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3.ª edição Revista, atualizada e ampliada 2016 Leandro Macedo Gleydson Mendes Curso de Legislação de trânsito

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3.ª edição Revista, atualizada

e ampliada

2016

Leandro Macedo

Gleydson Mendes

Curso de Legislação de trânsito

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Capítulo 1 – VIAS TERRESTRES

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CAPÍTULO 1

Vias terrestres

Sumário: 1.1 O que é o CTB? – 1.2 Aplicação do CTB: 1.2.1 Aplicação CTB – parte administrativa; 1.2.2 Aplicação do CTB – parte penal – 1.3 Classificação das vias terrestres no CTB: 1.3.1 Vias públicas; 1.3.1.1 Rurais (Anexo I – CTB); 1.3.1.2 Urbanas (Anexo I – CTB); 1.3.1.3 Lei 12.058/2009; 1.3.2 Vias particulares publicizadas – 1.4 Infrações de velocidade: 1.4.1 Velocidade em vias não sinalizadas; 1.4.1.1 Vias rurais não sinalizadas; 1.4.1.2 Vias urbanas não sinalizadas; 1.4.2 Autuações por excesso de velocidade, por transitar abaixo da velocidade mínima e por transitar com velocidade incompatível: 1.4.2.1 Autuações por excesso de velocidade; 1.4.2.2 Autuações por transitar abaixo da velocidade mínima; 1.4.2.3 Autuações por transitar com velocidade incompatível – 1.5 Trânsito e fiscalização restritos a algumas vias e horários: 1.5.1 Trânsito restrito; 1.5.2 Fiscalização restrita: 1.5.2.1 Radar móvel medidor de velocidade – 1.6 Exercícios – 1.7 Questões comentadas.

Neste capítulo vamos iniciar o estudo do CTB, fazendo menção a sua aplicação, explicitando que se trata de uma lei administrativa, em que são aplicáveis todos os princípios do direito administrativo, porém, não se esgotando neles, uma vez que traz temas peculiares do Direito de Trânsito, como segurança viária, fluidez do trânsito, educação para o trânsito, conforto e meio ambiente. Abordaremos também os seguintes tópicos: classificação das vias terrestres, responsabilidade dos órgãos e entidades com circunscrição sobre a via, infrações de velocidade e trânsito e fiscalização restritos a algumas vias e horários.

1.1 O QUE É O CTB?

Antes de iniciarmos o estudo desta obra, cabe observar que todos os nossos esforços estão direcionados para compreensão de uma Lei de Trânsito, Lei 9.503/1997, e de suas regulamentações, as chamadas resoluções do CONTRAN (Conselho Na-cional de Trânsito). Esta Lei de Trânsito, também chamada de Código de Trânsito Brasileiro (CTB) é uma norma que, apesar de trazer quase toda disciplina legal do trânsito reunida em um único livro (por isso a expressão código), carece de regu-lamentação, por ser lacunosa, como toda lei administrativa.

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As leis que regulam as atividades das entidades, órgãos e agentes públicos sempre necessitam de complementação, a fim de que possibilite a sua aplicação. Para que não fiquemos apenas na abstração desta informação, vamos para um exemplo clássico: o CTB em seu art. 105 nos informa que veículos devem possuir equipamentos obrigatórios, sem, contudo, enumerá-los de forma exaustiva, cabendo ao CONTRAN, fazê-lo.

O CONTRAN, ao expedir regulamentos autorizados pelo CTB, inova na or-dem jurídica, nos traz informações novas na área determinada pelo legislador. É claro que um conselho que não representa diretamente o povo trazendo normas inovadoras é assustador, mas tem que ser assim, pois não é exigível que nossos parlamentares produzam todas as normas do país, mormente aquelas de caráter técnico, como as de trânsito.

É imperioso que o estudante da Lei 9.503/1997 perceba que esta norma está di-vidida em uma parte administrativa – do art. 1º até o 290, e do art. 313 até o 341 – e também em uma parte penal – do art. 291 ao 312. Com isso, que fique claro que as leis penais são autoaplicáveis, não carecendo de regulamentação para sua observância, a não ser que haja essa expressa menção – as chamadas normas penais em branco.

Cabe salientar que o CTB, apesar de ser uma lei votada no Congresso Nacional, não representa apenas uma expressão de vontade da União, mas também de seus Estados-membros, do Distrito Federal e dos Municípios. As leis votadas naquela casa legislativa ora são leis federais (respeitadas apenas pela União e seus servidores federais), ora são leis nacionais, verdadeira manifestação de vontade da República Federativa do Brasil, que deve ser cumprida por todos os entes da federação (União, Estados, Distrito Federal e Municípios).

Diante da explanação feita, fica claro por que os Guardas Municipais, os Poli-ciais Militares (servidores estaduais) e os Policiais Rodoviários Federais autuam os infratores de trânsito com fulcro nos mesmos dispositivos legais – a lei é nacional.

1.2 APLICAÇÃO DO CTB

Ao assinalar em seu art. 1º que “o trânsito de qualquer natureza nas vias terres-tres do território nacional, abertas à circulação, rege-se por este Código”, o legislador pátrio tutela todo e qualquer tipo de trânsito – o regular e o irregular (trânsito de qualquer natureza) –, restringindo em um segundo momento a que tipo de via se refere, somente as vias terrestres abertas a circulação.

Quanto ao conceito de trânsito, o § 1º do art. 1º nos dá a seguinte redação: “Considera-se trânsito a utilização das vias por pessoas, veículos e animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para fins de circulação, parada, estacionamento

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e operação de carga ou descarga”. De onde podemos inferir que tanto pessoas ha-bilitadas quanto as inabilitadas, tanto os veículos em bom estado de conservação quanto àqueles que estão em mau estado, assim como os animais conduzidos e aqueles que se encontram soltos nas vias, estão presentes e inclusos no cenário trânsito, sendo que uns de maneira regular e outros de maneira irregular, devendo estes sofrer sanções da polícia viária? Cabe observar que o conceito de trânsito não se esgota nos seres envolvidos, fazendo o dispositivo menção à movimentação dos veículos na via: circulação, parada, estacionamento e operação de carga ou descarga.

A expressão “vias terrestres abertas à circulação” deve ser entendida no contexto atividade da Administração Pública, como veremos adiante nos itens 1.2.1 e 1.2.2 deste capítulo, fazendo-se necessário notar que não são todas as vias terrestres que sofrem a incidência do CTB, como, por exemplo, a linha férrea, pois, além de não ser aberta à circulação, rege-se por legislação própria, que é o Decreto 2.089, de 28 de janeiro de 1963.

Finalmente, impende observar que o nome Código de Trânsito Brasileiro nos dá a falsa impressão que nesta lei regulamenta todo o trânsito do país, como, por exemplo, o deslocamento aéreo, marítimo e terrestre, uma vez que existe um con-trole de tráfego em cada um desses meios. No entanto, como vimos, esta lei regula apenas o trânsito sobre vias terrestres.

Diante do exposto, consideramos este tema um dos mais importantes para o aprendizado da matéria, uma vez que é o cerne para a compreensão da Lei de Trânsito como um todo, além de nos ajudar na análise de temas específicos, como os relacionados à abrangência territorial do CTB, tanto na sua parte administrativa como em sua parte penal. Vejamos cada caso.

1.2.1 Aplicação CTB – parte administrativa

Aqui vamos destacar os locais onde efetivamente o usuário da via pode sofrer autuações pelo cometimento de infrações administrativas de trânsito. Em outras palavras, vamos analisar quando a Administração Pública, na figura de seus órgãos e entidades de trânsito, pode cobrar o cumprimento das normas de trânsito.

Já no seu art. 1º, percebemos que o CTB não se aplica a todas as vias terres-tres, mas somente àquelas abertas à circulação. Ao estudarmos o CTB, estamos, na verdade, estudando uma atividade específica da Administração Pública, na área de trânsito, e, sendo assim, é necessário lembrar que aqui se aplica o regime jurídico--administrativo (as normas e princípios do Direito Administrativo). Este ramo do Direito tem seu alicerce montado em dois postulados fundamentais, o primeiro, que é responsável pelo surgimento das prerrogativas no desempenho das funções administrativas (os poderes administrativos) é a supremacia do interesse público

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sobre o particular; e o segundo, que é responsável por aquilo a que se submete a Administração (deveres administrativos), é a indisponibilidade do interesse público.

Portanto, sob o prisma das prerrogativas na atuação administrativa, mencio-nar que o CTB se aplica às vias terrestres abertas à circulação seria o mesmo que dizer que este Código se aplica às vias terrestres onde a ingerência do particular está sempre em um nível inferior ao do Estado, em virtude do que acima exposto. Podemos ver que onde o interesse público está presente de forma suprema, existe sempre a possibilidade de autuação pelo cometimento de infração de trânsito.

Embora haja inúmeras controvérsias, não poderíamos deixar de mencionar a possibilidade de uma pessoa ser autuada por cometer uma infração de trânsito ainda que transitando em uma via particular. Antes de enfrentarmos o tema, gostaria de chamar-lhes a atenção para a seguinte reflexão: como pode o Estado exigir que se utilize o cinto de segurança, que porte extintor de incêndio no veículo se este é de propriedade particular – isso não seria uma espécie de intervenção do Estado na propriedade privada? Sim, seria. E é esse o conteúdo jurídico de que você vai precisar para entender por que o CTB faz essa previsão, em seu art. 2º, parágrafo único. Está previsto que nos condomínios constituídos por unidades autônomas aplica-se o CTB. O que o legislador fez foi tornar expressa a publicização dessas áreas, e consequentemente esses condomínios ganharam caráter de via pública para resguardo dos interesses coletivos que ali se fazem presentes.

Antes de entramos em um novo tópico da matéria, é oportuno mostrar alguns conceitos e definições, que estão previstos no ANEXO I do CTB, necessários para o completo entendimento do tema. Sendo assim, vamos trabalhar a definição de via e de seus desmembramentos – previstos no art. 2º do CTB – uma vez que teremos presente nesta definição todas as áreas que serão trabalhadas ao longo do curso. Veja abaixo os dispositivos legais que se referem ao tema:

“Art. 2º do CTB – são vias terrestres urbanas e rurais as ruas, as avenidas, os logradouros, os caminhos, as passagens, as estradas e as rodovias, que terão seu uso regulamentado pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre elas, de acordo com as peculiaridades locais e as circunstâncias especiais” (grifo nosso).

De outra forma:VIA – superfície por onde transitam veículos, pessoas e animais, com-preendendo a pista1, a calçada2, o acostamento3, ilha4 e canteiro central5, conforme o ANEXO I do CTB (grifo nosso).

De uma maneira mais técnica, considerando a classificação de bens públicos, previsto no art. 98 do Código Civil, poderíamos classificar via como um bem pú-blico de uso comum de todos, uma vez que é destinada ao uso irrestrito do povo.

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Vejamos as definições dadas pelo legislador, no ANEXO I, sobre as partes integrantes da via:

1. pista – parte da via normalmente utilizada para a circulação de veículos, identificada por elementos separadores ou por diferença de nível em relação às calçadas, ilhas ou aos canteiros centrais.

2. calçada – parte da via, normalmente segregada e em nível diferente, não des-tinada à circulação de veículos, reservada ao trânsito de pedestres e, quando possível, à implantação de mobiliário urbano, sinalização, vegetação e outros fins.

3. acostamento – parte da via diferenciada da pista de rolamento destinada à parada ou estacionamento de veículos, em caso de emergência, e à circulação de pedestres e bicicletas, quando não houver local apropriado para esse fim.

4. ilha – obstáculo físico, colocado na pista de rolamento, destinado à orde-nação dos fluxos de trânsito em uma interseção.

5. canteiro central – obstáculo físico construído como separador de duas pistas de rolamento, eventualmente substituído por marcas viárias (canteiro fictício).

1.2.2 Aplicação do CTB – parte penal

No que se refere aos crimes de trânsito, a forma de trabalharmos a aplicação do CTB, conforme seu art. 291, remete à parte geral do Código Penal, cuja redação é dada em seu art. 5º:

“Art. 5º Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. (Redação dada pela Lei 7.209, de 1984)

§ 1º Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. (Redação dada pela Lei 7.209, de 1984)

§ 2º É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando--se aquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.(Redação dada pela Lei 7.209, de 1984)”.

Com isso, fica fácil perceber que aqui a regra é outra, ou seja, nos crimes de trânsito o envolvido responde pelo CTB tanto em via pública quanto na via parti-cular, a não ser que no tipo penal venha de maneira expressa o termo “via pública”, restringindo a alcance do tipo penal.

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1.3 CLASSIFICAÇÃO DAS VIAS TERRESTRES NO CTB

Para uma melhor compreensão, podemos neste primeiro momento dividir as vias terrestres abertas à circulação em vias públicas e vias particulares publicizadas. No primeiro caso, temos as vias urbanas, as vias rurais e as praias abertas à circulação; e, no segundo caso, temos os condomínios constituídos por unidades autônomas.

1.3.1 Vias públicas

Neste item devemos destacar as classificações e subclassificações das vias. Sendo assim, enfatizaremos as vias rurais e as vias urbanas, e seus desmembramentos a seguir:

1.3.1.1 Rurais (Anexo I – CTB)

Devemos entender como via rural aquelas que, em regra, não possuem imó-veis edificados ao longo de sua extensão. Uma forma simples de identificarmos se uma via é urbana ou rural consiste na verificação de qual órgão tem circunscrição sobre ela; caso seja um órgão executivo rodoviário e/ou a polícia rodoviária federal, necessariamente estamos falando de via rural. Esta se divide em:

a) rodovias: são vias rurais pavimentadas (asfaltadas);

b) estradas: são vias rurais não pavimentas (não asfaltadas).

Perceba que o elemento caracterizador dessas vias é o pavimento, que deve ser entendido como qualquer beneficiamento feito na via, como asfalto, concreto etc. Poderíamos sintetizar as definições em um quadro-resumo, desta forma:

Tipos de vias rurais Tem pavimento?

Rodovia Sim

Estrada Não

1.3.1.2 Urbanas (Anexo I – CTB)

Devemos entender como via urbana as ruas, avenidas, vielas, ou caminhos e similares abertos à circulação pública, situados na área urbana, caracterizados principalmente por possuírem imóveis edificados ao longo de sua extensão. Uma forma simples de identificar se uma via é urbana ou rural consiste na verificação de qual órgão tem circunscrição sobre ela; em se tratando de órgão executivos de trânsito do estado, do DF ou do município, necessariamente estamos falando de via urbana. Esta se divide em:

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a) via de trânsito rápido – aquela caracterizada por acessos especiais com trânsito livre, sem interseções em nível, sem acessibilidade direta aos lotes lindeiros e sem travessia de pedestres em nível. De outra forma, são vias onde o trânsito se faz de forma rápida, sem interrupções desnecessárias, ou seja, sem cruzamentos (interseções em nível) e sem semáforo.

b) via arterial – aquela caracterizada por interseções em nível, geralmente controlada por semáforo, com acessibilidade aos lotes lindeiros e às vias secundárias e locais, possibilitando o trânsito entre as regiões da cidade. Em síntese, são vias com cruzamentos e com semáforo, que possibilitam o trânsito pelos bairros da cidade.

c) via coletora – aquela destinada a coletar e distribuir o trânsito que tenha necessidade de entrar ou sair das vias de tráfego rápido ou arteriais, possi-bilitando o trânsito dentro das regiões da cidade. De outra forma, são vias com cruzamentos e com semáforo, que possibilitam o tráfego dentro de uma mesma região da cidade (dentro do mesmo bairro).

d) via local – aquela caracterizada por interseções em nível não semaforizadas, destinada apenas ao acesso local ou a áreas restritas. Em síntese, são vias com cruzamentos e sem semáforo, destinadas apenas ao acesso local e áreas restritas; geralmente são as ruas residenciais, de pouco movimento.

Enfim, quanto à classificação das vias urbanas, perceba que seus elementos carac-terizadores são o semáforo e o cruzamento (interseção em nível), que têm o condão de retardar o trânsito, em determinado sentido. Sendo assim, perceba que em uma via de trânsito rápido não há de se falar na existência desses elementos caracterizadores, uma vez que o trânsito se faz de maneira rápida, ou seja, sem interrupções. É com essa lógica que o leitor deve memorizar as definições. Veja quadro-resumo abaixo:

Tipo de vias urbanas Tem semáforo? Tem cruzamento? Característica adicional

Via de trânsito rápido Não Não –

Arterial Sim Sim Liga bairros (região)

Coletora Sim Sim Está dentro de um bairro (região)

Local Não Sim –

1.3.1.3 Lei 12.058/2009

Esta lei insere no CTB, art. 7o-A, que vai possibilitar a fiscalização de trânsito em uma via pertencente ao Poder Público, mas que não é a aberta a fiscalização: vias dentro do cais do porto.

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Nunca é demais mencionar que os anseios populares devem ser manifestados por meio de seus representantes eleitos. Assim, os inúmeros acidentes ocorridos naquelas áreas por falta de fiscalização, com risco ao trabalhador e desperdício do dinheiro público em atendimentos médicos, fez surgir essa manifestação do legislador.

Veja a transcrição:

“Art. 7º-A. A autoridade portuária ou a entidade concessionária de porto organizado poderá celebrar convênios com os órgãos previstos no art. 7º, com a interveniência dos Municípios e Estados, juridicamente interessa-dos, para o fim específico de facilitar a autuação por descumprimento da legislação de trânsito. (Incluído pela Lei 12.058, de 2009)

§ 1º O convênio valerá para toda a área física do porto organizado, inclu-sive, nas áreas dos terminais alfandegados, nas estações de transbordo, nas instalações portuárias públicas de pequeno porte e nos respectivos estacio-namentos ou vias de trânsito internas. (Incluído pela Lei 12.058, de 2009)”

É claro que muitas dúvidas pairam sobre o dispositivo, como quem seria o responsável pelas autuações: o agente de trânsito municipal ou estadual ou o guarda portuário; se seria juridicamente possível essa delegação mediante convênio, se este ajuste seria oneroso ou não.

Diante disso, não se pode pensar que essa manifestação legislativa é contundente para solucionar o problema da “impunidade” dessas áreas.

Fica assim mais uma missão para nosso órgão consultivo e normativo máximo, CONTRAN, de detalhar o exposto.

1.3.2 Vias particulares publicizadas

Devemos entender essas áreas como vias particulares de uso público, de uso de todos de forma indiscriminada, que não sofrem ingerência de seus proprietários quanto à possibilidade de restringirem o trânsito pessoas e veículos – são vias terres-tres abertas à circulação. Na mesma esteira, enquadrando-se os condomínios dentro da definição de via, temos aqui uma área que, embora de propriedade particular, não teriam os condôminos (particulares proprietários) ingerência sobre ela. Não poderiam esses proprietários fechar as vias dessas áreas, uma vez que o interesse público – segurança viária – se sobrepõe aos interesses dos particulares proprietários.

No entanto, embora tenhamos a sensação de que os estacionamentos de shopping centers, de supermercados, de pátios de postos de gasolina se enquadrem na definição acima; eles não são abertos à circulação, e sim eventualmente postos à disposição do público – não são vias abertas, e sim, eventualmente abertas à circulação.

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Não se pode estudar, sem reflexão, é claro, que a sinalização nos estaciona-mentos mencionados seguirá o padrão do CTB, os acidentes que lá ocorram e que sejam objeto de apreciação judicial deverão ser dirimidos pelo magistrado levando em conta nossa Lei de Trânsito.

Considerando as vias particulares publicizadas, o tema merece uma explanação mais detalhada, uma vez que, em se tratando de área particular onde a Administração Pública possa se fazer presente a ponto de autuar um suposto infrator das normas de trânsito, fica evidente que estudaremos uma exceção à atuação administrativa, que, em regra, quando a matéria é trânsito, se faz presente em vias públicas.

É importante observar que a única via particular em que há aplicação do CTB são os condomínios constituídos por unidades autônomas, que foram citados pelo legislador em apenas dois dispositivos da referida lei – em seus arts. 2º, parágrafo único, e 51. Este dispositivo traz uma informação de extrema relevância quando menciona que a sinalização nos condomínios será colocada às expensas de seus proprietários, mas nos padrões indicados pelos órgãos de trânsito com circunscrição sobre a via – que em regra, com a municipalização do trânsito, serão os órgãos executivos de trânsito municipais.

É importante frisar que a Lei 13.146, de 6 de julho de 2015, que institui o Estatuto da Pessoa com Deficiência que entrará em vigor em janeiro de 2016, modificará o parágrafo único do art. 2º do CTB, que passará a ter a seguinte redação: “Para os efeitos deste Código, são consideradas vias terrestres as praias abertas à circulação pública, as vias internas pertencentes aos condomínios constituídos por unidades autônomas e as vias e áreas de estacionamento de estabelecimentos privados de uso coletivo”.

Sendo assim, além das vias citadas acima, também passará a ser via particular “publicizada” as áreas de estacionamento de estabelecimentos privados de uso cole-tivo, podendo haver fiscalização de trânsito nesses locais, como exemplo podemos citar os shoppings.

Contudo, a partir de novembro de 2016, quando a Lei 13.281 entrar em vigor e alterar o art. 24 do CTB, os órgãos municipais de trânsito ao fiscalizar as vias terrestres, edificações de uso público e edificações privadas de uso coletivo, devem exercer suas atribuições no âmbito de edificações privadas de uso coletivo, somente para infrações de uso de vagas reservadas em estacionamentos, como as de idosos e pessoas com deficiência.

1.4 INFRAÇÕES DE VELOCIDADE

No CTB encontramos três artigos, no capítulo das infrações, que se referem a infrações relativas à velocidade de veículos, que são os arts. 218, 219 e 220. Sendo

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assim, neste tópico vamos estudar cada um dos dispositivos, bem como as veloci-dades máximas estabelecidas na norma.

1.4.1 Velocidade em vias não sinalizadas

Para melhor compreensão deste item, algumas considerações se fazem necessárias: em primeiro lugar cabe ao leitor observar que no CTB existem normas direcionadas aos particulares, normas direcionadas aos órgãos de trânsito e normas direcionadas aos fabricantes de veículos. Sendo assim, fica fácil perceber que o art. 61 do CTB (que trata de velocidade máxima em vias não sinalizadas) é direcionado àqueles órgãos que têm a competência de sinalizar e estabelecer o controle viário, no que se refere aos limites de velocidades; em segundo lugar, deve o leitor notar que, por força do art. 89 do CTB (que trata da prevalência de sinais), a velocidade máxima estabelecida na norma apenas será referência nas vias não sinalizadas, uma vez que se houver sinalização, esta terá prevalência sobre as velocidades previstas na norma. Dois comentários são relevantes diante do exposto: primeiro, quando as autoridades competentes forem sinalizar uma via, com os limites regulamentares de velocidade, devem ter como referência os subitens 1.4.1.1 e 1.4.1.2, podendo variar em torno destes valores, para mais ou para menos, de acordo com as condições operacionais da via, e, como segundo comentário temos o fato de que em provas, as bancas examinadoras exploram o conhecimento deste tópico para saber se o candidato saberia tipificar na infração de excesso de velocidade prevista no art. 218 do CTB.

Quanto à sinalização em vias, convém explicitar que a regra, segundo o art. 88 do CTB, é termos vias sinalizadas, tanto vertical quanto horizontalmente, e quanto à necessidade da correta sinalização para que possa haver autuação, temos expresso no art. 90 do CTB, que não se aplicará à sanção se a sinalização for insuficiente ou irregular.

Por fim, o CONTRAN se manifestou acerca da possibilidade de haver autuações por excesso de velocidade em determinadas vias, ainda que não haja sinalização.

Essa manifestação teve como fundamento o art. 90, § 2º, que nos informa que “O CONTRAN editará normas complementares no que se refere à interpretação, colocação e uso da sinalização”.

Sendo assim, antenado com a realidade brasileira de falta de sinalização nas rodovias e estradas do interior do país, considerando as dimensões continentais do Brasil, foi facultado aos agentes de trânsito fazer a fiscalização. O tema encontra-se regulamentado na Resolução 396/2011, a saber:

“Art. 7º Em trechos de estradas e rodovias onde não houver placa R-19 poderá ser realizada a fiscalização com medidores de velocidade dos tipos móvel, estático ou portátil, desde que observados os limites de velocidade estabelecidos no § 1º do art. 61 do CTB.

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§ 1º Ocorrendo a fiscalização na forma prevista no caput, quando utilizado o medidor do tipo portátil ou móvel, a ausência da sinalização deverá ser informada no campo ‘observações’ do auto de infração.

§ 2º Para cumprimento do disposto no caput, a operação do equipamento deverá estar visível aos condutores.”

1.4.1.1 Vias rurais não sinalizadas

A velocidade máxima em vias rurais não sinalizadas são as seguintes, de acordo com o art. 61 do CTB:

a) rodovia:• motocicleta, automóvel e camioneta: 110 km/h• ônibus, micro-ônibus: 90 km/h• demais veículos: 80 km/h

b) estrada• para todos os veículos: 60 km/h

Outra modificação da Lei 13.281/16 é em relação aos limites de velocidade nas rodovias. A partir de novembro de 2016, os limites serão os seguintes:

a) nas rodovias de pista dupla:• automóveis, camionetas e motocicletas: 110 km/h• demais veículos: 90 km/h

b) nas rodovias de pista simples:• automóveis, camionetas e motocicletas: 100 km/h• demais veículos: 90 km/h

c) estrada• para todos os veículos: 60 km/h

1.4.1.2 Vias urbanas não sinalizadas

As velocidades máximas em vias urbanas não sinalizadas são as seguintes, de acordo com o art. 61 do CTB:

• via de trânsito rápido: 80 km/h• via arterial: 60 km/h• via coletora: 40 km/h• via local: 30 km/h

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1.4.2 Autuações por excesso de velocidade, por transitar abaixo da velocidade

mínima e por transitar com velocidade incompatível

Este item trata de um tema recorrente em concursos públicos, razão pela qual vamos trabalhá-lo com toda riqueza de detalhe, conforme cobrado pelas bancas examinadoras.

1.4.2.1 Autuações por excesso de velocidade

A autuação decorrente de infrações por excesso de velocidade é a única dessa espécie que pode se dar sem a presença do agente de trânsito ou da autoridade, por meio de dispositivo registrador de imagem (foto), contanto que seja assinalada a veloci-dade, a placa dos veículos, data, hora e local do cometimento da infração, assim como existe a necessidade de que seja referendada por um agente de trânsito, a fim de dar consistência (reprodução da verdade) à autuação. Veja a redação do art. 218 do CTB:

“Art. 218. Transitar em velocidade superior à máxima permitida para o local, medida por instrumento ou equipamento hábil, em rodovias, vias de trânsito rápido, vias arteriais e demais vias:I – quando a velocidade for superior à máxima em até 20% (vinte por cento):Infração – média;Penalidade – multa;II – quando a velocidade for superior à máxima em mais de 20% (vinte por cento) até 50% (cinquenta por cento):Infração – grave;Penalidade – multa;III – quando a velocidade for superior à máxima em mais de 50% (cin-quenta por cento):Infração – gravíssimaPenalidade – multa [3 (três) vezes], suspensão imediata do direito de dirigir e apreensão do documento de habilitação”.

Com base no exposto, poderíamos formular duas questões da forma como o tema pode ser trabalhado pelas bancas examinadoras. Vejamos as duas questões e seus comentários:

1.4.2.2 Autuações por transitar abaixo da velocidade mínima

A velocidade mínima não poderá ser inferior à metade da velocidade máxima estabelecida, respeitadas as condições operacionais de trânsito e da via. Aquele que

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Capítulo 1 – VIAS TERRESTRES

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descumpre o disposto está infringindo a norma do art. 62 do CTB, porém, para ser penalizado, deve retardar ou obstruir o trânsito e não estar amparado pelas seguintes excludentes:

• Condições de tráfego

• Condições meteorológicas

• Transitar na faixa da direita

Perceba que, para a constatação da infração da velocidade mínima com base no art. 219 do CTB, necessariamente devem o agente de trânsito ou a autoridade de trânsito estar presentes no local do cometimento da infração para declarar que o veículo interrompe o trânsito, além de haver a necessidade de um equipamento hábil, regulamentado pelo CONTRAN, para medir a velocidade do veículo. Veja a redação do art. 219 do CTB:

“Art. 219. Transitar com o veículo em velocidade inferior à metade da velocidade máxima estabelecida para a via, retardando ou obstruindo o trânsito, a menos que as condições de tráfego e meteorológicas não o permitam, salvo se estiver na faixa da direita:Infração – média;Penalidade – multa.”

1.4.2.3 Autuações por transitar com velocidade incompatível

A infração do art. 220 do CTB, que se refere à velocidade incompatível, pode ocorrer ainda que o condutor esteja dentro da regulamentar, porém incompatível com a segurança do trânsito, infração de natureza puramente subjetiva, em que está sendo apurado o senso do homem médio de conduzir seu veículo de forma segura, assim como qualquer outra pessoa seria capaz de fazê-lo. Aqui, como condição para autuação é dispensado o radar de velocidade, uma vez que é possível estar incompatível com a segurança do trânsito dentro da velocidade regulamentar da via. É simples de visualizar o exposto, imagine que esteja ocorrendo uma passeata em uma rodovia federal, onde a velocidade máxima permitida seja 110 km/h. A pergunta é: seria prudente passar por uma grande aglomeração de pessoas a 109 km/h? Certamente que não, devendo o agente de trânsito que presencia tal situação autuar o infrator com base no art. 220, XIV, do CTB, ainda que não tenha medido a velocidade. Veja a redação do dispositivo:

“Art. 220. Deixar de reduzir a velocidade do veículo de forma compatível com a segurança do trânsito:I – quando se aproximar de passeatas, aglomerações, cortejos, préstitos e desfiles:

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Infração – gravíssima;Penalidade – multa;II – nos locais onde o trânsito esteja sendo controlado pelo agente da autoridade de trânsito, mediante sinais sonoros ou gestos;III – ao aproximar-se da guia da calçada (meio-fio) ou acostamento;IV – ao aproximar-se de ou passar por interseção não sinalizada;V – nas vias rurais cuja faixa de domínio não esteja cercada;VI – nos trechos em curva de pequeno raio;VII – ao aproximar-se de locais sinalizados com advertência de obras ou trabalhadores na pista;VIII – sob chuva, neblina, cerração ou ventos fortes;IX – quando houver má visibilidade;X – quando o pavimento se apresentar escorregadio, defeituoso ou avariado;XI – à aproximação de animais na pista;XII – em declive;XIII – ao ultrapassar ciclista:Infração – grave;Penalidade – multa;XIV – nas proximidades de escolas, hospitais, estações de embarque e de-sembarque de passageiros ou onde haja intensa movimentação de pedestres:Infração – gravíssima;

Penalidade – multa.”

1.5 TRÂNSITO E FISCALIZAÇÃO RESTRITOS A ALGUMAS VIAS E HORÁRIOS

Não poderíamos deixar de tratar do tema em virtude de sua relevância na legislação de trânsito. Sendo assim, vejamos:

1.5.1 Trânsito restrito

Alguns veículos têm seu trânsito restrito a algumas vias e horários. Vejamos como ficou na legislação de trânsito:

a) ciclos: não podem transitar em rodovias e vias de trânsito rápido, salvo onde houver acostamento ou faixas de rolamento próprias. Sendo assim, devemos extrair do disposto que é permitido aos ciclos transitar em pista de rolamento das vias arteriais, coletoras, locais e estradas, quando não houver

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acostamento ou faixas de rolamento próprias. Agora, em rodovias e vias de trânsito rápido, o trânsito deste veículo pela pista de rolamento é vedado, sempre. Caso seja desrespeitado o estabelecido, responde o condutor por uma infração de natureza média, por força do art. 244 do CTB.

b) ciclomotores: devem ser conduzidos pela direita da pista de rolamento, preferencialmente no centro da faixa mais à direita ou no bordo direito da pista sempre que não houver acostamento ou faixa própria a eles destinada, proibida a sua circulação nas vias de trânsito rápido e sobre as calçadas das vias urbanas.

Quando uma via comportar duas ou mais faixas de trânsito e a da direita for destinada ao uso exclusivo de outro tipo de veículo, os ciclomotores deverão circular pela faixa adjacente à da direita.

Perceba pelo exposto que o ciclomotor deve transitar pelo acostamento ou faixa própria a ele destinada, porém na via em que não houver essas opções, deve o ciclomotor transitar ou pelo bordo da pista ou no centro da faixa mais a direita, conforme redação do art. 57 do CTB.

No que se refere ao trânsito em rodovia e via de trânsito rápido, é vedado o trânsito de ciclomotores, salvo onde houver acostamento ou faixas de rolamento próprias.

Quero consignar que muita controvérsia envolve o tema, uma vez que na definição de acostamento, expressa no ANEXO I do CTB, não é mencionada a possibilidade de ciclomotores transitarem por ele, o que apenas nos faz ver que esta definição está incompleta.

c) triciclo de cabine fechada: a circulação do triciclo automotor de cabine fechada está restrita às vias urbanas, sendo proibida sua circulação em rodovias federais, estaduais e do Distrito Federal. Para circular nas áreas urbanas, sem a obrigatoriedade do uso de capacete de segurança por con-dutor e passageiros, o triciclo automotor com cabine fechada deverá estar dotado de uma série de equipamentos obrigatórios elencados na Resolução 129/2001 do CONTRAN.

d) CTV (Combinação de Transporte de Veículo) e CTVP (Combinações de Transporte de Veículos e Cargas Paletizadas): também conhecida como “cegonha”. Em regra, o trânsito das CTV e CTVP será do amanhecer ao pôr do sol e sua velocidade máxima é de 80 km/h, conforme Resolução 305/2009 (alterada pela Resolução 603/2016). Podemos elencar as seguintes exceções:

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d1) Para Combinações cujo comprimento seja de, no máximo 19,80 m (dezenove metros e oitenta centímetros), o trânsito será diuturno;

d2) Nas vias com pista dupla e duplo sentido de circulação, dotadas de separadores físicos, que possuam duas ou mais faixas de circulação no mesmo sentido, será admitido o trânsito noturno nas Combinações que apresentem comprimento superior a 19,80 m (dezenove metros e oitenta centímetros) até 22,40 m (vinte e dois metros e quarenta centímetros);

d3) Nos trechos rodoviários de pista simples, será permitido também o trânsito noturno, quando vazio, ou com carga apenas na plataforma inferior, devidamente ancorada e ativada toda a sinalização do equipa-mento transportador;

d4) Horários diferentes dos aqui estabelecidos poderão ser adotados em trechos específicos mediante proposição da autoridade competente, no âmbito de sua circunscrição.

e) CVC (Combinação de Veículo de Carga com mais de duas unidades, incluindo a unidade tratora): terão sua circulação restrita do amanhecer ao pôr do sol, com velocidade máxima de 80 km/h. Podemos elencar duas exceções:

e1) em à pista dupla com duas faixas em cada sentido;

e2) em pista única de mão dupla com fluxo máximo de 2.500 veículos no período noturno, podendo, nesses casos, ser autorizado o trânsito à noite. Na pista única de mão dupla, existem algumas exigências a serem observadas, tais como: o traçado da via, a distância a ser percorrida e a necessidade de advertir os usuários da via sobre a existência de veículos longos.

f) Veículos de tração animal: em primeiro lugar, devemos verificar se existe uma faixa especial a eles destinada; em segundo lugar, devemos verificar a existência de acostamento, e somente na ausência desses elementos é que será possível transitar pela pista de rolamento, evidentemente que no bordo. Veja a redação do art. 247 do CTB:

“Art. 247. Deixar de conduzir pelo bordo da pista de rolamento, em fila única, os veículos de tração ou propulsão humana e os de tração animal, sempre que não houver acostamento ou faixa a eles destinados:

Infração – média;

Penalidade – multa.”

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1.5.2 Fiscalização restrita

Dos dispositivos utilizados para constatar a ocorrência de infração, na legisla-ção de trânsito, encontra-se apenas um único aparelho que tem seu uso restrito a determinados tipos de vias.

1.5.2.1 Radar móvel medidor de velocidade

A fiscalização de velocidade com medidor do tipo móvel só pode ocorrer em vias rurais e em vias urbanas de trânsito rápido sinalizadas com a placa de regulamentação R-19, conforme legislação em vigor e onde não ocorra variação de velocidade em trechos menores que 5 km.

Sendo assim, caso a fiscalização se dê com radar móvel, devemos verificar, antes de tudo, o tipo de via – se é rodovia, via de trânsito rápido ou estrada –, e mais, deve também ser verificada a extensão do trecho a ser fiscalizado, uma vez que, se for menor que 5 km, a velocidade deve ficar invariável em todo trecho da fiscalização.

1.6 EXERCÍCIOS

01. (Técnico Judiciário – Segurança e Transporte – TRF 5ª – FCC – 2008) Na tabela abaixo, à esquerda está indicado o tipo de via. À direita está indicada a velocidade máxima nela permitida para caminhões, nos casos de não existir a sinalização regulamentadora de velocidade máxima.

Tipo de viaVelocidade máxima

permitida para caminhões

I. Rodovia 1. 40 km/h

II. Via coletora 2. 60 km/h

III. Estrada 3. 80 km/h

A correlação correta é:a) I – 1, II – 2, III – 3b) I – 1, II – 3, III – 2c) I – 2, II – 1, III – 3d) I – 3, II – 1, III – 2e) I – 3, II – 2, III – 1

02. (Motorista de Caminhão I – LIQUIGÁS – CETRO – 2008) Segundo o Código de Trânsito Brasileiro, no que se refere às vias urbanas, onde não existir sinalização regulamentadora, a velocidade máxima será de _________ nas vias coletoras e de __________nas vias de trânsito rápido.

Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas.a) 40 km/h – 100 km/h

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b) 40 km/h – 80 km/hc) 60 km/h – 80 km/hd) 60 km/h – 100 km/he) 30 km/h – 90 km/h

03. (DETRAN – Acre-2009 – CESGRANRIO) João é motorista de micro-ônibus e está trafe-gando em rodovia em boas condições de conservação, mas que não possui qualquer placa de sinalização de velocidade. A velocidade mínima permitida, em km/h, para seu veículo é

a) 110b) 90c) 55d) 45e) 20

04. (DETRAN – Acre-2009 – CESGRANRIO) Patrícia dirigia seu automóvel à velocidade de 90 km/h em uma via urbana considerada de trânsito rápido, na qual não havia sinalização regulamentadora. A infração administrativa praticada por Patrícia é

a) absorvida pelo crime de excesso de velocidade, previsto no artigo 311 do Código de Trânsito Brasileiro.

b) considerada gravíssima e sujeita o infrator à penalidade de multa, medida administrativa de remoção do veículo e pontuação de sete pontos.

c) considerada grave e sujeita o infrator à penalidade de multa e pontuação de cinco pontos.d) considerada média e sujeita o infrator à penalidade de multa e pontuação de quatro pontos.e) considerada média, em virtude de não haver sinalização no local indicando o limite de

velocidade.

05. (PRF 2009 – FUNRIO) O trânsito de qualquer natureza nas vias terrestres do território nacional, abertas à circulação, rege-se pelo Código de Trânsito Brasileiro instituído pela Lei n º 9.503, de 23 de setembro de 1997. Assim, é correto afirmar que:

a) O trânsito, em condições seguras, é um direito de todos e dever dos órgãos e entidades componentes do Sistema Estadual de Trânsito, a estes cabendo, no âmbito das respectivas competências, adotar as medidas destinadas a assegurar esse direito.

b) Os órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito respondem, no âmbito das respectivas competências, objetivamente, sendo necessária a comprovação de culpa, por danos causados aos cidadãos em virtude de ação, omissão ou erro na execução e manutenção de programas, projetos e serviços que garantam o exercício do direito do trânsito seguro.

c) Os órgãos e entidades de trânsito pertencentes ao Sistema Nacional de Trânsito darão prioridade em suas ações à defesa da vida, não incluindo neste caso a preservação da saúde e do meio ambiente.

d) Considera-se trânsito a utilização das vias por pessoas, veículos e animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para fins de circulação, parada, estacionamento e operação de carga ou descarga.

e) As disposições deste Código são aplicáveis a qualquer veículo, bem como aos proprietários, condutores dos veículos nacionais ressalvados os veículos estrangeiros e as pessoas nele expressamente mencionadas.

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06. (PRF 2009 – FUNRIO) Em uma rodovia onde não há sinalização regulamentadora da velo-cidade máxima permitida, a fiscalização por radar identifica uma caminhonete trafegando a 105 km/hora. Nessa situação é correto que o agente

a) aplique multa.b) não autue.c) recolha a habilitação.d) apreenda o veículo.e) detenha o motorista.

Julgue:

07. ( ) (Agente de Apoio/Motorista/Segurança MPE/AM – CESPE – 2008) A velocidade máxima permitida para cada via será indicada por meio de sinalização. Nas vias urbanas, onde não existir sinalização regulamentadora, a velocidade máxima permitida será de 100 km/h nas vias de trânsito rápido e de 60 km/h nas vias arteriais.

08. ( ) (Agente de Apoio/Motorista/Segurança MPE/AM – CESPE – 2008) Quando não houver sinalização nas vias rurais, nas rodovias, a velocidade máxima permitida para automóveis e camionetas será de 110 km/h, e de 90 km/h para ônibus e micro-ônibus.

09. ( ) (PRF 2004 CESPE-UNB) Considere a seguinte situação hipotética. Paulo, em uma via urbana arterial desprovida de sinalização regulamentadora de velocida-

de, conduzia seu automóvel a 60 km/h, velocidade indicada em radar eletrônico instalado adequadamente no local onde se realizava uma blitz.

Nessa situação, por estar trafegando a uma velocidade 50% superior à máxima permitida na via, Paulo cometeu uma infração de natureza gravíssima.

10. ( ) (PRF 2004 CESPE-UNB) O CTB define 4 tipos de vias urbanas e limites de velocidade diferentes para cada uma delas. As rodovias e estradas são consideradas vias rurais.

11. ( ) (PRF 2004 CESPE-UNB) O excesso de velocidade é causa de aumento de pena nos delitos de trânsito.

12. ( ) (PRF 2004 CESPE-UNB) A velocidade máxima permitida para cada tipo de via, quan-do indicada por sinalização, poderá determinar velocidades superiores ou inferiores aos limites estabelecidos, de acordo com as suas características técnicas e as condições de trânsito.

13. ( ) (PRF 2004 CESPE-UNB) Considere a seguinte situação hipotética. Joana conduzia sua camioneta em uma rodovia com condições normais de circulação, em um trecho que não apresentava regulamentação de velocidade. Cuidadosa com a carga frágil que transportava – louças de porcelana –, desenvolvia uma velocidade de 50 km/h. Nessa situação, Joana transgrediu o estabelecido no CTB.

GABARITO

01 D 04 D 07 Errado 10 Certo 13 Certo

02 B 05 D 08 Certo 11 Errado

03 D 06 B 09 Errado 12 Certo

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1.7 QUESTÕES COMENTADAS

01. (Formulada pelo professor) Qual a natureza da infração cometida por Mévio, sabendo que este fora flagrado transitando com seu automóvel em uma rodovia não sinalizada a 145 km/h?

COMENTÁRIO

Como a velocidade máxima do automóvel em rodovia não sinalizada é 110 km/h, vamos enquadrá-lo no art. 218 do CTB:

A) acima de 110 km/h até 132 km/h (110x1,2) – a infração é de natureza média.B) acima de 132 km/h até 165 km/h (110x1,5) – a infração é de natureza grave.C) acima de 165 km/h – a infração é de natureza gravíssima.

Com base no exposto na letra “b”, temos uma infração de natureza grave. Note que o excesso de 20% se apura multiplicando o valor por 1,2, e que o excesso de 50% se apura multiplicando o valor por 1,5, sempre.

02. (Formulada pelo professor) Qual a natureza da infração cometida por Mévio, o valor das multas e a pontuação decorrente do seguinte fato: Mévio fora flagrado transitando com automóvel tracionando uma carretinha (semirreboque) em uma rodovia não sinalizada a 145 km/h, sabendo-se que o proprietário do automóvel é Tício e da carretinha é Tibério?

COMENTÁRIO

Perceba que a situação aqui é outra, uma vez que temos dois veículos com excesso de velo-cidade: o automóvel e o semirreboque.Para que o leitor tenha o aproveitamento máximo da questão, quatro informações se fazem necessárias neste momento:1) O responsável pelo pagamento da penalidade multa será sempre o proprietário do veículo,

ainda que este não o esteja conduzindo. Nesse ponto, o legislador pune o proprietário pela escolha inadequada da pessoa que vai conduzir (automóvel) ou tracionar seu veículo (semirreboque), conforme art. 282, § 3º, do CTB.

2) A pontuação pelo cometimento da infração, nas infrações cometidas irregularidades pra-ticadas na direção do veículo, por uma deliberação do condutor, pode ser passada para o condutor infrator, conforme art. 257, §§ 3º e 7º, do CTB.

Sendo assim, vamos resolver a questão:3) Veja o critério para aplicação de pontos:

“Art. 259. A cada infração cometida são computados os seguintes números de pontos:I – gravíssima – sete pontos;II – grave – cinco pontos;III – média – quatro pontos;IV – leve – três pontos”.

4) Veja a tabela de conversão de UFIR (unidade fiscal de referência), nos dada pela Resolução 136/2002 do CONTRAN:

“Art. 1º fixar, para todo o território nacional, os seguintes valores das multas previstas no código de trânsito brasileiro:I – infração de natureza gravíssima, punida com multa de valor correspondente a R$ 191,54 (cento e noventa e um reais e cinquenta e quatro centavos);

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II – infração de natureza grave, punida com multa de valor correspondente a R$ 127,69 (cento e vinte e sete reais e sessenta e nove centavos);III – infração de natureza média, punida com multa de valor correspondente a R$ 85,13 (oitenta e cinco reais e treze centavos); eIV – infração de natureza leve, punida com multa no valor de R$ 53,20 (cinquenta e três reais e vinte centavos).”

Vamos analisar as infrações cometidas com cada veículo, automóvel e o semirreboque, sepa-radamente, para melhor compreensão, e, no final, juntamos as informações extraídas:1ª Parte:Como a velocidade máxima do automóvel em rodovia não sinalizada era de 110 km/h, vamos enquadrá-lo no art. 218 do CTB:

A) Acima de 110 km/h até 132 km/h (110x1,2) – a infração é de natureza média.B) Acima de 132 km/h até 165 km/h (110x1,5) – a infração é de natureza grave.C) Acima de 165 km/h – a infração é de natureza gravíssima.

Com base no exposto na letra “b”, temos uma infração de natureza grave que submete o proprie-tário Tício ao pagamento de uma multa de R$ 127,69, e Mévio a 05 pontos em seu prontuário.2ª Parte:Como a velocidade máxima do semirreboque em rodovia não sinalizada era 80 km/h, vamos enquadrá-lo no art. 218 do ctb:

A) Acima de 80 km/h até 96 km/h (80x1,2) – a infração é de natureza média.B) Acima de 96 km/h até 120 km/h (80x1,5) – a infração é de natureza grave.C) Acima de 120 km/h – a infração é de natureza gravíssima.

Com base no exposto na letra “c”, temos uma infração de natureza gravíssima que submete o proprietário Tíbério ao pagamento de uma multa de r$ 574,62 (3x191,54), e Mévio a 07 pontos em seu prontuário.Final:Temos duas infrações, uma de natureza grave e outra de natureza gravíssima. Mévio receberá 12 pontos (5+7), Tício pagará uma multa de R$ 127,69 e Tibério pagará uma multa de R$ 574,62.Cuidado:Cabe observar que este tema guarda uma grande controvérsia, visto que os órgãos de trânsito, inclusive a PRF, criam normas determinando que seus agentes apenas autuem o veículo auto-motor, considerando que somente este comete infrações de circulação, desprezando a figura do reboque. Não compartilhamos deste posicionamento, pois a praticidade trazida pelos referidos órgãos, em nosso entender, esconde uma faceta arrecadatória, pois imagine desenvolver um sistema capaz de usar os artifícios elencados acima para calcular a multa ou ter que autuar sem os seus radares, com necessidade de abordagem.Alguns doutrinadores, ao discutirem a controvérsia, mencionam que apenas o veículo trator de-veria ser autuado, em virtude do que dispunha a Resolução 340/2012 do CONTRAN (que alterou a Resolução 146/2003), ambas revogadas pela Resolução 396/2011, que passamos a transcrever:

“Art. 8º quando o local ou trecho da via possuir velocidade máxima permitida por tipo de veículo, a placa R-19 deverá estar acompanhada da informação complementar, na forma do Anexo V. § 1º Para fins de cumprimento do estabelecido no caput, os tipos de veículos registrados e licenciados devem estar classificados conforme as duas denominações descritas a seguir: I – ‘veículos leves’ correspondendo a ciclomotor, motoneta, motocicleta, triciclo, qua-driciclo, automóvel, utilitário, caminhonete e camioneta, com peso bruto total – PBT inferior ou igual a 3.500 kg.

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II – ‘veículos pesados’ correspondendo a ônibus, micro-ônibus, caminhão, caminhão-trator, trator de rodas, trator misto, chassi-plataforma, motor-casa, reboque ou semirreboque e suas combinações. § 2° ‘veículo leve’ tracionando outro veículo equipara-se a ‘veículo pesado’ para fins de ‘fiscalização’.”

Conforme esta corrente, o § 2º seria contundente no sentido de que a autuação seria apenas no caminhão trator, posição esta não seguida por nós.

03. (CESPE-PRF2002) Considere a seguinte situação hipotética. Fernando conduzia um caminhão por uma rodovia federal com apenas uma faixa de rolamento em cada sentido e, devido à carga excessiva que fora posta no veículo, este não conseguia subir uma determinada ladeira a mais de 35 km/h, apesar de a estrada estar em perfeito estado de conservação e de haver ótima condição tanto meteorológica como de tráfego. Gabriel, que conduzia seu automóvel logo atrás do veículo de Fernando, mantinha a mesma velocidade do caminhão, pois a sinalização determinava que era proibido ultrapassar naquele trecho da estrada. Nessa situação, um agente de trânsito que identificasse essa ocorrência, mediante equipamentos idôneos de medição de velocidade, deveria autuar Fernando por desrespeito à velocidade mínima permitida na via, mas não deveria autuar Gabriel.

COMENTÁRIO

A questão acima foi montada com base no art. 219 do CTB. Sendo assim, vamos fazer uma análise conjunta.Fernando conduzia um caminhão por uma rodovia federal com apenas uma faixa de rolamento em cada sentido e, devido à carga excessiva que fora posta no veículo, este não conseguia subir uma determinada ladeira a mais de 35 km/h (a velocidade mínima de caminhão em rodovia não sinalizada é 40 km/h), apesar de a estrada estar em perfeito estado de conservação e de haver ótima condição tanto meteorológica como de tráfego (aqui o examinador reitera que nada impede que se imprima maior velocidade, somente as condições do próprio veículo).Gabriel, que conduzia seu automóvel logo atrás do veículo de Fernando, mantinha a mesma velocidade do caminhão, pois a sinalização determinava que fosse proibido ultrapassar naquele trecho da estrada (aqui fica claro que Gabriel está fatalmente abaixo da velocidade mínima, devido às condições de tráfego; ressaltamos ainda que a velocidade mínima para automóvel em rodovia não sinalizada é 55 km/h. Então Gabriel está amparado por uma das excludentes do art. 219). Nessa situação, um agente de trânsito que identificasse essa ocorrência, mediante equipamentos idôneos de medição de velocidade, deveria autuar Fernando por desrespeito à velocidade mínima permitida na via, mas não deveria autuar Gabriel.Ainda quanto à velocidade mínima para transitar, cabe ressaltar que será a metade da velocidade máxima estabelecida e que, para constatar o cometimento de tal infração, é necessário um equipamento hábil a medir a velocidade do veículo e uma declaração do agente para atestar que o veículo interrompe o trânsito.