Curso de Aprendizes Do Evangelho

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Curso de Aprendizes do Evangelho

ndice1. O VELHO TESTAMENTO 2. VISO GERAL DO NOVO TESTAMENTO 3. A PALESTINA: ASPECTOS HISTRICOS 4. FATOS DA VIDA DE JESUS: NASCIMENTO E INFNCIA 5. FATOS DA VIDA DE JESUS: PRISO E MORTE 6. FATOS DA VIDA DE JESUS: QUESTES POLMICAS 7. JOO BATISTA, O PRECURSOR 8. OS DOZE APSTOLOS 9. O SERMO DO MONTE: BEM AVENTURADOS OS POBRES DE ESPRITO 1 4 7 10 12 15 19 21 23

10. O SERMO DO MONTE: BEM AVENTURADOS OS QUE CHORAM E OS QUE SOFREM PERSEGUIO POR AMOR DA JUSTIA 26 11. O SERMO DO MONTE: BEM AVENTURADOS OS MANSOS E PACIFICADORES 13. SERMO DO MONTE: E QUANDO INJURIAREM BEM AVENTURADOS OS LIMPOS DE 27 CORAO 30 32 35 37 40 42 44 46 50 52 56 59 61 62 65 68 71 73 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 96 102 103 12. O SERMO DO MONTE: BEM AVENTURADOS OS QUE TEM FOME E SEDE DE JUSTIA E OS MISERICORDIOSOS.29

14. O SERMO DO MONTE: VS SOIS O SOL DA TERRA O JURAMENTO 15. O SERMO DO MONTE: OLHO POR OLHO, DENTE POR DENTE SEDE PERFEITOS 16. O SERMO DO MONTE 17. SERMO DA MONTANHA: S DEUS PODE JULGAR E A CASA SOBRE A PEDRA 18. JESUS E A PRECE 19. OS MILAGRES E O EVANGELHO 20. MEDIUNIDADE NO EVANGELHO 21. AS APARIES DE JESUS APS SUA MORTE 22. AS CURAS NO EVANGELHO 23. A OBSESSO NO EVANGELHO 24. O SERMO DO CENCULO 25. O SERMO PROFTICO 26. PARBOLAS COMPARATIVAS DO REINO DOS CUS 27. PARBOLAS SOBRE O DESAPEGO S RIQUEZAS TERRENAS 28. PARBOLAS SOBRE A VALORIZAO DAS OBRAS DO HOMEM 29. PARBOLAS SOBRE AS FALSAS APARNCIAS 30. PARBOLA SOBRE A VIGILNCIA, PRUDNCIA E VALORIZAO DO TRABALHO 31. MARIA DE MAGDALA 32. ZAQUEU, O PUBLICANO 33. JUDAS ISCARIOTES 34. OS FILHOS DE ZEBEDEU 35. MARTA E MARIA 36. LUCAS, O EVANGELISTA 37. O COLQUIO COM NICODEMOS 38. A MULHER SAMARITANA 39. A MULHER ADLTERA 40. ATOS DOS APSTOLOS - A MISSO DE PEDRO 41. ATOS DOS APSTOLOS - O PAPEL DE PAULO 42. AS CARTAS PAULINAS 43. AS EPSTOLAS DO NOVO TESTAMENTO E O APOCALIPSE DE JOO 44. AS DETURPAES DO CRISTIANISMO 45. O ESPIRITISMO E O CRISTIANISMO

Captulo 1

O VELHO TESTAMENTOA Bblia composta de um conjunto de 73 livros, sendo 46 do Antigo Testamento e 27 do Novo, subdivididos em trs grandes categorias: livros histricos, doutrinais e profticos, segundo os telogos e exegetas. As edies protestantes no trazem alguns livros chamados deuterocannicos. Ex. Judite, Daniel, Eclesiastes, etc. Os livros do Antigo Testamento escritos uns em hebraico e outros em aramaico foram traduzidos para o grego. De modo geral, os livros relatam a aliana e as relaes entre Deus e os Hebreus at o nascimento de Jesus, por isso so chamados tambm de Antiga Aliana, fundamento da Religio Judaica. Os mais antigos manuscritos bblicos, hoje conhecidos, foram descobertos a partir de 1947, graas a um fortuito encontro em uma caverna perto do Mar Morto. Por isso so conhecidos como os Manuscritos do Mar Morto, os Manuscritos de Qumrm, nome do lugar em que estavam. Alguns so do sculo II a. C. (A Bblia de Jerusalm, Edies Paulinas) Entre as tradues da Bblia, as mais antigas e famosas so: a Verso dos Setenta e a traduo feita por So Jernimo, chamada Vulgata. Recentemente, aps as descobertas dos Manuscritos do Mar Morto, processou-se sua traduo, por especialistas de diferentes religies crists, procurando-se eliminar os desvios semnticos, decorrentes das modificaes da lngua atravs dos tempos e de diferentes interpretaes, para que se chegasse a um denominador comum.. Essa traduo foi designada de A Bblia de Jerusalm. Os 46 livros do Velho Testamento subdividem-se em histricos, doutrinais e profticos, mais o Pentateuco, chamado de A Lei.

LIVROS HISTRICOS:So os livros do Pentateuco e os de Josu, Juzes, Ruth, Rei, Macabeus e outros, ao todo 21, os quais narram a histria do povo hebreu. O livro de Josu relata a conquista da Terra da Promisso e sua distribuio pelas tribos. O Juzes mostra a histria dos judeus sob o governo dos Juzes. Samuel fala sobre os reis Saul e Davi. O livro de Reis registra a histria de Salomo at a destruio do Templo de Jerusalm, pelos babilnios. Esdras narra a volta do exlio de grupo de judeus. Cada livro narra uma parte da histria hebria.

LIVROS DOUTRINAIS:So os Salmos, Provrbios, Eclesiastes, Sabedoria e outros, ao todo 7. Estes livros indicam sempre uma rota a seguir pelo homem de bem. Qualquer que seja sua forma de apresentao so sempre norteadores de conduta, indicao de caminho, regras morais, preces, hinos etc. O Livro dos Salmos, ou Saltrio, uma coleo de poemas sagrados compostos por vrios autores inspirados, dos quais o mais importante e conhecido o rei Davi (A Bblia Sagrada, Edio Barsa). O Saltrio (palavra de origem grega), o nome de um instrumento de cordas que acompanhava os cnticos, os salmos e, por extenso, passou a denominar a coletnea dos Salmos. O Povo de Israel, assim como seus vizinhos, cultivou a poesia lrica de vrias formas atravs dos Salmos. Todo povo sensvel se transcende atravs da palavra cantada, onde o som se harmoniza mais facilmente com as esferas mais altas. O valor espiritual dos salmos ou sua riqueza religiosa os transformaram nas preces do Antigo Testamento (splicas, aes de graas e profecias do Messias). O livro dos Provrbios um conjunto de regras prticas para se viver com sabedoria e representa vrios sculos de reflexo dos sbios, desde Salomo; por isso muitas vezes citado por Provrbios de Salomo. A sabedoria personificada em justia e verdade, mas, embora de bons sentimentos morais, seu ensinamento foi superado pelas parbolas de Jesus.

LIVROS PROFTICOS:So os de Isaas, Jeremias, Ezequiel, Daniel, Joel e outros, ao todo 18. Estes livros, de modo geral, registram as principais profecias dos missionrios profetas de Israel. Isaas (sc. VIII a.C.) prev a vinda do Messias; a runa de Israel por sua infidelidade; a runa da Babilnia etc. Jeremias (sc. VII a.C.) vaticina sobre a runa de Jerusalm e Jud. Ezequiel e Daniel (sc. VI a.C.) viveram no exlio da Babilnia, tendo Daniel profetizado vrios fatos, tornando-se, inclusive, magistrado na corte do Rei Nabucodonosor. bom observar que o estudo do Velho Testamento deve ser acompanhado pela observao sistemtica em mapas geogrficos da poca, que mostram os lugares mais importantes e as razes de certas situaes, ampliando o visual do estudante. A leitura do Antigo Testamento mostra que Jesus respeita suas leis e as devolve ao legtimo sentido. Cristo conclui a Nova Aliana, pela qual os cristos, como herdeiros de Abrao, esto no Novo Testamento. (Glatas, 3:15 a 29). Os Espritas, diz Emmanuel em O Consolador, questo 360, como novos discpulos do Evangelho devem compreender que os dogmas passaram. E as religies liberalistas, que os construram, sempre o fizeram simplesmente em obedincia a disposies polticas, no governo das massas. Dentro das novas expresses evolutivas, po-

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rm, o espiritista deve evitar as expresses dogmticas, compreendendo que a Doutrina progressiva, esquivandose a qualquer pretenso de infabilidade, em face da grandeza inultrapassvel do Evangelho. Por isso, pode-se dizer que por meio do Espiritismo, Jesus, cumprindo suas promessas (Jo., 14:16-26 e 16:1214), renova sua Aliana com os Homens, em geral, fazendo-os, todos, herdeiros do seu Cristianismo Redivivo, de forma que todas as ovelhas pudessem ser conduzidas, sem exceo, ao aprisco do Senhor, no caminho da pluralidade das existncias.

MOISS E SUA MISSO PLANETRIA E O XODODurante 430 anos a famlia e os descendentes de Jac permaneceram no Egito, transformando-se em um povo numeroso - o povo de Israel (Ex. 12:40). Os Egpcios, sentido-se ameaados, impunham-lhes pesados tributos atravs da coria (trabalho gratuito ao Senhor). Para evitar o aumento de reproduo israelita, o Fara Ramss II, em torno de 1250 a.C., determinou o afogamento no rio Nilo de seus filhos recm-nascidos do sexo masculino. Jocabel, mulher de Amran, neto de Levi, deu luz um menino e amamentou-o por trs meses. Temerosa de que os guardas o descobrissem, arquitetou coloc-lo no rio Nilo, num cesto forrado de betume, hora do banho da princesa Termutis, filha de Ramss II. (Ex. 2). A princesa recolheu-o e adotou-o como filho. Certamente Moiss foi um Esprito missionrio de alta hierarquia, com uma difcil tarefa: libertar o povo hebreu do jugo egpcio e codificar as leis divinas de carter universal (O Declogo). Educado em palcio, iniciado nos cultos hermticos dos faras e sacerdotes, sempre se destacou por sua personalidade de liderana. Aps um incidente com um guarda egpcio, Moiss mata-o, em legtima defesa, e tem de fugir. Vai para Madi, ao sul da Palestina, onde se casa e passa 40 anos pastoreando, tambm aprendendo os caminhos do deserto. Um dia, nas imediaes do Monte Sinai, o mesmo onde recebeu o Declogo, anos mais tarde, Moiss ouviu a chamada sua misso, quando Deus lhe fala do meio da sara ardente. (Ex., 3). Moiss volta ao Egito com sua famlia. Reinava, ento, Menerphtah, filho de Ramss II (Ex., 4:18) e tendo seu irmo mais velho, Aro, como intrprete de sua vontade junto ao Fara,. pediu a liberdade de seu povo. Depois de muitas dificuldades, e pragas terrveis o Fara, ainda assim, no concordou com sua sada (Ex., cap. 7 a 11). Face a no concordncia do Fara, o Senhor instituiu a pscoa (Ex., 12), na qual os hebreus deveriam marcar as ombreiras das portas com o sangue dos cordeiros imolados, assinalando sua presena para que seus primognitos no fossem atingidos pela praga destruidora. Disse ento o Fara a Moiss. ide e servi ao Senhor, como tendes dito (Ex., 12:31). Inicia-se o xodo mas, arrependendo-se, o Fara persegue-os at s margens do Mar Vermelho (na regio do Mar dos Juncos) onde os soldados egpcios so tragados pelo mar, depois da passagem de Moiss e seu povo. (Ex., 14) No se sabe ao certo qual o caminho percorrido pelos israelitas no deserto, mas a probabilidade maior a direo sul, ao longo da costa do Mar Vermelho e depois em direo do Monte Sinai. Em xodo, captulo 19, l-se que no terceiro ms da sada dos filhos de Israel da terra do Egito, Moiss sobe ao monte e l recebe os Dez Mandamentos.

O DECLOGO E AS LEIS TRANSITRIASFala Emmanuel, em O Consolador, questo 269, que embora Moiss trouxesse consigo as mais elevadas faculdades medinicas, era impossvel que o grande missionrio dos judeus e da Humanidade pudesse ouvir o Esprito de Deus. Diz, ainda, que aps o advento do Espiritismo, o homem est habilitado a compreender que os dez mandamentos forma ditados por emissrios de Jesus, porquanto todos os movimentos de evoluo material e espiritual do orbe se processaram, como at hoje se processam, sob o seu augusto e misericordioso patrocnio. Diz Kardec (ESE, cap. I) que h duas partes distintas na lei mosaica: a lei de Deus, promulgada sobre o Monte Sinai, e a lei civil ou disciplinar, estabelecida por Moiss. A lei de Deus, ou Declogo, uma lei de todos os tempos e de todos os pases, e tem, por isso mesmo, um carter divino. Todas as demais leis estabelecidas por Moiss, contidas no Levtico, Nmeros e Deuteronmio, eram transitrias, porque o grande Patriarca foi obrigado a manter pelo temor um povo naturalmente turbulento e indisciplinado, no qual tinha de combater abusos arraigados e preconceitos adquiridos durante a servido do Egito. Para dar autoridade s suas leis, ele teve de lhes atribuir uma origem divina, como fizeram todos os legisladores dos povos primitivos. A autoridade do homem devia apoiar-se sobre a autoridade de Deus. Passaram quarenta anos no deserto inspito, para depurao de sua gerao e preparo da nova nao, no burilamento da alma do seu povo para a reforma ntima. Ao final deste tempo, dirigiram-se ao vale de Arab (sul do Mar Morto) entrando pelo lado oriental do Edom e subindo at s terras de Moab e Amon. Acamparam nas estepes de Moab, margem esquerda do rio Jordo, em frente a Jeric. Moiss, sentindo-se no final de sua vida terrestre, escolhe Josu como novo lder e discursa ao povo falando do trmino de sua tarefa, da continuidade por Josu e por fim d sua bno a todas as tribos e sob ao Monte Nebo. Tinha Moiss a idade de 120 anos quando morreu.(Deut., 34:7), deixando na histria dos homens a marca de sua personalidade missionria, como lder de um povo, como legislador extraordinrio e como legtimo emissrio do plano superior, para entregar ao mundo terrestre a grande e sublime mensagem da primeira revelao(O Consolador, questo 270, Emmanuel).

Viso Geral do Novo Testamento

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O PENTATEUCOPode-se dizer que o Pentateuco o livro da Lei de Moiss - a Tor, como chamado na Bblia Judaica. composto de cinco livros. A composio literria atribuda a Moiss, afirmado por Jesus e apstolos (Jo., 1:45), embora no haja confirmao de que ele tenha escrito os cinco livros (A Bblia de Jerusalm). O Pentateuco contm um conjunto de prescries e postulados que orientam a vida moral, social e religiosa do povo judeu e se divide em: Gnesis, xodo, Levtico, Nmeros e Deuteronmio. Gnesis: Este primeiro livro contm a histria primitiva; a criao do universo e do homem; o pecado original e toda sua consequncia at o dilvio. Depois do dilvio, tem-se o incio da era patriarcal e todo o referencial genealgico das tribos que compem a histria do povo hebreu. xodo: Neste livro encontra-se a libertao dos judeus do Egito; a Aliana com Deus no Sinai, com o Declogo; a instituio de leis reguladoras da atividade social e religiosa, tais como leis sobre servos, violncias, propriedades, deveres dos Juzes etc. e, ainda, regeras para o uso do tabernculo, objetivando resguardar a pureza do monotesmo, contra as idolatrias e costumes arraigados por tanto tempo na convivncia com os egpcios. Levtico: um livro legislativo, que regula o ritual dos sacrifcios de purificao e agradecimento; investidura de sacerdotes; leis sobre alimentao animal; sobre a purificao da mulher depois do parto; sobre a sade e cuidados com a lepra; sobre casamentos ilcitos etc., com instituio de penas aos faltosos. Nmeros: o quarto livro de Moiss. Refere-se ao recenseamento de toda a congregao dos filhos de Israel, segundo suas famlias, segundo a casa de seus pais, contando todos os homens, nominalmente, cabea por cabea(Nm., 1:2). A registra-se tambm a primeira tentativa de se entrar em Cana (Nm., 13); a rebelio contra o sacerdcio de Aro (Nm., 16 e 17); o direito de herana etc. Deuteronmio: o quinto livro de Moiss. Encerra um conjunto de trs discursos de Moiss ao seu povo. No primeiro, conta a histria de Israel e de de seus objetivos para chegar Terra Prometida, exortando-os obedincia. No segundo, Moiss conta a histria da legislao, falando-lhes dos dez mandamentos e relembrando as leis editadas anteriormente e da necessidade de sua obedincia. No seus ltimos atos, Moiss fala da nova aliana de Deus com o povo e das promessas da misericrdia divina; da indicao de Josu como seu sucessor e sua bno ao seu povo, antes de sua morte. QUADRO I - O Declogo 1. Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servido. No ters deuses estrangeiros diante de mim. No fars para ti imagens de escultura, nem figura alguma de tudo o que h em cima no Cu, e do que h embaixo na terra, nem de coisa que haja nas guas, debaixo na terra. No andars, nem lhes dars culto. 2. No tomars o nome do Senhor teu Deus em vo. 3. Lembra-te de santificar o dia de sbado. 4. Honrars a teu pai e a tua me, para teres uma dilatada vida sobre a Terra. 5. No matars. 6. No cometers adultrio. 7. No furtars. 8. No dirs falso testemunho contra o teu prximo. 9. No desejars a mulher do prximo. 10. No cobiars a casa do teu prximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem outra coisa alguma que lhe pertena. Fonte: Evangelho Segundo o Espiritismo - Cap. I

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VISO GERAL DO NOVO TESTAMENTOO Novo Testamento composto por um conjunto de 27 livros classificados em histricos, doutrinais e profticos. So histricos os quatro Evangelhos, segundo Mateus, Marcos, Lucas e Joo e o Atos dos Apstolos. So livros doutrinais as 21 epstolas de Paulo, Tiago, Pedro, Joo e Judas. O livro proftico o Apocalipse.

O EVANGELHOO Evangelho uma palavra de origem grega e significa Boa Nova. Essa Boa Nova a notcia solene de uma doutrina moral, onde os exerccios da lei da justia, com misericrdia, do saber e do amor, da humildade e da caridade, da f e da esperana, fundamentam a ao da reforma ntima do ser humano, dando ressurreio do esprito o carter de evoluo, com responsabilidade individual e coletiva, possibilitando atravs do aprendizado e do convvio fraterno, o direito da graa e da honra de se conhecer a Deus, ingressando no Seu Reino. Por isso Jesus, o Cristo, ensinou: Amars o Senhor teu Deus de todo o teu corao e de toda a tua alma e de todo teu pensamento. Este o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, : Amars ao teu prximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos, depende toda a lei e os profetas. (Mateus, 22:37 a 40) Numa viso global, abrangendo todo o contexto histrico e moral do Evangelho, destaca-se a idia profunda e impressionante da exemplificao de Jesus, que transcende seu campo de trabalho, na sua curta vida terrena, em uma poca de transio mundial (onde a busca do saber e das conquistas, sufocava o valor da ao do amor), a ponto de se tornar um marco na Histria da Civilizao, que conta os seus dias a partir do seu nascimento. Uma anlise sensvel e meditativa do Evangelho d ao homem a compreenso e pacincia para a vida; enche-o de coragem e f; ensina-lhe a servir a Deus atravs de seu semelhante, e a conquistar o Reino de Deus pelo entendimento da verdade. Andr Luiz, (Os Mensageiros, cap. 36.) narra momentos lindos, demonstrando que o Evangelho d equilbrio ao corao, envolve e extrapola segundo as possibilidades individuais de recepo da luz espiritual. Jesus asseverou aos seus discpulos: Se permanecerdes nas minhas palavras, verdadeiramente sereis meus discpulos. E conhecereis a verdade e a verdade vos libertar. (Joo, 8:31 e 32) Allan Kardec (ESE, Introduo), explica que a Boa Nova pode ser dividida em cinco partes: os atos comuns da vida do Cristo, os milagres, as predies, as palavras que serviram para o estabelecimento dos dogmas da Igreja e o ensino moral.

OS QUATRO EVANGELISTASO Evangelho de Jesus est escrito em quatro livros, segundo o entendimento e inspirao de cada evangelista: Mateus, Marcos, Lucas e Joo. Os trs primeiros se assemelham, da o nome de sinticos. A tradio eclesistica reconhece Mateus como o primeiro evangelista, embora haja discusses improdutivas a respeito. No livro Paulo e Estevo, 2 parte, ca. I, Emmanuel diz que Paulo recebeu de Ananias umas notas dispersas com elementos da tradio apostlica, o qual o informou sobre a aquisio do Evangelho na Casa do Caminho, em Jerusalm (cpia integral das anotaes de Levi, isto , Mateus). Mateus: o Levi publicano, coletor de impostos em Cafarnaum, foi um dos quatro evangelistas, membro do colegiado apostlico. Suas primeiras anotaes foram feitas na Palestina, em hebraico, para os judeus convertidos. Sua idia original foi converter e edificar, ilustrando a f. Marcos: Joo Marcos, primo de Barnab, fez a primeira viagem com Paulo e foi discpulo de Pedro, da a dizer-se que ele um eco da voz de Pedro. Seu nome hebraico era Joo, o latino Marcos (Atos, 12:25). Destaca os aparentes fracassos de Jesus perante os homens, para comprovar os desgnios de Deus (Era necessrio que o Cristo sofresse para resgatar os homens- 9:12, 10:45, 14:24) e culmina com o triunfo do ressurgimento do tmulo. Lucas: escritor de grande talento, amigo inconteste de Paulo de Tarso, mdico dos homens e das almas, nasceu em Antiquia, perto de Tarso (Sria). Seu trabalho o resultado de muita ordem e informaes pessoais com os Apstolos, Maria e Discpulos. Foi escrito para os pagos convertidos. Sem o terceiro evangelho no teramos 16 das mais belas parbolas de Jesus. Segundo Emmanuel (Paulo e Estvo, 2 parte, cap. VIII), Paulo em sua ltima viagem a caminho de Roma, pede a Lucas que faa suas anotaes de modo simples e nada comente que no seja para glorificao do Mestre, no Seu Evangelho imortal. Esses trabalho de pesquisa deu oportunidade de uma narrao mais completa da vida e obra de Jesus. Joo: o discpulo que Jesus mais amava, era irmo de Tiago (filhos de Zebedeu e Salom). Ele narra o episdio dos primeiros discpulos com a propriedade e os pormenores de quem foi testemunha ocular, desde o primeiro milagre, nas Bodas de Can, at aos ps da cruz, com a doce herana da me sublime. Seu trabalho expande os momentos mais ntimos com Jesus, enquanto os outros evangelistas sintetizam o acontecido. Seu resumo da ltima ceia riqussimo (captulos 13 a 17): a humildade do lava-ps, a despedida e a esperana (no se turve o vosso corao), a verdadeira videira, a vinda do Consolador, a promessa de um breve reencontro e a grande prece intercessria de Jesus ao Pai Celeste, so momentos sublimes que o Evangelho de Joo traz aos homens. O Evangelho de

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Joo espiritual: nele Jesus a Luz que vem ao mundo, o Mestre que orienta, o Po da vida, o Bom pastor, o Cordeiro de Deus que se imola pela salvao do mundo e o filho que glorifica ao Pai que est no Cu.

ATOS DOS APSTOLOS E EPSTOLASEntre os livros histricos do Novo Testamento, acha-se o Ato dos Apstolos, escrito por Lucas. Narra a histria das origens do Cristianismo primitivo, em Jerusalm, sua expanso Palestina e difuso entre os pagos. Fala da perseguio de Herodes, da converso de Paulo e de suas trs viagens missionrias, inclusive de sua priso em Roma. As Epstolas, ao todo 21, formam o conjunto dos livros doutrinais ou didticos. As 14 de Paulo so chamadas pessoais e as de Tiago, Pedro, Joo e Judas, universais, porquanto no so dirigidas a pessoas em particular, mas aos cristos, em geral. Paulo de Tarso, o Apstolo dos Gentios, a figura mais proeminente na expanso do Cristianismo, nasceu em Tarso, Cilcia (hoje Turquia), aproximadamente no ano 10; descendente de uma rica famlia judaica, do cl de Benjamim; era, ao mesmo tempo, cidado romano. Recebeu forte educao farisaica e conhecia bem a literatura grega. Esta grande personalidade, viril, perseverante, corajosa e cheia de f em Jesus, pode ser amplamente estudada no livro histrico de Emmanuel, referente ao incio do Cristianismo, Paulo e Estevo. O Apocalipse, que em grego significa revelao do futuro, um livro proftico e foi escrito por Joo Evangelista, filho de Zebedeu, na Ilha de Patmos entre os anos 70 e 95, aproximadamente. O Apocalipse difere do orculo e das vises por ter cunho universalista. J era conhecido dos judeus atravs do Apocalipse dos profetas Ezequiel, Zacarias e Daniel no Velho Testamento. Foi escrito para reerguer o nimo dos cristos, submetidos a perseguies por judeus e pagos, nos tempos de Nero e Domiciano, imperadores de Roma, objetivando aumentar-lhes a f e fortaleza dom a promessa da vitoriosa vinda do Senhor(Bblia Sagrada, Edio Barsa - dicionrio, verbete Apocalipse).

EVANGELHOS APCRIFOSApcrifo quer dizer escrito sem autenticidade ou cuja autenticidade no se provou. Para a Igreja Catlica so os escritos que se referem a assuntos de natureza sagrada, mas que no foram includos no Cnon das Escrituras consideradas de inspirao divina. So, s vezes, vistos como narrativas piedosas, mas sem maior significado, ou escritos de tendncia hertica e falsa para corromper as verdadeiras Escrituras. Muitos escritos foram considerados apcrifos, relativos ao Velho como ao Novo Testamento: narraes de vises, passagens proverbiais, Evangelhos, Atos de Apstolos, Epstolas, etc. Os protestantes julgam apcrifos os livros de Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesistico, Baruc, Primeiro e Segundo livro dos Macabeus e partes dos livros de Ester e Daniel. A Igreja Catlica, no entanto, os considera escritos sob inspirao divina e, portanto, gozando da mesma autoridade que os outros livros da Bblia. Para os espritas, em todas as circunstncias, o essencial o ensinamento moral contido nos livros.

ANLISE CRTICA DOS EVANGELHOSUma anlise crtica dos Evangelhos e das Cartas Apostlicas, levam-nos, naturalmente, ao encontro de algumas passagens pouco aceitveis, ilgicas ou at mesmo absurdas: "A tentao no deserto", "A expulso dos vendilhes do templo" e muitos pensamentos colocados na boca de Jesus, no resistem a uma anlise racional por encontrarem-se em evidente contradio com os mais elementares princpios da lgica, da justia e da caridade. Estes desencontros evanglicos em nada desmerecem a obra, que , segundo Kardec, "cdigo universal da moral", mas despertam nossa ateno para alguns detalhes vinculados a ela: a) As Adulteraes Involuntrias: Jesus nada escreveu. Acredita-se que as primeiras anotaes tenham surgido muito tempo depois da sua morte. Marcos, Lucas e Paulo no chegaram a conhecer o Messias e, portanto, colheram informaes de outras fontes. Todos essas evidncias levam-nos a acreditar que determinadas colocaes apresentadas nos Evangelhos no correspondem realidade absoluta dos fatos. Certamente, ocorreram adulteraes involuntrias. b) Os Enxertos dos Evangelistas: Notamos, ao examinarmos os Evangelhos, que uma preocupao bsica ocupava a mente dos evangelistas: provar que Jesus era de fato o Messias aguardado pelos judeus. Para que a Mensagem crist viesse a vingar na Palestina, esta idia deveria prevalecer. Acredita-se ento, que algumas passagens da Boa Nova no ocorreram realmente, mas foram acrescentadas s anotaes com esse objetivo. "O nascimento de Jesus em Belm", "a hipottica viagem ao Egito", a "Tentao no deserto" e muitas outras passagens teriam sido enxertadas para provar a tese de que Jesus era o Salvador dos Judeus, o Enviado de Jeov. c) As Adulteraes Posteriores da Igreja: Muitas anotaes verificadas nos textos bblicos de hoje no so identificadas nas verses originais, mostrando que foram acrescentadas posteriormente.

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Para justificar certos dogmas, alguns sacramentos e determinadas prticas religiosas, certos representantes da Igreja, ainda nos primeiros sculos da era Crist, acrescentaram aos textos originais idias, princpios e passagens que na realidade no ocorreram.

Captulo 3

A PALESTINA: ASPECTOS HISTRICOSO POVO JUDEU NA POCA DE JESUSDepois de mais de 700 anos sob denominao estrangeira (Imprio Assrio (722 a.C.), Babilnio (597 a.C.), Persa (539 a.C), Egpcio, Macednio (332 a.C.), Selucidas (311 a.C.), Israel vive sob o jugo do Imprio Romano na poca do nascimento de Jesus. O ltimo rei judeu foi executado em 37 a. C., tendo sido nomeado governante, por Roma, o judeu idumeu Herodes, que governou a regio tiranicamente, de 37 a. C. at 4 d.C., sob a dominao direta do governador romano da provncia da Sria, ltimo reduto, antes da denominao de Roma, do poderoso imprio selucida. Roma no tirou a liberdade da prtica religiosa dos judeus, buscando assim, manter a ordem mais facilmente, permitindo que um governante testa-de-ferro conservasse o ttulo de rei. Roma preocupa-se mais com o comando militar do que com os aspectos religiosos. Aps a morte de Herodes o Grande, o reino israelita foi dividido entre seus trs filhos: a Galilia e a Peria ficaram com Herodes Antipas; a Ituria e a Tracontide com Herodes Felipe (posteriormente assassinado por ordem de Herodes Antipas) e a Judia, a Idumia e Samaria com Arquelau, que governou to mal que Roma o destituiu, mandando um procurador para o comando. Pncio Pilatos foi o procurador de Roma, dessa regio, entre 26 a 36 d.C. No setor econmico, os judeus pagavam pesados impostos, cobrados pelos publicanos. Havia trs tipos de impostos: a) sobre as terras dos prprios judeus; b) sobre toda a compra e venda de produtos e c) uma contribuio anual para o sustento dos soldados romanos que ocupavam a Palestina. Este tributo era o mais difcil de ser aceito pelos judeus. Em Atlas da Bblia, Edies Paulinas, l-se que A difuso da cultura grega (helenismo) e a presena de muitos judeus em outros pases prepararam o cenrio para o Novo Testamento. O ltimo fator decisivo foi o governo de Roma, que unificou politicamente o mundo antigo, como o helenismo o havia unificado culturalmente. L-se ainda, que Os judeus da dispora tinham colocado em muitos lugares os fundamentos da f em Deus e do conhecimento de sua lei. Como afirma Paulo na carta aos Glatas, Jesus veio quando chegou a plenitude do tempo (Gl. 4:4 e Hb., 1:1-2. importantssima a anlise de alguns pontos deste momento histrico na vida dos homens, porquanto estava o terreno preparado para a vinda de Jesus: o mundo antigo ocidental praticamente unificado sob a bandeira romana, extremamente zeloso das regras jurdicas e tolerante com os princpios religiosos dos povos conquistados; o mundo ocidental unificado pela expanso da cultura grega, desde a conquista dos macednios, com Alexandre Magno e seus sucessores, Selucidas (Palestina) e Ptomomeus (Alexandria), suplantando a latina e outras, com sua arte, literatura e filosofia, com Scrates, Xenofonte, Plato, Aristteles e tantos outros; o declnio do paganimso greco-romano e de outros povos no mais davam respostas aos interesses da alma humana. A sustentao, por Israel, do monotesmo, principalmente porque os judeus da dispora tinham colocado em muitos lugares os fundamentos da f em Deus e do conhecimento da sua lei. Diz o historiador Cesare Cantu(Histria Universal) que s Israel, no meio de to grandes desastres exteriores, conservou viva a outra parte da tradio, e, ao mesmo tempo que o dogma da queda ele admitia o da regenerao; a ele se liga tanto mais energicamente, quanto mais baixo se sente cair. Israel s, entre as naes antigas, conhece esta doutrina do progresso, carter e glria da civilizao moderna. Emmanuel, referindo-se a este momento histrico do mundo encarnado, escreve em Caminho da Luz: O Cristo rene as assemblias de seus emissrios. A Terra no podia perder a sua posio espiritual, depois das conquistas da sabedoria ateniense e da famlia romana.

CLASSES SOCIAIS. HIERARQUIA POLTICA E RELIGIOSADiz Kardec (ESE, Introduo, item III) que para bem compreender certas passagens dos Evangelhos, necessrio conhecer o valor de muitas palavras que so freqentemente empregadas nos textos, e que caracterizam o estado dos costumes e da sociedade judia daquela poca. Para isso esclarece os conceitos das diferentes classes sociais da poca, originrias das antigas tribos israelitas. A partir da diviso do reino, quando Roboo, filho de Salomo, fica no sul, com o reino de Jud, e Joreobo se torna rei das dez tribos ao norte, formando o reino de Israel, com capital em Siquem e, mais tarde, em Samaria, diz

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Curso de Aprendizes do Evengelho

Kardec, uma verso profunda, datando da poca da separao, perpetuou-se entre os dois povos que se esquivavam a todas as formas de relaes recprocas. Os Samaritanos, complementa Kardec, para tornarem a ciso mais profunda e no terem de ir a Jerusalm, para a celebrao das festas religiosas, construram um templo prprio e adotarem certas reformas: admitiam somente o Pentateuco, que contm a leis de Moiss, e rejeitaram todos os livros que lhe haviam sido posteriormente anexados. Diz Cesare Cantu que os Samaritanos aceitavam facilmente os ritos e as divindades estrangeiras (II Rs., 17:24 e seguintes), queimavam os livros da lei, perseguiam os que mantinham a circunciso das crianas, transformando a religio muitas vezes, em simulacros pagos e teatro de solenidade obscenas de Baco, como aconteceu sob o domnio de Antioco (170 a.C.) que edificou uma fortaleza sobre as runas da cidadela de Javi em Jerusalm e dedicou o templo a Jpiter Olmpico. Os Nazarenos, por tradio, adotavam a castidade, a abstinncia de bebidas alcolicas e no cortavam os cabelos, Eram nazarenos Sanso, Samuel e Joo Batista. Os Publicanos eram os encarregados da cobrana de impostos e outras rendas. Eram desprezados por todos e considerados impuros porque Os judeus no aceitavam pagar impostos, especialmente a contribuio para o sustento dos soldados romanos. Os Fariseus, que quer dizer separados (Parasch), aceitavam que Moiss independentemente da lei escrita, tinha recebido do anjo Raziel uma lei oral, que transmitiu a Josu, este aos ancies do povo, e estes aos membros da grande sinagoga. Esta tradio, o Cabala, explica coisas conservadas em segredo para a multido, o verdadeiro sentido das cerimnias, das profecias e dos enigmas (Atlas da Bblia, Ed. Paulinas) Os Fariseus, diz Kardec, eram observadores servis e afetados das prticas exteriores do culto e das cerimnias, inimigos das inovaes, mas sob as aparncias de uma devoo meticulosa, escondiam costumes dissolutos, muito orgulho. A religio para eles, era mais um meio de subir do que objeto de uma f sincera. Acreditavam na imortalidade da alma, na eternidade das penas e na ressurreio dos mortos. A primeira notcia sobre eles data de 150 a.C. e era um partido religioso popular. Os Saduceus, opostos aos fariseus, no acreditavam na imortalidade da alma nem na ressurreio. Eram menos piedosos e mais polticos, sendo o partido religioso sacerdotal de Caifs e Ans. Os Essnios moravam em edifcios semelhantes a mosteiros, distinguiam-se pelos costumes suaves e as virtudes austera. Tinham seus bens em comum e se entregavam agricultura. Tendo as doutrinas orientais e gregas chegado ali ao seu conhecimento, ele as misturaram com as doutrinas mosaicas, de modo que formassem uma seita distinta, e por isso, repelindo a tradio, como os saduceus, acreditando, como os fariseus, na imortalidade da alma, no gostando da cidade, viviam nos campos, abstinham-se de todo o trfico, aplicavam-se ao trabalho, baniam a escravido e no acumulavam riquezas. (Atlas da Bblia) Os Escribas eram os doutores da Lei Mosaica, aqueles que a conheciam profundamente e eram seus intrpretes para o comportamento social e religiosos da vida judaica. Eram, em geral, fariseus. Junto com os principais Sacerdotes e os ancios (chefe do cl) constituam o Grande Sindrio. Muitos outros guapos sociais formavam o povo judeu poca de Jesus: os mercadores, os escravos, os pastores e agricultores. Sob o aspecto poltico, a Palestina estava sujeita aos romanos, embora governada por um rei judeu, Herodes, o Grande, sob superviso do Governador romano da Sria. Aps a morte de Herodes e destituio de seu filho Arquelau, a Judia foi governada por um procurador romano. Roma permitia aos pases dominados gerir suas questes internas. Para a Judia e Samaria o rgo administrativo era o Sindrio, chefiado pelo Sumo Sacerdote. Ao procurador romano, entretanto, era facultado nomear ou depor o Sumo Sacerdote, o que explica, de alguma forma, a pressa com a priso e julgamento de Jesus. O Sindrio era uma assemblia de ancios que tinha por finalidade a administrao civil e a religiosa, cabendo-lhes a interpretao, julgamento e aplicao da lei.

COSTUMES. CIDADES. VESTURIO. COMRCIO. ALIMENTAO. TRABALHO. PROFISSESSua forma de viver prendia-se a costumes seculares fixados no Tor, ou Lei de Moiss (O Pentateuco), em regras religiosas fixadas posteriormente pela classe sacerdotal e outras decorrentes, principalmente, do sincretismo greco-judaico, a partir da vitria macednica, com Alexandre Magno, em 333 a.C. Nazar, no tempo de Jesus, na regio da Galilia, como ainda hoje, era um dos mais belos locais da Palestina. Situa-se ao norte do frtil vale de Israel, com suaves colinas de onde se pode ver, a dezenas de quilmetros, o vale do rio Jordo. Fica ao sul de Sforis, e tinha cerca de 5.000 habitantes. Era uma pequena cidade, sem grande importncia poltica, mas os olivais e os vinhedos das encostas eram de alta produtividade, em decorrncia do clima ameno e temperado que suavizavam este ponto de encontro das caravanas entre Damasco e Jerusalm. Por sua populao diversificada, por sua rusticidade, pelos homens pouco fiis s leis e aos ritos judaicos, Nazar era vtima de preconceitos pelos judeus metropolitanos e era comum a frase: Pode vir alguma coisa boa de Nazar?, como aconteceu na conversao entre Natanael e Felipe (Jo., 1:46) ou como fala Isaas (Is., 9:1), quando chamada de Galilia dos Gentios. Jerusalm, no tempo de Jesus, era capital da Judia, o grande centro religioso judeu, com o seu grande templo. Situa-se num interessante alti-plano bem prximo ao vale do Jordo, nas chamadas montanhas da Judia, 30 km do Mar Morto, ao sul. Jerusalm significa paz sagrada.

A Palestina: Aspectos Histricos

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Seu movimento econmico era grande e Roma a fazia sua sede de governo com seus procuradores. A cidade dividia-se em trs bairros: Cidade Alta que ficava no Monte Sio e onde residiam os ricos; Cidade Baixa, ao longo do vale de Cedron, onde se aglomerava o povo pobre e o Bairro do Templo, com muitas dependncias, em outra montanha. O Templo ligava-se Cidade Alta por uma longa ponte de pedra. Era uma cidade populosa, sendo multiplicada pelo intenso movimento poca das festas, principalmente a Pscoa. Era toda de ruas estreitas e ngremes, circundada por muralhas. De Jerusalm a Nazar tem cerca de 100 quilmetros. O Grande Templo foi idealizado por Davi e construdo por Salomo, destrudo por Nabucodonosor em 586 a.C. e reconstrudo aps a libertao dos judeus pelos medo-persas. Continha vrias portas e ptios internos sobrepostos. Os ptios internos eram: Ptio dos Gentios, onde todos podiam freqentar, ali eram vendidos os animais para sacrifcio (consta que cabia at 140.000 pessoas). Ptio dos Israelitas, para o povo judeu. Ptio das Mulheres. Ptio dos Homens, que terminava junto monumental porta de bronze, com 22 metros de altura e que se fechava noite. Ptio dos Levitas, onde ficava o altar dos sacrifcios sobre uma rampa. Neste ptio dos levitas, atrs do altar, erguia-se o Santurio com 45 metros de largura, dividido em duas partes: a primeira, chamada de O Santo, onde ficava o altar dos perfumes e a segunda parte, Santo dos Santos, simbolizando a antiga Arca da aliana, que continha duas tbuas de pedra, e onde somente o Sumo Sacerdote podia entrar. Era da lei a obrigao de circuncisar crianas masculinas no oitavo dia (Lucas,2:21), aps o nascimento; era proibido o trabalho no sbado; era costume comemorar a festa nacional da Pscoa (Ex.,12); em Jerusalm; os criminosos pela lei judaica sofriam a ao do olho por olho, dente por dente, as adlteras eram lapidadas; os romanos levaram para a regio a flagelao e a crucificao como forma de punio aos criminosos. Havia trs categorias de sacerdotes: os sacerdotes menores, encarregados de servios internos que se subordinavam ao diretor do Templo. Os sacerdotes de graus maiores, os encarregados da administrao civil e religiosa e o Sumo-Sacerdote que era eleito de dois em dois anos. Cobravam os tributos devidos ao Templo, tanto em dinheiro como em espcie, pois os israelitas eram obrigados a pagar dzimos, bem como a entregar parte da primeira colheita de suas plantaes. O holocausto ritual dependia do que se celebrava e segundo as condies de cada famlia. Exemplo: A purificao das mulheres, aps o parto, 30 dias aps, sendo menino e 60 dias, sendo menina, era feita com sacrifcios de cabritos ou pombos. Os sacerdotes mercadejavam com muitas coisas: bois, carneiros, pombos, destinados aos sacrifcios; perfumes, leos, e aromatizantes utilizados nas cerimnias de purificao. (Lucas,2:24) Quando os mercadores e camponeses deixavam de pagar os tributos, seus produtos eram declarados imundos, e com isso se afastavam os compradores. Havia no Templo mesas, guichs, reparties, balces, destinados ao comrcio, ao recebimento de donativos, alm do grande movimento de animais transportados para os sacrifcios, no Ptio dos Levitas. (Jo.,2:13 a 17) Era costume, no Templo, sentarem-se rabinos em banquetas, nos prticos e nos ptios pblicos. Ao seu redor, pequena multido ouvia atenta os comentrios sobre a Lei de Moiss, segundo a idia inicitica a que pertenciam, fariseus ou saduceus. Uma crena generalizada de que Deus no podia receber o culto seno na Terra Santa, levou os judeus, no exlio, a criarem um santurio que lembrasse o Templo de Jerusalm, a Sinagoga. Nesta, o culto assumiu forma inteiramente diversa, sem sacrifcios e sem sacerdotes. A somente os rabinos e conhecedores da lei e dos profetas eram capazes de explic-lo aos ouvintes. Em lugar de sacrifcios, um culto espiritual composto de oraes, cantos de salmos, leituras bblicas e comentrios. (Lucas,4:16) Era crena generalizada, tambm, que o Messias seria um Salvador da Ptria, dominador do mundo, logo no podiam os judeus aceitar Jesus, para eles demasiado simples e bom e que somente se manifestava entre pessoas desclassificadas e ignorantes. No era o condutor enrgico e altivo. Como esperar o triunfo , a implantao do novo Reino, se afirmava que maior aquele que se fizer menor de todos? Diz Humberto de Campos, em Boa Nova, cap.24 que Judas pensava assim, por isso fez o que fez, objetivando liderar o movimento renovador. Muitas outras profisses e trabalhos existiam na regio poca de Jesus: pescadores, pastores, mercadores, doutores, escravos. No Templo haviam os trombeteiros, acendedores de lmpadas, as tecedeiras, os sacrificadores, os fiscais dos sacrifcios, auxiliares de cerimonial e uma srie de outros, participando da funo administrativa e operacional do Templo e das cidades.

Captulo 4

FATOS DA VIDA DE JESUS: NASCIMENTO E INFNCIAO QUE REZAM AS TRADIESConsoante o que havia sido vaticinado, o advento do to esperado Messias deveria acontecer em Belm de Jud, cidade onde David havia sido coroado rei. Na poca o Imperador romano havia decretado um recenseamento e todos os judeus deveriam se alistar em suas cidades de origem, por isso, Maria e Jos tiveram que se dirigir para Belm, na Judia, pois ele era da linhagem de Davi. Logo que chegaram a essa cidade, Maria sentiu as dores do parto, e como ali no havia acomodao devido ao elevado nmero de forasteiros, eles se abrigaram numa estalagem e, o menino Jesus teve uma manjedoura como bero. O Evangelho registra que o rei Herodes, sendo judeu, no desconhecia os vaticnios das Escrituras sobre o advento do Messias, e que um dos prognsticos asseverava que Deus daria ao Messias o trono de Davi, (Lucas,1:32). Por isso, Herodes se remoia de inquietao , na suposio de que tal acontecimento lhe roubaria o trono e o poder, dados pelo Imperador romano, porque as esperanas e o desejo do povo, bem sabia, eram para o surgimento de um Messias nacional que assumisse o poder em Israel, proclamando-se rei e expulsando os intrusos romanos. Conseqentemente, quando soube que o Messias j estava na Terra, ele envidou todos os esforos para evitar que ele crescesse, inclusive pedindo aos trs Magos do Oriente para que lhe dessem informes sobre o lugar onde Jesus havia nascido. Devido sanha feroz de Herodes, Jos, o pai de Jesus, recebeu em sonho uma recomendao oriunda dos Benfeitores Espirituais, para que pegasse o menino e sua me e fugissem para o Egito, o que foi feito, tendo voltado somente quando Herodes, o Grande, j havia falecido. Informa o Evangelho de Mateus (2:22-23), que Ouvindo que Arquelau reinava na Judia, no lugar de Herodes, Jos receou ir para l; mas avisado em sonhos, por divina revelao, foi para as partes da Galilia. E chegou e habitou numa cidade chamada Nazar, para que se cumprisse o que foi dito pelos profetas: Ele ser chamado Nazareno. Jesus Cristo foi o primognito de Maria de Nazar. Quando ele tinha oito dias de vida na Terra, foi circuncidado e, com quarenta dias foi levado ao Templo de Jerusalm, para ser apresentado ao Senhor, pois, segundo as leis estabelecidas por Moiss, todo o macho primognito deveria ser consagrado ao Senhor.

O QUE AFIRMAM OS HISTORIADORESSegundo Hermnio Miranda (Cristianismo: Mensagem Esquecida), os estudos tcnicos levados efeito por pesquisadores srios, levam concluses bem definidas quanto ao nascimento e a genealogia de Jesus. As principais concluses so: a) H objees muito srias informao de que Jesus tenha nascido em Belm. Ao que tudo indica, nasceu em Nazar, ou pelo menos nas suas imediaes, na Galilia e no na Judia, onde fica Belm. b) A idia da concepo e a do nascimento virginais so acomodaes posteriores e foram introduzidas no texto. So inquestionveis e bem documentadas as evidncias textuais de que Jesus tenha sido filho de Jos e Maria. c) Acreditam os historiadores que Jesus teve irmos de sangue, sendo ele, provavelmente, o mais velho. d) A viagem ao Egito, a matana das crianas por Herodes, o nascimento na manjedoura, bem como a presena dos reis magos, nada mais seriam que figuras msticas, criados pela imaginao humana. Quanto data precisa do nascimento de Jesus, h divergncias. Will Durand, no livro Csar e Cristo opina: - Tanto Mateus como Lucas colocam o nascimento de Jesus nos dias em que era rei da Judia Herodes,consequentemente antes de 3a.C. Lucas, entretanto, d Jesus com cerca de 30 anos, quando Joo o batizou no quinto ano de Tibrio - isto , 28-29 d.C., isto coloca o nascimento de Cristo no ano 2 ou 1 a.C. Lucas acrescenta que naqueles dias foi lanado um decreto de Csar Augusto para que todo o mundo fosse recenseado, ao tempo em que era Quirino o governador da Sria. Quirino esteve como legado na Sria entre os anos 6 e 12 de nossa era; Josefo refere-se a um censo de Quirino na Sria, mas coloca-o entre os anos 6 e 7 de nossa era, e no tem nenhuma outra referncia a esse fato. Tertuliano fala em censo da Judia feito por Saturnino, governador da Sria em 8 7a.C.; se este o censo a que Lucas se refere, o nascimento de Cristo deve ser colocado antes de 6 a.C. Nada sabemos do dia certo de seu nascimento: alguns cronologistas pem o nascimento de Cristo no dia 19 de abril, outros em 20 de maio e Clemente em 17 de novembro. O dia 25 de dezembro foi convencionalmente determinado como sendo o do nascimento de Jesus, data j da festa central do mitrasmo, o natalis invicti solis, ou o aniversrio do sol invencvel.

Fatos da Vida de Jesus: Nascimento e Infncia

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A INFNCIA E A JUVENTUDEOs Evangelhos discorrem muito pouco sobre a infncia e juventude de Jesus, dizendo, apenas, que o menino crescia e se robustecia em Esprito, cheio de sabedoria e a graa de Deus estava com ele(Lc.,2:40) Comenta-se que em Nazar, Jesus, ainda bastante jovem, freqentava a sinagoga local, e numa das primeiras vezes que l esteve, para interpretao do texto lido, como era comum, referente ao profeta Samuel, analisou tudo com profundidade, o que, pela sua pouca idade, causou espanto geral. Com 12 anos de idade, (Lc.,2:39), tendo atingido a idade legal para o Bar Mitzrah, ele e sua famlia foram a Jerusalm a fim de participarem dos cerimoniais da Pscoa. Ao regressarem, quando j estavam a meio caminho, seus pais notaram que ele no estava com as demais crianas e, por isso, voltaram apressadamente a Jerusalm, onde, aps trs dias, o encontraram no Templo, confabulando com os doutores da Lei, surpreendendo-os com as indagaes que fazia em torno das Escrituras. Todos estavam maravilhados com a sua sabedoria e suas respostas. Quando sua me o admoestou pela preocupao que passavam, ele respondeu: No sabeis que devo ocupar-me das coisas de meu Pai? Dessa poca at quando tinha trinta anos, nada mais mencionado nos Evangelhos. Vrias teorias existem sobre a vida de Jesus Cristo dos doze anos. H quem o veja entre os Essnios, aprendendo as doutrinas de elevada cultura dessas escolas. H tambm os que acreditam ter ele estado entre os mestres orientalistas, no Himalaia. No entanto, nenhuma dessas suposies pode prevalecer, pois, Emmanuel, em Caminho da Luz, sustenta de modo categrico: O Mestre, porm, no obstante a elevada posio das escolas essnias, no necessitou de sua contribuio. Desde os primeiros dias na Terra, mostrou-se tal qual era, dentro da superioridade que o planeta lhe conheceu desde os tempos longnquos do princpio.

Captulo 5

FATOS DA VIDA DE JESUS: PRISO E MORTEA LTIMA CEIAIntrito Preliminar da ltima Pscoa (Jo., 11:55); (Mt., 26:17); (Mc., 12:14) e (Lc., 22:27) De acordo com o Thor, os judeus preparavam todos os anos a ceia tradicional da Pscoa (que significa passagem), relembrando o xodo do Egito, de seus antepassados. Para os cristos, a Pscoa encerra o sentido da Ressurreio, isto , a passagem pela libertao do Esprito para ressurgir na Terra Prometida do Mundo Maior. Jesus enviou dois de seus discpulos (Pedro e Joo - Lc., 22:10) para que se encontrassem com um guarda (comum naquela poca) seguindo-o at a casa do seu chefe, com a recomendao de perguntar ao dono da casa onde seria o aposento em que ele e os discpulos se reuniriam. Esta passagem nos favoreceu a interpretao de um prvio entendimento entre Jesus e o dono da casa que j tinha um cenculo (refeitrio), pronto para a Pscoa (Lc., 22:12) Emmanuel em Po Nosso, n 144, entende esse cenculo mobiliado como o perfeito smbolo do aposento interior da alma, significando que a cada dia limpa-se e ornamenta-se a casa espiritual com f e higiene mental, para a grande comunho. O Lava-ps(Jo., 13:5) O preceito de higiene judaico, indicava o lava-ps, as mos e o rosto antes das ceias. Assim o fizeram e sentaram-se mesa. Jesus, pronto para o seu grande momento, sabendo que viera de Deus e a Deus voltava exemplificava, aos seus discpulos amados, a humildade santificante. Levanta-se da mesa, depe o manto, toma uma toalha e uma bacia e comea a lavar os ps de seus discpulos. Imagem nobre e grandiosa, o mestre servindo os seus servos. Com venerao sincera Pedro quer recusar mas Jesus explica o sentido da purificao no seu ato: o sacrifcio fsico do grande Mestre por amor aos seus. Est no versculo 14: Se eu; Mestre, vos lavo os ps (vos sirvo), lavai tambm vs os ps dos outros (humildade, caridade). Como sempre, o Senhor Jesus exemplifica seus ensinamentos maiores: O servo no maior do que o seu Senhor, nem o enviado maior do que quem o enviou. (Jo., 13,16) preciso saber as coisas, mas imprescindvel faz-las. O Anncio da Traio de Judas (Jo., 13:21) Logo a seguir, seu corao meigo perturbou-se na tristeza e declarou que um daqueles que estavam a mesa o trairia. A pequena assemblia se espanta e lamenta Como poderiam eles trair ao Mestre amado? Como Deus permitiria isso? Eis a, a necessidade da contnua ligao do aprendiz do Evangelho com a Providncia Divina. Jesus dirigiu-se a Judas Iscariotes e disse Faze depressa o que tens a fazer. Os discpulos no entenderam a triste verdade da frase, pois Judas era quem administrava as parcas finanas do grupo e pensaram que Jesus lhes dera uma ordem. Judas saiu imediatamente. A Despedida (Jo., 13:31) a) O Novo Mandamento Depois que Judas partiu, a reunio se tornou uma verdadeira comunho espiritual. Jesus declara-se j glorificado e Deus glorificado nele porque j pressente sua vitria espiritual (13:31) e anuncia sua despedida. Para onde vou, no podeis ir, mas deixo-vos um mandamento novo - que o mandamento de todo discpulo de Jesus: Como vos amei, amai-vos uns aos outros(13:34) A fraternidade o escopo do amor de Jesus e o lbaro da universalidade. Anteriormente Jesus ensinava: Amar ao prximo, como a ti mesmo, que o fundamento da lei de igualdade perante Deus: dever de todos que querem a mesma compreenso para si. Amar aos semelhantes, como Jesus nos ama, a ampliao da aceitao fraterna para a sublimao da Fraternidade Universal perante o Criador Eterno. b) Certamente, os discpulos se entristeceram e o amor de Jesus os consolou: No se turbe o vosso corao... na casa de meu Pai tem muitas moradas... vou prepar-las e vos levarei comigo.

Fatos da Vida de Jesus: Priso e Morte

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A casa de Deus o Universo e a promessa de Jesus dava-lhes f, pois, se no tinham lugar seguro aos seus ideais na Terra, o Mestre garantia-lhes o seu corao meigo e manso pelos caminhos estreitos do servio. Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. III, item 7, Kardec faz sua excelente comparao das diversas moradas e para l remetemos os leitores. A generalidade da medida csmica a Evoluo, que se desdobra relativamente melhoria intelectual, psquica e moral do esprito. Continuando, (14:6) afirma que o Caminho, a Verdade e a Vida: o Caminho porque exemplifica o amor atravs da caridade, o nico acesso ao Pai; a Verdade, sublime e reveladora, porque destri preconceitos e dogmas (verdades estagnadas) comprovando a f na razo e no conhecimento das leis naturais que regem o exerccio da vida, a luz que esclarece; a Vida, pois, somente por ele, nos seus ensinamentos, no seu amor, o Esprito vivificado, isto , imortalizado, sendo que Deus enviou Seu Filho Amado ao mundo para que ele seja salvo por ele (Jo., 3:16), porque Jesus est no Pai como o Pai est nele. E o Mestre Reafirma sua Ida Para o Pai a) Pela tristeza profunda de seus discpulos amados, o Mestre diz que se o amarem e observarem seus mandamentos, ele rogar ao Pai que lhes mande um novo Paracleto (em grego igual a Defensor, Mentor), para que o Esprito de Verdade (revelador dos princpios fundamentais da verdadeira religio) possa permanecer no mundo, o que no era possvel naquele tempo, embora os discpulos o conhecessem. E salienta: Quem observa meus mandamentos, me ama, quem me ama, ser amado por Pai; eu o amarei e a ele me manifestarei. b) Minha paz vos dou, no como o mundo a d(Jo., 14:27) Essa saudao, usual dos judeus, como a promessa de felicidade perfeita e verdadeira introduzia a calma interior, a serenidade da confiana em Deus que no pode se comparar com a paz aparente, inconstante e superficial do mundo. A paz de esprito calcada em trabalho, boa vontade e perseverana no estudo e nas boas obras. Em Vinha de Luz, n 105, Emmanuel nos orienta sobre a paz ilusria. A verdadeira paz, como Jesus ofereceu aos discpulos de todos os tempos, a flor perene cultivada nos campos da conscincia e do corao (de sol a sol) com a palavra da Boa Nova. c) Eu sou a verdadeira vida. (Jo., 15:1) Nesta imagem de metfora, Jesus explica que o Pai o agricultor desta videira, da que podado todo ramo que est infrutfero (pois todo fruto resultado final de um trabalho vivo) para que ela se fortifique e d mais frutos. O ramo que j est podado, isto , preparado pela palavra de Jesus, permanece nele como ele em ns, brotando para a nova vida. O ramo que no fica na rvore, seca e lanado fora (15:4) Em mais um momento solene, o mestre diz aos seus discpulos que Amigo Divino (15:15) No mais vos chamo servos, porque o servo no sabe o que o amo faz; mas vos chamo de amigos, porque tudo que ouvi do pai, vos dei a conhecer.

A PROMESSA DO CONSOLADORO Mestre esclarece aos discpulos que eles no so deste mundo, mas esto neste mundo; por isso devem saber parar acima das circunstncias terrenas. Confirmando a lio do lava-ps, recorda que o servo no mais do que o Senhor , assim como perseguiram a ele, Jesus, perseguiro aos seus discpulos, deste modo prevenido-os sobre as provaes que os esperava, a fim de que no vacilassem na f e que nesses momentos, o Espirito de Verdade lhes daria Testemunhos do Senhor. A vinda do Consolador (cap. 6:5). Naquele momento Jesus pressente o lamento daqueles coraes humildes e diz-lhes que at de seu interesse que ele parta: Se eu no for, o consolador no vir(Jo., 16:7). Esse Consolador restabelecer a responsabilidade real do mundo no tocante aos erros cometidos atravs do orgulho, da vaidade e da incredulidade, a respeito da justia luz da f e da razo, dos direitos de Jesus como Filho Amado de Deus, provando a sua origem e o seu ser celeste a respeito do julgamento onde o Consolador revelar o sentido da morte de Jesus e anunciar a nova ordem que se inicia na Ressurreio.

ORAO DE JESUS POR SEUS DISCPULOSNuma prece de oblao, Jesus se oferece a Deus e roga que o Pai o glorifique junto dele, com a mesma glria que ele tinha antes que o mundo existisse. (Jo., 17:5).

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Curso de Aprendizes do Evengelho

Transforma sua orao num pedido de intercesso por seus discpulos, rogando ao Pai que no os abandonasse no mundo e para que todos os seus discpulos sejam um assim como Tu, Pai, ests em mim e eu em Ti (Jo., 17:21). Jesus sabia da necessidade da continuidade da vida na Terra para o aprendizado e o servio; apenas roga que Deus os preserve do mal porque, assim como o Pai enviou Seu Filho ao mundo, ele, o filho enviou seus discpulos, a fim de que eles sejam um em ns(Jo., 17:21) No apogeu do amor fraterno universal, Jesus invoca ao Pai, Todo Poderoso, que enviou seu Filho e o chama para si, fazendo com que onde o Filho estiver, esteja seus discpulos que o prprio Pai lhe deu, para que contemplem a glria de Jesus, seu Filho amado, a quem Ele ama mesmo ANTES da criao do mundo (Jo., 17:24) E encerra, no altar do seu sacrifcio espiritual: Pai, o mundo no te conheceu, mas eu te conheci, e os que me enviastes tambm conheceram-te ... a fim de que o amor com que me amastes esteja neles da mesma forma como estem mim. a solicitao mais solene do meigo Mestre, para que haja unio fraterna do Homem, do Filho do Homem e do Pai que est nos Cus.PAIXO E CRUCIFICAO DE JESUS

(JO., 18 E 19): (MT., 26 E 27) E (LC., 22 E 23)

a) Jesus em Getsmani Terminada a ceia, cantaram o hino que tradicionalmente encerra a ceia pascal (Mt., 26:30) e, como de costume, foram para alm do vale do Cedron, onde havia um horto chamado Getsmani, nas fraldas do Monte das Oliveiras. Estavam muito tristes. Jesus aconselhou-os a orar para que no entrassem em tentao, pois o momento cruciante se aproximava e era imperioso estarem atentos e conscientes, mantendo bons pensamentos e sentimentos. Assim tambm, os Aprendizes do Evangelho, os espritas em geral devem orar e vigiar, pois no sono da lama que se amostram as mais perigosas tentaes, atravs de pesadelo ou fantasias. (Emmanuel - C.V.V. n 87) A orao sentinela avanada de nossa alma. Os apstolos tinham a excelncia espiritual, mas nem por isso alcanavam, ainda, a compreenso divina. Retirando-se para um lado, Jesus tambm orou fervorosamente ao Senhor da Vida (Lc., 22:44). b) a Priso de Jesus: Ora, Judas tambm conhecia o local e levou os soldados romanos e os guardas dos sacerdotes, pela noite, at o horto dando-lhe voz de priso. Levaram Jesus perante Ans e Caifs (o sogro e o sumo sacerdote) na casa deles, pela madrugada, o que era ilegal, interrogando-o sobre sua doutrina e seus discpulos. O Mestre respondeu que nada fazia s escuras, pois ele podia ser encontrado qualquer hora, no Templo. Foi por esta ocasio que Pedro negou a Jesus por trs vezes, como est descrito no Evangelho. De Caifs, levaram Jesus diante de Pilatos (era j madrugada alta), no Pretrio (tribunal romano). A hipocrisia dos judeus no enganou a Pilatos que no se interessou pelo caso, mas foi coagido posteriormente a fazer o julgamento, o que fez aps muita hesitao. Segundo Joo (19:12), Pilatos no queria condenar Jesus, mas os judeus, com artimanha, o foraram. Era na poca da preparao da Pscoa dos judeus. c) A crucificao. Jesus e Sua Me: Tomaram a Jesus e o levaram a um lugar chamado Glgota (caveira), perto da cidade, onde o crucificaram. Perto da cruz onde foi crucificado, com os coraes dilacerados pela dor, permaneciam de p Maria Madalena, Maria de Nazar (sua me) e Maria de Cleofas, mulher de Alfeu. Vendo o seu discpulo Joo nas proximidades de sua me, o Mestre disse-lhe: Mulher, eis a o teu filho, e posteriormente dirigindo-se a Joo, disse-lhe Eis a a tua me. Aqui, o sentido do vocbulo Mulher parece transcender a simples piedade filial, mas significa a sublimao da maternidade pois, Maria, passaria a ser considerada por toda a Humanidade como sendo a me santssima, que serviu de instrumento para o advento, na Terra, do maior dos Missionrios, o Ungido de Deus.

Captulo 6

FATOS DA VIDA DE JESUS: QUESTES POLMICASO ENDEUSAMENTO DE JESUS

Meu Pai, chegada a hora: glorificai o vosso Filho, para que o vosso Filho vos glorifique. (Joo, 17:1) No sculo IV se produziram duas correntes entre aqueles que acreditavam ser Jesus o Messias anunciado pelos profetas: uma corrente judeu-crist, que estacou aqum da divinizao do Mestre, e uma corrente judeu-grega, que foi at divinizao completa do Cristo. Quando, em 313, o Imperador Constanino, atravs do dito de Milo, liberou todos os cultos, fez com que os debates sobre a divindade de Jesus, at ento circunscritos aos bastidores, fossem levados praa pblica. O povo imiscuiu-se nessas contendas; o sangue correu em praas pblicas, e Consta tino, o nico responsvel pela manuteno da ordem em todo o Imprio, aps sua vitria sobre Licnius, em 323, teve, em nome da paz, de intervir nesses debates, mandando o bispo Osius tentar um acordo. No conseguindo Osius convencer rio a ceder, fez com que o Imperador convocasse uma grande assemblia de bispos, que se denominou conclio de Nicia, onde os arianos foram proscritos, por afirmarem que o Filho de outra hipstase ou substncia que o Pai, passando ento a prevalecer a tese sustentada por Atansio e Alexandre, que contou tambm com a simpatia de Constantino: que Jesus era da mesma substncia de Deus, advindo da a chamada trindade. O Espiritismo repele a teoria da existncia de um Deus trino: Pai, Filho e Esprito Santo, proclamado, como decorrncia que Jesus Cristo, como criatura de Deus, teve um comeo como todos os demais Espritos. Allan Kardec, em Obras Pstumas, discorre sobre esse tema do modo mais sensato e extenso possvel, demonstrando que nem os chamados milagres, nem o testemunho dos profetas e dos apstolos, levam ao endeusamento de Jesus Cristo, mencionado ainda uma srie interminvel de trechos dos Evangelhos nos quais o Cristo deixa bem clara a sua submisso a Deus. A Doutrina Esprita, tambm veio desvendar uma srie de novas leis, provando que os milagres, sobre os quais se aliceram os idealizadores da Trindade, afim de atriburem ao Mestre uma natureza divina, esto enquadrados nas leis da Natureza, nada apresentando de sobrenatural ou atentatrio ao equilbrio das leis eternas e imutveis que regem os destinos da Humanidade. Penetrando ainda mais nesse terreno, proclama que os prprios Espritos das trevas podem produzir fenmenos que, no passado, se impuseram aos olhos dos homens como autnticos milagres. O testemunho dos Apstolos sobre a divindade de Jesus, longe de corroborar a teoria da Trindade, atesta de modo incisivo, que Jesus o Filho do homem, investido de uma autoridade emanada do Pai, porm em situao de subalternidade e submisso em relao a Ele. O Apstolo Paulo, por sua vez, como que antevendo as controvrsias que se formariam sobre essa questo, asseverou: Se somos filhos, somos herdeiros de Deus e co-herdeiros de Jesus Cristo. (Romanos 8:17). O prprio Cristo quem mais se insurge contra esse endeusamento, o que se pode observar atravs das narraes de todos os quatro evangelistas, destacando-se dente elas as seguintes: Quem me recebe, recebe Aquele que me enviou, porque o que for menor entre ns, esse o maior. (Lucas, 9:48) Se Deus nosso Pai, vs me deveis amar, porque de Deus que eu procedo, e de sua parte que eu vim aqui, porque eu no vim de modo prprio, mas foi Ele que me enviou. (Joo, 8:42) E no falo seno do que vi em casa de meu Pai e vs no fazeis seno o que tendes visto na casa do vosso. (Joo, 8:38) E apareceu uma nuvem que os envolveu, e dessa nuvem saiu uma voz que fez ressoar estas palavras: Este o meu Filho bem amado. Prestai-lhe ateno. (Transfigurao no Tabor, Marcos, 9:6) Porque se algum se envergonhar de mim e de minhas palavras, tambm o Filho do homem dele corar quando vier em sua glria e na de seu Pai, com os santos anjos. (Lucas, 9:26) Mas, quem se h de assentar minha esquerda ou minha direita, no sou eu quem determina, mas sim, meu Pai, que j o tem designado. (Mateus, 20:23) E eis que, aproximando-se dele um mancebo, disse-lhe: Bom Mestre, que boas obras devo fazer para ganhar a vida eterna? Jesus respondeu-lhe: porque me chamais de bom? S Deus bom. (Mateus, 19:16-17) A Doutrina que vos ensino no minha, mas sim daquele que me enviou. (Joo, 7:16)

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Curso de Aprendizes do Evengelho

Ento Jesus em alto brado, exclamou: Pai, em vossas mos deixo o meu Esprito. (Lucas, 23:46) Mas digo isto para este povo que me rodeia, a fim de que acredite que sois vs que me enviastes. (Joo, 11:41-42)O Evangelho segundo Joo, sobre o qual melhor se fundamentam os partidrios da Trindade, encerra uma forma mstica, da qual se serviram os nossos antepassados da primitiva igreja para considerar Jesus como parte trina de Deus. Joo abre o Evangelho, dizendo: No princpio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princpio com Deus, e todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez. O Espiritismo nos ensina que Jesus Cristo o dirigente do nosso mundo e foi ele quem presidiu a criao de todas as coisas nele existentes, o que corroborado pelo prprio Mestre quando asseverou: E agora glorifica-me tu Pai, junto de ti mesmo, com aquela glria que tinha contigo antes que o mundo existisse. (Joo, 17:15) Quando o Pai achou oportuno que uma nova mensagem fosse revelada Terra, encarregou o seu Filho de concretizar essa revelao e, ento, o Verbo se fez carne, na pessoa de Jesus Cristo, e ele habitou entre ns. Uma anlise mais profunda dos Evangelhos, e uma meditao mais prolongada, propiciar a qualquer um o conhecimento de que Deus o Pai, Jesus o seu Filho, nosso irmo maior.A TENTAO DE JESUS

Imediatamente o Esprito impeliu para o deserto. Ali ficou quarenta dias tentado por Satans; estava com as feras, e os anjos o serviam. (Marcos, 1:12)O Evangelista Marcos, sem ter sido discpulo direto de Jesus Cristo, escreveu em seu Evangelho, pelos informes que conseguiu colher, que o Mestre foi tentado, durante quarenta dias no deserto. Outros Evangelistas foram mais alm e afirmaram que Satans levou o Senhor ao pinculo do templo e a um monte e ali lhe fez uma srie de propostas, dentre elas uma bastante arrojada: O poder sobre todos os reinos da Terra em troca da sua submisso. Qual o Esprito das trevas, mesmo o mais arrojado, teria a audcia de enfrentar Jesus Cristo, face a face, para lhe fazer propostas de ordem profundamente mundana? Os Evangelhos narram que os Espritos trevosos fugiam espavoridos simples aproximao do Mestre, haja vista, para ilustrao, o caso do clebre possesso geraseno (Marcos, 5:6-7) O Espiritismo define bem o vocbulo Satans termo genrico que abrange o conjunto dos Espritos que persistem em viver nas trevas, tendo a prtica do mal como apangio. Espritos esses que a misericrdia do Criador far com que retornem, um dia, a lei da evoluo que Ele os conduzir. O estado de Satans no portanto um estado permanente. Trata-se de um estgio temporrio escolhido pelo prprio Esprito que se compraz na prtica do mal, estgio esse que ter um fim quando o Esprito, cansado de viver na recalcitrncia e na prtica de atos maus, se decidir a retomar a senda evolutiva. Ora, assim como qualquer treva afugentada pelo raiar do sol, qualquer Esprito trevoso se afasta quando uma entidade sublimada, principalmente da ordem hierrquica a que pertence Jesus Cristo, dele se aproxima. Conseqentemente, jamais poderemos aceitar em seu sentido literal as narrativas evanglicas sobre a tentao de Jesus, cumprindo to somente extrair delas o sentido simblico que encerram, como constante advertncia aos homens sobre a necessidade de orao e vigilncia. Quando o Mestre desenvolveu entre ns o seu sublime Messiato, fortes barreiras foram erguidas contra as inovaes que vinha trazer. As potestades das trevas se mobilizaram, atravs dos seus agentes encarnados e desencarnados, no sentido de embaraar a transcendental misso que representava um dos mais autnticos presentes do Cu Terra. Enquanto alguns Espritos menos evoludos procuravam solapar a f e a disposio de trabalho dos apstolos, ora criando rivalidades entre eles, ora tentando fazer desfalecer a f que os animava, outros instalavam o seu quartel-general no Sindrio, insuflando o dio e o falso zelo religioso na mente dos escribas, dos fariseus, dos saduceus e de outros mentores religiosos. Esse estado de coisas levou os condutores do povo a exigir, na frente do Pretrio, a condenao de Jesus Cristo e a libertao de Barrabs. A crena na tentao de Jesus ainda se torna mais problemtica quando as narrativas afirmam que ele se encontrava no deserto, e as sugestes do lendrio Satans se fizeram em Jerusalm no pinculo Templo, ou em cima de um monte, induzindo-os a crer que houve um autntico fenmeno de bilocao ou de levitao, o que torna a narrao ainda mais inverossmil. A tentao de Jesus, narrada pelos Evangelistas tem o objetivo primrio de nos ensinar a importncia da orao e da vigilncia para no cairmos em tentao, pois, mesmo os Espritos que descem Terra para o fim especfico de aqui desempenharem misses relevantes, podem fracassar se no houver o devido discernimento em face das sugestes ou obstculos que so entrepostos pelos Espritos das trevas. Dada importncia de que se revestiu a misso desempenhada no mundo pelo Cristo, foroso se convir que todos os Espritos, que o assessoraram na tarefa, no fizeram por acaso. Obviamente, legies de Espritos de ordem elevada encarnaram na Terra para serem contemporneos de Jesus e cujas tarefas foram objetos de um plano ardidamente preparado. Por isso afirma Joo, no capitulo 17, versculos 14 a 18 do seu Evangelho: Eu lhes tenho dado a tua palavra, e o mundo os aborreceu, porque eles no so do mundo. No rogo que tires do mundo, mas que guardes do maligno. Eles no so do mundo, como eu no sou do mundo. Santifica-os na verdade; a tua palavra a verdade. Assim como tu me enviaste ao mundo, tambm eu os enviei ao mundo.

Fatos da Vida de Jesus: Questes Polmicas

No entanto, muitos desses Espritos teriam fracassado no fora a amorosa interferncia de Jesus: Maria Madalena teria continuado no caminho do erro; Paulo de Tarso teria continuado a ser o anttese do Cristo; Pedro teria sido vtima dos Espritos do mal e sua f teria desfalecido. O ensinamento propiciado pela tentao tem, pois, por objetivo primrio, demostrar que o simples fato de estar encarnado na Terra, mesmo em se tratando de Espritos, de ordem elevada, cria a necessidade da orao e da vigilncia, em face dos atrativos que a vida humana oferece queles que se deixam seduzir pelas coisas de Csar.POR QUE ME DESAMPARASTE?

E perto da hora nona exclamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lama sabachtani; isto , Deus meu, por que me desamparaste? (Mateus, 27:46)Os estudiosos dos Evangelhos sofrem um impacto quando se deparam com a afirmativa de Mateus e Marcos, em torno das palavras pronunciadas por Jesus Cristo na hora suprema: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? pois elas do a entender que o Mestre ficou angustiado e aterrorizado quando do desfecho da sua misso. Os outros dois evangelistas, entretanto, afirmam que as palavras do Mestre no foram estas, mas sim: Pai em tuas mos entrego o meu Esprito, segundo Lucas (23:46), e Tudo est consumado, segundo Joo (19:30). Alguns exegetas, objetivando minorar o efeito que as palavras Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? tiveram aos olhos do povo, sustentam que elas foram Deus meu, como glorificaste? Outros ainda, ousadamente, proclamaram que a interrogao Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? no foi pronunciada por Jesus, mas sim por Dimas, um dos ladres crucificados ao seu lado e a quem ele havia formulado uma promessa de com ele encontrar-se no mundo espiritual. Vendo-se desamparado com a desencarnao de Jesus, possudo de extremo desespero, teria pronunciado tais palavras, que devido ao tumulto reinante nas proximidades da cruz, teriam sido atribudas ao Mestre. Existem vrias profecias sobre a vida e obra de Jesus Cristo. Em torno dessa passagem tambm existe uma: o Salmo 22:1 de Davi explcito: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Por que te alongas as palavras do meu bramido, e no me auxilias? Esse vaticnio, bem como os de outros profetas, parecem validar aquelas discutidas palavras atribudas ao Messias. Na descrio do evangelista Mateus existe ainda outro pormenor: as palavras Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? so uma traduo de Eli, Eli, lama sabachtami. Os que testemunharam a ocorrncia aparentemente no as entenderam com essa significncia, pois logo em seguida disseram: Ele chama por Elias (Mateus, 27:47), (Marcos, 15:35) e Vejamos se Elias vem livr-lo. (Mateus, 27:49). Explicam alguns que o fato de estarem ali alguns gregos e romanos, fez com que as palavras proferidas pelo Mestre no fossem entendidas em seu verdadeiro sentido, levando-os a dizerem: Ele chama por Elias. Essa explicao, todavia, no tem consistncia, pois, nessa altura, gregos e romanos que ali estivessem pouco ou nada sabiam em torno de Elias ou de Deus. Teria realmente havido confuso entre os nomes de Eloim (denominativo de Deus entre os Judeus), e Elias (profeta)? Os evangelistas Lucas e Marcos no foram discpulos de Jesus, conseqentemente no assistiram ao sacrifcio do Calvrio. As narrativas dos evangelistas no acusam a presena de Mateus no local. O nico que testemunhou o fato foi Joo, que estava nas proximidades da cruz, e segundo esse apstolo as palavras do Senhor foram: Est consumado. Os evangelistas Marcos e Mateus, ao escreverem os seus evangelhos, trinta ou quarenta anos aps a crucificao do Mestre, talvez tenham-se apegado aos vaticnios contidos no Salmo 22:1 de Davi, ao tentarem descrever os ltimos momentos de Jesus entre os homens. Alguns exegetas do Evangelho aceitam as palavras: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? como tendo sido proferidas por Jesus. Afirmam que Joana D Arc, tambm, no momento cruciante de sua vida, quando foi atada fogueira, cessou de ouvir vozes dos seus Espritos benfeitores, e julgou-se desamparada. Afirmam ento, ainda que de fato no pudesse Jesus ser desamparado por Deus, sentia em si todo o amargor que a carncia da divina consolao produz na alma sensvel - e ele se constitura em amparo para todos os pecadores do mundo.HOMNIMOS NOS EVANGELHOS

Mas Maria guardava todas estas coisas, conferindo-as em seu corao. (Lucas, 2:19)A existncia de nomes semelhantes tem dado origem a algumas confuses entre pessoas que tomam conhecimento das narrativas evanglicas, sem uma anlise mais profunda dos seus textos. Existem nos Evangelhos trs personagens com o nome de Joo: um deles foi o filho de Isabel e Zacarias e passou posteridade com o nome de Joo Batista, pelo fato de praticar o batismo da gua s margens do rio Jordo; o outro, filho de Zebedeu, passou a ser conhecido por Joo Evangelista, em virtude de ter sido o autor do chamado Quarto Evangelho. Joo Marcos, cuja me chama-se Maria, foi discpulo de Pedro e posteriormente de Paulo e Barnab. Foi autor do Segundo Evangelho. O primeiro, como reencarnao do Esprito do profeta Elias, foi precursor do advento de Jesus Cristo; o segundo foi um dos seus apstolos. Ambos desempenharam tarefas distintas, pois, enquanto Joo Batista veio prepa-

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Curso de Aprendizes do Evengelho

rar a Humanidade para a vinda do Messias, cumprindo assim os vaticnios de vrios profetas. Joo Evangelista assessorou dedicadamente o Mestre, no desempenho de seu sublime Messiado. Joo Batista foi decapitado por sugesto de Herodas e Salom, e por ordem de Herodes; Joo Evangelista foi desterrado na Ilha de Patmos, na Grcia, e ali desencarnou de velhice, aps ter escrito um Evangelho, algumas Epstolas e ter recebido, via medinica, o apocalipse. Nos Evangelhos constam narrativas sobre cinco Marias. Enumeremo-las: Maria de Nazar, Maria de Betnia, Maria Madalena, Maria, me de Marcos e Maria de Cleofas. Algumas confuses tem ocorrido sobre esses personagens, principalmente sobre Maria de Betnia e Maria de Magdala. Maria Madalena ou Maria de Magdala, segundo a citao evanglica, converteu-se Doutrina do Cristo aps ter ele afastado dela uma legio composta de sete Espritos obsessores, que a mantinham terrivelmente possessa. Ela acompanhou o Mestre durante praticamente todo o seu Messiado, foi a primeira pessoa a quem o seu Esprito apareceu, aps o drama da crucificao, e posteriormente ainda conviveu com os apstolos. A sua reforma interior foi altamente apreciada por Jesus, pois foi exemplo vivo de pessoa que se enquadra na sentena evanglica: Quem tomar do arado no deve mais olhar para trs. Maria de Betnia era irm de Marta e de Lzaro. Sobre ela existem algumas narrativas: uma delas que, ao ser visitada a casa de Lzaro, ela se assentou aos ps do Mestre, a fim de ouvir as suas maravilhosas palavras, ao contrrio, de Marta que passou a se dedicar exclusivamente aos afazeres domsticos. Diante da observao de Marta, de que Maria deveria ajud-la, Jesus sentenciou: Marta, Marta, ests ansiosa e afadigada com muitas coisas. Mas uma s necessria e Maria escolheu a boa parte, a qual jamais lhe seria tirada. Quando o Senhor visitou a casa de Simo, o Leproso, ela foi at l, portando um vaso de ungento de alto valor. ali chegando, quebrou-o e derramou o seu contedo sobre a cabea do Mestre. Judas Iscariotes e outros apstolos lamentaram o desperdcio, dizendo que ela deveria ter vendido o ungento e distribudo o dinheiro entre os pobres. Diante da observao de Judas, o Meigo Nazareno, afirmou: Deixai-a, para que molestais? Ela fez-me uma boa obra. Porque sempre tendes convosco os pobres, e podeis fazer-lhes bem, quando quiserdes; mas a mim nem sempre me tereis. Ela fez o que podia; antecipouse a ungir o meu corpo para a sepultura. Em verdade vos digo que, em todas as partes do mundo onde este Evangelho for pregado, tambm o que ela fez ser contado para memria sua. Maria de Nazar foi a me carnal de Jesus. Esprito Missionrio que desceu Terra para que nele se cumprisse a profecia de Simeo (Lucas, 2:25-35): E uma espada trespassar tambm a tua prpria alma; para que se manifestem os pensamentos de muitos coraes. Ela nasceu em Nazar, na Galilia. Maria de Cleofas era prima-co-irm de Maria de Nazar e me dos apstolos Tiago Menor, Simo Cananita e Judas Tadeu, por isso eles eram chamados Irmos do Senhor. Maria, me de Joo Marcos, era quem abrigava os discpulos e apstolos de Jesus em sua casa, nos dias das intensas perseguies. Os Evangelhos e o livro dos Atos dos Apstolos nos do conta da existncia de dois Filipes. O primeiro foi apstolo de Jesus Cristo, era de Betsaida, a mesma cidade de onde provieram os apstolos Pedro e Andr. Foi quem apresentou Natanael ao Senhor, fazendo com que ele passasse tambm a segui-lo, transmudando-se num dos apstolos. O segundo foi um dos sete diconos, eleitos para zelarem pelo andamento da Casa do Caminho. Natural de Hierpolis da Frgia, era pai de quatro filhas donzelas, as quais eram portadoras de mediunidade e se comunicavam freqentemente com os Espritos (Atos:, 21:9). Esse Filipe foi responsvel pela converso do Eunuco da Etipia, fato narrado em (Atos, 8:26-40). Um passou a ser conhecido como Filipe, o apstolo; o outro por Filipe, o Evangelista, uma vez que, aps a lapidao de Estevo e a disperso dos cristos de Jerusalm, passou a ser ardente divulgador dos Evangelhos de Jesus. Os Evangelhos nos do conta da existncia de dois Tiagos. Para diferencia-los um foi designado Tiago Maior e outro Tiago Menor. Ambos foram apstolos de Jesus Cristo. Tiago Maior era filho de Zebedeu e irmo de Joo Evangelista. Foi um dos mais destacados discpulos, chegando mesmo a exercer certa hegemonia sobre os demais apstolos, aps a crucificao do Mestre. Foi executado espada, por ordem de Herodes. Tiago Menor ou Tiago, o Justo, era filho de Alfeu e Maria de Cleofas, e irmo dos apstolos Judas Tadeus e Simo Cananita. Era primo-irmo de Jesus, dai o qualificativo de Irmo do Senhor. Aparentemente foi apedrejado por ordem do Sumo Sacerdote Ananias, o Jovem, no ano 62 ou 63. Foi autor da Epstola Universal de So Tiago.

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JOO BATISTA, O PRECURSORNASCIMENTO DE JOO BATISTA (MT., 3:1); (LC., 1:5)Na importncia transcendental do trabalho de Jesus na Terra, encontram-se ascendentes na assistncia do Plano Superior, desde os Profetas maiores e menores, dos quais falam os telogos, at o grande precursor, a voz da verdade que clamou no deserto rido dos espritos humanos conturbados. Hoje, ainda, o Consolador, porta voz do Senhor, testemunha fiel do Precursor, caminha pelos desertos da vida, sem descanso, oferecendo trabalho fraterno e evoluo, aparando e fortalecendo os ensinamentos do Mestre. Joo Batista era filho de Zacarias, um sacerdote da Judia, e de Isabel (Elizabeth), parente prxima de Maria, me de Jesus. E eram ambos justos perante Deus. Segundo o testemunho o anjo Gabriel anunciou a Zacarias o nascimento de Joo com o fim de preparar ao Senhor um povo bem disposto (Lc., 1:11 a 19). Isabel era estril e de idade avanada e, por isso, Zacarias duvidou do aviso do Anjo e, por isso ficou mudo por uns tempos. Este anncio foi solenemente feito na Casa do Senhor, em dia de trabalho sacerdotal. (I, Crnicas, 24) Quando completou-se o tempo (Lc., 1:57) Isabel deu luz um filho. Zacarias, cheio de jbilo, disse que se chamaria Joo e, imediatamente recomeou a falar, louvando a Deus (O Cntico de Zacarias - Lc., 1:67-80). E a mo do Senhor estava com Joo. Joo cresceu cheio de virtudes e, asctico, retirou-se para o deserto. Embora o Evangelho no comente, afirma-se que Joo Batista foi iniciado pelos essnios e se preparou no deserto (intrpretes judeus e tradio espiritual) (Bblia de Jerusalm e os documentos de Qumr). Pelo testemunho de Jesus, Joo Batista foi Elias, profeta maior , em vida anterior e prenunciado por Isaias, em Is., 40:3 a 8.

A PREGAO (LC., 3:7 A 17)s margens do Rio Jordo, em Betnia, Joo Batista prega que toda carne como erva (vida efmera) e toda a sua beleza, como as flores do campo (fenecem e caem) mas a palavra de Deus subsiste eternamente. Joo alertava para a vida prxima do Messias e insistia no preparo da Penitncia, atravs do batismo e do arrependimento. (Mt., 3:11) Preparai o caminho do Senhor; endireitai as suas veredas... Para o refazimento espiritual mister se faz endireitar os caminhos morais, aprimorando os impulsos mentais com humildade e pacincia. Ao ver muitos saduceus e fariseus procur-lo, clamava: Raa de vboras, quem vos ensinou a fugir da ira futura (reao da vida)? Produzi frutos dignos de arrependimento, advertindo que o arrependimento para ser sincero e vlido deve ser profundo e profcuo, sofrido e renovado. A f sem boas obras morta. Anunciava a Jesus, dizendo Aquele que vem depois de mim mais poderoso do que eu, cujas alpercatas no sou digno de levar; ele nos batizar com o Esprito e com o fogo. (Mt., 3:11; Lc., 3:16) Seu batismo tinha o significado de um compromisso de mudana interior de vida (Reforma ntima). Em sua pregao resumia, como Jesus mais tarde, a obra fraterna: Quem tem duas tnicas, reparta com o que no tem e quem tiver alimentos, faa o mesmo(Lc., 3:11) A ningum tratai mal, nem defraudeis, significando a mxima de Jesus fazei ao prximo o que quereis que vos faam. Tudo o que se faz supervalorizado, em virtude dos interesses terrenos. O orgulho, a vaidade e o egosmo adornam a cabea dos vendilhes da paz. A insatisfao o alimento dos desajustados de si mesmos. O homem firme sabe o que deve fazer na busca da sua evoluo material e espiritual, aproveitando o esforo nas oportunidades e iniciativas, com dignidade e respeito pelos semelhantes.

O BATISMO DE JESUS E O TESTEMUNHO DE JOO BATISTA (LC., 3:21), (MT., 3:13), (MC., 1:9) (JO., 1:15)

E

No tempo certo, Jesus desceu da Galilia ao rio Jordo, onde estava Joo Batista. Este ao v-lo, disse: eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo(Jo., 1:29), e no queria batiz-lo por no se achar disso. Jesus porm respondeu: Deixa por agora, porque assim nos convm cumprir a justia. (as profecias). Jesus se submete ao batismo como um acontecimento que objetivava identificar a sua personalidade, assumindo, ento o seu ministrio messinico em cumprimento da justia perfeita de Deus: justia com misericrdia. (Mt., 5:17) necessrio que ele cresa e eu diminua.(Jo., 3:30)

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Curso de Aprendizes do Evengelho

Fazendo-se pequeno e humilde o homem atrado pela grandeza do corao manso e meigo de Jesus. Quanto mais elevado o homem construir o santurio do Pai em seu corao, mais ser atrado e absorvido por foos espiritualizantes. Quanto mais a mensagem de Jesus crescer no corao do homem, mais ele ter diminudo os defeitos que dormitam em sua alma, crescendo assim a qualidade dos sentimentos e da inteligncia como Homem Novo ligado ao Cristo.

PRISO E EXECUO. (MT., 14: ), (MC., 6:14) E (LC., 3:19)A misso de Joo termina com seu encarceramento, por ordem de Herodes, o tetrarca, por causa de sua mulher, Herodades, antes mulher de seu irmo Filipe, que havia sido assassinado. Herodades usa de um estratagema e instrui sua filha para que, ao danar para Herodes no dia de seu aniversrio, lhe pedisse a cabea de Joo Batista. Herodes no pode furtar-se porque h havia prometido o que ela pedisse e mandou degolar Joo no crcere. (Mt., 14:10) Joo Batista foi classificado por Jesus como: o maior dentre todos os nascidos de mulher e maior que profeta. (Mt.m 11:9-11)

Captulo 8

OS DOZE APSTOLOSOS PRIMEIROS DISCPULOS (MT., 4:12), (JO., 1:35), (MC., 3:13) E (LC., 6:12)Foi por ocasio da volta de uma visita a Jerusalm, pela Pscoa. que Jesus comeou a confiar a doze amigos para que o seguissem na Grande Misso Fraterna, numa evocao de novos guias do povo eleito de Israel(As 12 tribos de Israel). Esse nmero era importante para eles e foi restabelecido depois da desero de Judas (Atos, 1:26) na escolha de Matias, atravs de Efodi, antigo instrumento de consulta a Jav, hoje interpretado como de natureza medinica. (Ex., 33:7) Matias tambm conhecera Jesus e o acompanhava sempre, inclusive, por ocasio do seu ressurgimento do tmulo. Segundo Joo Evangelista (Jo., 1:35), no dia seguinte ao batismo de Jesus, que aconteceu perto de Betnia, alm do Jordo, nas cercanias de Jeric, Joo Batista estava com dois discpulos seus, quando ao ver passar o meigo Rabi exclamou: Eis o Cordeiro de Deus. Ao ouvir a frase, como um sinal, seguiram Jesus e ficaram com ele pelo resto do dia (eram 16 horas). Na verdade o chamamento celeste inerente ao esprito, a fora de atrao do Amor do Criador sua criatura. Esses dois discpulos eram Joo e Andr, irmo de Simo Pedro. Andr chamou a Simo Pedro a quem Jesus recebeu amorosamente e o apelidou de Cefas que quer dizer pedra(forte como a rocha), indicando a fora da futura casa doutrinria construda sobre rocha, anunciando o futuro membro destacado do Colgio Apostlico. Algum tempo depois, j na Galilia, o Mestre chamou a Felipe, conhecido de Pedro, pois era seu conterrneo, da cidade de Betsaida, s margens do Lago Genesar, tambm conhecido como Mar da Galilia. Felipe chamou Natanael, que era de Cana, na Galilia (Jo., 21:2), tambm conhecido como Bartolomeu nos Evangelhos sinpticos, o qual Jesus viu antes sob a figueira. Este conhecimento presciente e teleptico uma das caractersticas do Messias, que faz tambm nesses versculos a profecia sobre o seu ressurgimento do tmulo: Coisas maiores do que esta vers... daqui em diante vereis o cu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem. (Jo., 1:51) Tiago, irmo de Joo, filhos de Zebedeu e Salom, atendeu o chamado com alegria, pelo amor que j tinha a Jesus, pois os dois eram galileus de Betsaida, pescadores generoso e sinceros, cognominados por Jesus de os Filhos do Trovo, por seu dinamismo amoroso, embora ainda muito jovens. Os irmos Tadeu e Tiago Menor logo se juntaram ao pequeno grupo, filhos de Alfeu e Cleofas, eram aparentados com Maria, conhecendo e amando a Jesus desde pequenos. Tom, tambm da famlia de pescadores da regio de Dalmanuta, tinha uma personalidade e firmeza de carter. Simo, o Cananita, mais tarde apelidado de Zelote, era tambm humilde pescador e, talvez, o mais velho de todos (Boa Nova, cap. 9). Levi ou Mateus, todos j conhecem a sua vocao contada nos trs Evangelhos sinpticos. Apenas o seu Evangelho o chama de publicano, eticamente evitado por seus companheiros evangelistas. Reza a tradio espiritual que Mateus era conhecido de Jesus desde pequeno, tendo sido seu companheiro nos estudos na Sinagoga. Finalmente escolhido Judas Iscariotes que se estabelecera comercialmente em Cafarnaum, onde vendia peixes e quinquilharias. Portanto, foram os seguintes os apstolos de Jesus: Tiago Maior; Tiago Menor; Joo - tambm conhecido por Joo Evangelista; Pedro - tambm conhecido por Simo Pedro ou Cefas; Felipe; Mateus - tambm chamado de Levi, o Publicano; Judas Iscariotes - tambm conhecido por Judas de Kerioth; Simo Cananita - tambm conhecido por Simo, o Zelote; Tom - tambm conhecido por Ddimo; Natanael - tambm conhecido por Bartolomeu; Judas Tadeu - tambm conhecido por Judas Lebeu Andr

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Curso de Aprendizes do Evengelho

A MISSO DOS DOZE APSTOLOSNo decurso de toda a Histria da Humanidade, vemos que os grandes missionrios no trabalham sozinhos, objetivando assim colimar a mxima fraternidade, atravs da cooperao mtua. Afirma Cairbar Schutel, em seu livro Esprito do Cristianismo, que as grandes misses requerem sempre grandes Espritos. Jesus Cristo, alm de ensinar, tambm propiciou exemplos salutares durante toda a sua vida. Para dar continuidade sua misso, o Mestre preparou outros Espritos, de sua inteira confiana, para que, atravs dos milnios no se descuidassem de endireitar os caminhos do Senhor, como o fez Joo Batista. Deste modo o Redentor deu uma demonstrao viva do seu amor pela Humanidade que Deus colocou sob a sua tutela, prometendo ainda que, em poca propcia enviaria o Esprito Consolador, para dar testemunho da verdade e restabelecer as primcias dos seus maravilhosos ensinamentos. (Jo., 16) indubitvel que a sublime misso desempenhada por Jesus Cisto e pelo seus doze valorosos apstolos no abrangia meramente uma renovao intelectual de aspecto material, mas tinha um carter mais transcendental, ou seja, conduzir os homens no roteiro certo para colimar a reforma ntima. Ele no deu o peixe aos homens, mas ensinou-os a pescar, do mesmo modo como ele veio pescar muitas almas que se achavam chafurdadas nas traves da ignorncia. Jesus Cristo convocou os doze apstolos, e, no Evangelho segundo Lucas, vemos que ele arrebanhou outros setenta discpulos, dando a todos a autoridade sobre os Espritos maus e o poder para colimar todos os tipos de cura, pois o Mestre conhecia o que reinava em seus coraes, sabendo de antemo que eles eram aptos para a tarefa. Como ponto de partida, Jesus fez-lhes um