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Vera Lúcia do Amaral Psicologia da Educação DISCIPLINA Os meios de comunicação de massa Autora aula 15

D I S C I P L I N A - tiberiogeo.com.br · 1980) lançou um livro chamado A galáxia de Gutemberg, do qual uma idéia ficou famosa até hoje: a idéia de que o mundo estava se transformando

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Vera Lúcia do Amaral

Psicologia da EducaçãoD I S C I P L I N A

Os meios de comunicação de massa

Autora

aula

15

Aula 15  Psicologia da EducaçãoCopyright © 2007 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da

UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Governo Federal

Presidente da RepúblicaLuiz Inácio Lula da Silva

Ministro da EducaçãoFernando Haddad

Secretário de Educação a Distância – SEEDCarlos Eduardo Bielschowsky

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

ReitorJosé Ivonildo do Rêgo

Vice-ReitoraÂngela Maria Paiva Cruz

Secretária de Educação a DistânciaVera Lúcia do Amaral

Secretaria de Educação a Distância- SEDIS

Coordenadora da Produção dos MateriaisMarta Maria Castanho Almeida Pernambuco

Coordenador de EdiçãoAry Sergio Braga Olinisky

Projeto GráficoIvana Lima

Revisores de Estrutura e LinguagemEugenio Tavares BorgesJânio Gustavo BarbosaThalyta Mabel Nobre Barbosa

Revisora das Normas da ABNT

Verônica Pinheiro da Silva

Revisoras de Língua Portuguesa

Janaina Tomaz CapistranoSandra Cristinne Xavier da Câmara

Revisora TipográficaNouraide Queiroz

IlustradoraCarolina Costa

Editoração de ImagensAdauto HarleyCarolina Costa

Diagramadores

Bruno de Souza MeloDimetrius de Carvalho Ferreira

Ivana LimaJohann Jean Evangelista de Melo

Adaptação para Módulo MatemáticoAndré Quintiliano Bezerra da SilvaKalinne Rayana Cavalcanti Pereira

Thaísa Maria Simplício Lemos

Imagens UtilizadasBanco de Imagens Sedis

(Secretaria de Educação a Distância) - UFRNFotografias - Adauto HarleyStock.XCHG - www.sxc.hu

Amaral, Vera Lúcia do. Psicologia da educação / Vera Lúcia do Amaral. - Natal, RN: EDUFRN, 2007.208 p.: il.

Conteúdo: A psicologia e sua importância para a educação – A inteligência – A vida afetiva: emoções e sentimentos – Crescimento e desenvolvimento – A psicologia da adolescência – A formação da identidade: alteridade e estigma – Como se aprende: o papel do cérebro – Como se aprende: a visão dos teóricos da educação – Estratégias e estilos de aprendizagem: a aprendizagem no adulto – A dinâmica dos grupos e o processo grupal – A família – A escola como espaço de socialização – Sexualidade – A questão das drogas – Os meios de comunicação de massa.

1. Psicologia. 2. Psicologia educacional. 3. Didática. I. Título.

ISBN: 978-85-7273-370-0

CDU 159.9RN/UF/BCZM 2007/49 CDD 150

Divisão de Serviços Técnicos

Catalogação da publicação na Fonte. UFRN/Biblioteca Central “Zila Mamede”

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Copyright © 2007 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da

UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Governo Federal

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Projeto GráficoIvana Lima

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Verônica Pinheiro da Silva

Revisoras de Língua Portuguesa

Janaina Tomaz CapistranoSandra Cristinne Xavier da Câmara

Revisora TipográficaNouraide Queiroz

IlustradoraCarolina Costa

Editoração de ImagensAdauto HarleyCarolina Costa

Diagramadores

Bruno de Souza MeloDimetrius de Carvalho Ferreira

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Adaptação para Módulo MatemáticoAndré Quintiliano Bezerra da SilvaKalinne Rayana Cavalcanti Pereira

Thaísa Maria Simplício Lemos

Imagens UtilizadasBanco de Imagens Sedis

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Amaral, Vera Lúcia do. Psicologia da educação / Vera Lúcia do Amaral. - Natal, RN: EDUFRN, 2007.208 p.: il.

Conteúdo: A psicologia e sua importância para a educação – A inteligência – A vida afetiva: emoções e sentimentos – Crescimento e desenvolvimento – A psicologia da adolescência – A formação da identidade: alteridade e estigma – Como se aprende: o papel do cérebro – Como se aprende: a visão dos teóricos da educação – Estratégias e estilos de aprendizagem: a aprendizagem no adulto – A dinâmica dos grupos e o processo grupal – A família – A escola como espaço de socialização – Sexualidade – A questão das drogas – Os meios de comunicação de massa.

1. Psicologia. 2. Psicologia educacional. 3. Didática. I. Título.

ISBN: 978-85-7273-370-0

CDU 159.9RN/UF/BCZM 2007/49 CDD 150

Divisão de Serviços Técnicos

Catalogação da publicação na Fonte. UFRN/Biblioteca Central “Zila Mamede”

Apresentação

Os meios de comunicação de massa estão cada vez mais presentes na nossa vida cotidiana. Com a melhoria das condições de vida dos brasileiros, a televisão, por exemplo, está praticamente em todas as casas e, muitas vezes, ligada a maior parte do

dia. Nesse contexto, algumas questões como: de que forma esses meios interferem em nossos comportamentos e por que nos deixamos influenciar por eles serão que discutidas nesta aula.

Objetivos

Conhecer a evolução dos meios de comunicação e sua influência na cultura.

Discutir a interferência dos meios de comunicação na subjetividade dos sujeitos.

Discutir o papel da propaganda e seus mecanismos de manipulação.

Discutir a relação entre Educação e meios de comunicação de massa.

Aula 15  Psicologia da Educação2 Aula 15  Psicologia da Educação

Da tradição oral ao “ciberespaço”

No final dos anos 60 do século XX, o filósofo canadense Marshall McLuhan (1911-1980) lançou um livro chamado A galáxia de Gutemberg, do qual uma idéia ficou famosa até hoje: a idéia de que o mundo estava se transformando em uma aldeia

global. Para McLuhan (1977), o progresso tecnológico estava reduzindo o planeta a uma situação semelhante ao que ocorre em uma aldeia, onde qualquer pessoa pode se comunicar com outra diretamente e as mensagens são passadas quase instantaneamente. O modelo de progresso tecnológico era a televisão que, naquela época, começava a se interligar por satélite e fazer transmissões simultâneas para todo o mundo.

As idéias de McLuhan ajudaram a trazer para a ordem do dia a discussão sobre os meios de comunicação e sua interferência na vida das pessoas. Para ele, a análise da evolução midiática mostra como ela foi determinante na transformação das culturas. Nesse sentido, afirma que é possível distinguir três culturas nessa evolução:

1. a cultura oral – própria das sociedades não alfabetizadas, utiliza a palavra falada como o principal meio de comunicação. Nesta cultura, o homem estaria mais próximo das coisas e, pela riqueza das modulações da palavra oral, conseguiria transmitir e receber as sutis variações dos estados afetivos dos envolvidos na comunicação. A experiência seria rica e variada, suscitando a criatividade de quem fala e de quem ouve, deixando o ouvinte livre para imaginar ao seu modo a realidade e os acontecimentos. A cultura oral – por implicar um falante e um ouvinte – também estimula a proximidade entre as pessoas, favorecendo o estabelecimento de fortes vínculos grupais. Essa cultura ainda persiste entre nós na figura dos contadores de histórias. Aqueles dentre nós que não são tão jovens devem recordar as histórias contadas pelas nossas avós, nos fazendo “viajar” na imaginação;

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2. a cultura tipográfica – caracteriza as sociedades alfabetizadas, privilegia a palavra escrita e, conseqüentemente, a leitura, valorizando mais a visão do que a fala. A palavra escrita comunica em um sentido único, diminuindo a capacidade expressiva e comunicativa da experiência subjetiva do mundo, determinando uma consciência linear e um modo de vida repetitivo e uniformizante entre indivíduos singulares. Por outro lado, ela propicia a ordenação lógica do discurso permitindo a construção de saberes racionais e, pela sua capacidade de reprodução, favorece a permanência no tempo e no espaço, possibilitando a construção de coletividades nacionais e do registro de memórias. A palavra escrita criou condições de democratização da instrução e vulgarização do saber;

3. a cultura eletrônica – decorrente do surgimento dos meios eletrônicos de comunicação, define-se pela comunicação rápida e instantânea. Pelo caráter massivo de sua difusão, ela permite compartilhar experiências entre pessoas muito distantes, promovendo um novo tipo de aproximação social em larga escala. Os meios eletrônicos, por atuarem no campo auditivo e visual, atingem de forma múltipla a sensibilidade, permitindo uma apreensão pluridimensional e polimórfica da mensagem. Assim, a cultura eletrônica, de certa forma, resgata a riqueza expressiva da comunicação oral, com a vantagem de manter o registro típico da comunicação tipográfica. Vale lembrar que quando McLuhan difundiu essas suas idéias, a Internet ainda estava longe de ser desenvolvida. O modelo de comunicação eletrônica que ele utiliza é a televisão, como dissemos anteriormente. Nesse sentido, podemos dizer que ele foi um visionário.

Outro autor que também estuda a interferência dos meios nos comportamentos humanos é Manuel Castells (1999). Em sua obra A Era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura, identifica o surgimento de uma nova estrutura social – a sociedade em rede – como fato, sobretudo, da revolução da informática. De certa forma, essa nova sociedade já havia sido antecipada por McLuhan, quando distinguiu a cultura eletrônica. No entanto, a análise de Castells observa dois outros fenômenos que surgem concomitantemente à sociedade em rede e que vão atuar em conjunto, fortalecendo as características da nova estrutura social: a economia globalizada e a cultura da virtualidade do real.

Essa nova cultura foi chamada por Pierre Levy (1999) de “cibercultura”, definindo-a como o conjunto de atitudes, valores, práticas e modos de pensamento que se desenvolve com o novo meio de comunicação surgido a partir da interconexão mundial dos computadores. É a internet – ou “ciberespaço” – que favorece o surgimento da “cibercultura”.

Assim, as novas tecnologias de informação e comunicação fizeram surgir uma nova forma de difusão da informação, novas formas de relações sociais e práticas comunicacionais entre as pessoas, uma nova ética e até mesmo uma nova forma de arte. No entanto, essas novas subjetividades ainda convivem com as anteriores. Sabemos que a exclusão digital é uma realidade presente em países como o nosso, sobretudo, em regiões menos desenvolvidas economicamente. Nessas regiões, ainda estamos na cultura eletrônica da televisão, do rádio e, em menor escala, da imprensa. É, portanto, mais especificamente nesses meios de comunicação de massa que vamos focalizar a nossa discussão.

Aula 15  Psicologia da Educação4 Aula 15  Psicologia da Educação

Os meios de comunicação e a subjetividade

Os meios de comunicação de massa, também chamados mídia (em referência ao termo inglês mass media), ou meios de massa, têm ganhado nos últimos tempos uma importância enorme, ao ponto de ser chamado de “quarto poder”. E são chamados

assim pela sua grande influência na formação da opinião das pessoas, na aquisição de atitudes e comportamentos, sobretudo devido à penetração, particularmente, da televisão em todas as regiões do nosso país. Exemplos disso não faltam: as novelas moldam a maneira das pessoas se vestirem; programas como o Big Brother são temas de conversas e discussões sobre o comportamento de seus participantes; as notícias divulgadas nos telejornais passam a ter força de verdade absoluta. Podemos considerar que adquirimos a cultura de nosso grupo social também por esses meios. Eles são veículos de informação e de valores que nos constituem como sujeitos em nossa sociedade. Assim, podemos dizer que a mídia tem grande importância na construção da subjetividade das pessoas e por isso uma importante discussão que se coloca hoje em dia é a questão da ética nos meios de comunicação.

Um filme bastante interessante que discute o papel da imprensa na perspectiva de um “quarto poder” é Wag the dog, cuja tradução brasileira é Mera Coincidência. Trata-se da manipulação da informação para desviar a atenção do público de um grande escândalo envolvendo o presidente norte-americano.

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Atividade 1

sua

resp

osta

Você considera que essa influência da mídia tem efeito positivo ou negativo na formação da consciência das pessoas? Por quê?

Sabemos que a mídia, à semelhança de outras instituições sociais, tem a ambivalência de ter que preservar os valores sociais e ao mesmo tempo ser inovadora, porque a novidade é o elemento fundamental para um aumento de público. Mas ela tem um aspecto particular: no nosso país, a maioria dos veículos de comunicação é formada por empresa privada e, como tal, defende os interesses econômicos dos grupos que controlam o capital. Portanto, essas empresas não são transparentes nem inocentes, e o compromisso com a verdade, apesar de fazer parte do slogan de algumas delas, não pode ser considerado de uma forma absoluta. Isso fica mais evidente nos períodos de campanha eleitoral, quando os jornais e/ou as emissoras de televisão que pertencem a um determinado grupo político destacam as mazelas dos candidatos adversários e amenizam as dos seus próprios candidatos.

Aula 15  Psicologia da Educação� Aula 15  Psicologia da Educação

em off

Termo que faz parte do jargão jornalístico, significa informações

não gravadas, ou seja, sua fonte não pode ser

divulgada.

Quando se questiona a mídia sobre a ética na maneira de abordar determinadas questões, uma argumentação freqüente é que a de imprensa precisa ser livre para torna os cidadãos bem informados. Sem dúvida. Nosso país viveu anos sob uma ditadura militar, convivendo com a censura à imprensa, na forma de censura prévia, de proibição de citação de determinados nomes de pessoas ou de assuntos. Foram anos negros que provocaram uma triste lembrança. No entanto, após todo esse tempo de imprensa livre, volta à tona a discussão da ética na mídia.

A imprensa hoje, mais do que em qualquer época, está sendo pautada pelas informações vazadas e pelas declarações em off. Informações que visam apenas denegrir a imagem de outros políticos são publicadas baseadas em declarações cuja veracidade não é verificada pelosjornalistas. É o jornalismo baseado no denuncismo, que só se explica pela guerra em busca da audiência, por quantas primeiras capas as revistas conseguirem publicar. Sobram acusações, mas faltam investigações e análises isentas das denúncias.

Compreender os fatores que determinam a existência de uma mídia não isenta, atrelada aos interesses dos seus proprietários é fundamental para que se faça uma leitura crítica do conteúdo divulgado e que seja possível ter informação que nos constitua como verdadeiros cidadãos. Por outro lado, sabemos que uma mentira repetida por muito tempo não se torna verdade. Atribui-se a Abraham Lincoln a frase: “É possível enganar todas as pessoas por algum tempo, ou enganar algumas pessoas por todo o tempo, mas não é possível enganar a todas as pessoas por todo o tempo”. De uma maneira geral, as pessoas sabem que, quando se trata de tema polêmico, elas não devem acreditar integralmente na notícia veiculada pelos meios de comunicação.

O trabalho de Lins e Silva (apud BOCK, 1999) sobre a audiência do Jornal Nacional, da Rede Globo, entre trabalhadores paulistas, reforça essa afirmação. Na época em que a pesquisa foi feita (anos 1980), havia o mito de que a grande audiência desse telejornal dava às noticias que ele veiculava a força da verdade, ao ponto de nenhuma outra emissora contestar as informações. O estudo, no entanto, mostrou que os trabalhadores, o assistirem o noticiário sobre greves, faziam uma releitura da informação e a reconstruíam de acordo com a visão sindical da cultura operária. Eles tinham fontes alternativas de informação para avaliarem o material veiculado pela televisão, que era a imprensa sindical, e, sobretudo, as suas próprias vivências.

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Atividade 2

sua

resp

osta

a)

b)

Observe o noticiário dos principais canais de televisão. Assista ao que é transmitido por um deles e anote as principais notícias. Assista aos demais e compare as notícias quanto ao seu tipo de abordagem. Anote a seguir as suas observações e conseqüentes conclusões.

a) Observações

b) Conclusões

Aula 15  Psicologia da Educação� Aula 15  Psicologia da Educação

Atividade 3

sua

resp

osta

A propaganda e o controle da subjetividade

No campo da comunicação, a publicidade vem cada vez mais desempenhando papel fundamental. Para vender um produto, ela se utiliza de um mecanismo psicológico chamado persuasão, que é o mecanismo de convencimento utilizado por uma pessoa

sobre outra, de modo a induzi-la a tomar determinadas atitudes. Inúmeros exemplos poderiam ser citados. Observe um comercial de alguma marca de margarina: a representação é de um mundo perfeito, com uma família harmoniosa, filhos encantadores e a mulher no seu papel de dona de casa feliz. De uma maneira sutil, somos convencidos de que aquele produto nos propiciará aquele ambiente. Neste instante, temos a nossa subjetividade capturada pela propaganda de uma maneira tal que se torna difícil impormos alguma resistência: fomos persuadidos.

Vamos prestar atenção aos intervalos comerciais. Observe as propagandas veiculadas. Se possível, observe-as em diferentes momentos do dia. Escolha uma delas, analise que tipo de persuasão está implícito na mensagem e anote suas observações a seguir.

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Muitas vezes, a persuasão ocorre com base em informações concretas e objetivas, ou seja, o convencimento tenta atingir a nossa esfera cognitiva, nos abordando com argumentos racionais. É o caso, por exemplo, de uma peça publicitária que descreve as características de um produto. Posso decidir pela compra de uma geladeira porque a propaganda diz que ela consome menos energia; ou posso escolher estudar em determinada escola porque a publicidade indica que nela estão os professores mais qualificados. Outras vezes, no entanto, a propaganda nos atinge pelo lado das emoções, associando estas ao conteúdo das mensagens. Nesse caso, a persuasão atinge mais profundamente o campo da nossa subjetividade.

Figura 1 - a lógica nem sempre motiva a compra de um produto.

Você já deve ter observado exemplos de propagandas do tipo: uma marca de carro cuja sua imagem é associada à de um jovem aventureiro, criando a idéia de que quem compra aquele carro viverá as mesmas aventuras; um determinado xampu associado a lindas mulheres; um banco que substitui o seu nome pelo do cliente, tentando criar a imagem de um banco pessoal. A mensagem é subliminar e funciona porque, por um lado, é repetida várias vezes e, por outro, atinge o nosso subconsciente.

Funciona mais ou menos assim: no nosso cotidiano, temos que enfrentar a rotina da nossa vida, que nos exige atitudes, comportamentos, nos faz seguir regras e normas, tornando-a, a maior parte do tempo, uma “vida sem graça”. Essa rotina é suportada porque temos, no nosso psiquismo, mecanismos de defesa contra frustrações e que nos preparam para suportar as restrições sociais, criando em nós um padrão de comportamento conformista. A propaganda nos desperta desse conformismo, acenando com objetos de desejo imaginários, que estavam “recolhidos” no nosso subconsciente, e os associa aos produtos anunciados. Assim, criamos em nós, inconscientemente, a idéia de que se comprarmos o produto, nossos desejos se realizarão e sairemos da mesmice cotidiana. Voltamos a afirmar que todo esse processo não ocorre de forma consciente, ou seja, não nos damos conta de que estamos comprando o produto por esses motivos, pois mesmo se formos questionados em relação à compra, daremos todos os argumentos racionais possíveis.

Aula 15  Psicologia da Educação10 Aula 15  Psicologia da Educação

Atividade 4

Retome a atividade 3. O que você observou teria relação com o conceito de persuasão que mobiliza nossas fantasias inconscientes? Comente a respeito disso.

propaganda ideológica

Chauí (1984, p.92-3) salienta que “a ideologia

é o processo pelo qual as idéias da classe

dominante se tornam idéias de todas as classes sociais, se tornam idéias

dominantes”.

Como vimos, a propaganda nos atinge por meio nossas funções cognitivas, como também por nossas funções afetivas, usando argumentos racionais ou emocionais, respectivamente. No entanto, existe um tipo particular de propaganda que nos envolve pelo aspecto cognitivo, mas tem o objetivo de mudar nossas crenças e valores: é a propaganda ideológica. Ela tem a função de mudar as idéias e convicções dos indivíduos e, com isso, orientar seu comportamento social. Quando uma pessoa é impedida de se orientar segundo suas crenças, ou faz resistência a essa mudança e tenta evitar as situações de controle, ou muda seu modo de pensar. A propaganda ideológica aposta nessa segunda possibilidade e para isso muitas vezes manipula a informação ou não a divulga de maneira clara e objetiva, passando, no entanto, a impressão de que está sendo o mais imparcial possível. Há um exemplo histórico desse tipo de propaganda: aquela criada pelos nazistas na Segunda Guerra Mundial, que difundia a supremacia da raça ariana e a caracterização do povo judeu como raça inferior.

Assim, a propaganda ideológica não vende um produto, mas uma idéia. As mensagens apresentam uma versão da realidade que visa manter a sociedade na situação em que se encontra ou têm o objetivo de transformar aspectos da estrutura social, econômica, política ou cultural, para atender aos interesses de classe. As informações são fragmentadas e descontextualizadas, de modo a criar condições para que o entendimento ocorra dentro da perspectiva do produtor da propaganda. Mecanismos ideológicos são criados diariamente para impedir que tenhamos um olhar crítico sobre a realidade e que busquemos informações diferentes das veiculadas nos meios de comunicação de massa.

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Atividade 5

sua

resp

osta

Observe a imagem a seguir. Trata-se da foto de um outdoor na cidade de São Paulo, em outubro de 2006. Anote o que você observa como tentativa de vender uma idéia. Faça outras observações que considera pertinentes ao tema aqui discutido.

Aula 15  Psicologia da Educação12 Aula 15  Psicologia da Educação

Resumo

Os meios de comunicação e a escola: a importância da leitura crítica

P ara o pedagogo brasileiro Paulo Freire (2005), a Educação ocorre quando permite ao sujeito transitar de uma consciência ingênua para uma consciência crítica. O professor tem papel fundamental nesse processo, quando, através do diálogo, ajuda

a desvelar as verdadeiras causas da opressão. Como vimos, os meios de comunicação de massa podem atuar como veículos de propaganda ideológica, portanto, o professor tem um papel a desempenhar, ajudando os alunos a desenvolverem uma leitura crítica.

Um dos estudiosos dos meios de comunicação e sua relação com a escola, Juan Manoel Moran (1994), relata como é complexo analisar os meios de comunicação, uma vez que para a maioria das pessoas eles representam a modernidade, a novidade, o fascínio, o lazer, ou seja, apresentam uma dimensão positiva e representam um modo de vida desejável. Em conseqüência disso, propor uma leitura crítica pode gerar resistência. Para ele, então, é preciso “problematizar o que não é visto como problema e desideologizar o que só é visto como ideologia” (MORAN, 1994, p. 16). É preciso, assim, educar para a comunicação porque essa formação ajuda a “compreender as novas codificações, as sutilezas da imagem, da música, da articulação entre o verbal, o visual, o escrito, permite entender [...] as articulações comerciais, empresariais, financeiras e políticas do complexo de comunicação” (MORAN, 1994, p. 16).

Nesta última aula da nossa disciplina, discutimos o papel da mídia na formação das culturas. Vimos como as informações podem ser manipuladas para atender os interesses patronais. Analisamos o papel da propaganda na manipulação de nossas subjetividades e, por último, buscamos entender a importância do papel do educador enquanto facilitador de uma leitura crítica dos meios de comunicação.

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Auto-avaliaçãoResuma os períodos de evolução da cultura quanto aos meios de comunicação, segundo MacLuhan.

Em que pontos Castells avança em relação às idéias de McLuhan?

O que é persuasão e de que forma ela pode ocorrer?

Do ponto de vista psicológico, como atua a propaganda nas nossas mentes?

O que é propaganda ideológica?

ReferênciasBOCK, A. M.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. L. T. Psicologias. São Paulo: Saraiva, 1999.

CASTELLS, M. O poder da identidade. In: CASTELLS, M. A era da informação: economia, sociedade e cultura. São Paulo: Paz e Terra, 1999. v 2.

CHAUÍ, Marilena de Souza. O que é ideologia. São Paulo: Abril Cultural/Brasiliense, 1984.

FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.

LEVY, P. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999.

McLUHAN, Herbert Marshall. A Galáxia de Gutemberg. 2. ed.São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1977.

MORAN, J. M. Educação, comunicação e meios de comunicação. São Paulo: FDE, 1994. p. 13-17. (Série Idéias, 9).

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Anotações

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Anotações

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Anotações

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