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CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM BIOLOGIA
MELISSA DOS SANTOS VIDAL PESTANA
SANEAMENTO: UM INDICADOR DE QUALIDADE DE VIDA NA COMUNIDADE
DO ENTORNO DA LAGOA DO VIGÁRIO
CAMPOS DOS GOYTACAZES
2015/1
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MELISSA DOS SANTOS VIDAL PESTANA
SANEAMENTO: UM INDICADOR DE QUALIDADE DE VIDA NA COMUNIDADE DO
ENTORNO DA LAGOA DO VIGÁRIO
Monografia apresentado ao Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense,
campus Campos-Centro, como requisito parcial
para conclusão do Curso de Ciências da Natureza -
Licenciatura em Biologia.
Orientador: Dr. Rodrigo Maciel Lima
CAMPOS DOS GOYTACAZES
2015/1
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Ao meu amado esposo Anderson Fernandes, pelo
amor, carinho e companheirismo, que tornou os
obstáculos mais fáceis de serem superados.
Aos meus prezados pais, Milene Colaço e
Mauricio André, que me criaram e me ensinaram
a lutar pelo que almejo.
Às minhas irmãs Monique Vidal e Muryellen
Vidal, por fazerem parte de minha vida.
4
AGRADECIMENTOS
A Deus, por tudo. Mesmo nos momentos mais difíceis, sempre me deu muita força,
foco, calma e coragem para continuar, sem desanimar e realizar todos os meus sonhos e
objetivos.
Ao meu amado esposo, Anderson Fernandes, por todo apoio, compreensão e
incentivo, não só no que diz respeito ao curso e a este trabalho, mas em todos os momentos de
minha vida.
À minha queria amiga Jéssica Rosalino, por ter me ajudado a chegar até aqui. Não
imagino como seria sem você!
Ao meu querido orientador, o Professor Rodrigo Maciel, pela confiança e amizade.
Aos meus professores, pelas aulas, pelos trabalhos de campo, pelos seminários, pelas
práticas de laboratório e, ainda, pela compreensão, companhia e amizade. Aprendi muito com
vocês!
Aos Professores Salomão Brandi, Sergiane Kellen, Maria Amelia, Renata Lacerda e
Ingrid Ribeiro pela contribuição necessária para a construção deste trabalho.
Ao CNPq que abriu portas para que eu pudesse realizar um bom trabalho de iniciação
científica.
Ao IF Fluminense por me acolher e dar suporte para uma boa formação acadêmica.
A todos, por contribuírem com um pouco mais em minha formação, não somente
como profissional, mas como pessoa.
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Saneamento básico significa higiene e limpeza.
Vilma Maria Cavinatto
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RESUMO
O saneamento básico consiste em um conjunto de serviços envolvendo água, esgoto e
resíduos sólidos, necessários a manutenção da saúde, qualidade de vida e ambiental. A
comunidade do entorno da Lagoa do Vigário, em Campos dos Goytacazes, apresenta
precariedade nesses serviços. Os dejetos são despejados diretamente na lagoa, onde acúmulos
de resíduos são oriundos da população. O presente trabalho tem o objetivo de estudar a
relação dos serviços básicos com a qualidade de vida dos moradores. Durante as visitas in
locus observou-se ruas sem pavimentos, sem rede de esgoto e sem coleta municipal.
Avaliações da qualidade das águas da lagoa foram realizadas em 5 pontos e os resultados
mostraram que a população só pode ter contato secundário com a água da lagoa. Foram
entrevistados 65 moradores e 45 alunos de uma escola local com o auxílio de um
questionário. Entre os dados, 35% dos moradores e 2% dos alunos despejam o esgoto da
residência diretamente na lagoa, mesmo sabendo que os moradores da comunidade utilizam-
na para pesca (5% dos moradores e 2% dos alunos), não se importando com os danos que esta
atitude pode trazer à saúde. Uma ação educacional foi desenvolvida com os alunos do Ensino
Médio sobre os problemas ocasionados pela precariedade do saneamento. Foi ministrada uma
palestra sobre a importância do saneamento básico e, posteriormente, foi solicitado aos alunos
que desenhassem a percepção deles sobre a comunidade. Uma aula de campo foi realizada e
nesta os alunos se mostraram interessados em apontar lugares afetados pela falta de
saneamento. Novamente foi pedido um desenho, que demostrou mudanças na percepção dos
alunos em relação a comunidade e os serviços de saneamento. Essa intervenção mostra que a
educação pode atuar como agente transformador. Contudo, é de suma importância a aplicação
de projetos de Educação Ambiental para sensibilização e mudanças de hábitos sanitários da
população, orientando-os na busca por melhor qualidade de vida.
Palavras chave: Saneamento básico. Qualidade vida. Saúde. Educação ambiental. Lagoa do
Vigário.
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ABSTRACT
The basic sanitation is a set of services involving water, sewage and solid waste, necessary to
maintain the health, quality of life and environment. The community surrounding the Lagoa
do Vigário, in Campos dos Goytacazes, presents precarious on these services. The waste is
dumped directly into the lagoon, where garbage accumulations come from the population.
This work aims to study the relationship of basic services to the quality of life of residents.
During visits in locus observed streets without pavements, no sewage system and the
municipal programs of selective collection. Evaluations of the quality of the pond water were
performed in 5 points and the results showed that the population can only have secondary
contact with the pond water. 65 residents and 45 students from a local school were
interviewed with the aid of a questionnaire. Among the data, 35% of residents and 2% of
students pour the residence of sewage directly into the pond, even though the community
residents use it for fishing (5% of the residents and 2% of students), not caring the damage
that this attitude can bring to health. An educational action was developed with high school
students about the problems caused by poor sanitation. A lecture on the importance of
sanitation was given and later was asked students to draw their perception about the
community. A field class was held and these students were interested in pointing out places
affected by poor sanitation. Again they were asked for a design that demonstrated changes in
the perception of the students regarding the community and sanitation services. This
intervention shows that education can act as a transforming agent. However, it is of
paramount importance to implementation of environmental education projects to raise
awareness and health habits of population changes, guiding them in the search for better
quality of life.
Key words: Sanitation. Quality of life. Health. Environmental education. Lagoa do Vigário.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Imagem situando as duas partes da Lagoa do Vigário atualmente, Guarus,
Campos dos Goytacazes, RJ………….………………………………………………...
Figura 2 - Condições críticas das ruas que dão acesso a Lagoa do Vigário, em Guarus,
Campos dos Goytacazes, RJ, devido falta de calçamento e urbanização
descontrolada……………………………………………………..................................
Figura 3 - Descaso das ruas que dão acesso a Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos
dos Goytacazes, RJ, devido ao esgoto a céu aberto…………...………………………..
Figura 4 – Presença de resíduos sólidos proveniente das residências na orla da Lagoa
do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ, local que não apresenta mata
ciliar, por conta de aterros e construções desordenadas…………………….…………..
Figura 5 – Presença de animais na orla Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos
Goytacazes, RJ, que convivem com os moradores ribeirinhos…………………………
Figura 6 – Despejo de esgoto doméstico sem tratamento na Lagoa do Vigário, em
Guarus, campos dos Goytacazes, RJ..………………………………………………….
Figura 7 – Moradores pescando na Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos
Goytacazes, RJ…………………………………………………………………………
Figura 8 – Pescador utilizando rede de arrasto na Lagoa do Vigário, em Guarus,
Campos dos Goytacazes, RJ..…………………………………………………………..
Figura 9 – Palestra ministrado aos alunos do Ciep Brizolão 056 Custódio Siqueira
localizado próximo a comunidade do entorno da Lagoa do Vigário, em Guarus,
Campos dos Goytacazes, RJ, sobre saneamento básico qualidade ambiental e
qualidade vida……………..……………………………………………………………
Figura 10 – Os alunos do Ciep Brizolão 056 Custódio Siqueira desenhando a
comunidade do entorno da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes,
RJ……………...…………………………………………………………………………
Figura 11 – Aula de campo na comunidade do entorno da Lagoa do Vigário, em
Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ, apresentação dos locais com deficiência no
sistema de saneamento básico...…………………………………………………………
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Figura 12 – Desenho antes e depois, respectivamente, a ação educacional dos alunos
do Ciep Brizolão 056 Custódio Siqueira próximo a comunidade do entorno a Lagoa do
Vigário, em Guarus, campos dos Goytacazes, RJ……………………………………….
Figura 13 – Desenho antes e depois, respectivamente, a ação educacional dos alunos
do Ciep Brizolão 056 Custódio Siqueira próximo a comunidade do entorno a Lagoa do
Vigário, em Guarus, campos dos Goytacazes, RJ……………………………………….
Figura 14 – Desenho antes e depois, respectivamente, a ação educacional dos alunos
do Ciep Brizolão 056 Custódio Siqueira próximo a comunidade do entorno a Lagoa do
Vigário, em Guarus, campos dos Goytacazes, RJ……………………………………….
Figura 15 – Desenho antes e depois, respectivamente, a ação educacional dos alunos
do Ciep Brizolão 056 Custódio Siqueira próximo a comunidade do entorno a Lagoa do
Vigário, em Guarus, campos dos Goytacazes, RJ……………………………………….
Figura 16 – Desenho antes e depois, respectivamente, a ação educacional dos alunos
do Ciep Brizolão 056 Custódio Siqueira próximo a comunidade do entorno a Lagoa do
Vigário, em Guarus, campos dos Goytacazes, RJ……………………………………….
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LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Variação média do potencial hidrogeniônico dos 5 pontos de coleta de
água da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ…...……………..
Gráfico 2 – Variação média de turbidez (NTU) dos 5 pontos de coleta de água da
Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ…...………………………
Gráfico 3 – Variação média da condutividade elétrica (μS cm-1) dos 5 pontos de coleta
de água da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ……...…….….
Gráfico 4 – Variação da concentração média de sólidos totais dissolvidos (mg.L-1) dos
5 pontos de coleta de água da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes,
RJ……………....………………………………………………………………………..
Gráfico 5 – Variação da concentração média de oxigênio dissolvidos (mg.L-1) dos 5
pontos de coleta de água da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes,
RJ……………………………………………………………………………………….
Gráfico 6 – Variação da temperatura (ºC) média dos 5 pontos de coleta de água da
Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ……….…………………..
Gráfico 7 – Variação da concentração média de cloro total dos 5 pontos de coleta de
água da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ……….…………
Gráfico 8 – Fonte de abastecimento de água das residências dos moradores da Lagoa
do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ………….………………………
Gráfico 9 – Tipo de tratamento realizado na água que consomem na residência dos
moradores da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ………...….
Gráfico 10 – Avaliação da água que consomem na residência feita pelos moradores da
Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ…………………...………
Gráfico 11 – Tempo de realização da limpeza da caixa d’água do domicílio dos
moradores da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ……………
Gráfico 12 –Destino do esgoto produzido no domicílio dos moradores da Lagoa do
Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ……..………………………………
Gráfico 13 – Ocorrência de enchente na comunidade do entorno da Lagoa do Vigário,
em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ…………….…………………………………
Gráfico 14 – Ocorrência de diarreia, verminose, micose e/ou alergia na comunidade
do entorno da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes,
RJ……………..………………………………………………………………………...
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Gráfico 15 – Doenças frequentes na comunidade do entorno da Lagoa do Vigário, em
Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ……...……………………………………………
Gráfico 16 – Separação de lixo feita pelos moradores do entorno da Lagoa do
Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ….………………………………….
Gráfico 17 – Destino do lixo das residências dos moradores da comunidade do
entorno da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ…….…………
Gráfico 18 – Frequência da coleta municipal de lixo na comunidade do entorno da
Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ……….…………………..
Gráfico 19 – Opinião sobre o que pode ocorre quando o lixo é mal condicionado dos
moradores da comunidade do entorno da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos
Goytacazes, RJ……………….…………………………………………………………
Gráfico 20 – Utilização da lagoa pelos moradores da comunidade do entorno da
Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ…….……………………..
Gráfico 21 – Observação sobre a presença de animais vetores de doenças pelos
moradores da comunidade do entorno da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos
Goytacazes, RJ…….……………………………………………………………………
Gráfico 22 – O uso da lagoa pode trazer danos à saúde, opinião dos moradores da
comunidade do entorno da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes,
RJ………………………………………………………………………………………..
Gráfico 23 – O que poderia melhora na localidade na opinião dos moradores da
comunidade do entorno da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes,
RJ.……………..………………………………………………………………………..
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Adequação dos serviços aos domicílios – Brasil – 2010…………………...
Tabela 2 – Análise microbiológica de amostras de água dos 5 pontos de coleta na
Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ….……………………….
Tabela 3 – Quantidade de pessoas divididas pelo gênero e o grau de instrução dos
moradores da comunidade do entorno da Lagoa do Vigário e dos alunos da escola
local, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ….……………………………………..
Tabela 4 – Idade dos moradores da comunidade do entorno da Lagoa do Vigário e dos
alunos da escola local, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ………………………
Tabela 5 – Tempo de moradia na comunidade do entorno da Lagoa do Vigário, em
Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ……...……………………………………………
Tabela 6 – Renda familiar dos moradores da comunidade do entorno da Lagoa do
Vigário e dos alunos da escola local, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ……….
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SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS..…………………………………………………………………
LISTA DE GRÁFICOS...………………………………………………………………
LISTA DE TABELAS...………………………………………………………………..
1 INTRODUÇÃO...…………………………………………………………………….
1.2 relação do saneamento básico com a qualidade de vida…………………………...
2 OBJETIVOS………………………………………………………………………….
2.1 Objetivo Geral………………………………………………………………………
2.3 Objetivos Específicos……………………………………………………………….
3 METODOLOGIA…………………………………………………………………….
3.1 Área de estudo…………..…………………………………………………………..
3.2 Pesquisa de campo………..………………………………………………………...
3.3 Análise de água………………….….………………………………………………
3.4 Ação educacional…………….….…………………………………………………
3.4.1 Aula de campo...………………………………………………………………….
4 RESULTADOS E DISCURSÕES….………………………………………………...
4. 1 Registro fotográfico…………………………………………………...…………...
4.2 Análise de água da Lagoa do Vigário…..…………………………………………..
4.3 Questionário aplicado aos moradores e aos alunos…...…………….……...……….
4.4 Ação educacional…..........………………………………………………………….
5 CONCLUSÃO.……………………………………………………………………….
REFERÊNCIAS..……………………………………………………………………….
APÊNDICES..…………………………………………………………………………..
APÊNDICE A – Questionário para os moradores…………………………………....
APÊNDICE B – Questionário para os alunos…..…......……………………………...
APÊNDICE C – Banner informativo…..…...………………………………………...
APÊNDICE D – Folder informativo….……....………………………………………
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1 INTRODUÇÃO
O saneamento básico consiste no conjunto de serviços de infraestrutura e instalações
referente ao abastecimento de água potável, ao esgotamento sanitário, à limpeza pública, ao
manejo de resíduos sólidos e à drenagem de água pluviais. Esses serviços visam à melhora da
qualidade de vida, das condições de meio ambiente e da saúde pública, ou seja, um conjunto
de medidas, que busca preservar ou modificar as condições do meio ambiente com a
finalidade de prevenir doenças (BRASIL, 2007).
Segundo o Ministério da Saúde, grande parte dos problemas sanitários que afeta a
população mundial está relacionada com o ambiente. As condições inadequadas de
saneamento básico afetam o ambiente, contaminando-o, favorecendo a transmissão de
doenças para as pessoas. A deficiência do sistema de saneamento pode ser um fator causador
de diarreia, que representa mais de 4 bilhões de casos por ano no Brasil, além de outras
doenças como: cólera, dengue, esquistossomose, tracoma, febre tifoide e leptospirose
(BRASIL, 2002, p. 6).
O saneamento para promoção de saúde e bem-estar, tem que responder aos requisitos
de água de boa qualidade para o consumo humano e seu fornecimento, coleta regular de
resíduos com acondicionamento e destino final adequado, além de drenagem e coleta e
tratamento de esgoto sanitário, juntamente com melhorias sanitárias domiciliares. Assim, a
comunidade estaria protegida contra doenças infecciosas causadas por parasitas, vivendo de
forma mais segura (MELO, 2010, p. 7).
A construção de infraestrutura e instalações de saneamento básico para servir a
população com água potável, recolhimento de resíduos sólidos e esgotamento nunca
acompanhou o ritmo de crescimento das áreas urbanas. Em consequência, o quadro de meio
ambiente e de saúde pública no Brasil ainda apresenta sérios problemas (CAVINATTO, 2003,
p. 40).
No Brasil, identificar regiões que apresentam deficiência no sistema de saneamento e
são atingidos pelos problemas relacionados ao mesmo, não se caracteriza como uma tarefa
difícil (MELO, 2010, p. 18-19). No município de Campos dos Goytacazes, pode-se encontrar
diversos bairros e distritos que apresentam situação precária nesses serviços, exibindo
disposição inadequada de resíduos sólidos no ambiente, despejo irregular de esgoto e
abastecimento de água inadequado. Essas condições deixam a população vulnerável a
doenças, sejam estas de transmissão hídrica ou por outros meios de poluição, o que traz
15
consequências graves em termos de saúde pública, diminuindo a qualidade de vida dos
indivíduos que vivenciam esses descasos.
Segundo Soffiati, a Lagoa do Vigário foi amputada pela cidade que se desenvolveu ao
seu redor. Uma lagoa que seria bela se não fosse as agressões que se fixaram a partir do
crescimento populacional em suas margens. Hoje as margens são ocupadas por pessoas ricas e
pobres, além de matadouros que despejam seus dejetos e esgotos in natura nas suas águas.
Tudo isso aumenta a gravidade de impacto ambiental, porque a lagoa é subalimentada pelos
efluentes lançados e águas de origem pluvial, e nenhum rio renova suas águas (SOFFIATI,
2013, p. 29).
As áreas de lagoas são de extrema importância social para a população local, uma vez
que delas provem parte dos alimentos que consomem, como por exemplo, peixes e mariscos,
essenciais para a subsistência, já que são utilizados também como fonte de renda (SOUZA,
2009, p. 18).
A Lagoa do Vigário, apesar de tudo, apresenta existência de peixes e uma boa lâmina
d’água, o que é admirável, pelos constantes impactos que sofre. Por causa do indício de vida
na lagoa, está ainda é utilizada para pesca por alguns moradores e por moradores de bairros
próximos. Certamente, a atividade de pesca na lagoa é para suplementar a renda da população
mais pobre, não na forma econômica voltada para o comércio (SOFFIATI, 2011, p. 29).
Souza ressalta que, áreas de ocupação irregular geralmente apresentam deficiências nos
sistemas de saneamento básico, que afetam diretamente a população, que fica vulnerável a
doenças como giardíase, verminose, escabiose, pediculose, dengue, entre outras. Em áreas de
lagoas que apresentam essa problemática, os períodos chuvosos são os mais precários, pois há
o aumento no volume de água, provocando alagamentos que servem de criadouros para
vetores transmissores de doenças (SOUZA, 2009, p. 18).
O saneamento básico no Brasil é caracterizado por grande desigualdade em seu acesso.
A disponibilidade do saneamento interfere na qualidade de vida da população, envolvendo
principalmente a saúde. Entretanto, os investimentos em serviços de saneamento devem
priorizar aspectos sociais, ambientais e econômicos, com a intenção de promover
desenvolvimento sustentável, preservação do meio ambiente e dos recursos hídricos
(LEONETI et al., 2011, p. 340).
Em todo o Brasil, a maioria das pessoas desconhece seus direitos, como cidadão, de
acesso ao saneamento básico, tratamento e distribuição de água. Estes são preconizados pela
Lei nọ 11.445, que dá ênfase ao apoio à sociedade para participação e exercício democrático
do controle social e busca de melhor qualidade de vida (BRASIL, 2007).
16
Em lugares de necessidade de implementação de uma ação educacional ambiental para
reflexões de melhoria na qualidade vida, há a necessidade de compreender a dimensão da
problemática ambiental, para repercuti-la em ações no âmbito da educação ambiental no local.
A percepção de que a humanidade deve aumentar a capacidade de regular e controlar as
atividades de benefícios humanos, em respeito aos limites impostos pela natureza, evitando
impactos ambientais, leva o professor a tarefa de indagar que ações devem ser implementadas
no âmbito escolar, principalmente, aproximando as questões de impactos ambientais e sua
influência na qualidade de vida nos campos disciplinares (PELEGRINI; VLACH, 2011, p.
194).
As discussões sobre a problemática ambiental raramente alcançam o plano de ensino
escolar, persistindo a distância entre debate acadêmicos acerca da problemática ambiental e
educação ambiental na formação básica. A implementação da educação ambiental nas escolas,
possui extrema influência nas atitudes como cidadãos e no exercício democrático. Partindo
desse princípio, a educação ambiental, talvez seja um dos mais complexos desafios para os
professores de todos os níveis de ensino. Pode-se dizer, que o tema da conservação ambiental,
não é apenas um desafio didático-pedagógico, como muitos educadores vem tratando, mas
também um problema de carácter econômico, político, social e ideológico (PELEGRINI;
VLACH, 2011, p. 188).
Com todas as dificuldades que se encontram para desenvolver um trabalho de
educação ambiental nas escolas, que possui extrema importância na formação de cidadãos
críticos e conscientes, o Censo Escolar de 2001, o primeiro a incluir uma questão sobre
educação ambiental, constatou que 61,2% de todas as escolas brasileiras declararam trabalhar
com esta temática, e, mais tarde, no ano de 2004, este percentual saltou para 94%. Sendo
assim, as ações educacionais na área ambiental de sensibilização e conservação vem
aumentando a cada ano no âmbito escolar, mas ainda continua em extrema deficiência na sua
implementação e execução (VEIGA; AMORIM; BLANCO, 2006, apud REIS et al., 2013, p.
360).
O município de Campos dos Goytacazes, possui muitos distritos e bairros com
deficiência nos serviços sanitários, os quais poderiam ter sido escolhidos para realização da
presente pesquisa. No entanto, alguns fatores contribuíram para a escolha da região do
entorno da Lagoa do Vigário, como as constantes críticas em relação à falta de saneamento
básico nesta localidade e a insalubridade do sistema lagunar, que fica em meio à área urbana,
abordados nos meios de comunicação. Devido esse corpo aquático ficar no centro de uma
região urbana populosa, houve a possibilidade de estudar a relação entre a habitação da
17
população e esse recurso hídrico insalubre, que tem afetado a qualidade de vida dos
moradores da região. Há necessidade de um trabalho de sensibilização das pessoas, para que
possam buscar seus direitos, já que o saneamento básico é um direito de todos, para que se
previna doenças veiculadas por falta de higiene sanitária. Outro ponto, não menos relevante, é
o fácil acesso a comunidade do entorno da lagoa.
O Ciep Brizolão 056 Custódio Siqueira localizado situado no Calabouço, Guarus,
município de Campos dos Goytacazes, foi escolhido entre outros, por estar localizado
próximo da Lagoa do Vigário e ter como público alvo alunos moradores do bairro do entorno
da mesma.
Logo, presente trabalho tem por finalidade discutir a relação dos serviços de
saneamento básico com a qualidade de vida dos moradores da Lagoa do Vigário. Será
possível identificar os principais problemas de saneamento básico na comunidade e fazer um
levantamento de dados sanitários, do manejo de resíduos sólidos e da percepção da população
quanto aos serviços públicos de saneamento, importantes para o desenvolvimento de um
trabalho educacional em uma escola da região com o intuito de sensibilizar os alunos acerca
da importância do saneamento básico.
1.2 Relação entre o saneamento básico com a qualidade de vida
Os problemas causados ao meio ambiente pelas ações do homem estão a cada dia se
intensificando. No começo da história, não havia grandes impactos ao meio, pois o homem
só retirava da natureza o necessário para a sua sobrevivência. Todavia, após a Revolução
Industrial, houve intensos investimentos nas técnicas de produção, incentivando a
exploração dos recursos naturais e a produção de bens de consumo (ORTIGOZA;
CORTEZ, 2009, p. 92). Desde a Revolução Industrial a relação do homem com a natureza
vem se tornando cada vez mais predatória, e o resultado disso, é o crescimento na geração
de resíduos resultantes das atividades humanas. A partir desse momento, houve mudanças
negativas na qualidade ambiental e na qualidade de vida da população, pois todos os
materiais residuais precisam ser coletados, armazenado e destinado de forma adequada para
manter o ambiente saudável e assim promover qualidade de vida para as pessoas.
A geração crescente dos resíduos sólidos e efluentes resultantes das atividades
humanas constitui um grave problema socioambiental e de saúde pública (JACOBI et al.,
2006, p. 02). A carência de medidas adequadas para a disposição final do resíduo sólido e
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esgoto sanitário compromete a saúde de grande parte da população. A questão influência
diretamente na qualidade de vida da população, pois, diversos problemas de saúde podem
ser originados pela disposição inadequada desses resíduos no ambiente e despejo irregular
de esgoto.
Segundo a Lei nº 11.445/07, as condições inadequadas de saneamento podem causar
problemas à saúde da população, ocasionando em transmissão de doenças, como giardíase,
amebíase, verminoses, entre outras. Assim, o sistema de saneamento básico está
fundamentado em proporcionar melhor qualidade de vida à população, pois reduz à
incidência de doenças e a degradação do meio ambiente (BRASIL, 2014). Esse termo
define um conjunto de procedimentos adotados pelo governo com o objetivo de
proporcionar uma situação higiênica e saudável para sua população urbana e rural, das
quais inclui: disposição de resíduo, drenagem urbana, abastecimento de água e sistema de
captação de efluente (BRASIL, 2014 p. 12).
Melo afirma, que investimentos e medidas em saneamento básico são necessários
para manter a saúde humana, pois este é de suma importância na prevenção de doenças e
para o bem estar humano. O saneamento básico intervém diretamente na qualidade de vida
das pessoas, pois está vinculado às ações cotidianas que promove um ambiente salubre e
funcional. A população humana necessita de serviços de saneamento adequados, pois a
deficiência desses serviços é desfavorável a qualidade de vida e a saúde das pessoas, além
promover impactos negativos ao ambiente (MELO, 2010, p. 18).
O Censo Demográfico 2010 qualifica os aglomerados subnormais, que são recortes
territoriais que apresentam populações residentes e números de domicílios ocupados em
favelas, vilas, invasões, etc., entre outras características, por seu tamanho, localização,
acessibilidade, densidade de ocupação, características dos domicílios, incluindo os serviços
básicos, como abastecimento de água, esgotamento sanitário e destino de resíduos sólidos.
Os serviços que compreende o saneamento básico entram na qualificação como essenciais
para a qualidade de vida da população, fornecendo informações fundamentais para
caracterização do aglomerado subnormais. Assim, para cada serviço básico optou-se por
selecionar aqueles considerados como adequados e criar uma proporção de adequação. Mas
a caracterização, leva em conta apenas a existência do serviço e não sua qualidade, não
considerando, por exemplo, avaliação referente ao tratamento de esgoto, à frequência da
coleta de lixo, à frequência da água que chega ao domicílio. A tabela 1, mostra os critérios
adotados para classificação, como adequados e inadequados (IBGE, 2010, p. 46).
19
Tabela 1 – Adequação dos serviços aos domicílios – Brasil - 2010
Tipos de serviços Adequados Inadequados
Forma de
abastecimento de água
Rede geral de
distribuição
Poço ou nascente na propriedade; poço
ou nascente fora da propriedade;
carropipa; água da chuva armazenada
em cisterna; água da chuva armazenada
de outra forma; rios, açudes, lagos e
igarapés; outra forma.
Tipo de esgotamento
sanitário
Rede geral de esgoto ou
pluvial; fossa séptica.
Fossa rudimentar; vala; rio, lago ou mar;
outro; sem banheiro, sanitário ou buraco
Destino do lixo
Coleta diretamente por
serviço de limpeza;
coletado em caçamba
de serviço de limpeza.
Queimado; enterrado; jogado em terreno
baldio ou logradouro; jogado em rio,
lago ou mar; tem outro destino.
Fonte: IBGE, Censo demográfico 2010.
O saneamento no Brasil não é uma realidade para todos, segundo a Pesquisa
Nacional de Saneamento Básico - PNSB do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -
IBGE (2010, p. 47) somente 44% da população brasileira possui acesso à rede de
esgotamento sanitário e apenas 29,4% é tratado, quanto à água tratada somente 78,6% tem
acesso. Para Leoneti, et al. (2011, p. 340), o acesso ao saneamento básico no país é
caracterizado por grande desigualdade, como comprova a pesquisa do IBGE, na qual
identificaram que 71,8% dos municípios não possuíam uma política municipal de
saneamento básico no ano de 2011.
Mello afirma que, a precariedade ou a falta dos serviços referentes ao saneamento
básico causa uma série de prejuízos à saúde humana, pois existe a vulnerabilidade à
transmissão doenças. Países em desenvolvimento apresentam diversos surtos epidêmicos de
doenças provenientes da precariedade no saneamento. Dentre as essas doenças estão as de
veiculação hídrica, como febre tifoide, cólera, salmonelose, shigelose e outras
gastroenterites, poliomelites, hepatite A, verminose, amebíase e giárdiase, por exemplo
(FREITAS et al., 2001, p. 652 apud MELLO, 2010, p. 56).
As regiões que possuem um sistema deficiente de saneamento básico apresentam
maior vulnerabilidade à transmissão de doenças, seja pela transmissão hídrica ou por outros
meios, o que traz consequências graves em termos de saúde pública (LUDWIG et al., 1999,
p. 554 apud NETO; SANTOS; ALMEIDA, 2009, p. 72).
20
Para Cavinatto, a água é considerada um veículo transmissor de doenças. As
doenças veiculadas hidricamente para os seres humanos, podem ser transmitidas de várias
formas distintas, como ingestão de água ou alimento contaminado, contato da pele com
micro-organismos patogênicos presentes na água e picadas de insetos, que necessitam de
água para se proliferar (CAVINATTO, 2003, p. 18).
Cavinatto também cita que, o lixo costuma atrair uma grande variedade de vetores,
como insetos e roedores, facilitando a proliferação de micro-organismos patogênicos onde
esses animais costumam frequentar. A autora relata que, “uma pesquisa realizada em São
Paulo, em 1991, revelou que existiam na cidade quatro ratos para cada habitante, o que
significava 70 milhões de roedores vivendo nessa área urbana” (CAVINATO, 2003, p. 25).
Segundo a pesquisa de Melo et al., a rigorosidade da qualidade de água é de
extrema importância. Deve levar em conta a origem da água para consumo humano, pois
mesmo na forma de chuva, a água pode conter impurezas, já que carreia estas do ar e
substâncias do solo ao cair, podendo apresentar partículas finas, microrganismos
patogênicos, substâncias químicas provenientes de ações antropogênicas, etc., tornando-a
imprópria para o consumo. Logo, existe o controle da qualidade de água para esse tipo de
uso, formado por um conjunto de atividades destinadas a verificar a potabilidade da água
fornecida à população, sendo exercido por profissionais responsáveis pela integridade do
sistema (FUNASA, 2006, p. 41-42 apud MELO, 2011, p. 104).
Segundo Santana, Luvizotto e Frayne Cuba, a falta de um planejamento de
instalação de um sistema de saneamento básico, pode apresentar risco de impacto às águas
subterrâneas, ao solo e consequentemente à saúde humana, influenciando diretamente na
qualidade de vida (SANTANA; LUVIZOTTO; CUBA, 2012, p. 3).
Em estudo desenvolvido na cidade de Assis, São Paulo, na década de 90, que
correlacionou às condições de saneamento básico com a frequência de parasitoses. Foram
encontrados alguns parasitas nos exames de fezes realizados: Giardia intestinalis, Ascaris
lumbricoides e Trichuris trichiura, na população de comunidade com ausência de
saneamento básico (LUDWIG et al.,1999, p. 552-553).
Um estudo mais recente, realizado em Guarulhos (SP), foi constatado que em áreas
com habitações e saneamento precários o risco de ocorrência de diarreia em crianças é 15
vezes maior, do que em aquelas que vivem em condições adequadas (PAZ et al., 2012, p.
195-196).
Segundo Cavinatto, pessoas podem ser portadoras de parasitas, mas não
21
desenvolvem sintomas relacionados a estes. Sem saber, esses indivíduos eliminam os
micro-organismos no ambiente, causando infestações em novos indivíduos (CAVINATO,
2003, p. 15).
Os autores Santana, Luvizotto e Cuba salientam que, a melhora da qualidade de vida
de um indivíduo, encontra-se intrinsecamente relacionada com a qualidade do saneamento e
dos recursos naturais, não só em áreas urbanas, mas também nas áreas rurais, pois todas as
pessoas têm direito ao saneamento básico e a uma boa qualidade de vida (SANTANA;
LUVIZOTTO; CUBA, 2012, p. 9).
Na Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano em 1972, em
Estocolmo, na Suécia, estabeleceu o Programa Ambiental das Nações Unidas (PNUMA),
sendo esta a primeira organização a apoiar a proteção e a conservação dos recursos naturais,
resultando na Declaração do Meio Ambiente, conhecida como Declaração de Estocolmo. A
partir da organização do programa ambiental se estabeleceu a necessidade de divulgar à
população mundial os impactos ocasionados pelo crescimento industrial e pela degradação
do meio ambiente, que afetam a qualidade de vida (BUSTOS, 2003, p. 16 apud MELLO,
2010, p. 63-64).
Em 1992, na Conferência do Rio de Janeiro, foi destacado a formulação da Agenda
21, que em sua constituição também trata da promoção da educação, com um plano de ação
na área do desenvolvimento sustentável. Nesta conferência Rio-92, foi indicado uma
necessidade de conscientização ambiental, pois o analfabetismo ambiental representa uma
considerável ameaça a qualidade de vida do planeta, dito como cruel e letal (BUSTOS,
2003, p. 24; FUNASA, 2006, p. 29 apud MELLO, 2010, p. 64-65).
A deficiência nos sistemas de saneamento básico e a falta de consciência da
população, promovem contaminações nos recursos naturais, deixando a população
vulnerável a diversas doenças que poderiam ser prevenidas. Contudo, fica claro a ligação
que o meio ambiente tem com a qualidade de vida das pessoas, visto que, a deficiência ou
inexistência do saneamento prejudica a qualidade ambiental que está diretamente
relacionada com a qualidade de vida.
Santana, Luvizotto e Cuba, afirmam que existem diferentes significados para
qualidade de vida, mas não se pode ter qualidade de vida sem ter saúde, e para a
manutenção da saúde de uma comunidade é indispensável o acesso a condições mínimas ao
saneamento. O saneamento básico é um sistema resguardado da qualidade de vida e a falta
deste na atualidade é um problema grave enfrentado pelo Brasil (SANTANA;
22
LUVIZOTTO; CUBA, 2012, p. 12).
Ações educacionais voltadas para questões ambientais/sanitárias, atuam para
modificar realidades de localidades consideradas inadequadas em relação aos serviços
básicos. A educação ambiental interfere nos hábitos sanitários e nas ações governamentais
positivamente, pois, a partir desta a comunidade acarreta melhoria no saneamento e também
redução nos custos hospitalares. Consequentemente, a comunidade que passa por um
trabalho de educacional dessa virtude apresentará melhor qualidade de vida para os
residentes, sempre buscando medidas capazes de melhorar o quadro sanitário.
Não se deve esquecer que, bons serviços de saneamento básico não atingem a todos,
existem localidades sem nenhuma oferta desses serviços, impactando de forma negativa a
qualidade de vida e sobrevida das pessoas e principalmente de crianças, já que há grande
probabilidade de adquirir doenças. Sem dúvida os serviços que compreendem o saneamento
básico como, abastecimento de água, tratamento de esgoto, coleta de lixo, etc, são
essenciais para manter a saúde e a qualidade de vida para todo ser humano.
O município de Campos dos Goytacazes, localizado na região Norte do Estado do
Rio de Janeiro, possui uma vasta extensão territorial e apresenta localidades que não
possuem distribuição de água encanada pela rede de abastecimento, e nem coleta de
efluente, sendo precária a questão de saneamento básico (CORDEIRO, 2008).
Deste modo, é importante o papel de diagnosticar a falta ou deficiência do
saneamento básico em determinadas regiões, pois, a partir dos resultados, ações poderão ser
planejadas e executadas com o intuito de minimizar a problemática em questão (MACIEL
et al., 2013).
De acordo com Augusto et al. (2012, p. 3), vigilância em saúde ambiental poderia
ser uns lócus privilegiado para esse repensar a crise crônica da água e do saneamento
ambiental de modo geral, desde que se constitua em uma estratégia para um processo de
mudanças, com ampla mobilização social, com apoio institucional e mediante políticas
integradas.
Cuidar do meio ambiente é obrigação de todos os cidadãos e a escola é um local
favorável ao processo holístico na educação ambiental. Sabendo que as escolas são grandes
geradoras efluentes, é importante se trabalhar no sentido de envolver alunos e professores
para que a situação do saneamento básico seja modificada, desenvolvendo novos hábitos
nos cidadãos desta comunidade e melhores condições de vida, para promover qualidade de
vida.
23
Deste modo, é de suma importância a sensibilização da população a respeito das
questões ambientais, que tem se agravado devido ao dano causado ao meio ambiente.
Preservar o ambiente com bons hábitos sanitários, devolve a população a tão desejada
qualidade de vida.
A partir de toda discussão, o segundo capítulo apresentará os objetivos do projeto,
mostrando o objetivo geral e objetivos específicos. O terceiro capítulo explica como se deu
a pesquisa, sendo este o capítulo Metodologia. Entre os tópicos apresentados no capítulo
estão: Métodos e procedimento; Aspecto ético da pesquisa; O tipo, local e população de
estudo; Critérios de exclusão; Coleta de dados. No primeiro tópico, foi descrito o Métodos e
procedimento, que mostram o passo a passo da pesquisa. O segundo tópico o Aspecto ético
da pesquisa, está exposto algumas regras que foram seguidas durante a execução do
trabalho. Coleta de dados, mostra como foi feita a coleta de dados diretamente na
comunidade e na escola.
No capítulo quarto, com o título Resultados e discussão, como o nome mesmo diz,
refere-se a um texto escrito a base dos resultados obtidos durante a execução do projeto. O
texto faz uma discussão dos principais temas e resultados coletados no trabalho. Nele
comenta-se as imagens fotografadas na comunidade do entorno da Lagoa do Vigário, as
análises de águas realizadas na lagoa, a aplicação do questionário aos moradores e aos
alunos de uma escola local, além da ação educacional feita na escola que se encontra
próximo a comunidade do entorno da Lagoa do Vigário.
24
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Relacionar as condições dos serviços de saneamento com a qualidade de vida dos
moradores do entorno da Lagoa do Vigário.
2.2 Objetivos Específicos
Identificar os principais problemas de saneamento básico na Lagoa do Vigário.
Levantar dados sanitários, do manejo de resíduos sólidos e da percepção da população
quanto aos serviços públicos de saneamento.
Desenvolver um trabalho educacional em uma escola da região com o intuito de
sensibilizar os alunos acerca da importância do saneamento básico.
25
3 METODOLOGIA
3.1 Área de estudo
A Lagoa do Vigário é um pequeno sistema lagunar, situado no distrito de Guarus no
município de Campos dos Goytacazes. Esta ligava-se ao Rio Paraíba do Sul por um canal
natural, que hoje não existe mais, por causa de aterros, construções domiciliares e rodovias
(SOFFIATI, 2013, p. 29). Uns dos poucos corpos hídricos restantes na cidade de Campos dos
Goytacazes, a lagoa situa-se à margem esquerda do Rio Paraíba do Sul, na área central da
zona urbana de Guarus, com extensão de 0,3 km² (FEEMA, 1993, apud MARCHETTI et al.,
2011, p. 45). Atualmente a lagoa encontra-se dividida em duas partes por conta de um aterro
iniciado em 1973 pelo poder executivo municipal (Figura 1), com a intenção de facilitar o
acesso dos moradores ao centro da cidade, sendo então construída a Avenida Tancredo Neves
em Guarus (MARCHETTI, 2011, p. 45; SILVEIRA, 2010, p. 84).
Fonte: Google Earth.
Figura 1 – Imagem situando as duas partes da Lagoa do Vigário atualmente, Guarus,
Campos dos Goytacazes, RJ
26
3.2 Pesquisa de campo
O estudo foi realizado durante os períodos semestrais entre 2014/2 e 2015/1, e se
constituiu de um método qualiquantitativo de pesquisa.
A primeira etapa da pesquisa, iniciou-se com visitas in locus a comunidade do entorno
da Lagoa do Vigário, para conhecimento do local, dos moradores e dos serviços de
saneamento básico oferecidos. A Lagoa do Vigário possui extensão de 0,3 Km² (LANNES,
2002, p. 9 apud MARCHETTI, 2011, p. 45). De acordo com Maciel, cada região possui sua
realidade e rotina, o que leva a necessidade de um levantamento de dados preliminar da
localidade que se aplicará a pesquisa, de modo que possibilite uma contextualização para o
desenvolvimento de atividades adequada a cada área de estudo (MACIEL et al., 2013).
Juntamente as visitas ao local foi feito o registro fotográfico para fins de
documentação, na identificação de locais com ausência ou deficiência nos sistemas de
saneamento básico, sendo esta uma abordagem metodológica qualitativa. Demo afirma em
seu trabalho, que o pesquisador precisa adquirir uma percepção crítica ao ambiente da
pesquisa, sendo mais atento aos detalhes, para ser capaz de fazer uma análise minuciosa e
aprofundada, podendo contestar e interferir nos dados (DEMO, 2006, p. 51).
Após o conhecimento da realidade da comunidade, foi confeccionado um questionário
inicial, que serviu como um pré-teste. Este foi composto por 21 perguntas, abertas e fechadas,
sobre o perfil socioeconômico, as condições de saneamento básico, a utilização do recurso
hídrico e a saúde. Esse instrumento metodológico foi escolhido, pelo fato de possibilitar
alcançar respostas de forma rápida, com o objetivo de conseguir respostas libres nas perguntas
abertas e respostas mais precisas nas perguntas fechadas (CERVO; BERVIAN, 1996). O pré-
teste foi utilizado em entrevistas com 15 moradores da localidade, a fim de ambientar o
pesquisador com o instrumento escolhido e obter uma pequena amostragem inicial, para
garantir a adaptação do questionário às principais carências dos moradores. Com este
instrumento, foi possível fazer uma análise das perguntas, avaliando a pertinência dos termos
empregados e verificando se as perguntas concordavam com o objetivo estabelecido nesta
pesquisa. A partir desse contato inicial poder-se realizar algumas modificações para inseri-lo
no contexto do local. Após a reformulação de algumas perguntas, o questionário passou pela
avaliação de um pedagogo do Instituto Federal Fluminense Campus Campos-centro para
últimas adaptações.
27
A aplicação do questionário (APÊNDICE A) se deu na comunidade do entorno da
Lagoa do Vigário em cinco pontos estratégicos. Estes pontos são referentes as vilas que
apresentam em sua rua precariedade nos sistemas de saneamento básico e são uns dos poucos
lugares que dão acesso livre a lagoa. Foram entrevistados 60 moradores da localidade, com o
auxílio do questionário, compostos por 21 perguntas, abertas e fechadas, para levantar dados
sanitários, do manejo de resíduos sólidos e da percepção da população quanto aos serviços
públicos de saneamento. O número de questionários aplicados foi estabelecido a partir do
número de residências que possuem contato direto a lagoa nos locais de acesso da comunidade a
mesma, levando ainda em conta a área ao longo do seu perímetro. O questionário destinado aos
moradores do entorno da Lagoa do Vigário foi aplicado a um morador de cada residência, e cada
pessoa foi entrevistada individualmente. Os moradores foram abordados aleatoriamente e a
participação de todos os envolvidos na pesquisa foi voluntária. Os mesmos poderiam recusar
a sua participação na pesquisa, sendo-lhes assegurado que nenhuma retaliação adviria sobre
os mesmos. Assim, foi garantido, a cada indivíduo, o sigilo das informações obtidas,
enfatizando-se o anonimato dos questionários aplicados. O critério para moradores do entorno
da lagoa participarem deste estudo, foi a obrigatoriedade de terem no mínimo 18 anos de
idade. As entrevistas foram realizadas entre os meses de janeiro a maio de 2015. De acordo com
Cervo e Bervian, a forma mais comum de coleta de dados é o questionário, pois possibilita
alcançar com melhor exatidão o objetivo da pesquisa (CERVO; BERVIAN, 1996, p. 138).
O método de aplicação de questionário e dados referentes às amostras de água da
lagoa foram instrumentos quantitativos, por se tratarem de parâmetros referenciados e bem
estruturados. Nessa etapa foi enfatizado a coleta de dados estatísticos para permitir a
verificação de ocorrência, ou não, das consequências dos impactos na qualidade de vida dos
moradores da comunidade por falta de saneamento básico. Para haver a partir desse momento
aceitação, mesmo está sendo provisória ou não, das hipóteses do presente trabalho, com o
apoio da Estatística adotada na pesquisa (POPPER, 1972 apud DALFOVO et al., 2008, p. 07).
A presente pesquisa possui uma abordagem metodológica qualitativa na utilização de
instrumentos como o registro fotográfico e a análise quantitativa na aplicação dos
questionários e nas análises de água. Segundo autores como Moreira, da área de metodologia
científica, é recomendada a combinação de métodos, destacando o quantitativo e o qualitativo,
sendo este a triangulação, dentre essas combinações, uma vez que a combinação desses
métodos proporciona uma base contextualizada mais rica para interpretar e validar os
resultados (MOREIRA, 2002).
28
3.3 Análise de água
A terceira etapa consistiu na realização de análises das águas da Lagoa do Vigário,
para obter o conhecimento da qualidade da água. Optou-se, por realizar análises de algumas
amostras de águas, em 5 pontos estratégicos, locais onde os moradores possuem maior
contato com a lagoa, para verificar se estão de acordo com os parâmetros de potabilidade
aceitável, segundo a legislação da CONAMA 357/2005. Foram realizadas análises dos
parâmetros que representam características físico-químicas e microbiológicas, os resultados
obtidos foram comparados com as resoluções citadas pelo Conselho Nacional do Meio
Ambiente (CONAMA), nº 357, de 17 de março de 2005, que dispõe sobre a classificação dos
corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento. As amostras das águas
foram destinadas para o LabFoz, Laboratório de qualidade das águas da Foz do Rio Paraíba
do Sul, pertencente a UPEA, Unidade de Pesquisa e Extensão Agroambiental, campus Rio
Paraíba do Sul – IF Fluminense, com auxílio de técnicos e servidores. As análises foram
realizadas em triplicatas e os parâmetros físico-químicos analisados foram pH, Turbidez,
Condutividade Elétrica, Sólidos Totais Dissolvidos, Oxigênio Dissolvido, Temperatura e
Cloro total. Para análise microbiológica foi utilizado o método de número mais provável
(NMP/100mL) de coliformes totais e coliformes termotolerantes. As coletas foram realizadas
no dia 31 de março de 2015, período referente a estação de seca.
As amostras de água para análise microbiológica foram coletadas em frascos estéreis
de 100mL de volume e acondicionados em caixa térmica. As análises foram realizadas em
triplicatas. A técnica utilizada para análise microbiológica foi de caráter qualitativo, utilizado
o método de número mais provável (NMP/100mL) de coliformes totais e coliformes
termotolerantes. Para estimar se há ausência ou presença de coliformes totais e
termotolerantes foi utilizado o método enzima substrato, na qual a amostra foi cultivada em
meio de cultivo Colilert. Este foi colocado no frasco com 100mL de amostra e agitado até
completa diluição dos grânulos do reagente. Em seguida a solução foi incubada a 35ºC por
24horas. As amostras consideradas positivas para coliformes totais foram, posteriormente,
avaliadas com luz ultra-violeta para verificar a presença ou ausência de coliformes
termotolerantes, caso a amostra apresentasse fluorescência este resultado indicaria presença
do microrganismo. A análise microbiológica foi realizada concomitante as análises físico
químicas, no entanto, os resultados só foram obtidos 24 horas depois, de acordo com a
metodologia (STANDARD METHODS, 1999; ROMPRÉ et al., 2002; SILVA et al., 2007
29
apud MONDINI et al., 2012, p. 4). Todo procedimento foi feito com auxílio dos técnicos do
LABFOZ da UPEA campus Rio Paraíba do Sul – IF Fluminense.
3.4 Ação educacional
Na quarta etapa desta pesquisa, foi elaborado o questionário para ser aplicado aos
alunos do Ensino Médio do Ciep Brizolão 056 Custódio Siqueira (APÊNDICE B), localizado
na rua Avenida Senador José Carlos Pereira Pinto, número 500, no bairro Calabouço, do
subdistrito Guarus, da Cidade de Campos dos Goytacazes, no Estado do Rio de Janeiro,
próximo à Lagoa do Vigário. Este se baseou no questionário aplicado aos moradores do
entorno da lagoa, passando por um novo processo de avaliação de pré-teste e de avaliação de
um pedagogo. Nele foi abordado a renda familiar, questões sobre abastecimento de água,
esgotamento, acondicionamento e disposição de resíduos sólidos, limpeza pública, doenças e
drenagem urbana, além da utilização da lagoa pelos alunos. O presente questionário serviu
para coleta de dados e também para avaliar os conhecimentos prévios dos alunos sobre o tema
“Saneamento básico e qualidade de vida”. Somente os alunos regularmente matriculados no
Ensino Médio poderiam participar da pesquisa e as respostas do questionário precisariam ser
coerentes, não estando fora do contexto, caso isso acontecesse, os alunos estariam cientes que
seus dados iriam ser excluídos da pesquisa. Esse método foi escolhido para essa etapa da
pesquisa, pois segundo Cervo e Brian, o questionário é um método comum com de fácil
aplicação, o que permite resposta rápidas e precisas, possibilitando alcançar o objetivo da
pesquisa (CERVO; BERVIAN, 1996, p. 138).
A quarta etapa, envolveu a ação educacional ambiental com os alunos do Ensino
Médio do Ciep Brizolão 056 Custódio Siqueira. Primeiro, foi realizado no Ciep uma palestra
com os alunos do Ensino Médio, a fim de discutir temas como Saneamento básico, qualidade
ambiental e qualidade de vida. Após a explicação teórica, a pesquisadora visitou as salas de
aula das turmas que participaram da palestra levando folhas A4 branca e lápis de colorir, e
pediu aos alunos que desenhassem o bairro onde se encontra a lagoa. Batista em seu trabalho
apontou a importância e a necessidade de desenvolver novos projetos de pesquisas utilizando
desenhos em sala de aula de ciências, por ser uma linguagem não-verbal, que possibilita
investigar os conhecimentos prévios dos alunos (BATISTA, 2009).
30
O estudo no ambiente escolar foi realizado mediante um contato prévio com a direção
da escola selecionada, a fim de solicitar a autorização e o consentimento para a participação
dos estudantes na pesquisa, bem como os objetos de estudo e sua operacionalização.
3.4.1 Aula de campo
Em outro momento, os alunos participantes da pesquisa foram levados em um ônibus
disponibilizado pelo Instituto Federal Fluminense campus Campos Centro para uma aula de
campo, passando pelos 5 pontos de acesso a orla da lagoa, onde anteriormente foram feitas as
análises de águas pela pesquisadora. A aula de campo teve como objetivo mostrar aos alunos
os locais que evidenciam a falta de saneamento básico. A partir das observações dos alunos na
área de pesquisa, estes foram induzidos a participar de debates envolvendo a situação atual da
comunidade e a relação desse com a qualidade ambiental e a qualidade de vida dos
moradores, com intuito de gerar grandes discursões sobre o tema Saneamento básico. Para
Pelegrini e Vlach, o professor tem papel fundamental na promoção de debates de diversos
temas em sala de aula, seja no âmbito de questões ambientais, natureza política, geopolítica,
social e ideológica. Assim, pode-se dizer que o professor é o mediador na formação crítica e
consciente do aluno, o que nos leva a pensar que se precisa estabelecer uma abordagem mais
ampla das questões ambientais (PELEGRINI; VLACH, 2011, p. 195).
Posterior a aula de campo, a pesquisadora novamente visita as salas de aula das turmas
participante e pede aos alunos que desenhem novamente o bairro onde se encontra a Lagoa do
Vigário, para comparação dos desenhos. No final da pesquisa, um banner com o tema
Saneamento Básico (APÊNDICE C) foi entregue a escola para ser pendurado no corredor ou
mural e folders informativo foram entregues aos alunos da escola (APÊNDICE D).
31
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nas visitas in locus na comunidade do entorno da Lagoa do Vigário, foi possível
diagnosticar problemas socioambientais. Nas visitas observou-se o abandono por parte do
poder público, que se tornou evidente devido a falta de infraestrutura e de serviços básicos. O
descaso das políticas públicas, os maus hábitos higiênicos e a falta de informações dos
moradores agravam a situação de insalubridade da lagoa. A deficiência nos sistemas de
saneamento básico e a falta consciência da população reflete em impactos sobre a qualidade
ambiental que está diretamente relacionada a qualidade de vida dos moradores.
Durante as visitas Lagoa do Vigário pode-se presenciar a dificuldade no acesso a orla, por
conta de construções que invadem as suas margens, provenientes de aterros, casas populares,
muros e cercas, fruto de uma ocupação desenfreada, por motivos de ganância ou ordem social,
que acarretou em uma série de problemas ambientais e sociais, tais como acúmulo de lixo,
despejo de águas da rede pluvial e esgoto, animais vetores de doenças, inundações em
períodos chuvosos, poluição e eutrofização (SOFFIATI, 2011, p. 38).
Em conversas com os moradores no local da pesquisa, foi visto que a população ribeirinha
de baixa renda paga o preço em residir as margens da lagoa, por conviver com animais que
podem trazer riscos à saúde, atraídos pelo ambiente favorável a sua sobrevivência na lagoa,
como ratos, caramujos, cobras, entre outros. Um morador de 40 anos, que reside no local a
cerca de seis anos afirmou que já viu alguns animais habitando a lagoa em locais que a
população possui contato com a mesma. Foi perguntado em um diálogo gravado se o morador
já tinha visto animais na orla da lagoa, sua resposta foi, “Já. Gambá, jacaré e lontra. Aí tem,
ratos, poucos, mas também tem. Cobra também”. A lagoa com os dejetos presentes, abriga
microrganismos patogênicos e animais vetores de doenças, o que expõe a população ao risco
de contaminação através dos mesmos. Nem sempre, os moradores têm acesso ao
conhecimento necessário para enfrentar uma situação como esta. Não há
conscientização/sensibilização, com informações relevantes sobre os perigos que a poluição
pode trazer a saúde, e como se pode reverter essa situação. Azeredo et al. comentam que, “o
lixo é um problema básico de saneamento, sua disposição final a céu aberto é um fator de
degradação ambiental e de proliferação de vetores de doenças, cabendo ao município
organizar e disciplinar os serviços de coleta e disposição final de resíduos” (AZEREDO et al.,
2007, p. 750).
Ao questionar um morador sobre as atividades de lazer, como banho, pesca e navegação,
realizadas no local e se ele acredita que esses tipos de atividades podem trazer danos à saúde,
32
foi respondido, “Olha, eu acredito que não, porque eu vejo tantas criança tomando banho aí e
o pessoal pescando aí. Eu acredito que não”. A falta de consciência dos moradores dos
perigos à saúde encontrados com a insalubridade da lagoa, é preocupante, o que fica evidente
ao analisar a resposta de uma senhora em visita a comunidade. Os moradores se expõem aos
efluentes domésticos e aos resíduos sólidos despejados, já que utilizam este para diversas
atividades, ficando expostos a vários patógenos. De acordo com Giatti et al., as doenças
parasitárias intestinais retratam o grave problema de saúde pública em países em
desenvolvimento. É comprovado que a precariedade nos sistemas de saneamento básico e a
consequente degradação ambiental está diretamente relacionado ao problema de saúde das
populações (GIATTI et al., 2004, p. 572).
Durante conversas com os moradores, foi perguntado qual o destino do esgoto produzido
em sua residência. As respostas da maioria dos moradores que participavam do diálogo
gravado foram semelhantes. “O esgoto? A gente é... todo mundo joga aí na lagoa né.”,
respondeu uma senhora de 60 anos, moradora do local há 20 anos. A maior parte dos
entrevistados tem consciência de que os esgotos das residências são lançados diretamente na
lagoa, mesmo porque este encontra-se bem evidente para quem observa a orla. Para Giatti et
al., a mais importante medida para prevenir risco à saúde pública, são conclusões de obras dos
serviços destinados ao afastamento, tratamento e disposição dos esgotos (GIATTI et al., 2004,
p. 576).
4. 1 Registro fotográfico
As margens e o leito da Lagoa do vigário foram aterrados e invadidos por construções
de residências, muros e cercas, que impedem o acesso público à sua orla (Figura 4). Junto à
ocupação, instalou-se o despejo de esgoto in natura na lagoa (Figura 6), ocasionando poluição
e eutrofização (excesso de nutrientes na lagoa, por conta de dejetos orgânicos, que
desencadeiam uma proliferação exagerada de plantas aquáticas), além da galeria de águas
pluviais que desembocam na mesma. O sistema lagunar tornou-se, pois, um foco de
insalubridade. A população ribeirinha de baixa renda é quem sofre com essa situação precária,
pois convive com vetores transmissores de doenças e outros animais (Figura 5), sem contar
com os riscos de inundações em dias de chuva intensa. Mesmo com o grau de poluição
presente, a lagoa ainda apresenta vida e uma boa lâmina d’água, que permite navegação de
pequenas embarcações, como mostra a Figura 4. Com isso, os moradores se relacionam
33
diretamente com a mesma utilizando-a para pesca (Figura 8), banho e passeio de barco, ainda
que ficando expostos a diversos patógenos (SOFFIATI, 2003, p. 34).
Nas visitas a comunidade ao redor da lagoa, pode-se observar a situação precária que os
moradores vivenciam. Na maioria das ruas que dá acesso a orla da Lagoa do Vigário, nas
chamadas vilas, não existe nenhum tipo de calçamento, sendo, portanto de terra batida, como
mostra a Figura 2. Em dias chuvosos, as ruas se transformam em um grande lamaçal, sem
contar os riscos da água da lagoa invadir as ruas e as casa dos moradores, principalmente em
época de enchente, como já aconteceu. A precariedade da rua é tão grande que nessas vilas
sem pavimentação não passa caminhão de coleta municipal de lixo, por conta da largura da
rua, que não permite manobras de carros de grande porte. Para os moradores descartarem seus
resíduos, precisam leva-lo até a rua que passa caminhão de coleta seletiva mais próxima, que
requer uma caminhada mais longa para os moradores que moram mais próximos da lagoa.
Muitos que moram próximo da lagoa são pessoas mais humilde com pouca instrução e
acabam jogando os seus resíduos diretamente na lagoa, o que piora ainda mais a situação de
poluição da Lagoa do Vigário, consequentemente a situação da comunidade/população.
Fonte: elaboração própria.
Figura 2 – Condições críticas das ruas que dão acesso a Lagoa do Vigário, em Guarus,
Campos dos Goytacazes, RJ, devido falta de calçamento e urbanização descontrolada
34
Melo comenta em sua pesquisa que, a pavimentação das ruas favorece o escoamento
de águas de chuva, facilita na limpeza pública, melhora as condições para o tráfego de
veículos, descomplica a locomoção das pessoas, além de melhorar a estética paisagística do
espaço urbano, promovendo uma melhora na qualidade de vida dos residentes (MICHELON,
2004, p. 140 apud MELO, 2010, p. 84).
As ruas das vilas na comunidade da Lagoa do Vigário que possuem calçamento,
apresentam péssimo estado de conservação, com presença de esgoto a céu aberto e
desnivelamentos (Figura 3). Em dias de chuva forte a água acumula em vários pontos e se
mistura com o esgoto que escorrem pela rua, o que ocasiona mau cheiro e vira criadouro de
microrganismo causadores de doenças. O esgoto acumulado nas ruas dificulta a locomoção
dos moradores e de veículos automotivos, além de deixar os mesmos vulneráveis a diversos
patógenos.
Fonte: elaboração própria.
Figura 3 – Descaso das ruas que dão acesso a Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos
Goytacazes, RJ, devido ao esgoto a céu aberto
Esgotos laçados em fossas rudimentares, no solo ou na rua e diretamente em córrego
ou rio, refletem na poluição de recursos hídricos (GIATTI et al., 2004, p. 575). Segundo Giatti
35
et al., um estudo realizado no município de Assis, Estado de São Paulo, mostra que o
saneamento básico está diretamente correlacionado com a prevalência de parasitoses
intestinais nas populações. Verificou-se nas localidades estudadas, índices de ligação de água
e de esgoto por população, levando em conta, por localidade, uma relação direta de exames de
fezes que comprovam a infecção da população para enteroparasitose (Ludwig; Alves-Filho;
Ribeiro-Paes, 1999 apud GIATTI et al., 2004, p. 575).
Identificou-se acúmulo de resíduos sólidos próximos as áreas habitadas e desabitadas
da comunidade do entorno da Lagoa do Vigário, que em época de chuva acabam se dirigindo
para própria lagoa. Em sua maioria, os resíduos sólidos são advindos dos próprios moradores
(Figuras 4).
Fonte: elaboração própria.
Figura 4 – Presença de resíduos sólidos proveniente das residências na orla da Lagoa do
Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ, local que não apresenta mata ciliar,
por conta de aterros e construções desordenadas
Segundo Cavinatto, quando o lixo é jogado sem qualquer cuidado, pode provocar
poluição do solo e das águas, atraindo animais e vetores de doenças, o que resulta em graves
problemas sociais” (CAVINATTO, 2003, p. 25).
36
Nas visitas a comunidade, foi possível visualizar a presença de animais em locais que
os moradores possuem contato com a mesma. A Figura 5 mostra uma cobra presa a uma rede
de pesca, já que a lagoa é visitada por pescadores e moradores da região que pescam. Esta foi
morta por crianças que brincavam nas margens da lagoa, no momento do campo. Este registro
exibi a frequência de animais na orla da lagoa, que dividem o mesmo espaço com moradores.
Esta espécie de cobra não presenta perigo a saúde dos moradores, mas outros animais que
podem trazer riscos a saúde dos moradores também podem habitar e transitar a orla da lagoa,
e junto com os animais podem estar organismos patogênicos, transmissores de doenças. A
população ribeirinha, que não possui muita consciência destes perigos, convive com diversas
situações de risco.
Fonte: elaboração própria.
Figura 5 – Presença de animais na orla Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos
Goytacazes, RJ, que convivem com os moradores ribeirinhos
Além do problema com o acúmulo de resíduos sólidos, que atraem animais e vetores de
doenças, a comunidade do entorno da lagoa enfrenta dificuldades com relação a deposição
final do esgoto doméstico. As ruas que dão acesso a Lagoa do Vigário não possuem sistemas
de coleta de esgoto, assim a maioria das residências que ocupa a orla da lagoa despeja o seu
esgoto diretamente na mesma, apenas alguns domicílios utilizam fossas para o destino de seus
37
dejetos. Nas visitas a localidade pôde-se verificar que muitas dessas fossas encontravam-se
em estado precário de conservação e ainda houve flagrantes de esgoto correndo a céu aberto
pelas ruas por causa de transbordamento de fossas, como mostra a Figura 3. A figura 6
apresenta o esgoto das residências de uma das ruas da comunidade sendo despejado
diretamente na lagoa, em lugar onde moradores e pescadores possuem contado com a mesma.
Neste local é possível presenciar crianças brincado de bola e soltando pipa em visitas a
comunidade, pois tratam essa situação com naturalidade, já que convivem com essa realidade
diariamente.
Fonte: elaboração própria.
Figura 6 – Despejo de esgoto doméstico sem tratamento na Lagoa do Vigário, em
Guarus, campos dos Goytacazes, RJ
Apesar de tudo, a lagoa ainda apresenta vida e uma boa lâmina d’água, que permite a
navegação de pequenas embarcações. Com isso, os moradores e pessoas de outras regiões se
relacionam diretamente com a lagoa utilizando-a para recreação, como passeios, pesca, entre
outras atividades. Na figura 7, é possível presenciar uma família pescando na beira da lagoa,
em um local que eles não possuem conhecimento se está contaminado ou não. O local
apresenta odor desagradável, e pela grande quantidade de plantas aquáticas há lançamento de
esgoto domésticos nas águas, o que facilitou sua proliferação. Não existe mata ciliar, já que
38
essa foi degradada pelos aterros e construções e resíduos sólidos nas margens. No colo de
uma moradora sentada na beira da lagoa, pode-se observar um bebê de menos de um ano de
idade, que desde novo já possui contato com a lagoa, que possui um quadro de poluição.
Fonte: elaboração própria.
Figura 7 – Moradores pescando na Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos
Goytacazes, RJ
Na Figura 8, é possível observar um pescador usando rede de arrasto e pequena
embarcação, que comprovam a rotina da prática de pesca na Lagoa do vigário. Neste ponto
encontra-se uma lâmina d’água sem proliferação de plantas aquática, que permite navegação.
Neste ponto existe uma tubulação lançando efluentes das residências locais diretamente na
lagoa, a mesma tubulação mostrada na Figura 6. O pescador está em contato direto com a
água, com as pernas mergulhada na lagoa até a altura do joelho, onde o contato com
microrganismos patogênicos é íntimo. O contato humano com a lagoa só pode ser o mínimo
possível, principalmente para evitar ingestão de água, com diz a resolução da Conama 357/05
para Água Doce de Classe 3 (BRASIL, 2005). A lagoa que com seu potencial de abrigar vida,
poderia estar servindo para pesca e atividades físicas livremente, atualmente expõem as
pessoas que possuem contato a elementos patogênicos, influenciando na saúde e na qualidade
de vida destes.
39
Fonte: elaboração própria.
Figura 8 – Pescador utilizando rede de arrasto na Lagoa do Vigário, em Guarus,
Campos dos Goytacazes, RJ
Por conta das agressões a lagoa se tornou um foco de insalubridade. Os moradores das
residências mais próximas de baixa renda é quem mais sofre com esta situação (SOFFIATI,
2011, p. 38). Para Soffiati, ”Malgrado tudo, a lagoa ainda apresenta vida e uma boa lâmina
d’água, que permite a navegação de pequenas embarcações” (SOFFIATI, 2011, p. 38). É de
grande admiração a Lagoa do Vigário ainda apresentar vida, resistindo a todo impacto que a
ocupação desordenada causou. Por existir peixes, esta é utilizada para pesca, aparentemente
não para comércio e sim para suplementar a renda das famílias mais pobres da região
(SOFFIATI, 2011, p. 29). Atualmente há a problemática da diminuição do uso da lagoa para
pesca e lazer, devido a perda da qualidade de água (LENNES, 2002 apud MARCHETTI,
2011, p. 48).
A Lagoa do Vigário apresenta um quadro de impacto ambiental através dos registros
de despejo de esgoto doméstico sem tratamento, acúmulo de resíduos nas suas margens,
aterros e construções desordenadas, proliferação de plantas aquáticas, canais de redes
pluviais, entre outros. Esta atual situação atrai animais e vetores de doenças, atingindo
proporções em termos de saúde pública. Por conta da lâmina d’água e da presença de peixes,
a lagoa chama atenção de pescadores e moradores, da região ou não, para atividades de pesca
40
e lazer. A população que possui contato com a lagoa não tem consciência da qualidade da
água que esta apresenta e se expõem a diversos patógenos, por falta de informação, ou por
não ligarem em manter-se em contato com a água mesmo sabendo que esta pode estar
contaminada. Esse histórico de poluição da Lagoa do Vigário é reflexo de um precário
sistema de saneamento básico, que deve ser reestruturado, já que é um direito do cidadão ter
acesso aos serviços básicos. O corpo hídrico que deveria ser protegido por Lei, pois cabe ao
Estado proteger e cuidar da segurança dos corpos d’água que se situam inteiramente em seus
territórios, como explícita os Artigos 41 e 51, da Constituição Brasileira, e a Constituição do
Estado do Rio de Janeiro no Artigo 41, além do Decreto nº 2.300, de 8 de janeiro de 1979, do
Governo Estadual, que instituiu o Sistema de Proteção aos Rios e Lagos (SIPROL), está se
degradando por descaso das políticas públicas. Este que deveria servir como uma área de lazer
melhorando a qualidade de vida da população campista, apresenta riscos à saúde das mesmas,
por conta da insalubridade observável (SOFFIATI, 2011, p. 30).
Por meio dos registros fotográficos foi possível conhecer a atual situação vivida pelos
moradores da comunidade do entorno da Lagoa do Vigário. Obteve-se o conhecimento da
precariedade dos serviços de saneamento básico da região e os problemas causados pela falta
destes, que influenciam diretamente na qualidade ambiental e na qualidade de vida da
população.
Fora da comunidade que ocupa as margens da lagoa, contudo, vê-se a falta de
conhecimento por parte da maioria dos residentes da cidade quanto à localização, a forma e
até mesmo quanto à existência da Lagoa do Vigário. Já moradores da comunidade, ao mesmo
tempo que demonstram estarem conscientes dos problemas ecológicos e sanitários a ela
referentes, deixam transparecer a ideia de que eles se veem como parte do problema, mas não
da solução. Assim, observa-se que um trabalho de sensibilização desses moradores, para
buscar melhores condições sanitárias local é de suma importância, pelo menos enquanto os
mesmos ocuparem suas margens, já que existe uma proposta de remoção dessas famílias e de
recuperação da lagoa, por parte da Prefeitura Municipal de Campos dos Goytacazes
(SILVEIRA, 2010, p. 88).
41
4.2 Análise de água da Lagoa do Vigário
O presente trabalho propôs realizar um estudo da avaliação da qualidade das águas da
Lagoa do Vigário, utilizando como indicador os parâmetros físico-químicos e
microbiológicos, comparando os resultados com as resoluções citadas pelo CONAMA n°.
357, para água doce. As análises foram realizadas em triplicatas e os parâmetros analisados
foram de determinação de Potencial Hidrogeniônico – pH, turbidez, condutividade elétrica
(C.E.), sólidos totais dissolvido (STD), oxigênio dissolvido (OD), temperatura, Cl2 total,
coliformes totais e coliformes termotolerantes.
Diante do quadro de insalubridade da Lagoa do Vigário devido a falta de saneamento
básico na localidade e o constante contato da população com a mesma, utilizando-a para
recreação e alimentação, surgiu a necessidade de realizar um estudo para avaliar a qualidade
de suas águas. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a qualidade da água possui
extrema importância, pois esta é uma questão que constitui um dos principais assuntos de
saúde pública (OMS, 2013).
Foram coletadas amostras de água de 5 pontos da Lagoa do Vigário, escolhidos
estrategicamente para atender ao objetivo da pesquisa e obter dados fidedignos e tais pontos
foram definidos com auxílio de um GPS. O Ponto 1 (P1) localiza-se nas coordenadas
geográficas S21º44’36.7” W041º18’46.5”, este foi coletado às 09:30, na profundidade de
40cm. O Ponto 2 (P2), possui localização segundo ao GPS nas coordenadas S21º44’35.2”
W041º18’516”, sendo este coletado às 9:45, com profundidade de 10cm. O Ponto 3 (P3)
situa-se nas coordenadas S21º44’38.9” W041º18’51.6”, coletado às 09:56, com 15cm de
profundidade. A coleta do Ponto 4 (P4), foi nas Coordenadas S21º44’25.5” W041º19’04.1”,
às 10:11, na profundidade de 20cm. O último ponto, referente ao Ponto 5 (P5), localiza-se nas
coordenadas S21º44’40.8” W041º19’03.2”, no horário de 10:40, com 20cm de profundidade.
No momento da coleta das amostras de água da Lagoa do Vigário foi possível
observar algum eventos e características da água no local, onde no ponto 1 a água apresentou
um odor desagradável lembrando esgoto domiciliar. Nos pontos 3 e 4 foram vistos pescadores
com contato direto com a água da lagoa. No Ponto 3 o pescador usava um barco e uma rede
de arrasto, o que mostra a frequente atividade de pesca na lagoa. No Ponto 4 era um pescador
amador, que utilizava vara de bambu para pescar, neste local foi possível visualizar uma fina
camada de óleo na superfície da água. O Ponto 3 também foi possível observar uma grande
quantidade de resíduos sólidos as margens da lagoa e uma tubulação de esgoto das residências
da rua de acesso, despejando seus efluentes diretamente nas águas. Sendo que no Art. 16, da
42
Seção II Das Águas Doces, da Resolução CONAMA 357/2005, referentes as águas doces, de
Classe I, Classe II e Classe III, as águas devem apresentar ausências de substâncias que
comuniquem gosto ou odor, ausência de resíduos sólidos objetáveis, ausência de materiais
flutuantes, inclusive espumas não naturais, ausência de óleos e graxas e não é permitida a
presença de corantes provenientes de fontes antrópicas que não sejam removíveis por
processo de coagulação, sedimentação e filtração convencionais. Águas doces que se
enquadram em Classe IV, precisam apresentar ausência de materiais flutuantes, inclusive
espumas não naturais, odor, óleos e graxas, são tolerados apenas aspecto de coloração de arco
íris (BRASIL, 2005, p. 6-13). A Lagoa do Vigário em alguns pontos se enquadra dentro da
classificação de Classe III, águas que podem ser destinadas ao abastecimento para consumo
humano, após tratamento convencional ou avançado, irrigação de cultura arbóreas,
cerealíferas e forrageiras, à pesca amadora, a recreação de contato secundário e a
dessedentação de animais. Mas em outros o enquadramento se aproxima da classificação de
Classe IV, onde só é permitido atividades de navegação e harmonia paisagística (BRASIL,
2005, p. 4).
Os resultados dos parâmetros físico-químico referente ao pH das amostras de água da
Lagoa do Vigário demostraram pouca variação do potencial hidrogeniônico, entre 7,15 a 7,4,
apresentando uma média de 7,28, como pode ser observado no Gráfico 1. A partir das análises
pode-se evidenciar uma tendência das águas apresentarem condições mais neutras a
levemente básicas, permitido pelo enquadramento da Resolução 357/2005 da CONAMA, para
Águas Doces, onde o padrão referente ao pH vária de 6 a 9, enquadrando-se em Classe I, II,
III e IV. Segundo Viana, “o potencial hidrogeniônico é um parâmetro fundamental para os
ambientes aquáticos, a interpretação do pH torna-se complexa devido ao grande número de
fatores que podem influenciá-lo” (VIANA, 2013, p. 146).
43
Fonte: elaboração própria.
Gráfico 1 – Variação média do potencial hidrogeniônico dos 5 pontos de coleta de água
da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ
O valor máximo de turbidez indicado pela Resolução 357/05 da CONAMA é o de 100
NTU para Águas Doces de Classe II e Classe III. Os resultados dos valores da Lagoa do
Vigário estão abaixo. O maior valor para turbidez medido na lagoa foi o P3, com 8,6 NTU,
dentro dos padrões da resolução da CONAMA (Gráfico 2). A turbidez de acordo com Cunha,
“é um indicador da transparência física da água e não necessariamente um parâmetro de
potabilidade” (CUNHA et al., 2012, p. 157).
Mello em sua pesquisa (2010, p. 59), fala sobre a importância da água dentro dos
padrões de potabilidade, explicando que,
Na metade do século XIX, a relação entre a água contaminada e doenças foi sendo
descoberta, graças a pesquisadores como John Snow que, em 1855, conseguiu
provar que o surto de cólera que acometia a cidade de Londres estava relacionado
com a água de poços contaminados por esgotos, que eram distribuídas à população.
Já em 1880, Louis Pasteur demonstrou que microrganismos poderiam transmitir
doenças através da água. Nessa época, ficou provado que a turbidez da água não era
apenas uma preocupação estética, mas que o material particulado ali presente
poderia conter microrganismos patogênicos, além de matéria fecal (FREITAS et al.,
1995 apud MELLO, 2010, p. 59).
44
Fonte: elaboração própria.
Gráfico 2 – Variação média de turbidez (NTU) dos 5 pontos de coleta de água da Lagoa
do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ
No Gráfico 3, pode-se observar que as medidas da condutividade registraram valores
entre 409 a 515,2 μs.cm-1. Araújo explica em sua pesquisa que, “a condutividade elétrica está
relacionada com a presença de íons dissolvidos na água, que são partículas carregadas
eletricamente. Quanto maior a quantidade de íons dissolvidos, maior será a condutividade
elétrica da água que pode variar também de acordo com a temperatura e o pH” (ARAÚJO et
al., 2011, p. 102). Sabendo que a condutividade elétrica está relacionada a íons presentes na
água e que esta pode variar por diferentes fatores como temperatura e pH, concorda-se quando
Paula afirma em seus estudos que,
Os maiores valores de condutividade estão relacionados aos ambientes aquáticos
mais impactados, enquanto os menores estão associados aos cursos de água que
drenam áreas em melhor estado de conservação. No entanto, a presença de chuva
pode carrear poluentes para os recursos hídricos, e, ao mesmo tempo, contribuir para
a dissolução da carga poluidora. Em virtude disso, as informações de condutividade
não se correlacionam exatamente com os resultados de sólidos e turbidez. Os
resultados de condutividade servem para complementar outros parâmetros, a fim de
se obterem maiores informações a respeito da carga poluidora nas águas (COELHO,
2008 apud PAULA et al., 2013, p. 92).
Em sua pesquisa Cunha diz que, os metais presentes na água podem ser ingeridos e
absorvidos pelo homem, causando sérios danos à saúde. Mas sua absorção pelo organismo
através do trato gastrointestinal pode ser prejudicada por alguns fatores, entre eles pelo pH da
água ingerida (CUNHA et al., 2010, p. 157).
45
Santos et al. explica que, pode-se quando a alcalinidade é mais elevada, pois o pH é
mais alto, indicando a relação de tamponamento da alcalinidade que varia com o pH. Os
valores de pH encontrados no padrão de potabilidade, no intervalo entre 6 e 9,5, minimiza as
perspectivas de corrosão e incrustação na rede de água (LIBANIO, 2005 apud SANTOS,
2013, p. 25).
Fonte: elaboração própria.
Gráfico 3 – Variação média da condutividade elétrica (μS cm-1) dos 5 pontos de coleta de
água da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ
De acordo com as análises, o menor valor para a concentração de sólidos totais
dissolvidos na água foi registrado no Ponto 4 (P4) e as médias mais elevadas corresponderam
aos três primeiros pontos P1, P2 e P3 (Gráfico 4). Segundo Paula et al. (2013, p. 92), o que
deve ter determinado esses valores para sólido totais na lagoa pode ser o aumento de materiais
que não são de origens do local, que auxilia também para o aumento de turbidez. Por conta da
presença de materiais alóctones na água, a condutividade elétrica também aumenta,
evidenciando a presença de cargas poluidores, que com os demais parâmetros auxiliam em
mais informações sobre essas cargas. Comparando o Gráfico 3, referente aos valores médios
de condutividade elétrica dos pontos de coleta, com o Gráfico 4, com os valores da
concentração média de sólidos totais dissolvidos, pode-se observar a semelhança no padrão
dos gráficos, mesmo os valores não estando diretamente correlacionados.
A capacidade de transmitir corrente elétrica na água se dá pela condutividade elétrica,
esta característica depende da presença do teor de sais dissolvidos, como Na+, K+, Ca2+, Mg2+,
46
NH4+, Cl-, SO42-, NO3-, NO2-, HCO3-. Altos valores desses sais podem indicar concentração de
Sólidos Totais Dissolvidos (STD), que podem oferecer riscos a saúde humana, já que o
excesso torna a água desagradável ao paladar, corrói tubulações e acumula sais na corrente
sanguínea, ocasionando em cálculos renais (SANTOS; MOHR, 2013, p. 51).
Fonte: elaboração própria.
Gráfico 4 – Variação da concentração média de sólidos totais dissolvidos (mg.L-1) dos 5
pontos de coleta de água da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ
Houve variação nos resultados para oxigênio dissolvido nas análises de águas da
lagoa. O ponto P1, P3 e P4 estão dentro dos limites estabelecidos pelo Conselho Nacional do
Meio Ambiente (Conama), para Água Doce de Classe 1, o qual estabelece valor não inferior a
6 mg/L de O2, mas os valores estão bem próximos ao mínimo aceitável. O P2 apresentou valor
de 5,9 mg.L-1, valor abaixo do enquadramento para Classe I, mas enquadrado em Classe II,
que permite valores acima 5 mg/L de O2. O P5, foi o menor valor de oxigênio dissolvido
encontrado entre as amostras, apresentando 2,6 mg.L-1, valor abaixo do aceitável para Classe
3, que estabelece valor não inferior a 4 mg/L de O2, estes valores podem ser vistos no Gráfico
5 (BRASIL, 2005). Araújo explica que, “o oxigênio dissolvido (OD) é um indicador da
concentração de oxigênio dissolvido na água” (ARAÚJO et al., 2011, p. 102). O valor de
nível baixo de oxigênio dissolvido no Ponto 5 pode estar relacionado com processos de
decomposição de material orgânico, ocasionado pela visível eutrofização, já que a lagoa
recebe uma grande quantidade de efluentes domésticos neste ponto, fornecendo um excesso
de nutriente para água, provocando o aumento excessivo de algas e plantas aquáticas,
47
consequentemente o aumento de decompositores e diminuição de oxigênio. Segundo Mello,
os níveis de oxigênio presente na água pode indicar o grau de poluição, pois bactérias
presente na matéria orgânica consome o oxigênio, resultando na diminuição desse elemento
dissolvido (MELLO, 2010, p. 61). Araújo diz que, “o oxigênio e um gás pouco solúvel em
água e a sua solubilidade depende da pressão (altitude), temperatura e sais dissolvidos”
(ARAÚJO et al., 2011, p.102).
O oxigênio na lagoa pode ser influenciado também pela quantidade de macrófitas
aquáticas presentes. Os estandes de macrófitas aquáticas podem alterar a composição física e
química da água, o que leva a modificação nos níveis de temperatura, turbulência, penetração
de luz, concentração e a distribuição de oxigênio e nutrientes. Essa questão mostra que as
macrófitas aquáticas são muito importantes na manutenção ou modificação da qualidade nos
lagos (MITSCH; GOSSELINK, 2000; SHEFFER, 2001 apud ESTEVES, 2006, p. 2).
A Lagoa do Vigário sempre apresentou inundações em períodos de chuva intensa,
assim como o Rio Paraíba do Sul, o que afeta diretamente a população local, principalmente a
comunidade do entorno da Lagoa do Vigário, que reside em toda sua orla (SOFFIATI, 2013,
p. 31). Essa alteração em períodos chuvosos e secos influencia na oxigenação da água,
mudando as características da lagoa severamente, levando em consideração o impacto quando
há a falta de oxigênio dissolvido na água (Chabbi et al., 2001 apud STEVES, 2006, p. 40).
Para permanecer vida na lagoa é necessário que a lagoa apresente níveis oxigênio dissolvido,
principalmente manter peixes, pois a lagoa é utilizada para pesca por moradores da
comunidade ao seu redor (Figura 8 e Figura 9). Lembrando, que a água da Lagoa do Vigário,
para anélise, foi coletada dia 31 de março de 2015, período de seca na região e de baixos
níveis de água no Rio Paraíba do Sul. Em sua pesquisa na Lagoa do Campelo Steves discute
que,
No período de seca, possivelmente ocorre o maior acúmulo de matéria orgânica não
degradada. Também neste período o sedimento deve apresentar maior aeração em
função da exposição à atmosfera. Nos períodos de inundação as trocas gasosas com
a atmosfera são bastante reduzidas em função da pequena difusão de oxigênio na
água, podendo tornar-se anóxica. A anoxia pode ser acelerada em função dos
processos de degradação aeróbica e anaeróbica da matéria orgânica (Chabbi et al.,
2001 apud STEVES, 2006, p. 40).
48
Fonte: elaboração própria.
Gráfico 5 – Variação da concentração média de oxigênio dissolvidos (mg.L-1) dos 5
pontos de coleta de água da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ
Os valores médios para a temperatura da água nos 5 pontos de coleta variaram de 21,6
a 23,6 ºC, com os valores mais baixos em P2 e P3 e mais alto em P5 (Gráfico 5). A
temperatura pode interferir no ciclo de vida de bactérias e parasitas, além de influenciar com
auxílio da pressão na solubilidade do oxigênio, que é um gás pouco solúvel em água
(ARAÚJO et al., 2011, p. 102). Santos et al., em seu trabalho disse que as águas analisadas
estavam dentro da temperatura aceitável porque estavam abaixo de 40ºC, valor comparado ao
estipulado como aceitável pela Resolução CONAMA nº357/05 (SANTOS et al., 2013, p. 24).
Logo, a temperatura das águas em todos os pontos está dentro do indicado pela normatização.
49
Fonte: elaboração própria.
Gráfico 6 – Variação da temperatura (ºC) média dos 5 pontos de coleta de água da
Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ
No Gráfico 6, pode-se observar que os níveis médios da concentração para cloro total
variaram pouco registrando valores entre 0,06 a 0,03 mg/L. Dentre estes os postos 4 e 5
apresentaram os mesmos valores 0,05mg/L. Esses valores são aceitáveis, pois se refere a um
recurso hídrico de fonte natural. Por esse motivo, a concentração não é alta e não varia muito,
se mantendo praticamente constante em todos os pontos analisados. A CONAMA não
estabelece nenhum enquadramento para Cloro Total para classificar recurso hídrico de águas
doce.
50
Fonte: elaboração própria.
Gráfico 7 – Variação da concentração média de cloro total dos 5 pontos de coleta de
água da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ
Dos 5 pontos de coleta de água da Lagoa do Vigário analisados (P1, P2, P3, P4 e P5)
todas apresentaram contaminação para coliformes totais e coliformes termotolerantes, apenas
o P5 não apresentou contaminação acima do aceitável conforme estabelece o enquadramento
da resolução da CONAMA, mas esse valor é elevado e quase alcança o valor limite (Tabela
2).
Tabela 2 – Análise microbiológica de amostras de água dos 5 pontos de coleta na Lagoa
do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ
Pontos de Coleta Coliformes Totais
(NMP/100mL)
Coliformes Termotolerantes
(NMP/100mL)
P1 >2419,6 >2419,6
P2 >2419,6 >2419,6
P3 >2419,6 >2419,6
P4 >2419,6 >2419,6
P5 >2419,6 920,8 Fonte: elaboração própria.
Os dados da análise de água da Lagoa do Vigário evidenciaram a presença de
coliformes termotolerante. Esse grupo de bactérias não causa doenças, visto que habitam o
intestino de mamíferos, inclusive do ser humano, considerado um indicador de contaminação
hídrica, exclusivamente por material fecal (ARAÚJO et al., 2011, p. 101). Sendo assim é
51
necessário o tratamento convencional ou avançado da água para o consumo (SANTOS et al.
2013, p. 7).
De acordo com a Resolução do Conama 357/2005 para Águas Doce Classe 3, os
coliformes termotolerantes não deverão exceder um limite de 2.500 coliformes, número mais
provável (NMP) por 100mL, para uso de recreação de contato secundário. Para dessedentação
de animais criados confinados não deverá ser excedido o limite de 1.000 coliformes
termotolerantes por 100 mililitros em 80%. Para os demais usos, não deverá ser excedido um
limite de 4000 coliformes termotolerantes por 100 mililitros em 80% (BRASIL, 2005).
Segundo os resultados das análises de água dos pontos de coleta, a população pode ter
um contato secundário com a Lagoa do Vigário, o que se refere as atividades em que o
contato com a água não aconteça com frequência ou aconteça acidentalmente, e a
possibilidade de ingestão de água seja extremamente pequena, sento aceitável atividades de
pesca e de navegação, podendo ser esportiva, amadora ou profissional, para fins de lazer, de
atividade física, atividade comercial ou de subsistência. No entanto, para contato direto e
prolongado com a água, tais como natação, mergulho, esqui-aquático, na qual a possibilidade
do banhista de ingerir água é elevada, o resultado não deve exceder um limite de 1.000
coliformes termotolerantes por 100 mililitros de água (BRASIL, 2005). O único ponto de
coleta que não excedeu o limite de 1.000 coliformes termotolerante foi o P5 com 920,8
coliformes (Tabela 2). Deve-se lembrar que as coletas foram realizadas no período de final de
março de 2015, período em que se passava uma seca territorial.
Em seu trabalho Daniel et al. explica, que a água é um meio de transmissão de
doenças. As doenças de veiculação hídrica, propriamente ditas, podem ser adquiridas pela
ingestão de água que apresenta agentes patológicos, água contaminada pela higiene pessoal e
água que apresente vetores de ciclo de vida de ambiente aquático. A infecção, por meio de
águas contaminadas, pode variar de acordo com a virulência do patógeno, dose de infecção e
resistência imunológica do indivíduo. Dentre as principais doenças de veiculação hídrica
estão, as febres tifóides e paratifoides, disenteria basilar, disenteria amebiana, cólera,
giardíase, hepatite A e E, poliomielite, criptosporidiose e gastroenterite, além das verminoses
entre outras. Logo, é de suma importância fazer intervenções nos sistemas de abastecimento
de água e coleta de esgoto, proporcionando melhor qualidade dos recursos hídricos, para
testificar efeitos a longo prazo em termos de saúde pública (DANIEL et al., 2002, p. 1-8).
52
4.3 Questionários aplicados aos moradores e aos alunos
A aplicação de questionário aos moradores da comunidade do entorno da Lagoa do
Vigário, se deu na própria comunidade e na escola que tem como clientela crianças e
adolescente da localidade, para levantamentos de dados. Os questionários aplicados aos
moradores e aos alunos são equivalentes, nele foram abordados temas como renda familiar,
utilização da lagoa, água, esgoto, resíduos sólidos e drenagens pluviais. A diferença entre os
mesmos foram a reformulação necessária de alguns termos empregados, atendendo a
necessidade do público alvo, sendo estes avaliados por um pré-teste e um pedagogo. Os
questionários são compostos por 21 perguntas, abertas e fechadas (APÊNDICE A e B).
A seguir serão apresentados os resultados obtidos com as entrevistas aos moradores da
comunidade do entorno da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ, que
aliado ao registro fotográfico e a análise de água da lagoa, possibilitou a preparação de uma
análise mais fidedigna da situação de saneamento básico que os moradores vivenciam.
Para realização deste trabalho foram entrevistadas um total de 60 moradores da
comunidade do entorno da Lagoa do Vigário em suas residências e 45 alunos da escola local.
As primeiras perguntas do questionário são referentes ao perfil socioeconômico e grau de
escolaridade dos moradores, com intuito de formar um perfil característico da população
local. A caracterização socioeconômica da população, perfil econômico e escolar, são
importantes dados para relacionar com as condições de saneamento básico da região. Gomes
em sua pesquisa ressalta que, as necessidades e expectativas de um cidadão, são moduladas
pelo perfil territorial e ambiental do lugar onde vive, junto com as condições sociais
peculiares a cada grupo da população, como renda e escolaridade. Esse reconhecimento do
cidadão, leva-se a entender que o indivíduo apresenta carência de diversas ordens, sendo este
o primeiro passo para diversas ações (INOJOSA; KOMATSU, 1997 apud GOMES, 2009, p.
134).
Nas tabelas serão apresentadas as condições socioeconômico e educacional dos
entrevistados, propostas na primeira parte do questionário, para o reconhecimento do perfil
característico da população da comunidade do entorno da Lagoa do Vigário. Os resultados das
respostas dos questionários foram divididos de acordo com o local de aplicação, já que estes
foram aplicados em lugares distintos. Os dados foram comparados a partir de análises.
53
Tabela 3 – Quantidade de pessoas divididas pelo gênero e o grau de instrução dos
moradores da comunidade do entorno da Lagoa do Vigário e dos alunos da escola local,
em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ
Moradores da comunidade Alunos da escola local
Sexo Masculino 37%
Sexo Masculino 37%
Feminino 63% Feminino 63%
Grau de
escolaridade
Analfabeto 8%
Turmas
1001 47%
Ensino Fundamental incompleto 35% 2001 27%
Ensino Fundamental completo 8% 3001 27%
Ensino Médio incompleto 13%
Ensino Médio completo 28%
Ensino Superior incompleto 5%
Ensino Superior completo 2% Fonte: elaboração própria.
A tabela acima mostra a quantidade de pessoas entrevistadas, estas estão divididas
pelo gênero e pelo grau de escolaridade das mesmas. Coincidentemente, o percentual da
quantidade de pessoas divididas pelo sexo foi igual entre os moradores e os alunos, com 37%
homens e 63% mulheres. Na questão sobre o grau de escolaridade, houve variação nas
respostas dos moradores da comunidade, com 8% analfabetos, 35% com Ensino Fundamental
incompleto, 8% com Ensino Fundamental completo, 13% com Ensino médio incompleto,
28% com Ensino Médio completo e apenas 2% com Ensino Superior completo. Pode-se
visualizar nos resultados que o grau de instrução dos moradores entrevistados na comunidade
é baixo e uma grande quantidade de moradores possuem o Ensino Fundamental incompleto.
O questionário aos alunos foi aplicado ao Ensino Médio, dentre estes, 47% refere-se ao
primeiro ano, 27% ao segundo ano e 27% ao terceiro ano (Tabela 3).
Almeida em sua pesquisa mostra que, em relação as outras comunidades que vivem as
margens de lagoas em Guarus, a população que reside ao entorno da lagoa do Vigário possui
níveis de escolaridade melhores ao ser comparada com as demais. Mesmo com o nível de
escolaridade melhor a comunidade ainda possui um grau de instrução baixo. Esse resultado
pode ser reflexo do acesso da comunidade com a região central da cidade, visto que o local
fica próximo, onde permite a residência de famílias com melhor poder aquisitivo (ALMEIDA,
2009, p. 49).
54
Segundo Rezende, o grau de escolaridade de uma população está ligado diretamente
com a demanda dos serviços de saneamento básico oferecidos. A existência ou inexistência
do sistema de saneamento de uma região é um fator de escolha do local da residência. Pessoas
com baixo nível de escolaridade acaba sofrendo com a desigualdade de oportunidade de
acesso nos serviços básicos, não possuindo poder de escolha do local de moradia. Sendo
assim, o serviço de saneamento básico, é um condicionante da demanda e da oferta da
diferença sociais e econômicas do País (REZENDE et al, 2007, p. 91).
A idade dos moradores da comunidade do entorno da Lagoa do Vigário teve uma
grande variação, apresentando idades entre 20 até 94 anos. 3% possui idade entre 18 a 20
anos, já que a idade mínima para entrevista na comunidade era 18 anos. 18% com idade entre
21 a 35 anos. 12% refere-se a moradores com idades entre 36 a 45 anos. 16% idade entre 46 a
55 anos. Com maior percentual de 28% para moradores de 56 a 65 anos. 17% moradores com
idade entre 66 a 75 anos. 8% para moradores de 86 a 85 anos e 2% para 86 a 95 anos. Os
alunos apresentaram idade mínima de 15 anos e máxima de 20 anos, correspondendo a idade
de alunos que cursam o Ensino Médio. Nestes, 20 % refere-se a alunos com 15 anos, 22% a
alunos com 16 anos, 29% com 17 anos, 18% com 18 anos, 7% com 7% e 4% aos alunos com
idade máxima aos entrevistados de 20 anos (Tabela 4).
Tabela 4 – Idade dos moradores da comunidade do entorno da Lagoa do Vigário e dos
alunos da escola local, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ
Moradores da comunidade Alunos da escola local
Idade
18 a 20 anos 3%
Idade
15 anos 20%
21 a 35 anos 18% 16 anos 22%
36 a 45 anos 12% 17 anos 29%
46 a 55 anos 16% 18 anos 18%
56 a 65 anos 28% 19 anos 7%
66 a 75 anos 17% 20 anos 4%
76 a 85 anos 8% 21 a 94 anos 0%
86 a 95 anos 2%
Fonte: elaboração própria.
Uma boa parte dos moradores da comunidade moram na localidade desde que
nasceram, referindo-se 13% aos moradores entrevistadores diretamente na comunidade. Mais
da metade dos alunos entrevistados moram na comunidade desde que nasceram
correspondendo ao percentual de 62% dos alunos da escola local. Os moradores que vivem
mais tempo na comunidade do entorno da Lagoa do Vigário são os que foram entrevistados
55
diretamente na comunidade em suas residências, o que se refere os moradores que moram
entre 40 a 60 anos com 9%, que moram entre 30 a 40 anos com 7 % e entre 20 a 30 anos com
37%, sendo o último percentual o maior número de moradores que moram na localidade esse
tempo. Moradores que residem na localidade entre 10 a 20 anos, 10% refere-se a moradores
entrevistados e 3% aos alunos da escola local. Aos que residem entre 5 a 10 anos, 9% refere-
se aos moradores e 7% aos alunos. De 1 a 5 anos, 8% moradores e 13% alunos, sendo o maior
percentual que se refere aos alunos da escola local (Tabela 5).
Tabela 5 – Tempo de moradia na comunidade do entorno da Lagoa do Vigário, em
Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ
Moradores da comunidade Alunos da escola local
Tempo de
moradia
Desde que nasceu 13%
Tempo de
moradia
Desde que nasceu 62%
Entre 1 mês a 1 ano 15% Entre 1 mês a 1 ano 5%
Entre 1 a 5 anos 8% Entre 1 a 5 anos 13%
Entre 5 a 10 anos 9% Entre 5 a 10 anos 7%
Entre 10 a 20 anos 10% Entre 10 a 15 anos 3%
Entre 20 a 30 anos 37% Entre 30 a 40 anos 7% Entre 40 a 60 anos 9% Fonte: elaboração própria.
A renda familiar dos moradores da comunidade e dos alunos da escola local variou
bastante. 2% dos moradores da comunidade e 7% dos alunos da escola local responderam que
a renda familiar é de menos de um salário mínimo. 11% dos moradores da comunidade e 30%
dos alunos da escola local responderam que a renda familiar é de um salário mínimo. 15% dos
moradores e 35% dos alunos responderam que a renda familiar é entre um a dois salários
mínimos. 20% dos moradores e 18% dos alunos responderam que a renda familiar é entre dois
a três salários mínimos. Renda familiar acima de três salários mínimos foram respondidos
por 7% dos moradores e 8% dos alunos. 44% dos moradores e 2% dos alunos não souberam
responder quanto é a renda familiar da família (Tabela 6). Foi percebido durante a entrevista
com os moradores da comunidade que a maioria dos moradores que não souberam responder
sobre a renda familiar, não queriam responder a esta pergunta, pois se sentiram constrangidos.
56
Tabela 6 – Renda familiar dos moradores da comunidade do entorno da Lagoa do
Vigário e dos alunos da escola local, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ
Moradores da comunidade Alunos da escola local
Renda
familiar
Menos de um salário mínimo 2%
Renda
familiar
Menos de um salário mínimo 7%
Um salário mínimo 11% Um salário mínimo 30%
De um a dois salários mínimos 15% De um a dois salários mínimos 35%
De dois a três salários mínimos 20% De dois a três salários mínimos 18%
Acima de três salários mínimos 7% Acima de três salários mínimos 8%
Não sabe 44% Não sabe 2% Fonte: elaboração própria.
Rezende diz que, o perfil socioeconômico está relacionado com as condições de
saneamento, nutrição e moradia. Com isso, regiões com ausência de serviços de saneamento
básico apresentam baixos níveis de escolaridade e renda (REZENDE et al., 2007, p. 91).
Moradores com alta escolaridade que possui uma renda superior a 5 salários mínimos, com
números de residentes equilibrado, levam vantagens na cobertura de serviços de saneamento
(REZENDE et al., 2007, p. 94). Populações de baixa renda, são socialmente discriminadas, e
vivem em condições de vulnerabilidade social e ambiental (ALMEIDA, 2009, p. 21).
Após perguntas referentes ao perfil socioeconômico, os moradores da comunidade e os
alunos da escola local foram questionados sobre a situação de água, esgoto, resíduos sólidos e
utilização da Lagoa do Vigário. Tais perguntas foram necessárias para caracterizar a situação
de saneamento básico e a influência desta na qualidade de vida dos moradores que residem ao
entorno da Lagoa do Vigário. Melo et al. diz em seu trabalho que, a falta de acesso aos
serviços de saneamento como abastecimento de agua, rede de esgotamento e coleta de lixo,
ultrapassa um bilhão de pessoas em todo o planeta e os serviços disponibilizados a população
possuem clara deficiência (MELO et al., 2011, p. 104).
Os entrevistados foram perguntados sobre a fonte de abastecimento da água de sua
residência, quase todos responderam que o responsável pelo abastecimento de água da sua
casa é a Concessionária Água do Paraíba (83% moradores da comunidade e 98% alunos da
escola local). Dentre as respostas dos moradores da comunidade 2% respondeu que a água
que abastece sua residência é diretamente da Lagoa do Vigário, 13% afirmou possuir poço
particular no terreno da moradia e 2% compra água de caminhão pipa/terceiros. Em relação as
respostas dos alunos da escola local 4% possui poço particular no terreno de sua residência e
utilizam esse como fonte de abastecimento de água de sua residência, os outros alunos a água
vem diretamente da Concessionária Águas do Paraíba (Gráfico 8).
57
Fonte: elaboração própria.
Gráfico 8 – Fonte de abastecimento de água das residências dos moradores da Lagoa do
Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ
Gomes em sua pesquisa mostrou que, a ausência nos serviços de saneamento básico
adequado na Região de Nova Contagem, além de degradar a qualidade de vida da população
local, compromete a qualidade da água captada na Represa de Vargem das Flores, que é
distribuída na região, oferecendo riscos à saúde pública (GOMES, 2009, p. 54). “A saúde
humana é um bem que necessita de investimentos e medidas para se manter plena. Entre essas
medidas destaca-se o saneamento básico, e especialmente a qualidade da água de
abastecimento, fundamental na prevenção de doenças e na prática do bem-estar” (MELO et
al., 2011, p. 104).
Os moradores foram questionados se fazem algum tipo de tratamento na água que
consomem, mesmo sendo abastecidos pela Concessionária Águas do Paraíba. Logo, foi
perguntado quais seriam os tratamentos realizados na água em sua residência. Uma boa parte
dos entrevistados responderam que filtram a água que consomem, dentro desse percentual
foram 35% dos moradores da comunidade e 62% dos alunos da escola local. 7% dos alunos
responderam que fazem cloração. 2% dos moradores e dos alunos falaram que fervem a água
que consome. Apenas 17% e 18%, moradores e alunos, respectivamente, responderam que
não realizam nenhum tratamento na água que consomem. Quase a metade dos moradores
falaram que compram água mineral (47%), diferente dos alunos que apenas 20%
responderam, como mostra o Gráfico 9.
58
Fonte: elaboração própria.
Gráfico 9 – Tipo de tratamento realizado na água que consomem na residência dos
moradores da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ
Existem diversas doenças associadas à falta de saneamento básico, que elavam os
gastos em termo de saúde pública. Nos hospitais públicos brasileiros um percentual de 68%
das internações é acometido por doenças relacionadas a água contaminada, o que é calculado
em gastos pelo Ministério da Saúde R$ 250 milhões/mês para atendimentos como internações
hospitalares e uso de medicamentos (ESHEVENGUÁ, 2006 apud PESSANHA; ALVES,
2011, p. 2). Pessanha e Alves afirmam que, uma grande variedade de doenças de veiculação
hídrica pode ser evitada a partir de uma ampla distribuição de água tratada nos domicílios
(PESSANHA; ALVES, 2011, p. 3).
Foi pedido aos participantes da pesquisa uma avaliação da água que consomem em sua
residência, sobre o ponto de vista deles. Segundo o Gráfico 10, a maioria dos moradores
responderam que a água é de boa qualidade (65% moradores e 75% alunos). Cerca de 5% dos
moradores da comunidade opinaram em dizer que a água que consomem é de má qualidade,
junto a essa afirmativa estão 15% dos alunos da escola local. 17% dos moradores e 9% dos
alunos acham a qualidade duvidosa. Em relação ao resto do percentual dos moradores 8%
responderam que a qualidade é média, 2% disse ter muito cloro e 3% não soube responder.
59
Fonte: elaboração própria.
Gráfico 10 – Avaliação da água que consomem na residência feita pelos moradores da
Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ
Na década de 90 a qualidade de água oferecida aos moradores de Campos dos
Goytacazes não era considerada de boa qualidade. Os sistemas de abastecimento de água
tratada e coleta de esgoto era bastante precário. O esgoto coletado era 100% lançado nos rios,
canais e lagoas, gerando grande impacto ambiental. Os serviços básicos na região só tiveram
melhorias a partir de 1997 com a concessão do sistema de água e esgoto a iniciativa privada
(SILVA, 2004 apud PESSANHA; ALVES, 2011, p. 11).
Para garantir água de qualidade na residência, precisa-se tomar alguns cuidados em
relação a manutenção e limpeza das tubulações e o local de armazenamento da mesma. A
água pode sair da concessionária e ser distribuída para população dentro dos padrões de
potabilidade, mas, ao chegar na moradia pode se contaminar por falta de ações básicas de
limpeza no sistema de abastecimento da casa responsáveis pelos moradores. Nesse caso, foi
perguntado no questionário o tempo de realização da limpeza da caixa d’água da residência
pelos moradores. Ao serem questionados 38% dos moradores da comunidade responderam
que fizeram a limpeza em menos de um ano, 33% dos alunos responderam o mesmo. Os que
responderam que limparam a caixa d’água da residência no tempo acima de um ano foram
42% dos moradores e 6% dos alunos. 7% dos moradores responderam que limparam a caixa
d’água no tempo acima de cinco anos. 8% dos moradores e 7 % dos alunos entrevistados
afirmaram nunca ter feito limpeza na caixa d’água da sua residência. 5% dos moradores não
60
sabem informar qual foi a última limpeza da caixa d’água, junto com mais da metade dos
alunos (51%). 2% dos alunos relataram não ter caixa d’água na residência.
Fonte: elaboração própria.
Gráfico 11 – Tempo de realização da limpeza da caixa d’água do domicílio dos
moradores da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ
O Ministério da Saúde diz que, que o fornecimento de água de qualidade para
população controlada, tratada e transportada por meio de um bom sistema de abastecimento
de água, assegura a redução e controle de diarreias, cólera, dengue, febre amarela, tracoma,
hepatites, conjuntivites, poliomielite, leptospirose, febre tifoide, esquistossomose e
verminoses (BRASIL, 2002, p. 7).
Vale lembrar que a má drenagem, acúmulo de lixo, falta de rede de esgoto e fossa mal
administrada, pode atrair animais vetores de doenças, causando risco a saúde da população
(SOUZA, 2009, p. 71). Quando questionados quase a metade dos moradores cerca de 40% e
27% dos alunos responderam que o destino do esgoto da sua residência é a fossa. 22% dos
moradores responderam que o destino do esgoto de sua casa é a rede de esgoto, sendo este
percentual baixo, e 75% dos alunos responderam o mesmo, um percentual bem maior do que
os moradores. 3% dos moradores não sabem para onde vai o esgoto de sua residência.
Foi visto durantes as visitas na comunidade do entorno da Lagoa do Vigário esgoto
doméstico in natura sendo lançado diretamente na lagoa perto das residências, em locais onde
moradores, pescadores e crianças tem acesso a lagoa. Quando foram questionados sobre o
destino do esgoto da sua residência, uma boa parte respondeu que despejam diretamente na
61
Lagoa do Vigário, com o percentual de 35% referente aos moradores da comunidade e 2%
referente aos alunos da escola local. Lançamento de esgoto não tratado em recursos hídricos
eleva o índice de contaminação por material fecal, que é um indicador de doenças (PAULA et
al., 2013, p. 97).
Fonte: elaboração própria.
Gráfico 12 –Destino do esgoto produzido no domicílio dos moradores da Lagoa do
Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ
Nas cidades de pequena densidade populacional geralmente opta-se na utilização de
fossas sépticas para disposição o esgoto doméstico. Com o aumento da população das cidades
o poder público não investe no sistema de saneamento básico referente ao esgoto sanitário de
diferentes origens. Nesse caso, o esgoto sanitário é conectado a rede pluvial e lançado nos rios
urbanos e nos sistemas fluviais gerando impactos na qualidade da água (SOUZA, 2009, p.
59). Segundo Santana, a melhor maneira quando não se tem acesso a rede de esgoto é tratar o
esgoto utilizando fossa séptica, que são unidades simples de tratamento básicos na prevenção
de doenças, verminoses, pois evitam o lançamento dos dejetos diretamente em rios, lagos,
solo e águas subterrâneas (SANTANA; LUVIZOTTO; CUBA, 2012, p. 53).
Perto de lagoas, rios, córregos e etc. geralmente há ocorrência de enchente em período
de chuva intensa. A cidade de Campos dos Goytacazes por muito tempo foi alvo de enchentes
pelo Rio Paraíba do Sul, afetando bastante a população que vivem próximo as margens do
Rio. O Rio tinha um canal direto com a Lagoa do Vigário, este foi aterrado ao longo dos
anos, mas continua interligada subterraneamente (SOFFIAT, 2013, p. 31). Logo, a
62
comunidade ao entorno da Lagoa do Vigário também já sofreu com enchentes nos períodos
chuvosos, já que suas residências são construídas em cima da lagoa aterrada, subalimentada e
ligada pelo Rio Paraíba do Sul (SOFFIAT, 2013, p. 29). Com tudo, os moradores da
comunidade e os alunos da escola local foram perguntados se já houve ocorrência de enchente
onde moram, cerca de 35% dos moradores e dos alunos responderam que sim. 63% dos
moradores e 93% dos alunos responderam que não há ocorrência de enchente ondem residem.
Um percentual de 2% dos moradores e dos alunos não souberam informar (Gráfico 13).
Segundo Souza apud Bailey e Bryant, as residências construídas diretamente no entorno da
Lagoa do Vigário sempre sofreram com enchentes em tempos de fortes chuvas (BAILEY;
BRYANT, 1997 apud SOUZA, 2009, p. 67).
Fonte: elaboração própria
Gráfico 13 – Ocorrência de enchente na comunidade do entorno da Lagoa do Vigário,
em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ
O Gráfico 14, mostra o percentual das respostas dos moradores e dos alunos quando
perguntados se ele, alguém de sua família ou algum conhecido que mora na localidade já
apresentaram diarreia, verminose, micoses e/ou alergia. 27% dos moradores da comunidade e
33% dos alunos da escola local responderam que sim. 65% dos moradores e 62% dos alunos
responderam que não sabem de nenhuma ocorrência dessas doenças na comunidade. 8% dos
moradores e 4% dos alunos não souber informar. Vale apena lembrar que os serviços de
saneamento básico são responsáveis pelo controle de verminoses, diarreia e outras doenças na
população (BRASIL, 2002, p. 7).
63
Fonte: elaboração própria
Gráfico 14 – Ocorrência de diarreia, verminose, micose e/ou alergia na comunidade do
entorno da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ
Os entrevistados também foram questionados se já tiveram ou conhecem alguém que
já teve algumas dessas doenças mostrada no Gráfico 15 acima. Em relação a hepatite A
(12%), Amebíase (8%), Leptospirose (5%) e Verminose (20%) apenas os moradores da
comunidade responderam que já tiveram ou conhece alguém que já teve algumas dessas
doenças. Em relação a Giardíase 7% dos moradores e alunos responderam que já adquiriu ou
conhece alguém que já teve/tem a doença. Quase a metade dos moradores (43%) e 38% dos
alunos responderam que já tiveram ou conhece alguém que já teve Dengue. 47% e 40% dos
moradores e alunos, respectivamente, falaram que não conhece e nunca adquiriram nenhuma
dessas doenças citadas no questionário. Não souberam informar se já tiveram ou conhecem
alguém que teve algumas dessas doenças foram 15% dos alunos (Figura 15).
64
Fonte: elaboração própria
Gráfico 15 – Doenças frequentes na comunidade do entorno da Lagoa do Vigário, em
Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ
O saneamento básico é uma medida que garante melhorias na qualidade de vida e na
promoção de saúde, evitando assim transmissões de doenças (SANTANA; LUVIZOTTO:
CUBA, 2012, p. 52). “Diversos estudos que relacionam a ausência de saneamento básico com
altos índices de internações hospitalares, proliferação de doenças de veiculação hídrica e
elevadas taxas de mortalidade, especialmente a infantil” (SANTONI, 2010 apud SANTANA;
LUVIZOTTO; CUBA 2012, p. 54).
Sobre a separação do resíduo produzido na residência, 28% dos moradores da comunidade
responderam que fazem separação de resíduos, junto com 27% dos alunos. 65% dos
moradores e 64% dos alunos afirmaram não fazerem nenhum tipo de separação de resíduos.
10% dos moradores e 4% dos alunos responderam que as vezes fazem separação. 4% dos
alunos da escola local não souberam responder se em sua residência fazem separação de
resíduos.
65
Fonte: elaboração própria.
Gráfico 16 – Separação de lixo feita pelos moradores do entorno da Lagoa do Vigário,
em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ
A partir de 1980 a produção de lixo no Brasil aumento, com o crescimento populacional e
o aumento de materiais descartáveis, assim como a produção de lixo em países desenvolvidos.
Dados do IBGE – Censo 2010 indica que, a população brasileira gira em torno de
190.732.694 habitantes e no ano de 2025, este pode chegar a 228 milhões de habitantes. Logo,
pode-se ter ideia da quantidade de resíduos sólidos que será gerado no Brasil e nos demais
países (SANTOS et al., 2011, p. 1).
Quando questionados sobre o destino do resíduo sólido de sua residência, a maioria
dos entrevistados responderam que são coletados pela coleta seletiva municipal, cerca de 97%
dos moradores e 98% dos alunos. Vale lembra que, o carro que faz o serviço de coleta de
resíduos sólidos proveniente das residências não passa na rua dos mesmos, por causa da
precariedade que se encontra a rua, o carro da coleta de lixo passa na avenida principal e os
moradores precisam levar seus resíduos até o local indicado para ser coletado. 2% dos
moradores e alunos responderam que o lixo produzido sua residência é jogado em terreno
baldio, o que ocasiona a mal cheiro, entulho e atração de vetores de doenças. 3% dos
moradores da comunidade relataram que queimam seu lixo. 2% dos moradores entrevistados
afirmaram jogar o lixo diretamente na Lagoa do Vigário, o que contribui para poluição da
mesma, que é utilizada para diversas atividades pela população. 2% escolheram a opção
outros sem especificar.
66
Fonte: elaboração própria
Gráfico 17 – Destino do lixo das residências dos moradores da comunidade do entorno
da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ
Todas regiões que possuem deficiência nos serviços de saneamento básico apresentam
muitos problemas ambientais e sociais, pois a falta desses serviços básicos causa poluição do
ambiente que afeta diretamente na saúde da população local (MARTINS et al., 2012, p. 5).
Na comunidade do entorno da Lagoa do Vigário a coleta municipal de resíduos sólidos
passa 3 vezes por semana. Quando os moradores e alunos foram perguntados sobre a
frequência da coleta municipal, muitos não sabiam ou confundiam quantos dias a coleta
municipal passa nas ruas. Sabe-se que o ideal é colocar o lixo para ser coletado poucas horas
antes de passar o carro da coleta municipal, para não ocasionar mal cheiro, nem atrair vetores
de doenças e ainda evitar que animais rasguem as sacolas que armazenam o lixo espalhando-
os pelas ruas. Os entrevistados que responderam que a coleta municipal passa 1 vez por
semana foram os alunos da escola local (4%). Os que responderam 2 vezes foram 17% dos
moradores e 27% dos alunos. Os que responderam 3 vezes por semana foram 82% dos
moradores e 67% dos alunos, e 2% dos moradores e dos alunos não souberam responder
quantas vezes por semana a coleta seletiva municipal passa na comunidade.
67
Fonte: elaboração própria.
Gráfico 18 – Frequência da coleta municipal de lixo na comunidade do entorno da
Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ
Segundo o Guia de Saneamento Básico do Estado de Santa Catarina
Os resíduos sólidos são coletados pelos serviços de limpeza urbana, de forma direta
ou indireta pela administração municipal, em conformidade com o art. 7º da Lei n.
11.445/07, à disposição em instalações ambientalmente adequadas e seguras, para
que seus geradores providenciem o retorno para seu ciclo (SANTA CATARINA,
2008, p. 57).
A coleta dos resíduos sólidos tem o objetivo de recolher o resíduo acondicionado pela
população que o produz, leva-lo mediante transporte adequado para um eventual tratamento e
disposição final (SANTA CATARINA, 2008, p. 56).
O Moradores da comunidade e os alunos da escola local foram questionados sobre o
que pode ocorrer quando o lixo domiciliar não é armazenado e destinado de forma adequada.
O percentual das respostas mostra que 19% dos moradores e 18% dos alunos acham que
atraem animais. 20% dos moradores e 22% dos alunos acham que atraem vetores de doenças.
18% dos moradores e 7% dos alunos que causa mau-cheiro. Quase a metade dos moradores e
alunos acham que transmite doenças, cerca de 47% e 49%, respectivamente. 7% dos
moradores responderam que pode ocorrer enchentes e 29% dos alunos responderam o mesmo.
3% dos moradores disseram que o lixo quando é armazenado e destinado de forma errado,
acumula e deixa o local mais feio. 38% dos moradores e dos alunos disseram que polui o
68
meio ambiente. 2% dos moradores acham que não acontece nada e 3% dos moradores não
sabe o que pode acontecer.
Fonte: elaboração própria.
Gráfico 19 – Opinião sobre o que pode ocorre quando o lixo é mal condicionado dos
moradores da comunidade do entorno da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos
Goytacazes, RJ
A maioria dos bairros não são beneficiados com serviços de saneamento básico, como
coleta diária, o que ocasiona em mau cheiro, entulhos em terrenos baldios, presença de
vetores e, doenças provenientes desses vetores, explicam Martins e seus colaboradores em seu
trabalho (MARTINS et al., 2012, p. 3).
Os moradores foram perguntados se utilizam a Lagoa do Vigário para alguma atividade
de lazer como banho, pesca, navegação, passeios e outros. Muitos entrevistados responderam
que não utilizam a lagoa para nada, cerca de 82% dos moradores e 95% dos alunos.12% dos
moradores e alunos responderam que utilizam, mas outros moradores da comunidade utilizam
a lagoa para diversas atividades. 2% dos moradores responderam que atualmente não utiliza,
mas já pescou na lagoa. 2% dos alunos responderam que não utilizam porque a lagoa é suja.
2% dos alunos afirmaram utilizam a lagoa para passeios. 5% dos moradores e 2% dos alunos
afirmaram que pescam na lagoa. 2% dos moradores responderam que apenas utilizam para
despejar esgotos e 2% para molhar as plantas de sua residência.
69
Fonte: elaboração própria.
Gráfico 20 – Utilização da lagoa pelos moradores da comunidade do entorno da Lagoa
do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ
Souza em sua pesquisa revela que alguns moradores da comunidade do entorno da Lagoa
do Vigário utilizam a lagoa para atividades pesqueira, mesmo desconhecendo a qualidade do
pescado existente. Muitos moradores pescam na lagoa para sustentar sua família, quando o
pescado não é comercializado, e consumido pelo próprio grupo familiar, por não ter muito
recursos financeiros. A Lagoa do Vigário que é utilizada para pesca e navegação por diversos
moradores da localidade e moradores de bairros próximos, recebe uma grande quantidade de
efluentes domésticos, comerciais e industriais, das residências e construções que habitam suas
margens. Na localidade não existe sistema de saneamento básico, ligações clandestinas de
esgoto, inclusive na rede pluvial, despejam efluentes irregularmente na lagoa (SOUZA, 2009,
p. 54)
No esgoto, água doce, águas subterrâneas e ambientes marinhos, frequentemente
encontra-se bactérias patogênicas. Uma grande diversidade de espécies encontradas nesses
ambientes ainda permanece desconhecidas. Tais bactérias podem sobreviver longos períodos
em águas naturais, causando grande preocupação em condições higiênica-sanitárias e a saúde
pública (BAUDART et al., 2000 apud PAULA, 2013, p. 94).
Os moradores foram perguntados se costumam ver na localidade animais vetores de
doenças na comunidade. Quase a metade dos moradores da comunidade (47%) e 9% dos
alunos da escola local responderam que observam frequentemente animais vetores de
doenças, mas não especificaram quais seriam esses vetores. 30% e 53% dos moradores e
alunos, respectivamente, responderam que observam animais vetores de doenças às vezes.
70
23% dos moradores e 38% dos alunos responderam que não observa nenhum tipo de animal
vetor de doença na localidade.
Fonte: Elaboração própria.
Gráfico 21 – Observação sobre a presença de animais vetores de doenças pelos
moradores da comunidade do entorno da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos
Goytacazes, RJ
Regiões que não há saneamento básico ou apresentam deficiência no sistema de coleta
de esgoto ou de coleta de resíduos sólidos, ocorrem proliferação de insetos, roedores ou
outros animais vetores de doenças, agentes que podem contaminar recursos naturais, como
por exemplo, reservatórios de armazenamento de água, e consequentemente transmitir
doenças infecciosas a população exposta (SANTANA; LUVIZOTTO; CUBA, 2012, p. 56-7).
Foi perguntado aos moradores se a água da Lagoa do Vigário pode ser utilizada, por
alguns moradores, para atividade de lazer como banho e pesca e se isto pode trazer danos à
saúde humana. 9% dos moradores da comunidade não souberam responder e 12% disse que
não causa nenhum dano a saúde. 7% disse que se tomar banho pode causar danos a saúde,
mas consumir o peixe proveniente da lagoa não tem problema. 7% dos moradores e 4% dos
alunos da escola local responderam apenas que “sim”, causam danos a saúde. 15% dos
moradores e 40% dos alunos responderam que pode causar danos a saúde, porque a água da
lagoa pode transmitir doenças. Cerca de, 38% dos moradores e 15% dos alunos, disseram que
“sim”, a lagoa pode causar danos a saúde, por causa da grande quantidade de lixo e esgoto
71
encontrados nela. 22% dos moradores e 51% dos alunos responderam que pode causar danos
a saúde, porque a lagoa está contaminada.
Fonte: elaboração própria.
Gráfico 22 – O uso da lagoa pode trazer danos à saúde, opinião dos moradores da
comunidade do entorno da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ
Souza em sua pesquisa afirma que, a Lagoa do Vigário além de ter uma grande área de
ocupação espontânea, e é uma das lagoas mais poluídas do município de Campos dos
Goytacazes, pela enorme quantidade de resíduos domésticos lançados (SOUZA, 2009, p. 19).
O Guia de Saneamento Básico de Santa Catarina diz que, a qualidade de água de um recurso
hídrico depende do grau de ocupação e atividades potencialmente poluidoras (SANTA
CATARINA, 2008, p. 28).
O enquadramento da Conama resolução de 357/2005 para classificação de água doce
até a classe 3, os resíduos sólidos devem ser virtuosamente ausentes, assim como odor, gosto,
óleos, graxas e materiais flutuantes, como espumas não naturais, e a água deve estar dentro
dos padrões físico-químicos e microbiológico indicado. Essas águas podem ser destinadas
para navegação, harmonia paisagística, irrigação de culturas de plantas em geral, pesca
amadora, recreação secundária, aquela que o contato deve o menor possível com a água
praticando apenas atividades que dificulta a ingestão da mesma, e dessedentação de animais.
Se as águas da lagoa tiverem fora do padrão de classificação de classe 3, será considerada
classe 4 e está apenas poderá ser utilizada para navegação e harmonia paisagística (Brasil,
2005, p. 4).
72
Define-se saneamento “o conjunto de medidas que visam a modificar as condições do
meio ambiente, com a finalidade de prevenir doenças e promover a saúde” (MENEZES, 1984
apud MARTINS et al., 2012, p. 7). Foi perguntado aos entrevistados quais mudanças
poderiam ser feitas na comunidade visando melhorias no saneamento. Segundo os
entrevistados, com o percentual de 13% e 9%, dos moradores da comunidade e dos alunos da
comunidade local, respectivamente, nada, pois está tudo ótimo na comunidade do entorno da
Lagoa do Vigário. Os que disseram que precisa melhorar todos os serviços de saneamento
oferecidos na comunidade foram 3% dos moradores e 2% dos alunos. Mais da metade dos
moradores (58%) e 18% dos alunos responderam rede de esgoto, pois a maioria das
residências não possuem esse serviço muitas casas optam por jogar seu esgoto diretamente na
lagoa. Quase a metade dos moradores (43%) e 27% dos alunos responderam que precisa
limpar a lagoa. 10% dos moradores e 9% dos alunos falaram que precisa de melhorias na rede
pluvial, de acordo com moradores durante a entrevista a rua alaga toda vem que chove,
mesmo que não seja uma chuva forte. 12% dos moradores e 35% dos alunos acreditam que a
melhoria vem a partir da conscientização dos moradores em bons hábitos higiênico/sanitário.
7% dos moradores e 31% dos alunos falaram que precisa melhorar os serviços de coleta
pública de resíduos sólidos, já que muitas ruas não possuem esses serviços. Os moradores
(2%) e os alunos (4%) falaram sobre a inexistência dos serviços de retirada de entulho dos
terrenos baldios, entulhos esquecidos pelo poder municipal, das casas demolidas para o
projeto de recuperação da orla da lagoa. De acordo com moradores, esses terrenos que
praticamente ficaram abandonados está tornando um perigo para a população local, pois
nestes podem esconder assaltantes, além de abrigar animais vetores de doenças. 24% dos
moradores da comunidade disse que para melhorar precisa aterrar a lagoa e 4% dos alunos da
escola local não souberam responder.
73
Fonte: elaboração própria.
Gráfico 23 – O que poderia melhora na localidade na opinião dos moradores da
comunidade do entorno da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ
Geralmente áreas de ocupação irregular, que é o caso da comunidade do entorno da
Lagoa do Vigário, geralmente, carecem de saneamento básico, o que compromete a saúde da
população, pois deixa-os vulneráveis a doenças, como giardíase, verminoses, escabiose,
pediculose, dengue, entre outras. Em períodos chuvosos, a situação nessas áreas que
apresentam deficiência nos sistemas de saneamento piora, onde sofrem com alagamentos que
viram berçário para vetores de transmissores de doenças (SOUZA, 2009, p. 18). Segundo
Santos et al., apesar do Brasil ter evoluído bastante nas questões que envolve o saneamento
básico, o país ainda apresenta sérios problemas de saúde pública em virtude da falta de
saneamento. Muitos adultos e principalmente crianças são hospitalizadas com doenças
causadas pela falta desses serviços públicos. Logo, o saneamento básico é uma problemática
urbana e ambiental, com oferta de um dos piores serviços públicos no País (SANTOS et al.,
2011, p. 2).
74
4.4 Ação educacional na escola próxima a comunidade do entorno da Lagoa do Vigário
Os moradores da comunidade do entorno da Lagoa do Vigário não possuem
conhecimento das consequências dos seus maus hábitos higiênicos-sanitários e do estado de
poluição em que se encontra a lagoa devido a falta de serviços de saneamento básico na
localidade. Os moradores lançam os esgotos e os resíduos produzidos em sua residência
diretamente na lagoa, e depois utiliza-a para pesca e navegação, não se importando com os
danos a saúde que esses atos podem causar, o que mostra limitação do conhecimento sobre os
impactos sanitários. Essa realidade revela a importância de um trabalho educacional visando a
sensibilização desses moradores, enquanto continuarem ocupando as margens da lagoa, que
está em processo de recuperação por parte do poder público municipal, segundo Vilaça (2008,
p. 67).
A ação educacional ambiental foi feita com os alunos do Ensino Médio do Ciep
Brizolão 056 Custódio Siqueira. O Ciep foi escolhido por ficar próximo a comunidade e ter
uma clientela que mora na comunidade do entorno da Lagoa do Vigário. Silveira explica que,
a população em geral é incapaz de prever os problemas causados pela interação humana com
o ambiente. Essa situação pode ser resultado da falta de identidade das pessoas com o seu
ambiente, o que nos leva a entender que, é de estrema importância a sensibilização das
pessoas, de forma inclusiva e integrada, para obterem o conhecimento dos impactos negativos
que o seu comportamento pode causar no meio em que está vivendo. Assim, o homem poderá
apresentar mais clareza e responsabilidade ao gerenciar os recursos naturais do planeta. Para
essa realidade, precisa-se de trabalhos de educação ambiental oferecidos para população
(SILVEIRA, 2010, p. 83).
No primeiro encontro, foi ministrado uma palestra com os alunos do Ensino Médio,
que envolve uma turma do primeiro ano, uma turma do segundo ano e uma turma do terceiro
ano. O objetivo da palestra foi apresentar a problemática do saneamento básico e sua
influência na qualidade ambiental que está diretamente com a qualidade de vida da população.
A linguagem utilizada durante toda a palestra, foi simples e de fácil entendimento. Foi
possível observar o interesse dos alunos sobre os temas que envolvem saneamento básico. A
prática da educação ambiental faz parte das exigências dos Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCNs). De acordo com Bonfim et al., a abordagem sobre meio ambiente é plausível nos
PCNs, pois este é um meio em que os alunos adquirem o conhecimento que os problemas
ambientais são problemas humanos, que os problemas sociais e das populações humanas
também são ambientais, e a partir dessa perspectiva, tenham capacidade de questionar sobre
75
diversos temas como o uso de recursos não-renováveis, promovendo incentivo na pesquisa na
área ambiental (BOMFIM, et al., 2013, p. 34).
Fonte: elaboração própria.
Figura 9 – Palestra ministrado aos alunos do Ciep Brizolão 056 Custódio Siqueira
localizado próximo a comunidade do entorno da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos
dos Goytacazes, RJ, sobre saneamento básico qualidade ambiental e qualidade vida
Posteriormente, em um segundo encontro, em sala de aula, foi pedido aos alunos que
em uma folha A4 branca fizessem um desenho que mostrasse a percepção deles sobre a
comunidade do entorno da Lagoa do Vigário (Figura 11). Com esse recurso, foi possível
verificar como os alunos percebem o lugar em que vivem. Sabendo que a comunidade sofre
com a falta de serviços de saneamento básico, poluição da Lagoa do Vigário, que afeta
diretamente a qualidade de vida dos moradores. Tal método, permite que o desenho seja
moldado pelo próprio aluno, demostrando o mundo, o lugar, o tempo e a história construída
pelos saberes deles. Esse é um espaço para troca de experiências, vivenciando a experiência
do participante (LUCA; ANDRADE; SORRENTINO, 2012, p. 595). Dentro desse contexto, a
função do desenho foi mostrar o argumento do aluno, tornando possível visualizar
indiretamente o que se passa na mente dele, baseando na realidade ou na imaginação, junto
com sentimentos e atitudes.
76
Fonte: elaboração própria.
Figura 10 – Os alunos do Ciep Brizolão 056 Custódio Siqueira desenhando a
comunidade do entorno da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ
O terceiro encontro com os alunos do Ensino Médio, foi referente a aula de campo no
entorno da Lagoa do Vigário, nas vilas onde os moradores possuem acesso a lagoa (Figura
12). Os alunos foram levados em um ônibus disponibilizado pelo Instituto Federal
Fluminense Campus Campos Centro até os pontos de acesso a orla da lagoa, onde
anteriormente foram feitas as coletas de águas. Observou-se o interesse dos alunos em
participar, apontando algumas regiões durante o campo que consideram mais atingidas pela
falta dos serviços de saneamento básico. Fizeram vários questionamentos e deram espaços
para debates com temas sobre a poluição da Lagoa do Vigário, racionamento de água,
doenças transmitidas por água fora do padrão de potabilidade, lançamento de esgotos
irregulares na lagoa e no Rio Paraíba do Sul, acúmulo de lixo e entulhos na comunidade, entre
outros. As questões ambientais precisam ser instigadas de forma profunda e interdisciplinar
pelo professor em suas aulas. A prática da Educação Ambiental valoriza a compreensão da
relação do homem com o ambiente para promoção de saúde de forma geral. As observações
no campo confrontam com a teoria de sala de aula, abrindo portas para troca de conhecimento
e discussões entre diferentes áreas do conhecimento (SCHMIDT, 2007, p. 383). No âmbito da
77
educação ambiental, percebe-se uma intensificação na produção de material pedagógico,
audiovisual e/ou impresso, relacionado ao meio ambiente, contudo, ainda em grande parte não
refletem a realidade sócio ambiental do lugar (RODRIGUES; COLESANTI, 2008, p. 53 apud
REIS, et al., 2013, p. 364). Com tudo, a aula de campo é um elemento incomparável para
mostrar a realidade local através dos fundamentos na Educação Ambiental, possibilitando
levantamentos debates a partir do confronto da teoria e prática, o que aguça o senso crítico de
quem participa, fazendo com que internalize informações.
Focando a problemática citada anteriormente sobre o saneamento, a comunidade do
entorno da Lagoa do Vigário, é um excelente exemplo de localidade que não dispõe de
serviços básicos. A lagoa apresenta evidências de insalubridade, pela deficiência no sistema
de saneamento básico da região, devido a ocupação urbana desordenada. Essa destruição e
degradação do ambiente, por falta de planejamento ocupacional e de infraestrutura sanitária,
ocasiona em sérios problemas na saúde dos moradores dessa localidade. As evidências, que os
moradores utilizam a lagoa sem se importarem com os riscos que esta pode trazer à saúde,
preocupa, por entrarem em contato com animais vetores de doenças e microrganismos
patogênicos que podem estar presentes em suas águas. Os moradores sofrem com falta de
serviços básicos, devido ao descaso do governo municipal, e a falta de informação, que
tornam essa população ainda mais vulnerável. Assim, pode-se ressaltar a importância de um
trabalho de análise da situação de saneamento básico da comunidade do entorna da Lagoa do
Vigário, para possíveis ações de educação ambiental para sensibilização dos moradores,
partindo do âmbito escolar, para uma iniciativa de busca de melhor qualidade de vida e
também qualidade ambiental, que estão intimamente relacionados.
78
Fonte: elaboração própria.
Figura 11 – Aula de campo na comunidade do entorno da Lagoa do Vigário, em Guarus,
Campos dos Goytacazes, RJ, apresentação dos locais com deficiência no sistema de
saneamento básico
Posterior a aula de campo, foi solicitado aos alunos que desenhassem novamente a
comunidade onde se encontra a Lagoa do Vigário. Os desenhos foram recolhidos e analisados.
Ao comparar os desenhos, observou-se a preocupação dos alunos em apresentar os problemas
relacionados que envolve saneamento básico, principalmente o despejo de efluente e resíduos
na Lagoa do Vigário. O desenho é uma maneira de permitir captura a forma mais espontânea,
segundo Cruz e Arruda (CRUZ; ARRUDA, 2008, p. 791).
A seguir, estão os desenhos produzidos pelos alunos que participaram da pesquisa,
sendo cada desenho feito por alunos diferentes. Em todas as figuras que mostram os desenhos,
o primeiro desenho foi feito antes da ação educacional, será representado pela letra A e o
segundo desenho foi produzido depois da ação educacional, será representado pela letra B. Os
desenhos foram escolhidos aleatoriamente entre os produzidos pelos alunos do Ensino Médio
do Ciep Brizolão 056 Custódio Siqueira que participaram da pesquisa, para mostrar de uma
forma geral a percepção dos alunos através das imagens. Os desenhos a seguir, mostram as
mudanças na percepção de como os alunos enxergam a comunidade do entorno da Lagoa do
Vigário após a ação educacional. O objetivo não foi discriminar a comunidade, mas saber o
79
quanto os alunos percebem a falta de saneamento básico e os impactos que está causa na
qualidade de vida dos moradores. Foi claramente percebido que em todos os desenhos a
ênfase nos quesitos que envolvem o saneamento e o ambiente, o que indica uma pequena
intervenção educacional na construção do conhecimento e sensibilização. Para Melo, “a
educação ambiental deve desenvolver a sensibilização ambiental para desenvolver atitudes e
condutas que favoreçam a cidadania, a preservação do ambiente e a promoção da saúde e da
qualidade de vida” (MELO, 2010, p. 65).
A Figura 12, mostra dois desenhos, o primeiro feito antes da aula de campo, sendo este
representado como Figura 12A, apresenta-se bem colorido, mostrando casas escondendo a
lagoa e vegetação. No desenho feito após a aula de campo, Figura 12B, onde puderam
presenciar, apontar e debater sobre os impactos antrópicos, também foi bem colorido, porém,
com vestígios de resíduos sólidos distribuídos ao longo da lagoa, apresentando casas em suas
margens, ou seja, elementos que não apareciam no primeiro desenho. Neste foi representado,
pneus de carro, garrafas e outros objetos junto com os peixes na lagoa. Os desenhos mostram
que, quando o aluno foi solicitado a desenhar a comunidade no primeiro momento, pensou
apenas em desenhar a relação das casas na lagoa, não lembrando dos impactos que essa
relação pode trazer aos recursos naturais, que tem grande influência com o bem estar dos
moradores.
Fonte: alunos do Ensino Médio.
Figura 12 – Desenho antes e depois, respectivamente, a ação educacional dos alunos do
Ciep Brizolão 056 Custódio Siqueira próximo a comunidade do entorno a Lagoa do
Vigário, em Guarus, campos dos Goytacazes, RJ
Na Figura 13A, o primeiro aluno continuou com a mesma perspectiva do primeiro
aluno da primeira análise (Figura 12A), desenhando apenas a relação das residências com a
80
lagoa. Mas neste foi representando uma lagoa bem maior com bastante vegetação nas águas,
que podem ser as plantas aquáticas, que são abundantes. Na Figura 13B, foram feitos prédios
e vegetações, mas uma lagoa com cor escura. Neste, os resíduos sólidos não se encontram nas
águas como o segundo aluno da primeira análise desenhou (Figura 12B), mas sim nas
margens da lagoa. Os resíduos identificados foram pneus, garrafas, papeis, sacolas de
supermercado, entre outros.
Fonte: alunos do Ensino Médio.
Figura 13 – Desenho antes e depois, respectivamente, a ação educacional dos alunos do
Ciep Brizolão 056 Custódio Siqueira próximo a comunidade do entorno a Lagoa do
Vigário, em Guarus, campos dos Goytacazes, RJ
Na figura 14A, o desenho foi bastante colorido, e mostra a relação das construções,
lagoa e moradores. O segundo desenho (Figura 14B), já não é tão colorido e mostra mais a
relação das residências e a lagoa, que apresenta uma cor aparentemente barrenta com bastante
lixo e pouca vegetação. Os resíduos representados são pneus, latas, garrafas e outros objetos
oriundo da população.
81
Fonte: alunos do Ensino Médio.
Figura 14 – Desenho antes e depois, respectivamente, a ação educacional dos alunos do
Ciep Brizolão 056 Custódio Siqueira próximo a comunidade do entorno a Lagoa do
Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes/RJ
Na Figura 15A, pode ser visualizado a representação da estrutura da comunidade visto
de cima. Nesta mostra a lagoa passando bem no meio das residências e ruas, com a cor azul
claro. Na Figura 15B, apenas foi desenhado uma lagoa, com pouca vegetação em volta e
bastante lixo misturado com algas e peixes. É evidente que os alunos percebem a relação da
lagoa com a comunidade, mas esquecem que a comunidade pode influenciar na qualidade da
mesma, afetando a qualidade de vida dos moradores por conta da poluição gerada.
Fonte: alunos do Ensino Médio.
Figura 15 – Desenho antes e depois, respectivamente, a ação educacional dos alunos do
Ciep Brizolão 056 Custódio Siqueira próximo a comunidade do entorno a Lagoa do
Vigário, em Guarus, campos dos Goytacazes, RJ
82
Na Figura 16A, o desenho apresenta-se bastante colorido, com casas, carros,
vegetação e uma lagoa com uma cor amarronzada com vários peixes. O segundo desenho
(Figura 16B), mostra um elemento diferente, um pescador pescando as margens da lagoa. A
lagoa possui coloração esverdeada, grande quantidade de prédios em volta e pouca vegetação.
Os resíduos sólidos são encontrados ao lado do pescador e também dentro lagoa. A Figura
16B, mostra a vivência de alguns moradores, pois este apresenta um morador sentado as
margens da lagoa com uma varinha de pesca que pescou um lixo. Esta observação mostra, que
a lagoa está cheia de resíduos, o que está diminuindo a oferta de peixes, afetando quem
utiliza-a para atividades de pesca.
Fonte: alunos do Ensino Médio.
Figura 16 – Desenho antes e depois, respectivamente, a ação educacional dos alunos do
Ciep Brizolão 056 Custódio Siqueira próximo a comunidade do entorno a Lagoa do
Vigário, em Guarus, campos dos Goytacazes, RJ
Os alunos apresentaram depois da ação educacional os principais problemas da
comunidade e da lagoa, que consequentemente também é problema dos moradores. O excesso
de resíduos sólidos foi representado em todos os desenhos feitos após a aula de campo. O
desenho feito antes da ação educacional tinha uma visão menos crítica da situação da
comunidade, pois apenas representava os elementos superficiais, sendo estes as casas, os
moradores e a lagoa. Mesmo sem a ação alguns alunos mostraram a lagoa sendo engolida
pelas construções, a água da lagoa com uma coloração escura e pouca vegetação, com noção
até do lixo sendo jogado na lagoa. Os desenhos feitos após a ação educacional enfatizaram
muito mais a poluição e a relação deste com os moradores. Os alunos abordaram com mais
detalhes os problemas de poluição da comunidade.
83
Como constatado anteriormente, a comunidade de estudo apresenta séria deficiência
em sistemas de saneamento. Assim, justifica-se a importância da análise da qualidade
ambiental e a implementação desse projeto no de âmbito escolar. O intuito de inserir na escola
e consequentemente na comunidade uma noção sobre a educação ambiental, é a possibilidade
de intervir ativamente nessa realidade dos residentes da comunidade.
Sabe-se que, apenas uma intervenção educativa não é capaz de resolver os problemas
existentes na comunidade do entorno da Lagoa do Vigário. Uma tentativa de resolver o
problema da comunidade seria investimentos por parte do poder público na área do
saneamento e trabalhos envolvendo projetos de Educação Ambiental para promover
mudanças de hábitos higiênicos-sanitários dos moradores alongo prazo, e conhecimentos dos
seus direitos para reivindicá-los, já que saneamento é um direito de todos. Tais projetos
voltados para a educação da comunidade, poderiam conscientizar os moradores sobre a
importância do saneamento, higiene e qualidade ambiental, onde muitas melhorias poderiam
surgir, em especial na saúde (MELO, 2010, p. 106).
No final da ação educativa, houve a entrega de um banner informativo, com o tema
Saneamento Básico, para deixar pendurado na parede do Ciep (APÊNDICE C), junto com
distribuição de folder informativos do mesmo tema, com imagens e textos (APÊNDICE D),
para os alunos explicando os serviços oferecidos pelo saneamento básico.
84
5 CONCLUSÃO
Os serviços de saneamento básico oferecidos na comunidade precisam ser priorizados
pela administração do poder público do município, por causa dos diversos benefícios que
estes trazem a população. A precariedade dos serviços de saneamento está diretamente ligada
aos problemas de saúde pública e aos problemas ambientais ocorrentes na comunidade, de
acordo com análises feitas na comunidade do entorno da Lagoa do Vigário, em Campos dos
Goytacazes durante o desenvolvimento da presente pesquisa.
O estudo permitiu confirmar a falta de serviços de saneamento básico e um
gerenciamento ineficaz dos serviços oferecidos pelos setores na localidade. O cenário do
presente diagnóstico é de grande preocupação, tendo em vista os impactos causados no meio
ambiente e na qualidade de vida dos moradores, resultante do mau relacionamento da
população com o recurso natural encontrado na região.
Foi observado durante a pesquisa a exposição aos efluentes e aos resíduos despejados na
Lagoa do Vigário durante a rotina diária dos moradores. Foram encontrados adultos e crianças
tendo contato com a lagoa, próximos de tubulações de despejo de esgoto e acúmulo de
resíduos sólidos, para atividades como navegação e pesca, além de, brincadeiras de crianças
as margens e relatos moradores sobre utilização das águas da lagoa para atividades como
irrigação de plantas, entre outras.
Os resultados evidenciam que os moradores utilizam a água da lagoa do Vigário sem
se importar com os dejetos despejados e os riscos que esses podem trazer para a saúde. Sem
conhecimento moradores se expõem a diversos meios de contaminação, que poderiam ser
evitados se a comunidade fosse sensibilizada dos riscos por meio de um projeto de Educação
ambiental.
As análises microbiológicas das águas da Lagoa do Vigário, confirmam a alteração dos
padrões estabelecidos pelo CONAMA. Isto provavelmente decorre do despejo de efluente
doméstico, o que expõe a população local a vários riscos de saúde, tornando esta água
imprópria para as atividades de contato primário e secundário em alguns pontos analisados.
Nos resultados obtidos na aplicação de questionários, observou-se a ausência de
informação quanto as consequências da precariedade do saneamento básico, que está
diretamente relacionada a qualidade de vida da população e aos impactos no meio ambiente.
Apesar de conviverem com a poluição local, a maioria não consegue associa está atração de
vetores de doenças, a contaminação ambiental e ao bem estar humano
85
Durante a análise da percepção dos alunos do Ciep Brizolão 056 Custódio Siqueira,
escola próxima a comunidade, quanto a deficiência do sistema de saneamento básico e o
impacto deste na Lagoa do Vigário. Observou-se a ausência de conhecimento sobre as
consequências causada pela precariedade do saneamento básico, pois os alunos mantiveram
no primeiro momento uma visão “romântica” da atual situação da lagoa e da comunidade,
apresentando nos desenhos a lagoa com cor azul e verde, peixes, pessoas e residências em
harmonia. Após a ação educacional foi possível observar a mudança na percepção do aluno,
enfatizando os impactos ambientais ocasionados pela falta de saneamento na comunidade.
Contudo, a prática da educação ambiental nas escolas é de suma importância, pois
contribui para formar cidadãos capazes de reivindicar seus direitos para o bem coletivo,
obtendo um senso crítico sobre os assuntos ambientais, mudando os maus hábitos higiênico-
sanitário, que possam prejudicar o meio ambiente, consequentemente a qualidade de vida.
A lagoa do Vigário, que poderia servir como meio de lazer e fonte de renda para as
pessoas que residem na região, melhorando a qualidade de vida das mesmas, está
completamente poluída por falta de serviços de infraestrutura adequados e instalações de
sistema de saneamento. A insalubridade da lagoa está trazendo sérios prejuízos à saúde dos
moradores, por estarem expostos a animais vetores de doenças e microrganismos parasitas
causadores de doenças. Os moradores, sem conhecimento, se expõem a esse meio de
contaminação, que poderia ser evitado por campanhas de sensibilização e melhoria do sistema
de saneamento da região, que é um direito de todos.
O saneamento básico possui íntima relação com a qualidade de vida da população, pois
a falta deste pode trazer sérios riscos à saúde e prejudicar a qualidade ambiental, que está
inteiramente relacionada com a qualidade de vida. No entanto, os serviços de saneamento
continuam sendo um descaso do governo municipal.
86
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92
APÊNDICES
93
Apêndice A – Questionário aos moradores da comunidade do entorno da Lagoa do
Vigário
94
95
Apêndice B – Questionário aos alunos do Ciep Brizolão 056 Custódio Siqueira
96
97
Apêndice C – Banner para o Ciep Brizolão 056 Custódio Siqueira
98
Apêndice D – Folder para os alunos do Ciep Brizolão 056 Custódio Siqueira