didático, iniciaremos por outras bancas. 1. (FCC-2005/TCE-MA) Com as agravantes do desmatamento e do aquecimento global, a seca na Amazônia ganha alguns contornos de novidade que se dissipam no longo do curso da história da região. De acordo com o meteorologista Pedro Dias, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), a atual redução das chuvas se encaixa no padrão de ciclos observado na Amazônia no último século. É o que os técnicos chamam de “variabilidade decadal do Oceano Pacífico”, que impacta o Atlântico. Os regimes de chuvas ao norte e ao sul do Rio Amazonas se têm alternado, em ciclos de três décadas, ao longo de 120 anos. Nos anos 40, 50 e 60 choveu menos na Amazônia. Nas três décadas seguintes, as chuvas aumentaram. Agora, no início do século XXI, a região pode estar começando um novo ciclo de 10% a 15% a menos de chuva, assim como aconteceu no início do século XX. “Nos últimos 100 a 120 anos, os ciclos têm sido bastante regulares”, diz. Coincidentemente, as variações possivelmente causadas pelo efeito estufa também são da ordem de 10% a 15%. “Há um consenso de que o aumento do efeito estufa já tem uma grande magnitude comparável à da variação natural”, registra Pedro Dias. Assim, o que poderia acontecer, falando grosseiramente, é que a variação causada por esse efeito venha se somar à variação natural, duplicando o impacto sobre o ambiente. O meteorologista salienta, em qualquer caso, que se trata de variações médias ao longo de três décadas, e não de ano a ano, quando o comportamento pode ser bem diferente. Numa escala maior de tempo, a atual seca se torna mais relativa. Entre 5 mil e 3 mil anos atrás, onde hoje existe floresta, havia grandes extensões de savana, característica de regiões com longos períodos de seca . Também há registros de grandes variações nas chuvas e de períodos em que os rios baixaram, causando mudanças significativas na fauna e na flora, lembra Virgílio Viana, Secretário do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas. “Esta é a maior seca com internet e cobertura em tempo real”, ironiza Elpídio Gomes Filho, Superintendente da Administração das Hidrovias da Amazônia Ocidental (Ahimoc). Adaptados a grandes variações de profundidade dos rios entre os períodos de chuva e de estiagem, os portos da Amazônia têm um sistema de braços flutuantes – inventado pelos ingleses – que sobem e descem, acompanhando a superfície da água. “Os rios sobem 14 metros durante 6 meses e descem 14 metros durante 6 meses, de forma previsível, milenar e regularmente, assegura Elpídio.

(Adaptado de Lourival Sant’Anna. O Estado de S. Paulo , 16 de outubro de 2005, A 13). A frase que resume corretamente o texto é: (A) Efeito estufa determina escassez de chuvas na Amazônia. (B) Seca dá início a novo ciclo, diz especialista. (C) 2005 é o ano da maior seca em toda a região amazônica. (D) Desmatamento na Amazônia determina o aquecimento global. (E) Meios de comunicação mascaram conseqüências da seca na Amazônia.

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Comentário: O primeiro parágrafo de cada texto apresenta a ideia principal, a qual é retomada, explícita ou implicitamente, nos parágrafos de desenvolvimento e de conclusão. No primeiro parágrafo do texto em análise, temos como tópico frasal (frase nuclear, mais importante) os trechos “(...) a seca na Amazônia ganha alguns contornos de novidade que se dissipam no longo do curso da história da região.” e “(...), a atual redução das chuvas se encaixa no padrão de ciclos observado na Amazônia no último século.” Percebam que o texto se constrói em torno das palavras-chaves “seca ” e “ciclo ”. É com base nesse encadeamento que a superfície textual é desenvolvida: 1º parágrafo : “(...) a seca na Amazônia ganha alguns contornos de novidade que se dissipam no longo do curso da história da região”. 1º parágrafo : “(...), a atual redução das chuvas se encaixa no padrão de ciclos observado na Amazônia no último século.” 2º parágrafo : “Nos anos 40, 50 e 60 choveu menos na Amazônia. Nas três décadas seguintes, as chuvas aumentaram. Agora, no início do século XXI, a região pode estar começando um novo ciclo de 10% a 15% a menos de chuva”. 4º parágrafo : “Numa escala maior de tempo, a atual seca se torna mais relativa. Entre 5 mil e 3 mil anos atrás, onde hoje existe floresta, havia grandes extensões de savana, característica de regiões com longos períodos de seca .” 5º parágrafo : “Esta é a maior seca com internet e cobertura em tempo real”, ironiza Elpídio Gomes Filho”. Em outras palavras, a frase que resume corretamente o texto deve conter tanto a ideia central quanto as palavras-chave “seca” e “ciclo”. É o que encontramos na assertiva B: “Seca dá início a novo ciclo , diz especialista”. Gabarito: B.

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2. (FCC-2011/TRE-RN)

Rio Grande do Norte: a esquina do continente

Os portugueses tentaram iniciar a colonização em 1535, mas os índios potiguares resistiram e os franceses invadiram. A ocupação portuguesa só se efetivou no final do século, com a fundação do Forte dos Reis Magos e da Vila de Natal. O clima pouco favorável ao cultivo da cana levou a atividade econômica para a pecuária. O Estado tornou-se centro de criação de gado para abastecer os Estados vizinhos e começou a ganhar importância a extração do sal – hoje, o Rio Grande do Norte responde por 95% de todo o sal extraído no país. O petróleo é outra fonte de recursos: é o maior produtor nacional de petróleo em terra e o segundo no mar. Os 410 quilômetros de praias garantem um lugar especial para o turismo na economia estadual. O litoral oriental compõe o Polo Costa das Dunas - com belas praias, falésias, dunas e o maior cajueiro do mundo –, do qual faz parte a capital, Natal. O Polo Costa Branca, no oeste do Estado, é caracterizado pelo contraste: de um lado, a caatinga; do outro, o mar, com dunas, falésias e quilômetros de praias praticamente desertas. A região é grande produtora de sal, petróleo e frutas; abriga sítios arqueológicos e até um vulcão extinto, o Pico do Cabugi, em Angicos. Mossoró é a segunda cidade mais importante. Além da rica história, é conhecida por suas águas termais, pelo artesanato reunido no mercado São João e pelas salinas. Caicó, Currais Novos e Açari compõem o chamado Polo do Seridó, dominado pela caatinga e com sítios arqueológicos importantes, serras majestosas e cavernas misteriosas. Em Caicó há vários açudes e formações rochosas naturais que desafiam a imaginação do homem. O turismo de aventura encontra seu espaço no Polo Serrano, cujo clima ameno e geografia formada por montanhas e grutas atraem os adeptos do ecoturismo. Outro polo atraente é Agreste/Trairi, com sua sucessão de serras, rochas e lajedos nos 13 municípios que compõem a região. Em Santa Cruz, a subida ao Monte Carmelo desvenda toda a beleza do sertão potiguar – em breve, o local vai abrigar um complexo voltado principalmente para o turismo religioso. A vaquejada e o Arraiá do Lampião são as grandes atrações de Tangará, que oferece ainda um belíssimo panorama no Açude do Trairi.

(Nordeste. 30/10/2010, Encarte no jornal O Estado de S. Paulo ). O texto se estrutura notadamente: (A) sob forma narrativa, de início, e descritiva, a seguir, visando a despertar interesse turístico para as atrações que o Estado oferece. (B) de forma instrucional, como orientação a eventuais viajantes que se disponham a conhecer a região, apresentando-lhes uma ordem preferencial de visitação. (C) com o objetivo de esclarecer alguns aspectos cronológicos do processo histórico de formação do Estado e de suas bases econômicas, desde a época da colonização. (D) como uma crônica baseada em aspectos históricos, em que se apresentam tópicos que salientam as formações geográficas do Estado. (E) de maneira dissertativa, em que se discutem as várias divisões regionais do Estado com a finalidade de comprovar qual delas se apresenta como a mais bela.

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Comentário : Conforme vimos, dificilmente encontraremos um texto que apresente características puramente narrativas, descritivas, injuntivas ou dissertativas. No caso em tela, percebemos que o texto é iniciado por uma estrutura narrativa, situada no espaço (Rio Grande do Norte) e no tempo (1535). Em seguida, o texto vai se construindo com uma estrutura descritiva: não há progressão temporal entre os enunciados, ou seja, os acontecimentos são simultâneos (ao final do século) – “A ocupação portuguesa só se efetivou no final do século, com a fundação do Forte dos Reis Magos e da Vila de Natal. O clima pouco favorável ao cultivo da cana levou a atividade econômica para a pecuária. O Estado tornou-se centro de criação de gado para abastecer os Estados vizinhos e começou a ganhar importância a extração do sal”. No segundo parágrafo, há o uso de adjetivações, conforme se percebe nas linhas 11 e 12: “O litoral oriental compõe o Polo Costa das Dunas - com belas praias, falésias, dunas e o maior cajueiro do mundo”. Há uma descrição do Polo Costa Branca: “O Polo Costa Branca, no oeste do Estado, é caracterizado pelo contraste: de um lado, a caatinga; do outro, o mar, com dunas, falésias e quilômetros de praias praticamente desertas”. No terceiro parágrafo, há alusão ao turismo de aventura: “O turismo de aventura encontra seu espaço no Polo Serrano, cujo clima ameno e geografia formada por montanhas e grutas atraem os adeptos do ecoturismo”. Essas considerações são suficientes para que percebamos a intenção do texto: despertar interesse turístico para as atrações oferecidas pelo estado do Rio Grande do Norte. Gabarito: A. 3. (FCC-2011/DPE-RS) A transformação da frase "Eu nunca parei de pensar sobre isso", disse Goodwin” para discurso indireto é: (A) Goodwin disse que nunca parara de pensar sobre aquilo. (B) Goodwin diz que nunca tivera parado de pensar sobre aquilo. (C) Goodwin disse: "Eu nunca parei de pensar sobre isso". (D) Goodwin diz: "Eu nunca parei de pensar sobre isso". (E) Goodwin disse o que pensava sobre aquilo. Comentário : O enunciado da questão é marcado pelo discurso direto, haja vista a presença do verbo “parar” no pretérito perfeito do indicativo, além do pronome demonstrativo de 1ª pessoa “isso”. No discurso indireto, o narrador transmite, com suas próprias palavras, a fala das personagens. Esse tipo discursivo pode apresentar os verbos declarativos (falar , dizer , responder , argumentar , confessar , ponderar , expressar etc.) e é marcado pela subordinação entre as orações, com as conjunções integrantes que e se. Sendo assim, para realizar a transposição para o discurso indireto, deveremos: - fazer uma construção subordinada entre as orações: “Goodwin disse que ...”; - transpor a forma verbal “parei” para o pretérito mais-que-perfeito do indicativo “parara”;

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- usar o pronome demonstrativo de 3ª pessoa “aquilo”. Logo, teremos a seguinte construção: “Goodwin disse que nunca parara de pensar sobre aquilo”. Gabarito: A. 4. (FCC-2011/Banco do Brasil)

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Considerando-se o teor do texto, é correto afirmar que se trata de: (A) narrativa sobre o sucesso do esporte brasileiro em todo o mundo, com destaque para o futebol, bem mais popular. (B) exposição de um ponto de vista pessoal a respeito das qualidades dos brasileiros na área dos esportes, particularmente no futebol. (C) discussão aprofundada sobre os problemas socioeconômicos que levam atletas brasileiros de destaque a sair do país. (D) proposta de maior apoio aos esportistas brasileiros, para que possam dedicar-se aos treinos e melhorar seu desempenho. (E) depoimento de um ex-jogador em que se nota a decepção com os recentes resultados negativos do futebol brasileiro. Comentário : O texto apresenta uma exposição de impressões pessoais do autor acerca das qualidades dos brasileiros na área dos esportes, notadamente no futebol. No decorrer da superfície textual, o autor faz considerações que expõem seu posicionamento sobre os jogadores que praticam futebol e o referido esporte, conforme podemos confirmar com os trechos abaixo: “O futebol acabou.” Esta frase ecoa nos ares brasileiros sempre que perdemos. Para mim, esta frase ...” (linhas 1-2) “E nada mais real do que o nosso futebol” (linhas 30-31) “Não é à toa que nossos maiores jogadores desfilam seus dotes, espalhados por todo o planeta” (linhas 37-38) Gabarito: B. 5. (FCC-2010/TRF-4ª REGIÃO) “Ao se dirigir ao juiz, pediu-lhe o advogado de defesa que adiasse a sessão, informando ao magistrado que sua principal testemunha estava adoentada e, por essa razão, impossibilitada de comparecer. “ Indique a afirmação INCORRETA sobre o texto acima. a) A presença de personagens e o encadeamento temporal são traços que autorizam qualificar esse texto como narrativo . b) Em discurso direto , a fala correta do advogado seria: Solicito-lhe, Meritíssimo, que adie a sessão, uma vez que minha principal testemunha encontra-se adoentada, o que a impede de comparecer. c) Há um encadeamento causal nesta sucessão de eventos: estava adoentada, impossibilitada de comparecer e pediu-lhe o advogado de defesa que adiasse a sessão. d) Caso o advogado fosse um entusiasta dos latinismos, ele poderia, adequadamente, usar a expressão tabula rasa , para indicar seu respeito ao magistrado, e ipso facto , no sentido de por essa razão . e) A forma verbal estava, explícita em estava adoentada, está elíptica na construção seguinte, impossibilitada de comparecer.

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Comentário : Vamos analisar as opções. A) Resposta correta . Segundo as lições de tipologia textual, a presença de personagens é imprescindível à narrativa, isto é, sem personagem não há narração. No excerto, as personagens são o juiz, o advogado e a testemunha. Essa tipologia textual também é marcada pela progressão temporal entre os enunciados, sendo característica de toda história narrada: Ao se dirigir ao juiz, pediu-lhe ...”. B) Resposta correta . No discurso direto, as personagens apresentam suas próprias palavras, o que ocorre no trecho apresentado na assertiva B. C) Resposta correta . Toda narração é marcada por uma progressão temporal , ou seja, contém uma exposição , em que se apresentam a ideia principal (adiamento da sessão), as personagens (juiz, advogado e testemunha) e o espaço (tribunal – ideia implícita); um desenvolvimento, em que se detalha a ideia principal, que se divide em dois momentos distintos: a complicação (pedido de adiamento da sessão) e o clímax (a testemunha estava adoentada); e um desfecho , que é a conclusão da narrativa (o não comparecimento da testemunha). D) Resposta incorreta . A expressão latina tabula rasa significa “ser humano ser desprovido de qualquer conhecimento ou impressão. Logo, seria desrespeitosa com o magistrado. Por sua vez, o latinismo ipso facto significa o “efeito em consequência da ação em causa”. Por isso, seria adequado ao contexto, assumindo o sentido de por essa razão . E) Resposta correta . No trecho “sua principal testemunha estava adoentada e, por essa razão, impossibilitada de comparecer.”, ocorreu o emprego da vírgula devido à elipse (omissão) da forma verbal “estava”, evitando sua repetição no texto. Gabarito: D. 6. (FCC-2010/AL-SP)

Representatividade ética

Costuma-se repetir à exaustão, e com as consequências características do abuso de frases feitas e lugares-comuns, que as esferas do poder público são o

reflexo direto das melhores qualidades e dos piores defeitos do povo do país. Na esteira dessa convicção geral, afirma-se que as casas legislativas brasileiras espelham fielmente os temperamentos e os interesses dos eleitores brasileiros. É o caso de se perguntar: mesmo que seja assim, deve ser assim? Pois uma vez aceita essa correspondência mecânica, ela acaba se tornando um oportuno álibi para quem deseja inocentar de plano a classe política, atribuindo seus deslizes a vocações disseminadas pela nação inteira... Perguntariam os cínicos se não seria o caso, então, de não mais delegar o poder apenas a uns poucos, mas buscar reparti-lo entre todos, numa grande e festiva anarquia, eliminando-se os intermediários. O velho e divertido Barão de Itararé já reivindicava, com a acidez típica de seu humor: "Restaure-se a moralidade, ou então nos locupletemos todos!".

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As casas legislativas, cujos membros são todos eleitos pelo voto direto, não podem ser vistas como uma síntese cristalizada da índole de toda uma sociedade, incluindo-se aí as perversões, os interesses escusos, as distorções de valor. A chancela da representatividade, que legitima os legisladores, não os autoriza em hipótese alguma a duplicar os vícios sociais; de fato, tal representação deve ser considerada, entre outras coisas, como um compromisso firmado para a eliminação dessas mazelas. O poder conferido aos legisladores deriva, obviamente, das postulações positivas e construtivas de uma determinada ordem social, que se pretende cada vez mais justa e equilibrada. Combater a circulação dessas frases feitas e lugares-comuns que pretendem abonar situações injuriosas é uma forma de combater a estagnação crítica ? essa oportunista aliada dos que maliciosamente se agarram ao fatalismo das "fraquezas humanas" para tentar justificar os desvios de conduta do homem público. Entre as tarefas do legislador, está a de fazer acreditar que nenhuma sociedade está condenada a ser uma comprovação de teses derrotistas. (Demétrio Saraiva, inédito) O velho e divertido Barão de Itararé já reivindicava (...): "Restaure-se a moralidade, ou então nos locupletemos todos!". Transpondo-se adequadamente o trecho acima para o discurso indireto , ele ficará:

O velho e divertido Barão de Itararé já reivindicava que a) ou bem se restaurasse a moralidade, senão nos locupletaríamos todos. b) fosse restaurada a moralidade, ou então que nos locupletássemos todos. c) seja restaurada a moralidade, ou todos nos locupletávamos. d) seria restaurada a moralidade, caso contrário nos locupletássemos. e) a moralidade seja restaurada, quando não venhamos a nos locupletar. Comentário : Para transpor o discurso direto encontrado no trecho “O velho e divertido Barão de Itararé já reivindicava (...): "Restaure-se a moralidade, ou então nos locupletemos todos!”, será necessário fazer as seguintes modificações: - transpor a forma “Restaure-se”, flexionada no imperativo, para a estrutura de voz passiva analítica (SER + PARTICÍPIO), flexionada no pretérito imperfeito do subjuntivo “fosse restaurada”; - transpor a forma “locupletemos”, flexionada no imperativo, para o pretérito imperfeito do subjuntivo “locupletássemos”. Dessa forma, a transposição do discurso direto para o indireto seria: O velho e divertido Barão de Itararé já reivindicava que fosse restaurada a moralidade, ou então que nos locupletássemos todos. Gabarito: B.

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7. (CESGRANRIO - 2009 - SECAD-TO)

Quanto à tipologia, o texto classifica-se como: a) injuntivo. b) narrativo. c) descritivo. d) expositivo. e) argumentativo. Comentário: O texto de Leandro Quintanilha contém características argumentativas. Essa tipologia textual é marcada pela presença de uma tese. Na superfície textual, o autor apresenta a ideia de que ”brincadeiras infantis são um ensaio para a vida adulta”. Para defender a tese, empregou argumentos, os quais demonstram o ponto de vista, com o intuito de persuadir o leitor a aderir às ideias do autor: “Atividades de recreação e lazer estimulam o imaginário e a criatividade, facilitam a socialização e nos ajudam a combater o estresse”. Gabarito: E.

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8. (CESGRANRIO - 2011 – FINEP)

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O trecho “Há 15 dias, uma educadora no Recife, Niedja Santos, indagou a um grupo de estudantes quais os meios de comunicação que eles conheciam. Nenhum citou cartões-postais.” (l. 6-9) classifica-se como do tipo textual narrativo

PORQUE A narração se caracteriza pela apresentação de um evento marcado temporalmente, com a participação dos personagens envolvidos. Analisando-se as afirmações acima, conclui-se que: a) as duas afirmações são verdadeiras e a segunda justifica a primeira. b) as duas afirmações são verdadeiras e a segunda não justifica a primeira. c) a primeira afirmação é verdadeira e a segunda é falsa. d) a primeira afirmação é falsa e a segunda é verdadeira. e) as duas afirmações são falsas. Comentário: O trecho em destaque é narrativo, pois contém a progressão temporal (“Há 15 dias”), indicando eventos anteriores e posteriores (“[...] uma educadora no Recife, Niedja Santos, indagou a um grupo de estudantes [...]” e “Nenhum citou cartões-postais”). Ademais, houve a participação de personagens (“Niedja Santos” e “os alunos”), o que é fundamental em qualquer narração. Por fim, houve uma demarcação do espaço em que o evento se realizou (“Recife”). Portanto, a letra A é o gabarito da questão. Gabarito: A.

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9. (CESGRANRIO - 2010 - PETROBRAS)

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Quanto à tipologia discursiva, o texto classifica-se, fundamentalmente, como: a) injuntivo. b) descritivo. c) narrativo. d) expositivo. e) argumentativo. Comentário: O texto “Fracasso e Sucesso” enquadra-se na classificação dissertativo-argumentativa. Essa tipologia textual é marcada pelo ponto de vista do autor, o qual tenta persuadir o leitor por meio de argumentos. Logo no início do texto, Tom Coelho apresentou sua opinião acerca do fracasso: “É preciso discernimento para reconhecer o fracasso (...)”. Ao longo do texto, empregaram-se argumentos que defendem a tese, tais como: “Reconhecer o fracasso é uma questão de proporção e perspectiva.” “(...) o fracasso e o sucesso são igualmente separados por uma linha tênue.” Gabarito: E.

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10. (CESGRANRIO - 2011 – FINEP)

Observe os trechos abaixo. I – “Foi naquele ano que fiz uma das muitas mudanças em minha vida, indo morar em Florianópolis (SC)” (l. 8-9) II – “A impermanência é uma das marcas de nosso tempo.” (l. 23-24)

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III – “Tudo muda rápido, e quem aceita essa realidade e consegue exercitar sua capacidade de adaptação já sai com vantagens.” (l. 24-26) Quanto ao tipo de texto, esses trechos são, respectivamente: a) argumentação – descrição – argumentação b) narração – narração – argumentação c) narração – descrição – argumentação d) descrição – argumentação – descrição e) descrição – descrição – narração Comentário: Vamos analisar cada trecho. I. O período apresenta características narrativas, isto é, os fatos não são simultâneos (primeiramente, ocorreram muitas mudanças; posteriormente, o narrador foi morar em Florianópolis), ou seja, é marcado por uma progressão temporal. Além disso, o excerto contém verbos dinâmicos (fazer e ir), destacando as relações lógicas. II. O período apresenta características descritivas, pois não contém relação de anterioridade e posterioridade. Por fim, trechos descritivos são marcados por adjetivações, o que ocorre com o emprego do vocábulo “impermanência”. Equivale dizer nosso tempo é impermanente, isto é, perene, efêmero, instável. III. O período contém características argumentativas, pois apresenta o ponto de vista do redator: “(...) quem aceita essa realidade e consegue exercitar sua capacidade de adaptação já sai com vantagens”. Gabarito: C. 11. (CESGRANRIO - 2008 – PETROBRAS)

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Quanto ao tipo, o texto classifica-se predominantemente, como: a) expositivo. b) injuntivo. c) descritivo

d) narrativo. e) argumentativo. Comentário: Novamente, o texto é predominantemente dissertativo-argumentativo. Nele, o autor deixa clara a intenção de persuadir o leitor por meio de argumentos que o levarão a aderir à tese “a necessidade premente de fazer escolhas”. Como exemplo, podemos citar os seguintes trechos: “Entre o sim e o não, só existe um caminho: escolher” – o autor empregou os dizeres de Clarice Lispector para dar mais força argumentativa e credibilidade ao texto; “Fazer escolhas implica renunciar a alguns desejos para viabilizar outros. Você troca segurança por desafio, dinheiro por satisfação, o pouco certo pelo muito duvidoso.” – o autor cita exemplos para defender a tese, persuadindo o leitor. Gabarito: E.

(FGV-2011/TRE-PA)

Financiamento de campanhas eleitorais: aspectos éticos Além dos aspectos legais, as empresas que decidirem participar do processo eleitoral devem buscar procedimentos éticos na tomada de decisões relacionadas ao financiamento de candidatos e partidos políticos. Tradicionalmente, os controladores das empresas são os responsáveis pela decisão de como os recursos devem ser distribuídos entre candidatos e partidos. Os sócios e colaboradores dificilmente são consultados, e muitas vezes o apoio reflete mais as posições pessoais dos controladores do que os valores e princípios das empresas. A consulta aos sócios e colaboradores sobre candidatos e partidos que a empresa deve apoiar não implica, necessariamente, transformar a decisão desse apoio em algo coletivo. O simples fato de consultá-los ajuda a criar um ambiente socialmente responsável nas empresas. É certo que a separação dos valores e princípios pessoais dos controladores dos valores e princípios das empresas e, mais ainda, a transformação dessa dissociação em um novo critério para a tomada de decisões sobre aspectos tão sensíveis como o apoio a determinado partido ou candidato ainda é uma atitude difícil para grande parte dos empresários. Também é certo, por outro lado, que, ao aumentarem a transparência do processo de tomada de decisões, as empresas adquirem o respeito das pessoas e comunidades que são impactadas por suas atividades e são gratificadas com o reconhecimento e

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engajamento dos seus colaboradores e a preferência dos consumidores, em consonância com o conceito de responsabilidade social, o qual, é sempre bom lembrar, está se tornando cada vez mais fator de sucesso empresarial e abrindo novas perspectivas para a construção de um mundo economicamente mais próspero e socialmente mais justo. Outra iniciativa que pode ter grande impacto junto aos colaboradores, parceiros e sócios das empresas é a promoção de debates sobre o processo eleitoral e o funcionamento e atribuições das instâncias de poder em jogo nas eleições (Presidência da República, Senado, Câmara Federal e Assembleias Legislativas). As empresas podem convidar candidatos, cientistas políticos, jornalistas e administradores públicos para a discussão de ideias, propostas e conceitos. Também podem incentivar debates políticos dentro da empresa, bem como trazer matérias sobre o tema em publicações internas. É importante desmistificar a ideia de que política é uma sujeira só e sem utilidade. Essa é uma forma de contribuir para aumentar a consciência política e a qualidade do voto dentro de toda a cadeia produtiva, entre os parceiros e colaboradores. Esse procedimento ajuda a criar na sociedade ambiente ético e transparente, acentuando a democracia nas relações sociais e políticas. Além de consultar sócios, parceiros e colaboradores e de realizar debates, as empresas podem também promover campanhas de esclarecimento junto a seus colaboradores. Um conceito útil para ser adotado é o do voto consciente. Infelizmente, ainda hoje assistimos no Brasil a fenômenos que há muito deveriam ter sido excluídos da vida política nacional, como a compra de votos e a atitude de diversos candidatos, durante as campanhas eleitorais, de “doar” cestas básicas e toda a sorte de brindes em troca da promessa de voto dos eleitores. O conceito de voto consciente é justamente o contraponto dessas práticas, visando estabelecer critérios racionais que façam do voto um instrumento de cidadania. Voto consciente é aquele em que o cidadão pesquisa o passado dos candidatos, avalia suas histórias de vida e analisa se as promessas e programas eleitorais são coerentes com as práticas dos candidatos e de seus partidos. (Instituto Ethos . A Responsabilidade Social das Empresas no Processo Eleitoral. Disponível em: <www.ethos.org.br>. Com adaptações.) 12. O texto se classifica como: (A) narrativo. (B) injuntivo. (C) descritivo. (D) dissertativo. (E) epistolar. Comentário : O texto “Financiamento de campanhas eleitorais: aspectos éticos” apresenta teses e debates, o que caracteriza a tipologia dissertativa. Como foram enunciados pontos de vista do autor, o texto é dissertativo-argumentativo. Vale frisar que texto epistolar significa carta. Dessa forma, podemos dizer que o gênero epistolar é muito semelhante ao texto narrativa. Caracteriza-se, entretanto, pelo envio de cartas a destinatário(s). Gabarito: D.

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(FGV-2010/BADESC)

Jeitinho

O jeitinho não se relaciona com um sentimento revolucionário, pois aqui não há o ânimo de se mudar o status quo. O que se busca é obter um rápido favor para si, às escondidas e sem chamar a atenção; por isso, o jeitinho pode ser também definido como "molejo", "jogo de cintura", habilidade de se "dar bem" em uma situação "apertada". Em sua obra O Que Faz o Brasil, Brasil?, o antropólogo Roberto DaMatta compara a postura dos norte-americanos e a dos brasileiros em relação às leis. Explica que a atitude formalista, respeitadora e zelosa dos norte-americanos causa admiração e espanto aos brasileiros, acostumados a violar e a ver violadas as próprias instituições; no entanto, afirma que é ingênuo creditar a postura brasileira apenas à ausência de educação adequada. O antropólogo prossegue explicando que, diferente das norte-americanas, as instituições brasileiras foram desenhadas para coagir e desarticular o indivíduo. A natureza do Estado é naturalmente coercitiva; porém, no caso brasileiro, é inadequada à realidade individual. Um curioso termo – Belíndia – define precisamente esta situação: leis e impostos da Bélgica, realidade social da Índia. Ora, incapacitado pelas leis, descaracterizado por uma realidade opressora, o brasileiro buscará utilizar recursos que vençam a dureza da formalidade se quiser obter o que muitas vezes será necessário à sua sobrevivência. Diante de umaautoridade, utilizará termos emocionais, tentará descobrir alguma coisa que possuam em comum - um conhecido, uma cidade da qual gostam, a “terrinha” natal onde passaram a infância – e apelará para um discurso emocional, com a certeza de que a autoridade, sendo exercida por um brasileiro, poderá muito bem se sentir tocada por esse discurso. E muitas vezes conseguirá o que precisa. Nos Estados Unidos da América, as leis não admitem permissividade alguma e possuem franca influência na esfera dos costumes e da vida privada. Em termos mais populares, diz-se que, lá, ou “pode” ou “não pode”. No Brasil, descobre-se que é possível um “pode-e-não-pode”. É uma contradição simples: acredita-se que a exceção a ser aberta em nome da cordialidade não constituiria pretexto para outras exceções. Portanto, o jeitinho jamais gera formalidade, e essa jamais sairá ferida após o uso desse atalho. Ainda de acordo com DaMatta, a informalidade é também exercida por esferas de influência superiores. Quando uma autoridade "maior" vê-se coagida por uma "menor", imediatamente ameaça fazer uso de sua influência; dessa forma, buscará dissuadir a autoridade "menor" de aplicar-lhe uma sanção. A fórmula típica de tal atitude está contida no golpe conhecido por "carteirada", que se vale da célebre frase "você sabe com quem está falando?". Num exemplo clássico, um promotor público que vê seu carro sendo multado por uma autoridade de trânsito imediatamente fará uso (no caso, abusivo) de sua autoridade: "Você sabe com quem está falando? Eu sou o promotor público!". No entendimento de Roberto DaMatta, de qualquer forma, um "jeitinho" foi dado.

(In: www.wikipedia.org - com adaptações.)

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13. Assinale a alternativa que identifique a composição tipológica do texto “Jeitinho”. (A) Descritivo, com sequências narrativas. (B) Expositivo, com sequências argumentativas. (C) Injuntivo, com sequências argumentativas. (D) Narrativo, com sequências descritivas. (E) Argumentativo, com sequências injuntivas Comentário: Conforme estudamos na parte teórica, dificilmente se encontra um texto que apresente características eminentemente narrativas, descritivas, injuntivas ou dissertativas (expositivas ou argumentativas). Em provas, é frequente a combinação de características inerentes a esses tipos de textos em uma só superfície textual, mas, normalmente, há a predominância de uma dessas formas. No texto “Jeitinho”, sobressaem as informações do antropólogo Roberto DaMatta em detrimento das emitidas pelo autor acerca do “jeitinho”. Podemos ratificar essa informação por meio das seguintes passagens, por exemplo:

- “Ainda de acordo com DaMatta, a informalidade é também exercida por esferas de influência superiores.”;

- “No entendimento de Roberto DaMatta, de qualquer forma, um “jeitinho” foi dado.” Logo, o texto é predominantemente expositivo, com sequências argumentativas. Gabarito: B. (FGV-2008/MEC) O Fórum Social Mundial (FSM) de Belém abre um novo ciclo do movimento altermundialista. O FSM acontecerá na Amazônia, no coração da questão ecológica planetária, e deverá colocar a grande questão sobre as contradições entre a crise ecológica e a crise social. Será marcado ainda pelo novo movimento social a favor da cidadania na América Latina, pela aliança dos povos indígenas, das mulheres, dos operários, dos camponeses e dos sem-terra, da economia social e solidária. Esse movimento cívico construiu novas relações entre o social e o político que desembocaram nos novos regimes e renovaram a compreensão do imperativo democrático. Ele modificou a evolução do continente, mostrando a importância das grandes regiões na globalização e diante da crise de hegemonia dos Estados Unidos. O movimento altermundialista deverá também responder à nova situação mundial nascida da crise escancarada da fase neoliberal da globalização capitalista. O movimento altermundialista em seus diferentes significados é portador de uma nova esperança nascida da recusa da fatalidade. É esse o sentido da afirmação "um outro mundo é possível". Não vivemos nem "o fim da História" nem "o choque de civilizações". A estratégia desse movimento se organiza em torno da convergência dos movimentos sociais e pela cidadania que enfatizam a solidariedade, as liberdades e a paz. No espaço do FSM, eles comparam suas lutas, práticas, reflexões e

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propostas. E constroem também uma nova cultura política, fundada na diversidade, nas atividades autogeridas, na partilha, na "horizontalidade" em vez da hierarquia. Ao longo dos fóruns, uma orientação estratégica se consolidou: a do acesso aos direitos fundamentais para todos. Trata-se da construção de uma alternativa à lógica dominante, ao ajustamento de todas as sociedades ao mercado mundial por meio da regulação pelo mercado mundial de capitais. À evidência imposta, que presume que a única forma aceitável de organização de uma sociedade é a regulação pelo mercado, podemos opor a proposta de organizar as sociedades e o mundo a partir do acesso para todos aos direitos fundamentais. Essa orientação comum ganha sentido com a convergência dos movimentos e se traduz por uma nova cultura da transformação que se lê na evolução de cada um dos movimentos. Os debates em curso no movimento enfatizam a questão estratégica. Ela põe em relevo o problema do poder, que remete ao debate sobre o Estado, e atravessa a questão dos partidos e do modelo de transformação social, assim como dos caminhos do desenvolvimento. O movimento altermundialista não se resume aos Fóruns Sociais, mas o processo dos fóruns ocupa de fato uma posição especial. O movimento altermundialista não deixa de expandir e de se aprofundar. Com a expansão geográfica, social, temática, viu sua força aumentar consideravelmente em menos de dez anos. No entanto, nada está ganho, mesmo que a crise em muitos aspectos confirme várias de suas análises e justifique seu chamado à resistência. O movimento altermundialista é histórico e prolonga e renova os três movimentos históricos precedentes: o da descolonização - o altermundialismo modificou em profundidade as representações norte-sul em proveito de um projeto mundial comum; o das lutas operárias - desse ponto de vista, está comprometido com a mudança rumo a um movimento social e pela cidadania mundial; e o das lutas pela democracia a partir dos anos 1960-1970 - é um movimento pela renovação do imperativo democrático após a implosão dos Estados soviéticos em 1989 e as regressões representadas pelas ideologias e doutrinas de segurança / militaristas / disciplinares / paranoicas. A descolonização, as lutas sociais, o imperativo democrático e as liberdades constituem a cultura de referência histórica do movimento altermundialista. O movimento altermundialista se vê diante da crise da globalização capitalista em sua fase neoliberal. Essa crise não é uma surpresa para o movimento; ela estava prevista e era anunciada há muito tempo. Três grandes questões determinam a evolução da situação em escala mundial e marcam os diferentes níveis de transformação social (mundial, por região, nacional e local): a crise ecológica mundial, que se tornou patente, a crise do neoliberalismo e a crise geopolítica com o fim da hegemonia dos Estados Unidos. A crise de hegemonia norte-americana aprofunda-se rapidamente. A evolução das grandes regiões se diferencia: as respostas de cada uma à crise de hegemonia norte-americana são muito diferentes. A luta contra a pretensa guerra entre civilizações e contra a tão real guerra sem-fim constitui uma das prioridades do movimento altermundialista. A fase neoliberal parece ofegante. A nova crise financeira é particularmente grave. Não é a primeira crise financeira deste período (outras ocorreram no México, Brasil, Argentina etc.) nem é suficiente para sozinha caracterizar o esgotamento do neoliberalismo.

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A consequência das diferentes crises é mais singular. A crise financeira aumenta as incertezas a respeito dos rearranjos monetários. A crise imobiliária nos Estados Unidos revela o papel que o superendividamento exerce, bem como suas limitações como motor do crescimento. A crise energética e a climática revelam os limites do ecossistema planetário. A crise alimentar, de gravidade excepcional, pode pôr em xeque os equilíbrios mais fundamentais. O aprofundamento das desigualdades e das discriminações, em cada sociedade e entre os países, atinge um nível crítico e repercute na intensificação dos conflitos e das guerras e na crise de valores. (...)

(Gustave Massiah. Le Monde Diplomatique Brasil, janeiro de 2009) 14. O texto deve ser classificado como: (A) descritivo; (B) narrativo; (C) dissertativo; (D) epistolar; (E) descritivo-narrativo. Comentário: O texto apresenta fatos e ideias, por meio de argumentos. Exemplos: - “O Fórum Social Mundial (FSM) de Belém abre um novo ciclo do movimento altermundialista” ; - “Esse movimento cívico construiu novas relações entre o social e o político que desembocaram nos novos regimes e renovaram a compreensão do imperativo democrático” ; - “O movimento altermundialista em seus diferentes significados é portador de uma nova esperança nascida da recusa da fatalidade” . Trata-se, portanto, de um texto dissertativo. Gabarito: C. (FGV-2008/SAD-PE)

Sob a velocidade do capital

Já se foi o tempo em que valia o ditado “a pressa é inimiga da perfeição”. No mundo de hoje, nos transportes, na comunicação, no trabalho, e até no lazer, alta velocidade é uma exigência generalizada. Apesar disso, essa velocidade que rege o mundo atual não é única e nem a percepção das pessoas é singular. Vivemos em tempos múltiplos e em diferentes velocidades. Para quem nasceu há 80 ou 50 anos atrás, e viveu um tempo definido de algum modo pela velocidade impressa nas possibilidades de comunicação e transportes dos anos 20 e 50 do século passado, não é de estranhar a sensação de

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velocidade e aceleração vivida nos dias de hoje, explica o sociólogo da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP) Osvaldo López-Ruiz. Apesar de ser generalizada a idéia de que o mundo está girando mais depressa, e a sensação de falta de tempo, de que o tempo voa, de que perdemos muito tempo e de que nunca temos tempo suficiente para fazer tudo que desejamos ou que é preciso, a velocidade do mundo hoje não é única. Esta é uma idéia presente na análise de vários pesquisadores do assunto. Em sua pesquisa com pessoas de diferentes níveis hierárquicos nas organizações, Maria José Tonelli conseguiu enxergar dois grupos: no primeiro estão aqueles que acessam, dominam e dispõem das novas tecnologias – são os executivos, velozes, ultra-rápidos; no segundo, aqueles que ficam alijados desse novo modelo – a faxineira e a copeira de sua amostra. Mas a divisão vai além. Maura Véras, socióloga e reitora da PUC-SP, num estudo sobre a cidade de São Paulo, deparou-se com assincronias urbanas: de um lado, a cidade da elite, em que o tempo é o do deslocamento rápido, seguro e protegido, cujo símbolo é o helicóptero; de outro, a cidade da pobreza, cujo tempo é lento, marcado pelo deslocamento pendular entre “a habitação e o trabalho”. O tempo da pobreza é o do transporte coletivo, do congestionamento e dos riscos. O perverso é que na metrópole paulistana, mesmo correndo pelas escadas rolantes das estações de metrô, a massa de trabalhadores leva horas para se deslocar entre a casa e o trabalho. O tempo gerido pela velocidade de reprodução do capital e da desigualdade tem outras crueldades. Na avaliação do psiquiatra Paulucci, seus pacientes de classe social mais elevada estão mais sujeitos aos problemas de angústia e estresse relacionados à sobrecarga, à correria e à cobrança excessivas. Entre os seus pacientes de classe social mais baixa há, segundo ele, predominância de transtornos mentais típicos, aqueles popularmente associados à loucura. A tensão cotidiana com que convivem gira em torno de aflições muito concretas: como pagar o aluguel, se terá alimento para os filhos, se o barraco não vai cair, como será o amanhã. “Cada dia é uma luta, porque não têm perspectiva nenhuma. Quem está nesse quadro social vive numa tensão intensa”, completa. Num ritmo de vida mais lento, as pessoas desses estratos sociais também são vítimas, pela exclusão, da alta velocidade ditada pelo capitalismo.

(Texto adaptado de JUSTO, C. In: Com ciência. Revista Eletrônica de Jornalismo 15. Com relação à organização do texto, analise as afirmativas a seguir: I. No processo de argumentação, o autor valeu-se de estratégias de persuasão por meio de fatos objetivos. II. A tese apresentada no primeiro parágrafo é ilustrada por meio da narrativa desenvolvida no segundo. III. Quanto à tipificação do discurso, observa-se que a construção das estruturas frasais privilegia a função estética da palavra. Assinale:

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(A) se somente a afirmativa I estiver correta. (B) se somente a afirmativa II estiver correta. (C) se somente a afirmativa III estiver correta. (D) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. (E) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas. Comentário : Vamos analisar cada afirmativa. I. Correta . O autor do texto utiliza dados provenientes de uma pesquisa e do depoimento de um especialista no âmbito de medicina pediátrica. E o que isso significa? Que, ao desenvolver o texto, o autor lançou mão de considerações objetivamente esclarecidas no que se refere ao ritmo de vida atual: - “Em sua pesquisa com pessoas de diferentes níveis hierárquicos nas organizações, Maria José Tonelli conseguiu enxergar dois grupos: no primeiro estão aqueles que acessam, dominam e dispõem das novas tecnologias – são os executivos, velozes, ultra-rápidos; no segundo, aqueles que ficam alijados desse novo modelo – a faxineira e a copeira de sua amostra. Mas a divisão vai além. Maura Véras, socióloga e reitora da PUC-SP, num estudo sobre a cidade de São Paulo, deparou-se com assincronias urbanas: de um lado, a cidade da elite, em que o tempo é o do deslocamento rápido, seguro e protegido, cujo símbolo é o helicóptero” ; - “O perverso é que na metrópole paulistana, mesmo correndo pelas escadas rolantes das estações de metrô, a massa de trabalhadores leva horas para se deslocar entre a casa e o trabalho. O tempo gerido pela velocidade de reprodução do capital e da desigualdade tem outras crueldades. Na avaliação do psiquiatra Paulucci, seus pacientes de classe social mais elevada estão mais sujeitos aos problemas (...)”. II. Incorreta . No segundo parágrafo do texto, há tão somente alusão a um grupo de pessoas que têm uma leitura da velocidade presente no mundo atual. Portanto, não há trecho narrativo. III. Incorreta . Por função estética da palavra entende-se aquela em que uma forma de se dizer algo é privilegiada, prejudicando a clareza e a objetividade do texto. Entretanto, como a superfície textual é clara e objetiva, percebemos que não há essa função. Gabarito: A. 16. (FGV-2008/SEFAZ-RJ) "A propósito, Norberto Bobbio, em 'Elogio da serenidade e outros escritos morais', já observara que 'nenhuma questão moral, proposta em qualquer campo, encontrou até hoje solução definitiva'." Assinale a alternativa em que houve correta transposição do discurso direto do trecho acima para o indireto.

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(A) ...já observara que nenhuma questão moral, proposta em qualquer campo, encontrou até hoje solução definitiva. (B) ...já observara que nenhuma questão moral, proposta em qualquer campo, encontrou até aquele dia solução definitiva. (C) ...já observara que nenhuma questão moral, proposta em qualquer campo, encontrara até hoje solução definitiva. (D) ...já observara que nenhuma questão moral, proposta em qualquer campo, tinha encontrado até hoje solução definitiva. (E) ...já observara que nenhuma questão moral, proposta em qualquer campo, havia encontrado até aquele dia solução definitiva.

Comentário: Segundo as lições sobre a transposição de discurso, percebemos que a opção correta encontra-se na letra E. No enunciado, a forma verbal “encontrou” está flexionada no pretérito perfeito do indicativo. Transpondo-a para o discurso indireto, a relação correspondente é “havia encontrado” (pretérito mais-que-perfeito composto do indicativo), equivalente à forma simples “encontrara”.Por fim, o discurso indireto é marcado pelo emprego de formas pronominais de 3ª pessoa (aquele, aquela, aquilo), conforme ocorreu no período em análise.

Gabarito: E.

Texto para a questão 17.

Brasília, 1º/07/08 (MJ) - “Após a invasão de camelôs nas ruas brasileiras vendendo produtos falsos, agora esse tipo de mercado migra para a Internet, com potencial ofensivo muito maior. Verdadeiras redes estão se estruturando e há vinculação de várias delas com o crime organizado, como o tráfico de drogas e de armamentos”. A declaração é do presidente do Conselho Nacional de Combate à Pirataria, Luiz Paulo Barreto, também secretário-executivo do Ministério da Justiça. Segundo o secretário, o trabalho da Polícia Federal na Operação I-Commerce 2, que teve início nesta terça-feira (1º) é de fundamental importância, para acabar com o problema na raiz, antes que comece a se alastrar. Barreto informou que se trata de uma segunda fase da operação, que começou em 2006, em que a PF deu início à repressão da pirataria na Internet em 13 estados e no Distrito federal. “A pessoas, por Download, estão comprando gato por lebre. Nossa ação é positiva, não apenas pelas prisões, mas principalmente pela desarticulação das quadrilhas, numa forte demonstração de que o Governo está atento, para não permitir que a Internet se torne um campo livre de práticas ilícitas”, disse o secretário. “Não há como punir o consumidor, mas devemos educar e alertar para os fins que o dinheiro da pirataria é utilizado, como o narcotráfico”. Luiz Paulo Barreto informou, ainda, que o a pirataria provoca uma redução de dois milhões de postos de trabalho no mercado formal. O Brasil, de acordo com o secretário, perde, por ano, R$ 30 bilhões em arrecadação de impostos. No mundo, a Interpol (Polícia Internacional) já considera a pirataria o crime do século, movimentando U$ 522 bilhões/ano, bem mais do que o tráfico de entorpecentes, de U$ 360 bilhões/ano.

(Disponível em: http://www.mj.gov.br, acesso: 16/08/2008)

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17. (FUNRIO-2009/Ministério da Justiça/Administrador) Pode-se afirmar que o texto acima é: A) lírico. B) narrativo. C) figurado. D) informativo. E) antitético. Comentário: O texto apresentado é predominantemente expositivo (ou informativo). No decorrer da superfície textual, o autor não expressou opinião acerca do tema. No “corpus” textual, o autor tem unicamente a finalidade de manter o leitor informado, citando, inclusive, depoimentos de especialistas, tais como o presidente do Conselho Nacional de Combate à Pirataria. Vejam que, no texto, a menção à opinião expressa pelo secretário tem o objetivo expor a venda de produtos falsos na internet: “Segundo o secretário, o trabalho da Polícia Federal na Operação I-Commerce 2, que teve início nesta terça-feira (1º) é de fundamental importância, para acabar com o problema na raiz, antes que comece a se alastrar (...).“A pessoas, por Download, estão comprando gato por lebre. Nossa ação é positiva, não apenas pelas prisões, mas principalmente pela desarticulação das quadrilhas, numa forte demonstração de que o Governo está atento, para não permitir que a Internet se torne um campo livre de práticas ilícitas”, disse o secretário”. Logo, a letra (D) é nossa resposta. Gabarito: D. 18. (FUNRIO-2010/SEBRAE-PA) O resumo do capítulo do dia 15/04/2010 da novela “Escrito nas Estrelas”, da Rede Globo, diz o seguinte: Ricardo não acredita em Gilda e pede que o segurança a retire do local. Gilda diz a Zenilda que não desistirá de falar com o médico. Ricardo pede ajuda a Jane para encontrar a mãe ideal para o seu neto. José diz a Antônia temer que Ricardo escolha Beatriz para ser a mãe da criança. Etelvina pergunta a Seu Filhinho com quem Gilmar chegou ao prédio. Gilmar apresenta Vitória/Viviane a Mariana e Suely. Gilmar diz que vai visitar sua mãe, e Suely pede uma carona. Com ciúmes de Vitória/Viviane, Suely diz que não aguenta esconder o namoro dos dois. No posto médico, Guilherme e Breno leem as fichas dos pacientes e lembram- se de Jofre. Breno vai à procura do paciente e fica sabendo que ele sumiu e que sua filha foi presa. Mariana mostra a Vitória/Viviane o quarto em que ela ficará e aproveita para perguntar qual é a relação dela com Gilmar. Sozinha, Viviane pega o colar de Daniel e pede que ele continue a protegê-la.

(Fonte: globo.com de 16/04/2010) O tipo de texto que informa aos leitores o que vai acontecer (ou o que aconteceu) na novela é narrativo, mas tem características próprias, muito diferentes das que estamos habituados a encontrar em obras literárias como romances ou contos. Na transcrição acima, observamos as seguintes marcas do gênero textual “resumo de novela”:

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I. verbos predominantemente no presente; II. repetição intencional dos nomes dos personagens; III. objetividade, concisão e clareza; IV. incidência maior da ordem inversa; V. conectores de progressão interfrásica. Estão corretas A) todas as cinco marcas textuais. B) as quatro primeiras marcas textuais. C) as três últimas marcas textuais. D) as três primeiras marcas textuais. E) as quatro últimas marcas textuais. Comentário: A narrativa acima apresentada mostra verbos conjugados predominantemente no tempo presente, tais como as formas verbais “acredita”, “pede”, “diz”, “pergunta”, entre outras. Na trama, há repetição intencional dos personagens, com a finalidade de mencionar “com quem ocorre(u)” determinado fato da história, deixando-os claros e objetivos. Por exemplo, apenas nas três primeiras linhas, o personagem “Ricardo” é citado por três vezes. “Gilda”, por seu turno, é mencionada por duas vezes. É importante lembrar que não há narrativas sem personagens. Além disso, as sentenças são estruturas na ordem direta, seguindo a progressão sujeito – verbo – complemento(s). Com isso, constatamos que o item IV está incorreto. Ademais, notem que a narrativa apresenta conectores entre as frases, invalidando o item V. Portanto, a letra (D) é o gabarito da questão. Gabarito: D. (FUNRIO-2010/Prefeitura de São João da Barra/RJ)

TEXTO PARA A QUESTÃO 19.

REINAÇÕES DE NARIZINHO (cap. XII, A Volta) Estavam todos prontos para a volta, exceto Emília. Narizinho refletia sobre o seu caso. Por fim pediu a opinião de Tom Mix sobre o melhor meio de a levar. – Acho que temos de pôr a senhora condessa dentro dum dos ancorotes de mel. – Que disparate, Tom! Emília ficaria toda melada !... – Sim, mas há um vazio – respondeu ele. – Creio que ali irá mais comodamente do que na garupa do cavalinho pangaré. Emília fez cara feia e protestou. O meio de sossegá-la foi permitir-lhe seguir na frente do bando, para que pudesse “ir vendo as coisas antes dos outros”. Estava nascendo nela aquele espírito interesseiro que a ia tornar célebre nos anais da ciganagem. Puseram-se em marcha. Meia légua adiante Emília pôs-se de pé dentro do barrilzinho e gritou: – Estou vendo uma coisa esquisita lá na frente! Um monstro com cabeça de porco e “peses” de tartaruga! Todos olharam, verificando que Emília tinha razão. Era um monstro dos mais estranhos que possa alguém imaginar. Tom Mix puxou da faca e avançou, dizendo a Narizinho que não se mexesse dali. Chegando mais perto percebeu o que era.

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– Não é monstro nenhum, princesa! Trata-se do senhor marquês montado num pobre jabuti! Vem metendo o chicote no coitado, sem dó nem piedade. E assim era. Rabicó dava de rijo no pobre jabuti e ainda por cima o descompunha. – Caminha, estupor! Caminha depressa, se não te pico de espora até a alma! – gritava ele. Narizinho ficou indignada com aquilo. Era demais! Vendo-a assim, Tom Mix puxou do revólver e disse: – Se quer, apeio aquele maroto com uma bala! – Não é necessário – respondeu ela. – Eu mesma lhe darei uma boa lição. Deixe o caso comigo. Nisto o marquês alcançou o grupo, e já estava armando cara alegre de sem-vergonha, quando a menina o encarou, de carranca fechada. – Desça já do pobre jabuti, seu grandíssimo... Muito espantado daquela recepção, Rabicó foi descendo, todo encolhido. – E para castigo – continuou a Menina – quem agora vai montar é o senhor jabuti. Vamos, senhor jabuti! Arreie o marquês e monte e meta-lhe a espora sem dó! O jabuti assim fez, e sossegadamente, porque jabuti não se apressa em caso nenhum, botou os arreios no leitão, apertou o mais que pôde a barrigueira, montou muito devagar e lept! lept! fincou-lhe o chicote como quem surra burro bravo. – Coin! coin! coin! – berrava o pobre marquês. – Espora nele, jabuti! – gritava a boneca. – Espora nesse guloso que me comeu os croquetes! – E também uma boas lambadas por minha conta! – murmurou uma voz fina no ar. Todos ergueram os olhos. Era a libelinha enganada, que ia passando, veloz como um relâmpago. O caso foi que naquele dia Rabicó perdeu pelo menos um quilo de peso e pagou pelo menos metade dos seus pecados...

(Monteiro Lobato. Rio de Janeiro: Ed. Globo, 2008, p. 48-9) 19. Quanto ao modo de organização do texto de Monteiro Lobato, observa-se a utilização do gênero narrativo, embora ocorram também trechos em que o narrador inclui comentários pessoais, como ocorre na seguinte passagem: A) Emília fez cara feia e protestou. B) Muito espantado daquela recepção, Rabicó foi descendo. C) Jabuti não se apressa em caso nenhum. D) Chegando mais perto, percebeu o que era. E) A menina o encarou, de carranca fechada. Comentário: Na narrativa de Monteiro Lobato, percebe-se a predominância do discurso direto. Essa constatação é facilmente feita por meio do emprego de recursos de pontuação, tais como travessão, dois-pontos, mudança de linha entre os diálogos etc. Entretanto, a trama também é marcada pelo discurso indireto livre, que ocorre quando a fala dos personagens se confunde com a do narrador, tal como ilustra o trecho “O jabuti assim fez, e sossegadamente, porque jabuti não se apressa em caso nenhum , botou os arreios no leitão (...)”. Logo, a letra (C) é a resposta da questão. Gabarito: C.

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20. (FUNRIO-2009/MPOG/Analista em Tecnologia da Informação) No ambiente escolar, predominam as práticas de produção textual denominadas descrição, narração e dissertação. É muito comum, porém, que esses três tipos coexistam em textos de nosso cotidiano. A única opção que contém um parágrafo que combina descrição, narração e dissertação é: A) A menina se afastou para visitar a imagem de Nossa Senhora. O caminho era longo. Era preciso andar todo o pátio do colégio. As paredes dos corredores estavam repletas de retratos de antigas turmas de formandos. Os bebedouros pareciam brilhar. Quando chegou diante do altar, ajoelhou-se. Uma menina contrita diante da imagem de uma santa é uma cena tocante, até para um velho ranzinza como eu. B) Angustiada pela timidez que me inspiravam as caras novas e atrevidas das meninas, eu só pensava em fugir; e a lembrança da mala me ocorreu como uma salvação. A mala era minha conhecida, a roupa que eu ajudara Madrinha a marcar, a arrumar, peça por peça. Porém a irmã riu. Para junto da mala? Por quê? Precisava de alguma coisa? Agora era proibido entrar na rouparia; só se ia lá a certas horas, para trocar de roupa. C) Durante dois anos o cortiço prosperou de dia para dia, ganhando forças, socando se de gente. E ao lado o Miranda assustava se, inquieto com aquela exuberância brutal de vida, aterrado defronte daquela floresta implacável que lhe crescia junto da casa, por debaixo das janelas, e cujas raízes, piores e mais grossas do que serpentes, minavam por toda a parte, ameaçando rebentar o chão em torno dela, rachando o solo e abalando tudo. D) Na véspera de S. Pedro, ouvi tocar os sinos. Poucos minutos depois, passei pela igreja do Carmo, catedral provisória, ouvi o cantochão e orquestra; entrei. Quase ninguém. Ao fundo, os ilustríssimos prebendados, em suas cadeiras e bancos, vestidos daquele roxo dos cônegos e monsenhores, tão meu conhecido . Cantavam louvores a S. Pedro. Deixei-me estar ali alguns minutos escutando e dando graças ao príncipe dos apóstolos por não haver na igreja do Carmo um carrilhão. E) Por mais que haja estilos diferentes, há sempre um código universal, um dialeto próprio, que diferencia um pouco mais de 17.023.763 brasileiros do restante da população. Esses 17 milhões e tantos, de acordo com dados do IBGE referentes a 1999, são jovens. Entre 15 e 19 anos. Alternativos, cibernéticos, mauricinhos, não importa: jovens. Eles se entendem. A patricinha dança o mesmo refrão da versão cerol na mão que o garotão canta. Comentário: Lembram-se do papo apresentado no início desta aula? Na ocasião, aprendemos que dificilmente se encontra um texto que apresente características exclusivamente narrativas, descritivas, injuntivas ou dissertativas (expositivas ou argumentativas). Nos textos, é frequente a combinação de características inerentes a esses tipos de textos em uma só superfície textual, mas, normalmente, há a predominância de uma dessas formas. Assim, devemos dizer que “O texto é predominantemente” narrativo, descritivo, injuntivo ou dissertativo (expositivo ou argumentativo).

Na questão, a banca quer que identifiquemos o parágrafo que mescle características inerentes à narração, à descrição e à dissertação. Essa constatação é feita na assertiva (A): “A menina se afastou para visitar a imagem de Nossa Senhora (narração). O caminho era longo (descrição). Era preciso andar todo o

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pátio do colégio (narração). As paredes dos corredores estavam repletas de retratos de antigas turmas de formandos. Os bebedouros pareciam brilhar (descrição). Quando chegou diante do altar, ajoelhou-se (narração). Uma menina contrita diante da imagem de uma santa é uma cena tocante, até para um velho ranzinza como eu (dissertação).

Gabarito: A. 21. (FUNRIO-2009/MPOG/Analista em Tecnologia da Informação) Ele dormiu, ou quase dormiu, num sofá vermelho ao lado da cama alta de hospital, para onde trouxeram a mulher em algum momento da madrugada. A criança estaria no berçário, uma espécie de gaiola asséptica, que o fez lembrar do Admirável Mundo Novo. (Cristóvão Tezza, “O Filho Eterno”, 2008) Em relação a esse trecho, há elementos textuais suficientes para afirmar que seu narrador: A) foi personagem da história que narra. B) atuou como coadjuvante na história. C) testemunhou a história que narra. D) protagonizou e narrou sua própria história. E) romanceou a história da vida do escritor. Comentário: Narrador é definido como aquele que relata os fatos, podendo ocorrer em 3ª pessoa (narrador-observador) ou 1ª pessoa (narrador-personagem). Este é uma personagem que, ao mesmo tempo, participa da história e narra os acontecimentos. Dito de outra forma, a personagem vê os fatos de dentro da história (ponto de vista interno). Com o narrador-personagem, o foco narrativo é de 1ª pessoa, sendo marcado pelo emprego do pronome pessoal reto eu, além de suas formas oblíquas correspondentes (me, mim ). Com o narrador-personagem, a narração é subjetiva , isto é, os fatos são narrados de acordo com os sentimentos e as emoções daquele que narra. Aquele, por sua vez, relata os acontecimentos da narrativa como observador. Em outras palavras, alguém está observando o fato de fora e o relata. O foco narrativo é de 3ª pessoa , sendo marcado tanto pelo emprego dos pronomes ele(s) , ela(s) quanto pelo uso de verbos em 3ª pessoa . Com o narrador-observador, a narração é objetiva , ou seja, aquele que relata os fatos narra-os sem demonstrar seus sentimentos. No trecho apresentado no enunciado, há marcas textuais que nos permitem afirmar que o narrador testemunhou a história que narra (narrador-observador). Como exemplo, podemos citar o emprego da terceira pessoa no discurso (“Ele dormiu”/”que o fez lembrar”), além de traços objetivos (“num sofá vermelho ao lado da cama alta do hospital” ). Portanto, a letra (C) é nossa resposta. Gabarito: C.

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(FUNRIO-2009/DEPEN/Auxiliar de Consultório Dentário)

Texto para a questão 22. Penas alternativas superam prisões pela primeira vez. Para o governo, ainda se prende em demasia e há 54 mil condenados que poderiam não estar no cárcere Adriana Carranca. Pela primeira vez, o número de pessoas cumprindo penas e medidas alternativas no Brasil disparou em relação aos presos. Os dados, não consolidados oficialmente, foram obtidos pelo Estado com exclusividade e referem-se ao primeiro semestre deste ano. Até 30 de junho [2008], 498.729 pessoas cumpriam pena ou medida em liberdade (PMA), 13,4% a mais dos que os 439.737 encarcerados, segundo dados do Infopen, sistema de estatísticas do Departamento Penitenciário Nacional (Depen). Caso se exclua quem aguarda julgamento atrás das grades, o número dos que cumprem penas alternativas é 118,6% maior. Só o Rio Grande do Norte não informou o número de presos até junho. Nesse caso, foram usados os dados disponíveis em 31 de maio. Como se trata de um Estado com menos de 1% dos detentos, isso não interfere de forma significativa nas estatísticas. Em dezembro de 2007, havia 422.522 pessoas cumprindo penas alternativas, menos do que os 423.373 presos. Entre dezembro de 2007 e o fim de junho de 2008, o número de pessoas cumprindo PMAs saltou 18% - ante 4,1% no número de presos. Em comparação com 2006, o salto é ainda maior: 65,5% em relação aos que cumpriam PMAs - ante 9,6% dos detentos. Apesar dos avanços, a coordenadora-geral do Programa de Fomento às Penas e Medidas Alternativas do Depen, Márcia de Alencar, diz que a Justiça brasileira ainda prende em demasia. Segundo ela, há pelo menos 54 mil presos condenados por crimes que já prevêem a substituição da condenação em cárcere por penas alternativas. "A prisão é, no Direito Processual, um recurso de exceção, que se tem mantido como regra", diz. Segundo Marcia, o aumento no número de pessoas cumprindo condenação em liberdade se deu, "prioritariamente, por um incremento legal dos crimes passíveis de penas alternativas". Em 2002, apenas cinco leis tipificavam crimes com possibilidade de aplicar PMAs. "Hoje, o número de leis para aplicação de PMAs chega a 12." Por outro lado, o endurecimento da punição para crimes de violência contra a mulher, com a aprovação da Lei Maria da Penha, em 2006, levou muitas pessoas para a cadeia, embora as penas previstas nesse caso possam ser cumpridas em liberdade. "Aplicar mais penas alternativas não significa que os criminosos não terão a sua condenação. O que não pode é restringir as penas alternativas somente ao pagamento de cesta básica", diz Marcia. Ela defende maior controle da execução das penas alternativas. "Se o juiz percebe que não há controle, ele mantém o sujeito preso." O Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), do Ministério da Justiça, prevê R$ 13,8 milhões para a aplicação de PMAs neste ano - é quase o valor investido no setor desde 1994. O Ministério da Justiça promete implantar Núcleos de Defesa do Preso Provisório em seis Estados e fortalecer as defensorias.

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22. O texto I utiliza os seguintes recursos, EXCETO: A) exemplificação. B) comparação. C) polissemia. D) dados estatísticos. E) citação. Comentário: Na parte teórica, estudamos que existem ferramentas textuais que auxiliam a defesa da tese em textos dissertativos. No texto em análise, o autor lançou mão dos seguintes recursos: Exemplificação – “Em 2002, apenas cinco leis tipificavam crimes com possibilidade de aplicar PMAs .” Comparação – “O Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), do Ministério da Justiça, prevê R$ 13,8 milhões para a aplicação de PMAs neste ano - é quase o valor investido no setor desde 1994 .” Dados estatísticos – “Até 30 de junho [2008], 498.729 pessoas cumpriam pena ou medida em liberdade (PMA), 13,4% a mais dos que os 439.737 encarcerados, segundo dados do Infopen, sistema de estatísticas do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) .” Citação – “Apesar dos avanços, a coordenadora-geral do Programa de Fomento às Penas e Medidas Alternativas do Depen, Márcia de Alencar, diz que a Justiça brasileira ainda prende em demasia. Segundo ela, há pelo menos 54 mil presos condenados por crimes que já prevêem a substituição da condenação em cárcere por penas alternativas. "A prisão é, no Direito Processual, um recurso de exceção, que se tem mantido como regra ", diz.” Desse modo, percebemos que a polissemia, assunto que será apresentado em semântica, não foi utilizada no texto. Os vocábulos empregados apresentam apenas uma acepção, clara e objetiva. Logo, a letra (C) é nossa resposta. Gabarito: C.

A CIÊNCIA-PROBLEMA

Há três séculos, o conhecimento científico não faz mais do que provar suas virtudes de verificação e de descoberta em relação a todos os outros modos de conhecimento. É o conhecimento vivo que conduz a grande aventura da descoberta do universo, da vida, do homem. Ele trouxe, e de forma singular neste século, fabuloso progresso ao nosso saber. Hoje, podemos medir, pesar, analisar o Sol, avaliar o número de partículas que constituem nosso universo, decifrar a linguagem genética que informa e programa toda organização viva. Esse conhecimento permite extrema precisão em todos os domínios da ação, até na condução de naves espaciais fora da órbita terrestre.

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Correlativamente, é evidente que o conhecimento científico determinou progressos técnicos inéditos como a domesticação da energia nuclear e os princípios da engenharia genética. A ciência é, portanto, elucidativa (resolve enigmas, dissipa mistérios), enriquecedora (permite satisfazer necessidades sociais e, assim, desabrochar a civilização); é, de fato, e justamente, conquistadora, triunfante. E, no entanto, essa ciência elucidativa, enriquecedora, conquistadora e triunfante, apresenta-nos, cada vez mais, problemas graves que se referem ao conhecimento que produz, à ação que determina, à sociedade que transforma. Essa ciência libertadora traz, ao mesmo tempo, possibilidades terríveis de subjugação. Esse conhecimento vivo é o mesmo que produziu a ameaça do aniquilamento da humanidade. Para conceber e compreender esse problema, há que acabar com a tola alternativa da ciência “boa”, que só traz benefícios, ou da ciência “má”, que só traz prejuízos. Pelo contrário, há que, desde a partida, dispor de pensamento capaz de conceber e de compreender a ambivalência, isto é, a complexidade da ciência.

MORIN, Edgard. Ciência com consciência. 3.ed. rev. e aum. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999 (adaptado).

23. (FJG-2008/Pref. do Rio de Janeiro/Assistente de Documentação) O texto é essencialmente: A) descritivo. B) narrativo. C) argumentativo. D) expositivo. Comentário: O texto é iniciado pelo tópico frasal “O conhecimento científico não faz mais do que provar (...) modos de conhecimento”. Na continuação da teia textual, o autor continua abordando o conhecimento científico, valendo-se da argumentação para convencer o leitor a aderir sua tese. Por exemplo, podemos citar o trecho “Hoje, podemos medir, pesar, analisar o Sol, avaliar o número de partículas que constituem nosso universo, decifrar a linguagem genética que informa e programa toda organização viva. Esse conhecimento permite extrema precisão em todos os domínios da ação, até na condução de naves espaciais fora da órbita terrestre”. O autor utiliza, em sua argumentação, modalizadores semânticos (adjetivos e advérbios), na tentativa de explicitar sua opinião acerca do assunto abordado no texto, tais como “singular” (linha 4), “correlativamente” (linha 9) e “evidente” (linha 9). Ademais, por meio dos recursos de coesão textual, o autor correlaciona as ideias discorridas “no entanto”, “portanto”, marcando a progressão temática do texto. Assim, a letra (C) é a resposta da questão. Gabarito: C.

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TEXTO

Antes de passar propriamente para o estudo da compreensão e da

interpretação textual, é necessário esclarecer o que é texto .

Texto não é um aglomerado de palavras e de frases desconexas, mas, sim,

um todo, com unidade de sentido e intencionalidade do discurso. Em outras

palavras, texto é qualquer mensagem, todo tipo de comunicação de sentido

completo, oral ou escrita (não se restringe à linguagem escrita).

Para Platão e Fiorin, bibliografia apontada nos principais concursos do país,

é possível tirar duas conclusões de noção de texto:

- “uma leitura não pode basear-se em fragmentos isolados do texto, já que o

significado das partes é determinado pelo todo em que estão encaixadas.”

- “uma leitura, de um lado, não pode levar em conta o que não está no interior do

texto e, de outro lado, deve levar em conta a relação, assinalada de uma forma ou

de outra, por marcas textuais, que um texto estabelece com outros.”

Meus alunos, quero dizer o seguinte a vocês: uma frase só fará sentido no

texto, o qual, por sua vez, só terá sentido no discurso. Por exemplo, em um dia de

muito frio, se o interlocutor estiver em um ônibus, olhar para a janela e disser “Que

frio!”, entenderemos que ele deseja que a janela seja fechada.

Outro exemplo: se, de repente, alguém grita “Fogo!”, é óbvio que, em geral,

nossa primeira reação será sair correndo, o que nos permite chegar à conclusão

de que a mensagem foi compreendida.

Com isso, percebemos que a situação em que se produz a linguagem e a

intenção dos interlocutores, clara ou subentendida, são essenciais ao

entendimento do texto.

Vencida essa etapa inicial, partiremos para o estudo de sua compreensão e

interpretação.

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COMPREENSÃO TEXTUAL Quando mencionamos compreensão textual , referimo-nos ao que está escrito no texto, isto é, a compreensão baseia-se no plano do enunciado.

Erros clássicos de entendimento de textos Em provas de concursos públicos, é possível que a banca induza vocês a alguns erros clássicos de extrapolação , redução ou contradição . Mas o que caracteriza cada um desses erros ? Vejamos: Extrapolação – ocorre quando vamos além dos limites do texto, isto é, quando realizamos inferências sem base no texto analisado. Por exemplo, se o enunciado trouxer o período

“Nem todas as plantas hortícolas se dão bem durante todo o ano.” , um erro de extrapolação ocorreria se compreendêssemos que

“Todas as plantas hortícolas se dão bem durante todo o ano”.

Redução – é uma particularização indevida. Nesses casos, ao invés de sairmos do contexto, restringimos a significação de uma palavra ou passagem textual. Por exemplo, aproveitando o primeiro enunciado

“Nem todas as plantas hortícolas se dão bem durante todo o ano.” , haveria um erro de redução caso compreendêssemos o período acima como

“Nenhuma planta hortícola se dá bem durante todo o ano”.

Contradição – é a reescritura contrária à passagem original do texto. Tomando por base o enunciado

“Nem todas as plantas hortícolas se dão bem durante todo o ano.” , um erro de contradição ocorreria se entendêssemos que

“Todas as plantas hortícolas não se dão bem durante o ano todo”.

Um entendimento correto acerca do enunciado em questão seria, por exemplo:

“Algumas plantas hortícolas se dão bem durante o ano todo”.

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INTERPRETAÇÃO TEXTUAL Interpretar um texto não é simplesmente saber o que se passava na cabeça do autor enquanto ele escrevia. É, antes de tudo, perceber a intencionalidade do texto, inferir (deduzir). Por exemplo, se eu disser

“Levei minha filha caçula ao parque.” , podemos inferir que tenho mais de uma filha. Em outras palavras, inferir é retirar informações implícitas e explícitas do texto. E mais: será com essas informações que vocês resolverão as questões de interpretação na prova. É preciso ter cuidado, entretanto, com o que chamamos de “conhecimento prévio”, “conhecimento de mundo”.

Conhecimento prévio Conhecimento prévio (ou conhecimento de mundo) é o conhecimento acumulado do assunto abordado no texto. É aquilo que todos carregamos conosco, fruto do que aprendemos na escola, com os amigos, assistindo à televisão, enfim, vivendo. Num contexto conhecido, a dedução de palavras é feita por analogia com as informações que já possuímos sobre o tema. Portanto, o conhecimento prévio do tema em questão facilita, ratificando ou ampliando o entendimento do texto. Não basta, porém, retirar informações de um texto para responder corretamente às questões. É necessário saber de onde tirá-las. Para tanto, temos que ter conhecimento, também, da estrutura textual e por quais processos se passa um texto até seu formato final de narração, descrição, injunção ou dissertação (expositiva ou argumentativa), conforme já estudamos. Em geral, os textos têm a seguinte estrutura: introdução, desenvolvimento e conclusão. Ao lê-lo, devemos procurar a coerência, a coesão, a relação entre as ideais apresentadas.

TIPOS DE RACIOCÍNIO Entre os vários tipos de parágrafos argumentativos, há os indutivos e os dedutivos . Os indutivos têm como tópico frasal (frase nuclear) uma premissa (afirmativa) de caráter particular. O raciocínio é desenvolvido e a conclusão a que se chega é de caráter geral (do particular para o geral ). É o que chamamos de interpretação indutiva (ou inferência ). Cuidado com isso, pessoal! Geralmente, essa interpretação pode induzi-los a cometerem erros .

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Exemplo: Os médicos entrevistados declararam que seus pacientes tiveram uma boa reação ao genérico Amoxilina (caráter particular). Por isso, hoje, quando precisam prescrever antibiótico, ressaltam que a única diferença entre o Amoxil e o Amoxilina está no valor a pagar. Portanto, todo genérico é tão eficiente quanto o seu correspondente de fantasia (caráter geral). É um equívoco considerável chegar à conclusão de que todo remédio genérico mantém o grau de eficiência de seu correspondente de fantasia. Ainda que partamos da premissa de que os pacientes dos médicos entrevistados tenham tido uma boa reação ao genérico Amoxilina, há o conhecimento de que somente estes pacientes apresentaram esse resultado (não sabemos a reação dos outros pacientes que não foram entrevistados). Por apresentar informações não contidas nas premissas, isto é, por extrapolar, a conclusão apresentada no exemplo é errada. Já os parágrafos dedutivos são justamente o contrário: o tópico frasal contém afirmativa de caráter geral (do geral para o particular ). É o que chamamos de interpretação dedutiva .

Exemplo: A violência é uma característica das cidades grandes (caráter geral). A busca de emprego, apontam os sociólogos, é, entre outros fatores, responsável pela recepção constante de imigrantes. O mercado de trabalho no Rio de Janeiro, por exemplo, não tem como absorver tanta mão de obra. Daí há um verdadeiro efeito dominó. A falta de emprego gera a miséria que, por sua vez, gera a violência. O Rio de Janeiro é uma das cidades mais violentas do mundo (caráter particular). Nos argumentos dedutivos, chega-se a uma conclusão que se faz presente nas premissas. Em outras palavras, a conclusão não apresenta um conhecimento novo, ou seja, não extrapola as premissas. Sintetizando...

INDUÇÃO

DEDUÇÃO

Parte do particular para o geral (universal).

Parte do geral (universal) para o particular.

Por basear-se na hipótese, pode levar a uma conclusão que não se faz presente nas premissas, podendo acarretar extrapolação.

Leva a uma conclusão que se faz presente nas premissas, ou seja, por não apresentar novos dados, não há extrapolação.

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COERÊNCIA

O devido emprego de marcas linguísticas na superfície textual implica coesão. No entanto, esta por si só não garante a coerência, pois um texto pode ser simultaneamente coeso e contraditório. Vamos ver o exemplo a seguir: “Talvez seja adiado o jogo entre Botafogo e Flamengo, pois o estado do gramado do Maracanã não é dos piores.” No período acima, percebemos que há uma incoerência, uma vez que a conjunção explicativa “pois ” e o advérbio “não ” foram empregados incorretamente. Poderíamos reescrever, coerentemente, o excerto acima das seguintes formas: “Talvez seja adiado o jogo entre Botafogo e Flamengo, pois o estado do gramado do Maracanã é dos piores.” “Talvez seja adiado o jogo entre Botafogo e Flamengo, pois o estado do gramado do Maracanã não é dos melhores.” “Talvez seja adiado o jogo entre Botafogo e Flamengo, ainda que o estado do gramado do Maracanã não seja dos piores.” É importante chamar a atenção de vocês quanto à existência de textos coerentes, mas sem elos coesivos. Exemplo: É pau É pedra É o fim do caminho É um resto de toco É um pouco sozinho É um caco de vidro É a vida, é o sol (...) (Tom Jobim) Segundo as lições de William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães, texto coerente “é o resultado da articulação das ideias de um texto; é a estruturação lógico-semântica que faz com que numa situação discursiva palavras e frases componham um todo significativo para os interlocutores”. Então, meus amigos, concluímos que coerência é a harmonia existente entre as várias partes do texto, produzindo uma unidade de sentido .

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COESÃO Além da coerência, um importantíssimo fator a ser observado em um texto é coesão, isto é, a passagem harmônica de uma oração à outra, de um período para outro, de um parágrafo para outro. A coesão estabelece elos entre as partes, garantindo a unidade do todo. Essas relações lógicas entre os enunciados e os parágrafos são explicitadas através de marcas linguísticas, que são os mecanismos de coesão, os nexos oracionais, articuladores textuais (conjunções, pronomes, preposições, artigos, advérbios etc.).

Principais mecanismos de coesão textual Coesão referencial – um elemento sequencial do texto se refere a um termo da mesma superfície textual. Exemplos: “A mulher foi passear na capital. Dias depois o marido dela recebeu um telegrama: Envie quinhentos cruzeiros. Preciso comprar uma capa de chuva. Aqui está chovendo sem parar. E ele respondeu: Regresse. Aqui chove mais barato.”

(Ziraldo. In: As Anedotas do Pasquim)

No exemplo acima, temos que: - o pronome ela – em “dela” – (linha 1) tem como referente o substantivo mulher (linha 1); - o pronome ele (linha 4) tem como referente a palavra marido (linha 1); - o advérbio aqui (linha 2) refere-se à capital (linha 1). “Capitu deu-me as costas, voltando-se para o espelhinho. Peguei-lhe dos cabelos , colhi-os todos e entrei a alisá-los com o pente (...)”

(Machado de Assis. In: Dom Casmurro) No excerto acima, verificamos que: - o pronome oblíquo -os (“colhi-os”) refere-se a cabelos ; - a forma pronominal -los (“alisá-los”) também se refere a cabelos . É importante chamar a atenção de vocês para a existência de dois tipos de coesão referencial: a exofórica e a endofórica . - Exofórica (ou dêitica ): ocorre quando o referente está fora da superfície textual, ou seja, faz parte da situação comunicativa (extratextual).

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Exemplos: Porque será que ele não chegou ainda? (ele = a pessoa de quem se fala) Lá é muito quente. (Lá = lugar a que a pessoa se referiu)

- Endofórica : ocorre quando o referente se encontra expresso no texto (intratextual). Exemplos: João disse que estava a caminho. Por que será que ele não chegou ainda? (ele refere-se a João) Nas férias, viajei para Mato Grosso do Sul. Lá é muito quente. (Lá refere-se a Mato Grosso do Sul) A coesão endofórica, por sua vez, subdivide-se em anafórica e catafórica .

- Anafórica : o termo refere-se a um elemento anteriormente mencionado no texto. Exemplo: Vasco e São Paulo: esses são os melhores times do campeonato brasileiro.

No exemplo acima, o pronome esses retoma os termos Vasco e São Paulo. - Catafórica : o termo refere-se a um elemento que ainda não foi mencionado no texto. Exemplo: Estes são os melhores times do campeonato brasileiro: Vasco e São Paulo. Neste exemplo, o pronome estes refere-se aos termos Vasco e São Paulo, que ainda não haviam sido citados no texto.

Dica estratégica! Para estabelecer a diferença entre dois elementos anteriormente citados, empregam-se as formas pronominais este(s) , esta(s) e isto , em relação ao que foi mencionado por último, e aquele(s) , aquela(s) , aquilo , em relação ao que foi nomeado em primeiro lugar. Exemplo: José de Alencar e Machado de Assis são importantes escritores brasileiros; este escreveu Dom Casmurro; aquele , Iracema.

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Para que o texto se apresente de forma coesa, existem alguns recursos, tais como: a) Perífrase – palavra (ou expressão) que qualifica pessoa ou coisa. Exemplo: Edson Arantes do Nascimento fez gols memoráveis. O atleta do século , atualmente, é embaixador oficial da Copa do Mundo de 2014. A expressão “O atleta do século ” retoma o nome “Édson Arantes do Nascimento”, tornando o texto mais coeso. b) Numerais (cardinais, ordinais, fracionários, multiplicativos). Exemplo: Recebi dois telegramas: o primeiro com a convocação para a assinatura do Termo de Posse; o segundo com as informações acerca da documentação necessária. c) Advérbios (ali,lá, aqui ...). Exemplo: Nas férias, viajei para Mato Grosso do Sul. Lá é muito quente. d) Elipse – figura de linguagem que indica a supressão de um termo subentendido e facilmente recuperável pelo contexto. Exemplo: Os jogadores venceram a partida. Foram campeões brasileiros. ( = Os jogadores venceram a partida e (os jogadores) foram campeões brasileiros.) e) Repetição de nome próprio (ou de parte dele) . Exemplo: Todos ficam sempre atentos quando se fala de mais um casamento de Elizabeth Taylor. Casadoura inveterada, Taylor já está em seu oitavo matrimônio. f) Pronomes . Exemplos: As questões da prova estavam fáceis. Fizemo-las rapidamente. Seu marido ainda está no trabalho? Ele está fazendo hora-extra? g) Termo-síntese – sintetiza (resume) o que foi dito antes. Exemplo: Chuva, trovões e enchentes: esses obstáculos não o fizeram desistir.

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h) Hiperônimos (termos genéricos) / hipônimos (termos específicos) . Exemplo: O aluno foi à faculdade de carro. Chegando lá, deixou o veículo no estacionamento. No exemplo acima, o hiperônimo “veículo ” (termo genérico) exerce coesão referencial com o termo “carro ” (termo específico), de forma que o texto fique mais coeso. Vejamos, agora, alguns exemplos práticos. Neles, substituiremos as expressões destacadas, utilizando os mecanismos de coesão adequados, fazendo as adaptações que se fizerem necessárias. Exemplo 1 Os cientistas do Laboratório de Sandia, do Novo México, nos EUA, estão desenvolvendo uma pistola que só disparará acionada pelo dono da pistola. A ideia é dotar a pistola de um código eletrônico. A pistola só executará ordens do dono da pistola. O objetivo é aumentar o grau de segurança das pistolas e diminuir os acidentes. Substituindo... Os cientistas do Laboratório de Sandia, do Novo México, nos EUA, estão desenvolvendo uma pistola que só disparará acionada por seu dono. A ideia é dotá- -la de um código eletrônico. A arma só executará ordens do proprietário. O objetivo é aumentar o grau de segurança das pistolas e diminuir os acidentes. Exemplo 2 Todos ficam sempre atentos quando se fala de mais um casamento de Elizabeth Taylor. Casadoura inveterada, Elizabeth Taylor já está em seu oitavo casamento. Agora, diferentemente das vezes anteriores, o casamento de Elizabeth Taylor foi com um homem do povo que Elizabeth Taylor encontrou numa clínica para tratamento de alcoólatras, onde ela também estava. Com toda pompa, o casamento foi realizado na casa do cantor Michael Jackson e a imprensa ficou proibida de assistir ao casamento de Elizabeth Taylor com um homem do povo. Ninguém sabe se será o último casamento de Elizabeth Taylor. Substituindo... Todos ficam sempre atentos quando se fala de mais um casamento de Elizabeth Taylor. Casadoura inveterada, ela já está em seu oitavo matrimônio. Agora, diferentemente das vezes anteriores, a união de Elizabeth foi com um homem do povo que Taylor encontrou numa clínica para tratamento de alcoólatras, onde ela também estava. Com toda pompa, a cerimônia foi realizada na casa do cantor Michael Jackson e a imprensa ficou proibida de assistir ao evento de Elizabeth Taylor com seu noivo. Ninguém sabe se será a última aliança da atriz norte-americana.

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Exemplo 3 O rio Mississipi, pai de todos os rios, como dizem os americanos, é uma serpente caudalosa que rasga os Estados Unidos de norte a sul. Das montanhas rochosas aos montes apaches, o rio Mississipi abastece-se de afluentes menos famosos em 31 dos cinquenta Estados americanos. O rio Mississipi tem 3800 quilômetros de extensão e irriga as terras mais férteis do planeta, na região que se convencionou chamar de meio-oeste. Planta-se milho, soja e trigo com baixos custos de adubagem e excelente produtividade, e os agricultores aceitam de bom grado as cheias periódicas do rio Mississipi, um fenômeno que se repete desde as eras glaciais. São elas que fertilizam o solo e tornam excepcionais as colheitas. Substituindo... O rio Mississipi, pai de todos os rios, como dizem os americanos, é uma serpente caudalosa que rasga os Estados Unidos de norte a sul. Das montanhas rochosas aos montes apaches, o segundo maior rio dos Estados Unidos abastece- -se de afluentes menos famosos em 31 dos cinquenta Estados americanos. O extenso rio tem 3.800 quilômetros e irriga as terras mais férteis do planeta, na região que se convencionou chamar de meio-oeste. Planta-se milho, soja e trigo com baixos custos de adubagem e excelente produtividade, e os agricultores aceitam de bom grado as cheias periódicas do rio Mississipi, um fenômeno que se repete desde as eras glaciais. São elas que fertilizam o solo e tornam excepcionais as colheitas. Exemplo 4 O Brasil vive uma guerra civil diária e sem trégua. No Brasil, que se orgulha da índole pacífica e hospitaleira de seu povo, a sociedade organizada ou não para esse fim promove a matança impiedosa e fria de crianças e adolescentes. Pelo menos sete milhões de crianças e adolescentes, segundo estudo do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), vivem nas ruas das cidades do Brasil. Substituindo... O Brasil vive uma guerra civil diária e sem trégua. No país, que se orgulha da índole pacífica e hospitaleira de seu povo, a sociedade organizada ou não para esse fim promove a matança impiedosa e fria de crianças e adolescentes. Pelo menos sete milhões de jovens, segundo estudo do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), vivem nas ruas das cidades da nação. Exemplo 5 MIAMI. Uma misteriosa epidemia está provocando a morte de peixes-boi, na costa oeste dos Estados Unidos. O peixe-boi é um dos mamíferos mais ameaçados de extinção em todo o mundo. É conhecido por sua extrema docilidade. O peixe-boi é muito antigo. Acredita-se que os ancestrais do peixe-boi tenham surgido há 40 milhões de anos. Biólogos que tentam decifrar a estranha e rápida mortandade do peixe-boi suspeitam quem os peixes-boi estejam morrendo de pneumonia.

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Substituindo... MIAMI. Uma misteriosa epidemia está provocando a morte de peixes-boi, na costa oeste dos Estados Unidos. O animal é um dos mamíferos mais ameaçados de extinção em todo o mundo. É conhecido por sua extrema docilidade. Ele é muito antigo. Acredita-se que seus ancestrais tenham surgido há 40 milhões de anos. Biólogos que tentam decifrar a estranha e rápida mortandade do mamífero suspeitam quem os animais estejam morrendo de pneumonia. Exemplo 6 Muita gente votou, nas últimas eleições. Muita gente pensava que as coisas iriam mudar radicalmente, mas muita gente estava enganada. O Brasil parece que levará ainda um tempo muito grande para amadurecer. O que o Brasil precisa, entretanto, para chegar a ficar maduro, é manter arejada e viva a democracia. Substituindo... Muita gente votou, nas últimas eleições. Os eleitores pensavam que as coisas iriam mudar radicalmente, mas estavam enganados. O Brasil parece que levará ainda muito tempo para amadurecer. O que o país precisa, entretanto, para chegar a ficar maduro, é manter arejada e viva a democracia. Exemplo 7 Avessos à procriação em cativeiro, pandas chineses estão sendo submetidos a uma nova experiência para escapar da extinção. Os pandas tomam doses de viagra. O medicamento contra a impotência produziu relações sexuais mais duradouras entre os pandas. O tempo de acasalamento dos pandas aumentou de 30 segundos para até 20 minutos. Em meados dos anos 90, os veterinários tentaram resolver o problema dos pandas com remédios da medicina chinesa. Em vão. O apetite sexual dos pandas aumentou, mas os pandas ficaram mais agressivos com as parceiras. Substituindo... Avessos à procriação em cativeiro, pandas chineses estão sendo submetidos a uma nova experiência para escapar da extinção. Os ursos tomam doses de viagra. O medicamento contra a impotência produziu relações sexuais mais duradouras entre os eles. O tempo de acasalamento dos animais aumentou de 30 segundos para até 20 minutos. Em meados dos anos 90, os veterinários tentaram resolver o problema com remédios da medicina chinesa. Em vão. O apetite sexual dos pandas aumentou, mas os ursos ficaram mais agressivos com as parceiras.

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Coesão sequencial – é o emprego de elementos coesivos (preposições, locuções prepositivas, conjunções, locuções conjuntivas, articuladores sintáticos, ou seja, conectivos) que permitem o encadeamento e, por consequência, a evolução do texto. Difere da coesão referencial, pois não se trata de referências a elementos intratextuais ou extratextuais.

Exemplos:

Embora tivesse estudado pouco, passou no concurso. (o conectivo embora estabelece uma relação de concessão) Não posso atendê-lo, visto que suas pretensões são descabidas. (o conectivo visto que apresenta uma relação de causa)

O importante não é decorar os conectivos, e sim perceber a relação entre as orações, o contexto. Vejam:

VALOR DE ... EXEMPLO � MAS

• Adversidade

Estudou pouco, mas foi aprovado.

• Adição (seguido de também ).

Não só estuda, mas também trabalha.

� E

• Adversidade

Estudou pouco, e foi aprovado.

• Adição

Acordou e estudou.

• Consequência

Os estudos foram intensos e o aluno ficou

bem preparado.

� POIS

• Conclusão (após o verbo). Equivale a portanto , logo )

É estudioso; conseguirá, pois , a

aprovação.

• Explicação (antes do verbo)

Era muito estudioso, pois passou na

prova.

• Causa

Estava animado pois passou no

concurso.

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� PORQUE • Explicação (equivale a pois ).

O verbo da oração principal aparecerá no impera-tivo .

Estude, porque será aprovado.

• Causa

Passei porque gabaritei a prova.

• Finalidade (equivale a para que )

Dedicou-se porque a aprovação fosse

breve.

� UMA VEZ QUE

• Causa (equivale a já que )

Estava animado uma vez que passou no

concurso.

• Condição (equivale a desde que )

Uma vez que estude mais, será

aprovado.

� SE

• Condição (equivale a caso )

Explicarei a questão, se for sua dúvida.

� DESDE QUE

• Condição (equivale a caso , se)

Será aprovado, desde que estude

mais.

• Tempo (equivale a quando )

Ficou tranquilo desde que soube o

resultado do concurso.

� SEM QUE

• Condição (equivale a caso não )

Sem que estudem, não passarão.

• Concessão

Sem que estudasse muito, passou.

� COMO • Adição

Aparece na correlação “não só ... como também ”.

Não só estuda como também trabalha.

• Causa (quando estiver antecipada na frase.). Equivale a já que .

Como estudou muito, gabaritou a

prova.

• Comparação

Ele sempre estudou como o avô.

(= Ele sempre estudou como o avô estudou.)

• Conformação Estudou como o pai mandou.

(= Estudou conforme o pai mandou.)

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� QUANTO

• Adição

Ele tanto estuda quanto trabalha. (= Ele estuda e trabalha.)

• Comparação Aparece na correlação “tão...quanto”.

O filho é tão estudioso quanto o pai.

(= O filho é tão estudioso quanto o pai é.)

SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS

A análise de textos pode ser influenciada pelas relações lexicais, as quais serão mostradas a seguir.

Campo Semântico

É possível que as palavras se associem de diversas maneiras. Uma dessas associações ocorre quando os vocábulos apresentam o mesmo radical – palavras pertencentes à mesma família, chamadas cognatas – , isto é, pertencem ao mesmo campo semântico . Exemplo: terr a terr estre terra terr eiro terr áqueo. Entretanto, não é necessário que as palavras possuam o mesmo radical para pertencerem ao mesmo campo semântico. É possível que os vocábulos se relacionem pelo sentido em um determinado contexto. Exemplo: João Camilo dirigia-se à casa de Maria Odete. No meio do percurso, ouviu um trovão . De repente, o céu ficou escuro; viu um relâmpago . Começou a chuva e João teve de voltar a casa. No contexto acima, os vocábulos “trovão ”, “relâmpago ” e “chuva ”, ainda que não possuam o mesmo radical, aproximam-se pelo sentido, ou seja, pertencem ao mesmo campo semântico .

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Devido às vias erudita e popular da língua, é possível que haja formas correspondentes, mas com radicais distintos. Exemplos: digital / dedal; capilar / cabelo; auricular / orelha; plano / chão. Vejamos como este assunto foi objeto de prova. 24. (FUNRIO-2009/FURP/Auxiliar de Produção) Marque a alternativa que apresenta um termo pertencente à área semântica de CHUVA: A) plúmbeo. B) plurifloro. C) plúteo. D) plumado. E) pluvial. Comentário: A resposta da questão encontra-se na assertiva (E). As palavras “chuva” e “pluvial”, aparentemente, não apresentam o mesmo radical. Entretanto, ambas pertencem ao mesmo campo semântico. Na evolução da língua portuguesa, o encontro consonantal que inicia o vocábulo “pluvial” transformou-se no grupo fonêmico “ch”. Ademais, essa palavra (pluvial) passou por outros processos de transformação, até apresentar-se sob a forma “chuva”. Ah, Fabiano, e se eu não souber a origem dos vocábulos? Nesse caso, meus amigos, é recomendável ter o hábito da leitura, pois, a partir dele, passamos a conhecer o significado de diversos vocábulos. De acordo com o Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa, por exemplo, “pluvial” é “relativo à chuva”, “que provém da chuva”. Nas demais opções, temos: a) “plúmbeo”, relativo ao “chumbo”; b) “plurifloro”, referente a “várias flores”; c) “plúteo”, significando “parede que fecha o espaço entre duas colunas; d) “plumado”, aquele que tem “pluma”, ou seja, “enfeitado de plumas”. Gabarito: E.

Texto: O conflito se agrava [...] De acordo com o Censo 2010 do IBGE, a população indígena compreende 896,9 mil pessoas — o que corresponde a 0,4% da população brasileira —, com 305 etnias diversas e 274 idiomas. As terras indígenas simbolizam 12,5% do território nacional (dados de 2010). Aos povos indígenas, a Constituição brasileira reconhece sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, bem como os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam. É dever da União demarcar, proteger e fazer respeitar as terras indígenas. Qualquer aproveitamento de recursos hídricos

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(incluídos os potenciais energéticos, a pesquisa e a lavra de riquezas minerais) só pode ser efetivado com autorização do Congresso, ouvidas as comunidades indígenas afetadas. A Constituição ainda proíbe a remoção dos povos indígenas de suas terras, realçando serem nulos os atos que tenham por objeto a ocupação, o domínio e a posse de terras indígenas. Para a Corte Interamericana de Direitos Humanos, há que se assegurar aos povos indígenas o direito à propriedade coletiva da terra, como uma tradição comunitária, como um direito fundamental à sua cultura, à sua vida espiritual, à sua integridade e à sua sobrevivência econômica. Para os povos indígenas, a relação com a terra não é somente de possessão e produção: a terra é um elemento material e espiritual de que devem gozar plenamente, inclusive para preservar o seu legado cultural e transmiti-lo às gerações futuras. A Constituição brasileira mostra-se absolutamente alinhada aos parâmetros protetivos internacionais — como a Convenção 169 da OIT e a Declaração da ONU sobre Povos Indígenas de 2007. Estes instrumentos introduzem um novo paradigma para os direitos dos povos indígenas, baseado no direito à diversidade, no reconhecimento de sua identidade cultural, no direito de participação, no direito de consulta prévia, livre e informada (relativamente às decisões que lhes afetem), no direito à terra e no princípio da autodeterminação. Rompem com o enfoque integracionista de assimilação forçada dos povos indígenas. A Constituição brasileira foi a primeira da América Latina a admitir que os povos indígenas têm direito à diversidade étnica e à identidade cultural, aceitando um Estado multicultural e pluriétnico. Constituições latino-americanas recentes reconhecem de forma explícita a existência de Estados multiétnicos e pluriculturais, como é o caso da Constituição da Bolívia, do Equador, da Colômbia, do Peru e da Venezuela. Contudo, os indicadores sociais demonstram o grave padrão de violação aos direitos dos povos indígenas na região, como o drama da mortalidade infantil, da desnutrição, da pobreza extrema, da falta de acesso aos serviços básicos de saúde e de tensões envolvendo suas terras. A Convenção 169 da OIT, ratificada pelo Brasil, enuncia a responsabilidade dos Estados de desenvolver, com a participação dos povos indígenas, uma ação coordenada e sistemática para proteger seus direitos e garantir o respeito à sua integridade. No marco de uma sociedade pluriétnica e multirracial, é urgente ao Estado brasileiro honrar o valor constitucional da diversidade cultural e da justiça étnico-racial, assegurando especial proteção aos povos indígenas, considerando seu protagonismo e suas particularidades, na luta pela afirmação de seus direitos essenciais.

Flávia Piovesan – O Globo – Publicado em 27/06/13 – Fragmento. Disponível em:

http://oglobo.globo.com/opiniao/o-conflito-se-agrava-8822065

25. (FJG-2013/Pref. do Rio de Janeiro/Auxiliar de Procuradoria) “Estes instrumentos introduzem um novo paradigma para os direitos dos povos indígenas” (4º parágrafo). A palavra grifada, no contexto, significa algo que: (A) impõe e obriga; decisão; indicação; ordem (B) corrompe ou torna imoral; pernicioso (C) serve de exemplo geral ou de modelo; padrão (D) delimita, separa; preceito expresso em sentença breve

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Comentário: No contexto, o vocábulo “paradigma” foi empregado na acepção de “exemplo que serve como modelo; padrão” (conforme o Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa, editora Objetiva, 2009). Assim, valida-se a opção (C) como resposta da questão. Gabarito: C.

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HOMONÍMIA

Homônimos – são palavras que, embora tenham significados diferentes, têm

a mesma estrutura fonológica. Tripartem-se em:

• Homônimos homóFONOS – mesmo som (pronúncia) e grafias diferentes. Exemplos: coser (costurar) / cozer (cozinhar); expiar (pagar a culpa) / espiar (observar secretamente); cela (quarto de dormir) / sela (peça de couro posta sobre o lombo da cavalgadura);

• Homônimos homóGRAFOS – mesma grafia (escrita) e pronúncias diferentes. Exemplos: colher (verbo) / colher (substantivo); sede /é/ (lugar principal) / sede /ê/ (secura, necessidade de ingerir líquido).

• Homônimos perfeitos - pronúncia e grafia iguais. Exemplos: são (verbo “ser”) / são (adjetivo = sadio). Os alunos do Estratégia Concursos são demais! (verbo “ser”) Mente sã no corpo são . (adjetivo = sadio) cedo (advérbio de tempo) / cedo (verbo “ceder”). Chegarei cedo ao local de prova. (advérbio de tempo) Neste instante, eu cedo o apartamento para vocês. (verbo “ceder”)

É importante diferenciar os homônimos perfeitos das palavras polissêmicas . Homônimos perfeitos são nomes que têm mesma grafia e pronúncia , mas que pertencem a classes gramaticais distintas . Por sua vez, termos polissêmicos são vocábulos que apresentam uma só forma com mais de um significado, pertencendo à mesma classe gramatical.

Exemplos:

Os alunos do Estratégia Concursos são demais! (verbo “ser”) Mente sã no corpo são . (adjetivo = sadio)

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Nos exemplos acima, houve alteração da classe gramatical. Logo, temos homônimos perfeitos .

O cabo obedeceu às ordens dos superiores. (cabo = patente militar � substantivo) A cozinheira pegou a faca pelo cabo . (cabo = parte do instrumento � substantivo)

Nos exemplos acima, não houve alteração da classe gramatical. Logo, temos vocábulos polissêmicos .

PARONÍMINA

Parônimos – é a relação entre palavras que são parecidas, mas que possuem significados diferentes. Exemplos: Ascender: subir, elevar-se. Acender: atear fogo, abrasar. Acento: inflexão de voz, sinal gráfico. Assento: base, cadeira, apoio; registro, apontamento. Acerca de: a respeito de, sobre. A cerca de: a uma distância aproximada de. Há cerca de: faz aproximadamente, existe(m) perto de. Acerto: estado de acertar; precisão, segurança; ajuste. Asserto: afirmação, asserção. Afim: parente por afinidade; semelhante, análogo. A fim (de): para (locução conjuntiva final). Amoral: indiferente à moral, que não se preocupa com a moral. Imoral: contrário à moral, indecente. Ao encontro de: para junto de, favorável a. De encontro a: contra, em prejuízo de. Ao invés de: ao contrário de. Em vez de: em lugar de. A par: ciente, ao lado, junto. Ao par: de acordo com a convenção legal; equivalência. Apreçar: marcar o preço de, avaliar, ajustar. Apressar: acelerar, dar pressa a, instigar.

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Arrear: pôr arreios a; aparelhar. Arriar: abaixar, descer, inutilizar, desaminar. Arrochar: apertar muito. Arroxar: tornar roxo. Ás: pessoa notável em sua especialidade; carta de jogo. Az: esquadrão, ala do exército, fileira. Asado: que tem asas, alado. Azado: oportuno, propício. Avocar: atrair, atribuir-se, chamar. Evocar: trazer à lembrança. Caçar: perseguir, apanhar. Cassar: anular, suspender. Cavaleiro: homem a cavalo. Cavalheiro: homem gentil, de boas maneiras e ações. Cela: aposento de religiosos, cubículo. Sela: arreio de cavalgadura. Censo: recenseamento, contagem. Senso: juízo, discernimento. Cerrar: fechar, apertar, encerrar. Serrar: cortar, separar. Cessão: ato de ceder, cedência. Seção ou secção: setor, corte, subdivisão, parte de um todo. Sessão: espaço de tempo em que se realiza uma reunião; reunião. Cheque: ordem de pagamento. Xeque: chefe árabe; lance de xadrez; perigo. Comprimento: extensão, tamanho, distância. Cumprimento: saudação, ato de cumprir. Concertar: combinar, harmonizar, arranjar. Consertar: remendar, restaurar. Conjetura: suposição, hipótese. Conjuntura: oportunidade, momento, ensejo, situação. Coser: costurar. Cozer: cozinhar. Deferir: atender, conceder, anuir. Diferir: divergir; adiar, retardar, dilatar. Delatar: denunciar, acusar. Dilatar: adiar, prorrogar.

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Descrição: ato de descrever; explanação. Discrição: moderação, reserva, recato, modéstia. Despensa: depósito de mantimentos. Dispensa: escusa, licença, demissão. Despercebido: não visto, não notado, ignorado. Desapercebido: desprevenido, desguarnecido, desprovido. Destratar: ofender, insultar. Distratar: desfazer um trato ou contrato. Emergir: vir à tona, aparecer. Imergir: mergulhar, penetrar, afundar. Eminente: alto, elevado; sublime, célebre. Iminente: imediato, próximo, prestes a acontecer. Emigrar: sair da pátria. Imigrar: entrar (em país estranho) para viver nele. Esbaforido: cansado, ofegante. Espavorido: apavorado, espantado. Espectador: testemunha, assistente. Expectador: aquele que tem expectativa, esperançoso. Esperto: fino, inteligente, atilado, ativo. Experto: perito, experiente. Espiar: espreitar, olhar. Expiar: pagar, resgatar (crime, falta, pecado). Estada: permanência, demora de uma pessoa em algum lugar. Estadia: permanência paga do navio no porto para carga e descarga. Aplica-se a veículos. Estância: morada, mansão. Instância: pedido urgente e repetido; jurisdição, foro. Estrato: nuvem; camada. Extrato: perfume, loção; resumo. Flagrante: evidente, manifesto. Fragrante: aromático, perfumoso. Incerto: duvidoso, indeciso, não certo. Inserto: inserido, incluído. Incipiente: principiante, iniciante. Insipiente: ignorante. Indefeso: desarmado, fraco. Indefesso: incansável, infatigável.

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Infligir: aplicar (pena, castigo, multa, etc.). Infringir: transgredir, desrespeitar, desobedecer. Laço: laçada; traição, engano. Lasso: fatigado, cansado, frouxo. Mandado: ato de mandar. Mandato: autorização que se confere a outrem, delegação. Paço: palácio, palácio do governo; a corte. Passo: ato de andar, caminho, marcha; episódio. Preceder: anteceder, vir antes. Proceder: descender, provir, originar-se; comportar-se. realizar; caber, ter fundamento. Presar: capturar, apresar, agarrar. Prezar: estimar muito, amar, respeitar, acatar. Prescrever: determinar, preceituar, ordenar, receitar. Proscrever: condenar a degredo, desterrar; proibir, abolir, suprimir. Ratificar: validar, confirmar autenticamente. Retificar: corrigir, emendar. Ruço: pardacento; desbotado; grisalho. Russo: referente à Rússia; natural ou habitante da Rússia; língua da Rússia. Sortir: abastecer, prover. Surtir: ter como resultado, produzir efeito. Tacha: pequeno prego; mancha, nódoa. Taxa: preço ou quantia que se estipula como compensação de certo serviço; razão do juro. Tachar: pôr prego em; notar defeito em, censurar, criticar, acusar. Taxar: regular o preço; lançar imposto sobre; moderar, regular. Vultoso: grande, volumoso. Vultuoso: vermelho e inchado (diz-se do rosto).

DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO

Denotação - é o emprego da palavra em seu sentido usual, dicionarizado. Exemplo: João comprou uma flor para Maria.

Conotação - é o sentido que a palavra assume em determinado contexto, ou

seja, é o emprego da palavra em sentido figurado. Exemplo: Maria, namorada de João, é uma flor .

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Dica estratégica! A conotação constitui a base da linguagem figurada. No exemplo acima, temos uma metáfora : Maria, namorada de João, é (como) uma flor .

SINONÍMIA Sinonímia – as palavras são sinônimas quando apresentam significados semelhantes em determinado contexto. Exemplo: O comprimento da sala é de quinze metros. A extensão da sala é de quinze metros. Nos exemplos acima, os vocábulos “comprimento” e “extensão” têm o mesmo significado. Portanto, apresentam relação sinonímica. Também é importante chamar a atenção de vocês para a existência de frases sinônimas. Exemplo: Mal ele saiu, todos chegaram. Assim que ele saiu, todos chegaram. Nos exemplos acima, a conjunção “Mal” apresenta valor temporal. A mesma noção é apresentada na expressão “Assim que”. Como não houve alteração de sentido entre as frases, estas são sinônimas.

Existem, também, os sinônimos circunstanciais , que são adequados em determinado contexto. Exemplo: José Sarney desembarcou hoje em Brasília. Chegando ao Senado, o presidente fez seu pronunciamento.

ANTONÍMIA

Antonímia – são palavras que apresentam sentido contrário, oposto.

Exemplo: É um menino corajoso . / É um menino medroso .

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Texto para as questões 26 a 33.

ALEITAMENTO MATERNO

Amamentar é muito mais do que nutrir a criança. É um processo que envolve interação profunda entre mãe e filho, com repercussões no estado nutricional da criança, em sua habilidade de se defender de infecções, em sua fisiologia e no seu desenvolvimento cognitivo e emocional, além de ter implicações na saúde física e psíquica da mãe. Apesar de todas as evidências científicas provando a superioridade da amamentação sobre outras formas de alimentar a criança pequena, e apesar dos esforços de diversos organismos nacionais e internacionais, as taxas de aleitamento materno no Brasil, em especial as de amamentação exclusiva, estão bastante aquém do recomendado, e o profissional de saúde tem um papel fundamental na reversão desse quadro. Mas para isso ele precisa estar preparado, pois, por mais competente que ele seja nos aspectos técnicos relacionados à lactação, o seu trabalho de promoção e apoio ao aleitamento materno não será bem sucedido se ele não tiver um olhar atento, abrangente, sempre levando em consideração os aspectos emocionais, a cultura familiar, a rede social de apoio à mulher, entre outros. Esse olhar necessariamente deve reconhecer a mulher como protagonista do seu processo de amamentar, valorizando-a, escutando-a e empoderando-a. Portanto, cabe ao profissional de saúde identificar e compreender o processo do aleitamento materno no contexto sociocultural e familiar e, a partir dessa compreensão, cuidar tanto da dupla mãe/bebê como de sua família. É necessário que busque formas de interagir com a população para informá-la sobre a importância de adotar uma prática saudável de aleitamento materno. O profissional precisa estar preparado para prestar uma assistência eficaz, solidária, integral e contextualizada, que respeite o saber e a história de vida de cada mulher e que a ajude a superar medos, dificuldades e inseguranças. Apesar de a maioria dos profissionais de saúde considerar-se favorável ao aleitamento materno, muitas mulheres se mostram insatisfeitas com o tipo de apoio recebido. Isso pode ser devido às discrepâncias entre percepções do que é apoio na amamentação. As mães que estão amamentando querem suporte ativo (inclusive o emocional), bem como informações precisas, para se sentirem confiantes, mas o suporte oferecido pelos profissionais costuma ser mais passivo, reativo. Se o profissional de saúde realmente quer apoiar o aleitamento materno, ele precisa entender que tipo de apoio, informação e interação as mães desejam, precisam ou esperam dele. Vários estudos sugerem que a duração da amamentação na espécie humana seja, em média, de dois a três anos, idade em que costuma ocorrer o desmame naturalmente. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde recomendam aleitamento materno exclusivo por seis meses e complementado até os dois anos ou mais. Não há vantagens em se iniciar os alimentos complementares antes dos seis meses, podendo, inclusive, haver prejuízos à saúde da criança, pois a introdução precoce de outros alimentos está associada a: • maior número de episódios de diarréia; • maior número de hospitalizações por doença respiratória;

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• risco de desnutrição se os alimentos introduzidos forem nutricionalmente inferiores ao leite materno, como, por exemplo, quando os alimentos são muito diluídos; • menor absorção de nutrientes importantes do leite materno, como o ferro e o zinco; • menor eficácia da lactação como método anticoncepcional; • menor duração do aleitamento materno. No segundo ano de vida, o leite materno continua sendo importante fonte de nutrientes. Estima-se que dois copos (500ml) de leite materno no segundo ano de vida fornecem 95% das necessidades de vitamina C, 45% das de vitamina A, 38% das de proteína e 31% do total de energia. Além disso, o leite materno continua protegendo contra doenças infecciosas. Uma análise de estudos realizados em três continentes concluiu que quando as crianças não eram amamentadas no segundo ano de vida elas tinham uma chance quase duas vezes maior de morrer por doença infecciosa quando comparadas com crianças amamentadas. (Adaptado de: Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança : nutrição infantil: aleitamento materno e alimentação complementar / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2009, p.11-13.) 26. (FUNRIO-2010/FIOTEC) O texto lido visa a: A) descrever um caso. B) narrar uma história. C) expor um assunto. D) comentar um episódio. E) opinar sobre uma questão. Comentário: A questão versa sobre tipologia textual. O texto aborda a temática do “aleitamento materno”, iniciando a superfície textual por meio do tópico frasal “Amamentar é muito mais do que nutrir a criança”. Notem que, neste segmento, há a palavra-chave “amamentar”, apresentando direta relação com o título e com o tema. Ao longo da teia textual, o texto, de autoria do Ministério da Saúde, visa a expor a importância do aleitamento materno para as crianças, mencionando o estágio do aleitamento no Brasil devido à insatisfação do apoio recebido por parte dos profissionais de saúde. De acordo com a superfície textual, entretanto, “o profissional de saúde tem um papel fundamental na reversão desse quadro”. Para reverter a conjuntura atual, por outro lado, os profissionais precisam estar preparados para observar “aspectos emocionais, cultura familiar, rede social de apoio à mulher, entre outros”, ou seja, cabe a eles “identificar e compreender o processo do aleitamento materno no contexto sociocultural e familiar”. Esse apoio às mulheres engloba não apenas aspectos emocionais mas também aspectos alimentares, conforme orientação conjunta da Organização Mundial da Saúde e do Ministério da Saúde: “A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde recomendam aleitamento materno exclusivo por seis meses e complementado até os dois anos ou mais. Não há vantagens em se iniciar os alimentos complementares antes dos seis meses, podendo, inclusive, haver prejuízos à saúde da criança, pois a introdução precoce de outros alimentos está associada a:

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• maior número de episódios de diarréia; • maior número de hospitalizações por doença respiratória; • risco de desnutrição se os alimentos introduzidos forem nutricionalmente inferiores ao leite materno, como, por exemplo, quando os alimentos são muito diluídos; • menor absorção de nutrientes importantes do leite materno, como o ferro e o zinco; • menor eficácia da lactação como método anticoncepcional; • menor duração do aleitamento materno. Por meio do rol acima, identificamos que o “corpus” textual apresenta somente informações expositivas, sem opiniões pessoais, opinativas ou subjetivas do autor do texto. Logo, estamos diante de um texto dissertativo-expositivo, o que torna a letra (C) a resposta da questão. Gabarito: C. 27. (FUNRIO-2010/FIOTEC) De acordo com o texto, marque a opção INCORRETA com relação à importância do aleitamento materno: A) traz consequências benéficas à saúde da criança, mas pode prejudicar o estado geral da mãe. B) é um processo que envolve questões físicas e psíquicas tanto da criança quanto da mãe. C) representa uma interação entre mãe e filho que tem uma série de impactos na saúde da criança. D) beneficia o estado nutricional e a imunidade dos bebês, entre outros aspectos. E) tem repercussões não apenas na saúde da criança, mas também na da mãe. Comentário: Questão sobre compreensão textual, cuja resposta se encontra expressa no primeiro parágrafo do texto. De acordo com a superfície textual, o “aleitamento materno” é benéfico tanto para a mãe quanto para o filho. Em conformidade com as ideias do texto, o ato de ser amamentado traz “repercussões no estado nutricional da criança, em sua habilidade de se defender de infecções, em sua fisiologia e no seu desenvolvimento cognitivo e emocional”. Já a mãe passa por implicações (positivas) “na saúde física e psíquica”. Logo, a afirmação contida na letra (A) está incorreta. Gabarito: A. 28. (FUNRIO-2010/FIOTEC) Segundo o texto, as taxas de amamentação no Brasil hoje estão em níveis: A) acima do ideal. B) esperados. C) médios. D) abaixo do ideal. E) maiores que a média.

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Comentário: A resposta da questão é encontrada na assertiva (D). Em consonância com as ideias do segundo parágrafo, “as taxas de aleitamento materno no Brasil, em especial as de amamentação exclusiva, estão bastante aquém do recomendado”. Portanto, podemos afirmar que, de acordo com o texto, esses níveis de amamentação estão abaixo do ideal. Gabarito: D. 29. (FUNRIO-2010/FIOTEC) A partir da leitura do texto, marque a opção INCORRETA a respeito da atuação do profissional de saúde na promoção e no apoio à amamentação: A) a compreensão do papel da mãe e de suas questões emocionais e familiares é fundamental. B) o respeito aos saberes e à história da mulher tem um papel de destaque no processo. C) a escuta e a valorização da mulher é importante no apoio prestado ao aleitamento. D) a interação adequada com a população é necessária para o estímulo à amamentação. E) a transmissão de informações a respeito da técnica de amamentação é o ponto mais significativo. Comentário: Inicialmente, vamos apontar os tópicos em que o profissional de saúde é apresentado no texto. “Mas para isso ele (o profissional de saúde ) precisa estar preparado, pois, por mais competente que ele seja nos aspectos técnic os relacionados à lactação , o seu trabalho de promoção e apoio ao aleitamento ma terno não será bem sucedido se ele não tiver um olhar atento, abrangente, sempre levando em consideração os aspectos emocionais , a cultura familiar , a rede social de apoio à mulher , entre outros. [...] (...) cabe ao profissional de saúde identificar e compreender o processo do aleitamento materno no contexto sociocultural e familiar e, a partir dessa compreensão, cuidar tanto da dupla mãe/bebê como de sua família . É necessário que busque formas de interagir com a população para informá-la sobre a importância de adotar uma prática saudável de aleitamento materno . O profissional (de saúde) precisa estar preparado para prestar uma assistência eficaz, solidária, integral e contextualizada , que respeite o saber e a história de vida de cada mulher e que a ajude a superar medos, dificuldades e inseguranças . [...]

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Se o profissional de saúde realmente quer apoiar o aleitamento materno, ele precisa entender que tipo de apoio, informação e interação as mães desejam, precisam ou esperam dele . Vários estudos sugerem que a duração da amamentação na espécie humana seja, em média, de dois a três anos, idade em que costuma ocorrer o desmame naturalmente.” A partir dos fragmentos apresentados, identificamos que o excerto-chave da questão é “por mais competente que ele seja nos aspectos técnicos relacionados à lactação , o seu trabalho de promoção e apoio ao aleitamento materno não será bem sucedido se ele não tiver um olhar atento, abrangente ”. De acordo com esse segmento textual, infere-se que a transmissão de informações a respeito da técnica de amamentação não é o ponto mais significativo. É preciso que o profissional de saúde tenha ”um olhar atento, abrangente, sempre levando em consideração os aspectos emocionais, a cultura familiar, a rede social de apoio à mulher, entre outros”. Portanto, a letra (E) responde nossa questão. Gabarito: E. 30. (FUNRIO-2010/FIOTEC) No texto, afirma-se que o apoio à amamentação concedido atualmente pelos profissionais de saúde: A) é ativo nos aspectos informativo e emocional. B) está em desacordo com o esperado pelas mães. C) mostra-se adequado no aspecto emocional. D) apresenta-se satisfatório, mas poderia ser melhorado. E) tem demonstrado que é suficientemente proativo. Comentário: A afirmação contida na opção (B) é a resposta da questão. No quarto parágrafo do texto, é apresentada a insatisfação das mães com o tipo de apoio recebido. Segundo elas, o suporte que recebem dos profissionais de saúde é passivo, reativo. Por isso, elas querem suporte ativo, inclusive o emocional, conforme ilustra o fragmento a seguir: “Apesar de a maioria dos profissionais de saúde considerar-se favorável ao aleitamento materno, muitas mulheres se mostram insatisfeitas com o tipo de apoio recebido. Isso pode ser devido às discrepâncias entre percepções do que é apoio na amamentação. As mães que estão amamentando querem suporte ativo (inclusive o emocional), bem como informações precisas, para se sentirem confiantes, mas o suporte oferecido pelos profissionais costuma ser mais passivo, reativo.” Gabarito: B.

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31. (FUNRIO-2010/FIOTEC) A respeito da duração do aleitamento materno, o texto afirma que: A) os organismos de saúde recomendam que se prolongue, pelo menos, até os dois anos de idade. B) a OMS e o Ministério da Saúde sugerem que alcance os seis meses, no mínimo. C) os estudos indicam que os bebês humanos devem ser desmamados entre dois e três anos. D) o Ministério da Saúde sugere que os bebês sejam desmamados aos dois anos. E) as instituições de saúde recomendam o desmame aos seis meses. Comentário: O aspecto relacionado à duração do “aleitamento materno” é encontrado na superfície textual no penúltimo parágrafo do texto. Neste segmento, a Organização Mundial de Saúde e o Ministério da Saúde “recomendam aleitamento materno exclusivo por seis meses e complementado até os dois anos ou mais ”. Segundo esses organismos de saúde, “não há vantagens em se iniciar os alimentos complementares antes dos seis meses, podendo, inclusive, haver prejuízos à saúde da criança”. Logo, a letra (A) atende ao comando da questão. Gabarito: A. 32. (FUNRIO-2010/FIOTEC) No que tange à alimentação complementar, o texto afirma que: A) apresenta uma série de vantagens se iniciada antes dos seis meses de idade. B) pode causar um maior número de episódios de diarreia e de doenças respiratórias. C) diminui a duração do aleitamento materno, seja qual for a época de sua introdução. D) deve ser introduzida apenas aos seis meses, pois antes disso pode prejudicar a saúde do bebê. E) representa um risco de desnutrição, pois os alimentos são muito diluídos. Comentário: No penúltimo parágrafo do texto, há a alusão à “alimentação complementar”. Segundo as ideias expostas na teia textual, os “alimentos complementares”, quando iniciados antes dos seis meses, podem causar “prejuízo à saúde da criança, pois a introdução precoce de outros alimentos está associada a: • maior número de episódios de diarreia; • maior número de hospitalizações por doença respiratória; • risco de desnutrição se os alimentos introduzidos forem nutricionalmente inferiores ao leite materno, como, por exemplo, quando os alimentos são muito diluídos; • menor absorção de nutrientes importantes do leite materno, como o ferro e o zinco; • menor eficácia da lactação como método anticoncepcional; • menor duração do aleitamento materno.” Logo, a afirmação contida na opção (D) está correta. Gabarito: D.

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33. (FUNRIO-2010/FIOTEC) A respeito do papel nutricional do leite materno após o 1º ano de vida, o texto afirma que meio litro diário: A) fornece toda a vitamina C necessária nessa idade. B) é fonte importante de proteínas, calorias e vitaminas. C) possui pouco conteúdo energético para a idade. D) é rico em vitaminas, mas não possui efeito protetor. E) fornece todas as vitaminas que a criança precisa. Comentário: O papel nutricional do leite materno é mencionado no último parágrafo do texto. De acordo com o “corpus” textual, “no segundo ano de vida, o leite materno continua sendo importante fonte de nutrientes. Estima-se que dois copos (500ml) de leite materno no segundo ano de vida fornecem 95% das necessidades de vitamina C , 45% das de vitamina A , 38% das de proteína e 31% do total de energia (calorias)”. Portanto, nossa resposta se encontra na assertiva (B). Gabarito: B. 34. (FUNRIO-2010/Prefeitura de São João da Barra/RJ) Não é monstro nenhum, princesa. Trata-se do senhor marquês montado num pobre jabuti! Vem metendo o chicote no coitado, sem dó nem piedade. Sobre a expressão “metendo o chicote no coitado”, é correto afirmar que: A) o substantivo chicote tem valor conotativo e simboliza a ação do marquês. B) o substantivo coitado está adjetivado para condensar a força da imagem. C) o verbo meter tem valor metafórico e significa “aplicar com violência”. D) a locução “no coitado” é redundante pois repete a expressão “pobre jabuti”. E) o sintagma “metendo o chicote” é a variante formal de “chicotear”. Comentário: No contexto do enunciado, a expressão “metendo o chicote no coitado” nos permite identificar que o verbo “meter” foi utilizado em sentido figurado, conotativo, metafórico, significando “aplicar com violência”. Com isso, a letra (C) é a resposta da questão. Nas demais opções, temos: a) o substantivo “chicote” empregado em sentido denotativo, dicionarizado, significando “instrumento”. b) o substantivo “coitado” substantivado, em virtude do artigo “o”, amalgamado à preposição “em”, no trecho “no coitado”. d) não há qualquer redundância no emprego da locução “no coitado”; e) o sintagma “metendo o chicote” é variante in formal”, e não formal. Gabarito: C.

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35. (FUNRIO-2010/INVESTE RIO) Em “Os habitantes viram-se forçados a dar-lhe todos os dias duas ovelhas, a fim de apaziguar o seu furor.”. A expressão “a fim de”, no caso em questão, introduz uma finalidade. Dentre as alternativas abaixo com que se poderia completar o enunciado acima, a expressão cuja palavra destacada também introduz uma finalidade é: A) Como seu patrono determinara a princípio, assim foi feito. (como) B) Foram instados a cumprir a vontade do colonizador autoritário. (a) C) Para saciar a sanha assassina dos revoltosos, concedeu-se à exigência. (para) D) As donzelas eram as escolhidas no sacrifício em honra aos deuses. (em) E) O fato que se terá passado há muitos anos ainda assusta o povo. (que) Comentário: Vamos analisar as opções. a) Errada. A conjunção “como” é causal, sendo equivalente a “já que”, “uma vez que”: Já que seu patrono determinara a princípio, assim foi feito. b) Errada. O termo destacado é somente uma preposição, sem apresentar valor semântico no contexto em questão. c) Esta é a resposta da questão. A preposição “para” foi empregada com o sentido de finalidade, ou seja, a mesma acepção transmitida pela expressão “a fim de”. d) Errada. A preposição “em” exprime ideia de “no lugar de”, não satisfazendo ao comando da questão. e) O termo “que” é pronome relativo, retomando o substantivo “fato”. Não expressa, portanto, matiz semântico. Gabarito: C. 36. (FUNRIO-2010/FURP) A oração “para produzir a Pesquisa Especial de Tabagismo (Petab)” (§ 2) estabelece, com a anterior, uma relação de: A) finalidade. B) contraste. C) consequência. D) causa. E) comparação. Comentário: Sabemos que a preposição “para”, no contexto em que está inserida, exprime matiz semântico de finalidade. É equivalente à expressão “a fim de que”: “(...) a fim de que produza a Pesquisa Especial de Tabagismo (Petab) (...)”. Logo, a letra (A) é nossa resposta. Gabarito: A.

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REESCRITURA DE FRASES E PARÁGRAFOS DO TEXTO (PARÁFRASE)

Este é um assunto pouco recorrente nas provas da FJG. Nos editais, a paráfrase é chamada de reescritura de frases. Mas o que é paráfrase? Por paráfrase entende-se a forma de reprodução de um texto sem alteração de sentido original . Trocando em miúdos, parafrasear é transmitir a mesma mensagem com outras palavras . Por exemplo, se eu disser que “A mente de Deus, bem como a internet, pode ser acessada por qualquer um, no mundo todo. ”, seriam possíveis as seguintes reescrituras: Qualquer um pode acessar a mente de Deus e a internet, no mundo todo, No mundo todo, qualquer um pode acessar a mente de Deus e a internet. A mente de Deus pode ser acessada, no mundo todo, por qualquer um, da mesma forma que a internet. Tanto a internet quanto a mente de Deus podem ser acessadas, no mundo todo, por qualquer um. As frases acima mantêm o sentido original do enunciado. Portanto, são paráfrases . Entretanto, uma construção que não representa uma paráfrase do enunciado original é “A mente de Deus pode acessar, como qualquer um, no mundo todo, a internet ”. Vejam que, no período, o agente da ação verbal passa a ser “A mente de Deus”. Entretanto, na ideia original, “a mente de Deus” é paciente, ou seja, sofre a ação de “ser acessada”. Percebemos, assim, que é possível parafrasear um texto de várias maneiras. Contudo, apresentaremos as formas mais recorrentes nas provas. Vejam: 1) Emprego de sinônimos, hipônimos e hiperônimos Exemplos: Saldamos todas as dívidas. Quitamos todas as dívidas Vejam que, na reescritura (paráfrase), a forma verbal “quitamos” é sinônima de “saldamos”. Logo, o sentido original do período foi mantido. O aluno foi à faculdade dirigindo o carro . O aluno foi à faculdade dirigindo o veículo .

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Na reescritura do exemplo acima, o hiperônimo “veículo ” (termo genérico) exerce coesão referencial com o termo “carro ” (termo específico), de forma que o texto fique mais coeso. Temos, novamente, uma paráfrase. Falamos sobre futebol. Falamos acerca de futebol. Nos exemplos acima, a expressão “acerca de” é sinônima da preposição “sobre”. 2) Utilização de antônimos, com reforço de um vocábulo negativo. Exemplo: Aquele rapaz é imprudente . Aquele rapaz não é cauteloso . Vejam que, apesar de as palavras serem diferentes, a ideia do segundo período é a mesma apresentada no enunciado original. Logo, temos uma paráfrase. 3) Transposição de discurso (do direto para o indireto e vice-versa). A transposição de discurso é uma forma de parafrasear o texto. Para usar esse recurso, é preciso conhecer as regras. Vamos relembrar o que estudamos no início desta aula. Exemplos:

Discurso Direto

Discurso Indireto

Enunciado em 1ª ou 2ª pessoa . Ex.: “O aluno disse:

- Irei à escola.” Verbo no presente do indicativo . Ex.: “O aluno disse:

- Sou estudioso.” Verbo no pretérito perfeito do indicativo . Ex.: “O aluno disse:

- Estudei ontem.” Verbo no futuro do presente . Ex.: “O aluno disse:

- Estudarei muito.” Verbo no imperativo , presente do subjuntivo ou futuro do subjuntivo . Ex.: “-Não faça escândalo - disse o aluno.” Oração justaposta . Ex.: “O aluno disse: - A prova está fácil .”

Enunciado em 3ª pessoa . Ex.: “O aluno disse que iria à escola.” Verbo no pretérito imperfeito do indicativo . Ex.: “O aluno disse que era estudioso.” Verbo no pretérito mais-que-perfeito do indicativo . Ex.: “O aluno disse que estudara ontem.” Verbo no futuro do pretérito . Ex.: “O aluno disse que estudaria muito.” Verbo no pretérito imperfeito do subjuntivo . Ex.: “O aluno disse que não fizesse escândalo.” Oração com conjunção . Ex.: “O aluno disse que a prova estava fácil.”

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Oração interrogativa direta . Ex.: “O aluno perguntou:

- Lá é bom?” Pronomes demonstrativos de 1ª (este, esta, isto) ou 2ª (esse, essa, isso) pessoas . Ex.: “O aluno disse:

-Esta é a prova.” Advérbios de lugar aqui e cá. Ex.: “O aluno disse:

Aqui está a prova.” Presença de vocativo . Ex.: Você vai aplicar a prova, professor ? – perguntou o aluno.

Oração interrogativa indireta (forma declarativa). Ex.: “O aluno perguntou se lá era bom.” Pronome demonstrativo de 3ª pessoa (aquele, aquela, aquilo) . Ex.: “O aluno disse que aquela era a prova.” Advérbio de lugar ali e lá. Ex.: “O aluno disse que ali estava a prova.”

Presença de objeto indireto na oração principal . Ex.: O aluno perguntou ao professor se ele aplicaria a prova.

4) Emprego de elementos anafóricos. Exemplos: José de Alencar e Machado de Assis são importantes escritores brasileiros; Machado de Assis escreveu Dom Casmurro; José de Alencar , Iracema. José de Alencar e Machado de Assis são importantes escritores brasileiros; este escreveu Dom Casmurro; aquele , Iracema.

Os pronomes “este” e “aquele” substituem, respectivamente, os substantivos próprios “Machado de Assis” e “José de Alencar”. São elementos anafóricos, ou seja, retomam termos mencionados anteriormente na superfície textual. 5) Transposição de voz verbal. Exemplos:

� Da ativa para passiva analítica: 1º) o objeto direto da ativa torna-se sujeito da passiva; 2º) o tempo verbal da voz ativa permanece inalterado na voz passiva; 3º) o sujeito da ativa torna-se agente da passiva.

Vejam a transposição:

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O veterinário vacinou o cachorro. (voz ativa) sujeito VTD OD

O cachorro foi vacinado pelo veterinário. (voz passiva) sujeito loc. verbal de agente da passiva voz passiva

� Da passiva analítica para a ativa:

1º) o agente da passiva torna-se sujeito da ativa; 2º) o tempo verbal da voz passiva permanece inalterado na voz ativa; 3º) o sujeito da passiva torna-se objeto direto da ativa. Vejam a transposição:

O cachorro foi vacinado pelo veterinário. (voz passiva) sujeito loc. verbal de agente da passiva voz passiva

O veterinário vacinou o cachorro. (voz ativa) sujeito VTD OD

� Da ativa para a voz passiva sintética (e vice-versa):

Casas são vendidas . Vendem -se casas. Dão-se aulas de português. Aulas de português são dadas . 6) Omissão de elementos. Exemplo: Bebida mata; velocidade também mata . Bebida mata; velocidade, também. No exemplo acima, houve a elipse (omissão) do verbo “matar”. Desejamos um ano novo melhor e mais interessante.

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Desejamos um ano novo melhor, mais interessante. No segundo exemplo, houve a omissão do conectivo “e” por meio do emprego da vírgula. 7) Nominalização (ou substantivação). Exemplo: Elegeram a presidente Dilma em 2010. A eleição da presidente Dilma ocorreu em 2010. 8) Inversão da ordem dos termos. Exemplos: A mente de Deus, bem como a internet, pode ser acessada por qualquer um, no mundo todo. A mente de Deus pode ser acessada, no mundo todo, por qualquer um, bem como a internet. Aquele rapaz deu flores à namorada ontem . Aquele rapaz, ontem , deu flores à namorada. Ontem , aquele rapaz deu flores à namorada. Conforme vimos acima, para que haja a inversão da ordem do período, a pontuação é fundamental.

A seguir, vejam que os recursos de pontuação podem modificar o sentido de um período. Exemplo: O menino inquieto fazia muitas travessuras. O menino, inquieto , fazia muitas travessuras. Na primeira oração, o adjetivo “inquieto” indica uma característica que era permanente no menino. Porém, na segunda, a intercalação entre vírgulas indica que a inquietude do menino era momentânea. Logo, não se trata de uma paráfrase. A inversão da ordem de palavras dentro da frase também pode acarretar mudança de sentido. Nesses casos, também não haverá paráfrase.Vejam: João é um alto funcionário. (= funcionário graduado, de alto escalão).

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João é um funcionário alto . (= funcionário de elevada estatura) Existem determinadas pessoas . (= quaisquer pessoas) Existem pessoas determinadas . (= pessoas decididas, resolutas) Comprei o relógio certo . (= relógio ideal) Comprei um certo relógio . (= qualquer relógio) Rodrigo é um velho amigo. (= amigo de longa data) Rodrigo é um amigo velho . (= amigo idoso) Entretanto, é preciso que vocês fiquem atentos, pois nem sempre a inversão da ordem de palavras acarretará mudança de sentido. Nesses casos, teremos paráfrases. Vejam: Passei por maldormidas noites . Passei por noites maldormidas . Em ambas as frases, o substantivo “noites” é caracterizado pelo adjetivo “maldormidas”. Como não houve mudança da classe gramatical, não houve mudança semântica. Portanto, a segunda frase é paráfrase da primeira. 9) Perífrases. Exemplos: Pelé foi eleito o atleta do século XX. O rei do futebol foi eleito o atleta do século XX. Gregório de Matos tem escritos belíssimos. O boca do inferno tem escritos belíssimos. 10) Troca de locuções por palavras (e vice-versa). Exemplos: As festas de verão foram um sucesso. As festas estivais foram um sucesso.

De verão é uma locução adjetiva que corresponde ao adjetivo estivais .

Sendo assim, a reescritura manteve o sentido original.

Seguem algumas locuções adjetivas e os adjetivos correspondentes:

água de chuva = água pluvial água de rio = água fluvial suco de estômago = suco gástrico / estomacal era de gelo = era glacial período de guerra = período bélico amor de irmão = amor fraternal festas de verão = festas estivais cordão de umbigo = cordão umbilical

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atitude de paixão = atitude passional jogada de mestre = jogada magistral gesto de criança = gesto infantil / pueril

Esses e muito outros recursos podem ser utilizados com a finalidade de parafrasear um texto. Sendo assim, é importante que vocês leiam com bastante atenção: caso haja mudança de sentido, a reescritura não será uma paráfrase.

Agora, vamos resolver algumas questões. 37. (FUNRIO-2010/FIOTEC) “Portanto, cabe ao profissional de saúde identificar e compreender o processo do aleitamento materno no contexto sociocultural e familiar...” A única reescritura que modifica o sentido do trecho acima reproduzido é: A) “Por isso, cabe ao profissional de saúde identificar e compreender o processo do aleitamento materno no contexto sociocultural e familiar...” B) “Assim, cabe ao profissional de saúde identificar e compreender o processo do aleitamento materno no contexto sociocultural e familiar...” C) “Todavia, cabe ao profissional de saúde identificar e compreender o processo do aleitamento materno no contexto sociocultural e familiar...” D) “Logo, cabe ao profissional de saúde identificar e compreender o processo do aleitamento materno no contexto sociocultural e familiar...” E) “Então, cabe ao profissional de saúde identificar e compreender o processo do aleitamento materno no contexto sociocultural e familiar...” Comentário: Inicialmente, devemos observar que, no enunciado, o conector “portanto” exprime valor conclusivo. A acepção conclusiva é encontrada nos termos “por isso”, “assim”, “logo” e “então”. Entretanto, na assertiva (C), temos um elemento coesivo que expressa matiz semântico de adversidade, não representando uma paráfrase. Assim, esta é a resposta da questão. Gabarito: C. 38. (FUNRIO-2008/MINISTÉRIO DA JUSTIÇA) “Assim, parte da renda obtida por essas instituições é proveniente do comércio informal.” O fragmento acima poderia ser reescrito, mantendo o mesmo sentido presente no texto II, da seguinte forma: A) Parte da renda obtida por essas instituições é, pois, proveniente do comércio informal. B) Contudo, parte da renda obtida por essas instituições é proveniente do comércio informal. C) Parte da renda obtida por essas instituições é, todavia, proveniente do comércio informal. D) Embora parte da renda obtida por essas instituições seja proveniente do comércio informal. E) Se parte da renda obtida por essas instituições for proveniente do comércio informal.

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Comentário: No enunciado, identificamos que o conector “assim” exprime valor de conclusão, acepção que é expressa apenas na assertiva (A): o conector “pois”, empregado após a forma verbal “é”, pertence ao rol das conjunções conclusivas. Logo, esta é a resposta da questão. Nas demais opções, temos elementos conectivos que expressam valores de: b) adversidade, por meio do conector “contudo”; c) adversidade, por meio do conector “todavia”; d) concessão, com a utilização da conjunção “embora”; e) condição, por meio da conjunção “se”. Gabarito: A. 39. (FUNRIO-2008/IDENE-MG) O segmento inicial do Hino Nacional Brasileiro diz o seguinte: “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas// De um povo heróico o brado retumbante”. Mantendo o sentido original do excerto, reescrevendo seus versos a partir do sujeito da oração original e desfazendo as inversões nele ocorrentes, o texto resultaria em: A) As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heróico. B) As plácidas margens ouviram do Ipiranga o heróico brado retumbante de um povo. C) As margens do Ipiranga, plácidas, ouviram de um povo o retumbante brado heróico. D) Do Ipiranga as margens plácidas ouviram O brado retumbante de um povo heróico. E) Ouviram as margens plácidas do Ipiranga De um povo o heróico brado retumbante. Comentário: Os versos que iniciam o Hino Nacional Brasileiro estão dispostos na ordem indireta, ou seja, os termos da oração não seguem a progressão sujeito – verbo – complemento(s) verbal(is) – adjunto(s) adverbial(is). Colocando os termos na ordem direta, temos as seguintes funções sintáticas: As margens plácidas do Ipiranga = sujeito do Ipiranga = adjunto adnominal ouviram = núcleo do predicado o brado retumbante de um povo heróico = objeto direto de um povo heróico = adjunto adnominal Portanto, o texto reescrito resultaria em “As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heróico”, período contido na assertiva (A). Gabarito: A.

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40. (FUNRIO-2008/Prefeitura de Campos dos Goytacazes) “... mesmo que só se dê o exemplo de como botar uma palavra depois da outra...” De acordo com o texto I, a reescritura que mantém o mesmo sentido do trecho destacado acima é: A) “... embora só se dê o exemplo de como botar uma palavra depois da outra...” B) “... à medida que só se dê o exemplo de como botar uma palavra depois da outra...” C) “... porque só se dá o exemplo de como botar uma palavra depois da outra...” D) “... quando só se dá o exemplo de como botar uma palavra depois da outra...” E) “... onde só se dê o exemplo de como botar uma palavra depois da outra...” Comentário: No trecho contido no enunciado, a expressão “mesmo que” expressa ideia de concessão. O mesmo valor semântico é encontrado na opção (A), por meio do emprego da conjunção “embora”. Nas demais opções, temos os seguintes valores: b) proporcionalidade (à medida que); c) explicação (porque); d) tempo (quando); e) lugar (onde). Gabarito: A. 41. (FUNRIO-2008/Prefeitura de Coronel Fabriciano-MG) Indique a alternativa em que podemos substituir a palavra destacada pela expressão “a fim de” sem que o sentido original da frase se altere: A) “Armando levou o futebol para o campo das epopéias.” B) “Como é bom amar o esporte que melhor representa a alma do Brasil.” C) Então vai para o esporte.” D) “ (...) para retribuir momentos de inspiração e transpiração vividos ali.” E) “Pelos seus incontáveis gols de letra (...) ” Comentário: Inicialmente, é necessário saber que a expressão “a fim de” exprime ideia de finalidade. Essa locução equivale ao rol de elementos coesivos que também expressam essa acepção semântica, tais como a locução conjuntiva “para que”. O mesmo matiz semântico é encontrado na opção (D), em que a preposição “para” introduz uma oração subordinada adverbial final reduzida de infinitivo. Vejam que esse trecho pode ser desenvolvido em “para que retribuísse momentos de inspiração e transpiração vividos ali”. Logo, esta é a resposta da questão. Gabarito: D.

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VARIAÇÃO LINGUÍSTICA

Antes de estudar o que variação linguística, precisamos entender o que é linguagem. Por linguagem compreende-se a capacidade de se comunicar por meio de um código . Este, por sua vez, é um conjunto de sinais utilizados para passar uma determinada mensagem. Existem, basicamente, dois tipos de linguagem: a verbal e a não verbal. Linguagem verbal - aquela que utiliza a língua (oral ou escrita), que se manifesta por meio das palavras. Exemplo: “Batatinha quando nasce esparrama pelo chão. Mamãezinha quando dorme põe a mão no coração.” Linguagem não verbal - aquela que utiliza qualquer código que não seja a palavra: pintura, dança, música, gesto, mímica etc. Dessa forma, a variação pode ser vista como uma manifestação da

variabilidade das línguas, observada na diversidade de usos linguísticos de uma

comunidade e explicada por fatores políticos, geográficos ou culturais. Sob esse

ponto de vista, a variação é manifestada por um conjunto de marcas realizadas no

terreno prosódico, fonológico, morfológico, sintático, léxico-semântico e discursivo.

Há diversos tipos de variação linguística, destacando-se as dialetais.

As variações dialetais podem ocorrer quanto:

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a) à idade .

Exemplo:

DOIS BONS FILHOS

Outro dia um senhor de cinquenta anos me falava da mãe dele mais ou menos assim: - Se há alguém que eu adoro neste mundo é minha mãezinha. Ela vai fazer 73 anos no dia 19 de maio. Está forte, graças a Deus e muito lúcida. Há 41 anos que está viúva, papai, coitado, faleceu muito moço, com uma espinha de peixe atravessada no esôfago: pois não há dia em que mãezinha não se lembre dele com um amor tão bonito, com um respeito... Deu-se que no mesmo dia encontrei um rapaz de dezoito anos , que me contou mais ou menos assim: - Velha bacaninha é a minha. Quando ela está meio adernada, mais pra lá do que pra cá, ela ainda me dá uma broncazinha. Bronca de mãe não pega, meu chapa. Eu manjo ela todinha: lá em casa só tem bronca quando ela encheu a cara demais. A velha toma pra valer! Ou então foi um troço em que eu não meto a cara. Que é que eu tenho com a vida da velha? Pensa que eu me manco. Quando ela tá de bronca, o titio aqui já sabe: taco-lhe três equanil. É batata. Daí a pouco ela fica macia e vai soltando o tutu...

(Paulo Mendes Campos) b) ao sexo . Exemplo: Homem: - Cara, preciso te contar o que aconteceu ontem na festa... Mulher: - Ai, menino! Preciso te contar o que aconteceu ontem na festa... c) à região . Exemplo: A mandioca, um presente da Amazônia, pode ser mencionada de diferentes formas dentro do território brasileiro: “aipim”, “macaxeira”, “castelinha”, “maniva” e “maniveira”.

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d) à geração , época . Exemplo: “Exmo. Sr. Unicamente a necessidade me sujerio a publicação deste punhado de rimas (...) Eu e minha esposa, moça igualmente enferma, desde que entramos no hospital, há quasi dois annos que, por exclusiva injustiça, estamos privados das quotas dos donativos feitos pela caridade aos que, como nós, vieram esconder seu infortúnio sob o tecto hospitalar. E nem roupa nem um lençol recebemos do estabelecimento estipendiado pela municipalidade, cujo prefeito Dr. Miguel Penteado não se dignou prestar attenção às minhas queixas. (...)”

(Firmo Anônio. Argueiros , 1924. )

Na época atual, o texto acima seria transcrito da seguinte forma:

“Exmo. Sr. Unicamente a necessidade me sugeriu a publicação deste punhado de rimas (...) Eu e minha esposa, moça igualmente enferma, desde que entramos no hospital, há quase dois anos que, por exclusiva injustiça, estamos privados das quotas dos donativos feitos pela caridade aos que, como nós, vieram esconder seu infortúnio sob o teto hospitalar. E nem roupa nem um lençol recebemos do estabelecimento estipendiado pela municipalidade, cujo prefeito Dr. Miguel Penteado não se dignou prestar atenção às minhas queixas. (...)”

e) ao plano sócio-econômico . Exemplo:

VÁRIAS IDÉIAS Acordou cedo, gritou: “Zica maldita!”. Rapaz, o vocabulário do tranca-ruas é ziquizira. “Rapaz, num vacila de madruga, entendeu?” “Entendi, os P.M. sobe o gás. Então vamos sumariar. Quantos de nóis cê quer matar? Grota, granja, boca, biqueira, movimento, verme, milho a vida inteira. Mil grau, frenético, qual que é a urucubaca? Que cê faz se não tiver que voltar para casa? Quem te deu um sorriso hoje, pique pá alguém de longe (...) Muitos sofre, eta que sofre, mas poucos lembra. Povo gado, voto mal dado, fila quilométrica para encher prato de deputado. Picha os muro, xinga os putos, mete a boca, depois cheira dentro da goma. (...)

(Ferréz. Caros Amigos nº 89.)

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NORMA CULTA X NORMA COLOQUIAL A Norma ou Língua Culta é um tipo de variação linguística que se caracteriza por seguir as normas estabelecidas de acordo com a gramática normativa. Ela é falada e escrita em situações que exigem formalidade. Por sua vez, a Língua Coloquial é a variação linguística utilizada em situações informais. É a língua do cotidiano.

Vejamos, por exemplo, a carta que Fernando Sabino enviou a Mário de Andrade. A seguir, apresentarei uma questão com os respectivos comentários.

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Belo Horizonte, 28 de julho de 1942. Meu caro Mário, Estou te escrevendo rapidamente, se bem que haja muitíssima coisa que eu quero te falar (a respeito da Conferência, que acabei de ler agora). Vem-me uma vontade imensa de desabafar com você tudo o que ela me fez sentir. Mas é longo, não tenho o direito de tomar seu tempo e te chatear.

Fernando Sabino. 42. Neste trecho de uma carta de Fernando Sabino a Mário de Andrade, o emprego de linguagem informal é bem evidente em: (A) “se bem que haja”. (B) “que acabei de ler agora”. (C) “Vem-me uma vontade”. (D) “tudo o que ela me fez sentir”. (E) “tomar seu tempo e te chatear”. Comentário : A principal marca de informalidade em “tomar seu tempo e te chatear” é o fenômeno conhecido como mistura de tratamento. Na língua padrão, se optamos por tratar alguém por “tu”, devemos manter a coerência durante todo o texto, usando as formas verbais e pronominais correspondentes (exemplos “tu”, “te”, “teu”, “ti”, “quero que faças um favor”). Da mesma forma, se escolhemos o tratamento “você” ou “senhor(a)”, também devemos manter a coerência, e nesse caso as formas correspondentes são outras (“você” ou “senhor(a)”, “seu”, “lhe”, “o/a”, “si”). Na carta, ocorre mistura de tratamento porque ora o autor escolhe “tu” e ora escolhe “você”. Portanto, na frase destacada na alternativa (E), ocorre uma mistura de tratamento, graças ao uso tanto do pronome “te” (referente ao tratamento “tu”) quanto do pronome “seu” (referente ao tratamento “você”). Embora a norma padrão condene essa mistura, ela é absolutamente comum no português não padrão. Gabarito: E. 43. Você pode dar um rolê de bike, lapidar o estilo a bordo de um skate, curtir o sol tropical, levar sua gata para surfar. Considerando-se a variedade linguística que se pretendeu reproduzir nesta frase, é correto afirmar que a expressão proveniente de variedade diversa é: (A) “dar um rolê de bike”. (B) “lapidar o estilo”. (C) “a bordo de um skate”. (D) “curtir o sol tropical”. (E) “levar sua gata para surfar”.

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Comentário : A variante reproduzida é o registro coloquial, informal, que é coerente com o tipo de atividade descrito na frase (passear de bicicleta, andar de skate, aproveitar a praia, surfar) e, talvez, com a faixa etária mais frequentemente associada a tais atividades (adolescentes e adultos jovens). Assim, se o enunciado pede a variedade DIVERSA, o que se quer é um exemplo de uso formal. Na alternativa (A), aparece a expressão coloquial “dar um rolê”. Em (C), emprega-se a expressão “a bordo” fora de seu sentido literal (já que o skate não é uma embarcação), caracterizando um uso informal, na medida em que o sentido da expressão se afasta daquele reconhecido nos dicionários. Em (D), aparece o verbo “curtir” usado como gíria, no sentido de “aproveitar”. Por fim, na letra (E), aparece o substantivo “gata” também empregado como gíria, fora do seu sentido literal. Por isso, apenas a alternativa (B) exemplifica o registro formal. Gabarito: B. Textos para a questão 44. Texto I Pronominais Dê-me um cigarro Diz a gramática Do professor e do aluno E do mulato sabido Mas o bom negro e o bom branco da Nação Brasileira Dizem todos os dias Deixa disso camarada Me dá um cigarro

ANDRADE, Oswald de. Seleção de textos. São Paulo: Nova Cultural, 1988 Texto II “Iniciar a frase com pronome átono só é lícito na conversação familiar, despreocupada, ou na língua escrita quando se deseja reproduzir a fala dos personagens (...).”

CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. São Paulo: Nacional, 1980.

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44. Comparando a explicação dada pelos autores sobre essa regra, pode-se afirmar que ambos: (A) condenam essa regra gramatical. (B) acreditam que apenas os esclarecidos sabem essa regra. (C) criticam a presença de regras na gramática. (D) afirmam que não há regras para uso de pronomes. (E) relativizam essa regra gramatical. Comentário : Após a leitura dos dois textos, fica a mesma mensagem: existem determinados contextos (aqueles mais formais) nos quais se deve seguir a regra gramatical; nas situações informais, porém, ela não precisa ser seguida estritamente. É nisso que consiste a ideia de relativizar a regra gramatical: trata--se de defender que ela não tem valor absoluto, mas que, ao contrário, deve ser seguida em alguns casos e não em outros. No final do poema, fica clara a tese de que, no dia a dia, as prescrições gramaticais podem ficar de lado: “Deixa disso camarada / Me dá um cigarro” (a forma “Me dá”, no lugar de “Dá-me”, é um desvio em relação à norma culta). No segundo texto, a mesma posição fica clara quando se afirma que violar a norma culta (afinal, “Iniciar a frase com pronome átono” é uma violação da norma culta) “é lícito na conversa familiar”. Nos dois casos, reitere-se, a mesma opinião: a regra não é absoluta, e sim relativa, na medida em que ela não vale em todos os contextos, mas apenas em alguns (aqueles mais formais). Gabarito: E.

Reunião sobre clima termina com racha A penúltima reunião de negociação antes da conferência do clima de Copenhague terminou ontem em Bancoc, Tailândia, com duas promessas: uma dos países desenvolvidos, de que vão acabar com o Protocolo de Kyoto em favor de um acordo do clima único para ricos e pobres. A outra, dos países em desenvolvimento, de que não deixarão isso acontecer. "O Grupo da África se opõe à substituição do Protocolo de Kyoto por quaisquer outros acordos. Vou repetir: o Grupo da África se opõe à substituição do Protocolo de Kyoto por quaisquer outros acordos", declarou o representante da Argélia numa das plenárias finais do encontro, ontem de manhã. Foi apoiado por todo o G77, o grupo dos países em desenvolvimento, que o Brasil integra. 45. (FUNRIO-2009/MDIC/Analista Administrativo) O título da notícia jornalística “Reunião sobre clima termina com racha” apresenta marca de variação linguística própria: A) da expressão retórica no nível lexical. B) do registro informal no nível semântico.

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C) do estilo jornalístico no nível sintático. D) da fala popular no nível mórfico. E) do texto formal, no nível fonético. Comentário: No trecho “Reunião sobre clima termina com racha”, transmite-se a informação de que ocorreram opiniões opostos, adversas, durante a penúltima reunião de negociação antes da conferência do clima de Copenhague. Essa oposição é ratificada, no texto, por meio do excerto “A penúltima reunião (...) terminou (...) com duas promessas: uma dos países desenvolvidos , de que vão acabar com o Protocolo de Kyoto em favor de um acordo do clima único para ricos e pobres. A outra, dos países em desenvolvimento , de que não deixarão isso acontecer”. Com isso, houve um “racha”, uma cisão entre os grupos. Entretanto, se observado unicamente sob o prisma do título, o vocábulo “racha” pode significar “pega” (corrida de carros não autorizada). Com isso, temos um registro informal no nível semântico, validando a opção (B) como resposta da questão. Gabarito: B. 46. (FUNRIO-2009/FURP/Auxiliar de Produção) Um jovem escreveu a um colega de classe o seguinte bilhete: “Solicito respeitosamente que se digne a emprestar-me, por dois dias tão-somente, o compêndio de Química”. A atitude comunicativa desse aluno pode ser comparada à de um indivíduo que: A) vai ao jogo de futebol de chinelo e bermuda. B) comparece a um baile de formatura trajando smoking. C) vai à praia de terno completo e gravata. D) vai ao tribunal do júri de short e camiseta. E) veste terno e gravata para discursar no Instituto Histórico. Comentário: Meus amigos, vocês conhecem alguém que já pediu um livro emprestado dessa forma? Caso afirmativo, internem essa pessoa ! (rs...) Brincadeiras à parte, o enunciado da questão teve como finalidade nos informar que o nível da linguagem deve estar em consonância com o contexto em que nos encontramos. Imaginem, por exemplo, uma situação comunicacional em que um médico, portador de vários diplomas e de cursos de aperfeiçoamento, comece a empregar vocábulos específicos ou jargões de sua área em um vilarejo localizado no sertão nordestino, região de parcos recursos. Ora, sem o demérito da população da mencionada localidade, seria raro que houvesse a compreensão integral da mensagem repassada pelo médico. Entretanto, o médico é quem estaria “errado”, pois deveria adaptar o nível de linguagem ao público-alvo de sua mensagem. No bilhete, reparem que a linguagem empregada é totalmente destoante do gênero sala de aula, em que colegas, amigos e demais estudantes se relacionam. Essa mesma discrepância é encontrada na assertiva (C). De acordo com a afirmação “vai à praia de termo completo e gravata”, há a representação de uma inadequação do uso da língua no contexto em que se insere. Gabarito: C.

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Texto para a questão 47.

47. (FUNRIO-2009/FURNAS/Administrador) A charge “Inclusão Digital” procura alcançar um efeito de humor colocando em destaque: A) a homonímia entre palavras ambíguas. B) os desvios ortográficos do enunciado. C) a adaptação dos estrangeirismos. D) a oposição semântica de duas preposições. E) a religiosidade e o tecnicismo. Comentário: A resposta da questão encontra-se na letra (D). Na mensagem pintada no muro, o segmento ‘www.sem.br’ faz alusão à mudança da preposição “com” pelo termo “sem”. Com isso, percebe-se uma oposição entre as preposições “com” e “sem”, ou seja, constitui-se uma oposição semântica, apresentando significados distintos. Nas demais opções, temos: a) Errada. A assertiva não atende ao comando do enunciado porque a palavra “inclusão” não é ambígua. Esse vocábulo admite, somente, adjetivos distintos, tal como ocorre em “inclusão digital” e “inclusão social”. b) Errada. Considerando o contexto informal da charge, não há desvios ortográficos. c) Errada. Por sua vez, esta assertiva faz menção ao estrangeirismo presente na origem de vários vocábulos do âmbito da informática. Entretanto, o humor da charge refere-se a um recurso da língua portuguesa, qual seja, a troca da preposição “com” pelo termo “sem”. e) Errada. Por fim, a charge não enfatiza a religiosidade, contrariando a redação desta assertiva. Gabarito: D.

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FIGURAS DE LINGUAGEM

Figuras de linguagem são construções que transformam o significado das

palavras para tirar delas maior efeito ou para construir uma mensagem nova. As figuras com maior probabilidade de aparecer nas provas da FJG são: a) COMPARAÇÃO – identifica elementos por meio de característica(s) comum(ns). Ocorre quando é expressa a conjunção (ou locução) comparativa (como , feito , que nem ...). Exemplos: “Seus cabelos eram mais negros do que a asa graúna.” (J. Alencar) Heitor é forte como um touro. “Doramundo é alto feito um poste.” (Sérgio Porto) “Tio Dácio parecia bravo que nem fera.” (Alcântara Machado) b) METÁFORA – é uma comparação elíptica da conjunção comparativa. Nessa figura de linguagem, as conjunções como , que nem , feito etc. não estão explícitas. Exemplos: Heitor é um touro. Tio Dácio era uma fera! Doramundo era um poste. “A vida é combate...” (Gonçalves Dias)

No trecho “... aquele machado ali é mais perigoso que a sua foice!”, há uma linguagem metafórica: o machado não é perigoso, pois é um instrumento que serve para cortar, mas o “homem” que utiliza esse instrumento é que é perigoso, pois pode destruir toda a natureza com ele.

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c) CATACRESE – é uma metáfora que caiu no uso popular. Por essa razão, é corriqueira, está desgastada pelo uso. Exemplos: O poema está no pé da página . O atacante ficou na cara do gol . Outros exemplos: barriga da perna, boca do caixa, perna da mesa ...

d) PERSONIFICAÇÃO (ou prosopopeia) - atribuição características humanas a seres inanimados ou irracionais. Exemplos: “O tempo passou na janela e só Carolina não viu.” (Chico Buarque)

O Sol amanheceu triste e escondido .

A lua beijava a face do lago adormecido. “Uma ilusão gemia em cada canto...” (Camões)

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e) HIPÉRBOLE – figura que consiste em engrandecer ou diminuir exageradamente a verdade. Exemplos: Já falei trezentas vezes para você! “A branca areia as lágrimas banhavam Que em multidão com ela se igualavam.” (Camões) “Sonhava com milhões de estrelas iluminando a tua casa.” (Clarice Lispector)

Estou morto de cansaço!

f) SINESTESIA – figura que utiliza, simultaneamente, alguns dos cinco sentidos. Para que vocês se lembrem dessa figura de linguagem, vejam a imagem a seguir, que representa a mistura de sensações:

Exemplos: Senti um cheiro doce no ar. “Sons noturnos . Perfumes macios. Fresca música da brisa.” (Cecília Meireles) “Agora, o cheiro áspero das flores.” (Cecília Meireles)

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g) METONÍMIA (ou sinédoque) – consiste na substituição do um nome de um objeto pelo nome de outro, com o qual está a relação. Metonímia significa “mudança de nome”. As principais relações metonímicas são: - O autor pela obra. Exemplos: Volta e meia consulto Bechara .

Ela adora Portinari . (a obra Portinari) - O inventor pelo invento. Exemplo: “Gaetaninho ficou banzando bem no meio da rua. O Ford quase o derrubou e ele não viu o Ford . (Alcântara Machado) - O lugar/a marca pelo produto. Exemplos: Durante os jogos, tomamos umas brahmas . (em vez de “cervejas fabricadas pela Brahma”.

Outro exemplo:

Frequentemente, o produto palha de aço é associado à marca Bom Bril . - O efeito pela causa e vice-versa. Exemplos: Respeite meus cabelos brancos . (=Respeite minha idade .) - O continente pelo conteúdo e vice-versa. Exemplos: Bebi um copo d’água . “Ninhos cantando! Em flor a terra toda!” (Olavo Bilac) - (Ninhos = pássaros)

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- O concreto pelo abstrato. Exemplo: Ele era meu braço direito (amparo). - A matéria pelo artefato. Exemplo: O bronze já não soa. (bronze = sino) - a parte pelo todo . Exemplo: Ah, os rostos sentados numa sala de espera. (rostos = pessoas) h) GRADAÇÃO – ocorre quando há sequência de palavras – sinônimas ou não –, cujo sentido vai se intensificando (gradação crescente) ou atenuando (gradação decrescente) gradativamente. Exemplos: “- Já se supunha um príncipe , um gênio , um deus , mas que caiu das alturas, rodopiou no ar e estatelou-se no abismo.” (Machado de Assis) “O trigo... nasceu , cresceu , espigou , amadureceu ...” (Pe. Antônio Vieira) i) ANTÍTESE - é a oposição entre duas ou mais ideias. Por meio desse recurso estilístico, faz-se a contraposição de palavras ou expressões para: - pôr em relevo a oposição entre elas. Exemplo: “Residem juntamente no teu peito um demônio que ruge e um Deus que chora.” (Olavo Bilac) "Sendo a sua liberdade era a sua escravidão ." (Vinicius de Moraes) - obter um efeito paradoxal. Exemplos: “Nada! Esta só palavra em si resume tudo .”

(Raimundo Correia) “Amo -te assim: meio odiosamente !” (Augusto dos Anjos) Atenção!

Há um tipo especial de antítese, denominado OXIMORO. Este recurso consiste na ligação entre duas ideias ou pensamentos que se excluem.

Exemplos: amarga doçura; morte viva; eterno relance; silêncio eloquente; boato fidedigno; crescimento negativo; lúcida loucura; valentia covarde; inocente culpa; “É ferida que dói e não se sente” (Camões); etc.

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j) EUFEMISMO - fenômeno semântico que consiste na suavização de ideias desagradáveis por meio de outras menos chocantes ou mais polidas. É a ironia delicada, sutil. Exemplos: “Partiu para uma vida melhor.” (por Morreu. ) “Você faltou com a verdade.” (por você Você mentiu. )

No 2º, 3º e 4º quadrinhos, a fala da primeira personagem é eufemismo daquela contida no 1º (Ladrão, canalha e traiçoeiro!). IRONIA - ocorre quando se diz o contrário do que se pensa; depende da entonação que se usa. Exemplos: “A excelente D. Inácia era mestra na arte de judiar de crianças.” (Monteiro Lobato) Olha só como o quarto está arrumado ! Tudo de pernas para o ar!

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PERÍFRASE - expressão que designa seres ou coisas por um de seus atributos. Exemplos: O rei do futebol é o melhor de todos os tempos. (Pelé) A cidade luz está enfeitada para o natal. (Paris) ALITERAÇÃO - repetição de fonemas consonantais. Exemplo: “Boi bem bravo, bate baixo, bota baba, boi berrando.” (Guimarães Rosa) “Chove chuva chovendo Que a cidade de meu bem Está-se toda se lavando” (Oswald de Andrade) A bela bola rola: A bela bola do Raul.” (Cecília Meireles)

Em “o rato roeu a roupa do rei de Roma”, temos uma aliteração (repetição de fonemas consonantais). ASSONÂNCIA - repetição de fonemas vocálicos. Exemplo: “Ó formas alvas, brancas, formas claras.” (Cruz e Sousa) “A linha feminina é carimá Moqueca, pititinga, caruru Mingau puba, e vinho de caju Pisado num pilão de Piraguá.” (Gregório de Matos) PARONOMÁSIA – é o emprego próximo de vocábulos foneticamente parecidos. Exemplos: “Aquela estrela é dela Vida, venta, vela, leva -me daqui.” (Raimundo Fagner) “Eu, você, João girando na vitrola sem parar A fossa , a bossa , a nossa grande dor...” (Carlos Lyra)

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ONOMATOPEIA - figura de linguagem que reproduz o som natural de algo. Exemplo: “O silêncio fresco despenca das árvores. Veio de longe, das planícies altas, Dos cerrados onde o guaxe passe rápido... Vvvvvvv ... passou.” (Mário de Andrade) Outros exemplos:

ELIPSE - omissão de um termo facilmente subentendido, mencionado anteriormente ou não. Exemplo: “No mar, tanta tormenta e tanto dano.” (Camões) - elipse do verbo haver (“No mar, há tanta tormenta e tanto dano.”) Durmo na hora que quero, (durmo) durante o tempo que preciso e (durmo) às vezes até no lugar indevido.

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PLEONASMO - consiste na repetição de uma ideia anteriormente sugerida ou na repetição de um termo já expresso. Exemplos: “Ele admirava menos a tela que a pintora, Ela menos o espetáculo que o admirador, e eu via-os com estes olhos que a terra há de comer.” (Machado de Assis)

SILEPSE - concordância com um termo subentendido que temos em mente. A silepse pode ser: - de gênero: A criança estava acamado. (a criança pertence ao sexo masculino) - de número: A multidão assistia satisfeita, aplaudiam e acreditavam. - de pessoa: Você e os que pensam assim, não teremos muitas surpresas. HIPÉRBATO - inversão da ordem natural das palavras na frase ou de oração no período. Exemplo: “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas De um povo heroico o brado retumbante ” (Hino Nacional) Na ordem direta, teríamos: As margens plácidas do Ipiranga ouviram O brado retumbante de um povo heróico

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POLISSÍNDETO - repetição de conjunções, ligando termos da oração. Exemplo: “trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua” (Olavo Bilac) “E sob as ondas ritmadas E sob as nuvens e os ventos E sob as pontes E sob o sarcasmo E sob a gosma E sob o vômito (…)” (Euclides da Cunha) ASSÍNDETO - omissão intencional da conjunção. Exemplo: “Fere, mata, derriba denodado...” (Camões) ANÁFORA - repetição da mesma palavra (ou expressão) no começo de cada um dos membros da frase. Exemplo: “Eu quase não saio Eu quase não tenho amigo Eu quase não consigo Ficar na cidade sem viver contrariado.” (Gilberto Gil) “Amor é um fogo que arde sem se ver; É ferida que dói e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer” (Camões) "Vi uma estrela tão alta, Vi uma estrela tão fria! Vi uma estrela luzindo, Na minha vida vazia." (Manuel Bandeira) ANACOLUTO - mudança de construção sintática no meio do enunciado. O termo fica sem função sintática. Exemplos: “Essas empregadas de hoje , não se pode confiar nelas” (Alcântara Machado) O homem , chamar-lhe mito não passa de anacoluto. (Carlos Drummond de Andrade) A vida , não sei realmente se ela vale alguma coisa.

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48. (FUNRIO-2012/CEITEC) Do mesmo grupo da metonímia, a hipálage é uma figura de linguagem que se baseia na transposição de sentidos, criando um desajuste entre a função gramatical e a função lógica das palavras. É o que ocorre na seguinte frase de jornal: A) Castelo em estilo medieval que era igreja pode virar hotel em Ubatuba. B) Jornalismo preguiçoso caracteriza imprensa curitibana. C) Ao menos 120 praias no País estão sendo engolidas com o avanço do mar. D) Equipes de resgate recuperam caixa-preta de avião que caiu na Indonésia. E) Maldonado é o primeiro venezuelano a vencer na Fórmula 1. Comentário: A hipálage é uma figura de linguagem que consiste na atribuição a um ser ou coisa, representando por uma palavra, uma qualidade ou ação pertencente a outro ser ou coisa, expresso ou subentendido na frase. Exemplo: "Aves cheirosas, flores ressonantes." (Gregório de Mattos)

No exemplo acima, “cheirosas”, uma característica pertencente às “flores”, foi

atribuída às “aves”. Por sua vez, “ressonantes”, qualidade das “aves”, foi atribuída às “flores”. A essa figura de linguagem dá-se o nome de hipálage.

Esse mesmo recurso é encontrado na assertiva (B). A característica “preguiçoso”,

típica de seres animados, foi atribuída ao “jornalismo” (ramo de trabalho). Portanto, esta é a resposta da questão.

Gabarito: B. 49. (FUNRIO-2010/INVESTE RIO) Marque a alternativa em que se enumeram substantivos dispostos em gradação ascendente. A) garotinho gracioso, criativo e inquieto. B) estava sempre amimado, limpo, arrumado. C) matar a aula, caçar aves belas ou perseguir raposas felpudas. D) tinha atitude (...), e seriedade, certa magnificência. E) desempenhar as funções de presidente, ministro, general. Comentário: A gradação ascendente (também denominada clímax) é a sequência de palavras que vai se intensificando no decorrer do discurso. Pode ser definida como a apresentação de ideias em ritmo crescente (do menos intenso para o mais intenso), até atingir um grau máximo. Essa figura de linguagem é encontrada na assertiva (D), pois a “atitude” precede a “magnificência”. Nas demais, opções, há gradações descendentes (ou anticlímax). Logo, a letra (D) é nossa resposta. Gabarito: D.

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50. (FUNRIO-2010/Prefeitura de São João da Barra/RJ) O jabuti assim fez, e sossegadamente, porque jabuti não se apressa em caso nenhum, botou os arreios no leitão, apertou o mais que pôde a barrigueira, montou muito devagar e lept! lept! fincou-lhe o chicote como quem surra burro bravo. – Coin! coin! coin! – berrava o pobre marquês. Nesse trecho observa-se o uso repetido de um recurso de linguagem chamado: A) hipocorístico. B) justaposição. C) aliteração. D) anadiplose. E) onomatopeia. Comentário: A resposta da questão encontra-se na assertiva (E). A onomatopeia, figura de linguagem que reproduz o som natural de algo, é marca do trecho em comento, notadamente em decorrência da presença dos sons “lept” lept” e “coin! coin!coin!”. Curiosidade : Sabem o que é hipocorístico? Hipocorístico é uma palavra cuja formação fonética tem a finalidade de suavizar o som da palavra de que se origina. Exemplos: Jango (hipocorístico de João Goulart) Malu (hipocorístico de Maria Lúcia) Zefa (hipocorístico de Josefa) Gabarito: E. 51. (FUNRIO-2009/DEPEN/Auxiliar de Consultório Dentário) “Difícil calcular se a mudança me daria vantagem ou desvantagem.” No fragmento destacado, observa-se a seguinte figura de linguagem: A) metáfora. B) eufemismo. C) anáfora. D) antítese. E) personificação. Comentário: No trecho, percebemos claramente a oposição entre os vocábulos “vantagem” e “desvantagem”. E qual a figura de linguagem que expressa termos opostos? É claro que é a antítese! Logo, a letra (D) é a resposta da questão. Gabarito: D.

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52. (FUNRIO-2009/FURP/Auxiliar de Produção) Em “Rios te correrão dos olhos, se chorares.” (Olavo Bilac), identifica-se a figura de linguagem: A) hipérbato. B) hipérbole. C) eufemismo. D) metonímia E) paradoxo. Comentário: Alguém já viu “rios” saírem dos olhos de quem chora? Obviamente, não. Nesse trecho, portanto, há um exagero, ou seja, uma hipérbole, o que caracteriza a opção (B) como resposta da questão. Gabarito: B.

Texto: O conflito se agrava [...] De acordo com o Censo 2010 do IBGE, a população indígena compreende 896,9 mil pessoas — o que corresponde a 0,4% da população brasileira —, com 305 etnias diversas e 274 idiomas. As terras indígenas simbolizam 12,5% do território nacional (dados de 2010). Aos povos indígenas, a Constituição brasileira reconhece sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, bem como os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam. É dever da União demarcar, proteger e fazer respeitar as terras indígenas. Qualquer aproveitamento de recursos hídricos (incluídos os potenciais energéticos, a pesquisa e a lavra de riquezas minerais) só pode ser efetivado com autorização do Congresso, ouvidas as comunidades indígenas afetadas. A Constituição ainda proíbe a remoção dos povos indígenas de suas terras, realçando serem nulos os atos que tenham por objeto a ocupação, o domínio e a posse de terras indígenas. Para a Corte Interamericana de Direitos Humanos, há que se assegurar aos povos indígenas o direito à propriedade coletiva da terra, como uma tradição comunitária, como um direito fundamental à sua cultura, à sua vida espiritual, à sua integridade e à sua sobrevivência econômica. Para os povos indígenas, a relação com a terra não é somente de possessão e produção: a terra é um elemento material e espiritual de que devem gozar plenamente, inclusive para preservar o seu legado cultural e transmiti-lo às gerações futuras. A Constituição brasileira mostra-se absolutamente alinhada aos parâmetros protetivos internacionais — como a Convenção 169 da OIT e a Declaração da ONU sobre Povos Indígenas de 2007. Estes instrumentos introduzem um novo paradigma para os direitos dos povos indígenas, baseado no direito à diversidade, no reconhecimento de sua identidade cultural, no direito de participação, no direito de consulta prévia, livre e informada (relativamente às decisões que lhes afetem), no direito à terra e no princípio da autodeterminação. Rompem com o enfoque integracionista de assimilação forçada dos povos indígenas. A Constituição brasileira foi a primeira da América Latina a admitir que os povos indígenas têm direito à diversidade étnica e à identidade cultural, aceitando um Estado multicultural e pluriétnico. Constituições latino-americanas recentes

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reconhecem de forma explícita a existência de Estados multiétnicos e pluriculturais, como é o caso da Constituição da Bolívia, do Equador, da Colômbia, do Peru e da Venezuela. Contudo, os indicadores sociais demonstram o grave padrão de violação aos direitos dos povos indígenas na região, como o drama da mortalidade infantil, da desnutrição, da pobreza extrema, da falta de acesso aos serviços básicos de saúde e de tensões envolvendo suas terras. A Convenção 169 da OIT, ratificada pelo Brasil, enuncia a responsabilidade dos Estados de desenvolver, com a participação dos povos indígenas, uma ação coordenada e sistemática para proteger seus direitos e garantir o respeito à sua integridade. No marco de uma sociedade pluriétnica e multirracial, é urgente ao Estado brasileiro honrar o valor constitucional da diversidade cultural e da justiça étnico-racial, assegurando especial proteção aos povos indígenas, considerando seu protagonismo e suas particularidades, na luta pela afirmação de seus direitos essenciais. Flávia Piovesan – O Globo – Publicado em 27/06/13 – Fragmento. Disponível em:http://oglobo.globo.com/opiniao/o-conflito-se-agrava-8822065

53. (FJG-2013/Pref. do Rio de Janeiro/Auxiliar de Procuradoria) A finalidade principal da autora ao produzir e publicar esse texto é: (A) enfatizar a neutralidade que envolve a disputa pelas terras indígenas (B) comparar a situação no Brasil com a de outros países multiétnicos e pluriculturais (C) introduzir um enfoque integracionista para a assimilação dos povos indígenas (D) destacar a urgência de desenvolver ações para garantir os direitos indígenas Comentário: A letra (D) é a resposta da questão. De acordo com o contexto, percebe-se a urgência de desenvolver ações para a garantia dos direitos indígenas. Essa afirmação é ratificada por meio dos seguintes excertos: “É dever da União demarcar, proteger e fazer respeitar as terras indígenas.” “(...) há que se assegurar aos povos indígenas o direito à propriedade coletiva da terra, como uma tradição comunitária, como um direito fundamental à sua cultura, à sua vida espiritual, à sua integridade e à sua sobrevivência econômica.” “Estes instrumentos (Convenção 169 da OIT e Declaração da ONU sobre Povos Indígenas de 2007) introduzem um novo paradigma para os direitos dos povos indígenas, baseado no direito à diversidade, no reconhecimento de sua identidade cultural, no direito de participação, no direito de consulta prévia, livre e informada (relativamente às decisões que lhes afetem), no direito à terra e no princípio da autodeterminação.” “(...) é urgente ao Estado brasileiro honrar o valor constitucional da diversidade cultural e da justiça étnico-racial, assegurando especial proteção aos povos indígenas, considerando seu protagonismo e suas particularidades, na luta pela afirmação de seus direitos essenciais.” Gabarito: D.

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54. (FJG-2013/Pref. do Rio de Janeiro/Auxiliar de Procuradoria) No texto, a autora defende os direitos indígenas sobre as terras que estes tradicionalmente ocupam. Dentre os segmentos do texto abaixo relacionados, o argumento mais relevante para fundamentar essa posição encontra-se em: (A) a terra é um elemento material e espiritual de que devem gozar plenamente (B) serem nulos os atos que tenham por objeto a ocupação, o domínio e a posse de terras indígenas (C) as terras indígenas simbolizam 12,5% do território nacional (dados de 2010) (D) indicadores sociais demonstram o grave padrão de violação aos direitos dos povos indígenas Comentário: No terceiro parágrafo do texto, a autora menciona que, “para os povos indígenas, a relação com a terra não é somente de possessão e produção”. De acordo com a superfície textual, “a terra é um elemento material e espiritual de que devem gozar plenamente, inclusive para preservar o seu legado cultural e transmiti-lo às gerações futuras”. Desse modo, esse segmento tem maior relevância (capacidade argumentativa) para fundamentar a oposição a que se referiu a autora, validando a letra (A) como resposta da questão. Gabarito: A. 55. (FJG-2013/Pref. do Rio de Janeiro/Auxiliar de Procuradoria) A autora, para tornar persuasivas as ideias expostas, recorre a vários procedimentos característicos de um artigo de opinião, entre os quais NÃO se inclui: (A) abordagem de um problema e comprovação de sua gravidade por meio da apresentação de dados quantitativos (B) citação de um autor especializado na questão indigenista, conferindo credibilidade ao ponto de vista exposto (C) criação de um efeito de neutralidade, objetividade e impessoalidade, sem explicitar interação com o leitor (D) predomínio da flexão dos verbos no presente do modo indicativo expressando fatos perenes, notórios Comentário: Por artigo de opinião compreende-se o gênero textual em que o autor expõe claramente sua opinião acerca de determinado assunto. No texto de opinião, cuja tipologia é argumentativa, o autor, além de expor seu ponto de vista (posicionamento), deve sustentá-lo por meio de argumentos coerentes, cuja finalidade é convencer e persuadir o leitor no tocante às razões apresentadas. Por esse motivo, o artigo de opinião comumente contém descrições pormenorizadas, fontes de informações precisas, entre outros aspectos. E quais seriam as características de um artigo de opinião, Fabiano? Vejam: I. título polêmico ou provocador (“O conflito se agrava”); II. exposição de uma ideia ou ponto de vista acerca de determinado assunto; III. subdivisão em exposição , interpretação e opinião ;

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a) exposição: “[...] De acordo com o Censo 2010 do IBGE, a população indígena compreende 896,9 mil pessoas — o que corresponde a 0,4% da população brasileira —, com 305 etnias diversas e 274 idiomas. As terras indígenas simbolizam 12,5% do território nacional (dados de 2010).” b) interpretação: “(...). É dever da União demarcar, proteger e fazer respeitar as terras indígenas. Qualquer aproveitamento de recursos hídricos (incluídos os potenciais energéticos, a pesquisa e a lavra de riquezas minerais) só pode ser efetivado com autorização do Congresso, ouvidas as comunidades indígenas afetadas. (...). Para os povos indígenas, a relação com a terra não é somente de possessão e produção: a terra é um elemento material e espiritual de que devem gozar plenamente, inclusive para preservar o seu legado cultural e transmiti-lo às gerações futuras. (...). Estes instrumentos introduzem um novo paradigma para os direitos dos povos indígenas, baseado no direito à diversidade, no reconhecimento de sua identidade cultural, no direito de participação, no direito de consulta prévia, livre e informada (relativamente às decisões que lhes afetem), no direito à terra e no princípio da autodeterminação. Rompem com o enfoque integracionista de assimilação forçada dos povos indígenas.” c) opinião: “(...) é urgente ao Estado brasileiro honrar o valor constitucional da diversidade cultural e da justiça étnico-racial, assegurando especial proteção aos povos indígenas, considerando seu protagonismo e suas particularidades, na luta pela afirmação de seus direitos essenciais.” IV. uso de verbos predominantemente no presente do indicativo (“compreende” [linha 1]; “corresponde” [linha 1]; e “simbolizam” [linha 4]); V. linguagem subjetiva (menos frequente) ou objetiva (mais recorrente): “(...). É dever da União demarcar, proteger e fazer respeitar as terras indígenas. [...]. (...) há que se assegurar aos povos indígenas o direito à propriedade coletiva da terra.” Em um artigo/texto de opinião, comumente encontramos os seguintes procedimentos argumentativos (rol exemplificativo):

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- dados quantitativos: “De acordo com o Censo 2010 do IBGE, a população indígena compreende 896,9 mil pessoas — o que corresponde a 0,4% da população brasileira —, com 305 etnias diversas e 274 idiomas . As terras indígenas simbolizam 12,5% do território nacional (dados de 2010)”; - comparações entre épocas e/ou lugares: “A Constituição Brasileira (Brasil ) foi a primeira da América Latina a admitir que os povos indígenas têm direito à diversidade étnica e à identidade cultural, aceitando um Estado multicultural e pluriétnico. Constituições latino-americanas recentes reconhecem de forma explícita a existência de Estados multiétnicos e pluriculturais, como é o caso da Constituição da Bolívia , do Equador , da Colômbia , do Peru e da Venezuela ”; - efeito de neutralidade, objetividade e impessoalidade: “(...). É dever da União demarcar, proteger e fazer respeitar as terras indígenas. (...) há que se assegurar aos povos indígenas o direito à propriedade coletiva da terra.” - predomínio de verbos no presente do modo indicativo: “compreende” [linha 1]; “corresponde” [linha 1]; e “simbolizam” [linha 4]). Portanto, dentre as alternativas apresentadas destacamos a letra (B), uma vez que o recurso da citação de um autor especializado não foi mencionado na camada textual. Gabarito: B.

Controle absoluto O ponto central da discussão é a contraposição entre liberdade de expressão e direito à privacidade. Embora reconheça pontos plausíveis na argumentação daqueles que o defendem, não concordo que para preservar o direito à privacidade seja admissível relativizar ou cercear a liberdade de expressão. Em democracias mais aprimoradas, liberdade de expressão e direito à privacidade caminham juntos, ao passo que, em regimes intolerantes e totalitários, quanto mais se reprime a liberdade de expressão, mais se restringe o direito à privacidade. Querer reprimir a liberdade de expressão em nome da preservação do direito à privacidade é dar um tiro no pé. O controle absoluto da própria história não ocorre numa sociedade livre e democrática. Controle absoluto, só em regimes totalitários, e sempre como primazia do Estado e não dos indivíduos.

Tony Bellotto, parágrafo do texto “A liberdade é uma só”, O Globo - 27/10/2013 – adaptado

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56. (FJG-2013/PGM-RJ/Contador) Sob o ponto de vista do autor, numa sociedade livre e democrática, o ideal seria: (A) coibir a liberdade de expressão e defender o direito à privacidade (B) honrar a liberdade de expressão e resguardar o direito à privacidade (C) garantir a liberdade de expressão e refutar o direito à privacidade (D) prescindir da liberdade de expressão e preservar o direito à privacidade Comentário: No início do texto, o autor faz uma breve exposição sobre o assunto, abordando a “liberdade de expressão” e o “direito à privacidade”. No decorrer da teia textual, o autor se vale da técnica dialética para expor sua tese, apresentando argumentos de terceiros para, em seguida, explicitar seu ponto de vista (posicionamento) acerca do cerceamento da liberdade de expressão. Na continuação do “corpus” textual, o autor afirma que, em uma sociedade livre e democrática, “querer reprimir a liberdade de expressão em nome da preservação do direito à privacidade é dar um tiro no pé”. Ratificando a argumentação, Tony Bellotto cita que “em democracias mais aprimoradas, “liberdade de expressão e direito à privacidade caminham juntos”. Assim, de acordo com o contexto, o ideal seria honrar a liberdade de expressão e resguardar o direito à privacidade, validando a letra (B) como gabarito da questão. Gabarito: B. 57. (FJG-2013/PGM-RJ/Contador) O conectivo embora introduz a segunda frase do parágrafo. A oração iniciada por esse conectivo estabelece com o restante da frase a mesma relação lógica que existe em: (A) A seca castiga o Nordeste de modo terrível, fato que tende a piorar à medida que os prejuízos oriundos da perda da safra se fizerem sentir. (B) Algumas cidades brasileiras têm praticamente dobrado sua população na temporada de turismo, enquanto outras recebem poucos visitantes. (C) Por pouco que a negociação tenha avançado ao longo dos dias, já se tem esperança de uma solução pacífica para esse conflito. (D) Atualmente não é comum o desprendimento necessário para que os fiéis ricos façam grandes doações a suas igrejas. Comentário: No trecho original, o conector “embora” estabelece uma relação lógica de concessão com o restante da frase. Esse matiz semântico também é encontrado na assertiva (C), em que há uma oposição entre as orações “por pouco que a negociação tenha avançado ao longo dos dias” e “já se tem esperança de uma solução pacífica para esse conflito”. Vejam que é possível substituir a expressão “por pouco que” pelo nexo textual “embora”: Embora a negociação tenha avançado ao longo dos dias, já se tem uma solução pacífica para esse conflito. Nas demais opções, temos os respectivos valores semânticos: (a) proporção, (b) proporção e (d) finalidade. Gabarito: C.

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Fahrenheit 451 No romance “Fahrenheit 451”, Ray Bradbury nos apresenta um futuro sombrio em que livros e pensa mento crítico estão banidos da sociedade, num mundo em que opiniões próprias são consideradas antissociais. Entre 10 de maio e 21 de junho de 1933, logo depois da chegada de Hitler ao poder, nazistas organizaram em várias cidades alemãs grandes e festivas queimas de livros. Entre os autores “incinerados” estavam Thomas Mann, Walter Benjamin, Brecht, Musil, Freud, Einstein e Marx. O evento é reconhecido como um dos mais cruéis atentados à liberdade de expressão da História. Livros — mesmo os ruins — simbolizam liberdade de pensamento. Reprimir ou condicionar sua publicação soa como uma ameaça a um princípio fundamental da democracia.

Tony Bellotto, parágrafo do texto “A liberdade é uma só”, O Globo - 27/10/2013 58. (FJG-2013/PGM-RJ/Contador) Sobre o emprego da palavra incinerados no parágrafo, é incorreto afirmar que: (A) tem radical originado do latim cinis, cineris que significa, em português, cinzas (B) compõe uma metonímia, figura que também existe em “o Brasil ama futebol” (C) qualifica objeto ou pessoa que, com aparência benigna, apresenta de fato perigosas ciladas (D) está entre aspas, pois o autor decidiu destacá-la para realçar seu sentido conotativo no contexto Comentário: A letra (C) é a resposta da questão. No contexto, a palavra “incinerados” qualifica os autores que escreveram os livros lançados às queimas, tais como “Thomas Mann, Walter Benjamin, Brecht, Musil, Freud, Einstein e Marx”. Segundo o texto, esses autores são considerados uma cilada por simbolizarem a “liberdade de pensamento”. As demais opções estão corretas, não cabendo quaisquer ressalvas. Vejam: a) a palavra “incinerado” (particípio ‘incineratum’) é formada a partir da forma latina ‘cinis, cineris’, cuja significação é ‘cinzas’. b) constitui uma metonímia, figura de linguagem também presente em “o Brasil ama futebol” (o todo pela parte). d) de fato, as aspas evidenciam o emprego conotativo (figurado) de “incinerados”, palavra empregada na acepção de “perder a identidade”. Gabarito: C. Pessoal, com esta aula, concluímos os assuntos que poderão ser objeto de prova. Fiquem na paz e muito sucesso a todos! Fabiano Sales.

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