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Curso de Capacitação Básica em Ultrassonografia | haroldomillet.com
Haroldo Millet
PRINCÍPIOS FÍSICOS DO ULTRASSOM
O ultrassom é uma onda mecânica, longitudinal produzida pelo movimento
oscilatório das partículas de um meio. As ondas sonoras por ser uma forma de energia
mecânica precisam de um meio físico para se propagar e, portanto não se propagam
no vácuo diferente das ondas com espectro eletromagnético como ondas de radio, luz
e raio-X que podem se propagar no vácuo.
A transmissão da onda sonora está diretamente relacionada com a distância
entre os átomos ou moléculas que compõem o meio, portanto a velocidade do som
sofrerá variações nos diferentes meios.
Os equipamentos de ultrassom determinam as distâncias em função do tempo
entre a emissão do pulso e a recepção do eco. A relação entre velocidade, tempo e
distância já é bem conhecida de todos nós e para facilitar os cálculos foi padronizada
em muitos países a velocidade média de 1540 metros/segundos para os tecidos de
partes moles.
Os ecos de uma estrutura superficial levam muito menos tempo para chegar ao
transdutor que os ecos de uma estrutura mais profunda. Desta maneira o aparelho
está continuamente calculando as distâncias das estruturas do corpo em relação ao
transdutor em função do tempo de retorno.
No ultrassom chamado pulsátil o mesmo transdutor (cristal) que produz o
ultrassom capta o eco que retorna dos tecidos. A produção do som então é realizada
em pequenos pulsos de curta duração (frações de segundo) enquanto o tempo de
recepção é longo, em uma proporção de 1:1000. Tempo de emissão pequeno com
tempo de escuta prolongado.
IMPORTANTE: As ondas mecânicas necessitam do meio material para se propagar (mar,
sísmicas, sonoras). Na propagação da onda mecânica não há transporte de matéria,
mas apenas de energia.
Haroldo Millet
IMPORTANTE: A velocidade de propagação é a velocidade máxima com a qual uma onda
acústica pode se movimentar em um meio. É determinada pela densidade e rigidez
desse meio. É diretamente proporcional à rigidez.
Unidades de velocidade de propagação:
metros/segundo (m/s)
milímetros/microssegundo (mm/us)
A VELOCIDADE DE PROPAGAÇÃO DEPENDE DO MEIO
Padrão: 1540 m/s ou 1,54mm/us
Haroldo Millet
TABELA 1
A VELOCIDADE DE PROPAGAÇÃO DO SOM EM DIVERSOS MEIOS
MEIO VELOCIDADE (m/s)
Ar 300 m/s
Gordura 1450 m/s
Água 1500 m/s
Tecidos 1540 m/s
Sangue 1570 m/s
Musculo 1585 m/s
Osso 4080 m/s
De Wells PNT. Propagation of ultrasonic waves through tissues.In Medical Physics of CT and Ultrasound.
Zagzebsky FG (ed.), New York American Institute of Physics 1980.
FREQUÊNCIA: grandeza que mede a quantidade de vezes em que o fenômeno
periódico se repete na unidade de tempo.
Unidade: ciclo / segundo = hertz (Hz), megahertz (MHz)
Heinrich Rudolf Hertz
Haroldo Millet
COMPRIMENTO DE ONDA: É o espaço percorrido pela onda em um ciclo. Expresso pela letra λ (lambda).
Unidade: metro, centímetro ou milímetro.
Relações entre comprimento de onda, frequência e velocidade de propagação:
comprimento de onda (mm) = velocidade de propagação (mm/u ) / frequência ( MHz)
λ = c / f
Haroldo Millet
PERÍODO: É o tempo gasto pela onda em um ciclo.
Unidades: µ - microssegundo (us)
Um microssegundo é um milionésimo do segundo (0,000001 segundo)
A frequência é o inverso do tempo: f = 1 / t
ULTRASSOM PULSÁTIL: em ultrassonografia diagnóstica pulsos curtos de ultrassom
são utilizados. Isto é denominado ultrassom pulsátil. É produzido pela aplicação de um
pulso elétrico no transdutor.
FREQUÊNCIA DE REPETIÇÃO DO PULSO (PRF): é o numero de pulsos que ocorre
em um segundo.
Unidades: hertz (Hz) e quilohertz (KHz).
PERÍODO DE REPETIÇÃO DO PULSO: é o tempo desde o início de um pulso até o
início do próximo.
Unidades: segundos, milissegundos (0,001 s)
DURAÇÃO DO PULSO: é o tempo que demora para o pulso ocorrer.
É igual ao período multiplicado pelo número de ciclos em um segundo.
Unidade: microssegundo.
OS PULSOS DE ULTRASSOM NORMALMENTE TÊM DURAÇÃO DE UM A TRÊS CICLOS
Haroldo Millet
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO:
1) Se o período aumenta, a duração do pulso ............................
2) Se o número de ciclos em um pulso aumenta, a duração do pulso ...................
3) Se a frequência aumenta, a duração do pulso ….........................................
FATOR DE ATUAÇÃO: é a fração de tempo de emissão do som (na forma de pulsos).
Ele aumenta com o aumento da duração do pulso ou PRF.
Unidade: não tem.
É igual a duração do pulso dividida pelo período de repetição do pulso.
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO:
1) Se a duração do pulso aumenta, o fator de atuação …......................
2) Se o PRP aumenta, o fator de atuação …...............
3) Se o PRF aumenta o fator de atuação …...........................
4) 1-MHz de ultrassom pulsátil, com fator de atuação de 1%, terá quantos ciclos por
segundo ?
Haroldo Millet
COMPRIMENTO ESPACIAL DO PULSO: é o comprimento do espaço no qual o pulso
ocorre. Ele aumenta com o comprimento de onda e com o número de ciclos em um
pulso.
Unidade: milímetro.
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO:
1) Se comprimento de onda aumenta, o comprimento espacial do pulso …...............
2) Se o número de ciclos em um pulso aumenta, o comprimento espacial do pulso
…................
3) Se a frequência aumenta, o comprimento espacial do pulso …....................
AMPLITUDE: é a variação máxima que ocorre na variável acústica. É o valor máximo
subtraído do valor normal (em repouso). Corresponde à altura do sinal sonoro e é
medida em decibéis (dB). Por exemplo, o botão de volume de um amplificador de som
controla a amplitude (altura) do som nas caixas acústicas.
Unidade: depende da variável acústica.
POTÊNCIA: é a quantidade de energia transportada pela onda mecânica na unidade
de tempo.
J/s ou watts (W), ou miliwatts (mW )
INTENSIDADE: é a potência distribuída pela área.
Haroldo Millet
Unidade: W/m2 ; mW/cm2
A intensidade é proporcional ao quadrado da amplitude.
Haroldo Millet
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO:
1) Se a amplitude é dobrada , a intensidade é …......................
2) Se a amplitude é diminuída pela metade, a intensidade .............................................
ATENUAÇÃO: é a perda de energia a medida que a onda se propaga no meio. Essa
perda pode ser devida à dispersão, refração, absorção ou reflexão do feixe acústico.
Supõe-se que o corpo humano promova uma atenuação ao redor de 1 dB/cm/MHz,
embora a do tecido ósseo seja de 20 dB/cm/MHz e a do pulmão seja de 41
dB/cm/MHz.
Haroldo Millet
Unidade: decibéis (dB)
Coeficiente de atenuação: é a atenuação por comprimento unitário do trajeto da
onda sonora. Para partes moles, ele é de aproximadamente metade da frequência do
transdutor.
Atenuação (dB): coeficiente de atenuação (dB / cm) x comprimento do trajeto (cm).
ABSORÇÃO: é a conversão do som em calor. É a maior fonte de atenuação nos
tecidos moles.
DISPERSÃO: a dispersão difusa é o redirecionamento do feixe sonoro após atingir
contornos pequenos ou irregulares, quando o comprimento de onda é maior que a
superfície refletora. O parênquima hepático e as hemácias representam uma
dispersão difusa.
REFLEXÃO: é o retorno de uma porção do feixe de ultrassom de volta ao transdutor
(um eco).
REFLEXÃO ESPECULAR: ocorre quando o comprimento de onda do pulso é muito
menor que o contorno atingido por ele, e a superfície refletora é mais suave.
Exemplos: diafragma, capsula do fígado e as paredes da vesícula biliar.
Haroldo Millet
TABELA 2
VALORES DE ATENUAÇÃO EM DECIBÉIS
Decibéis (dB ) Valor
- 3 dB ( ½ ) 0,5
- 6 dB ( ¼ ) 0,25
- 9 dB ( ⅛ ) 0,13
- 10 dB (1/10) 0,10
- 20 dB (1/100) 0,01
- 30 dB ( 1/ 1000) 0,001
CURVA DE GANHO: também chamada de curva de TGC (time gain compensation).
Permite controlar o ganho em diferentes profundidades. É muito útil na obtenção de
uma imagem homogênea, reduzindo ampliação dos ecos próximos ao transdutor (mais
intensos) e aumentando a dos ecos mais distantes (mais fracos). É um dos controles
mais importantes do equipamento de ultrassom.
IMPEDÂNCIA ACÚSTICA: é a resistência que o meio impõe a propagação do feixe
acústico. É representado pelo símbolo Z. Depende das propriedades elásticas e da
densidade das substâncias. Podemos considerar que impedância é igual à velocidade
de propagação multiplicada pela densidade.
INTERFACE: superfície de separação entre dois meios com impedâncias acústicas
diferentes. Quando uma onda mecânica incide nesta superfície, parte da onda é
refletida, gerando um eco e parte é transmitida (refratada), propagando-se ao outro
meio.
INCIDÊNCIA PERPENDICULAR: denominada incidência normal na geometria. Ocorre
quando a direção de propagação do ultrassom é perpendicular à interface entre dois
meios.
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Na incidência perpendicular o som pode ser refletido, transmitido ou ambos. As
intensidades dos sons refletidos e transmitidos dependem da intensidade do som
incidente e das impedâncias dos dois meios.
INCIDÊNCIA OBLÍQUA: ocorre quando a direção de propagação do ultrassom não é
perpendicular à interface entre dois meios
O ângulo de transmissão depende das velocidades de propagação no meio. Uma modificação na direção do som (ângulo de transmissão diferente do ângulo de
incidência) quando atravessa uma interface é denominada refração (do latim,
significando virar para um lado).
O ângulo de transmissão é maior do que o ângulo de incidência se a velocidade de
propagação no meio dois é maior do que a velocidade de propagação no meio um.
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO:
1) Se a frequência aumenta o período ….....................
2) Se a frequência aumenta, o comprimento de onda …................
3) Se a frequência aumenta, a duração do pulso.........................
4) Se a frequência aumenta, o comprimento espacial do pulso ….....................
5) Se a frequência aumenta, a atenuação …....................
6) Se a frequência aumenta, a profundidade da imagem …...............
RESOLUÇÃO: é a menor distância entre dois pontos para que sejam considerados
dois pontos.
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RESOLUÇÃO AXIAL: é a separação mínima necessária entre os refletores ao longo
da direção de propagação do (ao longo da linha de varredura), a fim de produzir ecos
separados. Também chamada de resolução longitudinal, de escala ou de
profundidade.
É igual ao comprimento espacial do pulso.
Resolução axial (mm): comprimento espacial do pulso (mm)/2
A resolução axial é como a contagem de pontos no golf: quanto menor, melhor. O número de ciclos em cada pulso pode ser reduzido pelo amortecimento do
transdutor.
Geralmente a resolução axial é da ordem de 1 mm.
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EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO:
1) Se o comprimento espacial do pulso aumenta, a resolução axial …........... 2) Se o número de ciclos por pulso aumenta, a resolução axial ….............. 3) Se a frequência aumenta, a resolução axial ….......................
RESOLUÇÃO LATERAL: depende do diâmetro do feixe acústico. Se o espaço que
separa dois refletores lado a lado é maior do que o diâmetro do feixe, dois
objetos separados são produzidos quando ocorre a varredura. A resolução lateral é também denominada de resolução transversal, angular ou
azimutal.
A resolução lateral é melhorada pela redução do diâmetro do feixe.
A melhor maneira de reduzir o diâmetro do feixe é através da focalização.
A resolução lateral é da ordem de 2 a 3 mm.
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FOCALIZAÇÃO: é o estreitamente do feixe acústico provocado por meios mecânicos
(lentes acústicas) e/ou eletrônicos (phased array) para melhorar a resolução lateral.
TRANSDUTORES: denomina-se transdutor todo equipamento ou dispositivo apto a
transformar um sinal transportado por um tipo de energia, num sinal equivalente
transportado por outro tipo de energia.
Exemplos de transdutores: lâmpada de luz, automóvel, ouvido forno, bateria
microfone, auto-falante.
EFEITO PIEZELÉTRICO: descrito pelos irmãos Pierre e Jacques Curie em 1880 - na
Sorbone.
Trata-se da peculiaridade que alguns cristais têm de, ao serem submetidos a esforços
mecânicos, apresentarem polarização elétrica em suas faces. Reciprocamente, se as
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faces do cristal forem submetidas a diferença de potencial elétrico, surgirão no cristal
tensões internas que provocarão alteração nas dimensões do mesmo.
Quando aplicamos ao cristal uma voltagem alternada numa determinada frequência,
ele, devido às deformações que sofre passa a vibrar com a mesma frequência,
produzindo no meio circundante uma onda mecânica. Se a frequência do sinal elétrico
for suficientemente elevada, a onda produzida será ultrassônica. Reciprocamente, se
uma onda ultrassônica incidir no cristal, as vibrações nele induzidas produzirão o
aparecimento de uma voltagem alternada entre suas faces. Este sinal elétrico pode ser
amplificado e processado eletronicamente, permitindo a detecção do sinal
ultrassônico.