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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE
VOLU
ME I
“QUEM ME DERA AO MENOS UMA VEZ EXPLICAR O QUE NINGUÉM CONSEGUE ENTENDER”. USOS DA CANÇÃO POPULAR BRASILEIRA NA AULA DE HISTÓRIA.
Geraldo Alves1 Orientador: Profº Drº.Anderson Prado2
Resumo A produção deste artigo é resultado do conjunto de atividades realizadas pelo
Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE – 2009. Consiste em investigar
os usos, possibilidades e limites da canção popular brasileira enquanto fonte
histórica no processo de ensino e aprendizagem levando em consideração o
contexto histórico. A canção selecionada é Índios da banda Legião Urbana, um dos
grupos ícones do rock brasileiro da década de 1980, e que será relacionada com o
conteúdo histórico A escravização indígena no Brasil Colonial. O público alvo é
constituído por jovens alunos do segundo ano do Ensino Médio do Colégio Estadual
Alfredo Parodi em Curitiba, Paraná. A partir da investigação e sistematização das
idéias prévias dos alunos sobre a canção, por meio da produção de narrativas, será
pensada e realizada uma intervenção pedagógica visando possibilitar a progressão
do conhecimento histórico, na perspectiva da Educação Histórica.
Abstract The production of this article is the result of the set of activities performed by the Program for Educational
Development - PDE - 2009. Is to investigate the uses, possibilities and limits of Brazilian popular songs as
historical sources in teaching and learning process taking into account the historical context. The selected song is
Keith Urban Indians of the band, a group of Brazilian rock icons of the 1980s, and that is related to the historical
content of Indian Slavery in Colonial Brazil. The target audience consists of young students of second year high
school of the Alfred State College Parodi in Curitiba, Paraná. From the research and systematization of previous
ideas of students about the song, through the production of narratives, will be designed and conducted an
educational intervention aimed at enabling the advancement of historical knowledge from the perspective of
historical education.
Palavras-chave: canção popular; fonte histórica; consciência histórica; educação histórica.
1 Geraldo Alves é Professor do Estado do Paraná lotado na SEED, Licenciado em História e Filosofia pela PUC-PR Pontifícia Universidade Católica do Paraná e Pós - Graduado pela UEL Universidade Estadual de Londrina – História do Pensamento Brasileiro. 2 Anderson Prado graduado em História pela Unicentro - PR, Mestre em História Social e Política pela UPF –RS, é Professor do Departamento de História da UNESEPAR ( Universidade Estadual do Paraná) - Campus FAFIPAR - Paranaguá.
2
1- Introdução
Este artigo é resultado da implementação pedagógica, de um projeto de
pesquisa e da aplicação de Material Didático Pedagógico, Caderno Didático junto a
27 (vinte e sete) educandos do Colégio Estadual Alfredo Parodi – Ensino
Fundamental e Médio, no Município de Curitiba, Estado do Paraná no ano de 2010.
O objetivo geral definido para este artigo consiste em investigar os
usos, possibilidades e limites da canção popular brasileira enquanto fonte histórica
no processo de ensino e aprendizagem dentro dos pressupostos históricos. Tendo
como consideração o público alvo jovens/adolescentes, ou seja, estudantes do
ensino médio da periferia (local, ambiente) de uma escola pública de Curitiba, capital
do Paraná. E sabendo que estes já trazem suas “idéias tácitas” (assimilação,
aquisição dos conteúdos e vivências históricas) e também um acumulado de
experiências e gostos musicais.
O assunto se justifica “Uso da canção Popular na sala de aula”,
sendo fruto de uma prática docente em longos anos de observações em escolas
Públicas e Particulares. Essa experiência revelou que este recurso possibilitava uma
relação de proximidade com os estudantes, favorecendo com isso, uma melhora no
processo ensino/aprendizagem, pois, os estudantes percebem a proximidade do
conteúdo estudado com a canção (letra/música) que era apresentada na sala de
aula. A frase da canção escolhida é: “Quem me dera ao menos uma vez explicar o
que ninguém consegue entender” (Renato Russo – Música – Índios). Ela é um
documento, que pode servir de apoio em alguns conteúdos de história, ex: (a
utilização do trabalho indígena, a catequização dos jesuítas aos índios, etc.).
Sendo a canção (letra/música) um conjunto de elementos caracterizados
como estilo ou ritmo (samba, rap, hip-hop, caipira, rock, MPB, folclórica) trazendo
consigo uma mensagem, podendo apresentar um grupo social, uma classe social.
Chegando a qualquer ambiente, inclusive na sala de aula, tendo na maioria das
vezes um espírito emancipatório. Com isso desperta no educando (a) uma
indagação, interrogação, às vezes, indignação com a própria situação social ou
interrogação sobre a sua vida particular (individual). Cabe ao educador apresentar
propostas que captem, catalisem a energia dessas manifestações individuais e
3
captando essas energias reproduza a esses mesmos adolescentes uma dimensão
social, humana, ética, comprometida, crítica, etc, e respeite em contra partida as
“idéias tácitas” desses estudantes. Dessa maneira essa proposta se torna viva,
atuante e presente no dia-a-dia do jovem. A canção (letra/música) faz parte do
cotidiano dos jovens e adolescentes. Partindo dessa perspectiva ela se torna viva,
ao mesmo tempo atual e pertinente e se constitui um elemento importante na
constituição das identidades juvenis, pautada no respeito, cordialidade,
cidadania/ética e convivência social.
2- Fundamentação Teórica:
Pensar a sociedade, as relações sociais, tendo como base uma frase, uma
palavra, um questionamento, etc., que se apresenta em uma canção exige
dedicação, percepção. Despertando com isso reações sensoriais, presentes na
memória e na imaginação coletiva. Nesse sentido a canção(letra/música), extrapola
os limites de uma “boa idéia”, tornando-se um objetivo com escalas definidas.
Começando com “uma boa idéia” posteriormente deve ser “boa para ouvir”, na
seqüência boa para assimilar, boa para analisar, etc. Tais escalas, cabem ao
educador focar em seu planejamento de aula, de conteúdo, deixando também um
espaço para a livre interpretação do público, do ambiente, no qual esse recurso
(canção) esta sendo utilizado.
Sendo a Canção (letra/música), o elemento norteador do Projeto, é preciso
iniciarmos pautando uma definição sobre o termo:
[...] “Definimos inicialmente canção popular enquanto produto de um
conjunto indissociável constituído de palavra, a letra; música propriamente
dita, melodia, harmonia, ritmo e timbre; a performance vocal, e por último,
os aspectos técnicos, tecnológicos e mercadológicos de todo o processo e
etapas que envolvem a produção fonográfica” (AZAMBUJA, 2007).
Utilizar a canção aproveitando seus infinitos recursos é um grande desafio,
sempre novo e atual, a finalidade em colocar a música em sala, nas aulas de história
como fonte histórica é despertar o surgimento de um pensamento crítico,
favorecendo com isso a produção do conhecimento, que se concretiza através da
consciência histórica dos sujeitos envolvidos (estudantes). Independente da
4
dicotomia ( duas partes) que antagonicamente se completam, se somam e se unem.
Ela além de ser uma boa idéia, pode ser uma idéia boa como diz Marcos Napolitano:
[...] Mas além de ser veículo para uma boa idéia, a canção (e a música
popular como um todo) também ajuda a pensar a sociedade e a história. A
música não é apenas "boa pra ouvi”, mas também é “boa para pensar”. O
Desafio básico de todo pesquisador que se propõe a pensar a música
popular. Do crítico mais ranzinza até o mais indulgente “fã-pesquisador”, é
sistematizar uma abordagem que faça jus a estas duas facetas da
experiência musical. (Napolitano, 2005, p.11)
Outra possibilidade, para o uso da Canção Popular nas Aulas de História se
encontra na gênese da nossa história. Pois para ser gestado, criado enquanto
povo/nação houve um processo de dor, sofrimento, luta, resistência isso se faz
presente na canção Índios em que a frase: “nos deram espelhos e vimos um mundo
doente”, narra literalmente essa situação. A proposta da dominação
portuguesa/européia foi a vitoriosa e captada pelo antropólogo, sociólogo, etnólogo
Darci Ribeiro, estudioso desse processo histórico. A formação de um povo se faz na
luta, ou seja no choque e entrechoque de culturas antagônicas. Para isso, usa-se
símbolos cruz/espada, ou seja fé e poder, igreja católica e império(
Portugal/Espanha).Tudo para justificar a dominação, que foi feita pela Cruz e pela
espada. É dentro desse contexto que vai aos poucos se formando, gestando o povo
brasileiro, especialmente após a chegada dos negros utilizados como mão de obra
escrava:
“O processo de formação do povo brasileiro, que se fez pelo entrechoque
de seus contingentes índios, negros e brancos, foi, por conseguinte,
altamente conflitivo. Pode-se afirmar, mesmo, que vivemos praticamente
que vivemos em estado de guerra latente, que, por vezes, e com
freqüência, se torna cruento e sangrento” (Ribeiro, 1995, p. 168).
3 - Metodologia
A metodologia utilizada para este artigo é de cunho exploratório. A pesquisa
foi desenvolvida no Colégio Estadual Alfredo Parodi Jardim Centauro/ Bairro
Uberaba em Curitiba Paraná, com uma turma do 2º ano do Ensino Médio,
5
envolvendo 27 alunos(as) que deram suas opiniões (em forma de pesquisa) a
respeito da importância que a Canção/Música ocupa em suas vidas e ao mesmo
tempo a sensação de satisfação em ouvir na sala de aula uma letra de música que
está ligada ao tema estudado, a um acontecimento histórico, mas principalmente a
suas vidas. A pesquisa ou instrumento de coleta de dados foi uma entrevista com
gravador sobre a importância do uso da música na sala de aula e um questionário
realizado em forma de perguntas ( Quanto tempo minutos/horas você ouve música
por dia? Qual importância/significado da música em sua vida? Para você o que é
canção? Quais as idéias históricas são expressas na canção Índios? Para você qual
a mensagem central da canção índios? Quais os nomes de tribos indígenas você
lembra de ter estudado?). Sendo a canção Índios da Banda legião Urbana, o
instrumento da fonte histórica ela ajudou a compreender a cultura indígena e sua
importância nos meios escolares.
Antes de efetuar essa tarefa, os alunos foram convidados a ouvir a canção
Índios e assistir um vídeo na TV Pendrive sobre a referida canção. Depois eles
realizaram um trabalho de pesquisa nos livros didáticos, jornais locais, revistas a
respeito da representação dos indígenas na História do Brasil. Esse trabalho teve
como objetivo levá-los a refletir sobre a forma como o Índio foi representado nesses
5 séculos “pós” chegada do europeu, bem como ele está sendo visto nessas últimas
décadas pela sociedade brasileira, pela literatura, pela arte e principalmente pela
música.
Buscando compreender as possibilidades do Projeto é importante perceber
que: “ a música popular se consolidou na forma de uma peça instrumental ou
cantada, disseminada por um suporte escrito-gravado (partitura/fonograma) ou como
parte de espetáculo de apelo popular”, segundo Napolitano (2005, p.12). Entretanto,
quando o uso da canção popular é apresentado na sala de aula, ou seja, nas aulas
de história, ela poderá suscitar amplas discussões coletivas. Pois, a canção carrega
uma riqueza de detalhes, presentes na forma narrativa em suas letras, sendo esta
fruto da oralidade, as vezes da tradição de um povo, ou de um grupo social(sem-
terras, roceiros, bóia frias, sem tetos, moradores das periferias, meninos e meninas
de rua etc), que emite suas opiniões e suas posições ideológicas. Ela (canção)
favorece a criação de novas práticas, indo muito além do próprio documento(letra da
música), abrindo espaço para a livre interpretação, que cada estudante ou ouvinte
possa dar.
6
4- Breve Histórico sobre os usos da Canção Popular Brasileira
A canção Popular Brasileira como fonte histórica, instrumento de investigação
e objeto de pesquisa para ser utilizada na sala de aulas de história ainda é algo
novo, recente. Mas, já conta com várias produções acadêmicas, contendo sugestões
e resultados surpreendentes no âmbito escolar e principalmente na relação
ensino/aprendizagem. Sendo que o mundo escolar é feito de vários aspectos, cada
um independente, mas às vezes se relacionando entre si. A indisciplina de uma
turma, afeta direta ou indiretamente a sala ao lado, passa pelos funcionários do
setor, pelos pais dos alunos (as), ou seja, pela comunidade, pela equipe pedagógica
e chega até a direção. O oposto nem sempre é verdadeiro, ou seja, uma turma
silenciosa e receptiva às vezes pode passar totalmente despercebida. O uso da
canção (letra/música) na sala de aula acompanhada de preparação, organização e
motivação para o melhor uso desse recurso. Sendo assim, ela pode provocar,
despertar uma agradável sensação de sintonia entre os conteúdos estudados e a
letra/música apresentada naquele momento:
[...] “Nessa perspectiva, a canção é produto de um conjunto indissociável
constituído de palavra, a letra, sem, no entanto, reduzir o som da palavra à
simples condição de veículo de algo que deve atravessá-lo: música
propriamente dita, melodia, harmonia e ritmo, e toda a sua decorrente
natureza percussiva, timbrística e performática: a performance vocal, levado
em conta as questões específicas da voz humana, me por último, os
aspectos técnicos e tecnológicos de todo o processo e etapas que evoluem
a produção fonográfica. Como podemos constatar, essa simbiose das
diversas dimensões que constituem a especificidade, complexidade e
unidade do objeto canção, extrapola os campos de análise histórica,
literária, musicológica e técnica, e recomenda uma perspectiva
multidisciplinar... (Azambuja, 2007, p 12,13).
Os recursos (didático/pedagógico) que se fazem presentes são inerentes em
uma canção (letra/música), às vezes também podem estar centralizados na
realidade a qual está inserida a comunidade escolar. Se o ambiente é propício e
agradável, as aulas certamente se tornarão muito mais atrativas. A leitura da
realidade, ou a interpretação desta mesma, pode ser ilustrada com apoio de letras
7
de música. Mas o principal é esta não se apresentar distante da realidade, sendo
assim, o resultado é recompensador. Para melhor aproveitar o uso da música na
sala de aula, se faz necessário perceber as estratégias da indústria cultural,
apresentando conteúdo de fácil assimilação, mas culturalmente pobre, ou seja,
descartável. E percebendo essa estratégia cada educador(ra) pode fazer suas
escolhas sendo ele(a) de formação crítica, saberá evitar os produtos lançados pela
indústria cultural que busca apenas o lucro, olhando a música como
entretenimento/alienação. È a visão crítica que provoca o rompimento da alienação.
5- Breve Relato sobre a Banda Legião Urbana e Algumas Possibilidades do
Uso da Canção Popular como Fonte Histórica
A Banda Legião Urbana teve o seu lançamento comercial, ou seja, a sua
formação em 1982 por Renato Manfredini (vocal e violão) ou Renato Russo (
Segundo ele o sobrenome foi uma homenagem ao filósofo iluminista Rosseau)
,Marcelo Bonfá (Bateirista); Dado Villa-Lobos (Guitarrista) e Renato Rocha (Baixista),
essa era a primeira formação, mas no final, quando da morte de Renato Russo (11-
10-1996). eram apenas 3. A Banda já no primeiro lançamento trazia o nome Legião
Urbana como título foi um sucesso, pois as letras apresentavam a juventude
engajada politicamente ou não, as respostas a tantas questões, sociais,
sentimentais e espirituais. Essa estratégia de usar seqüências de perguntas,
aparece na música Indios (“Quem me dera ao menos uma vez?”) a canção vai se
desenvolvendo e revelando vários contrastes da realidade brasileira, o processo da
colonização portuguesa aos dias atuais sempre mantendo o tom provocador e
questionador. Inclusive ela acabou sendo título do Projeto, da Implementação, do
Caderno Pedagógico e agora do Artigo.
Canção (letra/música) ligada ao tema Índios: Existem várias canções que
tratam com muita precisão o tema, o conceito índio, seja enaltecendo a sua riqueza
cultural ou os desafios sociais, seja denunciando as injustiças que sofrem e as
ameaças de exploração constantes. Seguem algumas sugestões: Índios – Banda
legião Urbana Em seqüência de perguntas (“Quem me dera ao menos uma vez?”) a
canção vai se desenvolvendo e revelando vários contrastes da realidade brasileira
8
do processo da colonização portuguesa aos dias atuais sempre mantendo o tom
problematizado e questionador. Inclusive ela (a Canção Índios) que dá título ao
Projeto e ao Caderno Pedagógico. Índios adeus – Almir Sater: “Quem chegou
primeiro, veio do estrangeiro. E os tupiniquins. Receberam lindos presentes. De
pedras baratas, porém, vício bateu. Índios ateus, desce então”. A canção revela o
encontro do estrangeiro e os nativos, mostra a estratégia do escamo (troca de
produtos feita pelos portugueses) na tentativa de aproximação com os indígenas. Os
Índios eram vistos como aqueles que cultuavam mitos e lendas sempre com a
pretensão de explicar a realidade. Todo dia era dia de Índio – Jorge Bem: “Antes
que os homens aqui pisassem nas ricas e férteis terras brazilis que eram povoadas
e amadas por milhões de índios”. Esta canção começa apresentando inúmeras
tribos indígenas que lutavam por manter suas tradições frente às forças opressoras
que visavam apenas o lucro. O próprio título mostra a vida livre e repleta de
possibilidades no contado com a natureza, pois “Todo Dia Era Dia de Índio”. Sendo
uma narrativa a canção convida primeiro as crianças indígenas para ouvir a história
de seus ancestrais, revelando respeito à tradição dos mais velhos, que através da
oralidade transmitiam seus conhecimentos.
KARAI Poty (Todas as aldeias) – Memória Viva Guarani. A canção Guarani é
a manifestação viva de sua cultura através de uma mensagem que enaltece todas
as tribos, clamando proteção e força ao criador e pai, o deus Tupã. Sendo um coral
composto de crianças, elas mostram sintonia e harmonia na vocalização. O Índio –
Zé Ramalho “Um índio descerá de uma estrela colorida brilhante de uma estrela que
virá numa velocidade estonteante e pousará no coração do hemisfério sul na
américa ”. A canção apresenta uma mistura de visão cosmológica e denúncia o
extermínio que os povos indígenas estão submetidos. O surgimento de um índio
visionário que há de surgir em um comenta, trazendo uma nova mensagem não de
vingança, mas sim de conciliação. Cara de Índio – Djavan: “Índio cara pálida, cara
de índio. Sua ação é válida, meu caro índio. Sua ação é válida, válida ao índio.
Nessa terra tudo dá, terra de índio. Nessa terra tudo dá, não para o índio”. A
valorização da luta pela demarcação das terras ainda não demarcadas, é a
reivindicação que aparece na canção, representa um grito que clama contra os
interesses dos latifundiários, que buscam única e exclusivamente o lucro, muitas
vezes negando o direito fundamental dos povos indígenas que é a terra, local
sagrado, que eles sempre respeitam e valorizam, retirando desta apenas o
9
necessário para a sua subsistência. Baila Comigo - Rita Lee: “Se Deus quiser. Um
dia eu quero ser índio. Viver pelado. Pintado de verde. Num eterno domingo. Ser um
bicho preguiça, espantar turista. E tomar banho de sol”. A canção retrata uma fase
de ingenuidade revolucionária, certamente vivida pelos índios por longos anos antes
da chegada dos europeus, que trouxeram a noção de pudor, onde antes existia a
valorização do corpo, que era visto por muitas tribos como algo sagrado. ( citações
retiradas do Material Didático: Usos da Canção Popular Brasileira p. 31 a 33).
6- As Contribuições dos Índios para Formação do Povo Brasileiro
Os indígenas foram de fundamental importância para a formação da cultura e
do povo brasileiro. As contribuições dos indígenas foram de três ordens: econômica,
demográfica e cultural. Na área econômica, os indígenas serviram como força de
trabalho no início do processo de exploração desenvolvido pelos portugueses a
partir de 1500, ou seja forneceram a mão-de-obra necessária às lavouras de cana-
de-açúcar, algodão e criação de gado. Na área demográfica, até 1530, eram
praticamente do todo da população desse território, divididos em tribos, eis algumas
que resistiram ao massacre a qual foram submetidos ( Canindés, Kaiapós, Aicanãs,
Ajurus , Amanaiés, Anambés, Aparai, Apiacás, Apurinã, Arapaso, Arara K, Arara ,
Araras-do-aripuanã ,ruás ,Campas, Guajajara , Guaranis, Carajá s, Caiapós,
Xavantes , Xetás Tupi-Guarani. Sobre o massacre/genocídio o frade Católico
Bartolomeu de Lãs Casas (1474-1566) denunciou em sua obra Paraíso Perdido.
Muitas contribuições culturais recebemos dos povos indígenas, elas se fazem
presentes (na música, na dança, na alimentação, na higiene, na medicina caseira,
nas lendas, etc). Uma das heranças mais notáveis foi na música, a contribuição
apareceu com o uso de instrumentos de corda e couro usados na percussão, muitas
tribos usavam (a música) em seus rituais e celebrações. Outro exemplo, aparece no
campo erudito, pois o grande Compositor Carlos Gomes que Compôs a obra o
Guarani, tendo como base o amor de Ceci ( uma européia) e Pêrri (um indígena
guarani) , nesse caso o erudito se apóia na beleza do amor, ao mesmo tempo o
compositor representa a preocupação pela busca da própria identidade musical
brasileira. Em sua grande maioria as letras das músicas indígenas traduzem relatos
10
místicos, de dor e destruição, de guerras, de cultivo da agricultura, da pesca, da
colheita, das festas nas aldeias, do respeito a natureza, das forças dos elementos
da natureza etc
7 - Desenvolvimento: Os depoimentos dos professores e alunos e resultados
sobre o Projeto
O embasamento empírico na realidade e no cotidiano escolar ( Colégio
Estadual Alfredo Parodi) foi o motor propulsor e gerador de um conjunto de
entrevistas. Tais entrevistas provocaram o surgimento de depoimentos (total de 8)
que tentam mostrar a escola como um todo, ou seja: Diretor, Supervisora,
Professor, estudantes que cedeu as aulas para o desenvolvimento do Projeto,
Professor de História de escola Pública e alguns estudantes que aparece apenas os
primeiros nomes, visando conservar o anonimato. Abaixo segue as essas
contribuições sobre o Uso da Canção Popular Brasileira nas aulas de História:
Nisso, se faz pertinente relatar o Depoimento do Diretor Professor Marcos
Pereira:
“ Esse Projeto ,revela uma feliz idéia do Professor Geraldo,
que já trabalhava antes em sala de aula e aproveitou essa
prática pedagógica da qual fazia parte e concretizou no
Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) do Estado
do Paraná. Acredito que até pela experiência e pela facilidade
de trabalhar o tema os alunos/as do colégio gostaram, até
porque sempre ocorreu por parte do professor um domínio de
sala e de conteúdo, isso também contribuiu para que os
projetos, que ele apresenta sempre sejam bem aceitos e mais
uma vez isso aconteceu. Ou seja, esse Projeto do uso da
canção popular brasileira, foi muito bem aceito. Também
acredito, que a Escola Pública, a Escola do Estado do Paraná,
precisa de alternativas, para sairmos desse marasmo
pedagógico no qual estamos inseridos. E essa é uma forma,
um projeto, uma idéia nova que durante os anos que o
Professor Geraldo trabalhou aqui, nós já desenvolvemos isso,
11
na Semana Cultural do Colégio Alfredo Parodi, junto com o
Professor Emerson de Educação Física que é um cantor, um
tocador de violão muito bom e que também foi um sucesso.
Tanto na Semana Cultural e depois no dia-a-dia, no cotidiano
escolar, a prática pedagógica revelou que não seria diferente
no desenvolvimento do projeto. Também acreditamos que
novas idéias são necessárias e o mais importante, que essas
idéias partam da prática pedagógica e não de iluminados que
falam sobre educação, sem estar trabalhando na sala de aula.
Pois, para falar da educação pública estadual do Paraná, nada
melhor que um professor comprometido e que ao mesmo
tempo, seja competente e que faça aquilo como o seu
trabalho, o seu dia-a-dia com vontade, com determinação e
principalmente com compromisso. Além disso, acredito
também que os alunos/as tiveram uma boa receptividade,
aprenderam mais, participaram mais e nós só temos a
agradecer, a presença do Professor Geraldo com seu Projeto,
agradeço que ele tenha escolhido a nossa escola, por
desenvolver esse Projeto e que as portas estão abertas e que
você continue sendo esse Professor competente, mesmo
sendo de escola Pública é nisso que agente acredita.
Depoimento da Supervisora Professora Madeleine: “
Esse Projeto mostra como a música é importante em todos os
sentidos, ele contribui para um melhor relacionamento entre os
alunos(as). A música como alternativa didática ele aguçou o
interesse dos alunos e que sem perceber ele acabou envolvido
no processo ensino/ aprendizagem. Portanto, esse Projeto
contribuiu para um melhor relacionamento humano respeito,
amizade, companheirismo, etc. Isso facilitou o trabalho
coletivo, superando a individualidade, motivando eles a
participarem de outras atividades nas outras disciplinas.
Depoimento do Professor Fabio Anastásio de Oliveira ( de
Física que cedeu as aulas para a Implementação Pedagógica):
“ O Projeto – Usos da Canção Popular Brasileira – foi
12
importante porque os alunos hoje em dia não tem uma
concepção musical, esse momento ajudou eles a
aprimorarem uma concepção musical e consequentemente
pode também diversificar os seus gostos, poder conhecer
coisas novas e também conhecer um pouquinho da nossa
cultura. Saber porque a nossa música é desse jeito o que
enraizou o desenvolvimento da nossa música, então é uma
questão que para os alunos enfatiza bastante essa parte não
só como a música como sendo uma diversão, mas a música
como sendo uma linguagem histórica e cultural de uma
nação. E também, porque que a nossa música é desse jeito,
porque a música de determinada época é de tal jeito, e
também as relações sociais, históricas, culturais e políticas
que influenciaram a música. E que eles(estudantes)possa
entender o por que da música foi daquele jeito naquela época.
Com relação a interdisciplinaridade, a música pode ter sua
aplicação no laboratório de física, pois ela se organiza em
melodia, harmonia e ritmo, que é uma coisa que pode ser
desencadeada em equações matemáticas , que elas mostram
uma determinada harmonia entre as notas musicais. Então,
essa questão da interdisciplinaridade é muito importante
porque hoje em dia tanto as escolas como os professores
podem se unir, pois os alunos acabam vendo a matéria como
algo isolado, que eles não conseguem fazer intercâmbio entre
outras áreas e esse Projeto serviu para relacionar a história
com a física e conseqüentemente com a filosofia pra gente
conhecer num pouco mais da questão histórica e poder
associar também como a música é organizada dentro da
física, com as notas musicais, com a freqüência, com relação
ao comprimento de ondas, velocidades. É isso!!!”
13
A contribuição deixada pelos estudantes revelou o quanto de sensibilidades e
visão de mundo eles possuem, a maneira e a visão de captar as coisas buscando
sempre o lado melhor de cada proposta.
Depoimento do Aluno William R: “ O aprendizado que o Professor Geraldo
passou para a gente, nas aulas musicais foi bom, agente aprendeu vários tipos de
músicas e principalmente a música Índios. Esse Projeto serviu como um
aprendizado pra vida.
Depoimento da Aluna Julyane A.C de S: “ Também achei interessante é foi
um tema diferente abordado na sala de aula e aprendemos também sobre alguns
índios, tribos indígenas, ou seja um assunto diferente”.
Depoimento Aluno Marcelo H.D.B: “ Bom, o Projeto foi legal, aprendi o que
era canção e melodia. Esse Projeto trouxe mais uma vez oportunidade de ter aula
com o Professor Geraldo, pois ele sempre trazia nas suas aulas a música e esse
tipo de aula foi bacana”.
Depoimento do Aluno Luís Felipe E. S: “ Eu gostei, achei legal, aprendi um
pouco sobre a cultura da música, é isso aí”.
Depoimento Suellen C.S:” eu também achei bem interessante as aulas,
aprendemos bastante coisa sobre músicas, tribos indígenas”.
Depoimento Aluna Louhany D.L: “ Aprendi que nas letras de música é
possível expressar sentimentos, a música é vida”.
O depoimento abaixo é de um professor de escola pública do estado do
Paraná na disciplina de história, turma PDE-2009 desenvolvendo a pesquisa na área
da africanidade, desenvolvendo sua pesquisa na religiosidade deixada pelos
africanos.
Professor Cliceu Antunes Pereira: “ Posso dizer a todos
os interessados, que conheço o Projeto – Usos da Canção
Popular Brasileira nas Aulas de História – onde o lúdico, ele
mostra com muita clareza da sua importância para o ensino e
na minha forma de ver, o mundo estudantil precisa de
motivações iguais a essas, para que o despertar do interesse
do nosso educando aconteça. Todos sabem que, a arte em
todas as suas vertentes, como é o caso do teatro, da poesia,
da música e outras correntes da arte, elas conseguiram
mostrar ao mundo que a sociedade também são mudadas,
14
alteradas, nas intervenções artísticas. A Semana de Arte
Moderna de 1922 em São Paulo é um exemplo, a Tropicália
onde Gilberto Gil e Caetano Veloso demonstraram que o país
têm uma identidade cultural forte, foi graças a inspiração
desse ritmo que forneceu ao mundo essa sustentação de
identidade nacional. Então, o presente Projeto, proporciona em
sala de aula, ele vêm coroar os objetivos do PDE, no sentido
em que os investimentos que foram feitos ( tirar o Professor de
sala de aula para aprimorar e atualizar sua formação), trouxe
e esta trazendo resultados fantásticos, isso se observa na sala
de aula quando os estudantes reagem de forma positiva,
porque a escola não pode ser vista como uma prisão e sim
como um local de prazer de alegria, isso o Projeto da conta e
também transfere através da música, que leva o conhecimento
da nossa história, do nosso país, utilizando todo o caminhar
histórico dele através da musicalidade. Só posso dizer
parabéns a esse projeto, e tenho certeza, onde esse Projeto
for apresentado, as pessoas entenderão a sua real
importância”.
8 - Contribuição dos Professores Participantes do GTR – Grupo de Trabalhos
em Rede
Dentro da proposta de formação continuada desenvolvida pela SEED-PR (
Secretária Estadual da Educação do Paraná) no PDE (Programa de
Desenvolvimento Educacional) foi a organização do Curso GTR. Para esse curso
houve 26 inscritos, 20 participaram e 10 concluíram. A possibilidade de realizar
debates em redes com educadores de todo Estado se tornou muito enriquecedor. O
curso uso da canção na sala de aula, trouxe a seguinte pergunta: “Qual a
importância da música (Canção) em sua vida? Visando a impessoalidade o nome
dos educadores(as) foram ocultados. Algumas respostas coletadas foram as
seguintes:
15
Para o Professor J.M: “Quanto à importância da música na
minha vida, creio que muito da minha formação política se
deve as músicas que ouvia na minha adolescência, afinal vivi
no interior até a década de 90 e neste período só ouvíamos
rádio, a música era nossa única companheira nos trabalhos da
roça. No fim de semana a música era quase o único meio de
diversão, nos encontrávamos com os amigos para ouvirmos
música e conversar. A música que ouvíamos era a caipira, que
retratava o nosso dia-a-dia, a realidade do homem simples do
interior, e a italiana, pois era uma região de imigração italiana,
o que representava nossas raízes. Já na vida adulta, na
cidade, comecei a me interessar pelas músicas do Raul
Seixas, e hoje gosto mais das músicas populares”.
Para a Professora M.F.M: A minha geração foi muito
privilegiada, não só porque crescemos em um período de
liberdade nascente (fim da ditadura militar) como foi o período
de crescimento do rock nacional e a maioria das bandas
cantava músicas de contestação, buscavam uma
transformação social, a luta contra a discriminação, foi música
para mim tem uma importância muito grande. Ela pode nos
remeter a diversas situações, dependendo do momento que
eu a busco, dependendo da circunstância e da escolha que eu
faço. Temos a oportunidade de contar com uma diversidade
muito grande de temas, ritmos e contextos da música
brasileira. As canções nos oferecem prazer de desfrutar de
momentos agradáveis, nos coloca sentimentos, nos apresenta
questões políticas, sociais, econômicas, religiosas, culturais,
do nosso país. A música nos deixa atualizados, informados,
nos faz apropriar de conceitos, viajar pelo mundo,
relacionarmos com ele através da magia das composições e
da beleza da melodia. A música faz parte da minha vida e
gostaria que ela tivesse mais presente na minha vida
profissional também... Logo a música fez parte da minha
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formação social e acadêmica, e posso garantir até mesmo a
formação política, além que comecei a minha formação
cultural brasileira, aprendi a conhecer e a gostar dos diversos
gêneros musicais.
Para o Professor A.L.: Sou músico e por isso a música já faz
parte do meu cotidiano. Já exerci a profissão de músico,
porém hoje não faço mais parte de conjunto musical e a
música se tornou somente algo que faço por prazer. Sou
amante de vários estilos musicais pois, como músico, tive que
abrir minha mente para outros estilos além daquele que eu
mais gostava: rock. Gosto especialmente das músicas de raiz,
pois representam as origens de cada cultura. O significado da
música em minha vida é tamanha que sinto os batimentos do
meu coração como ritmo pronto para uma nova canção, a
cada nova emoção o ritmo muda, a harmonia destoa, mas, seu
sei que estou vida! O significado da música em minha vida é
tamanha que sinto os batimentos do meu coração como ritmo
pronto para uma nova canção, a cada nova emoção o ritmo
muda, a harmonia destoa, mas, seu sei que estou vida!
Para a Professora S.L.T.O: A música é muito presente em
minha vida. Sou o tipo "ouvinte" da música. Sempre estou
atenta ao recado que o compositor tenta passar. Saboreio ou
critico estas mensagens. Não sei ouvir música para estar
apenas embalada por um som ao fundo. Por isso sempre que
posso ouço com atenção aquilo que curto e gosto, ruminando
prestando atenção na letra e melodia.
Para o Professor R.A.P.C: Desde os tempos remotos a música
faz parte da vida da humanidade, seja em celebrações, festas,
dor ou alegria sempre há em mente uma trilha sonora para
decorar esses momentos. Na Antiguidade, filósofos gregos
consideravam a música como “uma dádiva divina para o
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homem. Enfim, a música nos alegra, entristece e nos faz
lembrar de momentos marcantes da nossa vida, ou seja, ela
meche com os sentimentos de nossos corações.
Para a Professora M.P.C: Cada um tem a sua própria
definição do que é a musica, tudo depende do gosto e também
da maneira de pensar da pessoa, mas a verdade é que a
musica vai muito além do que nós podemos imaginar. Através
dela nós podemos expressar aquilo que estamos sentindo,
pensando, desejando, e também levar alegria para as pessoas
que estão em nossa volta. Além disso, a música é marca
registrada de cada povo e cultura.
Para a Professora A.A.R.B: Música para mim tem uma
importância muito grande. Ela pode nos remeter a diversas
situações, dependendo do momento que eu a busco,
dependendo da circunstância e da escolha que eu faço.
Temos a oportunidade de contar com uma diversidade muito
grande de temas, ritmos e contextos da música brasileira. As
canções nos oferecem prazer de desfrutar de momentos
agradáveis, nos coloca sentimentos, nos apresenta questões
políticas, sociais, econômicas, religiosas, culturais, do nosso
país. A música nos deixa atualizados, informados, nos faz
apropriar de conceitos, viajar pelo mundo, relacionarmos com
ele através da magia das composições e da beleza da
melodia. A música faz parte da minha vida e gostaria que ela
tivesse mais presente na minha vida profissional também.
Para a Professora M.P.C: Cada um tem a sua própria
definição do que é a musica, tudo depende do gosto e também
da maneira de pensar da pessoa, mas a verdade é que a
musica vai muito além do que nós podemos imaginar. Através
dela nós podemos expressar aquilo que estamos sentindo,
pensando, desejando, e também levar alegria para as pessoas
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que estão em nossa volta. Além disso, a música é marca
registrada de cada povo e cultura.
Para a Professora M.J.L.E: A música sempre esteve
presente em minha vida, assim como, creio eu, na vida de
grande parte das pessoas no mundo todo. Ela é universal e
assim sendo, um grande canal de comunicação entre os
povos. Quase tudo que penso ou projeto, me vem uma letra ou
uma melodia na cabeça, ou seja, respiro música, embora
reconheça ser um tanto quanto preconceituosa quando se
trata de certos tipos de letra e ritmos, me negando, muitas
vezes, a levá-los para discussão e debate em sala de aula.
Isto é uma coisa que estou tentando mudar em mim. A
canção, como já disse anteriormente, é um canal de
comunicação, muitas vezes, muito mais atrativo que um
simples diálogo ou análise de um texto, pura e simplesmente.
Ela faz parte da vida, ou seja, é levar o cotidiano para a sala
de aula de maneira mais objetiva. (Respostas coletadas do
Material Didático p. 19 a 23)
Mesmo sendo curtas as respostas elas acabam contemplando a essência do
questionamento e representa o quanto a canção/música esta presente na vida e
vivência dos educadores/as.
Para a Professora L.S.S A música tem um importante significado para mim,
conforme a letra, ela pode me emocionar, me acalmar, relaxar, me trazer
sentimentos de saudades, alegria ou de revolta. Enfim, ela toca a alma da gente, faz
nos refletir, ir longe, do imaginário ao real, do concreto ao abstrato.
Para a Professora D.F.B: Sem ela a minha vida seria como um mar sem
ondas, ou seja, sem sentido. Ela me ajuda a despertar, colocar as idéias em ordem,
relaxar, produzir, enfim, diria sem exageros que é fonte de vida.
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Para a Professora F.N.Q: O significado da música em minha vida é tamanha
que sinto os batimentos do meu coração como ritmo pronto para uma nova canção,
a cada nova emoção o ritmo muda, a harmonia destoa, mas, seu sei que estou viva!
9 - Considerações Finais
No transcorrer dessa pesquisa, percebeu-se que a música ocupa um lugar de
destaque na construção da identidade brasileira e no dia-a-dia dos estudante, mas
sempre precisa ser reconhecida pela presença constante tanto nos quatros cantos
do território nacional como no exterior. Uma vez que, ela possui a contribuição de
vários povos que aqui viveram e cultivaram seus ritmos, seus instrumentos
enriquecendo diretamente a nossa musicalidade. Os teóricos citados demonstram
simpatia pela canção (letra/música) apontando suas infinitas possibilidades ao ser
utilizada na sala de aula como fonte histórica e objeto histórico. Eles confirmam uma
tendência no momento atual, em que, desafios se somam no âmbito escolar, usar e
saber usar esse mecanismo, abre novas perspectivas e fortalece os laços de
aproximação entre prática pedagógica e convivência humana, riqueza cultural e
capacidade de progredir tecnologicamente de maneira cidadã.
Por outro lado, o Uso da Canção Popular na sala de Aula precisa atuar
também como elemento problematizador das questões urgentes da sociedade
brasileira como ( a ética, a violência, a desigualdade social, a questão da terra, o
desemprego, a juventude sem escola, a poluição do ar e das águas, a evasão
escolar, a indisciplina, a falta de respeito, a desumanização, as crianças e velhos
abandonados, a corrupção, a exploração humana e monetária do sistema
econômico, a repressão, o abuso de autoridade, a homofobia, as falhas do sistema
de saúde – segurança, educação, o preconceito racial e social, o Bullying, os sem
tetos, a depressão, o tráfico de drogas, etc). Elementos que estão presentes no
cotidiano brasileiro e por conseguinte nas salas de aula. Eles precisam ser sempre
lembrados como uma forma de combatermos as suas causas e conseqüências.
Conforme as abordagens dos teóricos, é preciso lançar um olhar profundo e
uma sensibilidade lúdica sobre o contexto e a mensagem da Canção ela envolve
um conjunto de fatores presentes no país e isso serve de subsídio para
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compreendamos a realidade vivida pelo povo e a sua contribuição que este mesmo
deixa para o desenvolvimento econômico e cultural do Brasil.
Em relação ao objetivo desse trabalho que foi o de proporcionar uma
alternativa a prática pedagógica, observar a canção como fonte histórica. Sendo
assim favorece o estudo e as análises das heranças e das manifestações culturais
do Brasil, levando os alunos/as do colégio citado ( Colégio Estadual Alfredo Parodi),
ou a outros colégios do Paraná, porque não dizer do território brasileiro, a refletir
sobre as questões sociais na perspectiva cidadã, trabalhar o respeito às diferenças e
refletir sobre sua responsabilidade humana. Temos a relatar o seguinte: alguns dos
alunos entrevistados disseram que o Uso da Canção Popular Brasileira na sala
devem sempre ser utilizada. Pois, ela representa como cultivamos nossas tradições,
como os povos que aqui estiveram e ainda estão (os indígenas) cultivaram e
garantiram a nossa identidade como nação. Os alunos já associam os ritmos como o
Reggae, o Samba, o Pagode, o Frevo, o Axé e o Rap no Brasil, o Rock, o Fandango,
o sertanejo de raiz caipira, o Fandango Paranaense deixando claro que esses ritmos
já estão impregnados na vida do brasileiro.
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10 - Referências
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