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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO DE ENFERMAGEM EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA Moema Guedes Barbato * Clarinda Taki lo * * 1 - INTRODUÇÃO O avanço da tec nologia e pesquisa no campo da assistência à saúde solicita pessoal devidamente qual if icado . A natureza especial izada da as si stência ao paciente, ens ino e pesquisa em uma Unidade de Terapia Intensiva influenci am marca- damente o atendimento e ativ idade do ,pessoal de enfermagem . Isto inclui desde a realização d e tarefas de rotina até procedimentos que variam em dificuldade e complexidade, demandando alto grau de experiência técni co- científica e conhecimentos ! eóricos de vários campos d a ciência . A particip ação efetiva dos pr ofis sionai s de enfermagem no trabalho da equipe de saúde tem êx ito quando há continuidade e homegeneidade . Esses comportamentos são observados se os ele- mentos estã o técni ca e cient ificamente pre parados; neste caso o inter-relacionamento transcorre de maneira harmônic a e objetiva. Isto se faz sentir, not adamente em uma U . T. I . , sistema complexo, que t em como . objetivo trat ar de pacientes crit icamente doentes e diminuir o índice de mortalidade p or complicações, através de assis- tncia permanente . O desempenho da função da enfermagem em assist ir o .paciente de maneira que este recupe re total ou parcialmente suas funções bio- -psico-sociais, requer capacidade de anál ise, discernimento, bem como ação autônoma, fundamentada em princípios e conheciment os cien· tíficos . ( *) Auxiliar de Ensino do Depaamento de Orientação Profissional da Escola de Enfermagem da U.S .P . ( * *) Enfermeira do Hospital das Clinicas de São Paulo respectivamente.

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO DE ENFERMAGEM EM A … · a) anatomia, fisiopatologia, exames complementares, terapêu tica e assistência de enfermagem aos pacientes acometidos de afec

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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO DE ENFERMAGEM EM

UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

Moema Guedes Barbato * Clarinda Tak.ilo * *

1 - INTRODUÇÃO

O avan ço da tecnologia e p esquisa no campo da assistência à saúde solicita pessoal devidamente qualificado .

A natureza especializada da assistência ao paciente, ensino e pesquisa em uma Unidade de Terapia Intensiva influenciam marca­damente o atendimento e atividade do ,pessoal de enfermagem . Isto inclui desde a realização de tarefas de rotina até procedimentos que variam em dificuldade e complexidade, demandando alto grau de experiência técnico-científica e conhecimentos !eóricos de vários campos da ciência .

A participação efetiva dos profiss.ionais de enfermagem no trabalho da equipe de saúde tem êxito quando há continuidade e homegeneidade . Esses comportamentos são observados se os ele­mentos estão técnica e cientificamente preparados ; neste caso o in ter-relacionamento transcorre de maneira harmônica e objetiva . Isto se faz sentir, notadamente em uma U . T . I . , sistema complexo, que tem como . objetivo tratar de pacientes criticamente doentes e di minuir o índice de mortalidade por complicações, através de assis­t('oncia permanente .

O desempenho da função da enfermagem em assistir o .paciente de maneira que este recupere total ou p arcialmente s.uas funções bio­-psico-sociais, requer capacidade de análise, discernimento, bem como ação autônoma, fundamentada em princípios e conhecimentos cien · tíficos .

( * ) Auxiliar de Ensino do Departamento de Orientação Profissional da Escola de Enfermagem da U . S . P .

( * * ) Enfermeira do Hospital das Clinicas de São Paulo respectivamente .

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7 8 REVISTA BRASILEIRA DE ENFERMAGEM

A habilidade de estabelecer e implementar um curso de ação diante do problema de um paciente numa situação de emergência, dependerá dos conhecimentos técnicos, científicos e humanos que a en fermeira possuir .

Em face a essa necessidade foi criado o primeiro curso de especialização de enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva . O planejamento e a realização do curso foram feitos por elementos da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo - ( EEUSP) , Associação Brasileira de Enfermagem - Seção de São Paulo -­

( ABEn- SP ) , Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Uni­versidade de São Paulo - (HC-FMUSP ) , Hospital do Servidor PÚ­blico do Estado - HSPE ) , representados em comissão por D. Maria Rosa Pinheiro, diretora da EEUSP, Moema Guedes Barbato, profes­sora da EEUSP e coordenadora do curso, Lourdes Torres de Cer­queira, presidente da ABEn-SP, Dr. Luís Olímpio Teixeira Nasci­m ento, representante do Corpo Clínico do HC, Lourdes Muller, re­presentante do Corpo de Enfermagem do HC, e Agmar Resende, re­presentante do Corpo de Enfermagem do HSPE . Esta comissão insti­tuiu um regimento, estabelecendo convênio com o Ministério da Edu­cação e Cultura ( MEC ) , através do órgão Programas Intensivos de Preparo de Mão-de-Obra ( PIPMO ) , que forneceu condições financei­ras para realização do referido curso .

O Hospital das Clínicas e o Hospital do Servidor Público do Estado serviram de campo de estágio .

2 - PLANEJAMENTO DO CURSO

2 . 1 Ob jetivos do Curso

A pesquisa preliminar, através de observação sistemática das Unidades de Terapia Intensiva, forneceu elementos significativos : número de UTIs nos hospitais selecionados para estágio ; especiali­dades ; número de pacientes em cada unidade ; incidência de casos; planta física d a unidade ; e, principalmente funções exercidas pelas enfermeiras .

Partindo desses dados foram determinados os objetivos do curso - fornecer à enfermeira a capacidade de :

a ) discorrer sobre os aspectos clínicos ( etiologia, sinais e sintomas ) , tratamentos médico e cirúrgicos, exames complementares , e assistência específica e integral de enfermagem dos pacientes admi­tidos nas UTIs ;

b ) manejar tecnicamente aparelhos e equipamentos das uni­dades ;

c ) planejar, organizar, administrar e assessorar uma UTI .

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Esses objetivos gerais permitiram, posteriormente, traçar as diretrizes programáticas .

2 . 2 - Diretrizes Programáticas

o programa do curso foi planejado de acordo com os objeti­vos gerais, levando em consideração as áreas de estágio disponíveis . Foram selecionadas as seguintes áreas :

- no HC :

- Unidade de Recuperação Pós-operatória geral ;

- Unidade de Recuperação Pós-operatória de Cirurgia Car-díaca ;

- Unidade de Cardiologia Clínica ;

- Unidade de Choque ;

- Unidade de Transplante Renal ;

- Unidade de Hemo-Diálise ;

- Unidade de Pós-operatório em Neurologia ;

- Unidade de Politraumatizados ;

- Unidade de Queimados ;

- Unidade de Tétano ;

no HSPE :

Unidade de Recuperação Cardíaca ;

Unidade de Terapia Intensiva Geral ;

- Unidade Renal .

Foram elaboradas dez ( 1 0 ) unidades didáticas, abrangendo os st!guin tes aspectos :

a ) anatomia, fisiopatologia, exames complementares, terapêu­tica e assistência de enfermagem aos pacientes acometidos de afec­ções agudas pulmonares, cardiovasculares, renais, neurológicas, endo­crinológicas e hematológicas ( seis unidades ) ;

b ) emergências com pacientes em choque, politraumatizados, queimados e com envenenamentos ( duas unidades ) ;

c) problemas psico-sociais dos pacientes graves ( uma uni­dade ) ;

d ) administração de enfermagem em UTI ( uma unidade) .

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80 REVISTA BRASILEIRA DE ENFERMAGEM

A partir desses trabalhos foi fixado o número de vinte e cinco ( 2 5 ) vagas, capacidade máxima das áreas de estágio . Admitiu-se uma sobrecarga de mais vinte e cinco (25) vagas para ouvintes no bloco teórico .

2 . 3 � Carga Horária

o curso foi planejado para um semestre acadêmico, corres. pondendo a dezesseis semanas, total de trezentas e trinta horas (vinte e dois créditos ) . As seis primeiras semanas foram dedicadas ao bloco teórico com uma carga de cento e cinco horas ( sete créditos ) .

As unidades didáticas mais complexas foram programadas com duração de aproximadamente quinze ( 1 5 ) horas ( afecções cardio­-vasculares, pulmonares, renais e choque) .

2 . 4 - A vaUação do R endimento Escolar

o critério de aprovação baseou-se no regimento do curso, seu instrumento básico . O aluno estará a,provado se conseguir nota final igual ou superior a cinco ( 5 ) , média aritmética entre as notas dos trabalhos escritos e orais ( média das notas do bloco teórico ) , e notas dos estágios semanais ( média das notas da parte prática ) .

A supervisão dos estágios semanais foi programada para três enfermeiros : dois para cobrir as áreas do HC e um para o HSPE, para os quais foi estabelecido um roteiro de orientação quanto ao tipo de supervisão : forma de observação, ensino e avaliação ( ane­xo 1 ) .

Seria reprovado o aluno com freqüência inferior a setenta e cinco por cento ( 75 % ) das aulas teóricas e práticas ( estágios ) dadas

2 . 5 - Corpo Docente e Areas de Estágio

Para atingir os objetivos do curso, a comissão estabeleceu re­quisitos quanto ao corpo docente e áreas de estágio :

- o corpo docente, constituído ,por médicos e enfermeiras, deveria ser selecionado entre elementos com experiência na espe­cialidade e possuir conhecimentos técnico-científicos e didáticos ;

- as áreas de estágio devidamente montadas com aparelhos da especialidade ( ventiladores, cardioscópios, desfibriladores, rim artificial, polígrafos, monitores, sistemas de oxigênio, vácuo e ar comprimido e outros ) ; possuir boa equipe de trabalho e oferecer condições razoáveis de aprendizagem .

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3 - EXECUÇÃO DO PLANO DO CURSO

3 . 1 - Bloco Teórico

O bloco teórico constou de três aulas diárias, conforme pro­grama estabelecido .

Foram preenchidas as 25 vagas criadas, e as ouvintes ( 2 5 ) participaram voluntariamente de dis.cussões e testes .

As aulas teóricas foram dadas em forma expositiva e em dis­cussão de grupo, com utilização de material audiovisual, comple­mentadas com apostilas distribuídas no deco.rrer do. curso .

Em algumas unidades, houve pré-tes.tes para avaliação de com­portamentos iniciais .

Durante o bloco teórico houve reuniões do corpo discente, docente e coordenadores, para avaliação do andamento ' do curso, estudos dos problemas e soluções sugeridas .

Ao término do bloco. teórico foi realizado um painel co.m re­presentantes. de alguns centros de Terapia Intensiva e participação do plenário, onde foram discutidos assuntos relativos a funções e atribuições da enfermeira, qualidade e quantidade de pessoal neces­sário para desenvolvimento do. trabalho em UTI .

3 . 2 - Parte Prática

Numa reunião preliminar entre supervisoras, coordenação e as. vinte e cinco alunas inscritas foram distribuídas as escalas de rodízio semanal, que permitiram à cada aluna estagiar em dez uni­dades diferentes nos dois hospitais, abrangendo. to.das as especia­lidades .

3 . 2 . 1 - Programação Semanal

Cada superviso.r reunia seu grupo. às 2 .'s feiras. para pro.gra­mação. semanal das atividades individuais e em equipe, a ser desen­vo.lvida na seguinte seqü,ência :

apresentação. das particularidades da unidade ;

apresentação da equipe de trabalho ;

- verificação. e leitura do. Kardex ;

- leitura de rotinas. ;

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- observação da dinâmica de trabalho ;

escolha de um paciente para elaboração de um plano d e cuidados .

2.° dia :

- observação dos pacientes ;

verificação dos prontuários ;

estudo do paciente escolhido ;

- levantamento de dados, identificação de problemas, pro­posição de resoluções através de um plano de cuidados ;

- execução do plano e avaliação geral com a supervisora .

3.9 dia :

igual ao dia anterior, relacionando o plano de cuidados às anotações e exames complementar�s .

4.° dia :

- igual aos dias anteriores, relacionando o plano de cuida­dos à terapêutica e patologia .

5 .° dia :

- livre para estudo e consultas ;

reunião do grupo para avaliação do estágio ;

apresentação de estudo de caso .

3 . 2 . 2 - Supervisão

Nas visitas que os supervisores faziam diariamente às unida­des, tinham a oportunidade de entrevistar as estagiárias, verificar di ficuldades, complementar conhecimentos, resolver problemas, e discutir com cada uma o plano de cuidado .

3 . 2 . 3 - Plano de Cuidad,o$

Para exemplificar o tipo de , plano exigido, onde o conteúdo sempre preocupou mais que a forma, segue o anexo 11, realiza'do por uma aluna em estágio na Unidade de Transplante Renal .

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3 . 2 . 4 - Estudo de Caso

Os estudos de caso despertaram grande interesse nos grupos, que partjciparam ativamente das discussões (' assimilaram grande parte �o conteúdo discutido .

Foi usada a seguinte técnica :

30 minutos - exposição do quadro clínico, exames com,plementares e assistência de enfermagem .

45 minutos � evolução do quadro clínico, exames c·omplementares

e assistência de enfermagem .

45 minutos - discussão, conclusão e sugestões .

O tempo total da apresentação foi dividido em :

1/3 para quadro clinico e laboratorial ;

2/3 para assistência d e enfermagem .

Foi dada ênfase à função da enfermeira diante dos problemas que o paciente apresentava, situando o grupo 'em seu papel profis­sional de conhecimento e atuação .

Ao término da parte prática foi realizada uma p rova de 120

testes, escolha única, sobre assuntos ex,postos no bloco teórico e nos estágios .

4 - CONCLUSõES

O Curso de Especialização de Enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva teve, na opinião da comissão e das alunas, um saldo altamente positivo .

4 . 1 - C.onclusão das Estudantes

As avaliações escritas feitas pelas enfermeiras no final do curso, sobre toda a dinâmica do mesmo, bloco teórico e parte prá­tica, apresentam críticas e sugestões que devem ser consideradas em cursos futuros desta natureza :

- estabelecer avaliações escritas após cada unidade didática e cada área de estágio ;

- ater-se, dentro das aulas teóricas, ao assunto básico, sem detalhes demasiadamente especializados j

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- ampliar o tempo do bloco teórico mantendo o mesmo nú­mero de horas-aula ;

- estabelecer contato preliminar entre a coordenação do curso e as enfermeiras operantes nas áreas de estágio ;

- áreas de estágio consideradas em número suficiente e de boa qualidade ;

- supervisão boa quanto à qualidade mas em quantidade insu­ficiente ( 8 a 9 alunas por supervisor abrangendo 3 a 4 áreas de estágio) ;

- plano de cuidados e estudo de casos considerados de boa aprendizagem .

Sugestões :

- maior número de supervisores ;

- maior número d e estudos d e caso ;

- horário integral para melhor aproveitamento do curso .

4 . 2 - Conclusão das A utoras

o Curso de Especialização de Enfermagem em UTI, o pri­meiro realizado no Estado de São Paulo, apresentou dificuldades principalmente com relação à seleção do corpo docente e áreas de estágio . Terapia Intensiva é ' um campo novo, com grande atividade de trabalho e pesquisa, onde os elementos atuantes, em pequeno nú­mero, tem pouca disponibilidade de tempo . Muitas das unidades estão em fase de crescimento, todas com ,pequeno número de leitos ( um a seis p acientes ) , pOdendo acolher no máximo dois estagiários por vez .

Apesar destas e outras dificuldades encontradas no planeja­mento, foram satisfeitos os requisitos propostos pela comissão e atin· gidos os objetivos do curso .

Com a colaboração da cpmissão, da parte administrativa e de enfermagem dos hospitais e excelente receptividade das enfermeiras estudantes, foi feita uma distribuição de trabalhos satisfatória .

Receberam certificados 24 enfermeiras ( uma afastou-se por motivo de doença) e quase todas estão dando seu trabalho em uni­dades de Terapia Intensiva .

4 . 3 - Conclusão Geral

o estudo e pesquisa em Terapia Intensiva, conjugàdo com o interesse em seu aperfeiçoamento, foi a preocupação geral de cada

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enfermeira e do grupo . O profissional de enfermagem em Terapia Intensiva ocupa uma posição que o projeta profissionalmente, e em conseqüência a sua classe, a um nível de trabalho científico .

É necessário capacitar enfermeiras oferecendo conhecimentos e oportunidades de trabalho consciente . Só depois dessas condições básicas poderão ser desenvolvidas pesquisas que, além de p ropor­cionar maior segurança ao paciente grave, irão enriquecer cada uma, mantendo a enfermagem num status de p rofissão liberal .

O curso deve ser repetido anualmente, dando oportunidade para todas as enfermeiras que tiverem interesse em se especializar ou se atualizar na matéria .

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A N E X O I

ORIENTAÇÃO À SUPERVISÃO

I - O supervisor deve :

1 - verificar a pontualidade e assiduidade de cada enfer-meira ;

2 - conferir horários e marcar o total de horas de cada dia ; totalizar o número de horas/sem. e marcar na folha de avaliação ;

3 - identificar as necessidades de conhecimentos e habilida­des prioritárias de cada enfermeira, orientando-a no trabalho de campo ;

4 - resolver problemas surgidos ou pedir assessoria à comis­são para os casos de dificil solução ;

5 - comunicar a uma das coordenadoras do curso o anda­mento do trabalho ;

6 - preencher o boletim de avaliação semanal .

11 - Como avaliar :

O supervisor deverá no final de cada estágio da enfermeira, avaliá-la nos conhecimentos, habilidades e atitudes. demonstradas durante o trabalho .

Na área dos conhecimentos a aluna deve estar apta a :

1 - demonstrar conhecimentos científicos e aplicá-los nos cuidados de enfermagem ;

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2 - identificar problemas bio,psico-sociais dos pacientes e

planejar soluções pertinentes ;

3 - interpretar exames laboratoriais, radiológicos e traçados ;

4 - citar os princípios farmacológicos das drogas ministra-das .

Na área das habilidades :

1 - manejar os diversos aparelhos demonstrando reconhecer a aplicabilidade de cada um ;

2 - identificar problemas dos pacientes e aplicar tratamen­

tos específicos ;

3 - dar assistência integral de enfermagem aos pacientes :

cuidados físicos, psíquicos, sociais e espirituais ;

4 - assistir à família, orientando-a sob diferentes aspectos :

gravidade do caso, visitas, período hospitalar e alta ;

5 - apresentar relatórios baseados em boas observações ;

6 - apresentar o planejamento de estudos de caso e plano de

cuidados .

Na área das atitudes a enfermeira deve :

1 -'- demonstrar iniciativa, pontualidade, assiduidade, contro­

lp emocional ;

2 - apresentar espírito de colaboração à toda equipe ;

3 comunicar-se com eficiência ;

4 aplicar o s conhecimentos deontológicos ;

5 demonstrar respeito e interesse pela pessoa humana .

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ves

i­ca

l ;

ver

ific

ar

loca

l d

o

intr

oca

t:

edem

a,

calo

r e

rub

or

.

Co

nfe

rir

med

ica

ção

c

olo

cad

a

no

so

ro;

iden

tifi

car

fra

sco

s;

chec

ar

ho

rãri

os

. V

erif

ica

r

ho

rãri

os,

n

o ca

so

da

m

edic

açã

o

cita

da

se

r b

em

dil

uid

a.

Da

r a

na

lgés

ico

s n

ão

an

tité

rmic

os

pa

ra

ver

ific

ar

pic

os

feb

ris

. D

ar

do

sag

em

exa

ta;

se

ap

rese

nta

r

mi­

tos

usa

r

sup

osi

tóri

os

.

Se

ap

rese

nta

r d

ren

ag

em

de

secr

eçã

o

pel

a

inci

são

, o

bse

rva

r a

spec

to

e.

cor,

re

laci

na

r

com

m

ov

imen

taçã

o;

tro

car

div

ersa

s v

ezes

, n

un

ca

dei

xa

r u

med

ecid

o.

En

cam

inh

ar

a

pa

cien

te

ao

lo

cal

da

a

pli

­c

açã

o,

pro

teg

ido

co

m

cob

ertu

ra

plã

stic

a

em

sua

p

róp

ria

ca

ma

; v

erif

ica

r:

con

di­

ções

d

as

solu

ções

E

. V. ,

so

nd

a

ves

ica

l,'

co

leto

r d

e u

rin

a,

con

diç

ões

g

era

is

do

p

cien

te,

dis

pn

éia

, P

.A. ,

sa

ng

ram

ento

; a

com

­p

an

ha

r o

pa

cien

te

jun

to

com

u

m m

édic

o.

RA

ES

Pre

ven

ir

infe

cçõ

es

pu

lmo

­n

ar

es,

uri

ria

s e

fleb

ites

.

KC

I rã

pid

o p

rov

oca

d

or

e p

od

e ca

usa

r

pa

rad

a

card

ía­

ca,

mes

mo

se

nd

o E

. V.

po

de

pro

vo

car

do

r.

Hip

erte

rmia

-

per

igo

d

e in

­fe

cçã

o.

Nec

essã

rio

s p

ar

a

evit

ar

re

­je

içã

o.

Fis

tula

s.

A

um

ida

de

lev

a

à

infe

cçã

o

da

in

cis

ão

.

Pa

ra

dim

inu

ir

po

ssi

bil

ida

­d

e

de

in

fec

ção

.

Fic

arã

fe

cha

do

p

elo

p

lãst

i­co

a

lgu

m

tem

po

fo

ra

d

a

un

ida

de

.

Page 14: CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO DE ENFERMAGEM EM A … · a) anatomia, fisiopatologia, exames complementares, terapêu tica e assistência de enfermagem aos pacientes acometidos de afec

PA

l\.A.

ME

TRO

S

CU

IDA

DO

S

ES

PE

CIAI

S

Co

lhei

ta

de

materia

l F

eita

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ariam

ente

n

o

peri

od

o

da

manhã

p

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eJC

am

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ela

en

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spo

nsfl

vel

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u

nid

ad

e.

Sa

ngu

e:

hem

og

ram

a,

uré

ia,

crea

tln

ina

, só

­d

io,

po

tflss

io,

rese

rva

a

lca

lin

a.

Am

ost

ra

d

e

uri

na

d

e 24

h

ora

s:

uré

ia

e

ATI

TUDE

S

Verificar

Ie O

I tub

os

qu

e d

evem

te

r h

ep

rIDa

contmn

a q

uanU

dade

exata

; co

lher

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dade

de

san

gu

e su

fici

ente

; en

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i­nhar

o

ma

teri

al

imed

iata

men

te.

RA

ES

Hep

ari

na

a

m

en

os

: p

erig

o

de

coa

gu

laçã

o

a

ma

is:

alt

e­ra

ção

d

os

resu

lta

do

s.

crea

Un

ina

. C

on

firm

ar

se

a

técn

ica

d

e in

icio

fo

i co

r-S

ão

n

eces

sári

os

200

ml

de

So

no

Hig

ien

e co

rpo

ral

Cu

ida

do

p

sico

lóg

i co

Clea

ran

ce

de

crea

tln

ina

: in

icio

à

s 4

ho

ras

pel

a

enfe

rmei

ra

do

n

otu

rno

.

P.S

.P.

Exam

es

div

erso

s:

RX

tra

nsf

usã

o.

reta

; a

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ar

reló

gio

p

ara

m

arc

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tem

po

ex

ato

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vo

lum

e.

uri

na

n

o

min

i mo

p

ara

o

exa

me

ser

corr

eto

.

Da

r 5

ml

de

cora

nte

E

. V.

-h

idra

tar

e P

rov

a

de

fun

ção

ren

al.

c

olh

er

uri

na

d

e u

ma

h

ora

.

En

cam

inh

ar

Imed

iata

men

te;

req

uis

ita

r re

­su

lta

do

s.

Ev

ita

r q

ue

du

rma

d

ura

nte

o

dia

p

reju

­In

icio

d

e

cort

icó

ides

p

od

e ca

usa

r i

nsÔ

nia

. d

ica

nd

o

son

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no

turn

o.

Ba

nh

o n

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leit

o

com

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ux

ilio

; h

igie

ne

ora

l ri

go

rosa

e

freq

üen

te.

Tem

b

oa

si

tua

ção

cio

ec

on

Ôm

ica

; es

bem

in

form

ad

a

em

rela

ção

a

su

a

do

ença

, à

uece

ssid

ad

e d

e is

ola

men

to

s-o

per

tóri

o:

a

imp

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ân

cia

d

o

uso

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tais

, g

orr

os

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ate

ria

l es

tere

liza

do

.

Du

ran

te

o b

an

ho

ver

ific

ar

con

diç

ões

d

a

pel

e:

faze

r m

ov

imen

taçã

o

pa

ssiv

a

do

s m

eolb

ros

infe

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res

; v

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ica

r sa

ng

ram

en­

to

de

gen

giv

as

.

Ori

enta

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pes

soa

l q

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entr

a

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u

nid

ad

e co

mo

se

v

esti

r -

lav

ag

em

da

s m

ão

s:

ma

nte

r a

p

orta

fe

cha

da

: n

ão

li

ga

r a

r co

nd

icio

na

do

.

Ure

mia

p

roV

OC a

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ram

en­

to

de

mu

cosa

s.

A

ba

ixa

d

e re

sist

ênci

a

é p

ort

a

ab

erta

a

in

fecç

ões

.

Page 15: CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO DE ENFERMAGEM EM A … · a) anatomia, fisiopatologia, exames complementares, terapêu tica e assistência de enfermagem aos pacientes acometidos de afec

PA

RA

ME

TR

OS

Rel

ató

rio

d

e p

lan

tão

An

ota

ções

g

ráfi

cas

Res

ult

ad

os

de

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mes

CU

IDA

DO

S

ES

PE

CIA

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Ex

pli

car

tud

o

qu

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feit

o co

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ela

; co

ver

sar

e

pro

cura

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istr

ai-

la

com

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ádio

s,

TV

et

c.

Fa

zer

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inu

cio

so

do

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.

An

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n

os

grá

fico

s e

imp

ress

os

esp

e­c

iais

, co

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det

alh

es

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orá

rio

s.

AT

ITU

DE

S

O

iso

lam

ento

p

ro

vO

C a

gra

nd

e co

nv

ivên

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co

ln

a en

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eira

q

ue

infu

nd

e à

pa

cien

te

ap

oio

e

con

fia

nça

; re

stri

ção

d

e v

isit

as

.

Fa

zer

an

ota

ção

p

reci

sa

dos

p

ro

ble

ma

s e

da

s a

titu

des

to

ma

da

s.

Req

uis

ita

r,

rece

ber

, ex

am

ina

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con

feri

r A

gir

ci

enti

fica

men

te

nec

essá

rio

co

-

RA

ES

Pa

cien

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tra

nq

üil

a

evo

lui

mel

ho

r

clin

ica

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te.

Do

cum

enta

r p

ara

: se

gu

ran

­ça

d

o

pa

cien

te,

pes

qu

isa

, es

tud

o,

pla

no

d

e cu

ida

do

s.

re

sult

ad

os

com

a

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orm

ali

da

de

-to

ma

r n

hec

er

a

no

rma

lid

ad

e.

Ati

tud

e

con

scÍ f.,

nte

e

seg

ura

. a

titú

s c

orr

esp

on

den

tes

.