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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE FACULDADE DE DIREITO Curso de Mestrado em Direito dos Petróleos e Gás Tema: A Tributação do Petróleo e do Gás em Moçambique Regente: Prof. Doutor Teodoro Andrade Waty Mestrando: Edson da Graça Franscisco Macuácua. Maputo, Agosto de 2017

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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

FACULDADE DE DIREITO

Curso de Mestrado em Direito dos Petróleos e Gás

Tema: A Tributação do Petróleo e do Gás em Moçambique

Regente:

Prof. Doutor Teodoro Andrade Waty

Mestrando:

Edson da Graça Franscisco Macuácua.

Maputo, Agosto de 2017

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Indice

Siglas e Abreviaturas .................................................................................................................. 4

Introdução ................................................................................................................................... 4

1.Noção de Tributação do Petróleo ............................................................................................ 6

2. Especificidades da Tributação do Petróleo e do Gás .............................................................. 8

3. Os Instrumentos da Tributação do Petróleo e do Gás .......................................................... 10

3.1. Os instrumentos fiscais ..................................................................................................... 10

3.2. Os Instrumentos não fiscais .............................................................................................. 12

4. A liquidação e administração dos tributos ............................................................................ 16

5.2. Definição de Regime Fiscal .............................................................................................. 17

6. Os Regimes Fiscais ............................................................................................................... 19

6.1. Sistemas de concessão ...................................................................................................... 19

6.2. Sistemas contratuais ......................................................................................................... 21

6.3. Contratos de partilha de produção (PSC) ......................................................................... 21

6.4. Contrato de serviço ........................................................................................................... 23

6.5. Government Take ............................................................................................................. 25

7. Análise comparativa dos regimes de concessão e de partilha .............................................. 29

7.1. Leilões com Securities – Conceito ................................................................................... 29

7.2. Argumentos a favor de regime de concessões .................................................................. 31

7.3. Argumentos a favor de regime de partilha ....................................................................... 32

8. Regime específico de tributação e de benefícios fiscais da actividade petrolífera em

Moçambique ............................................................................................................................. 33

8.1. Impostos Específicos para as Operações Petrolíferas....................................................... 33

8.2. Impostos e Regras de Tributação Específicas das Operações Petrolíferas ....................... 34

8.2.1. Imposto sobre a Produção de Petróleo .................................................................... 34

9. Mecanismos de Partilha de Produção ................................................................................... 46

9.1. Recuperação de custos ...................................................................................................... 46

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9.2. Partilha de produção ......................................................................................................... 47

10. Benefícios fiscais na importação ........................................................................................ 49

10.1. Requisitos para obtenção dos benefícios fiscais ............................................................. 50

10.2. Caducidade, suspensão e extinção dos benefícios fiscais............................................... 50

11. Cálculo da Tributação nos Contratos de Concessão ........................................................... 51

12. Alguns desafios e impactos da tributação do petróleo ....................................................... 58

12.1. Desafios à política de tributação do petróleo.................................................................. 58

12.2. Alguns impactos da tributação do petróleo .................................................................... 59

Conclusão ................................................................................................................................. 62

Referências Bibliográficas ........................................................................................................ 63

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Siglas e Abreviaturas

CCPP – Contrato de Concessão para a Produção do Petróleo

IPP – Imposto sobre a Produção Petrolífera

IRPC – Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Colectivas

RETBFAP – Regime Específico de Tributação e de Benefícios Fiscais das Operações

Petrolíferas

OMC – Organização Mundial do Comércio

PSC – Contratos de Partilha de Produção

NUIT – Número único de Identificação Tributário

MIREME – Ministério dos Recursos Minerais e Energia

Introdução

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O presente trabalho tem como objecto de estudo o Regime da Tributação de Petróleo e do Gás

em Moçambique.

Constituem objectivos do trabalho, discutir sobre a noção da tributação do petróleo, analisar a

relação entre o regime contratual e o regime fiscal e analisar o regime de tributação do

Petróleo e do Gás em Moçambique.

O trabalho é constituído por partes fundamentais a saber: a primeira que aborda a noção da

tributação do Petróleo e do Gás, a segunda que se dedica a análise da relação entre regimes

contratuais e regimes fiscais e a terceira que se ocupa do regime de tributação em

Moçambique.

A metodologia empregue para a realização do presente trabalho foi a de pesquisa

bibliográfica, baseado na análise da literatura disponível sobre a matéria, da análise da

legislação moçambicana e do direito comparado.

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1.Noção de Tributação do Petróleo

Estamos perante uma tributação em sentido amplo, quando abarca tendencialmente a

totalidade dos encargos impostos pelo Estado às empresas petrolíferas. A tributação do

petróleo vai aqui reportada a todos encargos que, incidindo obre as oilcompanies, sejam estas

empresas nacionais ou internacionais, tenham por base quer a lei, quer o contrato. Encargos

que, independentemente da específica configuração que apresentem, traduzem a remuneração

do Estado (ou outros entes públicos territoriais) pela extracção do petróleo, que na

terminologia internacional vem sendo designada por government take, a qual, é de sublinhar,

tem por base, tanto o exercício da soberania fiscal, como a titularidade dos direitos (de

natureza real ou outra) sobre os recursos minerais dos Estados. Uma remuneração que, atenta

a crescente preocupação dos Estados no acesso à renda económica proporcionada pela

produção de petróleo, tem conduzido a uma grande diversificação do chamado “arsenal

fiscal” ou “pacote fiscal”, visando arrecadar o máximo de receitas públicas. O que tem

expressão, tanto na diversidade de títulos de que os Estados se socorrem para obter e

potenciar essa remuneração, como na multiplicidade dos instrumentos, fiscais e não fiscais, de

que vêm lançando mão na prossecução desse objectivo1.

Neste contexto, revela-se da maior importância esclarecer que é a escassez dos

recursos naturais explorados que gera a correspondente renda económica, sendo pois esta o

objecto da tributação visado pelos Estados produtores através das diversas e, por vezes

complexas, formas e instrumentos tributários. Por isso, impõe-se uma palavra sobre o sentido

de uma tal categoria2.

1ANDRADE, Jose Vieira e Marcos Rui de Figueiredo, Direito do petróleo, 2013, Pag.231 2Ibidem

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Em termos gerais, a renda económica é toda a remuneração que excede o mínimo que

é necessário para incentivar uma actividade - a actividade num determinado sector –

ultrapassando o curso de oportunidade de desvio, de transferência, para um outro sector.

Concretizando ao nível da tributação sobre o petróleo, dir-se-á que a renda económica é a

diferença entre o valor da produção do mercado, representado pelo preço que o sujeito se

dispõe a pagar pelo produto e os custos para obter, compreendendo estes os custos de

exploração, os custos de desenvolvimento, os custos de operação e, por fim, a remuneração do

capital mobilizado e aplicado pelo investidor. Todavia, sem prejuízo das especificidades

impostas pela realidade subjacente à actividade de exploração, avaliação, desenvolvimento e

produção de petróleo de cada Estado, o regime fiscal adoptado não pode deixar de ter em

devida consideração a necessidade de partilha dos riscos envolvidos e da recompensa entre os

dois grandes players intervenientes na actividade petrolífera em apreço: a companhia

petrolífera, de um lado, e o Estado-anfitrião, de outro. Pois, como bem se compreende, estes

interesses contrapostos hão-de ter por base um dado equilíbrio que evite, simultaneamente,

uma renda excessiva a favor das companhias ou uma tributação verdadeiramente confiscatória

levada a cabo pelos Estados. Não admira que, independentemente da concepção geral que se

partilhe a esse respeito, o certo é que os Estados podem ser, e vêm sentido, remunerados de

diversas formas pela extracção do petróleo3.

Em rigor, podemos dizer que eles podem ser remunerados como Estado fiscal (na

medida em são titulares de diversos impostos), como Estado taxador (enquanto se financiam

através de taxas), como Estado proprietário (caso das rendas de superfície, dos royalties, da

partilha da produção e dos contratos de serviços) e até como Estado empresário petrolífero

(no caso de haver um sistema de participação na exploração e produção, designadamente

através da constituição de sociedades mistas, ou na medida em que tenham lugar numa

reserva dessa actividade a uma ou várias empresas estaduais). O que nos revela um universo

de encargos das empresas petrolíferas e, consequentemente, da remuneração dos Estados, que

vai muito para além do conhecido universo dos tributos. Um universo que, devemos

acrescentar, está intimamente ligado ao tipo de instrumento jurídico estabelecido entre o

Estado produtor e as oilcampanies para a exploração e produção de petróleo, ou seja, a

licença, o contrato de concessão, o arrendamento (lease), os contratos de partilha de produção,

3Idem, Pag.232

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os contratos de serviços, a participação estadual nos empreendimentos de exploração e

produção, etc4.

2. Especificidades da Tributação do Petróleo e do Gás

No seguimento do que vimos de dizer, importa sublinhar ainda que a tributação do

petróleo se apresenta como uma tributação muito especial, que se afasta da tributação do

rendimento da generalidade das empresas, seja porque, perspectivada a partir da tributação do

rendimento, apresenta especialidades de regime, seja, sobretudo, porque, em larga medida,

nem de tributação verdadeiramente se trata. Com efeito, estamos ai perante figuras que, se não

são, se aproximam claramente dos preços, dos preços pela alienação onerosa de recursos

minerais esgotáveis. O que bem se compreende, porquanto a tributação do petróleo, de um

lado, tem a ver com a remuneração que a exploração e produção desse recurso natural não

renovável pode proporcionar aos correspondentes Estados, a qual, atentas as suas

características, se afasta da tributação das empresas cujo critério assenta, em geral, na

correspondente capacidade contributiva revelada pelo lucro, e, de outro lado, diz respeito a

uma actividade desenvolvida num quadro muito particular5.

É que tanto os elevados riscos envolvidos como as avultados investimentos exigidos

por essa actividade originam toda uma serie diversificada de custos que pouco ou nada tem de

comum com aqueles em que incorrem as empresas em geral6.

Daí que, atentas as peculiares características da actividade de exploração e produção

de petróleo, a tributação deste acabe por ser estabelecida e exigida num ambiente e num

quadro de particularismos e constrangimentos, rnuitos deles de caracter internacional, em que

o poder tributário do Estado está longe de ser expressão genuína da clássica soberania

tributaria que é, nem mais nem menos, a base da soberania tout court dos Estados". Na

verdade, o Estado apresenta-se em relação a essa actividade na titularidade de diversos

poderes que não pode deixar de exercer de uma maneira coordenada e frequentemente

casuística7..

4Ibidem 5ANDRADE, José Carlos Vieira De, et. Direito do petróleo, Faculdade de Direito de Coimbra, Instituto Jurídico, pag 234. 6Ibidem 7Idem, Pag.235-236

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O que nos permite sublinhar que, por certo, é no domínio da remuneração

proporcionada aos Estados-anfitriões pela extracção do petróleo que se assiste a uma

manifestação, porventura das mais paradigmáticas, da perspectiva que vem sendo designada

por "visão integrada do fenómeno económico", a qual senão compadece com uma

consideração estritamente tributaria dessa remuneração, mesmo que essa tributação seja

entendida segundo a "consideração unitária do fenómeno financeiro", em que a capacidade

contributiva dos destinatários dos impostos, mormente das empresas, que é tida em conta, não

é apenas a decorrente dos rendimentos que obtém no quadro económico resultante do

regulação estadual, mas também das especificas despesas que realizam na prossecução de

objectivos de interesse público da responsabilidade do Estado e demais entidades públicas,

despesas que estes assim ficam dispensados de fazer"8.

Com efeito, a remuneração estadual esta longe de poder ser explicada pela tributação, mesmo

que esta, de algum modo, assente na perspectiva alargada que vimos de referir, uma vez que

aquela resulta inequivocamente do papel económico que os Estados assumem na gestão dos

recursos naturais, o que tem inequívoca expressão na sua negociação e fixação, De facto, os

Estados-anfitriões, quando contratam com as companhias, não vêem nestas apenas

contribuintes, ainda que contribuintes especiais, mas parceiros imprescindíveis ao

desenvolvimento de uma actividade económica da maior importância para o desenvolvimento

e sustentabilidade económicos, no presente e no futuro, dos seus países9.

Por conseguinte e em conclusão, quando usamos a expressão tributação do petróleo,

estamos a referir-nos as diversas modalidades que assumem a remuneração que os Estados

petrolíferos obtêm das empresas petrolíferas, as quais, por via de regra, são companhias

multinacionais. Muito embora, em contrapartida, seja de sublinhar que uma tal figura, com

particular destaque para os impostos, continua a ser a componente decisiva dessa

renumeração, mesmo em Estados em que a sua actuação neste domínio se vem inclinando

para modalidades de renumeração mais típicas de um Estado proprietário ou ate de um Estado

empresário, uma vez que estas estão longe de excluir ou substituir a tributação pela via dos

impostos. Por isso não admira que a tributação correspondente ao Estado fiscal, a tributação

através dos impostos, continue a ter um papel decisivo nessa remuneração, como veremos ao

cuidar dos instrumentos da tributação. Antes, porém, aludamos ao quadro mais amplo em que

opera a indústria petrolífera e, por conseguinte, a sua tributação10.

8Idem, Pag.236 9Ibidem 10Idem, Pag.237

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3. Os Instrumentos da Tributação do Petróleo e do Gás

3.1. Os instrumentos fiscais

A tributação do petróleo através de impostos sobre o rendimento das empresas

petrolíferas pode assumir, a bem dizer, três modalidades, a saber: 1) a tributação através do

imposto geral sobre o rendimento empresarial, isto é, sobre o lucro, comungando assim essas

empresas da mesma tributação que incide sobre a generalidade das empresas; 2) uma

tributação mediante um imposto especial sobre o rendimento empresarial incidente sobre o

lucro gerado pelas mencionadas empresas na actividade petrolífera, ou mesmo gerado por

determinado poço ou poços, os quais substituem, totalmente a referida tributação geral,

erigindo-se assim num verdadeiro imposto alternativo; 3) enfim, uma tributação que combina

cumulativamente essas duas tributações, coexistindo assim uma tributação especial ao lado da

tributação geral do rendimento, com acontece em alguns países11.

O imposto geral é a forma universal de tributação dos lucros das empresas, aplicando-

se indistintamente a todos os sectores de actividade. Este é o método de tributação adoptado

por diversos Estados", que pode ou não ser cumulado com impostos especiais, como vamos

ver melhor de seguida.

Não obstante, nas situações em que os Estados optem pela sujeição das empresas

petrolíferas ao imposto geral sobre as sociedades, pode ser aplicada uma taxa ou alíquota mais

elevada de imposto a esse sector, atendendo a que os lucros gerados pelo mesmo são também,

por via de regra, mais elevados'". Por outro lado, esta forma de agravamento da tributação,

pela via do aumento da respectiva taxa ou alíquota, revela-se também adequada a captura de

uma maior parcela da renda económica12.

O imposto geral sobre os lucros segue, assim, as regras gerais de tributação sobre 0

rendimento das pessoas colectivas ou corporate income tax. A sua grande vantagem reside no

facto de, por um lado, se tratar de um imposto cujo funcionamento e do conhecimento dos

agentes económicos e, par outro, por a sua liquidação e cobrança se encontrarem mais ou

11Idem, Pag.248 12Idem , Pag. 248-249

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menos rotinadas no seio da Administração Tributaria, evitando-se assim os custos

administrativos acrescidos inerentes à criação e aplicação a um regime especial novo de

tributação13.

Ainda no seio da tributação das actividades petrolíferas mediante impostos gerais

sobre os lucros, cumpre referir que o imposto sabre os lucros das companhias petrolíferas

pode incidir sobre todas as áreas de actividade a que a mesma se dedica ou sobre cada uma

delas, separadamente. No primeiro caso, comummente designado por imposto consolidado, 0

imposto é apurado sobre o lucro total da companhia, que por essa via consolida os ganhos de

uma actividade ou de certa área do contrato, com as eventuais perdas (prejuízos) de outras, o

que configura um substancial incentivo ao desenvolvimento de projectos transversais14.

As situações em que a lei tributa, de maneira independente, cada uma das áreas de

actividade dos sujeitos passivos são designadas ring fencing. Nestes casos, os Estados vedam

a possibilidade de as companhias petrolíferas compensarem os ganhos com as perdas de todas

as actividades desenvolvidas, tratando cada uma delas como um centro de custos

individualmente considerado. Note-se, porém, que 0 ring fencing também pode ser adoptado

apenas no seio da actividade petrolífera, no sentido de permitir a compensação de ganhos e

perdas entre projectos petrolíferos". Como facilmente se compreende, 0 ringfenCing destina-

se a proteger a receita do Estado, ao limitar a dedução de gastos. No entanto, é um claro

desincentivo para as companhias15.

Todavia, alguns países têm regimes que combinam cumulativamente as duas

tributações: imposto geral e imposto especial. Esta terceira situação verifica-se,

designadamente, naqueles países que, tendo optado por um sistema de partilha de produção no

quadro da procura de uma maior remuneração obtida das oilcompanies nos tempos mais

recentes, visam, assim, de algum modo, recuperar receitas relativamente a anteriores sistemas

assentes na concessão, como e o que julgamos verificar-se em Angola, país em que, ao lado

do imposto sobre o rendimento do petróleo, tem o imposto de transacção do petróleo cuja

base é constituída pelo mesmo rendimento tributável do imposto sobre o rendimento do

petróleo, muito embora este não comporte exactamente as mesmas deduções, já que não

admite a dedução dos prémios que são dedutíveis no imposto sobre o rendimento do

petróleo16.

13Idem, Pag.249 14Ibidem 15Ibidem 16Idem, Pag.251

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Com efeito, ao lado da tributação dos rendimentos das empresas petrolíferas que

acabamos de mencionar, que constitui uma tributação que tem por base taxas ou alíquotas

proporcionais, que podemos considerar clássica, vem ganhando alguma visibilidade uma

outra maneira de encarar a remuneração dos Estados petrolíferos exigida as IOC, em que

assistimos a uma certa recuperação da importância da figura dos impostos, e justamente do

imposto sobre o rendimento das empresas petrolíferas, através da chamada tributação

progressiva dos lucros das empresas. Trata-se de uma tributação que tem sido adoptada em

alguns países e defendida e proposta por alguma doutrina, para a qual se invoca, como

argumento decisivo, o de assim os Estados-anfitriões assegurarem uma elevada captura da

renda económica gerada pela actividade de exploração e produção de petróleo num quadro

jurídico que responda automaticamente e de uma maneira estável a subida constante dos

preços do crude no mercado mundial, a qual, como é sabido, decorre da procura crescente dos

derivados de petróleo17.

3.2. Os Instrumentos não fiscais

Para além dos impostos, gerais ou especiais, sobre a actividade petrolífera, que

constituem o instrumento largamente mais utilizado no âmbito das actividades de extracção

do petróleo, existem outras formas de captura da renda económica por parte dos Estados, que

não têm subjacentes os princípios inerentes à figura dos impostos18.

Estamos no âmbito das actividades com um enorme potencial de lucro para as

companhias petrolíferas, através do aproveitamento de um recurso natural que, na

generalidade dos sistemas, é propriedade dos Estados, e que, por via da celebração de

contractos de concessão ou partilha de produção, é produzido e explorado por entidades

particulares, individual ou simultaneamente com concessionárias nacionais19.

É neste contexto que se desenvolveram diversos tipos de instrumentos tributários que

apresentam como finalidade principal, quando não mesmo única, a arrecadação de receitas

pela via de atribuição de direitos de prospecção e desenvolvimentos de projectos petrolíferos,

17Idem, 252 18Idem, Pag.260 19Ibidem

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tais como os bónus, as rendas de superfície, os royalties ou até as parcelas estaduais dos

sistemas de partilha da produção. Quanto à figura dos bónus, podemos dizer que se trata, em

termos gerais, de uma compensação pecuniária paga ao Estado em virtude da atribuição do

direito de exercer uma actividade petrolífera, sendo a mesma devida, nuns casos, aquando da

assinatura de um contracto de concessão ou partilha de produção, e noutros, em função do

sucesso da exploração ou dos níveis de produção20.

No primeiro caso, estamos perante bónus de assinatura e, no segundo, bónus de

descoberta comercial, que apresentam diferenças relevantes ao nível do risco assumido pelo

Estado na adopção de uma ou outra dessas modalidades. Deve salientar-se, a este respeito,

que estamos perante um sistema de tributação que pressupõe um elevado grau de

competitividade entre os operadores económicos, que apresentam as suas propostas com base

numa estimativa de lucro. Deste modo, quanto melhor for conhecida a perspectividade

geológica do local e menores forem as incertezas sobre o preço do petróleo e o custo de

exploração, maior será a probabilidade de os bónus reflectirem as rendas económicas

potencialmente obtidas21.

Do ponto de vista da arrecadação de receitas, o bónus, em especial na modalidade

bónus de assinatura, tem vantagem de permitir aos Estados uma cobrança imediata de

tributos, que pode ser de montante fixo ou variável. Por seu lado, na perspectiva do risco, o

bónus de descoberta comercial é aquele que menos penaliza as companhias petrolíferas, na

medida em que só gera obrigação de pagamento se houver perspectiva de produção e, nessa

medida, de lucro. Por outro lado, o bónus é um atributo de aplicação relativamente simples, o

que se mostra também como uma vantagem, particularmente importante para os países

produtores de petróleo em desenvolvimento. Por conseguinte, este tipo de pagamento afasta-

se claramente da figura dos tributos unilaterais ou impostos, tendo antes uma estrutura que, a

seu modo, se aproxima da estrutura que suporta a figura dos tributos bilaterais ou taxas,

apesar da evidente erosão que esta tem vindo a suportar com o advento do Estado pós-

moderno que não pode deixar de ser tida em conta. Outra forma de tributar as actividades

petrolíferas traduz-se no lançamento de taxas ou rendas de superfície, que não são mais do

20Ididem 21Idem, Pag.261

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que compensações pecuniárias pela exploração do subsolo, afigurando-se, nessa medida,

como verdadeiras taxas22.

As taxas ou rendas de superfície são, em regra, pagas anualmente, podendo o seu

valor ser fixo ou variável, em função da área de concessão, da sua localização, da duração do

contracto ou mesmo da fase da actividade petrolífera. Em regra, as taxas de superfície não são

um gasto dedutível para efeitos de imposto geral ou especial sobre o petróleo. No entanto,

algumas legislações admitem essa dedução. Igualmente de salientar são os royalties, figura

que, não obstante por vezes aparecer sob a designação de imposto sobre a produção de

petróleo, nos parece dever ser considerada como constituindo um instrumento não fiscal

tradicional de tributação do petróleo. Na sua formulação clássica, o royalty é uma

compensação ao “dono da terra” pela permissão de explorar um recurso sobre o qual não se

exerce o direito de propriedade. É importante sublinhar que, na indústria petrolífera, o sentido

atribuído ao conceito de royalty diverge daquele que comumente se atribui a esta expressão,

configurada como uma categoria de rendimento na generalidade das Convecções para Evitar a

Dupla Tributação23.

No contexto em análise, o royalty é um tributo que pode ser cobrado por unidade de

produção, como um valor uniforme e fixo por nível específico, ou como uma taxa ou alíquota

incidente sobre o valor de produção (ou seja, como um imposto ad valorem). A taxa ou

alíquota aplicada pode ser proporcional ou progressiva, de acordo com a quantidade de

petróleo produzido, e a frequência do respectivo pagamento é variável. Pese embora a forma

mais comum seja a de aplicação do royalty como um imposto por unidade de produção,

existem regimes diferentes, que prevêem a aplicação do royalty sobre a receita bruta ou sobre

o EBIT, sobre o valor do crude extraído, ou ainda outros que são totalmente contratualizados.

Por outro lado, cumpre salientar que o royalty não é necessariamente uma receita do Estado, o

qual opta, em alguns regimes, por lançar tributos que incidem sobre os royalties pagos a

privados24.

Este tributo apresenta duas grandes vantagens: em primeiro lugar, porque constitui

uma forma simples de tributação, implica custos de controlo e administração para o Estado

bem menores do que os incorridos na generalidade dos outros tributos sobre o petróleo. Em

segundo lugar, ele permite ao Estado obter receitas antecipadas e continuas, garantido que o

22Ibidem 23Ibidem 24Idem, Pag.263

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valor do recurso explorado é pago concomitantemente à sua extracção. Enfim, por outro lado,

sendo o royalty cobrando sobre a receita bruta, ele ignora os gastos (dedutíveis) e os lucros

associados ao projecto25.

Contudo, continua a ser discutível a verdadeira natureza dos royalties, não sendo de

todo descabido que, a serem considerados tributos, sejam vistos como realidades mais

próximas da figura das taxas do que da figura dos impostos, sendo certo que, como já

deixamos insinuado atrás, seja questionável até que eles integrem o próprio universo dos

tributos. Um problema cuja solução não se revela fácil até pela variedade de royalties a que

aludimos. Com efeito, a remuneração proporcionada ao Estado que neles se concretiza

corresponde claramente mais aos poderes do Estado taxador ou, em termos mais rigorosos,

aos direitos do Estado proprietário do que verdadeiramente aos poderes do Estado fiscal. Pois,

por um lado, podemos dizer que as prestações coactivas em que se materializam têm por facto

gerador, pelo menos aparentemente, o acesso e utilização de um bem integrante do domínio

público, o domínio público mineiro, um aspecto que os aproxima da figura das taxas devidas

pela utilização de bens do domínio público. Tendo, porém, em conta que os royalties

constituem a contrapartida, paga de resto por via de regra em espécie, pelas empresas

petrolíferas pela aquisição a titulo definitivo aos Estados, seus titulares, de bens moveis

constituído pelos barris de crude, parece mais rigoroso nem de taxas verdadeiramente se

tratar, configurando-se ou aproximando-se antes de autênticos preços. Um problema idêntico

ao que vimos de considerar se coloca relativamente aos regimes de partilha da produção, em

que a parcela que cabe aos Estados nessa partilha se apresenta actualmente, tanto em termos

do seu apuramento como dos resultados a que conduz, com imensas semelhanças ao imposto

sobre o rendimento do petróleo típico dos regimes de concessão. É certo que na versão mais

simples desse regime, que vigorou nos primeiros anos da sua criação na Indonésia, a parte que

cabia ao Estado era uma parcela do saldo de petróleo (petróleo bruto), obtendo-se este depois

de a companhia recuperar os custos em que incorreu a partir da produção26.

A remuneração do Estado era, assim, uma parte da produção. Produção que, após a

dedução da recuperação dos respectivos custos por parte da companhia, era dividida nos

termos do correspondente contracto entre esta e o Estado. Mas esse recorte da partilha foi

bastante modificado no sentido de maximizar a receita dos Estados, tendo-se estabelecido

percentagens progressivas para a parcela dos Estados (e, consequentemente, regressivas para a

25Ibidem 26Idem, Pag.264

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parcela que cabe às companhias) reportadas, numa primeira, fase, à produção anual (milhões

de barris) e, depois, às taxas de rendibilidade interna do capital. Pois bem, esta última

modalidade de partilha da produção assemelha-se a imposto progressivo sobre o rendimento

com taxas ou alíquotas maginais máximas, de resto, bastante elevadas27.

4. A liquidação e administração dos tributos

Temo-nos vindo a referir à diversidade das formas de tributação das actividades

petrolíferas e à sua qualificação, umas vezes como instrumentos fiscais, aos quais subjazem os

princípios gerais da figura dos impostos, e outras vezes como instrumentos não fiscais, mais

próximos das figuras das taxas ou dos preços, procurando exemplificar, na medida da

diversidade a que aludimos, a base de incidência, as taxas ou alíquotas e, em alguns casos, as

formas e a periodicidade do pagamento. Resta-nos, pois, aludir às formas de liquidação dos

tributos, que podem ter por base as entidades públicas ou os sujeitos passivos: no primeiro

caso, estamos perante a liquidação administrativa, levada a cabo pelas administrações

tributárias, ou mesmo pelas concessionárias nacionais; no segundo caso, estamos perante

sistemas de autoliquidação ou liquidação em substituição28.

A autoliquidação acarreta, naturalmente, numa primeira fase do apuramento do

imposto a pagar, menores encargos administrativos do que a liquidação administrativa, que

pressupõe uma avaliação prévia, pelos funcionários da Administração Tributária, dos

elementos contabilísticos apresentados pelos sujeitos passivos. No entanto, a autoliquidação é

mais permeável às situações de fraude e evasão fiscal, colocando sobre as administrações

tributárias o ónus da fiscalização e de correcção da matéria colectável declarada, a qual terá

necessariamente de ocorrer no decurso do período de caducidade do direito á liquidação, sob

pena de a obrigação de imposto resultante da declaração do sujeito passivo se consolidar

definitivamente na ordem jurídica. A liquidificação administrativa, sendo o modelo

tradicional, é cada vez menos frequente, tendo sido substituída, na generalidade dos impostos,

pela autoliquidação, ficando a tarefa do Estado reduzida, essencialmente, à fiscalização. Esta

situação foi atingida sobretudo devido à complexidade do modo de gestão do sistema fiscal,

onde se multiplicam os problemas de quantificação da obrigação tributária e de determinação

27Ibidem 28Idem, Pag.265

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dos factos tributários. Estas funções estão, actualmente, a cargo dos sujeitos passivos de

imposto, a quem a lei incumbe, na generalidade dos sistemas, a obrigação de declarar todos os

rendimentos tributáveis e assim permitir à Administração Tributária o cálculo do imposto

devido por qualquer pessoa singular ou colectiva, sob cominação de sanções autónomas29.

Às administrações fiscais nacionais cabe, por sua vez, a tarefa de detectar os factos

fiscalmente relevantes, através da fiscalização das declarações dos sujeitos passivos, quer

quanto ao seu conteúdo, quer quanto às suas possíveis comissões. Tarefa que pressupõe a

necessária articulação entre o princípio da investigação, pela Administração Tributária, e os

deveres de cooperação, impostos aos sujeitos passivos30.

Esta articulação impõe-se também, no âmbito da tributação das actividades

petrolíferas, onde os impostos, gerais ou especiais, sobre o rendimento, bem como os

royalties, são apurados mediante apresentação de declarações pelas companhias petrolíferas,

com base nas quais é apurada a obrigação de imposto. Em alguns regimes, encontramos um

sistema de autoliquidação com base em estimativas do imposto legível no período de

tributação, feitas pelo próprio sujeito passivo, sendo os mesmos, em caso de subavaliação das

estimativas efectuadas, sujeitos aos pagamentos de coimas. Quanto ao procedimento de

liquidação pelas administrações tributárias – actualmente menos frequente – encontra-se ainda

em alguns regimes fiscais, para efeitos de cobrança, não da generalidade dos tributos

incidentes sobre a actividade de exploração e produção de petróleo, mas das taxas de

superfície e de bónus. Por fim, quanto ao modo de pagamento, é de sublinhar, como nota

especifica de tributação do petróleo face à generalidade dos outros tributos, que o pagamento

dos impostos sobre a actividade petrolífera pode ser feito em dinheiro ou em espécie, se bem

que esta modalidade de pagamento seja cada vez menos frequente. Já o pagamento dos

instrumentos não fiscais é, por via de regra, realizado em dinheiro31.

5.2. Definição de Regime Fiscal

29Ibidem 30Ibidem 31Ibidem

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Regime fiscal, no ambiente da indústria de petróleo, é o conjunto de aspectos legais,

contratuais e tributários que regem as operações de petróleo em um dado país ou estado

soberano (JOHNSTON, 1994). De maneira mais simples, é o conjunto de regras que

determina o funcionamento da relação entre os agentes existentes na indústria petrolífera,

sendo os principais32:

Estado: governo do país onde ocorre a actividade de exploração e produção.

NOC (National Oil Company): companhia de petróleo estatal do país onde ocorrem as

actividades de E&P13. A NOC pode ser usada como ponto focal do governo para

relacionamento com os operadores estrangeiros.

Operador/Consórcio operador: uma ou mais empresas que, em sociedade, exercem as

actividades de exploração e produção de petróleo.

Os regimes fiscais podem ser considerados, ainda, uma força de equilíbrio económico

para investidores que, geralmente, estão dispostos a ceder uma parcela maior da receita ao

Governo em lugares onde as reservas são maiores e os riscos e custos, menores

(WOODMACKENZIE, 2007)33.

Segundo Johnston (1994), existem no mundo mais sistemas fiscais para o petróleo do

que existem países. Isso porque dentro de uma mesma jurisdição, os governos adopta

diferentes exigências fiscais, dependendo das condições geográficas, económicas ou técnicas.

Entretanto, os regimes fiscais existentes são usualmente classificados dentro das categorias

abaixo34:

a) Sistemas Contratuais: Contrato de Partilha de Produção e - Contrato de serviço

(Contrato de serviço com risco Contrato de serviço puro)

b) Sistemas de Concessão.

Existem dois grandes grupos de regimes fiscais: os sistemas de concessão e os sistemas

contratuais. Segundo Johnston (1994) a diferença fundamental entre eles reside na

propriedade dos recursos minerais. Os sistemas de concessão permitem que um ente privado,

concessionário de uma determinada área tenha propriedade do petróleo ali produzido. Já os

sistemas contratuais mantêm a propriedade da produção no Estado, dando ao produtor apenas

32LUCCHESI, Rodrigo Dambros, Regimes Fiscais de exploracao e produçao de petroleo no Brasil e no Mundo, Fevereiro de 2011, pag 18 33Ibidem 34Idem, Pag.18-19

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uma parcela do petróleo produzido, conforme cláusulas contratuais. Ambos sistemas são

detalhados a seguir35.

6. Os Regimes Fiscais

6.1. Sistemas de concessão

O regime de Concessão (citado também como “Royalty & Taxsystem” confere às

empresas petrolíferas o direito de exercer as actividades de exploração e produção em uma

determinada área ofertada ou licitada pelo Estado, por um tempo determinado, sob seu próprio

risco, sendo, em caso de êxito, o óleo e o gás extraídos de sua propriedade, bastando que

paguem compensação financeira ao Estado (OLIVEIRA, 2010). Esta compensação financeira,

como o nome do regime em inglês sugere, acontece principalmente na forma de 20

pagamento de royalties e tributos, podendo também haver, em alguns casos, outras

compensações como a apropriação dos lucros extraordinários36.

No contexto da indústria do petróleo, o royalty é uma compensação financeira devida

pelas empresas que exploram e produzem petróleo ao proprietário da terra ou área em que

ocorre a actividade de extracção ou produção de petróleo. É, ainda, uma remuneração à

sociedade pela exploração desses recursos, que são escassos e não renováveis. (GUTMAN,

2007)37.

O contrato para exploração e produção de petróleo sob o regime de concessão

costuma ser celebrado entre duas partes: o outorgante (que pode ser um Presidente da

República, um soberano, ou uma agência governamental destinada a este fim), e o outorgado

(que pode ser uma única empresa investidora, ou um consórcio de empresas). Alguns dos

principais países que celebram este tipo de contrato são: o Reino Unido, a Noruega, os

Estados Unidos e o Brasil38.

35Ibidem 36- Rodrigo Dambros Lucchesi, 2011. Pag.19 37- Idem, Pag.20 38- Ibidem

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Apesar de vários países praticarem o sistema de concessão, cada país trabalha com

variáveis diferentes dentro do mesmo arcabouço. Por exemplo, nos Estados Unidos, as regras

de pagamento de royalties variam de acordo com a localização da produção de petróleo. Em

terra, os royalties devidos são de 12,5% e 11,0%, sobre a receita bruta da produção, para o

proprietário da terra e para o Estado, respectivamente. Já em águas rasas (menor que 400

metros de profundidade), deve se royalty de 16,7% ao estado adjacente, ao passo que a

produção de petróleo em águas profundas requer o pagamento de 12,5% de royalties ao

governo (LUCZYNSKI et al., 1999)39.

A figura abaixo apresenta uma típica distribuição de receita entre o operador e o

Estado sob o regime de concessão. Quando a empresa começa a auferir receitas provenientes

da produção de petróleo, deve pagar royalties proporcionais a receita bruta. Além disso, como

qualquer empresa de outro ramo, deve pagar taxas estaduais e federais, incluindo o imposto

de renda. Todas estas parcelas constituem arrecadação governamental, cabendo ao operador

como fluxo de caixa líquido a receita remanescente após os pagamentos mencionados40:

Receita Bruta

Royalty

Receita Tributável

Impostos Taxas

Receita Líquida

País Hospedeiro Contratista

39- Idem, Pag.21 40- Idem, Pag.21

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21

6.2. Sistemas contratuais

Os outros dois regimes fiscais mais comuns são agrupados na literatura sob o nome de

sistemas contratuais, que são os contratos de serviços e os contratos de partilha de produção

(“Productionsharingcontracts” - PSC)41.

Segundo Johnston (1994), estes sistemas são classificados como contratuais, pois os

contratos celebrados entre o governo e o operador nestes sistemas costumam conter quase

todas as disposições legais referentes à actividade de E&P do país, ao passo que os contratos

de concessão costumam ser menos densos, remetendo à legislação local de petróleo sempre

que possível42.

Uma característica fundamental que distingue os sistemas contratuais do sistema de

concessão é a propriedade do petróleo. Nos sistemas contratuais, o petróleo pertence ao

Estado, mesmo após a sua produção, sendo as companhias de petróleo remuneradas, em

moeda ou petróleo, de acordo com as provisões do contrato (JOHNSTON, 1994)43.

6.3. Contratos de partilha de produção (PSC)

O regime da Partilha de Produção surgiu como uma evolução do regime de Concessão,

do ponto de vista dos governos, em alguns países, a partir da década de 1960, como este

capítulo detalhará44.

Neste modelo, o Estado tem um papel mais actuante e participativo na condução das

operações de E&P, pois é o detentor dos recursos minerais (conforme mencionado

anteriormente) e participa directamente das operações, seja através da presença de uma

empresa estatal no consórcio, seja através da presença de membros do governo no comité

operacional que se reúne para a tomada das principais decisões45.

41- Idem, Pag.22 42- Ibidem 43- Ibidem 44- Ibidem 45- Ibidem

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O Contrato de Partilha da Produção (PSC) é celebrado entre uma empresa ou

consórcio de empresas e o Estado (directamente ou através de sua NOC). Este regime, como o

nome diz, prevê a divisão do petróleo produzido entre as empresas do consórcio operador e o

Estado46.

Na etapa de prospecção e exploração, a empresa operadora é responsável por todas as

actividades e despesas necessárias (por exemplo: aquisição sísmica, estudos geológicos e

perfuração de poços exploratórios), assumindo totalmente o risco da empreitada. Em caso de

descoberta de petróleo e da declaração de comercialidade do campo, a empresa também é

responsável pelo desenvolvimento das facilidades e infra-estrutura para a produção de

petróleo (por exemplo: plataforma, poços de produção e ductos para escoamento do petróleo).

Um aspecto importante é que todas estas instalações, ao cabo da vigência do contrato, devem

passar automaticamente para o poder do Estado, tendo o operador, assim, o direito ao uso das

mesmas apenas enquanto vigorar seu contrato de partilha de produção (JOHNSTON, 1994)47.

Quando se inicia a produção de petróleo, uma parcela da receita de sua

comercialização é destinada a cobrir todos (ou parte dos) os custos incorridos nas fases

anteriores. O PSC normalmente determina um tecto para a recuperação de custos. Por

exemplo, o contrato pode determinar que apenas 75% da receita de determinado período seja

destinada à recuperação de custos. Essa parcela de petróleo destinada a cobrir os gastos

exploratórios, bem como os investimentos de produção (incluindo as instalações em poder do

Estado) é chamada de “CostOil”, “Óleo Custo” em português (JOHNSTON, 1994)48.

Recuperados os custos até o limite determinado pelo PSC, o petróleo excedente será

dividido entre o operador e o governo, através de factores também determinados no contrato.

Essa parcela de petróleo é chamada de “ProfitOil” (“Óleo Lucro”) (JOHNSTON, 1994). A

parte do profitoil que couber ao consórcio ainda será usada como base para pagamento de

impostos e taxas como impostos de renda, contribuições governamentais, bónus de

performance, entre outros, dependendo do previsto em cada contrato. O governo normalmente

recebe sua parte do petróleo através da participação de sua empresa estatal (NOC), como

sócia do consórcio na fase de produção49.

46- Ibidem 47- Idem, Pag.23 48- Ibidem 49- Idem, Pag.23

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A figura 2 mostra como funciona a divisão de um contrato de partilha de produção

típico. Conforme explicado anteriormente, uma parte da receita líquida (após o pagamento de

royalties, quando este for previsto) é utilizada para recuperar os custos já incorridos no

projecto (“costoil”). A receita restante, profitoil, é dividida entre o governo (ou sua empresa

estatal) e o operador, cabendo ainda o pagamento de tributos sobre a receita do operador50.

Figura 2. Distribuição de Receita no Regime de Partilha de Produção (SILVEIRA &

FERREIRA, 2008)

Receita Bruta

Royalty

Receita Líquida

ProfitOil CostOil

Parcela

Governo/NOC

Parcela Contratista

Impostos Receita Líquida

País Hospedeiro Contratista

6.4. Contrato de serviço

50- Idem, Pag.23

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Neste tipo de contrato as actividades de exploração e produção desempenhadas em um

determinado bloco ou região são caracterizadas como uma prestação de serviço pelo

contratado (empresa que vai realizar as actividades de exploração e produção) e o contratante

(governo do país). A companhia contratada não possui direito nem sobre as reservas e nem

sobre a produção de petróleo que venha a ser descoberto51.

Existem dois subtipos de contrato de serviço: o contrato de serviço com cláusula de

risco (“RiskServicesContract”) e o contrato de serviço puro (“PureServiceContract”)

(JOHNSTON, 1994). No primeiro, o pagamento pelos serviços prestados é baseado no lucro

do empreendimento, ou seja, se após as actividades de exploração não for encontrado

petróleo, a contratada, que arcou com todas as despesas por sua própria conta e risco, não será

remunerada. Ao passo que, no segundo caso, a contratada é remunerada de maneira

previamente acordada independente de o empreendimento ter sido bem-sucedido ou não. O

pagamento pode ser em moeda (cash) ou em petróleo (kind)52.

Esta modalidade de regime fiscal encontra-se em uso restrito na indústria do petróleo,

sendo utilizada principalmente no Irã, México, Bolívia e Venezuela. Portanto, o foco da

análise deste estudo daqui em diante será somente nos regimes de concessão e de partilha de

produção53.

Além dos regimes fiscais analisados anteriormente, cabe citar uma modalidade com

características distintas que está sendo implantada no Brasil. Trata-se da cessão onerosa, uma

forma de cessão de áreas exploratórias sem risco exploratório, dado que ali já foi comprovada

a existência de petróleo. Pela ausência do risco exploratório, a empresa que recebe a licença

desta área paga por ela um valor equivalente ao preço das reservas ali contidas, porém não

desenvolvidas54.

51- Idem, Pag.25 52- Ibidem 53- Ibidem 54- Idem, Pag.26

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6.5. Government Take

Um indicador muito utilizado para se comparar a atractividade de distintos regimes

fiscais é o government take (GT). A forma mais utilizada para se calcular o GT é o quanto

representa a arrecadação governamental dentro da arrecadação total (governo + operador) de

um projecto. Por arrecadação governamental, entende-se toda a receita do governo no

projecto, incluindo royalties, bónus de assinatura, tributos, divisão do óleo lucro (profit-oil),

entre outros55.

Existe, entretanto, certa variação sobre a forma de se calcular o government take na

literatura. Enquanto alguns autores usam a receita total como base do cálculo, outros usam o

lucro líquido. Alguns consideram o fluxo de caixa descontado a valor presente, enquanto

outros não descontam a valor presente. Entretanto, a forma mais comum (JOHNSTON, 1994)

é a apresentada conforme a fórmula abaixo, utilizando-se as receitas totais no horizonte de

tempo do projecto sem descontar a valor presente56:

Receita do Estado______

O complemento do government take é referenciado na literatura como o “contractor

take”, tão-somente o percentual do operador dentro da receita total do projecto. Desta forma, a

soma dos dois indicadores deve ser 100%. A figura abaixo apresenta um exemplo

simplificado de cálculo de government take em um regime de concessão57:

Receita Bruta

Royalties

Receita Tributável

Impostos

$100

$20

$80

$25

55- Idem, Pag.26 56- Ibidem 57- Ibidem

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Receita Líquida$55

GovernmentTake45% = ($20+$25)/$100

ContractorTake55% = $55/100

Receita Bruta

A figura 3 é apresentado um exemplo fictício de cálculo simplificado do govrnment

take em m regime de partilha de produção. Nota-se que o cálculo neste regime é mais

complexo que o do regime de concessão.

Receita Bruta

Royalties

Receita Líquida

Recuperação de

Custos

Óleo lucro

(profitOil)

Parcela do Governo

Parcela do Operador

Imposto de renda

Lucro líquido

operador

Government Take

$100

$10

$90

$20

$70

$35

$35

$12

$23

71% = ($10+$35+$12)/($100-$20)

29% = $23/($100-$20)

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27

Johnston (2004) ressalta, entretanto, que mesmo o government take não é uma

estatística perfeita. A comparação entre government takes de dois projetos em distintos

regimes fiscais em diferentes países - apesar de ser uma das formas mais utilizadas e

completas de se comparar regimes fiscais – pode não ser suficiente para se ponderar todos os

aspectos de cada regime. Com efeito, o government take não incorpora alguns aspectos

qualitativos (e também outros quantitativos) característicos de cada regime fiscal58.

Diversos aspectos da legislação de petróleo de um país são importantes de serem

analisados para se entender adequadamente os riscos e oportunidades ali existentes, como59:

- Além de quanto o governo arrecada (government take), como o governo arrecada: a forma

de cálculo dos tributos e compensações financeiras, bem como quando elas ocorrem ao longo

do projecto podem fazer diferença na viabilidade económica do projecto;

- Processos de aprovação governamentais: um governo que demore mais tempo para aprovar

as propostas dos operadores pode comprometer os prazos de um projecto, acarretando

prejuízos;

- Obrigações do mercado doméstico: alguns países deficitários em petróleo podem exigir que

o petróleo (ou parte do) produzido seja comercializado obrigatoriamente para o mercado

interno, a preço diferenciado, o que reduz a lucratividade do projecto, em comparação com

outros que permitem a exportação do petróleo a preços internacionais;

- Forma de se apropriar contabilmente das reservas: dependendo da forma de contabilização

permitida no país, as reservas de uma empresa podem ser maiores ou menores, o que impacta

directamente no valor de mercado desta empresa;

- Resolução de disputas: alguns países prevêem na legislação que eventuais disputas acerca

de alguma questão contratual sejam feitas em uma corte de arbitragem independente em outro

país, ao passo que outros países exigem que todas as disputas sejam resolvidas internamente,

o que reduz o poder contencioso dos investidores estrangeiros caso sintam-se lesados de

alguma forma;

58- Idem, Pag.27 59- Idem, Pag.28

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- Participação do governo: se o contrato for um PSC, estão previstas condições para a

participação do governo ou de sua NOC na fase de produção, onde terão direito a um

percentual do petróleo produzido;

- Que percentual do aumento de preços que é repassado ao governo: em alguns países, as

variáveis do regime fiscal são escalonadas. Por exemplo, a divisão do profit-oil pode variar de

acordo com a receita bruta do projecto. Neste caso, um aumento no preço do petróleo de

referência pode acarretar um aumento na alíquota de divisão do profit-oil. Portanto é

importante saber qual o grau de dependência entre as variáveis, ou seja, em quanto um

eventual aumento do preço do petróleo impacta a receita do governo e a receita do operador;

- O quão “regressivo” é o sistema: alguns sistemas apresentam alíquotas fixas para as

compensações financeiras e tributos, independente da rentabilidade do projecto. Isto torna o

regime fiscal regressivo, na medida em que projectos de maior porte tendem a apresentar

custos fixos unitários menores, tornando-se mais rentáveis para o operador, tornando o

government take menor. Outros sistemas, considerados progressivos, apresentam tabelas com

valores escalonados para o cálculo das alíquotas, garantindo que o governo também seja

beneficiado de eventuais aumentos de porte dos projectos. Por exemplo, em um dado sistema

progressivo, a alíquota de royalties (ou de divisão do profitoil) cresceria em função do volume

de petróleo produzido ou da receita gerada, de forma a permitir que o Estado também seja

beneficiado na captura da renda extraordinária. Independente de suas limitações, o

government take pode ser utilizado como forma de se medir a evolução temporal do grau de

onerosidade (do ponto de vista do operador privado) dos regimes fiscais pelo mundo. Neste

sentido, Van Meurs (2008) afirma que o government take no mundo aumentou entre 2003 a

2008 de quatro formas distintas:

- Alguns regimes fiscais (por exemplo, Angola, Malásia, Rússia e Índia) são estruturados de

maneira progressiva, ou seja, a alta nos preços do petróleo durante este período aumentou o

government take (através de uma tabela de divisão de profitoil escalonada).

– Alguns países ou regiões (como Inglaterra, Alasca, Argélia e Cazaquistão) mudaram o

regime fiscal. - Na Líbia e na Índia o government take passou a ser fator de bid nas rodadas de

leilão de blocos.

- Alguns países (como Rússia, Venezuela e Bolívia) fizeram uma renacionalização parcial de

sua indústria de petróleo.

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29

7. Análise comparativa dos regimes de concessão e de partilha

7.1. Leilões com Securities – Conceito

Até o momento foram analisados inúmeros aspectos que caracterizam - e diferenciam -

os regimes contratuais de Concessão e Partilha de Produção. Uma importante diferença que

pôde ser depreendida está na questão da alocação dos fluxos de caixa no processo60.

No Regime de Concessões, as empresas disputam o direito de explorar o bloco através

de suas ofertas de Bónus de Assinatura, pagos ao Estado no ato da assinatura do contrato. A

companhia vencedora, a partir desse momento, se apodera de praticamente todas as receitas

geradas pela actividade. Sobre essas receitas, a ela cabe apenas pagar os tributos incidentes

(Imposto de Renda), royalties e, no caso brasileiro, participação especial61.

Já no Regime de Partilha de Produção, o embate se dá através das ofertas ao Estado de

participação percentual no Óleo de Lucro. Nesse sistema, portanto, a companhia e o Estado

são accionistas do projecto62.

Como forma de simplificar a análise de ambos os regimes no âmbito dos fluxos de

caixa, será tomada como premissa que no sistema de Concessões o Estado obtém receita

apenas no momento da assinatura do contrato, ou seja, a priori. Trata-se de uma premissa

plausível, afinal, as participações governamentais deste sistema também existem no sistema

de Partilha de Produção e, logo, podem ser expurgadas da análise de fluxos de caixa e sua

relação com a teoria de Leilões em questão63.

Usando o mesmo raciocínio, também tomar-se-á a premissa de que o sistema de

Partilha de Produção, por sua vez, confere ao Estado participação apenas na receita gerada

pelas actividades, ou seja, a receita a posteriori. Este sistema até possui bónus de Assinatura

mas não é relevante para análise, não só por assunto de valores como também pelo fato de o

mesmo não ser critério de escolha de vencedor no modelo de Partilha64.

60MELLO, Felipe Macieira, Regimes de concessões vs. Regimes de partilha de produção, Dezembro de 2013, pag 27. 61Ibidem 62Ibidem 63Ibidem 64Ibidem

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É justamente essa diferença na alocação temporal de fluxos de caixa entre os regimes

que será objecto de estudo neste capítulo. Em princípio, não parece claro que, do ponto de

vista da arrecadação do Estado, seja mais vantajoso receber a receita petrolífera no início ou

no final do processo. Contudo, a teoria de Leilões é capaz de mostrar que a alocação pode ter

sim influência na ousadia das companhias em seus lances, o que em última instância vai

impactar na arrecadação governamental com o sector de petróleo65.

Os leilões que tem relevância para o nosso estudo são aqueles em que o vencedor deve

pagar uma quantia que depende de um fluxo de caixa futuro. Pode-se interpretá-los como

leilões nos quais os lances são feitos por meio de instrumentos financeiros, as "Securities".

Exemplos de securities seriam dívidas, opções e acções66.

A fim de relacionar a teoria de leilões com o estudo de caso em questão, é

fundamental diferenciar esses três tipos de securities. Será usado um exemplo aplicado ao

caso da exploração de petróleo, inspirado no artigo de Carrasco e Mello67.

Consideremos R como a receita líquida da actividade petrolífera. Se o dono da Ação tem

direito 0<p<1 da receita líquida, então a acção é uma security que promete pagamentos iguais

a pR

Já o contrato de Dívida com valor de face D promete a seu detentor pagamentos iguais ao

mínimo entre D e R. Ou seja, se o montante acordado D for superior à receita líquida da

actividade, o dono da Dívida fica com toda a receita líquida. Por outro lado, se o montante D

for inferior à essa receita, o dono da Dívida recebe apenas R68.

A Opção de compra com preço de exercício S, por sua vez, é uma security que

promete pagamentos iguais ao máximo entre 0 e R-S. Ou seja, caso R seja inferior ao preço de

exercício S, o dono da security não exercerá a opção de comprá-lo e ficará com zero.

Entretanto, se R for maior que S, é vantajoso para o dono exercer essa opção e ele o fará,

tendo um rendimento líquido de R-S69.

Entendidos os diferentes instrumentos financeiros, é possível analisar as implicações

do uso de cada um para a remuneração do leiloeiro. Se as propostas dos participantes são

fracções 0<p<1 da receita líquida R ao Estado, pode-se dizer que é um leilão de Ações e,

nesse caso, quanto maior fracção p ofertada, mais ousado é o lance. Já se os participantes

ofertam valores de face D, trata-se de um leilão de Dívida e o lance é mais ousado conforme

65Idem, Pag.28 66Ibidem 67Ibidem 68Ibidem 69Ibidem

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maior o D. E se são ofertadas opções de compra, os lances são preços de exercício S e quanto

menor S, mais ousado é o lance70.

Aplicando esse conceito à conjuntura dos leilões de blocos exploratórios, é possível

fazer uma correspondência entre os regimes de Concessão e Partilha e os tipos de leilão.

Partindo-se das já mencionadas premissas de que no Regime de Concessões o Estado obtém

receita apenas no momento da assinatura do contrato - o valor do bónus de Assinatura - e no

Regime de Partilha o Estado só obtém receita a posteriori, que é o percentual de Óleo Lucro

oferecido pela companhia petrolífera, pode-se considerar que os leilões no Regime de Partilha

são leilões de Ações - onde essas Ações são os percentuais de Óleo Lucro oferecidos - e os

leilões no Regime de Concessões são leilões de valores fixos de bónus de Assinatura, que

independem da receita líquida, a qual é um fluxo de caixa futuro71.

7.2. Argumentos a favor de regime de concessões

Primeiramente, pode-se apontar a simplicidade dos contratos do Regime de

Concessões como uma grande vantagem do mesmo sobre o sistema de partilha. Trata-se de

contratos mais precisos e de mais fácil entendimento para as partes envolvidas. Isso inclusive

torna a fiscalização no sistema de Concessões também menos trabalhosa. A avaliação do cost

oil e profit oil no regime de partilha, por sua vez, é bem mais intricada e dá maior margem a

fraudes72.

Além disso, o carácter progressivo das alíquotas de participação especial, ou seja, a

evolução de percentual que o Estado tem direito sobre os lucros das empresas com a

actividade no bloco conforme eles incrementam, permite a confluência dos objectivos de

ambas as partes visto que quanto maior a receita da companhia com a actividade mais o

governo se apropria da mesma73.

Outra vantagem do sistema de Concessões é que o Estado não assume qualquer risco

financeiro na exploração e produção de petróleo. Todos os custos do processo são contraídos

70Idem, Pag. 28-29 71Idem, Pag.29 72LEITĂO, Luís Manuel Teles, os contratos no Direito do Petróleo e do Gás, Pag.33 73Ibidem

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pela empresa concessionária sem direito a qualquer restituição, ainda que não haja êxito na

exploração ou o volume produzido seja incapaz de cobrir os gastos. Já os contratos de partilha

exigem do Estado muito mais informação de antemão a respeito do bloco a ser explorado

devido ao facto de nestes tipos de contratos, o governo, além de ser accionista do projecto,

incumbir-se de reembolsar os custos da empresa74.

Finalmente, considerando o âmbito da teoria de leilões, já foi vista a vantagem da

Concessão no caso em que o esforço das empresas tem relevância na alocação dos

rendimentos futuros da actividade petrolífera. E, ainda que não seja, é possível reproduzir as

receitas esperadas no sistema de Partilha tornando a alíquota de Participação Especial o

critério de escolha de vencedor do leilão – ao invés de ser fixada previamente pelo governo

em contrato – diferentemente do sistema brasileiro de Concessões, onde o valor de Bónus de

Assinatura ofertado é o principal determinante deste vencedor. Ampliar a alíquota de P. E.

Pré-determinada seria uma forma alternativa de incrementar os ganhos do governo sem ter

necessidade de alterar o regime contratual75.

7.3. Argumentos a favor de regime de partilha

Uma primeira vantagem que pode ser apontada no Regime de Partilha é o facto de

incrementar o poder do Estado em exercer política comercial no sector do petróleo, como por

exemplo, definir o preço e o volume da commodity que será exportado ou retirado

internamente e refinado76.

Contudo, cabe o comentário de que o estado pode estabelecer barreiras à

comercialização, caso sinta necessidade. Ele tem direito de permitir ou desautorizar

exportações da commodity. Além disso, se o governo tem a intenção de assegurar um

fornecimento futuro de Petróleo, ou seja, à sua disposição reservas em um momento adverso

(como quando houver restrições a importação, por exemplo), basta adiar o leilão e isso é

independente do regime contratual.77

74Ibidem 75Ibidem 76Idem, Pag. 81 77Ibidem

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Outra vantagem a ser mencionada é a possibilidade que o sistema de partilha oferece

ao governo de fazer políticas de subsídios. Ele pode vender o óleo a um preço mais acessível

para parceiros comerciais, a exemplo da Venezuela, ou então para sectores os quais ele visa

impulsionar o crescimento (ou que necessitem desse apoio para sobreviver no mercado

internacional), como o sector petroquímico, subsidiando-os78.

Entretanto, vale a ressalva de que isto também pode ser replicado no Regime de

Concessões. Basta que o governo dedique uma parcela de sua arrecadação para a instituição

que deseja apoiar. É um meio mais transparente – mais “accountable” – de apoio, inclusive79.

8. Regime específico de tributação e de benefícios fiscais da actividade

petrolífera em Moçambique

1. Os titulares de direitos para a realização de operações petrolíferas estão sujeitos ao

pagamento, para além dos impostos específicos, dos seguintes tributos80:

a) Imposto sobre o Rendimento;

b) Imposto sobre o Valor Acrescentado;

c) Imposto Autárquico quando haja lugar;

d) Outros impostos estabelecidos por lei.

A Lei dos Petróleos (Lei n.º 21/2014, de 18 de Agosto) prevê que o regime específico

de tributação das operações petrolíferas é estabelecido por lei. Neste contexto, foi aprovada a

Lei n.º 27/2014, de 23 de Setembro, que estabelece o Regime Específico de Tributação e de

Benefícios Fiscais das Operações Petrolíferas (“RETBFAP”).

8.1. Impostos Específicos para as Operações Petrolíferas

78Ibidem 79Ibidem 80- Artigo 25 da Lei nº 21/2014, de 18 de Agosto

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De acordo com o disposto no artigo 4 do RETBFAP estabelece que, as pessoas singulares e

colectivas mencionadas no artigo 3 da presente Lei, sujeitam-se, de uma forma geral, aos

impostos que integram o Sistema Tributário Moçambicano, bem como aos encargos

parafiscais.

As pessoas referidas no número anterior ficam ainda sujeitas ao Imposto sobre o Rendimento

das Pessoas Colectivas – IRPC, bem como aos mecanismos de partilha de produção, previstos

na presenta Lei.

8.2. Impostos e Regras de Tributação Específicas das Operações

Petrolíferas

8.2.1. Imposto sobre a Produção de Petróleo

a) Incidência Objectiva

Conforme o consignado nos termos do artigo 5 do RETBFAP, o IPP incide sobre o

petróleo produzido na área do contrato de concessão, isto é, na área geográfica abrangida pelo

referido contrato.

b) Incidência Subjectiva

Relativamente aos sujeitos, resulta dos artigos 6 que, são sujeitos passivos do IPP as

pessoas colectivas que realizem operações petrolíferas em território Moçambicano ao abrigo

de um contrato de concessão.

Nos termos do Glossário constante do Anexo I à Lei n.º 27/2014, de 23 de Setembro,

são Operações Petrolíferas as que impliquem a planificação, preparação e implementação das

actividades de reconhecimento, pesquisa, desenvolvimento, produção, armazenagem,

transporte, cessação de tais actividades ou o término do uso de infra-estruturas, incluindo a

implementação do plano de desmobilização, venda ou entrega de petróleo até ao ponto de

exportação ou fornecimento estipulado, sendo este o ponto, aquele em que o petróleo é

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entregue para o consumo ou uso ou carregado como mercadoria, incluindo na forma de gás

natural liquefeito.

Nos termos do Glossário constante do Anexo I à Lei n.º 27/2014, de 23 de Setembro,

considera-se Petróleo Produzido o petróleo que tenha sido extraído de um depósito de

petróleo, inicialmente separado e processado em petróleo bruto, condensado ou gás natural,

medido no ponto de medição aprovado pelo Governo, para efeitos de pagamento do imposto

sobre a produção, incluindo quaisquer volumes de petróleo perdidos em resultado de

deficiências ou negligência durante as operações petrolíferas. Esta definição aplica-se, nos

mesmos termos, aos conceitos “Petróleo Bruto Produzido”, “Condensado Produzido” e “Gás

Natural Produzido”, consoante o caso.

c) Facto gerador

Nos termos do artigo 7 do RETBFAP, a obrigação tributária considera-se constituída

no momento em que o petróleo produzido entra na estação de medição definida pelo Governo.

Quando se trate de pagamento em espécie, a obrigação tributária considera-se

constituída no momento em que o petróleo produzido é entregue no ponto definido pelo

Governo.

d) Base tributável

As taxas referidas aplicam-se sobre o valor do petróleo produzido, tal resulta do disposto

no artigo 8 que, “a base tributável do IPP é o valor do petróleo produzido”.

e) Valor do petróleo Produzido

De acordo com o disposto no artigo 9 do RETBFAP o valor do petróleo produzido determina-

se tomando como base os preços médios ponderados a que tenha sido vendido ou alienado por

qualquer outra forma, pelo produtor e suas contratadas no mês a que corresponde o imposto a

liquidar, devendo respeitar o seguinte: “ o valor para cada qualidade de exportação individual

de petróleo bruto, deve ser:

a) no caso de vendas a sociedades não participadas, o preço médio ponderado por barril

no pondo de entrega de cada declaração de venda ou de exportação de petróleo bruto,

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apurado por referência aos preços FOB, a que esse petróleo bruto tenha sido vendido

pela concessionária, durante esse mês civil; ou

b) no caso de vendas a um terceiro em condições diferentes das condições FOB para

efeitos deste regime, deve ser aplicado um preço FOB calculado sob a forma líquida

(net-back) estabelecido através da dedução ao preço acordado, dos custos reais e

directos incorridos pela concessionária no cumprimentos das obrigações decorrentes

dos respectivos contratos de venda a que acresçam as obrigações inerentes a um

contrato de compra e venda FOB;

c) no caso de vendas a sociedades participadas, o preço que for acordado entre os

Ministérios que superintendem as áreas de petróleos e das finanças, conjuntamente, e a

Concessionária, com base nos seguintes factores:

i. o preço médio ponderado FOB do mês civil para o petróleo bruto de

classificação brent, ou outra produção e para o período em questão. A

média ponderada baseia-se nos dias de cada mês civil em que um preço de

fecho estiver cotado no relatório de cotações “Platts Oilgram” e não são

considerados para o efeito os sem cotações de preços, como os fim-de

semana e dias feriados;

ii. um prémio ou desconto sobre o preço do petróleo bruto de classificação

Brent, ou qualquer outra classificação apropriada de petróleo bruto para a

produção em questão, a determinar por referência à qualidade do petróleo

bruto produzido para a produção em questão, a determinar por referência á

qualidade do petróleo bruto produzido a partir da área do contrato e o custo

da colocação desse petróleo bruto no mercado.

3.Nos casos em que os ministérios que superintendem as áreas de petróleos e das

finanças, conjuntamente, e a concessionária não consigam acordar um preço nos

termos da alínea c) do nº 2 do presente artigo, são adoptados os seguintes

procedimentos. Por forma a determinar o prémio ou descontos referidos no citado

artigo:

a) Os Ministérios que superintendem as áreas de petróleos e das finanças,

conjuntamente e a concessionaria apresentam um ao outro as suas avaliações

do premio ou desconto, juntamente com uma explicação dos factores-chave

considerados na determinação do premio ou desconto;

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b) Se o prémio ou desconto apresentados separadamente pelos ministérios que

superintendem as áreas de petróleos e das finanças, conjuntamente, e pela

concessionária, estiverem, relativamente um ao outro, compreendidos no

intervalo do equivalente á 10 US c (dez cêntimos do dólar dos Estados Unidos

da América) por barril, deve ser calculada a média para efeitos de fixação do

valor final do petróleo bruto;

c) Se o premio ou desconto apresentados separadamente pelos Ministérios que

superintendem as áreas de petróleos e das finanças, conjuntamente, e pela

concessionária divergirem em mais do equivalente a 10 US c (dez cêntimos do

dólar dos Estados Unidos da América) por barril, cada um deles deve

apresentar de novo ao outro, no terceiro dia útil, a contar da primeira troca de

informação, um premio ou desconto revisto;

d) Se o prémio ou desconto apresentados separadamente pelos Ministérios que

superintendem as áreas de petróleos e das finanças, conjuntamente, e pela

concessionária na segunda troca de informação estiverem compreendidos,

relativamente um ao outro, no intervalo do equivalente a 10 US c (dez

cêntimos do dólar dos Estados Unidos da América) por barril, deve ser

calculada a média para efeitos de fixação do valor final do petróleo bruto;

e) Se o prémio ou desconto apresentados na segunda troca de informação

divergirem em mais do equivalente a 10 US c (dez cêntimos do dólar dos

Estados Unidos da América) por barril, a questão deve ser submetida a decisão

de um perito independente, o qual deve estabelecer um preço com base nos

critérios enunciados na alínea c) do nº.2, mas sempre dentro dos limites

estabelecidos pelas partes nos termos da alínea anterior, todos do presente

artigo.

4. O valor calculado para o gás natural produzido a partir dos jazigos da área do contrato deve

ser:

a) no caso de vendas a sociedades não participadas;

i. O preço médio ponderado por giga joule de gás natural de

especificação comercial no ponto de entrega em que tal gás

natural tenha sido entregue pela concessionária durante esse

mês civil; ou

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ii. O preço médio ponderado por giga joule de todo o restante

gás natural de especificação comercial entregue durante o

mesmo mês civil proveniente de jazigos sujeitos a jurisdição

da República de Moçambique; ou

iii. a média ponderada de preços disponíveis afixados ou

publicitados para combustíveis alternativos ao gás natural

para consumidores industriais de grande dimensão

,incluindo geradores eléctricos ,no mercado onde os mesmo

tenham sido entregues aos consumidores finais.

b) no caso de vendas a sociedades participadas o preço estimulado na

alínea a) supra para vendas a sociedades não afiliadas ou o preço

acordado pelos Ministérios que superintendem as áreas de petróleos e

das finanças, conjuntamente, e a concessionária.

5. Os trâmites previstos nos números anteriores não produzem efeitos suspensivos

sobre quaisquer obrigações da concessionária para com o estado, que devem ser

cumpridas com base no preço determinado residual e conjuntamente com os

ministérios que superintendem as áreas de petróleos e das finanças.

6. No caso de o Governo celebrar com a concessionária um contrato comercial de

compra e venda de petróleo, o preço não deve exceder o da venda ás sociedades

participadas conforme estabelecido na alínea c) do nº.2 e alínea b) do nº.4, ambos do

presente artigo.

g)Taxa

De acordo como o preceituado no artigo 10 do RETBFAP, as taxas de imposto sobre a

Produção do Petróleo são as seguintes:

Petróleo Bruto: 10%

Gás natural: 6%

As taxas podem ser reduzidas em 50% quando a produção tenha como finalidade o

desenvolvimento da indústria local.

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h) Liquidação

Nos termos do artigo 11 do RETBFAP, a liquidação do IPP é feita pelos sujeitos

passivos, devendo os pagamentos ser efectuados preferencialmente em dinheiro. O Governo

poderá, contudo, notificar o sujeito passivo para liquidar o imposto em espécie (passando este

a ser pago mediante a entrega de petróleo ou gás).

Formas e local de pagamento

O pagamento do IPP é efectuado, regra geral, em dinheiro e, deve ser pago nos serviços da

administração tributária, tal como estabelece o artigo 13 do RETBFAP.

i) Pagamento em espécie

De acordo com o plasmado nos termos do artigo 14 do RETBFAP, o Governo pode, por

meio de notificação, com doze meses de antecedência, contados a partir do primeiro dia do

mês a que se reportar o imposto, notificar o sujeito passivo para pagar parte ou na totalidade o

imposto, em espécie que pode ser petróleo ou gás. Notificado do pagamento do IPP em

espécie, as quantidades mencionadas na notificação devem ser entregues à entidade designada

pelo Governo, no ponto de entrega. O pagamento em espécie na quantidade especificada na

notificação, mantém-se até que o Governo proceda à uma nova notificação, fornecendo ao

sujeito passivo instruções revistas.

j) Regras Específicas do Imposto sobre o Rendimento

O artigo 15 do RETBFAP, preconiza que as pessoas singulares titulares de

rendimentos da segunda categoria e as pessoas colectivas, que realizem operações

petrolíferas, apuram o Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRPS) e o

Imposto sobre Rendimento das Pessoas Colectivas (IRPC) com base nas normas constantes

dos respectivos Códigos e das regras específicas previstas na lei que temos vindo a citar. As

regras específicas do IRPC aplicam-se, com as necessárias adaptações, em sede do IRPS às

pessoas singulares abrangidas pela lei que acima citamos.

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m) Determinação da matéria colectável

De acordo com o plasmado no artigo 16 do RETBFAP, a determinação da matéria

colectável do IRPC é efectuada, de forma individualizada, por cada área do contrato de

concessão e respeita a cada ano fiscal.

O sujeito passivo deve obter um Número Único da Identificação Tributária - NUIT

individual para cada área de contrato de concessão e organizar uma contabilidade separada

relativamente a cada área de contrato.

Os custos e proveitos derivados de uma área de contrato de concessão, só podem ser

deduzidos ou imputados a esse mesmo contrato de concessão, relativamente a cada ano fiscal.

n) Princípio das entidades independentes

Nos termos do vertido no artigo 17 do RETBFAP, para efeitos do IRPC, as operações

a seguir mencionadas são tratadas como se fossem realizadas entre entidades independentes,

aplicando-se as regras relativas aos preços de transferência, previstas no Código do IRPC:

a) transacções respeitantes a diferentes contratos de concessão de um mesmo sujeito

passivo;

b) transacções respeitantes a um contrato de concessão e outras actividades do mesmo

sujeito passivo;

c) transacções respeitantes a operações petrolíferas a jusante do plano de

desenvolvimento/ponto de entrega;

d) serviços prestados por actividades a jusante do ponto de entrega;

e) quaisquer transacções entre entidades com relações especiais tal como definidas no

Código do IRPC.

Para efeitos do acima exposto, a transmissão de um activo para um contrato de

concessão separado é tratada como aquisição ou alienação do activo, consoante o caso.

Quando dois ou mais sujeitos passivos desenvolvam actividades de reconhecimento, pesquisa,

desenvolvimento e produção de petróleo, no âmbito de um mesmo contrato de concessão,

cada um deles deve calcular o rendimento tributável das operações petrolíferas, relativamente

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à esse contrato de concessão separadamente, como se fossem empresas associadas efectuando

transacções entre elas, e aplicando-se o princípio das entidades independentes.

o) Proveitos ou ganhos

Nos termos do artigo 18 do RETBFAP, consideram-se proveitos ou ganhos, derivados

de operações petrolíferas, sem prejuízo do disposto no Código do IRPC, os seguintes:

a) rendimentos resultantes da venda ou alienação de petróleo produzido;

b) compensação recebida por qualquer perda ou destruição de petróleo produzido e

resultante de um contrato de seguro ou de outra fonte;

c) montantes recebidos pela venda de informação respeitante à operações petrolíferas;

d) mais-valias decorrentes da alienação, directa ou indirecta, de activos imobiliários,

situados em território moçambicano, relacionados com operações petrolíferas,

independentemente de a alienação ocorrer no exterior;

e) montantes não utilizados do fundo relativo a custos de desmobilização de operações

petrolíferas;

f) quaisquer outros levantamentos do fundo de desmobilização de operações

petrolíferas;

g) quaisquer outros montantes obtidos por virtude de operações petrolíferas, respeitantes

ao contrato de concessão.

p) Custos ou perdas

Tal como resulta do artigo 19 do RETBFAP, consideram-se custos ou perdas das

operações petrolíferas, sem prejuízo do previsto no Código do IRPC os seguintes:

a) custos operacionais, tais como:

i. funcionamento, assistência, manutenção e reparação de poços de produção e de

injecção e todas as instalações de campo concluídas durante as operações de

desenvolvimento e produção;

ii. planeamento, produção, controlo, medição e testes do fluxo de petróleo, assim como a

captação, arrecadação, tratamento, armazenamento e transporte do petróleo do jazigo

petrolífero para o ponto de entrega;

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b) serviços, tais como armazéns, escritórios, acampamentos, cais, embarcações, veículos,

equipamento rolante motorizado, meios aéreos, estações de incêndio e segurança,

oficinas, instalações de saneamento básico e de abastecimento de água, centrais

eléctricas, alojamentos, mobiliário, utensílios e equipamento usados nas operações

petrolíferas;

c) formação profissional de trabalhadores moçambicanos;

d) encargos inerentes à assinatura de um contrato de concessão, com excepção de

quaisquer bónus associados a essa aquisição;

e) contribuições em numerário para o fundo para o encerramento e desmobilização e

custos efectivos de desmobilização;

f) despesas com quaisquer actividades a jusante do contrato de concessão ou com

serviços fornecidos no âmbito de actividades a jusante daquele contrato de concessão,

quando incorridos pelo concessionário, nos termos do artigo 21;

g) encargos gerais de administração, tais como:

h) Os relativos ao escritório principal e aos de campo estabelecidos em Moçambique e a

custos gerais administrativos, incluindo os serviços de supervisão, contabilidade e

relações laborais, também prestados em Moçambique;

i) Os encargos gerais dedutíveis por uma participada ou um estabelecimento estável de

uma entidade não residente em território moçambicano, para cobrir serviços prestados

fora da República de Moçambique para gerir as operações petrolíferas e para

consultoria e assistência ao pessoal, incluindo serviços financeiros, jurídicos,

contabilísticos e de relações laborais.

Os encargos referidos no ponto ii) da alínea g) do número anterior, devem obedecer

aos seguintes parâmetros, num determinado ano fiscal:

i. 5% dos custos totais incorridos até ao limite do equivalente à USD 5.000.000,00

(cinco milhões de dólares dos Estados Unidos da América);

ii. 3% da parcela de Custos totais incorridos entre o equivalente à USD 5.000.000,00

(cinco milhões de dólares dos Estados Unidos da América) e USD 10.000.000,00 (dez

milhões de dólares dos Estados Unidos da América); e

iii. 1,5% dos custos totais incorridos que excedam o equivalente à USD 10.000.000,00

(dez milhões de dólares dos Estados Unidos da América),

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q) Encargos gerais incorridos em território moçambicano

De acordo com o estabelecido no artigo 20 do RETBFAP, os encargos referidos no

ponto i) da alínea g) suportados por sociedade que desenvolve operações petrolíferas em

território moçambicano, que não possam ser atribuídos directamente a uma determinada

concessão dessa sociedade, por serem encargos gerais da mesma, devem ser atribuídos às

concessões da mesma sociedade de modo proporcional, tal como resulta do artigo 20.

Tais encargos compreendem:

a) a amortização de activos usados em benefício das diferentes concessões;

b) os custos gerais administrativos.

O Governo estabelece as regras de atribuição dos encargos gerais tendo em conta o valor dos

activos ou os encargos gerais associados a cada concessão petrolífera detido por uma

sociedade que desenvolve operações petrolíferas em território moçambicano, ou outro critério

que considere adequado.

r) Determinação dos custos com actividades a jusante

Para efeitos do disposto na alínea f) do artigo 19 da lei que temos vindo a citar, é

dedutível uma tarifa paga pela entidade que detém o contrato de concessão à entidade que

incorreu em tais custos.

Para os efeitos do disposto na alínea f) do artigo 19, os custos com quaisquer

actividades a jusante do ponto de entrega ou com serviços fornecidos no âmbito de

actividades a jusante daquele ponto de entrega, devem ser contabilizados separadamente das

operações petrolíferas, sendo dedutível uma tarifa cobrada aos empreendimentos que

desenvolvem operações petrolíferas.

A referida tarifa é acordada entre a entidade de tutela do sector petrolífero e a

administração tributária, e deve observar o princípio das entidades independentes.

s) Encargos não dedutíveis

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Para além do disposto no Código do IRPC, não são dedutíveis os custos resultantes de:

a) violação dolosa das obrigações legais e regulamentares por parte do sujeito passivo ou

de quem actue por conta deste, quanto à gestão das actividades de reconhecimento,

pesquisa, desenvolvimento e produção de petróleo;

b) contratos de cobertura de riscos, ou perdas derivadas desses contratos, também

conhecidos por “hedge”;

c) despesas de formação profissional do pessoal expatriado e dos programas de formação

se não respeitarem os termos exigidos na legislação aplicável;

d) ofertas financeiras efectuadas ao Estado pela atribuição de concessões petrolíferas;

e) despesas de comercialização ou transporte de petróleo para além do ponto de entrega;

f) despesas com o perito independente que vier a ser consultado para efeitos de

determinação do preço do petróleo, se não for solicitada pelo Governo;

g) imposto sobre a produção do petróleo;

h) comissões pagas a intermediários;

i) despesas incorridas em processos de arbitragem, salvo quando realizadas para defesa

das actividades de reconhecimento, pesquisa, desenvolvimento e produção de

petróleo;

j) indemnizações pagas a título de cláusula penal;

k) danos causados por negligência ou dolo do sujeito passivo ou de quem actue por conta

deste.

t) Amortizações

A concessionária deve amortizar todos os elementos depreciáveis dos activos tangíveis e

intangíveis, nos termos do Código do IRPC. As despesas de prospecção e pesquisa efectuadas

ao abrigo de um contrato de concessão são tratadas como elementos depreciáveis dos activos

intangíveis e são amortizáveis.

As despesas de desenvolvimento e produção efectuadas ao abrigo de um contrato de

concessão são tratadas como elementos depreciáveis dos activos tangíveis e são amortizáveis.

A amortização é deduzida às taxas a seguir indicadas, a não ser que o seu período de vida útil

numa operação petrolífera aprovada no plano de desenvolvimento seja menor, caso em que a

taxa é 1 dividida pelo número de anos expectável de operações petrolíferas:

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TIPO DE ACTIVO TAXA

Despesas de Pesquisa e Avaliação 100%

Despesas de Desenvolvimento 25%

Activos de Produção Petrolífera 20%

Aquisição de direitos Petrolíferos 10%

Outros Activos 10%

A amortização começa no ano em que as despesas foram incorridas ou em que a

produção comercial começa, se posterior. As amortizações só são aceites para efeitos fiscais

quando contabilizadas como custos ou perdas do exercício a que respeitam, previstos no

artigo 19 do presente regime. O cálculo das amortizações do exercício deve fazer-se pelo

método das quotas constantes.

u) Retenção na fonte

Os sujeitos passivos que realizem operações petrolíferas estão obrigados a proceder à

retenção na fonte do IRPS e do IRPC, de acordo com as normas dos respectivos Códigos. O

sujeito passivo que pague ou coloque à disposição de um não residente, directamente ou por

interposta pessoa em seu benefício, montantes respeitantes à remuneração de serviços

relacionados com o contrato de concessão e prestados por não residentes, independentemente

do lugar onde se realizem, desde que o beneficiário dos serviços de um residente em território

moçambicano ou um estabelecimento estável situado neste território, deve reter na fonte o

imposto, à taxa liberatória de 10% do montante bruto pago.

A obrigação de efectuar a retenção na fonte do IRPC ocorre na data do pagamento dos

rendimentos, do seu vencimento, ainda que presumido, da colocação à disposição, da sua

liquidação ou do apuramento do respectivo quantitativo, consoante os casos, devendo as

importâncias retidas ser entregues à administração tributária nos termos e prazos estabelecidos

nos Códigos dos Impostos sobre o Rendimento.

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v) Tributação das mais-valias

Os ganhos obtidos por não residentes em território moçambicano, com ou sem

estabelecimento estável, resultantes da alienação onerosa ou gratuita directa ou indirecta de

direitos petrolíferos em território moçambicano, são tributáveis como mais-valias, à taxa de

32%.

Os respectivos ganhos, incluindo os provenientes da alienação de títulos, acções ou

partes sociais, em sociedades detentoras de direitos petrolíferos são, para efeitos fiscais,

ganhos relativos a bens imobiliários com fonte em território moçambicano.

Consideram-se obtidos em território moçambicano os ganhos resultantes da

transmissão onerosa ou gratuita, directa ou indirecta, entre entidades não residentes, de partes

representativas do capital social de entidades detentoras de um direito petrolífero, ou de

outros valores mobiliários emitidos por tais entidades, respeitantes a esse direito, envolvendo

activos petrolíferos imobiliários situados em território moçambicano, independentemente do

local onde a alienação ocorra.

Para efeitos de determinação das mais-valias, aplicam-se as normas previstas nos

Códigos dos Impostos sobre o Rendimento.

A responsabilidade pelo pagamento deste imposto decorrente de ganhos obtidos por

entidade não residente e sem estabelecimento estável em Moçambique é solidariamente

imputada à entidade adquirente ou ao detentor do direito petrolífero.

O imposto devido é pago no prazo de trinta dias, a contar da data da alienação dos

direitos petrolíferos.

9. Mecanismos de Partilha de Produção

9.1. Recuperação de custos81

81- Artigo 31 da Lei nº 27/2014, de 23 de Setembro

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A concessionária recupera os custos incorridos na execução das operações petrolíferas,

pela remuneração através da titularidade sobre certa quantidade de petróleo produzido e na

medida do permitido pelo disposto na lei que temos vindo a citar.

Da quantidade total de petróleo produzido, a concessionária pode retirar uma parte da

mesma para satisfazer a sua obrigação de pagamento do IPP e o remanescente após a referida

parcela ter sido retirada é doravante designado por “petróleo disponível”.

Todos os custos incorridos pela concessionária relativamente às operações petrolíferas

são recuperados a partir do petróleo disponível no ponto de entrega definido pelo Governo,

excepto os juros e outros custos financeiros.

Em cada ano civil, a totalidade dos custos recuperáveis incorridos pela concessionária

relativamente às operações petrolíferas na área do contrato, limita-se a 60% (sessenta por

cento) do petróleo disponível.

Os custos recuperáveis que excedam os limites mencionados no número 4 num ano

civil, são transmitidos para o ano ou anos seguintes, até serem totalmente recuperados.

9.2. Partilha de produção82

As disposições relativas à recuperação de custos e ao direito a lucro constantes do

artigo 31 são aplicáveis ao petróleo de modo a que o Estado e a concessionária tenham direito,

em quotas participativas indivisas, ao petróleo disponível para venda pela concessionária em

período determinado. Salvo se o Governo determinar de outro modo no contrato de

concessão, a venda desse petróleo deve ser efectuada numa base conjunta com a

concessionária e esta detém esses direitos em proporções indivisas iguais às proporções de

petróleo disponível a que cada parte tinha direito durante esse período e tais determinações do

Governo não devem afectar os volumes de petróleo sujeitos a contrato.

Em conformidade, as receitas da venda de petróleo, efectuada numa base conjunta em

qualquer período determinado, são divididas entre o Estado e a concessionária,

independentemente do número de parceiros na joint-venture nas proporções do seu direito

82- Artigo 32 da Lei nº 27/2014, de 23 de Setembro

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indiviso ao petróleo vendido. O petróleo-lucro deve ser partilhado entre o Estado e a

concessionária de acordo com uma escala variável em função do valor do Factor R, em que:

a) Factor R = (Entradas em Caixa Acumuladas) n

(Despesas de Investimento Acumuladas) n

b) Entradas em Caixa Acumuladas n=

Entradas em Caixa Acumuladas (n-1)

+ Quota-parte de Petróleo-Lucro da Concessionária n

+ Petróleo de Custo da Concessionária n

- Custos Operacionais n

c) Despesas de investimento acumuladas n =

Despesas de investimento acumuladas (n-1)

+ Custos de pesquisa n

+ Despesas de investimento em desenvolvimento e produção n

Onde:

n é o ano actual; e (n-1) é o ano anterior;

Petróleo de custo da Concessionária é o montante de custos recuperáveis

efectivamente recuperado;

Para efeitos de cálculo do Factor R, o primeiro ano (n=1) deve ser o ano em que

ocorrer a data efectiva e quaisquer despesas de investimento antes da data efectiva não são

consideradas, para efeitos de cálculo do Factor R, como tendo sido incorridas durante o ano

da data efectiva.

O Factor R deve ser calculado no último dia de cada ano civil e o rácio aplicável

determina a partilha do petróleo-lucro durante todo o ano civil seguinte.

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O petróleo-lucro deve ser partilhado com base na seguinte escala:

Factor R Quota-

parte do

Governo

Quota-parte

da

Concessionária

Inferior a 1 15% 85%

Igual ou superior a 1 e inferior a 1.5 25% 75%

Igual ou superior a 1.5 e inferior a 2 35% 65%

Igual ou superior a 2 e inferior a 2.5 50% 50%

Igual ou superior a 2.5 60% 40%

Para efeitos de cálculo do Factor R, o petróleo disponível e o petróleo de custo devem

ser calculados tendo em conta toda a área do contrato de concessão.

10. Benefícios fiscais na importação83

Os empreendimentos ao abrigo da Lei de Petróleo beneficiam, durante cinco

exercícios fiscais, a contar da data da aprovação de um plano de desenvolvimento, de isenção

de:

a) direitos aduaneiros devidos na importação de equipamentos destinados a serem

utilizados em operações petrolíferas, classificados na classe K da Pauta Aduaneira;

b) direitos aduaneiros devidos na importação de bens constantes do Anexo II à presente

Lei, equiparados aos bens da classe K da Pauta Aduaneira.

Os benefícios referidos no número anterior são concedidos apenas quando os bens a importar

não sejam produzidos no território nacional ou, sendo produzidos, não satisfaçam as

83- Artigo 33 da Lei nº 27/2014, de 23 de Setembro

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características específicas de finalidade e funcionalidade exigidas ou inerentes à natureza da

actividade a desenvolver e a explorar.

10.1. Requisitos para obtenção dos benefícios fiscais84

São requisitos para a obtenção de benefícios fiscais:

a) ter sido autorizado por entidades competentes para a realização de operações

petrolíferas, no âmbito da Lei de Petróleos;

b) ter efectuado o registo fiscal através da obtenção do respectivo – NUIT;

c) dispor de contabilidade organizada, de acordo com o sistema de contabilidade para o

sector empresarial e observar as exigências dos Códigos do Imposto sobre o

Rendimento das Pessoas Colectivas ou das Pessoas Singulares, consoante o caso;

d) não ter cometido infracções de natureza tributária.

10.2. Caducidade, suspensão e extinção dos benefícios fiscais85

Os benefícios fiscais cessam decorrido o prazo por que foram concedidos ou quando

tenha sido aplicada uma sanção extintiva.

A extinção ou suspensão dos benefícios fiscais implica a aplicação automática da

tributação geral consagrada por lei.

No caso da aplicação de uma sanção suspensiva, a mesma mantém-se até à completa

reposição da situação que a tiver dado causa, incluindo o pagamento, no prazo de 30 dias,

contados a partir da data da notificação pelos serviços tributários competentes, das receitas

não arrecadadas.

Os titulares do direito aos benefícios fiscais são sempre obrigados a declarar, no prazo

de 30 dias, que cessou a situação de facto ou de direito em que se baseia o benefício fiscal,

84- Artigo 36 da Lei nº 27/2014, de 23 de Setembro 85- Artigo 37 da Lei nº 27/2014, de 23 de Setembro

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devendo a mesma comunicação ser feita no caso de suspensão dos benefícios fiscais. Os

definição das regras para a sua suspensão ou extinção, nos casos de infracções de natureza

fiscal e qualquer inobservância das condições estabelecidas no momento da concessão e

reconhecimento, são objecto de regulamentação.

11. Cálculo da Tributação nos Contratos de Concessão

O artigo 10 da Resolução n° 25/2016, de 3 de Outubro, estabelece que:

13.1. O valor do Petróleo usado para efeitos de Impostos sobre a Produção de Petróleo a

liquidar nos termos previstos no Regime Específico de Tributação e de Benefícios das

Operações Petrolíferas (Lei n° 27/2014, de 23 de Setembro), e do respectivo Regulamento

aprovado pelo Decreto n° 32/2015, de 31 de Dezembro, e para alocação do Petróleo-custo e

Petrolífero-Lucro referidos no artigo 9 e 11 devem, na medida em que tal petróleo consista em

Petróleo Bruto, determinado no final de cada mês civil, começando no mês em que tenha

iniciado a produção comercial de petróleo bruto. Na medida em que tal petróleo consistir em

Gás Natural, o valor do Gás Natural será determinado no final de cada mês civil, começando

no mês em que tenha início a entrega comercial no ponto de entrega.

13.2. O valor calculado para cada qualidade de exportação individual de Petróleo Bruto dos

depósitos de petróleo dentro da Área do Contrato de Concessão de cada mês civil será:

(a) No caso de vendas a empresas não-afiliadas, o preço médio ponderado por barril no ponto

de entrega de cada qualidade de exportação individual de petróleo bruto, apurado por

referência aos preços FOB, a que esse Petróleo Bruto foi vendido pela concessionária durante

esse mês civil; ou

(b) Se a Concessionária vender o Petróleo Bruto a um terceiro em condições diferentes das

condições FOB, para efeitos deste CCPP deverá ser aplicado um preço FOB calculado sob a

forma líquida (“net-back”). O preço calculado sob a forma líquida (“net-back”) será

estabelecido atráves da dedução ao preço acordado, os custos reais e directos incorridos pelas

concessionárias no cumprimento das obrigações decorrentes dos respectivos contratos de

venda a que acresçam às obrigações inerentes aos termos de um contrato FOB.

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13.3. No caso de vendas a empresas afiliadas, o preço que for acordado entre MIREME e as

Concessionárias com base na adição conjunta dos dois factores seguintes:

(a) O preço médio ponderado FOB do mês civil para o Petróleo Bruto de classificação Brent,

ou outra classificação apropriada do Petróleo Bruto para a produção e para o período em

questão. A média ponderada basear-se-á nos dias de cada mês civil em que um preço de fecho

estiver cotado no relatório de cotações “PlattsOilgram”. Serão ignorados os dias sem cotações

de preços, como os de fim-de-senama e feriados; e

(b) Um prémio ou desconto sobre o preço do Petróleo Bruto de classificação Brent, ou

qualquer outra classificação apropriada de Petróleo Bruto para a produção em questão, a

determinar por referência à qualidade do Petróleo Bruto produzido a partir da Área do

Contrato de Concessão e o custo de colocação desse Petróleo Bruto no mercado.

13.4. Nos casos em que o MIREME e as Concessionárias não consigam acordar um preço nos

termos do artigo 10.3, serão adoptados os seguintes procedimentos por forma a determinar o

prémio ou desconto referidos no citado artigo:

(a) O MIREME e as Concessionárias apresentarão um ao outro as suas avaliações do prémio

ou desconto, juntamente com uma explicação dos factores-chave considerados na

determinação do prémio ou desconto;

(b) Se o prémio ou desconto apresentados separadamente pelo MIREME e pelas

Concessionárias estiverem, relativamente um ao outro, compreendidos no intervalo de 10 US

c (dez Cêntimos dos Estados Unidos da América) por barril, será calculada a média para

efeitos de fixação do valor final do Petróleo Bruto;

(c) Se o prémio ou descontos apresentados separadamente pelo MIREME e palas

Concessionárias divergirem em mais de 10 US c (dez Cêntimos dos Estados Unidos da

América) por barril, cada um deles apresentará de novo ao outro, no 3° (terceiro) Dia útil a

contar da primeira troca de informação, um prémio ou desconto revisto;

(d) Se o prémio ou desconto apresentados separadamente pelo MIREME e pelas

Concessionárias na segunda troca de informação estiverem compreendidos, relativamente um

ao outro, no intervalo de 10 US c (dez Cêntimos dos Estados Unidos da América) por barril,

será calculada a média para efeitos de fixação do valor final do Petróleo Bruto;

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(e) Se o prémio ou desconto apresentados na segunda troca de informação divergirem em

mais de 10 US c (dez Cêntimos dos Estados Unidos da América) por barril, a questão será

submetida à decisão de um perito único nos termos do artigo 26.6, o qual estabelecerá um

preço com base nos critérios enunciados na alínea c) do artigo 10.3, mas sempre dentro dos

limites estabelecidos pelas partes nos termos da alínea d) do artigo 10.4.

13.5. O valor calculado para Gás Natural produzido a partir dos Depósitos de Petróleo da

Área do Contrato de Concessão será:

(a) No caso de vendas de Gás Natural para empresas não-afiliadas, em cada mês do ano civil,

o preço médio ponderado por Giga joule de Gás Natural de especificação comercial no ponto

de entrega em que tal Gás Natural tenha sido entregue pelas Concessionárias durante esse mês

civil; ou

(b) No caso de vendas a empresas afiliadas:

i. O preço estipulado na alínea a) supra para vendas a empresas não-afiliadas; ou

ii. O preço acordado entre os ministérios que superintendem as áreas de petróleo e de

finanças conjuntamente, e as Concessionárias.

(c) No caso de vendas de Gás Natural entregue como GNL durante esse mês do calendário

civil:

i. No caso de vendas a empresas não-afiliadas, o preço líquido médio ponderados das

vendas de GNL em dólares americanos por MMBtu calculada como a receita total

devida em relação a todas as vendas de GNL entregue durante esse mês de calendário,

menos o total das deduções (de acordo com o anexo C deste CCPP) incorridas em

relação a essas vendas dividido pelo volume total, em MMBtu de GNL carregado

durante o mês em relação a essas vendas; e

ii. No caso das vendas para a Concessionária ser (i) calculado da mesma forma, tal como

estipulado na alínea (c) (i) acima para vendas a empresas não-afiliadas ou (ii) tal preço

acordado entre os ministérios que superintendem as áreas de petróleo e de finanças,

conjuntamente, e a Concessionária.

13.6. No caso de o Governo e/ou seu representante autorizado celebrar com as

Concessionárias um contrato comercial de compra e venda de Petróleo, para a compra pelo

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Governo, o preço não deve exceder o da venda as empresas afiliadas, conforme estabelecido

nos termos do artigo 10.3 e alínea b) do artigo 10.5.

Artigo 11 no 11.1. Cada Concessionária e os seus subcontratados, salvo na medida em que

deles estejam isentos, estarão sujeitos à legislação aplicável na República de Moçambique que

imponha tributos, direitos aduaneiros, impostos, encargos, taxas ou contribuições.

11.2. Durante os (5) anos após a aprovação do Plano de Desenvolvimento relacionados a este

CCPP, cada Concessionária e os seus Subcontratados terão direito a Incentivos Fiscais e

Aduaneiros, nos termos da Lei n° 27/2014, de 23 de Setembro e o respectivo Regulamento

aprovado pelo Decreto n° 32/2015, de 31 de Dezembro, que estabelece o Regime Específico

de Tributação e de Benefícios Fiscais das Operações Petrolíferas. Cada Concessionária e os

seus Subcontratados estarão isentos de:

(a) Direitos aduaneiros relativos a importação de bens destinados a serem utilizados nas

Operações Petrolíferas, de acordo com a classe K e a Pauta Aduaneira, nos termos do artigo

35 da Lei n° 27/2014, de 23 de Setembro;

(b) Direitos aduaneiros relativos a importação de explosivos detonadores, ancinho, e

máquinas e aparelhos para explodir explosivos, bem como equipamentos e dispositivos de

reconhecimento topográfico, geodésicos e geológicos em terra e no mar onshore/offshore para

serem usados nas Operações Petrolíferas e outros aprovisionamentos, equiparados com bens

da classe K, nos termos do Anexo II do artigo 35 da Lei n° 27/2014, de 23 de Setembro;

11.3. Cada Concessionária e os seus Subcontratados deverão estar isentos do pagamento de

direitos e demais imposições aduaneiras e fiscais relativos a importação temporária de bens

para utilização nas Operações Petrolíferas de acordo com a Pauta Aduaneira, aprovado pelo

Decreto n° 34/2009, de 26 de Dezembro.

11.4. O Pessoal Expatriado de cada Concessionária e dos seus Subcontratados estará isento,

nos termos deste CCPP de direitos aduaneiros e outros encargos devidos na importação de

bens pessoais e doméstico desse Pessoal Expatriado e seus dependentes, importados para a

República de Moçambique tornando-se, contudo, esses direitos aduaneiros sobre tais bens

devidos caso se verifique a sua venda na República de Moçambique a pessoa que não esteja

isenta desses direitos. O Pessoal Expatriado poderá exportar da República de Moçambique,

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isentos de direitos aduaneiros e demais encargos, os referidos bens pessoais e domésticos por

si importados, nos termos previstos na Pauta Aduaneira.

11.5. Para efeitos do CCPP, as matérias abaixo referidas tem o seguinte tratamento:

(a) O Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas (IRPC) será liquidado à taxa de

32%, nos termos da Lei n° 27/2014, de 23 de Setembro, e suas eventuais alterações, mas

sempre sem prejuízo do disposto nos artigos 11.9, e a pagar por cada Concessionária as quais

serão tributadas e colectadas separadamente. As seguintes disposições aplicar-se-ão ao IRPC

incidente sobre rendimentos provenientes de Operações Petrolíferas no âmbito deste CCPP.

(i) Na determinação do rendimento líquido de cada Concessionária para efeitos de cálculo de

IRPC num dado exercício fiscal, adicionalmente as deduções já efectuadas para efeitos de

recuperação de custos e cálculo do Petróleo- Custo e Petróleo-Lucro, nos termos do artigo 9,

serão efectuadas amortizações nos seguintes termos:

(aa) Será deduzida a amortização, às taxas abaixo indicadas, com início no ano em que as

despesas foram incorridas ou em que teve início a Produção Comercial, consoante o que

ocorrer mais tarde:

Relativamente a despesas em pesquisa, incluindo a perfuração de Poços de Pesquisa e

de Avaliação, a cem por cento (100%);

Relativamente a Despesa de Investimento em Desenvolvimento e Produção, à taxa

anual de vinte e cinco por cento (25%) dessas despesas, na base de uma amortização

pelo método das quotas constantes;

(bb) Em qualquer ano, cada Concessionária poderá optar por diferir a amortização, total ou

parcialmente. Ao exercer o direito de diferimento, a Concessionária deverá notificar

departamento competente do Ministério que superintende a área de finanças, até ao final do

mês de Fevereiro do ano seguinte ao ano em questão, da sua intenção de diferir a amortização.

Em tal notificação, a Concessionária especificará:

A taxa a que pretende amortizar as despesas de pesquisa durante o ano em questão,

não podendo tal taxa exceder cem por cento (100%); e

A taxa a que pretende amortizar as Despesas de Investimentos em Desenvolvimento e

Produção durante o ano em questão, não podendo tal taxa exceder 25% (vinte e cinco

por cento).

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A taxa notificada pela Concessionária será aplicável ao ano especificado na notificação. Nos

anos seguintes a amortização será efectuada à taxa prevista no artigo 11.5, alínea a), subalínea

i), aa), salvo se for efectuada outra notificação escrita nos termos deste artigo.

(ii) A amortização diferida, consistindo na diferença entre a taxa permitida e a taxa notificada

pela Concessionária a taxa que pretende utilizar no ano em questão, poderá ser deduzida ao

rendimento líquido em qualquer ano futuro. A Concessionária deverá notificar por escrito o

departamento competente do Ministério que superintende a área de finanças, até ao final do

mês de Fevereiro do ano seguinte ao ano em questão da sua intenção de proceder a essa

amortização diferida durante esse ano;

(iii) Para efeitos de cálculo de responsabilidade de pagamento de IRPC, perdas incorridas pela

Concessionária em qualquer ano poderão ser transportadas, até um máximo de cinco (5) anos

após o ano em que tais perdas tenham sido incorridas;

(iv) A fim de determinar base tributável IRPC, a autoridade competente do Ministério que

superintende a área de finanças pode prosseguir com a correcção de acordo com a Lei n°

34/2007, de 31 de Dezembro que aprova o Código do IRPC, quando os preços de

transferência e sob capitalização resultante de transacções entre empresas afiliadas que

diferem das resultantes entre terceiros.

(b) Ao abrigo do artigo 28 da Lei n° 27/2014, de 23 de Setembro, as Concessionárias deverão

reter na fonte a título de pagamento de imposto de rendimento os montantes devidos, à taxa

liberatória de dez por cento (10%) sobre o montante bruto de qualquer pagamento feitos pelas

Concessionárias a uma Subcontratada não residente, pela prestação de serviços contratados

para a execução de Operações Petrolíferas ao abrigo deste CCPP. Esse montante de tal

imposto de rendimento retido pelas Concessionárias deverá ser pago à entidade competente

do Ministério que superintende a área de finanças, de acordo com os procedimentos da

legislação aplicável.

Os Subcontratados estrangeiros não residentes não ficarão sujeitos nem serão objecto de

retenção de quaisquer outros impostos em relação a quaisquer pagamentos que lhe sejam

efectuados para além dos previstos neste artigo 11.5.

11.6. (a) De acordo com a legislação aplicável e menos que seja instruído de outro modo nos

termos da alínea c) do artigo 11.6, cada Concessionária deverá pagar em dinheiro ao Governo

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o imposto sobre a Produção do Petróleo com base no valor no ponto de entrega, nos termos do

disposto no artigo 10:

(i) Um montante em dinheiro correspondente a 6% (seis por cento) da quantidade de Gás

Natural Produzido partir de depósitos localizados na área do Contrato de Concessão, mas não

re-injectados;

(ii) Um montante correspondente a 10% (dez por cento) das quantidades de Petróleo Bruto

Produzidos a partir de depósitos localizados na Área do Contrato de Concessão.

(b) O Governo poderá, em vez de receber em dinheiro o Imposto sobre a Produção do

Petróleo referido na alínea a) do artigo 11.5, mediante notificação com 12 (doze) meses de

antecedência, exigir as Concessionárias que paguem mensalmente em espécie a totalidade ou

parte das quantidades do Petróleo Bruto e do Gás Natural que tenham sido produzido, e a que

o Governo tem direito, a partir da Área do Contrato de Concessão nesse mês;

(c) Os pagamentos em dinheiro do Imposto sobre a Produção do Petróleo relativo a um

determinado mês civil, e com respeito a Petróleo Bruto e Gás Natural produzidos nesse mês,

deverão ser feitos até o 10.° (décimo) dia de mês civil seguinte;

(d) O Pagamento em espécie da percentagem especificada na notificação efectuada nos

termos da alínea b) do artigo 11.6 continuará até que o Governo proceda a uma nova

notificação por escrito nos termos do disposto na alínea b) do artigo 11.6, fornecendo à

Concessionária instruções revistas.

11.8. No exército dos seus direitos e benefícios relativos à inserção de direitos aduaneiros

sobre a importação e exportação estipulados neste artigo, as Concessionárias observarão todos

os procedimentos e formalidades aplicáveis, devidamente impostos pela legislação aplicável.

11.9. Para efeitos deste CCPP, poderá ser negociada a estabilidade fiscal de dez anos, a contar

da aprovação de um Plano de Desenvolvimento, sem afectar os pressupostos de viabilidade e

rentabilidade.

O período de estabilidade fiscal previsto neste artigo pode ser estendido até ao termo da

concessão inicial, mediante pagamento de 2% adicionais à taxa do imposto sobre a produção a

partir do décimo primeiro ano de produção, conforme a lei aplicável.

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12. Alguns desafios e impactos da tributação do petróleo

12.1. Desafios à política de tributação do petróleo

Hoje em dia, em virtude sobretudo da abertura das economias decorrente do sistema

GATT/OMC, da integração económica e política concretizada pela União Europeia, bem

como dos fenómenos da internacionalização e da globalização económicas, a concorrência

fiscal internacional, vista como a concorrência entre sistemas fiscais, constitui um fenómeno

bem conhecido e presente na actuação das empresas. Com efeito, estas actuam, cada vez mais,

na perspectiva de um mercado internacional ou mesmo global, escolhendo os países com

melhores regimes fiscais para localizarem a sua residência, os seus activos, a sua actividade,

etc86. Concorrência fiscal que, podemos dizer, assume uma configuração particular no que à

tributação do petróleo diz respeito, uma vez que a actividade de exploração e produção deste

recurso natural não pode ser desenvolvida em qualquer lugar, mas apenas onde se encontram

as respectivas jazidas, sendo certo que estas, não só não podem deslocar-se, como comportam

uma oferta relativamente limitada. O que tem permitido aos Estados petrolíferos aproveitar

desta situação, pois estes não só se encontram a salvo da referida concorrência fiscal entre os

Estados para oferecerem tributações mais baixas, como podem concorrer entre si no sentido

da maximização da captura da renda económica proporcionada pela actividade petrolífera. Na

verdade, as empresas multinacionais que se dedicam à exploração e produção de petróleo,

para desenvolverem a sua actividade, apenas podem deslocar-se dentro do limitado universo

dos países petrolíferos e não podem deixar de ter em devida consideração quer escassez do

recurso, quer a circunstância das reservas de petróleo serem esgotáveis dentro de algumas

décadas. Por isso, não admira que a concorrência entre os Estados, que se verifica neste

domínio, acabe por se desenvolver no sentido dos altos níveis de captura da renda económica

pela via tributária87. O que nos revela uma concorrência fiscal exercida no sentido da alta da

tributação, beneficiando as receitas públicas, e não como a concorrência fiscal em geral que,

actuando no sentido da baixa de impostos, acabam por favorecer as empresas que da mesma

possam tirar partido, permitindo-lhes exercer ou repartir a sua actividade no quadro de uma ou

de várias jurisdições fiscais. Mas esta concorrência fiscal, orientada no sentido de sistema

86- José Carlos Vieira de Andrade & Rui de Figueiredo Morais, Direito do Petróleo, 2013, Pag.268. 87- Ibidem

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fiscais menos onerosos, comporta, sobretudo no sector da exploração e produção do

petrolífera evidentes limitações, o que, todavia, a no exclui de todo, uma vez que a captura da

renda económica levada a cabo pelos Estados pode apresentar-se com níveis de tributação

ainda relativamente diversificados em virtude seja do montante das próprias taxas ou

alíquotas, seja da complexidade e instabilidade dos sistemas de tributação de alguns países, os

quais comportam, por via de regra, elevados custos de administração e de cumprimento para

as empresas88.

Colocam-se em relação a essa concorrência, os mesmos problemas que são enfrentados pela

concorrência fiscal em geral, designadamente a necessidade de coordenação internacional das

políticas de tributação das empresas. Uma coordenação que, neste domínio, como bem se

compreende, não pode deixar de se concretizar na tentativa de impor, através da conclusão de

convenções internacionais, de taxas ou alíquotas comuns máximas (e não mínimas)89.

12.2. Alguns impactos da tributação do petróleo

Quanto aos múltiplos e diversificados impactos que a tributação do petróleo

naturalmente tem, vamos referir aqui apenas alguns deles e de maneira muito sumária,

considerando tantos os de natureza microeconómica como os de natureza microeconómica.

Assim, quanto aos primeiros, limitamo-nos a referir a neutralidade na alocação de recursos, a

partilha do risco e as dificuldades para a administração e para os contribuintes. Por seu lado,

no respeitante aos de natureza macroeconómica, vamos aludir às implicações para a economia

local, para o consumo e aforro domésticos, bem como para a distribuição intergeracional de

riqueza tributação de petróleo pode ter impacto na neutralidade em sede da alocação de

recursos, designadamente distorcendo a alocação dos investimentos. Por acaso, reclama-se

que os tribunais incidentes sobre o petróleo sejam, tanto quanto possível, neutros, no sentido

de que os resultados económicos dos investimentos realizados não sejam afectados. Ou seja,

que o nível desses resultados seja igual antes e depois da tributação. Um objectivo cuja

prossecução, como facilmente se compreende, dependerá do tipo de regime fiscal que venha a

suportar a remuneração dos Estados, sendo certo que diferentes regimes de tributação podem

88- Idem Pag.269. 89- Ibidem

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conduzir a resultados equivalentes e os mesmos regimes fiscais a resultados diferentes90.

Assim, um imposto sobre o rendimento das sociedades pode levar a diminuta neutralidade dos

investimentos, se incidir sobre os lucros empresariais, a uma taxa ou alíquota proporcional,

antes de o investidor ter realizado o retorno programado. Por seu lado, um contrato de partilha

de produção pode ser estruturado de maneira a conduzir a resultados equivalentes a um

imposto sobre o rendimento combinado, por exemplo, com um royalty. É certo que os

impostos, taxas e royalties de taxa ou alíquota fixa terão, em princípio impacto negativo na

neutralidade dos investimentos face as alterações da rendibilidade dos projectos conduzidos a

resultados muito diferentes antes e depois da tributação. De outro lado, é óbvio que o risco,

tanto no respeitante ao retorno esperado das companhias, como à remuneração dos Estados,

depende de muitos factores, não se limitando, por conseguinte ao recorte do sistema fiscal

incidente sobre o petróleo 91 . A tributação pode ter importante impacto no risco das

companhias na medida da percepção que estas tenham relativamente à estabilidade do sistema

fiscal, sendo certo que a mesma depende, em larga medida, do comportamento político

económico registado no passado dos países e da consequente probabilidade de estes alterarem

mais ou menos o sistema fiscal durante a vida do projecto. Pois bem, nos países em

desenvolvimento o impacto macroeconómico mais importante da extracção petrolífera é, por

certo, o seu vector fiscal. Um impacto que, a seu modo, é também visível nos países mais

desenvolvidos atentas as oportunidades que cria para a industria local proporcionando factores

de produção aos projectos de extracção ou utilizando os resultados desta para suportar a

produção própria. Nos países em desenvolvimento pode, todavia, esse impacto vira a ser

menos significativo, concretizando-se basicamente nas receitas públicas cobradas, o que

sucedera quando o sector de extracção petrolífera constitui um enclave económico separado

da restante economia. Pois, embora neste caso possa ter impacto na criação de postos de

trabalho, este será sempre relativamente limitado, seja pela sofisticada especialização técnica

exigida, seja por se tratar de uma assente em capital intensivo92. Relativamente aos efeitos

sobre o consumo e aforro domésticos, naturalmente que as receitas proporcionadas pela

tributação do petróleo podem constituir uma importante chave em termos macroeconómicos

aumentando o consumo, o investimento ou o aforro publico, sendo certo que se o Estado

decide gastar mais do que poupar, isso pode significar maior investimento publico,

designadamente em infra-estruturas produtivas, maiores despesas com bens, serviços ou

90- Idem Pag.270. 91- Ibidem 92- Idem Pag.272.

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transferências, sejam estes de caracter temporário ou não, ou um incremento do emprego.

Despesas que terão naturalmente implicações no futuro, uma vez que vão gerar custos de

manutenção e de um funcionamento das infra-estruturas e dos serviços. Todavia, tendo em

conta que essas receitas não vão durar sempre, impõe-se uma adequada gestão daquelas

despesas que pode passar pela constituição de fundos de estabilização das receitas

provenientes da extracção mineira93.

Ainda a respeito dos impactos das receitas públicas proporcionadas pela tributação do

petróleo, é de aludir á possibilidade de aumentos bruscos das mesmas. Uma situação que

ocorre com alguma frequência sobretudo nos países em desenvolvimento, o que torna

provável que, ao lado dos referidos impactos benéficos, surjam oportunidades para outros

menos desejáveis, como são o incremento dos fenómenos da pura captura de renda ou da

corrupção. Um outro impacto a que devemos aludir, para terminar, é o relativo as

consequências em sede de distribuição intergeracional da riqueza. É claro que a extracção

mineira reduz necessariamente a riqueza líquida de um país da qual aproveitam as gerações

actuais em detrimento das gerações futuras. Pois, enquanto as gerações presentes beneficiam

de um acréscimo, que podes ser significativo, da produção e consumo possibilitados pela

extracção mineira, as gerações futuras podem ver-se total e definitivamente excluídas desse

benefício. Uma situação de todo inaceitável no quadro de uma repartição intergeracional

minimamente justa da riqueza nacional94. Não admira, que por conseguinte, que face a essas

consequências nefastas, venham sendo propostas soluções que vão desde remediar, de algum

modo, o problema, compensando as futuras gerações através da realização de investimentos

mais elevados e com efeitos prolongados no tempo de modo a que as beneficiem, até á

solução indiscutivelmente mais adequadas de constituição de fundos separados para as

receitas publicas geradas pela extracção petrolífera inteiramente destinados ás futuras

gerações para estas os utilizarem na realização de investimentos, como acontece com os

fundos soberanos de diversos países petrolíferos como os de Abu Dhabi, Dubai, Kuwait,

Oman, Noruega, Qatar, etc95.

93- Ibidem 94- Ibidem 95- Idem, Pag.273.

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Conclusão

O processo de tributação do Petróleo e do Gás é bastante complexo. O Regime fiscal

moçambicano é o modelo de concessão.

Entre as consequências de adopção de modelo de concessão no sistema fiscal destaca-se as

consideráveis isenções nos impostos e taxas aduaneiras, o pagamento de um reduzido valor de

royalty.

Um dos aspectos críticos na definição do regime da tributação reside no equilíbrio que deve

existir entre o interesse nacional de maximizar os benefícios para Moçambique através de

uma partilha justa das receitas e a necessidade de atrair o investimento.

Analisando o regime de tributação moçambicano, parece que houve maior pendor para atrair

investimento, através da concessão de um conjunto de benefícios fiscais, algumas isenções

nos impostos e reduzido valor do royalty, o que reduz os benefícios que o país poderia colher

da tributação pela exploração dos recursos.

Adensa-se ainda o facto de que, tendo em conta o modelo de concessão adoptado, o Estado

moçambicano não possui um sistema fiscal e de controlo de receita eficaz, pelo que a

possibilidade de as companhias petrolíferas poderem evadir os pagamentos e real, tomando

ainda em consideração que o apuramento do valor a pagar depende em grande medida da

autoliquidação pelas próprias companhias.

Um dos aspectos críticos que se levanta, radica no facto de que o modelo de tributação

adoptado não parece que favorece a ideia de que uma percentagem das receitas geradas pela

actividade petrolífera é canalizada para o desenvolvimento das comunidades das áreas onde se

localizam os respectivos empreendimentos petrolíferos, conforme o estatuído no artigo 48 da

Lei nº 21/2014, de 18 de Agosto.

A estatuição de alguns tributos pagos e retidos localmente poderia contribuir melhor para

objectivo pretendido de uma parte das receitas a ser canalizado para o desenvolvimento local

das comunidades das áreas onde se localizam os respectivos empreendimentos petrolíferos o

que sugere a necessidade de alguma descentralização fiscal.

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