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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TERAPIA COGNITIVO- COMPORTAMENTAL LETICYA PINTO DE MORAES GHIGONETTO A IMPORTÂNCIA DA TERAPIA COGNITIVA- COMPORTAMENTAL NO PROCESSO DE LUTO São Paulo 2018

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TERAPIA …...Se estiver tudo errado, comece novamente. Se estiver tudo certo, continue Se sentir saudades, mate-a. Se perder um amor, não se perca! Se

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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TERAPIA COGNITIVO-

COMPORTAMENTAL

LETICYA PINTO DE MORAES GHIGONETTO

A IMPORTÂNCIA DA TERAPIA COGNITIVA-

COMPORTAMENTAL NO PROCESSO DE LUTO

São Paulo

2018

LETICYA PINTO DE MORAES GHIGONETTO

A IMPORTÂNCIA DA TERAPIA COGNITIVA-

COMPORTAMENTAL NO PROCESSO DE LUTO

Trabalho de Conclusão de Curso de Especialização

Área de concentração: Terapia Cognitivo-Comportamental

Orientadora: Profa. Dra. Renata Trigueirinho Alarcon

Coorientadora: Profa. Msc. Eliana Melcher Martins

São Paulo

2018

Fica autorizada a reprodução e divulgação deste trabalho, desde que citada a fonte.

Ghigonetto, Leticya Pinto de Moraes

A importância da Terapia Cognitiva-Comportamental no processo de Luto.

Leticya Pinto de Moraes Ghigonetto, Renata Trigueirinho Alarcon, Eliana Melcher

Martins – São Paulo, 2018.

36 f. + CD-ROM

Trabalho de conclusão de curso (especialização) - Centro de Estudos em Terapia

Cognitivo-Comportamental (CETCC).

Orientadora: Profª. Drª. Renata Trigueirinho Alarcon

Coorientadora: Profª. Msc. Eliana Melcher Martins

1 Terapia Cognitiva-Comportamental, 2 Luto I. Ghigonetto, Leticya Pinto de

Moraes. II. Alarcon, Renata Trigueirinho. III. Martins, Eliana Melcher.

LETICYA PINTO DE MORAES GHIGONETTO

A IMPORTÂNCIA DA TERAPIA COGNITIVA-COMPORTAMENTAL NO

PROCESSO DE LUTO

Monografia apresentada ao Centro de Estudos em Terapia Cognitivo-Comportamental como parte das exigências para obtenção do título de Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental

BANCA EXAMINADORA

Parecer: ________________________________________________________

Prof. ___________________________________________________________

Parecer: ________________________________________________________

Prof. ___________________________________________________________

São Paulo, ___ de ___________ de _____

EPÍGRAFE

“Não se acostume com o que não faz feliz,

Revolte-se quando julgar necessário,

Alague seu coração de esperanças,

mas não deixe que ele se afogue nelas.

Se achar que precisa voltar, volte!

Se perceber que precisa seguir, siga!

Se estiver tudo errado, comece novamente.

Se estiver tudo certo, continue

Se sentir saudades, mate-a.

Se perder um amor, não se perca!

Se o achar, segure-o”

(Fernando Pessoa)

DEDICATÓRIA

À minha mãe Tereza que em sua

passagem me ensinou que a morte pode

ser serena e elegante.

AGRADECIMENTOS

Ao meu amor e maior incentivador, meu marido Mauricio.

Às minhas fontes inesgotáveis de amor, Giulia e Vittoria, pela paciência e

compreensão durante meus momentos de ausência.

À minha família que sempre me apoiou na realização desse sonho.

Ao corpo docente do Centro de Estudos em Terapia Cognitivo

Comportamental, em especial a Coordenadora Professora Eliana Melcher Martins,

Professora Renata Trigeirinho Alarcon e ao supervisor Dr. Ricardo Gonzaga por

terem dispensado valiosos ensinamentos de forma tão acolhedora. Minha eterna

Gratidão!

RESUMO

Ghigonetto, Leticya Pinto de Moraes. Revisão bibliográfica - A Importância da

Terapia Cognitiva-Comportamental no processo de Luto.

Este estudo teve como objetivo realizar uma revisão bibliográfica de artigos

científicos nacionais e internacionais e livros a respeito da eficácia e Importância da

Terapia Cognitiva-Comportamental de elaboração do luto. Visto como um processo

provedor de alterações psicológicas, psicossomáticas, fisiológicas e sociais,

acredita-se que a TCC tendo uma característica focada e estruturada pode trazer

resultados efetivos, rápidos e duradouros. Produzindo assim alívio dos sintomas

gerados pela perda de um ente querido, reestruturando e ressignificando a vida. No

entanto, são poucas as publicações existentes que comprovam a eficácia da TCC

para esse tipo de intervenção. Por essa razão, são sugeridas mais pesquisas e

trabalhos que contribuem neste aspecto.

Palavras-chaves: Luto, Morte e Terapia Cognitiva-Comportamental. Bases de dados

SCIELO, PUBMED, MEDLINE, LILACS, PSYCINFO, BIREME, IBECS e Google.

ABSTRACT

This study main goal is to provide a bibliographic review of national and international

scientific articles and books on the efficacy and Importance of Cognitive-Behavioral

Therapy for mourning. Viewed as a process that provides psychological,

psychosomatic, physiological and social changes, it is believed that CBT having a

focused and structured characteristic can produce effective, rapid and long lasting

results. Producing thus relief of the symptoms generated by the loss of a loved one,

restructuring and resignifying the life. However, there are few existing publications

that prove the effectiveness of CBT for this type of intervention. For this reason, more

research and work contributing to this aspect is suggested.

Keywords: Mourning, Death and Cognitive-Behavioral Therapy. Data base SCIELO,

PUBMED, MEDLINE, LILACS, PSYCINFO, BIREME, IBECS and Google.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 9

2 OBJETIVO ............................................................................................................ 18

3 METODOLOGIA ................................................................................................... 19

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 20

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 31

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 32

ANEXO ..................................................................................................................... 36

9

1 INTRODUÇÃO

Luto, do latim “lucto” é um sentimento profundo e intenso, de pesar e tristeza

pela perda de alguém. É demonstrado por um conjunto de formas de expressões e

reações culturais e temporais distintas (FERREIRA, 1999).

O luto individual está íntima e diretamente ligado ao luto como processo

social, por isso, vê-se que a elaboração psicológica do luto está relacionada à forma

como um grupo social pensa sobre a morte e se comporta diante dela (BASSO;

WAINER, 2011).

Ariés (1990) em seus estudos sobre a morte refere que a mesma já foi

considerada resignada e natural. Esta ocorria no âmbito familiar ou círculo social

íntimo e os rituais aconteciam de maneira pública onde os participantes podiam

expressar seus sentimentos pela perda.

Araújo e Vieira (2001) determinam que durante a Idade Média as mortes eram

vivenciadas pelos familiares e consideradas um acontecimento natural contudo no

decorrer do tempo notou-se mudanças na atitude perante a morte e o papel das

religiões passou a ser considerado altamente importante, pois estas traziam a visão

de finitude ligada à vontade de um demiurgo.A visão metafísica determinava que a

entrada no paraíso dependia do julgamento das ações realizadas durante a vida,

bem como, a devoção e a fé de cada um, invocando como característica uma visão

romântica e quase filosófica do ato de morrer.

Ariés (1990) continua em sua afirmação que com o crescimento da

industrialização e o avanço da ciência, um inconformismo sobre a visão da morte

começa a ser notado, tanto de si como do outro, pois neste momento o coletivo

estava ameaçado, provocando mudanças sócio-culturais como o afastamento da

morte do cotidiano. Via-se que perante a situação eminente nada era dito. Aos

doentes essa informação passava a ser omitida, camuflando e silenciando a morte.

Porém, era evidente a impossibilidade de impedi-la e os indivíduos bloquearam a

expressividade de seus sentimentos e gestos.

Com o passar do tempo percebe-se que diante do avanço científico existiu

uma ruptura entre a morte e religião. E que a ideia de que esta era um castigo já não

se sustentava mais devido às revelações causadas pelas doenças e o conhecimento

de seus sintomas, ocasionando um abalo nas crenças religiosas (ARIÉS, 1990).

10

No entanto, é somente no século XX em face aos avanços da medicina e

progressos da pesquisa e tecnologia que a morte passa a ser adiada e o sofrimento

humano vergonhoso, a expressão da morte vem ser a ser solitária, discreta e

reprimida pela sociedade. Como se a ausência de expressão fizesse com que não

se realizasse ou simplesmente sumisse. Hoje em dia, tal como no passado, observa-

se que existem muitas maneiras e formas de se perceber e vivenciar a morte e cada

cultura tem suas próprias representações e significados (RABELO, 2006).

Por outro lado, o papel da religiosidade e da espiritualidade na tentativa de

apresentar uma compreensão, explicação ou conforto para os que vivenciam o luto

remonta há milênios, desde as manifestações animistas da antiga Europa e África

passando pelas diversas manifestações xamânicas do oriente até às denominações

abraâmicas, védicas e budistas (MADDAN, 1999).

Na impossibilidade de descrevermos as crenças e rituais de luto em todas as

denominações religiosas, vamos nos ater às mais expressivas na atualidade e de

peso histórico e social.

No âmbito do xamanismo, dentro do qual estão inseridas uma série de

práticas e denominações religiosas de vários povos indo-europeus, asiáticos,

americanos e africanos que se originam do períodos paleolíticos (Jean Clottes.

"Shamanism in Prehistory". Bradshaw foundation), a morte não existe. O que existe

é uma transmigração ou uma dissociação do espírito ou alma do corpo material, tal

como uma libertação, uma transformação exotérica da matéria para o invisível, onde

o ser assume ora um papel protetor, ora um papel maligno de acordo com a vivência

do indivíduo nesta vida. Em algumas tradições xamânicas, há uma intrínseca

relação de simbiose com o mundo animal, podendo o ser humano renascer ou

mesmo reencarnar em um deles após sua morte e este estabelecer uma

comunicação efetiva com o xamã. A relação dos adeptos do xamanismo com a

natureza e sua intrínseca simbiose pode ser constatada pela descoberta em 2008 do

mais antigo túmulo xamânico em Israel conforme relatado pelo Dr. Leore Grosman,

da Universidade Hebraica de Jerusalém, responsável pela descoberta do sítio

datado com mais de 12.000 anos. Dr. Grosman relata que foram encontrados pelo

menos 50 cascos de tartaruga, uma cauda de vaca e um par de asas de águia junto

ao corpo de uma mulher, além dos restos mortais de um javali e de um leopardo

(GROSMAN, 2008).

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Como o conceito da morte como vemos hoje em dia é inexistente no

xamanismo, o luto é cercado de crenças e rituais que devem auxiliar a

transmigração da alma do corpo humano para o mundo espiritual ou o mundo

animal. Citamos como exemplo, povo Lakota que vive nos Estados Unidos da

América. O processo de luto dos Lakota dura um ano, período durante o qual não se

pronuncia o nome ou cita-se feitos da pessoa falecida, para que essa complete sua

jornada ao mundo espiritual com tranquilidade e sem retorno. Após esse período,

então os ritos fúnebres são executados. Ainda, os celtas acreditam que todas as

almas falecidas transmigram em uma data específica do ano para o mundo

espiritual: dia 1o de Novembro - o qual originou o Dia de Finados no calendário

católico. Assim, neste dia todos seguem aos cemitérios para “comemorarem” a

passagem com comidas e danças típicas. Desta forma o paganismo e o xamanismo

encaram o luto de formas similares com suas associações de liberdade natural e

proteção da Terra e seus recursos (MADDAN, 1999).

Todo um outro ramo da árvore evolucionária das religiões contido pelas

religiões abraâmicas - catolicismo, judaísmo, islamismo e demais ramificações -

aplicam um sentido de julgamento para a morte determinando como um momento de

prestação de contas perante um demiurgo. Esse sentimento também se encontra na

visão do Antigo Egito sobre a morte, no qual o indivíduo tinha seu coração pesado

pelos deuses e de acordo com sua medida se determinava seu destino pós-mortem.

As religiões abraâmicas tem como visão principal o ideal de encontro e reunião com

o divino, no caso um demiurgo - Deus, Alah, Yaveh - que por sua vez também

julgará suas ações determinando sua entrada em um reino de paz - paraíso- ou de

danação eterna - inferno. Dessa maneira o luto é tido como um período aflitivo e

suplicante, pois aos que vivenciam tal momento se lançam em conjecturas e rituais

para de certa forma, suplicar ao demiurgo pela salvação eterna do falecido. Assim,

transfere-se para os vivos o ônus da purificação da suposta alma do falecido e o

período se torna um momento de lamentação profunda e intermináveis

questionamentos. Por outro lado, o fiel de tais denominações toma esse período

como uma fase de restauração de sua própria fé, pois passa a ver seu destino

mortal como inevitável (LANGER, 2007).

No catolicismo romano embora não haja uma regra para o luto, a tradição

cultural de cada país dita as atitudes e ações de cada ser humano vivenciando tal

período. Nos séculos passados, o período de luto imposto socialmente era de um

12

ano para o companheiro (a), durante o qual o indivíduo se vestia exclusivamente de

preto, evitava sair de casa, o fazendo somente para ir às missas diariamente na

igreja e não participava de nenhuma atividade festiva, resguardando a lembrança do

ente falecido, vivenciando o fato continuamente, 24 horas por dia. Os rituais que

ainda se perpetuam como uma liturgia aceita pela sociedade dentro do catolicismo e

se resumem às missas de 7o, 30o e 365o dias com visitas aos túmulos nos dias de

Finados ou dia dos mortos, associando tal prática aos celtas como visto

anteriormente (LANGER, 2007).

Vale ressaltar que no catolicismo ortodoxo praticado na Grécia e Rússia, os

rituais diferem como também a projeção do luto para a sociedade. Uma casa pode

ser facilmente identificada como em período de recolhimento pela tampa de um

caixão posicionada ao lado da porta de entrada com arranjos florais decorando o

pórtico de entrada da residência, uma vez que é comum velar os mortos no interior

de suas residências. O luto é encarado com rituais mais radicais que o catolicismo

romano, sendo o período de luto oficial de 40 dias, durante os quais os homens

próximos do (a) falecido (a) não se barbeiam ou cortam seus cabelos, sendo que as

mulheres se vestem de preto e quando se trata de um marido falecido é comum que

a esposa permaneça com suas vestes negras para o resto da vida. No judaísmo, a

morte não é uma tragédia, mesmo quando ocorre no início da vida ou por

circunstâncias infelizes. A morte é um processo natural. As mortes são tidas como

parte do plano de Deus para os homens. Além disso, há uma firme crença em uma

vida após a morte, um mundo por vir, onde aqueles que viveram uma vida digna

serão recompensados (ROBBEN, 2004).

As práticas de luto no judaísmo são extensas, mas não são uma expressão

de medo ou desagrado pela morte. As práticas judaicas relacionadas à morte e ao

luto têm dois propósitos: demonstrar respeito pelos mortos (kavod ha-met) e para

confortar a vida (nihum avelim) daqueles que sentirão falta do falecido (LANGER,

2007).

As práticas judaicas de luto podem ser divididas em vários períodos de

intensidade decrescente com o objetivo de expressar plenamente o sofrimento, ao

mesmo tempo que desencorajam excessos de tristeza e permitindo que o enlutado

retorne gradualmente à vida cotidiana. Quando um parente próximo (pai, irmão,

cônjuge ou filho) recebe a notícia da morte de um parente, é tradicional expressar o

sofrimento inicial rasgando a roupa -keriyah (lit. "rasgando"). Desde o momento da

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morte até o enterro, a única responsabilidade do enlutado é cuidar do falecido e se

preparar para o enterro sabendo que durante este período, estão isentos de todos

os demais rituais cotidianos e a família deve ser deixada em paz e permita a plena

expressão do sofrimento sem condolências. Após o enterro, é feita uma refeição

tradicional de ovos (um símbolo da vida) e pão (LANGER, 2007).

O próximo período de luto é conhecido como shiva (sete, porque dura sete

dias) que começa no dia do enterro e continua até a manhã do sétimo dia, no qual

os parentes próximos se sentam em bancos baixos ou no chão, em vez de cadeiras,

não usam sapatos de couro, não se raspam ou cortam os cabelos, não usam

cosméticos, não trabalham e não buscam o conforto ou o prazer, como banhar-se ou

ter relações sexuais, não vestem roupas novas ou estudam a Torah (exceto a Torá

relacionada ao luto e ao sofrimento) e usam a roupa que rasgaram no momento da

notícia da morte do ente querido. Os espelhos na casa estão cobertos. O período

seguinte de luto é conhecido como shloshim (trinta, porque dura até o 30º dia após o

enterro) no qual há um resguardo social sem participação em festas. O último

período de luto formal é avelut, que é observado apenas para um pai. Este período

dura cerca de doze meses após o enterro (LANGER, 2007).

O islamismo apresenta uma visão mais simplista e introspectiva do luto se

apresentando como um período de profunda reflexão pessoal, sendo assim toda e

qualquer manifestação exagerada ou pública é desencorajada ou mesmo proibida.

Os muçulmanos acreditam que a vida presente é apenas uma preparação para o

próximo reino da existência. Para eles, a morte é meramente a passagem de um

mundo para outro e poderia ser descrita como uma jornada através de uma

dimensão separada da existência. O Profeta Maomé, idealizador do islã, pregou que

as que três coisas podem ajudar uma pessoa, mesmo depois da morte são a

caridade que o indivíduo promoveu em vida, o conhecimento ensinado e as orações

proferidas. Após a morte de uma pessoa muçulmana, o corpo do falecido é lavado e

coberto com um pano branco limpo e a preparação para o enterro ocorre o mais

rápido possível. Os muçulmanos se reúnem e as orações são realizadas para os

mortos e logo após a oração, o corpo do falecido é enterrado. De acordo com a

ortodoxia, entes queridos e familiares devem observar um período de luto de 3 dias.

O luto islâmico é observado pela devoção exacerbada durante o período, recebendo

visitantes e condolências e evitando roupas decorativas e joias de acordo com o

determinado pelo Alcorão. As viúvas observam um período de luto prolongado de 4

14

meses e 10 dias. Durante tal período, ela não deve se casar novamente ou interagir

com homens, salvo com médicos em casos de emergência (ROBBEN, 2004).

O sofrimento pela morte de uma pessoa amada e o choro pelos mortos é

normal e aceitável, porém o islamismo espera que a expressão do sofrimento

permaneça digna, proibindo os lamentos fortes em voz alta ou auto-flagelação

(ROBBEN, 2004).

No ramo das religiões orientais, as vertentes védicas e o budismo apresentam

uma visão da morte bem distinta das demais bem como o período e o significado do

luto. Quando analisamos o significado da morte neste ramo espiritual encontraremos

uma relação mais amena e menos sofrida com o ato de morrer. A ideia de

continuidade pós-mortem e renascimento, bem como, a ideia de se “construir” tal

passagem constantemente durante a vida, o indivíduo que segue tais doutrinas flerta

com a morte diariamente durante seus estudos e práticas espirituais. Pode mesmo

desenvolver práticas para serem usadas no momento de suas morte como o p´howa

no budismo tibetano que tem como objetivo expelir a consciência do ser humano

através do chakra coronário (CHODRON, 1996).

Pode-se dizer que o período de luto poderá oscilar entre as pessoas, culturas

e credos mas segundo a psiquiatra e pesquisa Elisabeth Kubler-Ross (2005), o

processo do morrer envolve 5 estágios nos quais será o foco aqui apresentado.

O primeiro deles é a “Negação e o Isolamento”, este serve como um

mecanismo de defesa aliviando o impacto da notícia como uma recusa a confrontar-

se com a situação. Nota-se que quase todas as pessoas desenvolvem sentimentos

de repulsa e medo. E que pacientes terminais tendem a falar sobre seus

sofrimentos, fantasias e da sua própria morte como algo alheio a sua vida (KUBLER-

ROSS, 2005).

A “Raiva” é o segundo estágio, está assume seu lugar quando a negação já

não poderá ser mantida. Sentimentos carregados de revolta e angústia são

externalizados. Muitos questionamentos passam a rondar e não escapa um só

julgamento negativo e intenso. Sempre se procura culpados e agressividade se faz

visível (KUBLER-ROSS, 2005).

O terceiro estágio é a “Barganha”. Numa tentativa de negociar ou adiar os

medos diante da situação, as pessoas firmam acordos, promessas e propostas com

figuras que possam intervir sobre a situação de perda. Geralmente, voltadas a

crenças e religiões e aos profissionais de saúde (KUBLER-ROSS, 2005).

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O próximo e quarto estágio é a “Depressão”. Este é o momento que a

aceitação se torna mais próxima. Normalmente é quando as pessoas pensam e

processam como levam suas vidas e o que fizeram delas (KUBLER-ROSS, 2005).

Por fim, o quinto e último estágio é o da “Aceitação”. Quando as pessoas se

encontram serenas e conseguem expressar seus sentimentos de forma clara. Falam

de suas emoções, frustrações e se veem mais tranquilas frente ao fato da morte.

Seus sentimentos podem variar de humor eufórico e neutro em circunstâncias ideais

(KUBLER-ROSS, 2005). Cabe lembrar que estes estágios não são como um roteiro

rígido e podem sofrer alterações de acordo com as perspectivas e cognições

pessoais.

Percebe-se que mesmo diante das diferentes rotinas de vida, crenças e

religiões alguns aspectos psicológicos se fazem comuns nos enlutados. Segundo

Pitta (1999) estes podem ser:

Insensibilidade e Descrença: a pessoa é capaz de se conformar com o

acontecimento, mas não aceitar a perda.

Procura: o enlutado tenta conectar-se, encontrar-se com a pessoa que

morreu. Perambula pela casa, vai a cemitérios, espera encontrar sinais.

Raiva: Comumente procuram responsáveis e tentam culpabilizá-los. Às

vezes dirigem essa responsabilidade aos profissionais da área de saúde e

questionam suas crenças e sua fé.

Culpa: As pessoas sentem-se culpadas pela morte do outro, como se

pudessem tê-la impedido.

Ansiedade: Diante da rotina quebrada e alterada sentem-se inquietas e

incomodadas.

Lamentação: Se dá quando a perda foi reconhecida.

Atitudes e maneiras do falecido: A pessoa enlutada assume papéis e

funções na vida do ente perdido como por exemplo, trabalhos e negócios.

Sensações corporais: É normal ouvir os passos, a voz, reconhecer o rosto

no meio da multidão.

Depressão e desespero: Sente-se solitária, desamparada, sem objetivo e

propósito de vida.

Cada pessoa reage diferente diante da situação de morte e estas

características podem ser umas mais acentuadas que outras. Mas sem dúvida, a

16

morte é o que temos de mais concreto e inevitável em nossas vidas. Zimermam

(2000) enfatiza que com a perda de uma pessoa acontece o encerramento de uma

fase da vida.

As perdas são parte da vida: quando morre a mãe, morre também parte da nossa infância e adolescência; quando morre um filho, morrem em nós o futuro previsto junto àquele filho, o sonho de vê-lo um profissional, pai de nossos netos, a pessoa que nos acompanharia até o fim de nossa vida (ZIMERMAM, 2000).

Vale colocar, portanto, que o luto passa por um processo de choque inicial,

passeia pelo desespero até chegar a recuperação e a reestruturação, podendo

manifestar-se por meio de diversos sintomas (BOWLBY, 1990).

Vê-se que as principais emoções encontradas são sentimentos de tristeza,

raiva, culpa e desamparo, que normalmente vêm munidos de pensamentos

negativos, preocupações alucinações, confusões e muitas crenças. Quase sempre o

indivíduo desenvolve o comportamento de isolamento, transtornos do sono,

transtornos alimentares, queixas de ansiedade e angústia e falta de energia. neste

momento o psicólogo ou profissional da área de saúde tende a se questionar. Como

aliviar estes sintomas? Como posso ajudar esta pessoa a sofrer menos e a olhar a

vida sob uma nova perspectiva? Como essa pessoa se adaptará a vida novamente?

O que fazer com a dor? O que fazer com a raiva? Se se essa pessoa vier a ter

consciência de sua própria morte? Como seria esperar pela morte anunciada? Como

viver o processo do morrer? (BASSO; WAINER, 2011).

Unindo esses questionamentos aos princípios da Terapia Cognitivo-

Comportamental, por ser um modelo focal, estruturado e educacional que tem

apresentado resultados eficazes e mais rápidos permitem ao indivíduo retomar sua

vida cotidiana de forma saudável.

De acordo com a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) desenvolvida por

Aaron Beck entre as décadas de 60 e 70, os pensamentos são geradores dos

comportamentos e emoções, sendo que alguns podem apresentar-se de forma

disfuncional. O que poderá causar em alguns enlutados inabilidade e incapacidade

de organizar sua vida. “Em poucas palavras, […] quando as pessoas aprendem a

avaliar seus pensamentos de forma mais realista e adaptativa, elas obtêm uma

melhora em seu estado emocional e no comportamento” (BECK, 2013, p. 23).

17

Como conceito básico da TCC, a forma como uma pessoa interpretará a

realidade, influenciará diretamente no sentido em relação à uma situação e como

virá a se comportar. Portanto, não são as situações que vivemos que causam as

nossas emoções e sim sobre o que pensamos sobre elas e diante da situação

vivida, segundo Beck (2013), temos pensamentos que surgem espontaneamente

sem que hajam um censura ou deliberação estes são denominados “Pensamentos

Automáticos”. Geralmente passam despercebidos e rapidamente e estão

relacionados as “Crenças Centrais”.

As Crenças Nucleares ou Centrais são estruturas cognitivas internas

formadas na infância quando a criança desenvolve conceitos e percepções sobre o

mundo, sobre o outro e sobre si própria. São consideradas verdades absolutas e

determinam como são notadas as situações pelo indivíduo (BECK, 2013).

No entanto, entre as Crenças Centrais e os Pensamentos Automáticos

existem as crenças denominadas “Intermediárias”, que se apresentam como

pressupostos e crenças que a pessoa adquire durante seu desenvolvimento com a

interação com as pessoas e com o mundo, tentando compreender como funciona

seu ambiente, e como suas experiências são organizadas (BECK, 2013, p. 55).

Em resumo, baseado no modelo Cognitivo-Comportamental (figura 1), a

maneira como o indivíduo interpreta as situações influenciará em suas emoções e

comportamentos e está se dará passando pelas crenças desenvolvidas durante a

vida.

Figura 1 – Modelo Cognitivo-Comportamental

Crenças Centrais

Crenças Intermediárias (regras e pressupostos)

Comportamentos

Situações Pensamentos Automáticos Emoções Reações Fisiológicas

Fonte: Elaborada pela autora.

O papel do terapeuta é, colaborativamente com seu paciente, ajudá-lo a

identificar e pensar em que estágio do luto se encontra sempre percebendo e

vivenciando pensamentos e sentimentos que contribuirão para elaboração do luto.

18

2 OBJETIVO

Esse trabalho teve como objetivo analisar, por meio de revisão bibliográfica,

como a Terapia Cognitivo-Comportamental pode ajudar na elaboração do processo

do Luto.

19

3 METODOLOGIA

A pesquisa e obtenção de dados se deu por meio de revisão bibliográfica e de

artigos científicos, tanto impressos como disponíveis online, as bases dos dados

pesquisados foram: SCIELO, PUBMED. MEDLINE, LILACS, PSYCLNFO, BIREME,

IBECS e Google.

Os critérios e seleção dos artigos e livros se deram diante das palavras-

chaves: Luto, Morte, mourning, bereaved, death, Cognitive Behavioral Therapy e

Terapia Cognitivo Comportamental.

Os critérios de inclusão utilizados foram trabalhos e pesquisas que versavam

sobre a utilização da TCC para o tratamento de pessoas enlutadas.

Foram usados livros didáticos e artigos acadêmicos com referência sobre o

tema e após o material previamente definido, foi estabelecido um cronograma a ser

seguido. Sempre buscando uma leitura fluente e um aprendizado sobre o conteúdo

central de cada artigo. Visando assim, a elaboração de um trabalho com teor

coerente e fidedigno.

20

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Poucas foram as publicações encontradas que comprovam a eficácia da TCC

para esse tipo de intervenção o que nos mostra a necessidade de que os trabalhos

efetuados atualmente sejam compartilhados, para que tenhamos um acervo maior

de pesquisa.

Destacam-se quatro artigos de revisão bibliográfica sendo: um artigo de

(BASSO; WAINER, 2011), um de (BOTH; ALVES; PEREIRA, 2012) e dois de

(SILVA; NARDI, 2011). Dois artigos de aplicação de protocolos de atendimento

(SILVA; NARDI, 2010, 2011) e o protocolo sugerido de 12 sessões (SILVA; RANGÉ;

NARDI, 2011), um de identificação de estratégia de enfrentamento do luto e o

protocolo sugerido (GONÇALVES; BITTAR, 2016) e um artigo de estudo de caso

baseado no protocolo (SILVA; NARDI, 2011).

Foram encontradas características bastante comuns no quadro clínico dos

enlutados, que podem refletir sintomas tanto comportamentais, como cognitivos, tais

como (SILVA; NARDI, 2010; SILVA; NARDI, 2011, BOTH; ALVES; PEREIRA, 2012;

BASSO; WAINER, 2011):

1. Comportamentos: isolamento social, transtornos alimentares, transtornos

do sono (insônia ou sono excessivo), choro, procura de sinais que

identifiquem a presença da pessoa perdida;

2. Sentimentos: raiva, tristeza, ansiedade, abandono, choque, culpa;

3. Cognições: preocupação, confusão, alucinação;

4. Reações físicas: nó na garganta, falta de ar, aperto no peito, vazio no

coração, baixa de energia, falta de força muscular, sapo no estômago.

Sem dúvida o luto é um evento provedor de dor, sofrimento, alterações

psicológicas, psicossomáticas, fisiológicas e causam mudanças no ambiente social

em que a perspectiva da morte está ou foi inserida.

Pode se dizer que existem diferente tipos de luto:

Luto Patológico, ou Atípico: a tristeza e a lamentação são suas

características mais fortes. A exacerbação das emoções se faz presente.

Ideações suicidas podem aparecer e sintomas psicóticos podem ser

desenvolvidos.

Luto Adiado ou Mascarado: A pessoa não se permite sofrer e não

expressará seu pesar durante um longo tempo.

21

Luto crônico ou Exagerado: Torna-se parte da vida e podem durar muito

anos. As pessoas nesse tipo de luto são capazes de reconhecer-se

incapazes de superar a perda sozinhos e procuram mais atendimentos

clínicos.

Luto Antecipatório: É quando existe uma elaboração da perda durante o

processo do morrer, como por exemplo, durante o período do

adoecimento longo. Favorece uma estruturação cognitiva mais

adaptativamente rápida.

Luto Complicado: O luto permanece não resolvido ao longo do tempo,

podendo durar muito anos e vezes o resto da vida. Caracterizado por uma

melancolia duradoura acompanhada por uma profunda tristeza,

problemas de saúde e sociais.

Luto Traumático: Quando o encontro com a morte se deu de forma

violenta e avassaladora (exemplos: assassinato e acidentes

automobilísticos), geralmente, são permeados de horror e desamparo.

Luto Coletivo: Desencadeado por uma catástrofe seja de ordem natural,

exemplo: Furação Irma, ou humana sem precedentes, por exemplo:

Queda das Torres Gêmeas. Acarretam profunda angústia e abala a

maneira que vivemos.

Luto Não Reconhecido: Quando a comunidade ou a sociedade não valida

ou ignora a perda sofrida, por exemplo: morte de um animal de estimação

ou quando não está relacionada a morte tal como um separação conjugal

ou aposentadoria.

Luto Inibido: A tristeza é inibida e a pessoa não permite que a realidade

seja vivida. O indivíduo age como se nada tivesse acontecido. Vida

normal!

Luto Natural: Processo natural e universal diante de uma perda onde o

enlutado pode apresentar desinteresse temporário nas atividades

cotidianas, isolamento social e pensamentos intrusivos que levam a

tristeza e a saudade. Varia de acordo com a faixa etária em que o

enlutado se encontra, o tipo de vínculo e as circunstâncias e causas da

perda. O processo de luto e vivido de forma individual e subjetiva e a

elaboração da perda de forma gradual e lenta variando para cada pessoa

(KUBLER-ROSS, 2005).

22

Cabe colocar que os sintomas durante o processo de luto tendem a diminuir,

mas na depressão eles podem piorar (SILVA; RANGÉ; NARDI, 2011).

Diante do tipo de luto vivenciado, as técnicas e estratégias desenvolvidas pela

TCC podem ajudar o enlutado a ter uma vida saudável, utilizando comportamentos e

mecanismos modificados e ou aprendidos. Enfatiza-se que tanto as técnicas como

as estratégias terapêuticas listadas abaixo, podem variar de acordo com cada

paciente e não necessitam ordem para serem utilizadas.

a) Resolução de problemas: Busca-se a melhora na habilidade de ressolucionar

problemas, maximizando o que que está funcional e diminuindo a

complexidade dos mesmos (NEZU; NEZU, 1999). Exemplo: “Será que

existem outras formas de lidar com a situação?” ou “Haveria outro recurso

que pudesse ajudar nesse momento?”.

b) Treino de Habilidades Sociais: Ensinar novas habilidades verbais e

comportamentos para que o enlutado consiga perceber e lidar melhor com o

ambiente (CABALLO, 2003). Sugere-se que possam se listadas algumas

situações que o enlutado tenha dificuldade de resolver e fazemos um ensaio

comportamental avaliando com o paciente como se comportaria diante de

determinada situação. Treinando juntos uma resposta adaptativa. Exemplo:

“Já que treinamos em sessão o que você achar de tentar aplicar em algumas

situações?”.

c) Automonitoramento: Com intuito do paciente perceber como pensa, passará a

ter sentimentos e comportamentos devidos as crenças (FLAVELL, 1979).

Aumentando assim a metacognição. Recomenda-se que diante de uma

situação desagradável o indivíduo observe e identifique o que está fazendo,

pensando e sentindo.

d) Estratégias de Coping: Uma resposta cognitiva e comportamental ao estresse

usando um conjunto de estratégias para adaptar-se as circunstâncias.

Exemplo: “Se um amigo tivesse na mesma situação que você que conselho

você daria à ele?”.

e) Reestruturação Cognitiva: Paciente e terapeuta juntos identificam

pensamentos catastróficos e irracionais, examinam as evidências, prós e

contras, avaliam e percebem modelos mais adaptativos (BECK, 1997).

Exemplo: Modelo A - B- C ou “Que vantagem tenho em manter este

pensamento?”.

23

f) Psicoeducação: Quando o terapeuta explica ao paciente o modelo da terapia

e funcionamento disfuncional, promovendo a compreensão (GARNER, 1997).

g) Registro de atividades diárias - RAD.

h) Carta auto compassiva.

i) Registro de pensamentos disfuncionais - RPD (BECK, 1997).

j) Roda da Vida: É uma técnica pela qual divide-se a vida do indivíduo em

vários setores como social, amoroso, trabalho e religião onde o paciente

anota aspectos marcantes de cada parte da sua vida que o ajudam a

visualizar como pensa. Percentualmente (de 0 a 100%) em grau de

necessidade identificada por onde iniciaremos nosso trabalho.

k) Balança Decisória: É uma ferramenta usada na qual o paciente anota,

relaciona e reflete sobre as vantagens e desvantagens de tornar um

comportamento real ou vivenciar alguma situação. Analisando os prós e

contras.

l) Prevenção e recaída, fazer psicoeducação quanto ao seu funcionamento,

suas dificuldades e também sua autoeficácia (BECK, 1979). Exemplo: “Que

situações são consideradas de risco?” ou “Que estratégicas o auxiliariam

neste momento?”.

m) Role-play: Simulação de um evento onde o paciente dramatiza o que diria a

alguém, tentando mostrar as disfuncionabilidade da crença (BECK, 1997).

n) Descoberta-guiada: Busca descobrir significados mais profundos com base

na informação dada pelo paciente. E este atribui o que compreendeu e

pensou diante da situação (BECK, 1997). Exemplo: “O que significa isso para

você?”.

o) Dessensibilização sistemática: Juntos hierarquizam quais as situações mais

angustiantes ao paciente e gradativamente, do menor ao maior evento

ansiogênico terá a confrontação (D’ZURILLA; GOLDFRIED, 1997).

p) Distração: Consiste em mudança de foco trocando a atenção do paciente

(RANGÉ, 2001).

Segundo a Terapia Cognitivo-Comportamental, ao longo da vida construímos

crenças e cognições sobre nós mesmos, o mundo e o futuro, e estas quando não

bem elaboradas e pensadas podem acarretar erros cognitivos proporcionando

reações físicas, comportamentais e psicológicas. Estas crenças disfuncionais

24

ativadas pela situação do falecimento de um ente querido, determinará a

compreensão deste indivíduo em relação a morte e dificultarão assim o processo de

luto.

Beck (2013) coloca que os principais erros cognitivos são:

LEITURA MENTAL: achar que sabe o que os outros pensam, sem ter

evidências e fatos que comprovem.

PREVISÃO DO FUTURO: fazer previsões somente negativas para o

futuro, adivinhação.

CATASTROFIZAÇÃO: acreditar que um acontecimento é terrível e

insuportável.

ROTULAÇÃO: atribuição de traços negativos que englobam a pessoa por

completo.

MAXIMIZAÇÃO/MINIMIZAÇÃO: quando se avalia a si, o outro ou a

situação de forma irracional intensificando o lado negativo em relação ao

positivo.

FILTRO MENTAL: quando se enxerga somente a faceta negativa da

situação ou pessoa.

GENERALIZAÇÃO: padrão global negativo baseado em um único evento.

PERSONALIZAÇÃO: atribuir somente a si a culpa por fatos negativos.

CULPABILIZAÇÃO: considerar somente a outra pessoa como fonte de

suas emoções negativas.

PENSAMENTO DICOTÔMICO: avaliar fatos e pessoas em termos: “Tudo

ou Nada”, “Bom ou Mau”.

IMPERATIVOS: enfatiza como as pessoas “Deveriam” ser em vez de

perceber o que são.

COMPARAÇÕES INJUSTAS: estabelecer padrões irreais, as vezes com

níveis muito superiores.

LAMENTAÇÃO: enfatizar exageradamente o que poderia ter feito ao

invés do que pode-se fazer agora.

E SE?: fazer mil e uma conjecturas e nunca dar-se por satisfeito e seguro.

INCAPACIDADE DE REFUTAR: negar as evidências que contradizem os

pensamentos negativos.

JULGAMENTO: avaliar em termos de superior/inferior, bom/mau,

exagerando nos julgamentos.

25

Pode-se dizer, portanto, que existe uma importância extrema nos processos

cognitivos durante a elaboração do luto. Pensamentos tornam-se disfuncionais, por

exemplo, pensamentos voltados a ruminação ou lamentação podem fixar e atenuar

situações ansiogênicas e angustiantes, criando um quadro ao qual pode-se

desenvolver um processo depressivo. Basso e Nardi (2011) compreendem e

colocam que a TCC tende a minimizar os efeitos emocionais causados pelo luto,

quando se observam os funcionamentos cognitivos e comportamentais. Tornando-os

claros ao paciente e estabelecendo uma lista prioridades e preocupações auxiliando-

o nas tomadas de decisão quanto a vida.

Considera-se de total importância que seja criada uma rede de apoio social

ao paciente que permitirá amparo emocional e suporte nas tomadas de decisão.

Enfatiza-se que o terapeuta deverá estimular os pontos fortes, autoeficácia do

enlutado para que ele tenha força e habilidade estratégica para agir neste momento

delicado (BASSO; NARDI, 2011; BOTH, 2012).

Pensando também em estratégias e protocolos de intervenção Silva e Nardi

(2010, 2011) apresentaram um estudo realizado por Silva (2009), que propõe um

conjunto de técnicas tantos cognitivas quanto comportamentais que visam a redução

de sintomas típicos do luto e ressignificação de papéis para auxiliar na readaptação

a vida do enlutado.

Sugere-se um protocolo dividido em 12 sessões durante um período de 3

meses. Iniciando no primeiro mês uma proposta psicoeducativa sobre o luto, onde o

paciente aprende a identificar sintomas e sinais que porventura tenha desenvolvido.

É ensinado a utilização de técnicas de controle de depressão e ansiedade em

momento de crise, tal como mudança de foco pela técnica de distração. Neste

momento é feito uma elaboração ritualística de despedida levando em consideração

a cultura e as crenças do paciente (SILVA; NARDI, 2010, 2011).

No segundo mês, é trabalhada a criação de uma rede social de apoio, a

redistribuição de papéis e funções familiares e questões práticas sobre a resolução

de problemas pendentes. Durante o terceiro mês, a meta será a adaptação do

indivíduo a sua nova rotina, reorganizando seus cronogramas de atividades e

horários, facilitando a visualização e perspectiva de novos projetos e vínculos

emocionais. Desenvolvendo também, a prevenção de recaída, considerando e

respeitando a dor pela perda (SILVA; NARDI, 2010, 2011).

26

No decorrer das 12 sessões, são aplicados os inventários de BECK, que são

escalas que tem como objetivos medir a intensidade da ansiedade, depressão,

desesperança e suicídio. Também utilizaram outras ferramentas como AS (Atenção

sustentada) (SISTO, 2006), AC (Atenção Concentrada) (CAMBRAIA, 2013), QSG

(Questionário de Saúde Geral) (GOLDBERG, 1996) e ISSL (Inventário de Sintomas

de Stress de Lipp) (LIPP, 2000). Nas duas pacientes acompanhadas que se

utilizaram destes instrumentos, a TCC a mostrou-se eficiente e rápida.

Segue abaixo alguns resultados tabulados (SILVA, NARDI, 2010, 2011):

Depressão: mostrou-se evolução de intensidade grave a moderada;

Ansiedade: de grave num primeiro momento, passou a ser moderada e

depois leve;

Desesperança: inicialmente moderada depois leve;

Estresse: primeiramente de exaustão para resistência (95% para 50%);

Desejo de Morte: na paciente A de 100% a 45%, paciente B de 95% para

50%;

Distúrbios do Sono: Paciente A de 100% para 55%, Paciente B de 90%

para 40%;

Distúrbios Psicossomáticos: Paciente A de 95% para 60%, Paciente B de

95% para 55%.

Foi encontrada também uma publicação de protocolo, desenvolvida por

Rangé e Cols (2011), que apresenta uma proposta de 12 sessões com intervalo de

uma semana entre elas, onde é apresentada a sistematização didaticamente

desenvolvida sessão por sessão, com objetivos, formulários sugeridos e agenda a

ser trabalhada.

Sessão1 – Objetivos: Psicoeducação, apresentação do modelo cognitivo

comportamental; Informações sobre luto normal e patológico; ensinar o paciente a

reconhecer sintomas e sinais comuns durante o processo de enlutamento; contrato

terapêutico. Agenda: explicar o modelo teórico do luto e suas fases; enfatizar o

processo colaborativo; informar regras de trabalho em relação ao contrato

terapêutico; ensinar o preenchimento do RAD. Formulários: Folha de objetivos e

metas; diferenciação entre sentimentos, pensamentos e comportamentos e Registro

de Atividades Diárias (RAD).

27

Sessão2 – Objetivos: Retomar as características do enlutamento, ensinar a

relação entre pensamento, comportamento, sentimentos e reações orgânicas,

ensinar exercícios de relaxamento. Agenda: Pedir que o paciente comente sobre os

sinais e sintomas verificados durante a semana; Ajudar a identificar os fatores

facilitadores da ocorrências dos sinas e sintomas, treino de relaxamento muscular

progressivo. Formulários: Como pensamentos criam sentimentos, exercício A-B-C,

Registro de Prática de Relaxamento (RPR).

Sessão3 – Objetivos: Estimular o reconhecimento da realidade da perda,

ensinar a identificação de sinas e sintomas depressivos e a utilização de mudança

de foco, incentivar a procura de atividades de promovam o bem-estar. Agenda:

Preencher um Registro de Pensamento Diário (RPD) completo, verificar se há

sentimento de culpa em relação ao falecido, incentivar que o paciente tente

conversar sobre a perda com familiares e amigos. Formulários: RPD, Torta de

Responsabilidades, Diário de Ansiedade.

Sessão4 – Objetivos: Avaliar se o paciente está utilizando apropriadamente o

RPD, verificando se o mesmo consegue elaborar pensamentos alternativos e

funcionais, estimular o confronto com a realidade da perda, de acordo com as

crenças do paciente, elaborar rituais de despedida. Agenda: Solicitar ao paciente

que relate como foram as tentativas de diálogo sobre a perda com outras pessoas,

levantando pontos positivos e dificuldades encontradas, explicar a importância dos

rituais de despedida e fornecer exemplos. Formulários: RPD, elaboração do ritual de

despedida.

Sessão5 – Objetivos: Verificar sentimentos e pensamentos especificamente

sobre o ritual de despedida, elaborar possíveis pendências entre o paciente o ser

perdido, recordar formas de lidar com os sintomas de depressão e ansiedade.

Agenda: Estimular o relato de como foi realizado o ritual de despedida e que

sentimentos e pensamentos foram despertados, fazer um levantamento das

pendências de como soluciona-las elaborando estratégias para a devida solução,

explicar o exercício da Carta de Despedida. Formulários: Folhas para realização do

levantamento de pendências e Diário de Ansiedade.

Sessão6 – Objetivos: Trabalhar o rompimento do vínculo emocional entre o

paciente e o falecido, facilitar a adaptação do paciente ao mundo, levantamento de

lembranças positivas. Agenda: Estimular o paciente falar sobre suas cartas e as

dificuldades no momento de elaboração, leitura das cartas, elaboração de uma carta

28

resposta sob a percepção do ente querido, exercício de visualização de reencontro,

para uma despedida final, realizar técnica de relaxamento. Formulários: Registro de

Prática de Relaxamento (RPR).

Sessão7 – Objetivos: Facilitar a elaboração e redistribuição de papeis no

núcleo familiar, visando a reorganização do sistema. Agenda: Trabalhar formas de

levar essa redistribuição de tarefas para o núcleo familiar, verificar qual era o papel

que o de cujus exercia no sistema familiar e debater possibilidades de reorganização

com o grupo. Formulários: tabela para registros de tarefas e atividades antes

executadas pelo falecido, Folha para esboço de redistribuição de tarefas.

Sessão8 – Objetivos: Facilitar a criação de uma rede de apoio social,

estimular o contato social que possam ajudá-lo nas atividades diárias e nas

recaídas. Agenda: Elaborar com o paciente uma lista com nomes das pessoas que

fazem parte da sua vida, dividi-las em categorias levando em conta a proximidade

emociona e física, incentivar a prática de exercícios físicos. Formulários: Folhas para

realização das listas, RPD.

Sessão9 – Objetivos: Estimular a manutenção e o desenvolvimento da rede

de apoio social, readaptação do paciente a vida cotidiana, organizar horário de

atividades semanais. Agenda: Observar como foi a experiência de ampliação do

contato social levantando as dificuldades e traçando estratégias para lidar com elas,

levantas e reforçar pontos positivos, fazer um levantamento das atividades

rotineiras. Formulários: RPD, folha para exercício de dificuldades e soluções.

Sessão10 – Objetivos: Ensinar o paciente a estruturar sua semana de forma

funcional mantendo atividades prazerosas, ensinar técnicas de resolução de

problemas. Agenda: Fazer uma comparação entre a semana elabora

individualmente com a semana vivenciada, estimular a funcionalidade social do

paciente. Formulários: RPD, Formulário de Resolução de Problemas.

Sessão11 – Objetivos: Ajudar o paciente a identificar novos interesses, novos

objetivos e novas relações, fornecer instrumentos de implementação de novos

projetos, desfazer crenças disfuncionais que o impeçam de investir em novas

relações. Agenda: Levantamento de áreas de interesse do paciente, ensinara

elaboração de balança decisória, realizar ensaio cognitivo. Formulários: Formulário

para balança decisória, RPD.

Sessão12 – Objetivos: Avaliação das habilidades adquiridas medições por

meios de inventários e ou escalas, trabalhar previsão de recaída e avaliação de

29

risco. Agenda: Realizar um exercício escrito em que o sujeito nos conta como se

percebia no passado, na atualidade e quais os seus planejamentos para o futuro,

investigar sentimentos, pensamentos e comportamentos atuais, verificar a

necessidade de acompanhamento terapêutico, despedida.

Gonçalves, Bittar (2016), em seu artigo sobre a identificação de estratégias de

enfrentamento do luto relata que, foi utilizado um questionário para coleta de dados

composto por duas partes. A primeira tinha o propósito de identificar através de

questões abertas o vínculo com o falecido, o tempo em que se deu a perda, a

percepção sobre a elaboração ou não da perda, a rede de apoio que o enlutado

identificou como importante para ajudá-lo.

Na segunda parte do questionário foram elaboradas 3 questões de múltipla

escolha com os mesmos objetivos. As duas partes com o intuito de verificar e avaliar

o nível de concordância entre as respostas obtidas. Para tais análises foi utilizado o

teste de Fisher para a verificação da precisão e para a análise da concordância

utilizou-se o de teste de Kappa.

Conclui-se que o apoio social (família) e a religião foram importantes

elementos de apoio. E que a superação e seu tempo eram variados de pessoa a

pessoa.

Zwielewski, Sant’Ana (2016), em seu artigo sobre detalhes do protocolo do

luto e a Terapia Cognitiva Comportamental optaram por um estudo de caso clínico

onde se fez a utilização de um protocolo estruturado baseado em TCC que valoriza

3 esferas na vida do paciente. 1. O aprendizado de novas habilidades

comportamentais e cognitivas, que possibilitam ao paciente a retomada a seu ciclo

de vida; 2. A reformulação e ressignificação dos papéis dos enlutados; 3. O respeito

ao curso natural do luto. Foi utilizado o protocolo de Silva (2009), com duração de 12

sessões com espaço de 7 dias entre elas.

Pode-se concluir que após a 8ª sessão a paciente apresentou humor menos

deprimido e menor ansiedade, comportamento mais funcional e maior aceitação com

relação a morte do filho. Havendo significativa melhora na interpretação sobre a

morte, maior capacidade de reavaliação das interpretações, sendo mais funcionais,

refletindo em emoções mais saudáveis e positivas. Notou-se também maior

capacidade de desenvolver estratégias de enfrentamento quanto a saudade e

melhoras em lidar com problemas diários.

30

Em 2011, Silva e Nardi, apresentaram um artigo sobre a TCC para luto pela

morte súbita de cônjuge, onde aplicaram o protocolo de 12 sessões e ao final das

mesmas a paciente já se encontrava frequentando normalmente o ambiente de

trabalho, retomou o contato com os amigos e conseguia considerar um futuro mais

positivo. Colaborando assim, com a ampliação os limites da TCC e apresentando

excelentes resultados ao quadro de luto.

Em suma a TCC pode-se utilizar de inúmeros instrumentos no decorrer do

tratamento para auxiliar na modificação, reestruturação e flexibilização de

funcionamentos distorcidos ou disfuncionais provedores de sofrimento. É importante

lembrar que é fundamental, essencial e ultra necessário sempre proporcionar

acolhimento e um vínculo empático na terapia. Facilitando assim, a expressão dos

sentimentos e emoções ligadas a perda do ente querido. E colaborativamente

construírem uma conceitualização de caso utilizando-se de feedbacks e assim

evitando conceitos errôneos que podem potencializar e trazer complicações a níveis

cognitivos e funcionais.

31

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do estudo realizado, pode-se dizer que o processo de luto

desencadeia disfuncionalidades comportamentais, cognitivas e acarreta problemas

psicológicos, biológicos e sociais. Sempre colocando através dos pressupostos da

TCC, que é uma teoria baseada em evidências que nossos comportamentos, são

gerados por nossos sentimentos e quando estes se desenvolvem de maneira

distorcida e disfuncional, podem impossibilitar a reorganização e ressignificação da

vida, criando características estressoras e ansiogênicas.

A TCC tende a ser importante para contribuição dos alívios gerados pelo luto,

por ser breve e focal. Mostrou-se efetiva nos dois casos estudados e apresentados,

contudo, ressalta-se a necessidade de mais trabalhos sobre o tema e um maior foco

para essa terapêutica, a fim de auxiliar a população enlutada.

A partir do momento que nascemos, iniciamos também um processo de

morte. Portanto, vivemos pequenos ciclos de morte sejam eles no contexto diário

entre o acordar e adormecer noturno, ou também morte de nossos projetos,

decepções, ideias abortadas, finais de relacionamentos e fases da vida. Porém,

existe a morte definitiva a que encerra nossa atitudes e vivências, que finalizada a

apresenta nossa vida concluída. A morte da qual não podemos tratar porque ela nos

excede. Mas, que podemos olhá-la com veracidade, compaixão e amor.

O luto, este sentimento tão profundo de tristeza e pesar pela morte de

alguém, que possui tantos vieses dolorosos, tantas representações e simbolismos

pode ser amenizado, tratado e olhado com respeito. Tantas são as formas, técnicas

e estratégias que pode se utilizar em TCC para contribuir para retomada da vida de

um indivíduo.

Tantos são os estudos, as reflexões, artigos e livros que temos disponíveis,

mas sem dúvida alguma a maior fonte de pesquisa é olhar profundamente, ouvir

com respeito e atenção, interagir e compartilhar informações com cada um dos

pacientes. A Terapia Cognitivo-Comportamental mostra-se eficiente, melhorando a

qualidade das pessoas enlutadas, permitindo a cada uma delas a esperança de

continuidade.

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-----... Living in Crete.Net. "Funeral Traditions in Crete and Greece".

36

ANEXO

Termo de Responsabilidade Autoral

Eu Leticya Pinto de Moraes Ghigonetto, afirmo que o presente trabalho e

suas devidas partes são de minha autoria e que fui devidamente informado da

responsabilidade autoral sobre seu conteúdo.

Responsabilizo-me pela monografia apresentada como Trabalho de

Conclusão de Curso de Especialização em Terapia Cognitivo Comportamental, sob

o título “A Importância da Terapia Cognitiva- Comportamental no Processo de

Luto”, isentando, mediante o presente termo, o Centro de Estudos em Terapia

Cognitivo-Comportamental (CETCC), meu orientador e coorientador de quaisquer

ônus consequentes de ações atentatórias à "Propriedade Intelectual", por mim

praticadas, assumindo, assim, as responsabilidades civis e criminais decorrentes

das ações realizadas para a confecção da monografia.

São Paulo, __________de ___________________de______.

____________________

Assinatura do (a) Aluno (a)