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Curso de Engenharia de Computação IMPLEMENTAÇÃO DO FILTRO DE GABOR NO RECONHECIMENTO BIOMÉTRICO PELA ÍRIS Luciano Zago Campinas – São Paulo – Brasil Dezembro de 2009

Curso de Engenharia de Computação IMPLEMENTAÇÃO DO …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/1676.pdf · o construção de protótipo de sistema de reconhecimento biométrico,

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CCuurrssoo ddee EEnnggeennhhaarriiaa ddee CCoommppuuttaaççããoo

IIMMPPLLEEMMEENNTTAAÇÇÃÃOO DDOO FFIILLTTRROO DDEE GGAABBOORR NNOO

RREECCOONNHHEECCIIMMEENNTTOO BBIIOOMMÉÉTTRRIICCOO PPEELLAA ÍÍRRIISS

Luciano Zago

Campinas – São Paulo – Brasil

Dezembro de 2009

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CCuurrssoo ddee EEnnggeennhhaarriiaa ddee CCoommppuuttaaççããoo

IIMMPPLLEEMMEENNTTAAÇÇÃÃOO DDOO FFIILLTTRROO DDEE GGAABBOORR NNOO

RREECCOONNHHEECCIIMMEENNTTOO BBIIOOMMÉÉTTRRIICCOO PPEELLAA ÍÍRRIISS

Luciano Zago

Monografia apresentada à disciplina de Trabalho de Conclusão do Curso de Engenharia de Computação da Universidade São Francisco, sob a orientação do Prof. Ms. Márcio Henrique Zuchini, como exigência parcial para conclusão do curso de graduação. Orientador: Prof. Ms. Márcio Henrique Zuchini

Campinas – São Paulo – Brasil

Dezembro de 2009

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IIMMPPLLEEMMEENNTTAAÇÇÃÃOO DDOO FFIILLTTRROO DDEE GGAABBOORR NNOO

RREECCOONNHHEECCIIMMEENNTTOO BBIIOOMMÉÉTTRRIICCOO PPEELLAA ÍÍRRIISS

Luciano Zago

Monografia defendida e aprovada em 15 de Dezembro de 2009 pela Banca

Examinadora assim constituída:

__________________________________________________________________________

Prof. Ms. Márcio Henrique Zuchini (Orientador)

USF – Universidade São Francisco – Campinas – SP.

__________________________________________________________________________

Prof. Ms. Cláudio Maximiliano Zaina

USF – Universidade São Francisco – Campinas – SP.

__________________________________________________________________________

Prof. Ms. Ricardo Augusto de Almeida

USF – Universidade São Francisco – Campinas – SP.

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"Como o ferro com ferro se afia,

assim o homem, ao seu amigo.”

Provérbios 27:17

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À minha fiel esposa Valdete, companheira

em todos os momentos:

sou eternamente grato

pela luz que és em minha vida,

e pela doçura que torna meus dias felizes.

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AAggrraaddeecciimmeennttooss

Ao Deus-Criador, fonte da sabedoria e da ciência, conforto dos momentos de dúvida.

Para sempre seja Louvado!

Aos meus pais, Antonio e Ester, de quem tornei-me fruto de um amor generoso, e

aprendi as melhores lições de caráter e honestidade.

Aos meus filhos queridos, obrigado pela paciência.

Ao professor e amigo Márcio, merecedor do meu respeito e admiração nesses anos de

academia, por sua fidelidade e entusiasmo à vocação de mestre.

Ao professor e amigo André, companheiro nesses longos anos de caminhada.

A todos que se fazem presentes em minha vida, e de quem privei de alguns momentos

para a realização deste trabalho, o meu muito obrigado.

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SSuummáárriioo

Lista de Siglas ........................................................................................................................ viii

Lista de Figuras ....................................................................................................................... ix

Lista de Tabelas ........................................................................................................................ x

Resumo ..................................................................................................................................... xi

Abstract .................................................................................................................................... xi

1. Introdução ............................................................................................................................ 1

1.1. Contextualização ........................................................................................................... 1

1.2. Objetivos ....................................................................................................................... 1

1.3. Estrutura do Texto ......................................................................................................... 2

2. Reconhecimento Biométrico pela Íris ................................................................................ 3

2.1. História da Biometria .................................................................................................... 3

2.2. Reconhecimento Biométrico ......................................................................................... 3

2.3. A Íris como Característica Biométrica .......................................................................... 7

2.4. Aplicações e Uso ......................................................................................................... 10

2.5. Trabalhos Relacionados .............................................................................................. 12

2.6. Etapas do Processo de Reconhecimento ..................................................................... 14

3. Representação de Características Biométricas ............................................................... 19

3.1. Filtro de Gabor 2D ...................................................................................................... 19

3.2. Codificação da Imagem da Íris.................................................................................... 22

4. Desenvolvimento do Projeto ............................................................................................. 24

4.1. Métodos ....................................................................................................................... 24

4.2. Implementação do Processo de Reconhecimento ....................................................... 26

4.3. Análise dos Resultados Obtidos .................................................................................. 30

5. Conclusão ............................................................................................................................ 33

5.1. Contribuições .............................................................................................................. 33

5.2. Trabalhos futuros......................................................................................................... 34

Referências Bibliográficas ..................................................................................................... 35

Bibliografia Consultada ......................................................................................................... 37

Anexos ...................................................................................................................................... 38

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LLiissttaa ddee SSiiggllaass

1D ou 1-D Unidimensional, de uma única dimensão

2D ou 2-D Bidimensional, de duas dimensões

ATM Automatic Teller Machine (Caixa Eletrônico Bancário)

CCD Charge-Coupled Device (Dispositivo de Carga Acoplado)

CHT Circle Hough Transform (Transformada de Hough para Círculos)

CRT Challenge-Response Test (Teste de Ação-Reação)

DNA Deoxyribonucleic Acid (Ácido Desoxirribonucleico)

EOCHT Edge Oriented CHT (CHT Orientada a Bordas)

FCD Fast Circle Detection (Detecção Rápida de Círculos)

ICAO International Civil Aviation Organization (OCAI, em português)

IRIS Iris Recognition Immigration System (Sistema de Imigração por

Reconhecimento da Íris), utilizado pelo Reino Unido.

NIR Near Infrared (faixa de freqüência próxima ao infra-vermelho)

OCAI Organização da Aviação Civil Internacional (do inglês ICAO)

PDA Personal Digital Assistant (Assistente Pessoal Digital)

V1 Região do cérebro conhecida por Córtex Visual Primário

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LLiissttaa ddee FFiigguurraass

Figura 2-1: O olho humano. ....................................................................................................... 7

Figura 2-2: Anatomia da íris humana: (a) Seção transversal. (b) Seção frontal. ........................ 8

Figura 2-3: Exemplo de um padrão baseado na íris. .................................................................. 9

Figura 2-4: (a) Sharbat Gula aos 12 anos. (b) Após 17 anos. (c) John Daugman. ................... 11

Figura 2-5: Marinha Norte-Americana usando scanner de íris. ............................................... 11

Figura 2-6: (a) Imagem capturada da íris. (b) Após localização da íris. (c) Textura

normalizada. (d) Textura após otimização. ...................................................................... 17

Figura 3-1: (a) Visão tridimensional de uma wavelet. (b) Projeção no plano espacial

bidimensional. .................................................................................................................. 20

Figura 3-2: Diagrama de fasores e Demodulação binária. ....................................................... 23

Figura 4-1: Diagrama das classes do banco de dados "IrisCode". ........................................... 25

Figura 4-2 (direita): Representação bidimensional dos conjuntos de Wavelets utilizados....... 27

Figura 4-3: Destaque da íris localizada, imagem normalizada (abaixo) e representação binária

(acima). ............................................................................................................................. 28

Figura 4-4: Variabilidade entre várias amostras de uma mesma íris. ....................................... 30

Figura 4-5: Variabilidade entre amostras do lado direito e esquerdo de um mesmo indivíduo.

.......................................................................................................................................... 31

Figura 4-6: Variabilidade entre amostras de indivíduos distintos. ........................................... 31

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LLiissttaa ddee TTaabbeellaass

Tabela 1 – Comparação entre várias tecnologias biométricas. ................................................... 5

Tabela 2 – Citações aos trabalhos publicados sobre biometria da íris. .................................... 13

Tabela 3 – Representação visual do método de Wavelets de Gabor 2D................................... 21

Tabela 4 – Amostras de sinais de entrada submetidos ao Filtro de Gabor 2D. ........................ 22

Tabela 5 – Cálculo da entropia discriminatória, conforme Daugman. ..................................... 23

Tabela 6 – Detalhe das etapas do processo de detecção e processamento da íris. ................... 26

Tabela 7 (esquerda) – Parâmetros adotados para criação dos bancos de Wavelets Gabor 2D. 27

Tabela 8 – Desempenho das etapas do processo de reconhecimento da íris. ........................... 29

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RReessuummoo

Com o desenvolvimento da sociedade atual, com o aumento da criminalidade e do

terrorismo internacional, a identificação pessoal baseada em biometria tem recebido cada vez

mais atenção. O reconhecimento pela íris possui um desempenho satisfatório devido ao alto

grau de confiabilidade e por ser não-invasiva. Do ponto de vista teórico, a modelagem das

células simples do córtex visual do cérebro como funções bidimensionais de Gabor (2D)

apresentado por alguns autores proporcionam a representação eficaz e confiável das

informações biométricas da íris. Este cenário motivou o aprofundamento nos principais

aspectos técnicos e científicos envolvidos na identificação de indivíduos a partir da imagem

da íris, e realizar uma abordagem prática com a implementação de um protótipo de sistema de

identificação biométrico.

PALAVRAS-CHAVE: Biometria, Reconhecimento da íris, Filtro de Gabor 2D.

AAbbssttrraacctt

With the development of the current networked society, criminality and international

terrorism, personal identification based on biometrics has received more and more attention.

Iris recognition has a satisfying performance due to its high reliability and non-invasion. On

the theoretical side, simple cells in the visual cortex modeling by bidimensional (2D) Gabor

functions proposed by some authors provide an efficient and reliable representation of the iris

biometric information. This scenario has motivated to deepen on main technical and scientific

aspects involved on individual identification through iris image, and realize a practical

approach by implementing a biometric identification system prototype.

KEY WORDS: Biometrics, Iris recognition, 2D Gabor Filter.

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11.. IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO

11..11.. CCoonntteexxttuuaalliizzaaççããoo

Características biométricas são características físicas ou comportamentais singulares de

cada indivíduo e que podem, portanto, ser utilizadas em sistemas de identificação. Os esforços

para desenvolver formas mecânicas mais confiáveis, rápidas e não-intrusivas de identificação

biométrica resultam do crescente interesse por aplicações de reconhecimento de pessoas.

O aumento da criminalidade e do terrorismo internacional tem contribuído de forma

decisiva na crescente preocupação com questões de segurança em todo o mundo, desde a

evitar fraudes e falsificações em documentos até, garantir segredos industriais envolvendo

patentes ou a prioridade no lançamento de produtos antecipadamente. Diante disso, garantir

sistemas e serviços seguros é um dos grandes problemas encontrados por países, indústrias e

organizações de maneira geral.

Atualmente, existem várias tecnologias de reconhecimento biométrico: digitais, face,

íris, retina, voz, assinatura e outros. Algumas destas técnicas ainda estão em estágio de

pesquisa e outras já disponíveis como aplicações de uso comercial. Os sistemas biométricos

baseados no reconhecimento da íris possuem um alto grau de confiabilidade, sendo aplicáveis

em diversas áreas, sejam para fins comerciais, governamentais ou forenses.

11..22.. OObbjjeettiivvooss

Este cenário motivou a realização da presente pesquisa, cujo propósito é aprofundar o

entendimento sobre os principais aspectos técnicos e científicos envolvidos na identificação

de indivíduos a partir da imagem da íris, e realizar uma abordagem prática com a

implementação de um protótipo de sistema de identificação biométrico.

Mais precisamente, este trabalho enfoca as seguintes questões:

o apresentar os aspectos, conceitos e etapas envolvidos no reconhecimento

biométrico pela íris e os trabalhos dos principais autores;

o aprofundamento nos conceitos teóricos envolvidos nas funções de Gabor 2D e no

método de representação das imagens capturadas, utilizando-os na implementação

de algoritmo para geração de vetores de assinaturas dos indivíduos;

o implementação de métodos de busca dos vetores de assinatura ao banco de dados

baseado no cálculo de Distância de Hamming, a fim de identificar um indivíduo

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comparando suas informações com as registradas no banco de dados;

o construção de protótipo de sistema de reconhecimento biométrico, que implemente

uma arquitetura básica com interface para registro, armazenamento em banco de

dados e comparação, visando a identificação de indivíduos.

11..33.. EEssttrruuttuurraa ddoo TTeexxttoo

A Seção 1 introduz resumidamente o tema abordado por esta monografia, sua

motivação e objetivos propostos.

A Seção 2 apresenta de maneira breve a história da Biometria, as diversas técnicas de

reconhecimento biométrico, e descreve de forma mais aprofundada os principais aspectos,

conceitos e etapas envolvidos no reconhecimento biométrico pela íris.

A Seção 3 aborda, de maneira bem objetiva, as funções de Gabor 2D e como são

utilizadas na representação de imagens, mais especificamente das imagens da íris.

A Seção 4 descreve as etapas do processo de implementação do sistema protótipo,

parâmetros adotados, desempenho e os resultados obtidos.

A Seção 5 finaliza com as conclusões e contribuições do autor, além de uma lista de

sugestões de trabalhos que podem ser futuramente elaborados dentro da mesma temática.

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22.. RREECCOONNHHEECCIIMMEENNTTOO BBIIOOMMÉÉTTRRIICCOO PPEELLAA ÍÍRRIISS

22..11.. HHiissttóórriiaa ddaa BBiioommeettrriiaa

No auge da revolução industrial inglesa e do Império Britânico (Era Vitoriana, 1837-

1901), inspirado pelo nascimento da criminologia e pelo anseio de identificar prisioneiros e

malfeitores, Alphonse Bertillon (oficial francês, físico, pesquisador de biometria, 1853-1914)

desenvolveu em 1882 a Antropometria, um sistema de identificação baseado em medidas

físicas que classificava o indivíduo em uma dentre 81 categorias [7].

Em 1885, Sir Francis Galton F.R.S. (antropologista, meteorologista, matemático e

estatístico inglês, 1822-1911) propôs vários índices biométricos para perfis faciais aos quais

representou numericamente [11]. Com o objetivo de aperfeiçoar o sistema desenvolvido por

Bertillon, Galton elaborou uma série de “seletores mecânicos” carregados por molas para

realizar medições faciais, que eram utilizados na classificação de presos-condenados [7].

Também estabeleceu, em 1888, as bases científicas sobre a individualidade e técnica de

leitura de impressões digitais. Em 1891, Juan Vucetich apresentou seu sistema de

identificação com o nome de Icnofalangometria, mas foi modificado em 1894 por Francisco

Latzina para Datiloscopia. Esse método ganhou novo impulso com a adoção oficial, em 1891,

pela Scotland Yard, e é atualmente utilizado por órgãos de identificação de muitos países [6].

Criador do termo “eugenia”, e por suas contribuições científicas, Galton é considerado o

“Pai da Biometria”.

22..22.. RReeccoonnhheecciimmeennttoo BBiioommééttrriiccoo

De acordo com Galton [6], o “objeto primário da biometria é proporcionar material que

possa ser exato o suficiente para a descoberta de mudanças incipientes na evolução, e tão

pequenas para serem (por outro lado) aparentes”. Por isso, Zhu et al. [24] afirma que a

biometria é considerada muito superior aos meios convencionais de identificação, tais como

cartões de identidade ou senhas, pois são intrínsecos às pessoas e conseqüentemente não

podem ser esquecidos, falsificados nem, tampouco, roubados.

De acordo com Jain et al. [12], as aplicações biométricas podem ser divididas entre os

três principais grupos:

o Comercial: aplicações tais como autenticação em rede de computadores, segurança

eletrônica de dados, comércio eletrônico (e-commerce), acesso à Internet, ATM,

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cartões de crédito, controle de acesso físico, telefonia celular, PDA, gerenciamento

de registros médicos, viagens sem bilhetes, aprendizado á distância, dispositivos

anti-furto e partida-automática de automóveis, etc;

o Governamental: certidões de nascimento, cartões de identificação nacional,

processos criminais, licenças de motorista, seguro social, programas de assistência

social, controle de fronteiras, controle de passaportes, etc;

o Forense: identificação de cadáveres, investigação criminal, identificação terrorista,

determinação judicial de paternidade, crianças desaparecidas, etc.

O interesse pelas aplicações de sistemas de identificação pessoal baseados em

características biométricas, seja no meio acadêmico ou na indústria, é crescente [1], gerando

uma demanda por pesquisas que visam encontrar formas mais confiáveis, rápidas e não-

intrusivas de reconhecer automaticamente a identidade das pessoas [7].

2.2.1. Características e Parâmetros Biométricos

Características biométricas são características físicas ou comportamentais singulares de

cada indivíduo [12][24] e que podem, portanto, ser utilizadas em sistemas de identificação.

Dentre as técnicas que representam características fisiológicas, destacam-se:

o leitura de impressões digitais, ou Datiloscopia;

o leitura de impressões da palma das mãos;

o reconhecimento pela geometria das mãos, dedos, palma da mão ou orelhas;

o reconhecimento da face, íris ou retina;

o análise térmica da face ou veias;

o análise de odores, salinidade, veias, pele ou DNA;

Dentre as que representam as características comportamentais, estão:

o reconhecimento de voz;

o reconhecimento de assinatura manuscrita;

o reconhecimento pela dinâmica de digitação;

o reconhecimento pelo movimento dos passos.

Jain et al. [12] afirma que é possível avaliar quais características humanas podem ser

melhor utilizadas pela biometria na identificação sustentada e segura, a medida em que

satisfaçam os seguintes parâmetros:

o Universalidade: cada indivíduo deve possuir a característica;

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o Exclusividade (ou Unicidade): como a biometria distingue um indivíduo de outro,

ou seja, a característica biométrica utilizada deve conter diferenças significativas

para indivíduos distintos[8];

o Permanência (ou Longevidade): capacidade de resistir ao avanço da idade e a

mudanças através do tempo;

o Coletabilidade: facilidade de aquisição;

o Confiabilidade (ou Circunvenção): precisão, velocidade e robustez da tecnologia

utilizada; dificuldade em ser falsificada;

o Aceitação: nível de aprovação da tecnologia pela sociedade ou público;

o Conveniência: facilidade de uso de uma característica substituta.

A Tabela 1 apresenta um comparativo entre esses sete fatores e as diversas

características físicas e comportamentais. A escolha de uma técnica biométrica específica

mais adequada depende essencialmente dos requisitos e necessidades da aplicação.

Tabela 1 – Comparação entre várias tecnologias biométricas.

(Adaptado de “An introduction to Biometric Recognition” – Jain et al., 2004)

IdentificadorBiométrico U

niver

salid

ade

Unicid

ade

Lon

gevidad

e

Coletân

ea

Con

fiab

ilid

ade

Ace

itaç

ão

Con

veniência

DNA + + + – + – –

Assinatura – – – + – + +

Digitação – – – ▫ – ▫ ▫

Geometria da Face + – ▫ + – + +

Geometria das Mãos ▫ ▫ ▫ + ▫ ▫ ▫

Geometria das Orelhas ▫ ▫ + ▫ ▫ + ▫

Impressão Digital ▫ + + ▫ + ▫ ▫

Íris + + + ▫ + – –

Odor + + + – – ▫ –

Palma das Mãos ▫ + + ▫ + ▫ ▫

Passo ▫ – – + – + ▫

Retina + + ▫ – + – –

Termograma Facial + + – + ▫ + –

Veias das Mãos ▫ ▫ ▫ ▫ ▫ ▫ –

Voz ▫ – – ▫ – + +

Legenda: + Alta ▫ Média – Baixa

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Cada técnica é admissível, pois nenhuma delas prevalece sobre as demais em todos os

ambientes, ou seja, nenhuma característica biométrica atende a todos os parâmetros de

desempenho a ponto de ser considerada “ótima”. Por exemplo: várias técnicas são mais

precisas que a baseada no reconhecimento de voz; no entanto, esta pode ser mais indicada

para aplicações de atendimento telefônico bancário, devido sua facilidade de integração aos

sistemas de atendimento telefônico existentes [12].

2.2.2. Modos de Operação

Um sistema biométrico pode operar dentro um dos seguintes modos:

o Verificação: comparação “um-para-um” de uma biometria capturada com um

modelo armazenado, a fim de verificar que o indivíduo é quem diz ser. Pode ser

realizada em conjunto com um cartão pessoal, nome ou número de identificação.

o Identificação: comparação “um-para-muitos” de uma biometria capturada contra

um banco de dados biométrico, na tentativa de identificar um indivíduo

desconhecido. Somente é sucedida caso a comparação da amostra biométrica com

um modelo do banco esteja dento de um limite aceitável e previamente definido.

2.2.3. Parâmetros de Desempenho

O desempenho dos sistemas biométricos pode ser mensurado utilizando os seguintes

parâmetros [12]:

o Taxa de Falsa Aceitação (FAR – False Accept Rate ou FMR – False Match Rate):

a probabilidade do sistema em associar incorretamente um padrão de entrada a um

modelo não-correspondente no banco de dados. Mede o percentual de entradas

inválidas que são incorretamente aceitas;

o Taxa de Falsa Rejeição (FRR – False Reject Rate ou FNMR – False Non-match

Rate): a probabilidade do sistema falhar ao detectar uma combinação entre o

padrão de entrada e o modelo correspondente no banco de dados. Mede o

percentual de entradas válidas que são incorretamente rejeitadas;

o Características Operacionais Relativas (ROC – Relative Operating

Characteristics): a representação ROC é uma caracterização visual da relação

entre FAR e FRR. Geralmente, o algoritmo de comparação toma a decisão baseado

num limiar que determina quão próximo a um modelo a entrada precisar estar para

ser considerada uma correspondência. Se o limiar é reduzido, haverão menos

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falsos não-correpondentes e mais falsos aceites. Pelo contrário, um limiar mais alto

reduzirá o FAR, mas aumentará o FRR;

o Taxa de Erro Igual (EER – Equal Error Rate ou CER – Crossover Error Rate): a

taxa em que tanto os erros de aceitação e rejeição são iguais. Quando menor for o

EER, mais preciso o sistema é considerado;

o Taxa de Falha no Registro (FTE – Failture to Enroll Rate): a taxa em que as

tentativas para criar um modelo a partir de uma entrada são sem-êxito. Isto é

comumente causado por baixa qualidade das entradas;

o Taxa de Falha na Captura (FCT – Failture to Capture Rate): em sistemas

automáticos, é a probabilidade do sistema falhar ao detectar uma entrada

biométrica quando a mesma é apresentada corretamente;

o Capacidade do Modelo (Template Capacity): o número máximo de conjuntos de

dados que podem ser armazenados pelo sistema.

22..33.. AA ÍÍrriiss ccoommoo CCaarraacctteerrííssttiiccaa BBiioommééttrriiccaa

A íris humana é a região anelar do olho localizada entre a pupila e a esclera. Nela

observamos um órgão interno do olho que está protegido do ambiente externo pelos cílios e

pálpebras (Figura 2-1) e que é claramente visível, facilitando a sua captura.

Nos seres humanos, a íris é determinada aleatoriamente quando começa a se formar no

terceiro mês de gestação, tendo 80% de suas características já definidas no oitavo mês e

ficando completamente formada no primeiro ano de vida. Além disso, a íris direita é diferente

da íris esquerda, e não sofre nenhuma alteração devido a doenças como ocorre com a retina,

permanecendo praticamente inalterada durante toda a vida de um indivíduo [7].

Figura 2-1: O olho humano.

(Fonte: Laboratório Ótico Rigor – http://www.laboratoriorigor.com.br/)

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O aspecto visual da íris humana deriva da estrutura anatômica em multicamadas [8]

constituída de diversas características de minúcias, tais como sardas, sulcos, sulcos de

contração, listras, etc., as quais são geralmente chamadas de “texturas da íris” (Figura 2-2).

Essa complexa estrutura de músculos controla as ações da pupila, vasos sanguíneos e

pigmentação de tecidos epiteliais.

Chegando a medir aproximadamente 11 mm de diâmetro em indivíduos adultos, a íris

humana é controlada por dois músculos, chamados de esfíncter e dilatador, que permitem à

íris ajustar seu tamanho (contrair e expandir, respectivamente) e controlar a quantidade de luz

que entra no olho. Quando a quantidade de luz entrando no olho aumenta, tal como um brilho

de luz ou flash, o músculo esfíncter se contrai em direção ao centro do olho, o tamanho da

pupila é reduzido e menos luz atinge a retina. Quando a quantidade de luz diminui, tal como

num quarto escuro ou à noite, o músculo esfíncter relaxa enquanto o dilatador retrai, fazendo

com que a pupila aumente de tamanho e, assim, mais luz alcance a retina.

Figura 2-2: Anatomia da íris humana: (a) Seção transversal. (b) Seção frontal.

(Adaptado de “Automated iris recognition: An emerging biometric technology” – Wildes, 1997)

Comparado a outros mecanismos de reconhecimento biométrico, tal comportamento faz

com que o formato da íris seja mais previsível que, por exemplo, o formato da face (com

dezenas de músculos a mais).

Um dos aspectos mais importantes da íris humana é a grande variabilidade na sua

representação em indivíduos distintos [22], pois apresenta um conjunto de propriedades que a

qualifica como um dos sistemas de reconhecimento biométricos mais seguros [18]. Os

padrões da íris tornam-se uma alternativa atraente para um reconhecimento visual seguro de

pessoas, especialmente, quando não há necessidade de busca a grandes bases de dados, sem

incorrer em qualquer combinação falsa, apesar de um grande número de possibilidades.

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9

Finalmente, a facilidade para focalizar os olhos na face, e a distinta forma anelar da íris

permitem um isolamento confiável e preciso desta característica, e a criação de representações

matemáticas que sejam invariáveis ao tamanho [8].

Apesar de tantas vantagens, a eficácia dos resultados depende essencialmente da

qualidade das imagens capturadas, o que traz algumas dificuldades e complexidade ao

processo de identificação e reconhecimento pela íris [10]:

o área de pequena dimensão (≈ 1 cm) para ser capturada a distância (30 cm a 1 m);

o alvo móvel, e nem sempre há cooperação do indivíduo para posicionar-se

adequadamente e olhar fixamente para o dispositivo;

o localizada atrás de superfície curva, úmida e reflexiva (córnea);

o obscura por cílios, lentes ou reflexos;

o parcialmente oclusa (coberta) pelas pálpebras, geralmente a superior;

o contração e expansão da pupila causam deformação não-elástica da íris;

o iluminação não deve ser visível nem brilhante.

A Figura 2-3 apresenta um exemplo de um padrão baseado na íris, gerado a partir de

uma imagem monocromática capturada a uma distância de aproximadamente 35cm. Os traços

delineados representam o resultado das etapas para localização e focalização da íris e da

pupila, e para detecção dos limites das pálpebras. A cadeia de bits em destaque na parte

superior é uma representação resultante do algoritmo desenvolvido pelo físico John G.

Daugman, patenteado de IrisCode® e detalhado na Seção 2.5.

Figura 2-3: Exemplo de um padrão baseado na íris.

(Fonte: “How Íris Recognition Works” – Daugman, 2002)

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10

22..44.. AApplliiccaaççõõeess ee UUssoo

Dado o seu grau de confiabilidade, os sistemas biométricos baseados no reconhecimento

da íris podem ser utilizados em diversas áreas de aplicação, sejam para fins comerciais,

governamentais ou forenses [10][19].

A maioria dos sistemas comerciais disponíveis atualmente faz uso da tecnologia

proposta por Daugman [7], patenteada de IrisCode® sob licença da empresa construída pelo

próprio criador do método, a IriScan®, e em uso por diversas instituições ao redor do mundo:

o SAGEM - Sistemas de controle de acesso (www.sagem.com);

o ARGUS - Controle de acesso: indústria farmacêutica (www.argus-solutions.com);

o EyeTicket - Aplicações para viagens e bilhetagem (www.orangeye.com);

o IRIS – Iris Recognition Immigration System – no Reino Unido (www.iris.gov.uk);

o Controle de fronteira em todos aeroportos, portos e alfândegas da União dos

Emirados Árabes, desde 2001 (www.abudhabiairport.ae/travelinfo);

o Substituição do uso do passaporte no Aeroporto Schiphol de Amsterdam, Países

Baixos, desde 2001 (www.schiphol.nl/priviumen);

o Entrada facilitada de viajantes aéreos pré-aprovados de baixo risco em alguns

aeroportos do Canadá (www.servicecanada.gc.ca);

o Controle de acesso para tripulação aérea no Aeroporto de Charlotte, EUA;

o Padronizado internacionalmente pela ICAO – International Civil Aviation

Organization – como uma dentre as três tecnologias de identificação biométrica

(juntamente com impressões digitais e reconhecimento da face).

Uma lista de equipamentos e sistemas de controle de acesso comerciais pode ser

consultada no Anexo I. Atualmente, todos os sistemas comerciais de reconhecimento de íris

disponíveis no Brasil são produtos importados.

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11

Um caso emblemático e notório sobre a eficácia do reconhecimento pela íris foi

retratado pela revista norte-americana National Geographic (Figura 2-4). Fotos registradas

pelo fotógrafo Steve McCurry, em 2002, foram usadas no reconhecimento da garota afegã

Sharbat Gula, desaparecida desde 1984. Após 17 anos de procura, a refugiada foi encontrada,

e sua identidade confirmada utilizando o sistema desenvolvido por Daugman.

Figura 2-4: (a) Sharbat Gula aos 12 anos. (b) Após 17 anos. (c) John Daugman.

(Fontes: http://www.stevemccurry.com; http://ngm.nationalgeographic.com/2002/04/afghan-girl/mccurry-photography)

A Figura 2-5 mostra um sargento da marinha Norte-Americana usando um scanner de

íris para identificar corretamente um membro do conselho da cidade de Bagdá, Iraque, antes

do início de um encontro com autoridades tribais locais, xeiques, líderes comunitários e

membros do serviço americano, ocorrido em Janeiro/2007.

Figura 2-5: Marinha Norte-Americana usando scanner de íris.

(Fonte: Wikipedia – http://en.wikipedia.org/wiki/Image:Retinal_scan_securimetrics.jpg)

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12

22..55.. TTrraabbaallhhooss RReellaacciioonnaaddooss

Pioneiro no desenvolvimento de trabalhos sobre reconhecimento da íris e detentor de

diversas patentes relacionadas ao método, John G. Daugman (Ph.D, OBE, Cambridge

University) desenvolveu em 1993 um sistema baseado em quadraturas Wavelet multi-

escalares (Filtro de Gabor 2D) para extrair informações da estrutura de texturas da íris e gerar

um código de 2.048 bits [7][8]. Esse código, patenteado de IrisCode®, é comparado às

demais representações de íris utilizando como métrica a Distância de Hamming através de um

operador XOR, e os níveis de acuracidade de identificação chegam próximos a 100%.

Wildes [22] projetou um dispositivo para captura da íris à distância e um método de

super-resolução foi adotado para obter imagens nítidas. O método proposto representava a íris

como uma pirâmide Laplaciana construída em quatro diferentes níveis de resolução e utiliza

correlação normalizada para determinar se a imagem de entrada e a imagem-modelo

pertencem à mesma classe. Posteriormente, num trabalho conjunto com Asmuth [23],

explorou a correlação normalizada baseada em média estatística e na discriminante linear de

Fisher para comparação de padrões.

Boles et. al [4] calculou a representação de cruzamentos de zero (zero-crossing) da

Transformada Wavelet 1D em vários níveis de resolução de uma circunferência virtual sobre

a imagem capturada de íris, de forma a caracterizar a textura da íris. O mecanismo de

comparação baseava-se em duas funções de dissimilaridade.

Lim et al. [15] decompôs uma imagem de íris em quatro níveis utilizando a

Transformada Wavelet de Haar 2D e, a qualificou a informação de alta-freqüência do quarto

nível numa representação codificada de 87 bits. Uma rede neural de aprendizado competitivo

(ou LVQ – Learning Vector Quantization) adaptada foi adotada na classificação.

Na proposta de Ma et al. [16][17], as variações da intensidade local da imagem da íris

original (2D) são convertidas para um conjunto unidimensional (1D). Um vetor de

características resultante calcula os momentos Gauss-Hermite desses sinais, e a discriminante

linear de Fisher utilizada como métrica de similaridade na comparação de padrões.

Bremananth et. al [5] propôs um sistema de reconhecimento semelhante ao de Boles et.

al [4], baseado na Transformada de Gabor, cujo algoritmo proporciona trasladação,

escalonamento e rotação invariantes (ou TSRI - translation, scale and rotation invariant) e,

de acordo com o autor, é mais adequado para aplicações de segurança em tempo-real.

Implementam um módulo para verificação de olhos vivos (CRT) que, medindo variações no

diâmetro da pupila, previne o uso de imagens ou fontes artificiais (falsificação).

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13

O número de citações às publicações desses autores, obtidos no serviço de busca de

artigos acadêmicos da Google™ e apresentados na Tabela 2, comprova que seus trabalhos

contribuíram significativamente na elaboração de outros tantos. Cada vez mais pesquisadores

dedicam atenção na área, pois novos algoritmos são sendo registrados a cada edição do evento

internacional da AVBPA – Audio and Video-Based Biometric Person Authentication [13].

Tabela 2 – Citações aos trabalhos publicados sobre biometria da íris.

(Fonte: Google Acadêmico – http://scholar.google.com.br/. Recuperado em Dez/2009)

Autor(es)Ano de

publicaçãoNúmero de vezes citado em outros trabalhos/artigos

Daugman 1993 648 citações

Wildes 1994 702 citações

Boles et al. 1998 444 citações

Lim et al. 2001 188 citações

Ma et al. 2003 329 citações

Bremananth et al. 2006 1 citação

Apesar de numerosa, a literatura disponível que descreve os principais métodos de

reconhecimento de íris propostos é fragmentada, pouco detalhada ou incompleta, talvez

intencionalmente com o intuito de preservar os segredos da tecnologia, que tem um grande

potencial comercial.

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14

22..66.. EEttaappaass ddoo PPrroocceessssoo ddee RReeccoonnhheecciimmeennttoo

2.6.1. Captura ou Aquisição da imagem

Uma etapa importante e complexa para sistemas de reconhecimento é a aquisição da

imagem, especialmente para grupos étnicos orientais, cujas íris são de dimensões pequenas e

de coloração mais escura. Nesta etapa devem ser considerados três aspectos:

o o sistema de iluminação;

o o posicionamento do sistema e

o o sistema de captura física.

Em condições normais, obter imagens nítidas da íris utilizando câmeras digitais

convencionais (padrão CCD) torna-se uma tarefa difícil, sendo recomendado uso de câmeras

com sensores de freqüências próximas à faixa infravermelho (padrão NIR).

Daugman [7][8] sugere que o equipamento seja instalado a uma distância que varia

entre 30cm e 1m, e o tempo de exposição ajustado para valores entre 1 e 5 segundos.

Conforme a sensibilidade de captura e as condições de iluminação, o processo pode produzir

diferentes taxas de reconhecimento, ou seja, as características da íris de um mesmo candidato

genuíno podem variar sensivelmente quando captada à luz do dia ou sob luz artificial. Para

minimizar esses efeitos, o algoritmo de reconhecimento deve ser invariante às condições de

luminosidade e funcionar tanto em ambientes internos quanto externos.

Na fase de registro dos indivíduos (cadastramento inicial ou enrollment), as imagens são

geralmente capturadas sem óculos, garantindo a fidelidade na codificação das características

da íris. Entretanto, o uso de óculos ou lentes de contato pelo indivíduo no momento da

verificação pode afetar o resultado do processo de reconhecimento. Por essa razão, é

preferível que haja cooperação dos indivíduos na aquisição da imagem de suas íris.

2.6.2. Challenge-Response Test (CRT)

Uma falha crucial dos sistemas biométricos deve-se a possibilidade das características

biométricas serem falsificadas e usadas de maneira criminosa. Esta etapa pretende assegurar

que uma imagem foi realmente lida de uma pessoa, ao invés de uma fotografia, imitação de

olho, imagens de vídeo gravadas ou qualquer outra fonte artificial.

Dentre os autores estudados, Daugman [7][8] e Ma [17] discutem esta problemática,

mas somente Bremananh et. al [5] propõem um mecanismo para superar o problema.

Utilizando a capacidade biológica de contração e relaxamento da pupila do olho, a abordagem

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15

implementa o teste de Challenge-Response (ou Ação-Reação), registrando a variação no

diâmetro da pupila conforme é submetida a pelo menos 3 diferentes níveis de iluminação.

Caso os valores medidos sejam divergentes, a imagem é admitida como uma fonte real

(humana e viva); do contrário, entende que trata-se de uma fonte artificial.

2.6.3. Segmentação

O processo de segmentação da íris consiste em eliminar, completa e eficientemente,

porções da pupila, sobrancelhas, cílios e outras partes da imagem que não devem ser extraídas

nem utilizadas no processo de comparação. Eliminar dados desnecessários proporciona

significativa economia de tempo e aumenta o desempenho e eficiência do sistema.

Determinar a posição e dimensão corretas da pupila e da fronteira da íris é uma tarefa

que pode ser realizada utilizando algoritmos de detecção de bordas ou de circunferências. As

abordagens mais utilizadas, e adotadas pelos autores, são:

o Detector de Bordas de Canny e Filtro de Sobel: algoritmos de detecção de bordas,

derivadas da função Gaussiana;

o Transformada de Hough para Círculos (CHT – Circle Hough Transform) ou a

adaptação Orientada a Bordas (EOCHT – Edge Oriented CHT) [2][3]: por serem

dependentes do tamanho, ou seja, se faz necessário estimar previamente o raio da

circunferência procurada, ambos os métodos exigem que sejam executados várias

vezes, para todos os raios possíveis, aumentando o tempo de processamento;

o Detecção Rápida de Círculos (FCD – Fast Circle Detection) [2][3]: método

invariante ao tamanho, baseado na simetria de vetores de pares gradientes dos

círculos. Com tolerância a até 25% de ruídos, grande precisão e velocidade (mil

vezes mais rápido que CHT, oitenta vezes mais que EOCHT). Patenteado pela

Universidade de Tecnologia de Amirkabir (Tehran, Iraque);

o Projeção de círculos concêntricos de diferentes raios: abordagem simples,

aplicável somente na detecção da fronteira da íris. A partir do raio da pupila

(previamente detectado), mede-se a variação de contraste entre este e um raio

pouco maior, até encontrar a máxima variação que indica o limite externo da íris.

O operador integro-diferencial proposto por Daugman é uma forma eficiente para

determinar a dimensão )(r e localização ),( 00 yx da pupila e da íris em uma imagem ),( yxI ,

utilizando uma função de suavização tipo Gaussiana )( σG de escala σ:

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16

2

),( )( max

0000 ,,),,( ∫∂

∂∗

yxryxr ds

r

yxI

rrG

πσ (1)

A Figura 2-6 mostra um exemplo de imagem de íris após a etapa de segmentação.

Apesar de abordada, poucos autores apresentam um método de detecção e remoção das

sobrancelhas e pálpebras. Daugman [7][8] sugere adaptações nos algoritmos de detecção de

circunferências, substituindo a integração do contorno de radial para a forma de arco, e

Bremananh et. al [5] remove as áreas da imagem com contraste superior a um limiar

preestabelecido.

2.6.4. Normalização

No processo de aquisição, é muito provável que ocorram variações no tamanho da

imagem capturada da íris. Algumas condições do ambiente ou fatores alheios, como a

luminosidade não-uniforme, posicionamento do indivíduo, piscar do olho, mudanças no

diâmetro da pupila por variação na iluminação, etc., fazem com que as íris de indivíduos

distintos, ou de uma mesma pessoa, sejam capturadas em tamanhos diferentes.

Para contornar esse ponto e garantir bons resultados no processo de comparação, a

imagem da íris deve ser ajustada, de forma a compensar as distorções elásticas na íris e

reduzir eventuais ruídos, e, então, ser convertida para dimensões padronizadas.

O mapeamento da imagem da íris ),( yxI , de coordenadas cartesianas ),( yx para um

sistema de coordenadas polares não-concêntricas ),( θr , pode ser representado como:

),( ) ),(),,( ( θθθ rIryrxI → (2)

onde ),( θrx e ),( θry são definidas como as combinações lineares dos conjuntos de

pontos entre a fronteira da pupila ))(),(( θθ pp yx até a fronteira da íris ))(),(( θθ ss yx , em que

ambos são detectados encontrando o máximo do operador (1):

)()()1(),( θθθ sp rxxrrx +−= )()()1(),( θθθ sp ryyrry +−= (3)

A imagem normalizada de uma íris pode ser vista na Figura 2-6.

Todos os autores realizam esta tarefa partindo do princípio que as bordas internas e

externas da íris são círculos, mas nem todos consideram o fato de que geralmente não são

concêntricos. Apesar de a variação entre os centros da íris e da pupila chegar, em alguns

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17

casos, a até 15%, a propriedade elástica do tecido da íris, combinada às funções do esfíncter e

dilatador (anéis musculares que controlam a contração e dilatação da pupila), fazem com que

o tecido seja uniformemente distribuído, causando um comportamento equivalente ao

observado no modelo físico de um pedaço homogêneo de borracha [8].

2.6.5. Otimização da qualidade da imagem

A imagem original de uma íris possui baixo contraste, e pode conter iluminação não-

uniforme causada pela posição da fonte de luz no momento da captura. Isto pode afetar o

resultado da análise da textura, por isso é essencial minimizar esses efeitos submetendo a

imagem a uma equalização do histograma, de forma a aumentar o contraste e realçar as

características de minúcias da íris.

A melhoria na qualidade da imagem pode ser nitidamente constada na Figura 2-6.

Figura 2-6: (a) Imagem capturada da íris. (b) Após localização da íris.

(c) Textura normalizada. (d) Textura após otimização.

(Fonte: “Biometric Personal Identification Based on Iris Patterns” – Zhu et al., 2000)

2.6.6. Extração de características

Do ponto de vista da representação das características presentes na íris, os métodos

estudados podem ser divididos em três categorias:

o Análise de variações com métodos de representação em fases: Daugman [7][8];

o Análise baseada na representação zero-crossing: Boles et. al [4];

o Análise de textura: Lim et al. [15], Bremananh et. al [5] ;

o Análise de variações de intensidade: Ma [17], Wildes [22], Wildes et. al [23].

A Seção 3 aborda a análise de variações e representação das características biométircas

da íris utilizando as funções de Gabor 2D, escolhida para o desenvolvimento deste projeto.

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18

2.6.7. Comparação

Nesta etapa, as informações coletadas sobre o indivíduo e convertidas em outra forma

de representação na etapa de extração são comparadas aos modelos registrados anteriormente.

Conforme o modo de Operação do sistema de reconhecimento (apresentados na Seção 2.2), a

amostra do indivíduo pode ser comparada a fim de confirmar sua identidade (“ele é quem diz

ser”) ou determinar sua identidade através de busca num banco de dados.

A maioria dos sistemas de reconhecimento, além dos autores citados, utilizam

essencialmente as seguintes abordagens:

o Função de Distância de Hamming;

o Cálculo de Distância Euclidiana ou

o Algoritmo de Redes Neurais.

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33.. RREEPPRREESSEENNTTAAÇÇÃÃOO DDEE CCAARRAACCTTEERRÍÍSSTTIICCAASS BBIIOOMMÉÉTTRRIICCAASS

Recentes pesquisas sobre o comportamento dos neurônios da região V1 do cérebro,

conhecida por córtex visual primário, constataram que sua resposta consiste essencialmente

de um conjunto de filtros espaço-temporais seletivos. No domínio do espaço, o processo de

reconhecimento da V1 pode ser considerado semelhante a várias Transformadas de Fourier

complexas ou, mais precisamente, às Transformadas de Gabor.

Teoricamente, estes filtros juntos podem abstrair o processamento neural do espaço da

freqüência, orientação, movimento, direção, velocidade (conseqüentemente de freqüência

temporal), e muitas outras características espaço-temporais, razão pela qual sejam

considerados muito úteis em aplicações de processamento de imagem, como o

reconhecimento da íris e da impressão digital [14][20].

33..11.. FFiillttrroo ddee GGaabboorr 22DD

Wavelets são funções capazes de decompor e descrever outras funções tanto no domínio

da freqüência quanto no domínio do tempo, e são ferramentas poderosas para a análise de

sinais e compressão de dados [21].

Em 1988, Daugman [9] propôs o chamado “Wavelet 2D de Gabor para Valores

Complexos”, incorporando variáveis de dimensionamento, freqüência e orientação (direção)

às funções elementares originalmente discutidas por Dennis Gabor (1900-1979), tornando-o

mais eficiente e confiável para aplicações de reconhecimento de padrões.

Neste método, a função wavelet é representada em coordenadas cartesianas por:

),(),(),( yxGyxSyxΨ ⋅= (4)

A função ),( yxS corresponde a um portador sinusoidal complexo e ),( yxG a um

envelope Gaussiano, descritos por:

[ ] PvyyuxxieyxS

/) ( /) ( 2 ),( 0000 +−+−−=

π (5)

[ ] /)(/)( ),(

220

220 βαπ yyxx

eKyxG−+−−

⋅= (6)

onde ) ,( 00 yx especificam a posição do wavelet, ) ,( βα sua largura e comprimento, e

) ,( 00 vu a modulação da onda vetorial, interpretada em coordenadas polares como freqüência

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20

espacial 20

200 vu +=ω e orientação (ou direção do envelope) )/arctan( 000 uv=θ . K e P

determinam, respectivamente, a constante de amplitude da função Gaussiana e um ângulo de

defasagem da função sinusoidal.

A Figura 3-1 exemplifica a aparência de uma função wavelet, projetada tanto no eixo

tridimensional quanto num plano espacial bidimensional, neste caso representada em

diferentes níveis de intensidade (entre 0 e 255) na escala de tons de cinza.

Figura 3-1: (a) Visão tridimensional de uma wavelet. (b) Projeção no plano espacial bidimensional.

(Imagem criada utilizando Java™; gráfico preparado com Microsoft® Office Excel 2003)

A convolução (*) da wavelet (4) com uma imagem ),( yxI resulta num conjunto de

valores no plano complexo que descrevem a estrutura da imagem em termos de modulação de

amplitude do contraste local (função ),( yxA ) e de fase local (função ),( yxΦ ), cujas

coordenadas espaciais são encontradas em:

{ }( ) { }( )22 ),(),( Im ),(),( Re ),( yxIyxΨyxIyxΨyxA ∗+∗= (7)

{ }( ){ }( )

∗∗

= ),(),( Re

),(),( Im tan ),( 1-

yxIyxΨ

yxIyxΨyxΦ (8)

Para facilitar o entendimento e permitir uma melhor visualização do comportamento das

entradas e respostas das funções do método, a Tabela 3 apresenta uma representação gráfica

(bi e tridimensional) de cada uma das etapas compreendidas do modelo matemático:

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Tabela 3 – Representação visual do método de Wavelets de Gabor 2D.

(Imagens criadas utilizando Java™; gráficos preparados com Microsoft® Office Excel 2003)

Sinal de Entrada

Imagem I(x,y)

CONVOLUE COM..

Filtro de Gabor 2D

Função Ψ(x,y) Re Im

RESULTA EM...

Sinal de Saída

Convolução de I(x,y)* Ψ (x,y)

Re Im

DO QUAL SE OBTÉM...

Amplitude do Sinal de Saída

Função A(x,y)

Fase do Sinal de Saída

Função Φ(x,y)

Cada membro de uma família de wavelets Gabor modela uma estrutura de campo

receptivo espacial de uma célula simples da V1. A resposta de uma célula simples é a

projeção de uma imagem sob a wavelet de Gabor, que é o produto interno de uma imagem I

com o campo receptivo centrado em (x0,y0).

As informações resultantes de fase local (função ),( yxΦ ) apresentam, de forma

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22

simplificada, a freqüência (concentração) do padrão determinado pela wavelet na imagem

),( yxI , conforme constatado nos sinais de saída apresentados na Tabela 4.

Tabela 4 – Amostras de sinais de entrada submetidos ao Filtro de Gabor 2D.

(Imagens criadas utilizando Java™; gráficos preparados com Microsoft® Office Excel 2003)

Arquivo de Imagem

(formato JPG)

Sinal da Imagem de Entrada - Função I(x,y)

Sinal de Saída - Convolução da entrada I(x,y) com filtro Ψ(x,y)

Parte Real de I(x,y) * Ψ(x,y)

Parte Imag. de I(x,y) * Ψ(x,y)

Amplitude - Função A(x,y)

Fase - Função Φ(x,y)

Amostra_01

Amostra_08

Amostra_15

A coleção completa de amostras está disponível para consulta no Anexo II.

33..22.. CCooddiiffiiccaaççããoo ddaa IImmaaggeemm ddaa ÍÍrriiss

O diagrama de fasores da Figura 3-2 representa uma imagem ),( yxI onde cada fasor se

refere a uma porção da imagem. A quantização da soma dos ângulos ),( yxΦ dos fasores

resulta num conjunto de 2 bits, descrito pelas seguintes equações integrais condicionadas aos

valores da parte real (hRe) e imaginária (hIm) de cada bit h = hRe + ihIm:

<∗−−

⋅−−

⋅−−

≥∗−−

⋅−−

⋅−−

=

<∗−−

⋅−−

⋅−−

≥∗−−

⋅−−

⋅−−

=

∫ ∫

∫ ∫

∫ ∫

∫ ∫

0 ),(/)(/)()(

Im se 0

0 ),(/)(/)()(

Im se 1

0 ),(/)(/)()(

Re se 0

0 ),(/)(/)()(

Re se 1

220

200

220

200

Im

220

200

220

200

Re

ρ φθρρθρβφθαρφθω

ρ φθρρθρβφθαρφθω

ρ φθρρθρβφθαρφθω

ρ φθρρθρβφθαρφθω

ddIer

ei

e

ddIer

ei

e

h

ddIer

ei

e

ddIer

ei

e

h

(9)

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23

Este processo é repetido ao longo de toda a imagem da íris com wavelets de várias

dimensões, freqüências e orientações, a fim de extrair 2.048 bits (ou 256 bytes) armazenados

pelo método patenteado por Daugman, o IrisCode®.

Figura 3-2: Diagrama de fasores e Demodulação binária.

(Fonte: “Demodulation by Complex-Valued Wavelets for Stochastic Pattern Recognition” – Daugman, 2002)

Baseado nos resultados obtidos com seu método, Daugman [8] constatou que a

complexidade combinacional das informações armazenadas na íris de cada indivíduo se

estende por até 249 graus de liberdade (dentre 2.048 variáveis). Conforme o cálculo

demonstrado na Tabela 5, isso gera uma entropia discriminatória (conteúdo de informação) de

aproximadamente 3,3 bits/mm², permitindo tomada de decisões em tempo-real sobre a

identificação pessoal com alto nível de certeza.

Tabela 5 – Cálculo da entropia discriminatória, conforme Daugman.

(Dados extraídos de “How Iris Recognition Works” – Daugman, 2002)

Raio Área

Pupila 5,0 mm 19,6 mm²Íris 11,0 mm 95,0 mm²Área da Íris (Pupila - Íris) 75,4 mm²Graus de Liberdade 249 (bits)

Entropia Discriminatória 3,3 bits/mm²

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44.. DDEESSEENNVVOOLLVVIIMMEENNTTOO DDOO PPRROOJJEETTOO

44..11.. MMééttooddooss

Os conceitos teóricos tratados por este trabalho foram extraídos das diversas

bibliografias publicadas pelos principais pesquisadores e centros de pesquisa da área de

Biometria. A argumentação científica sobre os conceitos matemáticos e métodos para

reconhecimento da íris utilizados na realização deste trabalho foram embasados nos trabalhos

do pioneiro no assunto, John Daugman, principalmente a partir de [7][8][9].

O protótipo do sistema de reconhecimento biométrico foi originalmente implementado

em MatLab®, dada a facilidade de manipulação matemática. No entanto, a falta de

conhecimento na programação nos recursos gráficos limitou o desenvolvimento de uma

interface visual mais intuitiva e, portanto, a linguagem de programação foi substituída.

Os algoritmos foram reescritos em Java, utilizando as ferramentas Java™ SE Runtime

Environment 1.6 e Eclipse© SDK 3.4.1.

As funções de manipulação e tratamento de imagens foram implementadas com o

pacote AWT.IMAGE do Java, e o aplicativo Microsoft® Photo Editor utilizado para

visualização e ocasionais simulações.

4.1.1. Banco de Imagens

Várias instituições dispõem e disponibilizam bancos de imagens de íris para fins

acadêmicos, sendo as mais utilizadas:

o Universidade de BATH, Reino Unido;

o CASIA – Chinese Academy of Sciences’ Institute of Automation, China

(http://www.cbsr.ia.ac.cn/IrisDatabase.htm);

o Universidade de PALACKY, Tchecoslováquia (http://www.palacky.com/);

o ICE – Iris Challenge Evaluation, promovido pela National Institude of Standards

and Technology, Estados Unidos (http://iris.nist.gov/ice/);

o UBIRIS – Universidade de Beira Interior, Portugal (http://iris.di.ubi.pt/).

O banco de imagens da CASIA foi adotado para realização deste trabalho, devido a

qualidade do material, a quantidade e variabilidade das amostras, com mais de 20.000

imagens geradas a partir de 1.500 indivíduos distintos.

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4.1.2. Armazenamento e Análise de Informações

Para garantir o armazenamento da base de vetores de assinaturas extraídas das imagens

de íris capturadas, o SGBD de arquitetura aberta MySQL® 5.1 foi utilizado, na sua

configuração padrão sugerida durante a instalação.

O código para criação da estrutura de dados, neste trabalho nomeado "IrisCode" e

modelada conforme a Figura 4-1, pode ser encontrado no Anexo III. Os métodos de

atualização e consulta ao banco de dados foram implementados nos programas com instruções

SQL.

Figura 4-1: Diagrama das classes do banco de dados "IrisCode".

O Microsoft® Office Excel 2003 e Microsoft® Office Access 2003 foram utilizados

como ferramentas de suporte na análise e consolidação das informações, especialmente na

composição das tabelas e gráficos.

4.1.3. Equipamentos

Todas as fases do trabalho, desde o projeto, implementação e testes até a elaboração da

monografia, foram realizadas utilizando os seguintes equipamentos:

• Notebook Intel® Core2Duo 1.66 GHz, 1 GB RAM, HD 150 GB.

• Computador AMD® Athlon 1.6 GHz, 768 MB RAM, HD 80 GB.

Devido à opção de uso de um banco de imagens pronto, não foi necessário o uso de

equipamentos para captura de imagens.

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26

44..22.. IImmpplleemmeennttaaççããoo ddoo PPrroocceessssoo ddee RReeccoonnhheecciimmeennttoo

4.2.1. Detecção e Processamento da Íris

Nesta etapa, 1.200 amostras pertencentes a 30 indivíduos distintos (20 amostras de cada

olho, totalizando 40 amostras por indivíduo) foram submetidas ao algoritmo de detecção, a

fim de validar sua funcionalidade e desempenho.

Em 47 delas (4%) não houve sucesso na localização da pupila, e em 56 (5%) a íris foi

detectada incorretamente, em ambos os casos devido ao excesso de ruído (sobrancelhas,

cabelos e sombras) e por estarem parcialmente encobertas. Foram reconhecidas 1.097

amostras (91%), resultado considerado ótimo.

Detalhes do processo de detecção e processamento estão descritos passo-a-passo na

Tabela 6, bem como uma amostra das imagens intermediárias resultante de cada etapa.

Tabela 6 – Detalhe das etapas do processo de detecção e processamento da íris.

Captura da imagem

Foto obtida do banco de imagens da CASIA.

Tamanho da imagem original: 640 x 480 pixels

Tratamento da Imagem

Redimensionamento para 320 x 240 pixels.

Aumento de contraste.

Filtro “Passa-Baixa”

Thresholding (Limiar), eliminando tons superiores ao

nível 90 (numa escala de 0-255).

Detecção de Bordas

Utilizado algoritmo de Canny.

Threshold: 4.0 – 16.0

Gradiente: 8 (nenhuma variação para valores maiores)

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Detecção da Pupila e Íris

Pupila – Diâmetro procurado: entre 25 e 60 pixels

Íris – Diâmetro procurado: até 120 pixels

Normalização

Somente 270º da área da íris é extraída, eliminando área

superior da íris (90º), geralmente encoberta pela

pálpebra ou cílios.

Otimização da qualidade

Realçar o contraste das texturas

4.2.2. Extração de Características com Filtros de Gabor 2D

Baseado nos modelos matemáticos descritos em (4), foi desenvolvido um algoritmo em

Java para atuar como filtro de Gabor no sistema de reconhecimento.

Em seus trabalhos, Daugman não apresenta detalhes sobre quais valores deveriam ser

atribuídos aos parâmetros da função Wavelet. Vários valores foram testados a fim de obter os

melhores resultados possíveis, e os adotados na implementação estão na Tabela 7, sendo

representados graficamente na Figura 4-2.

Tabela 7 (esquerda) – Parâmetros adotados para criação dos bancos de Wavelets Gabor 2D.

Valores adotados

Dimensões = { (10x10) ; (18x18) }

Pfase = { 0º, π/2 }

(α, β) = { (10, 2) ; (10, 5) }

(u0, v0) = ω = { -45º, -30º, 30º, 45º }

Parâmetros

Figura 4-2 (direita): Representação bidimensional dos conjuntos de Wavelets utilizados.

A imagem extraída da íris é divida em 16 partes, e cada parte submetida às 64 wavelets

dos conjuntos parametrizados pela função de Gabor. O sinal de saída representa a freqüência

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em fases (8) que, aplicado ao critério definido em (9), resulta em 1.024 pares de 2 bits, ou

seja, uma cadeia de 2.048 bits (256 bytes).

A representação gráfica de uma cadeia de 2.048 bits pode ser vista na Figura 4-3.

Figura 4-3: Destaque da íris localizada, imagem normalizada (abaixo) e representação binária (acima).

(Extraída do protótipo de sistema de reconhecimento, após etapas de localização da íris, normalização e extração de características)

4.2.3. Armazenamento das Características

A seqüência de 2.048 bits — obtida do algoritmo do filtro de Gabor 2D — e as demais

informações referentes ao indivíduo e ao processo de captura foram armazenadas no banco de

dados, nas classes “SUBJECT” e “IRIS”.

De acordo com o modelo de dados (Figura 4-1), a um mesmo indivíduo podem ser

atribuídas várias leituras de uma mesma íris. Num sistema real, isto não seria necessário

considerando que uma única íris contém informação suficiente para representar o indivíduo.

Considerando o intuito científico deste trabalho, dispor de várias amostras de uma mesma íris

é fundamental, pois permite validar o grau de eficiência do algoritmo na comparação de

leituras da mesma íris.

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4.2.4. Comparação

Para calcular o grau de similaridade de uma íris capturada com as demais assinaturas

armazenadas no banco de dados, e assim identificar o indivíduo, foi adotado o método de

Distância de Hamming.

A partir de uma operação "Ou Exclusivo" (XOR), duas seqüências binárias são

comparadas, e o número de bits diferentes quantificados. A "distância" entre elas é dada pela

razão do número de bits diferentes encontrados sobre o número total de bits, medida numa

escala adimensional de 0 a 1, ou porcentual de 0 a 100%.

Inicialmente, o algoritmo desta função foi implementado para comparar todos os 2.048

bits equiparados de cada cadeia, mas esta abordagem mostrou-se ineficiente devido o número

excessivo de solicitações ao processador causados pelas instruções de laço (FOR),

comparação (=) e condicional (IF), principalmente se considerado o grande número de

assinaturas registrados no banco de dados.

A solução foi utilizar a capacidade dos processadores 32-bits de realizar, num único

ciclo, operações lógicas com palavras de 32-bits, alterando o programa de forma a maximizar

a quantidade de bits comparados simultaneamente, minimizando o número de requisições ao

processador. A mudança proporcionou um ganho significativo com a redução na quantidade

de operações de laço, comparação e condicional de 2.048 para apenas 64 ciclos.

4.2.5. Desempenho

Contadores de tempo foram implementados no sistema protótipo a fim de registrar o

tempo de processamento de cada etapa do processo de reconhecimento da íris e garantir a

confiabilidade dos resultados das medidas de desempenho. Os resultados estão na Tabela 8.

Tabela 8 – Desempenho das etapas do processo de reconhecimento da íris.

Etapa Tempo / Índice Médio

Composição do banco de wavelets Gabor 190 ms

Detecção da pupila e íris 130 ms

Normalização da íris 120 ms

Aplicação do filtro Gabor 5.650 ms

Gravação do registro no banco de dados 250 ms

Cálculo da Distância de Hamming:

• dados armazenados na memória RAM 20.000 comparações/seg

• dados armazenados em banco de dados 25 comparações/seg

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44..33.. AAnnáálliissee ddooss RReessuullttaaddooss OObbttiiddooss

Em busca pela comprovação da eficácia de uso do filtro de Gabor 2D no

reconhecimento biométrico pela íris, foram criados três diferentes cenários, num total de

40.800 comparações, para os quais foram obtidos os seguintes resultados:

Comparação entre várias amostras de uma mesma íris

Conjunto: 20 amostras de cada íris comparadas entre si, pertencentes a 30 indivíduos

distintos e agrupadas pelo lado do olho (direito e esquerdo).

Número de comparações: 20! * 30 * 2 = 11.400

Distância de Hamming média: 0,25 (esperado até 0,20)

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

3.000

0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 1,00

Hamming Distance

Comparações

HD Média: 0,25

Figura 4-4: Variabilidade entre várias amostras de uma mesma íris.

Comparação entre íris direita e esquerda de um mesmo indivíduo

Conjunto: 20 amostras de cada íris do lado direito comparadas a 20 amostras de cada

íris do lado esquerdo, pertencentes a 30 indivíduos distintos.

Número de comparações: 202 * 30 = 12.000

Distância de Hamming média: 0,34 (esperado entre 0,20 e 0,50)

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0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

3.000

0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 1,00

Hamming Distance

Comparações

HD Média: 0,34

Figura 4-5: Variabilidade entre amostras do lado direito e esquerdo de um mesmo indivíduo.

Comparação entre íris de indivíduos distintos

Conjunto: 40 amostras da íris de 30 indivíduos distintos, comparadas à amostra

equivalente dos demais indivíduos.

Número de comparações: (40 * 30)! = 17.400

Distância de Hamming média: 0,43 (esperado acima de 0,50)

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

3.000

0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 1,00

Hamming Distance

Comparações

HD Média: 0,43

Figura 4-6: Variabilidade entre amostras de indivíduos distintos.

Em todos os três conjuntos, a Distância de Hamming média resultante foi muito

diferente da expectativa inicial. Além disso, ficou constatado um alto nível de dispersão no

resultado das comparações das amostras, quando era esperado uma aglomeração maior das

classes semelhantes (mesma íris) e um distanciamento inter-classes (separação entre as

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reconhecidas e não-reconhecidas). Estes resultados são insatisfatórios, pois contrariam a

expectativa inicial e contradizem os resultados apresentados em outros trabalhos.

Uma segunda tentativa foi realizada, alterando os parâmetros das funções de Gabor a

fim de modificar/ajustar os filtros, mas os resultados foram praticamente idênticos, ou seja,

sempre pouco discriminatórios.

Considerando o uso das wavelets de Gabor da representação de características como um

método consolidado, e a inquestionável atuação e reconhecimento pelo trabalho de Daugman,

fica descartada a possibilidade de qualquer erro ou ineficácia do método.

Logo, ao analisar os dados que geraram estes resultados, foi possível encontrar algumas

explicações em detalhes a princípio irrelevantes, mas que somente neste momento

evidenciaram sua importância.

o As imagens das íris do primeiro grupo de comparação (Figura 4-4) se referem a

duas amostras de uma mesma íris, e a Distância de Hamming calculada foi 0,74.

Para uma íris idêntica, este resultado pode ser questionável, mas ao analisar

constatamos uma grande diferença no contraste.

o As imagens das íris do segundo grupo de comparação (Figura 4-5) se referem a

duas amostras de íris de um mesmo indivíduo – uma do lado esquerdo, a outra do

lado direito – cuja Distância de Hamming foi 0,09. Por serem íris diferentes,

mesmo de um mesmo indivíduo, este resultado pode levar a uma decisão errônea.

Neste caso, foi constatado um baixo nível de contraste das imagens capturadas.

o As imagens das íris do terceiro grupo (Figura 4-6) se referem a indivíduos

distintos, e a Distância de Hamming resultante foi 0,10, ou seja, foram

equivocadamente consideradas idênticas. Em comum, o baixo contraste da

imagem capturada.

Além das questões que envolvem o contraste, fica evidente nessas imagens que os

códigos binários gerados não foram “aleatoriamente dispersos”, e que várias áreas os bits

foram quase sempre definidos com valor ‘1’. Na Figura 4-4 isso não ocorre tanto quanto nas

demais, mas o alto contraste da imagem a torna visivelmente nítida.

O ajuste adequado dos parâmetros do filtro de Gabor também parece ser imprescindível

para garantir a extração das características da imagem com um nível maior de fidelidade e,

conseqüentemente, gerar um código binário de assinatura que reflita a unicidade do indivíduo.

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55.. CCOONNCCLLUUSSÃÃOO

Na busca pelas razões para compreender o baixo índice discriminatório das

comparações realizadas com os vários grupos de amostras de íris, concluiu-se que os níveis de

contraste das imagens capturadas das íris e o tratamento adequado ao longo do processamento

comprometem diretamente nos resultados e eficácia do filtro de Gabor 2D como método de

extração e representação das características da textura da íris.

Apesar dos resultados insatisfatórios obtidos nos testes, a complexidade, importância e

reverência ao modelo matemático apresentado puderam ser constatadas ao longo de dezenas

de trabalhos e artigos elaborados por outros autores.

Diversas dificuldades surgiram no decorrer deste trabalho, principalmente quanto a

compreensão de todos os conceitos matemáticos que envolveram a implementação das

funções de Gabor, quanto a indisponibilidade de informações mais detalhadas sobre a

implementação de um sistema de reconhecimento utilizando ferramentas de programação de

mercado.

As dificuldades foram adequadamente superadas, e as principais expectativas atingidas.

Logo, os objetivos propostos foram considerados plenamente atingidos.

55..11.. CCoonnttrriibbuuiiççõõeess

As principais contribuições deste trabalho foram:

o o estudo aprofundado das funções Wavelet de Gabor 2D;

o a implementação de algoritmo em Java para filtro de Gabor 2D;

o a implementação/adaptação de vários algoritmos em Java para manipulação de

imagens, números complexos e cálculo do Distância de Hamming;

o a elaboração de um estudo sobre a biometria, com uma abordagem focada no

reconhecimento biométrico sobre a íris e pautada nos princípios de um dos autores

mais respeitados na área;

o a excelente oportunidade de aprimoramento científico do autor no tema e,

principalmente, na revisão, aprendizado e aplicação prática de vários conceitos

matemáticos.

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55..22.. TTrraabbaallhhooss ffuuttuurrooss

Os seguintes pontos são deixados como sugestão para realização de trabalhos futuros na

área de biometria, em especial no reconhecimento biométrico da íris:

o estudo e implementação do algoritmo de detecção de circunferência FCD;

o otimização de algoritmo para ajuste automático de contraste de imagens;

o otimização do algoritmo de convolução utilizado na aplicação de filtros.

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AAnneexxooss

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AAnneexxoo II

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http://www.oki.com/jp/FSC/iris/en/

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AAnneexxoo IIII

AAmmoossttrraass ddee ssiinnaaiiss ddee eennttrraaddaa ssuubbmmeettiiddooss aaoo FFiillttrroo ddee GGaabboorr 22DD

Arquivo de Imagem

(formato JPG)

Sinal da Imagem de Entrada - Função I(x,y)

Sinal de Saída - Convolução da entrada I(x,y) com filtro Ψ(x,y)

Parte Real de I(x,y) * Ψ(x,y)

Parte Imag. de I(x,y) * Ψ(x,y)

Amplitude - Função A(x,y)

Fase - Função Φ(x,y)

Amostra_01

Amostra_02

Amostra_03

Amostra_04

Amostra_05

Amostra_06

Amostra_07

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Amostra_08

Amostra_09

Amostra_10

Amostra_11

Amostra_12

Amostra_13

Amostra_14

Amostra_15

Amostra_16

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AAnneexxoo IIIIII

CCóóddiiggoo SSQQLL ppaarraa ccrriiaaççããoo ddaa eessttrruuttuurraa ddee ddaaddooss –– MMyySSQQLL

-- MySQL® dump 10.13 Distrib 5.1.40, for Win32 (ia32)

CREATE DATABASE IF NOT EXISTS `iriscode`;

USE iriscode;

-- Table structure for table `subject`

DROP TABLE IF EXISTS `subject`;

CREATE TABLE `subject` (

`subject_id` int(10) NOT NULL,

`subject_name` varchar(80) DEFAULT NULL,

PRIMARY KEY (`subject_id`)

) ENGINE=InnoDB DEFAULT CHARSET=latin1;

-- Table structure for table `iris`

DROP TABLE IF EXISTS `iris`;

CREATE TABLE `iris` (

`subject_id` int(10) NOT NULL,

`iris_id` varchar(3) NOT NULL,

`filename_eye` varchar(20) DEFAULT NULL,

`iris_code` varchar(2048) NOT NULL,

PRIMARY KEY (`subject_id`,`iris_id`),

KEY `subject_id` (`subject_id`), CONSTRAINT `subject_id` FOREIGN KEY (`subject_id`)

REFERENCES `subject` (`subject_id`) ON DELETE NO ACTION ON UPDATE NO ACTION

) ENGINE=InnoDB DEFAULT CHARSET=latin1;

-- Table structure for table `comparison`

DROP TABLE IF EXISTS `comparison`;

CREATE TABLE `comparison` (

`subject_id1` int(10) NOT NULL,

`iris_id1` varchar(3) NOT NULL,

`subject_id2` int(10) NOT NULL,

`iris_id2` varchar(3) NOT NULL,

`hamming_distance` double DEFAULT NULL,

PRIMARY KEY (`subject_id`,`iris_id`),

) ENGINE=InnoDB DEFAULT CHARSET=latin1;

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