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Curso de
Reeducação Alimentar
Sumário
Introdução Capítulo 1 - O princípio alimentar
1.1 A história dos hábitos alimentares 1.2 Evolução do hábito alimentar 1.3 As Deficiências nutricionais do homem moderno 1.4 Os fatores causadores das doenças infecciosas 1.5 As doenças crônicas não transmissíveis – DCNT
Capítulo 2 - Educação alimentar 2.1 A Alimentação 2.2 Aspectos para uma vida saudável 2.3 O aleitamento materno 2.4 A alimentação Escolar 2.5 O balanço energético 2.6 Quantidade de alimentos e a qualidade nutricional
Capítulo 3 – A Importância da Alimentação Saudável 3.1 A alimentação 3.2 Os nutrientes indispensáveis 3.3 A pirâmide alimentar 3.4 A elaboração dos cardápios básicos
Capítulo 4 - A Promoção da saúde, reeducação alimentar 4.1 Hábito Alimentar 4.2 A importância da atividade física 4.3 Os aspectos higiênicos e sanitários dos alimentos 4.4 Os princípios higiênicos para manter a qualidade dos alimentos 4.5 As recomendações para a alimentação saudável
Introdução
A alimentação faz parte da nossa vida, funcionando como um fator básico de
sobrevivência. No decorrer do tempo, o homem buscou adaptar seus hábitos
alimentares ao meio, observando o comportamento dos animais. Seu alimento era
coletado na natureza e escolhido através de características como a aparência, o
cheiro e o sabor.
Nem sempre se tratava de uma alimentação saudável, já que era voltada
somente à saciedade. Com a evolução, os costumes alimentares foram modificados,
através do advento da agricultura, da domesticação dos animais e da modernização,
desenvolvendo-se padrões de tecnologia jamais imaginados pelos nossos ancestrais.
Atualmente, a indústria dos alimentos preocupa-se com a produção agrícola,
com as tecnologias de preservação e conservação e, também, com a comercialização
de seus produtos. O consumidor seleciona o que vai comer sem preocupar-se com o
valor nutritivo da refeição, o que poderá ocasionar problemas sérios de saúde,
diagnosticados pela falta de educação alimentar.
Capítulo 1
O princípio alimentar
Estudaremos sobre a história dos hábitos alimentares, as deficiências
nutricionais do homem moderno, os fatores que causam as doenças
infecciosas e também conheceremos quais as doenças não transmissíveis.
1.1 A história dos hábitos alimentares
A construção histórica dos hábitos alimentares faz parte da cultura de
todos os povos.
A glória das cozinhas foi fundamentada em várias experiências
vivenciadas por grupos populacionais.
A alimentação é tema de interesse e preocupação da política mundial,
pois a garantia de comida, em quantidade e qualidade suficientes para os seres
vivos, é um dos maiores desafios do homem.
Na realidade, não podemos afirmar as paternidades dos diferentes
costumes alimentares, pois podem ter sido consagradas por tradições ou por
meras especulações. Entretanto, não podemos negar, que grandes
personagens responsáveis pela introdução de produtos diferentes nas dietas
da população, propiciaram a diversidade nas suas fantásticas preparações
culinárias, sem a preocupação com o valor nutricional das mesmas.
O ato de alimentar-se envolve diferentes aspectos, que manifestam
valores culturais, sociais, afetivos e sensoriais.
Diferentemente dos demais seres vivos, o homem, não busca suprir
apenas suas necessidades orgânicas de nutrientes, mas procura alimentos
palpáveis, com cheiro, cores, diferentes texturas e sabores, que, acima de
tudo, lhe agrade o paladar.
Portanto, a população não está preocupada com a qualidade nutricional
dos alimentos, mas sim, com produtos de grande aceitação do paladar que
possam fornecer saciedade.
A história da alimentação não caracteriza-se por façanhas de grandes
homens, pois refere-se ao cotidiano vivenciado pelos povos.
Somos meros espectadores desta história, que continua sendo escrita.
No entanto, é verdade que a maneira de preparação de alimentos faz-se
diferente de um povo para o outro, em função de suas diferenças culturais,
sociais, econômicas, religiosas e, atualmente, tecnológicas.
Enquanto desenvolvem-se pesquisas sobre os benefícios de uma boa
alimentação e nutrição, os hábitos culinários são mantidos em cada sociedade,
com seus mitos, suas culturas e estruturas.
1. 2 Evolução do hábito alimentar
Conheceremos, um pouco, sobre os hábitos alimentares, e as dietas
recomendadas para uma vida saudável.
O homem evoluiu e sofisticou, também, seus hábitos alimentares, cujas
modificações complementam sua história sociopolítica.
Desde o homem das cavernas até o contemporâneo, a necessidade
alimentar é um fator básico de sobrevivência, indispensável para a qualidade
de vida satisfatória.
Tal processo envolve todos os grupos de alimentos, que são importantes
veículos em nutrientes essenciais e, portanto, exigem a adoção de uma
alimentação completa, adequada, aceitável e saudável para o ser humano.
Algumas dietas recomendam:
O consumo de determinados grupos de alimentos;
A manutenção dos níveis de consumo de diferentes produtos,
adequados às orientações de uma dieta saudável;
A redução ou a moderação no consumo de alguns grupos de alimentos,
baseadas em evidências científicas, revelam uma associação dos mesmos
com um maior risco de doenças, como por exemplo: açúcares, sal e gorduras
etc.
Os argumentos favoráveis às recomendações dietéticas baseadas em
alimentos estão muito bem documentados na literatura científica. Vale citarmos
o estudo dos chamados “alimentos funcionais” e “Ciência da
Nutracêutica”.
Devido ao fato, já citado, da falta de preocupação do homem com a
qualidade dos seus alimentos, as carências nutricionais são causadoras de
inúmeros problemas de saúde, diagnosticados pela ausência de importantes
grupos de alimentos ou pelo exagero na ingestão de outros.
1.3 As deficiências nutricionais do homem moderno
No Brasil, as características da desnutrição infantil são representadas
pelo baixo peso, atraso notável do crescimento, baixo desenvolvimento físico e
intelectual, maior vulnerabilidade às infecções de doenças, e por uma maior
ocorrência futura de doenças crônicas não-transmissíveis.
A desnutrição infantil é um fator importante, destacado como problema de
saúde pública, principalmente nas regiões Norte e Nordeste e em bolsões de
pobreza nas demais cidades e regiões do país.
As ações de saúde pública e as recomendações nutricionais,
determinadas por profissionais da área, continuam a ser instrumentos no
combate à face da deficiência alimentar e nutricional da população,
considerando a composição familiar, idade, sexo, utilização ou ausência de
alimentos fontes de sais minerais como o cálcio, fósforo, ferro e vitaminas
Atenção!
É importante salientar que as doenças também ocorrem pela carência de
alimentos protéicos, indispensáveis ao crescimento orgânico e na formação
das defesas (sistema imunológico) do nosso corpo.
Assim, o hábito de consumir carboidratos (necessários para obtenção de
energia) e as gorduras saudáveis, em conjunto com os demais nutrientes,
contribuem para a formação e a manutenção da saúde por toda a vida.
Avaliando o consumo individual, de acordo com o sexo dos indivíduos
maiores de 18 anos, pesquisas revelam que:
48,9% dos homens e 61,3% das mulheres têm consumo inadequado de
cálcio;
4,8 e 12,6% com carência de ferro, homens e mulheres,
respectivamente;
1,1% das mulheres mantêm consumo inadequado de vitamina A ou
retinol.
As pesquisas também avaliaram o consumo individual de gordura,
mostrando inadequação para gorduras saturadas, que são as sólidas de
origem animal, presentes nas carnes gordas, nos embutidos (linguiças,
presunto, salame, salsichas, mortadelas), queijos amarelos e outros. A
quantidade de gordura saturada da população. em geral. é:
− Para homens = 51,6 %
− Para mulheres = 58,4 %
− Para colesterol, 71% e 54,4% entre homens e mulheres dos
valores de VET (valor energético total).
No capítulo 3, você verificará como utilizar o VET corretamente.
O Brasil não dispõe de informações atualizadas, de representatividade
nacional, sobre as carências de micronutrientes. Contudo, estudos disponíveis
de abrangência local, realizados por diferentes instituições em várias regiões
geográficas, permitem avaliarmos, com maior incidência, as carências de:
A. Vitamina A - hipovitaminose A
A deficiência de vitamina A, denominada Hipovitaminose A, interfere
de forma negativa:
No crescimento orgânico;
Na visão, podendo causar cegueira irreversível, além de
comprometimento da imunidade da criança;
Apresenta comprometimento na reposição dos tecidos
epiteliais do organismo, associada com elevadas taxas de mortalidade
infantil;
É causada pela ingestão insuficiente de alimentos de
origem animal como as carnes, ovos e laticínios;
Causada pela falta de alimentos do grupo dos vegetais
(hortaliças, legumes e frutas) com coloração variada de tonalidades,
como verdes, laranja, vermelho, que são fontes de pró-vitamina A
(Rechinou).
B. Ferro - Anemia Ferropriva:
O baixo consumo dos alimentos ricos em ferro, como as
carnes e ovos, que apresentam a melhor qualidade de ferro
biodisponível ao organismo, causa tal anemia;
O mineral ferro é nutriente indispensável na formação da
hemoglobina no sangue e no transporte do oxigênio até as células;
É comum o consumo de ferro dos alimentos de origem
vegetal, como dos feijões, das hortaliças de coloração escuras (o
espinafre, brócolis, beterraba), mas há uma grande barreira orgânica
para absorção deste elemento devido ao tamanho de sua molécula.
Indica-se o consumo de frutas ou sucos cítricos, ricos em vitamina C,
para facilitar a sua absorção, caracterizada entre 2 a 10% do total
ingerido;
É comum a carência em gestantes, em mulheres na idade
fértil e em crianças;
No Brasil, são apontadas prevalências de 15% a 50% entre
crianças, 20% em adolescentes e, entre gestantes, de 30% a 40%.
Cerca de 1/3 da população mundial é afetada por
deficiência de micronutrientes. Estima-se que 94 milhões de pessoas
sofram de deficiência de ferro, ou de anemia ferropriva, nas Américas.
A etiopatogenia das anemias nutricionais pode estar
relacionada com outras deficiências, como proteína, folatos, vitaminas C,
B12 e calorias, bem como ao excesso de fitatos, oxalatos na
alimentação e, ainda, com variações individuais e ecológicas.
C. A carência de Ácido Fólico:
Provoca um tipo específico de anemia, está associada à má formação
do tubo neural na fase do crescimento intra-uterino, quando os fetos são
gerados por mulheres com aporte inadequado desse nutriente;
Considerando essas evidências, o Ministério da Saúde vem
desenvolvendo estratégias para o controle e para a prevenção destas
deficiências nutricionais, através da implantação da fortificação de alimentos,
como por exemplo, enriquecendo as farinhas de trigo e milho com ferro e ácido
fólico.
A publicação da Resolução ANVISA RDC n.º 344, de 13 de
dezembro de 2002, que está em vigor desde junho de 2004, estabelece
que:
Cada 100g do produto deve fornecer 4,2 mg de ferro, que representa
30% da ingestão diária recomendada (IDR) para adulto (14mg) e 150mcg de
ácido fólico, o que representa 37% da IDR para adulto (400mcg).
As farinhas de trigo e de milho devem ser designadas com o nome
convencional do produto, de acordo com a legislação específica, seguida de
uma das seguintes expressões:
„‟ Fortificada com ferro e ácido fólico ou enriquecida com ferro e
ácido fólico, ou rica em ferro e ácido fólico’’.
As recomendações alimentares não conseguem resolver, por si só, a
desnutrição infantil e as carências nutricionais. Seus determinantes incluem,
também, outras causas relacionadas à:
− Pobreza;
− Desigualdade social;
− Falta de acesso ao serviço de saneamento básico;
− Falta de abastecimento alimentar seguro, adequado e variado.
O que contradiz a determinação da OMS:
“Direito básico à alimentação”
São fatores determinantes para a saúde de todos.
As pessoas em maior risco de desenvolver tais carências são as
gestantes, as nutrizes (mulheres que estão amamentando), os adolescentes,
crianças menores de 5 (cinco) anos (com ênfase entre as de 6 meses e 2 anos
de idade), crianças não amamentadas adequadamente, idosos e doentes de
modo geral.
1.4 - Os fatores causadores das doenças infecciosas:
As infecções respiratórias e as doenças diarréicas são agravadas
pela deficiência nutricional no organismo, principalmente, durante as fases de
crescimento (infância e durante a adolescência).
Torna-se importante que as recomendações dietéticas sejam divulgadas
e entendidas como instrumentos de prevenção, porque são capazes de
reforçar o sistema imunológico, evitando infecções que, muitas vezes, são
causadoras de morte e morbidade em várias regiões do mundo.
O número absoluto e relativo de mortes por doenças infecciosas vem
declinando no Brasil; contudo, as doenças diarréicas e as doenças respiratórias
agudas (cuja proteção consiste no aleitamento materno exclusivo durante os
primeiros seis meses da vida da criança, seguida por alimentação
complementar oportuna e apropriada) permanecem como causas comuns de
mortalidade infantil, em especial nas regiões Norte e Nordeste e bolsões de
pobreza nas demais áreas.
1.5 - Doenças crônicas não transmissíveis (DCNT)
Veremos agora sobre as doenças crônicas não transmissíveis e suas
causas.
As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) variam quanto à
gravidade. Podem ser debilitantes, incapacitantes e, até mesmo, letais.
Afetam muitos sistemas do corpo humano, incluindo a cárie dentária,
obesidade, diabetes, hipertensão arterial, acidentes cerebrovasculares,
osteoporose, câncer e doenças coronarianas.
Pesquisas recentes demonstram que é possível, viável e necessária uma
abordagem dietética para a população, direcionada à prevenção das DCNT
mais comuns.
Estas doenças estão sujeitas tornarem-se mais constantes, à medida que
a população brasileira aumenta e envelhece. Portanto, não podem ser
abordadas apenas com soluções paliativas; é necessário um envolvimento dos
órgãos de saúde pública para o desenvolvimento de uma política de educação
preventiva.
Entre as doenças que mais afetam a população brasileira, podemos
destacar:
a) Obesidade:
É uma das doenças mais preocupantes, pois pode desencadear outros sérios
problemas para a saúde do ser humano.
Atenção:
Atualmente, atinge grande parte da população dos países
desenvolvidos;
No Brasil, calcula-se que 32,4 % da população adulta apresentam
sobrepeso, sendo que 4,8 % dos homens e 11,7% das mulheres têm
obesidade grave;
Das causas de morte, 30% estão associadas às doenças do aparelho
circulatório, potencializadas em pessoas obesas;
O mais recente inquérito nacional, que permite estimar as prevalências
do excesso de peso e da obesidade no Brasil, é a Pesquisa de
Orçamentos Familiares (POF), realizada em 2002-2003, pelo IBGE e
Ministério da Saúde;
A prevalência do excesso de peso e da obesidade na população adulta
brasileira, apurada pela POF 2002-2003, revela que tais agravos
alcançam expressão significativa no meio urbano e rural, estendendo-se
para todas as classes sociais;
A obesidade é caracterizada por IMC igual ou superior a 30kg/m2;
Obesos representam cerca de 20% do total de homens com excesso de
peso, e cerca de um terço do total de mulheres.
As mulheres apresentam prevalência de obesidade superior aos
homens,devido às diferenças na sua constituição física.
Geneticamente, as mulheres têm maiores número de células adiposas,
e apresenta célula muscular menor do que a presente na estrutura física
masculina.
Medidas da circunferência abdominal na avaliação da obesidade
A distribuição da gordura pelo corpo pode determinar os diferentes
riscos para a saúde, determinados pelo acúmulo na metade superior
(profundamente no abdômen) ou na metade inferior;
Na prática, tomando o umbigo como referência, se a gordura predomina
acima dele, temos a obesidade superior, ou obesidade andróide (em
forma de maçã); Se a gordura predominar abaixo do umbigo, ou seja, na
metade inferior do corpo, temos a obesidade ginóide, ou em forma
de pêra. Uma das maneiras de estimar o risco que a distribuição de
gordura pode ocasionar, é utilizar a relação cintura/quadril ou a medida
da circunferência da cintura abdominal.
Do ponto de vista prático, uma relação cintura/quadril inferior a 1.0
para os homens e 0.85 para as mulheres pode ser aceita como
excluída da área de risco.
Como medir a circunferência da cintura
Atenção!
Mulheres com uma medida da cintura maior de 88 centímetros, ou
homens com a medida da cintura maior de 100 centímetros, podem ter
mais risco de sofrer enfermidades do que aqueles com menor medida de
cintura, isto é, onde a gordura está localizada.
Para medir a circunferência da cintura, coloque uma fita métrica em volta
do seu abdômen nu, entre a última costela e o osso do quadril, na lateral
do corpo. Certifique-se que a fita esteja justa (não a ponto de comprimir
sua pele), e de que esteja paralela ao solo. Então meça sua cintura.
b) Diabetes:
A diabete é uma doença que, muitas vezes, está relacionada à
obesidade, proveniente do sedentarismo.
Atualmente, calcula-se que cerca de 194 milhões de pessoas têm
diabetes; um aumento alarmante de 40% em relação à estimativa global de 135
milhões em 1995, publicada em um estudo da Organização Mundial de Saúde
em 1998.
Destes, aproximadamente 85% têm diabetes tipo 2 (conheceremos este
tipo mais adiante). A prevalência de diabetes está aumentando
acentuadamente, e espera-se que alcance, aproximadamente, 333 milhões no
ano 2025.
Define-se diabetes como:
Uma síndrome de etiologia múltipla, decorrente da falta de insulina ou
incapacidade da mesma para exercer seus efeitos;
− Caracteriza-se por hiperglicemia crônica, com distúrbios no metabolismo
dos carboidratos, lipídios e proteínas;
− Configura-se como um problema da saúde pública no país, com a
mesma prevalência para ambos os sexos e, frequentemente, associada
à complicações que comprometem a produtividade, a qualidade de vida
e a sobrevida dos indivíduos, além de envolver altos custos para o
tratamento clínico;
− Aumenta com o avançar da idade: 7,6% nos indivíduos com 30-69 anos
e chegando a 20% naqueles com mais de 70 anos.
− O meio clínico aponta como a 6ª doença mais comum de internação
hospitalar e a 4ª causa de morte mundial, sendo que 50% dos pacientes
não sabem possuí-la, e 25% não buscam tratamento, chegando a 8
milhões de pacientes (dados da Sociedade Brasileira de
Diabetes/Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia);
− Diabetes aumenta o risco de doenças cardiovasculares, além de ser a
principal responsável por amputação de membros inferiores e cegueira
adquirida. O bom controle metabólico do índice glicêmico e da lipidemia
previne ou retarda possíveis complicações.
Agora, vamos entender como definir os tipos de diabetes?
São três os tipos de diabetes mais estudados, e que conheceremos a seguir:
1º - Diabetes Mellitus tipo 1:
Antigamente chamado de diabetes juvenil, pois, normalmente, desenvolve-
se na infância.
− É causado pela incapacidade total do pâncreas em produzir insulina.
− Predisposição genética em combinação, com exposição a vírus, são os
principais fatores de risco.
− O tratamento inclui a substituição de insulina, cuidadosamente
monitorada, por injeções ou bomba especial.
− Para diabetes tipo 1, o sistema imunológico destrói as ilhotas de
Langherans no pâncreas, causando deficiência total de insulina.
− As células do corpo não conseguem absorver a glicose. Com isto, ela
aumenta no sangue e ultrapassa para a urina, carregando água e
produzindo maior volume urinário.
− O fígado, então, produz cetonas, que acabam por acidificar o sangue. O
cérebro, porém, não pode funcionar em meio ácido.
Resumindo-se: resulta da destruição das células beta-pancreáticas, com
tendência a cetoacidose. Inclui casos decorrentes de doença auto-imune e
outros em que a causa da destruição celular é conhecida.
2º - Diabetes Mellitus tipo 2:
Antigamente, chamado de diabetes adulto, é o tipo mais comum entre os
mesmos;
− Normalmente, desenvolve-se porque o corpo não utiliza a insulina
corretamente, ou resiste à sua ação;
− Ocorre em pessoas adultas, adolescentes e inclusive crianças, com
sobrepeso ou obesos;
− Outros fatores de risco incluem: colesterol alto, pressão alta, etnicidade,
e histórico familiar de diabetes;
− Muitos pacientes requerem injeções diárias de insulina.
− No diabetes tipo 2, há resistência à ação da insulina, produzindo uma
elevação secundária em glicose. O pâncreas aumenta a produção de
insulina tentando compensar a deficiência, mas com o passar do tempo,
atinge seu limite e fica incapaz de continuar o processo na quantidade
suficiente para o funcionamento adequado.
Resumindo-se: resultam de graus variáveis de resistência a insulina e
deficiência relativa da secreção da mesma. A maioria dos pacientes tem
excesso de peso, e a cetoacidose ocorre em situações especiais, como nas
infecções graves.
3º - Diabetes gestacional:
Um pequeno percentual de mulheres grávidas,
aproximadamente 2%, desenvolve diabetes
gestacional;
− Às vezes, o chamado diabetes
gestacional é resultado de alterações em
níveis hormonais durante a gestação.
− A glicose do sangue, frequentemente,
volta ao normal após o parto; porém, 50% das
mulheres que têm diabetes gestacional,
posteriormente desenvolvem diabetes tipo 2,
principalmente se permanecerem expostas aos
fatores de risco da doença, como a obesidade.
Na era moderna, percebemos que o ambiente e estilos de vida evoluíram muito
rapidamente, sem que nosso organismo se adaptasse à eles.
Nós ainda somos geneticamente programados para funcionar com os hábitos
de nossos antepassados, cujos alimentos consumidos eram ricos em nutrientes
naturais e com baixo teor de carboidratos refinados.
Nossos antepassados, também, mantinham altos níveis de atividades físicas
como longas caminhadas diárias.
Algumas pessoas têm uma predisposição genética apara a resistência à
insulina, enquanto outras desenvolvem o problema por estresse ou estilo de
vida prejudicial à saúde, como a obesidade e o sedentarismo.
c) Osteoporose:
Veremos agora o que é osteoporose, suas causas, consequências e cuidados
especiais para sua prevenção.
− Estudos realizados com crianças indicam que a ingestão diária de cálcio,
entre meninos e meninas, é muito abaixo do recomendado, não
atingindo nem 50% da recomendação (RDA).
− Isso se deve, principalmente, à baixa ingestão de alimentos que são
fontes desses nutrientes, como o leite e derivados. Uma amostra
nacional de crianças e adolescentes resultou em 30% de irregularidade
quanto às porções diárias recomendadas.
A osteoporose é uma doença causada pela perda da massa óssea e
deterioração da microarquitetura do tecido ósseo, com o consequente
aumento do risco de fratura, em particular nas vértebras e femurais;
O osso torna-se frágil e quebradiço, sendo resultante da alteração na
relação da formação e a destruição do osso.
As células ósseas (osteoblastos, osteócitos e osteoclastos) exercem os
fatores de construção dos ossos.
É causada pela falta de vitamina D e pela carência de cálcio e fósforo
na dieta. Também pode ser causada pelo uso prolongado de certos
medicamentos, como os corticóides.
O tecido ósseo é um tecido orgânico ativo: seu metabolismo envolve a
fixação e a saída do cálcio dos ossos (reabsorção).
Nas fases do crescimento orgânico, os ossos estão sendo formados
(infância e adolescência), e a fixação do cálcio é maior do que a sua
reabsorção.
O ser humano atinge o pico de massa óssea por volta dos 25 aos 30
anos de idade, quando completa a formação da estrutura física. A partir
dessa idade, a velocidade de fixação do cálcio nos ossos diminui,
progressivamente. Se a quantidade de cálcio fixada é menor do que a
reabsorvida, a massa óssea vai tornando-se menos densa, podendo
ocasionar a osteoporose;
A osteoporose vem despontando nas últimas décadas, devido ao
aumento da longevidade do homem.
Calcula-se que 1/3 das mulheres com mais de 50 anos apresentem risco
de desenvolver osteoporose.
A doença é causada pela diminuição de estrógenos (hormônio que
auxilia a fixação do cálcio nos ossos) no período da menopausa das
mulheres, pela falta de vitamina D e pela carência de cálcio e fósforo
na dieta;
O consumo excessivo de sódio também é prejudicial para o surgimento
da osteoporose. Devemos ficar atentos para o consumo moderado de
sal e evitar alimentos processados com alto teor de sódio;
Controlar o consumo de carnes vermelhas, pois tais alimentos contém
elevado teor de aminoácidos sulfurados, relacionado ao risco de
osteoporose;
A osteoporose é uma doença que não tem cura, e sim, apenas controle.
Portanto, medidas de prevenção devem ser feitas precocemente.
A melhor prevenção é uma dieta adequada na infância e na
adolescência, a fim de garantir quantidade adequada de ingestão de
cálcio, contribuindo para a boa formação do tecido ósseo.
A manutenção da dieta saudável no decorrer da vida adulta, associada à
prática de exercícios físicos e exposição solar são ações importantes;
No Brasil, há uma aparente tendência de redução no consumo de leite
pela população. Crianças e jovens vêm substituindo o consumo de leite
por refrigerantes, que é um produto sem valor nutricional e com excesso
de açúcar e aditivos químicos.
Lembre-se: o leite é a melhor fonte de cálcio na alimentação. Possui o
cálcio de maior biodisponibilidade orgânica (absorção).
O hábito de consumir, regularmente, o leite e seus derivados, associado à
recomendação de exposição ao sol (observando os horários adequados) e
à prática de atividade física em quaisquer fases da vida, deve ser
estimulado e incentivado pelos profissionais de saúde.
As necessidades diárias recomendadas de cálcio, nas diferentes fases
da vida:
Crianças de (1 a 6 anos) e de (7 a 14 anos) =
de 800 mg a 1.200 mg de cálcio
Adolescentes de ambos os sexos = 1.300mg;
Gestantes e nutrizes = 1.300mg/ dia
Adultos = 1.000mg/ dia
Idosos = 1.200mg.
Atenção!
Quantidade de leite para atender as exigências:
# Consumo de 3 copos (600ml) e de 2 a 3 copos (400ml a 600ml) de leite
por dia.
d) Doença Arterial Coronariana:
É reconhecida como uma das principais causas de morbidade e mortalidade
nas sociedades ocidentais.
A etiologia da doença vascular arterioclerótica é complexa e multifatorial.
Existem fatores que contribuem para o seu desenvolvimento, como:
A idade e sexo;
Hipertensão arterial;
Hereditariedade;
Diabetes;
Colesterol alto;
Elevada obesidade
Tabagismo;
Sedentarismo;
Na prevenção, enfatiza-se uma alimentação saudável, caracterizada
pelo consumo de frutas, hortaliças, cereais, grãos integrais, castanhas,
nozes e carnes magras.
Atualmente, as doenças cardiovasculares são responsáveis por
cerca de 18 milhões de mortes anuais no mundo.
No Brasil, na década de 30, as doenças infecciosas e parasitárias
correspondiam, proporcionalmente, a 46% da mortalidade geral,
enquanto que as cardiovasculares, a 12%;
Os dados de 2001 mostram uma nítida reversão do quadro:
enquanto as infecciosas e parasitárias respondem por 5 % das
causas de morte, as doenças cardiovasculares ascenderam a 31%;
Segundo estimativas do Ministério da Saúde, as doenças
cardiovasculares (DCV) corresponderam a 1/3 dos óbitos por causas
conhecidas, 40% das aposentadorias precoces e 2/3 dos gastos com
atenção à saúde. (Isto é, 2002).
Atenção!
Esta doença tornou-se uma das principais causas de morte, em
consequência das profundas transformações no padrão alimentar,
causadas pelo rápido aumento da produção e consumo das gorduras
saturadas, tornando as dietas mais calóricas. Outro fator é a redução na
atividade física cotidiana.
e) Câncer:
A prevalência de vários tipos de câncer, incluindo o do cólon, mama e
próstata, aumentou expressivamente após a segunda metade do século XX. As
possíveis conseqüências estão relacionadas com as mudanças nos hábitos
alimentares, stress, além de padrões e situações de trabalho.
No Brasil, a incidência de câncer, que até a década de 60 matava menos de
5% dos brasileiros, aumentou e, no final dos anos 70, passou para cerca de
10%, quatro vezes maior do que a década de 30. Atualmente, este valor é de
48,3% (dados até 2003 do Ministério da Saúde);
Atenção!
O principal objetivo da terapia nutricional é fornecer calorias, proteínas e
micronutrientes para melhorar o estado nutricional do paciente e do
sistema imunológico, aumentando a capacidade de tolerância dos
tratamentos quimioterápicos e radioterápicos;
Existem situações em que o paciente é incapaz de consumir as calorias
suficientes de forma voluntária, por apresentar sintomas de anorexia e
limitações mecânicas (dificuldades na alimentação oral). Tais pacientes
requerem nutrição enteral via sonda;
A preocupação no tratamento do paciente com câncer atinge sua saúde
funcional psicológica e social, contribuindo para melhorar a qualidade de
vida.
f) Hipertensão arterial:
Hipertensão arterial, o que é?
− É a pressão muito forte que o sangue faz na parede das artérias para
movimentar-se, ficando o valor igual ou maior que 140/90 mmHg ou 14
por 9.
A prevalência estimada de hipertensão no Brasil, atualmente, é de 35% da
população acima de 40 anos. Isso representa, em números absolutos, um total
de 17 milhões de portadores.
Atenção!
A hipertensão arterial está associada à origem de muitas DCNT e é,
portanto, uma das causas mais importantes de redução da qualidade e
expectativa de vida:
Ela é responsável pelas complicações cardiovasculares, acidentes
vasculares encefálicos (AVE), doenças coronarianas, renais e
vasculares periféricas;
A hipertensão arterial ou, popularmente dita, pressão alta, quando não
tratada, torna-se o principal fator de risco para derrames, doenças do
coração, paralisação dos rins, lesões nas artérias, podendo também
causar alterações na visão;
A hipertensão tem como causa o consumo em excesso de sal nos
alimentos;
A necessidade humana de sódio varia entre 300 e 500 miligramas por
dia, para crianças acima de 2 anos de idade;
Para o adulto, 5 g de Cloreto de Sódio diárias são suficientes para
manter a saúde;
Em excesso (consumo maior que 6 gramas por dia de sal ou 2,4 gramas
de sódio), torna-se causa significativa da hipertensão arterial, de
acidente vascular cerebral e de câncer de estômago;
Grande parte da população brasileira consome sal em excesso: a média
percapita estimada de consumo é 9,6g/dia/, não computado o sal
consumido nas refeições feitas fora de casa.
Isso se deve, principalmente, ao consumo de alimentos industrializados
e à adição de excesso de sal durante a preparação dos alimentos;
Ao tentar reduzir o consumo de sal, as pessoas consideram a comida
não tão saborosa, já que é usado como condimento, um realçador do
sabor. As células das papilas gustativas podem levar algum tempo para
ajustarem-se ao sabor menos intenso (período médio de até três
meses).
É importante que as pessoas persistam no consumo de dietas com
restrição de sal ou menos salgadas, substituindo-o por temperos mais
saudáveis como as ervas frescas, suco de limão, etc.;
Os rótulos dos alimentos processados apresentam o conteúdo de sódio.
São exemplos de alimentos que possuem altos teores de sódio:
Embutidos (salames, presuntos, mortadelas, linguiças);
− Queijos condimentados, principalmente os maturados como o
gorgonzola, o provolone, parmesão;
− Conservas ou enlatados (de milho, de ervilhas, feijoada de carne, etc.);
− Sopas, molhos e temperos prontos;
A redução do consumo de sal para os níveis recomendados de 5g/dia para
os adultos, garante a quantidade adequada de iodo presente no sal marinho.
No ano de 2002, o Ministério da Saúde realizou a Campanha Nacional
para Detecção de Hipertensão Arterial (CNDHA), objetivando a detecção de
casos não diagnosticados e considerando como população-sujeito cerca de 31
milhões de pessoas com mais de 40 anos.
Quem tem risco de ficar hipertenso:
Quem consome mais bebida alcoólica;
Quem tem hipertenso na família;
Quem está com excesso de peso;
Quem usa muito sal na alimentação;
Quem é diabético;
Quem não tem uma alimentação saudável;
Pessoas da raça negra;
Como tratar a hipertensão
Evite ficar parado, caminhe mais, suba escadas em vez de usar o elevador;
Diminua ou abandone o consumo de bebidas alcoólicas;
Tente levar os problemas do cotidiano de maneira mais tranquila;
Mantenha o peso saudável;
Procure o profissional de saúde e peça orientação sobre sua
alimentação;
Faça suas consultas médicas, regularmente. Não abandone o
tratamento. Tomar a medicação conforme a orientação médica;
Tenha uma alimentação saudável e diminua o sal da comida.
Estilo de Vida Saudável
Acostumar-se com a restrição moderada de calorias.
Manter moderada as atividades físicas diárias de acordo com seus hábitos de
trabalho.
Alterar a composição da dieta habitual, tornando-a mais saudável.
Estas mudanças só farão bem.
Capítulo 2
Educação Alimentar
Aprenderemos alguns aspectos importantes para uma vida saudável,
como o aleitamento materno e a alimentação na vida escolar.
Conheceremos o que é balanço energético e a diferença entre os termos
“quantidade de alimentos” e “qualidade nutricional”.
2.1 - A Alimentação
Agora, saberemos quais são os alimentos adequados para o consumo.
A alimentação ocorre em função do consumo de alimentos, e não dos
nutrientes; porém, para que seja realmente saudável, deve basear-se em
práticas com significados sociais e culturais.
Vamos identificar a diferença entre os alimentos e os nutrientes:
Os alimentos são as substâncias que utilizamos nas refeições; têm
gosto, cor, formato, aroma e textura. É importante considerar todos esses
fatores na educação nutricional.
Os nutrientes são as substâncias químicas que compõem os alimentos.
São importantes e, por isso, não podem ser resumidos ao hábito do consumo
diário. Mantêm significações culturais, comportamentais e afetivas que jamais
poderão ser desprezadas.
Portanto, o alimento é fonte de prazer e de identidade cultural e familiar.
Além disso, é um fator necessário para promoção da saúde.
É responsabilidade dos setores governamentais, da área de saúde, para
com a população:
− A promoção de práticas alimentares saudáveis;
− A prevenção e o controle dos distúrbios nutricionais;
− Educar sobre as doenças associadas à alimentação e nutrição;
− Monitorar a situação alimentar e nutricional;
− Garantir a qualidade dos alimentos disponíveis para comercialização e
consumo;
− Desenvolver pesquisas e recursos humanos para a área da saúde;
− Estimular ações intersetoriais, que propiciem acesso universal aos
alimentos.
Assegurar o direito à alimentação adequada da população, é uma
responsabilidade a ser compartilhada pelos setores governamentais e pela
sociedade como um todo.
Atenção!
O departamento do Ministério da Saúde de Segurança Alimentar e
Nutricional (SAN) do Brasil determina que:
A realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a
alimento e qualidade, em quantidade suficiente, como o acesso a outras
necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares
promotoras de saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam
social, econômica e ambientalmente sustentáveis. (BRASIL, 2004a)
São objetivos da educação alimentar:
− Manter o equilíbrio energético e o peso saudável;
− Limitar a ingestão energética procedente de gorduras; isto
é, substituir as gorduras saturadas por insaturadas e eliminar as
gorduras trans (hidrogenadas);
− Aumentar o consumo de frutas, legumes, verduras, cereais
integrais e leguminosas (feijões);
− Limitar a ingestão de açúcar livre e doces muito
açucarados;
− Limitar a ingestão excessiva de sal (sódio) e sempre
consumir sal iodado.
− Incentivar o delineamento de políticas para criar ou
proteger sistemas alimentares, baseados em uma grande variedade de
alimentos de origem vegetal.
A recomendação para o consumo de maiores quantidades de frutas,
legumes e verduras e menor quantidade de gorduras, açúcares e sal, tem
implicações políticas, agrícolas e industriais.
Por exemplo, o consenso de que as dietas baseadas nos vegetais
protegem contra doenças, implicará no desenvolvimento de práticas de apoio,
efetivas e atuais, para a produção agrícola de alimentos.
2.2 - Aspectos para uma vida saudável
Veremos agora quais os aspectos necessários para uma vida saudável.
A partir da realização da Primeira Conferência Mundial sobre a promoção
da saúde, em Ottawa (Canadá, 1986), iniciou-se um trabalho de sistematização
e disseminação do assunto, buscando a conscientização de sua importância.
Segundo a Carta de Ottawa:
“Promoção da saúde é o nome dado ao processo de capacitação da
comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde,
incluindo uma maior participação no controle desse processo.
Para atingir um estado completo de bem-estar físico, mental e
social, os indivíduos e grupos devem saber identificar aspirações,
satisfazer necessidades e modificar, favoravelmente, o meio ambiente.
“A saúde deve ser vista como um recurso para a vida, e não como
objetivo de viver”.
O conceito de saúde é abrangente e positivo, apoiando-se em recursos
sociais e pessoais, e não somente, na capacidade física ou biológicas dos
indivíduos.
O modo de viver, de cada um, está apoiado nos hábitos culturais, nas
crenças e nos valores compartilhados em sociedade.
Os novos conceitos de saúde podem estar mais relacionados ao estilo
de vida do que à ideia, anteriormente hegemônica, da sua determinação
genética e biológica.
Fatores que podem ocasionar as chamadas “doenças modernas”:
− O sedentarismo;
− A alimentação não-saudável;
− O consumo excessivo de álcool, fumo e de outras drogas;
− O ritmo da vida cotidiana que conduz ao estress;
− A competitividade;
− O isolamento do homem nas grandes cidades.
A redução de riscos (associados aos problemas alimentares e
nutricionais) ampara-se na promoção da qualidade de vida e na identificação
de ações e estratégias que estimulem o cuidado com a própria saúde, assim
como da família e da comunidade, de forma consciente e participativa.
Promoções de modos de vida saudáveis:
− Estimular e incentivar práticas saudáveis, como o aleitamento materno e
a merenda escolar;
− Priorizar a alimentação saudável;
− Promover a atividade física regular;
− Inibir os hábitos e práticas prejudiciais à saúde, como o consumo de
fumo e de álcool ou de outras drogas.
2.3 - O aleitamento materno
Ser saudável é um cuidado a ser tomado para a vida toda.
O crescimento da criança relaciona-se ao teor de proteína encontrada no
leite humano, que confere ótimo desenvolvimento da espécie.
A amamentação é prática vital para a saúde da criança e da mãe, cujos
benefícios estendem-se para todo seu futuro de vida.
A recomendação da Organização Mundial da Saúde e do Ministério da
Saúde, é de que as crianças sejam amamentadas, exclusivamente, com leite
materno até os 6 (seis) meses de idade; posteriormente, introduzir a
alimentação complementar apropriada, mantendo a amamentação até pelo
menos 2 (dois) anos de idade.
No caso de mães portadoras de HIV/AIDS ou outras doenças transmitidas
verticalmente, deverão ser orientadas em relação às adaptações necessárias
para a alimentação correta de seus filhos.
O aleitamento materno é a primeira prática a ser estimulada para
promoção da saúde, assim como para a formação de hábitos alimentares
saudáveis e para a prevenção de muitas doenças.
Os constituintes presentes no leite materno fornecem todos os
nutrientes necessários ao desenvolvimento do lactente:
− A caseína favorece a absorção do cálcio biodisponível e presente no
leite;
− A alfa-lactoalbumina é a principal proteína do soro e auxilia no transporte
do ferro, representa 40% do leite materno e apenas 3% no leite de vaca;
− Os minerais, como o zinco, têm função de neurotransmissor cerebelar;
− As gorduras e os ácidos graxos livre são veículos para vitaminas
lipossolúveis (A, D, E, K), além de principais fontes de energia. Superam
50% das necessidades diárias;
− Os fatores protetores, formadores das defesas, protegem contra
diferentes doenças infecciosas, e alguns, com funções bactericidas,
protegem a mãe e o lactente;
− Ainda como fatores de proteção, o leite humano contém macrófagos e
linfócitos, que transmitem ao lactente os fatores imunológicos
acumulados na vida da mãe;
− Com relação aos carboidratos do leite materno, a lactose participante da
absorção do cálcio e do ferro, constitui substrato para que a flora
intestinal produza o ácido láctico, reduzindo o pH do intestino e inibindo
o crescimento microbiano.
− Os oligossacarídeos nitrogenados são fatores de crescimento da flora
bífida, conhecidos como fator bífidus, presentes no intestino.
É importante salientar que a nutrição adequada de gestantes e crianças
devem ser entendidas e enfatizadas como elemento estratégico de ação, com
vistas à promoção da saúde também na vida adulta.
Pesquisas confirmam que o aleitamento materno exclusivo é o modo ideal
de alimentação do lactente, até os seis meses de vida.
A continuidade do aleitamento materno até os dois anos é, igualmente,
importante, pois disponibiliza energia e micronutrientes da alimentação da mãe,
particularmente do ferro, evitando uma anemia férrica, muito comum no Brasil.
Dentre outras vantagens, o aleitamento materno confere importante
proteção contra a morbimortalidade por doenças infecciosas, nos primeiros
anos de vida, sendo reconhecido como potencial fator preventivo na redução
da mortalidade infantil.
Outra questão notável, refere-se aos efeitos, em longo prazo, do
aleitamento materno. Estudos recentes mostram que crianças amamentadas
tendem a apresentar menor prevalência de obesidade na infância e na
adolescência.
Atenção!
O Brasil vem, desde a década de 80, desenvolvendo estratégias para
promover a proteção ao aleitamento materno, por meio de iniciativas de
capacitação de recursos humanos, apoio aos “Hospitais Amigos da Criança”,
produção e vigilância das normas nacionais de comercialização de alimentos
infantis, campanhas nos meios de comunicação e apoio à criação de bancos
de leite humano.
O leite materno é, hoje, reconhecido como um alimento nutracêutico.
2.4 - A alimentação escolar
No Brasil, a idade escolar caracteriza-se pela idade entre 6 e 14 anos. As
necessidades nutricionais, nos primeiros anos de vida, estão condicionadas ao
rápido crescimento do corpo, ao desenvolvimento do sistema muscular e ósseo
e à necessidade de reservas para a puberdade.
Então, se tais necessidades não forem atendidas, o desequilíbrio dietético
pode levar o organismo a desenvolver anormalidades metabólicas, tornando o
aluno mais vulnerável às doenças.
O crescimento e o desenvolvimento constituem processos dinâmicos que
sofrem interferência dos fatores genéticos, nutricionais, sociais e culturais,
sendo necessária uma atenção especial da alimentação para o
desenvolvimento do potencial genético.
Precisamos seguir as recomendações energéticas que correspondem às
necessidades estimadas para cada fase, nas diferentes idades. Devemos evitar
o risco de desnutrição, como a ingestão excessiva de alimentos causadores do
sobrepeso ou da obesidade.
Portanto, devemos avaliar com cuidado a necessidade energética.
Devemos estar atentos com as mudanças nos hábitos alimentares e na
redução da atividade física; tais aspectos criam uma série de problemas entre
as crianças com idade escolar, independente de sua classe social.
O aumento dos casos de anemia e obesidade entre crianças e jovens em
idade escolar, tornou-se tema freqüente nas áreas de saúde.
Agora, saberemos por que as brincadeiras de rua foram substituídas pela
TV ou computador.
Então, a troca das brincadeiras de rua pela inatividade da TV e dos
computadores acontece pela preocupação dos pais com a segurança de seus
filhos. Neste contexto, as refeições balanceadas são substituídas por lanches
rápidos e salgadinhos, criando uma geração de jovens obesos, com vários
problemas de saúde (antes, só encontrados em adultos maiores de 40 anos).
Como exemplos, podemos destacar: pressão alta, diabetes a até
complicações cardíacas.
O governo, preocupado com a saúde do educando e com o grau de
desenvolvimento de aprendizagem da criança nutrida (comparada com a
desnutrida por deficiência alimentar), criou o programa de alimentação do
escolar, em 1954:
No Brasil, os hábitos alimentares que, antigamente, eram parecidos com
os dos europeus, estão cada vez mais semelhantes aos dos americanos do
norte.
O nosso cardápio tradicional, composto por arroz, feijão, bife, salada e
frutas, é excelente e muito bem balanceado.
Atualmente, estamos cada vez mais próximos do cardápio dos
americanos, cuja população é a obesa do mundo, já que comem mal e de
forma muito rápida (característica dos fast-food).
Em algumas regiões brasileiras, de acordo com as classes sociais, o
alimento pouco saudável e o hábito de trocar frutas por doces, consumir
salgadinhos gordurosos e industrializados, além de lanches pouco saudáveis
(apesar de significar status social), têm ocasionado a troca da subnutrição pela
obesidade.
As recomendações nutricionais do escolar, tanto em energia como para o
consumo de cada nutriente, devem ser equilibradas com qualidade, para que
atenda todas as mudanças físicas e intelectuais da fase do crescimento.
A relação entre os nutrientes e outros componentes dos alimentos deve
complementar as necessidades nutricionais desta fase, para obter-se uma vida
adulta saudável.
2.5 - O balanço energético
O estado nutricional, no plano físico e biológico, resulta do equilíbrio entre
consumo alimentar e gasto energético do organismo.
Esse gasto refere-se à utilização dos alimentos pelo organismo, para
suprir as necessidades nutricionais, relacionando-se ao estado de saúde e à
capacidade de aproveitamento dos nutrientes fornecidos pela alimentação.
As necessidades nutricionais de energia variam em função da idade, do
sexo, estado de saúde, estado fisiológico, nível de atividade física dos
indivíduos e número de horas de trabalho.
Para um adequado estado nutricional, o consumo alimentar deve estar
em perfeito equilíbrio com o gasto da energia (usada para as funções vitais e
nas atividades físicas diárias).
As pessoas em equilíbrio energético não ganham nem perdem peso; é o que
denomina-se “balanço energético”.
Balanço energético:
− É o equilíbrio obtido a partir do total de energia ingerida e o total de
energia gasta pelo organismo, em suas atividades diárias.
− Caloria (kcal) é a unidade de medida da energia gasta pelo corpo
humano, em suas atividades metabólicas e físicas, e do teor de energia
encontrado nos alimentos:
Valor calórico dos nutrientes
Nutriente= 1 g Calorias
Proteínas 4 kcal
Carboidratos 4 kcal
Gorduras 9 kcal
Álcool 7 kcal
Fibras 1,5 kcal
Vitaminas, sais minerais e água não fornecem energia.
Atenção: energia das fibras produzidas no cólon intestinal, a partir da
degradação bacteriana.
Se a alimentação fornecer mais energia do que é requerido pelo organismo, a
parte excedente acumula-se na forma de gordura corporal.
Isso significa que, se a pessoa não ingerir menos alimentos ou não aumentar a
atividade física, ganhará peso, principalmente pelo acúmulo de gordura,
levando ao sobrepeso ou à obesidade, ao longo do tempo.
Os homens brasileiros, em média, alcançam balanço energético com cerca de
2.400 calorias diárias.
As mulheres, com cerca de 1.800 ou 2.200 calorias por dia.
A média de 2.000 calorias atende, também, às necessidades de energia das
pessoas mais jovens.
O crescimento da incidência das DCNT, observado nas últimas décadas,
relaciona-se, em grande parte, aos hábitos de vida do indivíduo quando jovem.
Destacamos os comportamentos que desequilibram o balanço energético,
induzindo o ganho excessivo de peso. Estima-se que, para cada 5% de
aumento de peso acima daquele apresentado aos 20 anos de idade, ocorra um
aumento de 200% no risco de desenvolver a síndrome metabólica na meia
idade.
À medida que envelhecemos, o gasto metabólico altera-se, e
acumulamos, em média, após os 40 anos de idade, meio quilograma de peso
corpóreo por ano.
Este excesso de peso está associado ao
desenvolvimento do futuro diabetes, das doenças
cardiovasculares e de outras doenças crônicas não
transmissíveis.
O princípio fundamental para manter o balanço
energético é equilibrar as mudanças nos depósitos
orgânicos de energia (tecido adiposo ou massa gorda)
com a diferença entre consumo e gasto energéticos.
Atenção!
Se a ingestão exceder o gasto, ocorrerá um desequilíbrio positivo,
com deposição energética (tecido gorduroso) e tendência ao ganho de
peso.
Quando a ingestão for inferior ao gasto, ocorrerá um desequilíbrio
negativo, com diminuição dos depósitos de gordura e conseqüente perda
de peso.
O balanço energético, ou peso corporal, está associado à mecanismos
fisiológicos múltiplos, que determinam mudanças coordenadas entre ingestão e
gasto energético, regulando a massa corporal em torno de um ponto de ajuste,
que mantém o peso estável.
A ingestão energética total é proveniente da metabolização dos nutrientes
energéticos.
− Carboidratos, gorduras, proteínas, álcool e fibras.
A ingestão diária de calorias é definida pelo Valor Energético Total =VET
expresso em quilojoule (KJ) ou em quilocalorias (kcal):
A avaliação do gasto energético do indivíduo é composta por três
elementos:
− A taxa metabólica basal: energia requerida para manutenção de todas
as funções vitais do organismo, medida com o individuo em total
repouso;
−
− O gasto energético utilizado para metabolizar e armazenar o
alimento, chamado de ADE = ação dinâmico específica dos alimentos;
− O gasto energético requerido para atividade física e para o trabalho
que será modificador de acordo com a intensidade do trabalho ou
atividade física.
Para o cálculo do peso saudável, a tendência é utilizar o Índice de Massa
Corporal - IMC, que relaciona o peso dividido pela altura ao quadrado de
um indivíduo, para estabelecer a faixa de peso saudável.
IMC = peso / (altura)2
A OMS recomenda para a população um IMC entre 21 e 23kg/m2.
A faixa recomendada para cada indivíduo é de 18,5 a 24,9kg/m2,
evitando ganhos de peso maiores do que 5 kg na vida adulta.
O IMC é calculado:
Dividir o peso em quilogramas pela altura ao quadrado em metros
Peso =( kg/m2):
Tabela para avaliar o IMC
ADOLESCENTES (idade entre 10 e 20 anos):
– IMC p 5: baixo peso
– IMC p 5 e p 85: peso adequado/eutrófico
– IMC p 85: sobrepeso
ADULTOS (idade entre 20 e 60 anos):
– IMC 18,5: baixo peso
– IMC 18,5 e 25,0: peso saudável (eutrofia)
– IMC 25 e 30,0: sobrepeso
– IMC 27: obesidade
IDOSOS (acima de 60 anos)
– IMC 22: baixo peso
– IMC 22 e 27: peso adequado/eutrófico
– IMC 27: sobrepeso
Para a manutenção do peso saudável e do balanço energético, dois fatores
precisam ser avaliados, para resultar numa mudança significativa:
− O aumento do consumo de alimentos industrializados: são produtos,
normalmente, ricos em gorduras hidrogenadas e carboidratos simples, e
pobres em carboidratos complexos;
−
− O declínio do gasto energético: associado à falta de atividade física.
As recomendações para mudanças de comportamentos ligados a essa
problemática, na prevenção da obesidade, devem considerar o balanço
energético e a atividade física.
2.6 - Quantidade de alimentos e a qualidade nutricional
Veremos agora sobre a quantidade dos alimentos e a qualidade
nutricional, e por meio de orientações específicas, buscaremos a
conscientização para o cuidado necessário de nossa saúde.
As orientações específicas para manter a saúde são quantificadas e
expressas como limites de consumo ou como número de porções diárias de
alimentos e preparações culinárias.
Recomendações qualitativas - “coma muitas frutas, legumes e
verduras” ou “modere o seu consumo de açúcar”- são úteis como
orientações gerais, mas necessitam de recomendações quantificadas
adicionais para tornarem-se concretas e práticas, auxiliando os profissionais e
as famílias a estipular as metas de quantidades e porções.
A alimentação equilibrada não consiste apenas na enumeração de uma
série de substâncias chamadas nutrientes, mas sim, que seja apropriada e
agradável ao indivíduo que a consome. A combinação alimentar deve ser
estimulante para que seja aceita.
O regime alimentar deve corresponder às necessidades calóricas de cada
nutriente específico, de acordo com a fase de vida relacionada com os
aspectos físicos e biológicos.
As quantidades dos nutrientes devem manter uma relação de proporção
entre si, permitindo um completo aproveitamento orgânico.
As porções e quantidades dos alimentos aumentaram, ou seja, ficaram
maiores, devido a vários fatores, como a oferta no comércio e a praticidade de
muitos produtos de baixo custo.
Para garantir que as pessoas saibam a quantidade correta de alimento a
ser consumida, de acordo com o grupo, adota-se o conceito de porção de
alimento.
O termo “porção” significa:
− “a quantidade de alimento em sua forma usual de consumo,
expressa em medida caseira, unidade ou tipo de consumo (fatia,
xícara, unidade, colher de sopa, etc.)"
− Considerando também a “quantidade média do alimento que deve
ser, usualmente, consumida por pessoas sadias, para compor uma
alimentação saudável”.
Essas duas definições têm o objetivo de controlar o padrão usual de
consumo, originando porções de alimentos que não alcancem ou extrapolem
as quantidades saudáveis no conjunto da alimentação.
Como uma das orientações para uma alimentação saudável, o grupo dos
nutrientes deve oferecer:
− Carboidratos totais = 55% a 65% do VET
− Sendo 45% a 55% do VET de carboidratos complexos = cereais e
subprodutos, leguminosas, tubérculos e raízes;
− E 10% de açucares simples = açúcar simples e doces;
− De 20 a 30 % de gorduras totais;
− 10 a 15% de proteínas, sendo deste total = 50% de origem animal e
50% de origem vegetal
Atenção!
No próximo capítulo, aprenderemos como devem ser programadas
as porções de alimentos, de acordo com seus grupos, utilizando-se a
pirâmide da alimentação. Aguarde!
Você sabe o que é VET diário
O VET diário é o Valor Energético Total que deve ser ingerido,
considerando uma faixa de ingestão de energia, por exemplo, 2.000kcal por
dia.
As crianças de baixa renda ficam expostas ao consumo excessivo de
carboidratos simples: os doces e açucares, assim como, ao uso inadequado de
produtos gordurosos.
O consumo de energia necessário para manutenção da saúde e da
boa nutrição varia com o sexo, idade, nível de atividade física, estado
fisiológico, presença ou ausência de doenças e, até mesmo, com o estado
nutricional atual da pessoa.
Para essas quantificações, adota-se como parâmetro um brasileiro
saudável, com ingestão média diária de 2.000 quilocalorias (kcal).
As porções recomendadas para grupos e pessoas com exigências
expressivamente diferentes de 2.000kcal por dia, devem ser calculadas
individualmente por um nutricionista.
A formação dos hábitos alimentares começa muito cedo; nos primeiros
anos de vida do indivíduo, com a tendência de imitação dos adultos e dos
familiares.
Outros fatores influenciam na formação de hábitos: o econômico, o
religioso e os regionais, moldando o padrão alimentar.
Nos adultos, os hábitos alimentares são mais rígidos, mais difíceis de
serem modificados, instituídos há muito tempo. Normalmente, aceitam
mudanças por recomendação médica, quando já se encontram doentes. Isto é
lamentável.
Por isso, é importante que a educação nutricional seja iniciada na
infância, como princípio da boa nutrição para a condução de hábitos
alimentares desejáveis na vida adulta.
Capítulo 3
A Importância da Alimentação
Saudável
Conheceremos nesta etapa, alguns nutrientes indispensáveis para nossa
saúde, e estudaremos os carboidratos, tabelas de fibras, proteínas, gorduras e
vitaminas.
Além disso, trataremos sobre os sais minerais e a água, assim como a
pirâmide alimentar e a elaboração de cardápios básicos.
Desejo que aprenda e amplie seus conhecimentos.
3.1- A alimentação saudável
Vamos conhecer o que é uma alimentação saudável, e quais alimentos
devem fazer parte das nossas refeições.
Em geral, a alimentação saudável é constituída por três tipos de alimentos
básicos:
− Alimentos com alta concentração de carboidratos,
como os grãos (incluindo arroz, milho e trigo), pães,
massas, tubérculos (como as batatas e o inhame) e
raízes (como a mandioca);
− As frutas, legumes e hortaliças são as melhores
fontes de vitaminas, sais minerais, fibras e água.
− Os alimentos vegetais, ricos em proteínas
vegetais (os cereais integrais, as leguminosas, as
sementes e as castanhas), e proteínas de origem
animal, como as carnes, os ovos e os lacticínios.
A agricultura, assim como empresas produtoras, setores de
abastecimento (como os armazéns) e de comercialização, disponibilizam
variados grupos de alimentos de origem vegetal, somados aos de origem
animal. Eles têm como base a cultura alimentar nacional e regional,
fundamentalmente importantes para a saúde pública da população, ou seja,
para a segurança alimentar e nutricional, garantindo a qualidade de vida no
país.
Atenção!
Pessoas bem alimentadas são mais resistentes às infecções. Portanto,
uma alimentação saudável resultará na proteção contra variadas doenças,
potencialmente fatais, como diabetes, hipertensão, acidente vascular cerebral,
doenças cardíacas e alguns tipos de câncer.
3.2- Os Nutriente Indispensáveis
Veremos agora os nutrientes indispensáveis para nossa alimentação,
assim como suas respectivas importâncias.
Os parâmetros nutricionais estabelecem as orientações para o consumo
de alimentos, organizando-os em grupos, de acordo com seus principais
nutrientes.
Os nutrientes são:
Os carboidratos ou hidratos de carbono
− Os lipídeos ou gorduras
− As proteínas ou protídeos
− As vitaminas
− Os sais minerais
− A água
3.2.1 – Os Carboidratos
Vamos conhecer o que são os carboidratos?
Há mais de 12.000 anos A.C., desde os primórdios da agricultura na
região da Mesopotamia, antigo Egito, Etiópia, Península Ibérica, Américas,
entre outros, até recentemente, o consumo de energia dos diferentes grupos
populacionais baseava-se em alimentos à base de carboidratos, originados do
cultivo de grãos e da elaboração de subprodutos.
Do total do Valor Energético Total (VET) 45% a 65% ou oito gramas
de carboidrato por quilograma de peso corpóreo, devem ser provenientes
de carboidratos complexos e fibras, e menos de 10% de açúcares livres
(ou simples) como açúcar de mesa, doces, guloseimas, refrigerantes e sucos
artificiais.
Os carboidratos são classificados em:
Polissacarídeos
Dissacarídeos
Monossacarídeos.
Os carboidratos fornecem 4 Kcal / grama do nutriente.
a) Os polissacarídeos:
− São os denominados como carboidratos complexos, por serem formados
por longa cadeia carbônica, associada ao hidrogênio e ao oxigênio
(Cn H 2n On).
− São compostos por várias unidades de monossacarídeos.
Neste grupo estão:
− O amido, presente num grande número de vegetais;
− A dextrina, uma classe de polissacarídeos, de baixo peso molecular;
− A pectina que é a fibra solúvel;
− A celulose que é a fibra insolúvel;
− O glicogênio, carboidrato de reserva presente nos músculos e fígado.
As principais fontes de carboidratos complexos são:
Os grãos, como o arroz, o trigo, o milho, a aveia;
As suas farinhas;
Seus subprodutos, como as massas, pães e biscoitos;
Os tubérculos e as raízes como a batata inglesa, batata doce, batata baroa,
mandioca e suas farinhas.
Os carboidratos complexos são: o amido e as fibras, como a celulose,
hemicelulose e a pectina.
b) Os dissacarídeos:
São carboidratos mais simples, com açúcares duplos em sua cadeia, onde
sofrem uma quebra por ação enzimática.
Onde estão presentes?
No leite, a lactose;
Na cana de açúcar e na beterraba branca, a sacarose;
No malte dos cereais, a maltose.
c) Os monossacarídeos:
São conhecidos como as hexoses e as pentoses.
As hexoses (com 6 carbonos) são: a levulose, a glicose, a galactose e a
manose.
As pentoses (com 5 carbonos) são: as riboses, xilose, arabinose.
É a glicose resultante da quebra de todos os açúcares;
É a frutose presente nas frutas e legumes;
É a galactose resultante da quebra da lactose do leite.
Os dissacarídeos e os monossacarídeos são denominados açucares simples.
Consumir de 6 a 11 porções de alimentos fontes de carboidrato/dia.
Características dos alimentos fontes dos carboidratos:
Os grãos integrais, em geral, são compostos por cerca de 70% de
carboidrato.
Além de carboidratos complexos e fibras alimentares, contêm nutrientes
importantes para uma alimentação saudável, como as proteínas vegetais,
vitaminas do complexo B (entre outras), sais minerais e ácidos graxos
essenciais.
Por exemplo: uma alimentação rica em ácido fólico, presente nos grãos
integrais, ou vitamina B9, protege a integridade do tubo neural durante o seu
desenvolvimento (nos primeiros meses de vida intra-uterina), evitando a má-
formação da medula espinhal e anencefalia.
Tubérculos e raízes, tais como: batata-inglesa, batata-doce, batata-baroa
(mandioquinha), mandioca, cará ou inhame, apresentam alta porcentagem de
água e fibras solúveis e, portanto, contêm menor quantidade de carboidratos,
não deixando, porém, de ser boas fontes dos mesmos.
Na sua forma integral, os tubérculos e raízes são ricos em fibras
alimentares; (abrandadas durante o cozimento), e parte das vitaminas do
complexo B perde-se quando tais alimentos são descascados e expostos sem
a proteção da casca. O motivo dessa perda deve-se ao excesso de água ou
devido ao cozimento por um período muito longo.
Atenção!
Recomenda-se que esses alimentos sejam cozidos (inteiros ou
pouco picados) em água suficiente para cobrir os mesmos, de preferência
com casca, previamente lavados e bem higienizados. A casca deverá ser
retirada apenas no momento de finalizar a preparação.
Devem ser cozidos no vapor ou, até mesmo, no aparelho microondas.
Podem ser preparados de diferentes formas:
Cozidos, salteados, assados, grelhados, purês, suflês, recheados,
em sopas e caldos, refogados e fritos.
A forma de cocção (frita), deve ser utilizada com moderação.
Alimentos fritos absorvem muita gordura e tornam-se bastante. calóricos.
No arroz e na farinha de trigo integral preservam-se as vitaminas, os
minerais, os ácidos graxos essenciais e as fibras.
No processo industrial de refinação ou branqueamento do arroz e do trigo,
os pães e as massas comuns, produzidos com farinhas refinadas, perdem a
maior parte das vitaminas, dos minerais, dos ácidos graxos e das fibras.
Atualmente, o governo exige que as empresas produtoras enriqueçam
seus produtos com os nutrientes perdidos na refinação, como acido fólico,
ferro ou vitamina A.
Fibra alimentar:
As fibras alimentares são as partes dos vegetais que resistem ao
processo de digestão.
O cito esqueleto dos vegetais são as fibras vegetais ou dietéticas.
São substâncias indisponíveis como fontes de energia, porque não são
passiveis de hidrólise pelas enzimas do intestino humano.
Sofrem fermentação por bactérias intestinais
São considerados polissacarídeos, não amiláceos.
A alimentação com quantidade adequada de carboidratos em forma
integral preserva a fibra alimentar que auxilia na função intestinal, ou seja, nos
movimentos peristálticos que protegem contra a constipação intestinal
(prisão de ventre), a doença diverticular e o câncer do cólon.
As fibras são classificadas em solúveis ou insolúveis:
a) Fibras solúveis:
As fibras solúveis, em contato com líquidos, tornam-se uma substância com
característica de gel, que liga-se ao colesterol e ácidos biliares no
intestino para eliminá-los do corpo.
São fermentadas no intestino grosso pela flora bacteriana, produzindo
ácidos graxos de cadeia curta (AGCC).
As fibras solúveis fornecem aproximadamente 1,5 kcal/g, menos do que
outros carboidratos (4 kcal/g). São elas: pectina e hemicelulose.
As melhores fontes alimentares são:
Todas as frutas, por exemplo: maçã, banana, pêra, pêssego, morangos e
etc.
Cereais integrais e suas farinhas;
Hortaliças em geral, como: repolho, brócolis, leguminosas, milho, pimentão,
tomate, abóbora e outros.
b) Fibras insolúveis:
Permanecem intactas em todo trato gastrointestinal. No grupo, estão as
ligninas, a celulose e algumas hemiceluloses.
Não se dissolvem na água.
Absorvem água, incham e aceleram o trânsito intestinal, junto com o muco
liberado pelas células epiteliais da parede intestinal.
Retiram as substâncias potencialmente tóxicas, mais rapidamente, do
sistema orgânico.
As fibras insolúveis não são digeridas e não fornecem calorias.
A maioria dos alimentos vegetais contém os dois tipos de fibras. São elas:
lignina e celulose.
As melhores fontes alimentares são:
Cenoura, vagem, ervilha, batatas, grãos integrais, leguminosas ou feijões,
vagem beterraba, tomate;
Estão presentes nas castanhas-do-pará;
Presentes nas frutas, como a maçã, pêra, laranja, mexerica, uva, acerola,
pêssego e morango etc.
Recomenda-se um consumo diário de, no mínimo, 25g/dia de fibras.
Os alimentos de origem animal, não contêm fibras alimentares.
Os alimentos com alto teor de fibra são benéficos para a função intestinal. As
fibras reduzem o período que o alimento leva para ser digerido, e facilitam o
trânsito intestinal até a eliminação dos resíduos da digestão. Por tal razão,
previnem a constipação intestinal e protegem contra as doenças diverticulares
e o câncer do cólon.
C. Tabela de alimentos e fibras
Porção/ 100 gramas
Alimento Porção Fibras/ gramas
Maçã com casca 1 unidade média 3
Banana I unidade pequena 2
Morangos e amoras 8 unidades 4,2
Laranja 1 unidade media 3
Damasco seco 6 unidades 3,2
Abacate ½ unidade 1,8
Pêssego 1 unidade pequena 1,2
Ameixa seca 6 unidades 1,6
Aveia 5 colheres sopa 2
Trigo integral ½ xícara 2,2
Arroz integral ½ xícara 2
Germe de trigo 5 colheres sopa 2,5
Pão integral 2 fatias 1,5
Pão francês 1 unidade/ 50 g 0,2
Castanha do pará 8 unidades 2,1
Beterraba 1 unidade pequena 1,5
Cenoura 1 unidade pequena 2 g
Brócolis ½ xícara 2 g
Batata inglesa 1 unidade media 0,8
Alface ½ xícara fatiada 0,9
Cebola 1 unidade pequena 1,8
Milho 1 unidade pequena 1,6
Abóbora 1 xícara cubos 1,3
Soja ½ xícara 5
Feijão carioca ½ xícara 2
3.2.2 - As proteínas
Os alimentos de origem animal, como a carne e os ovos, fazem parte do
consumo alimentar humano, desde a época da pré-história.
O consumo da carne proporcionou resistência e preservação da espécie,
através da formação do sistema neuronal devido à riqueza de aminoácidos
essenciais.
a) Características das proteínas:
São os principais componentes químicos dos alimentos de origem animal e de
alguns grãos, como as leguminosas, cereais integrais e frutos
oleaginosos.
Fornecem os aminoácidos, que são as estruturas básicas das proteínas;
As proteínas fazem parte de todas as funções bioquímicas e fisiológicas
do organismo, desde a formação da estrutura celular, da formação
dos tecidos e órgãos, e até dos sistemas.
Atuam, também, na formação de hormônios, das enzimas e dos fatores de
imunidade.
Fornecem 4 Kcal/grama do nutriente.
São chamados como aminoácidos essenciais:
Fornecidos por fontes externas, principalmente, por alimentos de origem
animal;
Os aminoácidos não essenciais:
São chamados assim por serem sintetizados pelo organismo. São tão
importantes quanto os essenciais.
Do Valor Energético Total (VET) diário de 10% a 15% devem ser de
alimentos fontes de proteínas. Deste total, 50% de alimentos de origem
animal e 50% dos alimentos dos grupos vegetais. Ou 1 grama de proteína
por quilograma de peso corpóreo para o indivíduo adulto.
Para crianças, adolescentes, gestantes, nutrizes e atletas, pode chegar até
1,5 gramas por quilograma de peso corpóreo.
As melhores fontes alimentares são:
As carnes em geral;
Os laticínios e os ovos;
Os grãos integrais;
As leguminosas, como os feijões, a ervilha, a soja, a lentilha, o grão de bico;
Os frutos oleaginosos, como as castanhas, nozes, amêndoas.
A quantidade total de proteínas no organismo é de, aproximadamente, 19% do
peso corporal, sendo 45% presentes nos tecidos musculares, 18% no sistema
esquelético e de 4 a 10% na pele e tecido adiposo.
Atenção
Orientações nutricionais para consumo dos alimentos protéicos:
Consumir, diariamente, três porções de leite ou derivados para prevenir a
osteoporose.
Consumir, diariamente, duas porções de carnes, peixes ou ovos.
Consumir, diariamente, uma ou duas porções de leguminosas.
3.2.3- As gorduras
Agora, saberemos o que são as gorduras!
As gorduras são substâncias de consistência untuosa, formadas por
ésteres de ácido graxo com o glicerol, originados dos óleos vegetais e das
gorduras animais, que os compõem em diferentes concentrações.
Na natureza, os mais comuns são os triglicerídeos, na forma sólida ou
líquida, dependendo dos ácidos graxos constituintes. Os triglicerídeos sólidos,
em temperatura ambiente, são chamados de gorduras, e os líquidos são os
óleos.
Os lipídeos têm funções fundamentais para o organismo:
Agora, saberemos quais as funções fundamentais dos lipídeos para o
nosso organismo:
- Formam componentes das estruturas celulares, em especial das
membranas biológicas.
- Servem para depositar as reservas intracelulares de combustíveis
metabólicos, constituindo uma das principais fontes de reserva energética ao
organismo.
- Transportam as vitaminas lipossolúveis até as células.
- Suas gorduras e os açúcares são fontes de energia para o nosso
organismo.
- São fontes de ácidos graxos essenciais, que entram na formação das
bainhas celulares e dos hormônios.
- Facilitam o trânsito intestinal dos resíduos da alimentação, lubrificando o
intestino e auxiliando na eliminação através das fezes.
- São isolantes mecânicos, protegem os órgãos vitais na caixa torácica
através da formação do tecido adiposo, evitando graves traumatismos por
batidas ou quedas.
- São isolantes térmicos, protegendo os tecidos sensíveis das mudanças
bruscas de temperatura, devido à perda de calor (termólise) nos ambientes
frios.
- Auxiliam o equilíbrio hídrico orgânico, proporcionando hidratação dos
tecidos.
- Participam de várias reações químicas orgânicas e na formação das
enzimas e hormônios.
- Fornecem saciedade por um período de tempo maior que os
carboidratos, sua digestão é mais demorada.
- Na culinária, proporcionam maciez para carnes e aumentam o sabor dos
alimentos.
- São componentes importantes da alimentação humana, sendo fontes
de energia concentrada. Contudo, o consumo excessivo de gorduras
saturadas relaciona-se com várias doenças crônicas não-transmissíveis.
É importante ficarmos atentos (as)!
As necessidades diárias consideram que 15% a 30%, do Valor
Energético Total –VET- da alimentação, devem ter como fonte as gorduras,
que são substâncias com alta concentração de energia. As gorduras
fornecem 9Kcal/grama do nutriente.
Pela sua alta concentração de energia, facilmente armazenada no
organismo, os seres humanos evoluíram e desenvolveram uma fome de
gordura como mecanismo de defesa.
Tais reservas corporais viabilizavam a sobrevivência nos períodos de
migração ou de escassez de alimentos.
É importante que o consumo de gorduras seja limitado para que não ultrapasse
a faixa recomendada:
O consumo total de gordura saturada (sólida) não deve ultrapassar 10%
do total da energia diária.
O total de gordura trans (transversal) consumida, deve ser menor que 1%
do valor energético total diário (no máximo 2g/dia para uma dieta de
2.000 kcal).
Como usar as gorduras de forma saudável:
Já sabemos que as gorduras fazem parte dos alimentos como forma de
energia. e então, precisamos saber usá-las de maneira saudável, para não
prejudicar nossa saúde.
Para cozinhar ou refogar, utilize pouca quantidade de óleo vegetal; é bom
lembrar que vários alimentos possuem gorduras na constituição (não visíveis
ou não aparentes), como as carnes, ovos, leite e outros.
Dê preferência à utilização de pouca quantidade de óleo, como nos
assados, cozidos, ensopados e grelhados.
Evitar as frituras ou usá-las com moderação (uma vez por semana,
somente em uma das receitas culinárias), assim como, evitá-las nos dias mais
frios. O aquecimento excessivo das gorduras destrói suas propriedades
nutritivas.
As fontes alimentares das gorduras são:
Óleos vegetais ou gorduras insaturadas, como: óleo de soja, milho,
girassol, canola, algodão, arroz, amendoim, azeite e algumas frutas,
como o coco, castanhas, nozes.
As gorduras de origem animal ou saturadas (visíveis ou aparentes):
banha, manteiga, toucinho, bacon.
As gorduras de constituição que compõem as carnes, chamadas não
aparentes, se localizam entre as fibras musculares das carnes,
presentes também nos embutidos e nos laticínios.
A maioria dos alimentos, mesmo os vegetais, contém alguma gordura.
Por exemplo: os grãos (como o milho), sementes (como girassol) e
leguminosas (como a soja e até o arroz). Deles são extraídos óleos vegetais,
largamente utilizados no preparo de alimentos.
Outros vegetais, como frutas (abacate, coco), e azeitonas, apresentam
bom teor de gordura, consideradas saudáveis.
Os óleos de dendê, buriti e pequi, além de fornecerem energia, são muito
ricos em carotenóides, os precursores da vitamina A, e contém vitamina E.
As carnes e os órgãos internos (vísceras ou miúdos) de muitos animais,
bem como de alguns tipos de peixes, contêm gordura aparente e de
constituição.
As gorduras são de diferentes tipos e podem ser, mais ou menos,
prejudiciais à saúde. A gordura saturada está presente em alimentos de
origem animal, é sólida à temperatura ambiente e seu consumo deve ser
moderado.
A OMS recomenda que não mais que 10% do total de energia
consumida seja do tipo saturada.
A gordura vegetal hidrogenada (também chamada gordura transversal ou
trans), deve ser evitada por ser prejudicial à saúde, causando os mesmos
problemas do consumo excessivo das gorduras saturadas.
Está presente em muitos alimentos processados ou industrializados.
Colesterol
O colesterol está amplamente distribuído no organismo animal,
especialmente nas funções de:
Precursor de hormônios esteróides (estrogênicos e androgênicos).
Precursor da vitamina D através do ergosterol ou deidrocolesterol;
Forma os sais biliares;
Protege a camada córnea da pele, tornando-a altamente
impermeável à absorção de substâncias hidrossolúvel;
Evita a evaporação excessiva da pele;
É componente estrutural da membrana celular e responsável por sua
integridade física;
Atua como isolante ao servir de cobertura às estruturas de geração e
transmissão dos impulsos nervosos, de caráter elétrico;
Forma as bainhas dos tecidos nervosos, no sangue e na bile.
Ocorre na sua forma livre ou esterificada com ácidos graxos.
O colesterol é uma gordura presente, apenas, em alimentos de origem animal e
é sintetizada pelo fígado.
O organismo é capaz de sintetizar 70% das necessidades orgânicas de
colesterol; o suficiente para cobrir as necessidades metabólicas. Dessa
maneira, há necessidade do consumo externo desse composto, e deve ser
reduzido na alimentação.
O colesterol sérico:
Pode ser classificado em vários tipos, de acordo com suas funções e
propriedades, destacando-se dois mais importantes, o HDL e o LDL-
colesterol.
O HDL-colesterol é uma lipoproteína de alta densidade, responsável pelo
transporte do colesterol dos diferentes tecidos do corpo para o fígado,
freqüentemente associado ao menor risco de doenças cardíacas.
O LDL-colesterol refere-se a lipoproteínas de baixa densidade, é
responsável pelo transporte do colesterol nos diferentes tecidos orgânicos.
Atua sobre as paredes internas dos vasos sanguíneos, favorecendo a
formação de depósitos de gordura e células nas paredes das artérias, levando
ao seu estreitamento e prejudicando o fluxo sanguíneo. Por isso, o LDL é
considerado como o mau colesterol, associado ao maior risco de doenças
cardíacas.
Esses dois tipos de colesterol são encontrados apenas no sangue, e não
nos alimentos.
Para diminuir a gordura orgânica, utilizar-se de frutas como: maçã, pêra,
laranja, mexerica, uva, acerola, entre outras. Também de vegetais como a
cenoura, brócolis, ervilhas, grãos integrais, leguminosas ou feijões, castanha-
do-pará, vagem, beterraba e outros ricos em fibras.
Os diferentes tipos de gorduras:
Por características diferentes, as gorduras são classificadas em
saturadas e insaturadas.
a) Gorduras saturadas:
São as gorduras sólidas. Aumentam o risco de dislipidemias como,
também, de doenças cardíacas, quando consumidas além do limite (10% do
VET diário). São predominantes nas gorduras animais.
Suas principais fontes são:
Manteiga, banha, toucinho e a gordura das carnes e seus derivados;
Leite e laticínios integrais, embora alguns óleos vegetais também
sejam fontes (como o óleo de coco).
b) Gorduras insaturadas:
São as chamadas líquidas, os óleos. . Dividem-se em dois tipos:
monoinsaturadas e as poliinsaturadas.
Ao contrário das gorduras saturadas, as insaturadas não causam problemas de
saúde, exceto quando consumidas em grande quantidade.
São predominantes nos alimentos do grupo dos vegetais.
Gorduras monoinsaturadas:
As principais fontes são: o azeite de oliva, os óleos vegetais provenientes
do girassol, canola e arroz, azeitona, gordura do abacate e das frutas
oleaginosas, como as castanhas, nozes, amêndoas.
Gorduras poliinsaturadas:
Algumas gorduras poliinsaturadas são essenciais para manutenção da
saúde e da própria vida.
As principais fontes são: os óleos vegetais como o azeite, óleos de
algodão, milho, soja, girassol, de linhaça e óleo de peixe. Os peixes, em
geral, são ricos em ácidos graxos poliinsaturados.
Gorduras transversais ou trans: é um tipo de gordura obtido,
principalmente, do processo de industrialização dos óleos vegetais, a partir da
hidrogenação.
Recomenda-se, no máximo, que 1% do valor energético da alimentação
diária seja proveniente desse tipo de gordura.
São gorduras que causam mais prejuízos à saúde do que as saturadas.
Os ômegas:
Estudos mostram que alguns tipos de ácidos graxos são
essenciais:
Acido graxo ômega-3 e ômega-6: presentes nas gorduras insaturadas,,são
fatores de proteção à saúde.
Ácido graxo ômega-3:
Associados com a redução do risco de doenças cardiovasculares, alguns
tipos de câncer e com o tratamento de doenças inflamatórias, como
artrite reumatóide. Está presente, principalmente, na gordura dos
peixes, como a sardinha e o salmão.
Ácido graxo ômega-6:
Está presente nos óleos vegetais (principalmente no azeite) como: óleo de
soja, de girassol, de milho e de canola (em menor quantidade do que no
azeite).
Os cuidados a serem tomados, com relação ao consumo, é o mesmo
recomendado: nunca ingerir em excesso, mais do que 25% do VET.
Observar que:
Você deve utilizar os óleos frios para finalizar receitas culinárias, sem
aquecê-los em temperaturas altas e nem por muito tempo.
Quando as gorduras são aquecidas, observam-se alterações físico-
químicas, a viscosidade aumenta, seu valor nutricional é destruído e a
digestibilidade é reduzida.
O aquecimento nos óleos resulta na degradação, principalmente
quando aquecidos a mais de 250 graus Celsius, e quando ocorre a
formação de fumaça.
Ficar atento à rotulagem dos produtos e evitar alimentos cujos rótulos
mencionam gordura hidrogenada, gordura trans, óleo hidrogenado ou gordura
vegetal.
3.2.4 - As vitaminas
Agora, aprenderemos a importância das vitaminas para nosso organismo.
As vitaminas são substâncias orgânicas, cuja presença na dieta, em
quantidades mínimas, é indispensável para garantir o perfeito
desenvolvimento e funcionamento do organismo do homem.
Atenção!
As doenças causadas por deficiência de vitaminas são tão antigas
quanto o próprio homem.
A maioria destas substâncias não pode ser sintetizada pelo organismo,
portanto, devem ser obtidas através da alimentação.
As vitaminas diferem na sua composição química e nas funções que
desempenham no organismo. São variadas e encontradas em diferentes
alimentos; porém, nenhum deles comporta todas as vitaminas.
As necessidades de vitaminas, diferentemente dos nutrientes
energéticos, são exigidas em pequenas quantidades.
São componentes dos sistemas enzimáticos, que facilitam as reações
metabólicas essenciais.
As vitaminas são as substâncias que previnem o organismo de moléstias
e carências, como o raquitismo, o beribéri e o escorbuto.
São expressas em miligramas de substância ou em termos de
unidade, e não contêm calorias.
São classificadas de acordo com as qualidades específicas das
substâncias químicas que as compõe, e de sua solubilidade.
São classificadas em dois grupos:
Vitaminas lipossolúveis: A, D, E, K
Características:
São encontradas em alimentos associados aos lipídeos.
São conduzidas e absorvidas, juntamente com as gorduras presentes
na dieta.
b) Vitaminas hidrossolúveis são: complexo B e vitamina C.
Características:
São solúveis em água;
Tem menor tempo de conservação no organismo;
Seu excesso é eliminado através da urina;
Seu fornecimento diário na dieta é necessário, porque suas reservas
orgânicas não são apreciáveis.
As vitaminas são substâncias presentes nos alimentos de origem vegetal ou
animal, em quantidades muito pequenas quando comparadas aos carboidratos,
proteínas e gorduras, mas que são essenciais à saúde e à nutrição adequadas.
Lembre-se: suas principais fontes são as hortaliças, legumes e frutas.
Agora, conheceremos as principais características das vitaminas
Lipossolúveis:
Vitamina A ou Retinol:
Nos vegetais, são os carotenóides ou pró-vitamina A, onde a própria
vitamina protege contra xeroftalmia, cataratas e outras doenças
oculares.
Auxiliam na formação da imunidade do organismo, protegendo contra
diversas infecções.
Atuam na formação do epitélio na sua integridade, protegendo a pele e as
mucosas dos sistemas digestivo, respiratório e genito-urinário.
Tem também função na formação da estrutura dentária. É antioxidante
quando associada à vitamina C e E.
Fontes alimentares:
A vitamina A está presente nos alimentos de origem animal: carnes, ovos e
laticínios.
A pró-vitamina A ou carotenóides, estão presente nos vegetais (hortaliças e
frutas) de coloração verde escuro, amarelos, laranjas e vermelhos.
Vitamina D ou calciferol:
É responsável pela fixação do cálcio e do fósforo no sistema ósseo e
dentário. Estão presentes em alguns alimentos de origem animal.
A vitamina D é sintetizada na exposição solar, em contato com uma
substância chamada ergosterol, localizada sob a pele.
É necessário tomar sol nos horários recomendados para manter as
reservas da vitamina.
Sua carência é responsável por doenças como o raquitismo na infância, a
osteomalácia na idade adulta e a osteoporose na velhice, por estar
associada à fixação do cálcio e do fósforo.
Fontes alimentares:
Raios solares, leite, peixes, gema do ovo.
Vitamina E ou Tocoferois;
É considerada a vitamina da fertilidade, porque sua função está
diretamente ligada à produção dos hormônios sexuais;
Tem funções antioxidantes sobre a vitamina A e os ácidos graxos
insaturados. Dessa função, participa a vitamina C.
Tem também função de proteção dos glóbulos vermelhos, evitando a
anemia macrocitíca comum em recém nascidos desnutridos.
Fontes alimentares:
Os frutos oleaginosos, como as castanhas, as nozes, as amêndoas;
Os óleos vegetais de soja, o azeite, o de milho e outros.
Alimentos de origem animal, como as carnes e ovos, são fontes
secundárias.
Em quantidades menores, aparece no germe dos cereais integrais.
Vitamina K, Naftoquinoma ou Menadiona:
A vitamina K está presente no lúmen intestinal e deriva-se de duas fontes:
dos alimentos e da síntese realizada pelas bactérias intestinais.
A principal função é promover a síntese dos fatores de coagulação do
sangue, favorecendo a síntese da pró-trombina, componente protéico
responsável pelo processo de coagulação.
Sua carência leva o organismo a desenvolver hemorragias, principalmente
nas mulheres durante as fases da menstruação, ocasionando altos
níveis de anemia.
É indicada em tratamentos com antibióticos, quando eles causam a
destruição da flora intestinal.
Fontes alimentares:
São os vegetais verdes escuros, como espinafre, no repolho.
Em concentrações médias no tomate e vísceras de animais.
e) Principais características das vitaminas hidrossolúveis:
Vitaminas do Complexo B:
Tem características funcionais muito semelhantes e suas funções estão
correlacionadas; chamadas sinérgicas, porque desempenham suas
funções em conjunto.
Entre as funções de maior importância está o metabolismo dos nutrientes
energéticos: carboidratos, proteínas e lipídeos.
Produzem os fatores enzimáticos e coenzimáticos, que facilitam o
aproveitamento orgânico dos nutrientes.
Fontes alimentares:
Estão presentes nos cereais integrais, no germe dos grãos, no levedo de
cerveja;
Nas carnes, nos laticínios, ovos;
Vegetais verdes, nozes, feijões e frutas.
A exceção é a vitamina B12 ou cobalamina, presente somente
nos alimentos de origem animal, como as carnes, leite e ovos.
A carência extrema da vitamina B12 causa anemia perniciosa, sendo
que uma de suas funções é participar da formação do sangue. Também é
necessária na síntese do DNA.
Faz parte do grupo do Complexo B: o ácido fólico, considerado como fator de
crescimento celular e da formação sanguínea
(já descrito no capítulo das DCN).
Também as chamadas pseudo vitaminas Inositol e Colina.
A vitamina C – o ácido L- ascórbico:
A vitamina C é uma substância cristalina branca e inodora, com sabor
ácido.
É insolúvel nos dissolventes orgânicos.
Á água, a exposição ao ar, o calor, o meio alcalino e os metais aceleram
sua oxidação.
Ela é rapidamente absorvida no trato gastrointestinal.
As vias de excreção são: a urina, fezes e o suor.
É necessária na síntese do colágeno.
Participa da formação das substâncias intercelulares necessárias para a
formação do tecido conjuntivo, das cartilagens, das paredes dos
capilares, da formação dos ossos e da dentina.
Favorece a produção das defesas orgânicas do corpo através do estímulo
das funções de defesa, e também da formação dos anticorpos e da
atividade fagocitária.
Tem ação antioxidante junto com a vitamina A e vitamina E.
Fontes alimentares são:
As frutas cítricas: laranja, limão, caju, acerola, kiwi, morango, abacaxi,
goiaba entre outras.
Hortaliças como: tomate, pimentão, agrião, repolho (sempre crus).
Nos alimentos de origem animal, presente somente no leite materno.
A presença da vitamina C nas refeições diárias, aumenta a absorção orgânica
do ferro de origem vegetal, auxiliando na prevenção da anemia ferropriva.
Uma alimentação rica em frutas, legumes e verduras, fontes naturais de
vitaminas, minerais e compostos bioativos, é fundamental para a manutenção
da saúde.
Tendo-se como meta quantitativa mínima o valor percapita de 400g/dia de
frutas e hortaliças.
O ideal é consumirmos cinco porções, ou no mínimo, três.
3.2.5 - Os sais minerais
Agora, aprenderemos qual a importância dos sais minerais para o
organismo.
Os sais minerais são nutrientes chamados elementos minerais ou
nutrientes inorgânicos. Possuem funções comprovadas no corpo humano e no
seu metabolismo.
São eles:
Cálcio, fósforo, magnésio, sódio, potássio, enxofre, cloro, ferro, cobre,
cobalto, iodo, manganês, zinco, selênio, zinco.
São considerados componentes minerais das células vivas, por estarem
constantemente integrados nas moléculas orgânicas e, raramente, sob forma
inorgânica.
Dentre as suas funções orgânicas temos, por exemplo:
Cálcio e fósforo têm relação definida na formação de ossos e dentes;
O ferro, o cobre e o cobalto, e vitamina B12 agem na síntese da
hemoglobina e na formação das células vermelhas do sangue;
O sódio, potássio, cálcio, fósforo, cloro entram na formação dos fluídos
orgânicos;
O cálcio e o magnésio fazem parte da formação das células nervosas;
O Iodo é um componente essencial do hormônio tiroxina. Entre outras
funções.
O indivíduo adulto possui, em seu corpo, o equivalente a 4% de
compostos minerais, em permanente equilíbrio dinâmico, exigência que impõe
a necessidade de constante fornecimento na dieta diária, nas quantidades e
qualidade exigidas pelas trocas biológicas.
As proporções dos alimentos e das bebidas recomendadas em uma dieta
equilibrada, com quantidades variadas de alimentos, fornecem vitaminas e
minerais em níveis iguais e, muitas vezes, superiores aos necessários para a
prevenção das deficiências orgânicas.
Fontes alimentares de sais minerais:
Alimentos de origem animal: carnes, ovos, laticínios;
Vegetais: cereais, leguminosas, hortaliças, legumes e frutas.
O consumo de hortaliças, legumes e frutas, no Brasil, é
tradicionalmente baixo.
A participação desses grupos de alimentos, no valor energético da
alimentação das famílias brasileiras, variou de 3% a 4% do VET, entre 1974 e
2003.
Embora a tendência esteja relativamente estável, é preciso implementar
esforços para aumentar, substancialmente, o consumo desses grupos de
alimentos.
Nem mesmo as famílias de maior renda consomem, atualmente, o valor
mínimo recomendado, porém, consomem seis vezes mais do que as famílias
mais pobres.
Alimentação rica em frutas, legumes e verduras, oferecem fontes naturais de
vitaminas e minerais.
3.2.6 - A água
A água é um nutriente essencial à vida.
Nenhum outro nutriente apresenta tantas funções no organismo, como a água.
Sua ingestão diária é necessária para a saúde humana. Todos os sistemas e
órgãos do corpo utilizam-se da água.
Ela desempenha papel fundamental na regulação de atividades vitais
do organismo, incluindo:
A regulação e manutenção da temperatura;
Transporte de nutrientes até as células;
Auxílio na eliminação de substâncias tóxicas resultantes do resíduo do
metabolismo dos alimentos;
Atuação nos processos químicos dos sistemas digestivo, respiratório,
cardiovascular e renal.
O corpo humano é, na sua maior parte, formado por água. A proporção
de água depende do volume de gordura orgânica, variando entre 60% nos
homens e 50% a 55% nas mulheres. Nas crianças, pode chegar a 70%.
Sua deficiência manifesta-se rapidamente: uma variação de cerca de 1%
no grau de hidratação leva ao aparecimento dos sintomas da desidratação.
A privação completa de água leva à morte em poucos dias, enquanto
que, na privação de alimentos, o homem poderia sobreviver por semanas.
A importância vital da água é, muitas vezes, subestimada, porque
usualmente é abundante na natureza e nos alimentos, principalmente nas
frutas e hortaliças.
Os alimentos também contêm água em sua composição, em
proporções variadas:
A quantidade de água nas frutas pode chegar até 95% ou mais.
Nas carnes, até 50%, dependendo da quantidade de gordura presente
no corte.
Até os grãos secos têm água na sua composição.
Devemos consumir água tratada, fervida ou filtrada, de boa qualidade,
uma vez que é um veículo potencial de transmissão e contaminação das
doenças.
Principalmente entre as crianças, são comuns as diarréias causadas por
agentes infecciosos, transmitidos pelo consumo de água de má qualidade ou
não tratada.
As necessidades diárias de consumo de água:
A necessidade depende dos processos metabólicos, do gasto energético
do organismo, da atividade física e das condições ambientais.
Considerar o consumo de 1ml/kcal de energia gasta para adultos em
condições moderadas de gasto energético e temperaturas ambientais não
muito elevadas:
Para um VET de 2.000kcal = 2 litros de água.
Para crianças = 1,5 ml/kcal de energia gasta.
Uma especial atenção deve ser dispensada ao consumo de água por
pessoas idosas, pois seu mecanismo de controle de sede pode ser menos
eficiente.
Os governos devem garantir o acesso e a qualidade da água tratada para toda
a população brasileira.
Sistemas de abastecimento seguro de água são requisitos fundamentais para a
saúde pública.
Garantir e preservar os mananciais de água em território nacional, como
requisito para saúde da população.
3.3 - A pirâmide alimentar
A pirâmide da alimentação brasileira é utilizada como um guia na elaboração
dos cardápios:
Sua base apresenta os alimentos do grupo dos nutrientes energéticos,
que devem ser ingeridos em maior quantidade ao dia (6 a 11 porções);
No segundo piso estão os alimentos do grupo dos reguladores:
hortaliças e frutas, que apresentam um valor energético mais baixo que
os outros grupo,s e devem estar presentes em todas as grandes
refeições. Ingerir de três a cinco porções de cada grupo por dia;
No terceiro piso encontramos os alimentos do grupo dos construtores,
que são os protéicos: os alimentos de origem animal (lacticínio, carnes e
ovos). Ingerir duas porções ao dia de cada grupo. Fazem parte, também,
as leguminosas (até uma porção ao dia).
Na ponta da pirâmide, estão os alimentos que devem ser ingeridos em
menor proporção e que, normalmente, são utilizados para elaboração
das diferentes preparações alimentares.
3.4 - A elaboração dos cardápios básicos
Orientações gerais:
O Ministério da Saúde Brasileira determina o ideal de três refeições
grandes, intercaladas com três refeições pequenas:
O ideal é que cada indivíduo consiga adequar suas refeições diárias à
sua rotina de atividades, estudo ou trabalho. Fazer, no mínimo, quatro
refeições diárias.
Deve manter uma rotina de horários, e variar os alimentos nas refeições,
não deixando de fazê-las.
Servir quantidades pequenas de alimentos para conseguir variar.
Nunca utilizar-se, nas grandes refeições, de um só tipo de alimento ou
preparação culinária.
Consumir laticínios para reposição de cálcio, proteína e vitamina
B12, de preferência nas pequenas refeições, como no desjejum e no lanche da
tarde Eles fornecem nutrientes como o Cálcio, indispensável para a formação
celular dos tecidos ósseos e orgânicos.
Não dispensar as carnes, por sua qualidade protéica e de ferro
biodisponível, atuante na formação das hemácias e vitaminas do complexo B.
Utilizar-se de cereais integrais e leguminosas para suprir as necessidades
energéticas, e também de proteínas vegetais.
Não dispensar as hortaliças, os legumes, os frutos para reposição de
vitaminas, sais minerais e fibras, tão necessárias ao bom funcionamento
intestinal.
Atenção!
Devemos fazer uso dos líquidos como os sucos, água ou chá (antes ou
após as refeições).
Fugir da monotonia, e alimentar-se para que o organismo receba todos os
nutrientes necessários para a manutenção da saúde.
3.4.1- A Composição dos cardápios:
-Não servir mais de uma fritura por refeição, e utilizá-las ocasionalmente em
dias mais frios;
-Não usar excesso de sal, que é prejudicial à saúde, podendo levar ao
desenvolvimento da hipertensão. Não esquecer que os produtos
industrializados contêm sal como conservantes.
-Servir sempre um suco cítrico ou fruta cítrica: a necessidade da reposição
da Vitamina C é diária.
-Variar as formas de preparo dos alimentos, utilizar-se de cozidos, assados,
grelhados, refogados, gratinados, ensopados, no vapor, etc.
-Servir saladas com hortaliças de cores variadas, utilizando três variedades,
no mínimo, por refeição, combinando as cruas e cozidas.
-As guarnições (são preparações que complementam o prato principal ou
protéico) podem ser preparadas com hortaliças cozidas, refogadas,
salteadas, gratinados, assadas, sautê, na forma de purês. As guarnições
podem ser,, também, as farofas e as massas.
-Atender suas necessidades nutritivas.
-Cozinhar com previsão de cálculo percapita (porção individual) para evitar
o excesso de sobras e, conseqüentemente, o desperdício.
-Sempre que possível, desde que a idade permita, servir hortaliças cruas
combinadas com as cozidas para o exercício dos dentes, gengivas e o
bom funcionamento intestinal. São ricas em fibras e favorecem a
saciedade.
-A previsão ou elaboração dos cardápios deve ser semanal nas residências,
restaurantes comerciais, mensais e nos restaurantes Institucionais. Um
bom planejamento mantém a qualidade dos cardápios.
Lembre-se: Utilizar-se dos líquidos, como os sucos, água ou chá – antes
ou após as refeições.
Capítulo 4
A Promoção da saúde, reeducação
alimentar
Aprenderemos agora, qual a importância da atividade física, assim como
os aspectos e princípios higiênicos necessários para a qualidade dos
alimentos, segundo a Organização Mundial da Saúde.
Finalizando, conheceremos as recomendações para uma alimentação
saudável.
4.1 - Hábito alimentar
É muito importante criarmos bons hábitos alimentares, que nos ajudarão a
resistir diante de algumas tentações.
O hábito alimentar deve fazer parte do cotidiano das pessoas,
caracterizado como um momento agradável de socialização.
Devemos dar preferência aos alimentos nutritivos em quantidades
suficientes, de maneira a promover a saúde e prevenir doenças.
Atenção!
As práticas alimentares saudáveis devem ter como enfoque o resgate de
hábitos alimentares regionais, inerentes ao consumo de alimentos in natura,
produzidos em nível local e de elevado valor nutritivo, como: frutas, legumes e
verduras, grãos integrais, leguminosas, sementes e castanhas.
É necessário educarmos as crianças e os adolescentes para as práticas
de seleção de produtos nutritivos, que deverão acompanhá-los na fase adulta e
na velhice, para a preservação da saúde (considerando sempre a segurança
sanitária).
Devemos considerar aspectos como os hábitos alimentares familiares,
regionais, religiosos, econômicos, culturais e afetivos, relacionados aos
costumes alimentares.
Uma alimentação saudável deve assegurar características indispensáveis,
fundamentadas nas leis da alimentação:
quantidade, qualidade, harmonia e adequação
4.2 - A importância da atividade física
Pessoas fisicamente ativas, consequentemente, possuem um
metabolismo energético mais elevado, o que significa que são capazes de
aproveitar melhor os alimentos nutritivos, sem acumular gordura no corpo.
À medida que a atividade física aumenta, o mesmo acontece com a
massa corporal magra (a massa muscular), e o corpo, gradualmente, muda de
forma.
A diminuição da gordura por massa muscular favorecerá o aumento do
metabolismo energético, ocorrendo maior queima das gorduras acumuladas e
menor peso corporal.
A atividade física regular mantém:
- Músculos, ossos e articulações fortes;
− A produção hormonal e sanguínea normais;
− As funções imunológicas e intestinais equilibradas.
− Níveis saudáveis de vida ativa.
Também contribui para a prevenção:
− Das DCNT, como a osteoporose;
− Os problemas nas articulações;
− Problemas circulatórios;
− Obesidade;
− Diabetes e outras doenças.
De forma inversa, a inatividade física aumentará:
− O risco de diversas doenças;
− Predispõe o organismo ao acúmulo de gordura e à obesidade;
− Sensibilidade para os resfriados;
− Depressão.
As pessoas que estão em forma física:
− Desfrutam mais da vida;
− Dormem melhor;
− Não acumulam stress;
− Ficam menos enfermas;
− Terão maior expectativa de vida;
− Envelhecem com saúde.
− São profissionalmente mais produtivas;
− Faltam menos ao trabalho;
− Desenvolvem maior resistência contra doenças.
O exercício físico é um poderoso remédio, muitas vezes, mais eficaz do
que medicamentos convencionais, pois melhora a qualidade de vida, diminui o
risco de doenças do aparelho cardiorrespiratório, e conseqüentemente, diminui
a pressão arterial.
Além disso, reduz o risco de diabetes e de câncer do colo uterino e do
intestino.
Alivia a ansiedade em, aproximadamente, 50%, e aumenta o tônus
muscular.
As crianças fisicamente ativas têm melhor desempenho escolar, são mais
sociáveis, apresentam melhor relacionamento com os pais e amigos e,
provavelmente, terão menor tendência ao tabagismo ou ao uso de drogas.
Atividade física pode ser:
Qualquer trabalho que envolva a movimentação do corpo, como:
− Andar, correr, jogar;
− Limpar a casa, lavar o carro e praticar jardinagem ou cultivo de hortas;
− Levar o cachorro para passear;
− Andar em ritmo acelerado;
− Exercícios de alongamento;
− Ciclismo ou natação;
− Dançar.
Todas as formas de recreação ou esporte, que mantenham o corpo em forma,
mais forte e jovem, são consideradas atividades físicas.
A atividade física regular e frequente, além de prevenir o sobrepeso e a
obesidade, é benéfica para a saúde mental e emocional.
É recomendável submeter às pessoas com histórico de doença cardíaca, ou
com mais
de 50 anos, a um teste simples de esforço, para avaliar a condição para a
prática de atividade física.
4.3 - Os aspectos higiênicos e sanitários dos alimentos
Agora, saberemos quais são os aspectos higiênicos e sanitários devidos
para os alimentos.
Uma característica fundamental para a alimentação saudável é que o
alimento consumido seja seguro, não apresente perigo intrínseco ou
contaminação de natureza biológica, física ou química, em níveis que
comprometam a saúde do consumidor.
Os riscos de contaminação dos alimentos são inúmeros:
Atenção!
Manter critérios de seleção do local de compra;
− Observar as formas de conservação;
− Verificar os procedimentos de manipulação;
− Observar o produto final para consumo;
− Analisar as normas básicas de higiene.
O consumidor tem papel importante para a prevenção dos riscos, mediante os
critérios observados e cobrados do produtor, comerciante ou manipulador.
A promoção da qualidade sanitária dos alimentos deve ser prioridade na
agenda da saúde pública, uma vez que a disponibilidade de alimentos seguros,
além de manter o bem-estar das pessoas e a produtividade do país, é um
direito básico do cidadão.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), um terço da população de
países desenvolvidos é acometido, a cada ano, por doenças transmitidas por
alimentos e, possivelmente, o quadro se agrava nos países em
desenvolvimento, como o Brasil.
A gravidade da proliferação dos microrganismos está vinculada ao fato
de que eles estão amplamente distribuídos no ambiente, podendo ser
encontrados em todos os ambientes: na água, no solo e no ar.
O homem também desempenha papel importante na transmissão desses
agentes, pois apresenta uma rica flora microbiana distribuída pelo corpo: pele,
boca, nariz, ouvidos, garganta, olhos, cabelos, mãos, unhas e tratos genitais e
intestinais.
O corpo apresenta uma flora microbiana superficial, que é eliminada
através de hábitos higiênicos regulares, como: lavar as mãos (principalmente
antes de manipular os alimentos) e tomar banho diariamente. Apresenta,
também, uma flora permanente de proteção natural, que nos protege contra os
microrganismos mais nocivos.
OS PRINCIPAIS AGENTES DE CONTAMINAÇÃO DOS ALIMENTOS
a) O homem:
− O homem é o principal agente de contaminação dos alimentos,
através da manipulação incorreta ou da falta de hábitos de higiene
eficientes e rotineiros, como não lavar suas mãos corretamente.
− Quando está com sintomas de doenças transmitidas por alimentos
(DTA), podem transportar microrganismos perigosos durante o
preparo e manipulação das refeições.
− Pessoas saudáveis podem transmitir os microrganismos quando
atuam como veículo, transportando os mesmos de um alimento
contaminado para outro não contaminado, ou ainda, quando são
portadoras de algum tipo de virose.
Os alimentos podem ser contaminados quando:
− As pessoas os manipulam sem lavar as mãos;
− Quando falam, tossem ou espirram sobre eles;
− Quando tocam em dinheiro e, posteriormente, no alimento, sem lavar as
mãos;
− Utilizam o banheiro e não lavam as mãos;
− Quando coçam o cabelo, o ouvido ou qualquer parte do corpo;
− Manipulam alimentos não limpos;
− Quando retiram o lixo e não lavam as mãos;
− Quando fumam;
− Diversas situações rotineiras, sem lavar as mãos corretamente.
b) Alimentos crus ou não lavados
− Alguns alimentos crus podem apresentar organismos perigosos, que são
eliminados quando completamente cozidos.
− Os alimentos podem apresentar organismos que são removidos após
lavagem e higienização.
− Alimentos podem contaminar direta ou indiretamente outro alimento,
geralmente o cru em contato com o já cozido, apresentando uma
contaminação cruzada.
− Utilizar os mesmos utensílios. Por exemplo, quando cortamos um frango
cru e, sem lavar a faca ou a tábua de corte, os utilizamos para cortar a
salsinha lavada. Também pode ocorrer contaminação através dos panos
de pratos molhados.
c) Insetos, ratos e animais domésticos:
− Entre os insetos, devemos ter especial cuidado com as formigas,
moscas e baratas.
− Algumas vezes, é difícil identificar a presença de ratos, sendo
necessário ficar atento aos seus sinais, como alimentos e embalagens
roídos, ou pela presença de fezes.
− Os animais domésticos, por transportarem organismos prejudiciais à
saúde, podem contaminar o alimento por meio de contato direto ou de
seus pêlos.
d) Terra e o ambiente:
− Quando varremos uma área de preparo do alimento, a poeira levanta-se
e espalha-se no ar, aumentando o risco de contaminação dos alimentos
que estão sendo preparados.
− A limpeza na área de produção dos alimentos, portanto, deve ser feita
antes e depois da manipulação dos mesmos.
− Nunca usar vassoura seca nos setores de produção de alimentos, como
por exemplo, em restaurantes de empresas. Sempre lavar com
esguicho ou panos úmidos, evitando a poeira.
e) Superfícies e utensílios
− As superfícies que entram em contato direto com os alimentos, como a
bancada, mesas da cozinha ou qualquer utensílio utilizado no preparo,
como tábuas de corte, facas, panelas, bacias e outros vasilhames,
podem ser fontes de contaminação, quando sujos.
− Lavar todos os objetos antes e após o uso, como forma de segurança.
− Outros riscos de contaminação são as superfícies das mesas de massas
ou eletrodomésticos, quando mal lavados.
f) Lixo e prazo de validade dos alimentos:
− O lixo deve permanecer fechado com tampa, e ser retirado,
frequentemente, da área de preparo dos alimentos.
− Após o manuseio do lixo, deve-se lavar as mãos.
− Observar o prazo de validade dos alimentos estocados.
− Utilizar, primeiro, os alimentos próximos ao vencimento.
Atenção!
− Utilizar a regra:
PV – PS: primeiro que vence - primeiro que sai.
4.4 - Os princípios higiênicos para manter a qualidade dos
alimentos
Agora, conheceremos a importância da higienização para manter a
qualidade dos alimentos, de acordo com as normas estabelecidas pela
Organização Mundial de Saúde.
1. Mantenha a limpeza
− Os microrganismos perigosos, que causam doenças transmitidas por
alimentos, podem ser encontrados na terra, na água, nos animais e nas
pessoas.
− Os microorganismos são transportados de uma parte para outra por
meio das mãos e dos utensílios, assim como das roupas, dos panos,
das esponjas e quaisquer outros elementos que não lavados de maneira
adequada, cujo leve contato poderá contaminar os alimentos.
− É de extrema importância a higiene pessoal antes de manipular os
alimentos.
2. Separe alimentos crus e cozidos
− Os alimentos crus, especialmente carne, frango e pescado, podem estar
contaminados com microrganismos perigosos, existindo a possibilidade
de contaminar outros alimentos, como comidas cozidas ou prontas, no
preparo da refeição ou durante a sua conservação.
− É a chamada contaminação cruzada.
3. Higienizar corretamente as hortaliças e frutas:
− Lavar as hortaliças e frutas embaixo de água corrente;
− As hortaliças ou legumes, que serão ingeridos crus, devem ser
colocados em solução de hipoclorito de sódio como forma de
segurança para eliminar os microrganismos;
− As frutas consumidas com casca também devem ser colocadas
na solução.
− Seguir as recomendações do fabricante do produto para a
quantidade a ser utilizada.
4. Cozinhe completamente os alimentos
− O cozimento correto dos alimentos mata quase todos os microrganismos
perigosos.
− Cozinhar os alimentos de maneira que a temperatura externa e interna
chegue a 70ºC, o que garantirá a segurança para consumo.
− Existem alimentos, como pedaços grandes de carne, frangos inteiros ou
carne moída, que requerem um especial controle da cocção.
− O reaquecimento adequado elimina microrganismos que possam ter se
desenvolvido durante a conservação dos alimentos.
5. Mantenha os alimentos em temperaturas seguras
− Alguns microrganismos multiplicam-se rapidamente, se o alimento é
conservado à temperatura ambiente.
− Abaixo de 5ºC e acima de 60°C, o crescimento microbiano faz-se de
forma lenta ou deixa de acontecer.
− Alguns microrganismos patogênicos, porém, podem crescer em
temperaturas abaixo de 5ºC.
Os microorganismos prejudiciais à saúde podem se multiplicar em
temperaturas entre 5ºC a 60ºC (chamada zona de perigo). Eles preferem
temperaturas de verão ou a do nosso corpo (em torno de 37ºC).
6. Usar água e matérias-primas seguras
− As matérias-primas, incluindo a água, podem conter microrganismos e
produtos químicos prejudiciais à saúde.
− É necessário ter cuidado na seleção de produtos crus e verificar sempre
a procedência, a qualidade, a data de produção e validade.
− Tomar medidas preventivas reduz riscos, como lavar e descascar os
legumes.
− Devemos usar água tratada ou fervida e filtrada, para beber e para
preparar refeições, café, chá, sucos, etc.
− É preciso que todos tenham acesso à água tratada.
− Sistemas de abastecimento seguro de água é requisito fundamental
para a saúde pública.
4.5 – As recomendações para a alimentação saudável
Agora, aprenderemos como melhorar nossos hábitos alimentares,
adotando algumas dicas para nosso cotidiano, mantendo uma vida saudável
com qualidade.
1. Faça entre quatro e seis refeições ao dia (três grandes e três
pequenas):
− Fazer de quatro a seis refeições leves com volume certo, de acordo
com as suas necessidades nutricionais, que forneçam saciedade e
equilíbrio.
− O metabolismo ativa o organismo, levando-o a utilizar mais
facilmente o combustível de reserva (gorduras), além de controlar o
apetite e a vontade de “beliscar” alimentos desnecessários entre as
refeições.
2. Manter intervalos regulares entre as refeições:
O ideal é fazer uma refeição a cada três horas. Se não for possível,
estabelecer intervalos de, no máximo, 3 horas entre as refeições. Uma vez
fixados os horários, há uma tolerância de meia hora, desde que os intervalos
mínimos e máximos sejam obedecidos.
− Fazer o número previsto de refeições, em intervalos regulares, evitará a
hipoglicemia (queda do nível de açúcar no sangue) e reduzirá a chance
de refeições fora dos horários, assim como evitará a fome
descontrolada e a ingestão de alimentos, além das reais necessidades.
3. Comer sempre nos mesmos horários:
− Programar os horários das refeições e fazer o possível para cumpri-los
de fato.
− Alimentando-se, sistematicamente, nos mesmos horários, você
acostumará seu organismo ao novo ritmo, condicionando-o a sentir fome
somente no momento certo;
− Ao acordar mais tarde, caso tenha perdido o café da manhã, fazer tal
refeição na hora do lanche, mantendo o restante conforme o
programado.
4. Comer devagar e mastigar os alimentos:
− Selecionar o que irá compor a refeição;
− Iniciar, sempre, as refeições com a salada, pois ativam a produção das
enzimas digestivas.
− Procurar colocar no prato as hortaliças cruas que exigem mastigação,
combinadas com legumes que podem ser cozidos, assegurando as
quantidades de vitaminas, minerais e fibras.
− Mastigar bem e lentamente, para sentir a textura e o sabor de cada
alimento, experimentando o prazer de saboreá-lo.
− A digestão dos carboidratos começa na boca, através das amilases.
− Ao alimentar-se dessa forma, o cérebro receberá maior número de
informações, contribuindo para acionar o centro da saciedade.
− Em média, o centro regulador da saciedade no cérebro, demora até
vinte minutos para ser estimulado.
− Separar o ato de comer de outras atividades, como ler e assistir
televisão, pois interferem na recepção de informações pelo centro
regulador.
5. Respeitar a quantidade e a qualidade dos alimentos permitidos:
− Os alimentos devem ser ingeridos em quantidade e qualidade
adequadas para suprir as necessidades nutricionais e a saciedade,
sem excesso de calorias.
− Cada indivíduo precisa de um plano alimentar específico, de acordo
com suas necessidades energéticas.
− Evitar a monotonia: um erro comum é repetir sempre os mesmos
alimentos e, consequentemente, os mesmos nutrientes. Predispõe o
organismo à carência dos nutrientes que ficam fora das refeições.
− A monotonia na alimentação faz com que o plano alimentar seja
abandonado.
− Variar bastante dentre os alimentos de cada grupo.
− Criar e testar novas receitas.
− Caprichar na apresentação dos pratos e na arrumação da mesa.
− Tornar prazeroso o momento da refeição.
6. Beber líquidos:
− Beber água filtrada ou mineral e sucos naturais (sem açúcar),
suficiente para hidratar-se.
− Evitar o consumo de refrigerantes e sucos industrializados, com
muito açúcar, durante as refeições. O açúcar inibe o apetite e oferece
falsa saciedade.
− Procurar beber os líquidos recomendados antes ou após a refeição;
nunca durante, porque atrapalha a mastigação.
7. Não adotar dietas radicais:
− Dietas da moda surgem constantemente.
− A TV explora o marketing de dietas milagrosas; porém, as pessoas
obesas permanecem obesas, gastando dinheiro sem praticar um
processo de educação alimentar;
− As pessoas não suportam, por muito tempo, as dietas muito restritivas:
dieta da lua, dieta da sopa, dieta das frutas, dieta das proteínas.
− Dietas que restringem o organismo dos demais nutrientes, podem
causar sérios problemas de saúde, pois alteram radicalmente o
metabolismo.
− A pessoa voltará, rapidamente, para antigos e maus hábitos alimentares,
totalmente desestimulada;
− A perda de peso, em curto período de tempo, é prejudicial ao
metabolismo orgânico, acarretando também a perda de massa magra
(tecido muscular), com conseqüente redução do gasto energético total,
com possível aumento imediato de massa gordurosa após o final da
dieta restritiva.
− O aumento imediato do peso é mecanismo de defesa natural do
organismo. Por isso, os processos de redução de peso devem ser
gradativos, dentro de um programa de educação alimentar.
8. Evitar comprar alimentos calóricos e pobres em nutrientes saudáveis:
− Não comprar para estocar produtos sem valor nutricional saudável,
como salgadinhos, frituras, bolachas, balas, bombons, refrigerantes,
etc.
− Comprá-los, somente, para consumo imediato e ocasional.
− Não torná-los como hábito diário.
− Proteja-se do risco de um ataque surpresa na hora de fome.
9. Prevenir-se no local de trabalho ou nos lanches escolares, com:
− Barra de cereais, bolacha integral (no máximo, três unidades), e
se possível, frutas ou iogurte natural: quando tiver fome, dispor de
algo saudável para comer;
− Nos momentos de intervalos no trabalho ou da escola, ingerir
sanduíches naturais, sucos de frutas frescas, vitaminas, iogurtes ou
frutas.
− Se tiver vontade de comer um doce, coma.somente um pedaço ou
unidade. Não devorar uma caixa de bombom no final do dia, ou
assaltar a geladeira no meio da noite, procurando o bolo de
chocolate.
10. Evitar temperos industrializados em saladas:
− Usar um fio de azeite (pelas suas qualidades nutricionais), abusar
dos temperos aromáticos como as ervas frescas (orégano,
manjericão, cheiro verde, louro). As ervas deixarão a salada mais
saborosa.
− Usar vinagre branco de maçã, que ativa o metabolismo energético,
ou suco de limão (rico em vitamina C);
− Os molhos prontos de saladas contêm muito sódio e aditivos
químicos.
11. Atenção para preparações com molho branco, quatro queijos,
bolonhesa, mussarela e presunto, apresuntados, lingüiça, etc.:
− Devem ser restritas, pois são calóricas e apresentam elevadas
quantidades de gordura saturada, colesterol e de substâncias
químicas (utilizadas na elaboração dos embutidos), como o nitrito,
que é extremamente prejudicial à saúde;
− Preferir o molho “ao sugo”, com bastante tomate, rico em licopeno,
cuja substância auxilia na imunidade e previne doenças, como o
câncer.
12- Bebidas energéticas: manter o uso controlado:
− Mesmo para os indivíduos que praticam atividade física regular.
− Para as atividades físicas, o corpo tem que manter reservas
energéticas ou de minerais, possíveis através da alimentação
saudável, água e sucos naturais.
− Os energéticos têm altas quantidades de sódio e aditivos químicos,
como os corantes (substâncias que atuam e alteram o sistema
nervoso central, causando ansiedade, insônia entre outros
problemas).
− A água é o melhor hidratante.
− Os sucos naturais, principalmente os cítricos, auxiliarão no equilíbrio
de potássio, magnésio e vitamina C.
13. Tomar bebidas, como:
Sucos de frutas frescas sem açúcar, como o de laranja. Se necessário,
adoçar sem exageros;
Utilizar adoçantes moderadamente;
O café necessita de pouco açúcar, pode até ser puro.
Os achocolatados têm açúcar suficiente, não é necessário adoçar mais.
No Brasil, o consumo de açúcar é causado pela alta produção nacional do
produto, com baixo custo para venda.
14. Procurar alternar as variedades comercializadas:
− Variar as marcas e os produtos comercializados.
− Diversificar os produtos evitará a monotonia alimentar.
− Criar novas receitas culinárias com produtos inéditos, diferentes da
rotina, pelo menos nos finais de semana.
15. Preferir as carnes magras e sem gordura visível:
− Possuem menos gordura e são menos calóricas.
− Utilizar os peixes, cortes de frango ou peru sem pele (que pode ser
retirada após a cocção, para que não ocorra perda da umidade e do
sabor);
− Os cortes de carnes bovinas podem ser limpos antes do preparo ou,
também, após a cocção.
− A forma de preparo culinário é uma alternativa de restringir as
gorduras acrescentadas através de frituras. As preparações podem
ser cozidas, grelhadas ou assadas.
16. Evitar enlatados, temperos industrializados, apresuntados e
defumados:
− São ricos em sódio e perigosos para pessoas com predisposição à
pressão alta.
− Apresentam muita gordura saturada e recebem, na sua elaboração,
grandes quantidades de aditivos químicos e condimentos, que
podem causar irritações no sistema digestório.
− Utilizá-los ocasionalmente e com moderação, sem torná-los um
hábito diário pela praticidade que oferecem. Dar prioridade para a
saúde.
17. Queijos amarelos como mussarela, provolone, prato, parmesão
devem ter uso moderado:
− São mais gordurosos do que os queijos brancos tipo minas, frescal,
ricota e cottage.
− Como acontecem com os embutidos, os queijos amarelos têm mais
gordura saturada e recebem grandes quantidades de sal.
− Utilizá-los somente em ocasiões especiais.
18. Bebidas alcoólicas são calóricas:
− Consumir, esporadicamente e em pequena quantidade, nos finais de
semana, festas ou comemorações.
− Evitar o consumo diário de petiscos como amendoim, batata frita,
castanha de caju, carne seca ou salgadinhos, que acompanham as
bebidas alcoólicas, pois são calóricos, com alto teor de gordura saturada
e sódio. O que predispõe a sede.
− Recomenda-se, para adultos, o consumo do vinho tinto (uma taça ao
dia) devido à sua riqueza de flavonóides, que se concentram no
processo de fermentação (elaboração) da bebida.
− Os flavonóides proporcionam benefícios para a circulação do sangue e
para o coração. O álcool produz 7 Kcal / ml.
− O excesso de álcool no organismo destrói vitaminas do complexo B,
levando o organismo a apresentar tal carência.
19. Restaurantes por quilo:
− Observar, primeiramente, todas as opções culinárias oferecidas antes de
fazer a sua escolha.
− Evitar os exageros.
− Escolher opções de hortaliças, legumes cozidos ou combinados, de
preferência sem maionese. Tempere-as com molhos de ervas, azeite e
pouco sal.
− Escolher carnes magras, massas com molho sugo, cogumelos ou ervas.
− Caso escolha queijos, dar preferência aos brancos temperados com
ervas, azeite e suco de limão.
− Não esquecer que o arroz e o feijão são preparações brasileiras que
apresentam equilíbrio nutricional satisfatório.
− Para sobremesa, preferir as frutas.
20. Em épocas de calor:
− Optar pelo picolé de fruta.
− Os sorvetes de massa são produzidos com base de gordura vegetal
ou gordura trans.
− Desenvolver receitas caseiras de sorvetes, como frutas picadas com
molhos de frutas vermelhas, de maracujá ou sucos, açúcar e leite.
Depois gelar.
21. Compras no supermercado:
− Não fazer compras com fome.
− Evitar guloseimas como balas, bolachas, chocolates e salgadinhos.
− Elaborar uma lista com as reais necessidades, seguindo-a corretamente.
Não comprar alimentos que devem ser evitados.
− Observar as informações nutricionais presentes nos rótulos dos
alimentos: calorias, quantidades de carboidratos, gorduras, fibras, sódio,
validade.
− Aproveitar as ofertas de produtos realmente necessários.
− Escolher primeiro os produtos não perecíveis, e por último, os perecíveis
e congelados.
22. Observar com cuidado os produtos light e diet:
− Os “diet” são produtos que devem apresentar redução ou retirada de
algum nutriente. Nem sempre, tal restrição é dirigida para calorias ou
gorduras.
− Procurar os indicados por problema de saúde, quando necessário
utilizar.
− Se não necessitar, não compre os diet (dê preferência ao light, que tem
redução calórica e serve para adultos em geral.
− Observar que as bebidas light, como os chás ou água, têm elevado teor
de sódi.
23. Fazer uma atividade física:
− Caminhar 3 (três) vezes por semana pelo bairro, totalizando 40
minutos por sessão, ajudará a reduzir ou manter o peso.
− Utilizar locais arborizados e praças para relaxar e fazer passeios de
bicicleta.
− Levar seu cachorro para passear.
− Se preferir, procure uma academia.
24- Substituições mais saudáveis:
− Experimentar o requeijão light e cream cheese light. Porém, usá-los com
moderação, nos sanduíches e nos lanches;
− Queijos tipo cottage, minas frescal ou ricota podem ser temperados com
ervas, azeite ou legumes ralados, como cebola, cenoura, alho dourado,
espinafre cozido e amassados como patê.
− Utilizar frutas para a sobremesa, ao invés dos doces. Elaborar receitas
com frutas como saladas, sorvetes, mouses.
− Bater o chá preto tradicional ou o mate com polpa de frutas. É uma
bebida fresca, agradável, hidratante e nutritiva.
Procure ter prazer à mesa e manter uma vida saudável,
independente da idade.
Chegamos ao final do nosso aprendizado.
Espero que tenha gostado e apreciado.
É muito bom investirmos em educação e formação profissional.
Atualmente, para não ficarmos subjugados no mercado de trabalho e nos
sentirmos incapazes profissionalmente, necessitamos aprimorar nossos
conhecimentos.
O mundo gira rápido, e o desenvolvimento das áreas tecnológicas e das
ciências do conhecimento, mais ainda.
Investir em nós mesmos é uma forma de realização pessoal.
A alimentação, assunto tratado no nosso estudo, é um fator que não pode
ficar para depois.
Precisamos comer para sobreviver, mas nunca é tarde para aprendermos
a selecionar o que nos é saudável.
É bom ter saúde e saber viver bem.
Boa sorte e Sucesso!