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AULA 01 Introdução Esse curso foi elaborado pensando em você, aquarista iniciante, que está dando os primeiros passos em busca do conhecimento para manutenção de animais marinhos em sua casa. Sinta-se a vontade para tirar suas dúvidas. Serão várias "aulas" - embora aqui ninguém tenha o desejo de ser dono da verdade rsrsrs - que serão colocadas a sua disposição. O seu sucesso com o aquarismo é a nossa alegria! Tipos de Aquários Os aquários marinhos podem ser divididos em 2 tipos : - Aquário marinho de peixes, chamado de Fish Only ( FO ). - Aquário marinho para corais e peixes; Geralmente o que vemos nas fotos dos fóruns são os aquários com corais e peixes. Para a escolha de peixes para o aquário de recife de corais, é importante pensar em compatibilidade entre as várias espécies de peixes e entre os próprios corais, já que existem peixes que comem corais. Os corais são animais sensíveis e qualquer variação grande no sistema pode acarretar sua perda. Se as condições para o coral forem boas, esse vai alegrar o aquarista com crescimento (reprodução assexuada) e rápida proliferação. Nossa tarefa como aquaristas é manter essas condições ideais. Para a manutenção de corais, existem três fatores críticos: - Iluminação; - Qualidade da água e - Controle de algas. Falaremos sobre os três fatores em aulas separadas, por se tratarem do “coração” para o êxito com aquário marinho de corais. Para a manutenção desses animais sensíveis, precisamos de um aquário cujo sistema funcione sem problemas. Como deve ser um aquário ideal é impossível dizer, principalmente porque vários aquaristas têm experiências diferentes com sistemas diferentes. Os sistemas vão desde o natural (filtro biológico) até os sistemas com técnicas extremamente avançadas. Nosso objetivo é mostrar sistemas que com certeza funcionam. O Aquário O melhor material para a fabricação do aquário é o vidro. As folhas de vidro devem ser coladas com silicone especial, que não contenha anti-mofo. Melhor que você contrate alguém para montar o seu aquário, pois não é tão simples quanto pode parecer. Para se calcular o volume nominal de um aquário retangular, deve-se multiplicar seu comprimento pela altura e pela largura.

Curso de Aquarismo Marinho

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Curso sobre aquarismo Marinho

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Page 1: Curso de Aquarismo Marinho

AULA 01

Introdução

Esse curso foi elaborado pensando em você, aquarista iniciante, que está dando os primeiros passos em busca do conhecimento para manutenção de animais marinhos em sua casa. Sinta-se a vontade para tirar suas dúvidas.Serão várias "aulas" - embora aqui ninguém tenha o desejo de ser dono da verdade rsrsrs - que serão colocadas a sua disposição.O seu sucesso com o aquarismo é a nossa alegria!

Tipos de Aquários

Os aquários marinhos podem ser divididos em 2 tipos :

- Aquário marinho de peixes, chamado de Fish Only (FO).

- Aquário marinho para corais e peixes;

Geralmente o que vemos nas fotos dos fóruns são os aquários com corais e peixes.Para a escolha de peixes para o aquário de recife de corais, é importante pensar em compatibilidade entre as várias espécies de peixes e entre os próprios corais, já que existem peixes que comem corais.Os corais são animais sensíveis e qualquer variação grande no sistema pode acarretar sua perda. Se as condições para o coral forem boas, esse vai alegrar o aquarista com crescimento (reprodução assexuada) e rápida proliferação. Nossa tarefa como aquaristas é manter essas condições ideais.Para a manutenção de corais, existem três fatores críticos:

- Iluminação;

- Qualidade da água e

- Controle de algas.

Falaremos sobre os três fatores em aulas separadas, por se tratarem do “coração” para o êxito com aquário marinho de corais.Para a manutenção desses animais sensíveis, precisamos de um aquário cujo sistema funcione sem problemas. Como deve ser um aquário ideal é impossível dizer, principalmente porque vários aquaristas têm experiências diferentes com sistemas diferentes. Os sistemas vão desde o natural (filtro biológico) até os sistemas com técnicas extremamente avançadas. Nosso objetivo é mostrar sistemas que com certeza funcionam.

O Aquário

O melhor material para a fabricação do aquário é o vidro. As folhas de vidro devem ser coladas com silicone especial, que não contenha anti-mofo. Melhor que você contrate alguém para montar o seu aquário, pois não é tão simples quanto pode parecer.Para se calcular o volume nominal de um aquário retangular, deve-se multiplicar seu comprimento pela altura e pela largura.

Exemplo : Um aquário de 100 cm de comprimento, por 40 cm de largura e 50 cm de altura :Volume nominal = 100 x 50 x 40 = 200.000 cm3sabe-se que, 1 litro = 1 dm3 e 1 dm = 10 cm,então 1 litro = 1 (10 cm)3 = 1.000 cm3Ou seja, 200.000 cm3 = 200 litros.

Na prática, basta multiplicar as três medidas do aquário em centímetros e desprezar os três últimos zeros, tomando o resultado em litros. Para se calcular o volume efetivo, geralmente despreza-se 20% do volume nominal, pois temos que

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descontar as rochas, o substrato, o espaço sem água...

No nosso exemplo:Volume efetivo = 200 x 0,8 = 160 litros

Como muitos dos produtos que utilizamos nos aquários são importados dos Estados Unidos, e, geralmente para utilização dos produtos é importante conhecer o volume efetivo do aquário, temos que saber transformar litros em “galões”, que é a unidade americana para volume. Sabe-se que 1 galão é igual a 3,78 litros. Para o nosso exemplo, temos que 160 litros resultam em aproximadamente 42 galões.

1 galão = 3,78 litros

Geralmente os aquários marinhos uma caixa de circulação que fica sob o aquário que é chamada de SUMP. Nessa caixa de circulação são colocados os filtros mecânicos, Skimmer, resinas removedoras, etc. O volume existente nessa caixa de circulação deve ser somado ao volume efetivo do aquário.Abaixo o esquema de um circuito de aquário com sump:

A bomba principal leva água do sump até o display principal. O overflow tem a função de coletar a água da superfície do display e enviar para o sump, onde um skimmer – principal equipamento do aquário

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marinho – faz a função de retirar excesso de matéria orgânica dissolvida. No sump podem ser colocados também outros equipamentos, como explicaremos mais adiante.

AULA 02

Nessa aula falaremos sobre os processos de decomposição de matéria orgânica. 

Decomposição da matéria orgânica – Ciclo do Nitrogênio:O equilíbrio de um sistema biológico depende, em grande parte, da decomposição da matéria orgânica, provendo uma reciclagem dos elementos. No aquário - seja ele marinho ou de água doce - geralmente não se consegue atingir esse equilíbrio. Esse é o motivo pelo qual as técnicas de filtragem são empregadas.Os seres responsáveis pela decomposição da matéria orgânica são os vários tipos de bactérias que vivem no aquário. Bactérias que vivem na presença de oxigênio (O2) são chamadas de aeróbicas e as que não necessitam do oxigênio são as anaeróbicas. Vários tipos de bactérias aeróbicas e anaeróbicas vivem no aquário, em qualquer material poroso que nele se encontre.

A decomposição de componentes que contém nitrogênio pode ser simplificada em três etapas :- Mineralização;- Nitrificação;- Dissimulação.

a) Mineralização :

Nessa etapa do processo de decomposição, os aminoácidos (elementos que compõem proteínas) são “quebrados”.Bactérias heterotróficas retiram o CO2 dos aminoácidos e os decompõem. Como produto da mineralização , temos amônia e ácidos orgânicos. Os ácidos orgânicos vão reagindo com carbonatos do aquário e a reserva alcalina vai diminuindo.A amônia (NH3) também surge dos excrementos dos animais, de algas mortas e de restos de alimentos. Amônia tem relação direta com os íons amônia (NH4+). Em um PH de 8,3 a relação amônia - íons amônia é de 1 para 9. Os íons amônia são menos tóxicos aos animais que a amônia. A relação pode ser representada da seguinte forma :

NH4+ + H2O <---> NH3 + H3O+

b) Nitrificação :

Na próxima etapa da decomposição da matéria orgânica ocorre a oxidação dos íons amônia e da amônia, formando o Nitrito (NO2-) e o Nitrato (NO3-). Essas reações são realizadas por dois grupos de bactérias, as nitrosomonas, que oxidam os íons amônia e a amônia em nitrito, e as nitrobactérias, que oxidam o nitrito em nitrato.Abaixo temos as reações :reação realizada pelas bactérias nitrosomonas:2NH4+ + 2OH- + 3O2 ---> 2H+ + 2NO2- + 4H2O

reações que são realizadas pelas nitrobactérias:2NO2- + O2 ---> 2NO3-

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c) Dissimulação :

Na última fase do processo de decomposição, o nitrato continua sendo “transformado”. Vários tipos de bactérias podem estar presentes no processo de dissimulação. Os produtos que podem surgir da dissimulação são :

- Óxido Nitroso (N2O);- Nitrogênio (N2);- Amônia / íons Amônia (NH3 / NH4+).

Óxido Nitroso e Nitrogênio são gases que não reagem com água. Quando eles são o produto final da decomposição, falamos no processo de denitrificação. Esse processo é realizado por bactérias anaeróbicas, que retiram o O2 do nitrato (NO3-), resultando nos dois gases que deixam o aquário. Essa é a forma ideal de ocorrer o processo de decomposição.Quando o produto final da decomposição for amônia e íons amônia, falamos no processo de redução do nitrato. Nesse caso, concentrações altas de amônia/íons amônia no aquário podem ser a conseqüência. Felizmente, dificilmente o processo de redução do nitrato é predominante no aquário.No esquema abaixo, temos representado o processo de decomposição :

Embora não seja necessário para o aquarista saber química, é necessário ter em mente o que ocorre no aquário e onde devemos interferir. O excesso de matéria orgânica em decomposição deve ser evitado.

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No aquarismo sempre se fala sobre a decomposição de elementos com nitrogênio em sua composição. Existem, entretanto, outros componentes da decomposição que devemos nos atentar. Fosfato é um desses componentes. Está presente na água como PO43-, H2PO4- e HPO42-. O fosfato é gerado pela decomposição de plantas, organismos planctônicos e microorganismos.Os sistemas de filtragem, assunto da nossa próxima aula, tratam de como retirar matéria orgânica antes do processo de decomposição ou de como acelerar esses processos.

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AULA 03

Tipos de Sistemas de Filtragem

Os vários sistemas de filtragem existentes podem ser classificados em dois tipos :

- filtros biológicos;

- filtros mecânicos.

Os filtros biológicos têm como objetivo propiciar uma superfície adequada para as populações de bactérias habitarem, ou seja, se preocupam com a decomposição completa da matéria orgânica. Os filtros mecânicos objetivam a retirada do material orgânico ANTES que o processo de decomposição aconteça. Para o sucesso do aquário, é necessária a combinação dos dois sistemas.Falaremos agora sobre os sistemas de filtragem. Não há como indicar qual o melhor, apenas passaremos diretrizes no sentido de orientar as dificuldades envolvidas, as vantagens e desvantagens de cada sistema.

Filtro biológico de fundo:

Esse era o sistema de filtragem biológica mais comum para os aquários marinhos, há vários anos atrás. Atualmente são considerados ultrapassados e inadequados para a mautenção do aquário a longo prazo.

O filtro biológico de fundo é montado da seguinte maneira :

Coloca-se no fundo do aquário placas especiais com furos. Sobre essas placas coloca-se o material calcário, como aragonita, conchas moídas, corais mortos moídos, etc. Uma bomba força o fluxo da água pelo cascalho. As bactérias necessitam de material poroso para se fixarem. O cascalho será um ótimo material para tal.

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O filtro biológico de fundo é inadequado, pois a longo prazo, o sistema vai se poluindo e perdendo em qualidade. Se você ainda vai montar seu aquário ... escolha outro tipo de filtragem biológica.O aquarista que possui filtro biológico de fundo deve utilizar um forte sistema de filtragem mecânica (filtro externo, skimmer) e exagerar na circulação de água. São algumas dicas que podem fazer com que o aquário de filtro biológico de fundo tenha boa qualidade por mais tempo. Uma grande desvantagem do filtro biológico de fundo é que ele não propicia um local adequado para a fixação das bactérias anaeróbicas. O processo de denitrificação (formação de N2 e N2O) não ocorre adequadamente. A médio e longo prazo, o sistema vai acumulando Nitrato (NO3-), que, por ser um excelente nutriente para as algas filamentosas , não deveria existir no aquário de recifes de corais, pois crescem sobre as rochas, sufocando os corais.

Filtro biológico Dry-Wet:

Como já havíamos comentado, o objetivo de um filtro biológico é proporcionar um local adequado para a fixação de bactérias úteis, que fazem a decomposição da matéria orgânica. No caso do sistema Dry-Wet, são utilizadas as chamadas “bio-balls”. São bolas plásticas que servirão como superfície de fixação das bactérias. Nesse sistema, o filtro não fica imerso em água, mas sim, sendo “respingado”. Por gravidade a água cai em uma câmara onde estão colocadas as bio-balls. Ao dimensionar essa câmara, deve-se objetivar que pelo menos 10% do volume do aquário possa ser contido nela.

Esse sistema apresenta grandes vantagens em relação ao filtro biológico de fundo. A circulação de água pelo filtro é mais intensa e a área de fixação das bactérias é maior. A médio e longo prazo, porém, como o sistema não tem regiões para as bactérias anaeróbicas, a acumulação de Nitrato será um problema. Para evitar o acúmulo, o aquarista tem que investir em filtros mecânicos (evitar ao máximo a decomposição de matéria orgânica). Outra desvantagem do sistema é a alta taxa de evaporação de água. Os aquários com sistema dry wet estão cada vez mais em desuso.

Filtro biológico de Rochas Vivas:

Se você nunca tinha ouvido falar nada a respeito de um aquário de recifes de corais, certamente não

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entendeu o porquê do termo “aquário de rochas vivas”. Bem, chegamos no momento de esclarecer isso..

As rochas vivas são formadas no mar a partir de fragmentos de corais mortos. Algas calcárias se fixam sobre esses fragmentos. Gerações e gerações dessas algas vão crescendo sobre esse material. Vários organismos vão se fixando nele. O resultado final é uma rocha de material calcário muito porosa. Nesse material as bactérias vão se fixar. Esse material pode ser comprado nas lojas de aquário, desde que tenham autorização do IBAMA. Atualmente utilizamos com sucesso as rochas artificiais, que com o passar do tempo, fazem a mesma função das rochas naturais. Quando se utiliza rochas artificiais, é muito interessante ao montar o aquário introduzir soluções de bactérias (marca prodibio, por exemplo) para acelerar a biologia do sistema. Na realidade, o termo “rocha viva” se deve ao fato de que as rochas já vem com enormes quantidades de bactérias em suas cavidades. Além das bactérias, temos também vermes marinhos (extremamente úteis para o aquário), pólipos de corais, microorganismos que servirão de alimento para os peixes, etc. 

A grande vantagem das rochas vivas em relação aos outros sistemas é que elas proporcionam local de fixação de bactérias aeróbicas e anaeróbicas também. A quantidade de oxigênio na rocha se reduz de fora para dentro. Se cortarmos uma rocha viva ao meio, descobriremos cavidades escuras, que revelam a falta de oxigênio. Nessas regiões vivem as bactérias anaeróbicas. O processo de decomposição torna-se mais completo, havendo inclusive a denitrificação (formação de N2 e N2O). Esse sistema não acumula tanto nitrato quanto os anteriores.As rochas vivas são colocadas diretamente dentro do aquário, formando inclusive uma bela decoração, mais próxima do ambiente natural. A quantidade ideal é de cerca de 1 Kg de rocha para cada 5 l de água. Para um aquário de 500 l, o ideal seria colocar 100 Kg de rochas vivas. Para que a filtragem seja efetiva, a circulação de água deve ser bastante forte, de 10 a 20 vezes o volume do aquário por hora.

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A tendência do momento é utilizar o aquário de recife de corais com as rochas vivas como principal filtragem biológica. Se você ainda não montou seu aquário, essa é a opção que você deve escolher, sem dúvida nenhuma. A qualidade da água é muito boa, a decoração fica próxima do ambiente natural dos recifes de corais. Além do mais, sempre é interessante ver “brotar” novos organismos que colocamos no aquário junto com as rochas.

Filtro biológico de Denitrificação (Sistema Jaubert):

Como vimos, o filtro biológico de fundo e o Dry-Wet não possuem zonas anaeróbicas, enquanto o de rochas vivas possui. O efeito da pequena quantidade de zonas anaeróbicas é, como já mencionamos, o acúmulo de nitrato (NO3-) pela falta de denitrificação.Na realidade, mesmo nos aquários de rochas vivas existe o acúmulo de nitrato, embora em quantidades menores.Existe um sistema de filtragem que proporciona regiões anaeróbicas para fixação das bactérias denitrificadoras. Esse sistema pode ser utilizado em combinação com o Dry-Wet e com o de rochas vivas. A combinação com o filtro biológico de fundo é tecnicamente impossível, já que esse filtro de denitrificação utiliza também o fundo do aquário como zona anaeróbica.Esse sistema foi desenvolvido por um pesquisador francês, Dr. J. Jaubert. Um aquário de 2 m3 em Mônaco foi testado por ele com esse sistema. Em quatro anos de funcionamento do aquário, ele não fez trocas parciais e o nível de nitrato é 0 mg/l. Esse sistema está atualmente sendo adotado por vários aquaristas com sucesso.O sistema utiliza o cascalho como forma de fixação das bactérias. No fundo do aquário coloca-se uma placa perfurada, para criar uma região entre o fundo do aquário e o cascalho. A distância deve ser de 1 a 3 cm. Se as placas que você obteve não permitem essa distância, coloque pedaços de PVC em várias regiões e cole com silicone. A distância de 1 a 3 cm é muito importante. Sobre as placas perfuradas colocaremos NO MÍNIMO 5 cm de material calcário (coral moído, conchas moídas) com granulação grossa (de 3 a 5 mm). Sobre essa camada devemos colocar uma rede de nylon fina, para evitar que animais (vermes, ofiúros, peixes que cavam buracos) cheguem até o cascalho grosso. Sobre a tela de nylon devemos colocar NO MÍNIMO 8 cm de material calcário (corais moídos, aragonita) de granulação fina (< 1 mm). Pronto! O sistema está montado!Temos visto muitos aquários com sistema Jaubert ineficiente. Geralmente isso se deve ao fato de uma montagem inadequada do sistema. 

Na camada superior do cascalho, na parte fina, existe grande quantidade de O2. Nessa região, as bactérias aeróbicas vão se fixar e realizar a decomposição até a formação do Nitrato (NO3-). Na região do cascalho grosso até í placa perfurada, a quantidade de O2 é pequena (de 1 a 5 mg/l), propiciando condições para a fixação de bactérias anaeróbicas, que realizarão a denitrificação. O espaço de 3 cm abaixo das placas perfuradas cria uma região chamada plenum, que é onde o processo de denitrificação realmente ocorre.Esse sistema, como vemos, não é apenas de denitrificação, mas sim um sistema biológico completo. Apresenta também outras vantagens :

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- melhor capacidade tamponadora (reserva alcalina), pois o processo de denitrificação consome ácidos;

- liberação de cálcio, macroelementos e elementos traços do cascalho;

- estabilidade do PH.Para o sucesso do sistema Jaubert, a circulação da água no aquário deve ser intensa. Embora as bactérias anaeróbicas vivam na falta de O2, uma pequena quantidade (de 1 a 5 mg/l) é necessária também nas zonas anaeróbicas. Na ausência completa de oxigênio, as bactérias produzirão H2S (ácido sulfídrico), que é um gás altamente tóxico, matando todos os animais em poucos dias. Alguns autores afirmam que, se o aquário não for superpovoado, se o aquarista não exagerar na alimentação dos animais e se a circulação for adequada, esse sistema funciona bem, mesmo que sem nenhuma outra técnica. A razão pela qual um aquário somente com esse sistema não deve ser superpovoado é que o processo de denitrificação ocorre mais lentamente que a nitrificação (formação de Nitrito e Nitrato).

Filtro Mecânico -   Perlon :

Como já mencionamos, o objetivo dos filtros mecânicos é retirar matéria orgânica ANTES que o processo de decomposição ocorra. São úteis e devem ser utilizados em todos os tipos de aquários.O Perlon é um material que deve ser colocado na região onde a água é coletada para a filtragem mecânica. Além do perlon, também podem ser utilizadas esponjas grossas (que são laváveis), ou até a combinação dos dois materiais.Importante : O perlon ou a esponja devem ser limpos/ trocados pelo menos 1 vez por semana. Se isso não for feito, o processo de decomposição se iniciará no perlon ou na esponja, perdendo este seu objetivo como filtragem mecânica.

Skimmer:

Esse é o equipamento de filtragem mecânica mais importante que o aquarista deve obter. Ele retira do aquário proteínas, aminoácidos, dejetos dos animais, etc., evitando que esse material seja decomposto no aquário.A água do mar acumula em sua superfície os aminoácidos. Percebe-se esse fato, pois vemos uma espécie de nata sobre a água marinha. Observe que, em uma praia , as bolhas provocadas por uma onda demoram mais para estourar do que na água doce. Isso é porque o ar da bolha é coberto por uma película de água com material orgânico, pois o material orgânico é carregado eletricamente e se agarra ís moléculas de água. Através dessa observação é que foram desenvolvidos os Skimmers.Existem vários tipos de Skimmers no mercado. O princípio de funcionamento é sempre o mesmo : o turbilhonamento da água com o ar.Na parte de baixo do Skimmer, água é enviada por uma bomba bastante potente. Nesse local há a entrada de ar. A água e o ar são turbilhonados. A matéria orgânica “agarra-se” nas moléculas de ar e sobem juntos com o fluxo de água. As bolhas com a matéria orgânica sobem por serem mais leves que a água e a água volta para o aquário extremamente limpa.

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Os Skimmers têm um recipiente onde a sujeira fica acumulada, que é o coletor de espuma/dejetos. Esse recipiente deve ser limpo no mínimo 1 vez por semana, pois o excesso de sujeiras no tubo impede a subida de nova espuma. Você verá que o cheiro desses dejetos é bastante desagradável. Na hora de adquirir um Skimmer, é necessário bastante pesquisa, pois sempre existem novidades no mercado.Procure adquirir um Skimmer de boa qualidade. Superdimensione. Se seu aquário tem 500 l, coloque um Skimmer de pelo menos 1.000 l, ou seja, o dobro da capacidade. Esse equipamento é o coração do aquário, portanto, se desejar sucesso no aquário de rochas vivas, NíO ECONOMIZE NO SKIMMER.É claro que, juntamente com o material indesejável, o Skimmer acaba retirando materiais desejáveis do aquário, como iodo, por exemplo. É difícil julgar quais substâncias são retiradas e em qual proporção. Apesar desse fato, os Skimmers devem ser utilizados em nosso aquário e os elementos acrescentados periodicamente.

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Resinas Removedoras:

Para auxiliar o processo de filtragem existem uma série de resinas removedoras que podem impedir acúmulos de substâncias tóxicas no aquário. Entre as resinas removedoras temos : carvão ativo, removedor de fosfato, removedor de nitrato e removedor de silicato.

Filtragem por carvão ativo:

A filtragem por carvão ativo tem como objetivo retirar da água materiais de difícil decomposição, como o fenol, por exemplo. Esses materiais são produzidos pelas próprias bactérias decompositoras e tornam a água amarelada e com odor característico. É necessário utilizar o carvão ativo para a retirada desse tipo de material.A coloração amarelada da água terá influência na transmissão da luz, dificultando sua passagem.Sobre o carvão ativo existem diversas opiniões. Sabemos que ele também retira da água elementos essenciais para o bem estar do aquário. No entanto, todos os autores são unânimes em afirmar que o carvão ativo é a única forma de retirar o fenol e a coloração amarelada da água. O carvão ativo pode ser colocado no sump juntamente com o perlon (abaixo dele), onde o fluxo da água é intenso.Use meias calça femininas (não pegue de sua esposa, mas compre uma, são baratas), cortando e formando com elas saquinhos. Coloque o carvão ativo, feche a parte superior do saquinho. Lave abundantemente em água corrente (torneira) até que a água que sai do carvão esteja limpa.Leia as instruções do fabricante quanto ao tempo de vida médio do carvão ativo que você está utilizando para programar as trocas necessárias.

Removedor de Nitrato:

Essa resina retira o nitrato da água do aquário, sendo esse armazenado em sua estrutura. São “pedrinhas” de um material que tem grande afinidade com o nitrato. De acordo com os fabricantes, uma parte do nitrito também é retirada por esse material.É uma resina muito útil, principalmente para os aquários de filtros biológicos e dry-wetA preparação para colocar essa resina no aquário é semelhante a do carvão ativo, isso é, deve ser lavada em água corrente, até que a água que escorra esteja livre de impurezas.As resinas removedoras de Nitrato podem ser colocadas no sump da mesma forma que o carvão ativo.

Removedor de Fosfato:

Essa resina atrai o fosfato, armazenando-o em sua estrutura. Fosfato é também produzido pela decomposição de matéria orgânica. Em aquários com bons Skimmers, o nível de fosfato nunca será um grande problema. Entretanto, nunca se deve facilitar e vale a pena utilizar essas resinas como auxílio na presença de problemas.Devem ser colocadas da mesma forma que o carvão ativo e o removedor de Nitrato.Lembre-se que fosfato é um nutriente para as algas filamentosas.

Removedor de Silicato:

Para os aquaristas que utilizam água passada por osmose reversa ou deionizador, o nível de silicato no aquário nunca será um problema. Porém, muitas vezes na montagem do aquário, há excesso de silicatos e essas resinas removedoras podem ser um grande auxílio.A presença do silicato é percebida pelo surgimento praticamente diário das algas diatomáceas, que são pequenas algas marrons que surgem primeiramente no vidro do aquário. Devem ser retiradas e, como já informado, para acabar com a “festa”, utilizar os removedores de silicato, cortando assim o principal nutriente das algas marrons. O removedor de silicato deve ser colocado da mesma forma que as outras resinas.

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AULA 04

Qualidade da Água

Basta provar um pouco da água do mar que percebe-se imediatamente que ela é completamente diferente da água de nossas torneiras, rios e riachos. A água do mar diferencia-se da água doce por possuir muitos tipos de sais dissolvidos. Sabe-se atualmente que praticamente todos os elementos químicos existentes encontram-se na água do mar, alguns em grandes quantidades, outros em quantidades ínfimas. Os elementos que aparecem em grande quantidade são chamados de macroelementos. Entre esses temos : Sódio (como Na+), Magnésio (como Mg2+), Cálcio (como Ca2+), Estrôncio (como Sr2+), Potássio (como K+). Os elementos que se apresentam em baixas concentrações são os chamados microelementos ou elementos traços. Todos esses elementos, sejam macroelementos ou elementos traços, são muito importantes para a manutenção da vida marinha.

Salinidade e Densidade:

Por salinidade entende-se a quantidade de sais dissolvidos em um quilo de água do mar. A água do mar tem em média 34,7%o de salinidade (34,7%o representa 34,7 Kg de sal para cada 1.000 Kg de água do mar, ou seja, 34,7 g de sal para cada quilo de água). Na natureza, nas regiões dos recifes de corais, a salinidade fica sempre entre 30%o e 35%o.Na prática, não existem métodos diretos para medição da salinidade. É um parâmetro importante que é medido indiretamente através da densidade.. O método mais preciso para a medição da salinidade e da densidade é através de um refratômetro. A densidade também pode ser medida facilmente com um densímetro. Existem alguns densimetros que também vem com a indicação da salinidade.

O refratometro mede a distorção da luz ao passar pela água com os sais dissolvidos. Olhando pelo tubo, vê-se a indicação da densidade e salinidade correspondente. Importante: O refratômetro deve possuir correção automática da temperatura. 

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Densímetro comum - deve ser colocado na água parada. Quanto mais o densímetro afundar, menor é a densidade e vice-versa. O valor da densidade é dado pela leitura do valor indicado na escala que coincide com a linha d’água.

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Outros densímetros com agulha interna - Coloca-se água dentro do densímetro e o ponteiro indica o valor da densidade e a salinidade correspondente. Nesse tipo de densimetro deve-se dar especial atenção em bolhas que fiquem sob o ponteiro, pois alteram muito o valor medido.Densidades entre 1,022 e 1,024 a 25o C são consideradas ideais para o aquário de corais. Esses valores correspondem a uma salinidade entre 32%o e 35%o.

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A densidade da água varia com a temperatura. Os densímetros encontrados no mercado são calibrados a 25o C, por isso, na medição da densidade, a temperatura deve ser observada. Por exemplo, se a densidade da água a 20o C é 1,022, sabe-se que a salinidade correspondente é 31,5%o. A 30o C, a salinidade dessa mesma água seria 36%o, já que mais sais se dissolvem em função do aumento da temperatura. Para evitar grandes variações, a densidade do aquário deve ser ajustada (valores entre 1,022 e 1,024) impreterivelmente a 25o C.

A água doce para o aquário de rochas:

Um aquário de 500 litros pode perder vários litros de água por dia, por evaporação. Como somente a água evapora, a concentração dos sais dissolvidos aumenta, aumentando a densidade do aquário. Por esse motivo, para repor a água evaporada, devemos utilizar água doce passada por equipamento de osmose reversa ou deionizador, sem acrescentar nenhum sal. Para a “fabricação” da água para aquário de rochas vivas devemos utilizar água doce. A água encanada que utilizamos possui vários componentes químicos (Nitrato, Amônia, Silicato, Fosfato), que são indesejáveis para o aquário. Existem os aparelhos de “osmose reversa” que fazem a filtragem mecânica e “química” da água. A água é pressionada a uma alta pressão através de uma membrana que retém materiais orgânicos e inorgânicos, permitindo a passagem de moléculas de água. Os componentes indesejáveis são retirados (silicatos, nitrato, amônia, alumínio, cobre, etc.), porém, juntamente com os indesejáveis, também são retirados elementos importantes como Cálcio e Estrôncio. Apesar desse problema, a utilização de água passada por osmose reversa é a melhor opção para fabricação de água para o aquário de corais. Outra opção é passar a água da torneira por um deionizador. Os deionizadores são tubos com um sistema de filtragem contendo resinas que retém as substâncias indesejáveis (e desejáveis também). Existem formas no “Faça você mesmo” que podem ajudá-lo na montagem de um deionizador.Para monitoração da qualidade da água doce de reposição, seja ela de deionizador ou de osmose reversa, são os aparelhos TDS. O valor ideal a ser mostrado no TDS é de 0 ppm. Quando esse valor mudar, a resina deve ser trocada.

Para a reposição da água evaporada, o aquário necessita de um reservatório com água doce, chamada de caixa de reposição. Esse reservatório deve monitorar o volume de água no sump. Quando o nível baixar, a água deve ser liberada para o sump. Para a monitoração, existem sistemas que utilizam bóias e outros que utilizam um sensor eletrônico (sistema eclusa, por exemplo). No caso do sistema eletrônico, ele comanda a ligação de uma bomba de baixa vazão na caixa de reposição que envia a água para o sump. Assim que o nível chega ao ideal, a bomba é desligada.

Água Natural ou “Artificial” ?

Poucos aquaristas têm a oportunidade de adquirir água diretamente do mar, por isso, existem no mercado kits com sais para “fabricação” da água marinha. Para a utilização da água do mar, alguns cuidados são necessários:

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- Retirar a água somente de regiões longe da poluição humana;- sempre longe de rios;- Nunca em dias de chuva.

Para a água artificial, deve-se utilizar água doce passada por aparelho de osmose reversa ou deionizador. O sal deve ser misturado na proporção indicada pelo fabricante e ficar com circulação até que o sal seja completamente dissolvido.

Troca parcial de Água –   TPA :

Para a reposição de vários elementos que são consumidos no aquário, são necessárias as trocas parciais de água. Geralmente deve-se trocar de 5 a 10% do volume do aquário semanalmente. A água salgada deve ser preparada conforme indicado acima. Em seguida, retira-se do aquário a mesma quantidade de água preparada (não esquecer de desligar o sensor de nível), e a água nova deve ser enviada no sump com uma mangueira fina, para que vá lentamente para o sistema.

Reações Químicas e Parâmetros da Água:

Quando temos um aquário marinho dentro de casa, temos um sistema onde inúmeras reações químicas ocorrem sem que nos demos conta. É claro que o aquarista não precisa conhecer essas reações químicas. No entanto, o conhecimento das relações entre os vários componentes pode evitar vários erros. Aqueles que não gostam de química não precisam se preocupar. Somente guarde informações do tipo: gás carbônico abaixa o PH, Cálcio reage com carbonatos, etc.

Valor   PH :  

Parâmetro de grande importância para a vida marinha. É uma medida que diz quão ácida ou alcalina (básica) a água se encontra. Na química é definida como o valor negativo do logaritmo em base 10 da concentração de íons hidrogênio (H+).

pH = - log 10 [H+]

Eu sei... parece complicado ... mas não é. A água pura é composta de íons OH- (hidróxido) e íons de hidrogênio H+. Quando a água se dissocia, temos os íons positivos e os íons negativos :

H2O <---> H+ + OH-

Os íons H+ fazem a água ácida, enquanto que os íons OH- fazem-na básica (alcalina). Na água pura, a quantidade de íons positivos e negativos é a mesma, ou seja, a água é neutra (nem básica, nem ácida). O valor PH nesse caso é 7. Como no aquário a água não é pura, pois contém vários sais dissolvidos, esse equilíbrio iônico é rompido, fazendo com que o valor PH se altere.A escala do valor PH vai de 0 a 14, sendo 7 o valor neutro. Valores acima de 7 indicam água básica (alcalina) e valores abaixo indicam água ácida.

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Na água dos mares, o valor PH se mantém sempre estável, em torno de 8,2, ou seja, predominam íons OH-. No aquário de rochas, devemos nos esforçar para manter esse valor. Na prática, entretanto, esse valor é difícil de se manter e por isso, esforçamo-nos para não ultrapassar os limites toleráveis pelos animais. O ideal são valores de PH entre 8,0 e 8,5.Medição e Manutenção do valor   PH :

Existem vários kits no mercado para a medição do valor PH. Alguns funcionam com reagentes que mudam de cor, dependendo do PH da água, outros são equipamentos eletrônicos, com medição mais precisa. Medir é fácil...a pergunta que fica é a seguinte: Como manter os valores de PH? Quando “fabricamos” a água para o aquário, o PH se encontrará a cerca de 8,3, desde que a água utilizada não contenha excesso de componentes químicos (água deionizada ou passada por osmose reversa). Com a ação de decomposição de matéria orgânica e dejetos dos animais, a tendência da água do aquário é se tornar ácida. Se nada for feito para evitar a queda do PH, os níveis de acidez serão tão altos que todos os animais morrerão.Pesquisas mostram que o valor PH da água dos mares se mantém estável devido í presença de íons carbonatos (CO32-) e íons carbonato de hidrogênio (HCO3-). A quantidade desses elementos chama-se “capacidade tamponadora”. A capacidade tamponadora pode ser representada pela seguinte fórmula :

2 HCO3- <---> CO2 + H2O + CO32-

O CO2 resultante reage com a água, formando ácido carbônico, que por sua vez se dissocia em íons carbonato (CO32-) e íons carbonato de hidrogênio (HCO3-). Representa-se da seguinte forma :

CO2 + H2O <---> H2CO3 <---> H+ + HCO3- <---> 2H+ + CO32-

Pela reação, vemos que um acréscimo de CO2 (gás carbônico) desloca o equilíbrio para o lado ácido (maior quantidade de íons H+). Se retirarmos CO2, a reação ocorrerá para o lado básico. Esse é o motivo pelo qual pode-se encontrar no mesmo aquário um valor PH de 8,0 de manhã e 8,5 í tarde, pois as algas consomem o CO2 somente durante o dia.Existem kits de testes para a verificação da capacidade tamponadora (ou alcalinidade ou reserva alcalina) da água do aquário, sendo estes facilmente encontrados no mercado. A alcalinidade é medida em “graus de dureza de carbonatos” ou oKH (KH vem de Karbonathärte: dureza de carbonatos, em alemão. Nos EUA eles usam dKH, sendo “d” igual a degree, grau em inglês, ou seja, é a mesma coisa). Existe uma outra unidade, miliequivalentes por litro (meq/l). Dependendo do kit adquirido, a medição será feita em uma ou outra unidade. Vale a relação : 

2,8 meq/l = 8 dKH

Níveis de alcalinidade de 6 a 8 dKH (2,2 a 2,8 meq/l) são considerados ideais para o aquário de corais. O valor de 6 dKH deve ser considerado realmente como mínimo. Com a decomposição de matéria orgânica, a tendência do aquário é se tornar ácido (mais íons H+). Os carbonatos (CO32-) e os carbonatos de hidrogênio (HCO3-) reagem com o H+ e o neutralizam. Porém, a reserva alcalina (quantidade de íons CO32- e HCO3-) tende a cair para manter o PH. Por isso, a melhor forma de manter o PH do aquário é através do controle da reserva alcalina.Para evitar a queda da reserva alcalina e conseqüentemente uma queda de PH, é necessário acrescentar carbonatos e carbonatos de hidrogênio no aquário. Existem no mercado vários produtos para o controle da reserva alcalina, que são os tamponadores (em inglês, Buffer). É importante desde o início da montagem do aquário a monitoração da reserva alcalina.Uma outra forma mais simples de manter a alcalinidade do aquário é acrescentar Kalkwasser (água calcária) no lugar da água evaporada do aquário. Na caixa de reposição, deve-se colocar Kalkwasser decantado e liberar para repor a água evaporada.Kalkwasser é simplesmente hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) com pureza de laboratório. Quando hidróxido de cálcio reage com a água temos :

Ca(OH)2 ---> Ca2+ + 2OH-

Ou seja, na reação produz-se Cálcio (Ca2+) e íons hidróxidos (OH-). Na teoria, deve-se colocar 1,5 g

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de Ca(OH)2 para cada litro de água. Essa solução terá um PH de 12,4, ou seja, extremamente alto, já que os íons OH- puxam a solução para o lado básico. Por ter esse valor PH tão alto, não se pode jogar grandes quantidades de Kalkwasser no aquário de uma só vez. Melhor mesmo é o método por gotejamento. Os íons OH- da solução quando no aquário, neutralizam o efeito dos íons H+, mantendo os níveis de carbonatos (CO32-) e carbonatos de hidrogênio (HCO3-). Outra grande vantagem do Kalkwasser é o acréscimo de cálcio no aquário (falaremos mais tarde sobre isso).O Kalkwasser tem grande afinidade com o CO2 e em presença desse gás, ocorrem as seguintes reações :Ca2+ + 2OH- + CO2 ----> Ca2+ + CO32- + H2O----> CaCO3 + H2OVemos que, na primeira reação existe a formação de íons carbonato, o que é o responsável pela manutenção da reserva alcalina, quando utilizamos Kalkwasser. Vemos que a formação dos íons carbonato ocorre na presença de CO2. No entanto, se a reação continuar ocorrendo, ocorrerá a saturação da mistura e carbonato de cálcio vai ser formar. O Carbonato de Cálcio (CaCO3) precipita na reação, por ser uma substância menos solúvel. O PH da solução cai e oKalkwasser não serve mais para nossos propósitos. A forma de se evitar esse fato é o reservatório para o Kalkwasser ser fechado, impedindo acesso facilitado do ar. A caixa de reposição deve ter uma tampa. Um pouco de ar sempre existirá, o que será suficiente para a formação de íons carbonato, sem precipitar carbonato de cálcio.Uma informação adicional importante é que aquários que utilizam Kalkwasser como forma de reposição de cálcio e reserva alcalina, sempre terão tendência a ter uma alcalinidade em torno de 6 dKH, pois pouco íons carbonato são produzidos (que são medidos pelos kits de alcalinidade). Isso não é um grande problema, pois o PH está sendo mantido pela neutralização dos íons H+ pelos íons OH- do Kalkwasser.Em um recipiente grande prepare o Kalkwasser, colocando aproximadamente 1,5 gramas de Ca(OH)2 para cada litro de água deionizada ou passada por osmose reversa. Mexa bem a mistura. Coloque uma tampa no recipiente e espere algumas horas para que a solução decante. O material depositado no fundo não deve cair no aquário. Após decantado, retire a solução que fica em cima (transparente) e coloque na caixa de reposição. Para evitar a formação de Carbonato de Cálcio (CaCO3), a caixa de reposição deve ter uma tampa. A formação de CaCO3 é facilmente verificada quando na superfície do Kalkwasser forma-se uma película insolúvel. Quando isso ocorre, o Kalkwasser perde suas propriedades. Esse é o motivo pelo qual se recomenda fortemente que a caixa de reposição tenha uma tampa para evitar entrada facilitada do ar, e consequentemente, do gás carbônico.

Cálcio: 

Na água do mar, o Cálcio se apresenta em concentração de aproximadamente 420 mg/l. Vários organismos que nós mantemos em nossos aquários necessitam dessa substância, como todos os corais (principalmente os duros), as algas calcárias, os moluscos (formação/crescimento das conchas), etc. Os corais duros utilizam o Cálcio na formação de seu esqueleto calcário. Por esse motivo, esse componente é utilizado rapidamente e deve ser reposto. Existem vários produtos no mercado para repor o nível de Cálcio no aquário. Com a utilização de Kalkwasser como reposição da água evaporada, acrescentamos boa quantidade de Cálcio. Dependendo do aquário, pode-se ter maior ou menor quantidade de água evaporada e, conseqüentemente, será utilizada maior ou menor quantidade de Kalkwasser. Para os casos onde os níveis de Cálcio não ficam dentro do desejável, é necessário utilizar uma fonte de Cálcio adicional. Encontram-se vários suplementos de Cálcio no mercado, devendo o aquarista seguir as instruções do fabricante. Geralmente são soluções de CaCl2 (Cloreto de Cálcio) dissolvido em água destilada.O nível de Cálcio no aquário deve ficar entre 350 a 450 mg/l (desejável 420 mg/l). Para a medição do nível de Cálcio existem vários Kits de teste. São imprescindíveis e todo aquarista marinho deve ter o seu.Na Alemanha foi desenvolvido um sistema para a dosagem do Kalkwasser, chamado reator de Nilsen. Um sensor de nível na caixa de circulação ativa uma bomba que envia água de um reservatório de água doce para o reator deKalkwasser. No reator temos grande quantidade de Ca(OH)2. A água e o hidróxido de Cálcio são agitados periodicamente por um sistema dentro do tubo do reator. Somente Kalkwasser limpo (decantado) passa para o aquário, pois na parte de cima existe um sistema de filtragem, que permite somente a passagem da água com os íons dissociados.A melhor opção atualmente para repor cálcio e reserva alcalina, são os reatores de cálcio. São tubos onde são colocados material calcário (conchas, aragonita, etc.). Água e CO2 são passados por essa mistura. Cálcio vai se dissolvendo dos materiais calcários, ao mesmo tempo de carbonatos são formados. Com a utilização dos reatores de cálcio consegue-se manter adequadamente os níveis de alcalinidade e de cálcio.

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Para o funcionamento do reator de cálcio é necessário a utilização de um tubo de CO2.

Estrôncio:

O Estrôncio é utilizado no aquário pelos corais (junto com o Cálcio) na formação de seu esqueleto calcário. Na água do mar, a concentração de Estrôncio é de cerca de 8 mg/l. Quando montado, o nível de Estrôncio no aquário estará provavelmente dentro dos níveis desejados. Após alguns meses, a concentração cai drasticamente a um nível de apenas 1 mg/l. Devemos, portanto, acrescentar Estrôncio no aquário periodicamente.Procure suplemento de Estrôncio com o seu lojista e siga as instruções do fabricante.Kits de medição de Estrôncio são bastante raros no mercado.

Iodo:

No mar o iodo se apresenta em concentração de 0,05 mg/l. O iodo é utilizado por todos os crustáceos quando eles trocam de carapaça. Estudos indicam que o iodo também é essencial quando se almeja sucesso com os corais tipos Xênias e corais duros. Esse elemento tem grande influência na coloração azul dos corais, principalmente acroporas.Devemos acrescentar iodo no aquário periodicamente, porém devemos ser bastante cautelosos com a dose utilizada, pois as algas filamentosas (indesejáveis) utilizam o iodo como nutriente e acabam infestando o aquário, se houver uma overdose desse componente.Kits de medição para o iodo não são encontrados facilmente.

Elementos da decomposição da matéria orgânica:

Já falamos sobre a formação dos produtos vindos da decomposição de matéria orgânica quando falamos sobre os sistemas de filtragem. Nesse capítulo, queremos apenas apresentar os parâmetros aceitáveis dentro do nosso sistema para esses produtos indesejáveis.

a) Amônia ( NH3 ) e íons Amônia (NH4+) :

São o primeiro produto da decomposição e são extremamente tóxicos aos nossos peixes e corais. O valor ideal é 0 mg/l. Para a medição do nível de amônia, adquira um kit de teste.

b) Nitrito ( NO2 -):

O Nitrito também é tóxico para os corais e peixes. Os peixes toleram níveis de nitrito um pouco mais altos. Valor ideal é 0 mg/l. Valor máximo tolerável é 0,1 mg/l . Ao chegar nesse valor, o aquarista deve intervir com trocas parciais de água. Existem kits de teste para o nível de nitrito.

c) Nitrato ( NO3 -) :

O nitrato é um dos produtos finais da decomposição. Os animais toleram bem níveis de nitrato de até 10 mg/l, porém, o valor ideal é 0 mg/l. O Nitrato é um excelente nutriente para as algas filamentosas, que são O PROBLEMA em um aquário de corais, por esse motivo, os níveis de nitrato no aquário de rochas deve ser 0 ou muito próximo desse valor. Para a medição do nitrato também existem kits de teste.

d) Fosfato (PO43-) :

O fosfato também é um dos produtos finais da decomposição e é um excelente nutriente para as algas filamentosas. Seu nível ideal para o aquário de rochas é 0 mg/l. Nível limite seria de 0,2 mg/l. Para a medição do fosfato também existem kits de teste.

Temperatura:

A temperatura de um aquário de corais deve ficar entre 23oC até 27oC. Esses valores são determinados

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com bases em medições de temperatura da água em vários recifes de corais, sendo os valores limites para a grande variedade de animais. Para aquecer a água do aquário durante os meses de inverno, é necessária a utilização de aquecedores com termostato. Os termostatos ligam automaticamente quando a temperatura fica menor que o valor estipulado e desligam automaticamente quando esse valor é atingido.Os termostatos/aquecedores são tubos de vidro com uma resistência elétrica dentro. Devem ser colocados de preferência no sump, em local onde o fluxo de água é intenso. Dessa forma evita-se o contato dos animais com os tubos.São vendidos com várias potências, com valores em Watts (W). O ideal é escolher o termostato de modo a ter uma relação maior ou igual a 0,5 W/l. Para um aquário de 500 litros, por exemplo, um mínimo de 250 W em aquecimento deve ser investido.Como vivemos em um país tropical, certamente teremos problemas com altas temperaturas no verão. Na natureza, quando os corais ficam por alguns dias expostos í temperaturas acima de 30oC, ocorre um fenômeno chamado “Bleaching”. Nesse fenômeno, os corais perdem grande parte das algas simbióticas, ficando com as cores opacas, vindo a morrer em pouco tempo. Uma vez iniciado esse processo, dificilmente há volta, mesmo melhorando as condições ambientes do coral. Esse fato ocorre também no aquário e, para evitá-lo, o aquarista deve possuir um chiller, que é um resfriador para o aquário. A água deve circular dentro do Chiller e trocar calor com um gás refrigerante, através do contato entre as paredes do tubo de água e do tubo de gás. Quando a temperatura ultrapassa o valor limite estipulado, o Chiller é acionado e desliga somente depois que a temperatura fica dentro do valor desejado.Infelizmente não temos outra opção. Todo aquarista acaba tendo que investir em um bom Chiller - e pagar seu elevado preço.Os Chillers aquecem muito. Evite colocá-los dentro de móveis, onde a circulação de ar geralmente é inadequada, pois o aquecimento exagerado do aparelho pode até mesmo danificar o sensor de temperatura.

Potencial Redox:

Quando um elemento químico recebe elétrons, dizemos que ele é reduzido e quando doa elétrons, que ele é oxidado. Representamos um elétron como uma carga negativa. Dessa forma, na reação Uma reação exemplo de oxidação e redução é a do cobre e a do zinco:

Zn + Cu2+ & lt ;--> Zn2+ + Cu

Nessa reação vemos que o Zinco (Zn) perde dois elétrons, ficando com mais cargas positivas. Dizemos que o zinco foi oxidado. O cobre inicialmente estava com cargas positivas “sobrando” e foi reduzido ao receber dois elétrons. Dizemos que o cobre foi reduzido.Na reação de oxidação-redução, o elemento que doa elétrons é chamado de Redutor (reduz outros componentes) e o que recebe elétrons é o Oxidante. Na reação acima, o Zinco é o elemento redutor e o cobre é o elemento oxidante. A transmissão de elétrons de um elemento até outro pode ser medida através da corrente elétrica. Se uma barra de zinco for colocada em um recipiente com uma solução eletrolítica e for ligada por um tubo com a mesma solução eletrolítica í uma barra de cobre em um outro recipiente também em solução eletrolítica, poderemos medir a tensão entre os dois elementos. Nesse caso, a tensão seria de 1,10 Volt. Essa tensão é um valor que indica quão forte é a reação do Zinco como redutor e do cobre como oxidante, chamada também de Potencial Redox de uma reação de oxidação-redução.O que isso tudo tem a ver com nosso aquário? Pode-se também medir o Potencial Redox da água do mar, ou melhor dizendo, a tensão entre um eletrodo em um eletrólito de um aparelho e a água do mar. Esse valor de tensão indica a “saúde” de um aquário, já que nos dá uma idéia da capacidade de oxidação e redução da água do nosso tanque. Em um aquário de rochas saudável, medimos Potencial Redox entre 300 e 400 mV. Em aquários com problemas de algas, geralmente tem-se valores de Potencial Redox entre 200 e 300 mV. Existem aparelhos eletrônicos para a medição desse parâmetro.

Para manter alto o nível de Potencial Redox:

- Circulação da água do aquário de 10 a 20 vezes o volume do aquário circulando por hora. Quanto maior a quantidade de oxigênio, maior o Potencial Redox. A circulação contribui para a oxigenação da água;

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- Evitar superpovoamento do aquário. Excesso de material orgânico abaixa o Potencial Redox;

- Utilizar um bom Skimmer;

- Uso de Ozonizador. O Ozônio (O3) é um elemento extremamente oxidante e eleva o Potencial Redox. Existem aparelhos que lançam Ozônio, geralmente ligados a Skimmers. Atenção: seguir as intruções do fabricante, pois o Ozônio deve circular dentro do Skimmer, mas nunca ser lançado para dentro do aquário. Na saída do Skimmer, deve ser coletada uma amostra de água e examinado o odor (Ozônio tem um odor característico). Não pode ser detectada a presença desse elemento na saída do Skimmer. Conheço bons aquários que nunca utilizaram o Ozônio e funcionam muito bem. A real necessidade do Ozonizador é questionável.

AULA 05

Nesse tópico será abordado um dos assuntos mais discutidos no aquarismo: Iluminação.

1. Faixas de Luz

A luz é composta por radiações de diferentes comprimentos de onda. Cada comprimento de onda possui sua cor própria. Dessas faixas de cores, somente uma pequena parcela pode ser vista pelo olho humano. A unidade utilizada para o comprimento de onda é o nanometro (nm). O espectro visível ao ser humano vai da faixa de 380 nm até 780 nm.Abaixo de 380 nm fala-se de luz ultravioleta, que tem efeito biológico importante. Acima de 800 nm fala-se de luz infravermelha, que geralmente é associada ao calor. Para os aquaristas, é importante ter conhecimento sobre as faixas de luz, principalmente sobre a luz ultravioleta.A luz ultravioleta possui comprimentos de onda de 100 nm até 380 nm e é dividida em três faixas:

UV-A - faixa próxima da luz violeta, de 315 até 380 nm. Essa faixa é muito importante para os seres autótrofos (seres que realizam fotossíntese).

UV-B - faixa de 280 a 315 nm. A luz UV-B é aquela que causa queimadura em nós, seres humanos, quando ficamos expostos a ela por algum tempo. Uma dose alta dessa radiação danifica tecidos vivos. Por isso, na escolha do tipo de iluminação para o aquário, deve-se ter atenção especial.

UV-C - vai da faixa de 100 nm até 280 nm. É extremamente prejudicial aos tecidos vivos. Existem vários tipos de iluminação para o aquário que emitem radiação nessa faixa, por isso vem com filtros de luz acoplados que não permitem a passagem desse tipo de radiação.

As faixas, as quais a fonte de iluminação escolhida emite, têm influência direta nos seres autótrofos do aquário, ou seja, as algas. As algas mais importantes (e desejáveis) para um aquário são vários tipos de algas calcárias e as zooxantelas. As zooxantelas vivem na endoderme dos corais (e outros invertebrados). Como esses animais dependem em grande parte dessas algas, é importante oferecer condições favoráveis para o seu desenvolvimento.As zooxantelas absorvem luz na faixa de 350 nm a 750 nm. Isso significa que absorvem uma parte da radiação UV-A (próxima da luz visível). Devemos oferecer luz que supre essa necessidade. Nos trópicos, grande parte de radiação UV-A e UV-B chegam até os corais. Para se protegerem, os corais e as zooxantelas possuem pigmentos que absorvem esse tipo de radiação (não utilizados para a fotossíntese) - é como se fosse um “filtro solar”- da mesma forma que nós nos protegemos quando nos expomos ao sol. Os tipos de corais que habitam as regiões menos profundas são mais expostos ao sol e por isso possuem mais pigmentos de proteção, o que também lhes confere as mais belas colorações entre os tipos de corais. Corais que habitam regiões mais profundas possuem quantidades menores desses pigmentos. Para a escolha do tipo de iluminação, deve-se ter em mente quais os tipos de animais vão ser

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colocados no aquário. Se animais de regiões rasas forem sua escolha (os mais bonitos), a necessidade de forte iluminação é maior. 

2. Dados técnicos das lâmpadas

Entre as informações técnicas dos fabricantes nas embalagens das lâmpadas temos as seguintes:

- Temperatura da Cor : Medida em Kelvin (K). Quanto maior o número, mais azul (ou mais fria) é a luz. Significa que predominam as radiações violeta, azul e verde. Se o número for baixo, a luz é considerada “quente”, com predominância de laranja e vermelho. Na embalagem, os fabricantes geralmente indicam o espectro (cores) de emissão. Lâmpadas de 6.000K ou acima são consideradas boas para o aquário marinho.- Índice Ra : É um fator que indica a qualidade da propagação da luz de uma fonte luminosa. A escala vai de 0 a 100. Para a iluminação de um aquário, lâmpadas com Ra de 80 ou maior devem ser escolhidas. A energia elétrica é convertida em radiação luminosa e uma parte em calor. Um Ra de 80 significa que 80% da energia é "transformada" em radiação e 20% é perdido como calor...- Potência : Medida em Watts (W).- Lumen: É a medida de fluxo luminoso. Quanto maior, melhor é a fonte de luz. Nas regiões tropicais, a incidência de luz direta do sol chega a valores acima de 60.000 lm (lumens). As fontes de luz que encontramos disponíveis para aquário chegam a valores bem abaixo disso.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Lumen_(unidade)

3. Quantas lâmpadas utilizar?

Existem algumas regras gerais para determinação do tipo de lâmpadas a ser utilizada no aquário. Essas regras devem ser usadas como uma aproximação grosseira e não como um valor exato a ser utilizado. As duas regras devem ser usadas simultaneamente:

Regra 1:Utilizar 1 Watt por litro. Para SPS´s, quanto maior esse valor, melhor. 

Exemplo:Aquário 120 x 60 x 60 = 432 litrosOpção 1 : 2 HQI´s 150 W + 3 T5 actinica 54 W = 462 W ==>Quantidade em Watts/litro ==> 462/432 = 1,06 Watts/litro 

Opção 2 : 2 HQI´s 250W + 4 T5 actinica 54 W = 716 WQuantidade em Watts/litro ==> 716/432 = 1,65 Watts/litro

Opção 3 : 8 T5 54 Watts = 432 WattsQuantidade em Watts/litro ==> 432/432 = 1,0 Watts/litro

Regra 2:Profundidade do aquário:Até 30 cm - HQI 70 WAté 45 cm - HQI 150 WAté 60 cm - HQI 250 W e T5Acima 60 cm - HQI 400W

Pela regra 2, vemos que a opção 1 seria descartada, pois o aquário do exemplo tem 60 cm.Na prática, se a opção 1 for utilizada, o aquarista terá que colocar os animais mais exigentes quanto í luz na parte superior do aquário, deixando os menos exigentes para o substrato. Na configuração da opção 1 seria difícil, por exemplo, manter tridacnas no substrato.

4. Tipos de Iluminação para aquário

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Não tenho a pretensão de esgotar o assunto nem de abordar todos os tipos de iluminação existentes. O objetivo é expor os principais sistemas utilizados atualmente.

a) Lâmpadas T5:

São as lâmpadas tipo fluorescentes com reatores especiais. A denominação T vem de "tubular lamps" e o 5 vem do diâmetro da lâmpada, que possui 5/8" (cinco oitavos de polegada), ou seja, 15,9 mm. São encontradas em diferentes potencias. Com elas pode-se obter boa qualidade de iluminação para o aquário. No entanto, para um melhor efeito são necessárias combinações de T5 brancas com lâmpadas actnicas (azuis). Essas lâmpadas devem sempre ser utilizadas com calhas refletoras para um melhor aproveitamento.A potência das lâmpadas fluorescentes indicam o seu tamanho (24 W, 39 W, 54 W e 80 W). 

Potência - comprimento do tubo 24 W - 54,9 cm39 W - 84,9 cm54 W - 114,9 cm80 W - 149,9 cm

Abaixo temos exemplos de faixas de luz emitidas por lâmpadas T5:

T5 Midday Giesemann:

T5 Pure actinic Giesemann:

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As T5 tem vantagem de aquecerem menos e com isso economizam energia elétrica, principalmente por evitar a utilização excessiva do chiller.As desvantagens das T5 são ainda seu preço elevado.O tempo de vida útil é de 6000 a 8000 horas aproximadamente, dependendo do fabricante. Existem belos aquários de SPS´s utilizando somente lâmpadas T5. 

b) Lâmpadas HQI:

O tipo de iluminação que atualmente tem se mostrado mais próximo do ideal custo x benefício são as lâmpadas HQI. Possuem índice Ra de até 93 e valores entre 6.000 e 20.000 K. As lâmpadas HQI possuem radiação UV nas três faixas (UV-A, UV-B e UV-C), por isso, possuem filtro para absorver a radiação UV-C e parte da UV-B. Essas lâmpadas nunca devem ser utilizadas sem filtro, a não ser que o fabricante informe que o bulbo em que são construídas já filtram radiação ultravioleta (UV shield), pois luz HQI não filtrada é nociva para o aquário e para o aquarista!. Existem lâmpadas HQI de 70W, 150 W, 250 W, 400 W e 1.000W. 

As HQI´s necessitam de reatores próprios - que geralmente aquecem bastante - e também de refletores. Elas podem ser tipo faca (double ended) ou tipo rosca.Aqui um exemplo do espectro de luz emitido pela HQI de 14.000K da Giesemann:

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As HQI’s devem ser instaladas sempre a cerca de 15 a 25 cm da superfície da água, pois esquentam muito. O ideal é fixá-las em suportes na lateral do aquário ou pendurá-las diretamente no teto, deixando o móvel do aquário sem tampa.Da mesma forma que as lâmpadas T5, as HQI’s também devem ser utilizadas em combinação com as lâmpadas T5 actínicas.

c) Lâmpadas compactas (PC)

As lâmpadas PC – Power Compact – é um tipo de lâmpada fluorescente que pode ser utilizado tanto para sistemas de aquário de água doce e água salgada. Apresentam custo baixo e é uma solução de baixo consumo de energia elétrica. Essas lâmpadas são disponíveis em uma ampla variedade de cores. Devem ser substituídas a cada 9-12 meses. São utilizadas para aquários somente de peixes ou para aquário de corais que requeiram iluminação de baixa a moderada (corais moles e alguns LPS, se forem colocados bem próximos í fonte luminosa).

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A decisão sobre qual tipo de iluminação é uma das mais importantes. Leia bastante sobre os tipos de animais, escolha os que você gostaria de ter, converse com vários aquaristas e lojistas, consulte sites da Internet e depois decida. 

5.Dicas sobre Iluminação 

1.) Para aproveitar ao máximo as fontes de luz, os aquários não devem possuir tampas de vidro. Para que isso seja possível, não deverão existir bolhas de ar na superfície do aquário, pois estouram e jogam água (e sal) para fora do aquário e nas lâmpadas. 2) Ligue as lâmpadas principais (HQI, T5) a um timer e as luzes actínicas a outro timer. Ligue as actínicas cerca de uma hora antes das demais. Deixe as lâmpadas principais acesas de 8 a 10 horas por dia e as actínicas de 10 a 12 horas. O objetivo é dar a impressão de amanhecer e anoitecer. 3) As lâmpadas HQI´s devem ser trocadas assim que o tempo de vida útil seja ultrapassado.4) As lâmpadas devem ser limpas a cada 2 semanas, para evitar que acúmulo de sujeira possam impedir - ou filtrar - a luz.6) As lâmpadas precisam de reator. Os reatores comuns aquecem bastante. Se possível, instale os reatores longe da superfície da água, de preferência fora da tampa do móvel.7) Não economize na iluminação.8) Leia muito, converse com outros aquaristas.9) Ao trocar as lâmpadas, elas emitirão mais radiação que antes poderão não estar mais acostumados. Uma boa dica é filtrar a luz colocando gaze na frente da lâmpada por cerca de 3 dias, retirando depois ou diminuir o fotoperíodo, reduzindo para 30% do tempo de aumento gradativamente em cerca de 1 semana até o fotoperíodo normal.