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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
NRE: Jacarezinho – Paraná
AUTOR: Antônio Néia
ESCOLA: CEEBJA – Professora Geni Sampaio Lemos
DISCIPLINA: Biologia – Ensino Médio
CONTEÚDO ESTRUTURANTE: Manipulação Genética
CONTEÚDO ESPECÍFICO: Organismos Geneticamente Modificados –
Transgênicos
DISCIPLINA DA RELAÇÃO INTERDISCIPLINAR 1: Química
DISCIPLINA DA RELAÇÃO INTERDISCIPLINAR 2: História
OS TRANSGÊNICOS SERÃO FERRAMENTAS FUNDAMENTAIS PARA A EVOLUÇÃO CIENTÍFICA NESTE NOVO MILÊNIO?
Fonte: http://www.vitadelia.com/images/2009/01/alimentos-transg.jpg; acesso em 12/06/2010.
Muitas incógnitas sobre os transgênicos...
Quando você vai ao supermercado para fazer compras, verifica se os
alimentos comprados são transgênicos?
1
Atualmente, há muitas discussões sobre esta nova modalidade de
alimentos. Muitos professores e pesquisadores são a favor dos OGMs, mas há,
também, instituições que os condenam, alegando que a saúde humana está
em risco, assim como o meio ambiente.
As pesquisas no ramo da transgenia são caras; assim, as empresas
particulares de biotecnologia estão empregando um alto capital para o
desenvolvimento de novas técnicas baseadas nestes alimentos, tanto em
plantas como em defensivos. Se as empresas governamentais não entrarem
com força nesse mercado, os agricultores ficarão à mercê das multinacionais.
Com o começo da agricultura há 11 mil anos, iniciou-se, também, o
melhoramento genético, através do cultivo de plantas selvagens. Tentava-se
adaptá-las a determinados locais, selecionando-se as sementes de maior
produtividade, melhor sabor ou as que possuíam menos características
indesejáveis, como, por exemplo, espinhos.
A biotecnologia utiliza, há milhares de anos, organismos vivos para a
produção e fabricação de produtos utilizados pelo homem. Os
microorganismos, como leveduras, são usados para a fermentação,
preservação e formação de sabor de muitas bebidas e alimentos do dia-a-dia,
tomando-se como exemplo iogurtes, queijos, embutidos, picles, pães, massas,
cervejas, vinhos, sucos, aspartames, etc.
A ciência da Genética teve início com o monge austríaco Gregor Mendel
que, em 1865, através do cruzamento de ervilhas, descobriu as leis da
hereditariedade. Para saber mais sobre estas leis, você pode ver o vídeo
disponível em http://www.youtube.com/watch?v=pvaHsMqHuoE ou você pode
consultar em http://www.coladaweb.com/biologia/genetica/leis-de-mendel.
No decorrer do século XX, houve um grande avanço nos melhoramentos
genéticos no que diz respeito ao aumento da produtividade e da qualidade das
plantas, além da obtenção de diversas variedades, resistentes à seca e às
pragas (fungos, vírus, bactérias), e do surgimento de novas técnicas – técnicas
estas que permitiram a criação e o cultivo em laboratórios de plantas híbridas;
com relação aos animais, as cabras e as vacas começaram a produzir mais
carne ou leite, enquanto os porcos passaram a ter menos teor de gorduras e
mais carne.
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Em 1953, Francis Crick e James Watson descobriram a estrutura do
DNA, a dupla hélice. Dez anos mais tarde, Crick e Sidney Brenner
desvendaram o processo pelo qual o gene ordena a produção de determinadas
proteínas.
O que são e onde estão localizados os genes?
A biotecnologia moderna rompeu barreiras – até então impossíveis –
retirando o gene de uma espécie e transferindo-o para outra. Esses novos
genes introduzidos passam a fazer parte do organismo que o recebeu
passando a sintetizar determinado produto que antes não produzia.
Os organismos geneticamente modificados são frutos da Engenharia
Genética, criada pela biotecnologia moderna através do DNA recombinante em
laboratório, afinal isto é impossível de ocorrer na natureza. Um organismo é
transgênico quando é feito uma alteração em seu genoma.
Nem todos os OGMs são transgênicos. Os OGMs são aqueles que
sofreram alteração em seu código genético por métodos ou meios que não
ocorreram naturalmente; já os transgênicos são OGMs criados em laboratório
com a utilização de genes de espécies diferentes de animais, vegetais ou
microorganismos – pode ser vegetal com bactéria, bactéria com vírus, animal
com inseto, animal com vegetal, vírus com animal, etc.
O DNA recombinante designa o resultado obtido a partir de pedaços de
DNA de fontes diferentes ligados entre si. Às vezes, o DNA provém de dois
organismos diferentes como o caso do gene para insulina ligado ao DNA e da
bactéria. Outras vezes um pedaço de DNA de um organismo pode ser ligado a
um DNA sintético produzido em laboratório pela junção de nucleotídeos na
sequência desejada.
Você acha que as pessoas estão bem informadas sobre os produtos
transgênicos?
Ácidos nucléicos – Há dois tipos de ácidos nucléicos: o DNA (ácido
desoxirribonucléico) e o RNA (ácido ribonucléico); são substâncias que
armazenam informações genéticas em todos os seres vivos.
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Os ácidos nucléicos são constituídos por pequenas unidades chamadas
nucleotídeos, que formam uma longa molécula chamada de polinucleotídeos.
Cada nucleotídeo é formado pela união de três moléculas: ácido fosfórico (P),
pentose (açúcar com 5 carbonos) e uma base nitrogenada.
.
Fonte: http://img138.imageshack.us/img138/7420/biotecnologia.jpg; acesso em 12/06/2010.
TABELA QUE DIFERENCIA O DNA DO RNA
DNA RNA
PENTOSE DESOXIRRIBOSE RIBOSEBASES PIRIMÍDICAS CITOSINA E TININA CITOSINA E URACILABASES PURÍNICAS ADENINA E GUANINA ADENINA E GUANINA
CADEIAS DUAS ( DUPLA HÉLICE) UMA ( SIMPLES)LOCALIZAÇÃO PRINCIPALMENTE NO
NÚCLEO
NÚCLEO E
CITOPLASMAFUNÇÃO HEREDITARIEDADE E
CONTROLE DA
ATIVIDADE CELULAR
SÍNTESE DE
PROTEÍNAS
A molécula do DNA é semiconservativa – cada molécula-filha conserva
uma metade vinda da molécula-mãe.
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O DNA forma longas moléculas chamadas cromossomos dentro do
núcleo das células. É também chamado de “o livro da vida”, pois contém todas
as informações utilizadas pelas células para funcionamento próprio. A primeira
impressão ao ler o livro da vida é de absoluta desinformação, pois o que existe
é apenas a sopa de letras A, T, C, e G. No entanto, as letras contém as
informações. Se o código genético é como o livro da vida, cada gene seria uma
página, tal qual um livro de receita. A primeira parte do gene contém a
informação de quando, onde e quanto usar a receita. A segunda parte é a
receita em si. O último módulo é um aviso, informando que a receita acaba ali.
Debate em classe: o que é manipulação genética?
Leia o documento “manipulação genética” do Prof. Pietro Croce
disponível em www.fbav.org.br/genética e assista ao vídeo disponível em
http://www.youtube.com/watch?v=1s1MqVFUe_8.
E a polêmica continua...
Com a entrada dos transgênicos para a comercialização, houve uma
corrida muito grande, a qual envolveu muito dinheiro das empresas de
biotecnologia ligadas à agricultura e à pecuária. Muitos desses produtos foram
lançados ao mercado sem os devidos cuidados, como, por exemplo, testes
para comprovar sua eficiência.
Esta discussão envolve questões complexas, como saúde, economia,
segurança, meio ambiente, entre outras.
As empresas que produzem OGMs argumentam em cima das vantagens
da utilização dos produtos por elas desenvolvidos; parte da comunidade
científica alega que os transgênicos podem mudar radicalmente para melhorar
o cenário da agricultura mundial. Professores e pesquisadores de diversas
entidades destacam a necessidade de maior apoio governamental às
pesquisas biotecnológicas para que o Brasil não fique à margem dos avanços
tecnológicos.
Distribuição das empresas de biotecnologia no Brasil por setor de atuação
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Fonte: http://www.agrobac.com.br/pt/img/pt-br/graf_biotecnologia_no_brasil_01.jpg; acesso em 12/06/2010.
Por outro lado, parte da sociedade civil, por meio de institutos de defesa
do consumidor, grupos ecológicos, conselho de medicina e outras instituições
(até mesmo a Igreja), vê nestes produtos vários tipos de ameaças, opondo-se
obstinadamente à sua entrada.
Argumentos contra os transgênicos:
• A contaminação genética pode ter um efeito devastador na
biodiversidade do planeta. Esse fenômeno pode ser causado através do
fluxo de genes de plantas OGMs por meio da polinização. Quando se
libera OGMs na natureza, coloca-se em risco uma variedade imensa de
sementes nativas que vêm sendo cultivadas há anos pela humanidade;
• Os agricultores que cultivam plantas convencionais ou orgânicas
afirmam que, caso haja plantação transgênicas nas imediações, estas
serão contaminadas. Com esse contágio, os produtores ficarão no
prejuízo, afinal não poderão vender sua safra como convencional ou
orgânica;
• O produtor também fica dependente das empresas de biotecnologia, não
podendo guardar suas sementes de um ano para o outro; e, caso haja
algum problema de contaminação genética em outra plantação e ele não
tiver como provar, poderá ser processado;
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• As empresas de biotecnologia admitem que os transgênicos não foram
criados para serem mais produtivos, mas sim para serem mais
resistentes aos agrotóxicos fabricados por elas mesmas. A empresa
Monsanto é hoje a maior produtora de sementes do mundo,
convencionais ou transgênicas.É também uma das maiores fabricantes
de herbicidas (Roundup);
• Com essa venda casada – semente transgênica mais herbicida ao qual
a planta é resistente –, os agricultores ficam presos num ciclo vicioso,
totalmente dependente de poucas empresas e de políticas de preços
adotados por elas;
O que se pode fazer para garantir que o Brasil não se torne
completamente dependente da tecnologia desenvolvida por meia dúzia de
multinacionais?
• Com o tempo, o uso excessivo de herbicida provoca problemas no solo,
nos lençóis freáticos e até mesmo nos trabalhadores, além do
surgimento de pragas resistentes ao herbicida, exigindo mais e mais
aplicações;
• Num primeiro momento, os transgênicos podem até ser mais produtivos
do que cultivos convencionais ou orgânicos, mas, a médio e longo
prazo, há uma tendência de redução na produção e de aumento dos
preços dos insumos, como o glifosato;
• Outro problema verificado no Brasil é a ineficácia da lei da rotulagem,
em vigor desde 2004, que obriga os fabricantes de alimentos a rotular as
embalagens de todo o produto que contenham 1% ou mais de matéria-
prima transgênica. Há milhares de produtos nas prateleiras de nossos
supermercados que chegam à mesa das pessoas sem a devida
informação sobre de substâncias OGMs;
Qual o interesse de uma empresa em rotular determinado produto como
transgênico e seus derivados se as vendas poderão cair?
7
Fonte: http://centrodeestudosambientais.files.wordpress.com/2009/04/transgenico1.jpg; acesso em 12/06/2010.
• Exemplo de transgênicos em nossos supermercados: leite em pó
Nestogeno, sopa Knorr, salsichas Swift, batatas fritas Pringles, sopa de
tomate, milho, sorvetes, chocolates, molhos, coberturas para bolos e
sobremesas, pipocas, alimentos para bebês, biscoitos, ketchup, massas,
etc;
• A ameaça à saúde humana também é um problema. O aumento do
potencial de alergia e de toxidade e a transferência de genes de
antibióticos para o sistema digestório do homem cria uma resistência
das bactérias contra estes medicamentos;
• Com a nova técnica do DNA recombinante, a Engenharia Genética cria
armas biológicas poderosas, em especial com as bactérias, o que
aumenta assustadoramente a capacidade de produzir catástrofes. Pode-
se usar armas biológicas para a destruição de vegetais cultivados e
gado criado quando se trata, por exemplo, da destruição da economia
de um país; também se pode criar armas visando à utilização para fins
militares. Como terrorismo até em grande escala contra populações
inteiras, as mais usadas são: dengue, butolismo, antraz e peste
utilizando vírus e bactérias resistentes a qualquer tipo de antibiótico.
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Argumentos a favor dos transgênicos:
• Atualmente, a Engenharia Genética e suas pesquisas estão muito
avançadas na área médica sobre drogas bioengenheiradas; estas
poderão, num futuro bem próximo, propiciar a redução de rejeição de
órgãos transplantados. Especula-se, ainda, sobre transplantes entre
espécies diferentes;
• Possível obtenção de órgãos de animais transgênicos para transplantes
em seres humanos (coração de porcos);
• Geração de animais resistentes a doenças, reduzindo-se os custos com
drogas e a intoxicação delas decorrentes;
• Obtenção de animais com crescimento mais rápido (dourado e tilápia.
por exemplo, que crescem quatro vezes mais que o convencional) e com
menor teor de gordura na carne, no leite e nos ovos;
• O hormônio que o diabético precisa tomar diariamente para controlar a
doença, a insulina, tempos atrás era extraída do pâncreas de bois e porcos,
do qual se obtinha hormônio semelhante, mas não igual ao produzido pelo
pâncreas humano, pois, com o tempo, havia rejeição. Atualmente, a insulina
é fabricada por bactérias transgênicas que receberam gene humano,
produzindo um hormônio igual ao humano que não provoca rejeição. Com
esse processo, além da fabricação em escala comercial, não é necessário
que se abata uma grande quantidade de bois ou porcos. Outro fator de
melhoria é a redução do preço do remédio. O mesmo ocorre na produção
do hormônio do crescimento: antigamente extraído da hipófise dos
cadáveres, hoje através da técnica do DNA recombinante;
Curiosidade: Você sabia que o gene da insulina foi o primeiro gene a ser
clonado através de uma técnica que consiste em modificar genéticamente a
bactéria Escherichia coli que a forma capaz de produzir o hormônio citado.
Se as bactérias forem mantidas vivas em crescimento tornam-se
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verdadeiras fábricas de produtos exatamente iguais aos que o organismo
humano produz.
• Outros medicamentos também produzido a partir de bactérias transgênicas
são: fator de coagulação para hemofílicos, interferon humano, vacinas e
proteínas usadas em suplemento alimentares, como o triptofano e a lisina.
Já são mais de quatrocentos produtos médicos obtidos a partir de
microorganismos transgênicos;
• As plantas geneticamente modificadas recebem características que suas
antecessoras não tinham, o que as torna mais resistentes ao ataque de
insetos e doenças, reduzindo-se a utilização de agrotóxico e defensivos.
Esta redução já representa um ganho, uma vez que os agrotóxicos
respondem por grande parcela dos danos causados ao meio ambiente;
• As plantas transgênicas inseticidas são OGMs sintetizados em laboratório,
criados para produzir proteínas tóxicas em suas estruturas, como folhas,
troncos, raízes;
• A adaptação é outra vantagem dos transgênicos. As plantas OGMs se
adaptam às mais variadas características de solo e variações de
temperatura, além de uma série de outras condições de plantio, etc;
• A transgenia permite o desenvolvimento de alimentos como: frutas e
hortaliças que demorem mais para amadurecer, reduzindo perdas;
• Um bom uso da transgênese vegetal é a transformação das plantas em
biofábricas, ou seja, plantas capazes de produzir vacinas, hormônios,
polímeros biodegradáveis, melhorar o sabor dos frutos, aumentar o número
de fibras, etc;
• Plantas transgênicas funcionam como biorreatores para a produção de
fármacos protéicos: anticorpos, antígenos, vacinais, hormônios, soro
albumina humana, anticoagulantes e enzimas. A produção de anticorpos
em plantas pode ter aplicação in-situ e ex-situ. Na aplicação in-situ (no
lugar), o anticorpo recombinante age como um reagente na própria célula
em que foi sintetizado, podendo ser utilizado para modular a atividade in
vivo (experimento realizado em ser vivo) de um determinado antígeno, ou
ainda como uma forma de promover imunização intracelular contra
patógenos; já o uso ex-situ (fora do lugar) pode ser aplicado de diversas
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formas, tais como: controle da poluição ambiental, produção de reagentes
industriais, sensores moleculares, reagentes para diagnósticos, soros
contra toxinas e venenos, inibidores de infecção e infestação,
contraceptivos e terapia contra o câncer.
A produção de antígenos vacinais apresenta grandes vantagens de
custo. Quando incorporados em plantas comestíveis, eles permitirão a
inoculação da vacina diretamente através da ingestão, sem processamento
prévio. As vacinas orais e nasais requerem meios menos sofisticados de
administração, redução no número e treinamento do pessoal envolvido em
campanhas de vacinação em massa. O emprego em plantas comestíveis na
produção de vacinas merece cuidados, especialmente com relação à
dosagem. O uso excessivo ou inadequado pode induzir tolerância dos
antígenos.
Fonte: http://brasiliamaranhao.files.wordpress.com/2009/04/milho.jpg; acesso em 12/06/2010.
Exemplo de alguns alimentos vegetais transgênicos que estão para ser
ou já foram lançados no mercado:
• Arroz dourado – O pesquisador Ingo Potrykus, do Instituto Federal de
Tecnologia Suíça, produziu o arroz transgênico com betacaroteno no
endoplasma da semente a partir de genes da planta narciso e da
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bactéria Erwinia. Ao contrário do milho Bt e da soja Roundup-Ready,
que beneficia somente os produtores, o arroz dourado beneficia o
consumidor;
• Mamão papaia – Em 1992, uma praga de vírus ameaçou destruir toda a
população de mamão papaia no Havaí. Em 1995, foram produzidas
variedades transgênicas de papaias resistentes ao vírus, recuperando-se as
plantações da planta;
• Batata – A partir de genes de mariposa, foi produzida a batata transgênica resistente ao fungo causador da peste que dizimou as plantações de batatas na Irlanda em 1840. Testes preliminares em ratos mostraram que substâncias derivadas desses genes são inofensivas, mas permanece a preocupação com os efeitos ambientais. Outro tipo de batata geneticamente modificada por pesquisadores da Universidade de Cornell (EUA) pode ajudar no desenvolvimento de uma vacina comestível contra o HPV, ou vírus do papiloma humano, principal causador do câncer do colo do útero;
• Soja transgênica (soja RR) – A soja Roundup-Ready, resiste ao herbicida Roundup, produzido pela multinacional Monsanto. Assim, o herbicida passa a afetar apenas as ervas daninhas que prejudicam as plantações de soja, provocando a redução de gastos com herbicidas e o aumento da produção. A desvantagem pode estar nos efeitos danosos ao ambiente e à saúde humana. Os genes alterados da soja podem atingir outras plantas, também alterando seu genoma, com efeitos nocivos sobre a diversidade biológica. Já os riscos à saúde humana estão relacionados a efeitos alergizantes gerados pela variedade transgênica;
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Fonte: http://3.bp.blogspot.com/_6886BCkrAL0/SH1EYmFZCmI/AAAAAAAABlE/i3FOobmyu_w/s400/agriculture
%5B1%5D.jpg; acesso em 12/06/2010.
• Milho Bt – O milho transgênico Bt foi modificado a partir da inserção de gene da bactéria Bacillus thuringiensis, produtores de uma substância inseticida. O milho produz, em sua seiva, uma toxina que mata as lagartas que o atacam – essa mesma técnica é usada no algodão. É como se a planta se tornasse um agrotóxico para a praga, matando-a assim que ela a come. Criou-se uma polemica em 1999, quando o cientista Jhon Losey, da Universidade Cornell, efetuando experimentos em estufas, espalhou pólen do milho Bt em plantas que serviam de alimentos a lagartas da borboleta monarca. A maioria das lagartas morreu. Cresceu, então, o temor de que o mesmo poderia ocorrer na natureza, a partir do espalhamento do pólen do milho modificado, colocando em risco a sobrevivência de insetos úteis para o ambiente. No entanto, experimentos efetuados por Bruce Tabashnik, da Universidade do Arizona, e por May Berenbaum, da Universidade de Illinois, em milharais americanos revelaram que os riscos para essa e outras espécies de borboletas são mínimos. No entanto, permanece a recomendação de que haja cuidados na liberação de variedades transgênicas de outras espécie vegetais.
Você sabia? Existe um peixe novo, uma nova espécie transgênica que é obtida através da mistura de genes de água-viva fosforecente com um peixe paulistinha, que brilha no escuro no aquário?
Exemplo de alimentos transgênicos consumidos em diversos países: arroz, abóbora, batata, canola, milho, soja, mamão, tomate, mandioca, inhame, batata-doce, trigo. Ainda há tabaco e algodão, que são utilizados na indústria.
Você sabia? Os cientistas conseguiram fazer cópias do gene que orienta a síntese de enzima luciferase, existente em vaga-lumes. Essa enzima atua em uma substância chamada luceferina e, em presença de oxigênio e ATP, provoca a emissão de luz nesses insetos. O gene foi inserido em células embrionárias de plantas de tabaco. Após o crescimento, a pulverização de luceferina promoveu um espetáculo maravilhoso: as plantas de tabaco emitiam luz!
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Fonte: http://s.ngeo.com/wpf/media-live/photos/000/118/cache/tobacco-plant-glowing-animals_11828_600x450.jpg; acesso em 12/06/2010.
Biossegurança – A Lei de Biossegurança no Brasil (lei nº 11.105/05) é regulamentada pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CNTBio), que estabelece o controle em relação ao plantio e à comercialização de OGMs em território nacional. A lei estipula que cada caso seja examinado por dois órgãos: o próprio CNTBio e o Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS). O primeiro regulariza e fiscaliza as normas de pesquisas e implementação experimental de lavouras de transgênicos. O segundo, hierarquicamente, é incumbido de avaliações socioecononicas – tais como para fins comerciais – e tem poder de renovação de decisões comerciais anteriores.
Debate em classe: o que mais diz a legislação brasileira sobre os transgênicos? Ela está correta ao tomar essas posições?
Ser ou não ser: eis a questão!
Ainda hoje, conforme o que foi discutido, existem muitas dúvidas e
incertezas em torno deste assunto, que merece especial atenção. Apenas boas
informações sobre o mesmo podem ajudar a sociedade como um todo na
formação de opiniões fundamentadas e no posicionamento acerca do tema.
Questões:
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A reprodução sexuada pode ser considerada um tipo de transgenia?
Como garantir que os genes manipulados não contaminarão outros
organismos nas imediações das plantações?
Qual a importância social da rotulagem dos produtos e derivados de
transgênicos?
Discussões para finalização do trabalho:
Como garantir ao consumidor ou ao produtor rural o direito de não
aceitar e não conviver com OGMs na região em que vive?
Como fiscalizar se os produtos são ou não transgênicos se não há um
número suficiente de técnicos no Brasil para realizar tal trabalho e se os
poucos que existem não estão preparados para reconhecer todos os
transgênicos?
Como garantir e assegurar a confiabilidade da rotulagem?
Afinal, você é contra ou a favor dos transgênicos?
O que significa?
Adaptação Processo pelo qual um indivíduo desenvolve mecanismos que o
permitem sobreviver às condições adversas do ambiente.
Anticoagulante Substância que evita a coagulação, especialmente a do
sangue.
Anticorpo Proteína produzida pelo sistema imunológico em resposta a
qualquer agente agressor, com os quais reage especificamente.
Antígeno Toda substância estranha ao organismo. Provoca uma resposta
imunológica com a formação de anticorpos específicos.
Biotecnologia Ciência que utiliza processos biológicos para desenvolver
produtos ou serviços.
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Cromossomo Estrutura nuclear que contém o DNA da célula e as
informações necessárias para o funcionamento da mesma. Os cromossomos
transmitem o material genético de uma geração à outra.
Endoplasma Parte mais interna do citoplasma. Granulosa e menos hialina, é
onde predominantemente se localizam os orgânulos citoplasmáticos e o
retículo endoplasmático.
Enzima Toda proteína capaz de funcionar como um catalisador orgânico, isto
é, acelerar a velocidade das reações químicas.
Gene Unidade da hereditariedade que contém informações relacionadas à
produção de determinadas proteínas.
Genoma Conjunto de genes que constituem o patrimônio genético hereditário
característico de um organismo ou indivíduo.
Híbrido Produto do cruzamento entre espécies diferentes, mas do mesmo
gênero. Atualmente se chama de heterozigoto, geralmente estéril.
Hormônio Substância produzida por glândulas endócrinas que, uma vez
lançada ao sangue, vai agir como mensageiro químico, estimulando ou inibindo
as funções de certas células ou órgãos.
Interferon Substância de natureza protéica produzida pelos tecidos vivos,
notadamente pelo fígado, agindo como fator antiviral.
Patógeno Agente causador de doenças.
Peptídeo Composto resultante da união entre dois ou mais aminoácidos.
Proteína Composto orgânico formado por unidades chamadas aminoácidos.
Pode ser formado por mais de uma cadeia peptídica. Possui várias funções nos
seres vivos, desde controlar as reações químicas até formar estruturas como o
cabelo. Ainda pode atuar como hormônios.
Soro albumina Equivale a 50% das proteínas sangüíneas, também chamadas
de serinas.
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Fonte: http://4.bp.blogspot.com/_GCsLVCIkApw/SX3lgqiqmRI/AAAAAAAAAAk/6JRsEf1YwOs/s320/transgenicos.
gif; acesso em 12/06/2010.
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GRECO, Alexandre. Transgênicos, o avanço da biotecnologia. São Paulo:
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17
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LEITE, Marcelo. Os alimentos transgênicos. São Paulo: Publifolha, 2000.
MENOSSI, Marcelo. Transgênicos e seus benefícios para o meio ambiente e a saúde humana. In:
http://www.cib.org.br/apresentacao/apres_menossi_doc.pdf. Acesso em 10 de
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MUNDO VESTIBULAR. O DNA: organismos transgênicos. In:
http://www.mundovestibular.com.br/articles/219/4/O-DNA/Paacutegina4.html.
Acesso em 10 de maio de 2010.
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Brasília: Embrapa - SPI / Embrapa - CNPH, 1999.
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Paulo: Scipione, 1993.
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Publicado em 31 de agosto de 2007 (atualizado em 17 de julho de 2008).
VANZELA, André Luís Laforga e SOUZA, Rogério Fernandes de. Avanços da
Biologia Celular e da Genética Molecular. São Paulo: Editora UNESP, 2009.
18