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CV M Comissão de Valores Mobiliários Protegendo quem investe no futuro do Brosil PARECERlCVM/SJU/N° 160 -18.12.79 REFERÊNCIA ; MEMO/SEP/GEO/N° 0124/79. INTERESSADAS: GEO ASSUNTO : ABUSO DE PODER ACIONISTAS CONTROLADORES ESPECIALIZADOS S/A. POR DA PARTE DOS ENGESA ADMINISTRADORES E ENGENHEIROS EMENTA: - Não constitui desvio de poder ou violação do dever de lealdade capitulado no artigo 155 da Lei nO 6.404/76, a criação di reta ou indireta de outra sociedade por administradores de companhia, urna vez que a lei não lhes exige dedicação exclusiva, permitindo-lhes, conseqüentemente, exercer outras atividades comerciais ou participar de outras sociedades na qualidade de sócio ou administrador. - Contudo, considerando as proibições legais contidas nos incisos I e II do referido artigo, comete infração legal, passível de responsabilidade de acordo com o artigo 158 do mesmo diploma legal, o administrador que, deixando de aproveitar oportunidade de negócios de interesse da companhia e de que venha a ter conhecimento em razão de seu cargo, ainda que sem prejuízo para esta, constitui outra sociedade visando obter vantagens para si ou outrem. Aplica-se o artigo 156 da Lei n? 6.404/76 ao administrador de uma companhia, quando for sócio de controladora de outra sociedade que tenha relações comerciais com a companhia que administra. A violação ao citado preceito legal induz responsabilidade do administrador com base no artigo 158, II do mesmo diploma legal. - A violação por administrador dos preceitos legais contidos no artigo 155, I e II da Lei nO 6.404/76, bem como aquele, capitulado no § do artigo 156, não exclui a eventual responsabilidade do acionista(s) controlador (es) por exercício abusivo do poder de controle, nos termos previstos nas letras a, c e f do artigo 117 da mesma lei do art. 117 e § do art. 158). - Neste caso, presume-se a responsabilidade do (s) acionista (s) controlador (es) quando os sócios da sociedade detentora do controle de urna companhia são também seus administradores. Sede, Ruo Sete de Setembro, 111 /26" 00 33"ondor - Cenho - Rio de Joneiro - lU - CEP 201 59-900 - Brosil- TeL, "21 2120200 _ Endereço Internet h»p//www,<vm,gov,b,

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CVM Comissão de Valores Mobiliários

Protegendo quem investe no futuro do Brosil

PARECERlCVM/SJU/N° 160 -18.12.79

REFERÊNCIA ; MEMO/SEP/GEO/N° 0124/79.

INTERESSADAS: G E O

ASSUNTO : ABUSO DE PODERACIONISTAS CONTROLADORESESPECIALIZADOS S/A.

PORDA

PARTE DOSENGESA

ADMINISTRADORES EENGENHEIROS

EMENTA: - Não constitui desvio de poder ou violação dodever de lealdade capitulado no artigo 155 da Lei nO6.404/76, a criação di reta ou indireta de outra sociedade poradministradores de companhia, urna vez que a lei não lhesexige dedicação exclusiva, permitindo-lhes, conseqüentemente,exercer outras atividades comerciais ou participar de outrassociedades na qualidade de sócio ou administrador.

- Contudo, considerando as proibições legais contidas nosincisos I e II do referido artigo, comete infração legal,passível de responsabilidade de acordo com o artigo 158 domesmo diploma legal, o administrador que, deixando deaproveitar oportunidade de negócios de interesse da companhiae de que venha a ter conhecimento em razão de seu cargo,ainda que sem prejuízo para esta, constitui outra sociedadevisando obter vantagens para si ou outrem.

Aplica-se o artigo 156 da Lei n? 6.404/76 aoadministrador de uma companhia, quando for sócio decontroladora de outra sociedade que tenha relações comerciaiscom a companhia que administra. A violação ao citado preceitolegal induz responsabilidade do administrador com base noartigo 158, II do mesmo diploma legal.

- A violação por administrador dos preceitos legaiscontidos no artigo 155, I e II da Lei nO 6.404/76, bem comoaquele, capitulado no § 1 ° do artigo 156, não exclui aeventual responsabilidade do acionista(s) controlador (es) porexercício abusivo do poder de controle, nos termos previstosnas letras a, c e f do artigo 117 da mesma lei (§ 3° do art.117 e § 2° do art. 158).

- Neste caso, presume-se a responsabilidade do (s)acionista (s) controlador (es) quando os sócios da sociedadedetentora do controle de urna companhia são também seusadministradores.

Sede, Ruo Sete de Setembro, 111 /26" 00 33"ondor -Cenho - Rio de Joneiro - lU -CEP 201 59-900 - Brosil- TeL,"21 2120200 _Endereço Internet h»p//www,<vm,gov,b,

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CONSULTA:

A GEO solicita desta SJU parecer sobre a possibilidade deocorrência de exercício abusivo do poder por parte dosadministradores e acionistas controladores da ENGESA ou daENGEXCO - Exportadora S/A., nas relações comerciais entre asduas companhias.

São os seguintes os fatos relevantes que motivaram aconsulta:

1. O Conselho de Segurança Nacional solicitou à CVMassessoria à Secretaria Geral daquele órgão no que se referea exportações sujeitas à Política Nacional de Exportação deMaterial de Emprego Militar (PNEMEM), envolvendo a ENGESA eENGEXCO.

2.Conselho09.12.77terem:

O jornal "O Estado de São Paulo" encaminhou aode Segurança Nacional uma denúncia recebida aos

em que os administradores da ENGESA eram acusados de

a) utilizado funcionários, instalações e despesas daENGESA para operar a trading company ENGEXCO;

b) desviado 65 milhões de dólares em operações devendas de armamento e carros para o Ministério de Defesa daLíbia, operações essas que foram desenvolvidas pela ENGEXCOmas cujos resultados deveriam pertencer à ENGESA.

3. Denúncia do BNDE levantando a hipótesepoder dos administradores da ENGESA, emrelacionamento entre esta companhia e a ENGEXCO,forma como esta foi constituída.

de abusorazão

bem como

dedoda

4. A aquisição do controle acionárioENGESA, em 21.06.78, e a distribuição peladias antes da efetivação da transferênciadividendos no valor de Cr$ 12.000.000,00 .

da ENGEXCO pelaENGEXCO, poucos

do controle, de

. Assim, a GEO solicita nosso parecer sobre acaracterização de abuso de poder dos administradores daENGESA na constituição da ENGEXCO, para comercializarprodutos daquela empresa e de outras, e no relacionamentoexistente entre as duas companhias, tendo em vista apossibilidade de desvio de lucros da ENGESA para a ENGEXCO, ainclusão do lucro realizado pela ENGEXCO no preço pago pelaENGESA e, finalmente, a possibilidade de os acionistascontroladores da ENGEXCO terem se beneficiado indevidamentepor ocasião da alienação do controle acionário da empresa, emdetrimento dos acionistas da ENGESA.

Sede, Ruo Sele de Setembro,111/26' 00 33' andor - (entro - Rio de Janeiro - RJ - CE? 20159-900 - Brasil- TeL 21 2120200 - Endereço lnternet. hllpJlwww.cvm.gov.br

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PARECER:

A Consulta prende-se à caracterização do exercícioabusivo do poder de controle por parte do (s) acionista (s )controlador(es) da ENGESA e/ou responsabilidade de seusadministradores, capi tulados respectivamente nos artigos 117e 158 da Lei nO 6.404/76.

A questão, como bem salientou a GEO em sua consulta, éextremamente complexa, envolvendo múltiplos aspectos edesdobramentos, cuja análise é, na realidade, indispensável a

, , -uma rlgorosa apreclaçao.

Acresce notar que muitos dos fatos arrolados na consulta,já objeto de parcial investigação por esta Comissão, nãoestão ainda devidamente esclarecidos, de modo a autorizar umaconclusão sobre a ocorrência ou não das irregularidades eilegalidades apontadas.

Contudo, cabe uma apreciação ainda que teórica dos fatosapresentados, com o fim de estabelecer uma linha de ação paraa apuração de eventuais fraudes à lei societária.

1 - Características da ENGESA

social: Cr$(60.000.000.

a) Capital73.846.154 açõespreferenciais) .

120.000.000,00ordinárias e

dividido em13.846.154

b) Composiçãopossuidores de 1% ou

acionária: relaçãomais do capital social.

dos acionistas

N° ACIONISTAS Ações Possuidas %

1,5741,5741,5241,323

75,67524,325

100,000

s/cap47,480

8,3164,4772,4851,7331,9461,6231,621

1.161.8701.161.8701.125.472

977.29455.883.61017.962.54473.846.154

Total35.062.798

6.141.2573.306.0001.834.9811.279.6151.427.0001.198.7851.196.668

Pref.

1.161.8701.161.8701.124.742

Ord.35.062.798

5.381.962 759.2953.306.000

1.757.7 77.2581.279.615

1.107.000 330.0001.198.785

766.168 430.500

730.000977.294

52.028.918 3.854.6927.971.082 9.991.462

60.000.000 13.846.154

1.Pró-Engesa Participações2.0ásis Emp. e Parto SK Ltda.3.Schahín Cury Eng. e Com.Ltda.4.José Luiz Whitaker RibeiroS.Fundo Fiscal BCN de Invests.6.Salim Taufic Shahin7. José Luiz Bastos Nelf8.Tewag S/A. Com. e Adm.

9.Sul América Terrestre-Marit.e Ac. ela. de SeguroslO.Sul América eía. Nac. de Sego11.José Guilherme W. Ribeiro12.Fundo de Invest. BMG - 157Sub-tota1Outros acionistasTotal

c) Administração:

Conselho de- Administração

- José Luiz Whitaker Ribeiro - Presidente

Sede, Rua Sete de Setembro,111/26' ao 33' andar - (entro - Rio de Janeiro - RJ - CEP 20159-900 - Brasil- TeL 21 2120200 - Endereço Internet, http.flwww.cvm.gov.br

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Protegendo quem investe no futuro do Brosil- José Luiz Bastos Nolf - Vice-Presidente

- Alfredo Celso Rodrigues - Conselheiro

- Gilberto Tamm Barcellos Correa

- José Guilherme Whitaker Ribeiro

- Luiz Augusto Sacchi

- Newton de Castilho

- Newton Simões Filho

- Olacyr Francisco de Moraes

- Omar Fontana

- Salin Taufic Schahim

- Sérgio Antonio Bardella

Diretoria

- José Luiz Whitaker Ribeiro - Presidente

- José Luiz Bastos Nolf - Vice-Presidente

- José Augusto Calmon du Pin de Almeida

- José Calasans de Seixas Salles Filho

- José Carlos Pereira de Carvalho

- José Guilherme Whitaker Ribeiro

- Luiz Aratangy

- Luiz Augusto Sacchi

- Rodolpho Borgoff

- vito Antonio di Grassi

- Domingos Simão Bartollo - Tec. em Contabilidade

2 - A constitpiçào da ENGEXCO

A ENGEXCO foi constituida aos 10.08.76 com capital de Cr$100 mil, e tendo por obj eto social: "a) a intermediação epromoção de negócios de terceiros em território nacional e noexterior; b) importações e exportações em geral".

Posteriormente, aos 18.04.77, foram alterados osestatutos sociais, destacando-se o aumento do capital socialpara Cr$ 10 milhões, mediante incorporação de três empresas(BREXCO, SÃO PAULO PARTICIPAÇÕES e SEMENSA) e a modificaçãodo objeto social que passou a ser o seguinte:

Sede: Rua Sete de Setemhro,111/26" 00 33'ondor - (enho - Rio de Joneiro - RJ - CEP 20159-900 - Brosil- tel···21 2120200 Ed I h .1'1," - n erelo nternet: ffp" www.cvm.gov.br

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Protegendo quem investe no luttu« do Brasil"a realizaçâo por conta própria ou de

terceiros, de operações comerciais nos mercadosinternos e do exterior, inclusive exportaçâo eimportaçâo de produtos manufaturados esemifaturados e primários, podendo ainda prestarserviços de assessoria e planejamento, treinamentoe assistência técnica, bem como exercerrepresentações, atuar como mandatária e comissáriae participar de outras empresas na qualidade desócia, acionista ou quotista".

excepcional,como tradin9.

caráteroperar

empara

Em 31.08.77 obteve,credenciamento junto à CACEXcompanx·

O controle acionário da ENGEXCO, desde a suaconsti t u í ção , era exercido pela OÁSIS Empreendimentos eParticipaçâo S/C Ltda., que detinha 99,9% das ações de suaemissâo.

A OÁSIS, por sua vez, foi constituída aos 05.08.76 (cincodias antes da constituiçâo da ENGEXCO), sendo seus sócios­quotistas José Luiz Whitaker Ribeiro, Luiz Augusto Sacchi,Luiz Aratangy, José Calasans de Seixas Salles Filho e JoséAugusto Calmon du Pin e Almeida, os quais, segundo informaçâodo BNDE, detinham também o controle indireto da ENGESA.

O controle legal, direto e majoritário da ENGESA eraexercido pela Pró-ENGESA Participações Ltda. (holding com47,48%) juntamente com a OÁSIS, que detinha 8,32% do seucapital.

Compunham a diretoria da ENGEXCO os Srs. José LuizWhitaker Ribeiro, José Luiz Bastos Nolf, José GuilhermeRibeiro e Luiz Augusto Sacchi, todos também administradoresda ENGESA, além de, conforme a informaçâo do BNDE, comporem ogrupo que, indiretamente, controlava a ENGESA.

3 - As denúncias do BNDE

O BNDE, tendo em vista o seu relacionamento e o daEMBRAMEC com a ENGESA, antes de esta ter assumido o controleda ENGEXCO, e com base em análise do relacionamento comercialentre a ENGESA e a ENGEXCO, denunciou ao Conselho deSegurança Nacional abuso de poder dos administradores daENGESA, fundamentando a acusação em dois fatos principais: aforma como a ENGEXCO foi criada e a evas ão de lucros daENGESA em benefício da ENGEXCO, comprovado pelo decréscimo delucros da ENGESA após a criaçâo da ENGEXCO, resultante de umaintensa movimentação de recursos entre as duas empresas, oque, ainda, teria proporcionado à ENGEXCO um alto índice delucratividade no período de apenas 4 meses de atividade.

Sedduo Sete de Setembro, 111 /16" 00 33"ondm - Ienno - Rio de Joneiro - RI - (EP 10159-900 - Brosil- Tel ,"11111 0100 Ed I h.. - n ereço ntemet npjjwww.rvm.gov.br

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Protegendo quem investe no futuro do Brosil4 - A denúncia do BNDE e o abuso de poder na constituição daENGEXCO

Em vez de os administradores da ENGESA que tinhacondições de comercializar diretamente seus produtosoptarem pela criação de uma subsidiária para comercializar osseus produtos, decidiram pela criação de uma empresadesvinculada (a ENGEXCO), o que, aparentemente, poderiabeneficiá-los isoladamente, já que eles detinham o seucontrole acionário.

Segundo informação do BNDE, "o Vice-Presidente da ENGESA- Dr. Luiz Augusto Sacchi - procurou justificar a criação daENGEXCO, desvinculada da ENGESA, alegando que a EMBRAMEC,então acionista da empresa, não concordaria com a formação deuma subsidiária destinada à comercialização exterior" ."Contraditoriamente, o mesmo Vice-Presidente afirmou que oscontroladores da ENGEXCO (diretores e controladores indiretosda ENGESA) não achavam justo dividir com os demais acionistasda ENGESA os benefícios do conhecimento que possuíam sobre omercado externo, particularmente do Oriente Médio".

O BNDE rejeita a argumentação apresentada, alegando quea EMBRAMEC, além de não ter sido formalmente consultada sobrea criação de uma subsidiária da ENGESA, se tivesse motivospara não aceitar a sua criação, "com muito mais razão seoporia à formação de uma empresa exportadora de equipamentobélico (inclusive de fabricação da ENGESA) na qual nãopossuísse nenhum poder de fiscalização. Quanto à segundajustificativa apresentada pelo dirigente da ENGESA, alega oBNDE que é desprovida de fundamento ético, de vez que toda apenetração que possuem no mercado externo decorre doexercício remunerado de suas funções como diretores daENGESA, de cujo risco participam os acionistas minoritários eentidades financiadoras.

5 - O relacionamento comercial entre a ENGESA e a ENGEXCO.

5.1 - O contrato de Comissão Mercantil e outras avenças.

Este contrato foi firmado pela ENGESA e ENGEXCO em01.09.76. Objetivava regular as relações comerciais entre asduas empresas e estabelecer o pagamento de comissões, a serefetuado nas seguintes condições:

•a) a ENGEXCO cobrará da ENGESA 3% sobre o preço final de

venda dos serviços ou produtos de fabricação desta;

b ) a ENGEXCO transferirá para a ENGESA toda e qualquerquantia recebida dos adquirentes de seus produtos e serviços,a qual a ENGESA levará à crédito da ENGEXCO, debitando-se aesta, à medida da execução do contrato, os custos respectivosde sua execução.

Sede, ~uo Sete de Setembro, 111126' 00 33'ondor· Cenlro· Rio de Joneiro·lU· CEP 20159·900· BrosH· tel·"21 2120200 Ed 1t I h -''j b.. - n ereço name: np=t, www.cvrn.gov. r

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Protegendo quem investe no futuro do BrosilConsiderando-se a conexão funcional entre os serviços e

produtos fabricados pela ENGESA e os que a ENGEXCO adquirirno exterior para venda conjunta com os mesmos, a ENGESA farájus a uma compensação de 3% sobre o preço final, a título deressarcimento de custos indiretos incorridos nas atividadesda ENGEXCO.

c) ficou ainda acertado que, tão logo concluído cadacontrato de fornecimento e recebidos os valores finais, aspartes procederiam, em conjunto, ao acerto final entre osrespectivos débitos e créditos.

Este contrato, considerando-se a inarredável dificuldadede um adequado controle das comissões nele contidas, bem comode um adequado "acerto final" como estipulado em uma de suascláusulas, justifica plenamente a hipótese de repasse dedespesas da ENGEXCO para a ENGESA, embora dependa, ainda, deconfirmação factual.

Os auditores Campiglia e Cia., em carta de 19.07.78endereçada à ENGESA, em resposta a pedido daquela companhia elouvando-se em informações de seus diretores, após exameespecial dos registros contábeis e da documentação existenteem seus arquivos, declararam que nada consta da escrituraçãodos livros comerciais, dos registros auxiliares e dosarquivos examinados que possa caracterizar, direta ouindiretamente, pagamentos ou créditos em aberto de comissõesabonadas pela ENGESA a favor da ENGEXCO no curso dosexercícios de 1977 e de 1978.

Nenhumarelativa aode contas.

outra informação dispomos,pagamento destas comissões e

até o momento,conseqüente acerto

SFI, conforme Relatóriono tocante ao presenteao período de julho!77 a

A039/79,relação

5.2 - Comercialização pela ENGEXCO dos produtos da ENGESA

Conforme informação do BNDE, até 31.12.77 a ENGEXCOassinou com a Líbia quatro contratos, no valor global de U$65.755.945,85, valor este confirmado através de registroscontábeis da ENGEXCO (contas de compensação), e referente aprodutos fabricados ou importados pela ENGESA.

de Inspeção CVM!SFI!GFE!nOi tem, apurou o seguinte, emjunho/78 :

"a) Todas as vendas efetuadas pela ENGEXCOdesde sua constituição até junho!78 o foram paraThe Contracting & Procurement Department - ArmedForces (Líbia);

b) Os contratosprevêem o fornecimento de

firmadosmateriais

com a Líbiaadquiridos ~

Sede, Ruo Sete de Setembro,III /26' ao 33'ondm -Ienno - Rio de Joneiro - Rl -CEP 20159-900 - Brosil- Tel ,0021 212 0200 Ende I t et h~ :/." b.. - raço nem : IIP' ,www.cvm.gov. r•

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Protegendo quem investe no futuro do BrosilENGªSA e, também, materiaisTelecomunications Radioelétricques(TRT) diretamente pela ENGEXCO;

importados daet Telephoniques

procedida umae 31.12.77, ados produtosnestes quatro

c) Os contratos firmados com a Libia eIraque prevêem uma comissão de 14% a ser paga aoagente no exterior. Quando da liquidação doscontratos de câmbio, via Banco do Brasil, estacomissão fica retida no Banco, que libera para aENGEXCO o valor liquido de 86%;

d) Tais contratos possuem cláusulas deadiantamento (down paYIl~nt) sobre o total defornecimento, 15% (Libia) e 20% (Iraque)."

Segundo informações da diretoria. da ENGESA, o preço devenda de seus produtos pela ENGEXCO seria equivalente a 80%do preço fixado pela ENGEXCO para a sua venda a terceiros. Amargem de 20% - determinada ~rioristicamente - destinava-seà absorção de custos e despesas incorridas pela ENGEXCO,sendo que esta deveria apresentar lucro igual a "zero" nestasoperações.

contudo este critério, segundo o Relatório da GFE só foi-adotado ~ partir de janeiro/78.

Conforme informação do BNDE após seranálise nos balanços patrimoniais de 31.08.77margem de contribuição da comercializaçãofabricados pela ENGESA ao resultado da ENGEXCOmeses, totalizou 126%.

5.2.1 - A comercialização pela ENGEXCO dos produtos da ENGESAe o conseqüente decréscimo dos lucros da ENGESA

O BNDE, tomando por base os balanços patrimoniais de31.08.77 e 31.12.77 da ENGEXCO, - que começou a operar comotrading companx em 31.08.77, - concluiu que:

a)operações da

houve um acentuado crescimentoempresa a partir de setembro!77;

das

b) o resultado liquido evoluiu de umprejuizo de Cr$ 7,8 milhões para um lucro de Cr$15,3 milhões, ou seja, um lucro liquido de Cr$ 23,1milhões (231% sobre o capital social) em apenasquatro meses defaturamento.

Esse lucro foi considerado ainda mais excepcional peloBNDE, em função de grande parte do ativo da empresa serconsti tuido por imóveis não produtivos e de ações da Pró­ENGESA que não apresentaram retorno, além de os investimentos

Sede: Ruo Sete de Setembro, 111 /26" 00 33"ondor - Ienno - Rio de Joneiro - RI -CEP 20159-900 - Brosil- Tel.: "21 212 0200 - Endereço Internet: httpJ/www.cvm.gov.br

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Protegendo quem investe no futuro do Brosilterem sido financiados por adiantamentos de clientes eempréstimos bancários, o que importaria em acréscimo doslucros apurados, pela redução das despesas financeiras, casoa empresa atuasse unicamente como trading.

Considerando ainda o valor de Cr$ 1,05 bilhão, computadoem conta de compensação relativo às vendas efetuadas à Libia,a serem faturadas no período máximo de 2 anos, e a margemlíquida de lucro da ENGEXCO nos quatro meses supra referidos,esta deveria obter um lucro líquido da ordem de Cr$ 340milhões (sem considerar reaplicação de recursos gerados) .

Por outro lado, analisando os balanços da ENGESA de3O• 06 . 75, 3 O• 06 . 7 6, 3 O• 06 . 77 e 31. 10 . 77 (4 meses), o BNDEverificou que a ENGESA, após iniciar suas exportações para aLíbia, experimentou acentuado crescimento, sendo que ocrescimento dos itens patrimoniais no início do períododecorreu, em grande parte, do ingresso de capital de riscopor parte da EMBRAMEC (novembro/75) e dos financiamentosconcedidos pelo BNDE (saldo devedor em dezembro/77 - 108milhões). Com base nestes fatos concluiu que em termos reaisa ENGESA, a partir de junho/76 (pouco antes da data deconstituição da ENGEXCO), praticamente estagnou, verificando­se sensível decréscimo de sua rentabilidade, tanto em relaçãoao faturamento quanto em relação ao capital próprio.

Embora o BNDE reconheça que o curto período de observação(4 meses: 30.06.77 a 31.10.77) não permite uma conclusãodefinitiva sobre as causas que motivaram o decréscimoapontado, atribui o fato à criação da ENGEXCO, com oconseqüente desvio para esta empresa da atividade decomercialização que poderia ser desenvolvida pela própriaENGESA.

o BNDE reforça sua argumentação afirmando que enquanto aENGEXCO, no período de 4 meses examinado, apresentou um lucrolíquido de 23,1 milhões para um ~ital total (tratava-se deuma empresa recém constituída) de apenas 10 milhões; aENGESA, no mesmo período, apresentou um lucro de 18 milhõespara um patrimônio liquido de 209 milhões.

A GEO, após analisar os balanços da ENGESA referentes aosexercícios encerrados em 30.06.76, 30.06.77 e 30.06.78,apurou que o crescimento dos lucros da ENGESA, em termosabsoLu t.o s e em relação aos anos respectivamente anteriores,evoluiu 475%, 120% e 180%, respectivamente.

Apurou-se, também, que "a performance da empresa duranteo exercício de 1976 foi enormemente influenciada peloingresso de recursos da EMBRAMEC no final de 1975". Acredita­se, por outro lado, que o desempenho negativo da ENGESA foiinfluenciado pelos financiamentos obtidos junto ao BNDE

Sede, Ruo Sete de Setembrol l l /26' 00 33'ondor . (enno- Rio de lnaeiro- RJ . CEP 20159·900 . Brosil· TeL ··21 212 0200 . Endereço Internet bttpJlwww.cvm.gov.br

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Protegendo quem investe no futura do Brasildurante o exercicio de 1977, bem como pelas dificuldadesposteriores que culminaram com a desistência de solicitaçãode outros empréstimos ao BNDE.

A GEO, comparando o património liquido e o lucro liquidodas duas empresas - ENGESA e ENGEXCO em 1977 e 1978,concluiu que a ENGESA apresenta melhor desempenho do que aENGEXCO. Contudo, da comparação dos lucros liquidos com osrespectivos capitais, no exercicio de 1978, a lucratividadeda ENGEXCO (140,5%) é superior à da ENGESA (118,8%).

rcializa ãoeneficiariam

ela ENGEXCO dos rodutos da ENGESAa ENGEXCO em detrimento da ENGESA

Os documentos à nossa disposiçãoa ENGEXCO beneficiou-se ou nãodetrimento da ENGESA.

não permitem concluircom as transações

seem

Libia previa oe operação dos

A GFE, na inspeção procedida, conseguiu apenas apurar oindicio de um beneficio indevido havido pela ENGEXCO no valorde Cr$ 1.350 mil, averiguado a partir da análise feita aoresultado nas vendas de produtos TRT no periodo de 01.03.78 a06.06.78. Isto se deu em razão de a GFE ter se oposto aoscri térios utilizados pela ENGEXCO (no balanço especial de30.06.78, levantado em razão da alienação de controle daENGEXCO), para determinar o valor total das despesasatribuidas à venda de produtos da ENGESA, com o fim de tornarnulo o resultado obtido pela ENGEXCO nestas transações.

Contudo, acresce notar que esta conclusão se fundamentana premissa de que o resultado obtido com a venda de produtosadquiridos da ENGESA deveria ser nulo (c f . item 5.2 acima,relativo à informação prestada pela diretoria da ENGESA) .

Assim, tendo a ENGEXCO comercializado neste periodosomente produtos ENGESA e TRT, o seu resultado operacional(se verdadeira a premissa acima) deveria ser igual ao lucroobtido na venda de produtos TRT (= 13.282 mil) e não 14.632mil como foi apurado. A diferença de 1.350 mil equivale acerca de 66% do resultado final do periodo considerado.

5.3 - A evasão de lucros da ENGESA e o faturamento pelaENGEXCO de serviços de treinamento de pessoal

O contrato firmado entre a ENGEXCO e atreinamento de pessoal para a manutençãoveiculos e equipamentos da ENGESA negociados.

O BNDE em sua denúncia aponta também como irregularidadee hipótese de evasão de lucros da ENGESA, em beneficio daENGEXCO, o faturamento pela ENGEXCO desses serviços detreinamento, uma vez que foram efetuados pela ~ deassistência técnica da ENGESA. Segundo o BNDE a ENGEXCO-

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Protegendo quem investe no futuro do Brasilfaturou Cr$ 7.891.271,40, pagou Cr$ 6.119.771,84 à ENGESA,tendo, portanto, obtido um lucro de Cr$ 1.771.499,56.

A GFE, em sua inspeção, através de análises dos registroscontábeis simultaneamente procedidos nas duas empresas,constatou que, em relação ao treinamento de pessoalcontratado com a Líbia, no período de dez/77 a maio/78, aENGEXCO faturou um total de Cr$ 11.526.626,58 (incluindo ovalor de Cr$ 682.397,67 referente à variação cambial). Pagouà ENGESA Cr$ 8.644.148,74.

Nas demonstrações de resultado da ENGEXCO (Balanços de28.02.78 e o especial de 30.06.78) estão contabilizados emconta de "Receita de Serviços" o valor de Cr$ 11.464.959,93equivalente ao faturamento acima mencionado, menos aimportância de Cr$ 61.666,65 relativa à variação cambial - ena conta "Custos de Serviços" o valor Cr$ 8.644.148,74equivalente ao montante pago à ENGESA por conta dos serviçostécnicos prestados.

Assim, conforme estas peças contábeis, o lucro da ENGEXCOcom esta atividade foi de Cr$ 2.820.748,51, não tendo sidocomputados outros custos ligados ~ atividade de prestação ~serviços tais como comissão do ~ente do exterior ~ base de14%, conforme cláusula contratual, mais despesas de contrato(1,27%), financeiras ~ comerciais.

5.4 A evasão de lucros da ENGESA mediante absorção oupagamento por esta, de custos incorridos pela ENGESA

A GFE apurou "que existiu na ENGESA, até março de 1978,um centro de custo denominado "Divisão de NegóciosEspeciais", cujas atividades eram desenvolvidas para atender! ENGEXCO. A ENGESA possuía controle contábil sobre os gastosefetuados por esta Divisão (pessoal, encargos sociais,material, viagens, etc.), tendo emitido notas de débitocontra a ENGEXCO pelos valores apurados nos meses de julho de1977 a março de 1978.

A partir de abril de 1978, com a extinção desta Divisão,o critério adotado pela ENGESA para ressarcimento dessasdespesas foi alterado, passando a debitar mensalmente àENGEXCO o valor equivalente a 1,753% do total de suasdespesas administrativas. Este percentual foi determinado emfunção dos gastos da Divisão de Negócios Especiais em relaçãoàs despesas administrativas da ENGESA, considerando-se osvalores acumulados de outubro de 1977 a março de 1978.

Assim, de dezembro/77 a abril/78 foram debitados àENGEXCO o total de Cr$ 1.740.407,13 referente às despesas daDivisão no período julho/77 a março/78. As despesas

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Protegendo quem investe no futuro do Brasilreferentes aos meses de abril e maio/78,do percentual acima referido, totalizaram

calculadas na baseCr$ 506.866,73.

Segundo consta do Relatório de Inspeção da GFE, dasdespesas assim recuperadas pela ENGESA não constam os custos-relativos ~ uso de escritórios !! meios auxiliares (luz,telefone, telex, aluguéis, etc.), não tendo sido possível9Uantificar 2 montante envolvido.

6 - A aquisição do controle acionário da ENGEXCO pela ENGESA

A ENGESA, por deliberação do Conselho de Administração emreunião realizada aos 25.04.78, e nos termos' do Contrato deCompra e Venda firmado aos 21.06.78, adquiriu da OASIS ocontrole acionário da ENGEXCO, representado por 9.999.993acõe s (99,9% do capital), pelo preço de Cr$ 47.510.966,04(Cr$ 4,7511 por ação).

No referido contrato de compra e venda ficou acertado queo preço seria pago mediante crédito em conta corrente nacontabilidade da ENGESA, a favor da OASIS, crédito este que,posteriormente, seria incorporado ao capital da ENGESA,recebendo a OASIS as ações correspondentes.

A transação foi ratificada pelo Conselho de Administraçãoem 15.06.78 e pela AGE realizada aos 30.06.78, quando foideliberado o aumento de capital da ENGESA, medianteincorporação de créditos em conta corrente e em dinheiro.

Para efeito da alienação do controle acionário da ENGEXCOfoi elaborado, em 16.06.78, por Campiglia e Cia - AuditoresIndependentes Ltda., um laudo de avaliação das ações daENGEXCO, segundo critério de equivalência patrimonial ereajuste parcial de valores integrantes do ativo da empresa.

° mencionado laudo de avaliação baseou-se em balancete edemonstrativo de resultado especialmente levantados aos06.06.78, bem como em laudos de avaliação dos imóveis depropriedade da empresa, efetuados pela Bolsa de Imóveis deSão Paulo.

Além dos imóveis objetos destes laudos, foram tambémreavaliadas - a preço de mercado - as ações de emissão daENGESA de propriedade da ENGEXCO, tomando-se como base a suacotação média na BOVESPA nos últimos dez meses queantecederam a negociação (junho/77 a março/78) .

Assim, a reavaliação parcial do ativo representou umacréscimo patrimonial de Cr$ 12.623.911,00 (Cr$ 10.709.611,00referentes aos imóveis e Cr$ 1.914.300,00 às ações daENGESA). Computados os créditos fiscais a realizar, no valor(aproximado) de Cr$ 1.500.000,00, o acréscimo patrimonialresultou Cr$ 14.123.911,00.

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Protegendo quem investe no futuro do BrasilConstava, ainda, do supra referido demonstrativo de

resultado, uma parcela de Cr$ 20.495.549,88 relativa aoresultado do exercício.

Contudo, na AGO de 28.05.78, realizada nove dias antes dolevantamento do referido Balanço Especial, foi aprovada adistribuição aos acionistas da ENGEXCO de dividendos no valorde Cr$ 12.000.000,00, referentes ao resultado do exercícioencerrado aos 28.02.78 e que, segundo o Relatório de Inspeçãoda GFE, foram inte2ralmente pagos à OÁSIS no dia 30.05.78 ­vinte dias antes da efetiva transferência de controle daENGEXCO para a ENGESA.

~

CONCLUSOEl>

A Lei nO 6.404/76 estabelece limites rigorosos para oexercício do controle nas sociedades por ações. Assim é que,

em seu artigo 117, responsabiliza o acionista controlador poratos praticados com abuso de poder. Do elenco exemplificativo

das modalidades do exercício abusivo deste poder, constantedo § 1° do citado artigo, destacam-se, para o caso em exame,

as regras contidas nas letras "a", "c" e "f", que,respectivamente, vedam ao acionista controlador:

1) levar a companhia a favorecer outra sociedadebrasileira ou estrangeira, em prejuízo da participação dosacionistas minoritários nos lucros ou no acervo da companhia,ou da economia popular;

2) promover ... a adoção de políticas ou decisões que nãotenham por fim o interesse da companhia e visem a causarprejuízos a acionistas minoritários;

3) contratar com a companhia diretamente ou através deoutrem, ou da sociedade na qual tenha interesse, em condiçõesde favorecimento ou não eqüitativas.

Na hipótese em tela, considerando-se os termos dasdenúncias feitas ao Conselho de Segurança Nacional e os fatosjá apurados pela CVM, a eventual responsabilidade doacionista controlador da ENGESA estaria intimamente vinculadaà responsabilidade funcional de seus administradores,prevista no artigo 158 da Lei nO 6.404/76, pelo fato de teremagido com culpa ou dolo, não obstante o fato de não teremextravasado os limites de suas atribuições ou poderesformalmente definidos, ou terem violado a lei nodescumprimento dos deveres por ela impostos.

A responsabilidade dos administradores, no entanto, nostermos do § 3° do artigo 117 e dos § 2° do artigo 158, nãoexclui a do titular do controle e, no caso, desconsiderando­se a pessoa jurídica titular do poder de controle da ENGESA,teríamos, segundo a denúncia do BNDE, a identidade entre os

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Protegendo quem investe no futuro do Brasilsócios da Pró-ENGESA e da OÁSIS (controladores da ENGESA) ealguns dos administradores da própria ENGESA.

1 - Abuso de poder dos administradores da ENGESA

O artigo 154 da Lei n ? 6.404/76 estabelece o princípionorteador de toda atividade dos administradores decompanhias, subsídio indispensável para a caracterização dafigura de "desvio de poder".

"O administrador - diz o referido artigo - deve exerceras atribuições que a lei e o estatuto lhe conferem paralograr ~ fins ~ ~ interesse da companhia, satisfeitas asexigências do bem público e da função social da empresa".

A atuação do administrador, no âmbito formal dasdefinições e delimitações legais ou estatutárias dos poderesatribuídos, deve observar os limites objetivos assimestabelecidos, sob pena de ensejar a caracterização de um atoilegal passível de nulidade.

Por outro lado, no universo ideológico fixado pelo citadoprincípio, que revestiu o aspecto formal dos limitesobjetivos das atribuições dos administradores de fínalidadeslegitimadoras, a não observância dessas finalidadespossibilita a caracterização do desvio de poder.

1.1 - A forma de constituição da ENGEXCO Possibilidade deviolação do dever de lealdade

Não existe qualquer dispositivo na Lei de Sociedades porAções que estabeleça como requisito para o exercício do cargode administrador a dedicação exclusiva. Pode o administradorlivremente exercer outras atividades comerciais ou, mesmo,participar de outras sociedades na qualidade de sócio ouadministrador.

Contudo, a lei vigente, além de conter dispositivosdisciplinadores da atuação dos administradores nas hipótesesde ocorrência de conflitos de interesse (art. 156), impõe­lhes o dever de lealdade à companhia, vedando-lhes uma sériede práticas. Dentre estas proibições salientamos asseguintes, para o exame do tópico em questão:

a) usar, em benefício próprio ou de outrem, ainda ~ sem. prejuízo para ~ companhia, as oportunidades comerciais de que

tenha conhecimento em razão do exercício de seu cargo (art.155, I). (Grifamos);

b) deixar de aproveitar oportunidades de negócios deinteresse da companhia visando à obtenção de vantagens parasi ou para outrem (art. 155, II).

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Protegendo quem investe no futuro do BrosilA criação da ENGEXCO, di reta ou indiretamente, por

administradores da ENGESA, não constitui desvio de poder ou,por si só, violação do dever de lealdade capitulado no artigo155.

A caracterização da violação aos incisos I e II do citadoartigo 155 requer se evidencie de modo incontroverso aoportunidade de negócio de interesse da companhia, bem como ofato de os administradores dela terem tido conhecimento em-razão de seu oar~.

Na hipótese em tela,administradores da ENGESA porartigo 155 da Lei n° 6.404/76,

para se responsabilizarviolação dos incisos I e IIhá que se provar que:

osdo

a) havia real perspectiva de exportação de produtos daENGESA para o Oriente Médio, o que, inclusive, viabilizaria aintermediação na exportação de produtos de outras empresas,nacionais ou estrangeiras, para o mesmo mercado;

b) esta oportunidade de negócios era, de fato, deinteresse da companhia, sobretudo em relação à decorrenteperspectiva de lucros, podendo tal atividade ser exercida porela mesma ou por uma subsidiária;

c) os administradores da ENGESA tomaram conhecimento, emrazão de seus cargos na companhia, da possibilidade deexportarem seus produtos para o Oriente Médio;

d) osaproveitarintuito de(no caso a

mesmos administradores, dolosamente, deixaram deesta oportunidade em favor da ENGESA, com o

auferirem benefícios para si mesmos ou para outremOASIS e ENGEXCO) .

Não seria, no entanto, necessário comprovar algumprejuízo decorrente para a ENGESA, uma vez que esta prova nãoconfigura requisito inarredável para a caracterização daviolação da lei em questão, bastando para tanto provar obenefício, direto ou indireto, dos administradores da ENGESA.

É indubitável que constitui indício de violação da lei ofato de os negócios da ENGEXCO com produtos da ENGESA (desdea sua constituição até o momento da transferência de seucontrole para a ENGESA) representarem elevado percentual desua receita.

A este respeito cabe lembrar que, segundo o BNDE, acontribuição da comercialização dos produtos da ENGESA aoresultado da ENGEXCO em apenas 4 meses (agosto/77 adezembro/77) totalizou 126%.

Por outro lado,especial relativo

deao

acordo com aperíodo· de

análise da GFE do balanço28.02.78 a 06.06.78 (3

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Protegendo quem investe no futuro do Brosilmeses), do total da receita de exportação da ENGEXCO(147.551) mais de 72,71% (107.292) referia-se a venda deprodutos da ENGESA. Os restantes 27,29% representavam vendasde produtos da TRT. Pouca importãncia tem, no caso, o fato deo percentual do lucro bruto da ENGEXCO com estas vendas tersido, respectivamente, 20% e 31%, representando, portanto, ocusto das mercadorias da ENGESA 80% e o das TRT apenas 69% dareceita apurada.

Acresce notar, no entanto, que o decréscimo de lucros daENGESA após a constituição da ENGEXCO, quer por desvio denegócios da primeira para a segunda, quer por repasse dedespesas da ENGEXCO para a ENGESA, se confirmado,constituiria mais urna prova do ilícito aventado, embora estaprova seja, na realidade, dispensável para a suaconfiguração.

Outro forte indício está consubstanciado na constituiçãoda OASIS poucos dias antes da constituição da ENGEXCO, sendoos sócios daquela administradores da ENGESA e, parece, tambémda Pró-ENGESA, que juntamente com a OASIS detinha (e aindadetém) o controle da ENGESA.

Não obstante os fatos acima justificarem as dúvidaslevantadas quanto à violação do dever de lealdade impostopela lei, não se pode concluir, com base apenas neles, pelaresponsabilidade dos administradores da ENGESA, capitulada noartigo 158, II, da Lei na 6.404/76.

1.2 - O relacionamento comercial entre a ENGESA e a ENGEXCO ­Conflito de interesses e dever de lealdade

A Lei na 6.404/76, com o objetivo de disciplinareventuais conflitos de interesse entre o administrador e acompanhia, veda-lhe "intervir em qualquer operação social emque tiver interesse conf1itante com o da companhia, bem cornona deliberação que a respeito tornarem os demaisadministradores". O mesmo preceito impõe-lhe o dever decientificar os demais de seu impedimento e fazer consignar,em ata da reunião do conselho de administração ou dadiretoria, a natureza e extensão de seu interesse (art. 156,Lei na 6.404/76).

Ademais, esclarece o § 10 do referido artigo que oadministrador só pode contratar com a companhia em condiçõesrazoáveis ou eqüitativas, ou sej a em condições normais demercado, sob pena de o negócio ser anulável, transferindo-separa a companhia as vantagens irregularmente auferidas peloadministrador.

No caso em tela, considerando-se o fato de que os sóciosda OASIS - que detinha 99,9% do capital da ENGEXCO - eramadministradores da ENGESA, é inegável o interesse desses

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conseqüente benefícioestaria configurada a

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Protegendo quem investe no futuro do Brosiladministradores da ENGESA nos contratos por ela firmados coma ENGEXCO ou em qualquer deliberação do conselho deadministração ou da diretoria, cujo objeto fosse relacionadocom os negócios da companhia com a ENGEXCO.

Assim, comprovada a participação daqueles administradoresda ENGESA nas decisões referentes a negócios com a ENGEXCO,configurar-se-ia a violação da proibição expressa no artigo156 caput da Lei n? 6.404/76, independentemente doseventuais benefícios ~ prejuízos advindos, respectivamente,Eara ~ ENGEXCO ~ ~ ENGESA.

Os fatos apurados até o momento com relação aorelacionamento comercial entre a ENGESA e a ENGEXCO nãoconstituem evidências de que a ENGEXCO beneficiou-se com astransações em detrimento da ENGESA e de que,conseqüentemente, houve efetiva evasão de lucros. Há, apenas,alguns indícios de repasse indevido de custos da ENGEXCO paraa ENGESA (veja itens 5.2.2, 5.3 e 5.4 acima).

Ademais, faltam elementos de convicção para uma adequadaconclusão sobre o beneficiamento indevido da ENGEXCO em razãodo Contrato de Comissão Mercantil e outras avenças, firma doaos 01.09.76 com a ENGESA, vez que não dispomos deinformações precisas relativas ao pagamento das comissõespactuadas e conseqüente acerto de contas (ver item 5.1acima), indispensáveis à análise de seus reflexos sobre acontabilidade de ambas as empresas.

Contudo, provados estes fatos e oda ENGEXCO em detrimento da ENGESA,violação do § l° do citado artigo 156.

Por outro lado, com base nos incisos II do artigo 155, eII do artigo 158, da Lei n? 6.404/76, poder-se-ia,eventualmente, responsabilizar os demais administradores daENGESA por omissão no exercício ou proteção de direi tos dacompanhia, o que constitui uma infração ao dever de lealdadeà companhia legalmente imposto.

Neste caso, considerando-se os termos do § 1° e 2° docitado artigo 158 ressalvado o disposto no § 3° osadministradores da ENGESA seriam solidariamente responsáveispelos prejuízos causados, excetuando-se, apenas, aquele quehouver .consignado sua divergência em ata da reunião do órgãoda administração, ou, não sendo possível, dela tiver dadociência imediata e por escrito ao órgão da administração, aoconselho fiscal ou à assembléia geral.

1. 3 A aquisiçãoENGE SA. ;;.;;.......;;;.

do controle • ••ac~onar~o da ENGEXCO Eela

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lado, possívelcomparativa das

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Protegendo quem investe no futuro do BrasilA distribuição pela ENGEXCO de dividendos no valor de Cr$

12.000.000,00, ocorrida poucos dias antes da transferência deseu controle acionário, faz supor que a OÁSIS, entãoacionista controladora da ENGEXCO, teria se beneficiadoindevidamente com esses dividendos, uma vez que poderiam, senão distribuídos, ser considerados no cálculo do valorpatrimonial de suas ações.

Contudo, tal distribuição, por si mesma, não importa emqualquer ilegalidade. Ilegal seria, no entanto, se comprovadaalguma distorção nos demonstrativos financeiros da empresa,relativos ao exercício findo em 28.02.78, de que resultasseum acréscimo indevido dos lucros.

Outra hipótese de ilegalidade verificar-se-ia se os Cr$12.000.000,00 dos dividendos distribuídos e realmente pagos àOÁSIS em 30.05.78 estivessem embutidos no resultado de Cr$20.495.549,88, apurado no demonstrativo de resultadoespecialmente levantado aos 06.06.78, para uma adequadaavaliação do valor patrimonial das ações da ENGEXCO.

Nenhuma das hipóteses acima restou provada pela inspeçãoprocedida pela GFE, não sendo, por outroesclarecer as dúvidas pela simples análisereferidas peças contábeis.

Contudo, se evidenciada a ocorrência de qualquer uma dashipóteses acima levantadas, poder-se-ia responsabilizar osadministradores da ENGESA com base no artigo 158, II da Lein ? 6.404/76, por violação do § lOdo artigo 156 e inciso IIdo artigo 155 do mesmo diploma legal, anteriormentecomentados e, eventualmente, também por violação do dispostono caput do citado artigo 156.

Desta forma concluímos, resumidamente, o seguinte:

1. A criação da ENGEXCO configuraria violação aos incisosI e II do artigo 155 da Lei n ? 6.404/76, imputável aosadministradores da ENGESA, sócios da ENGEXCO ou da OÁSIS(controladora da ENGEXCO), na forma do disposto no artigo158, II daquele diploma legal, se comprovado que:

a) Havia real perspectiva de exportação de produtos daENGESA para o Oriente Médio, o que, inclusive, viabilizaria aintermediação na exportação de produtos de outras empresas,nacionais ou estrangeiras, para o mesmo mercado;

em relação à decorrenteatividade ser exercida por

interesse da companhia, sobretudoperspectiva de lucros, podendo talela mesma ou por uma subsidiária;

b) Esta oportunidade de negócios era, de fato, de

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c) Osconhecimento,possibilidadeMédio;

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Protegendo quem investe no futuro do Brosilcitados administradores da ENGESA tomaram

em razão de seus cargos na companhia, dade exportarem seus produtos para o Oriente

d) Osaproveitarintuito de(no caso a

mesmos administradores, dolosamente, deixaram deesta oportunidade em favor da ENGESA, com o

auferirem beneficios para si mesmos ou para outremOASIS ou ENGEXCO) .

2. Os mesmos administradores, acima descri tos, poderiamser responsabilizados, nos termos do artigo 158, II da Lei n°6.404, por violação do disposto no caput do artigo 156 damesma lei, se comprovada a sua participação nas decisões daENGESA referentes a negócios entre as duas empresas.

3. Poderiam, ainda, ser responsabilizados (art. 158, IIda Lei nO 6.404/76) por violação ao § 1° do artigo 156 da LeinO 6.404/76, se comprovado que o Contrato de ComissãoMercantil e outras avenças - ou outro qualquer firmado entrea ENGESA e a ENGEXCO não foi celebrado em condiçõesrazoáveis ou eqüitativas, ou seja, em condições normais demercado, idênticas às que a companhia contrataria comterceiros não vinculados a ela. Prova inegável da violação emquestão estaria consubstanciada na evasão de lucros daENGESA, em benefício da ENGEXCO.

4. Na hipótese do item anterior, se comprovada a omissãodos demais administradores da ENGESA no exercício ou proteçãode direi tos da companhia, visando a obtenção de vantagenspara si ou para outrem (no caso a ENGEXCO, a OASIS ou os seussócios), poderiam estes ser responsabilizados, na forma dodisposto nos § 1° e 2 0 do artigo 158 da Lei na 6.404/76, porviolação ao dever capitulado ao artigo 155, II.

5. Todos os administradores da ENGESA poderiam serresponsabilizados, com base no artigo 158, II da Lei nO6.404/76, por violação ao § 1° do artigo 156 e inciso II doartigo 155, se comprovada a ocorrência das seguinteshipóteses na operação de aquisição do controle acionário daENGEXCO:

a) distorção nos demonstrativos financeiros da ENGEXCO,relativos ao exercício findo em 28.02.78, de que resultasseum acréscimo indevido nos lucros, computados no patrimóniolíquido para efei to de cálculo do valor das ações obj eto datransação.

b) os Cr$ 12.000.000,00, relativos aos dividendosdistribuídos e realmente pagos à OASIS em 30.05.78, estavamembutidos no resultado de Cr$ 20.495.549,88, apurado nodemonstrativo de resultado especialmente levantado aos

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Protegendo quem investe no futuro do Brasil

06.06.78,das ações

para uma adequadada ENGEXCO.

avaliação do valor patrimonial

6. A violação por administrador dos preceitos legaiscontidos no artigo 155, I e II da Lei nO 6.404/76, bem comoaquele capitulado no § l° do artigo 156, não exclui aeventual responsabilidade doIs) acionista(s) controlador (es)por exercício abusivo do poder de controle, nos termosprevistos nas letras ,e, E e !. do artigo 117 da mesma lei (§]0 do art. 117 e § 2° do art. 158). Neste caso, presume-se aresponsabilidade doIs) acionista(s) controlador (es) quando ossócios da sociedade detentora do controle de uma companhiasão também seus administradores.

Antes de finalizarmos, gostaríamos de ressaltar anecessidade de se analisar a aquisição de controle acionárioda ENGEXCO pela ENGESA, em vista do que dispõe o artigo 256da Lei n° 6.404/76.

É o que nos parece.----,,

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Advogada

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De acordo . .li. GEO ,

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