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Curso: Introdução ao Ensino Religioso - Ênfase aos 1.º e 2.º anos Apostila 3 Alguns procuram a felicidade, outros a criam. Autor Desconhecido CONTEÚDOS MITOS, RITOS E SÍMBOLOS.........................................................................02 PROPOSIÇÃO DE CONTEÚDOS: Símbolos.....................................................................................................03 Ritos e rituais...............................................................................................03 Espiritualidades............................................................................................04 Espaços sagrados.........................................................................................04 O sagrado feminino......................................................................................05 ATIVIDADE REFLEXIVA.................................................................................06 SUGESTÃO DE PLANEJAMENTO DE TEMAS PARA O ENSINO RELIGIOSO: Tema 1: Símbolos religiosos e não religiosos..................................................08 Tema 2: O respeito às pessoas e suas expressões religiosas............................11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................14 ASSINTEC/SME Curitiba – 2010

Curso: Introdução ao Ensino Religioso - Ênfase aos 1.º e 2 ... · Sábia como Confúcio Serena e plena como Lao Tsé. Cada rito marca o corpo neste caminho Cada mito desenha o

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Curso: Introdução ao Ensino Religioso - Ênfase aos 1.º e 2.º anos

Apostila 3

Alguns procuram a felicidade, outros a criam.

Autor Desconhecido

CONTEÚDOS MITOS, RITOS E SÍMBOLOS.........................................................................02 PROPOSIÇÃO DE CONTEÚDOS: Símbolos.....................................................................................................03 Ritos e rituais...............................................................................................03 Espiritualidades............................................................................................04 Espaços sagrados.........................................................................................04 O sagrado feminino......................................................................................05 ATIVIDADE REFLEXIVA.................................................................................06 SUGESTÃO DE PLANEJAMENTO DE TEMAS PARA O ENSINO RELIGIOSO: Tema 1: Símbolos religiosos e não religiosos..................................................08 Tema 2: O respeito às pessoas e suas expressões religiosas............................11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................14

ASSINTEC/SME Curitiba – 2010

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MITOS, RITOS E SÍMBOLOS Emerli Schlögl

No mito se contam histórias sagradas Que o rito corporifica

No símbolo os significados brotam Cheios de possibilidades e interpretações.

A religião como busca de tornar a ligar

Encontra no símbolo a reunião dos sentidos Marca no rito o tempo sagrado O tempo do nascer e do morrer

Também o tempo de se tornar adulto.

Cada religião com seus próprios mitos, ritos e símbolos Carrega em si o sonho

De que a pessoa comum e cotidiana desperte Possa um dia tornar-se amorosa como o Cristo

Iluminada como o Buda Sábia como Confúcio

Serena e plena como Lao Tsé.

Cada rito marca o corpo neste caminho Cada mito desenha o percurso

Cada símbolo carrega a energia do sonho possível Em si.

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1. PROPOSIÇÃO DE CONTEÚDOS

1.1. SÍMBOLOS Os símbolos religiosos constituem uma linguagem que comunica ideias do âmbito

do sagrado. Têm também valor evocativo, mágico e místico. Desde as mais antigas civilizações até a atualidade, as tradições religiosas e

místicas produziram uma vasta representação simbólica para comunicar ideias, perpetuar e reforçar valores e ensinamentos sobre o sagrado. Essa linguagem se apresenta na forma de desenho, pintura, escultura, arquitetura, vestimenta, alimentos, elementos da natureza, entre outras.

Todo símbolo permite múltiplas interpretações. Para o fiel ou adepto de uma determinada tradição o símbolo religioso ou místico pode evocar a presença do sagrado, sua proteção e auxílio divino. Na definição de Sandner (1997), o símbolo pode ser definido como “... qualquer coisa que pode funcionar como veículo para uma concepção. Essa coisa pode ser uma palavra, uma notação matemática, um ato, um gesto, um ritual, um sonho, uma obra de arte ou qualquer elemento capaz de comportar um conceito. Este pode ser de ordem racional e linguística, imagética e intuitiva, ou referir-se aos sentimentos e valores. Isso não faz diferença, desde que o símbolo o comunique de modo eficiente. O conceito é o significado do símbolo” (p. 22). Para o primeiro e segundo anos, intenciona-se trabalhar a identificação de alguns símbolos, classificando-os em religiosos e não religiosos e também de algumas religiões, por meio de suas representações simbólicas.

1.2. RITOS E RITUAIS Os ritos são gestos simbólicos sagrados, linguagens corpóreas que muitas vezes

dispensam palavras. O ser humano ritualiza para expressar seus desejos, sua fé e o sentimento religioso.

Uma série de ritos constitui o que chamamos de ritual. O ritual designa um conjunto de ritos, como, por exemplo, o batismo, o casamento, a iniciação dos adolescentes à vida adulta nas tradições indígenas, a romaria ou peregrinação aos lugares sagrados, o culto na igreja evangélica, a novena e a missa católica, a gira no Candomblé, etc.

O hasteamento da bandeira nacional, o canto do hino nacional e a cerimônia de formatura são exemplos de rituais de caráter cívico.

A festa de aniversário é um exemplo de ritual social ou cultural. Há rituais destinados à celebração dos acontecimentos históricos de cada tradição

religiosa, são as datas comemorativas ou feriados religiosos. Muitos cristãos celebram o nascimento de Jesus, o Natal, mas em datas diferentes. Os cristãos católicos e alguns grupos evangélicos, no dia 25 de dezembro e os cristãos ortodoxos, no dia 7 de janeiro.

A Páscoa, para vários grupos cristãos, é a celebração da ressurreição de Cristo e, para os judeus, é a celebração do êxodo, a saída da escravidão para a liberdade.

Os budistas celebram o dia do nascimento de Buda no mês de maio. Essa festa é chamada de Hana Matsuri, Festa das Flores e da Liberdade.

Os povos indígenas celebram a época das colheitas, da caça e da pesca. Como podemos perceber, os rituais podem ser de caráter religioso e não religioso. Os rituais são dinâmicos, mudam conforme a época e as circunstâncias.

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Existem os rituais de passagem, litúrgicos, celebrativos, divinatórios, mortuários, entre outros. “Os ritos de passagem se associam às grandes mudanças na condição do indivíduo. As principais transições marcadas por esses ritos são o nascimento, a entrada na idade adulta, o casamento e a morte” (HELLERN, NOTAKER e GAARDER 2000, p. 28).

Diversas tradições religiosas revivem, por meio dos rituais celebrativos, o passado distante, às vezes envolto em mitos, trazendo-o assim, para o presente. A dinâmica da vida e do Universo em permanente movimento cíclico é um fantástico exemplo de ritual.

Esse movimento ritualístico da natureza pode ser constatado no nascer e pôr do sol, resultado do movimento da Terra em torno de si mesma, bem como na mudança das estações do ano, resultado do movimento da Terra em torno do Sol.

A vida de cada ser humano é vivida por meio de um grande ritual. Cada um realiza seu ritual diário no seu modo de realizar as tarefas diárias e dividir o tempo para essas tarefas.

Sempre que alguém vai vivenciar, aprender ou realizar alguma coisa nova está vivenciando esse momento de um modo ritualístico.

Os rituais fazem parte do universo simbólico na organização das sociedades humanas. Segundo Vilhena (2005, p.55): “Sendo o rito expressão e síntese do ethos cultural de um povo, portanto expressão de sua vida há de se salientar que, como ação, é vida acontecendo, processando-se, sendo significada, interpretada, ordenada, criada. O rito é vida criando vida, pois que no caos, na indeterminação, na falta de horizontes e sentido não sobrevivemos. É, portanto, atividade, trabalho, obra que opera, transforma, cria, significa.”

Em diferentes ocasiões, o ser humano serve-se da linguagem ritualística para administrar situações limites, celebrar a vida, a alegria, a vitória e legitimar sua posição no grupo social do qual faz parte. Nessa linguagem, os símbolos substituem as limitadas palavras. O ritual religioso pode propiciar ao individuo adentrar na profundidade do seu sentimento e realizar a experiência do sagrado.

O conhecimento, no Ensino Religioso, das diversas expressões ritualísticas,objetiva subsidiar os estudantes para o entendimento e a compreensão da diversidade cultural religiosa, visando à superação de atitudes preconceituosas que desvalorizam a experiência religiosa do outro.

O trabalho pedagógico com este conteúdo deve partir da realidade sociocultural dos estudantes de modo gradativo e de acordo com o seu nível de compreensão.

Com este conteúdo, pretende-se que os alunos do 1.º e 2.º anos reconheçam a importância dos rituais e também percebam como cada cultura religiosa encontra sua própria forma de ritualizar momentos importantes da vida do indivíduo e do grupo.

1.3. ESPIRITUALIDADES As espiritualidades são métodos ou práticas que permitem aos adeptos uma

relação imediata com o sagrado (PCNs – Ensino Religioso, 1997). A prece, oração ou reza, a leitura devocional de um texto sagrado, a entoação de mantras e cânticos litúrgicos e a meditação são alguns exemplos de espiritualidades.

1.4. ESPAÇOS SAGRADOS

Entre os diversos espaços considerados sagrados, alguns tiveram a sua origem a partir de uma história ou lenda que envolveu uma hierofania (manifestação do sagrado),

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outros foram construídos pelos homens e se tornaram centros de peregrinações ou romarias, como os templos, os santuários, as catedrais, as capelas, os locais de prece e meditação, as mesquitas, os terreiros, etc.

Segundo Rosendahl (1999), os santuários paleolíticos são exemplos dos primeiros indícios de uma vida cívica. A caverna desempenhou uma função importante na expressão da arte e realização de rituais da época.

Os lugares sagrados, como rios, montanhas, cidades, florestas, cavernas e grutas, entre outros, sempre tiveram um forte poder de atração para muitas pessoas. A função desses lugares é ser a morada e a manifestação do sagrado (hierofania). Ali o devoto peregrino ou romeiro pode de um modo privilegiado realizar a sua experiência de fé ou experiência do sagrado por meio de práticas devocionais e pagamento de promessas.

As práticas religiosas nesses espaços sagrados conferem-lhes uma característica própria, que têm no sagrado a sua expressão, mas também podem apresentar outras funções além da religiosa, como a do turismo e do comércio.

Há tradições religiosas, como o Catolicismo, o Hinduísmo, o Islamismo, o Budismo e a Fé Bahá’í que incentivam seus adeptos a realizarem peregrinações como motivação para o fortalecimento e vivência mais intensa da espiritualidade. Muitas pessoas procuram esses lugares ou espaços sagrados para cumprir promessas ou fazer votos, pedir e agradecer benefícios ou graças alcançadas.

Com os primeiros e segundos anos do ensino fundamental, a intenção deste conteúdo é favorecer que os alunos percebam, de forma contextualizada, a variedade de espaços construídos pelos seres humanos e a função que exercem, enfatizando os espaços sagrados das diferentes religiões.

1.5. O SAGRADO FEMININO

A participação do feminino nas estruturas religiosas passou por diferentes formas, da adoração ao princípio feminino para a negação deste, do respeito à mulher sacerdotisa ao medo de seus poderes biológicos.

A divinização do Corpo feminino, do Eros e da Terra cedeu lugar para a “diabolização”, a segregação e a exploração das mulheres, da sexualidade, da terra e de todos os seres que a habitam.

A história da humanidade transcorre em um jogo de polaridades em que poderes femininos e poderes masculinos se contrapõem, em que as tradições religiosas expressam este conflito através da divisão não igualitária de papéis.

Este cenário de disparidades traçou, no decorrer da história, diferentes caminhos que, ao serem contemplados, podem sugerir uma importante reflexão acerca de limitações vividas e estruturadas em nossa sociedade, no que concerne aos espaços da vida, enfatizando neste aspecto: o trabalho, a vivência religiosa e os relacionamentos interpessoais vividos nas mais diferentes instâncias. Como tão veementemente afirmou Bachelard (1997), “Diante da virilidade do fogo, a feminilidade da água é irremediável” (p. 104). A água é um dos elementos da natureza que mais carregou e carrega representações do sagrado feminino. Não são poucas as histórias sagradas, mitos, que narram o princípio feminino vinculado às águas. Como já dizia Manuel Bandeira1 em uma de suas poesias, Dona Janaína é sereia do mar e ela tem muitos amores, o poeta reconhecendo o poder da rainha das águas pede licença para poder brincar em seu reinado.

1 Poema intitulado Dona Janaína.

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Na concepção religiosa e altamente poética dos povos afro-brasileiros, Dona Janaína, Yemanjá, é a rainha das águas do profundo mar. Ela é mulher, mãe e, portanto, doadora de vida, alimenta a muitos com os filhos do seu corpo, os frutos do mar. Ela é feminina e mutável, como as águas que por vezes estão tão mansas que se tornam espelhos para o céu e em outros momentos perturbam-se, contorcem seu corpo e deixam à deriva aquele que supostamente navegava seguro de si e de seu destino. Como diriam alguns psicanalistas, o feminino inquieta, perturba a solene paz do pretenso mundo conhecido do Logos masculino. O mito da sereia, em uma de suas versões, fala do canto destas mulheres meio humanas meio peixe que seduziam com suas belas vozes os marinheiros e faziam com que estes perdessem o controle sobre si mesmos e se atirassem em seus braços, se atirassem no leito das águas dos mares. Além destes símbolos encontramos, no contexto religioso, muitas imagens do feminino. Certas tradições religiosas são de base patriarcal, outras matriarcais e existem também tradições que buscam equilibrar estas duas instâncias. No 1.º e 2.º anos, sugere-se que neste conteúdo seja enfocado o papel da mulher no mundo de hoje, identificando a sua função nas diversas tradições religiosas, como xamã, yalorixá, benzedeira, freira, monja, pastora, diaconisa, ministra e rabina, entre outras.

2. ATIVIDADE REFLEXIVA Vejamos o que afirmam alguns textos religiosos sobre o Sagrado Feminino.

2.1. A MULHER NO BUDISMO Uma monja vivia preocupada e mortificada porque tinha lido num texto que o fato de ser uma mulher obstaculizava seu caminho espiritual; que toda mulher deveria ansiar por renascer como homem, para que assim pudesse desenvolver-se no Caminho. Como ela tinha lido tal coisa em um Sutra, ela imaginou que isso seria algo real e sério, mas não entendia como poderia ser assim. Um dia, buscou o mestre Long-Tan e perguntou-lhe: "Mestre, li em um Sutra que ser uma mulher é algo ruim, e que devo me aperfeiçoar para que, um dia, possa renascer como um homem e assim poder atingir a sabedoria. Mas como posso fazer isso? O que devo fazer para renascer como um homem?" O mestre simplesmente perguntou-lhe: "Há quanto tempo és uma monja?" "Mas..." replicou a monja "eu não perguntei sobre isso. Perguntei como posso um dia renascer como homem!" "O que tu és agora?" perguntou o mestre. "Uma mulher, ora!" respondeu a monja, surpresa. "Quem não sabe disso?" "E quem realmente conhece tua verdadeira natureza para, a partir do fato de seres uma mulher, sentenciar tolamente que tua condição feminina lhe impede de compreender o Dharma?" disse Long-Tan.

Neste momento a monja obteve o Satori.

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2.2. VOCABULÁRIO

Sutra - conforme a Wikipedia o termo sutra, no budismo, se refere de forma geral às escrituras canônicas que são tratadas como registros dos ensinamentos orais de Buda. Esses ensinamentos estão registrados na segunda parte ("cesto") do Tripitaka e são chamados de Sutra Pitaka (em Pali, "Tipitaka" e "Sutta Pitaka"). Outros textos também são considerados Sutras, principalmente pelas escolas Mahayana, embora não façam parte do Tripitaka e de forma geral sejam atribuídos a outros autores em períodos posteriores.

Satori - é um termo de origem japonesa que significa “compreender”, mas esta compreensão é transcendental e inclui o momento de iluminação do Ser. É ao mesmo tempo uma experiência pessoal e uma experiência cósmica.

2.3. A MULHER NO HINDUISMO

"A mulher é a criadora do Universo, o Universo é sua forma.

Qualquer que seja a forma que ela assuma, seja a de homem ou de uma mulher, é

a forma superior.

Na mulher está a forma de todas as coisas, de tudo o que vive e se move no

mundo.

Não existe joia mais rara do que uma mulher, nenhuma condição superior àquela

de uma mulher."

Saktisanga Tantra

2.4. A MULHER NAS TRADIÇÕES RELIGIOSAS AFRO-BRASILEIRAS

Pensando no Candomblé, podemos considerar que nesta tradição surgem divindades femininas e masculinas, ambas possuindo o mesmo poder. A mulher, no Candomblé, também dirige os “terreiros”, como yalorixá, mãe de santo.

Nestes casos, ela conhece os rituais e os segredos da mística. No Candomblé, não há dominação de gênero, talvez isto se explique pela sua

própria cosmovisão, na qual surgem orixás essencialmente femininos, masculinos e ambivalentes ou andróginos. Agora, reflita acerca de sua própria tradição religiosa:

1. O que diz o seu texto sagrado sobre o feminino? 2. Que papéis as mulheres desempenham em sua tradição? 3. O que você gostaria de considerar a mais sobre esta temática?

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SUGESTÕES DE PLANEJAMENTO DE TEMAS PARA O ENSINO RELIGIOSO

TEMA 1: SÍMBOLOS RELIGIOSOS E NÃO RELIGIOSOS

Objetivo: Identificar símbolos religiosos e não religiosos, estabelecendo o seu significado. Atividade de sensibilização: Cantar a canção realizando a coreografia de acordo com o que sugere a letra.

PÕE A MÃO...

Domínio público

Põe a mão no ombro Na cabeça, no joelho e no dedão do pé Dá uma voltinha, um pulinho E um cutucão no seu vizinho.

Põe a mão no ombro, no pescoço Na cintura e no dedão do pé

Dá uma voltinha, um pulinho E uma cosquinha no seu vizinho. Põe a mão pra cima, para frente Para trás e no dedão do pé Dá uma voltinha, um pulinho

E um abração no seu vizinho. Sugestões de atividade 1: 1.º passo: O(A) professor(a) distribui aos alunos, aleatoriamente, símbolos religiosos e não religiosos, desenhados ou em fotos: Bandeira Nacional, cruz, vela, símbolo de um time de futebol, bíblia, uma imagem religiosa, sol, imagem de Yemanjá, rosa, coração, imagem de Buda, imagem de pão e cálice, rosário, etc. Cada símbolo deverá ter de 3 a 4 pedaços, para formar um quebra-cabeça. 2.º passo: Com os pedaços dos símbolos nas mãos, os alunos deverão procurar os colegas que têm o pedaço correspondente e assim construir o quebra-cabeça. 3.º passo: Formadas as equipes, o professor ou professora conduzirá uma conversação sobre os símbolos formados e o significado correspondente, bem como orientará os alunos para que separem os símbolos religiosos dos que não são religiosos. Os religiosos são aqueles que têm uma relação com alguma crença religiosa. São os que comunicam ideias sobre o sagrado. Os não religiosos representam coisas e ideias que não se relacionam às crenças religiosas. 4.º passo: Cada equipe cola os pedaços das gravuras sobre uma cartolina ou papel bobina, formando assim o quebra-cabeça. 5.º passo: Com a ajuda do professor ou professora, os alunos escreverão frases ou um pequeno texto sobre os símbolos formados, falando sobre o seu significado. Se os alunos ainda não dominam a escrita, poderão representar com desenhos o significado dos símbolos ou falar sobre eles. 6.º passo: Fazer uma exposição dos trabalhos dos alunos na escola, em um varal didático.

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Sugestões de atividade 2: Após esta sequência de atividades, seguem os símbolos a partir dos quais você conduzirá as atividades. Você deverá apresentá-los xerocados, uma cópia para cada aluno. 1.º passo: Oriente, professor(a), os alunos para que façam um círculo em torno dos símbolos religiosos e um quadrado em torno dos não religiosos. 2.º passo: Explique o significado de cada símbolo e depois ajude os alunos a escreverem o nome da cada um deles ou a criar frases com eles. 3.º passo: Conduza a escrita de um texto coletivo envolvendo alguns destes símbolos trabalhados. 4.º passo: Depois oriente leituras coletivas do texto produzido. 5.º passo: Proponha que os alunos copiem o texto em seus cadernos e o ilustrem com desenhos.

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Sugestões de atividade 3: 1.º passo: Professor(a), coletivamente com os alunos elabore no quadro de giz uma lista de valores éticos com verbos. Explique que estas palavras indicam importantes ações que devemos praticar e que ajudam as pessoas a viverem harmoniosamente, seja nas diferenças culturais ou religiosas. Explique o significado de cada palavra usando exemplos práticos. Você pode criar uma pequena história a partir de cada palavra relacionando fatos religiosos. Segue uma lista como exemplo. RESPEITAR CONHECER DIALOGAR AJUDAR ACOLHER COOPERAR

VALORIZAR ANIMAR SORRIR COMPREENDER COMPARTILHAR PACIFICAR...

2.º passo: Organizar os alunos em duplas, distribuir pedaços de papel-bobina e giz de cera. Cada dupla deverá escolher e copiar uma das palavras da lista e criar desenhos ilustrativos sobre ela. Os alunos que dominam a escrita poderão também escrever frases. 3.º passo: Dar oportunidade para cada dupla apresentar seu trabalho aos colegas, fazendo comentários. 4.º passo: Socializar os trabalhos dos alunos fazendo uma exposição num varal didático.

TEMA 2: O RESPEITO ÀS PESSOAS E SUAS EXPRESSÕES RELIGIOSAS

Objetivo: Reconhecer o direito à liberdade de crença de cada cidadão e cidadã, desenvolvendo atitudes de respeito. Ponto de partida: História para ser apresentada para os alunos como situação problematizadora, a fim de que todos possam discutir sobre o evento narrado.

COMPREENDENDO AO OUTRO E A SI MESMO

Emerli Schlögl Certa vez, em um cemitério, estava um cristão colocando flores no túmulo de uma

pessoa muito querida para ele. Enquanto fazia as suas orações habituais, algo o fez parar com tudo, pois ao seu lado chegou um homem budista, era de origem oriental pelo aspecto do rosto. Este homem colocou uma tigelinha de alimento sobre o túmulo de seu ancestral, ou seja, seu avô falecido.

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Então, o homem cristão não compreendeu e começou a interrogar a si mesmo: Como pode este cidadão colocar comidas sobre o túmulo de alguém que já está morto. Será que ele não sabe que os mortos já não se alimentam mais conosco?

Com todo o respeito, o cristão resolveu conversar com o budista. - Desculpe, meu senhor, atrapalhá-lo em suas orações. Mas não pude deixar de

observar que o senhor pretende alimentar seu ente querido, que já não está mais entre nós.

Tranquilamente o homem budista olhou ao redor, contemplou os olhos daquele que o questionava e respondeu:

- Caro amigo, é verdade! Sei também que meu ente querido, no caso meu pai já falecido, não poderá usufruir da vida como antigamente. Ele adorava comer as cerejas vermelhas nos tempos de verão e também me lembro que ele contava com muito carinho, para mim, como sua mãe cozinhava para seus filhos uma sopa muito nutritiva e como era bom tomar aquela sopa misturada a todo aquele carinho de mãe.

Neste momento, o cristão interrompeu e emocionado lembrou-se de seus próprios e maravilhosos momentos vividos com sua esposa falecida. Ele sorria e chorava ao mesmo tempo, sorria pelas recordações doces e chorava pela perda de sua amada.

O budista tocou nos ombros do cristão com muita ternura e disse a ele: - Como são lindas as flores que você colocou sobre o túmulo de sua esposa!

Tenho certeza que seu perfume chega até ela de alguma forma. Tenho claro em meu coração de um homem religioso que também a beleza das flores é uma homenagem que você presta a sua amada.

O cristão parou de chorar e sentiu ele mesmo o perfume da flor e sua beleza. Ficou completamente tomado por um estranho sentimento de plenitude e de encontro. Não sabia explicar, mas sentia seu coração maior, tão grande, tão pleno!

Ele então falou para seu novo amigo, o budista: - Agora eu entendo você, agora eu entendo a oferenda de alimentos para seu

estimado pai. Neste ritual, você e seu ente falecido, tão estimado, se encontram. Você se lembra dele e lhe oferece alimento, você alimenta dentro de seu próprio coração a lembrança amada de seu pai.

O velhinho sorriu, abraçou o cristão e disse: - Da mesma maneira, você oferecendo flores a sua esposa alimenta dentro do seu

coração o carinho e a lembrança dos bons momentos que viveram, desse modo você embeleza e perfuma a sua própria vida, enquanto oferece de modo ritualístico este presente.

Depois deste encontro, depois dos rituais de saudades, de amor, de homenagem e respeito, os dois homens seguiram juntos pelos corredores do cemitério, cada um silencioso e feliz. Cada um saiu de lá carregando, dentro de seu coração, um pouco do que ofereceu.

E então houve risos, alimentos e flores no andar, no olhar e na vida daqueles novos bons amigos.

Sugestões de atividades 1

1) Sugerimos que os alunos criem histórias em quadrinhos a partir da história que ouviram e que dialoguem sobre a necessidade de conhecer o diferente, não ser preconceituoso e ser capaz de compreender o outro e melhor compreender a si mesmo.

2) Apresentar a seguinte frase escrita em cartolina bem grande:

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O conhecimento sobre as diferentes religiões nos torna mais capazes de respeitar os outros.

3) Propor que cada aluno desenhe neste cartaz uma atitude de amabilidade para com pessoas de crenças religiosas diferentes.

Sugestões de atividades 2

1) Apresente estas imagens aos alunos e explique o significado de cada ritual nelas representado.

Batismo católico Culto evangélico

Celebração de uma missa Bar Mitz vah

Dança sagrada indígena Caminhada de monges budistas

2) Proponha que os alunos em duplas façam desenhos em cartolinas sobre os rituais religiosos de que eles participam ou que conhecem. Os que dominam a escrita poderão

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escrever frases sobre os desenhos. Faça uma exposição dos cartazes na escola, em um varal didático.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO INTER-RELIGIOSA DE EDUCAÇÃO. Diretrizes curriculares. Curitiba. 2008. BACHELARD, G. A água e os sonhos: ensaio sobre a imaginação da matéria. São Paulo: Martins Fontes, 1997. BERGER, P. L. O dossel sagrado: elementos para uma teoria sociológica da religião. São Paulo: Paulus, 1985. HELLERN, V.; NOTEKER, H.; GAARDER, J. O livro das religiões. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. HUYGHE, R. Sentido e destino da arte. São Paulo: Martins Fontes, s/d. ROSENDAHL, Z. Hierópolis: o sagrado e o urbano. Rio de Janeiro: Eduerj, 1999. SANDNER, D. Os navajos e o processo simbólico da cura. São Paulo: Summus, 1990. VILHENA, M. Â. Ritos expressões e propriedades. São Paulo: Paulinas, 2005. Elaboração: Borres Guilouski e Emerli Schlögl Revisão: Diná Raquel D. da Costa