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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4 Cadernos PDE VOLUME I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE

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ME I

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LEITURA: É POSSÍVEL FORMAR O GOSTO?

Ema Luiza Piasson1 (SEED)

Antonio Donizeti da Cruz2 (UNIOESTE)

Resumo

O presente artigo resulta da implantação de um projeto de intervenção pedagógica,

PDE, realizado com alunos do 3º ano do Ensino Médio, do Colégio Estadual João Manoel

Mondrone, de Medianeira, Estado do Paraná. Este trabalho está embasado nas Diretrizes

Curriculares de Língua Portuguesa para Educação Básica do Paraná. Fez-se reflexões

relacionadas à leitura e formação do leitor, bem como a discussão de caminhos

evidenciando a importância da leitura na escola, as confluências entre os textos literários e

seu contexto histórico, político, social e/ ou cultural, presentes na obra de Manuel Bandeira,

Dalton Trevisan, João Guimarães Rosa e na produção cinematográfica de Andrucha

Waddington, com o intuito de apresentar uma reflexão mediante a leitura de contos, poema

em prosa e filme, tendo em vista a construção de uma leitura (re)significativa e vinculada ao

horizonte de expectativas do aluno e ao contexto social. A aplicação do projeto em sala de

aula teve a fundamentação no método recepcional, com ênfase na Estética da Recepção,

que busca contribuir para a ampliação dos horizontes de expectativas do leitor.

Palavras-chave: Leitura. Literatura. Método Recepcional.

Abstract

1 Professora PDE do Colégio Estadual João Manoel Mondrone, Medianeira, Paraná: graduada em

Letras, pela Faculdade de Ciências Sociais de Foz do Iguaçu (UNIOESTE), Pós-Graduação “Lato

Sensu” em Letras: Língua Portuguesa, Linguistica e Literatura (UNIOESTE). 2 Professor Associado da Universidade Estadual do Oeste do Paraná; doutorado em Letras – Literatura

Brasileira pela UFRGS e pós-doutorado pela PUC-Rio; ministra aulas no Programa de Pós-Graduação

Stricto Sensu em Letras – Linguagem e Sociedade (Campus de Cascavel) e na Graduação (Letras –

Campus de Marechal Cândido Rondon).

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This article of the implementation of na interventional education Project, PDE,

accomplished with students of the third year of high school, of the Colégio Estadual João

Manoel Mondrone, city of Medianeira, State of Paraná. This work is grounded in the

Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa para Educação Básica do Paraná. There was

some thoughts about reading and education of reader, as well as, the discussing ways

showing up importance of reading in school, the confluences among literary texts and its

historical, political, social and cultural context present in the work of Manuel Bandeira,

Dalton Trevisan, João Guimarães Rosa and a film production by Andrucha Waddington in

order to submit a reflection upon the reading of short stories, prose poem and film, in order

building a (re) significative reading, linked in a student´s horizon expectation and the social

context. The implementation of this project in the classroom, has had its foundation in the

receptional method, emphasizing in the Aesthetic os Reception, that quest to contribute to

expanding the horizons and expectations of the reader.

Keywords: Reading, Literature, Receptional Method.

Leitura: a formação do gosto

Este trabalho tem por objetivo abordar a questão da formação do gosto pela leitura

do texto literário: poema em prosa, contos e filme com alunos do Ensino Médio. O objetivo

é discutir caminhos para trabalhar com alunos nesta fase escolar. Propõe-se uma reflexão

acerca da necessidade da construção de uma leitura significativa e vinculada ao horizonte

de expectativas do aluno e ao contexto social. Nesse sentido o papel do professor é

fundamental. É por meio dele que o aluno tem acesso aos livros. É ele que o levará a

extrair de cada livro, utilizando a vivência de leitura do aluno, as possíveis interpretações,

transformando-o em um leitor competente.

São possíveis muitos caminhos quando há referências à questão de despertar o

gosto pela leitura, mas principalmente é preciso que o aluno esteja convencido das

vantagens de ler. Segundo Magnani (1989) “pode-se aprender a ler e formar o gosto”, pois

a leitura é uma atividade social aprendida e construída, é o resultado de um trabalho

realizado entre diferentes leituras que o leitor tem contato. “cabe ao professor romper com o

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estabelecido, propor a buscar e apontar o avanço, para além da dicotomia valorativa entre

qualidade e quantidade. Para isso, é preciso problematizar o conhecimento, transformando-

o num desafio que propicie a mobilidade”. (MAGNANI, 1989, p.92)

Sendo assim, atuar no gosto pela leitura é a realização de um trabalho de extrema

importância para a formação de uma sociedade pensante e de sujeitos independentes,

capazes de criar coisas e questionar outras previamente impostas. Bamberger em Como

incentivar o hábito da leitura demonstra que para formar leitores, nas escolas, é preciso que

os professores sejam interessados e informados e acima de tudo bons leitores, pois

“podem fazer com que os alunos experimentem na leitura um prazer idêntico ao seu” (1986,

p.6). Ler não é um processo mecânico de timbre, de voz e entonação, é muito mais amplo e

complexo. Para ler é preciso participar da leitura e envolver-se nela, pois a vivência com a

leitura fará com que o leitor organize e desenvolva o seu raciocínio lógico. Esse processo

de desenvolvimento se torna fundamental no hábito de ler, pois só se aprende ler, lendo, e

muito.

Vera Teixeira de Aguiar, em seu artigo Leitura e conhecimento, diz que

A leitura não é um comportamento natural do ser humano, como comer ou dormir,

ela é cultural e precisa ser adquirida . Normalmente, à escola cabe a nossa

introdução no mundo das letras. Ali desenhamos as primeiras palavras e lemos os

textos iniciais. No entanto, a leitura começa muito antes, quando, pequenos ainda,

percebemos os impressos mais corriqueiros, como cartazes, logomarcas, letreiros

de ônibus, chamadas televisivas e tantas outras mensagens que, claro, são muito

mais numerosas nas cidades do que no mundo rural. Nesse momento, já

começamos a fazer associações entre as manchas escritas e a significação que

elas contêm, embora sem saber soletrar. (AGUIAR, 2007, p.27)

A leitura é uma forma de encontro entre o homem e a realidade sócio-cultural, mas é

também um jogo que, sugerido pelos procedimentos textuais, desafia o leitor a interagir

com o objeto estético, por meio de questionamentos, de modo a efetivar a recepção textual,

preenchendo as lacunas que o texto propõe com a experiência linguística e social dos

estudantes.

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O verbete Leitura, escrito por Roland Barthes na Enciclopédia EINAUDI, inicia-se

com uma questão: “qual o ponto de vista a adotar sobre uma palavra que tem

demasiadas formas de utilização? O da sociologia, da fisiologia, da história, da

semiologia, da religião, da fenomenologia, da psicanálise, da filosofia, da

pedagogia? Cada uma dessas disciplinas terá o que dizer a respeito, mas a

definição leitura não será nunca a soma destas palavras. Segundo o autor,

histórica e socialmente, o ato de ler está envolvido num conjunto de práticas

sociais. Assim LER é uma técnica; LER é uma forma de gestualidade; LER é uma

forma de sabedoria; LER é uma atividade voluntária; LER é um método. (

ELIZABETH HAZIN, 2006)

A leitura e a apreciação de um texto dependem de seu contexto, ou seja, a leitura de

qualquer texto precisa levar em consideração suas condições de produção, isto é, o

contexto em que o texto está inserido é condição para entender, inclusive, as classificações

de bom ou de mau gosto. Ler é essencial. Segundo Marisa Lajolo,

No contexto de um projeto de educação democrática vem à frente a

habilidade da leitura, essencial para quem quer ou precisa ler jornais, assinar

contratos de trabalho, procurar emprego através de anúncios, solicitar documentos

na polícia, enfim, para todos aqueles que participam, mesmo que a revelia, dos

circuitos da sociedade moderna, que faz da escrita seu código oficial. (LAJOLO),

1997, p. 106)

Ler é uma forma de aprender. A leitura nos aproxima da cultura, do mundo de

significados criando em quem lê novas expectativas e opiniões. O desafio da escola em

formar o gosto pela leitura é promover a interação entre indivíduos, a leitura compreendida

não só como leitura da palavra, mas também como leitura do mundo, deve ser atividade

constitutiva de sujeitos capazes de interagir o mundo e nele atuar como cidadãos.

Leitura trabalhada de forma dinâmica e diferenciada será prazerosa e proporcionará

alegria. São vários os caminhos, estradas, percursos, atalhos, não há manuais para serem

seguidos, ou seja, o que há é um professor com amor pelos livros, pela literatura, por sua

profissão e acima de tudo por seus alunos. Estes chegam à escola (principalmente a

pública) oriundos de diversos lugares, e embora os caminhos sejam muitos para se chegar

a condição de leitor, se a infância não lhes proporcionou o acesso aos livros por motivos de

baixo poder aquisitivo ou a própria falta de incentivo dos pais, a criança não formou o gosto

pelas letras antes de entrar na escola, segundo Hilda O. H. Lontra, quando essa criança

estiver “inserida em ambiente de ensino, é necessário que, nesse espaço educacional,

sejam-lhe dadas todas as condições essenciais a estimulação da leitura pela leitura”. (2006,

p. 13). Em “História de Leitores”, André L. Bento diz que sua história da leitura iniciou-se

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com a curiosidade de menino, perguntas e respostas com os pais, com os irmãos mais

velhos, o contato com os livros, mesmo os didáticos, depois a escola e o contato com os

livros de literatura, principalmente o professor instigador, os amigos indicando e o gosto de

formando, através de todos os sentidos. “O maravilhoso de se ler um livro é, exatamente, o

que não vamos poder explicar por palavras, o indivisível. Quem diz é o livro, ele nos

escolhe, recolhe e lê. No máximo, o que fazemos é nos emprestar, não resistindo que, em

nós, a palavra se traduza em cheiro, em rubor, em lágrima, em vida. Em outros livros.”

(BENTO, 2006, p. 21).

A aprendizagem da leitura é um processo de construção de conhecimento. Os pais

e os primeiros professores são os que ficam na memória dos leitores, são os que os

introduzem na leitura, na história dos homens. Rita dos Santos em “História de Leitores” diz

que foram as histórias ouvidas na infância que fizeram brotar seu interesse pela leitura “A

minha casa foi a célula e o mundo, o espaço dinâmico, espécie de observatório, cujas

histórias ouvidas e lidas foram os telescópios de lentes poderosas que me mostraram o

mundo” (SANTOS. 2006, p. 124). As histórias ficam gravadas e mesmo sem entendê-las,

pela pouca idade, vão sendo armazenadas de maneira que possam ser utilizadas de algum

modo no futuro. Os livros libertam, não há necessidade de aceitar tudo o que neles está

escrito, pois os leitores podem discordar dos autores, mas inegavelmente eles são uma

bagagem que ajudam a tornar os dias menos angustiantes.

Se o gosto se aprende, pode ser ensinado, há vários modos de ler. Um livro não se

consome de uma só vez como se fosse um prato de comida. O leitor tem liberdade de

fazer com o livro o que bem quiser, saltar etapas, chegar ao final e iniciar outra vez,

conforme o trajeto que desejar. Ou fazer como Clarice Lispector em “Felicidade

Clandestina”, ela guarda o livro “Reinações de Narizinho”, de Monteiro Lobato, não o lê,

apenas sente-o, admira-o como a um amante, a felicidade consiste em tê-lo, apalpá-lo,

examiná-lo, enfim sabê-lo seu. É no texto literário que o leitor aprende a exercitar as regras

pré-estabelecidas para bem exercer a atividade de leitura. Segundo Aguiar “Ler o texto

implica, portanto, uma aprendizagem, que resulta na prática do contato com outros textos”.

(AGUIAR, 2007, p.33)

O texto literário contribui para a formação de um sujeito - leitor, pois corresponde a

uma necessidade existencial de fantasia, consegue atuar nas zonas profundas, propiciando

a superação de conflitos internos e mobilizando a imaginação para a superação dos

problemas de outras ordens.

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Formação do leitor

Na cultura ocidental a prática da leitura constitui-se em uma atividade elevada, um

compromisso sério que se deve abraçar, para que se alcance o conhecimento do mundo. A

importância social dada ao ato da leitura surgiu a partir da década de 1960, com estudos da

Sociologia da Leitura e da Estética da Recepção, e é dentro deste prisma que este artigo

está inserido.

O conceito de leitor sofreu mudanças no decorrer do tempo. E o leitor moderno vive

num mundo de signos, está rodeado de palavras impressas e com isso são criados muitos

“leitores”, porém o leitor essencial não é qualquer leitor, mas aquele que se empenha de

corpo e alma na tarefa de decifrar a página escrita, no intervalo perigoso entre ficção e

realidade.

O leitor viciado, o que não consegue deixar de ler, e o leitor insone, o que está sempre desperto, são representações extremas do que significa ler um texto, personificações narrativas da complexa presença do leitor na literatura. Eu os chamaria de leitores puros; para eles a leitura não é apenas uma prática, mas uma forma de vida. (RICARDO PIGLIA, 2006, p. 21)

Diante de um texto a ser lido e interpretado, é comum em sala de aula, ver alunos

aflitos ou com olhar perdido, buscando nas paredes ou em outro lugar respostas que

preencham algumas linhas. A crença na própria incapacidade paralisa a reflexão, a

interação, o prazer da troca. O aluno não aceita o jogo que é cada texto, não se deixa

seduzir, não lê. Segundo Regina Zilberman (1985, p. 27) a formação de um leitor crítico só

é possível se o livro oferecer condições para compreensão, tanto do mundo interior como

do mundo real que cerca o leitor, proporcionando-lhe um embasamento mediante o qual

construa uma concepção autônoma e crítica da vida. A pesquisadora, no entanto, adverte

que essa função formadora não pode ser confundida com uma função pedagógica, pois

visa proporcionar a emancipação pessoal do leitor. No entender de Zilberman, a leitura,

mesmo sendo uma prática solitária, permite ao individuo penetrar o âmbito da alteridade,

expandindo suas experiências. Com ela o leitor acaba socializando as experiências. A

leitura estimula o diálogo e aí se revela a função formadora e verdadeiramente educativa da

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literatura e da leitura: “o texto artístico não ensina nada, nem se percebe isso; mas seu

consumo induz a algumas práticas socializantes, que, estimuladas, mostram-se

democráticas, porque igualitárias.” (ZILBERMAN, 1985, p. 27)

Em relação à leitura como experiência estética, é de considerável importância a

contribuição de Hans Robert Jauss, que formula a teoria da Estética da Recepção, tendo

como pressuposto o entendimento de que uma obra literária só se realiza ao ser acolhida

pelo leitor, pois esse é um receptor ativo, capaz de compreender os códigos emitidos pelo

texto. Segundo Luiz Costa Lima, Jauss em seus estudos sobre a Estética da Recepção

entende a práxis estética em sua manifestação histórica nas três funções básicas: a Poiesis

(produção), Aisthesis ( recepção) e Katharsis ( comunicação) que tais categorias não

devem ser vistas numa hierarquia de camadas, mas podem estabelecer o caráter de uma

experiência estética se mantiver o caráter de prazer. (LIMA, 2002, p. 102)

Na sala de aula, como pensar numa atividade estética prazerosa quando esta

atividade está atrelada ao ensino, com cobranças através de avaliações formais? Quando

se sabe que muitos jovens só têm experiência com a leitura na escola, como torná-la um

hábito? Para disseminar nos alunos o prazer da leitura leva-se tempo e exige dedicação

dos professores em aproximar o aluno dos textos para que possa experienciar como uma

possibilidade de ser um outro.

texto literário como é apresentado propicia ao leitor prazer estético quando este

compreende, e se envolve na leitura, participa e dela se apropria como se a

vivência alheia fosse a sua própria experiência. Segundo Aguiar “É a consciência

desse processo que gera o prazer estético. Em outras palavras, para o sujeito, a

experiência estética consiste em sentir e saber que seu horizonte individual,

moldado à luz da sociedade de seu tempo, mede-se com o horizonte da obra e

que, desse encontro, lhe advém maior conhecimento de mundo e de si próprio. Eis

a essência do prazer estético. (AGUIAR, 2007, p.34)

A formação do hábito da leitura não é um fim em si mesmo, pois, se o leitor – pelo hábito –

permanecer estático, preferindo o escapismo, e não evoluir nos níveis, na qualidade e profundidade

dos materiais e na tomada de posicionamentos e conscientização que da leitura devem resultar,

então a leitura, pelo hábito, deixará de ser um ato dinâmico e libertador.

Aguiar diz que para a formação do leitor deve-se levar em consideração a distância existente

entre o informado e o consumidor de literatura.

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Para a formação do consumidor, é necessário estimularmos o gosto, a

predisposição interna para a leitura, de nada valendo as informações áridas sobre

os fatos literários. O que é necessário é o movimento receptivo ao texto do próprio

leitor, isto é, o ato de ler só funciona quando parte do interesse do leitor. (AGUIAR,

2007, p.37)

Em relação a formação do hábito da leitura, com alunos no final de curso do

Ensino Médio, Bamberger aconselha que os livros não devem ser vistos apenas como

motivo de avaliação, no “trabalho escolar”, mas como companheiros. Nas análises dos

mesmos não se pode esgotar o livro ao discuti-lo, pois cada obra vai despertar

interesses relativos à vida de cada um, de como ele a vive, de seus problemas (que

nessa idade, para eles são muitos) e de suas interrogações. O professor em muito

colaborará quando se mostrar uma pessoa que gosta de ler e que para ela os livros são

importantes, relatando experiências pessoais que os livros lhe deram. “Nunca será

demais repetir que os hábitos só se formam através da atividade regular. Mais

importante do que toda a atividade baseada nos livros, mais importante do que a melhor

discussão, é a própria leitura. A prática regular é a precondição para a formação do

hábito” (BAMBERGER, 1986 p. 70). Porém o hábito carece de uma condição, ele só

será formado se o aluno sentir que “vale a pena” se a leitura serve ou servirá para seus

interesses pessoais, profissionais ou sociais. E esta é a tarefa mais espinhosa da

escola, quando o aluno só tem ela (escola) para fazê-lo gostar de ler.

Na atualidade, cabe, sobretudo, à escola o papel de mostrar o valor e o prazer que

um bom texto pode trazer. Segundo Hilda O. H. Lontra, “Os que desejam formar leitores

precisam abrir as portas das bibliotecas.” (LONTRA, 2006, p. 81) Incentivar e estimular a

leitura como uma atividade lúdica e prazerosa é criar um leitor em potencial.

É necessário ensinarem aos aprendizes o manuseio dos fichários, mesmo os eletrônicos, atuais; expandirem entre os estudantes a consciência de que a biblioteca é um templo, um lugar sagrado que abriga séculos de esforços intelectuais, de conhecimento acumulado, trabalhos humanos dirigidos à construção de um modo mais justo, fraterno, humano. (LONTRA, 2006, p. 81).

O professor tem papel fundamental na interação aluno-texto: ele deve ser um mediador

entre esta relação, pois o aluno, sem o auxilio e a experiência de seu mestre não tem

estímulo algum para a leitura. Ainda mencionando Hilda, diz que o professor que ficou

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gravado em sua memória “que fica nas minhas retinas saudosas é a de valor simbólico dos

„Sete princípios da moral pitagórica‟: a retidão de propósitos, a tolerância na opinião, a

inteligência para discernir, a clemência para julgar, a verdade em palavras e atos, a

simpatia e o equilíbrio” (LONTRA, 2006, p. 84). Isso faz do professor um modelo a ser

seguido e lembrado. A leitura entra em crise, pois dificilmente há reflexão sobre seu ensino

e estímulo.

No caminho da formação de um leitor, passa-se, certamente, pelos momentos de ouvir

histórias. Momentos em que a oralidade assume toda a importância enquanto a experiência

com a palavra escrita não faz parte do cotidiano. Porém quando surge a familiaridade com

as letras, vê-se que elas têm algo de mágico, como se convocasse um mundo ou o

anulasse. É o leitor perante o livro, não o leitor que lê um livro, mas o leitor perdido numa

rede de signos.

A leitura é uma maneira de formar o indivíduo integralmente e o conto não é um escrito

(uma história) banal, é substancial enquanto forma pura e como diz Mempo Giardinelli

(1994), em sua obra “Assim se escreve um conto”, o conto é “resolução do como antes do

que, sem descuidar o que, sendo assim não é apenas catarse ou prazer mas também uma

reflexão sobre a época em que vivemos”. (GIARDINELLI, 1994,p.13)

O conto literário, tal como o conhecemos hoje, é uma forma narrativa relativamente

recente. Mempo, em sua obra “Assim se escreve um conto”, descreve o gênero como algo

indefinível. A identificação do conto, com seus personagens, tempo, seus territórios e

conflitos são, para ele, a própria história dessa espécie narrativa, ou seja, “o longo percurso

que começa com as fábulas que o escravo Esopo contava, que é útil relembrar,

rapidamente como conhecimento elementar para aqueles que amam o gênero”.

(GIARDINELLI, 1994, p.15)

Para formar o gosto pela leitura, o escrito, no caso do conto, é produzir impacto ao

leitor. Mempo Giardinelli diz que para atingir o leitor “o texto deve ser sensível, deve ter a

capacidade de mostrar um mundo, de ser um espelho, no qual o leitor veja e se veja”

(GIARDINELLI, 1994, p. 35). Assim será criada uma empatia, uma identificação da história

com o leitor, este se vê como protagonista e vê que alguém disse (escreveu) exatamente o

que ele sente ou que presenciou.

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O conto atrai o leitor, quando suas palavras, como signos de sentimentos, ideias,

pensamentos e emoções traduzem o que pensa ou sente o leitor, este o lê “numa sentada”,

isto é, quando começa a ler o conto quer saber o final. Jorge Luiz Borges compara o conto

a visão de uma ilha no mar: “Vejo duas pontas, sei o princípio e o fim. O que vai acontecer

entre ambos os extremos, terei de ir inventando, descobrindo.” (GIARDINELLI, 1994, p. 20).

É Borges quem inicia as histórias breves – “short story – narrativas de caráter

eminentemente literário, tornando-se um mestre da escrita breve. Em Seis propostas para o

próximo milênio, Ítalo Calvino assim escreve “Nasce com Borges uma literatura elevada ao

quadrado e ao mesmo tempo uma literatura que é como a extração da raiz quadrada de si

mesma: uma “literatura potencial”, para usar a terminologia.” (CALVINO, 1990, p.68)

O conto é uma narrativa mais curta, mas isso não quer dizer que seja mais simples.

Tem como característica central condensar conflito, tempo, espaço e reduzir o número de

personagens, mesmo sendo uma narrativa curta acomoda todas as possibilidades da

ficção, exigindo técnicas apuradas de composição.

O conto inicialmente fazia parte da literatura oral, com origem na narrativa de mitos e

lendas. Segundo Giardinelli (1994), em outras culturas como na China, na Índia e na

Pérsia, esse gênero também prosperou em forma de fábulas, ensinamentos, lições de vida

etc. esta modalidade de fácil memória e reprodução, existiu tanto na intenção satírica, na

discussão moral e religiosa quanto na crítica social.

Em “Assim se escreve um conto”, de Mempo Giardinelli (1994), é possível se

encontrar definições como: o conto é uma breve história de incidentes, de ciclo acabado e

perfeito como um círculo, de incidentes reunidos numa única e ininterrupta ligação, sem

grandes intervalos de tempo e espaço e arrebatamento por um final imprevisto e natural; ou

ainda, numa outra definição, simplesmente como uma narrativa de curta duração, de um só

assunto, com um número reduzido de personagens e que é capaz de criar uma situação

condensada e completa.

Em alguns contos, como “Desenredo” de Guimarães Rosa, há uma espécie de poesia

das coisas, a emoção diante do reiterado esforço humano de superar os limites da própria

condição. Em outros, como “O senhor meu marido” de Dalton Trevisan há um

distanciamento e o conto parece comunicar a impressão do narrador que se vê compelido a

contar apenas o que observou, a restringir-se às suas características humanas. Massaud

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Moisés numa síntese define, “o contista doa à contemplação do leitor um episódio

semelhante aos da existência diária, inclusive porque envolvido numa sensação de “sem

remédio” ou de inutilidade” (MOISÉS, 1985, p.44)

Alguns autores, talvez por se apaixonarem por suas personagens, ou mesmo para

frisar o “status social” delas, ultrapassam a barreira natural do conto e não abandonam os

seres que criaram. Um exemplo disso é Dalton Trevisan, pois muitos de seus contos giram

ao redor de nomes de duas personagens “João e Maria”. Porém essas personagens não

são as mesmas da primeira narrativa que deram origem ao nome, mas outras personagens,

batizadas com idêntico antropônimo, envolvidas em situações especificas, envolvidas em

situações particulares.

A percepção das relações intertextuais depende do repertório do leitor, de seus

conhecimentos literários e culturais. Daí a importância da leitura, da observação dos

diálogos que os textos travam entre si, da intertextualidade cada vez mais frequente nas

obras contemporâneas. A leitura é um processo contínuo de elaboração de expectativas e

previsões que vão sendo diversificadas. E é de responsabilidade do professor selecionar os

textos, material articulador, que permite ao aluno ver as diferentes formas das práticas

textuais envolvendo a leitura e a análise, que possa perceber as estratégias do autor em

relação ao texto, observar as regras do jogo e jogar para chegar a ser um leitor-modelo.

Ler poemas é uma experiência muito diferente de ler uma notícia de jornal, um artigo

científico ou um capítulo de um livro didático. A subjetividade do leitor tem um papel muito

relevante na leitura desse gênero, pois o leitor contempla os espaços vazios do texto com

sua experiência e capacidade de simbolização, mobiliza sua história de leituras para

estabelecer relações com o contexto e com outros textos, constrói conhecimento e frui

esteticamente o exercício de ler que executa.

A poesia é vista como um gênero textual que leva em conta o sentimento e a

subjetividade, porém o contexto social, isto é, a realidade que a cerca tem grande

importância na manifestação das ideias do poeta. O poema mobiliza o contexto, e tende à

construção de saberes sobre o mundo, sobre a reflexão e à abstração a partir da

experiência estética vivida. Assim, haverá interação dialógica se o leitor aceitar os desafios

propostos pelo texto e colaborar, a partir de seu repertório, para o delineamento de uma

leitura de mundo que seja assumida criticamente.

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O poema em prosa é uma herança do movimento cultural francês do século XIX, forma

recente se comparada aos primórdios da criação literária. Surgiu da poesia parnasiana e

simbolista, publicado na revista francesa “Le Parnase Contemporain”. O poema em prosa

traz o símbolo da modernidade e a modernidade é concebida a partir de Charles

Baudelaire, iniciador da lírica moderna, que elimina as fronteiras entre o poema e a prosa

cujos temas são voltados para a modernidade urbana. “Seus poemas em prosa aparecem

esparsamente em revistas em 1855, 1857 e 1862, sendo reunidos em livro, postumamente,

em 1869, sob o título Petits poèmes em prose – Le spleen de Paris. (ANTONIO DONIZETI

PIRES, 2007 em artigo disponível na Internet).

No Brasil, a aceitação do poema em prosa teve seu auge durante a vigência da Escola

Simbolista representada por Cruz e Sousa em textos publicados em suas obras “Missal” e

“Evocações”, e no Modernismo os poetas o praticaram com parcimônia, como diz Pires

“sua sábia economia”

Mas a parcimônia modernista – ou, melhor dizendo, sua sábia economia -, se faz

com que o poema em prosa surja apenas esparsa e esporadicamente, lhe confere

um vasto campo de experiências, refinado humor, ferina ironia, constante diálogo

intertextual com a tradição e um tom reflexivo que se coadunam à melhor poesia

do nosso Modernismo. Veja-se, pontualmente, Bandeira, Drummond e Mário

Quintana”. (PIRES, 2007, )

Pode-se afirmar que o poema em prosa, como uma realização individualizada,

sem outras motivações que não o desejo de uma infinita liberdade criativa. Segundo

Antonio Donizete Pires (em artigo disponível na Internet) diz que o poema em prosa

possui as mesmas qualidades do poema em versos tradicional, pois o poema explora a

condensação da linguagem e se perfaz como um todo orgânico, autônomo, fechado em

si mesmo:

o poema em prosa é o óleo essencial da arte (Huysmans); é o resultado da crise

do verso (Mallarmé) que perpassa a poesia finessecular oitocentista; é uma

questão de alquimia verbal (Rimbaud), de unidade de efeito (Poe), de expressão

da modernidade (Baudelaire), de trabalho com a linguagem, de consciência

criativa e de liberdade do poeta. (PIRES, 2006, artigo disponível na Internet)

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É a conscientização de uma poesia que se pode exprimir em prosa e a

autonomização de uma prosa capaz de se fazer inesgotavelmente poética.

No poema em prosa, não há todos os elementos da poesia, visto ser uma

manifestação individual de lirismo que não respeita as formas tradicionais do verso.

Também não há o traço identificador da crônica e do conto como o episódico, o

narrativo, o enredo.

Assim, abolidos o verso e o metro – substituídos por sentenças breves e/ou longas

e pelo parágrafo mais distendido da prosa, de certo modo equivalente à estrofe -,

constata-se que a rima convencional também é superada, agora explorada em

nuanças possíveis pela homofonia (aliteração, assonância, figuras de harmonia,

repetições), que explora o estrato fônico e apóia o ritmo. (PIRES, 2007 – artigo

disponível na Internet;).

Segundo Massaud Moisés (1985) “na prosa poética, o núcleo é representado pelo

termo inicial; no díptico “poema em prosa”, a ideia substantiva é “poema”. E, por isso,

diz respeito à poesia; está na causa a poesia, expressa, não em verso, mas em prosa,

isto é, empregando a linha contínua, que ocupa toda a mancha da página.” (MOISÉS,

1985, p. 54-55)

O poema em prosa é uma dualidade na qual o primeiro termo diz respeito à

matéria (poesia) e o segundo, à forma (a disposição graficamente tradicional da prosa).

De onde se manifestam ao mesmo tempo no poema em prosa uma força anárquica,

destruidora, que conduz a negação das formas existentes, e uma força organizadora,

que tende a construir um todo poético. Em termos formais, o poema em prosa apresenta

os elementos do poema tradicional transfigurados como a estrofe, a rima, o ritmo e a

imagem.

O trabalho com a literatura permite que o aluno reconheça, na sua formação como

leitor que um texto é permeado por uma rede de referências e recriações, seja pelas

palavras, pelos sons, versos, ritmos, vozes e pelas imagens. No ato de ler a memória

recupera o diálogo nas diferentes leituras.

A LDB e as Diretrizes Curriculares e os novos Parâmetros Curriculares, que circulam

pelo país, postulam maior proximidade entre escola e os diferentes sistemas e

processos comunicacionais. Além disso, introduzem mudanças que permitem ao

professor trabalhar a interdisciplinaridade, a contextualização, diversidade e autonomia.

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Não se pode pensar em educação sem pensar em comunicação, pois ela faz parte do

cotidiano da sociedade. Os meios de comunicação têm impacto na vida social seja

influenciando os hábitos, comportamentos e atitudes, seja servindo como recurso para

os professores em suas aulas.

Cinema e literatura são artes que possuem características textuais semelhantes e

entre elas há relações de fascínio mútuo. Há muito que o cinema se constrói sobre a

literatura e consequentemente vê-se belas produções que contam a História, não a dos

historiadores, mas a dos escritores que através da ficção dão aos personagens um

nome, uma história, e o leitor interage nessa história, retira-a do anonimato, tornando-a

visível num contexto preciso, faz com que passe a ser parte integrante de uma narração

específica. No Brasil, inúmeros filmes sobre literatura brasileira levaram a emoção e a

poesia nas salas de aula e, muitos alunos conheceram José de Alencar, Machado de

Assis, Mário de Andrade e Lima Barreto, (só para citar alguns nomes) através dos filmes

a que assistiram.

Assim como o contista apropria-se da história dos seres para fazer sua ficção, o

cinema, como arte, busca no cotidiano, inspiração para “contar” suas histórias que por

vezes são encontradas nos contos. O filme mostra as personagens ali, na tela; o conto

necessita da imaginação do leitor, mas, à semelhança do filme, as figuras do drama

narrado tornam-se vivas e pulsam-lhe à frente. A imagem, o movimento e o som são

considerados materiais inerentes ao cinema, mas também podem ser objetos da

literatura. Exatamente como no conto há o tempo e o espaço, o que difere são as ações

que no conto são mais reduzidas. A narração que no conto é fundamental desaparece

no filme. O ritmo precipitado e tenso do conto, repete-se e acentua-se no filme, visto que

há a presença física dos personagens. Os elementos poéticos que aparecem nos

contos, enquanto texto, comparecem no filme, pela interpretação.

Acir Dias da Silva, em seu artigo “Literatura e Cultura visual no cinema e na

televisão”, explica que:

Entre a superfície em branco da página e o espaço vazio da tela há laços mais estreitos dos quais muitas vezes nos é dado suspeitar à primeira vista. Enquanto à página sobretudo do romance, existe à espera de palavras que acionarão os sentidos e se transformarão na mente do leitor em imagens, a tela oferece às imagens em movimento que serão decodificadas pelo expectador por meio de

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palavras. E diante disso se inscreve o exercício da tradução de linguagens. (SILVA, 2009, p. 88)

O cinema situa seus espectadores no mundo e para além dele, porque lhes permite

re-elaborar uma outra visão de mundo, já que o mundo é uma invenção que permite

fazer uma ponte entre o verossímil e o verídico, o real e o imaginário, o fato e a

invenção. Na sala de aula, como ferramenta de auxílio ao professor, o filme, deve ser

voltado para o fortalecimento da solidariedade, da tolerância, da formação de valores,

ética e ideais, do exercício da cidadania e não mera fruição para tornar o ”fardo” de

lecionar menos “pesado”.

O Método Recepcional

Observando as orientações das Diretrizes Curriculares do Ensino Médio (PARANÁ,

2006), para que todas as atividades com leitura de literatura se utilizassem da apreciação

estética, com o intuito de fruir com o texto, construindo sentidos e relacionando-os com a

realidade do leitor, visto ser a aprendizagem da leitura um processo de construção do

conhecimento. A Estética da Recepção parece ser um dos caminhos do leitor para

identificação do ser literário.

A Literatura, no viés da Estética da Recepção, além de proporcionar prazer estético,

porta a função de transformar o leitor. Nessa perspectiva, a leitura constitui-se a partir da

relação dialógica entre texto e leitor, mediante a atualização da obra, afirma Zilberman

(1989, p. 64), “a obra literária é comunicativa desde sua estrutura; logo depende do leitor

para a construção do sentido”, o qual, entretanto, “pode mudar, se o público, a sociedade e

a época forem outros”. Isso faz com que leituras diferentes, feitas em épocas diferentes,

fazem com que a obra seja uma experiência também diferente, pois o texto produz efeitos

próprios.

A aplicação do Método Recepcional será positiva à medida que trará contribuições para a

sala de aula, visto que a preocupação é com o leitor, no caso o aluno, com seus

conhecimentos prévios e a constatação de seu horizonte de expectativas. Segundo as

autoras Bordini e Aguiar, “O processo de recepção se inicia antes do contato do leitor com

o texto. O leitor possui um horizonte que o limita, mas que pode transformar-se

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continuamente, abrindo-se”. (AGUIAR, 1993, p.87). Os leitores dos diversos tempos sofrem

o processo da recepção. Os textos mais curtos e não fragmentados, como contos, poema,

cinema, são ideais para se introduzir a leitura na escola. Sua compreensão deverá ser

facilitada pelo conhecimento prévio do gênero.

Na recepção do texto, está implicada a ideia de “horizonte do leitor” que, conforme

Bordini e Aguiar (1993) é constituído pelas vivências pessoais, culturais, sócio-históricas e

normas filosóficas, religiosas, estéticas, jurídicas, ideológicas, que orientam ou explicam

essas vivências. Assim, o texto pode, através de aproximações e distanciamentos com

relação a tal horizonte, confirmá-lo ou perturbá-lo, atendendo ou rompendo as expectativas

nutridas do sujeito que lê. Transformar o horizonte de expectativas do aluno pelo Método

Recepcional no ensino de literatura, supõe a operacionalidade da unidade em, no mínimo,

cinco etapas: “1) Determinação do horizonte de expectativas; 2) Atendimento ao horizonte

de expectativas; 3) Ruptura do horizonte de expectativas; 4) Questionamento do horizonte

de expectativas; 5) Ampliação do horizonte de expectativas” (BORDINI, AGUIAR, 1993, p.

91)

Para a realização da primeira etapa, a determinação do horizonte de expectativas, é

preciso que o professor seja, acima de tudo, um pesquisador, que busca estratégias de

leitura. Em primeiro lugar está o interesse do aluno, e este cursando o 3º ano do Ensino

Médio visa o ENEM e o Vestibular.

Uma proposta para esse trabalho é o poema em prosa “Tragédia Brasileira” de

Manuel Bandeira. Por quê? O Modernismo é conteúdo do 3º ano do Ensino Médio, pedido

em todos os vestibulares do Brasil e Manuel Bandeira, “São João Batista do Modernismo”,

como disse certa feita Mário de Andrade, também. Trata-se de apontar uma verdade: o

poeta com seu estilo simples e sintético colocava-se como precursor de muitos

procedimentos que o Modernismo iria propor na Semana de Arte Moderna, em 1922, e

consagrar depois.

O poema em prosa é uma herança do movimento cultural francês do século XIX,

forma recente se comparada com os primórdios da criação literária. É uma manifestação

individual de lirismo que não respeita as formas convencionais do verso. Em termos gerais,

o poema em prosa apresenta os elementos do poema tradicionais transfigurados.

Apresentar, aos alunos, as características do Modernismo, seu contexto histórico no

mundo e no Brasil sua influência nas artes (literatura, pintura, escultura, etc.). Situar o Brasil

na época e Manuel Bandeira nesse contexto de transição. Além de ser um dos poetas de

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maior destaque dessa fase, defendia a reconstrução da cultura brasileira sob bases

nacionais, inúmeras contribuições foram deixadas pelo poeta, porém duas se destacam: o

seu papel decisivo na solidificação da poesia de orientação modernista, com todas as

implicações (verso livre, língua coloquial, irreverência, liberdade criadora, etc.), e o

alargamento da lírica nacional pela sua capacidade de extrair coisas aparentemente banais

do cotidiano.

Faz-se necessário apresentar aos alunos uma breve biografia de Manuel Bandeira,

explorando principalmente sua arte, cuidando para não reduzir a obra a um mero relato de

seu sofrimento causado pela tuberculose. É claro que as experiências pessoais influenciam

a obra do artista, como prova a obra de Manuel Bandeira.

O poema “Tragédia brasileira”, de Manuel Bandeira (In: Antologia Poética, 7. Rio de

Janeiro, Ed. J. Olympio, 1974. p. 108-109), apresenta a personagem Misael, 63 anos,

homem correto, que se apaixona por uma prostituta mal cuidada. Tira-a “dessa vida” e

cuida de sua saúde e aparência, instalando-a num sobrado. Assim que se põe bonita e bem

cuidada, ela arranja namorado. Misael, pouco afetivo a violências, resolve mudar-se. A

cada namorado novo, nova casa, durante três anos. No final, após 19 mudanças, Misael

perdeu a cabeça e matou-a com seis tiros.

Manuel Bandeira, neste poema em prosa, através de frases concisas, demonstra ser

aquele que melhor soube ver a poesia, no caso, trágica, presente no cotidiano. A liberdade

formal que lhe é característica, por ser um dos idealizadores do Modernismo, leva-o a

imitar, no final do poema, a linguagem jornalística, ressaltando dessa forma a ironia

presente no texto “matou-a com seis tiros”.

Partindo da ideia de que um texto literário se concretiza tanto no momento de sua

produção quanto de sua recepção, pela relação que estabelece com o leitor, que vai

preenchendo os pontos obscuros da obra a partir de seu horizonte de expectativas, nessa

poesia, “Tragédia Brasileira” de Manuel Bandeira, será apropriado que se a explore

começando pelo contexto histórico da época, visto ser o poema não só uma notícia

prosaica de jornal, ou ainda, mera figuração da tragédia pessoal do poeta. É antes de tudo,

uma narrativa sobre os impasses encontrados pelas elites dirigentes diante da vida

brasileira pós 1930.

Que tipo de governo tinha o Brasil em 1933? (O texto, no final, marca o ano em que

foi escrito, por isso é relevante). Qual era a capital do Brasil nesta época? Quem era o

Presidente? Por que Maria Elvira foi morta na Rua da Constituição, apesar de terem

morado em tantos outros bairros? Qual era o contexto político da época? (Seria

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interessante se houvesse uma explicação da professora de História sobre este momento

político no Brasil, para que os alunos entendessem melhor as mazelas políticas da época).

Depois de bem explorado o aspecto histórico fazendo comparações com a

atualidade sobre os conchavos políticos, “as cartas marcadas” na eleição de uma

Assembleia Constituinte, as trocas de favores, a farsa que foi construída a partir de

elementos aparentemente democráticos até a chegada de Vargas à presidente da

República, tem-se um panorama dos acontecimentos da época.

Quanto ao tema pode ser amplamente explorado. O texto permite mais de uma

leitura, isto é, podemos interpretá-lo de várias maneiras. Por que “Tragédia Brasileira”? De

onde vem o termo “tragédia” e o que significa? Será que a morte de uma prostituta, um

crime passional, seria uma “tragédia”? Por que o termo “prostituída” ao invés de prostituta?

E os nomes, o que representam? Manuel Bandeira tem fascínio pelos nomes próprios,

carrega-os de sentidos. Em torno das informações e desejos que giram em torno do nome

próprio, Bandeira faz associações, cria neologismos, visando desnudar através do

significado um destino. Misael, o que significa o nome? E ser funcionário da Fazenda,

representa o quê? E sua idade? E a troca de bairros não seria uma falsa solução para o

problema? Por que Maria Elvira continua traindo? E o homicídio, por que justamente na

Rua da Constituição? Por que Maria Elvira está vestida de azul organza? (pode-se discutir

a simbologia da cor). Discutir os valores morais da época e compará-los aos de hoje.

Os alunos discutirão estas questões e formularão outras, intervirão a favor ou contra

Maria Elvira, também na leitura mais aprofundada a discussão será encaminhada para o

que está implícito, entre linhas, no poema em prosa. O ato da leitura acontece dentro da

consciência e é sempre temporal, está sempre em fluxo. Através do poema em prosa tem-

se um acontecimento do passado, no presente e pode-se associá-lo a fatos que se tem

conhecimento. O texto conta um fato: uma prostituta em decadência que encontra um velho

rico e vai viver com ele. Apesar de Misael lhe dar tudo ela continua traindo-o e depois de

muitas mudanças em vários bairros ele acaba matando-a. O lirismo reside na forma como

Maria Elvira foi encontrada “[...] caída em decúbito dorsal, vestida de organdi azul”.

A leitura é linear, uma narrativa solta, característica da prosa; o ritmo das frases, no

entanto, permite classificar o texto como uma prosa poética ou uma poesia em prosa. É

interessante abordar com os alunos a estrutura do texto. Relembrar o conceito de poesia e

prosa, estrofes, versos, rimas, sílabas poéticas, isto é, os elementos que compõem a

poesia. Observar que no poema em prosa, embora tenha características da narração, o

leitor é exigido durante o ato da leitura para preencher “os espaços vazios” do texto, que

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fazem parte da estrutura do mesmo, assim como as suas negações, e servem para orientar

ou comandar a ação projetiva do leitor. Este ao preencher os vazios, vai formando o texto e

a leitura progride quando o leitor associa o conhecido em relação ao que vai acontecendo.

Para o movimento seguinte do Método Recepcional, atendimento ao horizonte de

expectativas, será apresentado aos alunos o conto de Dalton Trevisan “O Senhor meu

marido”. Antes, porém, o professor revisará os gêneros textuais, mais precisamente o

conto, que por ser uma narrativa mais curta, não quer dizer que seja mais simples. Tem

como característica central condensar conflito, tempo, espaço e reduzir o número de

personagens, mesmo sendo uma narrativa curta acomoda todas as possibilidades da

ficção, exigindo técnicas apuradas de composição.

A escolha do conto é proposital, visto ser um texto que pode ser lido, relido e iniciar

uma discussão numa aula. Optar por contos contemporâneos e assuntos que sejam de

interesse do aluno e que de certa maneira estão no seu cotidiano, problemas nos próprios

lares, dos vizinhos ou amigos, torna a leitura mais agradável e movimentada, já que o aluno

conhece o universo narrado.

O conto de Dalton Trevisan, intitulado “O senhor meu marido” (In. ___. Em Busca de

Curitiba perdida. 9ª edição. Rio de Janeiro. Record, 2004. p. 37-40), poderá produzir

estranhamento se comparado ao poema em prosa de Manuel Bandeira Tragédia Brasileira.

Embora o tema seja o mesmo, a infidelidade das Marias, e essa infidelidade gere a

mudança de bairros, em diferentes cidades (Curitiba e Rio de Janeiro), não ocorre o

esperado, haja vista que no diálogo entre os textos, o esperado, seria o assassinato de

Maria.

Tanto na poesia quanto no conto pressupõe-se tempo e movimento, a relação entre

os textos é grande. Com o mesmo enfoque tratam do drama existencial das relações

humanas que são lidas diariamente nos jornais, mas a notícia de jornal é incapaz de impor

ao leitor a mesma reflexão que a obra literária. No conto são explicadas as mudanças, o

fato desencadeador, como Maria arranjava os amantes, engravidava, enfim cada mudança,

uma história. No poema em prosa só se sabe que Maria Elvira arranjava amantes e quando

descoberta Misael mudava de bairro.

É pertinente apresentar autores paranaenses nas aulas de leitura / literatura para

resgatar a cultura, levar aos alunos a boa literatura das raízes paranaenses e ter como

objetivo formar leitores capazes de desvendar posicionamentos ideológicos no meio social

e cultural. Dalton Trevisan é um dos mais consagrados escritores brasileiros, sempre

aclamado pela crítica, seus contos curtos, elaborados, que algumas vezes chocam, talvez

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pela maneira direta de narrar, seca, com extrema economia verbal, tendo como matéria o

submundo, no que tem de mais sórdido, compulsivo, obsessivo, a revelar todas as suas

taras. Dedicado ao conto, short story, relacionou com a literatura um compromisso

marcadamente profissionalizante, representando o mundo bem ao gosto realista,

preocupado mais diretamente com o cotidiano das classes desfavorecidas e dos marginais.

Traição, impotência, mulher, sexo, são temas recorrentes na produção do escritor

paranaense. Marginais, malditos. O estilo urbano tem na cidade grande, no caso, Curitiba,

zonas e camadas distintas que falam dialetos próprios. Os espaços de domínio público

predominam e vão funcionar como ponto de encontro das personagens, fora do universo do

lar, como o Buraco do Tatu, a Ponte Preta e a Zona da Estação. Há bairros que abrigam

gente errante e marginal: neles se juntam o trabalhador do subemprego, a mulher da vida e

o malandro. São “histórias de desencanto, as narrativas daltonianas convertem-se em

denúncia da hipocrisia patética que se aninha nas relações entre os seres humanos em luta

pela vida” (FORTES, 2007, p.188). A temática revela a miserabilidade das relações, a

incomunicabilidade e o caminho da degradação das personagens. Estas têm vínculo com o

sexo, com a perdição nas ruas e nos prostíbulos.

As leituras do conto (os questionamentos) serão iniciadas a partir da perspectiva do

autor e de sua obra. Quem é a Maria do conto? Por que esse nome? (João e Maria são

nomes comuns que no conto possuem vida, uma história, seus dilemas revelam

particularidades das pessoas comuns e se tornam universais) E o nome das filhas? Por que

só meninas? Pelo enfoque pessimista dos contos de Dalton Trevisan em relação as

“Marias”, será que as “Marias” (filhas) seguirão o mesmo caminho da mãe? Retomando o

poema em prosa: Quais as semelhanças entre eles? Observar os nomes, o que há em

comum e diferente nos dois textos.

Explorar o bilhete escrito por Maria e levar os alunos a perceber como se dá a

representação artística. Isso significa verificar o que decorre da complexidade ou da

simplicidade gramatical e por meio do bilhete situar a personagem, Maria. A começar pelo

título do conto: “O senhor meu marido”. “Senhor” tem o sentido a ele atribuído, ou seja,

alguém por quem se tem consideração, apreço? A maneira como foi escrito o bilhete é de

alguém que possui conhecimento de uniformidade de tratamento da língua portuguesa? E

os adjetivos? Comentar a ironia presente no conto e principalmente no bilhete, pela escolha

das palavras intencionalmente escritas. Como o bilhete foi colado no espelho?

São várias as leituras que podem ser feitas e com certeza os alunos participarão

com comentários sobre o assunto e cabe ao professor interagir nos comentários fazendo a

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ponte entre o poema em prosa “Tragédia Brasileira”, de Manuel Bandeira e o conto “O

senhor meu marido”, de Dalton Trevisan.

A etapa seguinte, no rompimento do horizonte de expectativas, efetuar-se-á com o

conto de João Guimarães Rosa, “Desenredo” (In:___. Tutaméia (Terceiras estórias) 4ª ed.

Rio de Janeiro: José Olympio, 1976). O conto guarda semelhanças quanto ao tema da

infidelidade, da traição, com o poema em prosa “Tragédia Brasileira” de Manuel Bandeira e

o conto de Dalton Trevisan “O senhor meu marido”, porém “Desenredo” merece atenção

especial quanto a linguagem e seu tom fabulista. Para Rita Felix Fortes, “é uma história

cujo tema principal é o poder construtivo da linguagem como instrumento de busca da

felicidade: objetivo máximo e quimera subjacente a todos os desejos humanos”. (FORTES,

2007, p.164).

“Desenredo” visto como desmonte, des-construção do enredo, ou seja, da ordem

lógica dos acontecimentos que marca a narrativa simples, se utilizando para isso de

artifícios como: intertextualidade com a Bíblia, reelaboração de expressões e ditados

populares, desfecho inesperado e ilógico, para a lógica linear do enredo. No conto

“Desenredo”, o professor poderá explorar a linguagem, as palavras e seus significados no

contexto, pois refere-se à operação textual de transformação da realidade pela epifania da

palavra. Começando pelo título “Desenredo” O que significa? Por que o nome Jó Joaquim?

Há alguma semelhança com o personagem homônimo bíblico? A mulher aparece com um

novo nome sempre que trai o marido. Como esse nome aparece? Qual a semelhança entre

o personagem de “Desenredo” (Jó Joaquim) e João de “O senhor meu marido” de Dalton

Trevisan? O poder criador de Jó Joaquim advém da linguagem, pois recria a mulher com

diferentes nomes (observar que só há inversão das letras) e o João, de Dalton Trevisan?

Na expressão “Foi Adão dormir, e Eva nascer chamando-se Livíria, Rilívia ou Irlívia,

a que nesta observação a Jó Joaquim apareceu” (ROSA, 1976, p.38), pode-se dizer que há

uma alusão (intertextualidade) à Bíblia? Observar que há outros artifícios como a

reelaboração de expressões e ditados populares, bem como a citação direta de Ulisses,

esperado por vinte anos por Penélope na Odisséia.

Na passagem, “Jó Joaquim derrubadamente surpreso no absurdo desistia de crer, e

foi para decúbito dorsal, por dores, frios, calores, quiçá lágrimas, devolvido ao barro, entre o

inefável e o infando.” (ROSA, 1976, p.38), a expressão “decúbito dorsal” também é

encontrada no poema em prosa de Manuel Bandeira, “Tragédia Brasileira”, o que significa?

“Devolvido ao barro”, comentar essa expressão com os alunos, pois como diz Rita

Felix Fortes, “Jó Joaquim volta ao estágio de barro, anterior a inoculação do espírito divino

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sobre a matéria da qual o homem se fez, é apenas uma preparação para o que há de mais

inusitado no conto: a linguagem” (FORTES, 2007, p.166).

Como reagia Jó Joaquim diante da traição da mulher amada? Discutir com os alunos

a maneira como o amor é visto por Jó Joaquim e João. (ambos veem a mulher como

arquétipo do amor, tanto que a traição é secundária, uma vez que o amor está associado à

busca humana da felicidade).

Observar que tanto no poema em prosa, com a personagem Maria Elvira, como no

conto “O Senhor meu marido”, a mulher Maria, e no conto “Desenredo” há uma retomada à

Bíblia. No final do poema em prosa, Maria Elvira é encontrada “caída em decúbito dorsal,

vestida de organdi azul”. A vestimenta assemelha-se a de Nossa Senhora que aparece

pintada nos quadros, nas esculturas, nos “santinhos”, nas igrejas católicas, o manto de

Nossa Senhora é azul. A Maria do conto de Dalton Trevisan, possui o nome de Nossa

Senhora e quando dá luz, são filhas, que também são nomeadas Marias. E em

“Desenredo”, Jó Joaquim participa, como Adão, criando a mulher, dando-lhe novos nomes,

recriando-a.

Quanto à estrutura, a estória parece, em princípio, desmontar-se em três partes,

separadas em três pequenos parágrafos. Quais seriam estes parágrafos? Ainda sob o

ponto de vista da construção, as palavras “mas” e “mais”, marcam no texto momentos

dessemelhantes. O que elas significam? Convém notar que as ações de João e Jó Joaquim

vão desenrolando-se sem que eles e nem o leitor sabem para onde vai, pois no decorrer da

narrativa espera-se um final diferente, trágico? Talvez. O fato é que tal experiência, de

índole moderna, se insere numa estrutura linear, em três tempos: O início: ambos

personagens (João e Jó Joaquim são bons: “ O defeito de João ser bom demais”. “Jó

Joaquim, cliente, era quieto, respeitado, bom como o cheiro de cerveja”); no

desenvolvimento ocorre a traição, e com isso as mudanças ( de bairros e de cidades); e o

desfecho, ambos retornam a suas mulheres, que continuam sendo as mesmas, “curadas”,

mas será que fiéis?

Os contos demonstram, que nem sempre o conto “moderno” foge totalmente dos

princípios anteriores (começo, meio e fim) ou que nem sempre há apenas a adoção de

novos procedimentos. O especial, a qualidade, reside nesta forma de combinar recursos da

tradição que vão surgindo nos novos tempos, ou seja, aliar a um modo tradicional de narrar,

com começo, meio e fim, uma experiência de vida moderna, que representa um estado de

crise e que, entre tantos outros possíveis sentidos, pode significar o da situação de João e

Jó Joaquim, homens apaixonados incondicionalmente. Homens de paz que preferem a

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humilhação da traição ao crime passional. Homens que acreditam que o ser humano pode

mudar. João, colocando o nome de Maria nas filhas, simbolizando na religião católica,

Nossa Senhora, pensando que assim a “sua Maria”, seria redimida “...outra Maria para

desviar a mãe do mau caminho”; Jó Joaquim trocando as letras do nome da mulher (

Livíria, Rivília, Irlívia) e construindo assim outro nome, outra mulher (Vilíria).

Como consequência das etapas anteriores: determinação do horizonte de

expectativas, atendimento do horizonte de expectativas e ruptura do horizonte de

expectativas, advém o questionamento do horizonte de expectativas que é levantar

questões para o qual o texto é a resposta, porém não respostas acabadas, prontas, pois o

receptor da obra, o leitor que deve penetrar no horizonte de expectativas de sua vida

prática e interferir em seu conhecimento de mundo. A partir dessa atitude de auto-análise, é

possível orientar o aluno a tomar consciência de que aquilo que ele já conhece é pouco, em

relação a tudo o que o rodeia.

Para Vera Teixeira de Aguiar,

a leitura tem três momentos: o da compreensão, da interpretação e da aplicação. O sujeito apreende os sentidos, coteja-os à luz de seu conhecimento e introjeta-os, incorporando-os de acordo com suas possibilidades e necessidades, o nível da experiência estética propicia ao sujeito a vivência e consciência da vivência e o prazer advém da possibilidade de integrar à sua vida os frutos dessa prática. (AGUIAR, 2009, p. 34)

Entre aquilo que se passa num determinado tempo e espaço e o que se conta depois,

desde que o mundo é mundo, sempre houve certa diferença, mas, numa vida, certos fatos

podem ou não ter ocorrido, pouco importa: existe o leitor, sua força, a continuidade de seu

modo de comportar-se, para garantir que as coisas não aconteceram exatamente assim,

detalhe por detalhe, porém até poderiam ter ocorrido daquele jeito e poderiam ainda ocorrer

numa situação semelhante.

A última etapa, a ampliação do horizonte de expectativas, dá-se a partir da reflexão

sobre literatura, advém da tomada de consciência das alterações e aquisições obtidas, no

plano das concepções, através da experiência literária, bem como a constatação do

aumento de exigências em relação à leitura e ao desenvolvimento da competência para

decifrar o desconhecido. A quinta etapa finaliza o processo, configurando-se, assim, uma

evolução em espiral. A ampliação deste horizonte ocorre com o filme EU TU ELES, a

história de uma mulher e seus três maridos, de Andrucha Waddington. Este filme está

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vinculado ao tema dos contos e do poema em prosa, já que o conflito apresenta

possibilidades de transgredir o proibido.

Uma mulher vive com três maridos sob o mesmo teto. A partir desse curioso fato, o

diretor Andrucha Waddington e a roteirista Elena Soárez criam uma história inteiramente

fictícia, embora inspirado numa história real, que mistura humor e paixão e narra o

desenvolvimento do insólito quarteto amoroso.

A seguir, os dados referentes ao filme,

Ficha técnica: Procedência: nacional Estúdio: Sony Pictures Tempo: 104 minutos Cor: colorido Ano de lançamento: 2001 Elenco: Regina Casé, Stênio Garcia, Luiz Carlos Vasconcelos, Lima Duarte Música: Gilberto Gil Diretor: Andrucha Waddington Recomendação: 12 anos Região do DVD: região 4 Legendas: Português / Inglês

País de origem: Brasil (EU TU ELES,2001)

O filme EU TE ELES trata de uma situação polêmica e prazerosa, nos marcos da

pós-modernidade. Sua história, ao longo do filme, convida a quem o assiste não só a

conhecer o insólito de uma situação, mas sobretudo, a questionar os valores desse

cotidiano, precisando o lugar desse drama social e de sua representação.

A discussão poderá começar pela semelhança do tema do filme com o poema em prosa,

os contos estudados. Rita Felix Forte (2007) ressalta a intertextualidade da obra com a

cantiga conhecida como “Terezinha de Jesus” e destaca os seguintes versos: “Terezinha

de Jesus/ de uma queda/ Foi ao chão/ acudiram três cavalheiros/ todos três, chapéu na

mão. O primeiro foi seu pai,/ o segundo seu irmão/ e o terceiro foi aquele/ que a Tereza deu

a mão... Qual a relação entre o filme Eu Tu Eles, no qual o protagonista não tem pai ou

irmão, e esta cantiga de roda?” (2007, p. 177-178).

O filme diferentemente dos contos e do poema em prosa trabalha um espaço. Qual

seria este espaço? Como pode ser analisado?

A traição de Darlene não se dá de forma aberta, porém subentende-se que ela trai

Osias. Como isto aparece no filme? Osias não é pai dos filhos de Darlene, porém ao

registrá-los tornasse perante a lei o pai legítimo. Discutir com os alunos a questão da

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paternidade inventada que, “assim como Adão ele – que não participa do ato da criação

propriamente dito – além de lhes dar o nome, enquanto identidade simbólica, dá-lhes

também sua identidade civil e liga seu sobrenome ao nome de seus filhos.” (FORTES,

2007, p.182).

O Diretor do filme, Andrucha Waddington, explora de forma irônica o arquétipo do

“machismo” do homem brasileiro através dos três homens de Darlene (Osias, Zezinho e

Ciro). Comentar sobre de que forma são tratados no filme. E Darlene, a personagem

feminina, como é vista no filme? O que faz dela alguém que rompeu com os arquétipos do

conformismo e da submissão?

Finalizando o trabalho com a apresentação do filme objetiva-se mostrar, aos alunos,

uma outra forma de expressão artística que apresente o mesmo tema (o adultério) do

poema em prosa de Manuel Bandeira, Tragédia Brasileira, o conto de Dalton Trevisan “O

Senhor meu marido”, e o conto de João Guimarães Rosa “Desenredo”. Nesse trabalho o

tema do adultério, infidelidade, em si, não é muito explorado, mas as diversas maneiras

como foi abordado, para que através da leitura sejam rompidas barreiras, sejam elas

geográficas, históricas, cronológicas, culturais e políticas. E, principalmente, que o aluno

possa dialogar com os textos, concordar ou discordar do que ali encontra e possa

posicionar-se diante do novo. O desejo, com esse trabalho, é que diante de tantas

possibilidades de leitura o aluno busque novas leituras para alargar seu mundo e ampliar

seu conhecimento.

Tanto a produção literária quanto o filme exigiu um processo de criação que só será

entendido pelo leitor se o horizonte de expectativas provocou-lhe reações de alguma

maneira e estas serão detectadas se o processo de comunicação foi mantido.

Conforme Acir Dias da Silva,

Sabemos que a experiência estética não se esgota em ver cognoscitivo (aisthesis) e em um reconhecimento perceptivo (anammesis), o espectador pode ser afetado pelo que representa identificar-se com as pessoas em ação, dar assim livre curso às próprias paixões despertadas e sentir-se aliviado por sua descarga prazerosa, como se participasse de uma cura (katharsis). (DIAS, 2009, p. 93)

A partir da perspectiva de intersecção entre discursos – literatura e cinema – trabalhar

com filmes em sala de aula é adotar o cinema como instrumento didático e pedagógico nas

aulas de literatura brasileira. A literatura como estrutura narrativa escrita, e o cinema como

narrativa de imagens, os dois em suas dadas especificidades, constroem um universo de

representações simbólicas que paira entre o criador e espectador.

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A educação no Brasil daria um salto no sentido de valorizar o cinema como instrumento e

conteúdo de ensino, com a elaboração dos PCNs, que preconizam que o cinema deve

fazer parte do currículo de formação dos alunos, tanto como recurso didático como

atividade do discurso, explorada na escola enquanto valor de arte em si mesma. Rubem

Fonseca (em artigo disponível na Internet) aborda a adaptação cinematográfica de obras

literárias dizendo: “Antes de mais nada devo dizer que escrever para o cinema é

diferente de qualquer outra forma de expressão escrita. Os elementos visuais são tão

importantes quanto as descrições e diálogos”.( FONSECA. 2005. Artigo disponível na

Internet)

Um bom caminho para que um jovem reconheça-se como leitor é colocá-lo a princípio

numa posição de conforto diante de um texto. O professor deve ficar mais tempo com o

texto literário para explorá-lo melhor, interpretá-lo com o aluno, captar as relações sociais e

afetivas das obras para servirem de modelo e os alunos poderem extrair delas normas,

valores, problemas, ou seja, significados para suas vidas. Se entender a necessidade do

aluno construir uma identidade leitora para si mesmo, então o Método Recepcional deve

ser adequado a esse propósito, o que passa pela seleção de textos literários que alcancem

uma representação ética e estética dos conflitos humanos.

Os critérios de avaliação a serem empregados pelo professor abrangem a dinâmica do

processo a cada leitura do aluno, que deve evidenciar a capacidade de comparar e

contrastar todas as atividades realizadas, questionando a sua atuação e a do grupo. A

resposta final deve ser uma leitura mais exigente que a inicial, em termos estéticos e

ideológicos.

Considerações finais

Um dos objetivos da escola é formar leitores de textos literários e para isso o trabalho

com literatura torna-se importante. Contudo, formar leitores não é tarefa fácil, constitui-se

num desafio para o professor, especialmente de Ensino Médio, já que muitos estudantes

sequer adquirem hábitos regulares de leitura nos últimos anos da Escola Básica. Ler

implica em subjetividade, pois para formar um juízo crítico há a tentativa e o erro, num jogo

de aproximações sucessivas.

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O trabalho do professor consiste em recomendar, debater, ensinar e para isso pensou-se

numa abordagem de leitura que tivesse o texto literário como objeto de estudo. Para poder

estabelecer relações entre os textos buscou-se apoio no Método Recepcional para assim

atingir o horizonte de expectativas dos alunos. É evidente a interação que ocorre entre obra

e leitor quando o aluno encontra sentido naquilo que lê, apoiado no conhecimento do

professor, o aluno alia o texto literário a outras linguagens, num diálogo com autor, textos e

objetos históricos - culturais, assim amplia seus horizontes através dos conhecimentos e

experiências que adquire.

No decorrer da implementação do projeto, um dos instrumentos de coleta de dados foi o

registro pelos alunos das impressões de leitura, assim que se encerravam as atividades

referentes às ações realizadas. No poema em prosa Tragédia Brasileira, de Manuel

Bandeira, partiu-se da ideia de que um texto literário se concretiza tanto no momento da

produção quanto de sua recepção, pela relação que estabelece com o leitor. Enquanto se

dava a leitura do texto, iam-se preenchendo os espaços vazios, os pontos obscuros do

poema em prosa, e progredindo o entendimento sempre associando o conhecimento em

relação ao acontecimento.

Na segunda ação, com o conto de Dalton Trevisan O Senhor meu marido, a leitura foi

realizada a partir da perspectiva do autor e de sua obra. Retomando o poema em prosa

Tragédia Brasileira de Manuel Bandeira explorou-se as semelhanças e diferenças entre

eles, embora o tema fosse o mesmo: a infidelidade conjugal. Os alunos expressaram

opiniões a respeito dos textos através de textos escritos, fazendo comparações entre as

produções. Houve interesse por parte de alguns alunos em ler outros contos do poeta

paranaense.

Na terceira ação foi apresentado o conto de João Guimarães Rosa Desenredo. Houve

estranhamento por causa da linguagem, e foi justamente ela, a linguagem, objeto de estudo

neste conto. Novamente retornou-se aos textos anteriores e houve debates e com

interferências do professor, os alunos perceberam que a literatura torna quem lê mais

sensível e portador de múltiplas referências culturais e afetivas e que o texto não traz

sentidos pré-fabricados, já que obriga o leitor a executar grande parte do trabalho,

cooperando na formação de sentidos, num ato de co-participação com o escritor.

Ao final da implementação do projeto, para ampliação do horizonte de expectativas dos

alunos, houve a exibição do filme EU TU Eles de Andrucha Waddington, pois cinema e

literatura são artes que possuem características textuais semelhantes e entre elas há

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relação de fascínio mútuo. Assim como o contista apropria-se da história dos seres para

fazer a sua ficção, o cinema como arte busca inspiração no cotidiano para “contar” suas

histórias que por vezes são encontradas nos contos.

O desejo com este trabalho de PDE foi o de apresentar aos alunos diferentes textos

literários com a certeza de que se o gosto se aprende, pode ser ensinado. E a literatura, no

viés da Estética da Recepção, além de proporcionar prazer estético, porta a função de

transformar o leitor, contribuindo para formação de um sujeito-leitor que diante de tantas

possibilidades de leitura, com certeza, alargará sua visão de mundo e ampliará seu

conhecimento.

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