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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I I

DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · anos é decisiva para a formação psíquica do ser humano, ... importante descrevermos como ocorre o processamento normal da audição,

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE

VOLU

ME I

I

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE NORTE DO PARANÁ – UENP PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

MARLENE TEREZINHA RIVAROLI BALAROTI SUELI APARECIDA DE CAMPOS

CADERNO PEDAGÓGICO

PRÁTICAS DE LETRAMENTO ATRAVÉS DE TEXTOS SOCIAIS E FÁBULAS

CORNÉLIO PROCÓPIO 2010

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE NORTE DO PARANÁ – UENP

PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

MARLENE TEREZINHA RIVAROLI BALAROTI SUELI APARECIDA DE CAMPOS

PRÁTICAS DE LETRAMENTO ATRAVÉS DE TEXTOS SOCIAIS E FÁBULAS

Produção Didático-Pedagógico, Elaboração de Caderno Pedagógico, com abordagem centrada no tema estudado, o objeto de estudo do professor PDE- da Secretaria de Estado da Educação - SEED - Paraná, apresentado pelas professoras Marlene Terezinha Rivaroli Balaroti e Sueli Aparecida de Campos, sob a orientação da Professora Doutora Sueli Carrijo Rodrigues, vínculada a Universidade Estadual do Norte do Paraná - UENP.

Cornélio Procópio – Paraná 2010

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO...................................................................................................... 03

2 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A LINGUAGEM E A SURDEZ............... 05

2.1 CONHECENDO A AUDIÇÃO E A SURDEZ...................................................... 06 2.2 ENTENDENDO MELHOR SOBRE O SOM E O OUVIDO................................ 07

2.3 CARACTERIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DA SURDEZ.................................. 08

2.3.1 Parcialmente surdo...................................................................................... 10

2.3.2 Surdo............................................................................................................. 11 3 CONCEPÇÕES ACERCA DA SURDEZ......................................................................... 13

3.1 CONCEPÇÃO CLÍNICO-TERAPÊUTICA..................................................................... 13

3.2 CONCEPÇÃO NA PERSPECTIVA PEDAGÓGICA E SOCIAL................................... 15

4 ABORDAGEM ORALISTA.................................................................................. 17

5 PROPOSTA BILINGUE....................................................................................... 20

6 LETRAMENTO..................................................................................................... 22 7 O INTÉRPRETE EDUCACIONAL.................................................................................. 24

8 LEIS E DECRETOS QUE GARANTEM A EDUCAÇÃO INCLUSIVA........................... 28

9 REDE DE APOIO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO ESTADO DO PARANÁ............... 31

9.1 SERVIÇOS ESPECIALIZADOS.................................................................................. 31

10 UNIDADE DIDÁTICA I................................................................................................... 34

11 UNIDADE DIDÁTICA II................................................................................................. 61

12 REFERENCIAS............................................................................................................. 89

3

1 INTRODUÇÃO

A Produção Didático-Pedagógica é um material a ser elaborado pelo

professor PDE, vinculada às diretrizes do Programa do Desenvolvimento

Educacional, organizado pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná.

Propomos desenvolver um Caderno Pedagógico com o tema: Práticas de

letramento através de textos sociais e fábulas. Tendo como objetivo apresentar

aprofundamento teórico acerca da surdez. Acreditamos ser importante que o

professor conheça as abordagens comunicativas, os atendimentos especializados e

as redes de apoio, bem como as políticas de educação inclusiva no Brasil. Faz-se

necessário conhecer as principais dificuldades apresentadas pelo surdo no

aprendizado da língua portuguesa, também precisamos ter clareza quanto a

proposta da educação bilíngue para surdos, no sentido de direcionar o olhar do

professor para o aspecto da leitura e escrita na escola, que tem sido o grande

desafio dos educadores.

O trabalho fundamenta-se no processo de reflexão, procurando ampliar o

debate, através de estudos com os professores da escola pública. Essa pesquisa

qualitativa buscou na literatura existente, textos e obras, informações necessárias

que esclareçam e ajudam no entendimento das dúvidas existentes.

Como o foco deste trabalho é o letramento, o qual extrapola o conhecimento

do código alfabético, do saber mecanicamente simulado, procurando levar o aluno a

mergulhar num mundo de significado, interpretabilidade de leitura de mundo e

saberes tendo como elemento principal a língua portuguesa, pois acreditamos ser

possível que o surdo seja capaz de adentrar no mundo da leitura e da escrita por

processos visuais de significados ou letramentos. Compreendemos também que o

ato de ler e escrever está ligado à interpretação do mundo e da vida, e, a inserção

do individuo às práticas sociais ativas para que ocupe seu lugar na sociedade.

Nesse processo, é essencial a cooperação entre professor-intérprete-aluno,

sendo o intérprete o mediador que fará a interação dos trabalhos pedagógicos,

formatada na inclusão do aluno surdo. Apresentamos algumas das funções e o

papel do intérprete dentro da escola.

4

Também propomos a apresentar alguns encaminhamentos metodológicos e

sugestões de atividades que poderão contribuir para o desenvolvimento, a

construção e ampliação do repertório linguístico, visando a superação e o sucesso

do aluno em seu aprendizado.

Esperamos que este material contribua para o enriquecimento dos trabalhos

dos professores e alunos e que possam desfrutar das informações aqui abordadas.

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2 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A LINGUAGEM E A SURDEZ Tomando-se por base a noção de linguagem que se constitui na relação do

homem com o meio social, ou seja, num sentido bastante amplo, podemos concluir

que a linguagem é tudo que envolve significação, que tem valor, que tem significado

e não se restringe apenas a uma forma de comunicação. A linguagem, tanto na

forma verbal como em outras maneiras de comunicação, permanece como meio

ideal para transmitir conceitos e sentimentos, além de fornecer elementos para

ampliar o conhecimento e, é por meio da linguagem que se constitui o pensamento,

embora este não possa ser reduzido a ela. Assim a linguagem está sempre presente

no sujeito, mesmo quando ele não está se comunicando, pois a mesma significa a

forma como este sujeito recorta e percebe o mundo e a si próprio. Ao mesmo tempo,

linguagem e pensamento estão indissoluvelmente unidos na prática social sob a

forma de pensamento verbal.

A aquisição da linguagem em crianças surdas é um fato que tem chamado a

atenção de inúmeros pesquisadores para estudos referentes à aptidão linguística,

tendo em vista a discussão sobre falhas decorrentes de danos cerebrais ou de

distúrbios sensoriais, como a surdez.

Os estudos desenvolvidos pelo linguista Chomsky (1994), nos mostram um

melhor entendimento acerca da linguagem e de seu funcionamento. Seus estudos

partem do fato de que é muito difícil explicar como a linguagem pode ser adquirida

de forma tão rápida e tão precisa, apesar das impurezas nas amostras de fala que a

criança ouve. Ele admite ainda, “que as crianças não seriam capazes de aprender a

linguagem, caso não fizessem determinadas suposições iniciais sobre como o

código deve ou não operar”. E acrescenta ainda que tais suposições estariam

embutidas no próprio sistema nervoso humano. “A palavra tem excepcional

importância, no sentido de dar forma às atividades mentais, sendo fator essencial de

formação da consciência”. (CHOMSKY,1994, apud BRASIL, 2006, p.15).

Os indivíduos que ouvem parecem utilizar, em sua linguagem, os dois

processos: o verbal e o não verbal. No caso da surdez congênita e pré-verba pode

bloquear o desenvolvimento da linguagem verbal, mas isso não impede o

desenvolvimento dos processos não verbais. Acredita-se que a fase de zero a cinco

anos é decisiva para a formação psíquica do ser humano, uma vez que nesse

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período ocorre a ativação das estruturas inatas e genéticas que constituirão a

personalidade da criança e a falta do intercâmbio auditivo e verbal traz para o surdo,

prejuízos ao seu desenvolvimento.

Geralmente os pais e muitos profissionais adeptos do oralismo, consideram a

linguagem gestual utilizada pela criança surda, indesejável. Ela fica como última

alternativa para quando o treino da fala não teve sucesso, após anos de trabalho.

Acredito que há ainda muito preconceito com relação à linguagem gestual

pelo fato de que nossa sociedade nos prepara para sermos “iguais”, conforme um

padrão estabelecido por ela.

Considerando estas colocações faz-se necessário entendermos que a

imposição feita pela sociedade, em relação aos métodos utilizados para o

desenvolvimento da oralidade em crianças surdas não deram certo. Sendo assim, as

crianças não sendo oralizadas como seriam alfabetizadas? Já que a alfabetização

se baseia na aquisição da linguagem oral.

Levando em consideração que a escrita é uma modalidade visual da

linguagem, podemos concluir que o aluno surdo tem as mesmas possibilidades de

desenvolvimento que a pessoa ouvinte, precisando somente, que tenha suas

necessidades especiais supridas, visto que o natural do homem é a linguagem.

2.1 CONHECENDO A AUDIÇÃO E A SURDEZ

Mas o que é Deficiência Auditiva ou Surdez?

Podemos caracterizar a deficiência Auditiva ou a Surdez como uma

diminuição na capacidade de ouvir do indivíduo.

Para compreender melhor as consequências decorrentes da surdez, é

importante descrevermos como ocorre o processamento normal da audição,

incluindo o conhecimento das estruturas que formam o ouvido humano e como

funcionam.

É através da audição que podemos identificar e reconhecer os diversos

sons de um ambiente. Toda informação trazida pela audição, além de funcionar

como um alerta em determinadas situações, auxiliam o desenvolvimento da

linguagem, possibilitando a comunicação oral entre as pessoas.

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2.2 ENTENDENDO MELHOR SOBRE O SOM E O OUVIDO

Podemos dizer que o som é o resultado da movimentação das partículas do

ar. Qualquer coisa que causa movimentação no ar é considerada uma fonte sonora.

Por exemplo, a fala é o resultado do movimento dos órgãos fono-articulatórios, que

provocam uma movimentação das partículas do ar, produzindo desta forma o som.

Para que possamos perceber, reconhecer, identificar, interpretar e,

finalmente, compreender os diferentes sons do ambiente, só é possível através da

existência de três estruturas que devem estar funcionando em extrema harmonia,

constituindo o sistema auditivo humano. Desta forma, o ouvido humano é formado

por três partes: uma externa e duas internas que estão localizadas dentro da caixa

craniana.

A parte externa, também chamada de ouvido externo, compreende o pavilhão

auricular (orelha), o conduto auditivo e a membrana timpânica. Essa estrutura tem a

função de receber as ondas sonoras e transportá-las até a membrana timpânica ou

tímpano, fazendo-a vibrar com a pressão das ondas sonoras. A membrana

timpânica separa o ouvido externo do ouvido médio.

No ouvido médio estão localizados os três menores ossos do corpo humano

(martelo, bigorna e estribo). Esses ossículos são presos por músculos, tendo por

função mover-se para frente e para trás, colaborando no transporte das ondas

sonoras até a parte interna do ouvido. Ainda no ouvido médio está localizada a tuba

auditiva, que liga o ouvido à garganta.

O ouvido interno é muito especial, nele estão localizados a cóclea, os canais

semicirculares e o nervo auditivo. A cóclea tem o tamanho de um grão de feijão e o

formato de um caracol, os canais semicirculares são responsáveis pelo equilíbrio. É

nesta parte do ouvido que ocorre a percepção dos sons.

A cóclea é composta por células ciliadas que são estruturas com terminações

nervosas capazes de converter as ondas sonoras em impulsos elétricos, e estes são

enviados ao nervo auditivo e deste para os centros auditivos do cérebro.

O processo de decodificação de um estímulo auditivo tem início na cóclea e

termina nos centros auditivos do cérebro, possibilitando a compreensão da

mensagem recebida.

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Portanto, qualquer alteração ou distúrbio no processamento normal da

audição, seja qual for a causa, tipo ou grau, constitui uma alteração auditiva,

causando uma diminuição na capacidade de ouvir e perceber os sons.

Fonte: http://www.afh.bio.br/sentidos/Sentidos3.asp

2.3 CARACTERIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DA SURDEZ1

Conhecer as características da surdez faz-se necessário aqueles que se

relacionam ou que pretendem desenvolver algum tipo de trabalho pedagógico com

as pessoas surdas, a compreensão da surdez aumenta as possibilidades de atender

às necessidades especiais dessas pessoas.

Quanto ao período de aquisição, a surdez pode ser dividida em dois grandes

grupos:

- Congênitas – quando o indivíduo já nasce surdo. Nesse caso a surdez é

pré-lingual, ou seja, ocorreu antes da aquisição da linguagem.

- Adquiridas – quando o indivíduo perde a audição no decorrer da vida.

Nesse caso a surdez pode ser pré ou pós-lingual, dependendo de quando a surdez

ocorreu, se antes ou depois da aquisição da linguagem.

Quanto a etiologia, elas se dividem em:

1 Fonte de pesquisa: Brasil (2006). Saberes e práticas da inclusão: dificuldades de comunicação e sinalização – surdez. Brasília:MEC/SEESP.

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- Pré-natais – surdez causada por fatores genéticos e hereditários, doenças

adquiridas pela mãe na época da gestação (rubéola, toxoplasmose,

citomegalovírus), e exposição da mãe a drogas ototóxicas (medicamentos que

podem afetar a audição).

- Peri-natais – surdez provocada por parto prematuro, anóxia cerebral (falta

de oxigênio no cérebro logo após o nascimento) e trauma de parto (uso inadequado

de fórceps, parto excessivamente rápido, parto demorado).

- Pós-natais – surdez provocada por doenças adquiridas pelo indivíduo ao

longo da vida, como: meningite, caxumba, sarampo. Além do uso de medicamentos

ototóxicos ou acidentes e avanço da idade.

Com relação ao tipo de perda auditiva, pode ser:

- Condutiva – localizada no ouvido externo ou ouvido médio. As principais

causas são: otite, rolha de cera, acúmulo de secreção que vai da tuba auditiva para

o interior do ouvido médio, prejudicando a vibração dos ossículos. Na maioria dos

casos essas perdas são reversíveis, após tratamento médico.

- Neurossensorial – localizada no ouvido interno (cóclea ou fibras do nervo

auditivo). Esse tipo de lesão é irreversível e as causa mais comuns são: meningite e

rubéola materna.

- Mista – localizada no ouvido externo e/ou médio e ouvido interno.

Geralmente a ocorrência se dá por fatores genéticos, determinantes de má

formação.

- Central – localizada desde o tronco cerebral até as regiões subcorticais e

córtex cerebral.

Existe um aparelho chamado Audiômetro, que é utilizado para medir a

sensibilidade auditiva de um indivíduo e esse nível de intensidade auditiva é medido

em decibel (dB).

Por meio desse aparelho é possível a realização de alguns testes, obtendo-se

uma classificação da surdez quanto ao grau de comprometimento e/ou intensidade

da perda auditiva, sendo classificada em níveis, de acordo com a sensibilidade

auditiva do indivíduo:

- Audição Normal – 0 - 15 dB;

- Surdez leve – 16 – 40 dB;

- Surdez Moderada – 41 – 55 dB;

- Surdez acentuada – 56 – 70 dB;

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- Surdez severa – 71 – 90 dB;

- Surdez profunda – acima de 91 dB.

A surdez pode ser classificada como unilateral, quando se apresenta em

apenas um ouvido e bilateral, quando ocorre em ambos os ouvidos.

Como pudemos ver, a surdez consiste na perda maior ou menor da

percepção dos sons. Existem vários tipos de surdez, com diferentes graus de perda

da audição. Em se tratando da interferência na aquisição da linguagem e da fala, o

déficit auditivo pode ser definido como perda média em decibels, naquilo que

chamamos de zona conversacional, isto é, frequência de 500 – 1000 – 2000 hertz,

para o melhor ouvido.

O indivíduo com surdez pode ser considerado, tanto para a área da saúde,

quanto para a área educacional, conforme classificação a seguir (BRASIL, 2006, p.

19).

2.3.1 Parcialmente surdo:

a) Surdez leve – indivíduo que apresenta perda auditiva de até 40 dB (quarenta

decibels). Essa perda impede que o indivíduo perceba igualmente todos os fonemas

das palavras. Além disso, a voz fraca e distante não é ouvida. Em geral, esse

indivíduo é considerado desatento, solicitando frequentemente, a repetição daquilo

que lhe falam. Essa perda auditiva não impede a aquisição normal da língua oral,

mas poderá ser a causa de algum problema articulatório na leitura e/ou na escrita.

b) Surdez moderada – indivíduo que apresenta perda auditiva entre 40 e 70 dB

(quarenta e setenta decibels). Esses limites se encontram no nível da percepção da

palavra, sendo necessária uma voz de certa intensidade para que seja

convenientemente percebida. É frequente o atraso de linguagem e as alterações

articulatórias, havendo em alguns casos maiores problemas linguísticos. Esse

indivíduo tem maior dificuldade de discriminação auditiva em ambientes ruidosos.

Em geral ele identifica as palavras mais significativas, tendo dificuldades em

compreender certos termos de relação as formas gramaticais complexas. Sua

compreensão verbal está intimamente ligada a sua aptidão para a percepção visual.

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2.3.2 Surdo: a) Surdez severa – indivíduo que apresenta perda auditiva entre 70 e 90 dB (setenta

e noventa decibels). Este tipo de perda vai permitir que ele identifique alguns ruídos

familiares e poderá perceber apenas a voz forte, podendo chegar até aos quatro ou

cinco anos sem aprender a falar. Se a família estiver bem orientada pela área da

saúde e da educação, a criança poderá chegar a adquirir linguagem oral. A

compreensão verbal vai depender, em grande parte, de sua aptidão para utilizar a

percepção visual e para observar o contexto das situações.

b) Surdez profunda – indivíduo que apresenta perda auditiva superior a 90 dB

(noventa decibels). A gravidade dessa perda é tal que o priva das informações

auditivas necessárias para perceber e identificar a voz humana, impedindo-o de

adquirir a língua oral. As perturbações da função auditiva estão ligadas tanto à

estrutura acústica quanto a identificação simbólica da linguagem. Um bebê que

nasce surdo balbucia como um de audição normal, mas suas emissões começam a

desaparecer na medida em que não tem acesso a estimulação auditiva externa,

fator de máxima importância para a aquisição da linguagem oral. Assim, tampouco

adquire a fala como instrumento de comunicação, uma vez que, não percebendo,

perde o interesse por ela e sem o retorno auditivo, não possui modelo para dirigir

suas emissões. Esse indivíduo geralmente utiliza uma linguagem gestual, e poderá

ter pleno desenvolvimento linguístico por meio da língua de sinais. Atualmente,

muitos surdos e pesquisadores consideram que o termo “surdo” refere-se ao

indivíduo que percebe o mundo por meio de experiências visuais e opta por utilizar a

língua de sinais, valorizando a cultura e comunidade surda.

Considerando as características expostas acima, vale ressaltar que a língua

materna é uma língua adquirida naturalmente pelos indivíduos em seu contexto

familiar. Qualquer criança ouvinte chega à escola falando sua língua materna,

cabendo apenas sistematizar o conhecimento. Em relação a criança surda, não é

isso que costuma acontecer, pois ela não tem imersão linguística idêntica a dos

ouvintes em suas famílias, se for filha de pais ouvintes, desta forma a escola passa

assumir a função de oferecer condições para aquisição da língua de sinais e para o

aprendizado da língua portuguesa. As alternativas de atendimento para esses

alunos estão relacionadas as condições individuais e as escolhas das famílias. O

12

grau e o tipo de perda auditiva são fatores muito importantes que irão determinar o

tipo de atendimento a ser desenvolvido com o aluno e os possíveis resultados.

É importante também salientar que, quanto maior a perda auditiva, maior

deve ser o tempo de atendimento especializado para ao aprendizado da língua

portuguesa escrita. No entanto, tal perda, não traz nenhum problema linguístico para

o desenvolvimento e aquisição da língua de sinais – LIBRAS.

13

3 CONCEPÇÕES ACERCA DA SURDEZ

Para entendermos melhor como se dá a educação da pessoa surda, faz-se

necessário rever não só as questões referentes aos seus limites e possibilidades,

como também os preconceitos enfrentados por elas, decorrentes da perda da

audição.

Nesse sentido, a surdez é caracterizada como um problema sensorial, que

não é visível, mas que acarreta dificuldades na detecção e percepção dos sons,

trazendo sérias consequências ao indivíduo. A presença de qualquer alteração

auditiva na primeira infância compromete o desenvolvimento da criança como um

todo, nos aspectos cognitivos, sociais e culturais.

Fernandes (2006) sistematiza duas concepções acerca da surdez que são: a

surdez na concepção clínico-terapêutica e a surdez na perspectiva pedagógica e

social, conforme descrito abaixo:

3.1 CONCEPÇÃO CLÍNICO-TERAPÊUTICA

A surdez é uma diminuição da capacidade de percepção normal dos sons,

que traz ao indivíduo uma série de consequências ao seu desenvolvimento,

principalmente no que diz respeito à linguagem oral;

Considera-se surdo o indivíduo cuja audição não é funcional na vida comum

e, parcialmente surdo, aquele cuja audição, ainda que deficiente, é funcional

com ou sem prótese auditiva. A competência auditiva é classificada como:

normal, perda leve, moderada, severa e profunda. A surdez severa e

profunda impede que o aluno adquira, naturalmente, a linguagem oral;

Por decorrência dessa dificuldade em desenvolver normalmente a linguagem

oral, os indivíduos surdos podem apresentar atraso intelectual de dois a cinco

anos, dificuldades de abstração, generalização, raciocínio lógico,

simbolização, entre outros;

Essa incapacidade de se comunicar, da mesma forma que as demais

pessoas, atua de modo significativo em sua personalidade, fazendo com que

14

manifeste tendências de introspecção, imaturidade emocional, rigidez de

juízos e opiniões, prejudicando o desenvolvimento do sujeito em sua

globalidade;

A fim de que estes problemas sejam evitados, é aconselhável que a criança

surda seja encaminhada o mais cedo possível a uma escola especializada,

para que possa receber estimulação auditiva e oral adequada, adquirindo um

desenvolvimento próximo aos padrões de normalidade;

O domínio da linguagem oral irá permitir sua plena integração na sociedade,

uma vez que essa é a forma usual de comunicação entre as pessoas;

O desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem está subordinado ao

aprendizado da linguagem oral.

De acordo com esta concepção, a educação especial esteve voltada, na sua

grande maioria, para a reabilitação da audição e da fala, entendida como sinônimo

de linguagem. O maior objetivo pedagógico, nesta concepção, era corrigir/reabilitar a

fala através da estimulação oral/auditiva. E, esse encaminhamento metodológico foi

chamado de “oralismo”.

Podemos observar que a grande falha desse modelo foi desconsiderar os

resultados negativos apontavam que tal processo poderia ser eficaz, do ponto de

vista da possibilidade do desenvolvimento da linguagem oral.

No entanto, mais de um século desse modelo, como prática hegemônica na

educação de surdos, acarretou um resultado insatisfatório: uma pequena parcela de

surdos conseguiu desenvolver uma forma de comunicação sistematizada, seja oral,

escrita ou sinalizada, sendo que a grande maioria foi excluída do processo

educacional ou permaneceu em escolas ou classes especiais, que mantinham o

modelo clínico-terapêutico. Essa situação provocou o surgimento de uma geração

que não apenas fracassou em seu processo de escolarização, mas em seu

desenvolvimento linguístico, acadêmico, emocional e social.

Vale ressaltar que esta situação está refletida no mundo todo, conforme

pesquisas de organismos representativos, governamentais e não-governamentais,

nos apontando para a necessidade urgente de revisão nos paradigmas e práticas

até então realizadas.

Desta forma, novas concepções de surdez passaram a ser edificadas, não

mais baseadas em padrões de normalidade, mas respaldadas por grandes avanços

científicos e por meio de estudos linguísticos, sócio-antropológicos, psicológicos,

15

entre outros. Passou-se a valorizar a pluralidade cultural no convívio social, surgindo

a necessidade de reconhecer o potencial de cada indivíduo, a fim de que possamos

ter relações sociais mais justas e humanitárias.

Com esse entendimento, não se nega que a surdez é uma limitação auditiva,

mas considerando essa nova concepção, surge a valorização das potencialidades

dos surdos, traduzidas por construções artísticas, linguísticas e culturais,

representativas dessa comunidade, que compartilha a possibilidade de conhecer e

aprender, tanto mais por meio da experiência visual do que pela percepção auditiva.

Portanto, em educação, não se trata de falar de ausências e de limitações,

mas de possibilidades de construção e nesse contexto a surdez é vista como uma

experiência visual.

Veremos a seguir, conforme descreve Fernandes (2006), a concepção de

surdez na perspectiva pedagógica e social.

3.2 CONCEPÇÃO NA PERSPECTIVA PEDAGÓGICA E SOCIAL

A surdez é uma experiência visual que traz aos surdos a possibilidade de

constituir sua subjetividade por meio de experiências cognitivo-linguísticas

diversas, mediadas por formas alternativas de comunicação simbólica, que

encontram na língua de sinais, seu principal meio de concretização;

A surdez é uma realidade heterogênea e multifacetada e cada sujeito surdo é

único, pois sua identidade se constituirá a depender das experiências

socioculturais que compartilhou ao longo de sua vida;

Os surdos têm direito a uma educação bilíngue, que priorize a língua de sinais

como sua língua natural e primeira língua, bem como o aprendizado da língua

portuguesa, como segunda língua;

A língua de sinais precisa ser viabilizada: enquanto linguagem

dialógica/funcional/instrumental e enquanto área do conhecimento (disciplina

curricular);

16

A presença de educadores surdos é imprescindível no processo educacional,

atuando como modelos de identificação linguístico-cultural e exercendo

funções e papéis significativos.

A autora ressalta ainda [...] é impossível pensar em um projeto educacional de qualidade que não mantenha como premissas básicas a importância da língua de sinais e a atuação de surdos adultos, competentes linguisticamente, como interlocutores no processo de aquisição dessa língua, contribuindo, significativamente, na formação da personalidade e no processo educacional das crianças surdas.

De acordo com esta concepção, a escola deve priorizar o trabalho

pedagógico com os alunos surdos, considerando que a aquisição dos

conhecimentos em língua de sinais é uma das formas de garantir a aquisição da

leitura e da escrita da língua portuguesa pela criança surda.

Inúmeras pesquisas demonstram que crianças surdas, filhas de pais surdos,

que estiveram expostas a língua de sinais desde o nascimento, cumprindo

plenamente as funções de comunicação e simbolização, obtiveram um

desenvolvimento linguístico, cognitivo, afetivo e emocional adequados,

demonstrando ainda melhores resultados acadêmicos que crianças filhas de pais

ouvintes que foram privadas desse contato com a língua de sinais desde o

nascimento e somente tiveram contato com ela no momento em que foram inseridas

em uma escola.

17

4 ABORDAGEM ORALISTA A educação de surdos não é um tema fácil de ser tratado, pois ainda estamos

longe de manter um rigor científico sobre o assunto.

A complexidade do assunto coloca-se em diferentes níveis, nem sempre

fazendo uma clara distinção entre os aspectos metodológicos e as finalidades de

opções filosóficas, sociológicas ou políticas.

O desenvolvimento da educação de surdos se deu por diferentes caminhos,

sendo que os benefícios e os inconvenientes de cada uma delas dependem muito

das características próprias de cada criança.

O mais importante é encontrar uma forma de comunicação com a criança

surda, sendo que essas opções teóricas podem variar entre dois extremos: o

oralismo puro e o gestualismo ou bilinguismo.

No entanto, a comunicação não é o único aspecto a ser considerado na

educação do surdo, já que ele deve ser considerado em todos os sentidos. Essa

reflexão deve abranger os aspectos pedagógicos e os princípios educativos gerais,

para decidir se estas crianças devem ser inseridas em escolas e/ou classes

especiais.

Nesse sentido é muito importante levar em consideração a opinião de adultos

surdos, que podem testemunhar suas experiências e necessidades ao longo de

suas vidas e, daí identificar qual a melhor forma de trabalho a ser realizada com

essa criança.

Pensando nisso tentaremos ajudar o professor a definir uma estratégia de

trabalho, abordando as diferentes linhas adotadas ao longo da história da educação

de surdos.

O oralismo é definido como linha de trabalho que aceita apenas a linguagem

oral como única e exclusiva.

A criança surda é treinada de forma a desenvolver seus resíduos auditivos, a

realizar a leitura labial e é estimulada a usar a fala como única forma de

comunicação. Este trabalho é realizado sistematicamente através da

“desmutização”, quer dizer, um trabalho intenso de educação da articulação.

Esta orientação pedagógica se apoia no fato de que a criança surda deve

adquirir uma linguagem oral a mais desenvolvida possível, acreditando que dessa

18

forma a criança vai se integrar com eficiência no mundo auditivo-oral dos ouvintes e

toda exposição a comunicação gestual é proibida a criança surda.

Koslowiski (2000) deixa claro que para compreendermos um pouco mais este

“pêndulo oral x gestual”, seria interessante analisarmos a história da educação dos

surdos.

A história nos mostra que foi na Espanha do século XVII que encontramos os

primeiros educadores surdos. Ponce de Leon (1520-1584) foi o primeiro professor

de surdos, mas infelizmente temos poucos dados sobre seus métodos. No entanto,

em 1756, Abbé de L’Epeé cria em Paris a primeira Escola para surdos com uma

filosofia manualista e oralista e pela primeira vez na história os surdos adquiriram o

direito a uma língua própria.

Enquanto isso, na Alemanha, Heinicke (1723-1790), começa as bases da

filosofia oralista, onde um grande valor é atribuído à fala.

No ano de 1880, acontece um Congresso Mundial de Surdos em Milão, que

reuniu surdos da Europa e dos Estados Unidos, fica definida a corrente ‘oralista’, na

educação dos surdos, ficando proibida e estigmatizada a linguagem de sinais. O

domínio da língua oral pelo surdo passou a ser uma condição “sine qua non” para a

aceitação dentro de uma comunidade majoritária.

Somente em 1971, no Congresso Mundial de Surdos em Paris, que a língua

de sinais passou a ser novamente valorizada. Pesquisas demonstraram que um

século de oralismo dominante não serviu como solução para a educação de surdos,

sendo constatado que os surdos eram subeducados com o enfoque oralista e que a

aquisição da língua oral deixava muito a desejar, além de que a comunicação

gestual nunca deixou de existir entre os surdos, fez com que uma nova época se

iniciasse como enfoque bilíngue na educação do indivíduo surdo.

Em se tratando da educação de surdos, quando falamos de bilinguismo,

estamos nos referindo à existência de duas línguas no ambiente em que o surdo

está inserido e ao mesmo tempo reconhecendo que o surdo vive numa situação

bilíngue.

Portanto, bilinguismo para o surdo, refere-se à existência de duas línguas: a

língua oral da comunidade ouvinte, no caso do Brasil, o Português e, a língua de

sinais da comunidade surda, a Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS.

As pesquisas recentes no campo da educação do surdo (Quadros, 1997),

mostram a tendência para a educação bilíngue da criança surda, onde a língua de

19

sinais é considerada a primeira língua (L1) da criança surda e, a língua escrita, a

segunda língua (L2) para a criança surda.

20

5 PROPOSTA BILINGUE

A educação de surdos apresenta-se hoje em uma fase de transição. Quadros

(1997) descreve estas fases da seguinte forma: a primeira fase constitui-se pela

educação oralista, a segunda fase caracteriza-se pelo uso da língua de sinais como

recurso para o ensino da língua oral. Sendo que esse sistema passa a ser chamado

português sinalizado.

No Brasil, as duas primeiras fases constituem grande parte da história da

educação de surdos, pois elas continuam sendo desenvolvidas em grande parte das

escolas brasileiras. Porém as comunidades surdas estão despertando e percebendo

que foram muito prejudicadas ao longo dos anos, com as propostas desenvolvidas

até então e, estão percebendo a importância e o valor da sua língua, isto é, a

LIBRAS. Desta forma os estudos apontam para uma proposta de educação bilíngue.

Considerado por muitos estudiosos como (Sánchez, 1992; Ferreira

Brito,1990; Skliar et al., 1995) “o oralismo é uma imposição social de uma maioria

linguística, sobre uma minoria linguística, sem expressão diante da comunidade

ouvinte”.

Já o bimodalismo segundo estudos de (Duffy, 1987; Ferreira Brito, 1990;

Quadros, 1997), “é um sistema artificial inadequado, tendo em vista que

desconsidera a língua de sinais e sua riqueza estrutural acabando por desestruturar

também o português”.

Desta forma, segundo (Quadros, 1997) “o bilinguismo é uma proposta de

ensino usada por escolas que se propõem a tornar acessível à criança duas línguas

no contexto escolar”.

Estudos demonstram que essa proposta é a mais adequada para o ensino de

crianças surdas, pois considera a língua de sinais como língua natural, partindo

desse pressuposto para o ensino da língua escrita.

Considerando que a língua de sinais é natural, adquirida de forma espontânea

pela pessoa surda em contato com outras que usam essa língua e, se a língua oral é

adquirida de forma sistematizada, então as pessoas surdas têm o direto de ser

ensinadas na língua de sinais. Desta forma, o bilinguismo busca resgatar esse

direito.

21

Diversos pesquisadores como Skutnabb-Kangas (1994) diz que devemos

levar em conta que a declaração dos direitos humanos linguísticos deve garantir a

todos os utentes de uma língua materna não-oficial em um país têm o direito de

serem bilíngues, isto é, o direito de terem acesso a sua língua materna e a língua

oficial do país, no nosso caso o português.

Quanto ao ensino da língua portuguesa, a proposta bilíngue para surdos

concebe o seu desenvolvimento baseada em técnicas de ensino de segunda língua.

No entanto, deve-se levar em consideração a criança surda filha de pais

ouvintes que nunca teve contato com a L1, ou seja, a língua de sinais. Esse é o

grande desafio da escola no sentido de proporcionar a essa criança um

desenvolvimento psicossocial adequado e um ensino eficiente da língua portuguesa,

pois a criança nem sequer nasce em um ambiente que favoreça o desenvolvimento

de sua primeira língua, no caso do Brasil, a LIBRAS. Perceba que não é um

problema da criança por ser surda, mas um problema social que pode gerar

consequências irreversíveis no seu desenvolvimento caso não seja oferecido a ela o

direito de ter acesso à aquisição de uma língua de forma natural.

Sendo assim, uma proposta bilíngue deve considerar essa situação, pois a

maioria das crianças surdas que chegam as escolas é filha de pais ouvintes, e, a

escola precisa proporcionar a essas crianças o contato com surdos adultos a fim de

que ela possa adquirir de forma natural a L1. Deve haver um ambiente próprio para

que a criança possa desenvolver a linguagem e o pensamento, tornando possível o

ensino de uma segunda língua, neste caso a Língua portuguesa.

Vale ressaltar que o domínio da L1, apesar de ser essencial, não garante o

acesso à L2. Percebe-se que em muitas escolas, embora haja o emprego da língua

de sinais, as dificuldades em relação à língua portuguesa persistem. Na verdade, o

domínio da L1, apesar de ser pressuposto para o ensino da L2, não parece ser

suficiente para que o processo de aquisição da L2 se concretize.

Para tanto, neste trabalho entendemos que para diminuir esses problemas

enfrentados pelos surdos no seu processo de escolarização com foco na leitura e

escrita da língua portuguesa, faz-se necessário a utilização de uma metodologia

diferenciada, ou seja, o letramento.

22

6 LETRAMENTO Tratar desse assunto na educação de surdos requer a revisão de termos

como alfabetização e letramento.

Soares (2006) apresenta algumas reflexões em relação à palavra e/ou

conceito de alfabetização. “Alfabetização é a ação de alfabetizar, de tornar

“alfabeto”. Como ela mesma esclarece, causa-nos estranheza o uso da palavra

“alfabeto”, na expressão “tornar alfabeto”. É que dispomos da palavra analfabeto,

mas não temos o contrário dela: temos a palavra negativa, mas não temos a palavra

positiva.

Já em relação a palavra letramento, por ser ainda muito nova, não foi

introduzida nos dicionários. No entanto, Soares (2006) não define letramento, mas

vai além analisando a tradução do inglês para o português, como: “a condição de ser

letrado”, dando a palavra “letrado” sentido diferente daquele que vem tendo em

português. Desta forma, letrado será usado para caracterizar a pessoa que, além de

saber ler e escrever faz uso frequente e competente da leitura e da escrita.

Fazendo uma análise mais detalhada dos termos alfabetização e letramento,

percebemos que não basta a escola alfabetizar, e sim , interpretar aquilo que leem.

Neste sentido a verdadeira função da escola é desenvolver no aluno o

domínio da leitura e da escrita, fazendo uso das mesmas em atividades da vida

diária. Em se tratando da leitura e escrita para os alunos surdos que é o foco do

nosso trabalho, é importante refletirmos que a aquisição da escrita exige muito mais

do que a simples identificação e o desenho das letras, como é comum observarmos

o surdo neste processo, copiar, desenhar e copiar.

Construir um ambiente de letramento demanda a experiência com variados

textos e de diferentes gêneros. Além de utilizar a literatura infantil, é fundamental a

exploração de textos de jornais, revistas, textos publicitários, revistas em

quadrinhos, entre outros, para que a criança perceba, a partir de um cotidiano

letrado, a linguagem que se usa para escrever. Acredito importante destacar aqui as

contribuições de Vigotski (1984) em relação aos estágios do desenvolvimento. A

criança já nasce num mundo cultural, num mundo de significados, de signos, desta

forma só se pode entender o seu processo de desenvolvimento caso se entenda em

que grupo ela está inserida e qual o contexto que dá a ela significado. É importante

23

que o professor observe estas questões para que a partir daí ele possa pensar a

respeito da importância do uso de instrumentos que a criança usa. Por exemplo: a

criança brinca, transforma e cria através de sucata e, isso é uma das marcas do seu

processo de desenvolvimento. Depois vem o uso da palavra, o jogo da palavra, o

jogo dos signos entre outros e, no caso da criança surda o sinal. Se o professor

estiver atento a este processo e, a partir dele, criar situações nas quais a criança

possa de fato por em prática algo que é fundamental para a sua constituição

enquanto sujeito, o professor estará redimensionando a sua prática pedagógica e

contribuindo para a construção de um ambiente de letramento no qual a relevância

de significado estará presente.

É muito importante colocar a criança em contato com a pluralidade textual,

assim como com as interações sociais presentes no seu cotidiano escolar, para que

ela vá diferenciando a pluralidade textual. Este ambiente de letramento da criança

surda precisa ser rico em textos, em materiais e em significados. É fundamental

também que se crie um espaço de troca, onde ela fale de suas experiências, de seu

mundo, de sua família, de seus gostos e de seus prazeres, não esquecendo de dar

prioridade à língua de sinais. É neste espaço que se pode perguntar, expor ideias,

dúvidas, ampliar o vocabulário e aprender a valorizar o grupo como instância de

troca de aprendizagem.

Ao considerarmos a Língua de Sinais como L1 e a Língua portuguesa como

L2, cabe a escola desenvolver metodologias que viabilizem o aprendizado da leitura

e da escrita na segunda língua do surdo, no nosso caso, o português. Vale ressaltar

ainda, que o professor deverá inserir também as novas tecnologias presentes na

grande maioria das escolas, levando o aluno a participar desse mundo em plena

atividade tecnológica, contribuindo, desta forma, para o enriquecimento de um

ambiente letrado.

24

7 O INTÉRPRETE EDUCACIONAL

Silva (2003, p. 241) O intérprete não empresta ao surdo somente os ouvidos

e as mãos, e sim todo o corpo; a boa interpretação está relacionada com a

expressão facial e corporal; o ouvinte transmite suas emoções por meio de ruídos,

melodias e impostação da voz, o que para o surdo, deve ser materializado no corpo

do intérprete.

No cenário de inclusão, todavia, verifica-se a fundamental e real necessidade

da presença do tradutor/intérprete de Libras para mediar relações dialógicas entre

os interlocutores de línguas diferentes. É o tradutor/ intérprete que atua na fronteira

entre os sentidos da língua original e da língua alvo, com os processos de

interpretação relacionando-se como contexto no qual o signo é formado (ARROYO,

1996). E nas comunidades surdas, a figura do intérprete apresenta-se como um

importante agente para ampliar a participação social desta comunidade e seu

acesso a vários conhecimentos e conteúdos que são comumente veiculadas nas

línguas das comunidades ouvintes.

No Brasil, este tema se reverte de forma relevante, já que recentemente

decretos e leis tem sido publicados, focalizando este profissional, suas funções e

formas de capacitação (LACERDA, 2009).

Verificamos na Lei 10.436 de 2002, que regulamenta por meio do Decreto

5.626 (BRASIL, 2005) em seu artigo 14, parágrafo 1º inciso III, que para ser

garantida a escolaridade e atendimento adequado ao estudante surdo as instituições

federais de ensino devem: –“prover às escolas com: a) professores de Libras ou

instrutores de Libras; b) tradutor e intérprete de Libras – Língua Portuguesa”.

Todavia o trabalho do tradutor/intérprete não é fácil, considerando que ele é a ponte,

ou seja, é quem favorece que uma mensagem supere a “barreira linguística” entre

duas comunidades.

Tanto o tradutor quanto o intérprete precisam ser profissionais capazes de

compreender e expressar ideias relacionadas às diferentes áreas do conhecimento

humano. Ele precisa ter conhecimento do tema para fazer um bom trabalho, mas

não necessariamente ser um profissional naquela área (PAGURA, 2003, p.76).

25

O intérprete realiza uma atividade que exige dele estratégias mentais na

forma de transferir o contexto, a mensagem de um código linguístico para outro.

Esse trabalho requer manter uma imparcialidade profissional e desenvolver uma

relação de neutralidade com os surdos e o corpo docente em sala de aula, para que

não haja interferência em sua atuação. A fidelidade e a ética norteiam esse trabalho.

Enfim o intérprete de Libras exercerá em sala de aula e em todas as atividades

educacionais somente as Funções Comunicativas Tradutórias.

Na interpretação não há tempo para consultas ou reflexões. As escolhas

linguísticas precisam ser rápidas, e por isso a bagagem cultural do intérprete precisa

ser ampla. Alem disso o intérprete precisa concentrar-se no que está ouvindo para

compreender a informação e rapidamente passá-la para outra língua. Enquanto ele

está passando parte da outra mensagem, outro conteúdo já está sendo falado, ele

deve concentrar-se naquilo que ouve e nos modos como passar tais sentidos para a

outra língua em poucos segundos. Trata-se da tarefa de ouvir, compreender e

reexpressar quase ao mesmo tempo. (PAGURA, 2003).

O ato de interpretar é um ato cognitivo-linguístico, ou seja, é um processo em

que o intérprete estará diante de pessoas que apresentam intenções comunicativas

específicas e que utilizam línguas diferentes.

No contexto educacional o trabalho do tradutor/intérprete de Libras/Português

pode ser definido como um dilema: de um lado evitar impor o modo de ser de uma

cultura e do outro impor ao texto a ser traduzido o modo de ser da sua própria

cultura, obscurecendo estilo e ênfase que dão vida e especificidade ao texto. Sobral

(2006) pontua que “manter esse difícil equilíbrio é necessariamente ético, um ato de

resposta e de responsabilidade, um ato de arbitragem honesta, de negociação entre

culturas que busca chegar ao acordo que é o texto fiel”.

Na escola, cada profissional desempenha sua função e papel que se

diferenciam. Ao professor cabe a função pedagógica voltada para os

encaminhamentos metodológicos no sentido da aplicabilidade dos conteúdos, a

disciplina, o saber e o conhecimento. O professor deve ter seu papel fundamental

associado ao ensino e, portanto, completamente inserido no processo interativo

social, cultural e linguístico do aluno surdo. O intérprete, por outro lado, é o mediador

entre pessoas que não dominam as línguas em questão.

A figura do intérprete apresenta como um importante agente para ampliar a

participação social da comunidade surda em seu acesso ao conhecimento. No

26

Brasil, decretos e leis têm sido publicados garantindo a acessibilidade através do

profissional intérprete de língua de sinais e focalizando suas funções.

Destacamos como funções do intérprete da língua de sinais, realizar a

interpretação da língua falada para a língua sinalizada e vice-versa, observando os

seguintes preceitos éticos:

- confiabilidade (sigilo profissional);

- imparcialidade (neutralidade e não fazendo interferências ou opinando);

- discrição (não se envolver, estabelecer limites durante sua atuação);

- distância profissional (separar sua vida profissional da pessoal);

- fidelidade a interpretação (ser fiel, não alterar informação, opinar sobre o

assunto, ser objetivo e real na interpretação).

É responsabilidade profissional do intérprete, considerar os diversos níveis da

Língua Brasileira de Sinais bem como da Língua Portuguesa. O intérprete deve

informar quando a interpretação literal não é possível, procurando parafrasear de

modo claro o que está sendo dito à pessoa surda. Deve também manter a

dignidade, o respeito e a pureza das línguas envolvidas, procurando estar sempre

atento, aprendendo e aceitando novos sinais, se isso for necessário para o

entendimento, e, esforçar para reconhecer os vários tipos de assistências do surdo e

fazer o melhor para atender as particularidades. Além de agrupar com colegas

profissionais e dividir novos saberes buscando desenvolver suas capacidades e

expressões e receptivas em interpretação e tradução.

Destacamos também, para que o trabalho possa alcançar êxito faz-se

necessário que exista entre professor e intérprete confiabilidade, para que o trabalho

se desenvolva com segurança e comodidade em um ambiente harmonioso. O

respeito é o limitador, onde cada um saberá quais são as suas atribuições e os

limites de suas funções, comunicativas ou pedagógicas. A parceria, é muito

importante para o sucesso escolar do aluno, implica no planejamento dos conteúdos

trabalhados em sala de aula, com repasse para o intérprete, a fim de buscar a forma

mais adequada para uma boa interpretação. Fica mais fácil quando se tem em mãos

o material a ser interpretado. É interessante que o professor discuta com o intérprete

o plano de aula esclarecendo dúvidas existentes, de igual modo o intérprete se

preocupar em conhecer o material e textos que serão usados em sala de aula. O

envolvimento educacional, entre o professor e o intérprete é fundamental para o

desenvolvimento educacional dos surdos. O intérprete conhece os pontos em que

27

os surdos se sentem mais fragilizados e compartilha essas informações com o

professor. O professor, por sua vez, observa pela correção de exercícios e provas

quando o aluno está correspondendo ou não aos conteúdos, informando ao

intérprete. Essa parceria entre professor e intérprete contribuirá para o melhor

desempenho educacional dos alunos surdos.

28

8 LEIS E DECRETOS QUE GARANTEM A EDUCAÇÃO INCLUSIVA2

A educação inclusiva é um processo que amplia a participação de todos.

Trata-se de uma reestruturação da cultura, da prática e das políticas públicas.

O Brasil tem uma construção avançada, de leis que garantem os direitos das

pessoas com deficiência ou necessidades educativas especiais.

Na área da educação destacamos:

- Constituição Federal de 1988, art. 208.

- Lei nº 9394/96 - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBN).

Capítulo V - Educação Especial – Art. 58, Art. 59, Art. 60.

- Lei nº 7853/89 – “Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de

deficiência, sua integração social, sobre a Coordenadoria Nacional para a Integração

da Pessoa Portadora de Deficiência (CORDE), institui a tutela jurisdicional de

interesses coletivos ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do Ministério

Público, define crimes, e dá outras providências”.

- O decreto nº 3298/99 - regulamenta a Lei nº 7853/89, dispõe sobre a Política

Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, consolida as

normas de proteção ao portador de deficiência e dá outras providências.

- Lei nº 10098/2000 - Estabelece normas gerais e critérios básicos para a

promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência ou com mobilidade

reduzida mediante a eliminação de barreiras e de obstáculos nas vias e espaços

públicos, no mobiliário urbano, na construção e reforma de edifícios e nos meios de

transporte e comunicação.

- Parecer nº 17, do Conselho Nacional de Educação/Câmara de Educação

Básica (CNE/CE ), aponta os caminhos da mudança para os sistemas de ensino nas

creches e nas escolas de educação infantil, fundamental, médio e profissional e

estabelece as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica,

(MEC/2001).

2Fonte:http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12907:legislacoes&catid=70:legislacoes

29

- Lei Federal nº 10432/2002 – Reconhece a LIBRAS (Lingua Brasileira de

Sinais), e outros recursos de expressão a ele associados como meio legal de

comunicação e expressão.

Essas leis e decretos determinam que a educação das pessoas com

necessidades educativas especiais deve ser ofertada, preferencialmente, na rede

regular de ensino e somente extraordinariamente em escolas especiais, para

aqueles alunos que requeiram apoios intensivos e permanentes, que a escola

comum não consegue prover.

As escolas estão aderindo a essa política de modo a atender à diversidade

dos alunos. Tendo em vista a inserção social do sujeito, respeitando suas

singularidades. Buscando atender as necessidades educativas especiais, em um

sistema regular de ensino, de maneira a promover seu desempenho e

aprendizagem. Para isso requer mudanças significativas na estrutura e

funcionamento das escolas, na formação dos professores, e nas relações família-

escola.

Partindo do princípio democrático da educação para todos. O Ministério da

Educação dissemina nacionalmente a política da educação inclusiva, e reconhece o

direito das pessoas com deficiência a uma educação de qualidade, visando a

efetivação deste sem discriminação e sobre a base da igualdade de oportunidades,

onde será assegurado um sistema de educação inclusiva em todos os níveis, assim

como o ensino ao longo da vida, onde as redes de ensino devem atender todos os

alunos independente das condições que apresentam.

A inclusão, como consequência de um ensino de qualidade para todos os

alunos provoca e exige da escola brasileira novos posicionamentos e, é um motivo a

mais para que o ensino se modernize e para que os professores aperfeiçoem as

suas práticas. É uma inovação que implica num esforço de atualização e

reestruturação das condições atuais da maioria de nossas escolas de nível básico.

Mantoan (2007)

A inclusão pressupõe adaptação e a participação da pessoa com deficiência

no processo educacional desenvolvido pela escola comum regulares. Em uma

escola inclusiva, todos os alunos aprendem juntos, a escola tem que atender a todos

e a cada um dos alunos independente de suas condições sociais e culturais. Como

Mantoan diz, a inclusão prevê mudanças estruturais e reestruturação do sistema

educacional, com o objetivo de ofertar a todos os educandos, sem distinção, um

30

espaço democrático, baseado em princípios de respeito à diversidade. E uma

educação que contemple e propicie a prática social, valorize e respeite as

diversidades dos alunos, motivando os mesmos a construir seu próprio aprender,

reconhecer e construir sua cultura, tornando participantes da vida social, econômica

e política.

Ao governo cabe, não só oportunizar um ensino da qualidade, o acesso e a

permanência desses alunos, mas, oferecer ao professor e a escola suporte

necessário para desempenhar sua ação pedagógica, objetivando que a

aprendizagem obtenha o êxito desejado. A valorização, o respeito, o princípio

igualitário e a consciência de que a inclusão é um direito fundamental exigem que os

profissionais envolvidos estudem e reflitam sobre inclusão.

O grande desafio da escola inclusiva é a permanência de seus alunos, de

forma a não excluí-los no percurso escolar, não só promover o acesso, mas, a

aprendizagem, o desenvolvimento social, afetivo e cognitivo e os avanços nas

etapas seguintes e, para enfrentar esse desafio o Estado do Paraná oferece uma

estrutura organizacional muito importante para a efetivação desses atendimentos, é

a Rede de Apoio, a qual vamos nos ater nesse momento, focalizando a área da

surdez, que é foco do nosso trabalho.

31

9 REDE DE APOIO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO ESTADO DO PARANÁ3

O Departamento de Educação Especial e Inclusão Educacional –

DEEIN/SEED, desde o ano de 2003, tem direcionado seu trabalho para a

implementação de políticas educacionais inclusivas na perspectiva da prática

pedagógica. Nesse sentido, as ações desenvolvidas têm a finalidade de promover

mudanças para a implantação de políticas, culturas e práticas inclusivas na escola

que valorizem a contribuição ativa de cada aluno para a formação de um

conhecimento partilhado. (RODRIGUES, 2006).

O Departamento de Educação Especial e Inclusão Educacional – SEED tem

ofertado acesso à educação aos alunos com necessidades educacionais especiais

através da Rede de Apoio.

A Rede de Apoio na perspectiva da inclusão, tem como objetivo dar

atendimento aos alunos com necessidades especiais através de um conjunto de

serviços ofertados pela escola e comunidade em geral. A fim de promover o

desenvolvimento educacional do aluno que por razões diversas podem apresentar

dificuldades.

Para que esse processo obtenha êxito educacional e que priorize as

especificidades, faz-se necessário o permanente diálogo entre o Ensino Comum e a

Educação Especial. Nessa perspectiva, a Rede de Apoio constitui esta ponte, ou

seja, a efetivação do Regime de Colaboração, que permeia todo o sistema

educacional, previsto na LDB 9394/96.

A Educação Especial no Paraná, normatizada pela Deliberação 02/03, é

ofertada através de Serviços Especializados e Serviços de Apoio Pedagógico

Especializado.

9.1 SERVIÇOS ESPECIALIZADOS

Os Serviços Especializados é uma ação pedagógica ofertada aos alunos que

necessitam de atendimento individualizado e contínuo, para que a sua autonomia 3 PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Departamento de Educação Especial e Inclusão Educacional. Dados da Rede de Apoio. Curitiba: SEED, 2008

32

possa ser assegurada, com adaptações curriculares que o ensino regular não tenha

possibilidades de oferecer. Logo, esses alunos são atendidos em escolas especiais,

públicas e/ou privadas, que ofertam serviços terapêuticos, tais como: saúde,

assistência social, profissionalização, lazer, entre outros. Tanto o atendimento

pedagógico quanto o atendimento terapêutico objetivam o desenvolvimento dos

alunos, através de ações conjuntas de todos os profissionais envolvidos.

a) Programa de Escolaridade Regular com Atendimento Especializado – PERAE –

Área da Surdez

O PERAE é um serviço de natureza pedagógica que se constitui na oferta de

classes de educação bilíngue (Língua Brasileira de Sinais/Libras e a Língua

Portuguesa), nos estabelecimentos de ensino regular, nas séries iniciais do ensino

fundamental, em que a Língua Brasileira de Sinais/Libras e a Língua Portuguesa,

na modalidade escrita, sejam as línguas de instrução e interação em sala de aula.

b) Atendimento Educacional Especializado da Educação Especial na Perspectiva da

Inclusão

Os Atendimentos Educacionais Especializados constituem-se em serviços de

natureza pedagógica, ofertados no contexto da escola regular para atender às

necessidades educacionais especiais dos alunos. É realizado em horário diferente

daquele em que frequentam a classe comum. Pode ser realizado individualmente ou

em pequenos grupos, para alunos que apresentem necessidades educacionais

especiais semelhantes.

a) Centro de Atendimento Especializado

É um serviço de apoio especializado de natureza pedagógica, ofertado nos

estabelecimentos do ensino regular para Educação Infantil, Ensino Fundamental,

Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos. As atividades são desenvolvidas

com atendimento por cronograma, em turno contrário ao frequentado no ensino

regular, de acordo com as áreas e necessidades dos alunos. Esse serviço atende

as seguintes áreas:

33

- Surdez

- Deficiência Física Neuromotora / DFN

- Deficiência Visual / DV

b) Instrutor surdo – Área da Surdez

É o profissional surdo que atua em serviços e apoios especializados, nas

escolas especiais para surdos e nos Centros de Atendimentos Especializados/CAE.

Desenvolve atividades relacionadas ao ensino e a difusão da Língua Brasileira de

Sinais – Libras e de aspectos socioculturais da surdez na comunidade escolar.

c) Tradutor e Intérprete de Libras/Língua Portuguesa/TILS – Área da Surdez

Trata-se de profissional bilíngue (com fluência em LIBRAS e Língua Portuguesa)

que oferece suporte pedagógico à escolarização de alunos surdos matriculados na

Educação Básica, da rede regular de ensino, por meio da mediação linguística entre

aluno(s) surdo(s) e demais membros da comunidade escolar, de modo a assegurar

o desenvolvimento da proposta de educação bilíngue (Libras/Língua Portuguesa).

d) Professor de Apoio à Comunicação Alternativa

O Professor de Apoio à Comunicação Alternativa é um profissional que atua

em sala de aula como mediador e interlocutor no apoio à comunicação entre o

aluno, o grupo social e o processo de ensino e aprendizagem. Esse serviço de

apoio especializado é nos estabelecimentos do Ensino Fundamental, Ensino Médio

e Educação de Jovens e Adultos.

34

PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

Unidade Didática I: Letramento para alunos surdos

PROFESSORA - PDE MARLENE TEREZINHA RIVAROLI BALAROTI

CORNÉLIO PROCÓPIO, PARANÁ 2010

35

INTRODUÇÃO O professor é um eterno estudioso e pesquisador na busca de estratégias e

metodologias que ampliem e enriqueçam sua prática pedagógica, propiciando

condições de aprendizagem a todos os alunos e, principalmente, dando condições

de acesso a cultura e a participação ativa do seu aluno como cidadão na sociedade

letrada.

Partimos da ideia de um trabalho voltado para textos sociais que circulam

socialmente, convidando o aluno a adentrar no mundo da leitura e da escrita. A

leitura e a escrita vão conduzir o aluno a percorrer novos caminhos, pois a cada

nova imagem nasce uma nova palavra, instigando-os em sua curiosidade e

proporcionando a criação e recriação da linguagem metafórica.

Neste sentido o objetivo deste trabalho está no desenvolvimento da

aprendizagem da leitura e da escrita do aluno surdo, a fim de minimizar suas

dificuldades no seu processo de escolarização, garantindo não apenas o seu direito

de aprender a ler e escrever, mas ter acesso à cultura letrada e participar ativamente

da vida em sociedade como cidadão crítico e consciente.

A proposta de trabalho com textos sociais procura privilegiar um

conhecimento de mundo, nas quais o aluno surdo precisa adentrar para ter uma

participação mais efetiva. Desta forma, o material que será sugerido focaliza a língua

portuguesa por meio de atividades escritas e estratégias que norteiam e enriquecem

a prática pedagógica do letramento, trabalhando de forma a levar o aluno a

mergulhar no mundo da leitura e da escrita, transformando essa ação didática em

um ato natural e corriqueiro, levando o surdo a se tornar um leitor competente e

produtor de conhecimento.

36

ALFABETIZAÇÃO E/OU LETRAMENTO ATRAVÉS DE TEXTOS SOCIAIS

Falar de alfabetização ou letramento na educação de surdos requer uma série

de reflexões acerca do assunto, pois a surdez precisa ser vista como diferença

linguística e não como deficiência.

O letramento tem despertado a preocupação de inúmeros teóricos e diversos

estudos envolvendo a área da surdez veem sendo desenvolvidos, provocando uma

série de questionamentos sobre as estratégias utilizadas no processo de construção

da leitura e da escrita dos alunos surdos.

Tfouni (1988, p.16) confrontando os termos alfabetização e letramento,

afirma: “enquanto a alfabetização ocupa-se da aquisição da escrita por um indivíduo,

ou grupo de indivíduos, o letramento focaliza os aspectos sócio-históricos da

aquisição de um sistema escrito por uma sociedade” (Idem, 1995, p.20).

Ao confrontar alfabetização e letramento, destaca o caráter individual da

primeira e o social do segundo A alfabetização refere-se à aquisição da escrita enquanto aprendizagem de habilidades para leitura, escrita e as chamadas práticas de linguagem. Isso é levado a efeito, em geral, por meio do processo de escolarização e, portanto, da instrução formal. A alfabetização pertence, assim, ao âmbito do individual. O letramento, por sua vez, focaliza os aspectos sócio-históricos da aquisição da escrita. Entre outros casos, procura estudar e descrever o que ocorre nas sociedades quando adotam um sistema de escritura de maneira restrita ou generalizada; procura ainda saber quais práticas psicossociais substituem as práticas “letradas” em sociedades ágrafas. (Idem, 1988, p. 9, e 1995, p. 9-10).

Refletindo melhor sobre alfabetização e letramento, percebemos que não

basta a escola alfabetizar, isto é, ensinar ler e escrever, é preciso interpretar aquilo

que lê.

Sendo assim o letramento deve ser entendido como prática social da

linguagem escrita, extrapolando o contexto escolar, deve ir além do espaço da

escola, chegando a família e ao meio em que a criança vive. Isso significa dizer que

não existe receita pronta para se trabalhar o letramento; devemos buscar

experiências bem sucedidas para essa construção e, para enfrentar esse desafio,

recorremos a Fernandes (2006, p.8) que afirma: “conscientizemo-nos que a

constituição dos sentidos na escrita pelas crianças surdas decorrerá de processos

simbólicos visuais e não auditivos”. Continua a pesquisadora: Em seu processo de letramento ele passará de uma língua não-alfabética (a língua de sinais) para uma língua alfabética (o português). A condição

37

diferenciada dos surdos que aprendem a ler e escrever o português sem passar pelo conhecimento fonológico da língua é denominada como a de ‘leitores não alfabetizados’. Isso significa que são leitores competentes em uma primeira língua não-alfabética e dominam a forma escrita de outra língua alfabética, sem conhecer os sons de suas grafias. (FERNANDES, 2006, p.8)

Desta forma entendemos que o letramento toma a leitura e a escrita como

processos dependentes e complementares, pois a leitura não será feita através da

rota fonológica, as palavras serão processadas mentalmente, como um todo, sendo

reconhecidas em sua forma ortográfica, através da rota lexical e, portanto, serão

memorizadas se forem significativas, daí a necessidade do trabalho a ser

desenvolvido, partir do contexto, da prática social e cultural da criança.

Para entendermos melhor esse processo Fernandes (2006) nos esclarece

como se dá esse mecanismo. Rota lexical ou ortográfica – é o percurso cognitivo utilizado para a leitura pelos surdos. A identificação da palavra ocorre sem a pronúncia da palavra (rota fonológica) mas por meio de seu reconhecimento visual. As palavras são lidas com base em sua forma ortográfica, ou seja, a palavra impressa é imediatamente relacionada a um conceito, sem que seja necessário recorrer à sua estrutura sonora. (FERNANDES, 2006, p.10)

Daí a necessidade de esclarecermos que o processo de leitura e escrita do

surdo não pode seguir o mesmo percurso de alunos não surdos, já que a atividade

de leitura não passa pelo simples reconhecimento e compreensão das palavras

isoladas, mas se dá em contextos linguísticos mais amplos e desta forma, vale

lembrar que é preciso privilegiar as interações com seus pares surdos e também

com os professores bilíngues, pois é na escola que a criança surda, filha de pais

ouvintes, vai ter acesso ao conhecimento produzido historicamente pelo homem,

fazendo sentido na sua vida e na prática social. O processo educacional do surdo

deve partir do princípio que ele precisa ter acesso a língua de sinais, como primeira

língua e o ensino da língua portuguesa, como segunda língua. Para que esse

processo se efetive, é necessário como já dissemos, a atuação de educadores

bilíngues (surdos e ouvintes), como interlocutores no processo de aquisição da

linguagem. Isso fará com que os alunos surdos tenham maior sucesso em seu

desenvolvimento acadêmico.

Para Fernandes, o letramento na educação do aluno surdo, apresenta duplo

desafio. Conforme destaca, [...] por um lado, promover práticas que permitam aquisição e desenvolvimento da língua de sinais como a primeira língua, e, por outro

38

discutir implicações do aprendizado da língua portuguesa, como segunda língua. Decorre daí toda uma reflexão sobre o processo de apropriação de um sistema de escrita pelas crianças surdas pela via visual e não oral-auditiva como ocorre com as demais crianças. (FERNANDES, 2006, p.128)

Para isso, é fundamental entender que para o surdo a aquisição da linguagem

se dá por processos visuais. É desta forma que ele entrará no mundo da escrita e

não pela oralidade.

Insistimos na questão que, o ponto de partida no processo de escolarização

do surdo deve ser outro, o professor precisa priorizar metodologias e recursos

visuais que possibilitem ao surdo adquirir a língua escrita e ainda se pautar pela

língua de sinais. Diversos pesquisadores afirmam que é possível sim os surdos se

apropriarem da língua escrita se lhes for garantido que o ensino da língua

portuguesa seja feita através da língua de sinais.

A proposta desse trabalho é levar os professores a

reflexão na preparação de suas aulas, partindo de textos que circulam

socialmente, contextualizando o trabalho de tal forma que os conteúdos trabalhados

possam fazer sentido para o aluno, relacionando-os a prática social. No letramento o

professor deve escolher os textos conforme a idade e o nível em que os alunos se

encontram. Essa escolha deve sempre priorizar textos que circulam socialmente

como: placas de trânsito, manchetes de jornais, revistas, outdoors, e-mails, panfletos

de propaganda entre outros, e, a partir daí trabalhar o léxico e a gramática da língua

portuguesa sempre partindo da língua de sinais.

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OBJETIVO GERAL - Proporcionar momentos de interação social que possam contribuir para que

os alunos surdos compreendam através de práticas de letramento, a importância

que o uso da leitura e da escrita tem em suas vidas, partindo de textos sociais.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS - Instrumentalizar o professor através de práticas de letramento, explorando

textos sociais;

- Proporcionar ao aluno a prática da leitura e escrita, realizando atividades

propostas pelo professor, com encaminhamentos metodológicos que privilegiem a

língua de sinais como L1 e o português como L2.

- Propor atividades interativas e sociais através de apresentações, diálogos e

resoluções de situações que privilegiem a apropriação de novas palavras e

expressões usadas no meio social.

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SUGESTÃO DE PLANEJAMENTO PARA A PRÁTICA DE LETRAMENTO

TEMA: Gêneros alimentícios CONTEXTUALIZAÇÃO VISUAL DO TEXTO: Propaganda que mostra diversos alimentos. ELEMENTOS INTERTEXTUAIS: - O que você vê? - Quantos? Exemplos de - De que se trata? questionamentos - Para que serve? que devem ser - Qual o nome dos produtos? feitos em LIBRAS - Você tem igual? - Onde você usa? - Quanto custa? - É caro ou barato? LÉXICO : (Vocabulário, expressões idiomáticas) - Supermercados Planalto (nome da loja) - Barato (explicar que não é caro) - Fique de olho (O que é ficar de olho?) - Frango in natura (explicar o que é = não congelado) - Patinho bovino (é pato? Explicar que é um tipo de carne) - Arroz Lar (explicar o que é nome e o que é marca) - Azeite Gallo (explicar que Gallo é marca, não ave) - Minha Mãe virou Princesa (explicar o que é = promoção para o dia das mães) - Cheque Pré (explicar = pagar depois de alguns dias) ELEMENTOS TEXTUAIS: Ex: Texto Informativo (panfleto de propaganda). GRAMÁTICA: Ex:Trabalhar que em inicio de frases e nomes próprios usa-se letra maiúscula. (além de outras questões pertinentes ao que se está trabalhando). REELABORAÇÃO ESCRITA: Ex: Escrever como devemos usar guardar os alimentos que compramos, consumo cosciente, comprar só o necessário. RECURSOS: Panfletos, quadro de giz, giz, produtos para simular uma compra, etc.

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43

ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO

1 - Distribuir panfletos de propaganda para cada aluno, observar na imagem

diferentes maneiras de divulgar produtos;

2 - Levar o aluno a relacionar as informações dos panfletos com seu cotidiano.

Neste momento o professor trabalha a oralidade, a imagem e a sinalização (libras);

- Refletir com os alunos através de questionamentos a respeito das situações e

atitudes de consumo levando-os à reflexão crítica e a contextualização, por meio da

conscientização e do reconhecimento da importância de cada produto e como deve

ser usado:

- Verificar e comparar o produto em oferta com outros mercados;

- Analisar como está escrito o nome do produto;

- Observar e discutir que o nome da marca não é o nome do produto;

- Recortar e selecionar os produtos que usa em sua casa;

- Reconhecer os produtos por utilidade: alimento, produto de higiene, produto de

limpeza;

- Selecionar e colar num quadro, de acordo com a utilidade de cada produto:

HIGIENE, LIMPEZA e ALIMENTO;

3 - Escrever as palavras e expressões desconhecidas pelo aluno no quadro de giz,

aplicando diferente significados e simultaneamente sinalizando em libras;

4 - Reconhecer cada sílaba que forma a palavra, relacionar essas sílabas em outros

nomes de outros produtos do panfleto;

5 - Perceber a função do artigo que acompanha cada palavra e a importância da

imagem na interpretação da mensagem, aplicando a descoberta na escrita correta;

6 - Leitura das palavras, propondo a socialização em libras, observando se esse

saber foi contextualizando, (para que serve? onde usamos? onde encontramos?)

etc.;

7 - Propor a escrita de pequenos textos, com o auxilio da professora, estimulando e

intervindo quando necessário;

8 - Ilustração, com desenhos, da utilização dos produtos, com exposição em painel;

9 - Realização das atividades propostas pela professora, oportunizando a ampliação,

a assimilação e a acomodação dos conteúdos trabalhados.

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RESPONDA 1 - Qual o nome do supermercado que distribuiu o panfleto?

2 - Qual o produto mais barato?

3 - Qual o produto mais caro?

4 - Quais os produtos que custam R$ 1,79?

5 - Procurar no panfleto e responder:

a) Quais os produtos que compramos em gramas (g)?

b) Quais os produtos que compramos por quilo (Kg)?

c) Quais os produtos que compramos em mililitro (ml)?

6 - Anotar os produtos de higiene;

7 - Quais as formas de pagamento do supermercado?

8 - Você sabe o que é cheque pré?

9 - Qual a promoção da segunda-feira?

10 - Quantas lojas o supermercado tem?

LEIA E COMPLETE A CRUZADINHA:

S

2) U

3) P

4) E

5) R

6) M

7) E

8) R

9) C

10) A

D

O

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1 – Marca Frimesa e custa R$ 0,79 (cem gramas).

2 – Marca do creme de leite.

3 – Marca do feijão.

4 – Usamos para lavar as mãos e tomar banho.

5 – Marca da esponja de lã de aço.

6 – Usamos para passar no pão, é uma delícia.

7 – É gostoso puro ou com chocolate, mas esse é em pó.

8 – Usado para deixar a comida mais gostosa.

9 – As crianças adoram, tem vários tipos, recheado, doce e salgado.

10 – Usada no cachorro quente.

11 – É uma delícia passar no pão, mas não é margarina.

12 – Usado para fazer comida e temperar saladas.

PROMOVER CONVERSAS E TROCAS DE INFORMAÇÕES SOBRE HÁBITOS DE HIGIENE: FAÇA A CORRESPONDÊNCIA:

Uso para lavar as mãos

Uso para cortar unhas

Uso para escovar os

Tesoura

Sabonete

Creme dental

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SUGESTÃO DE PLANEJAMENTO PARA A PRÁTICA DE LETRAMENTO

TEMA: Verduras, legumes e frutas. CONTEXTUALIZAÇÃO VISUAL DO TEXTO: Propaganda que mostra diversos tipos de verduras, legumes e frutas. ELEMENTOS INTERTEXTUAIS: - O que você vê? - Quantos? Exemplos de - De que se trata? questionamentos - Para que serve? que devem ser - Qual o nome das verduras e legumes? feitos em LIBRAS. - Você gosta? - Como podemos fazer? - Quanto custa? - É caro ou barato? LÉXICO (Vocabulário, expressões idiomáticas): - Supermercados Planalto (nome da loja) - Verduras (é legume?; é cereal?; é carne?) - Banana (é nanica?; é maçã?; é prata?) - Abóbora (é moranga?; é cabotiá?) - Chuchu (serve para quê?) - Abacate (é doce? É salgado? - Berinjela (é para comer? Você gosta?) - Quiabo (explicar o que é) - Acelga (explicar como pode ser feita) - Repolho (explicar como pode ser feito) - Segunda-feira da pizza (explicar o que é) - Dobradinhas malucas (explicar o que é) - Frutas fresquinhas (quer dizer gelado?) - Cheque pré (explicar o que é) ELEMENTOS TEXTUAIS: Ex: Texto Informativo (panfleto de propaganda). GRAMÁTICA: Ex:Trabalhar que em inicio de frases usa-se letra maiúscula. (além de outras questões pertinentes ao que se está trabalhando). REELABORAÇÃO ESCRITA: Ex: Escrever como devemos ter cuidado ao preparar os alimentos. RECURSOS: Panfletos, quadro de giz, giz, verduras, legumes e frutas, etc.

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49

ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO 1. Distribuir os panfletos de propaganda de verduras, legumes e frutas;

2. Incentivar para que os alunos façam uma exploração geral do texto;

3. Explorar em libras: O que eles estão vendo? De que se trata? Onde

encontramos? Quem tem igual? Para que serve? Que informações o panfleto

contêm?

4. Conduzir os alunos a relacionar as informações com o contexto;

5. Escrever as palavras e expressões no quadro de giz simultaneamente à

explicação relacionada aos questionamentos feitos em libras, para que o aluno

relacione o sinal à figura e à escrita (não podemos esquecer que o surdo aprende

pelo canal visual);

6. Solicitar que o aluno faça a leitura individual do panfleto, podendo recorrer ao

quadro para ver as palavras desconhecidas;

7. Verificar se houve compreensão do texto através de perguntas aos alunos em

libras;

8. Propor a resolução das atividades:

a) Qual o nome do supermercado e quantas lojas têm?

b) Você já comprou lá?

c) Procurar no panfleto e escrever o nome de três produtos que você mais gosta.

d) Quais produtos custam apenas R$ 0,99 a unidade?

e) Quais produtos custam mais barato?

f) Qual o produto mais caro?

g) Quais os produtos que podemos comprar por quilo (kg)?

h) O que podemos comprar em bandeja?

9. Propor na sala de aula uma feira, levando várias frutas e verduras, para que os

alunos possam aprender a lidar com o dinheiro, além de incentivar o consumo de

frutas, verduras e legumes.

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10. CAÇA PALAVRAS

Encontre no quadro abaixo, dez frutas e legumes que se encontram no

panfleto de propaganda. Preste bastante atenção!

A R T Ç C A Q U I P Q I M D S A E H G F D Ç U P A A F K N M B A T A T A M K Q W O W Ç L N M A Z Ã Q R T U X S A S B G Ç O W A B R B F K P E R A Q R E A A E A Z A R Ç M A Z X N C F D M B I T A Y U Y A W K W Y U N L K Z X C N V B N M L G T Y P L A A B A C A T E T P P E Ç S R R E P O L H O Z U A T Y K W Q R A P L M E L Ã O V P W Q T A H Q W E R T Y U I O P K P

Resposta: Abacate, Mamão, Banana, Pera, Caqui, Berinjela, Melão, Cenoura, Batata, Repolho

11. FORME FRASES COM AS FIGURAS ABAIXO:

______________________________________________________

______________________________________________________

________________________________________________________

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________________________________________________________

_______________________________________________________

_______________________________________________________

________________________________________________________

_________________________________________________________

_________________________________________________________

DESENHE AS FRUTAS QUE VOCÊ MAIS GOSTA E ESCREVA OS NOMES:

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53

13. RESOLVA A SITUAÇÃO PROBLEMA:

Sandra foi ao Supermercado comprar algumas frutas e verduras para sua

mãe. Veja o que estava em oferta.

Banana R$ 0,55 kg Ponkã R$ 0,49 kg Mamão R$ 0,85 kg

Manga R$ 1,58 kg Pera R$ 2,89 kg Maçã R$ 1,19 kg

Abacate R$ 0,55 kg Melão R$ 1,59 kg Limão R$ 0,69 kg

Caqui R$ 1,95 kg Pinhão R$ 1,79kg

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Agora, responda:

- Das frutas que estão em oferta, qual está mais caro?

- Qual está mais barato?

- Quais as frutas que têm o mesmo preço?

- Qual a fruta que custa R$ 1,19 kg?

- Qual a fruta que custa R$ 1,58 kg?

- Qual a fruta que custa R$ 0,69 kg?

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RESOLVA AS SEGUINTES SITUAÇÕES:

Consumidor

Comprou

Pagou com:

Recebeu troco? Quanto?

Carlos

2 kg de maçãs

Sandra

1kg de pera,

1kg de caqui e

2 kg de banana

Ana

3 kg de ponkã,

2 kg de abacate,

2 kg de melão,

2 kg de pera

Pedro

3 kg de manga

3 kg de limão

2 kg de caqui

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AGORA, ESCREVA OS NOMES DAS VERDURAS E LEGUMES:

__ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __

__ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __

__ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __

__ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __

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ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO PARA O TRABALHO COM RECEITAS: - Pesquise na internet, sites de receitas. Esta é uma das formas de uso da

tecnologia, a serviço da aprendizagem. Você pode solicitar que os alunos tragam

alguma receita que a mãe faz em casa;

- Mostrar aos alunos que numa receita encontramos os nomes e as quantidades de

cada ingrediente utilizado, além do modo de preparar;

- Relacionar no quadro de giz as palavras e expressões que são desconhecidas

para os alunos, sempre relacionando e explicando o seu significado,

contextualizando através de perguntas em Libras, explicar as expressões:

ingredientes, cobertura, modo de preparo, xícara de chá, colher de sopa, fermento

em pó, forma untada, ovos inteiros, cenouras médias, pitada de sal, etc.

- Leitura do texto, individualmente para ver o que o aluno entendeu. Pedir que circule

as palavras desconhecidas. Verificar através de perguntas em Libras se houve

entendimento;

- Realizar questionamentos em Libras como: de que fala o texto? Como o texto está

organizado? É possível fazer o bolo na escola? O que precisamos para fazer o bolo?

- Anotar no caderno os ingredientes necessários para o preparo e o modo de fazê-la.

Não esqueça de ilustrá-la;

- Comparar o texto com diferentes tipos de textos. Explicar que este texto chamamos

de receita;

- Promover uma visita ao supermercado para pesquisar os preços dos produtos,

relacionando os produtos que precisam ser comprados para a receita e anotar os

produtos que são vendidos por quilo (kg), litro (ml), unidades, verificando como são

classificados os produtos nas prateleiras dos supermercados.

- Calcular o valor da receita, aproveitando todas as observações feitas no

supermercado, propor diversas situações problemas para serem resolvidas pelos

alunos, mediado pelo professor;

- Preparar a receita com os alunos na escola e comer todos juntos.

- Confeccionar cadernos de receitas com ilustrações, com o material pesquisado,

cada aluno produz seu caderno.

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AGORA VAMOS PREPARAR UMA RECEITA

Bolo de Cenoura com cobertura de chocolate

Ingredientes:

4 cenouras médias, raspadas e picadas;

1 xícara de chá de óleo;

6 ovos inteiros;

1 pitada de sal;

2 xícaras de chá de açúcar;

1 xícara de chá de farinha de rosca;

2 xícaras de chá de farinha de trigo;

1 colher de sopa de fermento em pó.

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Modo de Preparo:

Bata as com o os e vá

acrescentando aos poucos o batendo sempre, sem desligar o

. Peneire a com a e o e reserve.

Coloque a mistura do liquidificador em uma vasilha e incorpore a mistura de farinha

aos poucos. Acrescente a pitada de sal e mexa levemente. Despeja a massa em

uma untada e polvilhada com farinha e leve para assar em forno

quente por 40 minutos.

Cobertura de Chocolate

1 barra de 200g de , 1 de .

Derreta o chocolate em banho Maria e misture o creme de leite em seguida, despeja

por cima do bolo depois que estiver frio.

Agora, responda as seguintes questões:

- Você consegue fazer esta receita sozinho?

- Porque as crianças não devem mexer na cozinha sem a presença de um adulto?

- Você já comeu um bolo como este?

- Sua mãe já fez bolo de cenoura?

- Quais as medidas utilizadas nesta receita?

- Podemos fazer esta receita em uma forma retangular?

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- É possível fazer a massa e a cobertura ao mesmo tempo? Por quê?

- Para fazer esse bolo precisamos usar algum eletrodoméstico? Qual?

- O que você acha de pesquisar outras receitas na internet?

- Você acha que o bolo ficou gostoso?

- Faça o cálculo para ver quanto gastamos para fazer esta receita:

- Agora é só provar! Bom apetite!

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PRODUÇÃO DIDÁTICO - PEDAGÓGICA

Unidade Didática II: Letramento, Ensino e surdez.

Professora PDE SUELI APARECIDA DE CAMPOS

CORNÉLIO PROCÓPIO, PARANÁ 2010

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INTRODUÇÃO

O trabalho com fábula, está focado essencialmente no desenvolvimento

cognitivo e linguistíco do aluno surdo, podendo também ser utilizado por todos os

alunos. Para os usos da língua em situações comunicativas com significado ou

letramento.

Neste sentido, o objetivo está no desenvolvimento da leitura e escrita , a fim

de atender os anseios da sociedade, ou seja, garantir o direito de aprender a ler na

escola, não apenas como condições de adquirir conhecimento, mas o acesso a

cultura letrada e a plena participação social. Além da prática de leitura e produção

escrita, essa aprendizagem deve ser ensinada num contexto real de aprendizagem.

A proposta de trabalho com fábula procura privilegiar também a conduta ética

e o respeito, nas quais os alunos surdos precisam colocar sua prática. Levando em

consideração esse aspecto, o material sugerido focaliza a língua portuguesa por

meio de atividades escritas e estratégias que norteiem e enriqueçam a prática

pedagógica do letramento, e de forma lúdica levar o aluno surdo a entrar no mundo

da leitura e da escrita, transformando essa ação didática em um ato prazeroso que

ajude o aluno surdo a se tornar leitor e produtor competente.

A fábula sendo uma história narrativa curta, desenvolvida por Esopo, que

viveu no século 6º. a.C., na Grécia antiga. Ele contava histórias na qual os

personagens são animais. Por meio dos diálogos entre os bichos e das situações

que os envolviam, ele procurava transmitir sabedoria de caráter moral ao homem. E

assim, apresentava as qualidades e defeitos do caráter humano e, através dos

animais, ilustrava o espírito realista e irônico numa temática diversificada, onde a

vitória, a bondade, a força, a astúcia, o trabalho, a inteligência, a derrota do

presunçoso, sabichões e dos orgulhosos, levava o indivíduo a ter uma melhor

interação com o mundo em que vive.

Com o intuito de letrar e ao mesmo tempo promover a conscientização da

cidadania, o respeito ao outro, o exercício dos direitos e deveres, são revelados ao

aluno gradativa e progressivamente o trabalho com fábulas, sempre mediado pelo

professor.

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Consideramos que a escola deve trabalhar a linguagem significativa através

de textos que se apoiam em roteiros, dramatizações e que tenham sentido, com

imagem e contexto, que é o canal de aprendizagem do surdo, para análise e

reflexão sobre os textos não verbais, focalizada em conhecer a intencionalidade do

autor, explorando a temática, cujo conteúdo valoriza o cotidiano dos alunos.

Também é importante estimular o aluno surdo a trabalhar em grupo,

respeitando as diferenças e as normas de convivência. O desenvolvimento das

capacidades linguísticas de ler e escrever com compreensão, ou seja, o letramento

em situações diferentes das cotidianas não acontece espontaneamente. Elas

precisam ser ensinadas sistematicamente. O conhecimento através do letramento e

o respeito à diversidade, sempre usando contexto significativo, desmistificando a

ideia de “língua certa ou errada”, reconhecendo a pertinência de línguas diferentes,

propiciando a adequação com a intenção de garantir a aprendizagem do aluno.

LETRAMENTO ATRAVÉS DAS FÁBULAS

Considerando a importância da educação como meio possível para o

indivíduo sair de uma situação atual e melhorar essa realidade através do

conhecimento adquirido na escola. Não falamos em alfabetização de surdo

simplesmente, mas no sentido de apropriação da leitura e da escrita para uso na

vida social.

Soares (2001) definiu letramento como sendo "[...] o resultado da ação de

ensinar ou de aprender a ler e escrever: o estado ou a condição que adquire um

grupo social ou um indivíduo como consequência de ter se apropriado da escrita". A

verdadeira função da escola é desenvolver no aluno o domínio da língua falada, mas

se ela não tem utilidade na vida, no dia-a-dia, nas relações sociais, fica novamente

sem função, sem sentido. A língua só será eficaz, quando o aluno fizer uso da leitura

e da escrita em sua atividade diária.

Em se tratando do aluno surdo, a escrita e a leitura da língua oficial do país

possibilitarão a ele a participação e a integração na sociedade, porque sem ela

formada, em sua maior parte por ouvintes que desconhecem a língua de sinais

(Libras). Mesmo com a participação do intérprete de Libras na sala de aula,

64

aprender a segunda língua na modalidade escrita é importantíssimo para que ele

possa aprimorar o seu aprendizado e ser capaz de interagir com as diversas práticas

sociais e contextualizar esses saberes.

Ao considerarmos a Língua de Sinais como L1 e a Língua portuguesa como

L2, cabe à escola desenvolver metodologias que viabilizem o aprendizado da leitura

e da escrita na segunda língua do surdo, no nosso caso, o português. Vale ressaltar

ainda, que o professor deverá inserir também as novas tecnologias, presentes na

grande maioria das escolas, levando o aluno a participar desse mundo em plena

atividade tecnológica, contribuindo, desta forma, para o enriquecimento de um

ambiente letrado.

Concluímos então que letramento é antes de tudo uma práxis social, a inter-

relação do sujeito com o mundo, para significar os múltiplos aspectos, subjetivo e

objetivo, que estão diante dele e, exercer um impacto direto na sociedade com seu

comportamento social, pois “o letramento é definido como um conjunto de práticas

de habilidades necessárias para funcionar adequadamente em práticas sociais nas

quais a leitura e escrita são exigidas” (SOARES, 2001). O letramento, como prática

social da linguagem escrita, extrapola o contexto escolar, chega a família, a

sociedade, enfim, na vida do aluno. Portanto, é uma construção infinita.

OBJETIVO GERAL

Propor através das sabedorias apresentadas nas fábulas uma conduta ética e

ao mesmo tempo reconhecer os significados encontrados nas entrelinhas das

narrativas, que contribuirão para levar o aluno surdo a adentrar no processo da

leitura e escrita através do letramento.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Ampliar o universo visual do aluno surdo através de livros ilustrados e filmes com

diversas fábulas;

65

- Instrumentalizar o aluno para prática da leitura e escrita, realizando as atividades

propostas pela professora, com encaminhamentos metodológicos baseados no

letramento;

- Proporcionar momentos de interação social com os colegas de classe em

apresentações e trabalho de grupo que levem a apropriação de palavras e

expressões usadas no cotidiano.

ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS.

1 Selecionar e distribuir livros de diversas fábulas. Cada aluno escolhe a fábula de

sua preferência ou a professora escolhe antecipadamente uma fábula para ser

trabalhada.

2 Permitir que o livro seja explorado livremente, observando e fazendo a leitura das

imagens, neste momento o professor poderá fazer questionamentos sobre as pistas

linguísticas, que vão possibilitando ao aluno a construção de sentidos.

3 Análise e reflexão da história em libras, levando o aluno a construir o

conhecimento a partir da observação, do levantamento de hipóteses e de

interferências.

4 Levantamento das palavras desconhecidas, buscando o significado (uso do

dicionário), sempre inseridas em contextos significativos, ampliando o conhecimento

léxico e preparando o aluno para ser o agente do conhecimento, de forma gradativa

e instigante. O uso do dicionário é importante, pois habilita o aluno a manusear um

dicionário.

5 O professor poderá trabalhar no quadro de giz com a ortografia a partir da

observação das palavras da sua escrita, promovendo ao aluno a descoberta das

regularidades da língua e a apropriação gradativa das regras ortográficas.

6 Leitura individual da fábula (texto, noticias de jornais, revistas etc...) pelo aluno,

podendo opinar e argumentar, de forma a desenvolver a habilidade de se expressar.

7 Verificar a compreensão, através de questionamentos em libras, que motive o

aluno a pensar em situações do dia a dia e o incentive a apresentar atitudes e

comportamentos de cidadão consciente de sua função.

66

8 Escrita das palavras a partir de atividades que propiciem o aprimoramento do

conhecimento do aluno, intervindo de forma positiva no processo visando preparar o

mesmo a praticar a língua escrita nas mais variadas instâncias.

9 Resolução das atividades, para sistematização e reconhecimento do uso das

convenções da escrita.

10 Produção de texto individual, em dupla ou com o próprio professor, observando

se o aluno faz uso das palavras certas, se tem coerência, sequência e clareza no

que escreve, domina as regras ortográficas, se é criativo e tem prazer em escrever,

libertando o pensamento.

11 Incentivar o aluno a ilustrar o texto, estimulando a sua criatividade e promovendo

um intertexto entre a linguagem verbal e não-verbal.

12 Propiciar momentos de leitura do texto, onde a interação seja o meio facilitador

da aprendizagem, criando um clima que favoreça o compartilhar com colegas a sua

produção.

13 O professor deve dar sugestões de como melhorar o texto, propor novos

desafios, fornecendo ao aluno informações necessárias a fim de promover novos

avanços.

14 Promover uma peça teatral, onde será apresentada a fábula, demonstrando se

houve de fato compreensão e assimilação das informações recebidas.

15 Pesquisa na internet, levando o aluno ao conhecimento de outras formas de

aprender, utilizando as tecnologias disponíveis na escola.

16 Na avaliação é preciso valorizar e avaliar os progressos, os avanços e as

conquistas dos alunos em termos de aprendizagem, assim além de desenvolver a

autocrítica tanto no aluno quanto no professor, estimula ambos a encontrarem

soluções para as dificuldades encontradas.

67

SUGESTÃO DE PLANEJAMENTO PARA A PRÁTICA DE LETRAMENTO

TEMA: FÁBULA

CONTEXTUALIZAÇÃO VISUAL DO TEXTO: História ilustrada, desenhos para pintar, desenho com parte da história para sequenciar, filmes oralizados e em libras.

ELEMENTOS INTERTEXTUAIS: - O que você vê? - Onde estão? Exemplos de - O que está acontecendo? questionamentos - Porque a formiga trabalha tanto? que devem ser - Porque a cigarra não trabalha? feitos em - O que aconteceu com a cigarra? LIBRAS. - Onde ela foi buscar abrigo? - Você ajudaria a cigarra? - Por que? - E a formiga o que fez? - Como ela agradece a ajuda?

LÉXICO (Vocabulário, expressões idiomáticas): - Nome do livro (onde compra?)

- Agasalho (é japona? é blusa? é casaco?) - Agasalho (é grande? é pequena? é colorida?) - Inverno ( frio? neve?) - Cigarra e formiga (são o quê?) - Tremia (explicar) - Celeiro (despensa para que serve?) - Personagens (explicar o que é) - Tranquilamente (explicar) - Verão, outono e inverno (explicar as estações

do Ano)

ELEMENTOS TEXTUAIS: Ex: Texto Informativo ( diversos textos, estações do ano, insetos).

GRAMÁTICA: Ex:Trabalhar que em início de frases usa-se letra maiúscula. (além de outras questões pertinentes ao que se está trabalhando).

REELABORAÇÃO ESCRITA: Ex: Produção de texto, coletivo e individual

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SUGESTÕES DE ATIVIDADES. A CIGARRA E A FORMIGA4

Em pleno verão, mesmo sob um sol escaldante, a formiga trabalhava sem

descanso. Ia e vinha dos campos para o celeiro, a fim de encher sua despensa de

alimento.

Enquanto isso, folgadamente deitada à sombra, a cigarra desfrutava bons

momentos. Cantava alegremente o tempo todo, sem preocupação.

Quando passava por ali, a formiga sempre via a cigarra cantando.

O verão passou e chegaram as primeiras nuvens, prometendo muita chuva.

A formiga apressou-se ainda mais para encher seu celeiro, enquanto a

cigarra observava o céu, preocupada.

Cansada e satisfeita com seu trabalho, a formiga confirmou que tinha

alimento de sobra para o inverno. Enfim, podia descansar tranquilamente.

Enquanto isso, a cigarra via cair a última folha das árvores. Em pouco tempo,

tudo ficou coberto de neve. Ela já não tinha mais vontade de cantar. O sol havia

desaparecido. A cigarra estava com fome, tossia muito e tremia de frio.

Então, lembrou-se da formiga trabalhadora e foi bater na porta do

formigueiro, em busca de abrigo e alimento.

Abrindo a porta, a formiga viu à sua frente a cigarra quase morta de frio,

puxou-a para dentro, agasalhou-a e deu-lhe uma sopa bem quente e deliciosa.

Naquela hora, apareceu a rainha das formigas que disse à cigarra:

- No mundo das formigas, todos trabalham e se você quiser ficar conosco,

cumpra o seu dever: toque e cante para nós.

4 Adaptação da história “A cigarra e a Formiga – Ciranda Cultural

69

OBSERVE E EXPLORE A CENA.

Quais personagens aparecem na cena?

Quais as qualidades apresentadas por cada personagem?

Qual o local onde se passa a história?

Qual a parte da história que você mais gostou?

Que final você daria para essa história?

CAÇANDO PALAVRAS Encontre no quadro abaixo, onze palavras que se encontra na fábula “ A

cigarra e a formiga”. Preste bastante atenção!

Resposta: alimento, frio, agasalho, formiga, cigarra, verão, trabalhadora, abrigo, inverno, neve, rainha.

C A G S W R A I N H A J K I K A W N E V E Ç K G O P G E R T Y U I O P Ç A I K A A S A F G H J K L S M I R I F O R M I G A U A D N R Y R I Y G H T E W L F V A L I M E N T O W L H G E D S O H Y T V E R Ã O H R A E R T Y U O Y E Q P N N Z A D F G H J A B R I G O X C X C V B N U R Z O U E T R A B A L H A D O R A U

70

RECORTE E MONTE A HISTÓRIA NA ORDEM CORRETA.

Cansada e satisfeita com seu trabalho, a formiga confirmou que tinha alimento

de sobra para o inverno. Enfim, podia descansar tranquilamente.

Em pleno verão, mesmo sob um sol escaldante, a formiga trabalhava

sem descanso. Ia e vinha dos campos para o celeiro, a fim de encher sua

despensa de alimento.

Enquanto isso, a cigarra via cair a última folha das árvores. Em pouco

tempo, tudo ficou coberto de neve. Ela já não tinha mais vontade de cantar.

O sol havia desaparecido. A cigarra estava com fome, tossia muito e tremia

de frio.

Abrindo a porta, a formiga viu à sua frente a cigarra quase morta de

frio, puxou-a para dentro, agasalhou-a e deu-lhe uma sopa bem quente e

deliciosa.

Então lembrou-se da formiga trabalhadora e foi bater na porta do

formigueiro, em busca de abrigo e alimento.

71

VAMOS RESOLVER A CRUZADINHA

10

1. Que fazia a formiga durante o verão?

2. Estação que vem depois do verão.

3 Onde a formiga guarda o alimento?

4. Como ficou a cigarra vendo o céu e as nuvens?

5. Quando tudo ficou coberto de neve?

6. O que a cigarra foi pedir à formiga?

7. O que a formiga ofereceu para a cigarra.

8. De que maneira a cigarra retribui o favor?

9. A formiga ia e vinha de onde?

10. Onde a cigarra foi bater quando o frio chegou?

VIDA DE FORMIGA

Pesquisa sobre a vida das formigas. (Uso do computador, internet) .

- Onde vivem? Sua características, como se alimentam, etc.

- Escreva, no seu caderno, o que achou mais importante em sua pesquisa.

2 1 9 6 4 7 3 5 8

72

OBSERVE AS CENAS E ESCREVA, NOS QUADROS, O QUE ESTÁ ACONTECENDO EM CADA ETAPA.

73

BINGO DE PALAVRA

- Entregue uma folha de papel sulfite para cada aluno;.

- Peça que faça uma tabela com quadrados 5x4;

- Distribua uma relação com 20 palavras relacionadas à fábula, sendo que em

cada blocos de palavras entregue aos alunos devem ter algumas palavras

diferentes;

- O aluno recorta e cola cada palavra em cada quadradinho da tabela;

- Em uma caixa o professor terá todas as palavras, e a medida que for retirando

da caixa, faz o sinal em libras da palavra ou mostra a figura para o aluno surdo e

ditado para os ouvintes.

- Ganha quem preencher primeiro a tabela.

Sugestão: Agora, aproveite para conhecer diferentes fábulas. Acesse:

http://criancas.uol.com.br/historias/fabulas/

http://www.coolkids.guarda.pt/content/fabulas-maravilhosas

http://www.clubedobebe.com.br/HomePage/Fabulas/fabulasehistorias.

http://piquiri.blogspot.com/2008/07/cigarra-e-formiga.html

www.youtube.com/watch?v=IezC65lMZKY - Vídeos relacionados

74

SERES DO FOCLORE BRASILEIRO

INTRODUÇÃO

O trabalho com o folclore brasileiro foi abordado, por ser um tema que fascina

principalmente as crianças, e ao mesmo tempo favorecer o resgate da cultura

popular, incentivando, despertando a fantasia e a imaginação do educando.

A importância de se trabalhar com lendas dentro do espaço escolar se faz

necessário por ter como recorrente o conhecimento que o aluno já possui sobre

esses mitos. As lendas são retomadas por meio de imagens e significados, com a

finalidade de dar oportunidade para que o aluno conte, ouça e perceba as

semelhanças e diferenças nos usos e costumes e, o desenvolvimento das noções

de tempo e espaço. Também tem a intenção de possibilitar a intervenção

pedagógica para atender as necessidades em direção ao letramento e a

alfabetização. Nessa perspectiva, tentamos associar o instrumento didático a ação

articulada, para interagir e intervir na prática social. Propomos a realização de

atividades diversificadas, com livros, textos, filmes, brincadeiras, jogos e registros

escritos que irão fortalecer as funções convencionais do sistema de escrita.

Consideramos importante também encorajar o aluno a pensar, argumentar, a

produzir atitudes coletivas, levando a reflexão sobre a leitura e a escrita, valorizando

a compreensão dos significados, incentivando a criatividade, para que haja

desenvolvimento da aprendizagem pela apropriação do conhecimento através do

letramento.

75

OBJETIVO GERAL

- Compreender a lenda como fonte de interação, informação e instrumento de

aprendizagem, tendo como desafio a compreensão do que lê e escreve, ou seja, a

construção da interpretabilidade da mensagem a partir da informação proporcionada

pela lenda, bem como o respeito pelas diferentes culturas.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Reconhecer uma lenda sobre um ser folclórico, através de livros, filmes e

pesquisas a fim de ampliar seus conhecimentos.

- Verificar através de pesquisas, em diversas fontes, família, livros, internet,

etc, como, onde e de que maneira surgiram as lendas.

- Compreender a narrativa, estabelecendo a diferença de uma história

inventada, mas contada como se fosse verdadeira, contemplando momentos de

contação de lendas, objetivando a interação.

- Criar as partes que compõem a lenda e a conclusão, em produções escrita e

apresentações em sala.

- Realizar as atividades propostas pela professora envolvendo lendas, para o

desenvolvimento da compreensão da escrita e com encaminhamentos

metodológicos baseados no letramento.

SUGESTÕES DE ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS.

1 Incentivar a leitura de livros de diferentes lendas que contenha ilustração ou

apenas uma lenda selecionada pelo professor, com exploração das ilustrações

através de diálogo e comentários feitos pela turma, mediado pelo professor.

2 Mediação com a família, pesquisar em casa as lenda conhecidas, e trazer

no dia seguinte, podendo ser representada por figuras ou desenhos.

76

3 Roda de conversa, cada aluno apresentará a lenda pesquisada em casa

com a família.

4 Discussão com os alunos sobre história inventada, mas contada de forma

que pareça verdadeira, e vem sendo repetidas há muitos anos e nunca vão deixar

de ser contadas, por fazer parte da cultura popular. Nesta oportunidade levá-los a

refletir e conhecer variadas lendas regionais.

5 Assistir a filmes de várias lendas, já disponível em DVD.

7 Propor a organização de um álbum ilustrado com desenhos representativos

das lendas lidas em classe, trabalhando em grupo, onde os alunos irão confeccionar

o álbum, nomeando as lendas.

8 listar no quadro de giz as palavras desconhecidas dos alunos, pesquisar o

significado das palavras no dicionário ou na internet inserindo o uso das tecnologias

e ao mesmo tempo oportunizando ao aluno a ampliação do vocabulário, tirando

dúvidas em relação à ortografia..

9 O professor deve trabalhar no quadro de giz a escrita das palavras para o

aluno apropriar-se dos aspectos formais da escrita, compreender a relação

fonema/grafema, estabelecendo as regularidades ortográficas e compreender as

irregularidades.

10 produzir textos com a ajuda do professor ou de forma independente, com

ilustração do texto.

11 Incentivar a construção de histórias em quadrinhos utilizando as lendas

abordadas (com desenhos e escritas), observando a sequência dos acontecimentos,

através de apresentação das ideias de modo claro, e demonstração do

entendimento da mensagem da lenda.

12 Trabalhar as expressões dos personagens utilizando os balões que

indicam pensamentos e sentimentos.

13 Propor a organização de um álbum ilustrado com desenhos

representativos das lendas lidas em classe, trabalhando em grupo, onde os alunos

irão confeccionar o álbum, nomeando as lendas.

14 Exposição dos trabalhos e do álbum ilustrado para a escola, família e

comunidades, podendo também nesta oportunidade apresentar algumas das lendas

em forma de teatro.

77

SACI - PERERÊ

O Saci é uma das mais tradicionais lendas do folclore brasileiro. Esse

personagem possui, até um dia em sua homenagem: 31 de outubro. O personagem

sofreu muitas modificações ao receber influências da cultura africana. O Saci

transformou-se num jovem negro com apenas uma perna, pois, de acordo com a

lenda, havia perdido a outra numa luta de capoeira. Passou a ser representado

usando um gorro vermelho, onde se concentra todo seu poder e vive fumando um

cachimbo de barro.

Seu comportamento é divertido e brincalhão, o saci passa todo tempo

aprontando travessuras na matas e nas casas. Assusta viajantes, esconde objetos

domésticos, azeda o leite, estraga os ovos das galinhas chocas, emite ruídos,

assusta cavalos e bois no pasto, enfim deixa todo mundo doido. Também é um

grande conhecedor das ervas da floresta. Apesar das brincadeiras, não pratica

atitudes com o objetivo de prejudicar alguém ou fazer o mal.

Diz o mito que ele aparece dentro de redemoinhos de vento, e para capturá-lo

é necessário jogar uma peneira sobre ele, depois, deve-se tirar o gorro e prender o

saci dentro de uma garrafa. Somente desta forma ele irá obedecer a seu

“proprietário”.

78

AS BRINCADEIRAS DO SACI5

No sítio Sossego, Dona Amélia vive perdendo coisas pela casa.

___ É coisa de Saci, dizia ela.

E era mesmo, o Saci adorava deixar Dona Amélia maluca, derrubando as

coisas, queimando a comida, fazendo aquela confusão.

O Saci não entendia por que Dona Amélia precisava cozinhar para a família.

Um dia ele resolveu brincar com os óculos de Dona Amélia. A coitada ficou

sem enxergar e não pôde preparar o café da manhã, o almoço e o jantar, Derrubava

tudo que encontrava pela frente, derrubou o leite, quebrou os ovos e nem pode fazer

o bolo de fubá que a família tanto gosta.

Dona Amélia ficou muito aborrecida. O Saci que não é mal, vendo a tristeza

de Dona Amélia e percebeu a confusão que havia aprontado, pensou: “achou que

exagerei”, então resolveu devolver os óculos, sem ela perceber, prometendo nunca

mais atrapalhar seus trabalhos na cozinha. Mas continua fazendo suas artes pelo

sítio e de vez em quando faz umas brincadeiras com a Dona Amélia.

5 Adaptação da história “Saci Sapeca” – Coleção Seres Encantados.

79

SUGESTÕES DE ATIVIDADES JOGO DE LETRAS

Troque os números pelas letras correspondentes, leia a palavras que você formou.

1 Cul

2 ra

3 tu

4 re

5 é

6 clo

7 Fol

Vamos brincar de escrever palavras! Para cada letra em destaque escreva

outra palavra.

SACI - PERERÊ

S

A

C

I

P

E

R

E

R

Ê

BRINCADEIRA

B

R

I

N

C

A

D

E

I

R

A

S

4 7 6 5 1 2 3

80

Recorte e cole as letras que formam as palavras:

Gorro

Cachimbo

Saci

Vermelho

Peneira

Garrafa

81

Complete os quadros abaixo, recortando e colando os nomes das figuras em libras, português e depois escreva a palavra.

DESENHO

LIBRAS

PORTUGUÊS

ESCREVA

82

TROQUE OS DESENHOS POR PALAVRAS.

Um dia fui na da .

Quando estava no meio da apareceu o ,

Peguei a joguei e peguei o ,

prendi o danado dentro da e agora ele irá me obedecer para sempre.

MATA

CASA

SACI

CAPUZ

MESA

OVO

BOLO

83

Desenhe o lugar onde o Saci mora no sítio.

PERSONAGENS DA HISTÓRIA.

Desenho dos

personagens

Nome dos

personagens

84

PRODUÇÃO DE TEXTO

Dona Amélia precisa avisar as pessoas para não se assustar com o Saci que

mora mata.

Escreva um aviso de alerta às pessoas das brincadeiras do Saci.

85

DELICIAS DE RECEITAS

Trabalhando com receitas;

- Pesquise com a vovó e a mamãe várias receitas.

- Numa receita encontramos os nomes e as quantidades necessárias de cada

ingrediente e o modo de fazer;

- No quadro de giz escrever as palavras e expressões que são desconhecidas dos

alunos e seu significado. Fazer relações através de perguntas em Libras com

situações do cotidiano do aluno, para que possa entender e contextualizar o

significado das palavras: fermento químico, margarina, unidades, modo de preparo,

untada, forno pré-aquecido, rendimento, porções.

- Leitura do texto, leitura individual, cada um faz leitura da sua receita.

- Com perguntas em Libras, verificar se houve o entendimento.

- De quê o texto fala? Como ele está organizado? Onde será feito o bolo?

- Anotar no caderno os ingredientes necessários e o modo de fazê-la. Não esqueça

de ilustrá-la;

- Comparar o texto com outros diferentes textos. Este texto é uma receita?

- Promover uma visita ao supermercado para pesquisar os preços dos produtos,

observar tipos de produtos comprados por quilo, litro, unidades, verificando como

são classificados os produtos nas prateleiras dos supermercados.

- Calcular o valor da receita, aproveitando todas as observações feitas no

supermercado, propor diversas situações problemas para serem resolvidas pelos

alunos, mediado pelo professor;

- Fazer a receita com os alunos na escola e comer todos juntos.

- Confeccionar cadernos de receitas com ilustrações, com o material pesquisado

com a família, escrever uma receita a cada dia (cada aluno produz seu caderno).

86

Conhecendo as receitas da Dona Amélia

Bolo de fubá

Ingredientes:

3 ovos

2 xícaras de farinha de trigo (chá);

2 xícaras de fubá (chá);

3 xícaras de leite (chá);

2 xícaras de açúcar (chá);

1 xícara de óleo (chá);

1 colher de fermento químico.

87

Modo de fazer:

Bata todos os ingrediente da massa no liquidificador , adicionando o fermento

químico por último. Coloque em assadeira média , untada com

margarina. Asse em forno médio (180 ºC) pré-aquecido por 30 minutos.

Rendimento: 20 porções

Responda as questões:

Vocês seriam capazes de fazer esse bolo sem ajuda?

Escrever:

O que eu aprendi hoje?

88

Resolva os problemas com atenção!

Agora é sua vez, o bolo ficou pequeno. Vamos dobrar a receita.

Escreva todos os ingredientes em dobro.

O Observe a tabela e resolva os problemas:

PRODUTO QUANTO CUSTA COMPREI GASTEI

Açúcar

R$ 7,20 o pacote de

5 quilos

2 pacotes

Farinha de

Trigo

R$ 1,75 o quilo

3 quilos

Fubá

R$ 0, 80 saco de meio

quilo

1 quilo

Margarina

R$ 1,30 o pote de 500g 2 potes

Paguei com uma nota de R$ 50,00. Quanto recebi de troco?

89

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LACERDA, Cristina. B. F. O intérprete educacional de língua de sinais no ensino fundamental: refletindo sobre limites e possibilidades. Porto Alegre; Mediação, 2002. MANTOAN, M. T. E. Igualdade e diferenças nas escolas: olhares de futuras peda- gogas. Campinas, SP: FE/ UNICAMP, 2007.

90

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91