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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I I

DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · Esta história começa assim: Era uma vez uma menina linda.Os olhos dela pareciam duas azeitonas pretas daquelas bem brilhantes... e a

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE

VOLU

ME I

I

GENI APARECIDA VIEIRA DE OLIVEIRA

A QUESTÃO RACIAL NO COTIDIANO ESCOLAR

JACAREZINHO, PR2010

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTEDO PARANÁ

CAMPUS DE JACAREZINHO

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GENI APARECIDA VIEIRA DE OLIVEIRA

A QUESTÃO RACIAL NO COTIDIANO ESCOLAR

Material   Didático   apresentado   para   o   Programa   de Desenvolvimento   Educacional   –   PDE.   Secretaria   de Estado da Educação.Orientador: Profº. MSc.  Maurício de Aquino

JACAREZINHO, PR2010

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NOTA DE ESCLARECIMENTO

Esta unidade   didática    foi elaborada utilizando como referência o livro Menina 

Bonita   do   Laço   de   Fita,   da   escritora   Ana   Maria   Machado   e   para  esta   utilização   foi 

contatada com familiares da escritora por meio de e­mails para o pedido de autorização 

da cessão de direitos autorais, não obtendo respostas.

Certifico que este material não será comercializado, será divulgado e servirá de 

apoio aos professores e alunos de nossa escola.

Sendo o conteúdo específico a questão racial no cotidiano escolar, o livro acima 

mencionado, que por sinal é maravilhoso para citar como exemplo de material de apoio 

para   as   disciplinas,   está     dentro   do   contexto   das   atividades   escolhidas   para   serem 

desenvolvidas junto aos alunos em sala de aula.

GENI APARECIDA VIEIRA DE OLIVEIRA

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SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO...............................................................................................................52 INTRODUÇÃO...................................................................................................................63 APRESENTAÇÃO DA AUTORA E SUA OBRA......................................................93.1 MENINA BONITA DO LAÇO DE FITA...................................................................................93.2 A HISTÓRIA DA MENINA BONITA DO LAÇO DE FITA.............................................................94 LEITURA DE IMAGEM.......................................................................................................114.1 LEITURA DO LIVRO.......................................................................................................125 HISTÓRIA E CULTURA AFRO­BRASILEIRA NA CONSTRUÇÃO HISTÓRICA E CULTURAL.........................145.1 DEMOCRACIA RACIAL EXISTE OU SE TRATA DE UM MITO.......................................................185.1.1  DEMOCRACIA RACIAL: O MITO, O DESEJO, A HISTÓRIA....................................................18REFERÊNCIAS...................................................................................................................28

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Autora: Geni Aparecida Vieira de Oliveira

NRE: Cornélio Procópio

Orientador: Prof. Ms. Maurício de Aquino

Escola: Estadual Professor  Antonio  Bitonti – Ensino Fundamental

Disciplina: História

Disciplina de Relação Interdisciplinar: Língua Portuguesa

Conteúdo Estruturante: Relações Culturais

Conteúdo Específico: A questão racial no cotidiano escolar

 1 APRESENTAÇÃO

Esta unidade didática caracteriza­se como uma proposta de intervenção por 

meio de estratégias para leitura e interpretação de textos para o ensino de História. É uma 

unidade didática que contém textos de diversos gêneros e atividades para alunos de 

acordo com a orientação proposta.

 Para este estudo propomos a leitura do livro Menina Bonita do Laço de Fita 

da escritora Ana Maria Machado e textos sobre o tema a cultura afro­brasileira. A escolha 

do tema justifica­se no currículo dos alunos porque permite a compreensão das bases da 

sociedade brasileira, a situação dos negros, sua contribuição na construção da sociedade 

brasileira e a origem dos preconceitos.

   O objetivo deste estudo é  desenvolver   o espírito crítico dos alunos de 

forma a adotarem uma postura de combate aos preconceitos dentro e fora da sala de 

aula.

   Este trabalho será colocado em prática no segundo semestre de 2010 e os 

resultados serão analisados e documentados na forma de um artigo científico.

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2 INTRODUÇÃO 

Nas décadas de 70 e 80 a literatura e seu envolvimento com a História já foi muito 

discutida .por causa  das  características própria da Literatura,  envolvendo a imaginação 

e a criação de seus autores no que diz respeito   aos métodos de História e sua busca 

verdadeira  dos fatos. 

O   uso   da   Literatura   como   recurso     para   a   História     muito   nos   auxilia   nos 

trabalhos, principalmente, quando esta experiência é levada para as aulas  no ensino de 

História.

Esta prática necessita de alguns cuidados, pois é,  importante para o educador 

antes de iniciar a obra literária no ensino de História,   questioná­la , pois   esta é uma 

fonte,  como outra qualquer  e  deve ser analisada. As pesquisas atuais têm demonstrado 

uma melhor aceitação dos trabalhos que procuram aproximar a Literatura do Ensino de 

História,  tendo como objetivo a produção do conhecimento histórico, estimulando uma 

reflexão sobre a prática com literatura infantil utilizada na sala de aula e os  profissionais 

ligados   à   educação   infantil   e   ao  ensino   fundamental,   na   sua  maioria   reconhecem   a 

importância   do   trabalho   com   histórias   infantis,   mas   o   trabalho   de   pesquisa   tem 

demonstrado   que para se trabalhar com Literatura Infantil, não basta utilizá­la apenas 

como um recurso didático, é  preciso ter  um embasamento teórico sobre o assunto, e 

então utilizar outras estratégias, visando explorá­la em todos os seus aspectos, para que 

o aprendizado aconteça de forma efetiva e significativa. Para isto é preciso saber o que 

existe por trás das histórias infantis, das mensagens que elas passam, do seu significado 

psicológico, que as representações vão variar   individualmente,  e que cada vez que a 

criança lê uma história, ela obtenha uma informação nova, que vai ajudá­la a encontrar 

resposta para seus conflitos e significados, e para os seus problemas reais.

E como diria Machado (2001, p. 23): “é preciso ensinar aos alunos a beleza da 

língua e reafirmar a noção de que o livro é um amigo que está sempre do nosso lado”.

As   histórias   auxiliam   e   enriquecem   o   trabalho   em   várias   áreas   do   currículo 

escolar, formando uma interdisciplinaridade dentro da sala de aula. As histórias podem 

ser exploradas através do sensorial, despertando os sentidos ao ouvir, ao manusear o 

livro   e   visualizar   ilustrações,   e   ao   contar   aos   colegas   o  que   foi   lido   a   criança   esta 

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produzindo e aprendendo.

Recontar as histórias e reinventá­las é uma tendência natural da criança que a 

enriquece e trás satisfação em aprender.

As atuais concepções de leitura nos mostram para o entendimento que esta deve 

deixar  de  ser  um  instrumento  de  poder  dos   letrados sobre  analfabetos,  devendo  ser 

concebida como uma ferramenta que possa ser utilizada por todos, letrados e iletrados, 

como   um   instrumento   libertador       do   homem.   Ao   nos   referirmos   a   este   homem, 

consideramo­lo enquanto ser histórico e social, ou seja, determinado pelos fatos históricos 

reais e resultado das relações humanas que se estabelecem no limite da materialidade.

  Pensar   sobre   a   Literatura   Infantil,   considerando­se   a   formação   de   leitores, 

pressupõe muitas questões – inclui aqui a   questão racial – presentes na maioria dos 

contextos escolares do  Brasil.

 Parte – se do pressuposto de que as questões de formação de leitores não estão 

separadas do processo econômico, social e político.

  Em   meio   a   tantos   recursos   tecnológicos,   estimular   nos   alunos   do   Ensino 

Fundamental, hábitos   de leitura, faz­se necessário encontrar alternativas que mostrem 

aos  leitores  em  formação  o  quanto  a   leitura  pode  favorecer  outras   leituras,   tanto  de 

mundo  quanto  das próprias  experiências.   Isso,  em geral,  acontece num processo  de 

desconstrução   de   concepções   anteriormente   incorporadas   em   suas   vivências   e   de 

reconstrução de novos modelos.

As obras de Literatura Infantil, de modo geral, contribuem para a formação de 

leitores hábeis, e aquelas cujos temas estejam voltados para as questões étnico­raciais 

podem favorecer reflexões e debates   em sala de aula sobre a discriminação racial, como 

está previsto na  Lei nº 10.639/03.

A   leitura   traz  consigo  elementos  do   real,   não  só   no  aspecto  social   como  no 

sentimental e emocional.

A identificação com narrativas próximas de sua realidade e com personagens que 

vivem problemas e situações iguais as suas leva o leitor a se conscientizar sobre o seu 

papel social e ajudar para a afirmação de uma identidade étnica.

Podemos afirmar que a literatura, pelo seu caráter simbólico, pode ajudar para 

reflexões que rompam com uma visão edificada sob o fundamento da desigualdade étnico 

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racial e que se edifique  uma visão sob uma base de valorização da diversidade.

Observando  a importância do respeito à diversidade étnico­cultural que compõe o 

Brasil, o educador deve assumir uma postura de luta a todas as formas de discriminação 

e preconceito,   realçando as diferentes etnias que constituem o Brasil  e que,  de certa 

forma, estão representadas nos alunos que compõem as nossas escolas brasileiras.

Para realizar um trabalho com leitura da Literatura Infantil que contemple sobre a 

negritude no Ensino Fundamental, presumimo­nos  de que uma formação leitora  eficiente 

pode ampliar conhecimentos na direção da superação dos preconceitos, tendo em vista 

que a escola é o local correto  para  esta formação e, por isso não pode estar alheia às 

questões sociais que abrangem   o cotidiano dos alunos dentre elas a da discriminação 

racial.

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3 APRESENTAÇÃO DA AUTORA E SUA OBRA

Na vida da escritora Ana Maria Machado, os números são sempre generosos. 

São 40 anos de carreira, mais de 100 livros publicados no Brasil e em mais de 18 países 

somando mais de dezoito milhões de exemplares vendidos. Os prêmios conquistados ao 

longo da carreira de escritora também são muitos, tantos que ela já perdeu a conta. Tudo 

impressiona   na   vida   dessa   carioca   nascida   em   Santa   Tereza,   em   pleno   dia   24   de 

dezembro.

Vivendo atualmente no Rio de Janeiro,  Ana começou a carreira como pintora. 

Estudou no Museu de Arte Moderna e fez exposições individuais e coletivas, enquanto 

fazia   faculdade   de   Letras   na   Universidade   Federal   (depois   de   desistir   do   curso   de 

Geografia). O objetivo era ser pintora mesmo, mas depois de doze anos às voltas com 

tintas e telas, resolveu que era hora de parar. Optou por privilegiar as palavras, apesar de 

continuar pintando até hoje. (Site da Anamariamachado)

3.1 Menina bonita do Laço de Fita

O livro Menina Bonita do Laço de Fita é, junto com o Bisa Bia, Bisa Bel, um dos 

livros mais premiados e traduzidos da obra de Ana Maria Machado. Assim como o Bisa 

Bia, ele também é uma fonte aparentemente inesgotável de experiências vividas pelos 

leitores, como a Ana conta nesse trecho de uma palestra dada em setembro de 1996, no 

Congresso da Associação de Literatura Infantil em Montevidéu e reproduzida na íntegra 

no livro Contracorrente.

Ver mais no site www.anamariamachado.com/historias­meio­ao­contrario

3.2 A História da Menina Bonita do Laço de Fita

   Esta história começa assim:   Era uma vez uma     menina linda.Os olhos dela 

pareciam duas azeitonas pretas daquelas bem brilhantes... e a cor da sua pele, escura e 

lustrosa,   o   que   ressalta,   ainda   mais,   a   beleza   da   menina.   Na   história,   aparece   um 

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simpático coelho   branquinho, que se apaixona pela menina e procura mudar,  a  todo 

custo, sua cor. Curioso em saber como a menina tem aquela cor tão chamativa e bonita, 

perguntando “...

—  Menina bonita do laço de fita, qual é o teu segredo pra ser tão pretinha? A 

menina não sabia, mas inventou:  

  —  Ah, deve ser porque eu comi muita  jabuticaba quando era pequenina...”  a 

menina não sabia explicar a origem da sua cor e   procurava   dar  várias explicações 

estranhas   que, tentadas pelo coelho, não dão certo de maneira alguma. Entretanto o 

problema é resolvido quando a mãe da menina entra em cena, e o curioso animal vê que 

a menina herdou a cor de sua mãe.        

A   solução   da   luta,   provocada   pela   vontade   do   coelho   em   ter   filhos   como   a 

menina, só aparece no final, depois de insistir  por várias vezes, quando o coelho se casa 

com uma coelhinha negra e tem coelhos brancos, negros, cinzas, rajados, oferecendo a 

leitura da pluralidade cultural,  discussão  fundamental  para a educação no   momento.

(Portal da Educação, 2010).

  Este   é   um   clássico   que   encanta   crianças   a   adultos.   Fundamentado     nele 

sugerimos atividades para o desenvolvimento do tema da diversidade, não somente com 

o objetivo de apresentar aos alunos a riqueza da diversidade étnico cultural brasileira, 

contribuindo para que os alunos se apropriem de valores como o respeito a si próprias e 

ao outro, mas também e principalmente com o objetivo de elevar a auto estima.

   A   leitura   é   um   modo   privilegiado   de   a   pessoa   conseguir     uma   melhor 

compreensão   de   si   e   do   mundo.   Tendo   em   vista   que   a   leitura   é   uma   prática 

eminentemente   social,   o   papel   da   escola   é   ensiná­la   ao   aluno   por   meio   detalhado 

esmiuçadamente dos constituintes históricos de um texto e sua ampla significação.

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4 LEITURA DE IMAGEM

Figura 1:  Capa do Livro Menina Bonita do Laço de FitaFonte: <www.toymagazine.com.br/images/livro_moca_bonita.jpg>. Acesso em 18/05/.2010 ­

As   atividades   serão   iniciadas   pelo   professor   que   apresentará     e   questionará 

oralmente os alunos sobre a ilustração da capa do livro.Poderão ser realizadas outras 

considerações que  poderão ser adicionadas, conforme o direcionamento do comentário 

dos alunos.

• O que vocês estão vendo nesta imagem

• Quem será essa menina?

• Como ela é?

• Quais as suas características?

• Como ela parece estar se sentindo.

• Você conhece Ana Maria Machado? 

• Que histórias ela escreveu?

          Dizer o nome do ilustrador e ressaltar a importância da ilustração na leitura.

a) Antes da leitura:

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• Com quem a gente se parece?

• Todas as pessoas são iguais?

• Você também se parece com alguém de sua família?Com quem? 

4.1 Leitura do Livro                          

MENINA BONITA DO LAÇO DE FITA – (Ana Maria Machado)

b) Atividades durante a leitura

O professor distribuirá o livro e todos farão a leitura silenciosa. Logo após a leitura 

o professor fará o direcionamento e a mediação das questões abaixo, dando oportunidade 

para manifestações. “O coelho achava a menina  a pessoa mais linda que ele tinha visto 

em toda vida. E pensava:­ Ah, quando eu casar quero ter uma filhinha pretinha e linda que 

nem ela.”

• O que é ser bonito?

• Quais são os padrões de beleza presente no livro?

• O que é preciso para ser bonito?

• O que aconteceria se existisse um único padrão de beleza?

1. Localizar informações explícitas na leitura do livro

• De que fala a leitura do livro?

2. Checar  as hipóteses levantadas anteriormente

• O que você esperava encontrar nessa leitura se confirmou?

                  

  3­ Ideia principal:

• Qual a idéia principal percebida por você na leitura?

  4­ Inferir e extrapolar ideias

• Que outro final você daria a esta história?

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c) Atividades após a leitura

   

Nessa etapa do trabalho, o professor propõe uma atividade em grupo. Solicita que 

debatam nos grupos as questões propostas e depois socializem com a sala.

   Organizar debates sobre a menina, valores humanos e da diversidade étnica e 

cultural, da beleza negra e identidade, abordando questões quanto a valorização do ser 

como   um   todo,   contribuindo   com     os   alunos   na   reflexão   quanto   as   semelhanças   e 

diferenças étnicas, culturais e sociais.

Sugestões de atividades

      

• Pedir   para   que   os   alunos   criem   uma   nova   história   a   partir   do   texto   original, 

inventando novos personagens com características físicas diversas.

• Confeccionar   um   painel   com   fotografias   retiradas   de   jornais,   revistas   em   que 

apareçam pessoas negras;

• Fazer uma releitura de imagens da ilustração do livro ou de obras de artistas como 

Di Cavalcante, Debret e Tarcila do Amaral, que retrataram o povo brasileiro e sua 

negritude;

• Propor uma pesquisa sobre as diferentes nações africanas, suas características 

principais, suas diferenças e semelhanças culturais e sociais e a constituição do 

povo brasileiro a partir destas matrizes;

• Poderá fazer dramatizações de algumas partes significativas da leitura, e também 

o uso de músicas e poesias, que tem como um dos objetivos, mostrar o quanto as 

diferenças étnicas e culturais podem enriquecer a vida em sociedade.

                   

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5   HISTÓRIA   E   CULTURA   AFRO­BRASILEIRA   NA   CONSTRUÇÃO   HISTÓRICA   E 

CULTURAL 

 

Entretanto, antes da divulgação dessas visões preconceituosas sobre a África, 

esse continente foi alvo de muitas obras de árabes, europeus e dos próprios africanos, 

que  reproduziram suas principais  sociedades,  estruturas  políticas  e  econômicas,  bem 

como seus aspectos culturais,    visões   de mundo,  expressões artísticas e  formas de 

organização   familiar.   A   história   das   sociedades   africanas   foi,   durante   muito   tempo, 

deixada de lado, em grande medida devido às idéias preconcebidas sobre o continente 

africano produzidas, sobretudo pelos europeus, nos séculos  XVIII e XIX. 

Muitas    obras, seguidas   da cultura material  e de testemunhos, nos ajudam a 

entender esse continente tão próximo geográfica e culturalmente do Brasil.

Como   as   sociedades   africanas   não   apresentavam   as   mesmas   instituições 

políticas, não possuíam padrões de comportamento e visões de mundo iguais aos dos 

europeus, a conclusão só  podia ser uma: a de uma sociedade sem civilização e sem 

História.

Os africanos,  depois  de  muito  sofrimento  consegue a     travessia  do  Atlântico, 

foram trazidos para   trabalhar como escravos em várias atividades econômicas no campo 

e   na   cidade   foram  violentados  e   oprimidos     inseparáveis   ao   sistema   escravista.   No 

entanto, apesar das amarguras e das dificuldades  impostas pela escravidão no Brasil, os 

africanos e seus descendentes, convivendo com brancos d’ além mar e nacionais, pardos, 

indígenas,   crioulos   e   africanos   de   diferentes   regiões,   encontraram   meios   para   se 

organizar e manifestar as suas culturas e, dessa forma, influenciaram profundamente a 

sociedade brasileira.

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Atividade 1        

Vamos levantar os nossos conhecimentos sobre as questões abaixo: Escreva o que 

você sabe:

a. De onde vieram os negros?

b. Quem era e como viviam os africanos?

c. Quais as condições dos negros no Brasil? Como são suas condições hoje? O que 

mudou?

d. O que você  entende por diversidade étnico­racial? Dê  exemplos de diversidade 

étnico­racial que você conhece.

Os africanos no Brasil: origem e contribuições

     Figura 2: Escravidão no Brasil – DEBRET     Fonte: HTTP:///pt.wikipedia.org.       

Os  descendentes de africanos  foram trazidos para o Brasil pelo tráfico negreiro. 

O tráfico negreiro é  considerado, por sua extensão e duração, como uma das 

maiores tragédias da história da humanidade. Ele durou  mais de três séculos e tirou da 

África subsaariana (região do continente africano abaixo da linha do deserto do Saara) 

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milhões de homens e mulheres que foram arrancados de suas raízes e degredados para 

três continentes: Ásia, Europa e América, através de três rotas: a rota oriental (através do 

Oceano Índico); a rota transaariana (através do deserto do Saara e do Mar Vermelho); a 

rota transatlântica (através do Oceano Atlântico).

Todos os africanos levados para o Brasil o foram através da rota transatlântica, 

abrangendo povos de  três   regiões demográficas:  A África  Ocidental,  a  África  Centro­

Ocidental e a África Austral.

Na literatura e outros textos sobre o assunto, os  africanos escravizados no Brasil 

foram trazidos do litoral de Moçambique e do Golfo de Benim, de onde embarcaram para 

ao Brasil.  Mas de  fato,   teria vindo do  interior  das áreas citadas e de outros países e 

grupos   étnicos,   cuja   documentação   foi   em   grande   parte   queimada   .São   várias   as 

contribuições dos africanos trazidos para o Brasil, de quem descendem os brasileiros de 

hoje, são de três ordens: econômica, demográfica e cultural.

No plano econômico, os negros serviram como força de trabalho, fornecendo a 

mão­de­obra indispensável  às lavouras de cana­de­açúcar, algodão, café e à mineração. 

Uma   mão­de­obra   escravizada     sem   remuneração,   tratada   de   maneira   desumana   e 

submetida a condições de vida muito escassas. Foi graças a esse ao trabalho gratuito do 

negro escravizado que  foram produzidas as riquezas que ajudaram na construção do 

nosso país e na construção da base econômica do Brasil colonial.

No plano demográfico, os africanos ajudaram no povoamento do Brasil, tão era o 

tráfico  negreiro.  A  título  de exemplo,  a  evolução demográfica,  segundo seus autores, 

mostra que, até 1830, os negros constituíam 63% da população total, os brancos 16% e 

os mestiços 21%. A partir de 1850, data da abolição do tráfico negreiro, juntamente com a 

extinção da escravidão em 1888, a população negra começou a diminuir sensivelmente 

por causa das precárias condições de vida em que se encontrava e da mestiçagem com 

brancos e índios.

 No plano cultural, destacam­se notáveis contribuições dos negros africanos na 

língua portuguesa do Brasil entre outras.

 No plano da língua, os africanos apresentaram um vocabulário desconhecido no 

português  original   que   faz  hoje   parte   da  nossa  expressão  oral.  Muitas  palavras  das 

línguas africanas são   utilizadas no dia a dia pelos brasileiros, sem consciência de que 

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são   palavras   africanas   aportuguesadas.   São   inúmeras   as   palavras   utilizadas,   como 

exemplo: acarajé, afoxé, agogô, angu, entre outras.

 

Atividade 2

Explorando os conhecimentos prévios do texto

• Levantamento:   este   procedimento   vai   determinar   o   ponto   de   partida     para  o 

professor que  perguntará aos alunos: ­ O que sabem  sobre este conteúdo?

• Exploração   dos   significados   das   palavras   desconhecidas:   ajuda   na 

compreensão do  texto; Destacar algumas palavras como: miscigenação,  tráfico, 

afro­descendentes etc.

• Formular perguntas direcionadas a identificar as ideias centrais do texto por 

parágrafo. Como exemplo: O que está sendo narrado no 1º parágrafo?

Atividade 3

Sugestões de questionamentos       

• Qual é a situação atual da população negra brasileira?

• Existe desigualdade entre negros e brancos no Brasil?

• Será que o preconceito e a discriminação racial estão presentes em nosso cotidiano?

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   A 

Figura 3 : Escravas de Várias Etnias – DEBRETFonte: http:///pt.wikipedia.org.       

5.1 Democracia Racial existe ou se trata de um mito?  

  

5.1.1  Democracia racial: O mito, o desejo, a história

No   Brasil   a   construção   da   cidadania     se   deu   como   na   maioria   dos   países, 

iniciando – se com sua história. O encontro entre colonizadores e colonizados sempre 

aconteceu de forma ordenada  do padrão de  civilização  daquelas que ocupam o país e 

subordinam os povos   locais.  Outros  povos  introduzidos  em  tal   contexto,  sejam quais 

forem as suas origens, seja qual for o processo de inclusão no conjunto social­imigração 

livre   ou   planejada,   escravidão   etc.   Tendem,   quase   sem   exceção   na   história   da 

humanidade, a ser  forçados a ocupar espaços hierarquicamente  inferiores. De acordo 

com os conceitos contemporâneos diremos que não têm seus direitos de cidadãos

Quando os portugueses aqui chegaram implantaram seu modelo de colonização 

aos  povos   indígenas  e,em seguida,   iniciaram o       sistema escravista   como  modo  de 

produção e de organização social.

 Quase quatrocentos anos de escravidão, do século XVI até o final do      século 

XIX, como instituição legal, social e econômica, que definiu   o estilo de vida do Brasil 

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colônia e depois até um ano antes da República, representam uma realidade fundamental 

para se entender as desigualdades raciais no Brasil e o aprofundamento da ordem  dos 

direitos e da própria definição de humanidade, do humano unido  a direitos e das escolas 

de   valor   social   da   pessoa   concedidas   a   nação.   Responsável   pelo   maior   transporte 

humano da história, de várias partes de um continente para um só país – entre 5 e 3,6 

milhões   de   africanos   foram   importados   para   o   Brasil   –   a   escravidão   administrou 

estruturas, relações sociais e econômicas, valores e conceitos, visão de mundo que inclui 

visão de Estado, que tinha  por objetivo  sua permanência, sobrevivência e sobrevida, e a 

conservação dos privilégios, também sedimentados, resultantes.

O   escravo,   para   que   a   maldade   da   escravidão   se   justificasse,   não   era 

considerado um ser totalmente humano por nenhuma das instituições, inclusive a igreja. 

Os afro­descendentes resultantes  da miscigenação,  na sua maioria   filhos de relações 

destinadas a manter o sistema escravista. As práticas culturais e religiosas, a visão de 

mundo desse grupo   humano, mesmo se unidos ao modo de ser nacional, depois de 

mais   de   350   anos   de   consequência   cultural,   assim   como   sua   força   de   trabalho, 

responsável   pelo   desenvolvimento   da   economia   local,   foram   continuamente 

despreparados.   O     aspecto   físico   dos   negros   salvo   quando   se   tratava   de   servir 

sexualmente os senhores, foi agregadas à dos animais e a beleza física desagradável ou 

de pouco valor. Seu corpo era para o trabalho e sua força utilizada como a dos animais.

Se   o   movimento   abolicionista   foi   longo,   heterogêneo   e,   por   fim   vitorioso,   a 

República   apareceu   como   reação   ao   fim   absoluto   da   escravidão,   apesar   do 

comprometimento de lideranças negras no movimento republicano.

A urbanização e a industrialização do século XX apresentaram tensões graves no 

sistema de hierarquia racial  mas não elevaram as possibilidades dos afro­descendentes 

brasileiros para competir em condições iguais por habitação, saúde, educação, emprego e 

salário.

O  Estado promoveu a  imigração italiana subvencionada e a substituição da mão­

de­obra  escrava   pela   imigrantes   recém­chegados em  relação aos  negros  –   também 

eliminados do sistema de educação formal­ das promessas do Estado de  embranquecer 

a nação, da participação periférica dos afro­brasileiros no processo de industrialização, da 

fraca representatividade política, da falta de qualificação de suas referências culturais, 

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organizou­se e que pode ser chamado o sistema de eliminação racial informal. A vontade, 

a quase que necessidade brasileira de ser uma democracia racial equivocar­se com o 

mito desmobilizador longamente cultivado.

Atividade 4

Solicitar que cada aluno defina individualmente os termos:

• Preconceito

• Discriminação

• Racismo                                                              

                                                                                                                              

Depois cada aluno fará a definição , serão realizadas leituras pelos alunos e após 

será   realizada   uma definição coletiva sobre o entendimento desses  termos que será 

exposta em cartaz .

                           Com as   respostas e   definição dos termos pelos alunos, será  realizada 

atividades em que os alunos possam aprofundar seus conhecimentos nesses termos.

Atividades como pesquisa na internet,  em dicionários e enciclopédias , leitura de 

textos  e outros gêneros proposto pela professora.

Após essas atividades,  será  proposto aos alunos para     elaborarem um texto 

coletivamente   com a definição para os termos: Preconceito, Discriminação e Racismo, 

comparando com a primeira definição. 

 Atividade 5

Pense e responda:

• Você   percebe   se   há   em   nossa   sala   de   aula   e   em   nossa   escola   atitudes 

preconceituosas discriminatórias e racistas?

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• Em que situações são possíveis identificá­las?

   Após  será proposto aos alunos  que reúnam em grupo  para a  elaboração de 

um cartaz, com ações que possam realizar para que não haja mais racismo, preconceito e 

discriminação entre os alunos da escola e comunidade, assumindo responsabilidades no 

cumprimento dos direitos e deveres de cada um como cidadãos.

Atividade 6 

Sugestão de leitura de imagens

Figura 4 : Rugendas – Roda de Capoeira, 1835Fonte: http://pt.wikipedia.org       

a) Quem é o autor da gravura?  De que época?

b) Descreva os personagens representados.

c) Para que a capoeira era usada na época da escravidão? E como é usada hoje?

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Figura 5 : DEBRET – O tocador de Berimbau, 1826Fonte: http://pt.wikipedia.org       

 

a) Quem é o autor da gravura? De que época?

b) Identifique o cenário em que se passa o acontecimento.

c) Quais as atividades dos escravos  que estão aqui representadas?

 

Atividade 7

Sugestões de filmes e vídeo

Retrato em preto e branco

Direção: Joel Zito Araújo

• Sinopse: Objetiva retratar a situação de desigualdades entre negros e brancos no 

Brasil.   O   documentário   tem   linguagem   simples   e   apresenta   a   dificuldade   de 

implementação   de   leis   e   práticas   governamentais   de   combate   ao   racismo, 

desmascarando, assim, o mito da democracia racial no Brasil. Explícita o contraste 

entre   imagem   que   durante   muitos   anos   o   Brasil   manipulou   como   um   modelo 

harmônico   das   relações   raciais   e   a   realidade   de   discriminação   e   preconceito 

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vivenciado pela população negra. Brasil: 1992, 15, min.  

• Fonte: http://www.mundonegro.com.br/notícias/index.php?noticialD=388

Atlântico negro: na rota dos Orixás

Direção: Renato Barbieri

• Sinopse: Viagem no espaço e no tempo em busca das origens africanas da cultura 

brasileira. Historiadores, antropólogos e sacerdotes africanos e brasileiros relatam 

fatos históricos e dados surpreendentes sobre as inúmeras afinidades culturais que 

unem os   dois lados do Atlântico. Visão atual do Benin, berço da cultura iorubá. 

Filmado   no   Benin,   no   Maranhão   e   na   Bahia.   Fonte: 

http://wwwfundacaoastrojildo.org.br/filmes/filmes_abrir.asp?cod_filme=201

• Vídeo: “Ninguém nasce racista.” Disponível em : 

<http://www.youtube.com/watch?v>

O vídeo Ninguém nasce racista, foi elaborado por um grupo de alunas do ensino 

médio, de uma escola de Brasília. É um vídeo de cinco minutos e quinze segundos e nele 

é apresentado alguns exemplos de manifestações de racismo.

Racismo

O racismo é burrice

Mas o mais burro não é o racista

É o que pensa que o racismo não existe

O pior cego é o que não quer verdadeiramente

E o racismo está dentro de você

Porque o racista na verdade é um tremendo babaca

Que assimila os preconceitos porque tem cabeça fraca

E desde sempre não pára para pensar

Nos conceitos que a sociedade insiste em lhe ensinar

E de pai pra filho o racismo passa

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Em forma de piadas que teriam mais graça

Se não fossem o retrato da nossa ignorância

Transmitindo a discriminação desde a infância

E o que as crianças aprendem brincando

É nada mais nada menos do que a estupidez se propagando

Qualquer tipo de racismo não se justifica

Ninguém explica

Precisamos da lavagem cerebral pra acabar com esse lixo que é uma herança cultural...

        Fonte: Letra de música de Gabriel, O pensador, Lavagem cerebral, disponível no site 

<www.vagalume.com.br/gabriel­pensador>. Acesso em 20/05/2010

Preconceito racial

O preconceito   é um conceito antecipado  que os membros de uma raça, de uma 

etnia, de um grupo, de uma religião ou mesmo de indivíduos constroem em relação ao 

outro. Esse conceito antecipado apresenta como característica principal a inexorabilidade, 

pois tende a ser mantido a qualquer custo, sem levar em conta os fatos que o contestem. 

Trata­se do conceito ou opinião formada antecipadamente, sem maior prudência 

ou conhecimento dos fatos. 

O   preconceito   abrange   a   relação   entre   pessoas   e   grupos   humanos   e   o 

conhecimento  que o indivíduo tem de si mesmo e também do outro.

  Ninguém nasce preconceituoso: são adquiridos socialmente, no   convívio com 

outras pessoas. Todos nós cumprimos um longo caminho para viver em sociedade que se 

inicia na família, vizinhança, escola, igreja, círculos de amizades e até na introdução em 

fundações enquanto profissionais ou atuando em instituições enquanto profissionais ou 

atuando   em   comunidades   e   movimentos   sociais   e   políticos.   Sendo   assim,   podemos 

considerar   que   os   primeiros   julgamentos   raciais   apresentados   pelas   crianças   são 

resultados  do seu contato com o mundo adulto. As posturas  raciais de índole  negativos 

podem, somar   forças   na medida em que se familiariza   em um mundo que coloca as 

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pessoas constantemente diante do trato negativo de todas as formas de discriminação 

racial.

A longa duração do preconceito racial em nosso país nos mostra a existência de 

um sistema social   racista  que possui  automatização para construir  as  desigualdades­ 

raciais  dentro  da  sociedade.  Por   isso,   faz­se  necessário  debatermos a superação do 

preconceito, juntamente com as formas de superação do preconceito, juntamente com as 

formas   de   superação   do   racismo   e   da   discriminação   racial.

                              

 Discriminação racial 

Mas afinal o que é a discriminação?

Atualmente, o tema de discriminação racial ainda é de difícil abordagem no Brasil. 

Historicamente, alimentamos uma idéia  de que a sociedade brasileira representa uma 

democracia racial, uma pacífica relação entre branco e negro. Porém, a realidade social 

brasileira   tem mostrado bem mais cruel  em relação a população negra  do que  tenta 

demonstrar em seus discursos demagógicos.

O que geralmente  ocorre com os pobres e  adolescentes  pertencentes  a  raça 

negra, é  que são vistos como perturbadores da ordem e, em conseqüência,  têm sido 

também alvo preferencial da segurança pública.

No   Brasil,   parece   ocorrer   totalmente  o   contrário   do  que   acontece  em  outros 

países, onde, o isolamento dos negros é claro e violento, como é o caso dos Estados 

Unidos e África do Sul que vivem a separação racial de maneira visível. Em nosso país 

essa discriminação acontece de forma camuflada, nas diferenças sociais, nos olhares e 

comportamentos. A famosa frase "negro de alma branca" parece ser um bom exemplo 

sobre como tal discriminação pode ser perversa. Existem ainda infinidades de outros ditos 

populares, como, " negro parado é  suspeito correndo é   ladrão",  isso denuncia o perfil 

discriminador que ainda faz parte do cotidiano dos brasileiros (RIBEIRO, 1995).  

Observando   os   crimes,   como   roubo,   tráfico   de   drogas,   estupro   e   extorsão 

mediante sequestro, e levando­se em consideração as diferenças raciais entre os réus, 

pode­se   concluir   que   entre   os   crimes   de   roubo   qualificados,   os   réus   negros   são 

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condenados com maior frequência do que os réus brancos, além disso, a discriminação 

racial  não está  expressa apenas nas sentenças, mas marca toda a passagem desses 

réus pelo sistema judicial, principalmente ao acesso às garantias constitucionais de ampla 

defesa, apresentação de testemunhas e acompanhamento de um advogado.

Se fizermos um retrocesso da história de poucas décadas passada, fica prova da 

discriminação e  o  desrespeito  com a   raça negra.  Os governantes  do  Brasil,  atraíram 

migrantes   europeus   para   melhorar   a   raça,   a   eles   deram   lotes   de   terras   e   ajuda 

econômica, coisa que nunca foi feito, e até proibido, aos pertencentes da raça negra.

As   atuais   classes   dominantes   brasileira,   feitas   de   filhos   e   netos   dos   antigos 

senhores  dos  escravos,   guardam,  diante  do  negro  a  mesma  atitude  de  desprezo,   a 

mesma visão de que o negro, o mulato e o branco pobre são o que há de mais "ralé", a 

preguiça, a ignorância e a criminalidade, são explicadas como características da raça e 

não como resultado da escravidão e da opressão. Mas, o negro no Brasil aproveita cada 

oportunidade que lhe é dada para expressar o seu valor, isso ocorre em todos os campos 

que não exige escolaridade, é o caso da música, futebol e outros mais.

Ocorre   também   no   Brasil,   desejar   que   os   negros   desapareçam   pela 

"branquização" progressiva, na verdade o que está ocorrendo é uma "morenização" dos 

brasileiro, ela se faz tanto pela "branquização" dos negros, como pela "morenização" dos 

brancos. 

Segundo Darcy Ribeiro (1995) em sua obra, (O povo brasileiro), no futuro, num 

Brasil de 300 milhões de pessoas, haverá uma população morena em que cada família, 

terá por vezes uma negrinha retinta ou um branquinho desbotado. 

Como sabemos,  o crime é  um fato  jurídico,  mas, não podemos esquecer que 

apresenta os aspectos humanos e sociais. Isso demonstra, claramente, que a democracia 

racial é possível, mas só é praticável conjuntamente com a democracia social. Ou bem há 

democracia para todos, ou não há democracia para ninguém.

Sugestões de Leitura

• O Negro no Brasil de Hoje – Munanga, Kabengele; Gomes, Nilma Lino, São Paulo: 

Global, 2006.

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• A história dos escravos, Lustosa, Isabel, Companhia das Letras, 1998;

• A escravidão no Brasil, Pinsky, Jaime. São Paulo: Contexto, 2000;

• A cor da ternura, Guimarães, Geni, São Paulo: FTD 1989;

• Cidadania   em   preto   e   branco:   discutindo   as   relações   raciais,   Bento,   Maria 

Aparecida Silva: São Paulo: Ática, 1998;

• Do outro lado tem segredos, Machado, Ana Maria, Editora Nova Fronteira S.A, Rio 

de Janeiro, 2005;

• Diferenças e preconceito na escola – Alternativas teóricas e práticas, Coordenação 

de Julio Groppa Aquino, São Paulo Summus, 1998AZEVEDO, Margarete. Leitura 

recomendada para menores. Revista Kalunga e  Spiral da Brasil. São Paulo, Ano 

XXVIII, nº123, pp.15­19, Abril de 2001.

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REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Joel Zito. Disponível em:<http://www.mundonegro.com.br/notícias/index.php?noticialD=388>. Acesso em 10.05.2010.

BARBIERI.   Renato.  Ninguém   nasce   racista.  Disponível   em: <http://www.youtube.com/watch?v=>. Acesso em 10.05.2010. 

BAMBERGER,  Richard.  Como  incentivar  o  hábito  de   leitura.  Tradução  de  Octávio Mendes Cajado. 6ª edição. São Paulo: Ática, 1995.

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