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7 Conceito A Recife n. 3 p.7-28 2012 Comportamento ético do propagandista farmacêutico: uma pesquisa de campo na área de pediatria da cidade do Recife. CURSO DE ADMINISTRAÇÃO ANCHISES LINS CALDAS BALANÇO INTERNACIONAL DE PAGAMENTOS E SEU SIGNIFICADO PARA ECONOMIA DE UM PAÍS RECIFE 2010 ANCHISES LINS CALDAS BALANÇO INTERNACIONAL DE PAGAMENTOS E SEU SIGNIFICADO PARA ECONOMIA DE UM PAÍS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Administração da Faculdade São Miguel como requisito parcial para obtenção do grau de Bacha- rel em Administração. ORIENTADOR PROF. FILIPE REIS MELO Trabalho julgado adequado e aprovado com conceito “A” em 25/02/2011 Banca Examinadora ___________________________________________________ (Valter Andrade – Faculdade São Miguel) ___________________________________________________ (nome do (a) examinador (a) seguido de sua instituição)

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ANCHISES LINS CALDAS

BALANÇO INTERNACIONAL DE PAGAMENTOS E SEU SIGNIFICADO PARA ECONOMIA DE UM PAÍS

RECIFE2010ANCHISES LINS CALDAS

BALANÇO INTERNACIONAL DE PAGAMENTOS E SEU SIGNIFICADO PARA ECONOMIA DE UM PAÍS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Administração da Faculdade São Miguel como requisito parcial para obtenção do grau de Bacha-rel em Administração.ORIENTADORPROF. FILIPE REIS MELO

Trabalho julgado adequado e aprovado com conceito “A” em 25/02/2011

Banca Examinadora

___________________________________________________(Valter Andrade – Faculdade São Miguel)

___________________________________________________(nome do (a) examinador (a) seguido de sua instituição)

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RESUMO

O objetivo deste trabalho é relatar a importância do resultado do balanço de pagamentos de um país para sua economia interna e externa. Os objetivos específicos são: avaliar quais os fatores determinantes das trocas internacion-ais, conceituar a estrutura do balanço internacional de pagamentos, identificar quais fatores levam a um balanço de pagamentos atingir resultados super-avitários ou deficitários, explicar a influência dos instrumentos cambiais no balanço internacional de pagamentos, e, apontar a relação entre grau de in-vestimento de um país e o balanço de pagamentos. Concluiu-se que a evolução do comércio internacional iniciou-se com as grandes navegações no século XV, passando pelo mercantilismo, pelo liberalismo e chegando atualmente à globalização. Notou-se ainda que o balanço de pagamentos segue as regras e recomendações do FMI. Percebeu-se também que a maioria dos países utili-zam taxas de câmbio flutuantes e que as nações são livres para manter suas próprias reservas cambiais para regular o mercado interno no caso de crises econômicas. Observou-se também que atualmente o Brasil atingiu o grau de investimento auferido pelas três principais agências classificadoras do mun-do.

Palavras-chaveBalança comercial. Economia internacional. Reservas cambiais. Globalização. Grau de investimento.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................092 EVOLUÇÃO DA ECONOMIA E DO COMÉRCIO INTERNACIONAL..............102.1 Principais Temas da Economia Internacional....................................122.2 Fatores Determinantes das Trocas Internacionais...............................133 CONCEITO DO BALANÇO INTERNACIONAL DE PAGAMENTOS...............133.1 Estrutura do Balanço Internacional de Pagamentos...........................154 FATORES QUE LEVAM A UM BALANÇO DE PAGAMENTOS ATINGIR RESULTADOS SUPERAVITÁRIOS OU DEFICITÁRIOS............................184.1 Dados do Relatório de Estatísticas de Comércio Internacional da OMC...204.2 A Influência dos Instrumentos Cambiais no Balanço de Pagamentos...214.3 Déficit nas Contas Externas do Brasil e as Reservas Internacionais......234.4 A Importância do Grau de Investimento...........................................244.5 Quadro do Céu ao Inferno..............................................................255 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................25REFERÊNCIAS...................................................................................27ANEXOS...........................................................................................28

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1 INTRODUÇÃO

No decorrer do ano de 2009 e com menos freqüência no ano 2010, notou-se os constantes comentários, reportagens, noticiários, entrevistas e debates sobre a última crise econômica mundial, originada nos Estados Unidos da América (EUA) pelo constante e crescente volume de empréstimos imobil-iários com juros baixíssimos cedidos aos cidadãos norte-americanos com baixa qualidade de crédito, ou seja, deu-se crédito a quem não tinha condições de pagar, os chamados sub-prime. Isso fez com que os níveis de inadimplência atingissem um grau altíssimo nos EUA afetando o sistema financeiro norte-americano e consequentemente causando um efeito “dominó” estendendo-se pelo restante dos países e nações. A contaminação da economia mundial partindo da economia americana surgiu porque existe uma grande relação comercial entre os países do mundo, ou seja, diante de uma economia globalizada o mundo é praticamente um só. Desta forma, com a população americana diminuindo o ritmo de consumo e os níveis de desemprego crescendo, os EUA estão comprando menos produtos aos demais países com quem têm relações comerciais, logo as dificuldades começam a aparecer no mundo inteiro. Afetando assim o balanço internacional de pagamentos dos países, que deixam de vender produtos e serviços entre si, porque ninguém mais quer comprar. Quando um país deixa de exportar, ele deixa de receber e começa a perder seu estoque de dividendos, ou seja, moe-das externas (dólar, euro,...) e com isso também não pode realizar compras porque não tem mais dinheiro para pagar, assim também deixa de importar e consequentemente de se manter em contato com as diferentes tecnologias existentes em outros países. Por estas razões, percebe-se a importância deste tema, pela sua atu-alidade, influência no comércio mundial e pela quantidade de referências bib-liográficas, artigos e reportagens. O tema é importante pelo simples fato de ser a base do comércio internacional, uma área crescente no âmbito profis-sional, também é de fundamental importância para a sociedade que pretende entender melhor o processo econômico a ser pesquisado. Com a pesquisa, pretende-se explicar a influência de um balanço de pagamentos na economia de um país, a importância dos tratados e acordos internacionais de comér-cio, avaliar os fatores determinantes das trocas internacionais, do histórico do comércio internacional, onde tudo começou, com o mercantilismo, passando pelo liberalismo e chegando à atualidade da globalização. A questão da falta de recursos externos em um país, o aumento do desemprego, o aumento do “risco país”, a falta de investimentos estrangeiros no mercado interno, vari-ações cambiais, aumento da inflação... Ou seja, fatos de relevância para o estudo da importância de um balanço internacional de pagamentos estável e de um relacionamento sadio entre as nações. Os objetivos específicos da presente pesquisa são: avaliar quais os fa-tores determinantes das trocas internacionais, conceituar a estrutura do bal-anço internacional de pagamentos, identificar quais fatores levam a um bal-

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anço de pagamentos atingir resultados superavitários ou deficitários, explicar a influência dos instrumentos cambiais no balanço internacional de pagamentos, e, apontar a relação entre grau de investimento de um país e o balanço de pa-gamentos. Portanto, sendo um tema abrangente, justificam-se aqui as razões, importância e relevância desta abordagem, ajudando assim a entender melhor como funcionam as relações internacionais comerciais entre países, os fatos e consequências destes relacionamentos conturbados, burocráticos, rentáveis, e de fundamental importância para o desenvolvimento das nações emergentes. O presente trabalho será realizado por meio de pesquisa exploratória, tendo como fonte de dados e procedimentos de coleta de dados, pesquisas bibliográ-ficas, consulta a bibliotecas virtuais, e revistas especializadas na área.

2 EVOLUÇÃO DA ECONOMIA E DO COMÉRCIO INTERNACIONAL

Entende-se que a evolução da economia e do comércio internacional originou-se no século XV com as grandes navegações. As potências mundiais da época, Portugal, Espanha e Inglaterra, iniciaram suas colonizações nas terras encontradas no ocidente conhecidas atualmente como as Américas do Norte, Central e do Sul. De acordo com Vasconcelos e Garcia (2008), no século XVI observa-se o surgimento da primeira doutrina ou escola econômica, o mercantilismo, que tinha como objetivo principal a acumulação de riquezas de uma nação. Considerava-se então que um país seria mais forte e poderoso quanto maior fosse sua quantidade de metais preciosos acumulados. Os países europeus originários da doutrina mercantilista utilizaram a exploração colonial, inclu-sive no Brasil, como alavanca para sua expansão e consolidação. Surgia en-tão o colonialismo, cujas colônias exploradas só podiam exportar para seus colonizadores. Pela primeira vez, nota-se o conceito de balança comercial. Os países colonizadores incentivavam as exportações, já que eram pagas em ouro e prata, e reduziam ao mínimo suas importações, acumulando suas riquezas em metais preciosos. O protecionismo restringia as importações, impondo pesadas taxas alfandegárias aos produtos estrangeiros. Assim, a doutrina mercantilista ficou marcada como um período de guerras constantes, irritação do nacionalismo e influência total do Estado nos assuntos econômi-cos. Após o mercantilismo, verifica-se o surgimento da segunda doutrina econômica, conhecida como o liberalismo, que tem sua principal característi-ca na repulsão à influência do Estado em assuntos econômicos internos e ex-ternos. Para Dias e Rodrigues (2007, p.73), “O conceito de liberalismo tem-se expressado através da liberdade oferecida ao comerciante de escolher a base de sua atividade econômica e executá-la com quem quer que seja.” Desse modo, surge então a doutrina laissez-faire (deixa fazer) que explicava que o liberalismo só pode existir nas democracias em que a liberdade individual é plenamente preservada, e em que o Estado atua somente em questões que

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lhe são afins. Como afirmava Adam Smith em sua obra A Riqueza das Nações, o comércio internacional se tornará auto-regulável, como se uma “mão invi-sível” o regulasse. Com a evolução econômica mundial, no século XX, a partir da década de 1930, surge a teoria keynesiana, com a publicação da Teoria Geral do Emprego, dos Juros e da Moeda, de John Maynard Keynes (1886-1946), em 1936. Para Vasconcelos e Garcia (2008), a teoria keynesiana surgiu durante o impacto da Grande Depressão de 1930, após a quebra da bolsa de valores de Nova York em 1929, elevando a um nível altíssimo a proporção de desem-pregados nos EUA, Inglaterra e Europa. Baseava-se no fato de que as combi-nações das teorias econômicas adotadas anteriormente (teoria das vantagens absolutas e teoria das vantagens comparativas) até então não funcionavam adequadamente no novo contexto econômico mundial. Para Keynes, numa economia em recessão, não existem forças de auto-ajustamento, por isso se torna necessário a intervenção do Estado, e tal posicionamento vai contra a teoria do laissez-faire e da mão invisível como auto-regulador da econo-mia. Pode-se dizer também que a disciplina da economia internacional teve seu início com o estudo do comércio e das finanças internacionais. Para Krug-man e Obstfeld (2005, p.1):

Alguns historiadores consideram o estudo do filósofo escocês David Hume sobre a Balança Comercial, publicada em 1758, antes da obra de Adam Smith “A Riqueza das Nações”, como a primeira exposição real de um modelo econômico. Contudo, o estudo da economia internacional nunca foi tão importante como agora. No começo do século XXI, as nações estão mais intimamente ligadas do que antes, por meio do comércio de bens e serviços, dos fluxos de moeda e do investimento nas demais economias. E a economia global criada por essas ligações é um mar bem agitado: os formuladores de política econômica e os líderes empresariais de cada país precisam levar em conta as mudanças, às vezes velozes, na prosperidade econômica mundo afora. A economia internacional utiliza os mesmos mé-todos fundamentais de análise que outras subáreas da economia, pois os motivos e comportamento dos indivíduos são iguais, seja no comércio internacional, seja nas transações internas.

Portanto, o assunto de interesse da economia internacional consiste em questões levantadas pelos problemas especiais da interação econômica entre Estados soberanos. De acordo com Dias e Rodrigues (2007), entende-se hoje como Comé-rcio Internacional, em seu sentido mais amplo, as modificações estruturais ocorridas na economia internacional, principalmente, durante o século XX. A globalização, que pode ser caracterizada como um processo de interação entre as nações e empresas multinacionais, integrando economias, socie-dades, culturas e tecnologias ao redor de todo planeta, independentemente

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das fronteiras nacionais, mudou a maneira como as nações interagem entre si no comércio internacional. Essas mudanças sofridas pelas relações internacionais entre as nações alteraram também a realização dos negócios entre elas, tomando um caráter mundial. Considerando-se também a diversidade e a complexidade individual das nações, suas práticas comerciais em um mundo globalizado geram con-flitos de interesses, portanto seria necessário um órgão gerenciador e regu-lador do comércio internacional para implantar normas e regras garantindo assim o desenvolvimento do comércio internacional e o consenso das nações com bases jurídicas legais. Assim, sugiram então acordos e órgãos de políticas de comércio in-ternacionais, o primeiro deles conhecido como o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT), vigorou desde 1947 até 1994, sendo substituído pela Organização Mundial do Comércio (OMC) que gere o comércio internacional atual desde 1995.

2.1 Principais Temas da Economia Internacional

De acordo com Krugman e Obstfeld (2005), existem sete temas prin-cipais na economia internacional, são eles: ganhos do comércio, padrão do comércio, quanto comércio permitir, balanço de pagamentos, determinação da taxa de câmbio, coordenação das políticas econômicas internacionais e mercado internacional de capitais. Ganhos do comércio, de alta importância para o comércio internac-ional, ocorrem quando os países vendem bens ou serviços uns aos outros, essa troca é quase sempre um benefício para os países. Padrão do comércio resume-se a explicar quem vende o que para quem, considerando, por ex-emplo, o clima e os recursos naturais existentes nos variados países. Quanto comércio permitir, como principal tema político do comércio internacional, preocupa-se com a concorrência internacional na economia local interna, in-serindo limites às importações. O balanço de pagamentos trata das relações entre as variações de déficits e superávits comerciais. Neste caso, existe uma grande variedade de contextos específicos. Nas determinações da taxa de câmbio, considerando-se que cada país possui sua própria moeda, as nego-ciações internacionais são feitas baseadas no dólar, e cada país tem sua taxa de câmbio em relação ao dólar. Nas coordenações das políticas econômicas internacionais consiste a importância da existência de um órgão gerenciador das políticas de comércio internacionais aplicadas nas negociações entre as nações, mas que não pode intervir nas políticas internas dos Estados sobera-nos. Atualmente esse órgão é a OMC. Nas economias desenvolvidas existe um grande mercado de capitais, que acontece quando os países trocam din-heiro por promessas de pagamentos no futuro, submetidas a juros. Portanto, nota-se assim um conjunto dos principais assuntos refer-entes ao comércio internacional relacionados acima.

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2.2 Fatores Determinantes das Trocas Internacionais

De acordo com Rosseti (2009, p.839), um dos fatores determinantes da mais alta relevância é:

[...] a diversidade com que se apresentam nos diversos países os elemen-tos que constituem o fator terra, são eles: o solo, o subsolo, a pluviosi-dade, o clima, a flora e a fauna. As diferentes exigências por condições do solo e climáticas determinam os padrões da divisão internacional da produção primária, no subsetor agropecuário; elas levam à especiali-zação; e a especialização leva ao estabelecimento de redes mundiais de trocas, sob a forma de commodities semiprocessadas ou de produtos pro-cessados para utilização final.

Nota-se então o fator terra como um dos fatores determinantes im-portantes das trocas internacionais, mas sabe-se que, atualmente não é só o fator terra de fundamental importância para as trocas internacionais, os fatores de produção, a quantidade de mão de obra especializada disponível, a tecnologia, a infra-estrutura, influência cultural e influência governamental também o são. Ainda, segundo Rosseti (2009), os países de dimensões continentais, como Brasil, EUA, China, Austrália e Canadá, detêm uma maior variedade e quantidade de recursos primários (como petróleo, reservas de gás natural e jazidas minerais de metais preciosos e não preciosos). Já nos países de dimensões menores, ocorre uma alta especificidade, como é o caso da alta concentração de lítio, material muito específico, (usado na produção de bate-rias) na Bolívia.

3 CONCEITO DO BALANÇO INTERNACIONAL DE PAGAMENTOS

Para Mellagi e Ishikawa (2003, p.72), “Pode-se definir Balanço de Pa-gamentos como um sistema de registro das transações que envolvam ativos externos ou meios de pagamentos internacionais durante um dado período de tempo em um país.” Portanto, entende-se que o balanço de pagamentos não lida somente com as transações e fluxo de bens e serviços entre uma nação e o restante do mundo, mas também com o fluxo de capitais. Outra definição mais tradicional é a de que o balanço de pagamentos é um registro sistemático das transações entre “residentes” e “não residentes” do país. Entretanto, Mellagi e Ishikawa (2003) a consideram uma definição imperfeita, e algumas críticas podem ser levantadas:

Três qualificações devem acompanhar esta definição. Em primeiro lugar, a impropriedade do nome balanço de pagamentos, que seria muito bem substituído pelo termo “balanço de transações”. De fato inúmeras oper-

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ações registradas em seu contexto não envolvem pagamentos diretos de moeda, sendo que algumas não estão associadas a pagamentos de qualquer espécie, por exemplo, as transferências unilaterais. Segundo, nem todos os lançamentos contábeis efetuados quando de sua preparação envolvem necessariamente transações entre residentes e não residentes, como é o caso da monetização de ouro adquirido internamente [...]. O terceiro e mais importante ponto a ser esclarecido é o que se define por residente e não residente [...]. (SIMONSEN; CYSNE, 1995, p.75 apud MELLAGI; ISHIKAWA, 2003, p.73).

Consideram-se residentes os indivíduos que vivem permanentemente no país (incluindo os estrangeiros com residência fixa), os funcionários em serviço no exterior e as pessoas que se encontram transitoriamente fora do país em viagens. Também são consideradas residentes as pessoas jurídicas de direito público ou privado sediadas no país, inclusive filiais de empresas estrangeiras. Portanto, nota-se que nem todas as transações do balanço de paga-mentos são entre residentes e não residentes, por isso tornando a definição anterior como imperfeita. Um país realiza diversas transações com o resto do mundo. Estas en-volvem compra e venda de bens e serviços, compra e venda de ativos, entre outros. De acordo com Gremaud, Vasconcellos e Toneto (2009), a oferta agregada do país, por exemplo, deixa de ser composta apenas por produtos feitos internamente, mas passa a contar com bens e serviços elaborados no exterior. A demanda por produtos domésticos deixa de ser feita apenas por residentes, passando a ser feitas também por não residentes. A dotação de fatores de produção nacionais deixa de ser um entrave à expansão do produ-to, pois se pode contar com fatores de produção estrangeiros (capital, tra-balho, etc.) para ampliar a produção. A poupança interna deixa de ser a única fonte para financiar os investimentos, pois o país pode recorrer à poupança externa, assim como a poupança interna não precisa mais necessariamente ser aplicada no país, podendo ser investida no exterior. Esse conjunto de transações gera uma série de fluxos de bens e serviços e fluxos monetários e de capitais entre os países que afeta seu desempenho econômico. O balanço de pagamentos de uma nação busca registrar esse conjunto de transações do país com o resto do mundo durante certo período de tempo, com base nesse balanço pode-se avaliar a situação econômica internacional do país. Segundo Rosseti (2009), a classificação das contas, a metodologia de levantamento e o registro das transações agrupadas no balanço internacional de pagamentos seguem padrões recomendados pelo Fundo Monetário In-ternacional (FMI). A padronização atende a propósitos técnicos e de política externa, dado que as diferentes composições estruturais das contas e seus mecanismos de ajuste, em caso de desequilíbrio, têm implicações internacio-nais, que podem ir além do interesse restrito de determinado país. Ainda segundo Rosseti (2009), as transações econômicas internacion-ais consideradas para o levantamento do balanço de pagamentos abrangem

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quatro categorias:1. Os fluxos comerciais de mercadorias e os de serviços, com as corre-spondentes contrapartidas financeiras (balança comercial).2. Os movimentos puramente financeiros, resultantes de empréstimos internacionais de curto e longo prazos e de fluxos de entrada e de saída de capitais para investimentos.3. As transferências unilaterais, a título de ajuda externa (auxílios e do-nativos) ou de remessas pessoais realizadas independentemente de qualquer contraprestação.4. As alterações nos estoques de ativos e passivos internacionais do país, que se originaram das transações consideradas.Os registros das transações econômicas internacionais e de seus resulta-dos acumulados fundamentam-se nos conceitos de agentes econômicos resi-dentes e não residentes. São residentes todos os agentes econômicos domi-ciliados ou estabelecidos no país; os não residentes são os fixados em outros países.

3.1 Estrutura do Balanço Internacional de Pagamentos

De acordo com Mellagi e Ishikawa (2003), embora existam outras for-mas de apresentação, a estrutura geral do balanço de pagamentos pode ser considerada como padrão. Pode-se observar que as contas do balanço de pagamentos estão dispostas em uma única coluna, entretanto, na contabili-zação destes registros adota-se o método de partidas dobradas, segundo o qual o total de débitos deve sempre ser igual ao total de créditos em dado balanço. De modo geral, pode-se considerar que toda entrada de divisas corresponde a um crédito e toda saída, a um débito, conforme exemplos a seguir:CRÉDITOS• Exportações de bens e serviços;• Recebimentos de doações e indenizações de estrangeiros;• Recebimentos de empréstimos estrangeiros;• Recebimentos de reembolso de capital estrangeiro;• Vendas de ativos para estrangeiros, etc.DÉBITOS• Importações de bens e serviços;• Pagamentos de doações e indenizações a estrangeiros;• Pagamentos de capital emprestado por estrangeiros;• Reembolso de capital a estrangeiros;• Compras de ativos estrangeiros, etc. É importante salientar que as contas do balanço de pagamentos refer-em-se apenas ao fluxo em dado ano. Segundo Vasconcelos e Garcia (2008), o balanço de pagamentos no Brasil apresenta as seguintes subdivisões:Balança Comercial: essa conta compreende basicamente o comercio inter-nacional de mercadorias, ou seja, as importações e exportações. Se as ex-

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portações excedem as importações, tem-se um superávit na balança comer-cial, caso contrário, há um déficit. Balanço de Serviços e Rendas: é onde se registram todos os serviços e rendas pagos e/ou recebidos pelo país, tais como: fretes, seguros, lucro, juros, viagens internacionais, royalties e assistência técnica. Transferências Unilaterais: também conhecidas como conta de donativos ou transferências não-retribuídas, registram as doações entre os países. Os do-nativos podem ser em divisas ou em mercadorias. Balanço de Transações Correntes: também conhecida como saldo em conta corrente, é o resultado do somatório da balança comercial, de serviços, e das transferências unilaterais. Se o saldo do balanço de transações cor-rentes for negativo, tem-se uma poupança externa positiva, indicando assim que o país aumentou seu endividamento externo em termos financeiros, mas absorveu bens e serviços do exterior. Se o saldo for positivo, indica que o país enviou mais bens e serviços ao exterior, recebendo mais divisas, resultando então em uma poupança externa negativa. Conta Capital e Financeira: é onde aparecem as transações que pro-duzem variações no ativo e no passivo externo do país e que, portanto, modi-ficam sua posição devedora ou credora perante o resto do mundo. Essa conta era denominada anteriormente de movimento ou balanço de capitais. A conta Erros e Omissões é a diferença entre o saldo do balanço de pagamentos e o financiamento do resultado, que surge quando se tenta com-patibilizar transações físicas e financeiras com as várias fontes de informação (Banco Central, Departamento de Comércio Exterior e Receita Federal). Como o Banco Central tem maior controle sobre o item Financiamento do Resultado, supõe-se seu saldo correto, e joga-se a diferença entre esse item e a soma de transações correntes e a conta capital e financeira em Erros e Omissões. Internacionalmente admite-se então para Erros e Omissões um valor de, no máximo, 5% da soma das exportações com as importações. A seguir, a estrutura básica de um balanço de pagamentos e também um quadro do balanço de pagamentos do Brasil referente aos anos de 1994 a 2009.

Balanço de Pagamentos:

A. Balança Comercial• Importações (débito)• Exportações (crédito)

B. Conta Serviços e Rendas• Viagens internacionais (turismo)• Transportes (fretes)• Seguros• Rendas de capitais (juros, lucros, dividendos)• Serviços diversos (royalties, assistência técnica)

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• Serviços governamentais (embaixadas)

C. Transferências Unilaterais Correntes (donativos em divisas ou mercado-rias)

D. Balanço de Transações Correntes (resultado líquido de A+B+C)

E. Conta Capital e Financeira• Investimentos diretos líquidos (novas empresas estrangeiras)• Reinvestimentos (multinacionais já instaladas no país)• Empréstimos e financiamentos (Banco Mundial, bancos privados es-trangeiros)• Amortizações• Empréstimos de regularização (FMI)• Atrasados comerciais• Capitais de curto prazo

F. Erros e Omissões

G. Saldo do Balanço de Pagamentos (resultado líquido de D+E+F)

H. Variação de Reservas (= -G)

3.2 Quadro do Balanço de Pagamentos do Brasil (1994 – 2009)

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Observa-se claramente no quadro acima o constante crescimento das exportações e das importações brasileiras no período mencionado. Nota-se também que no ano de 2008 as exportações atingiram quase 200 bilhões de dólares, comparando-se com 1994, onde estas totalizaram apenas 44 bilhões, o crescimento chega a mais de 400%! A partir do ano de 2001, percebe-se também que o saldo da balança comercial é sempre superavitário, demon-strando assim a sua importância para o resultado final no saldo do balanço de pagamentos. Por outro lado, o saldo de Serviços e Rendas vem aumentado negativa-mente no decorrer dos anos do período estudado, demonstrando que o país está prestando mais serviços do que recebendo, levando o saldo do balanço de pagamentos na direção deficitária. Mas, contrabalançando a conta Serviços e Rendas, está a Conta Capital e Financeira que registra resultados superavi-tários contribuindo assim para um resultado final favorável no saldo do balanço de pagamentos nos últimos 4 anos.

4 FATORES QUE LEVAM A UM BALANÇO DE PAGAMENTOS ATINGIR RE-SULTADOS SUPERAVITÁRIOS OU DEFICITÁRIOS

A balança comercial e a balança de serviços têm forte influência no saldo do balanço de pagamentos de um país. Sabe-se que o saldo do balanço de pagamentos é obtido pela soma da Balança de transações correntes + Conta Capital e Financeira + Erros e Omissões. No Balanço de transações correntes estão inclusos a balança comercial, de serviços e as transferências unilaterais, muitas vezes o saldo do Balanço de transações correntes é negativo, ou seja, deficitário, resultado de a importação de bens e serviços ter sido maior do que a exportação dos mesmos, sem esquecer as Transferências Unilaterais que, apesar de serem operações de crédito para o país, não são suficientes para neutralizar o saldo das balanças comerciais e de serviços. Nota-se portanto a importância da balança comercial e de serviços no saldo final do balanço de pagamentos de um país. Para Gremaud, Vasconcel-los e Toneto (2009), os principais fatores determinantes do saldo da balança comercial são: o nível de renda da economia interna e do resto do mundo, a taxa de câmbio e os termos de troca, ou seja:• Quanto maior a renda do país, maior será a demanda por produtos im-portados; logo, piora o saldo da balança comercial;• quanto maior a renda do resto do mundo, maior a demanda por produ-tos internos do país, melhorando o saldo da balança comercial;• quanto mais desvalorizada a moeda nacional em relação às moedas es-trangeiras, maior a competitividade dos produtos nacionais e, portanto, maior o estímulo às exportações e desestímulo às importações;• quanto melhores os termos de troca, isto é, quanto mais caros forem os produtos exportados em relação aos produtos importados, melhor será o saldo da balança comercial.

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No terceiro tópico acima, observa-se quando o autor afirma que quanto mais desvalorizada a moeda nacional, ou seja, quanto mais alta estiver a taxa do dólar em relação ao real, no caso do Brasil, tem-se um maior incentivo às exportações, empresas e empresários procuram exportar mais, e as impor-tações tendem a cair.

Para Feijó et al (2003, p. 140):

Um balanço de pagamentos reflete as decisões tomadas pelas autoridades públicas de um país em um dado momento, as dificuldades momentâneas vivenciadas pela economia desse país, e reflete, também, as condições estruturais da economia nacional e as mudanças nessas condições, como os níveis de produtividade, o perfil do parque produtivo, as políticas de desenvolvimento científico e tecnológico do governo e das empresas, e até a qualidade da população de um país, ou seja, no desempenho de seu sis-tema educacional e da qualificação de sua mão-de-obra.

Resumindo, um balanço de pagamentos é a expressão, tanto de con-dições conjunturais quanto estruturais, de uma economia nacional e está for-temente associado ao nível de desempenho da economia como um todo, à forma com que os recursos produtivos de uma nação são utilizados, e, tam-bém, ao comportamento de seus consumidores, dos agentes produtivos e do governo. Feijó et al (2003, p. 141) também salienta que o balanço de pagamen-tos tem uma outra significação muito importante: “A experiência internacional mostra que o desempenho econômico de um país está claramente relacionado com o desempenho de seu setor externo e com o balanço de pagamentos”. Se um país não é capaz de obter receitas cambiais suficientes para financiar as suas necessidades de importações (insumos, bens de capital, tecnologia), esse país enfrentará uma grande dificuldade para crescer, por mais abundante que sejam seus recursos produtivos internos. Por outro lado, países com extremas dificuldades para exportar e com elevados níveis de importação estão condenados a se endividar fortemente no setor externo e estagnar-se com baixo crescimento econômico, recessões e recorrentes crises no balanço de pagamentos. Portanto, o equilíbrio nas contas do balanço de pagamentos é de fundamental importância no ponto de vista externo. Enfrentando dificuldades no balanço de pagamentos, países são fre-quentemente tentados, e às vezes, obrigados, a cortar drasticamente suas importações, como uma forma de diminuir os déficits nas transações correntes exteriores. Ainda de acordo com Feijó et al (2003), essas medidas são insatis-fatórias e ineficazes. Importações são necessárias, não somente para o ingres-so de novas tecnologias no país, mas também são desejáveis por contribuírem para tornar a economia nacional mais competitiva e para elevar os níveis de bem-estar da sociedade que passam a contar com uma maior diversidade de

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bens e serviços.

4.1 Dados do Relatório de Estatísticas de Comércio Internacional da OMC

Segundo o Relatório de Estatísticas do Comércio Internacional de 2008 (dados de 2007) da Organização Mundial do Comércio (OMC), o fluxo de comé-rcio de mercadorias do Brasil, Índia e China são ilustrativos com uma tendência clara de crescimento vigoroso entre as economias emergentes. Embora este crescimento implique uma parte crescente do comércio mundial, a participação nas exportações mundiais manteve-se relativamente pequena para a maioria das economias emergentes individualmente. Brasil e Índia, por exemplo, re-spondem por pouco mais de 1%, cada, no comércio internacional, enquanto a China corresponde a mais de 10%. Segundo dados da OMC, em 2007 o Brasil exportou mercadorias no valor de US$ 161 bilhões e importou US$ 127 bilhões, resultando em um saldo comercial positivo de US$ 34 bilhões. Desde o ano 2000 as exportações bra-sileiras têm crescido a uma média anual de 17%. Seus principais parceiros comerciais estão na Europa, responsável por quase 27% das exportações bra-sileiras, Américas Central e do Sul que correspondem com quase um quarto de suas exportações, América do Norte com um quinto e Ásia representa pouco mais de 16% das exportações brasileiras. Ainda segundo a OMC, as exportações da Índia atingiram US$ 145 bil-hões em 2007, e vêm crescendo a uma média anual de 19% desde o ano 2000. Mais de 30% de suas exportações vão para a Ásia, a Europa é a segunda compradora com cerca de 23%, o Oriente Médio absorve cerca de 17% das exportações indianas e finalmente a América do Norte responsável por 15%. Em 2007 as importações da Índia atingiram US$ 217 bilhões de dólares, re-sultando o ano em um saldo deficitário na sua balança comercial de US$ 72 bilhões. Desde que a China aderiu à OMC em 2001, quase quadruplicou suas exportações e triplicaram suas importações. Em 2007 o excedente da balança comercial chinesa atingiu US$ 262 bilhões, cerca de 45% de suas receitas são provenientes da Ásia, enquanto a Europa e América do Norte são responsáveis por 21%, para cada continente, das exportações chinesas. A China superou a Alemanha em 2009 como primeiro exportador mun-dial, com vendas para o exterior num valor de US$ 1,2 trilhão, confirmou em março de 2010 a OMC. A Alemanha exportou bens em 2009 num total de US$ 1,12 trilhão, segundo a Organização, e, os Estados Unidos, o maior importador do mundo, ocupam o terceiro lugar com US$ 1,05 trilhão em bens vendidos para o exterior no ano passado. A China já havia superado a Alemanha e os EUA em volume de exportação, passando a superá-los agora em valores mon-etários. A OMC ainda afirma que o comércio mundial crescerá 9,5% em 2010, após ter perdido 12% em 2009, segundo uma previsão anunciada em março

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de 2010 pelo diretor-geral da organização, Pascal Lamy. Segundo os econo-mistas da OMC, se o comércio global continuar crescendo no atual ritmo, será necessário ainda mais um ano para que os volumes transacionados superem o nível de 2008, o último antes da crise financeira global.

4.2 A Influência dos Instrumentos Cambiais no Balanço de Pagamen-tos

Para Krugman e Obstfeld (2005), uma taxa de câmbio é o preço da moeda de um país em termos da moeda de outro. As taxas de câmbio influ-enciam as decisões de gastos, pois possibilitam traduzir os preços de países diferentes em termos comparáveis. Uma depreciação da moeda de um país em relação às moedas estrangeiras torna suas exportações mais baratas e suas importações mais caras, já uma apreciação de sua moeda deixa suas exportações mais caras e suas importações mais baratas. As taxas de câmbio são determinadas no mercado de câmbio, os principais participantes deste mercado são os bancos comerciais, as empresas multinacionais, as instituições financeiras não bancárias e os bancos centrais nacionais. Embora as operações de câmbio ocorram em vários centros financeiros ao redor do mundo, a tecnologia moderna das telecomunicações liga esses centros em um único mercado, aberto 24 horas por dia. Uma categoria impor-tante de operações de câmbio é o contrato futuro, no qual as partes concordam em trocar moedas em alguma data futura, com uma taxa de câmbio pré-ne-gociada. Por outro lado, as operações à vista são, para fins práticos, liquidadas imediatamente. A determinação da taxa de câmbio pode ocorrer de dois modos: taxa de câmbio fixa, determinada pela decisão das autoridades econômicas com fix-ação periódica das taxas; ou taxa de câmbio flutuante ou flexível, determinada pelo funcionamento do mercado, no qual as taxas flutuam em decorrência de ofertas e demandas de divisas estrangeiras. Segundo Vasconcelos e Garcia (2008) a demanda de divisas é constituí-da pelos importadores, que precisam delas para pagar suas compras no exte-rior, já que a moeda nacional não é aceita fora do país, e também pelas saídas de capitais financeiros, pagamentos de juros, remessa de lucros, saída de tu-ristas. A oferta de divisas é realizada tanto pelos exportadores, que a recebem como pagamento de suas vendas no exterior, como pela entrada de capitais financeiros internacionais, turistas etc. Como as divisas não podem ser usadas internamente, precisam ser convertidas em moeda nacional. Rosseti (2009) afirma que os instrumentos cambiais, sendo eles a ad-ministração da taxa de câmbio e o controle das operações cambiais, são uns dos instrumentos de maior eficácia para a regulação dos fluxos externos. Ainda segundo Rosseti (2009, p. 898):

Os regimes cambiais baseados em mercados livres com taxas flutuantes têm sido adotados por crescente número de países. Os regimes de taxas

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fixas ajustáveis, adotado desde o segundo pós-guerra, com a coordenação do FMI, têm sido substituídos por regimes mais flexíveis. Segundo levan-tamento do FMI, mais de 80% das transações externas estão de alguma forma atreladas a taxas flutuantes, adotadas por 138 entre 182 países. Entre os 138 encontram-se os Estados Unidos, Japão e os demais países industriais avançados da Europa e da Oceania; encontram-se também os países emergentes da Ásia e crescente número de outros países em de-senvolvimento. Em 1990, o número de países com esse regime cambial limitava-se a 56.

Uma das razões da crescente adoção do regime de câmbio flutuante por vários países deve-se ao fato do crescente processo de globalização dos mercados financeiros mundiais e ainda por outros importantes argumentos favoráveis às taxas flutuantes, como o de que o mercado cambial encontra seu próprio equilíbrio, sem intervenção das autoridades monetárias. Ficando elas livres de manter reservas cambiais para regular o mercado, focando o uso da política monetária em outros objetivos da política econômica interna. Sabe-se que a oferta de divisas resulta dos fluxos de entrada em transações correntes do balanço de pagamentos: exportações de mercadorias, receitas cambiais com serviços, transferências unilaterais originadas no exte-rior, empréstimos e financiamentos obtidos do exterior e ingressos autônomos de capitais de risco. Contrabalançando, a procura (demanda) por divisas é dada pelas importações, pelas despesas cambiais por serviços, pelas transfer-ências unilaterais para o exterior, pelas amortizações de empréstimos e finan-ciamentos e pelas saídas de capitais autônomos para aplicação no mercado externo, mas como observam Krugman e Obstfeld (2005), estabelecendo-se um mercado de câmbio flexível, sem intervenção das autoridades monetárias, a sua estrutura seria bastante próxima da concorrência perfeita:

Primeiro, porque o produto é homogêneo. Segundo, porque os agentes econômicos envolvidos em operações cambiais possuem geralmente am-plas informações sobre as condições atuais e as tendências do mercado, o que o torna bastante transparente. Terceiro, porque as operações são prat-icamente atomizadas e nenhum agente reúne condições de modificar os padrões de negociação vigentes. E, em quarto lugar, porque quaisquer es-pécie de concorrência extra-preço ou de mecanismos de diferenciação seri-am inócuas. (KRUGMAN; OBSTFELD, 2005 apud ROSSETI, 2009, p.895)

De acordo com Rosseti (2009), conclui-se que quaisquer influências das autoridades monetárias no mercado de câmbio não significam que sejam no-civas, ou que as flutuações da taxa de câmbio, independente das suas in-tensidades e periodicidade com que ocorram, não represente perturbações prejudiciais ao equilíbrio das transações externas. As incertezas em relação às taxas que prevalecerão em um mercado tão sensível, volátil e especulativo são argumentos que vão contra as taxas flutuantes, sugerindo regime de taxas fixas e administradas pelas autoridades monetárias.

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O meio termo entre flutuações livres e controle central é a adoção de bandas de flutuação cambial. Neste caso, as autoridades monetárias manterão estoques de divisas conversíveis suficientes apenas para intervir no mercado em situações de fortes e indesejáveis flutuações. O Chefe do Departamento Econômico do Banco Central (DEPEC), Al-tamir Lopes, disse que o fluxo cambial em agosto/2010 até o último dia 19 do mesmo mês é positivo em US$ 988 milhões. O fluxo comercial, no período, é negativo em US$ 1,65 bilhão, as exportações foram de US$ 8,23 bilhões, e as importações, de US$ 9,88 bilhões. Já o fluxo financeiro é positivo em US$ 2,64 bilhões nos 19 primeiros dias de agosto/2010, resultado de entradas de US$ 17,69 bilhões e de saídas de US$ 15,06 bilhões. O chefe do DEPEC informou que o BC adquiriu neste mês US$ 2,69 bilhões no mercado à vista. 4.3 Déficit nas Contas Externas do Brasil e as Reservas Internacion-ais

Segundo reportagem no Diário do Comércio, edição de 23/8/2010, cad-erno de Economia, a conta corrente brasileira, a qual registra todas as oper-ações de bens e serviços do Brasil com o exterior, teve saldo negativo de US$ 4,5 bilhões no mês de julho de 2010, segundo o Banco Central. No acumulado do ano, o déficit ficou em US$ 28,26 bilhões (2,51% do PIB), o pior resultado da história para o período e o triplo do valor comparando-se com o período de janeiro a julho de 2009. Como se ainda o elevado déficit na conta corrente não bastasse, o fluxo de Investimento Estrangeiro Direto (IED), voltado para a produção, também não foi suficiente para compensar a saída de dólares da economia interna. Os ingressos de IED somaram US$ 2,64 bilhões em julho de 2010, equivalente a apenas 58% do déficit na conta corrente que totalizou US$ 4,5 bilhões nega-tivos. Para aliviar o déficit, o Brasil precisou mais uma vez dos investimentos em ações e renda fixa e dos empréstimos tomados por empresas brasileiras no exterior, fato que tem sido recorrente nos últimos meses, desde o início do ano de 2010. Segundo Altamir Lopes, Técnico do BACEN, ter dito não enxergar risco de uma crise futura no balanço de pagamentos, também afirmou que o fato de o IED não cobrir todo o saldo negativo da conta corrente não é problema, pois os empréstimos tomados são de longo prazo e com condições favoráveis, como prazo e taxa de juros. Altamir Lopes ainda destacou que os investimentos produtivos devem ter aceleração, motivada pela exploração do pré-sal, Copa do Mundo e Olimpíadas. De acordo com o Banco Central, as reservas internacionais somaram US$ 269 bilhões em agosto de 2010, US$ 12 bilhões superiores em relação às reservas do mês anterior. A dívida externa total estimada para julho foi de US$ 235 bilhões, uma elevação de 10,2 bilhões de dólares em relação ao mês anterior.

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4.4 A Importância do Grau de Investimento

Segundo reportagem publicada na revista Veja, edição 2059, o dia 30 de abril de 2008 foi de euforia para o governo e o mercado financeiro nacional. A agência de classificação de risco Standard & Poor’s elevou a nota de crédito de moeda estrangeira do Brasil. O país, assim, alcançou o tão esperado grau de investimento. A Bovespa disparou: teve a maior alta porcentual desde outubro de 2002 e fechou com recorde de 67.868 pontos. A notícia tem, basicamente, dois significados. Primeiro que o Brasil tem mais segurança em relação ao pa-gamento de suas dívidas. Segundo, que esse fator atrairá mais investimentos externos, montante que poucos se arriscam a prever. Agora, a economia bra-sileira precisa não só manter a posição concedida pela Standard & Poor’s como conquistar o grau de investimento de outras agências. Em 29 de maio de 2008 foi a vez da Fitch atribuir essa nota ao Brasil. Quando uma agência considera um país ou uma empresa “bons pa-gadores”, eles recebem o grau de investimento. O nome nada mais é do que um selo de qualidade, que indica baixíssimo risco de calote. As empresas ou países, uma vez que recebem o grau de investimento, podem continuar a subir na classificação. Assim que atingem o topo, são consideradas com total capaci-dade de quitar suas dívidas. Algumas empresas brasileiras que possuem o grau de investimento são a Petrobras, a Vale e a AmBev. Essa nota de crédito serve para diferenciar os bons pagadores dos maus pagadores no mercado internacional. Ao longo dos anos, tornou-se a bússola dos investidores e instituições financeiras internacionais na hora decidir onde colocar dinheiro e, ainda, que taxa de juro cobrar por ele. Desta forma, quanto mais seguro um país ou uma empresa for considerado por uma agência, mais dinheiro recebe a custos cada vez mais baixos. As agências de classificação de risco, ou agências de “ratings” são em-presas especializadas que emitem notas sobre o risco de um país ou empresa suspender os pagamentos de suas dívidas. As mais respeitadas no mercado internacional são a Fitch, a Moody’s e a Standard & Poor’s, esta, a primeira a elevar o Brasil para o grau de investimento. Ainda de acordo com a revista Veja, edição 2130, a agência de classifi-cação de risco Moody’s anunciou em setembro de 2009 a elevação do Brasil a “grau de investimento”, com perspectiva positiva. Com isso, o País consegue a classificação de investment grade nas três principais agências do mundo. Além da Moody’s, Standard & Poor’s e Fitch Ratings haviam elevado a nota do Brasil no ano passado. A seguir, quadro referente às notas de classificação das agências classificadoras diferenciando o grau de investimento do grau especu-lativo.

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4.5 Quadro do Céu ao Inferno:

No quadro acima, as notas designadas para o Brasil pelas 3 principais agências mencionadas anteriormente estão pelo menos em “BBB”, ou seja, to-das as notas estão dentro do Grau de Investimento, havendo poucas variações na representação gráfica das notas auferidas pelas agências, o que importa é que todas elas atestam o importante nível atingido pelo país atualmente.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Verificou-se, portanto, que a evolução da economia internacional ini-ciou-se no século XV com as grandes navegações, transitou pelo mercantil-ismo, passou pelo liberalismo, pela teoria keynesiana e finalmente chegando à globalização. Nota-se também que atualmente os fatores das trocas internacionais não incluem somente o fator “terra”, quando eram consideradas as vantagens continentais da área geográfica de um determinado país, que quanto maior, ou que continha mais reservas naturais de produtos primários como petróleo, gás natural, minerais, metais, etc., levavam mais vantagens; e os países menores continham mais especificidade de um determinado bem natural ou produto.

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Observou-se que, atualmente, além do fator terra, existem também os fatores de produção, a quantidade de mão de obra especializada disponível, a tecno-logia, a infra-estrutura, influência cultural e influência governamental como fatores de fundamental importância nas trocas internacionais. Atualmente verifica-se que a estrutura atual do balanço de pagamentos segue as regras e recomendações do FMI e que o balanço de pagamentos é muitas vezes confundido com a balança comercial. Mas no presente trabalho observou-se que as contas da balança comercial, como mostra o quadro na página 18 da presente pesquisa, estão contidas no balanço de pagamentos e que a balança comercial, que movimenta bilhões de dólares, é de fundamental importância para o resultado final do balanço de pagamentos, sendo este re-sultado superavitário ou deficitário. Tanto a balança comercial como também a balança de serviços, as transferências unilaterais e a conta Capital e Financeira são fatores ou variáveis influentes que podem alavancar o resultado final do balanço de pagamentos tanto positiva quanto negativamente. Percebe-se também que alguns autores citados na pesquisa consideram o balanço de pagamentos como um registro de transações entre “residentes” e “não residentes” de um determinado país, mas, nota-se também que nem sempre as transações são entre residentes e não residentes de um país, de acordo com outros autores do assunto, e que as definições de residentes e não residentes não se aplicam às contas do balanço de pagamentos. Verificou-se que nas relações internacionais comerciais entre países a oferta agregada do país deixa de ser composta apenas por produtos feitos in-ternamente, mas passa a contar com bens e serviços elaborados no exterior. A demanda por produtos domésticos deixa de ser feita apenas por residentes, passando a ser feitas também por não residentes; a dotação de fatores de produção nacionais pode contar também com os internacionais; a poupança interna não precisa mais necessariamente ser aplicada no país, podendo ser in-vestida no exterior. Notou-se também que de acordo com a OMC, o Brasil e a Índia correspondem com aproximadamente 1% do comércio internacional cada, enquanto a China corresponde com 10%. Ficou claro também que a China ultrapassou a Alemanha e os EUA nas exportações, tanto em valores monetários quanto em volume de mercadorias e serviços, assumindo então o primeiro lugar entre os maiores exportadores. Quanto ao câmbio, percebeu-se que a determinação de sua taxa pode ser de dois modos: taxa de câmbio fixa ou taxa de câmbio flutuante. No primeiro modo, são as autoridades econômicas que às influenciam; no segundo modo a taxa é influenciada pelas variações do mercado, sendo a taxa de câmbio flutu-ante a mais utilizada pela maioria dos países no comercio mundial. As nações também são livres para manter suas próprias reservas cambiais para regular o mercado interno no caso de crises econômicas, resultando então em uma taxa de câmbio flutuante “suja”, quando se percebe uma influência das autoridades econômicas e monetárias nas variações cambiais. Percebe-se ainda que devido à valorização do Real, no ano de 2010 as importações estão crescendo e as exportações caindo, fato que influenciará negativamente o resultado final do

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balanço de pagamentos do ano corrente. Finalmente, verificou-se também que o Brasil conseguiu atingir o grau de investimento pelas três principais agências classificadoras mundiais (Moody’s, Standard & Poor’s e Fitch Ratings). Isso significa que o país agora está incluído no grupo dos “bons pagadores”, ou seja, os investimentos estrangeiros no Brasil já estão passando por um acréscimo bem notável. Pode-se observar a constante valorização do Real (desvalorização do dólar), consequência dos constantes investimentos feitos em dólar devido às taxas de juros altas ex-istentes no Brasil, e o crescimento recorde da bolsa de valores de São Paulo, atingindo altas maiores do que os picos atingidos antes da crise mundial origi-nada em 2008.

REFERÊNCIAS

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COMÉRCIO a expandir-se 9,5% em 2010, após um 2009 sombrio. Disponível em: <http://www.wto.org/english/news_e/pres10_e/pr598_e.htm>. Acesso em: 11 set. 2010.

DIAS, R; RODRIGUES, W. Comércio exterior: teoria e gestão. São Paulo: Atlas, 2007.

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FEIJÓ, C. A., et al. Contabilidade social, 2 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.

GREMAUD, A. P.; VASCONCELLOS, M. A. S.; TONETO, R., Economia Brasileira Contemporânea, 7 ed. São Paulo: Atlas, 2009. Cap. 10 e 21.

KRUGMAN, P.; OBSTFELD, M., Economia internacional: teoria e política. São Paulo: Pearson Addison Wesley, 2005.

MELLAGI FILHO, A; ISHIKAWA, S., Mercado financeiro e de capitais, 2 ed. São Paulo: Atlas, 2003. Cap. 4.

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ROSSETI, J. P., Introdução à economia, 20 ed. São Paulo: Atlas, 2009. Parte VI, cap. 20 e 21.

SÉRIE Histórica do Balanço de Pagamentos (anual). Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/?SERIEBALPAG>. Acesso em 10 jul. 2010.

SETOR Externo – Técnico do BC minimiza risco de crise – Agosto de 2010. Disponív-el em: <http://www.dcomercio.com.br/materia.aspx?id=50671&canal=4>. Acesso em: 28 ago. 2010.

VASCONCELOS, M. A. S.; GARCIA, M. E., Fundamentos de economia, 3 ed. São Paulo: Saraiva, 2008.

ANEXO A

ATA DE ORIENTAÇÃO DO TCC

1. Nome do Aluno:Anchises Lins Caldas2. Título do TCC:Balanço Internacional de Pagamentos e seu Significado para a Economia de um País3. Linha de Pesquisa:Comércio Exterior4. Professor orientador:Filipe Reis Melo5. Período da Orientação:Início: 01/09/2009. Término: 31/08/2010.6. Comentário do professor orientador:_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Recife, ____/____/____Autorizo a entrega deste TCC por mim revisado.

_____________________________________Filipe Reis Melo