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Curso de Curso de Pensamento Crítico Pensamento Crítico para Jovens para Jovens Apresentação, métodos e Apresentação, métodos e resultados resultados Tomás Magalhães Carneiro Tomás Magalhães Carneiro

Curso de Pensamento Crítico para Jovens Apresentação, métodos e resultados Tomás Magalhães Carneiro

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Curso de Pensamento Curso de Pensamento Crítico para JovensCrítico para Jovens

Apresentação, métodos e Apresentação, métodos e resultadosresultados

Tomás Magalhães CarneiroTomás Magalhães Carneiro

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O que é o Pensamento O que é o Pensamento CríticoCrítico

- algumas definições históricas -- algumas definições históricas -

  John Dewey John Dewey – – O Pensamento Crítico é o estudo activo, O Pensamento Crítico é o estudo activo,

persistente e cuidado de uma crença ou de uma suposta persistente e cuidado de uma crença ou de uma suposta forma de conhecimento através da forma de conhecimento através da análise dos fundamentos análise dos fundamentos

que a apoiam e das conclusões para que apontamque a apoiam e das conclusões para que apontam. .   

Robert EnnisRobert Ennis – – O Pensamento Crítico é um pensamento razoável e O Pensamento Crítico é um pensamento razoável e reflectido, preocupado em reflectido, preocupado em ajudar-nos a decidir em que acreditar ou ajudar-nos a decidir em que acreditar ou

o que fazer.o que fazer.    

Richard PaulRichard Paul – – O Pensamento Crítico é uma forma de pensamento – O Pensamento Crítico é uma forma de pensamento – acerca de qualquer assunto ou problema – no qual o pensador acerca de qualquer assunto ou problema – no qual o pensador melhora a qualidade dos seus raciocínios recorrendo a técnicas que melhora a qualidade dos seus raciocínios recorrendo a técnicas que lhe permitem captar as lhe permitem captar as estruturas inerentes ao pensamentoestruturas inerentes ao pensamento e e impondo-lhes uma exigência intelectual elevada.impondo-lhes uma exigência intelectual elevada.

  Michael ScrivenMichael Scriven – – O Pensamento Crítico é uma O Pensamento Crítico é uma interpretação e interpretação e avaliação activaavaliação activa e competente de observações, comunicações, e competente de observações, comunicações, informações e argumentações.informações e argumentações.

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ÍndiceÍndice

1)Apresentação1)Apresentação

2) Estratégias e Métodos do Curso 2) Estratégias e Métodos do Curso   

3) 3) Apresentação do Módulo I – Análise de ArgumentosApresentação do Módulo I – Análise de Argumentos

Objectivos e Resumo de algumas aulasObjectivos e Resumo de algumas aulas

4) 4) Apresentação do Módulo II – Avaliação de ArgumentosApresentação do Módulo II – Avaliação de Argumentos

Objectivos e Resumo de algumas aulasObjectivos e Resumo de algumas aulas

5) 5) ResultadosResultados

6) 6) Nota FinalNota Final

7) 7) BibliografiaBibliografia

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Apresentação do Curso de Apresentação do Curso de Pensamento Crítico para JovensPensamento Crítico para Jovens

1) Apresentação1) Apresentação  

Curso leccionado na Curso leccionado na Academia StudiosusAcademia Studiosus no Porto, a doze alunos entre os 12 e os 14 anos no Porto, a doze alunos entre os 12 e os 14 anos (6º, 7º,(6º, 7º,

8º e 9º anos). 8º e 9º anos). Clube do RaciocínoClube do Raciocíno (6º e 7º anos) e (6º e 7º anos) e Curso de PensamentoCurso de Pensamento CríticoCrítico (8º e 9 (8º e 9 anos) anos)

As inscrições dos alunos foram feitas após apresentação do curso aos pais no início do ano As inscrições dos alunos foram feitas após apresentação do curso aos pais no início do ano lectivo:lectivo:

► O Pensamento Crítico é uma disciplina que pretendeO Pensamento Crítico é uma disciplina que pretende desenvolver a capacidade desenvolver a capacidade para compreender, avaliar e apresentar raciocínios e argumentospara compreender, avaliar e apresentar raciocínios e argumentos, ou seja, , ou seja, pretendepretende ensinar os alunos a pensar por si própriosensinar os alunos a pensar por si próprios..

► Relevância do Pensamento CríticoRelevância do Pensamento Crítico para qualquer área do conhecimento para qualquer área do conhecimento i) i) pensar correctamentepensar correctamente, i.e., analisar as nossas fontes, razões, pressupostos e , i.e., analisar as nossas fontes, razões, pressupostos e

argumentos de forma clara e precisa são, objectivamente, argumentos de forma clara e precisa são, objectivamente, mais valias. mais valias.

► Aprendizagem directaAprendizagem directa (e não transversal ou indirecta) das técnica de (e não transversal ou indirecta) das técnica de Pensamento Crítico.Pensamento Crítico.

► Saber pensar é fundamentalSaber pensar é fundamental – todos sabemos pensar, mas nem todos o – todos sabemos pensar, mas nem todos o fazemos da melhor formafazemos da melhor forma. .

i) i) um pressuposto do Pensamento Críticoum pressuposto do Pensamento Crítico é que ninguém deve procurar pensar pelo aluno é que ninguém deve procurar pensar pelo aluno e que só pensando por si mesmo é que este pode chegar a desenvolver boas formas de e que só pensando por si mesmo é que este pode chegar a desenvolver boas formas de pensamento. É o aluno que deve procurar por si mesmo melhorar activamente as formas pensamento. É o aluno que deve procurar por si mesmo melhorar activamente as formas como raciocina e se expressa, cabendo ao professor um papel sobretudo orientador.como raciocina e se expressa, cabendo ao professor um papel sobretudo orientador.

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2) Estratégias e Métodos do Curso 2) Estratégias e Métodos do Curso

- - Os alunos foram, desde o início, incentivados a pensar sobre temas e Os alunos foram, desde o início, incentivados a pensar sobre temas e

problemasproblemas concretos, a desenvolver raciocínios e a criar argumentos próprios.concretos, a desenvolver raciocínios e a criar argumentos próprios.

- - Foram aconselhados a ter consigo um “Caderno de Pensamento Crítico” (auto-Foram aconselhados a ter consigo um “Caderno de Pensamento Crítico” (auto-avaliação, identificação das dificuldades encontradas, melhor assimilação avaliação, identificação das dificuldades encontradas, melhor assimilação das técnicas)das técnicas)

- Perseverança, prática e “- Perseverança, prática e “feedbackfeedback”. ”.

- Foi dado aos alunos um esquema de raciocínio a que chamamos - Foi dado aos alunos um esquema de raciocínio a que chamamos “Os Cinco “Os Cinco Primeiros Passos do Pensador Crítico”Primeiros Passos do Pensador Crítico” : :

1) qual a 1) qual a conclusão principalconclusão principal deste argumento?; 2) quais as deste argumento?; 2) quais as razõesrazões apresentadas?; 3) apresentadas?; 3) qual a estrutura do argumento (razões independentes ou conjuntas, conclusões qual a estrutura do argumento (razões independentes ou conjuntas, conclusões intermédias, etc)?; 4) o que é intermédias, etc)?; 4) o que é pressupostopressuposto pelo argumento?; 5) desenha o pelo argumento?; 5) desenha o mapa do mapa do argumentoargumento.) .)

- - Análise, avaliação e formulação de argumentos sobre Análise, avaliação e formulação de argumentos sobre temas actuaistemas actuais retirados de artigos de jornais, revistas, telejornais, artigos de retirados de artigos de jornais, revistas, telejornais, artigos de opinião,editoriais,mitos urbanos, opiniões do senso comum, etcopinião,editoriais,mitos urbanos, opiniões do senso comum, etc

- - As aulas devem ter um número reduzido de As aulas devem ter um número reduzido de alunos interessadosalunos interessados e e

motivados (6 a 8 é o ideal). É necessária uma certa maturidade e uma motivados (6 a 8 é o ideal). É necessária uma certa maturidade e uma motivação pessoal extra para frequentar um curso extra- curricular sem motivação pessoal extra para frequentar um curso extra- curricular sem resultados imediatos (como notas no final de um período ou ano lectivos e resultados imediatos (como notas no final de um período ou ano lectivos e eventual reprovação). eventual reprovação).

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Competências e Técnicas do Pensador CríticoCompetências e Técnicas do Pensador Crítico CompetênciasCompetências reconhecerreconhecer os problemas; os problemas;

encontrar os encontrar os meios adequadosmeios adequados para lidar com esses problemas; para lidar com esses problemas;

reunirreunir informação pertinente; informação pertinente;

reconhecer reconhecer pressuposiçõespressuposições e e valores não explícitosvalores não explícitos; ;

compreender e usar a linguagem com compreender e usar a linguagem com clareza e exactidãoclareza e exactidão; ;

interpretarinterpretar informações; informações;

avaliaravaliar provas e afirmações; provas e afirmações;

reconhecer a existência de reconhecer a existência de relações lógicasrelações lógicas entre proposições; entre proposições;

retirar conclusõesretirar conclusões e generalizações seguras e fidedignas; e generalizações seguras e fidedignas;

testartestar essas mesmas conclusões e generalizações; essas mesmas conclusões e generalizações;

compreender avaliar e modificar (se necessário) o seu compreender avaliar e modificar (se necessário) o seu padrão de crenças; padrão de crenças;

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Competências e Técnicas do Pensador CríticoCompetências e Técnicas do Pensador Crítico

TécnicasTécnicas

identificação e avaliaçãoidentificação e avaliação dos diferentes elementos presentes num dos diferentes elementos presentes num raciocínio/argumento (razões, conclusões, pressupostos, valores, raciocínio/argumento (razões, conclusões, pressupostos, valores, informações, explicações, etc.); informações, explicações, etc.);

clarificação e interpretaçãoclarificação e interpretação de expressões e ideias; de expressões e ideias;

avaliação da credibilidadeavaliação da credibilidade de afirmações; de afirmações;

analisar, avaliar e formular analisar, avaliar e formular explicaçõesexplicações; ;

analisar, avaliar e analisar, avaliar e tomar decisõestomar decisões; ;

concluir correctamenteconcluir correctamente a partir das razões apresentadas; a partir das razões apresentadas; produzir argumentos produzir argumentos claros e precisosclaros e precisos..

Fonte: Ficher, Alec, 2001Fonte: Ficher, Alec, 2001

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Estruturação do Curso: objectivos gerais de cada um dos Estruturação do Curso: objectivos gerais de cada um dos módulosmódulos

► Módulo IMódulo I (12 aulas/12 horas) – (12 aulas/12 horas) – Análise de argumentosAnálise de argumentos..

No fim deste módulo os alunos deverão conseguir dominar as técnicas mais básicas No fim deste módulo os alunos deverão conseguir dominar as técnicas mais básicas de PC que lhes permitirão, com alguma facilidade, de PC que lhes permitirão, com alguma facilidade, compreender o significado dos compreender o significado dos argumentos, identificar e analisar a estrutura dos raciocíniosargumentos, identificar e analisar a estrutura dos raciocínios, assim como começar a , assim como começar a produzir os seus próprios raciocínios e argumentos de forma mais clara e precisa.produzir os seus próprios raciocínios e argumentos de forma mais clara e precisa.

  ► MóduloMódulo IIII (12 aulas/12 horas) – (12 aulas/12 horas) – Avaliação de argumentos.Avaliação de argumentos.

Neste módulo espera-se que os alunos já saibam quando estão diante de um Neste módulo espera-se que os alunos já saibam quando estão diante de um raciocínio e que saibam identificar as diferentes partes de um argumento (Módulo I). raciocínio e que saibam identificar as diferentes partes de um argumento (Módulo I). Agora procurar-se-á iniciar os alunos na área do Pensamento Crítico propriamente Agora procurar-se-á iniciar os alunos na área do Pensamento Crítico propriamente dito, ou seja, ensinaremos os alunos a dito, ou seja, ensinaremos os alunos a avaliar criticamente os argumentosavaliar criticamente os argumentos que têm que têm pela frente.pela frente.

  ► Módulo IIIMódulo III (12 aulas/12 horas) – (12 aulas/12 horas) – Formulação de argumentosFormulação de argumentos. (ainda não leccionado). (ainda não leccionado)

Neste módulo procuraremos pôr em prática os ensinamentos dos dois módulos Neste módulo procuraremos pôr em prática os ensinamentos dos dois módulos anteriores. Os alunos serão incentivados a anteriores. Os alunos serão incentivados a escrever os seus próprios argumentosescrever os seus próprios argumentos sobre os mais variados temas, a apresentá-los nas aulas e a discuti-los com os seus sobre os mais variados temas, a apresentá-los nas aulas e a discuti-los com os seus colegas. Espera-se que os alunos aprendam a exprimir e defender bem as suas colegas. Espera-se que os alunos aprendam a exprimir e defender bem as suas ideias. ideias.

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3) Módulo I: Análise de argumentos3) Módulo I: Análise de argumentos

Objectivos específicos do Módulo I:Objectivos específicos do Módulo I:

1) Identificar algumas 1) Identificar algumas técnicas e competências fundamentaistécnicas e competências fundamentais para pensar para pensar criticamente.criticamente.

2) Confrontar os alunos com algumas 2) Confrontar os alunos com algumas fraquezas e erros de raciocínio fraquezas e erros de raciocínio comuns. comuns. não identificar correctamente o tema em questão; não avaliar correctamente as razões, não identificarnão identificar correctamente o tema em questão; não avaliar correctamente as razões, não identificara conclusão principal do argumento; não compreender a importância dos pressupostos do argumento;a conclusão principal do argumento; não compreender a importância dos pressupostos do argumento;avaliar o argumento de uma forma muito geral e intuitiva – do género, concordo, não concordo – semavaliar o argumento de uma forma muito geral e intuitiva – do género, concordo, não concordo – semsaber especificamente quais as partes do argumento que falham, ou quais as mais fortes.saber especificamente quais as partes do argumento que falham, ou quais as mais fortes.

3) Entrar em contacto com algumas 3) Entrar em contacto com algumas formas correctas de pensar criticamente.formas correctas de pensar criticamente.identificar o tema e a conclusão principal do argumento; compreender a necessidade de avaliar eidentificar o tema e a conclusão principal do argumento; compreender a necessidade de avaliar eapresentar as razões de um argumento; aprender a formular argumentos correctamente; tomar apresentar as razões de um argumento; aprender a formular argumentos correctamente; tomar

decisões comdecisões combase em boas razões; compreender de que forma as razões de um argumento se relacionam umas com base em boas razões; compreender de que forma as razões de um argumento se relacionam umas com

as outras (de as outras (de forma independente ou conjunta,existem conclusões intermédias?); identificar pressupostos; construir forma independente ou conjunta,existem conclusões intermédias?); identificar pressupostos; construir

mapas demapas deargumentos de forma a tornar mais concreto um raciocínio que é, por natureza, abstracto.argumentos de forma a tornar mais concreto um raciocínio que é, por natureza, abstracto.

4) 4) TreinarTreinar o Pensamento Crítico em argumentos curtos de forma a assimilar o Pensamento Crítico em argumentos curtos de forma a assimilar correctamente as técnicas pretendidas.correctamente as técnicas pretendidas.

5) Começar aos poucos a lidar com argumentos 5) Começar aos poucos a lidar com argumentos um pouco maisum pouco mais complexoscomplexos

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Módulo IMódulo I: Análise de argumentos: Análise de argumentos

Aula 2_Argumentos, Razões e ConclusõesAula 2_Argumentos, Razões e Conclusões – Nesta aula – Nesta aula

ensinou-se os alunos a identificar argumentos, a aprender ensinou-se os alunos a identificar argumentos, a aprender a distinguir argumentos de não argumentos. De seguida a distinguir argumentos de não argumentos. De seguida ensinou-se os alunos a identificar as razões e as ensinou-se os alunos a identificar as razões e as conclusões dos argumentos.conclusões dos argumentos.

““Estamos diante de um argumento quando estamos a Estamos diante de um argumento quando estamos a raciocinar pararaciocinar para

atingir uma conclusão. Sem conclusão não há argumento.”atingir uma conclusão. Sem conclusão não há argumento.”

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Aula 2_Argumentos, Razões e ConclusõesAula 2_Argumentos, Razões e Conclusões

Exercício 1Exercício 1: :

Na alínea 1) Indica quais dos exemplos apresentados são argumentos e quais não são. Não teNa alínea 1) Indica quais dos exemplos apresentados são argumentos e quais não são. Não teesqueças que um argumento tem de ter uma ou mais razões a apoiar uma conclusão esqueças que um argumento tem de ter uma ou mais razões a apoiar uma conclusão

qualquer. Semqualquer. Semconclusão não há argumento. conclusão não há argumento. Em 2) quero que me digas qual a conclusão de cada um desses argumentos. No caso dos nãoEm 2) quero que me digas qual a conclusão de cada um desses argumentos. No caso dos nãoargumentos não escrevas nada em 2).argumentos não escrevas nada em 2).

- Adoro rugby. Os jogos da selecção portuguesa de rugby só passaram na - Adoro rugby. Os jogos da selecção portuguesa de rugby só passaram na SportTv. Nem toda a gente pode pagarSportTv. Nem toda a gente pode pagar

para ter SportTv. Alguns cafés têm SportTv.para ter SportTv. Alguns cafés têm SportTv.1) Argumento1) Argumento ou ou NãoNão argumentoargumento2) Conclusão:2) Conclusão:

- Os jogos da selecção portuguesa de rugby só passaram na SportTv. Nem toda a - Os jogos da selecção portuguesa de rugby só passaram na SportTv. Nem toda a gente pode pagar para ter SportTv e acho que toda a gente devia poder ver a gente pode pagar para ter SportTv e acho que toda a gente devia poder ver a selecção de rugby a jogar. Como tal, os jogos da selecção deviam passar na selecção de rugby a jogar. Como tal, os jogos da selecção deviam passar na RTP1. RTP1. 1) Argumento1) Argumento ou ou NãoNão argumentoargumento2) Conclusão:2) Conclusão:

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Aula 2_Argumentos, Razões e ConclusõesAula 2_Argumentos, Razões e Conclusões

Exercício 2Exercício 2::

Para cada uma das Para cada uma das conclusõesconclusões apresentadas escolhe aquela que achas que é a apresentadas escolhe aquela que achas que é a melhormelhor

razãorazão. .

Conclusão: Os dadores de sangue deviam ser pagos.Conclusão: Os dadores de sangue deviam ser pagos.1) A recolha de sangue é um processo muito caro.1) A recolha de sangue é um processo muito caro.

2) As pessoas que dão sangue normalmente fazem-no porque querem 2) As pessoas que dão sangue normalmente fazem-no porque querem ajudarajudar

os outros.os outros.

3) Existem muito poucos dadores de sangue e o pagamento iria 3) Existem muito poucos dadores de sangue e o pagamento iria incentivar mais pessoasincentivar mais pessoas

a “darem” sangue.a “darem” sangue.

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Aula 3_A linguagem do raciocínioAula 3_A linguagem do raciocínio

Nesta aula pretendeu-se ensinar aos alunos a forma correcta de apresentar as razões Nesta aula pretendeu-se ensinar aos alunos a forma correcta de apresentar as razões ee

as conclusões num raciocínio/argumentoas conclusões num raciocínio/argumento

Procurou-se demonstrar que o uso das palavras adequadas nos sítios da fraseProcurou-se demonstrar que o uso das palavras adequadas nos sítios da fraseadequados poderá ajudá-los a:adequados poderá ajudá-los a:  1)     compreender melhor a estrutura de um raciocínio que queremos avaliar1)     compreender melhor a estrutura de um raciocínio que queremos avaliar2)     re-escrever (se necessário) um argumento correctamente.2)     re-escrever (se necessário) um argumento correctamente.3)     apresentar correctamente um raciocínio de forma a que os outros o percebam 3)     apresentar correctamente um raciocínio de forma a que os outros o percebam claramente.claramente.  AlgumasAlgumas palavras indicadoras de razões e de conclusõespalavras indicadoras de razões e de conclusões: : ““Porque...”; “Como tal”; “Portanto...”; “Dessa forma...”; “Consequentemente...”; “Daí concluo Porque...”; “Como tal”; “Portanto...”; “Dessa forma...”; “Consequentemente...”; “Daí concluo

que...”;que...”;““Sou forçado a admitir que...”; “Temos de aceitar que...”; “Dado que...”; “Se aceitarmos estas Sou forçado a admitir que...”; “Temos de aceitar que...”; “Dado que...”; “Se aceitarmos estas

razõesrazõestemos de concluir que...” temos de concluir que...”

Com o uso destas palavras pretendeu-se também demonstrar aos alunos uma característicaCom o uso destas palavras pretendeu-se também demonstrar aos alunos uma característicaessencial do Pensamento Crítico, essencial do Pensamento Crítico, a ideia que um Pensador Crítico quer perceber e ser bema ideia que um Pensador Crítico quer perceber e ser bempercebido pelos outros, pois só assim pode discutir claramente as suas ideias.percebido pelos outros, pois só assim pode discutir claramente as suas ideias.

  

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Aula 3_A linguagem do raciocínioAula 3_A linguagem do raciocínio

ExercícioExercício

Foram apresentados dois exemplos de argumentos (um que recorria às palavrasForam apresentados dois exemplos de argumentos (um que recorria às palavrasadequadas, outro que não fazia uso delas) e pediu-se aos alunos que indicassem qualadequadas, outro que não fazia uso delas) e pediu-se aos alunos que indicassem qualdos argumentos entendiam mais facilmente.dos argumentos entendiam mais facilmente.

Comprei o meu bilhete de avião há mais de dois meses. A TAP tem de me pagar Comprei o meu bilhete de avião há mais de dois meses. A TAP tem de me pagar uma indemnização pelos prejuízos que me causou. O hotel que reservei no Brasil uma indemnização pelos prejuízos que me causou. O hotel que reservei no Brasil para passar as férias já está pago. Não tenho culpa da greve de pilotos que me fez para passar as férias já está pago. Não tenho culpa da greve de pilotos que me fez perder o avião. perder o avião.

ouou  

Comprei o meu bilhete há mais de dois meses e já paguei o hotel que reservei no Comprei o meu bilhete há mais de dois meses e já paguei o hotel que reservei no Brasil para passar as férias. Além disso não tenho culpa da greve dos pilotos que me Brasil para passar as férias. Além disso não tenho culpa da greve dos pilotos que me fez perder o avião, por todos esses motivos acho que a TAP deve pagar-me uma fez perder o avião, por todos esses motivos acho que a TAP deve pagar-me uma indemnização pelos prejuízos que me causou.indemnização pelos prejuízos que me causou.

  

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Aula 4_PressupostosAula 4_Pressupostos

Nestas aulas procurou-se ensinar os alunos a Nestas aulas procurou-se ensinar os alunos a identificar identificar pressupostospressupostos (os elementos invisíveis de um argumento) e a (os elementos invisíveis de um argumento) e a perceber a sua importância enquanto aquilo em que o autor do perceber a sua importância enquanto aquilo em que o autor do argumento tem de acreditar (sem o escrever ou dizer) para que a argumento tem de acreditar (sem o escrever ou dizer) para que a conclusão do seu argumento seja possível. conclusão do seu argumento seja possível.

Procurou-se mostrar que, descoberto o pressuposto de um Procurou-se mostrar que, descoberto o pressuposto de um argumento, podemos não concordar com ele e, nesse caso, temos argumento, podemos não concordar com ele e, nesse caso, temos um bom motivo para não aceitar a conclusão que ele apoia.um bom motivo para não aceitar a conclusão que ele apoia.

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Aula 4_PressupostosAula 4_Pressupostos

Exercício 1Exercício 1

Encontra as Encontra as razõesrazões e a e a conclusãoconclusão deste argumentos e, pelo menos, um deste argumentos e, pelo menos, um pressupostopressuposto..

Se a temperatura do planeta estivesse a aumentar, poderíamos verificar que o gelo dosSe a temperatura do planeta estivesse a aumentar, poderíamos verificar que o gelo dosPólos estaria a derreter mais depressa do que seria de esperar. Se o gelo estivesse aPólos estaria a derreter mais depressa do que seria de esperar. Se o gelo estivesse aderreter, veríamos o seu efeito na subida do nível da água dos mares. Existem provasderreter, veríamos o seu efeito na subida do nível da água dos mares. Existem provasque este nível está a subir, como tal, a temperatura do planeta deve estar a aumentar.que este nível está a subir, como tal, a temperatura do planeta deve estar a aumentar.

Razão 1Razão 1 - Se a temperatura do planeta estivesse a aumentar, poderíamos verificar que o - Se a temperatura do planeta estivesse a aumentar, poderíamos verificar que o gelo dosgelo dos

Pólos estaria a derreter mais depressa do que seria de esperar.Pólos estaria a derreter mais depressa do que seria de esperar.

Razão 2Razão 2 - Se o gelo estivesse a derreter, veríamos o seu efeito na subida do nível da água - Se o gelo estivesse a derreter, veríamos o seu efeito na subida do nível da água dos maresdos mares

PressupostoPressuposto – Não existe outra explicação para a subida das águas do mar que não o – Não existe outra explicação para a subida das águas do mar que não o aumento da aumento da

temperatura do planeta.temperatura do planeta.

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Aula 4_PressupostosAula 4_Pressupostos

Exercício 2Exercício 2

Encontra os pressupostos em que autor dos seguintes Encontra os pressupostos em que autor dos seguintes argumentos temargumentos tem

de acreditar para que as suas conclusões sejam verdadeiras:de acreditar para que as suas conclusões sejam verdadeiras:

1) 1) O cérebro das mulheres é em média mais pequeno que o dos homens, daí podemos O cérebro das mulheres é em média mais pequeno que o dos homens, daí podemos concluir que as mulheres são menos inteligentes que os homens.concluir que as mulheres são menos inteligentes que os homens.

PressupostoPressuposto: o tamanho do cérebro de uma pessoa indica o seu grau de inteligência.: o tamanho do cérebro de uma pessoa indica o seu grau de inteligência.

2) 2) O ladrão deve ter fugido pela escada de incêndio. Já não está no edifício, mas ninguém o O ladrão deve ter fugido pela escada de incêndio. Já não está no edifício, mas ninguém o viu sair e todas as portas têm um guarda.viu sair e todas as portas têm um guarda.

PressupostoPressuposto: vários : vários

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Aula 5 a 10_A estrutura dos argumentosAula 5 a 10_A estrutura dos argumentos

Nestas aulas procurou-se mostrar aos alunos que as razões de Nestas aulas procurou-se mostrar aos alunos que as razões de um um argumento podem apoiar a conclusão de argumento podem apoiar a conclusão de diferentes maneirasdiferentes maneiras. .

Algumas razões apoiam sozinhas a conclusão (Algumas razões apoiam sozinhas a conclusão (razões razões independentesindependentes) outras razões precisam do apoio de outras ) outras razões precisam do apoio de outras razões para apoiarem a conclusão (razões para apoiarem a conclusão (razões conjuntasrazões conjuntas), outras ), outras razões, ainda, funcionam como razões, ainda, funcionam como conclusões intermédiasconclusões intermédias. .

Também se iniciou os alunos na técnica dos Também se iniciou os alunos na técnica dos mapas de mapas de argumentosargumentos (argument mapping) – o desenho da estrutura (argument mapping) – o desenho da estrutura de um argumento.de um argumento.

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Aula 5 a 10_A estrutura dos argumentosAula 5 a 10_A estrutura dos argumentos

ExercícioExercício

Faz o mapa da estrutura dos seguinte argumentos:Faz o mapa da estrutura dos seguinte argumentos:

a) As pessoas deviam poder fumar em todo o lado. Fumar não é ilegal e, além a) As pessoas deviam poder fumar em todo o lado. Fumar não é ilegal e, além disso, milhões de pessoas têm muito prazer em fumar.disso, milhões de pessoas têm muito prazer em fumar.

..   R1 R2 R1 R2 CC Este é um exemplo de um mapa de argumento com Este é um exemplo de um mapa de argumento com razões independentesrazões independentes em que cada em que cada

uma dasuma das

(duas) razões é capaz de, (duas) razões é capaz de, por si sópor si só, apoiar a conclusão., apoiar a conclusão.   

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Aula 5 a 10_A estrutura dos argumentosAula 5 a 10_A estrutura dos argumentos

ExercícioExercício

b) A poluição nos nossos rios está a aumentar a cada ano que passa. b) A poluição nos nossos rios está a aumentar a cada ano que passa. Quanto mais poluído for um rio, mais danos são causados aos animais Quanto mais poluído for um rio, mais danos são causados aos animais que nele vivem. Como tal, a menos que se faça algo em relação à que nele vivem. Como tal, a menos que se faça algo em relação à poluição dos rios o número de animais que vivem nos rios irá diminuir poluição dos rios o número de animais que vivem nos rios irá diminuir drasticamente. Contudo, não existem planos para diminuir a poluição drasticamente. Contudo, não existem planos para diminuir a poluição dos nossos rios. Por isso muitos dos animais que vivem nos nossos rios dos nossos rios. Por isso muitos dos animais que vivem nos nossos rios irão morrer.irão morrer.

   R1 + R2 R1 + R2 CI + R3CI + R3 CCEste é um exemplo de um mapa de argumento com duas Este é um exemplo de um mapa de argumento com duas Razões Conjuntas (1 e Razões Conjuntas (1 e

2)2) e uma e umaConclusão IntermédiaConclusão Intermédia, aliada a uma terceira , aliada a uma terceira Razão (3)Razão (3) de forma também de forma também

conjunta.conjunta.

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Aula 5 a 10_A estrutura dos argumentosAula 5 a 10_A estrutura dos argumentos

Mapas de ArgumentosMapas de Argumentos – para que servem – para que servem

Ao encaixarmos as várias Ao encaixarmos as várias RazõesRazões e e ConclusõesConclusões IntermédiasIntermédias do raciocínio do raciocíniona estrutura do argumento estamos, literalmente, a ver como na estrutura do argumento estamos, literalmente, a ver como é que o autor constrói o seu argumento, ou seja estamos a é que o autor constrói o seu argumento, ou seja estamos a ver como é que ele nos tenta convencer da sua Conclusão. ver como é que ele nos tenta convencer da sua Conclusão.

Dessa forma é muito mais fácil Dessa forma é muito mais fácil ver o que é que corre malver o que é que corre mal no no argumento e argumento e ondeonde é que esse erro exactamente ocorre: numa é que esse erro exactamente ocorre: numa das razões; na passagem para uma conclusão intermédia, etc. das razões; na passagem para uma conclusão intermédia, etc.

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Aula 5 a 10_A estrutura dos Aula 5 a 10_A estrutura dos argumentosargumentosMapear um argumento com pressupostosMapear um argumento com pressupostos

Como o gelo dos Pólos está a derreter (R), a temperatura do planeta deve estar a aumentarComo o gelo dos Pólos está a derreter (R), a temperatura do planeta deve estar a aumentar(CI). Por esse motivo é de esperar que o nível das águas do mar continue a subir, inundando(CI). Por esse motivo é de esperar que o nível das águas do mar continue a subir, inundandomuitas das zonas costeiras do planeta (C).muitas das zonas costeiras do planeta (C).

Press: Press: A única explicação para o derretimento do gelo dos pólos é o aumento da temperaturaA única explicação para o derretimento do gelo dos pólos é o aumento da temperaturado planeta.do planeta.

Assim, o mapa deste argumento é a seguinte:Assim, o mapa deste argumento é a seguinte: R + [Press]R + [Press] CI CI C C

Para o autor deste argumento poder passar da Para o autor deste argumento poder passar da RazãoRazão para a para a Conclusão IntermédiaConclusão Intermédia tem de tem de aceitaraceitar

um Pressuposto. Ou seja, este Pressuposto actua de forma conjunta com a um Pressuposto. Ou seja, este Pressuposto actua de forma conjunta com a RazãoRazão para daí se para daí se chegarchegar

à à ConclusãoConclusão IntermédiaIntermédia. Se não aceitarmos este . Se não aceitarmos este PressPress não temos de aceitar a não temos de aceitar a CICI nem, a nem, a seguir, aseguir, a

ConclusãoConclusão do argumento. do argumento.

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Exercício resolvido por aluna do 8º anoExercício resolvido por aluna do 8º ano

1) Encontra a Conclusão, as razões e os pressupostos em que o argumento se 1) Encontra a Conclusão, as razões e os pressupostos em que o argumento se baseia.baseia.2) Desenha um mapa da sua estrutura.2) Desenha um mapa da sua estrutura.

Libertem Willy (1800 caracteres)Libertem Willy (1800 caracteres)

O filme “Libertem Willy” foi uma forma muito eficaz de chamar a atenção do público O filme “Libertem Willy” foi uma forma muito eficaz de chamar a atenção do público para a situação em que se encontrava uma Orca chamada Keyko (Willy, no filme). O para a situação em que se encontrava uma Orca chamada Keyko (Willy, no filme). O público ficou revoltado com as condições de vida deste magnífico animal, que devia público ficou revoltado com as condições de vida deste magnífico animal, que devia estar em liberdade e não preso a vida toda num tanque. E esta revolta deu frutos: estar em liberdade e não preso a vida toda num tanque. E esta revolta deu frutos: rapidamente se juntaram 7,5 milhões de dólares de donativos para devolverem rapidamente se juntaram 7,5 milhões de dólares de donativos para devolverem Keyko ao oceano atlântico.Keyko ao oceano atlântico.

Claro que tudo isto faz uma linda história. Mas pensemos um pouco: foram gastos Claro que tudo isto faz uma linda história. Mas pensemos um pouco: foram gastos 7,5 milhões de dólares para devolver ao mar um único animal. Os amantes de 7,5 milhões de dólares para devolver ao mar um único animal. Os amantes de animais que enviaram dinheiro poderiam tê-lo canalizado para outras acções com animais que enviaram dinheiro poderiam tê-lo canalizado para outras acções com efeitos muito mais importantes. Por exemplo, esse dinheiro era suficiente para efeitos muito mais importantes. Por exemplo, esse dinheiro era suficiente para assegurar durante centenas de anos uma reserva marinha na Tanzânia para aves e assegurar durante centenas de anos uma reserva marinha na Tanzânia para aves e tartarugas, ou poderia ter prevenido a extinção de algumas aves raras neste país.tartarugas, ou poderia ter prevenido a extinção de algumas aves raras neste país.

Mesmo que essas pessoas quisessem usar o seu dinheiro para salvar apenas Mesmo que essas pessoas quisessem usar o seu dinheiro para salvar apenas baleias, essa quantia teria sido muito útil para financiar campanhas contra a caça baleias, essa quantia teria sido muito útil para financiar campanhas contra a caça comercial à baleia. Aquelas pessoas que quiseram ver Keyko de volta ao oceano comercial à baleia. Aquelas pessoas que quiseram ver Keyko de volta ao oceano certamente não quereriam que ela nadasse sozinha na imensidão dos mares.certamente não quereriam que ela nadasse sozinha na imensidão dos mares.

E existem ainda outras causas importantes para além da protecção dos animais. 7,5 E existem ainda outras causas importantes para além da protecção dos animais. 7,5 milhões de dólares teriam custeado uma campanha médica para tratar a cegueira milhões de dólares teriam custeado uma campanha médica para tratar a cegueira nos países sub-desenvolvidos, através de uma operação muito simples. Milhares de nos países sub-desenvolvidos, através de uma operação muito simples. Milhares de pessoas cegas devido a cataratas voltariam a ver.pessoas cegas devido a cataratas voltariam a ver.

O sentimentalismo que levou estas pessoas a juntarem tanto dinheiro para salvar O sentimentalismo que levou estas pessoas a juntarem tanto dinheiro para salvar um único animal está mal dirigido.um único animal está mal dirigido.

De futuro todos os projectos deste tipo que juntem tanto dinheiro assim deveriam De futuro todos os projectos deste tipo que juntem tanto dinheiro assim deveriam ser canalizados para melhorar o bem estar do maior número de animais (ou ser canalizados para melhorar o bem estar do maior número de animais (ou pessoas) possíveis.pessoas) possíveis.

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Mapa de Argumento Free WillyMapa de Argumento Free Willy

ConclusãoConclusão – O autor do argumento conclui que o dinheiro gasto com um só animal (Willy) – O autor do argumento conclui que o dinheiro gasto com um só animal (Willy) devia ter sido utilizado para salvar um maior número de animais ou pessoas.devia ter sido utilizado para salvar um maior número de animais ou pessoas.

R1R1 – O mesmo dinheiro podia salvar muitos mais animais (aves, tartarugas, etc.) – O mesmo dinheiro podia salvar muitos mais animais (aves, tartarugas, etc.)

R2R2 – Mesmo que as pessoas que – Mesmo que as pessoas que doaramdoaram o dinheiro quisessem salvar baleias teria sido mais o dinheiro quisessem salvar baleias teria sido mais útil usar esse dinheiro para tentar acabar com a caça à baleia.útil usar esse dinheiro para tentar acabar com a caça à baleia.

R3R3 – Esse dinheiro podia ter sido utilizado para tratar pessoa com cataratas e outras – Esse dinheiro podia ter sido utilizado para tratar pessoa com cataratas e outras doenças.doenças.

CICI – O sentimentalismo das pessoas foi mal dirigido. – O sentimentalismo das pessoas foi mal dirigido.

Pressuposto 1Pressuposto 1 – As pessoas estariam interessadas em dar dinheiro para ajudar outras – As pessoas estariam interessadas em dar dinheiro para ajudar outras pessoas.pessoas.Pressuposto 2Pressuposto 2 – O sentimentalismo das pessoas pode ser dirigido para outras causas. – O sentimentalismo das pessoas pode ser dirigido para outras causas.

R1R1 R2R2 R3 + [Press 1]R3 + [Press 1]↓↓

CI + R4 + [Press 2]CI + R4 + [Press 2] ↓ ↓ CC

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Aula 11_Resumo da matériaAula 11_Resumo da matéria

Os cinco primeiros passos do Pensador CríticoOs cinco primeiros passos do Pensador Crítico

1 – Encontrar a Conclusão Principal do argumento.1 – Encontrar a Conclusão Principal do argumento.É muito importante começares por perguntar o que é que o autor do argumento querÉ muito importante começares por perguntar o que é que o autor do argumento querprovar. Isso faz com que te concentres apenas no assunto principal e ignores aquilo queprovar. Isso faz com que te concentres apenas no assunto principal e ignores aquilo quenão é importante para o argumento.não é importante para o argumento.

2 – Quais são as Razões apresentadas?2 – Quais são as Razões apresentadas?Depois de encontrares conclusão é mais fácil identificares as razões apresentadas emDepois de encontrares conclusão é mais fácil identificares as razões apresentadas emsua defesa. sua defesa.

3 – Qual é a estrutura do argumento?3 – Qual é a estrutura do argumento?Quantas razões tem o argumento? Estas são apresentadas de forma independente ou Quantas razões tem o argumento? Estas são apresentadas de forma independente ou

conjunta?conjunta?Existem razões intermédias? Existem razões intermédias?

4 – O argumento depende de alguma pressuposição? Qual?4 – O argumento depende de alguma pressuposição? Qual?Em que é que o autor tem de acreditar para que a sua conclusão seja verdadeira? EssaEm que é que o autor tem de acreditar para que a sua conclusão seja verdadeira? Essapressuposição apoia uma das razões ou uma conclusão intermédia?pressuposição apoia uma das razões ou uma conclusão intermédia?

5 – Desenha o Mapa do Argumento.5 – Desenha o Mapa do Argumento.Depois de encontrares os elementos do argumento é altura de tornares visível a sua Depois de encontrares os elementos do argumento é altura de tornares visível a sua

estrutura eestrutura emostrares como é que eles se relacionam no argumento: (+), (mostrares como é que eles se relacionam no argumento: (+), (), [Press]), [Press]

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Aula 12_TesteAula 12_Teste

Texto AnalisadoTexto Analisado: : A Lei não pode ser uma assassina – tem de salvar uma das A Lei não pode ser uma assassina – tem de salvar uma das gémeas. gémeas. (6000 caracteres – aprox.)(6000 caracteres – aprox.)

1 – Começa por fazer um breve resumo do texto apresentando a sua 1 – Começa por fazer um breve resumo do texto apresentando a sua conclusãoconclusão..

2 – Analisa o texto identificando cada uma das 2 – Analisa o texto identificando cada uma das razõesrazões apresentadas, assim apresentadas, assim como as como as pressuposiçõespressuposições que encontrares e achares pertinentes. que encontrares e achares pertinentes.

3 – Faz o 3 – Faz o mapamapa dodo argumentoargumento e assinala com (+) as razões que e assinala com (+) as razões que consideras mais válidas e com um (-) as menos válidas.consideras mais válidas e com um (-) as menos válidas.

4 – Apresenta a tua 4 – Apresenta a tua avaliaçãoavaliação globalglobal do argumento. O que achas que do argumento. O que achas que deveria ser feito neste caso? deveria ser feito neste caso?

Apresenta as Apresenta as tuas tuas razões.razões.

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4) Módulo II: Avaliação de argumentos4) Módulo II: Avaliação de argumentos

Objectivos específicos do Módulo II:Objectivos específicos do Módulo II:

1) Aprender a resumir argumentos longos e a usar a linguagem com clareza e precisão.1) Aprender a resumir argumentos longos e a usar a linguagem com clareza e precisão.

2) Introdução aos argumentos por analogia2) Introdução aos argumentos por analogia

3) Confrontar os alunos com alguns3) Confrontar os alunos com alguns erros de raciocínio/falácias erros de raciocínio/falácias comuns. comuns.

ad hominemad hominem; ; post hoc; argumento circular; boneco de palha; falácia da derrapagem; falso post hoc; argumento circular; boneco de palha; falácia da derrapagem; falso dilemadilema

4) Ensinar os alunos a identificar, a avaliar e a 4) Ensinar os alunos a identificar, a avaliar e a superar criticamentesuperar criticamente esses erros de esses erros de raciocínio,raciocínio,

Encontrar soluções alternativas; avaliar a credibilidade das fontes, o seu grau de certeza, o Encontrar soluções alternativas; avaliar a credibilidade das fontes, o seu grau de certeza, o contexto em que ocontexto em que o

argumento é apresentado; é necessário ouvir um perito na matéria?; o que diz o senso argumento é apresentado; é necessário ouvir um perito na matéria?; o que diz o senso comum?; qual o contexto docomum?; qual o contexto do

argumento argumento

5) 5) TreinarTreinar o Pensamento Crítico em argumentos curtos de forma a assimilar o Pensamento Crítico em argumentos curtos de forma a assimilar correctamente as técnicas pretendidas.correctamente as técnicas pretendidas.

6) Começar aos poucos a lidar com argumentos 6) Começar aos poucos a lidar com argumentos um pouco maisum pouco mais complexoscomplexos

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Módulo II – Avaliação de ArgumentosMódulo II – Avaliação de Argumentos

Aula 1 – Duas competências essenciais de um Pensador Aula 1 – Duas competências essenciais de um Pensador CríticoCrítico

ResumirResumir argumentos longos e usar a linguagem de forma argumentos longos e usar a linguagem de forma claraclara e e precisaprecisa. .

Três passos para resumir argumentos longos:Três passos para resumir argumentos longos:

1 – Encontrar a 1 – Encontrar a Conclusão PrincipalConclusão Principal do argumento, ou seja, deves procurar do argumento, ou seja, deves procurar saber saber O que é que o autor deste argumento está a tentar provar?O que é que o autor deste argumento está a tentar provar?

2 – Encontrar as 2 – Encontrar as RazõesRazões que o autor do argumento usa para defender essa que o autor do argumento usa para defender essa conclusão.conclusão.

3 – 3 – Escrever por palavras tuasEscrever por palavras tuas e usando uma linguagem e usando uma linguagem claraclara e e precisa precisa a a Conclusão Principal e as Razões apresentadas no argumento. Conclusão Principal e as Razões apresentadas no argumento.

ImportanteImportante: Um resumo de um argumento deve ter mais ou menos : Um resumo de um argumento deve ter mais ou menos 1/31/3 do seu do seu tamanho.tamanho.

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Resumo de ArgumentosResumo de Argumentos

Exemplos de como resumir um argumento usando a linguagem adequada:Exemplos de como resumir um argumento usando a linguagem adequada:

O autor deste texto está a tentar provar que ...(Conclusão Principal)...As razões que ele O autor deste texto está a tentar provar que ...(Conclusão Principal)...As razões que ele apresentaapresenta

são as seguintes: em primeiro lugar ..........(Razão 1)......... Em segundo lugar .........(Razãosão as seguintes: em primeiro lugar ..........(Razão 1)......... Em segundo lugar .........(Razão2)............Além disso, o autor acredita que ........(Razão 3).2)............Além disso, o autor acredita que ........(Razão 3).

Ou ainda:Ou ainda:

A conclusão apresentada neste texto é... (Conclusão Principal)... Em sua defesa o autor A conclusão apresentada neste texto é... (Conclusão Principal)... Em sua defesa o autor apresenta asapresenta as

seguintes razões...(Razão 1) e... (Razão 2). Destas razões conclui que... (Conclusão seguintes razões...(Razão 1) e... (Razão 2). Destas razões conclui que... (Conclusão Intermédia). PorIntermédia). Por

tudo isto... (volta a apresentar a Conclusão Principal).tudo isto... (volta a apresentar a Conclusão Principal).

Nota-Nota- Estas não são as únicas formas de resumir um argumento. Cada um de nós vai, ao Estas não são as únicas formas de resumir um argumento. Cada um de nós vai, ao longo longo

do tempo, desenvolvendo o seu próprio estilo de escrita, pelo que há muitas formas de se do tempo, desenvolvendo o seu próprio estilo de escrita, pelo que há muitas formas de se escreverescrever

um resumo. Com o tempo, tu também irás desenvolver o teu próprio um resumo. Com o tempo, tu também irás desenvolver o teu próprio estilo pessoalestilo pessoal. Para já o. Para já oimportante é que consigas resumir o essencial do que o autor quis dizer. importante é que consigas resumir o essencial do que o autor quis dizer.

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Aula 2 – Introdução aos argumentos por Aula 2 – Introdução aos argumentos por analogiaanalogia

AnalogiaAnalogia – usar uma analogia num argumento é argumentar que se umas coisas – usar uma analogia num argumento é argumentar que se umas coisas sãosão

parecidas em alguns aspectos, são provavelmente parecidas noutros. parecidas em alguns aspectos, são provavelmente parecidas noutros.

A maior parte das pessoas que estuda filosofia acha importante que cada um de nós examine estas A maior parte das pessoas que estuda filosofia acha importante que cada um de nós examine estas questões. Algumas até defendem que não vale a pena viver a vida sem a examinar. questões. Algumas até defendem que não vale a pena viver a vida sem a examinar. Persistir numa Persistir numa existência rotineira sem jamais examinar os princípios na qual esta se baseia pode ser como conduzir existência rotineira sem jamais examinar os princípios na qual esta se baseia pode ser como conduzir um automóvel que nunca foi à revisãoum automóvel que nunca foi à revisão. Podemos justificadamente confiar nos travões, na direcção e no . Podemos justificadamente confiar nos travões, na direcção e no motor, uma vez que sempre funcionaram suficien temente bem até agora; mas esta confiança pode ser motor, uma vez que sempre funcionaram suficien temente bem até agora; mas esta confiança pode ser completamente injustificada: os travões podem ter uma deficiência e falharem precisamente quando completamente injustificada: os travões podem ter uma deficiência e falharem precisamente quando mais precisarmos deles. Analogamente, os princípios nos quais a nossa vida se baseia podem ser mais precisarmos deles. Analogamente, os princípios nos quais a nossa vida se baseia podem ser inteiramente sólidos; mas, até os termos examinado, não podemos ter a certteza disso.inteiramente sólidos; mas, até os termos examinado, não podemos ter a certteza disso.

.. in Nigel Warburton, “Elementos Básicos de in Nigel Warburton, “Elementos Básicos de Filosofia”Filosofia”

PerguntaPergunta - O autor deste argumento recorre a uma analogia, usando-a como - O autor deste argumento recorre a uma analogia, usando-a como uma razãouma razão

adicional para dar força ao seu argumento. Encontra-a. Parece-te uma boa adicional para dar força ao seu argumento. Encontra-a. Parece-te uma boa analogia?analogia?

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Argumentos por analogiaArgumentos por analogia

Argumentar por analogia é tentar convencer alguém que uma situação (que o autor Argumentar por analogia é tentar convencer alguém que uma situação (que o autor quer quer queque

aceitemosaceitemos) é suficientemente parecida com outra (que o autor ) é suficientemente parecida com outra (que o autor parte do princípio que parte do princípio que aceitamosaceitamos). ).

A questão está em saber A questão está em saber se as duas situações comparadas são de facto semelhantesse as duas situações comparadas são de facto semelhantes: a : a isto chama-isto chama-

-se -se avaliar a analogia.avaliar a analogia.

ExemploExemploAlguns ditos “especialistas” em crianças aconselham os pais a darem o máximo deAlguns ditos “especialistas” em crianças aconselham os pais a darem o máximo deliberdade possível às crianças de modo a que estas explorem à vontade o ambiente queliberdade possível às crianças de modo a que estas explorem à vontade o ambiente queas rodeia. Defendem que as crianças são naturalmente curiosas acerca do mundo e,as rodeia. Defendem que as crianças são naturalmente curiosas acerca do mundo e,como tal, não devem ser impedidas de o explorar à vontade, mesmo que isto seja inconveniente para os como tal, não devem ser impedidas de o explorar à vontade, mesmo que isto seja inconveniente para os

pais. pais. Mas pensemos por um momento no que seria se dessemos aos animais – que também são naturalmente Mas pensemos por um momento no que seria se dessemos aos animais – que também são naturalmente

curiosos – acuriosos – aliberdade para explorarem os seus ambientes semliberdade para explorarem os seus ambientes semqualquer controlo. Isso seria o Caos total. Como tal, não devemos dar ouvidos a esses ditos qualquer controlo. Isso seria o Caos total. Como tal, não devemos dar ouvidos a esses ditos

“especialistas”.“especialistas”.

PerguntasPerguntas1 - A que conclusão chega o autor deste texto?1 - A que conclusão chega o autor deste texto?2 - Que analogia utiliza para defender essa sua conclusão?2 - Que analogia utiliza para defender essa sua conclusão?3 - Avalia criticamente a anterior analogia das crianças e dos animais: parece-te 3 - Avalia criticamente a anterior analogia das crianças e dos animais: parece-te

uma boa analogia? Porquê? uma boa analogia? Porquê?

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Aula 4 a 7 – FaláciasAula 4 a 7 – Falácias

Avaliação de Argumentos – Introdução às FaláciasAvaliação de Argumentos – Introdução às Falácias

Ao avaliares um argumento tens de fazer duas perguntas:Ao avaliares um argumento tens de fazer duas perguntas:

a) as a) as razões razões apresentadas no argumento são verdadeiras?apresentadas no argumento são verdadeiras?

ee

b) das razões apresentadas podemos chegar à b) das razões apresentadas podemos chegar à conclusão conclusão do do argumento? argumento?

ImportanteImportante: Para um argumento ser bom a resposta a essas : Para um argumento ser bom a resposta a essas duas perguntas tem de ser duas perguntas tem de ser simsim!!

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FaláciasFalácias

É claro que a) é extremamente importante para descobrirmos se um argumento É claro que a) é extremamente importante para descobrirmos se um argumento é bomé bom

ou mau. Se as razões forem más o argumento também será mau. Mas por vezesou mau. Se as razões forem más o argumento também será mau. Mas por vezesacontece que as acontece que as RazõesRazões apresentadas são boas e verdadeiras (ou pelo menos apresentadas são boas e verdadeiras (ou pelo menosplausíveis) e, mesmo assim, a plausíveis) e, mesmo assim, a ConclusãoConclusão a que o autor chega não é verdadeira. a que o autor chega não é verdadeira.Quando isto acontece o autor pode estar a usar um “truque” de raciocínio que Quando isto acontece o autor pode estar a usar um “truque” de raciocínio que

tem otem onome de nome de FaláciaFalácia..

Nas próximas aulas vamos estudar algumas falácias muito comuns.Nas próximas aulas vamos estudar algumas falácias muito comuns.

Importante: Importante: Uma falácia é um mau argumento que parece um bom argumento. Uma falácia é um mau argumento que parece um bom argumento. UmUm

argumento que use uma argumento que use uma falsafalsa analogiaanalogia, por exemplo, é uma falácia., por exemplo, é uma falácia.

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FaláciasFalácias ExercíciosExercícios

1) 1) Quem faz musculação regularmente tem os músculos bem desenvolvidos.Quem faz musculação regularmente tem os músculos bem desenvolvidos.O meu amigo Miguel é todo carne e osso, não tem músculos, por isso quando O meu amigo Miguel é todo carne e osso, não tem músculos, por isso quando

ele diz que fazele diz que fazmusculação quase todos os dias há mais de 3 anos só pode estar a mentir. musculação quase todos os dias há mais de 3 anos só pode estar a mentir.

a) Quais são as razões e a conclusão deste argumento? a) Quais são as razões e a conclusão deste argumento? b) Vamos b) Vamos partir do princípiopartir do princípio que as razões são verdadeirasque as razões são verdadeiras. A Conclusão . A Conclusão

também é verdadeira?também é verdadeira?

2) 2) Quem faz musculação regularmente tem os músculos bem desenvolvidos.Quem faz musculação regularmente tem os músculos bem desenvolvidos.Assim, se o Miguel tem músculos bem desenvolvidos é porque faz Assim, se o Miguel tem músculos bem desenvolvidos é porque faz

regularmente musculação.regularmente musculação.

a) Encontra as razões e a conclusão deste argumento.a) Encontra as razões e a conclusão deste argumento.b) Mais uma vez b) Mais uma vez imagina que as razões são verdadeirasimagina que as razões são verdadeiras. Parece-te que as . Parece-te que as

razões apoiam a conclusão? Porquê?razões apoiam a conclusão? Porquê?

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FaláciasFalácias

Com estas aulas, mais que ensinar aos alunos os nomes Com estas aulas, mais que ensinar aos alunos os nomes das falácias tentou-se que por eles próprios percebessem o das falácias tentou-se que por eles próprios percebessem o que é que estava mal com o argumento (por que era uma que é que estava mal com o argumento (por que era uma falácia) e, só depois, lhes era dada uma explicação falácia) e, só depois, lhes era dada uma explicação completa com o nome da falácia em questão assim como a completa com o nome da falácia em questão assim como a forma de lidar com um argumento falacioso (encontrar forma de lidar com um argumento falacioso (encontrar soluções/razões alternativas; denunciar o que falha no soluções/razões alternativas; denunciar o que falha no argumento.)argumento.)

NotaNota - Os alunos mais novos mostraram particular - Os alunos mais novos mostraram particular interesse com os nomes “esquisitos” das falácias.interesse com os nomes “esquisitos” das falácias.

Outras falácias utilizadas em exercícios:Outras falácias utilizadas em exercícios:

Boneco de PalhaBoneco de PalhaDerrapagemDerrapagemPost HocPost HocAd hominemAd hominemFalso dilemaFalso dilemaCondições necessárias e suficientesCondições necessárias e suficientes

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FaláciasFalácias

ExercícioExercício

a) Analisa os seguintes argumentos, indicando as suas a) Analisa os seguintes argumentos, indicando as suas conclusõesconclusões e e razõesrazões. .

b) Avalia os argumentos identificando as b) Avalia os argumentos identificando as faláciasfalácias que julgas que cometem. que julgas que cometem.

1 - A maior parte das pessoas poderia ser um génio musical se trabalhassem 1 - A maior parte das pessoas poderia ser um génio musical se trabalhassem bastante para isso. Um psicólogo estudou a vida de 70 compositores e bastante para isso. Um psicólogo estudou a vida de 70 compositores e concluiu que a maioria deles tinha estudado arduamente durante pelo concluiu que a maioria deles tinha estudado arduamente durante pelo menos dez anos, antes de se tornarem compositores de génio. Mozart, por menos dez anos, antes de se tornarem compositores de génio. Mozart, por exemplo, foi obrigado pelo seu pai a estudar horas a fio obras de música e exemplo, foi obrigado pelo seu pai a estudar horas a fio obras de música e técnicas de composição antes de compor a sua primeira obra de génio aos técnicas de composição antes de compor a sua primeira obra de génio aos 12 anos.12 anos.

Resposta b)Resposta b) – O esforço é – O esforço é condição necessáriacondição necessária, mas não é , mas não é condição condição suficientesuficiente para se ser um para se ser um

génio musical.génio musical.

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Aula 8 – Ponto da situação; Os passos Aula 8 – Ponto da situação; Os passos necessários necessários para avaliar um argumento para avaliar um argumento

1) Ponto da situação1) Ponto da situaçãoMódulo I – Módulo I – Neste módulo aprendeste a Neste módulo aprendeste a identificaridentificar argumentos, a encontrar as suas argumentos, a encontrar as suas razõesrazões e e conclusõesconclusões, a perceber as diferentes formas como as razões e as , a perceber as diferentes formas como as razões e as conclusões se conclusões se relacionamrelacionam num argumento, a identificar num argumento, a identificar pressupostospressupostos e a e a desenhar a estrutura dos argumentos em desenhar a estrutura dos argumentos em mapasmapas dede argumentosargumentos..Aquilo que aprendeste neste primeiro módulo Aquilo que aprendeste neste primeiro módulo é essencialé essencial para o Pensamento para o Pensamento Crítico, uma vez que para avaliarmos correctamente um argumento, primeiro temos Crítico, uma vez que para avaliarmos correctamente um argumento, primeiro temos de perceber muito bem como é que “funciona” esse argumento. Só depois é que de perceber muito bem como é que “funciona” esse argumento. Só depois é que podemos ver o que está errado (ou certo) nele.podemos ver o que está errado (ou certo) nele.

Exercício - Exercício - Discussão sobre o que se aprendeu no Discussão sobre o que se aprendeu no Módulo IMódulo I

Módulo II - Módulo II - Na primeira aula do Módulo II aprendeste a técnica correcta para Na primeira aula do Módulo II aprendeste a técnica correcta para resumir argumentos. Vimos que antes de avaliarmos um argumento longo é resumir argumentos. Vimos que antes de avaliarmos um argumento longo é importante resumi-lo por palavras nossas, pondo em destaque o que vai ser importante resumi-lo por palavras nossas, pondo em destaque o que vai ser avaliado: as razões e a conclusão.avaliado: as razões e a conclusão.Nas aulas seguintes começamos a avaliar argumentos. Avaliamos argumentos por Nas aulas seguintes começamos a avaliar argumentos. Avaliamos argumentos por analogia e avaliamos a forma como das razões passamos para as conclusões, e analogia e avaliamos a forma como das razões passamos para as conclusões, e vimos que algumas vezes essas passagens, ou seja esses raciocínios, estão errados. vimos que algumas vezes essas passagens, ou seja esses raciocínios, estão errados. A esses raciocínios errados dá-se o nome de falácias. Identificamos e avaliamos A esses raciocínios errados dá-se o nome de falácias. Identificamos e avaliamos algumas falácias, percebemos porque é que são falácias e tentamos corrigir algumas algumas falácias, percebemos porque é que são falácias e tentamos corrigir algumas dessas falácias encontrando razões, explicações e conclusões alternativas.dessas falácias encontrando razões, explicações e conclusões alternativas.

ExercícioExercício - Lembra-te de algumas falácias. ex: Falácia - Lembra-te de algumas falácias. ex: Falácia PostPost hoc...hoc...

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2) Os passos necessários para avaliar um 2) Os passos necessários para avaliar um argumentoargumento

1) 1) AnáliseAnálise - encontrar a estrutura do argumento e, se - encontrar a estrutura do argumento e, se necessário, necessário, resumirresumir por palavras nossas esse argumento. por palavras nossas esse argumento.

2) 2) Avaliação – Avaliação – avaliação do argumento; para avaliar avaliação do argumento; para avaliar correctamente um argumento é preciso:correctamente um argumento é preciso:

a) a) avaliar cada uma das razõesavaliar cada uma das razões do argumento; do argumento;

b) b) avaliar o raciocínioavaliar o raciocínio e procurar falácias por trás do e procurar falácias por trás do argumento; serargumento; ser imaginativo e procurar alternativas tanto às imaginativo e procurar alternativas tanto às razões como à conclusão; razões como à conclusão;

c) c) avaliação finalavaliação final. Só no fim de todo este processo estarás . Só no fim de todo este processo estarás preparado para preparado para

fazer a tua avaliação do argumento. É aqui que decides se aceitas fazer a tua avaliação do argumento. É aqui que decides se aceitas ou não a ou não a sua conclusão. sua conclusão.

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2) Os passos necessários para avaliar um 2) Os passos necessários para avaliar um argumento argumento

ExercíciosExercícios

A maior parte dos pais, se pudesse escolher, preferia ter filhos A maior parte dos pais, se pudesse escolher, preferia ter filhos rapazes. Assim, se devido aos avanços da medicina os pais puderem rapazes. Assim, se devido aos avanços da medicina os pais puderem escolher o sexo dos seus filhos é provável que comecem a nascer escolher o sexo dos seus filhos é provável que comecem a nascer mais meninos que meninas. Isto pode trazer problemas sociais muito mais meninos que meninas. Isto pode trazer problemas sociais muito sérios, como tal devemos proibir o uso de técnicas que permitam sérios, como tal devemos proibir o uso de técnicas que permitam que as pessoas escolham o sexo dos seus filhos.que as pessoas escolham o sexo dos seus filhos.

1 ) Análise do argumento1 ) Análise do argumento – Começa por encontrar as razões e conclusões. – Começa por encontrar as razões e conclusões. Depois desenha o mapa do argumento.Depois desenha o mapa do argumento.

2) Avaliação do argumento2) Avaliação do argumentoa) a) Avaliação de Avaliação de cada uma das razõescada uma das razões do argumento do argumentob) Avaliação do raciocíniob) Avaliação do raciocínio – Encontras alguma falácia neste argumento? – Encontras alguma falácia neste argumento?

Imaginas Imaginas alternativas ao argumento apresentado?alternativas ao argumento apresentado?c) Avaliação final –c) Avaliação final –Faz uma breve avaliação final deste argumento.Faz uma breve avaliação final deste argumento.

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1) Análise1) Análise dodo argumentoargumento

R1R1 [ [A maior parte dos pais, se pudesse escolher, preferia ter filhos rapazes.A maior parte dos pais, se pudesse escolher, preferia ter filhos rapazes.]]

Assim, Assim,

ConclusãoConclusão IntermédiaIntermédia [[se devido aos avanços da medicina os pais puderem se devido aos avanços da medicina os pais puderem escolher o sexo dos seus filhos é provável que comecem a nascer mais meninos que escolher o sexo dos seus filhos é provável que comecem a nascer mais meninos que meninas.meninas.]]

R2 R2 [[Isto pode trazer problemas sociais muito sérios.Isto pode trazer problemas sociais muito sérios.]]

como talcomo tal

Conclusão Conclusão [[devemos proibir o uso de técnicas que permitam que as pessoas devemos proibir o uso de técnicas que permitam que as pessoas escolham o sexo dos seus filhos.escolham o sexo dos seus filhos.]]

Mapa do ArgumentoMapa do Argumento

R1R1

CI + R2 CI + R2

CC

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2) Avaliação do argumento2) Avaliação do argumento

[Começamos por avaliar a [Começamos por avaliar a R1R1 e a sua passagem para a e a sua passagem para a CICI]]a) a) Para avaliarmos este argumento temos de começar por perguntar se Para avaliarmos este argumento temos de começar por perguntar se R1R1 é verdade, isto é, se a maior parte dos pais, se é verdade, isto é, se a maior parte dos pais, se pudesse escolher, preferia ter filhos rapazes.pudesse escolher, preferia ter filhos rapazes.

Talvez esta afirmação seja verdadeira em alguns países como na China ou na Índia, mas será verdadeira em Portugal e nos Talvez esta afirmação seja verdadeira em alguns países como na China ou na Índia, mas será verdadeira em Portugal e nos países ocidentais?países ocidentais?

Para sabermos se esta afirmação é realmente verdadeira o ideial seria se pudéssemos verificar se existem estudos ou Para sabermos se esta afirmação é realmente verdadeira o ideial seria se pudéssemos verificar se existem estudos ou estatísticas sobre este assunto. Se existirem esses estudos devemos, depois, procurar saber se são fiáveis, isto é se foram estatísticas sobre este assunto. Se existirem esses estudos devemos, depois, procurar saber se são fiáveis, isto é se foram realizados por pessoas realizados por pessoas competentescompetentes e e imparciaisimparciais..

Assim, Assim, R1 R1 à primeira vista parece serà primeira vista parece ser plausível, mas não é completamente segura.plausível, mas não é completamente segura.

b)b) O próximo passo é perguntar se há algum erro de raciocínio (falácia) na passagem de O próximo passo é perguntar se há algum erro de raciocínio (falácia) na passagem de R1R1 para a para a ConclusãoConclusão IntermédiaIntermédia. .

Neste caso parece que, se R1 for verdade, ou seja, se for verdade que a maior parte dos pais, se pudesse escolher, Neste caso parece que, se R1 for verdade, ou seja, se for verdade que a maior parte dos pais, se pudesse escolher, escolheria ter filhos rapazes, então é bem provável que, se isso acontecer, comecem a nascer mais meninos que meninas.escolheria ter filhos rapazes, então é bem provável que, se isso acontecer, comecem a nascer mais meninos que meninas.

Assim, a Assim, a CI CI parece segura, desde que a parece segura, desde que a R1 R1 sejaseja verdadeiraverdadeira..

[A seguir avaliamos a [A seguir avaliamos a R2R2 e a passagem da e a passagem da CI + R2 CI + R2 para a para a ConclusãoConclusão]]

a) a) Depois temos de avaliar Depois temos de avaliar R2R2 e perguntar se o facto de nascerem mais rapazes que raparigas traz consigo problemas e perguntar se o facto de nascerem mais rapazes que raparigas traz consigo problemas sociais sérios. sociais sérios.

Mais uma vez, não é seguro que isso seja verdade. Talvez dependa de quantos mais rapazes nasceriam que raparigas. Se Mais uma vez, não é seguro que isso seja verdade. Talvez dependa de quantos mais rapazes nasceriam que raparigas. Se nascessem poucos mais rapazes que raparigas, isso talvez não criasse assim tantos problemas sociais no futuro. E talvez a nascessem poucos mais rapazes que raparigas, isso talvez não criasse assim tantos problemas sociais no futuro. E talvez a sociedade encontrasse formas de lidar com a situação. sociedade encontrasse formas de lidar com a situação. Consegues imaginar alguma?Consegues imaginar alguma?

b) b) O passo seguinte, já sabes, é outra vez perguntar se da O passo seguinte, já sabes, é outra vez perguntar se da ConclusãoConclusão IntermédiaIntermédia e da e da Razão 2Razão 2 podemos chegar à podemos chegar à ConclusãoConclusão, que diz que devemos proibir as técnicas que permitam aos pais escolher o sexo dos seus filhos., que diz que devemos proibir as técnicas que permitam aos pais escolher o sexo dos seus filhos.

A questão aqui é saber até que ponto a A questão aqui é saber até que ponto a CI CI e a e a R2 R2 são verdadeiras. Se achares que ambas têm bastante probabilidade de são verdadeiras. Se achares que ambas têm bastante probabilidade de serem verdadeiras, então nesse caso tens boas razões para aceitar a serem verdadeiras, então nesse caso tens boas razões para aceitar a conclusão conclusão do argumento. Se, pelo contrário, achas do argumento. Se, pelo contrário, achas que podem não ser verdadeiras, então não tens de aceitar a que podem não ser verdadeiras, então não tens de aceitar a conclusãoconclusão..

Neste ponto convém que sejas imaginativo e procures alternativas tanto às razões como à conclusão do argumento. Essas Neste ponto convém que sejas imaginativo e procures alternativas tanto às razões como à conclusão do argumento. Essas alternativas tanto podem fortalecer ou enfraquecer o argumento, dando-te assim mais razões para aceitares ou rejeitares a alternativas tanto podem fortalecer ou enfraquecer o argumento, dando-te assim mais razões para aceitares ou rejeitares a conclusão.conclusão.

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2) Avaliação do argumento (cont.)2) Avaliação do argumento (cont.)

Razões alternativas que enfraqueçam e fortaleçam a Razões alternativas que enfraqueçam e fortaleçam a conclusãoconclusãoOutro passo a dar, antes de fazeres a tua avaliação final é perguntar Outro passo a dar, antes de fazeres a tua avaliação final é perguntar se não existem outras razões que se não existem outras razões que enfraqueçamenfraqueçam aa conclusãoconclusão..1) Encontra razões que 1) Encontra razões que enfraqueçam a conclusãoenfraqueçam a conclusão do argumento. do argumento. Por outro lado, se ainda não está convencido da conclusão, pode Por outro lado, se ainda não está convencido da conclusão, pode procurar razões que procurar razões que fortaleçam a conclusão fortaleçam a conclusão

2) Encontra razões que 2) Encontra razões que fortaleçam a conclusãofortaleçam a conclusão do argumento. do argumento.

Avaliação final –Avaliação final – Tendo em conta tudo o que pensaste até agora Tendo em conta tudo o que pensaste até agora acerca deste argumento, acerca deste argumento, volta a fazer uma avaliação finalvolta a fazer uma avaliação final. . Concordas com a conclusão? Quais os seus pontos fracos e quais os Concordas com a conclusão? Quais os seus pontos fracos e quais os seus pontos fortes?seus pontos fortes?

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Aula 9 a 11: Avaliação das razões: 5 perguntasAula 9 a 11: Avaliação das razões: 5 perguntas

SumárioSumário

Na aula anterior vimos que depois de identificarmos a estrutura de Na aula anterior vimos que depois de identificarmos a estrutura de um argumento é chegada a altura de o avaliar. Para isso temos de um argumento é chegada a altura de o avaliar. Para isso temos de fazer duas coisas: fazer duas coisas:

a) a) avaliar o raciocínio avaliar o raciocínio procurando possíveis falácias e alternativas procurando possíveis falácias e alternativas às razões e conclusões apresentadas; às razões e conclusões apresentadas;

b) b) avaliar cada uma das razõesavaliar cada uma das razões do argumento do argumento

Hoje vamos aprofundar b). Vais aprender algumas perguntas que Hoje vamos aprofundar b). Vais aprender algumas perguntas que tens de fazer para saber tens de fazer para saber se uma razão é uma boa razãose uma razão é uma boa razão..

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Avaliação de razões: 5 perguntas Avaliação de razões: 5 perguntas

1 – Que 1 – Que grau de certezagrau de certeza tem o autor do argumento nas tem o autor do argumento nas razões que razões que

apresenta?apresenta?

2 – Em que 2 – Em que contextocontexto é que as razões são apresentadas? é que as razões são apresentadas?

3 – É necessária a 3 – É necessária a opiniãoopinião dede umum peritoperito??

4 – Essa razão é 4 – Essa razão é aceite por muita genteaceite por muita gente ou é duvidosa? ou é duvidosa?

5 – A razão provém de uma 5 – A razão provém de uma fonte credívelfonte credível??

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Avaliação de razões: exercíciosAvaliação de razões: exercícios

Exercício 1Exercício 1

Uma grande empresa norueguesa chamada Norsk Hydro quer aumentar o Uma grande empresa norueguesa chamada Norsk Hydro quer aumentar o número de peixes nos oceanos recorrendo a fertilizantes para plantas que número de peixes nos oceanos recorrendo a fertilizantes para plantas que seriam espalhados nas águas. Essa empresa, que é o maior produtor do seriam espalhados nas águas. Essa empresa, que é o maior produtor do mundo de fertilizantes, acredita que dessa forma se iria aumentar o número mundo de fertilizantes, acredita que dessa forma se iria aumentar o número de algas marinhas, o que por sua vez iria aumentar o número de peixes que de algas marinhas, o que por sua vez iria aumentar o número de peixes que se alimentam dessas algas. se alimentam dessas algas. Alguns cientistas marinhos da Suécia e do Canadá analisaram este plano a Alguns cientistas marinhos da Suécia e do Canadá analisaram este plano a pedido do Instituto Norueguês de Protecção da Natureza e concluíram que tal pedido do Instituto Norueguês de Protecção da Natureza e concluíram que tal não iria resultar. Dizem que o plano ignora alguns princípios básicos da não iria resultar. Dizem que o plano ignora alguns princípios básicos da ecologia marinha e dos hábitos dos peixes e poderia, inclusive, causar ecologia marinha e dos hábitos dos peixes e poderia, inclusive, causar prejuízos ecológicos muito graves.prejuízos ecológicos muito graves.

(artigo retirado da importante revista científica New (artigo retirado da importante revista científica New Scientist)Scientist)

Seguindo os cinco passos que aprendeste, avalia, por palavras tuas, a Seguindo os cinco passos que aprendeste, avalia, por palavras tuas, a plausibilidade das razões aqui apresentadas contra o plano da plausibilidade das razões aqui apresentadas contra o plano da NorskNorsk HydroHydro. .

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Avaliação de razões: exercíciosAvaliação de razões: exercícios

Exercício 2Exercício 2

Estás a ler um artigo numa revista dedicada a fenómenos paranormais que Estás a ler um artigo numa revista dedicada a fenómenos paranormais que publica sobretudo reportagens sobre raptos de extraterrestres, pessoas que publica sobretudo reportagens sobre raptos de extraterrestres, pessoas que viajaram para o passado, OVNIS, estátuas de santos que choram, pessoas que viajaram para o passado, OVNIS, estátuas de santos que choram, pessoas que foram Napoleão Bonaparte, milagres de todos os feitios, etc.foram Napoleão Bonaparte, milagres de todos os feitios, etc.O artigo que estás a ler afirma que existem seres humanos que vivem numa O artigo que estás a ler afirma que existem seres humanos que vivem numa zona remota de África que têm vários “cornos” a sair das suas costas, cada zona remota de África que têm vários “cornos” a sair das suas costas, cada um com cerca de 20 cm, à semelhança dos dinossauros há milhões de anos um com cerca de 20 cm, à semelhança dos dinossauros há milhões de anos atrás. atrás. No artigo não é dito onde é que vivem essas pessoas pois, segundo o autor, No artigo não é dito onde é que vivem essas pessoas pois, segundo o autor, “a revista quer protegê-las do mundo civilizado”. “a revista quer protegê-las do mundo civilizado”.

PerguntasPerguntasa) Que credibilidade é que deves atribuir a este artigo e porquê? Que a) Que credibilidade é que deves atribuir a este artigo e porquê? Que perguntas achas que devem ser feitas neste caso? perguntas achas que devem ser feitas neste caso?

b) Imagina que esse artigo tem fotografias dessas pessoas com “cornos” a b) Imagina que esse artigo tem fotografias dessas pessoas com “cornos” a sair-lhes das costas. De que forma é que isto afecta a credibilidade do artigo? sair-lhes das costas. De que forma é que isto afecta a credibilidade do artigo? Porquê?Porquê?

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Aula 11 – Avaliação das Razões: a credibilidade Aula 11 – Avaliação das Razões: a credibilidade das das

fontes fontes

Na aula anterior vimos que ao avaliar as razões de um argumento temos de fazer as Na aula anterior vimos que ao avaliar as razões de um argumento temos de fazer as seguintes perguntas:seguintes perguntas:1 – Qual o seu 1 – Qual o seu grau de certezagrau de certeza;;2 – Qual o 2 – Qual o contextocontexto em que é apresentada; em que é apresentada;3 – Se é necessário 3 – Se é necessário ouvir umouvir um peritoperito;;4 – Se é 4 – Se é normalmentenormalmente aceiteaceite por muita gente; por muita gente;5 – Se a sua 5 – Se a sua fontefonte é credívelé credível..

Relembrar : Relembrar : Volta a ler os exercícios da aula anterior para te lembrares como essa Volta a ler os exercícios da aula anterior para te lembrares como essa avaliação é feita.avaliação é feita.

A credibilidade das fontesA credibilidade das fontesHoje vamos concentrar-nos no Hoje vamos concentrar-nos no ponto 5ponto 5. Vamos abordar algumas formas . Vamos abordar algumas formas de saber se a fonte da razão, ou das razões, em que o argumento se de saber se a fonte da razão, ou das razões, em que o argumento se baseia é ou não credível. baseia é ou não credível.

Uma vez que muito daquilo em que acreditamos baseia-se no que outras Uma vez que muito daquilo em que acreditamos baseia-se no que outras pessoas nos dizempessoas nos dizem (pessoalmente, nos livros, nos jornais, telejornais, etc.) (pessoalmente, nos livros, nos jornais, telejornais, etc.) é muito importante que é muito importante que pensemospensemos criticamentecriticamente sobre o que essas fontes sobre o que essas fontes nos dizem. Temos de saber se devemos ou não acreditar nelas. Se nos dizem. Temos de saber se devemos ou não acreditar nelas. Se podemos confiar totalmente ou se temos de pôr algumas dúvidas ao que podemos confiar totalmente ou se temos de pôr algumas dúvidas ao que nos dizem.nos dizem.

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Avaliar a credibilidade das fontesAvaliar a credibilidade das fontes

► Ao avaliarmos a Ao avaliarmos a credibilidadecredibilidade dede umauma pessoapessoa ouou fontefonte temos temos de procurar saber:de procurar saber:

1) a sua 1) a sua reputaçãoreputação (compara a (compara a credibilidadecredibilidade de um jornal de referência como o de um jornal de referência como o PúblicoPúblico ou o ou o JornalJornal dede NotíciasNotícias com um jornal sensacionalista como com um jornal sensacionalista como oTaloTal & & QualQual) )

2) se as fontes em questão têm algum 2) se as fontes em questão têm algum interesseinteresse no caso ( no caso (alguém acusado de um alguém acusado de um crimecrime de guerra que nega qualquer responsabilidade; uma testemunha de um de guerra que nega qualquer responsabilidade; uma testemunha de um acidente que acidente que não conhece nenhum dos envolvidosnão conhece nenhum dos envolvidos).).

3) se essa fonte tem 3) se essa fonte tem experiênciaexperiência e e conhecimentosconhecimentos seguros acerca daquilo que seguros acerca daquilo que está a falar (um está a falar (um prémio Nobel da literaturaprémio Nobel da literatura pode saber muito do seu ofício, mas pode saber muito do seu ofício, mas saberá assim tanto de saberá assim tanto de economiaeconomia a ponto de acreditarmos em tudo o que ele diz a ponto de acreditarmos em tudo o que ele diz acerca desse tema? No caso de um acidente, a acerca desse tema? No caso de um acidente, a testemunha viu bemtestemunha viu bem tudo o que se tudo o que se passou? Não estaria passou? Não estaria demasiado longedemasiado longe para ter a certeza? Estava sob para ter a certeza? Estava sob efeito de álcool efeito de álcool ou drogasou drogas?) ?)

4) o que ela afirma 4) o que ela afirma minimamente é aceitávelminimamente é aceitável? (o que pensar de alguém que nos ? (o que pensar de alguém que nos diz que viu um anjo a descer dos céus?)diz que viu um anjo a descer dos céus?)

5) a nossa fonte é capaz de 5) a nossa fonte é capaz de apresentar boas razõesapresentar boas razões para aquilo que diz? (como para aquilo que diz? (como quando alguém afirma que é capaz de provar que existe vida noutros planetas.)quando alguém afirma que é capaz de provar que existe vida noutros planetas.)

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Avaliar a credibilidade das fontes: Avaliar a credibilidade das fontes: exercíciosexercícios

Exercício 1 Exercício 1

Imagina que és juiz num tribunal que está a julgar o António, que Imagina que és juiz num tribunal que está a julgar o António, que teve um acidente de carro. O António é acusado de conduzir ao teve um acidente de carro. O António é acusado de conduzir ao dobro da velocidade máxima permitida na cidade e com três dobro da velocidade máxima permitida na cidade e com três vezes o limite de álcool no sangue. António nega todas as vezes o limite de álcool no sangue. António nega todas as acusações contra ele, mas o médico que o assistiu no local do acusações contra ele, mas o médico que o assistiu no local do acidente diz ao tribunal que o António cheirava muito a vinho e acidente diz ao tribunal que o António cheirava muito a vinho e que os testes que lhe fez mostraram que tinha três vezes mais que os testes que lhe fez mostraram que tinha três vezes mais álcool no sangue que o permitido por lei.álcool no sangue que o permitido por lei.

PerguntaPergunta

Tendo em conta o que aprendeste até agora, quem é que te Tendo em conta o que aprendeste até agora, quem é que te parece mais credível neste caso e porquê?parece mais credível neste caso e porquê?

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Avaliar a credibilidade das fontes: Avaliar a credibilidade das fontes: exercíciosexercícios

Exercício 2Exercício 2

Agora Agora imaginaimagina que és guarda no Parque da Cidade e chamam-te para resolveres uma que és guarda no Parque da Cidade e chamam-te para resolveres uma disputa acerca de uma luta entre dois cães. A luta aconteceu no parque há cerca de 15 disputa acerca de uma luta entre dois cães. A luta aconteceu no parque há cerca de 15 minutos. Usando a informação que a seguir te dou escreve um relatório que indique minutos. Usando a informação que a seguir te dou escreve um relatório que indique qual o cão (e logo, qual o dono) que deve ser responsabilizado.qual o cão (e logo, qual o dono) que deve ser responsabilizado.Na tua resposta deves dizer de forma clara o que é que pensas acerca do que cada um Na tua resposta deves dizer de forma clara o que é que pensas acerca do que cada um dos participantes viu, os motivos que podem ter para dizerem aquilo que dizem, que dos participantes viu, os motivos que podem ter para dizerem aquilo que dizem, que experiência e conhecimentos possam ter e todos os outros factores que te lembraresexperiência e conhecimentos possam ter e todos os outros factores que te lembrares . . A dona do primeiro cão,A dona do primeiro cão, MariaMaria, afirma que o segundo cão atacou o seu “de forma , afirma que o segundo cão atacou o seu “de forma feroz e repentina”. feroz e repentina”. Pedro, o dono do segundo cãoPedro, o dono do segundo cão, nega essa acusação apontando , nega essa acusação apontando para as feridas que o seu cão tem e dizendo que são a prova de que foi o cão de Maria para as feridas que o seu cão tem e dizendo que são a prova de que foi o cão de Maria que atacou o seu. (Podes verificar que o cão do Pedro está de facto mais ferido que o que atacou o seu. (Podes verificar que o cão do Pedro está de facto mais ferido que o da Maria).da Maria).O dono de um terceiro cão (Tó Zé)O dono de um terceiro cão (Tó Zé) diz que, há uns quinze minutos atrás o seu cão diz que, há uns quinze minutos atrás o seu cão esteve envolvido numa luta com o cão do Pedro, e que essa luta foi iniciado pelo cão do esteve envolvido numa luta com o cão do Pedro, e que essa luta foi iniciado pelo cão do Pedro. Além disso Pedro. Além disso Tó Zé afirma que o cão da Maria dá-se sempre bem com o seu cão.Tó Zé afirma que o cão da Maria dá-se sempre bem com o seu cão.Um senhor que fazia jogging, o ArnaldoUm senhor que fazia jogging, o Arnaldo, diz-te que , diz-te que viu ao longeviu ao longe as duas lutas em as duas lutas em que o cão do Pedro se envolveu. Em ambas as lutas era o cão do Pedro que parecia que o cão do Pedro se envolveu. Em ambas as lutas era o cão do Pedro que parecia estar a correr atrás dos outros cães e era também o que fazia mais barulho.estar a correr atrás dos outros cães e era também o que fazia mais barulho.Outro dono de cão, XavierOutro dono de cão, Xavier, que acabara de chegar ao parque, diz-te que , que acabara de chegar ao parque, diz-te que já passeou já passeou várias vezes com Maria e o seu cãovárias vezes com Maria e o seu cão; acha impensável que tenha sido o cão da Maria a ; acha impensável que tenha sido o cão da Maria a atacar o outro cão. atacar o outro cão.

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Aula 12 - TesteAula 12 - Teste

CriançasCrianças

É mais que sabido que a educação é fundamental para o desenvolvimento das crianças, É mais que sabido que a educação é fundamental para o desenvolvimento das crianças, mas é importante que nos lembremos que grande parte do seu tempo é passado fora da mas é importante que nos lembremos que grande parte do seu tempo é passado fora da escola. Este tempo passado fora da escola poderia ser muito melhor aproveitado se se escola. Este tempo passado fora da escola poderia ser muito melhor aproveitado se se permitisse que as crianças vivessem mais e mais variadas experiências de rua.permitisse que as crianças vivessem mais e mais variadas experiências de rua.Infelizmente as crianças têm cada vez menos acesso a esse tipo de experiências porque Infelizmente as crianças têm cada vez menos acesso a esse tipo de experiências porque os seus pais querem protegê-las do mal que lhes pode acontecer, seja do trânsito, seja os seus pais querem protegê-las do mal que lhes pode acontecer, seja do trânsito, seja de estranhos. Por exemplo, a maior parte das crianças têm bicicleta, no entanto muito de estranhos. Por exemplo, a maior parte das crianças têm bicicleta, no entanto muito poucas as usam como meio de transporte, apesar de essa ser a forma ideal de manter poucas as usam como meio de transporte, apesar de essa ser a forma ideal de manter as crianças em boa forma física. Assim, daqui a vinte ou trinta anos o número de as crianças em boa forma física. Assim, daqui a vinte ou trinta anos o número de doentes cardíacos poderá aumentar muitíssimo devido ao facto de as crianças de hoje doentes cardíacos poderá aumentar muitíssimo devido ao facto de as crianças de hoje não terem tido hipótese de se exercitarem o suficiente nestes anos tão importantes ao não terem tido hipótese de se exercitarem o suficiente nestes anos tão importantes ao seu desenvolvimento.seu desenvolvimento.Nos anos 70, apenas 14 por cento das crianças ia de carro para a escola. Hoje em dia 64 Nos anos 70, apenas 14 por cento das crianças ia de carro para a escola. Hoje em dia 64 por cento das crianças vão com os pais de carro para a escola. Este enorme aumento por cento das crianças vão com os pais de carro para a escola. Este enorme aumento percentual representa milhares de crianças isoladas, enfiadas dentro de carros. Tal percentual representa milhares de crianças isoladas, enfiadas dentro de carros. Tal isolamento pode conduzir a vários problemas comportamentais.isolamento pode conduzir a vários problemas comportamentais.O número de crimes cometidos contra crianças é, na verdade, muito baixo. Se os pais O número de crimes cometidos contra crianças é, na verdade, muito baixo. Se os pais tomassem consciência disto perceberiam como é mau negar aos seus filhos a tomassem consciência disto perceberiam como é mau negar aos seus filhos a oportunidade de correrem riscos, fazerem erros e sofrerem as consequências das suas oportunidade de correrem riscos, fazerem erros e sofrerem as consequências das suas próprias acções.próprias acções.As crianças sempre puderam brincar nas ruas; as crianças sempre foram habituadas a ir As crianças sempre puderam brincar nas ruas; as crianças sempre foram habituadas a ir a pé ou de bicicleta para a escola ou para casa dos seus amigos. Os pais deviam deixá-a pé ou de bicicleta para a escola ou para casa dos seus amigos. Os pais deviam deixá-las voltar a fazer tudo isso. las voltar a fazer tudo isso.

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Aula 12 - TesteAula 12 - Teste

Analisa e avalia Analisa e avalia o argumento seguindo este 5 passos:o argumento seguindo este 5 passos:

1) 1) ResumeResume o argumento indicando apenas sua conclusão o argumento indicando apenas sua conclusão principal. principal.

2) Indica as 2) Indica as razõesrazões, , conclusõesconclusões intermédiasintermédias, assim como , assim como os os pressupostospressupostos deste argumento. deste argumento.

3) Desenha o 3) Desenha o mapamapa do argumento do argumento

4) 4) Avalia criticamenteAvalia criticamente cada uma das razões e pressupostos cada uma das razões e pressupostos do argumento, assim como eventuais falácias que tenhas do argumento, assim como eventuais falácias que tenhas encontrado.encontrado.

5) Faz uma 5) Faz uma avaliação finalavaliação final do argumento. Concordas com a do argumento. Concordas com a

sua conclusão? Porquê?sua conclusão? Porquê?

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Aula 12 – TesteAula 12 – Teste

Resolução do exercício por aluna do 9º anoResolução do exercício por aluna do 9º ano

1)1) ““O autor do argumento diz que deveriamos dar à crianças O autor do argumento diz que deveriamos dar à crianças mais liberdade para, por exemplo, andar na rua. Isso torná-mais liberdade para, por exemplo, andar na rua. Isso torná-las-ia mais saudáveis, sociáveis e apenas teria bons efeitos las-ia mais saudáveis, sociáveis e apenas teria bons efeitos nas suas vidas.”nas suas vidas.”

2) 2) Razão 1Razão 1 – “O seu tempo iria ser muito melhor aproveitado se pudessem brincar fora da escola.” – “O seu tempo iria ser muito melhor aproveitado se pudessem brincar fora da escola.”

Conclusão Intermédia 1Conclusão Intermédia 1 – “As crianças têm cada vez menos experiências na rua.” – “As crianças têm cada vez menos experiências na rua.”

Razão 2Razão 2 – “O facto de cada vez mais crianças irem de carro para a escola isola-as e conduz a – “O facto de cada vez mais crianças irem de carro para a escola isola-as e conduz a problemas comportamentais.” problemas comportamentais.”

[Pressuposto da Razão 2][Pressuposto da Razão 2] – “O autor está a pressupor que as crianças vivem perto da escola – “O autor está a pressupor que as crianças vivem perto da escola para poderem ir de bicicleta ou até que têm dinheiro para a comprar. Para além disso o para poderem ir de bicicleta ou até que têm dinheiro para a comprar. Para além disso o autor não sabe se elas têm idade suficiente para o fazer.” autor não sabe se elas têm idade suficiente para o fazer.”

Conclusão Intermédia 2Conclusão Intermédia 2 – “Se isso não acontecer dentro de 20 ou 30 anos o número de – “Se isso não acontecer dentro de 20 ou 30 anos o número de doentes doentes

cardíacos poderá aumentar.”cardíacos poderá aumentar.”

Razão 3Razão 3 – “O número de crimes contra crianças é reduzido.” – “O número de crimes contra crianças é reduzido.”

ConclusãoConclusão – “Os pais deveriam dar mais liberdade às crianças.” – “Os pais deveriam dar mais liberdade às crianças.”

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Exemplos de Mapas de ArgumentosExemplos de Mapas de Argumentos

Aluna do 9º anoAluna do 9º ano

CI 1CI 1 ↓↓

R1R1↓↓CI 2CI 2↓↓R2 + PressR2 + Press↓↓R3R3↓↓ConclusãoConclusão

Aluno do 8º anoAluno do 8º ano

R1 + R2 + R3R1 + R2 + R3 ↓ ↓ CI 1 + R4 + R5 + R6CI 1 + R4 + R5 + R6 ↓ ↓ CI 2 + R7CI 2 + R7

↓ ↓ ConclusãoConclusão

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5) Resultados5) Resultados

PositivosPositivos

De um modo geral foi notório que os alunos melhoraram as suas De um modo geral foi notório que os alunos melhoraram as suas capacidades para compreender argumentos. capacidades para compreender argumentos.

Todos os alunos do Curso demonstraram ser capazes de Todos os alunos do Curso demonstraram ser capazes de compreender a estrutura básica de um argumento. Identificando compreender a estrutura básica de um argumento. Identificando facilmente as razões e a conclusão principal dos argumentos facilmente as razões e a conclusão principal dos argumentos apresentados e, de um modo geral, todos mostraram apresentados e, de um modo geral, todos mostraram compreender que aquilo que dá força a um argumento são as compreender que aquilo que dá força a um argumento são as suas razões e a forma como se relacionam entre si e com a suas razões e a forma como se relacionam entre si e com a conclusão. Compreender isto é um primeiro passo para os alunos conclusão. Compreender isto é um primeiro passo para os alunos deixarem de avaliar aquilo que lhes é dito de forma intuitiva e deixarem de avaliar aquilo que lhes é dito de forma intuitiva e confusa, i.e., deixarem de olhar para um argumento, uma ideia ou confusa, i.e., deixarem de olhar para um argumento, uma ideia ou uma opinião como algo que é aceite ou rejeitado como um todo. O uma opinião como algo que é aceite ou rejeitado como um todo. O facto de os alunos passarem a olhar para um argumento (uma facto de os alunos passarem a olhar para um argumento (uma ideia, uma opinião, uma hipótese, uma recomendação etc.) como ideia, uma opinião, uma hipótese, uma recomendação etc.) como algo com uma estrutura mais ou menos sólida é um primeiro algo com uma estrutura mais ou menos sólida é um primeiro passo para se tornarem bons Pensadores Críticos.passo para se tornarem bons Pensadores Críticos.

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5) Resultados5) Resultados

Os resumos aliados aos “mapas de argumentos” Os resumos aliados aos “mapas de argumentos” demonstraram ser ferramentas poderosas que ajudam o demonstraram ser ferramentas poderosas que ajudam o aluno a “objectivar” um argumento, colocando espacialmente aluno a “objectivar” um argumento, colocando espacialmente à sua frente o que normalmente está de uma forma abstracta à sua frente o que normalmente está de uma forma abstracta e mais ou menos vaga, na sua cabeça.e mais ou menos vaga, na sua cabeça.Desta forma os alunos são capazes de abordar os argumentos Desta forma os alunos são capazes de abordar os argumentos de uma forma mais sistemática, “peça a peça”, sendo agora de uma forma mais sistemática, “peça a peça”, sendo agora capazes de apontar em concreto (de forma mais ou menos capazes de apontar em concreto (de forma mais ou menos competente, obviamente) aquilo que consideram “não competente, obviamente) aquilo que consideram “não funcionar” no argumento.funcionar” no argumento.

Todos os alunos que acabaram o Curso de Pensamento Crítico Todos os alunos que acabaram o Curso de Pensamento Crítico mostraram compreender que o facto de se ter razão não é mostraram compreender que o facto de se ter razão não é uma questão de se ser popular, parecer mais convincente ou uma questão de se ser popular, parecer mais convincente ou falar mais alto, mas antes de se apresentar as melhores falar mais alto, mas antes de se apresentar as melhores razões.razões.

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ResultadosResultados

NegativosNegativos

Devia ter sido feito um teste inicial às capacidade dos alunos em Devia ter sido feito um teste inicial às capacidade dos alunos em analisar e avaliar argumentos.analisar e avaliar argumentos.

1) Em primeiro lugar pois essa era uma forma de conhecer os progressos que 1) Em primeiro lugar pois essa era uma forma de conhecer os progressos que os alunos realmente tiveram.os alunos realmente tiveram.

2) Em segundo lugar esse teste confrontaria os próprios alunos com as 2) Em segundo lugar esse teste confrontaria os próprios alunos com as dificuldade de avaliação de um argumento e faria com que sentissem de uma dificuldade de avaliação de um argumento e faria com que sentissem de uma forma mais óbvia os benefícios de utilizar correctamente as técnicas de forma mais óbvia os benefícios de utilizar correctamente as técnicas de Pensamento Crítico ensinadas durante o Curso.Pensamento Crítico ensinadas durante o Curso.

Quanto mais ligados ao quotidiano real dos alunos forem os exemplos e os Quanto mais ligados ao quotidiano real dos alunos forem os exemplos e os exercícios mais os alunos compreenderão a importância de pensar exercícios mais os alunos compreenderão a importância de pensar criticamente. Uma das tarefas e dificuldades do professor está em encontrar criticamente. Uma das tarefas e dificuldades do professor está em encontrar esses exemplos e exercícios.esses exemplos e exercícios.

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6) Nota Final6) Nota Final

Aos alunos mais jovens falta ainda algum conhecimento de senso comum e de culturaAos alunos mais jovens falta ainda algum conhecimento de senso comum e de cultura

geral essenciais para se avaliar criticamente alguns argumentos. Alguns alunos nãogeral essenciais para se avaliar criticamente alguns argumentos. Alguns alunos não

acham de todo estranho que o “primo mais velho” tenha avistado OVNIS no quintal.acham de todo estranho que o “primo mais velho” tenha avistado OVNIS no quintal.

Julgo que este facto deve ser tido em linha de conta por quem quer ensinar PensamentoJulgo que este facto deve ser tido em linha de conta por quem quer ensinar Pensamento

Crítico a jovens.Crítico a jovens.

A minha propostaA minha proposta é que até ao 8º ano se dê maior importância às técnicas de é que até ao 8º ano se dê maior importância às técnicas de AnáliseAnálise

de Argumentosde Argumentos (Módulo I) e que só a partir do 9º ano se inicie os alunos no (Módulo I) e que só a partir do 9º ano se inicie os alunos no

Pensamento Crítico propriamente dito, a Pensamento Crítico propriamente dito, a Avaliação de ArgumentosAvaliação de Argumentos (Módulo II). (Módulo II).

Claro que esta divisão (8º e 9º anos) não pode ser rígida uma vez que há sempre algunsClaro que esta divisão (8º e 9º anos) não pode ser rígida uma vez que há sempre alguns

alunos mais novos que nos surpreendem com a sua maturidade intelectual Dependeráalunos mais novos que nos surpreendem com a sua maturidade intelectual Dependerá

sempre da sensibilidade do professor de Pensamento Crítico saber sempre da sensibilidade do professor de Pensamento Crítico saber quão críticasquão críticas

deverão se as suas aulas. deverão se as suas aulas.

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7) Bibliografia7) Bibliografia

Critical Reasoning – a practical introductionCritical Reasoning – a practical introduction, Anne Thomson, ed. Routledge, Anne Thomson, ed. Routledge

Critical Thinking – an introductionCritical Thinking – an introduction, Alec Ficher, ed. Cambridge Univ. Press, Alec Ficher, ed. Cambridge Univ. Press

Asking the Right Questions – A Guide to Critical ThinkingAsking the Right Questions – A Guide to Critical Thinking, M. N. Browne and , M. N. Browne and S.M.Keeley, ed. Prentice HallS.M.Keeley, ed. Prentice Hall

Critical Thinking for StudentsCritical Thinking for Students, Roy van den Brink-Budgen, ed. Howtobooks, Roy van den Brink-Budgen, ed. Howtobooks

How to think about weird things – Critical Thinking for a new age, How to think about weird things – Critical Thinking for a new age, T. Schick, Jr. T. Schick, Jr. and L.Vaughn, ed. and L.Vaughn, ed. McGraw HillMcGraw Hill

A Arte de ArgumentarA Arte de Argumentar, Anthony Weston, ed. Gradiva, Anthony Weston, ed. Gradiva

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FimFim

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