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Caio Talmag Nóbrega Flauta Leve para o ensino de Orientador: Prof. Dr. Giann Mendes Ribeiro

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  • Caio Talmag Nóbrega

    Flauta Levepara o ensino de

    Orientador: Prof. Dr. Giann Mendes Ribeiro

  • Produto Licenciado: Licença Creative Commons 4.0 Internacional

  • FICHA CATALOGRÁFICA

    Biblioteca IFRN – Campus Mossoró

    Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária

    Elvira Fernandes de Araújo Oliveira CRB15/294

    N754 Nóbrega, Caio Talmag.

    Flauta leve : Material didático para o ensino de faluta transversal /

    Caio Talmag Nóbrega, Giann Mendes Ribeiro – Mossoró, RN, 2019.

    69 f. : il. color.

    Produto Educacional integrante da Dissertação: Música na EPT:

    implementação de um material didático na formação de músicos de nível

    técnico. (Mestrado em Educação Profissional e Tecnológica) – Instituto

    Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte,

    Programa de Pós-Graduação em Educação Profissional e Tecnológica,

    2019.

    1. Educação Profissional e Tecnológica 2. Educação musical 3.

    Flauta transversal I. Ribeiro, Giann Mendes. II. Título.

    CDU: 377:780.641.1 (0.078)

  • Apresentação

    Este produto educacional é parte integrante do trabalho de mestrado

    intitulado “Música na EPT: implementação de um material didático na

    formação de músicos de nível técnico”, dissertação apresentada ao Programa

    de Pós-graduação em Educação Profissional e Tecnológica (ProfEPT)

    ofertado pelo campus Mossoró do Instituto Federal de Educação, Ciência e

    Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), e inserida na linha de pesquisa

    “Práticas educativas em EPT”.

    A elaboração do produto em questão foi motivada pela necessidade de

    melhoria da prática laborativa de músicos (ESPERIDIÃO, 2002;

    NASCIMENTO, 2003; COSTA, 2012; MALTAURO, 2016) e pela

    necessidade de conferir impactos sociais na realidade prática do trabalho de

    acordo com as bases conceituais da EPT (CIAVATTA, 2005; FRIGOTTO,

    2009; ARAÚJO; RODRIGUES, 2010), com vistas a proporcionar para

    músicos trabalhadores uma formação humana mais completa, um melhor

    preparo profissional, e uma tomada mais abrangente de consciência sobre

    aspectos técnicos, pedagógicos, artísticos e humanos em um fazer musical e

    profissional.

    Este produto possui relevância para as áreas da Educação Profissional e

    Tecnológica (EPT) e Música, pois assume um compromisso com a

    intervenção prática e melhoria da inserção laborativa de músicos de nível

    técnico, além de abrir precedentes para que o desenvolvimento de produtos

    didáticos para ensino instrumental voltados para técnicos seja ampliado em

    futuras pesquisas para o universo particular de outros instrumentos musicais.

    O produto foi aplicado por meio de minicurso no Grupo de Extensão Sons

    Transversais do Curso Técnico Subsequente em Instrumento Musical do

    Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará - campus

  • Fortaleza. Após coleta e análise de dados, passou por melhorias, chegando

    em seu estágio final de desenvolvimento.

    O material foi elaborado de acordo com os eixos para análise e construção

    de mensagens educativas (KAPLÚN, 2003), e teve seus conteúdos

    amplamente baseados em Mateiro e Ilari (2011), Kodály (1962), Paynter e

    Aston (1970), Paynter (1972), Takahashi (1971), Swanwick (1979, 1988,

    2003), Szönyi (1996), Ávila (1997) e Suzuki (2008).

    Este material didático está voltado para o ensino do instrumento musical

    flauta transversal, e deve funcionar como um “livro do professor”. Espera-

    se que o flautista que porventura for ministrar aulas sobre seu instrumento

    possa encontrar neste produto um referencial válido no qual se apoiar. Logo,

    aqui é dado um maior foco em questões de ordem didático-pedagógica: são

    apresentados pensamentos, teorias, metodologias, ferramentas, repertórios e

    comentários que podem ser úteis no contexto de trabalho de aulas de flauta

    transversal. O material didático também não deve ser interpretado como um

    método de ensino rigorosamente sistematizado. Em todo o percurso de

    experiência do professor, estará a cargo deste a decisão de utilizar ou não

    determinadas sugestões aqui contidas, e quando as utilizar. O livro tampouco

    se propõe a alcançar um nível de aprofundamento técnico “final” ou

    “perfeito”. Em outras palavras, espera-se que o material didático para ensino

    de flauta transversal funcione como um incentivo ao aperfeiçoamento

    daqueles professores do instrumento que desejam alcançar melhorias em

    suas atuações profissionais.

  • Sumário

    Parte I – Métodos, nomes e ideias .................................................................4

    Métodos para instrumentos musicais – um breve histórico ..............................5

    Visão geral ........................................................................................................5

    Educadores e suas ideias ...................................................................................6

    Zoltán Kodály ...................................................................................................7

    Shinichi Suzuki .................................................................................................9

    Keith Swanwick ..............................................................................................11

    John Paynter ....................................................................................................13

    Parte II – Primeiros contatos, emissão do som e exercícios ......................15

    Visão Geral .....................................................................................................16

    Respiração .......................................................................................................16

    Embocadura ....................................................................................................18

    Ataque de língua .............................................................................................19

    Sobre as primeiras notas .................................................................................21

    Leitura e notação musical: que caminho seguir? ............................................21

    Parte III – Repertório, audição e prática ....................................................23

    Visão Geral .....................................................................................................24

    Os áudios .........................................................................................................25

    Ode à Alegria (Tema da 9ª Sinfonia), L.V Beethoven ...................................26

    Cai, cai, balão, Folclore brasileiro ..................................................................31

    Mulher rendeira, Folclore brasileiro ...............................................................36

    Brilha, brilha, estrelinha, Folclore francês ......................................................40

    Luar do sertão, Catulo da Paixão Cearense ....................................................45

    Cantiga (Ária da Bachiana nº 4), Heitor Villa-Lobos .....................................50

    Greensleeves, Folclore inglês .........................................................................55

    Se essa rua fosse minha, Folclore brasileiro ...................................................60

    Arioso (Cantata 156), J.S Bach .......................................................................64

    Tabela de digitação .........................................................................................69

  • 5

    Métodos para instrumento musical – um breve histórico

    Os livros-texto para instrumento musical começaram a se desenvolver com

    intensidade notória durante o período do Romantismo na música ocidental,

    e nesta época geralmente seguiram preceitos análogos à cultura comum que

    se formou em torno dos músicos instrumentistas deste período: uma cultura

    de valorização da técnica e virtuosidade no tocar.

    Desta maneira, esses materiais, logo em seus primórdios, costumaram

    formar o instrumentista de alto nível técnico, que dominasse seu instrumento

    a ponto de ser considerado um virtuoso. A partir desta filosofia, muito

    comumente os livros-texto até hoje vêm sendo compreendidos como

    “métodos”, ou seja, materiais que pressupõem uma aplicação bem

    sistematizada, contendo etapas metodológicas bem delimitadas.

    Com a chegada do século XX, e a constante melhoria da qualidade e

    atualização dos métodos, surgiram aqueles que com o tempo consagraram-

    se na cultura da didática de instrumentos musicais, de tal forma que às vezes

    são considerados “indispensáveis” à formação do músico instrumentista. É

    importante ressaltar que, independente da época, o método voltado ao

    aperfeiçoamento técnico do instrumentista costuma ter uma base comum

    apoiada amplamente em exercícios técnicos, leitura de partitura tradicional

    e execução de repertório. Alguns destes métodos são livros-texto voltados

    única e exclusivamente para o aprendiz, dispensando a figura de um

    professor mediador. Outros pressupõem a mediação do aprendizado por um

    professor.

    No caso específico do instrumento flauta transversal, podem ser encontrados

    métodos em grande número a partir do século XVIII, sendo os do século XX

    os que ganharam maior destaque dentro da comunidade de flautistas. Neste

    contexto, merecem ser citados o Methode complete de flute, de Taffanel e

    Gaubert, o Método Suzuki para Flauta, de Takahashi, e no Brasil, o Método

    Ilustrado de Flauta, de Celso Woltzenlogel.

    Visão geral

    O presente Material Didático não possui a pretensão de funcionar como um

    método no sentido histórico ao qual a palavra vem se prestando, ou seja, de

    fornecer subsídios para a formação de um flautista virtuoso, de alto nível

    técnico. Por outro lado, este material é voltado para o ensino do instrumento

    flauta transversal, e deve funcionar como um “livro do professor”. Espera-

  • 6

    se que o flautista que, por ventura, for ministrar aulas sobre seu instrumento,

    possa encontrar neste material um referencial válido no qual se apoiar.

    Neste ínterim, será dado um foco maior em questões de ordem didático-

    pedagógica. Serão apresentados pensamentos, teorias, metodologias,

    ferramentas, repertórios e comentários que podem vir a ser úteis no contexto

    de trabalho de aulas de flauta transversal. Cabe ressaltar que este Material

    Didático não deve ser interpretado como um “método de ensino”

    rigorosamente sistematizado. Em todo o percurso de experiência do

    professor, estará a cargo deste a decisão de utilizar ou não determinadas

    sugestões aqui contidas, e quando as utilizar. O material tampouco se propõe

    a alcançar um nível de aprofundamento técnico “final” ou “perfeito”. Em

    outras palavras, espera-se que o Material Didático para ensino de flauta

    transversal funcione como um incentivo ao aperfeiçoamento daquele

    professor do instrumento que possui pouca instrução na área da educação

    musical.

    Educadores e suas ideias

    O “método”, da forma como o conhecemos, apesar de trazer intrinsecamente

    sua filosofia de aprendizado própria, muitas vezes limita-se a um livro

    didático propriamente dito, compilado e organizado, o que pode limitar um

    pouco a compreensão acerca das ideias dos autores, pois quando

    apresentados desta forma, os métodos estão condensados e voltados para fins

    muito específicos. Compreende-se aqui, que os livros de métodos não são a

    única fonte para um estudo mais elaborado das ideias que seus autores têm

    acerca da educação musical. Iremos agora nos distanciar um pouco do viés

    conteudista presente nos livros propriamente ditos, e abordar questões

    didático-pedagógicas e filosóficas apreendidas nas ideias gerais de

    educadores musicais

    Dentro do universo da Educação Musical há figuras de destaque, educadores

    que independente de terem redigido métodos em forma de livro-texto,

    merecem atenção haja vista suas contribuições didáticas e filosóficas para o

    aprendizado da música ao redor do mundo. Certamente, não conseguiríamos

    abordar grandes nomes da educação musical sem correr o risco de deixar

    alguns importantes teóricos de fora. Assim sendo, deixamos claro que são

    citados nomes cujas ideias inspiraram a construção deste Material Didático,

    seja pela proximidade com a pedagogia do instrumento, seja pelas ideias

    técnicas, didáticas, e filosóficas que influenciaram este livro.

  • 7

    Zoltán Kodály

    Zoltán Kodály (Kecskemét, 16 de dezembro de 1882 – Budapeste, 6 de

    março de 1967) foi um compositor, etnomusicólogo, educador e filósofo

    húngaro responsável pela idealização do Método Kodály, sistema que até

    hoje constitui a base do ensino musical na Hungria.

    No começo do século XX, Kodály já propunha a democratização do ensino

    de música nas escolas húngaras, enfatizando que este ensino não deveria

    necessariamente objetivar a formação do músico profissional, porém

    colaborar na formação de cidadãos capazes de compreender a linguagem

    musical do ponto de vista da emotividade, da técnica e do pertencimento

    cultural. Duas das ideias mais importantes de Kodály consistem na prática

    musical antes do estudo da teoria, e na ampla valorização de repertório local,

    com foco nas canções folclóricas em língua materna. O educador enfatiza a

    prática de canções folclóricas na língua materna justificando-se pelas

    características de rimas, frases e formas nas canções, presentes na vivência

    cotidiana de cada indivíduo, e parte integrante de sua identidade cultural e

    linguística.

    A questão da valorização da língua somada ao ideal de democratização do

    ensino de música colocam a voz como o instrumento principal dentro do

    método Kodály. Partindo do pressuposto de que este é o instrumento mais

    acessível a todos, Kodály sugere que a prática do canto de canções

    folclóricas siga um arco progressivo de “dificuldade”, baseado

    principalmente na complexidade de distância melódica entre as notas.

    Segundo Kodály, de início as melodias devem preferencialmente conter no

    máximo intervalos de terça menor entre uma nota e outra, mantendo uma

    lógica amplamente baseada na progressão de notas por grau conjunto, e

    utilização de escalas pentatônicas, somente adicionando novos intervalos e

    escalas à medida que os alunos progridem.

    O educador é um grande entusiasta do solfejo relativo, empregando o “Dó

    móvel” na leitura de partituras com o objetivo de facilitar a leitura,

    transposição e compreensão das relações intervalares entre os graus de uma

    escala, ou tonalidade.

    Aliado ao “Dó móvel” e ao canto como forma central da prática musical,

    Kodály também sugere a “manossolfa” como um sistema alternativo de

    leitura melódica baseado na representação visual de notas por gestos

    manuais.

  • 8

    Leitura recomendada:

    - KODÁLY, Z. 333 Olvasógyakorlat. Budapest: Editio Musica Budapest, 1962;

    - ÁVILA, MB. Caderno de leitura relativa. São Paulo: Sociedade Kodály do

    Brasil, 1997;

    - SZÖNYI. E. A educação musical na Hungria através do método Kodály.

    Tradução de Marli Batista Ávila. São Paulo: SKB, 1996.

  • 9

    Shinichi Suzuki

    Shinichi Suzuki (Nagoia, 17 de outubro de 1898 – Matsumoto, 26 de janeiro

    de 1998), músico, filósofo, e educador japonês, é o inventor do método

    internacional Suzuki de Educação Musical.

    Após a segunda guerra mundial, motivado por uma necessidade de

    renovação de espírito das próximas gerações de crianças japonesas nascidas

    em um cenário pós-guerra, Shinichi Suzuki elabora o Método Suzuki,

    baseado em uma filosofia própria que tem como princípio fundamental o

    pressuposto de que toda e qualquer criança é capaz de aprender música,

    assim como são capazes de aprender qualquer idioma em tenra idade.

    A metodologia do método Suzuki é fortemente baseada em um “triângulo”

    relacional que envolve o aluno, a sua família e o professor. Caso a

    comunicação e a participação falhe em um destes pilares, considera-se que o

    método não funcionará de maneira otimizada.

    Suzuki defendia que a criança deveria entrar em contato com a prática e

    apreciação musical antes da teoria. O educador argumentava que, se o

    indivíduo aprende sua língua materna através da audição e do próprio ato da

    fala antes de entrar em contato com a leitura e escrita, este mesmo indivíduo

    poderia aprender música por meios semelhantes. Dentro destas

    considerações, seu método pressupõe o apoio de tecnologias próprias da

    segunda metade do século XX que se popularizaram progressivamente com

    o passar dos anos e que facilitaram o contato com a audição e apreciação

    musical, como os toca-discos e aparelhos reprodutores de áudio em geral.

    Dentro deste princípio metodológico do “ouvir” antes do “tocar”, também

    consta que o método Suzuki é amplamente baseado na “imitação”: o

    professor demonstra um conteúdo musical, e o aluno ouve, procurando em

    seguida imitar o professor.

    O método Suzuki é conhecido por explorar exaustivamente a prática de uma

    única composição por meio de “variações” desta. Um exemplo icônico disto

    consiste nas variações sobre o tema de “Brilha, brilha, estrelinha”, peça

    presente em vários de seus métodos para instrumento.

    O clássico método Suzuki é voltado para o violino, porém nos mesmos

    moldes também foram produzidos materiais para vários outros instrumentos.

    Em todos os casos, o método Suzuki baseia-se em um repertório vasto,

    marcado pela presença de peças da música erudita ocidental.

  • 10

    Leitura recomendada:

    - SUZUKI, S. Educação é amor: o método clássico da educação

    do talento. Tradução de Anne Corinna Gottberg. 3ª Ed. Santa

    Maria: Pallotti, 2008;

    - TAKAHASHI, T. Suzuki flute school. Los Angeles: Summy-

    Bichard, 1971.

  • 11

    Keith Swanwick

    Keith Swanwick (Inglaterra, 2 de fevereiro de 1937) é pesquisador,

    educador musical, e professor emérito do Instituto de Educação da

    Universidade de Londres.

    Boa parte da obra de Swanwick decorre de suas preocupações com os

    professores de música da educação básica e com os problemas cotidianos

    enfrentados por estes professores. Destacam-se entre suas ideias a atribuição

    de valores metafóricos à música, a divisão do ensino de acordo com “etapas

    de desenvolvimento”, e a união de elementos musicais como execução,

    apreciação e criação para um aprendizado eficaz.

    Swanwick é autor da expressão “Ensinar música musicalmente”, que inspira

    o título de uma de suas principais obras, “Ensinando Música Musicalmente”,

    na qual Swanwick levanta questionamentos sobre modelos mais tradicionais

    de ensino, e defende uma filosofia de ensino que reúna o cognitivo ao afetivo

    simultaneamente. Keith Swanwick argumenta que devemos considerar a

    música como “discurso”, e que o discurso musical do aluno é um aspecto

    específico e original que deve ser levado em consideração durante o processo

    de ensino, pois cada indivíduo atribui significados estéticos pessoais a uma

    obra de arte, e isso constituiria uma espécie de “sotaque musical” de cada

    indivíduo.

    Inspirada pelas ideias de Piaget, a “Teoria Espiral” é uma das bases do

    pensamento de Swanwick, e conta com o modelo C(L)A(S)P — em

    português, (T)EC(L)A — como guia do aprendizado. O modelo C(L)A(S)P

    prevê que o aluno necessita de três fatores principais para o aprendizado, a

    saber, Apreciação, Execução, e Composição. Estes três fatores devem ser

    apoiados por dois fatores secundários, a saber, Técnica e Literatura. No

    pensamento de Swanwick, o principal dos cinco fatores citados é a

    Composição, e o teórico defende que a habilidade de compor não é restrita a

    músicos letrados, mas sim acessível a qualquer indivíduo. A “Técnica”

    consiste nas habilidades necessárias para o entendimento teórico e prático da

    música, e para uma execução e criação musicais “de qualidade”. “Execução”

    trata-se da prática musical propriamente dita, seja no tocar, no cantar, ou na

    performance artística de modo geral. A “Literatura” refere-se à base de

    leitura que o aluno deve ter sobre a música no geral, como história da música,

    história de compositores, características de estilos musicais, notações

    musicais, etc. A “Apreciação” consiste na prática da escuta musical.

  • 12

    Leitura recomendada:

    - SWANWICK, K. Ensinando música musicalmente. Tradução de

    Alda Oliveira e Cristina Tourinho. São Paulo: Moderna, 2003;

    - SWANWICK, K. Music, mind and education. Abingdon-on-Thames:

    Routledge, 1988;

    - SWANWICK, K. A basis for music education. Abingdon-on-Thames:

    Routledge, 1979.

  • 13

    John Paynter

    John Frederick Paynter (Londres, 17 de julho de 1931 – 1 de julho de 2010)

    foi um compositor e educador inglês. Paynter defendia um ensino de música

    focado na criatividade e permeado por elementos da música contemporânea.

    O educador considera a “escuta atenta e criativa” como ponto de partida para

    a compreensão musical, frisando que esta atividade difere do mero “ouvir”,

    algo que seria, na visão de Paynter, uma escuta passiva e desprovida de um

    esforço maior para se compreender um todo musical de forma aprofundada.

    Também está presente no pensamento deste teórico a ideia de trazer

    elementos musicais não convencionais para a sala de aula, como notações

    musicais alternativas, instrumentos exóticos, construção de instrumentos

    pelos próprios alunos, escalas musicais não tonais, música eletrônica, ruído,

    dentre outros. De fato, Paynter defendia a presença da música

    contemporânea no aprendizado do aluno, porém vale ressaltar que, em sua

    visão, isto não se trataria de uma “substituição” das características de

    filosofias musicais tradicionais. Ao contrário, Paynter defendia a união entre

    as músicas tradicional e contemporânea.

    Tem especial destaque nos pensamentos de Paynter a questão da participação

    ativa do aluno nas várias atividades do aprendizado musical. Seja ao

    construir instrumentos, ao escrever partituras, ao compor ou experimentar

    novas instrumentações, a criatividade tem um papel bastante central.

    Outra característica importante nas ideias do educador se refere à ausência

    de um sistema metódico rígido. Assemelhando-se às ideias do educador

    Murray Schafer, Paynter leva em consideração o dinamismo cultural e

    tecnológico da sociedade contemporânea em constante mudança - o que em

    sua visão justifica a não utilização de métodos rigorosamente estruturados.

  • 14

    Leitura recomendada:

    - PAYNTER, J.; ASTON, P. Sound and silence: classroom projects

    in creative music . Cambridge: Cambridge University Press, 1970;

    - PAYNTER, J. Hear and now: an introduction of modern music in

    schools. London: Universal Edition, 1972;

    - MATEIRO, T.; ILARI, B. (Orgs.). Pedagogias em Educação

    Musical. Curitiba: IBPEX, 2011.

  • 16

    Visão Geral

    O primeiro contato com um instrumento musical certamente é um momento

    crucial para o aprendiz. É neste momento que o aluno conhecerá as peças do

    instrumento, entenderá seus mecanismos e princípios de emissão do som,

    aprenderá sobre a forma correta de segurá-lo, que posturas utilizar e quais

    evitar ao tocar o instrumento, como tocar suas primeiras notas, dentre outros

    aspectos.

    Esta parte do Material Didático abordará alguns dos principais aspectos

    presentes nos primeiros contatos do aluno com o instrumento de forma

    resumida, prática e objetiva. Ressaltamos que nenhum dos pontos abordados

    nesta parte será trabalhado de forma excessivamente elaborada, pois

    acreditamos que eles podem ser aperfeiçoados durante a prática de repertório

    propriamente dita, reduzindo assim a carga de exercícios preliminares que o

    aluno eventualmente teria de enfrentar antes de tocar qualquer peça. Por

    outro lado, espera-se que nesta parte do Material Didático o professor

    encontre orientações que lhe ajudem a proporcionar para seu aluno uma

    habilidade técnica mínima para a performance instrumental de nível básico.

    Respiração

    Um dos primeiros assuntos abordados em textos didáticos para o

    aprendizado de flauta transversal é a respiração. Notam-se alguns padrões

    contrastantes na abordagem da respiração quando este assunto é analisado

    nos livros e métodos: percebe-se que em alguns métodos esta sessão é

    explorada com riqueza de detalhes, inclusive acompanhada de teorizações

    sobre os grupos musculares envolvidos na respiração, dentre outros fatores.

    Por outro lado, em outros materiais as notas sobre respiração são bem mais

    simples, e visam apenas a uma base prática para a execução básica, sem a

    preocupação de transmitir ao flautista uma consciência muito ampla sobre o

    funcionamento da respiração na prática do instrumento.

    Apesar de diferenças de profundidade técnica no quesito respiração, parece

    haver um consenso estabelecido entre os métodos de que a respiração, ao se

    tocar instrumentos de sopro, deve seguir princípios baseados na “respiração

    diafragmática”.

    Neste material, recomendamos que o estudante deva inicialmente tomar

    consciência sobre a importância do músculo diafragmático na respiração. Em

  • 17

    aspectos práticos, o aluno deve ser orientado a inspirar pelo nariz, e inflar a

    região abdominal. Em seguida, deverá liberar lentamente o ar pela boca,

    apoiando a mão sob o abdômen, sentindo este se esvaziar à medida em que

    o ar é liberado. Caso o professor perceba que o estudante está elevando a

    região torácica ao inspirar, ele deve alertar o aluno sobre isto, e orientá-lo a

    repetir o processo até que esta eventual elevação do tórax seja minimizada.

    Para exercitar a manutenção de uma coluna de ar uniforme e longa, sugere-

    se que o aluno se posicione em frente a uma parede, e tente manter um

    pequeno pedaço de papel junto a esta parede por meio do sopro, até que a

    coluna de ar se esgote e o papel caia. Este exercício pode ser repetido

    indefinidamente, e deve servir para simular a manutenção de notas longas na

    flauta, situação na qual o flautista deverá economizar na vazão de ar para que

    consiga prolongar a emissão de uma nota. Desta maneira, o estudante pode

    iniciar este exercício visando apenas a treinar a respiração diafragmática ao

    manter o pedaço de papel fixo na parede. Porém, após dominar a respiração

    neste exercício, recomenda-se que o aluno procure repeti-lo, desta vez

    procurando reduzir a vazão de ar ao volume mínimo para que o papel se

    mantenha fixo na parede. Com isto, espera-se que o aluno consiga maximizar

    o tempo de duração de sua coluna de ar.

    Para exercitar o “ataque de sopro” (técnica que irá fortalecer a musculatura

    do diafragma) sugere-se que o aluno, sentado ou em pé, com a mão sob o

    abdômen, inspire inflando a região, e libere o ar pronunciando em ataques

    rápidos as seguintes consoantes na ordem sequencial “S”, “F”, “X”, e “P”.

    Ou seja, cada consoante não deve durar mais que uma fração de segundo. De

    preferência, a sequência deve ser repetida sem interrupções e

    indefinidamente, até que a coluna de ar do aluno se esgote. Neste exercício,

    o aluno não deve se preocupar em excesso sobre a intensidade ou vazão do

    ar, pois devido ao ataque rápido de cada consoante, espera-se que o aluno

    empregue uma vazão de ar relativamente intensa para cada nota, e isto neste

    exercício deverá fortalecer a musculatura do diafragma, e preparar o aluno

    para a futura emissão de notas com maior volume.

    Durante os exercícios respiratórios é comum que o aluno iniciante sinta

    tonturas e cansaço, pois seu corpo ainda está sendo acostumado às oscilações

    de respiração que o estudo exige.

  • 18

    Embocadura

    A flauta transversal se encaixa no caso geral da maioria dos instrumentos de

    sopro em que é necessário ao músico “encontrar a embocadura” para que

    consiga emitir as notas. Alguns métodos do instrumento sugerem que as

    primeiras notas sejam emitidas com a flauta completamente montada (bocal,

    corpo, e pé). Outros métodos entendem que as primeiras notas podem ser

    emitidas somente com o bocal, oferecendo exercícios de respiração e ataque

    de notas. Em ambos os casos, os estudos não costumam avançar demais até

    o momento em que a embocadura seja encontrada pelo flautista. Alguns

    livros costumam indicar e teorizar sobre a “embocadura correta”, oferecendo

    gravuras para auxiliar o estudante nesta tarefa. Entretanto parece não haver

    muito de exato quanto a este assunto, pois o desenvolvimento de uma

    embocadura satisfatória dependerá de questões anatômicas que variam de

    pessoa para pessoa. Desta maneira, este processo geralmente será muito

    pessoal, devendo cada pessoa descobrir a maneira certa de encaixe e sopro

    para uma emissão sonora satisfatória e confortável.

    Neste Material Didático, aconselhamos que as primeiras tentativas de

    definição da embocadura sejam feitas com a peça do bocal isolada do corpo

    do instrumento. Com a palma da mão direita, o aluno deve obstruir o orifício

    localizado na parte inferior da peça do bocal. Com a mão esquerda, deve

    segurá-lo e apoiá-lo no queixo. Com a ajuda de um espelho, o aluno deve

    simplesmente soprar, sem preocupar-se em tensionar a musculatura da boca

    para desenhar os lábios de alguma maneira específica. A forma de avaliar o

    progresso na busca pela embocadura costuma ser simples: quanto menos

    “soproso” o som da nota emitida estiver, mais próximo o estudante estará de

    encontrar a própria embocadura. À medida que as tentativas avançam,

    naturalmente o estudante desenvolverá uma musculatura mais firme e

    “moldada” à embocadura necessária para a emissão de um som limpo e com

    bastante volume. Após este passo, se o professor julgar necessário, o aluno

    ainda pode explorar algumas notas e exercícios com o bocal isoladamente.

    Segue abaixo alguns exemplos:

    Com a peça do bocal isolada, há quatro notas que o aluno iniciante de flauta

    transversal pode emitir com certa facilidade, durante os exercícios

    relacionados à embocadura. Estas são Lá3, Sol#4, Mi5, e Sol#5. Para a

    emissão das notas Lá3 e Mi5 o orifício da extremidade inferior do bocal

    precisa estar obstruído pela palma da mão, ao passo que as notas Sol#4 e

    Sol#5 necessitam que este orifício esteja desobstruído para que soem. O

    aluno deve ser orientado que quanto mais agudas as notas, maior será a

  • 19

    pressão da coluna de ar, e menor deverá ser o orifício da embocadura. Este

    esclarecimento teórico, entretanto, serve apenas para uma compreensão mais

    clara de como funciona o mecanismo de emissão sonora no instrumento, pois

    essas variações de pressão e orifício da embocadura são muito sutis e só

    podem ser dominadas por meio de uma prática constante.

    Após o aluno dominar a emissão das notas com o bocal isoladamente, a flauta

    pode ser montada com todas as suas peças e então o aluno estará,

    teoricamente, apto para aprender as digitações e a prática do repertório

    propriamente dito.

    Ataque de língua

    Uma das técnicas mais comuns utilizadas na emissão de notas na flauta

    transversal é o “ataque de língua”. Apesar de elementar para a execução de

    praticamente qualquer peça, esta técnica não é necessariamente simples,

    exigindo um pouco de treino do aprendiz que, instintivamente, costumará

    emitir suas primeiras notas sem o ataque de língua e sem qualquer resistência

    à coluna de ar formada.

    Além disto, a má utilização do ataque de língua pelo flautista iniciante pode

    passar-lhe uma ideia de que a qualidade do seu som está piorando, pois o

    ataque de língua mal treinado ocasiona problemas no som, como

    desafinações bruscas, oscilações bruscas de dinâmica, e aumento de

    soprosidade. Cabe ao professor tranquilizar o aluno em relação a isso, e

    conscientizá-lo de que uma vez dominada a técnica, seu som ficará ainda

    melhor.

    Neste Material Didático, não estão inclusos exercícios técnicos muito

    elaborados para o aperfeiçoamento do ataque de língua, pois sugerimos que

    o professor introduza este conceito e técnica para o aluno em

    contextualização com a prática do repertório, e no momento em que achar

    oportuno.

  • 20

    Caso ainda assim o professor opte por tratar do ataque de língua antes da

    prática de qualquer repertório, o seguinte exercício pode ser utilizado:

    Para a prática deste exercício, o aluno deve ser orientado a buscar a emissão

    de todas as notas com o ataque de língua. O exercício possui dificuldade

    progressiva, pois consideramos que a nota Si da primeira oitava é a de mais

    fácil emissão, e à medida que as notas se tornam mais graves, um controle

    mais fino do ataque de língua é necessário.

    Para compreender e praticar o ataque de língua, o aluno deve ser orientado a

    posicionar a ponta da língua entre o céu da boca e a arcada dentária superior,

    e soprar cada nota imaginando estar cuspindo um pequeno pedaço de papel,

    produzindo um som de “T”.

    Quanto mais graves as notas, mais cuidado o ataque de língua exigirá do

    músico. Assim, ressaltamos que a prática desta técnica será mais fácil e

    confortável para o aprendiz quando aplicada em notas intermediárias ou

    agudas.

    A qualidade do som emitido pelo flautista iniciante costuma oscilar

    constantemente durante seus primeiros dias de prática, pois o

    desenvolvimento da memória muscular relativa à embocadura e ao ataque

    das notas é relativamente lento. É muito comum para o flautista iniciante a

    oscilação da qualidade do seu som, ou seja, após tocar um trecho com grande

    qualidade sonora e conforto na musculatura facial, pode ser que o estudante,

    ao repetir o mesmo trecho pouco tempo depois, tenha um desempenho de

    baixa qualidade sonora e desconforto na musculatura facial. Sugerimos que,

    antes de executar trechos maiores, o aluno procure emitir e manter por um

    certo tempo a nota Si da primeira oitava, para “resgatar” a embocadura e o

    ataque de língua necessários à execução de qualquer peça que esteja sendo

    estudada.

  • 21

    Sobre as primeiras notas:

    Nos métodos de flauta voltados para o aperfeiçoamento do flautista

    profissional, é muito recorrente a utilização de exercícios e repertórios na

    tonalidade de Dó maior nas primeiras páginas. Isto parece trazer uma

    vantagem do ponto de vista da teoria musical, pois a prática do instrumento,

    neste caso, inicia-se com armaduras brancas, podendo o conceito e a leitura

    de notas acidentadas serem trabalhados mais adiante.

    Entretanto, via de regra a execução de uma composição musical na

    tonalidade de Dó maior, por mais que seja simples, geralmente exigirá do

    flautista a emissão de notas do registro grave do instrumento, ou a emissão

    do segundo Ré, ou ainda a exploração da segunda oitava do instrumento.

    Estes três aspectos mencionados apresentam dificuldades relevantes no

    início do processo de aprendizagem. Uma alternativa para este caminho

    consiste em iniciar as práticas na tonalidade de Fá maior, buscando peças

    que evitem notas muito graves, a emissão do segundo Ré, e a exploração da

    segunda oitava do instrumento. Esta medida pode ser observada, por

    exemplo, nas primeiras peças propostas no Método Suzuki para flauta.

    A partir destas considerações, e com o objetivo de se obter uma prática

    musical mais fluida logo nos primeiros momentos, as primeiras peças

    apresentadas neste Material Didático foram escritas na tonalidade de Fá

    maior. Vale lembrar que algumas destas peças, originalmente não foram

    compostas para esta tonalidade, tendo sido transpostas para ela com fins

    didáticos.

    Leitura e notação musical: que caminho seguir?

    A partitura tradicional, desde seu surgimento até os dias de hoje, é uma

    ferramenta altamente eficaz no registro de obras musicais, realização de

    performances, e na área da educação musical.

    Mesmo entre os educadores musicais mais “alternativos” são comuns as

    ideias que dão espaço para a utilização de notações musicais tradicionais.

    Por outro lado, com a chegada de novos instrumentos, estilos musicais,

    ideias, objetivos estéticos e educativos, logo se tornaram evidentes as

    vantagens e possibilidades que as notações alternativas poderiam

    proporcionar para o músico, o professor, e o aprendiz, juntamente com as

  • 22

    notações tradicionais. A notação musical alternativa passa a ser designada

    também pela nomenclatura “partitura analógica”.

    Tendo se desenvolvido amplamente nas correntes da Música Contemporânea

    do século XX, a partitura analógica ganhou adeptos entre os educadores, que

    passaram a considerá-la como uma importante ferramenta no registro, leitura

    e aprendizado da música. Dentre os educadores adeptos a este tipo de escrita

    destacam-se Schafer, Koellreuter e Paynter. No Brasil, merecem destaque os

    compositores Gilberto Mendes, Jorge Antunes e Carlos Kater.

    A partitura analógica é comumente utilizada como uma linguagem que

    antecede o contato com a partitura tradicional ou como uma linguagem que

    segue sendo utilizada concomitantemente à partitura tradicional, não tendo

    uma aplicação meramente “introdutória” neste caso. De qualquer forma, é

    fato que esta ferramenta é de grande versatilidade e pode ser usada das mais

    variadas formas por um educador musical.

    Um dos aspectos mais interessantes na utilização didática deste tipo de

    partitura é a possibilidade de participação ativa do aluno na escolha dos

    signos a serem utilizados e na montagem geral da partitura, colocando o

    aluno em uma situação de aprendizado mais criativa, onde ele possa

    inclusive entrar em contato com práticas de composição e registro sem ter de

    passar antes por toda uma familiarização com os sistemas complexos da

    partitura tradicional. Além disto, podem ser convencionados entre professor

    e aluno signos e notações que possibilitem uma performance mais

    expressiva, original, e com técnicas que não possuem representações gráficas

    na partitura tradicional.

    Neste Material Didático, serão mostrados alguns exemplos de partituras

    analógicas. Ficará, porém, a cargo do professor decidir se e quando

    determinada peça ou exercício deve contar com a utilização desta partitura

    em um contexto prático de ensino.

    Ainda assim, encorajamos o professor a pesquisar e experimentar um pouco

    mais sobre as possibilidades da partitura analógica, para que se torne um

    professor mais criativo e capaz de abordar de múltiplas maneiras um assunto

    ou peça musical específica.

  • 24

    Visão Geral

    Esta parte do Material Didático é compreendida basicamente pelo estudo de

    repertório, sistematizado em partituras, áudios e comentários.

    Ao todo, foram escolhidas e transcritas para flauta nove peças de nível

    iniciante. Cada peça contém uma sessão de comentários, uma partitura

    relativa à melodia principal, uma partitura relativa a um arranjo a duas vozes,

    e um código QR que direcionará a uma pasta contendo áudios para

    apreciação e estudo. Para algumas peças também foram inclusas sugestões

    de partituras analógicas.

    As nove peças foram dispostas em uma ordem que proporcionasse ao aluno

    um fluxo de aprendizado confortável e didático. Na sessão de comentários

    de cada peça, o professor encontrará maiores detalhes e explicações sobre

    esta ordem e as características didáticas de cada peça. Todavia, a depender

    do desempenho do aluno e dos objetivos traçados pelo professor, a ordem

    sugerida do repertório não deve ser necessariamente obedecida a rigor.

    Baseando-se nas ideias de Kodály analisadas na Parte I deste material, o

    repertório escolhido para a Parte III confere grande foco para a música

    popular folclórica brasileira, apresentando cerca de metade de suas peças

    dentro destas características. Espera-se que as melodias folclóricas ofereçam

    elementos que auxiliem o aprendizado musical do aluno por meio da

    familiaridade que este eventualmente possa ter com o repertório, seja do

    ponto de vista melódico, rítmico ou afetivo.

    Como verificado nos pensamentos de Suzuki e Swanwick, a apreciação

    musical é uma ferramenta de extrema importância para a fruição artística,

    compreensão, técnica e execução de obras musicais, muitas vezes devendo

    ser utilizada antes da prática musical propriamente dita. Concordando com

    tais considerações, foi disponibilizado para cada peça um áudio relativo à

    melodia principal, um áudio da peça em arranjo a duas vozes, e um áudio

    playback. Recomenda-se fortemente que os áudios sejam obtidos e utilizados

    pelo aluno para que seu aprendizado se torne mais rico, dinâmico e lúdico.

    Em relação às influências das ideias de Paynter neste material, espera-se que

    os exemplos de partituras analógicas aqui contidos possam inspirar o

    professor a trazer mais elementos criativos e composicionais para o seu

    contexto de experiência nas aulas do instrumento, abrindo margem também

    para a participação de seus alunos na construção de notações musicais

    alternativas.

  • 25

    Os áudios

    Haja vista que os smartphones são hoje ferramentas tecnológicas de grande

    popularidade e de fácil portabilidade, os arquivos de áudios disponibilizados

    neste produto foram formatados em mp3 e organizados dentro de pastas na

    plataforma Google Drive, acessíveis por meio de códigos QR. Todos os

    áudios estão disponíveis para download, porém é possível que o professor

    ou o aluno acesse os arquivos de forma mais organizada ao consultar as

    pastas diretamente no Drive, reproduzindo os áudios via Wi-Fi.

    A seguir, o código QR relativo à “pasta central”, a partir de onde podem ser

    acessadas as subpastas das nove peças:

    Apesar do endereço para a pasta central disponibilizado acima, em cada

    partitura também está incluso um pequeno código QR para o acesso da

    subpasta de uma determinada peça. Esta medida foi tomada para facilitar o

    acesso do aluno aos arquivos da peça específica que ele esteja estudando.

  • 26

    Ode à Alegria (Tema da 9ª Sinfonia) L.V. Beethoven

  • 27

    Comentários

    “Ode à Alegria” de Beethoven é uma peça que funciona muito bem como a

    “primeira música de um flautista”. A melodia desta música é bastante

    simples, contendo praticamente apenas intervalos por graus conjuntos, e

    mantendo um caráter isorrítmico em quase sua totalidade. Além disso, a peça

    tem uma extensão melódica muito pequena, e abarca apenas cinco notas.

    A composição foi escrita originalmente na tonalidade de Dó maior, porém

    transposta para a tonalidade de Fá maior neste material para fins didáticos.

    Para tocar esta peça, o aluno deverá ser orientado a manter o polegar

    esquerdo na chave do Sib durante toda a execução (exceto ao tocar as notas

    que não demandam o acionamento desta chave, naturalmente).

    Para uma clara emissão da nota Dó no compasso 12, é recomendado que o

    estudante acione todas as chaves necessárias ao mesmo tempo, e sopre

    simultaneamente ao acionamento das chaves. Caso ainda assim o aluno

    encontre dificuldades, o professor pode recorrer à alternativa de oitavar

    acima esta nota.

    Caso o professor já neste momento opte por iniciar o aluno na leitura de

    partitura, o caráter isorrítmico da peça pode facilitar a compreensão de

    conceitos como “pulso”, “tempo”, “semínima”, e “subdivisão rítmica”.

  • % α 33 œ œ œ œq : 120

    F

    œ œ œ œC

    % α3

    œ œ œ œF

    −œ ιœ ˙F/C C7

    % α5

    œ œ œ œF

    œ œ œ œC

    % α7

    œ œ œ œF

    −œ ιœ ˙C F

    % α9

    œ œ œ œC

    œ œ œ œ œ

    % α11

    œ œ œ œ œA/C#

    œ œ ˙Dm C

    % α13

    œ œ œ œF

    œ œ œ œC

    % α15

    œ œ œ œF

    −œ ιœ ˙C7 F

    Ode à Alegria (Tema da 9ª Sinfonia)L.V Beethoven

  • %

    %

    α

    α

    33

    33Flauta 1

    Flauta 2

    œ œ œ œ

    −̇ −̇

    q : 120F

    œ œ œ œ

    −̇ œ œ œœ

    C

    œ œ œ œ

    −̇ −̇

    F

    −œ ιœ ˙

    ˙ œ œ œ

    F/C C7

    %

    %

    α

    α

    Fl. 1

    Fl. 2

    5

    œ œ œ œ

    −̇ −̇

    F

    œ œ œ œ

    −̇ œ œ œœ

    C

    œ œ œ œ

    −̇ −̇

    F

    −œ ιœ ˙

    œ œ œ ˙

    C F

    %

    %

    α

    α

    Fl. 1

    Fl. 2

    9

    œ œ œ œ

    ˙ Ó

    C

    œ œ œ œ œ

    ˙ Ó

    œ œ œ œ œ

    ˙ ˙∀

    A/C#

    œ œ ˙

    ˙ ˙

    Dm C

    %

    %

    α

    α

    Fl. 1

    Fl. 2

    13

    œ œ œ œ

    −̇ −̇

    F

    œ œ œ œ

    −̇ œ œ œœ

    C

    œ œ œ œ

    −̇ −̇

    F

    −œ ιœ ˙

    œ œ œ ˙

    C7 F

    Ode à Alegria (Tema da 9ª Sinfonia)L.V Beethoven

    Arranjo: Caio TalmagA duas vozes

  • Ode à Alegria (Tema da 9ª Sinfonia)

  • 31

    Cai, cai, balão Folclore brasileiro

  • 32

    Comentários

    A canção popular “Cai, cai, balão” pode funcionar como uma introdução

    simples a 3 elementos técnicos que estarão presentes na maior parte do

    repertório para flauta: saltos melódicos, a emissão do segundo Ré, e

    síncopes.

    A melodia possibilita a introdução do segundo Ré nos estudos do aluno. Esta

    nota possui uma digitação pouco intuitiva, e requer um pouco mais de

    técnica. Ela surge duas vezes durante a melodia e em ambas é antecedida e

    sucedida pelo segundo Dó. Nestas passagens, deve ser enfatizado para o

    aluno a complexidade de alternar o acionamento da chave do dedo mínimo

    direito nos momentos corretos.

    Esta peça introduz saltos melódicos de terça menor ascendente (compassos

    3 e 5) e descendente (compassos 10 e 11). Apesar de curtos, estes saltos

    podem apresentar alguma dificuldade para o flautista iniciante,

    especialmente os presentes nos compassos 10 e 11. Caso haja dificuldade

    por parte do aluno, recomenda-se tocar estas passagens em andamentos mais

    lentos, para que ele consiga internalizar o mecanismo dos saltos em sua

    memória muscular.

    O tema de “Cai, cai, balão” já inicia apresentando algumas figuras pontuadas

    e síncopes. Pode ser um momento oportuno para familiarizar o aluno com o

    conceito de “contratempo”.

    Para tocar esta peça, o aluno deverá ser orientado a manter o polegar

    esquerdo na chave do Sib durante toda a execução (exceto ao tocar as notas

    que não demandam o acionamento desta chave, naturalmente).

  • % α 31 −−Œ œq : 120

    −œ ΙœF

    œ œ −œ Ιœ œ œ

    % α6 œ œ

    F

    œ œ ˙C7(9)

    Œ œ œ

    % α10 œ œ œ

    C/Bb

    œ œ œC7/G

    ˙C7/E

    œ œC7/D

    % α −−14 œ œ

    C7(9)

    œ œC7/D C7/E

    Fine˙F

    Œ œ

    Cai, cai, balãoFolclore brasileiro

  • %

    %

    α

    α

    31

    31

    −−

    −−

    Flauta 1

    Flauta 2

    Œ œ

    q : 120

    −œ Ιœ

    −œ ιœ

    F

    œ œ

    œ œ

    −œ Ιœ

    −œ ιœ

    œ œ

    œ œ

    %

    %

    α

    α

    Fl. 1

    Fl. 2

    6 œ œ

    ˙

    F

    œ œ

    ˙

    ˙

    œ œ œ

    C7(9)

    Œ œ œ

    œ œ œ

    %

    %

    α

    α

    Fl. 1

    Fl. 2

    10 œ œ œ

    œ œ œ

    C/Bb

    œ œ œ

    œ œ œ

    C7/G

    ˙

    ˙

    C7/E

    œ œ

    ˙

    C7/D

    %

    %

    α

    α

    −−

    −−

    Fl. 1

    Fl. 2

    14 œ œ

    ˙

    C7(9)

    œ œ

    œ œ œ

    C7/D C7/EFine˙

    ˙

    F

    Œ œ

    œ œ œ œ

    Cai, cai, balãoFolclore brasileiro

    Arranjo: Caio TalmagA duas vozes

  • Cai, cai, balão

    Dó Dó Sib

    Dó Dó Sib

    Dó Sib

    Sol

    Lá Lá Lá Sib Sib Sib

    Sol Sol Sol

    Dó Dó Sib

    Sol

  • 36

    Mulher rendeira Folclore brasileiro

  • 37

    Comentários

    A melodia presente na canção popular “Mulher rendeira” aprofunda um

    pouco a execução de saltos e síncopes. A maioria dos saltos aqui encontrados

    são de terças menores e maiores, esboçando a tríade de Fá maior. O salto de

    quarta justa ascendente aqui presente não deverá apresentar maiores

    dificuldades para o aluno.

    Esta peça apresenta um nível de complexidade rítmica um tanto mais

    avançado, que inclui também diversas pausas no meio de frases melódicas.

    Independente do nível em que estejam os conhecimentos do aluno a essa

    altura no que tange à teoria e leitura, é importante enfatizar o funcionamento

    e papel das pausas no desenvolvimento rítmico de uma composição musical.

    Para isso, cabe ao professor orientar o aluno para que este procure obedecer

    a execução das pausas nesta peça, internalizando assim a função das pausas

    na construção geral do ritmo e da síncope.

    Para tocar esta peça, o aluno deverá ser orientado a manter o polegar

    esquerdo na chave do Sib durante toda a execução (exceto ao tocar as notas

    que não demandam o acionamento desta chave, naturalmente).

  • % α 31 −−Œ ‰ ιœq : 86

    −œ œ œ œF

    −œ œ ‰ ιœBb

    −œ œ œ œC7

    −œ œ œF

    % α6

    œ œ œ œF

    −œ œ ‰ œ œGm7

    œ œ œ œC7

    −œ œ œF

    % α −−10

    œ œ œ œF

    −œ œ ‰ œ œGm7

    œ œ œ œC7 1.

    −œ ιœF 2.

    ˙F

    Mulher rendeiraFolclore brasileiro

  • %

    %

    α

    α

    31

    31

    −−

    −−

    Flauta 1

    Flauta 2

    Œ ‰ ιœ

    q : 86

    −œ œ œ œ

    −œ œ œ œ

    F

    −œ œ ‰ ιœ

    −œ œ ‰ ιœ

    Bb

    −œ œ œ œ

    −œ œ œ œ

    C7

    −œ œ œ−œ ‰

    F

    %

    %

    α

    α

    Fl. 1

    Fl. 2

    6

    œ œ œ œ

    −œ œ œ œ

    F

    −œ œ ‰ œ œ−œ œ ‰ œ œ

    Gm7

    œ œ œ œœ− œ−

    C7

    −œ œ œ

    −œ ‰

    F

    %

    %

    α

    α

    −−

    −−

    Fl. 1

    Fl. 2

    10

    œ œ œ œ

    −œ œ œ œ

    F

    −œ œ ‰ œ œ−œ œ ‰ œ œ

    Gm7

    œ œ œ œœ− œ−

    C7 1.

    −œ ιœ

    −œ ‰

    F 2.

    ˙˙

    F

    Mulher rendeiraFolclore brasileiro

    Arranjo: Caio TalmagA duas vozes

  • 40

    Brilha, brilha, estrelinha Folclore francês

  • 41

    Comentários

    “Brilha, brilha, estrelinha” é a versão em língua portuguesa da canção

    popular francesa do século XVIII Ah! vous dirai-je, maman. Apesar de ser

    originalmente uma canção de ninar, e ter um apelo infantil muito forte, esta

    peça foi explorada por vários compositores e educadores, com destaque para

    as “12 variações sobre ‘Ah! vous dirai-je, maman’”, de Mozart, e para as

    variações sobre seu tema melódico encontradas nos métodos Suzuki. Com o

    tempo, esta composição sagrou-se na educação musical como um recurso de

    grande potencial didático, podendo ser adaptável ao estudo de vários

    instrumentos e técnicas musicais.

    De andamento menos acelerado e geralmente escrita e executada na

    tonalidade de Dó maior, esta pequena peça cobra do flautista um bom

    domínio da emissão e sustentação de notas na segunda oitava.

    Para isto, o aluno deverá ser orientado a “aumentar a pressão” da coluna de

    ar, ao mesmo tempo em que reduz a abertura do orifício da embocadura.

    Recomenda-se ao professor que treine esta peça com o aluno em diferentes

    andamentos, alternando andamentos lentos e acelerados. Os andamentos

    lentos cobrarão do aluno uma técnica maior na sustentação de cada nota com

    qualidade, ao passo que os andamentos acelerados podem ser usados para a

    prática do ataque de língua.

    Extra: Caso o professor se sinta à vontade, pode procurar compor variações

    para esta música, visando modificá-la para trabalhar técnicas específicas com

    o aluno, ou mesmo para incluir elementos criativos e de apreciação musical

    para suas aulas. Como fonte de inspiração, recomenda-se que o professor

    busque conhecer os trabalhos citados acima de Mozart e Suzuki relacionados

    à peça.

  • % 33 œ œ œ œq : 143

    C C/E œ œ ˙F C/E

    %3 œ œ œ œDm C œ œ ˙

    G7/B C

    %5 œ œ œ œC/E F œ œ ˙

    C/E Dm

    % −−7 œ œ œ œC F œ œ ˙

    C/E G/D

    %9 œ œ œ œ

    C C/E œ œ ˙F C/E

    %11 œ œ œ œDm C œ œ ˙

    G7/B C

    Brilha, brilha, estrelinhaFolclore francês

  • %

    %

    33

    33Flauta 1

    Flauta 2

    œ œ œ œ

    œ œ ˙

    q : 143C C/E œ œ ˙

    œ œ ˙

    F C/E œ œ œ œ

    œ œ ˙

    Dm C

    œ œ ˙

    œ œ ˙

    G7/B C

    %

    %

    −−

    −−

    Fl. 1

    Fl. 2

    5 œ œ œ œ

    œ œ ˙

    C/E F œ œ ˙

    œ œ ˙

    C/E Dm œ œ œ œ

    œ œ ˙

    C F œ œ ˙

    œ œ œ œ

    C/E G/D

    %

    %

    Fl. 1

    Fl. 2

    9 œ œ œ œ

    œ œ ˙

    C C/E œ œ ˙

    œ œ ˙

    F C/E œ œ œ œ

    œ œ ˙

    Dm C

    œ œ ˙

    œ œ ˙

    G7/B C

    Brilha, brilha, estrelinhaFolclore francês

    Arranjo: Caio TalmagA duas vozes

  • Brilha, brilha, estrelinha

  • 45

    Luar do sertão Catulo da Paixão Cearense

  • 46

    Comentários

    Durante a transcrição de “Luar do Sertão” - de autoria de Catulo da Paixão

    Cearense - para este Material Didático, foi feita uma pequena adaptação no

    trecho compreendido entre os compassos 18 e 31 para efeitos didáticos.

    Trata-se da adição das articulações de staccato e legato na melodia. Assim,

    esta música pode ser usada pelo professor como uma forma de introduzir

    noções de articulação e ornamentos no aprendizado do aluno.

    O trecho escolhido é propício para a prática destes ornamentos pois é

    isorrítmico, permitindo que o aluno foque melhor sua atenção nas

    articulações propriamente ditas. Além disto, contém uma boa quantidade de

    notas iguais em sequência, o que é interessante para o estudo do staccato.

    Por sua vez, as articulações de legato foram colocadas em passagens de notas

    por grau conjunto, tornando mais fácil o primeiro contato do estudante com

    a técnica do legato.

    A alternância constante entre staccato e legato foi estabelecida de propósito,

    para que o aluno além de praticar cada uma dessas técnicas, também

    desenvolva a habilidade de acioná-las rapidamente e alternadamente.

    Para a compreensão e execução do staccato, o aluno deverá ser orientado a

    pensar na nota que contém a articulação como uma nota de duração reduzida

    à metade, ou imaginar que tais notas devem ser emitidas através de um

    ataque de língua mais breve.

    Para a compreensão e execução do legato, o aluno deverá ser orientado a

    realizar o ataque de língua somente na primeira nota contemplada pela

    articulação, sendo necessário para as demais notas contempladas que a

    coluna de ar seja mantida sem interrupções ao se articular as passagens de

    notas.

    Todavia, caberá ao professor e aluno a decisão sobre abordar ou não estas

    articulações/ornamentos ao tocar esta peça, podendo ela ser executada sem

    estes elementos, não causando grandes prejuízos didáticos, artísticos e

    apreciativos.

    Para tocar esta peça, o aluno deverá ser orientado a manter o polegar

    esquerdo na chave do Si natural durante toda a execução (exceto ao tocar as

    notas que não demandam o acionamento desta chave, naturalmente).

  • % 31 −−Œ − ιœq : 77

    −œ ΙœC −œ Ιœ

    A/C# −œ ΙœDm −œ Ιœ

    %6 −œ ιœ

    G

    −œ ιœG7

    ˙C

    Œ − ιœG7

    %10 −œ Ιœ

    C −œ ΙœA/C# −œ Ιœ

    Dm −œ Ιœ

    %14 −œ ιœ

    G

    −œ ΙœG7

    Fine˙C

    ‰ ιœ œ œG7

    %18 œ− œ− œ œ

    C œ− œ− œ œA/C# œ− œ− œ œDm œ− œ− œ œ

    %22 œ œ œ œ

    G

    œ œ œ œG7

    ˙C

    ‰ ιœ œ œG7

    %26 œ− œ− œ œ

    C œ− œ− œ œA/C# œ− œ− œ œDm œ− œ− œ œ

    % −−30 œ œ œ œ

    G

    œ œ œ œG7

    ˙C

    Œ − ιœG7

    Luar do SertãoCatulo da Paixão Cearense

  • %

    %

    31

    31

    −−

    −−

    Flauta 1

    Flauta 2

    Œ − ιœ

    q : 77

    −œ Ιœ

    œ œ

    C −œ Ιœ

    œ∀ œ

    A/C# −œ Ιœ

    −œιœ

    Dm −œ Ιœ

    œ œ œ

    %

    %

    Fl. 1

    Fl. 2

    6 −œ ιœ

    œ œ

    G

    −œ ιœ

    œ œ

    G7

    ˙

    œ œ œ

    C

    Œ − ιœ

    œ œ œ œ

    G7

    %

    %

    Fl. 1

    Fl. 2

    10 −œ Ιœ

    œ œ

    C −œ Ιœ

    œ∀ œ

    A/C# −œ Ιœ

    −œιœ

    Dm −œ Ιœ

    œ œ œ

    %

    %

    Fl. 1

    Fl. 2

    14 −œ ιœ

    œ œ

    G

    −œ Ιœ

    œ œ

    G7Fine˙

    œ œ œ œ

    C

    ‰ ιœ œ œ

    ιœ ‰ Œ

    G7

    Luar do SertãoCatulo da Paixão Cearense

    Arranjo: Caio TalmagA duas vozes

  • %

    %

    Fl. 1

    Fl. 2

    18 œ− œ− œ œ

    ˙

    C œ− œ− œ œ

    œ∀ œ œ

    A/C# œ− œ− œ œ

    −œιœ

    Dm

    œ− œ− œ œ

    œ œ œ

    %

    %

    Fl. 1

    Fl. 2

    22 œ œ œ œ

    ˙

    G

    œ œ œ œ

    œ œ

    G7

    ˙

    œ œ œ

    C

    ‰ ιœ œ œ

    œ œ œ œ

    G7

    %

    %

    Fl. 1

    Fl. 2

    26 œ− œ− œ œ

    œ œ

    C œ− œ− œ œ

    œ∀ œ œ

    A/C# œ− œ− œ œ

    −œιœ

    Dm

    œ− œ− œ œ

    œ œ œ

    %

    %

    −−

    −−

    Fl. 1

    Fl. 2

    30 œ œ œ œ

    ˙

    G

    œ œ œ œ

    œ œ

    G7

    ˙

    œ œ œ œ

    C

    Œ − ιœ

    −œ ‰

    G7

    2 Luar do Sertão

  • 50

    Cantiga (Ária da Bachiana nº 4) Heitor Villa-Lobos

  • 51

    Comentários

    A ária “Cantiga” de Villa-Lobos neste Material Didático, é a primeira peça

    em tonalidade menor e a primeira a apresentar um “acidente” em sua

    partitura.

    O acidente aqui presente é o segundo Dó sustenido da flauta, e ele merece

    atenção especial, uma vez que é uma das notas cuja digitação mais

    desestabiliza a embocadura e o eixo da flauta na mão do flautista. Os maiores

    pontos de apoio ao se emitir esta nota são o apoio “padrão” da mão esquerda

    na flauta, e o acionamento da chave do dedo mínimo direito. O professor

    deve ficar atento à qualidade sonora das notas emitidas após a execução do

    segundo Dó sustenido, pois ela pode oscilar em decorrência de uma possível

    mudança de embocadura.

    Esta peça contém um arpejo completo ascendente da tríade de Lá menor nos

    compassos 11, 12, 19 e 20, abarcando a extensão de uma oitava em curto

    espaço de tempo. Essa mudança rápida do registro grave para o agudo pode

    demandar um pouco mais de atenção por parte do professor e aluno, para que

    a qualidade sonora seja mantida em ambas.

  • % 31 −−Œ − Ιœq : 75

    œ œ œ œAm −œ Ιœ

    Dm

    œ œ œ œE5+ E

    −œ ΙœAm

    % −−6 œ œ œ œ

    Am

    œ œ œDm

    œ œ œ œE5+ E 1.

    −œ ΙœAm 2.

    ˙Am

    %11 ‰ ιœ œ œ

    Am œ œ œ œ œ œ œ œ∀A7 œ œ œ œA7sus4

    %15 œ œ œ∀ œ

    A7A7sus4

    œ œ œ œDm

    œ œ œ œE5+ E

    œ œAm

    %19 ‰ ιœ œ œ

    Am œ œ œ œ œ œ œ œ∀A7 œ œ œ œA7sus4

    %23 œ œ œ∀ œ

    A7sus4 A7

    œ œ œ œDm

    œ œ œ œE5+ E

    ˙Am

    Cantiga (Ária da Bachiana nº 4)Heitor Villa-Lobos

  • %

    %

    31

    31

    −−

    −−

    Flauta 1

    Flauta 2

    Œ − Ιœ

    q : 75

    œ œ œ œ

    œ ‰ œ ιœ ‰

    Am −œ Ιœ

    œ ‰ œ ιœ ‰

    Dm

    œ œ œ œ

    œ ‰ œ œ œ

    E5+ E

    −œ Ιœ

    œ ‰ œ ιœ ‰

    Am

    %

    %

    −−

    −−

    Fl. 1

    Fl. 2

    6 œ œ œ œ

    œ ‰ œ ιœ ‰

    Am

    œ œ œ

    œ ‰ œ œ œ

    Dm

    œ œ œ œ

    œ ‰ œ œ œ

    E5+ E 1.

    −œ Ιœ

    −œ ιœ

    Am 2.

    ˙

    ˙

    Am

    %

    %

    Fl. 1

    Fl. 2

    11 ‰ ιœ œ œ

    Am œ œ œ œ

    −œ œ œ œ

    œ œ œ œ∀

    −œ∀ œ œ œ

    A7 œ œ œ œ

    −œ œ œ œ

    A7sus4

    %

    %

    Fl. 1

    Fl. 2

    15 œ œ œ∀ œ

    −œ œ −œ∀ œ

    A7A7sus4

    œ œ œ œ

    œ ‰ œ ιœ ‰

    Dm

    œ œ œ œ

    œ ‰ œ œ œ

    E5+ E

    œ œ

    ˙

    Am

    Cantiga (Ária da Bachiana nº 4)Heitor Villa-Lobos

    Arranjo: Caio TalmagA duas vozes

  • %

    %

    Fl. 1

    Fl. 2

    19 ‰ ιœ œ œ

    Am œ œ œ œ

    −œ œ œ œ

    œ œ œ œ∀

    −œ∀ œ œ œ

    A7 œ œ œ œ

    −œ œ œ œ

    A7sus4

    %

    %

    Fl. 1

    Fl. 2

    23 œ œ œ∀ œ

    −œ œ −œ∀ œ

    A7sus4 A7

    œ œ œ œ

    œ ‰ œ œ œ

    Dm

    œ œ œ œ

    œ ‰ œ œ œ

    E5+ E

    ˙

    ˙

    Am

    2 Cantiga (Ária da Bachiana nº 4)

  • 55

    Greensleeves Folclore inglês

  • 56

    Comentários

    “Greensleeves” é uma canção folclórica originária da Inglaterra que data do

    século XVI. Ao estilo rítmico das danças renascentistas, Greensleeves

    costuma ser escrita em compassos ternários ou compostos, o que representa

    uma novidade a esta altura neste Material Didático. Caberá ao professor

    tornar claro para o aluno a pulsação rítmica ternária presente na peça, para

    uma execução mais consciente. Uma opção para que haja esta assimilação

    por parte do aluno consiste em orientá-lo para que emita as últimas

    semínimas de cada compasso de forma mais breve, simulando um staccato

    de certa maneira. Esta estratégia pode enfatizar a suspensão e tensão gerada

    pelo “tempo 3” nos compassos ternários.

    Assim como “Caicó”, esta peça também contém acidentes, e apresenta

    algumas características da escala menor melódica. Desta forma, estão

    previstas as notas acidentadas Sol sustenido e Fá sustenido, ambas na

    primeira oitava da flauta.

    Merecem cuidado especial as passagens dos compassos 15 e 31, onde há uma

    movimentação melódica relativamente atípica, entre as notas acidentadas

    citadas acima.

    “Greensleeves” é uma composição relativamente longa quando comparada a

    outras presentes neste material, e também contém algumas passagens

    melódicas e arpejos de digitação um pouco mais elaborada. Naturalmente, é

    normal que o aluno precise de um pouco mais de tempo para concluí-la.

  • % 32 −−Ó œq : 152

    ˙ œAm −œ Ιœ œ

    Am/C

    ˙ œG

    −œ ιœ œEm

    %6 ˙ œ

    F

    −œ ιœ∀ œDm

    ˙ œ∀E

    ˙ œE7

    %10 ˙ œ

    Am −œ Ιœ œAm/C

    ˙ œG

    −œ ιœ œEm

    %14 œ œ œ

    F

    œ∀ œ∀ œE

    Fine−˙Am

    −˙

    %18 −˙C −œ Ιœ œ ˙ œ

    G

    −œ ιœ œEm

    %22 ˙ œ

    F

    −œ ιœ∀ œDm

    ˙ œ∀E

    −˙E7

    %26 −˙C −œ Ιœ œ ˙ œ

    G

    −œ ιœ œEm

    % −−30 œ œ œ

    F

    œ∀ œ∀ œE

    −˙Am

    Ó œ

    GreensleevesFolclore inglês

  • %

    %

    32

    32

    −−

    −−

    Flauta 1

    Flauta 2

    Ó œ

    q : 152˙ œ

    ˙ œ

    Am −œ Ιœ œ

    ˙ œ

    Am/C

    ˙ œ

    ˙ œ

    G

    −œ ιœ œ

    ˙ œ

    Em

    %

    %

    Fl. 1

    Fl. 2

    6 ˙ œ

    ˙ œ

    F

    −œ ιœ∀ œ

    ˙ œ

    Dm

    ˙ œ∀

    ˙ œ

    E

    ˙ œ

    œ œ∀ œ∀ œ œ œ

    E7

    %

    %

    Fl. 1

    Fl. 2

    10 ˙ œ

    ˙ œ

    Am −œ Ιœ œ

    ˙ œ

    Am/C

    ˙ œ

    ˙ œ

    G

    −œ ιœ œ

    ˙ œ

    Em

    %

    %

    Fl. 1

    Fl. 2

    14 œ œ œ

    −˙

    F

    œ∀ œ∀ œ

    œ œ œ

    EFine−˙

    −˙

    Am

    −˙

    œ œ œ œ œ œ

    GreensleevesFolclore inglês

    Arranjo: Caio TalmagA duas vozes

  • %

    %

    Fl. 1

    Fl. 2

    18 −˙

    −˙

    C −œ Ιœ œ

    −˙

    ˙ œ

    −˙

    G

    −œ ιœ œ

    −˙

    Em

    %

    %

    Fl. 1

    Fl. 2

    22 ˙ œ

    −˙

    F

    −œ ιœ∀ œ

    −˙

    Dm

    ˙ œ∀

    −˙

    E

    −˙

    œ œ∀ œ∀ œ œ œ

    E7

    %

    %

    Fl. 1

    Fl. 2

    26 −˙

    −˙

    C −œ Ιœ œ

    −˙

    ˙ œ

    −˙

    G

    −œ ιœ œ

    −˙

    Em

    %

    %

    −−

    −−

    Fl. 1

    Fl. 2

    30 œ œ œ

    −˙

    F

    œ∀ œ∀ œ

    œ œ œ

    E

    −˙

    −˙

    Am

    Ó œ

    2 Greensleeves

  • 60

    Se essa rua fosse minha Folclore brasileiro

  • 61

    Comentários

    A melodia da canção popular “Se essa rua fosse minha” é amplamente

    baseada em saltos e arpejos, contendo poucos trechos formados por graus

    conjuntos, e cobrando do estudante um bom controle entre as rápidas

    mudanças de registro e oitava.

    Assim como “Brilha, brilha, estrelinha”, esta composição explora bastante a

    segunda oitava do instrumento, estando quase todas as notas da peça nessa

    região.

    Apesar de apresentar um aprofundamento nos aspectos citados, a música não

    deve conter passagens extremamente difíceis para o aquele aluno que já

    domine as peças anteriormente apresentadas.

    Caso o professor julgue interessante, a transposição para Dó menor pode ser

    utilizada. A melodia nesta tonalidade torna-se mais desafiadora para o aluno

    quando iniciada no primeiro Sol, pois explorará bastante o registro grave do

    instrumento, e cobrará digitações relativamente complicadas para o flautista

    iniciante.

  • % 31 −−Œ œ œq : 82

    œ œ œ œAm

    œ œ œ œAm/C Am

    %4 œ œ

    E7

    Œ œ œ

    %6 œ œ œ∀ œE7 œ œ œ œ

    %8 ˙Am Œ œ œ

    %10 œ œ œ œAm œ œ œ œA7/C#

    %12 œ œDm Œ œ œ

    %14 œ œ œ∀Am/E œ œ œ œ

    E7

    % −−16 Fine˙

    Am

    Œ œ œ

    Se essa rua fosse minhaFolclore brasileiro

  • %

    %

    31

    31

    −−

    −−

    Flauta 1

    Flauta 2

    Œ œ œ

    q : 82œ œ œ œ

    −œ Ιœ

    Am

    œ œ œ œ

    œ œ

    Am/C Am œ œ

    œ∀ œ

    E7

    %

    %

    Fl. 1

    Fl. 2

    5 Œ œ œ

    œ œ œ

    œ œ œ∀ œ

    −œ ιœ

    œ œ œ œ

    œ œ œ œ∀

    ˙

    ˙

    Am

    %

    %

    Fl. 1

    Fl. 2

    9 Œ œ œ

    Œ œ œ

    œ œ œ œ

    −œ Ιœ

    œ œ œ œ

    œ∀ œ

    A7/C# œ œ

    œ œ∀ œ œ

    Dm

    %

    %

    −−

    −−

    Fl. 1

    Fl. 2

    13 Œ œ œ

    œ œ

    œ œ œ∀

    ˙

    Am/E œ œ œ œ

    œ œ

    E7Fine˙

    ˙

    Am

    Œ œ œ

    Se essa rua fosse minhaFolclore brasileiro

    Arranjo: Caio TalmagA duas vozes

  • 64

    Arioso (Cantata 156) J.S. Bach

  • 65

    Comentários

    Devido ao seu andamento desacelerado e à presença de notas longas,

    “Arioso”, de J. S. Bach é uma oportunidade para trabalhar dinâmicas,

    expressividades, articulações e técnicas novas.

    O vibrato, na flauta, é uma técnica que enriquece bastante a expressividade

    e “cor” das notas, especialmente em notas mais longas. A peça em questão

    possui padrões rítmicos bem delimitados, apresentando várias figuras de

    mínimas ligadas a colcheias, que acabam se tornando pontos de apoio

    melódico muito fortes na expressividade da música. A utilização do vibrato

    nestes trechos pode fortalecer ainda mais essa expressividade, e deixar a

    emissão da nota mais dinâmica e orgânica.

    Para praticar o vibrato sugere-se que o aluno emita uma única nota

    (recomenda-se a nota Si da primeira oitava) com uma coluna de ar

    ininterrupta, buscando, lentamente, oscilar a “dinâmica”, ou seja, a “força”

    ou quantidade de ar aplicada nessa nota. O efeito esperado é a oscilação da

    intensidade da nota sem que esta seja interrompida. De início, os primeiros

    vibratos de um flautista podem soar assimétricos, pouco suaves e pouco

    naturais. Com a prática, porém, espera-se que o som se torne cada vez mais

    orgânico e suave.

    Para efeitos estéticos, recomenda-se que o aluno não aplique o vibrato logo

    no começo da emissão de uma nota, mas que o introduza de forma

    progressiva ao longo da duração desta nota.

    Para efeitos estéticos e didáticos foram adicionadas várias passagens com

    legato, enfatizando a suavidade da progressão entre as notas, e cobrando do

    aluno, agora de forma mais aprofundada, a prática desta articulação. Vale

    relembrar ao aluno a necessidade de “atacar” as primeiras notas dos grupos

    de notas contempladas por legato.

    Em resumo, recomenda-se que o aluno procure aplicar o vibrato nas notas

    mais longas da peça, e também procure obedecer as indicações de legato

    presentes na melodia.

  • % ∀ 33 ˙ œ œ œ œq : 65

    G

    ˙ œ œ œ œD B/D#

    % ∀3

    œ œ œ ˙Em Em/D C C/B

    œ œ œ œ œ œ œAm Am/G D7/F# D7

    % ∀5 œ œ œ ˙

    G G/F# ˙ œ œ œ œEm

    % ∀7

    ˙ œ œ∀ œ œA A7 ˙ œ œ œ œ

    D D/C

    % ∀9

    ˙ œ œ œ œG/B G ˙ œ œ∀ œ œ

    A A7

    % ∀11

    œ œ œ∀ œ ˙D D/C# Bm Bm/A

    œ œ œ œ −œ∀ ΙœEm/G A

    % ∀ −−13

    1.

    ϖD D7 2.

    ϖD

    Arioso (Cantata 156)J.S. Bach

  • %

    %

    ∀33

    33Flauta 1

    Flauta 2

    ˙ œ œ œ œ

    ϖ

    q : 65G

    ˙ œ œ œ œ

    ˙ ˙∀

    D B/D#

    %

    %

    ∀Fl. 1

    Fl. 2

    3

    œ œ œ ˙

    œ œ œ œ

    Em Em/D C C/B

    œ œ œ œ œ œ œ

    −œ ιœ œ œ

    Am Am/G D7/F# D7

    %

    %

    ∀Fl. 1

    Fl. 2

    5 œ œ œ ˙

    −˙ œ

    G G/F# ˙ œ œ œ œ

    −˙ œ œ

    Em

    %

    %

    ∀Fl. 1

    Fl. 2

    7

    ˙ œ œ∀ œ œ

    ˙∀ −œ ιœ

    A A7 ˙ œ œ œ œ

    ˙ œ œ

    D D/C

    Arioso (Cantata 156)J.S. Bach

    Arranjo: Caio TalmagA duas vozes

  • %

    %

    ∀Fl. 1

    Fl. 2

    9

    ˙ œ œ œ œ

    ϖ

    G/B G ˙ œ œ∀ œ œ

    ˙∀ ˙

    A A7

    %

    %

    ∀Fl. 1

    Fl. 2

    11

    œ œ œ∀ œ ˙

    œ œ∀ œ œ

    D D/C# Bm Bm/A

    œ œ œ œ −œ∀ Ιœ

    −œ ιœ ˙

    Em/G A

    %

    %

    ∀−−

    −−

    Fl. 1

    Fl. 2

    131.

    ϖ

    œ œ œ œ

    D D7 2.

    ϖ

    ϖ

    D

    2 Arioso

  • 69

    Tabela de digitação