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ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO FAZENDÁRIA DIRETORIA DE EDUCAÇÃO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO FISCAL E CIDADANIA A EDUCAÇÃO FISCAL E OS COLABORADORES DA ÁREA FISCAL NA SECRETARIA DA RECEITA ESTADUAL DO AMAPÁ Maria Auxiliadora Reis Valente Brasília-DF 2011

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO FISCAL E CIDADANIA

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A EDUCAÇÃO FISCAL E OS COLABORADORES DA ÁREA FISCAL NASECRETARIA DA RECEITA ESTADUAL DO AMAPÁ

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  • ESCOLA DE ADMINISTRAO FAZENDRIA DIRETORIA DE EDUCAO

    CURSO DE ESPECIALIZAO EM EDUCAO FISCAL E CIDADANIA

    A EDUCAO FISCAL E OS COLABORADORES DA REA FISCAL NA SECRETARIA DA RECEITA ESTADUAL DO AMAP

    Maria Auxiliadora Reis Valente

    Braslia-DF

    2011

  • ESCOLA DE ADMINISTRAO FAZENDRIA

    CURSO DE ESPECIALIZAO EM EDUCAO FISCAL E CIDADANIA

    A EDUCAO FISCAL E OS COLABORADORES DA REA FISCAL NA SECRETARIA DA RECEITA ESTADUAL DO AMAP

    Monografia de Ps-graduao apresentada Escola de Administrao Fazendria ESAF, como requisito para obteno do ttulo de Especialista em Educao Fiscal e Cidadania.

    Maria Auxiliadora Reis Valente

    Orientadora Prof. Msc. Jacqueline Pharlan de Camargo

    Braslia, maro de 2011

  • Valente, Maria Auxiliadora Reis. A Educao Fiscal e os Colaboradores da rea Fiscal na Secretaria da Receita Estadual do Amap. Braslia: ESAF- DIRED, 2011. 60 p. Orientadora: Prof. Msc. Jacqueline Pharlan de Camargo. Monografia de Especializao Escola de Administrao Fazendria Diretoria de Educao Curso de Especializao em Educao Fiscal e Cidadania 1. rea Fiscal 2. Educao Fiscal 3. Colaboradores 4. Receita Estadual.

  • Aos meus filhos Pedro Paulo, Caroline, Renata, e, a minha me Luclia, por serem a razo da minha existncia.

  • AGRADECIMENTOS

    Agradeo primeiramente a Deus que me deu a vida, e, em especial a oportunidade de fazer este curso.

    Ao meu pai Pedro Paulo de Melo Reis (in memorian) e minha me Luclia Ramos dos Reis, fonte de inspirao e exemplo de esforo e dedicao, por terem sido o alicerce da minha

    formao. Aos professores do curso, que mesmo sem saber me deram fora para concluir o mesmo, e, em especial ao professor Carlos ngelo pelas reflexes que iluminaram minhas dvidas na

    construo do projeto de pesquisa. Jacqueline P. de Camargo, minha orientadora, pela eficincia durante a orientao deste

    trabalho. Aos meus filhos amados, Pedro, Caroline e Renata, que compreenderam com muito amor e

    carinho a minha ausncia e me incentivaram a chegar ao final. Delegacia da Receita Federal do Brasil em Macap, em especial ao delegado Dr Nilton

    dos Passos de Moraes, por autorizar minha inscrio no curso. ESAF, que ofertou este curso e me acolheu com zelo e eficincia.

    Ao ex-secretrio da Receita Estadual em Macap, Dr. Arnaldo Santos Filho, por autorizar a execuo da pesquisa na Secretaria.

    minha amiga Waneza Santos, que enxugou minhas lgrimas muitas vezes, me incentivando a no desistir.

    Aos meus amigos Alberto Amodo e, Simei Natrcia, que contriburam na execuo deste trabalho.

  • RESUMO

    O presente trabalho buscou analisar o tema: A Educao Fiscal e os Colaboradores da rea Fiscal na Secretaria da Receita Estadual-SRE do Amap, abordando o Programa de Educao Fiscal e a necessidade de participao dos Auditores e Fiscais de Tributos nas aes desenvolvidas pelo Programa de Educao Fiscal Estadual-PEFE. Buscou-se identificar as possveis resistncias na assimilao e dificuldades na viabilizao do Programa Nacional de Educao Fiscal-PNEF. Teve-se como espao de atuao a prpria Secretaria e como universo pesquisado, os colaboradores da rea Fiscal. O trabalho foi desenvolvido por meio de um estudo de caso via pesquisa de campo qualiquantitativa, atravs de um questionrio aplicado a 10 (dez) colaboradores fiscais com 11 (onze) perguntas fechadas de mltipla escolha, no sentido de verificar a concepo destes acerca da educao fiscal e o envolvimento destes no PEFE, uma vez que o total de agentes perfaz o nmero de 143 (cento e quarenta e trs). Abordou-se na anlise aspectos quanto ao conceito de educao fiscal, sua relevncia, perspectiva de trazer um futuro promissor ao Estado, a importncia e a participao nas aes do PEFE pela Secretaria, o curso de Disseminadores de Educao Fiscal e a necessidade de financiamento bancrio para captao de recursos para a modernizao das reas da SRE (especificamente relacionado ao PNEF). Procurou-se conhecer a realidade para melhor visualizao da problemtica, a fim de buscar um planejamento com metas alcanveis, na elaborao de aes de melhoria pela alta gesto no sentido de otimizar o PEFE dentro da Secretaria, e produzir um trabalho consciente e compromissado, tico e cidado por parte dos colaboradores. Ao final deste estudo detectou-se a falta de recursos especficos destinados ao Programa, o que inviabiliza os projetos apresentados pela Gerncia de Educao Fiscal Estadual-GEFE, dificultando e diminuindo as aes que poderiam ser desenvolvidas. Observou-se ainda que aps 11(onze) anos de implantao, o PEFE ainda encontra barreiras referentes internalizao e disseminao da temtica no cerne da SRE, no caso mais especfico entre os seus colaboradores, uma vez que, nas atividades realizadas, registra-se a baixa participao dos mesmos, assim como uma certa indisponibilidade em se tornarem agentes multiplicadores da educao fiscal no intuito de contribuir para a consolidao do Programa, mesmo que conscientes da importncia do Programa para o pas.

    Palavras-Chave: Educao Fiscal; rea Fiscal; Colaboradores; Receita Estadual.

  • ABSTRACT

    This study aimed to examine the topic: The Education Tax and Employees in the Fiscal Area Revenue Secretary SRE-State of Amap, addressing the educational program and fiscal necessity of participation of Auditors and Inspectors of Taxes in the actions undertaken by the State Program Education Tax - PEFE. We sought to identify possible difficulties in the assimilation and resistance in the viability of the National Education Tax - PNEF. Had become a space of action as the Secretary and the universe surveyed, the employees from the Audit Committee. The work was developed through a case study, which surveyed a quantitative field, through a questionnaire administered to 10 (ten) employees with tax 11 (eleven) closed questions, multiple choice, in order to verify the conception about these education tax and involvement in the PEFE. It approaches in analyzing issues concerning the concept of fiscal education, its relevance, perspective to bring a promising future for the State, the importance and interest in shares of PEFE by the Secretariat, the course of Fiscal Education multipliers and the need for bank finance for funding resources for the modernization of the areas of SRE (specifically related to PNEF). We sought to know the reality to better visualize the problem in order to get a plan with achievable goals, in developing improvement actions by top management in order to optimize the PEFE within the Secretary, and produce a conscious and committed, ethical and citizen by employees. On completion of this study found a lack of specific resources for the program, which makes the projects presented by the Department of Fiscal Education- GEFE, hindering and diminishing the actions that could be developed. We also observed that after eleven (11) years of implantation, the PEFE still faces obstacles on the internalization and dissemination of the theme at the heart of SRE, the more specific case among their employees, since, in the activities, record- the low participation of these, as well as a certain unwillingness to become multipliers of fiscal education in order to contribute to the consolidation of the Program, even aware of the importance of the Program for the country.

    Keywords: Fiscal Education; Fiscal Area; Employees; State Revenue.

  • LISTA DE GRFICOS

    Grfico 01 Opinio quanto ao Programa de Educao Fiscal ................................... 37

    Grfico 02 Nvel de contribuio do PNEF para um futuro social promissor ......... 38

    Grfico 03 As aes do PNEF na sociedade ................................................................ 39

    Grfico 04 Quanto aos envolvidos diretamente na disseminao da Ed. Fiscal ....... 40

    Grfico 05 Conceito do Curso de Disseminadores de Educao Fiscal .................... 41

    Grfico 06 Participao do curso de Disseminadores de Educao Fiscal ............... 42

    Grfico 07 No Amap/SRE, o PNEF ......................................................................... 43

    Grfico 08 Participao ativa nas aes desenvolvida atravs do PNEF no Amap . 45

    Grfico 09 Quanto necessidade de financiamento bancrio para captao de recursos para a melhoria do Programa na Secretaria da Receita Estadual ....................................... 46

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 01 Percepo dos colaboradores da SER quanto aos objetivos do PNEF .... 36

    Tabela 02 Aes desenvolvidas atravs do Programa de Educao Fiscal em Macap - AP ...................................................................................................................... 46

  • LISTA DE SIGLAS

    PNEF - Programa Nacional de Educao Fiscal

    CONFAZ - Conselho Nacional de Poltica Fazendria

    GETE - Grupo de Educao Tributria Estadual

    LDB - Lei de Diretrizes e Bases

    DEF - Disseminadores de Educao Fiscal-

    SEFAZ - Secretaria de Fazenda

    CTN - Cdigo Tributrio Nacional

    SRE - Secretaria da Receita Estadual

    ICMS - Imposto sobre operaes relativas circulao de mercadorias e sobre prestaes de servios de transporte interestadual, intermunicipal e de comunicao

    ADINS - assessoria de desenvolvimento institucional

    BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento

    BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento

    PNAFE - Programa Nacional de Apoio Administrao Fiscal para os Estados brasileiros

    UCP - Unidade de Coordenao de Programas

    UCEs - Unidades de Coordenao Estadual

    ESAF - Escola de Administrao Fazendria

    SEED Secretaria de Estado da Educao

  • SUMRIO

    INTRODUO ................................................................................................................ 12

    1 O PROGRAMA DE EDUCAO FISCAL EDUCAO ..................................... 14

    1.1 Histrico local do Programa de Educao Fiscal ...................................................... 15

    1.2 Estgio atual do Programa de Educao Fiscal no Amap .......................................... 16

    1.2.1 Quantitativo atingido pelo Programa de Educ. Fiscal do Amap de 2000 a 20108 . 17

    2 A EDUCAO FORMAL E A EDUCAO FISCAL ........................................... 19

    2.1 Educao formal ........................................................................................................... 19

    2.2 Educao Fiscal ............................................................................................................ 21

    2.3 Cidadania e tica: princpios fundamentais na Educao Fiscal .................................. 21

    3 A ADMINISTRAO FAZENDRIA ESTADUAL ............................................... 24

    3.1 Secretaria da Receita Estadual ...................................................................................... 24

    3.1.1 Histrico ................................................................................................................................ 24

    3.2 Crimes contra a Ordem Tributria fiscalizados pela S.R.E .......................................... 26

    3.3 O Papel do Agente Fiscal na Secretaria da Receita Estadual ....................................... 28

    3.4 Funo Social do Tributo ............................................................................................. 30

    3.5 Financiamentos para Modernizao ............................................................................. 31

    3.5.1 PNAFE ...................................................................................................................... 31

  • 4 APRESENTAO E ANALISE DOS RESULTADOS ........................................... 34

    4.1 A METODOLOGIA DA PESQUISA ............................................................................... 34

    4.2 ANLISE DOS DADOS ............................................................................................ 35

    5 CONSIDERAES FINAIS ....................................................................................... 48

    REFERNCIAS ................................................................................................................ 52

    APNDICE ....................................................................................................................... 55

  • 12

    INTRODUO

    O Brasil vem se empenhando no vis de mudanas em todos os setores com vistas a uma qualidade de vida a todos os brasileiros. E esse amadurecimento j vem sendo fomentado ao longo dos anos atravs de vrias iniciativas, dentre essas aes, h que se dizer o Programa Nacional de Educao Fiscal-PNEF, que norteia, entre tantos interesses, asseverar aos cidados dos estados a sua importncia na mudana de atitude frente a qualquer governo, enquanto pessoas ativas na sociedade.

    O que se buscou com esse trabalho quando se pensou no tema, foi identificar as dificuldades na implantao e resistncias na assimilao do PNEF dentro da Receita Estadual, por esse motivo se lana como premissa para anlise a possibilidade de o colaborador fazendrio apoiar ou no o Programa de Educao Fiscal no seu ambiente de trabalho e quais os possveis entraves na aceitao ou envolvimento destes no programa, assim como a conseqente eficcia deste no estado do Amap.

    Tendo em vista o exposto, o presente estudo se props a responder o referido problema de pesquisa: Referente ao Programa de Educao Fiscal Estadual - PEFE, qual o entrave a participao efetiva dos Colaboradores da rea fiscal na Secretaria da Receita Estadual do Amap?

    Consubstanciado pelos seguintes objetivos: Geral:

    Identificar quais os facilitadores e dificultadores que contribuem ou impedem o desenvolvimento do PEFE.

    Especficos:

    Verificar a participao dos agentes fiscais nas aes desenvolvidas pelo PEFE;

    Pesquisar junto aos colaboradores da S.R.E o fator de interesse e o nvel de relevncia do Programa de Educao Fiscal;

    Pretende-se, com este estudo, acenar com as possibilidades de melhoria no aspecto funcional quanto assimilao do conhecer no setor pblico voltado ao PEFE que teve sua implantao no Estado do Amap em Fevereiro de 1999, atravs do Decreto 0426, o qual instituiu as parcerias entre a Secretaria de Estado de Educao e a Secretaria da Receita Estadual.

  • 13

    A relevncia da pesquisa diz respeito necessidade de aquisio de maior conhecimento sobre a temtica educao fiscal, uma rea que est sendo estudada, com nfase no ramo fazendrio e educacional.

    O interesse na matria se deve ao fato de observar que, num extenso universo fazendrio, h entraves para o desenvolvimento da educao fiscal no estado do Amap e envolvimento no muito significativo em termos numricos de colaboradores internos. Tambm se busca contribuir com as informaes adquiridas na pesquisa para que a equipe gestora do PEFE desenvolva um trabalho voltado para a otimizao da problemtica.

    Nesta tica, o captulo um disserta sobre o PNEF, seu histrico local, curso on line e presencial.

    No Captulo dois so abordados aspectos sobre o PEFE, Educao Formal, Conceitos, tica e Cidadania.

    No captulo trs trata da Administrao Fazendria Estadual, Secretaria da Receita Estadual, Crimes contra a Ordem Tributria, O Papel do Agente Fiscal, A Funo Social do Tributo e, Financiamentos para a Modernizao.

    O Captulo quatro discorre a metodologia e anlise de resultados atravs da aplicao de questionrio na busca de um diagnstico para consolidao do processo de pesquisa voltada a disseminao do programa e ao nvel de participao efetiva dos Colaboradores da rea fiscal na Secretaria da Receita Estadual do Amap.

  • 14

    1 O PROGRAMA DE EDUCAO FISCAL

    O cumprimento voluntrio das obrigaes tributrias assunto de interesse e preocupao para os entes da federao, pois tanto na esfera do governo federal, quanto nas esferas do estadual e municipal, tem-se observado uma evaso de receitas com efeitos danosos com respeito adequada aplicao dos recursos pblicos. Alm da complexidade das leis e quantidade de normas tributrias, h a questo de que o papel da Administrao, em especial a fazendria, no muito clara para alguns cidados, causando uma espcie de no conscientizao quanto aos seus deveres.

    Segundo Fleury (2004) preciso adquirir, usar, mobilizar, integrar, desenvolver e transferir conhecimentos, recursos, habilidades e experincias que agreguem valor organizao e valor social ao indivduo, isto porque para uma vida mais cidad, digna o homem precisa estar preparado e consciente dos aspectos legislativos negativos e positivos, possveis ou no de serem realizados.

    Entretanto, apesar do setor pblico ser diferente da empresa privada em sua atuao, no atual cenrio de mudanas onde ouvimos falar da sociedade da informao e do conhecimento, se nota o surgimento de uma sociedade mais esclarecida em alguns aspectos pontuais, tornando-se, assim, mais exigente, ao clamar por um tratamento preferencial direcionado aos seus direitos.

    No escopo de buscar a melhoria ou um sentido de qualidade a este tema, em maio de 1996, o Conselho Nacional de Poltica Fazendria CONFAZ, reunido em Fortaleza, registrou a importncia de um programa de conscincia tributria para despertar a prtica da cidadania na sociedade. Em setembro do mesmo ano, a implantao de um programa nacional permanente de conscientizao tributria passa a fazer parte do Convnio de Cooperao Tcnica entre Unio, Estados e Distrito Federal.

    Em Julho de 1999, devido abrangncia do Programa no se restringir apenas aos tributos, mas abordar tambm questes da alocao dos recursos pblicos arrecadados e da sua gesto, o CONFAZ, reunido na Paraba, aprova a alterao de sua denominao que passa a ser: Programa Nacional de Educao Fiscal- PNEF.

    De acordo com o Mdulo 1 do PNEF (2009, p.28), o Programa de Educao Fiscal tem como objetivo promover e institucionalizar a Educao Fiscal para o efetivo exerccio da cidadania.

  • 15

    Espera-se que a educao fiscal contribua para a formao de um cidado ativo e participativo, evidenciando populao a funo socioeconmica do tributo e a necessidade de uma maior participao nas decises do pas, a partir da compreenso da realidade social, da conscincia do interesse pblico e coletivo.

    Quanto s diretrizes que normatizam ou servem de orientao ao PNEF, esto concentradas primariamente no exerccio da cidadania, com a participao da sociedade nas questes tributrias, nas finanas e gastos pblicos, relativos s trs esferas de governo. A sua implementao de mbito nacional, segundo o Mdulo 1 do PNEF (2009, p. 28), dispe de execuo de planos estratgicos, programas e projetos, cujos resultados esperados e impactos desejados so monitorados e avaliados quantitativa e qualitativamente por sistema nacional e local.

    Certamente que o Programa por ser de natureza educacional e tributria, tem efetividade, em vista da educao ser de carter permanente e de sistema basilar nas diretrizes do ensino, regido pela legislao vigente com seus princpios e normas.

    1.1 Histrico local do Programa de Educao Fiscal

    No Estado do Amap, a partir da criao do Grupo de Educao Tributria Nacional, a Secretaria de Fazenda conjuntamente com a Secretaria de Educao, em 1998 constituiu o Grupo GETE, para o desenvolvimento de estratgias visando inserir nas escolas a Educao Tributria mediante contedo transversal.

    Somente em 26 de fevereiro de 1999, atravs do Decreto de n 0426, o Programa de Educao Tributria foi institucionalizado no Amap, dando incio ao seu processo de implementao.

    O Programa, hoje chamado de Educao Fiscal, est direcionado aos seguintes mdulos: I- Ensino Fundamental; II- Ensino Mdio; III- Secretarias de Estado; IV- Ensino Superior; V- Sociedade em geral.

  • 16

    Logo em sua origem, o Programa no Estado iniciou suas atividades atravs de pequenas aes de sensibilizao para a nova temtica, dentro de um projeto social, educacional e de gesto. Estas foram as seguintes:

    a) Reunies; b) Entrevistas; c) Teleconferncia; d) Seminrio; e) Confeco de materiais; f) Campanha publicitria; g) Entrevista em jornal local e rdios; h) Participao em eventos como feiras; seminrios; i) Sensibilizao dos diretores e tcnicos da Educao; j) Intercmbio nacional em Braslia; k) Palestras

    1.2 Estgio atual do Programa de Educao Fiscal no Amap

    De forma gradativa, atravs de capacitaes so formados docentes, tcnicos e demais servidores que contribuem para a consolidao da educao fiscal, atuando como disseminadores do Programa no Estado.

    As capacitaes so realizadas em duas modalidades: on-line e presencial.

    On-line

    O estudo na modalidade de Educao a Distncia fundamenta-se na capacidade que tem o aluno de organizar-se com autonomia diante das necessidades do processo de apropriao e domnio do contedo, direcionados por sua motivao, interesse pessoal e profissional.

    De acordo com a legislao educacional brasileira:

    [...] educao a distncia uma forma de ensino que possibilita a auto-aprendizagem, com a mediao de recursos didticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informao, utilizados

  • 17

    isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicao. (DECRETO 2.494,10/021998, ART.80/LDB LEI N. 9.394/96).

    O curso de Disseminadores de Educao Fiscal-DEF realizado a distncia atravs da Escola Superior de Administrao Fazendria/ESAF e coordenado pela Gerncia de Educao Fiscal, com carga horria de 160h/a, com o objetivo de ampliar a rede nacional de educadores que atuam nas escolas e na sociedade de modo geral.

    Presencial

    A partir dos 04 (quatro) Cadernos elaborados pela ESAF, so ministradas oficinas pedaggicas destinadas aos docentes e discentes da Rede de Ensino Pblica e Particular, cujo contedo ministrado pelos tcnicos e disseminadores do Programa, com carga horria de 20h/a.

    Atualmente a Gerncia de Educao Fiscal est ligada ao Gabinete da Secretaria da Receita Estadual, sua equipe composta por trs servidores, so eles:

    Raimundo Alberto Tavares Amoedo- Auditor Fiscal/ Coordenador e Gerente Geral do Programa, com dedicao exclusiva ao Programa;

    Waneza Barroso dos Santos - Pedagoga Coordenadora do Programa pela SEED, com dedicao exclusiva ao Programa;

    Risete Nascimento- Assessora Pedaggica, SEED, com dedicao exclusiva ao Programa.

    1.2.1 Quantitativo atingido pelo Programa de Educao Fiscal do Amap de 2000 a 2010.

    De acordo com dados fornecidos pela Gerncia de Educao Fiscal do Amap, durante o perodo de 2000 a 2010 o Programa de Educao Fiscal, atravs de cursos de capacitao on-line e presencial conseguiu atingir 1.179 pessoas, a saber:

    ) 832 (oitocentos e trinta e dois) Docentes; ) 22 (vinte e dois) Tcnicos Pedaggicos; ) 213 (duzentos e treze) Servidores pblicos no docentes; ) 112 (cento e doze) Acadmicos.

    A partir da capacitao realizada junto aos docentes foi possvel atingir 44.194 (quarenta e quatro mil e cento e noventa e quatro) alunos da rede pblica de ensino.

    As Instituies alcanadas pelo Programa esto quantificadas em: a) 122 (cento e vinte e duas) Unidades Escolares;

  • 18

    b) 25 (vinte e cinco) Secretarias de governo (federal estadual e municipal); c) 05 (cinco) Faculdades.

    Dos 16(dezesseis) Municpios do Estado do Amap, (sete) j foram atingidos, so eles: a) Macap; b) Santana; c) Ferreira Gomes; d) Porto Grande; e) Mazago; f) Serra do Navio; g) Oiapoque.

  • 19

    2 A EDUCAO FORMAL E A EDUCAO FISCAL

    2.1 Educao formal

    A educao passou a ser formal a partir do momento em que foi introduzida nas Instituies de ensino, atingindo assim todos os nveis de escolaridade de forma sistematizada.

    Sobre educao formal, Brando menciona que:

    A educao aparece sempre que surgem formas sociais de conduo e controle da aventura de ensinar-e-aprender. O ensino formal o momento em que a educao se sujeita pedagogia (a teoria da educao). Cria situaes prprias para o seu exerccio, produz os seus mtodos, estabelece suas regras e tempos, e constitui executores especializados. quando aparecem a escola, o aluno e o professor. (BRANDO, 2007, p. 26).

    A educao formal foi delegada escola, entendida como um servio ou uma tarefa social que ganha conotaes de transmisso de saberes, frmulas, padres de escrita, como ler, escrever, fazer contas e, o entendimento do mundo natural e do mundo mental. Dessa forma, a escola transforma conhecimentos em proposta curricular e os viabiliza em planos de aula.

    Brando (2007, p.71) apud Durkheim informa que a educao:

    a ao exercida pelas geraes adultas que no se encontram ainda preparadas para a vida social; tem por objeto suscitar e desenvolver na criana um certo nmero de estados fsicos, intelectuais e morais reclamados pela sociedade poltica no seu conjunto e pelo meio especial que a criana, particularmente, se destina.

    O aprender est ligado educao. Segundo Hilgard:

    Aprendizagem o processo pelo qual uma atividade tem origem ou modificada pela reao a uma situao encontrada , desde que as caractersticas de mudana de atividade no possam ser explicadas por tendncias inatas de respostas, maturao ou estados temporrios do organismo (por exemplo, fadiga, drogas etc.). (HILGARD, 1966, p.3)

    Na realidade, a educao liga-se ao ato de aprender, pois sempre pressupe uma relao com outra pessoa - a que ensina - o professor. Sempre se aprende com algum. O valor da relao entre um professor e seu aluno, no est somente na informao que transmitida de um para outro, mas tambm nas relaes afetivas estabelecidas entre eles.

  • 20

    Essa aprendizagem comea ao nascer ou at antes, na formao do beb no tero. Brando (2002, p.02) apud Campos considera que:

    [...] os bebs, por exemplo, sentem necessidade de aprender e esta aprendizagem iniciada desde a mais tenra idade, objetiva socializar o indivduo na sociedade por meio do ensino de hbitos, costumes e valores convencionados de forma consensual pela coletividade.

    O indivduo no para de aprender ao concluir os estudos escolares. O aproveitamento destes estudos, porm, depende em grande parte da habilidade em saber desenvolver sua faculdade de raciocnio.

    Referente a esta questo no PNEF apud Demo (2000) consubstancia que o sentido de aprender a profunda competncia de desenhar o destino prprio, de inventar um sujeito crtico e criativo, dentro das circunstncias dadas e sempre com sentido solidrio.

    O ato de aprender pode ser concebido fora da sala de aula, em espaos alternativos atravs de pesquisas . Certamente que a velocidade da informao atravs do espao virtual um exemplo disso, provocando certa reflexo crtica no leitor/usurio, induzindo ao.

    Brando diz que: Vista em seu vo mais livre, a educao uma frao da experincia endoculturativa. Ela aparece sempre que h relaes entre pessoas e intenes de ensinar-e-aprender. Intenes, por exemplo, de aos poucos "modelar" a criana, para conduzi-Ia a ser o "modelo" social de adolescente e, ao adolescente, para torn-lo mais adiante um jovem e, depois, um adulto. (BRANDO 2007, p. 24).

    Ao que concerne educao formal, a Constituio de 1988 colaborou no sentido de promover mudanas para solucionar o padro de desigualdade do sistema escolar, tentando remover tendncias de excluso e injustias sociais.

    guisa de exemplo, o princpio estabelecido pela Constituio Federal de acesso ao ensino fundamental, segundo o Art. 208, inciso I, reza que a educao fundamental obrigatria gratuita, assegurada, inclusive, sua oferta gratuita, para todos os que a ele no tiveram acesso na idade prpria .

    Este princpio envolve vrias questes que trata de um elemento primordial na vida das pessoas, sendo fator de mudanas, um caminho para superar crises, a chave para o desenvolvimento, e apesar de ser associada quase sempre ao fator escola deve ter a participao da sociedade para um alcance efetivo de seus objetivos.

  • 21

    2.2 Educao Fiscal

    Com a chamada sociedade do conhecimento, a humanidade comea a vislumbrar a existncia de novos espaos e de mudanas. O conhecer se alarga por novos horizontes que ultrapassam a sala de aula. Percebe-se a necessidade de uma atuao diferenciada e significativa.

    Nesse contexto, a educao fiscal surge como projeto socioeducativo fundamentado na tica e cidadania visando conscientizao da funo tributria no sentido econmico ligado s receitas e no sentido social, quando o produto dessas receitas se revertem em servios prestados sociedade educao, segurana, sade, saneamento etc.- que prerrogativa de todo cidado.

    Conceitualmente, para Buti e Batista (2008, p.11) pode-se afirmar que Educao Fiscal um processo de sensibilizao, informao sociedade na percepo do tributo que assegura o desenvolvimento econmico e social, conscientizando o indivduo sobre as questes fiscais.

    A Educao Fiscal stricto sensu:

    [...] deve ser compreendida como a abordagem didtico-pedaggica capaz de interpretar as vertentes financeiras da arrecadao e dos gastos pblicos de modo a estimular o contribuinte a garantir a arrecadao e o acompanhamento de aplicao dos recursos arrecadados em benefcio da sociedade, com justia, transparncia, honestidade e eficincia, minimizando o conflito de relao entre o cidado contribuinte e o Estado arrecadador (PNEF, 2009, p.52).

    Nesse sentido estrito, o PNEF alcana um sentido tcnico atravs da metodologia educacional, numa interpretao fiscal (arrecadao) e de finanas pblicas (gastos), com contedo sociolgico na finalidade de atingir o objetivo, que implantar uma conscincia cidad e disseminar conhecimentos.

    2.3 Cidadania e tica: princpios fundamentais na Educao Fiscal

    Partindo do pressuposto de que conscincia tributria resultante do amadurecimento de cidadania e, portanto, precisa ser cultivada, Covre (1999) aborda um sentido holstico ao conhecimento da realidade quanto ao papel do homem.

    Para Covre, ser cidado consiste em:

  • 22

    [...] ser o sujeito, que tendo direito vida no sentido pleno, procura constru-la coletivamente, no s em termos de necessidades bsicas, mas de acesso a todos o nveis de existncia, incluindo o mais abrangente, o papel do homem no universo. (COVRE, 1999, p.11).

    Assim, a cidadania em sua plenitude envolve valores que abrangem a participao do individuo na construo de um pas, transformando a cidadania em uma via de mo dupla, estabelecendo a relao do cidado com a sociedade.

    A busca pela cidadania efetiva um dos pilares do Programa de Educao Fiscal, que visa por meio do processo educativo a conscientizao do sujeito para a ocupao de seu lugar como agente transformador da realidade, aproximando o cidado da administrao pblica e incentivando o exerccio do controle social. A educao fiscal deseja que o cidado adote uma nova postura diante do Estado, que exera sua cidadania participando continuamente das decises e da elaborao de polticas pblicas voltadas para o benefcio da coletividade, fiscalizando de forma permanente a aplicao dos recursos pblicos, favorecendo desta forma a melhoria da relao cidado e Estado.

    O homem como ser social no consegue viver isoladamente, necessita de seus pares para auto afirmar-se no meio no qual est inserido, este convvio exige a imposio de regras e valores sustentados em uma idia de moral que deve ser seguida por todos os membros de uma sociedade para que haja o equilbrio e harmonia na convivncia diria. Desta forma, a deliberao de aes tanto individuais como direcionadas a um grupo tendem a depender do que o indivduo apreendeu do que sejam valores e costumes por ele adotado, ou melhor, do que vem ou no ser tico, conforme ressalta Singer (2002):

    Precisamos tomar nossa prpria deciso. As crenas e costumes sob os quais nos criaram podem exercer uma influencia sobre ns, mas quando comeamos a refletir sobre eles podemos nos decidir a acat-los ou agir sua revelia. (SINGER, 2002, p.29).

    De acordo com SINGER (2002), tica deve ser uma atitude reflexiva de vida, para ele no existe tica fora da prtica, a tica se d em um permanente processo de aprendizagem que facilitar o engrandecimento das relaes humanas.

    A educao fiscal aliada prtica da cidadania visa favorecer a reflexo em busca do exerccio efetivo da tica em nosso cotidiano. As aes desenvolvidas no cerne das unidades escolares por meio de projetos pedaggicos trazem tona o exerccio de pequenas atitudes fundamentais para a formao humana do cidado. Tomamos como exemplos conservao

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    do patrimnio escolar, o respeito mtuo, a valorizao do prximo, a idia de coletividade, solidariedade e companheirismo, que quando trabalhadas de maneira correta despertam tanto na criana, adolescente ou jovem o interesse em fazer-se til e importante para o meio no qual est inserido.

    Este sentimento de importncia traz conseqentemente a idia de responsabilidade social, agua a reflexo a respeito do mundo que o cerca, fazendo-o perceber que a evoluo de sua cidade, estado ou pas tambm depende indiretamente de suas aes, e que h necessidade do respeito s regras que coordenam sua relao com o mundo exterior, o que far que o mesmo ultrapasse o estado de coisa e perceba-se como pessoa, amenizando o processo de dilacerao da conscincia da importncia e necessidade do outro para sua sobrevivncia.

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    3 A ADMINISTRAO FAZENDRIA ESTADUAL

    A estrutura organizacional do Estado dividida em trs Poderes, sendo eles Executivo, Legislativo e Judicirio e, em trs nveis, Unio, Estados e Municpios. As funes tpicas de governo de acordo com o PNEF (2003) so classificadas em:

    Funo alocativa: cabe ao governo prover bens e servios pblicos necessrios coletividade, pois como esses bens e servios so indivisveis e no podem ser negados aos que por eles no pagam, no so oferecidos adequadamente pelo mercado. Assim, ar puro, justia, segurana devem ser fornecidos pelo Estado. Funo distributiva: o governo deve estar atento s questes de distribuio de renda da coletividade, j que a ausncia dessa poltica leva o mercado a concentrar a renda. Funo estabilizadora: a poltica fiscal deve ser formulada de maneira a alcanar elevado nvel de emprego e manter a estabilidade de preos. (BRASIL,2003, p.06).

    Os governos tm as suas Secretarias como representantes em suas funes em nvel federal, estadual e municipal. Por exemplo, nos demais estados brasileiros existe a Secretaria de Fazenda - SEFAZ, responsvel pela cobrana dos tributos e a aplicao dessa receita em benefcio da sociedade atravs de servios prestados, como educao, segurana, saneamento e outros.

    3.1 Secretaria da Receita Estadual

    3.1.1 Histrico

    A Secretaria da Receita Estadual do Amap, (ex-Secretaria de Fazenda), empresa pblica, criada pela Lei n 0338 de 16 de abril de 1997, passou de Diretoria de Administrao Tributria para Secretaria da Receita Estadual com a criao da nova estrutura, em janeiro de 2005, segundo o Decreto 0027 de 03 de janeiro de 2005, que regulamenta o artigo 34 da Lei 0811/04.

    Sendo rgo central do sistema de administrao financeira, no verbete apresentao em seu site virtual http://www.sefaz.ap.gov.br/sre/institucional, tem por competncia planejar, executar, acompanhar e avaliar a poltica tributria do Estado do Amap, dirigir, superintender, orientar e coordenar as atividades de tributao, arrecadao e fiscalizao a partir das atribuies de sua responsabilidade.

    O rgo trata da formulao da poltica econmica, tributria, fiscal e financeira do estado; o controle da arrecadao dos tributos, taxas e contribuio de melhoria; a previso da

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    receita; a instituio de mecanismos para a obteno de recursos financeiros de origem tributria; a contabilidade financeira oramentria e patrimonial, o crdito e a dvida pblica estadual; a programao financeira de elaborao de normas e procedimentos para execuo do sistema financeiro aplicveis s unidades setoriais do governo; bem como apoiar e supervisionar as atividades pelas suas entidades vinculadas.

    Seu negcio a administrao das polticas das receitas pblicas. Subordinada Secretaria Especial de Desenvolvimento da Gesto do Estado do Amap, tem a misso de administrar as Receitas Pblicas e a Poltica Tributria do Estado, de forma dinmica, moderna, eficaz e justa visando garantir os recursos para promover o desenvolvimento com justia fiscal, tendo por competncia, em consonncia com o disposto no art. 9 e no art. 34 da Lei n 0811, de 20 de fevereiro de 2004.

    Tambm promover o intercmbio e a parceria com as instituies pblicas e privadas, rgos e entidades sociais, por meio de convnios, termos de acordo, com o fim de intercambiar experincias, realizar estudos, pesquisas, diagnsticos, formular polticas tributrias e demais atividades inerentes a sua misso institucional.

    Ainda em seu site institucional, a Secretaria tem como misso captar recursos financeiros para atender demanda da sociedade. Isto porque se trata de prover e gerir os recursos financeiros necessrios implementao das polticas pblicas do Estado. Portanto, o seu negcio o desenvolvimento organizacional e o relacionamento com clientes, superando as suas expectativas, com qualidade e inovao.

    Quanto viso : Querer ser reconhecido como a unidade que empenha em promover a excelncia em servios a nossos clientes.

    Seus valores so:

    a) tica: Conduta pautada nos princpios da administrao pblica: legalidade, impessoalidade, moralidade, probidade e eficincia.

    b) Transparncia: Permitir o pleno conhecimento dos recursos pblicos sociedade.

    c) Comprometimento: Envolvimento da equipe no cumprimento da misso. d) Determinao: Persistir na busca dos resultados. e) Qualidade: Prestao de servios que resultem na satisfao do cliente e

    Respeito: Valorizar o ser humano.

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    A estrutura organizacional bsica da Secretaria da Receita Estadual est dividida em Direo superior, Unidades de assessoramento e Unidades de execuo programtica.

    A administrao tributria constitui um suporte ao funcionamento do Estado ou indispensvel sua sobrevivncia em intrnseco relacionamento.

    3.2 Crimes contra a Ordem Tributria fiscalizados pela Secretaria da Receita Estadual.

    Todo rgo possui seus regulamentos, regimentos e cdigos de tica. No Cdigo Penal h previso para conduta lesiva ao tesouro pblico, preveno e punio.

    O Cdigo Penal em seu art.18, I, trata do dolo e estabelece que o crime se diz doloso quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo .

    Se a lei define um tipo penal e nada estabelece quanto aos aspectos subjetivos do tipo respectivo, esse crime s estar configurado se a conduta descrita em seu tipo ocorrer de forma dolosa.

    Machado (2009) diz que:

    O dolo a forma mais grave de culpabilidade, ou de culpa em sentido amplo. Consiste na vontade consciente de praticar a ao ou a omisso ilcita. Em outras palavras, o dolo a vontade dirigida para o resultado ilcito. (MACHADO, 2009, p. 68).

    o que ocorre com os crimes contra a ordem tributria, previsto na lei n 8 137, de 27 de dezembro de 1990, que no se reporta a nenhum tipo de crime culposo. Todo crime contra a ordem tributria somente se caracteriza quando se trata de conduta dolosa.

    Uma forma de desviar ou retratar o ingresso dos tributos ao Fisco a Sonegao Fiscal, que um ato ilegal, injusto e nocivo, criando a desigualdade social, no respeitando a capacidade contributiva e os direitos do cidado, atentando contra o interesse pblico, e impedindo a realizao do bem comum. LEI n. 4.729 de 1965 (Machado, 2009, p.114-115) versando sobre o crime de sonegao fiscal, discorre o seguinte:

    Art. 1. Constitui crime de sonegao fiscal: I - prestar declarao falsa ou omitir, total ou parcialmente, informao que deva ser produzida a agentes das pessoas jurdicas de direito pblico interno, com a inteno de eximir-se, total ou parcialmente, do pagamento de tributos, taxas e quaisquer adicionais devidos por lei; II - inserir elementos inexatos ou omitir, rendimentos ou operaes de qualquer natureza em documentos ou livros exigidos pelas leis fiscais, com a inteno de exonerar-se do pagamento de tributos devidos Fazenda Pblica;

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    III - alterar faturas e quaisquer documentos relativos a operaes mercantis com o propsito de fraudar a Fazenda Pblica; IV- fornecer ou emitir documentos graciosos ou alterar despesas, majorando-as, com o objetivo de obter deduo de tributos devidos Fazenda Pblica, sem prejuzo das sanes administrativas cabveis; V - exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte beneficirio da paga, qualquer percentagem sobre a parcela dedutvel ou deduzida do Imposto sobre a Renda como incentivo fiscal. LEI n. 4.729 (Machado, 2009).

    As figuras inseridas nos arts. 1. e 2. so praticadas pelo particular contra o Fisco. J as figuras do art. 3. exigem sujeito ativo com qualidade especial, ou seja, s podem ser cometidas por funcionrios pblicos (crime funcional):

    Art. 3. Constitui crime funcional contra a ordem tributria, alm dos previstos no Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Cdigo Penal (Ttulo XI, Captulo I): I - extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer documento, de que tenha a guarda em razo da funo; soneg-lo, ou inutiliz-lo, total ou parcialmente, acarretando pagamento indevido ou inexato de tributo ou contribuio social; II - exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da funo, ou antes, de iniciar seu exerccio, mas em razo dela, vantagem indevida; ou aceitar promessa de tal vantagem, para deixar de lanar ou cobrar tributo ou contribuio social, ou cobr-los parcialmente. Pena - recluso, de 3 (trs) a 8 (oito) anos, e multa. III - patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administrao fazendria, valendo-se da qualidade de funcionrio pblico. Pena - recluso, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. LEI n 5.569 de 1969 (MACHADO, 2009).

    Nem sempre qualquer pagamento a menor de imposto sonegao. Deve-se distinguir a falta de pagamento -inadimplncia fiscal- do ato de sonegar, que a inteno deliberada de fraudar a apurao do imposto devido. Existe diferena entre e sonegao e eliso fiscal, tambm chamada de planejamento tributrio.

    A eliso ato lcito enquanto a sonegao ilcito. Ocorre fraude fiscal quando o contribuinte realiza atos ou negcios jurdicos tendo em vista, por um lado, fugir ao pagamento dos tributos ou, por outro, a obteno de proveitos fiscais, usando para esses fins meios fraudulentos.

    J a evaso ocorre aps verificado o fato tributrio ou gerador do imposto, se identifica um comportamento ilegal visando o no pagamento do imposto devido.

    Neste sentido, encontramos em ementa publicada nos Tribunais administrativos- fiscais, a distino de fraude e evaso com caracteres distintivos que no se confundem.

    Se os atos praticados pelo contribuinte, para evitar, retardar ou reduzir o pagamento de um tributo, foram praticados antes da ocorrncia do respectivo fato gerador,

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    trata-se de evaso; se praticados depois, ocorre fraude fiscal. E isto porque, se o contribuinte agiu antes de ocorrer o fato gerador, a obrigao tributria especfica ainda no tinha surgido, e, por conseguinte, o fisco nada poder objetar se um determinado contribuinte consegue, por meios lcitos, evitar a ocorrncia de fato gerador. Ao contrrio, se o contribuinte agiu depois da ocorrncia do fato gerador, j tendo, portanto, surgido a obrigao tributria especfica, qualquer atividade que desenvolva ainda que por meios lcitos s poder visar modificao ou ocultao de uma situao jurdica j concretizada a favor do fisco, que poder ento legitimamente objetar contra essa violao de seu direito adquirido, mesmo que a obrigao ainda no esteja individualizada contra o contribuinte pelo lanamento, de vez que este meramente declaratrio (DISPONVEL EM: http://www.portaltributario.com.br/noticias/conceitode_sonegacao.htm).

    Machado (2009) mencionando a corrupo na atividade de fiscalizao tributria menciona que:

    [...] no constitui novidade a afirmao de que muito grande a corrupo na atividade de Administrao Tributria. Alis, talvez esta seja uma das razes pelas quais a atividade humana tem sido substituda por procedimentos informatizados. Os computadores certamente no se deixam corromper. Mas so incapazes de resolver certas dificuldades porque no so inteligentes. (MACHADO, 2009, p. 217-218).

    O autor considera que a criminalizao do ilcito tributrio torna maior o mal que o agente do fisco pode causar ao contribuinte e, assim, enseja a cobrana de propina de montante mais elevado para faz-lo desconsiderar irregularidades eventualmente constatadas.

    3.3 O Papel do Agente Fiscal na Secretaria da Receita Estadual

    O representante do Estado fiscal ou auditor - fiscaliza, tributa e arrecada. um agente pblico, bem capacitado e treinado para a funo, que tem o direito e o dever de exerc-la, devendo ser tratado com dignidade e respeito, dando o mesmo tratamento ao contribuinte.

    Compete-lhe exercer, privativamente, a fiscalizao direta dos tributos estaduais e as funes relacionadas com a coordenadoria, direo, chefia, assessoramento, assistncia, planejamento de ao fiscal, consultoria e orientao tributria, representao e participao junto a rgos julgadores, bem como outras atividades ou funes que venham a ser criadas. O que o Fisco? O termo refere-se, em geral, ao Estado enquanto gestor do Tesouro pblico, no que diz respeito a questes relacionadas com atividades financeiras, tributrias, econmicas e patrimoniais.

    Segundo o Cdigo Tributrio Nacional CTN:

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    O termo fiscalizao, no sentido empregado pelo artigo 196 do CTN, refere-se s formalidades a serem observadas pela autoridade administrativa na abertura do procedimento de investigao, no exerccio do Poder de Polcia Fiscal. (CDIGO TRIBUTRIO NACIONAL CTN )

    Em sentido amplo, a Administrao Tributria pratica a fiscalizao constante das informaes prestadas pelos contribuintes. Desde o momento em que o administrado requer a inscrio, alterao no cadastro, certido negativa, emisso de nota fiscal avulsa, ou outros servios, dever da repartio da fazenda verificar se o particular est em dia com as obrigaes tributrias. As aes no mbito interno, que tenham por objetivo o controle do cumprimento das obrigaes, podem ser efetuadas tanto por fiscais, quanto por tcnicos fazendrios estes ltimos nos limites de sua competncia legal, j que no so investidos do Poder de Polcia Fiscal.

    O Imposto sobre operaes relativas circulao de mercadorias e sobre prestaes de servios de transporte interestadual, intermunicipal e de comunicao (ainda que as operaes e as prestaes se iniciem no exterior), o principal imposto cobrado pela administrao fazendria do Estado.

    Essa competncia para instituir e cobrar o ICMS pertence aos 26 (vinte e seis) Estados e ao Distrito Federal. Cada uma dessas Unidades Federativas, com base nas suas respectivas Leis Bsicas, aprova os seus Regulamentos do ICMS, onde ficam consolidadas todas as regras gerais e especficas, relacionadas com o clculo (alquotas e base de clculo), os benefcios fiscais aplicveis (como hipteses de no incidncia, iseno, reduo da base de clculo, diferimento e suspenso) e recolhimento do imposto (forma e prazos), bem como com a obrigatoriedade do cumprimento de inmeras obrigaes acessrias, sejam estas pertinentes emisso de documentos fiscais (Notas, Cupons Fiscais e Conhecimentos de Transporte e outros), ou escriturao de livros ou entrega de formulrios, em atendimento ao cumprimento de exigncias feitas pelas Fiscalizaes.

    No Regulamento do ICMS encontram-se regras definidoras das multas a que se submetem as empresas em casos de lavratura de Autos de Infrao por parte dos Agentes Fiscalizadores do tributo.

    Essas regras, aprovadas por decretos expedidos pelos Poderes Executivos dos Estados e do Distrito Federal, so, permanentemente, objeto de alteraes, acrscimos e revogaes de seus artigos, os quais so publicados nos respectivos Dirios Oficiais de cada Unidade Federativa.

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    As funes fazendrias no so apenas fiscalizar, apesar de essa ser a atividade principal do Fisco. A direo superior envolve o cargo de secretrio da receita, chefia de gabinete e conselho de recursos. As unidades de assessoramento so assessoria de desenvolvimento institucional - ADINS, Junta de primeira instncia, corregedoria e assessoria jurdica. A unidade de execuo programtica envolve a coordenadoria de tributao, coordenadoria de arrecadao, coordenadoria de fiscalizao e de atendimento.

    Muito tempo antes de o programa surgir, o Fisco exercia uma funo coercitiva de punir, multar e no de educar, ou esclarecer o universo do contribuinte para a funo social do tributo e nem para a transparncia do gasto pblico.

    A educao fiscal procura incentivar as pessoas a compreenderem no s a importncia de cumprirem com suas obrigaes tributrias, mas tambm a de acompanharem a aplicao e gesto dos recursos pblicos pelo governo.

    Barbosa (2001) acrescenta que:

    Numa democracia, a convivncia cotidiana entre o Estado e a sociedade civil necessita de transparncia, de forma que o dilogo institucional entre ambos se baseie no acesso por parte dos cidados s informaes e aos dados referentes s aes pblicas estatais. Logo, deve haver o comprometimento incondicional do Estado em manter sempre aberto o acesso a seus bancos de dados e s informaes gerenciais para as pessoas comuns, as instituies, as ONGs, as associaes, as entidades de classe etc. A cobrana sobre o governo ser mais eficaz se houver livre acesso s informaes gerenciais do Estado por parte da sociedade civil. Desta forma, quanto mais bem informada a populao, mais condies de exercer efetivo controle social em relao aos gestores pblicos. Claro que tambm preciso ressaltar que tipo de informao est sendo disponibilizada, a sua qualidade e, sobretudo, se a sociedade civil est preparada para us-la eficazmente e se o Estado tem mesmo capacidade para produzir informaes de qualidade. Logo, no se trata apenas de abrir o acesso s informaes. (BARBOSA ,2001, p. 17).

    Nesta funo de sensibilizar para a funo scio-econmica do tributo, o aspecto econmico refere-se otimizao da receita pblica e o aspecto social diz respeito aplicao dos recursos em benefcio da populao.

    3.4 Funo Social do Tributo

    A atividade estatal tem um custo viabilizado atravs da captao de recursos. Para a captao dos mesmos, o Estado lana mo de diversos meios como cobrana de tributos, imposio de multas, confisco de bens, doaes, explorao do patrimnio nacional, venda de bens e servios. As receitas tributrias devem ser utilizadas para a promoo do bem comum.

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    Segundo o Caderno 3 do PNEF (2009, p.3): a funo Social dos Tributos destaca a importncia do tributo na atividade financeira do Estado para a manuteno das polticas pblicas e melhoria das condies de vida do cidado.

    Nesse contexto, imprescindvel que o cidado compreenda o papel do Estado, seu financiamento e sua funo social, o que lhe proporcionar o domnio dos instrumentos de participao popular e controle do gasto pblico (idem, p. 24).

    Se o Estado falhar no seu papel de promotor do bem comum, na sua funo tpica de governo quanto alocao de recursos sociedade, estar incorrendo na injustia e desigualdade social.

    3.5 Financiamentos para Modernizao 3.5.1 PNAFE

    Anos atrs, as administraes fazendrias para desenvolver alguns projetos e programas, contavam com o PNAFE, que era o Programa Nacional de Apoio Administrao Fiscal para os Estados brasileiros. Este tinha como objetivo principal dotar a Secretaria da Fazenda - hoje Secretaria da Receita Estadual - de condies tcnicas, instrumentais e de instalaes suficientes para o desenvolvimento de uma poltica fiscal transparente, que priorizasse a eficincia da receita tributria, a qualidade dos gastos pblicos e a conscincia do contribuinte de que pagamento do imposto implica em exerccio da cidadania.

    A Unidade de Coordenao de Programas UCP, em nvel federal e as Unidades de Coordenao Estadual, as UCEs nos estados eram os responsveis pelo desenvolvimento do programas atravs de seus coordenadores. Suas atribuies eram:

    a) Apoiar os Estados na elaborao e execuo dos Projetos; b) Certificar a elegibilidade dos Estados para participar do Programa e dos Projetos a serem

    financiados com recursos do Programa; c) Coordenar a formalizao dos contratos entre os Estados e o Agente Financeiro do Programa; d) Aprovar a Programao de Desembolso do Programa; e) Fomentar e coordenar as propostas de integrao dos Projetos em nvel estadual e nacional; f) Fomentar o intercmbio de informaes e experincias entre os Projetos em mbito nacional e

    internacional; e

    g) Coordenar os procedimentos de aprovao, execuo e avaliao dos projetos no mbito do Programa.

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    Na Pesquisa de Opinio e Objetos de comprovao para os Coordenadores, quando perguntado sobre os principais objetivos que o Projeto pretendeu alcanar, temos a seguinte resposta:

    O PNAFE/PROFAZ implantado no Amap para modernizar a Administrao Tributria pretendeu atingir dois grandes objetivos bsicos. O primeiro, na rea Tributria, visava dotar a Secretaria de Estado da Fazenda - SEFAZ de instrumentos que possibilitassem modernizar e fortalecer a Administrao Tributria do Estado com a implantao de uma infra-estrutura que assegurasse o incremento sustentvel da arrecadao tributria, dando nfase no ICMS, tributo mais relevante. O segundo, na rea Financeira, consistia em dotar a Administrao Financeira da SEFAZ de instrumento de modernizao e fortalecimento da Administrao Financeira do Estado, atravs de seus Departamentos Financeiro e de Contabilidade, visando a transparncia de suas aes e oferecer melhores servios a coletividade (BENEDITO PAULO DE SOUZA, COORDENADOR GERAL, OFC. CIRC, NO 007-2005/UCP-SE-MF DE BRASLIA, 20/05/2005).

    A prioridade que a modernizao do Estado buscou atender dizia respeito : gesto, tecnologia de informaes, equipamentos de informtica, processos de trabalho, capacitao, atendimento ao pblico, estrutura organizacional, infra-estrutura fsica, remunerao dos funcionrios etc.

    O programa que foi implantado no pas desde 1997, foi encerrado no final de 2005. Durante um ano antes do trmino, foi discutido com os Estados a questo da sustentabilidade da modernizao. Para o sub-coordenador do PNAFE, Evandro Ferreira:

    A gesto do conhecimento, a comunicao interna, a formao de consultores internos, por exemplo, que vo garantir o processo real de modernizao contnua, porque s o fundo ( como o Mato Grosso do Sul, ou esto colocando a continuidade das aes do Programa no Oramento) no garante nada. Essas atividades que modificam a cultura organizacional que ser sustentada pelo fundo.( EVANDRO FERREIRA, PNAFE, 2005)

    Depois foram pleiteados outros financiamentos, desta vez so financiamentos tanto internos (BNDES) como externos (BID) para a modernizao de toda a estrutura organizacional da SRE.

    Especificamente a operao de crdito junto ao BID pleiteia o total de $ 7.000.000,00(sete milhes de dlares americanos), atendendo s necessidades de todas as reas, como administrao tributria, planejamento estratgico, fruns nacionais, contencioso administrativo, arrecadao, fiscalizao, tecnologia da informao etc.

    Foram destinadas 02 (duas) campanhas de educao fiscal de alcance estadual no valor de R$ 368.000,00 (Trezentos e sessenta e oito mil reais). Sendo discutido com todas as

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    unidades as respectivas necessidades, muitos pontos foram delineados na ocasio da definio de produtos, equipamentos e materiais. Entretanto, algo visvel que na realidade 02 (duas) campanhas so apenas aes que j deviam vir permeando o programa desde sempre, como foi no incio de sua implementao quando contava com os recursos do PNAFE. um ato contnuo do fazer, pois toda educao permanente.

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    4 APRESENTAO E ANLISE DOS RESULTADOS

    4.1 Metodologia

    O que se buscou com esse trabalho quando se pensou no tema, foi identificar os entraves para o crescimento da educao fiscal no estado do Amap e na assimilao do Programa dentro da Receita Estadual. Por esse motivo lanamos como premissa para anlise os possveis impedimentos ao desenvolvimento da educao fiscal e a possibilidade de o colaborador fazendrio apoiar ou no o Programa de Educao Fiscal no seu ambiente de trabalho, assim como identificar entraves na aceitao ou envolvimento destes no programa.

    Tendo em vista o exposto, o tema escolhido para elaborao da monografia foi A

    Educao Fiscal e os Colaboradores da rea Fiscal na Secretaria da Receita Estadual do Amap, cuja problemtica se refere ao desenvolvimento da educao fiscal no Estado e participao efetiva dos Colaboradores da rea fiscal no programa estadual do Amap. Tal pressuposto consubstanciado na verificao das aes desenvolvidas pelo Programa de Educao Fiscal no Estado PEFE, no sentido de dissemin-lo dentro e fora da Secretaria.

    Pretende-se oferecer subsdios atravs dos resultados das pesquisas tabuladas e analisadas, que sero posteriormente encaminhadas ao Grupo de Educao Fiscal, para que a equipe possa trabalhar em aes pr-ativas e minimizadoras da problemtica aqui evidenciada.

    A execuo do projeto tornou-se possvel dentro da Secretaria da Receita Estadual, por esta ser a sede onde o Grupo de Educao Fiscal est instalado fisicamente, na qual foram realizadas vrias atividades em relao temtica, dentre elas palestras, seminrios, e diversos projetos direcionados a sensibilizao dos colaboradores, alm da realizao semestral do curso de Disseminadores de Educao Fiscal.

    Vale ressaltar ainda, que se somam como incentivo realizao deste trabalho o apoio recebido do Grupo de Educao Fiscal e do prprio gestor da instituio campo de pesquisa.

    A pesquisa utilizou a abordagem qualiquanti e entrevista no estruturada, de modo sucinto, onde percebi posicionamentos e opinies acerca do envolvimento dos agentes no programa. Tambm houve fundamentao em referencial bibliogrfico conforme teorias sobre o tema, no sentido de conhecer experincias vivenciadas por autores que j discorreram sobre o assunto.

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    Os sujeitos da pesquisa foram os colaboradores fiscais da SRE, Auditores Fiscais e Fiscais de Tributos Estaduais, por pertenceram Secretaria da Receita Estadual, rgo representante do Estado arrecadador de tributos e que coordena o Programa em nvel estadual. E justamente nesse contexto, que torna-se fundamental a discusso do tema Educao Fiscal, que visa conscientizao da sociedade quanto funo do Estado de arrecadar impostos e ao dever do cidado contribuinte de pagar tributo.

    O local da pesquisa foi a Secretaria da Receita Estadual no municpio de Macap no Estado do Amap, por meio de um estudo de caso via pesquisa de campo qualiquantitativa atravs de um questionrio aplicado a 10 (dez) colaboradores fiscais com 11 (onze) perguntas fechadas de mltipla escolha, no sentido de verificar o desenvolvimento da educao fiscal e o envolvimento destes no Programa, uma vez que o total de agentes perfaz o nmero de 143 (cento e quarenta e trs). Foram entregues 25 (vinte e cinco) questionrios, entretanto, apenas 10 (dez) foram respondidos. Para o primeiro contato, se fez a seleo das pessoas para o preenchimento do questionrio, o que foi uma tarefa difcil. A dificuldade em encontrar os respondentes se deve ao fato de que realizam fiscalizaes externas, comparecendo algumas vezes Secretaria, e outros trabalham em Postos Fiscais de Atendimento localizados fora da rea urbana, no Kilmetro 09, no municpio de Santana, Igarap da Fortaleza etc. Ao mesmo tempo fiz uma espcie de entrevista sucinta para embasar mais o trabalho na realizao da anlise dos dados.

    4.2 ANLISE DOS DADOS

    Foi realizada a coleta dos dados, com as respostas das questes fechadas e tabuladas a fim de chegar a um diagnstico das opinies dos colaboradores quanto ao conceito de educao fiscal, sua relevncia, perspectiva de trazer um futuro promissor ao Estado, a importncia e a participao nas aes do Programa pela Secretaria, O curso de Disseminadores em Educao Fiscal e a necessidade de financiamento bancrio para captao de recursos para a modernizao das reas da SRE (especificamente relacionado ao PEFE).

    Para fins de anlise, os dados foram organizados por categoria, a saber: a) Percepo dos colaboradores da SRE quanto aos objetivos do PNEF; b) Importncia das aes do PNEF desenvolvidas na sociedade; c) Quanto ao Curso de Disseminadores de Educao Fiscal;

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    d) Importncia das aes do PNEF desenvolvidas na Secretaria da Receita Estadual;

    e) Necessidade de financiamento bancrio para captao de recursos para a melhoria do Programa na Secretaria da Receita Estadual.

    Percepo dos colaboradores da SRE quanto aos objetivos do PNEF Tabela 01

    SO OBJETIVOS DO PROGRAMA NACIONAL DE EDUCAO FISCAL N de votos

    Instruir os cidados para atuar ativamente em sociedade de forma consciente. 5

    Melhorar a arrecadao, minimizando as sonegaes. 3

    Formar profissionais da educao para disseminar no sistema de ensino o Prog. Nac. de Ed. Fiscal 5

    Tornar os cidados mais crticos e conscientes de seus direitos e deveres, preparando-os para o exerccio pleno da democracia 7

    Disseminar a tica, moral, diminuindo a corrupo no pas. 1

    Disseminar conhecimentos sobre os tipos impostos e a importncia social

    destes. 7

    Referente percepo dos colaboradores, nota-se que a maioria 7 (sete) entende o fundamento de cidadania inserido no programa, e a questo do conhecimento tributrio e sua funo social. Cinco citam a formao do educador e outro cinco, o desenvolvimento da conscincia atuante. Trs citam a melhoria da arrecadao e minimizao da sonegao. Apenas 1(um) respondente cita a disseminao da tica, moral e diminuio da corrupo, dizendo que esse valor deve sempre existir independente do rgo governamental, seja sade, fazenda, etc. essencial para que o trabalho realizado seja feito sem mcula. E esse valor devia nortear a conduta de cada cidado no s na vida profissional, mas na sua relao com a sociedade. Na rea fiscal importante e imprescindvel que todo colaborador tenha a tica como princpio, embora s um dos colaboradores identificaram a importncia do tpico. De acordo com Mayer (1976) pensar antes de agir e o analisar as consequncias dos seus atos para si mesmo e para com os outros exercer o ser tico.

  • 37

    No basta o cidado ser crtico e consciente, pois necessrio ter moral e tica nas aes dirias, atuar comprometendo-se seriamente tendo como premissas reivindicar seus direitos, assim como cumprir seus deveres. Assim, pagar os impostos corretamente, saber como agir para evitar a sonegao, pedindo nota fiscal, por exemplo, conhecendo o destino dos recursos, como cobrar o correto e efetivo uso dos tributos no pas, ou seja, no ser omisso ou conivente com qualquer irregularidade so premissas a eficcia do Programa de Educao Fiscal.

    Grfico 01 Em sua opinio o Programa de Educao Fiscal :

    Os que acham o programa timo ficaram em 70% (setenta por cento), dando a entender, implicitamente, que o mesmo necessrio, uma vez que contribui para maior aproximao entre o Estado e cidado; sendo relevante, portanto, o desenvolvimento do programa que visa levar informaes referentes aos gastos pblicos, tributos, ou seja, assuntos considerados complexos e muitas vezes esquecidos pela maioria da populao. Enquanto 30% (trinta por cento) considerou bom, contudo os cidados de um modo geral, deveriam lev-lo mais a srio, especialmente aqueles que tm o poder de deciso. Especialmente por causa da crise tica nacional que se v atravs da mdia falada, escrita e televisiva.

    Nenhum entrevistado considerou o programa regular ou ruim, o que significa um ndice de aceitao considervel do programa na Secretaria da Receita Estadual do Amap,

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    pois os 30 % (trinta por cento) que consideraram o programa bom, no deixa de ser um conceito positivo do programa.

    Segundo o Auditor Fiscal da Receita Estadual SEVEGNANI, no artigo virtual Precisamos todos de Educao Fiscal, disponvel no site www.educacaofiscal.com.br:

    [...] em regra, o grupo social considera que a capacidade de burlar o fisco uma qualidade digna de admirao, que outorga a quem a possui certo prestgio e reconhecimento de sua sagacidade [...] Para combater a acentuada evaso de tributos no incomum que os agentes das reparties fiscais ultrapassem suas faculdades e prerrogativas.

    Essa tendncia imitao se arraiga entre os membros da coletividade, ocasionando o que chamamos de evaso fiscal, que prejudica o senso de discernimento referente base dos valores da sociedade. O autor destaca que numa conformao, o comportamento habitual das administraes tributrias e seus funcionrios sofre mudanas nas razes de seus ideais, e que para combater a acentuada evaso de tributos, h um ato presunoso, o de arrogar de direitos indevidos, como no caso dos agentes das reparties fiscais ultrapassarem suas faculdades e prerrogativas. Essa utilizao de artifcios faz aumentar a resistncia aos tributos e no contribui para a minimizao da evaso fiscal.

    Fonte: Dados da pesquisa e entrevista. Grfico 2 Em que nvel o PNEF contribui para um futuro social promissor?

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    A maioria de 70% (setenta por cento) respondeu que o nvel de contribuio do PNEF para um futuro promissor alto, pelo fato de o programa ser timo como identificado na pergunta anterior, porque j que este timo, ento seu nvel de contribuio consequentemente no poderia ser menor. A pesquisa aponta neste caso que est havendo uma considervel mudana social aliada ao resultado que o programa de educao fiscal obtm com suas aes. Os que optaram pelo item Mdio 30% (trinta por cento) ainda reiteram o ndice considerado bom no grfico anterior, o que se deve ao fato de ainda haver necessidade de melhorar o programa, sua implantao ou aes para que o efeito seja melhor.

    Isto porque o PNEF um programa que visa um maior crescimento e desenvolvimento do pas a partir da educao fiscal, conscientizando os sujeitos para uma ao cidad mais preparada, que atue efetivamente de forma crtica. Por isso, observa-se que os respondentes esto cientes e por dentro dos objetivos do PNEF, j que nenhum observou ndices regulares, pequenos ou irrelevantes quanto contribuio social do programa.

    Importncia das aes do PNEF desenvolvidas na sociedade. Grfico 3 As aes do PNEF na sociedade so:

    Mais uma vez a maioria 70% (setenta por cento) se concentrou no item da imprescindibilidade do programa, garantindo um mundo tico, mais justo e democrtico. O restante 30% (trinta por cento) identificou as aes importantes para tornar os cidados aptos a atuar melhor politicamente. Entre a maioria, houve o consenso que os trs valores

    abordados, justia, tica e democracia transcendem a atuao profissional. Na verdade devem

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    ser balizadores da conduta social, devendo tanto na rea fiscal como em qualquer outra rea, servir de parmetro para a prestao de um servio pblico eficiente e eficaz.

    Atuar melhor politicamente, lutar pela real implantao da democracia, tica e justia colaborar para um mundo melhor de se viver, mais humano e com menos desigualdades, isto porque ao agir sem primar pela tica o povo e os gestores acabam sendo corruptos e corruptores, fatores que inviabilizam a democracia no pas, sobre isto Rosendo (2009) destaca que:

    preciso conscientizar as pessoas para promoverem movimentos, passeatas, colocar a boca no trombone, protestar. O poder pblico tem que saber que pacincia tem limites. Apesar de sermos passivos, somos pessoas e, as pessoas, normalmente, so respeitadas. Com a atitude de muitos dos nossos polticos, at parece que somos otrios. Eles no entendem que passividade , muitas vezes, uma atitude de bom senso, coisa que acaba faltando a eles. (ROSENDO, ARTIGO: A SONEGAO FISCAL E A CORRUPO NO BRASIL, 18/04/2009).

    O autor cita outros casos de atos praticados contra os cofres pblicos, noticiados pelos jornais e revistas do pas, mas que at hoje, no se sabe que fim teve e se houve ou no punio, fato que reitera a ser preciso maior conscientizao e tica. desta forma que se poder garantir que a democracia deixe de ser ideologia e passe a ser modo de vida.

    Grfico 4 Os envolvidos diretamente na disseminao da Ed. Fiscal so pessoas:

  • 41

    Todos concordaram que os envolvidos diretamente na disseminao da educao fiscal so profissionais comprometidos com a construo do senso crtico nos cidados. essa necessidade de cidadania que o Estado precisa, assim como seus representantes e seus agentes de atuao, especialmente o setor fazendrio, que o arrecadador.

    Isto porque educar para cidadania um ato complexo, que requer adoo de valores, assim como de informaes e prticas de vida contrrias a neutralidade, um agir efetivo dentro de sua realidade, participar da construo de sua histria, em especial, agentes responsveis pela fiscalizao da arrecadao de recursos pblicos, estes so importantes agentes de disseminao de conhecimento e se compromissados podem fazer a diferena para uma administrao pblica de qualidade.

    O Auditor Fiscal, Augusto Bernardo Sampaio Ceclio, em artigo de 30/07/2009, menciona que: Pior que arrecadar mal aplicar mal os recursos que so arrecadados e completa que essa mxima da administrao pblica denota o importante compromisso que os poderes constitudos: Legislativo, Executivo e Judicirio so obrigados a absorver e exercitar ao criar, empregar e julgar o destino das verbas pblicas.

    Fonte: Dados da pesquisa e entrevista. Quanto ao Curso de Disseminadores de Educao Fiscal

    Grfico 5 Como voc conceitua o Curso de Disseminadores de Educao Fiscal?

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    A metade dos respondentes, ou seja, 50% (cinqenta por cento) se concentraram no ndice de excelncia do curso de disseminadores, outros trinta por cento consideraram timo e o restante, 20 % (vinte por cento) identificaram o curso bom. Nenhuma resposta considerou o fator regular ou fraco para avaliarem o curso. O que mostra que o curso tem um alto ndice de aceitao e a avaliao foi positiva.

    Segundo material pedaggico do curso, especificamente na apresentao do caderno 3 do PNEF intitulado Funo Social dos Tributos se destaca que este tem o objetivo de contribuir para a formao permanente do indivduo, na perspectiva da maior participao social nos processos de gerao, aplicao e fiscalizao dos recursos pblicos.

    Ento, o curso de Disseminadores de Educao Fiscal trata-se de um produto do PNEF que tem como objetivos levar o conhecimento aos cidados em geral acerca da funo socioeconmica dos tributos, assim como conscientiz-los politicamente de uma correta e efetiva ao cidad em prol de um mundo melhor, democrtico e com menos disparidades entre as classes, isto porque no basta ser honesto e pagar direito os tributos, necessrio conhecer como sero aplicados, maneiras de contribuir para evitar sonegaes, saber agir efetivamente como cidado tico, entre outros fatores que viabilizem uma relao harmoniosa entre o estado e o povo.

    Fonte: Dados da pesquisa e entrevista. Grfico 6 Ao participar do curso de Disseminadores de Educao Fiscal voc:

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    A maioria dos respondentes, 90% (noventa por cento), afirmaram que obtiveram uma concepo mais positiva sobre o PNEF. E os 10% (dez por cento) restantes adotaram aes mais ativas na sociedade. Tanto a concepo, quanto a ao so resultados positivos do curso que contribuem para mudana social.

    Scholz (2005) cita um exemplo que no adotado pela maioria dos estados brasileiros. Na Bahia, desenvolveu-se uma campanha A sua nota um show na qual o incentivo conscincia do contribuinte ficou limitada ao direito de pedir nota fiscal:

    O consumidor, de um modo geral, no tem plena conscincia de que o imposto est embutido no preo que ele paga por um produto e por isso no tem o hbito de pedir a nota ou o cupom fiscal. H muito tempo a Secretaria da Fazenda da Bahia acalentava a idia de fazer uma grande campanha de conscientizao sobre a necessidade do cidado exercer o seu direito de fiscalizar a emisso de notas ou cupons fiscais sobre produtos e servios adquiridos. (SCHOLZ, 2005, P.149)

    O Estado, por promover shows e eventos sociais e culturais, vinculou esses momentos de entretenimento obrigatoriedade da emisso da nota ou cupom fiscal. O programa A sua Nota Fiscal um show tem como ingresso para shows artsticos e musicais

    a nota fiscal fornecida pelo contribuinte ao consumidor final. Sua entrada funciona como uma troca: da nota fiscal da mercadoria pelo ingresso.

    Fonte: Dados da pesquisa e entrevista. Importncia das aes do PNEF desenvolvidas na Secretaria da Receita Estadual.

    Grfico 7 No Amap/SRE, o PEFE :

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    Quanto a considerar como o programa no Estado do Amap, essencialmente na Receita Estadual, 40% (quarenta por cento) considerou timo e 40% (quarenta por cento), bom e somente 10% (dez por cento) afirmaram ser excelente. Alm disso, 10% (dez por cento) se abstiveram e preferiram no emitir nenhum julgamento, e ningum considerou regular ou ruim.

    Neste sentido, se nota que h uma diferena considervel entre a opinio em mbito nacional ao regional, pois enquanto a nacional obteve 70% (setenta por cento) quanto ao ndice timo, a regional caiu para 40% (quarenta por cento) ou seja, a queda de 30 % (trinta por cento), mesmo considerando 10 % (dez por cento) que identificaram o programa de educao fiscal excelente no estado do Amap, ainda tem uma margem de 20% (vinte por cento) de distncia da margem tima para boa, a qual s subiu de 30% (trinta por cento) da nacional para 40% (quarenta por cento) na regional . O que demonstra ser perceptvel a queda de qualidade em relao percepo do programa no Amap.

    Entretanto, ARISTTELES (2009, p.8) ressalta que o Estado existe para prover a boa qualidade de vida, no simplesmente a vida, isto , precisa apresentar aparatos, condies para que os cidados obtenham melhores condies que garantam acesso aos seus direitos, a saber: sade, educao, lazer, alimentao, conforme estabelece a constituio nacional (Caderno 3, PNEF).

    Assim, proporcionar condies para que a sociedade esteja preparada intelectual, moral, fsica, poltica tambm papel do estado, tanto em nvel macro, como micro. Ento o programa no deveria ser visto de formas distintas em mbito local quando relacionadas ao nacional, porque h uma idia de que as aes so mais excelentes e satisfatrias quando se referem a estados mais avanados, como no caso de metrpoles, So Paulo, Braslia, regio Sul etc. A questo comparativa relativa, pois h de se considerar as diferenas e peculiaridades de cada Estado.

  • 45

    Grfico 8 Voc j participou ativamente de alguma ao desenvolvida atravs do PNEF no Amap?

    A maioria 90% (noventa por cento) considera ter participado diretamente em alguma ao desenvolvida pelo programa, enquanto apenas 10% (dez por cento) participou parcialmente, mas se observarmos atentamente a tabela 02 (dois) abaixo notaremos que os maiores ndices de participao se restringem a aes passivas e no ativas, porque referem-se a curso ou oficinas. Mas quando se trata de ser integrante de um projeto, palestrar, fazer parte de aes cidads, o ndice cai. O Projeto conhecendo o Fisco, como comentado, s 5 (cinco) pessoas das entrevistadas foram colaboradoras, s 1 (um) participou da ao cidad, mas 80% (oitenta por cento) foram alunos do curso de disseminadores de educao fiscal, 70% (setenta por cento) participaram de alguma oficina, mas no projeto apenas 50% (cinqenta por cento), o que demonstra uma baixa disponibilidade quando se trata de ir para linha de frente. Mesmo notando que 60% (sessenta por cento) dos 10 entrevistados promoveram palestras educativas, verificou-se que os 06 (seis) respondentes fizeram uma ou duas palestras no espao de 11 (onze) anos, constituem-se em uma mdia pequena comparada necessidade de mudanas necessrias qualidade do Programa de Educao Fiscal no Estado do Amap.

  • 46

    TABELA 02

    AES DESENVOLVIDAS ATRAVS DO PROGRAMA DE EDUCAO FISCAL EM MACAP-AP

    N de votos

    Curso de Disseminadores de Educao Fiscal 8

    Oficinas sobre a Educao Fiscal 7

    Projeto conhecendo o Fisco 5

    Curso sobre elaborao de Projetos sociais para implantar no Amap. 0

    Participa de aes cidads em eventos do Municpio 1

    Promove palestras educativas 6

    Necessidade de financiamento bancrio para captao de recursos para a melhoria do Programa na Secretaria da Receita Estadual

    Grfico 9

    0%

    10%

    20%

    30%

    40%

    50%

    60%

    70%

    80%

    90%

    SIM No acredita no financiamento devido a

    demora na aprovao pelas Instituies bancrias

    90%

    10%

    Nesse ponto, a quase maioria 90% (noventa por cento) concorda que a SRE necessita urgentemente de um financiamento para a modernizao de suas reas, incluindo a de Educao Fiscal. No momento esto sendo pleiteados 02 (dois) financiamentos: para o BNDES e para o BID. Para o programa esto destinadas 02 (duas) campanhas de divulgao em nvel de Estado. Os 10% (dez por cento) esto desacreditando no financiamento pela demora dos bancos em assinar a aprovao do emprstimo. Ainda h o fato de que o governo

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    do Amap sofreu uma grande perda na imagem da gesto em 2010, onde houve desvio de altas verbas. Isso pode comprometer a operao devido ao chamado risco considerado pelos bancos.

    Desta forma, uma possibilidade de ampliao e melhoria da qualidade do Programa de Educao Fiscal est atrelada a questo financeira para que ocorra um desenvolvimento maior e as aes possam ser viabilizadas.

  • 48

    CONSIDERAES FINAIS

    As Administraes Fazendrias, especialmente a estadual, encontram perspectivas futuristas no Programa Nacional de Educao Fiscal. Este enfatiza a tica e cidadania, a partir do processo de conscientizao e sensibilizao, tendo como parceira a escola, a partir da educao, principal disseminadora do projeto sociotributrio.

    A finalidade precpua do Programa promover a educao fiscal para o efetivo exerccio da cidadania e, assim, possibilitar as mudanas necessrias para que o pas atinja um novo patamar de desenvolvimento socioeconmico.

    Pelos pressupostos elencados, h de se considerar que a educao fiscal uma grande conquista do Estado, podemos dizer at um marco significativo na histria da cidadania brasileira, gerando questionamentos sociais, educacionais, tributrios, polticos, morais e ticos.

    A dinmica do projeto sempre esteve atrelada pessoa do cidado e sua compreenso para os mecanismos tributrios, pois na realidade, poucos conhecem a sistemtica do ICMS, que um imposto considerado como a maior fonte de recursos financeiros para o Estado, e que, na maioria das vezes, em cada etapa da circulao de mercadorias e em toda prestao de servio sujeita ao ICMS, deve haver emisso da nota fiscal ou cupom fiscal, documentos que devero ser escriturados nos livros fiscais para que o imposto possa ser calculado pelo contribuinte e arrecadado pelo Estado.

    Alm da questo arrecadatria, existem os benefcios sociais provenientes do pagamento do imposto, cuja receita dever ser aplicada em prol da populao, atendendo suas necessidades bsicas de educao, sade, segurana, saneamento bsico e assim por diante. Contudo, para garantir o retorno social esperado, os recursos devem ser aplicados com justia, compromisso, seriedade e tica pelo rgo pblico e seus representantes.

    As pessoas que so os principais atores no programa so os representantes do Fisco, aliados aos professores, instrutores e facilitadores do contedo a ser repassado s escolas, sociedade, juntos constituem os disseminadores do programa.

    O contribuinte cumpre seu papel quando recolhe o imposto, assim como seu contador quando faz a escrita fiscal. Tambm o cidado quando pede a nota ou cupom fiscal, enfim, todos podem contribuir para que o programa tenha suficiente eficcia no mundo.

    Levando em conta estes pressupostos este trabalho ingressou no prprio universo dos agentes e vislumbrou quais suas necessidades para uma implantao de qualidade do

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    programa de educao fiscal, segundo estes preciso solues mais racionais, medidas mais urgentes para adequao do trabalho no ambiente organizacional.

    No primeiro momento, detecta-se a hiptese da falta de recursos que inviabiliza os projetos apresentados pelo GEFE e que no so implementados, entravando e diminuindo as aes que poderiam ser desenvolvidas. Por exemplo, Projeto de Marketing e Propaganda e de Formao de Tutores no foram viabilizados por escassez de verbas na secretaria. A defasagem existente no sistema tecnolgico

    Aps 11 (onze) anos de implantao, observa-se ainda que o PEFE encontra barreiras referentes internalizao e disseminao da temtica no cerne da SRE, no caso mais especfico entre os seus colaboradores, uma vez que, nas atividades realizadas pelo Grupo de Educao Fiscal, registra-se a baixa participao dos mesmos, assim como uma certa indisponibilidade em se tornarem agentes multiplicadores do Programa no intuito de contribuir para a consolidao deste. A postura indiferente comea pela simples aplicao de um questionrio, que num pblico-alvo de 25 pessoas, 15 no participaram com suas respostas num espao de 02 meses. A pesquisadora teve que estar presente no momento do preenchimento, criando uma entrevista estratgica para que as respostas no fossem lacnicas e resumidas.

    Os colaboradores se integram mais como agentes passivos do que ativos, participam dos cursos, palestras, oficinas, entre outros, como ouvintes, ou seja, no tomam a frente em aes do Programa de Educao Fiscal, embora nota-se que tenham conscincia da importncia do mesmo para sociedade e o quanto acrescentaria para melhoria de vida de todos.

    O que se percebe hoje a falta de uma iniciativa de arranque por parte da Secretaria. E isso ao contrrio do que ocorria no incio, pois na poca da implantao do programa (e durante um bom perodo de tempo), um grande nmero de aes podiam ser realizadas com visvel envolvimento tanto por parte da Secretaria Fazendria como pela representao da Educao no Estado. O que atingia um bom nmero de escolas e de aes massificadas direcionadas sociedade em geral. Tambm haviam gestores na unidade administrativa de projetos que apoiavam o PNEF e compreendiam sua importncia com mais efetividade.

    Hoje o Grupo de Educao Fiscal continua realizando o seu trabalho e atua visando o cumprimento da finalidade do programa, mas o diferencial era que, at 2005, havia grande apoio da alta gesto, tambm em termos de recursos, poca do PNAFE, um programa federal

  • 50

    que injetava recursos na melhoria da administrao nos Estados. O PNAFE destinava uma parcela de recursos criao e implementao do programa de educao fiscal.

    A pesquisa apontou 03 (trs) vertentes que entravam a eficcia do programa de educao fiscal: a cultura do Fisco; a conduta de alguns frente moral e tica; e a falta de recursos necessrios. Na entrevista, os participantes comentaram sobre a finalidade do agente fiscal numa secretaria fazendria, seja federal, estadual ou municipal. Esta seria aquela para a qual tinham sido aprovados num concurso, que seria primariamente fiscalizar. Essa nova cultura de educao precisa ser trabalhada e provada necessria atravs de metodologias de trabalho dentro da prpria secretaria. Quanto ao desempenho do agente, verificou-se a existncia de 04 (quatro) demisses sumrias e trs em potencial, o que justifica o comentrio acerca da necessria de uma postura tica no trabalho. Visto ser o programa uma medida para a reflexo, que tenciona a formao de um ser comprometido com o contexto social e a cultura em que vive, momento de repensar posturas.

    No sistema tecnolgico, estrutural, funcional e operacional, a SRE encontra-se em

    estado defasado e com muitas falhas, o que atrapalha e prejudica o andamento dos processos no ambiente organizacional. Os recursos a serem obtidos juntos aos Banco Interamericano de Desenvolvimento-BID e Banco Nacional de Desenvolvimento Social- BNDES, sero teis para a modernizao de todo o aparato da secretaria.

    Sabe-se que existem estados no Brasil que como o Amap padecem da mesma falta de recursos, mas sempre investiram em programas como esse, onde a sociedade est diretamente envolvida, agora j mais consciente e sabedora de seus direitos.

    Como possibilidade para sanar os entraves e impulsionar o desenvolvimento do programa no Estado observa-se necessrio que o grupo passe por instrumentos de mudana, especialmente quanto incluso efetiva dos atores sociais envolvidos no processo, alm de polticas pblicas envolvendo discusso, elaborao e interveno na condio j existente, uma vez que responsabilidade do Estado intervir mais na sociedade e nas questes pblicas. Alm do mais, traar planos de ao voltados para a melhoria de todos os segmentos, contornando falhas e deficincias, atendendo maior nmero de indivduos quanto s suas necessidades e prioridades, injetando recursos que viabilizem e tornem estas aes freqentes, possveis, eficientes, etc.

    Uma medida de certa forma drstica, mas que produzir resultados o planejamento e execuo de aes do programa constantemente, dentro da Secretaria, com a mesma

  • 51

    importncia do trabalho da fiscalizao, arrecadao e tributao. Criar um dia para a participao dos fiscais em alguma ao do PNEF, intensificar as sensibilizaes atravs de palestras, cursos, oficinas, seminrios e outros eventos.

    Se necessrio, tornar vivel atravs de convocaes essas aes, assim como so feitos para outras tarefas dentro do ambiente de trabalho. Desta forma os colaboradores, iro ter a oportunidade de contemplar e sentir a importncia do macro, vendo a qualidade do servio, produzindo o fortalecimento do processo de apoio qualquer tomada de deciso por parte da alta gesto para a melhoria do Programa.

    Essa medida com a vinda ou no dos recursos, poder ser complementada com a revitalizao do quadro do Fisco com novos Auditores e Fiscais concursados e qualificados que trariam uma outra dinmica ao grupo.

    importante a conscincia cidad de criar uma gesto compromissada com as aes presentes e futuras, porque na educao fiscal no existe o mero espectador, o omisso ou simples apreciador, mas sim, o sujeito atuante, o proativo, que dever sempre estar aprimorando a sua relao com o Estado na defesa permanente de suas garantias constitucionais.

  • 52

    REFERNCIAS

    BARBOSA, Marcio Souza. Dolo fiscal: fundamentos e perspectivas. Porto Alegre: Mediao, 2001.

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  • 53

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