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A realidade não mostra que: Dá para aprender tudo sobre escrever artigos só ouvindo o que vai ser dito aqui... (só se aprende fazendo, porém há instruções gerais, mas nunca se acaba de aprender) Há uma fórmula mágica não trabalhosa, que possa ser usada para qualquer trabalho... (praticamente é preciso aprender a escrever cada trabalho, ou seja, a cada artigo que for escrever, não diga: vou escrever um artigo, diga: vou aprender como este artigo tem que ser escrito ) Que o texto da sua dissertação/tese pode ser a fonte copie-e-cole (copy- paste) de todos os parágrafos do artigo... (o grau de amadurecimento científico sobre o assunto e sobre os resultados, necessário para o artigo pode ser muito superior ao da dissertação; o grau de argumentação cientificamente convincente necessário ao artigo (o bom artigo) pode ser muitíssimo maior!!! Ideal: publicar primeiro, antes das defesas.

Dá para aprender tudo sobre escrever artigos só ouvindo …engenhariademateriais-ufs.net/imgx/Aula-Profa-Iara...(praticamente é preciso aprender a escrever cada trabalho, ou seja,

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A realidade não mostra que:

Dá para aprender tudo sobre escrever artigos só ouvindo o que vai ser ditoaqui... (só se aprende fazendo, porém há instruções gerais, mas nunca seacaba de aprender)

Há uma fórmula mágica não trabalhosa, que possa ser usada para qualquertrabalho... (praticamente é preciso aprender a escrever cada trabalho, ouseja, a cada artigo que for escrever, não diga: vou escrever um artigo, diga:vou aprender como este artigo tem que ser escrito )

Que o texto da sua dissertação/tese pode ser a fonte copie-e-cole (copy-paste) de todos os parágrafos do artigo... (o grau de amadurecimentocientífico sobre o assunto e sobre os resultados, necessário para o artigopode ser muito superior ao da dissertação; o grau de argumentaçãocientificamente convincente necessário ao artigo (o bom artigo) pode sermuitíssimo maior!!! Ideal: publicar primeiro, antes das defesas.

Condição para publicar (bem):

Saber realmente qual o mérito do trabalho, compreender a fundo a áreaespecífica do estudo e ter entendido profundamente cada um dosresultados;

Ter lido os principais trabalhos correlacionados ao seu, pois eles mostramo enfoque, apontam os aspectos principais a serem destacados, quais asoportunidades e necessidades de contribuição;

Tem que identificar esta contribuição e, em torno dela, redigir o trabalho.

O grande obstáculo é a qualidade do conteúdo.

Requisito importante para a redação científica e para a carreira científicaem geral: saber receber críticas (mesmo que pesadas) e construir umavisão crítica (realista: nem auto-depreciativa nem megalomaníaca) dospróprios trabalhos; é necessário compreender até onde a crítica éverdadeira pois sua função é ajudar.

Refletir sempre sobre o que pode ser melhorado com base nas críticas;

A ciência não evolui com elogios. Por isto, apesar de os avaliadores veremo lado bom, fundamentalmente mencionarão as falhas e fraquezas, poisestas podem e devem ser combatidas.

O autor deve ser o principal interessado nisto.

Barreiras

Autor

Inglês

ConteúdoBarreiras

Não pense que pagar aalguém para escrever eminglês resolve tudo.

Isso é importante e podeser feito, mas você vai terque fazer o maistrabalhoso, que é a partecientífica completa (claroque escrever um artigoruim dá pouco trabalho)

O texto dadissertação/tese (ou ummero relatório) nãopermite que um tradutorfaça seu artigo.

Inglês

Autor

O cenário mais comum:

Antes de começar:

Será que o que eu tenho já é publicável?Será que tenho os resultados e as informações necessárias?Meus resultados trazem a resposta a uma pergunta relevante? Ex. misturei A com Be meus resultados só mostram (ou eu só consigo enxergar neles) que meu materialcontém A e B. Meus resultados respondem a uma pergunta irrelevante?

Os próximos slides se referem justamente às reflexões sobre o grau deamadurecimento da visão do autor sobre o próprio trabalho;•O trabalho realmente está pronto?•Os resultados já são consistentes? Muitos dos obstáculos à publicação vêm do graude prematuridade dos resultados (são apenas preliminares);•Que informações devem ser reunidas para justificar a realização do trabalho (émuito comum um trabalho ter sido feito sem a clara conexão com um problemacientífico);•É realmente inédito (muitos trabalhos se sobrepõe totalmente ou na sua quasetotalidade com outros já existentes)•É somente mais um sobre uma vasta quantidade de dados já publicados sobre ummesmo tema?

1. Informações que o autor deve ter em mãos (e emmente) antes de sequer começar (na parte 2 iremosdistribuir todas estas informações no texto do artigo,de maneira sistemática)

Algumas orientações (experiência própria e de manuais de redação de artigos)

• Ter noção da real contribuição científica do seu próprio trabalho. Apublicação tem que ser redigida com este foco: o conjunto dos resultadostem que representar uma contribuição científica (novidade): geração deconhecimento, seja ele básico, tecnológico etc. Quase sempre é possíveldestacar alguma contribuição, mesmo que “discreta”. Quanto mais se ler aliteratura próxima, maior a chance de ter algum “insight”. (Frase que ouvi deum pesquisador experiente: é impressionante como as idéias surgemquando a gente estuda). Se você não tem a menor idéia de como valorizarseu trabalho, é porque não estudou o suficiente. Ninguém pode fazer istono seu lugar.

• Quanto maior o impacto desta novidade (e caso o autor consiga justificarplenamente isto), uma revista melhor (índice de impacto) poderá serescolhida.

Cabe ao autor mostrar tudo isto. Não se pode deixar nada para que os avaliadoresdescubram por si sobre o mérito do seu trabalho. Também não é algo que ovizinho possa te dizer definitivamente. Ele está tendo os mesmosproblemas com o trabalho dele.

Algumas orientações (experiência própria e de manuais de redação de artigos)

• Frases que os avaliadores usam: trabalho fraco, falta decontribuição científica, falta de evidências, discussãoinconsistente, resultados não dão suporte às conclusões, nãotraz um novo “insight”, falta de novidade, autoresdesconhecem a literatura correlacionada, autoresdesconhecem os trabalhos relevantes e os desafios da área,etc.

• Está claro por que a mera tradução é só uma parte da barreira?alguém acha que um tradutor tem como resolver o problemado conteúdo?

Algumas orientações (experiência própria e de manuais de redação de artigos)

• Ainda sobre os resultados:É necessário que envolvam evidências concretas, não especulativas, examinados e

interpretados sem levar em conta as expectativas iniciais (idéias pré-concebidas). Na verdade este é um dos pilares da ciência.

Só podemos afirmar algo que haja evidência. É comum pesquisadores iniciantesincorporarem de forma enraizada as informações da idéia inicial, propostaantes da execução, e deixarem de examinar os resultados sem se questionar seestes mostram que a idéia original não se comprova.

Ou seja, se os resultados na verdade não evidenciarem nem fornecerem suporte àidéia original, são comum aos inexperientes duas atitudes:

1. Não perceberem que não têm evidência suficiente e fazerem afirmaçõesespeculativas;

2. Deixarem de examinar o que realmente os dados indicam, pois é possível queuma conclusão mais interessante esteja sendo ignorada. O correto então seriaverificar o que a literatura traz sobre este novo aspecto e refazer a discussãocom outro foco.

Diretrizes práticas para a redação do artigo

Após concluir que tem um trabalho que pode ser publicado, pode-se partir paraa redação, seguindo a estrutura geral: (mais comum para a maioria das revistas,lembrando que deve ser o mais curto possível)

A ordem a seguir é a que aparece no artigo, mas não necessariamente deve serseguida no processo de redação (ex. pode ser mais vantajoso escrever o título eo abstract por último)

1. Título: claro, verdadeiro, conciso e atraente. Escreva muitas possibilidadese fique com a que melhor atenda a estas características.

2. Abstract: evite qualquer informação de introdução; indique claramente oque foi feito no trabalho (pode nomear o método), os principais resultadose principais conclusões; o tamanho depende de cada revista.

3. Palavras-chave: importantes para o levantamento nas bases de dados.

Lembre-se de que você mesmo lê primeiro o título e o abstract de cada artigoque lhe chama a atenção, passando ao restante só se interessar realmente.Ou seja, estas duas partes tem 10 (?) vezes mais chance de serem lidas queo restante. Constituem a vitrine e podem te garantir ou não citações.

Preparação do manuscrito

3. Introdução: primeiramente apresente o tema (em um nível aprofundado, ouseja, não comece definindo o que é “a roda”, pois seus leitores -altamentequalificados- já sabem). Pode-se começar apresentando o problema que foi“atacado” ou o contexto atual do material estudado, mais direto ao seutrabalho. O melhor é que seja o ponto que foi realmente estudado. Não fique sóna generalidade. Ex. Nanotecnologia blablabla.

Armadilha: enfatizar e valorizar muito um aspecto que seu material tem e que éalvo de muita “propaganda” na literatura, mas que você não estudou. Isto criauma expectativa falsa e desvaloriza completamente o que realmente foi feito,que pode ter muito mérito. Isto atua como uma propaganda enganosa e costumadar o pior resultado possível: rejeição.

Explane os trabalhos já publicados que descrevem estudos na mesma linha (defato), destacando suas contribuições e o que ficou pendente, ou seja, questõesainda a serem resolvidas e que constituem as oportunidades científicas do seutrabalho e o grau de novidade. Tudo o que você fez (tudo mesmo) tem que ficarsustentado por estas informações. Buracos são pontos de fraqueza. Usereferências recentes e de revistas/pesquisadores conceituados.Assim fica muito natural definir os objetivos. Defina-os na última frase.

Preparação do manuscrito

4. Metodologia. Materiais: dê os detalhes: marca, grau de pureza,tratamentos de purificação etc. de todos os reagentes e até da águausada.

Em seguida descreve rigorosamente a metodologia estudada, dando asreferências em que foram baseadas e detalhes suficientes para umpesquisador da mesma área chegar aos mesmos resultados. Leia ametodologia de artigos de revistas conceituadas para se basear. Nãocopie o texto, se inspire no modo de redação. Dê os detalhes relevantes:tempos, temperaturas, atmosferas, etc. Nunca esconda detalhesimportantes, pois isto é má-conduta e é facilmente detectado, sendoargumento suficiente para descartar seu artigo.

Se uma técnica é amplamente conhecida há décadas, não a descreva emdetalhes, somente aqueles em que há mais de uma forma de ser feito:ex: qual o solvente usado na medida de RMN, velocidade de varredura,etc. e que levariam a resultados diferentes.

Texto deve ser simples, claro e absolutamente inequívoco.

Preparação do manuscrito

5. Resultados e discussãoPara cada tipo de estudo poderá haver várias estruturas possíveis, mas:

1. Não comece repetindo informações da introdução, por exemplo,redefinindo o que já definiu etc.

2. Tendo clareza da oportunidade científica do trabalho e dacontribuição que ele via dar, tente classificar os resultados comoprincipal(is), secundários mas necessários para comprovar/sustentaro principal, e acessórios/marginais, obrigatórios ao tipo de estudo,mas que podem ser apresentados como material suplementar e porfim os desnecessários (rotina). Estes últimos DEVEM se excluídosdeste artigo, podendo mudar de status em outro artigo.

3. Se possível, evite uma estrutura descritiva (com uma seqüênciacansativa) que dilui o resultado mais relevante no meio dossecundários e acessórios. E difícil generalizar, mas deve-se tentar aestratégia mais inteligente e convincente: se o principal resultadopuder ser apresentado logo, em seguida, que seja, seguido dosacessórios, sendo discutidos de modo a comprovar e valorizar oprincipal. A outra possibilidade é preparar o terreno com osacessórios e culminar no principal, sendo sempre relacionados.

Preparação do manuscrito

5. Resultados e discussãoDescreva brevemente como são os principais resultados, onde for pertinentesem ficar cansativo, ou seja, se há números, diga se são altos ou baixos ecompare com a literatura. Se há espectros, diga se são bem resolvidos, se asbandas são largas etc.

Todos os resultados devem ser comparados com os dados da literatura, emespecial aqueles antecedentes citados na introdução, como relevantes à idéia.Outros trabalhos também poderão ser citados para comprovar que suasinterpretações estão corretas, sempre objetivamente. Péssimo na hora de citarum artigo, ficar de blablabla dizendo tudo o que ele fez sem ir direto ao ponto,tipo cópia do abstract.

Isto prejudica o convencimento. É um jogo de argumentação, que deve ser feitocom maturidade, profundidade de conhecimento científico, habilidade delinguagem, rigor científico e ética. Se seu resultado não pode ser tomado comoevidência direta do que você imagina, NÃO pode dizer que é evidência.

Dê crédito a todos os trabalhos que foram úteis.

Preparação do manuscrito

DiscussãoSe houver um tópico só para discussão, não repita o que foi dito antes.

Normalmente quando é assim, no item “Resultados “ se apresenta a descriçãodos mesmos e a interpretação mais elementar, por exemplo, o difratogramaapresenta picos de difração nas posições ZZZZ, que com base nos artigos ZZZ eZZZ, bem como no JCPDS, indicam a presença de tal sólido na fase tal. Só o quesignificam.

A discussão pode envolver:Mecanismo de formação daquela fase identificada no difratograma;Quimicamente/fisicamente por que isto é não-usual;Dimensão que a contribuição representa frente ao que havia sido propostoanteriormente e frente ao futuro, em termos de aplicações, de aspectosambientais,de saúde etc.... Criticamente e de forma verdadeira, pois nãoadianta enrolar nem mentir, pois milhões vão ler e ter desmascarar.

Preparação do manuscrito

ConclusãoNão se deve recapitular resultados ou resumi-los, mas dar uma espécie deresposta aos objetivos propostos, em cima da principal contribuição.Basicamente são comentários sobre o que seu trabalho trouxe de diferente e denovo. Evitar o termo: pode-se concluir que... É melhor ir direto ao ponto.Quanto menos clareza temos da contribuição que nosso trabalho dá, mais difícilescrever a conclusão. Ou sabemos que aquele é só mais um...

Na hora de escrever a sua conclusão, leia as conclusões de vários artigos “bons”,exatamente aqueles que lhe vem a cabeça por terem sido úteis.

Referências:Cite as referências que usou, optando pelas de acesso amplo. Referênciasobscuras geram desconfiança. O correto é que realmente as tenha lido. Isto atépode se dispensado no caso de uma referência muito antiga, que descreve ummétodo muito útil a todos os trabalhos da sua área, mas que atualmente éinacessível. Quando usar um artigo de revisão, cite o mesmo e a referênciaprimária.

Preparação do manuscrito

Depois da versão “esboço”

Versão “esboço”: escreva preocupando-se primeiramente com a consistênciacientífica;Releia várias vezes, estudando cada frase para testar se o significado está preciso,se não está repetitivo, contraditório, se pode ser simplificado.Poderá contratar serviço de tradução, (indique os termos técnicos) devendo terfeito todo o trabalho prévio em português (que por si é o mais trabalhoso);Se optar por escrever em inglês:Alguns pontos destacados em manuais de redação científica sobre o que é maisconvincente em inglês:-texto deve ser escrito com as construções usuais da língua inglesa (não traduza aopé da letra a partir do português)-reduzir termos desnecessários e redundantes (ex. a considerable number of...trocar por many)-preferir voz ativa-a grafia britânica tem diferenças da americana; verificar o que a revista adota enão misturar (ex. color e colour, characterization and characterisation).-cada frase se possível deve começar com a informação direta e trazer em seguidaaquelas que a justificam;-não usar somente frases telegráficas. Equilibre frases curtas com frases maiselaboradas, para dar fluência. Ler muitos artigos sobre o mesmo tema, sem copiartrechos.

Preparação do manuscrito

Faça você mesmo o trabalho do revisor:

Dissecar a estrutura do artigo inteiro, para avaliar sua coerência e coesão:

Ex. no primeiro parágrafo eu falei por que o CdS é interessante, daimportância de se controlar o tamanho do mesmo e quais os métodosexistentes para isto;No segundo parágrafo eu falei que dentre os métodos citados no parágrafoanterior, aqueles que envolvem uma matriz sólida fornecem um material maisadequado a aplicações; falei das matrizes já usadas e que na maioria dos casosusam-se duas etapas; em seguida eu falei que um método de etapa única jáfoi usada para sílica comum, bem como para gerar o semicondutor recobertocom uma casca de sílica, só que na forma de colóide, mediante umamodificação orgânica. Por fim disse que se esta modificação orgânica forrealizada na própria sílica gel, pode-se eliminar as desvantagens de ambos ecombinar as vantagens da modificação orgânica no controle do tamanho denanopartícula (disse a novidade).Isto é dissecar o texto e deixa evidente se ficou algum buraco.

Preparação do manuscrito

Faça você mesmo o trabalho do revisor:

Preparação do manuscrito

Aspectos éticos: o que pode e o que não pode

Principais tipos de condutas anti-éticas na ciência:

•Fraudes (fabricação de dados, esconder resultados negativos, plágio,apropriação de trabalho alheio, etc.)•Más práticas científicas (contra as regras da ciência (lembradas no próximoslide), classificadas não necessariamente como fraude)•Hiperprodução de artigos•Lobby de empresas•Autores “impostores”•Conflito de interesses de pesquisadores, editores, colaboradores etc.•Forçar o ajuste de uma linha de pesquisa aos temas da moda

De onde vem os problemas: inexperiência, negligência, pressão insana para sepublicar, deficiências nos processos de peer-review, etc.

-peer-review-o pesquisador deve ser ético e parecer ético... (como a mulher de César, poisna prática, às vezes a mera suspeita abala a reputação )

Aspectos éticos: o que pode e o que não pode

Regras da ciência:1. O conhecimento científico precisa ser construído sobre argumentos e provas,

não crenças e imposições autoritárias (lembrar do embate entre a Igreja eGalileu)

2. Mesmo a verdade mais pessimista é melhor que a ficção3. Não há democracia na ciência: é possível somente uma pessoa estar certa e

todas as outras erradas4. Pluralismo e discussão aberta são permitidos, nunca a especulação5. Mesmo possível a priori, a questão é o quão provável é um tópico6. Provas científicas têm que ser construídas através de experimentos

reprodutíveis e não-ambíguos (lembrar das pseudo-ciências:esoterismo,ufologia, etc.)

7. Resultados de experimentos científicos tem que ser relatados de modoimparcial, claro, concreto, coerente e de maneira lógica

8. Pesquisadores precisam estar abertos a novos conhecimentos, livres depreconceitos

9. A ciência não deve ter um objetivo final pré-definido (a não ser a busca pelaverdade) , tampouco teorias finais (também pré-definidas); isto é diferentede se ter um modelo como ponto de partida e colocá-lo a prova.

Aspectos éticos: o que pode e o que não pode

Hiperprodução

Muitos autores encontram um tema de pesquisa frutífero para publicação eescrevem e publicam artigos praticamente idênticos em revistas diferentes; emprincípio quanto mais se estudar um tema, mais conhecimento pode sergerado, mas deixar de buscar aspectos novos e avançar o conhecimento,somente porque está sendo possível publicar NÃO pode ser bom para a ciência;

lobby do poder econômico

Em algumas áreas, empresas financiam pesquisas a fim de validar um resultadofinal pré-estabelecido, o que vai contra as regras da ciência; evidências emcontrário são escondidas e interpretações especulativas são transformadas emprovas (ex. indústria farmacêutica)

Conflito de interesses

Editores, membros de corpos editoriais e avaliadores podem agirimparcialmente com relação a artigos com os quais eles tenham algumaconexão pessoal, positiva ou negativamente.

Aspectos éticos: o que pode e o que não pode

Autores impostores

Em muitos casos, uma pessoa listada como co-autor não contribuiu de fato com otrabalho, tampouco conhece o conteúdo. Isto ocorre para que a pessoa alcance osbenefícios de ter esta publicação, às custas de: a) usar sua posição ou recursosfinanceiros; b) troca de co-autoria entre colegas, dentre outras razões.

Isto pode não parecer muito sério (apesar de ser um tipo de parasitismo e falta devalores morais), mas tem potencial de trazer muitos problemas, como por exemplo:se alguém sustenta um parasita, este permanecerá na ciência. Futuramente, osautores verdadeiros poderão concorrer por financiamento com os impostores. Ofator mais grave é que isto demonstra que o autor verdadeiro aceita isto porqueestá aberto a este tipo de negociação.

Isto afeta a reputação, que é o bem mais valioso. Leva anos para ser construída ebasta uma pequena mancha para ser comprometida definitivamente.

Ao autores genuínos são aqueles que dão contribuições intelectuais do tipo:participação na idéia, na geração de dados, processamento e tratamento de dados,redação e edição do artigo.

Aspectos éticos: o que pode e o que não pode

Problema mais recente:Editoras predatórias (predatory publishers) voltadas para o sistema“Acesso aberto”

Aspectos éticos: o que pode e o que não pode

Outros problemas ÉTICOS que podem surgir por inexperiência:•Erros/falta de citação•Desconhecimento de trabalhos relevantes na área (por causa de levantamentomal-feito), levando a afirmações incorretas;•Pressa e falta de cuidado•Descrição errada/imprecisa da metodologia•Por não dominar a língua, a pessoa se “inspira” demais em um trabalho jápublicado, acabando por “parafrasear” ou mesmo plagiar (tudo depende dotamanho do trecho copiado)•Descrever os dados de forma imprecisa, por exemplo, dizendo que os dados sãoexcelentes, quando são medíocres. Se isto passar pelo avaliador e o artigo forpublicado, o autor pode ser acusado de má-conduta.•Todos os autores listados têm a obrigação de ter lido o artigo e assume-se queconcordam com TUDO. Não adianta dizer que não leu, porque isto também estáerrado. Não comemore se seu nome sair em um artigo totalmente de graça...

Cuidado: tudo isso pode não passar de erro, mas é encarado na ciência como má-conduta e vai ser passível de puniçãoPUBLICAR É UMA RESPONSABILIDADE MUITO GRANDE, QUE ENVOLVE SEU NOMEE DE OUTROS, COLOCANDO EM RISCO A REPUTAÇÃO.

Aspectos éticos: o que pode e o que não pode

Outros problemas ÉTICOS que podem surgir por inexperiência:

Auto-plágio: reprodução total ou parcial de textos já publicados pelo próprio autor, com baseem diferentes justificativas, como: i) são minhas palavras; ii) é difícil expressar com clareza umcerto tema, então é melhor deixar como está escrito; iii) para chamar atenção a um aspecto,este deve ser repetido exaustivamente; iv) isso não causa prejuízo a ninguém, etc.

Fato: na maioria esmagadora dos casos, quando faz isto, o autor não cita o trabalho original;além de evitar “punições”, nenhum estudioso quer ser visto como preguiçoso ou descuidado.

Fato: revistas rigorosas exigem que se responda se o trabalho submetido já foi publicado notodo ou em parte.

Questão que ainda gera muita discussão e que é de difícil generalização, mas reprovável etem sido penalizada em diversos contextos de publicação (existência de copyright,acusações de má-conduta, retratação de artigos).

Por outro lado, no contexto de disciplina ou mesmo trabalho de conclusão, em que se almejaavaliar as habilidades atuais de um aluno na linguagem escrita, o trabalho deve ser original erefletir o desenvolvimento ao longo do curso, de modo que o uso de um texto antigo foge dafinalidade da avaliação. A legislação brasileira reprova esta prática e a considera como má-conduta e fraude intelectual.

Escolha da revista:

1. Noção do valor científico do trabalho (será que seu trabalhopode sair na Nature?)

2. Revistas que publicam trabalhos na área3. Escolha a(s) melhor(es) possível(is) em termos de:• índice de impacto,• que seja indexada de preferência no ISI,• que seja acessível on-line,• que tenha serviço editorial on-line,• que forneça DOI,• que realize processo de revisão minimamente isento, com mais

de um avaliador (uma das melhores opções é o “duplo-cego”)• observe também o tempo médio de publicação dos artigos

Preparação do manuscrito

Cada revista tem seu padrão editorial, com formato específico:ordem do conteúdo, padrões das figuras, formato das referências etc.

Escolha a revista;

Procure, na página, o escopo da mesma e as instruções aos autores;

Leia artigos da revista, observando o formato específico, para secertificar de que entendeu as instruções.

Muitos artigos “Batem e Voltam” pois não se enquadram no famosoescopo.

Preparação do manuscrito

Exemplo de Instructions for authors:

Processo de submissão

Exemplo de Instructions for authors:

Processo de submissão

Processo de revisão, como elaborar a resposta

Esteja preparado para receber:

Revisões consistentes, que critiquem corretamente (alguns, possivelmentenão todos) pontos que realmente precisam ser melhorados, mesmo queimpliquem em rejeição;

Revisões tendenciosas, ofensivas: pode-se fazer uma réplica, questionando eesclarecendo ponto a ponto (isso nem sempre garante que o processo dalipara frente vai seguir corretamente)

Revisões superficiais: se souber disto e tiver consciência das fraquezas, tentevocê mesmo melhorar e se isto for possível, re-submeta para outra revista.Pode não valer a pena publicar um trabalho que você pode melhorar.

Nunca fique desencorajado e siga em frente. Seja profissional, ético, rigorosoe determinado!

Tipos de artigos

NotaRevisãoDivulgaçãoLetterArtigo completo