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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE
VOLU
ME I
1
ARTE E SOCIOLOGIA:
UMA EXPERIÊNCIA DE ABORDAGEM
INTERDISCIPLINAR A PARTIR DE CANÇÕES
E OBRAS DE ARTES VISUAIS CANÇÕES E
OBRAS DE ARTES VISUAIS.
LONDRINA
2011
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O livro didático de sociologia elaborado pela Secretaria de Educação
do Paraná apresenta várias canções de Chico Buarque. A riqueza da canção
aponta para além dos elementos próprios da música: andamento, ritmo,
harmonia e melodia, incorporam o contexto sociocultural remetendo a imagens
ou a situações compreendidas e reconstruídas como parte da realidade social
e cultural. Com isso, o trabalho orienta-se por uma proposta interdisciplinar
entre artes visuais e sociologia buscando estabelecer relações entre os seus
quadros conceituais e referenciais teóricos a partir de um mesmo assunto.
Palavra- chave: interdisciplinaridade; arte; sociologia.
Abstract
The sociology textbook prepared by the Department of Education
Paraná has several songs by Chico Buarque. The richness of the song points
beyond the proper elements of music: progress, rhythm, melody and harmony,
incorporating the socio-cultural context by referring to pictures or situations
understood and reconstructed as part of the social and cultural reality. With this,
the work is guided by an interdisciplinary approach between visual arts and
sociology seeking to establish links between their conceptual and theoretical
frameworks from the same subject.
Keyword: interdisciplinary; art; sociology.
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O presente material didático tem como propósito fazer uma exposição
e reflexão sobre o projeto desenvolvido em duas turmas de terceiras séries do
Ensino Médio, períodos, matutino e noturno, no Colégio Estadual Heber Soares
Vargas, como requisito para a conclusão do Programa de Desenvolvimento
Educacional - PDE.
Seguindo a proposta das Diretrizes Curriculares da Educação Básica
do Paraná utilizamos a metodologia interdisciplinar para o ensino–
aprendizagem dos conteúdos das disciplinas. O projeto teve como objetivo
propor a criação de materiais didáticos que possibilitassem ao docente da
disciplina Arte trabalhar a apreciação estética em artes visuais e música a partir
da temática social utilizando como fio condutor a prática da leitura de imagem.
Considerando a temática social como referência, procuramos
desenvolver conteúdos específicos utilizando a obra de arte. Entretanto,
independente da área de formação do professor (música, artes visuais ou
sociologia) o processo de leitura, segundo a semiótica greimasiana,
compreende três níveis; o superficial (discursivo), o intermediário (estrutura
narrativa) e o nível profundo, o qual se traduz por uma oposição semântica
mínima. Na medida em que aprofundamos essa metodologia fica explicito a
necessidade de realização da prática interdisciplinar com intuito de “esclarecer”
aspectos presentes na obra correspondentes a outras disciplinas.
Mas essa não é razão suficiente do projeto, percebemos a necessidade
de que a sistematização de um projeto interdisciplinar esteja conectada com as
reais necessidades dos alunos, pois, permite uma ação educativa onde à
construção do conhecimento pode se constituir de forma mais significativa,
sensível, crítica e prazerosa.
Portanto para o professor trabalhar de forma interdisciplinar é
indispensável o conhecimento prévio dos objetivos de cada disciplina envolvida
no processo de ensino-aprendizagem. Caso contrário, continuaremos utilizar as
obras de arte como simples materiais de apoio e “ilustração” de outras
disciplinas do currículo escolar.
A interdisciplinaridade pressupõe uma articulação que vai além dos
limites cognitivos próprios das disciplinas escolares, sem, no entanto, recair no
relativismo epistemológico, pelo contrário, a interdisciplinaridade reforça as
disciplinas ao fundamentar suas aproximações conceituais. Mesmo porque, o
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conhecimento não acontece para o individuo de forma fragmentada, pois as
relações se estabelecem naturalmente. Assim, cabe ao professor dar o
direcionamento das ações que irão conduzir o processo de aprendizagem.
Souza (2007), explicando Aumont, nos mostra que a obra de arte está
além de produzir um efeito sentimental nos espectadores, ela é simbólica e
epistemológica e, acrescentamos sociológica, pois o processo de produção
artística está relacionado às raízes históricas e sociais. Diante desse quadro, a
importância do ensino aprendizagem articulando arte e vida social, faz-se
necessário buscar uma melhor formação profissional e informação dos
conteúdos das disciplinas, visando estimular a visão crítica de mundo e o
pensamento reflexivo, possibilitando aos alunos uma melhor compreensão da
riqueza dos elementos presentes na obra de arte.
Essa preocupação motivou-me a aprofundar e vincular arte a questões
sociais. Acredito ser isso possível, pois percebo uma carência no ensino de
arte, geralmente, trabalha-se a obra de arte desenvolvendo apenas
apreciações estéticas superficiais, ou em outros casos, a prática do ensino se
reduz a um fazer técnico de simples reprodutibilidade e como consequência a
riqueza da obra de arte é aviltado. Por isso, apresento nesse material didático a
proposta da interdisciplinaridade no ensino de arte; “caminho para poetizar,
fruir e conhecer”.
A primeira etapa foi à teorização. Assim, após a leitura do livro didático
de Arte, orientamos a preparação do olhar e a escuta do aluno para perceber
os elementos significativos e representativos das imagens e das canções, bem
como, reflexões sobre problemas sociais.
Nesse momento, através do livro didático apresentamos os conteúdos
fundamentais da arte; estruturas morfológicas: ponto, linha, forma, plano,
textura, cores, etc.; estruturas sintáticas: movimento, ritmo, peso, direção,
profundidade espacial, perspectiva, entre outros.
Segundo Souza (2007) esses conteúdos já estão sedimentados no
ensino de arte, porém, percebemos uma deficiência, nesse aspecto. Os alunos
não tinham se apropriado destes elementos básicos e, uma das razões
destacadas foi relatada por eles: “estamos habituados apenas a “ver” a imagem
na tv pendrive”, disso concluiu-se que as imagens eram apresentadas como
recursos a servir de ilustração do tema trabalhado.
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Identificando o problema a fim de poder criar condições para se fazer a
leitura das imagens, propusemos estimular a compreensão dos alunos a partir
da formulação do roteiro de questões que abarcasse os três níveis de leitura, o
superficial, intermediário e profundo.
A Apreciação se deu na segunda etapa. Assim, a partir do pré-
direcionamento da temática da questão social: “Desigualdade social, um
passado presente lá..., e aqui”. “O papel da socialização familiar na construção
da identidade”, encaminhamos os alunos para atividade de pesquisa do
contexto histórico cultural em que as obras foram produzidas a fim de
perceberem as possíveis relações “histórico-sociais” sobre os fenômenos
sociais.
Na terceira etapa chegamos à Fruição. Temáticas extraídas das
leituras das obras. Aqui os alunos foram estimulados à elaboração de trabalhos
artísticos e produção de textos, fase estratégica da confecção do material
didático.
Apresentação dos Portifólios:
Tema: “Desigualdade social, um passado presente lá..., e aqui”.
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Para desenvolver esse tema reunimos os alunos em grupos e
sugerimos a eles que após a leitura do texto de Nelson Tomazi (2007): “A
sociedade capitalista e as classes sociais” respondessem as questões do
roteiro, as quais se encontram no corpo do texto.
O pintor Lasar Segall, no quadro Navio de Emigrantes, retrata a
situação precária do viajante que se vê obrigado a deixar sua terra. Neste
contexto, “Navio de Emigrantes”, assemelha-se a Retirantes e aproximando as
canções “Pivete” e “Meu guri”. Quais frases, ou expressões, podem elencar
que nos remetem a essa situação precária?
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No decorrer do processo, os alunos transcreveram expressões e
palavras das canções “Pivete” e “Meu Guri” que remetem a uma condição
social desfavorável, a qual as imagens “Retirantes” e ”Navio de Emigrantes”
fazem alusão pelo visual dos personagens.
“Meu Guri”: Cara de fome [...], e eu não tinha nem nome, pra lhe dar [...] como fui levando não sei lhe explicar.
“Pivete”: Zanza na sarjeta [...] No sinal fechado ele vende chiclete capricha na flanela [...] Pinta na janela, batalha algum trocado [...] [...] meio se maloca [...].
Após coletarem informações sobre o contexto histórico social das
imagens e trabalhando a interpretação das letras das canções, os alunos
começaram a perceber que a ideia de manifestação da desigualdade social,
decorre de um conjunto de razões pessoais e sociais históricas que atuam
sobre determinados grupos sociais e ou classes sociais.
Por exemplo, quais seriam as razões que levariam os indivíduos ou
grupos sociais, imigrarem para outro país “Navio de Emigrantes”, ou migrarem
em seu próprio país “Retirantes”, seriam: prestígio/status, poder, bens
materiais, suprir necessidades básicas, conflitos entre nações, etc.? A que
grupo social pertence?
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Os alunos ao vincular em o modo de vestir dos personagens
“Retirantes” e Navio de Emigrantes” com as letras das can ões “Meu Guri
e Pivete”, perceberam a classe social da qual as obras referem-se.
Também identificaram que o movimento de transitor iedade continua a ocorrer
e representa o esforço que os indivíduos e grupos fazem para sair de uma
determinada classe social.
Na canção, as atitudes podem significar uma estratégia de
resistência e adapta ão á outra condi ão de classe social, nas imagens “o
movimento de saída” aponta também para esse desejo.
Para aprofundar esse tema sugerimos algumas indicações de
(Gusmão 1983) do manual de Sociologia
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Os alunos ao vincular em o modo de vestir dos personagens
“Retirantes” e “Navio de Emigrantes” com as letras das canções “Meu
Guri e Pivete”, perceberam a classe social da qual as obras referem-se.
Também identificaram que o movimento de transitoriedade continua a ocorrer e
representa o esforço que os indivíduos e grupos fazem para sair de uma
determinada classe social.
Na canção, as atitudes podem significar uma estratégia de resistência
e adaptação á outra condição de classe social, nas imagens “o movimento de
saída” aponta também para esse desejo. Para aprofundar esse tema sugerimos
algumas indicações de (Gusmão 1983) do manual de Sociologia.
Processos sociais de integração, acomodação e assimilação.
Acomodação: pode se processar por subordinação; uma parte, por
ser mais ser mais forte, impõe-se a outra, subjugando-a e explorando-a ser
mais forte, impõe-se a outra, subjugando-a e explorando-a, enquanto por
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ordenação as partes, apesar de desiguais chegam a um compromisso em que
a mais forte impõe-se a outra, subjugando-a e explorando-a, enquanto por
ordenação as partes, apesar de desiguais chegam a um compromisso em que a
mais forte renuncie um dos seus compromissos.
Finalmente na acomodação por coordenação, os contendores
admitem uma restrição igual em seus direitos, vantagens e prerrogativas.
Assimilação: é o processo de penetração e fusão recíprocas, pelo qual as
pessoas e os grupos adquirem crenças, ideias, sentimentos, valores e normas
de outras pessoas e grupos, repartindo entre si suas experiências e
conhecimentos. Devem sofrê-la principalmente os emigrantes, que modificam
seus hábitos e modos de agir, pensar e sentir para se reajustarem ao novo
meio social em que passam a viver.
Aculturação
É decorrente do contato direto e contínuo de dois grupos de culturas
diferentes, que sofrem ambos, modificações culturais. Supõe ainda adaptação
dos elementos culturais importados aos padrões culturais do grupo importador.
Depende, portanto, da compatibilidade da cultura transmitida com a receptora.
Classes sociais
Tem sido conceituada de várias formas. HALBWACHS (1913) define-a
como um todo estruturado e fundado em representações coletivas, dotado de
consciência, bem diferente do mero agregado. GURVITCH (1954) define-a
amplamente, sua estruturação implica uma consciência coletiva e obra
específica.
A classe social não é um agrupamento imposto, como é o Estado
ou corporação, pois, pelo nascimento o indivíduo pertence à classe social
de seus pais, podendo, entretanto, dela sair para outra, graças ao trabalho, à
riqueza, aos conhecimentos adquiridos, ao casamento, ou a perda dos
requisitos indispensáveis para nela se manter.
Pode ser considerada como camada social em que se encontram parte
dos membros de uma sociedade, que se acham nela nivelados pela situação
econômica e cultural; camada aberta para saírem dela os que assim quiserem e
nela ingressar os que desejarem desde que tenham os requisitos exigidos
usual ou legalmente, para nela estarem. [...], a classe social é a que mais
influencia nas atitudes sociais.
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Estratificação social
SOROKIN (1927) define estratificação social com a diferenciação de
uma determinada população em classes hierárquicas superpostas, que se
manifesta através da existência de capas sociais superiores e inferiores.
A base de sua existência é uma distribuição desigual de direitos e
privilégios, de deveres e responsabilidades, de valores sociais e de privações,
de poder e de influências, entre os membros de uma sociedade. Em seu
entender, fatores econômico, cultural e político produzem formas de
estratificação, que se acha em estreita interação e inter- relação.
A estratificação social não é obra da causalidade nem produto arbitrário
da vontade dos homens, mas resultados de tradições, de condições pessoais,
há causas permanentes e fundamentais de estratificação social, decorrentes
não só de diferenças inatas dos indivíduos, bem como de diferenças do meio
em que as rodeia.
Apresentação dos portifólios.
Tema: O papel da socialização familiar na construção da
identidade
O primeiro passo foi aproximar a letra da canção “Meu Guri” com as
imagens, “Retirantes e Navio Emigrantes” e, trecho de consulta do livro
didático público de Sociologia da SEED-PR no capitulo, “Diversidade
cultural Brasileira”. Sobre o conceito de identidade, (p.138), e a “Instituição
Familiar”, (p. 110-115).
Do ponto de vista, sociológico os alunos foram levados a pensar que
o personagem da canção “Meu Guri” ao permanecer na situação de
pobreza esta despersonalizado.
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Aí vem Meu Guri
Por isso, na letra da canção demonstra o percurso narrativo de
posse (documento de identidade, bolsa, relógio, pulseira). O personagem
procura se apropriar de bens que simbolizam valores sociais de
reconhecimento do ser humano.
Nesse entendimento, “Retirantes” também representam apropriar de
bens que simbolizam valores sociais de reconhecimento do ser humano.
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Nesse entendimento, “Retirantes” também representam a
descaracterização da figura humana, o bebê no colo da mãe mais parece
uma caveira, são ressaltados seus olhos na cabeça careca e suas costelas
aparecem por cima da manta que cobre o corpo, o menino que segura na
mão do pai não tem rosto, sua camisa e seu chapéu sobressaem mais
que seu corpo, a adolescente (diferente dos demais adultos) com a
criança no colo, está com o olhar para o lado direito da tela e não tem boca.
Outra ideia trabalhada foi à noção de que os arranjos familiares
refletem não somente uma nova for ma de agrupamento social, mas
também concepções de vida e estratégias de sobrevivência. Sobre essa
perspectiva, os alunos foram levados a imaginar quais as atitudes
decorrentes da caracterização o do “meio social”, no caso do Pivete, em que
pai, mãe e irmão não estão presentes, a rua o seu lar, quais as são as formas
de sobrevivência?
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Aponta um canivete...
Na canção “Meu guri” os percursos narrativos das imagens apresentam
que a “violência” pode ser encarada como estratégia de sobrevivência.
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Quando os alunos aproximaram os percursos narrativos das letras
das canções e das imagens, perceberam o que é sugerido pela leitura das
obras, ou seja, o movimento cotidiano de transitoriedade. Assim, podemos
estimular a discussão sobre possíveis desdobramentos desse problema; a
convivência . Nas canções Meu guri e Pivete observam-se o espaço de
socialização do familiar a construção da identidade social.
Emigrantes a socialização das crianças acontece no cenário
completamente diferente, numa situação de fuga por decorrência de guerra.
“No life and not future all they thought no Home Dream”
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Na canção “Pivete” o contexto da socialização a rua. Nesse caso
perguntamos aos alunos se já presenciaram em Londrina, cenas do menor
infrator como as relatadas por Chico Buarque nas canções “Pivete” e
“Meu guri,” se conhecem pessoas que imigraram do Brasil para outro país ou
migraram de região no Brasil.
Com isso, os alunos foram despertados a saber que o contato inter-
étnico é fenômeno que não ocorreu somente no período das colonizações,
mas ainda ocorre, a ocupação por parte de alguns grupos, como por
exemplo, os madeireiros, garimpeiros, nordestinos, índios e etc., essas
condições podem afetar a socialização das crianças.
Pensando sobre o assunto buscamos algumas informações da
sociologia para definir e classificar as organizações familiares: família
nuclear, família extensa e arranjos familiares.
Após a leitura, os alunos identificaram as diferenças de organização
familiar entre as imagens “Retirantes”, “Navio de Imigrantes” com a canção
“Meu Guri” e refletiram sobre quais as mudanças de valores,
comportamento, costumes pelas quais passam as famílias nas sociedades
contemporâneas e as alternativas buscadas.
“Navio de Emigrantes”: modelo de
família pai concentra todas as decisões
referentes ao nuclear, composta pela figura
pai, mãe, filhos. O destino das terras ou das
pessoas, a mulher tem vários filhos, os
valores sociais de honra, respeitabilidade, o
poderio do homem, a subserviência da
mulher, se fazem presentes.
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“Retirantes”: Modelo de família extensa composta pela figura pai, mãe, filhos e avô.
“Meu Guri”: Representação de um novo arranjo familiar, composta pela mãe e o filho; “ nasceu meu rebento aí o meu guri” Há uma ausência total da figura paterna.
Com essa atividade os alunos foram levados a pensar: se o sentimento
que une a família da imagem: (A) “Navio de Emigrantes” o mesmo que une
as pessoas na imagem: (B) “Retirantes” com a imagem da canção (C)
“Meu Guri”? Transcreva frases e ou estrofes da convivência familiar “Meu Guri”
sobre o orgulho da mãe que prefere não ver o comportamento do filho.
[...] Ele um dia me disse que chegava lá, chega suado e veloz dom batente, traz sempre um presente prá me encabular, (bolsa, chave caderneta, terço e patuá, um lenço e uma penca de documentos) chega estampado manchete, retrato, Desde o começo eu não disse... Ele disse que chegava lá. É o meu guri
Segundo o livro de sociologia (SEED- 2006) a situação da convivência
familiar expressa na canção “Meu Guri”, pode ser traduzida por algumas
causas: a) a pobreza; b) a falta de dinheiro; c) mulheres viúvas ou separadas;
d) ausência da figura paterna seja por morte ou na busca de alternativas
de trabalho- muitas vezes parte para outras terras; e) conflitos constantes
entre o casal devido às dificuldades de manter a família.
Para aprofundar esse tema sugerimos algumas indicações de (Gusmão
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1983) do manual de Sociologia.
Socialização
A socialização é um processo psicossocial de interiorização, que tem
início aos dois anos de idade, tornando-se mais intenso na adolescência. É
resultante do convívio social e da educação, através dos quais o individuo
adquire comportamento social compatível com os padrões de conduta, norma e
valores vigentes em seu meio social.
Instituição familiar
A família é dos grupos sociais mais antigos que ainda têm vigência,
desempenha ainda papel relevante na formação social e da personalidade das
gerações. Pode se defini-la como o grupo que tem por base o vínculo do
parentesco. Dentro da família há profunda interação social e nela são
plasmadas as personalidades dos homens de amanhã. Como grupo social que
tem seu corpo de normas, impondo deveres e atribuindo direitos aos seus
membros. Exige-se de seus membros cooperação, solidariedade, sacrifício,
forte dose de compreensão, espírito de renúncia tolerância, afeição, amparo
aos menores, incapazes, velhos e inválidos.
Grupos sociais primários e secundários.
Segundo, COOLEY (1909), os grupos sociais podem ser primários
diversos. Segundo, COOLEY (1909), os grupos sociais podem ser primários e
secundários. Os grupos sociais primários caracterizam pela íntima associação
e cooperação face a face. Neles ocorre contato social direto. São primários em
vários sentidos, principalmente por desempenharem papel fundamental na
formação da natureza social e das ideias do individuo. Provoca fusão de
individualidades, e implica simpatia, bem, como identificação mútua.
Não produz, entretanto, uma unidade absoluta, pois tal não pode haver
mas unidade diferenciada, que admite pontos de vista próprios e
sentimentos particulares. A família, o grupo de amigo, o grupo de vizinhança
são exemplos típicos dessa forma de grupo dominada pela associação e
cooperação.
Os grupos secundários são todos os demais grupos, nos quais não há
fusão de individualidades. É muitas vezes formado de contatos indiretos, de
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relações impessoais, à distância, estando seus membros unidos somente por
interesses comuns.
Resultados e discussão
Na construção desta pesquisa-ação podemos constatar o quanto é
importante enfatizarmos a leitura de obra como processo primordial no
ensino de arte. Os alunos não estavam habituados a ler imagens e menos ainda
a ler e interpretar textos de canções. Neste sentido, foi muito gratificante
percebermos o aprimoramento que ocorreu durante o trabalho.
Através da descrição e análise das ações desenvolvidas na pesquisa,
esperamos ter contribuído de maneira efetiva para o desenvolvimento do
pensamento crítico e reflexivo do aluno e também, ter oferecido subsídios
aos professores de arte e de sociologia inspirando-os e encorajando- os a
ousar em suas práticas.
A elaboração do portifólios possibilitou certamente um aprimoramento
mais rico promovendo a compreensão do conteúdo trabalhado de forma
ativa além de contribuir significativamente na abordagem interdisciplinar.
A proposta pedagógica que organizamos permitiu trabalhar a
interdisciplinaridade utilizando os livros didáticos públicos de Arte e de
Sociologia da SEED-PR, estimulando a interrelação entre os conteúdos.
Esta proposta teve como objetivo sistematizar atividades que poderão
ser aplicadas tanto pelos professores de arte, independentemente de sua
formação (música, artes visuais); pelos professores de sociologia.
Evidentemente cada área deverá contribuir de forma relevante com os
conteúdos específicos de sua disciplina, porém a construção de um material
pedagógico que contemple os conteúdos de cada disciplina será uma
importante ferramenta na concretização do trabalho interdisciplinar na medida
em que servirá de estímulo para os professores das áreas de artes visuais,
música e sociologia.
Obviamente, não pretendemos criar um receituário, mas, reconhecemos
a importância de apresentar mos técnicas de ensino que certamente serão
aprendidas, elaboradas e reelaboradas pelos docentes como sempre
acontece. É fundamental ressaltarmos, que a abordagem interdisciplinar exige
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maior envolvimento do professor com seus alunos, com seus colegas e
principalmente com o estudo, caso contrário de nada adiantará optar por
uma metodologia de trabalho que não promova mudanças.
Integrantes dos Portifólios.
“Navio de Emigrantes”.
Alunos (as): Diana Mara de Oliveira. Eberson Alan. Eduart Gomes
Jessica Beatriz. Alex Junior. Luana Martins. Robson Diego
Alunas: Débora Cortez. Juliana dos Santos. Greyci Francieli
Alunos (as). Felipe Mendonça. Guilherme Fonseca. Jackson Tavela.
Keila. Rocha. Priscila Linduário. Yam Barbosa. Thamiriz Takachi
“Retirantes”.
Alunos (as): Ana Karina. Driele. Sabrina. Stefane. Jessica. Tayse.
Carlos Henrrique.
“Meu Guri”.
Alunos (as): Lucas Magna de Carvalho. Vitor Elias. Jean Felipe. Ana
Carolina. Stephane Graziela.
“Pivete”.
Alunos: (as) Amanda. Camila. Caroline. Landory. Karine. Natasha
Rafael.Viviane.
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Cortez, 2002.
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PARANÁ. Diretrizes Curriculares da Educação Básica Arte. SEED-PR,