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PROJETO INTEGRADOR | 2016 CIDADANIA e controle social CURSO DE EXTENSÃO mod. 3

CURSO DE EXTENSÃO CIDADANIA · Corregedor-Geral Conselheiro José Carlos Novelli Ouvidor-Geral Conselheiro Waldir Júlio Teis Integrantes ... no que tange à atividade final, articule

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PROJETO INTEGRADOR | 2016

CIDADANIAe controle social

CURSO DE EXTENSÃO

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CIDADANIAe controle social

CURSO DE EXTENSÃO

TRIBUNAL PLENO

PresidenteConselheiro Antonio Joaquim M. Rodrigues Neto

Vice-PresidenteConselheiro Valter Albano da Silva

Corregedor-GeralConselheiro José Carlos Novelli

Ouvidor-GeralConselheiro Waldir Júlio Teis

IntegrantesConselheiro Gonçalo Domingos de Campos Neto

Conselheiro Sérgio Ricardo de AlmeidaConselheiro Interino Moisés Maciel

Conselheiros SubstitutosLuiz Henrique Moraes de Lima

Isaías Lopes da CunhaLuiz Carlos Azevedo Costa Pereira

João Batista Camargo JúniorJaqueline Maria Jacobsen Marques

Ronaldo Ribeiro de Oliveira

Ministério Público de ContasProcurador-Geral

Gustavo Coelho Deschamps

Procurador-Geral SubstitutoWilliam de Almeida Brito Júnior

Procuradores de ContasAlisson Carvalho de Alencar

Getúlio Velasco Moreira Filho

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

Maria Lúcia Cavalli NederReitora

João Carlos de Souza MaiaVice-Reitor

AutoresBartolomeu José Ribeiro de Sousa

Rose Cléia Ramos da Silva

AtualizaçãoMaria Felícia Santos da Silva

Apoio TécnicoMurillo Oberdan dos Santos Gouveia

Apoio AdministrativoJosane Ferreira de Araújo

Projeto Gráfico e EditoraçãoMaurício Mota

Fabio Marques Guerreiro Santos

ColaboraçãoPatrícia Simone Nogueira

RevisãoIrene Cajal

DADOS DO CURSO DE EXTENSÃOCurso de Extensão: “Cidadania e Controle Social”

ÁREA DE CONHECIMENTO

Educação e Políticas Públicas”

NATUREZA E MODALIDADEExtensão (EAD)

UNIDADE RESPONSÁVELSecretaria de Articulação Institucional e Desenvolvimento da Cidadania do TCE-MT

SUPERVISÃO DO CURSOCassyra L. Vuolo

Secretária de Articulação Institucional e Desenvolvimento da Cidadania

COORDENAÇÃO DO CURSOMarina Spinelli

Diretora da Escola Superior de Contas do TCE-MT

COORDENAÇÃO DO CURSO DE EXTENSÃO/UFMTMarluce de Oliveira Arruda Feitosa

COORDENAÇÃO DA ÁREA EAD/CONVÊNIO TCE/UFMTRosana Abutakka

COORDENAÇÃO PEDAGÓGICAEsther de Mello Menezes

Gerente de Formação e Capacitação

COORDENAÇÃO EXECUTIVAAnayna Auerswald

Coordenadora de Projetos

SUPERVISOR DE TUTORIAClaudia Oneida Rouiller

COORDENADORES DE TUTORIAIsabela Gomes de PaivaKarina Richter Modelli

Simony Jin

REVISÃO TEXTOSolange Maria de Barros

Alice Matos – Jornalista DRD 643/MT

ENDEREÇO DE FUNCIONAMENTOEscola Superior de Contas do Tribunal de Contas de Mato Grosso

Rua Conselheiro Benjamin Duarte Monteiro, S/N, - Edifício Marechal RondonCentro Político Administrativo – Cuiabá-MT / CEP 78.049-915Fone: (65) 3613-7550 – Email: [email protected]

Horário de Funcionamento: 8h às 18h

Profa. DRA. ROSE CLEIA RAMOS DA SILVA (Autor)

Graduada em Licenciatura Plena em Pedagogia pela UFMT (1998), Mestre em Educação pela UFMT (2002), Doutora em Educação pela UFF/ RJ (2011). Professora do Instituto de Educação, desde 2004, credenciada no Programa de Pós-graduação em Educação da UFMT, desde 2011 e líder do Grupo de Estudo e Pesquisa em Gestão e Financiamento da Educação Básica/ GEPGFEB,o qual está inserido na Linha de Pesquisa em Movimentos Sociais e Educação Popular do PPGE-UFMT-IE. [[email protected]].

Profa. Ms. MARIA FELICIA SANTOS DA SILVA (Atualização)

Bacharel em Ciências Contábeis – UFMT (1989); Especialização em Controladoria e Finanças – UFMT (1995); Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais – PUC SP (2000). Professora do Departamento de Ciências Contábeis – UFMT, desde 1996. Auditor Público Externo no Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso, desde 2009.

Prof. Ms. BARTOLOMEU JOSÉ RIBEIRO DE SOUSA (Autor)

Possui graduação em Licenciatura em Ciências Biológicas e Pedagogia pela Universidade Estadual do Piauí – UESPI (2002); Especialização em Educação a Distância pela Universidade de Brasília – UnB (2008) e Mestrado em Educação pela Universidade Católica de Brasília – UCB (2010), na linha de concentração Políticas Públicas e Administração da Educação. Atualmente é professor do Instituto de Educação da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), onde atua no Curso de Pedagogia, modalidade a distância como professor conteudista da Disciplina Políticas Públicas e Gestão Educacional I. Foi Técnico-Especialista em Educação do quadro efetivo de pessoal do Ministério da Educação (MEC) atuando na implementação e acompanhamento de programas e projetos educacionais, tendo atuado nos programas Escola de Gestores da Educação Básica Pública, Programa Pró-Licenciatura, Universidade Aberta do Brasil e Plano de Ações Articuladas. Foi Professor da Rede Pública de Educação do Estado do Piauí e professor substituto da Universidade Estadual do Piauí.

APRESENTAÇÃO ............................................................................................8

UNIDADE 1 - FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS DA FUNCIONALIDADE DOS CONSELHOS DE POLÍTICAS PÚBLICAS ....................................................101.1 A gestão democrática nas políticas e serviços públicos .......................................101.2 O controle social exige integração das ações e trabalho em rede ......................12

UNIDADE 2 - ASPECTOS DA AÇÃO ..................................................................192.1 Aspecto da Ação ............................................................................................................192.2 Aspectos da ação para a elaboração do trabalho final ..........................................21

REFERÊNCIAS .................................................................................................23

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MÓDULO IIIGESTÃO PÚBLICA EM MATO GROSSO

Caro(a) Cursista, você está iniciando o seu terceiro e último módulo do Curso. As experiências de leitura e estudos realizados até este momento, deverão, agora, darem condições a uma intervenção significativa em sua realidade local.

O texto de Leonardo Avritzer (2008), recomendado neste módulo, é uma importante referência de leitura, a qual permitirá, a você saber do potencial de democratização dos conselhos e das variáveis do formato das instituições participativas do Brasil democrático.

Discuta sobre isso com os demais cursistas nos fóruns, elabore suas sínteses e, no que tange à atividade final, articule autonomamente tudo o que você aprendeu com o conteúdo dos três módulos do curso e com as atividades de interação com os tutores e com os outros cursistas.

Neste módulo, estamos propondo um trabalho final, necessário para sua certificação, com o objetivo de envolver o conselheiro ou futuro conselheiro na discussão e proposição de ações que representem a sistematização das demandas reais da população local com vistas a intervir na melhoria da prestação dos serviços públicos prestados à população.

Sucesso no seu trabalho final!

UNIDADE1 FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS DA FUNCIONALIDADE DOS CONSELHOS DE POLÍTICAS PÚBLICAS

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UNIDADE 1FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS DA FUNCIONALIDADE DOS CONSELHOS DE POLÍTICAS PÚBLICAS

1.1 A GESTÃO DEMOCRÁTICA NAS POLÍTICAS E SERVIÇOS PÚBLICOSO nosso primeiro pressuposto decorre de um princípio fundante do Estado Democrático de Direito, presente na nossa Carta Magna, a qual afirma de forma imperativa que, “Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente (...)”.

A Constituição da República de 1988 e a legislação infraconstitucional que regulamenta as principais políticas públicas inovaram ao estabelecerem um sistema descentralizado de participação popular que inclui os conselhos, fóruns, ouvidorias, conferências, orçamento participativo, mesas de diálogo, como mecanismos institucionalizados de uma verdadeira arquitetura política de participação.

Sendo o povo brasileiro o titular do poder, a participação nas decisões referentes aos assuntos de interesse público deve ser o norte político e pedagógico de todo cidadão e, sobretudo, dos conselheiros, seja dos conselhos de direitos, conselhos de políticas públicas e conselhos responsáveis pela gestão de fundos contábeis.

Sabemos que a participação de setores populares na gestão pública encontra um grande número de obstáculos para concretizar-se. Por este motivo,

(...) um dos requisitos básicos e preliminares para aquele que se disponha a promovê-la (a participar) é estar convencido da relevância e da necessidade dessa participação, de modo a não desistir diante das dificuldades. A maior evidência da imprescindibilidade da participação popular nas instâncias onde se dá o oferecimento de serviço pelo Estado parece estar na constatação da fragilidade de nossa democracia liberal, que, restringindo a participação da grande maioria da população ao momento do voto, priva-a de processos que, durante os quatro ou cinco anos de mandato, permitiriam controlar as ações dos governantes no sentido de atender aos interesses das camadas populares. Desta

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forma, em lugar de servir como instrumento para atendimento das necessidades da maioria, o Estado se limita a servir aos interesses dos grupos minoritários, detentores do poder econômico e político na sociedade. Por isso uma democracia efetiva exige controle democrático do Estado. (PARO, 2006, p. 16-17, grifos nossos).

Para que o conselho se fortaleça no seu potencial democratizador, os conselheiros precisam estar constantemente juntos com os segmentos que representam, comunicando e discutindo acerca das pautas de reuniões, das deliberações, da agenda do conselho. E, não apenas com os respectivos segmentos, mas com toda a sociedade, tensionando o poder político para o compartilhamento do poder. Esse é um processo de retroalimentação e legitimação do conselho enquanto espaço fundamental de democratização do Estado e da gestão pública.

O exercício da participação nos conselhos não pode ser um fim em si mesmo. Para uma prática efetiva de controle social sobre o Estado, é necessário que o exercício da participação no conselho se articule com outros conselhos e com outras instâncias e espaços. Fundamentos teórico-metodológicos da funcionalidade dos conselhos de políticas públicas de participação social e política como as conferências, audiências públicas, ouvidorias e outros que venham a ser criados no âmbito local.

A participação social e política nos espaços e instâncias de decisão é condição para o controle social e a gestão democrática da Administração Pública. Assim, é necessário destacar que a participação é importante porque:

• É um direito de toda pessoa: de opinar, reivindicar, propor, criticar e atuar em questões que afetam sua vida e das coletividades.

• É um fator de qualificação e aprimoramento das políticas públicas. Ela possibilita que os planos, as políticas e os programas sejam construídos e implementados de forma mais sintonizada com as demandas e aspirações sociais de um município, estado ou país.

• Mobiliza compromissos, diversifica as vozes, dinamiza o debate político, além de contribuir para a identificação de problemas a serem superados e de boas propostas, experiências, acúmulos e ideias existentes na sociedade.

• Possibilita que a população amplie sua compreensão sobre a administração pública, seus limites e desafios e, especialmente, sobre a atuação dos gestores (AÇÃO EDUCATIVA, 2013)

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O verdadeiro sentido da palavra público refere-se aquilo que é decidido por todos.

1.2 O CONTROLE SOCIAL EXIGE INTEGRAÇÃO DAS AÇÕES E TRABALHO EM REDEO Estado moderno e a administração pública, nos moldes como conhecemos hoje foram fruto de um paradigma da ciência, marcado, entre outros aspectos, pela separação entre homem e natureza e uma forte especialização dos conhecimentos.

Essa visão de mundo nos legou uma administração pública fragmentada, estanque, estruturada de forma departamental, em secretarias, ministérios, autarquias e órgãos públicos que atuam de forma isolada, tratando o cidadão como um mero objeto de atuação e não como sujeito de direitos.

Nesse cenário, os problemas sociais e econômicos são tratados de forma isolada, com preponderância das questões econômicas sobre os problemas sociais. Os diagnósticos da realidade fragmentam o todo, privilegiam as partes, setorizam os problemas, intervêm na realidade apenas de forma parcial e desconsideram as relações com a totalidade.

Os conselhos de políticas públicas não são instâncias isoladas e, portanto, estão inseridos nessa realidade. Como órgãos situados na estrutura do Estado, os conselhos reproduzem essa organização setorizada e atuação fragmentada com uma cultura institucional de ausência de diálogo e articulação com os demais conselhos.

É preciso compreender que os grandes problemas que afligem a humanidade não acontecem de forma isolada, mas guardam relações entre si. A pobreza, por exemplo, é um problema multidimensional que não se restringe a uma questão meramente econômica, mas relaciona-se também com dimensões como o trabalho, moradia, saúde e educação e, logicamente, com as consequências das condições objetivas de vida, dentro de um contexto socialmente desigual. A saúde, por sua vez, também não pode ser vista apenas pelo enfoque da doença, mas pela educação, condições de vida, trabalho e acesso a bens culturais e formas de lazer.

Essa forma setorizada de organização da gestão pública precisa ser superada,

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pois não responde mais aos desafios atuais e não garante eficiência, eficácia e efetividade nas políticas públicas. Os padrões atuais de organização da gestão pública e de implementação das políticas públicas impõem a necessidade de uma lógica orientada pela intersetorialidade e transversalidade das ações e dos serviços públicos.

A intersetorialidade é vista como uma articulação de saberes e experiências no planejamento, realização e avaliação de ações para alcançar efeito sinérgico em situações complexas visando ao desenvolvimento social, superando a exclusão social. É uma nova lógica para a gestão da cidade na sua totalidade, nas suas necessidades individuais e coletivas. Mas essa totalidade passa também pelas relações homem/natureza. É o espaço geográfico onde se dão as relações, mas que também é construído socialmente (JUNQUEIRA, 1998).

A intersetorialidade consiste em uma estratégia de gestão que se apresenta em diversos níveis de implementação e que se define pela busca constante de formas mais articuladas e coordenadas das políticas públicas e setores governamentais. É orientada pela necessidade de uma abordagem mais abrangente sobre os problemas sociais e as condições de sua produção e reprodução social.

É importante advertir que não se trata de uma mera “parceria” entre atores, instituições e setores da administração pública, mas uma outra lógica de compreender os problemas sociais e o cidadão numa perspectiva de totalidade e outras ferramentas para o pensar e o agir.

REFLITA

Cursista, como podemos desenvolver a intersetorialidade e a transversalidade das ações na gestão pública?

Vejamos alguns caminhos:

São muitas as formas e as estratégias que podem ser desenvolvidas para o desenvolvimento da intersetorialidade e transversalidade das ações. Um importante passo, nesse sentido, vem sendo dado pelo Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso (TCE-MT) com o Programa de Desenvolvimento

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Institucional Integrado (PDI), lançado em 2012.

O escopo principal do PDI é o desenvolvimento integrado e permanente do TCE-MT e de todas as instituições públicas sob sua jurisdição, superando a atuação setorial e fragmentada das ações governamentais.

O PDI foi estruturado a partir de cinco grandes projetos:

1. Apoio ao Planejamento Estratégico;

2. Incentivo ao acesso a informação e à Consciência Cidadã;

3. Orientação por meio de cursos presenciais e a distância;

4. Controle gerencial utilizando o sistema Geo-Obras;

5. Modernização Institucional.

O projeto 2 – Incentivo ao acesso à informação e à consciência cidadã, desenvolvido pela SAI, é responsável pela realização de oficinas transversais e intersetoriais entre os conselhos de políticas púbicas para discussão e indicação das principais demandas que a sociedade deseja ver inseridas no plano estratégico elaborado pelo Poder Executivo no projeto 1. E a partir dessas oficinas são elaborados os cursos de capacitação para que este público (conselheiros e toda a sociedade) possa se preparar para realizar o acompanhamento e avaliação dos resultados das políticas públicas planejadas.

Logo, o objetivo deste curso condensa a ideia de fortalecimento do controle social, visando o despertar do cidadão para as atividades de conselheiros bem como a atualização dos cursistas que já são conselheiros em relação às suas atribuições e competências, para que os conselhos atuem efetivamente no processo de elaboração, execução e avaliação das políticas públicas, no âmbito dos municípios. Nesse sentido, criar uma cultura participativa é uma responsabilidade coletiva da sociedade.

Além disso, para os conselhos pressupõe-se que sejam instâncias pró-ativas. O TCE de Mato Grosso tem se revelado um importante agente da formação da consciência cidadã neste estado.

Sentido histórico e o significado do curso “Cidadania e Controle Social”

Este curso que você participa é realizado pelo Tribunal de Contas do Estado de

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Mato Grosso - TCE/MT e certificado pela Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT.

No cenário das ações para a democratização da gestão pública e fortalecimento do controle social, em Mato Grosso, este curso reveste-se de uma grande importância histórica pois, trata-se de um processo de atualização do conselheiro e de formação do cidadão para que este se torne conselheiro futuramente e qua ambos possam ter conhecimento necessário para a efetivação do controle social dos recursos públicos.

O curso de extensão “CIDADANIA E CONTROLE SOCIAL” apresenta uma organização curricular baseada na articulação da teoria com a prática e favorecendo a contextualização dos conhecimentos na realidade sócio cultural do Estado de Mato Grosso. O curso também tem como princípio norteador a ideia de que os Conselhos Municipais de Políticas Públicas se constituem em estratégias fundamentais para a efetivação do controle social, com vistas a uma gestão pública pautada pelos princípios constitucionais e voltada para o alcance de resultados socialmente desejados.

Assim, para que os conselhos sejam potencializados no exercício do controle social é fundamental a formação continuada dos conselheiros/as aliado a processos e mecanismos que garantam a autonomia dos conselhos e criação de estratégias fortes de representação.

IMPORTANTE

Vamos retomar os estudos do módulo I para lembrar que há diferentes perspectivas de democracia e de participação. Vamos problematizar qual é a perspectiva de participação que poderá, de fato, potencializar as ações dos conselhos.

Os modelos de participação que temos no movimento político contemporâneo revelam mudanças forjadas pela própria tensão entre a democracia representativa e a democracia direta. Os conflitos gerados em função das lutas sociais da

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modernidade e os embates ideopolíticos contemporâneos acerca da democracia trouxeram à tona a crise operacional da democracia representativa. Dessa crise, uma nova dimensão de participação aparece como possibilidade de equilíbrio para o capitalismo. Aparece no cenário das relações capitalistas a ideia da participação como recurso gerencial.

Pode-se dizer que as novas objetivações do capitalismo e da sociedade moderna induzem a que a participação se desloque da política e perca conteúdo ético-político, em benefício de um vínculo mais estreito com os interesses particulares, com a resolução de problemas e com o atendimento a demandas específicas. Há uma tendência objetiva que força que a participação deixe de ser pensada como recurso vital para a recriação do social, a fundação de novos Estados ou instituições de formas mais democráticas e civilizadas de convivência, e passem a ser pensada como um meio para inversão de prioridades governamentais e a transferência de custos gerenciais. A participação tende a se converter em um instrumento para solidarizar governantes e governados, para aliviar e agilizar a ação governamental, para compartilhar custos e decisões, para reduzir atritos entre governo e sociedade. [...] O modo como são hoje pensadas e assimiladas as ‘organizações não-governamentais’, ou ainda, a ideia do público não-estatal, indicam com clareza essa inflexão. (NOGUEIRA, 2005, p. 140-141).

A lógica racionalista do mercado induz a criação de formas de participação articuladas ao seu conteúdo ético-político, pois, como aponta Nogueira, o Estado transfere responsabilidades à sociedade e o faz através de um trabalho ideológico que objetiva legitimar a esfera pública não-estatal.

Realize esta atividade no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA)

Que estratégias são fundamentais aos conselhos de políticas públicas para atuarem com eficiência, autonomia na implementação das suas ações e decisões? Relacione sua resposta com o texto anterior. Agora, leve sua sugestão ao fórum de discussão.

ATIVIDADE 1 | Mod.3 | Unid.1

FÓRUM DE DISCUSSÃO OPTATIVA

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Realize esta atividade no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA)

A respeito do uso do dinheiro público:

1 – Você já observou alguma irregularidade em seu município?

2 – Você denunciou ou preferiu se silenciar para não ser prejudicado?

Faça um breve texto, no máximo 10 linhas, respondendo as duas questões sem identificar nomes e nem autoridades políticas (no caso de ser afirmativa a sua resposta no 1), apenas contextualize a sua postura diante da problemática indicada.

ATIVIDADE 2 | Mod.3 | Unid.1

TAREFA ONLINE

ATIVIDADE 3 | Mod.3 | Unid.1

QUESTIONÁRIO

Realize esta atividade no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA)

OBRIGATÓRIA

OPTATIVA

UNIDADE2 ASPECTOS DA AÇÃO

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UNIDADE 2ASPECTOS DA AÇÃO

2.1 ASPECTOS DA AÇÃORecomendamos a leitura do texto de Avritzer (2008), como atividade complementar, para que a proposta acima seja pensada na perspectiva de um aprendizado político de construção da democracia efetiva.

SAIBA MAIS

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ar ttext&pid=S0104-62762008000100002&lng=pt&nrm=iso

O texto de Leonardo Avritzer analisa as instituições participativas, demarcadas no movimento recente da democracia brasileira, através de uma pesquisa com dados de quatro cidades (Porto Alegre, São Paulo, Belo Horizonte e Salvador). Ele aponta três desenhos de arranjos participativos diferenciados:

1º) os desenhos de participação de baixo para cima, que como um bom exemplo é a experiência do Orçamento Participativo (OP);

2º) o desenho institucional da partilha do poder, para o qual os conselhos de políticas públicas são exemplos e

3º) o desenho institucional é o da ratificação pública, prática que, segundo o autor, os atores da sociedade civil não participam diretamente do processo decisório, mas são chamados para referendá-lo em audiências públicas. Para este caso, o exemplo é a forma como são ratificados os planos diretores municipais. Tratam-se de exemplos que, no Brasil, constituem-se como experiências recentes do movimento de redemocratização iniciado em meados dos anos de 1980.

Avritzer explica que, nestes três tipos de arranjos participativos, podem-se destacar algumas variáveis, quais sejam: “iniciativa na proposição do desenho,

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organização da sociedade civil na área em questão e vontade política do governo em implementar a participação”(2008, p.46). Dessas variáveis, a segunda é a que nos permite pensar sobre o potencial de mobilização da sociedade civil, para determinadas reivindicações que possam atender demandas coletivas de caráter público. Ao tratar do tema “Orçamento participativo, organização da sociedade e sistema político no Brasil” (p. 47-52) o autor mostra que o Orçamento Participativo – (OP), em relação à experiência de Porto Alegre, vigente de (1990 a 2005), e que ficou internacionalmente conhecida, ali, naquele contexto, a sociedade civil tinha uma tradição de mobilização através de movimentos comunitários, fator que contribui com avanços para a experiência do OP daquela cidade. Nas palavras de Avritzer:

Não é difícil ver em operação os elementos que fizeram do OP de Porto Alegre um caso exitoso de participação “de baixo para cima”: a presença de uma sociedade civil forte e a existência uma sociedade política à esquerda do espectro político. A associação entre ambas gerou o OP e foi capaz de sustentá-lo durante os primeiros anos quando a participação não era tão alta (2008, p.49).

Recomendamos a leitura deste texto aos cursistas, considerando que nele há um conjunto muito rico de informações acerca das experiências de participação em quatro municípios, como já destacados, e asseveramos que são muito válidas as constatações do autor em relação à pesquisa realizada, sobretudo porque nos permitem refletir sobre possibilidades e limites de nossos próprios processos de intervenção nas políticas públicas, nas quais somos representantes e podemos potencializar a partilha do poder no processo decisório da coisa pública.

O autor apresenta constatações interessantes sobre o desenho institucional da participação sociopolítica no Brasil contemporâneo. O texto nos provoca a pensar sobre o modelo vigente de instituições participativas, permitindo-nos identificar os processos participativos e projetar um novo modelo de instância colegiada que garanta bons resultados das políticas públicas, em nível local.

A leitura do texto de Avritzer deverá trazer ideias e apontamentos sobre a realidade de cada conselho.

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2.2 ASPECTOS DA AÇÃO PARA A ELABORAÇÃO DO TRABALHO FINAL

OBJETIVOS:

• Para os conselheiros: Desenvolver estratégias e ações práticas que favoreçam a sua atuação.

• Para o conselheiro ou futuro conselheiro: Envolvê-los na discussão e proposição de ações que representem a sistematização das demandas reais da população de seu município.

Agora, cursista, estamos chegando ao percurso final da sua caminhada, neste curso de extensão. Chegou a hora de “por a mão na massa”, de realizar o trabalho final da disciplina. Nesse momento, vamos discutir as diretrizes e normas gerais para a realização do trabalho final que será um trabalho de intervenção na realidade local.

Como cidadão, você participa de uma igreja, de um clube, de uma associação, de um conselho de políticas públicas, de um grupo do whatsap etc. onde se discute: entraves, problemas ou possibilidades de melhoria dos mais diferentes assuntos. Contudo, você deve perceber de agora em diante, que todos eles estão inseridos numa determinada realidade e possuem aspectos transversais que envolvem dois ou mais setores sociais.

Por necessidade pedagógica, vamos nos concentrar nos assuntos relacionados às políticas públicas de sua cidade que impactam de forma transversal vários setores da sociedade, ou grupos sociais.

Nesse sentido, o Conselho se constitui, uma importante instância de decisão política, na medida em que é o instrumento mediador dos debates entre o Estado (gestor) e a sociedade (cidadão) que tem o dever legal de propor medidas visando a construção de alternativas de mudança e melhoria para a gestão pública.

Na sua atuação como conselheiro você analisa e estuda os problemas da área de atuação do conselho, propõe e apresenta junto com os demais conselheiros possíveis estratégias de superação dos problemas.

Da mesma forma todo o cidadão, ou futuro conselheiro, deve entender que o conselho é um espaço privilegiado e decisivo de tomada de decisões para a gestão

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pública no seu município e conhecê-lo e dele fazer parte é muito importante.

Nessa perspectiva, como preparação para sua atuação ou futura atuação como conselheiro, o trabalho final do curso se apresenta como uma possibilidade de apreensão dos conhecimentos transmitidos e deve ser encarado, principalmente, como a possibilidade de ter suas ideias ouvidas, analisadas e quiçá postas em prática possibilitando melhorias na qualidade de vida da população.

No trabalho final, necessário para sua certificação, você deverá escrever sobre determinada política pública, relatar um problema na prestação de um serviço público relacionado a essa política pública local e propor soluções para o problema, melhorias ou um jeito novo de se fazer a mesma coisa com menor custo ou eficiência, levando-se em conta, a realidade concreta de cada município.

Pretende-se despertar o espírito de cidadania e co-responsabilidade do cursista, instigar um novo olhar sobre a qualidade dos serviços públicos prestados, estimular a adoção de postura crítica e pró-ativa.

Deseja-se estimular a reflexão e a participação de todos no processo de orçamentação pública e de avaliação dos seus resultados planejados, cientes de que essas atividades tem início na identificação das demandas da sociedade.

Os trabalhos são pressupostos necessários à certificação e devem ser apresentados ao seu tutor que irá orientá-los quanto a forma e conteúdo dos mesmos.

Os melhores trabalhos finais serão selecionados pelos Tutores, Coordeandores e Supervisores, serão consolidados em DVD e em livro para posterior envio ao gestor responsável por aquele serviço público e poderá intervir na realidade do seu município.

O formato e maiores informações serão fornecidas pelo seu tutor.

PARABÉNS pelo empenho até aqui.Você concluiu o MÓDULO III.

REFERÊNCIASMÓDULO 3 | Projeto Integrador

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REFERÊNCIAS

AÇÃO EDUCATIVA. A construção e a revisão participativa de Planos de Educação. São Paulo: Ação Educativa, 2013.

AVRITZER, L. Instituições participativas e desenho institucional: algumas considerações sobre a variação da participação no Brasil democrático. Opin. Publica, Campinas, v. 14, n. 1, jun. 2008. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-62762008000100002&lng=pt&nrm=iso.

BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 5 out. 1988.

JUNQUEIRA, L. A. P. Descentralização e intersetorialidade: a construção de um modelo de gestão municipal. Revista de Administração Pública. Rio de Janeiro. 32(2): p. 11-22, mar./abr. 1998.

NOGUEIRA, M. A. Um Estado para a sociedade civil. Temas éticos e políticos da gestão democrática. 2. ed., São Paulo: Cortez, 2005.