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— 19 — reconhecimento du único candidato eleito sem que nenhuma reclamação fosse ter ás mesas eleitoraes ou á junta apura- iJora, considerando em casos como esse dispensável o exame dos livros era que são escriptas as actas. Quanto a este ponto essencial, linhas, que traduziram o meu pensamento, foram estampadas em um vespertino desta Capital, A Esquerda, quando eu esperava que os pareceres e votos dos juristas e consfcitucionalistas da Commissão de Po- deres me esclarecessem, sem contar que a sorte, que não se- lecciona por capacidade, me collocasse entre elles. li assim terminei essa entrevista publicada aos 17 de abril ultimo: "Que me seja apenas dado lembrar que é fora de duvida que o Congresso Nacional, por votos e pareceres em relação a projecto já apresentado reconheceu a necessidade, ao menos de uma lei ordinaria, reconhecendo á mulher o direito de votar ou ser votada", Foi nesse sentido que o parecer foi elaborado. A esse critério obedeceu o seu illustre relator, embora fosse mais conveniente que se, não agitasse a qiiestão dos votos femininos, perdidos, em numero tão insignificante, nesse primeiro en- saio, anterior á lei, na massa dos milhares de suffragios, que trazem ao Senado da Republica o digno representante de um Estado ria Federação, cuja pequeneza geographica contrasta com a sua grandeza moral, agora mesmo provada no largo passo audaz com que traça regra e norma á Federação. Lauro Sodré. Imprensa Nacional — Rio de Janeiro

Voto do senador Godofredo Viana sobre o sufrágio feminino

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Voto do senador Godofredo Viana sobre reconhecimento da eleição para o senado no estado do Rio Grande do Norte e sobre o sufrágio feminino. Em 18 de maio de 1928.

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Page 1: Voto do senador Godofredo Viana sobre o sufrágio feminino

— 19 —

reconhecimento du único candidato eleito sem que nenhuma reclamação fosse ter ás mesas eleitoraes ou á junta apura-iJora, considerando em casos como esse dispensável o exame dos livros era que são escriptas as actas.

Quanto a este ponto essencial, linhas, que traduziram o meu pensamento, foram estampadas em um vespertino desta Capital, A Esquerda, quando eu esperava que os pareceres e votos dos juristas e consfcitucionalistas da Commissão de Po -deres me esclarecessem, sem contar que a sorte, que não se-lecciona por capacidade, me collocasse entre elles.

li assim terminei essa entrevista publicada aos 17 de abril ultimo:

"Que me seja apenas dado lembrar que é fora de duvida que o Congresso Nacional, por votos e pareceres em relação a projecto já apresentado reconheceu a necessidade, ao menos de uma lei ordinaria, reconhecendo á mulher o direito de votar ou ser votada",

Foi nesse sentido que o parecer foi elaborado. A esse critério obedeceu o seu illustre relator, embora fosse mais conveniente que se, não agitasse a qiiestão dos votos femininos, perdidos, em numero tão insignificante, nesse primeiro en-saio, anterior á lei, na massa dos milhares de suffragios, que trazem ao Senado da Republica o digno representante de um Estado ria Federação, cuja pequeneza geographica contrasta com a sua grandeza moral, agora mesmo provada no largo passo audaz com que traça regra e norma á Federação. — Lauro Sodré.

Imprensa Nacional — Rio de Janeiro

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N. 8 — 1 9 2 8 A Junla Apuradora das eleições federaes, realizadas no

Estado do Uio Grande do Norte, no dia 5 do abril do corrente anno, para preenchimento de uma vaga na representação desse Estado no Senado, aberta pela renuncia que de seu mandato fez o Senador Juvenal Lamartine de Faria, tendo ultimado os seus trabalhos, envia ao Senado a cópia authentica pela qual se verifica que o resultado geral da eleição é o seguinte:

Para Senador Federal: Dr. José Augusto Bezerra de Me-deiros. 1l .415 votos.

A' Secretaria do Senado foram presentes 55 livros, os quaes, devidamente examinados demonstram que o processo eleitoral correu regularmente, não tendo havido nenhuma re-clamação ou protesto contra a sua validade.

Apenas, em dous desses livros não podem ser apurados os resultados consignados nas respectivas actas; em um, o da 1° secção de Apody, por não indicar a acfa a quem foram dados os 293 votos delia constantes e em outro, o da secç.ão única de Serra Negra, por não estar devidamente authenticado pela rubrica do juiz.

O mappa geral, levantado pela Secretaria relativo a essa eleição, registra o seguinte resultado:

Para Senador Federal:

Dr. José Augusto Bezerra de Medeiros 10.612 votos. Do exame procedido nas actas constantes nos re fe -

ridos livros eleiloraes, verifica-se que suffragaram o nome do candidato, unanimemente eleito, 15 pessoas do sexo feminino., O facto, aliás, já era notorio, em tanta maneira foi, para logo, commentado e debatido. Nem por outro motivo decidiu a Commissão de Poderes, em sua ultima reunião, delle se oc -cupar no parecer que acerca da mesma eleição lhe cumpria formular, mesmo tendo em attenção somente o diploma que á mesa fôra, por telegramma, transmittido e no qual nenhuma referencia se encontra a respeito.

Não pôde o Senado subterfugir á apreciação da legitimi-dade desses votos — conseqüente alistamentos que alteram, a toda a evidencia, a actual constituição do corpo eleitoral do paiz — para declarar necessaria ou ociosa uma lei ordinaria que, com fundamento do Estatuto Federal, reconheça e con-fira, expressamente, o direito de voto á mulher.

Não vale indagar, neste momento, da constitucionalidade de uma lei que levasse em mira esse objectivo.

O Senado, approvando em Ia discussão, no anno de 1921, o projecto n. 102, da autoria do saudoso senador pelo Estado do Pará, Sr. Justo Chermont, o qual estende ás mulheres

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fnaiores de 21 annos as disposições das leis eleitoraes vigentes, manifestou-se claramente por sua constitucionalidade.

Desse modo o entendem todos, assim os extremos defen-sores do voto feminino, como os seus mais extremados oppo-sitores."

Emittindo brilhante parecer em apoio do projecto, assim se externava na Commissão de Legislação e Justiça, a 12 de novembro do anno ultimo, o illustre Relator, Senador pelo Amazonas, Sr. Aristides Rocha: "A esta Commissão não cabe se pronunciar sobre a constitucionalidade do projecto agora submettido á sua apreciação, já examinado pela Commissão technica respectiva, cujo parecer foi approvado pelo Senado. Temos apenas de aprecial-o do ponto de vista da sua con-veniência e opportunidade.

Não destoa deste modo de ver a opinião do nobre Senador pelo Ceará, Sr. Thomaz Rodrigues: "Apézar do termos sérias duvidas sobre a constitucionalidade da medida (dizia elle em longo parecer escripto a 10 de setembro de 1925, na Commis-são de Justiça); apezar de entendermos que é cêdo, muito cêdo para conceder um direito tão amplo á mulher brasileira que em sua grande maioria ainda o não reclama, não nos sentimos animados a tratar neste momento do grave e rele-vante problema, sob os seus múltiplos aspectos constitucional, jurídico e social. E diremos porque. Sobre sua constituciona-lidade já se pronunciou o Senado, e isto o fez quando em 1921 approvou o parecer da Commissão cie Constituição relativo ao projecto apresentado pelo illustre Sr. Justo Ghermont. Ap-provando-o, o Senado admittiu em principio que uma Iri, ordi-naria pôde consagrar o direito político da mulher. Não ha negar, Uque já existe a respeito um pronunciamento do Se-nado". Essa opinião, tão valiosa quanto insuspeita, conf ir -mou-a o illustre parlamentar em seu voto em separado ao parecer victorioso da Commissão. a 12 de novembro ultimo: "Mau grado a opinião do Senado, que sobre o assumpto já se pronunciou, approvando o parecer da Commissão de Consti-tuição sobre esse projecto, hoje em exame, eu sou, no caso, um vencido, não um convencido".

"De modo e maneira que o assumpto a esse respeito está sufficientemente ventilado e decidido."

"Outro, entretanto, é o ponto a considerar no caso con-creto.

Até agora não tinham as mulheres exercitado o direito do voto.

Ou porque se julgassem delle excluídas pela Constituição, ou porque propositadamente não se quizessem utilizar do um direito que podiam ou não exercer, pois que o voto entre nés nunca foi considerado obrigatorio, ou ainda porque se não animassem a solicitar a sua inclusão nos alistamentos elei-toraes, presentindo a hostilidade que as aguardava, o que é certo, o que ainda aos seus mais exaltados defensores não ó lictio ignorar, é que as mulheres no Brasil não votaram nunca.

E' possível que haja um ou outro caso isolado de apu-ração pelas respectivas juntas dos votos dados a indivíduos do sexo feminino. Mas, em primeiro logar, sabido é que, por dispo-sição expressa de lei, não podem essas juntas apreciar os vicios intrínsecos das eleições, sinão os seus vicios extrinsecos. De pois taes factos tão pequena repercussão tiveram que não conseguiram agitar a opinião. Creou-se, assim, uma tradição mansa e pacifica, sedimentada por dilatados annos de exclu-são da mulher do exercício dos direitos políticos, sem embargos

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de alguns reclamos de inapreciavel valor, como os de Ruy Bar-bosa e do voto quasi unanime do Instituto da Ordem dós Ad-vogados, em 1922. Nunca fizeram expressa menção a seu respeito as leis eleitoraes. No seio do Parlamento rarissimas vezes veiu a questão á baila. Debalde se busca nas collecta-neas dos arestos dos tribunaes brasileiros qualquer decisão at-tinente ao assumpto. Em cerca de 37 annos de nossa vida constitucional federativa não teve o egregio Tribunal Federal — supremo interprete da Constituição e das leis — ensejo de examinar o assumpto, pois que nunca ás suas portas foram bater os interessados. Todas as magnas questões constitucio-naes teem sido perante elle agitadas e resolvidas. A questão do voto feminino nunca, jamais, lhe penetrou o recinto. Os grandes exegetas da Constituição, os de maior tomo, os que lhe commentavam os textos, um por um — Barbalho, Aristides Milton, Carlos Maximiliano — contestam esse direito. Apenas lhe faz excepção o mais moderno delles, posto que não menos autorizado — Araújo Castro.

Alguns publicistas não se abanlançaram a ir além do pen-samento de que o assumpto relativo ao direito eleitoral da mu-lher pertence á categoria daquelles sobre os quaes a Constitui-ção, no dizer de Bryce, é muda, permittindo que a legislatura ordinaria o trate com liberdade, ao contrario com o que occor-re com as questões pertencentes a dominio "expressamente co-berto" por ella. Porque então, como escreve o publicista br i -tannico (accrescenta-se), a questão da validade da legislação com que se haja pretendido desenvolver os preceitos constitu-cionaes se estabelece immediatamente. Sustentam uns que a Constituição não vedou á mulher o exercício dos direitos polí -ticos. Mas, também, não lh'os outorgou. Para que víssemos nella e no que toca a esta matéria no acto do rompimento com o passado, concluem, não pôde ser sufficiente áquella falta de prohibição até porque ella não foi obra de um momento histo-rico, assignalado pelas reivindicações feministas. Num mo-mento destes, surgiu a nova Constituição allemã. Essa Consti-tuição, no seu art. 100, preceitua que todos os allemães são iguaes perante a lei. Apezar disso, para que nesse dispositivo se viessem a considerar incluídos um e outro sexo, em per-feita igualdade de condições, quanto aos direitos políticos. Mas, também, não julgou prescindivel accrescentar: "Homens e mulheres têm as mesmas obrigações e os mesmos direitos civicos" (Clodomir Cardoso, "A condição política da mulher") .

Estes os factos; factos innegaveis, claros, eloqüentes. Existe assim, não só uma longa tradição dos nossos costumes políticos, como uma veneravel tradição doutrinaria a con-siderar.

De vêr, está, portanto, que ainda quando o verdadeiro pensamento da Constituição tenha sido até agora erradamente interpretado; que a interpretação vigente se esteja mantendo a titulo precário, ou que ao mesmo texto se deva insuflar um es-pirito novo, a que se não oppõe a sua letra, faz-se mister uma manifestação inequívoca dos poderes políticos do paiz, a qual, traduzindo o sentir e o pensar dominante da conectividade, por um largo movimento da opinião nacional, se entenderia ou em uma lei do Congresso (com a collaboração do Executivo, pela sancção), ou em um decreto do Poder Judiciário, pelos seus orgãos competentes exacto do legislador constituinte, para completal-o, se a medida não foi por elle incluída no pacto federal, mas a que se não contrapõem os textos literaes

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destes. Para interromper desse modo e decisivamente em uma tradição mansa e pacifica.

Não é que, nesse caso, decorra não da Constituição, mas da lei ordinaria o direito que se conferir. Seria absurdo susten-tal-o. Antes, só será possível á lei se a Constituição a autoriza. E não se diga que autorizando a Constituição a medida dispen-sável se torna a lei. Esta, no caso se nos afigura imprescindí-vel. Afigura-se aos proprios "leaders" do voto feminino, tanto que iniciaram o projecto em andamento no Senado e por sua victoria se batem galhardamente".

"E é de facto indispensável porque (ainda que se ponham á margem delicados aspectos sociaes da questão), a execução do texto do estatuto federal, prende-se a outros aspectos, quer de direito constitucional, quer de direito civil. Não é possível abordal-o a todos, aqui. Bastem alguns exemplos:

"Os naturalizados por qualquer dos modos estabele-cidos na Constituição, gosam de todos os direitos pol í -ticos, podendo exercer quaesquer cargos públicos, com excepção dos de Presidente e Vice-Presidente da Repu-blica, e para poderem ser eleitos Deputados e Senadores, exige-se que, respectivamente, tenham mais de quatro annos de cidadão brasileiro, não comprehendidos nesta exigencia os naturalizados em virtude do disposto 110 art. G9,n. í, (João Barbalho. Comm., pag. 2 9 0 ) . "

Ora, entre os estrangeiros naturalizados pelos modos esta-belecidos 11a Constituição, está aquelle que possuir bens imino-veis 110 Brasil, for casado com brasileira, ou tiver filhos brasi-leiros. O estrangeiro, assim naturalizado, é cidadão brasileiro, podendo assim votar e ser votado, com as rcstricções impostas pela Constituição.

Poderá fazel-o a estrangeira, que possuir bens immoveis no Brasil, for casada com brasileiro ou tiver filhos brasi-leiros?

Evidentemente não. Logo, ao menos neste texto constitu-cional. n distineção dos sexos, quanto aos direitos eleitoraes, é manifesta.

No que concerne ao direito civil, ha a considerar a incapa-cidade relativa da mulher casada.

O Codigo Civil dispõe no art. 0":

"São incapazes, relativamente a certos actos, ou á maneira de os exercer:

II — As mulheres casadas."

No art,. 233 declara que o marido é o chefe da sociedade conjugai, competindo-lhe a representação legal da familia; o direito de fixar e mudar o domicilio desta; de autorizar a pro-fissão da mulher; e a sua residencia fóra do leito conjugai. Ainda no art. 241, estaiue que a mulher não pôde, sem autori-zação do marido, alienar, ou gravar de "ônus" real, so immo-veis do seu dominio particular, qualquer que seja o regimen rios bens; alienar os seus direitos reaes sobre immoveis do oU-rem; acceitar ou repudiar herança ou legado; acceitar tutela, curatella ou outro encargo publico; litigar em juizo eivei ou conunercial, a não ser nos casos indicados na lei civil; exercer

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profissão; contrahir obrigações que possam importar em alienação dos bens do casal . " .

"Verdade seja que no consenso dos civilistas modernos a incapacidade relativa da mulher casada não se funda em uma inferioridade de sexo, mas na necessidade decorrente de sua situação, quando casada (Beudant — "L'Etat est la cap. des pers " ) . "Sur la situation particuliére dans laquelle elle se trouve et sur la necessite de donner un chef ao mónage". (Pleniol — "Traité de Droit G i v " . ) .

Quando se considera, diz Baudy Lacantinerie, que tal in-capacidade não sobrevive ao vehiculo matrimonial, do mesmo modo que o não antecede, vê-se bem a differença entre a razão de ser antiga e a moderna. Nem é a questão aqui ventilada, s i -não no sentido de cliamar a attenção para certos aspectos do voto feminino, que precisam ser postos cm harmonia com alguns preceitos da Constituição c da lei civil . A mulher tem exuberantemente demonstrado que a sua inferioridade, relati-vamente ao outro sexo, não existe.

"As actividades do momento actual empolgaram-na e ella não se amesquinha diante das novas responsabili-dades que se lhe imputam. Nas espheras mais diversas, onde entrou a emprestar o seu concurso, facilmente dei-xou resalvar o vigor do seu espirito e a segurança com que dava desempenho aos seus novos encargos". (Os direitos políticos da mulher, Pub. da Imp. Of f . de Notas . ) .

Como quer que seja, porém, tudo está a indicar que ha, no caso, aspectos complexos que merecem ser estudados e consi-derados. Uma lei que os definisse e resolvesse, interpretando o texto constitucional, não seria do modo algum uma lei oc iosa . " .

"Dissemos acima que não liouve jamais um decreto social quis com fundamento no texto constitucional reconhecesse o di -reito eleitoral da mulher. Si será isso assim. Assim é . Como decreto judicial se não pode entender a decisão de caracter ad-ministrativo de um juiz que manda incluir no alistamento esto ou aquelle indivíduo. O poder de alistar não é uma funeção judiciaria, si não é uma funeção política. Taes deliberações não são sentenças. Não passam de julgados, no sentido techni-co do termo. Não lia direito adquirido, no tocante aos direitos eleitoraes, tanto que, modificadas por uma nova lei as transcri-pções relativas ao processo de alistamento em geral, de nenhum effeito se torna o anterior. E o indivíduo que foi alistado em um pôde deixar de o ser no outro" .

A atfribuição de alistar tem variado com as successivas leis eleitoraes.

Pelo decreto n . 200 A, de 8 de fevereiro de 1890, artigo 8", as commissões alistadoras, (commissões districtaes) eram compostas:

a) do juiz de paz mais votado no dislricto, como presi-dente;

b) do sub-delegado da parocliia; c) de um cidadão com as qualidades de eleitor, residente

no districto, nomeado pelo presidente Camara ou intendente municipal.

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Pela lei 35, de 26 de janeiro de 1892, as commissões seccionaes organizavam-se deste modo: "no dia 5 de abril de cada anno, estatuía o art. 5o, os membros do governo municipal (Gamara, Intendencia ou Conselho), e os seus me-diatos em votos, em numero legal, procederão á divisão do município em secções, em numero nunca inferior a quatro, e á eleição de cinco membros, effectivos e dous supplentes, escolhidos dentre os eleitores do município, os quaes forma-rão cada uma das commissões encarregadas do alistamento nas respectivas secções".

Pela lei n . 1.269, de 15 de novembro de 1904 (art. 6°), a commissão alistadora compunha-se (art. 9 o ) , na sede da comarca', do juiz de direito ou do seu substituto legal, em exercício; nos municípios, não séde de comarcas, da auto-ridade judiciaria estadual de mais elevada categoria e onde não houvesse autoridade judiciária ou estadual, do ajudante do procurador da Republica, como presidente, só com voto de qualidade; dos quatro maiores contribuintes domiciliados no município, que fossem cidadãos brasileiros e soubessem ler e escrever, sendo dous do imposto predial e dous dos impostos sobre propriedade rural e de tres cidadãos eleitos pelos membros effectivos do governo municipal e seus im-mediátos em votos, em numero legal.

Só em 1916, pela lei n . 3.139, de 2 de agosto, foi com-mettido ao juiz de direito e aos juizes preparadores o mistér de alistar. Deslocada, entretanto, das primitivas commissões, não perdeu a fnncção o seu caracter político, o seu carateter administrativo. O juiz não exercita a faculdade em funcção de judicatura, do mesmo modo que a não exercem, quanto a outros aspectos eleitoraes os juizes locáes quando presidem ás mesas; o juiz federal e o seu substituto, o representante do Ministério Publico, quando membros da Junta de Recurso, da Junta Apuradora da eleição. A intervenção do mágístrado, assim no alistamento, como nas mesas eleitoraes, como na Junta de Recurso, como na Junta Apuradora vizá apenas dar maior garantia de imparcialidade e respeito aos actos elei-toraes.

"O Congresso, pois, não considerando como valido o voto de um indivíduo illegalment.e alistado, por este ou por aquelle motivo, não se constitue em: tribunal de terceira instancia.

O Congresso, não considerando valido esse voto, usa de um direito seu, senão cumpre um dever. Ampla — e não podia deixar de sel-o — é a competencia do Legislativo na verificação dos poderes dos seus membros, já no que con-cerne á reguláridade do processo eleitoral, já no attinente á legalidade da composição do corpo eleitoral que pretenda dar a alguém a investidura do mandato popular.

Si. para exemplificar, ficasse cumpridámente Aprovado perante o poder verificador que um juiz alistou uma praça de pret, deveria o Congresso apurar o voto da praça de pret, sob côr de se trata'r de um caso julgado, com recurso ou não para a junta respectiva ? Sob côr de que lhe não com-pete examinar e rever alistamento, cuja organização compete a determinados orgãos ? "

De eme estes já se manifestaram, já decidiram, já ju l -garam ? Não vemos como, razoavelmente, sustentar a a f f i r -jnativá. Argumenta-se que a Camara e o Senado só poderão

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deixar de apurar os votos de pessoas que não podem ser1

eleitores, em virtude de disposições positivas da Constitui-ção, o que no caso não acontece. Mas não ha, aqui, uma evidente contradição ? Depois de se haver sustentado que em o nosso regimen todos os poderes teem a sua' acção limitada por lei, e, pois, mandado effectuar um .alistamento pelo poder competente, não cabe ao Poder Legislativo invalidal-o, sem se constituir em tribunal de terceira instancia, como admittir, mesmo no caso de serem contrariadas disposições positivas da Constituição, que se installe, funccione e decida em tribunal de terceira instancia ?

Argumenta-se ainda: as mesas eleitoraes podem recusar os votos, mesmo femininos, desde que o eleitor se apresente munido do respectivo titulo, expedido pela autoridade com-petente ? Não, evidentemente. As juntas eleitoraes podem, nestas condições, deixar de apurar os votos ? Também não. Logo, o Senado não pôde deixar de apural-os. Mas, conve-nhamos. Por que não podem as mesas eleitoraes recusar, na hypohtese prevista, os votos dos indivíduos do sexo femi-nino ? Simplismente porque a ellas cabe, por força da lei. apenas receber o voto do eleitor, mediante prévia exhibição do seu titulo e da carteira de identificação, rubricada' pelo juiz que houver ordenado o alistamento, nos logarcs onde ouver esse serviço, não lhe podendo ser recusado o voto. si o fizer (art. 17, § 3o da lei n. 3.208, de 27 de dezembro de 1916). Por que não podem as juntas apuradoras, ainda neste caso, recusar os votos dos indivíduos do sexo feminino ? Simplesmente porque a isso se oppõem textos claros e t.er-minantes de lei: "A' Junta Apuradora é defeso entrar no exame e indagação dos vicios intrínsecos das actas eleito-raes, limitando-se a ejcaminar si os livros estão legalmente authenticados e si as actas estão assignada pelo eleitores que votaram e pelos mesarios e si satisfazem todas as exigên-cias do art. 17 e paragranhos da lei n. 2.308, de 1926 (ar-tigo 22 da lei n. 4.215, de 20 de dezembro de 1920).

Taes limitações existem para o poder verificador ? Taes limitações não estão indicando que a intervenção do magis-trado, quer no proceso de alistamento, quer no processo eleitoral, não veiu desvirtuar a funeção política a ambos inherente ?

Ou estamos íreslendo, ou a questão se nos afigura de uma clareza meridiana.

Isto posto, e sem de modo algum dese.iar o prejulga-menfo, quanto á sua conveniência e onportunidade (dado que a sua oonstitucionalidade .iá foi reconhecida pelo Senado), do projectu n. 102, de 1921, em andamento nesta' Casa, é a Commissão de Poderes de parecer que não sejam tomados em consideração, por inapuraveis, os votos de indivíduos do sexo feminino que concorreram, aliás sem alteração do resultndo final, á eleição do candidato único Dr. José Au -gusto Bezerra de Medeiros.

Assim pensando, opina pelas seguintes conclusões: Ia — São anprovadas ns eleições federaes realizadas no

Estado do Rio Grande do Norte, no dia 5 de abril do cor -rente anno, para preenchimento de uma vaga' de Senador, existente na sua representação no Senado, em virtude da renuncia do Senador Juvenal Lamartine de Faria, com ex-

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clusão dá Ia secção de Apody e da secção única de Serra Negra.

2» —. Que seja reconhecido e proclamado Senador da Republica, pelo referido Estado, o Sr. Dr . José Augusto Be-zerra de Medeiros.

Sala da Commissão de Poderes, 18 de maio de 1928. — Miguel Calmon, Presidente. — Godofredo Vicinna,. Relator. — Ferreira Chaves, pelas conclusões. — Antônio Massa. — Lauro Sodrc, de accôrdo com a minha declaração de voto. — Thomaz Rodrigues, de accôrdo com a declaração 'que adiante se vê . — Mendes Tavares, vencido pelas razões que se seguem. — Soares dos Santos, vencido por entender que o Senado, como a Gamara, não tem attribuições de revisores de alistamento, conforme o meu voto em separado.

VOTO DO SR. SOARES DOS SANTOS

"Discordo da parto do parecer que manda annullar os votos femininos dados ao candidato doutor José Augusto Be-zerra de Medeiros na eleição de um Senador pelo Rio Grande do Norte, por entender que os mesmos são validos, do accôrdo com as seguintes observações:

Não se trata no caso em aprecio de resolver a questão re-lativa aos direitos políticos da mulher, nem mesmo de discutir a opportunidade de incluir essa concessão no corpo de nossa legislação política.

O problema, em si, provém do facto de haverem votado naquella eleição algumas senhoras que se alistaram eleitoras no referido Estado por terem preenchido todas as condições exigidas para o exercício do voto, conforme os despachos dos juizes que ordenaram as respectivas inscripções.

Como eleitoras legalmente inscrijptas votaram aquellas senhoras na eleição, que é o objecto do presente parecer, sem que tivesse sido levantado um protesto ou reclamação contra esses votos nas diversas phases do referido pleito desde o pe-riodo inicial da eleição até o actual reconhecimento, quando surgiram as duvidas, sem razão de ser, como passo a demons-trar.

Diz-se, por exemplo, que faes votos não deverão ser con-tados por se tratar de uma eleição federal, regulada por uma lei na qual não está incluida, por disposição expressa, a ga-rantia do voto feminino.

Quer dizer, portanto, que o mesmo argumento não se ap-plicaria, si se tratasse de eleição estadoal. Mas, não ha como negar que é a própria lei federal em vigor que confere aos juizes de direito a competência para decidir sobre os alista-mentos eleitoraes. sendo que os despachos dessas autoridades teem força de actos definitivos emquanto não são revogados, em grau de recurso, pelas juntas revisoras compostas de ma-gistrados, que funccionam nas capitaes dos Estados.

E não tendo sido feita essa revisão no Rio Grande do Norte ficaram ipso facto, de pó todos os despachos dos juizes que concederam o direito de voto ás mulheres daquellà c ir -cumscripção eleitoral.

Apreciando o papel desses juizes declara o parecer que as referidas autoridades quando dirigem os alistamentos não exercem uma funeção politica.

Perigosa doutrina esta que attribue a um juiz a capaci-ddae de decidir por motivos políticos, dando assim a compre-liender que não haverá a violação de uni direito, si o eleitor

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íôr destituído do seu titulo por força de unia imposição que não fôr determinada por lei.

Todavia os eleitores que forem excluídos pelo arbítrio de uma situação política, não sendo attendidos nas suas recla-mações pelos juizes, terão ainda o recurso de pedir aos tribu-naes o remedio contra o esbulho de um cireito que a lei lhes concedeu. E toda a nova lei que modificar as prescripções re -lativas ao processo do alistamento terá que circumscrever as suas innovações dentro do limite que fôr traçado pelo artigo 71 da Constituição da Republica.

Assim, os juizes chamados a presidir os alistamentos teem funeção judiciaria, nem podem deixar de te i .

Nem eu comprehendo que neste regimen uma lei federal possa attribuir, obrigatoriamente, aos juizes estadoaes uma funeção differente daquella que elles exercem, servindo á justiça nos seus Estados.

Para demonstrar que o alistamento não dá ao eleitor nenhum direito novo. podendo este ser destituído de sua qua-lidade de alistado, sem determinar nenhuma acção por parte do juiz preparador, invoca o parecer o exemplo de uma praça de pret que se alistasse eleitor, sem que isso importasse na affirmação de um direito adquirido. O argumento prova de-mais. Os juizes sabem que as praças de pret estão impedidas de votar pela nossa Constituição, e que o seu alistamento só podendo ser feito em opposiçSo á lei, elle é de facto nullo e não pôde servir de base á creação de um direito individual. Não é o mesmo caso do voto feminino que não está prohibido por nenhuma disposição expressa de lei.

Cumpre-me agora examinar a questão de saber si os votos femininos permittidos na eleição de um Senador Federal pelo Rio Grande do Norte devem ser considerados validos para o effeito do reconhecimento do candidato alli votado, em face do que dispõe a Constituição Federal.

E' verdade que o parecer, estudando o assumpto por este aspecto, declarou preliminarmente não valer a pena indagar, neste momento, da constitucionalidade de uma lei ordinária com fundamento no Estatuto Federal, reconhecendo o direito de voto á mulher.

Declarou ainda o parecer que o Senado, tendo approvado em 1* discussão um projecto de autoria do saudoso Senador Justo Chermont, o qual estende ás mulheres maiores de 21 annos o direito de votar, de accôrdo com as disposições das leis eleitoraes vigentes, manifestou-se claramente pela consti-tucionalidade do mesmo projecto. Corroborando esta opinião cita ainda o illustrado relator os pronunciamentos dos nossos collegas, Srs. Aristides Rocha e Thomaz Rodrigues que, em lúcidos pareceres. se manifestaram no mesmo sentido.

De conformidade, pois, com as manifestações acima c i -tadas, a constitucionalidade de uma lei ordinária reconhecendo os direitos políticos da mulher, é um ponto pacifico, que está fora das discussões do Senado Federal.

Todavia é licito indagar se ha necessidade da confecção de uma lei, reconhecendo esses direitos, desde que ellea não foram contrariados pela Constituição que em seu art. 78. assim se exprime:

"A especificação das garantias e direitos expresso-: na Constituiçião não excluo outras garantias e direitos não enumerados, mas resultantes da"forma que ella es-tabelece o dos princípios que consigna".

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E' para mim fora de duvida que o reconhecimento dos di-rentos políticos da mulher decorre do nosso direito consti-tuído, em nada influindo como argumento contrario, o ele-mento hsitorico invocado relativo á apresentação de emendas, confirmando aquellas garantias e que foram rejeitadas pe'o Congresso Constituinte, aliás sem nenhuma motivação do votos por parte da maioria da memorável assembláa.

Tenho como provável que essa rejeição não foi determi-nada pela conveniência de ser impedido o voto feminino, mas antes para permitiu* que em um texto de lei ordinaria foas» affirmado esse direito, como oonsequcncia do principio consti-tucional que proclama a igualdade de todos perante a lei.

Demais, é ainda a Constituição que estabeleceu em seu art. 73, que os cargos públicos são accessiveís a todos os bra-sileiros, observadas as condições de capacidade nidividual; e, proque a lei não fez nenhuma distincção netre os dous sexos para a realização desse, critério especial, as mulheres t.eem sido admittidas a collaborar nas repartições publicas, como funccionarias, participando das mesmas responsabilidades, gosando das mesmas regalias e direitos que competem aos de-mais funccionanos da União e sem que para isso houvesse a oxigencia preliminar de uma lei interpretativa daquelle texto consttucional.

São os regulamentos que resolvem os casos de competi-ções pessoaes e facilitam as boas normas administrativas no encaminhamento do serviço federal. Assim também uma pro-videncia de ordem reguladora intercalada nc. lei eleitoral, po -derá caracterizar a capacidade do voto feminino, sem modif i -car i a estructura de nossa legislação anterior. Como ultimo argumento em favor dos direitos femininos, devo lembrar o papel importantíssimo que as senhoras teem representado, trabalhando com dedicação admiravel pela consolidação da paz no seio da família brasileira.

Na historia rio grandense encontram-se innumeros epi-sodios, que confirmam o valor das iniciativas femininas em beneficio da ordem socail.

Durante os últimos acontecimentos revolucionários, que enlutaram e entristeceram a mipha terra, foram sempre os exemplos da mulher na defesa do lar que serviram para amainar as paixões e enfraquecer os desatinos dos elementos em luta.

Tenho desses tempos dolorosos a impressão nitida do valor e do patriotismo das minhas patrícias, dos seus esforços contínuos na catechese dos homens para a realização da paz no Rio Grande do Sul.

Foram ellas que me déram, em um momento difficil, as melhores provas de sympathia e do solidariedade, que servi-ram para augmentar as minhas energias na Iribuna do Senado em defesa da pacificação do meu Estado. Guardo, como con-soladora recordação dessa época, o livro que me foi offerecido, contando centenas de assignaturas dessas senhoras que, as-sim procedendo, demonstraram a sua superioridade sobre os homens, querendo, á revelia dos partidos, construir uma ora de congraçamento, que é hoje uma quasi realidade pratica, pela conquista do trabalho pacifico, sobre o qual vem se affirmando a riqueza economica do Rio Grande do Sul.

Nada me pediram no meu Estado que pudesse influir na manifestação do meu voto sobre esta memcravel questão; nem sei mesmo si a maioria das senhoras rio-grandenses pleiteia a reivindicação dos seus direitos políticos,

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Julguei, entretanto, do meu dever assumir uma attitude decisiva na defesa dos direitos femininos, insurgindo-me con-tra as vetustas disposições do nosso Codigo Civil, que pro -clama a desigualdade dos sexos e admitte que as mulheres se dediquem ao exercício das profissões liberaes.

Desenvolvendo uma larga argumentação em detrimento do voto feminino o parecer salienta que em 37 annos de vida republicana as mulheres brasileiras não procuraram alistar-se ou porque receiassem as hostilidades que poderiam resultar das tentativas de alistamentos ou porque encontrassem na Constituição um impedimento para o surto de suas aspirações individuaes.

Os factos demonstram que ha evidente exaggero nestas duas conclusões.

Essas hostilidades poderiam ser comprehendidas em o u -tros tempos, determinadas por causas conhecidas, entre as quaes se destaca o predominio intolerante do espirito reli-gioso.

Hoje, entretanto, essa atmosphera está modificada, desde que iodos comprehendemos que o exercício dos direitos pol í -ticos não affecta a crença ou a convicção philosophica de ninguém.

O impedimento constitucional que se allega, só existiu ali-mentado pela ignorancia ou pela indifferença das mulheres que não meditavam sobre as questões que surgissem fóra da esphera das combinações familires.

Vieram depois as agitações políticas, vieram as revolu-ções com o seu cortejo de horrores e, desde então, as di f f icul -dades encontradas fizeram que a mulher tivesse aspirações novas, pela melhor comprehensão de sua missão social.

Este é o problema da actualidade, que nós precisamos resolver.

Voltemos, agora, a questão em fóco, sobre a iniciativa das senhoras rio-grandenses do norte, que votaram na eleição senatorial daquelle Estado. Entendo que estes votos são per -feitos, porque foram dados por eleitoras qualificadas sem nenhum impedimento legal. Só o arbítrio poderá inutilizar os seus títulos, que foram concedidos por terem ellas preen-chido todas as condições exigidas pela lei. Votaram no nome do Dr. José Augusto, como poderiam ter votado no nome de uma outra senhora, sem que dahi resultasse qualquer pre -juízo para o systema de nossa legislação eleitoral.

Os jornaes desta cidade contam o caso recente de uma senhora que recebeu votos para intendente do Conselho Mu-nicipal desta capital. Estes votos foram contados sem ne-nhum protesto ou reclamação.

A Junta Apuradora, que funccionou nesta capital e era presidida por um magistrado competente, o juiz da 2* Vara não faria apurar taes votos, si reconhecesse que elles eram nullos por terem recaliido em um candidato inelegível, con-forme dispõe o art. 35 da lei eleitoral vigente.

Porque, o papel das Juntas Apuradoras não é somente o de contar os votos, mas também o de estudar a natureza dos mesmos, verificando sob diversos aspectos, si elles satisfa-zem a todas as prescripções legaes.

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Por todos estes motivos sou de parecer que devem ser contados os votos dados por mulheres na eleição senatorial do Rio Grande do Norte, por serem essas senhoras eleitoras re -gularmente inscripfas em virtude de decisões dos juizes que presidiram aos alistamentos, os quaes não limitaram os seus despachos ás simples ordens de inscripções, mas justificaram os seus actos com argumentos jurídicos e valiosos, mostrando assim a justiça que assistia á causa das requerentes.

Não reconhecer o direito dessas eleitoras, que foram alis-tadas em obediencia ás formalidades legaes, importa em annul-lar o alistamento feito pelos juizes daquelle Estado, cujas deliberações não devem ficar sujeitas ao critério político do Congresso Nacional.

Pderá o Senado, neste caso, decidir pela annullação dos votos das eleitoras do Rio Grande do Norte? Eu affirmo que não, salvo si quizer infringir as regras de hermeneutica do nosso direito constitucional.

Contra uma tal resolução oppõe-se, de facto, o principio conhecido da harmonia e independência entre os tres poderes, que são os orgãos da soberania nacional; dando-se ainda a circumstancia — que as decisões dos juizes que fizeram aquelle alistamento são actos direitos, que valem por sen-tenças, porque obederam á rigorosa applicação da lei eleitoral em vigor . E, assim sendo, só poderão ser reformadas por força de um aresto de tribunal de instancia superior.

De accôrdo, pois, com as considerações acima, sou de opinião que seja approvada a acta geral da eleição realizada no Rio Grnde do Norte para preenchimento de uma vaga de Senador Federal e na qual foi candidato único, votado sem contestação, o doutor José Augusto Bezerra de Medeiros; bem assim, que sejam apurados os votos das senhoras, que votaram na referida eleição, como eleitoras que eram legalmente t i -tuladas."

VOTO DO SR. T H O M A Z RODRIGUES

"Subscrevo o parecer do Relator da eleição senatorial do Rio Grande do Norte, o illustre Sr. Godofredo Vianna, pelas conclusões somente, pois me aclio em desaccòrdo com algumas das doutrinas nelle expendidas, pelas razões que desenvolvi em longo voto em separado, já publicado e constante dos Annaes do Senado."

VOTO DO SR. MENDES TAVARES

Tenho fóra de duvida que as mulheres, pela Constituição e pelas leis em vigor, teem o direito do voto :

а) o texto do art. 70, § Io, desde que não incluiu, entro as incapacidades especiaes para o exercício do voto, a de-corrente do sexo, claramenlo não admittiu essa incapaci-dade;

б) segundo o espirito e a lettra da nossa Constituição, a capacidade jurídica em todas as suas modalidades consti-tue a regra; a incapacidade absoluta ou relativa é sempre ex -cepção. A excepção só se admitte quando a admittir o texlo expresso, ou quando, em um texto expresso implicitamente esteja contida;

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c) as leis ordinarias que regulam o processo de alista-mento eleitoral e o das eleições não estabelecem nenhuma reserva referente ao sexo.

Applicando-se o mesmo raciocínio, forçoso é concluir que a lei eleitoral não admitte nem determina a incapacidade po -lítica das mulheres.

No relatorio apresentado pelo Sr. Carlos Maximiliano, como Presidente da secção de Direito Constitucional e pol í -tico, do Congresso Jurídico Commemorativo da Independencia do Brasil, aqui reunido em 1922, encontramos a seguinte opi-nião, insuspeita por partir de um adversário dessa interpre-tação: "Tomados por base da exegese os trabalhos parlamen-tares, resulta a repulsa ao voto feminino; entretanto, esse elemento de interpretação não é o único e, hoje, nem o con-sideram principal"

Mais adeante: "A nossa própria lei eleitoral não excluc expressamente as senhoras; entretanto, nenhum juiz as ad-mitfiu ao escrutínio; o, as próprias feministas, andam plei-teando dispositivos explícitos a seu favor, no Brasil, como ob -tiveram, depois da guerra, em quasi todos os paizes cultos".

Nesse Congresso Jurídico entre diversos trabalhos notá-veis que foram produzidos em defesa do direito do voto á mulher brasileira, destaco o seguinte trecho, que é uma synthese perfeita da analyse dos textos constitucionaes exa-rado no brilhante voto do notável advogado Evaristo de Mo-raes: "Dos textos constitucionaes não deriva a incapacidade polilica da mulher; pelo contrario, a capacidade pode e deve ser deduzida das disposições indicadas pelo Dr . Araújo Cas-tro e por nós" .

Entre as conclusões apresentadas pelo illustre Sr. Carlos Maximiliano á deliberação da secção de Direito Constitucional, encontramos a VIII, assim concebida:

1) a mulher não é, moral nem intellectualmente, inapta para o exercício dos direitos políticos;

2) a Constituição brasileira não admittiu o voto feminino, e este se não presume, deve ser expressamen-te autorizado, etc . , etc.

Em memorável debato em que tomaram parte a Dra. Myrlhes de Campos, Evaristo de Moraes, Manoel Villaboim, Artliur Lemos e outros, a douta assembléa concedeu preferen-cia e approvou em seguida, quasi unanimemente, a emenda substitutiva a essa parle 2a, da conclusão, assim formulada:

"Em face da Constituição Federal, não é prohibido ás mulheres o exercício dos direitos políticos, que lhes deve ser permittido."

Essa emenda foi apresentada pela imperterrita defen-sora dos direitos femininos, a Dra. Myrthes de Campos e sua approvação foi recebida com prolongada salva de palmas.

Seja como fòr, porém, parece de bom alvitre que a ques-tão, — uma vez que, embora sem razão, a meu vêr, se criou uma questão em torno desta matéria — não seja ventilada no presente caso de reconhecimento de poderes do Senador eleito pelo Rio Grande do Norte, pelas razões:

Ia, a eleição e o diploma não soffreram impugnação ne-nhuma; ainda mais, não existe nenhum voto divergente;

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2*, o acto de reconhecimento de poderes pela especiali-zação rigorosa do seu objectivo e pela simplicidade e abre-viado da forma, não é o meio proprio de se ventilar uma questão jurídica, quando essa questão não foi suscitada, nem existe direito individual ou político de ninguém em jogo;

3*, estando em andamento no Senado um projecto de lei regulando a matéria, não parece de bom conselho que o Se-nado, sem que a isso seja forçado, prestabeleça o seu modo de encarar o assumpto em debate;

4', é tanto mais dispensável qualquer resolução sobre o assumpto de tamanha gravidade, no simples acto de reconhe-cimento de poderes de um diploma liquido e incontestado de um Senador eleito, quando, qualquer que fosse a solução im-provizada para o caso, o resultado seria sempre o mesmo.

Isto posto, opino para que o Senado approve as seguintes conclusões sobre a eleição realizada no Rio Grande do Norte para preenchimento de uma vaga de Senador aberta pela re-nuncia do Sr. Juvenal Lamartine, que passou a Presidente desse Estado:

1°, são approvadas as eleições fedoraes realizadas no Rio Grande do Norte, no dia 5 de abril do corrente anno, para preenchimento de uma vaga de Senador, existente na sua representação no Senado Federal, em virtude da renuncia do Senador Juvenal Lamartine de Faria, com exclusão da Ia

secção de Apody e da secção única de Serra Negra; 2*, é reconhecido Senador da Republica pelo Estado do >

Rio Grande do Norte, o Sr. Dr . José Augusto Bezerra de Medeiros.

VOTO DO SR. LAURO SODRE'

"Em 1890, os suffragios espontâneos e livres dos meus conterrâneos e correligionários, no primeiro pleito eleitoral ferido sob a vigência do novo regimen político, lionraram-mc com o diploma de membro da assembléa constituinte.

Uma tão alta distincção, não a recebi sem que puzesse em mãos dos meus amigos a minha palavra destinada a pôr em publico os escruplos de minha consciência, receioso de sentir sobre os meus hombros tão pesado ônus, assim:

"Si para os seus congressos ordinários deve a Nação eleger os seus mandatarios dentre os que avultam por talentos e por virtudes, que será de um parlamento, a quem vae caber a responsadilidade tremenda da reconstrucção moral da Pá-tria?

E eu de mim apenas posso dizer que appareci na arena, ao vosso lado, quando os republicanos eram os batedores, que vinham dando rebate ás consciências, appellidando-as para a obra sublime da redempção da nossa terra.

Ao lado dos que exhibem seus altos brazões de fidalguia, como sóe dal-os o talento, apenas posso eu figurar á laia do plebeu, a quem nunca faltou a coragem para bater-se em defesa dos seus balsões."

E foi assim, hesitante e timido, que tomei assento nas bancadas da memorável assembléa legislativa, de cujas mãos sahiu a nossa magna lei, tida e havida como das mais sabias de que se podem orgulhecer povos livres e adeantados.

Lidei por acertar, fazendo das minhas fraquezas a força de que necessitava para corresponder á confiança dos que tão alto tinham subido o meu nome, mettido no rói de cul-

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íores e mestres, muitos emeritos, desse ramo especial das sciencias sociaes que é o direito, de que eu não aprendera sinão raros capítulos, no curso polytechnico da Escola de Sciencias Phyisicas o Mathematicas, onde eu conquistei a minlia carta de bacharel.

Dalii talvez as inseguranças das minhas palavras na tribuna desse parlamento e as incertezas dos meus votos, em-bora aquellas e estes fossem sempre o fruto de uma consciên-cia guiada para o bem, procurando esclarecer-se com as l i -ções dos que sabem no estudo de opiniões e pareceres dos que tivessem autoridade para dizer acerca das questões, em derredor das quaes se abriram tão interessantes debates.

Quiz a generosidade dos meus confrades que eu figurasse, como representante do Pará, 11a commissão composta de vinte e um membros dessa assembléa, a quem coube o papel de opi -nar sobre o projecto da Constituição da Republica, o qual fôra elaborado por uma commissão de politicos e jurisconsultos de nomeada, sujeito ao exame dos membros do Governo Pro-visorio, onde havia homens de tanto valor, de méritos intel-lectuaes extraordinários e de raras qualidades moraes, um Benjamin Constant, um Ruy Barbosa, um Quintino Bocayuva, um Campos Salles.

Iniciado o estudo desse projecto não tardaram que appa-recessem as emendas tendentes a modifical-o, embora a tanta gente se afigurasse que não haveria como tornar melhor obra sahida de tão hábeis mãos de consumados mestres.

Entre as correcções logo propostas, appareceu a que era assignada pelos Srs. Lopes Trovão, Leopoldo de Bulhões e Casemiro Júnior, alterando o art. 70 para dar o direito de voto ás mulheres diplomadas com titulos scientificos e de professora, que não estivessem sob poder marital nem pa-terno, bem como as que estivessem na posse de seus bens.

Essa emenda, apezar das limitações postas no exercício do direito pelos seus autores, não logrou approvação. E le-vada a matéria ao plenário, não faltaram novas tentativas, traduzidas em outras emendas, todas redigidas no intuito de decretar-se que o direito de voto dos cidadãos brasileiros não pudesse ser recus*ado ou limitado por motivo de sexo.

Após discussões mais ou menos apaixonadas, em que to-maram parte, quer em favor ou contra esse preceito a incluir na lei fundamental da Republica fizeram valer argumentos de valor, invocando as opiniões de publicistas da maior au-toridade, essas emendas foram rejeitadas.

Fel-o a maioria do Congresso Constituinte, sciente e con-scientemente. Na lista dos que assim votaram o meu nome ficou posto, como o de menos valia.

São antecedentes historicos, que não ha como deixar de lado, sem vel-os nem delles cogitar, no estudar esse ponto agora largamente debatido de direito constitucional, tendo merecido menção nas paginas dos volumes, em que appareceram os primeiros commentarios da grande lei brasileira, devidos ás pennas do insigne Dr . João Barbalho, do distincto Dr . Aris-tides Milton e do illustre Dr. C. Maximiliano. E apezar do velho aphorismo jurídico regulando os casos em que tem cabimento a interpretação authentica ou doutrinaria, não sen-do clara a lei, surgem múltiplos os pareceres opinando pelo valor dos actos emanados do Congresso Nacional, ou apenas de um dos seus dois ramos e de juizes, chamados a dizer com referencia a tão importante assumpto.

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Sei bem o que vale a jurisprudência, apezar dos con-ceitos do jurisconsulto Crepon, de que nada deve ser deixado ao arbítrio do juiz, que não pôde nunca estatuir sinão em virtude de disposição formal da lei. O escriptor, de cujas mãos saliiu esse livro vulgarizado, que é "La vie du droit", em cujas paginas foram estampadas as palavras acima referidas, é quem reproduz os dizeres do presidente da Corte de Cas-sação, quando foi da festa Commemorativa do Centenário do Codigo Civil francez: "O juiz não deve obstinadamente se limitar a indagação do que foi, ha cem annos, o pensamento dos autores do c o d i g o . . . Cabe-lhe o dever de procurar saber qual seria esse pensamento si o mesmo artigo tivesse de ser hoje por elles redigido".

Não parece que hão de bastar decisões não uniformes, que as ha contradictorias, porque juizes houve, que senten-ciaram em desaccôrdo com os magistrados do Rio Grande do Norte, recusando inscrever entre os eleitores alistados na fôrma da lei, senhoras e senhoritas que pretenderam entrar no goso desse direito.

Certa a palavra de Charles Floquet, quando commen-tando a velha maxima — ejus est interpretam leqem cujus est condere —, no artigo "Interpretation des lois" do "Dictionai-re de la Politique", de Maurice Block, asserta que a razão pa-rece indicar qu/3 o direito de interpretar a lei por via de dis-posição geral e permanente não pertence sinão ao poder mesmo que fez a lei.

Isso já ensinava o nosso douto Pimenta Bueno em pa-ginas do seu "Direito Publico" : "Pela necessidade de ap-plicar a lei deve o executar ou o juiz, e por estudo pode o jurisconsulto formar sua opinião a respeito da intellegencia delia; mas querer que essa opinião seja infallivel e obriga-tória, que seja regra geral, seria dizer que possuia a facul-dade de advinhar qual a vontade e o pensamento do legis-lador".

Tivesse eu a audacia de oppôr a minha opinião de hu-milde discípulo á de mestres abalisados como a vejo exposta nos livros dos Drs. Agenor de Roure e Araújo Castro, e a solução a alvitrar como a mais certa, seria de introduzir na nossa Constituição preceito que nella não ficou, tornando ex-tensivo ás mulheres o direito de se alistarem eleitoras para as eleições federaes ou para as dos Estados. E assim iríamos seguir o mesmo rumo que seguiu a grande Republica da Ame-rica do Norte, quando após diuturnos esforços dos partidarios do voto feminino, foi acceita a emenda n . XIX, declarando que em razão de sexo não poderá o direito de voto dos c i -dadãos dos Estados Unidos ser recusado pela União ou por um qualquer de seus Estados, emenda que mereceu do Sr. James N. Beck este commento: "esta emenda, que dobra o eleitorado teria igualmente causado espanto aos autores da Constituição de 1787, porque nessa época o direito do suffragio exclusi-vamente masculino era a regra na maior parte dos Estados"

Lá essa conquista não se rematou sinão depois de tena-zes e incansaveis esforços até que em 1928 a causa mereceu o amparo do grande estadista, que era o Presidente Wilson, a proclamar em mensagem, que a salvação da Republica nesses dias de incertezas dependia da participação directa e do interesse das mulheres nas deliberações a serem tomadas, e

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que sem suas luzes, os homens não seriam sinão meio escla-recios.

Tão intenso era o movimento na Republica modelar, que serviu de cópia para as democracias do novo continente, onde, no dizer do Sr. Joseph Barthélemy, o suffragismo se estendia como uma mancha de oleo, que a esse mesmo escriptor era permittido, sem que se ensaiasse no of f ic io perigoso de p r o -pheta, annunciar que esse movimento continuo, progressivo, de parecer irresistível tende a transformar em um Estado in-tegralmente feminista a maior democracia do mundo. Essas palavras eram escriptas antes que a causa das mulheres sahisse victoriosa com a decretação da emenda, que lhes asse-gurou o uso e goso de direitos políticos que p^iteavam.

Pode bem parecer que não vamos certos os que estamos assistindo os debates abertos no seio da Commissão de Po -deres e nelles tomando parte, querendo deliberar nunc et hinc acerca da questão geral do voto feminino, a qual, dependendo pelo menos do andamento, que terá no Senado o projecto, que a abriu em 1927, não pôde ser resolvida no parecer que será dado acerca das eleições do Estado do Rio Grande do Norte, sujeitas ao estudo desta Commissão. Não ó este o momento opportuno, nem este é o logar conveniente.

Alargou-se indevidamente a esphera da nossa acção, como se nos coubesse decidir de vez acerca da causa que defendem os que desejam que as nossas patricias, que tantas, em tamanha cópia, teem sabido lutar em defesa das causas l i -beraes, que fizeram da nossa Pátria a nação que ella hoje é, devem ser associadas aos homens nas lutas permanentes da politica, com o direito de serem eleitores e elegiveis.

Anda o meu nome apontado nos livros em que se tem estudado a nossa lei constitucional, como um dos que con-tribuíram para que não vingassem as emendas apresentadas em beneficio das pretensões já nesse tempo amparadas por paladinos de mérito. Confesso que eu não rediria hoje as pa-lavras, com que fulminei a tentativa de alargar assim o campo de actividade da mulher, palavras, que foram apogra-phadas para o livro de um dos commentadores da Constitui-ção de 1891.

Vistos, como o meu, foram os de alguns membros da Assembléa Constituinte, que tinham vivas as impressões que lhes deixara no espirito esse memorável commercium epis-tolicum entre o philosopho incomparavel, que era Augusto Comte e o grande scientista inglez, que era John Stuart Mill.

Sem ter sido, como de. publico o confessei, em linhas de um livro, um positivista orthodoxo, é verdade que nas fontes de saber do genial philosopho francez o meu espirito se abe-bera, buscando lições em ancias de aprender. O problema, em derredor do qual foi aberta essa notável polemica, já vinha dos fins do século XVIII, preoccupando grandes espíritos cultos. Eram assim de ler-se paginas do autor desse bellis-simo livro, que tem por titulo — Tdbleau historique des pro-gres de Vesprit humain. — apregoando como um dos pro -gressos do espirito humano mais importantes para a felici-dade geral, a destruição dos preconceitos, que entre os dous sexos estabeleceram uma desegualdade de direitos, que é f u -nesta mesmo áquelle por ella favorecido. E era em sentido contrario esse famoso Cabanis, ensinando que, embora caiba á mulher a funcção nobilissima d'enchainer d leurs pieds tou-tes les forces de 1'homms par la puissance irrésisible de Ia

Parecer n, 8 — fl. 2 —

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fa&hlessc, seria um erro "transportal-a para o meio dos ho-mens e dos negocios, expol-as aos perigos de uma vida que cilas não poderiam aprender a supporiar senão desnaturando a sua constituição physica, obliterando essa delicada sensibi-lidade que constituo por assim dizer a sua essencia, e é a ga-rantia da sua aptidão para o desempenho das íuncçõcs que um bom plano social lhes attribue".

Que a ninguém pareça que o fundador da philosophia positivista, traçando limites á acção pulitica da mulher, a houvesse de qualquer modo depreciado quando a verdade ó que ninguém mais a elevou, proclamando que a melhor me-dida do nosso progresso, a um tempo negativa e positiva, para a verdadeira perfeição moral, é dada pelo melhoramento da sorte das mulheres u a extensão gradual das suas influen-cias. Foi ainda esse mesmo philosopho, grande como Aristó-teles e como S. Paulo, grande, quem previu a época, em a qual o joelho do homem não se ha de dobrar senão deante da mulher: et Ic tjenou de l'homme ne fleckira <tue devant la femme.

Os ensinamentos do mestre não impediram que em 1912 seguidores das suas doutrinas se reunissem em Paris, sob a presidencia do Sr. Emilc Gorra, director dos positivista?, franceze.s para estudar o movimento feminino, abordando estas questões: Que pensaes do movimento feminista actual? Em que medidas devemos nós, na vossa opinião, apoial-o ou lhe resistir?

O Comitê positif occidcntal reuniu pela iniciativa da se-iiliora Frederic Harrison, distineta escriptora ingleza, salien-tando os erros e desvios das suffragistas do seu paiz. Entre as opiniões emittidas nesse Congresso de parlidarios da phi -losophia relativa figurou a da Sra. baroneza Hamilton, que assim fallou:

"Como Augusto Comte queria fazer de nós anjos> em vez de nos encarar como mulheres, teve que desnaturar a nossa condição humana. Quando, depois de ter traduzido as tres primeiras partes do discours sur Vemsemble du positivisme, macliei em face da quarta, que trata de influencia feminina no positivismo, restitui o livro ao Sr. Bilberg, a dizer-lhe: Não lia senão um homem positivista que possa comprehender o logar excepcional que Augusto Comte destinou á creatura imperfeila, que é a mulher, e que sempre provavelmente o será. Assim, ao que penso, é não somente útil, mas de todo ponto necessário que os positivistas apoiem o movimento f e -minista".

E o Sr. Emile Corra ao resumir as deliberações da As-sembléa de confrades, quo presidira, assim concluiu:

"Eu entendo pois, qu-2, a apezar de todos os inconvenien-tes que pode apresentar, no estado de desordem e confusão em que elle surge, o feminismo deve ser observado pelos po -sitivistas, com sympadiia e que nós faltaríamos ao primeiro principio da nossa philosophia, que prescreve fazer sempre, n liypotliese mais simples e a mais sympathica, que comporta o todo dos dados a representar, se condemnassemos esse mo-vimento de. modo precipitado e muito categorico".

Mas. vejo que hão de reparar, como eu reparo, que me deixei levar pela mesma corrente, que arrastou a outros, en-trando a dizer acerca da questão geral do voto feminino, como quem deixasse de lado o caso, Darticular das eleições do Es -tado do Rio Grande rio Norte, depois de haver opinatfo pelo