Curso de Linguistic A Geral Ferdinand Saussure

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  • 8/2/2019 Curso de Linguistic A Geral Ferdinand Saussure

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    C U R SO D E..,

    L IN G U IST IC A G E R AL

    Organizado por

    CHARLES BALLY e ALBERT SECHEHAYE

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    c\ CdI'

    I

    x

    Qual e 0 objeto, ao mesmo tempo integral e concreto,

    da Lingiiistica? A questaoe particularmente dificil: veremos

    mais tarde por que. Limitemo-nos, aqui, a esclarecer a di-

    ficuldade.

    Outras ciencias trabalham com objetos dados prhiamen-

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    som, nem separar 0 som da articulac;;ao vocal; reciprocamente,

    nao se podem definir OS movimentos dos 6rgaos vocais se se

    fizer abstrac;;ao da impressa

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    vocais; de certo modo, ja nos haviam sido impostas pela Na-

    tureza. No ponto essencial, poft?m, 0 lingiiista norte-americano

    nos parece ter razao:.

    cerebro, associac;ao psiquica dessa imagem com 0 conceito' cor-

    lesponde~te. Se BJ por sua vez, fala, esse novo ato seguira _

    de .seu cerebro ,ao de A - exatamente 0mesmo curso do pri-lnelro e passara pelas. mesmas fases sucessivas, que representa-t'emos como segue:

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    I' II" (I'flas pessoas, a lingua, reduzida a seu principio es-III d, I 1I111:l nomenclatura, vale dizer, uma lista de termos

    I I 111111' pOlld m a outras tantas coisas. Por exemplo:

    I d I IIlH'('P a e critid.velIII 1111111"111 ON asp ctos. Supoe

    Iii I t Illllpll'lamente feitas

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    estao unidos, em nosso cerebro, pOl' urn vinculo de associa~ao.

    Insistamos neste ponto.

    o signa lingiiistico une nao uma coisa e uma palavra, m'!csurn conceito e uma imag~m acustica 1. Esta nao e 0 som ma-

    terial, coisa puramente fisica, mas a impressao (empreinte) psi-

    quica desse som, a representa~ao que dele nos da 0 testemunho

    de nossos sentidos; tal imagem e sensorial e, se chegamos a cha-

    ma-Ia "material", e somente neste sentido, e pOl' oposi~ao ao

    outro termo da associa~ao, 0conceito, geralmente mais abstrato.

    o carateI' psiquico de nossas imagens acusticas aparece cla-ramente quando observamos nossa propria linguagem. Sem

    movermos os labios nem a lingua, podemos falar conosco ou

    recital' mentalmente urn poema. E porque as palavras da

    lingua sao para nos imagens acusticas, cumpre evitar falar dos

    "fonemas" de que se compoem. Esse termo, que implica uma

    ideia de a~ao vocal, nao pode convir senao a palavra falada,a realiza~ao da imagem interior no discurso. Com falar desons e de silabas de uma palavra, evita-se 0mal-entendido, des-

    de que nos record emos tratar-se de imagem acustica.

    o signa lingiiistico e, pois, uma entidade psiquica de duasfaces, que pode ser representada pela figura:

    Esses dois elementos estao in-

    timamente unidos e urn reclama 0

    outro. QueI' busquemos 0 sentido

    da palavra latina arbor, ou a pa-

    lavra com que 0 latim designa 0

    conceito "arvore", esti claro que

    somente as vin.cula~oes consagra-

    das pela lingua nos parecem con-

    abandonamos toda e qualquer outra queformes a realidade, esc possa imaginal'.

    Esta defini~ao suscita uma importante questao de termino-logia. Chamamos signo a combina~ao do conceito e da ima-

    gem acustica: mas, no uso corrente, esse termo designa geral-

    mente a imagem acustica apenas, pOl' exemplo uma palavra

    (arbor etc.). Esquece-se que se chamamos a arbor signo, e

    somente porque exprime 0 conceito "arvore", de tal maneira

    que a ideia da parte sensorial implica a do total.

    A ambigiiidade desapareceria se desigmissemos as tres no-

    ~6es aqui presentes pOl' nomes que se relacionem entre si, ao

    mesmo tempo que se op6em. Propomo-nos a conservar 0 termo

    si g~o~._par,!desigl1ar9total, e a S).l~stit!oliL.t:o-n(l1i!~e i ma em

    a_c!!.stlca re~ectivaII}e!lte pOl' sjgnzficado e slgnificante,. estesdois termos tern ~ v'!!ltagem de assinalar ~- oposic;;aoque os~

    F.ara, qu~entre g,-9uer do total de gue fazem part~. Quanto a

    sign 0, se nos contentamos com ele, e porque nao sabemos pOl'

    que substitui-Io, visto nao nos sugerir a lingua usual nenhumoutro.

    .0 signo~lingiiistico assim definido exibe duas caracteristi-

    cas yrimordiai~ Ao enuncia-Ias, vamos prop or os principios

    mesmos de todo estudo desta ordem.

    ( 1) 0 termo de imagem acustica parecera, talvez, mui to estreito,pois, ao lado da representas:ao dos sons de uma palavra, existe tambema de sua articulas:a o, a i magem muscular do ato fonatorio. Para F. deSaussure, porem, a lingua e essencialmente um deposito, uma coisa rece-bid a de fora (vel' p. 21). A imagem a custica e, pOl' excelencia, arepresentas:ao natural da palavra enquanto fato de lingua virtU'al, fora detoda realizas:ao pela fala. 0 aspecto motor pode, entao, ficaI' subenten-dido ou, em t odo caso, nao ocupar mais que um l ugar subordinado emrelas:ao a imagem acustica (Org.).

    o la 2-..qu~ ul!!;....Q.signiflcante ao significado e arbitrarioou entaQ, visto que ~!endemos Ror signo 0 total resuitante

    d~ associ.a~a.ode urn significante com urn gggificado, odemos

    dlzer malS slI!lple~1ent~ o_signa l in i i ist ico e arbitrariC!..Assim, ' ! :. ideia de~ar" nao~sta ligada pOl' rela ao al u-

    ma interior a segiien5ia de ~ons m-a-r ..

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    nao importa quat; como pro-ya,_temosl!.Sgiferenas entre as lin~

    e a propria existencia de !i.l1guas diferent~: 0 significado da

    palavra francesa boeu{ ("boi") tern pOl' significante b-o-f de urn

    lado da fronteira franco-germanica, e o-k-s (Ochs) do outro.

    o principio da arbitrariedade do signa nao e contestadopOl' ninguem; as vezes, porem, e mais facil descobrir un:a ;e~-

    dade do que the assinalar 0 lugar que the cabe. 0 pnnClplO

    enunciado acima domina toda a lingiiistica da lingua; suas

    conseqiiencias sac inumeras. E verdade que nem todas apare-cern a primeira vista com igual evidencia; somente ao cabo

    " A

    de varias voltas e que as descobrimos e, com elas, a importancIa

    primordial do principio.

    Uma observaao de passagem: quando a Semiologia estiver

    organizada, devera averiguar se os modos de expressao que ~e

    baseiam em signos inteiramente naturais - como a .pant.omI-

    ma - the pertencem de direito. Supondo que a SemlOlog.la os

    acolha, seu principal objetivo nao deixara de ser 0 conJu~to

    de sistemas baseados na arbitrariedade do signo. Com efelto,

    todo meio de expressao aceito numa sociedade repousa em

    principio num habito coletivo ou,0

    que vem a dar na mesma,na convenao. Os signos de cortesia, pOl' exemplo, dotados

    freqiientemente de certa expressividade natural (lembremosA

    OS

    chineses, que saudam seu impe~ador prosternando-se n?ve vezes

    ate 0 chao) nao estao menos fIxados pol' uma regra; e essa re-

    gra que obriga a emprega-los, nao seu valor intrinseco. P.ode-

    -se, pois, dizer que os signos inteiramente arbitrar~os, r~ahza~

    melhor que os outros 0 ideal do procedimento semlologlco; eIS

    porque a lingua, 0mais completo e 0mais difundido sistema

    de expressao, e tambem 0 mais caracteristico de todos; ne~se

    sentido, a Lingiiistica pode erigir-se em padrao de toda ~emlO-

    logia, se bem a lingua nao seja senao urn sistema partIcular.

    Utilizou-se a palavra simbolo para designar o. sig;n.o lin-

    giiistico ou, mais exatamente, 0 que ~hamamos de slgmfIcante.

    H a inconvenientes em admi!.i-Io~ustamente Ror causa do nos~oprimeiro rinci io. 0 si1!lbolal'!!1a,naQ Roderia ser suns-

    'tituido or-~m ~bjeto_qualq1.!l::r,-!lm carro, pOJ'~mpIQ.

    ~_Ralavra arbitrario reguer tambem uma observa ao. Nao

    d_eve dar a ideia de que 0 significad!? dependa da livre t:sco-

    lha do que fala (ver-se-a, mais adiante, que nao esta ao akance

    do lndividuo trocar-coisa alguma num sIgno, uma vez esteja

    ele ~stabeleeido num grupo lingiiistico); queremos dizer - ue

    o significant~ivwtivad-.Q., istQ...~ arbitrario em Jel~ao ao

    ~gnificl!...c!Q,com 0 ual nao tern nenhum ~o natural na rea-

    lidade.

    Assinalemos, para terminal', duas objeoes que poderiamser feitas' a este primeiro principio:

    1.9 0 contraditor se poderia apoiar nas onomatopeias

    para dizer que a escolha do significante nem sempre e arbitra-

    ria. Mas elas nao sao jamais elementos organicos de urn sis-

    tema lingiiistico. Seu numero, alem disso, e bem menor do que

    se cre. Palavras francesas como fouet ("chicote") ou glas ("dobre

    de sinos") podem impressionar certos ouvidos pOl' sua sonori-

    dade sugestiva; mas para vel' que nao tern tal carateI' desde a

    origem, basta remontar as suas formas latinas (fouet derivado

    de fagus, "faia", glas =classicum); a qualidade de seus sons

    atuais, ou melhor, aquela que se lhes atribui, e urn resultado

    fortuito da evoluao fonetica.

    Quanto as onomatopeias autenticas (aquelas do tipo glu-

    -glu, tic-tac etc.), nao apenas sao pouco numerosas, mas sua es-

    colha e j a, em certa medida, arbitraria, pois que nao passam

    de imitaao aproximativa e ja meio convencional de certos rui-

    dos (compare-se 0frances ouaoua e 0alemao wauwau). Alem

    disso, uma vez introduzidas na lingua, elas se engrenam mais

    ou men os na evoluao fonetica, morfologica etc., que sofrem

    as outras palavras (cf. pigeon, do latir vulgar p'ipio, derivado

    tambem de uma onomatopeia): prova evidente de que per-

    deram algo de seu carateI' primeiro para adquirir 0do signa lin-

    giiistico em geral, que e imotivado.

    2.9 As exclamafoes, bastante proximas das onomatopeias,

    ciao lugar a observaoes analogas e nao constituem maior amea-

    a para a nossa tese. E-se tentado a vel' nelas expressoes espon-

    taneas da realidade, como que ditadas pela natureza. Mas,

    para a maior parte delas, pode-se negar haja urn vinculo neces-

    sario entre 0 significado e 0 significante. Basta comparar duas

    linguas, sob esse aspecto, para vcr 0 quanto tais expressOes va-

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    riam de uma para, outra lingua (pOI' exemplo, ao frances aiel

    corresponde em aleivao au! e em portugues ail). Sabe-se tam-

    bem que muitas exclamac;6es comec;aram pOI' ser palavras com

    sentido determinado (d. diabo! " ou em frances, mordie'u =morte Dieu etc.).

    Em resumo, as onoE1atepei~e as exclam~6e~9 de im-

    portancia secunda ria, e sua origem simb6lica e em parte

    ~ntestavel.

    osignificante, sendo de natureza auditiva, desenvolve-se

    no tempo, unicamente, e tern as caracteristicas que toma do

    tempo: a) representa uma extensiio, e b) essa extenl-iio e men-suravel numa s6 dimensiio: e uma linha:

    Este principio e evidente, mas parece que sempre se negli-

    genciou enuncia-lo, sem duvida porque foi considerado dema-

    siadamente simples; todavia ele e fundamental e suas conse-

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    Eor outro lado, fora do discurso, as palavras que oferecellL

    ~lgo_~e comum se associam na memoria e as~im se formam gru-

    --E.0sdentro dos quais imperam relal;oes muito diversas. Assim

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    especie (palavras compostas, derivadas, membros de frase, frases

    inteiras) .

    Nao basta considerar a rela~ao que une entre si as diversas

    partes de urn sintagma (por exemplo, contra e todos em contra

    todos, contra e mestre em contramestre); cumpre tambem le-

    var em conta a que liga 0 todo com as diversas partes

    (por exemplo: contra todos oposto, de urn lado, a ~ontra, e de

    outro a tados, ou contramestre oposto, de urn lado, a contraede outro a mestre).

    Poder-se-ia fazer aqui uma obje~ao. A frase e 0 tipo por

    excelencia de sintagma. Mas ela pertence a fala e nao a lingua(ver p. 21); nao se segue que ci sintagma pertence a fala?Nao pensamos assim. E pr6prio da f ala a liberdade das

    combina~6es; cumpre, pois, perguntar se todos os sintagmas sao

    igualmente livres.

    Ha, primeiramente, urn grande numero de express6es que

    pertencem a lingua; sao as frases feitas, nas quais 0uso proibequalquer modifica~ao, mesmo quando se ja possivel distinguir,

    pela, reflexao, as' partes significativas (d. frances: a quoi bon?allons done! etc.) 1. 0 mesmo, ainda que em menor grau, ocor-re com express6es como prendre la mouche , forcer la m ain a

    quelq'un, rompre une lance, ou ainda: auair mal a (la t ete), aforce de (soin,s etc.), que vous ensemble? pas n' est besoin

    de. " etc. 2 cujo carater usual depende das particularidades de

    sua significa~ao ou de sua sintaxe. :sses torneios nao podem ser

    improvisados; sao fornecidos pela tradi~ao. Podem-se tambem

    citar as palavras que, embora prestando-se perfeitamente a ana-lise, se caracterizam por alguma anomalia morfol6gica mantida

    unicamente pela for~a de USQ (d. 0 frances ditticulte em com-

    para~ao com facilite etc.; mourrai em compara~ao com dot-mirai etc.) 3.

    Mas isso nao e tudo: cumpre atribuir a lingua e nao afala todos os tipos de sintagmas construidos sobre formas regu-

    lares. Com efeito, como nao existe nada de abstrato na lingua,

    esses tipos s6 existem quando a lingua registrou urn numero su-

    ficientemente grande de especirries. Quando uma palavra como

    o fro indecorable ou port. indeclinavel surge na fala (ver

    p. 194), sup6e urn tipo determinado e este, por sua vez, s O e

    possivel pela lembran~a de urn numero suficiente de palavras se-melhantes pertencentes a lingua (imperdoavel, intaleravel, infa-tigtivel etc.). Sucede exatamente 0mesmo c'om frases e grupos

    de palavras estabelecidos sobre padr6es regulares; combina~6es

    como a terra gira, que te disse etc. respond em a tipos gerais, que

    tern, por sua vez, base na lingua sob a forma de recorda~6es

    concretas.

    Cumpre reconhecer, porem, que no dominio do sintagma

    nao ha l~mite categ6rico entre 0 fato de lingua, testemunho de

    usa coletIvo, e 0 fato de fala, que depende da liberdade indivi-

    dual. Num grande numero de casas, e dificil cIassificar uma

    combina~ao de unidades, porque ambos os fatores concorreram

    para produzi-Ia e em propor~6es impossiveis de determinar.

    3. As RELAgOES ASSOCIATIVAS.

    OS grupos formados por associa~ao mental nao se limitama. aproximar os termos que apresentem algo em comum; 0espi-

    nto capta tambem a natureza das rela~6es que os unem em cada

    caso e cria com isso tantas series associativas quantas rela~6es

    diversas existam. Assim, em enseignement, enseigner, enseignons

    etc. (ensino, ensinar, ensinemos), ha urn elemento comum a to-

    dos. os termos, 0 radical; todavia, a palavra enseignement (ou

    ensmo) se pode achar implicada numa serie baseada em outro

    elemento comum, 0 sufixo (d. enseignement, armement, chan-

    geme~t etc.; ensinamento, armamento, desfiguramento etc.) '; a

    a~S?Cla~aOpod.e se fundar tambem apenas na analogia dos sig-

    mhcados (ensmo, instrufao, apr endizagem, educafiio etc.) ou,

    pelo contrario, na simples comunidade das imagens acusticas (por

    exemplo enseignement e justement, ou ensinamento e lento) 1.

    (1) Exemplos equivalentes em portugues sedam de que ad ianta?com que entllO, etc. (N. d os T .).

    (2) Que correspondedam, por exemplo, em portugues, a expressoescomo estar de lua, forr;ar a mao, quebrar lanr;as (em defesa de algo),ter do (de alguem), a forr;a de (cuidados, etc.), nao se faz mister, darde mao a (alguma coisa), etc. (N. dos T.).

    D) Exemplos equivalentes em portugues: dificuldade comparada comfacilidade, fard e poderei. (N. do s T.).

    ., (1) :E:ste ultimo cas o e raro e pode passar por anormaI, pois 0 es-Pl1'1to descarta naturalmente as associa~6es capazes de perturbarem a in-

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    Por conseguinte, existe tanto comunidade dupla do sentido e da

    forma como comunidade de forma ou de sentido somente. Uma

    palavra qualquer pode sempre evocar tudo quanto se ja susceti-

    vel de ser-lhe associado de uma maneira ou de outra.

    _~nql!anto_ urn sintagm~uscita em seguida a ideia de uma

    ordem de sucessao e de urn numero determinado de eIe-

    IIl~tos, OS termos de uma familia associativa~ao se apr~-

    sentam nem em numero definido nem numa ordem deter-

    mil1ada. Se associarmos desej-oso, calor-oso, medr-oso, etc.,ser-nos-a impossivel dizer antecipadamente qual sera 0 numero

    de palavras sugeridas pela memoria ou a ordem em que apare-

    cerao. Urn term~ d~do e cOJ!lo0 cel!!ro de uma c~nste~ao,

    c ponto para onde convergem outros termos coordenados cuja

    soma e indefinida (ver a figura a seguir). -- -

    Entretanto, desses doi~ caracteres da sene assoclatlva, or-

    e:Jemindeterminada e nU!Dero indefinido,-soment~ 0_ primeiro

    Se verifica sempre; 0 segundo pode fal~r. E 0 que acontece

    num tipo caracteristico desse genero de agrupamento, os para

    digmas de flexao. Em latim, em dominus, domini, domino etc.,

    temos certamente urn grupo associativo formado por urn elemen-

    to comurn, 0 terna nominal domin-; a serie, porem, nao e inde-

    finida como a de enseignement, changement etc.; 0numero \

    d~sses casQ.se determinado, pelo contrario, ,sua sucessao n.ao esJ~, )ordenada eSI2ecialmente,-LLpor urn atoJuramente arbitrario

    que 0 gramatico os agrupa de uma maneira e nao de outra;

    pa-ra - a : consCiencia de Quem fala, ~ nominativo nao e absolu-tamente 0primeiro cas;)da deciinac;ao, e os termos pooerao sur-

    gir nesta ou naquela ordem, conforme a ocasia~.

    ..... ,.

    en$in"~r ,I'/' "ensmemos

    e~Or letc', ,.:

    .... aprendlzagemL _

    educac;ao,c; tc,

    ~tc,I

    ",

    \ elemento\ le nto

    " "et~1

    d f'" etC.es 19uram.ento ....'\

    armalllentoetc,

    el~,

    teligencia do discurso; sua existencia, porem, e provada por uma cate-

    goria inferior de jogos de palavras que se funda em confusOes aburdasque podem resultar do homonimo puro e simples, como quando se dizem frances: "Les musiciens produisent les sons et les grainitiers lesvendent" [ou, em portugues, "Os muskos produzem as notas e os per-duIarios as gastam" ]. Cumpre distinguir este caso daqueIe em que uma

    associa~ao, embora fortuita, se pode apoiar numa aproxima~ao de ideias(d. frances ergot: ergoter, alemao blau : durchbliiuen, "moer de pancadas");trata-se, no caso, de uma interpreta~ao nova de um dos ter-mos do par; sac casos de etimologia popular (ver p. 202); 0 fato e interessante para a evolu~ao semantka, mas do ponto de vista sincronico

    cai simplesmente na categoria ensinar: ensino mencionada acima (Org.)