35
O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I I

DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · auditivo. É também chamada de surdez de percepção nervosa ou de ouvido interno. c) Deficiência Mista : Apresenta lesões ou alterações

Embed Size (px)

Citation preview

O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE

VOLU

ME I

I

SANDRA REGINA NANTES DOS SANTOS

EDUCAÇÃO ESPECIAL-ÁREA DA SURDEZ

CONSCIENTIZAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO DO

CEEBJA - CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO BÁSICA DE JOVENS

E ADULTOS DE APUCARANA SOBRE O PROCESSO DE INCLUSÃO

DE ALUNOS SURDOS

APUCARANA

2010

2

SANDRA REGINA NANTES DOS SANTOS

EDUCAÇÃO ESPECIAL-ÁREA DA SURDEZ

CONSCIENTIZAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO DO

CEEBJA - CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO BÁSICA DE JOVENS

E ADULTOS DE APUCARANA SOBRE O PROCESSO DE INCLUSÃO

DE ALUNOS SURDOS

Trabalho referente ao Material Didático -

Caderno Temático apresentado ao Programa

de Desenvolvimento Educacional - PDE - do

Governo do Estado do Paraná .

Orientadora: Prof. Drª Célia Regina Vitaliano

APUCARANA

2010

3

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .................................................................................................................4

UNIDADE I.......................................................................................................................5

SURDEZ .......................................................................................................................5

Como o ouvido funciona (vide fig. 1) ..........................................................................5

Como Prevenir.............................................................................................................6

Etiologia ......................................................................................................................6

Sinais de Alerta ...........................................................................................................7

Causas Gerais ..............................................................................................................7

Tipos de Deficiências Auditivas ..................................................................................9

A Perda ..................................................................................................................... 10

Decibéis .................................................................................................................... 10

Avaliação da Deficiência Auditiva ............................................................................. 13

Audiometria .............................................................................................................. 13

Cuidados com a Audição ........................................................................................... 13

Aparelhos Auditivos .................................................................................................. 14

Implante Coclear ....................................................................................................... 15

UNIDADE II ................................................................................................................... 16

ORALISMO X BILINGÜISMO ................................................................................ 16

Oralismo .................................................................................................................... 16

Bilingüismo ............................................................................................................... 17

UNIDADE III .................................................................................................................. 18

A SURDEZ NA PERSPECTIVA EDUCACIONAL E CULTURAL ....................... 18

UNIDADE IV .................................................................................................................. 20

LIBRAS E INTÉRPRETE ......................................................................................... 20

Libras ........................................................................................................................ 20

Intérprete de Língua de Sinais .................................................................................... 21

UNIDADE V ................................................................................................................... 26

PROCESSO DE INCLUSÃO DOS ALUNOS SURDOS .......................................... 26

Professor do Ensino Regular ...................................................................................... 26

CONCLUSÃO ................................................................................................................. 28

SUGESTÃO DE FILMES, ARTIGOS E SITES .............................................................. 29

REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 30

ANEXO Nº 1 ............................................................................................................... 33

Intérpretes Código de Ética ........................................................................................ 33

4

INTRODUÇÃO

O direito à inclusão escolar do aluno surdo está oficializado, porém, como se sabe,

isso não resolve as dúvidas que surgem ao ser implantado na escola.

Este texto propõe-se auxiliar os trabalhadores desse CEEBJA que atuam na

inclusão de alunos surdos, usuários de Libras (Língua Brasileira de Sinais) com o apoio do

intérprete, no Ensino Fundamental e no Ensino Médio, a compreender os aspectos

relacionados ao processo de inclusão do surdo e do intérprete de Libras em sala de aula.

Para tanto, oferecendo aqui uma visão geral sobre os aspectos fisiológicos da

surdez, bem como análises mais atualizadas sobre a concepção de surdez, considerando-a

como diferença linguística e cultural e o papel do intérprete no contexto de salas de aulas

inclusivas. Finalizamos este texto comentando aspectos relacionados ao planejamento de

ações pedagógicas no âmbito da escola e da sala de aula, incluindo a reorganização do

Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola. Analisamos, particularmente a atuação do

professor regente e o relacionamento com o aluno surdo e as suas possibilidades de

comunicação sem o conhecimento da Libras.

Muito antes do tema ―inclusão‖ estar em evidência, o surdo já estava inserido na

escola pública, porém, é relativamente recente o uso da Língua de Sinais no contexto

escolar. A legalização do uso da Libras deu-se através da lei n° 10.436/2002 (MEC-

BRASIL) e regulamentada pelo Decreto n° 5626/2005 (MEC-BRASIL).

A inclusão do aluno surdo, usuário de Libras acompanhado do intérprete de

Libras x Língua Portuguesa, no estado do Paraná, foi regulamentada e segue a Instrução

008/08 da Secretaria de Estadual de Educação (SEED).

Para atuarmos na inclusão do aluno surdo é primordial conhecermos as filosofias

mais discutidas na educação do surdo: oralismo e bilinguismo.

O bilinguismo trouxe consigo a figura do Tradutor e Intérprete de Língua de

Sinais (TILS), nesse caso a língua de sinal envolvida no processo é a Libras.

Esperamos que este material ofereça suporte à equipe escolar, aos professores do

ensino regular e aos intérpretes para atuarem na inclusão de surdos uma vez que traça um

quadro explicativo sobre a surdez, sobre a inclusão e sobre a Libras e o intérprete.

5

UNIDADE I

SURDEZ

Inicialmente abordamos a surdez na perspectiva clínica, destacando sua fisiologia,

prevenção, etiologia, sinais de alerta, tipos, causas e prevenção.

Como o ouvido funciona (vide fig. 1)

http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/arquivos/File/imagens/4ciencias/8audicao.jpg

Fig. 1

O ouvido capta vibrações do ar (sons) e as transforma em impulsos nervosos que o

cérebro ―ouve‖. O ouvido externo é composto pelo pavilhão e pelo canal auditivo. A entrada

do canal auditivo é coberta de pelos e cera que ajudam a mantê-lo limpo.

O canal auditivo leva o som a uma membrana circular e flexível, chamada tímpano,

que vibra ao receber ondas sonoras. Esta, por sua vez, faz vibrar, no ouvido médio, três

ossículos, que ampliam e intensificam as vibrações, conduzindo-as ao ouvido interno.

O ouvido interno é formado por um complexo sistema de canais contendo líquido

aquoso. Vibrações do ouvido médio fazem com que esse líquido se mova e as extremidades

dos nervos sensitivos convertem esse movimento em sinais elétricos, que são enviados ao

cérebro, através do nervo da audição (nervo auditivo). (Giuseppe 1997. p. 23)

6

Como Prevenir

É importante divulgar as medidas preventivas para evitar a deficiência auditiva. A

seguir apresentamos algumas orientações (Giuseppe 1997 p.33).

Antes da Gestação:

Buscar aconselhamento genético;

Vacinar-se contra rubéola;

Realizar exames laboratoriais (sífilis, toxoplasmose, hemograma, tipagem

sanguínea.

Durante a gestação:

Evitar exposição a raios X;

Evitar uso de drogas, álcool e cigarro;

Não utilizar medicamentos sem prescrição médica;

Realizar acompanhamento médico mensal;

Alimentar-se adequadamente.

Durante o nascimento:

Procurar atendimento médico-hospitalar (obstetra e pediatra)

Etiologia

A deficiência auditiva pode ser congênita ou adquirida.

As principais causas da deficiência congênita são hereditariedade, viroses

maternas (rubéola, sarampo), doenças tóxicas da gestante (sífilis,

citomegalovírus, toxoplasmose), ingestão de medicamentos ototóxicos (que lesam o nervo auditivo) durante a gravidez. É adquirida quando

existe uma predisposição genética (otosclerose), quando ocorre meningite,

ingestão de remédios ototóxicos, exposição a sons impactantes (explosão) e viroses. Deficiência congênita tem suas causa endógenas ou exógenas.

(Giuseppe 1997, p. 33)

7

Sinais de Alerta

Podemos observar alguns sinais considerados alertas e que indicam a necessidade

de procurar acompanhamento médico. (SEED/SEE-PR 1997).

Enquanto bebê:

Não acorda com ruídos ou conversas;

Não reage a sons ambientais fortes, toques de campainha, batidas de

porta, gritos...;

Balbucia até aproximadamente seis meses.

Na Infância:

Não reage a sons ou só reage a sons muito fortes;

Ouve rádio e televisão em altura acima do normal;

Vira o ouvido melhor em direção a fonte sonora;

Tem dificuldade em acompanhar aulas ou conversas onde haja várias

pessoas envolvidas;

Possui dificuldade de compreensão da linguagem oral;

Apresenta atraso no desenvolvimento da fala;

Troca ou omite fonemas na fala e/ou na escrita;

Fala em voz muito alta ou muito baixa;

Pergunta constantemente: quê? Como? Hein?;

Fixa-se, excessivamente, nos lábios de quem fala;

É considerada desatenta, ou distraída;

Prefere se comunicar usando gestos e sinais.

Causas Gerais

São diversas as causas da surdez como descreve o quadro a seguir.

8

PRÉ-

GESTACIONAIS

São os fatores genéticos e hereditários em que a possibilidade de

ocorrer um defeito está nos genes dos futuros pais.

PRÉ-NATAIS

São aquelas que ocorrem no útero materno, da fecundação ao

nascimento. Dentre os fatores que atingem o bebê no útero, pode-se citar:

Idade da mãe: pesquisas demonstram que mães com menos de 20 e

mais de 35 anos tendem a gerar um maior número de filhos com deficiência do que as que têm entre 20 e 35 anos.

Multiparidade: mulheres com cinco ou mais partos tendem a ter bebês de baixo peso e maior incidência de complicações na

gravidez.

Intervalo gestacional: intervalo de menos de dois anos entre uma

gravidez e outra pode provocar crianças de baixo peso ao nascer,

além de comprometimentos motores e intelectuais.

Fator RH: atinge os fetos com RH+ cujas mães são fator RH -

podendo ocasionar abortos ou deficiências.

Pressão alta: durante a gravidez, além de prejudicar o feto, é a

maior causa de morte materna no Brasil.

Rubéola: pode ocasionar síndrome que se caracteriza por defeitos

nervosos e mentais, oculares e auditivos, cardiovasculares. Todos os

esforços devem ser feitos para identificar e vacinar a mulher

susceptível de adquirir a rubéola antes da concepção, já que não existe tratamento para evitar o dano no bebê da grávida infectada.

Sífilis: a mais comum das doenças venéreas manifesta-se de forma precoce (até os seis meses de idade) ou de forma tardia (após os

dois anos). Na sífilis precoce acontecem lesões neurológicas,

oftalmológicas, ósseas e de pele. Já na sífilis tardia, ocorrem

anomalias dentárias.

Drogas: é o termo que designa tanto os medicamentos como os

tóxicos. Os mais consumidos são os analgésicos, diuréticos, antibióticos e tranquilizantes. Entre os tóxicos de maior uso

destacam-se o fumo e o álcool. Além desses, a maconha, cocaína,

barbitúricos, anfetaminas, elevam as complicações durante a gravidez, com grande possibilidade do nascimento de crianças com

sérios problemas neurológicos.

Os medicamentos e os tóxicos podem atingir o bebê através da

placenta ou do leite materno.

PERI-NATAIS

Atingem o bebê durante o parto:

Pré-maturidade, pós-maturidade, anóxia, fórceps;

9

Infecção hospitalar; Outras.

PÓS-NATAIS

Ocorrem após o nascimento:

Meningite; Remédios ototóxicos, em excesso ou sem orientação médica;

Sífilis adquirida;

Sarampo, caxumba; Exposição continuada a ruídos ou sons muito altos;

Traumatismos cranianos;

Outros.

O estudo da etiologia demonstra a importância da prevenção uma vez que pelos

dados da Organização Mundial de Saúde- OMS, 1,5% da população dos países em

desenvolvimento tem problemas relativos à audição. (GIUSEPPE. 1997.p. 33,34)

Tipos de Deficiências Auditivas

São quatro os tipos de surdez, segundo (GIUSEPPE, 1997.p. 31):

a) Deficiência de condução: Resultados de alterações do ouvido médio ou externo que

consistem na dificuldade ou impedimento da passagem das vibrações sonoras para o ouvido

interno

b) Deficiência sensório-neural: Origina-se no ouvido interno, no órgão de Corti e nervo

auditivo. É também chamada de surdez de percepção nervosa ou de ouvido interno.

c) Deficiência Mista: Apresenta lesões ou alterações dos ouvidos médio e interno

associados.

d) Deficiência Central: Causada pela disfunção ou mau desenvolvimento das vias

auditivas do sistema nervoso central.

Até esse ponto foram considerados a localização da lesão no ouvido e o nível e o grau de perda da audição.

Outro aspecto utilizado como critério para a classificação da surdez é o período evolutivo em que ocorreu a surdez, podendo ser a surdez pré e pós-linguística. A pré-linguística é

aquela que se apresenta no nascimento ou durante os primeiros meses, na fase anterior ao

desenvolvimento da ―fala‖ ou linguagem convencional. A pós linguística é a surdez que ocorre em uma idade posterior ao desenvolvimento da ―fala‖ ou linguagem convencional.

10

Resumindo, os estudos Classificatórios da deficiência auditiva privilegiam aspectos

referentes à localização da lesão, ao grau da perda e ao período evolutivo em que ocorreu.

A Perda

A exposição a ruídos excessivos causa lesão nas

células ciliadas do ouvido interno (cóclea e canais semicirculares). Essa lesão é irreversível, mas pode

estacionar se a pessoa deixar o ambiente

barulhento. Enfiar objetos dentro do ouvido pode perfurar a

membrana timpânica, que se regenera, dependendo

do tamanho da perfuração. Caso contrário, só a

cirurgia resolve. O máximo que o ouvido humano suporta, sem o uso

de protetores, é o som ambiente, composto de

conversas, música, toque de telefone e ruído de pessoas trabalhando - o que corresponde a 60

decibéis. Acima disso, o ouvido começa a sofrer

perda progressiva da audição.

http://www.santalucia.com.br/otorrino/deficiencia.htm

Decibéis

A seguir emprestamos de GIUSEPPE (1997, p.46) as explicações sobre os

decibéis. (vide fig.2)

A intensidade ou volume dos sons é

medida em unidades chamadas decibéis, abreviadas

para dB. Sessenta dB é a intensidade do som de

uma conversa, e 120 dB a de um avião a jato. Se

uma pessoa "perder" 25 dB de volume, poderá ter

problemas de audição. A perda de 95 dB pode

ensurdecer totalmente uma pessoa.

11

Série Deficiência Auditiva – Fascículo I (1997, p. 46,47)

A competência auditiva é classificada como normal, leve, moderada, severa e

profunda. É difícil imaginar os sons que não são ouvidos por aqueles que têm uma

deficiência auditiva. Portanto, para ilustrar, examinemos a tabela a seguir:

Qualidade do Som Decibéis Tipo de Ruído

Muito baixo 0-20 Farfalhar das folhas

Baixo 20-40 Conversação silenciosa

Moderado 40-60 Conversação normal

Alto 60-80 Ruído médio de fábrica ou trânsito

Muito alto 80-100 Apito de guarda e ruído de caminhão

Ensurdecedor 100-120 Ruído de discoteca e de avião decolando

(GIUSEPPE, 1997, p.46)

Fig. 2

12

Grau da perda Auditiva segundo Classificação de David e Silvermann (1970)

Tipos de

perda

auditiva

Grau Classificação

Perda auditiva

ligeira

Entre

20 a 40 dB

A palavra é ouvida, mas certos elementos fonéticos escapam às crianças. Têm, por exemplo, dificuldade em compreender

uma conversa a uma distância superior a 3 metros. Aqui a

surdez não provoca atraso na aquisição da linguagem, podem é ter defeitos de articulação e dificuldades em ouvir a

voz do professor (são crianças tidas como muito distraídas).

Necessitam de ensino de leitura da fala e de estimulação da linguagem. Devem ter também uma colocação adequada na

sala de aula.

Perda auditiva

média

Entre

40 a 70 dB

Aqui a criança só consegue ouvir a palavra, quando esta é de intensidade forte e tem dificuldades nas discussões em grupo

e na aula. Verificam-se algumas dificuldades nas discussões

em grupo e na aula. Verificam-se algumas dificuldades na aquisição da linguagem e algumas perturbações da

articulação da palavra, e da linguagem, aqui um processo

compensador é a leitura labial. Há também necessidade do uso de próteses, de treino auditivo e estimulação da

linguagem.

Perda auditiva

severa

Entre

70 a 90 dB

A criança não consegue perceber a palavra normal. É necessário gritar para que exista uma sensação auditiva

verbal. Mesmo usando próteses tem dificuldade em

distinguir vogais de consoantes. Esses alunos têm algumas dificuldades psicológicas, perturbações na aquisição da

linguagem, perturbações na voz e na palavra. Necessitam já

de cuidados especiais no treino auditivo, leitura da fala e, estimulação da linguagem. Não podem dispensar as

próteses. Podem necessitar de linguagem gestual tanto para

se expressar como para compreender os outros.

Perda auditiva

profunda

Superior a

90 dB

Em que nenhuma sensação auditiva verbal pode ser captada

pela criança espontaneamente. Aqui, é necessário adotar

métodos especiais na estimulação da linguagem e fazer um treino intenso de maneira a aproveitar os resíduos auditivos.

Deve-se recorrer à linguagem gestual.

Giuseppe (1997, p.47)

13

Avaliação da Deficiência Auditiva

Existem diversos tipos de testes audiométricos, de acordo com as indicações do

otorrino, testes para bebês, adultos e atualmente há o teste orelhinha, realizado em recém

nascidos e que detecta se a criança terá ou não dificuldades auditivas.

Vejamos a explicação do otorrinolaringologista Luiz Carlos Alves de Souza,

presidente da Sociedade Brasileira de Otologia.

"É fundamental que os exames de triagem sejam realizados nos primeiros seis meses de vida da criança, pois cerca de 50% a 75% das deficiências

auditivas podem ser identificadas já no berçário, por meio da triagem

auditiva (o "teste da orelhinha"). Nesta fase, é possível melhorar e até mesmo recuperar a audição em quase 100% dos casos".

http://sna.saude.gov.br

Audiometria

É a parte da audiologia que estuda particularmente a medida de audição. São

objetivos da audiometria:

confirmar os limiares tonais;

mensurar a capacidade de detectar e reconhecer a fala;

confirmar hipóteses diagnósticas e do local da lesão;

detectar perdas funcionais ou não orgânicas e quadros de simulação e

perda auditiva;

indicar próteses auditivas;

avaliar o rendimento auditivo-social do indivíduo.

http://www.clinicacopec.com.br/audiometria_objetivos.php

Cuidados com a Audição

Os cuidados em relação à audição devem ser tomados diariamente.

Seguem abaixo alguns sintomas e orientações que podem ser observados

individualmente.

É importante ressaltar que, independente de qualquer orientação, é sempre bom

procurar um médico para tirar dúvidas.

14

Sintomas a serem observados:

Diminuição da audição;

Dificuldades de ouvir sons agudos como o tic-tac do relógio ou as ultimas palavras

de uma conversação;

Dificuldade para ouvir em ambiente ruidoso;

Zumbido;

Tontura.

Outros sintomas a serem observados:

Stress;

Fadiga;

Dor de cabeça;

Gastrite;

Pressão alta;

Irritação nos olhos.

Caso apareçam esses sintomas, deve-se:

Realizar audiometria periodicamente;

Não utilizar remédios sem prescrição médica.

Sempre que se puder nas horas de lazer, deve-se escolher lugares calmos e

silenciosos, isso fará o ouvido ―descansar‖.

Não utilizar hastes flexíveis (cotonete) dentro do ouvido.

Em casos de dor eventual no ouvido procurar o médico.

http://www.centrodesaude.al.ms.gov.br/canais.php?id=13

Aparelhos Auditivos

Em geral, acreditamos que, se o surdo usar aparelho ou prótese auditiva,

automaticamente, ele passa a ouvir todos os sons, seja da fala humana ou os sons

ambientais, porém é necessário um processo para ocorrer a adaptação à protetização.

Geralmente são realizadas muitas sessões com fonoaudiólogo para ter o maior ganho

possível, vejamos:

Só devem ser usados com recomendação médica, depois de passar pela avaliação do otorrinolaringologista, depois de se investigar as causas da

perda auditiva, que pode estar sendo causada apenas pelo acúmulo de

cera nos ouvidos. Tipos de aparelhos — intracanal (colocado dentro do conduto auditivo);

microcanal (não aparece, fica na entrada do conduto auditivo); e externo

retro-auricular (colocado atrás da orelha).

15

O princípio básico é proporcionar tanta amplificação útil tanto quanto

possível, tirando melhor partido de qualquer audição residual que exista.

É fundamental que haja um entendimento realista do que o aparelho pode fazer para o paciente. Nenhum aparelho auditivo capacitará uma criança

com deficiência auditiva a atuar normalmente em todas as situações. http://www.ines.gov.br/ines_livros/5/5_PRINCIPAL.HTM

Implante Coclear

Existe muita especulação e controvérsia quanto ao implante coclear, a seguir

explicamos o que é e quais pessoas podem se submeter ao implante e qual o ganho em

termos de audição.

Um indivíduo com surdez profunda que não consegue ouvir sons mesmo

com um aparelho auditivo pode ser beneficiado com um implante coclear. O implante é constituído por eletrodos (inseridos na cóclea) implantada

cirurgicamente, e uma bobina interna (implantada no crânio). Os

eletrodos são complementados por uma bobina externa, um processador

da fala e um microfone localizado fora do corpo. O microfone capta as ondas sonoras e o processador as converte em impulsos elétricos, os quais

são transmitidos pela bobina externa através da pele até a bobina interna

e, a seguir, aos eletrodos. Os eletrodos estimulam o nervo auditivo.

O implante coclear não transmite sons tão bem quanto a cóclea normal,

mas provê diferentes benefícios de acordo com o indivíduo. Ele ajuda alguns indivíduos a fazer a leitura labial. Outros conseguem distinguir

algumas palavras sem ler os lábios. Alguns indivíduos podem manter

conversações telefônicas, também ajuda a ouvir e a distinguir os sinais ambientais e de aviso (p.ex., campainhas de porta, telefones e alarmes).

Ele ajuda esses indivíduos a modular a voz, tornando a sua fala mais fácil

de ser compreendida pelos outros. O implante coclear é mais eficaz em

um indivíduo cuja perda auditiva é recente ou que utilizou com sucesso um aparelho auditivo antes do implante.

http://www.alisom.com.br/portal/aparelhos-auditivos/perdas-auditivas,

As análises, até o momento apresentadas, estão vinculadas a uma perspectiva

clínica de se identificar a surdez, considerando-a uma patologia a ser tratada clinicamente

através da reabilitação da fala que propõe o desenvolvimento pelo surdo da oralidade,

sendo chamada de filosofia oralista (estudaremos adiante) que tem como objetivo maior

oralizar o surdo para aproximá-lo do modelo ouvinte. Enfim, nessa perspectiva a surdez

também é vista como uma deficiência.

16

UNIDADE II

ORALISMO X BILINGÜISMO

Seguem definições das principais filosofias aplicadas à educação de surdos,

contemplando as suas características, críticas, e benefícios com objetivo de esclarecer suas

diferenças, especialmente no que diz respeito à concepção de surdez que cada uma adota.

Estas são: o oralismo e o bilinguismo.

Oralismo

Até meados dos anos 90, aplicava-se na educação de surdos o oralismo, que,

segundo Goldfield (2002, p.33), pode ser denominada filosofia oralista ou oralismo que

visa à:

[...] integração da criança com surdez na comunidade de ouvintes, dando-lhe condições de desenvolver a língua oral (no caso do Brasil, o

português). A noção de linguagem, para vários profissionais dessa

filosofia, restringe-se à língua oral, e esta deve ser a única forma de comunicação dos surdos.

Na filosofia oralista, o que se almejava era oralizar, ou seja, tornar o surdo falante

e assim integrá-lo à comunidade, além disso, reconhecia a oralização como única forma de

comunicação dos surdos, nessa linha a surdez era definida como deficiência. Goldfield

(2002, p.34) continua:

O Oralismo percebe a surdez como uma deficiência que deve ser

minimizada por meio da estimulação auditiva. Essa estimulação possibilitaria a aprendizagem da língua portuguesa e levaria a criança

surda a integrar-se na comunidade ouvinte e desenvolver sua

personalidade como a de um ouvinte. Ou seja, o objetivo do Oralismo é fazer uma reabilitação da criança surda em direção à normalidade, à

―não-surdez‖.

Essa filosofia fracassou em virtude de que a maioria dos surdos, por mais

que passassem por muitas sessões com fonoaudiólogo, não conseguiam desenvolver a fala

de modo semelhante à fala dos ouvintes. Segundo Strobel (2008, p.6),

os métodos oralistas, geralmente estrangeiros, buscavam estratégias de

ensino que poderiam transformar em realidade o desejo de ver os sujeitos surdos falando e ouvindo,... a proposta educacional direcionada somente

para a reabilitação de fala aos sujeitos surdos.

Com isso, houve o fracasso educacional dos sujeitos surdos, uma vez que

este discurso sobre a educação dos mesmos estava fora do contexto, pois

17

muitas vezes os sujeitos surdos eram vistos como ―retardados‖, sendo

poupados dos conteúdos escolares mais complexos, ―empurrados‖ de

uma série para outra, e também foram proibidos de compartilhar uma língua cultural do povo surdo, sendo tratados como débeis mentais, com a

eternização da infância.

Bilingüismo

Em meados dos anos 80, outra filosofia educacional emerge resultante de pesquisas

na área: o bilinguismo.

Atualmente a Educação de Surdos segue a proposta denominada Bilinguismo,

que, segundo Goldfield (2002, p.42), tem como pressuposto básico que o surdo deve ser

bilíngue, ou seja, deve adquirir como língua materna a língua de sinais, que é considerada a

língua natural dos surdos e, como segunda língua, a língua oficial de seu país.

Segundo Tartuci, apud Lacerda (2007, p.163), o bilinguismo

[...] tem como meta educacional viabilizar a presença de duas línguas no contexto escolar do aluno surdo. Entende-se que, ao valorizar e tornar

acessível o uso da língua natural dos surdos, essa vivência oportunizará

que ele construa uma auto-imagem positiva e, ao mesmo tempo, se

desenvolva cognitiva e linguisticamente.

A filosofia bilíngue considera que o surdo possa ter um desenvolvimento

cognitivo-linguístico equivalente ao verificado no ouvinte. Para isso, é necessário um

ambiente bilíngue que se estabelece quando os usuários das línguas envolvidas estão

plenamente integrados e não existe preconceito ou discriminação quanto à língua de uso

minoritário e ao seu usuário. Esse ambiente facilitará o aprendizado da segunda língua, ou

seja, a língua dos ouvintes.

Fernandes (2009, p. 34), em seus estudos afirma que:

Os surdos podem ser considerados bilíngues ao dominarem duas línguas

legitimamente brasileiras, posto que ambas expressam valores, crenças e

modos de percepção da realidade de pessoas que compartilham elementos culturais nacionais. Ocorre que uma das línguas – o português – é a

língua oficial e majoritária – enquanto que a outra – a Libras – é uma

língua minoritária, que não goza de prestígio social e é utilizada por um grupo restrito de pessoas.

Para a inclusão do surdo, porém, não basta definir a filosofia a ser utilizada, se

oralismo ou bilinguismo, é necessário o reconhecimento da surdez como diferença, como

definiremos a seguir.

18

UNIDADE III

A SURDEZ NA PERSPECTIVA EDUCACIONAL E CULTURAL

Atualmente a questão educacional do surdo está pautada na questão da diferença e

não da deficiência. Segundo pesquisadores como: Perlin, Strobel, Fernandes e outros, é a

partir desse olhar que vamos trabalhar, com o ponto de vista educacional e cultural, neste

projeto.

Devido à privação do sentido de percepção dos sons, falta ao surdo a facilidade

para o desenvolvimento da comunicação oral, no entanto essa diferença não o impede de se

comunicar. O sujeito surdo percebe o mundo através do olhar e não através do ouvir.

Segundo a pesquisadora surda Strobel (2008, p.38),

trata-se de respeito pela expressão cultural surda com suas subjetividades, identidades, políticas, histórias, línguas, pedagogia e outros, sendo assim,

o povo surdo se auto-identifica como ‗surdo‘, que formam um grupo com

as específicas características linguísticas, cognitivas e culturais, sendo considerados como diferença.

Para Perlin (2006, p.04), ser surdo é viver no além, em nosso tempo, significa não

mais ter o presente como continuidade do passado sob os horrores do colonialismo, da

obrigatoriedade de narrar-se como ouvinte.

A história da educação de surdos mostra que, na filosofia oralista, o surdo era

obrigado a desenvolver a fala e assim se aproximar do modelo ouvinte, atualmente o surdo

tem a possibilidade de viver o ser surdo, estão em fase de construção da identidade e

cultura surda. A respeito disso, Perlin (2006, p.06) diz o seguinte:

A identificação como sujeito surdo não é identificação como deficiente, é identificação como sujeito cultural. Se não consegue a identificação na

diferença, continuam as errâncias da identidade, as identificações como

deficiente, como menos valia.

Atualmente, com o desenvolvimento das pesquisas na área da surdez, muitas

realizadas por pesquisadores surdos, deixa claro que a concepção do ser surdo vai muito

além da limitação por não ouvir, gera implicações na maneira como o sujeito se organiza,

não só na questão de comunicação, mais de cultura e de identidade, organizando todo o seu

modo de vida através dos outros sentidos. É interessante também observarmos qual a visão

do surdo em relação ao não surdo, ou seja, a pessoa que ouve denominado ouvinte.

Segundo Quadros (2003, p. 14),

19

o surdo se vê como uma diferença (como um sujeito que reivindica seus

espaços, os quais existem independentemente de autorização ou aceitação

por quem quer que seja), uma diferença entre tantas outras diferenças como, por exemplo, o ―ser ouvinte‖ – que, na perspectiva do surdo, na

sua tradução mais radical das formas de representação, significa ser

incapaz de compreender o seu mundo – o mundo visual.

Dessa forma, a surdez significa algo muito mais complexo do que a perda

orgânica da possibilidade de ouvir sons. Podemos tentar vivenciar a experiência da surdez,

porém é impossível. Por mais que nos esforcemos, nossa memória auditiva trará à tona os

sons conhecidos e gravados anteriormente, logo só é capaz de entender o mundo do

silêncio quem nasceu surdo.

Portanto temos a compreensão do sujeito surdo, conforme consta no Decreto

Federal nº 5626/05, o qual considera pessoa surda aquela que, por ter perda auditiva,

compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua

cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais – Libras.

Nesse sentido, a LEI Nº 10.436/ 2002 reconhece como meio legal de comunicação

e expressão a Língua Brasileira de Sinais - Libras e outros recursos de expressão a ela

associados e o decreto 5626/2005 que regulamenta a referida lei, reafirma esta

determinação e dispõe:

Art. 2o Para os fins deste Decreto, considera-se pessoa surda aquela que,

por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de

experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais - Libras.

Garante e normatiza o acesso à educação através do

Art. 14. As instituições federais de ensino devem garantir,

obrigatoriamente, às pessoas surdas acesso à comunicação, à informação

e à educação nos processos seletivos, nas atividades e nos conteúdos

curriculares desenvolvidos em todos os níveis, etapas e modalidades de educação, desde a educação infantil até a superior.

§ 1o Para garantir o atendimento educacional especializado e o

acesso previsto no caput, as instituições federais de ensino devem: I - promover cursos de formação de professores para:

a) o ensino e uso da Libras;

b) a tradução e interpretação de Libras - Língua Portuguesa; e

c) o ensino da Língua Portuguesa, como segunda língua para pessoas surdas;

II - ofertar, obrigatoriamente, desde a educação infantil, o ensino da

Libras e também da Língua Portuguesa, como segunda língua para alunos surdos;

III - prover as escolas com:

20

a) professor de Libras ou instrutor de Libras;

b) tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa;

c) professor para o ensino de Língua Portuguesa como segunda língua para pessoas surdas; e

d) professor regente de classe com conhecimento acerca da

singularidade lingüística manifestada pelos alunos surdos;

IV - garantir o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos surdos, desde a educação infantil, nas salas de aula e, também,

em salas de recursos, em turno contrário ao da escolarização;

V - apoiar, na comunidade escolar, o uso e a difusão de Libras entre professores, alunos, funcionários, direção da escola e familiares, inclusive

por meio da oferta de cursos;

VI - adotar mecanismos de avaliação coerentes com aprendizado de

segunda língua, na correção das provas escritas, valorizando o aspecto semântico e reconhecendo a singularidade linguística manifestada no

aspecto formal da Língua Portuguesa;

VII - desenvolver e adotar mecanismos alternativos para a avaliação de conhecimentos expressos em Libras, desde que devidamente

registrados em vídeo ou em outros meios eletrônicos e tecnológicos;

VIII - disponibilizar equipamentos, acesso às novas tecnologias de informação e comunicação, bem como recursos didáticos para apoiar a

educação de alunos surdos ou com deficiência auditiva.

§ 3o As instituições privadas e as públicas dos sistemas de

ensino federal, estadual, municipal e do Distrito Federal buscarão implementar as medidas referidas neste artigo como meio de assegurar

atendimento educacional especializado aos alunos surdos ou com

deficiência auditiva.

Nesse cenário surge um novo personagem, o intérprete de Libras x Língua

Portuguesa.

UNIDADE IV

LIBRAS E INTÉRPRETE

Libras

As Línguas de Sinais (LS) são as línguas naturais das comunidades surdas.

Ao contrário do que muitos imaginam, as Línguas de Sinais não são simplesmente

mímicas e gestos soltos, utilizados pelos surdos para facilitar a comunicação. São línguas

com estruturas gramaticais próprias.

Atribui-se às Línguas de Sinais o status de língua porque elas também são

compostas pelos níveis linguísticos: o fonológico, o morfológico, o sintático e o semântico.

O que é denominado de palavra ou item lexical nas línguas oral-auditivas são

denominados sinais nas línguas de sinais. http://www.libras.org.br/libras.php

21

Libras é a sigla da Língua Brasileira de Sinais, segundo Brito (2002, p.1),

[...] a Libras é uma língua verdadeira, natural das pessoas surdas e, para

ser aprendida ou adquirida por alguém, necessita do contato com surdos que a utilizam.

A LIBRAS, como toda língua de sinais, é uma língua de modalidade

gestual-visual porque utiliza como canal ou meio de comunicação,

movimentos gestuais e expressões faciais que são percebidos pela visão;

portanto, diferencia-se da Língua Portuguesa, que é uma língua de modalidade oral-auditiva por utilizar, como canal ou meio de

comunicação, sons articulados que são percebidos pelos ouvidos. Mas as

diferenças não estão somente na utilização de canais diferentes, estão também nas estruturas gramaticais de cada língua.

[...] é dotada de uma gramática constituída a partir de elementos constitutivos das palavras ou itens lexicais e de um léxico (o conjunto das

palavras da língua) que se estruturam a partir de mecanismos

morfológicos, sintáticos e semânticos que apresentam especificidade, mas seguem também princípios básicos gerais. Estes são usados na geração de

estruturas linguísticas de forma produtiva, possibilitando a produção de

um número infinito de construções a partir de um número finito de regras.

É dotada também de componentes pragmáticos convencionais, codificados no léxico e nas estruturas da LIBRAS e de princípios

pragmáticos que permitem a geração de implícitos sentidos metafóricos,

ironias e outros significados não literais. Estes princípios regem também o uso adequado das estruturas linguísticas da LIBRAS, isto é, permitem

aos seus usuários usar estruturas nos diferentes contextos que se lhes

apresentam de forma a corresponder às diversas funções linguísticas que emergem da interação do dia a dia e dos outros tipos de uso da língua.

Intérprete de Língua de Sinais

Profissional relativamente recente no contexto escolar e que envolve uma

dinâmica especial. Primeiro é importante definirmos o que envolve o ato de interpretar

que, segundo Quadros (2004, p.27),

[...] é um ato ―Cognitivo-Linguístico‖, ou seja, é um processo em que o

intérprete estará diante de pessoas que apresentam intenções

comunicativas específicas e que utilizam línguas diferentes. O intérprete está completamente envolvido na interação comunicativa (social e

cultural) com poder completo para influenciar o objeto e o produto da

interpretação. Ele processa a informação dada na língua fonte e faz escolhas lexicais, estruturais, semânticas e pragmáticas na língua alvo que

devem se aproximar o mais apropriadamente possível da informação dada

na língua fonte. Assim sendo, o intérprete também precisa ter

conhecimento técnico para que suas escolhas sejam apropriadas

22

tecnicamente. Portanto, o ato de interpretar envolve processos altamente

complexos.

Aqui temos a definição do ato interpretativo e podemos observar o quão complexo

e laborioso é o processo além do alto grau de responsabilidade, pois ao fazer a transposição

da língua fonte para a língua alvo deve ter em mente qual a informação relevante deve ser

interpretada e manter ao máximo a fidelidade do discurso na transposição. Acerca disso,

Quadros (2004, p.27) assim se expressa:

Quem é o intérprete de língua de sinais? É o profissional que domina a

língua de sinais e a língua falada do país e que é qualificado para

desempenhar a função de intérprete. No Brasil, o intérprete deve dominar a língua brasileira de sinais e língua portuguesa.

[...] Além do domínio das línguas envolvidas no processo de tradução e interpretação, o profissional precisa ter qualificação específica para atuar

como tal. Isso significa ter domínio dos processos, dos modelos, das

estratégias e técnicas de tradução e interpretação. O profissional

intérprete também deve ter formação específica na área de sua atuação (por exemplo, a área da educação).

Nessa complexidade, o intérprete de língua de sinais exerce uma atividade que

exige muito do profissional, pois trabalha, num mesmo contexto, com a língua de

modalidade oral auditiva no caso Língua Portuguesa oral e escrita (LO) e a língua de sinais

Libras de modalidade espaço visual, surgindo daí a grande dificuldade na atuação. Para um

trabalho de qualidade é necessário que o intérprete tenha conhecimento anterior sobre o

assunto, o que na pratica não ocorre. Segundo Rosa (2003, p.238),

do ponto de vista ideal, qualquer interpretação requer domínio não apenas

da LO e da LIBRAS, mas exige que o intérprete seja exímio conhecedor

do assunto versado. Qualquer intérprete reconhece, pelo menos teoricamente, o acerto dessa exigência. Porém isso é o que menos ocorre

quando se convoca um intérprete de Língua de Sinais, pois não existe

preocupação de quem o contrata em antecipar os textos ou ao menos fornecer informações adicionais a respeito do assunto a ser tratado.

Outro ponto importante a ser compreendido é que o intérprete acaba se destacando

seja no contexto da sala de aula ou de palestras, momentos em que os alunos ou platéia

ouvinte presta atenção ao intérprete deixando o palestrante isolado. Segundo Rosa (2003,

p. 241),

23

[...] o ato interpretativo só acontece na presença física do intérprete. Isso

significa que o profissional fica exposto física e emocionalmente a

valorização de todos os presentes. O intérprete não empresta ao surdo somente os ouvidos e as mãos, e sim

todo o corpo; a boa interpretação está relacionada com a expressão facial

e corporal; o ouvinte transmite suas emoções por meio de ruídos, melodia

e impostação de voz, o que, para o surdo, deve ser materializado no corpo do intérprete.

O papel do tradutor/intérprete em sala de aula é servir como tradutor entre

indivíduos que compartilham línguas e culturas diferentes realizando uma atividade

humana que exige estratégias mentais na arte de transferir o contexto e a mensagem de um

código linguístico para outro. Essa atividade requer uma série de procedimentos técnicos.

Segundo Quadros (2004, p.27), o intérprete deve:

Realizar a interpretação da língua falada para a língua sinalizada e vice-

versa observando os seguintes preceitos éticos:

a) confiabilidade (sigilo profissional);

b) imparcialidade (o intérprete deve ser neutro e não interferir com opiniões próprias);

c) discrição (o intérprete deve estabelecer limites no seu envolvimento

durante a atuação);

d) distância profissional (o profissional intérprete e sua vida pessoal são

separados);

e) fidelidade (a interpretação deve ser fiel, o intérprete não pode alterar a

informação por querer ajudar ou ter opiniões a respeito de algum assunto, o objetivo da interpretação é passar o que realmente foi dito).

O Código de Ética (vide anexo nº 1) que norteia a carreira do Intérprete deve ser usado no

contexto escolar, entretanto, esse código deixa a desejar em muitos casos e necessidades

importantes que acontecem no contexto da educação, devendo o intérprete usar de bom senso. De

acordo com Lacerda (2006), o intérprete de LIBRAS exercerá em sala de aula e em todas as

atividades educacionais somente as Funções Comunicativas Tradutórias, as Funções Pedagógicas

serão exercidas pelos professores.

Quanto ao contexto da sala de aula, segundo Martins (2007, p. 186), intérprete e surdo

estabelecem um laço fraterno como sendo efeito da negação do estrangeiro - das segregações que

se fazem na relação do outro com a diferença -, na união das semelhanças; uma relação bem

interessante que ocorre entre surdo e o intérprete, que, de algum modo, são os dois, um pouco,

estrangeiros – cada um em sua relação fronteiriça - incluídos na sala de aula.

24

A SUED/SEED/PR, através da INSTRUÇÃO N.º 008/08, estabelece normas para

atuação do profissional tradutor e intérprete de Língua Brasileira de Sinais-Libras/Língua

Portuguesa - TILS nos Estabelecimentos de Ensino da rede pública estadual. Essa

instrução estabelece:

O Tradutor e Intérprete de Libras/Língua Portuguesa-TILS é o

profissional bilíngue que oferece suporte pedagógico à escolarização de alunos surdos matriculados na Educação Básica, da rede regular de

ensino, por meio da mediação linguística entre aluno(s) surdo(s) e demais

membros da comunidade escolar, de modo a assegurar o desenvolvimento da proposta de educação bilíngue (Libras/Língua

Portuguesa).

A instrução deixa claro que o intérprete é o profissional que oferece ―suporte

pedagógico‖ que assegure o desenvolvimento da proposta de educação bilíngue.

Compete ao profissional intérprete o cumprimento das seguintes

atribuições:

4.1 Mediar situações de comunicação entre os alunos surdos e demais

membros da comunidade escolar.

4.2 Viabilizar a interação e a participação efetiva do aluno nas diferentes

situações de aprendizagem e interação no contexto escolar.

4.3 Informar à comunidade escolar sobre as formas mais adequadas de comunicação com o(s) alunos(s) surdo(s).

4.4 Interpretar, de forma fidedigna, as informações e conhecimentos veiculados em sala de aula e nas demais atividades curriculares

desenvolvidas no contexto escolar.

4.5 Dar oportunidade à expressão do(s) aluno(s) surdo(s) por meio da tradução, de forma fidedigna, de suas opiniões e reflexões.

4.6 Ter conhecimento prévio e domínio dos conteúdos e temas a serem trabalhados pelo professor, evitando a improvisação e proporcionando

maior qualidade nas informações transmitidas.

Esse item depende principalmente do professor que, ao elaborar o seu Plano de

Trabalho Docente, deverá compartilhá-lo previamente com o intérprete para que, em caso

de dúvidas quanto ao conteúdo, vocabulário, professor e intérprete possam saná-las de

modo a propiciar uma interpretação com qualidade. Também recomenda:

4.7 Ter um relacionamento amistoso com o professor regente de turma,

oferecendo informações adequadas sobre a importância da interação deste

com o(s) alunos(s) surdo(s).

25

4.8 Sugerir aos docentes a adoção das estratégias metodológicas visuais

mais adequadas ao favorecimento da aprendizagem dos alunos surdos.

4.9 Cumprir integralmente a carga horária designada (20 ou 40 horas), de

modo a oferecer apoio especializado aos alunos surdos em todas as

disciplinas previstas na matriz curricular semanal para a série em questão.

4.10 Participar das atividades pedagógicas que envolvem o coletivo da

escola (reuniões pedagógicas, conselhos de classe, atividades festivas, entre outros).

4.11 Submeter-se aos direitos e deveres previstos aos demais

profissionais, no regimento da escola.

4.12 Cumprir o Código de Ética que regulamenta a prática da

interpretação/tradução em Libras, emitido pela Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos - Feneis, o qual deve ser de

conhecimento da equipe técnico-pedagógica do Estabelecimento de

Ensino.

Encontramos na Instrução o papel do intérprete como suporte pedagógico,

destacado quanto à natureza e à organização, deixando claro que o intérprete tem uma

atuação diferente da do professor.

6.1. O Tradutor e Intérprete deverá atuar em período integral na

série/turma/turno para o qual foi designado, não sendo permitido à divisão de sua carga horária entre várias turmas.

6.2. A atuação do Tradutor e Intérprete caracteriza suporte pedagógico e não efetivo exercício de docência.

6.2. O Tradutor e Intérprete não exercerá, sob hipótese alguma, a função

de auxiliar de regência, tendo em vista a necessidade de estar disponível para o cumprimento das funções que lhe são atribuídas.

6.3. É recomendável que os alunos surdos sejam agrupados, em maior número possível, em uma mesma turma, desde que respeitadas às séries

ou etapas em que se encontram matriculados.

A instrução ainda estabelece normas quanto à oferta, formação exigida, abertura e

ampliação de demanda. É importante a equipe pedagógica e os professores além dos

intérpretes terem conhecimento desse documento.

Consideramos relevante também discutir a organização da escola e o papel dos professores

regentes no processo de inclusão dos alunos surdos.

26

UNIDADE V

PROCESSO DE INCLUSÃO DOS ALUNOS SURDOS

A preocupação com a inclusão deve estar presente na elaboração do projeto

político pedagógico, através de ações que visem parcerias com profissionais da área da

surdez, tais como médicos, fonoaudiólogos, professores especialistas, ofertando palestras

para a comunidade escolar. É importante a formação de grupo de estudos em que

professores, pedagogos e intérpretes possam trabalhar o currículo, pesquisar metodologias

e materiais pedagógicos adequados aos processos de aprendizagem de alunos surdos,

refletir sobre as ações em sala de aula e em outros ambientes da escola e, através de

parceria com as Associações de Surdos, NREs e SEED, oferecer cursos de LIBRAS para

toda comunidade escolar.

Professor do Ensino Regular

O professor é o modelo pedagógico para os alunos e sua preocupação é voltada

para o conteúdo, a disciplina, o saber, o conhecimento. O ideal é que o professor se

relacione de maneira igual ao prestar atendimento individual aos alunos surdos e ouvintes,

evitando o distanciamento. Nesse contexto, o professor utilizará o profissional intérprete

em momentos que sua projeção seja para a turma inteira. Em momentos de atendimento

individual, é importante que atenda ouvintes e surdos do mesmo modo. Para Marques

(2007, p. 143),

Muitos professores mantém uma relação de distanciamento do aluno, idealizando que eles estejam entendendo tudo sem nenhuma objeção

através do intérprete. Esta atitude põe em risco o processo de ensino e

aprendizagem, constrói uma barreira. A situação fica como se fossem

dois mundos divididos pelas águas, onde o intérprete não é como uma ponte que permite a interação entre esses dois mundos, mais sim como

um sistema estéril de comunicação e transmissão de informações.

Para diminuir esse distanciamento que se estabelece entre o professor do ensino

regular e o aluno surdo, acreditamos que o educador precisa conhecer e respeitar as

diferenças e as especificidades do surdo incluindo a língua de sinais, ou seja, o professor

precisa de informação e formação para compreender e interagir com esse ―novo‖ aluno.

Cabe ao professor criar mecanismos na sua prática pedagógica levando em conta

as especificidades presentes na escola, cada deficiência tem particularidades, porém há

27

algo comum a todas. Segundo PERLIN (1998, p. 57), é preciso manter estratégias para que

a cultura dominante não reforce as posições de poder e privilégio. É necessário manter uma

posição intercultural mesmo que seja de riscos.

Tratando da inclusão de Surdos, o professor precisa ter claro que, de acordo com

Perlin (1998) a identidade surda se constrói dentro de uma cultura visual. Essa diferença

precisa ser entendida não como uma construção isolada, mas como construção

multicultural, que o professor pode, através desse conhecimento, se organizar e elaborar o

plano de trabalho docente de maneira a explorar essa especificidade do surdo e explorá-la

com a sua turma.

A cartilha NAI (Núcleo de Apoio à Inclusão, 2007) oferta dicas que favorecem a

aproximação e consequentemente um início de comunicação. O conhecimento disso é

relevante para o professor que não conhece Libras e sente a necessidade de estabelecer

contato direto com o aluno usuário da língua de sinais. São atitudes que o ouvinte deve

seguir:

• Olhar para a pessoa surda enquanto estiver falando.

• Falar com movimentos labiais bem definidos, para que a pessoa surda possa compreendê-lo.

•Falar naturalmente, sem alterar o tom de voz ou exceder nas articulações.

• Evitar falar de costas, de lado ou com a cabeça baixa quando estiver

conversando com a pessoa surda.

• Ser expressivo, pois a expressão fisionômica auxilia a comunicação.

• Para chamar a atenção, sinalize as mãos movimentando-as no campo

visual da pessoa surda ou toque gentilmente em seu braço.

• Se houver dificuldades em compreender o que a pessoa surda está falando, ser sincero e dizer que não compreendeu. Pedir a ela para repetir

o que falou. Se ainda não entender, pedir para escrever.

• Evitar entrar na frente do intérprete ou segurar sua mão durante a

interpretação.

• Evitar caminhar o tempo todo na sala. O excesso de movimentos no

ambiente pode dispersar o aluno.

• É comum o aluno surdo olhar diretamente para o intérprete, pois sua forma de se comunicar é a modalidade espacial-visual.

28

• Ao dar aulas expositivas, evitar utilizar termos ―isto aqui‖, ―esta

palavra‖, pois o intérprete geralmente fica de costas para o quadro-negro.

Assim estará se facilitando a interpretação.

• Evitar o excesso de conversas paralelas para facilitar o trabalho do

intérprete.

• Caso se conheça alguns sinais das LIBRAS, evitar fazer tentativas de

comunicação com o aluno surdo durante a interpretação.

• Ao avaliar os trabalhos acadêmicos do aluno surdo, valorizar o aspecto

semântico de sua redação e não o gramatical.

• Lembrar-se de que ele tem direito a um tempo maior para fazer suas provas e avaliações.

O intérprete é a pessoa que traduz a comunicação oral para a comunicação em

língua de sinais e vice-versa. Ele não substitui o professor e nem outro inter-locutor junto à

pessoa surda.

• Olhar diretamente para a pessoa surda com quem está

conversando.

• Evitar dizer ao intérprete ―diga a ele...‖ ―pergunte a ele...‖ seja

objetivo e fale diretamente à pessoa surda: ―você‖.

• Ao falar utilizar seu tom e seu ritmo de voz normal. Não é

necessário falar pausadamente ou em tom mais elevado.

CONCLUSÃO

A inclusão envolve a legitimação através de leis, decretos e instruções e a

necessidade de reorganização da escola e das práticas que envolvem o cotidiano da escola

e da sala de aula, nas relações pessoais, e principalmente da dinâmica que caracteriza todo

o processo educativo relacionado às metodologias, estratégias e avaliações.

Almejamos que esse material contribua para a construção de uma escola inclusiva,

segura, receptiva, colaboradora e estimulante para os alunos surdos com o foco na prática

pedagógica de modo a contemplar a participação de todos os alunos, considerando seus

conhecimentos prévios, suas necessidades linguísticas diferenciadas e o contexto social.

29

SUGESTÃO DE FILMES, ARTIGOS E SITES

Filmes: O seu nome é Jonas,

O menino Selvagem

Artigos:

FERNANDES. Sueli Avaliação Em Língua Portuguesa Para Alunos Surdos: Algumas

Considerações. http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1076-4.pdf,

Acesso em 10/10/2009

Funções Comunicativas e Funções Pedagógicas http://www.feneis.com.br/page/

_funcoescomunicativas.asp Acesso em 10/10/2009

PERLIN. Gladis. Inclusão escolar: desafios I Seminário Internacional Sociedade

Inclusiva 2001. http://www.sociedadeinclusiva.pucminas.br/anaispdf/gladis.pdf. Acesso

em 22/-02/2010

Sites:

http://www.dicionariolibras.com.br

http://portal.mec.gov.br/

http://www.acessobrasil.org.br/libras

http://www.libraselegal.com.br

http://www.entreamigos.com.br/notícias/surdo.html

http://www.feneis.org.br

http://vidadeinterprete.blogspot.com/

http://ensinodeportuguesparasurdos.blogspot.com

http://www.ines.gov.br

http://www.editora-arara-azul.com.br

http://www.jonas.com.br/

http://www.unicamp.br/~matilde/pesqbiblio2007.html#tese site de ensino da língua

portuguesa para surdos

30

REFERÊNCIAS

BRASIL. Secretaria de Educação Especial Deficiência Auditiva / organizado por

Giuseppe Rinaldi et al. - Brasília: SEESP, 1997. V. I. - (Série Atualidades Pedagógicas;

n.4) (BRASIL. Secretaria de Educação Especial. 1997 Série Atualidades Pedagógicas; n.4.

Vol.1 fascículo 1 p 23)

BRITO. Lucinda Ferreira. Estrutura Lingüística da Libras. RJ p 11 Educação Especial

/ Deficiência Auditiva organizado por Giuseppe Rinaldi et al. - Brasília: SEESP, 1997.

Série Atualidades Pedagógicas Volume III Fascículo 7: A Língua Brasileira de Sinais

FERNANDES. Sueli. Avaliação em Língua Portuguesa para alunos surdos: algumas

considerações. Acesso em 03/03/2010

http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1076-4.pdf

GOLDFELD, Márcia. A criança surda: linguagem e cognição numa perspectiva

sociointeracionista. 4ª Ed SP: Editora Plexus 2002 p. 42

LACERDA, Cristina Broglia Feitosa de. A inclusão escolar de alunos surdos: o que

dizem alunos professores e intérpretes sobre esta experiência. Cad. CEDES [online].

2006, vol.26, n.69, p. 163-184.

LOYOLA. Alessandra Jácomo. Emissões Otoacústicas e a Detecção Precoce da

Deficiência Auditiva Em Recém-Nascidos. CEFAC - Centro de Especialização em

Fonoaudiologia Clínica. Goiânia. 1999 p. 8 Acesso em 10/04/2010

http://www.cefac.br/library/teses/97dfed46d5195c3f6651606daebb2946.pdf

MARQUES. Rodrigo Rosso. Educação de Jovens e Adultos num diálogo sobre a

educação e o aluno surdo. Cap. V In: QUADROS, Ronice, PERLIN, Gladis org. Estudos

Surdos II, 1ª edição. Petrópolis RJ: Editora Arara Azul, 2007. p 136

MARTNS. Vanessa Regina de Oliveira. Cuerpo, Lenguaje y Enseñanza Área Temática:

Diferenças e Subjetividades em Educação ETD – Educação Temática Digital,

Campinas, v.8, n. esp., p.171-191, jun. 2007 – ISSN: 1676-2592. Acesso em 06/04/2010.

MOURA, Maria Cecília, Ana Claudia B. Lodi, Maria Cristina da C. Pereira. Língua de

Sinais e Educação do Surdo. Série de Neuropsicológica. São Paulo: Tec Art 1993

PARANÁ SEED. Avaliação Educacional; - Área da Surdez. Curitiba 1999

PERLIN. Gladis T.T. Surdos Cultura e Pedagogia. 2006 Acesso em 15/04/2010. p.04

http://www.ines.gov.br/paginas/revista/debate3.htm

POKER. Rosimar Bortolini . Abordagens de Ensino na Educação da Pessoa com

Surdez. Módulo II – Teórico Texto 2: Acesso em 10/05/2010

http://www.marilia.unesp.br/Home/Extensao/Libras/mec_texto2.pdf

PUC Minas NAI - Núcleo de Apoio à Inclusão Cartilha acesso em 05/05/2010

31

QUADROS. Ronice Müller de. O Tradutor e Intérprete de Língua Brasileira de Sinais

e Língua Portuguesa. Secretaria de Educação Especial; Programa Nacional de Apoio à

Educação de Surdos - Brasília: MEC; SEESP, 2004. (p. 24-48)

Situando as diferenças implicadas na educação de

surdos: inclusão/exclusão Ponto de Vista, Florianópolis, n.05, p. 14, 2003. Acesso em

20/03/2010. http://www.perspectiva.ufsc.br/pontodevista_05/05_quadros.pdf

ROSA. Andréa da Silva. A presença do Intérprete de Língua de Sinais na Mediação

Social entre Surdos e Ouvintes. Cap.XII p.238, 241 In SILVA. Ivani Rodrigues.

KAUCHAKJE.Samira. GESUELI. Zilda Maria.org. Cidadania, Surdez e Linguagem:

Desafios e realidades. 2ª Ed. São Paulo. Editora Plexus. 2003

STROBEL, Karin. Surdos: vestígios culturais não registrados na história. Qualificação

de doutorado. UFSC, 2008 p38. Acesso em 22 de 04/2010

http://www.ronice.cce.prof.ufsc.br/index_arquivos/Documentos/karinstrobel.pdf

A VISÃO HISTÓRICA DA IN (EX) CLUSÃO DOS SURDOS NAS

ESCOLAS. DOSSIÊ Grupo de Estudos e Subjetividade © ETD – Educação Temática

Digital, Campinas, v.7, n.2, p.245-254, jun. 2006

http://sna.saude.gov.br Acesso em 18/05/2010

http://www.alisom.com.br/portal/aparelhos-auditivos/perdas-auditivas Acesso em

18/05/2010.

http://www.ines.gov.br/ines_livros/5/5_PRINCIPAL.HTM Acesso em 01/02/2010

http://www.pucminas.br/nai/docs/cartilha_nai_2007.pdf?PHPSESSID=c0cc51e7f60256a6

befbb062d1ca178f

http://www.clinicacopec.com.br/audiometria_objetivos.php Acesso em 18/05/2010

http://www.santalucia.com.br/otorrino/deficiencia.htm Acesso em 21-06-2010

http://www.centrodesaude.al.ms.gov.br/canais.php?id=13 Acesso em 20/06/2010

Documentos Citados

BRASIL. MEC. Lei Federal nº 10.436, de 24 de abril de 2002.

http://www.planalto.gov.br/ccivil/leis/2002/L10436.htm

BRASIL. MEC. Decreto n° 5626/2005 http://www.planalto.gov.br/ccivil/_Ato2004-

2006/2005/Decreto/D5626.htm

PR. SEED. DIRETRIZES DA EDUCAÇÃO ESPECIAL PARA A CONSTRUÇÃO

DE CURRÍCULOS INCLUSIVOS (2006).

32

PR. SEED. Instrução 08 de 2008

http://www.diaadia.pr.gov.br/sued/arquivos/File/Instrucao_2008/Instrucao_008_08_I

nterprete.pdf

33

ANEXO Nº 1

Federação Nacional de Educação e

Integraçao dos Surdos

Intérpretes

Código de Ética

1) O intérprete deve ser uma pessoa de alto caráter moral, honesto, consciente, confidente e

de equilíbrio emocional. Ele guardará informações confidenciais e não poderá trair

confidências, as quais foram confiadas a ele;

2) O intérprete deve manter uma atitude imparcial durante o transcurso da interpretação,

evitando interferências e opiniões próprias, a menos que seja perguntado pelo grupo a fazê-

lo.

3) O intérprete deve interpretar fielmente e com o melhor da sua habilidade, sempre

transmitindo o pensamento, a intenção e o espírito do palestrante. Ele deve lembrar os

limites da sua função particular - de forma neutra - e não ir além da sua responsabilidade.

4) O intérprete deve reconhecer seu próprio nível de competência e usar prudência em

aceitar tarefas, procurando assistência de outros intérpretes e/ou profissionais, quando

necessário, especialmente em palestras técnicas.

5) O intérprete deve adotar uma conduta adequada de se vestir, sem adereços, mantendo a

dignidade da profissão e não chamando atenção indevida sobre si mesmo, durante o

exercício da função;

6) O intérprete deve ser remunerado por serviços prestados e se dispor a providenciar

serviços de interpretação, em situações onde fundos não são disponíveis.

7) Acordos a níveis profissionais devem ter remuneração de acordo com a tabela de cada

estado, aprovada pela FENEIS;

8) O intérprete jamais deve encorajar pessoas surdas a buscarem decisões legais ou outras

em seu favor;

9) O intérprete deve considerar os diversos níveis da Língua Brasileira de Sinais.

9) Em casos legais, o intérprete deve informar à autoridade quando o nível de comunicação

da pessoa surda envolvida é tal, que a interpretação literal não é possível e o intérprete,

então, terá de parafrasear de modo crasso o que se está dizendo para a pessoa surda e o que

ela está dizendo à autoridade.

10) O intérprete deve se esforçar para reconhecer os vários tipos de assistência

necessitados pelo surdo e fazer o melhor para atender as suas necessidades particulares.

11) Reconhecendo a necessidade para o seu desenvolvimento profissional, o intérprete

deve se agrupar com colegas profissionais com o propósito de dividir novos conhecimentos

e desenvolvimentos, procurar compreender as implicações da surdez e as necessidades

34

particulares da pessoa surda alargando sua educação e conhecimento da vida, e

desenvolver suas capacidades expressivas e receptivas em interpretação e tradução.

(12) O intérprete deve procurar manter a dignidade, o respeito e a pureza da Língua de

Sinais. E também deve estar pronto para aprender e aceitar sinais novos, se isto for

necessário para o entendimento.

13) O intérprete deve esclarecer o público no que diz respeito ao surdo sempre que

possível, reconhecendo que muitos equívocos (má informação) tem surgido por causa da

falta de conhecimento do público na área da surdez e comunicação com o surdo.

http://www.feneis.org.br/page/interpretes_codigoetica.asp