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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I I

DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · texto, e, em se tratando de produção, para que o aluno se aproprie da linguagem em diferentes ... Para esta proposta vamos adotar a fábula

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE

VOLU

ME I

I

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NEUZA APARECIDA TRINDADE

PLANO DE TRABALHO DOCENTE

MATERIAL DIDÁTICO

Agosto/2010

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NEUZA APARECIDA TRINDADE

O PROCESSO DE REFACÇÃO TEXTUAL:

UM TRABALHO DE INTERVENÇÃO

Proposta de material didático apresentado ao

Programa de Desenvolvimento Educacional do

Estado do Paraná.

Orientadora: Profª Drª. Alba Maria Perfeito

LONDRINA

2010

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SUMÁRIO

IDENTIFICAÇÃO ................................................................................................................... 5

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 6

2 TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA ........................................................................................... 8

3 CONHECENDO O GÊNERO FÁBULA .......................................................................... 11

3.1 PRÁTICA SOCIAL INICIAL: ANÚNCIO DOS CONTEÚDOS - Anotações no

quadro ...................................................................................................................................... 12

3.1.1 Vivência Cotidiana Dos conteúdos: Atividade oral ..................................................... 12

3.1.2 O Que Você Gostaria De Saber Mais: Atividade oral ................................................ 12

4 PROBLEMATIZAÇÃO: levantamento das questões contextualizadas dentro do

conteúdo – pesquisas em dicionários/enciclopédias ou internet ......................................... 13

4.1 Dimensão Conceitual ...................................................................................................... 13

4.2 Dimensão Histórico-Cultural .......................................................................................... 13

4.3 Dimensão Social ............................................................................................................. 13

5 INSTRUMENTALIZAÇÃO: atividades de leitura e de análise lingüística................ .. 14

5.1 Contexto De Produção ................................................................................................... 14

5.2 Conteúdo Temático ....................................................................................................... 14

5.3 Construção Composicional ou Arranjo Textual ............................................................ 14

5.4 Marcas Linguístico-Enunciativas .................................................................................. 15

6 APROFUNDANDO O GÊNERO FÁBULA .................................................................... 16

6.1 Texto 1: O Leão e o Rato ............................................................................................. 16

6.1.1 Contexto De Produção ................................................................................................ 16

6.1.2 Conteúdo Temático ...................................................................................................... 17

6.1.3 Construção Composicional ou Arranjo Textual ......................................................... 17

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6.1.4 Marcas Linguísticos-Enunciativas .............................................................................. 17

6.2 Texto 2: A Borboleta Orgulhosa .................................................................................... 18

6.2.1 Roteiro ......................................................................................................................... 18

7 CATARSE: elaboração de textos para internalizar o conteúdo .................................... 19

8 PRÁTICA SOCIAL (FINAL): sistematização dos conhecimentos adquiridos ............ 19

9 REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 20

ANEXO - PROJETO DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA- O PROCESSO DE

REFACÇÃO TEXTUAL: UM TRABALHO DE INTERVENÇÃO ................................ 21

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SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

PROFESSOR PDE – TURMA 2009/2010

1 IDENTIFICAÇÃO

1.1 PROFESSORA PDE: NEUZA APARECIDA TRINDADE

1.2 ÁREA/DISCIPLINA PDE: LÍNGUA PORTUGUESA

1.3 NRE: LONDRINA

1.4 PROFESSORA ORIENTADORA IES: PROFª DRA. ALBA MARIA PERFEITO

1.5 IES VINCULADA: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA (UEL)

1.6 ESCOLA DE IMPLEMENTAÇÃO: ESC. EST. PROFª. MARGARIDA DE BARROS LISBOA

1.7 PÚBLICO OBJETO DA INTERVENÇÃO: ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL – 5ª SÉRIE

2 PLANO DE TRABALHO DOCENTE: MATERIAL DIDÁTICO

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INTRODUÇÃO

Os gêneros discursivos estão sempre presentes em nossas vidas. Segundo Bakhtin

(2003), são enunciados relativamente estáveis, que permeiam as diferentes esferas de

comunicação social. Ainda, para o autor, os gêneros discursivos organizam nossa fala do

mesmo modo que as formas sintáticas, porque aprendemos a moldar a mesma por meio deles.

Para Bakhtin, os gêneros são constituídos por: conteúdo temático, estilo e construção

composicional, associados às condições de produção - interlocutores, finalidade, época, local,

suporte. Eles fazem parte do processo de comunicação entre as pessoas e, por isso, torna-se

importante o professor trabalhar com os mesmos em sala de aula.

Isto se deve, também, pelo fato de os gêneros serem considerados objetos de ensino

(Schneuwly e Dolz, 2004). E, ainda, em virtude das Diretrizes Curriculares da Educação

Básica do Paraná de Língua Portuguesa-DCE (PARANÁ, 2008), entenderem que o discurso

como prática social se viabiliza por meio da mobilização dos gêneros discursivos. Desse

modo, compreendemos conforme Dolz e Schneuwly (2004) que os gêneros discursivos, na

escola, tornam-se eixo de organização e progressão curricular.

Entendemos, ainda, que o discurso é o efeito de sentido produzido entre

interlocutores, os quais são manifestados por meio de enunciados – aqui interpretados como

textos – organizando-se por meio dos gêneros discursivos, em consonância com

determinada(s) esfera(s) de atividade humana.

Diante da perspectiva apresentada, segundo Perfeito (2010, p. 55 – 56),

questionamos como poderíamos viabilizar isso na escola e, então, concluiu-se, observar, nas

práticas pedagógicas em textos de diferentes gêneros discursivos, aspectos relativos:

ao contexto de produção - autor/enunciador, destinatário/interlocutor,

finalidade, época e local de publicação e de circulação;

ao conteúdo temático - ideologicamente conformado - temas avaliativamente

manifestados por meio dos gêneros, explorando-se, assim, sobretudo na

leitura, para além decodificação, a predição, inferência, críticas, criação de

situações-problema, emoções suscitadas etc.;

à construção, forma composicional – elementos de estrutura comunicativa e

de significação e

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às marcas linguístico-enunciativas - de regularidade na construção

composicional e linguística do gênero, veiculadas, dentre outras, pela

expressividade do locutor.

Sabendo que não há outra forma de se chegar ao uso social da língua se não pelo

texto, e, em se tratando de produção, para que o aluno se aproprie da linguagem em diferentes

situações, é necessário intervir em seu texto com o objetivo de aproximá-lo à escrita

convencional. Tendo consciência dos inúmeros gêneros discursivos existentes, é que optamos

pela abordagem do gênero fábula, isto porque esse gênero é um instrumento de aprendizado

sobre vários aspectos, conforme postula Fernandes

A concisão do enredo, as várias informações contidas em poucas

orações, a combinação dos discursos diretos, indiretos e misto: todos

os atributos desse tipo de texto colocam o aluno diante do desafio de

apropriar-se de novos recursos de leitura e escrita. A ele caberá

estabelecer a relação (alegórica) entre os animais e a vida humana,

bem como compreender o jogo entre a intenção do fabulista, a história

e a moral da história com a situação em que a fábula é contada.

(FERNANDES, 2001, p.10 - anexo)

Corroborando com os aspectos apresentados por Fernandes vamos trabalhar com o

gênero fábula aplicando a teoria de Gasparin que será apresentada adiante.

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2 TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA

Não se sabe ao certo quando surgiram as fábulas. O que se sabe é que elas sempre

foram utilizadas para transmitir a opinião sobre uma determinada sociedade, divertir, criticar e

advertir as pessoas sobre seus comportamentos. Da tradição oral ela passou a ser escrita,

sendo classificada como gênero textual. As fábulas são histórias curtas, tendo animais com

comportamentos humanos. No final de cada texto é colocada uma “moral da história” para

explicitar a opinião do autor sobre o assunto do qual se trata a história. Por ser um texto curto

ele prende a atenção do leitor.

Outro fator que contribuiu para o sucesso das fábulas é o fato de seus títulos serem

curtos e não fornecerem muitas informações sobre qual será o tema tratado pelo autor. O fato,

também, de não fornecer muitas descrições do ambiente, do tempo e das personagens, faz

com que os temas sejam bastante atuais, podendo ser aplicado em várias situações na

sociedade.

Muitos livros trazem Esopo (século VI a. C.) como sendo o “pai” da Fábula. Por ter

sido escravo e sofrido muito em sua vida, dizem que Esopo era muito inteligente costumava

contar histórias, fábulas para aconselhar as pessoas e livrá-las das situações de conflito.

Hoje as fábulas são conhecidas no mundo todo e despertam sempre a curiosidade, o

encantamento e a reflexão em muitas pessoas.

Diante do que foi exposto, esta unidade abordará o gênero fábula como exemplo de

um gênero da esfera literária, muito vinculado ao universo infanto-juvenil para trabalhar com

alunos de 5ª série: conteúdo temático, estrutura composicional, as marcas linguístico-

enunciativas que constituem um texto junto as condições de produção, via leitura, análise

lingüística, e produção/refacção textuais. Haverá, neste caso, maior ênfase no processo de

reescrita.

Para tanto será utilizada a teoria de Gasparin que é retratada no quadro

abaixo.

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Quadro Demonstrativo do Plano de Trabalho Docente

PRÁTICA (zona

de

desenvolvimento

real)

TEORIA

(zona de desenvolvimento proximal)

PRÁTICA (zona

de

desenvolvimento

potencial)

Prática social

inicial do

conteúdo

Problematização Instrumentalização Catarse Prática social

Final do conteúdo

1) Apresentação

do conteúdo;

2) Vivência

cotidiana do

conteúdo:

a) O que o aluno

já sabe: visão da

totalidade

empírica.

Mobilização.

b) Desafio: o que

gostaria de saber a

mais?

1) Identificação e

discussão sobre

os principais

problemas postos

pela prática

social e pelo

conteúdo.

2) Dimensões do

conteúdo a serem

trabalhadas.

1) Ações docentes e

discentes para

construção do

conhecimento.

Relação aluno x

objeto do

conhecimento

através da mediação

docente.

2) Recursos

humanos e

materiais.

1)

Elaboração

teórica da

síntese, da

nova postura

mental.

Construção

da nova

totalidade

concreta.

2) Expressão

da síntese.

Avaliação:

deve atender

às

dimensões

trabalhadas e

aos

objetivos.

1) Intenções do

aluno.

Manifestação da

nova postura

prática, da nova

atitude sobre o

conteúdo e da

nova forma de

agir.

2)Ações do aluno.

Nova prática

social do conteúdo

GASPARIN, J. L. Uma Didática para a Pedadogia Histórico-Crítica. Anexo p. 159

Partiremos então da Prática Social Inicial do Conteúdo procurando saber o

conhecimento que os alunos têm, a respeito do assunto a ser tratado, passando pela

Problematização, que é a reflexão dos problemas encontrados com a prática social, a

Instrumentalização, que são as ações didático-pedagógicas adotadas pelos professores, a

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Catarse, que é a nova forma de entender a forma social, chegando à Prática Social Final que é

a nova proposta de agir adotada após o aprendizado adquirido.

Vale lembrar que na Catarse serão utilizados alguns códigos de correção para

identificar problemas ( para efetivar a reescrita ) como:

erros de ortografia;

= falta de acento;

x eliminação de palavras, letras ou vírgulas;

pontuação;

paragrafação;

concordância

observações 1, 2, 3...

O professor poderá combinar mais códigos com os alunos à medida que forem

constatados mais problemas nas produções.

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3 CONHECENDO O GÊNERO FÁBULA

Para esta proposta vamos adotar a fábula “A Raposa e a Cegonha”, de Esopo.

Um dia a raposa convidou a cegonha para jantar. Querendo pregar uma peça na outra, serviu

sopa num prato raso. Claro que a raposa tomou toda a sua sopa sem o menor problema, mas a

pobre da cegonha com seu bico comprido mal pôde tomar uma gota. O resultado foi que a

cegonha voltou para casa morrendo de fome. A raposa fingiu que estava preocupada,

perguntou se a sopa não estava do gosto da cegonha, mas a cegonha não disse nada. Quando

foi embora, agradeceu muito a gentileza da raposa e disse que fazia questão de retribuir o

jantar no dia seguinte.

Assim que chegou, a raposa se sentou lambendo os beiços de fome, curiosa para ver as

delícias que a outra ia servir. O jantar veio para a mesa numa jarra alta, de gargalo estreito,

onde a cegonha podia beber sem o menor problema. A raposa, amoladíssima, só teve uma

saída: lamber as gotinhas de sopa que escorriam pelo lado de fora da jarra. Ela aprendeu

muito bem a lição. Enquanto ia andando para casa, faminta, pensava: "Não posso reclamar da

cegonha. Ela me tratou mal, mas fui grosseira com ela primeiro".

Moral: Trate o outro tal como deseja ser tratado.

http://www.metaforas.com.br/infantis/araposaeacegonha.htm / Acesso em 25/04/2010. Obs: Não

vou comercializar esta fábula estou utilizando-a para meu trabalho de PDE.

.

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3.1 PRÁTICA SOCIAL INICIAL: ANÚNCIO DOS CONTEÚDOS - Anotações no

quadro

O professor deve anotar no quadro informações que podem auxiliar no

reconhecimento do gênero, para posterior produção:

o gênero fábula;

como é organizado;

as marcas de linguagem.

3.1.1 VIVÊNCIA COTIDIANA DOS CONTEÚDOS: Atividade oral para resgatar os

conhecimentos prévios dos alunos

você sabe o que é uma fábula?

você já ouviu falar em alguma?

onde você já ouviu falar a respeito?

como você acha que é composta uma fábula? Ela tem personagens? Se tiver, esses

personagens são pessoas ou animais?

3.1.2 O QUE VOCÊ GOSTARIA DE SABER MAIS: Atividade oral

O que você gostaria de saber mais a respeito de fábula?

Após este questionamento o professor entrega textos ou livros que contenham

diversas fábulas para os alunos para que conheçam um pouco mais sobre o gênero, também

pode ser pesquisado, fábulas, na internet.

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4 PROBLEMATIZAÇÃO: levantamento das questões contextualizadas dentro do

conteúdo – pesquisas em dicionários/enciclopédias ou internet.

4.1 DIMENSÃO CONCEITUAL:

Considerando o gênero fábula como um gênero escrito qual é a diferença entre

fábula e conto de fadas?

4.2 DIMENSÃO HISTÓRICO-CULTURAL:

Qual é a origem da fábula?

Sua moral é? Justifique

4.3 DIMENSÃO SOCIAL:

Qual a função da fábula?

Ela é importante para a sociedade? Por quê?

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5 INSTRUMENTALIZAÇÃO: atividades de leitura e de análise lingüística

5.1 CONTEXTO DE PRODUÇÃO: o professor conversará com os alunos sobre o

gênero escrito. Sua diferença e semelhança com o oral.

Onde encontramos este tipo de texto?

Quem lê textos deste gênero?

Encontramos muitos livros com esse tipo de texto em escolas, bibliotecas e livrarias,

sites da Internet? É possível encontrarmos versões atuais destas histórias? Justifique.

Você já ouviu falar sobre o possível criador das fábulas? Quem é ele? Em qual época

viveu? O que fez durante sua vida? Qual é a intenção do autor ao criar estas histórias?

Quem atualmente cria este tipo de texto? Os autores contemporâneos ainda têm a

mesma intenção dos primeiros autores?

5.2 CONTEÚDO TEMÁTICO

Apenas lendo o título conseguimos definir o assunto que será tratado na história?

Quem são os personagens e qual é sua função na história?

Como podemos definir as atitudes destes personagens?

Você concorda com a atitude da cegonha em relação à raposa? Justifique.

No dia-a-dia as pessoas agem dessa maneira umas com as outras? Comente.

5.3 CONSTRUÇÃO COMPOSICIONAL OU ARRANJO TEXTUAL

Neste texto você consegue definir o tempo em que as ações acontecem?

Na fábula é importante a descrição do lugar onde acontece a história? Justifique sua

resposta.

O narrador participa ou conta a história neste texto? O que leva você a concluir tal

resposta?

Qual é a moral da história?

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5.4 MARCAS LINGUÍSTICO-ENUNCIATIVAS:

O que as reticências e os travessões indicam no texto?

Indique os parágrafos onde aparece a fala das personagens.

Qual o significado da palavra amoladíssima?

Quais são as expressões que indicam tempo?

assim que chegou, morrendo de fome, um dia, amoladíssima, jantar, não disse nada, no

dia seguinte.

Quais os verbos que indicam atitudes humanas?

pregar, jantar, tomar, retribuir, servir, beber, lamber, Neuza dê uma olhada nesta

questão. Para mim está tudo bem.

No primeiro parágrafo os verbos: convidou, tomou, serviu, voltou, agradeceu,

indicam:

( ) ações futuras

( ) ações acabadas

( ) ações inacabadas.

No 1º parágrafo encontramos a seguinte frase: “Querendo pregar uma peça na

outra”...

a) A expressão “pregar uma peça” pode ser entendida de duas maneiras diferentes.

Quais são essas maneiras?

b) Qual o significado da palavra outra? Porque ela está sendo usada nesta frase? A

palavra outra está se referindo a quem?

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6 APROFUNDANDO O GÊNERO FÁBULA

6.1 TEXTO 1: O Leão e o Rato

Um Leão dormia sossegado, quando foi despertado por um Rato, que passou correndo sobre

seu rosto. Com um bote ágil ele o pegou, e estava pronto para matá-lo, ao que o Rato

suplicou: “Ora, se o senhor me poupasse, tenho certeza que um dia poderia retribuir sua

bondade”. Rindo por achar ridícula a idéia, assim mesmo, ele resolveu libertá-lo.

Aconteceu que, pouco tempo depois, o Leão caiu numa armadilha colocada por caçadores.

Preso ao chão, amarrado por fortes cordas, sequer podia mexer-se.

O Rato, reconhecendo seu rugido, se aproximou e roeu as cordas até deixá-lo livre. Então

disse: “O senhor riu da simples idéia de que eu seria capaz, um dia, de retribuir seu favor. Mas

agora sabe que mesmo um pequeno Rato é capaz de fazer um favor a um poderoso Leão.

xxxx

Autor: Esopo

Moral da História: Nenhum ato de gentileza é coisa vã. Não podemos julgar a

importância de um favor, pela aparência do benfeitor.

Fábulas Ilustradas: O Leão e o Rato - © Copyright 1997-2010 - http://www.sitededicas.com.br acesso em

25/04/2010. É proibida a reprodução total ou parcial de Qualquer conteúdo deste site para fins COMERCIAIS

Obs: Não vou comercializar esta fábula estou utilizando-a para meu trabalho de PDE.

6.1.1 CONTEXTO DE PRODUÇÃO

As fábulas representam o ponto de vista do autor sobre o modo de vida da sociedade

de uma determinada época. O que o autor quis dizer com a moral desta fábula?

Existe semelhança entre a moral desta fábula e a moral da fábula anterior? Por quê?

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6.1.2 CONTEÚDO TEMÁTICO

Qual é o tema desta fábula?

Este tema é atual? Comente.

Você conhece pessoas que têm o mesmo comportamento do leão e do rato?

Qual atitude você acha que foi mais correta? A atitude do rato ou do leão? Por quê?

Se fosse você no lugar do rato, qual seria sua atitude diante do leão?

6.1.3 CONSTRUÇÃO COMPOSICIONAL OU ARRANJO TEXTUAL

O autor descreve o espaço onde se passa a história? Justifique.

Quem você acha que narra esta história: o autor, o narrador ou uma das

personagens?

Qual é a moral desta história? Você concorda com ela? Justifique sua resposta.

6.1.4 MARCAS LINGUÍSTICO-ENUNCIATIVAS

Qual ou quais são os tempos verbais que podemos encontrar nesta fábula?

Pretérito imperfeito Pretérito perfeito Presente Futuro

Qual ou quais são os tempos verbais da fala das personagens?

Procure no dicionário qual é o significado da palavra ridícula?

Quais são as expressões que identificam tempo nesta fábula?

Procure em uma gramática o que é conjunção e qual a sua importância para a

construção de um texto.

Agora que você já sabe o que é uma conjunção, encontre as conjunções presentes

nesta fábula e a função de cada uma.

A linguagem desta fábula é atual? Comente.

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6.2 TEXTO 2: A BORBOLETA ORGULHOSA

A borboletinha era uma beleza, mas achava-se uma beldade. Devia, pelo menos, ser tratada

como a rainha das borboletas, para que se sentisse satisfeita. Quanta vaidade, meu Deus!

Não tinha amigos, pois qualquer mariposa que se aproximasse dela era alvo de risinhos e de

desprezo.

- Que está fazendo em minha presença, criatura? Não vê que sou mais bela e elegante do que

você? Costuma ela dizer, fazendo-se de muito importante.

Nem os seus familiares escapavam. Mantinha à distância os seus próprios pais e irmãos, como

se ela não houvesse nascido naturalmente, mas tivesse sido enviada diretamente do céu.

Tratava-os com enorme frieza, como quem faz um favor, quando não há outro remédio.

- Sim, você é formosa, borboletinha, mas não sabe usar essa qualidade como deveria. Isso vai

destruí-la! Preveniu-a solenemente um sábio do bosque.

A borboletinha não deu muita importância às palavras do sábio. Mas uma leve inquietação

aninhou-se em seu coração. Respeitava aquele sábio e temia que ele tivesse razão. Mas logo

esqueceu esses pensamentos e continuou sua atitude habitual.

Um dia, a profecia do sábio cumpriu-se. Um rapazinho esperto surpreendeu-a sozinha voando

pelo bosque. Achou-a magnífica e com sua rede apoderou-se dela. Como é triste ver a

borboletinha vaidosa atravessada por um alfinete, fazendo parte da coleção do rapaz!

Moral: Cada um tem aquilo que merece. Não adianta pôr a culpa de nossos erros nos

outros, no destino, em Deus ou na má sorte. Cada um é responsável pelo seu próprio

sucesso ou fracasso.

Autor desconhecido

http://www.metaforas.com.br/ em 25/04/2010

Esta é uma fábula atual. De acordo com que você já viu anteriormente sobre fábulas e para

ampliar ainda mais seu conhecimento converse com seus colegas e professor e busque as

semelhança e as diferenças entre as fábulas antigas e a fábula atual.

6.2.1 ROTEIRO:

Quem são as personagens utilizadas na fábula atual?

É definido um tempo onde se passa a história?

Quem é o seu autor?

Apenas lendo o título você consegue saber do que se trata a história?

Qual a moral da história? Essa moral reflete a atitude de muitas pessoas da sociedade?

Você concorda com os ensinamentos desta fábula?

Quais são os sinais que identificam a fala das personagens?

Quais os tempos verbais que encontramos nesta fábula?

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7 CATARSE: elaboração de textos para internalizar o conteúdo.

O professor solicita a reprodução de uma fábula com personagens que eles já

conhecem e com temas como: bem e mal, trabalho e preguiça, riqueza e pobreza, entre outros.

Após a produção destes textos dar-se-á a refacção textual. E, em seguida, o professor

fará as intervenções necessárias usando códigos (estabelecidos anteriormente entre professor e

alunos) indicando os problemas mais comuns tais como: ortografia, falta de acento,

eliminação de palavras de letras ou vírgulas, pontuação, paragrafação, concordância, e, para

as dificuldades não contemplados, pelos códigos, será utilizado pós-textos/“bilhetes” como

sugere Ruiz (2003), atentando para os problemas de coesão, de coerência local e global

relacionada as características do gênero proposto, etc, para a refacção.

O professor poderá combinar mais códigos com os alunos à medida que forem

constatados mais problemas nas produções.

8 PRÁTICA SOCIAL (FINAL): sistematização dos conhecimentos adquiridos

Diferenciar o gênero fábula dos demais gêneros;

Reconhecer os elementos lingüísticos das fábulas e seus efeitos de sentido;

Desenvolver capacidades para elaborar e interpretar textos durante o processo de

ensino-aprendizagem.

É importante salientar que o papel do professor neste processo de refacção é muito

importante, em virtude de caber a ele percorrer todos esses passos já citados acima para que o

aprendizado do aluno seja profícuo.

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REFEREÊNCIAS

BAKHTIN, M. Estética da Criação Verbal. 4ª ed. Trad. Paulo Bezerra. São Paulo: Martins

Fontes, 2003.

DOLZ; SCHNEUWLY, B. Gêneros e Progressão em Expressão Oral e Escrita: elementos

para reflexão de uma experiência Suíça (francófona). In: Gêneros orais e escritos na escola.

ROJO, R. e CORDEIRO, G. S (orgs.). Campinas. Mercado de Letras, 2004 p. 41 – 70.

GASPARIN, J. L. Uma Didática para a Pedagogia Histórico-Crítica. 5ed. Rev. Campinas,

SP: Autores Associados, 2009.

FERNANDES, M. T. O. S. Narrar: fábula. Trabalhando com os gêneros do discurso. São

Paulo: FTD, 2001.

http://www.metaforas.com.br/infantis/araposaeacegonha.htm acessado em 25/04/2010.

http://recantodasletras.uol.com.br/biografias/621597 Acessado em 25/04/2010.

http://sitededicas.uol.com.br/fabula3a.htm acessado em 25/04/2010.

PARANÁ. Secretaria de Educação do Estado. Diretrizes Curriculares do Paraná. Curitiba:

julho/2008

PERFEITO, A., M.. OHUSCHI, M. C. G.; BORGES, C. A. G. Bula de remédio: da teoria à prática em sala de aula. In: Mikhail Bakhtin: cultura e vida. E. M. R. Osório (org.) São Carlos: Pedro e João Editores, 2010. RUIZ, Eliana Maria Severino Donaio. Como se corrige redação na escola. Campinas, SP.

Mercado das Letras, 2003.

SCHNEUWLY, B. DOLZ, J. Os Gêneros Escolares: da prática de linguagem aos objetos de

ensino. In: Gêneros orais e escritos na escola. ROJO, R. e CORDEIRO, G. S (orgs.).

Campinas. Mercado de Letras, 2004 p. 71-91.

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ANEXOS

NEUZA APARECIDA TRINDADE

O PROCESSO DE REFACÇÃO TEXTUAL: UM TRABALHO DE INTERVENÇÃO

PROJETO DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA

Agosto/2010

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NEUZA APARECIDA TRINDADE

O PROCESSO DE REFACÇÃO TEXTUAL:

UM TRABALHO DE INTERVENÇÃO

Projeto de Intervenção Pedagógica apresentado ao

Programa de Desenvolvimento Educacional do

Estado do Paraná.

Orientadora: Profª Drª. Alba Maria Perfeito

LONDRINA

2010

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SUMÁRIO

IDENTIFICAÇÃO ................................................................................................................. 24

1 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................... 25

2 PROBLEMATIZAÇÃO .................................................................................................... 27

3 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 28

3.1 Objetivo Geral ................................................................................................................ 28

3.2 Objetivos Específicos ..................................................................................................... 28

4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................................... 29

4.1 Concepções De Linguagem, Ensino De Língua Materna e uma Didática Para o Plano de

Trabalho Docente ................................................................................................................ 29

4.2 Estrutura De Uma Didática Para A Pedagogia Histórico-Crítica ................................. 32

5 OS GÊNEROS DISCURSIVOS E A REFACÇÃO TEXTUAL A PARTIR DO

GÊNERO FÁBULA .............................................................................................................. 35

5.1 Contexto Histórico Do Gênero Fábulal ......................................................................... 39

5.2 Estrutura Composicional da Fábula .............................................................................. 40

6 ESTRATÉGIAS DE AÇÃO .............................................................................................. 42

7 CRONOGRAMA ............................................................................................................... 43

REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 45

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SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL PROFESSOR PDE – TURMA 2009/2010

1IDENTIFICAÇÃO

1.1 PROFESSOR PDE: NEUZA APARECIDA TRINDADE

1.2 ÁREA/DISCIPLINA PDE: LÍNGUA PORTUGUESA

1.3 NRE: LONDRINA

1.4 PROFESSOR ORIENTADOR IES: PROFª DRA. ALBA MARIA PERFEITO

1.5 IES VINCULADA: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA (UEL)

1.6 ESCOLA DE IMPLEMENTAÇÃO: ESC. EST. PROFª. MARGARIDA DE BARROS LISBOA

1.7 PÚBLICO OBJETO DA INTERVENÇÃO: ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL – 5ªSÉRIE

2 PROJETO DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA NA ESCOLA

2.1 TEMA: OS GÊNEROS DO DISCURSO E O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA

2.2 TÍTULO: O PROCESSO DE REFACÇÃO TEXTUAL: um trabalho de intervenção

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1 JUSTIFICATIVA:

Segundo Antunes (2003) ao se tratar do ato de produção textual, a

escola ainda vem focando a ação mecânica do aluno em pôr no papel suas ideias acerca

de determinado tema. Esquece que a produção pressupõe um caminho, itinerário a se

seguir para que o aluno obtenha um produto final satisfatório.

Nessa perspectiva, o projeto em foco centra-se no papel do professor

como mediador da trajetória de escrita do aluno. Pensamos ser tarefa docente propiciar

ao aluno a ideia de escrita como trabalho. E, assim, compreender que, antes do ato físico

de transpor ao papel, o aluno necessita planejar seu texto. E, após escrever, perceber a

importância de avaliar seu texto. Na revisão, mais relevante ainda, torna-se o papel do

professor, como mediador entre o sujeito e seu texto.

Nesse sentido, a proposta de nosso estudo é o processo de intervenção

do professor no texto do aluno. Para tal, selecionamos a abordagem do gênero

discursivo fábula. Isto porque, conforme colocam as Diretrizes Curriculares Estaduais

de Língua Portuguesa – DCEs - faz-se mister,

neste momento histórico, novos posicionamentos em relação às

práticas de ensino, seja pela discussão crítica dessas práticas, seja pelo

envolvimento direto dos professores na construção de alternativas (...)

numa proposta que dá ênfase à língua viva, dialógica, em constante

movimentação, permanentemente reflexiva e produtiva. (PARANÁ,

2008, p. 47-48)

A prática de produção de textos na escola deve, assim, proporcionar

situações em que os alunos exercitem os aspectos discursivos da linguagem, com a

possibilidade de escrita dos diversos gêneros discursivos encontrados na sociedade

considerando as mais variadas situações de produção. Pois

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[...] saber falar e escrever uma língua supõe, também, saber a

gramática dessa língua. Em desdobramento, saber supor, produzir e

interpretar diferentes gêneros de textos.

Conseqüentemente, é apenas no domínio do texto que as regularidades

da gramática encontram inteira relevância e aplicabilidade

(ANTUNES, 2003, p. 92).

Nessa linha de pensamento, o aluno torna-se um leitor e escritor

competente ao interpretar as diversas ideologias que perpassam os gêneros discursivos,

por meio da análise das marcas linguísticas.

Optamos pela fábula por conhecer certo gosto discente pelas

narrativas singelas e que revelam o cotidiano do aluno. Esse gênero chama-lhe a atenção

pela forma como se apresentam os personagens, animais ou objetos que assumem o

papel e funções humanas, trazendo-lhe uma aproximação de universo infanto-juvenil.

Sabemos, no entanto, que o gênero fábula compõe-se de certa

complexidade organizacional. Tal possibilita uma ação pedagógica intensa no

desenvolvimento das capacidades de nosso aluno.

Assim, o gênero, ao ser abordado via Plano de Trabalho Docente com

atividades de refacção textual, busca possibilitar ao aluno refletir sobre a linguagem e

reconhecer a importância deste gênero que circulam socialmente.

É sob o enfoque em pauta que o projeto tende a caminhar: refletir

com professores de 5as

. Séries, questões teóricas sobre gêneros discursivos, orientar no

desenvolvimento de plano de trabalho docente na, refacção textual do gênero fábula,

sinalizando caminhos no processo de intervenção no texto do aluno.

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2 PROBLEMATIZAÇÃO

Como a intervenção pedagógica na reescrita de produções de textos,

via gêneros discursivos – especificamente a fábula - pode repercutir na prática

educativa?

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3 OBJETIVOS:

3.1 OBJETIVO GERAL

Colaborar no processo ensino-aprendizagem em escolas públicas

estaduais, apresentando reflexões teórico-práticas para subsidiar o professor no processo

de reescrita discente nas (re) produções de fábulas.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Propiciar ao aluno:

- o reconhecimento do gênero fábula dentre gêneros variados;

- o domínio do gênero fábula;

- a análise das características ou dimensões do gênero fábula;

- a possibilidade de reprodução de fábulas;

- a refacção das fábulas reproduzidas, após a intervenção do professor

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4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

4.1 CONCEPÇÕES DE LINGUAGEM, ENSINO DE LÍNGUA MATERNA E

UMA DIDÁTICA PARA O PLANO DE TRABALHO DOCENTE

Trabalhando com Língua Portuguesa, desde 1982, nas redes públicas

de ensino no Estado do Paraná e município de Londrina, procuramos uma prática

pedagógica na qual a interação com nossos alunos sempre foi destaque. Por

acreditarmos que o ensino de Língua Materna deve considerar as experiências de vida

trazidas pelo sujeito-aluno, mesmo que intuitivamente, buscávamos inovar nossas ações

dentro do contexto escolar.

Entendemos a linguagem, de acordo com Geraldi (2004) e Travaglia

(1996), em suas três grandes visões. O ensino da gramática normativa ou tradicional é

baseado na concepção de linguagem como expressão do pensamento,

a expressão é produzida no interior da mente dos indivíduos. E

da capacidade de o homem organizar a lógica do pensamento

dependerá a exteriorização do mesmo (do pensamento), por

meio de linguagem articulada e organizada. (PERFEITO, 2005)

Sendo a língua uma representação mental, a autora coloca que, de

acordo com esta concepção, o indivíduo que não se expressa bem, tem dificuldades para

pensar, de acordo com esse conceito para falar e escrever bem basta saber as regras,

normas gramaticais. Vemos aqui, a gramática como um manual de regras para usar

corretamente a norma culta da língua, não considerando as demais. Tal concepção de

linguagem é mantida até hoje em muitas práticas escolares, consequentemente a

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gramática é trabalhada descontextualizada, desconsiderando a natureza social da

linguagem.

A concepção de linguagem como instrumento de comunicação

instaurada a partir da dicotomia Langue/Parole Saussuriana (apud Perfeito, 2005), elege

a Langue como objeto de estudo. O funcionamento interno da língua é limitado, sem

levar em conta as determinações sócio-históricas da linguagem. Uma mensagem é

transmitida de um emissor para um receptor, isolada de sua utilização. Apesar de,

reconhecer as diferentes variedades da língua como linguisticamente válida, não a traz

para o contexto social. Há, em relação ao ensino, o predomínio de exercícios estruturais

morfossintáticos, e, ainda, não se abandona o ensino da gramática tradicional.

Elegemos a concepção de linguagem como forma de interação para

fundamentar esse trabalho, visto que nela a linguagem é interpretada como forma de

interação humana, uma vez que permeia todos os nossos atos, articulando nossas

relações com os outros, com os objetos e com o meio, constituindo-nos enquanto

sujeitos e diferenciando-nos dos animais pela nossa capacidade de abstração. Portanto,

por meio do gênero Fábula buscaremos estratégias para uma refacção textual que

contribua para o ensino significativo da língua portuguesa e, especificamente, de

produção de textos entendidos como um processo.

Associando nossa prática pedagógica às teorias da linguagem,

versaremos sobre os conceitos encontrados em Bakhtin que, conjuntamente a outros

teóricos, realiza estudos que contribui à filosofia de uma linguagem, fundamentada no

processo de interação. Segundo Geraldi (2004), nesse processo o sujeito é “produto da

cultura e de suas ações sobre ela”, ou seja, é pela interação verbal (oral ou escrita) que o

ser humano se desenvolve, compreende o mundo onde vive, agindo e interagindo com

outro sujeito.

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Nessa percepção, trabalharemos considerando uma teoria dialética do

conhecimento, na qual aluno e professor são seres sociais e o conhecimento objeto

social mediado pelo professor. Dessa forma, é importante instalar no ambiente escolar

uma predisposição em favor da aprendizagem. Para tanto, o professor precisa conhecer

a prática social do aluno, acerca dos conteúdos curriculares e também suas relações

sociais no todo, pois, como postula Gasparin: “Conhecer essas duas dimensões do

conteúdo constitui uma forma básica de criar interesse por uma aprendizagem

significativa do aluno e uma prática docente também significativa” (GASPARIN, 2009,

p.13)

Pensamos que o estudo por meio dos gêneros possibilita a formação

de um cidadão autônomo. É pelo domínio da linguagem e seu poder de uso e análise

crítica que podemos dizer que patamares nossos alunos poderão atingir e que níveis de

estruturas e sistemas postos poderão quebrar e vencer, buscando sua verdadeira

identidade de contribuintes culturalmente situados e socialmente reconhecidos.

A situação ganha mais destaque ainda, quando numa tentativa também

positiva, temos esse arcabouço teórico transposto didaticamente ao Plano de Trabalho

Docente, o qual doravante especificaremos.

Considerando o gênero fruto histórico social, no qual percebemos a

carga valorativa de cada enunciador, acreditamos que a teoria proposta venha se efetivar

na prática de sala de aula com uma didática calcada na perspectiva histórico-crítica

delineada por Saviani e transposta por Gasparin no Plano de Trabalho Docente.

Segundo Saviani (2010):

Essa pedagogia é tributária da concepção dialética, especificamente na

versão do materialismo histórico, tendo fortes afinidades, no que se

refere às suas bases psicológicas, com a psicologia histórico-cultural

desenvolvida pela “Escola de Vigotski”. A educação é entendida como

o ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada indivíduo

singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo

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conjunto dos homens. Em outros termos, isso significa que a educação é

entendida como mediação no seio da prática social global. A prática

social se põe, portanto, como o ponto de partida e o ponto de chegada

da prática educativa. Daí decorre um método pedagógico que parte da

prática social onde professor e aluno se encontram igualmente inseridos,

ocupando, porém, posições distintas, condição para que travem uma

relação fecunda na compreensão e encaminhamento da solução dos

problemas postos pela prática social, cabendo aos momentos

intermediários do método identificar as questões suscitadas pela prática

social (problematização), dispor os instrumentos teóricos e práticos para

a sua compreensão e solução (instrumentação) e viabilizar sua

incorporação como elementos integrantes da própria vida dos alunos

(catarse). (Saviani, 2010)

De acordo com Gasparin (2009), essas ações pedagógicas se dão

de forma conjunta e numa dinâmica de entrecruzamento, garantindo uma

contextualização no desenvolvimento dos conteúdos, e, tendo sempre o professor como

mediador desse processo.

Uma vez que essa epistemologia permeará todo o processo de

desenvolvimento desse trabalho, ampliaremos alguns pontos fundamentais para

compreensão e sucesso da implementação da proposta.

4.2 Estrutura De Uma Didática Para A Pedagogia Histórico-Crítica.

Em vista do nosso intento pedagógico é necessário que explicitemos

passo a passo a didática que implementará nossa ação. Com base em Gasparin (2009), é

o professor que tem os saberes instituídos cientificamente e deve garantir ao aluno o

direito e acesso a eles. Uma vez que sua mediação se faz por meio da

palavra/linguagem, o docente, partindo do senso comum do sujeito/aluno, o encaminha

num processo didático-pedagógico à aquisição de tais saberes.

Assim,

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o conhecimento se origina na prática social dos homens e nos

processos de transformação da natureza por eles forjados. (...)

Agindo sobre a realidade os homens a modificam, mas numa

relação dialética, esta prática produz efeitos sobre os homens,

mudando tanto seu pensamento, como sua prática. (CORAZZA

apud GASPARIN, 2009, p. 4)

A prática social inicial configura-se no primeiro passo desse

processo. Nele evidencia-se o que tanto alunos quanto professor “dominam” sobre o

novo conteúdo a se vislumbrar. O conhecimento, fruto da ação humana sobre a

realidade material, se dá em todos os aspectos de sua existência: cultural, social,

artística, etc. Isto porque “(...) o patrimônio social e cultural, representado pelos

instrumentos de produção, pelas forças produtivas, pela linguagem, pelas instituições,

pelo pensamento” (idem, ibidem), possui peculiaridades tendo em vista época, lugar e

espaço em que se produziram, ou seja, é sempre contextualizado, sendo as intenções e

necessidades humanas seus vetores.

Nesse sentido, o conhecimento como trabalho humano num dado

momento histórico está sujeito a um processo que Corazza (apud Gasparin, 2009)

entende como síncrese, análise e síntese.

Fazendo uma ligação da teoria dialética com a metodologia de ensino-

aprendizagem, Saviani (1999), assinala:

(...) o movimento que vai da síncrese („visão caótica do mundo‟)

à síntese („uma rica totalidade de determinações e de relações

numerosas‟) pela mediação da análise („as abstrações e

determinações mais simples‟) constitui uma orientação segura

tanto para o processo de descoberta de novos conhecimentos (o

método científico) como para o processo de transmissão-

assimilição de conhecimentos (o método de ensino) (SAVIANI,

1999, p. 83).

E Corazza (apud Gasparin, 2009) corrobora e completa:

Se a teoria dialética do conhecimento afirma que: 1º) o processo

de conhecimento tem como ponto de partida a prática social; 2º

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a teoria está em função do conhecimento da prática social e

serve como guia para ações transformadoras e 3º) a prática

social é o critério de verdade e o fim último de todo o processo

cognitivo, a concepção metodológica dialética adota o mesmo

paradigma, qual seja – 1º) partir da prática; 2º) teorizar sobre ela

e 3º) voltar á prática para transformá-la (CORAZZA, apud

GASPARIN, 2009, p. 6).

O segundo passo deste processo é teorizar a prática social. Nesse

momento, o foco centra-se em questionamentos acerca do cotidiano iminente e de longo

prazo do grupo (docente e discentes) os quais lhes subsidiarão teoricamente de maneira

a entender a realidade circundante.

Assim, Corazza (apud Gasparin) aponta: “(...) teorizar sobre a prática

implica em ir além das aparências imediatas, já que os sujeitos refletem, discutem e

estudam criticamente o tema problematizado, buscando a essência dos fenômenos

anteriormente percebidos” (CORAZZA, apud GASPARIN, 2009, p.6)

Vemos, dessa forma, que por meio do processo de abstração o aluno

se torna capaz de fazer os elos internos do conteúdo com a realidade global, transpondo

o conhecimento empírico ao conhecimento científico “desvelando os elementos

essenciais da prática imediata do conteúdo e situando-o no contexto da totalidade

social” (GASPARIN, 2009, p. 6). A teorização facilita o alcance dos conceitos

científicos, anteriormente residido no senso comum, possibilitando o e entendimento da

realidade em todas as suas dimensões. Ela é essencial para a apropriação crítica dessa

realidade, haja vista que por esse processo se supera o senso comum.

O terceiro passo nessa metodologia refere-se à volta à pratica com o

intuito de mudanças, transformação. Após a experiência de teorização, o aluno em

melhores condições pode posicionar-se diferentemente a tal prática, porque seu

entendimento dela não é mais o mesmo. Dessa forma, sua ação refletida nos novos

conhecimentos adquiridos levará a mudança da realidade. “Logo, o conhecimento

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teórico perde seu caráter de ser apenas „uma compreensão do que acontece‟, para se

tornar „um guia para a ação‟” (GASPARIN, 2009, p. 8).

Nas estratégias de ação veremos mais detalhadamente cada passo,

vislumbrando mais uma possibilidade de trabalho em sala de aula, que acreditamos ser

bastante significativos para os sujeitos do processo ensino-aprendizagem.

5 OS GÊNEROS DISCURSIVOS E A REFACÇÃO TEXTUAL A PARTIR DO

GÊNERO FÁBULA

Para compreender o funcionamento da linguagem não basta conhecer

as unidades menores da língua tais como: letras, sílabas, palavras, frases, pois para

interagirmos plenamente no universo letrado, precisamos dominar mais do que o

código, conforme Bakhtin postula:

Falamos apenas através de determinados gêneros do discurso,

isto é, todos os nossos enunciados possuem formas

relativamente estáveis e típicas de construção do todo. (...) Em

termos práticos, nós os empregamos de forma segura e

habilidosa, mas em termos teóricos podemos desconhecer

inteiramente a sua existência. (...) Até mesmo no bate-papo

mais descontraído e livre nós moldamos o nosso discurso por

determinadas formas de gênero, às vezes padronizadas e

estereotipadas, às vezes mais flexíveis, plásticas e criativas

(a comunicação cotidiana também dispõe de gêneros criativos)

(Bakhtin, 2003, p.282).

Entendendo a linguagem em seu processo dialético, resultado de um

trabalho coletivo e, consequentemente, social e histórico “como uma ação orientada

para uma finalidade específica, um processo de interlocução que se realiza nas práticas

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sociais existentes nos diferentes grupos de uma sociedade, nos distintos momentos de

sua história”. Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998, p. 20), a língua

evidencia-se pela necessidade humana de comunicação.

A língua revela-se em sua concretude – visível na ação entre um

enunciatário de textos situados num tempo e num espaço históricos - portanto, “o

emprego da língua efetua-se em forma de enunciados (orais e escritos) concretos e

únicos, proferidos pelos integrantes desse ou daquele campo da atividade humana”.

(BAKHTIN, 2003, p. 261).

Ao pensar o ensino voltado para a prática social, acredita-se que o

melhor caminho seja via gêneros discursivos, que são enunciados relativamente estáveis

circulados nas diferentes áreas de atividade humana, ou seja, formas de textos criados

pela sociedade, que funcionam como mediadores entre o enunciador e o enunciatário.

Para Bakhtin (2003), há três aspectos que caracterizam o gênero: o

conteúdo temático, isto é, aquilo que pode ser dizível num gênero (os assuntos, os temas

típicos); o estilo, ou seja, a escolha dos recursos linguístico-expressivos do gênero e a

construção composicional, ou formas de organização textual. Consoante Bakhtin, esses

três elementos “estão indissoluvelmente ligados no todo do enunciado e são igualmente

determinados pela especificidade de um determinado campo da comunicação” (esfera

de atividade humana) (BAKHTIN, 2003, p. 262). Aspectos estes também

intrinsecamente associados às condições de produção: quem fala para quem fala; com

que finalidade; em que época, em que local e suporte.

Tendo claro que os diferentes discursos produzidos materializam-se

linguisticamente por meio dos gêneros (orais e escritos) e, pensando num ensino

significativo, as aulas precisam ser planejadas, considerando gênero discursivo como

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objeto de ensino. Assim, busca-se propiciar ao aluno o trabalho com a maior variedade

possível de gêneros, respeitando seu nível atual de desenvolvimento como nos propõe

Vigotsky (apud Gasparin, 2009), garantindo o alcance dos objetivos proposto para o

ensino aprendizagem, ou seja, que o aluno atinja um novo nível de desenvolvimento

atual.

Entendendo que não há outra forma de se chegar ao uso social da

língua se não pela abordagem do texto (em nosso caso específico, por meio de gêneros

discursivos, como eixo de articulação e progressão curricular). E, em se tratando de

produção, para que o aluno se aproprie da linguagem em diferentes situações, é

necessário intervir em seu texto com o objetivo de aproximá-lo da escrita necessária a

tais situações. Entre inúmeros gêneros discursivos existentes, optamos pela abordagem

do gênero fábula, pois, além do já exposto, esse gênero é um instrumento de

aprendizado sobre vários aspectos, de acordo com Fernandes

A concisão do enredo, as várias informações contidas em poucas

orações, a combinação dos discursos diretos, indiretos e misto:

todos os atributos desse tipo de texto colocam o aluno diante do

desafio de apropriar-se de novos recursos de leitura e escrita. A

ele caberá estabelecer a relação (alegórica) entre os animais e a

vida humana, bem como compreender o jogo entre a intenção do

fabulista, a história e a moral da história com a situação em que

a fábula é contada. (FERNANDES, 2001, p.10 - anexo)

Para realizar o trabalho com o gênero fábula, faz-se necessário que o

professor apresente na análise alguns textos com a turma: seu contexto de produção

(autor, época, local, suporte, em que o texto foi escrito, finalidade, destinatário, etc.), o

conteúdo temático veiculado e suas marcas linguístico-enunciativas. E, posteriormente,

peça uma produção para a mesma.

Realizada esta etapa o docente intervém nesses textos, fazendo as

anotações necessárias (via observações e ou bilhetes orientadores) e os devolve aos

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alunos, para que mediação seja avaliada e as produções refeitas.

Serafini (apud Porto 2008, p. 47) aponta três tendências que

comumente são adotadas pelos docentes para correção de textos:

Correção indicativa: onde se aponta apenas os erros ortográficos e lexicais.

Correção resolutiva: onde o professor corrige os erros, períodos e reescreve o

texto de acordo com suas próprias ideias.

Correção classificatória: onde o professor identifica o erro e sugere que o aluno

mesmo corrija.

Mas de acordo com Ruiz (2003) essas tendências não conseguem

resolver todos os problemas que são encontrados nas produções de textos dos alunos e,

por isso, ela elabora mais uma tendência: a correção textual-interativa

Trata-se de comentários mais longos do que os que se fazem na

margem, razão pela qual são geralmente escritos em sequência

ao texto do aluno. Tais comentários realizam-se na forma de

bilhetes (...) esses bilhetes em geral, têm duas funções básicas:

falar acerca da tarefa de revisão pelo aluno (ou, mais

especificamente, sobre os problemas do texto), ou falar,

metadiscursivamente, acerca da própria tarefa de correção pelo

professor. (Ruiz, 2003, p.63)

Nesse sentido, utilizar-se-á a correção textual-interativa por considerar que ela

pode contribuir para um maior aprendizado do aluno no processo da produção de texto

de forma a levá-lo a entender melhor o funcionamento e as práticas da língua

portuguesa.

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5.1 Contexto Histórico Do Gênero Fábula

Pelas pesquisas existentes a fábula é percebida na tradição oral de

todos os períodos históricos. Considerando a necessidade de interação entre falantes, a

contação de histórias por meio da fábula tornou-se uma prática constante na tradição da

cultura popular, o que revela a capacidade criativa e a preocupação pedagógica do

homem. A expressão “moral da história”, tão ouvida em nosso cotidiano evidencia o

velho hábito de querer buscar uma explicação ou uma lição prática para a vida. Isso nos

foi herdado da tradição das fábulas.

Nesses termos, a etimologia da palavra fábula vem reforçar tais

evidências: do latim fabularis, e (falso, fabuloso; mitológico), e fabula, ae (assunto

duma conversa, conversação) (CUNHA 1989; PORTO, 2001, p. 130), o que vem

confirmar o caráter primeiro da realização da fábula – a oralidade, segundo Bagno

(2006).

Confirmamos o valor das fábulas pela transposição de sua parte

argumentativa (a moral) para os provérbios, ainda que as pessoas não conheçam sua

origem como exemplifica Bagno (2006): “quem desdenha quer comprar‟ (...) é a moral

da fábula da raposa que, vendo uvas muito bonitas, mas fora de seu alcance, acaba

desistindo de apanhá-las, alegando que elas estavam verdes”. (BAGNO, 2006, p. 51)

Há estudos da presença desse gênero nos livros sagrados dos brâmanes

com objetivo de aconselhamentos. Além desse registro, encontramos na história das

fábulas o trabalho do romano Fedro (15 a.C. – 50 d. C.), admirador e imitador do grego

Esopo, um dos mais famosos fabulistas de todos os tempos. Esse teve sua criação “oral”

imortalizada.

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O fabulário de Esopo teve recriações em outras épocas, como já na

modernidade, na França, pelas mãos de La Fontaine (1621 – 1695).

Tão apreciada pelos brasileiros a fábula é hoje revisitada por muitos

autores como Jô Soares e Millôr Fernandes, mas foi em Monteiro Lobato (1882 – 1948)

com seu projeto para literatura infantil que tal gênero figurou pela primeira vez no

cenário nacional.

5.2 Estrutura Composicional da Fábula

O gênero fábula pertencente à ordem do narrar, situada nas esferas

literária e escolar, de acordo com Barbosa (2003), é um gênero curto, geralmente

composto por um ou dois acontecimentos, facilitando o entendimento de quem os lê.

Apresenta sempre um princípio moral, político ou ético (transmite mensagem,

ensinamento), exercendo importante papel educativo.

Em se tratando do contexto histórico “todas as histórias são

produzidas de acordo com o que as pessoas de uma determinada época pensam sobre a

sua sociedade, sobre o mundo e sobre o modo como vivem”. (FERNANDES, 2001, p.19)

O autor faz uso da fábula para atingir seu objetivo ideológico. Sendo

um gênero figurativo, seus personagens (animais, plantas) não são descritos com

detalhes, uma vez que por meio deles identificamos tipos e/ou características humanas.

O tempo e o espaço não costumam ser marcados neste tipo de

narrativa, por não ser um dado relevante para o desenrolar dos fatos e, também, é uma

maneira de manter a mensagem atualizada com o passar do tempo. O que importa neste

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tipo de gênero é prender a atenção do leitor e transmitir o conhecimento. O suspense e a

expectativa começam desde a leitura do título. Quando se coloca um título com o nome

de algum animal, não tem como saber do que vai se tratar a história, portanto, o leitor é

guiado pela curiosidade a ler todo o texto para descobrir do que se trata.

Por ser uma grande alegoria, uma marca presente na fábula é o uso da

comparação. O autor faz uso dela para atingir seu objetivo ideológico. Se a fábula é

num primeiro plano história de animais, por meio da comparação / metáfora se evoca o

comportamento.

Situada nas esferas literária e escolar a fábula é um gênero com

predominância de sequência narrativa, nas quais estão presentes os verbos de ação.

Costuma ser uma história breve, com um trabalho de seleção

vocabular e arranjos lingüísticos que garantem uma construção de sentido ao alcance de

seu leitor preferencial.

Muito utilizada no trabalho com criança sua ordenação temporal é

feita numa sucessão cronológica, às vezes, não linear. Seu aspecto narrativo evidência

os verbos do mundo narrado (exceto na parte final: a moral que se caracteriza pela

argumentação), pode apresentar-se tanto em 1a. como em 2ª. pessoa, além do discurso

direto ou indireto com pontuação característica e pronomes oblíquos.

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6 ESTRATÉGIAS DE AÇÃO

Para realizar a pesquisa aqui exposta, utilizar-se-á o método de

investigação científica pesquisa-ação pertencente à etnografia (diagnóstico e

intervenção).

Desse modo, empregam-se inicialmente os seguintes procedimentos:

selecionar o corpus fábulas ; realizar a contextualização dos textos e autores; explorar

atividades concernentes à leitura e à análise lingüística, em função do contexto de

produção aos textos selecionados.

Após esta etapa os alunos produzirão seus textos e depois se dará a

refacção textual, onde o professor fará observações em problemas simples, como

ortografia, pontuação, por meio de códigos de correção que será estabelecido entre

professor e alunos além de observações pós-textos (“bilhetes”, Ruiz, 2003) atentando

para os problemas mais complexos como a sintaxe e a morfologia.

Num segundo momento, ainda usando os mecanismos do método

etnográfico, apresentam-se as seguintes etapas: organizar as fábulas escolhidas e

elaborar um Plano de Trabalho Docente (PTD) de forma progressiva e sistemática para

o ensino; implementar em uma turma de ensino fundamental as atividades previstas no

PTD; reconsiderar os pontos considerados dissonantes com a perspectiva teórico-

metodológica e de linguagem apresentadas inicialmente por nosso projeto; utilizar-se do

registro de diário de pesquisa; relatar e refletir sobre os resultados obtidos com a

experiência num artigo científico, finalizando o programa ao qual este projeto está

vinculado.

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7 CRONOGRAMA DO PROJETO

Para 2009:

Descrição das atividades

Maio

Junho

Julho

Agosto

Setem-

bro

Outu-

bro

Novem-

bro

Dezem-

bro

Aula Inaugural X

Seminário Integrador X

Formação Tecnológica

Presencial e à Distância X X X X

Levantamento bibliográfico X X X X

Estudos teóricos orientados X X X X X

Encontros de Orientação X X X X X

Curso Geral I / Curso Geral II X X

Curso de Inserção-Semana da

Educação /CELLIP X X

Curso Específico I X

Seminário Temático I X

Encontro de Área I X

Organização e ajustes teórico-

metodológico do Projeto X X X

Início da formulação textual do

Projeto X

Para 2010: Primeiro semestre

Descrição das atividades

Fevereiro

2010

Março

2010

Abril

2010

Maio

2010

Junho

2010

Reformulação textual do projeto X

Análise interpretativa e comparativa do

corpus para elaboração de material didático X X

Elaboração de material didático X X

Reformulação do material didático X

Reformulação do material didático X

Para 2010: Segundo semestre

Descrição das atividades

Agosto

2010

Setembro

2010

Outubro

2010

Novembro

2010

Dezembro

2010

Implementação do projeto na escola X

Implementação do projeto na escola X

Implementação do projeto na escola X

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Implementação do projeto na escola X

Implementação do projeto na escola X

Para 2011:

Descrição das atividades

Fevereiro

2011

Março

2011

Abril

2011

Maio

2011

Diagnóstico e avaliação da implementação X

Estudos teóricos complementares X

Redação e entrega do artigo final X X

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REFERÊNCIAS

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2003.

BAGNO, M. Fabulas fabulosas In: BRASIL. Práticas de Leitura e Escrita. Brasília:

MEC, 2006.

BAKHTIN, M. Estética da Criação Verbal. 4ª ed. Trad. Paulo Bezerra. São Paulo:

Martins Fontes, 2003.

BARBOSA, J. P. Receita. São Paulo: FTD, 2003. (Coleção trabalhando com os gêneros

do discurso; instruir. Cood. Geral: J.P.Barbosa).

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua portuguesa: terceiro e quarto

ciclos do ensino fundamental. Brasília, DF, 1998.

CUNHA, A. G. Dicionário Etimológico. Nova Fronteira da Língua Portuguesa. Rio de

Janeiro: Nova Fronteira, 1989.

FERNANDES, M. T. O. S. Fábula. Trabalhando com os gêneros do discurso. São

Paulo: FTD, 2001.

GASPARIN, J. L. Uma Didática para a Pedagogia Histórico-Crítica. 5ed. Rev.

Campinas, SP: Autores Associados, 2009.

GERALDI, J. W. (ORG.) O texto na sala de aula. 3ª Ed. 9ª impressão. São Paulo:

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PARANÁ. Secretaria de Educação do Estado. Diretrizes Curriculares do Paraná.

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PERFEITO, A. M. Concepções de Linguagem: teorias subjacentes e ensino de língua

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Formação de professores. EAD. Nº18. Ritter, L.C.R e Santos, A.R.(Orgs.). Maringá:

EDUEM, 2005.

PORTO Editora. Dicionário Essencial de Latim-Português e Português-Latim. Porto:

Porto Editora Ltda, 2001.

PORTO, Idelma. Análise Linguística, via refacção textual: no contexto dos gêneros

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ROJO R.Gêneros do Discurso e Gêneros Textuais: questões teóricas e aplicativas. In:

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RUIZ, Eliana Maria Severino Donaio. Como se corrige redação na escola. Campinas,

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SAVIANI, D. Escola e Democracia. 32. Ed. Campinas : Autores associados, 1999.

SAVIANI, D. Pedagogia histórico-crítica - Verbete. Disponível em

http://www.histedbr.fae.unicamp.br/navegando/glossario/verb_c_pedagogia_historico.ht

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TRAVAGLIA, L. C. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática

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