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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I I

DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · distância e profundidade da lonjura histórica. Finalmente, esta reflexão procura justificar todas as aporias do ofício de historiador ,as

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE

VOLU

ME I

I

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SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO – SEED

FACULDADE DE FILOSOFIA CIÊNCIAS E LETRAS DE UNIÃO DA VITÓRIA -FAFI

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE

HISTÓRIA AMBIENTAL:

O HOMEM E A PERCEPÇÃO DA NATUREZA. BITURUNA-PR: UM ESTUDO DE CASO.

CADERNO TEMÁTICO

ÁREA: HISTÓRIA

PROFESSOR 0RIENTADOR: MICHEL KOBELINSKI

PROFESSORA PDE: GIOVANA G. da MAIA KRUL

BITURUNA, AGOSTO 2010

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1 – IDENTIFICAÇÃO1.1 – ÁREA:HISTÓRIA

1.2 – PROFESSORA PDE:GIOVANA GONÇALVES DA MAIA KRUL

1.3 – PROFESSOR ORIENTADOR:MICHEL KOBELINSKI

1.4 – INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR:FAFI - FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE UNIÃO DA VITÓRIA

1.5 – LOCAL:UNIÃO DA VITÓRIA

1.6 – NÚCLEO REGIONAL DE EDUCAÇÃO:UNIÃO DA VITÓRIA

1.7 – LOCAL DE RESIDÊNCIA:BITURUNA

1.8 – TEMA DE ESTUDO DA INTERVENÇÃO:HISTÓRIA AMBIENTAL - AS APREENSÕES DA COLONIZAÇÃO E DA EXPLORAÇÃO DA NATUREZA EM BITURUNA (PR): 1927-2009

1.9 – TÍTULO:HISTORIA AMBIENTAL: O HOMEM E SUAS PERCEPÇÕES QUANTO À NATUREZA

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SUMÁRIO

Orientação Teórico-Metodológica....................................... 04

Introdução............................................................................. 05UNIDADE I - O que é história ambiental?........................... 08

Unidade II - Educação Ambiental – Para quê?.................. 18

Unidade III - Desenvolvimento socialmente sustentável... 28 Realidade Atual – Devastação das Florestas

História: Primórdios da Exploração Compreendendo a história de Bituruna

Bibliografia consultada.................................................. 54

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ORIENTAÇÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA

Este material tem por objetivo subsidiar teoricamente a implementação

das Diretrizes Curriculares da Rede Pública de Educação do Estado do Paraná

(História); ampliar as possibilidades de trabalho dos professores de História,

haja vista que o tema abordado História Ambiental -As Apreensões da Colonização e da Exploração da Natureza em Bituruna (Pr) : 1927-2009 pouco conhecido pelos professores; orientar metodologicamente a prática

docente, estimulando a reflexão sobre os conteúdos, os conceitos e as

concepções de História presentes em diferentes contextos; colaborar para que o

historiador descubra que componentes de uma cultura global e não apenas

indivíduos excepcionais perceberam e avaliaram a natureza.

O tema escolhido,História Ambiental -As Apreensões da Colonização e da Exploração da Natureza em Bituruna (Pr) : 1927-2009 visa estimular o

processo de reflexão como também a tomada de consciência sobre aspectos

históricos e sociais que envolvam questões ambientais no presente. Acredito

que, por meio, deste estudo educadores e educandos desenvolverão acuradas

habilidades reflexivas e, consequentemente, serão mais atuantes como

cidadãos comprometidos com o meio onde vivem. Assim, incentivar a

comunidade escolar a adotar uma postura mais consciente, comprometida e

participativa na utilização e conservação dos recursos naturais, contribui de

sobremaneira para o desenvolvimento sustentável e o consumo consciente.

Com base nas Diretrizes Curriculares da Rede Pública de Educação do

Estado do Paraná (História), este material se propõe a problematizar conteúdos

específicos em sala de aula, a partir de memórias, experiências e fatos

vivenciados por sujeitos num determinado contexto histórico, além de propiciar-

lhes a abordagem da História, não como verdade pronta e definitiva, mas como

processo em constante análise e reconstrução, envolvendo as ações e relações

dos sujeitos no tempo e no espaço. A história só é história na medida em que não consente nem no discurso absoluto, nem na singularidade absoluta, na medida em que o seu sentido se mantém confuso, misturado... A história é essencialmente equívoca, no sentido de que é virtualmente événementielle e virtualmente estrutural. A história é na verdade o

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reino do inexato. Esta descoberta não é inútil; justifica o historiador. Justifica todas as suas incertezas . O método histórico só pode ser um método inexato... A história quer ser objetiva e não pode sê-lo . Quer fazer reviver e só pode reconstruir. Ela quer tornar as coisas contemporâneas, mas ao mesmo tempo tem de reconstituir a distância e profundidade da lonjura histórica. Finalmente, esta reflexão procura justificar todas as aporias do ofício de historiador ,as que Marc Bloch tinha assinalado na sua apologia da história e do ofício do historiador. Estas dificuldades não são vícios de método, são equívocos bem fundamentados (Ricouer,1961,p226).

Fato similar acontece com a memória. Segundo Le Goff, as relações

entre memória e história, também as relações entre passado e presente não

devem levar à confusão e ao ceticismo. Sabemos agora que o passado

depende parcialmente do presente.

Toda História é bem contemporânea, na medida em que o passado é

apreendido no presente e responde a seus interesses, o que não só é inevitável

como legítimo. Posto que a história é duração, o passado é simultaneamente

tempo passado e presente, portanto compete ao historiador fazer um estudo

“objetivo” do passado mediante dupla forma.

A fim de atingir os objetivos propostos, esse caderno temático visa

construir textos que subsidiem professores e alunos em sala de aula, não

restringindo-se somente à área de história mas contribuindo com outras áreas

do conhecimento.

Acredito que o presente material irá contribuir, despertando a curiosidade

de professores e alunos para que juntos façam emergir memórias e histórias de

suas comunidades, municípios e regiões, a fim de que essas sejam valorizadas

como experiências individuais e coletivas da consciência histórica.

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INTRODUÇÃO

A família e a escola, além de outras instituições e meios de comunicação,

são responsáveis pela educação do indivíduo que formará a sociedade. Assim, a

escola torna-se meio de atingir a todos, visto que as problemáticas, debates,

questionamentos são discutidos com os alunos que, automaticamente, levarão

essa discussão aos pais e comunidade em geral.

Os jovens, em grande proporção, envolvidos cada vez mais com as

tecnologias perdem o contato com a natureza e sua importância, parecendo

assim serem independentes da natureza ,o que está longe da verdade..

Percebendo isso, através da educação ambiental procura-se despertar a

consciência crítica das novas gerações sobre os problemas ambientais

presentes no mundo.

A interferência da humanidade na natureza, ao longo anos, sempre se

fez presente no ambiente natural de forma inconsciente e desordenada, porém

no presente se constata forte pressão pelo uso dos recursos naturais sem

agressão à natureza.

Em meio a este panorama, a história ambiental procura mediar as

discussões sobre problemas ambientais, chamando a atenção para percepções e

valores atribuídos aos espaços naturais,às suas paisagens e ao lugar ao longo

do tempo.

Toda história é bem atual, na medida em que o passado é apreendido

no presente, levando o indivíduo a perceber o ambiente no qual está inserido,

bem como porque esse ambiente tem determinadas características e que

caminhos foram trilhados para chegar ao estágio em que se encontra. Portanto, é

nítida a necessidade de mudar o comportamento do homem com relação à

natureza no sentido de promover, sob um modelo de desenvolvimento

sustentável (processo que assegura uma gestão responsável dos recursos do

planeta de forma a preservar os interesses das gerações futuras e, ao mesmo

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tempo atender as necessidades das gerações atuais) compatível com práticas

econômicas que conservem e, simultaneamente, promovam qualidade de vida.

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UNIDADE I

O QUE É HISTÓRIA AMBIENTAL?

"Estamos diante de um momento crítico na história da terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir a diante, devemos reconhecer que, no meio de uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum." (carta da terra, maio de 2000)

Será que sabemos o que é história ambiental? O que ela significa para

alunos e professores? O que dizer, então, da educação ambiental? Ao meu ver, não

sabemos muito sobre esses estudos. Logo, nossos alunos mal compreendem suas

dimensões. A razão desse descompasso pode ser verificada na sociedade, na sala

de aula e nas próprias discussões entre professores. Algumas vezes se fala da

aproximação entre diferentes áreas do conhecimento, como por exemplo, história,

geografia, ciências, etc. Contudo, essa aproximação é algo ainda distante, mesmo

porque a maioria das pessoas acredita que a relação entre homem/natureza é

assunto exclusivo das ciências naturais e não tem nada a ver com a História.

Entendo que os historiadores têm algo a dizer sobre esta temática tão

presente nos dias de hoje. Acredito que nós, professores, ao estudarmos e

ensinarmos História, precisamos ampliar este debate. O esforço conjunto nos leva a

constatar que há uma relação especial entre o homem e o meio natural, portanto a

História Ambiental deve ser objeto de preocupação coletiva da sociedade de modo

geral. Assim, governos de todas as esferas, organizações não governamentais,

associações de bairros, professores, alunos, precisam estar comprometidos com tal

debate, levando a elaboração de políticas públicas que privilegiem as reais

necessidade presentes.

O homem está na natureza, faz parte dela, assim como ela faz parte da

vida do homem. Diga-se de passagem, que durante a evolução humana os

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processos adaptativos culminaram com alterações significativas na natureza. Agora

nos preocupamos, cada vez mais, com os impactos históricos, sociais e ambientais

dessa intervenção. Daí as discussões sobre a camada de ozônio, a destruição das

florestas, o assoreamento dos rios, a poluição dos rios e do ar, além de outros.

Cabe-nos, como profissionais da educação, valorizar a área do conhecimento

com a qual trabalhamos, além de apresentar aos nossos leitores uma parcela das

discussões em torno deste assunto. Assim, entendo que o objetivo da História

Ambiental é aprofundar conhecimentos de como o homem tem sido afetado pelo

ambiente através dos tempos, como ele tem afetado o próprio ambiente e com que

resultados. Um bom começo é investigar o local onde as pessoas vivem, sendo este

o foco da pesquisa, por mim, desenvolvida. Por meio desta, pretendo averiguar

como os imigrantes italianos viam a natureza no início dos anos de 1920, durante o

estabelecimento da Colônia Santa Bárbara, atual município de Bituruna - Paraná.

Por outro lado, pelas necessidades do projeto, pretendo verificar também como os

alunos do Colégio Estadual Santa Bárbara - Ensino Fundamental, Médio, Normal e

Profissional percebem a natureza. Assim, as questões que pretendemos responder

são as seguintes: como os imigrantes italianos do início do século XX apreenderam

a natureza durante o processo de colonização? Que percepções têm os alunos

quanto às transformações ocorridas no decorrer do tempo, nesta cidade? Quais são

os seus conceitos de meio ambiente, consciência ecológica, conservação

ambiental?

Os Currículos tradicionais não enfocam a História Ambiental, e ele está,

portanto, longe de ser mencionada. A ideia de que a questão ambiental só pode ser

trabalhada em algumas disciplinas ou fora da sala de aula é uma ideia ainda muito

presente no imaginário e nas práticas didáticas e metodológicas. Sua incorporação

à educação formal limitou-se em grande parte a ensinar valores de conservação da

natureza: princípios do ambientalismo que destacam problemas mais visíveis de

degradação ambiental, sendo ensinados com ênfase nas ciências biológicas e

geografia. Assim, a educação interdisciplinar que deve servir de base à formação de

saberes para compreender a realidade, reduziu-se ao aprendizado de uma

“consciência ecológica” no currículo tradicional.

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A História Ambiental é inerentemente interdisciplinar. Os historiadores

dependem das ciências naturais, pois precisam entender o funcionamento dos

ecossistemas para avaliar qual o papel desses nas sociedades humanas e como

essas sociedades modificaram o meio em que localizavam-se. Além do mais,

essas ciências também precisam de conhecimento histórico para compreender os

fenômenos sociais, culturais e econômicos que podem ter desencadeado a

necessidade de modificação do Meio Ambiente.

A História voltou-se para as questões ambientais na década de 1970 na

medida que aconteciam conferências sobre a crise global e cresciam os

movimentos ambientalistas em vários países. Ela nasceu em época de reavaliação

e reforma cultural em escala mundial, embora no Brasil ainda não esteja entre as

mais estudadas e analisadas. Porém, vem ligando explicitamente a história natural à

história social e examinado as interações entre ambas, nasce de um objetivo moral,

com compromisso político, amadurece nas universidades e atualmente, nós,

professores da educação básica, somos desafiados a refletir e disseminar os

estudos sobre a História Ambiental para além das Universidades.

No Brasil o que temos relativo à História Ambiental são alguns autores

sensíveis às relações históricas entre sociedade e meio natural, porém nenhum que

tenha se declarado Historiador Ambiental. Poucas produções sobre a História do

Ambiente -algumas pesquisas locais recentemente estão saindo nas universidades-

mas são espaças .Assim, o estudo de História Ambiental pode ser de grande

importância no sentido de entendermos nosso passado e nosso presente (da região

e município) e instigar outros a pesquisar, refletir e analisar, comprometendo-se com

o já citado o tema.

Engana-se quem pensa que no Brasil não houve a existência de uma

reflexão profunda e consistente sobre o problema da destruição do Ambiente

Natural por parte dos pensadores. No livro Um Sopro de Destruição Pensamento

Político e Crítica Ambiental no Brasil Escravista (1786-1888), José Augusto Pádua

coloca-nos que houve, sim, reflexões ambientais entre os autores brasileiros dos

séculos XVIII e XIX.

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De maneira geral, esses pensadores não defenderam o Ambiente Natural

com base em sentimentos de simpatia pelo seu valor intrínseco, ou seja,de valor

estético, ético ou espiritual e, sim, devido à sua importância para a construção

nacional. Os recursos naturais constituíam o grande trunfo para o progresso futuro

do país, devendo ser utilizados de forma inteligente e cuidadosa. A destruição e o

desperdício desses eram considerados uma espécie de crime histórico que deveria

ser duramente combatido. O valor do mundo natural, dessa forma repousava,

principalmente, na sua importância econômica e política.

Tais pensadores provinham de jovens da elite social do Brasil, que iam

estudar em Coimbra, já que no país não existiam Universidades. A grande maioria

não chegou a adotar uma atividade intelectual regular ou produzir algum tipo de

crítica quanto à realidade da então Colônia. Porém foi no interior dessa elite

intelectual, constituindo uma minoria dentro minoria, que emergiram os fundadores

da crítica Ambiental Brasileira.

Um importante ponto de agregação para essa minoria de pensadores foi a

influência teórica exercida pelo naturalista italiano Domenico Vandelli, difusor de um

ideário que combinava as novas concepções da ciência natural divulgadas por

Lineu (1707-1778) e Buffon (1707-1788) com a economia fisiocrata, defensora do

progresso, a partir da produção primária. Segundo essa corrente científica, o mundo

natural apresentava-se como um sistema interdependente, onde cada elemento -

mesmo o mais pequeno - desempenhava um papel importante para a manutenção

da ordem coletiva. Um texto publicado em 1780 por Lineu por exemplo, em conjunto

com H. Wilcke, afirmava que ...

...a partir do que nós sabemos, é possível julgar quão importante é cada uma das disposições da natureza, de forma que se faltasse uma única espécie de minhoca a água estagnante alteraria o solo e a umidade faria tudo apodrecer. Se uma única função importante faltasse no mundo animal, nós poderíamos temer o maior desastre do universo.

O próprio Lineu, com quem Vandelli se correspondia, protestou contra a

falta de interesse dos portugueses em estudar as ricas produções naturais na

Colônia. Numa carta escrita ao naturalista italiano, ele chegou a exclamar: ”Bom

Deus! Se os lusitanos desconhecem os bens de sua natureza, como serão infelizes

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todos os outros que possuem terras exóticas!” (D. Vanelli, “Memória sobre algumas

produções naturais...”,p.135 No livro Um Sopro de Destruição Pensamento Político

e Crítica Ambiental no Brasil Escravista (1786-1888), José Augusto Pádua p.15).

É interessante observar que os primeiros críticos ambientais brasileiros

não se concentravam num ponto apenas do país, mas se espalhavam por

diferentes capitanias. Esse fato aumentou ainda mais a riqueza e a diversidade das

suas observações. Os principais nomes desse período inicial foram Alexandre

Rodrigues Ferreira (1756-1815), na Amazônia; Manuel Arruda da Câmara (1752-

1811), em Pernambuco; Baltasar da Silva Lisboa (1761-1840) e Manuel Ferreira

Câmara Bittencourt e Sá (1762-1835), na Bahia; José Gregório de Moraes Navarro

(?) e José Vieira Couto (1752-1827), em Minas Gerais; Antônio Rodrigues Veloso de

Oliveira (1750-1824), no Maranhão e depois São Paulo; João Severiano Maciel da

Costa (1769-1833), no Rio de Janeiro; e José Bonifácio de Andrada e Silva (1763-

1838), em São Paulo e depois Rio de Janeiro. Essa tradição crítica em processo de

gestação encontrou sua expressão mais profunda e sistemática na obra de José

Bonifácio.

No Brasil dos séculos XVIII e XIX, como já citado, a motivação política foi

amplamente dominante entre os intelectuais que enfrentaram o problema ambiental.

Porém, no Brasil - onde tanto se tem por fazer em termos de História Ambiental -

qualquer vertente ou rumo que se tome para esse estudo é muito importante, a fim

de começarmos uma produção efetiva sobre o assunto.

Na literatura dos viajantes estrangeiros - especialmente os que percorreram

o Brasil no século XIX - é possível encontrar interessantes reflexões sobre usos

destrutivos do mundo natural.

O interessante do estudo e conhecimento de que já havia uma crítica

ambiental no século XVIII e XIX é que os autores da época foram capazes de

enunciar uma questão política global onde, atualmente - em plena mudança de

milênio – está sendo percebida em toda sua radicalidade e, mais, se tivermos em

mente que eles faziam parte de uma minoria de letrados num mar de analfabetos,

isso os tornava homens de visão muito à frente do seu tempo.

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A vontade de combater a destruição ambiental, chocava-se com o

interesse imediato da elite socioeconômica do país. Então, é notável a

perseverança dos críticos ambientais brasileiros em levantar publicamente seus

argumentos ao longo das décadas, tendo apenas como resposta a insensibilidade

das elites e a inércia dos poderes públicos a quem o apelo era dirigido.

O que aqueles pensadores estavam testemunhando - de fato - era a

evolução do processo histórico, cuja continuidade redundou na perda de quase cem

milhões de hectares da mais rica floresta tropical, restando no presente apenas 7%

da cobertura original da mata atlântica.

A disciplina de História chegou tarde ao debate ambiental. Assim sendo,

não se tem material produzido a nível de Ensino Básico que possibilite trabalhar,

dentro dos conteúdos de História aplicados em sala de aula, os problemas

ambientais contemporâneos ou não. Daí a relevada importância de trabalhos

relativos ao tema, pois esses poderão render produções que serão de grande

utilidade para a atuação pedagógica em sala de aula.

Em se tratando da prática qual seria a visão que o aluno tem sobre o tema?

Será que já se pensou em um estudo sobre História Ambiental?

Pelo que se observa não. Nossos alunos veem a História como estudo de

fatos acontecidos no passado, raramente, no presente. Fatos esses que devem ser

estudados nas dimensões política, cultural ou no mundo do trabalho, pois não

compreendem a natureza como objeto de estudo agregado aos conteúdos de

História. Isso pertenceria a outras ciências e em especial a Biologia.

A maioria dos livros didáticos e professores segue o ensino tradicional de

História que atem-se à análise de hábitos, costumes e culturas das civilizações.

Assim, foi possível observar em textos e livros usados na sala de aula que o

ambiente natural não é mencionado, a não ser na História de civilizações cuja

sobrevivência dependeu dos grandes rios.

Orientados por esse olhar, alunos e alguns professores não consideram a

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História como Ciência Humana Básica em sua formação, por oportunizar a

compreensão da realidade que os cerca e incentivar o espirito crítico que os

capacitará a interpretar a realidade de maneira diferenciada do senso comum.

No entanto, cabe ressaltar que a formação do espirito crítico não significa

levar o aluno à posições ideológicas radicais, mas capacitá-lo ao discernimento das

várias linhas e correntes de interpretações. Linhas e correntes essas que, se

estudadas dentro da disciplina em seus devidos contextos, possibilitará ao

estudante realizar suas escolhas políticas, sociais, econômicas e culturais.

A Ciência Histórica tem seus métodos e instrumentos de análise que devem

ser respeitados. O ensino de História precisa levar em consideração tudo isso, com

a finalidade de estimular vocações para esse ramo do conhecimento humano.

Portanto, o estudo dos vários aspectos da História, inclusive o Meio Ambiente são

pontos fundamentais desta disciplina.

Uma das mudanças recentes mais impressionantes no conteúdo da

História foi o aumento súbito de interesse pelos sentimentos, emoções, padrões de

comportamento, valores e estado de espírito humano. Assim sendo, abre-se

brechas para a História Ambiental dentro dos currículos escolares.

A História Ambiental praticada atualmente em alguns países (EUA, França,

Inglaterra, etc. ) resulta em “projetos reformistas“ de alguns historiadores. Vemos aí

a reação à pressão de ajustar os ponteiros dos relógios dos dois tempos: o

geológico (natural) e o social. Como diz Cronon, ela trata de “colocar a sociedade

na natureza” (termo empregado em Worster et al; 1990).

Por que nos vemos tão distantes do meio natural no qual estamos

inseridos?

José Augusto Drumond, um dos estudiosos da História Ambiental no Brasil,

coloca-nos que por muito tempo as ciências sociais acabaram separando o homem

da natureza. Isso fez com que a História ficasse desintegrada dos fatos ecológicos.

Portanto, a forma de pensar a natureza em oposição ao homem ou a cultura vem

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desde o final do século XVIII. Essa visão acabou forçando uma separação

homem/natureza, sociedade/natureza, cultura/natureza. Assim sendo, o papel do

historiador atual consiste romper esse pensamento, promovendo tão almejada

integração

Para uma mudança da visão que tende a separar homem/natureza, a

História Ambiental vem levantando questionamentos que resultam em acirradas

discussões e significativas reflexões no meio histórico atual. Assim, o Historiador

Ambiental não pode fazer dos problemas epistemológicos da História meros

problemas intelectuais e científicos, mas terá que enfrentá-los como desafio cívico e

moral, do qual terá que participar quer queira ou não.

Como nos diz Eric Hobsbawm (Sobre História – 1998): Todos os seres

humanos e sociedades estão enraizados no passado - o de suas famílias,

comunidades, nações ou outros grupos de referência, ou mesmo de memória

pessoal - e todos definem sua posição em relação a ele, positiva ou

negativamente....

A maior parte da ação humana consciente, baseada em aprendizado,

memória e experiência constitui um vasto mecanismo para comparar

constantemente passado, presente e futuro. As pessoas não podem evitar a

tentativa de antever o futuro mediante alguma forma de leitura do passado.

Romper com o pensamento local - tudo o que é verde deve ser explorado,

objetivando lucros imediatos - e buscar novas alternativas de uso dos recursos

naturais é necessário que se conheça o passado, principalmente os pensamentos e

anseios dos colonizadores quanto ao ambiente que os cercava, possibilitando-nos

analisar mudanças e permanências ocorridas no local.

Sem a auto-compreensão não podemos esperar por soluções duradouras para os problemas ambientais que, fundamentalmente, são problemas humanos. E os problemas humanos, quer sejam econômicos políticos ou sociais, dependem do centro psicológico da motivação dos valores e atitudes que dirigem as energias para os objetivos(TUAN_YIFU-1980 p.1)

Por isso analisar as percepções, ideologias e valores que permearam o

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pensamento dos colonizadores ao chegarem no município de Bituruna - início do

século XX - quanto aos recursos naturais, então, abundantemente disponíveis torna-

se ótimo tema para História Ambiental, que pode vir a contribuir com a

conscientização sócio/cultural e ambiental do local. Segundo José Augusto

Drumond, a economia e a sociedade brasileiros continuam a ser extremamente

dependentes dos recursos naturais. A História Ambiental pode dar a contribuição

decisiva para entendermos o passado e presente de país rico em recursos naturais

e assolado por dívidas sociais.

TEXTO COMPLEMENTAR

Um exemplo de como já existiam preocupações no sentido de descrever

os aspectos naturais do nosso país é a Corografia Brazilica ou Relação

Histórico-geográfica do Reino do Brasil, escrito no ano de 1817 - Primeiro

livro editado no Brasil, escrito pelo Padre Manuel Aires de Casal, dividido

em dois volumes. Tal obra relaciona cada província e para cada uma

refere as vilas nela existentes. Obra esta, fundamentada em descrições e

inventários que o autor relata sem emitir observações, sendo assim, um

manual rico em informações quanto à fauna, flora e os rios das

províncias brasileiras.

“O Lago Ibéra, aliás Caracares,he assaz consideravel,e fica muito

próximo a margem esquerda do Paranná, Tem algumas ilhas, e seus

contornos sam pantanozos.(16)

O Lago Jagapé, quelhe grande, e rodeado de matos,fica próximo a

margem septentrionaldo Paranná coiza de dez leguas acima d Itaty.

Fitologia. Cedro,Biraró, pitribí,lapácho ,que he o chamado por outro nome

páu d arco ; sassafrás com outros muitos gêneros de boa madeira para

construção; pinheiros, as arvores que dam a rezina denominada sangue

de dragão, as do óleo de cupahuba; epicuenha, jalapa, ruibarbo, e outras

plantas medicinaes: a opuncia annanazes , laranjas, mamões ,bananas.

O vegetal do matte he um arbusto grande com folha semelhante à de

laranjeira, e gosto de malva: esta he a que se aproveita. Dizem que a

melhor he a da serra Maracajú. Não se espera que as folhas caiam:

depois de colhidas sam torradas por algum dos methodos aprovados,

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comumente sobre coiros entre duas fogueiras. Toma-se quazi como chá;

e por certo que tem rtilidades. O uzo desta bebida dominava de tempos

immemoraveis entre os Indigenas da parte septentrional desta província;

fram elles os que o introduziram entre os primeiros habitantes d

Assumppção, (17)”

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UNIDADE II

HISTÓRIA AMBIENTAL - PARA QUÊ?

Por que a história deve estudar a natureza? Será que já existe um saber

ambiental pronto a ser transmitido e inserido na mente dos educandos?

Não. Isso só irá acontecer, por meio de um processo educativo que

provoque a capacidade de construção de conceitos pelos alunos. Nessa visão

educacional o aluno é protagonista do meio ideológico/social onde, através da

prática é incentivado a construir seu próprio saber com relação ao meio em que

vive, desenvolvendo o pensamento crítico, comprometendo-se com processos de

mudanças necessários .

O que realmente temos em relação à Educação Ambiental?

A maioria dos programas de Educação Ambiental tem início dentro do

próprio ambiente escolar, como forma de divulgação desses junto aos pais.

Programas que são permeados por noções que sugerem atitudes voluntárias de

cada ator individual, identificado com o cidadão comum, em quem recai a

responsabilidade pela Preservação Ambiental. Essa responsabilidade vem com o

slogan “cada um tem seu papel e pode contribuir com sua parcela”, mas não vejo

nenhum desse programas incentivar o aluno a compreender o seu meio; a ter

realmente um pensamento crítico sobre como era o ambiente antes dele, como está

e o que ele, enquanto cidadão, pode fazer para mudar essa realidade.

O que o brasileiro realmente pensa sobre o Meio Ambiente, em termos

globais ou locais?

Esse foi o questionamento feito pela pesquisa nacional de opinião que

vem sendo realizada a cada 4 anos, conjuntamente pelo Ministério do Meio

Ambiente e pelo ISER (Instituto de Estudos da Religião - ONG que existe desde

1971, sediada no Rio de Janeiro) desde 1992. Pesquisa essa, realizada

respectivamente em 1992,1997, 2001 e 2006. Avaliação da Consciência Ambiental

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no país, tendo como coordenadores a cientista Samyra Crespo e o Dr. Eduardo

Novaes.

Constatou-se, por meio desta pesquisa que, do global ao local, os principais

problemas ambientais são: desmatamento, poluição das águas e do ar, de acordo

com os brasileiros pesquisados. Quando se trata de identificar problemas na cidade

onde moram ou no bairro, coincidindo com os dados obtidos em 1997 e 2001, 18%

da população elegeram os problemas de Saneamento Ambiental como principais

que os afetam.

Chama-nos a atenção que, tanto em 1997 quanto em 2001, mais de 50%

da população não foi capaz de identificar nenhum problema ambiental no seu bairro.

Já em 2006 cresce a preocupação em todos os grupos da população com os

problemas ambientais, bem como a capacidade em identificar problemas,

mostrando que é preciso incentivar e aumentar os esforços de informação do

grande público sobre as questões do Meio Ambiente e Qualidade de Vida, porque

passados 15 anos desde 1992, brasileiros ainda se consideram pouco informados

sobre o Meio Ambiente. Observou-se ainda que quanto maior o nível de instrução,

menor é a disposição em afirmar que não existe problema algum, ou ainda não

sabe opinar sobre o assunto.

O desafio que se coloca é o de formular uma Educação Ambiental aonde

os alunos sejam participantes ativos da pesquisa, a fim de perceberem-se como co-

responsáveis pelos problemas ambientais e, junto de suas famílias e comunidades,

provocarem discussões acerca das questões ambientais locais e mundiais, numa

perspectiva crítica, sócio/ histórica, política, econômica e pedagógica com o intuito

de fornecer subsídios teórico/metodológicos, propiciando-lhes uma visão geral da

problemática citada, por meio do ensino e da pesquisa.

Como sugestão para ajudar os interessados a dar início a pesquisas junto

à comunidade e alunos, foram selecionados alguns questionamentos que podem

servir de base para estudo em particular sobre sua localidade. Esses

questionamentos encontram-se em anexo neste trabalho, questionamentos esses

baseados na pesquisa nacional de opinião realizada pelo Ministério do Meio

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Ambiente e pelo ISER da Consciência Ambiental no País.

Vemos a importância do trabalho de História Ambiental junto aos nossos

alunos e comunidade, na medida que a pesquisa mostra a evolução da Consciência

Ambiental no país, no entanto o conceito de Meio Ambiente ainda é limitado. Por

exemplo: cresce o número de pessoas que acreditam que a preocupação com o

Meio Ambiente não é exagerada ( de 42% em 1997, para 46% em 2001 ) e também

que a Natureza é Sagrada (57% em 1992 para 67% em 2001) e que os seres

humanos não devem interferir nela. Houve também crescimento significativo (23%

em 1997 para 31% em 2001) do segmento da população que passou a concordar

com a ideia de que são necessárias efetivas mudanças nos nossos hábitos de

produção e consumo para conciliar desenvolvimento e proteção do ambiente. Mais

da metade da população (51%) desde 1992 já dizia preferir menos poluição à

geração de empregos e este número se mantém em 2001, apesar de sabermos que

este é um tema de grande preocupação na atualidade. Dados esses retirados da

pesquisa feita pelo Ministério do Meio Ambiente.

Não podemos pensar a História da humanidade sem estudarmos aspectos

da natureza. Dá-nos a impressão que ela em nada interferiu no desenvolvimento do

homem. O “homem fora da natureza” é ilusão. Desde o início da civilização até

recentemente tempo a maior parte dos seres humanos dedicou-se a agricultura e,

consequentemente, teve que “trabalhar” a “natureza selvagem” para atingir esse

fim, interferindo no meio ambiente ou deixando-se levar pelos meios naturais: como

fertilidade da terra, posição geográfica entre outros. Observa-se que durante a

História da humanidade, muitos povos tiveram que construir um ambiente para que

pudessem sobreviver.

O pensamento do homem fora da natureza continua forte como podemos

constatar nas conclusões da pesquisa nacional de opinião de 1992, 1997 e 2006,

onde o Meio Ambiente para os brasileiros é sinônimo de fauna e flora, sendo

percebido como reino dos animais, plantas e elementos naturais; deixando os seres

humanos fora desse contexto. A natureza continua sagrada para os brasileiros e é

importante cuidar do Meio Ambiente, principalmente, por razões de saúde e

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sobrevivência.

Esse pensamento tem sua explicação nas raízes da História como nos

coloca David Drew já na antiguidade foi enunciada pelo gregos “as plantas foram

criadas por causa dos animais e os animais por causa do homem”.(Aristóteles,

Política, 350a.C ).

O homem como guardião da natureza também existe, de certa forma, no

pensamento pré-cristão. Essa falta de total separação homem/natureza ainda

persiste em grau limitado no Islamismo e Judaísmo. Quanto ao cristianismo,

sobretudo nos seus pronunciamento oficiais - talvez como parte de reação aos

cultos pagãos da fertilidade da terra - dá sempre ênfase à separação entre humanos

e o resto da criação. Esse distanciamento mental no pensamento do ocidente

perdura até hoje. A ideia da natureza como um inimigo a ser combatido e subjugado

permanece como parte de nossas concepções econômicas e científicas.

O progresso usa o controle da natureza e do mundo natural que julga

consistir de “fatores de produção” como meios, através dos quais o homem pode se

beneficiar materialmente. Isso nos leva ao pensamento de Roderick Nash sobre o

conceito de “Valor de escassez” da natureza “selvagem”, pensamento esse, que ao

meu ver, explica muito do pensamento atual sobre a natureza. Para ele, essa

natureza é tão mais temida e desprezada quanto mais abundante e mais próxima

ela é do sujeito e é tão amada e admirada quanto mais escassa e distante estiver.

Isso diz muito sobre quem é a favor e contra a preservação dessa forma de natureza

“selvagem”, sendo assim um fato culturalmente revolucionário nas sociedades

ocidentais que sempre valorizaram a natureza, apenas com o grau de alteração ou

controle humano. Ou seja o homem considera e tende a preocupar-se com a

conservação de uma “natureza” que ele possa controlar, parques, pequenos

bosques em torno de cidades, tendendo a ficar alheio à situações que não estão

diretamente ao seu controle como: o cuidado com a Amazônia, com os Mares, etc.

O ambiente construído expressa a cultura de um povo. Como a História

Ambiental trata do papel e do lugar da natureza na vida humana, encontra aí o seu

principal tema de estudo. Vários autores (Stewart,1998, Worster,1991,

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Drummond,1991 e 1997) concordam ao afirmar que a História Ambiental tem sido

feita, de modo geral, sob três categorias de análises: reconstrução de ambiente

naturais do passado;. estudo dos modos humanos de produção e seu impacto sobre

o ambiente; análise da história das ideias, das percepções dos valores sobre o

mundo natural. Esse níveis podem parecer integrados, como no estudo sobre a

mata Atlântica de Warrem Dean (1996). Para efetivarmos tal estudo precisamos

entender a natureza propriamente dita como ela se organizou e funcionou no

passado. Mas como fazer isso?

Por meio da História Ambiental, acredito que vamos compreendendo o

domínio sócio-econômico na medida em que entendemos determinado ambiente.

Portanto, devemos nos preocupar com ferramentas e trabalho; com as relações

sociais que brotam desse trabalho; com os diversos modos que esses povos criaram

produziram bens, a partir de recursos naturais. E não menos importante é a

inteiração - exclusivamente humana, puramente mental ou intelectual - na qual

percepções, valores éticos, leis, mitos e outras estruturas de significação se

tornaram parte do diálogo de um indivíduo ou de um grupo com a natureza. Tudo

isso constitui uma investigação única onde a natureza, a organização social e

econômica, o pensamento e o desejo são tratados como um todo que muda

conforme mudam a natureza e as pessoas, numa dialética que atravessa todo

passado e chega até o presente.

É de real importância para o Historiador Ambiental ter conhecimento do

meio que vai pesquisar, reconstruindo a paisagem para verificar como ela era antes

que as sociedades humanas a penetrassem e a modificassem. O homem tem sido

parte inseparável da ordem ecológica do planeta. Portanto, qualquer reconstrução

de ambientes do passado, necessariamente, precisa incluir florestas e desertos;

jiboias e cascavéis, bem como o animal humano e o seu sucesso ou fracasso no ato

de se reproduzir.

Também os métodos produtivos devem ser foco para o Historiador

Ambiental que deseja saber qual papel a natureza teve quanto a esses métodos e

quais foram os impactos sobre o meio ambiente. Esta constatação não é recente e

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já fazia parte dos escritos de Karl Marx (1981). A História pode ser encarada de dois

lados e dividida em História da Natureza e História dos Homens. Mas os dois lados

não podem ser separados do tempo; enquanto houver homens, a história da

Natureza e a História dos Homens se condicionarão reciprocamente.

Precisamos entender que ideias e ideologias permeavam o cotidiano do

momento,pois as ideias são socialmente construídas e refletem diretamente na

organização da sociedade. Para entendermos porque determinada sociedade tomou

certas decisões - lidar com os meios de produção, por exemplo – que acabariam

refletindo, bem ou mal, no meio ambiente é necessário ter em mente qual era a

ideologia política e ambiental do momento.

Assim, o que levou os colonizadores a tomarem determinadas decisões

quanto à exploração da nossa região? Por que os colonos da década de 20

resolveram migrar para Bituruna? Será que era a política da época? É isso que

pretendemos averiguar junto aos alunos. Para que estes entendam o macro devem

partir do micro, ou seja, da história local.

Num primeiro momento, a História Ambiental nos parece ampla demais,

quase impossível de ser estudada, a não ser que limitemos tempo e lugar como foco

de estudo. Somente assim será possível iniciar o trabalho de compreensão e

consciência do homem quanto ao embate homem/natureza, desde os primórdios

dos tempos até os dias atuais. Para que ocorra essa conscientização, torna-se

necessária a compreensão da História Ambiental da região em estudo, a fim de que

haja reflexão ampla sobre o tema.

Segundo Donald Worster, para o historiador, o objetivo deve ser descobrir

como uma cultura inteira e não apenas indivíduos excepcionais dentro dela

percebeu e avaliou a natureza. Toda cultura contém inúmeras percepções e valores

variados. Jamais houve uma que realmente quisesse viver em harmonia total com

seu ambiente.

As ideias são socialmente construídas, portanto refletem a organização das

sociedades, os seus tecno-ambientes e as suas hierarquias de poder. As ideias

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variam de pessoa a pessoa dentro de uma sociedade de acordo com: gênero,

classe, etnia e região. Logo, encaram a natureza de modo distinto. Depende de

cada indivíduo a maneira de sentir o ambiente ao seu redor, valorizando-o em maior

ou menor escala. Assim, o estudo da percepção, das atitudes e dos valores do

ambiente torna-se por demais complexo.

O homem está constantemente agindo sobre o meio, a fim de sanar suas

necessidades e desejos. Quantas das nossas ações sobre o ambiente natural ou

construído afetam a qualidade da vida de várias gerações? “Duas pessoas não

veem a mesma realidade. Nem mesmo dois grupos sociais fazem exatamente a

mesma avaliação do meio ambiente” (TUAN, YI-FU,1980p. 6).

Cada indivíduo percebe, reage e responde de modo peculiar frente às

ações sobre o meio. As respostas ou manifestações são processos cognitivos,

julgamentos e expectativas da cada indivíduo. Embora nem todas as manifestações

psicológicas sejam evidentes, são constantes e afetam nossa conduta, na maioria

das vezes inconscientemente. Portanto, todos os homens compartilham atitudes e

perspectivas comuns, contudo a visão que cada um tem do mundo é única e de

modo algum é fútil.

Saber como os indivíduos perceberam o Meio Ambiente no período da

colonização de Bituruna e como o percebemos na atualidade - suas fontes de

satisfação e insatisfação - é de fundamental importância, pois ao confrontarmos

realidades distintas, será possível a realização de um trabalho com bases locais,

partindo da realidade presente.

Numa visão mais ampla, sabemos que as atitudes e crenças não podem

ser excluídas nem mesmo da abordagem prática, pois é prático reconhecer paixões

humanas em qualquer cálculo ambiental. Elas não podem ser excluídas da

abordagem teorética porque o homem é, de fato, o dominante ecológico e o seu

comportamento deve ser compreendido em profundidade e não simplesmente

mapeado.

Com todos os desastres que tem acontecido com o meio ambiente,

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percebemos que o ser humano tem sido capaz de modificar o seu meio ambiente

para adaptá-lo às suas necessidades “o ser humano é excepcionalmente adaptável”

(TUAN, YI-FU 1980 p.75),

Os problemas ambientais no Brasil e no mundo afetam, direta e indiretamente,

a qualidade de vida do seu povo, ao mesmo tempo que nos apresentam situações

onde temos a oportunidade de analisar diversos processos sociais. Na pesquisa

divulgada em março de 2006, sobre a questão da Biodiversidade, ficou claro que

cresce acentuadamente o número daqueles que não consideram a preocupação

com o Meio Ambiente exagerada e que optam pela preservação da natureza.

Quando são convidados a opinar sobre o progresso - mais conforto ou mais

emprego - assumem a responsabilidade que o Brasil tem perante o mundo.

Mesmo sendo tímida a produção do conhecimento de História Ambiental,

principalmente no Brasil, pode-se utilizar dela para o exercício da cidadania, na

medida que - ligando emocionalmente o homem ao meio natural - ele poderá ter a

percepção do quanto a natureza é importante para manutenção da vida. Por isso, a

importância desse trabalho de pesquisa consiste em fazer com que os alunos e

comunidade percebam a natureza e suas transformações e ampliem seus

conceitos de consciência ecológica.

É necessário que as pessoas tomem consciência dos problemas

ambientais. Mais que “tomar consciência” é preciso que lutem a favor do Meio

Ambiente, comprometendo-se. Um bom começo é conhecer os problemas locais,

oferecendo condições aos alunos para que cheguem a essas conclusões, através

de estudo reflexivo sobre o ambiente onde vivem.

A História Ambiental tem o objetivo de fazer com que o homem conheça e

reconheça sua relação com o meio natural nas dimensões intelectuais e

emocionais. É preciso não apenas conhecer, mas sentir-se parte do processo e agir

de modo integrado nessa relação.

O objetivo da História é estudo do homem, através dos tempos. Não

podemos dissociá-lo do seu meio natural, pois a natureza sempre existiu, sendo

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assim, a interação entre sociedade/natureza no tempo fonte principal de discussão

a que se propõe a História Ambiental

O intenso processo de mudança ambiental sofrido pelo Brasil, a partir do

século XVI, com o início da ocupação colonial europeia, não é de fácil visualização

para analistas contemporâneos. Uma das melhores vias de acesso continua sendo

documentos como: a carta de Pero Vaz de Caminha, abaixo exposta. A carta

escrita por Pero Vaz de Caminha, tem como principais pontos o mapeamento das

condições e possibilidades da terra e a segurança de tornar a nova terra em

propriedade portuguesa, além de tornar a posse pública. È um documento

formidável para pesquisa analisando a passagem “e a terra de cima toda chã e muito cheia de grandes arvoredos.” já é possível chamar a atenção dos alunos

de como era o Brasil antes da ocupação e de como foi visto através dos olhos de

quem o vislumbrou pela primeira vez, podendo assim dar início a uma discussão

quanto ao Ambiente dentro da História.

TEXTO COMPLEMENTAR

LITERATURA BRASILEIRA Textos literários em meio eletrônico

A Carta, de Pero Vaz de Caminha

.Senhor,

posto que o Capitão-mor desta Vossa frota, e assim os outros capitães escrevam a Vossa Alteza a notícia do achamento desta Vossa terra nova, que se agora nesta navegação achou, não deixarei de também dar disso minha conta a Vossa Alteza, assim como eu melhor puder, ainda que -- para o bem contar e falar -- o saiba pior que todos fazer! (...)

(...)Enquanto andávamos nessa mata a cortar lenha, atravessavam alguns papagaios essas árvores; verdes uns, e pardos, outros, grandes e pequenos, de sorte que me parece que haverá muitos nesta terra. Todavia os que vi não seriam mais que nove ou dez, quando muito. Outras aves não vimos então, a não ser algumas pombas-seixeiras, e pareceram-me maiores bastante do que as de Portugal. Vários diziam que viram rolas, mas eu não as vi. Todavia segundo os arvoredos são mui muitos e grandes, e de infinitas espécies, não duvido que por esse sertão haja muitas aves! (...)

(...)Foi o Capitão com alguns de nós um pedaço por este arvoredo até um ribeiro grande, e de muita água, que ao nosso parecer é o mesmo que vem ter à praia, em que nós tomamos água. Ali descansamos um pedaço, bebendo e folgando, ao longo dele, entre esse arvoredo que é tanto e tamanho e tão basto e de tanta qualidade de folhagem que não se pode calcular. Há lá muitas palmeiras, de que

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colhemos muitos e bons palmitos. (...)

(...)Esta terra, Senhor, parece-me que, da ponta que mais contra o sul vimos, até à outra ponta que contra o norte vem, de que nós deste porto houvemos vista, será tamanha que haverá nela bem vinte ou vinte e cinco léguas de costa. Traz ao longo do mar em algumas partes grandes barreiras, umas vermelhas, e outras brancas; e a terra de cima toda chã e muito cheia de grandes arvoredos. De ponta a ponta é toda praia... muito chã e muito formosa. Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande; porque a estender olhos, não podíamos ver senão terra e arvoredos -- terra que nos parecia muito extensa.(...)

(...)Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal, ou ferro; nem lha vimos. Contudo a terra em si é de muito bons ares frescos e temperados como os de Entre-Douro-e-Minho, porque neste tempo d'agora assim os achávamos como os de lá. Águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem! (...)

(...)E desta maneira dou aqui a Vossa Alteza conta do que nesta Vossa terra vi. E se a um pouco alonguei, Ela me perdoe. Porque o desejo que tinha de Vos tudo dizer, mo fez pôr assim pelo miúdo.

E pois que, Senhor, é certo que tanto neste cargo que levo como em outra qualquer coisa que de Vosso serviço for, Vossa Alteza há de ser de mim muito bem servida, a Ela peço que, por me fazer singular mercê, mande vir da ilha de São Tomé a Jorge de Osório, meu genro -- o que d'Ela receberei em muita mercê.

Beijo as mãos de Vossa Alteza.

Deste Porto Seguro, da Vossa Ilha de Vera Cruz, hoje, sexta-feira, primeiro dia de maio de 1500.

Pero Vaz de Caminha

(http://www.cce.ufsc.br/~nupil/literatura/carta.html Edição de base:

Carta a El Rei D. Manuel, Dominus, São Paulo, 1963.)

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UNIDADE III

DESENVOLVIMENTO SOCIALMENTE SUSTENTÁVEL

Será que realmente conhecemos os impactos que causamos ao meio

ambiente? A quem podemos culpar pelo estágio em que a natureza se encontra

atualmente? Nós, os que nos antecederam ou a geração que está vindo sem se

preocupar em conhecer os dilemas referentes ao ambiente?

Dilema complexo a ser respondido, com certeza. Poderíamos começar

considerando que - quando o homem provoca uma alteração no seu ambiente - ele

tem algum objetivo, na maioria das vezes, benéfico do ponto de vista humano. Por

exemplo, a construção de uma casa ou de uma usina hidroelétrica - embora sejam

duas construções bem diferentes na grandeza de suas construções - irão alterar o

meio da mesma forma. . Podemos ficar num jogo de ver quem é o culpado, e isso

renderia muitos discursos.

Mas podemos trabalhar em estudos que nos respondam alguns

questionamentos como por exemplo: quais os impactos que a construção da Usina

Hidroelétrica Bento Munhoz da Rocha Neto, construída no final da década de 1970,

teve sobre o município de Bituruna? Quando conversamos com pessoas que

viveram grande parte de suas vidas no município, especialmente, as que

trabalhavam na agricultura, falam da mudança significativa no clima, após a

formação do lago artificial. Segundo eles, nos dias de hoje ocorre menos geadas

que no passado e a neblina é mais intensa. Provavelmente, isto ocorre devido ao

maior acúmulo de água, havendo, deste modo, também maior evapotranspiração.

Portanto, há muito o que estudar, pesquisar e refletir sobre assuntos ambientais.

Mais do que acharmos culpados, precisamos buscar conscientização e

entendimento. Davis Drew diz que “ a forma de ver o funcionamento da terra seria

como um todo compreensível, no seu complexo inter-relacionamento. É encarar a

terra como uma imensa máquina integrada trabalhando todos os mecanismos

juntos.”(DREW,1994 Processos Interativos Homem-Meio Ambiente.193)

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Nos últimos tempos, a crescente conscientização das questões ambientais

despertou a atenção para as diversas relações estipuladas entre o homem e o

ambiente. Os resultados variam desde o ponto de vista de como o homem trabalha

sua lavoura, se ele usa fertilizantes ou não, a forma como semeia, etc. No entanto,

por mais admiráveis que sejam as razões de tais estudos, o homem tem de

modificar o solo e o que nele cresce, a fim de sobreviver. O problema a se resolver

consiste no seguinte questionamento: até que ponto se pode-se mudar todo um

ambiente em benefício da agricultura ou da economia, sem infligir “prejuízos

inaceitáveis“ ao mundo da natureza. A atividade agrícola representa a tentativa mais

generalizada de controle do ambiente humano. Tem se definido a agricultura como

“a arte de perturbar o equilíbrio da natureza de modo mais seguro para nosso

benefício “(Wigglesworth in .DREW,1994 Processos Interativos Homem-Meio

Ambiente p.145)).

O homem vem alterando o seu habitat desde eras mais remotas como nos

coloca David Drew (Processos interativos do Homem - Meio Ambiente p.155 -1661).

Alterou-se, pela primeira vez, a ação local da atmosfera e, portanto, o clima já há 7

ou 9 mil anos ao mudar a face da terra com a derrubada de florestas; com a

semeadura e a irrigação. Mudanças climáticas daí resultantes foram quase

imperceptíveis, o neolítico (de 5 mil a 4 mil anos atrás) marcou o início da

agricultura e portanto,o primeiro distanciamento humano de dependência absoluta

do meio imediato,a idade do ferro ( de 500 a. C em diante) assistiu a mudanças

irreversíveis no relevo, a nova tecnologia, com base nos instrumentos de ferro,

provocaram um maior controle do meio.

No final da idade média, a superfície florestada diminuiu rapidamente com

a intensidade da demanda de madeira para queimar, fazer casas e construir navios.

Nos séculos XVI, XVII e XVIII sobreviveram muitas das alterações que formaram a

paisagem atual. Aqui o exemplo é da Grã–Bretanha há décadas atrás. Parece-me

que tal processo foi semelhante no que diz respeito à utilização da natureza nos

períodos de ocupação de territórios no Brasil e na ocupação de Bituruna - década

de 20.

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No princípio, o interesse do homem pela natureza derivava da necessidade

de comer e de competir com os predadores, atualmente os fatores econômicos e

sociais constituem o interesse mais frequente para a interferência na natureza. A

revolução tecnológica, social e econômica desde o século XX repercutiu na

natureza que - mais do que nunca - está sendo encarada como atividade

empresarial.

É notório que o homem já modificou quase todos os aspectos do seu

habitat. O grau de modificação é, em parte, determinado pela necessidade de

mudar e também pela mudança do próprio meio ambiente.

Hoje fala-se muito numa forma de desenvolvimento econômico, denominado

desenvolvimento sustentável, que é obtido de forma compatível com a preservação

dos recursos naturais de determinado país. Em outras palavras, trata-se do

desenvolvimento não-predatório, ou seja, sem desgastes para a natureza,

obedecendo à sua capacidade de renovação ou reciclagem natural.

Seria necessário extrair da natureza o que é absolutamente necessário,

reaproveitando ao máximo, utilizando-se da reciclagem artificial. Prolongar o quanto

possível sua disponibilidade, uma vez que as soluções corretivas são sempre muito

onerosas. Um verdadeiro desenvolvimento, mais do que auto-sustentável, teria de

ser auto preservante, no sentido de procurar, ativamente, criar condições de

autopreservação das culturas tradicionais, valorizando-as de modo a inibir as

pressões do consumismo.

Ter conhecimento das mudanças ocorridas no ambiente onde vive não

garante que o indivíduo tome posicionamento e se comprometa com a preservação

do Meio Ambiente e do desenvolvimento local. Devemos oferecer às gerações que

estão vindo , o conhecimento básico para que se tornem reflexivos , críticos e

atuantes para que a partir desse ,conhecimento se posicionem frente as questões

ambientais.

O caminho para o desenvolvimento é a participação, a educação e o

fortalecimento de um pensamento ambiental. As pessoas precisam entender não

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somente dos recursos de que dispõe o meio ambiente, mas também a cultura, a

história e os sistemas sociais do local onde tal processo ocorre. Assim terão melhor

visão de desenvolvimento, aproveitando seus recursos sem depredá-los. Posso

afirmar, então, que o homem egoisticamente terá que despertar para os problemas

ambientais.

A Velha ideia da terra como um conjunto unitário, em que o homem fazia parte inseparável de um sistema de íntima e plena conexão, revive agora mais sob a visão científica ao que sob a teológica ou filosófica. O conceito do homem como guardião da terra vigora de novo, mais por egoísmo do que por benevolência para com o mundo natural.”(David Drew, Processos interativos Homem-Meio Ambiente p.194)

Ser cidadão significa assumir responsabilidades pelas decisões e destinos

de sua cidade. Não só quanto a eleições dos dirigentes, o indivíduo se firma

realmente como tal quando passa a atuar constantemente nas várias decisões

passageiras ou permanentes, ambientais ou não. A cidadania é um exercício que

praticamos todos os dias nas menores ou maiores atitudes.

Olhar conscientemente o local onde se vive faz com que observemos

causas e consequências que criam e justificam realidades ambientais .Essa

percepção é difícil e nos leva a ver o que está disperso no cotidiano. Normalmente

quando o indivíduo se dá conta do que acontece historicamente joga para o poder

público a responsabilidade de descobrir as causas e procurar saídas para o

problema. Limita-se a diagnosticar que é necessário fazer algo, mas critica tão

somente, eximindo-se da responsabilidade de agir.

Acredito, quando poder o público e os cidadãos se juntam, há possibilidades

de encontrar saídas para os problemas ambientais. Por exemplo, Bituruna é um

pequeno município que encontrou uma solução simples e barata para o lixo urbano

e, ainda, gera muitos empregos. O projeto de Bituruna é simples e de baixo custo

para a Prefeitura e a população participa ativamente. Através de um projeto de lei,

os moradores que separam o lixo são isentos da taxa de coleta. As Secretarias de

Educação e Saúde cuidam da conscientização da população para a necessidade de

separar o lixo doméstico.

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O programa Reciclinho, iniciou com a sensibilização da população sobre a

importância da separação do lixo em duas embalagens: seco e úmido. A coleta é

feita diariamente por um transporte específico, onde já se coloca os lixos separados.

O Lixo SECO é separado e vendido para reciclagem. O Lixo ÚMIDO é

passado por uma triagem, onde é separado e o lixo orgânico é transformado,

através da compostagem, em adubo que também posteriormente é vendido.

De todo o lixo arrecadado, aproximadamente 30% é rejeitado e vai para

valas de aterro previamente preparadas.

Toda a renda com a reciclagem e compostagem é dividida pela Associação

dos Catadores "São João" que é composta por 18 cooperados. A unidade é auto-

sustentável, ou seja, com o lucro dos materiais são pagos os salários e encargos

sociais dos funcionários. Com o programa, o município de Bituruna além de dar um

destino ecologicamente correto ao lixo urbano, ainda promove a geração de

emprego e renda a dezoito famílias do município. O desenvolvimento sustentável

aponta o futuro; para a sobrevivência das gerações futuras. Mas a sustentabilidade

não está garantida pela valorização econômica que se possa atribuir à natureza,

nem será resultado de internalizar uma racionalidade ecológica dentro das

engrenagens dos ciclos econômicos.(bituruna-e modelo.-www.bituruna pr.gov.br/).

A sustentabilidade se enraizá no ser e no tempo. É uma nova visão dos

sentidos da História, onde se misturam com a História Natural, é onde se articulam

com as ciências transformadoras por um saber ambiental: onde se fundem tempos

passados,e projeta-se um futuro .

Realidade Atual – Devastação das Florestas

Será que o brasileiro tem consciência do quanto a economia e a sociedade

continuam extremamente dependentes dos recursos naturais? Nós, enquanto

cidadãos, temos noção do que estamos tentando preservar?

Acredito que não e aqui Leo Marx tece comentário (in josé Augusto

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Drumond A história Ambiental: temas , fontes e linhas de pesquisa. P13) que me

parece muito apropriado para constatar essa questão da consciência, quanto à

dependência dos recursos naturais. Ele mostra como o homem ocidental ama as

paisagens que ele mesmo controla ou constrói, forma nada sutil de gostar de si

mesmo . Quanto à natureza “selvagem”, “intocada”, “incontrolável” ele tem pavor ou

um apetite insaciável de controlar, domesticar, civilizar. Essas atitudes afetam,

profundamente, as ações das sociedades humanas em relação aos seus ambientes

naturais. Muitas vezes uma sociedade acredita que está “salvando a natureza”, mas

salva apenas sua obra.

Na atualidade, as abordagens para mudança ambiental ficam entre “se

pode ser feito, faça-se” até os mais extremados ecologistas que dizem “não pode

mexer em nada na natureza”.

Desde o início da civilização, homem e o ambiente natural passaram por

diversas mudanças durante a História. Quando os homens se dedicavam à

agricultura já interferiam, de certo modo, na natureza. A introdução de formas

estranhas provocaram reações em cadeia imprevisíveis no início. Como foi o caso

dos coelhos na Grã-Bretanha, normandos os trouxeram para a alimentação e uso

da pele. Mantidos em cativeiros alguns escapavam, porém a população manteve-se

escassa até o século XIX. De repente houve uma explosão populacional desses

pequenos animais. No início da década de 50 a agricultura perdeu colheitas no valor

aproximado de 200 milhões de libras, a preços de 1980. Além disso, os coelhos

deram origem a outras alterações ambientais.

O homem retira tudo o que precisa da natureza, isso se chama exploração.

Atualmente, sentimos as consequências da exploração indiscriminada dos recursos

naturais no nosso dia-a-dia e temos conhecimento dos problemas enfrentados pelo

planeta com tudo isso. Um dos maiores recursos naturais explorados pelo nosso

país são as florestas.

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A Exploração das Florestas

Toda nação possui três formas de riqueza: material cultural e biológica. Em

se tratando do Brasil, as florestas guardam grande riqueza para o homem. Tudo se

encontra interligado, portanto o resultado das ligações entre os ecossistemas é que

a intervenção do homem produz inesperadas reações em cadeias de mudanças.

Até mesmo em regiões de agricultura limitada, muitas vezes, a vegetação não é

inteiramente nativa, praticando -se o reflorestamento.

Evolução forçada, em que a defesa contra os efeitos colaterais da atividade

humana é o primeiro requisito da sobrevivência. Como no caso do Vietnã, durante a

guerra do Vietnã (1954-1973) o homem exerceu fortíssimo controle sobre a

vegetação (floresta úmida tropical) – para fins puramente militares. Um quinto de

toda área florestal foi desfolhada pelas forças norte americanas, usando poderosos

herbicidas, com concentração treze vezes maior que a necessária para matar ervas

daninhas em agricultura. calcula-se que os efeitos perdurem por cem anos,

desconhecendo-se em grande parte as consequências ecológicas. Os bombardeios

ainda causaram maior impacto, convertendo 2 mil quilômetros quadrados de selva

em terra nua, somente no ano de 1971.(DREW,1994 Processos Interativos Homem-

Meio Ambiente p.64).

A exploração das florestas para obtenção de madeira acaba com a

vegetação natural. Essa madeira que será utilizada em fábricas e outro fins que

moverão o mercado capitalista . Com isso, a área devastada pode ser utilizada para

a monocultura agrícola, para a formação de pastos, para criação de animais, e

ainda explorada pela indústria mineradora.

Pela exploração descontrolada, o ambiente vai se modificando, promovendo

assim um desequilíbrio sem precedentes, toda riqueza que poderia ser utilizada de

uma maneira racional já que tudo que usamos e necessitamos para sobrevivência

vem da própria natureza ,vão sendo extintos pelo próprio homem.

Precisamos estimular o debate fazer circular ideias, ajudar na

conscientização , repensar a importância que o Ambiente Natural possui em nossas

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vidas, em nossas cidades,o verdadeiro comprometimento com o Ambiente Natural

está em encontrar tecnologias que nos permitam produzir sem agredir o

ambiente,temos de escolher como vamos nos organizar- que planeta entregaremos

para a próxima geração.

História: Primórdios da Exploração

Os acontecimentos históricos ocorridos, em outros países e no Brasil -

desde a colonização até os dias atuais- ajudam-nos a entender as relações entre a

exploração e o meio ambiente florestal.

Segundo Keith Thomas - O Homem e o Mundo Natural :Mudanças de

atitudes em relação às plantas e animais (1500-1800) - os geógrafos históricos de

nossa época mostram que a mata selvagem desapareceu do solo mais poroso

antes mesmo da chegada dos romanos ,e que ao findar o período anglo-saxônico, o

grosso do desmatamento na Inglaterra já fora concluído. Provavelmente não mais

que 20% do país tinha cobertura florestal em 1086 quando foi feito um

cadastramento de terras pelo primeiro rei normando, Guilherme, o conquistador .

Nos séculos XIV e XV tempos dos Tudor e Stuart na Inglaterra, por certo

os contemporâneos exageravam os danos causados às matas. Sabemos agora que

a siderurgia, embora começasse causando intenso desmatamento, provocou ao

final o efeito oposto, ao estimular o cultivo regular de árvores para corte com fim de

produzir carvão - paradoxo que muitos contemporâneos perceberam. A escassez da

madeira nunca ultrapassou dimensões locais. Não obstante, a redução geral das

matas em benefício de pastos e lavouras, em resposta às forças do mercado, foi um

processo visível, do qual todos tinham consciência.

O processo de destruição não pode ser quantificado, mas não há dúvidas

que entre 1500 e 1700 o número de árvores foi substancialmente reduzido,

particularmente nos Midlands e no norte. Na década de 1690, Gregory King

estimava que restavam apenas 3 milhões de acres (1215 mil hectares) de mata

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cultivada (cerca de 8% da Inglaterra e do País de Gales), e outros 3 milhões e

florestas , parques e terras comuns. Refletia um contemporâneo em 1764 que

dificilmente haveria um condado no reino, onde não se encontrassem locais com

nome de “floresta”, “bosque”ou “parque” agora transformados em terras aráveis ou

pastagens .(Thomas Keith p.275)

Por volta de 1800, não havia mais que 2 milhões de acres (810 mil

hectares) de áreas florestais na Inglaterra e no País de Gales, e no início do século

XX a porcentagem do Reino Unido ocupada de matas seria a mais baixa (4%) na

Europa.

Para muitos, esse processo simbolizava o triunfo da civilização. As florestas

tinham sido sinônimo de rusticidade e perigo, como nos lembra o termo

“selvagem”(de silva,selva).Os primeiros homens preferiam o campo aberto às

florestas por sua segurança:era possível ver o que se aproximava e defender-se

com antecedência.

Na Nova Inglaterra, a colônia de Plymouth foi fundada numa “amplidão

horrível e desolada(...) repleta de feras bravias e homens selvagens (…) e o país

inteiro coberto de florestas e matagais”.( Keith Thomas - O Homem e o Mundo

Natural :Mudanças de atitudes em relação às plantas e animais 1500- 1800 p. 275)

-Os colonos ficaram horrorizados à vista de uma região coberta de “matas incultas e

agrestes”; e eles se puseram a destruir as árvores de forma a tornar “habitáveis” os”

bosques sinistros”. Esse exemplo de percepção dos colonos da nova Inglaterra nos

leva refletir se não seria essa mesma percepção que os colonos que chegaram à

região sul e especificamente Bituruna teriam tido quanto à natureza à sua volta.

Na Velha Inglaterra os primeiros habitantes destruíram “as matas e os

grandes bosques”, situados perto do locais de moradia humana, para que não

dessem refúgio aos animais selvagens e perigosos.

As matas portanto, nessa visão eram lar de animais , e não do homem. O

progresso da humanidade deu-se da floresta para o campo. Em 1783 Edmund

Burke pensava , os antigos hindus tinham desenvolvido uma civilização que contava

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com “todas as artes da vida culta, enquanto nós estávamos ainda nas

matas”.Somente retirando das florestas os homens seriam levados à civilidade.

Assim, a convenção literária, bem como a experiência efetiva, fundamentava-se o

lugar comum seiscentista de que os habitantes das florestas tendiam a ser

posseiros sem lei,indigentes, rebeldes e rudes.

A mata, dizia o agricultor Charles Vancouver em 1813,(Thomas Keith

p.277) era um “ninho e reservatório de indolência, preguiça e miséria”. Além de

serem cena de prolongados conflitos sociais, as florestas eram vistas com maus

olhos por fornecerem refúgio aos fora da lei e base de alta periculosidade. Esse

pensamento nos remete a refletir se possivelmente não era isso o que pensavam

os governantes por volta de 1900 quando aqui na região começam os conflitos do

contestado?

Também na Inglaterra , em 1653, todos concordavam que eram

necessárias reservas de madeira, e que os bosques eram úteis para combustível e

outros propósitos. Mas árvores deviam ser cultivadas em terra inferior, em matas

plantadas para corte ou para extração de madeiras nobres, regularmente cortadas e

limpas. Para matas de qualquer outro gênero não tinha lugar.

Atualmente, quando as matas encolheram a menos da metade do espaço

deixado ao desenvolvimento urbano, nossa atitude é muito diferente: consideramos

que é melhor plantar árvores que derrubá-las. Assim é no início do período moderno

que repousam as origens dessa nova atitude mais simpática para com a mata.Em

parte, essa mudança se deveu a causas de ordem prática- tal como a permanente

necessidade de madeira para construção, uso doméstico e combustível.

Desde pelo menos o século XIII, havia comércio estabelecido de madeira

para construção e lenha. Vemos então que não é de hoje as leis ambientais, a

derrubada ilegal de árvores sofria penalidades já no começo do século XVII;e

antigos costumes senhoriais e regulamentos de aldeia revelam que o acesso à

lenha, aos bosques e ao subsolo muitas vezes eram racionados. Quando se

permitia o corte das florestas reais, fazia-se um cercamento temporário, para

proteger o crescimento das árvores replantadas. Em muitas áreas as matas já

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tinham deixado de ser selvagens e hostis tendo se tornado domésticas , parte

essencial da economia do campo.

A obrigação de plantar árvores estava inscrita em muitos contratos e

regulamentos senhoriais quinhentistas. Os motivos dessa atividade eram

predominantemente econômicos. A madeira era necessária para o uso e para o

lucro.

Considerações econômicas também embasavam a oposição, e

eventualmente a violência resistência da plebe ao desmatamento. Os trabalhadores

agrícolas sabidamente viviam em melhores condições nas áreas florestais, e por

isso sentiam nitidamente a perda de oportunidades para pastagens e corte de

lenha, em geral amparadas por direitos costumeiros.

Nos séculos XVI e XVII, muitas reservas foram desativadas ou entregues

ao gado, à medida que um mercado em expansão incentivava o uso lucrativo da

terra. Mas as que resistiram foram se tornando cada vez mais ornamentais,no

século XVIII, até mesmo os defensores de novas técnicas agrícolas reconheciam

que o cultivo de árvores oferecia satisfação não só econômica como estética.

Daí bastou um pequeno passo para colocação de ordens de conservação

nas árvores, de acordo com a proposta formulada por Williiam Morris em 1884:a

ninguém devia ser permitido “derrubar para simples fim lucrativo árvores cuja perda

prejudicaria a paisagem”.(Thomas Keith p.316)

Nesse movimento, hoje tão familiar a nós, de preservação das árvores,

independentemente de suas consequências econômicas, podemos ver muitos

fatores: entre eles, considerações de planejamento, o desejo de conforto e a

sensação de que árvores são intrinsecamente belas. Entretanto pessoas queriam

preservar árvores não somente devido a aparência mas também àquilo que elas

simbolizavam. Os homens amavam suas associações, sua antiguidade seu vínculo

com o passado.

As colônias de exploração, em diferentes regiões do planeta,caracterizam-

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se sempre pela exploração brutal e imediatista de seus recursos naturais sofrendo

intensos processos de devastação. Percebemos então que o Brasil, não foi um caso

isolado de destruição ambiental na história colonial e pós-colonial dos últimos

séculos. Mas ,sem dúvida,um dos casos mais exemplares.

TEXTO COMPLEMENTAR

No livro , Um Sopro de Destruição, José Augusto Pádua nos chama

atenção , sobre a dificuldade em observar na atualidade como seria a paisagem

brasileira antes de 1500.O texto abaixo é rico nesse sentido quando instiga o aluno

a pensar sobre isso,dando dados para que reflitam sobre o assunto.

Quando os conquistadores europeus começaram a chegar no atual território

brasileiro, encontraram um conjunto impressionante de mangues, rios

,florestas,cerrados, campos e outras estruturas complexas produzidas pela

dinâmica da natureza. Encontraram também um mosaico de populações cujos

ancestrais conviviam com tais estruturas há mais de 12 mil anos, utilizando-as

modificando-as e representando-as através de uma rica diversidade de

culturas e formas sociais. Apesar das interações entre tais populações e

ecossistemas terem sido consideráveis ,marcando de maneira decisiva a

construção da paisagem, não chegaram a produzir processos massivos do

que hoje classificaríamos como “degradação ambiental”. Na verdade é muito

difícil para o observador atual visualizar a paisagem brasileira antes de 1500.

Como seria esse território sem o impacto dos animais introduzidos pelo a

europeus, como bois e os cavalos? Ou tantas outras espécies vegetais que,

para provável surpresa de muitos, também foram introduzidas, como as

mangueiras e os coqueiros? Ou como o litoral quase todo coberto, de norte a

sul, por mais de 110 milhões de hectares de mata Atlântica? (José Augusto

Pádua, Um Sopro de Destruição,p.72)

Os portugueses quando chegaram ao Brasil, no século XV, tinham objetivo

explorar as riquezas aqui encontradas. Toda história florestal, corretamente

entendida, em todo mundo, é uma história de exploração e destruição (DEA ”N,

2000).

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No século XVI, o pau brasil foi o primeiro recurso natural de valor que os

portugueses retiraram da mata utilizando a mão-de-obra indígena. Era uma

atividade primitiva e nômade que se deslocava pela Mata Atlântica através do litoral

à medida que a madeira ia se esgotando, motivo pelo qual não originava núcleos de

povoamento significativos. Havia muito desperdício do pau-brasil, pois os índios

antecipavam cortes que acabavam se perdendo. Também as queimadas e a

ocupação reduziram 6mil quilômetros quadrados de Mata Atlântica apenas no

primeiro século de colonização . (DEAN,2000).

Os portugueses precisavam garantir a posse da terra, para reduzir custos

de colonização, criaram, em 1534, as Capitania Hereditárias ,grandes lotes de terra

cobertos pela mata virgem.

Em Pernambuco e São Vicente, grandes áreas da Mata Atlântica foram

derrubadas para a implantação de povoados e do plantio de cana-de açúcar. Os

plantadores de cana-de-açúcar não achavam a mata interessante. A mata era

considerada um obstáculo às suas pretensões.

A mata Atlântica “vivia” em perigo, pois os colonizadores não levavam em

consideração o ambiente que era tido como inóspito, e por isso desenvolviam a

prática da derrubada e da queimada como única maneira fácil e barata de avançar

aumentando as áreas agrícolas.

Com a invasão dos Holandeses, ainda no século XVII, foi dado um novo

incremento à produção do açúcar com aumento da áreas de cultivo da cana e das

instalações dos grandes engenhos . Os engenhos necessitavam de muita madeira

para sua construção e muita lenha para as fervuras dos caldos da cana, que

também eram retiradas da mata.

TEXTO COMPLEMENTAR

Quando o pensamento político passou a ocupar-se da destruição da

natureza? Parece ser esse o tema que induziu José Augusto Pádua a escrever

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Um Sopro de Destruição. Um estudo do pensamento Político brasileiro entre 1786 e

1888. Ele deixa ver que é possível falar em problemática ambiental no brasil dos

séculos XVIII e XIX. É um livro muito bom, um trabalho investigativo de muitos

méritos referência indispensável e uma estimulante fonte de inspiração e

desdobramento para novos estudos. O livro fornece indícios do pensamento e

conduta das elites políticas, econômicas e intelectuais quanto a exploração e uso

dos recursos naturais no Brasil.

Alguns escritores leigos fizeram denúncias e mostram que

o sentido de cidadania e responsabilidade pelo espaço coletivo

estava ausente da sociedade em formação no Brasil. Um bom

exemplo de olhar crítico quanto à falta de sentido de permanência

e de cuidado ambiental no brasil Colônia vai aparecer nos

Diálogos das grandezas do Brasil ,de 1618, escritos

provavelmente por um cristão-novo e senhor de engenho

Ambrósio Fernandes Brandão. Também aqui aparece a falta de

amor pela terra por parte de uma elite desejosa de voltar para o

Reino. Tal postura gerava um comportamento imediatista e

displicente frente ao mundo natural, mesmo considerando apenas

o espaço das zonas ocupadas e não o das áreas selvagens. Os

proprietários, dizia o texto,

têm por muito tempo perdido o que gastam em plantar uma árvore

que lhes haja de dar frutos em dois ou três anos, por lhes parecer

que é muita a demora: porque se ajunta a isso o cuidar cada um

deles que logo em breve tempo se hão de embarcar para o Reino,

e que lá hão de ir morrer... Não há homem em todo este estado

que procure nem disponha a plantar árvores frutíferas, nem fazer

as benfeitorias acerca das plantas, que se fazem em Portugal...e

daqui nasce haver carestia e falta destas cousas, e o não vermos

no Brasil quintas, pomares e jardins.( José Augusto Pádua, Um

Sopro de Destruição , p. 83)

No início do século XVII, o relacionamento com a Mata Atlântica havia se

transformado porque os primeiros colonizadores não tinham herdeiros e não havia

tantas pessoas para substituí-los. Porém um novo impulso à colonização, no mesmo

século, fez com que novas áreas da Mata Atlântica fossem derrubadas para

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implantação de núcleos de povoamento, onde a conquista e a ocupação do interior

do Brasil foi resultado de ações como, por exemplo:expedições militares;

bandeirantes;padres jesuítas e criadores de gado.

No século XVIII, especialmente em Minas Gerais e São Paulo, instalaram-

se as jazidas de ouro que trouxeram os exploradores em grande número, para o

interior, através de expedições pela Mata Atlântica, com histórias de lutas e

destruição. Como consequência, estas atividades interferiram o meio ambiente

causando poluição e contaminação principalmente dos leitos dos rios, com mercúrio

e com as lavagens do solo que continha minerais valiosos.

A mineração teve sua decadência na metade do século XVIII quando houve

crescimento da agricultura com o ciclo do café, que passou a ter valor comercial, o

que contribuiu significativamente para destruição da Mata Atlântica especialmente

na região serrana do Rio de Janeiro e São Paulo.

Porém, no século XX, é que foi consolidada a ocupação da Mata atlântica

com o crescimento e a implantação de grandes centros urbanos e dos polos

industriais. Seguiu-se a abertura de novas áreas na floresta para as pastagens e as

lavouras, principalmente,e de café de cana-de-açúcar no Paraná e São Paulo.

Mas a crítica à exploração descuidada e ignorante dos recursos da

natureza apareceu na Bahia no final do século XVIII. O principal catalisador desse

debate foi o destino econômico da região de Ilhéus, onde a concentração de densas

reservas de mata atlântica estimulou o surgimento de importantes disputas

econômicas e políticas

TEXTO COMPLEMENTAR

Um dos primeiros autores a chamar a atenção para esse tema foi o próprio

Manuel Ferreira da câmara Bittencourt e Sá, que publicou em 1789 um “Ensaio de

descrição física e econômica da comarca de Ilhéus na América “.

Um grande horizonte se abria para as indústrias extrativas,

especialmente a pesca de baleias e tartarugas e o corte de

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madeiras. É verdade que essas atividades,segundo notou o autor,

apresentavam consideráveis riscos de destruição ambiental. Mas

elas deveriam ser, segundo sua visão produtivista e cientificista, a

partir de cuidados que reduzissem o potencial destrutivo. Ferreira

da Câmara não conseguia conceber uma oposição entre o uso

econômico e a conservação,a não ser, obviamente, quando os

métodos utilizados fossem predatórios. A questão estava na

qualidade da técnica utilizada. No caso da pesca da baleia, por

exemplo, ele criticava os erros que vinham sendo adotados pelos

pescadores especialmente a “crença ignorante de que sem a

destruição dos filhos não se pescam as mães”. Observava também

que a exaustão da presença, de baleias em outras costas já

estava fazendo com que os navios norte-americanos se dirigissem

para os mares do Brasil fazendo sua pesca “defronte dos nossos

estabelecimentos “. Se a pesca brasileira não fosse reformada,

apesar da “fertilidade e bonança das nossas costas”, acabaria

sentindo “o mesmo dano, e então talvez não tenhamos a mesma

indústria que têm aqueles que se aproveitam daquilo que nos

sobra”.

Um alerta semelhante foi feito no caso da indústria

madeireira. Apesar de o Brasil ainda estar coberto de matas, a

devastação das mesmas acontecia de maneira crescente, pois nela

trabalham assaz os habitantes, sem ainda contar que tenha

plantado um só pé das necessárias à construção diária; e pelo

axioma de que ninguém dá mais do que tem em dado tempo vir-se-

ão a consumir todas espécies de preciosas madeiras que

possuímos, para o que principalmente contribui o não renascerem

as espécies nativas.

As consequências da destruição florestal, no entanto iam além da

perda de espécies valiosas .”Se não houver grande cuidado a

respeito daquelas terras vizinhas aos portos marítimos, e de fácil

exportação, como a comarca de Ilhéus, que ainda não tem sido tão

atacada, em breve tempo as madeiras serão um gênero mui caro e

essa falta já tem sentido o estado há alguns anos “. Era necessário,

dessa forma, tomar medidas políticas mais amplas e enérgicas.

(José Augusto Pádua , Um sopro de destruição, p. 93-94)

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Essas alterações na natureza provocaram modificações no ambiente como

um todo. Além da redução da biodiversidade, a ação humana realizando derrubadas

e queimadas indiscriminadas, podem trazer como consequência, alterações nas

condições climáticas e atmosféricas como já estamos percebendo atualmente.

Os autores desde o final do século XVIII ,estudados neste texto, pregaram

a execução de políticas conscientes e determinadas que fossem capazes de

aproximar um país pós-colonial, como era o caso do Brasil, das regiões identificadas

como paradigmas de progresso, através de uma transformação acelerada em suas

dinâmicas econômicas e sociais.

Podemos criticar-los por não terem antevisto os profundos riscos

ambientais presentes no modo de vida que se consolidava nas regiões já ocupadas.

Mas essa limitação também foi compartilhada com a maioria dos pensadores sociais

europeus e norte-americanos da época. E não deve-se esquecer que o ideal de

progresso presente na época focalizava muito mais a modernização do espaço rural

do que a expansão do espaço urbano-industrial

A estimativa dos cientistas é que hoje a Mata Atlântica abrigue

aproximadamente 170 espécies das 200 espécies efetivamente ameaçadas de

extinção no Brasil. Para reverter esse problema da devastação da Mata Atlântica e

de outras florestas está se usando uma prática denominada de reflorestamento que

consiste na semeadura ou o plantio de mudas de árvores, nativas ou exóticas, em

áreas que foram desmatadas, Mas o reflorestamento é uma alternativa de reposição

e não uma solução par o problema como um todo.(Desmatamento no Paraná. Atlas

da Evolução dos Remanescentes Florestais e Ecossistemas Associados no Domínio

da Mata Atlântica, 2000)

Na Mata Atlântica fez-se o reflorestamento com uma variedade de Pinus

introduzida no Brasil na época de 1950. Esta espécie vegetal é considerada exótica,

pois não pertence à flora brasileira, mas pelo seu rápido crescimento, pode ser uma

alternativa para exploração da madeira.

Também o Eucalipto, que foi introduzido no Brasil em 1904, é utilizado nos

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reflorestamentos para produção de lenha e carvão. Estas espécies exóticas

apresentam restrições ao desenvolvimento da biodiversidade, porque poucas

espécies animais sobrevivem nestas florestas artificiais e nem mesmo outro vegetal

consegue um desenvolvimento satisfatório, devido ao esgotamento da água e dos

nutrientes do solo. Essas duas espécies de árvores não são uma solução definitiva

para a substituição da floresta e a recomposição de sua biodiversidade, mas pode

ser o caminho para a ocupação do solo e para produção de madeira e lenha, o que

evitaria o corte de arvores nativas. No entanto as tentativas de reflorestamento com

mudas de árvores nativas foram as que produziram os melhores resultados,

inclusive na recuperação do ecossistema da Mata Atlântica.(Fonte :

www.apacampinas.cnpm.embrapa.br )

Precisamos dos recursos do meio ambiente para sobreviver, mas com

consciência de sustentabilidade e da fragilidade do ambiente florestal, para, assim,

garantir uma vida melhor também para gerações futuras. A Organização das Nações

Unidas- ONU- reconhece as mudanças climáticas como uma preocupação comum

da humanidade, no sentido de proteger o sistema climático para as gerações

presentes e futuras no acordo denominado Protocolo de Kyoto, assinado no Japão

em 1997.

Reflorestar é uma necessidade ecológica e também econômica, pois

precisamos de madeira, lenha e carvão. O pinus e o eucalipto fornecem estes

recursos com certa rapidez. No entanto, eles esgotam o solo deixando-o seco e

empobrecido. Esse tipo de reflorestamento não deve ser uma regra mas uma

questão de sustentabilidade que pode reduzir muito a exploração predatória,

preservando e mantendo a biodiversidade do que ainda nos resta.

Cada vez fica mais evidente que a crise ambiental contemporânea não se

deve a acidentes ou falhas ocasionais dos sistemas produtivos, mas sim ao

funcionamento cotidiano dos padrões insustentáveis de produção e consumo

vigentes nas diferentes sociedades, em sua interação com o planeta e seus

ecossistemas. O real enfrentamento desta crise não pode se dar apenas através de

medidas técnicas e setoriais. Ele requer ações políticas fundadas em objetivos

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amplos de transformação social econômica e cultural.

Sabemos que ações políticas são tomadas quando há pressão por parte

do povo. Mas como o povo pode fazer pressão por políticas ambientais apropriadas

se desconhecem a realidade dessa questão? É neste momento que nós

historiadores podemos colaborar, incentivando nossos jovens a refletir sobre a

questão ambiental , em um primeiro momento em questões locais , é o que se

propõe esse trabalho, e posteriormente questões globais, atingindo nossos jovens

estaremos atingindo os pais e consequentemente a comunidade.

TEXTO COMPLEMENTAR

José Bonifácio: Ambientalista de Dois Mundos

Já tive a oportunidade de comentar a respeito do surgimento da crítica ambiental no Brasil durante o período pombalino. Tratava-se, na verdade, da repercussão do preparo, na Europa, de estudiosos brasileiros que seriam os administradores da colônia portuguesa e que se defrontariam, no Brasil, com métodos primitivos de uso da natureza que sua sofisticada formação rejeitaria. Destes brasileiros, um nome ganharia destaque não só na análise da exploração da colônia brasileira mas também na dos métodos de trabalho da própria metrópole portuguesa: José Bonifácio de Andrada e Silva. Típico representante do período iluminista, com toda a versatilidade que isto representava na época, José Bonifácio construiu carreira no Estado português e também, por breve período, no Brasil, como administrador, cientista, político e estadista. José Bonifácio acabaria se mostrando como um zeloso representante da nova mentalidade do

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governo português em diversas facetas, inclusive em questões ambientais. Em seu primeiro texto: "Memória sobre a pesca das baleias" (In: CALDEIRA, 2002), podemos ler uma síntese do típico modo de pensar científico da época, onde o conhecimento gera a crítica sobre o mau uso de um dado recurso e finalmente se sintetiza em possibilidades de ganhos a partir de um uso mais racional da natureza. Ao mesmo tempo ele se mostrava particularmente preocupado com a conservação desta mesma natureza, preocupação que revelaria em outros textos. Se hoje este tipo de raciocínio é comum, certamente era inovador em 1790. A partir deste texto Bonifácio angariou prestígio e partiu para um longo período de estudos bela Europa, uma concessão rara na época.(...)

(...)Anos depois no Brasil, José Bonifácio se defrontaria com os mesmos problemas, assinalando, porém, que a destruição do meio natural poderia gerar repercussões sociais muito amplas, inclusive a desagregação das comunidades, pela desorganização das atividades produtivas e da vida civil, que, na visão dele, requereriam estabilidade territorial e demográfica, conforme pode-se deduzir do parágrafo a seguir retirado da sua viagem mineralógica à então província de São Paulo, de 1820 (DEAN, 1997): "Todas as antigas matas foram barbaramente destruídas com fogo e machado e esta falta acabou em muitas partes com os engenhos. Se o governo não tomar enérgicas medidas contra aquela raiva de destruição, sem a qual não se sabe cultivar, depressa se acabarão todas as madeiras e lenhas, os engenhos serão abandonados, as fazendas se esterilizarão, a população emigrará para outros lugares, a civilização atrasar-se-á e o apuramento da justiça e a punição dos crimes experimentará cada vez maiores dificuldades no meio dos desertos". Assim, não por acaso, para um intelectual atento como José Bonifácio, a independência do Brasil em 1822 e a primeira Assembleia Constituinte de 1823 foram, de fato, as primeiras oportunidades, depois de mais de 300 anos de escravidão e de degradação dos recursos naturais do país, de se discutir uma pauta de modernização e "progresso" para a nova nação soberana. Segundo PÁDUA (2002, 147), José Bonifácio propunha um discurso então novo, de política geral de protecção dos recursos naturais do país, que considerava como trunfo do Brasil para seu progresso futuro.(...)

Bibliografia*Edson Struminski é Eng. florestal e Dr. em Meio Ambiente e Desenvolvimento.CALDEIRA, J. José Bonifácio de Andrada e Silva. Colecção Formadores do Brasil. São Paulo: Editora 34, 2002.

DEAN, W. A ferro e a fogo, a história e a devastação da Mata Atlântica brasileira. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. 484 p.

PÁDUA.J. A. Um sopro de destruição, pensamento político e crítica ambiental no Brasil esclavagista (1786 - 1888). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor. 2002. 318p.

Rede brasileira de história ambiental http://www.historiaambiental.org/index.php?option=com_content&view=article&id=197:edson-struminski-&catid=94:nacionais&Itemid=291-acessado 12/04/2010

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Compreendendo a história de Bituruna

Para haver uma compreensão do ambiente em que vivemos temos que

ter conhecimento de nossa história .Compreendendo nossa realidade podemos

então começar um trabalho de valorização da natureza não só pelo fator

econômico mas pela qualidade de vida .

Esse é o caso de Bituruna que encontra-se aproximadamente novecentos

metros de altitude, assim fazendo parte da terceira região climática do estado do

Paraná, segundo Maack,(1965, p. 350) já que o mesmo cita que acima da curva da

altitude dos quinhentos metros estende-se a terceira região climática com a vistosa

mata das araucárias. (símbolo do estado do Paraná) .

Além da araucária encontram-se outras espécies nobres, como a imbuía

(ocotea porosa), sendo uma preciosa laurácea com madeira de beleza e resistência

especial e a erva mate (ilex paraguaiensis), uma aquafoliácea. Há também diversas

variedades de Pteridófitas como o xaxim bigiu e xaxim gordo (Dicksonia Selowiana)

e a samambaia-açu (Hemitelia Setosa) juntamente com a floresta formada por

espécies como: canela, sassafrás, caviúnas, monjoleiros, cedros e guabirobo, sendo

acompanhados ainda por várias outras espécies de menor porte encontradas em

menor escala.

(Foto dos pinheirais na cidade de Bituruna)

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Essa riqueza florestal leva a empresa colonizadora Santa Bárbara numa

visão capitalista a vender pequenos lotes de terra aos desbravadores ou

colonizadores do nosso município. Município este que está localizado no sul do

Estado do Paraná e que no início de sua colonização acolheu primeiramente

descendestes de italianos, depois, em menor escala pessoas de outras origens que

com o passar do tempo se estabeleceram em Bituruna.

Albun Photografico e Descriptivo da Colonia “Santa Barbara” que na época pertencia

ao município de Palmas , este Álbum ao que parece foi escrito pelo Padre Estanislau

Schaett, descrevendo como seriam as terras é uma das poucas fontes que se tem sobre o

inicio da colonização de Bituruna.

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( Fonte: Albun Photographico e Descritivo da Colonia “Santa Bárbara” p.51)

Através da história escrita, em alguns documentos, e também da história

contada, de conversas e entrevistas com alguns filhos dos colonizadores,

constatamos que a maioria deles eram habitantes do Estado do Rio Grande do Sul

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e vieram para cá no intuito de trabalhar na agricultura, já que era o que faziam onde

moravam anteriormente.

“Santa Bárbara, vasta colônia da Empresa Colonizadora Ltda., compõe-se de 5500 lotes de 10 alqueires de terra cada um, que estão sendo rapidamente ocupados por elementos descendentes de italianos procedentes do Rio Grande do Sul.”(Martins, Romário. História do Paraná, p.425)

Em seus locais de origem as terras agricultáveis foram ficando escassas,

pois as famílias eram numerosas e quantidade de terra que possuíam não

correspondiam mais para sustentar e manter todos juntos, então os filhos mais

velhos ou que iam se casando saiam em busca de outros lugares para começarem

a vida nova, sabe-se disso através de conversas com pessoas que colonizaram o

município, ou seus filhos.

“Meu pai achou por bem se mudar pra cá pro Paraná, em busca de terra pra ter mais lugar para trabalhar na agricultura, porque lá a terra era mais espaçosa, onde que nós tava em Rio Grande tava se tornando pouca e mais custoso trabalhar, então houve propaganda daqueles que vendiam terra e nós compramos a terra.” (depoimento do Sr. José Bet Neto)

Na época os colonizadores vinham trabalhar na agricultura e em busca de

erva mate, que tinha grande valor comercial, a madeira que também logo se tornou

uma fonte de renda, sendo que em pouco tempo já existiam serrarias e carijós

(ervateiras),

“Em 1924, foi fundada a Empresa Colonizadora Santa Bárbara Ltda.

formada por vários sócios, a mesma comprou da firma Hauer, Beltrão e

procuradores do senhor Antônio Fernandes dos Santos, residente no Rio de

Janeiro, quarenta mil alqueires da Fazenda Santa Bárbara, e quinze mil alqueires

da Fazenda Santo Antônio do Iratim, terras essas situadas no município se Palmas,

entre os rios Iratim e Iguaçu”. (KHATIB,EL,p.40)

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( Fonte : Albun Photographico da Colonia “Santa Bárbara” p.34)

Percebe-se que esta empresa já demonstrava interesse capitalista, se

apropriando destas terras e comprando-as mais tarde venderia em pequenos lotes

rurais de dez alqueires, sendo o primeiro vendido para o Sr. Miguel Lenartovicz

estabelecendo assim a primeira família no município, em 23 de dezembro de 1924,

sendo considerada a data da fundação do município. Após a primeira venda

surgiram diversos outros interessados em adquirir estes lotes, especialmente

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porque havia sido aberta uma estrada ligando estas terras ao município de União da

Vitória.

Segundo a historiadora Oksana Boruszenco, da Universidade Federal do

Paraná, “no século XIX, procura-se povoar vazios demográficos ou se criar

agricultura para abastecimento. Neste século, procura-se implantar a colonização

com imigrantes que tenham certo capital, fundando-se cooperativas e empresas

agrícolas”. (FERREIRA,J.C.V,1996,p.77)

Na nossa região entende-se que ocorreu a colonização para povoar vazios

demográficos, ocorrendo uma agricultura de subsistência já que eram lotes

pequenos divididos, cada um comprava o seu e trabalharia sozinho.

“Bituruna era um sertão com poucas famílias, algumas picadas,e sem médicos. Pagar um imposto se tornava uma verdadeira aventura. Dois dias de viagem no lombo do cavalo.(depoimento do Sr. Avelino Roveda. Revista Informativa do Município . Março -2000)

O interesse pelas terras era principalmente para desenvolver a agricultura,

mas também com uma visão de explorar os recursos naturais. No princípio a erva-

mate, planta nativa, que na época tinha grande importância econômica, já que o

Paraná exportava para a Argentina e abastecia o mercado interno. Depois a

madeira, produto de excelente qualidade, que era retirada, serrada em pranchões e

tábuas e levada para União da Vitória, onde era comercializada.

O autor Riesemberg fala da importância destes recursos naturais, ou seja,

da erva-mate e do pinheiro para o desenvolvimento econômico da região sul do

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Brasil,

“... em nenhuma outra parte do Brasil o homem aproveitou tanto o meio como nas regiões do sul. Para aqui transplantou de início, nem cana-de-açúcar, nem café, nem outra coisa qualquer exótica”. E continua “A economia sulina estruturou-se exclusivamente com elementos nativos: a erva-mate, o pinheiro e o campo”. (RIESEMBERG, 1978, p.19)

Muitas coisas ocorreram no município desde está época trazendo

desenvolvimento naturais encontradas pelos índios que aqui habitavam, mas sem

sombra de dúvida as modificações foram enormes, podemos perceber isso através

de relatos de pessoas que tiveram contato com os primeiros colonizadores, sendo

que na região existiam matas densas, e hoje em poucos lugares ainda encontramos

espécies nativas. ”...uma nova estrutura sócio-econômica implantada em uma

região implica uma nova organização do espaço, que por sua vez modifica as

condições ambientais anteriores”. (CASSETI, V, p.20)

Regiões que recebem diferentes populações necessitam de uma nova

organização e certamente terá modificações tanto na cultura, como na natureza,

pois a maneira de pensar o espaço é diferente e será transformando para atender

suas necessidades, que são também diversas e diferentes, pois a maneira como

veem o desenvolvimento, também não são iguais.

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SUGESTÃO DE ATIVIDADES:

Discussão em classe (grande grupo) :

• Permite que os estudantes exponham suas opiniões oralmente a respeito de determinado problema.

• Ajuda o estudante a compreender as questões;

• Desenvolve autoconfiança e expressão oral;

• Podem ocorrer dificuldades nos alunos de discussão

ATIVIDADE

• Promover uma discussão sobre as famílias que ali vivem de onde vieram se

são descendentes de imigrantes ou não quais histórias já ouviram dos mais

velhos sobre a colonização do município.

• Questionar se a forma como foi colonizado o município ,interfere na realidade

atual do município.

• Fazer com que reflitam que percepção eles tem quanto ao município.

• Fazer um mural com fotos que os alunos farão do tempo presente e buscar

esses mesmos espaços como eram no passado.

SUGESTÃO DE PERGUNTAS A SEREM FEITAS AOS ALUNOS E PAIS:

Essas perguntas podem ser usadas a fim de pesquisar a visão de alunos

e pais quanto ao ambiente global e local .As perguntas são baseadas na Pesquisa

Nacional de Opinião realizada pelo Ministério de Meio Ambiente sobre O que o

brasileiro pensa sobre Meio Ambiente e do Consumo Sustentável.

1. Pensando no meio ambiente do Brasil, qual a maior vantagem que há em

relação aos outros países?

2. Quais os principais problemas ambientais que você vê no Paraná?

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3. Quais os principais problemas ambientais que você vê na sua cidade?

4. Quais os principais problemas ambientais que você vê no seu Bairro?

5. Quais os principais problemas ambientais que você vê no mundo ?

6. Na sua opinião a preocupação com o meio ambiente no Brasil é exagerada?

7. Em sua opinião, o homem deve interferir na natureza?

8. É possível desenvolver a economia sem destruir a natureza?

9. Como você poderia ajudar na proteção do meio ambiente?

10.A proteção do meio ambiente deveria ser prioridade mesmo que isso

implicasse uma limitação na produção e no abastecimento de energia no

Brasil?

11. De quem seria a responsabilidade da defesa do meio ambiente?

TESTETeste a ser aplicado junto aos alunos, propiciando assim , uma reflexão lúdica

sobre a questão ambiental.

Você tem consciência ambiental? (escolha uma alternativa e depois confira no gabarito o resultado) (-wwaprenderlegwal.com.br Acesso em : 05/10/2009)

1- A educação começa em casa isso já diziam os nossos avós!Mas como podemos contribuir para preservação do meio ambiente iniciando

pelo nosso lar ?A - Misturando todo lixo.B - Jogando o lixo pela janela assim a casa fica limpa.C - Reciclando o lixo que produzimos.D - Reciclando apenas o papel.

2-O que é consumo sustentável?

A-È gastar o máximo de recursos naturais que puder todos os dias.B-É saber usar os recursos naturais para satisfazer as nossas necessidades e a das gerações futuras.C-É desperdiçar os recursos hídricos.D-É viver somente com o dinheiro que se ganha.

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3-Qual a definição de meio ambiente?

A-É apenas parte do ambiente em que se vive.B-É o conjunto de condições naturais e de influências que atuam sobre os organismos vivos e os seres humanos .C-É toda poluição que nos cerca.D-É um assunto chato que não interessa.

4-Como se chama o fenômeno que vem causando o aquecimento de nosso planeta?

A - Efeito EstufaB-Efeito OzônioC-Efeito Globaldefeito UV

5-Uma boa forma de contribuir com o meio ambiente é reduzindo a produção de resíduos. Mas como fazer?

andando preferência aos produtos de embalagens recicláveis.B - Reutilizando materiais sempre que possível C - Apoiando iniciativas de reciclagemD - Todas as anteriores

6-Com certeza você já viu os coletores utilizados para a reciclagem .Mas você sabe como utiliza-los ? Vamos lá , para que tipo de resíduo é a lixeira verde ?

A - PlásticoB-vidroC-Metal D - Papel

7-E a lixeira amarela é utilizada para que tipo de resíduo ?

ametalB-PlásticoC-PapelD - Vidro

8-Você saberia indicar que tipo de resíduo é jogado na lixeira azul?

A- Papel B-PlásticoC-VidroD - Metal

9-Economizar energia elétrica é uma forma de preservar a natureza . Por quê?

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A - Economizar energia evita a construção de novas hidrelétricas.B-A construção de uma hidrelétrica causa danos ambientais.C-A construção de uma nova hidrelétrica pode interferir no clima local.D - Todas as anteriores

10-A água é um dos bens mais preciosos da natureza. Como podemos economizá-la ?

A -Tomando banhos de no mínimo 1 hora.B - Lavando o quintal todos os dias.C - Tomando banhos de curta duração e reutilizando a água da chuva para limpeza em geral.D - Lavando a calçada para não entrar poeira em casa.

11-Onde devemos descartar o lixo especial, como baterias de celulares e pilhas?

A - Junto do lixo comum.B - Procurando empresas especializadas que promovem esse tipo de coleta.C - Embrulhando em um saquinho especial e colocando junto ao lixo comum.D - Jogando pela janela.

12-seus pais tem carro? Como utiliza-lo racionalmente?

A - Promovendo carona solidáriaB - Substituindo sempre que possível, o uso do carro por uma caminhada.C - Fazendo revisão periodicamenteD - Todas as alternativas anteriores

RESULTADO

1-C2-B3-B4-A5-A6-B7-A8-A9-D10-C11-B12-D

Se você acertou 3 questões ou menos

Adotar estilos de vida mais equilibrados e amigáveis com o meio ambiente é

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fundamental para o planeta.Há muitas coisas que você pode fazer no seu dia-a-dia basta ter disposição e prestar atenção no caminho .O planeta e a vida agradecem.

Se você acertou 6 questões

Você está quase lá! No caminho mas se apresse senão vai prejudicar a si mesmo . A natureza não pode esperar.

Se você acertou 12 questões

Parabéns, continue fazendo sua parte, você tem muita consciência ambiental.

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Bibliografia consultada

BLOCH, Marc. Apologia da história ou o ofício do historiador. Rio de Janeiro: J. Zahar, 2002. Pg. 17.

Hobsbawm,Eric sobre História São Paulo Companhia das Letras 1998

TUAN,YI-FU. TOPOFILIA: Um Estudo da Percepção Atitudes e Valores do Meio Ambiente. Editora Difel São Paulo/Rio de Janeiro 1980

TRIGUEIRO, André. Mundo sustentável: abrindo espaço na mídia para um planeta em transformação. São Paulo: Globo, 2005. Pg. 228.

Le Goff Jaques- História e Memória .1924 5 edição Campinas SP; Editora da Unicamp, 2003

BRANCO , Samuel Murgel. O Meio Ambiente Em Debate. 1997 Editora Moderna São Paulo ( Coleção Polêmica ).

DEAN, W. A ferro e fogo : a história e a devastação da Mata Atlântica brasileira. São Paulo: Companhia das Letras , 2000

WORSTER, Donald. Para fazer História Ambiental. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v.4, n. 8, 1991, Pg. 206.

DRUMMOND, José Augusto. A história ambiental: temas, fontes e linhas de pesquisas. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, Vol. 4 n. 8, 1991, Pg. 181-184.

PÁDUA, José Augusto. Um Sopro de Destruição Pensamento Político e Crítica Ambiental No Brasil Escravista (1786-1888) – Rio de Janeiro :Jorge Zahar Ed,2002.

WWWaprenderlegal.com.br(Acesso05/10/2009)

AmbienteBrasil ([email protected] ) (acesso em 15/10/2009)

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Texto: Sandra Faggionato situado no site: http://educar.sc.usp.br (acesso em

22/11/2009)

THOMAS, Keith. O homem e o mundo natural: mudanças de atitude em

relação às plantas e aos animais (1500-1800). São Paulo: Companhia das

Letras, 1988. Pg. 18.

Vicente Del Rio e Lívia de Oliveira organizadores . Percepção ambiental:a experiência brasileira- São Paulo: studio Nobel; São Carlos, SP: Universidade

Federal de São Carlos, 1996

CIP - BRASIL. Educação Ambiental: uma abordagem pedagógica dos temas da

atualidade. 3a Edição. Erexim: CRAB, 1995. 88 p.

Albun Fotographico da Colonia Santa Bárbara

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