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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA QUALIDADE EM ARQUIVO Por: Aline Barbosa da Conceição Orientador Prof. Marcelo Saldanha Rio de Janeiro 2012

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · fortaleceu a arquivologia como ciência auxiliar da história, que refletia numa organização dos documentos, privilegiando a

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

QUALIDADE EM ARQUIVO

Por: Aline Barbosa da Conceição

Orientador

Prof. Marcelo Saldanha

Rio de Janeiro

2012

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

QUALIDADE EM ARQUIVO

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção

do grau de especialista em Administração da

Qualidade

Por: Aline Barbosa da Conceição

Rio de Janeiro

2012

3

AGRADECIMENTOS

.... agradeço ao meu DEUS, sempre.

4

DEDICATÓRIA

..... aos meus pais e a minha família.

5

RESUMO

Este estudo se propõe a mostrar que a aplicação da gestão de

documentos, em conjunto com a ferramenta 5S, como uma das técnicas

de tratamento da informação, contribui para o controle da produção

documental, a racionalização, a conservação e preservação de

documentos e, conseqüentemente, com a qualidade na recuperação das

informações arquivísticas, elemento vital para as instituições públicas e

privadas.

6

METODOLOGIA

O método utilizado para construção do presente trabalho foi

pesquisa bibliográfica, assim como artigos da internet relacionados ao tema.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - A origem dos arquivos e da Arquivologia 10

CAPÍTULO II - A Informação Arquivística 14

CAPÍTULO III - Gestão de Documentos 20

CAPÍTULO IV – Noções de Qualidade 37

CAPÍTULO V – O Método 5S 42

CONCLUSÃO 52

BIBLIOGRAFIA 54

ÍNDICE 57

8

INTRODUÇÃO

Os documentos, em sua fase corrente estão em processo de

composição do caso a que se referem. Nascem comportando informações

isoladas que vão se compondo durante a tramitação até que a questão, de que

tratam, seja solucionada ou decidida de alguma forma.

O acúmulo desnecessário de informações traz resultados negativos

à administração das instituições públicas e privadas, tais como: diminuição do

índice de recuperação de informações relevantes para tomada de decisões,

ocupação de espaço físico com os documentos que não têm mais valor

histórico ou administrativo, aumento de perdas e desperdícios, entre outros.

Os arquivos têm como finalidade primordial auxiliar a administração

na tomada de decisões. Desta forma, para se obter um bom gerenciamento

administrativo, é necessário que as instituições executem algumas técnicas

arquivísticas de modo a proporcioná-lo. Entre estas técnicas utilizadas

podemos citar a gestão de documentos.

A solução para o problema das massas documentais acumuladas,

vulgarmente conhecidas como “arquivos mortos”, é um dos grandes desafios

da arquivística no Brasil. Trata-se de uma situação que se repete em todo país.

Qualquer instituição pública ou privada, com mais de dois anos de existência,

convive com o dilema do que fazer com os documentos acumulados no

decurso de suas atividades. O poder público, a área privada e mesmo pessoas

jurídicas ou físicas, em seus escritórios ou residências são tangidas a guardar,

cada vez maior quantidade de documentos.

A avaliação de documentos possibilita o estabelecimento de

melhores sistemas de recolhimento, onde a informação desnecessária é

eliminada. Ela surgiu em conseqüência do aumento considerável da produção

documental, auxiliando os responsáveis pela análise e seleção de documentos

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a evitar que informações vitais e documentos sem valor recebessem o mesmo

tratamento: o “lixo”, ou que mandassem microfilmar tudo, inclusive as cópias e

aquelas séries de documentos que já poderiam ter sido eliminados por não ter

valores administrativo, jurídico ou histórico. Algumas vezes ganham espaços,

eliminando os originais e ficando com os rolos de microfilmes. Em outras

vezes, mantêm ambos sem saber por que e para que. Ainda há os que

acreditam que será possível transferir todos os dados para os computadores,

destruindo os acervos e liberando os depósitos para fins mais nobres.

Os novos suportes da informação têm por sua vez, contribuído para

o aumento do volume da informação. Eles não reduziram a necessidade de

avaliação de acervos; ao contrario incentivaram-na. Isto mostra que estamos

longe de ser uma sociedade livre dos papéis. O computador e os suportes de

informação tornaram a avaliação ainda mais complicada, formalizando a idéia

de que todos os documentos devem ser digitalizados ou microfilmados, sem

ser feito, antes de tudo, uma análise daquilo que realmente tem valor

permanente para as instituições.

Embasado neste contexto, este trabalho tem como objetivo destacar

os resultados que uma instituição pública ou privada obtêm aplicando as

técnicas da gestão de documentos alinhada à ferramenta 5S em seus

arquivos.

10

CAPÍTULO I

A ORIGEM DOS ARQUIVOS E ARQUIVOLOGIA

A palavra arquivo vem do grego archeion que designava palácio

do governo, setor de documentos, depósito de documentos originais, sendo

que o prefixo arch significa autoridade, comando. O mesmo termo irá ser

transmitido aos romanos e primeiros cristãos, cristalizados sob a forma latina

de archivun.

Os arquivos constituem, desde sempre, a memória das instituições

e das pessoas, e existem desde que o homem fixou por escrito suas relações

como ser social. Podemos dizer que a sociedade condiciona sua existência,

sua organização, seus critérios de conservação e, mesmo, sua finalidade. A

evolução histórica dos arquivos e do seu conceito é paralela ao

desenvolvimento das sociedades humanas.

Assim, os arquivos surgiram juntamente com a escrita, e desde

então, estão a serviço da sociedade. Eles nasceram de forma espontânea no

seio das Antigas Civilizações do Médio Oriente há cerca de seis milénios atrás.

O aparecimento da escrita condicionou o aparecimento dos

primeiros arquivos, da arquivologia e dos arquivistas, de tal forma que desde

logo a humanidade tomou consciência de que era necessário conservar os

registos produzidos para mais tarde poderem ser utilizados.

Os arquivos têm como principal finalidade servir à administração,

constituindo-se, com o decorrer do tempo, na base do conhecimento para

história, e têm como função básica tornar disponíveis as informações contidas

no acervo documental que está sob sua guarda.

Logo, arquivo é:

11

Acumulação ordenada dos documentos, em sua maioria textuais, criados por uma instituição ou pessoa, no curso de sua atividade, e preservados para consecução de seus objetivos, visando à utilidade que poderão oferecer no futuro. (PAES, 1997, p. 16)

A história dos arquivos e da arquivologia registra cinco momentos

significativos, onde os três primeiros foram registrados na França, nos quais

podemos destacar:

1. A criação do Arquivo Nacional da França, em 1789, como arquivo

da Assembléia Nacional, o qual mais tarde, em 1794, foi transformado em

depósito central dos arquivos do Estado, e se subordinavam aos arquivos

provinciais, assumindo, assim, o Estado francês seu papel como guardião dos

documentos arquivístico por ele acumulados. O passo seguinte foi o

reconhecimento do poder público de acesso aos arquivos (DECRETO

Messidor, art. 37).

2. A criação, em 1821, da Ècole Nationales des Chartes, a qual

fortaleceu a arquivologia como ciência auxiliar da história, que refletia numa

organização dos documentos, privilegiando a classificação por assunto em

detrimento do arranjo dos conjuntos documentais.

3. Em 1841, o historiador e arquivista francês Natalis Du Wailly,

promulgou o princípio da proveniência, uma medida administrativa que alterou

para sempre o tratamento dos arquivos, sugerindo ao ministro do interior que

os documentos fossem reunidos por fundos, ou seja, pelos órgãos de origem.

A partir de 1964, durante o V Congresso Internacional de Arquivos, realizado

em Bruxelas, o princípio da proveniência tornou-se um dos princípios básicos

do campo do conhecimento arquivístico.

4. O quarto marco histórico é o surgimento da gestão de

documentos:

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Conjunto de procedimentos e operações técnicas referente às atividades de produção, uso, avaliação e arquivamento de documentos em sua fase corrente e intermediaria, visando a sua eliminação ou recolhimento para guarda permanente. (INDOLFO, 1995, p. 14)

Nos EUA e no Canadá após a II Guerra Mundial, foram criadas

comissões governamentais que tinham como objetivo racionalizar a produção e

o tratamento dos documentos, sob a pena de as organizações inviabilizarem

sua capacidade gerencial e decisória. O conceito de gestão de documentos

restaura e dinamiza a concepção dos arquivos como instrumentos facilitadores

da administração, que vigorou até o século XIX, quando, por influência de uma

visão dos arquivos apenas como guardiões do passado, eles passaram a

desempenhar funções de apoio à pesquisa histórica. A partir daí, considera-se

instituição arquivística o órgão responsável pela gestão, recolhimento,

preservação e acesso dos documentos gerados pela administração pública,

nos seus diferentes níveis de organização.

5. No bojo da gestão de documentos surge a idéia de que os

documentos arquivísticos podem cumprir um ciclo vital caracterizado pelas

fases corrente, intermediária e permanente, caracterizando o quinto marco

histórico, onde os documentos são primeiramente organizados, mantidos e

usados ativamente por seus criadores, depois são armazenados por um

período adicional de uso não freqüente e, quando seu uso operacional termina,

são selecionados como de valor arquivístico e transferidos para um arquivo, ou

declarados sem valor e destruídos. Nos países anglo-saxões, geradores do

conceito de gestão de documentos, o conceito de ciclo vital provocou uma

cisão profissional, os “records manager” ficaram encarregados de cuidar dos

documentos de valor permanente ou histórico, e o administrador de

documentos, daqueles de valor corrente e intermediário, causando uma

ruptura entre os profissionais de arquivo nos EUA e Canadá, diferente da

Europa e da América Latina, onde as fases corrente, intermediária e

permanente, não foram vistas como excludentes uma das outras e,

consequentemente, não houve o surgimento de uma nova categoria

profissional. Ao final do século XX o conceito de ciclo vital apresentava uma

13

aceitação unânime de um lado e aplicação diferenciada de outro. Em 1980, os

documentos eletrônicos passaram a ser utilizados pelas instituições públicas, a

partir daí a arquivologia iniciou um processo de revisão dos seus princípios e

métodos.

14

CAPITULO II

A INFORMAÇÃO ARQUIVÍSTICA

Considerar a importância dos arquivos nas organizações passa,

necessariamente, pela reflexão e compreensão do que siginifica arquivos e

informação. Nesse sentido, de acordo com as definições contidas em manuais

clássicos da área, arquivo é:

Conjunto de documentos que, independente da natureza ou do suporte, são reunidos por acumulação ao longo das atividades de pessoas físicas ou jurídicas, públicas ou privadas. (CAMARGO ; BELLOTO, 1996, p. 5)

Em uma perspectiva contemporânea, a qual valoriza o conteúdo

informacional registrado nos documentos, Lopes (2000, p. 33) apresenta como

conceito de arquivo:

Os acervos compostos por informações orgânicas originais, contidas em documentos registrados em suporte convencional ou em suportes que permitam a gravação eletrônica, mensurável pela sua ordem binária (bits); produzidos ou recebidos por pessoa física ou jurídica, decorrentes do desenvolvimento de suas atividades, sejam elas de caráter administrativo, técnico, artístico ou científico, independentemente de suas idades e valores intrínsecos.

Rousseau e Couture (1998, p. 63-65) afirmam que qualquer

organismo, independentemente de tamanho, missão ou setor de atividade,

para existir, funcionar e se desenvolver, necessita de informação. Nesse

sentido, todos os membros do organismo têm necessidade de informação para

desempenhar suas funções. Para tanto,

Arranjam a informação necessária tanto no exterior como no interior do organismo. Essa informação pode ser verbal ou registrada num suporte como o papel, a fita magnética, o vídeo, o disco óptico ou o microfilme. Pode ser orgânica, isto é, elaborada, enviada ou recebida no âmbito da sua missão, ou não-orgânicas, isto é, produzida fora do âmbito desta. A

15

produção de informações orgânicas registradas dá origem aos arquivos do organismo.

Nesse sentido, vale lembrar que o conceito de informação

arquivística vem se consolidando entre os arquivistas canadenses,

preconizando maior relação entre a arquivologia e a ciência da informação

(Fonseca, 1998).

Concorda-se com Couture (1996, p.8), que, em uma época na qual

o progresso tecnológico nos projetou na era da informação, “o arquivista, como

todos os que trabalham com a informação, deve atravessar a parede do

formato ( o documento) para ir à direção do conteúdo, a informação”.

A informação,

Quando adequadamente assimilada, produz conhecimento, modifica o estoque mental de informações no indivíduo e traz benefícios ao seu desenvolvimento e ao desenvolvimento da sociedade em que vive. (Lustosa, 2002, p. 129)

Da mesma forma, Furtado (1982, p.28) aponta que a informação:

Traduz causa e efeito, estratégia e produto; eficiência na organização de recursos e eficácia nos resultados, em seus aspectos de qualidade e êxito, em relação aos anseios e necessidades do ambiente.

Atualmente, a maioria das instituições ultrapassou a obsessão

tecnológica para encarar algo mais complexo, que é a preocupação que se

deve ter com a informação produzida no âmbito interno e externo afetando os

processos e os produtos das organizações.

Diante dessas concepções de arquivo e de informação,

compreende-se que a informação não tem sido considerada apenas objeto

privilegiado da arquivística, aparecendo na literatura da área como

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conseqüência do documento de arquivo, que, por sua vez, é visto como um

elemento do arquivo.

Assim sendo, Heredia Herrera alerta:

Importa muito que não percamos de vista a tríplice dimensão do objeto da arquivologia e sua ordem: arquivos-documentos de arquivo-informação. (Apud Fonseca, 1998, p.33)

A literatura clássica da arquivística reflete o interesse no valor

secundário dos documentos, por isso têm sido enfatizados os arquivos

históricos. Em contrapartida, surge a arquivística integrada com a proposta de

tratar a informação desde o nascimento até o seu destino final.

A arquivística integrada é definida como:

A única com capacidade de assegurar a unidade e a continuidade das intervenções no quadro de uma política de organização dos arquivos. (Rousseau; Couture apud Lopes, 2000, p.133)

Essa nova proposta tem como diretrizes a eleição da informação

registrada como objeto de pesquisa e trabalho, a busca de parcerias com

áreas afins, a ênfase na pesquisa teórica e aplicada e o estímulo à formação

de profissionais qualificados para planejar soluções para os problemas

arquivísticos.

A informação orgânica e registrada é por natureza uma informação

arquivística que apresenta como características:

01. A natureza das informações arquivísticas é específica; trata-se de

informações registradas em suporte definido, acumuladas por um indivíduo ou

por um organismo que é, ao mesmo tempo, produtor e receptor;

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02. Primeira característica da informação arquivística é a sua

natureza orgânica, isto é, sua relação umbilical com o produtor ;

03. Segunda característica é a sua originalidade, logo, a sua

unicidade;

04. Terceira característica é a sua capacidade de ser avaliada em

termos de idade e de utilização;

05. A primeira particularidade da informação arquivística é a natureza

limitada dos seus suportes – convencionais ou eletrônicos;

06. A segunda particularidade refere-se à noção de acumulação das

informações – produzidas ou recebidas – por um indivíduo ou um organismo,

desde que sejam informações capazes de ter significação;

07. A terceira particularidade refere-se às atividades geradoras que

podem ser administrativas, técnicas ou científicas;

08. A quarta particularidade refere-se ao fato de a informação

arquivística ser a primeira forma tomada por uma informação registrada,

quando da sua criação (Revista Archives, 1988 apud Lopes, 2000, p.103).

A natureza das informações arquivísticas é específica; trata-se de informações registradas em suporte definido, acumuladas por um indivíduo ou por um organismo que é, ao mesmo tempo, produtor e receptor. (Lopes, 2000)

De acordo com essa visão, a informação arquivística apresenta

como características: 1) a sua natureza orgânica, isto é, a sua relação umbilical

com o produtor; 2) a sua originalidade, logo, a sua unicidade; 3) a sua

capacidade de ser avaliada em termos de idade e de utilização. Dentre as

particularidades da informação arquivística, ainda são assinaladas: a) a

natureza limitada dos seus suportes – convencionais ou eletrônicos; b) aquelas

referentes à noção de acumulação das informações – produzidas ou recebidas

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– por um indivíduo ou um organismo, desde que sejam informações capazes

de ter significação; c) aquelas que se referem às atividades geradoras que

podem ser administrativas, técnicas ou científicas; d) o fato de ser a

informação arquivística a primeira forma tomada por uma informação

registrada, quando da sua criação (Revista Archives, 1988 apud Lopes, 2000,

p.103).

Em arquivo, mesmo na esfera dos correntes, o documento

raramente vale como peça solta. É sempre parte do todo a ele relacionado. A

conceituação é válida para os arquivos administrativos, sejam os do campo

privado ou público, e é aplicável às suas três idades. Dessa forma:

Para que se entenda tal conceituação é fundamental ter de

perto o princípio de respect des fonds, no qual está baseada

toda a moderna arquivística. Além disso, estamos tratando de

fundo e não de coleções: só faz sentido, portanto, a ligação

documento-gestão administrativa aí configurada. (Belloto,

1991, p.24)

Não havendo gestão, planejamento e operação da informação

arquivística, de acordo com Lopes (2000, p. 217), não se pode:

• planejar e desenvolver atividades, considerando o capital

informacional prévio;

• tomar decisões político-administrativas ou pessoais baseadas em

dados acumulados;

• atender às necessidades legais e técnicas;

• evitar a repetição completa ou parcial de atividades,

economizando recursos materiais e humanos;

• recuperar a história.

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Por ser imaterial, é necessário que a gestão da informação

arquivística passe pela gestão de conteúdos informacionais estratégicos ou

não.

20

CAPÍTULO III

GESTÃO DE DOCUMENTOS

O processo de reduzir seletivamente a proporções manipuláveis a massa de documentos, que é característica da civilização moderna, de forma a conservar permanentemente os que têm um valor cultural futuro, sem menosprezar a integridade substantiva da massa documental para efeitos de pesquisa.

Após a II Guerra Mundial, a produção documental cresceu, em

decorrência do progresso científico e tecnológico alcançado pela humanidade,

superando a capacidade de controle e organização das instituições, forçando-

as a buscar novas soluções para gerir as grandes massas documentais

acumuladas em seus arquivos. A partir daí é que surgem o conceito de gestão

ou administração de documentos e da teoria das três idades.

A gestão de documentos é um procedimento arquivístico

fundamental na vida de uma instituição pública ou privada que tem como

objetivo padronizar e racionalizar a produção documental dos arquivos,

tramitação, organização, utilização e destinação final dos documentos, visando

a desenvolver com mais eficiência e rapidez suas atividades, bem como

aperfeiçoar e simplificar o ciclo documental, conservar os documentos a um

custo mínimo de espaço e manutenção, enquanto indispensáveis às atividades

correntes. Como finalidade, ela se propõe a acumular adequadamente, a

documentação para pesquisa histórica, viabilizando a administração e

preservando a memória institucional.

De acordo com o Dicionário de Terminologia Arquivística (1995), do

Conselho Internacional de Arquivos, a gestão de documentos:

Diz respeito a uma área da administração geral relacionada com a busca de economia e eficácia na produção, manutenção, uso e determinação final dos mesmos.

21

Alguns historiadores definem gestão de documentos como a

aplicação da administração científica com fins de eficiência e economia, sendo

os benefícios para os futuros pesquisadores considerados apenas meros

subprodutos.

No âmbito da Legislação Federal, considera-se Gestão de

Documentos:

Conjuntos de procedimentos e operações referentes à sua produção, tramitação, uso, avaliação e arquivamento em fase corrente e intermediária, visando a sua eliminação ou recolhimento para guarda permanente. (LEI 8.159, 1991)

A Lei federal n.º 8.159 e a NBR ISO 9001/2000, indicam a

necessidade de alguns requisitos para o gerenciamento de documentos nos

arquivos públicos e privados. A gestão de documentos aplicada nas

instituições é uma atividade estratégica na constituição do acervo arquivístico,

pois define o ciclo vital dos documentos, estabelecendo àqueles que após o

uso administrativo pelos setores/orgãos podem ser eliminados, transferidos ao

arquivo intermediário, aguardando o cumprimento de seus prazos, e sua

destinação final: eliminação ou guarda permanente.

O ciclo vital dos documentos corresponde a três fases denominadas

como:

• arquivo corrente, que corresponde a 1ª idade do ciclo vital dos

documentos: são os documentos vigentes, aqueles que frequentemente são

consultados;

• arquivo intermediário e/ou central, que corresponde a 2ª idade do

ciclo vital dos documentos: corresponde ao final de vigência; são os

documentos que aguardam prazos longos de prescrição ou precaução;

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• arquivo permanente, que corresponde a 3ª idade do ciclo vital dos

documentos: é composto por documentos que perderam o valor primário,

porém são providos de valor secundário ou histórico-cultural.

A gestão de documentos apresenta três fases importantes:

1. Produção dos documentos: esta fase conta com a contribuição

do arquivista, para que sejam criados somente os documentos essenciais à

administração da instituição, evitando a duplicação e emissão de vias

desnecessárias; propondo consolidação de atos normativos alterados ou

atualizados com certa frequência, visando a perfeita compreensão e

interpretação dos textos; sugerindo criação ou extinção de modelos e

formulários; apresentando estudos sobre a adequação e o melhor

aproveitamento de recursos repográficos e informáticos; contribuindo com a

difusão de normas e informações necessárias ao bom desempenho

empresarial; opinando sobre a escolha de materiais e equipamentos;

participando da seleção de recursos humanos que deverão desempenhar

tarefas arquivísticas e afins.

2. Manutenção e uso: inclui a implantação de sistemas de arquivo,

como por exemplo, atividade de protocolo (recebimento, classificação, registro,

distribuição, tramitação dos documentos), de expedição, de organização e

arquivamento de documentos em fase corrente e intermediária; seleção dos

sistemas de reprodução; automatização do acesso à documentação

(empréstimo e consulta); mobiliário; materiais; local.

3. Destinação dos documentos: se refere a criação de um

programa de avaliação que garanta a proteção dos conjuntos documentais de

valor permanente e a eliminação de documentos rotineiros e desprovidos de

valor probatório e informativo para as instituições.

A gestão de documentos veio contribuir para as funções

arquivísticas sob diversos aspectos: garantir que as políticas e atividades das

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instituições públicas e privadas fossem documentadas adequadamente;

garantir que menor número de documentos inúteis e transitórios fossem

reunidos a documentos de valor permanente; garantir a melhor organização

desses documentos, na fase permanente; inibir eliminação de documentos de

valor permanente; garantir a definição de forma criteriosa da parcela de

documentos que constituem o patrimônio arquivístico de um país.

3.1 AVALIAÇÃO DE DOCUMENTOS

A avaliação de documentos é uma parte das competências do

gerenciamento dos arquivos correntes, e pode ser o caminho para a sua

própria organização, por isso deve ser um processo participativo, envolvendo

os vários níveis da instituição e os diversos produtores e usuários dos

documentos.

A avaliação contribui para a racionalização de documentos, estabelecendo preceitos capazes de orientar a ação dos responsáveis pela análise e seleção de documentos, com vista à fixação de prazos para retenção e descarte. (MACHADO, 1981, p.12)

Os arquivos correntes devem ter como finalidade garantir que a

composição das informações se faça de maneira mais simples e completa

possível, se os mesmos se encontrarem desorganizados, a aplicação dos

critérios da avaliação tornar-se-á impraticável. Os arquivos correntes devem

garantir que todas as informações que estão tramitando, ou que estão

temporariamente armazenadas, possam ser recuperadas rapidamente,

auxiliando o respectivo processo decisório. Também, deve identificar, em cada

série, quais os documentos cuja produção corresponde à necessidade de

carácter passageiro, que terminada a sua função de apoio à decisão, podem

ser eliminados.

Para Bernardes,

24

Série documental é o conjunto de documentos resultantes do exercício da mesma função ou atividade, documentos estes que têm idêntico modo de produção, tramitação e resolução. (1998, p. 19)

Os documentos não devem ser avaliados por parte, mais sim num

todo, ou seja, não se deve avaliar peça a peça documental, mas, sim os tipos

documentais contidos nas séries, evitando o risco de ser perder a coerência e

inteligibilidade das informações contidas nos mesmos, resultando na

eliminação errônea de documentos.

Avaliar significa analisar a documentação no sentido de identificar o que é produzido para cumprir cada competência legal ou real da organização; quais são os prazos de guarda administrativos, legais e fiscais, pelo qual cada série documental deve ser armazenada; e quais são os documentos dessas séries que podem ser eliminados após esses prazos, sem prejuízo da informação sobre o cumprimento e o desenvolvimento da contribuição que dá origem à série. (INOSOJA, 1991)

A avaliação tem início na fase corrente, mesmo que a eliminação ou

recolhimento ao arquivo permanente aconteça anos depois.

Os arquivos intermediários constituem-se, apenas, num

desdobramento prático dos arquivos correntes. O gerenciamento da

documentação, ainda que com pouca freqüencia, é operante, ou seja, pode

receber a qualquer momento documentos novos, podem ser reativados,

recuperados para nova decisão. São documentos que podem ficar por um

longo período sem tramitação, porém ainda guardam a possibilidade

administrativa ou legal de entrar em novo processo decisório, revisando ou

reinterando sua decisão inicial.

As fases corrente e intermediária correspondem à mesma lógica. O

gerenciamento desses arquivos deve estar focado na agregação adequada

das informações contidas nos documentos, e com sua recuperação de forma

ágil e articulada.

25

O que se observa, principalmente em instituições públicas, é que a

organização e a preocupação com o tratamento da informação só se dá nos

arquivos permanentes, sem se quer avaliar ou trilhar a documentação em

arquivos correntes e intermediários, salvando literalmente os documentos da

destruição total, fazendo com que a avaliação comece de maneira inversa, isto

é, nos resultados e não nas origens.

A avaliação deve iniciar-se, necessariamente, nas unidades onde a

documentação é gerada, pois não é possível estabelecer critérios de cima para

baixo, isto é, da administração central para as unidades que compõem os

diversos órgãos da administração. Isso porque são as unidades geradoras que

conhecem, de fato, o que é produzido e suas razões, tanto os determinantes

da produção como da sua manutenção, uso ou dispensa.

Para que seja aplicada a avaliação, é necessário que seja feito um

levantamento da produção documental e sua análise, podendo ter, em razão

disso, uma efetiva influência na própria racionalização da produção e melhoria

qualitativa do acervo, sendo melhor que as próprias equipes dos órgãos

produtores desenvolvam essa análise, para que se observe a pertinência da

criação e manutenção de documentos em arquivo, podendo apresentar melhor

adequação e aderência à realidade e às necessidades das unidades, do que

poderia apresentar se geradas em outros níveis.

A avaliação de documentos é um trabalho interdisciplinar que consiste em identificar valores para os documentos (imediato e mediato) e analisar seu ciclo de vida, com vista a estabelecer prazos para sua guarda ou eliminação, contribuindo para a racionalização dos arquivos e eficiência administrativa, bem como para a preservação do patrimônio documental. (BERNARDES, 1998. p. 14)

Ela é aplicada para definir valores e prazos de guarda para os

documentos de arquivo, independentemente do suporte, seja ele papel, filme,

fita magnética, disquete, disco ótico ou qualquer outro.

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É muito frequente a eliminação de documentos sem nenhum critério,

e a reprodução de acervos em outros suportes, sem a prévia identificação e

avaliação dos conjuntos documentais, interessando somente, nessa visão

imediatista, a liberação de espaços. Esse procedimento pode representar um

investimento inútil, no que se refere a documentos rotineiros, repetitivos,

desprovidos de valor informativo, probatório ou cultural, que poderiam ser

eliminados, conservando-se deles apenas pequenas amostragens, pois se o

processo não for implantado de acordo com a Tabela de Temporalidade, a

produção e acumulação desordenadas preencherão, novamente, todos os

espaços disponíveis nos arquivos.

Vejamos alguns passos para implantação do processo de avaliação

de documentos:

1. Constituir, formalmente, a Comissão de Avaliação de

Documentos, que garante legitimidade e autoridade à equipe responsável;

2. Elaborar textos legais ou normativos que definam normas e

procedimentos para o trabalho de avaliação;

3. Estudar a estrutura administrativa do órgão e analisar as

competências, funções e atividades de cada uma de suas unidades;

4. Fazer um levantamento da produção documental: entrevistando

funcionários, responsáveis e encarregados, até o nível de seção, para

identificar as séries documentais geradas no exercício de suas competências e

atividades;

5. Analisar o fluxo documental: origem, pontos de tramitação e

encerramento do trâmite;

6. Identificar os valores dos documentos de acordo com a sua

idade: administrativo, legal, fiscal, técnico, histórico;

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7. Definir quais são os prazos de guarda em cada local de

arquivamento.

A avaliação quando realizada de forma eficiente, servirá para que os

arquivos, tanto na fase corrente e intermediária, como na permanente,

consigam reduzir o custo da informação retida em um nível razoável,

aumentando a eficiência da gestão administrativa.

3.1.1 A COMISSÃO DE AVALIAÇÃO DE

DOCUMENTOS

É imprescindível no trabalho de avaliação a formação da Comissão

de Avaliação de Documentos. Ela deve ser composta por técnicos de diversas

áreas que tenham conhecimento das funções, atividades e estrutura

organizacional de seus respectivos órgãos; entre eles estão os arquivistas,

administradores, profissionais da área jurídica, profissionais da área financeira,

representantes do Arquivo Nacional, quando o acervo pertencer a um órgão

público.

Cabe a esta Comissão analisar os documentos, nos diversos

aspectos, e definir critérios de valor dos mesmos. Os documentos são

classificados como de valor primário e secundário. Os documentos de valor

primário referem-se a finalidade e ao objetivo para os quais foram criado, e

podem ter valor administrativo, legal e fiscal. Os de valor secundário servem

como fonte de pesquisa de acordo com o valor informativo que apresentam.

Fornecem dados relativos a atos e fatos. São passíveis de eliminação, desde

que as informações neles contidas possam ser encontradas em outro material.

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A Comissão de Avaliação de Documentos pode ser classificada

como: Comissão Central de Avaliação de Documentos, que tem como

competência:

• Coordenar e orientar as atividades desenvolvidas pelas

Comissões Setoriais de Avaliação, respeitando a legislação específica de cada

órgão;

• Avaliar, adequar e aprovar as propostas de Tabelas de

Temporalidade elaboradas pelas Comissões Setoriais de Avaliação;

• Orientar a execução das decisões registradas na Tabela

(eliminação, transferência, recolhimento, reprodução);

• Supervisionar as eliminações de documentos ou recolhimentos

ao Arquivo Permanente, de acordo com o estabelecido nas Tabelas de

Temporalidade;

• Aprovar as amostragens;

• Elaborar política de avaliação documental;

• Propor critérios de organização, racionalização e controle da

gestão de documentos e arquivos.

E as Comissões Setoriais de Avaliação de Documentos, que tem

como competências:

• Promover o levantamento e a identificação das séries

documentais produzidas, recebidas ou acumuladas por seu respectivo órgão;

• Elaborar a proposta de Tabela de temporalidade, encaminhando-

a, acompanhada das necessárias justificativas, para a apreciação e aprovação

da Comissão Central de Avaliação de Documentos;

29

• Solicitar a colaboração de auxiliares temporários para o

desenvolvimento dos trabalhos, em razão de sua especificidade ou volume;

• Acompanhar os trabalhos de organização, racionalização e

controle de arquivos e documentos de seu órgão, visando o estabelecimento

de rotinas e eliminação ou envio para guarda permanente;

• Propor as modificações cabíveis para a Tabela de

Temporalidade, atualizando-a sempre que necessário;

• Elaborar a relação dos documentos a serem eliminados ou

remetidos para guarda permanente;

• Coordenar o trabalho de seleção e preparação material dos

conjuntos documentais a serem eliminados, deixando-os disponíveis para

eventuais verificações;

• Presenciar a eliminação dos documentos, lavrando a respectiva

ata.

3.1.2 TABELA DE TEMPORALIDADE

A Tabela de Temporalidade é um instrumento de destinação, aprovado pela autoridade competente, que determina prazos para transferência, recolhimento, eliminação e mudança de suporte dos documentos. (Machado e Camargo, 1981, p.36)

A Tabela de Temporalidade é o instrumento fundamental da

avaliação, pois ela registra o ciclo de vida dos documentos. Ela deve ser

elaborada após a análise da documentação determinando o prazo de

manutenção dos documentos no arquivo corrente, sua transferência ao arquivo

intermediário, além dos critérios para microfilmagem, digitalização, eliminação

ou recolhimento ao arquivo permanente.

Para ser aplicada, a Tabela de Temporalidade deve ser amplamente

divulgada entre os funcionários da instituição e publicada em periódico oficial,

30

aguardando-se quarenta e cinco dias – período em que podem surgir eventuais

questionamento de interessados, para seu efetivo cumprimento. Deve ser

periodicamente atualizada, a fim de incorporar os novos conjuntos

documentais que possam vir a ser produzidos e as mudanças que,

eventualmente, ocorrerem na legislação. Quando se tratar de documentos

públicos ou os considerados de interesse público, a Tabela de Temporalidade

deverá ser encaminhada para a aprovação da instituição arquivística pública

em sua específica esfera de competência, de acordo com o determina o art. 9º

da Lei Federal n.º 8.159, de 8 de janeiro de 1991.

Entre os dados a serem incluídos na Tabela de Temporalidade

destacam-se:

• Série documental: conjunto de documentos produzidos, recebidos

e acumulados no exercício de uma mesma competência, função ou atividade,

documentos esses que têm idêntico modo de produção, tramitação e

resolução. Esse campo pode ser preenchido com o nome e/ou código da série.

A codificação faz-se importante quando se pretende informatizar os arquivos;

.

• Tipo documental: é a configuração que assume o documento em

decorrência da disposição de suas informações. Ex: ofício, relatório, ata,

processo, planta, projeto;

• Suporte: material sobre o qual as informações são registradas:

papel, filme, fita magnética, disco ótico, disquete etc.;

• Datas-limite: elemento de identificação cronológica, onde consta

a data do documento mais antigo e data do documento mais recente;

• Original ou cópia: indica se o documento é original ou cópia. Na

inexistência do documento original, a cópia deve ser considerada como tal;

31

• Prazo de vigência: intervalo de tempo durante o qual o

documento produz efeitos administrativos e legais plenos, cumprindo as

finalidades que determinaram a sua produção;

• Prazo de prescrição: intervalo de tempo durante o qual o poder

público, a instituição ou qualquer interessado pode invocar a tutela do Poder

Judiciário para fazer valer direito seu que entenda violado;

• Prazo de precaução: intervalo de tempo durante o qual o poder

público, a isntituição ou qualquer interessado guarda o documento por

precaução, antes de eliminá-lo ou encaminhá-lo para guarda definitiva no

Arquivo Permanente;

• Prazo de arquivamento: é o tempo em que os documentos

permanecem arquivados nos seguintes locais:

• Unidade: indica o tempo em que o documento permanece no

arquivo corrente, junto ao órgão produtor;

• Arquivo central: indica o tempo em que o documento permanece

no arquivo geral, centralizado de algumas Secretarias, Autarquias ou

Empresas;

• Arquivo intermediário: indica o tempo em que o documento

permanece no Arquivo intermediário da administração, aguardando longos

prazos precaucionais;

• Destinação final: é o resultado da avaliação: encaminha o

documento para a eliminação ou para a guarda permanente. Das séries

eliminadas, poderão ser recolhidas por amostragem ao Arquivo Permanente;

32

• Eliminação: é o procedimento de destruição física daqueles

documentos que, esgotados os valores primários, não apresentam interesse

histórico-cultural para a Administração ou para a sociedade;

• Guarda permanente: Os documentos que esgotados os prazos de

vigência, prescrição ou precaução, apresentam valor mediato ou secundário,

deverão ser recolhidos para guarda definitiva;

• Amostragem: fragmento de uma série documental destinada à

eliminação, selecionado por meio de critérios específicos para guarda

permanente, a fim de exemplificá-la, revelar especificidades ou alterações de

rotinas administrativas ou de procedimentos técnicos, ou registrar ocorrências

em momentos marcantes;

• Total: esse campo deverá ser assinalado quando a totalidade do

conjunto documental for de guarda permanente;

• Observações: é o campo reservado para registrar outras

informações relevantes, principalmente a legislação que fundamenta a

definição dos prazos prescricionais.

Os resultados da aplicação da Tabela Temporalidade são os

seguintes:

• Facilidade de distinguir os documentos de guarda temporária dos

de guarda permanente;

• Eliminação imediata da documentação cuja guarda temporária

não se justifique; por exemplo, às cópias, desde que não sejam as mesmas

dos únicos exemplares no órgão;

33

• Racionalização, principalmente em termos econômicos, das

atividades de transferências e recolhimento;

• Obtenção de base para elaboração de futuro programa de

destinação.

3.1.3 DESTINAÇÃO DE DOCUMENTOS

Destinação de documentos refere-se a tudo que se pratica em

relação aos documentos para determinar o seu destino final, que pode ser sua

transferência ao arquivo intermediário ou recolhimento para o arquivo

permanente, redução de seu volume como microfilmagens, digitalização ou a

sua destruição imediata.

Um programa de destinação de documentos deve ser eficiente,

sendo imprescindível avaliar o documento quanto ao seu valor, que pode ser

imediato e mediato. Os documentos de valor imediato e guarda temporária são

os documentos que possuem valor administrativo, legal e fiscal os de valor

mediatos e guarda permanente são os documentos que possuem valor

histórico, probatório e informativo. Os documentos de valor imediato podem ser

eliminados depois de esgotados os prazos de vigência, prescrição e

precaução, já os de valor mediato devem ser preservados após os prazos

previstos na Tabela de Temporalidade para a eficácia da ação administrativa,

como prova, garantia de direitos ou fonte de pesquisa.

A eliminação de documentos é um processamento técnico que

consiste na destruição dos documentos que de acordo com a avaliação não

possuem valor para guarda permanente. De acordo com a legislação em vigor,

nenhum documento deve ser eliminado se não tiver sido submetido à

avaliação e se não constar na Tabela de Temporalidade do órgão,

devidamente aprovada por autoridades competente e oficializada. Mesmo os

documentos microfilmados não poderão ser eliminados antes de se definir sua

34

destinação final. A eliminação depende de algum instrumento legal ou

normativo que a autorize.

Cabe a Tabela de Temporalidade indicar o local em que será

processada a eliminação, que pode ser na própria unidade, no arquivo central

ou no arquivo intermediário. Os documentos que possuem curto prazo de

vigência e de valor eventual para a administração, quando já cumpridos as

funções que lhes deram origem podem ser eliminados pelo próprio produtor.

As cópias devem ser eliminadas nas unidades acumuladoras, desde que

possuam os originais garantindo seu ciclo de vida.

A Tabela de Temporalidade estabelece o destino final de cada

documento. Nas instituções, para que um documento seja eliminado é

necessário consultar a Tabela de Temporalidade para verificar o prazo de

vigência previsto de cada um, e a eliminação deve ser aprovada pela Diretoria

após autorização por escrito do presidente ou de seu representante, não sendo

legalmente autorizada no serviço público e nem recomendável, do ponto de

vista técnico e jurídico, nas instituições privadas, a eliminação de documentos

que não constarem na Tabela de Temporalidade ou que não tenham

completado seu prazo de vigência e precaucional nelas previstos. É preciso

identificar as séries documentais, e providenciar uma organização elementar

da massa acumulada para se efetuar com segurança a eliminação.

A inutilização de documentos dependerá de seu suporte,

considerando ser a maior parte em papel, cada órgão público ou empresa deve

definir os métodos e adquirir os equipamentos (fragamentadora de papel de

pequeno ou grande porte etc.) necessários ao processamento de eliminação.

Não é recomendável ecologicamente a incineração de papéis, que poderão ser

mecanicamente transformados em aparas e doados ou vendidos para

reciclagem. Essa recomendação nem sempre tem sido incorporada aos

instrumentos legais que definem normas para eliminação. A eliminação deverá

ser registrada em Ata ou Termo de Eliminação onde constem os seguintes

dados:

35

• Órgão produtor;

• Série documental;

• Datas-limites;

• Quantidade eliminada (em metros lineares);

• Data da eliminação;

• Assinatura dos responsáveis.

Dos documentos destinados à eliminação é recomendável que

sejam conservadas as amostragens que deverão ser recolhidas para guarda

permanente. Para eliminação de amostragens deve-se levar em conta não

somente o conteúdo da informação, mas também sua natureza e forma. As

amostragens podem ser estatística, geográfica, cronológica ou por séries

documentais. Define-se como amostragens:

Fragmento de uma série documental destinada à eliminação, selecionando por meio de critérios específicos para guarda permanente, a fim de exemplificá-la, revelar especificidade ou alterações de rotinas administrativas ou de procedimentos técnicos, ou registrar ocorrências em momentos marcantes. Existem critérios comuns para se identificar as amostragens. (BERNARDES, 1998, p. 42)

Existem critérios comuns para se definir as amostragens, são eles:

• Amostragem anual ou decenal – aplicada aos documentos que

foram organizados segundo critério cronológico;

• Método alternativo ou por turno – sistema de rodízio que pode ser

acompanhado de métodos estatísticos;

• Amostragens regionais;

36

• Amostragem estatística aleatória – aplicado em acervos

volumosos, completos, ordenados de forma lógica.

A seleção de amostras para a preservação permanente é condição

indispensável à eliminação dos conjuntos aos quais elas pertençam. Porém, a

legislação federal não determina essa prática, em relação aos documentos

oficiais. No Município de São Paulo, o Decreto que estabelece normas de

avaliação, determina a seleção de amostragens para guarda permanente dos

documentos públicos destinados à eliminação.

A microfilmagem de documentos é a técnica de fazer cópias

fotográficas reduzidas, sendo impossível de serem lidas sem ampliação. É

uma operação de alto custo, por isso deve apresentar valor que justifique o

custo dessa operação. Os documentos são microfilmados com o objetivo de

reduzir seu volume e garantir sua durabilidade.

Os documentos devem ser microfilmados segundo a melhor técnica

possível, sendo um perfeito substituto dos documentos originais em todos os

aspectos. As cópias fotográficas devem registrar todos os detalhes de

importância dos documentos originais que possam ser necessários a prováveis

referências futuras.

É importante salientar que os documentos oficiais ou públicos com

valor de guarda permanente não poderão ser eliminados após a

microfilmagem, devendo ser recolhidos ao arquivo público de sua esfera de

atuação ou preservados pelo próprio órgão detentor (art. 13 do Decreto

Federal 1.799, de 30 de janeiro de 1996).

A microfilmagem, quando aplicada com critério, pode contribuir para

a racionalização e preservação dos arquivos das instituições públicas e

privadas. Trata-se de uma técnica moderna, própria à administração de

documentos modernos.

37

CAPÍTULO IV

NOCÕES DE QUALIDAE

CONCEITOS E DEFINIÇÕES

O termo qualidade é, atualmente, um dos temas mais debatidos e

difundidos junto à sociedade, aparecendo ao lado de outros como

produtividade, globalização, competitividade, integração, qualidade de vida,

ecologia, dentre outros. Entretanto, embora bastante comentado, existe pouca

compreensão do que seja, efetivamente, qualidade.

No primeiro momento, qualidade nos parece algo fácil de explicar,

pode ser um produto com qualidade, um funcionário com qualidade. No

entanto, apresenta um significado distinto e peculiar para cada indivíduo.

A palavra qualidade é tanto aplicada como atributo de produtos que

satisfazem a quem se destinam (clientes); quanto é definida como um modo de

organização de empresas que objetivam produzir produtos com o atributo

qualidade.

O conceito de qualidade é importante e surge de maneira bastante

forte em 1970, com o renascimento da indústria japonesa que, seguindo os

preceitos do consultor americano W. E. Deming faz da qualidade uma arma

para vantagem competitiva. (MARTINS; LAUGENI, 2001, p. 388).

Essa palavra tem vários significados. Para Crosby (1992),

“qualidade é a conformidade com as especificações”, quando você procura

fazer certo da primeira vez, deve ficar claro para todos. A qualidade se

encontra na prevenção que, por sua vez, se origina do treinamento, disciplina,

exemplo, liderança e persistência. O padrão do desempenho da qualidade é o

defeito zero, ou seja, erros não são tolerados. A medida da qualidade é o

preço da não conformidade.

38

Deming (1990) relata que qualidade “não é um luxo, mas sim, aquilo

que o cliente deseja sempre, quer e de que necessita”. Como os desejos dos

clientes estão sempre mudando, a solução para conceituar qualidade é definir

constantemente as especificações.

Para Feigenbaum (1994), a qualidade “é um modo de vida

corporativo, uma maneira de gerenciar que requer a participação de todos, pois

o controle de qualidade total produz impacto por toda empresa”. A qualidade

total deve ser guiada para excelência e não pelos defeitos.

Já para Juran (1991, p.16), “a função da qualidade é o conjunto das

atividades através das quais atingimos a adequação ao uso, não importando

em que parte da Organização essas atividades são executadas”. Um dos

significados de qualidade é o desempenho do produto cujas características

proporcionam a satisfação dos clientes que irão comprá-lo. Seria, por outro

lado, a ausência de deficiências, pois estas geram insatisfação e reclamações.

Qualidade é um esforço amplamente compensador por muitas

razões: reduz custos, porque racionaliza processos; diminui os desperdícios;

elimina o retrabalho e acaba com a burocracia e os controles desnecessários;

dá o direcionamento certo, pois o compromisso com a qualidade estreita os

laços da empresa com sua clientela em permanente e sistemática troca de

informações, o que conduz a aperfeiçoamentos e inovações de sucesso

garantido; a sua prática amplia a percepção do empresário para novos

negócios, novas oportunidades e qualifica a empresa para novos mercados.

Esses são resultados do permanente enfoque no cliente e em todas as suas

necessidades e aspirações.

A ampliação da lucratividade da empresa traz retorno compensador

sem que isso signifique necessariamente preços mais elevados e maiores

encargos para a sociedade. O que é muito bom para coletividade e ótimo para

o empresário de visão.

39

O quadro abaixo mostra as principais idéias e contribuições de

alguns estudiosos da administração da qualidade

AUTORES PRINCIPAIS IDÉIAS E CONTRIBUIÇÕES

SHEWHART, DODGE E ROMIG

- Cartas de controle - Controle estatístico da qualidade e controle estatístico

do processo - Técnicas de amostragem - Ciclo PDCA

FEIGENBAUM

- Departamento - Sistema da qualidade - Qualidade Total

DEMING

- 14 pontos - Ênfase no fazer certo da primeira vez - Qualidade desde os fornecedores até o cliente final

JURAN

- Trilogia da qualidade (planejamento, controle, aprimoramento)

ISHIKAWA

- Qualidade Total - Círculos da Qualidade

PRINCIPAIS INTÉRPRETES DA ESCOLA DA QUALIDADE

Fonte: Maximiano (2000, p.185)

Um ponto comum entre as várias definições de qualidade é a

adequação ao uso do produto do ponto de vista do cliente, sendo cinco as

dimensões da Qualidade Total: qualidade intrínseca, custo, entrega moral e

segurança. As pessoas atingidas por tais dimensões, conhecidas também

como stakeholders, são: clientes, acionistas, funcionários e a sociedade (YUKI,

1998).

4.1 EVOLUÇÃO DO PROCESSO DA QUALIDADE

O tema gestão da qualidade é dinâmico, sendo sua evolução fruto

da interação dos diversos fatores que compõem a estrutura organizacional e

sua administração.

Conhecemos o conceito de qualidade há milênios. Mas

recentemente ela surgiu como função da gerencia. No inicio, tal função era

40

relativa e voltada para inspeção; hoje, as atividades relacionadas com a

qualidade se ampliaram e são consideradas essenciais para o sucesso

estratégicos (Garvin, 2002). Isso leva a uma percepção dinâmica e ampliada

da qualidade, sinalizando a integração com diversas outras áreas do

conhecimento humano, em função do tipo de produto gerado e das

expectativas, exigências e maturidade dos clientes e consumidores, em

sintonia com os interesses mercadológicos estabelecidos.

A ampliação da abrangência da qualidade nas atividades

organizacionais pode também ser percebida em responsabilidades que se

agregam à área, côo qualidade ambiental e qualidade de vida, ética e valores,

hoje imprescindíveis e objeto de regulamentações nacionais e internacionais e

de normas diversas, mostrando a crescente conscientização da sociedade, que

impõe demandas e exerce pressões complementares.

4.1.1 FASES OU ERAS DA QUALIDADE

Inspeção

Essa fase, que se situa antes e após a Revolução Industrial,

procurava garantir a qualidade separando os produtos já produzidos que

apresentavam problemas, não sendo entregues aos clientes. Nessa fase, os

produtos são produzidos com erros gerando desperdícios.

Controle da Qualidade:

Inicio da produção em massa. A detecção de defeitos passa ser

feita por meio de técnicas estatísticas por amostragens de lotes produzidos e

desempenho de produção. Nessa fase, já há o foco na redução do erro na

hora da produção.

Garantia da Qualidade

41

Garantir a qualidade dos produtos por meio de sistemas da

qualidade, soluções de problemas e planejamento da qualidade. O foco dessa

fase está na prevenção do erro.

Qualidade Total

A garantia da qualidade do produto é conseguida com a participação

de todos da organização e não só de quem está produzindo ou controlando a

qualidade. Também há o envolvimento de fornecedores e clientes.

A ISO série 9000, que surgiu na década de 80, é um conjunto de

normas técnicas que tratam, exclusivamente, da questão da qualidade. Nas

primeiras versões (1987 e 1994), o foco era no produto e a qualidade era

considerada pelas empresas como uma exigência dos compradores aos seus

fornecedores. A partir da versão 2000da ISSO 9000, o enfoque passa para a

“gestão”, considerando que somente com um bom gerenciamento dos

processos seja possível garantir a produção de produtos e serviços com

qualidade.

Os requisitos da ISO 9001 dão ênfase a princípios básicos de

gestão que levam a alta administração a alcançar melhoria de desempenho da

organização. O primeiro princípio ressaltado pela norma é o foco no cliente.

42

CAPÍTULO V

O MÉTODO 5s

O movimento 5s nasceu no Japão no final da década de 1960, após

a 2ª Guerra, com a finalidade de reorganizar o país quando vivia a chamada

crise da competitividade. Este movimento, em conjunto com outros métodos e

técnicas, muito contribuiu para o reconhecimento da poderosa inscrição made

in Japan.

No Brasil, o movimento chegou formalmente através dos trabalhos

pioneiros da Fundação Christiano Ottoni, liderada pelo professor Vicente

Falconi, em 1991. Atualmente, existem diversas versões e contribuições à

filosofia original, mediante o acréscimo de outros S e interpretações diversas,

que, porém, mantêm a coerência com os princípios básicos.

É uma filosofia voltada para a mobilização dos colaboradores,

através da implementação de mudanças no ambiente de trabalho, incluindo

eliminação de desperdícios, arrumação de salas e limpeza.

Este programa como objetivo principal promover a alteração do

comportamento das pessoas, proporcionando total reorganização da empresa

através da eliminação de materiais obsoletos, identificação dos materiais,

execução constante de limpeza no local de trabalho, construção de um

ambiente que proporcione saúde física e mental e manutenção da ordem

implantada. Aponta para a melhoria do desempenho global da organização.

Sabe-se que a maior dificuldade da implantação efetiva de um programa de

qualidade é a mudança cultural das pessoas que compõem a organização, em

todos os níveis hierárquicos. Barreira imposta que foi caracterizada como

paradigma a ser rompido com o tempo e com a persistência.

O programa 5s auxilia na criação de condições necessárias à

implantação de projetos de melhoria continua. É um sistema que organiza,

43

mobiliza e transforma pessoas e organizações. Muitas vezes o 5S é visto como

uma grande faxina (Housekeeping) pelo fato das pessoas não conseguirem

perceber sua abrangência. Limitando o programa a esta esfera física, perde-se

grande parte do que de bom este tem para oferecer: a mudança de valores. Na

verdade, esse método explora três dimensões básicas: a dimensão física

(layout), a dimensão intelectual (realização das tarefas) e a dimensão social

(relacionamentos e ações do dia-a-dia).

Estas três dimensões se inter-relacionam e dependem uma da

outra. No momento em que uma das dimensões é alterada ou melhorada,

sentimos reflexos nas outras duas.

5.1 OS CINCO SENSOS DA QUALIDADE

Segundo Houaiss (2001), senso é a faculdade de julgar, de sentir,

de apreciar. Portanto, nunca se implementa um senso, mas se planta e se

cultiva, através de um processo educativo.

A denominação 5S vem das iniciais das 5 palavras de origem

japonesa: Seiri, Seiton, Seiso, Seiketsu e Shitsuke, que são as máximas do

movimento (BRITTO; ROTTA, 2001).

Foi adequado à língua portuguesa na forma de 5 sensos: de seleção

(descarte), de organização (ordenação), de limpeza (saúde), de padronização

(sistematização) e de autodisciplina (manutenção da ordem).

• Seiri: Senso de seleção, utilização, descarte, arrumação.

Significa identificar e separar tudo o que é necessário do que é

desnecessário no local de trabalho, dando um destino para aquelas que

deixaram de ser úteis para o fim desejado e agrupando os objetos necessários

por ordem de importância, inclusive eliminado tarefas desnecessárias.

44

Possibilita melhor organização do local, criação de novos espaços, diminuição

da perda de tempo e desperdício de recursos.

Para a arrumação do setor devemos: classificar os itens

(necessários e desnecessários), verificar a freqüência de uso e dar a

destinação dos itens de acordo com a freqüência de uso.

De acordo com o SEBRAE (2000) esta fase tem como lema: “A

gente faz o ambiente”.

A fase do descarte tem como benefícios:

• Reduzir a necessidade de espaço físico, de estoque e de gasto

com sistema de armazenamento;

• Facilitar o arranjo físico, o controle de produção e a execução do

trabalho no tempo previsto;

• Diminuir o desperdício de material;

• Reduzir custos e acidentes;

• Seiton: Senso de ordenação, organização, sistematização.

Significa colocar cada objeto no seu único e exclusivo lugar,

dispostos de forma correta, agrupando por tipo, cor, etc., para que possam ser

utilizados prontamente. Refere-se à disposição sistemática dos objetos com

excelente comunicação visual utilização de etiquetas para identificação dos

locais, dos objetos, das tarefas, no material adotado para uso do setor, a fim

de que se possam manter as coisas do jeito que devem ser. Possibilita

organizar seu local de trabalho e promover ações que facilitem o trabalho

através da identificação dos materiais, locais e tarefas, para que todos saibam

onde o material está.

45

Segundo o SEBRAE (2000) esta fase tem como lema: “Um lugar

para cada coisa, cada coisa no seu lugar”.

A fase da ordenação tem como benefícios:

• Propiciar melhor aproveitamento dos espaços existentes;

• Proporcionar rapidez e facilidade na busca de itens;

• Evitar desperdício de material e reduzir custos;

• Contribuir para o aumento da motivação e da produtividade das

pessoas;

• Propiciar maior racionalização do trabalho;

• Tornar o ambiente de trabalho funcional e agradável.

• Seiso: Senso de limpeza, zelo.

Significa eliminar a sujeira e as fontes de sujeira para construir um

ambiente de trabalho limpo e agradável que proporcione segurança e

qualidade de vida (saúde física e mental) das pessoas, lembrando sempre do

dito popular: “O ambiente mais limpo não é o que mais se limpa, mas sim o que

menos se suja”. Cada um limpa sua própria área de trabalho e é consciente

das vantagens de não sujar.

Segundo Calegare (1999) para determinação das causas é

interessante que se pergunte sempre o “por que” (“Por que estava sujo?”; “Por

que não havia lixeiras?”; “Por que as lixeiras não foram incluídas no

planejamento?”).

46

Segundo o SEBRAE (2000) essa fase tem como lema: “O ambiente

faz a gente”.

Os benefícios da limpeza são:

• Proporcionar o aumento da autoestima e da disposição da equipe

gerando produtividade;

• Favorecer o companheirismo, a amizade e o bom-humor da

equipe;

• Propiciar a satisfação e eficiência das pessoas;

• Evitar danos à saúde da equipe e gastos com doenças;

• Evitar perdas de material;

• Evitar danos a equipamentos;

• Melhorar a imagem interna e externa da empresa;

• Reduzir condições inseguras.

• Seiketsu: Senso de asseio, de saúde, higiene.

Refere-se à execução dos 3 sensos anteriores de forma

sistematizada, ou seja, manter o descarte, a organização e implantar o padrão

de limpeza de forma contínua, com a preocupação e atenção com a própria

saúde física, mental e emocional. Resulta da padronização das atividades

anteriores de forma sistematizada com manutenção e monitoração dos

estágios já alcançados para que não retrocedam. Para tal gerenciamento dá-

47

se ênfase na manutenção da padronização adotada. O objetivo da

padronização é fazer com que todas as tarefas sejam cumpridas voluntária e

rotineiramente da mesma forma, para que os resultados sejam sempre aqueles

esperados, a fim de melhorar o desempenho da organização (CALEGARE,

1999). É o ponto alto do método.

É preciso que haja um sólido compromisso de toda a equipe para a

mudança de hábito, a fim de que as boas condições sejam mantidas. Isso

implica em educação das pessoas.

Segundo o SEBRAE (2000) essa fase tem como lema: “O

compromisso de cada um é com todos”.

Os benefícios da conservação são:

• Melhoria contínua do ambiente de trabalho;

• Racionalização do tempo;

• Incentivo à criatividade das pessoas envolvidas;

• Melhoria da produtividade;

• Base para a Qualidade Total.

• Shitsuke: Senso de autodisciplina, educação, manutenção da ordem,

comprometimento.

Significa serem responsáveis pela qualidade de seu trabalho e de

sua vida, buscando melhoria sempre, ao cumprir rigorosamente os padrões

técnicos, éticos e morais, normas e tudo o que for estabelecido pela

organização onde trabalha. É o pacto da qualidade onde todos assumem o

48

compromisso de manter as normas, prazos e acordos estabelecidos nas fases

anteriores, a fim de aperfeiçoar e dar continuidade ao Programa. Faz parte de

o comportamento ético respeitar o acordo estabelecido e cumprir todos os

compromissos para não desapontar o cliente.

É um hábito consciente e voluntário para manter e praticar

corretamente o que foi determinado nos procedimentos operacionais

estabelecidos pela organização. É a base para a harmonia das atividades

previstas nos 4S anteriores. O hábito de fazer as coisas que devem ser feitas

deve ser desenvolvido, e nem sempre a maneira mais fácil é a mais correta.

Segundo o SEBRAE (2000) esta fase tem como lema: “Água que

corre não cria lodo”.

Os benefícios da disciplina são:

• Melhoria das relações humanas;

• Favorecimento do trabalho em equipe;

• Confiabilidade e credibilidade das informações;

• Eliminação do desperdício;

• Dignificação do ser humano;

• Facilidade de execução de todas as tarefas;

• Cumprimento dos requisitos de qualidade.

Esta metodologia é a mais recomendada por atuar principalmente

com a eliminação de desperdício, com alteração da mentalidade das pessoas,

49

com interação entre patrão/empregado/cliente e por estimular a reflexão da

qualidade dos serviços e produtos e da qualidade de vida.

O Padrão de Qualidade terá sido atingido se todos os

procedimentos adotados nas 5 fases do Programa 5S estiverem

documentados, ou fotografados, para que se possa comparar a situação

anterior com a atual.

O Programa 5S é basicamente a determinação de arrumar e

organizar um local de trabalho, de manter arrumado e limpo, de manter as

condições padronizadas e a disciplina necessária para realizar um bom

trabalho. Organização, arrumação e limpeza referem-se às atividades de

pessoas, padronização refere-se à execução das anteriores de forma

sistematizada; e, disciplina refere-se à manutenção da nova ordem

estabelecida. Para utilizar o 5S é necessário que se tenha uma metodologia de

implementação correta, para almejar ganhos maiores em termos de motivação,

criatividade, produtividade e lucratividade. Se o líder e a equipe não tiverem

motivação certamente cairão na acomodação, que vem acompanhada de

regressão e tudo o que foi implantado vai por “água abaixo”. Aliás, o próprio

nome é Qualidade Total e não Qualidade Parcial.

A Qualidade Total só pode ser atingida se houver trabalho em grupo, com plena integração entre os colaboradores em todos os níveis da organização. (CALEGARE, 1999, p. 48)

A metodologia utilizada para auxiliar no planejamento e na aplicação

em todas as etapas pode ser o Método 5W e1H, a saber:

WHY (Por quê?) – Para organizar o setor de trabalho

WHAT (O quê?) – Acervo e material de consumo diário

HOW (Como?) – Selecionando o que usa e separando o que não

usa

50

WHO (Quem?) – Todos os funcionários do setor

WHERE (Onde?) – No próprio setor de trabalho

WHEN (Quando?) – De 3 a 31 de Janeiro (por exemplo)

5.2 5S COMO VIABILIZADOR DA QUALIDADE EM

ARQUIVO

O 5s aplicado no setor de arquivo deve fazer parte do processo de

padronização da empresa. Todas as gerenciais e áreas deveriam seguir a

mesma lógica de ordenação, procedimentos, manuais, treinamentos dos

modelos de arquivo, busca e recuperação de informações, independentemente

do seu suporte, o que geraria flexibilidade na hora de fazer um sistema de

retroatividade, férias ou eventual ausência de funcionários e até mesmos para

os novos.

O senso de utilização pode ser aplicado quando estabelecemos

critérios de descartes da informação ou documentos. Há documentos que com

o tempo perdem a validade, tornam-se obsoletos e apenas avolumam as

pastas dos arquivos, dificultando o acesso as informações válidas. Esses

critérios darão origem ao que chamamos tempo de guarda, com o qual

poderemos fazer periodicamente o descarte de documentos.

No que diz respeito ao senso de ordenação, ele se aplica quando

definimos uma metodologia de arquivamento que facilite o controle e o acesso

rápido as informações por qualquer pessoa que delas necessite.

O senso de limpeza pode ser aplicado de forma tradicional, ou seja,

o melhor é não sujar, o que significa manter a ordenação definida e

51

contemplar, no controle, os novos tipos de documentos, evitando sempre

arquivamentos provisórios.

Quanto ao senso de saúde e higiene, entende-se que é preciso ter

uma equipe sempre muito organizada, solidária e com consciência de que é

fundamental ter saúde física e psicológica para se trabalhar bem em equipe.

Entende-se também que a facilidade e a rapidez de acesso à informação

podem tornar o ambiente de trabalho e as relações interpessoais mais

confortáveis.

O senso da disciplina é fundamental para que o programa seja

mantido e o sistema de controle de documentos difundido e praticado por

todos.

O programa 5s em conjunto com as teorias, práticas e técnicas

arquivísticas forma em conjunto uma base para um sistema de qualidade bem

definido e estruturado garantindo que todos os processos que envolvem a

informação arquivística estejam disponíveis, identificados e procedimentos e

que garantam sempre o andamento dos processos PDCA.

52

CONCLUSÃO

Analisando o problema da gestão da informação no âmbito das

instituições públicas e privadas, a situação é bastante alarmante e tem sido

encaminhada com seriedade pelas instituições arquivísticas brasileira. O

acúmulo de documentos sem tratamento adequado, a dificuldade de

manutenção dos arquivos de processos administrativos, judiciais e técnicos, a

falta ou inadequação de espaço para a guarda de documentos e a falta de

pessoal especializado para organizar os “papéis gerados” apressam as

soluções e despertam cada vez mais o interesse dos dirigentes. As normas

estabelecidas pelo Conselho Nacional de Arquivos (Conarq) no tocante aos

procedimentos para a gestão de documentos (Resolução nº1, de 18 de

outubro de 1995), transferência e recolhimento (Resolução nº 2, de 18 de

outubro de 1995) e eliminação (Resolução nº 5, de 20 de maio de 1997)

buscam orientar as instituições arquivísticas brasileiras regulamentando prazos

para guarda de documentos e apontando diretrizes para a criação de

comissões técnicas de avaliação.

Assim, o grande desafio dessas instituições é a gestão total de

informação, que englobe o tratamento do documento desde a sua produção

até sua destinação final, garantindo sua integridade e acesso para que a

informação esteja disponível no momento necessário de sua respectiva

utilização.

Diante desse quadro, sugere-se a implantação de práticas de gestão

documental, alinhada as do método 5s; a organização dos documentos

baseada em procedimentos arquivísticos; a implantação de códigos de assunto

no Protocolo Geral; a avaliação da documentação acumulada e a destinação

final; a adequação do sistema de protocolo aos procedimentos arquivísticos; a

centralização da documentação nas fases permanente e intermediária, em

salas de arquivo; a higienização dos documentos de valor permanente; o

53

acondicionamento apropriado para os documentos de tamanho especial e a

redefinição, conforme a necessidade, do layout dos depósitos.

Com isso, é possível obter os seguintes resultados:

• Racionalização do trabalho de arquivamento com aumento de

produtividade;

• Recuperação rápida e precisa de documentos e da informação;

• Impedimento do acréscimo indiscriminado do volume de

documentos e recuperação ágil da informação;

• Otimização de seus espaços físicos de trabalho;

• Controle do trâmite de processos desde sua geração até a sua

destinação final;

• Facilidade de transferência ou eliminação dos documentos;

• Liberação de espaço físico;

• Preservação e conservação dos documentos e o preparo da

documentação para a guarda definitiva ou para a transferência.

54

BIBLIOGRAFIA

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

A ORIGEM DOS ARQUIVOS E DA ARQUIVOLOGIA 10

CAPÍTULO II

A INFORMAÇÃO ARQUIVÍSTICA 14

CAPÍTULO III

GESTÃO DE DOCUMENTOS 20

3.1 – Avaliação de documentos 23

3.1.1 – A comissão de avaliação de documentos 27

3.1.2 – Tabela de temporalidade 29

3.1.3 – Destinação de documentos 33

CAPÍTULO IV

NOÇÕES DE QUALIDADE

CONCEITOS E DEFINIÇÕES 37

4.1 – Evolução do processo da qualidade 39

4.1.1 – Fases ou era da qualidade 40

CAPÍTULO V

O MÉTODO 5S 42

5.1 – Os cinco sensos da qualidade 43

5.2 – 5S como viabilizador da qualidade em arquivo 50

CONCLUSÃO 52

BIBLIOGRAFIA 54

ÍNDICE 57