Curso o Que é o Espiritismo - 1 Edição (FEESP)

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  • 8/10/2019 Curso o Que o Espiritismo - 1 Edio (FEESP)

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    CURSO O QUE ESPIRITISMO1. EdioJaneiro/2011

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    FEESPCURSO: O QUE O ESPIRITISMO

    Capa: A imagem da Capa representa Bezerra de Menezes, considerado o Kardec Brasileiro, por tudo o que fez

    durante sua vida em prol dos necessitados do corpo e do esprito.O objetivo geral do Curso O que o Espiritismo dar ao aluno uma idia do que seja a Doutrina Esprita,apresentando e sugerindo a leitura dos livros bsicos da CodificaoO Livro dos Espritos, O livro dos Mdiuns,O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Cu e o Inferno e A Gnese -, para que as pessoas que busquem aDoutrina possam compreender o seu trplice aspecto: Filosofia, Cincia e Religio.

    Visa, ainda, alm de um estudo sistematizado a vivncia do Evangelho em pensamentos, palavras e aes.

    Nossos livros consistem em texto base, explanados de forma clara a permitir ao aluno uma viso metodolgicado todo. Nesse aspecto caber ao expositor desenvolver, completar, aprofundar esses textos de forma precisa eobjetiva.

    Dessa maneira, a Educao Esprita, em consonncia com o nosso tempo, sugere uma Pedagogia Ativa, ou seja,uma proposta de Educao projetada para o futuro; centrada no sujeito, na vida.

    rea de Ensino

    ContedoApresentao 41 Aula 5

    O SURGIMENTO DO ESPIRITISMO ......................................................................................................... 52 Aula 7Parte A - DEUS E AS TRS REVELAES .................................................................................................. 7Parte B - O MAIOR MANDAMENTO ........................................................................................................ 8

    3 Aula 9Parte A - O EVANGELHO NO LAR ............................................................................................................ 9Parte B - O VALOR DA PRECE ................................................................................................................ 10

    4 Aula 12Parte AESPRITO E MATRIA ............................................................................................................. 12Parte BA REFORMA NTIMA .............................................................................................................. 13

    5 Aula 14Parte A - O ESPIRITISMO EM SEU TRPLICE ASPECTO ............................................................................ 14Parte BPARBOLA DOS TRABALHADORES DA LTIMA HORA ............................................................ 15

    6 Aula 17O LIVRO DOS ESPRITOS ....................................................................................................................... 17

    7. Aula 18Parte A - COMPROMISSO AFETIVO - CASAMENTO E DIVRCIO ............................................................ 18 Parte B - PARENTESCO CORPORAL E ESPIRITUAL .................................................................................. 19

    8. Aula 20Parte A - MDIUNS E MEDIUNIDADE .................................................................................................... 20Parte B - DAI DE GRAA O QUE DE GRAA RECEBESTES ....................................................................... 21

    9 Aula 22Parte A - A CARIDADE SEGUNDO PAULO .............................................................................................. 22Parte B - A PARBOLA DO BOM SAMARITANO ..................................................................................... 22

    10 Aula 24

    O LIVRO DOS MDIUNS ........................................................................................................................ 2411 Aula 25Parte A - VISO ESPRITA DA EUTANSIA ............................................................................................. 25Parte B - O MAL E O REMDIO.............................................................................................................. 26

    12 Aula 27

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    Parte A - OS MILAGRES SEGUNDO O ESPIRITISMO ............................................................................... 27Parte B - A F QUE TRANSPORTA MONTANHAS ................................................................................... 28

    13 Aula 29O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO ............................................................................................ 29

    14 Aula 30Parte A - ESQUECIMENTO DO PASSADO ............................................................................................... 31Parte B - JUSTIA DAS AFLIES ........................................................................................................... 31

    15 Aula 32O CU E O INFERNO ............................................................................................................................. 3216 Aula 33

    Parte A - VALORIZAO DA VIDAABORTO E SUICDIO ....................................................................... 33Parte B - BEM SOFRER E MAL SOFRER .................................................................................................. 35

    17 Aula 35Parte A - CREMAO - DOAO DE RGOS E TRANSPLANTES ........................................................... 35Parte B - A LEI DE AMOR ...................................................................................................................... 37

    18 Aula 38Parte A - ESPIRITISMO E SEXUALIDADE................................................................................................. 38Parte B - NO JULGUE, COMPREENDA ................................................................................................. 39

    19 Aula 40Parte AA TERAPEUTICA ESPRITA ...................................................................................................... 40Parte B - PROVAS E TORMENTOS VOLUNTRIOS .................................................................................. 41

    20 Aula 42A GNESE ............................................................................................................................................. 42

    21 Aula 43Parte A - O ESPIRITISMO COMO CONSOLADOR PROMETIDO ................................................................ 43 Parte BNO COLOQUEIS A CANDEIA DEBAIXO DO ALQUEIRE ........................................................... 44

    22 Aula 45A VIDA DE FRANCISCO CNDIDO XAVIER.............................................................................................. 45

    23 Aula 47VIDA E OBRA DE BEZERRA DE MENEZES ............................................................................................... 47

    24 Aula 49VIDA E OBRA DE ALLAN KARDEC .......................................................................................................... 49

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    FEESPCURSO: O QUE O ESPIRITISMO

    Apresentao

    Em virtude da quantidade cada vez maior de alunos, interessados nas mensagens que consolam e esclarecem daDoutrina do Cristianismo Redivivo, toma-se oportuno uma reviso dos textos didticos, no sentido de adapt-losa uma pedagogia adequada aos novos tempos.

    Se o objetivo da Educao a libertao total dos educandos, o alcance deste fim deve levar em conta assituaes e o horizonte cultural dos mesmos.

    Este trabalho tem como objetivo geral, levar o aluno a uma assimilao do contedo doutrinrio. Para tanto,buscou-se a fidelidade devida aos textos da Codificao, assim como, induzi-lo ao conhecimento de si mesmo, desuas potencialidades e conseqente modificao de sua conduta interior perante o mundo e a vida emsociedade.

    Quanto ao contedo programtico, os cursos so constitudos de vinte e quatro lies, contendo a essncia dosLivros da Codificao, abordados de forma sucinta e didtica.

    Nossos livros consistem em textos base, explanados de forma clara c acessvel, deforma a permitir ao aluno umaviso metodolgica do todo. Nesse aspecto caber ao expositor desenvolver, completar, aprofundar esses textosde forma precisa e objetiva.

    Dessa maneira, a Educao Esprita, em consonncia com o nosso tempo, sugerem uma Pedagogia Ativa, ouseja, uma proposta de Educao projetada para o futuro; centrada no sujeito, na vida.

    - O Livro dos Espritos constitui a pedra fundamental da Doutrina Esprita, marco inicial da Codificao Esprita.Com relao s demais obras de Allan Kardec, os livros seqenciais partem da base filosfica deste:

    - O Livro dos Mdiuns: natural que sucedesse com o aprofundamento cientfico e metodolgico dos fenmenosespritas. Encontra-se sua fonte no Livro II (Cap. VI at o final);

    - O Evangelho Segundo o Espiritismo: decorrncia do Livro IV em sua abordagem Doutrinria Moral;

    - O Cu e o Inferno ou Justia Divina Segundo o Espiritismo: decorre do Livro IV do Livro dos Espritos.

    - A Gnese, os Milagres e as Predies Segundo o Espiritismo: relaciona-se no Livro I (Cap. II, III e IV), ao Livro II(Cap. IX, X e XI) e partes de captulos do livro III.

    A educao um conjunto de hbitos adquiridos (Livro dos Espritos, pergunta 685a), onde no basta educao por si s, mas sim, a concretizao da educao espiritual pela conduta de cada um, ou seja, oaprendizado e a prtica.

    A Federao Esprita do Estado de So Paulo espera, portanto, que esta reviso possa cumprir com as finalidadespara as quais foi idealizada e, sobretudo corresponder aos desgnios da Espiritualidade, no sentido de ressaltarsempre o carter evanglico da Codificao luz de princpios racionais, no ontem, no hoje e no amanh.

    rea de Ensino

    Zulmira da Conceio Chaves Hassesian

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    51 Aula

    1 AulaO SURGIMENTO DO ESPIRITISMO

    Embora as manifestaes espirituais sejam de todos os tempos, foi assinalado como 18 de abril de 1857 (data dapublicao de O Livro dos Espritos) o incio da doutrina esprita. Contudo, bem antes dessa data, iniciou -se oque Arthur Conan Doyle denominou de invaso organizada, ou seja, manifestaes espirituais persistentes

    que culminaram com o aparecimento do Espiritismo.

    Surgiram mdiuns, fatos e comunicaes espirituais que preparam o terreno para a codificao de Kardec - oschamados antecessores.

    Emmanuel Swedenborg (1688-1772)Sueco, vidente, mas tambm um gnio cientfico e tecnolgico de seu tempo. Graduou-se em Engenharia deMinas e tambm era pro fundo conhecedor da Bblia, telogo, autoridade em Minerao, Metalurgia,Engenharia Militar, Astronomia, Fsica, Z00logia, Anatomia, Economia, Poltica e Finanas.Desde criana, Swedenborg j manifestava sinais de uma mediunidade de elevado potencial. Com notvelclarividncia, certa noite, em um jantar em Gothenburg, percebeu e narrou fielmente, para mais de 16testemunhas, um grande incndio que ocorria a cerca de 400 km de distncia, em Estocolmo, na casa de seu

    vizinho.Descreveu com nitidez a vida espiritual, alm do fenmeno da exteriorizao do ectoplasma, que definiu como(...) uma espcie de vapor que se exalava dos poros de meu corpo. Era um vapor aquoso muito visvel e caia no

    cho, sobre o tapete.1

    Edward Irving (1792 - 1834)Ministro da Igreja da Esccia (presbiteriana), Edward Irving nasceu em Annan.Foi na Inglaterra que fatos medinicos marcantes o fizeram conhecido. De personalidade vibrante, carismtico ecom um porte fsico avantajado, possua grande eloqncia. O brilhantismo de suas pregaes logo conquistouum grande numero de adeptos, motivo que o fez ser transferido para a igreja escocesa de Regent Square, emLondres.Em 1831 surgiu em sua comunidade um surto de manifestaes medinicas de xenoglossia, quando fiis

    comearam a falar em lnguas estranhas. Algumas pessoas entravam em convulso e se pronunciavam em latim,com voz cavernosa, e em outras lnguas desconhecidas.Posteriormente comearam a aparecer possesses por entidades inferiores, o que levou ao fim dasmanifestaes psquicas na comunidade.

    Andrew Jackson Davis (1826 - 1910)Tambm conhecido como o profeta da nova revelao, nasceu em Bl00ming Grove, s margens do Rio Hudson,Nova York (EUA).De famlia de poucos recursos materiais e intelectuais, possua apenas a educao primaria. Desde a infncia,porm, manifestou a clarividncia e a clariaudincia.Em transe magntico, o corpo humano era como que transparente para Davis, o que lhe dava oportunidade de

    fazer diagnsticos precisos de pessoas doentes. Tambm magnetizado, com 19 anos de idade, ditou variascomunicaes medinicas, entre as quais, sua grande obra The Principles of Nature, Her Divine Revelation, anda Voice to Makind. Ainda em estado medinico, trouxe comunicaes em hebraico e demonstrou enormesconhecimentos de Geologia, Arqueologia, Historia, Mitologia, origem das Lnguas e de fatos bblicos.O aparecimento do Espiritismo foi previsto por ele em Os Princpios da Natureza(1847), onde diz: verdadeque os Espritos se comunicam entre si, quando um est no corpo e outro em esferas mais altas - e, tambm,quando uma pessoa em seu corpo inconsciente do influxo e, assim, no pode se convencer do fato. No levarmuito tempo para que essa verdade se apresente como viva demonstrao.

    As Irm FoxGolpes produzidos por um Esprito desencarnado em uma humilde casa no Vilarejo de Hydesville, Estado deNova Iorque (EUA) deram origem ao que, posteriormente, foi chamado de Moderno Espiritualismo.

    1Doyle, A.C. A Histria do Espiritismo. So Paulo: Editora Pensamento, 199o, cap. I, p.37

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    No centro dos acontecimentos, encontramos Margaret (1833-1893), Kate (1837-1892) e Leah (1814-189o) Fox,mdiuns de efeitos fsicos.Em dezembro de 1847, a famlia Fox, composta por pai e me metodistas e duas filhas, Margaret ento com 14anos e Kate, de 1o anos, alugou a casinha modesta e j com fama de mal-assombrada. Leah, a poca, moravaem Rochester, onde ensinava musica.

    Em meados de marco de 1848, certos rudos comearam a acontecer na casa dos Fox e foram Crescendo emintensidade. Por vezes, eram batidas, em outras, sons como o de arrastar de mveis. Na noite de 31 de marco,os fenmenos se intensificaram de modo que o barulho se tomou mais alto e numa freqncia mais acentuada.Foi, ento, que a jovem Kate desafiou a forca invisvel a repetir as batidas que ela ininterruptamente forneciacom os dedos. Embora o desafio tivesse sido feito com palavras suaves, foi prontamente respondido. Aps umainvestigao realizada, os Fox souberam que tratava-se de um Esprito assassinado naquele local e enterrado naadega, a dez ps de profundidade.

    As comunicaes por meio de pancadas continuaram at que, para convencer os detratores de que o fenmenoera autntico, as irms Fox comearam a fazer demonstraes pblicas. A primeira delas se deu em 14 denovembro de 1849, no Corinthian Hall, o maior salo de Rochester, resultando na organizao do primeironcleo de estudantes do Espiritualismo moderno.

    Vrias comisses foram organizadas para estudar o fenmeno e Kate, Margaret e Leah foram exaustivamenteexpostas e estudadas.Em Lyle Dale, atualmente encontra-se a sede central regional dos Espiritualistas Americanos, junto com a velhacasa da famlia Fox.

    As mesas girantes e KardecNa Amrica do Nolte foi desenvolvido o mtodo da comunicao com os Espritos usando-se o alfabeto. Falava-se o alfabeto e se pedia ao Esprito para indicar, por batidas ou pancadas, as letras que compunham asdesejadas palavras. No final de 185o, surge uma nova maneira de comunicao - bastava, simplesmente que osmdiuns se colocassem ao redor de uma mesa sentados, em cima da qual punham as mos. Erguendo um deseus ps, a mesa daria uma pancada toda vez que fosse proferida a letra que servisse ao Esprito comunicantepara completar palavras e frases. Esse processo, apesar de muito lento, produzia excelentes resultados; foi oinicio das mesas girantes ou falantes.

    No fim de 1854, o Prof. Hippolyte Lon Denizard Rivail, mais tarde Allan Kardec, expressa sua opinio sobre taismanifestaes: S acreditarei quando o vir e quando me provarem que uma mesa tem crebro para pensarnervos para sentir e que se possa tornar sonmbula. At Ia, permita que eu no veja no caso mais do que umconto para fazer-nos dormir em p. 1

    Rivail era um homem de cincia e no se dava a credulidade gratuita, sem anlises racionais. A incredulidadeinicial, contudo, foi vencida. Na primeira vez que presenciou o fenmeno das mesas girantes, em maio de 1855,afirmou: Entrevi, naquelas aparentes futilidades, no passatempo que faziam daqueles fenmenos, qualquercoisa de srio, como que a revelao de uma nova lei, que tomei a mim estudar a fundo. 2

    A continuidade dos estudos permitiu a Rivail aplicar nesta nova cincia o mtodo experimental. Percebeu, nasprimeiras observaes, que os Espritos, por serem os homens desencarnados, eram limitados como ns etambm sujeitos a enganos. Esse pensamento o levou a estruturar o trabalho da Codificao de maneirametdica; utilizava-se de inmeros mdiuns para realizar a comparao e a fuso de todas as respostascoordenadas, classificadas e outras vezes refeitas.

    Esse trabalho resultou na primeira edio de O Livro dos Espritos, em 18 de abril 1857. A obra foi lanada sob aautoria de Allan Kardec, pseudnimo que fora revelado pelo Esprito Zfiro, nome utilizado em uma dasencarnaes anteriores, na qual Rivail era um sacerdote druida.

    FIXAO DO APRENDIZADO:l) Qual a importncia dos antecessores para o surgimento do Espiritismo?2) Qual a contribuio das mesas girantes para o Espiritismo?

    3) Como Kardec analisou as comunicaes espirituais? Qual trabalho surgiu dessas primeiras observaes?

    1KARDEC, A. Obras Pstumas.Braslia:FEB, 1994, 2 parte, p.265

    2idem, p.267

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    72 Aula

    BIBLIOGRAFIA- Doyle, Arthur Conan - A Histria do Espiritismo- Ed. Pensamento.- Kardec, Allan - Obras Pstumas - Ed. Lake- Wantuil, Zus - As Mesas Girantes e o Espiritismo - Ed.FEB

    2 AulaParte A - DEUS E AS TRS REVELAES

    A primeira questo de O Livro dos Espritos expressa um dosgrandes questionamentos da humanidade: o que Deus?

    Desde sua criao o homem sente, dentro de si mesmo, que h um Criador. A frase de Lon Denis explica bemtal sentimento ao afirmar que: H coisas, que de to profundas, s se sentem, no se descrevem". 1

    Os Espritos nos revelam que encontraremos Deus onde a cincia dos homens ainda no alcana. No h efeitosem causa. Procurai a causa de tudo aquilo que no obra do homem e a vossa razo vos responder."2

    Ao observarmos a criao Divina, verificamos a grande harmonia do Universo, numa interao pensada edirigida, produto de uma Inteligncia sbia, onde tudo elaborado de maneira minuciosa e perfeita. Kardecexplica: As obras ditas da natureza so produto de foras materiais que agem mecanicamente, comoconseqncia das leis de atrao e de repulso (...) mas so empregadas, distribudas, apropriadas para asnecessidades de cada coisa, por uma inteligncia que no dos homens.3

    Deus sempre ser Deus, pois Eterno. Suas leis tambm sempre so as mesmas, pois so naturais; o que muda,atravs dos tempos, a maneira como o homem consegue conceb-Lo.

    Sempre trouxemos dentro de nos o sentimento de adorao, pois trazemos a marca do Criador. Essa marca estagravada em nossa conscincia o que nos traz a intuio de um Ser Superior - uma conscincia universal, poisencontramos tal crena em todos os povos.

    No caminho percorrido pela humanidade na busca por essa fora ou Ser Superior, vemos que a concepo deDeus muda conforme a nossa evoluo. Enquanto primitivos, alguns povos entendiam que as foras da naturezaeram governadas por vrios deuses. Quanto a isso, explicam-nos os Espritos: A palavra deus tinha, entre osantigos, acepo muito ampla (...) Era uma qualificao genrica, que se dava a todo ser existente fora dascondies da Humanidade.4

    Mais tarde, incapazes ainda de compreender a essncia Divina, personificamos Deus a nossa imagem esemelhana. Dessa maneira, Deus ganhou caractersticas humanas e imperfeitas, como a crueldade, vingana,ira etc.

    Nesta trajetria, temos a primeira revelao com Moiss, o que representou um grande avano para os homensda poca. O Deus de Moiss forte e poderoso e Lhe revelou os Dez Mandamentos, um cdigo de condutamoral para um povo turbulento e indisciplinado.Contudo, o Deus revelado por Moiss ainda duro e parcial.

    Tal concepo muda com Jesus, que mostra-nos Deus no mais como o Ser vingativo, mas o Pai, o Criador queauxilia a Sua criao emanando amor, base de suas leis universais que regem a tudo.

    A terceira revelao, trazida pelo Espiritismo, resgata os ensinamentos de Cristo e explicando-nos de ondeviemos, para onde vamos e por que estamos na Terra.

    Ao contrario das duas primeiras revelaes, centralizadas em duas figuras - Moiss e Jesus - a Doutrina Esprita fruto da comunicao de vrios Espritos, universalizando o seu ensino. Deus quis que a nova revelaochegasse aos homens por um meio mais rpido e mais autntico. Eis porque encarregou os Espritos de a

    1Dnis, L. O grande enigma. 1o ed., Braslia: FEB, 1992, 1 parte, Cap.lX, p. 118

    2Kardec, A. O Livro dos Espirilos. 2.ed., So Paulo: FEESP, Questo 4, s.d.

    3Kardec, A. A Gnese. 1.ed., So Paulo: FEESP, 2008, Cap.II, item 6, p.67 e 68.4Kardec, A. O Livro dos Espritos. 2.ed., So Paulo: FEESP, Questo 668, s.d,

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    levaram de um plo a outro, manifestando-se por toda a parte, sem dar a ningum o privilgio exclusivo deouvir a sua palavra, esclarece-nos Kardec.1

    Os Espritos nos revelam que Deus a inteligncia suprema, causa primria de todas as coisas" 2 e os seusatributos so: eterno, nico, imutvel, imaterial e soberanamente justo e bom. Deus, dentro de Sua misericrdiae amor, nos assiste sempre. E quanto mais desenvolvemos conquistas espirituais e libertamo-nos da matria,

    mais nos aproximamos de Deus. O que nos resta, por hora, a urgncia de fazer com que Deus exista dentro denossos coraes, que se reflita em nossas atitudes, pensamentos e palavras.

    FIXAO DO APRENDIZADO1) Onde podemos encontrar Deus?2) No que Jesus se diferencia de Moiss na apresentao de Deus?3) Qual a definio de Deus na Doutrina Esprita?

    Parte B - O MAIOR MANDAMENTO

    Mas os fariseus, tendo sabido que Ele fizera calar ossaduceus, se reuniram em conselho. E um deles, que eradoutor da Lei, para o tentar fez esta pergunta: Mestre, qual o grande mandamento da lei? Respondeu Jesus:

    Amars o Senhor teu Deus, de todo o teu corao, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este omaior e o primeiro mandamento. E o Segundo, semelhante ao primeiro : Amars ao teu prximo como a timesmo. Estes dois mandamentos contm toda a lei e os profetas. (Mateus, 22:34-4o; Marcos, 12:28-34 e Lucas,1o:25-28).

    Verdadeiramente, Jesus proclamou que ao cumprirmos esses dois mandamentos - Amar a Deus e ao prximo -vale muito mais que seguir todas as formulas e todos os cultos, ou fazer todos os sacrifcios, porque no amor aDeus e ao prximo encontramos a nica e universal religio. Se o gnero humano praticar esses ensinamentos,chegar unidade e a realizao de seus destinos, pela solidariedade e a fraternidade.

    Na maravilhosa mensagem de Jesus, Deus Pai e todos os homens so irmos!

    Com esses dois mandamentos, o Mestre substitui o Declogo, ou seja, os Dez Mandamentos de Moises, pois

    quem ama a Deus sobre todas as coisas, a Ele unicamente presta culto, no adorando imagens de qualquerespcie; respeita o Seu nome e O santifica, no somente um dia, mas todos os dias da semana, todas as horas etodos os minutos. E quem ama o prximo como a si mesmo, honra seus pais, no mata, no adultera, nolevanta falso testemunho, nem cobia coisa alguma de quem quer que seja.

    Quem ama o prximo, deseja ao semelhante o que quer para si. o reconhecimento da Paternidade Divina,expandida na Fraternidade Universal. O amor ao prximo a ponte que liga a criatura ao Criador.Pelas palavras de Jesus, podemos entender que o nico caminho da salvao, a pratica da caridade comhumildade, que absolutamente contrria ao caminho do desajuste, do egosmo e do orgulho.

    Do amor ao prximo, como a nos mesmos, nasce o socorro que devemos prestar ao nosso semelhante pelainteligncia, pelo corao, com brandura e mansuetude, para no tornar-lhe penoso receber o auxlio, seja elematerial, moral ou intelectual que lhe dispensamos.

    Como est implcito no amor de Deus, a pratica da caridade para com o prximo e todos os deveres do homemresumem-se na mxima: Fora da caridade no h salvao, pois tudo aquilo que se aprende em conceitos deverevelar-se, concretamente, em aes.

    Ento, como exigir ou esperar atitudes nobres dos semelhantes se no desenvolvemos a pacincia e abenevolncia para com eles? E se o homem no praticar o amor ao prximo, como pode amar a Deus?

    FIXAO DO APRENDIZADO:l) Qual o maior mandamento? E o segundo?2) Por que esses dois mandamentos podem substituir o Declogo trazido por Moises?3) Como compreender a proposta triangular do amor a Deus,ao prximo e a si mesmo?

    BIBLIOGRAFIA- Kardec, Allan - A Gnese. Ed. Feesp

    1Kardec, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. So Paulo: FEESP. 9 ed., 1993, Introduo, Item II, p.6.

    2Kardec, A. O Livro dos Espritos, 2.ed., So Paulo: FEESP, Questo l, s.d.

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    93 Aula

    - Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo. Ed. Feesp- Kardec, Allan - O Livro dos Espritos - Ed. Feesp

    3 Aula

    Parte A - O EVANGELHO NO LAR

    Conta-nos o Esprito Neio Lucio, no livro Jesus no Lar (psicografia de Francisco Candido Xavier), que Jesus fez oprimeiro Evangelho no Lar na casa de Simo Pedro, reunindo ali coraes vidos de esclarecimento. Com isso, oMestre ensinou-nos que a harmonia e a paz to desejada para o mundo comeam dentro da nossa casa, ondedevemos exercer primeiramente nossos deveres como cristos.

    Neio Lucio narra assim as palavras de Jesus a respeito do lar: O bero domstico a primeira escola e o primeirotemplo da alma. A casa do homem a legitima exportadora de caracteres para a vida comum. Se o negocianteseleciona a mercadoria, se o marceneiro no consegue fazer um barco sem aperfeioar a madeira aos seus

    propsitos, como esperar uma comunidade segura e tranqila sem que o lar se aperfeioe?.1

    Por isso, devemos organizar o nosso ambiente domstico a Luz do Evangelho, j que a paz do mundo comea ali.Seremos fora, no grande campo da sociedade, aquilo que aprendermos no lar. Portanto, os pais no devem

    falhar com os filhos, do contrrio, esses falharo com a sociedade, com o prximo e com eles mesmos; serocomo a casa edificada na areia movedia - vindo os rios da mudana, os ventos da renovao, haver granderuna.

    Devemos conservar entre nossos familiares a esperana, estudando em casa a Boa Nova de Jesus, praticando afraternidade e crescendo em amor e sabedoria.A respeito da orao, ensinou-nos Jesus: Onde estiverem duas ou mais criaturas reunidas em meu nome, euentre elas estarei.(Mateus, 18:2o).

    Como comear?Convidaremos nossos familiares para o estudo do Evangelho, marcando dia e hora apropriados para todos, quedeve ser seguido sempre. Esse dia ser especial e o horrio nobre, pois receberemos a visita de Jesus, atravs deseus mensageiros. A partir de ento, a Luz adentrar o nosso lar e as trevas batero em retirada.

    Preparao para o Evangelho no LarNo dia do Evangelho, desde a manha, buscaremos ter pensamentos elevados, conversao edificante e trabalhonormal.Aproximando-se a hora do Evangelho, podemos colocar msica clssica ou msica a luz da orao (opcional),assim como a gua para ser fluidificada. Se houver algum doente, pode-se colocar um copo com gua em nomeda pessoa.Se o telefone tocar, atenderemos e diremos que estamos fazendo o Evangelho e, quando terminarmos,retornaremos a ligao.Se for a campainha, iremos porta e convidaremos a pessoa para entrar. Explicaremos em rpidas palavras areunio, convidando a visita a participar dela. Na hora das vibraes, envolver os visitantes em muita paz, sade

    e agradecer-lhes a presena.Roteiro para realizaoEm primeiro lugar, designaremos uma pessoa para conduzir o Evangelho e as restantes para todos os itens. Emseguida, prosseguiremos dessa maneira:

    1 - Incio da reunio. Iniciar com uma prece simples e espontnea, recepcionando carinhosamente o MentorEspiritual e todos aqueles, dos dois planos, que esto presentes. Buscaremos o silncio interior, para sentirmos apresena de Jesus e pedir-lhe a inspirao para a leitura mais apropriada do Evangelho, alm de podermosassimilar seus ensinamentos e coloc-los em pratica no nosso dia a dia.

    2 - Leitura do Evangelho. Ler, a cada reunio, um trecho pequeno de O Evangelho segundo o Espiritismo,comeando da pelo Prefcio, pulando a introduo, ir para o Cap. I, com Voz audvel, calmamente, para que

    todos possam entender. A leitura deve ser metdica e na seqncia, tendo o carter de aula. Dessa maneira, onosso lar ser a escola de Jesus, onde a matria estudada o Evangelho, os alunos carentes somos ns e oMestre Jesus.

    1Lucio, N. Jesus no Lar. Braslia:FEB, 37 ed., 2008, Cap.I, p.13

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    3 - Comentrios sobre o texto lido. Os comentrios so breves, feitos por todos e cada um expe o queentendeu da leitura. Se tivermos dificuldade, leiamos de novo. Certamente, os mentores espirituais estaro nosajudando a compreender a lio, para que a assimilemos com facilidade. Importante frisarmos que no comunicao medinica, mas sim a inspirao divina de Amigos abnegados que nos trazem amorosamente asorientaes necessrias no s da leitura, como tambm sobre os problemas atuais que podem e devem sercomentados a luz do Evangelho. Cuidado para no trazer a tona fatos desagradveis e que possam ser motivo

    de discusso.A hora do Evangelho sagrada e momento de paz.

    4 - Vibraes. o momento mais importante da reunio. Lembremo-nos das palavras de Jesus: Vs sois a luz domundo (...) podeis fazer o que eu fao e muito mais (Mateus, 5:14).Jesus referia-se a potencialidade do Esprito,ao poder da mente quando canalizada para o bem, quando passamos a condio de doadores. Todos temos algode bom para dar ao prximo, em beneficio da humanidade. Destacaremos um membro da reunio para dirigir asvibraes (com Voz moderada) e os demais acompanharo com o pensamento, procurando doar paz, amor,sade, equilbrio. O valor da vibrao esta no impulso mental que dado, na vontade firme e sincera de quererajudar, na dedicao e amor aos semelhantes, acreditando no poder da f raciocinada.

    5 - Prece de encerramento. Aprece ser simples e espontnea, um agradecimento ao Senhor da Vida e ao planoespiritual, que nos deram a sustentao para o nosso Evangelho.

    A reunio tem durao de quinze a trinta minutos; podemos fazer o Evangelho sozinhos, seguindo todas asetapas acima descritas e em Voz alta.

    Se houver crianas, podemos introduzir livros infantis especficos, como o O Evangelho Segundoo Espiritismopara a Infncia (Edies Feesp).

    A conversao no lar, aps o Evangelho, deve ser edificante, iluminada pelo amor e pela pratica da compreensomtua, sem o que o objetivo da reunio no ter sido atingido. Procuremos estender tal comportamento paratodos os dias, sempre permanecendo nessa calma, Vivenciando as lies aprendidas durante a reunio - oEvangelho no Lar serve para harmonizar a nossa casa e nossas relaes com os familiares.

    A prtica das orientaes imprescindvel; nossa conduta, em todas as situaes, deve se pautar pelas vibraes

    radiantes do Evangelho, para que nos tornemos seu exemplo Vivo. Recordemos o ensinamento de Tiago (2:14):Meus irmos, que aproveita se algum disser que tem f e no tiver obras? Porventura, a f pode salv-lo?.

    FIXAO DO APRENDIZADO1) Qual a finalidade do Evangelho no Lar?2) Quais os itens que compem o roteiro da reunio?3) Na sua opinio, qual a maior motivao para a pratica do Evangelho no Lar?

    Parte B - O VALOR DA PRECE

    Relata-nos o Esprito Humberto de Campos, no livro BoaNova(psicografia de Francisco Candido Xavier) que,

    certa feita, Pedro perguntou a Jesus como deveramos interpretar a orao, ao que o Mestre respondeu: Emtudo deve a orao constituir o nosso recurso permanente de comunho ininterrupta com Deus." 1

    Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, esclarece que as condies da prece foram definidas por Jesusnas seguintes passagens:2

    E quando orais, no haveis de ser como os hipcritas, que gostam de orar em p nas sinagogas, e nos cantosdas ruas, para serem vistos dos homens; em verdade vos digo, que eles j receberam a sua recompensa. Mas vos,quando orardes, entrai em vosso aposento, e, fechada a porta, orai a Vosso Pai em secreto; e Vosso Pai, que v oque se passa em secreto, vos dar paga. E quando orais no faleis muito, como os gentios; pois cuidam que

    pelo seu muito falar sero ouvidos. No queirais, portanto, parecer-vos com eles; porque vosso Pai sabe o quevos necessrio, primeiro que vos lho peais.(Mateus, VI:5-8).

    Eprops tambm esta parbola a uns que confiavam em si mesmos, como se fossem justos, e desprezavam osoutros: Subiram dois homens ao templo, para fazer orao: um fariseu e outro publicano. O fariseu, posto em p,

    1Campos, H. Boa Nova. Braslia:FEB, 20 ed.,1994, Cap. 18, p.122

    2Kardec A. O Evangelho Segundo o Espiritismo So Paulo: FEESP 9. Ed., 1993, Cap.XXVII, p,299 e 300

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    orava l no seu interior desta forma: Graas te dou, meu Deus, porque no sou como os demais homens, que souns ladres, uns injustos, uns adlteros, como tambm este publicano; jejuo duas vezes por semana, pago odzimo de tudo o que tenho. O publicano, pelo contrrio, posto L longe, no ousava nem ainda levantar os olhosao cu, mas batia no peito, dizendo: Meu Deus, s propcio a mim, pecador Digo- vos que este voltou justificado

    para a sua casa, e no o outro; porque todo o que se exalta ser humilhado, e todo o que se humilha serexaltado.(Lucas, XVIII: 9-14)

    O que podemos tirar de lio dessas duas passagens? Que a prece no deve ser motivo de exibio, mas sim quea faamos sem afetao e em segredo. Deve ser feita com simplicidade e sem muitas palavras, pois no serpelo palavreado que seremos ouvidos, mas sim pela sinceridade com que realizada. No devemos tambmorar com o corao cheio de ressentimento contra algum; devemos perdoar todo o mal que por venturaalgum tenha nos feito, pois, como pedirmos perdo a Deus pelos nossos erros se ainda no perdoamos o nossoprximo? A prece agradvel a Deus aquela que sincera, fervorosa, proferida com f, humildade e semprecaridosa com o prximo.

    Por que devemos orar, se Deus conhece todas as nossas necessidades? Ser que podemos modificar oandamento dos fatos com a orao, j que Deus a tudo prove? Kardec explica em O Evangelho Segundo oEspiritismo que, mesmo que o Universo seja regido por leis naturais e imutveis e que Deus no as mudasegundo os nossos desejos, (...) da a acreditar que todas as circunstncias da vida estejam submetidas

    fatalidade, a distncia grande.1 Somos senhores de um livre-arbtrio relativo para dele fazermos uso etomarmos iniciativa; se Deus dotou-nos de raciocnio e inteligncia foi para que deles nos servssemos, assimcomo da vontade para querermos e da atividade para a ao. De nossa iniciativa originam-se acontecimentosque escapam forcosamente a fatalidade e que nem por isso destroem a harmonia das leis universais. Deus podeconceder certos pedidos sem violar a imutabilidade das leis que regem o conjunto, isso sempre dependendo doSeu consentimento.

    Mas basta pedirmos para que nosso desejo seja realizado? Certamente que no. Invariavelmente, obteremosrespostas para as nossas suplicas, porm, a concesso nem sempre vem de acordo com o que almejamos - oumelhor, a imperfeita compreenso que temos de nossas verdadeiras necessidades que nos leva a concluir,erradamente, sobre a no satisfao dos nossos pedidos.

    A prece um ato de adorao. Fazer preces a Deus pensar Nele, aproximar-se Dele, pr-se em comunicaocom Ele. Pela prece podemos fazer trs coisas: louvar, pedir e agradecer.(LE, questo 659)

    Devemos orar no comeo e no fim de cada trabalho; no comeo para elevarmos nossas almas e atrairmos osEspritos esclarecidos e bons, e no fim, para agradecermos os benefcios e ensinamentos que houvermosrecebido.

    Seja a nossa prece singela, curta e realizada em silncio, muito mais um transporte do nosso corao do queuma formula decorada. O que importa o nosso pensamento firme e, para ser eficaz, no deve ser umarecitao, proferida de maneira mecnica, mas sim um ato de vontade capaz de atrair as boas vibraes doPlano Espiritual e as irradiaes do Divino Foco.

    A prece deve ser improvisada de preferncia, porque assim a preocupao com o que estamos dizendo, prendea nossa ateno e favorece nossa ligao com o Alto.

    A prece no nos livrar das provas que devem ser o meio da cura de nossos males morais, mas nos fortalecer onimo, como uma preparao para enfrentarmos as dificuldades.

    Jesus deixou-nos o modelo de prece concisa, que resume todos os nossos deveres para com Deus: a OraoDominical, ou o Pai Nosso. Como nos diz Kardec: Encerra ainda uma profisso de f, um ato de adorao esubmisso, o pedido de coisas necessrias a vida terrena e ao princpio de caridade."2

    Meditemos em torno dessas palavras: Pai Nosso que estais no Cu, santificado seja o vosso nome. Venha a nso vosso Reino, seja feita a sua vontade, assim na Terra como no Cu. O po nosso de cada dia nos dai hoje.Perdoais as nossas dividas, assim como ns perdoamos os nossos devedores. No nos deixei cair em tentao,

    mas livrai-nos do mal. Assim seja. (Mateus, VI:9-13).

    1Kardec, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. So Paulo: FEESP, 9 ed., 1993, Cap.XXVII, p. 300

    2Kardec, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. So Paulo:FEESP, 9 ed., 1993, Cap.XXVIII, p. 315.

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    Em Lucas, acrescenta-se: Pais vossos so o reino, o poder e a glria para sempre.

    FIXAO DO APRENDIZADO:1) O que a prece?2) Qual a prece mais agradvel a Deus?3)Na sua opinio, qual o valor da prece?

    BIBLIOGRAFIA- Compri, Maria T. - Experincias a Luz do Evangelho no Lar - Ed. FEESP.- Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP.

    4 Aula

    Parte A ESPRITO E MATRIA

    Desde a Antiguidade, quando o homem comeou a formar a base de seu conhecimento, uma das coisas quemais o fascina saber o princpio das coisas. Assim foi, por exemplo, com os primeiros filsofos gregos comoTales de Mileto, Herclito de feso, Demcrito de Abdera, entre outros. Eles procuravam saber como as coisas

    eram formadas e cada um deu a sua explicao, limitada a sua poca, ao entendimento das pessoas e ainexistncia de uma cincia organizada.

    Os Espritos revelaram que ao homem no dado conhecer todas as coisas aqui na Terra (L.E, questo 17). Falta-nos desenvolver faculdades que ainda desconhecemos, assim como a condio moral necessria. Os nossossentidos, da mesma forma, permitem-nos apenas o conhecimento do mundo material e da realidade em quenos encontramos. A nossa inteligncia, ainda limitada, s alcana uma nfima parcela do conhecimento doUniverso. Quando dominarmos o conhecimento por completo, teremos chegado perfeio (L.E, questo 898).

    Porm, na medida em que aperfeioamo-nos em amor e sabedoria, iremos paulatinamente conhecendo osmistrios da Natureza. O que o homem no consegue aprender, Deus permite que lhe seja revelado, para ajud-lo na marcha do progresso.

    A cincia humana trouxe-nos, a partir das civilizaes mesopotmica, egpcia, hebraica e, principalmente, grega,o conhecimento do Universo, mesmo que de forma rudimentar. A partir do sculo XVII, com o grandedesenvolvimento da Cincia, as leis fsicas, ou materiais, foram descobertas graas aos estudos de Newton e deLavoisier. Todavia, o Universo no engloba s a matria, de sorte que o conhecimento humano necessitava serampliado. O Universo at ento conhecido era estreito demais, limitado pelos sentidos humanos e chegando atos instrumentos cientficos podiam alcanar, o que era pouco. Vez por outra, filsofos e homens de cincia,como Kant, Galileu Galilei e tantos outros, alargavam esses limites.

    Somente na Segunda metade do sculo XIX, com o advento do Espiritismo - codificado por Allan Kardec em seutrplice aspecto: Cincia, Filosofia e Religio - o mundo espiritual abriu-se ao homem, mostrando-lhe umUniverso infinito, formado por dois elementos gerais: a matria e o esprito. Deus, a Inteligncia Suprema e

    causa primria de todas as coisas, o Criador, presidindo a tudo.

    A matriaA matria j foi definida pela cincia como aquilo que tem extenso, que pode impressionar os sentidos e impenetrvel. O homem, no esforo de compreender o que visvel, palpvel e mensurvel, sempre tentouclassific-la desde o comeo dos tempos. Por isso, no passado distante, o homem falava de quatro elementosformadores de todas as coisas: gua, fogo, terra e ar; as quatro essncias conhecidas na Antiguidade. Com aestruturao da qumica orgnica, surge a Tabela peridica, inicialmente com pouco mais de cinqentaelementos, depois ampliada para noventa e dois (do hidrognio ao urnio) e, hoje, contando com mais de cemelementos. Esses mesmos elementos, que consideramos simples, no so mais que modificaes de umasubstncia primitiva, o fluido csmico universal, definido como matria elementar primitiva (L.E, questo 27).

    A matria tambm existe em estados que desconhecemos, podendo ser to etrea e sutil que no produzanenhuma impresso aos nossos sentidos. Das modificaes e transformaes do fluido universal, encontramos avariedade inumervel dos corpos da Natureza. Esse fluido, impondervel e inabordvel pelos instrumentoshumanos, o que podemos chamar de matria quintessenciada, matria essa manipulada pelo mundoespiritual.

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    Comeando pelo tomo, a matria encontra-se no Universo em dois estados distintos: eterizao ouimponderabilidade e materializao ou ponderabilidade. No primeiro temos os fenmenos do mundo invisvel,constituindo os fenmenos espirituais e que so atribuio do Espiritismo. No segundo encontramos osfenmenos materiais, do mundo visvel e que so da alada da cincia.

    O ponto de partida do fluido universal o grau de pureza absoluta, do qual nada pode dar uma idia; o pontooposto sua transformao em matria tangvel".1

    Em nosso mundo fsico, a matria divide-se em orgnica, formando os corpos dos seres vivos (homens, animais eplantas) e inorgnica, encontrada nos minerais, gua, ar etc.

    O EspritoQue esprito?, perguntou Kardec aos Espritos (L.E, questo 23). A resposta foi objetiva e precisa: Oprincpio inteligente do Universo. Elemento espiritual, no se confunde com a matria, pois que no estsujeito as suas mesmas vicissitudes, mas tem sim atributos, entre os quais a inteligncia, seu atributo essencial(L.E, questo 24).O elemento espiritual individualizado constitui os seres chamados Espritos, como o elemento materialindividualizado constitui os diferentes corpos da Natureza, orgnicos e inorgnicos.2

    Os Espritos, seres inteligentes da Criao tem, portanto, como ponto de partida o principio espiritual e so

    permanentemente regidos pela Lei do progresso. Partindo da condio de simples e ignorantes, dotados deinfinitas potencialidades, todos os Espritos esto destinados a perfeio, o que implica no conhecimento detodas as coisas. A cada uma das encarnaes, o que corresponde idia da justia de Deus, podemos recomearsempre e, assim, dar um passo a mais na senda do progresso, atravs de nossa conscincia, razo, vontade,inteligncia e livre-arbtrio.

    FIXAO DO APRENDIZADO:1) O homem sempre teve explicao para a existncia do Universo? Como o Espiritismo auxiliou em sua compreenso?2) Quais so os elementos gerais do Universo? O que o Fluido Csmico Universal?3) Qual o principal atributo do elemento espiritual?

    Parte B A REFORMA NTIMA

    Deus criou todos os Espritos simples e ignorantes, ou seja, sem conhecimento. Deu a cada um deles umamisso, com o fim de esclarec-los e progressivamente conduzi-los perfeio, pelo conhecimento da verdade epara que se aproximassem Dele. Chegando perfeio, encontram a felicidade suprema.

    Kardec pergunta aos Espritos na questo 967 de O Livro dos Espritos no que consiste a felicidade dos bonsEspritos e a resposta objetiva: Em conhecer todas as coisas; no ter dio, nem cime, nem inveja, nemambio, nem qualquer das paixes que fazem a infelicidade dos homens.Pelo livre-arbtrio, cada um de nssegue o caminho do bem ou do mal, instruindo-nos atravs das lutas e tribulaes da vida corporal. Em nossasmuitas encarnaes temos a oportunidade de melhoria progressiva.

    Seguindo a lei natural - a lei de Deus - o homem torna-se feliz. Quando desejamos saber qual a verdadeira Lei

    de Deus, os Espritos dizem-nos que ela esta escrita em nossa conscincia (L.E, questo 621).E, quando queremosacertar, Deus ofereceu-nos o modelo mais perfeito para nos servir de guia: Jesus.Jesus ensinou-nos pelo seu exemplo e pelas suas mximas; os Espritos, por sua vez, vieram esclarecer osensinamentos de Jesus necessrios para o nosso aprimoramento.O Esprito da Verdade diz-nos: Espritas: amai-vos, eis o primeiro mandamento; instrui-vos, eis o segundo. Todasas verdades se encontram no Cristianismo.

    3

    Para que possamos atingir tal objetivo, preciso educar o Esprito a luz dos ensinamentos do Cristo -transformarmo-nos no homem novo em substituio ao homem velho do passado. Conseguimos issovencendo nossos defeitos e vcios, e ganhando qualidades e virtudes. Aos poucos, sentiremos os efeitos dessatransformao em nossos sentimentos, pensamentos e atos.

    1Kardec, A. A Gnese. 1.ed, So Paulo: FEESP, 2008, Cap. XIV, item 5, p.285.

    2idem. Cap.XI, item 6, p.219

    3Kardec, A. O Evangelho segundo o Espiritismo. 9 ed., So Paulo:FEESP, 1993, Cap.VI, p.94. p

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    Jesus ofereceu-nos inmeras lies. No Sermo do Monte danos uma lio de amor por meio das bem-aventuranas, para que nos aproximemos de Deus e sejamos consolados. Aprendemos que necessitamosconquistar virtudes, como a mansuetude, a caridade, a benevolncia e o pacifismo; e que devemos buscar a pazinterior, conquista do Esprito, atravs da orao e da vigilncia dos nossos pensamentos.

    Em virtude de nosso atraso moral afastamo-nos gradativamente das Leis Divinas, que deveriam nortear as

    nossas vidas. importante sabermos, a partir do momento em que iniciamos a nossa Reforma ntima, que anossa felicidade de hoje ser sempre proporcional ao nosso esforo de renovao - e pelo bem que semearmoscom conseqncia das virtudes adquiridas.

    No se pode entender o termo Reforma ntima separado de sua verdadeira significao, da qual no podemosfugir: a da transformao moral. Como nos disse Jesus: "Ningum pe remendo de pano novo em vestido velho,porque o remendo tira parte do vestido e fica maior a rotura.(Mateus, 9:16). No remendamos o que est velho;buscamos o tecido novo, mais resistente e duradouro.

    Devemos buscar os valores espirituais, a progresso espiritual, nica finalidade dos seres em todos os nveis eem todos os mundos.

    Espiritualizao a exteriorizao, o vir a tona da centelha Divina, do nosso Eu interior no esforo de

    sintonizarmo-nos com a vibrao Divina universal, que a harmonia, luz, amor, equilbrio; sobrepormo-nos aohomem material e aos valores materiais.

    Diz-nos o Esprito Emmanuel: Todos somos doentes pedindo alta1; a caminhada longa, muitas vezesencontraremos obstculos, porm, Jesus claro quanto ao convite para a renovao: Ningum que, tendoposto a mo no arado, olha para trs, apto para o reino de Deus. (Lucas, 9:62)

    um esforo de milnios, foram inmeras as encarnaes em que no atingimos tal objetivo; mas o Evangelhosempre nos oferece um poderoso auxilio para a espiritualizao, desde que seja compreendido, interpretado evivido na essncia de sua significao e do seu poder redentor.

    FIXAO DO APRENDIZADO:1) Que Reforma ntima?

    2) O que significa a transformao moral? Quais virtudes devemos conquistar?3) Qual a contribuio do Evangelho de Jesus para que venamos os nossos defeitos morais?

    BIBLIOGRAFIA- Kardec, Allan - A Gnese - Ed. FEESP.- Kardec, Allan - O Livro dos Espritos - Ed. FEESP.- Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP.

    5 Aula

    Parte A - O ESPIRITISMO EM SEU TRPLICE ASPECTO

    O Espiritismo surgiu oficialmente em 18 de abril de 1857, com a primeira edio de O Livro dos Espritos, queviria a alterar muitos dos conceitos ate ento vigentes, com relao a Deus, a imortalidade da alma; areencarnao, a comunicao com os mortos e, principalmente, ao mundo dos Espritos.

    Escrito na forma dialogada da Filosofia Clssica, em linguagem clara e simples, para divulgao popular estelivro um verdadeiro tratado filosfico que comea pela Metafsica, desenvolvendo em novas perspectivas aOntologia, a Sociologia, a Psicologia, a tica e, estabelecendo as ligaes histricas de todas as fases da evoluohumana em seus aspectos biolgico, psquico, social e espiritual. Um livro para ser estudado e meditado, com oauxilio dos demais volumes da Codificao2, escreveu Jos Herculano Pires, o mais celebrado dos seustradutores.

    Como sntese de todo o conhecimento humano, a Doutrina dos Espritos estruturada em O Livro dos Espritospara a anlise da razo sob a forma de cincia, filosofia e religio. Esses trs aspectos foram convenientemente

    1XAVIER, F.C. A Justia Divina. 7.ed., Braslia:FEB, 1991, p.113.2KARDEC, A. O Livro dos Espritos. 2.ed., So Paulo:FEESP,Explicao, p.8, s.d.

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    distribudos no conjunto de perguntas e respostas do notvel Livro. Ademais, no encerramento dosProlegmenos podemos ver o nome de Espritos Venerveis que ditaram as respostas e comandaram arealizao do livro e, enquanto encamados na Terra, foram expoentes da filosofia, da cincia e da religio.

    Em seus princpios, o Espiritismo filosofia, com razes na prpria tradio filosfica (a partir das escolas gregas).Essa a razo pela qual Scrates e Plato figuram na Codificao como precursores do Cristianismo e, porconseguinte, do Espiritismo. O Livro dos Espritos fora ate mesmo escrito na forma dos dilogos de Plato:

    perguntas e respostas. E, ao final da obra, nas suas Conclus es, Kardecanalisa a doutrina e afirma: Sua foraesta na sua filosofia, no apelo que faz a razo e ao bom senso. (item VI). Contudo, o Espiritismo no sfilosofia.

    No Prembulo do livroo que o Espiritismo, Kardec afirma: O Espiritismo , ao mesmo tempo, uma cincia deobservao e uma doutrina filosfica. Como cincia prtica, ele consiste nas relaes que se estabelecem entrens e os Espritos; como filosofia, compreende todas as conseqncias morais que dimanam dessas mesmasrelaes. 1 E conclui, definindo com preciso: O Espiritismo uma cincia que trata da natureza, origem edestino dos Espritos, bem como de suas relaes com o mundo corporal.2

    Devemos recordar que o Espiritismo surgiu primeiro como cincia, que o seu outro aspecto. Contudo, a cinciaesprita difere da cincia materialista, rompendo definitivamente com a barreira de pressupostos para firmar em

    bases lgicas e experimentais seus princpios.Princpios esses revelados aos homens por meio de provas irrecusveis: a existncia e a natureza do mundoespiritual e suas relaes com o mundo corpreo.

    A cincia esprita compreende duas partes: uma experimental, sobre as manifestaes em geral; outra,filosfica, sobre as manifestaes inteligentes (LE, Introduo, item XVII). Ambos os casos apresentam como basedo conhecimento a fenomenologia medinica, coroada pelo ensinamento dado pelos Espritos, que nos revelamas leis naturais. representada, no Espiritismo, por O Livro dos Mdiuns e A Gnese.

    Finalmente, como terceiro aspecto da Doutrina, fechando o Triangulo de Foras Espirituais a que se referiuEmmanuel em O Consolador (Definio), surge o aspecto religioso que Kardec deixou para o final de sua misso.E representado no Espiritismo por O Evangelho Segundo o Espiritismo.

    Nesse aspecto, porm, o Espiritismo muito diferente das religies tradicionais, visto ser desprovido de rituais,sacramentos, idolatria, paramentos, mitos e quaisquer cultos exteriores. A doutrina esprita, por isso, comoreligio que efetivamente , surge do exerccio da razo; dai a idia da f raciocinada, que se apia nos fatos ena lgica e no deixa nenhuma obscuridade: cr-se porque se tem a certeza, e s se esta certo quando secompreendeu.3No se trata de uma religio, com uma srie de rituais, mas que (...) repousa a sua grandezadivina por constituir a restaurao do Evangelho de Jesus Cristo, estabelecendo a renovao definitiva dohomem, para a grandeza de seu imenso futuro espiritual4, nas sbias palavras do Esprito Emmanuel.

    FIXAO DO APRENDIZADO:l) Onde encontrar as razes da Filosofia Esprita?2) Quais Sao as partes da Cincia Esprita?

    3) Como se caracteriza a f na Religio Esprita?

    Parte B PARBOLA DOS TRABALHADORES DA LTIMA HORA

    O Reino dos Cus semelhante a um homem pai de famlia, que ao romper da manha saiu a assalariartrabalhadores para a sua vinha. E feito com os trabalhadores o ajuste de um dinheiro por dia, mandou-os para asua vinha. E tendo sado junto da terceira hora (nove horas), viu estarem outros na praa, ociosos. E disse-lhes:Ide vs tambm para a minha vinha, e dar-vos-ei o que for justo. E eles foram. Saiu, porm, outra vez, junto dahora sexta (meio dia), e junto da hora nona (quinze horas), e fez o mesmo. E junto da undcima hora (dezessetehoras) tornou a sair e, achou outros que l estavam, e disse: por que estais vs aqui todo o dia, ociosos?

    1KARDEC, A. O que o Espiritismo. 37.ed., Braslia:FEB, 1995, p.50.2KARDEC, A. O que o Espiritismo. 37.ed., Braslia:FEB, 1995, p.50.3KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 9.ed., So Paulo:FEESP, 1993, Cap.XIX, Item 7, p.242.4XAVIER, F.C. O Consolador 16.ed., Braslia:FEB, 1993, Definio, p.19.

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    FEESPCURSO: O QUE O ESPIRITISMO

    Responderam-lhe eles: Porque ningum nos assalariou. Ele disse: Ide vs tambm para a minha vinha. Porm nofim da tarde, disse o senhor da vinha ao seu mordomo: Chama os trabalhadores e paga-lhes o jornal, comeandopelos ltimos e acabando nos primeiros. Tendo chegado, pois os que foram juntos da hora undcima, recebeucada um seu dinheiro. E chegando tambm os que tinham ido primeiro, julgaram que haviam de receber mais;

    porm, tambm estes no receberam mais do que um dinheiro cada um. E ao receb-lo, murmuravam contra opai de famlia, dizendo: Estes que vieram por ltimo no trabalharam seno uma hora, e tu os igualaste conosco,

    que aturamos o peso do dia e da calma. Porm ele, respondendo a um deles, lhe disse: Amigo, eu no te faoagravo; no convieste tu comigo num dinheiro? Toma o que te pertence, e vai-te, que eu de mim quero dartambm, a este ltimo, tanto quanto a ti. Visto isso, no me licito fazer o que quero? Acaso teu olho mau,

    porque eu sou bom? Assim sero ltimos os primeiros e primeiros os ltimos, porque so muitos os chamados epoucos os escolhidos.(Mateus, 20: 1-16)

    Jesus disse: O meu reino no deste mundo.(Jo 18-36). Por isso, os ensinamentos de Jesus partiam sempre dealgo concreto, do dia-a-dia vivenciado pelos ouvintes, para que atravs do raciocnio, eles pudessemcompreender a abrangncia do conceito abstrato do reino de Deus. Assim, utilizou-se de muitas parbolas paraensinar. E a parbola nada mais do que uma narrativa alegrica na qual o conjunto de elementos evoca, porcomparao, outras realidades de ordem superior. Pode ser considerada uma narrao alegrica que encerra

    uma doutrina moral.Todos fomos chamados para uma nova encarnao, objetivando a perfeio relativa.Qual o ensinamento da Parbola dos Trabalhadores da ltima Hora? No primeiro chamado, fomos convidados adesenvolver os germens das virtudes com a primeira revelao de Moises, com os Dez Mandamentos. Pormnessa poca ainda enxergvamos Deus com caractersticas humanas, poderoso e guerreiro.

    No segundo chamado, com Jesus, o convite era para que amplissemos a compreenso do Declogo, deixandode praticar a lei do olho por olho e dente por dente e aprendermos o amor universalatravs do Amar a Deussobre todas as coisas e ao prximo como a si mesmo.

    No terceiro chamado, somos convidados a estabelecer os alicerces da prtica do amor, quando comeamos acompreender que existem condies para que o trabalho seja bem realizado, como: a assiduidade, o

    desprendimento, a boa vontade e esforo com que o realizamos; condies essas essenciais para que o salriofaa jus ao esforo de cada um.

    Quando o senhor da vinha diz: "Porque so muitos os chamados e poucos os escolhidos,enfatiza asoportunidades que temos para o aprimoramento; porm poucos so os que se dispem a aceitar o convite.A misericrdia Divina remunera todos os trabalhadores. O salrio ira depender da maneira como cada umdesempenha suas funes. Jesus nos ensina que sempre tempo para cuidarmos de nosso aperfeioamento;no importa a idade, desde que aceitemos com boa vontade o convite para o trabalho.

    Deus no espera que todos trabalhem da mesma forma. A meta colaborarmos cada vez mais em sua obra. Porisso, estejamos sempre dispostos para o trabalho e confiantes no Senhor, ajudando e compreendendo,perdoando e servindo, porque o verdadeiro cristo ser reconhecido pelas suas obras e no por suas palavras.

    J estamos na ltima hora: empreguemos bem este tempo que nos resta para recebermos o salrio, pois, pormais longa que nos parea a presente encarnao, ela no passa de um breve momento em relao aimortalidade do Esprito.

    FIXAO DO APRENDIZADO:1) Quais so os trabalhadores da ltima hora?2) O salrio o mesmo para todos os trabalhadores?3) Como ser reconhecido o trabalhador da ltima hora?

    BIBLIOGRAFIA- Calligaris, Rodolfo - Parbolas Evanglicas- Ed.FEB.- Kardec, Allan - O Livro dos Espritos - Ed. FEESP.- Kardec, Allan - O Que o Espiritismo - Ed. FEB.

    - Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP- Schutel, Caibar - Parbolas e Ensinos de Jesus - Ed. O Clarim

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    O LIVRO DOS ESPRITOS

    Primeiro livro da codificao, publicado em sua primeira edio em 18 de abril de 1857, O Livro dos Espritos fruto de um trabalho monumental, pois foi escrito por ordem e sob ditado dos Espritos superiores paraestabelecer os fundamentos de uma filosofia racional, livre dos prejuzos do esprito de sistema.1Ainda sobre o

    trabalho desempenhado por Allan Kardec, o seu discpulo Lon Denis, assim comenta: Esse livro o resultadode um trabalho imenso de classificao, coordenao e eliminao, que teve por base milhes de comunicaes,de mensagens, provenientes de origens diversas, desconhecidas urnas das outras, mensagens obtidas em todosos pontos do mundo e que o eminente compilador reuniu depois de se ter certificado da sua autenticidade.Tendo o cuidado de pr de parte as opinies isoladas, os testemunhos suspeitos, conservou somente os pontosem que as afirmaes eram concordes.2

    Com O Livro dos Espritos, nova luz surge para a humanidade, pois ele esclarece os pontos obscuros que oshomens de cincia no podiam descrever. Surge uma nova doutrina, o Espiritismo, que tem como base oEspiritualismo, doutrina oposta ao Materialismo. Na sua parte Introduo ao Estudo da Doutrina Esprita, AllanKardec comenta que para diferenciar o Espiritismo do Espiritualismo nova palavra deve ser criada, pois a partirdeste momento todo aquele que se disser adepto da doutrina esprita ser designado esprita. Nesse sentido,como especialidade O Livro dos Espritos contm a doutrina esprita, e como generalidade, vincula-se aoEspiritualismo.

    A DivisoDividido em quatro Livros, O Livro dos Espritos assim encontra-se estruturado:Livro Primeiro: As Causas PrimriasLivro Segundo: Mundo Esprita ou dos EspritosLivro Terceiro: As Leis MoraisLivro Quarto: Esperanas e Consolaes

    Segundo J.Herculano Pires, a Codificao Esprita tem sua fundamentao em o Livro dos Espritos, pois a partirdele que as demais obras, que compem os cinco livros da Codificao Esprita foram desdobradas. Ele o

    ncleo central da Doutrina Esprita. Neste sentido, Herculano Pires coloca de forma estruturada e lgica toda seqncia da obra kardequiana, conforme esquema:O LIVRO DOS ESPRITOS Podemos encontrar uma parte que se refere a ele mesmo, ao seu prprio contedo: o

    constante dos Livros I e II at o captulo quinto.O LIVRO DOS MDIUNS Seqncia natural deste livro que trata especialmente da parte experimental da Doutrina, tem

    a sua fonte no Livro II, a partir do capitulo sexto at o final. Toda a matria contida nessa parte reorganizada e ampliada naquele livro.

    O EVANGELHO SEGUNDOO ESPIRITISMO

    uma decorrncia natural do Livro III, em que so estudadas as leis morais, tratando -seespecialmente da aplicao dos princpios da moral evanglica, bem como dos problemasreligiosos da adorao, da prece e da prtica da caridade.

    O CU E O INFERNO Decorre do Livro IV Esperanas e Consolaes em que so estudados os problemasreferentes s penas e aos gozos terrenos e futuros, inclusive com a discusso do dogma daspenas eternas e a analise de outros dogmas, como o da ressurreio da carne, e os do paraso,inferno e purgatrio.

    A GNESE, OS MILAGRES EAS PREDIES SEGUNDOO ESPIRITISMO

    Relaciona-se aos captulos II, II e IV do Livro I, e capitulo IX, X e XI do Livro II, assim como aparte dos captulos do Livro III que tratam dos problemas gensicos e da evoluo fsica daTerra.

    (Fonte: O Livro dos Espritos, Introduo a O Livro dos Espritos", Ed. Lake)

    Tendo como inicio a observao dos fenmenos das mesas girantes e o estudo profundo com auxilio dosmdiuns, que foram os intermedirios da espiritualidade superior que presidiu a elaborao desta obra, AllanKardec nos esclarece a respeito do verdadeiro fundamento do livro: Seria fazer uma idia bem falsa doEspiritismo acreditar que a sua fora decorre da prtica das manifestaes materiais e que, portanto,

    1Kardec, A. O Livro dos Espritos.2.ed., So Paulo: FEESP, Prolegmenos, p.502DENIS, Lon. O problema do ser do destino e da dor. 21 ed.,Braslia: FEB, 1999, p.32.

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    FEESPCURSO: O QUE O ESPIRITISMO

    entravando-se essas manifestaes, pode-se minar-lhes as bases. Sua fora esta na sua filosofia, no apelo quefaz a razo e ao bom senso 1.Diante dessas palavras, pode-se entender claramente o processo ideolgico pelo qual surgiu a doutrina esprita,tendo como pedra filosofal O Livro dos Espritos. Foi a partir das observaes dos fatos que se buscoucompreender a sua causa real.Causa essa que originou-se no que Kardec explica no item 17 da Introduo ao Estudo da Doutrina Esprita : A

    verdadeira Doutrina Esprita est no ensinamento dado pelos Espritos.

    FIXAO DO APRENDIZADO:1) Qual foi o mtodo empregado por Kardec na compilao de O Livro dos Espritos?2) Em quantas partes esta dividido O Livro dos Espritos? De que modo elas se relacionam com as demais obras da codificao?3) Onde esta a verdadeira fora do Espiritismo, Segundo Allan Kardec?

    BIBLIOGRAFIA- Kardec, Allan - O Livro dos Espritos - Ed. FEESP.

    7. Aula

    Parte A - COMPROMISSO AFETIVO - CASAMENTO E DIVRCIO

    Espritos imortais, j tendo passado por inmeras encarnaes e adquirido compromissos perante outrascriaturas, mister analisarmos, em primeiro lugar, o dever quando falamos em compromisso afetivo.Diz-nos o Esprito Lazaro que o dever comea precisamente no ponto em que ameaais a felicidade ou atranqilidade do vosso prximo, e termina no limite que no desejareis ver transposto em relao a vsmesmos.2

    De acordo com o preceito de Jesus que nos recomenda amar ao nosso prximo, certamente, toda vez queinfligimos a Lei de Amor, sentimos a repercusso do abuso em nossa conscincia. Respeitar o sentimento dooutro, portanto, fundamental para o nosso prprio equilbrio emocional.E o mais importante compromisso afetivo que experimentamos o casamento.

    O casamento uma instituio Divina, inserida na Lei de Reproduo e fundada na unio conjugal, para que seopere a renovao e a espiritualizao dos seres. Implica no regime de vivncia pelo qual duas criaturas seconfiam uma outra, no Campo da assistncia mtua" 3, como bem define o Esprito Emmanuel.Segundo Kardec, na questo 696 do L.E, o casamento um dos primeiros atos de progresso nas sociedadeshumanas porque estabelece a solidariedade fraterna e se encontra entre todos os povos, embora nas maisdiversas condies.A despeito da chamada crise do casamento moderna, abolir o casamento significaria um retrocesso, pois atmesmo entre os animais encontramos unies que so duradouras e estveis. A unio sexual livre e casual refleteo estado primitivo da natureza e, quando a praticamos, como se vivssemos ainda no estado de barbrie.

    O aspecto da lei

    A unio pelo casamento pertence s Leis Divinas, imutveis e perfeitas, que estabelecem a perpetuao daespcie pela reproduo e evoluo dos seres. No verdadeiro casamento predomina a Lei do Amor,exclusivamente de carter moral, que paira acima das condies eminentemente fsicas do casamento.Em relao lei humana, ou civil, no h em todo o mundo, e mesmo na cristandade, dois pases em que elassejam absolutamente iguais, e no h mesmo um s em que elas no tenham sofrido modificaes atravs dostempos. Resulta desse fato que, perante a lei civil o que legtimo num pas em certa poca, torna-se adultrionoutro pais e noutro tempo.4

    Pela Lei Divina, as criaturas no se unem apenas pelos laos materiais, mas tambm pelos da alma, a fim de queessa afeio facilite a misso de educar os filhos, fazendo-os progredir. Imperioso, porm, diz Emmanuel, que

    1Kardec, A. O Livro dos Espritos 2 ed. So Paulo FEESP Concluso, item VI, p 338. 2Kardec, A. O Evangelho segundo o Espiritismo. 9 ed., So Paulo:FEESP.1993, Cap.XVII, Item 7, p.221. 3Xavier, F.C. Vida e Sexo. 16 ed., Braslia:FEB. 1996, Cap.7, p.33.4Kardec, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 9 ed., So Paulo:FEESP. 1993, Cap.XXII, Item 2, p.266.

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    a ligao se baseie na responsabilidade recproca, de vez que na comunho sexual um ser humano se entrega aoutro ser humano e, por isso mesmo, no deve haver qualquer desconsiderao entre si1.

    Lao importante que nos impulsiona para a evoluo, o casamento, quando mal direcionado, pode realizar-sepor conta de interesses materiais; mas tambm, quando feliz, pode ser por afinidade, seja ela de naturezaespiritual, intelectual ou cultural. Na maioria dos casamentos terrenos, porm, ainda predominam as unies deresgates e de oportunidades de evoluo, precedidos de cuidadosa programao para que a unio seja bem

    sucedida, seja em relao aos cnjuges, aos filhos ou a parentela.

    Entre os aspectos fundamentais do casamento, h que se considerar:a) afamlia, em que cada individualidade devera exercitar com dedicao a paternidade e a maternidade;b) o namoro, poca do suave encantamento a que refere-se Emmanuel, em que tudo tolerado;c) o ambiente domstico, escola viva da alma, onde as criaturas matriculam-se para o aprendizado comum, paraos reajustes e o crescimento;d) a energia sexual, que se apresenta como recurso da lei de atrao, para unir os Espritos em torno daoportunidade de autodescobrimento e de reajuste;e) a necessidade do reencontro, para o acerto perante as Leis Divinas, devido s responsabilidades esposadas emcomum.

    Por tudo isso, observa-se que os cultos religiosos no so seno exterioridades, elementos transitrios da vidaem comum, compreensveis em pocas mais recuadas, porm sem nenhuma utilidade prtica para a vidaespiritual.Na doutrina esprita no se realizam casamentos, da mesma forma que no se ministram batismos ou quaisquersacramentos, pois no Espiritismo no h ritual de nenhuma espcie.

    DivrcioQuando Kardec perguntou aos Espritos acerca da indissolubilidade absoluta do casamento, eles responderamque segundo o ponto de vista material, uma lei humana muito contraria a lei natural (LE Questo 697). Emoutra questo, complementando tal entendimento, sentenciaram: em primeiro lugar as vossas leis so erradas,

    pois acreditais que Deus vos obriga a viver com aqueles que vos desagradam?(LE questo 940).

    Jesus tambm no condenava objetivamente o divrcio, mas enfatizava que muitas coisas ocorriam devido dureza dos nossos coraes. Embora no seja contrario as Leis de Deus, o divrcio no deve ser estimulado - eleinterrompe o processo de harmonizao entre as criaturas, transferindo o compromisso e a soluo dosproblemas comuns para reencarnaes posteriores. Trata-se de uma dolorosa cirurgia psquica, somenteadmissvel em casos extremos, quando se constituir em um mal menor.

    FIXAO DO APRENDIZADO:1) Qual a importncia do compromisso afetivo Segundo o Espiritismo?2) Por que o casamento se insere na Lei Divina?3) Como entender o divrcio?

    Parte B - PARENTESCO CORPORAL E ESPIRITUAL

    Os laos de sangue no estabelecem necessariamente os laos espirituais - o corpo procede do corpo, mas oEsprito no procede do Esprito, porque ele j existia antes da formao do corpo. O pai no gera o Esprito dofilho: fornece-lhe apenas o envoltrio corporal. Mas, o pai deve ajudar seu desenvolvimento intelectual e moral,para faz-lo progredir.

    Os Espritos que se encarnam numa mesma famlia, sobretudo como parentes prximos, so o maisfreqentemente Espritos simpticos, ligados por relaes anteriores, que se traduzem pela afeio durante avida terrena. Mas, pode ainda acontecer que esses Espritos sejam completamente estranhos uns para os outros,separados por antipatias igualmente anteriores, que se traduzem tambm por seu antagonismo na terra, a fimde lhes servir de prova. Os verdadeiros laos de famlia no so, portanto, os da consanginidade, mas os dasimpatia e da comunho de pensamentos, que unem os Espritos antes, durante e aps a encarnao. Donde se

    segue que dois seres nascidos de pais diferentes podem ser mais irmos pelo Esprito, do que se o fossem pelosangue. Podem, pois, atrair-se, procurar-se, tornar-se amigos, enquanto dois irmos consangneos podem

    1Xavier, F.C. Vida e Sexo. 16 ed., Braslia:FEB. 1996, Cap.7, p.33

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    FEESPCURSO: O QUE O ESPIRITISMO

    repelir-se, como vemos todos os dias. Problema moral, que s o Espiritismo podia resolver; pela pluralidade dasexistncias.

    H, portanto, duas espcies de famlias: as famlias por laos espirituais e asfamlias por laos corporais. Asprimeiras, duradouras, fortificam-se pela purificao e se perpetuam no mundo dos Espritos, atravs dasdiversas migraes da alma. As segundas, frgeis como a prpria matria, extinguem-se com o tempo, e quase

    sempre se dissolvem moralmente desde a vida atual. Foi o que Jesus quis fazer compreender dizendo aosdiscpulos:Eis minha me e meus irmos , ou seja, a minha famlia pelos laos espirituais, pois quem quer que faa avontade de meu Pai, que esta nos cus, meu irmo, minha irm e minha me .

    A hostilidade de seus irmos esta claramente expressa no relato de Marcos, desde que, segundo este, eles sepropunham a apoderar-se d Ele, sob o pretexto de que perdera o juzo. Avisado de que haviam chegado, econhecendo o sentimento deles a seu respeito, era natural que dissesse, referindo-se aos discpulos, em sentidoespiritual: Eis os meus verdadeiros irmos. Sua me os acompanhava, e Jesus generalizou o ens ino, o queabsolutamente no implica que ele pretendesse que sua me, segundo o sangue, nada lhe fosse segundo oEsprito, s merecendo a sua indiferena. Sua conduta, em outras circunstncias, provou suficientemente ocontrrio.(ESE, Cap. XIV Item 8)

    FIXAO DO APRENDIZADO:1) Quais so os verdadeiros laos de famlia?2) Por que os laos materiais so frgeis?3) Por que, numa mesma famlia, encontramos seres to diversos uns dos Outros?

    BIBLIOGRAFIA- Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP- Kardec, Allan - O Livro dos Espritos - Ed. FEESP- Xavier, Francisco Cndido - Vida e Sexo - Ed FEB

    8. Aula

    Parte A - MDIUNS E MEDIUNIDADE

    Mediunidade a faculdade ou aptido que possuem certos indivduos denominados mdiuns, de servirem deintermedirios entre os mundos fsico e espiritual.

    A mediunidade inerente ao organismo, como a viso, a audio e a fala, da, qualquer um pode ser dotadodessa faculdade. Por isso, ela no constitui privilgio.

    uma conquista da alma, quando direcionada para o bem. Da, a necessidade de orao e vigilncia, da reformaintima, isto , da substituio de defeitos e vcios, por qualidades e virtudes, de uma conduta moralirrepreensvel, para que possamos sintonizar com Espritos de hierarquia mais elevada. A necessidade primordialdo mdium evangelizar-se, estudar muito, dando a cota de tempo de que possa dispor e doar-se no auxilio aos

    necessitados. Na I Epistola de Paulo de Tarso aos Corntios, temos lies sobre a teoria e pratica medinica,assim como Kardec o faz em O Livro dos Mdiuns.

    As faculdades medinicas demonstram as potencialidades e a diversidade de Espritos que existem na Terra. No o bastante estudar ou conhecer o efeito; indispensvel buscar e conhecer a causa desses fenmenos.

    Kardec explica-nos em O Livro dos Mdiuns que a mediunidade no se revela em todos os mdiuns de umamesma forma. Os mdiuns tem, geralmente, aptido especial para esta ou aquela ordem de fenmenos, o queos divide em tantas variedades quantas so as espcies de manifestaes. (L.M, questo 159)

    Paulo de Tarso traz ensinamentos de imenso valor doutrinrio, quando nos diz: Os dons so diversos, mas oEsprito o mesmo. E h diversidade nas realizaes, mas o mesmo Deus quem opera tudo em todos. (ICorntios, 12:4-5)

    Todas as formas de mediunidade so necessrias; nenhuma faculdade superior a outra e so todasindispensveis para um bom andamento dos trabalhos, at a mais humilde das tarefas. No h ningum maisimportante, porque todos so importantes, cada um na sua tarefa.

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    O Espiritismo, retomando as origens do Cristianismo, refora a importncia do Orai e vigiai que Jesus nos trouxe.Cada um de nos o nico responsvel pela valorizao das oportunidades ofertadas por Deus e a mediunidade uma das maiores que podemos ter.

    Os Espritos esclarecem a Kardec que se h criaturas indignas que possuem mediunidade, porque delanecessitam para se melhorarem. Pensas que Deus recusa os meios de salvao aos culpados? Ele os multiplicanos seus passos, colocando-os nas suas prprias mos. Cabe a eles aproveit-los.(L.M, questo 226, item 2)

    O exerccio da mediunidade sem o amor frio e incuo.O Esprito Emmanuel, complementando a importncia da moral do mdium, afirma: (...) A maior necessidadedo mdium evangelizar-se a si mesmo, antes de se entregar as grandes tarefas doutrinrias, pois, de outromodo, poder esbarrar sempre com o fantasma do personalismo, em detrimento de sua misso.1

    Diz ainda: O primeiro inimigo do mdium reside dentro dele mesmo. Freqentemente o personalismo, aambio, a ignorncia ou a rebeldia no voluntrio desconhecimento dos seus deveres a luz do Evangelho, fatoresde inferioridade moral que, no raro, o conduzem invigilncia, a leviandade e a confuso dos camposimprodutivos.Contra esse inimigo preciso movimentar as energias ntimas pelo estudo, pelo cultivo da humildade, pela boavontade, com o melhor esforo de auto-educao claridade do Evangelho.2

    FIXAO Do APRENDIZADO:1) O que caracteriza a mediunidade?2) Como o mdium deve proceder para ser assistido pelos bons Espritos?3) Por que a mediunidade deve ser exercida para o bem.

    Parte B - DAI DE GRAA O QUE DE GRAA RECEBESTES

    Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, sarai os leprosos, expeli os demnios; dai de graa o que de graarecebestes. (Mateus, 10:8)Ai de vs, escribas e fariseus hipcritas; porque devorais as casas das vivas, com pretextos de longas oraes;por isso sofrereis um juzo mais rigoroso. (Mateus, 23:14)

    Dai de graa o que de graa recebestes, disse Jesus aos discpulos, recomendando-lhes, dessa forma, que noaceitassem pagamentos pela dispensa dos bens, cuja obteno nada lhes houvesse custado, ou seja, que nadacobrassem dos outros por aquilo que no pagaram. O que eles receberam, gratuitamente, foi faculdade decurar doentes e expulsar os demnios, ou seja, os maus Espritos. Essa capacidade lhes fora dada de graa,para que aliviassem os que sofriam e ajudassem a propagao da f e, por isso, lhes prescrevera o Mestre queno a transformassem em artigo de comrcio, ou de especulao e muito menos em meio de vida.

    Tambm disse Jesus: No faais pagar as vossas preces; no faais como os escribas que, a pretexto de longasoraes, devoram as casas das vivas.A prece um ato de caridade, um impulso do corao. Quando fazemosalgum pagar por esse ato de intercesso junto a Deus, transformamo-nos em intermedirios assalariados,tomando, assim, a prece uma simples frmula.

    Deus no vende os benefcios que concede. Seria um absurdo pensar que podemos subordinar um ato declemncia, de bondade e de justia, solicitado a sua misericrdia, a uma quantia em dinheiro.

    A razo, o bom censo e a lgica dizem que Deus, a Perfeio Absoluta, no pode delegar a criatura imperfeita odireito de fixar um preo para a sua justia. A justia de Deus como o Sol: nasce para todos, tanto para ospobres como para os ricos.

    Os mdiuns, intermedirios entre a espiritualidade e o mundo material, verdadeiras pontes de ligao entre osdois planos da vida, so os intrpretes dos Espritos para a instruo dos homens, mostrando-lhes o caminho dobem e para traz-los a f. No devem nunca vender palavras que no lhes pertencem, de vez que no soproduto de sua concepo, nem de suas pesquisas, nem de seu trabalho pessoal.

    1XAVIER, F.C. O Consolador 15,Ed., Braslia:FEB, 1991; Questo 387, p.215.2XAVIER, F.C. O Consolador 15,Ed., Braslia:FEB, 1991; Questo 387, p.215

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    FEESPCURSO: O QUE O ESPIRITISMO

    A mediunidade sria no pode ser, nem ser jamais, uma profisso. No seu aspecto de concesso como prova, uma faculdade essencialmente mutvel e varivel - no funciona como uma capacidade adquirida pelo estudo epelo trabalho, da qual se tem o direito de dispor como se queira.

    Que aquele, pois, que no tem do que viver procure outros recursos que no os da mediunidade; e que no lheconsagre, se necessrio, seno o tempo de que materialmente possa dispor. Os Espritos levaro em conta o seu

    devotamento e os seus sacrifcios, enquanto se afastaro dos que pretendem fazer do mediunidade um meio desubir na vida", orienta-nos Kardec. (E.S.E, Cap.XXVI, Item 10)

    FIXAO DO APRENDIZADO:1)Explique a frase de Jesus: Dai de graa o que de graa recebeste.2) Por que no devemos comercializar a mediunidade?3) Na sua opinio, o que um bom mdium?

    BIBLIOGRAFIA- Kardec, Allan - O Livro dos Mdiuns - Ed. FEESP- Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP

    9 Aula

    Parte A - A CARIDADE SEGUNDO PAULO

    Se eu falar as lnguas dos homens e dos anjos, e no tiver caridade, sou como o metal que soa, ou como o sinoque fine. E se eu tiver o dom da profecia, e conhecer todos os mistrios, e quando se pode saber; e se tiver a f,at ao ponto de transportar montanhas, e no tiver caridade, no sou nada. E se eu distribuir todos os meus bensem o sustento dos pobres, e se entregar o meu corpo para ser queimado, se, todavia, no tiver caridade, nadadisto me aproveita. A caridade paciente, benigna. A caridade no invejosa, no obra temerria nem

    precipitadamente, no se ensoberbece, no ambiciosa, no busca os seus prprios interesses, no se irrita, nosuspeita mal no folga com a injustia, mas folga com a verdade. Tudo tolera, tudo cr, tudo espera, tudo sofre.

    A caridade nunca, jamais h de acabar; ou deixem de ter lugar as profecias, ou cessem as lnguas, ou so abolidaa cincia. Agora, pois, permanecem a f, a esperana e a caridade, estas trs virtudes: porm a maior delas acaridade.(Paulo, I Corntios, 13:1-8 e 13)

    Paulo compreendeu to profundamente essa verdade, que coloca a caridade acima da prpria f. Porque acaridade esta alcance de todos, do ignorante e do sbio, do rico e do pobre; e porque independe de toda acrena particular. Ele define a verdadeira caridade, mostrando a no somente na beneficncia, mas no conjuntode todas as qualidades do corao, na bondade e na benevolncia para com o prximo.

    De Paulo a mxima: Fora da caridade no h salvao. Retornou ao tema em 1860 em Paris, numacomunicao do E.S.E, dizendo: Pois nela esto contidos os destinos dos homens sobre a terra e no cu (...)

    porque aqueles que a tiveram praticado encontraro graa diante do Senhor.1

    Encerrando a sua mensagem, traz a exortao: Meus amigos, agradecei a Deus, que vos permite gozar a luz doEspiritismo. No porque somente os que a possuem possam salvar-se, mas porque, ajudando-vos a melhorcompreender os ensinamentos do Cristo ela vos torna melhores cristos. Fazei, pois que, aos vos vendo possadizer que o verdadeiro esprita e o verdadeiro cristo so a mesma coisa, porque todos os que praticam acaridade so discpulos de Jesus, qualquer que seja o culto a que pertenam. 2

    FIXAO DO APRENDIZADO1) Segundo Paulo, quais as caractersticas da caridade?2)Analise a frase: Fora da caridade dah salvao.3) Na sua opinio, o que caridade?

    Parte B - A PARBOLA DO BOM SAMARITANO

    1KARDEC, A. - O Evangelho Segundo o Espiritismo. 9.ed., 1993, So Paulo:FEESP, Cap.XV, Item 10, P.198.2KARDEC, A. - O Evangelho Segundo o Espiritismo. 9.ed., 1993, So Paulo:FEESP, Cap.XV, Item 10, P.198.

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    E eis que se levantou um certo doutor da lei, tentando-o, e dizendo: Mestre que farei para herdar a vida eterna?E ele lhe disse: Que est escrito na lei? Como ls? E respondendo ele, disse: Amars o Senhor teu Deus de todo oteu corao, e de todas as tuas foras, e de todo o teu entendimento, e ao teu prximo como a ti mesmo. E disse-lhe: Respondeste bem, faze isto e vivers. Ele, porm, querendo justificar-se a si mesmo, disse a Jesus: E quem omeu prximo? E, respondendo Jesus, disse: Descia um homem de Jerusalm para Jeric, e caiu nas mos dossalteadores, os quais o despojaram, e espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto. E ocasionalmente

    descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e vendo-o, passou ao largo. E de igual modo tambm um levita,chegando aquele lugar; e, vendo-o, passou de largo. Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao p de!e e,vendo-o, moveu-se de ntima compaixo. E aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite e vinho; e

    pondo sobre sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem e cuidou dele. Partindo no outro dia, tirou doisdinheiros, deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que demais gastares eu te pagarei quandovoltar.Qual, pois, destes trs te parece que foi o prximo daquele que caiu nas mos dos salteadores? E ele disse.' oque usou de misericrdia para com ele. Disse, pois, Jesus: Vai, e faze da mesma maneira.(Lucas, 10:25-37)

    Indaga-se pela ortodoxia a f? Faz-se alguma distino entre o que cr de uma maneira e o que cr de outra?No, pois Jesus coloca o samaritano (considerado hertico), que tem amor ao prximo, sobre o ortodoxo aquem falta caridade. Jesus no faz da caridade uma das condies da salvao, mas a nica. Se ele coloca a

    caridade na primeira linha entre as virtudes, porque ela encerra implicitamente todas as outras: a humildade,a mansido, a benevolncia, a justia, etc e porque ela a negao absoluta do orgulho e do egosmo.

    Amor e SabedoriaHoje, procuramos entender o que significam vrios daqueles personagens citados por Jesus na Parbola doBom SamaritanoCairbar Schutel diz que o viajante ferido a Humanidade saqueada de seus bens espirituais ede sua liberdade, pelos poderosos do mundo; o sacerdote e o levita, (...) em vez de tratarem dos interesses dacoletividade, tratam dos interesses dogmticos (...); o samaritano que se aproximou e atou as feridas, JesusCristo. O azeite, o smbolo da f, (...) o vinho, o esprito da sua Palavra, os dois denrios, (...) so a caridade ea sabedoria.1

    Amor e Sabedoria, as duas asas simblicas que o Esprito, meditando e agindo no bem, pouco a pouco vali

    tecendo, e com que, mais tarde, desferira venturosamente os vos sublimes e supremos, na direo daperfeio.

    Quase dois mil anos se passaram e aqui retornamos sucessivas vezes para este planeta, que uma escola, a fimde conquistarmos a sabedoria e o amor (as duas asas), com que nos alaremos ao Reino de Deus, que liberdade e felicidade.

    A simbologia dessas asas (do Amor e Saber) conseguimos aps buscarmos o esclarecimento, aprendendo,interpretando, ouvindo e aplicando; aps isso obtemos o Conhecimento verdadeiro, no o puramenteintelectual, mas o que, aplicado sob a forma de caridade, o amor em ao.

    Amor o que buscamos ter hoje, no somente pelos mais prximos, mas aplicando os ensinamentos de Jesus,com a viso de quem o encontra na sua Estrada de Damasco, e percebe a oportunidade de tirar dos olhos as

    traves do orgulho e das vaidades desmedidas do passado, apos sculos de obscurecimento do Esprito.

    Muitos cresceram ao praticar o bem, como o uso do livre-arbtrio; outros, ainda hoje, apenas lem as pginasbelssimas em que se afirma que Fora da Caridade no h Salvao; e h os que desejam ser os samaritanos dehoje e que sabem, tambm, que o verdadeiro esprita e o verdadeiro cristo, so uma s pessoa.

    FIXAO DO APRENDIZADO:1) Por que devemos cultivar o amor e o saber?2) Por que Jesus narrou a Parbola do Bom Samaritano?3) Qual a principal lio dessa parbola?

    BIBLIOGRAFIA- Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP.

    - Schutel, Cairbar - Parbolas e Ensinos de JesusEd. O Clarim.- Xavier, Francisco Cndido - RoteiroEd. FEB.

    1CAIRBAR, S. Parbolas e Ensinos de Jesus. 13.Ed., 1993, Mato: O Clarim, P. 77

  • 8/10/2019 Curso o Que o Espiritismo - 1 Edio (FEESP)

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    FEESPCURSO: O QUE O ESPIRITISMO

    10 Aula

    O LIVRO DOS MDIUNS

    Segundo livro da codificao, O Livro dos Mdiuns foi publicado em 15 de janeiro de 1861. Substitui o livroInstrues prticas sobre as manifestaes espritasque Allan Kardec lanou em 1858, como auxilio aos mdiunse doutrinadores, mas que tinha apenas 11 captulos. Numa abordagem mais ampla da conduo damediunidade, Kardec explica o porque da substituio por O Livro dos Mdiuns: Preferimos substituir por esta,em que reunimos todos os dados que uma longa experincia e de um estudo consciencioso. Esperamos que elacontribua para mostrar o carter srio do Espiritismo, que sua a essncia, e para afastar a idia de frivolidade edivertimento."1

    Composto por 4 captulos em sua 1 Parte e 32 na 2 Parte, incluindo um captulo sobre o Vocabulrio Esprita, oL.M baseia-se na 2 parte de O Livro dos Espritos. Seu objetivo, Segundo Kardec indicar os meios dedesenvolvimento da mediunidade em quem a possui, segundo as possibilidades de cada um, e sobretudo orientaro seu emprego de maneira proveitosa.2

    Se o L.E constitui a parte filosfica da doutrina dos Espritos, O Livro dos Mdiuns a sua parte prtica ouexperimental. Esclarece sobre a teoria dos gneros de manifestaes espirituais, os meios de comunicao comos Espritos, alm das dificuldades e tropeos que se podem encontrar na prtica do Espiritismo.

    Apesar de aclarar o caminho de todos aqueles que querem realmente instruir-se pelo bom exerccio damediunidade e de como constituir uma reunio sria, o prprio Kardec alerta que na obra no se encontra umafrmula universal e infalvel da formao dos mdiuns.Kardec nos apresenta uma srie de gneros de manifestaes e de mediunidades, porm, o bom proveito que sepode tirar da comunicao com os Espritos sempre dependera de como a conduzirmos.

    Divididas em duas categorias, as manifestaes espritas podem ser de efeitos fsicos e de efeitos intelectuais.Na parte dos efeitos fsicos, Kardec explica, entre outros, o fenmeno das mesas girantes e os locaisassombrados, acabando com as velhas concepes de magia e de fatos sobrenaturais, que nada tem a ver com arealidade.

    Quanto ao desenvolvimento da mediunidade, que nada mais do que educ-la para um bom aproveitamento,Kardec alerta sobre a influncia do meio, da moral do mdium e do papel que esse exerce sobre ascomunicaes. Sobre isso, os Espritos Erasto e Timteo dizem: (...) gostamos de achar mdiuns bemadestrados, bem aparelhados, munidos de materiais prontos a serem utilizados, numa palavra: bonsinstrumentos (...).(L.M, questo 225)

    Por ser uma faculdade orgnica, os Espritos esclarecem que a mediunidade indepe