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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ENGENHARIA AGRÍCOLA ISAAC EDUARDO PINTO ULTRASSONOGRAFIA E ESCLEROMETRIA APLICADAS A UMA MISTURA DE CONCRETO ASFÁLTICO CAMPINAS 2018

ULTRASSONOGRAFIA E ESCLEROMETRIA APLICADAS A …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/331288/1/Pinto_Isaac... · os quais foram submetidos aos ensaios de ultrassom com transdutores

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ENGENHARIA AGRÍCOLA

ISAAC EDUARDO PINTO

ULTRASSONOGRAFIA E ESCLEROMETRIA APLICADAS A

UMA MISTURA DE CONCRETO ASFÁLTICO

CAMPINAS

2018

ISAAC EDUARDO PINTO

ULTRASSONOGRAFIA E ESCLEROMETRIA APLICADAS A

UMA MISTURA DE CONCRETO ASFÁLTICO

Tese apresentada à Faculdade de Engenharia

Agrícola da Universidade Estadual de

Campinas como parte dos requisitos exigidos

para obtenção do título de Doutor em

Engenharia Agrícola, na Área de Concentração

Construções Rurais e Ambiência.

Orientador: Prof. Dr. JULIO SORIANO

Coorientadora: Profa. Dra. RAQUEL GONÇALVES

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À

VERSÃO FINAL DA TESE DEFENDIDA

PELO ALUNO ISAAC EDUARDO PINTO E

ORIENTADA PELO PROF. DR. JULIO

SORIANO

CAMPINAS

2018

Agência(s) de fomento e nº(s) de processo(s): Não se aplica.

Ficha catalográfica

Universidade Estadual de Campinas Biblioteca da Área de Engenharia e Arquitetura

Luciana Pietrosanto Milla - CRB 8/8129

Pinto, Isaac Eduardo, 1968- P658u

Ultrassonografia e Esclerometria aplicadas a uma mistura de concreto asfáltico /

Isaac Eduardo Pinto. – Campinas, SP: [s.n.], 2018.

Orientador: Julio Soriano.

Coorientador: Raquel Gonçalves

Tese (doutorado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia

Agrícola.

1. Testes não destrutivos. 2. Ultrassom. 3. Pavimentos Flexíveis 4. Concreto

asfáltico. 5. Resiliência. I. Soriano, Julio, 1967. II. Gonçalves, Raquel, 1961. III.

Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Engenharia Agrícola. IV. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Ultrasonography and sclerometer applied to hot mix asphalt

Palavras-chave em Inglês:

Nondestructive tests

Ultrasonic

Flexible pavement

Asphalt concrete

Resilience

Área de concentração: Construções Rurais e Ambiência.

Titulação: Doutor em Engenharia Agrícola

Banca examinadora:

Julio Soriano [Orientador]

Cinthya Bertoldo Pedroso

Marcelo de Castro Takeda

Alexandre Lorenzi

Gisleiva Cristina dos Santos Ferreira

Data da defesa: 08-02-2018

Programa de Pós-Graduação: Engenharia Agrícola

Este exemplar corresponde à redação final da Dissertação de Doutorado defendida por

Isaac Eduardo Pinto, aprovada pela Comissão Julgadora em 08 de fevereiro de 2018,

na Faculdade de Engenharia Agrícola da Universidade Estadual de Campinas.

________________________________________________________________

Prof. Dr. Julio Soriano – Presidente e Orientador

FEAGRI/UNICAMP

___________________________________________________________________

Profa. Dra. Cinthya Bertoldo Pedroso – Membro Titular

FEAGRI/UNICAMP

________________________________________________________________

Prof. Dr. Marcelo de Castro Takeda – Membro Titular

Depto de Engenharia Civil/UFSCar

________________________________________________________________

Prof. Dr. Alexandre Lorenzi – Membro Titular

Depto de Engenharia Civil/LEME/UFRGS

________________________________________________________________

Profa. Dra. Gisleiva Cristina dos Santos Ferreira – Membro Titular

FACULDADE DE TECNOLOGIA/UNICAMP

A Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no

processo de vida acadêmica do discente.

AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador Prof. Dr. Julio Soriano, por ter acreditado e depositado sua

confiança no trabalho, pela dedicação, acompanhamento, orientação e ensinamentos durante

todos esses anos de pesquisa. Meus sinceros votos de agradecimento também pela

receptividade na faculdade.

À Profa. Dra. Raquel Gonçalves, pela coorientação e ensinamentos oferecidos,

fundamentais para o desenvolvimento deste trabalho.

A toda equipe da Egis e do Centro de Pesquisa Rodoviária (CPR-NovaDutra),

pelo apoio nos ensaios de laboratório, meu sincero reconhecimento, ao Rodrigo Augusto

Duarte Gordinho da Proceq SAO Equipamentos de Medição Ltda. pelo empréstimo do

esclerômetro de baixa energia e por estar sempre disponível a colaborar com a pesquisa, e ao

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo pelo apoio a capacitação de

seus docentes e funcionários.

A todos os professores da Feagri/UNICAMP, pelos ensinamentos transmitidos e

aos funcionários, que em algum momento, fizeram parte desse trabalho. Em especial ao

professor Inacio Dal Fabbro pela amizade e companheirismo demonstrado durante todos os

anos do trabalho.

A todos os amigos de pós-gradução e do LabEnd, que direta ou indiretamente,

ajudaram no desenvolvimento desta pesquisa, em especial à colega engenheira agrícola Nádia

Schiavon da Veiga e ao técnico de laboratório engenheiro agrícola Paulo Gustavo Krejci

Nunes.

Ao meu pai, “in memórian”, que sempre me apoiou e incentivou nos estudos e

pelo seu esforço, preocupação e sacrifícios para tornar tangíveis meus sonhos, à minha Mãe e

meus irmãos, que mesmo distantes, apoiaram e contribuíram com amor e carinho em mais

esta etapa da minha vida.

À minha esposa, sempre presente, acreditando, incentivando e apoiando em todos

os momentos e aos meus filhos pelo amor e carinho.

Finalmente, a todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para o

desenvolvimento e concretização desse trabalho.

RESUMO

O procedimento mais difundido e utilizado no Brasil para dosagem de uma mistura do tipo

concreto asfáltico é o método Marshall. Atualmente, os procedimentos para determinação do

teor ótimo de asfalto obtido pela dosagem Marshall vem sofrendo algumas alterações com

relação à adoção dos parâmetros de estabilidade e fluência como pré-requisitos, sendo a

adoção do volume de vazios um parâmetro volumétrico que tem sido bastante utilizado na

escolha do teor de projeto. A falta de ligante asfáltico numa mistura acarreta fadiga precoce e,

por outro lado, o excesso faz diminuir sua resistência. Na avaliação da qualidade e rigidez do

concreto asfáltico como camada de revestimento, o módulo de resiliência é considerado o

principal parâmetro obtido por ensaios de corpos de prova moldados em laboratório ou

retirados da pista de rolamento. Atualmente, o comportamento das misturas asfálticas

avaliadas por técnicas de ensaios não destrutivos (END) é pouco conhecido, principalmente,

quando se trata dessas tecnologias aplicadas às análises em laboratório. Neste contexto, o

objetivo desta tese foi analisar o comportamento do teor de asfalto, do volume de vazios e do

módulo de resiliência nos resultados dos END de ultrassom e de esclerometria, aplicados a

uma mistura de concreto asfáltico. Para tanto, foi elaborada uma mistura com 4 teores (4,0%,

4,8%, 5,6% e 6,6%) de cimento asfáltico de petróleo (CAP) e moldados 100 corpos de prova,

os quais foram submetidos aos ensaios de ultrassom com transdutores de face exponencial na

frequência de 45 kHz e de face plana com frequências de 80 kHz, 500 kHz e 1000 kHz, bem

como ao ensaio de esclerometria com impactos aplicados na direção diametral por um

equipamento de baixa energia (0,735 N.m). Os módulos de resiliência foram obtidos por

ensaio de cargas repetidas. Os resultados mostraram para os transdutores com frequências de

500 kHz e 45 kHz, em ambas as direções (longitudinal e transversal), um comportamento

semelhante nas correlações das velocidades de propagação do pulso ultrassônico (VPU) com

o teor de asfalto e com o volume de vazios, apresentando funções com concavidades voltadas

para baixo. Na frequência de 500 kHz foi registrada a maior VPU no ponto ótimo de asfalto.

A esclerometria apresentou um comportamento similar, com inflexão da curva entre os teores

de 4,8% e 5,6% CAP. Os módulos de elasticidade longitudinais (EL) registraram para as

frequências de 1000 kHz e 500 kHz, na direção longitudinal, comportamento semelhante,

apresentando valores crescentes até teores entre 4,0% e 4,8% de CAP, seguido do decréscimo

e maior EL no ponto ótimo de asfalto. As boas correlações de CAP com o módulo de

elasticidade e esclerometria, do módulo de resiliência com a VPU e com o módulo de

elasticidade, e do volume de vazios com a velocidade da onda, mostram que os ensaios de

ultrassonografia e de esclerometria têm potencial para avaliação desses parâmetros da mistura

asfáltica.

Palavras chave: Ensaio não destrutivo; pavimento flexível; concreto betuminoso; asfalto;

módulo de resiliência.

ABSTRACT

The most common and most popular procedure used in Brazil to dosage of asphalt concrete

mix is the Marshall method. Currently the procedures for determining the optimum asphalt

binder content obtained by the Marshall mix design have undergone some changes in relation

to the adoption of stability and flowing parameters as prerequisites. Thus, the adoption of void

content is a volumetric parameter that has been widely used in the choice of a design content.

The lack of an asphalt binder in a mix causes premature fatigue and, on the other hand, its

excess reduces its strength. In the assessment of quality and stiffness of the Hot Mix Asphalt

(HMA) as a surface course, the resilient modulus is considered the main parameter, obtained

by testing specimens molded in the laboratory or collected from the roads. Nowadays the

behavior of asphalt mixtures evaluated by nondestructive testing (NDT) is little known,

especially dealing with these technologies to analyses in laboratories. Therefore, the aim of

this research was to analyze the behavior of asphalt content, of void content and of the

resilient modulus in the results NDT by ultrasonic and sclerometric tests applied to a HMA

mix. For this purpose, a mix was prepared with for different contents (4.0%, 4.8%, 5.6% and

6.6%) of petroleum asphalt cement (PAC) and 100 specimens were submitted to ultrasonic

tests with exponential probe transducers at 45 kHz frequency, and with flat transducers at 80

kHz, 500 kHz and 1000 kHz frequencies, as well as to a sclerometric test with impacts

applied in the diametral direction by low energy equipment (0.735 Nm). Resilient moduli

were obtained by repeated load testing. The results for the 500 kHz and 45 kHz frequency

transducers showed in longitudinal and diametral directions, a similar behavior in the

correlations of ultrasonic pulse velocity (UPV) with the asphalt content and in the void

content, displaying a concave downward function. At 500 kHz frequency the highest UPV

was registered at the optimum asphalt point (4.8%). Sclerometry presented a similar behavior,

with a curve inflection between 4.8% and 5.6% PAC. The longitudinal elastic moduli (EL)

registered a similar behavior for 1000 kHz and 500 kHz frequencies in the longitudinal

direction, showing increasing values up to 4.0% and 4.8% PAC, followed by a decrease and a

higher EL at the optimum point of asphalt. The good correlations of PAC with the modulus of

elasticity and sclerometry, of the resilient modulus with UPV and the modulus of elasticity,

and of the void content with the wave velocity, show that the ultrasonic and sclerometric tests

have the potential to evaluate these parameters in HMA.

Keywords: Nondestructive testing; flexible pavement; bituminous concrete; asphalt; resilient

modulus.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Corpos de prova de concreto asfáltico convencional moldados no padrão

Marshall ............................................................................................................................

23

Figura 2. Demarcação dos corpos de prova, com auxílio de gabarito, nas duas direções

de medição ........................................................................................................................

25

Figura 3. Medição do tempo de percurso da onda com equipamento Epoch 4 –

Panametrics .......................................................................................................................

25

Figura 4. Demarcação dos pontos para os ensaios de VPU: (a) Panametrics; (b) USLab 26

Figura 5. Medição do tempo de percurso da onda com equipamento USLab –

AGRICEF .........................................................................................................................

26

Figura 6. Ensaio de esclerometria: (a) fixação do CP; (b) execução dos impactos .......... 28

Figura 7. Prensa universal UTM-25 para realização dos ensaios de módulo de

resiliência ..........................................................................................................................

29

Figuras da Seção 3.1 Artigo 1

Figura 1. Demarcação dos pontos para os ensaios de ultrassonografia e de

esclerometria .....................................................................................................................

35

Figura 2. Equipamento de VPU Epoch 4 – Panametrics .................................................. 35

Figura 3. Direções de propagação das ondas de ultrassom .............................................. 36

Figura 4. Execução do ensaio de esclerometria ................................................................ 37

Figura 5. Ensaio de compressão diametral de cargas repetidas para obtenção do

módulo de resiliência ........................................................................................................

38

Figura 6. Módulo de elasticidade por ultrassom versus teor de CAP: a) direção

longitudinal; b) direção diametral ....................................................................................

45

Figura 7. Comportamento da esclerometria: a) com o teor de asfalto; b) com o módulo

de resiliência .....................................................................................................................

46

Figura 8. VPU versus módulo de resiliência: (a) direção longitudinal; (b) direção

diametral ...........................................................................................................................

47

Figura 9. Módulo de elasticidade por VPU versus módulo de resiliência: a) direção

longitudinal; b) direção diametral ....................................................................................

48

Figuras da Seção 3.2 Artigo 2

Figura 1. Corpos de prova de concreto asfáltico .............................................................. 58

Figura 2. Faixa granulométrica da mistura asfáltica ........................................................ 59

Figura 3. Demarcação dos pontos para os ensaios de ultrassonografia e de

esclerometria .....................................................................................................................

60

Figura 4. Equipamento de ultrassom com transdutores: (a) faces exponenciais; (b)

faces planas .......................................................................................................................

60

Figura 5. Direções do ensaio com o ultrassom ................................................................. 61

Figura 6. Execução do ensaio de esclerometria ................................................................ 61

Figura 7. Correlação entre a VPU e o volume de vazios: (a) 45 kHz, direção

longitudinal; (b) 45 kHz, direção diametral; (c) 80 kHz, direção longitudinal; (d) 80

kHz, direção diametral ......................................................................................................

66

Figura 8. Correlação entre o índice esclerométrico e o volume de vazios ....................... 67

Figura 9. Função de ajuste para o índice esclerométrico médio ....................................... 68

Figuras da Seção Apêndices

Figura A1.1 Granulometria dos agregados ....................................................................... 90

Figura A1.2 Características Marshall da mistura ............................................................. 91

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Requisitos para dosagem de concreto asfáltico de acordo com DNIT ES 031

(2006) ..............................................................................................................................

23

Tabela 2. Faixas granulométricas preconizadas pelo DNIT para concreto asfáltico ...... 24

Tabelas da Seção 3.1 Artigo 1

Tabela 1. Velocidades de propagação de ondas de ultrassom com transdutores de

ondas longitudinais na direção longitudinal com 1000 kHz (VL1000) e 500 kHz (VL500),

e na direção diametral com 1000 kHz (VD1000) e 500 kHz (VD500) .................................

40

Tabela 2. Resultados dos ensaios de esclerometria ......................................................... 41

Tabela 3. Módulos de Elasticidade obtidos pelo método de propagação de ondas

ultrassônicas nas direções longitudinal com transdutores de 1000 kHz (EL 1000) e de

500 kHz (EL 500) e diametral com transdutores de 1000 kHz (ED 1000) e de 500 kHz (ED

500) e módulos de resiliência (MR) ...................................................................................

42

Tabela 4. Agrupamento e assimetria dos módulos de elasticidade calculados por

ultrassonografia nas direções longitudinal (EL) e diametral (ED) e do módulo de

resiliência (ER) .................................................................................................................

43

Tabelas da Seção 3.2 Artigo 2

Tabela 1. Materiais utilizados na moldagem dos corpos de prova .................................. 58

Tabela 2. Parâmetros volumétricos das misturas asfálticas ............................................. 59

Tabela 3. Volume de vazios da mistura asfáltica ............................................................ 62

Tabela 4. Valores médios da velocidade de propagação do pulso ultrassônico com

transdutores de frequências 45 kHz e 80 kHz, nas direções longitudinal (VL45 e VL80) e

diametral (VD45 e VD80) ....................................................................................................

63

Tabela 5. Índices esclerométricos .................................................................................... 65

Tabela 6. Parâmetros e modelos da regressão entre velocidade da onda e volume de

vazios ...............................................................................................................................

67

Tabela 7. Parâmetro e modelo da regressão entre o índice esclerométrico e o volume

de vazios ..........................................................................................................................

67

Tabela do Capítulo 4 Discussão Geral

Tabela 3. Relação entre o comprimento médio dos corpos de prova e a frequência

(L/) ................................................................................................................................

77

Tabelas da Seção Apêndices

Tabela A1.1. Densidades da mistura de agregados ......................................................... 90

Tabela A1.2. Característica do Cimento Asfáltico de Petróleo (CAP 50/70) ................. 90

Tabela A1.3. Temperatura dos Materiais para Moldagem (ºC) ...................................... 90

Tabela A1.4. Distribuição Granulométrica ..................................................................... 91

Tabela A2.1. Densidades dos 12 corpos de prova que compuseram o artigo 1 .............. 93

Tabela A2.2. Velocidades longitudinais de propagação de ondas de ultrassom com

transdutores de frequência 1000 kHz e 500 kHz nas direções longitudinal e diametral

de medição .......................................................................................................................

93

Tabela A2.3. Módulos de Elasticidade longitudinais (EL) obtidos por ultrassom com

transdutores de frequência 1000 KHz e 500 kHz nas direções longitudinal e diametral

de medição e de Resiliência (MR) ...................................................................................

94

Tabela A2.4. Parâmetros das misturas asfálticas (4,0% CAP) ........................................ 95

Tabela A2.5. Parâmetros das misturas asfálticas (4,8% CAP) ........................................ 96

Tabela A2.6. Parâmetros das misturas asfálticas (5,6% CAP) ........................................ 97

Tabela A2.7. Parâmetros das misturas asfálticas (6,6% CAP) ........................................ 98

Tabela A2.8. Velocidades de propagação do pulso ultrassônico com transdutores de

frequência 45 kHz na direção longitudinal de medição ..................................................

99

Tabela A2.9. Velocidades de propagação do pulso ultrassônico com transdutores de

frequência 45 kHz na direção diametral de medição .......................................................

100

Tabela A2.10. Velocidades de propagação do pulso ultrassônico com transdutores de

frequência 80 kHz na direção longitudinal de medição ..................................................

101

Tabela A2.11. Velocidades de propagação do pulso ultrassônico com transdutores de

frequência 80 kHz na direção diametral de medição .......................................................

102

Tabela A2.12. Esclerometria ........................................................................................... 103

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ASTM American Society for Testing and Materials

CA concreto asfáltico

CAP cimento asfáltico de petróleo

CBUQ concreto betuminoso usinado a quente

CH cal hidratada

CP corpo de prova

DNER Departamento Nacional de Estradas de Rodagem

DNIT Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes

END Ensaio Não Destrutivo

EUA Estados Unidos da América

LVDT linear variable differential transformer

MR módulo de resiliência

PMSP Prefeitura Municipal de São Paulo

RBV relação betume-vazios

RILEM Réunion Internationale des Laboratoires et Experts des Matériaux

SP São Paulo

UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

UTM Universal Testing Machine

VPU velocidade de propagação do pulso ultrassônico

VV volume de vazios

LISTA DE SÍMBOLOS

mm milímetro

m metro

% porcentagem

s segundo

s microssegundo

°C grau Celcius

Hz Hertz

kHz Quilo-hertz

kgf Quilograma-força

MPa Mega Pascal

comprimento da onda

densidade

t tensão de tração

R deformação específica recuperável

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO GERAL .............................................................................................. 17

2 MATERIAIS E MÉTODOS ......................................................................................... 21

2.1 Moldagem dos corpos de prova e teor ótimo de asfalto ........................................ 21

2.2 Ensaios laboratoriais .............................................................................................. 23

2.2.1 Ensaio de velocidade de propagação do pulso ultrassônico (VPU) ............... 25

2.2.2 Ensaio de esclerometria ................................................................................. 27

2.2.3 Ensaio de módulo de resiliência .................................................................... 28

3 ARTIGOS ....................................................................................................................... 30

3.1 ARTIGO 1 – ENSAIOS ESCLEROMÉTRICOS E DE ULTRASSONOGRAFIA

APLICADOS AO CONCRETO ASFÁLTICO COM DIFERENTES TEORES DE

LIGANTE ........................................................................................................................... 30

RESUMO ....................................................................................................................... 31

ABSTRACT ................................................................................................................... 32

INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 33

MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................................... 34

Teor Ótimo de Asfalto ................................................................................................. 34

Ensaios não destrutivos e convencionais ..................................................................... 35

RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................................. 38

Correlações dos resultados dos métodos de ensaios .................................................... 44

Correlação entre módulo de elasticidade obtido pela velocidade de propagação do

pulso ultrassônico e teor de CAP .................................................................................

44

Correlações entre o índice esclerométrico e o teor de CAP e, entre o índice

esclerométrico e o módulo de resiliência .................................................................... 45

Correlação entre a velocidade de propagação do pulso ultrassônico e o módulo de

resiliência .....................................................................................................................

46

Correlação entre módulo de elasticidade longitudinal obtido pela velocidade de

propagação do pulso ultrassônico e o módulo de resiliência ......................................

47

CONCLUSÕES ............................................................................................................. 48

AGRADECIMENTO ..................................................................................................... 49

REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 50

3.2 ARTIGO 2 – INFLUÊNCIA DO VOLUME DE VAZIOS EM UMA MISTURA

ASFÁLTICA NOS ENSAIOS DE PROPAGAÇÃO DE ONDAS ULTRASSÔNICAS E

DE ESCLEROMETRIA .....................................................................................................

52

RESUMO ....................................................................................................................... 53

ABSTRACT ................................................................................................................... 54

INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 55

MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................................... 57

Características da Mistura ........................................................................................... 58

Ensaios ......................................................................................................................... 60

RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................................. 62

Correlações dos resultados dos métodos de ensaios .................................................... 65

Correlação entre a velocidade de propagação do pulso ultrassônico e o volume de

vazios ...........................................................................................................................

65

Correlação entre o índice esclerométrico e o volume de vazios ................................. 67

CONCLUSÕES ............................................................................................................. 68

AGRADECIMENTOS .................................................................................................. 69

BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................... 70

4 DISCUSSÃO GERAL ................................................................................................... 73

4.1 Comportamento da variação do teor de asfalto e do módulo de resiliência

avaliados pela velocidade de propagação do pulso ultrassônico e esclerometria .......

73

4.2 Influência do volume de vazios avaliados pela velocidade de propagação do

pulso ultrassônico e esclerometria ...............................................................................

76

5 CONCLUSÃO GERAL ................................................................................................ 81

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 83

APÊNDICES ...................................................................................................................... 88

Apêndice 1 – Características dos materiais ........................................................................ 89

Apêndice 2 – Resultados dos ensaios ................................................................................. 92

17

1 INTRODUÇÃO GERAL

As estradas possuem um papel fundamental na infraestrutura rodoviária com uma

importância significativa quanto ao aspecto sócio-econômico do país, uma vez que são o

principal meio de acesso e mobilidade para o escoamento da produção agropecuária e

florestal, bem como para as atividades básicas de saúde e educação.

A maioria das estradas brasileiras não são pavimentadas, devido à falta de

recursos técnicos e financeiros e, portanto, geralmente são construídas de forma muito

simples por camadas sobrepostas e compactadas com solo local. Muitas vezes, para oferecer

condições de trafegabilidade, a última camada de rolamento recebe apenas uma cobertura de

uma mistura de materiais granulares e argilosos. E, em decorrência do grande volume de

tráfego nessas estradas, este tipo de revestimento conhecido como revestimento primário,

sujeita-se ao desgaste superficial e a perda de aderência, ocasionando descolamento e

degradação dos agregados expostos, intensificando os danos no leito da estrada e os riscos de

acidentes. Como exemplo tem-se a segregação de agregados, fenômeno pelo qual as

partículas soltas se deslocam, oferecendo risco ao tráfego de veículos e obstrução do sistema

de drenagem.

A falta de manutenção ou mesmo de pavimentação dessas estradas por um longo

período de tempo tornam essas vias intrafegáveis e, como consequência os produtos

agropecuários transportados por estradas em tais condições ou em péssimo estado de

conservação têm seus custos acrescidos, prejudicando a produção final.

O desenvolvimento de um país requer o aumento de vias pavimentadas para

interligação de cidades e municípios, com mais conforto, qualidade e segurança. No caso, as

estradas rurais beneficiam a produção agrícola, reduzindo o custo operacional de veículos e

máquinas que utilizam este modal de transporte. Portanto, devem apresentar capacidade de

suporte para as cargas impostas pelo tráfego e condições de rolamento garantindo segurança

ao usuário.

A pavimentação de uma estrada rural é simples, comparada à de grandes rodovias,

pois não implica em grandes tecnologias de materiais e equipamentos. Nos serviços de

pavimentação, sua estrutura é formada por materiais locais, empregados solos, agregados e

materiais asfálticos, com uso de equipamentos simples como escarificadores, motoniveladoras

e rolos compactadores. Geralmente são construídas em regiões de pequena declividade com

rapidez e baixo custo, sobre o leito natural, com serviços de terraplenagem e compactação das

18

estruturas das camadas e não são projetadas para um elevado volume de tráfego, facilitando

ainda mais sua construção.

Nesse contexto, verifica-se a necessidade da pavimentação das estradas ou a

aplicação de um revestimento asfáltico sobre o leito das mesmas, a fim de proporcionar

melhores condições de trafegabilidade das vias.

Um dos revestimentos mais utilizados no Brasil como camada final de rolamento

em pavimentação asfáltica é o concreto asfáltico (CA) ou concreto betuminoso usinado a

quente (CBUQ), cujos requisitos de qualidade e desempenho são atendidos com um projeto

adequado de dosagem da mistura asfáltica.

Na dosagem de um concreto asfáltico podem-se empregar vários teores de asfalto

que implicam no custo da pavimentação da via ou rodovia, uma vez que o produto asfáltico é

o mais oneroso na composição do concreto asfáltico. O excesso do material ligante pode

acarretar deformações plásticas excessivas na camada de revestimento, quando submetido à

ação do tráfego. Por outro lado, a insuficiência do mesmo, poderá resultar em um

revestimento permeável, pouco durável, sujeito ao aparecimento de fissuras e a um acentuado

desgaste superficial. Tais situações poderão comprometer o pavimento no seu desempenho, de

forma a reduzir sua vida útil.

A determinação de um teor ideal de projeto do ligante asfáltico, com o volume de

vazios (VV) adequado para a mistura asfáltica e com rigidez suficiente para receber as cargas

do tráfego, é de fundamental importância na construção do pavimento, para garantir a

segurança ao usuário bem como durar o período de projeto especificado. A mistura adequada

deve atender aos requisitos necessários, eliminar o risco de manifestações patológicas e

garantir segurança e conforto aos usuários da via.

No que se refere à rigidez de uma mistura betuminosa ou de um revestimento de

concreto asfáltico, é essencial o conhecimento das propriedades mecânicas, como por

exemplo, o módulo de resiliência (MR), que representa a relação entre a tensão aplicada

repetidamente num plano diametral vertical de uma amostra cilíndrica e a correspondente

deformação específica recuperável. O conhecimento dessa propriedade permite predições das

tensões e deformações provenientes do tráfego e projetar misturas asfálticas resistentes à

fadiga e deformações excessivas e com maior durabilidade.

Face ao exposto, é de fundamental importância avaliar o teor de asfalto, o volume

de vazios e a rigidez da mistura asfáltica, garantido assim condições e parâmetros

especificados em projeto e a vida útil do pavimento. Tais parâmetros são obtidos em

condições de laboratório por ensaios tradicionais que danificam o corpo de prova e necessitam

19

a confecção ou, a extração de amostras de campo e em grande quantidade. Portanto, análise

para o entendimento do comportamento da mistura betuminosa necessita de ensaios que

comprovem suas propriedades. Grande parte destes ensaios é complexa e exige aporte

financeiro para aquisição de equipamentos. Busca-se, portanto, alternativas para aplicações de

métodos não destrutivos na avaliação de pavimentos para prover informações das

propriedades físicas e mecânicas dos materiais, bem como fornecer dados para inspeção e

controle tecnológico em campo. No Brasil, alguns Ensaios Não Destrutivos (END) são

normalizados pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), como o caso dos

ensaios de esclerometria e da velocidade de propagação do pulso ultrassônico (VPU),

métodos estes, que possibilitam avaliação da dureza superficial do material, auxiliam na

obtenção da resistência e rigidez de peças ou estruturas, bem como na investigação de

manifestações patológicas. O auxílio da tecnologia de END tem se ampliado nos diversos

ramos da engenharia, devido a praticidade proporcionada pelos equipamentos, rapidez na

aquisição dos dados, custos inferiores comparados aos ensaios tradicionais e confiabilidade

nos resultados.

Assim, com a hipótese de que a velocidade de propagação do pulso ultrassônico e

a esclerometria são afetadas pelos parâmetros de dosagem do concreto asfáltico, esta pesquisa

teve como principal objetivo analisar o comportamento das respostas dos métodos de VPU e

de esclerometria em função da porcentagem de asfalto, do volume de vazios e do módulo de

resiliência de uma mistura asfáltica convencional. Para tanto, foram estabelecidas correlações

desses parâmetros com as respostas obtidas por ambos os métodos de ensaios não destrutivos.

Para que o objetivo principal desta pesquisa fosse alcançado foram propostos os

seguintes objetivos específicos:

- avaliar a influência na velocidade de propagação do pulso ultrassônico e no

módulo de elasticidade longitudinal obtidos por meio do ultrassom (com transdutores de

frequências de 1000 kHz e 500 kHz), bem como nos impactos esclerométricos em uma

mistura de concreto asfáltico convencional dosada com quatro teores diferentes de asfalto;

- analisar o comportamento do material, por meio de correlações, do módulo de

resiliência com a velocidade de propagação de ondas longitudinais e com os módulos de

elasticidade longitudinais nas frequências de 1000 kHz e 500 kHz, bem como a esclerometria;

- avaliar a influência do volume de vazios, decorrentes da variação do teor de

asfalto, por ensaios de VPU (com transdutores de frequências 45 kHz e 80 kHz) e

esclerometria.

20

A partir dos objetivos específicos, foram redigidos dois artigos para compor o

corpo desta tese e inseridos apêndices com as características dos materiais empregados nos

experimentos e os resultados completos dos ensaios realizados. Os manuscritos foram

formatados com base nos critérios de cada revista. O artigo intitulado “Ensaios

esclerométricos e de ultrassonografia aplicados ao concreto asfáltico com diferentes teores

de ligante” foi submetido à revista Materiales de Construcción (Madrid) e, o artigo

intitulado “Influência do volume de vazios em uma mistura asfáltica nos ensaios de pro

pagação de ondas ultrassônicas e de esclerometria” foi submetido à revista Matéria (UFRJ).

Tendo em vista que cada artigo possui suas respectivas revisões bibliográficas

para cada tema abordado, esta tese, é composta por uma introdução geral que aborda os

assuntos de forma contextualizada e, na sequência, apresenta os respectivos artigos, a

discussão e a conclusão geral, bem como os apêndices relacionados ao escopo geral da tese.

21

2 MATERIAIS E MÉTODOS

Neste item são apresentados os materiais, os equipamentos e a metodologia

adotada para o desenvolvimento desta pesquisa, abordando desde a moldagem dos corpos de

prova até a realização dos ensaios.

Para obtenção dos dados discutidos nesta tese, o estudo contemplou duas etapas: a

primeira caracterizada pela moldagem de corpos de prova de concreto asfáltico convencional

com diferentes porcentagens de asfalto na mistura e, a segunda etapa contemplou a execução

dos ensaios laboratoriais: de ultrassom, de esclerometria e do módulo de resiliência.

A partir dos resultados dos ensaios, foram realizadas as análises que compuseram

o escopo principal desta tese, onde foram analisados o comportamento dos resultados das

técnicas de ensaios não destrutivos de VPU e de esclerometria, com a porcentagem de asfalto,

o volume de vazios e o módulo de resiliência de uma mistura asfáltica convencional.

2.1 Moldagem dos corpos de prova e teor ótimo de asfalto

A dosagem do concreto asfáltico consiste em combinar agregados, materiais finos

e o cimento asfáltico de petróleo (CAP) de modo a formar uma mistura que aplicada em

campo, a uma determinada temperatura e condição de compactação, atinja resistência

desejada às cargas a serem aplicadas no pavimento e não apresente deterioração prematura

(PINTO e PREUSSLER, 2010).

Na elaboração de um concreto asfáltico, é necessário um projeto da mistura para

se obter um teor ótimo de asfalto. Portanto, primeiramente para a confecção dos corpos de

prova que fizeram parte desta pesquisa, foi necessário obter o teor ótimo de asfalto.

Para determinação do teor ótimo de asfalto, ou seja, a porcentagem de asfalto que

propicie nos limites especificados pelo Departamento Nacional de Estradas de Rodagem -

DNER (ME 43, 1995), melhor comportamento da mistura com relação à estabilidade

(grandeza que mede a resistência do corpo de prova à aplicação de carga máxima de

compressão diametral), fluência (deslocamento máximo do corpo de prova correspondente à

aplicação da carga máxima), volume de vazios e relação betume-vazios (RBV), procedeu-se

da seguinte forma:

- determinação da densidade do CAP (Apêndice 1 - Tabela A1.2) conforme

ABNT NBR 6296 (2004) e DNER ME 117 (1994);

22

- determinação das densidades dos agregados conforme DNER ME 084 (1995) e

DNER ME 081 (1998);

- escolha da faixa granulométrica (Apêndice 1 - Figura A1.1) conforme o

Departamento Nacional de Estradas de Rodagem - DNER (ME 083, 1998);

- composição dos agregados dentro da faixa granulométrica de trabalho, ou seja,

determinação do percentual, em massa, de cada agregado para formar a mistura;

- determinação da temperatura de trabalho dos materiais (Tabela A1.3);

- escolha dos teores de asfalto para os grupos de corpos de prova (CPs) que foram

moldados conforme o projeto. Cada grupo de teores de CAP foi constituído por 3 CPs,

variando 0,5% na porcentagem de asfalto. Portanto, para se obter o teor ótimo de asfalto,

foram moldados 15 CPs subdivididos em 5 grupos: 3,5%, 4,0%, 4,5%, 5,0% e 5,5% de CAP;

- mistura e compactação dos CPs no padrão Marshall, de acordo com DNER ME

43 (1995);

- desmoldagem e mensuração (altura e diâmetro) dos CPs após resfriamento;

- determinação das densidades aparente e teórica dos CPs (Apêndice 1 - Tabela

A1.1) de acordo com DNER ME 117 (1994);

- cálculo dos parâmetros (volume e densidade aparente) dos CPs;

- submersão dos CPs em banho-maria a 60°C por 30 a 40 minutos;

- retirada de cada CP do banho-maria e colocação no molde de compressão; e

- determinação, por meio da prensa Marshall, dos parâmetros físicos e mecânicos

(estabilidade, fluência, volume de vazios, relação betume-vazios, vazios do agregado mineral

e massa específica aparente).

A partir dos parâmetros obtidos, foram plotadas seis curvas em função do teor de

asfalto (Apêndice 1 - Figura A1.2) e definido como 4,8% 0,3% de CAP o teor ótimo da

mistura.

A Tabela 1 apresenta os requisitos necessários de acordo com a especificação do

Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - DNIT ES 031 (2006), para serviços

de concreto asfáltico em revestimentos de pavimentos flexíveis.

23

Tabela 1 - Requisitos para dosagem de concreto asfáltico de acordo com DNIT ES 031 (2006)

Características Camada de Rolamento Camada de Ligação (Binder)

Porcentagem de vazios (%) 3 a 5 4 a 6

Relação betume-vazios 75 – 82 65 - 72

Estabilidade, mínima, (Kgf)

(75 golpes) 500 500

Resistência à Tração por

Compressão Diametral estática

a 25ºC, mínima (MPa)

0,65 0,65

2.2 Ensaios laboratoriais

Definido o teor ótimo na primeira etapa da pesquisa, foram confeccionados 100

corpos de prova de concreto asfáltico convencional (Figura 1), variando em quatro teores a

porcentagem de asfalto (4,0%, 4,8%, 5,6% e 6,6%). Os corpos de prova foram moldados com

energia de compactação equivalente ao tráfego pesado (75 golpes para cada face do corpo de

prova) e padronizados de acordo com DNER ME 43 (1995), com dimensões de 63 ± 1,3 mm

de altura e 100 ± 2 mm de diâmetro.

Figura 1 - Corpos de prova de concreto asfáltico convencional moldados no padrão Marshall.

Os materiais empregados na mistura do concreto asfáltico foram provenientes da

usina Pau Pedra, situada no bairro Capelinha em Guarulhos – SP e constituídos de 27% de

brita 1, 23% de pedrisco, 47% de pó de pedra e 3% de Cal hidratada do tipo I (CH-I). O

ligante asfáltico utilizado foi do tipo 50/70.

Para a composição da mistura, foi adotada a faixa granulométrica III (Tabela 2) do

Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - DNIT ES 031 (2006), mesma faixa

24

adotada pela Prefeitura Municipal de São Paulo (PMSP), de acordo com IE 03 (2009), a qual

é a mais utilizada em rodovias de elevado volume de tráfego. O Apêndice 1 - Tabela A1.4

apresenta a composição da mistura dos agregados dentro da faixa granulométrica.

Tabela 2 - Faixas granulométricas preconizadas pelo DNIT para concreto asfáltico.

Peneiras Faixas

Série Abertura (%) em massa, Passando

ASTM (mm) A B C tolerância

2" 50,8 100 100 --- --- ----

1 1/2" 38,1 95 100 100 100 --- ± 7%

1" 25,4 75 100 95 100 --- ± 7%

3/4" 19,1 60 90 80 100 100 100 ± 7%

1/2" 12,7 --- --- 80 100 ± 7%

3/8" 9,5 35 65 45 80 70 90 ± 7%

No 4 4,8 25 50 28 60 44 72 ± 5%

No 10 2,0 20 40 20 45 22 50 ± 5%

No 40 0,42 10 30 10 32 8 26 ± 5%

No 80 0,18 5 20 8 20 4 16 ± 3%

No 200 0,075 1 8 3 8 2 10 ± 2%

teor de

asfalto (%)

4 a 7 4,5 a 7,5 4,5 a 9 ± 0,3%

tipo de camada camada de camada de camada de

do revestimento ligação ligação e rolamento

(binder) rolamento

Para a etapa de ensaios (não destrutivos de VPU e de esclerometria, e os ensaios

de compressão diametral de cargas repetidas para obtenção do módulo de resiliência) as

dimensões dos corpos de prova foram mensuradas, obtendo-se 3 medidas para cada direção

(diametral e longitudinal), com as quais foram calculados os valores médios. As massas dos

corpos de prova foram obtidas com precisão centesimal e calculadas suas densidades

(Apêndice 2 - Tabelas A2.1, A2.4, A2.5, A2.6 e A2.7).

Os corpos de prova foram previamente demarcados com gabarito (Figura 2), tanto

na face longitudinal como na face diametral de medição, obedecendo ao que prescreve a

metodologia da ASTM C805/C805M (2008), em que a distância mínima para realização do

ensaio de esclerometria é de 25 mm entre os centros de dois pontos de impacto.

25

Figura 2 - Demarcação dos corpos de prova, com auxílio de gabarito, nas duas direções de

medição.

2.2.1 Ensaio de velocidade de propagação do pulso ultrassônico (VPU)

O ensaio de VPU teve por finalidade medir o tempo (s) necessário para que a

onda ultrassônica percorra uma direção do corpo de prova de concreto asfáltico e, a partir daí,

calcular as velocidades (m.s-1). Em ambos os estudos, as medições do tempo de propagação

de ondas ultrassônicas foram realizadas com temperatura de 25ºC ± 1ºC e tomaram como base

a norma ABNT NBR 8802 (2013).

Para o estudo, que originou o artigo 1, foi utilizado o equipamento de ultrassom

(Epoch4, Panametrics, EUA) com trandutores de faces planas e frequências de 1000 kHz e

500 kHz (Figura 3).

Figura 3 - Medição do tempo de percurso da onda com equipamento Epoch 4 – Panametrics.

Para que os transdutores não ficassem em contato direto com a amostra, como

acoplante foi utilizada glicose, de forma a regularizar a superficie e evitar a entrada de ar

durante os ensaios.

Foram obtidas três leituras (Figura 4) de tempo de propagação do pulso

ultrassônico na direção longitudinal e uma na direção diametral (na meia altura do corpo de

26

prova) e, com as dimensões dos corpos de prova foram calculadas as velocidades de

propagação das ondas de compressão (Apêndice 2 - Tabela A2.2) e de cisalhamento, para

ambas as direções (longitudinal e diametral), bem como os coeficientes de rigidez (C). A

partir daí, foi determinada a matriz de flexibilidade (S) e a obtenção do módulo de

elasticidade longitudinal (EL) - (Apêndice 2 - Tabela A2.3).

Figura 4 - Demarcação dos pontos para os ensaios de VPU: (a) Panametrics; (b) USLab.

(a) (b)

Para o estudo que originou o artigo 2 foi utilizado o equipamento de ultrassom

(USLab, AGRICEF, Brasil) com transdutores de faces exponenciais e planas com frequências

de 45 kHz e de 80 kHz, respectivamente, ambos de ondas longitudinais (Figura 5).

Figura 5 - Medição do tempo de percurso da onda com equipamento USLab – AGRICEF.

Como acoplante para os trandutores de face plana foi utilizado gel medicinal,

uniformizando assim a superfície de contato das amostras. As leituras do tempo de

propagação do pulso ultrassônico foram realizadas nas duas direções, sendo cinco leituras na

direção longitudinal e três na direção diametral dos corpos de prova (Figura 4).

27

A partir dos comprimentos de percurso da onda (dimensão longitudinal e

diametral de cada corpo de prova) e da média do tempo de propagação da onda, foram

calculadas as velocidades de propagação do pulso ultrassônico nas direções longitudinal (VL)

e diametral (VD), apresentadas nos Apêndice 2 - Tabelas A2.8 a A2.11.

2.2.2 Ensaio de esclerometria

Após os ensaios de VPU, foram realizados os ensaios de esclerometria cujos

resultados são apresentados no Apêndice 2 - Tabela A2.12, e que tiveram por finalidade medir

o índice esclerométrico (Q), referente à uma determinada energia impacto. A norma britânica

BS 1881-202 (1986), define a dureza superficial como uma propriedade da superfície do

material medida em termos da proporção de energia retornada após uma massa padrão atingir

a superfície.

De acordo com Huang et al. (2011), o ensaio com o esclerômetro fornece

informações sobre a resistência do material próximo a superfície de ensaio, sendo o valor

registrado no equipamento representa um índice indicativo das propriedades mecânicas do

material.

Os ensaios tiveram como base a norma ABNT NBR 7584 (2012) que relata a

importância de impedir movimentação do corpo de prova durante a aplicação dos impactos

esclerométricos. Portanto, os corpos de prova foram confinados entre duas chapas metálicas e

fixados em uma prensa manual (morsa) - Figura 6. Em ambiente protegido e ventilado (sala

de laboratório) os impactos foram aplicados na direção diametral, totalizando-se 11 a 12

impactos em cada corpo de prova.

Uma vez que a presença do ligante no concreto asfáltico confere à mistura um

comportamento visco-elástico linear (HUANG, 2004), foi empregado o esclerômetro (Digital

Silver Schmidt PC L, PROCEQ, Switzerland) que atua com baixa energia de impacto (0,735

N.m), com êmbolo cogumelo adequado para objetos frágeis, como argamassas e concreto

fresco de resistência muito baixa, ou ainda, estruturas com espessura inferior a 100 mm. O

valor adimensional do índice esclerométrico (Q) foi obtido pela média aritmética dos

ricochetes de impactos aplicados a cada corpo de prova.

28

Figura 6 - Ensaio de esclerometria: (a) fixação do CP; (b) execução dos impactos.

(a) (b)

2.2.3 Ensaio de módulo de resiliência

O módulo resiliente é uma propriedade mecânica que exerce influência

significativa no comportamento de misturas asfálticas, pois determina as características de

resposta de deformação em função do carregamento (tráfego).

De acordo com Pinto e Preussler (2010), o módulo de resiliência (MR) de misturas

betuminosas é a relação entre a tensão de tração (t) desenvolvida repetidamente no plano

diametral vertical de uma amostra cilíndrica e a correspondente deformação específica

recuperável (R). O ensaio por compressão diametral em amostras cilíndricas aplica cargas

repetidas no sentido vertical, gerando tensões de tração no sentido horizontal, cuja energia é

equivalente a tráfego pesado.

Os ensaios foram executados por uma prensa universal (Universal Testing

Machine – UTM-25) eletro-hidráulica (Figura 7), de acordo com American Society for

Testing and Materials - ASTM D4123-82 (1995) e DNIT ME 135 (2010).

29

Figura 7 - Prensa universal UTM-25 para realização dos ensaios de módulo de resiliência.

As deformações diametrais (horizontais) são medidas através de medidores

eletromecânicos LVDT (linear variable differential transformer) que transformam as

deformações, durante o carregamento repetido, em potencial elétrico, registrando os valores

no oscilógrafo.

As etapas e o procedimento adotado nos ensaios são resumidos da seguinte forma:

- os corpos de prova foram mantidos em câmara termo-regulável por um período

de 2 horas, de modo a se obter a temperatura de ensaio igual a 25º C;

- pré-calibração do equipamento a fim de correlacionar as deformações com os

valores de registros;

- aplicação de carga repetida (igual a 30% da resistência à tração determinada no

ensaio de compressão diametral estático);

- giro do CP da posição 0º para posição 90º e nova aplicação da carga repetida,

com a finalidade de se obter dois registros, adotando como registro final, a média entre eles.

A frequência utilizada foi de 1 Hz e o tempo de duração de cada ciclo de

carregamento de 1s, sendo 0,1s para aplicação da carga e 0,9s para o repouso e o valor do

coeficiente de Poisson adotado foi igual à 0,3, conforme recomendação da norma DNIT ME

135 (2010).

30

3 ARTIGOS

3.1 Artigo 1 - ENSAIOS ESCLEROMÉTRICOS E DE ULTRASSONOGRAFIA

APLICADOS AO CONCRETO ASFÁLTICO COM DIFERENTES TEORES DE

LIGANTE

Submetido ao periódico Materiales de Construcción

31

ENSAIOS ESCLEROMÉTRICOS E DE ULTRASSONOGRAFIA APLICADOS AO

CONCRETO ASFÁLTICO COM DIFERENTES TEORES DE LIGANTE

SCLEROMETRIC AND ULTRASOUND TESTS APPLIED TO ASPHALT

CONCRETE WITH DIFFERENT ASPHALT CONTENTS

I. E. Pinto1, J. Soriano, R. Gonçalves

RESUMO

A mistura asfáltica requer estudo de seleção, dosagem de materiais e escolha de um teor

ótimo de ligante. O parâmetro módulo de resiliência utilizado para caracterizar a rigidez de

uma mistura asfáltica é obtido por ensaios convencionais de corpos de prova moldados ou

extraídos da rodovia. Este trabalho teve como objetivo analisar o efeito da variação do teor de

asfalto nos resultados de ensaios não destrutivos de ultrassonografia (com frequências de

1000 kHz e 500 kHz) e de esclerometria aplicados a uma mistura betuminosa dosada com

quatro teores de asfalto. Corpos de prova foram submetidos aos ensaios não destrutivos e ao

ensaio convencional de módulo de resiliência. Os resultados desta pesquisa mostraram que as

regressões foram melhor representadas por funções não lineares e, que os métodos

esclerométrico e de ultrassonografia tem potencial para estimativa do teor ótimo e o do

módulo de resiliência de uma mistura asfáltica.

PALAVRAS-CHAVE: Concreto; Betume; Propriedades mecânicas; Módulo de elasticidade.

__________________________________ 1 responsável pelo envio da correspondência

32

ABSTRACT

An asphalt mix requires a selection study, a material dosage, and the choice of an optimum

asphalt content. The resilient modulus parameter used to characterize the stiffness of an

asphalt mix is obtained by conventional tests of molded or extracted specimens of a highway.

This work aims to analyze the effect of the variation of the asphalt content on the results of

nondestructive ultrasonic tests (1000 kHz and 500 kHz frequencies) and of sclerometric tests

applied to a bituminous mixture dosed with four asphalt contents. Specimens were submitted

to nondestructive tests and to the conventional resilient modulus test. The research results

showed that regressions were better represented by non-linear functions and that the

sclerometric and ultrasonic methods have the potential to estimate the optimum content and

the resilient modulus of an asphalt mix.

KEYWORDS: Concrete; Bitumen; Mechanical properties; Modulus of elasticity.

33

INTRODUÇÃO

Um dos revestimentos mais utilizados como camada final de rolamento em

pavimentação é o concreto betuminoso usinado a quente (CBUQ) ou, simplesmente,

denominado concreto asfáltico (CA), cuja mistura é composta por agregado graúdo (pedra

britada, pedregulho britado ou escória siderúrgica), agregado miúdo (areia), fíler mineral (pó

de pedra, cimento, cal) e asfalto em proporções adequadas. O incremento de asfalto até o

denominado teor ótimo, para o qual corresponde à máxima estabilidade de uma mistura, faz

aumentar a resistência mecânica do material à compressão diametral (HADLEY et al., 1969).

Entretanto, o excesso de asfalto reduz as propriedades mecânicas da mistura.

O comportamento mecânico de misturas asfálticas é caracterizado pelo módulo de

resiliência (MR), o qual é obtido por ensaio convencional de corpos de prova. Os resultados

desse ensaio são afetados pelo tipo de agregado, pelo teor de asfalto, pelo volume de vazios e

pela relação fíler/betume (PINTO, 1991; PINTO e PREUSSLER, 2010). Trata-se de uma

propriedade fundamental para a estimativa da vida de fadiga, bem como para o

dimensionamento dos pavimentos asfálticos (MOTTA, 1998). No entanto, esse tipo de ensaio

requer disponibilidade de laboratórios com equipamentos sofisticados e de grande porte,

implicando em custos que dificultam a realização do mesmo.

Os métodos de Ensaios Não Destrutivos (END) ideais e desejáveis são aqueles

que englobam ensaios de rápida execução, sejam confiáveis, não causem perturbação ao

tráfego, nem danos à estrutura do pavimento como, por exemplo, aqueles fundamentados nos

princípios de propagação de ondas de tensão ou de ondas eletromagnéticas (MASSER, 2003 e

GOEL e DAS, 2008). Dentre os principais métodos, Goel e Das (2008) abordam o de onda

elástica, o de eco de pulso ou eco impacto (IE) e o da velocidade do pulso ultrassônico (VPU),

bem como a análise espectral do método de ondas de superfície (SASW). Pelo método de

ondas eletromagnéticas Masser (2003) e Qiang et al. (2014) relatam que as ondas transmitidas

sofrem reflexão causada por qualquer alteração nas propriedades do material e/ou da camada,

a exemplo do radar de prospecção geotécnica (Ground Penetrating Radar – GPR).

O estado da arte reporta a importância de novas pesquisas no sentido que as

técnicas END aplicadas ao concreto asfáltico sejam aprimoradas e, que também outras

possam ser implementadas para inspeção desse material. No caso, a esclerometria já

consolidada para inspeção de estruturas de concreto convencional pela American Society for

Testing and Materials - ASTM (C805/C805M, 2008) e Associação Brasileira de Normas

Técnicas - ABNT (NBR 7584, 2012), cuja técnica retrata a capacidade de um material

34

restituir a energia aplicada por um equipamento portátil, pode apresentar viabilidade na

avaliação de alguns parâmetros do concreto asfáltico. De acordo com Silva et al. (2013) e Mir

e Nehme (2017), os resultados da esclerometria no concreto convencional são afetados por

fatores, tais como: dimensões dos agregados graúdos, umidade, porosidade, e carbonatação do

concreto.

Este trabalho objetivou avaliar os efeitos da variação do teor de asfalto na

propagação de ondas ultrassônicas e nos impactos esclerométricos aplicados em mistura

asfáltica convencional. Para tanto, foram avaliadas correlações dos resultados desses Ensaios

Não Destrutivos (END) com os parâmetros: teor de cimento asfáltico de petróleo (CAP) e

módulo de resiliência convencional.

MATERIAIS E MÉTODOS

Foram confeccionados 12 corpos de prova de concreto asfáltico convencional,

dosados com quatro teores de asfalto (4,0%, 4,8%, 5,6% e 6,6%), sendo 3 corpos de prova para

cada teor, com dimensões 63 ± 1,3 mm de altura e 100 ± 2 mm de diâmetro, de acordo com

Departamento Nacional de Estradas de Rodagem - DNER ME 43 (1995). Os corpos de prova

foram submetidos aos ensaios não destrutivos de esclerometria e de ultrassonografia, e aos

ensaios de compressão diametral de cargas repetidas para obtenção do módulo de resiliência.

Teor ótimo de asfalto

Para definição do teor ótimo da mistura, foi executada a dosagem Marshall

seguindo o método de ensaio DNER ME 43 (1995) com energia aplicada equivalente ao

tráfego pesado (75 golpes para cada face do corpo de prova).

Para a composição da mistura, foi adotada a faixa granulométrica III do

Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - DNIT ES 031 (2006) mesma faixa

adotada pela Prefeitura Municipal de São Paulo (PMSP), de acordo com IE 03 (2009), da

Prefeitura Municipal de São Paulo (PMSP), de acordo com IE 03 (2009), a qual é a mais

utilizada em rodovias de elevado volume de tráfego. Os materiais empregados na mistura

foram: pedra britada com diâmetro máximo de 12,7mm, pedrisco, pó-de-brita e cal hidratada.

O traço que melhor se enquadrou na faixa especificada III foi composto por 27% de pedra

britada, 23% de pedrisco, 47% de pó-de-brita e 3% de cal hidratada tipo I. O cimento asfáltico

utilizado foi do tipo 50/70. Com os resultados dessa dosagem experimental, foi obtido o teor

de trabalho (4,8% 0,3) de CAP que implicou num volume de vazios de 3,8%.

35

Ensaios não destrutivos e convencionais

As dimensões dos corpos de prova foram tomadas com 3 medidas para cada

direção (diametral e longitudinal), com as quais foram calculados os valores médios. A massa

de cada corpo de prova foi obtida com precisão centesimal.

Os corpos de prova foram previamente demarcados para os END (Figura 1), de

acordo com ASTM C805/C805M (2008) que delimita a distância mínima de 25 mm entre os

centros de dois pontos de impactos.

Figura 1 - Demarcação dos pontos para os ensaios de ultrassonografia e de esclerometria.

As medições do tempo de propagação de ondas ultrassônicas tomaram como base

a norma NBR 8802 (2013), com equipamento mostrado na Figura 2 (Epoch4, Panametrics,

EUA) e transdutores com ondas de compressão e de cisalhamento nas frequências de 500 kHz

e de 1000 kHz.

Figura 2 - Equipamento de ultrassonografia Epoch 4 - Panametrics.

Os transdutores de ultrassom foram alinhados em faces opostas, nas direções

longitudinal e diametral do corpo de prova (Figura 3). Foram obtidas três leituras de tempo de

propagação do pulso ultrassônico na direção longitudinal e uma na direção diametral (na meia

altura do corpo de prova). De posse do tempo de propagação e do comprimento de percurso

36

da onda (dimensão longitudinal e diametral do corpo de prova), foram calculadas as

velocidades de propagação das ondas de compressão e de cisalhamento em ambas direções

(longitudinal e diametral).

Figura 3 - Direções de propagação das ondas de ultrassom.

Com as densidades e as velocidades (longitudinais e de cisalhamento) obtidas

com transdutores de frequências de 500 kHz e 1000 kHz, para cada corpo de prova, foram

calculados os coeficientes de rigidez utilizando as Equações [1, 2 e 3], os quais compõe a

matriz de rigidez de materiais isotrópicos. Esses parâmetros foram obtidos nas direções

longitudinal e diametral para que fosse possível estudar se há uma condição que possa ser

considerada mais adequada para os ensaios.

CLongitudinal = ρVLL2 ou ρVDD

2 [1]

Ctransversal = ρVLD2 ou ρVDL

2 [2]

Cfora dos eixos principais = CLongitudinal - 2Ctransversal [3]

Onde: é a densidade (kg.m-3) do corpo de prova; CLongitudinal é o coeficiente da

matriz de rigidez determinado com transdutor longitudinal (propagação e a polarização da

onda na mesma direção); VLL é a velocidade (m.s-1) obtida com transdutor longitudinal na

direção longitudinal; VDD é a velocidade (m.s-1) obtida com transdutor longitudinal na direção

diametral; Ctransversal é o coeficiente da matriz de rigidez determinado com transdutor de

cisalhamento (propagação e a polarização da onda em direções perpendiculares); VLD é a

velocidade (m.s-1) obtida com transdutor de cisalhamento e onda se propagando na direção

longitudinal e polarizando na direção diametral; VDL é a velocidade (m.s-1) obtida com

transdutor de cisalhamento e onda se propagando na direção diametral e polarizando na

direção longitudinal e Cfora dos eixos principais é o coeficiente de rigidez não pertencente a diagonal

da matriz de rigidez.

Pela inversão da matriz de rigidez (C), determinou-se a matriz de flexibilidade

(S), com a qual foi possível a obtenção do módulo de elasticidade longitudinal (EL), do

Direção diametral

Direção

Longitudinal

37

módulo de cisalhamento (G) e do coeficiente de Poisson () do material. Neste artigo somente

o EL foi utilizado nas discussões.

Para os ensaios de esclerometria os corpos de prova foram confinados entre duas

chapas metálicas e fixados em uma prensa manual (morsa). Este procedimento foi adotado,

tendo por base a necessidade de impedir a movimentação do corpo durante a aplicação dos

impactos esclerométricos (NBR 7584, 2012). Os impactos foram aplicados na direção

diametral, conforme Figura 4, totalizando-se 11 impactos em cada corpo de prova. Foi

empregado o esclerômetro (Digital Silver Schmidt PC L, PROCEQ, Switzerland) de baixa

energia de impacto (0,735 N.m), com êmbolo cogumelo adequado para objetos frágeis ou

estruturas com espessura inferior a 100 mm. Os índices esclerométricos foram obtidos pela

média aritmética dos impactos aplicados.

Na norma NBR 7584 (2012) são apresentados os campos de aplicações e os

fatores que influenciam os resultados do ensaio, entretanto, neste trabalho foram avaliados os

índices esclerométricos como resposta dos corpos de prova de concretos asfálticos dada a

energia efetuada e a energia de reflexão da massa do martelo.

Figura 4 - Execução do ensaio de esclerometria

Após realizados os ensaios não destrutivos (ultrassom e esclerometria), os corpos

de prova foram submetidos aos ensaios de módulo de resiliência, com uma prensa universal

(Universal Testing Machine – UTM-25) eletro-hidráulica (Figura 5), de acordo com

American Society for Testing and Materials - ASTM D4123-82 (1995) e o Departamento

Nacional de Infraestrutura de Transportes - DNIT ME 135 (2010).

38

Figura 5 - Ensaio de compressão diametral de cargas repetidas para obtenção do módulo de

resiliência.

Os corpos de prova foram mantidos em câmara termo-regulável por um período

de 2 horas, de modo a se obter a temperatura de ensaio igual a 25º C. Depois de atingida a

temperatura de ensaio, os transdutores de deslocamento (LVDT) foram ajustados para a

posição zero. Os ensaios foram realizados por meio de aplicação de carga repetida de

compressão ao longo do plano diametral vertical para aquisição dos deslocamentos

horizontais, que foram utilizados para os cálculos das deformações. A frequência utilizada foi

de 1 Hz e o tempo de duração de cada ciclo de carregamento de 1s, sendo 0,1s para aplicação

da carga e 0,9s para o repouso e o valor do coeficiente de Poisson foi adotado igual à 0,3

conforme recomendação da norma DNIT ME 135 (2010).

Os dados obtidos pelos ensaios não destrutivos (esclerometria e ultrassonografia)

e do módulo de resiliência foram avaliados por análise de variância (ANOVA), pelo método

de Tukey com 95% de confiança, a fim de verificar possíveis diferenças e interferências entre

as médias das variáveis nos resultados apresentados por esses métodos.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os corpos de prova, para cada teor de CAP, apresentaram as densidades médias

de 2322 kg.m-3 (para 4,0% de CAP), 2366 kg.m-3 (para 4,8% de CAP), 2369 kg.m-3 (para

5,6% de CAP) e 2384 kg.m-3 (para 6,6% de CAP).

Na direção longitudinal de medição, os valores médios das velocidades obtidos

pelo pulso ultrassônico foram classificados estatisticamente da seguinte forma: para

frequência de 1000 kHz não houve diferença estatística entre os valores, ou seja, os resultados

correspondem a um único grupo, sem distinção com relação à porcentagem de CAP (Tabela

1). Para a frequência de 500 kHz, foram divididos 4 grupos estatisticamente distintos: C (CAP

39

4,0%), A (CAP 4,8%) e B (CAP 6,6%) e um grupo AB (CAP 5,6%) compartilhado com os

teores de 4,8% e 6,6% (Tabela 1). Na frequência de 1000 kHz não foi possível distinguir as

velocidades para os diferentes teores de asfalto, diferentemente da frequência de 500 kHz,

onde a maior velocidade foi obtida para o ponto ótimo de asfalto (4,8%) indicando, nas

condições deste experimento, a possibilidade de estimativa do teor ótimo de asfalto.

Na direção diametral as velocidades médias obtidas com o transdutor de

frequência de 1000 kHz mostraram dois grupos com diferenças significativas: A (CAP 4,8%)

e C (CAP 5,6%) - Tabela 1. No entanto, houve compartilhamento das velocidades para o teor

de 4,0% com 5,6% e com 6,6% e, do teor de 4,8% com 6,6% (Tabela 1). Para a frequência de

500 kHz foram formados 2 grupos estatisticamente diferentes: B e A, onde o teor de 4,0%

CAP referente ao grupo B se diferencia dos outros três teores agrupados em A (4,8%, 5,6% e

6,6%) - Tabela 1. Para as duas frequências foram registrados valores numericamente

crescentes para os teores de 4,0% e 4,8%, com a maior velocidade no ponto ótimo de asfalto

(4,8%), seguidos de valores decrescentes (Tabela 1). Na frequência de 1000 kHz os valores da

velocidade se alternaram, sendo crescente do teor de 4,0% para 4,8%, decrescente deste

último para o teor de 5,6% e, novamente crescente para o teor de 6,6% (Tabela 1). Ainda que

o maior valor de velocidade tenha sido registrado para o teor de 4,8%, essa oscilação não

possibilitou diferenciar estatisticamente o teor de 4,0% do 5,6% e o teor de 4,8% do 6,6%. Já,

para a frequência de 500 kHz os teores de 4,8%, 5,6% e 6,6%, são considerados iguais

estatisticamente, grupo do qual faz parte o teor ótimo de asfalto.

Devido a oscilação registrada da velocidade para a frequência de 1000 kHz, na

direção diametral, pode-se concluir que a medição na direção longitudinal e na frequência de

500 kHz foi mais precisa. Tal fato pode ter ocorrido devido a dificuldade de acoplamento dos

transdutores, feito com a glicose, na direção diametral do corpo de prova. Outro fato que pode

ter contribuído, é a elevada atenuação com a frequência de 1000 kHz, no material, que nesta

direção, a rugosidade do corpo de prova é expressiva, não permitindo um perfeito contato

entre o transdutor e o corpo de prova, possibilitando a existência de ar entre a base do

transdutor e o corpo de prova, dificultando a propagação do pulso ultrassônico.

40

Tabela 1 - Velocidades de propagação de ondas de ultrassom com transdutores de ondas

longitudinais na direção longitudinal com 1000 kHz (VL1000) e 500 kHz (VL500), e na direção

diametral com 1000 kHz (VD1000) e 500 kHz (VD500)

Direção Frequência %CAP V (m s-1) Grupo (*) Assimetria

Longitudinal

1000 kHz

4,0 3915 A -1,20

4,8 3747 A -1,68

5,6 3702 A -1,19

6,6 3689 A -0,82

500 kHz

4,0 3311 C

0,47

4,8 3747 A -1,46

5,6 3674 A B -0,29

6,6 3529 B -1,23

Diametral

1000 kHz

4,0 3539 B C

-0,23

4,8 3989 A -1,72

5,6 3424 C -1,73

6,6 3757 A B 1,36

500 kHz

4,0 3443 B

1,56

4,8 3919 A -1,73

5,6 3777 A 1,70

6,6 3749 A 1,70

*Agrupamentos realizados pelo método de Tukey com 95% de confiança. Letras diferentes

indicam grupos estatisticamente diferentes.

Com base nos 11 impactos esclerométricos aplicados a cada corpo de prova foram

calculados os valores médios que representam os índices esclerométricos (Q), apresentados na

Tabela 2. Numericamente, o maior valor do índice esclerométrico foi obtido para o grupo de

corpos de prova com 4,8% de CAP, que representa o teor ótimo para mistura (Tabela 2). Já, o

menor valor de Q obtido coincidiu com o menor teor de CAP, ou seja, 4,0% (Tabela 2). A

análise estatística para os valores de esclerometria mostrou que os valores médios dos índices

esclerométricos não se diferenciaram para os quatro teores de CAP utilizados nas dosagens

dos corpos de prova ensaiados (Tabela 2).

41

Tabela 2 - Resultados dos ensaios de esclerometria

%CAP Q Qmédio DP CV(%) Grupo (*) Assimetria

4,0

32,9

28,7 31,4 2,31 7,37 A -1,7

32,6

4,8

33,9

34,8 35,1 1,44 4,10 A 1,0

36,7

5,6

36,6

38,0 34,6 4,71 13,61 A -1,5

29,3

6,6

32,6

33,2 32,8 0,37 1,12 A 1,7

32,6

*Agrupamentos realizados pelo método de Tukey a 95% de confiança. Letras diferentes

indicam grupos estatisticamente diferentes. DP: desvio padrão; CV: coeficiente de variação.

Os valores médios do módulo de resiliência (MR), obtidos experimentalmente

para cada corpo de prova, resultaram decrescentes com o aumento do teor de asfalto (Tabela

3) e, considerando-se as médias representativas para cada um dos teores de CAP, o máximo

coeficiente de variação resultou igual a 7,4%. Os módulos de elasticidade obtidos pela VPU

na direção longitudinal (EL) e diametral (ED) para as duas frequências (1000 kHz e 500 kHz),

apresentaram coeficientes de variação inferiores a 9% (Tabela 3).

42

Tabela 3 - Módulos de Elasticidade obtidos pelo método de propagação de ondas

ultrassônicas nas direções longitudinal com transdutores de 1000 kHz (EL 1000) e de 500 kHz

(EL 500) e diametral com transdutores de 1000 kHz (ED 1000) e de 500 kHz (ED 500) e módulos

de resiliência (MR)

CP No. % CAP EL 1000

(MPa)

EL 500

(MPa)

ED 1000

(MPa)

ED 500

(MPa) MR (MPa)

1 16518 17990 21942 20367 6246

2 4,0 18401 19088 23712 22079 6257

3

17736 17998 22776 20999 6398

Média 17552 18358 22810 21148 6300

DP 955,1 631,9 885,7 865,5 84,6

CV (%) 5,4 3,4 3,9 4,1 1,3

1 26394 24799 23681 23610 4889

2 4,8 25450 24154 21564 21988 4962

3

27247 24615 25781 22086 5293

Média 26364 24523 23675 22561 5048

DP 898,8 332,1 2108,7 909,7 215,1

CV (%) 3,4 1,4 8,9 4,0 4,3

1 26214 24962 24973 26707 3808

2 5,6 24704 23021 25713 26579 3530

3

24524 23143 25481 25431 4093

Média 25147 23709 25389 26239 3810

DP 928,1 1087 378,5 703 281,8

CV (%) 3,7 4,6 1,5 2,7 7,4

1 24395 21099 26193 25396 2377

2 6,6 24784 24851 25083 25009 2368

3

23126 23351 29178 24300 2680

Média 24102 23101 26818 24902 2475

DP 866,8 1888,9 2117,6 555,9 177,6

CV (%) 3,6 8,2 7,9 2,2 7,2

CP: corpo de prova; DP: desvio padrão; CV: coeficiente de variação.

Os valores dos módulos de elasticidade calculados pela VPU na direção

longitudinal (EL), tanto com o transdutor de 500 kHz quanto de 1000 kHz resultaram em

valores numericamente crescentes para os teores de 4,0% e 4,8% (teor ótimo de CAP),

seguidos de valores decrescentes com o aumento do teor de CAP (Tabela 3). Dessa forma, o

método de ultrassom mostrou que o módulo de elasticidade calculado para ambas as

frequências, pode ser um bom indicativo para o ponto ótimo de asfalto. Já, na direção

diametral, para ambos os transdutores, os módulos de elasticidade (ED) resultaram em valores

43

numericamente crescentes para os teores de 4,0% e 5,6% de CAP, seguido de valores

decrescentes para o maior teor de CAP (Tabela 3).

Aplicando análise estatística aos valores dos módulos de elasticidade obtidos pela

VPU, nas duas direções de medição, e aos valores obtidos pelo ensaio convencional de

resiliência, verificou-se que os dados desses módulos podem ser considerados com

distribuições normais (valores de assimetria no intervalo de -2,0 a 2,0) - Tabela 4.

Tabela 4 - Agrupamento e assimetria dos módulos de elasticidade calculados pela VPU nas

direções longitudinal (EL) e diametral (ED) e do módulo de resiliência (ER)

Direção Longitudinal

Frequência % CAP ELmédio (MPa) Grupo Assimetria

1000 kHz

4,0 17552

B

-0,84

4,8 26364 A

-0,15

5,6 25147 A

1,66

6,6 24102 A -1,35

500 kHz

4,0 18359

B

1,73

4,8 24523 A

-1,15

5,6 23709 A

1,71

6,6 23100 A -0,59

Direção Diametral

Frequência %CAP EDmédio (MPa) Grupo Assimetria

1000 kHz

4,0 22810 A 0,17

4,8 23675 A -0,01

5,6 25389 A -1,03

6,6 26818 A 1,21

500 kHz

4,0 21148 B 0,75

4,8 22561 B 1,71

5,6 26239 A -1,67

6,6 24902 A -0,84

Módulo de resiliência

%CAP MRmédio (MPa) Grupo Assimetria

- 4,0 6300 A 1,70

- 4,8 5048 B 1,51

- 5,6 3810 C 0,04

- 6,6 2475 D 1,73

*Agrupamentos realizados pelo método de Tukey a 95% de confiança. Letras diferentes

indicam grupos estatisticamente diferentes.

Na direção longitudinal de propagação das ondas ultrassônicas, os valores médios

dos módulos de elasticidade para ambos os transdutores, foram diferenciados estatisticamente

44

nos grupos B (4,0%) e A (4,8%; 5,6% e 6,6%). Com essa avaliação, o emprego do teor abaixo

do ótimo de CAP ficou evidenciado, estatisticamente, pelo menor valor do módulo de

elasticidade EL em relação aos módulos calculados para os demais teores. Essa diferenciação

nos resultados aponta para possibilidade do método ultrassonográfico identificar o ponto de

teor ótimo de asfalto, adotando o teor de 4,8% CAP, uma vez que além de ser técnica e

economicamente viável, o menor consumo de CAP implica num menor custo da mistura

asfáltica.

Na direção diametral e para o transdutor com frequência de 1000 kHz, pela

análise estatística, os módulos de elasticidade não foram diferenciados. Para a frequência de

500 kHz, dada as diferenças estatísticas, formaram-se dois grupos: B (4,0% e 4,8%) e A

(5,6% e 6,6%). Para essa frequência, nota-se uma tendência semelhante à ocorrida na direção

longitudinal, em que o teor ótimo de asfalto (4,8%) é o divisor dos grupos estatisticamente.

Os módulos de resiliência calculados pelo ensaio convencional de cargas repetidas

caracterizam valores estatisticamente distintos e decrescentes com o aumento de CAP

empregados.

Correlações dos resultados dos métodos de ensaios

Visando analisar o comportamento dos resultados dos END de VPU e de

esclerometria considerando-se o teor de asfalto e o módulo de resiliência da mistura, foram

utilizadas análises de regressão.

Correlação entre módulo de elasticidade obtido pela velocidade de propagação do pulso

ultrassônico e teor de CAP

As melhores correlações entre o módulo de elasticidade calculado por VPU e o

teor de asfalto foram obtidas na direção longitudinal de medição (EL), na qual foram obtidos

os maiores coeficientes de determinação (Figura 6a). Nesta direção, o módulo de elasticidade

foi crescente com o aumento de CAP até o teor de 4,8% de CAP e, depois, decrescente. O

modelo de ajuste, nas condições deste experimento, indica possível estimativa do teor ótimo

de asfalto. Os maiores valores do módulo de elasticidade foram também registrados para este

teor, evidenciando, assim, o teor ideal de asfalto na mistura. Na direção diametral de medição,

com o transdutor de 500 kHz de frequência, o comportamento foi semelhante ao observado na

direção longitudinal, diferentemente ao ocorrido na frequência de 1000 kHz, em que o

módulo de elasticidade foi crescente com o aumento do teor de CAP (Figura 6b).

45

(a) (b)

Figura 6 - Módulo de elasticidade por VPU versus teor de CAP: a) direção longitudinal; b)

direção diametral.

A equação ajustada para representar EL x %CAP apresentou, para frequência de

1000 kHz, coeficiente de correlação (R) igual a 0,91 e coeficiente de determinação (R2) igual

a 82% e, para a frequência de 500 kHz, apresentou coeficiente de correlação igual a 0,86 e

coeficiente de determinação igual a 75%. Na representação ED x %CAP para a frequência de

1000 kHz, o coeficiente de determinação foi de 59% e de 76% para a frequência de 500 kHz

e, no caso do coeficiente de correlação foi de 0,77 e de 0,87 para as frequências de 1000 kHz

e 500 kHz, respectivamente. Esses valores mostram que a direção longitudinal foi a que

melhor representou o comportamento do módulo de elasticidade da mistura asfáltica, com os

maiores valores no ponto ótimo de asfalto, indicando assim, uma possível estimativa do teor

ótimo. Na direção diametral, acredita-se que devido a dificuldade de acoplamento dos

transdutores na face dos corpos de prova, os coeficientes foram inferiores, porém, nota-se que

na frequência de 500 kHz, para ambas direções de medição, os valores encontrados para os

coeficientes determinação foram muito próximos, evidenciando assim a precisão ao se

trabalhar com frequências mais baixas.

Correlações entre o índice esclerométrico e o teor de CAP e, entre o índice

esclerométrico e o módulo de resiliência

Devido aos valores dos índices esclerométricos serem próximos entre si, como

resultado da análise estatística (Tabela 2), optou-se por considerar nas correlações Q x %CAP

e Q x MR os valores médios para cada um dos teores de CAP.

Os modelos de ajuste representados para Q x %CAP e Q x MR pelas equações

polinomiais (Figura 7), com coeficientes de determinação iguais a 92% e 95%,

46

respectivamente, possibilitam que o aumento do teor de asfalto na mistura seja retratado pelos

valores dos índices esclerométricos até o valor de máximo da função, determinado neste

estudo entre os teores de 4,8% (ponto de ótimo) e o teor de 5,6% de CAP. E,

sequencialmente, os valores de Q decrescem com o aumento de asfalto, quando então se

obtém, os menores valores do módulo de resiliência. Os maiores valores de Q e MR foram

determinados no ponto ótimo de asfalto, fato semelhante quando correlacionado o módulo de

elasticidade com o teor de CAP.

(a) (b)

Figura 7 - Comportamento da esclerometria: a) com o teor de asfalto; b) com o módulo de

resiliência.

De forma análoga a este trabalho, Dunning et al. (2004) que utilizaram a

tecnologia de VPU, por meio de uma resposta integrada (IR) do valor de atenuação medida

em decibéis, para caracterizar misturas asfálticas a quente, trabalhando com amostras

individuais, obtiveram R2 igual a 47%, para o qual a correlação não é significativa. Quando os

autores trabalharam com um conjunto de médias resultou num valor de R2 igual a 90%,

conseguindo uma correlação melhor.

Correlação entre a velocidade de propagação do pulso ultrassônico e o módulo de

resiliência

As correlações estabelecidas entre a VPU nas direções longitudinal e diametral

com o módulo de resiliência mostram melhores resultados para a frequência de 500 kHz,

sendo que na direção longitudinal foram obtidos os maiores coeficientes de determinação

(Figura 8).

47

(a) (b)

Figura 8 - VPU versus módulo de resiliência: (a) direção longitudinal; (b) direção diametral.

Para a frequência de 500 kHz, nas duas direções de propagação de ondas, os

comportamentos das regressões foram semelhantes, cujas funções apresentam concavidades

voltadas para baixo e os máximos entre o ponto ótimo de asfalto (4,8%) e o ponto com teor de

5,6% de CAP. O modelo gerado implica que para teores de asfalto menores que o ótimo, com

o aumento do teor de asfalto, o módulo MR reduz enquanto que a VPU aumenta. Esse

comportamento pode ser explicado pela baixa porcentagem de ligante asfáltico, o que torna a

mistura mais rígida. Para a frequência de 1000 kHz o mesmo não ocorreu, uma vez que para

direção longitudinal a concavidade da função voltou-se para cima e o valor de R2 na direção

diametral foi muito baixo, implicando num baixo grau de relacionamento das variáveis.

Assim, como nas outras correlações estudadas, ficou demonstrado que a

frequência de 500 kHz se mostrou mais eficiente para a correlação entre velocidade de

propagação do pulso ultrassônico e módulo de resiliência da mistura asfáltica.

Correlação entre o módulo de elasticidade longitudinal obtido pela velocidade de

propagação do pulso ultrassônico e o módulo de resiliência

Os módulos resilientes obtidos para os quatro teores de CAP correlacionados com

os módulos de elasticidade longitudinal obtidos pela propagação de ondas na direção

longitudinal (Figura 9a), para ambas as frequências estudadas (1000 kHz e 500 kHz),

mostram que os máximos das funções de ajuste encontram-se entre os pontos de 4,8% e 5,6%.

Ambas as frequências apresentaram uma boa correlação entre os módulos com coeficientes de

determinação iguais a 79% e 76% para 1000 kHz e 500 kHz, respectivamente. Na direção

diametral (Figura 9b), os máximos das funções de ajuste também ficaram entre os pontos de

48

4,8% e 5,6%, sendo que a frequência de 500 kHz foi a que apresentou o maior coeficiente de

determinação (77%).

(a) (b)

Figura 9 - Módulo de elasticidade por VPU versus módulo de resiliência: a) direção

longitudinal; b) direção diametral.

As funções polinomiais convexas geradas para correlacionar o módulo de

elasticidade (EL) com o módulo de resiliência (MR), comparadas ao método esclerométrico,

indicam a semelhança de comportamento entre ambos os métodos de ensaio END. Essa

direção avaliada é coincidente com a direção de aplicação dos carregamentos de compactação

e de tráfego das rodovias e, que por sua vez representa a direção acessível para inspeções em

campo. Já, na direção transversal, o modelo diferiu apresentando funções côncavas, o que

pode ser decorrente de questões relacionadas a dificuldade de acoplamento dos transdutores

no corpo de prova e possivelmente também pelas amostras sofrerem compactação na direção

longitudinal.

CONCLUSÕES

Com base nos resultados experimentais de uma mistura de concreto asfáltico

convencional dosado com 4 teores de asfalto, pode-se concluir que:

- As velocidades médias de VPU nas direções longitudinal e diametral, com

transdutores de frequência de 500 kHz, foram maiores para o ponto ótimo de asfalto (4,8%).

Também, para o ponto ótimo de asfalto foi registrado o maior valor médio do índice

esclerométrico (35,1). Esses resultados indicam por ambos os métodos END uma possível

estimativa do teor ótimo de asfalto.

49

- O comportamento dos módulos de elasticidade obtidos pela VPU na direção

longitudinal (EL) e para ambas as frequências, foram muito semelhantes, e acompanharam o

comportamento da VLL para frequência de 500 kHz, com valores crescentes para os teores de

4% a 4,8%, com a maior velocidade no ponto ótimo de asfalto (4,8%), seguidos de valores

decrescentes. Dessa forma, o teor ótimo de asfalto (4,8%) mostrou-se como divisor dos

grupos para o EL (direção longitudinal).

- As correlações para os resultados dos END com a variação do teor de CAP e

com os resultados MR, indicam a preponderância do modelo representado por funções

quadráticas com concavidades voltadas para baixo, com valores de VPU, índice

esclerométrico e módulo de elasticidade crescente até o teor ótimo de asfalto, decrescendo em

seguida.

- Os módulos resilientes (MR) correlacionados com os módulos de elasticidade

obtidos pela VPU para ambas as frequências e na direção longitudinal de medição,

apresentaram os máximos das funções de ajuste entre os pontos de 4,8% e 5,6%, com

coeficientes de determinação próximos (76% para 500 kHz e 79% para 1000 kHz).

- A frequência de 500 kHz, nas duas direções de medição, se mostrou mais

eficiente para correlacionar a VPU e o módulo de resiliência da mistura asfáltica.

- As funções polinomiais convexas geradas para as correlações Q x %CAP, Q x

MR e EL x MR, indicam haver semelhança de comportamento entre ambos os métodos de

ensaio END.

A similitude de comportamento dos resultados da esclerometria e da VPU na

direção longitudinal aponta que esses métodos END podem ser empregados em conjunto para

caracterizar o comportamento da variação de asfalto na mistura e do módulo de resiliência,

permitindo resultados confiáveis e precisos. Sugere-se, portanto, que outros estudos sejam

realizados ampliando-se a amostragem, incluindo-se outros teores e diferentes tipos de CAP.

AGRADECIMENTO

Os autores gostariam de agradecer ao Instituto Federal de São Paulo (IFSP) pelo

apoio e incentivo à pesquisa.

50

REFERÊNCIAS

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Standard test method for rebound number of hardened concrete. Pennsylvania: ASTM, 2008.

AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. ASTM D4123-82: Standard

test method for indirect tension for resilient modulus of bituminous mixtures. West

Conshohocken: ASTM, 1995.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7584: Concreto endurecido

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52

3.2 Artigo 2 - INFLUÊNCIA DO VOLUME DE VAZIOS EM UMA MISTURA

ASFÁLTICA NOS ENSAIOS DE PROPAGAÇÃO DE ONDAS ULTRASSÔNICAS E

DE ESCLEROMETRIA

Submetido ao periódico Revista Matéria

53

INFLUÊNCIA DO VOLUME DE VAZIOS EM UMA MISTURA ASFÁLTICA NOS

ENSAIOS DE PROPAGAÇÃO DE ONDAS ULTRASSÔNICAS E DE

ESCLEROMETRIA

AIR VOID INFLUENCE IN A HOT MIX ASPHALT BY ULTRASONIC WAVE

TESTS AND BY SCLEROMETRY TESTS

Isaac Eduardo Pinto, Julio Soriano, Raquel Gonçalves

RESUMO

A dosagem de uma mistura asfáltica deve atender aos requisitos técnicos e de qualidade

requerida para um pavimento. O volume de vazios é um parâmetro de extrema importância na

determinação do teor de asfalto de projeto dosado pela metodologia Marshall e na avaliação

da qualidade da mistura asfáltica em campo. Este trabalho teve como objetivo analisar o

comportamento do volume de vazios de uma mistura asfáltica nos ensaios não destrutivos

(END) de esclerometria e de velocidade de propagação do pulso ultrassônico (VPU). Para

tanto, foi elaborada uma mistura com volumes de vazios diferenciados por quatro teores de

asfalto e moldados 100 corpos de prova, os quais foram submetidos ao ensaio de VPU com

transdutores de faces exponenciais com frequência de 45 kHz e de faces planas com 80 kHz

de frequência, em duas direções de medição (longitudinal e diametral) e ao ensaio de

esclerometria. Os resultados mostraram que ambos os métodos END foram influenciados pelo

volume de vazios, o que possibilitou a geração de modelos de regressão, que no caso da VPU

aplicada na direção da compactação do corpo de prova e com transdutores de frequência de 80

kHz a velocidade de propagação das ondas foi decrescente com o aumento do volume de

vazios e o coeficiente de correlação igual a 0,91. No caso dos transdutores de 45 kHz de

frequência os resultados foram afetados pelas dimensões dos corpos de prova, no entanto,

mostrou-se uma tendência para regressão muito semelhante à apresentada pelo método

esclerométrico, com coeficientes de correlação da ordem de 0,75 e 0,73 para as direções

longitudinal e diametral respectivamente e 0,73 para a esclerometria. Com isto, conclui-se que

a ultrassonografia e a esclerometria são potencias técnicas para avaliação do volume de vazios

de misturas de concreto asfáltico.

Palavras-chave: Pavimento flexível, índice de vazios, concreto asfáltico, ultrassom,

esclerômetro.

54

ABSTRACT

An asphalt mix dosage must meet the technical and quality requirements needed for a

pavement. Air void volume is a parameter of utmost importance in determining the design of

a binder content measured by the Marshall methodology, and also in evaluating the asphalt

mix quality in-situ. This work aims to analyze air void content behavior in hot mix asphalt by

sclerometric and to ultrasonic pulse velocity (UPV) Nondestructive Testing (NDT). For that, a

mix was prepared with void volumes differentiated by for asphalt contents, and 100 test

specimens were molded and subjected to UPV tests with 45 kHz exponential probe

transducers and with 80 kHz frequency flat tranducers in two measurement directions

(longitudinal and diametral) and to a sclerometric test as well. Results showed that both NDT

methods were influenced by the void volume, which enabled the production of regression

models. In the case of UPV with 80 kHz frequency transducers applied in the direction of the

compaction of the specimen, the wave propagation velocity was decreasing with the increase

in void volume and the correlation coefficient was equal to 0.91. In the case of the 45 kHz

frequency transducers, results were affected by the size of the specimens; however, a very

similar regression trend was shown by the sclerometric method, with correlation coefficients

ranging from 0.75 and 0.73, for longitudinal and diametral directions respectively and 0.73 for

sclerometric test. Thus, it is concluded that ultrasonic and sclerometric methods are

technically powerful to evaluate air void volume in asphalt concrete mixes.

Keywords: Flexible pavement, void index, asphalt concrete, ultrasonic; sclerometer.

55

INTRODUÇÃO

A necessidade de serem feitos pavimentos mais duráveis e seguros é cada vez

maior dada a intensificação do meio de transporte rodoviário no Brasil. Na construção de uma

estrada é de fundamental importância um rigoroso controle de qualidade das camadas de

revestimento asfáltico, as quais necessitam de uma boa dosagem dos materiais empregados

para composição da mistura asfáltica, pois essas camadas devem garantir conforto e segurança

ao usuário.

O comportamento de uma mistura asfáltica é influenciado por vários parâmetros,

tais como: o tráfego, o tipo de mistura e o clima. O projeto de dosagem tem o objetivo de

alcançar um equilíbrio entre as propriedades da mistura, tais como densidade, vazios de ar,

estabilidade e durabilidade, para uma determinada aplicação. Segundo Harvey et al. (1995) o

tipo de ligante, o teor de ligante asfáltico e o volume de vazios de ar são os principais fatores

que influenciam na perda de desempenho de uma mistura asfáltica. Esses dois últimos

parâmetros, que são inversamente proporcionais, para Lavin (2003), são indicadores

importantísssimos para o desempenho da mistura.

Little et al. (1992) relatam que na fase da mistura dos materiais e, posteriormente,

na compactação, os agregados minerais absorvem uma porção de asfalto necessário para

coesão da mistura. A aplicação do teor de asfalto acima do padrão de uma mistura reduzirá a

quantidade de vazios, tornando a mistura instável e contribuirá para o fenômeno de

exsudação. Por outro lado, o emprego de um teor abaixo do ideal aumentará a quantidade de

vazios e, por sua vez a permeabilidade comprometerá a durabilidade e a vida útil da mistura

(ANTUNES e NIENOV, 2012). Para Harvey et al. (1995), o teor de asfalto projetado deve

obedecer aos requisitos de resistência, durabilidade e trabalhabilidade.

De acordo com Harvey et al. (1995), o aumento de rigidez de uma mistura é

proporcional ao decréscimo do volume de vazios, e ao comparar misturas asfálticas com

diferentes porcentagens de ligante (entre 4% e 6%) e de volume de vazios (entre 1% e 9%) os

autores concluíram que o desempenho à fadiga foi mais afetado pela variação no volume de

vazios do que pela variação da porcentagem do teor de asfalto. Harvey et al. (1995)

descrevem ainda que em uma mistura com o aumento do teor de asfalto até um determinado

limite, os vazios são preenchidos e com isso melhora o desempenho da mistura, porém não se

pode ultrapassar o limite determinado, para que a rigidez da mistura não fique prejudicada.

Toda mistura compactada necessita dos vazios de ar para que os agregados

possam sofrer expansão e suportar as cargas do tráfego. Misturas com insuficiência de vazios

56

(menor que 3%) estão sujeitas a instabilidade, o que causa, por exemplo, o afundamento do

revestimento nas trilhas de roda. E, por outro lado, o excesso de vazios de ar (superior a 8%)

torna a mistura mais suscetível à oxidação do ligante e consequentemente afetará sua

durabilidade (ASPHALT INSTITUTE, 1989) apud (SPECHT, 2004).

Os vazios quando bem dispersos nas misturas asfálticas evitam a propagação de

microfissuras, porém, uma quantidade elevada de vazios pode contribuir para o surgimento de

microfissuras, facilitando o acesso de água no interior da camada, acelerando o seu

envelhecimento, dentre outros danos causados pela umidade. Portanto, uma mistura asfáltica

deve conter vazios em pequena quantidade e bem dispersos para que a rigidez não seja afetada

(LYTTON, 2000).

O volume de vazios (VV) é um parâmetro utilizado nos diversos procedimentos

experimentais de dosagens de misturas asfálticas, sendo função da densidade aparente e da

densidade máxima teórica do corpo de prova compactado (VASCONCELOS et al., 2003).

Para verificação da porcentagem de ligante nas misturas asfálticas, são necessários corpos de

prova que são submetidos a ensaios de extração do betume em cujo procedimento, o ligante

asfáltico e os agregados são separados por ação de um solvente.

A utilização da tecnologia de Ensaios Não Destrutivos (END) tem-se ampliado

nos diversos ramos da engenharia, caracterizadas pela praticidade proporcionada pelos

equipamentos, rapidez na aquisição dos dados e custos inferiores comparados aos ensaios

convencionais.

Os métodos de avaliação não destrutiva em pavimentos são baseados nos

princípios de propagação de ondas eletromagnéticas e mecânicas (GOEL e DAS, 2008;

MASER, 2003). Dentre os principais métodos, os autores citam: o método de onda

elástica/tensão, o método de eco de pulso ou eco impacto (IE), o método da velocidade do

pulso ultrassônico (UPV), a análise espectral do método de ondas de superfície (SASW), o

Infrared Thermography (IRT) e o Ground Penetrating Radar (GPR), métodos que tem como

principais funções a determinação da espessura de uma trinca ou da camada de uma estrutura

de pavimento asfáltico e do módulo de elasticidade dinâmico do material.

Elhafeez et al. (2014) que estudaram o desempenho e resistência à deformação

permanente de dois tipos de misturas asfálticas, uma de graduação densa, com menos vazios e

material bem graduado e outra de matriz pétrea asfáltica, com elevada porcentagem de

agregados graúdos e vazios em sua composição, por meio da ultrassonografia, afirmaram que

a velocidade da onda aumenta quando se tem uma mistura de graduação densa, com boa

57

coesão entre as partículas e, que a existência de vazios de ar na mistura diminui a velocidade

de propagação da onda.

A propósito dos ensaios não destrutivos (END) realizados com equipamento

portátil, tem-se a esclerometria, método normatizado para o concreto convencional (dosado

com aglomerante cimento), porém, na literatura consultada, sem registros de aplicações para o

concreto asfáltico. Conforme a Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT (NBR

7584, 2012) e a American Society for Testing and Materials - ASTM (C805/C805M, 2008), o

ensaio esclerométrico é utilizado na avaliação da dureza superficial do concreto, quanto à

uniformidade e qualidade do material, não devendo, entretanto, substituir outros métodos,

mas sim complementá-los.

Alguns fatores podem afetar os resultados do ensaio, como: a superfície do

material, o tipo de concreto, a presença de umidade na superfície, o tipo de aglomerante, tipo

de agregado, a idade do material e a carbonatação (QASRAW, 2000; MALHOTRA, 1976;

BUNGEY et al., 2006; SOUZA et al., 2015; BROZOVSKY e BODNAROVA, 2016; MIR e

NEHME, 2017).

Para Breysse (2012), deve-se ter especial atenção para as diferenças das

propriedades, como por exemplo, microestruturas e porosidade, existentes entre as regiões

mais próximas à superfície e as regiões mais internas de um concreto para que não haja

influência na avaliação da qualidade do material. Brozovsky e Bodnarova (2016) afirmam

ainda que os resultados da esclerometria são afetados por temperaturas elevadas que causam o

surgimento de falhas na estrutura interna dos concretos convencionais.

O objetivo desta pesquisa foi estudar a influência do volume de vazios decorrentes

da variação do teor de asfalto em uma mistura de concreto asfáltico convencional, por ensaios

de VPU (com transdutores de frequências 45 kHz e 80 kHz) e esclerometria. Para tanto, foram

avaliadas correlações dessa propriedade volumétrica com a VPU e com os índices

esclerométricos.

MATERIAIS E MÉTODOS

Foram confeccionados 100 corpos de prova de concreto asfáltico convencional

dosado com quatro teores de asfalto (4,0%, 4,8%, 5,6% e 6,6%). Os corpos de prova (Figura

1), foram padronizados com dimensões de 63 ± 1,3 mm de altura e 100 ± 2 mm de diâmetro,

de acordo com o método de ensaio DNER - ME 43 (1995).

58

Figura 1 - Corpos de prova de concreto asfáltico.

Características da mistura

Os agregados empregados na mistura do concreto asfáltico, com composição

percentual apresentada na Tabela 1, foram provenientes da usina Pau Pedra, situada no bairro

Capelinha em Guarulhos – SP e o ligante asfáltico utilizado foi do tipo 50/70 (Brasquímica).

Tabela 1 - Materiais utilizados na moldagem dos corpos de prova.

Material Procedência Composição (%)

Brita 1 Hamover 27

Pedrisco Mineradora Pedrix 23

Pó de pedra Pedreira Basalto 47

Cal hidratada (CH-I) Filtro de Mangas 3

CAP 50/70 Brasquímica ---

Total da amostra --- 100

Os materiais agregados foram peneirados e enquadrados na faixa granulométrica

III (Figura 2) da Prefeitura Municipal de São Paulo (PMSP) - IE 03 (2009), faixa essa

caracterizada para rolamento de tráfego pesado.

59

Figura 2 - Faixa granulométrica da mistura asfáltica.

Para definição do teor ótimo da mistura, foi executada a dosagem Marshall

seguindo o método de ensaio DNER - ME 43 (1995) com energia aplicada equivalente ao

tráfego pesado (75 golpes para cada face do corpo de prova). A partir dos resultados dessa

dosagem, foi arbitrado o teor de trabalho (4,8%0,3) de cimento asfáltico de petróleo (CAP)

com densidade de 1019 kg.m-3 e densidade teórica dos agregados de 2666 kg.m-3. O volume

de vazios é a relação entre o volume de vazios ocupado pelo ar (diferença entre as densidades

teórica e aparente) e o volume real ou total (densidade teórica) dos corpos de prova (Equação

1). Os parâmetros volumétricos (Tabela 2) foram determinados para cada um dos quatro

teores de asfalto da mistura.

t

at

D

DDVV

% (1)

Onde: Dt é a densidade teórica e Da a densidade aparente, ambas obtidas segundo

as normas DNER - ME 081 (1998), DNER - ME 084 (1995) e DNER - ME 117 (1994).

Tabela 2 - Parâmetros volumétricos das misturas asfálticas

CAP Densidade VVmédio

(%) Aparente (kg.m-3) Teórica (kg.m-3) (%)

4,0 2340 2504 6,5

4,8 2366 2474 4,4

5,6 2375 2445 2,9

6,6 2379 2409 1,2

60

Ensaios

As dimensões diametral e longitudinal de cada corpo de prova foram calculadas

com a média de três leituras para cada uma dessas direções, obtidas com paquímetro digital.

Para a realização dos ensaios não destrutivos de esclerometria e de VPU, os

corpos de prova foram previamente demarcados com um gabarito (Figura 3), respeitando-se

uma distância mínima de 25 mm dos centros de dois pontos de impacto esclerométrico,

conforme metodologia da ASTM C805/C805M (2008).

Figura 3 - Demarcação dos pontos para os ensaios de ultrassonografia e de esclerometria.

As medições do tempo de propagação de ondas ultrassônicas (s) para obter as

velocidades (m.s-1) foram realizadas segundo a metodologia proposta pela ABNT NBR 8802

(2013), sendo utilizado o equipamento de ultrassom (USLab, AGRICEF, Brasil) com

transdutores de faces exponenciais de frequência 45kHz e transdutores de faces planas de

frequência 80kHz, ambos de ondas longitudinais (Figura 4).

Figura 4 - Equipamento de ultrassom com transdutores: (a) faces exponenciais; (b) faces

planas.

61

Os transdutores foram posicionados em faces opostas e alinhados, nas direções

longitudinal e diametral do corpo de prova (Figura 5). Na direção longitudinal foram obtidas

cinco leituras do tempo de propagação de ondas e, na direção diametral foram tomadas três

leituras na meia altura do corpo de prova. Com a dimensão e a média do tempo de propagação

de ondas foram calculadas as velocidades nas direções longitudinal (VL) e diametral (VD).

Figura 5 - Direções do ensaio com o ultrassom.

Os ensaios de esclerometria (Figura 6) foram realizados após os ensaios de VPU.

Os corpos de prova foram confinados entre duas chapas metálicas e fixados em uma prensa

manual (morsa). Tal procedimento foi adotado, tendo por base a necessidade de impedir a

movimentação do corpo durante a aplicação dos impactos esclerométricos (NBR 7584, 2012).

Os impactos foram aplicados na direção diametral, totalizando 12 impactos em cada corpo de

prova. Foi empregado o esclerômetro (Digital Silver Schmidt PC L, PROCEQ, Switzerland)

que possui baixa energia de impacto (0,735 N.m), com êmbolo cogumelo adequado para

objetos frágeis ou estruturas com espessura inferior a 100 mm. O índice esclerométrico foi

obtido pela média aritmética dos ricochetes de impactos aplicados a cada corpo de prova.

Figura 6: Execução do ensaio de esclerometria.

62

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Com os valores do volume de vazios, das velocidades de propagação do pulso

ultrassônico e dos impactos esclerometricos foi realizada análise estatística, por meio do

estudo da variância (ANOVA), a fim de verificar diferenças entre as médias das variáveis e se

os valores do volume de vazios influenciam de forma significativa as variáveis dependentes.

Para isso, foi utilizado o método de Tukey, com 95% de confiança.

O volume de vazios (VV) do concreto asfáltico, para os teores intermediários de

asfalto, com base nos coeficientes de variação mais baixos, as amostras são mais homogêneas

e com o excesso de asfalto na mistura tornam-se heterogêneas (Tabela 3).

Tabela 3 - Volume de vazios da mistura asfáltica.

CAP (%) VVmédio (%) DP CV Assimetria Curtose Grupo (*)

4,0 6,5 1,0 15,4 -0,6 -0,2 A

4,8 4,4 0,5 10,6 0,3 -0,8 B

5,6 2,9 0,4 13,7 0,4 0,8 C

6,6 1,2 0,5 43,4 1,2 0,5 D

(*) Agrupamentos realizados pelo método de Tukey a 95% de confiança. Letras diferentes

indicam grupos estatisticamente diferentes.

DP: desvio padrão; CV: coeficiente de variação.

Tendo em vista que a variação dos volumes de vazios (VV) foi decorrente dos

percentuais de CAP utilizados na mistura, verificou-se pela análise estatística (Tabela 3) que

os teores de asfalto empregados foram suficientes para resultar em quatro grupos distintos de

VV, mostrando assim, que os valores médios possuem diferenças significativas entre si e são

decrescentes com o aumento de CAP. De forma análoga, Hamim et al. (2012) avaliaram o

comportamento físico e mecânico de uma mistura de concreto asfáltico com duas graduações

diferentes, elaboradas com 5,5% e 5,4% de asfalto, e mostraram que a redução do volume

total de vazios na mistura está relacionada com o aumento do teor de asfalto.

As velocidades médias de propagação de ondas longitudinais obtidas com

transdutores de faces exponenciais e planas com frequências de 45 kHz e de 80 kHz,

respectivamente, na direção longitudinal (VL) e diametral (VD) indicaram pouca dispersão ou

variabilidade e, assimetria e curtose dentro dos limites indicativos de distribuição normal

(Tabela 4).

63

Tabela 4 - Valores médios da velocidade de propagação do pulso ultrassônico com

transdutores de frequências 45 kHz e 80 kHz, nas direções longitudinal (VL45 e VL80) e

diametral (VD45 e VD80).

Direção Frequência VV (%) V (m.s-1) DP (m.s-1) CV (%) Ass. Cur. Grupo (*)

Longitudinal

45kHz

6,5 3513 162,2 4,6 0,6 -0,5

B

4,4 5133 524,0 10,2 0,1 -1,6 A

2,9 5312 505,0 9,5 0,0 -1,4 A

1,2 3507 172,4 4,9 -0,2 -0,5

B

80kHz

6,5 2979 99,4 3,3 0,6 -0,5

C

4,4 3238 89,3 2,8 0,0 -0,3

B

2,9 3285 74,8 2,3 0,9 0,6

B

1,2 3464 53,5 1,6 0,1 0,7 A

Diametral

45kHz

6,5 3393 106,8 3,1 0,8 0,1

D

4,4 4337 287,1 6,6 0,0 -0,9

B

2,9 4847 333,6 6,9 -0,1 -0,7 A

1,2 3614 118,5 3,3 -0,8 0,4

C

80kHz

6,5 3001 132,6 4,4 0,1 -0,7

B

4,4 3115 122,6 3,9 0,0 -0,4

B

2,9 3021 187,3 6,2 0,2 -0,3

B

1,2 3285 277,3 8,4 -0,6 -1,1 A

(*) Agrupamentos realizados pelo método de Tukey a 95% de confiança. Letras diferentes

indicam grupos estatisticamente diferentes.

DP: desvio padrão; CV: coeficiente de variação; Ass: assimetria; Cur.: curtose

Para a frequência de 45 kHz e na direção longitudinal de medição, os valores

médios das velocidades ultrassônicas foram divididos estatisticamente em dois grupos

distintos: A (VV = 4,4% e 2,9%) como intermediários e iguais estatisticamente e B (VV =

6,5% e 1,2%) os extremos, cujas velocidades não foram diferenciadas para estes teores. Na

direção diametral, resultaram em grupos de velocidades ultrassônicas estatisticamente

distintas entre si (A, B, C, D), conforme Tabela 4.

Na frequência de 80 kHz, para a direção longitudinal, os valores médios das

velocidades foram divididos em três grupos estatisticamente distintos entre si, sendo:

64

A (VV = 1,2%), B (VV = 4,4% e 2,9%) e C (VV = 6,5%), indicando novamente, para os

teores intermediários de VV (4,4% e 2,9%) que as velocidades resultaram estatisticamente

equivalentes. Na direção diametral, foram obtidos dois grupos com velocidades diferentes

estatisticamente: A (VV = 1,2%) e B (VV = 6,5%, 4,4% e 2,9%).

Vale ressaltar que devido às pequenas dimensões dos corpos de prova moldados

no padrão Marshall (DNER ME 43, 1995), com aproximadamente 63,5 mm de altura e 101,6

mm de diâmetro, as velocidades de pulso na direção longitudinal e diametral de medição,

principalmente na frequência de 45 kHz, foram afetadas pelo comprimento do percurso da

onda, uma vez que o comprimento de onda () é maior que a dimensão da altura, e

praticamente igual ao diâmetro do corpo de prova, não permitindo cumprir as bases teóricas

de propagação em meios infinitos. Com a média das velocidades de ondas consideradas reais

nos mesmos corpos de prova e com transdutores de 1000 kHz e de 500 kHz de frequência,

correspondentes a VL=3664 m.s-1 e a VD=3700 m.s-1, nas duas direções de medição, nota-se

que para a frequência de 80 kHz o comprimento de onda tem, aproximadamente, 46 mm,

fazendo com que a relação entre o comprimento de percurso e o comprimento de onda seja da

ordem de 1,4 e 2,2 nas direções longitudinal e diametral, respectivamente.

Neste caso, segundo Trinca e Gonçalves (2009), quando o meio deixa de ser

infinito a propagação da onda já não ocorre de forma livre, afetando a propagação e, assim, a

velocidade passa a ser dependente da frequência, tendo seus valores numéricos afetados. No

entanto, tendo em vista que para todos os teores de CAP as dimensões dos corpos de prova

foram praticamente iguais, todos os valores de velocidade estariam afetados pela mesma

relação fazendo com que seja possível, de forma isolada para a frequência, comparar o

comportamento geral.

Com base nos impactos esclerométricos aplicados a cada corpo de prova foram

calculados os valores que representam os índices esclerométricos médios (Tabela 5) e, pela

análise estatística, os valores se diferenciaram para os quatro volumes de vazios decorrentes

dos teores de CAP utilizados na dosagem da mistura asfáltica. Pode-se notar, tanto para o

extremo superior do volume de vazios (VV = 6,5%), para o qual a mistura é menos coesa,

quanto para o extremo inferior (VV = 1,2%), para o qual a mistura é mais plástica, que a

restituição da energia pelo método esclerométrico é menor.

65

Tabela 5 - Índices esclerométricos.

VV (%) Q DP CV (%) Assimetria Curtose Grupo (*)

6,5 28,2 2,0 7,1 0,5 -0,5 C

4,4 33,1 1,8 5,4 0,4 0,9 B

2,9 35,0 1,6 4,7 -0,2 -0,6 A

1,2 25,6 2,2 8,7 0,1 -1,2 D

(*) Agrupamentos realizados pelo método de Tukey a 95% de confiança. Letras diferentes

indicam grupos estatisticamente diferentes.

DP: desvio padrão; CV: coeficiente de variação.

Correlações dos resultados dos métodos de ensaios

Com o objetivo de caracterizar o comportamento dos resultados dos END de VPU

e de esclerometria, quanto à variação do volume de vazios da mistura asfáltica, essa

propriedade foi correlacionada com a velocidade de propagação de ondas e com o índice

esclerométrico.

Correlação entre a velocidade de propagação do pulso ultrassônico e o volume de vazios

As velocidades na frequência de 45 kHz foram crescentes até o valor de máximo

das funções quadráticas (3,9%; 5022 m.s-1), para a direção longitudinal (Figura 7a) e até o

máximo (3,6%; 4440 m.s-1) para a direção diametral (Figura 7b), que se enquadram na faixa

de volume de vazios entre 3% e 5% estabelecida pelo Departamento Nacional de

Infraestrutura de Transportes - DNIT ES 031 (2006) para camadas de pavimento de rodovias

com tráfego pesado. Para volumes de vazios maiores que o ponto de máximo, a regressão

indicou o decréscimo da velocidade. Na frequência de 80 kHz e para as duas direções, por

consequência da variação do teor de asfalto, a velocidade de propagação do pulso ultrassônico

diminui com o aumento do volume de vazios (Figura 7c e 7d).

A frequência que apresentou melhor correlação foi a de 80 kHz e na direção

longitudinal de medição (Figura 7c), com maiores coeficientes de determinação e de

correlação, pois com o aumento do volume de vazios, a mistura torna-se menos coesa e,

consequentemente, reduz a velocidade de propagação. As equações ajustadas para representar

VL45 x VV e VL80 x VV, indicaram para esta direção o coeficiente de determinação R2 igual a

56%, para frequência de 45 kHz e 84% para frequência de 80 kHz. Para a direção diametral,

resultou num coeficiente de determinação R2 igual a 54% para frequência de 45 kHz e, para a

66

frequência de 80 kHz não se obteve correlações consideráveis (R2 = 26% - Figura 7d). Esse

resultado obtido com a frequência de 80 kHz para a direção diametral pode estar relacionado

com a dificuldade de acoplamento do transdutor de faces planas na superfície curva do corpo

de prova.

(a) (b)

(c) (d)

Figura 7 - Correlação entre a VPU e o volume de vazios: (a) 45 kHz, direção longitudinal; (b)

45 kHz, direção diametral; (c) 80 kHz, direção longitudinal; (d) 80 kHz, direção diametral.

Considerando os modelos de regressão (Tabela 6), todas as correlações entre a

velocidade de propagação de ondas e o volume de vazios da mistura asfáltica foram

significativas (P-valor = 0,0000). Na correlação VD80 x VV apesar do valor de R2 igual a 26%,

o P-valor < 0,05, indicou que a regressão foi significativa onde a tendência demonstrada pelo

ensaio foi a redução da velocidade com o aumento da porcentagem de vazios da mistura.

67

Tabela 6 - Parâmetros e modelos da regressão entre velocidade da onda e volume de vazios.

Parâmetro Regressão R R2 P-valor

VL45xVV VL45 = -157,227VV2 + 1220,819%VV + 2665,541 0,75 0,56 0,0000

VD45xVV VD45 = -92,656VV2 + 662,466VV + 3263,183 0,73 0,54 0,0000

VL80xVV VL80 = -2,435VV2 - 64,950VV + 3527,488 0,91 0,84 0,0000

VD80xVV VD80 = -160,6ln(VV) + 3286,0 0,51 0,26 0,0000

Correlação entre o índice esclerométrico e o volume de vazios

O índice esclerométrico ao ser correlacionado com o volume de vazios resultou

numa função quadrática (Figura 8), cujo ponto de máximo ocorre entre os teores de 4,8% e

5,6% de CAP (VV = 4,2%; Q = 33,3) e cujo modelo de regressão (Tabela 7) apresentou um

P-valor igual a 0,000 para a função ajustada, indicando que a correlação foi estatisticamente

significativa.

Tabela 7 - Parâmetro e modelo da regressão entre o índice esclerométrico e o volume de

vazios.

Parâmetro Regressão R R2 P-valor

QxVV Q = -0,6217VV2 + 5,1571VV + 22,592 0,67 0,45 0,0000

Figura 8 - Correlação entre o índice esclerométrico e o volume de vazios.

Dos quatro valores de volumes de vazios experimentais, consequentes dos teores

de CAP adotados, apenas o VV=4,4%, correspondente ao teor de 4,8% de CAP, enquadrou-se

na faixa padrão (3% a 5%) do DNIT ES 031 (2006). Para este intervalo a regressão indicou a

68

ocorrência de valores elevados dos índices esclerométricos, incluindo-se o máximo da função

(33,3).

Tendo em vista a dispersão dos valores dos índices esclerométricos para cada

corpo de prova, optou-se por realizar também a correlação, para cada um dos teores de CAP,

com os valores médios do volume de vazios, que comparada com os valores individuais, a

representação Q x VV (Figura 9) trouxe uma excelente correlação com coeficiente

determinação igual a 90% e ponto máximo da função quadrática para VV igual a 4,0%, dentro

da especificação do DNIT ES 031 (2006).

Figura 9 - Função de ajuste para o índice esclerométrico médio.

CONCLUSÕES

Os resultados dessa pesquisa permitiram concluir que:

- A variação do volume de vazios decorrente do teor de asfalto na mistura,

produziu comportamentos similares para os ensaios de velocidade de propagação do pulso

ultrassônico (na frequência de 45 kHz e nas duas direções de propagação de ondas) e de

esclerometria, para as regressões representadas por funções quadráticas, as velocidades de

ondas nas direções longitudinal e diametral alcançaram os pontos de máximos para os

volumes de vazios iguais a 3,9% e 3,6%, respectivamente. No entanto, para essa frequência

(45 kHz) os resultados foram afetados pelo comprimento de onda e os valores obtidos podem

ser utilizados como análises comparativas, não sendo as velocidades reais do material, para as

quais são necessários transdutores de frequências mais elevadas, ou ainda trabalhar com peças

de dimensões maiores do que as empregadas nesta pesquisa, o que melhor retrata os

pavimentos aplicados in situ.

69

- O ponto de máximo para o volume de vazios correspondente a regressão

quadrática dos resultados da esclerometria, foi igual a VV = 4,2% para uma porcentagem de

vazios médio no teor ótimo igual a VV = 4,4%, resultante do projeto de teor de CAP

empregado na dosagem. Na correlação com os valores médios do volume de vazios, o ponto

máximo da função foi VV = 4,0%.

- Os pontos de máximos das funções para os ensaios de ultrassonografia na

frequência de 45 kHz e esclerometria ficaram enquadrados na faixa para pavimento de

rodovias de tráfego pesado, mostrando haver a possibilidade dos métodos END serem

empregados para enquadramento de faixas estabelecidas por normas de pavimentação.

- A frequência de 80 kHz na direção longitudinal de medição, mostrou-se mais

confiável quanto às medições de VPU para a correlação VL x VV, com R2 igual a 84%, R

igual a 0,91 e P-valor igual a 0,0000, indicando que a regressão foi estatisticamente

significativa, para a qual, por consequência do aumento do teor de asfalto, a redução do

volume de vazios fez aumentar a velocidade ultrassônica. Nessa frequência foi possível prever

a porcentagem de vazios na mistura com a técnica de ultrassom.

Face ao exposto, os ensaios de ultrassonografia e de esclerometria mostram

potencial para serem empregados em pavimentação para caracterizar o comportamento do

volume de vazios em misturas asfálticas convencionais. No entanto, para ultrassonografia,

tendo em vista os resultados obtidos pela frequência de 45 kHz, que apontaram uma possível

tendência para aplicação em misturas asfálticas, é sugerida a realização dos ensaios em peças

com dimensões maiores. Sugere-se ainda, que sejam pesquisados os efeitos de outras

variáveis, tais como o tipo de ligante, a granulometria dos agregados, a energia e método de

compactação, de forma que essas outras variáveis sejam englobadas nos modelos de

regressão.

AGRADECIMENTOS

Os autores gostariam de agradecer o apoio à Egis engenharia pelo apoio nos

ensaios de laboratório e à Proceq SAO Equipamentos de Medição Ltda. pelo empréstimo do

equipamento esclerômetro de baixa energia.

70

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73

4 DISCUSSÃO GERAL

Neste trabalho são apresentados estudos sobre os métodos não destrutivos de

velocidade de propagação do pulso ultrassônico (VPU) e de esclerometria aplicados a uma

mistura de concreto asfáltico convencional, resultados de um programa experimental que

possibilitou elaborar dois artigos que foram submetidos a periódicos qualificados na área de

Ciências Agrárias e que compõem esta Tese.

Considerando os dois artigos redigidos, foram verificadas as possibilidades de

utilização de ambos os métodos END a fim de caracterizar com seus resultados o

comportamento da mistura, quanto aos parâmetros do teor de asfalto, do volume de vazios e

do módulo de resiliência.

4.1 Comportamento da variação do teor de asfalto e do módulo de resiliência

avaliados pela velocidade de propagação do pulso ultrassônico e esclerometria

Esta etapa da pesquisa foi realizada com a moldagem de 12 corpos de prova de

concreto asfáltico convencional, com teor ótimo de CAP da mistura obtido

experimentalmente igual a 4,8%, sendo 03 unidades para cada um dos teores de CAP (4,0%,

4,8%, 5,6% e 6,6%).

As velocidades de propagação do pulso ultrassônico com transdutores de ondas

longitudinais nas direções longitudinal e diametral, ambos com frequência de 500 kHz (VL500

e VD500), foram crescentes entre os teores de 4,0% e 4,8%, com as maiores velocidades

incidindo nos corpos de prova dosados com o teor ótimo de asfalto (4,8%). A partir do teor

ótimo os valores das VPU foram decrescentes, mostrando que nas duas direções de medições,

o comportamento foi semelhante.

Os valores adimensionais dos índices esclerométricos seguiram o mesmo

comportamento com o maior valor de Q (35,1) obtido para o grupo de corpos de prova

moldados com 4,8% de CAP. O menor valor de Q (31,4), registrando menor retorno da força

ao impacto, para os corpos de prova no teor de 4,0% de CAP, caracterizando neste teor,

mistura mais dura, com menos coesão entre os agregados, quebradiça e sujeita a ruptura.

Da mesma forma, os valores médios dos módulos de elasticidade calculados pela

VPU, para as duas frequências (1000 kHz e 500 kHz) e na direção longitudinal (direção da

compactação dos corpos de prova) foram crescentes entre os teores de 4,0% e 4,8% de CAP,

com o maior módulo de elasticidade registrado para o teor ótimo de asfalto (4,8%), seguidos

de valores decrescentes com aumento no teor de asfalto.

74

Os comportamentos foram semelhantes entre ambos os métodos de END,

apresentando coerência dos resultados, onde o divisor dos grupos foi registrado para o teor

correspondente ao ponto ótimo de asfalto (4,8%), bem como maiores VPU (na frequência de

500 kHz), maiores índices esclerométricos e maiores módulos de elasticidade (na direção

longitudinal de medição).

Dessa forma, os END realizados nesta pesquisa contribuíram para caracterização

do comportamento da mistura asfáltica convencional possibilitando a identificação do ponto

ótimo de asfalto, fator preponderante para um projeto de mistura asfáltica, bem como valores

ideais para módulos de elasticidade obtidos pela VPU, adequados para se trabalhar,

garantindo maior estabilidade, durabilidade e vida útil da mistura.

Para a frequência de 1000 kHz, na direção longitudinal (VL1000) não foi possível

distinguir estatisticamente grupos para as velocidades de propagação de ondas. No entanto,

numericamente as velocidades resultaram em valores decrescentes com o aumento de asfalto

na mistura. Na direção diametral (VD1000) houve variações das velocidades, não possibilitando

diferenciar estatisticamente o teor de 4,0% do 5,6% de CAP e o teor de 4,8% do 6,6% de

CAP, apresentando sensibilidade do transdutor nessa direção e com essa frequência. Outro

fato relevante foi registrado no teor ótimo, em que os valores médios da VPU, para as duas

frequências, foram iguais na direção longitudinal de medição e muito próximas na direção

diametral (VL1000 = VL500 = 3747 m.s-1 e VD1000 = 3989 m.s-1 e VD500 = 3919 m.s-1).

Considerando as correlações obtidas neste estudo, novamente a direção

longitudinal de medição registrou melhores resultados das regressões entre os ensaios. O

aumento no teor de asfalto na mistura proporcionou módulos de elasticidade obtidos pela

VPU na direção longitudinal (para as duas frequências) e índices esclerométricos crescentes

até os teores entre 4,8% (ponto de ótimo) e 5,6% de CAP, respectivamente, seguidos de

valores decrescentes e, com valores máximos de EL e Q no ponto ótimo de asfalto (4,8%).

Foram registrados também maiores valores de VL e VD na frequência de 500 kHz para o teor

ótimo, corroborando com o estudo de Khalili e Karakouzian (2015) que afirmam que a

velocidade do pulso ultrassônico tem relação direta com o módulo de elasticidade. Esse

comportamento da VL, EL e Q com valores máximos registrados no ponto ótimo de asfalto,

podem ser atribuídos a uma melhor coesão entre os agregados e o asfalto, tornando a mistura

resistente e com trabalhabilidade ideal.

De acordo com Teixeira et al. (2015), misturas mais granulares e grosseiras em

sua composição tendem a apresentar comportamento do módulo de elasticidade decrescente.

Neste estudo, a mistura com menor teor de asfalto (4,0% de CAP) e por consequência mais

75

granular, apresentou menor valor de EL e tendência de redução do módulo de elasticidade

com a diminuição de CAP, principalmente na direção diametral de medição. Comportamento

similar também foi observado por Teixeira et al. (2015) na análise de solos com incorporação

de areia descartada de fundição, tendo por base os efeitos da granulometria e da umidade na

VPU e na resistência à compressão simples. Os autores concluíram que devido o aumento da

porcentagem de areia descartada de fundição na mistura do solo, ocorreu diminuição da

resistência à compressão simples do solo e da VPU, o que se explica pela redução da força de

coesão em função da maior granulação da mistura.

Para representar EL x %CAP o modelo de ajuste na frequência de 1000 kHz,

apresentou coeficiente de correlação R igual a 0,91 e coeficiente de determinação R2 igual a

82% e, na frequência de 500 kHz, um coeficiente de correlação igual a 0,86 e coeficiente de

determinação igual a 75%.

O comportamento do módulo de resiliência por ensaios não destrutivos pode ser

observado pelas correlações VUS x MR e EUS x MR, em que o decréscimo no módulo de

resiliência gerou, para a direção longitudinal de medição, aumento da VPU, na frequência de

500 kHz, e do módulo de elasticidade longitudinal obtido por ultrassom (para as duas

frequências), até o teor de 4,8% de CAP e decrescente em seguida, sendo registrados os

maiores valores, no teor ótimo de asfalto, caracterizando bom comportamento elástico da

mistura, devido ao melhor arranjo na composição dos materiais.

Situação similar ocorreu na pesquisa de Elhafeez et al. (2014) que estudaram a

VPU em duas misturas, uma de graduação densa, constituída por um esqueleto mineral com

menos vazios, onde o teor de asfalto envolveu toda a estrutura dos agregados e outra de matriz

pétrea asfáltica com elevada porcentagem de agregado graúdo e menos densa. Os autores

observaram maior VPU para a mistura mais sólida, densa, onde o asfalto proporcionou boa

coesão entre as partículas, pois a existência de vazios na mistura, reduz a velocidade de

propagação da onda.

A equação ajustada para VL500 x MR gerou um valor máximo da função para o

módulo de resiliência, igual a 4362 MPa e velocidade igual a 3833 m.s-1. As equações

ajustadas para EL1000 x MR e EL500 x MR geraram valores muito próximos de máximo das

funções para módulos de elasticidade iguais a 26830 MPa e 25175 MPa nas frequências de

1000 kHz e 500 kHz, respectivamente e, módulos de resiliência iguais a 3920 MPa e 3966

MPa nas frequências de 1000 kHz e 500 kHz, respectivamente, com boa correlação entre os

parâmetros analisados.

76

Assim, com a utilização de um Ensaio Não Destrutivo de simples execução,

rápido na aquisição de dados e eficaz, é possível caracterizar o comportamento do módulo de

resiliência, fator preponderante na avaliação de misturas asfálticas quanto ao comportamento

mecânico, garantindo maior resistência à deformação permanente e a vida de fadiga da

mistura.

4.2 Influência do volume de vazios avaliados pela velocidade de propagação do

pulso ultrassônico e esclerometria

Para esta etapa da pesquisa foram moldados 100 corpos de prova com a finalidade

de obter volumes de vazios distintos. Os quatro teores de asfalto empregados na mistura

geraram grupos distintos estatisticamente para os volumes de vazios e decrescentes conforme

o aumento de CAP, sendo: VV= 6,5% (4,0% CAP); VV= 4,4% (4,8% CAP); VV= 2,9%

(5,6% CAP) e VV= 1,2% (6,6% CAP).

Tanto nos ensaios de velocidade de propagação do pulso ultrassônico com

transdutores de frequência 45 kHz, para as duas direções de medição, como nos ensaios de

esclerometria, os resultados de ambos os ensaios, em função do teor de asfalto e do volume de

vazios, apresentaram comportamento de uma parábola de concavidade voltada para baixo.

Pelas regressões obtidas, as velocidades de propagação de ondas foram crescentes

com a redução do volume de vazios até os valores compreendidos entre 4,4% de VV e 2,9%

de VV que correspondem aos teores de CAP de 4,8% e 5,6%, respectivamente. Na frequência

de 80 kHz, as velocidades da onda foram numericamente crescentes, sendo consideradas

estatisticamente iguais entre si para os teores intermediários de volume de vazios (VV = 4,4%

e VV = 2,9%) na direção longitudinal de medição e velocidades estatisticamente iguais entre

si para os teores de volume de vazios de VV = 6,5%, VV = 4,4% e VV = 2,9% na direção

diametral.

Devido às pequenas dimensões dos corpos de prova moldados no padrão

Marshall, as velocidades e propagação do pulso ultrassônico, principalmente na direção

longitudinal de medição (altura do CP) com frequência de 45 kHz, foram afetadas pelo

comprimento do percurso ser menor que o comprimento de onda.

Esse fato pode ser entendido considerando-se a média das dimensões do

comprimento (L) e diâmetro (D) para os 100 corpos de prova ensaiados e a média das

velocidades de ondas consideradas reais obtidas com transdutores de 1000 kHz e 500 kHz,

nas duas direções de medição, onde se observa que o comprimento de onda na direção

77

longitudinal e na frequência de 45 kHz (45 = 81,4 mm), não comporta uma onda completa

(relação L/ = 0,8), afetando, assim, os valores de velocidade (Tabela 1). Para a frequência de

80 kHz nesta mesma direção e para as duas frequências (45 kHz e 80 kHz) na direção

diametral, o baixo valor do comprimento de onda, não permitiu cumprir as bases teóricas de

propagação em meios infinitos.

É nesse contexto, compreendendo-se que as velocidades foram afetadas pelo

comprimento do percurso da onda, que os valores obtidos, serviram para efeito de

comparação entre os transdutores, expressando apenas a tendência do comportamento da

propagação de ondas em função dos volumes de vazios.

Tabela 3 - Relação entre o comprimento médio dos corpos de prova e a frequência (L/).

Dir. Longitudinal Dir. Diametral

L=61,8mm L=101,4mm

VL1000 (m.s-1) VL500 (m.s-1) VD1000 (m.s-1) VD500 (m.s-1)

3565 3763 3722 3677

(mm) (mm) (mm) (mm)

81,4 45,8 82,2 46,2

L/ L/ L/ L/

0,8 1,4 1,2 2,2

A diferença no comportamento da VPU com a variação no volume de vazios para

as frequências de 45 kHz e 80 kHz pode ser justificada não somente pela complexidade do

material, o que, por sua vez, dificulta o Ensaio Não Destrutivo, como também pela teoria

elementar dos meios finitos, onde os fenômenos de reflexão e refração afetam a propagação

do pulso ultrassônico e, portanto, passando o meio a ser dispersivo.

Nas correlações entre o volume de vazios e os END, tanto para a velocidade de

propagação do pulso ultrassônico, na frequência 45 kHz e para as duas direções de medição,

quanto para os índices esclerométricos, o comportamento foi de regressão quadrática com

concavidade voltada para baixo. Tal comportamento se deve ao fato de nos corpos de prova

com menor teor de asfalto (4,0% de CAP) haver menor lubrificação dos grãos, tornando a

mistura menos coesa, contribuindo para atenuações na VPU, e por sua vez, pela textura áspera

e irregularidades existentes na superfície dos corpos de prova, resultaram em menores valores

de energia de impacto. De acordo com Chaix et al. (2006), o aumento do volume de vazios

gera mais atenuação no material e, com isso, a VPU é prejudicada.

78

Para o grupo de corpos de prova com excesso de asfalto (6,6% de CAP), a mistura

favoreceu a dispersão do material fino no asfalto, ocorrendo instabilidade e exsudação da

mistura, tornando o comportamento mais flexível e, consequentemente, redução na VPU e

menor energia restituída ao esclerômetro.

Os máximos das funções correspondem aos volumes de vazios de 3,9% e 3,6%,

para as direções longitudinal e diametral, respectivamente. Esses valores estão enquadrados

na faixa estabelecida pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - DNIT ES

031 (2006). A VPU mostrou que entre os volumes de vazios de 4,4% e 2,9%, os vazios foram

bem preenchidos pelo asfalto, havendo melhor coesão na mistura e satisfazendo os requisitos

estipulados pelo DNIT ES 031 (2006).

Para a frequência de 80 kHz, o comportamento das VPU foi crescente com a

diminuição do volume de vazios, principalmente na direção longitudinal de medição, com

tendência demonstrada pelo ensaio, ocorrendo redução da velocidade com o aumento da

porcentagem de vazios na mistura. Para Punurai et al. (2006), a velocidade de propagação do

pulso ultrassônico é inversamente proporcional ao volume de vazios em misturas de

asfálticas. Portanto, foi nesta frequência que se obteve melhor resposta do comportamento do

volume de vazios com a VPU.

Tal fato foi observado também por Lafhaj et al. (2006), que pesquisaram a

velocidade de propagação do pulso ultrassônico em compósitos cimentícios, variando a

relação água/cimento de 0,3 a 0,6 nas misturas de argamassas, o que implicou no aumento da

VPU com a diminuição da porosidade e da permeabilidade, o que se deve a menor presença

de vazios (de ar ou água) em sua microestrutura. Para Panzera et al. (2011), a presença de

vazios (ar ou água) diminui o contato entre os poros e, consequentemente, faz reduzir a

velocidade do pulso ultrassônico.

Todos os modelos de regressão geraram P-valor igual a 0,0000 indicando

regressões significativas, com maior coeficiente de determinação (R2) igual 84% e de

correlação (R) igual a 0,91 para a direção longitudinal de medição e na frequência de 80 kHz.

Dessa forma, os valores obtidos nessa pesquisa foram coerentes, visto que a VPU

diminuiu com a redução no teor de CAP. O aumento da velocidade observado com o aumento

no teor de CAP pode ser traduzido em ganhos, indicando ser um meio mais coeso e com

menos vazios. Este comportamento corrobora com Jiang et al. (2006) que afirmam que

amostras bem compactadas, coesa e com boa ligação entre os agregados e o asfalto, torna o

meio mais contínuo e ocorrendo menos atenuação da onda.

79

Com relação à esclerometria, a correlação Q x VV resultou também num modelo

de regressão estatisticamente significativo, onde o ponto de máximo da função quadrática foi

registrado entre os volumes de vazios de 4,4% e 2,9% (VV = 4,15%; Q = 33,3), também

dentro da faixa preconizada pela norma DNIT ES 031 (2006), e ainda, muito semelhante ao

valor do índice esclerométrico para o volume de vazios de 4,4% (Qmédio = 33,1), cujo valor

corresponde ao teor ótimo de CAP (4,8%). Foi constatado para os pontos extremos de

porcentagem do volume de vazios, VV=6,5% e VV=1,2% (4,0% de CAP e 6,6% de CAP,

respectivamente), que os índices esclerométricos apresentaram menores valores. Este fato

pode ser justificado, por um lado, onde o aumento de vazios entre os agregados tornou a

mistura menos coesa, com superfície irregular e com agregados expostos, o que segundo Jain

et al. (2013) pode prejudicar a leitura dos impactos esclerométricos. E, por outro lado, o

excesso de asfalto fez reduzir o volume de vazios e tornou a mistura mais deformável.

Portanto, em ambas às situações, ocorreu uma menor restituição da energia pelo esclerômetro.

Por fim, analisando o comportamento dos impactos esclerométricos, as respostas do ensaio

serviram não somente para caracterizar o comportamento da mistura asfáltica, como também,

indicativo da faixa de volume de vazios preconizada pelo DNIT ES 031 (2006), que deve ser

adotada num projeto de mistura asfáltica.

Vale ressaltar que o grupo de corpos de prova dosados com excesso de asfalto

(6,6% de CAP), cujo teor é aproximadamente 40% superior ao teor ótimo de CAP e que na

prática corresponde a uma situação de difícil ocorrência, esta porcentagem de asfalto

influenciou fortemente as correlações obtidas neste estudo. Portanto, para novas análises a

exclusão de amostragens com teores muito acima do ótimo, poderão produzir melhores

correlações, refletindo as situações mais comuns dos revestimentos asfálticos aplicados nas

estradas.

De acordo com a Réunion Internationale des Laboratoires et Experts des

Matériaux - RILEM (1993) apud Jain et al. (2013), quando o material apresenta variação no

comportamento de suas propriedades físicas e mecânicas e estas afetam os resultados dos

END, a utilização de métodos combinados é recomendável.

Para HUANG et al. (2011), a combinação dos END como o esclerômetro e a VPU

tem a vantagem do primeiro método revelar informações da resistência superficial do material

enquanto o segundo método, informações da parte interna do material, levando a resultados

mais precisos e confiáveis.

Tendo em vista aplicabilidade dos modelos de regressões discutidos nesta

pesquisa, em atividades práticas de campo (“in situ”), como por exemplo, no controle

80

tecnológico, os resultados despertam para futuros estudos de modelos para a estimativa do

teor ótimo de asfalto, do módulo de resiliência e do volume de vazios das misturas asfálticas

convencionais, ou até mesmo modificadas. Acrescenta-se ainda a importância de estudos que

verifique o efeito da variação da temperatura na variabilidade dos resultados desses métodos

END.

Foi verificado nesta pesquisa, a importância de se trabalhar com mais de um

END. Muitas variáveis influenciam no comportamento das misturas asfálticas e nas respostas

dos END, não sendo tarefa fácil obter uma relação simples de estimativa do teor de asfalto, do

módulo de elasticidade e do volume de vazios, que leve em conta todos os aspectos de uma

mistura. Portanto, ainda que os métodos de Ensaios Não Destrutivos não substituam os

ensaios tradicionais, poderão contribuir de forma complementar na avaliação de revestimentos

asfálticos.

81

5 CONCLUSÃO GERAL

O desenvolvimento desta pesquisa experimental fundamentada na hipótese de que

os métodos da velocidade de propagação do pulso ultrassônico e da esclerometria possam ser

empregados na caracterização do comportamento de propriedades do concreto asfáltico,

permitiu concluir, que:

- As velocidades de propagação do pulso ultrassônico na frequência de 500 kHz

(nas duas direções de medição), o módulo de elasticidade obtido por VPU na direção

longitudinal (EL) e os impactos esclerométricos mostraram resultados semelhantes, com os

maiores valores desses parâmetros registrados para o teor ótimo de 4,8% de CAP. Dessa

similitude, os pontos de inflexão (de máximo) das funções ajustadas para tais parâmetros

registram valores próximos ao teor ótimo de CAP (entre os teores de 4,8% e 5,6%),

mostrando a representação do modelo para caracterização da mistura asfáltica, inclusive com

o indicativo do ponto ótimo de asfalto.

- Os coeficientes de determinação para regressões entre Q x MR e EL x MR, com

seus valores superiores à 76% mostraram ser possível correlacionar os resultados do módulo

de resiliência (MR) com os resultados dos Ensaios Não Destrutivos de esclerometria e de

VPU, na direção longitudinal, tanto na frequência de 1000 kHz quanto na frequência de 500

kHz.

- As velocidade de propagação do pulso ultrassônico na frequência de 45 kHz e os

impactos esclerométricos demonstraram tendência crescente até valores intermediários de

volume de vazios (4,4% e 2,9%), cujos valores correspondem aos teores entre 4,8% (ótimo da

mistura) e 5,6% de CAP, seguido do decréscimo e dentro da faixa padronizada no Brasil. Para

a VPU com a frequência de 80 kHz registrou-se comportamento diferente, sendo a velocidade

da onda decrescente com o aumento de VV, o que caracteriza para baixos teores de CAP,

mistura menos coesa. O modelo de regressão para representar o comportamento VL80 x VV,

apresentou R2 igual a 84% possibilitando com transdutores de 80 kHz de frequência,

identificar e caracterizar a variação do volume de vazios por meio de um ensaio não

destrutivo.

- Os transdutores com frequências de 45 kHz e de 500 kHz registraram

comportamentos semelhantes das velocidades de propagação do pulso ultrassônico em ambas

as direções, representados por parábolas com concavidades voltadas para baixo, com valores

crescentes até teores entre 4,8% e 5,6% de CAP (para 45 kHz) e teores de 4,0% e 4,8% (para

500 kHz), seguido do decréscimo. Entretanto, como as VPUs na frequência de 45 kHz

82

mostraram-se afetadas pela relação entre o comprimento do corpo de prova e o comprimento

de onda utilizado, seus registros serviram para comparativo entre os transdutores, expressando

apenas a tendência do comportamento VPU em função dos volumes de vazios.

Por fim, os Ensaios Não Destrutivos de velocidade de propagação do pulso

ultrassônico (nas frequências de 80 kHz e 500 kHz) e esclerometria, mostraram-se viáveis

como métodos para caracterização do comportamento das misturas asfálticas, quanto a

porcentagem de asfalto, ao volume de vazios e ao módulo de resiliência do concreto asfáltico

convencional. Porém, devido grande variabilidade nas propriedades da mistura, sugere-se que

sejam pesquisados os efeitos de outras variáveis, tais como a temperatura, o tipo de ligante,

incorporação de aditivos ou materiais reciclados, granulometria dos agregados, diferentes

energias e métodos de compactação, não somente para ampliar o banco de dados, como

prover de outros resultados, para que tais variáveis possam estar presentes nas condições de

reais de campo.

83

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88

APÊNDICES

89

APÊNDICE 1 - Características dos materiais

90

Figura A1.1 - Granulometria dos agregados

Tabela A1.1 - Densidades da mistura de agregados

Material Real

(kg.m-3)

Aparente

(kg.m-3)

Efetiva

(kg.m-3)

Mistura

(%)

Brita 1 2675 2649 2662 27,0

Pedrisco 2670 2645 2658 23,0

Pó de Pedra 2680 - 2680 47,0

Cal (CH-I) - - 2540 3,0

Tabela A1.2 - Característica do Cimento Asfáltico de Petróleo (CAP 50/70)

Densidade (kg.m-³) 1019

Penetração (0,1 mm) 61

Ponto de amolecimento (ºC) 55

Ponto de fulgor (°C) 315

Tabela A1.3 - Temperatura dos Materiais para Moldagem (ºC)

Mistura na moldagem 150oC

Agregados 170oC

CAP 155oC

91

Tabela A1.4 - Distribuição Granulométrica

Peneiras Mistura Faixa de trabalho

(mm) (pol./nº) (%) (%)

25,00 1" 100,0 100 - 100

19,10 3/4" 100,0 100 - 100

12,70 1/2" 92,5 80 - 100

9,52 3/8" 78,3 70 - 90

4,80 nº 4 58,6 44 - 72

2,00 nº 10 39,9 22 - 50

0,42 nº 40 20,9 8 - 26

0,175 nº 80 13,4 4 - 16

0,075 nº 200 8,4 2 - 10

Figura A1.2 - Características Marshall da mistura

92

APÊNDICE 2 - Resultados dos ensaios

93

Tabela A2.1 - Densidades dos 12 corpos de prova que compuseram o artigo 1

Tabela A2.2 - Velocidades longitudinais de propagação de ondas de ultrassom com transdutores

de frequência 1000 kHz e 500 kHz nas direções longitudinal e diametral de medição.

CP

No. 4,0% CAP 4,8% CAP 5,6% CAP 6,6% CAP

1 2316 2363 2386 2391

2 2318 2365 2373 2376

3 2333 2372 2349 2386

média 2322 2366 2369 2384

Densidade (kg.m-3

)

VL1000 VL500 VD1000 VD500

(m.s-1) (m.s

-1) (m.s-1) (m.s

-1)

3703 3225 3465 3424

4,0 4072 3406 3610 3493

3971 3301 3543 3411

3680 3769 3839 3820

4,8 3776 3758 4059 3969

3786 3714 4070 3967

3721 3730 3343 3738

5,6 3756 3615 3464 3864

3630 3678 3465 3729

3704 3548 3848 3824

6,6 3761 3581 3693 3708

3601 3457 3729 3716

Direção DiametralDireção LongitudinalCAP

(%)

94

Tabela A2.3 - Módulos de Elasticidade longitudinais (EL) obcaltidos por ultrassom com

transdutores de frequência 1000 kHz e 500 kHz nas direções longitudinal e diametral de

medição e de Resiliência (MR).

EL1000 EL500 ED1000 ED500

16518 17990 21942 20367 6246

4,0 18401 19088 23712 22079 6257

17736 17998 22776 20999 6398

26394 24799 23681 23610 4889

4,8 25450 24154 21564 21988 4962

27247 24615 25781 22086 5293

26214 24962 24973 26707 3808

5,6 24704 23021 25713 26579 3530

24524 23143 25481 25431 4093

24395 21099 26193 25396 2377

6,6 24784 24851 25083 25009 2368

23126 23351 29178 24300 2680

MR

(MPa)

CAP

(%)

Direção Longitudinal Direção Diametral

ED (MPa)EL (MPa)

95

Tabela A2.4 - Parâmetros das misturas asfálticas (4,0% CAP)

96

Tabela A2.5 - Parâmetros das misturas asfálticas (4,8% CAP)

97

Tabela A2.6 - Parâmetros das misturas asfálticas (5,6% CAP)

CP Massa ao Ar Massa Imersa VolumeMassa Específica Aparente Volume de Vazios

No. (g) (g) (cm3) (g.cm

-3) (%)

1 1161,2 675,5 485,7 2,391 2,2

2 1162,1 673,0 489,1 2,376 2,8

3 1176,4 680,1 496,3 2,370 3,0

4 1165,1 676,6 488,5 2,385 2,4

5 1173,7 676,8 496,9 2,362 3,4

6 1165,9 676,2 489,7 2,381 2,6

7 1171,1 678,7 492,4 2,378 2,7

8 1164,6 674,3 490,3 2,375 2,8

9 1166,0 673,1 492,9 2,366 3,2

10 1168,8 679,0 489,8 2,386 2,4

11 1164,4 673,8 490,6 2,373 2,9

12 1166,7 674,2 492,5 2,369 3,1

13 1166,1 675,5 490,6 2,377 2,8

14 1168,3 675,9 492,4 2,373 2,9

15 1152,4 666,2 486,2 2,370 3,0

16 1166,6 670,0 496,6 2,349 3,9

17 1151,9 664,4 487,5 2,363 3,3

18 1174,2 682,3 491,9 2,387 2,4

19 1175,2 682,0 493,2 2,383 2,5

20 1164,2 674,1 490,1 2,375 2,8

21 1168,1 675,0 493,1 2,369 3,1

22 1171,9 678,2 493,7 2,374 2,9

23 1161,3 675,4 485,9 2,390 2,2

24 1162,9 673,1 489,8 2,374 2,9

25 1165,4 673,3 492,1 2,368 3,1

98

Tabela A2.7 - Parâmetros das misturas asfálticas (6,6% CAP)

CP Massa ao Ar Massa Imersa Volume Massa Específica Aparente Volume de Vazios

No. (g) (g) (cm3) (g.cm

-3) (%)

1 1142,4 664,6 477,8 2,391 0,7

2 1150,2 666,1 484,1 2,376 1,4

3 1160,9 669,5 491,4 2,362 1,9

4 1161,9 667,0 494,9 2,348 2,5

5 1154,9 670,7 484,2 2,385 1,0

6 1154,6 667,4 487,2 2,370 1,6

7 1161,4 669,2 492,2 2,360 2,1

8 1154,7 668,9 485,8 2,377 1,3

9 1162,9 670,2 492,7 2,360 2,0

10 1158,4 674,3 484,1 2,393 0,7

11 1164,6 676,6 488,0 2,386 0,9

12 1155,2 672,1 483,1 2,391 0,7

13 1162,2 675,1 487,1 2,386 1,0

14 1144,8 664,3 480,5 2,383 1,1

15 1162,3 674,2 488,1 2,381 1,2

16 1146,8 666,1 480,7 2,386 1,0

17 1152,5 669,3 483,2 2,385 1,0

18 1153,7 670,6 483,1 2,388 0,9

19 1153,5 671,0 482,5 2,391 0,8

20 1162,7 676,1 486,6 2,389 0,8

99

Tabela A2.8 - Velocidade de propagação do pulso ultrassônico com transdutores de frequência

45 kHz na direção longitudinal de medição.

CP

No.

4,0% CAP 4,8% CAP 5,6% CAP 6,6% CAP

1 3786 4541 4728 3541

2 3798 5425 5790 3605

3 3422 5225 5203 3602

4 3548 5132 5418 3841

5 3472 5016 4944 3258

6 3376 5775 4944 3524

7 3297 5421 5780 3717

8 3571 6035 5982 3606

9 3388 5743 5951 3307

10 3600 5627 5386 3597

11 3374 5769 5944 3688

12 3323 5651 6059 3646

13 3398 5735 4543 3514

14 3499 5664 5530 3462

15 3488 5428 4648 3438

16 3584 4547 4605 3247

17 3493 4482 4889 3571

18 3478 4581 6033 3196

19 3732 4527 5265 3456

20 3453 4715 5294 3311

21 3349 4769 4905 -

22 3390 4479 4601 -

23 3250 4702 5523 -

24 3441 4578 5108 -

25 3362 4753 5738 -

26 3771 - - -

27 3863 - - -

28 3623 - - -

29 3553 - - -

30 3698 - - -

Direção Longitudinal

VL45 (m.s-1

)

100

Tabela A2.9 - Velocidades de propagação do pulso ultrassônico com transdutores de frequência

45 kHz na direção diametral de medição.

CP

No.

4,0% CAP 4,8% CAP 5,6% CAP 6,6% CAP

1 3463 4716 4183 3446

2 3634 4516 4375 3620

3 3304 4260 4678 3590

4 3455 4762 4769 3461

5 3333 4551 4540 3511

6 3398 4771 4654 3320

7 3273 3795 4782 3778

8 3497 4695 4712 3535

9 3359 4547 5048 3741

10 3377 4512 5302 3531

11 3352 4781 4865 3608

12 3301 4303 4748 3605

13 3454 4086 4928 3683

14 3359 4174 4826 3705

15 3339 4522 4648 3619

16 3319 4007 5038 3733

17 3380 4304 5154 3655

18 3371 3874 4388 3704

19 3627 4127 5293 3690

20 3404 4102 5382 3749

21 3359 4238 4968 -

22 3240 4220 5262 -

23 3266 4351 4941 -

24 3275 4035 5347 -

25 3239 4182 4355 -

26 3504 - - -

27 3355 - - -

28 3457 - - -

29 3482 - - -

30 3600 - - -

Direção Diametral (Transversal)

VD45 (m.s-1

)

101

Tabela A2.10 - Velocidade de propagação do pulso ultrassônico com transdutores de frequência

80 kHz na direção longitudinal de medição.

CP

No.

4,0% CAP 4,8% CAP 5,6% CAP 6,6% CAP

1 3128 3295 3281 3473

2 3058 3261 3217 3581

3 2877 3249 3186 3353

4 3177 3206 3205 3457

5 2963 3333 3185 3425

6 2937 3306 3283 3437

7 2936 3059 3271 3523

8 3111 3379 3265 3457

9 2972 3312 3212 3444

10 2958 3376 3249 3550

11 2849 3411 3256 3444

12 2851 3205 3365 3491

13 2972 3141 3403 3512

14 2982 3290 3336 3464

15 2905 3126 3310 3410

16 2953 3234 3259 3488

17 2958 3245 3319 3457

18 2953 3222 3437 3457

19 3019 3096 3312 3480

20 2889 3215 3215 3379

21 2972 3218 3280 -

22 2875 3252 3303 -

23 2882 3122 3290 -

24 2878 3164 3470 -

25 2835 3225 3203 -

26 3074 - - -

27 3194 - - -

28 3121 - - -

29 3064 - - -

30 3034 - - -

Direção Longitudinal

VL80 (m.s-1

)

102

Tabela A2.11 - Velocidade de propagação do pulso ultrassônico com transdutores de frequência

80 kHz na direção diametral de medição.

CP

No.

4,0% CAP 4,8% CAP 5,6% CAP 6,6% CAP

1 3168 3102 2808 3444

2 3204 3219 2936 3454

3 2813 3082 3141 3140

4 2814 3035 2866 3056

5 2915 3020 3079 2847

6 2849 3104 3273 2837

7 2906 3204 2917 2930

8 3110 2949 2745 3592

9 2986 3246 3047 3004

10 3093 3035 3019 3529

11 3121 3270 3249 3409

12 2752 3369 2827 3452

13 2970 3059 2959 3331

14 2956 2919 3436 2801

15 2914 3306 2703 3325

16 2851 3206 3303 3402

17 2908 3169 2948 3428

18 3010 3131 2732 3476

19 3000 3142 3048 3660

20 3067 3170 3118 3584

21 2859 3182 2954 -

22 3002 3027 3192 -

23 3036 2971 3104 -

24 3078 2873 3120 -

25 2899 3076 2992 -

26 3206 - - -

27 3158 - - -

28 3084 - - -

29 3034 - - -

30 3276 - - -

Direção Diametral (Transversal)

VD80 (m.s-1

)

103

Tabela A2.12 – Esclerometria (continua)

* Confecção do 2º corpo de prova devido a falha do equipamento no ensaio de compactação.

CAP (%) CP No. Q

4,0 1 28,3

2 31,5

3 25,9

4 29,5

5 27,0

6 27,5

7 32,9

8 27,3

9 28,7

10 30,2

11 27,5

12 26,2

13 31,6

14 26,7

15 28,6

16 26,6

17 29,1

18 28,8

19 26,0

20 29,7

21 25,4

22 26,2

23 28,8

23* 32,6

24 26,5

25 25,9

26 30,0

27 31,3

28 25,8

29 28,9

30 29,0

4,8 1 37,5

2 34,0

3 30,8

4 32,5

5 32,3

6 32,6

7 33,2

8 31,7

9 33,0

10 31,8

11 32,3

12 29,6

13 31,8

14 34,0

15 30,1

16 33,9

17 34,8

18 33,6

19 35,1

20 33,0

21 33,1

22 36,7

23 34,3

24 33,1

25 33,6

104

Tabela A2.12 – Esclerometria (conclusão)

* Confecção do 2º corpo de prova devido a falha do equipamento no ensaio de compactação.

CAP (%) CP No. Q

5,6 1 34,0

2 36,0

3 37,2

4 32,6

5 31,5

6 36,3

7 33,8

8 36,5

9 36,9

10 36,6

11 33,9

12 34,5

13 34,6

14 38,0

15 35,9

16 33,4

16* 29,3

17 36,5

18 35,4

19 36,1

20 33,8

21 33,7

22 35,4

23 35,0

24 33,8

25 32,5

6,6 1 27,8

1* 32,6

2 26,0

2* 33,2

3 27,2

4 23,1

5 27,0

6 24,4

7 23,6

8 27,8

9 23,1

10 29,9

11 27,3

12 22,7

13 23,0

13* 32,6

14 22,5

15 26,5

16 27,5

17 25,5

18 26,0

19 23,7

20 28,5