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SIMP.TCC/Sem.IC. 2018(14);69-90 FACULDADE ICESP / ISSN: 2595-4210 69 CURSO DE ADMINISTRAÇÃO EMPREENDEDORISMO: UMA ANÁLISE DO PERFIL DOS MICROEMPREENDEDORES INDIVIDUAIS NO AMBIENTE DE NEGÓCIO DO BRASIL ENTREPRENEURSHIP: AN ANALYSIS OF THE PROFILE OF INDIVIDUAL MICRO- ENTREPRENEURS IN THE BUSINESS ENVIRONMENT OF BRAZIL Vanessa Gonçalves de Souza Pedro Henrique Soares de O. Roza Ângelo José Penna Machado Resumo A partir da atual conjuntura econômica do Brasil, a informalidade aparece como uma questão a ser rompida. Dessa forma, como incentivo à formalização dos autônomos, foi sancionada a Lei Complementar n° 128/2008, que criou a figura do Microempreendedor Individual MEI. A lei surge como alternativa facilitadora para aqueles que desejam ter um empreendimento legalizado ou uma forma de obtenção de renda, conseguindo assim um lugar no mercado de trabalho. O artigo teve o objetivo de conceituar o MEI, analisar a influência que a taxa de desemprego gerou para o surgimento deles, sugerir possíveis políticas públicas para a otimização do desenvolvimento da atividade e apresentar o perfil desses microempreendedores individuais brasileiros que se formalizaram, a partir de dados sociodemográficos da pesquisa realizada pelo SEBRAE em 2017 sobre “O Perfil do Microempreendedor Individual”. Por meio de uma pesquisa bibliográfica e de estudo qualitativo, quantitativo e exploratório, foi possível detectar características que compõem o Microempreendedor Individual brasileiro atual, visando subsidiar o crescimento e o fortalecimento da atividade microempreendedora. Palavras-Chave: Microempreendedor Individual; Empreendedorismo; Políticas Públicas; MEI; Lei n° 128/2008. Abstract From the current economic situation in Brazil, informality appears as an issue to be broken. Thus, as an incentive to the formalization of the autonomous, Complementary Law 128/2008 was enacted, which created the figure of the Individual Microentrepreneur - MEI. The law appears as a facilitating alternative for those who wish to have a legalized enterprise or a form of obtaining income, thus obtaining a place in the labor market. The purpose of this article was to conceptualize the MEI, to analyze the influence that the unemployment rate generated for the emergence of them, to suggest possible public policies to optimize the development of the activity and to present the profile of these Brazilian individual entrepreneurs who formalized themselves, starting from sociodemographic data from the SEBRAE survey in 2017 on "The Profile of the Individual Microentrepreneur". Through bibliographic research and qualitative, quantitative and exploratory study, it was possible to detect characteristics that make up the current Brazilian individual microentrepreneur, aiming to subsidize the growth and strengthening of microenterprise activity. Keywords: Microentrepreneur Individual; Entrepreneurship; Public policy; MEI; Law No. 128/2008. EMAIL: [email protected] Introdução O Brasil enfrenta, atualmente, uma série de problemas socioeconômicos. Essas dificuldades criam a necessidade da busca de diferentes alternativas que possam possibilitar uma vida mais estável para seu povo. Esses fatores aliados às disputas acirradas entre as mais diversas empresas fazem com que o empreendedorismo se torne uma possibilidade na vida de diversos brasileiros. Devido ao grande número de trabalhadores informais no país e os prejuízos gerados por este cenário para a economia, o Estado precisou adotar medidas para reverter este quadro. Assim, em 19 de dezembro de 2008 foi instituído e regulamentado a figura do Microempreendedor Individual (MEI) no Brasil, por meio da Lei Complementar LC nº. 128. Alguns aspectos, como a disfunção da burocracia e a falta de preparo, são características que contrastam com as oportunidades geradas por essa atividade econômica, afugentando possíveis microempreendedores. Por outro lado, há vários programas e iniciativas que fomentam o interesse no ramo. O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), por exemplo, disponibiliza materiais e cursos que orientam e Como citar esse artigo: Souza VG, Roza PHSO, Machado AJP. EMPREENDEDORISMO: UMA ANÁLISE DO PERFIL DOS MICROEMPREENDEDORES INDIVIDUAIS NO AMBIENTE DE NEGÓCIO DO BRASIL. Anais do 14 Simpósio de TCC e 7 Seminário de IC da Faculdade ICESP. 2018(14); 69-90

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CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

EMPREENDEDORISMO: UMA ANÁLISE DO PERFIL DOS MICROEMPREENDEDORES INDIVIDUAIS NO AMBIENTE DE NEGÓCIO DO BRASIL

ENTREPRENEURSHIP: AN ANALYSIS OF THE PROFILE OF INDIVIDUAL MICRO-ENTREPRENEURS IN THE BUSINESS ENVIRONMENT OF BRAZIL

Vanessa Gonçalves de Souza Pedro Henrique Soares de O. Roza

Ângelo José Penna Machado Resumo A partir da atual conjuntura econômica do Brasil, a informalidade aparece como uma questão a ser rompida. Dessa forma, como incentivo à formalização dos autônomos, foi sancionada a Lei Complementar n° 128/2008, que criou a figura do Microempreendedor Individual –

MEI. A lei surge como alternativa facilitadora para aqueles que desejam ter um empreendimento legalizado ou uma forma de obtenção de renda, conseguindo assim um lugar no mercado de trabalho. O artigo teve o objetivo de conceituar o MEI, analisar a influência que a taxa de desemprego gerou para o surgimento deles, sugerir possíveis políticas públicas para a otimização do desenvolvimento da

atividade e apresentar o perfil desses microempreendedores individuais brasileiros que se formalizaram, a partir de dados sociodemográficos da pesquisa realizada pelo SEBRAE em 2017 sobre “O Perfil do Microempreendedor Individual”. Por meio de uma pesquisa bibliográfica e de estudo qualitativo, quantitativo e exploratório, foi possível detectar características que compõem o

Microempreendedor Individual brasileiro atual, visando subsidiar o crescimento e o fortalecimento da atividade microempreendedora. Palavras-Chave: Microempreendedor Individual; Empreendedorismo; Políticas Públicas; MEI; Lei n° 128/2008. Abstract From the current economic situation in Brazil, informality appears as an issue to be broken. Thus, as an incentive to the formalization of

the autonomous, Complementary Law 128/2008 was enacted, which created the figure of the Individual Microentrepreneur - MEI. The law appears as a facilitating alternative for those who wish to have a legalized enterprise or a form of obtaining income, thus obtaining a place in the labor market. The purpose of this article was to conceptualize the MEI, to analyze the influence that the unemployment rate

generated for the emergence of them, to suggest possible public policies to optimize the development of the activity and to present the profile of these Brazilian individual entrepreneurs who formalized themselves, starting from sociodemographic data from the SEBRAE survey in 2017 on "The Profile of the Individual Microentrepreneur". Through bibliographic research and qualitative, quantitative and

exploratory study, it was possible to detect characteristics that make up the current Brazilian individual microentrepreneur, aiming to subsidize the growth and strengthening of microenterprise activity. Keywords: Microentrepreneur Individual; Entrepreneurship; Public policy; MEI; Law No. 128/2008.

EMAIL: [email protected]

Introdução

O Brasil enfrenta, atualmente, uma série de problemas socioeconômicos. Essas dificuldades criam a necessidade da busca de diferentes alternativas que possam possibilitar uma vida mais estável para seu povo. Esses fatores aliados às disputas acirradas entre as mais diversas empresas fazem com que o empreendedorismo se torne uma possibilidade na vida de diversos brasileiros.

Devido ao grande número de trabalhadores informais no país e os prejuízos gerados por este cenário para a economia, o Estado precisou adotar medidas para reverter este

quadro. Assim, em 19 de dezembro de 2008 foi instituído e regulamentado a figura do Microempreendedor Individual (MEI) no Brasil, por meio da Lei Complementar – LC nº. 128.

Alguns aspectos, como a disfunção da burocracia e a falta de preparo, são características que contrastam com as oportunidades geradas por essa atividade econômica, afugentando possíveis microempreendedores. Por outro lado, há vários programas e iniciativas que fomentam o interesse no ramo. O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), por exemplo, disponibiliza materiais e cursos que orientam e

Como citar esse artigo: Souza VG, Roza PHSO, Machado AJP. EMPREENDEDORISMO: UMA ANÁLISE DO PERFIL DOS MICROEMPREENDEDORES INDIVIDUAIS NO AMBIENTE DE NEGÓCIO DO BRASIL. Anais do 14 Simpósio de TCC e 7 Seminário de IC da Faculdade ICESP. 2018(14); 69-90

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auxiliam microempreendedores na gestão do seu negócio.

Neste contexto, o presente trabalho buscou identificar o perfil dos microempreendedores individuais (MEI) brasileiros, destacando as principais características socioeconômicas deste grupo, tais como gênero predominante, grau de instrução, motivos para ingresso nessa atividade econômica, Contextualização Objetivo Geral

Identificar o perfil socioeconômico dos

Microempreendedores Individuais brasileiros. Objetivos Específicos

Conceituar Microempreendedor Individual (MEI);

Citar a Legislação federal referente à atuação dos MEI;

Analisar a influência que a taxa de desemprego exerce para o crescimento do microempreendedorismo;

Apresentar os fatores que podem motivar a formalização de microempreendedores individuais;

Apontar possíveis ações que fomentem a otimização do desenvolvimento da atividade microempreendedora.

Justificativa e Problema de Pesquisa

O empreendedorismo no Brasil vem ganhando cada vez mais importância econômica e tem influenciado diretamente na geração de renda e emprego. Pesquisa realizada pela entidade Global Entrepreneurship Monitor (GEM) em 2015, aponta que o país está em primeiro lugar no ranking mundial de taxa de empreendedorismo, o que comprova a notoriedade dessa atividade.

Diante deste contexto, em um ambiente com sérios problemas socioeconômicos, o Microempreendedorismo Individual (MEI) surge como possibilidade mais acessível para o público que busca uma oportunidade de obtenção de receita, independência profissional e/ou formalização do seu negócio já existente.

Uma pesquisa realizada pelo Serasa em 2017 corrobora a afirmação anterior ao identificar que a representatividade de microempreendedores individuais cresceu proporcionalmente às taxas de desemprego. Das empresas abertas entre janeiro e maio do referido ano, 79,2% eram MEI, enquanto em 2013 essa porcentagem girava em torno 42%. Já em fevereiro de 2018 este mesmo órgão constatou, por meio de uma nova pesquisa, que os MEI representavam 82,5% da constituição de novas empresas.

Assim, este trabalho busca analisar o perfil dos microempreendedores individuais (MEI) no Brasil, com o objetivo de identificar as características típicas entre eles, além de apresentar os fatores que os levaram a se formalizarem neste segmento, buscando fornecer subsídios quantitativos, principalmente em relação aos dados socioeconômicos, para auxiliar na criação de políticas públicas que busquem o desenvolvimento da atividade, de acordo com informações aferidas neste trabalho.

Revisão de Literatura Conceitos do Empreendedorismo

Ronald (2009), afirma que o termo “empreendedor” é derivado da palavra da língua inglesa “entrepenuer”, que teve origem na palavra da língua francesa “entreprende”. Essa palavra foi criada pela junção de “entre”, derivado do latim “inter”, com significado de reciprocidade, e “preneur”, derivado do latim “prehendere”, com significado de comprador, representando assim o intermediário.

Brito, Pereira e Linard (2013), citam que o empreendedor é aquele que tem como responsabilidade “assumir riscos e começar algo novo” e que o termo “empreendedorismo” teve seu surgimento concedido pelo economista e escritor Richard Cantillon durante o século XVII, que diferenciou a atividade empreendedora, atribuída às ações que assumiam riscos, à atividade meramente capitalista, que visava principalmente a concessão de capital.

Surgindo como uma oportunidade de negócio, o empreendedorismo abrange cada vez mais pessoas e torna-se cada dia mais competitivo no mercado de trabalho. Assim, desperta o interesse de um grande número de estudiosos discutirem sobre o tema, induzindo o desenvolvimento de inúmeros e diferentes conceitos.

Ele está diretamente ligado à novidade e criatividade, em resumo. É o que dizem os estudiosos que discorrem sobre o assunto.

Dornelas (2001), afirma que empreendedor é aquele que detecta uma oportunidade e cria um negócio para capitalizar sobre ela, assumindo riscos calculados, e que existem três pontos em comum em qualquer definição do empreendedorismo: iniciativa para criar um novo negócio e paixão pelo que faz; utilização dos recursos disponíveis de forma criativa, transformando o ambiente social e econômico onde vive; e aceitação de assumir os riscos e as possibilidades de fracassar.

Segundo Dolabela (2008), o empreendedorismo não é um tema novo ou modismo: existe desde a primeira ação humana

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inovadora, com o objetivo de melhorar as relações do homem com os outros e com a natureza.

O retro mencionado autor cita ainda que, dentre outros conceitos existentes, o mencionado pelo economista austríaco Joseph A. Schumpeter possui bastante notoriedade. No livro “Capitalismo, socialismo e democracia”, publicado em 1942, ele vincula a imagem do empreendedor ao desenvolvimento econômico. Nele, afirma que é intrínseco ao sistema capitalista o processo de destruição criativa, onde a necessidade de destruir o velho para criar-se o novo é um curso normal. E para Schumpeter o agente responsável por esse processo de disrupção criativa encontra-se na figura do que ele definiu como empreendedor, que pode criar novos negócios ou inovar dentro de um negócio já existente. História do Empreendedorismo

O empreendedorismo está presente nos seres humanos desde os primórdios da civilização, levando em consideração tudo o que se foi feito para sobreviver, como por exemplo, criar formas mais fáceis para a caça e a pesca. Porém não existe uma precisão de quando se deu a sua origem.

Vários estudiosos apontam Marco Polo como o primeiro a ter de fato uma atitude empreendedora na segunda metade do século XVIII. No ano 2001, Dornelas afirmou que um exemplo inicial da primeira definição de empreendedor é Marco Pólo, pois ele tentou estabelecer rotas comerciais para o Extremo Oriente. Como empreendedor, assinou um contrato com uma pessoa que possuía recursos para subsidiar a compra de mercadorias que seriam vendidas por ele posteriormente. Enquanto o primeiro assumia riscos de forma passiva, Marco Polo assumia os principais riscos, tanto físicos quanto emocionais, protagonizando assim o papel ativo como empreendedor.

Chiavenato (2007) cita que Reynolds (1997) e Schumpeter (1942) afirmavam que foi entre os séculos XVIII e XIX que o empreendedorismo ganhou mais importância. Grandes nomes da economia perceberam a necessidade desse ramo na sociedade, pois como defensores do liberalismo econômico, acreditavam no livre mercado e na livre concorrência. O empreendedorismo, além de estimular o desenvolvimento econômico, é uma importante ferramenta norteadora de ações inovadoras.

Brito, Pereira e Linard (2013) afirmam que o empreendedorismo no Brasil teve início com a chegada dos portugueses, a partir do século XVII, quando foram executadas diversas ações empreendedoras por Irineu Evangelista de Sousa, o Barão de Mauá. Até os dias atuais ele é considerado um dos grandes empreendedores que atuaram no Brasil. Recebeu esse título por ter

realizado feitos inovadores até então no país com a criação de ferrovias que ligariam importantes polos industriais no período, organização de companhias de navegação a vapor, criação de trechos rodoviários pavimentados, dentre outros feitos.

Esses autores ainda destacam que na década de 1920, o empreendedorismo no Brasil foi fortalecido devido à criação de 4.000 indústrias subsidiadas, protegidas e que possuíam ações do governo contra a concorrência internacional. O período de 1956 a 1960, durante os governos de Getúlio Vargas e Juscelino Kubitscheck, foi bastante marcante para o empreendedorismo nacional. Ainda segundo os mesmos autores, foram criadas diversas medidas que visavam o fortalecimento da área como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE), que incentivaria a iniciativa privada, e o Plano de Metas que permitiu a abertura da economia brasileira ao capital estrangeiro.

Em 17 de julho de 1972 foi criado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE) e pelo Ministério do Planejamento o Centro Brasileiro de Assistência Gerencial à Pequena Empresa (CEBRAE). Durante o período de governo dos presidentes Sarney e Collor (1985-1990) o CEBRAE enfrentou uma série de crises que as enfraqueceram como instituição. Em 9 de outubro de 1990 teve seu nome alterado para SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) por meio do Decreto nº 99.570, que complementa a Lei nº 8.029. Segundo o próprio site do SEBRAE, tal ação fortaleceu a entidade, a desvinculando da administração pública e a transformando em instituição privada, sem fins lucrativos. O SEBRAE foi criado com a finalidade de fortalecer o empreendedorismo no Brasil.

Segundo Dornelas (2001), a desestabilização da economia na década de 1990 obrigou empresas a reduzirem seu quadro de funcionários, colaborando assim para o aumento do nível de desemprego. Este grupo de desempregados viu como alternativa criar seu próprio negócio como fonte de renda para a família. Assim, surgiu a necessidade de estudos, pesquisas e programas voltados para o tema, como por exemplo, o programa Brasil Empreendedor, criado em 1999 pelo Governo Federal, objetivando a capacitação de mais de um milhão de empreendedores brasileiros na elaboração de planos de negócios. Outro fator que fez com que políticas públicas fossem criadas e estudos desenvolvidos por instituições de ensino foi o avanço tecnológico, que exigiu que as pessoas da época se preparassem para inovar, visando a sua inserção ou manutenção em um mercado extremamente competitivo.

Pesquisa realizada pela Global Entrepreneurship Monitor (GEM), divulgada pelo

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SEBRAE em 2010, apresentou que o Brasil possuia a maior taxa de empreendedorismo dentre os países que integram o Grupos dos 20 (G20) e o BRIC (composto por Brasil, Rússia, Índia e China).

Brito, Pereira e Linard (2013) destacam que em 2010 a taxa de empreendedorismo no Brasil alcançou os 17,5% para empreendedores de 3,5 anos, enquanto em 2009 esse número não atingia 16%. Ainda de acordo com os citados autores, a Taxa de Empreendedores em Estágio Inicial (TEA) brasileira foi superior à de países como a Austrália (7,8%) e Estados Unidos (7,6%). Tipos do Empreendedorismo

Diversos autores e estudiosos do empreendedorismo atribuem diferentes definições e criam vários estereótipos para os indivíduos que estão nesse modelo de atividade.

A Global Entrepreneurship Monitor (GEM), responsável pelo maior estudo contínuo de empreendedorismo do mundo, identificou duas formas de empreendedorismo: o por oportunidade e o por necessidade. O primeiro diz respeito aqueles que, após identificarem uma oportunidade para empreender, iniciam a atividade a fim de melhorar as suas condições de vida. Já o segundo se refere aos indivíduos que empreendem diante de uma dificuldade, usando esta iniciativa como forma de alcançar desenvolvimento.

Dornelas (2007) cita uma modalidade empreendedora, que ele denomina como “empreendedorismo corporativo”, crescente no mundo contemporâneo. Devido à necessidade de as grandes organizações inovarem e criarem novas ações, essa metodologia de trabalho se fez oportuna.

Em uma pesquisa realizada no ano de 2008, a GEM corroborou com o pensamento do referido autor. Identificou que o empreendedorismo corporativo ou intraempreendedorismo, impulsionado pela necessidade de fomentar ações inovadoras dentro das organizações, de buscar otimizações de desempenho, de vantagens competitivas e de estimular empregados a se envolverem em ações inovadoras dentro da organização, ganhava notoriedade no mundo organizacional.

Outro tipo de empreendedorismo que se fortalece no panorama socioeconômico brasileiro e mundial é o empreendedorismo social. Segundo o SEBRAE, este modelo é caracterizado por criar produtos e serviços que tenham o objetivo de solucionar ou minimizar problemas sociais. Apesar da necessidade de se obter lucro financeiro, visando à sobrevivência da empresa e da manutenção de suas atividades, o escopo principal

dessas organizações é a transformação das comunidades onde estão inseridas.

A Aspen Network of Development Entrepreneurs - ANDE Brasil (2011), uma rede de empreendedores de países em desenvolvimento, realizou uma pesquisa em que os negócios de impacto social têm movimentado cerca de US$ 60 bilhões em nível global e registrado crescimento de 7% ao ano.

Além desses tipos de empreendedorismo, Dornelas (2007) ainda cita outros: o empreendedor nato, aquele que cria grandes negócios de forma muito rápida; o empreendedor serial, referente àquele que cria diversos empreendimentos sistematicamente; e o empreendedor herdeiro, que como o nome sugere, dará seguimento nos negócios da família, entre diversos outros modelos de empreendedor. Características dos Empreendedores

Assim como qualquer outra atividade, ser empreendedor exige também algumas características próprias dessa figura. Para empreender é preciso desenvolver eficiência, ter otimismo e apresentar resultados.

Dentre tantas características comuns entres os empreendedores de sucesso, ser visionário é a mais marcante e citada dentre os estudiosos deste tema.

Dornelas (2008) acredita que os empreendedores de sucesso são: visionários; sabem tomar decisões; são indivíduos que fazem a diferença; sabem explorar ao máximo as oportunidades; são determinados e dinâmicos; são dedicados; são otimistas e apaixonados pelo que fazem; são independentes e constroem o próprio destino; ficam ricos; são líderes e formadores de equipes; são bem relacionados (networking); são organizados; planejam; possuem conhecimento; assumem riscos calculados; e criam valor para a sociedade.

Já Chiavenato (2007), traça três características básicas que definem o espírito empreendedor: Necessidade de realização, disposição para assumir riscos e autoconfiança. A necessidade de realização trata-se das diferentes necessidades que cada ser humano possui para se sentir realizado. Aquelas que se encaixam no grupo de pessoas com alta necessidade costumam assumir a responsabilidade para si e disputar com tipos específicos de padrão de excelência. McClelland, psicólogo organizacional, citado pelo autor em questão, descobriu em suas pesquisas uma correlação positiva entre a necessidade de realização e a atividade empreendedora. Os empreendedores apresentam elevada necessidade de realização em relação às pessoas da população em geral. A mesma característica foi encontrada em executivos que alcançam sucesso nas organizações e corporações. A segunda

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característica sobre a disposição para assumir riscos diz sobre tudo aquilo que o empreendedor abre mão para assumir os riscos de seu empreendimento, seja dinheiro, emprego fixo ou até mesmo riscos familiares. Contudo, Chiavenato (2007), afirma que McClelland constatou que as pessoas com alta necessidade de realização também têm moderadas propensões para assumir riscos. Ou seja, preferem assumir riscos perante situações que consigam ter um maior controle. Por fim, a autoconfiança diz respeito àquele grupo que está mais propício a enfrentar os desafios impostos e confiantes para sanar possíveis problemas que podem surgir. Rotter (1966) citado por Chiavenato (2007), destaca que existem dois tipos de crença no sucesso. Para ele, as pessoas que sentem que seu sucesso depende de seus próprios esforços e habilidades têm um foco interno de controle. Em contrapartida, as pessoas que sentem ter a vida controlada muito mais pela sorte ou pelo acaso têm um foco externo de controle. O ser humano autoconfiante se encaixa assim, entre àqueles que possuem foco interno de controle.

Existem também os que são considerados empreendedores-heróis. Segundo Hashimoto (2006), as características destes tipos de empreendedores são: comprometimento, criatividade, valores, habilidades específicas, conhecimento do negócio, princípios, atitudes positivas, reconhecimento de oportunidades, sabedoria, perseverança e determinação, habilidades de relacionamento interpessoal, boa comunicabilidade, liderança, facilidade de trabalhar em equipe, automotivação, entre muitas outras citadas por ele. O Microempreendedor Individual (MEI) no Brasil

As mudanças socioeconômicas no Brasil são nítidas e levam os trabalhadores a repensarem sobre suas ocupações e se reinventarem no mercado de trabalho, principalmente àqueles que se encontram desempregados. Assim, a maioria acaba se tornando microempresário.

Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos - DIEESE (2001), no final da década de 1990 o desemprego, o comprometimento dos salários, o alto índice de trabalhadores atuando no mercado informal e o distanciamento dos trabalhadores em relação a leis de proteção social e trabalhista apontavam para uma situação histórica de precarização das condições de trabalho no país.

Assim, foi nessa conjuntura que a regularização das atividades econômicas de trabalhadores informais no Brasil ganhou maior importância.

Krein, Santos e Nunes (2011), afirmam que expectativas sobre mudanças das condições de trabalho surgiram em 2003, pois foi neste ano que

houve melhora na economia, onde se notou aumento de empregos formais e criação de políticas públicas voltadas aos trabalhadores. Com isso, políticas governamentais foram criadas a fim de proporcionar maior formalização das atividades econômicas realizadas por trabalhadores informais.

A partir daí, no ano de 2006, o Estatuto da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte (Lei Complementar nº 123/2006, conhecida como “Lei Geral da Micro e Pequena Empresa”), cria um tratamento específico para os pequenos negócios, melhorando as medidas para trabalhadores deste grupo. Redução dos procedimentos burocráticos para abertura, funcionamento e encerramento de uma pequena empresa; redução da carga tributária; medidas de estímulo à inovação e à educação empreendedora são alguns exemplos dos benefícios estabelecidos por essa Lei.

Porém, mesmo após a criação desta Lei Complementar, a burocratização, o alto custo e o lento processo para se tornar um microempresário legal desmotivava as pessoas inseridas no grupo a se legalizarem e motivavam as mesmas a se manterem no mercado como autônomos informais.

Assim, para incrementação dos negócios no país, em 19 de dezembro de 2008 foi instituída a Lei Complementar nº 128, baseada em projeto do deputado Antônio Carlos Mendes Thame, à época do PSDB, que apresentou a propositura inicial sobre o tema, criando a figura do Microempreendedor Individual, que se refere ao empresário individual que exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços (artigo 966 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002), que tenha auferido receita bruta até o limite estabelecido, que atualmente é de R$ 81.000,00 por ano.

A lei contribui para formalização de trabalhadores brasileiros, que até então, desenvolviam diferentes atividades sem segurança jurídica ou um aparo legal. Alguns dos benefícios assegurados por ela, após cumprido o período de carência, são: aposentadoria por idade, auxílio doença, emissão de notas fiscais, redução do número de impostos, facilidade na abertura de contas, obtenção de crédito e auxilio maternidade.

O SEBRAE (2017) descreve o Microempreendedor Individual como o indivíduo que trabalha por conta própria, possui registro de pequeno empresário, não tem participação em oura empresa como sócio ou titular, possui no máximo um funcionário contratado que receba o salário mínimo ou piso da categoria e exerce modalidade de serviço, comércio ou indústria, as quais constam na Resolução da Comissão Gestor do Simples Nacional nº 140, de 22 de maio de 2018 e afirma que a arrecadação de impostos para este grupo ocorre de forma unificada pelo regime Simples Nacional, isentando-o dos impostos

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federais (Imposto de Renda, PIS, COFINS, IPI e CSLL). Porém, a regra serve apenas para o MEI formalizado e que paga mensalmente o Documento de Arrecadação Mensal do Simples Nacional (DAS) de valor fixo.

O valor mensal do DAS é definido de acordo com o ramo do microempreendedor. O tributo de INSS corresponde a 5% do salário mínimo, assim seu valor fixo atual é de R$ 47,70. Para aqueles que atuam na área de comércio e indústria é cobrado R$ 1,00, referente ao ICMS, totalizando uma taxa de R$ 48,70 por mês. Para prestadores de serviço, o custo fica em R$ 52,70, pois se acrescenta 5,00 de ISS. Já para os MEI que exercem atividade de comércio e indústria, simultaneamente, o valor passa a ser R$ 53,70, considerando os tributos de ICMS e ISS.

A emissão da guia de pagamento da contribuição é de responsabilidade do microempreendedor por meio do site portal do empreendedor, já que governo não emite as guias. O pagamento pode ser feito por meio de boleto, débito automático ou online.

Outra obrigação atribuída ao MEI, é a entrega, anualmente, da Declaração Anual do Simples Nacional (DASN-SIMEI), que apresenta o faturamento bruto da microempresa e ocorre até o dia 31 de maio, sendo relativa ao exercício do ano anterior.

O Senado Federal (2013) afirma que dia após dia, o Brasil se consolida como um grande mercado. A dinâmica de nossa economia tem incorporado novas classes consumidoras e exige que se adotem novas e modernas tecnologias em todos os setores.

Mantovani e Cadoná (2018) ilustram o panorama no qual o Microempreendedorismo Individual foi criado:

A criação do Microempreendedor Individual foi resultado de uma construção histórica, envolvendo não somente instituições vinculadas aos setores

empresariais (e à perspectiva de ampliação da cultura do empreendedorismo), mas, também, a outros setores da sociedade (movimentos sociais,

instituições universitárias e sindicatos de trabalhadores) e do próprio Estado. Seja através da preocupação com o desenvolvimento de uma cultura

empreendedora, seja através de uma preocupação com a melhora das condições de trabalho e de cidadania, a criação da lei fundamentou-se na

expectativa de que a formalização pudesse ser uma estratégia de integração positiva (não somente econômica, mas, também, social e política) de

trabalhadores e de trabalhadoras que atuam no mercado de trabalho numa condição de informalidade (e de precariedade).

Metodologia Classificação da Pesquisa

A presente pesquisa se classifica como um estudo qualitativo e quantitativo, por demonstrar dados gerais sobre o tema dos

Microempreendedores Individuais no DF. De acordo com Gil (2002) este tipo de pesquisa tem como objetivo o aprimoramento de ideias, pesquisando e descrevendo um determinado grupo ou fenômeno.

Foram analisados e correlacionados fatos apresentados nas referidas pesquisas sem manipulá-los, o que segundo Cervo, Bervian e da Silva (2007, p.79) caracteriza uma pesquisa descritiva.

Outro tipo de pesquisa utilizada é a exploratória, pois se restringe por definir objetivos e buscar mais informações sobre determinado tema não muito conhecido. Instrumentos e Técnicas para Coleta de Dados

A pesquisa foi desenvolvida a partir de materiais publicados, embasando-se em estudos realizados anteriormente por instituições que estudam características do tema abordado, tais como a Global Entrepreneurship Monitor (GEM), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIESSE), e em especial estudo realizado pelo SEBRAE em 2017 sobre o “Perfil do Microempreendedor Individual”, feita em todo o Brasil.

Assim, o método para coleta de dados foi a pesquisa bibliográfica e a documental, desenvolvida a partir de estudos já realizados.

Por ser um estudo de caso, a metodologia também se identifica como fenomenológica.

Tendo como base a pesquisa realizada por Feliciano et al. (2018), na qual foram analisados dados para a identificação de características de um perfil empreendedor, foi traçado neste artigo um perfil de microempreendedor, analisando dados sociodemográficos de uma pesquisa promovida pelo SEBRAE (2007) intitulada “Perfil do Microempreendedor Individual”.

Costa (2008) entende que as pesquisas sociodemográficas são estudos comportamentais/ sociais das organizações e interações humanas. Esse tipo de levantamento examina todos os símbolos culturais que os seres humanos criam e usam para organizar e interagir com a sociedade.

Feliciano et al. (2018), ainda afirmam que uma pesquisa que apresenta os dados sociodemográficos com relevância satisfatória nas taxas de empreendedorismo, os setores econômicos que predominam entre os escolhidos para se empreender e motivações utilizadas, com a participação de empreendedores formais e informais, define, de forma satisfatória, um perfil empreendedor.

Moraes et al (2018) realizaram um estudo neste sentido, classificado como exploratório e descritivo, publicado na Revista de Micro e Pequenas Empresas e Empreendedorismo da FATEC Osasco (REMIPE), para analisar e

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caracterizar o perfil dos microempreendedores individuais com dados de 2009 a 2017 considerando as seguintes variáveis: unidade da federação - estado ao qual os microempreendedores estão vinculados; gênero; ramos de atuação; escolaridade; faixa etária.

Dessa forma, para que a presente pesquisa tivesse êxito nesta identificação, foram correlacionadas as características por sexo, faixa etária, nível socioeconômico, raça e escolaridade. Além de outras citadas pela pesquisa do SEBRAE (2017), julgadas por eles como importantes quesitos para definição de um perfil microempreendedor: distribuição de MEI por área de atuação e também por gênero nos setores identificados, local onde opera o negócio, ocupação antes de se formalizar, tempo de empreendedorismo informal antes de tornar-se MEI e principais motivos para formalização.

Análise dos Dados Presente há 9 anos no mercado, o

microempreendedorismo tem se mostrado um grande parceiro da economia e daqueles que encontram nele uma forma de sobrevivência.

A seguir serão analisados os dados de algumas variáveis deste grupo com o objetivo de traçar um perfil para os microempreendedores individuais de acordo com a pesquisa do SEBRAE que os entrevistou entre o período de 17/02/2017 a 11/04/2017.

Desde a formalização dos MEI em 2009, o número de pessoas formalizadas só vem crescendo. De dezembro de 2010 até dezembro de 2016 foram registrados no Brasil 6.649.896 deles (Gráfico 1).

Gráfico 1 – Total de microempreendedores individuais (acumulado) – dezembro de 2010 a dezembro de 2016:

Fonte: SEBRAE (2017), a partir de dados da Receita Federal

A pesquisa realizada pelo SEBRAE (2017) contou com a participação de 10.328 microempreendedores individuais, selecionados do Cadastro de Microempreendedores Individuais da Receita Federal do Brasil. A amostra trabalhada foi de aproximadamente 380 MEI por Unidade Federativa. A ponderação dos resultados nacionais se deu conforme a participação de cada UF no universo total de MEI.

Tabela 1 – Ponderação da pesquisa

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Fonte: SEBRAE (2017) a partir de dados da Receita Federal

De acordo com SEBRAE (2017), os MEI se

concentram, principalmente, nas grandes capitais e em suas regiões metropolitanas. Conforme mapa 1 e tabela 2, as cidades com maior número de MEI são todas capitais ou fazem parte de regiões metropolitanas delas.

Mapa 1 – Número de MEI, por UF, em dezembro de 2016:

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Fonte: SEBRAE (2017) a partir de dados da Receita Federal

Tabela 2 – Número de MEI, nos 20 municípios com maior concentração de MEI, em dezembro de 2016:

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Fonte: SEBRAE (2017) a partir de dados da Receita Federal

Um fator a ser medido na análise do perfil

dos microempreendedores é a idade das pessoas que atuam no ramo.

Gráfico 2 – Distribuição de MEI por faixa etária - 2013 e 2016

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Fonte: SEBRAE (2017) a partir de dados da Receita Federal

Conforme ilustrado no Gráfico 2, a maior taxa de microempreendedorismo apresentada encontra-se no intervalo de idade entre 30 e 39 anos, seguidos nos intervalos de 40 a 64 anos. Estes dados demonstram que a tendência é o

aumento da quantidade de microempreendedores mais idosos.

A escolaridade dos MEI também ganha destaque na pesquisa realizada pelo SEBRAE. O Gráfico 3, abaixo, ilustra a realidade do grau de instrução deles:

Gráfico 3 – Escolaridade MEI – Detalhado

Fonte: SEBRAE (2017)

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Percebe-se claramente no gráfico que,

majoritariamente, os MEI que possuem nível médio completo predominam, com 32% do total. Aqueles que possuem nível superior aparecem com 20% dos MEI entrevistados e logo na sequência, com 16% da amostra geral, aparece os indivíduos com nível fundamental incompleto.

Os MEI de nível técnico completo e incompleto aparecem nas últimas colocações,

ocupando a antepenúltima e a última posição, respectivamente. Os profissionais que se encaixam nessa atividade econômica e são analfabetos ou sem instrução formal ocupam a penúltima posição no ranking da pesquisa, com 1% da amostra total.

Quanto à raça/cor, o SEBRAE perguntou aos entrevistados em qual eles se enquadravam:

Gráfico 4 – Distribuição do MEI por raça/cor – 2013 a 2017.

Fonte: SEBRAE (2017)

Como resultado, os brancos e pardos pertencem ao maior número de microempreendedores nos anos de 2013, 2015 e 2017, seguidos pelos pretos, orientais e indígenas. Em 2013 os pardos eram maioria, seguidos pelos brancos. Em 2015 esse quadro se reverteu, onde o número de brancos aumentou e o de pardos diminuiu, trocando assim as posições.

A fim de identificar a classe social dos MEI, o SEBRAE elaborou perguntas no sentido de abarcar a renda total domiciliar dos microempreendedores individuais. Para realizar a comparação dos dados obtidos, utilizou-se a classificação elaborada pela Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República, atualizada em 2017.

Tabela 3 – Classificação SAE - Classe Socioeconômica

Fonte: SEBRAE (2017), a partir de definição da Secretaria de Assuntos Estratégicos – Presidência da República.

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Diante da referida classificação elaborada pela SAE, o SEBRAE traçou o perfil

socioeconômico dos MEI, conforme é possível verificar no gráfico abaixo:

Gráfico 5 – Proporção de MEI por classe socioeconômica

Fonte: SEBRAE (2017)

Predominantemente, os MEI se encontram nas classes médias e altas, com 88,8% do total, sendo que a baixa classe alta e a alta classe média têm números mais representativos com 25% e 27%, respectivamente, do total. A alta classe alta, o pobre, mas não extremamente pobre e o extremamente pobre são os que apresentam os menores números, decrescendo a partir de 5%.

No que diz respeito à predominância por gênero na área, a pesquisa do SEBRAE (2017) constatou que do total de MEI no Brasil, 52,4% são do sexo masculino e 47,6% do sexo feminino, conforme mostra o gráfico abaixo:

Gráfico 6 – Distribuição de MEI por gênero – 2010 a 2016.

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Fonte: SEBRAE (2017) a partir de dados da Receita Federal

O percentual de mulheres MEI apontou um

pequeno aumento de 2010 a 2014, enquanto a taxa para as pessoas do sexo masculino no mesmo período apresentou um declínio de um pouco mais de 2%.

Em relação ao setor em que os microempreendedores individuais atuam, o de serviço conta com um maior número de formalizados, conforme mostra o gráfico abaixo.

Gráfico 7 – Distribuição de MEI por grande setor, em dezembro de 2016

Fonte: SEBRAE (2017) a partir de dados da Receita Federal.

O gráfico ilustra que o setor de serviços é o de maior destaque, seguido por comércio, indústria, construção civil e agropecuária.

Dentre as atividades realizadas por ambos

os sexos, os números variam bastante de um setor de atuação para o outro.

Gráfico 8 – Distribuição de MEI por sexo dentro dos setores, em dezembro de 2016

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Fonte: SEBRAE (2017) a partir de dados da Receita Federal

A distribuição do total de

microempreendedores individuas em dezembro de 2016 é diferente entre o sexo masculino e o

feminino. A predominância masculina nos setores da agropecuária e construção civil é latente. Nas áreas da indústria, serviços e comércio, as

mulheres são maioria, sendo que neste último possuem uma ligeira superioridade numérica.

No que diz respeito ao local em que os MEI atuam, em 2017 a maioria optou por ter seu próprio negócio em casa, conforme informações apresentadas no gráfico 9.

Gráfico 9 - Local onde opera o negócio

Fonte: SEBRAE (2017) *Em 2012, não havia a opção “em feira ou shopping popular”, por isso os dados desse ano são apenas

parcialmente comparáveis.

Outra importante informação analisada

pelo SEBRAE (2017) foi a respeito da ocupação

dos MEI antes da sua formalização. Os resultados obtidos seguem no gráfico abaixo.

Gráfico 10 – Ocupação antes de se formalizar – 2013 a 2017

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Fonte: SEBRAE (2017)

O gráfico 10 mostra que em 2017 metade

dos MEI tinham carteira assinada antes da formalização. Entre os outros 50%, 23% correspondiam aos empreendedores informais, 13% aos empregados informais, 6% à donos de casa, 3% eram funcionários públicos, 2%

estudante, 2% empreendedor formal, e 2% estavam entre os desempregados e aposentados.

Dentre os MEI que afirmaram estarem entre os empreendedores informais, 54% deles estiveram na atividade informal por 10 anos ou mais, o que é demonstrado a seguir.

Gráfico 11 – Tempo de empreendedorismo informal antes de tornar-se MEI – 2013 a 2017

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Fonte: SEBRAE (2017)

Os outros se dividiram com 21% de informais entre 2 e 4 anos, 18% entre 5 e 9 anos e 7% ficaram informais por menos de 2 anos. O SEBRAE (2007) achou importante averiguar também qual foi o principal motivo que

levou a formalização dos microempreendedores individuais.

Gráfico 12 – Principais motivos para formalização.

Fonte: SEBRAE (2017)

Nota-se no Gráfico 12 que os motivos principais que levaram a maioria a formalização foram “ter uma empresa formal” e os “benefícios do INSS”.

Diante de todos os gráficos apresentados neste trabalho, o perfil do Microempreendedor Individual brasileiro é:

Critério Resultado Porcentagem

Maior parte dos MEI

São Paulo 25,7 %

Faixa Etária Entre 30 e 39

anos 33,1%

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Escolaridade Nível Médio Completo

32%

Raça/ Cor Brancos e

Pardos 43% e 42%

Classe Econômica

Alta classe Média

27%

Baixa Classe Alta

25%

Gênero Masculino 52,4%

Setor de atuação

Serviço 38,3%

Gênero Setor Agropecuária

Masculino 82%

Gênero Setor Comércio

Feminino 51%

Gênero Setor Construção

Civil Masculino 93%

Gênero Setor Indústrias

Feminino 55%

Gênero Setor Serviços

Feminino 52%

Local do Negócio

Em casa 45%

Ocupação antes da

formalização

Empregado com Carteira

50%

Tempo de informalidade antes do MEI

10 anos ou mais

54%

Principal motivo para

Formalização

Ter uma empresa formal

26%

Benefícios INSS

26%

Considerações Finais O desemprego no Brasil, oriundo da recessão econômica que acometeu o país a partir de meados de 2014, vem atingindo números estratosféricos. A taxa média de desempregados em 2017, ano em que foi realizada a pesquisa do SEBRAE utilizada como base para esse artigo, atingiu a marca de 12,7%, o que representava, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), mais de 12 milhões de pessoas. Este quadro fez com que as pessoas buscassem alternativas para obtenção de renda.

Nesse contexto, a figura do Microempreendedor Individual ganhou notoriedade, conforme apresentado nesta pesquisa. O fato de no ano de 2017 o número de MEI formalizados ter alcançado a marca de mais de 6,6 milhões, corrobora com essa afirmativa. Além de surgir como uma possibilidade de geração de renda, empego e benefícios para os trabalhadores que atuavam informalmente, o Microempreendedorismo individual tem um importante papel na participação econômica brasileira. Também se apresenta como uma opção facilitadora para aqueles que almejam abrir seu próprio negócio. O apelo econômico que essa atividade exerce é mais visível quando se observa a quantia monetária que ela abarca. Em levantamento realizado pelo SEBRAE no ano de 2014, foi constatado que as atividades realizadas pelos MEI correspondiam a 27% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. O fator social também está atrelado aos benefícios trazidos pela ampliação do número de microempreendedores individuais. A ascendência quantitativa desse grupo implica diretamente no oferecimento de oportunidades de geração de renda, poder atuar na área em que se identifica, proporcionar melhores condições aos familiares e, consequentemente, majoração da qualidade de vida dos cidadãos envolvidos. Em contrapartida, os levantamentos realizados pela Receita Federal apontam um número expressivo de inadimplentes. No ano de 2016, a taxa dos MEI que não pagaram o Documento de Arrecadação do Simples Nacional (DAS) foi de 59%. Atualmente, a taxa dos inadimplentes caiu para 48%. Para a Confederação Nacional dos Munícipio – CNM (2018) essa queda não representa o cumprimento das regras do programa, ela foi resultado do cancelamento de mais de 1 milhão de MEI. Com objetivo de traçar um perfil para os MEI, foi analisada a pesquisa realizada pelo SEBRAE. O resultou demonstrou que o perfil predominante do Microempreendedor Individual brasileiro é o seguinte:

A quantidade de microempreendedores individuais aumentou consideravelmente entre os anos de 2010 e 2016, passando de um pouco mais de 700.000 para mais de 6.500.000;

a maior parte dos MEI está concentrada em São Paulo e Rio de Janeiro, seguidos por Salvador, Belo Horizonte, Brasília, entre outros;

dentre os 10.328 entrevistados no Brasil, a faixa etária que prevalece é entre 30 e 39 anos;

a maioria (cerca de 32%) possui apenas ensino de nível médio completo e estão divididos entre os grupos de brancos e pardos;

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grande parte dos MEI está inserido na alta classe média, com 2% a menos na baixa classe alta;

apenas 0,1% dos extremamente pobres eram participantes do microempreendedorismo social;

os homens lideraram o mercado com 52,4% dos MEI em 2016, enquanto o número de mulheres foi de 47,6%. Porém, quando a média foi realizada entre os setores de atuação, os quais contam com a maioria dos MEI atuando no setor de serviços e comércio, os homens predominaram apenas nos setores de construção civil e agropecuária, enquanto as mulheres foram maioria nos demais setores – indústrias, serviços e comércio;

a maioria dos MEI cuidavam dos seus negócios em casa, tinham carteira assinada antes da formalização e permaneceram por 10 anos ou mais informais no mercado de trabalho.

Tendo em vista o papel de destaque que o microempreendedorismo individual desempenha no panorama socioeconômico brasileiro é fundamental a criação e efetivação de políticas públicas que fomentem o desenvolvimento dessa atividade. O acesso às informações para o bom desempenho desse negócio é fundamental para sua sobrevivência. O SEBRAE (2016) aponta como as principais causas de mortalidade dos negócios a falta de planejamento, de capacitação e de gestão. Portanto, se faz necessário uma prestação de serviço que vise qualificar os MEI de forma que tenham capacidade de obterem um bom desempenho na sua área de atuação. O próprio SEBRAE poderia ter seu protagonismo otimizado, se aproximando mais dos microempreendedores individuais, realizando mais eventos que promovam o aprimoramento técnico desse grupo e criando ações que apoiem a vida administrativa dos MEI, como por exemplo, facilitar a emissão das DAS em diversos locais, para auxiliar aquele microempreendedor que não possui acesso à internet e não dispõe de impressora.

Na mesma pesquisa, utilizada neste artigo, foi identificado que 42% dos entrevistados gostariam de se qualificar de forma presencial. Os cursos online são preferência de 27%, enquanto 23% preferem as duas modalidades de ensino (presencial e online). Apenas 8% afirmaram não ter interesse em participarem desse tipo de atividade.

Foi detectado, também, que os temas com maiores interesses dos MEI, no que diz respeito à aprendizagem, são os controles financeiros, orientação para crédito e propaganda e marketing.

Outra iniciativa do Estado que possibilitaria facilitar o ingresso daqueles que desejam se tornar

MEI é simplificar o acesso ao crédito. Segundo pesquisa realizada pelo Serasa Experian em 2017, com 450 profissionais, 91% dos MEI apontam ter dificuldades na aquisição de financiamentos. Assim, muitas iniciativas que trariam retornos socias e para o país de uma forma geral acabam sendo perdidas antes mesmo de se iniciarem.

Além dos pontos expostos anteriormente, o IBGE aferiu que a taxa de desemprego de 2018 está em 12,1%, ou seja, 12,7 milhões de pessoas estão sem trabalho no Brasil. Ainda de acordo com esse instituto, os negros são 63,7% desse total. A criação de políticas públicas que pudessem direcionar pessoas de origem negra para se tornarem MEI, poderia mitigar pelo menos dois cenários que emanam graves problemas sociais: o grande número de negros desempregados, conforme apresentado anteriormente e o baixo número desse grupo como microempreendedores individuais, como a pesquisa aqui analisada apresentou (Gráfico 4).

Contudo, conclui-se que o Microempreendedor Individual exerce papel de extrema importância socioeconômica para o país. É prudente que estes profissionais recebam uma atenção especial tendo em vista a crise em que o Brasil se encontra e a real possibilidade de que eles sejam a solução para amenizar problemas pontuais na atual conjuntura, como desemprego, geração de renda, violência, qualidade de vida dos cidadãos, dentre outros.

A partir da caracterização do perfil, este estudo pôde contribuir para a identificação de situações que norteiam os MEI. Foi detectado que determinadas iniciativas são fundamentais também para a otimização do exercício dessa atividade, como os cuidados com as finanças. Esta pesquisa apresentou informações que poderão subsidiar projetos de políticas públicas voltadas para melhorias e desenvolvimento da prática microempreendedora no Brasil.

Referências

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