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ESCOLA FOCUS FOTOGRAFIA VINICIUS DE SOUZA NUNES FOTOJORNALISMO SÃO PAULO 2019

Curso de Fotografia Profissional - FOTOJORNALISMO · 2019-03-16 · Ao retornar de uma viagem à África, depois de contrair uma enfermidade, Bresson passou pelo município de Marselha

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ESCOLA FOCUS FOTOGRAFIA

VINICIUS DE SOUZA NUNES

FOTOJORNALISMO

SÃO PAULO

2019

VINICIUS DE SOUZA NUNES

FOTOJORNALISMO

Monografia apresentada à disciplina do Trabalho de Conclusão de Curso de Fotografia da Escola Focus, como exigência parcial para conclusão do curso e obtenção do registro MTB de fotógrafo profissional, emitido pelo Ministério do Trabalho.,

Orientador: Prof. Paulo Gomes

SÃO PAULO

2019

FOLHA/TERMO DE APROVAÇÃO

VINICIUS DE SOUZA NUNES

FOTOJORNALISMO

Monografia apresentada à disciplina do Trabalho de Conclusão de Curso de Fotografia da Escola Focus, como exigência parcial para conclusão do curso.

Data da aprovação: ______/______/______

Banca examinadora:

------------------------------------------------------------------------------------

Prof. Paulo Gomes

--------------------------------------------------------------------------------

Prof. Ênio Leite

SÃO PAULO

2019

DEDICATÓRIA

Este trabalho eu dedico a minha família

que sempre estão me apoiando nessa

jornada, em especial meu pai que

apresentou esse mundo da fotografia. E

também ao C. A. Tabuca Juniors que

colocaram sua confiança em mim e me

deram a oportunidade de demonstrar

eu trabalho como fotógrafo.

AGRADECIMENTOS

Agradeço muito ao Prof. Paulo Gomes

pelos seus ensinamentos, ao C. A.

Tabuca Juniors por abrir suas portas

para eu demonstrar meu trabalho e ao

Carlos que me apresentou a agência de

fotojornalismo Foto Arena.

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo apresentar um grande e uns dos

principais temas do mundo fotográfico, o fotojornalismo: neste trabalho será

apresentado uma breve história sobre o surgimento do fotojornalismo e seus

principais tipos, descrevendo-os e com fotos como exemplo.

Também é mostrado grandes nomes do fotojornalismo nacional e

internacional, contando uma breve história sobre sua carreira e mostrando um pouco

de seus trabalhos.

É também conversando sobre o mercado de trabalho atual e a importação

do fotojornalista na sociedade.

ABSTRACT

This work aims to present a great and one of the main themes of the

photographic world, the photojournalism: in this work will be presented a brief history

about the rasing emergence of photojournalism and its main types, describing them

with photos as example.

It also shows great photojournalist’s names both national and

international, telling a brief story about their careers and showing a little of their work.

It is also talks about the current market and the photojournalist's

importance into society.

SUMÁRIO

Introdução ...........................................................................................1

História ...............................................................................................2

Fotojornalismo Registrando Guerra.....................................................3

A Importância do Fotojornalismo .......................................................4

Gêneros do Fotojornalismo..................................................................5

Fotografia social ...................................................................................5

Fotografia Esportiva .............................................................................6

Fotográfica Cultural.............................................................................. 7

Fotografia Policial .................................................................................8

Features ................................................................................................9

Retratos ..............................................................................................10

Principais Fotojornalistas Internacionais............................................ 11

Henri Carier-Bresson ...........................................................................11

Robert Capa ........................................................................................13

David Seymour ....................................................................................15

Robert Doisneau .................................................................................16

Steve Mccurry .....................................................................................17

Principais Fotojornalistas Nacionais ....................................................19

Walter Firmo........................................................................................19

Gervásio Baptista................................................................................. 21

German Lorca ......................................................................................23

Raquém de Alcântara ..........................................................................24

Sebastião Salgado ................................................................................25

Mercado de trabalho........................................................................... 27

Referência Bibliográficas..................................................................... 28

1

INTRODUÇÃO

O Fotojornalismo é uma especialidade do ramo de fotografia. As imagens produzidas para este nicho é ser o mais claras, explicativas e informativas possível.

Outra forma de descrever esta forma de fotografia é através da sua função. O fotojornalismo visa combinar as técnicas de fotografia e a capacidade descritiva das imagens com o olhar crítico e caráter informativo do jornalismo.

Ao passar do tempo desde o dia em que o conheci a fotografia, fotografando casamentos, vi ali uma chance de ser mais, ajudar as pessoas e a sociedade com as fotos, mostrando algo que é fato e de interesse público. Foi no fotojornalismo onde encontrei esta chance.

O objetivo do fotojornalismo é trazer informações claras e concisas ao observador através das imagens.

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A HISTÓRIA

A história do fotojornalismo anda praticamente de mãos dadas com a história da fotografia em si. A prática de veicular imagens nos meios de comunicação começou cedo – em 1880, através do jornal Daily, em Nova Iorque.

O termo “fotojornalismo”, no entanto, foi cunhado apenas nas primeiras décadas do século XX. Seu primeiro local de aplicação foram as revistas ilustradas, que misturavam os textos costumeiros com fotos. Essa mídia teve seu ápice na Alemanha, na década de 30.

Na década de 50, a fotografia já havia evoluído muito, tanto em aspectos técnicos dos equipamentos quanto como arte. Já era possível registrar o mundo à nossa volta de maneira mais simples e fiel do que com as pinturas.

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FOTOJORNALISMO REGISTRANDO GUERRAS

Talvez uma das aplicações mais famosas do fotojornalismo seja o registro de conflitos militares e civis. E não é para menos – a prática de cobrir guerras começou em 1854, com o registro da Guerra de Crimeia (1854 – 1855) pelo fotógrafo britânico Roger Fenton.

Na época, ainda com a censura muito presente e as influências de outras mídias (como a pintura), as fotos das guerras ainda usavam de uma linguagem mais artística do realista. As imagens principalmente retratavam os soldados em poses heroicas ou campos de batalha vazios.

O registro de conflitos posteriores à Guerra da Crimeia, no entanto, já trazia as características do fotojornalismo: imagens registrando as ações e acontecimentos como eram.

Foto: Roger Fenton

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A IMPORTÂNCIA DO FOTOJORNALISMO

O fotojornalismo, como você certamente já percebeu, cumpre um papel de extrema importância no registro da história.

Além disso, também é o responsável por levar informações de maneira clara e objetiva para um público muito maior. Cabe aqui a máxima: “uma imagem vale mais que mil palavras”.

As imagens possibilitam que notícias e acontecimentos ganhem vida, cor e rostos. Podem ajudar a despertar emoções.

E podem, até mesmo, fazer com que a informação alcance parcelas diferentes da população – os que não puderam ser alfabetizados, por exemplo – e rompa barreiras – geográficas e linguísticas.

Para muitos, o jornalismo tem a função de relatar fatos importantes à sociedade e nos ajudar a sermos cidadãos e seres muito mais conscientes e integrados.

Aliás, em muitos casos, somente o trabalho do fotojornalista pode possibilitar a compreensão de um fato com sentimento e realidade.

Foto: Marcos Cimardi

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GÊNEROS DO FOTOJORNALISMO

FOTOGRAFIA SOCIAL

A fotografia social, como o nome sugere, tem como objetivo registrar acontecimentos que estão ligados aos problemas ou dinâmicas da nossa sociedade.

Frequentemente, esse nicho inclui fotografias que registram denúncias, a situação de vida em comunidades ou de certos povos ou até mesmo grandes desastres – naturais ou não.

25 de janeiro - Helicóptero sobrevoa bombeiros que trabalham no resgate após rompimento da barragem em Brumadinho — Foto: Douglas Magno/AFP

30 de janeiro - Bombeiro sujo de lama segura galo resgatado da lama em Brumadinho, após rompimento de barragem da Vale — Foto: Adriano Machado/Reuters

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FOTOGRAFIA ESPORTIVA

Essa área do fotojornalismo se dedica a registrar eventos esportivos – desde jogos amistosos até os campeonatos mais importantes.

A categoria conta também com fotografias históricas do momento em que recordes foram quebrados e atletas que se tornaram verdadeiras lendas.

12 de novembro – Semifinal da taça prata da cidade de Carapicuíba, gol da equipe do São Gonçalo. — Foto: Vinicius Nunes

Kaká puxa a camisa de um jogador americano em Copa das Confederações na África do Sul. — Foto: Ivo Gonzalez

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FOTOGRAFIA CULTURAL

O fotojornalismo cultural tem como objetivo o registro e documentação de aspectos específicos de uma cultura ou povo. As imagens podem incluir desde moda até os membros do grupo em questão realizando suas atividades diárias.

Foto: Edson Lopes Jr.

Foto: LucasHallel/Thinkstock.

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FOTOGRAFIA POLICIAL

As fotos policiais estão normalmente centradas no registro das ações da polícia militar e civil.

Normalmente ambientada em protestos, abordagens policiais ou ações preventivas, esse tipo de fotojornalismo é extremamente popular entre jornais.

Foto: Vinicius Nunes.

Policial atira bomba de gás em manifestantes em São Paulo em 12 de junho de 2014, dia de abertura da Copa Foto: Marcos Bello/REUTERS

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FEATURES

As features são imagens que falam por si só. Diferente da maioria das categorias do fotojornalismo, onde a imagem precisa da reportagem para ter contexto.

A feature não é o complemento de uma matéria. Pelo contrário, o texto pode vir como complemento da imagem.

Esse tipo de imagem está normalmente focado na emoção, estética ou sensação que a situação transmite. Aqui, o fotógrafo tem mais liberdade artística do que em outros gêneros do fotojornalismo.

Igreja Luterana, São Paulo- Foto: Vinicius Nunes

Foto: Vinicius Nunes

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RETRATOS

Os retratos, no fotojornalismo, são normalmente de personalidades importantes para a história ou o evento a ser documentado.

Os retratos podem ser Features, mas também podem ser o que chamamos de Photo Opportunities (Em inglês, oportunidade de fotos).

É assim que chamamos o momento em que pessoas importantes, que sabem que serão registradas por fotógrafos, pausam e posam para o retrato.

Foto: Arthur Sasse

Foto: Alberto Korda

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PRINCIPAIS FOTOJORNALISTAS INTERNACIONAIS

HENRI CARTIER-BRESSON

Henri Cartier-Bresson, um dos fotógrafos mais significativos do século XX, inclusive intitulado por muitos profissionais como o pai do fotojornalismo, nasceu na cidade de Chanteloup, no distrito de Seine-et-Marne, na França, no dia 22 de agosto de 1908. Ele integrava uma próspera família do ramo têxtil e, quando ainda era um menino, recebeu um presente que marcaria seu futuro profissional, uma máquina fotográfica Box Brownie.

Não demorou muito para que ele ficasse fixado no universo imagético; seu próximo passo foi experimentar uma câmera de filme 35mm. Apaixonado pelo mundo das imagens, ele também praticava a pintura, chegando a cursar artes em um estúdio parisiense; sua importância é tamanha que, no campo da fotografia, ele é visto como Picasso o é nas Artes Plásticas.

O fotógrafo foi muito inspirado pela produção fotográfica do húngaro André Kertész; por sua vez, teve também inúmeros discípulos, entre eles Robert Doisneau, Willy Ronis e Edouard Boubat. Ele foi um profissional de alto gabarito no jornalismo, mas se tornou famoso retratando eventos do dia-a-dia no intervalo que se estende de 1930 a 1960. Tecnicamente seus trabalhos não são considerados perfeitos, mas são inegavelmente belos e genuínos.

Ao retornar de uma viagem à África, depois de contrair uma enfermidade, Bresson passou pelo município de Marselha e, nesta ocasião, em 1931, ele teve de fato a certeza de que a fotografia seria seu destino, ao contemplar uma foto tirada pelo húngaro Martin Munkacsi, a qual revelava três jovens negros correndo rumo ao mar, no Congo.

Logo depois do final da Segunda Guerra Mundial, em 1947, Bresson criou a famosa agência fotográfica Magnum, em parceria com Bill Vandivert, Robert Capa, George Rodger e David Seymour. Suas produções, neste momento, se tornam mais requintadas. Ele publica fotos célebres nas revistas Life, Vogue e Harper’s Bazaar, percorrendo, a trabalho destes veículos, boa parte do Planeta.

Passando pelo continente europeu, pela América do Norte, Índia, China, Indonésia, e tantos outros pontos do globo, ele registra imagens únicas da morte de Gandhi, da estruturação da República Popular da China, dos conflitos em nome da autonomia na Indonésia, entre outras tantas.

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Bresson é o fotógrafo europeu pioneiro na revelação do cotidiano na União Soviética, em pleno regime comunista, com autorização oficial para tanto, em 1954, depois da morte de Stalin. Cinco anos após este feito ele registra o décimo aniversário da Revolução Popular Chinesa, transitando pelas vias de Pequim.

A partir de 1974 o mestre da fotografia se dedicou ao desenho e ao intuito de mostrar suas obras. Sua produção fotográfica transpira verdade, uma vez que ele acredita que a câmera pode traduzir o mundo real em imagens, flagrando-as em suas manifestações mais espontâneas; daí ele ter uma profunda aversão por

fotos artificiais, editadas conforme o desejo de quem foi retratado ou do público consumidor.

Consigo, ele traz somente uma antiga Leica, com uma objetiva de 50mm, e filmes preto& branco, pois não tem afinidade alguma com implementos fotográficos mais intrincados. Bresson cria, em 2000, uma fundação à qual empresta seu nome. Ele morre em dois de agosto de 2004, aos 95 anos, na Provença, em seu país natal.

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ROBERT CAPA

Sob o nome de nascença Endre Ernő Friedmann, Capa tornou-se um dos fotógrafos de guerra mais conhecidos e respeitados, já que cobriu inúmeros conflitos armados durante a primeira metade do século passado.

Guerra Civil Espanhola, Guerra da Indochina, Segunda Guerra Mundial, guerras do mundo árabe: podemos dizer que dificilmente nada passou despercebido pelo olhar e pelas lentes de Robert Capa, conhecido também por seu interesse em politica, cultura e em estudos marxistas.

Capa iniciou sua carreira como fotógrafo profissional no final de 1931. Há registros que na época ele fez fotos do revolucionário e intelectual russo, Leon Trótski, durante um congresso em Copenhague, na Dinamarca. Morador de Berlim, na Alemanha, Capa deixou a cidade quando o nazismo começou a ser difundido, mudando-se para Viena (Áustria) e posteriormente Paris, na França.

Nesse período, o jovem húngaro de ascendência judaica, Endre Ernő Friedmann, transforma-se em Robert Capa, personalidade criada por ele e por sua namorada, a também fotógrafa e jornalista, Gerda Taro, em 1934. Rapidamente ele tornou-se notório, indo cobrir um de seus primeiros conflitos: a Guerra Civil Espanhola, onde fatalmente Gerda morreu atropelada acidentalmente por um tanque de guerra.

Em meio à dor, Capa tira sua foto mais famosa, intitulada “Morte de um Miliciano” ou “O Soldado Caído”, tornando-o, já naquela época, um dos mais importantes fotógrafos da Europa do século XX. Tal fotografia, capturada em cinco de setembro de 1936, publicada na revista americana Time, um ano depois, mostra um soldado atingido por uma rajada de metralhadora.

No ano de 1938, Robert Capa vai à China para fotografar o conflito sino-japonês, retornando à Espanha em 1940, logo que a França é dominada pelos nazistas. Muda-se em seguida para os Estados Unidos, onde começa a trabalhar para a famosa revista americana Life.

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Em junho de 1944 participa no desembarque da Normandia, o Dia D. Depois da guerra, com David Seymour, Henri Cartier-Bresson e George Rodger, funda a Agência Magnum: uma agência em forma de cooperativa onde são os fotógrafos associados que decidiam os rumos e as orientações dos trabalhos a serem realizados. A partir dessa experiência, diversas agências em todo o mundo surgiram.

Capa morreu na Guerra da Indochina, em 25 de maio de 1954, ao pisar uma mina terrestre. Seu corpo foi encontrado em meio aos escombros com um detalhe que chamou muito atenção: a câmera permanecia entre suas mãos.

Dono de uma das frases mais famosas do mundo da fotografia, “se suas fotos não estão boas o suficiente, você não está perto o suficiente”, Robert Capa utilizava uma Leica 35mm, além de uma Contax IIa e uma Nikon S, as câmeras com lentes de curto alcance necessitavam de uma aproximação no momento fotografado.

Seu legado é imensurável para a história da fotografia mundial que repercuti até os dias de hoje, influenciando o trabalho de jovens fotógrafos e até mesmo dos profissionais. Com certeza, um precursor da fotografia de guerra que morreu fazendo o que mais amava: fotografar.

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DAVID SEYMOUR

Iniciou sua carreira em 1933, na França, quando começou a trabalhar como jornalista freelancer. Sua principal característica, que foi também a que o tornou bastante reconhecido, é a forma como ele retratava as pessoas, em especial as crianças. Suas fotografias traziam expressões intensas e únicas.

No ano de 1939, ele registrou a viagem dos refugiados legalistas da Espanha para o México. Em 1940 se alistou no exército norte-americano. Serviu durante a 2ª Guerra Mundial, em território Europeu, como intérprete e fotógrafo. Naturalizou-se norte-americano em 1942, no mesmo ano em que perdeu seus pais, vítimas do nazismo.

Após a guerra, ele se juntou a equipe da recém-nascida UNICEF para registrar a situação das crianças refugiadas na Europa.

Já em 1947, ao lado de Robert Capa e Henri Cartier-Bresson, fundam a Agência Magnum. Neste período, suas fotografias ajudaram a eternizar algumas celebridades de Hollywood.

Após a morte de Robert Capa, em 1954, Chim se torna presidente da Magnum Photos. Cargo que ocupou até o dia de sua morte, que ocorreu no Egito, em 1956, enquanto ele cobria o Armistício da Guerra de Suez. Nesta ocasião ele foi metralhado por soldados egípcios.

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ROBERT DOISNEAU

Robert Doisneau (14 de Abril de 1912 - 1 de Abril de 1994) foi um fotógrafo famoso nascido na cidade de Gentilly, Val-de-Marne, em França. Aprendeu o ofício de litógrafo aos 15 anos na Ecole Estienne e entrou no mercado de trabalho através da criação de rótulos de produtos farmacêuticos. Em 1931, quando era um jovem trabalhador na casa André Vigneau, descobriu o mundo da criação artística. Depois de quatro anos no departamento de publicidade da Renault, iniciou a atividade como fotógrafo independente.

A

guerra foi um obstáculo para os

seus projetos. No entusiasmo

dos anos pós-guerra, ele

acumula as imagens que farão o

seu sucesso – circulam

obstinadamente - privilegiam os

momentos furtivos, a felicidade

dos raios de sol nas cidades de

asfalto...

Quando morreu em Abril de

1994, deixou cerca de 450 000

negativos, que contam o tempo

com um carinho divertido, não ocultando a profundidade de reflexão e o indomável

espírito de independência.

Robert Doisneau foi nomeado Cavaleiro da Ordem da Légion d'Honneur em 1984.

Ganhou vários prémios ao longo de sua vida.

Muitos dos retratos e fotos de Paris a partir do final da II Guerra Mundial até os anos

1950, foram transformadas em calendários e postais e tornaram-se ícones da vida

francesa.

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STEVE MCCURRY

Steve McCurry nasceu na Filadélfia (Estados Unidos) em 24 de fevereiro de 1950. Estudou Artes e Arquitetura na Universidade do Estado da Pensilvânia. Logo cedo começou a trabalhar em um pequeno jornal da região como fotógrafo. Dois anos depois de formado, no início dos anos 1970, viajou para Índia, onde passou a treinar o seu estilo, além de desenvolver um impressionante olhar ao montar as composições de suas fotos, contextualizando o objeto fotográfico com o ambiente.

Em 1979 foi para o Afeganistão cobrir o conflito na região, naquela época já era um fotógrafo conhecido e habitual colaborador da revista americana National Geographic. No ano de 1980 alcançou um ponto que seria decisivo em sua carreira: cruzou a fronteira entre Afeganistão e Paquistão controlado por rebeldes se vestindo como um nativo. Passou despercebido com os rolos das fotos escondidos entre as suas vestimentas.

Tal ato fez com que ele pudesse mostrar por meio de fotografias, impactantes imagens de uma zona devastada pela guerra, fazendo com que o mundo entendesse a realidade cruel do conflito naquela região. O feito fez com que ele ganhasse o prêmio “Robert Capa”, como melhor reportagem fotográfica, concedida apenas aos melhores fotógrafos que expõe sua coragem excepcional e dedicação na profissão.

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Desde então, Steve McCurry tem feito a cobertura de áreas em conflitos de guerra, tanto internacionais como civis, incluindo a tensão entre Irã e Iraque, a desintegração da antiga Iugoslávia, além de outros inúmeros conflitos: em Beirute, nas Filipinas, na Guerra do Golfo, na Birmânia, Caxemira e Iêmen.

Mas, foi uma foto específica que virou sua vida do avesso e fez com que ele se tornasse um dos fotojornalistas mais conhecidos no mundo. Era 1984, McCurry estava fotografando em um campo de refugiados de afegãos no Paquistão. Até que uma menina de 12 anos chamou atenção: era Shabart Gula, uma afegã que havia perdido seus pais em um bombardeio soviético no Afeganistão.

A fotografia batizada de “menina afegã” apareceu na capa da revista National Geographic, na edição de junho de 1985. A imagem de seu rosto com um tecido enrolando sua cabeça e seus olhos verdes olhando diretamente para a câmera fotográfica, tornou-se um símbolo do conflito entre afegãos e da situação dos refugiados por todo o mundo. A foto de Gula, que chama atenção pela composição das cores (característica de

McCurry) foi nomeada como a fotografia mais reconhecida na história da revista.

Steve McCurry é um dos grandes fotógrafos da história que ainda continua trabalhando. Talvez, o que chame atenção no conjunto de seu trabalho é uma indagação: como retratar com tanta humanidade locais que sofrem conflitos históricos dia após dia? Áreas permeadas justamente pela falta de empatia? A resposta está no olhar de seus fotografados. Um olhar temoroso, porém, com uma esperança enorme. São pouquíssimos os profissionais da fotografia que sabem retratar um olhar tão bem como ele, com o incrível talento de capturar os sentimentos, a alma.

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PRINCIPAIS FOTOJORNALISTAS NACIONAIS

WALTER FIRMO

Fotógrafo. Autodidata, pratica a fotografia desde os 16 anos de idade. Tornou-se profissional em 1957 e, até 1986, atuou como fotojornalista em diversos veículos de comunicação, entre os quais os jornais Última Hora (1957) e Jornal do Brasil (1960) e as revistas Realidade (1960), Manchete (1968), Veja (1974), Tênis Esporte (1979) e IstoÉ (1985), além de ter produzido reportagens internacionais para a editora Bloch em 1967, viajando para diversos países americanos. Também atuou como freelancere, em 1973, participou da fundação da agência Câmera Três. Tornou-se diretor do Instituto Nacional da Fotografia da Funarte em 1986 e começou a atuar também como professor de fotografia a partir de 1992 e como curador de exposições de fotografia a partir de 1995. Participou de diversas mostras coletivas e realizou mais de 15 exposições individuais, tendo exposto no Rio de Janeiro, Fortaleza, São Paulo, Curitiba, Belém, Porto Alegre, Recife, Vitória, Cachoeira, Cuba, Cabo Verde, Argentina, Rússia, EUA, Japão e França. Publicou 5 livros de fotografias, incluindo uma retrospectiva de sua carreira em Brasil: imagens da terra e do povo (2008). Conquistou o prêmio Esso de reportagem (1963), prêmios do Concurso Internacional de Fotografia Nikon (1973, 1974, 1975, 1976, 1978, 1980), o Prêmio Revista Ícaro (1988) e o Prêmio Icatu de Artes – Fotografia (1998). Em sua obra fotográfica, deu especial atenção à realidade cultural brasileira e afro-brasileira e tornou-se conhecido pelo uso virtuoso da cor, apesar de também ter realizado ensaios

em preto e branco. Em Brasil: imagens da terra e do povo, é apresentado da seguinte forma: “sua arte [...] alterna cores vívidas com claros-escuros que transmitem dramaticidade às suas fotografias em preto e branco [...] Trabalha com a luz ambiente, sem flash.” O artista comentou seus retratos em preto e branco: “esta linguagem surrealista imortaliza o

inconsciente naquilo onde transita a nostalgia colhida pelo afastamento. Na verdade a sedução preto-e-branco é o sentimento constante de um estado de exílio, quando não estamos, não somos”. Emanoel Araujo “cham[a] de brasilidade o sentido que emana

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de suas fotografias, unindo o passado e o presente, resquícios dessa cultura amalgamada pelas contribuições indígena, branca, negra”.

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GERVÁSIO BAPTISTA

É o fotógrafo mais longevo da imprensa brasileira, em atividade profissional há mais de 70 anos, tendo passado pelas lentes de suas máquinas as personalidades mais importantes da política, da administração pública e privada, da sociedade, do esporte, da indústria, comércio e agricultura. Enfim, as figuras de mais destaque em todas as atividades.

Há nove anos Gervásio é um dos fotógrafos oficiais do STF e ainda com atividades na Agência Brasil. Começou sua vida profissional aos 12 anos no jornal “O Estado da Bahia”. De lá, foi para os “Diários Associados”, trabalhando principalmente na revista “O Cruzeiro”. Com a criação da revista “Manchete”, da editora Bloch, participou desde a primeira edição até a derradeira. Em seguida foi trabalhar no Palácio do Planalto e foi amigo dos presidentes Juscelino Kubitschek, João Goulart, Tancredo Neves e José Sarney, de quem é amigo até hoje.

Fotografou a história política da República desde Getúlio Vargas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Também cobriu a Guerra do Vietnã e a Revolução Cubana. Várias fotos ficaram bastante conhecidas e foram publicadas muitas vezes, como a do presidente Juscelino Kubitschek acenando com a cartola em frente ao Congresso Nacional no dia da inauguração de Brasília. Gervásio afirma que “essa é uma das fotos que eu considero mais interessantes na minha carreira”. Flagrou imagens de John Kennedy, Richard Nixon, Juan Domingo Perón, Charles de Gaulle, Che Guevara, Fidel Castro e tantos outros líderes políticos. Cobriu sete Copas do Mundo.

Gervásio diz que o maior prêmio que ganhou na profissão foi o convite feito pela presidente do STF, ministra Ellen Gracie, e pelo ministro Cezar Peluso de expor suas fotografias. “O maior prêmio que eu podia receber de fotografia foi a ministra Ellen apoiar a sugestão que deram, e eu fico feliz com isso, porque se trata de presidente do Supremo Tribunal Federal do País. ”

Na exposição “50 anos de Fotografia”, inaugurada no dia 12 de março no Supremo Tribunal Federal pela presidente da instituição e com a presença da quase totalidade dos ministros da Corte, foram afixadas 45 obras do profissional que tem a credencial de imprensa número 001 do Palácio do Planalto e é um dos mais respeitados fotógrafos brasileiros.

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Além das fotos, foi afixado um texto de autoria do atual senador José Sarney em homenagem à exposição: “Moço com seus 84 anos, armado sempre de máquina e de seu sorriso, trabalhando agora entre os ministros e os grandes advogados, Gervásio é um ícone e exemplo na história da imprensa brasileira. ”

O ministro Carlos Ayres Britto, presente na exposição, fez questão de manifestar: “Não estamos homenageando Gervásio, ele é que está nos homenageando. Eu, particularmente, quero muito bem a ele. Tenho uma enorme admiração por Gervásio, esse artista da câmera. ”

A presidente, ministra Ellen Gracie, ao dar por inaugurada a exposição, teceu largos elogios ao fotógrafo, que ela pessoalmente disse ser sua admiradora e amiga, cumprimentando-o com efusão e carinho.

O editor da revista, também presente, aproveitou para cumprimentar e homenagear seu velho amigo e companheiro de tanto tempo de profissão.

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GERMAN LORCA

German Lorca (São Paulo SP 1922). Fotógrafo. Forma-se em ciências contábeis pelo Liceu Acadêmico, em 1940. Em 1949, participa do Foto Cine Clube Bandeirantes (FCCB), associação de fotógrafos que introduzem novas tendências na fotografia, como José Yalenti (1895-1967), Thomaz Farkas (1924-2011) e Geraldo de Barros (1923-1998). Nessa época produz imagens que se tornam muito conhecidas, como Malandragem, 1949, À Procura de Emprego, 1951, e Apartamentos, 1952. Registra a paisagem da cidade de São Paulo, em especial os locais da região central, como a praça da Sé. Abre estúdio próprio em 1952. Em 1954, é o fotógrafo oficial das comemorações do IV Centenário da Cidade de São Paulo. A partir dessa data, dedica-se com exclusividade à fotografia, atuando principalmente na área de publicidade, em que conquista prêmios como o Prêmio Colunistas, concedido pela revista Meio & Mensagem, em 1985 e 1989. Sua produção da época do FCCB é comentada no livro A Fotografia Moderna no Brasil, de Helouise Costa, publicado em 1995, pela editora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

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RAQUÉM DE ALCÂNTARA

Araquém Alcântara Pereira (Florianópolis SC 1951). Fotógrafo, jornalista e professor. Em 1970, ingressa na Faculdade de Jornalismo da Universidade de Santos. Durante a graduação, trabalha como repórter dos jornais O Estado de S. Paulo e Jornal da Tarde, e inicia-se na fotografia. Em 1979, realiza sua primeira matéria de cunho ambientalista, a documentação do Parque da Juréia, em Iguape, São Paulo. A partir daí, faz expedições fotográficas à Mata Atlântica. Entre 1972 e 1982, trabalha também nos jornais Cidade de Santos, O Globo, Tribuna de Santos e na revista IstoÉ, além de desenvolver projetos pessoais engajados em questões ecológicas e sociais. Na década de 1980, participa de protestos contra a instalação de usinas nucleares na praia de Grajaúna, São Paulo. A partir de 1985, torna-se free-lancer e colabora em periódicos nacionais e internacionais. De 1988 a 1998, dedica-se à documentação da fauna e da flora dos 36 parques ecológicos brasileiros, o que dá origem ao livro Terra Brasil, de 1998. Entre prêmios recebidos, destacam-se a Presença das Crianças nas Américas, concedido pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância - Unicef, em 1979; o Grande Prêmio da 1ª Bienal de Fotografia Ecológica, realizada em Porto Alegre, em 1982; e de melhor exposição em 1993, concedido pela Associação Paulista de Críticos de Arte - APCA. É autor de 17 livros de fotografia, sendo a maioria sobre os ecossistemas nacionais. Além das atividades fotográficas, atua como professor em workshops em vários Estados do Brasil.

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SEBASTIÃO SALGADO

O fotógrafo brasileiro Sebastião Ribeiro Salgado nasceu na cidade de Aimorés, em Minas Gerais, no dia 8 de fevereiro de 1944. Ele é o único filho do sexo masculino, entre nove irmãs. Graduado em Economia na capital do Espírito Santo, Vitória, pós graduou-se na Universidade de São Paulo, na USP. Como economista, ele trabalhou no Ministério da Economia, em 1968.

Devido às perseguições políticas empreendidas pela Ditadura Militar, ele foi obrigado a buscar asilo político em Paris, em 1969. Aí ele completou o doutorado em Economia, em 1971. Voltando para o Brasil, ele atuou na Organização Internacional do Café, em 1973, como especialista na fiscalização de plantações africanas. Assim, ao completar 29 anos, em uma viagem à África, levando consigo uma máquina fotográfica de sua esposa, Lélia Wanick Salgado, ele teve seu encontro definitivo com a fotografia.

Sebastião descobre no trabalho fotográfico a melhor forma de enfrentar os acontecimentos planetários, principalmente em seus aspectos econômicos. É seguindo por este caminho que ele se transforma em um dos principais e mais venerados fotógrafos da atualidade, no campo do fotojornalismo. Desde os primeiros momentos ele se dedicou a retratar os excluídos, os que se encontram à margem da sociedade.

Adepto das fotos em preto-e-branco, voltou para Paris, em 1973, aí dando início à sua trajetória nesta nova profissão. Seus primeiros trabalhos foram realizados como ‘freelance’, abordando desde o clima seco no perímetro africano de Sahel de Níger, a imigrantes assalariados europeus. Sebastião passou pelas principais agências fotográficas da Europa – a Gamma, em 1974, registrando imagens sobre a Revolução dos Cravos, em Portugal; a Sygma, de 1975 a 1979, através da qual ele transitou por mais de vinte países, fazendo a cobertura dos mais variados acontecimentos; a

Magnum Photos, em 1979, cooperativa instituída por Robert Capa e Henri Cartier-Bresson, entre outros fotógrafos, na qual realizou a fantástica sequência de fotos documentais sobre camponeses latino-americanos, durante sete anos. Este registro deu origem ao seu primeiro livro, Outras Américas, lançado em 1986.

Logo depois ele lançou Sahel: O Homem em Pânico, publicado no mesmo ano, produzido em parceria com a ONG Médicos sem Fronteiras, uma aliança que

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durou quinze meses. Esta obra revela o longo processo de seca no norte africano. De 1986 a 1992 ele devotou seu tempo a reproduzir fotograficamente a realidade dos funcionários manuais em todo o Planeta, resultando no livro Trabalhadores, de 1996.

O próximo tema a que ele se dedicou, de 1993 a 1999, foi o da emigração massiva de pessoas no mundo todo, dando origem à obra Êxodos e Retratos de Crianças do Êxodo, de 2000, ambos alcançando grande sucesso mundial. Um ano depois, no dia 3 de abril, o fotógrafo foi indicado para ser representante especial do UNICEF. Ele já publicou pelo menos dez livros e realizou inúmeras exposições, conquistando os prêmios mais importantes neste campo e honrarias recebidas na Europa e na América.

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MERCADO DE TRABALHO

Hoje em dia não é difícil de ser fotojornalista, aliás todas as pessoas hoje em dia têm uma câmera na mão e basta estar no lugar certo e na hora certa para registrar qualquer acontecimento relevante e publicar em qualquer lugar que já vira uma notícia. Então a evolução da tecnologia dificulta um pouco mais o trabalho do repórter fotográfico, disputando não apenas com os profissionais do ramo, mas disputando publicação com o mundo.

Porém isso não quer dizer que não dá para exercer a profissão, o grande profissional prevê os acontecimentos e já se prepara para fazer o registro inédito. Diferente das pessoas na rua com câmeras nos celulares registrando os fatos de qualquer maneira, o fotógrafo é um profissional que irá mostrar com um olhar que ninguém tem o que está ocorrendo e transmitir isso de uma forma que apenas imagem por si só já noticie.

Hoje um fotojornalista independente (freelance) precisa trabalhar muito para ser bem remunerado. Existe uma tabela de referência no site da ARFOC (Associação Brasileira de Repórteres Fotográficos e Cinematográficos) de cada estado do valor que uma publicação ou saída fotográfica.

O sonho de todo fotojornalista é que essa tabela seja seguida, porém não é bem assim. As agências costumam vender as fotos muito mais baratas para não perder a venda. Então geralmente um fotógrafo acaba recebendo cerca de R$10 a cada foto vendida (quando vende) à R$50 em uma boa foto.

Por isso o importante é sempre se destacar no mercado de trabalho e produzir conteúdo exclusivo e diferente de outros profissionais da área, para assim ter boas vendas. Há relatos de editoras de pagam no mínimo R$500 para esses tipos de fotos.

Então é difícil, porém não é impossível ser fotojornalista hoje em dia. Porém profissional que quer se consolidar e viver dessa área precisa suar muito a camisa e clicar bastante.