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Curso internacional de teologia ebook gratuito

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A PAZ DO SENHOR JESUS SEJA CONVOSCO

Estamos vivendo tempos de sede espiritual, onde heresias têm procurado se

instalar no meio da Igreja. Não basta apenas termos talentos naturais ou

compreensão das conseqüências das crises que o mundo atravessa.

Precisamos, exercer influências com nosso testemunho perante os que

dispomos a ensinar a Palavra de Deus. Esse treinamento compacto e objetivo

da Teologia Sistemática é muito importante porque nos dará ampla visão da

teologia Divina, atrairá futuros líderes ao aprendizado e criará um ambiente mais

espiritual na nossa Igreja (Koinonia). Aprendizados errados geram desastres e

resistência à Obra de Deus.

Somente o correto de forma correta leva ao sucesso, na consciência e

submissão ao Espírito Santo que rege a Igreja. Temos que combinar estratégias

de ensino com o nosso caráter revelado em nossas vidas; devemos incentivar a

confiança dos alunos na Escritura, com coerência e potencial.

Temos capacidade, em Deus, de mudarmos o mundo, começando do mundo

interior das consciências humanas dos alunos, que se tornarão futuros

evangelizadores capacitados na Palavra de Deus.

Não preguemos a verdade para ferirmos os outros ou para destruir, mas para

ajudar e corrigir as almas, com amor, esperando que Deus lhes conceda o

entendimento do Reino dos Céus.

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DEVEMOS ESTUDAR TEOLOGIA COM RESPONSABILIDADE

DEVEMOS ESTUDAR TEOLOGIA COM ORAÇÃO.

A Palavra de Deus é discernida espiritualmente. Por isso, devemos orar pedindo

a Deus que abra os nossos olhos para podermos ver as maravilhas de sua lei (1

Co 2.14; Sl 119.18). Entender a Bíblia é uma virtude espiritual que somente

Deus pode nos dar (Ef 1.17-19). A qualidade de nosso estudo teológico passa

pela qualidade de nossa espiritualidade, que se manifesta numa vida de

dependência de Deus pela oração.

DEVEMOS ESTUDAR TEOLOGIA COM HUMILDADE.

A Bíblia diz que ―Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos

humildes‖ (1 Pe 5.5). À medida que aprendemos das Escrituras, devemos ter o

cuidado de não nos orgulharmos, assumindo assim uma atitude de

superioridade em relação àqueles que não conhecem o que temos estudado.

Para evitar o orgulho, devemos associar o conhecimento ao amor (1 Co 8.1).

DEVEMOS ESTUDAR TEOLOGIA COM A RAZÃO.

Podemos e devemos usar nossa razão para estudar e tirar conclusões do

estudo das Escrituras Sagradas, mas nunca fazer deduções que contradiga o

que a própria Bíblia diz. Nossas conclusões lógicas podem muitas vezes ser

errôneas, pois os pensamentos de Deus são mais altos que os nossos

pensamentos (Isaias 55.8-9). A Bíblia é a essência da verdade, e todo o seu

conteúdo é justo e permanente (Salmos 119.160). Toda conclusão lógica que

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tivermos ao estudar teologia, deve estar em harmonia com toda a Bíblia. Caso

contrário, nossa lógica está enganada, pois a Bíblia não se contradiz jamais.

DEVEMOS ESTUDAR TEOLOGIA COM A AJUDA DE OUTROS.

Deus estabeleceu mestres na igreja e seminários de teologia (1 Co 12.28). Isso

significa que devemos ler livros escritos por teólogos e seminários preparados

como o Seminário Gospel. Conversar com outros cristãos sobre teologia é

também uma excelente maneira de conhecer mais sobre Deus.

DEVEMOS ESTUDAR TEOLOGIA COMPILANDO PASSAGENS BÍBLICAS.

O uso de uma boa concordância bíblica nos ajudará a procurar palavras-chave

sobre determinado assunto. Resumir versículos relevantes e estudar passagens

difíceis também ajuda. É grande a alegria ao descobrir temas bíblicos. É a

recompensa do próprio estudo.

DEVEMOS ESTUDAR TEOLOGIA COM ALEGRIA.

Não podemos estudar teologia de forma fria, pois ela trata do Deus vivo e de

suas maravilhas. O estudo da Bíblia é uma maneira de amar a Deus de todo o

coração (Dt 6.5), pois seus ensinamentos ―dão alegria ao coração‖, são grandes

riquezas (Sl 19.8; 119.14). No estudo da teologia somos levados a dizer: ―Ó

profundidade da riqueza da sabedoria e do conhecimento de Deus! Quão

insondáveis são os seus juízos e inescrutáveis os seus caminhos! Quem

conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro? Quem primeiro lhe

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deu, para que ele o recompense? Pois dele, por ele e para ele são todas as

coisas. A ele seja a glória para sempre! Amém‖ (Rm 11.33-36).

CURIOSIDADES BÍBLICAS:

A palavra Bíblia vem do grego, através do latim, e significa: livros.

Os primeiros materiais utilizados para as escrituras foram: a pedra, usada por

Moisés para receber os dez mandamentos (Êxodo 24:12 e 34:1); o papiro,

material extraído de uma planta aquática desse mesmo nome (Jó 8:11; Isaías

18:2); de papiro deriva o termo papel (II João 12) e o pergaminho, pele de

animais, curtida e preparada para escrita, usado a partir do início do século i, na

Ásia menor (II Timóteo 4:13).

A Bíblia inteira foi escrita num período que abrange mais de 1600 anos.

A Bíblia foi o primeiro livro impresso no mundo após a invenção do prelo, em

1452 em Mainz, Alemanha.

A primeira Bíblia em português foi impressa em 1748, a tradução foi feita a partir

da vulgata latina e iniciou-se com d. diniz (1279-1325).

A divisão em capítulos foi introduzida pelo professor universitário parisiense

Stephen langton, em 1227, que viria a ser eleito bispo de cantuária pouco tempo

depois.

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A divisão em versículos foi introduzida em 1551, pelo impressor parisiense

Robert Stephanus. Ambas as divisões tinham por objetivo facilitar a consulta e

as citações bíblicas, e foi aceita por todos, incluindo os judeus;

O versículo central da Bíblia é o Salmo 118:8, o qual divide a mesma ao meio.

Os livros de Ester e cantares de Salomão não possuem a palavra ―Deus‖.

A frase ―não temas‖, ocorre 365 vezes em toda a Bíblia, o que dá uma para cada

dia do ano!

Há 3573 promessas na Bíblia.

O antigo testamento encerra citando a palavra ―maldição‖, o novo testamento

encerra citando ―a graça de nosso Senhor Jesus Cristo‖.

A Bíblia completa pode ser lida em 70 horas e 40 minutos, na cadência de leitura

de púlpito. O antigo testamento leva 52 horas e 20 minutos. O novo testamento,

18 horas e 20 minutos. Para ler a Bíblia toda em um ano basta ler 5 capítulos

aos domingos e 3 nos demais dias da semana.

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COMO PODEMOS SABER SE A BÍBLIA É INFALÍVEL?

A PRÓPRIA BÍBLIA O AFIRMA:

A Bíblia afirma em várias passagens acerca de si mesma que ela é a palavra de

Deus e não contem erros (II Timóteo 3:16-17; II Pedro 1:20-21; Mateus 24:35)

A expressão "assim diz o senhor" e equivalentes encontram-se cerca de 3.800

vezes na Bíblia.

Se alguma falha for encontrada na Bíblia, será sempre do lado humano, como

tradução mal feita, grafia inexata, interpretação forçada, má compreensão de

quem estuda, falsa aplicação quanto aos sentidos do texto, etc. saibamos refletir

como Agostinho, que disse: ―num caso desse, deve haver erro do copista, que

não consigo entender...‖

A BÍBLIA FAZ REFERÊNCIA A FATOS ATUAIS:

A primeira citação da redondeza da terra é feita na Bíblia, e não por Galileu

Galileu (Isaías 40: 22).

O trânsito pesado e veloz, os cruzamentos e os faróis acesos aparecem

descritos exatamente como são hoje (Naum 2:4).

A mensagem através de "out-doors" é uma citação bíblica

detalhada (Habacuque 2: 2).

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A primeira referência a impressões digitais aparece no livro mais antigo da

Bíblia (Jó 37:7).

A UNIDADE DA BÍBLIA É UM MILAGRE:

Unidade da Bíblia só pode ser explicada como um milagre. Há nela 66 livros,

escritos por cerca de 40 escritores, cobrindo um período de 16 séculos. Esses

homens tinham diferentes atividades e escreveram sob diferentes situações.

Na maior parte dos casos não se conhecem e nada sabiam sobre o que já havia

sido escrito pelos outros. Tudo isto somando num livro puramente humano daria

uma babel indecifrável!

A BÍBLIA TEM UM ÚNICO TEMA CENTRAL:

É o Senhor Jesus Cristo. Ele mesmo declara em Lucas 24: 27, 44 e João 5:39.

Considerando Cristo como o tema central da Bíblia, os 66 livros apontam para

Ele:

Gênesis: Jesus é o descendente da mulher (3:15)

Êxodo: é o cordeiro pascal (12:5-13)

Levíticos: é o sacrifício expiatório (4:14,21)

Números: é a rocha ferida (20:7-13)

Deuteronômio: é o profeta (18:15)

Josué: é o príncipe dos exércitos do senhor (5:14)

Juízes: é o libertador (3:9)

Rute: é o parente divino (3:12)

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Reis e Crônicas: é o rei prometido (I Reis 4:34)

Ester: é a providência divina (4:14)

Jó: é o nosso redentor (19:25)

Salmos: é o nosso socorro e alegria (46:1)

Provérbios: é a sabedoria de Deus (8:22-36)

Cantares: é o nosso amado (2:8)

Eclesiastes: é o pregador perfeito (12:10)

Profetas: é o messias prometido (Mateus 2:6)

Evangelhos: é o salvador do mundo (João 3)

Atos: é o cristo ressurgido (2:24)

Epístolas: é a cabeça da igreja (Efésios 4:14)

Apocalipse: é o alfa e o ômega (22:13)

Podemos afirmar que a Bíblia é a palavra de Deus, nossa única regra de fé e

prática e infalível, nenhuma de suas promessas jamais falhou e seguir suas

orientações é garantia de sucesso em todas as áreas da vida.

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PRIMEIRO MÓDULO

INTRODUÇÃO À TEOLOGIA SISTEMÁTICA

A Teologia Sistemática é uma importante ferramenta em nos ajudar a

compreender e ensinar a Bíblia de uma forma organizada.

DEFINIÇÃO DE TEOLOGIA SISTEMÁTICA

A palavra ―teologia‖ é derivada dos termos gregos theos, que significa ―Deus‖

e iogos, que significa ―palavra‖, ―discurso‖, ―tratado‖ ou ―estudo‖. A Teologia

pode então ser conceituada, do modo mais simples, como ―a ciência do estudo

de Deus‖. O seu campo é estendido não apenas à pessoa de Deus, mas

também às Suas obras, de forma que ela tem sido chamada de ―o estudo de

Deus e de sua relação para com o Universo‖,―Sistematizar‖, por sua vez, é

―reduzir diversos elementos a um sistema‖ ou ―agrupar em um corpo de

doutrina‖. Sistemático, portanto, é aquilo que segue um sistema, uma

ordenação, um método.

Quando se aplica o adjetivo a essa disciplina da enciclopédia teológica não se

quer dizer que outras disciplinas (como a exegese ou a teologia bíblica) não

seguem qualquer sistema, mas que é a Teologia Sistemática que procura

oferecer a verdade acerca de Deus e sua obra, apresentada na Bíblia, como um

todo, como um sistema unificado.

Teologia Sistemática é qualquer estudo que responda à pergunta: ―O que a

Bíblia toda nos ensina hoje?‖ sobre qualquer assunto. (John Frame,

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Westminister Seminary, Escondido, Califórnia – EUA). Essa definição índica que

Teologia Sistemática envolve coletar e compreender todas as passagens

relevantes na Bíblia sobre vários assuntos e então resumir seus ensinos

claramente de modo que conheçamos aquilo que cremos sobre cada assunto.

OUTRAS DEFINIÇÕES DE TEOLOGIA

ALEXANDER:

A ciência de Deus. Um resumo da verdade religiosa cientificamente arranjada,

ou uma coleção filosófica de todo o conhecimento religioso (W. Lindsay

Alexander).

CHAFER:

Teologia sistemática pode ser definida como a coleção, cientificamente

arrumada, comparada, exibida e defendida de todos os fatos de toda e qualquer

fonte referentes a Deus e às Suas obras. Ela é temática porque segue uma

forma de tese humanamente idealizada, e apresenta e verifica a verdade como

verdade (Lewis Sperry Chafer).

HODGE:

A teologia sistemática tem por objetivo sistematizar os fatos da Bíblia, e

averiguar os princípios ou verdades gerais que tais fatos envolvem (Charles

Hodge).

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THOMAS:

A ciência é a expressão técnica das leis da natureza; a teologia é a expressão

técnica da revelação de Deus. Faz parte da teologia examinar todos os fatos

espirituais da revelação, calcular o seu valor e arranjá-los em um corpo de

ensinamentos. A doutrina, assim, corresponde às generalizações da ciência (W.

H. Griffith Thomas)

STRONG:

A ciência de Deus e dos relacionamentos de Deus com o universo (A. H.

Strong).

SHEDD:

Uma ciência que se preocupa com o infinito e o finito, com Deus e o universo. O

material, portanto, que abrange é mais vasto do que qualquer outra ciência.

Também é a mais necessária de todas as ciências (W. G. T. Shedd).

DEFINIÇÕES ERRADAS:

Para definir teologia foram empregados alguns termos enganadores e

injustificados. Já se declarou que ela é "a ciência da religião"; mas o termo

religião de maneira nenhuma é um sinônimo da Pessoa de Deus e de toda a

Sua obra. Da mesma forma já se disse que ela é "o tratamento científico

daquelas verdades que se encontram na Bíblia; mas esta ciência, embora extrai

porção maior do seu material das Escrituras, extrai também o seu material de

toda e qualquer fonte. A teologia sistemática também tem sido definida como o

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arranjo ordeiro da doutrina cristã; mas como o cristianismo representa apenas

uma simples fração de todo o campo da verdade relativa à Pessoa de Deus e o

Seu universo, esta definição não é adequada.

OUTRAS AREAS DA TEOLOGIA ABORDADAS EM CURSOS DE

BACHAREIS EM TEOLOGIA DO SEMINÁRIOGOSPEL.COM

TEOLOGIA BÍBLICA:

Investiga a verdade de Deus e o Seu universo no seu desenvolvimento

divinamente ordenado e no seu ambiente histórico conforme nos apresentados

diversos livros da Bíblia. A teologia bíblica é a exposição do conteúdo doutrinário

e ético da Bíblia, conforme originalmente revelada. A teologia bíblica extrai o seu

material exclusivamente da Bíblia, seu período compreende somente até o final

da era apostólica.

TEOLOGIA DOGMÁTICA:

É a sistematização e defesa das doutrinas expressas nos símbolos da Igreja.

Assim temos "Dogmática Cristã", por H. Martensen, com uma exposição e

defesa da doutrina luterana; "Teologia Dogmática", por Wm. G. T. Shedd, como

uma exposição da Confissão de Westminster e de outros símbolos

presbiterianos; e "Teologia Sistemática", por Louis Berkhof, como uma

exposição da teologia reformada.

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TEOLOGIA EXEGÉTICA:

Estuda o Texto Sagrado e assuntos relacionados, através do estudo das

línguas originais, da arqueologia bíblica, da hermenêutica bíblica e da teologia

bíblica.

TEOLOGIA HISTÓRICA:

Considera o desenvolvimento histórico da doutrina, mas também investiga as

variações sectárias e heréticas da verdade. Ela abrange história bíblica, história

da igreja, história das missões, história da doutrina e história dos credos e

confissões. A teologia histórica tem seu período compreendido desde a era

apostólica até os dias atuais.

TEOLOGIA NATURAL:

Estuda fatos que se referem a Deus e Seu universo que se encontra revelado na

natureza.

TEOLOGIA PRÁTICA:

Trata da aplicação da verdade aos corações dos homens trazidas pelos outros

ramos da teologia, sobretudo a sistemática. Ela busca aplicar à vida prática os

ensinamentos das outras teologias, para edificação, educação, e aprimoramento

do serviço dos homens. Ela abrange os cursos de homilética, administração da

igreja, liderança liturgia, educação cristã e missões.

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OBJETIVO DA TEOLOGIA

―A coleção, o arranjo lógico, a comparação, a exposição e a defesa de todos os

fatos de todas as fontes com respeito a Deus e Suas relações com o Universo‖

(Paul Davidson, Vol. I, p. 2).

―O papel da Teologia como ciência não é criar fatos, mas descobri-los e

apresentar a relação deles entre si. Os fatos com que lida a Teologia estão na

Bíblia‖ (Paul Davidson, idem).

LIMITAÇÕES AO CONHECIMENTO TEOLÓGICO

Limitações da mente humana (Rm 11:33; 2 Pe 3:16);

Limitações da linguagem humana (2 Co 12:4);

Restrições colocadas pelo próprio Deus (Deuteronômio 29:29; Provérbios 25:2;

Marcos 13:32; Jô 16:12; Atos 1:7).

Para chegarmos à organização que temos hoje, foram necessários anos de

estudos e combate às heresias. Após a era apostólica (morte dos apóstolos)

surgiram figuras de muita importância no cenário cristão, os apologistas,

estudiosos cristãos que defendiam a fé diante das heresias que surgiam em sua

época, como Justino Mártir, Tertuliano, Irineu entre outros (100 – 451 d.c.). Essa

apologética contribuiu em muito para a organização das doutrinas bíblicas como

as temos hoje.

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A NATUREZA DA DOUTRINA

A Bíblia Sagrada dá grande relevância à doutrina, e afirma fornecer o material

próprio para seu conteúdo. Ela é enfática em sua condenação contra o que é

falso. Adverte contra as "doutrinas dos homens" (Cl. 2.22); contra a "doutrina

dos fariseus" (Mt. 16.12); contra os "ensinos de demônios" (I Tim. 4.1); contra os

que ensinam "doutrinas que são preceitos de homens" (Mc. 7.7); contra os que

"são levados ao redor por todo vento de doutrina" (Ef.4.14).

No entanto, se por um lado a Bíblia condena o falso profeta, por outro exorta e

recomenda a verdadeira doutrina. Entre outras coisas para a doutrina que "da

Escritura é... útil para o ensino" (2 Tim. 3.16). Portanto, nas Escrituras a doutrina

é reputada como "boa" (I Tim. 4.6); "sã" (I Tim. 1.10); "segundo a piedade" (I

Tim. 6.3); "de Deus" (Tt. 2.10), e "de Cristo" (II Jo.9).

Para alguns cristãos, a palavra "doutrina" pode se mostrar um tanto

ameaçadora. Ela evoca visões de crenças muito técnicas, difíceis e abstratas,

talvez apresentadas de forma dogmática. Doutrina, entretanto, não é isso.

A doutrina cristã é apenas a declaração das crenças mais fundamentais do

cristão: crenças sobre a natureza de Deus; sobre sua ação; sobre nós, que

somos suas criaturas; e sobre o que Deus fez para nos trazer à comunhão com

ele.

Longe de serem áridas ou abstratas, são as espécies mais importantes de verdades. São

declarações sobre as questões fundamentais da vida, ou seja, quem sou eu? Qual é o

sentido último do universo? Para onde vou? A doutrina cristã, portanto, constitui-se

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das respostas que o cristão dá àquelas perguntas que todos os seres humanos

fazem.

A doutrina lida como verdades gerais ou atemporais sobre Deus e sobre o

restante da realidade. Não é apenas um estudo de eventos históricos

específicos tais como o que Deus fez, mas da própria natureza do Deus que

atua na história.

Crenças doutrinárias corretas são essenciais no relacionamento entre o cristão e

Deus. Assim, por exemplo, o autor de Hebreus disse: ―De fato, sem fé é

impossível agradar a Deus, portanto é necessário que aquele que se aproxima

de Deus creia que Ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam" (Hb.

11.6).

Também importante para um relacionamento adequado com Deus é a crença na

humanidade de Jesus; João escreveu: " Nisto reconheceis o Espírito de Deus:

todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus" (I Jo 4.2).

Paulo destacou a importância da crença na ressurreição de Cristo: " Se você

confessar com a boca que Jesus é Senhor e crer em seu coração que Deus o

ressuscitou dentre os mortos, será salvo. Pois com o coração se crê para justiça,

e com a boca se confessa para salvação" (Rom. 10.9,10,NIV).

A IMPORTÂNCIA DA TEOLOGIA

É comum em nossas igrejas, principalmente as pentecostais, existir um

sentimento de negativismo em relação à teologia, certa vez ouvi um obreiro

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dizer o seguinte: “eu não compro uma Bíblia de estudo porque contém teologia de

homens”, Bíblias de estudo à parte, esta opinião equivocada tem contribuído para que o

ensino teológico seja colocado à margem, talvez por um desconhecimento da teologia e

seus efeitos na vida cristã individual e da igreja. A importância da teologia se dá em

alguns aspectos:

SATISFAZ A MENTE HUMANA

Deus quando criou o homem, deu-lhe uma capacidade especial, o intelecto, a

razão, ou raciocínio, é da mente humana querer entender o que está ao seu

redor, o homem não concebe viver sem entender a vida, já dizia o filósofo

Sócrates ―uma vida sem reflexão não merece ser vivida‖. A teologia como

ciência humana, vem para tentar preencher a lacuna do entendimento humano

acerca de Deus, fundamentando-se no que Ele revelou em sua Palavra, a Bíblia,

que é a fonte primária da teologia (Mateus 22.37).

AJUDA NA FORMAÇÃO DO CARÁTER CRISTÃO

A teologia injeta em nosso intelecto um conhecimento sobre Deus que influi no

desenvolvimento do nosso caráter cristão, moldando a nossa mente para tornar-

se parecida com a de Cristo, ter uma mente cristã é ver o mundo com a lente

dos ensinamentos de Cristo.

―Ter a mente cristã é compreender o mundo ao nosso redor, influenciados pela

verdade de Deus, a ponto de, mesmo imperfeitamente, pensarmos os

pensamentos de Deus a respeito de qualquer assunto: desde o salário digno de

uma empregada doméstica que tem duas crianças para cuidar e alimentar até as

implicações éticas da biogenética. Entre outras coisas, ter a mente cristã é

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também fazer a análise de um filme ou de uma novela, à luz do ensino do evangelho.” (R.

RAMOS, 2003, p. 20)

SERVE PARA PUREZA E DEFESA DO CRISTIANISMO

Ao longo da história da Igreja, surgiram, e ainda surgem muitas teorias,

doutrinas, correntes, heresias e afins. Para que a igreja esteja preparada para

combater isso e manter uma doutrina bíblica pura, sua teologia precisa estar

fundamenta da Bíblia, alguns movimentos religiosos têm sua doutrina

fundamentada em teorias que foram combatidas ainda pelos pais da igreja, a

doutrina da trindade é um exemplo disso.

CONTRIBUI PARA O AVANÇO DO EVANGELHO

A Igreja avança de forma sadia quando compreende o significado do evangelho,

sendo capaz de dar uma explicação inteligível da verdade a outrem. Os líderes

da Igreja têm a responsabilidade de cuidar do desenvolvimento do rebanho (Ef.

4.11-14).

FUNDAMENTA A PRÁTICA CRISTÃ

Para o cristão é imprescindível entender as escrituras para por em prática os

seus mandamentos, a qualidade da nossa espiritualidade é proporcional à

qualidade do nosso entendimento da Bíblia.

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AS ESCRITURAS

2 Timóteo 3.16,17 ―Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para

ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça, para que o homem

de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra.‖

O termo ―Escritura‖, conforme se encontra em 2 Timóteo 3.16, refere-se

principalmente aos escritos do Antigo Testamento(3.15). Há evidências, porém,

de que escritos do Novo Testamento já eram considerados Escritura

divinamente inspirada por volta do período em que Paulo escreveu 2 Timóteo

(1Tm 5.18, cita Lc 10.7; 2Pe 3.15,16). Para nós, hoje, a Escritura refere-se aos

escritos divinamente inspirados tanto do Antigo Testamento quanto do Novo

Testamento. São (os escritos) a mensagem original de Deus para a

humanidade, e o único testemunho infalível da graça salvífica de Deus para

todas as pessoas.

Paulo afirma que toda a Escritura é inspirada por Deus. A palavra ―inspirada‖ (gr.

theopneustos) provém de duas palavras gregas: Theos, que significa ―Deus‖, e

pneuo, que significa ―respirar‖. Sendo assim, ―inspirado‖ significa ―respirado por

Deus‖. Toda a Escritura, portanto, é respirada por Deus; é a própria vida e

Palavra de Deus. A Bíblia, nas palavras dos seus manuscritos originais, não

contém erro; sendo absolutamente verdadeira, fidedigna e infalível. Esta

verdade permanece inabalável, não somente quando a Bíblia trata da salvação,

dos valores éticos e da moral, como também está isenta de erro em tudo aquilo

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que ela trata, inclusive a história e o cosmos cf. 2Pe 1.20,21; veja também a

atitude do salmista para com as Escrituras no Salmos 119).

Os escritores do Antigo Testamento estavam conscientes de que o que

disseram ao povo e o que escreveram é a Palavra de Deus (ver Dt 18.18; 2Sm

23.2). Repetidamente os profetas iniciavam suas mensagens com a expressão:

―Assim diz o Senhor‖.

Jesus também ensinou que a Escritura é a inspirada Palavra de Deus até em

seus mínimos detalhes (Mateus 5.18). Afirmou, também, que tudo quanto Ele

disse foi recebido da parte do Pai e é verdadeiro (Jo 5.19, 30,31; 7.16; 8.26). Ele

falou da revelação divina ainda futura (a verdade revelada do restante do Novo

Testamento), da parte do Espírito Santo através dos apóstolos (Jo 16.13; cf.

14.16,17; 15.26,27).

Negar a inspiração plenária das Sagradas Escrituras, portanto, é desprezar o

testemunho fundamental de Jesus Cristo (Mateus 5.18; 15.3-6; Lc 16.17; 24.25-

27, 44,45; Jo 10.35), do Espírito Santo (Jo 15.26; 16.13; 1Co 2.12-13; 1Tm 4.1)

e dos apóstolos (3.16; 2Pe 1.20,21). Além disso, limitar ou descartar a sua

inerrância é depreciar sua autoridade divina.

Na sua ação de inspirar os escritores pelo seu Espírito, Deus, sem violar a

personalidade deles, agiu neles de tal maneira que escreveram sem erro (3.16;

2Pe 1.20,21; ver 1Co 2.12,13 notas).

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A inspirada Palavra de Deus é a expressão da sabedoria e do caráter de Deus e

pode, portanto, transmitir sabedoria e vida espiritual através da fé em Cristo

(Mateus 4.4; Jo 6.63; 2 Timóteo 3.15; 1Pe 2.2).

As Sagradas Escrituras são o testemunho infalível e verdadeiro de Deus, na sua

atividade salvífica a favor da humanidade, em Cristo Jesus. Por isso, as

Escrituras são incomparáveis, eternamente completas e incomparavelmente

obrigatórias. Nenhuma palavra de homens ou declarações de instituições

religiosas igualam-se à autoridade delas.

Qualquer doutrina, comentário, interpretação, explicação e tradição deve ser

julgado e validado pelas palavras e mensagem das Sagradas Escrituras (ver Dt

13.3).

As Sagradas Escrituras como a Palavra de Deus devem ser recebidas, cridas e

obedecidas como a autoridade suprema em todas as coisas pertencentes à vida

e à piedade (Mateus 5.17-19; Jo 14.21; 15.10; 2 Timóteo 3.15,16; ver Êx 20.3).

Na Igreja, a Bíblia deve ser a autoridade final em todas as questões de ensino,

de repreensão, de correção, de doutrina e de instrução na justiça (2 Timóteo

3.16,17). Ninguém pode submeter-se ao senhorio de Cristo sem estar submisso

a Deus e à sua Palavra como a autoridade máxima (Jo 8.31,32, 37).

Só podemos entender devidamente a Bíblia se estivermos em harmonia com o

Espírito Santo. É Ele quem abre as nossas mentes para compreendermos o seu

sentido, e quem dá testemunho em nosso interior da sua autoridade (ver 1Co

2.12).

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Devemos nos firmar na inspirada Palavra de Deus para vencer o poder do

pecado, de Satanás e do mundo em nossas vidas (Mateus 4.4; Ef 6.12,17; Tg

1.21).

Todos devem amar, estimar e proteger as Escrituras como um tesouro, tendo-as

como a única verdade de Deus para um mundo perdido e moribundo. Devemos

manter puras as suas doutrinas, observando fielmente os seus ensinos,

proclamando a sua mensagem salvífica, confiando-as a homens fiéis, e

defendendo-as contra todos que procuram destruir ou distorcer suas verdades

eternas (ver Fp 1.16; 2 Timóteo 1.13,14 notas; 2.2; Jd 3). Ninguém tem

autoridade de acrescentar ou subtrair qualquer coisa da Escritura (ver Dt 4.2

nota; Apocalipse 22.19 nota).

Um fato final a ser observado aqui. A Bíblia é infalível na sua inspiração somente

no texto original dos livros que lhe são inerentes. Logo, sempre que acharmos

nas Escrituras alguma coisa que parece errada, ao invés de pressupor que o

escritor daquele texto bíblico cometeu um engano, devemos ter em mente três

possibilidades no tocante a um tal suposto problema:

(a) as cópias existentes do manuscrito bíblico original podem conter inexatidão;

(b) as traduções atualmente existentes do texto bíblico grego ou hebraico podem

conter falhas; ou

(c) a nossa própria compreensão do texto bíblico pode ser incompleta ou

incorreta.

Page 25: Curso internacional de teologia ebook gratuito

25

A DOUTRINA DE DEUS

DEFINIÇÕES BÍBLICAS:

As expressões "Deus é Espírito" (Jo. 4: 24) e "Deus é Luz " ( I Jo.1:5), são

expressões da natureza essencial de Deus, enquanto que a expressão "Deus é

amor" ( I Jo. 4:7) é expressão de Sua personalidade. ( I Tm.6:16)

DEFINIÇÃO CRISTÃ DO BREVE CATECISMO:

Deus é um Espírito, infinito, eterno e imutável em Seu Ser, sabedoria, poder,

santidade, justiça, bondade e verdade.

DEFINIÇÃO FILOSÓFICA DE PLATÃO:

Deus é o começo, o meio e o fim de todas as coisas. Ele é a mente ou razão

suprema; a causa eficiente de todas as coisas; eterno, imutável, onisciente,

onipotente; tudo permeia e tudo controla; é justo, santo, sábio e bom; o

absolutamente perfeito, o começo de toda a verdade, a fonte de toda a lei e

justiça, a origem de toda a ordem e beleza e, especialmente, a causa de todo o

bem.

DEFINIÇÃO COMBINADA: Deus é um espírito infinito e perfeito em quem todas

as coisas têm sua origem, sustentação e fim (Jo. 4:24; Ne. 9:6; Apocalipse l:8;

Is. 48:12; Apocalipse 1:17).

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26

A EXISTÊNCIA DE DEUS

TEORIAS SOBRE A EXISTÊNCIA DE DEUS:

ATEÍSMO: Nega a existência teórica e prática de Deus.

DEÍSMO: Deus criou, mas se retirou e deixa a criação à sua própria sorte. Não

interfere.

PANTEÍSMO: Deus é uma força impessoal que está presente em tudo.

TEÍSMO: Existe um Deus, vivo e pessoal, que criou e governa todas as coisas.

Não se pode duvidar da existência de ateus práticos, visto que tanto a Escritura

como a experiência a atestam. A respeito dos ímpios o Salmo 14.1 declara: ―Diz

o insensato no seu coração: não há Deus‖ (Salmos 10.4b). E Paulo lembra aos

Efésios que eles tinham estado anteriormente ―sem Deus no mundo‖, Efésios

2.12. A experiência também dá abundante testemunho da presença deles no

mundo. Eles não são necessariamente ímpios notórios aos olhos dos homens,

mas podem pertencer aos assim chamados ―homens decentes do mundo‖,

embora consideravelmente indiferentes para com as coisas espirituais.

Tais pessoas muitas vezes têm a consciência do fato de que estão em

desarmonia com Deus, tremem ao pensar em defrontá-lo e procuram esquecê-

lo. Parecem Ter um secreto prazer em exibir o seu ateísmo quando tudo vai

bem, mas é sabido que dobram os seus joelhos em oração quando sua vida

entra repentinamente em perigo. Na época presente, milhares desses ateus

práticos pertencem à Associação Americana para o Progresso do Ateísmo.

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27

Para nós a existência de Deus é a grande pressuposição da teologia. Não há

sentido em falar-se do conhecimento de Deus, se não se admite que Deus

existe. A pressuposição da teologia cristã é um tipo muito definido. A suposição

não é apenas de que há alguma coisa, alguma idéia ou ideal, algum poder ou

tendência com propósito, a que se possa aplicar o nome de Deus, mas que há

um ser pessoal auto-consciente, auto-existente, que é a origem de todas as

coisas e que transcende a criação inteira, mas ao mesmo tempo é imanente em

cada parte da criação.

Pode-se levantar a questão se esta suposição é razoável, questão que pode ser

respondida na afirmativa. Não significa, contudo, que a existência de Deus é

passível de uma demonstração lógica que não deixa lugar nenhum para dúvida;

mas significa, sim, que, embora verdade da existência de Deus seja aceita pela

fé, esta fé, se baseia numa informação confiável.

Embora a teologia reformada considere a existência de Deus como

pressuposição inteiramente razoável, não se arroga a capacidade de demonstrar

isto por meio de uma argumentação racional.

Dr. Kuyper fala como segue da tentativa de fazê-lo: ―A tentativa de provar a

existência de Deus ou é inútil ou é um fracasso. É inútil se o pesquisador

acredita que Deus recompensa aqueles que O procuram. É um fracasso se, se

trata de uma tentativa de forçar, mediante argumentação, ao reconhecimento,

num sentido lógico, uma pessoa que não tem esta pistis‖

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ACEITAR A EXISTENCIA DE DEUS PELA FÉ

O Cristão aceita a verdade da existência de Deus pela fé. Mas esta fé não é

uma fé cega, mas fé baseada em provas, e as provas se acham, primariamente,

na Escritura como a Palavra de Deus inspirada, e, secundariamente, na

revelação de Deus na natureza. A prova bíblica sobre este ponto não nos vem

na forma de uma declaração explícita, e muito menos na forma de um

argumento lógico. Nesse sentido a Bíblia não prova a existência de Deus.

O que mais se aproxima de uma declaração talvez seja o que lemos em

Hebreus 11:6 ―… é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que

Ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam‖. A Bíblia pressupõe a

existência de Deus em sua declaração inicial, ―No principio criou Deus os céus e

a terra‖. Ela não somente descreve a Deus como o Criador de todas as coisas,

mas também como o Sustentador de todas as Suas criaturas. E como o

Governador de indivíduos e nações. Ela testifica o fato de que Deus opera todas

as coisas de acordo com o conselho da Sua vontade, e revela a gradativa

realização do Seu grandioso propósito de redenção.

O preparo para esta obra, especialmente na escolha e direção do povo de Israel

na velha aliança, vê-se claramente no Velho Testamento, e a sua culminação

inicial na Pessoa e Obra de Cristo ergue-se com grande clareza nas páginas do

Novo testamento. Vê-se Deus em quase todas as páginas da Escritura Sagrada

em que Ele se revela em palavras e atos. Esta revelação de Deus constitui a

base da nossa fé na existência de Deus, e a torna uma fé inteiramente razoável.

Page 29: Curso internacional de teologia ebook gratuito

29

Deve-se notar, contudo, que é somente pela fé que aceitamos a revelação de

Deus e que obtemos uma real compreensão do seu conteúdo. Disse Jesus, ―Se

alguém quiser fazer a vontade dEle, conhecerá a respeito da doutrina, se ela é

de Deus ou se eu falo por mim mesmo‖, João 7.17. É este conhecimento

intensivo, resultante de íntima comunhão com Deus, que Oséias tem em mente

quando diz, ―Conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor‖, Oséias 6.3.

O incrédulo não tem nenhuma real compreensão da palavra de Deus. As

palavras de Paulo são pertinentes nesta conexão: ―Onde está o sábio? Onde o

escriba? Onde o inquiridor deste século? Porventura não tornou Deus louca a

sabedoria do mundo? Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não o

conheceu por sua própria sabedoria, aprouve a Deus salvar os que crêem, pela

loucura da pregação‖, 1 Coríntios 1.20, 21.

PROVAS RACIONAIS DA EXISTÊNCIA DE DEUS.

No transcurso do tempo foram elaborados alguns argumentos em favor da

existência de Deus. Acharam ponto de apoio na teologia, especialmente pela

influência de Wolff. Alguns deles já tinham sido sugeridos, em essência, por

Platão e Aristóteles, e outros foram acrescentados modernamente por

estudiosos da filosofia da religião. Somente os mais comuns podem ser

apresentados aqui.

O ARGUMENTO ONTOLÓGICO.

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Este argumento foi apresentado em várias formas por Anselmo, Descartes,

Samuel Clark, e outros. Foi apresentado em sua mais perfeita forma por

Anselmo. Este argumenta que o homem tem a idéia de um ser absolutamente

perfeito; que a existência é atributo de perfeição; e que, portanto, um ser

absolutamente perfeito tem que existir. Mas é evidente que não podemos tirar

uma conclusão quanto à existência real partindo de um pensamento abstrato.

O fato de que temos uma idéia de Deus ainda não prova a Sua existência

objetiva. Além disto, este argumento pressupõe tacitamente como já existente

na mente humana o próprio conhecimento da existência de Deus que teria que

derivar de uma demonstração lógica. Kant declarou, com ênfase, insustentável

este argumento, mas Hegel o aclamou como um grande argumento em favor da

existência de Deus. Alguns idealistas modernos sugeriram que ele poderia ser

proposto de forma um tanto diferente, como a que Hocking chamou, ―O registro

da experiência‖. Em virtude podemos dizer: ―Tenho idéia de Deus: portanto,

tenho experiência de Deus‖.

O ARGUMENTO COSMOLÓGICO.

Este argumento tem aparecido em diversas formas. Em geral se apresenta

como segue: Cada coisa existente no mundo tem que ter uma causa adequada;

sendo assim, o universo também tem que ter uma causa adequada, isto é, uma

causa indefinidamente grande. Contudo, o argumento não produz convicção, em

geral. Hume questionou a própria lei de causa e efeito, e Kant assinalou que, se

tudo que existe tem uma causa adequada, isto se aplica também a Deus, e,

assim, somos suposição de que o cosmo teve uma causa única, uma causa

pessoal e absoluta, e, portanto, não prova a existência de Deus. Esta dificuldade

Page 31: Curso internacional de teologia ebook gratuito

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levou a uma construção ligeiramente diversa do argumento como, por exemplo,

a que B.P.Bowne fez.

O universo material aparece como sistema interativo e, portanto, como uma

unidade que consiste de várias partes. Daí, deve haver um Agente Integrante

que veicule a interação das várias partes ou constitua a base dinâmica da

existência delas.

O ARGUMENTO TELEOLÓGICO.

Este argumento também é causal e, na verdade, é apenas uma extensão do

imediatamente anterior. Pode ser exposto da seguinte forma: Em toda parte o

mundo revela inteligência, ordem, harmonia e propósito, e assim implica a

existência de um ser inteligente e com propósito, apropriado para a produção de

um mundo como este. Kant considera este argumento o melhor dos três que

mencionamos, mas alega que ele não prova a existência de Deus, nem de um

criador, mas somente a de um grande arquiteto que modelou o mundo.

É superior ao argumento cosmológico no sentido de que explicita aquilo que não

é firmado no anterior, a saber, que o mundo contém evidências de inteligência e

propósito. Não se segue necessariamente que este ser é o Criador do mundo.

―A prova teológica‖. Diz Wright. ―indica apenas a provável existência de uma

mente que, ao menos em considerável medida, controla o processo do mundo,

suficiente para explicar a quantidade de teleologia que nele transparece‖. Hegel

considerava este argumento válido, mas o tratava como um argumento

subordinado. Os teólogos sociais dos nossos dias rejeitam-no, juntamente com

todos os outros argumentos, como puro refugo, mas os neoteístas o aceitam.

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O ARGUMENTO MORAL.

Como os outros argumentos, este também assumiu diferentes formas. Kant

tomou seu ponto de partida no imperativo categórico, e deste deferiu a

existência de alguém que, como legislador e juiz, tem absoluto direito de

dominar o homem. Em sua opinião, este argumento é muito superior a qualquer

dos outros. É o argumento em que se apóia principalmente, em sua tentativa de

provar a existência de Deus.

Esta pode ser uma das razões pelas quais este argumento é mais geralmente

reconhecido do que qualquer outro, embora nem sempre com a mesma

formulação. Alguns argumentam baseados na desigualdade muitas vezes

observada entre a conduta moral dos homens e a prosperidade que eles gozam

na vida presente, e acham que isso requer um ajustamento no futuro que, por

sua vez, exige um árbitro justo. A teologia moderna também o usa amplamente,

em especial na forma de que o reconhecimento que o homem tem do Sumo

Bem e a sua busca de uma ideal moral exigem e necessitam a existência de um

ser santo e justo, não torna obrigatória a crença em um Deus, em um Criador ou

em um Ser de infinitas perfeições.

O ARGUMENTO HISTÓRICO OU ETNOLÓGICO.

Em geral este argumento toma a seguinte forma: Entre todos os povos e tribos

da terra há um sentimento religioso que se revela em cultos exteriores. Visto que

o fenômeno é universal, deve pertencer à própria natureza do homem. E se a

natureza do homem naturalmente leva ao culto religioso, isto só pode achar sua

explicação num ser superior que constituiu o homem um ser religioso. Todavia,

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em resposta a este argumento, pode-se dizer que este fenômeno universal pode

ter-se originado num erro ou numa compreensão errônea de um dos primitivos

progenitores da raça humana, e que o culto religioso referido aparece com mais

vigor entre as raças primitivas e desaparece à medida que elas se tornam

civilizadas.

Ao avaliar estes argumentos racionais, deve-se assinalar antes de tudo que os

crentes não precisam deles. Sua convicção a respeito da existência de Deus

não depende deles, mas, sim, da confiante aceitação da auto-revelação de Deus

na Escritura. Se muitos em nossos dias estão querendo firmar sua fé na

existência de Deus nesses argumentos racionais, isto se deve em grande

medida ao fato de que eles se negam a aceitar o testemunho da palavra de

Deus. Além disso, ao usar estes argumentos na tentativa de convencer pessoas

incrédulas, será bom ter em mente que de nenhum que nenhum deles se pode

dizer que transmite convicção absoluta.

Ninguém fez mais para desacreditá-los que Kant. Desde o tempo dele, muitos

filósofos e teólogos os têm descartado como completamente inúteis, mas hoje

os referidos argumentos estão recuperando apoio e o seu número está

crescendo. E o fato de que em nossos dias tanta gente acha neles indicações

satisfatórias da existência de Deus, parece indicar que eles não são inteiramente

vazios de valor. Têm algum valor para os próprios crentes, mas devem ser

denominados testimonia, e não argumentos.

Eles são importantes como interpretações da revelação geral de Deus e como

elementos que demonstram o caráter razoável da fé em um ser divino. Além

disso. Podem prestar algum serviço na confrontação com os adversários.

Page 34: Curso internacional de teologia ebook gratuito

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Embora não provem a existência de Deus além da possibilidade de dúvida e a

ponto de obrigar o assentimento, podem ser elaborados de maneira que

estabeleçam uma forte probabilidade e, por isso, poderão silenciar muitos

incrédulos.

CONCLUSÃO: Nada podemos saber de Deus, se Ele mesmo não quiser revelar. Todo nosso

conhecimento de Deus é derivado de sua auto-revelação na natureza e nas

escrituras sagradas, precisamos de um relacionamento pessoal intimo com ELE.

ESSÊNCIA, NATUREZA DE DEUS:

Quando falamos em essência de Deus, queremos significar tudo o que é

essencial ao Seu Ser como Deus, isto é, substância e atributos.

SUBSTÂNCIA DE DEUS:

Há duas substâncias: matéria e espírito.

Deus é uma substância simples: A substância de Deus é puro espírito, sem

mistura com a matéria (Jo.4:24).

ATRIBUTOS DE DEUS:

Sua substância é Espírito e Seus atributos são as qualidades ou propriedades

dessa substância. Atributos é a manifestação do Ser de Deus.

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CLASSIFICAÇÃO DOS ATRIBUTOS:

NATURAIS E MORAIS:

Também chamados de "intransitivos e transitivos", "incomunicáveis e

comunicáveis", "absolutos e relativos", "negativos e positivos" ou "imanentes e

emanentes".

ATRIBUTOS NATURAIS:

VIDA:

Deus tem vida; Ele ouve, vê, sente e age, portanto é um Ser vivo (Jo.10:10;

Salmos94:9,l0; IICr.16:9; At.14:15; ITs.1:9). Quando a Bíblia fala do olho, do

ouvido, da mão de Deus, etc., fala metaforicamente. A isto se dá o nome de

antropomorfismo. Deus é vida (Jo.5:26; 14:26) e o princípio de vida

(At.17:25,28).

ESPIRITUALIDADE:

Deus, sendo Espírito, é incorpóreo, invisível, sem substância material, sem

partes ou paixões físicas e, portanto, é livre de todas as limitações temporais

(Jo.4:24; Dt.4:15-19,23; Hb.12:9; Is.40:25; Lc.24:39; Cl.1:15; ITm.1:17; IICo.3:17)

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PERSONALIDADE:

Existência dotada de auto-consciência e auto-determinação (Ex.3:14; Is.46:11).

a) Volição ou vontade = querer (Is.46:10; Ap. 4:11).

b) Razão ou intelecto = pensar (Is.14:24; Salmos92:5; Is.55:8).

c) Emoção ou sensibilidade = sentir (Gêneses 6:6, IRs.11:9, Dt.6:15; Provérbios

.6:16; Tg.4:5)

TRI-UNIDADE:

UNIDADE DE SER:

Há no Ser divino apenas uma essência indivisível. Deus é um em sua natureza

constitucional. A palavra hebraica que significa um no sentido absoluto é

yacheed (Gêneses 22:2), isto é, uma unidade numérica simples. Essa palavra

não é empregada para expressar a unidade da divindade. A unidade da

divindade é ensinada nas palavras de Jesus: Eu e o Pai somos um. (Jo.10:30).

Jesus está falando da unidade da essência e não de unidade de propósito.

(Jo.17:11,21-23, IJo.5:7)

TRINDADE DE PERSONALIDADE:

Há três Pessoas no Ser divino: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. A palavra

hebraica que significa um no sentido de único é echad que se refere a uma

unidade composta. Esta palavra é empregada para expressar a unidade da

divindade. Esta palavra é usada em Dt.6:4; Gêneses 2:24 e Zc.14:9 (Veja

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também Dt.4:35;32:39; ICr.29:1; Is.43:10;44:6;45:5; IRs.8:60; Mc.10:9;12:29;

ICo.8:5,6; ITm.2:5; Tg.2:19; Jo.17:3; Gl.3:20; Ef.4:6).

ELOHIM:

Este nome está no plural e não concorda com o verbo no singular quando

designativo de Deus (Gêneses 1:26;3:22; 11:6,7;20:13;48:15; Is.6:8)

HÁ DISTINÇÃO DE PESSOAS NA DIVINDADE:

Algumas passagens mostram uma das Pessoas divinas se referindo à outra

(Gêneses 19:24; Os.1:7; Zc.3:1,2; IITm.1:18; Salmos110:1; Hb.1:9).

AUTO EXISTÊNCIA

Jerônimo disse: Deus é a origem de Si mesmo e a causa de Sua própria

substância. Jerônimo estava errado, pois Deus não tem causa de existência,

pois não criou a Si mesmo e não foi causado por outra coisa ou por Si mesmo;

Ele nunca teve início.

Ele é o Eterno EU SOU (Ex.3:14), portanto Deus é absolutamente independente

de tudo fora de Si mesmo para a continuidade e perpetuidade de Seu Ser. Deus

é a razão de sua própria existência (Jo.5:26; At.17:24-28; ITm.6:15,16).

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INFINIDADE OU PERFEIÇÃO

É o atributo pelo qual Deus é isento de toda e qualquer limitação em seu Ser e

em seus atributos (Jó.11:7-10; Mt.5:48). A infinidade de Deus se contrasta com o

mundo finito em sua relação tempo-espaço.

ETERNIDADE

A infinidade de Deus em relação ao tempo é denominada eternidade. Deus é

Eterno (Salmos 90:2; 102:12,24-27; Salmos 93:2; Ap.1:8; Dt.33:27; Hb.1:12). A

eternidade de Deus não significa apenas duração prolongada, para frente e para

traz, mas sim que Deus transcende a todas as limitações temporais (IIPe.3:8)

existentes em sucessões de tempo. Deus preenche o tempo. Nossa vida se

divide em passado, presente e futuro. mas não há essa divisão na vida de Deus.

Ele é o Eterno EU SOU. Deus é elevado acima de todos os limites temporais e

de toda a sucessão de momentos, e tem a totalidade de sua existência num

único presente indivisível (Is.57:15).

IMENSIDÃO

A infinidade de Deus em relação ao espaço é denominada imensidão ou

imensidade. Deus é imenso (Grande ou Majestoso; Jó.36:5,26; Jó.37:22,23;

Jr.22:18; Salmos145:3). Imensidão é a perfeição de Deus pela qual Ele

transcende (ultrapassa) todas as limitações espaciais e, contudo está presente

em todos os pontos do espaço com todo o seu Ser PESSOAL (não é

panteísmo).

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A imensidão de Deus é intensiva e não extensiva, isto é, não significa extensão

ilimitada no espaço, como no panteísmo. A imensidão de Deus é transcendente

no espaço (intramundano ou imanente = dentro do mundo – Salmos 139:7-12;

Jr.23:23,24) e fora do espaço (supramundano = acima do mundo; extramundano

= além do mundo; emanente = fora do mundo - IRs.8:27; Is.57:15).

ONIPRESENÇA:

É quase sinônimo de imensidão: A imensidade denota a transcendência no

espaço enquanto que a onipresença denota a imanência no espaço. Deus é

imanente em todas as Suas criaturas e em toda a criação. A imanência não

deve ser confundida com o panteísmo (tudo é Deus) ou com o deísmo que

ensina que Deus está presente no mundo apenas com seu poder (per

portentiam) e não com a essência e natureza de ser Ser (per essentiam et

naturam) e que age sobre o mundo à distância.

Deus ocupa o espaço repletivamente porque preenche todo o espaço e não está

ausente em nenhuma parte dele, mas tampouco está mais presente numa parte

que noutra (Salmos 139:11,12). Deus ocupa o espaço variavelmente porque Ele

não habita na terra do mesmo modo que habita no céu, nem nos animais como

habita nos homens, nem nos ímpios como habita nos piedosos, nem na igreja

como habita em Cristo (Is.66:1; At.17:27,28; Compare Ef.1:23 com Cl.2:9).

IMUTABILIDADE:

É o atributo pelo qual não encontramos nenhuma mudança em Deus, em sua

natureza, em seus atributos e em seu conselho.

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A "BASE" PARA A IMUTABILIDADE DE DEUS:

É Sua simplicidade, eternidade, auto-existência e perfeição. Simplicidade porque

sendo Deus uma substância simples, indivisível, sem mistura, não está sujeito a

variação (Tg.1:17). Eternidade porque Deus não está sujeito às variações e

circunstâncias do tempo, por isso Ele não muda (Salmos 102:26,27; Hb.1:12 e

13:8). Auto-existência porque uma vez que Deus não é causado, mas existe em

Si mesmo, então Ele tem que existir da forma como existe, portanto sempre o

mesmo (Ex.3:14). E perfeição porque toda mudança tem que ser para melhor ou

pior e sendo Deus absolutamente perfeito jamais poderá ser mais sábio, mais

santo, mais justo, mais misericordioso, e nem menos. Por isso Deus é imutável

como a rocha (Dt.32:4).

IMUTABILIDADE NÃO SIGNIFICA IMOBILIDADE:

Nosso Deus é um Deus de ação (Is.43:13).

IMUTABILIDADE IMPLICA EM NÃO ARREPENDIMENTO:

Alguns versículos falam de Deus como se Ele se arrependesse (Ex.32:14,

IISm.24:16, Jr.18:8; Jl.2:13). Trata-se de antropomorfismo (Nm.23:19; Rm.11:29;

ISm.15:29; Salmos110:4).

IMUTABILIDADE DE DEUS EM SUA NATUREZA:

Deus é perfeito em sua natureza por isso não muda nem para melhor nem para

pior (Ml.3:6).

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IMUTABILIDADE DE DEUS EM SEUS ATRIBUTOS:

Deus é imutável em suas promessas (IRs.8:56; IICo.1:20); em sua misericórdia

(Salmos103:17; Is.54:10); em sua justiça (Ez.8:18); em seu amor (Gêneses

18:25,26).

IMUTABILIDADE DE DEUS EM SEU CONSELHO:

Deus planejou os fatos conforme a sua vontade e decretou que este plano seja

concretizado. Nada poderá se opor à sua vontade. O próprio Deus jamais

mudará de opinião, mas fará conforme seu plano predeterminado (Is.46:9,10;

Salmos33:11; Hb.6:17).

ONISCIÊNCIA

Atributo pelo qual Deus, de maneira inteiramente única, conhece-se a Si próprio

e a todas as coisas possíveis e reais num só ato eterno e simples. O

conhecimento de Deus tem suas características:

É ARQUÉTIPO:

Deus conhece o universo como ele existe em Sua própria idéia anterior à sua

existência como realidade finita no tempo e no espaço; e este conhecimento não

é obtido de fora, como o nosso (Rm.11:33,34).

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É INATO E IMEDIATO:

Não resulta de observação ou de processo de raciocínio (Jó.37:16)

É SIMULTÂNEO:

Não é sucessivo, pois Deus conhece as coisas de uma vez em sua totalidade, e

não de forma fragmentada uma após outra (Is. 40:28).

É COMPLETO:

Deus não conhece apenas parcialmente, mas plenamente consciente (Salmos

147:5).

CONHECIMENTO NECESSÁRIO:

Conhecimento que Deus tem de Si mesmo e de todas as coisas possíveis, um

conhecimento que repousa na consciência de sua onipotência. É chamado

necessário porque não é determinado por uma ação da vontade divina.

Por exemplo: O conhecimento do mal é um conhecimento necessário porque

não é da vontade de Deus que o mal lhe seja conhecido (Hc.1:13) Deus não

pode nem quer ver o mal, mas o conhece, não por experiência, que envolve uma

ação de Sua vontade, mas sim por simples inteligência, por ser ato do intelecto

divino (veja II Co.5:21 onde o termo grego ginosko é usado).

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CONHECIMENTO LIVRE:

É aquele que Deus tem de todas as coisas reais, isto é, das coisas que existiram

no passado, que existem no presente e existirão no futuro. É também chamado

visionis, isto é, conhecimento de vista.

PRESCIÊNCIA:

Significa conhecimento prévio; conhecimento de antemão. Como Deus pode

conhecer previamente as ações livres dos homens? Deus decretou todas as

coisas, e as decretou com suas causas e condições na exata ordem em que

ocorrem, portanto sua presciência de coisas contingentes (ISm.23:12;

IIRs.13:19; Jr.38:17-20; Ez.3:6 e Mt.11:21) apoia-se em seu decreto.

Deus não originou o mal mas o conheceu nas ações livres do homem

(conhecimento necessário), o decretou e preconheceu os homens. Portanto a

ordem é: conhecimento necessário, decreto, presciência. A presciência de Deus

é muito mais do que saber o que vai acontecer no futuro, e seu uso no N.T. é

empregado como na LXX que inclui Sua escolha efetiva (Nm.16:5; Jz.9:6;

Am.3:2).

Veja Rm.8:29; IPe.1:2; Gl.4:9. Como se processou o conhecimento necessário

de Deus nas livres ações dos homens antes mesmo que Ele as decretasse? A

liberdade humana não é uma coisa inteiramente indeterminada, solta no ar, que

pende numa ou noutra direção, mas é determinada por nossas próprias

considerações intelectuais e caráter (lubentia rationalis = auto-determinação

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racional). Liberdade não é arbitrariedade e em toda ação racional há um porquê,

uma razão que decide a ação.

Portanto o homem verdadeiramente livre não é o homem incerto e imprevisível,

mas o homem seguro. A liberdade tem suas leis - leis espirituais - e a Mente

Onisciente sabe quais são (Jo.2:24,25). Em resumo, a presciência é um

conhecimento livre (scientia libera) e, logicamente procede do decreto,

"...segundo o decreto sua vontade" (Ef.1:11).

SABEDORIA:

A sabedoria de Deus é a Sua inteligência como manifestada na adaptação de

meios e fins. Deus sempre busca os melhores fins e os melhores meios

possíveis para a consecução dos seus propósitos. H.B. Smith define a sabedoria

de Deus como o Seu atributo através do qual Ele produz os melhores resultados

possíveis com os melhores meios possíveis.

Uma definição ainda melhor há de incluir a glorificação de Deus: Sabedoria é a

perfeição de Deus pela qual Ele aplica o seu conhecimento à consecução dos

seus fins de um modo que o glorifica o máximo (Rm.ll:33-36; Ef.1:11,12;

Cl.1:16). Encontramos a sabedoria de Deus na criação (Salmos19:1-7;

Salmos104), na redenção (ICo.2:7; Ef.3:10) . A sabedoria é personificada na

Pessoa do Senhor Jesus ( Provérbios .8 e ICo.1:30; Jó.9:4; veja também Jó

12:13,16).

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ONIPOTÊNCIA

É o atributo pelo qual encontramos em Deus o poder ilimitado para fazer

qualquer coisa que Ele queira.

A onipotência de Deus não significa o exercício para fazer aquilo que é

incoerente com a natureza das coisas, como, por exemplo, fazer que um fato do

passado não tenha acontecido, ou traçar entre dois pontos uma linha mais curta

do que uma reta. Deus possui todo o poder que é coerente com Sua perfeição

infinita, todo o poder para fazer tudo aquilo que é digno dEle. O poder de Deus é

distinguido de duas maneiras:

Potentia Dei absoluta = absoluto poder de Deus

Potentia Dei ordinata = poder ordenado de Deus.

- HODGE E SHEDD

Definem o poder absoluto de Deus como a eficiência divina, exercida sem a

intervenção de causas secundárias, e o poder ordenado como a eficiência de

Deus, exercida pela ordenada operação de causas secundárias.

- CHANOCK

Define o poder absoluto como aquele pelo qual Deus é capaz de fazer o que Ele

não fará, mas que tem possibilidade de ser feito, e o poder ordenado como o

poder pelo qual Deus faz o que decretou fazer, isto é, o que Ele ordenou ou

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marcou para ser posto em exercício; os quais não são poderes distintos, mas

um e o mesmo poder.

O seu poder ordenado é parte do seu poder absoluto, pois se Ele não tivesse

poder para fazer tudo que pudesse desejar, não teria poder para fazer tudo o

que Ele deseja. Podemos, portanto, definir o poder ordenado de Deus como a

perfeição pela qual Ele, mediante o simples exercício de Sua vontade, pode

realizar tudo quanto está presente em Sua vontade ou conselho.

E' óbvio, porém, que Deus pode realizar coisas que a Sua vontade não desejou

realizar (Gêneses 18:14; Jr.32:27; Zc.8:6; Mt.3:9; Mt.26:53). Entretanto há

muitas coisas que Deus não pode realizar: Ele não pode mentir, pecar, mudar ou

negar-se a Si mesmo (Nm.23:19; ISm.15:29; IITm.2:13; Hb.6:18; Tg.1:13,17;

Hb.1:13; Tt.1:3), isto porque não há poder absoluto em Deus, divorciado de Sua

perfeições, e em virtude do qual Ele pudesse fazer todo tipo de coisas

contraditórias entre Si (Jó.11:7). Deus faz somente aquilo que quer fazer

(Salmos115:3; Salmos135:6).

EL-SHADDAI:

A onipotência de Deus se expressa no nome hebraico El-Shaddai traduzido por

Todo-Poderoso (Gêneses 17:1; Ex.6:3; Jó.37:23 etc).

EM TODAS AS COISAS:

A onipotência de Deus abrange todas as coisas (ICr.29:12), o domínio sobre a

natureza (Salmos107:25-29; Na.1:5,6; Salmos33:6-9; Is.40:26; Mt.8:27; Jr.32:17;

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Rm.1:20), o domínio sobre a experiência humana (Salmos91:1; Dn.4:19-37;

Ex.7:1-5; Tg.4:12-15; Provérbios .21:1; Jó.9:12; Mt.19:26; Lc.1:37), o domínio

sobre as regiões celestiais (Dn.4:35; Hb.1:13,14; Jó.1:12; Jó 2:6).

NA CRIAÇÃO, NA PROVIDÊNCIA E NA REDENÇÃO:

Deus manifestou o seu poder na criação (Rm.4:17; Is.44:24), nas obras da

providência (ICr.29:11,12) e na redenção (Rm.1:16; ICo.1:24).

SOBERANIA OU SUPREMACIA

Atributo pelo qual Deus possui completa autoridade sobre todas as coisas

criadas, determinando-lhe o fim que desejar (Gêneses 14:19; Ne.9:6; Ex.18:11;

Dt.10:14,17; ICr.29:11; IICr.20:6; Jr.27:5; At.17:24-26; Jd.4; Salmos22:28;

47:2,3,8; 50:10-12; 95:3-5; 135:5; 145:11-13; Ap.19:6).

VONTADE OU AUTO-DETERMINAÇÃO:

A perfeição de Deus pela qual Ele, num ato sumamente simples, dirige-se à Si

mesmo como o Sumo Bem (deleita-se em Si mesmo como tal) e às Suas

criaturas por amor do Seu nome (Is.48:9,11,14; Ez.20:9,14,22,44; Ez.36:21-23).

A vontade de Deus recebe variadas classificações, pois à ela são aplicadas

diferentes palavras hebraicas (chaphets, tsebhu, ratson) e gregas (boule,

thelema).

VONTADE PRECEPTIVA:

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Na qual Deus estabeleceu preceitos morais para reger a vida de Suas criaturas

racionais. Esta vontade pode ser desobedecida com freqüência (At.13:22;

IJo.2:17; Dt.8:20).

VONTADE DECRETÓRIA:

Pela qual Deus projeta ou decreta tudo o que virá a acontecer, quer pretenda

realizá-lo causativamente, quer permita que venha a ocorrer por meio da livre

ação de suas criaturas (At.2:23; Is.46:9-11). A vontade decretória é sempre

obedecida. A vontade decretória e a vontade preceptiva relacionam-se ao

propósito em realizar algo.

VONTADE DE EUDOKIA:

Na qual Deus deleita-se com prazer em realizar um fato e com desejo de ver

alguma coisa feita. Esta vontade, embora não se relacione com o propósito de

fazer algo, mas sim com o prazer de fazer algo, contudo corresponde àquilo que

será realizado com certeza, tal como acontece com a vontade decretória

(Salmos115:3; Is.44:28; Is.55:11).

VONTADE DE EURESTIA:

Na qual Deus deleita-se com prazer ao vê-la cumprida por Suas criaturas. Esta

vontade abrange aquilo que a Deus apraz que Suas criaturas façam, mas que

pode ser desobedecido, tal como acontece com a vontade preceptiva (Is.65:12).

A VONTADE DE EUDOKIA:

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Não se refere somente ao bem, e nela não está sempre presente o elemento de

deleite (Mt.11:26). A vontade de eudokia e a vontade de eurestia relacionam-se

ao prazer em realizar algo.

VONTADE DE BENEPLACITUM:

Também chamada Vontade Secreta. Abrange todo o conselho secreto e oculto

de Deus. Quando esta vontade nos é revelada, ela torna-se na Vontade do

Signum ou Vontade Revelada. A distinção entre a vontade de beneplacitum e a

vontade de signum encontra-se em Deuteronomio.29:29.

A VONTADE SECRETA:

É mencionada em Salmos 115:3; Dn.4:17,25,32,35; Rm.9:18,19; Rm.11:33,34;

Ef.1:5,9,11, enquanto que a vontade revelada é mencionada em Mt.7:21;

Mt.12:50; Jo.4:34; Jo.7:17; Rm.12:2). Esta vontade está mui perto de nós

(Dt.30:14; Rm.10:8). A vontade secreta de Deus pertence a todas as coisas que

Ele quer efetuar ou permitir, tal como acontece na vontade decretória, sendo

portanto, absolutamente fixa e irrevogável.

LIBERDADE:

A perfeição de Deus no exercício de Sua vontade. Deus age necessária e

livremente. Assim como há conhecimento necessário e conhecimento livre, há

também uma voluntas necessária = vontade necessária e uma voluntas libera =

vontade livre. Na vontade necessária Deus não está sob nenhuma compulsão,

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mas age de acordo com a lei do Seu Ser, pois Ele necessariamente quer a Si

próprio e quer a Sua natureza santa.

Deus necessariamente se ama a Si próprio e Suas perfeições. As Suas criaturas

são objetos de Sua vontade livre, pois Deus determina voluntariamente o que e

quem Ele criará; e os tempos, lugares e circunstâncias de suas vidas. Ele traça

as veredas de todas as Suas criaturas, determina o seu destino e as utiliza para

Seus propósitos (Jó.ll:10; Jó.23:13,14; Jó.33:13. Provérbios .16:4; Provérbios

.21:1; Is.10:15; Is.29:16; Is.45:9; Mt.20:15; Ap.4:11;Rm.9:15-22; ICo.12:11).

ATRIBUTOS MORAIS DE DEUS

SANTIDADE:

É a perfeição de Deus, em virtude da qual Ele eternamente quer manter e

mantém a Sua excelência moral, aborrece o pecado, e exige pureza moral em

suas criaturas. Ser Santo vem do hebraico qadash que significa cortar ou

separar. Neste sentido também o Novo testamento utiliza as palavras gregas

hagiazo e hagios. A santidade de Deus possui dois diferentes aspectos,

podendo ser positiva ou negativa (Hb.1:9;Am.5:15; Rm.12:9).

SANTIDADE POSITIVA:

Expressa excelência moral de Deus na qual Ele é absolutamente perfeito, puro e

íntegro em Sua natureza e Seu caráter (IJo.1:5; Is.57:15; IPe.1:15,16; Hc.1:13).

A santidade positiva é amor ao bem.

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SANTIDADE NEGATIVA:

Significa que Deus é inteiramente separado de tudo quanto é mal e de tudo

quanto o aborrece (Lv.11:43-45; Dt.23:14; Jó.34:10; Provérbios .15:9,26;

Is.59:1,2; Lc.20:26; Hc. 1:13; Provérbios .6:16-19; Dt.25:16; Salmos5:4-6). A

santidade negativa é ódio ao mal. Além de possuir dois aspectos a santidade de

Deus possui também duas maneiras diferentes de manifestar-se:

RETIDÃO:

Também chamada justiça absoluta, é a retidão da natureza divina, em virtude da

qual Ele é infinitamente Reto em Si mesmo (santidade legislativa).

Salmos145:17; Jr.12:1; Jo.17:25; Salmos116:5; Ed.9:15.

JUSTIÇA:

Também chamada justiça relativa, é a execução da retidão ou a expressão da

justiça absoluta (santidade judicial). Strong a chama de santidade transitiva. A

retidão é a fonte da Santidade de Deus, a justiça é a demonstração de Sua

santidade.

A justiça de Deus pode ser retributiva e remunerativa. A justiça retributiva se

divide em punitiva e corretiva. A justiça punitiva é aquela pela qual Deus pune os

pecadores pela transgressão de Suas leis. Esta justiça de Deus exige a

execução das penalidades impostas por Suas leis (Salmos 3:5;11:4-7 Dt.32:4;

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Dn.9:12,14; Ex.9:23-27;34:7). A justiça corretiva é aquela pela qual Deus "pune"

Seus filhos para corrigi-los (Hb.12:6,7).

Aqueles que não são Seus filhos, Deus pune como um Juiz Severo (Rm.11:22;

Hb.10:31), mas aos Seus filhos, Deus "pune" (corrige) como um Pai Amoroso

(Jr.10:24;30:11;46:28; Salmos89:30-33; ICr.21:13) A justiça remunerativa é

aquela pela qual Deus recompensa, com Suas bênçãos, aos homens pela

obediência de Suas leis (Hb.6:10; IITm.4:8; ICo.4:5;3:11-15; Rm.2:6-10; IIJo.8)

IRA:

Esta deve ser considerada como um aspecto negativo da santidade de Deus,

pois em Sua ira Deus aborrece o pecado e odeia tudo quanto contraria Sua

santidade (Dt.32:39-41; Rm.11:22; Salmos95:11; Dt.1:34-37; Salmos95:11).

Podemos, então, dizer que a ira é a manifestação da santidade negativa de

Deus (Rm.1:18; IITs.1:5-10; Rm.5:9 etc). A ira é também designada de

severidade (Rm.11:22).

BONDADE:

É uma concepção genérica incluindo diversas variedades que se distinguem de

acordo com os seus objetos. Bondade é perfeição absoluta e felicidade perfeita

em Si mesmo (Mc.10:18; Lc.18:18,19; Salmos33:5; Salmos119:68;

Salmos107:8; Na.1:7).

A BONDADE IMPLICA NA DISPOSIÇÃO DE TRANSMITIR FELICIDADE.

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BENEVOLÊNCIA:

É a bondade de Deus para com Suas criaturas em geral. E' a perfeição de Deus

que O leva a tratar benévola e generosamente todas as Suas criaturas

(Salmos145:9,15,16; Salmos36:6;104:21; Mt.5:45;6:26; Lc.6:35; At.14:17).

THIESSEN

Define benevolência como a afeição que Deus sente e manifesta para com Suas

criaturas sensíveis e racionais. Ela resulta do fato de que a criatura é obra Sua;

Ele não pode odiar qualquer coisa que tenha feito (Jó.14:15) mas apenas àquilo

que foi acrescentado à Sua obra, que é o pecado (Ec.7:29).

BENEFICÊNCIA:

Enquanto que a benevolência é a bondade de Deus considerada em sua

intenção ou disposição, a beneficência é a bondade em ação, quando seus

atributos são conferidos.

COMPLACÊNCIA:

É a aprovação às boas ações ou disposições. É aquilo em Deus que aprova

todas as Suas próprias perfeições como também aquilo que se conforma com

Ele (Salmos35:27; Salmos51:6; Is.42:1; Mt.3:17; Hb.13:16).

LONGANIMIDADE OU PACIÊNCIA:

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O hebraico emprega a palavra erek'aph que significa grande de rosto e daí

também lento para a ira. O grego emprega makrothymia que significa ira longe.

Portanto longanimidade é o aspecto da bondade de Deus em virtude do qual Ele

tolera os pecadores, a despeito de sua prolongada desobediência. A

longanimidade revela-se no adiamento do merecido julgamento (Ex.34:6;

Salmos86:15; Rm.2:4; Rm.9:22; IPe.3:20; IIPe.3:15)

MISERICÓRDIA:

Também expressa pelos sinônimos compaixão, compassividade, piedade,

benignidade, clemência e generosidade. No hebraico usa-se as palavras

chesed e racham e no grego eleos. É a bondade de Deus demonstrada para

com os que se acham na miséria ou na desgraça, independentemente dos seus

méritos (Dt.5:10; Salmos57:10; Salmos86:5; ICr.16:34; IICr.7:6; Salmos116:5;

Salmos136; Ed.3:11; Salmos145:9; Ez.18:23,32; Ex.33:11; Lc.6:35;

Salmos143:12; Jó 6:14).

A paciência difere da misericórdia apenas na consideração formal do objeto,

pois a misericórdia considera a criatura como infeliz, a paciência considera a

criatura como criminosa; a misericórdia tem pena do ser humano em sua

infelicidade, a paciência tolera o pecado que gerou a infelicidade. A infelicidade

e sofrimento deriva-se de um justo desagrado divino, portanto exercer

misericórdia é o ato divino de livrar o pecador do sofrimento pelo qual ele

justamente e merecidamente deveria passar, como conseqüência do desagrado

divino.

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GRAÇA:

É a bondade de Deus exercida em prol da pessoa indigna. Portanto graça é o

ato divino de conceder ao pecador toda a bondade de Deus a qual ele não

merece receber (Ex.33:19). Na misericórdia Deus suspende o sofrimento

merecido, na graça Deus concede bênçãos não merecidas. Todo pecador

merece ir para o inferno; assim Deus exerce Sua misericórdia livrando o pecador

da condenação.

Nenhum pecador merece ir para o paraíso; assim Deus exerce a Sua graça

doando ao pecador o privilégio de ir gratuitamente para o paraíso. Essa

diferença entre misericórdia e graça é notada em relação aos anjos que não

caíram. Deus nunca exerceu misericórdia para com eles, posto que jamais

tiveram necessidade dela, pois não pecaram, nem ficaram debaixo dos efeitos

da maldição. Todavia eles são objetos da livre e soberana graça de Deus pela

qual foram eleitos (ITm.5:21) e preservados eternamente de pecado e colocados

em posição de honra (Dn.7:10; IPe.3:22).

AMOR:

A perfeição da natureza divina pela qual Ele é continuamente impelido a se

comunicar. É, entretanto, não apenas um impulso emocional, mas uma afeição

racional e voluntária, sendo fundamentada na verdade e santidade e no

exercício da livre escolha. Este amor encontra seus objetos primários nas

diversas Pessoas da Trindade. Assim, o universo e o homem são

desnecessários para o exercício do amor de Deus. Amor é, portanto, a perfeição

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de Deus pela qual Ele é movido eternamente à Sua própria comunicação. Ele

ama a Si mesmo, Suas virtudes, Sua obra e Seus dons.

VERDADE:

É a consonância daquilo que é asseverado com o que pensa a Pessoa que fez a

asseveração. Neste sentido a verdade é um atributo exclusivamente divino, pois

com freqüência os homens erram nos testemunhos que prestam, simplesmente

por estarem equivocados a respeito dos fatos, ou então por pura incapacidade

fracassam em promessas que fizeram com honestas intenções. Mas a

onisciência de Deus impede que Ele chegue a cometer qualquer equívoco, e a

Sua onipotência e imutabilidade asseguram o cumprimento de Suas intenções

(Dt.32:4; Salmos119:142; Jo.8:26; Rm.3:4; Tt.1:2; Nm.23:19; Hb.6:18; Ap.3:7;

Jo.17:3; IJo.5:20; Jr.10:10; Jo.3:33; ITs.1:9; Ap.6:10; Salmos31:5; Jr.5:3;

Is.25:1). Ao exercê-la para com a criatura, a verdade de Deus é conhecida como

sua veracidade e fidelidade.

VERACIDADE:

Consiste nas declarações que Deus faz a respeito das coisas, conforme elas

são, e se relaciona com o que Ele revelou sobre Si mesmo. A veracidade

fundamenta-se na onisciência de Deus.

FIDELIDADE:

Consiste no exato cumprimento de Suas promessas ou ameaças. A fidelidade

fundamenta-se na Sua onipotência e imutabilidade (Dt.7:9; Salmos36:5;

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ICo.1:9; Hb.10:23; Dt.4:24; IITm.2:13; Salmos89:8; Lm.3:23; Salmos 119:138;

Salmos119:75; Salmos89:32,33; ITs.5:24; IPe.4:19; Hb.10:23).

NOMES DE DEUS

Este é o chamado Tetragrama Sagrado ((יהוה YHVH ou YHWH (transliteração

mais adotada pelos estudiosos), é literalmente O Nome de Deus, na grafia

original, refere-se ao nome do Deus de Israel em forma escrita já transliterada

(substituição dos símbolos gráficos hebraicos por letras do alfabeto ocidental

atual – A, B, C...); etimologicamente tetragrama é uma palavra de origem grega

que significa quatro letras (Tetra = quatro / gramma = letra). Esta forma de

escrita (e leitura) é feita de trás para frente em relação às formas de escritas

ocidentais. Originariamente, em aramaico (hebraico), as palavras são escritas e

lidas horizontalmente, da direita para esquerda; ou seja, HVHY. Formado por

quatro consoantes hebraicas — Yud ( ( י Hêi (ה) Vav (ו) Hêi (ה) ; o Tetragrama

YHVH tem sido latinizado para JHVH já por muitos séculos.

A forma da expressão ao declarar o nome de Deus YHVH (ou JHVH na forma

latinizada) deixou de ser utilizada há milhares de anos na pronúncia correta do

hebraico original (que é declarada como uma língua quase que completamente

extinta).

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Os homens deixaram de pronunciar O Nome de Deus por medo de pecar por

pronunciar O Nome de Deus em vão - "Não tomarás o nome de YHWH, teu

Deus, em vão, pois YHWH não considerará impune aquele que tomar seu nome

em vão." ( Êxodo 20:7) - e com isso perderam a capacidade de pronunciar de

forma satisfatória e correta, pois a língua (que quem pronunciava O Nome de

Deus no idioma original) precisaria se curvar (dobrar dentro da boca) de uma

forma muito difícil, para muitos impossível de ser pronunciada corretamente.

Para alguns eruditos a o nome YHVH pode se identificar mais com as

palavras: YaHVeH (vertido em português para Javé), ou YeHoVaH (vertido em

português para Jeová). Essas palavras são transliterações possíveis nas línguas

portuguesas e espanholas; já outros eruditos a forma mais correta de escrever O

Nome de Deus seria Javé (Yahvéh ou JaHWeH). Ainda alguns destes

estudiosos concordam que a pronúncia Jeová (YeHoVaH ou JeHoVáH), seria a

mais a forma mais correta de pronunciar O Nome de Deus, sendo este o

pensamento mais aceito pelos teólogos da atualidade.

Contudo o significado exato do Tetragrama YHVH ainda é objeto de controvérsia

entre os especialistas. Em Êxodo 3:14, YHVH disse a Moises: ―Ehiéh ashér

ehiéh.‖ Segundo muitas traduções da Bíblia, esta expressão, encontrada no

texto hebraico significa: ―EU SOU O QUE SOU‖ . E disse mais: "Assim dirás aos

filhos de Israel: 'EU SOU' me enviou até vós.".

Esta expressão ―EU SOU O QUE SOU‖ é usada como título para Deus, para

indicar que Ele realmente existe antes que houvesse dia (Isaias 48. 17); isso

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corresponde às expressões: "Eu sou aquele que é", "Eu sou o existente". YHVH

assim confirma a Sua própria existência.

O Tetragrama YHWH na maioria das versões bíblicas utilizadas no século XX e

XXI foi substituído pela palavra SENHOR com todas as letras maiúsculas, para

evitar erros e problemas gramaticais.

O certo mesmo é que a pronúncia verdadeiramente correta dO Nome de Deus

(YHVH) se perdeu no tempo e hoje nenhum ser humano sabe exatamente como

pronunciar este Nome. Mesmo assim os nomes Javé e Jeová são formas que os

homens encontraram para tentar pronunciar e invocar O Nome de Deus Pai.

Devemos também considerar que quando uma criança de 04 (quatro) anos se

dirige a seu pai terreno, ela não o chama pelo nome e por sua vez o genitor

dessa criança não vai deixar de dar-lhe atenção porque ela não sabe pronunciar

o seu nome. Deste modo, é importante dizer que sabendo ou não pronunciar

corretamente O Nome dEle, todas as pessoas que se dirigirem a Deus, com um

espírito quebrantado e um coração contrito, chamando-O de PAI, serão ouvidas

por Ele, porque independente do Seu Nome, ELE gosta de Ser Chamado assim.

Alguns dos nomes de Deus dizem respeito a Ele como sujeito: Jeová, Senhor,

Deus; outros são atribuídos como predicados que falam dEle ou a Ele, como:

Santo, justo, bom, etc. Alguns nomes expressam a relação entre Deus e as

criaturas: Criador, Sustentador, Governador, etc. Alguns nomes são comuns às

três pessoas, como; Jeová, Deus, Pai, Espírito. E outros são nomes próprios

usados para expressarem Sua obra e Seu caráter.

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O nome de Deus é o que Ele é: representação do Seu caráter. Mas o Criador é

tão grande que nome algum jamais será adequado à Sua grandeza. Se o céu

dos céus não O pode conter, como pode um nome descrever o Criador?

Portanto, a Bíblia contém vários nomes de Deus que O revelam em diferentes

aspectos de Sua maravilhosa personalidade.

ELOÌM

Este é o primeiro nome de Deus encontrado nas Escrituras (Gênesis 1:1), e aqui

o nome encontra-se em sua forma plural, mas o verbo continua no singular,

indicando a pluralidade das pessoas na unidade do Ser. Este nome denota a

grandeza e o poder de Deus. Este nome encontra-se somente no relato da

criação (Gênesis 1:1-2:4); é o Seu nome de criação. Eloím é sempre traduzido

no português, como Deus em nossa Bíblia. De acordo com a opinião mais

ponderada entre os estudiosos, esta palavra é derivada duma raiz na língua

árabe que significa "adorar".

Esta opinião é fortalecida quando observamos que a mesma palavra é usada

inapropriadamente para anjos, dos homens, e falsas divindades. No Salmo 8:5 a

palavra anjos é eloím no texto original, e vemos que certas vezes os anjos são

impropriamente louvados. No Salmo 82:1,6 eloím é traduzido deuses, e é usado

para homens. Em Jeremias 10:10-12 temos o verdadeiro Deus (eloím)

contrastado com os "deuses" (eloím) que não fizeram os céus nem a terra,

implicando assim que ninguém, não ser Deus, é objeto próprio de adoração.

EL-SHADAI

Este nome composto é traduzido "Deus o Todo poderoso" (El é Deus e Shadai é

Todo poderoso). O título El é Deus no singular, e significa forte ou poderoso. El

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é traduzido 250 vezes no Velho Testamento como Deus. Este título é

geralmente associado com algum atributo ou perfeição de Deus, como; Deus

Todo poderoso (Gênesis 17:3); Deus Eterno (Gênesis. 21:33); Deus zeloso

(Êxodo 20:5); Deus vivo (Josué 3:10).

Shadai, sempre traduzido Todo-poderoso, significa suficiente ou rico em

recursos. Pensa-se que a palavra é derivada duma outra que significa seios. A

palavra seio nas Escrituras simboliza bênção e nutrição. Na pronúncia da última

bênção de Jacó sobre José quando morria, entre outras coisas disse: "Pelo

Deus (El) de teu pai o qual te ajudará, e pelo Todo-poderoso (Shadai), o qual te

abençoará com bênçãos dos céus de cima, com bênçãos do abismo que está

debaixo, com bênçãos dos peitos e da madre". Gênesis 49:25.

Isaías, ao descrever a excelência futura e as bênçãos de Israel, diz: "E mamarás

o leite das nações, e te alimentarás dos peitos dos reis; e saberás que eu sou o

Senhor, o teu Salvador, e o teu Redentor, o Possante de Jacó". Isaías 60:16. O

povo de Deus será sustentado pelos recursos das nações e dos reis porque seu

Deus é El-Shadai - O poderoso para abençoar.

Satanás tenta competir com Deus e é um falsificador de Suas obras. Portanto,

podemos esperar encontrar nas religiões pagãs imitações de Deus em vários

aspectos de seu caráter e governo. Este fato é bem demonstrado na seguinte

citação tirada do livro de Nathan J. Stone concernente aos nomes de Deus no

Velho Testamento.

"Tal conceito de um deus ou divindade não era estranha nem incomum aos

antigos. Os ídolos dos antigos pagãos são às vezes chamados por nomes que

indicam seu poder em suprir as necessidades dos seus adoradores. Sem

dúvida, porque eram considerados como grandes agentes da natureza ou dos

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céus, dando chuva, fazendo com que da terra brotassem águas, para trazer

abundância e frutos para manter e nutrir a vida.

Havia muitos ídolos com peitos, adorados entre os pagãos. Um historiador

mostra que o corpo inteiro da deusa egípcia, Isis, era coberto de peitos, porque

todas as coisas são sustentadas e nutridas pela terra ou natureza. O mesmo se

vê com a deusa Diana dos efésios no capítulo 19 de Atos, pois Diana

simbolizava a natureza e todo o mundo, com todos os seus produtos.

Este nome de Deus primeiramente aparece em conexão com Abrão. Gênesis

17:1-2. Anos antes e em diferentes ocasiões, Deus prometera a Abraão que

faria dele uma grande nação e uma numerosa descendência. Os anos se

passaram e o filho prometido a Sara e Abrão não vinha.

Foi então que ele recorreu aquele expediente carnal que trouxe Ismael e o

Islamismo ao mundo. E a promessa de Deus ainda não havia se cumprido. E

agora, de acordo com as leis da natureza, era muito tarde: Abrão contava com

99 anos de idade e Sara com 90. A esta altura é que Deus lhe aparece como o

Deus Todo-poderoso (El-Shadai) e repete Sua promessa.

E aqui é que seu nome foi mudado de Abrão a Abraão, que significa "pai de

muitas nações". Aqui temos uma promessa desconcertante, mas Abraão não

vacilou, pois ele "era forte na fé, dando glória a Deus". Romanos 4:20. A fé forte

de Abraão era baseada sobre esta nova revelação de Deus como Deus Todo-

poderoso (El-Shadai). "Ele não considerou mais seu corpo como morto... nem a

madre de Sara como infrutífera"; pois seus pensamentos estavam sobre um

Deus Todo-suficiente. Esta é uma bela ilustração da diferença entre a lei da

natureza e o Deus da natureza. As leis da natureza não podiam produzir um

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63

Isaque, mas isto não era problema para o Deus da natureza. Não importa, se

todas as coisas forem contra Deus; Ele é Todo-suficiente nele mesmo.

ADONAI

Este nome de Deus está no plural, denotando assim a pluralidade das pessoas

na Divindade. É traduzido como Senhor em nossa Bíblia e denota uma relação

de Senhor e escravo. Quando usado no possessivo, indica a posse e autoridade

de Deus. A escravidão é uma bênção quando Deus é o Dono e Senhor. Nos

dias de Abraão, a escravidão era uma relação entre homem e homem e não era

um mal implacável. O escravo comprado tinha a proteção e os privilégios não

gozados pelos empregados assalariados. O escravo comprado devia ser

circuncidado e tinha permissão de participar da Páscoa. Êxodo 12:44.

Esta palavra no singular (Adon) refere-se a homem mais de duzentas vezes no

Velho Testamento e é traduzida várias vezes como; Senhor, Mestre, Dono. Este

nome de Deus é usado pela primeira vez no Velho Testamento em conexão com

Abraão. Abraão foi o primeiro a chamar Deus de Adonai.

Abraão como dono de escravos reconhecia Deus como seu mestre e

proprietário. Quando Abraão retorna da sua vitória sobre os reis, depois de ter

libertado Ló, o rei de Sodoma queria gratificá-lo, mas ele recusou recompensas.

E "depois destas coisas veio a palavra do Senhor (Jeová) a Abraão dizendo:

"Não temas, Abraão, Eu sou teu escudo e tua grande recompensa, e Abraão

disse: Senhor Deus" (Adonai Jeová). Ele que possuía escravos reconhecia a si

próprio como escravo de Deus.

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JEOVÁ

Este é o mais famoso dentre os nomes de Deus e é predicado dele como um

Ser necessário e auto-existente. O significado é: AQUELE QUE SEMPRE FOI,

SEMPRE É E SEMPRE SERÁ. Temos assim traduzido em Apocalipse 1:4:

"Daquele que é, e que era, e que há de vir".

Jeová é o nome pessoal, próprio e incomunicável de Deus. No Salmo 83:18

lemos: "Para que saibam que tu, a quem só pertence o nome Jeová, és o

Altíssimo sobre toda a terra". Os outros nomes de Deus são às vezes

empregados a criaturas, mas o nome Jeová é usado exclusivamente para o

Deus vivo e verdadeiro.

Os judeus tinham uma reverência supersticiosa por este nome e não o

pronunciavam quando na leitura, antes o substituíam por Adonai ou Eloím. Este

é o nome de Deus no concerto com o homem. Este nome aparece

aproximadamente sete mil vezes e na maioria é traduzido como "Senhor". Como

já dissemos ele inclui todos os tempos; passado, presente e futuro. O nome vem

de uma raiz que significa "Ser."

A. W. Pink tem comentários esclarecedores sobre a relação entre Eloim e Jeová

em seu livro: A Inspiração Divina da Bíblia, e citamos: "Os nomes Eloim e Jeová

são encontrados nas páginas do Velho Testamento diversas mil vezes, mas

nunca são usados de modo negligente nem alternadamente.

Cada um destes nomes tem um propósito e significado definido, e se os

substituirmos um pelo outro a beleza e a perfeição de muitas passagens seriam

destruídas. Como ilustração: A palavra "Deus" aparece em todo o capítulo de

Gênesis 1, mas "Senhor Deus" no capítulo 2. Se nestas duas passagens os

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nomes fossem invertidos; falha e defeito seriam o resultado. "Deus" é o título de

criação, enquanto que "Senhor" implica relação de concerto e mostra Deus

tratando com Seu povo.

Portanto, em Gênesis 1, "Deus" é usado, no capítulo 2 "Senhor Deus" é

empregado e através do resto do Velho Testamento estes dois nomes são

usados discriminadamente e em harmonia com seus significados neste dois

primeiros capítulos da Bíblia.

Um ou dois exemplos serão o suficiente. "E entraram para Noé na arca, dois a

dois de toda carne que havia espírito de vida. E os que entraram, macho e

fêmea de toda carne entraram, como Deus (Eloím, C. D. Cole) lhe tinha

ordenado; "Deus", porque era o Criador exigindo o respeito de Suas criaturas;

mas no restante do mesmo versículo, lemos: "e o Senhor (Jeová, C. D. C.)

fechou-a por fora, (Gênesis 7:15-16) isto porque a ação de Deus para com Noé

estava baseado na relação de concerto.

Quando saiu para enfrentar Golias, Davi disse: "Neste dia o Senhor (Jeová) te

entregará na minha mão (porque Davi tinha um concerto com Deus) e ferir-te-ei,

e te tirarei a cabeça, e os corpos do arraial dos filisteus darei hoje mesmo às

aves dos céus e às bestas da terra; e toda a terra saberá que há Deus (Eloím)

em Israel; E saberá toda esta congregação (que estava em relação de concerto

com Ele) que o Senhor (Jeová) salva não com espada nem com lança". 1

Samuel 17:46-47. Mais uma vez: "Sucedeu pois que, vendo as capitães dos

carros a Josafá disseram: É o rei de Israel e o cercaram para pelejarem, porém

Josafá clamou, e o Senhor (Jeová) o ajudou. E Deus (Eloim) os desviou dele". 2

Crônicas 18:31. E assim temos exemplos através todo o Velho Testamento.

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OS TÍTULOS DE JEOVÁ

O nome Jeová é muitas vezes usado de modo composto com outros nomes

para apresentar o verdadeiro Deus em algum aspecto de Seu caráter,

satisfazendo certas necessidades de Seu povo. Existem quatorze destes títulos

de Jeová no Velho Testamento, mas neste volume não há espaço para se tratar

de cada um separadamente. Teremos que nos satisfazer com uma

apresentação dos títulos e algumas referências onde são usados:

JEOVÁ-HOSENU, "Jeová nosso criador". Salmo 95:6.

JEOVÁ-JIRÉ, "Jeová proverá". Gênesis 22:14.

JEOVÁ-RAFÁ, "Jeová que te cura". Êxodo 15:26.

JEOVÁ-NISSI, "Jeová, minha bandeira". Êxodo 17:15.

JEOVÁ-M?KADDÉS, "Jeová que te santifica". Levítico 20:8.

JEOVÁ-ELOENU, "Jeová nosso Deus". Salmo 99:5 e 8.

JEOVÁ-ELOEKA, "Jeová teu Deus". Êxodo 20:2,5,7.

JEOVÁ-ELOAI, "Jeová meu Deus". Zacarias 14:5.

JEOVÁ-SHALOM, "Jeová envia paz". Juízes 6:24.

JEOVÁ-TSEBAOTE, "Jeová das hostes". 1 Samuel 1:3.

JEOVÁ-ROÍ, "Jeová é meu pastor". Salmo 23:1.

JEOVÁ-HELEIÓN, "Jeová o altíssimo". Salmo 7:17; 47:2.

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JEOVÁ-TSIDKENU, "Jeová nossa justiça". Jeremias 23:6.

JEOVÁ-SHAMÁ, "Jeová está lá". Ezequiel 48:35.

OS NOMES DE DEUS NO NOVO TESTAMENTO

TEOS.

No Novo Testamento grego este é geralmente o nome de Deus, e corresponde a

Eloim no Velho Testamento hebraico. É usado para todas as três pessoas da

Trindade, mas especialmente para Deus, o Pai.

PATER.

Este nome corresponde ao Jeová do V. T., e denota a relação que temos com

Deus através de Cristo. É usado para Deus duzentas e sessenta e cinco vezes e

é sempre traduzido como Pai.

DÉSPOTES.

(Déspota no português). Este título denota Deus em Sua soberania absoluta, e é

semelhante a Adonai do V. T. Encontramos este nome apenas cinco vezes no

N. T., Lucas 2:29; Atos 4:24; 2 Pedro 2:1; Judas 4; Apocalipse 6:10.

KÚRIOS.

Este nome é encontrado centenas de vezes e traduzido como; Senhor

(referendo a Jesus), senhor (referendo ao homem), Mestre (referendo a Jesus),

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mestre (referendo ao homem) e dono. Em citações do hebraico usa-se muitas

vezes em lugar de Jeová. É um título do Senhor Jesus como mestre e dono.

CHRISTUS.

Esta palavra significa o Ungido e é traduzida Cristo. Deriva-se da palavra "chrio"

que significa ungir. É o nome oficial do Messias ou Salvador que era por muito

tempo esperado. O N. T. utiliza este nome exclusivamente referindo-se a Jesus

de Nazaré.

Destes nomes todos do Ser Supremo, aprendemos que Ele é o Ser eterno,

imutável, auto-existente, auto-suficiente, todo-suficiente e é o supremo objeto de

temor, confiança, adoração e obediência.

AS OBRAS DE DEUS

O DECRETO DE DEUS

É o eterno propósito de Deus, segundo o conselho da sua vontade, pelo qual,

para a sua própria glória, ele determinou tudo o que acontece.

O DECRETO DE DEUS É SOMENTE UM:

Embora muitas vezes usemos esse termo no plural, em sua própria natureza o

decreto é somente um único ato de Deus. Esse ato é imediato e simultâneo, não

sucessivo como o nosso, e a sua compreensão é sempre completa. Não

existem, pois, uma série de decretos de Deus, mas somente um plano que

abrange tudo o que se passa.

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A RELAÇÃO DO DECRETO COM O CONHECIMENTO DE DEUS:

O decreto de Deus tem a mais estreita relação com o seu conhecimento. o

decreto de Deus não refere-se ao ser essencial de Deus, nem às suas

atividades imanentes dentro do ser divino. Deus não decretou ser santo e justo,

nem existir como três pessoas numa essência, nem gerar o filho. Essas coisas

são como são necessariamente e não dependem da vontade optativa de Deus.

Aquilo que é essencial ao ser divino não pode fazer parte do conteúdo do

decreto. O decreto não se limita aos atos realizados pessoalmente por Deus,

mas abrange também as ações das suas criaturas livres. Algumas coisas Deus

faz pessoalmente, outras ele faz com que aconteçam por meios secundários, os

quais ele vitaliza e sustenta pelo seu poder.

O DECRETO NÃO É O ATO PROPRIAMENTE DITO:

Deve-se fazer distinção entre o decreto e sua execução. O decreto para criar

não é a criação em si, nem o decreto para justificar é a justificação em si.

Ordenar Deus o universo de tal modo que o homem seguirá certo curso de ação,

também é bem diferente de ordenar-lhe que aja desse modo. O decreto não é

dirigido ao homem e não é de natureza estatutária, tampouco impõe compulsão

ou obrigação à livre vontade do homem.

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AS CARACTERÍSTICAS DO DECRETO DIVINO:

TEM SEU FUNDAMENTO NA SABEDORIA DIVINA

(Efésios. 3:10,11, Salmos. 104:24, Provérbios 3:19, jr. 10:12, 51:15, Salmos.

33:11, Provérbios . 19:21.)

É ETERNO

( Atos. 15:18, Efésios. 1:4, ii tm. 1:9.)

É EFICAZ

( Salmos. 33:11, is. 46:10.)

É IMUTÁVEL

( jó 23:13,14, lc. 22:22, at. 2:23.)

É UNIVERSAL E TOTALMENTE ABRANGENTE

(Efésios. 1:11, Efésios. 2:10, Provérbios . 16:4, at. 4:27,28,Gêneses 45:8, 50:20,

Salmos. 119:89-91, ii ts. 2:13, Efésios. 1:4, jó 14:5, Salmos. 39:4, at. 17:26)

OBJEÇÕES À DOUTRINA DO DECRETO:

É INCOERENTE COM A LIBERDADE MORAL DO HOMEM

A Bíblia revela que Deus decretou a liberdade do homem e este, no pleno uso

de sua liberdade sempre leva a efeito o decreto absoluto de Deus. ex.: foi

decretado que Jesus seria crucificado, todavia os homens foram perfeitamente

livres em seu procedimento e responsabilizados por este crime.

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Ademais, o decreto divino só dá certeza aos eventos, mas não implica que Deus

os realizará ativamente. A questão é: a certeza prévia de Deus se coaduna com

a livre ação. o fato de se estar razoavelmente certos quanto ao curso de ação

que alguém que conhecemos seguirá não implica em infringir sua liberdade.

O DECRETO ELIMINA A TODOS OS MOTIVOS PARA ESFORÇO

O decreto divino não é dirigido para o homem como uma regra de ação, visto

que o conteúdo dele só se torna conhecido pela sua concretização, e depois

desta. há porém uma regra de ação incorporada na lei e no evangelho e essa

sim, deve ser seguida à risca. o decreto não inclui somente os diversos fatos da

vida humana, mas também as livres ações humanas, logicamente anteriores aos

resultados e destinadas a produzi-lo. em at. 27 era absolutamente certo que

todos os que estavam no navio com Paulo seriam salvos, mas era igualmente

certo que, para assegurar este fim, os marinheiros tinham que permanecer a

bordo.

O DECRETO FAZ DE DEUS O AUTOR DO PECADO

Esta se fosse verdadeira, seria uma objeção insuperável, pois Deus não pode

ser o autor do pecado. Isto está claro na lei de Deus. (Salmos. 92:15, ec. 7:29,

tg. 1:13, i jo. 1:5). O decreto faz de Deus simplesmente o autor de seres morais

livres, eles próprios os autores do pecado. Deus decreta sustentar a livre

agência deles, regular as circunstâncias da sua vida, e permitir que a livre

escolha deles seja exercida numa multidão de atos, dos quais alguns são

pecaminosos.

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Por boas e santas razões, ele dá como certo que esses atos acontecerão, mas

não decreta acionar efetivamente esses maus desejos ou más escolhas nos

homens. O problema da relação de Deus com o pecado continua sendo um

mistério ainda não resolvido por nós. O decreto de Deus apenas permitiu a

entrada do pecado no mundo. Não significa que tem prazer nele.

5. A CRIAÇÃO

O estudo do decreto nos leva naturalmente à consideração da sua execução, e

esta começa com a obra da criação. O conhecimento desta doutrina só se aceita

pela fé. (hb. 11:3).

Em distinção à geração do filho, que foi um ato necessário do pai, a criação do

mundo foi um ato livre do Deus triúno. A criação esteve eternamente na vontade

de Deus e, portanto, não produziu mudança nele.

Antes da criação o tempo não existia, dado que o mundo foi trazido à existência

juntamente ―com o‖ tempo, antes que ―no‖ tempo. a igreja, de um modo geral,

sustenta que o mundo foi criado em seis dias comuns, no entanto alguns vultos

da história da igreja, como Agostinho, afirmavam que os dias seriam dias

eternos, já que ―para o Senhor um dia é como mil anos‖.

Alguns também sugerem que transcorreu um longo período de tempo entre a

criação primária de Gêneses 1:1,2 e a criação secundária dos versículos

subseqüentes. A Bíblia está repleta de provas sobre a criação do mundo por

parte de Deus:

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Passagens que salientam a onipotência de Deus na obra da criação.

(is. 40:26,28, am. 4:13)

Passagens que indicam sua exaltação acima da natureza.

(Salmos. 90:2, 102:26,27, at. 17:24)

Passagens que se referem à sabedoria de Deus na obra da criação.

(is. 40:12-14, jr. 10:12-16, jo. 1:3)

Passagens que vêem a criação do ponto de vista da soberania e do propósito de

Deus.

(is. 43:7, rm. 1:25)

Passagens que falam da criação como a obra fundamental de Deus.

(i co. 11:9, cl. 1:16)

Passagens que revelam explicitamente Deus como o criador.

(ne. 9:6, is. 42:5, 45:18, Apocalipse 4:11, 10:6)

A crença da Igreja na criação do mundo vem expressa já no primeiro artigo

confissão de fé apostólica: ―creio em Deus pai, todo-poderoso, criador dos céus

e da terra‖.

A Igreja primitiva entendia o verbo ―criar‖ no sentido estrito de ―produzir do nada

alguma coisa‖. No entanto deve-se notar que nem sempre a escritura usa a

palavra hebráica ―bará‖ e o termo grego ―ktizein‖ nesse sentido absoluto.

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Também emprega esses termos para denotar uma criação secundária, na qual

Deus fez uso de material já existente, mas que não podia causar por si mesmo o

resultado indicado. (Gêneses 1:21,27, 5:1, is. 45:7,12, 54:16, am. 4:13, i co.

11:9, ap.10:6).

Dois outros termos são utilizados como sinônimos de termo ―criar‖: fazer, do

hebraico ―asah‖ e do grego ―poiein‖ e formar, do hebraico ―yatsar‖ e do grego

―plasso‖.

DEFINIÇÃO:

A criação é o livre ato de Deus pelo qual ele, segundo a sua vontade soberana e

para a sua própria glória, produziu no princípio todo o universo, visível e

invisível, em parte do nada e em parte de material que, por sua natureza, nada

poderia produzir, e assim lhe deu uma existência distinta da sua própria, e, ainda

assim dele dependente.

A CRIAÇÃO É UM ATO DO DEUS TRIÚNO:

Embora o pai esteja em primeiro plano na obra da criação (i co. 8:6), esta é

também reconhecida como obra do filho (jo. 1:3) e do espírito santo (Gêneses

1:2, jó 26:13). Todas as coisas são, de uma só vez, oriundas do pai, por meio do

filho e no espírito santo. Pode-se dizer, de modo geral, que o ser provém do pai,

a idéia provém do filho e a vida provém do espírito santo.

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A CRIAÇÃO É UM ATO LIVRE DE DEUS:

A Bíblia nos ensina que Deus criou todas as coisas segundo o conselho da sua

vontade. (ef. 1:11, Apocalipse 4:11) e que ele é auto-suficiente e não depende

de suas criaturas, de modo nenhum. (jó 22:2,3, at. 17:25)

A CRIAÇÃO É UM ATO TEMPORAL DE DEUS:

A Bíblia começa com a singela declaração: ―no princípio criou Deus os céus e a

terra‖. (Gêneses 1:1) o termo hebráico ―bereshith‖ (no princípio) é indefinido e,

naturalmente, surge a questão: princípio de quê? parece melhor tomar a

expressão no sentido absoluto, como uma indicação do início de todas as coisas

temporais e do próprio tempo. não é correto presumir que já existia o tempo

quando Deus criou o mundo e que ele, em certo ponto desse tempo existente,

deu ―princípio‖ a produção do universo. está claro na escritura que o mundo teve

começo em passagens como Salmos 90:2, 102:25, mt. 19:4,8, mc. 10:6, jo.

1:1,2, hb. 1:10.

O FIM ÚLTIMO DA CRIAÇÃO:

São duas as teorias sobre qual teria sido a finalidade das coisas criadas:

A FELICIDADE DA HUMANIDADE

Alguns teólogos afirmam que a bondade de Deus o induziu a criar o mundo. Ele

desejava se comunicar com suas criaturas e a felicidade destas era o fim que

ele tinha em vista. No entanto é certo que esse fim ainda não foi alcançado,

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levando em consideração todos os sofrimentos que há no mundo. Não podemos imaginar

que um Deus sábio e onipotente escolhesse um fim destinado a falhar no todo ou em

parte. (jó 23:13)

A GLÓRIA DECLARATIVA DE DEUS

A Igreja de Jesus Cristo encontrou o verdadeiro fim da criação, não em alguma

coisa que esteja fora de Deus, mas em Deus mesmo. O fim supremo de Deus

na criação é a manifestação de sua glória. (is. 43:7, 60:21, 61:3, lc. 2:14, rm.

9:17, 11:36, i co. 15:2)

A INTERPRETAÇÃO DE GÊNESES 1:1,2:

Alguns interpretam Gênesis 1:1 com um título do restante da criação, não

possuindo um sentido independente, mas isso é objetável por, pelo menos, duas

razões:

1. Porque a narração subsequente está ligada ao primeiro versículo pela

partícula ―e‖ (waw), o que não aconteceria se fosse um título.

2. Nos versículos seguintes não contêm o relato da criação dos céus.

A interpretação mais aceita é que Gêneses 1:1 registra a criação original e

imediata do universo, chamado ―céus e terra‖. Nessa expressão, a palavra céus

refere-se à ordem invisível das coisas, (não deve ser confundido com os céus

cósmicos, como nuvens, astros e estrelas) e a palavra terra refere-se à ordem

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visível original. Dos que aceitam essa teoria, muitos acham que a terra era um

lugar de habitação de anjos, vindo a se tornar um caos com a rebelião de lúcifer

e a expulsão dos rebeldes (vs. 2). A terra então foi transformada numa habitação

adequada para os homens.

O CONCEITO DE QUE FORAM DIAS LITERAIS:

Apesar de sempre ter havido os defensores de que foram longos períodos de

tempo, a ideia predominante na Igreja sempre foi que os dias de Gêneses

capítulo 1 devem ser entendidos como dias literais, eis as razões:

Em seu significado primário, a palavra ―yom‖ denota um dia natural, e é boa

regra de exegese não abandonar o sentido original de uma palavra.

O autor de gênesis parece ter-nos aprisionado absolutamente na interpretação

literal acrescentando, quanto a cada dia, as palavras: ―houve tarde e manhã‖,

cada dia teve uma tarde e uma manhã, coisa que dificilmente se aplicaria num

período de mil anos.

Se cada dia fosse um longo período de tempo, o que seria da vegetação depois

que esta foi criada?

Em ex. 20:9-11 ordena-se a Israel que trabalhe seis dias e descanse no sétimo,

porque Jeová fez os céus e aterra em seis dias e descansou no sétimo,

presume-se nesse texto que os dias eram da mesma espécie tanto para Deus

como para os homens.

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Os últimos três dias certamente foram dias comuns, pois foram determinados

pelo sol, embora se possa admitir que os dias anteriores tenham sido um pouco

diferentes em termos de duração, é extremamente improvável que diferissem

como períodos de milhares de anos.

A OBRA DOS DIAS SEPARADOS:

O PRIMEIRO DIA:

Foi criada a luz, e pela separação de luz e trevas, o dia e a noite foram

constituídos. Muitos contestam esse versículo devido ao sol só ter sido criado no

quarto dia. porém a própria ciência mostra que a luz não emana do sol, mas é

refletida por ele, como ondas de éter produzidas por elétrons energéticos. o

próprio sol é descrito como luzeiro.

O SEGUNDO DIA:

A obra do segundo dia também foi de separação, o firmamento foi estabelecido

com a divisão das águas de cima e as águas debaixo, as águas de cima são as

nuvens e, não, o mar de vidro ou o rio da vida como dizem alguns.

O TERCEIRO DIA:

A separação é levada avante com a divisão entre mar e terra seca. Acrescido a

isso, foi estabelecido o reino vegetal de plantas e árvores em três grandes

classes: ―deshe‖ , plantas que não dão flores e não frutificam umas das outras de

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maneira usual, ―´esebh‖, vegetais e grãos que dão sementes e ―´ets peri‖ árvores

frutíferas , que dão fruto segundo a sua espécie. O versículo 12 mostra que as

diferentes espécies de plantas foram criados por Deus, e não que se

desenvolveram umas das outras.

O QUARTO DIA:

Sol, lua e estrelas são criados com uma variedade de propósitos: dividir dia e

noite, servir de sinais, ou seja, pontos cardeais, servir de estações, dividindo

dias, semanas, meses e anos, transmitir luz a terra possibilitando a existência de

vida orgânica.

O QUINTO DIA:

Criação das aves e dos peixes, habitantes das águas e dos ares. Também

criados segundo a sua espécie, não evoluindo uns dos outros.

O SEXTO DIA:

Descreve a criação dos animais, empregando mais uma vez o termo "―produza a

terra...". não se deve entender que os animais brotaram naturalmente da terra,

mas que foram criados pala palavra de Deus, de maneira definida conforme diz

o versículo 25, onde diz que Deus fez os animais selváticos, domésticos e todos

os répteis da terra, conforme a sua espécie. a criação do homem se distingue

pelo solene conselho que lhe precede ―façamos o homem à nossa imagem e

semelhança‖. os dois termos ―imagem e semelhança‖ (tselem e demuth) não

significam exatamente a mesma coisa, mas a idéia é que a imagem é de todos

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os modos semelhante ao original. o homem em todo o seu ser é a própria

imagem de Deus.

O SÉTIMO DIA:

O descanso de Deus é como o repouso do artista que, após completar a sua

obra prima, agora a observa com profunda admiração e deleite, e se satisfaz

perfeitamente contemplando sua produção. ―viu Deus todo quanto fizera, e eis

que era muito bom‖. ela respondeu bem ao propósito de Deus e correspondeu

ao ideal divino. daí, Deus de regozija com a sua criação, pois reconhece nela o

reflexo das suas gloriosas perfeições.

A Doutrina da Trindade

INTRODUÇÃO:

Embora a palavra ―TRINDADE‖ não apareça nenhuma vez nas escrituras, são

abundantes às vezes em que ela nos apresenta Deus como uma pluralidade de

pessoas, mesmo sendo ele uma só essência Divina.

A TRINDADE DEFINIDA

Talvez o sentido da Trindade de Deus nunca foi afirmado melhor do que está por

A. H. Strong – "em a natureza do Deus único há três distinções eternas que se

nos representam sob a figura de pessoas e estas três são iguais" (Systematic

Theology, pág. 144).

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Os princípios do Seminário estabelecem a doutrina da Trindade como segue:

"Deus nos é revelado como Pai, Filho e Espírito Santo, cada um com atributos

pessoais distintos, mas sem divisões de natureza, essência ou ser".

A TRINDADE CONSISTE DE TRÊS DISTINÇÕES.

A doutrina da Trindade não quer dizer que Deus meramente Se manifesta em

três diferentes maneiras. Há três distinções atuais na Divindade. A verdade disto

aparecerá mais claramente depois.

ESTAS TRÊS DISTINÇÕES SÃO ETERNAS.

Isto está provado, de um lado, pela imutabilidade de Deus. Se já houve um

tempo em que estas distinções não existiram, então, quando vieram a existir,

Deus mudou. Provado está outra vez pelas Escrituras, as quais afirmam ou

implicam a eternidade do Filho e do Espírito Santo. Vide João 1:1,2; Apocalipse

22:13,14; Hebreus 9:14.

"Não é resposta a isto, que as expressões "gerado" e "procedido de" envolvem,

a idéia da existência antecedente do que gera e de quem há processão, porque

estes são termos da linguagem humana aplicados a ações divinas e devem ser

entendidos ajustadamente a Deus. Não há aqui dificuldade maior do que em

outros casos em que este princípio está prontamente reconhecido (Boyce,

Abstract of Systematic Theology, págs. 138, 139).

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ESTAS TRÊS DISTINÇÕES NOS SÃO REPRESENTADAS SOB A

FIGURA DE PESSOAS, MAS NÃO HÁ DIVISÃO DE NATUREZA,

ESSENCIA OU SER.

A Doutrina da Trindade não quer dizer triteismo. Quando falamos das distinções

da Divindade como pessoas, devemos entender que usamos o termo

figuradamente. Não há três pessoas na Divindade no mesmo sentido em que

três seres humanos são pessoas. No caso de três seres humanos há divisão de

natureza, essência e ser, mas Deus não é assim. Tal concepção de Deus está

proibida pelo ensino da Escritura quanto à unidade de Deus.

OS TRÊS MEMBROS DA TRINDADE SÃO IGUAIS.

Muitos dos mesmos atributos atribuem-se a cada membro da Trindade e os

atributos assim atribuídos são tais como não podiam ser possuídos sem todos

os outros atributos divinos. A igualdade dos membros da Trindade mostra-se

ainda pelo fato de cada um deles ser reconhecido como Deus, como veremos

depois.

A TRINDADE NO ANTIGO TESTAMENTO:

O termo plural ―ELOHIM‖ é usado muitas vezes no antigo testamento como

designativo de DEUS e é um forte argumento a favor da TRINDADE (Gênesis

14:19-20, Números 24:16, Isaías 14:14);

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Deus fala de si mesmo no plural (Gênesis 1:26, 11:7);

A presença das três pessoas na criação (Gênesis 1:1, 1:2, João 1:1-2);

O anjo de Jeová (JESUS), ora é citado como o próprio DEUS, Ora é distinto

dEle (Gênesis 16:7,9,13, Malaquias 3:1).

A TRINDADE NO NOVO TESTAMENTO:

Se no antigo testamento Jeová é apresentado como o redentor e salvador de

seu povo (Jó 19:25, Salmos 19:14), no novo testamento o Filho é que tem essa

capacidade (Mateus 1:21).

Se no antigo testamento é Jeová quem habita em Israel (Salmos 74:2, Zacarias

2:10,11), no novo testamento é o Espírito Santo quem habita na igreja

(Romanos 8:9).

O novo testamento revela Deus enviando seu Filho ao mundo (João 3:16) e o

pai e o Filho enviando o Espírito Santo (João 14:26, 15:26).

O novo testamento mostra o pai dirigindo-se ao Filho (marcos 1:11), o Filho ao

pai (Mateus 11:25), o Espírito Santo ao pai (Romanos 8:36).

No batismo de Jesus o pai fala e o Espírito desce em forma de pomba (Mateus

3:16,17).

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O batismo cristão deve ser em nome do pai, do Filho e do Espírito Santo

(Mateus 28:19).

A única passagem que fala explicitamente da tri-unidade de Deus é I João 5:7,

mas não devemos construir doutrinas usando textos que aparecem na Bíblia

entre colchetes, pois os mesmos não aparecem em todos os manuscritos

originais.

COMO ENTENDER A TRINDADE?

HÁ NO SER DIVINO APENAS UMA ESSÊNCIA INDIVISÍVEL

Deus é um em seu ser essencial, ou seja, em sua natureza constitucional.

(Deuteronômio 6:4; Tiago 2:19)

NESTE ÚNICO SER DIVINO HÁ TRÊS PESSOAS OU SUBSISTÊNCIAS

INDIVIDUAIS: O PAI, O FILHO E O ESPÍRITO SANTO.

Em Deus não temos três indivíduos separados uns dos outros, mas somente

auto-distinções pessoais dentro da única essência divina. As três subsistências

são relacionadas umas com as outras e distintas entre elas por suas

propriedades incomunicáveis (Mateus 3:16; 4:1; João 1:18; 5:20-22)

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TODA A INDIVISÍVEL ESSÊNCIA DE DEUS PERTENCE IGUALMENTE A

CADA UMA DAS TRÊS PESSOAS

Isso que dizer que a essência não é dividida entre as três pessoas, mas está

com a totalidade absoluta da sua perfeição em cada uma das pessoas.

A SUBSISTÊNCIA E AS OPERAÇÕES DAS TRÊS PESSOAS DO SER

DIVINO SÃO ASSINALADAS POR CERTA ORDEM DEFINIDA

Quanto à subsistência pessoal o pai é a primeira pessoa, o Filho é a segunda

pessoa e o Espírito Santo é a terceira, esta ordem não significa prioridade de

tempo ou de dignidade, mas somente à derivação lógica: o pai não é gerado por

nenhuma das duas pessoas, nem delas procede; o Filho é eternamente gerado

pelo pai e o Espírito Santo procede do pai e do Filho desde toda a eternidade.

HÁ CERTOS ATRIBUTOS PESSOAIS PELOS QUAIS SE DISTINGUEM AS

TRÊS PESSOAS

Conquanto sejam obras das três pessoas conjuntamente, atribui-se a criação

primariamente ao pai, a redenção ao Filho e a santificação ao Espírito Santo.

ANALOGIAS:

A árvore: com a sua raiz, o seu tronco e seus ramos (mesma essência, várias

partes);

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A água: em seus estados líquido, sólido e gasoso (mesma essência, várias

formas);

AS OBRAS ATRIBUÍDAS PARTICULARMENTE AO PAI:

Em algumas obras do Deus trino o pai está em primeiro plano:

Planejamento da obra da redenção (Salmos 2:7-9, Isaías 40:6-9);

Criação e providência, principalmente em seus estágios iniciais (I Coríntios 8:6);

É aquele que recebe e responde as orações dos santos (João 15:16,23, Mateus

6:6,9).

A DIVINDADE DO FILHO:

Os argumentos da Bíblia a favor da divindade do Filho são:

Ela o assevera explicitamente (João 1:1, 20:28, Romanos 9:5, Filipenses 2:6,

Tito 2:13, i João 5:20);

Ela aplica a Ele nomes Divinos (Isaías 9:6, 40:3, Jeremias 23:5, 6, Joel 2:32, I

Timóteo 3:16);

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ELA ATRIBUI A ELE PERFEIÇÕES DIVINAS, TAIS COMO:

Existência eterna

(Apocalipse 1:8, 22:13)

Onipresença

(Mateus 18:20, 28:20, João 3:13)

Onisciência

(João 2:24, 25, 21:17, Apocalipse 2:23)

Onipotência

(Filipenses 3:21)

Imutabilidade

(Hebreus 1:10-12, 13:8)

ELA FALA DELE COMO REALIZANDO OBRAS DIVINAS, TAIS COMO:

Criação

(João 1:3,10, Colossenses 1:16, hebreus 1:2,10)

Providência

(Lucas 10:22, João 3:35, 17:2, Efésios 1:22, Colossenses 1:17)

Perdão de pecados

(Mateus 9:2-7, marcos 2:7-10, Colossenses 3:13)

Ressurreição e juízo

(Mateus 25:31,32, atos 10:42, 17:31, II Timóteo 4:1)

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AS OBRAS ATRIBUÍDAS PARTICULARMENTE AO FILHO:

Mediação, não só na esfera espiritual como na esfera natural (I Coríntios 8:6)

Atributos de misericórdia e graça (II Coríntios 13:13, Efésios 5:2,25)

A PERSONALIDADE DO ESPÍRITO SANTO:

A Bíblia lhe dá designativos de pessoa (João 14:26, 15:26, 16:7 o chama de

―parakletos‖, que só admite como tradução ―consolador‖)

SÃO LHE ATRIBUÍDOS CARACTERÍSTICAS DE PESSOA, TAIS COMO:

Inteligência

(Romanos 8:16)

Vontade

(Atos 16:7, I Coríntios 12:11)

Sentimentos

(Isaías 63:10, Efésios 4:30)

Ele realiza atos próprios de pessoa, como sondar, falar, testificar, ordenar,

revelar, lutar, criar, interceder, vivificar, etc. (gênesis 1:2, 6:3, Lucas 12:12, João

16:8, Atos 8:29, 13:2, Romanos 8:11, I Coríntios 2:10,11).

ELE É COLOCADO LADO A LADO COM OUTRAS PESSOAS:

Com os apóstolos

(Atos 15:28)

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Com cristo

(João 16:14)

Com o pai e o Filho

(Mateus 28:19, II Coríntios 13:13, I Pedro 1:1,2, Judas 20,21)

A DIVINDADE DO ESPÍRITO SANTO:

Pode se estabelecer a veracidade da divindade do espírito com base nas

escrituras:

São lhe dados nomes Divinos (Êxodo 17:7, Hebreus 3:7-9, atos 5:3,4, I Coríntios

3:16, II Timóteo 3:16, II Pedro 1:21).

SÃO LHE ATRIBUÍDAS PERFEIÇÕES DIVINAS, COMO:

Onipresença

(Salmos 139:7-10)

Onisciência

(Isaías 40:13,14, Romanos 11:34, I Coríntios 2:10,11, Romanos 15:19)

Onipotência

(I Coríntios 12:11)

Eternidade

(Hebreus 9:14)

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ELE REALIZA OBRAS DIVINAS, COMO:

Criação

(Gênesis 1:2, Jó 26:13, 33:4)

Regeneração

(João 3:5,6, Tito 3:5)

Ressurreição

(Romanos 8:11)

É lhe prestada honra divina (Mateus 28:19, Romanos 9:1, II Coríntios 13:13)

CONCLUSÃO:

Embora seja muito difícil que nossa mente consiga discernir o mistério da

TRINDADE, essa verdade é absoluta na Bíblia e precisamos crer nela, ainda

que pela fé, a igreja confessa que a Trindade é um ministério que transcende a

compreensão do homem. Certamente entenderemos perfeitamente quando

estivermos face a face com o Senhor.

Page 91: Curso internacional de teologia ebook gratuito

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SEGUNDO MÓDULO

A DOUTRINA DOS ANJOS

ANGELOLOGIA: A DOUTRINA DOS ANJOS

INTRODUÇÃO

A doutrina dos anjos, é fundamentalmente o estudo dos ministros da providência

de Deus ( são os agentes especiais de Deus ). Como em toda doutrina, há uma

negligência muito grande desta, nas igrejas e entre os Teólogos. Considerado

pelos estudiosos contemporâneos como a mais notável e difícil das matérias.

Marco da implantação de grandes seitas e heresias, do mundo atual.

VEJAMOS TRÊS ASPECTOS DE NEGLIGÊNCIA DESTA DOUTRINA:

PRIMEIRO.

Desde a antigüidade, os gnósticos prestavam adoração aos anjos (Cl 2:18);

depois então, na Idade Média, com as crenças absurdas dos rituais de bruxarias

com culto aos anjos, e agora em nossos dias, os estudos cabalísticos

personalizados no meio esotérico e místico, ensinam novamente o culto aos

anjos, por meio de bruxos sofisticados e modernos. Sabendo que antes de tudo,

a existência e ministério dos anjos são fartamente ensinados nas escrituras, por

isso, não podemos negligenciar os ensinamentos sagrados.

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SEGUNDO.

A evidência de possessão demoníaca e adoração a demônios de forma

veemente em nossos dias. O apóstolo Paulo parece travar grande luta com a

grande idolatria que considerava adoração a demônios ( I Co.10:19-21 ). Nos

últimos dias, esta adoração aos demônios e a ídolos deve aumentar bastante

(Apocalipse 9:20-21 G.Trib.). A negligência deixa de existir para dar lugar à um

crescente pensamento sobre o assunto, especialmente do lado do mal. Não

podemos negligenciar tal doutrina.

TERCEIRO.

A prática acentuada do espiritismo que crescerá assustadoramente nos últimos

dias, conduzindo homens, mulheres e crianças a profundos caminhos de trevas

e cegueira espiritual ( I Tm. 4:1-2 ). E ainda a obra de satanás e dos espíritos

maléficos, atrapalhando o progresso da graça em nossos próprios corações e a

obra de Deus no mundo ( Ef. 6:12 ).

Ao nosso redor há um mundo espiritual poderoso, populoso e de recursos

superiores ao nosso mundo visível. Bons e Maus espíritos passam em nosso

meio, de um lugar para o outro, com grande rapidez e movimentos

imperceptíveis. Alguns desses espíritos se interessam pelo nosso bem estar,

outros, porém, estão empenhados em fazer-nos o mal. Muitas pessoas

questionam se existem realmente tais espíritos ou seres, quem são, onde se

encontram e o que fazem.

Page 93: Curso internacional de teologia ebook gratuito

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A palavra de Deus é a única fonte de informação que merece confiança, e que

possui respostas para estas perguntas. Ela deixa claro que há outra classe de

seres Diferente do homem. Esses seres habitam nos céus e formam os

exércitos celestiais, a inumerável companhia dos servos invisíveis de Deus.

Esses são os anjos de Deus, os quais estão sujeitos ao governo divino, e o

importante papel que têm desempenhado na história da humanidade torna-os

merecedores de referência especial. Existem também aqueles, pertencentes a

mesma classe de seres, que anteriormente foram servos de Deus mas que

agora se encontram em atitude de rebelião contra seu governo.

A doutrina dos anjos segue logicamente a doutrina de Deus, pois os anjos são

fundamentalmente os ministros da providência de Deus. Essa doutrina permite-

nos conhecer a origem, existência, natureza, queda, classificação, obra e

destino dos anjos.

A ORIGEM DOS ANJOS

A época de sua criação não é indicada com precisão em parte alguma, mas é

provável que tenha se dado juntamente com a criação dos céus (Gênesis1:1 ).

Pode ser que tenham sido criados por Deus imediatamente após a criação dos

céus e antes da criação da terra, pois de acordo com Jó 38:4-7, rejubilavam

todos os filhos de Deus quando Ele lançava os fundamentos da terra. Que os

anjos não existem desde a eternidade é mostrado pelos versículos que falam de

sua criação ( Ne 9:6 , Salmos 148:2,5; Cl 1:16 ). Embora não seja citado número

definido na Bíblia, acredita-se que a quantidade de anjos é muito grande ( Dn

7:10; Mateus26:53; Hb 12:22 ).

Page 94: Curso internacional de teologia ebook gratuito

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TERMINOLOGIA

O termo anjo da língua portuguesa tem origem na palavra latina angelu, que por

sua vez se deriva do termo aggelov (aggelos) do grego. Em hebreu, a palavra

traduzida como anjo é K)lm (mal'ak).

A palavra malak ocorre 214 vezes no Antigo Testamento, e a palavra aggelos

ocorre 188 vezes no Novo Testamento, sendo que ambas tem o significado de

mensageiro, representante, enviado ou embaixador.

Pela terminologia também podemos entender que os anjos têm gênero

masculino, pois são assim invariavelmente referidos. Não cabe, portanto, a idéia

de que anjos não teriam gênero definido. Se assim o fosse, seriam estes

representados por palavras de gênero neutro nas línguas de origem, ou em

ocasiões seriam representados utilizando-se palavras de gênero masculino e em

outras de gênero feminino; fatos estes que nunca ocorrem.

A NATUREZA DOS ANJOS

SÃO SERES ESPIRITUAIS E INCORPÓREOS.

Os anjos são descritos espíritos, porque diferentes dos homens, eles não estão

limitados às condições naturais e físicas. Aparecem e desaparecem, e

movimenta-se com uma rapidez imperceptível sem usar meios naturais. Apesar

de serem espíritos, têm o poder de assumir a forma de corpos humanos a fim de

tornar visível sua presença aos sentidos do homem (Gênesis 19:1-3). Que os

Page 95: Curso internacional de teologia ebook gratuito

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anjos são incorpóreos está claro em Efésios 6.12, onde Paulo diz que "a nossa

luta não é contra a carne nem sangue, e sim contra os principados e potestades,

contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do

mal, nas regiões celestes". Outras referências: Salmos 104:4; Hb 1:7,14; At

19:12; Lc 7:21; 8:2; 11:26; Mateus8:16; 12.45. Não têm carne nem ossos e são

invisíveis ( Cl 1:16).

SÃO UM EXÉRCITO E NÃO UMA RAÇA.

As Escrituras ensinam que o casamento não é da ordem ou do plano de Deus

para os anjos (Mateus 22:30; Lc 20:34 -36 ), portanto não se caracteriza uma

raça. No Velho Testamento por cinco vezes os anjos são chamados de "filhos de

Deus" ( Gênesis6:2,4; Jó 1:6; 2:1; 38:7 ) mas nunca lemos a respeito dos "filhos

dos anjos". Os anjos sempre são descritos como varões, porém na realidade

não tem sexo, não propagam sua espécie ( Lc 20:34-35 ).

Várias passagens das Escrituras indicam que há um número muito grande de

anjos (Dn 7:10; Mateus26:53; Salmos 68:17; Lc 2:13; Hb 12:22 ), e são

repetidamente mencionados como exércitos do céus ou de Deus. No

Getsêmani, Jesus disse a um discípulo que queria defendê-los dos que vieram

prendê-lo: "Acaso pensas que não posso rogar ao meu pai, e ele me mandaria

neste momento mais de doze legiões de anjos"? ( Mateus26:53 ). Portanto, seu

criador e mestre é descrito como "Senhor dos Exércitos".

É evidente que eles são criaturas e portanto limitados e finitos. Apesar de terem

mais livre relação com o espaço e o tempo do que o homem, não podem estar

em dois ou mais lugares simultaneamente.

Page 96: Curso internacional de teologia ebook gratuito

96

SÃO SERES RACIONAIS MORAIS E IMORTAIS.

Aos anjos são atribuídas características pessoais; são inteligentes dotados de

vontade e atividade. O fato de que são seres inteligentes parece inferir-se

imediatamente do fato de que são espíritos (2 Sm 14:20; Mateus24:36 , Ef 3:10;

1 Pe 1:12; 2 Pe 2:11). Embora não sejam oniscientes, são superiores ao

homens em conhecimento (Mateus24:36) e por ter natureza moral estão sob

obrigação moral; são recompensados pela obediência e punidos pela

desobediência.

A Bíblia fala dos anjos que permanecerem leais como "santos anjos" (

Mateus25:31; Mc 8:38; Lc 9:26; At 10:22; Apocalipse 14:10) e retrata os que

caíram como mentirosos e pecadores (Jo 8:44; 1 Jo 3:8-10).

A imortalidade dos anjos está ligada ao sentido de que os anjos bons não estão

sujeitos a morte (Lc 20:35-36), além de serem dotados de poder formando o

exército de Deus, uma hoste de heróis poderosos, sempre prontos para fazer o

que o Senhor mandar ( Sl 103:20; Cl 1:16; Ef. 1:21; 3:10; Hb 1:14) enquanto que

os anjos maus formam o exército de Satanás empenhados em destruir a obra do

Senhor (Lc 11:21; 2 Ts 2:9; 1 Pe 5:8 ). Ilustrações do poder de um anjo são

encontradas na libertação dos apóstolos da prisão ( At 5:19; 12:7) e no rolar da

pedra de mais de 4 toneladas que fechou o túmulo de Cristo (Mateus28:2 )

A CLASSIFICAÇÃO DOS ANJOS

ANJOS BONS E ANJOS MAUS

Page 97: Curso internacional de teologia ebook gratuito

97

Há pouca informação sobre o estado original dos anjos. Porém no dia de sua

obra criadora Deus viu tudo quanto fizera, e eis que era muito bom. Pressupõe-

se que todos os anjos tiveram um boa condição original (Jo 8:44; 2 Pe 2:4; Jd 6).

Os anjos bons são chamados "anjos eleitos" (1 Tm 5:21) e evidentemente

receberam graça suficiente para habilitá-los a manter sua posição de

perseverança, pela qual foram confirmados em sua condição e agora são

incapazes de pecar . São chamados também de "santos anjos ou anjos de luz"

(2Co 11:14). Sempre contemplam a face Deus (Lc 9:26), e tem vida imortal ( Lc

20:36 ). Sua atividade mais elevada é a adoração a Deus ( Ne 9:6; Fp 2:9-11; Hb

1:6; Jó 38:7; Is 6:3; Salmos 103:20; 148:2 Apocalipse 5:11).

QUATRO TIPOS DE ANJOS BONS:

ANJOS BONS.

Tanto no grego quanto no hebraico a palavra "anjo" significa "mensageiro". São

exércitos como seres alados (Dn 9:21; Apocalipse 14:6) para nos favorecer.

Desde a entrada do pecado no mundo, eles são enviados para dar assistência

aos herdeiros da salvação (Hb 1:14). Eles se regozijam com a conversão de um

pecador (Lc 15:10), exercem vigilância protetora sobre os crentes (Salmos 34:7;

91:11), protegem os pequeninos (Mateus18:10), estão presentes na igreja (1 Tm

5:21) recebem aprendizagem das multiformes riquezas da graça de Deus

(Efésios 3:10; 1 Pe 1:12) e encaminham os crentes ao seio de Abraão (Lc

16:22,23). A idéia de que alguns deles servem de anjos da guarda de crentes

individuais não tem apoio nas Escrituras. A declaração de Mateus18:10 é geral

Page 98: Curso internacional de teologia ebook gratuito

98

demais, embora pareça indicar que há um grupo de anjos particularmente

encarregado de cuidar das criancinhas. At 12:15 tampouco o prova, pois esta

passagem mostra apenas que, naquele período primitivo havia alguns, mesmo

entre discípulos, que acreditavam em anjos guardiões.

Embora os anjos não constituam um organismo, evidentemente são organizados

de algum modo. Isto ocorre do fato de que ao lado do nome geral "anjo", a Bíblia

emprega certos nomes específicos para indicar classe de anjos. O termo grego

"angelos" (anjos = mensageiros ) também e freqüentemente aplicado a homens

(Mateus11:10; Mc 1:2; Lc 7:24; 9:52; Gl 4:14). Não há nas Escrituras um nome

geral, especificamente distintivo, para todos os seres espirituais. Eles são

chamados filhos de Deus, (Jó 1:6; 2:1) espíritos (Hb 1:14), santos (Salmos

89:5,7; Zc 14:5; Dn 8:13 ), vigilantes (Dn 4:13,17). Contudo, há nomes

específicos que indicam diferentes classes de anjos.

ANJOS BONS: QUERUBINS.

São responsáveis pela guarda da entrada do paraíso (Gênesis3:24), observam o

propiciatório (Ex 25:18,20; Salmos 80:1; 99:1; Is 37:16; Hb 9:5) e constituem a

carruagem de que Deus se serve para descer à terra (2 Sm 22:11; Salmos

18:10). Como demonstração do seu poder de majestade, em Ez 1º e Apocalipse

4º são representados simbolicamente como seres vivos em várias formas. Mais

do que outras criaturas, eles foram destinados a revelar o poder, a majestade e

a glória de Deus, e a defender a santidade de Deus no jardim do Éden, no

tabernáculo, no templo e na descida de Deus à terra.

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ANJOS BONS: SERAFINS.

Mencionados somente em Is 6:2,6, constituem uma classe de anjos muito

próxima dos querubins. São representados simbolicamente em forma humana

com seis asas cobrindo o rosto, os pés e duas prontas para execução das

ordens do Senhor. Permanecem servidores em torno do trono do Deus

poderoso, cantam louvores a Ele e são considerados os nobres entre os anjos.

ANJOS BONS: ARCANJOS.

O termo arcanjo só ocorre duas vezes nas escrituras (1 Ts 4:16; Jd 9), mas há

outras referências para ao menos um arcanjo, Miguel. Ele é o único a ser

chamado de arcanjo e aparece comandando seus próprios anjos (Apocalipse

12.7) e como príncipe do povo de Israel (Dn 10:13,21; 12.1). A maneira pela qual

Gabriel é mencionado também indica que ele é de uma classe muito elevada.

Ele está diante da presença de Deus (Lc 1:19) e a ele são confiadas as

mensagens de mais elevada importância com relações ao reino de Deus (Dn

8:16; 9:21).

PRINCIPADOS, POTESTADES, TRONOS E DOMÍNIOS.

A Bíblia menciona certas classes de anjos que ocupam lugares de autoridades

no mundo angélico, como principados e potestades (Efésios 3:10; Cl 2:10),

tronos (Cl 1:16), domínios (Efésios 1:21; Cl 1:16 ) e poderes (Efésios 1:21 , 1 Pe

3:22). Estes nomes não indicam espécies de anjos, mas diferenças de classe ou

de dignidade entre eles. Embora em Efésios 1:21 a referência parece incluir

tanto anjos bons quanto os maus, nas outras passagens essa terminologia se

refere definitivamente apenas aos anjos maus (Rm 8:38; Efésios 6:12; Cl 2:15).

Veja mais abaixo.

Page 100: Curso internacional de teologia ebook gratuito

100

ANJOS MAUS

Os anjos foram criados perfeitos e sem pecado, e como o homem dotado de

livre escolha. Sob a direção de Satanás, muitos pecaram e foram lançados fora

do céu (2 Pe 2:4; Jd 6). O pecado, no qual eles e seu chefe caíram foi o orgulho.

Alguns tem pensado que a ocasião de rebelião dos anjos foi a revelação da

futura encarnação do Filho de Deus e a obrigação deles o adorarem.

Segundo as Escrituras, os anjos maus passam o tempo no inferno (2 Pe 2:4) e

no mundo, especialmente nos ares que nos rodeiam. (Jo 12:31; 14:30; 2 Co 4:4;

Apocalipse 12:4,7-9). Enganando os homens por meio do pecado, exercem

grande poder sobre eles (2 Co 4:3,4; Efésios 2:2; 6:11,12); este poder está

aniquilado para aqueles que são fieis a Cristo, pela redenção que ele consumou

(Apocalipse 5:9; 7:13,14). Os anjos não são contemplados no plano da redenção

(1 Pe 1:12), mas no inferno foi preparado o eterno castigo dos anjos maus

(Mateus25:41).

Os anjos maus são empregados na execução dos propósitos de Satanás, que

são opostos aos propósitos de Deus, e estão envolvidos nos obstáculos e danos

contra a vida espiritual e o bem estar do povo de Deus.

O texto de efésios 6:12 traz uma noção de como são organizados os anjos

caídos:

Page 101: Curso internacional de teologia ebook gratuito

101

ANJOS MAUS PRINCIPADOS

No grego ―archás‖ – essa palavra é usada para descrever uma série de ―líderes,

reis, majestades ou governadores‖. Isso mostra que o reino satânico está bem

organizado. Satanás é o chefe e sob seu domínio está uma fila de espíritos de

altas posições. Algumas passagens do antigo testamento nos dão base para

supormos que esses príncipes são colocados sobre regiões específicas, com o

único objetivo de fazer o mal (Daniel 10:13; Ezequiel 28:2). Isso talvez explique

por que determinadas regiões apresentem sistematicamente o mesmo tipo de

problema no decorrer de sua história: corrupção, violência, divórcio, prostituição,

homossexualismo, suicídio, desemprego, seca, etc. esse pode ter sido o motivo

por que os demônios que saíram do gadareno pediram para não serem

mandados para fora do país (marcos 5:9, 10).

ANJOS MAUS POTESTADES

No grego ―exousías‖ – é a palavra traduzida por ―autoridades‖. Os espíritos

imundos estão investidos de autoridade para realizar seu propósito maligno.

Essa autoridade vem do seu chefe (o diabo), obviamente por permissão de

deus, e foi dada por causa do pecado. Dentro do propósito eterno de deus, está

previsto que até que a criação seja redimida completamente, o que se dará após

o arrebatamento da igreja, satanás tem autoridade para agir (i João 5:19;

apocalipse 12:12). no entanto o crente tem autoridade maior, inclusive sobre os

espíritos imundos (Lucas 10:17-19).

Page 102: Curso internacional de teologia ebook gratuito

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ANJOS MAUS DOMINADORES DESTE MUNDO

No grego ―kosmokrátoras‖ – que também é traduzido por ―príncipes deste

século‖ ou ―deuses deste século‖ (ii coríntios 4:4). Quando adão caiu por seu

próprio pecado, satanás ganhou domínio sobre o mundo. Em Mateus 4:9 ele

oferece a Jesus a glória deste mundo se recebesse adoração. Não vemos Jesus

respondendo que ele não poderia oferecer isso, que não era dele, mas

resistindo à sua proposta pela palavra de deus dizendo que preferia oferecer

culto a deus.

ANJOS MAUS FORÇAS ESPIRITUAIS DO MAL

No grego ―dunamys‖ - que pode ser traduzido como ―poderes‖. Esse texto

mostra que os poderes das trevas estão unidos num só propósito: o mal. Jesus

já havia alertado em João 10:10 que ―o ladrão vem somente para roubar, matar

e destruir‖. Ainda que satanás se disfarce em anjo de luz e atraia muitas

pessoas, seu propósito é sempre maligno.

A QUEDA DOS ANJOS MAUS

O FATO DA SUA QUEDA

Tudo nos leva a crer que os anjos foram criados em estado de perfeição. No

capitulo 1º de Gênesis, lemos sete vezes que o que Deus havia feito era bom.

No ultimo versículo deste capitulo lemos "Viu Deus tudo o quanto fizera, e eis

que era muito bom". Isso certamente inclui a perfeição dos anjos em santidade

quando originalmente criados. Algumas pessoas acham que Ez 28:15 se refere

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a Satanás. Se for assim, ele é definitivamente mostrado como tendo sido criado

perfeito. Mas diversas passagens mostram alguns dos anjos como maus (Sl

78:49; Mateus25:41; Apocalipse 9:11; Apocalipse 12:7-9). Isto se deve ao fato

de terem deixado seu próprio principado e habitação apropriada (Jd 6) e pecado

(2 Pe 2:4). Não há duvida que Satanás tenha sido o chefe da apostasia. Is 14:12

e Ez 28:15-17 parece lamentar a sua queda.

A ÉPOCA DE SUA QUEDA

Nas Escrituras não há referência de quando ocorreu a queda dos anjos, mas

deixa claro que se deu antes da queda do homem, já que Satanás entrou no

jardim na forma de serpente e induziu Eva a pecar (Gênesis3).

A CAUSA DE SUA QUEDA.

De acordo com as Escrituras o universo e a criatura eram originalmente

perfeitos. A criatura tinha originalmente a capacidade de pecar ou não. Ela foi

colocada na posição de poder fazer qualquer uma das duas coisas sem ser

obrigada a optar por uma delas. Em outras palavras, sua vontade era autônoma.

Portanto, conclui-se que a queda dos anjos se deu devido a sua revolta

deliberada e auto determinada contra Deus. Grande prosperidade e beleza

parecem ser apontadas como possíveis causas. Em Ez 28:11-19, o rei de Tiro

parece simbolizar Satanás e diz-se que ele caiu devido a essas coisas. Ambição

desmedida e o desejo de ser mais que Deus parecem ser outra causa. O rei da

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Babilônia é acusado de ter essa ambição, ele também parece simbolizar

Satanás (Is 14.13-14).

Em qualquer um dos casos o egoísmo, descontentamento com aquilo que tinha

e o desejo de ter tudo o que os outros tinham, foi a causa da queda de Satanás

e de outros anjos que o seguiram.

O RESULTADO DE SUA QUEDA

Todos eles perderam a sua santidade original e se tornaram corruptos em

natureza e conduta (Mateus10:1; Ef 6:11-12; Apocalipse 12:9); Alguns deles

foram lançados no inferno e estão acorrentados até o dia do julgamento (2 Pe

2:4); Alguns deles permanecem em liberdade e trabalham em definida oposição

à obra dos anjos bons (Apocalipse 12:7-9; Dn 10:12,13,20,21; Jd 9); Pode

também ter havido um efeito sobre a criação original. A terra foi amaldiçoada ao

pecado de Adão (Gênesis3:17-19) e a criação está gemendo por causa da

queda (Rm 8:19-22).

Não é improvável, portanto, que o pecado dos anjos tenha tido algo a ver com a

ruína da criação original no capítulo 1º de Gênesis; Eles serão, no futuro,

atirados para a terra (Apocalipse 12:8-9), e após seu julgamento (1 Co 6:3), no

lago de fogo e enxofre (Mateus25:41; 2 Pe 2:4; Jd 6).

OS DEMÔNIOS

As Escrituras não descrevem a origem dos demônios. Essa questão parece ser

parte do mistério que rodeia a origem do mal. Porém, as Escrituras dão claro

testemunho da sua existência real e de sua posição (Mateus12:26-28). Nos

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Evangelhos aparecem os espíritos maus desprovidos de corpos, que entram nas

pessoas, das quais se diz que têm demônios. Os efeitos desta possessão se

evidenciam por loucura, epilepsia e outras enfermidades, associadas

principalmente com o sistema mental e nervoso (Mateus9:33; 12:22; Mc 5:4,5).

O indivíduo sob a influência de um demônio não é senhor de si mesmo; o

espírito fala através de seus lábios ou emudece à sua vontade; leva-o aonde

quer e geralmente o usa como instrumento, revestindo-o às vezes de uma força

sobrenatural.

Quando examinam as Escrituras, algumas pessoas ficam em dúvida se os

demônios devem ser classificados juntamente com os anjos ou não; mas não há

dúvida de que na Bíblia, há ensino positivo concernente a cada um dos dois

grupos.

Ainda que alguns falem em "diabos", como se houvesse muitos de sua espécie,

tal expressão é incorreta. Há muitos "demônios", mas existe um único "diabo".

Diabo é a transliteração do vocábulo grego "diabolos", nome que significa

"acusador" e é aplicado nas Escrituras exclusivamente a Satanás. "Demônio" é a

transliteração de "daimon" ou "daimonion".

A NATUREZA DOS DEMÔNIOS

São seres inteligentes (Mateus8:29,31; 1 Tm 4:1-3; 1 Jo 4:1 e Tg 2:19),

possuem características de ações pessoais o que demonstra que possuem

personalidade (Mc 1:24; Mc 5:6,7; Mc 8:16; Lc 8:18-31); São seres espirituais

(Lc 9:38,39,42; Hb 1:13,14; Hb 2:16; Mateus8:16; Lc 10:17,20); São reputados

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idênticos aos espíritos imundos, no Novo Testamento; São seres numerosos

(Mc 5:9) de tal modo que tornam Satanás praticamente ubíquo por meio desses

seus representantes; São seres vis e perversos - baixos em conduta (Lc 9:39;

Mc 1:27; 1 Tm 4:1; Mateus4:3); São servis e obsequiosos (Mateus12:24-27).

São seres de baixa ordem moral, degenerados em sua condição, ignóbeis em

suas ações, e sujeitos a Satanás.

AS ATIVIDADES DOS DEMÔNIOS

Apossam-se dos corpos dos seres humanos e dos irracionais (Mc 5:8, 11-13);

Afligem aos homens mental e fisicamente (Mateus12:22; Mc 5:4,5); Produzem

impureza moral (Mc 5:2; Efésios 2:2);

SATANÁS

ORIGEM DE SATANÁS

Alguns afirmam que Satanás não existe, mas observando-se o mal que existe no

mundo, é lógico que se pergunte: "Quem continua a fazer a obra de Satanás

durante a sua ausência, se é que ele não existe?"

Satanás aparece nas Escrituras como reconhecido chefe dos anjos decaídos.

Ele era originalmente um dos poderosos príncipes do mundo angélico, e veio a

ser o líder dos que se revoltaram contra Deus e caíram. De acordo com as

Escrituras, Satanás era originalmente Lúcifer ("o que leva a luz"), o mais glorioso

dos anjos.

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Mas ele orgulhosamente aspirou a ser "como o Altíssimo" e caiu "na

condenação (Ez 28:12,19; Is 14:12-15). O nome "Satanás" revela-o como "o

adversário", não do homem em primeiro lugar, mas de Deus. Ele investe contra

Adão como a coroa da produção de Deus, forja a destruição, razão pela qual é

chamado Apolion (destruidor), Apocalipse 9:11, e ataca Jesus, quando Este

empreende a obra de restauração.

Depois da entrada do pecado no mundo ele se tornou "diabolos" (acusador),

acusando continuamente o povo de Deus, Apocalipse 12:10. Ele é apresentado

nas Escrituras como o originador do pecado (Gênesis3:1,4; Jo 8:44; 2 Co 11:3; 1

Jo 3:8; Apocalipse 12:9; 20:2,10) e aparece como reconhecido chefe dos que

caíram (Mateus25:41; 9:34; Efésios 2:2). Ele continua sendo o líder das hostes

angélicas que arrastou consigo em sua queda, e as emprega numa desesperada

resistência a Cristo ao seu reino.

É também chamado "príncipe deste mundo" (Jo 12:31; 14:30; 16:11) e até

mesmo "deus deste século" (2 Co 4:4). Não significa que ele detém o controle

do mundo, pois Deus é quem o detém, e Ele deu toda autoridade a Cristo, mas o

sentido é que Satanás tem sob controle este mundo mau, o mundo naquilo em

que está separado de Deus (Efésios 2:2).

Ele é mais que humano, mas não é divino; tem poder, mas não é onipotente;

exerce influência em grande escala, mas restrita (Mateus12:29; Apocalipse

20:2), e está destinado a ser lançado no abismo (Apocalipse 20:10).

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CARÁTER DE SATANÁS

Presunçoso

(Mateus 4:4,5);

Orgulhoso

(1 Tm 3:6; Ez 28:17);

Poderoso

(Efésios 2:2);

Maligno

(Jó 2:4);

Astuto

(Gênesis3:1; 2 Co 11:3);

Enganador

(Efésios 6:11);

Feroz e cruel

(1 Pe 5:8).

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ATIVIDADES DOS ANJOS MAUS:

A NATUREZA DAS ATIVIDADES:

Perturbar a obra de Deus

(1 Ts 2:18);

Opor-se ao Evangelho

(Mateus 13:19; 2 Co 4:4);

Dominar, cegar, enganar e laçar os ímpios

(Lc 22:3; 2 Co 4:4; Apocalipse 20:7,8; 1 Tm 3:7);

Afligir e tentar os santos de Deus

(1 Ts 3:5).

O MOTIVO DE SUAS ATIVIDADES:

Ele odeia até a natureza humana com a qual se revestiu o Filho de Deus. Intenta

destruir a igreja porque ele sabe que uma vez perdendo o sal da terra o seu

sabor, o homem torna-se vítima em suas mãos inescrupulosas.

SUAS ATIVIDADES SÃO RESTRITAS:

Ao mesmo tempo que reconhecemos que Satanás é forte, devemos ter cuidado

de não exagerar o seu poder. Para aqueles que crêem em Cristo, ele já é um

inimigo derrotado (Jo 12:31), e é forte somente para aqueles que cedem à

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tentação. Apesar de rugir furiosamente ele é covarde (Tg 4:7). Não pode tentar

(Mateus4:1), afligir (1 Ts 3:5), matar (Jó 2:6), nem tocar no crente sem a

permissão de Deus.

SUA ATUAÇÃO

Não limita sua operações aos ímpios e depravados. Muitas vezes age nos

círculos mais elevados como "um anjo de luz" (2 Co 11:14).

Deveras, até assiste às reuniões religiosas, o que é indicado pela sua presença

no ajuntamento dos anjos (Jó 1:6), e pelo uso dos termos "doutrina de

demônios" (1 Tm 4:1) e "a sinagoga de Satanás" (Apocalipse 2:9).

Freqüentemente seus agentes se fazem passar como "ministros de justiça" (2

Co 11:15).

O SERVIÇO DOS ANJOS BONS

SERVIÇO COMUM:

É definido como serviço comum dos anjos seus louvores a deus dia e noite

(Isaías 6:3, salmos 103:20, apocalipse 5:11), dão assistência aos herdeiros da

salvação (Hebreus 1:14), protegem os crentes (Salmos 34:7), protegem os

pequeninos (Mateus 18:10), estão presentes na igreja (i coríntios 11:10, I

Timóteo 5:21) e encaminham os crentes ao céu (Lucas 16:22).

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SERVIÇO ESPECIAL:

A queda do homem tornou necessária a atuação extraordinária dos anjos.

Muitas vezes eles são intermediários das revelações especiais de deus a seu

povo e executam o juízo sobre seus inimigos.

É certo que os anjos estão a serviço do ser humano (hebreus 1:14), mas não se

deve usar os textos de Mateus 18:10 e atos 12:15 para tentar argumentar sobre

a existência de anjos da guarda específicos para cada um. Também não é

correto ao homem dar ordens diretamente aos anjos, pois é o senhor quem dá

ordens aos seus anjos a nosso respeito (Salmos 91:11).

DERROTA DOS ANJOS MAUS

Deus decretou sua derrota (Gênesis 3:14,15). No princípio foi expulso do céu;

durante a grande tribulação será lançado da esfera celeste à terra (Apocalipse

12:7-9); durante o milênio será aprisionado no abismo (Apocalipse 20:1-3), e

depois de mil anos será lançado no lago de fogo (Apocalipse 20:10). Dessa

maneira a Palavra de Deus nos assegura a derrota final do mal.

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A DOUTRINA DO HOMEM

ANTROPOLOGIA

Esse termo é usado tanto na Teologia (homem em relação a Deus), como na

Ciência (História Natural da Raça, Psicologia, Sociologia, Ética, Anatomia,

Fisiologia e História Natural).

O conhecimento dessa doutrina servirá de alicerce para entender melhor as

doutrinas sobre o ‗pecado‘, o ‗juízo‘ e a ‗salvação‘, as quais se baseiam no

homem.

CRIACIONISMO X EVOLUCIONISMO

Hoje em dia, provavelmente nenhuma questão é mais debatida em diferentes

esferas da sociedade do que a origem do homem. O debate sobre a inerrância

das Escrituras acertadamente tem incluído uma discussão sobre a historicidade

da narrativa que Gênesis faz da criação. Muitos pontos de vista diferentes

procuram ser aceitos, alguns defendidos inclusive por evangélicos.

EVOLUÇÃO ATEÍSTA:

Evolução significa simplesmente uma mudança em qualquer direção. Mas

quando essa palavra é usada para se referir às origens do homem, seu

significado envolve a origem com base em um processo natural, tanto no

surgimento da primeira substância viva quanto no de novas espécies. Essa

teoria afirma que, bilhões de anos atrás, substâncias químicas existentes no

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mar, influenciadas pelo Sol e pela energia cósmica, acabaram unindo-se por

obra do acaso e dando origem a organismo unicelulares. Desde então, vêm se

desenvolvendo por intermédio de mutações benéficas e de seleção natural,

formando todas as plantas, animais e pessoas.

EVOLUÇÃO TEÍSTA:

Afirma que Deus direcionou, usou e controlou o processo da evolução natural

para ‗criar‘ o mundo e tudo o que nele existe. Normalmente, essa visão inclui as

seguintes idéias: os dias da criação de Gênesis 1, na verdade, foram eras; o

processo evolutivo estava envolvido na criação de Adão; a Terra e as formas

pré-humanas são extremamente antigas.

CRIAÇÃO:

Ainda que existam variantes no conceito de criacionismo, a principal

característica desse ponto de vista é que ele tem a Bíblia como sua única base.

A ciência pode contribuir para nosso entendimento, mas jamais deve controlar

ou mudar nossa interpretação das Escrituras para acomodar suas descobertas.

A Bíblia claramente nos ensina que o homem foi uma criação especial de Deus.

Nunca existiu uma criatura subumana ou um processo de evolução. Gênesis

1:26 – 27: ―...Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o

criou; homem e mulher os criou.‖

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Os criacionistas possuem diferentes pontos de vista em relação aos dias da

criação, mas para alguém ser um criacionista é preciso acreditar que o registro

bíblico é historicamente factual e que Adão foi o primeiro homem.

Embora a Bíblia não seja um livro de Ciência, isso não significa que ela não seja

precisa quando revela verdades científicas. Com certeza, tudo o que ela revela

sobre qualquer área do conhecimento é verídico, preciso e confiável. A Bíblia

não responde a todas as perguntas que desejamos fazer a respeito das origens,

mas o que ela revela deve ser reconhecido como verdade.

Somente o registro bíblico nos dá informações precisas sobre a origem da

humanidade. Duas características principais do ato da criação do homem

destacam-se no texto.

Foi planejada por Deus (Gênesis 1:26); Ocorreu de forma direta, especial e

imediata (Gênesis 1:27; 2:7)

Imago dei (A Imagem de Deus no Homem)

Da mesma forma que se discute a origem do homem, discute-se também o

propósito da criação do mesmo, de todas as criaturas que Deus fez só de uma

delas, o homem diz-se ter sido feita ―à imagem de Deus‖. O que isso significa?

Podemos usar a seguinte definição: O fato de ser o homem à imagem de Deus

significa que ele é semelhante a Deus e o representa.

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Quando Deus diz: ―Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa

semelhança‖, isso significa que ele pretende fazer uma criatura semelhante a si.

As palavras hebraicas que exprimem ―imagem‖ e ―semelhança‖ se referem a

algo similar, mas não idêntico, à coisa que representa ou de que é uma

―imagem‖. A palavra imagem também pode ser usada para exprimir algo que

representa outra coisa.

Os teólogos gastam muito tempo tentando especificar uma característica do

homem ou bem poucas delas, em que se vê primordialmente a imagem de

Deus. Alguns já cogitam que a imagem de Deus consiste na capacidade

intelectual do homem, ou no seu poder de tomar decisões morais e fazer

escolhas voluntárias. Outros conceberam que a imagem de Deus era uma

referência à pureza moral original do homem, ou ao fato de termos sido criados

homem e mulher, ou ao domínio humano sobre a terra.

Dentro dessa discussão, melhor seria concentrar a atenção primeiramente nos

significados das palavras ―imagem‖ e ―semelhança‖. Esses termos tinham

significados bastante claros para os primeiros leitores:

IMAGEM: (no Hebraico = Tselem; no Grego = Eikon; no Latim = Imago) significa:

molde, modelo, imagem, representação. Uma representação formada, concreta.

SEMELHANÇA: (no Hebraico = Damuth; no Grego = Homoiosis; no Latim =

Similitudo) significa: similitude, semelhança. Uma similaridade abstrata,

imaterial, ideal.

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Embora alguns venham tentando fazer uma distinção entre as duas palavras

para ensinar que existem dois aspectos na imagem de Deus, nenhum contraste

grande entre eles tem apoio na lingüística. Os termos são sinônimos

potenciais/facultativos. O uso ocasional dos dois termos juntos sugere um

reforço de um termo por sua associação com outro. Ao usar as duas palavras

juntas, o autor bíblico parece estar tentando expressar uma idéia muito difícil, na

qual deseja deixar claro que o homem, de alguma maneira, é o reflexo concreto

de Deus, mas, ao mesmo tempo, deseja espiritualizar isso, em direção à

abstração. Para os primeiros leitores, Gênesis 1:26 significava simplesmente:

―Façamos o homem como nós, para que nos represente‖.

Como ―imagem‖ e ―semelhança‖ já carregavam esses significados, as Escrituras

não precisam dizer algo como:

―O fato de ser o homem à imagem de Deus significa que o homem é como Deus

nos seguintes aspectos: capacidade intelectual, pureza moral, natureza

espiritual, domínio sobre a terra, criatividade, capacidade de tomar decisões

éticas, capacidade relacional e imortalidade.‖

Tal explicação é desnecessária, não só porque os termos tinham significados

claros, mas também porque nenhuma lista desse tipo faria justiça ao tema: o

texto precisa afirmar que o homem é como Deus, e o restante das Escrituras

fornece mais detalhes que explicam esse ponto. De fato, na leitura do restante

da Bíblia, percebemos que uma compreensão da plena semelhança do homem

a Deus exigiria uma plena compreensão de quem é Deus no seu ser e nos seus

atos, e uma plena compreensão de quem é o homem e o que faz. Quanto mais

sabemos sobre Deus e o homem, mais semelhanças reconhecemos, e mais

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plenamente compreendemos o que as Escrituras querem dizer ao afirmar que o

homem existe à semelhança de Deus. A expressão se refere a todo aspecto em

que o homem é como Deus. Na verdade, em toda a Escritura, o alvo do homem

é o de ser semelhante a Deus.

HOMEM X MULHER

Um dos aspectos da criação do ser humano à imagem de Deus foi sua feitura

como homem e mulher (Gênesis 1:27). O mesmo elo entre criação à imagem de

Deus e criação como homem e mulher se faz em Gênesis 5:1 – 2. Embora a

criação do ser humano como homem e mulher não seja o único aspecto da

nossa criação à imagem de Deus, ele é tão significativo que as Escrituras o

mencionam logo no mesmo versículo em que descrevem a criação do homem

por Deus. Podemos resumir da seguinte maneira os aspectos segundo os quais

a criação dos dois sexos representa algo da nossa criação à imagem de Deus:

A criação do ser humano como homem e mulher revela a imagem de Deus em

(1) relações interpessoais harmoniosas, (2) igualdade em termos de

pessoalidade e de importância e (3) diferença de papéis e autoridade.

A ESTRUTURA DO HOMEM

De quantas partes compõe-se o homem? Todos concordam que temos um

corpo físico. A maioria das pessoas sente que também tem uma parte imaterial –

uma ‗alma‘ que sobreviverá à morte do corpo.

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Mas aqui termina a concordância. Algumas pessoas crêem que, além do ‗corpo‘

e da ‗alma‘, temos uma terceira parte, um ‗espírito‘ que se relaciona mais

diretamente com Deus.

A concepção de que o homem é constituído de três partes chama-se tricotomia.

Embora essa seja uma idéia comum no ensino bíblico evangélico popular, hoje

poucos estudiosos a defendem. Segundo muitos tricotomistas, a alma do

homem abarca o seu intelecto, as sus emoções e a sua vontade. Eles sustentam

que todas as pessoas têm alma, e que os diferentes elementos da alma podem

ou servir a Deus ou ceder ao pecado. Argumentam que o espírito do homem é

uma faculdade humana superior que surge quando a pessoa torna-se cristã. O

espírito de uma pessoa seria aquela parte dela que mais diretamente adora e

ora a Deus.

Outros dizem que o ‗espírito‘ não é uma parte distinta do homem, mas

simplesmente outra palavra que exprime ‗alma‘, e que ambos os termos são

usados indistintamente nas Escrituras para falar da parte imaterial do homem, a

parte que sobrevive após a morte do corpo. A idéia de que o homem é composto

de duas partes chama-se dicotomia. Aqueles que sustentam essa idéia muitas

vezes admitem que as Escrituras usam a palavra espírito mais freqüentemente

com referência à nossa relação com Deus, mas que esse uso não é uniforme e

que a palavra alma é também usada em todos os sentidos em que se pode usar

espírito.

As duas opiniões têm defensores no mundo cristão de hoje. Embora a dicotomia

tenha sido mais geralmente sustentada ao longo da história da Igreja, e seja

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bem mais comum entre os estudiosos evangélicos de hoje, a tricotomia também

teve e tem muitos defensores.

ORIGEM DA ALMA

Sabemos que a primeira alma veio a existir como resultado de Deus ter soprado

no homem o Espírito de vida. Então surge uma pergunta: Como chegaram a

existir as demais almas desde esse tempo? Em que momento a alma é

formada?

A respeito da origem da alma existem três teorias principais:

PREEXISTÊNCIA

Deus teria criado todas as almas antes da queda e antes de cessar a sua

atividade criadora. Desse estoque de almas Deus daria a cada corpo uma alma.

DEFESA:

A origem do Imaterial não pode ser material.

DIFICULDADES:

A preexistência não tem respaldo nas Escrituras. Têm associações com teorias

não-Bíblicas como transmigração da alma e reencarnação. Contradiz os ensinos

de Paulo de que todo pecado e morte são resultado do pecado de Adão (1

Coríntios 15:21 – 22).

CRIACIONISMO

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Deus estaria criando cada alma em algum momento da fecundação, unindo-se

ao corpo imediatamente. A alma se tornaria pecaminosa por causa do contato

com a natureza humana, pela culpa herdada dela.

DEFESA:

Passagem das Escrituras que falam de Deus como criador da alma e do espírito:

Números 16:22; Salmo 104:30; Eclesiastes 12:7; Zacarias 12:1; Hebreus 12:9. A

alma (imaterial) não pode ser meramente transmitida. Explica porque Cristo não

assumiu a natureza pecaminosa de Maria.

DIFICULDADES:

A atividade criadora de Deus cessou no sexto dia em Gênesis 2:1 – 3, e não

pode ser que Deus crie uma alma diariamente, a cada hora e momento. Por que

Deus criaria uma alma pura para colocá-la numa situação de pecado e provável

condenação eterna?

TRADUCIONISMO

A Raça Humana foi criada em Adão, tanto o corpo como a alma, e os dois são

propagados a partir dele pelo processo de geração natural.

DEFESA:

Esta teoria se harmoniza perfeitamente com as Escrituras, com a Teologia e

com uma concepção correta da natureza humana. No Salmo 51 Davi reconhece

que herdou a alma depravada de sua mãe; em Gênesis 46:26, almas que

descenderam de Jacó; em Atos 17:26, Paulo nos ensina que Deus ―de uma vez

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fez toda a raça humana‖. É melhor explicado o ―pecado hereditário‖ e a

―transmissão da natureza pecaminosa‖.

DIFICULDADES:

Quem é responsável pela comunicação ou transmissão da alma? Como

acontece a formação da alma? Como Cristo nasceu sem pecado?

SIGNIFICADO TEOLÓGICO DA CRIAÇÃO DO HOMEM

O fato de terem sido criados significa que eles não têm existência

independente. Tudo o que temos e somos vem do Criador. Toda nossa vida é

por direito dele.

Humanidade faz parte da criação; isto nos diz que deve haver harmonia entre

nós e o restante da criação. A ecologia ganha um significado rico (Mandado

Cultural).

Fomos feitos à imagem e semelhança de Deus. Dos animais diz-se que foram

feitos. Isso significa que os homens não alcançam a plenitude quando todas as

suas necessidades animais são satisfeitas. Há um elemento transcendente.

Há um vínculo comum entre todos os seres humanos.

Há limitações definidas sobre a humanidade. Somos criaturas, finitas. Nosso

conhecimento é incompleto. Somos mortais. Só Deus é inerentemente eterno.

Qualquer possibilidade de viver para sempre depende de Deus.

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A limitação não é inerentemente má (Gênesis 1:31).

O homem é algo maravilhoso. Apesar de criaturas somos a mais elevada

dentre elas. Fomos feitos pelo melhor e pelo mais sábio dos seres!

ALIANÇAS ENTRE DEUS E O HOMEM

Como Deus se relaciona com o homem? Desde a criação do mundo o

relacionamento entre Deus e o homem tem sido definido por promessas e

requisitos específicos. Deus revela às pessoas como ele deseja que ajam e

também faz promessas de como agirá com eles em várias circunstâncias. A

Bíblia contém vários tratados a respeito das provisões que definem as diferentes

formas de relacionamento entre Deus e o homem que ocorrem nas Escrituras, e

freqüentemente chama esses tratados de ‗alianças. Podemos apresentar a

seguinte definição das alianças entre Deus e o homem nas Escrituras: ―Uma

aliança é um acordo imutável e divinamente imposto entre Deus e o homem, que

estipula as condições no relacionamento entre as partes.‖

OUTRAS DEFINIÇÕES:

AURÉLIO:

―[Do francês alliance]. Ato ou efeito de aliar(-se). Ajuste, acordo, pacto. União

por casamento. Cada um dos pactos que, segundo as Escrituras, Deus fez com

os homens‖.

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ENCICLOPÉDIA HISTÓRICO-TEOLÓGICA:

―Um pacto ou contrato entre duas partes, que as obriga mutuamente a assumir

compromissos de cada uma em prol da outra. Teologicamente (usado a respeito

dos relacionamentos entre Deus e o homem) denota um compromisso gracioso

da parte de Deus no sentido de benevidiar e abençoar o homem, e

especificamente, aqueles homens que, pela fé, recebem as promessas e se

obrigam a cumprir os deveres envolvidos neste compromisso‖.

DICIONÁRIO INTERNACIONAL DE TEOLOGIA:

No grego é ―ditheke‖ (dia + tithemi, ―por, colocar, expor, dispor‖ = ―Expor

mediante um testamento‖). Significa, portanto, uma decisão irrevogável, que não

pode ser cancelada por pessoa alguma. Uma condição prévia da sua eficácia

diante da lei, é a morte do testador (―Porque onde há testamento é necessário

que intervenha a morte do testador‖ – Hebreus 9:16).

AS ALIANÇAS DE DEUS

POR QUE DEUS FAZ ALIANÇA COM O HOMEM?

Porque através das alianças Deus expressa seu pensamento, seus propósitos.

Porque mediante alianças com o homem Deus lhe aumenta a fé.

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Para dar-lhe garantia. ―Ao fazer uma aliança, Ele informa claramente ao homem

qual o intento do coração divino.‖ (Watchman Nee)

AS PRINCIPAIS ALIANÇAS ENTRE DEUS E O HOMEM

Adão: Gênesis 2:15 – 17.

Noé: Gênesis 6:18.

Abraão: Gênesis 17:1 – 8.

Moisés: Êxodo 19:5 – 6.

Davi: Salmo 89:20 – 37 (2 Samuel 7:12 – 17).

OUTRA FORMA DE DIVIDIR AS ALIANÇAS

Aliança das Obras

Aliança da Redenção

Aliança da Graça

―Um elemento muito importante nas alianças que Deus tinha em Israel achava-

se no duplo aspecto da condicionalidade e da incondicionalidade. As Suas

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promessas solenes, que tinham a natureza de um juramento obrigatório, deviam

ser consideradas passíveis do não-cumprimento, caso os homens deixassem de

viver à altura das suas obrigações para com Deus? Ou havia um sentido em que

os compromissos que Deus assumiu segundo a aliança tinham absoluta certeza

de cumprimento, sem levar em conta a infidelidade do homem? A resposta a

esta pergunta tão debatida parece ser: (1) que as promessas feitas por Jeová na

aliança da graça representam decretos que Ele certamente realizará, quando as

condições forem propícias ao seu cumprimento; (2) que o benefício pessoal – e

especialmente o benefício espiritual e eterno – da promessa de Deus será

creditado somente àqueles indivíduos do povo, da aliança divina que

manifestarem uma fé verdadeira e viva (demonstrada por uma vida piedosa).

Sendo assim, o primeiro aspecto é ressaltado pela forma inicial da aliança com

Abraão, em Gênesis 12:1 – 3; não há sombra de dúvida de que Deus não

deixará de fazer Abraão uma grande nação, de tornar grande o seu nome e de

abençoar todas as nações da terra através dele e da sua posteridade. É assim

que o plano de Deus é exposto desde o início; nada o frustrará.

Por outro lado, os filhos de Abraão devem receber os benefícios pessoais

somente à medida em que manifestarem a fé e a obediência de Abraão; assim

diz Êxodo 19:5. Ou seja, Deus cuidará para que o Seu plano de redenção seja

levado a efeito na história, mas também fará com que nenhum transgressor das

exigências de santidade participe dos benefícios eternos da aliança. Nenhum

filho da aliança que Lhe apresente um coração infiel será incluído nas bênçãos

da Aliança.‖ (Enciclopédia Histórico-Teológica)

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NOVA ALIANÇA

É digno de nota que, embora ―aliança‖ ocorra quase 300 vezes no AT, ocorre

somente 33 vezes no NT. Quase metade destas ocorrências se acham em

citações do AT, e outras 5 claramente se aludem a declarações no AT.

A NOVA ALIANÇA É SUPERIOR PORQUE O MEDIADOR É SUPERIOR.

Hebreus 8:6. ―Posto que uma aliança envolve duas partes contratantes, o

mediador é intermediário cuja tarefa é manter as partes em comunhão uma com

a outra. Num caso em que Deus é uma das partes e o homem é a outra, a idéia

da aliança é inevitavelmente unilateral. A apostasia é sempre do lado do

homem, e, portanto, a tarefa do mediador é principalmente agir em prol do

homem diante de Deus, embora também deva agir em prol de Deus diante dos

homens‖ (Donald Guthrie),

A NOVA ALIANÇA É SUPERIOR PORQUE É INSTITUÍDA COM BASE EM

SUPERIORES PROMESSAS.

Regeneração

Purificação

Justificação

Vida e Poder

O que significa ‗receber‘ a Jesus? Podemos afirmar que ‗receber‘ a Jesus é

fazer uma aliança com Ele, o que implica em fidelidade até o fim. ―Ora, como

recebestes a Cristo Jesus, o Senhor, assim andai nele, nele radicados e

edificados, e confirmados na fé, tal como fostes instruídos, crescendo em ações

de graça‖ (Colossenses 2:6 – 7).

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A Doutrina do Pecado

A Doutrina de Cristo

HAMARTIOLOGIA

ORIGEM DO MAL

O problema do mal que há no mundo sempre foi considerado um dos mais

profundos problemas da filosofia e da Teologia. É um problema que se impõe

naturalmente à atenção do homem, visto que o poder do mal é forte e universal,

é uma doença sempre presente na vida em todas as manifestações desta, e é

matéria da experiência diária na vida de todos os homens.

Como podemos então explicar o relacionamento entre Deus e o mal? Alguns

afirmam o mal e negam a realidade de Deus (Ateísmo). Outros afirmam a Deus

e negam a realidade do mal Panteísmo). Outros, no entanto, procuram afirmar

um em oposição eterna com o outro (Dualismo). Já o Teísmo explica o

relacionamento entre Deus e o mal com um Deus infinitamente bom e poderoso

que permitiu o mal para produzir um bem maior. Ou seja, esse mundo livre é a

melhor maneira de produzir o melhor mundo.

Deus não é o autor do mal. Ele livremente criou o mundo, não porque precisava

fazê-lo, mas sim, porque desejava criar. Deus criou criaturas semelhantes a Ele

mesmo, que poderiam amá-lo livremente. No entanto, essas criaturas poderiam

também odiá-lo. Ele deseja que todos os homens o amem, mas não forçará

nenhum deles a amá-lo contra sua vontade.

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Deus persuadirá os homens a amá-lo tanto quanto for possível. Ele outorgará

àqueles que não querem amá-lo a escolha livre deles eternamente (ou seja, o

inferno). Finalmente, o amor de Deus é engrandecido quando retribuímos seu

amor (visto que primeiramente nos amou), bem como quando não o retribuímos.

Ele demonstra assim quão grandioso Ele é amando até mesmo aqueles que O

odeiam.

No final, deus terá compartilhado Seu amor com todos os homens. Ele terá salvo

tantos quanto podia salvar sem violar o livre arbítrio dos homens. John W.

Wenham afirma: ―A devoção de um ser livre é de um nível mais elevado... A

outorga de liberdade de escolha ao homem envolve a possibilidade (na

presciência de Deus envolve certeza) de pecar, com todas suas horríveis

conseqüências.

Todavia, parece que esta liberdade foi um pré-requisito para um conhecimento

profundo de Deus. A devoção de um ser livre e racional é de um nível mais

elevado e mais bela do que a de um animal, muito embora o amor entre os

seres humanos e os animais possa ser notável. Entretanto, esta liberdade

humana envolve a possibilidade de crueldade, imoralidade, ódio, e guerra...

todavia, apesar de todas essas coisas, nenhum homem convertido desejaria

mudar sua situação para a de um animal ou de uma máquina.‖

DADOS BÍBLICOS A RESPEITO DA ORIGEM DO PECADO.

Na escritura, o mal moral existente no mundo, transparece claramente no

pecado, isto é, como transgressão da lei de Deus.

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NÃO SE PODE CONSIDERAR DEUS COMO O SEU AUTOR.

O decreto eterno de Deus evidentemente deu a certeza da entrada do pecado

no mundo, mas não se pode interpretar isso de modo que faça de Deus a causa

do pecado no sentido de ser Ele o seu autor responsável. Esta idéia é

claramente excluída pela Escritura.

Longe de Deus o praticar ele a perversidade e do Todo-poderoso o cometer

injustiça... (Jó 34:10). Ele é o Santo Deus... (Is 6:3). Ele não pode ser tentado

pelo mal e ele próprio não tenta a ninguém... (Tg 1:13). Quando criou o homem,

criou-o bom e à sua imagem. Ele positivamente odeia o pecado, (Dt 25:16 , Sl

5:4 , 11:5 , Zc 8:17 , Lc 16:15) e em Cristo fez provisão para libertar do pecado

do homem.

O PECADO SE ORIGINOU NO MUNDO ANGÉLICO.

A Bíblia nos ensina que na tentativa de investigar a origem do pecado devemos

retornar à queda do homem, na descrição de Gn 3 e fixar a atenção em algo que

sucedeu no mundo angélico. Deus criou um grande número de anjos, e estes

eram todos bons, quando saíram das mãos do seu Criador, (Gn 1:31). Mas

ocorreu uma queda no mundo angélico, queda na qual legiões de anjos se

apartaram de Deus (Ez 28:15; Ez 23:13 – 17; Is 14:12 – 15). A ocasião exata

dessa queda não é indicada, mas em (Jo 8:44) Jesus fala do diabo como

assassino desde o princípio e em (1 Jo 3:8 ) diz João que o Diabo peca desde o

princípio.

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A ORIGEM DO PECADO NA RAÇA HUMANA.

Com respeito à origem do pecado na história da humanidade, a Bíblia ensina

que ele teve início com a transgressão de Adão no paraíso e, portanto, com um

ato perfeitamente voluntário da parte do homem. O tentador veio do mundo dos

espíritos com a sugestão de que o homem, colocando-se em oposição a Deus,

poderia tornar-se semelhante a Deus.

Adão se rendeu à tentação e cometeu o primeiro pecado, comendo do fruto

proibido. Esse pecado trouxe consigo corrupção permanente, corrupção que

dada a solidariedade da raça humana, teria efeito não somente sobre Adão, mas

também sobre todos os seus descendentes.

Como resultado da queda, o pai da raça só pode transmitir uma natureza

depravada aos pósteros. Dessa fonte não Santa o pecado fluí numa corrente

impura passando para todas as gerações de homens corrompendo tudo e todos

com que entra em contato. É exatamente esse estado de coisas que torna tão

pertinente a pergunta de Jó: ―Quem da imundície poderá tirar cousa pura?

Ninguém‖ (Jó 14:4).

Adão pecou não somente como pai da raça humana, mas também como chefe

representativo de todos os seus descendentes, e, portanto, a culpa do seu

pecado é posta na conta deles, pelo que todos são possíveis de punição e

morte. É primariamente nesse sentido que o Pecado de Adão é o pecado de

todos. É o que Paulo ensina em (Rm 5:12). ―Portanto, assim como por um só

homem entrou o pecado no mundo e pelo pecado a morte, assim também a

morte passou a todos os homens, porque todos pecaram.‖

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Adão era o representante de toda a raça. Adão pecou, e como representante

transmitiu seu pecado a toda raça (Os 6:7). Adão continha nele toda a

posteridade da raça, por isso, o seu pecado foi imputado a todos, porque todos

estavam em Adão.

Por causa do pecado de Adão a culpa foi imputada imediatamente à raça

humana, e por sermos da mesma raça de Adão a natureza pecaminosa é

transmitida por ‗hereditáriedade‘.

Deus atribui a todos os homens a condição de pecadores, culpados em Adão,

exatamente como adjudica a todos os crentes a condição de justos em Jesus

Cristo. É o que Paulo quer dizer, quando afirma: ―Pois assim como por uma só

ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por

um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para a justificação que

dá vida. Porque, como pela desobediência de um só homem, muitos se

tornaram pecadores; assim também por meio da obediência de um só, muitos se

tornarão justos.‖ ( Rm 5:18,19).

O primeiro homem desobedeceu à vontade de Deus, e trouxe sobre si e sobre

todos os seus descendentes as conseqüências da sua desobediência. Aquele

estado de comunhão perfeita entre Deus e o homem foi quebrado, formando

uma barreira (pecado) entre a criatura e o criador.

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A NATUREZA DO PECADO OU DA QUEDA DO HOMEM.

O pecado é uma transgressão, um erro de caminho ou alvo (tortuosidade ou

perversidade), contrário à ‗retidão‘ que é um andar reto num ideal ou alvo

colocado por Deus.

SEU CARÁTER FORMAL:

Pode-se dizer que numa perspectiva puramente formal , o primeiro pecado do

homem consistiu em comer ele dá arvore do conhecimento do bem e do mal.

Quer dizer que não seria pecaminoso, se Deus não tivesse dito: ―Da árvore do

conhecimento do bem e do mal não comerás.‖ A ordem dada por Deus para não

se comer do fruto da árvore serviu simplesmente ao propósito de por à prova a

obediência do homem. Foi um teste de pura obediência desde que Deus de

modo nenhum procurou justificar ou explicar a proibição.

SEU CARÁTER ESSENCIAL E MATERIAL:

O primeiro pecado do homem foi um pecado típico, isto é, um pecado no qual a

essência real do pecado se revela claramente. A essência desse pecado está no

fato de que Adão se colocou em oposição a Deus, recusou-se a sujeitar a sua

vontade a vontade de Deus de modo que Deus determinasse o curso da sua

vida, e tentou ativamente tomar a coisa toda das mãos de Deus e determinar ele

próprio o futuro. Naturalmente pode-se distinguir diferentes elementos do seu

primeiro pecado: No intelecto, revelou-se como incredulidade e orgulho na

vontade como o desejo de ser como Deus, e nos sentimentos como uma ímpia

satisfação ao comer do fruto proibido.

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A QUEDA – O PECADO ORIGINAL

A CULPA ORIGINAL:

A palavra ‗culpa‘ expressa a relação que há entre o pecado e a justiça, ou, como

o colocam os teólogos mais antigos, e a penalidade da lei. É a condenação a

qual todo homem está sujeito por causa do pecado. Quem é culpado está numa

relação penal com a lei. Podemos falar da culpa em dois senetidos, a saber,

como reatus culpae (réu convicto) e como reatus poenae (réu passível de

condenação). O sentido habitual, porém, em que falamos de culpa na teologia, é

o de reatus poenae. Com isto se quer dizer merecimento de punição, ou

obrigação de prestar satisfação à justiça de Deus pela violação da lei, feita por

determinação pessoal. Isso é evidenciado pelo fato de que, como a Bíblia

ensina, a morte, como castigo do pecado, passou de Adão a todos os seus

descendentes: (Rm 5:12 - 19, Ef 2:3, 1 Co 15:22).

DEPRAVAÇÃO TOTAL:

O significado Teológico da palavra é ‗que todos os homens são por natureza

pecadores, totalmente depravados‘, ou seja, todas as inclinações mentais (que

são o princípio das ações externas) são completamente corrompidas. Em vista

do seu caráter impregnante, a corrupção herdada toma o nome de depravação

total; muitas vezes esta frase é mal compreendida, e portanto requer cuidados

discriminação. Esta depravação total é negada pelos pelagianos, pelos

socinianos e pelos arminianos do século dezessete, mas é ensinada claramente

na Escritura. (Jo 5:42, Rm 7:18, 23, 8:7, Ef 4:18, 2Tm 3:2 – 4, Tt 1:15, Hb 3:12).

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O CONCEITO BÍBLICO DE PECADO.

Errar Alvo, dívida, transgressão, queda, derrota (Ver. Gn. 6:5; 1 Jo.1:18;

Hb.12:5)

A história da raça humana que se apresenta nas Escrituras é primordialmente a

história do homem num estado de pecado e rebelião contra Deus e do plano

redentor de Deus para levar o homem de volta a Ele. Portanto, convém agora

ponderar acerca da natureza do pecado que separa o homem de Deus.

O conceito bíblico de pecado vem do estudo das palavras usadas nos dois

testamentos para falar do pecado. Existem pelo menos oito palavras básicas

para falar de pecado no AT e uma dúzia no NT. Assim teríamos uma definição

correta e final, ainda que muito longa. Talvez seja uma melhor idéia defini-lo da

seguinte forma: Pecado é errar o alvo, maldade, rebelião, iniqüidade, desviar-se

do caminho, impiedade, desgarrar-se, crime, desobediência à Lei, transgressão,

ignorância e queda.

De maneira mais sucinta, pecado geralmente é definido como transgressão à Lei

(1 João 3:4). Essa é uma definição correta quando entendermos o pecado em

seu sentido mais amplo, ou seja, afastamento dos padrões estabelecidos por

Deus. Augustus Strong apresenta um bom exemplo quando define pecado como

―inconformidade à Lei moral de Deus, seja por meio de atos, disposição ou

estado‖.

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Pecado também pode ser definido como algo contra o caráter de Deus. Buswell

define assim: ―Pecado pode ser definido como qualquer coisa na criatura que

não expresse ou que seja contrário ao caráter santo do Criador‖. Certamente a

principal característica do pecado é que ele é direcionado contra Deus.

Qualquer definição que deixe de refletir isso não é bíblica. O lugar comum que

considera os pecados divididos em categorias, como pecados contra a pessoa,

contra os outros e contra Deus, acaba não enfatizando que, no final, todo

pecado é contra Deus.

Não nos esqueçamos de que o pecado é terrível aos olhos de um Deus santo.

Habacuque disse de forma sucinta: ―Tu és tão puro de olhos, que não podes ver

o mal e a opressão não podes contemplar‖. (Hc 1:13). Lembre-se de que o

pecado é tão destrutivo que somente a morte do Filho de Deus pode retirá-lo (Jô

1:29).

CONCEITO DE PECADO:

É a falta de conformidade com a lei de Deus, em estado, disposição ou conduta.

PARA INDICAR ISSO, A BÍBLIA USA VÁRIOS TERMOS, TAIS COMO:

Pecado

(Sl 51.2; Rm 6.2);

Desobediência

(Hb 2.2);

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Transgressão

(Sl 51.1; Hb 2.2);

Iniqüidade

(Sl 51.2; Mt 7.23);

Mal, maldade, malignidade

(Pv 17.11; Rm 1.29)

Perversidade

(Pv 6.14; At 3.26);

Rebelião, rebeldia

(1Sm 15.23; Jr 14.7);

Engano

(Sf 1.9; 2;Is 2.10);

Injustiça

(Jr 22.13; Rm 1.18);

Erro, falta

(Sl 19.12; Rm 1.27);

Impiedade

(Pv 8.7; Rm 1.18);

Concupiscência

(Is 57.5; 1Jo 2.16);

Depravidade, depravação

(Ez 16.27,43,58).

O diabo quer que pequemos, afirmando que não estamos crescendo na

presença de Deus ou estamos falhando. Verdadeiro crescimento contra o

pecado é cooperar como Espírito Santo batalhando.

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EXISTEM GRAUS DE PECADO?

Serão alguns pecados piores do que os outros? A pergunta pode ser respondida

de modo afirmativo ou negativo, dependendo do sentido que se lhe dê.

CULPA LEGAL:

No tocante à nossa posição legal perante Deus, qualquer pecado, mesmo aquilo

que nos pareça um pecado leve, torna-nos legalmente culpados perante Deus, e

portanto, dignos de castigo eterno. Adão e Eva aprenderam isso no jardim do

Éden, onde Deus lhes disse que um só ato de desobediência resultaria na pena

de morte.

E Paulo afirma que ―o julgamento derivou de uma só ofensa, para a

condenação‖. Esse único pecado tornou Adão e Eva pecadores perante Deus, já

incapazes de permanecer na santa presença divina. Portanto, em termos de

culpa legal, todos os pecados são igualmente maus, pois nos fazem legalmente

culpados perante Deus e nos constituem pecadores.

CONSEQÜÊNCIAS NA VIDA E NO RELACIONAMENTO COM DEUS:

Por outro lado, alguns pecados são piores do que outros, pois trazem

conseqüências mais danosas para nós e para os outros e, no tocante ao nosso

relacionamento pessoal com Deus Pai, provocam-lhe desprazer e geram ruptura

mais grave na nossa comunhão com Ele.

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Segundo as Escrituras, porém, todos os pecados são ‗mortais‘, pois mesmo o

mais leve deles nos torna legalmente culpados perante Deus e merecedores do

castigo eterno. No entanto, até o mais grave dos pecados é perdoado quando a

pessoa se entrega a Cristo em busca de salvação. Ou seja, os pecados podem

variar segundo as conseqüências e o grau em que perturbam nosso

relacionamento com Deus. No entanto, pecado, é pecado!

PECADO IMPERDOÁVEL

Diversas passagens da escritura falam de um pecado que não pode ser

perdoado, após o qual é impossível a mudança do coração e pelo qual não é

necessário orar. É geralmente conhecido como pecado ou blasfêmia contra o

Espírito Santo. O Salvador fala explicitamente dele em (Mt 12:31 – 32) e

passagens paralelas, e em geral se pensa que (Hb 6:4 – 6, 10:26 – 27 e 1 Jo

5:16), também se referem a esse pecado.

CONSEQÜÊNCIAS DO PECADO

A Bíblia nos ensina que o pecado afetou toda a criação de Deus, trazendo

conseqüências tanto no céu como na terra.

NO CÉU: O pecado de Satanás afetou as regiões celestes contaminando aos

anjos caídos que lutam contra os crentes (Efésios 6:11 – 12).

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NA TERRA: Por causa do pecado de Adão houve rompimentos nos

relacionamentos do homem.

Do homem com Deus:

Gênesis 3:8 – 10 (se esconderam de Deus)

Do homem com Ele mesmo:

Gênesis 3:10 – 16 (Tiveram medo)

Do homem com seu semelhante (Humanidade):

Eclesiastes 7:20; Gênesis 3:16 (Adão culpou Eva)

Do Homem com a Natureza:

Gênesis 3:17 – 18; 9:1 – 3; Romanos 8:18 – 23 (Espinhos e Abrolhos)

MORTE ESPIRITUAL

O pecado separa de Deus o homem, e isso quer dizer morte, pois é só na

comunhão com o Deus vivo que o homem pode viver de verdade. A morte

entrou no mundo por meio do pecado (Rm 5:12), e que o salário do pecado é a

morte (Rm 6:23). A penalidade do pecado certamente inclui a morte física, mas

inclui muito mais que isso.

PALAVRA PECADO NO ANTIGO TESTAMENTO:

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* hajx chatta‟ ah ou tajx chatta‟ th - pecado, envolvendo condição de pecado,

culpa pelo pecado, punição, oferta e purificação dos pecados de impureza

cerimonial . (Gn. 4:7), procedente de chata‘ - pecar, falhar, perder o rumo, errar

o alvo ou o caminho do correto e do dever , incorrendo em culpa, p/sofrer

penalidade pelo pecado, perder o direito.

* evp pesha„ - transgressão, rebelião contra indivíduos, nação contra nação ou

contra Deus. (Jó.34:6);

* hum matstsah - conflito, contenda (Pv.17:19), vem de natsah-

devastado,desolado,em ruínas e estar como montes arruinados.

NATUREZA DO PECADO NO ANTIGO TESTAMENTO:

Existe uma variedade de termos, estudando-se o hebráico para expressar esse

mal da ordem moral.

NA ESFERA MORAL:

Errar o alvo, reunindo 3 idéias: • errar como arqueiro erra o alvo; • errar como

viajante erra caminho; • errar como ser achado em falta na balança; (Gn.4:7)-

Pecado é a besta pronta para tragar;

Tortuosidade ou perversidade, contrário de retidão, tornando-se não reto e sem

ideal reto; c) Mal, pensamento de violência ou infração, violando a lei de Deus. O

pecado sem perdão é a incredulidade (Mt 12.31-32)

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NA ESFERA DA CONDUTA FRATERNAL:

Violência ou conduta injuriosa, homem maltrata/oprime os seus (Gn.6:11 e

Pv.16:29);

NA ESFERA DA SANTIDADE:

Ofensor já teve comunhão com Deus; como cada israelita era santo e sacerdote,

mas profanaram e tornaram imunda a Lei, sendo irreligiosos, transgressores e

criminosos.

NA ESFERA DA VERDADE:

Inútil e fraudulento; falar e tratar falsidade, representar e dar falso testemunho,

numa vaidade vazia e s/valor, onde a mentira iniciou o 1ºpecado e o 1º pecador,

pois todo o pecado contêm elemento do engano (Hb. 3:13).

NA ESFERA DA SABEDORIA:

Impiedade por não pensar/não querer pensar corretamente, para

descuido/ignorância.

O homem natural não desenvolveu na direção do bem, mas se inclina

naturalmente para o mal, ouvindo, mas esquecendo, conduzido para o pecado

(Mt.7:26). O castigo do pecado é a morte física, espiritual e eterna (Rm 6.23).

O homem sem entendimento precipita em julgar coisas que não sabe,impio;nega

o que é dado de graça (Pv.8:1-10);

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O insensato se prende às coisas da carne e não se disciplina, podendo fazer o

bem (Pv.15:20);

O homem ímpio justifica a impiedade c/argumentos racionais ateísticos;

escarnece infiel (Sl.1:1 e Pv.14:6).

PALAVRA PECADO NO NOVO TESTAMENTO (EM GREGO):

amartia hamartia- não ter parte; errar o alvo; desviar-se do caminho de retidão e

honra, fazer ou andar no erro; desviar-se da lei de Deus, violar a lei de Deus,

uma ofensa, violação da lei divina em pensamento ou em ação ou

coletivamente, o conjunto de pecados cometidos seja por uma única pessoa ou

várias. (Mt.12:31);

krisis - separação, divisão, repartição, julgamento, sentença de condenação,

julgamento condenatório, condenação e punição por colégio dos juizes (um

tribunal de sete homens nas várias cidades da Palestina; distinto do Sinédrio,

que tinha sua sede em Jerusalém) (Mc. 3:29). Da morte espiritual/eterna escapa

quem chega a Jesus .(Rm 3.21;8.39).

NATUREZA DO PECADO NO NOVO TESTAMENTO:

• Errar o Alvo, na mesma idéia do A.T.;

• Dívida, p/não guarda dos mandamentos de Deus e o homem é incapaz de

pagar e necessita de uma remissão ou fiador.

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• Desordem, pois o pecado é iniqüidade; o pecador rebelde, idólatra quebra o

mandamento por sua vontade, fazendo uma lei para si e constituindo o seu

―EU‖ como uma divindade, numa obstinação;

• Desobediência, ou ouvir mal, sem atenção. (Hb.2:2 e Lc.8:18);

•Transgressão, ir além do limite (Rm.4:15);

• Queda,cair para um lado sem conduta, no pecado (Ef.1:7);

• Derrota, rejeitando Jesus e perdendo o propósito (Rm.11:12);

• Impiedade, sem adoração ou reverência(Rm.1:18 e 2 Tm.2:16), dando pouca

ou nenhuma importância a Deus ou às coisas sagradas, sem temor/reverência;

• Erro, decisões erradas p/desconhecer,quando o homem decide fazer o mal,

sem avaliar conseqüências, mais do que falta pela debilidade.

CONSEQUÊNCIAS DO PECADO NA PESSOA:

Pecado é ato; rebelião contra a lei e pecaminoso contra Deus, tendo 2

resultados:resultados dos atos e castigos futuros:

FRAQUEZA ESPIRITUAL:

• DESFIGURA IMAGEM DIVINA

Traz vergonha perante Deus. (Is.59:2; Tg.3:9); Será repreendido pelo mundo

(Pv.3:35;1 Co.15:34).

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• PECADO INERENTE/ORIGINAL

Traz engano (Is.64:7;Sl.66:18). - Inclinado para pecar(Sl.51:5), difere de pecado

atual (efeito da queda), sendo maldito, estranho, enganoso, inimigo, escravo,

morto e filho da ira. Deus vai lhe levar em abismos profundos (Sl.107:26-28).

• DISCÓRDIA INTERNA

Perdemos a comunhão com Deus. Desarmonia;divisão interna e

fragilidade(conflitos); transforma a pessoa em perigosa de se estar perto pois a

qualquer instante pode descer sobre ela a ira divina.(Mt.8:28; Mt.9:36;1

Sm.31:4;Sl.78:31;Rm.1:18; Jo.3:36).

PECADO NO CORPO (MANIFESTAÇÃO):

• BOCA IMPURA

Querer amoldar a Palavra à sua própria vontade

(Salmos.50:16;Is.53:9;Tg.3:6;Is.58:9; Salmos.50:19-23).

• OUVIDOS IMPUROS

Querer ouvir apenas o que lhe agrada (Is.50:4-5; 2 Tm.4:3; 1 Rs.22:13; 2

Cr.28:12;

• OLHOS IMPUROS

Julgar mentalmente as pessoas pelo que se vê (Is.11:3;Sl.50:20-21;Ap.3:18);

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• NARIZ IMPURO

Símbolo de pessoas empinadas e orgulhosas (Is.65:5; Is.3:16-25; Ez.8:17);

• CABEÇA IMPURA

Menear a cabeça, reprovando as coisas de Deus (Jó.16:4; Is.1:5);

• CORAÇÃO IMPURO

Pessoa maliciosa que guarda mágoas (Sl.78:18; Sl.95:8; Mt.19:8;

Rm.1:24;Ez.14:3). Dureza de coração tem haver com desprezar ouvir e rejeitar a

Palavra de Deus (Pv.29:1), de 3 maneiras: * Negligenciar na oração e leitura;

Fofocar no meio da igreja e acalentar pecados secretos (Mt.24:19). Envolve dois

tipos de pessoas: Os que gostam de ouvir a Palavra de Deus e apreciam o culto,

mas não praticam (Ez.33:31-32) e os que apenas querem sair do aperto,

pedindo oração.

• PESCOÇO IMPURO

Pessoa que carrega e confia em fardos pesados de pecado (Is.10:27;Ez.21:29);

• BRAÇOS IMPUROS

Ficar de braços cruzados sem nada fazer para Jesus

(Pv.6:10;Mc.10:16;Lc.2:28).

• MÃOS IMPURAS

Agir com roubo, violência e impureza (Jó.16:17; Sl.7:3; Sl.26:10; Sl.28:4;

Sl.106:42);

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146

• ESTÔMAGOS IMPUROS

Cheios de iniqüidade;desejam prostituir-se no mundo (Ez.7:19; Lc.15:16;1

Co.6:13).

• RINS IMPUROS

Quando não se expeli de si, o que não presta., guarda o mal, como vingança

(Jr.20:12)

• VENTRES IMPUROS

Quando apenas se pensa na glória terrestre, como o deus da prosperidade

(GL.1:15)

• PERNAS IMPURAS

Quando não se encurva diante de Deus nem se ajoelha diante dele

(Pv.26:7;Ez.21:7)

• PÉS IMPUROS

Quando se vacila,pisando nos outros, de modo impuro (Jó.12:5; Jó.18:8;

Pv.6:18; Ez.34:18-19).

• CORPO IMPURO

Desonrar, prostituir-se em sensualidade escarnecedora e impia (Rm.1:24-27;1

Co.6:15;Jd.1:19)

CASTIGO POSITIVO:

Separado da fonte da vida, pela MORTE: MORTE: 3 Fases: 1) morte espiritual

na vida (Ef.2:1); 2) morte física (Hb.9:27) e 3) 2a.morte (Ap.21:8).

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OUTRAS CONSEQÜÊNCIAS:

• Efeito do pecado nos animais;(doenças e morte (Gn.6:11; Gn.6:19-20; Gn.3:14;

Lv.4:3; Lv.4:27-28; Ec.3:18);

• Efeitos na terra e meio ambiente (Fome, furacão, falta d‖ água e enchentes,

tsunamis; Poluição – (Jr.5:28-29; Gl.6:7; Sl.18:7; Gn. 3:17; Rm.1:26-32; Sf.1:3);

• Efeitos do pecado nas nações (Guerras e desentendimentos – (Jr.30:12; 1

Rs.8:46; Sf.2:11; 2 Rs.17:11; Am.9:9).

COISAS BOAS QUE DEIXAM AS PESSOAS FORA DO CÉU:

• Ter zelo pelas coisas boas, deixando de lado as coisas de Deus (Mt.6:33; Cl.

3:2-3; Hb. 10:25).

• Ter desatenção à Palavra e ser absorvido pelos próprios interesses (Lc.17:30;

Jr. 2:31-32);

• Estar tão ocupado com as coisas de Deus que não há tempo para buscá-lo.

(Sl.32:6; Sl. 69:13);

• Dar atenção parcial a Jesus (Cl. 1:18; Lc. 14:16-24);

• Colocar a família antes do Senhor (Hb.11:7; Ef.2:19);

• Não ser apaixonado por Jesus, não se protegendo o tempo todo ao seu lado

(Jr.2:31-32; Lc.14:24).

PERGUNTA-SE:

Quando chegar o dia, Jesus nos conhecerá? (Jo.8:55; Mt.7:23; Lc.13:27);

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PERMANÊNCIA NO PECADO:

POR QUE OS CRISTÃOS PERMANECEM NA PRÁTICA DO PECADO?

• Não têm temor a Deus pela falta de graça e por não entenderem o completo

perigo do pecado e suas conseqüências (Pv.16:6;Pv.3:7; Ap.3:15; Pv.4:23).

• São super confiante em si mesmo achando-se superior às tentações (2 Co.1:3-

7).

• Têm o pecado oculto arraigado há anos dentro de seu coração. (Sl.32:5; 38:3).

OBSERVAÇÃO: * Deus condena mais os perversos pecados dos cristãos que

dos ímpios. (Dt.1:37;Jr.1:16). * Quanto mais tempo no pecado, mais se endurece

(Hb.3:12-13); * Quanto mais permanece no pecado, enfrenta a vara de Deus

(Sl.89:30-34); * Quanto mais permanece no pecado, enfrenta esvaziamento de

paz e força (Sl.31:10; Sl.38:3); * Quanto mais permanece no pecado, enfrenta

crescente dúvida e incredulidade (1 Sm.13:13-14).

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PECADOS PRINCIPAIS:

IRA

raiva,cólera ou agressividade exagerada em querer destruir os outros. (Jó.5:2);

GULA

Querer assimilar tudo, engolindo e não digerindo (Is.56:11);

INVEJA

Desgosto e pesar pelos bens dos outros; o outro é mais que eu (Pv.14:30);

ORGULHO

Ser melhor que outros (Sl.90:10);

AVAREZA

Não confiar em ninguém (Is.57:17);

PREGUIÇA

Não querer aprender nada.(Ec.10:8);

LUXÚRIA

(desfrutar do poder de dominar)-prazer pelo excesso (Jr.11:15);

IDOLATRIA

Não querer a Deus de modo exclusivo. (2 Rs.17:41; Dt.32:17; 1 Co.10:20; 1

Co.10:14; Js.24:15; 2 Cr.24:18).

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TERCEIRO MÓDULO

A DOUTRINA DA SALVAÇÃO

SOTERIOLOGIA

DEFINIÇÃO:

Soteriologia é a união entre dois termos gregos "Soteria" que significa Salvação

e "Logia" que significa Estudo.

Portanto Soteriologia é o Estudo da Salvação.

INTRODUÇÃO:

É fundamental que tenhamos convicção da nossa salvação. A Bíblia garante que

podemos ter convicção da vida eterna.

Sem esta convicção é impossível viver a vida cristã. Ao fazer o estudo, examine

como está a sua convicção `a luz da Palavra de Deus.

BREVE EXEGESE DE SALVAÇÃO

De uma forma simples, podemos dizer que ―salvação é o fato do homem ser

salvo do poder e dos efeitos do pecado‖.

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―O vocábulo português se deriva do latim salvare, ―salvar‖ e de salus, ―saúde‖,

―ajuda‖, e traduz o termo hebraico yeshu‘a e cognatos (largura, facilidade,

segurança) e o vocábulo grego sõteria, e cognatos (cura, recuperação,

redenção, remédio, salvação, bem estar). Significa a ação ou o resultado de

livramento ou preservação de algum perigo ou enfermidade, subentendendo

segurança, saúde e prosperidade. Nas Escrituras, o movimento parte dos

aspectos mais físicos para o livramento moral e espiritual. Assim é que as

porções mais antigas do AT dão ênfase aos meios dos servos individuais de

Deus escaparem das mãos de seus inimigos, a emancipação de Seu povo da

escravidão e o estabelecimento dos mesmos numa terra de bundância; já as

porções posteriores dão maior ênfase às condições e qualidades morais e

religiosas da bem-aventurança, e estende suas amenidades além das fronteiras

nacionais‖ (O Novo Dicionário da Bíblia, Vol-II, p 1464 – 5).

Em primeira instância, o verbo sõzõ, ―salvar‖ bem como o substantivo sõtêria,

―salvação‖, denotam o ―salvamento‖ e a ―libertação‖ no sentido de evitar algum

perigo que ameaça a vida. Pode ocorrer na guerra ou em alto mar. Aquilo de

que se recebe o livramento pode, no entanto, ser uma doença. Onde não se

menciona qualquer perigo imediato, também podem significar ―conservar‖ ou

―preservar‖. O verbo e o substantivo podem até significar ―voltar com segurança‖

para casa.

Na LXX sõzõ traduz nada menos do que 15 verbos hebraicos diferentes, mas os

mais importantes são yãsa, que se emprega no hiphil para ―libertar‖ e ―salvar‖, e

mãlat, niphal, ―escapulir‖, ―escapar‖, ―salvar‖. E embora Iahweh empregue

agentes humanos, o israelita piedoso tinha consciência do fato do livramento vir

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do próprio Iahweh (Salmo 12:1; 121: 1 – 2); mas o conteúdo exato dessa

libertação ou salvação varia de acordo com o contexto e as circunstâncias.

A expressão ―o cálice da salvação‖ encontrada no Salmo 116:13, tem quatro

interpretações sugeridas: (1) uma libação de vinho que fazia parte da oferta de

ações de graças (cf, Num 28:7); (2) uma metáfora da libertação, e o antônimo da

taça da ira de Iahweh (cf. Is 51:17; Jr 25:15); (3) um cálice em conexão com

alguma ordalha específica (cf. Nm 5:16 – 28); (4) um cálice de vinho tomado na

refeição de ações de graças (cf Sl 23:5); Prefiro a primeira dessas alternativas

tendo em vista a sua associação com alguma coisa dada a Iahweh. É atraente,

no entanto, a sugestão de que semelhante cálice, necessariamente, fica em

contraste com o cálice da ira de Deus, e, portanto, esta idéia também pode ser

presente.

No Novo Testamento, o verbo sozõ ocorre 106 vezes, e o substantivo sõtêria, 45

vezes. Sendo que a graça de Deus é a grande fonte de salvação (Ef 2:8 – 9), e o

Filho de Deus é o Salvador do Mundo (Lc 2:11; 1 Jo 4:14).

A VERDADEIRA IDÉIA DA SALVAÇÃO

Há diversas idéias a respeito da salvação. Vamos mencionar algumas das mais

importantes e apontar a que está mais de acordo com a idéia apresentada por

Jesus Cristo.

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A SALVAÇÃO E O PASSADO

Atos 17:30 Mas Deus, não levando em conta os tempos da ignorância, manda

agora que todos os homens em todos os lugares se arrependam. Suponhamos

que uma pessoa que não saiba nadar esteja prestes a afogar-se; mas,

felizmente alguém o salva. A salvação nada tem haver com o passado da

pessoa salva.

A SALVAÇÃO E O FUTURO

Imaginemos agora, um condenado a morte, porém perdoado por alguém cheio

de bondade e amor. Este perdão garante ao condenado o livramento do castigo

merecido. Esta salvação visou o livramento do castigo futuro.

A SALVAÇÃO DE JESUS

Lucas 9:24 Porque qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; porém

qualquer que, por amor de mim, perder a sua vida, a salvará. Suponhamos que

temos um único grão de arroz no mundo em nossas mãos. Para salvar esta

semente o que temos que fazer? A melhor maneira de salvá-lo é plantando-o,

pois se colhera centenas deles

A verdadeira idéia da salvação é, aquela que contempla mais aquilo para o que

somos salvos do que aquilo de que fomos salvos.

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A salvação ensinada por Jesus acentua mais o céu com toda a sua glória do que

o inferno com todo o seu horror. Não somos salvos para escaparmos da morte,

mas para gozarmos a vida eterna.

I Jo. 3 : 2 Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o

que havemos de ser.

ELEMENTOS BÁSICOS PARA A SALVAÇÃO

Rom. 3 : 24 - 25 E são justificados gratuitamente pela sua Graça, pela redenção

que há em Cristo Jesus. Deus o propôs para propiciação pela Fé no seu

Sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes

cometidos sob a tolerância de Deus.

Os elementos básicos estabelecidos para salvação conf. escrito pelo Apóstolo

Paulo aos Romanos são:

A GRAÇA

Tito 2:11 Pois a graça de Deus se manifestou, trazendo salvação a todos os

homens. Graça significa, primeiramente, favor, ou a disposição bondosa da

parte de Deus. ( Favor não merecido). A graça de Deus aos pecadores revela-se

no fato de que ele mesmo pela expiação de Cristo, pagou toda a pena do

pecado. Por conseguinte, ele pode justamente perdoar o pecado sem levar em

conta os merecimentos ou não merecimentos. A graça manifesta-se

independente das obras dos homens. A graça é conhecida como Fonte da

Salvação.

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O SANGUE

I Jo. 1 : 7 O sangue de Jesus Cristo , seu Filho, nos purifica de todo pecado. Em

virtude do sacrifício de Cristo no calvário, o crente é separado para Deus, seus

pecados perdoados e sua alma purificada. Sangue é conhecido como a Base da

Salvação.

A FÉ

Efésios 2 : 8 - 9 Pois é pela graça que sois salvos, por meio da Fé; e isto não

vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie.

Pela fé reconhece o homem a necessidade de salvação, e pela mesma fé é ele

levado a crer em Cristo Jesus. Heb. 11 : 6 Ora, sem Fé é impossível agradar a

Deus, porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele

existe, e que é galardoador dos que o buscam. A Fé conduz-nos ao Salvador, a

Fé coloca a verdade na mente e Cristo no coração. A Fé é a ponte que dá

passagem ao mundo espiritual, por isso concluímos que a Fé é o Meio para a

Salvação.

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A NATUREZA DA SALVAÇÃO

ASPECTOS DA SALVAÇÃO

JUSTIFICAÇÃO

Justificar é um termo judicial que significa absolver, declarar justo. O réu, ao

invés de receber sentença condenatória, ele recebe a sentença de absolvição.

Esta absolvição é dom gratuito de Deus, colocado a nossa disposição pela fé.

Essa doutrina assim se define : "Justificação" é um ato da livre graça de Deus

pelo qual ele perdoa todos os nossos e nos aceita como justos aos seus olhos

somente por nos ser imputada a justiça de Cristo, que se recebe pela Fé.

Justificação é mais que perdão dos pecados, é a remoção da condenação. Deus

apaga os pecados, e, em seguida, nos trata como se nunca tivéssemos

cometido um só pecado. Portanto Justificação é o Ato de Deus tornar justo o

pecador. Romanos 3 : 24,30 Sendo justificados gratuitamente pela sua graça,

pela redenção que há em Cristo Jesus... Concluímos, pois, que o homem é

justificado pela fé sem as obras da lei. A justificação, é realizada no homem

quando este passa a crer no Senhor Jesus Cristo como Salvador, logo que ele

crê em Jesus, Deus o declara livre da condenação.

Cristo Nossa Imputação Rom. 4 : 6 ...Bem-aventurado o homem a quem Deus

imputa justiça sem as obras,... Imputar é atribuir a alguém a responsabilidade

pelos atos de outro. Isto é Jesus Cristo assumiu nossos pecados, Deus permitiu

que Jesus pagasse nosso débito.

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Cristo Nossa Substituição Gal. 3 : 13 Cristo nos resgatou da maldição da lei,

fazendo ele próprio maldição em nosso lugar,... Como nosso substituto, Cristo

Jesus ganhou esta justiça para nós, morrendo em nosso lugar, a fim de nos

salvar e garantir o perdão dos nossos pecados. Somos agora aceitos por Deus,

porque nos foi creditada a perfeita Justiça de Cristo.

Justiça de Cristo I Cor. 1 : 30 Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para

nós foi feito por Deus sabedoria, Justiça, e santificação, e redenção. Esta justiça

foi adquirida pela morte expiatória de Cristo. Sua morte foi ato perfeito de justiça,

porque satisfez a lei de Deus. Foi também um ato perfeito de obediência. Tudo

isto foi feito por nós e posto a nosso crédito.

REGENERAÇÃO REGENERAR SIGNIFICA

Restaurar o que esta destruído. Quando se trata do ser humano, Regeneração é

uma mudança radical, operada pelo Espírito Santo na alma do homem. Esta

Regeneração, atinge, portanto todas as faculdades do homem ou seja :

Intelecto, Volição e a Sensibilidade. O homem regenerado não faz tanta questão

de satisfazer à sua própria vontade como de satisfazer à de Deus. Na

Regeneração, ele passa a pensar de modo diferente, sentir de modo diferente e

querer de modo diferente: tudo se transforma. II Cor. 5 : 17 Portanto, se alguém

está em Cristo, Nova Criatura é; as coisas velhas já passaram, tudo se fez novo.

A bíblia descreve a regeneração como:

Nascimento João 3 : 3 Jesus respondeu, e disse : Na verdade, na verdade te

digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Uma

pessoa, para pertencer a aliança feita a Israel e gozar de todos os seus direitos,

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precisava somente nascer de pais judaicos. Para pertencer ao reino do Messias,

contudo, uma pessoa precisa nascer de novo. Ezeq. 36 : 26 Dar-vos-ei um

coração novo, e porei dentro em vós um espírito novo; tirarei de vós o coração

de pedra, e vos darei um coração de carne.

Vivificação A essência da regeneração é um nova vida concedida por Deus,

mediante Jesus Cristo e pela operação do Espírito Santo. Jo. 10 : 10 ... Eu vim

para que tenham vida, e a tenham com abundância. Viver É estar com vida.

Vivificar É dar vida. Vivificação: É o Ato, a Ação ou o efeito de viver. É usufruir

da vida espiritual que Deus concedeu.

Purificação Ato ou efeito de purificar. Tito 3 : 5 Não por obras de justiça que

houvéssemos feitos, mas segundo a sua misericórdia, ele nos salvou mediante a

lavagem da regeneração e renovação pelo Espírito Santo. A alma foi lavada

completamente das imundícias da vida de outrora.

SANTIFICAÇÃO

Santificar é tornar sagrado, separar, consagrar, fazer santo. A Palavra santo tem

muitos significados:

Separação Representa o que está separado de tudo quanto seja terreno e

humano. I Ped. 3 : 11 Aparte-se do mal, e faça o bem; busque a paz, e siga-a.

Dedicação Representa o que está dedicado a Deus, no sentido ser sua

propriedade. Rm 12 : 1 Portanto, rogo-vos, irmãos, pela compaixão de Deus,

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que apresenteis os vossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a

Deus, que é o vosso culto racional.

Purificação Algo que separado e dedicado tem de ser purificado, para melhor ser

apresentado. (imaculado) II Cor. 7 : 1 Ora, amados, visto que temos tais

promessas, purifiquemo-nos de toda a impureza tanto da carne, como do

espírito, aperfeiçoando a nossa santificação no temor de Deus.

Consagração No sentido de viver uma vida santa e justa. Lev. 11 : 44 Eu sou o

Senhor vosso Deus; consagrai-vos, e sede santos, porque eu sou santo.

Muito acentuada se acha no Velho Testamento a idéia de que a santificação

consta de uma relação especial com Deus. As coisas consagradas ao Senhor

eram consideradas santas: Arca do Concerto, O Templo, O Tabernáculo, O

Altar, Os Vasos, Os Sacerdotes.

No Novo Testamento, a idéia é a de que a santificação consiste no processo do

homem ser perfeito como Ele é perfeito.

Jesus ensinou que o homem deve procurar aperfeiçoar-se cada vez mais. "Bem-

aventurado os limpos de coração, porque eles verão a Deus".

DIANTE DO EXPOSTO, PODEMOS ESTABELECER O SEGUINTE:

Santificação é um processo O crente precisa esforçar-se para progredir em

santificação. II Cor.7 : 1 Ora, amados, visto que temos tais promessas,

purifiquemo-nos de toda a impureza tanto da carne, como do espírito,

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aperfeiçoando a nossa santificação no temor de Deus. O processo de

santificação pode ser comparado ao crescimento de uma pessoa, porém

condicionado à sua vontade.

OS MEIOS DIVINOS DE SANTIFICAÇÃO

O Sangue de Cristo I Jo.1: 7 O sangue de Jesus Cristo, seu filho, nos purifica de

todo o pecado.

O Espírito Santo Fil. 1 : 6 Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós

começou boa obra a aperfeiçoará até o dia de Jesus Cristo.

A Palavra de Deus Jo. 17 : 17 Santifica-os na verdade a tua palavra é a verdade.

VEJAMOS A SEGUIR O QUE O ESPÍRITO SANTO SANTIFICA NO CRENTE

I Tes. 5 : 23 O mesmo Deus de Paz vos santifique completamente. E todo o

vosso espírito, alma e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis

para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.

O CORPO Rom. 12 : 1 ... que apresenteis os vossos corpos como sacrifício vivo,

santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.

A ALMA I Ped. 1 : 22 Tendo purificado as vossas almas

Espírito Sal. 78 : 8 ... Geração de coração instável, e cujo espírito não foi fiel a

Deus.

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Glorificação Glorificar significa honrar, dar glória.

Deus em seu plano de salvação, manifestou a sua glória através de Cristo

Jesus, o pecador pode experimentar esta manifestação pelo Espírito Santo.

O ato final do processo da salvação será a glorificação do crente por Deus.

A Glória de Deus em Nós Em todo o tempo a glória de Deus demonstra poder,

autoridade, virtude e acima de tudo consagração.

É manifestada através da fé.

Foi nos dada através de Jesus e serve para manter a unidade da Igreja.

Jô. 17 : 24 Pai, quero que onde eu estiver, estejam também comigo aqueles que

me deste, para que vejam a minha glória, a glória que me deste, porque me

amaste antes da criação do mundo.

A Glorificação do Corpo Rom. 8 : 30 E aos que predestinou, a estes também

chamou, e, aos que chamou, a estes também justificou; e, ao que justificou, a

estes também glorificou.

A Glorificação do corpo se dará por ocasião do arrebatamento, nosso corpo será

transformado em um corpo glorioso. Neste ato, se dará a glorificação, quando

estaremos em corpo incorruptível, e assim, estaremos para sempre com o

Senhor.

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Conhecemos que a glória da roseira é a rosa e que a de qualquer árvore são os

frutos; mas a glória do crente o que será?

I Cor. 13 : 12 Agora vemos em espelho, de maneira obscura; então veremos

face a face. Agora conheço em parte; então conhecerei como também sou

conhecido.

Rom.8 : 18 Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo

presente não são para comparar coma glória que em nós há de ser revelada.

A Glorificação é o objetivo de nosso serviço realizado

I Cor. 15 : 58 Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre

abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é

vão.

O trabalho do cristão deve ser realizado da melhor forma possível.

Com Amor, dedicação, voluntário, humilde, alegria, sacrificial, sabedoria etç...

ARREPENDIMENTO

Formada por duas palavras gregas (meta + nous), ―arrependimento‖ não

significa, como muitos pensam, um rosto cuja face correm lágrimas de remorso,

e cujos lábios proferem promessas de mudança e um voto de jamais cair no

mesmo pecado. Na Palavra de Deus descobrimos que a palavra quer dizer

―mudança de mente‖.

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―Esta experiência tem sido descrita como sendo o ato pelo qual o pecador, ao

aceitar a Cristo, dá uma meia volta no rumo em que seguia na vida até então, e

avança em direção diametralmente oposta. Isto significa uma mudança total de

conduta ou procedimento. É o primeiro passo para a salvação. É a volta do

pecador a Deus.‖

VEJAMOS OUTRAS DEFINIÇÕES:

É a mudança de pensamento para com o pecado e para com a vontade de

Deus, o que conduz a uma transformação de sentimento e de propósito a seu

respeito.

É a verdadeira tristeza pelo pecado, incluindo um esforço sincero para

abandoná-lo.

É a conficção da culpa produzida pelo Espírito Santo ao aplicar a Lei Divina no

coração.

O Senhor Jesus nos dá uma ótima ilustração do conceito de arrependimento em

Mateus 21:28 – 30.

SUA NECESSIDADE

Jesus começou Seu ministério pregando arrependimento (Mc 1:14 – 15). E isso

seria mais que suficiente para comprovar a necessidade de arrependimento por

parte do homem. Mas a Igreja Primitiva também anunciava a mesma mensagem

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(At 2:38; 17:30; 20:21; 26:20). E foi também uma ordem deixada pelo Senhor

Jesus (Lc 24:47).

―Deus só pode perdoar o pecador quando ele sinceramente se arrepende. Isto é

forte o bastante para que continuemos a pregar a necessidade de

arrependimento e a necessidade do homem ter a mesma atitude que Deus tem

em relação ao pecado (Lc 13:3 – 5; 1 Tm 2:4; 2 Pe 3:9)‖.

SUA NATUREZA

Em 2 Coríntios 7:10, Paulo nos mostra que há uma relação entre tristeza e

arrependimento quando diz: ―Porque a tristeza segundo Deus produz

arrependimento para a salvação...‖. Você pode observar neste verso que tristeza

e arrependimento não são de modo algum a mesma coisa. A tristeza realiza a

sua obra, e quando isso acontece o resultado é o arrependimento e a

conseqüência dessa mudança de opinião é a salvação. O apóstolo estabeleceu

dessa forma uma progressão: tristeza, arrependimento e salvação. Neste verso

descobrimos que arrependimento não é sentir somente tristeza pelos pecados,

mas viver uma vida diferente.

Cremos que o verdadeiro arrependimento envolve três faculdades básicas do

homem: seu intelecto, suas emoções e sua vontade.

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O INTELECTO

Arrepender-se significa mudar de pensamento. Langston afirmou que

―intelectualmente falando, o arrependimento é uma mudança na maneira de

pensarmos em Deus, em nosso pecado e em nossas relações com o nosso

próximo‖. Há uma radical mudança na maneira de pensar. O filho pródigo é um

clássico exemplo disso.

AS EMOÇÕES

Arrepender-se significa mudar de sentimentos. ―O homem arrependido deixa de

amar ou apreciar o que antes amava ou apreciava. O prazer deixa de fixar-se

nas coisas terrenas para descansar nas celestiais... O arrependimento chora

seus pecados, mas chora ainda mais a falsa atitude que antes tinha para com

Deus... O arrependimento verdadeiro fixa os olhos do arrependido mais em

Deus do que no pecado cometido‖ (Langston). No Salmo 51 Davi, chora por

seus pecados, mas lamenta muito mais a sua infidelidade diante de Deus. "Tem

misericórdia de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; apaga as minhas

transgressões segundo a multidão das tuas misericórdias. Contra ti, contra ti

somente pequei, e fiz o que mau à tua vista, para que sejas justificado quando

falares e puro quando julgares ".

A VONTADE

Arrepender-se significa mudar de propósitos. ―Antes de arrepender-se, o homem

quer fazer a própria vontade, quer dirigir-se a si mesmo, quer andar no seu

próprio caminho. No arrependimento, porém, ele quer fazer a vontade de Deus,

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quer ser dirigido por Ele, porque está convencido de que a vontade e a direção

de Deus são melhores...‖ (Langston). Após o arrependimento, Davi orou: ―Cria

em mim, ó Deus, um coração puro, e renova dentro de mim um espírito

inabalável‖ (Sl 51:10).

SUA PRATICIDADE

Na prática, o arrependimento que é causado pela ―tristeza segundo Deus‖, é

gerada por obra do Espírito Santo (Jô 16:8 – 11). Ao ouvir a mensagem do

Evangelho (At:37 – 41) o homem sente-se tocado pelo dedo de Deus e, se o

coração for fértil, a semente produzirá bons frutos (Mt 13:23).

SEUS RESULTADOS

O texto de Atos 3:19 é claro em mostrar um dos principais resultados do

arrependimento: cancelamento dos pecados, que é outro modo de dizer que são

perdoados os seus pecados (Cl 2:14).

A alegria entre os anjos é um outro resultado do arrependimento (Lc 15:7).

Sem o arrependimento, o Espírito Santo não virá habitar em qualquer coração

humano (At 2:38; Ef 1:13).

EXEGESE DOS TERMOS FÉ-CRER

Originalmente, pistis significava o relacionamento fiel de partes de um contrato e

a fidedignidade das suas promessas. Vieram a significar, num sentido mais lato,

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a credibilidade de declarações, relatórios e narrativas em geral, sejam sacros,

sejam seculares. No grego do NT, obtiveram uma importância especial e

conteúdo específico através da sua aplicação ao relacionamento com Deus em

Cristo: a aceitação e reconhecimento, em plena confiança, daquilo que Deus fez

ou prometeu através dEle.

GREGO SECULAR

Na literatura grega clássica, pistis significa a ‗confiança‘ que um homem pode ter

nas pessoas ou nos deuses. Da mesma forma, pisteuõ significa ‗confiar‘ em

alguém ou nalguma coisa.

Originalmente, o grupo de palavras significava conduta que honrava um contrato

ou obrigação. Daí a experiência da fidelidade e da infidelidade pertence à idéia

da fé, desde o início. No grego secular, portanto, este grupo de termos

representa um largo espectro de idéias. Emprega-se para expressar

relacionamentos entre um homem e outro, e também para expressar o

relacionamento como divino.

ANTIGO TESTAMENTO

Em hebraico, a raiz ‗aman, no niphal, significa: ―ser leal, digno de confiança, fiel‖.

Pode se aplicar aos homens (Nm 12:7; servos – 1 Sm 22:14; a uma testemunha

– Is 8:2; a um mensageiro – Pv 25:13; aos profetas – 1 Sm 3:20). Pode, no

entanto, também ser aplicado ao próprio Deus, que guarda Sua aliança e dá

graça àqueles que o amam (Dt 7:9).

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168

No AT o termo ―fé‖ é encontrado apenas duas vezes (Dt 32:20 e Hc 2:4). Isso

não significa, entretanto, que a fé não seja elemento importante no ensino do

AT, pois ainda que a palavra não seja freqüente, a idéia, o é. É usualmente

expressa por verbos tais como ―crer‖, ―confiar‖ ou ―esperar‖, os quais ocorrem

com abundância.

NOVO TESTAMENTO

No NT, a fé é altamente proeminente. O substantivo pistis e o verbo pisteuõ

ocorrem ambos mais de 240 vezes, enquanto que o adjetivo pistos ocorre

sessenta e sete vezes. No NT, o pensamento que Deus enviou Seu Filho para

ser Salvador do mundo, é central. Cristo realizou a salvação do homem ao

morrer expiatóriamente na cruz do Calvário.

No quarto Evangelho, as formas de pensamento são diferentes de outras partes

do NT. A fé surge do testemunho, que é autenticado por Deus, e nela os sinais

também desempenham um papel (Jô 1:7). Por isso, quem é da verdade escuta

esta chamada da parte de Deus (Jô 18:37). A fé e o conhecimento (Jô 6:69), o

conhecimento e a fé (Jô 17:8), não são dois processos mutuamente

independentes; pelo contrário, são coordenadas instrutivas que falam, a partir de

pontos de vistas diferentes, do recebimento do testemunho.

Há intima conexão entre a fé e a vida. Aquele que crê no Filho tem a promessa

de que não perecerá mas que, pelo contrário, terá a vida eterna (Jô 6:16, 36;

11:25).

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Portanto, a fé é atitude mediante a qual o homem abandona toda a confiança em

seus próprios esforços para obter a salvação, quer sejam eles ações de

piedade, de bondade ética, ou seja o que for.

Em João, a fé ocupa um lugar importantíssimo, pois ali o verbo pisteuõ é

encontrado noventa e oito vezes. Curioso é que o substantivo pistis – ‗fé‘, nunca

é encontrado. Isso possivelmente se deve ao seu uso em círculos de tipo

gnóstico.

O enorme uso de pisteuõ em João se deve ao próprio objetivo claramente

revelado no Evangelho em João 20:31.

A fé não consiste meramente em aceitar certas coisas como verdadeiras, mas

consiste em confiar numa Pessoa, e essa Pessoa é Jesus Cristo. E como a fé é

fundamental ao Cristianismo, os cristãos são simplesmente chamados ‗crentes‘.

E crer implica em:

• Confiar (Jô 4:50)

• Seguir (Jô 8:12)

• Servir (Jô 13:12 – 15; 21:15 – 17)

• Obedecer (Jô 14:23 – 24)

A SEGURANÇA DA SALVAÇÃO

É possível alguém que aceitou à Cristo como salvador cair da graça?

Os que seguem a doutrina de Calvino dizem que não e os que seguem a de

Armínio diz que sim.

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Estudemos então as duas doutrinas:

O CALVINISMO

A salvação é inteiramente de Deus; o homem absolutamente nada tem a ver

com a sua salvação.

Romanos 8 : 35 Quem nos separará do amor de Cristo ? Será tribulação, ou

angustia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada?

Isto porque a sua vontade se corrompeu com o pecado. Desta forma o homem

não pode se arrepender sem a ajuda de Deus.

Efésios 1 : 4 - 5 Assim como nos escolheu nele antes da fundação do mundo,

para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor. Nos predestinou

para ele, para adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito

de sua vontade.

A doutrina calvinista ensina que Deus predestinou alguns para serem salvos e

outros para serem perdidos. A predestinação é o eterno decreto de Deus, pelo

qual ele decidiu o que será de cada um.

O ARMINIANISMO

A vontade de Deus é que todos os homens sejam Salvos, porque Cristo morreu

por todos.

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I Tim. 2 : 4 O qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao

pleno conhecimento da verdade.

As Escrituras ensinam uma predestinação, mas não individual. Ele predestina a

todos os que querem ser salvos.

Tito 2 : 11 Portanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os

homens.

O homem pode escolher aceitar a graça de Deus, ou pode resistir-lhe e rejeitá-

la. Seu direito de livre arbítrio sempre permanece.

REGENERAÇÃO

Do lado divino, a mudança de coração é chamada de regeneração, de novo

nascimento; do lado humano, é chamada de conversão. Na regeneração, a alma

é passiva; na conversão, é ativa. Podemos definir a concessão de uma nova

natureza (2 Pe 1:4) ou coração (Jr 24:7; Ez 11:19; 36:26), e a produção de uma

nova criação (2 Co 5:17; Ef 2:10; 4:24). No entanto, a regeneração não é uma

mudança as substância da alma. Hodge o diz muito bem:

Como a mudança não é na substância nem no mero exercício da alma, ela

ocorre naquelas disposições, princípios, gostos ou hábitos imanentes aos quais

todo o exercício consciente está subordinado, e que determinam o caráter do

homem e de todas as suas ações.

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A NECESSIDADE DA REGENERAÇÃO

A Escritura declara repetidamente que o homem tem que ser regenerado antes

de poder ver a Deus. Estas afirmações da Palavra de Deus são reforçadas pela

razão e pela consciência.

A santidade é uma condição indispensável para sermos aceitos na comunhão

com Deus. Mas toda a humanidade é pecadora por natureza, e quando chega a

consciência moral, torna-se culpada de transgressão real. Portanto, em seu

estado natural, a humanidade não pode ter comunhão com Deus. Agora, esta

mudança moral no homem somente pode ser feita por um ato do Espírito de

Deus.

Ele regenera o coração e comunica a este a vida e a natureza de Deus. As

Escrituras mostram esta experiência como sendo um novo nascimento, pelo

qual o homem se transforma em Filho de Deus (Jô 1:12; 3:3 – 5; 1 Jo 3:1). Por

natureza, os homens são: (1) Filhos da ira – Ef 2:3; (2) Filhos da desobediência

– Ef 2:2; (3) Filhos do Mundo – Lc 16:8; (4) Filhos do Diabo – Mt 13:38; 23:15; At

13:10; 1 Jo 3:10. Esta última expressão é usada especialmente para os que

rejeitaram a Cristo, em João 8:44. Somente o novo nascimento pode produzir

uma natureza santa dentro dos pecadores de modo a tornar possível a

comunhão com Deus.

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OS MEIOS DA REGENERAÇÃO

A Escritura apresenta a regeneração como obra de Deus. Mas há numerosos

meios e agências envolvidos na experiência, que faremos bem em notar.

A VONTADE DE DEUS.

Somos nascidos ―da vontade de Deus‖ (Jô 1:13). As palavras de Tiago

esclarecem ainda mais: ―Pois, segundo seu querer, ele nos gerou pela palavra

da verdade‖ (Tg 1:18).

A MORTE E RESSURREIÇÃO.

Precisamos nos lembrar que o novo nascimento é condicionado à fé no Cristo

crucificado (Jô 3:14 – 16); e que a ressurreição de Cristo está igualmente

envolvida em nossa regeneração (1 Pe 1:3).

A PALAVRA DE DEUS.

É um dos principais agentes para a nossa regeneração, como já vimos em Tiago

1:18. O mesmo pensamento é expresso em Jô 3:5; 1 Pe 1:23. Que a água a que

se refere João 3:5 não é o batismo é evidenciado pelo fato de que em Ef 5:26 a

nossa purificação é relacionada à Palavra. Deve-se explicar Tito 3:5 da mesma

maneira, pois é claro que a água não tem poder regenerador. Paulo havia

gerado os coríntios mediante o Evangelho (1 Co 4:15), mas havia batizado

apenas alguns deles (1 Co 1:14 – 16). Zaqueu (Lc 19:9), o ladrão arrependido

(Lc 23:42 – 43, e Cornélio (At 10:47) foram declarados salvos antes de terem

sido.

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BATIZADOS

ESPÍRITO SANTO

O Agente eficaz real na regeneração é o Espírito Santo (Jô 3:5; Tt 3:5). A

verdade não constrange a vontade por si só; além disso, o coração não

regenerado odeia a verdade até ser trabalhado pelo Espírito Santo. O Senhor

Jesus disse acerca do Espírito Santo, em João 16:8: ―Quando ele vier

convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo‖. Portanto, podemos

afirmar que o Espírito Santo é tanto um Advogado quanto um Acusador. O

rabino Eliezer bem Jacob diz: ―Quem cumpre um mandamento –conseguiu um

advogado para si, e quem transgride um mandamento – conseguiu um acusador

para si‖. Diz Strong:

Não é um simples aumento na claridade que vai permitir que um cego veja; a

enfermidade do olho tem que ser curada primeiro antes que os objetos externos

se tornem visíveis... Apesar de trabalhada juntamente com a apresentação da

verdade ao intelecto, a regeneração difere da persuasão moral por ser um ato

imediato de Deus.

Talvez seja de palavras como estas que afirmamos que alguns são

―convencidos‖ mas não ―convertidos‖.

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RESULTADOS DA REGENERAÇÃO

Aquele que é nascido de Deus vence a tentação (1 Jo 3:9; 5:4,18). O tempo

presente em que todos esses verbos são usados indica uma vida de vitória

contínua.

A pessoa regenerada ama aos irmãos (1 Jo 5:1), à Palavra de Deus (Sl 119:97;

1 Pe 2:2), seus inimigos (Mt 5:43 – 48), e as almas perdidas (2 Co 5:14).

A pessoa regenerada também goza de certos privilégios como Filho de Deus,

como a satisfação de suas necessidades (Mt 6:31 – 32), de uma revelação da

vontade do Pai (1 Co 2:10 – 12), e de ser guardada (1 Jo 5:18).

O homem que é nascido de Deus é herdeiro de Deus e co-herdeiro com Cristo

(Rm 8:16 – 17). Embora o entrar realmente no gozo da herança ainda esteja

quase no futuro, o filho de Deus já agora tem um penhor dessa herança na

dádiva do Espírito Santo (Ef 1:13 – 14). É claro que estes resultados não são

diferentes visíveis aos olhos do mundo, mas são, não obstante, muito reais para

aquele que nasceu para a família de Deus.

NOVO NASCIMENTO

O que é? O Novo Nascimento é um milagre do Espírito Santo operado na

natureza do indivíduo, transformando-o completamente. De fato o Novo

Testamento é um novo começo. Por mais maculado que seja o seu passado; por

mais deformado que seja o seu presente; por mais sombrio que pareça o seu

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futuro, há uma saída, há uma possibilidade de começar tudo de novo, pelo

NOVO NASCIMENTO. Não é esta uma notícia maravilhosa?

Portanto, o Novo Nascimento é obra do Espírito Santo, não representa fruto do

esforço ou boas qualidades do homem. Não há mérito humano na operação

(João 3:6 – 7).

O batismo não efetua o Novo Nascimento. É falsa a doutrina que prega a

regeneração pelo batismo.

Não se adquire por hereditariedade (João 1:12 – 13). A Igreja não tem poder

de operar o Novo Nascimento. Como disse alguém:

―Não serás um automóvel pelo fato de teres nascido em uma garagem‖.

Ninguém nasce de novo por pertencer a esta ou àquela Igreja.

Nenhum rito religioso, afinal, será capaz de efetuar o Novo Nascimento.

Não representa fruto de resoluções humanas. Assim como o nascimento

físico depende de fatores fora do eu, na regeneração o eu é passivo, ele recebe

o Novo Nascimento (Jô 1:12 – 13).

O Novo Nascimento é a penetração da vida divina no ser humano. O estado de

pecado é um estado de morte, morte espiritual (Ef 2:1). O Novo Nascimento

opera uma nova vida no ser humano.

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Como se vê, o fenômeno é inexplicável em seu alcance mais profundo. O

próprio Nicodemos que era príncipe, um sábio, e mestre em Jerusalém, não

entenderam isso pela mera exposição em palavras (João 3:4, 8, 9). Jesus

insistiu na necessidade de experimentar o novo Nascimento. Em matéria de

religião, de vida espiritual, o caminho para a compreensão é viver, experimentar

primeiro para depois entender. A mera especulação mental não penetra os

mistérios espirituais.

A doutrina do Novo Testamento é amplamente encontrada nas Escrituras tanto

no Novo, como no Antigo Testamento. É apresentada, às vezes, com palavras

diferentes, mas a verdade é a mesma: que o homem não pode mover a si

mesmo na direção do propósito de Deus; que como essa natureza total está

comprometida com a corrupção do pecado é-lhe impossível andar retamente no

caminho de Deus. É necessário uma mudança de natureza e é Deus quem nele

opera a transformação, tornando-o um novo ser em Cristo.

Há vários textos que merecem consideração e estudo para o conhecimento da

doutrina, mas o capítulo 3 do Evangelho de João é o que mais longamente

expõe o tema do Novo Nascimento. É o texto mais impressionante de toda a

Bíblia; nenhum crente o pode ignorar como fato, muito menos na sua

interpretação, pois a aplicação de seu eterno princípio de regeneração pela fé

depende à entrada de qualquer um no Reino dos Céus.

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ANTES DE EXPOR A DOUTRINA PROPRIAMENTE, ESCLAREÇAMOS

ALGUMAS EXPRESSÕES USADAS NO TEXTO:

FARISEUS

Constituíam umas três principais seitas do Judaísmo e era a melhor, ou a mais

severa (Atos 26:5). Os Judeus foram combatidos por feroz perseguição de

Antíoco Epifanes, rei da Síria, depois da volta do Cativeiro Babilônico. Os mais

patriotas se organizaram em partido para resistirem à infiltração do Helenismo.

Isso em 175 – 164 a. C. Logo, os fariseus tiveram uma nobre origem: visavam

preservar a religião de Israel, as Escrituras Hebraicas, estimular o amor pátrio,

etc. Mas seu nome aparece só lá pelos anos 135 – 105 a. C. Os fariseus criam

na imortalidade da alma, na ressurreição do corpo, na existência do espírito, nas

recompensas e castigos na vida futura (céu e inferno). E nisso se opunham aos

saduceus que não aceitavam nem uma nem outra destas coisas (Atos 23:6 – 6).

Mas em matéria de religião não basta ter conceitos teológicos corretos, é preciso

ter uma vida consentânea com aquilo que se crê.

Enfatizaram em extremo as formas externas de religião tornando-se legalistas.

Chegaram a transformar a religião num montão de formalismos sem vida.

Opuseram-se ferrenhamente a Jesus. Foram duramente acusados por João

Batista e por Jesus. Apesar de tudo, tiveram em seu meio homens de grande

capacidade intelectual e social: tais como Gamaliel (At 5:34; 22:3); Saulo de

Tarso (Fp 3:5), que veio a se converter mais tade (At 9:1 – 22), e a ser chamado

para o apostolado; Nicodemos (Jô 3:1), e outros de muito boa vontade (At 5:34;

Jô 7:50).

Os fariseus julgavam que por muito falarem seriam ouvidos em suas orações (Mt

6:7).

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NICODEMOS

Agostinho descreve-o como ―um dos crentes em quem Jesus não podia confiar

logo‖ (Jô 2:24). A tradição rabínica o descreve como um dos três homens mais

ricos de Jerusalém. Era de uma alta autoridade no Sinédrio, corpo legislativo,

judicial e executivo entre os judeus.

Aparentemente no início desta entrevista ele está convencido, mas não

convertido. Jesus repudia o

regime religioso do indivíduo Nicodemos e de toda a sua elite religiosa, e exige

de lê radical transformação, se quer entrar no Reino dos Céus.

É mencionado três vezes no Evangelho de João. A primeira vez, visitando Jesus

de noite (Jô 3:1 – 15); a segunda, protestando contra a condenação de Jesus

sem o ouvirem. Nicodemos estava tão impressionado com as palavras de Jesus

que seu desejo era que seus colegas o ouvissem também (Jô 7:50 – 51); e a

terceira vez, trazendo especiarias para ungir o corpo de Jesus em seu

sepultamento (Jô 19:38 – 39).

DE NOITE

João 3:2, nos diz que Nicodemos ―foi ter com Jesus de noite‖. Por que de noite?

Por que temia o povo? Envergonhava-se de Jesus? Ou apenas procurava uma

entrevista mais longe do burburinho da multidão?

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Parece que o problema era mesmo um temor político e social. Não queria

prejudicar sua posição (Jô 3:10). O texto expõe, sem rodeios, o motivo – ―por

medo dos judeus‖ (Jô 19:38 – 39), em relação a José de Arimatéia. E

Nicodemos? ―A sinceridade militava contra a timidez e a timidez contra a

sinceridade no coração de Nicodemos‖ (O. Boyer). Pelo menos mostrou

devoção a Jesus. Muitos que hoje censuram por ter procurado Jesus de noite,

têm outros preconceitos que os arrastam de Jesus de dia e de noite, vivem

longe dEle. Afinal, foi Nicodemos que cuidou (juntamente com José de

Arimatéia), do corpo de Jesus e do seu sepultamento (Jô 19:38 – 39).

―Rabi, SABEMOS que és Mestre...‖ – o verbo está no plural – ―sabemos‖ – Em

nome de quem fala Nicodemos? Nicodemos fala por seu grupo. Era membro do

Sinédrio e delegado único dos chefes dos judeus para saber de suas

pretensões.

O magno tribunal já havia investigado oficialmente acerca de João Batista (João

1:19 – 31) nunca fez isso com relação a Jesus. E Nicodemos se queixa disso

mais tarde (Jô 7:50), querendo que Jesus fosse ouvido em juízo. Ele mesmo

ficara impressionado com a pessoa e o ensino de Jesus de ter estado com ele

naquela noite memorável, posto que já estivesse anteriormente deslumbrado

com seus milagres.

REINO DE DEUS

Os Judeus esperavam e criam que seria assinalada a vinda do Reino por

manifestações de pompa e poderio político e militar. O Reino de Deus era a

época Messiânica. Jesus aqui proclama uma ordem espiritual invisível aos

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olhos, aos sentidos. A regeneração é isso – o arrependimento para a remissão

de pecados e a renovação pelo Espírito Santo; e esta experiência dupla é

indispensável para a entrada no Reino dos Céus.

O Reino dos Céus é o domínio de Deus e de Cristo e do Espírito Santo sobre a

vida do discípulo, da Igreja (Lucas 17:20 – 21).

É a vontade de Deus se consumando. É chamado o ―Supremo Bem‖. Não há

nada melhor ou equivalente ao Reino de Deus na vida.

NASCER DA ÁGUA E DO ESPÍRITO

Muitas são as interpretações que tem sido dadas a estas palavras.

C. H. Wright, erudito anglicano, interpreta como sinônimas as expressões.

Assim, para ele, nascer da água e do Espírito é uma e a mesma coisa. Jesus

apenas enfatiza a necessidade de nascer de cima.

Outros evangélicos aceitam que a expressão toma o sinal (batismo) pelo

significado (arrependimento), assim, nascer da água seria ―nascer do

arrependimento‖.

Há quem interprete ―nascer da água‖, como o primeiro nascimento, pelo aspecto

impressionante do parto.

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Há os que fogem da idéia do Reino Espiritual e o identificam com as Igrejas, e

dão ao batismo o valor de entrar nas igrejas, admitem nisso equivalência com

entrar no Reino.

Além de uma outra mais generalizada, tanto quanto mais falsa idéia

sacramentalista que interpreta a expressão ―nascer da água‖, como uma

referência do Mestre ao batismo. É a idéia católica da Regeneração Batismal,

através do sacramento chamado batismo.

SEGUINDO TAYLOR, OPOMOS AS SEGUINTES REFUTAÇÕES:

Taylor não concorda que sejam sinônimas as expressões, embora admitindo a

probabilidade de que o fossem. E, contudo, pode-se optar pela interpretação

bastante inteligente do Dr. Wright, sem ferir qualquer doutrina bíblica, sem cair

no sacramentalismo anti-bíblico. Pode-se, pois admitir as duas expressões –

―nascer da água e do Espírito‖ – apenas como repetição da idéia para enfatizar a

necessidade de uma transformação a operar por Deus. Neste caso as duas são

uma e a mesma coisa – nascer de novo, nascer de cima.

É arriscado supor que Nicodemos devesse entender como arrependimento o

―nascer da água‖, ou como batismo ou qualquer forma de nascimento, muito

menos ligá-lo à idéia de ―entrar na igreja‖.

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A IDÉIA SACRAMENTALISTA, QUE ADMITE O “NASCER DA ÁGUA” COMO

SENDO O BATISMO REQUISITO AO NOVO NASCIMENTO, É

CONTRADITÓRIA:

Quando afirma que o único batismo conhecido era o de João;

Que este era destituído da graça salvadora e do Espírito regenerador;

Que o batismo cristão só começaria no dia de Pentecoste, de

conformidade com o Concílio de Trento.

É o mesmo que admitir que Jesus estivesse a afirmar algo mais ou menos

assim: ―Nicodemos, se você não nascer de novo não poderá entrar no Reino dos

Céus; entretanto, como você bem sabe isso é coisa absolutamente impossível

no presente, pois o batismo ainda não foi instituído‖. Mas nós sabemos que

Jesus tem melhor ―bom senso‖, do que o mero pregador.

Quando admite que o batismo é o meio pelo qual se opera o Novo

Nascimento. É ou não contraditório?

Além de tudo isso, a idéia sacramentalista entra em contradição com todo o

ensino claro das Escrituras sobre a doutrina bíblica do batismo, que não tem o

poder de operar a regeneração; o batismo não salva. É para ser ministrado a

pessoas que já tenham tido a experiência do Novo Nascimento.

A participação dos ritos sacramentais de qualquer seita religiosa não abre a

porta a ninguém para entrar no Reino de Deus, mas só pelo arrependimento e

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fé, caminhos bíblicos da regeneração. Pois, se fosse de outro modo (pelo

batismo), não seria razoável censurar Nicodemos por não entender o ensino de

Jesus. Sabemos, pois, que ―nascer da água‖, não é o mesmo que batismo.

Mas, então, o que queria Jesus dizer com a expressão ―nascer da água e do

Espírito‖?

Um dos fatores indispensáveis na regeneração do pecador é a Palavra de Deus,

o Evangelho. Vários textos ensinam isto: Jô 15:3; Ef 5:26; Hb 4:12; 10:22; Tg

1:21; 1 Pe 1:22 – 23; etc. ―É doutrina bíblica inegável que o Espírito Santo

regenera pela Palavra‖.

TAYLOR, DEPOIS DE LONGA ANÁLISE E MUITAS CITAÇÕES, CONCLUI:

―Essas considerações me levam a afirmar que aqui, como nas outras passagens

estudadas nas páginas do Evangelho de João, Jesus ensina um Novo

Nascimento com dois fatores sublimes: o poder purificador do Evangelho de

salvação pelo sangue de Jesus e a obra vitalizadora do Espírito Santo que

acompanha a pregação e opera no pecador ouvinte a graça e a Nova Vida‖.

Esta interpretação concorda com outros textos mais claros da Palavra de Deus e

justifica a circunstância de haver Jesus censurado a Nicodemos por não haver

entendido o Seu ensino. E Nicodemos era profundo conhecedor dos textos

vetero-testamentários, tais como Isaias 44:3; Ezequiel 36:25 – 26; etc; que

tratam da regeneração como operação divina pelo Seu poder e pela Sua

palavra.

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―Água, simboliza pois, a purificação efetuada no crente pelo Evangelho de

Jesus, fator sublime na regeneração – Evangelho da purificação operada no

pecador pelo sangue remidor de Jesus‖.

Observe o versículo 6 do capítulo 3 do Evangelho de João: ―Todo o que é

nascido do Espírito é espírito‖. Não apenas o crente batizado. Todo o crente tem

a vida eterna, antes do seu batismo, quando crê. Haja vista o caso do ladrão

convertido à cruz, foi salvo sem batismo, quando lhe prometeu Jesus: ―Hoje

mesmo estarás comigo no Paraíso‖ (Lucas 23:43). Não é possível pois, que

Jesus estivesse falando de batismo como meio de Nascer de Novo.

EVIDÊNCIAS DO NOVO NASCIMENTO

Uma nova visão e compreensão espiritual

( 2 Co 4:6; Ef 1:18; 1 Co 2:14 )

O coração sofre uma revolução

( Ez 36:26; Ef 4:20 – 24 )

Uma vontade transformada

( Ef 5:15 – 17 )

Uma atitude diferente para com o pecado

( Rm 6:1 – 23 )

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Uma disposição de obedecer a Deus

( 1 Jo 2:6 )

Um coração habitado por Cristo

( Jô 14:23; Cl 1:27 )

Uma vida separada do mundo

( Tg 4:4; 1 Jo 2:15 – 17 )

Luz do mundo

( Mt 5:14 – 16 )

Sal da terra

( Mt 5:13 )

Bom Perfume

( 2 Co 15:16 )

JUSTIFICAÇÃO

Por natureza, o homem não somente é filho do mal, mas é também um

transgressor e um criminoso (Rm 3:23; 5:6 – 10; Cl 1:21; Tt 3:3). Na

regeneração, o homem recebe uma nova vida e uma nova natureza; na

justificação, uma nova posição. A justificação pode ser definida como o ato de

Deus pelo qual Ele declara justo aquele que crê em Cristo. O Breve Catecismo

afirma:

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―Justificação é um ato da livre graça de Deus, pelo qual ele perdoa todos os

nossos pecados e nos aceita como justos a seus olhos, somente pela justiça de

Cristo a nós imputada e recebida pela fé.‖

A JUSTIFICAÇÃO É UM ATO DECLARATIVO. NÃO É ALGO OPERADO NO

HOMEM, MAS SIM ALGO DECLARADO A RESPEITO DO HOMEM.

A REMISSÃO DA PENA.

A pena para o pecado é a morte (Rm 5:12 – 14; 6:23). Se o homem for ser

salvo, esta pena terá que ser removida primeiro. Foi removida pela morte de

Cristo, e é na morte de Cristo, que sofreu o castigo de nossos pecados em Seu

próprio corpo no madeiro (1 Pe 2:24).

A IMPUTAÇÃO DA JUSTIÇA.

Como justificação é acertar a pessoa com a Lei, precisamos observar, como diz

Strong, que ―a lei requer não simplesmente a ausência de ofensa

negativamente, mas toda maneira de obediência e semelhança a Deus

positivamente‖. Em outras palavras, o pecador precisa não apenas ser perdoado

por seus pecados passados, mas também receber uma justiça positiva antes de

poder ter comunhão com Deus. Esta necessidade é satisfeita na imputação da

justiça de Cristo ao crente.

Imputar é debitar a alguém (cf Sl 32:2; Rm 1:17; 1 Co 1:30; 2 Co 5:21; Fm 18).

Devemos observar que este não é o atributo de Deus, pois a nossa fé nada tem

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a ver com ele; mas sim a justiça que Deus providenciou para aquele que crê em

Cristo. Assim, Deus nos restaura ao favor imputando-nos a justiça de Cristo.

Esta é a veste nupcial que está pronta para todo aquele que aceita o convite

para o banquete (Mt 22:11 – 12; Lc 15:22 – 24).

O MÉTODO DA JUSTIFICAÇÃO

Não é pelas obras da Lei – Rm 3:20; Gl 2:16. Os homens não são salvos por

―fazerem o melhor que podem‖, mas são salvos por ―crerem naquele que fez o

melhor‖. A justificação pela Lei só acontece através do cumprimento ―total‖ da

mesma!

É pela Graça de Deus – Rm 3:24; Tt 3:7.

É pelo Sangue de Cristo – Rm 5:9.

É pela Fé – Rm 3:26 – 30; 4:5 – 12; 5:1; Gl 3:8, 24.

ADOÇÃO

A doutrina da adoção é puramente paulina. Os outros autores do NT associam

as bênçãos que Paulo relaciona à adoção com as doutrinas da regeneração e

da justificação. A palavra grega traduzida como adoção (huiothesia), somente

ocorre cinco vezes nas Escrituras, e todas elas nos escritos de Paulo: Rm 8:15,

23; 9:4; Gl 4:5; Ef 1:5. Uma vez é aplicado a Israel como nação (Rm 9:4); uma

vez relaciona a completa realização da adoção à vinda futura de Cristo (Rm

8:23); e três vezes, declara ser ela um fato presente na vida do Cristão.

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DEFINIÇÃO

Como a palavra grega (huiothesia) indica, adoção é literalmente colocar na

posição de filho. Scofield diz:

Adoção, ―colocar na posição de filho‖ não é tanto uma palavra de

relacionamento como de posição. A relação de filho do crente para com Deus

resulta do novo nascimento (Jô 1:12 – 13), ao passo que adoção é o ato de

Deus pelo qual aquele que já é filho, através de redenção da lei, é colocado na

posição de filho adulto (Gl 4:1 – 5). O Espírito que habita no crente o leva à

percepção disto em sua experiência presente (Gl 4:6); mas a plena

manifestação de sua filiação aguarda a ressurreição, transformação e

trasladação dos santos, e é chamada de ―redenção do corpo‖ (Rm 8:23; 1 Ts

4:14 – 17; Ef 1:4; 1 Jo 3:2).

Quer-nos parecer que Paulo considerava os crentes do AT como ―filhos‖ embora

―de menor idade‖; mas os crentes do NT ele considerava tanto como ―filhos‖

quanto ―filhos adultos‖. As principais vantagens da filiação, segundo Paulo, são a

libertação da Lei (Gl 4:3 – 5) e a posse do Espírito Santo, o Espírito de Filiação

(Gl 4:6). Resumindo: na regeneração, recebemos nova vida; na justificação, uma

nova reputação; na adoção, uma nova posição.

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O TEMPO DA ADOÇÃO

A ADOÇÃO TEM UM RELACIONAMENTO TRÍPLICE DE TEMPO:

Nos conselhos de Deus, foi um ato do passado eterno (Ef 1:5). Antes mesmo de

começar a raça hebraica, sim antes da criação, Ele nos predestinou para esta

posição (cf Hb 11:39 – 40).

Na experiência pessoal ela se torna verdadeira para o crente na hora em que ele

aceita a Jesus Cristo (Gl 3:26).

Mas a percepção plena da filiação aguarda a vinda de Cristo. É naquela hora

que a adoção será plenamente consumida (Rm 8:23).

OS RESULTADOS DA ADOÇÃO

Talvez o primeiro dentre eles seja a libertação da lei (Rm 8:15; Gl 4:4 – 5). O

crente já não está debaixo de ―guardiões‖.

O penhor da herança, que é o Espírito Santo (Gl 4:6 – 7; Ef 1:11 – 14). O Pai

ajuda o filho adulto a começar com a investidura do Espírito. É o pagamento

inicial da herança total que ele receberá quando Cristo vier.

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191

SANTIFICAÇÃO

SANTIDADE DE DEUS

A palavra hebraica para ―santo‖ é quadash, derivada da raiz quad, que significa

―cortar‖ ou ―separar‖. A idéia básica de santidade de Deus não é tanto uma

qualidade moral de Deus, mas, sim, a posição ou relação entre Deus e alguma

coisa ou pessoa. É dupla a idéia bíblica da santidade de Deus.

Ele é absolutamente distinto de todas as suas criaturas e exaltado sobre elas em

infinita majestade.

Há um aspecto especificamente ético, e isto significa que em virtude de Sua

santidade Deus não tem comunhão com o pecado (Jô 34:10; Hc 1:13; 1 Jo 1:5).

DEFINIÇÃO DE SANTIFICAÇÃO

SEPARAÇÃO PARA DEUS.

A separação para Deus pressupõe separação da impureza. Isto se refere a

coisas, lugares ou pessoas (2 Co 6:14 – 7:1).

IMPUTAÇÃO DE CRISTO COMO NOSSA SANTIDADE.

A imputação de Cristo como nossa santidade acompanha a imputação de Cristo

como nossa justiça. Ele se tornou justiça e santificação para nós (1 Co 1:30).

Paulo diz que somos ―santificados em Cristo Jesus‖ (1 Co 1:2; At 26:18; Ef 5:26).

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Assim, o crente é reconhecido como santo bem como justo por estar revestido

com a santidade de Cristo.

Neste sentido, todos os crentes são chamados de ―santos‖ sem levar em

consideração suas conquistas espirituais (Rm 1:7; 1 Co 1:2; Ef 1:1; Fp 1:1; Cl

1:1). É a conhecida ―santificação posicional‖.

PURIFICAÇÃO DO MAL MORAL.

Esta é a ―santificação progressiva‖. A pergunta do salmista é: ―de que maneira

poderá o jovem guardar puro o seu caminho?‖. Tem como resposta,

―observando-o segundo a Tua Palavra‖ (Sl 119:9). É um processo contínuo.

CONFORMIDADE COM A IMAGEM DE CRISTO.

A conformidade com a imagem de Cristo é o aspecto positivo da santificação,

assim como a purificação é o negativo, a separação e imputação são o

posicional. Alguns textos básicos para esta verdade são: Rm 8:9; 2 Co 3:18; Gl

5:22 – 23; Fp 1:6; 3:10; 1 Jo 3:2). Claramente este é um processo que se

estende por toda a vida e que só será consumado por completo quando

estivermos com o Senhor.

OS MEIOS DE SANTIFICAÇÃO

―Santos sereis, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo‖ (Lv 19:2; 1 Pe

1:16). Evidentemente que estamos nos referindo à ―santificação progressiva‖. O

primeiro meio de santificação é a Palavra de Deus, ou seja, a meditação e a

obediência à mesma (Sl 119:9; Jô 15:3; 17:17; Ef 5:26; 2 Tm 3:16; 1 Pe 1:22 –

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23). O segundo meio de santificação é a prática da auto disciplina através de

jejum, oração, meditação, estudos, etc (1 Co 9:27). E o terceiro meio seria por

meio do poder do Espírito Santo (Rm 8:13).

PERSEVERANÇA

―Se compreendida corretamente, esta doutrina oferece muito conforto; mas não

deve-se abusar dela ou interpretá-la mal. As Escrituras ensinam que todos

aqueles que, mediante a fé, são unidos a Cristo, que foram justificados pela

graça de Deus e regenerados por Seu Espírito, jamais cairão total ou finalmente

do estado de graça, mas certamente nele perseverarão até o final. Isto não

significa que jamais escorregarão, jamais pecarão; ou que todo aquele que

professa ser salvo, está salvo para a eternidade. Simplesmente significa que

eles jamais cairão totalmente do estado da graça ao qual foram trazidos, nem

deixarão de, no fim, levantar-se de novo quando escorregarem. A doutrina da

segurança eterna só é aplicável àqueles que tiveram uma experiência vital de

salvação‖ (Henry Clarence Thiessen, Palestras em Teologia Sistemática).

POSIÇÕES FAVORÁVEIS À DOUTRINA

O Propósito de Deus

(Is 14:24; Rm 8:35 – 39)

A Mediação de Cristo

(Hb 7:25)

A contínua capacidade de Deus de nos guardar

(Fp 1:6; 2 Tm 1:12; Jd 24)

A natureza da mudança no crente

(2 Co 5:15)

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POSIÇÕES CONTRÁRIAS À DOUTRINA

Introduz à Frouxidão e Indolência

Rouba a Liberdade do Homem

As Escrituras ensinam o contrário (Jô 15:1 – 6; Mt 24:13; Hb 6:4 – 6)

Não pretendemos que esta seja uma conclusão completa sobre o assunto.

Entretanto, o que queremos é ressaltar alguns fatos:

As Escrituras mostram que a união do crente com Cristo é expressa de diversas

formas: (a) a união entre o edifício e seu fundamento (Ef 2:20 – 22; Cl 2:27; 1 Pe

2:4 – 5); (b) a união entre marido e mulher (Rm 7:4; Ef 5:31 – 32; Ap 19:7 – 9);

(c) a união entre o Pastor e as ovelhas (Jô 10:27 – 28); (d) a união entre a

videira e seus ramos (Jô 15:1 – 6); (e) a união entre a cabeça e o corpo (1 Co

12:12; Ef 1:22 – 23).

Nosso relacionamento com Cristo é também descrito em termos de ―Aliança‖ (cf

Mt 26:28; 1 Co 11:25). Aliança, é ―um pacto ou contrato entre duas partes, que

as obriga mutuamente a assumir compromissos cada uma em prol da outra.

Teologicamente denota um compromisso gracioso da parte de Deus no sentido

de beneficiar e abençoar o homem e, especificamente, aqueles homens que,

pela fé, recebem as promessas e se obrigam a cumprir os deveres envolvidos

neste compromisso‖ (Enciclopédia Histórico-Teológica)

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O que é um crente? A palavra grega (pistos) para ‗crente‘ é a mesma para ‗fiel‘.

O PROBLEMA DA APOSTASIA

Hebreus 6:4 – 8 é a passagem mais difícil da carta, e tem dado espaço para

muita polêmica através dos séculos. Contudo, é bom lembrar que o propósito

das Escrituras não é confundir a mente de ninguém, e sim iluminar, esclarecer

(cf Sl 119:105; Jô 1:4; 8:12).

Para aqueles que acreditam na possibilidade de apostasia pessoal, Hebreus 6:4

– 8é obviamente uma das passagens mais importantes. É tão importante como

Hebreus 10:26 – 31 e 2 Pedro 2:20 – 22; isto sem mencionar outras passagens

significantes que providenciam a base para o ensino deste assunto.

Cremos que uma série de perguntas devem ser levantadas para que possamos

entender melhor este parágrafo (Hb 6:4 – 8).

Qual é o tema de Hebreus? Já sabemos que a superioridade do evangelho de

Cristo é um tema relevante em Hebreus. Mas, se observarmos bem,

verificaremos que há várias advertências dentro desta carta, que estimulam os

leitores a firmarem-se na fé (eg 2:1; 3:6, 12, 14; 4:14; 6:12; 10:23, 26 – 31, 35 –

39). Portanto, a pergunta: qual a razão de ser de todas essas advertências? Por

que avisar alguém de um perigo se é impossível que ele seja ferido por este?

Hebreus 6:4 – 5 descreve a verdadeira experiência de salvação? A resposta

só poderá ser dada mediante uma séria exegese do referido texto.

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PRIMEIRA EXPERIÊNCIA:

―uma vez foram iluminados‖. O verbo grego photizomai significa dar alguém uma

luz ou trazê-lo para a luz. A mesma exata descrição é usada em 10:32, onde

também não há nenhuma razão para duvidar de que é um sinônimo para a

conversão. ―A iluminação indica que Deus dá o entendimento e os olhos da luz

espiritual‖.

―A idéia da iluminação é característica do NT em relação à mensagem de Deus

ao homem. Isto é especialmente verdadeiro no que diz respeito ao Evangelho

segundo João em que Jesus declara ser a luz do Mundo (8:12). Outro paralelo é

2 Co 4:4. Por isso, sempre que a luz tem brilhado nas mentes humanas tem

vindo alguma compreensão da glória de Cristo‖ (Dondald Guthrie, Hebreus).

A Palavra interpretada ―uma vez‖ (no grego hapax) tem a idéia de ―uma vez para

sempre‖ ou ―uma vez eficaz‖. Esta mesma palavra é repetida em Hebreus em

9:7, 26, 27, 28; 10:2; 12:26 e 27. Nestes outros lugares a palavra

conscientemente implica alguma coisa feita de uma vez e de tal maneira que

nenhuma repetição ou adição seja necessária para completá-la. Kent reconhece

que ―o uso de ‗uma vez para sempre‘, direciona-se a alguma coisa completa ao

invés de uma parcial ou inadequada‖.

SEGUNDA EXPERIÊNCIA:

―provaram o dom celestial‖. ―Provar‖ é o verbo grego geúdomai (provar,

experimentar), e ―expressa o desfrutar real e consciente das bênçãos

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aprendidas em seu verdadeiro caráter‖. Cremos que ―o dom celestial‖ é algo que

veio de Deus, obviamente. Paulo afirma em Efésios 2:8 que a salvação é ―dom

de Deus‖. Portanto, se ela é ―dom de Deus‖, constitui-se num ―dom celestial‖.

―A idéia de provar o dom celestial subentende mais do que um mero

conhecimento da verdade. Subentende a experiência dela. Este é um uso

lingüístico do AT (cf Sl 34:8). No NT, 1 Pedro 2:3 contém a mesma idéia. Há um

desenvolvimento entre saber acerca do alimento, até mesmo gostar da

aparência dele, e realmente prová-lo. Ninguém pode apenas fingir provar um

alimento. Mas o que significa esta expressão? Em nenhuma parte do NT ―o dom

celestial‖ é mencionado, embora a idéia de um dom de Deus ocorra várias

vezes, principalmente em relação ao Espírito Santo (cf At 10:45; 11:17). Noutros

casos, é ligado com a graça de Deus (Rm 5:15; Ef 3:7; 4:7), onde abrange a

totalidade da dádiva da salvação. Na presente declaração, o conteúdo do dom

não é definido, mas a sua origem é abertamente declarada – não é de feito

humano‖ (Guthrie).

TERCEIRA EXPERIÊNCIA:

―se tornaram participantes do Espírito Santo‖. A palavra compartilhar (metochoi),

que quer dizer ―para ter junto com‖, é aparentemente usada pelo autor de

Hebreus, exclusivamente para se referir à participação comum do cristão em

coisas relacionadas a sua salvação (cf 3:1, 14; 12:8). Qualquer uma destas três

referências são em si mesmas adequadas para qualificar tal ―participante‖ como

um cristão. E ninguém no NT se torna ―participante‖ do Espírito Santo sem

tornar-se um cristão (At 2:38 – 39; Rm 8:9; 1 Co 12:13; Gl 3:14; 4:6). ―A idéia de

participar do Espírito Santo é notável. Isto imediatamente distingue a pessoa

daquela que não tem mais do que um conhecimento superficial do cristianismo‖

(Guthrie).

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QUARTA EXPERIÊNCIA:

―provaram a boa palavra de Deus‖. ―Não é por acidente qu o que é provado não

é a própria palavra de Deus, mas, sim, a sua bondade. A distinção é importante.

É possível abordar a palavra de Deus de modo sincero, mas sem efeito. No

presente caso, os que provaram a bondade estavam bem imersos na

experiência cristã. A frase descritiva ―palavra de Deus‖ (Theou rhêma) ocorre

outra vez em 11:3 e nalguns outros lugares no NT, mas não é tão freqüente

quanto a expressão mais geral, porém paralela (logos tou Theou), que ocorre

nesta epístola em 4:12 e 13:7. A presente frase chama a atenção mais a uma

comunicação específica de Deus do que a uma mensagem geral de Deus. De

fato, pode, mas provavelmente referir-se à experiência de Deus que a pessoa

conhece na conversão, quando a maravilhosa condescendência de Deus para

com os pecadores raia sobre a alma em toda a sua beleza resplandecente

(Guthrie). O evangelho é fruto da bondade de Deus (1 Pe 2:1 – 3).

QUINTA EXPERIÊNCIA:

―provaram os poderes do mundo vindouro‖. Alguns interpretam ―poderes‖

(dynameis) como milagres, pelo fato do termo ter sido traduzido assim em outras

partes do NT (cf Mt 13:58; Hb 2:4). Mas, quem experimenta a salvação em

Cristo Jesus, já começa a ―provar‖ o ―mundo vindouro‖ (mellontos aiônios), ou

―os poderes da era que há de vir‖ (NVI). Devemos lembrar que o Reino de Deus

é tanto presente quanto futuro. Por isso, quem entra para o Reino já começa a

provar agora, bênçãos que atingirá o clímax na segunda vinda do Senhor Jesus;

é o famoso ―já e ainda não‖. Agora que fizemos esta exegese, podemos concluir:

seria difícil encontrar uma melhor descrição de uma conversão genuína.

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ISTO DESCREVE A APOSTASIA DA SALVAÇÃO?

A resposta está na interpretação da expressão ―e caíram‖ (v 6). O termo grego

―parapíptõ‖ significa ―cair‖, ―cair para fora‖, ―desviar-se‖. Esta é a única vez em

que este verbo é usado no NT; ela ocorre na LXX em Ezequiel 18:24. contudo,

apesar da única ocorrência, outros versículos de Hebreus expressam a mesma

idéia (eg 2:1; 3:12; 10:38; 12:25).

QUAL É A NATUREZA DA REFERIDA IMPOSSIBILIDADE?

―... é impossível outra vez renová- los para arrependimento, visto que de novo

estão crucificando para si mesmos o Filho de Deus, expondo-o à ignomínia‖ (v

6). Guthrie afirma que esta declaração só pode ser ligada a uma ―apostasia

completa‖. ―Talvez esteja pensando que tais apóstatas seriam mais culpáveis do

que aqueles que originalmente clamaram ‗crucifica-o‘, que nunca conheceram

coisa alguma acerca da maravilhosa graça de Deus através de Cristo‖. Tudo

indica que esta ―apostasia completa‖ é uma forma de crucificar, expor, odiar e

desprezar novamente o Filho de Deus.

Esta passagem tem causado extensos debates, e tem resultado em muitos mal-

entendimentos. O problema principal é se o escritor está dando a entender que

um cristão pode cair tão longe da graça a ponto de ser culpado do pior delito

contra o Filho de Deus. Se a resposta for sim, como explicaremos aquelas

outras passagens que sugerem a segurança eterna dos crentes?

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Uma coisa precisa ser lembrada: a passagem inteira é vista do lado das

responsabilidades do homem, e não uma exposição sobre a natureza da graça.

Outra coisa é que o arrependimento é um ato que envolve a auto-humilhação do

pecador diante de um Deus santo, e fica evidente porque um homem com uma

atitude de desprezo para com Cristo não tem possibilidade de arrependimento.

O processo do endurecimento fornece uma casca impenetrável que remove toda

a sensibilidade para com o pleitear do Espírito. Chega-se a um ponto de nenhum

retorno, quando, então, a restauração é impossível.

Nos versículos 7 – 8, o autor ilustra o que acabou de afirmar com uma realidade

da natureza. O Novo Testamento contém muitos exemplos de ilustrações

agrícolas sendo usadas para recomendar verdades espirituais. Isto se deve ao

fato de que as leis naturais estão ligadas com as leis espirituais, porque os dois

tipos de leis têm o mesmo originador e, por esta razão, os fenômenos naturais

podem servir de analogias espirituais. Negligenciar o cultivo da terra leva a

resultados sem valor, da mesma maneira que a recusa de apegar-se às

provisões da graça de Deus leva à bancarrota espiritual. Podemos afirmar então,

que é uma parábola de dois campos para mostrar dois tipos de pessoas:

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Os dois campos pertencem ao mesmo dono: Deus.

Os dois campos recebem o mesmo tratamento: Chuva.

Os dois campos produzem coisas diferentes:

Erva útil = bênção da parte de Deus

Espinhos e abrolhos = será queimado.

A Bíblia Viva diz: ―Quando a terra de um lavrador recebeu muitas chuvas e

surgiram boas colheitas, aquela terra obteve a bênção de Deus sobre ela.

Porém se continuar dando safras de ervas daninhas e espinhos, essa terra é

considerada imprestável, e está pronta para ser condenada e queimada‖.

Conclusão: Nossa rebeldia (apostasia) pode mudar a história da nossa salvação.

A Doutrina do Espírito Santo

A DOUTRINA DA IGREJA

A DOUTRINA DAS ÚLTIMAS COISAS

ESCATOLOGIA

A RECONSTRUÇÃO DO TEMPLO DE JERUSALÉM

A reconstrução do templo de Jerusalém já é debatida pelas autoridades de

Israel. Donativos já estão chegando para isso. O parlamento de Israel já se

ocupa do assunto. Essa construção pode ser muito rápida devido às

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moderníssimas técnicas empregadas em construção. Quando na guerra de

1967, Israel retomou a parte antiga de Jerusalém, que encerra o remanescente

das muralhas do templo, um idoso historiador judeu (citado pela revista TIME),

disse: ―Agora chegamos ao mesmo ponto em que Davi chegou quando

conquistou Jerusalém. Da conquista de Jerusalém por Davi, até o momento em

que Salomão construiu o templo, houve apenas uma geração. Assim será

também Conosco‖.

O templo em consideração aqui é o da Tribulação (2 Ts 2.4; Mt 24.15), que será

destruído naqueles mesmos dias. O profeta Zacarias diz que ―a cidade será

tomada‖. Apocalipse 11.1 ,2 também fala da destruição desse templo. A

passagem em apreço fala de medição do sentido de destruição. E também o

caso de Salmo 60.6 e Lamentações 2.8. A destruição deste templo poderá ser

causada também por terremoto, como os mencionados em Apocalipse 11.13 e

16.18,19.

O retorno total dos judeus à sua terra, dar-se-á por ocasião da revelação de

Cristo para o estabelecimento do Milênio - um reino teocrático proeminentimente

judaico (Mt 24.3 1; Is 11.11,12).

PREDOMINÂNCIA DE UMA CONFEDERAÇÃO DE NAÇÕES

No dia 23 de maio de 1957, foi assinado um tratado em Roma, o qual, sem

dúvida, foi o primeiro passo do cumprimento de uma antiga profecia de Daniel

sobre a existência de urna confederação de nações, como única forma de

expressão do poder gentílico mundial. A profecia está no capítulo 2, e se repete

no capítulo 7 de Daniel. No Apocalipse, ela é vista à partir do capítulo 13.

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O dito tratado teve vigência a partir de 1~ de abril de 1958. O objetivo

fundamental do tratado é a unificação da Europa mediante a formação dos

Estados Unidos da Europa. Os seis países membros fundadores foram: Itália,

França, Alemanha Ocidental, Holanda, Bélgica e Luxemburgo. Novos membros

foram admitidos mais tarde.

SIGNIFICADO PROFÉTICO DESTA CONFEDERAÇÃO DE NAÇÕES.

Esta coalização de nações a ser formada, segundo a profecia, na área

geográfica do antigo Império Romano, está predita em Daniel 2.33,41-44;

7.7,8,24,25; Apocalipse 13.3,7; 17.12,13. Não se trata de uma restauração literal

e total do antigo Império Romano, tal como ele existiu, mas uma forma de

expressão final dele, pois, conforme a palavra profética em Daniel 2.34, a pedra

feriu a estátua, nos pés não nas pernas. As duas pernas representam o Império

Romano dividido em dois, fato que teve lugar em 395 d.C. O império ocidental,

com sede em Roma e, o oriental, com sede em Constantinopla. Foi nessa

condição que ele deixou de existir como duas pernas. O império ocidental caiu

em 476, e o oriental, em 1453 d.C.

A profecia bíblica destaca: ―as pernas de ferro, os pés em parte de ferro, em

parte de barro ―~(Dn 2.3 3). O Império Romano sob a forma das duas pernas, da

profecia, já ocorreu, mas sob a forma de dez dedos dos pés (artelhos), nunca

existiu. Portanto, está claro que Daniel 2.41-44 ainda não se cumpriu. Não é o

caso dos versículos 3 2-40 que já pertencem à história. Basta ler os versículos

40 e 41 para notar que, entre estes dois, há um hiato de tempo.

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DESTRUIÇÃO DA NAÇÃO DO “NORTE” E SEUS SATÉLITES.

O aluno deverá, ao iniciar a leitura deste Texto, ler por inteiro os capítulos 38 e

39 de Ezequiel e o capítulo 2 de Joel. Temos nessas profecias a descrição da

invasão de Israel por uma nação do ―Norte‖, nos dias finais da era atual. Ver as

expressões ―no fim dos anos ―, e ―nos ‗últimos dias‖, em Ezequiel 38.8,16.

A INTERVENÇÃO DIVINA

O invasor e seus aliados serão totalmente derrotados e arruinados no próprio

território de Israel, por intervenção divina direta. ―Nos montes de Israel cairás, tu

e todas as tuas tropas, e os povos que estão contigo; a toda espécie de aves de

rapina e aos animais do campo eu te darei, para que te devorem. Cairás em

campo aberto, porque eu falei, diz o Senhor Deus. ―(Ez 39.4,5). Deus intervirá

porque Israel é o Seu povo e Sua possessão. Em Ezequiel 38.16, Deus chama

Israel de ―o meu povo ―, e ―a minha terra ―. Isto é altamente significativo e

deveria servir de aviso a todos aqueles que se levantam contra Israel. Deus

afirmou a Abraão no passado:

―Estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência no decurso

das suas gerações, aliança perpétua, para ser o teu Deus e Dã tua

descendência. Dar-te-ei e à tua descendência a terra das tuas peregrinações,

toda a terra de Canaã, em possessão perpétua, e serei o seu Deus.‖

(Gn. 17.7,8).

Esta nação, de que trata as profecias já mencionadas, deverá, na época da

invasão em apreço, ser muito poderosa belicamente, sabendo que a nação de

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Israel, desde há muito é líder reconhecida em matéria de estratégia de ataque e

defesa. Nesse tempo Israel deve estar muito mais consolidada e fortalecida

como nação, do que atualmente, e certamente possuindo maior território do que

o atual (conforme Ez 3 8.8). Alguns estudantes da Bíblia julgam ser Gogue e

Magogue símbolos dos poderes do mal contra o povo de Deus nos últimos dias,

mas nesses capítulos de Ezequiel (38 e 39) vemos tratar-se claramente de

povos e nações reais.

Também em Gênesis 10.2 onde temos o rol das nações troncos originaram os

demais povos, e também em 1 Crônicas 1.5, vemos que trata-se de povos reais

e não simples símbolos do mal. O fatos importante nesses dois capítulos de

Ezequiel é que Deus assegura que estará ao lado de Israel e intervirá

sobrenaturalmente, abatendo esses inimigos do Seu povo: Gogue, o líder que

intenta destruir Israel, juntamente com a coalizão de nações sob sua liderança.

Duas vezes Deus afirma na citada profecia: ―Eu sou contra ti, ó Gogue, príncipe

e chefe de Meseque e Tubal.‖ (Ez 38.3; 39.1).

Os países atuais que situam-se ao norte geográfico de Israel são os que

compõem a CEI (Comunidade dos Estados Independentes), a ex-União

Soviética. Esse bloco de nações adotavam o comunismo ateu até recentemente

como sistema político de governo, e ainda relutam nesse sentido. Metamorfoses

políticas em grande escala vêm ocorrendo naquela parte do mundo, como é o

caso da já citada CEI e também da UE (União Européia), antes conhecida como

MCE (Mercado Comum Europeu).

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GOGUE INVADIRÁ ISRAEL

O estudo meticuloso das profecias mencionadas no início deste Texto, mostra

que Gogue - a nação ou bloco de nações do norte da Terra, em relação à Israel,

invadirá esse pais nos últimos dias. A Bíblia localiza Gogue ao norte de Israel

(Ez 38.6,1 5; 39.2; Jl 2.20). Essa poderosa nação do norte será ajudada nessa

invasão por nações européias, asiáticas e africanas. Veja a lista completa

desses atacantes: Magogue, Meseque, Tubal (Ez 3 8.2,3). Persas, etíopes,

Pute, Gômer, Togarma, e muitos povos (Ez 38.5,6). Líbios (Dn 11.43).

Pelo estudo dos capítulos 38 e 39 de Ezequiel, e 10 de Gênesis, vemos que

muitos nomes geográficos estão hoje modificados devido a evolução das línguas

e os problemas de tradução e transliteração. O estudo comparativo da etnologia

antiga e moderna dessas regiões, facilitará a identificação das mesmas:

Gogue. Magogue. Meseque. Tubal (Ez 3 8.2,3). No versículo 2, a ―Tradução

Brasileira‖ emprega a expressão ―prínci,pe de Rós―, sendo ―Rôs‖ uma

transliteração direta do hebraico, que muitos pensam significar ―Rússia‖, neste

contexto da profecia de Ezequiel. As versões de Almeida ―Atualizada‖ e

―Corrigida‖, empregam a expressão ―príncipe e chefe ―.

Gogue, o próprio texto bíblico explica que se trata do governante de Meseque e

Tubal, da terra de Magogue.

Magogue. Meseque, Tubal. Regiões primitivas ocupadas pelos citas e tártaros,

grandes remos do passado, correspondendo hoje à moderna CEI (Comunidade

dos Estados Independentes). Josefo declara que Magogue ocupa a região das

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citas e tártaros (Josefo, Vol.1.6.1). Meseque converteu-se graficamente em

Tubal é o moderno nome de Tobolsk, uma das principais cidades russas.

Gômer, Togarma (Ez 38.6). Gômer veio a Germânia e modernamente a

Alemanha, corresponde a Armênia e Turquia.

Persas, etíopes. Pute (Ez 3 8.5). A Pérsia tem o moderno nome Ira. Ela adotou

este nome em 1935. Em 1932 ela firmou um acordo com Moscou, que em caso

de guerra as forças da Rússia terão permissão de cruzar seu território para

atacar a Mesopotâmia. Segundo esta profecia de Ezequiel 3 8.5, o Irá tornar-se-

á comunista ou pró-comunista. A Etiópia moderna é fácil localizar pelo seu outro

nome: Abissínia. A Etiópia original ficava na bacia dos rios Tigre e Eufrates (Gn

2.14). Daí seus habitantes emigraram para a África e fundaram o extenso reino

da Etiópia, do qual hoje a Abissinia é uma pequena fração. Etiópia é palavra

grega; em hebraico é Cuxe ou Cush. Os etíopes originaram muitos povos

africanos. Pute é a atual Líbia, vizinha do Egito. A Pute primitiva era uma região

muito mais extensa. Esses dois últimos povos (líbios e etíopes) são também

mencionados na profecia de Daniel 11.43, pertinente ao assunto em pauta.

MOTIVOS DA INVASÃO DE ISRAEL POR GOGUE

Os motivos da invasão de Israel por Gogue serão principalmente dois: as

riquezas de Israel, inclusive as do Mar Morto (Ez 38.11,12), e a posição

estratégica que Israel ocupa.―Assim diz o Senhor Deus: Esta é Jerusalém; pu-la

no meio das nações e terras que estão ao redor dela. ― (Ez 5.5).

Page 208: Curso internacional de teologia ebook gratuito

208

Gogue será derrotado no próprio pais de Israel (Ez 39.4,5). Será uma

sobrenatural intervenção divina (Ez 38.1 9,20). Haverá também rebelião entre as

próprias tropas atacantes (Ez 38.2 1). Tremendos flagelos sobrenaturais

atingirão em cheio o inimigo (Ez 3 8.22). O morticínio será incalculável (Ez 39.1

2).

Muitos confundem esta guerra de Gogue e seus aliados contra Israel, com a

Batalha de Armagedom, de que tratamos noutra Lição. Há muita diferença entre

os dois conflitos. O ataque de Gogue contra Israel começará no início da

70ª ―semana‖ de Daniel 9.27, isto é, no início da Grande Tribulação (ou um

pouco antes). Já o Armagedom ocorrerá no final da―semana ―. Na invasão de

Israel por Gogue, apenas um grupo de nações participará; já no Armagedom

participarão ―todas as nações‖ (Ap 16.14; 19.19; JL 3.2; Zc 12.3b; 14.2-4,9).

Na época da invasão de Israel por Gogue, o bloco de dez nações, na área do

antigo Império Romano, já está formado, e o Anticristo em evidência, ocultando

sua verdadeira identidade e propósito.

A queda total e irrecuperável de Gogue e seus aliados, originará um tremendo

vazio e desequilíbrio na liderança do poder político e bélico mundial. O vazio

deixado pela queda de Gogue deixará o caminho aberto para o surgimento

imediato do Anticristo no cenário mundial, como líder e salvador da crítica

situação mundial.

Page 209: Curso internacional de teologia ebook gratuito

209

CONVERSÃO EM MASSA DE JUDEUS.

Como resultado da intervenção divina salvando miraculosamente Israel, os

judeus e as nações da Terra reconhecerão que há um Deus que governa todas

as coisas. ―Manifestarei a minha glória entre as nações, e todas as nações verão

o meu juízo, que eu tiver executado, e a minha mão, que sobre elas tiver

descarregado. Desse dia em diante, os da casa de Israel saberão que eu sou o

Senhor seu Deus. ―(Ez 39.21,22). Isso resultará na conversão de muitos judeus

e no derramamento do Espírito Santo.

O CUMPRIMENTO PARCIAL DA PROMESSA DO ESPÍRITO SANTO

Em Joel 2.20, vemos o Senhor destroçando o exército invasor que vem do norte,

e, no versículo 28, temos a promessa do derramamento do Espírito Santo. Essa

promessa cumpriu-se parcialmente no Dia de Pentecoste (At 2.16,17). Por que

dizemos parcialmente? - Por duas razões: primeiro, em Joel 2.28 fala de

derramar ―O‖ Espírito, o que significa um derramamento pleno. Já em Atos 2.17,

a Palavra fala de derramar ―DO‖ Espírito, o que significa um derramamento

parcial. São pequenas palavras que alteram grandemente o sentido habitual das

coisas.

Segundo, no Dia de Pentecoste, e desde então, não se cumpriram os sinais

preditos em Joel 2.30,31, os quais ocorrerão somente durante a Grande

Tribulação (Mt 24.29; Ap 6.12-14; At 2.19,20). Haverá, portanto, um grande

despertamento espiritual entre os judeus, resultando em muitas conversões.

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210

Leia Joel 2.31,32, atentando bem para a conjunção ligando o versículo 31 ao

32.

―Então sereis atribulados, e vos matarão. Sereis odiados de todas as nações,

por causa do meu nome.‖ (Mt 24.9). Esta última referência é muitas vezes

aplicada à Igreja, quando na verdade trata-se de Israel nesse tempo, e dai para

a frente. O derramamento do Espírito Santo que teve inicio entre os judeus, no

Dia de Pentecoste, foi interrompido, mas, terá então pleno cumprimento, e

precederá de fato o ―Dia do SENHOR‖ (At 2.17,20).

OS 144.000 JUDEUS SALVOS DURANTE A GRANDE TRIBULAÇÃO

Esta obra começará nesse tempo. Serão selados por anjos de Deus. Esse selo,

refere-se certamente ao que está descrito em Apocalipse 14.1, isto é, os

144.000 são representantes das tribos. Certamente dentre eles sairão os

missionários que levarão ao mundo a Palavra de Deus, conforme afirma a

profecia de Isaias 66.1 9. Eles substituirão a Igreja na obra de testemunhar de

Deus. Deus nunca ficou sem testemunho, nem mesmo durante a apostasia de

Israel (1 Rs 19.19; Rrn 11.5). A mensagem que eles pregarão não é o

Evangelho que conhecemos, mas o chamado ―evangelho do reino‖ (Mt 24.14), o

qual anuncia a iminente volta do Salvador à Terra e o julgamento das nações

impenitentes. Esse Evangelho foi anunciado por João Batista (Mt 3.2), por Jesus

(Mt 4.23), e pelos doze apóstolos (Mt 10.7); mas, como os judeus rejeitaram o

Rei, o Evangelho passou a ser anunciado a todas as nações (Mt 28.19).

As palavras de Jesus em Mateus 10.23, sem dúvida referem-se a esse tempo

em que os judeus pregarão o Evangelho antes da Sua volta. Os pormenores do

Page 211: Curso internacional de teologia ebook gratuito

211

contexto da passagem em foco, mostram tratar-se de eventos futuros. ―Quando,

porém, vos perseguirem numa cidade, fugi para outra; porque em verdade vos

digo que não acabareis de percorrer as cidades de Israel, até que venha o Filho

do homem.‖ O resultado do testemunho dos judeus durante a Grande Tribulação

vê-se na grande multidão salva dentre todas as nações, na época da Tribulação

(Ap 6.9-1 1; 7.9). Os mensageiros de Deus sofrerão muito (Mt 24.9). O

Evangelho do reino é constituído de ensino, pregação e milagres (Mt 4.23).

Logo, haverá muito milagre.

Muita gente fica chocada por não ver despertamento espiritual em Israel

atualmente. Ora, a Bíblia revela que primeiro virá o despertamento nacional,

político. Isto está acontecendo perante os nossos olhos, hoje (Ez 37.1-8). Depois

é que virá o despertamento espiritual (Ez 37.9-14).

Por que dizemos parcialmente? - Por duas razões: primeiro, em Joel 2.28 fala de

derramar ―O‖ Espírito, o que significa um derramamento pleno. Já em Atos 2.17,

a Palavra fala de derramar ―DO‖ Espírito, o que significa um derramamento

parcial. São pequenas palavras que alteram grandemente o sentido habitual das

coisas.

Segundo, no Dia de Pentecoste, e desde então, não se cumpriram os sinais

preditos em Joel 2.30,31, os quais ocorrerão somente durante a Grande

Tribulação (Mt 24.29; Ap 6.12-14; At 2.19,20). Haverá, portanto, um grande

despertamento espiritual entre os judeus, resultando em muitas conversões.

Leia Joel 2.31,32, atentando bem para a conjunção ~ ligando o versículo 31 ao

32.

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212

―Então sereis atribulados, e vos matarão. Sereis odiados de todas as nações,

por causa do meu nome.‖ (Mt 24.9). Esta última referência é muitas vezes

aplicada à Igreja, quando na verdade trata-se de Israel nesse tempo, e dai para

frente. O derramamento do Espírito Santo que teve inicio entre os judeus, no Dia

de Pentecoste, foi interrompido, mas, terá então pleno cumprimento, e

precederá de fato o ―Dia do SENHOR‖ (At 2.17,20).

A GRANDE TRIBULAÇÃO

O TIPO DE PAZ QUE A TERRA GOZARÁ NESSA ÉPOCA

As passagens bíblicas supracitadas e outras semelhantes, falam da paz e

prosperidade que a Terra experimentará no princípio do governo centralizado da

Besta. Daniel 11.36 diz que o seu govemo será próspero. Ela convencerá o

mundo de que está raiando a era da paz e do progresso com que a humanidade

sonhava. A política, a religião, a economia, e a ciência, serão suas metas

principais. A ciência atingirá um ponto nunca alcançado. Todo esse progresso

será falso, porque será superficial e durará pouco. Logo depois, a Besta revelará

seu verdadeiro caráter maligno, ao mesmo tempo em que os juízos

desencadeados do Céu, sob os selos, as trombetas e as taças registrados nos

capítulos 6 a 18 de Apocalipse, porão tudo a descoberto, mostrando que as

multidões foram completamente iludidas.

Page 213: Curso internacional de teologia ebook gratuito

213

O CAVALEIRO E SEU CAVALO (Apocalipse 6.2)

O cavalo e sua cor branca, falam da conquista, vitória e paz. O cavalo nas

guerras antigas era elemento de primeira necessidade. O arco do cavaleiro fala

do longo alcance e amplitude de seus empreendimentos. A sua arrancada será

a princípio, vitorioso, inclusive porque não enfrentará qualquer protesto e

oposição da verdadeira Igreja. Nesse tempo ela já estará na glória com o

Senhor.

A coroa, o cavalo branco e a arrancada vitoriosa do Anticristo, tudo fala dele

como o falso messias e solucionador das crises mundiais. Seu governo será a

falsificação do milênio de Cristo. Sim, ele imita o Cristo verdadeiro, que monta

outro cavalo branco. ―Vi o céu aberto, e eis um cavalo branco. O seu cavaleiro

se chama Fiel e Verdadeiro, e julga e peleja com justiça.‖ (Ap 19.11).

Cristo quem abre o selo, conforme o versículo 1 que, juntamente com o

versículo 2, tratam do cavaleiro e seu cavalo branco. O branco aí representa a

paz e a prosperidade que o Anticristo a princípio promoverá. Além disso, os

componentes de uma comitiva de Cristo, é de se esperar que sejam de melhor

qualidade, e não como os que são vistos no capítulo 6 de Apocalipse. A comitiva

de Cristo é de exércitos do Céu (Ap 19.14). Já aqui, em Apocalipse 6.3-8 vemos

uma comitiva macabra, aterradora, infernal. No versículo 4 vemos discórdia, luta

e morte. Logo, o cavaleiro e seu cavalo branco, em Apocalipse 6.2, falam da

falsa paz e prosperidade mundial que o Anticristo forjará e apresentará ao

mundo, ao emergir no cenário internacional (1 Ts 5.3).

Page 214: Curso internacional de teologia ebook gratuito

214

O NÚMERO DA BESTA: 666

A Besta terá um nome, no momento desconhecido. O número resultante desse

nome será 666 (Ap 13.17,18).

Três coisas a Bíblia diz sobre a Besta: seu nome, número e marca. No

momento, só o seu número nos é revelado: 666. A pessoa e o nome serão

revelados após o arrebatamento da Igreja (2 Ts 2.7,8). Portanto, os que estão

aguardando o arrebatamento da Igreja, não necessitam saber disso agora; os

que aqui ficarem saberão ... O número repartido três vezes no nome da Besta,

fala da suprema exaltação do homem, cujo número na numerologia bíblica é 6.

As três vezes, pode significar o homem exaltando-se a si mesmo como se fosse

Deus, como está dito em 2 Tessalonicenses 2.4. O número do Deus trino é 3.

Quanto a Besta ter número, convém notar que as nações mais adiantadas

projetam pôr em prática um sistema de números permanentes para todos os

cidadãos, a partir do nascimento ou da naturalização, visando o controle total da

população. Os computadores já estão fazendo isso, controlando animais e

mercadorias. Entramos na era em que tudo será controlado à base de números.

Em todos os países já há muita coisa controlada à base de números

permanentes.

ASSIM SERÁ A GRANDE TRIBULAÇÃO

A palavra tribulação significa literalmente comprimir com força, como se faz com

as uvas no lagar, ou com a cana de açúcar na moenda. A tribulação aqui

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215

tratada, abrange o período da ascendência e governo do Anticristo. O

termo tribulum, da latim, também leva ao mesmo sentido.

DURAÇÃO DA GRANDE TRIBULAÇÃO

A Grande Tribulação abrangerá um período de sete anos, dos quais os piores

serão os últimos três anos e meio. Quanto a esse período, diz a Escritura:

―Proferirá palavras contra o Altíssimo, magoará os santos do Altíssimo e cuidará

.em mudar os tempos e a lei; e os santos lhe serão entregues nas mãos, por um

tempo, dois tempos e metade dum tempo.‖ (Dn 7.25).

―Foi-lhe dada uma boca que proferia arrogâncias e blasfêmias e autoridade para

agir quarenta e dois meses; e abriu a boca em blasfêmias contra Deus> para lhe

difamar o nome e difamar o tabernáculo, a saber, os que habitam no céu.‖ (Ap

13.5,6).

O sofrimento nesse tempo será de tal monta que, se durasse mais tempo

ninguém escaparia com vida. ―porque nesse tempo haverá grande tribulação,

como desde o princípio do mundo até agora não tem havido, e nem haverá

jamais. Não tivessem aqueles dias sido abreviados, e ninguém seria salvo, mas.,

por causa dos escolhidos tais dias serão abreviados.―(Mt 24.21,22).

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A PIOR FASE DA GRANDE TRIBULAÇÃO

A primeira menção bíblica da tribulação está em Deuteronômio 4.30: ―Quando

estiveres em angústia, e todas estas cousas te sobrevierem nos últimos dias, e

te voltares para o Senhor teu Deus, e lhe atenderes a voz. Outras passagens

que podem ser lidas agora, são: Dt 31.29; Is 13.9-13; 34.8; Ez 20.33-37; Jr

30.5,11; Dn 12.1; JJ 1.15. Como já dissemos, a pior fase da Grande Tribulação,

será quando o Anticristo romper sua aliança feita com os judeus, e começar a

persegui-los. Tal fato ocorrerá quando ele exigir adoração e os judeus

recusarem oferecê-la. Os ―santos‖ perseguidos pela Besta, referidos em Daniel

7.2 1,25 e Apocalipse 13.7, são, em primeiro plano.

Ao romper sua aliança com os judeus, o Anticristo romperá também com a igreja

apóstata, da qual ele recebeu apoio enquanto necessitou da sua influência para

galgar o poder, e a destruirá (Ap 17.16). Ele destruirá a igreja falsa para

implantar a nova forma de adoração dele mesmo.

Apesar da Grande Tribulação visar em primeiro lugar os judeus, o mundo todo

sofrerá os seus efeitos Jr 25.29-32; Ap 13.7,8). Deus entrará em juízo com o

Seu antigo povo,_para expurgalo e levá-lo ao arrependimento e conversão (Ez

20.33-39; Jr 30.7; Zc 14.2a; 13.8,9 12.9; Rm 11.26,27; Mt 23.39).

A descrição mais detalhada e completa que temos da Grande Tribulação é a que

se encontra em Apocalipse, capítulos 6 a 18. Os capítulos 6 a 9 abrangem a

primeira parte, chamada Tribulação. Os capítulos 10 a 18 abrangem a segunda

parte, denominada Grande Tribulação. Esta última parte é referida em

Apocalipse e Daniel como ―quarenta e dois meses ―,―um tempo, dois tempos e

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217

metade de um tempo‖ e ―mil duzentos e sessenta dias‖ (Ap 11.2,3;

12.6,7,14; 13.5; Dn 7.25).

É nesse tempo de justiça divina que as sete piores pragas, sob as taças de

juízo, serão derramadas na Terra, como vemos em Apocalipse, capítulos 15 e

16. Nesse tempo, as forças da natureza que operam nos Céus entrarão em

convulsão (Mt 24.29; Jl 2.20). É interessante notar em Apocalipse, a partir do

capítulo 6, quantas vezes os Céus são mencionados como palco de tremendos

eventos.

Em Isaias 13.11, Deus afirma: ―Castigarei o mundo por sua maldade, e os

perversos por causa da sua iniqüidade; farei cessar a arrogância dos atrevidos>

e abaterei a soberba dos violentos.‖

Talvez porque nesse tempo de apostasia, o povo não crerá no Inferno (como

milhões fazem hoje), haverá nesse mesmo tempo uma amostra do Inferno para

eles, durante cinco meses. Apocalipse 9.1-6 dá conta disso.

HAVERA SALVAÇÃO DURANTE A GRANDE TRIBULAÇÃO?

Muitos perguntam: ―Haverá salvação durante a Grande Tribulação?‖ Sim,

haverá. É fácil provar biblicamente. Uma única passagem como a de Apocalipse

7.14 bastaria para isso. ―Respondi-lhe: meu Senhor tu o sabes. Ele, então, me

disse: São estes os que vêm da grande tribulação, lavaram suas vestiduras, e as

alvejaram no sangue do Cordeiro. ‗A melhor tradução deste texto é a de Almeida

Revista e Atualizada.

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O verbo ―vir‖ está de fato no tempo presente. Outras passagens que evidenciam

a salvação durante a Tribulação: Ap 6.9-1 1;12,17; 7.9-11; 15.2; 20.4; JI 2.32,

diz: ―E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo;

porque no monte Sião e em Jerusalém estarão os que forem salvos, assim como

o Senhor prometeu, e entre os sobreviventes aqueles que o Senhor chamar‖.

COMO HAVERÁ SALVAÇÃO NESTA ÉPOCA?

Muitos objetam aqui, dizendo: Como pode haver salvação nessa época quando

a dispensação da Graça terá findado e o Espírito Santo terá arrebatado a Igreja?

Perguntar assim é ignorar o plano de Deus através da Bíblia, para com o homem

que Ele criou. A esta pergunta respondemos com outra pergunta: Como o povo

se salvava antes da dispensação da Graça, e, como operava o Espírito Santo

nessa época? O povo salvava-se pela fé no Redentor prometido que havia de

vir. Isso era também salvação pela graça (At 15.11; Ef 1.4; 1 Pe 1.19,20; Ap

13.8). Eles também tinham o Evangelho (Gl 3.8; Hb 4.2).

Agora, uma coisa é certa: as condições espirituais prevalecentes durante a

Tribulação, não serão favoráveis como hoje. Tremendas trevas espirituais

envolverão o mundo. Haverá também oposição sem paralelo. Não poderá ser de

outra maneira, pois trata-se do reino do Anticristo. Poderá haver, sim, salvos

dentre os judeus e os gentios, todavia será muito difícil isto acontecer.

Em Apocalipse 6.9-11 e 7.9-11, vemos uma multidão de gentios salvos no Céu,

porém saídos da Terra, após sofrerem martírio. No meio dessa multidão estarão

aqueles que não subiram no arrebatamento, e, despertados por tal fato,

decidirão permanecer fiéis, a despeito de toda e qualquer prova e sofrimento.

Sim, haverá santos durante a Grande Tribulação.

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AS DUAS TESTEMUNHAS (AP 11)

Durante os negros dias da Tribulação haverá duas testemunhas especiais da

verdade divina, profetizando aqui na Terra (Ap 11.3-12). Esses dois homens

serão intocáveis até que cumpram a sua missão (Ap 11.7). Ambos serão mortos

pela Besta. Comparando-se Zacarias 4.11-14 com Apocalipse 11.4, vê-se que

essas duas testemunhas estão agora no Céu. Devem ser Enoque e Elias, do

Antigo Testamento. Ambos não passaram pela morte (Gn 5.24 e 2 Rs 2.11).

Moisés não pode ser um deles, pois morreu (Dt 34.5,6). E, aos homens está

ordenado morrerem apenas uma vez (Hb 9.27); ao passo que essas

testemunhas ainda morrerão aqui.

O fato não é relevante para a Igreja do Senhor, uma vez que quando essas duas

testemunhas atuarem aqui, a Igreja já estará com Cristo na glória. Certamente a

permanência de Enoque e Elias no Céu (se são eles), em corpos fisicos, são

casos especiais. As palavras ―Ora, ninguém subiu ao céu, senão aquele que de

lá desceu, a saber o Filho do homem‖, de João 3.13, têm sentido diferente

daquele que geralmente se pensa. Significam subir ao Céu por seu próprio

poder.

O MILÊNIO EM RELAÇÃO À IGREJA

No Milênio a Igreja estará glorificada com Cristo. Ela é o Seu povo especial,

como povo espiritual. ―o qual se deu a si mesmo por nós, para nos remir de toda

a iniqüidade e purificar para si um povo especial, zeloso de boas obras.‖ (Tt 2.14

- ARC). Já Israel é um povo especial de Deus, para uma missão

terrena. ―Porque tu és povo santo ao Senhor, teu Deus; o Senhor, teu Deus, te

escolheu, para que lhe fosses o seu povo próprio, de todos os povos que há

sobre a terra. ―(Dt 7.6).

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A IGREJA ESTARÁ GLORIFICADA NO MILÊNIO

A Igreja estará glorificada com Cristo na Jerusalém celeste (Cl 3.4; 1 Pe 5.1; Rm

8.17,18). Vemos assim, mais uma vez, que o Milênio será uma época de

manifestação da glória de Deus: glória da Jerusalém celeste, glória no templo

milenial, e glória na Igreja. Essa glória divina, o homem perdeu ao cair (Rm

3.23), mas com o advento de Jesus em Belém, ela começou a ser-lhe

restaurada (Lc 2.9,14).

Os salvos virão à Terra sempre que quiserem. Teremos um corpo como o de

Cristo ressurreto, que se locomovia sem limitações (Fp 3.21; Jo 20.19, 26;

Lc 24.15,31).

O CONHECIMENTO DE DEUS SERÁ UNIVERSAL

O conhecimento divino, abundante durante o Milênio, não virá primordialmente

pelo estudo. Será antes intuitivo (Is 11.9; Jr 3 1.34; Hc 2.14). Isso será

maravilhoso! Os judeus, por sua vez, continuarão levando a efeito um grande

movimento missionário (Is 66.19). Conforme Isaias 52.7, a evangelização estará

em primeiro plano. Aí trata-se da pregação das boas-novas. Multidões serão

salvas. A população da Terra crescerá rapidamente sob as benignas condições

do Milênio. Se não houvesse salvação durante o Milênio, este seria uma

decepção.

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221

A ÚLTIMA REVOLTA DE SATANÁS

No final da execução do plano de Deus para este mundo, ocorrerão três grandes

conflitos ou guerras. O primeiro é o que está registrado em Ezequiel, capítulos

38 e 39. Um bloco de nações chefiadas pela nação do ―Norte‖ invadirá Israel no

início da Tribulação (ou um pouco antes). Deus intervirá de maneira sobrenatural

a favor de Israel e os atacantes serão totalmente destruídos.

O segundo conflito armado é o de Zacarias 14.1-4; Joel 3.9,12 e Apocalipse

16.13-16; 19.11-21. Aqui, o Anticristo chefiando todas as nações do mundo

avança para exterminar Israel e lutar contra Deus. O Senhor Jesus então

descerá do Céu e destruirá todos os exércitos atacantes.

O Anticristo e seu Falso Profeta serão lançados vivos no lago de fogo e enxofre,

e Satanás ficará preso por mim anos. Isso ocorrerá no final da Grande

Tribulação.

O terceiro conflito está descrito em Apocalipse 20.7-10. Aqui Satanás engana e

subverte as nações contra Deus. Deus então derramará fogo do Céu e

consumirá a todos. Satanás será lançado no seu lugar definitivo: o lago de fogo

e enxofre. Isso se dará no final do Milênio. Desta maneira, os que nascerem

durante o Milênio terão uma oportunidade de escolha: obedecer a Deus ou ao

diabo. No princípio da história humana Adão teve tal oportunidade. Agora, no

final da história humana, o homem igualmente tê-la-á. Será a última rebelião que

Satanás instigará contra Deus.

Page 222: Curso internacional de teologia ebook gratuito

222

―Quando, porém, se completarem os mil anos, Satanás será solto da sua prisão

e sairá a seduzir as nações que há nos quatro cantos da terra, Gogue e

Magogue, a fim de reuni-las para a peleja. O número dessas é como a areia do

mar (Ap 20.7,8).

QUEM É GOGUE E MAGOGUE, EM APOCALIPSE 20.8?

Gogue e Magogue, em Apocalipse 20.8, são as nações rebeladas contra Deus,

instigadas por Satanás, e conduzindo um furioso ataque contra os santos. Não

se trata absolutamente de Gogue e Magogue relatados em Ezequiel, capítulos

38 e 39. Vejamos na página seguinte as razões disso num quadro comparativo.

POR QUE SATANÁS SERA SOLTO

Após mil anos de paz, justiça e prosperidade para todos, sem o Tentador, este

volta às suas atividades malignas.

―Quando, porém, se completarem os mil anos, Satanás será solto da sua prisão

e sairá a seduzir as nações que há nos quatro cantos da terra, Gogue e

Magogue, a fim de reuni-las para a peleja. O número dessas é como a areia do

mar. Marcharam, então, pela superficie da terra e sitiaram o acampamento dos

santos e a cidade querida; desceu, porém, fogo do céu e os consumiu. O diabo,

o sedutor deles, foi lançado para dentro do lago de fogo e enxofre, onde já se

encontram não só a besta como também o falso profeta; e serão atormentados

de dia e de noite, pelos séculos dos séculos. ―(Ap 20.7-10).

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223

O Por que Dessa Soltura Momentânea Vejamos algo do por que disso; dessa

liberdade tão curta de Satanás:

Provar os que nasceram durante o Milênio. Lembremo-nos de que nem Jesus

foi isento de tentação.

Revelar que o coração humano não convertido, permanece inalterado,

mesmo sob o reino pessoal do Filho de Deus. Hoje em dia o homem culpa o

diabo por suas maldades, infortúnios, transgressões e quedas. Durante o Milênio

não haverá diabo nenhum para tentar, mas ver-se-á que os mil anos de bênçãos

inigualáveis sob Cristo, não transformará o homem. O problema não é de

ambiente; é de coração.

Demonstrar que Satanás é totalmente incorrigível. Veja que após passar mil

anos na prisão, Satanás é o mesmo de sempre.

Será essa uma revolta mundial. Aqueles que atualmente gostam de revoltas e

de promovê-las, assim como contendas, divisões, rebeliões, saibam que tudo

isso procede do Inferno. Essa úl tima revolta de Satanás será imediatamente

neutralizada e os revoltosos, exterminados (Ap 20.9).

Demonstrar pela última vez quão pecaminosa é a natureza humana, e que o

homem por si mesmo jamais se salvará, mesmo sob as melhores condições. O

homem falhou antes, sob todas as condições favoráveis possíveis; sob a Lei e a

Graça, e, agora sob as condições gloriosas do Milênio. Esse fracasso final do

homem é uma explicação de Tiago 1.14, onde vemos que o mal é residente,

imanente em nós. Somos pecadores por natureza. A inclinação para pecar é

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224

imanente no homem, desde que nasce (Sl 58.3; 51.5). Só o sangue de Jesus

Cristo pode purificar-nos de todo pecado (1 Jo 1.7).

O JULGAMENTO DOS ANJOS CAÍDOS

É consentâneo crer que os anjos decaídos, tanto os livres que trabalham agora

para Satanás, como os aprisionados ‖... para o juízo do grande Dia...‖ (Jd v. 6) e

ainda os demônios, serão julgados juntamente, com o diabo, a quem eles

acompanharam, obedeceram e serviram (Ap 20.10; 2 Pe 2.4; Jd v. 6; Lc 8.3 1;

Mt 8.29).

A Igreja certamente estará associada neste juízo, pois travou renhido combate

contra o diabo e suas hostes. E, pois justo que a Igreja os julgue também. ―Não

sabeis que havemos de julgar os próprios anjos?... ―(1 Co 6.3). Este evento

marcará o ponto final da libertação de ação do diabo, dos anjos decaídos e dos

demônios. É o final da sua carreira maligna (Mt 25.41).

O JUÍZO FINAL

Nessa ocasião os ímpios falecidos, de todas as épocas, ressuscitarão com seus

cornos literais e imortais, porém carregados de pecado (Ap 20.1 1-15; Mt 10.28).

Esse julgamento será para aplicação de sentenças, pois o pecador já está

condenado desde quando não crê no Filho de Deus como seu Salvador. João

3.18, diz: ―Quem nele crê não é julgado; o que não crê á está julgado, porquanto

não crê no nome do unigênito Filho de Deus.‖

O GRANDE TRONO BRANCO

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―Vi um grande trono branco e aquele que nele se assenta, de cuja presença

fugiram a terra e o céu, e não se achou lugar para eles.

―Vi também os mortos, os grandes e os pequenos, postos em pé diante do trono.

Então, se abriram livros. Ainda outro livro, o Livro da Vida, foi aberto. E os

mortos foram julgados, segundo as suas obras, conforme o que se achava

escrito nos livros.‖

(Ap 20.1 1,12). 1. ―De cuja presença fugiram a terra e o céu‖ At 20.11). Assim

como o sol, ao nascer, ofusca a lua e as estrelas, e estes parecem recuar para o

infinito, e não podem ser vistos devido a superior claridade do sol, o mesmo

ocorrerá com a Terra e o Céu quando o Filho de Deus se manifestar na Sua

excelsa glória para julgar os mortos. É a glória que eles (os mortos) se privaram

de participar quando em vida escolheram viver no pecado. No Juízo das

Nações, que ocorreu antes do Milênio, Jesus fez o mesmo ante os vivos,

aparecendo cheio de glória e majestade (Mt 24.30; 25.31). 2. ―Os mortos, os

grandes e os pequenos, postos em pé diante do trono‖(Ap 20.12).

―Grandes‖ e ―pequenos‖ aí, têm a ver com importância, posição, prestígio,

influência, e não com tamanho ou idade. Veja à luz do original os seguintes

contextos: Ap 11.18; 13.16; 19.5,18; Mt 10.42; At 8.10; 26.22.

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O JULGAMENTO E OS LIVROS NO CÉU

―... Então, se abriram livros. Ainda outro livro, o Livro da Vida, foi aberto. E os

mortos foram julgados, segundo as suas obras, conforme o que se achava

escrito nos livros.‖ (Ap 20.12).

ALGUNS DESSES LIVROS DEVEM SER:

O livro da consciência

(Rm 2.15; 9.1).

O livro da natureza

(Jó 12.7-9; Rm 1.20; S119.1-4).

O livro da Lei

(Rm 2.12); Ora, a Lei revela o pecado (Rm 3.20).

O livro do Evangelho

(Rm 2.16; Jo 12.48).

O livro da nossa memória

(Lc 16.25: ―Filho, lembra-te... ―); Mc 9.44 (aí deve ser uma alusão ao remorso

constante no Inferno. Ver o contexto: versículos 44-48).

Ler ainda Jr 17.1).

O livro dos atos dos homens

(Ap 20.12; Mc 12.36; Lc 12.7; Ml 3.16).

O livro da vida

(Ap 20.12; Sl 69.28; Dn 12.1; Le 10.20; I p43).

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227

Do ―livro da vida‖ nessa ocasião é certamente para provar aos céticos julgados,

que seus nomes não se encontram nele (Mt 7.22,23).

OS QUE MORRERAM SEM CONHECER O EVANGELHO

Quanto aos que morreram sem conhecer o Evangelho, deixemos com Deus.

Sendo Deus perfeito em justiça como é, terá uma lei para julgar os que pecaram

sem lei, isto é, sem conhecerem a lei (Rm 2.12). De uma coisa estejamos certos:

diante de Deus ninguém é inocente, inclusive os pagãos (Rm 2.15; 10.18; Is

5.3b; S119.3,4; Já 12.7-9). O ―Juiz de toda a terra‖ saberá fazer justiça (Gn

18.25). Só Ele é o juiz dos que morreram (Àt 10.42); e a Bíblia assegura que o

juízo de Deus é ―segundo a verdade‖ (Rm 2.2), e que os juízos de Deus são

verdadeiros e justos (Apocalipse 16.7).

A RENOVAÇÃO DOS CÉUS E DA TERRA

Satanás, seus anjos e demônios, ainda não estão ocupando o Inferno final, mas

este já está preparado para eles (Mt 25.41). Desde que Satanás foi expulso do

Céu, com os anjos que o seguiram na sua rebelião contra Deus, o espaço tem

sido a sede de suas atividades, e a Terra, o seu principal campo (Ef 2.2; 6.12; Jó

2.2). Durante a Grande Tribulação, ele foi expulso dos céus estelares para a

Terra (Ap 12.8,9,12b).

Uma vez Satanás lançado no lago do fogo e enxofre, Deus começará

estabelecer o Seu reino eterno.

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NOVOS CÉUS E NOVA TERRA

―Ora, os céus que agora existem e a terra, pela mesma palavra, têm sido

entesourados para fogo, estando reservados para o Dia do Juízo e destruição

dos homens ímpios.‖

―Virá, entretanto, como ladrão, o Dia do Senhor, no qual os céus passarão com

estrepitoso estrondo, e os elementos se desfarão abrasados; também a terra e

as obras que nela existem serão atingidas.‖

―Visto que todas essas cousas hão de ser assim desfeitas, deveis ser tais como

os que vivem em santo procedimento e piedade,‖

―esperando e apressando a vinda do Dia de Deus, por causa do qual os céus,

incendiados, serão desfeitos, e os derreterão.‖

―Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos

quais habita justiça.‖ (2 Pe 3.7,10-1 3).

Somente obras humanas serão consumidas (Hb 12.27; 2 Pe 3.10). O mesmo

Deus que preservou a sarça, de se consumir (Ex 3.2), e tornou imune ao fogo os

três jovens hebreus (Dn 3.25), também pode preservar o povo salvo, saído do

Milênio e tudo mais que Ele quiser, durante esta expurgação final dos Céus e da

Terra. ―Ponho as minhas palavras na tua boca e te protejo com a sombra da

minha mão, ara que eu estenda novos céus, onde nova terra e dia a Sião: Tu és

o meu povo.‖ (Is 51.16)

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Quando o juízo divino caiu sobre o Egito por oprimir o povo de Deus, enquanto

os primogênitos dos egípcios eram mortos, os judeus eram preservados pela

providência divina através do sangue protetor (Êx 12.23). Milagre idêntico

ocorrerá aqui.

POR QUE CÉUS E NÃO SOMENTE TERRA SERÃO EXPURGADOS?

Já dissemos que o espaço sideral está contaminado pela ocupação de Satanás

e seus agentes (Jó 15.15; Mt 13.4,19; Ec 10.20). Assim vemos que esse ato

divino extinguirá o pecado do universo todo. Aqui se cumprirá integralmente

João 1.29: ―... Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!‖ Mundo aí,

é kosmos no original, que na Bíblia implica não somente a humanidade, mas o

próprio mundo físico em que ela habita, como já mostramos anteriormente.

Cumprir-se-á então também, plenamente, Mateus 5.5: ―Bem-aventurados os

mansos, porque herdarão a terra.‖ Não será uma Terra como a atual em que o

pecado domina, mas aquela de que estamos tratando (S1 37.11,29; 115.16).

Nesse tempo haverá perfeita harmonia entre o Céu e a Terra. ―e que, havendo

feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele, reconciliasse consigo

mesmo todas as co usas, quer sobre a terra, quer nos céus.‖ (Cl 1.20). Nesse

tempo ―céu e terra hão de ser a mesma grei ―, como bem diz o poeta saqro. Sim,

porque o muro de separação (o pecado), já foi desfeito totalmente.

O ETERNO E PERFEITO ESTADO

Durante Seu ministério terreno, Jesus fez menção de uma nova era que há de

vir na consumação do atual sistema mundial; mas é nos capítulos 21 e 22 de

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230

Apocalipse que se encontram literalmente descritas as glórias desta maravilhosa

era, quando Deus será tudo em todas as coisas. Aqui finda o tempo na história

humana e começa g ―dia eterno‖, conforme 2 Pedro 3 18 (ou ―dia da

eternidade ―, como registra a Versão Revista e Corrigida). A santa cidade de

Jerusalém celestial baixará de vez sobre a Terra - a nova Terra, tendo seu

relevo totalmente diferente, como jã mencionamos neste livro (Ap 2 1.2,10).

Todas as coisas terão sido restauradas (At 3.21), enquanto que a Igreja, em

estado de glória e felicidade eternas, governará a Terra sob o senhorio de Cristo

(Dn 7.18,27).

AS PERFEIÇÕES DO ETERNO E PERFEITO ESTADO

SANTIDADE PERFEITA.

―... Nunca mais haverá qualquer maldição‖(Ap 22.3). Isto é, não haverá mais

pecado, o que resultará em santidade perfeita. Foi o pecado que trouxe toda

sorte de maldição (Gn 3.17; Gl 3.13).

GOVERNO PERFEITO.

―... Nela (a Nova Jerusalém), estará o trono de Deus e do Cordeiro‖(Ap 22.3). O

homem não tem sabido, nem podido governar bem a Terra. Todas as tentativas

humanas nesse sentido fracassaram: os gregos, através da cultura; os romanos,

através da força e da justiça; os governantes dos nossos tempos, através da

ciência e da olítica. Mas Cristo exercera um governo perfeito, no Seu tempo.

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SERVIÇO PERFEITO.

―... Os seus servos o servirão‖ (Ap 22.3). O maior privilégio do homem é servir a

Deus. O trabalho de Deus será então perfeito. Culto perfeito. Atividades

perfeitas. Certamente, a partir daí será ocupado o infinito Universo. Quantas

maravilhas não aguardam os salvos!?

VISÃO PERFEITA.

―Contemplarão a sua face... ―(Ap 22.4). Somente com uma visão perfeita será

isso possível. O que não será uma só mirada no seu rosto? Aqui neste mundo,

servos dificilmente (e talvez nunca) vêem a face de seus senhores, chefes de

nações, mas nós veremos o Senhor face a face.

IDENTIFICAÇÃO PERFEITA.

―... e na sua fronte está o nome dele. ―(Ap 22.4). Nome, na Bíblia, fala de caráter;

daquilo que a pessoa de fato é. Haverá então uma perfeita identificação entre

Deus e os Seus remidos. O sumo sacerdote levava gravadas numa lâmina de

ouro puro, sobre a sua coroa sagrada, as palavras: ―... Santidade ao Senhor‖ (Êx

39.30), mas naquela época de santidade perfeita, o próprio nome de Deus

estará sobre a fronte dos Seus.

ILUMINAÇÃO PERFEITA.

―Então, já não haverá noite, nem precisam eles de luz de candeia, nem da luz do

sol, porque o Senhor Deus brilhará sobre eles...‖ (Ap 22.5). O nosso

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conhecimento será então perfeito dentro do plano humano, serão ofuscadas

pelo superior e abundante conhecimento divino (1 Co L1.12).

A Bíblia menciona ainda uma sucessão de eras futuras. ―para mostrar-nos

séculos vindouros, a suprema riqueza da sua graça, em bondade para

conosco, em Crista Jesus.‖ (Ei 2.7). E como são insondáveis as riquezas de

Cristo! (Ef 3.8). Certamente nessas eras bíblicas futuras, o imenso universo,

com seus milhões e milhões de planetas, serão ocupados, pois Deus criou todas

as coisas para determinados fins, segundo o Seu eterno plano e propósito. Deus

será então tudo em todos, conforme está escrito em 1 Coríntios 15.28, e, para

sempre continuará o eterno e perfeito estado.

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QUARTO MÓDULO

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO ANTIGO

TESTAMENTO

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO NOVO

TESTAMENTO

NOVO TESTAMENTO

INTRODUÇÃO

O Cristianismo, desde o seu início, focalizou principalmente a pessoa de Cristo,

antes que os seus ensinos. Essa pessoa sempre ocupou o primeiro plano, o que

muito natural, especialmente nas epístolas do apóstolo Paulo, onde se

encontram doutrinas tão maravilhosas acerca da pessoa de Cristo. Isto, porém,

em nada pode diminuir a grandeza do corpo de doutrinas que Cristo mesmo

ensinou. Este exame ligeiro das ideias que constituem o mundo intelectual e

religioso em que Jesus esteve, mostraram quão ingrata era a terra em que Ele

havia de lançar as sementes do verdadeiro Reino de Deus. Não é de admirar,

pois, o não ser compreendidas pelo povo.

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DEFINIÇÃO

Teologia do Novo Testamento é o ramo das disciplinas cristãs que seguem

determinados temas através de todos os autores do NT, e que depois funde

esses quadros individuais num só conjunto abrangente. Estuda, portanto, a

revelação progressiva de Deus em termos da situação vivencial na ocasião da

escrita, e depois delineia o fio subjacente que une todos os dados.

A HISTÓRIA DA TEOLOGIA NO NOVO TESTAMENTO

Analisaremos o processo progressivo da Teologia do NT, no transcorrer da

história.

A IDADE MÉDIA.

Durante a Idade Média, o estudo bíblico esteve completamente subordinado ao

dogma eclesiástico. A teologia Bíblica foi usada apenas para reforçar os ensinos

dogmáticos da Igreja, os quais eram fundamentados na Bíblia e na tradição da

Igreja. A Bíblia era interpretada pela tradição histórica e a Igreja a considerava

como fonte da teologia dogmática.

Page 235: Curso internacional de teologia ebook gratuito

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A REFORMA.

Os reformadores reagiram contra o caráter não Bíblico da teologia dogmática e

insistiram em que a teologia deve estar fundamentada apenas na Bíblia.

Berkhof1 diz que o lema dos reformadores era: "A Igreja não determina o que as

Escrituras ensinam, mas as Escrituras determinam o que a Igreja deve ensinar".

O princípio fundamental era: "Scriptura Scripturae interpres, isto é, a Escritura é

intérprete da Escritura".2

ESCOLASTICISMO ORTODOXO.

Os resultados obtidos pelos estudos históricos da Bíblia, realizados pelos

reformadores, logo se perderam no período imediatamente após a reforma, e a

Bíblia foi mais uma vez utilizada sem uma perspectiva crítica e histórica, para

servir de apoio à doutrina ortodoxa. A história foi completamente absorvida pelo

dogma e a filologia tornou-se um ramo da dogmática.

O ENSINO DE JESUS SEGUNDO OS EVAGELHOS SINÓTICOS

A ATITUDE DE JESUS PARA COM O JUDAÍSMO

Já foi observado que Cristo baseou os seus ensinos no Antigo Testamento. Ele

veio, não para principiar uma coisa nova, mas para continuar uma obra já bem

adiantada. Cristo não trouxe o propósito de introduzir uma religião nova;

1 Louis BERKHOF. Princípios de Interpretação Bíblica. Ed. Cultura Cristã. 2000., p. 24.

2 Idem.

Page 236: Curso internacional de teologia ebook gratuito

236

considerando porém, que havia no judaísmo duas correntes bem diversas, e que

a grande maioria do povo acompanhava uma dessas correntes, a qual se ia

desviando cada vez mais do eterno propósito de Deus.

A RELIGIÃO JUDAICA ERA PROVISÓRIA E PREPARATÓRIA

Na sua grande obra de salvação Deus sempre adaptou a sua ação às condições

em que se achava o povo que queria salvar. Isto era necessário porque a

salvação é sempre um ato moral, inteiramente ao alcance das pessoas a salvar.

A religião judaica era por natureza provisória e preparatória, foi adaptada ao pvo

daquele tempo, Mt 5.27-29,39,39.

JESUS CUMPRIU A LEI NA SUA VIDA

Em primeiro lugar, Jesus cumpriu perfeitamente a lei na sua vida pessoal. Tudo

o que a lei exigia e tinha como alvo Ele satisfez e realizou plenamente na sua

vida; seu caráter satisfez o mais alto ideal da lei. Nunca transgrediu a lei porque

nunca viveu no baixo plano em que ela operava.

A RELAÇÃO DO ANTIGO PARA O NOVO

Diante disto perguntará alguém: "Então o Antigo Testamento perdeu o seu

valor?" De modo nenhum. Será que a flor nada tem com o fruto? Como é que se

há de compreender o fruto sem a flor? Como é que se há de compreender o

homem sem o presente sem o passado? A objeção não tem razão de ser. O

plano de Deus é um só. O princípio é tão necessário como o fim para a

compreensão do plano todo.

Page 237: Curso internacional de teologia ebook gratuito

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O REINO DE DEUS

JESUS APARECEU ANUNCIANDO O REINO DE DEUS

Jesus apareceu no meio do seu povo anunciando o evangelho do Reino

de Deus, Mt 4.17. Esta frase é uma das mais comuns usadas por Jesus. Sem

dúvida alguma, representa um dos seus ensinos mais fundamentais. De acordo

com o evangelho segundo Marcos, Jesus começou a anunciar o seu evangelho,

dizendo que o Reino de Deus estava próximo, Mc 1.16. Indaguemos agora qual

é a verdadeira significação desta frase "O Reino dos Céus".

AS DUAS FRASES "REINO DE DEUS" E "REINO DOS CÉUS”

O que significa, pois, "Reino de Deus"? A idéia de um reino cujo rei é Deus é

uma idéia muito comum no Antigo Testamento, e tem uma história longa. Vem

ela dos primeiros tempos do povo judaico. Por isto precisamos em primeiro lugar

estudar a sua relação para com o Antigo Testamento, para com a história do

povo judeu.

A CONCEPÇÃO DOS JUDEUS A RESPEITO DO REINO DE DEUS

O pensamento religioso do povo judaico estava saturado com a idéia de um

Reino de Deus. A idéia de uma teocracia achava-se impregnada na vida da

nação judaica, influenciando todo o povo, Êx 19.5,6. Apesar desta expressão, "o

Page 238: Curso internacional de teologia ebook gratuito

238

Reino de Deus" não ocorrer no Antigo Testamento, a idéia verifica-se em toda a

extensão da atividade profética.

Há uma dupla ênfase sobre a soberania real de Deus.

Ele é frequentemente referido como o Rei, tanto de Israel,

(Êx 15.19; Nm 23.21; Dt 33.5; Is 43.15.)

Como o Rei de toda a terra,

(2o Rs 19.15; Is 6.5; Jr 46.18; Sl 29.10; 99.1-4.)

Isto leva à conclusão de que, embora Deus seja Rei, ele deve também tornar-se

Rei, ou seja manifestar a sua soberania real no mundo dos homens e das

nações.

O judaísmo apocalíptico também possuía diversos tipos de esperança. Alguns

escritores enfatizaram o aspecto terreno, histórico do Reino, ao passo que

outros enfatizaram os aspectos mais transcendentais. Entretanto a ênfase é

sempre escatológica.

A comunidade de Qumran partilhava de uma esperança semelhante

concernente ao Reino.

A literatura rabínica desenvolveu uma escatologia semelhante, mas fez um

pouco mais uso do termo "o reino dos céus". O Reino de Deus foi considerado

como o domínio de Deus - o exercício de sua soberania.

Page 239: Curso internacional de teologia ebook gratuito

239

O REINO DOS CÉUS

A expressão "o reino dos céus", aparece em Mateus, onde é mencionada

cerca de trinta e quatro vezes. Várias vezes em Mateus, e em vários lugares no

restante do Novo Testamento, a expressão "reino de Deus", é usada. O ―reino

dos céus", é uma expressão semítica, na qual o vocábulo "céus" é um termo

usado em substituição ao nome "divino" - Lc 15.18. Na realidade, ambas as

expressões "o reino de Deus" e "o reino dos céus", raramente foram usadas na

literatura judaica antes dos dias de Jesus.

O REINO ESCATOLÓGICO

É a vinda do Reino de Deus, Mt 6.10, ou seu aparecimento, Lc 19.11, que

assinalará o fim da Era Presente e inaugurará a Era Vindoura.

A vinda do reino de Deus significará a destruição total e final do diabo e seus

anjos, Mt 25.41.

A formação de uma sociedade redimida que não se mistura com o mal, Mt

13.36-43.

Comunhão perfeita com Deus no banquete messiânico, Lc 13.28,29.

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O FILHO DO HOMEM E O FILHO DE DEUS

Acabamos de estudar a significação das frases: "Reino de Deus" e "Reino dos

Céus"; temos agora para nossa consideração, duas outras expressões ainda

mais difíceis de interpretar, a que são: "Filho do Homem" e "Filho de Deus".

AS REFERÊNCIAS À FRASE "FILHO DO HOMEM"

Que significam essas duas frases em relação a Jesus Cristo? Tomemos

primeiramente esta, como assunto de nossa consideração. Os evangelhos

sinóticos, tomando em apreço a sua relação para com o Antigo Testamento nos

três primeiros livros, dividem-os em três classes de referências feitas a Jesus

como Filho do homem:

Em um grupo de passagens, onde se emprega esta expressão, faz-se referência

à vida de Jesus aqui na terra, Mc 2.10, 28; Mt 8.20; Lc 19.10.

Noutro grupo, a referência é aos sofrimentos e morte de Jesus, Mc 8.31; 9,31;

Mt 14.21.

E a última frase tem referência à Segunda vinda de Jesus, Mt 24.31; Mt 25.31.

Diante destes três grupos de passagens, naturalmente levanta-se a questão da

verdadeira significação da frase "Filho do homem".

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O FILHO DO HOMEM NOS EVANGELHOS SINÓTICOS

O uso da expressão filho do homem nos sinóticos pode ser classificado em três

categorias distintas: o Filho do Homem servindo na terra; o Filho do Homem no

sofrimento e morte; o Filho do Homem na glória escatológica.

O FILHO DO HOMEM TERRENO

Mt 9.6; Mc 2.10; Lc 5.24 Autoridade para perdoar pecados.

Mc 2.27; Mt 12.8; Lc 6.5 O Senhor do Sábado.

Mt 11.19=Lc 9.58 O filho do homem veio comendo e

bebendo.

Mt 8.20=Lc 9.58 O Filho do homem não tem onde

reclinar sua cabeça.

O FILHO DO HOMEM SOFREDOR

Mc 8.31; Lc 9.22 O Filho do Homem deve sofrer.

Mc 9.12; Mt 17.12 O Filho do Homem irá sofrer.

Mc 10.45; Mt 20.28 O Filho do Homem veio para servir e

dar a sua vida.

Mc 14.41; Mt 26.45 O Filho do Homem é entregue nas

mãos dos pecadores.

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O FILHO DO HOMEM APOCALÍPTICO

Mc 8.38; Mt 16.27; Lc 9.26 Sua vinda na glória do seu Pai com os

santos anjos.

Mc 13.16; Mt 26.64; Lc 22.69 Verão o Filho do Homem vinda nas

nuvens e com grande glória.

Lc 12.40; Mt 24.44 O Filho do Homem virá numa hora em

que ninguém o espera.

Lc 17.24; Mt 24.27 Como o relâmpago cruza o céu, assim

será o Filho do Homem no seu dia.

O FILHO DE DEUS

A expressão messiânica ―Filho de Deus‖, é a mais importante no estudo da auto-

revelação de Jesus. Na história do pensamento teológico, esta expressão

conota a divindade essencial de Jesus Cristo. Ele é o Filho de Deus, ou seja,

Deus o Filho, a Segunda pessoa da trindade divina.

O título mais comum pelo qual Jesus é designado nos evangelhos sinóticos é o

de "Filho do Homem". É somente no evangelho de João, que encontramos

freqüentemente o outro título de "Filho de Deus".

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O SIGNIFICADO DA FRASE "FILHO DE DEUS"

HÁ PELO MENOS QUATRO MODOS DIFERENTES:

Uma criatura de Deus pode ser denominada o filho de Deus em virtude de dever

sua existência à atividade criativa imediata de Deus - Lc 3.38; Êx 4.22;

Esta expressão pode ser usado para descrever a relação que os homens podem

manter com Deus como os objetos peculiares do seu cuidado amoroso. Êx 4.22.

em todo o Novo Testamento, este conceito é carregado de um significado mais

profundo, ao se fazer menção dos cristãos em termos da filiação para com

Deus, quer por nascimento, Jo 3.3; 1.2; ou pela adoção, Rm 8.14,19; Gl 3.26;

4.5.

Este terceiro significado é messiânico; o rei da linhagem de Davi é designado de

filho de Deus, 2o Sm 7.14.

E o quarto é teológico. Esta expressão Filho de Deus na teologia cristã, veio a

Ter um significado mais elevado; Jesus é o Filho de Deus porque ele é Deus e

participa da natureza divina. Este é o propósito do apóstolo João ao escrever

seu evangelho. Fazendo uma análise mais consciente, vemos que Jesus, como

o Filho de Deus, o Logos, era pessoalmente preexistente, ele era Deus, e

encarnou-se com o propósito de revelar Deus aos homens.

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A NATUREZA HUMANA E O PECADO

JESUS CONHECIA O HOMEM

Jesus nunca discutiu formalmente a origem e a natureza do homem, contudo as

suas referências ao homem são tantas e tais que podemos fundamentar nelas a

doutrina do homem. Jesus conhecia o homem como nenhum outro o conheceu,

Jo 2.25.

JESUS VIU NA HUMANIDADE UMA MISTURA DE BEM E MAL

Sem dúvida Jesus viu no homem ou na humanidade uma mistura de bem e do

mal; por isso que Ele sempre condenava o mal e procurava estimular o bem.

Zaqueu era um publicano, homem indigno, sem valor. Porém, Jesus viu nele um

homem de muito valor. - Lc 19.1-10.

O HOMEM IMORTAL

Jesus também ensinou que o homem era imortal, embora não falasse muito da

vida além-túmulo. Porém, o que Ele disse é o suficiente para estabelecer o fato

da existência de uma vida além desta. - Mc 12.18-27.

JESUS CORRIGE DOIS ERROS DOS SADUCEUS:

Refuta a idéia de que a vida além túmulo seja uma alongamento aqui na terra.

Corrige sua falsa concepção dos mortos nos tempos passados - v. 27.

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O PECADO

Vejamos agora o que Jesus diz acerca do pecado. Como no caso deo homem,

Jesus não discute a origem ou a natureza do pecado; mas reconhece que o

pecado é problema muito sério.

O PECADO É UNIVERSAL

Jesus ensinou que o pecado é universal. É verdade que Ele fala de certas

pessoas que não necessitam de arrependimento, mas essas pessoas eram

justas só aos seus próprios olhos, Lc 15.7; 11.4; Mt 7.11;

O PECADO CONTRA O ESPÍRITO SANTO

Note-se, portanto, que o único pecado que não pode ser perdoado é o pecado

contra o Espírito Santo, o qual consiste em negar ao Espírito Santo o poder de

regenerar a alma do a homem. Aquele que negasse ao pão o poder de matar a

fome, à água o poder de matar a sede e, conseqüentemente, não se utilizasse

desses elementos e no caso de outros não haver, morreria irremediavelmente

de fome e sede.

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A VERDADEIRA JUSTIÇA

A LEI É A BASE ANTIGA DA JUSTIÇA

Quando Jesus veio ao mundo, prevalecia a idéia de uma justiça muito diferente

daquela que Ele viera pregar e exemplificar na sua vida. A justiça do fariseu era

uma justiça legalista, adquirida pelo indivíduo mediante obediência às exigências

da letra da lei. Era a justiça própria da pessoa que a possuía.

Para o fariseu a lei era a pedra de toque de tudo. Quem estava bem com a lei e

as suas exigências, estava bem em tudo.

JESUS MUDOU A BASE

Quando, porém, Jesus veio, substituiu essa relação para com a lei, isto é, a

relação pessoal que o homem tem para com Deus e para com a humanidade -

Lc 10.26,27. Em vez da lei então, como base da justiça, temos as duas grandes

relações pessoais, uma com Deus e outra com a humanidade. Jesus

estabeleceu, portanto, a justiça em outras bases, em bases pessoais. Substituiu

a relação legalista pela relação pessoal; a lei, por Deus e a humanidade.

O AMOR É A ESSÊNCIA DA JUSTIÇA

No transferir a questão da justiça de uma relação legal para uma relação

pessoal, Jesus afirmou que o coração é a usina donde sai a força que dá

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247

cumprimento às exigências das relações pessoais, segundo Deus, que é o

amor. Lc 10.27; Mt 5.23,24,48. Segundo a concepção de Cristo não só todo o

mandamento, mas toda a lei resumem-se no amor. - Mt 22.36-40.

A VERDADEIRA JUSTIÇA

É evidente destas considerações que Jesus achava a verdadeira justiça, não

nos simples atos, mas nos móveis desses atos, na condição do coração do que

executava. É verdade que Cristo exige bom procedimento, porém, reconhece

que o bom caráter é a base e exclusiva garantia de boa conduta. Quem não é

bom de coração não pode realmente praticar o bem, Mt 7.17,18.

A LEI CUMPRIDA

É fácil ver deste ponto de vista, a idéia de Jesus quanto ao cumprimento da lei.

Já discutimos. É verdade, este assunto, porém, é bem oportuno lembrarmos-nos

que o cumprimento da lei por Jesus, alcançou exatamente tudo quanto a lei

visava. A lei, por exemplo, visava o estabelecimento de boas relações entre os

indivíduos, ou a humanidade em geral.

A LEI RITUAL

Era justamente essa lei ritual que mais pesava, e influenciava a vida judaica, no

tempo de Cristo. - Mt 23.4,24; 5.23,24. Ele veio para cumprir e não para destruir.

Jesus visava sempre a condição do coração, que realmente servia de fundo a

todas as questões da lei. Jesus queria converter em realidade o ideal da lei.

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248

A SALVAÇÃO MESSIÂNICA

A idéia de mais realce que nos aparece no Novo Testamento é a da Salvação. -

Lc 19.10. Esta salvação é oferecida por Jesus Cristo debaixo de certas

condições.

A missão messiânica de Jesus tinha como seu objetivo a preparação dos

homens para o Reino de Deus futuro. Jesus constantemente lançou os seus

olhares para a vinda do Reino escatológico, quando o julgamento final irá

efetivar uma separação entre os homens, justos entrando para a vida e bênção

do Reino, e os ímpois para o estado de punição. A igreja primitiva considerou a

morte de Jesus como um dos eventos mais essenciais à realização de sua

missão. – 1a Co 15.1-3.

O EVENTO DA CRUCIFICAÇÃO.

Historicamente, a morte de Jesus foi uma tragédia relativa a um homem que foi

apanhado pelos poderes da força política. Jesus havia incorrido na hostilidade

mortal dos escribas e fariseus por rejeitar a interpretação que faziam da lei, o

que implicava na destruição do fundamento do judaísmo rabínico como um todo.

Como mestre religioso, ele foi uma ameaça à religião farisaica e sua

popularidade com o povo o tornou paulatinamente perigoso, Jo 11.47,48.

Quando o sinédrio condenou Jesus sob acusação de blasfêmia, Mc 14.64,

estavam agindo de acordo com a compreensão que os seus membros possuíam

do Antigo Testamento.

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249

PREDIÇÕES DA PAIXÃO

Os evangelhos representam Jesus como predizendo claramente a sua paixão. O

registro do Evangelho faz da confissão e Pedro, em Cesaréia de Filipe, um

ponto divisório em seu ministério. Esta instrução sobre a sua morte iminente

tornou-se um elemento importante no ensino dos dias subseqüentes, Mc

9.12,31; 10.33; Mt 17.12; 20.18,19; Lc 17.25.

A MORTE DE JESUS É MESSIÂNICA

Essa conclusão é parcialmente deduzida da evidência já citada de que Jesus

considerou a sua morte como elemento essencial em seu ministério totalmente

em parte da linguagem usada em suas predições a respeito dos seus

sofrimentos, Mc 8.31. A dádiva de sua vida é o objetivo para o qual Jesus veio; a

consumação e o propósito de sua missão messiânica são incorporados no ato

de entregar a sua vida, Mc 10.45.

A MORTE DE JESUS É EXPIATÓRIA

O significado redentor da morte de Jesus pode ser observado na declaração

sobre o seu caráter expiatório encontrado em, Mc 10.45. Aqui estão inserido

dois conceitos:

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250

A VIDA - o filho do homem dará a sua vida (psyche), por muitos;

O RESGATE - e a idéia de resgate é (lutron), que envolvia o preço para redimir

um escravo da servidão. Este conceito era comum no mundo helenista.

A MORTE DE JESUS É SUBSTITUTIVA

A morte de Jesus não é somente redentora; a expiação é realizada por meio da

substituição. Um elemento substitutivo deve ser reconhecido tanto no conceito

geral envolvido como na linguagem particular empregada.

A MORTE DE JESUS É SACRIFICIAL

A morte de Cristo não apenas redime por meio da substituição; é também uma

morte sacrificial. A descrição do servo sofredor em Isaías 53, tem em vista o

servo de Deus derramando sua alma como uma oferta pelo pecado, Is 53.10.

A MORTE DE JESUS É ESCATOLÓGICA

A morte de Jesus tem um significado escatológico, Mc 14.25. Sua morte cria

uma nova esfera de comunhão, que será completamente realizada apenas no

Reino de Deus escatológico. - 1 Co 11.26. A objeção de que este ensino sobre

uma morte sacrificial e redentora dificilmente pode ser considerado como parte

autêntica do ensino do Senhor, porque não tem consonância com o corpo de

seu ensino a respeito da natureza de Deus e não pode ser afirmada e mantida

de modo bem sucedido.

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A MORTE DE JESUS UMA VITÓRIA

Algumas poucas declarações encontradas em João suscitam um outro

aspecto no que tange ao significado da morte de Jesus. Já vimos que no âmago

da missão de Jesus estava uma luta espiritual com os poderes do mal. A morte

de Jesus significa que o dominador deste mundo é "lançado para fora‖, ou

expulso - Jo 12.31.

A IGREJA

Em nosso estudo sobre o reino de Deus aprendemos que o reino era - e ainda é

- um reino espiritual. Segundo a idéia predileta de Jesus, o reino não está tanto

sobre nós como em nós.

INDICAÇÕES DE QUE JESUS PRETENDIA CONSTRUIR A IGREJA

Muito cedo no seu ministério, Jesus revelou a sua intenção de formar ou fundar

uma sociedade composta das pessoas dentro do reino de Deus; porque Ele

sabia que a vida pujante e poderosa da comunhão do homem com Deus, tinha

necessidade de possuir um meio pelo qual pudesse manifestar-se clara e

eficazmente ao mundo.

A Igreja é o plano de Deus para unir toda a raça humana numa nova raça salva,

por Jesus Cristo.

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1. A primeira indicação de que Jesus tencionava fundar a igreja, achar-se

no modo dEle chamar alguns dos seus discípulos para O seguirem

nas suas viagens evangelística. - Mc 1.18-20.

2. Essa intenção de fundar uma igreja tornou-se ainda mais clara quando

Jesus escolheu doze homens para estarem constantemente com Ele. -

Lc 6.12-16.

3. Também as exigências feitas por Jesus aos seus seguidores mostram

que as suas intenções eram muito sérias e severas. - Mt 8.19-22;

10.37-39.

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PARTE II

A TEOLOGIA DE JOÃO

INTRODUÇÃO

Nos capítulos a respeito da missão e ensino de Jesus fizemos uso

primariamente dos Evangelhos Sinóticos, com referência somente ocasional ao

Quarto Evangelho. As diferenças entre João e os Sinóticos não devem ser

encobertas. Tais diferenças na teologia são corolários às diferenças

relacionadas a problemas de introdução.

Seu Ministério » Sinóticos » Galiléia João » Jerusalém

Páscoa » Sinóticos » 1 vez João » 3 vezes = 2.13;

6.4; 13.1.

Omissão do 4o Evangelho:

João:

a. o nascimento de Jesus;

b. o batismo;

c. a transfiguração;

d. a expulsão de demônios;

e. a agonia no Getsêmane;

f. a última ceia;

g. o discurso no Monte das Oliveiras.

Sinóticos:

Mt; Lc;

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254

O uso literário, e estilo do grego, são pontos que revelam esta diferença entre os

Sinóticos e o 4o Evangelho.

Por outro lado, ênfases Joaninas mais distintivas estão ausentes nos Sinóticos.

Talvez a expressão peculiar mais distintiva de João seja a declaração [ego eimi]:

"Eu sou o pão da vida", 6.35; "a luz do mundo", 8.12; "a porta", 10.7; "o bom

pastor", 10.11; "a ressurreição e a vida", 14.6; "a videira verdadeira", 11.25;

"antes que Abraão fosse, eu sou", 8.58.

A DIVERSIDADE E UNIDADE DA BÍBLIA

Quem tiver examinado, ainda que não muito profundamente, a Bíblia, há de ter

notado duas coisas: a sua diversidade e a sua unidade. Do ponto de vista da

sua diversidade o Novo Testamento divide-se naturalmente em seis grandes

divisões:

1. Os Evangelhos;

2. O 4o Evangelho e as cartas de João;

3. Os Atos dos Apóstolos, as cartas de Pedro e Tiago;

4. As cartas do apóstolo Paulo;

5. A carta aos Hebreus;

6. O Apocalipse.

É tarefa da Teologia Bíblica definir bem as peculiaridades de cada uma destas

grandes divisões, explicando os diversos tipos de ensino e os pontos de vista

que se encontram nas Escrituras Sagradas.

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A PESSOA DE CRISTO, O CENTRO DE SUA TEOLOGIA

Destas peculiaridades a primeira que queremos notar, é que para João a pessoa

de Cristo é o centro de tudo. Na realidade Cristo é o centro de toda a teologia

das diversas porções, ou livros, que compõem a Bíblia; há, porém, algumas

diferenças no conceito.

1. Na teologia de Paulo, a obra de Cristo, especialmente o sacrifício da

cruz, é onde este vê toda a glória de Deus - Gl 6.14;

2. Mas a ênfase de João é na própria pessoa de Cristo que se vê

realmente a face e a glória de Deus. "quem me vê a mim vê o Pai" -

Jo 14.9b. É a grande impressão que a própria pessoa de Cristo fez

em João, que domina toda a sua teologia.

O DUALISMO JOANINO

Outra peculiaridade de João era a de pensar por antíteses e contrastes.

Uma espécie de dualismo caracteriza os seus escritos. É bom notar, porém, que

o seu dualismo não é um dualismo metafísico, mas um dualismo moral, que todo

o mundo pode observar na vida cotidiana e também na história da raça humana,

desde o seu começo.

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OS DOIS MUNDOS

O dualismo dos Evangelhos Sinóticos é horizontal: um contraste entre duas eras

- a era presente e a era vindoura.

O dualismo de João é vertical, um contrates entre dois mundos - o mundo

superior (de cima) e o mundo inferior (de baixo) - Jo 8.23. Os Sinóticos

contrastam esta era com a era vindoura, e sabemos, através do uso Paulino,

que "este mundo", pode ser um equivalente à expressão "esta era", em

contraste com o mundo de cima. "Este mundo", é visto como mal, tendo o diabo

como seu governante, 16.11. Jesus veio para ser a luz deste mundo, 11.9. A

autoridade de sua missão não procede "deste mundo", mas do mundo de cima -

de Deus, 18.36.

OUTRAS EXPRESSÕES DUALÍSTICAS EM JOÃO:

1. Trevas e Luz - 1.5; 8.12; 9.5; 11.9; 12.35,36,46.

2. Carne e Espírito - 1.13,14; 3.6,12; 4.24; 6.63.

3. Kosmos - é importante compreender o uso que ele faz da palavra

"mundo", kosmos kosmos3 - "ordem criada", 17.5,24; e a "terra em

particular", 11.9; 16.21; 21.25.

3 1) o universo, o mundo (a soma das coisas criadas); a terra

habitadas; os habitantes da terra toda; a raça humana; "a massa da humanidade

ímpia, alienada de Deus e hostil à causa de Cristo" - Thayer; "afazeres mundanos, o

agregado de bens, riquezas, vantagens, prazeres, etc., que embora ocos, vãos e

passageiros estimulam a cobiça e constituem obstáculo a Cristo" - Thayer; "o padrão

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4. Por metonímia, kosmos pode designar não apenas o mundo, mas

também aqueles que habitam o mundo: o gênero humano, 12.19;

18.20; 7.4; 14.22. observe esta expressão: "o mundo inteiro vai após

ele", 12.19, significa que Jesus assegura uma grande resposta.

PECADO É DESCRENÇA

Descrença em Cristo é uma outra manifestação de uma aversão básica por

Deus. A presença de Jesus entre os homens trouxe a aversão deles por Deus a

uma crise de tal forma que ela tornou-se claramente evidenciada como aversão

por Cristo, 3.22-24; 8.24. Sendo assim, o pecado da descrença inflexível, por si

mesma condena o homem a uma separação eterna de Deus. Por esta razão, o

crer em Cristo (―pisteuoeis "), 20.31, recebe forte ênfase.

Em João a palavra é encontrada treze vezes nas palavras de Jesus e

vinte e nove vezes na interpretação de João. Descrença é essência do pecado,

16.9; 3.36.

A CONCEPÇÃO DA RELIGIÃO

Resulta claro à luz destas considerações que João nos deu uma

concepção puramente espiritual e ética da religião, e não uma concepção de

formalidades e cerimônias. Como já notamos, o seu evangelho ensina que

"Deus é Espírito", e qualquer um em qualquer tempo e lugar, pode adorá-lo

da vida pagã" - Hort; "adorno". W.C.TAYLOR. Dicionário do Novo Testamento

Grego. (doravante denominado de DNTG). Ed. JUERP. 1991., p. 121.

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258

desde que o faça "em espírito e verdade". Quase nada João disse a respeito das

instituições, nem da igreja. Não mencionou a instituição da Ceia, e as

referências que fez ao batismo estavam quase todas relacionadas com o

batismo de João.

DUALISMO GREGO

O dualismo de João deve ser discutido contra o fundo contextual do dualismo

grego, incluindo o gnosticismo e o dualismo judaico recentemente descoberto,

conforme evidências da literatura de Qunran. De acordo com a pensamento

filosófico de Platão, há dois versos nos quais se verifica a existência - o

fenomenal e o numeral: o mundo mutável, transitório, visível e o mundo invisível,

eterno, que é a esfera de ação de Deus. "Salvação" é para aqueles que

dominam suas paixões; e, por ocasião da morte, suas almas serão libertadas de

sua escravidão terrena, corpórea, a fim de, libertas, desfrutarem uma

imortalidade abençoada. Filo seguindo esta perspectiva, ensinou que a

libertação da escravidão terrena era resultado do conhecimento de Deus e do

mundo; mas, ao passo que Platão atingia este conhecimento por meio do

raciocínio dialético, Filo, em seu lugar, colocou a profecia, a revelação na Lei de

Moisés.

No gnosticismo plenamente desenvolvido, a matéria é ipso facto má, e o homem

somente pode ser salvo mediante a recepção da gnosis concedida por um

redentor, que desceu ao mundo inferior, ascendendo, depois, ao mundo mais

elevado.

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A RELAÇÃO DE JESUS PARA COM DEUS

INTRODUÇÃO

O próprio evangelista declara o propósito de seu escrito: "Mas estes

foram escritos para que vocês creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus e,

crendo, tenham vida em seu nome". 20.31 (NVI). Se o tempo presente foi

adotado, o propósito de João é confirmar os cristãos em sua fé em Jesus como

o Messias e Filho de Deus face às interpretações errôneas que estavam

surgindo na Igreja. A CRISTOLOGIA é central ao livro, pois a vida eterna

depende de um correto relacionamento com Jesus Cristo.

A DOUTRINA DO VERBO OU LOGOS4

Uma das doutrinas mais distintivas do 4o Evangelho é a doutrina do Logos, ou

do Verbo - 1.1,14. O termo "Verbo", é empregado por João para designar a

preexistência de Jesus, e porque ele não tomou tempo para explicá-lo torna-se

evidente que ele já era mais ou menos conhecido do povo naquele tempo.

A FRASE "FILHO DE DEUS" SIGNIFICA RELAÇÃO ESPECIAL

4 A idéia do Logos recua aos tempos do filósofo Heráclito (VII séc. 500 a.C.). Ele

ensinou que todas as coisas estavam em um estado de fluxo constante, que nada

permanece o mesmo. Para ele, logos pode significar "discurso", "preleção didática", i.

é, "ensino", e até mesmo "reputação". No mundo Gr. Secular, a palavra logos já

assumiu uma significância para o pensamento especulativo muito antes da sua

terminologia ter sido definida com mais exatidão. Colin BROWN. Dicionário

Internacional de Teologia do Novo Testamento. (doravante denominado de

DITNT). Edições Vida Nova. 1989., p. 392. Para uma análise mais acurada desta

palavra na terminologia filosófica.

Page 260: Curso internacional de teologia ebook gratuito

260

O título Filho de Deus, com suas modificações, é aplicado a Jesus cerca de

trinta vezes no evangelho de João, umas vinte nas suas epístola.

Ninguém pode ler o Evangelho de joão sem chegar à conclusão de que a

relação entre Jesus e o Pai é toda especial, é uma relação natural e metafísica,

e não simplesmente uma ralação moral ou ética. Os homens podem ser feitos

filhos de Deus, mas Jesus foi, é e será sempre Filho de Deus. - 1.12; 10.30;

17.5,21;

O TÍTULO NÃO É MESSIÂNICO ENTRE OS JUDEUS

Este título "filho de Deus", não era geralmente usado entre os judeus com

referência ao Messias. Como sabemos, a idéia do povo judaico a respeito do

Messias era bem outra. O povo esperava um homem guerreiro, como Davi.

Como o Filho ideal de Deus, Jesus aplica a si mesmo este título, a fim de

revelar a sua relação única e toda especial com o Pai. "Cristo", é um título

messiânico, "Filho de Deus", é uma designação pessoal e não oficial.

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A DOUTRINA DO ESPÍRITO SANTO

INTRODUÇÃO

Uma das diferenças mais destacadas entre os Sinóticos e o Quarto Evangelho é

o lugar que João da ao Espírito Santo, especialmente no sermão do cenáculo

com seu ensino singular a respeito do Paráclito.

PNEUMA NA RELIGIÃO HELENISTA

Há, certamente, grande variedade na religião helenista. Os gregos geralmente

pensaram a respeito do elemento mais essencial do ser humanocomo psyche,

não pneuma. No dualismo grego, psyche é contrastado com o corpo da mesma

forma como o mundo noumenal é contrastado com o mundo phenomenal.

No pensamento gnóstico, o poder era concebido como se fora uma substância,

e pneuma incluia o conceito de substância básica da vida. Deus é espiritual. No

ato da criação, parte de sua substância espiritual unir-se com a matéria; mas

essa parte ainda está por libertar-se. Redenção significa o reajuntamento de

todas as partículas do pneuma.

OS NOMES DADOS AO ESPÍRITO SANTO

Vamos considerar em primeiro lugar os nomes pelos quais é chamado o Espírito

Santo. Além da designação conhecida de Espírito Santo, há ainda o Parácleto,

termo este que na tradução de Almeida é consolador, 14.16,26. O termo

consolador (segundo a tradução de Almeida), vem de duas palavras latinas:

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com e fortis, igual a confortares. O termo significa aquele que fortalece, que

conforta. Termo "parácleto", que é o termo original, é uma palavra grega que se

encontra também aplicada a Jesus, e vertida por Almeida com a significação de

"Advogado", em 1a Jo 2.1.

A MISSÃO DO ESPÍRITO SANTO

Consideremos agora um pouco a questão da missão de Espírito Santo. Quanto

a ele mesmo, sabemos já é uma pessoa distinta, embora intimamente

relacionada com Jesus. Qual, porém, é a sua Missão?

Há três pontos a considerar no estudo desta questão:

1. qual é a missão do Espírito Santo em relação ao trabalho de Cristo?

2. Qual é a missão do Espírito Santo em relação aos crentes?

3. Qual é a missão do Espírito Santo em relação ao mundo?

1) Em relação ao trabalho de Cristo, o Espírito Santo é enviando em nome de

Jesus. Além de ser enviado em nome de Jesus, o Espírito Santo tem ainda a

missão de relembrar aos crentes tudo aquilo que Jesus havia dito.

2) Em relação aos crentes foi mudar o fundamento ou base da sua fé. Era, pois,

necessário que a fé dos homens se transferisse do visível para o invisível, do

material para o espiritual.

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3) Em relação com o mundo. Isto é, claramente exposto em Jo 16.8-11. O

termo "convencerá", é um termo legal. O trabalho do advogado de acusação

é fazer a acusação do réu, com as provas em mão.

ESCATOLOGIA

A UNIÃO COM CRISTO, ACENTUADA

Dos escritos sagrados, é João o que mais acentua a união íntima e viva do

crente com Cristo, união esta que desafia o tempo, por isso pouco se fala,

comparativamente, no seu Evangelho, a vida vindoura. A vida eterna, por

exemplo, é nos apresentada como uma realidade acessível enquanto estamos

aqui na terra. Jo 11.24,25; 6.39,40,54; 5.24-27.

AS PASSAGENS EXAMINADAS SOBRE A SEGUNDA VINDA DE JESUS

O termo parousia, que se emprega para designar a volta final de Jesus a este

mundo, usa-se uma vez nos escritos de João, em 1a Jo 2.28. Esta é uma

referência clara a Segunda vinda de Jesus.

Mas, além desta passagem, há muitas outras alusões ao fim, fazendo supor que

ele se aproximava - 1a Jo 2.18; 3.2; 3. As passagens principais e ao mesmo

tempo as mais difíceis em relação à vinda final de Jesus são os capítulos 14 e

16 do seu evangelho.

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A RESSURREIÇÃO

O ensino da ressurreição no quarto evangelho envolve tanto um evento futuro

objetivo e escatológico como uma realidade espiritual presente. 11.25,26. A

realidade da vida da ressurreição no presente é expressa vividamente em

5.25,26.

O JUÍZO FINAL

Vamos notar agora que este processo de julgar, e o ato final de julgar estão

intimamente ligados com a natureza do Evangelho e da verdade como coisas

que por sua própria natureza julgam o homem aprovado-o ou condenando-o. -

8.15,16,22; 12.47; 5.30; 9.39; 3.19. O futuro juízo é apenas a última crise no

processo de julgar.

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PARTE III

O PRIMITIVO ENSINO APOSTÓLICO

A TEOLOGIA DOS "ATOS DOS APÓSTOLOS"

INTRODUÇÃO

O livro de Atos tem como propósito fornecer um esboço da história da Igreja,

começando nos seus dias mais primitivos, em Jerusalém, até a chegada de seu

maior herói - Paulo - na principal cidade do Império Romano. O livro fornece um

programa do evangelho desde Jerusalém, na via Samaria e Antioquia, até a Ásia

Menor, Grécia e, finalmente, Itália. Atos registra um número de sermões de

Pedro, Estevão e Paulo, que nos fornecem as informações para o estudo da fé

da igreja primitiva. Uma vez que tais sermões, particularmente os de Pedro, são,

de modo ostensivo, a fonte primária para as crenças da Igreja em Jerusalém.

NO PRINCÍPIO NÃO HAVIA SEPARAÇÃO COMPLETA

ENTRE O CRISTIANISMO E O JUDAÍSMO

Os primeiros discípulos então continuaram judeus, praticando as cerimônias da

religião dos seus pais. - At 16.3; 21.20-28.

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A RESSURREIÇÃO DEU-LHES MAIS CORAGEM

Os discípulos de Jesus apegaram-se firmemente à esperança do breve

estabelecimento do Reino de Deus. Haviam argumentado sobre quem teria o

status mais elevado no reino, Mt 18.1. justamente, quando era maior o seu

desânimo, correu a notícia de que Jesus ressuscitara, Lc 24.9-11. Parece que

foi nesta passagem dos Atos dos Apóstolos que os discípulos pela primeira vez

procuraram entender a idéia da necessidade da morte do Messias.

O KERYGMA ESCATOLÓGICO

1. A era do cumprimento apareceu, At 2.16; 3.18,24;

2. Este surgimento da era messiânica aconteceu através do ministério,

morte, e ressurreição de Jesus, At 2123;

3. Por causa da ressurreição, Jesus foi exaltado à direita de Deus, como

o cabeça messiânico do novo Israel, 2.33-36; 3.13;

4. O Espírito Santo, na Igreja, é sinal do presente poder e glória de

Cristo, 3.21.

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O JESUS HISTÓRICO

O kerygma primitivo tem seu ponto final na morte e exaltação de Jesus. O

kerygma da igreja proclamou o destino de um homem real, o Jesus de Nazaré,

At 2.22. No dia de Pentecostes, Pedro falou de uma pessoa a quem ele e seus

ouvintes conheceram com base na experiência e observação pessoal, 10.38,39.

A SALVAÇÃO

Como Messias, Jesus é o portador da salvação, 4.12. Esta salvação é

considerada tanto pessoal como nacional; inclui tanto o bem temporal como o

bem espiritual, 2.38,39; 3.23.

O PRINCÍPIO BÁSICO DA ORGANIZAÇÃO DA IGREJA

É bom notar nesta conexidade que o o princípio básico da organização da igreja

primitiva foi a necessidade de cuidar do serviço crescente. Havendo

necessidade de fazer certo serviço a igreja podia, de acordo com este princípio,

efetuar a organização que cuidasse de tal serviço.

1. A Vida da Igreja Primitiva - A experiência do Pentecoste não levou os

primeiros cristão a romper com o judaísmo, 2.46,47; 5.13.

2. Batismo - A ekklesia recebia, em sua comunhão os que aceitassem a

proclamação de Jesus como o Messias, se arrependessem e

recebessem o batismo em água, Jo 3.22; 4.1,2; At 2.38,41;

8.12,36,37; 10.47,48; 9.18; 16.14,15.

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3. A Comunhão Cristã - Um dos elementos mais admiráveis, na vida das

igrejas primitivas, era o sentido de comunhão, 2.42,44,47; 5.4; 6.2;

4. A Organização da Ekklesia - Examinando a organização da ekklesia,

precisamos reconhecer o aparecimento de líderes da igreja além do

período mais primitivo. A ekklesia não era como hoje: uma instituição

organizada. Dos doze, três - Pedro, Tiago e João - ocuparam um

papel de proeminência, como líderes sobre os outros nove, 1.13;

6.1,2,8ss; por ocasião do concílio de Jerusalém, 15.2,22; 16.4;

A TEOLOGIA DA EPÍSTOLA DE TIAGO

INTRODUÇÃO

O AUTOR - Esta epístola foi escrita por Tiago, irmão carnal de Jesus Cristo, Gl

1.19; Tg 1.1. A epístola veio preencher certas lacunas que o livro de Atos dos

apóstolos deixara, pois não há porção Bíblica que exiba a relação entre os

ensinos de Jesus e os dos seus primeiros discípulos melhor do que esta.

A QUEM FOI DIRIGIDA - É evidente que os crentes a quem a epístola foi

dirigida eram pessoas pobres, 2.15. Também nota-se que estes dispersos

estavam sendo oprimidos pelos seus senhores, 2.6. O evangelho pode revelar

que rico é aquele que o é para com Deus, e pobre é aquele que só possui os

bens da terra, 1.9-11.

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O PROPÓSITO DA CARTA - Consolar os oprimidos. Em geral, seu propósito é

prático. Tiago vive na expectativa dos últimos dias - um tempo, conclui, em que

a acumulação de tesouros terrenos será sem sentido. O retorno iminente

(parousia) do Senhor é ainda uma esperança viva, 5.7-9. Tais referências de

passagem deixam claro que a escatologia desempenha um importante papel no

pensamento de Tiago.

A IDÉIA DA LEI

Deus, sendo perfeitamente bom, exige bondade do homem, e essa exigência

está na sua lei. Esta lei para Tiago é a lei mosaica, 2.11,12.

A IDÉIA DA JUSTIÇA

Em Tiago temos a doutrina de justiça, apresentada em termos do Antigo

Testamento, porém, de pleno acordo com os ensinos espirituais de Jesus Cristo.

Isto naturalmente procede do uso e da concepção que Tiago tem da lei divina,

4.12; 5.7.

A IDÉIA DE SALVAÇÃO

Estas considerações preparam o caminho para o estudo da idéia de Tiago sobre

a salvação. A base da salvação e a boa vontade, a própria graça de Deus,

1.18,22,23.

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270

TIAGO E PAULO

O assunto que tem dado mais que falar em relação à epístola de Tiago é o da

justificação. Pare existir na epístola de Tiago um conflito com os ensinos de

Paulo.Tiago diz que é inútil afirmar que uma fé que não se pode provar, ou uma

fé que não produz obra nenhuma possa salvar a alma. 2.20. Tiago em sua

discussão não está falando de obras de mérito, obras em relação à lei, obras

que precedem a salvação; mas está falando de obras motivadas pelo amor,

obras que surgem ou aparecem em relações pessoais, obras da pessoa já

salva.

A TEOLOGIA DA PRIMEIRA EPÍSTOLA DE PEDRO

INTRODUÇÃO

A epístola de Pedro declara ter sido escrita pelo apóstolo Pedro, 1.1, um

―ancião‖, que foi testemunha ocular dos sofrimentos de Cristo, 5.1. Ele tem um

companheiro seu ―filho‖ Marcos 5.13. Uma forte tradição atribui esta epístola ao

apóstolo Pedro que usou, como seu amanuense, ou secretário, Silvano (Silas;

5.12).

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DUALISMO PETRINO

O eruditismo recente tem enfatizado a similaridade na comum divisão de Pedro

e dos sermões em Atos. O presente, no entanto, é a tensão escatológica entre o

presente e o futuro, que não é meramente cronológica, mas também

soteriológica, 1.11. A morte de Cristo não foi um mero evento histórico, mas um

evento predestinado por Deus antes da fundação do mundo, 1.20. Através de

sua morte, Cristo inaugurou o ―fim dos tempos‖, 1.20.

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO

Partilha deste caráter escatológico, pois o Cristo ressuscitado foi para o céu, Ef

1.22. Isto significa que Cristo já assumiu sua lei messiânica à mão direita de

Deus, onde ele tem que reinar, 1a Co 15.25. A ressurreição de Cristo não é

simplesmente um evento do passado; é um evento em virtude do qual todo

aquele que crê pode, em tempo subseqüente, entrar em novidade de vida,

através da proclamação das boas-novas, 1.23.

ESCATOLOGIA

Assim, a escatologia desempenha um grande papel na epístola. Pedro não usa

a palavra (parousia), mas fala, várias vezes, da revelação (apokalypsis), de

Cristo, 1.7,13; 4.13; 5.4. O contraste entre o mundo mau e o céu é

particularmente forte e desempenha um papel essencial no pensamento petrino,

1.14,15,18,20; 5.9; 4.3; 2.5,9,11; 3.1; 2.18.

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DEUS

O conceito de Deus por parte de Pedro contém a matéria-prima da teologia

trinitária, mas sua expressão é, em geral, prática, e não teórica. Sua introdução

contém referência a Deus, o Pai, ao Espírito Santo e a Jesus Cristo, 1.2.

CRISTOLOGIA

Pedro mantém, claramente, uma alta Cristologia, embora ele não fale de Cristo

como o ―Filho‖, a par com o Pai. 1.20. Os crentes também foram predestinados,

1.2,25; 3.12.

A Vida Cristã

Há duas ênfase notáveis, em Pedro, quanto á vida cristã. A primeira é a

firmeza no sofrimento. Sofrer é a experiência normal do crente, porque o mundo,

para ele, é uma terra estranha, 4.13. A Segunda é a do bom comportamento (o

verbo agathopoieo, ―fazer o bem‖, ocorre quatro vezes em Pedro – 2.15,20;

3.6,17 – mas em nenhum lugar em Pedro).

A TEOLOGIA DAS EPÍSTOLAS:

JUDAS E SEGUNDA DE PEDRO

INTRODUÇÃO

Devido à íntima relação entre a epístola de Judas e a 2a de Pedro, vamos

estudá-las em conjunto. Ambas tratam de certos erros e abusos que surgiram,

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devido a uma perversão do evangelho. Naturalmente não devemos esperar

encontrar muita discussão doutrinária, como por exemplo nas cartas do apóstolo

Paulo, porque o fim destas epístolas é, não tanto ensinar como corrigir. Por esta

razão não há também uma ordem formal ou lógica na discussão. Portanto,

vamos estudá-las do princípio ao fim, sem tentar organizar a matéria ao redor de

temas específicos, de modo sistematizado como em geral acontece com os

escritos sagrados.

JUDAS

O AUTOR

Judas chama-se servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago, 1.1. Sendo ele irmão

de Tiago e Tiago irmão de Jesus, logo ele era também irmão de Cristo. Judas

escreveu aos chamados e santificados. O assunto de que ele trata é a salvação

que tanto ele como os ―chamados‖ estão gozando. O fim da epístola é exortar os

chamados para que os frutos da salvação não sejam perdidos, 1.3.

EXORTAÇÃO

Falsos mestres chegam à Igreja, que ―negam o nosso único Soberano e Senhor,

Jesus Cristo‖, v.4; que rejeitaram toda autoridade e ultrajaram os anjos, v. 8; que

são escarnecedores, v.18;

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Os dois itens de interesse teológico são:

1. A referência de Judas aos ―anjos que não guardaram o seu principado,

v.6; ver 2a Pe 2.4;

2. E o seu uso da literatura apócrifa, v. 14.

A SEGUNDA EPÍSTOLA DE PEDRO

AUTOR

Declara vir do punho do apóstolo Simão Pedro, 1.1, que foi testemunha ocular

da majestade de Jesus, em sua transfiguração, 1.16-18, pouco antes de sua

morte (de Pedro), 1.14.

Começa com uma descrição da salvação, em que o cristianismo é considerado

como o cumprimento da profecia.

O termo chave nesta epístola não é ―esperança‖, como na primeira carta de

Pedro, mas ―conhecimento‖, 1.13. A redenção por meio de Cristo Jesus é

mencionada uma só vez nesta carta, e assim mesmo em mera alusão, 2.1. O

autor escreve aos crentes novos, isto é, os que aceitaram Cristo pela pregação

que, devido a perseguição, saíram de Jerusalém, At 8.4.

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VIRTUDES CRISTÃS

Nos versos 5.7 do primeiro capítulo temos uma lista das virtudes que deviam

adornar o caráter do crente. Os que cultivam estas virtudes terão em abundância

este conhecimento tão precioso e tão desejável, 1.8. Os que não tem estas

virtudes perderão o discernimento espiritual e voltarão à vida velha, 1.9.

UMA EXORTAÇÃO

Em vista deste fato, o autor exorta os crente a seguirem uma vida pura e santa,

3.14,15. A epístola conclui com mais uma exortação, 3.17-18.

A TEOLOGIA DE PAULO

INTRODUÇÃO

A teologia de Paulo não pode ser bem compreendida à parte de sua

personalidade e história. Mas do que a de qualquer outro apóstolo, a sua história

e experiência religiosa influíram na formação da sua teologia. A primeira coisa

que precisamos fazer, pois, é dar em ligeiros traços a sua biografia.

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ORIGEM E CARACTERÍSTICAS

Desde a sua mocidade Paulo manifestou um espírito religioso arrebatado até o

fanatismo. Expunha francamente as suas convicções, e sinceramente vivia

segundo aquilo que cria. Paulo nascera dentro da religião judaica, Fp 3.5,6. Foi

educado dentro dessa religião; considerava as doutrinas do cristianismo falsas e

perigosas. O messias do cristianismo, Jesus Cristo, era para Paulo um impostor,

e de forma alguma correspondia às esperanças e concepções do povo judaico.

Ter fé neste Messias era atraiçoar o culto do judaísmo, desprezar as leis de

Moisés, e desprezas as mais brilhantes esperanças do judaísmo.

Homem de grande zelo e ardor, dedicava-se de todo o coração a qualquer idéia

que abraçasse. Não ficava jamais em meios termos, era ardente ou frio; morno

nunca.

PAULO COMO JUDEU E A LEI

Esta hipótese de uma ascendência judaica nasce das pressuposições teológicas

subjacentes de Paulo. Ele era um monoteísta inflexível, Gl 3.20; Rm 3.30; e

rejeitava severamente a religião pagã, Cl 2.8; a idolatria, 1a Co 10.14,21; e a

imoralidade, Rm 1.26ss. Ele menciona o Antigo Testamento como a Sagrada

Escritura, Rm 1.2; 4.3; a Palavra de Deus divinamente inspirada, 2a Tm 3.16.

Como rabino judeu, Paulo partilhava inquestionavelmente da fé judia na

centralidade da Lei. Mesmo quando cristão, ele afirmou que a Lei é espiritual,

Rm 7.14, santa e boa, Rm 7.12. A Lei, para um fariseu, era tanto a Lei escrita de

Moisés como as ―tradições orais dos pais‖, Gl 1.14. O judaísmo tinha perdido o

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sentido da revelação de Deus e a sua fala através da voz viva da profecia. A

doutrina judaica da revelação centralizava todo o conhecimento de Deus e sua

vontade na Lei.

Como rabino judeu, zeloso pela Lei, Saulo estava igualmente entusiasmado em

exterminar este novo movimento religioso que exaltava a memória de Jesus de

Nazaré. O livro de Atos localiza Paulo em Jerusalém de algum modo

participando na morte de Estevão, At 7.58.

A SUA TEOLOGIA

A sua teologia não é a teologia acanhada dos judeus da Palestina. Devido às

suas experiências com o povo grego, era mais liberal, menos preso pelo

nacionalismo dos judeus da Palestina. Como já observamos, tinha a

religiosidade do judeu, o discernimento do grego e a energia do romano. E é por

isso que notamos nele, um grande fervor religioso, uma grande penetração nas

doutrinas e no espírito do cristianismo, e uma energia nunca vista nos anais de

qualquer religião.

PAULO, O APÓSTOLO

O senso de autoridade de Paulo não é particularmente seu, mas foi-lhe

conferido, como apóstolo, pelo Senhor. É como apóstolo que Paulo reivindica

uma alta autoridade. Sua experiência no caminho de Damasco não apenas o fez

reconhecer Jesus como Messias ressuscitado e glorificado, At 9.15,16; 22.15;

26.17,18. Como apóstolo, Paulo não mantinha uma autoridade exclusiva, mas

uma autoridade que dividia com os outros apóstolos. Em sua lista de lideres na

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igreja, Paulo citou apóstolos em primeiro lugar, 1a Co 12.28; Ef 4.11. As

qualidades primárias de um apóstolo eram que ele fosse testemunha ocular da

ressurreição, At 1.22; 1a Co 9.1, e que recebesse um chamado distinto e

incumbência do Senhor.

O HOMEM SEM CRISTO

A opinião de Paulo sobre o homem e o mundo ilustra sua visão escatológica

básica. Ele sempre foi interpretado contra o pano de fundo do dualismo

helenístico, que envolvia um dualismo cosmológico e bastante associado a um

dualismo antropológico.

1. O dualismo cosmológico – contrastava dois níveis de existência: o

terreno e o divino;

2. O dualismo antropológico – contrastava duas partes do homem:

seu corpo e sua alma.

2.1. O mundo – kosmos é uma palavra grega que não tem

equivalentes nem em hebraico nem em aramaico, 1a Co 1.20;

3.19; 2.6.

2.2. Poderes Espirituais – Paulo não se refere apenas a anjos bons e

maus, a Satanás e aos demônios; ele usa um outro grupo de

palavras, para designar as fileiras de espíritos angélicos. A

terminologia é que se segue:

a. ―potestades‖ ou ―domínio‖ (arche), 1a Co 15.24; Ef 1.21; Cl 2.10;

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b. ―potestades‖ (archai); RSV, ―principados‖, Ef 3.10; 6.12; Cl 1.16; 2.15;

Rm 8.38.

c. ―dominações‖ (kyriotes), Cl 6.2.

CONSCIÊNCIA

Não apenas tem os homens a responsabilidade de cultuar a Deus, tam também

a responsabilidade de fazer o bem, por causa da consciência., Rm 2.14,15.

PECADO

A natureza do pecado pode ser vista a partir de um estudo de diversas palavras

usadas por Paulo, mas a palavra mais profendamente teológica para pecado é

―asebia‖, traduzida como ―impiedade‖ em Rm 1.18.

LEI

Paulo não considera a Lei meramente como padrão divino para a conduta

humana, nem como parte da Sagrada Escritura, embora a Lei tenha origem

divina e, portanto, sendo boa.

CARNE

Um dos inimigos finais do homem fora de Cristo, que apenas precisa ser

mencionado aqui, é o carne. Como veremos em capítulos posteriores, ―carne‖,

em Paulo, tem um uso distinto; designa o homem em sua queda, sua

pecabilidade e sua rebelião. Gl 5.17; 6.8.

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A PESSOA DE CRISTO

Cristo, O Messias

( 9.5; 10.6; 1a Co10.4; 15.22; 2a Co 4.4; 5.10.)

O Messias é Jesus

( 1a Co 11.23; Rm 1.3; Gl 1.19; Rm 15.8; Fl 2.7ss)

Jesus, O Senhor

( Rm 10.9; 1a Co 12.3; 2a Co 4.5; Mt 7.21. )

Jesus como o Filho de Deus

( Rm 1.3,4; 8.3; Gl 4.5; Cl 1.13; )

Cristo, O último Adão

( Rm 5.12; 1a Co 15.45-47; Fp 2.6; )

A OBRA DE CRISTO: EXPIAÇÃO

O AMOR DE DEUS – Embora tanto o Novo Testamento como o Antigo, tem

como base para a obra reconciliadora de Cristo, a ira de Deus, isto não tem que,

de modo algum, ser interpretado como a transformação da ira de Deus em amor,

2a Co 5.19; Rm 3.21; 8.3,32;

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Expiatória

( Rm 3.25; 8.3; 1a Co 5.7; Ef 5.2;)

Vicária

( Mc 10.45; Rm 5.8; 1a Tss 5.10; Ef 5.2; Gl 3.13; )

Substitutiva

( 2a Co 5.14,21; Gl 2.20; 1a Tm 2.6; Ef 2.8,9; )

Propiciatória

( Rm 1.18,32; 3.20,24,25; 6.23; 1a Tss 5.9; Hb 9.5; Êx 25.17-20. )

Redentora

( Mc 10.45; 1a Tm 2.6; 1a Co 7.22,23; Gl 3.13; Ef 1.7; Tt 2.14; )

A OBRA DE CRISTO: JUSTIFICAÇÃO E RECONCILIAÇÃO

A Importância da Doutrina

( Rm 4.7; Cl 1.14; 2.13; Ef 4.32; )

O Embasamento da Justificação

(Gl 2.21. Basicamente, ―justiça‖, é um conceito de relacionamento. É justo quem

cumprir as exigências colocadas sobre si pelo relacionamento em que se

encontra. )

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A Justificação é Escatológica

(Rm 2.13; 5.1,9; 8.1; Gl 5.5; Mt 12.36,37; 1a Co 6.11; )

Imputação

(Rm 4.5,8; 2a Co 5.21; )

RECONCILIAÇÃO

Reconciliação é uma doutrina estreitamente aliada à da justificação. A

justificação é absolvição, do pecador, de todo pecado; a reconciliação e a

restauração do homem justificado ao relacionamento com Deus.

Reconciliação Objetiva

(Rm 5.8,10,11; )

A Necessidade de Reconciliação

( Cl 1.21; Rm 5.10; )

O Caráter da Reconciliação

(2a Co 5.19; )

Os Resultados da reconciliação

( Traz paz com Deus, Rm 5.1; esta livre da ira de Deus, Ef 2.14-16. )

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A TEOLOGIA DO APOCALIPSE

INTRODUÇÃO

O livro do Apocalipse pretende ser uma revelação dos eventos que ocorrerão no

fim do século e do estabelecimento do Reino de Deus. A teologia básica do livro

tem emergido. A abordagem mais fácil do apocalipse é seguir sua própria

tradição particular, como a opinião verdadeira, e ignorar as outras; mas o

intérprete inteligente tem que se familiarizar com os vários métodos de

interpretação, para que possa criticar e purificar sua própria opinião.

O CONTEÚDO DO APOCALIPSE

A primeira visão – 1.9-3.22

Cristo é visto em pé, em meio a sete candeeiros, 1,12;

Segunda visão – 4.1-16.21

Retrata o trono celestial com um livro selado com sete selos na mão de

Deus.

Terceira visão –17.1-21.8

É a grande prostituta, Babilônia.

MÉTODO DE INTERPRETAÇÃO

Interpretação preterista;

O método histórico;

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O método simbólico ou idealista;

Interpretação futurista extrema: O dispensacionalismo;

O ponto de vista futurista moderado;

O PROBLEMA DO MAL

O Apocalipse prevê um curto período de terrível mal na história no fim dos

tempos. Como Mateus 24.15ss e 2a Tessalonicenses 2.3ss, ele fala de um

personagem maligno.

O REINO VINDOURO

Sua vinda é mostrada como destruição do mal – 19.11-16;

Há um reino temporário, de mil anos - 20.4;

A primeira ressurreição – 20.5;

A Segunda ressurreição – 20.11-15;

O julgamento é duplo: obras e o livro da vida – Rm 2.6-11.

NUNCA PARE DE ESTUDAR TEOLOGIA

―A teologia não termina em conhecimento teórico e abstrato, antes se planifica

no conhecimento prático e existencial de Deus através das Escrituras e da

iluminação do Espírito. Conhecer a Deus é obedecer a seus mandamentos.

Fazer teologia é tarefa da Igreja; não é um estudo descompromissado feito por

transeuntes acadêmicos.‖ (MAIA, 2007, p. 9)

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Cabe aos líderes cristãos investir no ensino teológico para que haja o

aperfeiçoamento dos santos (Ef. 4.14), e a Teologia Sistemática está presente

na vida da igreja como uma ferramenta poderosa para a compreensão das

Sagradas Escrituras.

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PROVA DO CURSO:

1. O que é Revelação segundo a Bíblia?

2. O que é Inspiração da Bíblia? Justifique biblicamente a resposta.?

3. Descreva sucintamente sobre as teorias da Inspiração da Bíblia?

4. O que é um atributo quando relacionado a Deus?

5. O que é atributo natural de Deus? Usando a Bíblia, mencione cinco

deles.

6. O que é atributo moral de Deus? Usando a Bíblia, mencione cinco

deles.

7. Defina o que é Trindade?

8. Justifique biblicamente a existência da Trindade no Velho e no Novo

Testamento.

9. O que é a Providência de Deus? Cite três fatos bíblicos onde a

Providência de Deus pode ser observada.

10. A doutrina que estuda o homem do ponto de vista teológico chama-

se

11. Em relação à constituição do homem, discorra sobre as teorias

existentes. Embase com a Bíblia a sua preferência.

12. Sobre a origem da alma, quais são as teorias existentes? Descreva-

as sucintamente.

13. O que é a imago Dei?

14. O que é pecado?

15. Quais as consequências do pecado sobre o ser humano?

16. Justifique biblicamente a morte em seus aspectos físico, espiritual e

eterno?

17. Prove biblicamente a natureza humana de Cristo?

18. Prove biblicamente a natureza divina de Cristo?

19. O que é união hipostática das naturezas de Cristo. Justifique

biblicamente a resposta.?

20. Quais são os estágios do Estado de Humilhação de Cristo?

Justifique biblicamente a resposta?

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21. Quais são os estágios do Estado de Exaltação de Cristo? Justifique

biblicamente a resposta?

22. Quais os Ofícios de Cristo? Descreva sucintamente cada um deles

provando-os biblicamente.

O que é Arminianismo e qual a seqüência dos passos ensinados pelo

mesmo quanto à ordem dos decretos de Deus, no que se refere à

salvação?

23. O que é Calvinismo e qual a seqüência dos passos ensinados pelo

mesmo quanto à ordem dos decretos de Deus, no que se refere à

salvação?

24. O que é Justificação segundo a Bíblia. Prove biblicamente a

resposta.

25. O que é Santificação segundo a Bíblia. Prove biblicamente a

resposta.

26. Quais os aspectos teológicos da morte de nosso Senhor Jesus

Cristo. Use a Bíblia na resposta.

27. A Bíblia prova a existência de Deus ou não? 3. Se prova, como o

faz?

28. Pode-se sustentara a posição de que não existem ateus?

29. Que são anjos?

30. Existe uma gradação entre os anjos (maus e bons)? Comente o

assunto à luz da Bíblia.

31. O que é Escatologia?

32. Quais os assuntos tratados em cada uma dessa divisão da

Escatologia?

33. Prove biblicamente a Segunda Vinda do Senhor?

34. Prove biblicamente o Arrebatamento da Igreja?

35. O que é o Juízo Final? Comprove biblicamente o assunto.

36. O que é o Estado Eterno. Comprove biblicamente o assunto.

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BIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS:

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2007.

RAMOS, Cristina Ferreira. Introdução à Teologia. Caicó, 2008.

RAMOS, Robson. Evangelização no mercado pós-moderno. Ultimato, Viçosa, 2003.

SEVERA, Zacarias de Aguiar. Manual de Teologia Sistemática. A. D. Santos Editora,

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R.N. CHAMPLIM. ―Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo‖. (doravante

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W.C. TAYLOR. ―Dicionário do Novo Testamento Grego‖. Ed. JUERP. 1991.

Gerhard F. HASEL. ―Teologia do Novo Testamento‖. Ed. JUERP. 1988.

Osmundo A. MIRANDA. ―Estudos Introdutório nos Evangelhos Sinóticos‖. Casa Editora

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Werner G. KÜMMEL. ―Síntese Teológica do Novo Testamento‖. Ed. Sinodal. 1983.

Eduard LOHSE. ―Introdução ao Novo Testamento‖. Ed. Sinodal. 1985.

George E. LADD. ―Teologia do Novo Testamento‖. Ed. JUERP. 1993.

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