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Tema II. Estimativa de custos de construção 1.0 Introdução A elaboração de uma estimativa de custos de uma obra de construção representa o sumário da recolha e análise de uma série de dados e factores inerentes ao projecto em consideração. A estimativa é sempre efectuada antes da materialização da construção e requer uma análise atenciosa das diferentes peças do projecto, com destaque para os desenhos e especificações técnicas. Com efeito, apenas a análise cuidada dos elementos do projecto pode permitir a determinação do custo mais provável de construção dentro dos constrangimentos de tempo e da quantidade e qualidade da informação disponível. Paralelamente à importância da análise dos dados e informação sobre o projecto objecto de estudo, a habilidade e conhecimento dos indivíduos responsáveis pela preparação das estimativas é um factor fundamental para a qualidade das estimativas de custos. Sendo uma grande parte dos contratos de construção obtida por via de competição, as empresas de construção necessitam de produzir estimativas de qualidade em grande número para aumentar a chance de conseguir trabalho. De alguma forma, o sucesso das empresas de construção também depende da qualidade das estimativas de custos que corporizam as propostas. As empresas precisam elaborar estimativas realistas e equilibradas, ou seja, baixas o razoável para serem competitivas e altas o suficiente para garantir a obtenção das margens de lucros necessárias para sustentabilidade do negócio. Este duplo objectivo é aparentemente uma contradição, mas representa uma realidade em torno do processo de preparação de estimativas num ambiente competitivo. As empresas com capacidade de encontrar e manter este equilibrio têm uma grande probabilidade de ter êxito do que aquelas que não o conseguem. Importa referir que independemente da necessidade de competir no mercado, as empresas precisam de estimar com uma boa precisão os custos inerentes às suas operações para assegurar uma gestão correcta e racional. 1.1 Estimativa como processo A elaboração da estimativa de custo é um processo constituído por diversos elementos uns mais evidentes e outros subtis em termos de predominância, dentre os quais se destacam a medição e a estimativa de custo, preparação de proposta, e o controle de custos. A medição envolve aspectos como (1) a descrição dos trabalhos, (2) o estabelecimento das dimensões e (2) o cálculo da quantidade de trabalhos. A estimativa de custos abarca: (1) a compilação de dados relativos aos rendimentos e custos, (2) cálculo de custos com base nos dados e (3) aplicação dos custos às quantidades determinadas. 1.2 Mapas de quantidades Tradicionalmente, as estimativas de custo e propostas de preço são preparadas com base em quantidades de trabalho fornecidas pelo cliente ou dono de obra. Portanto, as quantidades 1

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Tema II. Estimativa de custos de construção

1.0 Introdução

A elaboração de uma estimativa de custos de uma obra de construção representa o sumário da recolha e análise de uma série de dados e factores inerentes ao projecto em consideração. A estimativa é sempre efectuada antes da materialização da construção e requer uma análise atenciosa das diferentes peças do projecto, com destaque para os desenhos e especificações técnicas. Com efeito, apenas a análise cuidada dos elementos do projecto pode permitir a determinação do custo mais provável de construção dentro dos constrangimentos de tempo e da quantidade e qualidade da informação disponível.

Paralelamente à importância da análise dos dados e informação sobre o projecto objecto de estudo, a habilidade e conhecimento dos indivíduos responsáveis pela preparação das estimativas é um factor fundamental para a qualidade das estimativas de custos. Sendo uma grande parte dos contratos de construção obtida por via de competição, as empresas de construção necessitam de produzir estimativas de qualidade em grande número para aumentar a chance de conseguir trabalho. De alguma forma, o sucesso das empresas de construção também depende da qualidade das estimativas de custos que corporizam as propostas.

As empresas precisam elaborar estimativas realistas e equilibradas, ou seja, baixas o razoável para serem competitivas e altas o suficiente para garantir a obtenção das margens de lucros necessárias para sustentabilidade do negócio. Este duplo objectivo é aparentemente uma contradição, mas representa uma realidade em torno do processo de preparação de estimativas num ambiente competitivo. As empresas com capacidade de encontrar e manter este equilibrio têm uma grande probabilidade de ter êxito do que aquelas que não o conseguem.

Importa referir que independemente da necessidade de competir no mercado, as empresas precisam de estimar com uma boa precisão os custos inerentes às suas operações para assegurar uma gestão correcta e racional.

1.1 Estimativa como processo

A elaboração da estimativa de custo é um processo constituído por diversos elementos uns mais evidentes e outros subtis em termos de predominância, dentre os quais se destacam a medição e a estimativa de custo, preparação de proposta, e o controle de custos. A medição envolve aspectos como (1) a descrição dos trabalhos, (2) o estabelecimento das dimensões e (2) o cálculo da quantidade de trabalhos. A estimativa de custos abarca:

(1) a compilação de dados relativos aos rendimentos e custos, (2) cálculo de custos com base nos dados e (3) aplicação dos custos às quantidades determinadas.

1.2 Mapas de quantidades

Tradicionalmente, as estimativas de custo e propostas de preço são preparadas com base em quantidades de trabalho fornecidas pelo cliente ou dono de obra. Portanto, as quantidades de trabalho providenciadas constituem a plataforma comum sobre a qual todos os concorrentes preparam as suas propostas.O documento que contém as quantidades de trabalho, medições, a executar designa-se mapa de quantidades. O mapa de quantidades é normalmente preparado por profissionais especializados na matéria designados medidores orçamentistas ou pelos engenheiros de custos – “cost engineers” onde tal for a prática comum. Os engenheiros de custos possuem uma formação muito mais abrangente e podem realizar o seu trabalho em grande parte dos ramos de engenharia (civil, química, mecânica, electrotécnica.).O mapa de quantidades contém os seguintes elementos:

código de identificação da actividade breve descrição da actividade unidade de medição quantidade de trabalho a executar

O código de identificação serve o propósito de distinguir as diferentes actividades existentes no mapa e pode ser constituído por números ou uma combinação de números e letras. A descrição indica de forma sumária o trabalho a realizar, incluindo o tipo de

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material a aplicar. A informação detalhada sobre o trabalho é fornecida pela especificação técnica e pelos desenhos, de modo que esta tem de ser consultada para melhor compreensão. A unidade de medição explícita a grandeza utilizada para mensurar o trabalho. As unidades mais comuns são o metro linear, o metro quadrado, o metro cúbico e a unidade.

A determinação das quantidades da maior parte dos trabalhos resume-se ao cálculo de comprimentos, áreas, volumes, número de unidades com recurso às peças desenhadas. Por exemplo, o volume do betão é calculado com base nos volumes dos sólidos que são as vigas, os pilares, as sapatas e as lajes; as quantidades dos rebocos e das pinturas correspondem às áreas de figuras como as paredes, os tectos, as portas e janelas; a quantidade das portas, janelas, fechaduras, sanitas, candeeiros, lâmpadas, corresponde ao número de unidades a colocar; as quantidades de condutores, tubos VD, tubagem de água corrente, tubagem de esgotos correspondem aos comprimentos requeridos para a execução dos respectivos trabalhos.

Tabela 1: Exemplo ilustrativo de um mapa de quantidades

Item Designação Unidade Quantidade Punitário PTotal1.0 Preliminares vg 12.0 Escavação de caboucos de

fundação em solo arenosom3 35

3.0 Aterro com solos locais em caboucos de fundação

m3 25

4.0 Betão B180 em sapatas e pavimento

m3 12

5.0 Alvenaria de bloco de 15 de cimento de areia em paredes

m2 150

6.0 Reboco em paredes com argamassa de cimento e areia de 1:5

m2 320

7.0 Cobertura com chapa IBR 0.06mm

m2 250

8.0 Barrotes de 15x5 cm em cobertura

ml 85

Existem normas estabelecidas por diferentes entidades que regem a forma de medir os diferentes tipos de trabalho a fim de criar um entendimento comum na área. Por exemplo, as normas definem como se deve medir os trabalhos de escavação de solos, a pintura dos aros de janelas, a canalização de água, etc. Adicionalmente, as normas definem como as espécies ou categorias de trabalho devem ser agrupadas.

Os mapas de quantidades servem, entre outros, os seguintes objectivos principais:

o fornecimento da lista de preços dos trabalhos para efeitos de avaliação das propostas e avaliação das alterações a estimativa da quantidade de trabalho a executar pelo preço fornecido a avaliação da quantidade e preço dos trabalhos executados para efeitos de pagamento base para o controle de custos e gestão financeira dos projectos servir de base para a avaliação das variações ao contrato

Em alternativa ao mapa de quantidades existe uma outra base para estimar os custos de construção, o método “lump sum” que se emprega para contratos com a mesma designação. O “lump sum”, montante global, é geralmente empregue para trabalhos de pequena dimensão onde é possível fazer uma previsão do escopo do projecto com pequeníssima margem de desvios. O empreiteiro é então chamado a determinar as quantidades de trabalho e o preço correspondente, montante global, com base nos desenhos e especificações técnicas fornecidos pelo dono de obra ou seu consultor. Parte-se do princípio de que a variabilidade do escopo é praticamente nula pois a informação sobre o projecto é profunda e detalhada. Nesta base, o empreiteiro propõe-se a executar os trabalhos por uma soma única ou, por vezes, pode discriminar as principais categorias de trabalho a executar. Os pagamentos são efectuados mensalmente contra alguns marcos estabelecidos para medir o progresso.

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2.0 Estimativa de custo

A estimativa de custo pode ser definida como um julgamento aproximado ou opinião sobre o valor, uma quantidade, ou um montante de alguma grandeza. Em projectos de construção uma estimativa é a expressão de opinião ou a previsão de custos futuros prováveis de um conjunto de actividades de construção preparada com base em determinados pressupostos. Por constituir uma previsão, a estimativa de custo representa o custo mais provável e não o custo efectivo, pois este apenas pode ser determinado no fim da execução dos trabalhos e respectivo acerto das contas.

2.1 Tipos de Estimativas.

Existem vários tipos de estimativas de custo as quais dependem do propósito para que se destinam e do nível de informação existente na altura en que são preparadas. Por exemplo, os diferentes estágios do desenvolvimento do projecto de construção designadamente o estudo prévio, o ante-projecto e o projecto executivo permitem estimar os custos até um certo nível de acurácia da quantidade e qualidade de dados a si inerentes. Dentre as várias formas de estimativas existentes destacam-se as seguintes:

custo por-unidade custo por m3

custo por m2 da área bruta quantidades globais de trabalho custo detalhados.

2.1.1 Método do custo por unidade de utilização

Neste método é possível utilizar diferentes tipos de unidades consoante o propósito da edificação. São exemplos de unidades os lugares sentados no cinema, camas em hospitais, carteiras em escolas, lugar de estacionamento em parque de estacionamento, etc. Assim, o custo global é dado em função da estimativa de custo por unidade de utilização.Este método não fornece dados específicos sobre o custo e a sua fiabilidade depende dos dados relativos a um número significativo de expressões do mesmo tipo e requer a introdução de factores de correcção diversos como a época de construção, qualidade de construção, métodos de construção, entre outros.

O custo total é dado pela expressão: Custo total = custo da unidade x nº das unidades

2.1.2 Método de custo por m3

O custo total é obtido a partir da multiplicação do custo do m3 pelo volume total.A aplicação deste método requer o conhecimento dos custos por m3, o que não é fácil devido fundamentalmente à falta de uma base de dados fiável, sobretudo em zonas onde o método é pouco aplicado.

Em alguns países onde existem regras de medição estabelecidas para o cálculo dos volumes o método pode ser empregue com relativa facilidade. Estas regras de medição definem com clareza e promenor o modo da determinação dos volumes.

2.1.3 Método de custo por m2 de área bruta

O custo total seria dado como o produto do custo por m 2 pela área total. A área total é dada pela soma das áreas de todos os pavimentos dos edifícios medidas entre as faces externas e interiores das paredes sem qualquer dedução das áreas das paredes, caixas de elevadores, caixa de escadas etc.

É o método mais empregue na maior parte das situações onde se revela importante realizar estimativas de custo na fase preliminar dos projectos. Este método beneficia do facto de existir uma grande quantidade de informação disponível sob a forma de custo por m2. Permite um cálculo rápido e fácil a partir da determinação da área do pavimento.

Como desvantagem coloca-se o problema do método não atender às variações da forma e do pé direito. Por isso, muitas vezes é importante associar os custos providenciados ao pé direito inerente, sem o que se pode cometer erros significativos.

2.1.4 Método das quantidades globais

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Em determinadas fases da elaboração de um projecto é possível determinar as quantidades globais dos trabalhos. A descrição das quantidades globais de trabalhos parte da consideração dos sistemas e métodos de construção a adoptar. Frequentemente os trabalhos são agrupados em espécies em função da sua similaridade. Este método representa uma aproximação mais ou menos apurada em função da qualidade e quantidade da informação disponível do projecto. O método pode ser apresentado da seguinte forma.

fundações – 5% superstrutura – 40% acabamentos – 30% equipamentos e instalações – 25%

2.1.5 Método de custos por estimativa detalhada

A estimativa detalhada de custo de um projecto é preparada através do cálculo dos custos dos materiais, da mão de obra, do equipamento, das subempreitadas (se for o caso) e de outros factores intervenientes. A combinação dos factores de custos mencionados permitem determinar os custos unitários das espécies de trabalho com base nas quais se calculam os custos totais.

As estimativas deste tipo são geralmente preparadas pelos empreiteiros com base nos documentos de concurso e são parte integrante da proposta financeira a submeter a concurso. A preparação da estimativa detalhada segue determinados procedimentos, uma metodologia e faz uso de técnicas específicas.

3. Enquadramento da preparação das estimativas de custo

Existem três modos de obtenção do trabalho de construção, designadamente (1) a negociação directa, (2) concurso restrito e (3) concurso aberto. A forma mais comum é o concurso aberto que envolve a preparação de propostas e submissão ao potencial cliente ou entidade promotora que procede à respectiva avaliação em função de critérios específicos. Apenas em casos específicos e muito bem justificados trabalhos de construção no sector público podem ser obtidos com recurso aos outros dois modos (negociação directa e concurso restrito). No sector privado, todavia, a maior parte dos contratos são obtidos por estes dois modos.

A preparação da estimativa de custo do ponto de vista do empreiteiro é normalmente uma das etapas da elaboração da proposta para apresentação a concurso. Por isso, frequentemente, estabelece-se uma relação estreita entre a preparação da estimativa e o processo geral da elaboração da proposta de construção. Este processo inicia com a decisão de participar no concurso e culmina com a submissão da proposta. As interacções entre as várias etapas do processo variam de projecto para projecto e de empresa para empresa.Todo o processo desde a estimativa até a submissão da proposta pode ser dividido em três partes principais:

1. a decisão de concorrer2. o processo de preparação da estimativa3. o processo de preparação da proposta.

3.1 Decisão de concorrer ou submeter a proposta

Esta decisão constitui o ponto de partida de todo o processo. As empresas de construção têm a maior parte das oportunidades de conseguir contratos através de anúncios públicos de concursos, como referido anteriormente.Normalmente as empresas utilizam o seguinte conjunto de informações para uma pré-avaliação e posterior decisão sobre a atractividade de projectos:

1. o nome do promotor e dos respectivos consultores.2. a localização da obra3. a descrição geral dos trabalhos envolvidos4. as condições de contrato a utilizar5. a provável data de início dos trabalhos6. os prováveis prazos7. o período de validade da proposta8. informação sobre as garantias e outros elementos relevantes.

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Em função deste conjunto de informações a empresa decide requisitar ou não os documentos do concurso e, por conseguinte, se apresenta ou não proposta. Os seguintes dados ajudam nesta direcção:

1. volume de obras em carteira2. a carteira de obras da empresa no momento do anúncio3. o potencial retorno do projecto4. a posição financeira da empresa5. a disponibilidade de recursos para realizar a obra6. a natureza do trabalho7. a localização da obra, entre outros.

Frequentemente, a decisão sobre a submissão ou não da proposta basea-se na política comercial da empresa, particularmente os aspectos seguintes:

1. facturação global estabelecida pela empresa2. orçamento de despesas gerais3. lucros bruto e líquido4. volume estimado de propostas para alcançar a facturação fixada

3.2 Processo da estimativa de custo

O processo de preparação da estimativa de custos sobre os quais a proposta será baseada respeita normalmente as seguintes etapas:

1. programação da estimativa2. estudo preliminar do projecto3. obtenção de informação sobre os materiais e outros elementos de construção4. análise dos métodos de construção e planeamento.5. cálculo dos custos da mão-de-obra e dos equipamentos6. cálculo dos custos directos.7. cálculo dos custos indirectos8. preparação dos relatórios da estimativa

3.3 Processo de preparação da proposta

Após a preparação da estimativa de custo pelo pessoal responsável esta é normalmente submetida aos decisores séniores da empresa a fim de analisa-la e proceder ao acréscimo de elementos fundamentais para a produção da proposta ou oferta financeira. O trabalho dos decisores séniores pode ser resumido no seguinte:

1. avaliação da estimativa e respectivo ajuste ajuste, se necessário2. avaliação das despesas gerais (overheads)3. avaliação do risco e determinação da margem de lucro4. finalização da proposta

4. Determinação da estimativa de custos

Para o efeito da preparação das estimativas a compreensão dos documentos de concurso com destaque para as especificações técnicas, desenhos e memórias descritivas é de capital importância. Estas peças contêm a grande parte da informação e dados relevantes para a estimativa de custo. As especificações técnicas são descrições das características dos materiais e elementos de construção, bem como a maneira e métodos da sua aplicação durante a construção. As especificações técnicas dos diferentes materiais e elementos de construção são normalmente apresentadas em grupo de acordo a natureza do trabalho. Por exemplo, existem especificações para os trabalhos de fundação, betão, canalização, pintura, alvenarias e argamassas.

Os custos de construção representam a agregação dos custos parciais dos diferentes recursos e processos intervenientes. De uma forma geral, os custos de construção subdividem-se nos seguintes componentes:

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custos directos custos indirectos

Figura 1: Custos de construçãoAos custos directos e indirectos calculados adiciona-se uma margem cuja magnitude depende de vários factores para se obter a proposta financeira. Assim, a proposta financeira ou oferta é constituída por:

custos directos custos indirectos margem

Figura 2: Elementos da proposta4.1 Custos directos

São predominatemente os custos associados à mão de obra, equipamento, materiais e subempreitadas que se utilizam para a realização dos trabalhos.

Figura 3: Elementos de custos directos4.2 Custos indirectos

São todos os custos relativos a itens não classificados como materiais, equipamentos, mão-de-obra ou subempreitadas. Estes custos são normalmente subdivididos em

custos gerais custos de estaleiro

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Custos de Construção

Custos Directos

Custos Indirectos

Proposta

Custos Directos

Custos Indirectos

Margem

Custos Directos

Mão de Obra

Materiais

Equipamento

Subempreiteiros

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Figura 4: Elementos dos custos indirectos

Os custos gerais são aqueles que incluem as despesas da empresa ao nível da sede ou outras instalações que normalmente são cobertos pelas diferentes obras que a empresa realiza. Estes custos englobam salários, rendas, telefones, seguros, taxas e outras despesas não imputáveis a um projecto em particular.

Os custos de estaleiro são aqueles que podem ser atribuídos ao local de uma obra em particular. Estes custos incluem pessoal de supervisão, testes, desenhos, rendas, licenças, seguro, entre outros, e excluem os custos gerais ligados à sede e outras instalações.

O estaleiro é o espaço físico onde são implementadas as instalações fixas de apoio à execução de obras, implantados os equipamentos auxiliares de apoio e instaladas as infra-estruturas provisórias: água, esgotos, electricidade. O estaleiro tem a finalidade de tornar possível a execução de uma obra no prazo previsto e nas melhores condições técnicas e económicas, assegurando um determinado nível de qualidade e de segurança e minimizando o custo.

Na construção distinguem-se dois tipos de estaleiro: central e local

O estaleiro central é implementando normalmente num terreno que é propriedade da empresa de construção. Nele se localizam as instalações e equipamentos de utilização geral, como sejam as oficinas especializadas (carpintaria, serralharia), podendo também ai instalar-se centrais de fabrico de betão, de corte e dobragem de armaduras entre outras;

O estaleiro local, ou estaleiro de obra, é aquele que serve de apoio à execução de uma determinada obra. Nele se instalam todos os elementos que as características da obra a executar exigem. É um estaleiro que ocupa, em regra, terrenos pertencentes ao Dono-da-obra ou outros nas proximidades, sejam privados ou públicos (como por exemplo a ocupação da via pública).

4.3 Custos directos

4.3.1 Cálculos dos custos da mão-de-Obra

A mão-de-obra é dos recursos mais importantes num projecto de construção. Com efeito, o assentamento dos materiais e elementos, a operação dos diversos equipamentos, a componente administrativa dependem do factor humano.

Os custos da mão-de-obra representam os encargos com a mão-de-obra directamente afecta à execução de cada espécie de trabalho, assim como às numerosas despesas resultantes do emprego dessa mão-de-obra. Estas despesas englobam encargos sociais, treinamento, férias, ferramentas e outros benefícios como assistência médica, fundo de desemprego, transporte, segurança social, pré-aviso, entre outros. Normalmente na mão-de-obra distinguem-se três grupos, nomeadamente os (1) oficiais das distintas especialidades, (2) os operadores de equipamentos e (3) a serventia.

O cálculo do custo total da mão-de-obra é normalmente feito numa base horária, por exemplo, custo horário de encarregado geral, pedreiro, custo horário de pintor, custo horário de servente. É recomendável que os custos da mão-de-obra sejam determinados para cada projecto específico, pois as circunstâncias podem variar de uma situação para outra. Normalmente, os custos da mão de obra variam de empresa para empresa e, dentro da mesma empresa, variam de projecto para projecto, reflectindo a alteração dos inúmeros factores intervenientes.

Os principais elementos a considerar no custo da mão-de-obra em projectos de construção incluem:

(1) salários – salário mensal, pagamento por rendimento, por tempo, por acordo(2) encargos fixos - seguros, férias, segurança social, IRPS

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Custos Indirectos

Custos Gerais

Custos de Estaleiro

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(3) encargos sociais – assistência médica, previdência, fundo de desemprego(4) encargos variáveis – tempos improdutivos, transporte, ferramentas, pré-aviso, treinamento, horas extraordinárias, bónus

Para cada situação concreta é fundamental a análise da situação e obtenção dos dados relevantes para o cálculo. Por exemplo, algumas variáveis aplicam-se a determinadas regiões ou países. Por outro lado, as percentagens dos diversos encargos têm em conta as normas prevalecentes bem como a situação sócio-económica.Como foi referido anteriormente, a base para o cálculo do custo da mão-de-obra é normalmente a hora de trabalho, pese embora possam ser usadas a semana ou o mês. Para este exercício importa conhecer o número total das horas de trabalho por ano e o correspondente custo total anual para desta forma se determinar o custo horário de trabalho.Neste cálculo podem surgir algumas dificuldades na medida em que as horas pagas superam as horas de trabalho efectivo devido fundamentalmente a elementos como perda de produtividade, feriados, folgas, etc. Apesar das dificuldades mencionadas o cálculo é hoje em dia feito com uma significativa precisão.Assim, importa primeiro determinar o número total de horas de trabalho por ano.

Horas efectivas de trabalhonº de semanas por ano – 52 semanashoras de trabalho por dia (legislação) – 8 horasdias de trabalho por semana – 5 diastotal de horas de trabalho - 52 x 5 x 8 = 2080 horas

Deduzindo horas em que não se trabalhaferiados nacionais e locais - 15 diasdatas festivas – 10 diasnº de horas – 200 horas

Total de horas de trabalho por ano: 2080 – 200 = 1880 horas

Conhecido o número total de horas de trabalho por ano e o salário base é possível considerar os outros factores intervenientes, factores anteriomente mencionados, nos custos da mão-de-obra para determinar o custo horário do trabalhador.

Exemplo 1:Calcular o custo horário de um 3º oficial de carpinteiro cujo salário base é de 20,00 por hora. Número de horas de trabalho por ano : 1.880 horas

Dados:

Salário base – 20,00 mt/hSalário anual – 20,00 x 1.880 = 37.600,00 mt/anoBónus de 1,50 mt/h – 1,50 x 1.880 = 2.820,00Doença – 2% do valor base anual = 2% x 37.600,00 = 752,00 mt/ano

Total T1 = 41.172,000 mt/ano

Seguros – 5% de T1 = 2.058,60 mt/anoProvisão p/treinamento – 2% de T1 = 823,44 mt/anoSubsídio p/ferramentas – 1% de T1 = 411,72 mt/anoSubsídio de transporte – 50,00/semana = 47 x 50,00 = 2.350,00 mt/anoSubsídio de risco – 3% de T1 = 1.235,16 Mt/anoOutros benefícios – 10% de T1 = 4.117,20 mt/ano

Total T2 = 10.996,12 mt/ano

Total Global T1 + T2 = 52.168,12 mt/ano

Custo horário do carpinteiro por hora = Total Global /Nº total de horasCusto horário do carpinteiro por hora = 52.168,12/1880 = 27,749 mt

Portanto, o custo do 3º oficial de carpinteiro é de MZM 27,75 e resulta da combinação dos custos com o salário base e de uma série de outros factores como os subsídios, os seguros, entre outros.

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Para além do método anteriormente mostrado, existem outras formas de considerar os encargos pelo emprego da mão-de-obra.

Um dos métodos é o da utilização de coeficientes da força de trabalho Kft com recurso a percentagens médias para cada um dos factores intervenientes de custos.

Deste modo obtém-se o Kft (coeficiente da força de trabalho), o qual é multiplicado pelo salário base para se obter o custo da mão-de-obra.

Exemplo 2:

Calcular o custo horário de um primeiro-oficial de pedreiro cujo salário base mensal é de 4.500,00 mt, tendo em conta as percentagens médias de cada um dos factores de custos.

providencia = 15%ferramenta = 2,5%fundo de desemprego = 2%seguros = 8%sobrevivência = 2%subsídio de férias, feriados = 6,5%tempos improdutivos = 2,5%

Resolução:Com base nos dados fornecidos é preciso determinar o coeficiente da mão-de-obra e multiplicar o resultado pelo salário base.

Custo mensual = Kft x Salario Base = 1,445 x 4500 = 6 502,5 mt

Assim, o custo mensal do operário é de 6.502,50 mt.Considerando o mês com 4 semanas, 5 dias úteis cada, e 8 horas de trabalho por dia ter-se-á o custo horário do operário.

Custo horário do operário = 6 502,50/ (4x5x8) = 40,64 mt

4.3.1.1 Aspectos salientes dos custos da mão-de-obra

Nas circunstâncias em que os sindicatos têm um poder muito forte é comum negociarem com as empresas de construção determinados níveis de salários-base para os seus associados. Assim sendo, os trabalhadores membros destes sindicatos têm um salário-base já definido, devendo as empresas calcular os outros encargos tomando em conta este factor. As empresas nestes casos pagam uma contribuição ao sindicato.

Importa referir o facto da legislação em muitos países, estipular o salário mínimo sectorial. Nestes casos o cálculo dos custos de mão-de-obra tem de ter em conta os valores estipulados não podendo, o salário-base estar abaixo do fixado.Assumindo que os trabalhadores não estão associados a nenhum sindicato e não são pagos salários mínimos o estabelecimento do salário efectivo é feito com base na negociação entre a empresa e o trabalhador.

4.3.2 Cálculo de custo dos Materiais

Para o cálculo das estimativas de custo dos materiais toma-se como base os preços propostos pelos fornecedores ou fabricantes. Solicitam-se cotações aos fornecedores ou fabricantes com indicação clara das quantidades requeridas, especificações, entre outros elementos relevantes. Outros dados importantes na solicitação de cotações incluem os termos de transporte, seguro, taxas, prazo de entrega, as modalidades de pagamento, entre outros. Os fornecedores devem indicar nas suas propostas todas as condições de fornecimento.

As especificações técnicas das materiais incluídas nos documentos de concurso são um elemento fundamental a considerar na preparação do pedido de cotações junto dos fornecedores. As cotações ou propostas dos fornecedores devem ser bem examinadas

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Kft = 1,15 x 1,025 x 1,02 x 1,08 x 1,02 x 1,065 x 1,025 = 1,445

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para verificar se cumprem as condições de fornecimento estabelecidas nos pedidos de cotação. Pode eventualmente ocorrer uma discrepância entre o solicitado e o proposto.Adicionalmente, é crucial que se verifique a capacidade do fornecedor abastecer em tempo útil e nas quantidades requeridas a fim de evitar constrangimentos no decurso dos trabalhos. As condições do local da obra devem ser analisadas para se apurar a viabilidade da entrega nesse lugar ou da necessidade de transbordos quando os acessos foram difíceis.

O custo dos materiais inclui para além de custos de aquisição, os custos inerentes ao carregamento, descarregamento, transporte, armazenamento, seguro e encargos administrativos. Devem também ser considerados factores como as quebras, desperdícios e roubos.

As percentagens para atender a estes factores são variáveis em função das condições específicas como indicação podem-se considerar os seguintes valores:

quebras 1- 5% roubos 1 – 3% armazenagem 1 – 3% administração 5 – 7% carrega/descarregamento: 3 – 5% transporte 2 – 3% seguro 1 - 5%

O custo dos materiais é determinado multiplicando o preço obtido dos fornecedores ou fabricantes pelo coeficiente do material Km.

Km = %queb x %roub x %armaz x %adm x %carr/descarr x %transp x %seg

Problema 1:Determinar o custo unitário da tinta plástica da marca Dulux se 5 litros tiverem sido obtidos a 1.000,00 meticais.

Resolução:

Determinação de Km

quebras e roubos (5%) - 1,05administração (7%) - 1,05 x 1,07 = 1,124carga e descarga (5%) - 1,124 x 1,05 = 1,179transporte (3%) - 1,179 x 1,03 = 1,214seguro (3%) – 1,214 x 1,03 = 1,250

O coeficiente de materiais é de 1,25 km = 1,25O custo de1 litro de tinta é: 1 000/5lt= 200,00 mt

O custo unitário da tinta, portanto, é 200,00 x 1,25 = 250,00 mt.

Problema 2:Determinar o custo unitário da tinta de esmalte da marca Pintex se 15 litros tiverem sido obtidos a 2.800,00 meticais.

Problema 3:Calcular o custo unitário de uma chapa IBR tipo Cromadek com 0.8 mm de espessura se 1m2 é adquirido a 380,00 meticais.quebras e roubos (3%) administração (5%)carga e descarga (6%) transporte (4%) seguro (2%)

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4.3.3 Cálculo dos custos de equipamento

Na realização de uma obra são numerosos os equipamentos que poderão ser utilizados na execução dos trabalhos, sendo necessário escolher o equipamento mais apropriado para a realização de determinada tarefa. É, aliás, a capacidade de recursos à utilização de equipamentos que determina o grau de mecanização da obra, factor que hoje em dia é determinante para a execução de uma obra nas melhores condições de prazo e custo.

Os equipamentos de obra são de vários tipos, sendo seleccionados de acordo com os trabalhos a realizar, compreendendo:

Equipamentos de movimento de terras Equipamentos de elevação e manuseamento de materiais; Equipamentos de fabrico e colocação de betões e argamassas; Equipamentos de corte e dobragem de aço em varão; Equipamentos de preparação de cofragens; Equipamentos de ar comprimido.

Há dois grupos de equipamentos para as actividades de construção, (1) os equipamentos e ferramentas manuais e (2) os equipamentos mecânicos. Estes últimos são os que merecem maior atenção quando se trata de considerar os equipamentos. A empresa precisa de determinar os custos do equipamento utilizado na realização das obras ao fim de preparar as propostas de preços. Este cálculo é normalmente feito numa base horária ou semanal.

A estimativa de custos depende largamente do modo como o equipamento para as distintas operações é obtido. O equipamento pode ser alugado ou adquirido pela empresa, sendo o aluguer a opção mais comum nas empresas de construção, particularmente no referente ao equipamento de médio e grande porte. A decisão de aquisição ou aluguer de determinado tipo de equipamento numa empresa depende de vários factores como o volume de projectos, a provável taxa de utilização do equipamento, a capacidade financeira, e o retorno do investimento realizado. De uma forma geral o custo do equipamento de construção é significativo, daí a necessidade de se tomarem decisões bem informadas.

Equipamento alugado

No caso do equipamento alugado, o custo básico corresponde ao valor pago à empresa proprietária, sendo necessário adicionar àquele os custos relativos à operação não cobertos pelo fornecedor. Estes custos incluem geralmente (1) os custos com o operador, (2) os lubrificantes, (3) o combustível, (4) os sobressalentes (se for o caso) e outros consumíveis. São na essência custos associados à operação e pequena manutenção do equipamento e podem ser obtidos junto do proprietário ou da base de dados da empresa.

O custo do combustível pode ser calculado com base nos consumos horários e o dos lubrificantes estimado com base no número de horas de operação como uma percentagem dos custos dos combustíveis. Os outros consumíveis são também determinados na forma percentual dos custos base. Nalgumas circunstâncias o equipamento alugado é fornecido com o respectivo operador sendo então desnecessário acrescentar os custos inerentes.

Equipamento adquirido

Em circunstâncias em que a empresa decida a adquirir o equipamento, os custos incorridos incluem uma parcela dos custos de propriedade e uma parcela de custos operacionais. Os custos de propriedade correspondem aos encargos advenientes da aquisição e retenção do equipamento na empresa. Os custos operacionais, são aqueles que a empresa incorre para menter o equipamento em pleno funcionamento.

Os custos de propriedade são custos fixos que a empresa incorre independente do funcionamento do equipamento ou não. Todavia, se o equipamento se mantiver em operação ao longo do ano os custos são recuperados, enquanto se não tiver ocupação, a empresa perde dinheiro.

Os elementos de custo de propriedade são (1) a depreciação, (2) os juros, (3) as taxas, licenças e seguros.

1. A depreciação representa a perda de valor do equipamento devido ao uso. Sendo a aquisição do equipamento um investimento, a perda de valor do mesmo representa um custo para a empresa. Há várias formas de considerar a depreciação e neste caso usa-se a depreciação linear.

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Depreciação:

Onde:Ci – custo inicialCr – custo residual (custo do objecto no final do período da amortizaçãon – no de horas de vida económica

2. Os juros representam o custo do dinheiro providenciado pelos bancos e que a empresa tem de suportar.

Juros J = (F x n - Ci )/n

F =

Onde:i - taxa de juron - período de vida C - custo inicial

3. Taxas, licenças e seguros

Os custos de operação ocorrem apenas quando o equipamento estiver efectivamente em funcionamento. Os elementos de custo de operação são (1) os combustíveis e lubrificantes, (2) a manutenção e reparações (3) o operador

Normalmente, o custo do equipamento é determinado numa base horária, sendo uma parcela de custos de propriedade e outra de custos operacionais.

Para calcular o custo horário são necessários os dados seguintes:1. custo inicial de aquisição2. valor residual3. horas de trabalho por ano4. vida útil do equipamento5. seguros por ano6. licenças e taxas por ano7. consumo de combustível por hora8. consumo de lubrificantes9. reparações e manutenção10. taxa de juros

Problema 1:Determinar o custo horário de uma pá carregadora tendo em conta os dados apresentados:

custo inicial USD 200.000,00valor residual USD 15.000,00horas de trabalho por ano 2.000,00vida útil em anos 10prémios de seguro por ano USD 1.300,00licenças e taxas por ano USD 820,00consumo, 18 lit combustível por hora USD 1,00/litrolubrificantes 10% do custo do combustívelreparações e manutenção 8% custo inicialtaxa de juros 12%operário USD 2,00/hora

Resolução:

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Tendo este equipamento sido adquirido a empresa vai incorrer em dois tipos de custos, os custos de propriedade e os custos operacionais.

Custos de propriedade

a) Depreciação

Depreciação:

Onde:Ci – custo inicialCr – custo residual (custo do objecto no final do período da amortizaçãon – no. de horas de vida económica

b) Juros sobre o crédito, taxas e licenças e seguros

Juros J = (F x n - Ci)/n

F =

Onde:i - taxa de juron - período de vidaCi - custo inicial

J = (35.330,00 x 10 – 200.000,00) /10 = USD 15.330,00 por ano

c) Taxas, licenças e seguros

Taxas e licenças em vigor – USD 820,00 por ano

Seguros – USD 1.300,00 por ano

Total de custos de propriedade – USD 35.950,00

Custos de operação

Os custos de operação ocorrem apenas quando o equipamento estiver efectivamente em funcionamento. Os elementos de custo de operação são:(1) os combustíveis e lubrificantes, (2) a manutenção e reparações (3) o operador

1) Combustíveis e lubrificantes

Combustíveis, 18 x 1,0 x 2000 = USD 36.000,00/ano

Lubrificantes, 10% do custo dos combustíveis, USD 5.000,00/ano

2) Reparações e manutenção

Estimativa em 8% do custo inicial – USD 16.000,00/ano13

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3) Mão-de-obra = 2USD/hora, USD 3.760,00/ano

Total custos de operação – USD 60.760,00/ano

Total de custos - USD 96. 710,00/ano, ou USD 48,35/hora

Problema 2:Calcular o custo de uma retroscavadora com as características indicadas a seguir: volume da concha = 3,5m 3; período de uso = 12 anos; uso anual = 1.900 hrs; vida útil 18.000 hrs; preço 120.000,00 USD; valor residual 12.000,00 USD; manutenção 20% do custo inicial Ci; combustível 20 lit/h a 0,80 céntimos de USD/litro; lubrificantes 2 lit/h a USD 1,5/litro; filtros 0,4/h a 2 USD/unidade; mão-de-obra 2,5 USD/h; considerar juros a 9%, taxas e licenças a 3% e seguros 7%.

Problema 3Uma empresa decidiu adquirir para as suas operações uma retroescavadora mecânica pelo valor de USD 60.000,00. Se a máquina trabalhar uma média de cerca de 1.800,00 horas por ano, poderá trabalhar eficientemente durante 5 anos. Considerar o custo com os seguros de 2% ao ano, licenças e taxas 5% ao ano, taxa de juro 7,5%, custo de combustível USD 0,50/litro, consumo de combustível 18 litros/hora, lubrificantes USD 0,16/kg/hora, operador USD 1,5/hora. Determinar o custo horário da máquina considerando uma depreciação linear.

4.3.4 Cálculo de custos de subempreiteiros

Hoje em dia, contrariamente ao que era prática tempos atrás, existe uma tendência das empresas de construção concentrarem a sua actuação em determinadas áreas de construção e subcontratarem os outros tipos de trabalho. A razão de principal desta opção é a flutuação da procura e a crescente contracção do mercado de projectos de construção, fazendo com que a reengenharia de processos e o redimensionamento seja uma necessidade premente a fim de racionalizar os custos. Por outro lado, a concentração em determinadas áreas permite que as empresas criem capacidades excepcionais e desenvolvam padrões de qualidade elevados.

Em situações onde seja necessário contratar sub-empreiteiros para a execução de algumas actividades dentro do projecto torna-se pertinente preparar devidamente os pacotes das actividades, o escopo dos pacotes das actividades, os prazos requeridos, as especificações técnicas dos trabalhos e dos materiais.

A avaliação das propostas dos subempreiteiros deve ser conduzida com base em critérios bem definidos como o preço, a experiência, capacidade técnica e financeira. Após a selecção do subempreiteiro é normal proceder-se a negociações sobre aspectos como o programa de trabalhos, a coordenação, as responsabilidades, fluxo de informação, qualidade dos trabalhos, sistema de segurança entre outros. Os preços obtidos dos subempreiteiros são utilizados como custos aos quais são adicionadas margens e elaborados os preços.

4.3.5 Agregação dos custos: custos unitários

A determinação dos custos directos é feita através da agregação dos diferentes custos, designadamente da mão-de-obra, dos materiais, do equipamento e das subempreitadas. As diferentes espécies de trabalho de construção são executadas com o concurso dos distintos recursos. A mão-de-obra, os materiais e o equipamento são, portanto, utilizados para produzir a construção e, assim sendo, é importante saber em que medida cada um destes recursos participa na realização dos trabalhos.

Por exemplo, para produzir uma certa quantidade de betão são necessária mão-de-obra (oficiais e serventes), materiais (cimento, areia, brita e água) e equipamento (eventualmente betoneira).

A prática normal na construção é determinar a quantidade dos diferentes recursos para a produção de uma unidade de espécie de trabalho, por exemplo quanta mão-de-obra, materiais e equipamento são necessários para realizar 1 m 2 de parede de alvenaria, 1 m3 de argamassa de cimento e areia, 1 m2 de pintura de parede.

Sabendo a quantidade de recursos e os custos de cada um dos recursos é possível determinar os custos totais para produzir uma unidade de espécie de trabalho.

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Estes métodos de determinar os custos deriva do modo como são solicitados os preços de construção – emprego de mapas de quantidades. Com efeito, o mapa de quantidades contém a descrição das actividades, a unidade de medição, a quantidade, o preço unitário e o preço total. Para responder ao pedido de preços neste formato há necessidade de determinar os preços unitários, os quais representam os preços relativos à execução de uma unidade de trabalho. A multiplicação dos preços unitários pelas quantidades de trabalho resulta nos preços de toda a espécie de trabalho.

Na elaboração dos custos unitários as seguintes variáveis são de grande relevo:

modo de execução dos trabalhos rendimento/produtividade da mão de obra rendimento dos materiais rendimento do equipamento

Os rendimentos ou produtividade da mão-de-obra representam a quantidade de determinado trabalho que pode ser realizado num certo intervalo de tempo por determinados indivíduos. Por exemplo, pode-se dizer dois carpinteiros necessitam de 8 horas para assentar 20 m2 de aros de janelas; um pedreiro realiza 1m2 de reboco em parede em 0,2 horas.

Os rendimentos ou produtividade da mão-de-obra são normalmente expressos em homens hora (h.h) por unidade de trabalho. Um homem hora significa 1 homem a trabalhar durante 1 hora, ou dois homens a trabalhar durante 0,5 horas.

O rendimento dos materiais representam a quantidade de determinado trabalho que é possível completar com uma certa quantidade de materiais. Por exemplo, dizer l litro de tinta cobre 8 m2 de parede rebocada; 13 blocos de cimento e areia cobrem 1,0 m2 de parede, expressam rendimentos da tinta e dos blocos respectivamente. Portanto, os rendimentos dos materiais são expressos em termos de quantidade por unidade de trabalho.

O rendimento do equipamento representa a quantidade de trabalho que um determinado tipo de equipamento pode realizar num intervalo de tempo. Por exemplo, dizer uma betoneira específica prepara 1 m3 em 0,3 hora é uma expressão do rendimento dessa betoneira.

Hoje em dia existem tabelas que providenciam informação sobre os rendimentos de mão-de-obra, materiais e equipamentos. É preciso notar a variabilidade associada aos rendimentos da mão-de-obra pelo facto de existirem muitos factores que os influenciam. As condições de trabalho, o grau de treinamento, a qualidade de supervisão, a localização geográfica, a temperatura, a humidade são alguns desses factores. Por isso, é habituais as empresas constituirem bases de dados donde podem retirar os dados relevantes a fim de preparar estimativas e os necessários ajustamentos para atender à variabilidade.

Uma grande parte dos fabricantes de materiais e equipamentos fornecem dados sobre os respectivos rendimentos para auxiliar os utilizadores. No caso dos equipamentos, em particular, é comum utilizar-se catálogos com elementos técnicos detalhados. É preciso notar, todavia, que os rendimentos de materiais e equipamentos não são constantes e podem variar consoante as condições de aplicação.

Problema 1:É preciso calcular o custo de 1 m3 de argamassa de cimento e areia de traço 1:5 assumindo amassadura manual.

Resolução:

Mão-de-obraPara produzir a quantidade de argamassa requerida são necessários, a partir da consulta às tabelas de rendimentos da mão-de-obra, 1 pedreiro e 1 servente com os rendimentos mostrados. Os custos da mão-de-obra foram calculados seguindo a metodologia apresentada anteriormente.

1 Pedreiro - 0,10 horas – 27,00mt/hora1 Servente - 0,15 horas – 19,00 mt/ hora

Materiais

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Da consulta às tabelas Técnicas de Engenharia Civil resulta que a argamassa de traço 1:5 incorpora as seguintes quantidades de materiais:

Cimento 270kg ou 0,22m3

Areia 1,11 m3

Assume-se relação A/C = 0,6Água A = 0,6 x 270 = 162 litros

Os custos dos materiais, tal como no caso da mão-de-obra, foram calculados seguindo a metodologia explicada na secção respectiva.

Cimento – 3,00 mt/kgAreia – 200,00 mt/m3

Água – 10,00mt/m3

EquipamentoSendo a amaçadora manual não se incorporam os custos de equipamento.

Custos directos

Ccimento = 270 x 3,00 = 810,00 mtCareia = 1,11 x 200,00 = 222,00 mtCágua = 162.10-3 x 10,00 = 1,620 mtCmão de obra = 27,00 x 0,10 + 19,00 x 0,15 = 5,55 mt

Ctotal = Cmo + Cm = 1 039,170 mt

O custo directo da preparação de 1m3 de argamassa de traço 1:5 é de 1 039,17 meticais.

Problema 2Pede-se para elaborar o custo directo de fabrico e colocação de um betão de limpeza da classe B15.

Resolução:Para a resolução deste problema foram consultadas as tabelas de rendimento de mão de obra, as tabelas técnicas, e os rendimentos dos equipamentos. Foram igualmente socilitadas cotações dos materiais envolvidos, os salários base dos operários bem como consultados os custos dos equipamentos. Os dados são apresentados em forma de tabelas.Mão-de-obra

Pessoal e Tempo Salário/hora Kft CustoOperador 1 0,2 horas 20,00 1,671 6,684 mtOperário (oficial)

1 0,2 horas 12,00 1,755 4,412 mt

Operário (servente)

2 1,5 horas 8,00 1,755 21,060 mt

Sub Total (Cmo) = 32,156 mtEquipamento

Unidades Tempo(h) Custo/h Ke CustoBetoneira 1 0,15 450,00 1 67,5Dumper 1 0,15 250,00 1 37,5Camião 1 0,30 660,00 1 198,00

Sub-Total (Ce) = 303,00 mtMateriais:

Unidade Quantidade Custo/unidade Km CustoCimento Kg 180 3,00 1,18 637,20Brita m3 1,06 400,00 1,22 517,28Areia m3 0,605 250,00 1,22 184,525Água m3 0,108 12,00 1,22 1,581Cofragem m2 2,5 98,00 1,18 289,10

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Sub –Total (Cm) = 1 629,686 mtPara B15 – 1:4:7, A/C = 0,60

CTotal = Cmo + Ce + Cm = 1.964,842 mt

O custo directo para a produção e colocação de um betão de limpeza da classe B15 é de 1.964,842 de meticais.

Problema 3:Determinar o custo unitário de pintura de uma parede a duas demãos sobre uma de primário sabendo que o custo da tinta primária é 120,00 mt/litro, tinta plástica 150,00 mt/litro, salário base de pintor 15,00 mt/hora, salário base de servente 10,00 mt/hora. Assumir outros dados que achar relevantes.

4.4 Custos indirectos

Conforme anteriormente explicado os custos indirectos são todos os custos relativos a itens não classificados como materiais, equipamentos, mão-de-obra ou subempreitadas e subdividem-se em: custos gerais e custos de estaleiro.

4.4.1 Custos gerais ou “overheads” (custos fixos)

Os custos gerais são aqueles que incluem as despesas da empresa ao nível da sede ou outras instalações que normalmente são cobertos pelas diferentes obras que a empresa realiza. Os custos gerais não se associam a um projecto em particular. São os custos associados ao funcionamento da empresa e que não se podem evitar. Estes custos são também designados por custos fixos uma vez que não dependem directamente do volume de produção ou negócio e independentemente deste a empresa terá de incorrer. Estes custos englobam:

salários do pessoal sénior salários dos restantes empregados rendas telefones seguros taxas serviços diversos (consumíveis, fotocópias, publicidade, viagens, quotas, etc) transportes estudos e projectos

A determinação exacta destes custos não é fácil devido a uma série de factores de variabilidade. Por essa razão, é comum basear-se o seu cáculo em dados históricos da empresa. Como dado indicativo os custos gerais situam-se na região dos 5 a 12% do volume de facturação bruta da empresa.

4.4.2 Custos de estaleiro

Os custos de estaleiro são aqueles que se atribuem a um projecto específico mas que não se referem directamente aos custos relativos à execução de um trabalho em particular. Tem sido também prática uma parte destes custos ser incluída nos custos directos dos diferentes trabalhos. Os custos de estaleiro podem ser agrupados em custos de (1) supervisão, (2) empregados para serviços gerais, (3) infrastruturas provisórias, (4) serviços gerais, (5) transportes, (6) equipamento de emprego geral, (7) encargos sociais. De uma forma detalhada estes itens são:

salários do pessoal de supervisão (director, engenheiro....) salários do pessoal geral (encarregados, laboratórios, medidor, apontador, topógrafo...) instalações provisórias (escritórios, dormitórios, armazéns, ferramentaria, casas de banho, vedação...) transporte (pessoal, materiais, ..) equipamento acessos serviços (água, electricidade, telefones, consumíveis, mobiliário, fardamento, limpezas, assistência médica...) testes rendas

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licenças seguro segurança

Os custos de estaleiro podem ser determinados com um grau de precisão mais elevado do que os custos gerais, pois a maior parte dos inputs é conhecida com profundidade e sua variabilidade não é assinalável. Como se pode constatar da lista apresentada a determinação destes custos é um exercício similar ao do cálculo da mão de obra, materais e equipamentos. Para os serviços fornecidos por terceiros é também fácil obter os custos.

Apesar do facto de ser relativamente fácil calcular estes custos é também comum fazer-se uma estimativa dos custos de estaleiro com base em dados históricos e com ajustamentos para acomodar as especificidades do projecto. Assim, os custos de estaleiro têm sido estimados entre 10 a 25% dos custos directos. A percentagem destes custos é largamente influenciada pelo seu agrupamento ou não numa única secção no mapa de quantidades. Esta nota é útil porque por vezes ocorre a consideração de uma parte dos custos de estaleiro em separado, sendo a parte restante incluida nos custos directos.

Dado que a magnitude dos custos de estaleiro varia de projecto para projecto, é fortemente recomendável que o cálculo seja feito cuidadosamente, item por item, ao invés de se recorrer a métodos expeditos como a estimativa por percentagem.

É preciso realçar que os custos directos fornecem uma boa indicação sobre o nível dos custos de estaleiro e, por isso, estes têm sido determinados após a conclusão daqueles. Adicionalmente, olhando-se para os custos directos obtém-se uma ideia sobre o escalonamento dos encargos do estaleiro no tempo o que facilita a programação.

4.4.3 Margem

Os custos directos e indirectos representam os encargos da empresa para levar a cabo a construção. Assim, os custos directos e indirectos designam-se por estimativa de custos. Determinados todos os custos pela agregação dos custos directos e indirectos é possível passar-se à fixação da margem para se obter o preço de venda ou oferta. Portanto, o preço é a combinação dos custos e da margem. A margem engloba as parcelas seguintes:

Lucro Risco

A decisão sobre a margem é normalmente uma responabilidade da gestão sénior da empresa. Após a preparação da estimativa de custo esta é enviada enviada à gestão sénior da empresa com um relatório sucinto sobre as características do projecto, os recursos requeridos, modo de execução, assumpções e constrangimentos.

Lucro

O lucro representa o retorno ou recompensa para a empresa pelo investimento e esforço realizado na produção da construção. A margem de lucro a fixar depende imenso de factores as condições do mercado, a natureza do projecto, a competitividade, o risco envolvido, o tipo de contrato, e a carteira de projectos da empresa. Por isso, diferentes projectos terão distintas margens de lucro baseadas na avaliação feita pela empresa. Em tempos de contração do mercado é normal a margem ser bastante reduzida, enquanto em tempo de elevada procura as margens tendem a subir. Como indicação as margens de lucro podem variar entre 5 a 20%.

Risco

O risco constitui uma provisão para acomodar eventuais imprevistos com impacto negativo sobre as finanças do projecto que podem ocorrer durante a construção. Estes eventos são inúmeros em construção e alguns deles podem ter elevada probabilidade de acontecer. Por isso, durante a fase de preparação da proposta deve haver um esforço de identificar possíveis origens de riscos e avaliar preliminarmente o seu possível impacto no projecto. Alguns factores de risco podem ter uma grande probabilidade de acontecer mas com reduzido impacto e outros com pequena probabilidade mas com um impacto devastador. A origem dos riscos em construção pode ser económica, financeira, legal, natural, social ou política. A provisão para risco situa-se na casa dos 3 a 7%.

4.5 Elaboração dos preços unitários

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Como abordado a elaboração dos preços unitários obedece a uma série de estágios sendo a preparação da estimativa de custos uma das mais importantes. As relações entre as diferentes parcelas involvidas na elaboração do preço são as seguintes:

Eecusto = Cdirectos + Cindirectos

Cdirectos = Cmobra + Cmateriais + Cequipamento + CsubempreitadasCindirectos = Cgerais + Cestaleiro

Cseco = Cdirectos + Cestaleiro

Onde:Eecusto - é estimativa de custoCseco - é custo seco

Preço = Eecusto + Pmargem

Pmargem = Plucro + Prisco

Onde:Pmargem – é provisão para margemPlucro, Prisco - provisão para lucro e risco

5. Uso de computadores para estimativas de custo e preços

O cálculo dos custos de construção pode ser simples para empresas de pequena dimensão e obras de pequena escala. As dificuldades aumentam com a complexidade e dimensão dos projectos assim como com a dimensão das empresas. É evidente que o cálculo manual de uma larga quantidade de informação sensível como são os custos acarreta um risco assinalável de erros com todas as consequências possíveis. Por esta razão, o uso do computador para os cálculos é grande auxílio tanto do ponto de vista de rapidez como para reduzir os erros. Adicionalmente, os registos dos dados podem ser melhor geridos e utilizados sempre que necessário.

Hoje em dia, existe no mercado uma vasta gama de aplicações e ferramentas informáticas para a preparação de estimativas de custo. Este conjunto de soluções e ferramentas pode ser subdividido em: (1) sistemas baseados em folhas de cálculo – spreadsheets, (2) sistemas específicos e (3) pacotes comerciais. A seguir faz-se uma breve descrição de cada um dos sistemas com maior enfoque para as folhas de cálculo que constituem a ferramenta mais empregue nas empresas de construção.

5.1 Spreadsheets

As folhas electrónicas de cálculo constituem das mais notáveis criações na área de informática e seu lançamento em 1979 revolucionaram por completo o uso dos microcomputadores. Um spreadsheet é uma grelha bidimensional constituída por linhas horizontais e colunas verticais formando células na sua intersecção. Cada uma das células possui um endereço próprio e pode armazenar números, fórmulas ou caracteres. Os dados contidos nas células podem ser facilmente manipulados usando comandos. A grande vantagem dos spreadsheets reside precisamente na facilidade e simplicidade com que as operações podem ser realizadas e repetidas, bem como na acomodação de dados adicionais.

A folha de cálculo amplamente utilizada na preparação dos preços em projectos de construção é o EXCEL da Microsoft. Usando esta ferramenta e empregando as fórmulas é possível efectivar a determinação dos custos dos diversos inputs bem como o cálculo dos preços unitários. Os preços obtidos deste modo podem ser posteriormente inseridos nas células correspondentes aos preços unitários nos mapas de quantidade.

Com referência à Tabela 2 os preços unitários são inseridos na coluna 5. Para calcular os preços totais insere-se na coluna 6 a fórmula de multiplicação da 4 pela coluna 5 e copia-se para todas as linhas da coluna 6. Assim, bastará digitar os preços unitários na coluna respectiva para o computador calcular os preços totais de cada um dos trabalhos descritos. Na linha do sub-total insere-se uma fórmula para somar os preços totais de cada actividade para se obter o total parcial antes do IVA. Calcula-se o IVA como produto do sub-total por 0,17 e faz-se a soma do IVA e do sub-total para se obter o total geral. Normalmente, para cada categoria de

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trabalho calcula-se um sub-total e no fim somam-se os sub-totais. Por exemplo, sub-total de fundações, sub-total de alvenarias, sub-total de pinturas etc.

Tabela 2: Exemplo de spreadsheet com quantidades e preços

1 2 3 4 5 6Item Designação Unid Quant Punitário Ptotal

1.0 Preliminares Vg 1,00 1.200,00 1.200,002.0 Fundações Vg 1,00 2.000,00 2.000,003.0 Alvenarias m2 500,00 22,00 11.000,004.0 Betões m3 20,00 120,00 2.400,005.0 Cobertura Vg 1,00 2.100,00 2.100,006.0 Carpintarias m2 80,00 40,00 3.200,007.0 Rebocos m2 670,00 5,00 3.350,008.0 Ferragens Vg 1,00 340,00 340,009.0 Pinturas m2 450,00 5,00 2.250,00

Sub-total 27.840,00IVA (17%) 4.732,80

Total Geral 32.572,80

Hoje em dia grande parte do trabalho de introdução de dados nos spreadsheets é substancialmente reduzido uma vez que os clientes têm disponibilizado os ficheiros electrónicos contendo os mapas de quantidades. O principal trabalho consiste na introdução correcta dos preços unitários, sendo o trabalho de cálculo dos preços globais realizado pelo computador.

5.2 Aplicações específicas

As aplicações específicas são aquelas concebidas para uso particular numa organização. O desenvolvimento pode ser levado a efeito pela própria organização ou com apoio de profissionais externos. A necessidade deste tipo de sistemas resulta frequentemente da constatação da falta de um sistema que se adeque aos propósitos da empresa. Existe uma série de vantagens e desvantagens nesta opção. A grande vantagem reside no facto do sistema ser capaz de responder cabalmente às necessidades da empresa. Segundo, são de fácil aceitação pelo pessoal por ter participado no seu desenvovimento. As desvantagens incluem os elevados custos associados e o longo período de tempo requerido para o seu desenvolvimento.

5.3 Aplicações comerciais

Existe uma larga quantidade de aplicações comerciais para a preparação de estimativas de custos no mercado e a escolha de um ou outro depende imenso dos requisitos de performance e funcionalidade pretendidos. Os preços igualmente variam de forma significativa, havendo sistemas de centenas de dólares até alguns de dezenas de milhar de dólares americanos. As principais características destes sistemas são a existência de (1) uma biblioteca para dados, recursos e actividades, (2) várias técnicas de produzir estimativas de custo das actividades contidas no mapa de quantidades, (3) interface para a introdução de dados, e (4) sistema de produção de relatórios em vários formatos. A grande vantagem deste tipo de sistemas é o seu relativo reduzido preço comparativamente aos sistemas específicos.

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