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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE
VOLU
ME I
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
Artigo Final
DORACI CONCEIÇÃO BISPO
O PAISAGISMO COMO FERRAMENTA PARA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA
ESCOLA PÚBLICA
MARINGÁ – PR
2011
Doraci Conceição Bispo
O PAISAGISMO COMO FERRAMENTA PARA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA
ESCOLA PÚBLICA
Artigo apresentado à Secretaria de
Estado e Educação para conclusão do
Programa de Desenvolvimento
Educacional-PDE.
Maringá-PR
2011
O PAISAGISMO COMO FERRAMENTA PARA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA PÚBLICA
Autora: Doraci Conceição Bispo1
Orientador: Bruno Luiz Domingos De Angelis2
Resumo
O presente trabalho teve por objetivo principal utilizar a ciência paisagística como ferramental para o desenvolvimento da Educação Ambiental. O projeto foi aplicado no Colégio Estadual Hilda T. Kamal de Umuarama, envolvendo alunos de 5ª Série do Ensino Fundamental, no ano de 2010. As estratégias de ação contemplaram as bases filosóficas do pensamento ambiental como ponto de partida, para vincular o meio ambiente ao desenvolvimento e à sustentabilidade. O projeto comportou duas fases: uma teórica e outra prática. Na parte teórica desenvolveu-se junto aos alunos conceitos e conhecimentos relativos à temática. No tocante à prática aplicaram-se os conhecimentos adquiridos pelos alunos na implantação de jardins, a partir de estudos dos elementos vegetais, solos e estética. Como resultado final tem-se uma ambiente mais agradável de convivência, e a apreensão de valores de preservação do meio ambiente. O paisagismo como ferramenta de ensino em educação ambiental não se dá por atividades pontuais, mas por toda uma mudança de paradigmas que exige uma contínua reflexão e apropriação dos valores que remetem a ela, e as dificuldades enfrentadas pelos alunos nos desdobramentos das atividades assumem características ainda mais decisivas frente à realidade concreta em transformação. Esse é o objetivo maior da proposta apresentada: o fortalecimento da relação humana da cultura do grupo. A proposta de intervenção oportunizou a vivência de experiências que articulam diferentes áreas do conhecimento. Os alunos exploraram as diversas percepções sensórias, apropriando-se dos elementos da natureza que foram oferecidos nas situações de aprendizagem organizadas.
Palavras-chave: Educação Ambiental; Paisagismo; Ferramenta Pedagógica.
1 Graduada em Ciências Modalidade de 1º Grau e Plena com Habilitação em Matemática. Especialista em
Supervisão Escolar. Professora da Rede Pública do Estado do Paraná. 2 Graduado em Agronomia – UEM. Especialista em Arquitetura da Paisagem. Doutor em Geografia –USP.
Professor da Universidade Estadual de Maringá-UEM.
2
1 Introdução
A Educação Ambiental precisa ser entendida como um processo
participativo, onde o educando assume o papel de elemento central do processo
ensino-aprendizagem pretendido, participando ativamente no diagnóstico de
problemas e busca de soluções, sendo preparado, como agente transformador,
através do desenvolvimento de habilidades e formação de atitudes, por meio de uma
conduta ética, condizente com o exercício cidadania (RUIZ et al., 2005).
Conforme Dias (1994, p. 19), para o resgate da dignidade humana é
importante considerar os valores em todos os planos em qualquer que seja a área
da atividade humana. Para o autor, valores como “[...] respeito pela vida e pela
natureza, solidariedade, altruísmo, democracia, responsabilidade, honestidade,
amizade, tolerância, autodisciplina, modéstia e outros, precisam ser redescobertos".
Assim sendo, a questão Ambiental impõe às sociedades a busca de novas
formas de pensar e agir, individual e coletivamente, de novos caminhos e modelos
de produção de bens, para suprir necessidades humanas, e relações sociais que
não perpetuem tantas desigualdades e exclusão social, e, ao mesmo tempo, que
garantam a sustentabilidade ecológica. Isso implica um novo universo de valores no
qual a educação tem um importante papel a desempenhar (VENDRUSCOLO, 2008).
O autor aponta a necessidade de a escola trabalhar com propostas integradoras,
capazes de problematizar situações do cotidiano dos alunos, priorizando atividades
experimentais investigativas.
Nessa perspectiva, o ensino de Ciências conduzido através de uma
metodologia que envolva o sentir, o pensar e o agir contribuem para provocar o
interesse dos alunos, transformando-se em uma experiência agradável. Além disso,
a relação dos conhecimentos adquiridos determina um impacto na sociedade.
Deste modo, tendo no paisagismo um recurso possibilitador do encontro dos
educandos com a natureza, essa Sequência Didática projeto propõe associar a
prática da Educação Ambiental ao paisagismo para a transformação do espaço
escolar do Colégio Estadual Hilda T. Kamal de Umuarama, Paraná.
3
Ao tratar do paisagismo, De Angelis et al. (2005, p. 37) afirmam que o
principal desafio dos indivíduos reside “[...] em sermos capazes de, com todo o
aparato, conhecimento e técnicas atuais, produzirmos algo que se perpetue pelos
séculos futuros”.
Por sua vez, Abbud (2007, p. 33) evidencia que, “[...] o paisagismo traz a
natureza para perto das pessoas. Em áreas tratadas paisagisticamente, as crianças
podem crescer, brincar, correr e descobrir plantas”.
Pressupõe-se que a criação de jardins internos (paisagismo de áreas
internas), na escola dá a possibilidade de os alunos terem espaços adequados para
estudo, prática de esporte e entretenimento oferecendo, sobretudo, a possibilidade
de ligação dos mesmos com a natureza.
Considerando que o paisagismo tem como finalidade a integração do
homem com a natureza, facultando-lhe melhores condições de vida pelo equilíbrio
do meio ambiente, abrangendo todas as áreas onde se registra a presença do ser
humano o presente artigo teve como objetivo contribuir para a melhoria do aspecto
paisagístico da escola pública, tendo o paisagismo como recurso articulador de uma
proposta de Educação Ambiental.
1.1 A Importância da Educação Ambiental
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB, Lei nº 9.394, de
20/12/96, em seu artigo 22 prescreve que “a educação básica tem por finalidade a
formação do educando para o exercício da cidadania”. Nesse sentido, o
conhecimento científico compõe a base de todo o processo produtivo na sociedade,
além de estar presente nos elementos tecnológicos com os quais os indivíduos
convivem no dia-a-dia.
Portanto, sua apropriação pelas novas gerações, além de um direito,
constitui-se em uma necessidade para o pleno exercício da cidadania. Soma-se a
isso, a necessidade de reflexão e participação na solução das questões sociais na
contemporaneidade, que dependem dos conhecimentos básicos das ciências
naturais, como, por exemplo, a questão ambiental que vem se tornando relevante
4
nas políticas contemporâneas e uma das principais vertentes na busca da
sustentabilidade3 (SOARES JÚNIOR et al., 2010).
Atualmente, a população está cada vez mais envolvida com as novas
tecnologias e com cenários urbanos perdendo, assim, a relação natural que tinham
com a terra e suas culturas. Os cenários, tipo shopping Center, passam a ser
normais na vida de crianças e jovens, e os valores relacionados com a natureza
parece não ter mais pontos de referência.
Nessa perspectiva, a educação ambiental se constitui numa forma
abrangente de educação, que se propõe atingir todos os cidadãos, através de um
processo pedagógico participativo e permanente, que procura incutir no educando
uma consciência crítica sobre a problemática ambiental, compreendendo-se como
crítica a capacidade de captar a gênese e a evolução de problemas ambientais.
Parafraseando Leff (2001), para serem efetivas, as propostas de educação
ambiental devem contribuir para promover o desenvolvimento de conhecimento, de
atitudes e habilidades necessárias à preservação e melhoria da qualidade ambiental.
O ser humano está intimamente ligado à natureza e, precisa dela para poder
sobreviver. A evolução da espécie humana criou fatores que o distanciou dos
elementos naturais, comprometendo-lhe a qualidade vida. Assim sendo, em razão
das preocupações com as questões planetárias, de uma forma geral, a Educação
Ambiental têm sido uma temática bastante discutida na contemporaneidade.
[...] o modo de vida, as necessidades, a complexificação do sistema produtivo, o alto grau de desenvolvimento das forças produtivas e da divisão social do trabalho, a origem do poder e a visão de mundo “homem capitalista” (predominantemente individualista, competitivo, e acumulador de bens materiais), [...] são fatores que em conjunto irão colocar as ciências empíricas na condição de conhecimento dominante [...] para a formação do homem, são necessárias as práticas sociais educativas, mediadoras no processo de apropriação do conteúdo cultural que as novas gerações precisam assimilar para participar ativamente, como sujeitos do processo de desenvolvimento histórico sócio-cultural da humanidade (GERALDO, 2009, p.63-65).
3 O princípio da sustentabilidade surge no contexto da globalização como a marca de um limite e o sinal que
reorienta o processo civilizatório da humanidade. A crise ambiental veio questionar a racionalidade e os paradigmas teóricos que impulsionaram e legitimaram o crescimento econômico, negando a natureza. A sustentabilidade ecológica aparece assim como um critério normativo para a reconstrução da ordem econômica, como uma condição para a sobrevivência humana e um suporte para chegar a um desenvolvimento duradouro, questionando as próprias bases da produção (LEFF, 2001).
5
A ação humana no ambiente com interesses egoístas e individuais, em
busca, sobretudo, do lucro fácil, tem instigado grandes alterações ambientais,
trazendo prejuízos para o solo, a água e o ar. Contudo, a perda maior tem sido para
o próprio. Para recompor o equilíbrio ecológico, cabe aos indivíduos procederem a
uma avaliação de cada uma de suas atitudes, com o propósito definido de evitar a
degradação do meio em que vive.
Loureiro (2005) questiona o papel da cidadania, entendendo-a como cerne
da Educação Ambiental. Para o autor, em um contexto globalizado o conceito de
cidadania vem incorporando outras dimensões e significados em decorrência de a
Terra constituir-se em um planeta fisicamente limitado, porquanto:
Passou a ser urgente a busca de mecanismos efetivos de participação e poder de decisão em movimentos sociais que constituem a sociedade civil nacional e internacional, com a instituição de espaços públicos com poder deliberativo que tragam para o âmbito dos direitos o senso de responsabilidade cívica com ênfase nas questões de humanidade (gênero, ambiente, minorias, fome, exploração infantil, analfabetismo, doenças epidêmicas, entre outros). No mundo contemporâneo, o conceito de cidadania envolve complexos conjuntos de direitos e responsabilidades sociais, não mais limitadas aos padrões tradicionalmente associados ao Estado-Nação, e sim pensados, produzidos e reproduzidos em sentido global (LOUREIRO, 2005, p. 75-76).
A Educação Ambiental deve ser compreendida como um ato político voltado
para a transformação social, buscando uma perspectiva de ação holística que
relaciona o homem, a natureza e o universo, tomando como referência que os
recursos naturais se esgotam e que o principal responsável pela sua degradação é o
homem (RUIZ et al., 2005).
A educação contribui para a formação de atitudes e conscientização das
pessoas, cabendo à sociedade zelar para que as necessidades do presente sejam
atendidas, de forma a possibilitar as gerações atuais e futuras, uma progressiva
melhoria na qualidade de vida. E, para que isto aconteça, é necessária uma
expansão da consciência individual, para que o ser humano saiba definir claramente
qual o seu papel, para tornar este mundo melhor (QUINTAS; GUALDA, 1995).
Nesse sentido, Freitas (2000) lembra que a Educação Ambiental é o
processo de formação social orientado para o desenvolvimento de consciência
6
crítica sobre a problemática ambiental, entendendo-a com uma possibilidade de
levar as pessoas a captarem a gênese e a evolução dos problemas ambientais,
tanto em relação aos seus aspectos sociais, políticos, econômicos e culturais, como
o desenvolvimento de habilidades e instrumentos tecnológicos necessários à
solução dos problemas ambientais, viabilizando atitudes que levem à participação
das comunidades na preservação do equilíbrio ambiental, mediante uma prática
integradora.
As indissociáveis relações entre teoria e prática, ensino e aprendizagem, sujeito e objeto investigado, contexto global e local, experimentação e reflexão, ensino e pesquisa, questões históricas, sociais e culturais de um objeto que se põem a conhecer, como também do sujeito que conhece, são inerentes aos Projetos Integradores. Além dessas relações, a articulação entre o real e o imaginário, entre o afetivo e o cognitivo, auxilia na construção de um conhecimento que intenciona sempre uma aproximação com a totalidade do conhecimento (VENDRUSCOLO, 2008, p. 104-105).
A autora supracitada entende a Educação Ambiental como um conjunto de
conteúdos e práticas ambientais, orientadas para a resolução dos problemas
concretos do ambiente, através do enfoque interdisciplinar e de uma participação
ativa e responsável de cada indivíduo e da comunidade.
A Educação Ambiental contribui para tornar a sustentabilidade um valor na
concepção cognitiva e social das pessoas, uma vez que se torna parte do processo
pedagógico e colabora na educação para a cidadania. A crise ambiental implica em
inovações quanto a formas inovadoras de pensar e sentir a natureza e a cultura
(CAPRA, 1993).
É preciso repensar se a metodologia aplicada à Educação Ambiental
realmente mensura os valores sustentáveis. Dentro deste enfoque, uma das
preocupações é que a Educação Ambiental passe à ação e, para isso, são
necessárias novas estratégias, com o ensino transformador.
Freitas (2000) lembra que se Educação Ambiental e a conscientização
ecológica fizessem parte do contexto educacionais das gerações passadas,
provavelmente, grande parte dos problemas ambientais que acontecem atualmente
poderiam ser evitados. Para o autor, as grandes calamidades ambientais
7
apresentam-se como consequência de um pensamento imediatista de lucratividade
e falta de conhecimento.
Quintas e Gualda (1995, p. 26) reconhecem que meio natural e meio social
são faces de uma mesma moeda e, desse modo, indissociáveis. Sob esse prisma e
considerando-se que o homem, ao mesmo tempo em que é parte integrante da
natureza, é também um ser social, logo, possuidor de conhecimentos e valores
socialmente produzidos ao longo do processo histórico, “tem [consequentemente]
ele o poder de atuar permanentemente sobre sua base natural de sustentação
(material e espiritual), alterando suas propriedades, e sobre o meio social
provocando modificações em sua dinâmica”.
Assim, o fator que distingue esse ser simultaneamente social e integrante da
natureza é o conhecimento – ferramenta que o habilita a modificar a ordem
socioambiental. Isso se realiza por meio de um processo em que o sujeito opera a
transformação dos valores e competências, integrando-os ao meio ambiente e
modificando este conforme a sua (do sujeito) própria necessidade. Sobre essa
interação, Quintas e Gualda (1995) afirmam que, ao se construir e reconstruir o meio
ambiente sob as ações do homem são criadas e recriadas novas formas de
relacionamento deste com a natureza e com a própria sociedade.
A chave para o desenvolvimento de qualquer proposta de educação
ambiental, segundo Dias (1994) é a participação, a organização, a educação e o
fortalecimento das pessoas, pois o desenvolvimento sustentado não é centrado na
produção, e sim nas pessoas, devendo ser apropriado não só aos recursos e ao
meio ambiente, mas também à cultura, história e sistemas sociais do local onde ele
ocorre.
Segundo Castro e Baeta (2005) incluir a Educação Ambiental com objeto de
reflexão, ensejo para a participação em ações em distintas instâncias sociais, exige
a garantia de alguns pressupostos que vêm se concretizando ao longo e por meio de
etapas não somente coletivas, com também individuais. Para estes autores, é
possível discrimina-las da seguinte forma:
8
acesso ao conhecimento, a valores e habilidades relativos à realidade, conforme os aspectos sociais, econômicos, políticos e culturais;
direito a formas de organização de pessoas, a partir da consciência de direitos e deveres, com estágios de participação nas esferas de poder na sociedade;
direito ao acesso a mecanismos e locais de negociação, de diálogo, de debate e de troas de idéias, com fundamento na liberdade, na igualdade e na justiça (CASTRO; BAETA, 2005, p. 100).
Tais pressupostos, de acordo com os autores supracitados referem-se, na
realidade, a direitos básicos de cidadania, bem com os políticos e civis: “liberdade de
expressão, direito à organização, acesso à informação e direitos sociais, com
educação e cultura” (CASTRO; BAETA, 2005, p. 100). Os direitos civis e políticos,
com ir e vir, organizar-se, liberdade de crença, votar e ser votado, liberdade de
imprensa e outros, antecederam, de acordo com a história, os direitos sociais, tais
como o direito à educação, à saúde ou à moradia.
É de Oliveira (1997) a afirmação de que, para que haja mudanças de
valores, asseguradas pelos processos educativos é preciso contar com a escola
como um organismo que reflete e sistematiza também atitudes e procedimentos
relativos ao comportamento humano em sociedade, paralelamente ao conhecimento
científico que é sua função ensinar aos alunos, e não como simples transmissora de
informações, ou seja, a escola, como um todo.
É necessário, também, compreender os fatos naturais (sem a intervenção
de qualquer cultura), e humanos (que sofreram a influência do homem) de modo
crítico e que permita estimular nos seus alunos atitudes que possibilitem viver uma
relação construtiva consigo mesmo e com seu meio, colaborando para que a
sociedade seja ambientalmente sustentável e socialmente justa.
A Educação Ambiental, de maneira formal, não pode ser definida como uma
área especializada de conhecimento, pois transcende as áreas formais trabalhadas
na escola e, por isso, não pode estar incluída como uma das disciplinas do currículo,
mas devido a sua importância, precisa estar sempre presente como um tema
transversal, em cada uma das disciplinas (OLIVEIRA, 1997).
A principal função do trabalho da escola através da Educação Ambiental, de
acordo com os Temas Transversais que fazem parte dos Parâmetros Curriculares
Nacionais – Brasil (1997) é a contribuição sobre a realidade de modo ético e
comprometido com a vida, com a sociedade local e global.
9
O global é mais que o contexto, é o conjunto das diversas partes ligadas a ele de modo inter-retroativo ou organizacional. Dessa maneira, uma sociedade é mais que um contexto: é o todo organizador de que fazemos parte. O planeta Terra é mais do que um contexto: é o todo ao mesmo tempo organizador e desorganizador de que fazemos parte. O todo tem qualidades ou propriedades que não são encontradas nas partes, se estas estiverem isoladas uma das outras e certas qualidades ou propriedades das partes podem ser inibidas pelas restrições provenientes do todo (MORIN, 2001, p. 37 apud RUIZ et al., 2005, p. 35).
No entanto, mudanças numa perspectiva global só serão possíveis se os
profissionais envolvidos no processo educacional e que constroem o fazer
pedagógico, juntamente com representantes de todos os segmentos da sociedade
envolvam-se nas questões sociais e ambientais (DIAS, 1994). Para o autor, o
primeiro passo para o tratamento das questões ambientais é colocar o aluno em
contato direto com o ambiente a ser estudado, pois assim este pode vivenciar
situações de experiências que possibilitam a solução dos problemas que lhe são
apresentados no cotidiano.
Pereira (1993) entende a Educação Ambiental como uma linha filosófica das
ciências ambientais, que tenta equacionar as adaptações do homem ao meio onde
vive. Para o autor, é necessário que todas as áreas do conhecimento se preocupem
com o ambiente e as agressões que lhe são impostas, pois este é um problema de
todos. O autor lembra que, ao assumir a Educação Ambiental, o professor está
também assumindo uma responsabilidade, que exige um domínio maior de
conhecimento para que a proposta apresentada seja reconhecida pelas autoridades
e aceita pela opinião pública.
A abordagem da Educação Ambiental permite o trabalho interdisciplinar
espontâneo, como uma conseqüência da metodologia empregada. Quando o
docente proporciona ao aluno situações que lhe permitem construir seu
conhecimento, o ensino tornar-se interdisciplinar, uma vez que este poderá buscar,
dentro de suas necessidades, outros componentes curriculares, promovendo ações
interdisciplinares entre os conteúdos afins (DIAS, 1994).
Assim sendo, a presente proposta de intervenção contempla as bases
filosóficas do pensamento ambiental como ponto de partida, para vincular o meio
10
ambiente ao desenvolvimento e à sustentabilidade. Do mesmo modo, proporciona-
se uma série de princípios que orientam a ação educativa no espaço escolar, tendo
na perspectiva Histórico-cultural seu ponto de apoio, por considerar que os sujeitos
aprendem os conteúdos científicos escolares quando lhes atribui significados
(PARANÁ, 2008). Os conceitos ambientais serão desenvolvidos durante todo o
processo, para motivar os alunos à reflexão, solução dos problemas ambientais e
formação de valores, através das seguintes propostas.
2 O Caminho Metodológico
A proposta foi desenvolvida no Colégio Estadual Hilda T. Kamal de
Umuarama, envolvendo alunos de 5ª Série do Ensino Fundamental, no ano de 2010.
As estratégias de ação contemplaram as bases filosóficas do pensamento ambiental
como ponto de partida, para vincular o meio ambiente ao desenvolvimento e à
sustentabilidade.
Desse modo, foram considerados os princípios norteadores da ação
educativa no espaço escolar, tendo na perspectiva histórico-cultural o ponto de
apoio, por entender que os sujeitos aprendem os conteúdos científicos escolares
quando lhes atribui significados (PARANÁ, 2008).
Com base nisso, os conceitos ambientais foram desenvolvidos durante todo
o processo, motivando os alunos à reflexão, à solução dos problemas ambientais e à
formação de valores, envolvendo as seguintes ações:
- Desenvolvimento de técnicas de sensibilização para o incentivo ao cuidado
com o meio ambiente (aluno como um sujeito ativo no processo);
- Mapear os espaços livres, disponíveis para o cultivo de plantas
ornamentais;
- Articulação dos conteúdos estruturantes “Biodiversidade” ministrado para
5ª Série do Ensino Fundamental, considerando este entendido para além da mera
diversidade de seres vivos;
- Desenvolvimento de técnicas do paisagismo;
11
- Estratégias como leituras, experimentações e oficina de produção de
materiais serão desenvolvidas durante todo o processo de intervenção do projeto.
As atividades mencionadas foram realizadas no espaço da escola de forma
coletiva e cooperativa. As mudas para a ornamentação foram obtidas, por meio de
doações feitas por órgãos públicos da cidade, UEM e APMF.
3 A Aplicação da Proposta de Paisagismo no Espaço Escolar
3.1 Algumas reflexões iniciais
A proposta para jardinagem na Escola tem como princípio as ações coletivas
e a sensibilização para as responsabilidades do ser humano para o meio ambiente.
Sendo assim, o docente recorreu, primeiramente, às explanações relativas à
importância da Educação Ambiental para desenvolver a proposta.
Foi explicado aos alunos que a Educação Ambiental, para uma
sustentabilidade efetiva, necessita de um processo contínuo de aprendizagem,
baseado no respeito de todas as formas de vida, afirmando valores e muitas ações
que contribuem para a formação social do homem e a preservação do meio
ambiente.
Assim, como atividade inicial, por meio de explicitação oral, o professor
levou os alunos a compreenderem os principais problemas existentes no entorno da
escola, da presença humana no ambiente, da sua responsabilidade e do seu papel
crítico como cidadãos de um país e de um planeta.
Para tal, foram trabalhados as competências e os valores relacionados à
Educação Ambiental, propiciando aos alunos um novo repensar sobre as suas
atitudes diárias e as consequências das ações negativas no meio ambiente em que
vivem.
Os alunos foram levados a refletir acerca dos problemas ambientais gerados
através de anos e anos de pouca informação, falta de conhecimento e até mesmo
12
de total ignorância do homem às necessidades e cuidados na relação homem/meio
ambiente.
Algumas questões nortearam o trabalho proposto:
Necessidade de que cada pessoa desenvolva as suas potencialidades, adotando posturas pessoais e comportamentais sociais construtivas, colaborando para a construção de uma sociedade socialmente justa, em um ambiente saudável;
A Educação Ambiental é um processo participativo, onde os indivíduos precisam assumir o papel de elemento central do processo de ensino/aprendizagem pretendido;
Os indivíduos precisam participar ativamente no diagnóstico dos problemas ambientais, buscando soluções, sendo preparado como agente transformador, através do desenvolvimento de habilidades e formação de atitudes, através de uma conduta ética, condizentes ao exercício da cidadania.
O professor utilizou o vídeo intitulado “Destruição do Meio Ambiente”, e o
vídeo “Diga não à Destruição do Meio Ambiente”. Após a apresentação dos vídeos,
os alunos foram divididos em duplas e cada grupo fez um registro inicial do conteúdo
trabalhado, por meio de desenhos e frases representativas que foram expostas no
mural da escola.
As frases abaixo ilustram o entendimento de alguns alunos:
Precisamos cuidar do meio ambiente. Precisamos aprender a transformar e agir para que a existência de um ambiente equilibrado. Só falar não basta, é preciso agir (Aluno 5ª série). Para um meio ambiente equilibrado é necessário a ação de todos os seres humanos. O meio ambiente já sofreu demais as ações erradas do homem (Aluno 5ª série). Precisamos ter atitude, agir para transformar o meio ambiente (Aluno 5ª série). Sustentabilidade já! Esse deve ser o nosso lema! (Aluno 5ª série).
Observa-se que os alunos demonstraram a sua preocupação com o meio
ambiente equilibrado, evidenciando a importância da participação de todos e de
atitudes capazes de transformar o meio com ações efetivas.
13
As práticas iniciais abriram caminho para a implementação da proposta de
paisagismo na escola.
3.2 Implementando o paisagismo no espaço escolar
O professor iniciou a proposta de implementação do paisagismo explicando
que, com o crescimento das cidades, as áreas verdes ficaram cada vez mais
escassas e o paisagismo acabou se tornando um instrumento de aproximação das
pessoas com a natureza. Com a ajuda dos alunos na escola é possível levar o verde
para dentro do espaço escolar de forma planejada e harmônica, respeitando, assim,
as características e as necessidades do meio ambiente.
Foi destacado a importância da implementação da proposta de paisagismo
na escola, uma vez que essa prática tem como intuito a integração do homem com a
natureza, oferecendo-lhe melhores condições de vida, contribuindo para com o
equilíbrio do meio ambiente. Assim, os alunos tiveram oportunidade de cooperar
para a melhoria do aspecto paisagístico da própria escola enquanto espaço de
produção e apreciação do saber. A prática pedagógica desenvolvida proporcionou
aos alunos oportunidade de reflexão sobre as atitudes no contexto da comunidade.
Portanto, para iniciar a proposta do paisagismo na escola foi apresentado
aos alunos um vídeo intitulado “Belos Jardins” e “Como cuidar dos Jardins que
foram utilizados para ilustrar algumas sugestões de como cuidar de um jardim. As
discussões sobre os vídeos permitiram aos alunos o entendimento do
desenvolvimento da proposta e a manutenção das práticas.
Os vídeos trataram da temática de forma a suscitar reflexões do alunos que
demonstraram interesse pela temática exposta nos vídeos. As falas dos alunos
ilustram o posicionamento da maioria:
Adorei o vídeo, é a primeira vez que assisto isso na escola. É muito interessante saber cuidar dos jardins, eles deixam o meio ambiente mais bonito e fazem parte da natureza. Se a gente aprende a cuidar do jardim dá valor nas outras coisas também (Aluno 5ª série). Essa matéria de paisagismo é legal. Todo mundo precisava saber que precisamos cuidar dos jardins (Aluno 5ª série).
14
As relações articuladas de maneira organizada produzirão uma
aprendizagem ativa, significativa e reflexiva, propiciando ao aluno condições para
que este possa observar, analisar, participar, discutir, problematizar o conteúdo,
tornando-se sujeito em construção e comprometido com sua realidade social e
sendo capaz de agir para transformá-la (OLIVEIRA, 1997).
É na dinâmica dessas relações que o ser humano desenvolve a criação e a
produção de bens materiais, estabelecendo valores e modos de pensar,
promovendo percepções de mundo e elaborando interações com a natureza e com
os outros seres humanos. Esse panorama, por sua vez, constitui o patrimônio
cultural construído pela humanidade ao longo de sua história (QUINTAS; GUALDA,
1995).
Os autores supracitados ainda advertem sobre a concepção de que a
questão ambiental diz respeito à relação sociedade-natureza, afirmando não ser ela
suficiente para direcionar um processo de análise e reflexão que permita a
compreensão desse relacionamento em toda a sua complexidade, pois a Educação
Ambiental precisa ser entendida como um processo participativo, onde o educando
assume o papel de elemento central do processo ensino e aprendizagem
pretendida, participando ativamente no diagnóstico de problemas e busca de
soluções, sendo, portanto, preparado, como agente transformador, através do
desenvolvimento de habilidades e formação de atitudes, por meio de uma conduta
ética, condizente com o exercício cidadania (RUIZ et al., 2005).
Posteriormente, os alunos foram a campo para observar o aspecto do jardim
da escola e verificar os procedimentos necessários para a melhoria da paisagem. Na
oportunidade foram verificados alguns detalhes considerados relevantes em
qualquer ação de paisagismo, como a escolha da área a ser melhorada, medimos a
área e elaboramos um croqui (rascunho do jardim).
Observamos a existência ou não de plantas no local, verificando a
possibilidade de reaproveitá-las no próprio local ou de as mesmas serem
transplantadas ou descartadas. Também, ficamos atentos à presença de
encanamentos que poderiam ser danificados na implantação. Determinamos com
base na direção Norte se a área era de sol, sombra ou meia-sombra, pois
15
consideramos este detalhe importante para a escolha das espécies. Os alunos
foram posicionados no ponto de onde o jardim seria visualizado pelos observadores.
Após a análise conjunta elaboramos o “croqui”. Essa atividade envolveu
todos os alunos que participaram ativamente. Posteriormente, passamos à reforma
do jardim da Escola. Para que os objetos possam ser utilizados como fonte de
conhecimento é necessário criar situação de aprendizagem em que seja possível
observar e perceber suas características. Para tal, o caminho foi organizar as
atividades.
Primeiramente, providenciamos os materiais necessários (terra preta, adubo
orgânico, calcário, pedras, ferramentas, plantas, farinha de ossos, adubo mineral 4-
14-8)4.
Posteriormente, os alunos foram divididos em grupo para a preparação da
terra. Nessa etapa foram observados alguns detalhes que antecederam ao plantio.
Quanto à preparação do solo foram verificados vários aspectos, tais como:
- Foi verificado se havia necessidade de tirar ou colocar mais terra na área
de jardim. Também, os alunos ficaram atentos para a qualidade do solo existente: se
havia corte ou aterro no terreno, textura, aparência, cor. Esta verificação foi
realizada para a definição dos materiais necessários para correção do solo, para
verificar a qualidade e prever a quantidade de areia e matéria orgânica para
melhorar a parte física do solo.
- Foram retirados os entulhos (pedras maiores, restos de construção, raízes
de árvores) que havia no terreno;
- Remoção de ervas daninha. Como a área não é tão grande, fazer o
controle mecânico, utilizando uma enxada para remover as ervas daninhas, inclusive
com raízes para evitar a rebrota;
-Preparação do substrato em proporções ideais – 1/3 de terra preta, 1/3 de
Terra argilosa e 1/3 de areia, simulando a terra mista, acrescentando a cada 1 litro
de solo, um grama de calcário e um grama de adubo 4, 14, 8;
- Limpeza e aplicação de impermeabilizante (neutrol), na fase interna de
jardineiras que foram doadas pela prefeitura para serem reaproveitadas. As
jardineiras foram organizadas no pátio do colégio, com a colocação de cacos de
4A grama foi doada pela APMF (Associação de Pais e Mestres) da escola e as mudas pela UEM, Prefeitura
Municipal de Umuarama, IAP e pessoas da comunidade.
16
telha ou bidim para cobrir o furo no fundo das mesmas, com uma camada de pedras
brita. A cobertura foi realizada com uma camada de drenagem com um pedaço de
bidim por fim. O substrato preparado permitiu assentar o torrão na parte central das
jardineiras;
- Procedeu-se à retirada do solo antigo, com a preparação de mais 14
jardineiras já existentes no pátio do colégio, obedecendo aos mesmos critérios
aplicados nas jardineiras anteriores;
- Foi realizado o plantio de vários tipos de forrações, azaléias, hibiscos,
roseiras e palmeiras nas jardineiras, lírios amarelos, clorofitos e outros tipos de
forrações no espaço em frente à secretaria. Plantação de várias mudas de
trepadeiras do tipo primavera, encostadas ao muro desse mesmo local;
- Plantio de gramados e plantas do tipo estreliças, em frente ao refeitório e
ao lado da biblioteca;
- Colocação de pedras, seixos e cascas de árvores para fazer o acabamento
final.
Ao término, o professor trabalhou com a questão da necessidade de
proceder a uma limpeza geral e contínua de podas e remoção de folhas secas,
caixas, amarrilhos, saquinhos, pedras, sobras de plantas e de terra devem ser
removidas.
Foi explicado que a irrigação deve ser realizada com maior frequência até
que as mudas estejam pegas, num período entre 30 a 60 dias normalmente. Depois,
as regas devem ser realizadas conforme a necessidade de cada planta.
Os alunos participaram ativamente de todas as atividades, demonstrando
muito interesse pelas atividades práticas realizadas. Houve um envolvimento total
por parte de todos. A aprendizagem se deu de forma contínua, possibilitando a troca
de saberes entre alunos e professores. Observou-se que os alunos se respeitaram
entre si, demonstrando responsabilidade, cooperação e muita disciplina em cada
tarefa desenvolvida.
Conforme Dias (1994, p. 19), para o resgate da dignidade humana é
importante considerar os valores em todos os planos em qualquer que seja a área
da atividade humana. Para o autor, valores como “[...] respeito pela vida e pela
natureza, solidariedade, altruísmo, democracia, responsabilidade, honestidade,
amizade, tolerância, autodisciplina, modéstia e outros, precisam ser redescobertos".
17
O homem como ser histórico-social constitui e se desenvolve pela
capacidade de transformar a natureza e a si mesmo através do trabalho
(VYGOTSKY, 1994). Essa é a base sobre a qual se desenvolvem as relações
sociais, a linguagem e a racionalidade, isto é, a cultura humana considerada
totalidade histórico-social, elemento fundamental e essencial da constituição e
desenvolvimento do indivíduo e da subjetividade que deverá ser apropriada pelas
novas gerações e desenvolvida como processo social de objetivação humana. Em
seus estudos, o autor enfatizou que o homem só pode ser entendido em suas
características e atitudes, no interior das relações de produção que estabelece em
sociedade.
Sendo assim, os indivíduos dependem do meio e, das relações que realizam
para transformar seus modos egoístas e competitivos, em valores como cooperação
e solidariedade em prol do bem comum. Em tese, Castro e Baeta (2005) apontam a
necessidade de a escola por intermédio da cooperação e do favorecimento da
construção da autonomia intelectual construir um sujeito capaz de exercer a sua
cidadania, pressuposto básico da Educação Ambiental, a qual deve considerar a
formação dessa autonomia como instrumento cognitivo necessário para o
desenvolvimento do cidadão.
A proposta de intervenção realizada possibilitou articular a teoria à prática
na escola. Geraldo (2009) propõe a aplicação da unidade entre teoria e prática, da
unidade entre os processos de aprendizagem escolar e extraescolar, assim como a
importância da relação entre o concreto e o abstrato.
Durante e ao término as atividades foram fotografadas, com as fotos
expostas no mural da escola. O trabalho desenvolvido possibilitou às crianças se
expressarem, sistematizando informações e aprendizagens, tornando visíveis e
concretas as propostas realizadas.
Através dessa proposta, colorida pela espontaneidade dos gestos, das
expressões corporais, das representações diversas, permeada pelo trabalho
cooperativo, movimentos, interlocuções e diálogos, foi possível conjugar as
habilidades dos alunos, traduzindo o prazer da ação expressiva dos mesmos, ao
transformar o espaço da escola em um lugar mais agradável. Isso ficou evidenciado
no trabalho desenvolvido, com base no antes e depois, como ilustrado nas Figuras
(Apêndice 1).
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Ao tomarmos o paisagismo como ferramenta pedagógica para o ensino e
aprendizagem em educação ambiental, foram oferecidas oportunidades para os
alunos modificar atitudes e práticas pessoais, adotando posturas na escola e em
casa que os levem às interações construtivas e focadas no meio ambiente
equilibrado, conforme relato:” Vou fazer isso na minha casa, agora que aprendi.
Minha mãe vai adorar e eu vou contribuir com a melhora do meio ambiente
equilibrado”(Aluno 5ª série).
As múltiplas vivências experenciadas contribuíram para enriquecer o
estabelecimento de reações afetivas e cognitivas entre os alunos, ao serem
envolvidos na aventura de transformar o espaço da escola em um lugar alegre, com
o objetivo maior da construção de saberes compartilhados. O resultado desse
processo parece ter sido o prazer de descobrir também sobre a importância do meio
ambiente equilibrado para o mundo das suas relações com os outros que são
favorecidas quando se almeja o bem comum
4 Conclusão
A proposta de intervenção revelou a contribuição do paisagismo como
ferramenta para a educação ambiental na escola pública. As atividades
desenvolvidas possibilitaram aliar a teoria à prática na escola viabilizando a
construção da aprendizagem significativa, alertando para alguns princípios que não
devem ser esquecidos como: a autonomia do aluno, a cooperação, a
responsabilidade com a constante mediação do professor.
A prática do paisagismo na escola pode envolver os alunos em um trabalho
de equipe, no qual o aprendizado acontece no fazer, no pesquisar, no levantar e
organizar informações. Nesse modelo, o professor exerce o papel de mediador,
orientando as diferentes habilidades dos alunos.
A proposta possibilitou o desenvolvimento de uma contínua reflexão que
culminando com uma mudança de mentalidade. Apenas dessa forma, acredita-se
ser possível implementar nas escolas, uma educação ambiental promotora de
atitudes que levem os educandos a agir para transformar. O paisagismo na escola
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envolve atividades não meramente ilustrativas, mas fruto da preocupação de toda a
comunidade escolar em construir espaços ambientais equilibrados, em harmonia
com o meio, com os outros seres vivos e com nossos semelhantes.
Ao interagir com o meio e modificá-lo, os alunos apropriam-se da relação de
interdependência, base da construção do conceito de sustentabilidade. Assim
sendo, o paisagismo como ferramenta de ensino em educação ambiental não se dá
por atividades pontuais, mas por toda uma mudança de paradigmas que exige uma
contínua reflexão e apropriação dos valores que remetem a ela, e as dificuldades
enfrentadas pelos alunos nos desdobramentos das atividades assumem
características ainda mais decisivas frente à realidade concreta em transformação.
Esse é o objetivo maior da proposta apresentada: o fortalecimento da relação
humana da cultura do grupo.
A proposta de intervenção oportunizou a vivência de experiências que
articulam diferentes áreas do conhecimento. Os alunos exploraram as diversas
percepções sensórias, apropriando-se dos elementos da natureza que foram
oferecidos nas situações de aprendizagem organizadas.
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Apêndice 1 – Figuras do paisagismo na escola
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