35
1 CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO AUDITORIA E CONTROLADORIA TURMA: K155 MATRÍCULA: K212166 ALUNO: VERA LÚCIA LEMA VEIGA ORIENTADOR: LUCIANO GERARD DATA DE ENTREGA: 28/02/2010 TRABALHO DE MONOGRAFIA: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO AUDITORIA E … · IBRACON – Instituto dos Auditores Independentes do Brasil IFAD – Fórum Internacional para o Desenvolvimento da Contabilidade

  • Upload
    ngothu

  • View
    214

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

1

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO

AUDITORIA E CONTROLADORIA

TURMA: K155 MATRÍCULA: K212166

ALUNO: VERA LÚCIA LEMA VEIGA

ORIENTADOR: LUCIANO GERARD

DATA DE ENTREGA: 28/02/2010

TRABALHO DE MONOGRAFIA:

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

2

CONVERGÊNCIA DAS NORMAS CONTÁBEIS

BRASILEIRAS ÀS NORMAS INTERNACIONAIS:

PREPARAÇÃO DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

A VEZ DO MESTRE

CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO

Auditoria e Controladoria

CONVERGÊNCIA DAS NORMAS CONTÁBEIS BRASILEIRAS ÀS

NORMAS INTERNACIONAIS: PREPARAÇÃO DO SISTEMA

FINANCEIRO NACIONAL

FOLHA DE ROSTO

Trabalho acadêmico apresentado ao

Curso de Pós Graduação Auditoria e

Controladoria da À VEZ DO MESTRE,

como parte dos requisitos para

obtenção do Certificado de Pós-

Graduação em Auditoria e

Controladoria.

Por:

3

Vera Lúcia Lema Veiga

Professor-Orientador

Luciano Gerard

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES A VEZ DO MESTRE

CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO

Auditoria e Controladoria

CONVERGÊNCIA DAS NORMAS CONTÁBEIS BRASILEIRAS ÀS NORMAS

INTERNACIONAIS: PREPARAÇÃO DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

Plano de Pesquisa para Monografia de Pós Graduação em Auditoria e

Controladoria.

APROVADA em: 10 de novembro de 2009

4

Professor-Orientador: LUCIANO GERARD

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES A VEZ DO MESTRE

CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO

Auditoria e Controladoria

AGRADECIMENTOS Agradeço ao Professor e Orientador Luciano Gerard, pelo apoio e encorajamento contínuos na pesquisa, aos demais Mestres da casa, pelos conhecimentos transmitidos, e à Diretoria da Vez do Mestre Universidade Cândido Mendes, pelo apoio institucional e pelas facilidades oferecidas.

5

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES A VEZ DO MESTRE

CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO

Auditoria e Controladoria

EPÍGRAFE

“Não há nada mais difícil de manejar, mais perigoso de

conduzir ou mais incerto de suceder do que levar adiante

a introdução de uma ordem de coisas, pois a inovação

6

tem por inimigos todos os que se deram bem nas

condições antigas, e por defensores frágeis todos aqueles

que talvez possam se dar bem nas novas.”

Maquiavel, O Príncipe, 1532

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES A VEZ DO MESTRE

CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO

Auditoria e Controladoria

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo analisar a questão da harmonização das Normas Contábeis brasileiras às internacionais. As profundas transformações verificadas nos últimos anos no cenário econômico mundial impõem a necessidade da convergência de normas de contabilidade e de auditoria em nível internacional. As instituições financeiras devem disponibilizar informações contábeis de alta qualidade, transparentes e comparáveis, bem como possíveis de serem compreendidas por Órgãos reguladores, analistas financeiros, investidores, auditores, contabilistas e demais usuários, independentemente de sua origem e localização. Dessa forma, com o presente trabalho, busca-se analisar as normas e resoluções expedidas pelo BACEN, CVM e CPC, visando adaptar todas as entidades financeiras às normas internacionais de contabilidade, abordando, de forma sucinta as alterações decorrentes da Lei 6404/76 instituídas pelas leis 11.638/2007 e 11.941/2009; alguns fatores que dificultaram durante anos a evolução de nossa contabilidade; principais benefícios e problemas da aplicação das normas

7

internacionais de contabilidade; e expectativa do Banco Central do Brasil após a conclusão desse processo de harmonização. A metodologia empregada se fundamenta na revisão bibliográfica.

Palavras-Chave: Sistema Financeiro Nacional; Harmonização, Comunicados e Resoluções.

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES A VEZ DO MESTRE

CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO

Auditoria e Controladoria Lista de Abreviaturas

AISG – Accounting Internacional Study Group

BACEN – Banco Central do Brasil

CFC – Conselho Federal de Contabilidade

CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis

COPOM – Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil

CVM – Comissão de Valores Mobiliários

DOAR – Demonstração das Origens e Aplicação de Recursos

DMPL – Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido

DRE – Demonstração do Resultado do Exercício

DVA – Demonstração do Valor Adicionado

GATT – Acordo Geral de Comércio e Tarifas

FASB – Financial Accounting Standards Board

IASB – International Accouting Standards Board

IASC – International Accounting Standards Committee

IAS – International Accounting Standards

IBRACON – Instituto dos Auditores Independentes do Brasil

IFAD – Fórum Internacional para o Desenvolvimento da Contabilidade

IFRS – International Financial Reporting Standards

IOSCO – International Organization of Securities Commissions

8

SUMOC – Superintendência da Moeda e do Crédito

SUSEP – Superintendência de Seguros Privados

US GAAP- Princípios Contábeis Geralmente Aceitos nos Estados Unidos da

América

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES A VEZ DO MESTRE

CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO

Auditoria e Controladoria SUMÁRIO

FOLHA DE APROVAÇÃO ii

AGRADECIMENTOS iii

EPÍGRAFE iv

RESUMO v

1. INTRODUÇÃO 1

1.1. Justificativa do Tema 3

1.2. Problematização 6

1.3. Objetivos 6

1.3.1. Objetivos Gerais 6

1.3.2. Objetivos Específicos 7

2. REVISÃO DE LITERATURA 8

2.1. Considerações Iniciais 8

2.2. Normas Internacionais (NIC) 13

2.2.1. Diferentes classificações e enfoques da Contabilidade Internacional 13

2.2.2. Das informações contábeis a serem divulgadas pelas empresas ao

mercado 15

9

2.3. Estrutura do Sistema Financeiro Nacional 17

2.4. Normativos emitidos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis 19

2.5.Normativos emitidos pelo BACEN 26

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES A VEZ DO MESTRE

CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO

Auditoria e Controladoria

3. METODOLOGIA DO ESTUDO 28

4. ESTUDO DE CASO 29

4.1. Apresentação das Demonstrações Contábeis do Itaú Unibanco Holding SA

– Referente ao 1° trimestre de 2009 29

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 31

6. REFERÊNCIAS 33

10

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

A VEZ DO MESTRE

CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO

Auditoria e Controladoria

1. Introdução

O desenvolvimento tecnológico acentuado na área de

comunicações, o avanço nos meios de transporte e o crescimento do comércio

internacional, fortaleceram a interdependência entre as diversas nações,

trazendo o fenômeno da globalização de mercados, aproximando cada vez

mais os países.

Inicialmente deve-se ressaltar que as atividades bancárias no Brasil

se resumiam basicamente em captação de depósitos à vista e empréstimos de

curto prazo, mediante descontos. Ainda, a partir de 1920, o controle do

mercado monetário era realizado pela Inspetoria Geral de Bancos, que

posteriormente foi substituída pela Superintendência da Moeda e do Crédito –

11

SUMOC, em decorrência do decreto-lei No. 7.293/1945 (BRASIL, 2009)1.

Ainda, em relação ao referido decreto, observa-se que o mesmo determinou o

controle do volume de crédito, dos meios de pagamento e o depósito

compulsório.

Na década de 50, com o início do desenvolvimento industrial brasileiro,

surgiram diversos bancos.

A Lei no. 4.595/19642, complementada pela Lei 4.728/19653, denominada de

Reforma do Mercado de Capitais, alterou o empregado até então (baseado no

europeu), para o modelo americano que buscou definir especializações por tipo

de instituição.

Em 1966 foi instituído o Comitê de Política Monetária do Banco Central do

Brasil – COPOM, com a finalidade de estabelecer as diretrizes da política

monetária e definir a taxa de juros a serem empregados na economia do país.

Observa-se que a política monetária se realiza por meio do controle da

quantidade de dinheiro em circulação no mercado, permitindo a definição das

taxas de juros. Ressalta-se que o controle de dinheiro é realizado pelo Banco

Central - BACEN, principalmente sob a forma de venda de títulos, pois esta é

uma das funções para se manter o valor da moeda, ou seja, da estabilidade

dos preços dos bens e serviços transacionados nos limites do país. Neste

1 BRASIL. DECRETO-LEI N. 8.495 de 28 de dezembro de 1945. In: www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=34307. Acessado em março de 2009. 2 BRASIL. LEI Nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964. In: www.planalto.gov.br/ccivil/leis/L4595.htm. Acessado em março de 2009b. 3 BRASIL. LEI Nº 4.728 - de 14 de julho de 1965. In: www3.dataprev.gov.br/sislex/paginas/42/1965/4728.htm. Acessado em março de 2009c.

12

contexto, deve-se ressaltar a influência decorrente das constantes

transformações que vêm ocorrendo no cenário econômico, no atual momento

da globalização das informações, fato este derivado do poder de investimento

das empresas multinacionais, ao longo de décadas, o que tem exigido uma

padronização nas normas e procedimentos contábeis em nível nacional e

internacional, procedimento este que visa proporcionar aos usuários das

ciências e informações contábeis, devida transparência e confiabilidade que

dela decorre.

Assim, se faz necessário uma análise primorosa dos processos de

padronização das normas e práticas contábeis consolidadas, e da mesma

forma deve-se buscar evidenciar as principais dificuldades encontradas pelos

países para a adoção das normas internacionais de contabilidade. Ademais, se

faz necessário um esforço concentrado pelos respectivos órgãos reguladores

na busca da minimização das divergências existentes entre os inúmeros

organismos contábeis.

Ainda, a velocidade da transmissão de informações e as constantes e

significativas evoluções tecnológicas ocorridas nas últimas décadas

transformaram de forma efetiva o cenário econômico mundial a partir dos

investimentos estrangeiros, dos blocos econômico mundial a partir dos

investimentos estrangeiros, dos blocos econômicos e, especialmente, do

mercado de capitais. As sucessivas alterações, ao longo dos anos, têm-se

caracterizado pela criação de um mercado único e, por conseguinte as

informações econômico-financeiras passaram a ser exigidas fundadas em um

padrão de entendimento aceito em todo o mundo.

13

1.1. Justificativa do tema.

Ressalta-se que a imobilidade da lei levou ao surgimento de inúmeros

emissores de normas contábeis, tais como: CVM – Comissão de Valores

Mobiliários; BACEN – Banco Central do Brasil; SUSEP – Superintendência de

Seguros Privados; CFC – Conselho Federal de Contabilidade; IBRACON –

Instituto dos Auditores Independentes do Brasil, sempre ocasionando esforço

adicional de compatibilização.

Entretanto, em decorrência das barreiras da própria legislação e das normas

fiscais, as normas em vigor diferem das regras internacionalmente aceitas

atualmente. Em relação ao Brasil os fatores determinantes são a:

• Integração dos mercados financeiros internacionais;

• A consolidação dos blocos econômicos;

• A atuação das instituições em vários países; e

• A estabilidade financeira.

O BACEN, da mesma forma busca por meio dessa referida harmonização, o

aprimoramento na qualidade das demonstrações contábeis, tais como:

credibilidade, transparência, comparabilidade para usuários nacionais e

internacionais; Otimização na alocação de capital, atraindo assim mais capital

estrangeiro; Redução do custo de captação.

Ressalta-se que os possíveis benefícios da convergência são, a saber:

• Menores custos de financiamento.

• Acesso mais fácil ao mercado de capitais.

• Maior transparência e comparabilidade.

• Maior credibilidade do mercado financeiro.

• Redução do risco crise.

Em função das tendências internacionais, o Brasil adotou o conjunto de normas

internacionais (IASB).

14

Entretanto, ressalta-se que alguns problemas foram observados na aplicação

dos padrões de contabilidade internacional, tais como:

• Tradução das normas internacionais.

• Complexidade e estrutura dos pronunciamentos.

• Freqüência, volume e complexidade das mudanças das normas

internacionais.

• Limitação do conhecimento sobre as normas internacionais.

• Introdução no sistema de difusão da informação ao mercado.

Para Madeira (2004)4, por meio da harmonização das normas contábeis e de

auditoria, as normas brasileiras deram um grande impulso, se posicionando

entre as mais avançadas do mundo.

Assim, pelo exposto inicialmente pode-se observar a importância do tema em

questão, justificando-se a realização do mesmo.

1.2. Problematização

Com a promulgação da Lei n.° 11.638/20075 e a Lei 11.941/2005, a

qual alterou a lei 6.404/19766 no que se refere a elaboração das

demonstrações contábeis por parte das sociedades anônimas e a escrituração

mercantil, o sistema financeiro começa a sua preparação para o cumprimento

do cronograma estipulado pela Lei, que é a elaboração e publicação das

demonstrações contábeis no padrão da International Financial Reporting

Standards - IFRS.

Dessa forma, questiona-se se diante dessas alterações mencionadas, o

Sistema Financeiro Nacional está se aprimorando na implantação das normas

internacionais em 2010? 4 MADEIRA, G.J. Harmonização de normas contábeis: um estudo sobre as divergências entre normas contábeis internacionais e seus reflexos na contabilidade brasileira. Revista Brasileira de Contabilidade, Brasília, ano 33, n.150, p. 74-83, nov./ dez. 2004 5 BRASIL. Lei n.° 11.638/2007. In: www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11638.ht. Acessado em março de 2009e. 6 BRASIL. Lei No. 6.404/1976. IN. www.portaldecontabilidade.com.br/legislacao/lei6404_1976.htm. Acessado em março de 2009f.

15

1.3. Objetivos

1.3.1. Objetivos gerais

O presente trabalho tem como objetivo analisar a preparação do

Sistema Financeiro pátrio, em relação à harmonização das normas contábeis,

buscando analisar o início da atividade bancária no Brasil, estrutura do Sistema

Financeiro, órgãos normativos e fiscalizadores, importância da padronização

contábil, e principais dificuldades no período de adaptação, e o atual estado

processo de preparação por parte de nossas instituições financeiras para

cumprimento do cronograma de implantação.

Dessa forma, busca-se analisar a adoção das Normas Internacionais de

Contabilidade pelas entidades financeiras sob a égide do Banco Central do

Brasil, fundamentados nas disposições do Comitê de Pronunciamentos

Contábeis – CPC.

1.3.2. Objetivos específicos

• Analisar o processo de adequação do Sistema Financeiro Nacional à

harmonização com as normas internacionais.

• Descrever os pronunciamentos técnicos publicados pelo Comitê de

Pronunciamentos Contábeis e que foram aprovados pelo Conselho

Monetário Nacional.

• Falar brevemente sobre as resoluções emitidas pelo Banco Central.

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1. – Considerações Iniciais

Atualmente, o panorama internacional demonstra um crescimento do processo

de internacionalização da economia, que se manifesta por intermédio do

surgimento de blocos econômicos continentais e/ou regionais, a qual deriva de

uma economia aberta e a prática de livre comércio entre os países. Observa-se

que a ampliação das relações socioculturais demonstra que nos dias atuais,

busca-se por meio da integração o desenvolvimento socioeconômico, com a

finalidade de se amparar e fortalecer-se para enfrentar a concorrência a nível

mundial.

Cita-se que a globalização é um fenômeno que atinge todos os setores da

sociedade e da economia mundial; é considerado como um movimento que

intervém diretamente na ação social, cultural e econômica de todos os países.

Por conseguinte, observa-se que a necessidade de manutenção e do

desenvolvimento de novas oportunidades de negócios, as empresas se

inserem cada vez mais no comercio internacional por meio de parcerias,

participações societárias, exigindo da contabilidade informações céleres e

confiáveis.

Segundo Carvalho e Lemes (2002, p. 43)7 "Contabilidade é a mais

internacionalizada de todas as profissões". Nesse, aspecto, os diversos órgãos

internacionais vêm apresentando a devida necessidade de harmonização das

praticas contábeis, a nível global, concretizando dessa forma a Contabilidade

como linguagem universal dos negócios.

7 CARVALHO, L. Nelson, LEMES, Sirlei. A aplicação dos padrões contábeis internacionais no Brasil: um estudo. Revista de Contabilidade CRC-SP, São Paulo, ano 6, n.21, p.43-47, set. 2002.

9

Segundo Padoveze (2006)8, a questão se refere à função e a

importância da contabilidade.

O referido autor que define a contabilidade como, sendo:

A ciência que estuda os fenômenos ocorridos no

patrimônio das entidades, mediante o registro, a

classificação, a demonstração expositiva, a análise e a

interpretação desses fatos, com o fim de oferecer

informações e orientação – necessárias à tomada de

decisões – sobre a composição do patrimônio, suas

variações e o resultado econômico decorrente da gestão

da riqueza patrimonial. (...) A contabilidade pode ser

definida como o sistema de informação que controla o

patrimônio de uma entidade (PADOVEZE, 2006, p. 45).

Ainda, deve-se ressaltar que a contabilidade tem como objetivo

primordial fornecer informações relevantes para que uma entidade seja bem

administrada, mediante o acompanhamento da situação patrimonial e dos seus

resultados. Cita-se que as principais funções da contabilidade, são: registrar,

organizar, demonstrar e acompanhar as mudanças em decorrência de sua

atividade econômica.

Dessa forma, busca-se a comprovação ou não, de que: as principais

dificuldades encontradas pelos países para a abertura dos mercados estão

diretamente relacionadas com as divergências existentes entre as normas e

práticas contábeis adotadas por cada país, e que essas práticas tornam os

resultados das demonstrações financeiras pouco confiáveis.

Nota-se que os métodos adotados para a apuração dos resultados,

quando não adequados aos padrões internacionalmente aceitos atualmente,

geram no investidor incerteza, incomparabilidade, insegurança e não

transparência. Da mesma forma, deve-se ressaltar que as dificuldades de uma

normatização no padrão de práticas contábeis se devem as diversas diferenças 8 PADOVEZE, C.L. Administração Financeira de Empresas Multinacionais. editora: Thomson. 2006, p. 45.

10

estruturais e culturais entre os países, busca-se dessa forma caracterizar no

decorrer do desenvolvimento do presente trabalho, os benefícios que o

estabelecimento de um padrão de normas e práticas contábeis

internacionalmente aceitas, pode trazer para a expansão dos mercados

globalizados e ainda deve-se demonstrar como este processo está se

consubstanciando. Ademais, busca-se evidenciar as principais dificuldades

encontradas para o estabelecimento de um conjunto de normas e práticas

contábil global e identificar os esforços concentrados pelos órgãos reguladores

brasileiros e internacionais para que ocorra uma linguagem contábil

homogênea. Levando-se ainda em consideração as normas emitidas pelo

Comitê de Normas Internacionais de Contabilidade - IASB, visando estabelecer

um padrão internacional de contabilidade, limitando-se aos conjuntos de

normas brasileiras e emitidas pelo IASB vigentes até 31/12/2006 sobre o

referido tema e a Instrução CVM n.º 457/20079.

Em decorrência dessa realidade, as empresas necessitam de novos

padrões administrativos, para abastecer as exigências que passam a existir em

decorrência das grandes movimentações nos campos econômicos, social,

político, tecnológico e financeiro.

Nota-se que a padronização das metodologias contábeis a nível

internacional, vem sendo defendida amplamente, como um instrumento

imprescindível, para viabilizar o ingresso de capitais e contribuir para a

expansão dos negócios das empresas. Neste contexto, deve-se observar que a

preocupação com a atualização, reformulação e adequação das normas e

procedimentos contábeis no contexto do processo de globalização da

economia mundial é um fato manifesto, que não pode deixar de ser registrado.

Por conseguinte, a harmonização dos procedimentos e das normas

contábeis diante ao processo de globalização da economia é uma realidade e

os profissionais da área contábil terão uma oportunidade de contribuir para a

construção do conhecimento universal do pensamento contábil sem fronteiras.

9 BRASIL. Instrução Comissão de Valores Mobiliários - CVM Nº 457 DE 13.07.2007. In:

11

É necessário ressaltar que o Conselho das Normas Internacionais

de Contabilidade - IASB, que substituiu a Fundação Comitê das Normas

Internacionais de Contabilidade – IASC, vem buscando de forma incessante

unificar essas referidas normas para que as Demonstrações Contábeis e a

escrituração contábil satisfaçam a padrões uniformizados mundialmente.

A Convergência das práticas contábeis no âmbito internacional

torna-se uma realidade a partir do fim do século XX e se insere no contexto da

globalização dos mercados e da presença do capital estrangeiro cada vez mais

evidente em nosso país.

Inicialmente, a harmonização no Brasil, foi instituída por meio da

Resolução Nº. 1.055/2005 (BRASIL, 2009)10, onde um Comitê de

Pronunciamento Contábil – CPC que tem como principal objetivo a

convergência das regras, das normas e dos procedimentos contábeis aos

padrões internacionais de contabilidade, visando facilitar o processo de

elaboração e homogeneização das Demonstrações Contábeis.

Ressalta-se que a importância da padronização das normas,

segundo o Comitê de Pronunciamento Contábil, é de reduzir custos nos

investimentos internacionais, facilitar a comunicação internacional com uma

linguagem contábil mais homogênea e reduzir custos do capital.

2.2. Normas Internacionais de Contabilidade (NIC)

Observa-se que o processo gerado pelo estabelecimento de normas

contábeis internacionais relaciona-se diretamente com o próprio crescimento

do comércio e das relações internacionais. Assim, as empresas multinacionais

ao conquistarem novos mercados influenciaram e foram influenciadas pelas

normas contábeis dos países que as recebiam.

Para Mueller (1994), a internacionalização da Contabilidade é o

resultado direto da internacionalização do ambiente político e econômico.

10 BRASIL. RESOLUÇÃO CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE - CFC Nº 1.055

DE 07.10.2005. In: www.portaldecontabilidade.com.br/legislacao/cfc1055.htm. Acessado em Abril de 2009.

12

2.2.1. Diferentes classificações e enfoques da Contabilidade Internacional

Usualmente, um país economicamente ativo e politicamente atuante

exerce uma forte influência sobre um determinado grupo específico de países

no que se refere às normas e princípios contábeis a serem adotados. Esta

característica, de igual forma, é observada em todos os segmentos econômicos

e não só contábeis.

Neste contexto, podem-se citar como exemplo os Estados Unidos

que forma um agrupamento no campo contábil com Canadá, México, Israel,

Filipinas e Japão, por apresentarem amplos e fortes laços políticos e

comerciais, o que resulta em práticas contábeis muito semelhantes.

Analogamente, ressalta-se que a Inglaterra e Escócia, da mesma realizaram

um grupamento com Austrália, Nova Zelândia, Malásia, Paquistão, Índia e

África do Sul, em decorrência direta das relações históricas existentes,

provenientes do período colonial. Por conseguinte, poderia ser formulada uma

classificação que englobassem os Estados Unidos e a Inglaterra, que além de

laços históricos detém também um grande relacionamento político e econômico

(NYAMA et al, 2004)11.

Nota-se que as empresas estrangeiras instaladas em diversos

países com políticas diferentes das de seu país de origem, bem como as

empresas brasileiras que negociam ações em mercados de capitais

estrangeiros, necessitam reportar informações sobre a sua situação

econômico-financeira para os seus diversos usuários internacionais, tais como

os controladores e investidores, no processo de comunicação financeira. Por

conseguinte, a contabilidade, por intermédio das demonstrações contábeis e

outras formas de evidenciação de informações, transforma na principal

ferramenta de divulgação do desempenho empresarial, possibilitando dessa

forma, que seja eficiente a comunicação da empresa com seus diversos

usuários de informações.

11 NYAMA, Jorge Katsumi et al. Princípios contábeis europeus e brasileiros - uma abordagem comparativa. UnB Contábil. Brasília; v. 2, n.1, p. 111-132, 1º sem. 2000.

13

Percebe-se, deste modo, que a contabilidade internacional apresenta

uma dimensão muito importante no processo de evidenciação de informações

econômico-financeiras, ou seja: “a dimensão dos usuários”.

2.2.2. Das informações contábeis a serem divulgadas pelas empresas ao

mercado

Ao se mencionar a questão das características da informação

contábil, as mesmas se referem às qualidades que ela possui para que seja

útil, não só a visão dos usuários internos, bem como das relacionadas à

tomada de decisões dos usuários externos (principalmente os investidores).

Observa-se que os usuários são diferentes em sua natureza.

Sendo que alguns mais aprimorados podem demandar informações

mais complexas do que outros, mas evidentemente todos desejam informações

admissíveis e corretas em tempo hábil.

Por conseguinte, as informações contábeis necessariamente devem

possuir um alto nível de compreensão para facilitar a sua análise e

interpretação por parte dos usuários que a empregam, a qual está diretamente

relacionada à sua natureza. Cita-se que a sua serventia para a tomada de

decisões está diretamente submissa à importância e relevância além da

confiabilidade, bem como à sua comparabilidade e consistência, sem deixar de

levar em consideração que seus benefícios devem ser superiores ao seu custo

de elaboração e divulgação.

É importante ressaltar que a informação poderá propiciar aos seus

usuários, condições adequadas para a avaliação de situações passadas,

presentes e futuras relativas à entidade, querem elas sejam internas ou

externas, conforme se refere às seguintes características qualitativas da

informação, nesse sentido, se faz necessário observar o que Hendriksen &

Breda (1999, p. 96/103)12, a saber:

• Compreensibilidade: a informação deve ser compreensível para ser útil;

12 HENDRIKSEN, Eldon S. & BREDA, Michael F. Van. Teoria da contabilidade. Tradução

da 5ª Edição Americana por Antonio Zoratto Sanvicente. São Paulo: Atlas, 1999.

14

• Relevância: a informação contábil é completa quando ela tiver condições

de fazer diferença numa decisão, ajudando os usuários a fazer

predições sobre eventos passados, presentes e futuros, ou confirmar ou

corrigir expectativas anteriores;

• Confiabilidade: quer dizer que a informação contábil é função de

fidelidade de representação, verificabilidade e neutralidade;

• Comparabilidade: permite aos usuários identificar semelhanças e

diferenças entre dois conjuntos de fenômenos econômicos, a qual

depende da uniformidade e da consistência.

Geralmente as demonstrações contábeis são divulgadas em meios

de comunicação de grande leitura para que o mercado possa tomar

conhecimento da situação econômico-financeira de uma empresa. No

mercado, geralmente são destacados os acionistas (investidores) e os

credores, os quais tomam decisões de investimentos e concessões de créditos.

Nas informações demonstradas, as quais poderão ser analisadas

por investidores e auxiliá-los em sua escolha de investimento, existe

determinados pontos que podem ser destacados, dentre eles, cita-se os

seguintes (FRANCO, 2005)13:

• A avaliação da lucratividade e rentabilidade do negócio;

• A verificação do tempo de retorno do investimento;

• A análise da geração de caixa operacional;

• A avaliação da capacidade de pagamento das obrigações assumidas,

dentre outros.

2.3. Estrutura do Sistema Financeiro Nacional

O Sistema Financeiro Nacional do Brasil é formado por um conjunto

de instituições financeiras voltadas para a gestão da política monetária do governo

federal. É composto por entidades supervisoras e por operadores que atuam

no mercado nacional e orientado por três órgãos normativos, o Conselho Monetário

13 FRANCO,Hilário. Revista Brasileira de Contabilidade. Brasília, n.º105: set-out. 2005.

15

Nacional (CMN), o Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) e o Conselho de

Gestão da Previdência Complementar (CGPC).

O Banco Central do Brasil que é uma autarquia federal integrante do

Sistema Financeiro Nacional, sendo vinculado ao Ministério da Fazenda do Brasil. Assim

como os outros bancos centrais do mundo, o brasileiro é a autoridade monetária

principal do país, tendo recebido esta competência de três instituições

diferentes: a Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC), o Banco do Brasil (BB) e

o Tesouro Nacional.

O Bacen está em processo de adoção das Normas Internacionais de

Contabilidade elaboradas pelo IASB. Atualmente tanto bancos centrais como

entidades privadas, seguem regras contábeis vigentes nos países onde são

sediadas, dificultando principalmente, as análises comparativas internacionais.

A adoção das normas do IASB deve tornar as demonstrações

financeiras do BACEN, mais comparáveis às internacionais. Permitindo um

entendimento melhor de suas operações por parte de entidades de outros

países, resultando em maior credibilidade externa de sua instituição. Em razão

de os bancos centrais possuírem operações específicas e que não estão

contempladas nas regras do IASB, eventualmente deverá ser necessário

aplicar um tratamento diferente do padrão contábil internacional.

Ressalta-se que o órgão que tem desempenhado um papel de

destaque no processo de harmonização das normas contábeis internacionais é

o Fundo Monetário Internacional – FMI, que vem apoiando o trabalho

desenvolvido pelo IASB sucessor do IASC - International Accounting Standards

Committee, incentivano as empresas, os governos e os organismos

normatizadores de cada país, a adotarem as novas regras.

2.4 Normativos emitidos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis –

CPC.

Até o presente momento o CPC já emitiu 32 pronunciamentos (17

aprovados) tendo uma programação até o final do 3° trimestre, de emitir mais

10 pronunciamentos.

16

Porém aprovados pelo Conselho Monetário Nacional, foram apenas os

CPC’s:

• CPC 01 – Redução ao Valor Recuperável de Ativos .

O objetivo do Pronunciamento Técnico CPC 01 – Redução ao Valor

Recuperável de Ativos é definir procedimentos visando a assegurar que os

ativos não estejam registrados contabilmente por um valor superior àquele

passível de ser recuperado no tempo por uso nas operações da entidade ou

em sua eventual venda. Caso existam evidências claras de que os ativos estão

registrados por valor não recuperável no futuro, a entidade deverá

imediatamente reconhecer a desvalorização, por meio da constituição de

provisão para perdas.

O pronunciamento aplica-se a todos os ativos ou conjuntos de ativos

relevantes relacionados às atividades industriais, comerciais, agro-pecuárias,

minerais, financeiras, de serviços e outras. No caso de pronunciamento

específico que trate da matéria para alguma classe de ativos em particular,

prevalecerá essa determinação específica.

A entidade, por ocasião da elaboração das demonstrações contábeis

anuais, deve avaliar se há alguma indicação de que seus ativos ou conjuntos

de ativos, porventura perderam representatividade econômica, considerada

relevante.

Devem ser consideradas as seguintes indicações:

a) O valor de mercado do ativo diminuiu sensivelmente, mais do que seria

de se esperar como resultado da passagem do tempo ou do uso norma.

b) Ocorreram, ou ocorrerão em futuro próximo, mudanças significativas no

ambiente tecnológico, de mercado, econômico ou legal, no qual a

entidade opera ou no mercado para o qual o ativo é utilizado.

17

c) As taxas de juros de mercado, ou taxas de mercado de retorno sobre

investimentos aumentaram, e esses acréscimos provavelmente afetarão

a taxa de desconto utilizada no cálculo do valor de um ativo em uso e

diminuirão significativamente o seu valor recuperável.

d) O valor contábil do patrimônio líquido da entidade se tornou maior do

que o valor de suas ações no mercado.

e) Evidência disponível de obsolescência ou dano físico.

f) Ocorreram, ou ocorrerão em futuro próximo, mudanças significativas

com efeito adverso sobre a entidade, na medida ou maneira em que um

ativo é ou será utilizado.

• CPC 03 – Demonstração do Fluxo de Caixa.

As informações sobre os fluxos de caixa de uma entidade são úteis para

proporcionar aos usuários das demonstrações contábeis uma base para avaliar

a capacidade de a entidade gerar caixa e equivalentes de caixa e as

necessidades da entidade para utilizar esses recursos.

O objetivo deste pronunciamento técnico é exigir o fornecimento de

informação acerca das alterações históricas de caixa e equivalentes de caixa

de uma entidade por meio de uma demonstração que classifique os fluxos de

caixa durante os períodos provenientes das atividades operacionais, de

investimento e de financiamento.

A entidade deve elaborar demonstração dos fluxos de caixa de acordo com

os requisitos deste Pronunciamento e apresentá-la como parte integrante das

suas demonstrações contábeis divulgadas ao final de cada período.

As entidades precisam de recursos de caixa para efetuar suas operações,

pagar suas obrigações e prover um retorno para seus investidores. Sendo

assim, este Pronunciamento requer que todas as entidades apresentem uma

demonstração de fluxo de caixa.

18

As informações sobre os fluxos de caixa são úteis para avaliar a capacidade

de a entidade gerar recursos dessa natureza e possibilitam aos usuários

desenvolver modelos para avaliar e comparar o valor presente de futuros fluxos

de caixa de diferentes entidades.

• CPC 05 – Divulgação sobre Partes Relacionadas.

O objetivo deste Pronunciamento Técnico é assegurar que as

demonstrações contábeis de uma entidade contenham as divulgações

necessárias para evidenciar a possibilidade de que sua posição financeira e

seu resultado possam ter sido afetados pela existência de transações e saldos

com partes relacionadas.

Este Pronunciamento deve ser aplicado ao:

a) Identificar relacionamentos e transações com partes relacionadas.

b) Identificar saldos existentes entre a entidade e suas partes

relacionadas.

c) Identificar as circunstâncias em que é exigida a divulgação dos

saldos, relacionamentos e transações.

d) Determinar as divulgações a serem feitas relativamente a essas

alíneas.

O relacionamento com partes relacionadas pode ter efeito nos resultados e

na posição financeira da entidade. As partes relacionadas podem efetuar

transações que partes não relacionadas normalmente não realizariam.

As seguintes partes não são necessariamente partes relacionadas quando:

a) Duas entidades simplesmente por terem em comum, um

administrador ou outro membro do pessoal chave da administração.

19

b) Dois investidores simplesmente por partilharem o controle conjunto

sobre uma joint venture.

c) Entidades que proporcionam financiamentos; sindicatos; entidades

de serviços públicos; departamentos e agências governamentais,

simplesmente em virtude dos seus negócios normais com a entidade.

d) Cliente, fornecedor, franqueador, concessionário, distribuidor ou

agente geral com quem a entidade mantém volume significativo de

negócios, meramente em razão da resultante dependência

econômica.

2.5. Normativos emitidos pelo Bacen

O Banco Central do Brasil, visando à adequação das entidades

financeiras sob sua égide, acerca da harmonização às Normas Internacionais –

IAS, publicou até o momento 5 (cinco) normativos.

Comunicado 14.259 de 10 de março de 2006, que teve como objetivo

informar os procedimentos para a convergência das normas de contabilidade e

auditoria aplicáveis às instituições financeiras e às demais instituições

autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil com as normas

internacionais promulgadas pelo International Accounting Standards Board

(IASB) e pela International Federation of Accountants (IFAC).

20

Comunicado 16.669 de 20 de março de 2008, que teve como objetivo

informar que as disposições da nova legislação societária visam ao

alinhamento das práticas contábeis nacionais às melhores práticas

internacionais, objetivando fortalecer a credibilidade da informação, facilitar o

acompanhamento e a comparação da situação econômico-financeira e do

desempenho das instituições, possibilitar a otimização na alocação de capitais

e contribuir para a redução de

custos de captação e operacionais, nesse último caso eliminando a

necessidade de elaboração, por parte das instituições com atuação

internacional, de múltiplos conjuntos de demonstrações contábeis.

Anexo a este comunicado, foi definido o cronograma de adaptação a Lei

n.° 11.638 de 2007, com data de encerramento dos 13 assuntos, a serem

abordados até setembro de 2008.

A resolução 3.533, de 31 de janeiro de 2008, estabelece procedimentos

para classificação, registro contábil e divulgação de operações de venda ou de

transferência de ativos financeiros.

A resolução 3.534 de 31 de janeiro de 2008, define termos relacionados

aos instrumentos financeiros, para fins de registro contábil.

A resolução 3.535 de 31 de janeiro de 2008, dispõe sobre

procedimentos aplicáveis no reconhecimento, mensuração e divulgação de

provisões, contingências passivas contingências ativas.

3. Metodologia do estudo

Para a classificação desta pesquisa foi adotada a taxonomia

proposta por Vergara (2004)14. Segundo esta classificação, as pesquisas

podem ser classificadas quanto aos fins e quanto aos meios.

Quanto aos fins, a pesquisa pode ser classificada como explicativa,

pois demonstra as principais diferenças que marcaram significativamente a

história da contabilidade no processo de globalização dos mercados.

A pesquisa se dividiu em dois momentos, onde a primeira parte o

estudo se direcionou a importância da adoção das normas internacionais para

o nosso Sistema Financeiro, informando os possíveis benefícios dessa

harmonização.

Em um segundo momento foi abordado à estrutura do Sistema

Financeiro, com seus principais emissores de normas (CVM, BACEN, CPC),

assim como os normativos e pronunciamentos publicados até a presente data.

Em relação aos meios, a pesquisa foi bibliográfica, pois a

fundamentação teórica foi desenvolvida através da utilização de dados

extraídos de livros, artigos e revistas disponibilizados em bibliotecas e meios

eletrônicos como a internet.

14 VERGARA, S. C. Estudos organizacionais e Metodologia da Pesquisa; São Paulo; Atlas; 2004.

4. Estudo de Caso

4.1. Apresentação das Demonstrações Contábeis do Itaú Unibanco

Holding SA referente ao 1° trimestre de 2009.

As demonstrações contábeis do Itaú Unibanco, e de suas controladas

(Itaú Unibanco Consolidado) foram elaboradas de acordo com a Lei das

Sociedades por Ações, incluindo as alterações introduzidas pela Lei n.° 11.638,

de 28/12/2007, e pela Lei 11.945/09, em consonância, quando aplicável, com

os normativos do BACEN, do Conselho Monetário Nacional, da Comissão de

Valores Mobiliários, Superintendência de Seguros Privados, e do Conselho

Nacional de Seguros Privados, que incluem práticas e estimativas contábeis no

que se refere à constituição de provisões.

Em nota explicativa (n), o Banco Itaú informa que as principais

alterações promovidas pela Lei 11.638/07, já estão contempladas nas

demonstrações apresentadas, incluindo regulamentações da CVM que não

conflitam com regulamentações do BACEN, como: Divulgação sobre Partes

Relacionadas (CPC 05), Custos de Transação e Prêmio na Emissão de Títulos

e Valores Mobiliários (CPC08), Demonstração do Valor Adicionado (CPC 09) e

Pagamento Baseado em Ações (CPC 10).

Entretanto, ainda aguardam regulamentação do BACEN para entrar em

vigor as seguintes normas: Efeito nas Mudanças nas Taxas de Câmbio e

Conversão de Demonstrações Contábeis; Ajuste a valor presente para as

operações ativas e passivas de longo prazo e para as relevantes de curto

prazo.

As regulamentações citadas acima, referem-se à pronunciamentos publicados

pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC.

30

São eles: CPC 05 – Aprovado pela Deliberação CVM n.° 560/08; CPC 08 –

Aprovado pela Deliberação CVM n.° 560/08; CPC 09 – Aprovado pela

Deliberação CVM n.° 557/08 e CPC 10 – Aprovado pela Deliberação CVM n.°

562/08.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho tem o objetivo de responder a seguinte questão:

O Sistema Financeiro Nacional está se preparando para a implantação das

normas internacionais em 2010?

Pode-se concluir que a denominada harmonização das práticas

contábeis globais parece ser uma tendência inevitável. Ressalta-se que não foi

empregado o termo padronização no decorrer deste trabalho, pois o mesmo é

um assunto complexo e de uma realidade muito distante. Entretanto, a

denominada harmonização, comandada pelo IASB, se fundamenta em normas

mais flexíveis e adaptáveis à realidade de cada país, sendo aceita amplamente

e de bom grado e ainda contando com apoios relevantes como da IOSCO e

União Européia.

Analisando as demonstrações contábeis do 1° trimestre de 2009 de

um dos grandes bancos de nosso país, o Itaú Unibanco, entidade sob a égide

do Banco Central, percebe-se que nela já contemplam regulamentações da

CVM que não conflitam com as regulamentações do Bacen.

No balanço deste 1° trimestre de 2009 do Banco Itaú Unibanco,

foram incluídas demonstrações com base nos pronunciamentos CPC 05 –

Divulgação sobre partes relacionadas; CPC 08 – Custo de transação e prêmio

de emissão de títulos e valores mobiliários; CPC 09 – Demonstração de valor

adicionado e CPC 10 – Pagamento baseado em ações, que embora ainda não

aprovadas pelo Banco Central, demonstram que a empresa já está adaptando

suas demonstrações com base nos pronunciamentos técnicos do Comitê de

Pronunciamentos Contábeis.

No entanto, pode se observar a existência de críticas quanto ao

processo de internacionalização das normas contábeis tais como: as diferenças

na formação e tradição de cada país; a presumível ruptura da soberania

nacional; a politização da contabilidade e a sobrecarga de normas.

Dessa forma, pode-se concluir que Sistema Financeiro Nacional, por

meio de seus órgãos reguladores, Banco Central e Comissão de Valores

Mobiliários, através da emissão de comunicados e circulares, e com apoio do

32

Comitê de Pronunciamentos Contábeis, demonstra que está a todo vapor

nesse processo de harmonização.

33

6. REFERÊNCIAS

BRASIL. DECRETO-LEI N. 8.495 de 28 de dezembro de 1945. In:

www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=34307. Acessado

em janeiro de 2009.

BRASIL. LEI Nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964. In:

www.planalto.gov.br/ccivil/leis/L4595.htm. Acessado em janeiro de 2009b.

BRASIL. LEI Nº 4.728 - de 14 de julho de 1965. In:

www3.dataprev.gov.br/sislex/paginas/42/1965/4728.htm. Acessado em janeiro

de 2009c.

BRASIL. Lei n.° 11.638 – de 28 de dezembro de 2007. In:

www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11638.ht. Acessado

em Janeiro de 2009e.

BRASIL. Lei No. 6.404 – de 15 de dezembro de 1976. IN.

www.portaldecontabilidade.com.br/legislacao/lei6404_1976.htm. Acessado em

Janeiro de 2009f.

MADEIRA, G.J. Harmonização de normas contábeis: Um estudo sobre as

divergências entre normas contábeis internacionais e seus reflexos na

contabilidade brasileira. Revista Brasileira de Contabilidade, Brasília, ano 33,

n°150, p. 74-83, nov./dez. 2004.

BRASIL. Comunicado BACEN No. 16.669 – de 20 de março de 2008. In:

www.cosif.com.br/mostra.asp?arquivo=com16669. Acessado em Janeiro de

2009g.

BRASIL. RESOLUÇÃO CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE - CFC

Nº 1.055 DE 07.10.2005. In:

www.portaldecontabilidade.com.br/legislacao/cfc1055.htm. Acessado em Abril

de 2009h.

34

BACEN – Normas sobre Convergência no âmbito do SFN

http://www.bacen.gov.br/?CONVNORM

BACEN – Convergência das Normas contábeis do SFN às Normas

Internacionais http://www.bacen.gov.br/?CONVCONT

CARVALHO, L. Nelson, LEMES, Sirlei. A aplicação dos padrões contábeis

internacionais no Brasil: um estudo. Revista de Contabilidade CRC-SP, São

Paulo, ano 6, n.21, p.43-47, set. 2002.

CVM - Comissão de Valores Mobiliários: Assessoria econômica, 2000.

FRANCO, Hilário. Da importância dos princípios fundamentais de contabilidade

na harmonização das normas e informações contábeis. Revista Brasileira de

Contabilidade. Brasília, nº 105: 36-46, set-out. 2005

IASB & IBRACON. Normas internacionais de contabilidade. São Paulo:

IBRACON, 2001.

PADOVEZE, C.L. Administração Financeira de Empresas Multinacionais.

editora: Thomson. 2006.

PEREZ JUNIOR, J. H. A conversão das demonstrações contábeis. São Paulo:

Atlas, 1999.

VERGARA, S. C. Estudos organizacionais e Metodologia da pesquisa. São

Paulo: Atlas, 2004.