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Curso Direito Eleitoral - Cursos Online SP – Certificado ... · Sufrágio É o direito político em si (de votar). Por isso chamamos o direito de votar de “ius sufragii”. Voto

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Seja bem Vindo!

Curso

Direito Eleitoral

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Conteúdo Programático: A origem do Direito Eleitoral Direitos Fundamentais (gênero) Direitos Políticos Elegibilidade: Condições e Conceitos Sistemas Eleitorais, Partidos Políticos e Sistemas Partidários Ação de Impugnação de Pedido de Registro de Candidatura Recurso contra a Diplomação Bibliografia/Links Recomendados

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A origem do Direito Eleitoral

A origem do Direito Eleitoral está no Direito Constitucional. Por isso a primeira matéria que deve ser vista, quando começamos a estudar Dt.Eleitoral, é um tema de Direito Constitucional. Temos que iniciar, dentro do Dt. Constitucional, com os direitos fundamentais, para só depois estudar um tipo de direito fundamental, que a CF estabelece, o direito eleitoral.

O Direito Eleitoral dedica-se ao estudo das normas e procedimentos que organizam e disciplinam o funcionamento do poder de sufrágio popular, de modo que se estabeleça a precisa equação entre a vontade do povo e a atividade governamental.

A lei eleitoral é exclusivamente federal por disposição constitucional (Art. 22, I, da CF), não podendo, desta forma, os estados e municípios disporem sobre regras de cunho eleitoral, nem mesmo supletivamente.

As Medidas Provisórias não podem conter disposições com conteúdo eleitoral e/ou partidário (Art. 62, I, “a”, da CF).

Vigora no Direito Eleitoral o Princípio da Anterioridade, ou seja, embora entrando em vigor na data de sua publicação, a lei somente será aplicada se a eleição acontecer após 1 (um) ano da data de sua vigência (Art. 16, da CF). Direitos Fundamentais (gênero)

I) Direitos Fundamentais (gênero):

1) Conceito:

São direitos da pessoa humana. São direitos inerentes à condição de pessoa

humana.

Na CF brasileira esse direito da pessoa humana se subdividem em 5 espécies:

1ª) Direitos Individuais ► Concentrados no art. 5º da CF (mas não exauridos nesse

artigo).

2ª) Direitos Coletivos ► Concentrados no art.5º da CF ( " " " " " " " ")

3ª) Direitos Sociais ►Concentrados no art.7º da CF (há outros arts. sobre o

assunto).

Existia uma dúvida se esses Direitos Sociais seriam direitos Fundamentais; em

algumas constituições como a Portuguesa não o são.

4ª) Direito à Nacionalidade ► Exauridos no art.12 da CF

5ª) Direitos Políticos ► Concentrados no art.14 da CF

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Obs.: Alguns autores como o Alexandre de Morais colocam uma 6ª espécie

que são os Partidos Políticos. O professor não concorda com essa

classificação, porque partidos políticos não são direitos, são apenas

instrumentos para que os direitos políticos sejam executados.

(1) Direitos Individuais:

São os direitos da pessoa individualmente considerada.

Ex: Liberdade, Vida, Propriedade, Igualdade, etc.

Considerar a pessoa como indivíduo é o que diferencia os direitos individuais

dos direitos coletivos, embora o fundamento constitucional seja o mesmo, ou

seja, art.5º.

(2) Direitos Coletivos:

São os direitos das pessoas, coletivamente consideradas. Direitos de uma

classe, de um grupo, de uma categoria.

Ex: Liberdade de Associação; Liberdade de Reunião.

Seja o direito do homem tomado individualmente (dt. individual), seja o direito

do homem parte de um grupo (direito coletivo), e por isso estão juntos no artigo

5º da CF, são direitos primordialmente negativos; porque, em regra, são

cumpridos através de uma obrigação de não fazer – “non facere” (de abstenção).

Em regra, o Estado e o particular (porque hoje se fala muito em obrigação

horizontal) atendem aos direitos individuais ou coletivos quando não fazem

alguma coisa.

Ex: Estado atende meu direito a liberdade quando não me prende de modo

ilegal.

Estado atende meu direito de igualdade quando não faz discriminação (racial,

religiosa, etc.).

Estado e Particular atendem ao meu direito de propriedade quando não

a invadem e a tomam.

Estado atende ao meu direito a reunião quando me permite que me reúna com

meus pares com finalidade pacífica.

(3) Direito Social:

O Direito Social é, ao contrário do individual e coletivo, direito primordialmente

positivo, ou seja, é atendido por uma obrigação de fazer – “facere”. O Estado e

o particular atendem o Direito Social quando prestam alguma coisa.

Ex: Direito à Cultura → quando o Estado disponibiliza meios de cultura

Direito à Educação → quando o Estado disponibiliza meios de educação

Direito à Previdência Social → quando o Estado fornece um regime de

previdência (Geral, Especial, etc.).

(4) Direito à Nacionalidade:

Nacionalidade ► Vínculo que une a pessoa ao Estado

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Portanto, direito à nacionalidade é o vínculo jurídico que une a pessoa ao

Estado. Esse vínculo pode variar de Estado para Estado, ou seja,

ser ius solis, ius sanguinis, etc.

(5) Direito Eleitoral:

Importa em espécie de direitos políticos.

Direito Político ► Direito de participação na vida política do Estado.

Uma das formas pela qual a pessoa participa, ativamente e passivamente, da

vida política do Estado é através do Direito Eleitoral.

2) Distinção entre Nacionalidade X Cidadania:

Poucos autores fazem essa distinção e atrelam erroneamente um conceito a

outro.

Verificaremos em todos os livros a seguinte afirmação, que não é de todo

correta: “Cidadania é qualificação política da Nacionalidade”; isso é afirmado

pelos autores porque todos dizem que cidadão é o nacional que exerce Direitos

Políticos. Portanto, para esses autores cidadania seria um “plus” ao conceito de

nacionalidade. Essa afirmação não está de todo correta. Podemos apenas

dizer que cidadão é, em regra, o nacional que exerce direitos políticos –

em regra, a cidadania decorre da nacionalidade. No entanto, pode

haver situações onde há nacionalidade sem haver cidadania e, situações em

que há cidadania sem nacionalidade.

Nacionalidade ► Vínculo jurídico que une a pessoa ao Estado.

Cidadania ►Em regra, é a qualificação política da Nacionalidade.

Cidadão► Em regra, é o nacional que exerce Direitos Políticos.

Uma questão de prova frequente é se pode haver nacionalidade sem cidadania

e vice-versa; e a resposta é que pode haver ambas as situações, embora, em

regra, os dois conceitos estejam atrelados.

Exceções:

■ Nacionalidade sem cidadania (Nacional que não é cidadão, porque não exerce Dts. Políticos - não vota e não

é votado) Menor de 16 anos (nacional que não é cidadão) Pessoas (> 16 anos) que tem os Dts. Políticos suspensos ou perdidos com base no art. 15 da CF,

enquanto vigorar a suspensão ou perda.

Obs.: A Incapacidade, ou entra como menor (incapacidade por idade) ou por

perda dos Direitos Políticos (interdição), como no caso do doente mental. O preso tem duas hipóteses diferentes, que devem ser analisadas: Prisão Provisória → não há qualquer restrição aos seus direitos políticos. Esse

preso continua a ser cidadão. Mesmo, que já esteja cumprindo pena, se

couberem recursos, isto é, se a sentença condenatória não tiver transitado em

julgado, ele é cidadão ainda; pode votar e pode inclusive ser eleito.

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Prisão Definitiva→ é causa de suspensão dos Dts. Políticos – art.15, III da CF –

após o trânsito em julgado da sentença condenatória (sentença definitiva,

enquanto durarem seus efeitos).

■ Cidadania Brasileira sem Nacionalidade Brasileira: Só existe em um caso previsto na CF, art. 12, § 1º ► Portugueses Equiparados. Portanto, por esse artigo, salvo algumas exceções previstas na CF, o

português equiparado aos brasileiros, tem direitos políticos análogos aos dos

brasileiros natos; podem votar e ser votados. Isso só é concedido ao Português (nato ou não – ex: francês naturalizado

português) e não a pessoas nacionais de países que falam idioma português

como Angolanos, Moçambicano, etc. Porque em Portugal existe a equiparação

com relação aos brasileiros que lá residem, também, há 1 ano. Podem votar e

ser votados, inclusive podem fazer parte de cargos europeus do Mercado

Comum. E bom deixar claro, que não é, como se falava erroneamente, um

caso de dupla nacionalidade, porque para o Brasil ele tem nacionalidade

portuguesa, ele apenas tem a cidadania brasileira. A Constituição Argentina e Uruguaia tem dispositivo de equiparação

com a Espanha igual a esse que existe entre Brasil e Portugal - práxis comum

entre colonizadores e colônias. Portugal, no entanto, só tem essa disposição

em relação a nos, não tem com relação a Angola, Moçambique, etc.

Direitos Políticos

1) Conceito:

Os Direitos Políticos são os direitos de participação na vida política do Estado.

E essa participação pode ocorrer de duas formas, compreendendo, portan

to, dois direitos primordiais:

■ Direito de Participação na vida política do Estado de forma ativa (“ius

sufragii”)

= Direito de Votar

■ Direito de Participação na vida política do Estado de forma passiva (“ius

honorum”)

= Direito de ser votado

Cada um desses direitos está correlato a algum tema:

Direito de votar está correlato ao tema da Alistabilidade (só vota quem e

stá alistado) ou Cidadania Ativa ou Capacidade Eleitoral Ativa.

Direito de ser votado está correlato ao tema da Elegibilidade (só é eleito quem

é elegível) ou Cidadania Passiva ou Capacidade Eleitoral Passiva.

Por isso o Direito Eleitoral tem que ser dividido em 3 partes: estudo

da Alistabilidade (quem se alista, como se alista, quando se alista), estudo

da Elegibilidade (quem se elege, como se elege, quando se elege) e, por

último, o estudo sobre oProcesso Eleitoral, a parte processual do direito eleitoral

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(como se vai levar uma questão de alistabilidade ou de eventual inelegibilidade

à apreciação do poder judiciário).

2) Diferença entre Sufrágio e Voto:

Pergunta frequente de provas, até porque a CF se equivocou com relação a

isso.

Sufrágio► É o direito político em si (de votar). Por isso chamamos o direito de votar de “ius

sufragii”.

Voto►é o modo pelo qual esse direito político (sufrágio) vai ser exercitado na

Democracia Indireta (obs.: o voto é direto; instrumento da Democracia Indireta).

Esse mecanismo da Democracia Indireta, não exclui outros mecanismos

próprios da Democracia

Direta; temos 3 desses mecanismos na CF no art.14: Plebiscito (I),

Referendo (II) e Iniciativa do Povo ou Iniciativa Popular (III).

Portanto, a nossa Democracia, apesar de usar o voto como principal

instrumento, não é Indireta e sim Semi-direta, porque tem também

instrumentos próprios de uma Democracia Direta. Nossa Democracia é,

portanto, em regra Indireta, através do voto, mas possui mecanismos, e pode

lançar mão deles, de Democracia Direta; por isso Semi-Direta.

A CF cometeu um equívoco em seu art.60, § 4º, II: “Não será objeto d

e deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: II-

o voto direto, secreto, universal e periódico;” que foi corrigido pelo art.82 do

Cód. Eleitoral: ”O sufrágio é universal e direto; o voto, obrigatório e secreto”.

Esse artigo do CE deixa claro, que as 4 qualidades dadas para o voto na CF,

não são todas do voto, duas delas são do sufrágio, cujo único mecanismo é o

voto (instrumento de excelência do sufrágio).

Obs.: Existe o Sistema eleitoral de voto direto e o sistema eleitoral de voto

indireto. Isso é diferente de Democracia direta, que se trata do povo exercendo

o poder de forma direta (através do plebiscito, referendo e iniciativa popular) e

Democracia Indireta, que é o povo exercendo o poder através de

seus representantes, portanto, de forma indireta. A nossa CF, via de regra,

prevê que nossa Democracia é exercida através do sistema eleitoral de voto

direto (Democracia Indireta). Mas prevê também,que possa ser

exercida, excepcionalmente, através do voto indireto (art.81, § 1º, quando o

Congresso Nacional elege o Presidente do Brasil, ocorrendo vacância nos

últimos dois anos).

3) Alistabilidade (cidadania ativa ou capacidade eleitoral ativa):

Temos como primeira premissa desse estudo entender o que é Alistamento

Eleitoral:

Alistamento Eleitoral ► significa Procedimento Administrativo (assim como o é a licitação, o

tombamento, o concurso público, etc.) de qualificação e inscrição do próprio eleitor, com a

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consequente atribuição de um título (título eleitoral).

Esse conjunto de atos administrativos tem, portanto, dupla função: primeiro

qualificar e depois inscrever; para materializar esses atos de qualificação

e de inscrição a Administração lhe confere um título. Todo esse procedimento

é o Alistamento Eleitoral.

Uma forma de conceituar Alistamento de forma mais sintética é dizer que se

trata da primeira fase do Processo Eleitoral. O Processo Eleitoral “latus sensu”,

a rigor, é composto de 4 fases: (1) Alistamento; (2) Votação; (3) Apuração; e (4)

Diplomação (ato que declara que alguém conseguiu um mandato eletivo, ou

seja, que foi eleito).

Vamos dividir o estudo de alistamento em 4 subitens: (1º) Alistamento

Obrigatório; (2º) Alistamento Facultativo; (3º) Alistamento Proibido; e (4º)

Suspensão e perda dos Direitos Políticos.

3.1) Alistamento Obrigatório:

Está previsto no art. 14, § 1º, I, da CF e nos art.4º (inteiro) e 8º caput do Código

Eleitoral. O restante dos dispositivos do Cód. Eleitoral que falam de alistamento

não foram recepcionados pela CF.

A CF prevê em seu artigo 14 § 1º duas regras para o alistamento

eleitoral obrigatório: inciso I “O alistamento eleitoral e o voto são obrigatórios

para os maiores de 18 anos” e inciso II “b” a contrário senso: “para os menores

de 70 anos”.

Faixa etária: ≥ 18 e ≤ 70 anos Prazo Para Alistamento Eleitoral: 1 (um) ano após aquisição da capacidade Eleitoral.

Termo inicial seria a data da aquisição da capacidade e não maioridade

eleitoral (que hoje coincide com a maioridade civil = 18 anos), porque esse

termo inicial só valeria para brasileiros natos; no caso de brasileiros

naturalizados o termo inicial do prazo de um ano seria a data da naturalização.

Obs.: O parágrafo único do art.8º do CE, que prevê um prazo de 100 dias antes

do dia anterior a eleição subsequente à data que completar 19 anos, não foi

recepcionado pela CF/88, segundo a justiça eleitoral.

Ser ano eleitoral, não tem importância para fins de alistamento, mas terá importância para

outras fixações como fixação de domicílio para concorrer numa determinada localidade.

3.2) Alistamento Facultativo:

Está previsto no art. 14, § 1º, II da CF/88 c.c o Cód. Eleitoral, art.6º, I, “b” (só

essa alínea foi recepcionada pela CF/88).

Temos 3 regras previstas na CF:

a) Analfabetos;

b) Maiores de 70 anos;

c) Maiores de 16 e menores de 18 anos ( ≥ 16 e < 18).

Reflexões sobre o tema:

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(1) Não há identidade entre a data que a pessoa adquire a capacidade eleitoral,

com a data em que a pessoa adquire a capacidade civil plena, porque aos 16

anos a pessoa é relativamente incapaz na esfera civil, mas já pode ser capaz

na esfera eleitoral; tendo, é claro, a capacidade de votar, porque a capacidade

de ser votado só é obtida, hoje, aos 18 anos.

(2) Os analfabetos são, portanto, alistáveis, mas não são, em hipótese al

guma, elegíveis (não podem ser eleitos para cargo nenhum, mas podem votar).

Porque é condição de elegibilidade saber ler e escrever.

Questões de prova:

1) A parte legitimada para ação popular é o cidadão. E acabamos de ver que o maior de

16 anos pode se alistar, tendo, portanto, direitos políticos, e sendo consequentemente

cidadão. Esse menor, alistado, se quiser promover ação popular, deve estar assistido

em juízo ou não? Para efeito de direito público é cidadão (cidadania ativa), mas para

efeito de direito privado é relativamente incapaz; e diz o Cód. Civil, que os relativamente

incapazes devem ser assistidos. Como se resolve essa questão; esse menor tem

assistência necessária ou não? Porque se analisássemos a questão sob o ponto de vista

do direito público, essa assistência seria dispensável, por já se tratar de um cidadão;

mas se analisarmos sob o ponto de vista do direito privado, essa assistência seria

necessária.

R: Existe controvérsia em doutrina com relação a essa questão (quando existe

controvérsia é de bom tom dizer nome do autor, seu fundamento e sua

posição):

■1ª Posição: Rodolfo de Camargo Mancuso (grande autor, hoje).

A Assistência é imprescindível, sob pena, até, de nulidade do processo, ou,

seja o maior de 16 e menor de 18 anos tem que ser assistido na promoção de

ação popular.

Fundamento: Porque sob o ângulo do Dt. Privado, trata-se de uma pessoa

relativamente incapaz. E se não for assistida há nulidade do processo.

■ 2ª Posição: Mario Bento Martins Soares

A Assistência é dispensável.

Fundamento: Porque, sob ponto de vista do Dt. Público trata-se de um cidadão.

Para ele não há necessidade de assistência para exercer um direito político.

Essa questão nunca chegou aos tribunais, por isso ainda não temos

jurisprudência. Mas pela posição que o STF de hoje adota e pelo peso de seu

defensor

(prof. Mancuso), a tendência é que siga a 1ª posição. Há uma tendência

jurisprudencial que a assistência seja indispensável.

Obs.: A emancipação civil não afeta o Direito Eleitoral. A idade de 16 anos tem

que ser atingida para que haja possibilidade de alistamento.

2) A atual jurisprudência admite que o juiz eleitoral (de ofício) aplique teste de

verificação de alfabetização do candidato para efeito de elegibilidade?

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R: É possível teste de verificação de alfabetização, aplicado de ofício pel

o juízo eleitoral, para efeito de elegibilidade. Se o juízo eleitoral tiver clara

suspeita que o postulante a candidato seja analfabeto pode executar o teste e

segundo seu resultado, se ficar comprovado o analfabetismo, indeferir o pedido

de candidatura. O ideal é que o juízo aplique o mesmo teste para todos os

candidatos suspeitos, a fim de manter um critério mais objetivo de avaliação.

Para que esse teste seja aplicado, é preciso que se avalie antes, a

razoabilidade de sua aplicação, ou seja, só deve ser aplicado se a pessoa não

traz documentos públicos de escolaridade; juntado documento de

escolaridade mínima (basta ser alfabetizado), o pedido de candidatura de

ve ser deferido (isso, no entanto, não impede que em caso de possível fraude

documental, o MP eleitoral a investigue e responsabilize criminalmente quem a

praticou).

Fundamento: Acórdão do TSE n° 12.510 de 15/02/1993.

3.3) Alistamento Proibido:

Previsto no art. 14, § 2º da CF c/c art. 5º, III e art. 6º, I, “a” do Cód. Eleitoral.

Analisando estes artigos extraímos 4 regras para o alistamento proibido:

(1) Menor de 16 anos;

(2) Estrangeiros (salvo situação do Português Equiparado – art. 12 §1º da CF);

(3) Conscrito (quem está em serviço militar obrigatório – durante esse período);

(4) Pessoas que tenham seus direitos políticos suspensos ou perdidos.

Obs¹: Os inválidos descritos no art. 6º, I, “a” seriam casos de pessoas com

seus direitos políticos suspensos.

Obs²: Quando acaba a causa da suspensão, se já tiver se alistado antes, não

precisa se realistar, mas se ainda não tiver se alistado, terá que se alistar

(alistamento nunca é automático).

No caso do jovem de 18 anos que ainda não fez seu alistamento eleitoral e vai

servir ao exército, passando, portanto, a ser conscrito, quando sair das f

orças armadas, aos 19 anos, tem o prazo de alistabilidade obrigatória

postergado em um ano, ou seja, até os 20 anos.

Questões Sobre o Tema:

(1) O estrangeiro não pode se alistar, salvo o Português Equiparado. Não estamos

falando em pessoas naturalizadas, porque essas são consideradas brasileiras,

para fins do alistamento e elegibilidade (naturalizado deixa de ser estrangeiro

e, portanto não esta incluída nesse rol).

(2) Como ficam as pessoas menores de 16 anos emancipadas pelo CC (por ex.: pelo

casamento, pela instalação de negócio próprio)? A emancipação do direito civil

repercute no direito eleitoral ou não?

R: Assunto pacífico na doutrina e na jurisprudência: Causas que cessem a

incapacidade civil (emancipação) não se aplicam ao direito eleitoral, ou seja, tem

aplicação restrita ao direito civil. Para fim de direito eleitoral só vale o critério biológico

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(idade), ou seja, ter pelo menos 16 anos. Essa diferença de tratamento é explicada,

porque o direito civil nessa parte de emancipação tutela direito patrimonial e

direito eleitoral tutela direito público. Não se pode estender norma de direito

patrimonial a direito que envolve política pública. Porque tutelam bens

completamente diferentes (dt. civil tutela direito patrimonial e dt. eleitoral tutela

direito político).

Portanto, pessoa de 15 anos casada pode exercer todos os atos da vida

civil (comprar, vender, etc.), mas não pode votar ainda.

(3) Indivíduo se alista aos 16 anos e aos 18 anos ingressa no serviço militar obrigatório.

Como já possui título eleitoral, esse indivíduo pode votar durante o serviço militar ou

não? Se votar, esse voto é válido?

R: O indivíduo em serviço militar obrigatório portador de título que vota, é fato atípico,

porque a vedação constitucional é que essa pessoa (conscrito) se aliste eleitoralmente, mas não

que vote. O art. 14 § 1º fala que são obrigatórios o alistamento e o voto, mas o § 2º não fala em

vedação a votar. Não teria nenhuma sanção, para fins de direito privado e direito

público (eleitoral), se votasse. Isso não quer dizer que não possa ser aplicada a

ele uma punição disciplinar militar, se abandonar seu posto de trabalho para

votar, porque o serviço militar não tem que conceder a esses indivíduos prazo

durante o dia para votar, como outros servidores fariam jus.

3.4) Perda e Suspensão dos Direitos Políticos:

As causas de perda e suspensão são tratadas juntas no art. 15 da CF.

■ Perda► Privação Definitiva de Direitos Políticos

■ Suspensão► Privação Temporária de Direitos Políticos

Questões sobre o Tema:

(1) Existe algum efeito secundário ou acessório da Perda ou Suspensão dos direitos

políticos? Se existir, qual será?

Suponhamos que um prefeito municipal tenha os seus direitos políticos suspensos,

ele perderia seu mandato também?

R: Existe um efeito secundário importantíssimo, em regra, tanto na perda como

na suspensão dos direitos políticos, que é a perda do mandato eletivo. Esse

efeito acessório é, em regra, automático Se o suposto prefeito, durante o seu

mandato, sofrer perda ou suspensão de seus direitos políticos, ele

automaticamente perde o mandato.

Falamos que ocorre em regra, porque no executivo ocorre sempre e

automaticamente (presidente da república, governador e prefeito sempre

perdem seus mandatos). Mas no caso do poder legislativo, em casos de

condenação criminal transitada em julgado, principal causa de suspensão, essa

perda não é automática. Tanto com relação a senadores e deputados federais

e estaduais essa suspensão depende de um juízo político das casas as quais

pertencem. Nessas situações específicas o senado, a câmara e assembléia

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respectivamente vão deliberar sobre a perda dos mandatos dos condenados

criminalmente em definitivo.

Fundamentos: Em relação aos deputados federais e senadores podemos citar o

art.55, § 2º da CF. O fato de não ser automática a perda do mandato é porque

nem todo o crime pode ser compatível com a perda do mandato eletivo. Por

exemplo, um deputado que foi condenado por crime de lesão corporal culposa

no trânsito, transitada em julgado, não precisaria perder seu mandato, porque é

um delito que qualquer um de nós está sujeita e não torna a pessoa

incompatível com o cargo que ocupa.

Obs.: Esse mesmo dispositivo da CF (art. 55 § 2º) é o aplicado para perda de

mandato por falta de decoro parlamentar. O § 2º, tanto faz referência ao inciso

VI, que fala em sentença penal transitada em julgado - caso citado acima,

como se refere ao inciso II, que trata da perda do mandato, quando o

procedimento for declarado incompatível com o decoro parlamentar. Em

ambos os casos, a CF exige maioria absoluta dos votos, portanto só se perde o

mandato por 277 votos na Câmara (513 membros) e 41 votos no Senado (80

senadores), exige voto secreto e defesa ampla.

O § 1º do mesmo artigo define o que seria a quebra de decoro parlamentar:

“É incompatível com o decoro parlamentar, além dos casos definidos no regimento

interno, o abuso das prerrogativas asseguradas aos membros do Congresso Nacional ou a

percepção de vantagens indevidas”.

É importante, reparar que a CF só fala em uma sanção para a quebra do

decoro, que é a perda do mandato. A nossa legislação vai mais longe,

prevendo também a inelegibilidade do candidato (perda do registro).

O art. 27 § 1º da CF estende essa possibilidade de perda de mandato aos

deputados estaduais, nos mesmos casos previstos para os deputados

federais e senadores e nos mesmos moldes do artigo 55, ou seja,

dependendo, também de juízo da casa a qual pertencem (Assembléia

Legislativa).

Poderíamos afirmar que nesse rol constitucional faltou tratar dos vereadores;

isso implica que para eles deve haver juízo político da casa ou não? Se um

vereador do RJ foi condenado por sentença definitiva, transitada em julgado,

pela pratica de crime de homicídio, o que se pergunta é se ele deixa de ser

vereador automaticamente com a sentença definitiva ou tem que ser submetido

a juízo político da Câmara Municipal do

RJ? A simetria entre deputado estadual e vereador ou não? Esse silênci

o Constitucional é uma lacuna técnica, que permitiria a analogia com os

deputados estaduais, ou se trata de silêncio eloqüente?

R: No Brasil encontraremos duas posições sobre essa controvérsia (só dois

autores tratam do assunto):

1ª Posição: Alexandre de Moraes.

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Não existe juízo político; se o vereador for condenado como trânsito

em julgado, ele perde o mandato automaticamente. Porque, para esse autor,

não há simetria entre deputado estadual e vereador. Portanto, o silêncio

constitucional foi um silêncio eloqüente. Se o constituinte quisesse estender

o mesmo tratamento aos vereadores, o teria feito de forma expressa, como

fez para o deputado estadual no art. 27 § 1º.

2ª Posição: Pedro Henrique Távora Niess.

Há juízo político. Se o deputado for condenado definitivamente, sua

perda de mandato não é automática, podendo, inclusive, ser afastada

pelo julgamento político de seus pares da Câmara Municipal. Para esse autor

existe simetria entre deputado estadual e vereador e como a CF apresenta

essa lacuna técnica, ela deve ser suprida com a analogia.

Já há jurisprudência do STF sobre o tema, em acórdão recentíssimo

(RE 225019) no qual o STF excluiu o juízo político. Portanto, para a corte

suprema a perda do mandato do vereador deve ser automática devido ao

silêncio eloqüente da CF.

Temos inclusive vários dispositivos em que a CF não deu o mesmo tratamento

aos vereadores que deu aos deputados estaduais. O grande exemplo é a

imunidade

parlamentar (a dos vereadores é completamente diferente da dos deputa

dos estaduais). O vereador só tem a imunidade material no limite do município,

se a lei orgânica for expressa; enquanto que o deputado estadual tem

imunidade formal e material, sem qualquer limitação espacial, mesmo nos

estados em que não atua.

É importante gravar para provas/concursos: Presidente da República, Governador e

Prefeito (Executivo) e Vereador (Legislativo Municipal) a perda do mandato é automática,

após sentença penal condenatória transitada em julgado. Deputados Federais e

Senadores (Legislativo Federal) e Deputados Estaduais (Legislativo Estadual) é

necessário que suas respectivas casas deliberem sobre a perda do mandato, por

votação secreta, por maioria absoluta, facultada ampla defesa.

(2) A quem cumpre decretar perda ou suspensão dos direitos políticos? Pertence

ao judiciário ou executivo? É uma questão de competência (Judiciário) ou

atribuição (Executivo)?

Obs: Quando falamos em poder judiciário, não estamos nos referindo só à

justiça eleitoral. Porque no caso de uma sentença criminal transitada em

julgado, pode ser que o juízo criminal (estadual comum ou federal comum) a

aplique.

R: Já há hoje um consenso no Brasil, que é uma função do Judiciário, salvo uma única

exceção. Ou seja, cabe ao poder Judiciário, pela justiça competente para o caso

concreto, que pode não ser a justiça eleitoral, decretar perda ou suspensão dos

direitos políticos.

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Só há a discussão dessa competência em uma situação, que está prevista no

art. 15, IV da CF/88: “recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou

prestação alternativa, nos termos do art. 5º , VIII:”. Esse artigo trata do que

chamamos

deEscusa de Consciência. A escusa de consciência é um direito fundamental

individual que todo indivíduo tem de não

cumprir obrigação a todos imposta, por motivação de ordem religiosa,

filosófica ou política. O caso que mais acontece, hoje, de escusa de

consciência é das testemunhas de Jeová que se recusam a prestar serviço

militar obrigatório, por ferir sua convicção religiosa ao pegar em armas.

Obs.: É importante colocar, que o art. 15 em todos os seus incisos tem erro

técnico, inclusive no próprio inciso IV, quando fala de recusa de cumprir

obrigação ou prestação alternativa. A conjunção presente deveria ser e e

não ou. O exercício de um direito fundamental (escusa de consciência – art. 5º,

VIII e o próprio art. 15, IV da CF) não poderia ser causa de perda dos direitos

políticos; o que provoca a perda é o exercício da escusa de consciência e

o descumprimento da prestação alternativa prescrita (ex: serviço civil

alternativo – serviço à comunidade carente).

Essa situação da escusa de consciência somada ao descumprimento a

prestação alternativa (IV) é a única controvérsia na doutrina, com relação a

quem cumpre a decretação de perda ou suspensão de direitos políticos.

Porque essa questão envolve as forças armadas, e, eventualmente, o chefe

das forças armadas em guerra é o chefe supremo do Poder Executivo

(Presidente da República). Existem duas posições:

1ª Posição: José Afonso da Silva.

Deveria ser competência do Judiciário, a decretação de perda ou suspens

ão dos direitos políticos, também nessa situação, porque não há exceção.

Qualquer decretação de perda e suspensão dos direitos políticos deve ser feita

pelo Poder Judiciário.

2ª Posição: Fávila Ribeiro.

A Atribuição deveria ser do Poder Executivo porque esse caso seria

uma exceção à competência do Judiciário. Como esse caso envolve as Forças

Armadas cabe ao Presidente da República (chefe das Forças Armadas) a

decretação da perda ou suspensão dos direitos políticos.

Para esse autor, qualquer situação que envolva escusa de consciência

+ descumprimento da prestação alternativa, não só as situações envolvendo as

forças armadas (por ser a situação mais freqüente), a decretação de perda ou

suspensão dos direitos políticos é atribuição do Presidente da República,

através de uma decisão administrativa (sem necessidade de homologação).

Obs.: Essa função é exclusiva do Presidente da República, sendo, portanto,

indelegável? (pergunta em aula)

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R: Se trata de uma função indelegável, por ele se tratar do chefe das Forças

armadas. As funções que o Presidente pode delegar e a quem podem ser

delegadas estão descritas no art. 84 parágrafo único da CF.

A Jurisprudência do TSE é acorde com a 2ª posição, ou seja, cabe nesse caso

do inciso IV, ao presidente da república a decretação da perda ou suspensão

dos direitos políticos (ato administrativo), todas as outras situações são de

competência do poder Judiciário – Acórdão 14.012 de 10/10/2001 do TSE.

Obs.: Por ser decisão administrativa – ato administrativo, pode haver da parte

do “lesado” pela decisão, recurso administrativo (como o Presidente é

autoridade máxima cabe apenas recurso próprio) ou questionamento judicial

(mandato de segurança ao STF – porque se trata de ato do Presidente da

República), nunca questionando a competência, mas apenas questionando

algum vício dessa decisão.

Obs.: Como ficaria a situação da Imunidade do Presidente da República, com

relação a essa possibilidade de condenação criminal?

R: Existem duas Imunidades processuais penais do Presidente da República:

(1) Não pode ser preso durante o seu mandato; e (2) não

pode ser responsabilizado, durante o seu mandato, por atos estranhos ao

exercício de suas funções (art.86, § 4º da CF). Portanto, podemos visualizar

pela 2ª imunidade, que o Presidente da República pode ser responsabilizado

por atos coerentes com sua função; pode responder por prevaricação, mas não

pode responder por seqüestro, roubo, etc. Nesse caso poderia responder a

processo de crime comum (prevaricação) junto ao STF e perderia o seu cargo

de Presidente automaticamente se fosse condenado em definitivo. Isso é

diferente de “Impeachment” (impossibilidade de exercer a função pública por 8

anos) em que a Câmara admite que o Presidente seja julgamento pelo Senado,

porque aqui não se trata de condenação penal, seria uma condenação

administrativa.

Os governadores e prefeitos têm tratamento idêntico, pelo princípio da Simetria

(a CF estende a eles vários tratamentos que dá ao chefe do executivo).

3.4.1) Perda dos Direitos Políticos:

► Privação definitiva de direitos políticos que poderão vir a ser readquiridos no futuro

por provocação do interessado (provocar o Judiciário ou o Executivo, dependendo de

quem seja a “competência”).

Está prevista no artigo 15, I e IV da CF: (I) Cancelamento da naturalização por

sentença transitada em julgado; e (IV) Recusa de cumprir obrigação a todos

imposta “ou” (e) prestação alternativa, nos termos do art.5º, VIII. Para a

doutrina dominante, apesar de não serem pacíficos, esse dois incisos

se referem à perda de direitos políticos.

O inciso primeiro é extremamente mal redigido, porque por ele dessa forma

escrito, parece que estão excluídos dessa perda os brasileiros natos, o que não

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ocorre. Esse inciso deveria ser lido da seguinte forma: perda da nacionalidade

brasileira e aquisição de outra nacionalidade. Exemplo disso: se um brasileiro

nato, se naturaliza hoje espanhol, ele perde a nacionalidade brasileira.

Obs.: Pergunta que aparece freqüentemente em provas: Se a naturalização

fosse condição para permanência naquele país, esse indivíduo teria que perder

a nacionalidade brasileira?

R: Não; assunto claramente tratado no art. 12 § 4º, II “b” da CF/88. Esse artigo

exclui a perda da nacionalidade nesta condição, afastando, portanto, o art.15, I

da CF.

3.4.2) Suspensão de direitos políticos:

► Privação temporária de direitos políticos, que poderão vir a ser readquiridos no futuro,

automaticamente, cessadas às causas que deram ensejo à suspensão.

Ex: Condenado que já cumpriu sua pena, deixa de ter seus dts. políticos

suspensos.

Interditado, cessada a causa da interdição, deixa de ter, automaticamente,

seus dts. políticos suspensos.

Prevista no art. 15, II, III e V da CF/88 (para a corrente majoritária):

(II) Incapacidade civil absoluta. Aqui temos que ler, na verdade, interdição, com

consequente incapacidade civil absoluta. Porque a pessoa que tem

incapacidade civil absoluta desde o início, sequer adquiriu dts políticos,

portanto, não os poderia ter

suspensos. Não podemos confundir um estado – interdição –

com um fato, incapacidade civil absoluta. Cessada a causa da interdição

(cessado o estado), cessa a causa da suspensão de direitos políticos, que são

readquiridos, automaticamente.

Pularemos o inciso III, indo direto para o V.

(V) Improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º: “Os atos de improbidade

administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função

pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e

gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível”. Nesse artigo

temos que ler: Sentença que condena o réu com trânsito em julgado por prática de ato

de improbidade administrativa. Porque, segundo a nossa CF, a pessoa presume-

se inocente, até a sua condenação definitiva. E até porque improbidade

administrativa é apenas uma imputação, sentença transitada em julgado é um

fato.

Obs.: Alguns autores, inclusive, o Prof. Ramaiana, indicam que esse inciso V

seria uma situação de perda. Mas o professor Guilherme discorda totalmente

dessa posição. Para ele esse inciso não deixa qualquer dúvida de se tratar de

causa de suspensão, porque o próprio art. 37, § 4º, a que se refere o inciso V,

fala em suspensão de direitos políticos.

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O inciso III foi deixado para o final, porque é o mais perigoso. E todas as

questões formuladas em prova, quando falam e suspensão de direitos políticos,

falam desse inciso:

(III) Condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos.

Nós já tocamos nesse assunto quando discutimos a perda de mandato eletivo,

que para deputado federal e estadual e senador, essa perda não é automática.

Esse inciso dá ensejo a 5(cinco) questões, que iremos discutir a seguir:

(1ª) A CF fala em condenação criminal, qual seria, então, a natureza jurídica da infração

penal? Trata apenas de condenação penal por crime ou pode ser condenação por

contravenção penal, também? Pois sabemos que a infração penal é gênero que

compreende duas espécies:

(1) Crime e (2) Contravenção Penal.

Se caísse, por exemplo, numa prova a seguinte questão: João da Silva foi

condenado, com sentença transitada em julgado, pela contravenção penal de

jogo do bicho; ele teria os seus direitos políticos suspensos? Aqui, não temos

uma condenação criminal, teríamos, na verdade uma condenação

contravencional.

E se for condenação por crime, que não seja apenado com prisão, seja apenado com

pena restritiva de direitos ou multa, teria seus direitos políticos suspensos?

R: Embora a CF/88 diga infração penal, se considera qualquer infração penal, seja crime

ou contravenção penal. A partir do momento que sai uma sentença penal condenatória

transitada em julgado há a suspensão dos direitos políticos. Seja aplicada pena privativa

de liberdade ou não. Mesmo que se aplique pena restritiva de direitos ou pena de

multa, há a suspensão dos direitos políticos.

Uma pessoa foi condenada por uma contravenção penal de jogo do bicho a

pagar pena de multa; no momento que essa sentença transita em julgado tem

seus direitos políticos suspensos. A questão que avém daí é até quando dura

essa suspensão, no caso da pena de multa, por exemplo.

(2ª) O que a CF quer dizer com a expressão: “enquanto durarem seus efeitos”?

Até porque o termo inicial dessa suspensão é bem tranqüilo, data em que a

sentença transitou em julgado. Por isso, como já mencionamos anteriormente,

presos provisórios (prisão em flagrante, preventiva, provisória, ou por sentença

recorrível) têm seus direitos políticos plenos (ativos=votar; passivos= ser

votado). Há inclusive, um projeto de lei, de levar a possibilidade de votar a

esses presos, ou seja, sessões eleitorais em estabelecimentos penais. Porque

o preso só não vota por impossibilidade física; e não pode exigir votar fora da

prisão, porque esse direito não é assegurado na CF como direito líquido e

certo.

Recentemente o TRE do RJ indeferiu pedido de candidaturas, no último pleito,

de pessoas acusadas em crimes; isso não poderia ser feito com base na

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CF/88. Pela CF até pessoas condenadas em crimes hediondos com sentença

recorrível devem ter seus pedidos de candidatura deferidos.

R: Quanto a isso a Jurisprudência é pacífica; enquanto durarem seus efeitos significa

até a data da declaração extintiva de punibilidade ou, se houver cumprimento, até a data

da declaração de extinção da pena. Se o réu cumpriu a pena, a suspensão dos

direitos políticos dura até a declaração de extinção da pena; se o réu não

chegou a cumprir a pena, não podemos falar em pena e por isso tem seus

direitos políticos suspensos até a declaração de extinção da punibilidade.

Pouco

importando, para essa suspensão os fatos anteriores, como a declaração

de reabilitação do condenado, ou indenização

total do dano, ou estabelecimento de relação com a família (casamento com

a estuprada). É necessária para reaquisição dos direitos políticos a declaração

de extinção da punibilidade ou da pena, nenhum fato anterior tem qualquer

importância sobre isso.

O intervalo de tempo da suspensão vai da sentença de condenação transitada m

julgado até a sentença declaratória extintiva da punibilidade ou da pena. Por exemplo,

no caso de multa, no momento do pagamento integral da multa está extinta a

pena e faz jus a reaquisição de seus direitos políticos. Se o pagamento da

multa for parcelado, com o pagamento da última parcela, volta a fazer jus de

seus direitos políticos. Em relação à pena restritiva de direitos, a suspensão

dura enquanto durar a pena. Quando extinguir a pena extingue também a

suspensão.

(3ª) Se houver, eventualmente, uma medida de despenalização (os dois principais

exemplos de medidas despenalizadoras, hoje, seriam: (1) Transação penal; (2)

Suspensão Condicional do Processo (sursis processual)), como a transação penal

ou o sursis processual, ocorre suspensão dos direitos políticos dessa pessoa que

transacionou ou teve seu sursis processual?

R: Qualquer medida de despenalização (não há pena) importa em não condenação (não

se discute culpa); e como não há condenação, não há, também, suspensão de direitos políticos.

(4ª) Um incidente de execução penal (e não, como na hipótese anterior, uma

medida de despenalização), como o caso do livramento condicional ou

da suspensão condicional da pena (sursis penal), afeta a suspensão dos direitos

políticos do condenado? Por exemplo, uma pessoa condenada que está

cumprindo pena, em regime fechado, é beneficiada com o livramento

condicional ou com o sursis penal; como isso afeta a suspensão de seus

direitos políticos?

R: Não, qualquer incidente de execução penal não afeta a suspensão de direitos

políticos, que perdura enquanto durar a pena. Esses incidentes não implicam em

extinção da punibilidade ou da pena.

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Obs¹: Há uma declaração de extinção de punibilidade ou de extinção da pena,

que é comunicada (por ato administrativo mínimo para dar ciência) à justiça

eleitoral e às juntas eleitorais, havendo automaticamente a cessação da

suspensão dos direitos políticos.

Obs²: A condenação civil, por não se tratar de condenação criminal, funciona

como a prisão provisória em relação aos direitos políticos, o preso pode votar e

ser votado, só não vota porque há uma impossibilidade física de sair da cadeia

para isso.

(5ª) O que significa Inelegibilidade legal? E quais seus efeitos?

R: Temos que fazer menção a Lei Complementar 64/90 (Lei das Inelegibilidades) art.1º, I,

“e”: “São inelegíveis: os que forem condenados criminalmente, com sentença transitada

m julgado, pela prática de crime contra a economia popular,

a fé pública, a administração pública, o patrimônio público, o mercado financeiro,

pelo tráfico de entorpecentes e por crimes eleitorais (todos os crimes eleitorais), pelo prazo de 3

(três) anos, após o cumprimento da pena;”. Porque sempre que houver uma condenação criminal,

temos que ver se é por um dos crimes previstos nesse artigo. Se for, quando for declarada extinta

a punibilidade ou declarada extinta a pena, ele só vai readquirir parte de seus direitos políticos –

direito de votar (capacidade eleitoral ativa) – porque seu direito de ser votado (capacidade eleitoral

passiva) fica obstado por mais 3 (três) anos. Nesses crimes,

o condenado só volta a ser cidadão em sua plenitude, 3 anos após o cumprimento da pena.

Obs.: “Impeachment”: Fica impedido durante 8 anos de ocupar qualquer função pública, não só

mandato eleitoral.

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Elegibilidade: Condições e Conceitos

4) Elegibilidade (cidadania passiva ou capacidade eleitoral passiva):

4.1) Condições de Elegibilidade:

As condições para alguém ser eleito para um cargo eletivo (elegibilidade) estão

enumeradas exaustivamente (taxativamente) no art. 14, §3º da CF/88. Estudaremos,

portanto, esse parágrafo, inciso por inciso:

I- a Nacionalidade Brasileira;

Sobre esta condição devemos frisar que o inciso fala apenas de nacionalidade

brasileira, ou seja, brasileiro nato ou não (apenas nacionalizado).

Já estudamos anteriormente, uma situação, prevista na CF, que pode ser exceção a

essa regra: a prevista no art. 12, § 1º - do Português Equiparado (fazer remissão). O português

equiparado pode ser eleito no Brasil, sem ser brasileiro (português equiparado não é sequer

naturalizado, continua sendo nacional de Portugal).

Devemos também com relação a esse inciso fazer outra remissão ao art. 12, § 3º,

porque traz como condição para ser eleito para determinados cargos (Presidente

da República e Vice-Presidente; Presidente da Câmara dos Deputados; Presidente do

Senado; Ministro do STF; carreira diplomática; oficial das forças armadas, Ministro do

Estado de Defesa) a necessidade de ser brasileiro nato (cargos privativos de

brasileiros natos); portanto esses cargos não podem ser exercidos nem por

naturalizados nem portugueses equiparados.

Obs.: A Constituição Americana tem norma igual, exigindo que para ser Presidente e

Vice-Presidente americano a pessoa tenha que ser americano nato. Só que o Bush acabou de

apresentar uma proposta de emenda querendo acabar com isso. Só que o prazo para emendar a

Constituição Americana é o de aprovação em todas as assembléias estaduais. A última emenda à C.

Americana, Emenda 21 começou a ser votada em 1898 e acabou de ser votada em 2001 (demorou 103

anos).

Notas Importantes sobre esse artigo (CF- art. 12, § 3º):

É importante ressaltar que não é cargo privativo de brasileiro nato, cargo de deputado

federal ou senador. O brasileiro naturalizado e até o português equiparado podem ser

deputados e senadores, só não podem ser Presidentes dessas casas legislativas.

Essa exigência é feita, porque o Presidente do Senado e o Presidente da Câmara são

eventuais substitutos do Presidente da República, cargo de brasileiro nato por

excelência.

Há exigência de ser brasileiro nato para ser Ministro do STF; não existe essa

exigência para ser Ministro do STJ. Tanto é que temos um Ministro no STJ que é

alemão naturalizado brasileiro. A exigência de ser nato o Ministro do STF é, também,

porque o Presidente do STF pode ter que substituir o Presidente da República.

Obs.: O Fernando Henrique, quando nomeou a Ellen Grace, na verdade queria

nomear para ser a primeira ministra do STF, a Ada Grinover, mas não pode fazê-lo porque ela é

italiana.

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Com relação aos diplomatas, todos os países fazem essa exigência que sejam natos.

Com relação aos militares a exigência de ser brasileiro nato se restringe aos

oficiais. Poderíamos, portanto, ter cabos, soldados e sargentos, naturalizados ou

portugueses equiparados.

Com relação ao Ministro de Estado da Defesa é a primeira vez que a CF se

reporta a um cargo de ministro específico. Porque sempre que ela se refere a

ministros, fala de ministros e ministérios genericamente. Portanto, o único ministro que

tem que ser brasileiro nato, é o Ministro da Defesa. Essa exigência é porque, pela

nossa CF, é o ministro da Defesa quem coordena os comandos militares; e se os

oficiais militares têm que ser natos é evidente que o Ministro Civil que os coordena,

tenha, também, que ser nato.

II) o Pleno Exercício dos direitos políticos;

Isso significa que nenhum direito político tenha sido suspenso ou perdido (vide tópicos

de suspensão e perda de direitos políticos). Temos que combinar esse artigo, portanto,

com o art.15 da CF/88.

III) o Alistamento Eleitoral;

Vide o tópico de Alistamento Eleitoral. Combinar com os art. 14, § 1º, I (alistamento

obrigatório) e II (alistamento facultativo) e art.14, § 2º (alistamento proibido).

IV) o Domicílio Eleitoral na Circunscrição;

Com relação a esse inciso temos que colocar 3 questões:

(1ª) Conceito de Domicílio Eleitoral. O Domicílio Eleitoral se confunde com

o Domicílio Civil?

R: Domicílio Eleitoral é um conceito distinto de Domicílio Civil.

■ Domicílio Civil (do CC) ►Local onde se estabelece residência com ânimo de

adjudicar (permanecer).

■ Domicílio Eleitoral ► Segundo o art.42, parágrafo único do CE”: “ Para o efeito

da inscrição, é domicílio eleitoral o lugar de residência ou moradia do requerente, e,

verificado ter o alistando mais de uma, considerar-se-á domicílio qualquer delas”. A

Interpretação que é dada a esse artigo, hoje pela doutrina e pela jurisprudência (TRE

do RJ –

Acórdão 26.014 de 12/04/04 (eleição de Nova Iguaçu) e Acórdão 26.587(eleição

de Conceição de Macabú) são a seguinte: Para se ter um domicílio eleitoral é necessário que se verifique,

pelo menos, um de três vínculos (vínculos alternativos e não cumulativos):

1º) Vínculo Patrimonial → demonstrar que a pessoa tem patrimônio no local;

2º) Vínculo Laborativo → demonstrar que a pessoa preste trabalho no local;

3º) Vínculo Social → demonstrar que a pessoa tenha vida social no local.

Se a pessoa demonstrar apenas um desses três vínculos, ela demonstra que tem

domicílio eleitoral no local. Se não demonstrar pelo menos um desses vínculos, não

demonstra que tem domicílio eleitoral no local. Devemos reparar que o conceito é

muito mais elástico que o conceito de domicílio civil.

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Antigamente se discutia se o vínculo afetivo era suficiente para demonstrar

domicílio eleitoral. Hoje não se considera o vínculo afetivo, tem que ter pelo menos vínculo social, isto é,

previamente antes da inscrição para o pleito, frequentar o local com habitualidade, ter amigos lá, etc.

Obs.: Foi por não ter quaisquer desses vínculos que a inscrição de candidatura do

Lindeberg Farias para prefeito de Nova Iguaçu foi indeferida, houve recurso para o

TRE que indeferiu também. Agora, a questão está e, julgamento pelo STE; mas

teoricamente ele não tem domicilio eleitoral em Nova Iguaçu e não poderia ter sido

eleito prefeito de lá. Provavelmente essa candidatura vai ser deferida porque logo que

assumiu como prefeito já ganhou o título de cidadão honorário de Nova Iguaçu, para

tentar demonstrar o vínculo social pretérito (discutível, até porque é posterior a ação,

mas provavelmente uma manobra que dará certo).

(2ª) O que seria Circunscrição? A Circunscrição pode variar conforme o tipo de

eleição (ex: eleição local, a circunscrição é menor, regional é maior e nacional é

maior ainda? Ou é um conceito só?)?

R: A atual jurisprudência entende que a circunscrição muda conforme o tipo de

eleição:

1) Eleição Local (Prefeito ou Vereador) ► Circunscrição significa território

do Município (tem que provar o domicílio eleitoral naquele Município).

2) Eleição Regional (sendo eleitos por um Estado:

(a) Governador; (b) Deputado estadual; (c) Deputado Federal ou(d) Senador da República) ►

Circunscrição significa o território do Estado (tem que provar o domicílio eleitoral naquele Estado).

3) Eleição Nacional (Presidente da República) ►Circunscrição significa

território brasileiro (tem que provar domicílio eleitoral no Brasil). È possível, através dessa

interpretação, que um magnata nato no Brasil, que viva no exterior, não tenha qualquer patrimônio

aqui, mas por ter família ou até amigos aqui, vir a ser Presidente do Brasil.

(3º) Há um Prazo mínimo para que se prove esse Domicílio Eleitoral? Até quando

antes do pleito pode-se mudar o domicílio eleitoral?

R: Esse prazo existe e está fixado no art. 9º “caput” da Lei 9.504/97 (Lei

Eleitoral): “Para concorrer ás eleições, o candidato deverá possuir domicílio eleitoral

na respectiva circunscrição pelo prazo de, pelo menos, um ano antes do pleito e

estar com a filiação deferida pelo partido no mesmo prazo”.

É importante, ressaltar que não é um ano antes da inscrição e sim um ano antes da

eleição, o que significa dizer, que o prazo contado da sua inscrição eleitoral é muito menor (6 meses). O

individuo tem que ter seu domicílio eleitoral fixado um ano antes da eleição. Esse é o mesmo prazo

exigido para a filiação á partido político. Ele tem que ter, há um ano do pleito, seu domicílio

eleitoral fixado e sua filiação partidária deferida.

Obs.: Por essa exigência legal, soa estanho que o Presidente do STJ, deixe de ser

desembargador e já concorra ás eleições para governador de seu Estado (Piauí);

porque o Presidente do STJ não pode estar filiado a partidos políticos e falta menos

de 1 ano para as eleições que ele pretende concorrer (exigência de estar filiado há 1 ano).

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A mesma surpresa nos acomete ao ver o Ministro do STF querer concorrer a

Presidência da República há menos de 1 ano do pleito, se ele não pode sequer estar

filiado a partido político enquanto for Ministro.

V – a Filiação Partidária;

Aqui surgem duas situações interessantes:

1ª) Filiação Partidária é proibida pela CF para membros da Magistratura

(art.95, parágrafo único, III) e do Ministério Público (art.128, § 5º, II, “e”). E

sses membros, portanto, não dão satisfação a todas às condições de elegibilidade.

Obs.: Com relação ao MP, havia exceções (podia ter filiação com o ônus de não poder

exercer atividades eleitorais como MP, mas não podia ter atividade partidária), que foram abolidas

pela Emenda 45. Antes da Emenda a alínea “e” desse artigo era assim: “exercer atividades político-

partidárias salvo exceções previstas em lei” (poderia estar filiado por lei do próprio MP). Hoje o membro

do MP não pode sequer se filiar, e quando é aprovado no concurso, se filiado, tem que se desfiliar.

O membro do MP ou Magistratura aposentado ou exonerado, por estarem afastados de suas funções,

podem se filiar. Porque o objetivo da norma é que a pessoa prejudique sua atividade judicante por sua

atividade partidária.

Isso não quer dizer que magistrados e membros do MP sejam inelegíveis, embora na prática a

consequência seja a mesma, eles não satisfazem a todas as condições de elegibilidade existentes. Ser

inelegível e não dar satisfação a todas as condições de elegibilidade são coisas distintas, esse último

caso é muito menos grave, porque passando a satisfazer a condição podem ser eleitos.

2ª) O art. 14, §3º, V, da CF enseja um dos conflitos mais graves entre normas

constitucionais. Porque esse inciso exige, como condição de elegibilidade, que a

pessoa esteja filiada a partido político. Se conflitarmos esse artigo com o art. 142, §3º,

V da CF: “o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado a partidos

políticos;”. Combinando esses artigos chegamos à conclusão que o militar por não

poder se filiar, não preenche todas as condições de elegibilidade, não podendo,

portanto, ser eleito. Mas se formos ler o art.14, § 8º: “O militar alistável é elegível,

atendendo as seguintes condições: I- se contar menos de dez anos de serviço, deverá

afastar-se da atividade; II- se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela

autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato de diplomação, para

a inatividade”, vemos que o militar é alistável e elegível , sob algumas condições. A

solução do conflito, formulada pelo STF, entre as três normas constitucionais é a

seguinte:

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Temos como vimos no esquema, dois momentos cruciais: data do registro da

candidatura e data da diplomação. Até a data que tiver seu pedido de registro de

candidatura deferido, até esse momento, o militar não pode e não deve estar filiado a

nenhum Partido Político. Nesse primeiro intervalo se aplica o art.142, § 3º, V da CF.

Na data em que o militar registrar a sua candidatura, isto é, na data em que tiver o seu

pedido de candidatura deferido, ele toma duas providencias: (1ª) se filia ao Partido

Político (portanto, é dispensado aquele prazo de filiação 1 ano antes do pleito) e (2ª)

se afasta da sua atividade. Esse afastamento vai ter duas qualidades: (1ª) Se tiver

menos de 10 anos de serviço militar, ele só se afasta da atividade (termo técnico=

afastamento da atividade = sem soldo); (2ª) se tiver mais de 10 anos, ele ficara

agregado pela autoridade superior (termo técnico= agregamento ou agregação; que é,

também, afastamento, só que com o pagamento de soldo). Nesse intervalo de tempo

se aplica, a rigor, o art. 14 § 8º, I e II parte inicial. Enquanto durar a campanha

eleitoral, ele está afastado de suas atividades militares.

Se o militar perder a eleição, ele retorna à sua atividade como militar, cancelando

(dando baixa) a sua filiação partidária, porque o art. 14, § 3º, V diz que o militar não

pode estar filiado a partido.

Se o militar ganha a eleição, ele é diplomado no cargo, e a partir dessa data se aplica

o art. 14, § 8º, II (parte final), que diz que, uma vez diplomado, o militar passa para a

inatividade, ou seja, tecnicamente ele passa a ser reformado. Basta que o militar

exerça um cargo para que seja reformado, ou seja, passe para a inatividade perpétua.

Tendo menos ou mais de 10 anos de serviço militar, ele será reformado, fazendo

diferença o tempo que permanecer nas Forças Armadas para o cálculo do valor do

seu provento como reformado (“aposentado”).

Isso é importante para que percebamos que uma condição inafastável (condição “sine

qua non”) para a elegibilidade é a filiação a Partidos Políticos, não se afastando essa

condição nem de militares. O que existe, no caso dos militares, é uma mitigação da

exigência do prazo de 1 ano de filiação antes do pleito.

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Obs.: O que a CF veda é a acumulação de cargos, não a acumulação de proventos; o

militar, portanto, pode acumular seus proventos como reformado, com proventos de

aposentadoria como civil.

Precisa de 8 anos de atividade legislativa federal para se aposentar, bastando apenas

um mandato para Senador (e dois mandatos para Deputado Federal), isso é possível

porque o regime de previdência é específico e pode estipular suas regras.

VI – a Idade mínima de:

a) 35 anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;

b) 30 anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do DF;

c) 21 anos para Deputado Federal, Estadual ou Distrital, Prefeito e Vice- Prefeito,

e Juiz de Paz;

d) 18 anos para Vereador.

Há, portanto uma idade mínima exigida que varia dos 18 aos 35 anos. É importante

perceber que a pessoa só adquire seus direitos políticos em toda plenitude

(capacidade eleitoral plena) aos 35 anos, quando pode ser eleita para qualquer cargo.

Sobre esse inciso temos algumas questões a serem colocadas:

1ª) Quando se verifica essa idade mínima exigida: no registro de candidatura ou

na posse? Menor de idade (menor de 18 anos), assistido, pode registrar

candidatura para vereador, provando que na data da posse terá 18 anos?

R: Atualmente o termo de verificação da idade é a data da posse. Isso está

previsto no art.11, § 2º da Lei 9.504/97(Lei Eleitoral): “A idade mínima consti

tucionalmente estabelecida como condição de elegibilidade é verificada tendo por referência a

data da posse”. É entendido, dessa forma porque a idade mínima é condição para exercício do cargo, e

não para concorrer a ele, e exercício do cargo só passa a haver com a posse.

Portanto, o menor de 18 anos, assistido, pode formular pedido de registro de candidatura

para vereador, se provar que, se eleito, na posse terá 18 anos.

2ª) Em casos de substituição temporária, há alguma peculiaridade com relação à

idade do substituto?

R: O único autor que fala de idade mínima de substituído e idade mínima

de substituto é o prof. Joel Cândido. Esse autor afirma que na situação de substituição, a idade

mínima do substituto deve corresponder à idade mínima do substituído.

Por exemplo, para ser Presidente da República há a exigência que a pessoa tenha

idade mínima de 35 anos. O Presidente tem como seu potencial substituto o

Presidente da Câmara dos Deputados. Só que para ser deputado a idade mínima é

de 21 anos; portanto, poderia um deputado federal qualquer, maior de 21 anos, vir a ser Presidente da

Câmara e tornar-se substituto do Presidente da República? Para esse autor, para ser Presidente da

Câmara o deputado federal tem que ter no mínimo 35 anos, para não correr-se o risco do Presidente da

República vir a ser substituído por alguém com idade menor que a exigida para seu cargo. O mesmo

raciocínio deve ser empregado em nível estadual: para ser governador é preciso ter no mínimo 30 anos,

portanto, o Presidente da Assembléia Legislativa, que pode vir a substituir o Governador tem que ter no

mínimo 30 anos (sabendo-se que pode ser deputado estadual com 21 anos). E também deve ser

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empregado em nível municipal, para ser presidente da Câmara dos Vereadores tem que ter no mínimo 21

anos (sabendo-se que pode ser vereador a partir dos 18 anos).

4.2) Causas de Inelegibilidade: (analise do tópico anterior sob o ponto de vista

negativo)

(ausência de Elegibilidade)

Diz a doutrina hoje, que inelegibilidade é um gênero que se divide em duas grandes

espécies: (1) Inelegibilidade Absoluta e (2) Inelegibilidade Relativa (Reflexa para

alguns autores). A Inelegibilidade absoluta ocorre em duas situações: (1) na situação

dos inalistáveis (por motivo óbvio, se a pessoa é inalistável, consequentemente é

inelegível – se não pode ter direitos políticos ativos, não pode ter direitos políticos

passivos); e (2) no caso dos analfabetos (como já vimos, analfabeto não é inalistável,

não entrando na primeira situação, porque seu alistamento não é proibido, e sim

facultativo; não obstante a isso ele é sempre inelegível).

A inelegibilidade Relativa ocorre em 4 hipóteses: (1) Mandato Eletivo (quando a

pessoa já é titular de mandato eletivo, não se discutindo a possibilidade de ser

eleito para outro mandato ao mesmo tempo); (2) Vínculo de Afinidade, Casamento, e Parentesco (causa

mais discutida nos dias de hoje); (3) Serviço Militar (o militar na ativa é inelegível); (4) Causas Legais

(previstas em lei).

Basicamente são três as diferenças entre inelegibilidade absoluta e relativa:

1ª) Inelegibilidade Absoluta se refere a qualquer cargo eletivo, não podendo

ser flexibilizada, ou seja, não podendo ser relativizada (ex: é inelegível para tal cargo, mas é elegível

para outro).

2ª) Essa Inelegibilidade Absoluta decorre de uma característica do candidato, o

candidato é que inelegível (é inalistável ou é analfabeto).

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3ª) A Inelegibilidade Absoluta está enumerada exaustivamente na Constituição (não

existem, como na Relativa, as causas legais; porque as causas são todas constitucionais).

Portanto a Inelegibilidade Absoluta se refere a qualquer cargo eletivo,

decorre de uma característica do candidato e está enumerada taxativamente na

Constituição.

A contrario senso, Inelegibilidade Relativa (1ª) é relativa a apenas alguns cargos

eletivos; (2ª) decorre de uma circunstância da eleição (ex: naquela eleição a pessoa

tem um vínculo de parentesco, naquela eleição a pessoa já tem um mandato ou está na ativa no serviço

militar); (3ª) está enumerada exemplificativamente na CF, tanto é que existem causas legais(causas

que as leis fazem menção).

Os fundamentos constitucionais para essas espécies de inelegibilidade são:

■ Inelegibilidade Absoluta, tanto a por ser o candidato inalistável, quanto por ser

analfabeto → art.14 § 4º.

■ Inelegibilidade Relativa: = Mandato Eletivo → art. 14 § 5º. §7º.

= Vínculo de Afinidade, Parentesco ou casamento → art.14

= Serviço Militar → art. 14 § 8º

= Causas Legais → art. 14 § 9º c/c LC. 64/90.

Anteriormente já falamos sobre as situações de inelegibilidade absoluta (inalistáveis e analfabetos), sobre

a inelegibilidade relativa com relação aos militares e com relação às causas legais (inelegibilidade legal).

Agora falaremos sobre as duas questões pendentes, muito perguntadas em concursos: Inelegibilidade por

vínculo e inelegibilidade durante mandatos eletivos. As questões jurisprudências mais modernas

englobam essas situações. Teríamos que analisar casos concretos, como o do Governador Alckmin, que substitui

o Gov. Mario Covas, quando ficou doente, o sucedendo, depois de sua morte e depois

foi eleito Governador de São Paulo (3 mandatos consecutivos?). Teríamos que

analisar também, o caso da Rosinha, esposa do ex-governador Garotinho. E outros

casos concretos.

4.2.1) Mandato Eletivo:

Segundo o art. 14, § 5º: “O Presidente da República, os Governadores de Estado e do

Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido ou substituído no curso dos mandatos poderão

ser reeleitos para um único período subseqüente”, chefes do Poder Executivo Federal, Estadual, do DF e

Municipal, não só os titulares, como aqueles que os houver substituído ou sucedido poderão ser reeleitos

uma vez só. Esse art. 14 § 5º é um dos belos exemplos na Constituição de Ponderação do legislador

constitucional: porque a Constituição permite reeleição, mas permite reeleição uma vez só. Parece ter

havido nessa norma a Ponderação de dois princípios: de um lado o Princípio Republicano (todo o poder

político é temporário) e de outro lado o Princípio da Eficiência da Administração Pública (para a

Administração ter eficiência, é necessário uma certa continuidade, e talvez 4 anos seja pouco tempo para

se alcançar às metas de eficiência pretendidas). Uma reeleição só permite que o poder continue

temporário, mas com tempo suficiente para ser eficiente e cumprir suas metas.

Existem 3 questões importantes sobre esse tópico:

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1ª Questão – O próprio artigo faz uma diferença entre Substituição e Sucessão:

■ Sucessão ► É sempre definitiva (só os vices são sucessores do Presidente, do

Governador e do Prefeito).

■ Substituição ► É sempre temporária (no caso do Presidente são substitutos

o Vice- Presidente, o Presidente da Câmara, do Senado e do STF; no caso

Governador são substitutos o seu vice, o Presidente da Assembléia e o Presidente do

STJ; com relação ao Prefeito são substitutos o seu vice e o Presidente da Câmara e

até o Presidente do Tribunal de Contas no RJ também o é).

Obs.: Toda a prova oral pergunta o rol de sucessores de Presidente da República.

Mas não existe rol, porque sucessor do Presidente, só o Vice-Presidente. O que existe

é rol de substitutos (Vice-Presidente, Presidente da Câmara, do senado e do STF).

2ª Questão: O STF acabou de julgar o Caso do Alckmin:

1º Mandato (?)

4 anos

2º Mandato

4 anos

3º Mandato

4 anos

----------------------------------------

-

Substituição do Covas em seu 1º Mandato

(alguns dias quando Covas fazia

tratamento)

---------------

----------------

-------Sucessão

do Covas em seu

2º Mandato

(como

seu Vice, quand

o Covas

morreu)

------------------------------

-

Eleito Governador de SP

(titular)

A questão que chegou ao STF foi a seguinte: Alckmin, como vice de Covas, o substitui

em seu primeiro em vários momentos, porque foi quando Covas se descobriu doente e

começou a fazer tratamento. Depois o sucedeu, em seu segundo mandato, quando

Covas, veio a falecer. Poderia Alckmin ter sido eleito para Governador ou essa eleição

não poderia ocorrer por se tratar de seu 3º mandado consecutivo?

R: No RE 366.488 (Caso Alckmin) o STF entendeu que embora a CF em seu art.14

§ 5º fale em substituição e sucessão, deve ser entendido apenas como

sucessão. Não se computa qualquer intervalo de tempo como substituto, para fins de mandato

para impedir reeleição, ou seja, só o período em que foi sucessor é contado como mandato.

Essa interpretação da CF não foi literal; o STF usou o princípio da razoabilidade para

interpretar, porque não seria razoável, que quem substitui o outro em apenas alguns

momentos, não podendo nessas esparsas ocasiões implementar o seu modo de

governo, não possa ter direito, se eleito, a manter sua administração por um período

de 8 anos, o que assegurado a qualquer candidato.

Portanto, o Alckmin poderia ter assumido o mandato como Governador de SP porque

o 1º Mandato em que substitui Covas não se conta. Teria, portanto, com esse último,

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apenas dois mandatos consecutivos, o que é permitido pela CF. Agora, ele não pode

ser candidato ao Governo de SP (nem qualquer pleito estadual, como deputado

estadual, deputado federal ou senador), por isso quer se eleger Presidente da

República (pleito nacional). Poderia se candidatar também a Prefeito de SP (pleito

municipal).

Obs.: Se o Governador morrer assume o Vice, mas se o Vice morrer, logo após, é

realizada nova eleição (eleição indireta).

Em Niterói o Prefeito atual inicialmente sucedeu o Prefeito anterior e foi eleito,

posteriormente como titular. Nesse caso considera-se o período de Sucessão como 1º

mandato e a eleição como titular como reeleição, portanto 2º mandato (e último

consecutivo).

3ª Questão: Se exige desincompatibilização (renuncia 6 meses antes do pleito)

para fins de reeleição? O Lula se quiser ser reeleito tem que se desincompatibilizar

do cargo de Presidente 6 meses antes do novo pleito? O Alckmin teria que ter se

desincompatibilizado do cargo de Governador, para concorrer a Presidência da

República?

R: Segundo o art. 14 § 6º: “Para concorrerem a outros cargos, O presidente da

República, os Governadores de Estado e do Df e os Prefeitos devem renunciar aos

respectivos mandatos até seis meses antes do pleito”. Portanto, chefes do executivo,

se visam reeleição (para o mesmo cargo) não precisam abandoná-lo 6 meses antes

do pleito, mas se visam ser eleitos para outro cargo, tem que renunciar ao anterior

pelo menos 6 meses antes do pleito. O Alckmin que era Governador de São Paulo e

agora vai concorrer a outro cargo (presidência da República) tem que renunciar seis

meses antes do pleito. Já o Lula que é candidato à reeleição não precisa renunciar

antes do pleito (desincopatibilização).

Em relação ao legislativo não se exige desincompatibilização como no executivo.

Os membros do legislativo (deputado ou senador), apenas se licenciam do seu cargo,

concorre a um cargo do executivo e, se não for eleito, volta para seu cargo no

legislativo e cumpre o resto do seu mandato (ex: a Senadora Heloisa Helena

concorrendo à Presidência da República).

Com relação ao § 5º do art. 14 é interessante fazermos uma menção ao direito

comparado americano, que tem uma norma semelhante a essa, com uma importante

diferença. Pela Constituição Americana, o Presidente Americano só pode se reeleito

uma única vez. Depois dessa reeleição, ele nunca mais pode ser eleito para a

Presidência da República, ou seja, ele é vitaliciamente inelegível. No Brasil O

Presidente depois de reeleito, não pode ser novamente reeleito para mandato

subseqüente, mas pode ser eleito saltando uma eleição. Podemos ter um Presidente

da República no Brasil eleito 10, 15, 20 vezes. Isso acontece com qualquer chefe do

executivo (ex: Prefeito do RJ já foi eleito 3 x).

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4.2.2) Vínculo de Afinidade, Casamento ou Parentesco:

Previsto no art.14 § 7º da CF: São inelegíveis, no território de jurisdição do

titular, o cônjuge e os parentes consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou

por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território,

do DF, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos sei meses

anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à

reeleição.

Obs.: onde está escrito substituído leia-se também sucedido.

Território de Jurisdição não significa território físico. A interpretação que a

Jurisprudência dá hoje a território de jurisdição é território para o mesmo tipo de

pleito (para o mesmo tipo de pleito nacional, estadual e municipal). Mesmo que esse

pleito se realize num mesmo território físico. Ou seja, um filho de um Governador de

Estado pode se candidatar a prefeito de um município do mesmo Estado (o município

pertence ao mesmo Estado, mas o pleito é outro, um é estadual e o outro é municipal).

Esse parágrafo engloba três casos concretos:

1º Caso: Caso Garotinho► A cônjuge do ex-governador do Estado, Garotinho,

concorreu ao mesmo cargo do marido no mandato imediatamente posterior ao dele.

Ela poderia ter sido eleita? Ela poderia ser candidata a sua própria reeleição?

Porque o STJ entendeu que a Rosinha era elegível, e no mesmo pleito entendeu que o

deputado Jorge Murad, cunhado do governador do Maranhão era inelegível?

R: Pelo acórdão do TSE, o cônjuge, consangüíneo ou afim pode ser candidato para o

mesmo cargo na eleição subseqüente a do cônjuge, consangüíneo ou afim, desde que

atendidas duas condições cumulativas: (1) Que o titular tenha deixado o cargo seis

meses antes do pleito (tenha havido desincompatibilização = renúncia); (2) Que o

titular esteja no seu primeiro mandato.

No Rio o Garotinho estava no seu primeiro mandato e renunciou a ele 6 meses antes do

pleito; então a sua cônjuge foi considerada elegível. No Maranhão a governadora renunciou

6 meses antes do pleito, mas já estava no seu segundo mandato, pois havia sido reeleita; portanto

seu cunhado foi considerado inelegível.

Vai ser feito uma consulta ao TSE este mês de março, para ver se a

Governadora Rosinha é elegível para reeleição e se seus parentes consangüíneos ou afins também

o seriam. Se seguirmos o raciocínio do TSE no acórdão previamente citado, podemos deduzir que ele

negará a possibilidade da reeleição da Rosinha e de qualquer parente seu ou afim. A única interpretação

possível para o acórdão é que a Rosinha foi eleita como se o Garotinho tivesse sido reeleito. Se ele for

eleito agora nesse pleito teríamos três mandatos consecutivos desse núcleo familiar, o que é vedado

constitucionalmente – perpetuação não pode. Portanto, agora, ela ele e toda a família e

afins são inelegíveis para o pleito estadual, poderiam se candidatar para o pleito

municipal ou federal.

Obs.: D. Marisa poderia se candidatar a pleito estadual ou municipal, mesmo Lula

sendo candidato à reeleição a Presidência; porque se tratam de pleitos diversos.

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2º Caso: Caso Vizeu ► Vizeu é um Município do Pará, onde a prefeita que havia sido

eleita e reeleita tinha união homo afetiva (ou homo erótica) com outra senhora, que por

sua vez, foi candidata à eleição de deputada. Poderia ter sido candidata ou não, já que

a vedação para o mesmo pleito, no caso estadual, fala em cônjuge, não citando união

estável (companheiro) e muito menos união homo afetiva (parceiro)? Qual é a

extensão dessa inelegibilidade? Poderia ser estendida tanto para a União estável

quanto homo afetivo (interpretação extensiva da Constituição)? A norma pretende

impedir que apenas a família se mantenha no poder ou que pessoas que possuam

relação de afeto permaneçam no poder?

Obs.: O STJ, na opinião do professor Guilherme, falhou ao tratar a união homo afetiva

como união estável, porque a CF em seu art. 226 § 3º fala de “união estável entre

homem e mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em

casamento”. Nos parece que a união afetiva merece a mesma tutela constitucional que

a união estável, só que a única falha do STJ foi atribuir a união afetiva a qualidade de

união estável, por serem ,como a própria constituição prova, coisas diversas. Não é

união estável, porque a CF fala entre homem e mulher e essa união não tem

diversidade de sexos; e a união homo afetiva não pode ser convertida em casamento,

objetivo do § 3º, porque o código civil impede.

É interessante que se a esposa morre o marido continua tendo vínculo parental com

os sogros. Essa relação não se rompe com a morte do elo entre os dois, a esposa.

R: Segundo o STF estende-se o conceito de cônjuge compreende também o

companheiro da união estável e o parceiro da união homo afetiva. A vedação estende-

se a todos. Interpretou o § 7º como união afetiva, mesmo que essa união afetiva não

gere vínculo familiar.

Politicamente a interpretação do STF foi perfeita, porque o que se quer impedir é

a perpetuação do poder de determinado núcleo de pessoas, que mantêm uma relação afetiva. Mas

juridicamente a interpretação foi horrorosa (absurdo jurídico), porque normas que restringem direitos

(norma que restringe direito político – participar de pleito) só podem ser interpretadas restritivamente e

nunca extensivamente. E mais extensiva que essa interpretação do STF impossível!

3º Caso: Caso de Ipubi: Ipubi é um município em que a prefeita eleita e reeleita. Em

seu segundo mandato houve separação judicial do marido, e o ex-marido passa a

concorrer como candidato a prefeito; isso é fraude? Havendo separação judicial ou

divórcio no segundo mandato, trata-se de fraude eleitoral? Porque no segundo

mandato o cônjuge já é inelegível, salvo se o vínculo de casamento for desfeito. A

presunção de fraude nesse caso é absoluta ou relativa (admite prova em contrário)?

Obs.: O STF considerou inconstitucional a aplicação da Emenda 52 art.2º (fim da

verticalização) para esse pleito. O texto da Emenda é tão ruim que nela está disposto

que a emenda se aplica a eleição de 2002. Portanto nessa atual eleição é obrigatório

a verticalização: as Alianças federais devem ser repetidas em Estados e Municípios. Isso prejudicou o

Garotinho que queria sair como candidato a Presidência da República pelo PMDB, porque se o PMDB

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tiver candidatura própria para Presidente terá que ter candidato próprio para todos os estados e

municípios, prejudicando as alianças nesses locais.

Imaginemos que o Garotinho, por não poder ser mais candidato a Presidente, queira

se candidatar ao Governo do Rio, mas casado com Rosinha ele é inelegível. Então 6

meses antes do pleito eles se separam judicialmente. Ele poderia se candidato. A

presunção de fraude seria absoluta e relativa?

R: O STF quando julgou o caso Ipubi manteve sua jurisprudência numa parte e

modificou em outra. Manteve a seguinte parte: Separação de fato não rompe essa

impossibilidade de elegibilidade, ou seja, os separados de fato se mantêm

inelegíveis, como se ainda casados fossem. Essa inelegibilidade continua até que haja separação

judicial ou divorcio. Não basta ter rompido o vínculo conjugal (separação de fato), e necessário o

rompimento da sociedade conjugal.

Para o STF havendo separação judicial ou divorcio no 2º mandato, a presunção de fraude à eleição é relativa, podendo ser elidida por provas em

contrário. No caso de Ipubi a fraude foi elidida por dois motivos:

(1º) Havia prova nos autos que já havia separação de fato no fim do primeiro mandato da

prefeita; portanto, fica claro, que não era intenção deles separarem-se para viabilizar eleição (ela tinha

naturalmente direito a reeleição e ele a eleição), ou seja, a separação não tinha intenção de prejudicar o

pleito; (2º) O ex-marido concorreu à eleição com o sogro (que era inelegível por ser pai da prefeita reeleita, mas

só foi candidato porque sua candidatura não foi impugnada), eram os dois únicos candidatos à prefeitura

de Ipubi, caracterizando que a separação não foi para favorecer o ex-marido, já que prejudicaria o próprio

pai, e que o núcleo familiar não estava disputando o pleito, posto que estivesse dividido. Quem ganhou foi

o sogro.

Sistemas Eleitorais, Partidos Políticos e Sistemas Partidários

4.3) Sistemas Eleitorais existentes no Brasil:

■ Sistema Eleitoral Majoritário ► É aquele em que o cargo eletivo é alcançado pelo

número de votos obtidos pelo candidato. O número de votos obtidos pelo candidato

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é o fator determinante para saber se o candidato foi eleito ou não. É aquele

sistema então, em que o candidato mais votado está eleito.

Esse sistema e adequado, apesar de não ser exclusivo (existe uma exceção

no Poder Legislativo que usa esse sistema*), ao Poder Executivo. Porque é no

Poder Executivo que se leva em consideração os votos que o candidato

pessoalmente tenha obtido.

Esse sistema pode ser decomposto em maioria simples ou maioria absoluta, conforme

seja exigível ou não a maioria absoluta dos votos válidos, que se traduz no segundo

turno.

A) Sistema Eleitoral Majoritário de Maioria Simples → estamos nos referindo ao

sistema em que o candidato mais votado é eleito, não se exigindo para isso a

maioria absoluta dos votos válidos. Ou seja, o candidato é eleito, mesmo que

não tenha alcançado a maioria absoluta dos votos válidos.

Esse sistema de maioria simples só ocorre em duas situações no Brasil:

(1) Eleição de Prefeito em Municípios com menos de 200 mil eleitores →

portanto, nesses Municípios não há qualquer possibilidade de 2º turno, tenha o

prefeito alcançado ou não a maioria dos votos válidos. O turno é único.

Fundamento: CF, art.29, II, in fine (interpretado a contrário senso –

se nos municípios com mais de 200 mil eleitores há possibilidade de 2º turno,

isso é o mesmo que dizer que, nos municípios com menos de 200 mil eleitores

não há essa possibilidade).

(2) Eleição de Senador da República* é a única exceção do Sistema Legislativo que

admite eleição pelo sistema majoritário, própria do poder executivo;

e que exige apenas maioria simples dos votos, não sendo necessária a

maioria absoluta dos mesmos. Isso tem que ocorrer porque há alguns anos em

que são eleitos 2 senadores, e não apenas um, ficando impossível neste caso,

que duas pessoas obtenham maioria absoluta, ou um ou outro obtém; portanto

se exige apenas maioria simples dos votos. Fundamento: art. 46, caput da CF.

B) Sistema Eleitoral Majoritário de Maioria Absoluta → se exige a maioria absoluta

dos votos válidos em 1º turno ou se for necessário em 2º turno. Ou seja, passa

a haver, nesse sistema de maioria absoluta, a possibilidade de um 2º turno.

Obs.: Jamais devemos dizer que passa a haver um 2º turno, porque se o

candidato obtiver a maioria absoluta no 1º turno não existira um 2º turno (não é

necessário).

Obs: Voto válido significa qualquer voto salvo os votos nulos e os votos em

branco. Ou seja, tanto o voto nominal quanto o voto de legenda (partido ou

coligação) são votos válidos. Se votamos no candidato X nominalmente ou em

seu partido ou coligação partidária, estamos emitindo votos válidos.

Esse Sistema de Maioria Absoluta ocorre no Brasil em 3 situações:

(1) Eleição do Presidente da República → Se o candidato não obtiver a maioria

absoluta dos votos válidos em primeiro turno submete-se a 2º turno.

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Obs: No Brasil já tivemos duas situações de Presidentes eleitos em 1º turno.

Fundamento: art.77, §2º da CF.

(2) Eleição de Governador do Estado; Fundamento: art. 28 caput, parte final, da CF.

(3) Eleição de Prefeito com mais de 200 mil eleitores. Fundamento: art. 29, II.

Esse Sistema Eleitoral Majoritário não enseja grandes problemas. O que gera

grandes problemas é o Sistema Proporcional.

■ Sistema Eleitoral Proporcional ►Cargo eletivo alcançado pela força

demonstrada pelo Partido Político.Não é então o sistema em que o candidato mais

votado está eleito; e sim, em que o Partido Político mais forte faz o maior

número de candidatos. Portanto, não é um sistema adequado ao Poder

Executivo e sim ao Poder Legislativo.

Portanto é um sistema onde o cargo eletivo é alcançado pela força

demonstrada pelo partido político, onde o partido mais forte faz o maior número

de candidatos, sendo o sistema mais adequado ao Poder Legislativo (com

exceção do cargo de senador).

Esse sistema é usado para a eleição de:

1) Deputado Federal – art.45 caput da CF;

2) Deputado Estadual – art. 27, § 1º da CF;

3) Vereador – art.29, I da CF.

Nesse sistema a figura central é o partido, enquanto no sistema majoritário é o

candidato.

Essa aferição da força partidária se dá por um instituto: coeficiente eleitoral

– que é a divisão do total de votos validos pelo número de cargos a serem ocupados.

a) Coeficiente Eleitoral:

Total de votos válidos -------------------------------> 1.000.000 voto (nominal ou

na legenda)

Total de Cargos a

serem ocupados ---------------------------------> 10 cargos eletivos

Coeficiente Eleitoral ---------------------------------> 100.000

b) Coeficiente Partidário: Total de candidatos que cada partido ou cada coligação elegeu.

Para essa aferição é necessário primeiro a aferição do coeficiente eleitoral.

Depois que tivermos esse cociente eleitoral vamos determinar quantos votos

cada partido ou coligação teve. Para isso vamos somar todos os votos

nominais de candidatos de um mesmo partido ou coligação com os votos

dados a legenda do partido ou a coligação (votos de legenda). Depois vamos

dividir esse número obtido pelo coeficiente eleitoral. Esse partido ou essa

coligação, portanto, através dessa operação, vai ter feito tantos candidatos

quantas às vezes que tiver alcançado o coeficiente eleitoral. A essa regra

chama-se de coeficiente partidário.

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EX: ● PT (soma dos votos em candidatos e no partido) = 375.000 votos

÷ 100.000

______________

3 deputados (e fração = desprezada)

● PSDB __________________________ = 645.000

÷ 100.000

______________

6 deputados (e fração)

Depois de cada eleição é feita uma regra específica, um ano antes da nova

eleição, determinando o que deve ser feito com relação a essa fração do

coeficiente partidário. A regra, é que o partido político que teve a fração mais

alta leva (a fração mais próxima do número inteiro) a última vaga, caso seja

número impar. No nosso exemplo o PT levaria a 10ª vaga.

Obs: O partido grande tem grande interesse de fazer coligações e ao partido

pequeno não interessa muito fazê-las, independentemente de termos

campanha verticalizada ou não. Digamos que o PT não faça coligação alguma,

neste caso ele só vai poder computar os votos dados aos seus candidatos

nominalmente ou a legenda do PT. Se ele se coliga a um partido pequeno, ele

vai somar os votos dele aos votos dados aos candidatos ou a legenda do

pequeno partido. Quase sempre os votos dados ao partido pequeno serão

importantes para que o PT alcance novamente o coeficiente partidário. Mas,

normalmente, os candidatos do partido mais fraco não conseguem estar bem

colocados nesta lista final da coligação.

Os votos que damos nominalmente a um candidato, não servem para elegê-

lo como no sistema majoritário, só servem para posicioná-lo melhor nesta

lista do partido ou da coligação. Portanto, é basicamente impossível que um

candidato de partido pequeno (com menos eleitores), por mais bem votado que

seja dentro daquele pequeno universo de eleitores, consiga ficar bem colocado

na lista para conseguir ocupar as vagas que a coligação obteve.

Ex: Lindeberg Farias na 1ª eleição que participou teve 108 mil votos nominais e

não foi eleito, porque fazia parte de um partido pequeno – PSTU – e o

coeficiente eleitoral daquela eleição foi 120 mil votos. Na outra eleição que ele

veio candidato pelo PT, teve apenas 36 mil votos e foi eleito deputado federal.

Ele era o 7º da lista do PT, que conseguiu eleger muitos deputados.

O Pita agora na eleição em SP teve sozinho 150 mil votos, o coeficiente

eleitoral foi 300 mil. Mas o Pita veio candidato pelo PSC que não conseguiu ter

pelo menos 300 mil votos para eleger pelo menos um candidato. Portanto,

com essa quantidade enorme de votos o Pita não foi eleito. Nesta mesma

eleição o Enéas do PRONA teve sozinho 1 milhão e 500mil votos, isto é, se

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elegeu e elegeu mais 4 deputados pelo seu partido ( o 2º da lista do seu partido

tinha apenas 3 mil votos, o 2º 2 mil votos, o 3º 1000 votos e o 4º 532 votos).

Obs.: Atualmente, sob o ponto de vista jurídico o voto branco e o voto nulo tem

o mesmo valor – isto é, não serem computados nunca. Esses votos já tiveram

distinção jurídica, porque pela lei até 1997, os votos em branco eram

considerados votos válidos na contagem do coeficiente eleitoral. De 97 para cá

ambos nada valem juridicamente. Filosoficamente são votos diferentes, porque

o voto em branco significa abstenção, enquanto que o voto nulo representa

protesto do eleitor.

Obs.: A rigor o voto obrigatório, ou seja, o voto como direito e dever é uma

construção nossa. Que tem algumas aplicações em outros países. E apesar de

ser uma tradição brasileira muito criticada, segundo o professor Guilherme tem

pontos positivos, principalmente por fazer com que o voto seja absolutamente

igualitário. Isso as vezes é bom e as vezes não. Isso é aceito no Brasil e não

há qualquer proposta de emenda para modificar essa obrigatoriedade.

Existem hoje duas propostas de emenda a CF, que são propostas de reforma

política: uma para se manter o sistema proporcional mas atrelado a fidelidade

partidária, porque esse sistema proporcional não funciona bem a não ser que

haja fidelidade ao partido. Porque a pessoa é eleita pelo partido, mas depois

que é eleita não guarda qualquer fidelidade com esse partido que a elegeu,

podendo mudar para qualquer outro – o que é um absurdo. Aquele deputado

do Prona que recebeu míseros 532 votos, a primeira medida que tomou foi

mudar de partido.

A outra proposta de reforma política é que em certos casos o sistema

eleitoral passe a ser misto.

Essas são as duas tendências de reforma mais recentes, ou se mantêm o

sistema proporcional atrelado à fidelidade partidária, ou, abre-se mão do

sistema proporcional e se adere ao sistema misto.

■ Sistema Misto: é uma combinação do sistema majoritário com o sistema

proporcional. Por isso alguns autores falam em “voto distrital misto”. Essa seria

uma forma atécnica de se referir ao sistema misto.

Como é uma compatibilização

dos dois sistemas, ele gira em torno não do candidato, como o sistema

majoritário, nem do partido político, como é o proporcional; ele gira em torno

dos chamados distritos eleitorais.

Quando se tem esse sistema misto se divide o território em distritos eleitorais e

atribui um certo número de vagas ao sistema majoritário e um certo número de

vagas ao sistema proporcional – daí distrital misto.

Esses distritos eleitorais podem corresponder a um município ou não. Po

r exemplo, num caso de município muito pequeno, este teria que se unir a outro

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para formar um só distrito. E um município muito grande que teria que ser

repartido em vários distritos.

Esse sistema é usado na Alemanha e no México. Na Alemanha, por exemplo, o

parlamento tem 50 cadeiras (50 deputados). Eles queriam atribuir metade de

cadeiras para um sistema e metade para o outro. Dividiram, então, o território

alemão em 25 distritos (metade do no de cadeiras). 25 deputados serão eleitos

pelo sistema majoritário, ou seja, um para cada distrito e 25 deputados serão

eleitos pelo sistema proporcional, ou seja, eleitos pelo todo (todo território).

Esse sistema tem vantagens e desvantagens:

●Vantagem ► Compatibilizar as grandes lideranças com as pequenas lideranças. As

grandes lideranças são eleitas pelo sistema proporcional (por todo o território)

como sempre foram; enquanto que o sistema majoritário nos distritos permitiria

a eleição de pequenas lideranças, que pelo sistema proporcional jamais se

elegeriam. Por exemplo, se Copacabana fosse considerada um distrito, ela

elegeria um deputado, que seria obviamente uma grande liderança na

localidade, mas não teria qualquer projeção nacional.

● Desvantagem ► Complicar o voto. Exige maior consciência política, já que

existem dois tipos diferentes de votos: em lideranças locais e lideranças

nacionais. Num país de analfabetos se torna num sistema quase inviável,

tamanha a confusão que provocara na hora da votação.

Notas Importantes:

● Pode haver no Brasil Eleição Indireta? O Presidente da República pode ser eleito de

modo indireto?

R: Existe uma situação no Brasil de Eleição Indireta, prevista no art. 81 §1º -

se houver vacância nos dois cargos de Presidência e de Vice-Presidência,

nos dois últimos anos do período presidencial, que é de 4 anos,a eleição é

indireta feita pelo Congresso Nacional, 30 dias depois de aberta a última vaga.

Isso tem até repercussões protocolares: Presidente e Vice nunca viajam num

mesmo vôo, porque se um morrer o outro sobrevive e evita eleições indiretas.

Porque se houver comorbiência, abre possibilidade de haver, inclusive,

eleições indiretas.

Não se aplica nenhum sistema eleitoral no caso da eleição indireta – único

caso possível no Brasil.

● Essa norma confirma uma posição que já tratamos em aulas anteriores: que o

Presidente da República só tem um sucessor, que é o Vice-Presidente; e tem 4

substitutos(Vice-Presidente, Presidente da Câmara, Presidente do Senado e

Presidente do STF). Porque, se porventura o presidente da Câmara ou do

Senado ou do STF fossem sucessores, não haveria necessidade de nova

eleição no caso de comorbiência do Presidente da República e do Vice, porque

essas pessoas assumiriam o cargo. Como com a morte do Vice-Presidente há

nova eleição, podemos perceber que a sucessão para o cargo só vai até ele.

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● Caso tenhamos nova eleição pela ocorrência da situação acima descrita, ocorrerá

o “mandato-tampão”. Isso quer dizer que o novo Presidente não assume mandato

autônomo (4 anos), ele só assume o mandato restante (tempo restante para

concluir o mandato de seu antecessor). Isso está previsto no parágrafo seguinte da

norma - art.81, § 2º da CF.

Obs.: O último país que teve aplicação dessa norma foi a Argentina. Teve em

2001 uma situação caótica e deram na Argentina uma aplicação dessa norma

que é idêntica à nossa. Mas lá o sistema é um pouco diferente do nosso. Pela

CF Argentina se houver vacância dos dois últimos anos do mandato

presidencial, há nova eleição. Só que a CF Argentina exige que essa eleição

seja feita pelo Congresso, como a nossa, mas não exige que os candidatos

sejam membros do Congresso.No nosso direito apesar de não ter disposição

expressa legal, há um costume que a eleição seja feita pelo Congresso envolvendo

membros do próprio Congresso – senadores ou deputados federais (isso sempre

aconteceu no Brasil). Esses membros do Congresso que

querem concorrer habilitam suas candidaturas no mesmo Congresso e são votados

pelos demais membros.

Quando o Presidente De La Rua renunciou ao cargo presidencial na

Argentina, faltava um ano e 8 meses para o termino de seu mandato. Com isso

a Argentina conseguiu ter 8 presidentes em 6 dias. O primeiro foi um

governador de província, Carlos Alberto Sá, portanto que não era membro do

Congresso. Esse 1º presidente 1 dia depois renunciou ao cargo de Presidente.

5) Partidos Políticos (CRFB art. 17 e Lei 9.096/95)

5.1 Conceito: São entidades de intermediação entre sociedade civil e sociedade

política, na medida em que contribui para a formação da vontade do povo.

Nota 1: Diogo Figueiredo possui um livro chamado participação política, e ele

começa esse livro dizendo que o partido político é um instituto sui generis da

participação política. O que seria interessante deixar claro é que o partido

político não é o único meio de participação política, existem outros meios de

participação política nas três funções do estado (Administrativa, Legislativa e

Jurisdicional).

Na função legislativa a forma de participação política é o chamado Grupo

de Expressão, o que alguns autores chamam deLOB. Esses grupos de

expressões ou LOB’s são usados para pressionar o legislativo

para que eles produzam normas condizentes com os interesses desses

grupos de expressões.

O instituto de participação política na função administrativa, segundo

Diogo Figueiredo, são as Audiências Públicas (Conceito de audiência pública

prevista na Lei. 8.666/93 art. 39).

Há também institutos de participação política na função jurisdicional, e o Diogo

Figueiredo menciona seis: Seguindo a ordem dada pela Constituição: (1°)

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Ação Popular (Art. 5°, LXXIII CRF), porque a rigor qualquer cidadão é parte

legítima;(2°) Mandado de Segurança Coletivo (Art. 5°, LXX CRFB), porque a rigor

partidos políticos e associações são partes legítimas;(3°) Ação Civil Pública (Art.

129, III CRFB); porque a rigor qualquer MP e Associações são partes

legítimas; (4°) Tribunal do Júri (Art. 5°, XXXVIII CRFB), porque é o Cidadão que

participa do conselho de sentença; (5°) Responsabilização do Presidente da República

(Art. 85 CRFB), pois cabe a qualquer cidadão; (6°) Quinto Constitucional (Art. 94

CRFB), um quinto das vagas dos Tribunais são restritos a membros da

Advocacia e do Ministério Público.

Colocada essa premissa seria interessante agora dividir nosso estudo de

partido político em três partes: Primeiro nós iremos estudar Sistemas Partidários; O segundo

estudo importante é a Natureza jurídica dos partidos políticos; E finalizando, nós

estudaremos Autonomia Partidária.

5.2 SISTEMAS PARTIDÁRIOS :

Existem basicamente três sistemas partidários. (1°) UNIPARTIDARISMO, aqui

há uma distinção que os autores não fazem, ou seja, o Unipartidarismo se

divide em Simples e Básico; (2) BIPARTIDÁRISMO, também se divide em

simples e básico; (3°) PLURIPARTIDARISMO. Vide gráfico.

1° Uni-Partidarismo – O nome é auto-aplicável, agora, é necessário que se faça

uma distinção entre unipartidarismo simples e unipartidarismo básico.

No Unipartidaismo Simples só existe de fato um partido (ex: Cuba).

NoUnipartidarismo Básico só existe um partido predominante, ou seja, há

vários partidos, mas predominante, com chance de chegar ao governo só

existe um (Ex. México).

2° Bi-Partidarismo – Aqui deve usar a mesma idéia. Bipartidarismo Simples de

fato só existem dois partidos (Ex. Uruguai). No Bipartidarismo Básico dois

partidos são predominantes (Ex: Estados Unidos).

3° Pluripartidarismo – É evidente que aqui existem vários partidos, e vários com

chance de chegar ao poder (Ex. Brasil).

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Nota 1: Considerando nosso sistema pluripartidário perguntaria o seguinte: É

constitucional a cláusula de barreira? (Cláusula de barreira significa sujeitar

ou condicionar a existência de um partido político à um número mínimo de

votos válidos, hoje, 5%) Ex: PSOL hoje está sujeito a clausula de barreira, pois

ele só continuará a ser partido político se alcançar 5% dos votos válidos na

atual eleição.

Quando o STF conheceu dessa questão ele declarou a Constitucionalidade

dessa Cláusula de barreira. Segundo posição do STF a cláusula de barreira

não atenta contra o pluripartidarismo, ela Atende ao pluripartidarismo, pois a

rigor ela permite que só subsistam partidos políticos viáveis, ou seja, o

pluripartidarismo não quer dizer que exista qualquer partido político, quer dizer

que existam partidos políticos viáveis, que tenham uma chance concreta de se

chegar ao poder (Adin 1354).

5.3 NATUREZA JURÍDICA

Partido Político é pessoa jurídica de direito privado ou é pessoa jurídica de

ireito público?

No Brasil, pela atual legislação (Lei Orgânica dos Partidos Políticos – Lei

n° 9.096/95), os Partidos políticos são pessoas jurídicas de direito Privado, inclusive a lei

é expressa quanto a isso.

Agora vamos botar uma coisa que a lei não diz. Sabemos nós que as pessoas

jurídicas de direito privado adquirem personalidade jurídica quando arquiva

seus atos constitutivos no registro competente. Aqui o que eu posso dizer é

que o Partido político vai adquirir sua personalidade

jurídica quando arquivar seu ato constitutivo no Registro Civil de Pessoas

Jurídicas.

Obs.: Para que o partido Político exista enquanto pessoa jurídica de direito

privado

basta o arquivamento de seus atos constitutivos no Registro Civil de Pes

soas Jurídicas, agora, a lei orgânica dos partidos políticos e a CRFB (art. 17, §

2°) fazem menção ao registro do Estatuto dos Partidos no TSE visando com

isso quatro finalidade: (1°) Participar do Processo Eleitoral; (2°) Acesso gratuito a

rádio e televisão; (3°) Participação no Fundo Partidário; (4°) Exclusividade sob

nome, símbolo e sigla.

5.4 AUTONOMIA PARTIDÁRIA

Significa impossibilidade de controle ideológico do Partido Político pelo Estado,

de uma outra forma, há uma reserva estatutária de estrutura e funcionamento

do Partido Político, ou seja, a estrutura e funcionamento do Partido ficam

reservada a seu estatuto, não havendo nenhuma ingerência do Estado quanto

a isso.

Nota 1: Um dos grandes exemplos de matéria sujeita a autonomia partidária

citados pelos autores é Coligação partidária. A Coligação sempre esteve

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regulada no art. 17, § 1° da CRFB, e a redação desse dispositivo, desde a sua

forma originária, sempre teve a seguinte redação: “É assegurado aos partidos

políticos autonomia para definir sua estrutura interna, organização e

funcionamento, devendo seus estatutos regular normas de fidelidade e

disciplina partidária”. Bom, a novidade agora é que esse art. 17, § 1° acabou de

ser modificado pela Emenda Constitucional n° 52, que passou a

dar a seguinte redação ao art. 17, § 1°: “É assegurado aos partidos polí

ticos autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento

e para adotar o critério de escolha e regime de suas coligações eleitorais, sem

obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional,

estadual, distrital e municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de

disciplina e fidelidade partidária”. Ou seja, a novidade da EC n° 52 é que ela

põe fim à regra da verticalização de campanhas eleitorais.

Com relação a isso, o STF conheceu da Constitucionalidade do art. 2° da EC

n° 52 que possui a surreal redação que diz o seguinte: “Essa emenda

Constitucional entre em vigor na data de sua publicação, aplicando às eleições

que ocorrerão em 2002”, ou seja, as normas agora não só possuem erro jurídico,

mas também erro de português, pois o verbo está no futuro e o tempo no

passado. Isso ocorreu porque essa proposta de emenda foi apresentada em

2001, porém fora rejeitado, dessa forma, como sabemos, proposta de emenda

rejeitada só poderá ser novamente apresentada no ano seguinte,

como no ano seguinte era eleição, e para evitar uma possível discussão

sobre a aplicabilidade da norma, o governo achou por bem tirar a votação da

emenda de pauta. Pois bem, em 2005 o atual governo colocou novamente em

pauta essa proposta de emenda, tendo sido aprovada na câmara e no senado,

que optaram por não emendar a proposta de emenda, porque isso demandaria

mais tempo. Assim sendo, discutia-se que a parte final do art. 2° da EC n° 52

deveria ser interpretada com a seguinte redação: “...aplicando às eleições

que ocorrerão em 2006”. Essa questão foi submetida ao STF que acabou de

entender pela inconstitucionalidade da parte final do art. 2° da EC n° 52, pois

viola o art. 16 Caput da CRFB. Esse art. 16 faz menção ao chamado Princípio

da Anualidade eleitoral, ou seja, as normas de direito eleitoral só podem ser

alteradas no ano anterior ao da eleição.(Adin 3.685 – Informativo 420 STF).

Com isso nós fechamos toda a parte Material de Direito Eleitoral. Agora

começaremos a segunda parte do curso onde trataremos da parte Processual

do

Direito Eleitoral, que, considerando a atual composição da banca do Mini

stério Público, é a parte mais importante.

IMPUGNAÇÕES ELEITORAIS

Vamos utilizar o termo impugnação eleitoral, pois é mais genérico, não utilize o

termo ações eleitorais, porque algumas delas não são ações.

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Nós podemos começar dizendo o seguinte: Impugnações eleitorais, no Brasil,

hoje, são quatro:

(1°) AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DO PEDIDO DE REGISTRO DE

CANDIDATURA;

(2°) INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL;

(3°) RECURSO CONTRA A DIPLOMAÇÃO;

(4°) AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO.

Bom, todas essas formas de impugnação estão previstas ora na legislação ora

na

Constituição. A ação de impugnação do pedido de registro de candidatur

a está prevista na Lei Complementar n° 64/90, especificamente nos seus arts.

3° a 15; A investigação judicial eleitoral está prevista na mesma lei (LC n°

64/90), só que agora

nos seus arts. 19 à 23; O Recurso contra a diplomação é a única form

a de impugnação eleitoral prevista no código eleitoral, então seria Código

Eleitoral, especificamente no seu art. 262; e a Ação de impugnação de

mandado eletivo é a única das impugnações que não está prevista em lei, esta

prevista na Constituição Federal art. 14, §§ 10 e 11.

Como que a gente vai entender isso aqui bem? – Nós só vamos entender isso

aqui bem se nós utilizarmos um gráfico.

Há dois momentos cruciais no processo, (1°) Registro de Candidatura, ou seja,

alguém formulou um pedido de candidatura e esse pedido foi deferido pelo

órgão competente; (2°) Diplomação, ou seja, alguém foi eleito e vai ser

diplomado no cargo.

Se você fizer esse gráfico você pode dizer o seguinte:

(A) Ação de Impugnação de Pedido de Candidatura, reparem, eu estou

impugnando o pedido, eu não estou impugnando o registro em si, estou

impugnando antes disso. Dessa forma você pode dizer que essa ação será

cabível para fatos ocorridos antes do registro da candidatura. O prazo dessa ação

será de 5 dias e seu termo inicial será a data de publicação do pedido de

registro da candidatura.

(B) Investigação Judicial Eleitoral, você pode dizer que ela é cabível

PRIMORDIALMENTE para fatos ocorridos após o registro da candidatura. Não

possui prazo, desde que seja instaurada, a qualquer momento, entre o registro

da candidatura e a diplomação, ou seja, durante a campanha eleitoral.

(C) Recurso contra a Diplomação, se eu estou discutindo recurso contra a

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diplomação é evidente que ele ocorre depois da diplomação, dessa forma você

diz: É cabível PRIMORDIALMENTE para fatos ocorridos após a diplomação. O

Prazo é de 3 dias e seu termo inicial é a data da sessão de diplomação.

(D) Ação de Impugnação do mandato eletivo, como é uma ação que visa impugnar

o mandato como o todo ela possui maior abrangência, dessa forma você diz:

Essa ação é cabível, PRIMORDIALMENTE, para fatos ocorridos a qualquer

momento. O Prazo é de 15 dias e seu termo inicial é o mesmo do recurso

contra a diplomação, ou seja, data da sessão de diplomação.

Visto isso, nosso gráfico ficaria assim:

Nota: Por quê da segunda forma de impugnação em diante nós fizemos

questão de usar a expressão “PRIMORDIALMENTE”?

Isso aqui é uma questão doutrinária. Nós fizemos questão de utilizar essa

expressão, pois a doutrina construiu uma idéia de preclusão temporal com

base em dois artigos do código eleitoral (art. 223, § 3° e art. 259) que devem

ser combinados com o art. 3° da Lei Complementar n° 64/90. O que eu quero

dizer com isso? – Quando você fala em preclusão temporal, para fins de

cabimento das impugnações, deve ser feito uma distinção entre toda matéria

Constitucional e toda a matéria Legal, ou seja, você vai ter que distinguir

causas de inelegibilidade Constitucional e causa de inelegibilidade Legal.

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Com base nos dispositivos citados, às causas de inelegibilidade legais estão

sujeitas a preclusão temporal, ou seja, devem ser argüida num primeiro

momento, na ação de impugnação do registro da candidatura, sob pena de

preclusão temporal. Agora, as causas de inelegibilidade Constitucionais não

estão sujeitas a preclusão temporal, dessa forma pode ser argüida a qualquer

tempo, ou seja, na primeira, segunda, terceira ou até mesmo na quarta

impugnação, em outras palavras, você pode argüir uma eventual inelegibilidade

Constitucional até 15 dias após a diplomação, superado esse prazo há a

preclusão definitiva . Por isso que da segunda forma de impugnação em diante nós batemos na

mesma tecla “Cabimento Prioritário”, porque além daquele cabimento principal

vai haver um resíduo ainda, ou seja, p. ex., a investigação judicial eleitoral além

de poder discutir fatos ocorridos durante a campanha pode conter também

eventual argüição de causa de inelegibilidade Constitucional, que não foi

argüida antes, mas pode se argüida agora. Obs: Com relação a distinção entre meteria constitucional e matéria legal, o

TSE foi mais além pra dizer que a matéria constitucional pode ser conhecida de

ofício pelo Juiz, ao passo que matéria legal deve ser argüida. (Acórdão 1.385

TSE 22/09/98).

Ação de Impugnação de Pedido de Registro de Candidatura

AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE PEDIDO DO REGISTRO DA CANDIDATURA

(Lei Complementar n° 64/90 arts. 3° a 15)

1 – Hipótese de Cabimento:

Aqui você pode afirmar com toda certeza, a ação de impugnação de registro de

candidatura só cabe em duas hipóteses que a própria lei menciona.

(1°) Inexistência de Condição de Elegibilidade, ou seja, não foram observadas às

condições de elegibilidade prevista na Constituição (Ex.: Falta de Domicilio

Eleitoral);

(2°) Existência de Causa de Inelegibilidade (Ex.: Condenação por quebra de decoro

parlamentar).

2 – Objeto:

Essa ação possui dois objetos, um objeto é invariável, e o outro objeto muda

conforme o instante em que a ação venha a ser julgada definitivamente.

1° Declaração de Inexigibilidade, esse objeto é invariável, ou seja, seja qual for o

momento em que a ação venha ser julgada o candidato será declarado

inelegível.

2° O segundo objeto é variável, ou seja, ele se modifica conforme o momento

em que a ação venha a ser julgada, sendo certo que a ação deve ser proposta

antes do registro de candidatura, mas não necessariamente será julgada nesse

momento, podendo ser julgada durante a campanha eleitoral e até mesmo

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após a diplomação do candidato. Diante disso, o segundo objeto poderá ser de

três formas:

(A) Se a ação for julgada antes do registro da candidatura, além da

declaração de inelegibilidade a sanção será a Negação do registro de

Candidatura.

(B) Se a ação vier a ser julgada entre o registro da candidatura e a

diplomação, ou seja, durante a campanha eleitoral, além da

declaração de inelegibilidade a sanção será o Cancelamento do Registro.

(C) Se a ação vier a ser julgada depois da diplomação, além da

declaração de inelegibilidade a sanção será a Declaração de nulidade da

Diplomação.

3 – Competência:

Aqui iremos utilizar uma premissa que servirá para todas as demais formas de

impugnação.

Quando se fala em competência deve ser levado em conta a natureza da

eleição,ou seja, se a eleição é local, regional ou nacional. Quando eu digo Eleição

Nacionaleu quero dizer eleição para escolha do Presidente da República, pois

somete este é eleito em âmbito nacional. Quando se diz Eleição Regional, nós

estamos falando de quatro eleições possíveis: (1°) Eleição de Governador do

Estado; (2°) Eleição de Senador da República; (3°) Eleição de Deputado

Federal; (4°) Eleição de Deputado Estadual; todas essas pessoas citadas

acima são eleitas no âmbito do estado. Quando eu digo Eleição Local eu estou

falando de duas eleições: (1°) Eleição de Prefeito; e (2°) Eleição de Vereador;

essas dus pessoas são eleitas dentro do âmbito do Município.

Assim sendo, dependendo da natureza da eleição a competência muda.

Vamos parar e pensar:

Se for uma situação de eleição local (Prefeito e Vereador) competente será

o Juízo Eleitoral, só lembrando que juízo eleitoral é uns dos órgãos que compõe

a Justiça Eleitoral.

Se for uma situação de eleição regional (Governador, Senador,

DeputadoEstadual e Federal) competente será o Tribunal Regional Eleitoral (TRE).

Se for uma situação de eleição nacional (Presidente da República) competente

será o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

4 – Legitimação:

Aqui mencionaremos uma regra que será comum a quase todas impugnações

eleitorais, que é a seguinte:

A legitimação para as impugnações eleitorais costuma ser aferida à quatro

pessoas ou órgãos:

(1°) Qualquer Candidato –

(2°) Partido Político –

(3°) Coligação Partidária –

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(4°) Ministério Público Eleitoral -

Obs.1: Qualquer Candidato pode ajuizar ação de impugnação de registro de

candidatura só em relação ao seu pleito, ou seja, o candidato só pode

impugnar a candidatura de terceiro se o terceiro participar da mesma eleição

que ele participa, pois só assim ele terá interesse processual. Se um candidato

tentar impugnar o registro de candidato que participa de outra eleição faltará a

ele interesse processual (Ex: O candidato Lula pode impugnar a candidatura do

candidato Geraldo Alckimim, pois eles participam da mesma eleição

(Presidente da República), mas não poderá impugnar a candidatura, p. ex., do

Sérgio Cabral, pois ele participa da eleição de Governador).

Obs.2: O partido político só pode promover essa ação se não estiver coligado.

Caso o partido esteja coligado quem terá legitimidade ativa para promover a

ação será a coligação (essa questão foi perguntada na última prova do

Ministério Público RJ), caso o partido político coligado venha promover a ação

está será extinta, pois o partido político coligado é parte ilegítima.

Obs.3: Ministério Público Eleitoral não é uma instituição, Ministério Público

Eleitoral é uma função, a rigor exercida pelo Ministério Público Federal e pelo

Ministério Público Estadual (essa questão foi perguntada no 23° Concurso do

MP-RJ). Se vocês repararem a Constituição, art. 128, vocês vão perceber que

ela não menciona o ministério público eleitoral, a Constituição apenas faz

menção ao Ministério Público Federal, Estadual, Militar e do Trabalho.

Se você quiser ser mais específico aqui você pode dizer o seguinte: Há três

níveis hierárquicos no Ministério Público Eleitoral, um deles ocupado pelo MP

Estadual, e dois deles ocupados pelo MP Federal. Em 1° Instância, ou seja, no

Juízo Eleitoral, atua o Promotor Eleitoral, que é membro do Ministério Público

do Estado. Perante os Tribunais Regionais Eleitorais atuam os Procuradores

Regionais Eleitorais, que são membros do Ministério Público Federal. Perante

o Tribunal Superior Eleitoral, atua o Procurador Geral Eleitoral, que também é

membro do Ministério Público Federal.

Bizu: Por isso é que o Ministério Público do Estado só faz pergunta sobre o

pleito local(Prefeito e Vereador), pois só nessa eleição é que ele atua.

5 – Decisão:

Decisão é uma re-leitura do objeto. Vamos parar e pensar o seguinte: Nós já

dissemos que existe um objeto invariável, que é a declaração de

inelegibilidade, e existe outro objeto que varia conforme o momento em que a

ação é julgada, podendo ser negação do registro da candidatura, cancelamento

do registro de candidatura ou declaração de nulidade da diplomação.

Se for anterior ao registro de candidatura nós verificamos que há duas

conseqüências: Declaração de Inelegibilidade do candidato e Negação do

Registro de Candidatura, então a rigor nós temos uma decisão meramente

declaratória e uma decisão condenatória, porque nós vamos declarar o

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candidato inelegível, e vamos condenar o Estado a não conceder o registro

(obrigação de não fazer).

Se for posterior ao registro de candidatura e anterior a diplomação nós

verificamos que há duas conseqüências: Declaração de Inelegibilidade do

candidato e Cancelamento do Registro de Candidatura, então a rigor nós

temos uma decisãomeramente declaratória e uma decisão constitutiva, porque

nós vamos declarar o candidato inelegível, e vamos desconstituir o registro que

foi dado (Constitutiva negativa).

Se for posterior a diplomação nós verificamos que há duas conseqüências:

Declaração de Inelegibilidade do candidato e Declaração de Nulidade da

Diplomação, então a rigor nós temos uma decisão duplamente declaratória,

porque nós vamos declarar o candidato inelegível, e vamos declarar nula a

diplomação.

Nota 1: Lei Complementar n° 64/90, art. 3°, § 2° - “Não poderá impugnar o

registro de candidato o representante do Ministério Público que nos quatro

anos anteriores tenha disputado cargo eletivo, integrado diretório de partido ou

exercido a atividade político- partidário”. Confrontem esse dispositivo com a Lei

Complementar n° 75/93, (Lei Orgânica do Ministério Público da União), art. 80

“A filiação a partido político impede o exercício das funções eleitorais por

membros do Ministério Público até dois anos do cancelamento”. Reparem que

as leis estipulam prazos diferentes, uma fala em quatro anos e a outra fala em

dois anos, reparem ainda que uma é mais ampla que a outra, pois a primeira

fala que não pode postular ação e a segunda fala que não poderá exercer

atividade eleitoral. Pergunta-se: Qual lei aplicar? Só lembrando que a partir da

Emenda Constitucional n° 45 a atividade partidária por membro do MP está

completamente vedada (art. 128, § 5°, II, alínea “e” CRFB). Visto isso, em

prova eu faria a seguinte pergunta:

Membro do Ministério Público que cancelou sua filiação à três anos pode

promover a ação de impugnação ao registro de candidatura?

Resposta: O membro do Ministério Público poderá ser designado Promotor

Eleitoral, pois já transcorreu o tempo mínimo (2 anos) exigidos na LC n° 75/93

para que ele exerça atividade eleitoral. Agora, enquanto Promotor Eleitoral,

quanto a possibilidade de promover a ação de impugnação ao registro de

candidatura há uma controvérsia envolvendo os dois principais autores de

direito eleitoral.

O Prof° Emerson Garcia (Titular Banca Eleitoral - MP) entende que o promotor

que tiver cancelado sua filiação a três anos não pode promover essa ação, pois

ele aplica a LC n° 64/90, art. 3°, § 2° por ser mais específica que a outra

(Princípio da Especialidade). Dessa forma, para esse professor o membro do

MP poderia ser nomeado Promotor Eleitoral, mas ficaria durante o tempo que

falta para completar dois anos numa situação intermediária, pois poderia

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ajuizar qualquer outra forma de impugnação, menos a ação de impugnação do

registro de candidatura, pois se presume que dentro dos quatro anos ele ainda

esteja ligado ao partido, dessa forma não seria imparcial.

O Prof° Joel Cândido entende que após dois anos o membro do MP poderia

exercer plenamente a função eleitoral, inclusive podendo postular a ação de

impugnação do registro de candidatura. Ele fundamenta sua posição na Lei

Complementar n° 75/93, art. 80. Portanto, ele não fundamenta no critério da

especialidade, ele fundamenta no critério cronológico, ou seja, malgrado não

seja a norma mais específica é a norma mais nova.

Jurisprudência no sentido do Prof° Emerson Garcia (Resolução TSE n° 20.100

de 1998, art. 22, § 3°)

Nota 2: Reparem que foi dito que qualquer candidato é parte ativa legítima,

porém antes do registro da candidatura não há candidato ainda, todos são

pretendentes acandidato. Dessa forma perguntaria o seguinte: Pretendente a

candidato é parte legítima?

Resposta: Vocês vão encontrar aqui uma situação em que o Emerson Garcia e

oJoel Cândido entendem da mesma forma, porém há quem entenda diferente:

O Prof° Pávila Ribeiro entende que pretendente a candidato não é parte

legítima, pois pra ele Candidato é aquela pessoa que já teve seu pedido de

registro de candidatura deferido no passado, e no momento da propositura da

ação de impugnação do pedido de registro ninguém teve seu pedido deferido

ainda, pois o que se visa impugnar é o pedido de registro e não o próprio

registro. Dessa forma, o que o prof° Pávila quer dizer é que, para essa ação,

somente serão partes legítimas o Partido Político, a Coligação e o Ministério

Público Eleitoral.

Emerson Garcia e Joel Cândido entendem que o pretendente a candidato é

parte legítima, pois eles interpretam extensivamente o termo candidato para

dizer o seguinte: Candidato não é só aquele que já teve seu pedido de registro

deferido no passado, é também aquele que pode ter seu pedido deferido no

futuro.

Atual jurisprudência acolhe a posição do Emerson Garcia e Joel Cândido, TSE

Acórdão 5.698, entendeu que pretendente a candidato é parte legítima.

Nota 3: Existe litisconsórcio passivo necessário nessa ação, ou seja, a ação

deve ser proposta em face do candidato e do partido político ou, se houver,

coligação?

O Prof° Emerson Garcia entende que há um litisconsórcio necessário, ou seja,

a ação deve ser proposta em face do candidato e do partido político ou

coligação partidária.

O Prof° Joel Cândido entende que é uma situação de litisconsórcio facultativo,

ou seja, para ele basta que a ação seja proposta em face do candidato ou em

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face do partido político (ou coligação partidária se houver), não é necessário

que a ação seja proposta em face dos dois.

A Jurisprudência hoje entende que nessa ação há um litisconsórcio facultativo,

privilegiando a posição do Prof° Joel Cândido. Ou seja, basta que a ação seja

proposta em face do candidato ou em face do partido político. A razão desse

entendimento é lógica, qualquer defesa apresentada será aproveitada pelo

outro. (TSE Acórdão 12.583 de 17/10/1995 e Acórdão 18.151 de 12/12/2000).

INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL

(Lei Complementar n° 64/90 arts. 19 a 26)

1 – Hipótese de Cabimento:

As duas últimas provas do Ministério Público perguntaram sobre isso aqui. A

rigor essa forma de impugnação possui duas hipóteses de cabimento. A

primeira hipótese é o Abuso de Poder econômico ou político; A segunda hipótese

é a CapitaçãoIlegal de Sufrágio.

Entre uma coisa e outra há quatro diferenças:

1° Abuso de Poder Econômico ou Político se dá em favor do Candidato, Partido

ou Coligação, ou seja, qualquer abuso do poder econômico ou político visa

favorecer o candidato, o partido ou a coligação. Ao passo que a Capitação

ilegal se sufrágio ocorre entre candidato e eleitores. Isso é uma outra situação!

O abuso de poder político ou econômico ocorre em favor do candidato, partido

ou coligação, enquanto que a capitação ilegal de sufrágio só ocorre entre

candidato e eleitor.

2° No abuso do poder econômico ou político possui potencialidade lesiva, ou

seja, ele quer ter potencialidade lesiva sobre o pleito, desse modo, para que

alguém seja condenado por abuso do poder econômico mister se faz que seja

demonstrada a potencialidade lesiva sobre a eleição. Ao passo que a

Capitação ilegal de sufrágio não possui potencialidade lesiva, dessa forma eu

não preciso demonstrar a potencialidade lesiva sobre o pleito, pois não tutela a

eleição em si, tutela a vontade do eleitor, dessa forma basta que a vontade do

eleitor seja alterada, mesmo que a eleição não seja, para que alguém responda

por capitação ilegal de sufrágio.

3° O abuso do poder político ou econômico protege a normalidade do pleito, ao

passo que a capitação ilegal de sufrágio protege a vontade do eleitor.

4° Abuso de poder econômico ou político vai ensejar duas sanções (posição da

banca do MP): (1°) Declaração de inelegibilidade; (2°) Cancelamento do

Registro de Candidatura. A declaração de inelegibilidade é possível, pois trata-

se de matéria prevista na lei complementar 64/90 e A Constituição prevê que

cabe a lei complementar dispor sobre às causas de inelegibilidade. Ao passo

que na Capitação ilegal de sufrágio eu não posso declarar ninguém inelegível,

pois essa matéria não está em lei complementar, está em lei ordinária, Lei n°

9.840/99, dessa forma em caso de procedência nós teremos as seguintes

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sanções: (1°) Condenação ao pagamento de multa; (2°) Cancelamento do

Registro de Candidatura, ou se a ação vier a ser julgada após o candidato

eleito poderia dar ensejo a uma eventual Declaração de nulidade da

diplomação.

Nota 1: A Capitação ilegal de sufrágio só pode se dar entre candidato e eleitor,

ou seja, só quem é candidato pode ser autor de capitação ilegal de sufrágio,

quem não é candidato não pode ser sequer partícipe da capitação ilegal de

sufrágio. Por conta desse motivo foi que o TRF, de forma correta, entendeu

que a Governadora Rosinha e o Garotinho não teriam praticado capitação

ilegal de sufrágio na eleição Municipal de Campos, eles não eram candidatos,

mas sim estavam atuando em favor de candidato, o que me parece claro abuso

de poder econômico ou político, todavia o Ministério Público de forma

inteligente optou pela capitação ilegal de sufrágio (depois eu vou explicar por

quê.)

Nota 2: No 27° Concurso do MP, na prova específica, se perguntou o seguinte:

Capitação ilegal de sufrágio precisa de demonstração de potencialidade lesiva

sobre o pleito?

Não, pois o que se protege não é a normalidade da eleição, o que se protege é

a vontade do eleitor. Mesmo que essa capitação ilegal de sufrágio não tenha

nenhuma repercussão sobre o pleito, o simples fato de ela ter a possibilidade

de alterar a vontade do eleitor configura a capitação de sufrágio.

Nota 3: A ação que tenha como causa de pedir a capitação ilegal de sufrágio é

muito mais efetiva do que a ação que tem como causa de pedir o abuso de

poder político ou econômico, por quê isso?

Segundo jurisprudência do STF a ação que tenha como cauda de pedir o

abuso do poder econômico corre o sério risco de não dar em nada, pois

segundo a lei complementar 64/90, uma vez julgado o pedido procedente, o

candidato será declarado inelegível por 3 (três) anos, e a jurisprudência

entende que a contagem desse prazo não é prospectiva, mas sim retroativa, ou

seja, três anos retroativamente a data do pleito. É a única ação do mundo que

vai se exaurido com a ação proposta, pois, se por ventura ela vier a ser julgada

três anos após o pleito a sanção morre. Assim sendo, da data do transito em

julgado você retroage três anos para verificar se há sanção ou não. (Ex:

Deputado Federal é condenado por essa ação 2 anos após o pleito, dessa

forma, retroagindo três anos a partir do transito em julgado, na data da eleição

ele era considerado inelegível, dessa forma, perderá o mandato.)

Isto posto, se essa ação vier a ser julgada após três anos da data da eleição

não há mais qualquer sanção, por isso que o Ministério Público, sempre que

pode, evita essa ação.

Por quê não há mais sanção?

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1° Não se pode mais falar em registro de candidatura, porque ele não é mais

candidato. Ou porque foi eleito, e portanto diplomado, ou porque, mesmo que

não tenha sido eleito não há mais eleição.

2° Conforme jurisprudência do STF, na data que transitar em julgado a decisão

você retroage e caso consiga alcançar a data da eleição o candidato perde o

mandato, pois nesta data ela era considerado inelegível, todavia se ao retroagir

você não conseguir alcançar a data da eleição considera-se que na data da

eleição ele era elegível, dessa forma poderá possuir um cargo e

conseqüentemente não perderá o mandato.

Por todo exposto é que a ação que tenha como causa de pedir a capitação

ilegal de sufrágio é muito mais efetiva, porque aqui além da possibilidade de

cancelamento do registro há a possibilidade de se declarar a declarar a

nulidade da diplomação, mesmo que a ação seja julgada 3, 6 anos depois do

pleito, muito embora você não possa cancelar o registro (pelos motivos

expostos acima), você ainda poderá declarar a nulidade da diplomação e o

autor da capitação ilegal de sufrágio perderá o mandato.

Mesmo que a ação venha a ser julgada quatro anos depois do pleito, ou seja,

depois de exaurido o mandato, essa ação ainda terá uma efetividade mínima,

pois ainda será possível a condenação em multa.

Por tudo isso é que no caso da Rosinha e do Garotinho na eleição de Campos

é que o Ministério Público optou pela causa de pedir capitação ilegal de

sufrágio.

Nota 4: Vários autores mencionam que não há no Brasil um exemplo de lei de

iniciativa popular, mas existe sim. A lei 9.840/99 é de iniciativa popular, é o

único exemplo existente hoje no Brasil.

2 – Objeto:

O objeto dessa ação já foi visto por nós. Se for caso de abuso de poder

econômico ou político terá dois objetos possíveis: Declaração de Inelegibilidade

e Cancelamento do Registro de candidatura. Se a situação for de capitação

ilegal de sufrágio os objetos possíveis serão: Condenação ao pagamento de

multa, e Cancelamento do Registro de candidatura ou Declaração de nulidade

da diplomação, dependendo do momento em que a ação venha a ser julgada.

O que é interessante colocar aqui é que, quando for caso de abuso de poder

econômico ou político, sem prejuízo de uma eventual declaração de

inelegibilidade do candidato e eventual cancelamento do registro de

candidatura essa ação também servirá como pré-constituição de prova para

efeito de eventual Recurso contra a Diplomação. Isso porque o recurso contra

a diplomação exige prova pré-constituída que pode ser formada por qualquer

meio disponível ao requerente, inclusive na investigação judicial eleitoral que

verse sobre abuso do poder econômico ou político, pois sendo caso de

capitação ilegal se sufrágio não caberá recurso contra a diplomação, desse

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modo, beste caso, a investigação judicial eleitoral não poderia ser usada como

prova pré-constituída.

3 – Competência:

Também aqui na Investigação Judicial Eleitoral a natureza da eleição é

primordial para a fixação da competência.

Se for uma situação de eleição local (Prefeito e Vereador) a Competência será

igual a da ação de impugnação do pedido de registro de candidatura, ou seja, a

competência será do Juízo Eleitoral.

Agora, nas eleições regionais (Governador, Senador, Deputado Federal e

Deputado Estadual) e nas eleições acionais (Presidente) há mudanças. Se for

uma situação de eleição regional competente será a Corregedoria Regional Eleitoral,

que é um órgão do Tribunal Regional Eleitoral, e não o TER em si, como na

ação de impugnação do pedido de registro da candidatura. Se a situação for de

eleição nacional competente será a Corregedoria Geral Eleitoral, que é um órgão do

Tribunal Superior Eleitoral, e não o próprio TSE como acontece na ação de

impugnação do pedido de registro de candidatura.

4 – Legitimação:

É exatamente igual a ação de impugnação do pedido de registro da

candidatura, ou seja, há quatro legitimados ativos: Qualquer Candidato, Partido

Político, Coligação Partidária e Ministério Público Eleitoral, valendo para cá

todas as considerações que foram feitas sobre o tema. Ou seja, (1°) qualquer

candidato, desde que participante da mesma eleição do investigado; (2°) O

partido político só será legitimado se não estiver coligado, pois se estiver

coligado o legitimado será a coligação; e (3°) O Ministério Público Eleitoral não

existe enquanto Instituição, ele é uma função exercida ora pelo MP Estadual

ora pelo MP Federal.

Só lembrando que a questão do pretendente a candidato aqui não é discutida,

pois todos já são candidatos.

5 – Decisão:

Bom, a decisão depende de qual é a causa de pedir. Se a causa de pedir é o

abuso de poder econômico ou político nós temos duas sanções: (1°)

Declaração de Inelegibilidade; e (2°) Cancelamento do Registro de

Candidatura. Com relação a declaração de inelegibilidade nós temos uma

decisão meramente declaratória, e no que tange ao cancelamento do registro da

candidatura a decisão é Constitutiva, ou melhor dizendo, constitutiva negativa,

pois está desconstituindo um registro que já foi concedido.

Se a causa de pedir for capitação ilegal de sufrágio nós temos as seguintes

sanções: (1°) Condenação ao pagamento de multa, que é evidentemente uma

decisão Condenatória; e (2°) Cancelamento do Registro de candidatura ou

Declaração de nulidade da diplomação, dependendo do momento em que essa

ação venha a ser julgada. Desse modo, se ação vier a ser julgada entre a

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homologação do pedido de candidatura e a diplomação uma eventual decisão

de procedência dessa ação terá como sanção o cancelamento do registro de

candidatura, assim essa decisão será constitutiva negativa. Agora, se a ação vier a

ser julgada depois da diplomação a sanção possível será a declaração de

nulidade da diplomação que possui natureza de decisão meramente declaratória.

Nota 1: Natureza Jurídica da Investigação Judicial Eleitoral?

O que eu quero perguntar aqui é o seguinte: A investigação judicial eleitoral é

jurisdicional ou não? E aqui vocês vão encontrar duas posições:

Emerson Garcia entende que investigação judicial eleitoral tem natureza

jurídica administrativa. Ele entende que, a rigor, investigação judicial eleitoral é

direito de petição, sendo assim, fundamentada no art. 5°, XXXVI CRFB.

Pedro Henrique Távora Niess entende que a natureza é jurisdicional. Para ele

aqui não há direito de petição, há direito de ação com fundamento no art. 5°,

XXXV CRFB.

Não há jurisprudência que diga claramente se investigação judicial eleitoral tem

natureza administrativa ou jurisdicional. Agora, eu posso adiantar que há uma

tendência no Brasil a se entender que tem natureza administrativa, não quer

dizer que seja direito de petição, há uma tendência em se entender que não é

uma ação. (TSE Acórdão 15.275 de 19.03.99)

Nota 2: Pode ser instaurada investigação judicial eleitoral antes da abertura do

prazo para registro de candidatura?

Joel Cândido entende que não existe a possibilidade de instauração de

investigação judicial eleitoral antes da abertura do prazo de campanha eleitoral.

Ele entende que a investigação judicial eleitoral só pode ser instaurada durante

a campanha, mesmo que diga respeito a fatos ocorridos anteriormente à ela. O

argumento utilizado por Joel Cândido é que antes do registro de candidatura

não existe tecnicamente campanha eleitoral e investigação judicial eleitoral só

pode ser instaurada durante a campanha.

Emerson Garcia admite que a investigação judicial eleitoral seja instaurada

antes de iniciada a campanha eleitoral, pois ele entende que, não obstante não

haja campanha eleitoral há propaganda institucional, ou seja, há uma

promoção pessoal que pode configurar abuso do poder econômico ou político

ou capitação ilegal de sufrágio.

Não há posição majoritária na doutrina e na jurisprudência.

Nota 3: É possível aplicar a sanção de declaração de nulidade da diplomação na

ação que tenha como causa de pedir o abuso do poder econômico ou político?

Emerson Garcia (majoritária) entende que a sanção de declaração de nulidade

da diplomação não se aplica para o caso de abuso de poder econômico ou

político.

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Emerson Garcia fundamenta sua posição da Lei Complementar 64/90 art. 22,

XIV e XV, argumentando que em nenhum momento os mencionados

dispositivos falam em uma eventual declaração de nulidade da diplomação. José Antônio Fithtner (minoritária) entende que a sanção de declaração de

nulidade da diplomação se aplica para os casos de abuso de poder econômico

ou político, pois assim evitaria uma eventual inefetividade dessa ação, e para

fundamentar isso ele vai até o art. 15 da Lei Complementar 64/90 que prevê a

nulidade do diploma na sua parte final, que tecnicamente é norma aplicada

para ação de impugnação ao pedido de registro de candidatura, a aplica

analogicamente a investigação judicial eleitoral. A atual posição do TSE não admite a sanção de declaração de nulidade da

diplomação quando a impugnação judicial eleitoral tem como causa de pedir o

abuso do poder econômico ou político, acolhendo a posição do Emerson

Garcia. (TSE Recurso Ordinário n° 18 de 19.06.98, Rel. Maurício Correia e

Agravo na Petição n°1.313 de 28.03.03, Rel. Sepúlveda Pertence).

Recurso contra a Diplomação

RECURSO CONTRA A DIPLOMAÇÃO

(Código Eleitoral art. 262)

1 – Hipótese de Cabimento:

Já falamos que as hipóteses de cabimento do Recurso contra a Diplomação

está previsto no art. 262 da Lei 4.737/65 (Código Eleitoral) que prescreve o

seguinte: “Art. 262. O recurso contra expedição de diploma caberá somente nos seguintes

casos:”

Então gente, reparem que o artigo começa a falar agora das hipótese de

cabimento, vocês vão verificar que são quatro, e aqui nós vamos colocar uma

nota em relação a cada uma delas.

Nota 1: (I) Inelegibilidade ou incompatibilidade de candidato: Qual a nota que pode ser

colocada aqui importante?

É evidente que essa causa de inelegibilidade ou incompatibilidade de candidato

deve ter sede Constitucional, ou seja, deve advir de matéria Constitucional,

pois se possui apenas sede legal já houve a preclusão. vide CRFB art. 14, §§

3°, 4°, 5°, 7° e 8°, porque esses dispositivos falam ora sobre inexistência de

condições de elegibilidade ora sobre a existência de eventual causa de

inelegibilidade, todas Constitucionais.

Nota 2: (II) errônea interpretação da lei quanto à aplicação do sistema de representação

proporcional;

Aqui seria interessante que fosse feito outra remissão (vide Código Eleitoral

art.105 a 113). O que eu quero dizer com isso? Essa causa diz respeito ao

sistema proporcional, ela não alcança o sistema majoritário, por isso fez-se

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menção aos artigos 105 a 113 do Código Eleitoral, pois esses artigos regulam

o sistema proporcional.

Nota 3: (III) erro de direito ou de fato na apuração final, quanto à determinação do quociente

eleitoral ou partidário, contagem de votos e classificação de candidato, ou a sua contemplação

sob determinada legenda;

Nesse inciso deve ser feita a seguinte remissão (vide Código Eleitoral art. 169).

Citado o art. 169 a gente quer dizer textualmente que, nessa hipótese, só

existe a possibilidade de ser interposto Recurso Contra a Diplomação com

esse fundamento (art. 262, III Código Eleitoral) se tiver havido impugnação

imediata perante a junta eleitoral, ou seja, durante a apuração houve

impugnação imediata junto a junta eleitoral, então feita a impugnação se abriu

a possibilidade de depois impetrar o recurso.

Essa hipótese foi praticamente abolida, pois nós não temos mais apuração

manual, mas se por ventura uma máquina não funcionar e a apuração tiver que

ser feita manualmente poderá haver discussão sobre a validade de um voto,

sendo cabível recurso contra a diplomação por esse motivo desde que haja

impugnação imediata do respectivo voto junta a junta eleitoral no momento em

que o voto estiver sendo apurado.

*Dúvida Aluna: Qual a diferença do erro de direito do erro de fato?

Erro de fato é erro de contagem, ou seja, se contou errado o voto (Ex. tem 500

votos e conta só 400). Agora, Erro de Direito é o erro na fixação do coeficiente

eleitoral ou partidário, ou seja, as normas foram aplicadas de modo errado,

houve uma contabilização errada (ex: Para fixar o coeficiente eleitoral foi

levado em conta o número de votos dados, incluindo branco e nulos, e não

apenas os votos válidos, que excluem brancos e nulos, como a lei determina)

Nota 4: (IV) concessão ou denegação do diploma, em manifesta contradição com a prova dos

autos, nas hipóteses do art. 222 e do art. 41-A da lei 9.504/97.

Aqui não precisa haver remissão, porque o próprio inciso faz a remissão

devida. Só sublinhe ai “art. 41-A da Lei 9.504/97” pra deixar claro o seguinte: A

hipótese do inciso IV contempla questionamento sobre capitação ilegal de

sufrágio. É nesse art. 41-A da 9504/97 que está contemplado, aquilo que nós

estudamos, como capitação ilegal de sufrágio.

Agora, aqui gente peço muito cuidado pelo seguinte: O que a lei diz não é que

vai haver rediscussão da capitação ilegal de sufrágio agora, até porque o

momento adequado para se discutir capitação ilegal de sufrágio já está

ultrapassado, a gente já verificou que a capitação ilegal de sufrágio é uma das

hipótese de cabimento de uma eventual investigação judicial eleitoral, ou seja,

a discussão sobre a autoria e materialidade da capitação ilegal de sufrágio já

teve seu momento adequado. Esse inciso está mencionando capitação ilegal

de sufrágio por outro motivo, o que ele esta dizendo ai é que houve concessão

do diploma na hipótese de capitação ilegal de sufrágio.

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P. Ex. Alguém foi condenado por capitação ilegal de sufrágio na investigação

judicial eleitoral, mas mesmo assim se concedeu o diploma a essa pessoa. Ou

alguém foi absolvido na investigação judicial eleitoral e mesmo assim se negou

o diploma.

2 – Objeto:

Recurso contra a diplomação tem dois objetos possíveis: (1°) Concessão

do Diploma; ou (2°) Denegação do Diploma.

Ou seja, alguém não foi diplomado e você pede que seja concedido o diploma

a ele, ou alguém foi diplomado e você postula que seja denegado o diploma a

ele.

Quem assistiu a prova oral do Ministério Público pode perceber que o Prof°

Robson Godini perguntou para todos os candidatos que sortearam esse ponto

a seguinte pergunta: Recurso Contra a Diplomação, o nome está certo?

Reparem só, há dois objetos possíveis, concessão ou denegação da

diplomação, dessa forma o nome está equivocado, porque às vezes não é

recurso “contra” é recurso “a favor” da diplomação. Ou seja, o recurso é contra

quando você possui denegação, agora, o recurso é em favor quando você

postula concessão. Nós colocamos recurso contra a diplomação por questão

de praxe, até porque o código menciona isso.

3 – Competência:

Aqui nós já vamos colocar uma questão polêmica para depois analisarmos

melhor. Verifiquem que nós estamos diante de um recurso, inclusive de índole

administrativa, não estamos diante de uma ação. Então vamos para e pensar o

seguinte: Nós já estudamos que na situação de uma eleição local (Prefeito e

vereador) a competência para a diplomação é do Juízo Eleitoral; numa eleição

regional (Governador, Senador, Deputado Estadual e Federal) a competência

para diplomação é do TER; numa eleição nacional (Presidente) a competência

para a diplomação é do TSE.

Bom, vamos parar e pensar juntos. Nós não estamos diante de uma ação

autônoma, nós estamos diante de um recurso. Dessa forma, se numa eleição

local quem diploma é o juízo Eleitoral quem terá competência para julgar o recurso

contra adiplomação será o TER, pois nós estamos entrando com um recurso contra

uma decisão do Juízo eleitoral.

No caso de eleição regional competente para a diplomação é o TER, logo

o TSE será competente para processar e julgar o recurso contra diplomação no caso de

eleição regional.

Se for uma situação e eleição nacional a competência para a diplomação é do

TSE. Então, a posição que o Prof° Emerson Garcia tem (depois nós vamos

verificar as

outras) é que nessa situação a decisão é irrecorrível, não havendo para

quem submeter o recurso dentro da seara da justiça eleitoral.

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Essa posição do Emerson Garcia me parece mais correta pelo seguinte: Diz o

art. 121, § 3° da CRFB “São irrecorríveis as decisões do TSE, salvo as

que contrariarem essa Constituição e as que negarem Habeas Corpus e

Mandado de Segurança”. Depois nós vamos verificar os autores que pensam o

contrário, mas a posição preponderante hoje é que a decisão é irrecorrível.

4 – Legitimação:

Tudo que foi dito quanto as duas outras impugnações é aplicado aqui, a

legitimação é absolutamente igual. Nós verificamos que são quatro legitimados

ativos:

(1°) Qualquer Candidato;

(2°) Partido Político;

(3°) Coligação Partidária; e

(4°) Ministério Público Eleitoral.

Também se aplica aqui todas aquelas advertências que nós já fizemos. (1°)

Qualquer candidato em relação ao pleito ao qual participa, sob pena de não

dispor de interesse processual em relação aos demais pleitos. (2°) Nós

também dissemos que se for uma situação de coligação partidária o legitimado

ativo para promover o recurso será a coligação e não o partido. O partido só

será legitimado quando não estiver coligado; (3°) Também foi dito que o

Ministério Público Eleitoral não existe enquanto instituição, mas sim existe

enquanto função, função esta que será exercida ora por membro do Ministério

Público Estadual, Promotor Eleitoral nas Eleições locais ora pelo Ministério

Público Federal, Procurador regional Eleitoral nas Eleições Regionais e

Procurador geral eleitoral nas Eleições Nacionais.

5 – Decisão:

Vamos parar e pensar aqui o seguinte: Os objetos possíveis são

dois, Concessão ou Denegação do diploma, dessa forma a decisão só pode

ser uma: Constitutiva, ou seja, a decisão aqui obrigatoriamente será constitutiva,

ou constitutiva positiva se o objeto é concessão de diplomação, ou constitutiva

negativa se o objeto é denegação da diplomação.

Então gente, os cinco critérios do recurso contra a diplomação foram

colocados. Agora vamos seguir o mesmo roteiro e colocar as questões

polêmicas, que aqui são três:

Nota 1: Nós colocamos que na situação de eleição nacional não cabe recurso

contra a diplomação do Presidente da República. Nós dissemos que a posição

do Prof° Emerson Garcia é majoritária, mas não é a única, então nós vamos

agora especificar melhor a questão da irrecorribilidade da diplomação

do Presidente da República colocando as outras posições existentes quanto

ao tema.

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Nessa hipótese nós temos hoje no Brasil três correntes, uma corrente já foi

citada, do Prof° Emerson Garcia que entende que a diplomação do Presidente

da República é irrecorrível, seu fundamento é o art. 121, §3° CRFB.

Prof° Joel Cândido entende que caberia Recurso Extraordinário para o STF. O

fundamento que ele dá é o fundamento do recurso extraordinário, art. 102, III

da CRFB. Ele não indica qual alínea.

Prof° Tito Costa entende que caberia Mandado de Segurança dirigido ao STF. Ele

fundamenta sua posição com o art. 102, I da CRFB.

Sinceramente nós não temos jurisprudência, até porque nunca houve um

recurso contra a diplomação do Presidente da República, agora, me parece

muito mais correta a posição do Emerson Garcia.

Obs.: O fato de não caber recurso não quer dizer que não caiba nenhu

ma impugnação, a questão poderá ser discutida através da ação

de impugnação do mandato eletivo, que é mais abrangente.

Nota 2: Essa questão nós vamos chamar de antecedente. Há alguma condição

para que o recurso seja regularmente interposto?

Me parece interessante citar aqui o art. 262, IV do Código Eleitoral. Eu quero

dizer com isso é que o recurso Contra a Diplomação pressupõe Prova Pré-

Constituída, ou seja, não existe a possibilidade de dilação probatória no curso

desse recurso, de uma outra forma, todas as provas devem estar produzidas

no momento em que se oferece a petição inicial. Não há a mínima

possibilidade de produção de prova no curso do recurso, é por isso que a

jurisprudência admite que essa pré-constituição de prova advenha de numa

investigação judicial eleitoral inconclusa.

Nota 3: Essa questão nós vamos chamar de conseqüente. Há algum efeito da

interposição desse recurso? Em outras palavras, esse recurso tem algum efeito

suspensivo ou devolutivo?

Aqui deve-se ter cuidado, pois o Recurso Contra a Diplomação só possui efeito

devolutivo, não possui efeito suspensivo, ou seja, se ele não possui efeito

suspensivo ele não impede a posse no Cargo. Mas aqui só tem um detalhe que

os livros não falam:

O recurso em si não tem efeito suspensivo, no entanto o TSE vem adm

itindo concessão desse efeito suspensivo.

Olha o Cuidado! Só se admite no TSE recurso contra a diplomação com efeito

suspensivo se estiverem presente as seguintes codições: (1°) Se for requerida

através de medida cautelar inominada perante o tribunal ad quem, que é o

próprio TSE; (2°) ainda que o recurso não tenha sido admitido pelo juízo a quo,

que é o TER.

O que eu quero dizer com isso? Assim como o recurso extraordinário e o

recurso especial, o recurso contra diplomação não possui efeito suspensivo,

contudo, tanto STF quanto o STJ e o TSE admitem que esse efeito suspensivo

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seja concedido através de liminar em ação cautelar inominada proposta

perante eles. Todavia o STF só admite a concessão do efeito suspensivo

desde que o recurso tenha sido admitido no tribunal ad quem (no caso o TJ), ou

seja, desde que o recurso tenha passado pelo juízo de admissibilidade. Porém

o STJ e o TSE admitem a concessão de efeito suspensivo mesmo ainda que

não tenha sido realizado sobre o recurso o juízo de admissibilidade, ou seja,

segundo jurisprudência desse tribunais é admitida a concessão de medida

liminar ao recurso especial e ao recurso contra a diplomação ainda que esses

não tenham sido ainda admitidos pelo tribunal a quo, no caso, respectivamente,

TJ ou TER.

AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO

(Constituição Federal art. 14, §§ 10 e 11)

Já foi colocado que a ação de impugnação de mandato eletivo tem seu

fundamento na Constituição, e ela é cabível para fatos ocorridos a qualquer

tempo. Ela possui um prazo mais dilatado, 15 dias, e o termo inicial desse

prazo é a partir da sessão de diplomação.

Vocês reparem que essa é a única das impugnações que não está prevista em

lei, ela só esta prevista na Constituição Federal. Prescreve o art. 14, § 10 “O

Mandato eleito poderá ser impugnado ante a justiça eleitoral no prazo de 15

dias contados da diplomação, instruída a ação com prova do abuso do poder

econômico, corrupção ou fraude”, e completando § 11 “A ação de impugnação

de mandato eletivo tramitará em segredo de justiça, respondendo o autor, na

forma da lei, se temerária ou manifesta má-fé”.

Esses são os dois únicos dispositivos no pais que tratam da impugnação de

mandato eletivo. Daí já surge a primeira discussão sobre essa ação, que é a

seguinte: A norma do art. 14, §§ 10 e 11 são de eficácia plena? De outra forma,

Essa ação é auto aplicável? Pode ser aplicada faltando legislação que a

regule? E mais, caso seja admitida sua aplicação qual o rito que ela terá?

Prof° Fábio Konde Comparatto entende que a norma do art. 14, §§ 10 e 11 são

inaplicáveis, ou seja, é uma norma Constitucional de eficácia Limitad

a. A conseqüência para quem pensa assim é que essa ação não pode ser

deflagrada até que surja uma lei que regule o tema. (não é a posição

majoritária) Prof° Djalma Pinto entende que a norma do art. 14, §§ 10 e 11 são auto

aplicáveis. Agora, Djalma Pinto entende que a ação é auto aplicável, contudo

deve-se utilizar o procedimento ordinário previsto no Código de Processo Civil.

Prof° Fávola Ribeiro entende que a norma é de eficácia plena, ou seja, a ação

é

auto aplicável. Todavia para o citado Prof° essa ação será processada p

elo procedimento especial da Lei Complementar 64/90.

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Cuidado aqui, pois se vocês forem ler o livro do Emerson Garcia ele vai dizer

que a posição do TSE é a segunda (e era mesmo), só que o TSE acabou de

modificar sua posição, e a atual posição do TSE é a terceira, ou seja, essa

ação é auto aplicável devendo ser utilizado o procedimento especial da LC

64/90 arts. 3° a 15. (Resolução TSE 21.634/05)

1 – Hipótese de Cabimento:

A Constituição diz quais são às hipóteses de cabimento no art. 14, § 10 “O

Mandato eleito poderá ser impugnado ante a justiça eleitoral no prazo de 15

dias contados da diplomação, instruída a ação com prova do abuso do poder

econômico,corrupção ou fraude”.

Então percebam que há três hipóteses: Abuso do Poder Econômico, Corrupção

ou Fraude.

Aqui gente seria interessante uma nota, que é a seguinte: A Constituição fala

em provas, mas aonde está escrito “provas” leia-se “indícios”, ou seja, não

obstante a Constituição fale em provas entenda-se indícios. Por quê? Porque

há possibilidade de dilação probatória no curso do processo tendo em vista a

aplicação da lei Complementar 64/90 que admite a dilação probatória.

2 – Objeto:

O objeto dessa ação é outro ponto controvertido. Um objeto é pacífico o outro

objeto é discutido. O objeto pacífico é aDeclaração de Nulidade da Diplomação, com

a conseqüente perda do mandato eletivo (isso ninguém discute). Agora, há

discussão sobre uma outra possibilidade, que é a seguinte: Também existiria a

possibilidade de declaração de inelegibilidade do candidato impugnado?

Em outras palavras, o art. 1°, I “d” da LC 64/90 (“São Inelegíveis: (I) para

qualquer caso, (d) os que tenham contra sua pessoa representação julga

da procedente, pela justiça eleitoral, transitada em julgada em processo de

apuração de abuso do poder econômico ou político, para eleição que

concorrerem ou tenham sido diplomado, bem como as que se realizarem nos

três anos seguintes”) se aplica à impugnação de mandato eletivo por

analogia?

Prof° Teori Albino Zavascki (Min. STJ) entende que não existe nessa ação a

declaração de inelegibilidade, ou seja, o art. 1°, I “d” da LC 64/90 não se aplica

ao caso. (posição minoritária). A conseqüência para quem pensa assim é a

seguinte: se o pedido vier a ser julgado procedente só há um objeto

possível, a declaração de nulidade da diplomação.

Prof° Marco Aurélio Denise de Oliveira entende que poderá haver declaração

de inelegibilidade do Candidato, ou seja, aplica-se ao caso, analogicamente, o

art. 1°, I “d” da LC 64/90, dessa forma, para quem pensa assim, essa ação terá

dois objetos possíveis, a declaração de nulidade da diplomação e a declaração

de inelegibilidade do candidato.

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Jurisprudência pacífica o sentido de que há possibilidade de se declarar o

candidato inelegível e que o art. 1°, I “d” se aplica analogicamente ao caso.

Agora só um detalhe, a jurisprudência entende que esse dispositivo é aplicado,

mas consagra uma idéia que nós já havíamos colocado, produzindo efeitos ex

tunc, ou seja, é a única ação do mundo cuja sanção vai se exaurido enquanto a

ação venha a ser julgada, tendo a possibilidade de ao final não ter

conseqüência nenhuma, pois o prazo de 3 anos é contado a partir da eleição

na qual ocorreu o fato. (Acórdão TSE n° 510 de 06.11.2001)

3 – Competência:

Nos já colocamos que se aplica a ação de impugnação do mandato eletivo o

procedimento especial da LC 64/90dessa forma tudo que foi dito quanto

a competência na ação de impugnação do pedido de registro de candidatura se

aplica aqui.

Nós havíamos colocado na ação de impugnação do pedido de registro de

candidatura que em uma situação de eleição local competente será o Juízo

eleitoral. Numa situação de eleição regional, competente será o TRE. Numa

situação de eleição nacional, competente será o TSE. Dessa forma, como a

norma é a mesma, aplica-se essa regra de competência à ação de impugnação

do mandato eletivo.

Nota 1: Há possibilidade de foro especial por prerrogativa de função nessa

ação? Não, pois a competência aqui é do órgão competente para a

diplomação, e

não do órgão competente para julgar essas autoridades em crime comum

e de responsabilidade. Para e pensa, se houvesse foro especial para essa

ação nas eleições locais para prefeito competente seria o tribunal de justiça,

nas eleições regionais para Governador competente seria o STJ e nas eleições

nacionais para Presidente competente seria o STF.

4 – Legitimação:

Em nenhuma das ações que nos falamos o cidadão é parte legítima, em todas

elas os legitimados são: Candidato, Partido Político, Coligação e Ministério

Público Eleitoral. Assim sendo faria a seguinte pergunta: Aqui nós poderíamos

admitir que o Cidadão seja parte legítima? Só lembrando que aqui não há

norma nenhuma que regule o tema, que permita e muito menos que proíba, e

aqui nós temos a última impugnação eleitoral. Ou seja, ultrapassada essa

impugnação não há mais como se questionar nada.

Já falamos que se aplica analogicamente a essa ação às regras da ação de

impugnação do pedido de registro de candidatura, deste forma, tudo que foi

dito quanto a legitimação da ação de impugnação do pedido de registro de

candidatura se aplica aqui, inclusive com todas as advertências feitas. Porém

aqui surge a seguinte dúvida ante a ausência de norma específica: Haveria a

possibilidade de essa ação ser impetrada por Cidadão, que não é candidato,

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que não é membro de partido ou coligação partidária e que não é membro do

Ministério público Eleitoral?

Prof° Tito Costa e José Antônio Fitner admitem que o Cidadão promova ação

de impugnação de mandato eletivo. O fundamento que eles utilizam é simples:

“não há norma específica que proíba”. Dessa forma, para ambos, a rigor essa

ação terá 5 legitimados e não apenas 4 como as demais ações.

Prof° Emerson Garcia e Joel Cândido entendem que o cidadão não é parte

legitima para promover ação de impugnação de mandato eletivo. O fundamento

que eles utilizam é simples: “não há norma específica que autorize”. Dessa

forma para os citados doutrinadores em todas as formas de impugnação os

legitimados ativos serão

sempre os mesmo (Candidato, Partido Político, Coligação e Ministério Pú

blico Eleitoral).

A jurisprudência hoje, acolhendo a posição do Emerson Garcia e Joel Cândido,

entende que o cidadão é parte ilegítima, ou seja, nas quatro impugnações

eleitorais os quatro legitimados ativos são sempre os mesmos.

Vamos parar e pensar aqui, se o cidadão não é parte legítima o que resta a ele

fazer? A única saída para ele é exercer o Direito de Petição com base no art.

5°, XXXIV da CRFB e representar a algum legitimado ativo para que o faça.

Aliás esse inciso cai como uma luva aqui, pois diz ele textualmente que

qualquer cidadão pode Levar ao conhecimento do Poder Público ilegalidade

(leia-se fraude ou corrupção) ou abuso de poder (leia-se abuso do poder

econômico). É óbvio que quando fala em poder público

está mencionando apenas o Ministério Público Eleitoral, pois candidato, p

artido político e coligação não integram o poder público. (TSE Acórdão 11.835

de 09.06.1994)

Só lembrando que a representação deve ser dirigida ao membro do Ministério

Público que tenha atribuição para ação de impugnação de mandato eletivo, ou

seja, se o cidadão questiona eleição local a representação será dirigida ao

Promotor Eleitoral, se o que está se questionando é eleição regional a

representação deve ser dirigida ao Procurador Regional Eleitoral, agora se o

que se questiona é a eleição nacional a representação deve ser dirigida ao

Procurador Geral Eleitoral.

5 – Decisão:

Qual a natureza da decisão em uma ação de impugnação de mandato eletivo?

Vamos parar e pesar, a rigor possui dois objetos, um pacífico que é a

declaração de nulidade da diplomação, e o outro controvertido que é a d

eclaração de inelegibilidade do candidato. Porém não importa qual será o

objeto, pois a natureza será sempre declaratória, ou seja, a decisão de

procedência na ação de impugnação de mandato eletivo terá sempre natureza

meramente declaratória, seja qual for o objeto da ação.

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A discussão do objeto só é importante, pois se você entender que não há

declaração de inelegibilidade ela será declaratória uma vez só, agora se você

entender que há a possibilidade de declaração de inelegibilidade ela será

duplamente declaratória.

Nota 1: Quais são as diferenças entre ação de impugnação de mandato eletivo

e Recurso contra a diplomação?

Basicamente são três diferenças:

1° Recurso contra a diplomação (o nome já diz) é um recurso, então a

competência é recursal, ao passo que na ação de impugnação do mandato

eletivo nós temos uma ação, então a competência é originária; 2° No Recurso contra a diplomação deve haver prova pré-constitiída, portanto

exige-

se uma prova. Na ação de impugnação de mandato eletivo não há essa

exigência, ou seja, não se exige aqui provas, exige-se meros indícios; 3° O termo inicia da contagem de prazo é o mesmo (data da sessão de

diplomação) porém os prazos para interposição das impugnações

são diferentes, porque no Recurso contra a diplomação o prazo é de 3 dias,

enquanto que na ação de impugnação de mandato eletivo o prazo é de 15 dias. Bibliografia/Links Recomendados

- http://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_eleitoral

- http://www.tse.jus.br/institucional/escola-judiciaria-eleitoral/roteiros-de-direito-eleitoral

- http://jus.com.br/revista/direito-eleitoral