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Setembro de 2008
COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS ANALÍTICOS E EXPERIMENTAIS
DA ESTRUTURA SPEAR
BASEADA EM ANÁLISES DINÂMICAS NÃO LINEARES
MIGUEL VITAL MORGADO LEAL MIMOSO
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em
ENGENHARIA CIVIL
Júri
Presidente: Professor Doutor Pedro Guilherme Sampaio Viola Parreira
Orientador: Professora Doutora Rita Maria do Pranto Nogueira Leite Pereira Bento
Co-Orientador: Professor Doutor Rui Jorge Silva Moura Pinho
Vogal: Professor Doutor Carlos Alberto Ferreira de Sousa Oliveira
Setembro de 2008
i
RESUMO
Um dos objectivos primordiais da Engenharia Sísmica na actualidade consiste na avaliação
sísmica de estruturas existentes, nomeadamente aquelas que não foram dotadas de
dimensionamento sísmico específico. Geralmente, estas estruturas possuem deficiências
estruturais que afectam negativamente o seu comportamento em caso de ocorrência de um sismo
de intensidade significativa, sendo importante tomar medidas de reabilitação estrutural para
salvaguardar a vida humana e este tipo de construções.
A previsão da resposta das estruturas sob a acção de um sismo tem sido estimada nos últimos
anos através de métodos expeditos, nomeadamente as análises dinâmicas lineares, cuja
aproximação à realidade depende fundamentalmente do espectro de resposta utilizado e do valor
do coeficiente de comportamento adoptado para a estrutura. No entanto, apesar do
dimensionamento estrutural poder ser efectuado com base nestas análises, tem-se revelado
importante, no âmbito das estruturas existentes e das estruturas irregulares, desenvolver métodos
mais exactos e que descrevam melhor a verdadeira resposta das estruturas, principalmente
quando estas entram em regime não linear durante sismos de grande intensidade.
Para estas situações, têm sido desenvolvidos diferentes tipos de análises não lineares,
nomeadamente as análises estáticas não lineares (pushover) e as análises dinâmicas não lineares
(dynamic time-history analysis), que têm a capacidade de considerar adequadamente o
comportamento fisicamente não linear da estrutura.
Nesta dissertação, as análises dinâmicas não lineares foram aplicadas a um modelo reduzido da
estrutura SPEAR, com o intuito de comparar os resultados analíticos com os resultados
experimentais obtidos na mesa sísmica do LNEC, durante um programa experimental realizado no
âmbito do projecto europeu SPEAR.
O programa utilizado para a realização das análises dinâmicas não lineares foi o SeismoStruct,
cujo principal recurso é a capacidade de considerar a propagação do comportamento fisicamente
não linear da estrutura através de um modelo de fibras.
Palavras-Chave: Estrutura SPEAR, Avaliação Sísmica, Análises Dinâmicas Não Lineares,
Semelhança.
ii
iii
ABSTRACT
One of the main objectives of the current Earthquake Engineering is the seismic assessment of
existing structures, particularly those that were designed without seismic concerns. Generally, this
type of structures has structural deficiencies that affect negatively its behaviour under a seismic
action of significant intensity. Thus, it would be ideal to retrofit the existing buildings to the level of
seismic resistance required by modern design codes, aiming to upgrade them and substantially
improve life safety.
The prediction of the structural response during an earthquake has been estimated during the last
years using linear dynamic analysis, with their proximity to the reality depending on the adopted
response spectrum and the assumed values for the behaviour factors of the structure. Although the
structural design can be performed with this type of analysis, it is known to be important, for the
assessment of existing structures and irregular structures, to develop more accurate procedures,
which can better describe the real response of the structures, mainly when they behave nonlinearly
during strong ground motions.
For these situations, different types of nonlinear analyses have been developed, namely the
nonlinear static analysis (well-known pushover analysis) and the dynamic time-history analysis,
which can take into account the nonlinear behaviour of the structure.
In this dissertation, the nonlinear dynamic analyses were applied to a reduced scale specimen of
the SPEAR building, with the objective of comparing the analytical results with the experimental
results obtained in LNEC shake table, within the European project SPEAR.
The software used to perform the nonlinear dynamic analyses was SeismoStruct. In this program,
the spread of inelasticity along the structure is considered through the employment of a fibre
modelling approach.
Keywords: SPEAR Building, Seismic Assessment, Nonlinear Dynamic Analysis, Similitude.
iv
v
AGRADECIMENTOS
Antes de mais gostaria de deixar uma palavra aos meus Colegas de curso, que ao longo de 5
anos me acompanharam neste trajecto, e que ao partilhar comigo as suas ideias, experiências,
opiniões e dificuldades, contribuíram fortemente para o meu desenvolvimento pessoal e
intelectual.
Um agradecimento à equipa do LNEC pela informação e ajuda prestadas, nomeadamente à Dr.ª
Ema Coelho, Dr. Alfredo Campos Costa, Eng.º Luís Mendes e Eng.ª Maria João Falcão.
Uma grande palavra de apreço ao Eng.º Carlos Bhatt, pela constante disponibilidade e pela
preciosa ajuda que me deu, relativa ao funcionamento do programa SeismoStruct.
Os meus mais sinceros agradecimentos ao meu co-orientador Prof. Dr. Rui Pinho e em especial à
minha orientadora Prof. Dr.ª Rita Bento, pela ajuda que sempre me dedicou e pelo empenho no
esclarecimento das inúmeras dúvidas que permitiram a conclusão deste trabalho.
Aos meus Amigos e Familiares, pela sua constante presença, amizade e companheirismo.
À minha irmã Joana, pela simpatia e amizade.
O último e maior agradecimento fica para os meus Pais, pelo apoio e amizade que me transmitem
diariamente, e pelo esforço que sempre dedicam para ajudar os filhos.
vi
vii
ÍNDICE GERAL
RESUMO ................................................................................................................................................ I
ABSTRACT ............................................................................................................................................ III
AGRADECIMENTOS ................................................................................................................................. V
ÍNDICE GERAL ..................................................................................................................................... VII
ÍNDICE DE FIGURAS ............................................................................................................................... XI
ÍNDICE DE TABELAS.............................................................................................................................. XV
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1
1.1. ENQUADRAMENTO DO TRABALHO E OBJECTIVOS ........................................................................ 1
1.2. ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO ............................................................................................... 3
2. LEIS DE SEMELHANÇA ..................................................................................................... 5
2.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS .......................................................................................................... 5
2.2. TEORIA DA SEMELHANÇA........................................................................................................... 5
2.3. GRANDEZAS FUNDAMENTAIS E DEPENDENTES ........................................................................... 9
2.4. FACTORES DE ESCALA ............................................................................................................12
3. ANÁLISES NÃO LINEARES ............................................................................................. 17
3.1. INTRODUÇÃO ..........................................................................................................................17
3.2. COMPORTAMENTO FISICAMENTE NÃO LINEAR ..........................................................................18
3.3. MODELOS DE COMPORTAMENTO DE ELEMENTOS ESTRUTURAIS EM BETÃO ARMADO .................21
3.4. TIPOS DE MODELOS DE ELEMENTOS ESTRUTURAIS ..................................................................21
3.5. COMPORTAMENTO HISTERÉTICO DOS MATERIAIS .....................................................................23
3.5.1. COMPORTAMENTO DO AÇO ..............................................................................................24
3.5.2. COMPORTAMENTO DO BETÃO ..........................................................................................26
3.6. EQUAÇÕES DE EQUILÍBRIO DINÂMICO – MÉTODO DE INTEGRAÇÃO DIRECTA ..............................30
3.6.1. MÉTODO DAS DIFERENÇAS CENTRAIS ..............................................................................32
3.6.2. MÉTODO DE WILSON-Θ ....................................................................................................33
3.6.3. MÉTODO DE NEWMARK ....................................................................................................35
3.6.4. INTERVALO DE INTEGRAÇÃO - ∆T ......................................................................................35
4. CASO DE ESTUDO – EDIFÍCIO SPEAR ........................................................................... 37
4.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS ........................................................................................................37
4.2. DESCRIÇÃO DA ESTRUTURA ....................................................................................................38
viii
4.3. CARACTERÍSTICAS GEOMÉTRICAS DO MODELO E DIMENSIONAMENTO ...................................... 40
4.4. CARREGAMENTO E MASSAS ................................................................................................... 44
4.5. MATERIAIS UTILIZADOS .......................................................................................................... 46
4.5.1. BETÃO ........................................................................................................................... 47
4.5.2. AÇO............................................................................................................................... 49
5. MODELAÇÃO ANALÍTICA DA ESTRUTURA ....................................................................... 53
5.1. PROGRAMA DE CÁLCULO – SEISMOSTRUCT ............................................................................ 53
5.1.1. NÃO LINEARIDADE FÍSICA DOS MATERIAIS ....................................................................... 56
5.1.2. SISTEMAS DE EIXOS GLOBAL E LOCAL ............................................................................. 57
5.1.3. PROCEDIMENTO DE CÁLCULO DA SOLUÇÃO NÃO LINEAR .................................................. 58
5.1.3.1. ALGORITMO ITERATIVO INCREMENTAL ...................................................................... 59
5.1.3.2. AJUSTE AUTOMÁTICO DO INCREMENTO DE CARGA OU PASSO DE INTEGRAÇÃO .......... 59
5.1.3.3. CRITÉRIOS DE CONVERGÊNCIA ................................................................................ 60
5.1.3.4. INSTABILIDADE NUMÉRICA, DIVERGÊNCIA E PREVISÃO DA ITERAÇÃO ......................... 62
5.1.4. INTERFACE DO PROGRAMA ............................................................................................. 63
5.2. TIPOS DE ANÁLISES ................................................................................................................ 64
5.2.1. EIGENVALUE ANALYSIS – ANÁLISE MODAL ....................................................................... 64
5.2.2. STATIC PUSHOVER ANALYSIS – ANÁLISE ESTÁTICA NÃO LINEAR ...................................... 65
5.2.3. DYNAMIC TIME-HISTORY ANALYSIS – ANÁLISE DINÂMICA NÃO LINEAR .............................. 66
5.3. MODELAÇÃO DOS MATERIAIS .................................................................................................. 66
5.3.1. MODELO NÃO LINEAR PARA O BETÃO COM CONFINAMENTO CONSTANTE .......................... 67
5.3.2. MODELO PARA O AÇO DE MENEGOTTO-PINTO ................................................................. 69
5.4. MODELAÇÃO DAS SECÇÕES .................................................................................................... 70
5.4.1. SECÇÃO RECTANGULAR EM BETÃO ARMADO ................................................................... 71
5.4.2. SECÇÃO T EM BETÃO ARMADO ....................................................................................... 72
5.5. MODELAÇÃO DOS ELEMENTOS ESTRUTURAIS .......................................................................... 75
5.5.1. ELEMENTOS DE BARRA INELÁSTICOS – INFRM .................................................................. 75
5.5.2. ELEMENTOS DE BARRA ELÁSTICOS – “ELFRM” ................................................................. 76
5.5.3. ELEMENTOS DE MASSA – “LMASS” ................................................................................... 76
5.6. GEOMETRIA DA ESTRUTURA ................................................................................................... 78
5.6.1. NÓS DA ESTRUTURA ....................................................................................................... 78
5.6.2. LIGAÇÃO ENTRE ELEMENTOS .......................................................................................... 78
5.6.3. CONDIÇÕES DE FRONTEIRA ............................................................................................ 79
5.6.4. COMPORTAMENTO DE DIAFRAGMA RÍGIDO DOS PISOS ..................................................... 79
5.7. CARREGAMENTO APLICADO .................................................................................................... 80
5.7.1. CARGAS PERMANENTES ................................................................................................. 80
5.7.2. CARGAS INCREMENTAIS .................................................................................................. 80
5.7.3. CARGAS DINÂMICAS AO LONGO DO TEMPO ...................................................................... 80
ix
6. PROGRAMA EXPERIMENTAL .......................................................................................... 81
6.1. DESCRIÇÃO DOS ENSAIOS .......................................................................................................81
6.2. CARACTERÍSTICAS DA MESA SÍSMICA ......................................................................................81
6.3. INSTRUMENTAÇÃO DO MODELO ...............................................................................................82
6.4. ACELEROGRAMAS ...................................................................................................................84
6.5. ANÁLISE DOS RESULTADOS EXPERIMENTAIS ............................................................................86
6.5.1. DESLOCAMENTOS E ROTAÇÕES DOS PISOS ......................................................................86
6.5.2. ESFORÇO TRANSVERSO E TORÇÃO ..................................................................................90
6.5.3. DESLOCAMENTOS E ROTAÇÕES INTER-PISOS ...................................................................92
6.5.4. EVOLUÇÃO DAS FREQUÊNCIAS EXPERIMENTAIS ................................................................92
6.5.5. DANOS ESTRUTURAIS OBSERVADOS ................................................................................94
7. ANÁLISE DE RESULTADOS ............................................................................................. 97
7.1. AVALIAÇÃO PRELIMINAR DO MODELO .......................................................................................97
7.1.1. CARACTERÍSTICAS DINÂMICAS DA ESTRUTURA .................................................................97
7.1.2. CURVAS DE CAPACIDADE ...............................................................................................101
7.2. COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS ANALÍTICOS E EXPERIMENTAIS ............................................108
7.2.1. ENSAIO COM ACELERAÇÃO DE PICO A 0,1 g ...................................................................108
7.2.2. ENSAIO COM ACELERAÇÃO DE PICO A 0,2 g ...................................................................124
7.2.3. ENSAIO COM ACELERAÇÃO DE PICO A 0,3 g ...................................................................125
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 129
8.1. CONCLUSÕES .......................................................................................................................129
8.2. AVALIAÇÃO DO TRABALHO REALIZADO E DESENVOLVIMENTOS FUTUROS .................................131
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..........................................................................................................133
ANEXOS ............................................................................................................................................137
x
xi
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 3.1 – Métodos de análise sísmica. ......................................................................................................... 17
Figura 3.2 – Comportamento não linear de um oscilador de um grau de liberdade (adaptado de Bento
e Lopes, 1999). ................................................................................................................................................. 18
Figura 3.3 – Diagramas força-deslocamento para dois osciladores não lineares de um grau de
liberdade, com igual ductilidade mas diferente capacidade de dissipação de energia (adaptado de
Bento e Lopes, 1999). ....................................................................................................................................... 20
Figura 3.4 – Discretização de um elemento de betão armado para um modelo de fibras (Antoniou e
Pinho, 2003)...................................................................................................................................................... 22
Figura 3.5 – Características principais do comportamento histerético do aço (adaptado de Bento,
1996). ................................................................................................................................................................ 25
Figura 3.6 – Modelo de comportamento histerético do aço proposto por Giuffrè-Menegotto-Pinto
(adaptado de Bento, 1996). .............................................................................................................................. 25
Figura 3.7 – Diagrama tensão-extensão do betão sob carregamento monotónico (adaptado de Bento,
1996). ................................................................................................................................................................ 27
Figura 3.8 – Diagrama σc-εc do betão para carregamento cíclico em compressão (adaptado de Bento,
1996). ................................................................................................................................................................ 28
Figura 3.9 – Modelo de Scott, Park e Priestley para a envolvente do betão cintado (adaptado de Bento,
1996). ................................................................................................................................................................ 29
Figura 3.10 – Modelo para a envolvente do betão não cintado (adaptado de Bento, 1996). ............................ 29
Figura 3.11 – Modelo de comportamento histerético do betão proposto por Thompson e Park
(adaptado de Bento, 1996). .............................................................................................................................. 30
Figura 3.12 – Forças de desequilíbrio Qi (adaptado de Bento e Lopes, 1999). ................................................ 31
Figura 4.1 – Vista geral do modelo reduzido da estrutura SPEAR (Coelho et al., 2005). ................................. 39
Figura 4.2 – Planta tipo do modelo reduzido da estrutura SPEAR (m) (Coelho et al., 2005). ........................... 40
Figura 4.3 – Alçado do modelo reduzido da estrutura SPEAR (m) (Coelho et al., 2005).................................. 41
Figura 4.4 – Dimensões e pormenorização das armaduras do pilar P6 (m) (Coelho et al., 2005). ................... 41
Figura 4.5 – Dimensões e pormenorização das armaduras dos pilares P1 a P5 e P7 a P9 (m) (Coelho
et al., 2005). ...................................................................................................................................................... 41
Figura 4.6 – Pormenor das armaduras nos pilares em altura (m) (Coelho et al., 2005). .................................. 42
Figura 4.7 – Pormenor da selagem das armaduras de arranque (m) (Coelho et al., 2005). ............................. 43
Figura 4.8 – Dimensões e pormenorização das armaduras das vigas V1 e V2 (m) (Coelho et al., 2005). ....... 43
Figura 4.9 – Planta de posicionamento das massas adicionais – Piso 1 e Piso 2 (m) (Coelho et al.,
2005). ................................................................................................................................................................ 45
Figura 4.10 – Planta de posicionamento das massas adicionais – Piso 3 (m) (Coelho et al., 2005). ............... 45
Figura 4.11 – Curva granulométrica dos agregados de pequenas dimensões (Coelho et al., 2005). ............... 48
Figura 4.12 – Curva granulométrica da areia média (Coelho et al., 2005). ....................................................... 48
xii
Figura 4.13 – Ensaio de abaixamento do cone de Abrams (Coelho et al., 2005). ............................................ 48
Figura 4.14 – Vibração dos provetes de betão (Coelho et al., 2005)................................................................ 48
Figura 4.15 – Diagrama qualitativo da relação tensão-extensão do aço utilizado no modelo à escala
real de ISPRA (Coelho et al., 2005). ................................................................................................................ 50
Figura 4.16 – Diagrama qualitativo da relação tensão-extensão do aço utilizado nos varões de 3 mm
do modelo reduzido do LNEC (Coelho et al., 2005). ........................................................................................ 50
Figura 4.17 – Diagrama qualitativo da relação tensão-extensão do aço utilizado nos varões de 5 a 10
mm do modelo reduzido do LNEC (Coelho et al., 2005). ................................................................................. 50
Figura 5.1 – Discretização de uma secção de betão armado num modelo de fibras (Antoniou e Pinho,
2003). ............................................................................................................................................................... 56
Figura 5.2 – Localização dos pontos de Gauss num elemento (Massena, 2004). ........................................... 56
Figura 5.3 – Eixos locais dos elementos estruturais (Antoniou e Pinho, 2003). ............................................... 57
Figura 5.4 – Definição dos eixos locais (Antoniou e Pinho, 2003). ................................................................... 58
Figura 5.5 – Interface gráfico do programa SeismoStruct. ............................................................................... 63
Figura 5.6 – Modelo não linear com confinamento constante (Antoniou e Pinho, 2003). ................................. 68
Figura 5.7 – Modelo de Menegotto-Pinto (Antoniou e Pinho, 2003). ................................................................ 70
Figura 5.8 – Secção rectangular em betão armado (Antoniou e Pinho, 2003). ................................................ 72
Figura 5.9 – Largura efectiva das vigas (adaptado de Massena, 2004). .......................................................... 73
Figura 5.10 – Secção T em betão armado (Antoniou e Pinho, 2003). .............................................................. 74
Figura 5.11 – Descontinuidade junto ao pilar P6. ............................................................................................. 76
Figura 5.12 – Definição dos elementos de massa pontuais (Antoniou e Pinho, 2003). .................................... 77
Figura 5.13 – Modelação da descontinuidade do pilar P6 (adaptado de Massena, 2004). .............................. 79
Figura 6.1 – Nave de ensaios e mesa sísmica do LNEC (LNEC, 2006). .......................................................... 82
Figura 6.2 – Localização dos transdutores ópticos para medição dos deslocamentos absolutos
(adaptado de Coelho et al., 2005). ................................................................................................................... 83
Figura 6.3 – Localização dos acelerómetros nos pisos 1, 2 e 3 (adaptado de Coelho et al., 2005). ................ 83
Figura 6.4 – Acelerogramas nas direcções X e Y para a intensidade de 0,1 g (Coelho et al., 2005). .............. 84
Figura 6.5 – Acelerogramas nas direcções X e Y para a intensidade de 0,2 g (Coelho et al., 2005). .............. 85
Figura 6.6 – Acelerogramas nas direcções X e Y para a intensidade de 0,3 g (Coelho et al., 2005). .............. 85
Figura 6.7 – Deslocamentos na direcção X para uma intensidade de 0,1g (Coelho et al., 2005). ................... 86
Figura 6.8 – Deslocamentos na direcção X para uma intensidade de 0,4g (Coelho et al., 2005). ................... 86
Figura 6.9 – Deslocamentos na direcção X para uma intensidade de 1,0g (Coelho et al., 2005). ................... 86
Figura 6.10 – Deslocamentos na direcção Y para uma intensidade de 0,1g (Coelho et al., 2005). ................. 87
Figura 6.11 – Deslocamentos na direcção Y para uma intensidade de 0,4g (Coelho et al., 2005). ................. 87
Figura 6.12 – Deslocamentos na direcção Y para uma intensidade de 1,0g (Coelho et al., 2005). ................. 87
Figura 6.13 – Rotações para uma intensidade de 0,1g (Coelho et al., 2005). .................................................. 88
Figura 6.14 – Rotações para uma intensidade de 1,0g (Coelho et al., 2005). .................................................. 88
xiii
Figura 6.15 – Deslocamentos de pico nos pisos para as duas direcções, ao longo dos ensaios (Coelho
et al., 2005). ...................................................................................................................................................... 89
Figura 6.16 – Corte basal - deslocamento de topo, no ensaio a 0,1 g (Coelho et al., 2005). ........................... 91
Figura 6.17 – Corte basal - deslocamento de topo, no ensaio a 0,4 g (Coelho et al., 2005). ........................... 91
Figura 6.18 – Corte basal - deslocamento de topo, no ensaio a 1,0 g (Coelho et al., 2005). ........................... 91
Figura 6.19 – Evolução das frequências experimentais ao longo dos ensaios. ................................................ 93
Figura 6.20 – Fendilhação e descasque do betão de recobrimento na base do pilar P6 (Coelho et al.,
2005). ................................................................................................................................................................ 94
Figura 6.21 – Fissuração a meia altura do 1ºpiso do pilar P2 (Coelho et al., 2005). ........................................ 94
Figura 6.22 – Deformação longitudinal permanente no pilar P7 (Coelho et al., 2005). ..................................... 95
Figura 6.23 – Concentração de dano no pilar excêntrico P2 (Coelho et al., 2005). .......................................... 95
Figura 6.24 – Medição da deformação transversal permanente no pilar P6 (Coelho et al., 2005).................... 95
Figura 6.25 – Danos no pilar P4 (Coelho et al., 2005). ..................................................................................... 95
Figura 6.26 – Formação do mecanismo de piso na direcção transversal e ausência de armadura de
esforço transverso na zona de ligação viga-pilar (Coelho et al., 2005). ............................................................ 95
Figura 7.1 – Perspectiva do 1º modo de vibração. ........................................................................................... 98
Figura 7.2 – Planta do 1º modo de vibração. .................................................................................................... 98
Figura 7.3 – Perspectiva do 2º modo de vibração. ........................................................................................... 99
Figura 7.4 – Planta do 2º modo de vibração. .................................................................................................... 99
Figura 7.5 – Perspectiva do 3º modo de vibração. ........................................................................................... 99
Figura 7.6 – Planta do 3º modo de vibração. .................................................................................................... 99
Figura 7.7 – Curvas de capacidade do modelo reduzido nas direcções transversal e longitudinal. ............... 102
Figura 7.8 – Curvas de capacidade do modelo do protótipo nas direcções transversal e longitudinal. .......... 102
Figura 7.9 – Comparação entre as curvas de capacidade do modelo reduzido e do protótipo, na
direcção transversal. ....................................................................................................................................... 104
Figura 7.10 – Comparação entre as curvas de capacidade do modelo reduzido e do protótipo, na
direcção longitudinal. ...................................................................................................................................... 104
Figura 7.11 – Curvas de capacidade do modelo reduzido*** alterado, nas direcções transversal e
longitudinal. ..................................................................................................................................................... 106
Figura 7.12 – Comparação entre as curvas de capacidade do modelo reduzido*** alterado e do
protótipo, na direcção transversal. .................................................................................................................. 106
Figura 7.13 – Comparação entre as curvas de capacidade do modelo reduzido*** alterado e do
protótipo, na direcção longitudinal. ................................................................................................................. 107
Figura 7.14 – Deslocamentos do 1ºpiso na direcção X, para o ensaio a 0,1g. ............................................... 109
Figura 7.15 – Deslocamentos do 2ºpiso na direcção X, para o ensaio a 0,1g. ............................................... 109
Figura 7.16 – Deslocamentos do 3ºpiso na direcção X, para o ensaio a 0,1g. ............................................... 109
Figura 7.17 – Deslocamentos do 1ºpiso na direcção Y, para o ensaio a 0,1g. ............................................... 110
xiv
Figura 7.18 – Deslocamentos do 2ºpiso na direcção Y, para o ensaio a 0,1g................................................ 110
Figura 7.19 – Deslocamentos do 3ºpiso na direcção Y, para o ensaio a 0,1g................................................ 110
Figura 7.20 – Resumo dos casos de análise considerados na tentativa de simulação do impulso
aplicado à estrutura. ....................................................................................................................................... 114
Figura 7.21 – Deslocamentos em X do 3ºpiso, para forças de 3,0 kN aplicadas apenas segundo X. ............ 116
Figura 7.22 – Deslocamentos em Y do 3ºpiso, para forças de 3,0 kN aplicadas apenas segundo X. ............ 116
Figura 7.23 – Deslocamentos em X do 3ºpiso, para forças de 3,0 kN aplicadas segundo X e Y. .................. 117
Figura 7.24 – Deslocamentos em Y do 3ºpiso, para forças de 3,0 kN aplicadas segundo X e Y. .................. 117
Figura 7.25 – Deslocamentos em X do 3ºpiso, para forças de 3,0 kN aplicadas apenas segundo X,
com uma rótula localizada na base do pilar P6. ............................................................................................. 118
Figura 7.26 – Deslocamentos em Y do 3ºpiso, para forças de 3,0 kN aplicadas apenas segundo X,
com uma rótula localizada na base do pilar P6. ............................................................................................. 118
Figura 7.27 – Deslocamentos em X do 3ºpiso, para forças de 3,0 kN aplicadas apenas segundo X,
para um amortecimento de 5%....................................................................................................................... 119
Figura 7.28 – Deslocamentos em Y do 3ºpiso, para forças de 3,0 kN aplicadas apenas segundo X,
para um amortecimento de 5%....................................................................................................................... 119
Figura 7.29 – Deslocamentos em X do 3ºpiso, para forças de 1,5 kN, 1,0 kN e 0,5 kN aplicadas nos
pisos 3, 2 e 1, respectivamente, apenas segundo X. ..................................................................................... 120
Figura 7.30 – Deslocamentos em Y do 3ºpiso, para forças de 1,5 kN, 1,0 kN e 0,5 kN aplicadas nos
pisos 3, 2 e 1, respectivamente, apenas segundo X. ..................................................................................... 120
Figura 7.31 – Deslocamentos em X do 3ºpiso, para forças de 4,5 kN aplicadas apenas segundo X. ............ 121
Figura 7.32 – Deslocamentos em Y do 3ºpiso, para forças de 4,5 kN aplicadas apenas segundo X. ............ 121
Figura 7.33 – Deslocamentos em X do 3ºpiso, para forças de 6,0 kN aplicadas apenas segundo X. ............ 122
Figura 7.34 – Deslocamentos em Y do 3ºpiso, para forças de 6,0 kN aplicadas apenas segundo X. ............ 122
Figura 7.35 – Comparação das frequências obtidas através de análises FFT para diferentes situações
estudadas. ...................................................................................................................................................... 123
Figura 7.36 – Diagrama representativo da simulação do 2ºensaio realizado à estrutura, para 0,2 g. ............ 124
Figura 7.37 – Deslocamentos em X do 3ºpiso, durante o ensaio a 0,2 g, para forças iniciais de 3,0 kN
aplicadas apenas segundo X.......................................................................................................................... 124
Figura 7.38 – Deslocamentos em Y do 3ºpiso, durante o ensaio a 0,2 g, para forças iniciais de 3,0 kN
aplicadas apenas segundo X.......................................................................................................................... 125
Figura 7.39 – Deslocamentos em X do 3ºpiso, durante o ensaio a 0,3 g, para forças iniciais de 3,0 kN
aplicadas apenas segundo X.......................................................................................................................... 126
Figura 7.40 – Deslocamentos em Y do 3ºpiso, durante o ensaio a 0,3 g, para forças de 3,0 kN
aplicadas apenas segundo X.......................................................................................................................... 126
Figura 7.41 – Comparação das frequências para os primeiros três ensaios e para o caso de forças de
3,0 kN aplicadas nos nós de topo. .................................................................................................................. 127
xv
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 2.1 – Factores de escala para satisfação das leis de semelhança de Froude e Cauchy. ..................... 16
Tabela 4.1 – Composição do betão C25/30, da classe S4, utilizado nos elementos estruturais (Coelho
et al., 2005). ...................................................................................................................................................... 47
Tabela 4.2 - Resultados dos ensaios de compressão realizados aos provetes (Coelho et al., 2005). ............. 49
Tabela 4.3 – Resultados médios dos testes de tracção aos varões utilizados no modelo à escala real
de ISPRA (adaptado de Coelho et al., 2005). ................................................................................................... 51
Tabela 4.4 – Resultados médios dos testes de tracção aos varões utilizados no modelo reduzido do
LNEC (adaptado de Coelho et al., 2005). ......................................................................................................... 51
Tabela 5.1 – Larguras efectivas das vigas no protótipo e no modelo reduzido. ............................................... 74
Tabela 5.2 – Distribuição das massas pelos nós de ligação viga-pilar nos pisos 1 e 2. ................................... 77
Tabela 5.3 – Distribuição das massas pelos nós de ligação viga-pilar no piso 3. ............................................. 78
Tabela 6.1 – Sequência de ensaios experimentais (adaptado de Coelho et al., 2005). ................................... 81
Tabela 6.2 – Deslocamentos e rotações máximas nos pisos durante os ensaios experimentais
realizados (Coelho et al., 2005). ....................................................................................................................... 89
Tabela 6.3 – Esforço transverso máximo nos pisos durante os ensaios experimentais realizados
(Coelho et al., 2005). ........................................................................................................................................ 90
Tabela 6.4 – Deslocamentos inter-pisos e rotações inter-pisos máximos durante os ensaios
experimentais realizados (Coelho et al., 2005). ................................................................................................ 92
Tabela 7.1 – Características dinâmicas da estrutura. ....................................................................................... 97
Tabela 7.2 – Comparação entre os modos de vibração do protótipo e do modelo reduzido. ......................... 100
Tabela 7.3 – Comparação entre o corte basal máximo e o deslocamento de topo, no modelo reduzido
e no protótipo. ................................................................................................................................................. 103
Tabela 7.4 – Relação entre as armaduras utilizadas no protótipo e no modelo reduzido do LNEC. .............. 105
Tabela 7.5 – Comparação entre o corte basal máximo e o deslocamento de topo, no modelo
reduzido*** alterado e no protótipo. ................................................................................................................ 107
xvi
1
1. INTRODUÇÃO
1.1. ENQUADRAMENTO DO TRABALHO E OBJECTIVOS
As acções sísmicas são um dos fenómenos naturais com consequências mais catastróficas para o
património construído e principalmente para a vida humana, sendo um dos maiores objectivos da
Engenharia Sísmica o conhecimento cada vez mais preciso dos danos resultantes dessas acções
nas estruturas, bem como a sua aplicação na reabilitação de construções antigas e na concepção
futura de edifícios.
O estudo do efeito das acções sísmicas sobre as estruturas vem sendo feito nos últimos anos
através de análises estáticas e dinâmicas lineares, as quais representam métodos expeditos de
dimensionamento, cuja aproximação é bastante aceitável desde que partindo dos pressupostos
correctos. Actualmente, as emergentes normativas europeias, nomeadamente o Eurocódigo 8
(CEN, 2004 b), sugerem a utilização de análises estáticas e dinâmicas não lineares na avaliação
sísmica de estruturas. Estes métodos são adequados para a avaliação do comportamento de
estruturas já existentes, tendo a capacidade de considerar o comportamento fisicamente não
linear das estruturas através da consideração de modelos de plasticidade concentrada ou modelos
de plasticidade distribuída. As relações constitutivas dos materiais aço e betão têm um papel
fundamental na determinação do comportamento estrutural em regime não linear, sendo que nas
análises dinâmicas não lineares é importante modelar correctamente as características cíclicas do
comportamento dos materiais, enquanto nas análises estáticas não lineares apenas é necessária
a correcta definição da envolvente monotónica das relações constitutivas.
Esta dissertação aborda com maior especificidade as análises dinâmicas não lineares, e a sua
capacidade para reproduzir com precisão a resposta estrutural e a distribuição de dano num
edifício, quando sujeito a uma acção sísmica. O software utilizado para realizar as análises
dinâmicas não lineares foi o SeismoStruct (SeismoSoft, 2003).
O caso de estudo apresentado é a estrutura SPEAR, edifício representativo de uma filosofia de
projecto e de uma tipologia estrutural típica na zona Mediterrânica durante as décadas de 50 e 60,
sem dimensionamento sísmico específico, apresentando características que originam um
significativo desequilíbrio da estrutura em termos de torção, e uma fraca resistência às forças
horizontais. Esta estrutura foi concebida por Fardis na Universidade de Patras e tem sido alvo de
diversos estudos, através de diferentes metodologias teóricas e experimentais, no âmbito do
projecto Europeu SPEAR (Seismic Performance Assessment and Rehabilitation of Existing
Buildings).
CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO
2
O estudo apresentado nesta dissertação incide sobre um modelo reduzido desta estrutura,
concebido no Laboratório Nacional de Engenharia Civil, em Lisboa, e que foi ensaiado na
plataforma sísmica aí existente com o intuito de avaliar o seu comportamento estrutural,
comparativamente com o comportamento da estrutura à escala real testada em ISPRA, através de
ensaios pseudo-dinâmicos.
O facto de o ensaio ser realizado a um modelo reduzido da estrutura real tem implicações
importantes ao nível da semelhança entre os modelos, nomeadamente no que diz respeito aos
factores de escala aplicados às grandezas intervenientes no fenómeno ensaiado, e também
relativamente aos condicionalismos existentes respeitantes à execução da estrutura em si.
Os principais objectivos deste trabalho consistem na definição de um modelo analítico da estrutura
ensaiada na plataforma sísmica do LNEC, e da avaliação da sua representatividade face à
estrutura à escala real. Pretende-se assim a realização de análises dinâmicas não lineares que
permitam simular a resposta da estrutura perante as mesmas condições ensaiadas na mesa
sísmica, e comparação dos resultados analíticos com os obtidos experimentalmente.
INTRODUÇÃO CAPÍTULO 1
3
1.2. ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO
A dissertação está organizada em 8 capítulos distintos, sendo a Introdução o primeiro.
No capítulo 2 apresenta-se a Teoria da Semelhança entre modelos estruturais, e a sua
importância na obtenção das relações de semelhança entre as grandezas intervenientes num
dado fenómeno. São também apresentadas as leis de semelhança de Froude e Cauchy, e os
factores de escala resultantes da consideração simultânea dessas leis, para as principais
grandezas intervenientes num estudo realizado numa mesa sísmica.
No capítulo 3 são apresentadas as análises não lineares, com especial ênfase no comportamento
fisicamente não linear das estruturas e em conceitos como a ductilidade e a dissipação de energia
histerética. É feita uma referência aos modelos existentes que permitem idealizar o
comportamento não linear da estrutura, nomeadamente os modelos de fibras. São também
apresentados os modelos mais relevantes para definir o comportamento fisicamente não linear
dos materiais aço e betão, bem como as principais características associadas a esse
comportamento. Por fim, são referidos os principais métodos de resolução das equações de
equilíbrio dinâmico.
O capítulo 4 começa com uma apresentação das principais deficiências verificadas em estruturas
sem dimensionamento sísmico específico. De seguida, é apresentado o modelo reduzido da
estrutura SPEAR que servirá de caso de estudo nesta dissertação, nomeadamente as suas
características geométricas e de dimensionamento, e as condicionantes relativas ao ensaio sobre
um modelo reduzido. Por fim, são também apresentadas as características dos materiais utilizados
na sua construção.
No capítulo 5 são referidas as principais características e recursos do programa SeismoStruct e
são apresentados e explicados os passos e opções mais importantes da modelação analítica da
estrutura.
No capítulo 6 é feita uma apresentação do programa experimental realizado no LNEC, sendo
referidas as características da mesa sísmica, os tipos de instrumentação no modelo e os
acelerogramas aplicados à estrutura. São também apresentados os principais resultados
experimentais obtidos e algumas conclusões gerais relativamente ao comportamento da estrutura
durante os ensaios. Por fim, são apresentadas algumas imagens com os danos observados na
estrutura.
CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO
4
No capítulo 7 são apresentados os resultados obtidos na avaliação preliminar realizada ao modelo
analítico criado no SeismoStruct, para aferir a representatividade do modelo reduzido face ao
protótipo, bem como os factores de escala utilizados para as diferentes grandezas intervenientes
no ensaio. Finalmente, são analisados os principais resultados das análises dinâmicas não
lineares realizadas ao modelo e feitas considerações relativamente a estes, que permitiram
efectuar algumas alterações ao modelo, de modo a tentar aproximar a resposta da estrutura da
resposta obtida no ensaio experimental.
Por último, no capítulo 8, são apresentadas as principais conclusões retiradas das diferentes
análises realizadas durante este trabalho. É também feita uma avaliação geral do trabalho
realizado e são apresentados desenvolvimentos futuros que permitam obter conclusões mais
claras relativamente às razões que justifiquem a resposta estrutural verificada no ensaio.
5
2. LEIS DE SEMELHANÇA
2.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS
Comparando com outras técnicas utilizadas em ensaios de caracterização dinâmica de estruturas,
a metodologia que envolve uma mesa sísmica permite testes dinâmicos reais, os quais são mais
adequados face a outros tipos de ensaios, pela sua maior precisão e exactidão na reprodução da
resposta sísmica das estruturas. No entanto, existem condições que têm de ser garantidas, uma
vez que este tipo de ensaio é normalmente realizado a estruturas concebidas a uma escala
reduzida, devido a questões logísticas e de limitação dos equipamentos. A primeira condição
passa por uma correcta aplicação dos factores de semelhança às grandezas intervenientes no
fenómeno, de modo que a resposta obtida no ensaio realizado à estrutura reduzida possa ser
comparada com a resposta do protótipo. A segunda condição consiste na utilização de materiais
compatíveis com a execução do modelo reduzido. Estas condições introduzem dificuldades
importantes na construção dos modelos reduzidos, para que estes sejam representativos dos
modelos à escala real.
A transposição para o protótipo dos resultados obtidos sobre um modelo reduzido é regida pela
Teoria da Semelhança, que frequentemente se trata em conjunto com a Análise Dimensional
(Quintela, 1981).
2.2. TEORIA DA SEMELHANÇA
Dois sistemas dizem-se fisicamente semelhantes relativamente a um conjunto de grandezas
quando há uma relação constante entre os valores dessas grandezas em pontos homólogos dos
dois sistemas (Fialho, 1969).
No estudo do comportamento mecânico de estruturas, os fenómenos mais importantes são
aqueles que originam uma alteração do estado de tensão e deformação da estrutura, resultantes
de solicitações directas à estrutura por aplicação de forças ou deslocamentos. O estudo destes
fenómenos é realizado, habitualmente, através da análise do comportamento de um sistema
mecânico semelhante, normalmente designado por modelo. Existem diversos tipos de modelos
estruturais, sendo que quando o comportamento mecânico de uma estrutura depende igualmente
de todas as suas dimensões geométricas, têm de ser utilizados modelos homotéticos, ou seja,
modelos não distorcidos em que as características geométricas mais significativas do protótipo
são homoteticamente reproduzidas.
CAPÍTULO 2 LEIS DE SEMELHANÇA
6
A relação de semelhança entre uma dada grandeza Xp que se observa no protótipo e o
correspondente valor Xm que se verifica no ponto homólogo do modelo reduzido é definida pela
seguinte expressão:
p
m
X
Xχ = (2.1)
A Análise Dimensional constitui a formulação mais geral para a obtenção das relações de
semelhança das diversas grandezas envolvidas num dado fenómeno. Como se sabe, uma
grandeza Xi pode ser expressa pela equação (2.2), em que F, L e T representam as grandezas
fundamentais intervenientes no fenómeno e as constantes α, β e γ são expoentes numéricos reais
que, caso sejam todos nulos, traduzem uma grandeza adimensional:
( )iX f F L Tα β γ= (2.2)
O primeiro princípio estabelecido na Análise Dimensional é o princípio da homogeneidade, que
indica que se uma grandeza X1 depender das grandezas X2, X3, …, Xn, a expressão que traduz a
relação de dependência, onde os dois membros da equação têm de ter as mesmas dimensões, é
a seguinte:
( )1 2 3, ,..., nX f X X X= (2.3)
A expressão (2.3) pode também escrever-se sobre a seguinte forma, em que os coeficientes π1,
π2, …, πm são coeficientes adimensionais das grandezas X1, X2, …, Xn:
( )1 2 3, ,..., mfΠ = Π Π Π (2.4)
Assim, a função f (X2, X3, …, Xn) pode reduzir-se à soma de m termos todos com as dimensões de
X1 como obriga o princípio da homogeneidade, bastando dividir ambos os membros pela
dimensão de X1 para se obter a equação (2.4). Se alguns dos coeficientes adimensionais não
forem independentes, ou seja, se puderem ser representados sob a forma de um monómio
contendo uma combinação de potência dos outros coeficientes, pode-se sempre encontrar uma
expressão do tipo da equação (2.4), na qual m é menor que n.
LEIS DE SEMELHANÇA CAPÍTULO 2
7
Considerem-se as p grandezas fundamentais X2, X3, …, Xp+1:
( )1 1 11 1 2 3 1, ,...,x y z
pX X X X += Π (2.5)
( )2 2 2
2 2 2 3 1, ,...,p p px y zp p pX X X X+ + +
+ + += Π (2.6)
…
( )2 3 1, ,...,i i ix y zi i pX X X X += Π (2.7)
…
( )2 3 1, ,...,n n nx y zn n pX X X X += Π (2.8)
Os n-p parâmetros adimensionais são os seguintes:
1 1 1
11
2 3 1. ...x y zp
X
X X X +
Π = (2.9)
2 2 2
22
2 3 1. ...p p p
pp x y z
p
X
X X X+ + +
++
+
Π = (2.10)
…
2 3 1. ...i i i
ii x y z
p
X
X X X +
Π = (2.11)
…
2 3 1. ...n n n
nn x y z
p
X
X X X +
Π = (2.12)
Os expoentes xi, yi, …, zi, determinam-se pela condição de πi ser adimensional, tendo em
consideração as dimensões de Xi e das grandezas X2, X3, …, Xp+1, em relação por exemplo a um
sistema FLT.
Assim, a partir da equação (2.13), obtém-se o sistema de equações (2.14) que permite determinar
os expoentes xi, yi, …, zi:
...i i iiX F L Tα β γ= (2.13)
2 3 1
2 3 1
2 3 1
...
...
...
i i p i i
i i p i i
i i p i i
x y z
x y z
x y z
α α α αβ β β βγ γ γ γ
+
+
+
+ + + =
+ + + =
+ + + = (2.14)
CAPÍTULO 2 LEIS DE SEMELHANÇA
8
A equação (2.3) pode então escrever-se em termos dos coeficientes adimensionais π1, πp+2 e πi
da seguinte forma:
( )1 21...1, ,..., ,...,p i nf +Π = Π Π Π (2.15)
Assim, o número mínimo de coeficientes adimensionais em que é possível exprimir uma função
envolvendo n grandezas é igual a n-p, sendo p o número de grandezas consideradas
fundamentais, tal como diz o enunciado do Teorema de Buckingham, teorema fundamental da
Análise Dimensional que funciona como critério de escolha das relações de semelhança
necessárias e suficientes no estudo de um dado fenómeno sobre um modelo.
Sendo a equação (2.15) aplicável tanto ao protótipo como ao modelo, pode escrever-se o
seguinte:
( )( )
( )( )21
1 2
,..., ,...,
,..., ,...,
ip npp pp
m ip nmp m
f
f
+
+
Π Π ΠΠ=
Π Π Π Π (2.16)
Para que se possa estabelecer a relação de semelhança da equação (2.17) é necessário garantir
a equação (2.18) e, consequentemente, as n-k-1 relações de semelhança entre o modelo e o
protótipo:
1 1p mΠ = Π (2.17)
( )( ) ( )( )2 2,..., ,..., ,..., ,...,ip np im nmp p p mf f+ +Π Π Π = Π Π Π (2.18)
( ) ( )2 2p p p m+ +Π = Π (2.19)
…
ip imΠ = Π (2.20)
…
np nmΠ = Π (2.21)
LEIS DE SEMELHANÇA CAPÍTULO 2
9
2.3. GRANDEZAS FUNDAMENTAIS E DEPENDENTES
No processo de determinação das relações de semelhança entre modelos, é importante analisar
quais as grandezas envolvidas nos fenómenos a estudar através dos modelos estruturais,
distinguindo as fundamentais das dependentes. O conhecimento destas grandezas permite-nos
determinar os coeficientes adimensionais, a partir dos quais se estabelecem as relações de
semelhança.
Os fenómenos que se estudam através do ensaio de modelos estruturais são os que relacionam a
solicitação actuante com o estado de deformação resultante. A formulação da solicitação actuante
pode ser feita em termos das forças Fi, mas também em termos das tensões σij. Se a geometria da
peça que se analisa for caracterizada pela dimensão linear L, a relação adimensional entre as
grandezas σij, Fi, e L em pontos homólogos do protótipo e do modelo, é dada pela seguinte
expressão, em que o factor 1/λ é a escala geométrica do modelo:
( )( )
( )( )
( )( )
2
2
1. .
ij i ip p pm
p i iij m mm
F FLL F F
σχ
λσ
= = =
(2.22)
Relativamente ao estado de deformação, este é caracterizado pelos vectores deslocamento ui ou
pelos tensores de extensão εij, sendo as relações entre estas grandezas apenas geométricas.
Assim, existe a seguinte relação adimensional entre as grandezas εij, ui, e L, verificadas em pontos
homólogos do protótipo e do modelo:
( )( )
( )( )
( )( )
1. .
ij i ip p pm
p i iij m mm
u uLL u u
εψ
λε
= = =
(2.23)
As relações dadas pelas equações (2.22) e (2.23), não exprimem o facto das grandezas σij e εij
serem dependentes. Esta interdependência é definida pela seguinte equação reológica
característica de cada material:
, 0ij ijf σ ε = (2.24)
CAPÍTULO 2 LEIS DE SEMELHANÇA
10
Verificando-se a equação (2.24) no material do protótipo, e sendo χ e ψ as relações de
semelhança das tensões e das extensões definidas pelas equações (2.22) e (2.23), pode-se
escrever a equação (2.25), que significa que o material do modelo deve ter uma equação reológica
que pode ser obtida da correspondente equação para o material do protótipo, pela seguinte
transformação:
( ) ( ), 0ij ijm mf χ σ ψ ε = (2.25)
A curva de tensões-extensões num ensaio realizado ao material do modelo reduzido deve, então,
coincidir com a curva correspondente do material do protótipo, através da seguinte mudança de
escalas:
( ) ( )p ij ij mp mσ σ χ σ χσ= = = (2.26)
( ) ( )p ij ij mp mε ε ψ ε ψε= = = (2.27)
No caso do material do protótipo ser isotrópico e elástico linear, com um módulo de elasticidade Ep
e um coeficiente de Poisson νp, o material do modelo deve também ser isotrópico e elástico linear,
podendo-se deduzir pelas relações anteriores que as constantes Em e νm têm de ter os seguintes
valores:
m pE Eψχ
= (2.28)
m pν ν= (2.29)
Sendo Lp uma dimensão linear genérica no protótipo, o valor Lm dessa dimensão num modelo não
distorcido construído a uma escala geométrica de 1/λ é o seguinte:
p
m
LL
λ= (2.30)
Desta relação obtém-se o resultado já apresentado para a relação adimensional entre as tensões:
2
1p p
m m
F
F
σχ
σ λ= = × (2.31)
LEIS DE SEMELHANÇA CAPÍTULO 2
11
Se o modelo e o protótipo forem construídos com um material elástico em que νm é igual a νp, tem-
se as seguintes relações adimensionais para as deformações e deslocamentos, deduzidas das
equações (2.28), (2.31) e (2.23):
2
1p p m
m m p
F EF E
εψ
ε λ= = × × (2.32)
1p p m
m m p
u F Eu F E
µλ
= = × × (2.33)
Pode-se, também, determinar a relação entre o peso próprio no protótipo e no modelo, que é dada
pela seguinte relação, na qual γ é o peso volúmico:
3
33
p p p p
m mm m
F L
F L
γ γλ
γγ= = (2.34)
Com este resultado, obtêm-se as seguintes relações de semelhança para as tensões (σ),
deformações (ε) e deslocamentos (u):
32
1p p p
m m m
σ γ γχ λ λ
σ γ γλ= = × = (2.35)
32
1p p pm m
m m p m p
E EE E
ε γ γψ λ λ
ε γ γλ= = × × = × (2.36)
3 21p p pm m
m m p m p
u E Eu E E
γ γµ λ λ
γ λ γ= = × × = × (2.37)
CAPÍTULO 2 LEIS DE SEMELHANÇA
12
2.4. FACTORES DE ESCALA
Na construção de um modelo reduzido destinado a servir de objecto de ensaio laboratorial do seu
comportamento estrutural, o problema começa pela definição da escala de redução do protótipo e
pela escolha do material em que se vai construir o modelo. A escolha da escala está intimamente
ligada com a natureza do ensaio e os constrangimentos existentes relativos à capacidade e
dimensão dos equipamentos. Relativamente ao material utilizado na construção do modelo, no
caso do estudo de estruturas em betão armado, têm sido utilizados modelos com um micro-betão
e armaduras de diâmetros reduzidos. Por micro-betão entende-se um betão com cimento normal,
fabricado com inertes de pequenas dimensões. Relativamente às armaduras utilizadas para
reproduzir a armadura do protótipo, estas devem possuir uma relação tensão-deformação idêntica
às armaduras originais e uma área reduzida, cumprindo o factor de escala necessário. Outro
aspecto que obriga a alguma preocupação na construção deste tipo de modelos reduzidos tem a
ver com a garantia das características de aderência entre o aço e o betão.
No caso de ensaios sobre modelos reduzidos construídos em betão armado, a reprodução da
resposta da estrutura real exige uma simulação exacta de diversas características da estrutura,
nomeadamente a geometria, a configuração inicial, as condições de fronteira, as relações tensão-
deformação dos materiais e a distribuição de massas e das forças gravíticas na estrutura.
No que diz respeito às relações de semelhança geométricas entre o protótipo e o modelo, estas
são conseguidas através da aplicação directa do factor de escala geométrica, originando a
construção de modelos pequenos, cuja execução pode ou não apresentar dificuldades,
dependendo da escala utilizada. Sendo L o comprimento, A a área e V o volume, com os índices p
e m a representarem estas grandezas no protótipo e no modelo, definem-se os seguintes factores
de escala para estas grandezas:
p
m
L
Lλ= (2.38)
2p
m
A
Aλ= (2.39)
3p
m
V
Vλ= (2.40)
LEIS DE SEMELHANÇA CAPÍTULO 2
13
A simulação exacta das relações tensão-deformação dos materiais coloca dificuldades bastante
maiores que as anteriores, uma vez que a execução do modelo à escala reduzida exige a
aplicação de um betão com características especiais, em termos da dimensão dos agregados e da
trabalhabilidade do mesmo, e a utilização de armaduras com diâmetros reduzidos, que têm de ser
especialmente concebidos para o efeito. No que diz respeito ao betão, a simulação exacta das
suas resistências à tracção e à compressão, a par do valor da sua deformação última, são as
características mais importantes de garantir. Relativamente ao aço das armaduras ordinárias, a
tensão de cedência, o endurecimento e a extensão uniforme são os principais parâmetros que
exigem um especial cuidado na escolha dos varões a utilizar. Por fim, a aderência entre estes dois
materiais tem também de ser reproduzida da forma mais exacta possível. Genericamente, ambos
os materiais devem apresentar um comportamento semelhante ao dos materiais equivalentes no
protótipo, na totalidade da gama de tensões e deformações abrangidas durante o ensaio.
Ao contrário do que sucede com as grandezas anteriores, a simulação das massas e forças
gravíticas está intimamente ligada com as leis de semelhança adoptadas.
Em ensaios dinâmicos de modelos reduzidos, as leis de Cauchy e Froude devem ser
simultaneamente verificadas, sendo a primeira adequada para fenómenos nos quais as forças de
restituição são derivadas das relações constitutivas tensão-deformação, enquanto a segunda se
aplica em situações onde as forças gravíticas desempenham um papel importante. Deste modo,
torna-se claro que para uma modelação realista da resposta dinâmica não linear de uma estrutura,
ambas as leis de semelhança devem ser respeitadas, apesar de em aplicações práticas isto nem
sempre ser viável e alguma distorção entre as forças e as massas ser permitida.
Através da aplicação destas duas leis de semelhança, é possível determinar os factores de escala
para as restantes grandezas intervenientes no fenómeno, como se demonstra em seguida:
� Lei de Semelhança de Froude: As forças de inércia (Fa) e as forças de gravidade (Fg)
estão na mesma relação no modelo e no protótipo, como representado na equação (2.41).
Sendo as forças de gravidade proporcionais a ρgL3 (ρ e g representam a massa volúmica
e aceleração da gravidade, respectivamente) e as forças de inércia proporcionais a ρv2L2
(v representa a velocidade), esta relação é dada pelo número de Froude (Fr) que se
apresenta na equação (2.42):
a a
g gp m
F FF F
=
(2.41)
2
.r
vF
g L= (2.42)
CAPÍTULO 2 LEIS DE SEMELHANÇA
14
� Lei de Semelhança de Cauchy: As forças de inércia e as forças elásticas (Fe) estão na
mesma relação no modelo e no protótipo, como representado na equação (2.43). Sendo
as forças de inércia proporcionais a ρv2L2 e as forças elásticas proporcionais a EL2 (E
representa o módulo de elasticidade), esta relação é dada pelo número de Cauchy (Ca)
que se apresenta na equação (2.44):
a a
e ep m
F F
F F
=
(2.43)
2
a
vC
Eρ= (2.44)
A partir da semelhança de Froude, é possível estabelecer directamente a escala de acelerações (a
representa a aceleração):
p ma a= (2.45)
Igualando o número de Froude no modelo e no protótipo, e sendo a aceleração da gravidade igual
nos dois sistemas, é possível determinar a escala de velocidades:
2 2
. .p m
p m
v vg L g L
= (2.46)
1 2p p
m m
v L
v Lλ= = (2.47)
Desta relação é possível determinar a escala de tempos (t):
1 21 2
1p p m
m m p
t L vt L v
λ λλ
= × = × = (2.48)
Correspondendo a escala dos tempos à escala dos períodos próprios de vibração, a escala de
frequências (f) pode ser determinada pela sua inversa:
1 2p
m
f
fλ −= (2.49)
LEIS DE SEMELHANÇA CAPÍTULO 2
15
Através da igualdade do número de Cauchy no protótipo e no modelo, e tendo em consideração
que os materiais do protótipo e do modelo são iguais (Ep/Em=1), é possível determinar a escala de
massas volúmicas:
2 2
p p m m
p m
v vE E
ρ ρ= (2.50)
2 21
1 2
1p m
m p
vv
ρλ
ρ λ−
= = = (2.51)
Deste resultado é possível determinar a escala das massas (m), e consequentemente das
restantes grandezas, nomeadamente a escala de forças (F), momentos (M), tensões (σ),
extensões (ε) e deslocamentos (u):
1 3 2p p p
m m m
m V
m V
ρλ λ λ
ρ−= = × = (2.52)
2p p p
m m m
F m a
F m aλ= = (2.53)
2 3p p p
m m m
M F L
M F Lλ λ λ= = × = (2.54)
22
11p p m
m m p
F AF A
σλ
σ λ= × = × = (2.55)
1p p m
m m p
EE
ε σε σ
= × = (2.56)
p p p
m m m
u L
u L
ελ
ε= = (2.57)
CAPÍTULO 2 LEIS DE SEMELHANÇA
16
A satisfação simultânea das leis de semelhança de Cauchy e Froude, sabendo que λ é a escala
geométrica entre os dois sistemas e os materiais do modelo à escala real e do modelo reduzido
são iguais (Ep/Em=1), permitiu determinar todos os factores de escala das grandezas relevantes
para o fenómeno, que se resumem na Tabela 2.1:
Grandeza Física Símbolo Factor de Escala (Froude + Cauchy)
Comprimento L λ
Área A 2λ
Volume V 3λ
Massa m 2λ
Massa Específica ρ 1λ −
Módulo Elasticidade E 1
Tensão σ 1
Extensão ε 1
Deslocamento u λ
Velocidade v 1 2λ
Aceleração a 1
Força F 2λ
Momento M 3λ
Tempo t 1 2λ
Frequência f 1 2λ −
Tabela 2.1 – Factores de escala para satisfação das leis de semelhança de Froude e Cauchy.
As principais consequências do uso das leis de semelhança de Froude e Cauchy num ensaio
dinâmico são a “compressão” do tempo do sinal imposto ao modelo e o aumento da massa
específica do modelo relativamente ao protótipo (Coelho et al., 2005). Este facto tem uma
consequência importante nos ensaios, no caso de serem usados os mesmos materiais que no
protótipo, pois torna necessária a colocação de massas adicionais na estrutura, sem influenciar a
sua rigidez.
3. ANÁLISES NÃO LINEARES
3.1. INTRODUÇÃO
Os métodos analíticos existentes para a avaliação do desempenho sísmico de estruturas
consistem no cálculo das estruturas com base numa estimativa das suas características reais e
das acções a que estão sujeitas.
2004 b), podem ser classificados em quatro grandes grupos:
O dimensionamento das estruturas em regime linear é um procedimento pouco viável para
grande maioria das estruturas
funcionais e económicos. Por estas razões, é aceitável tirar partido do comportamento não linear
dos materiais para dissipar a energia que os sismos transmitem às estruturas. A consideração
deste comportamento, desde que
materiais em regime não linear, permite o dimensionamento das estruturas para esforços bastante
inferiores aos obtidos numa análise elástica
As análises lineares são análises simples e de cálculo relativamente expedito
análises dinâmicas por espectro de resposta
dimensionamento das estruturas face às acções sísmicas. A sua aplicação representa uma boa
aproximação na determinação
feita uma escolha correcta do
adoptar para a estrutura. A
cuidado, devido à compatibilidade
torna as análises dinâmicas lineares um método pouco aconselhado para a análise de estruturas
existentes, das quais se desconhece o nível de ductilidade.
Análises Lineares
Análises Não Lineares
INEARES
Os métodos analíticos existentes para a avaliação do desempenho sísmico de estruturas
ulo das estruturas com base numa estimativa das suas características reais e
das acções a que estão sujeitas. Os métodos analíticos existentes, segundo o Eurocódigo 8
podem ser classificados em quatro grandes grupos:
Figura 3.1 – Métodos de análise sísmica.
O dimensionamento das estruturas em regime linear é um procedimento pouco viável para
grande maioria das estruturas quando sujeitas a uma acção sísmica, por motivos estéticos,
s e económicos. Por estas razões, é aceitável tirar partido do comportamento não linear
dos materiais para dissipar a energia que os sismos transmitem às estruturas. A consideração
deste comportamento, desde que sejam garantidas as características que perm
materiais em regime não linear, permite o dimensionamento das estruturas para esforços bastante
inferiores aos obtidos numa análise elástica linear.
análises simples e de cálculo relativamente expedito
análises dinâmicas por espectro de resposta são as mais utilizadas actualmente
das estruturas face às acções sísmicas. A sua aplicação representa uma boa
aproximação na determinação do efeito da acção sísmica sobre uma estrutura
feita uma escolha correcta dos espectros de resposta e dos coeficientes de comportame
A escolha dos coeficientes de comportamento exige
compatibilidade necessária com o modo como a estrutura foi projectada, o que
torna as análises dinâmicas lineares um método pouco aconselhado para a análise de estruturas
existentes, das quais se desconhece o nível de ductilidade.
Estáticas - Método das Forças Laterais Equivalentes
Dinâmicas - Análise Modal por Espectro de Resposta
Estáticas - Pushover
Dinâmicas - Dynamic Time-History Analysis
17
Os métodos analíticos existentes para a avaliação do desempenho sísmico de estruturas
ulo das estruturas com base numa estimativa das suas características reais e
, segundo o Eurocódigo 8 (CEN,
O dimensionamento das estruturas em regime linear é um procedimento pouco viável para a
quando sujeitas a uma acção sísmica, por motivos estéticos,
s e económicos. Por estas razões, é aceitável tirar partido do comportamento não linear
dos materiais para dissipar a energia que os sismos transmitem às estruturas. A consideração
garantidas as características que permitem a entrada dos
materiais em regime não linear, permite o dimensionamento das estruturas para esforços bastante
análises simples e de cálculo relativamente expedito, sendo que as
actualmente para o
das estruturas face às acções sísmicas. A sua aplicação representa uma boa
da acção sísmica sobre uma estrutura, desde que seja
de comportamento a
dos coeficientes de comportamento exige um especial
a estrutura foi projectada, o que
torna as análises dinâmicas lineares um método pouco aconselhado para a análise de estruturas
Método das Forças Laterais Equivalentes
Análise Modal por Espectro de Resposta
History Analysis
CAPÍTULO 3 ANÁLISES NÃO LINEARES
18
As análises não lineares, por seu lado, são mais complexas e morosas, exigindo, na maior parte
dos casos, meios computacionais mais potentes. No entanto, o desenvolvimento recente dos
meios de cálculo tem permitido uma utilização crescente destes métodos. Estas análises são
métodos que são preconizados no Eurocódigo 8 (CEN, 2004 b), como uma alternativa às análises
lineares, permitindo a consideração do comportamento fisicamente não linear das estruturas.
Estas análises possibilitam a simulação do comportamento das estruturas para determinados tipos
de carregamento, fornecendo uma informação mais real sobre a resposta estrutural. Em alguns
casos, como na modelação do comportamento de estruturas irregulares, é vantajoso recorrer a
estas análises, para uma quantificação mais precisa da resposta da estrutura.
3.2. COMPORTAMENTO FISICAMENTE NÃO LINEAR
A possibilidade de considerar o comportamento não linear dos materiais e da estrutura em si,
deve-se ao facto da acção sísmica corresponder a deslocamentos impostos na base da estrutura
e não a forças aplicadas. Assim, não é necessário equilibrar forças aplicadas, surgindo ao invés
disso, forças de restituição elástica que dependem directamente das relações constitutivas dos
materiais (Bento e Lopes, 1999).
Considere-se o comportamento de um oscilador de um grau de liberdade que se pode observar na
Figura 3.2, na qual FLINEAR e dLINEAR representam a força e deslocamento máximos no oscilador
linear, Fy e dy representam a força e deslocamento de cedência no oscilador não linear e FNÃO
LINEAR e dNÃO LINEAR representam a força e deslocamento máximos no oscilador não linear.
Figura 3.2 – Comportamento não linear de um oscilador de um grau de liberdade (adaptado de Bento e
Lopes, 1999).
Ao ser admitido um comportamento não linear, a imposição de um deslocamento δ à estrutura,
superior ao deslocamento na cedência δy, não implica que se atinja necessariamente o colapso,
F
δδNÃO LINEARδLINEARδy
FLINEAR
FNÃO LINEAR
Fy
ANÁLISES NÃO LINEARES CAPÍTULO 3
19
uma vez que o oscilador entra em regime não linear. Para este deslocamento imposto, as forças
que se desenvolvem em regime não linear são inferiores às forças que se desenvolveriam em
regime linear. Fazendo uma análise em termos de forças aplicadas, a estrutura, em regime linear,
entraria em colapso para uma carga superior à força máxima admissível em regime não linear.
No entanto, para tirar partido do comportamento não linear da estrutura, é necessário que o
oscilador tenha capacidade para se deformar após a cedência, sem perda de capacidade
resistente. Esta capacidade de deformação é denominada de ductilidade, e em estruturas de
betão armado, implica que as armaduras plastifiquem e sejam submetidas a grandes extensões.
Como tal, o betão sofre também uma maior abertura de fendas e a estrutura atinge um nível de
danos que não aconteceria se os limites elásticos das propriedades dos materiais não fossem
ultrapassados. O dimensionamento mais adequado de uma estrutura consiste em dotar esta de
ductilidade, ou seja, de uma elevada capacidade de deformação, sem que as zonas da estrutura
mais afectadas pela acção sísmica, nomeadamente os nós de ligação viga-pilar, percam a sua
capacidade resistente para grandes deslocamentos ou rotações dos elementos estruturais.
No caso da utilização de análises elásticas nas estruturas, os resultados devem ser corrigidos de
modo a ter em conta o comportamento não linear da estrutura. No que diz respeito à não
linearidade geométrica, os regulamentos sugerem um controlo dos deslocamentos máximos
verificados na estrutura, de modo a limitar o valor dos esforços devido à alteração da sua
geometria. Relativamente à não linearidade física, os resultados obtidos numa análise elástica
linear podem ser corrigidos através dos coeficientes de comportamento, de modo a considerar o
comportamento fisicamente não linear. Estes coeficientes representam o factor de
proporcionalidade entre o valor que as forças ou deslocamentos apresentam em regime linear e os
que apresentam em regime não linear, e são dados por ηF e ηd, para as forças e deslocamentos,
respectivamente:
LINEARF
NÃO LINEAR
FF
η = (3.1)
LINEARd
NÃO LINEAR
δηδ
= (3.2)
O coeficiente de comportamento depende de parâmetros como a ductilidade e a capacidade de
dissipação de energia, no entanto, a exploração da ductilidade e a consequente degradação da
estrutura e acumulação de danos podem ter de ser limitadas devido ao uso a que a estrutura se
destina, ou ao custo de reparação necessário após a ocorrência de um sismo.
CAPÍTULO 3 ANÁLISES NÃO LINEARES
20
Convém distinguir os conceitos de coeficiente de comportamento e de ductilidade, uma vez que
estes são por vezes confundidos. O primeiro é um coeficiente que permite transformar os valores
obtidos numa análise linear nos que se obteriam numa análise não linear, enquanto o segundo é a
relação entre o valor máximo das deformações ou deslocamentos em regime não linear e o valor
destes na cedência. Nos termos das grandezas apresentadas na Figura 3.2, o valor da ductilidade
em deslocamento (µd) é dado pela seguinte expressão:
NÃO LINEAR
dy
δµ
δ= (3.3)
O conceito de capacidade de dissipação de energia também não é exactamente equivalente à
exploração da ductilidade. A capacidade de dissipação de energia está dependente da área
contida nos ciclos histeréticos, ou seja, depende não só da ductilidade disponível, mas também da
forma dos ciclos. Na Figura 3.3 podem-se ver dois osciladores não lineares de um grau de
liberdade com diagramas cíclicos força-deslocamento diferentes:
Figura 3.3 – Diagramas força-deslocamento para dois osciladores não lineares de um grau de liberdade, com
igual ductilidade mas diferente capacidade de dissipação de energia (adaptado de Bento e Lopes, 1999).
Sendo a força na cedência (Fy), o deslocamento na cedência (δy) e a rigidez antes e depois da
cedência igual nos dois osciladores, e considerando que durante uma acção sísmica ambos os
osciladores apresentam igual deslocamento máximo e, consequentemente, igual ductilidade, ao
oscilador do lado direito corresponde uma maior dissipação de energia histerética.
A redundância da estrutura tem também uma forte influência na capacidade de dissipação de
energia, uma vez que quanto mais redundante for a estrutura, maior número de rótulas plásticas
se podem formar antes da estrutura se tornar um mecanismo.
F
Fy
δδy
F
Fy
δδy
ANÁLISES NÃO LINEARES CAPÍTULO 3
21
3.3. MODELOS DE COMPORTAMENTO DE ELEMENTOS ESTRUTURAIS EM BETÃO
ARMADO
A modelação do comportamento não linear dos elementos estruturais de betão armado sujeitos a
acções cíclicas aleatórias baseia-se na identificação e modelação das zonas onde ocorrem as
deformações inelásticas (Bento, 1996).
O comportamento cíclico de elementos de betão armado em flexão simples, com secções
simétricas, tem sido caracterizado ao longo dos anos através da realização de diversos ensaios
experimentais, dos quais se destacam os realizados por Ma, Bertero e Popov (1976), onde foram
definidas diversas propriedades desse comportamento como a degradação da rigidez, da
resistência e o efeito de aperto. A importância da degradação da rigidez no comportamento cíclico
deste tipo de elementos foi também sede de diversos estudos analíticos realizados por Clough e
Johnston (1966) e testes experimentais realizados por Bertero, Bresler e Liao (1969).
A comparação do comportamento de elementos com uma distribuição simétrica e assimétrica de
armaduras foi também alvo de vários estudos, destacando-se o realizado por Park e Paulay
(1975).
No que diz respeito à influência do esforço axial no comportamento cíclico dos elementos de betão
armado, salientam-se os ensaios cíclicos realizados por Gomes (1992) e as alterações verificadas
nas características do comportamento dos elementos, nomeadamente a grande degradação da
rigidez, o aumento da rigidez de flexão e a presença do efeito de aperto nos dois sentidos da
flexão.
3.4. TIPOS DE MODELOS DE ELEMENTOS ESTRUTURAIS
Neste ponto serão apresentados os diferentes modelos existentes de elementos estruturais
pertencentes a pórticos de betão armado submetidos a carregamentos repetidos e alternados.
Referem-se, neste caso, apenas os modelos disponíveis para a flexão simples e composta,
capazes de modelar o comportamento linear e não linear de elementos estruturais de betão
armado como vigas, pilares e paredes, com comportamento predominante em flexão.
O comportamento dos elementos de betão armado pertencentes a pórticos planos sujeitos a
deformações cíclicas laterais, é diferenciado em zonas com deformações elásticas e inelásticas,
estando estas últimas normalmente concentradas nas extremidades dos elementos, por ser aí que
os esforços de flexão têm tendência a ser máximos. Assim, a modelação dos elementos numa
análise não linear, consiste na associação de pequenos subelementos representativos de zonas
com comportamento elástico linear e de subelementos que modelam as regiões inelásticas (Bento,
1996).
CAPÍTULO 3 ANÁLISES NÃO LINEARES
22
Relativamente à modelação das zonas com deformações inelásticas, é possível admitir que estas
se concentram nas extremidades dos elementos ao longo do chamado comprimento da rótula
plástica, através da utilização de modelos de plasticidade concentrada, ou que se distribuem ao
longo do comprimento do elemento, através de modelos de plasticidade distribuída. Apesar de os
modelos de plasticidade concentrada serem os mais utilizados, serão aqui abordados mais
pormenorizadamente os modelos de plasticidade distribuída, por serem estes os considerados
neste trabalho para as análises dinâmicas não lineares.
Os modelos de plasticidade distribuída idealizam o elemento através da sua discretização em
fatias ao longo do seu comprimento, e em fibras ao nível da própria secção, no denominado
modelo de fibras, como se pode observar na Figura 3.4:
Figura 3.4 – Discretização de um elemento de betão armado para um modelo de fibras (Antoniou e Pinho,
2003).
A obtenção da matriz de rigidez do elemento é conseguida através da integração numérica das
matrizes de rigidez das diversas secções ao longo do comprimento L do elemento. As relações
constitutivas para a secção são obtidas a partir do comportamento do material que constitui as
fibras, seja este aço e/ou betão. Como tal, a definição correcta das relações constitutivas (σ–ε)
não lineares para estes dois materiais é fundamental para se conseguir obter uma modelação
adequada do comportamento do elemento sob carregamento alternado e repetido.
ANÁLISES NÃO LINEARES CAPÍTULO 3
23
A idealização dos elementos a partir da discretização em fibras, nos modelos de plasticidade
distribuída, impõe para cada passo de integração um número elevado de operações para a
construção da matriz de rigidez tangente do elemento e para o cálculo de tensões e extensões ao
nível das fibras. O principal problema na implementação destes modelos está relacionado com o
aparecimento de momentos desequilibrados em fatias intermédias ao longo do comprimento do
elemento, originando instabilidades numéricas locais que se podem desenvolver e espalhar a todo
o modelo. Apesar destas limitações, os modelos de plasticidade distribuída são os únicos modelos
capazes de representar o alastramento da inelasticidade ao longo dos elementos, permitindo
reproduzir, de uma forma adequada, diferentes fenómenos característicos dos elementos de betão
armado quando sujeitos a carregamentos repetidos e alternados, tais como:
� O efeito de aperto dos ciclos histeréticos;
� Certos pormenores na geometria da secção e a distribuição das armaduras na secção;
� O efeito da variação do esforço axial;
� A consideração directa de relações constitutivas (σ–ε) realistas para a modelação dos
materiais.
Este modelo é usado para a idealização dos elementos em flexão simples uniaxial, pertencentes a
pórticos planos de betão armado sujeitos a acções horizontais cíclicas. No entanto, este modelo é
também aplicável em análises tridimensionais, ao admitir que o comportamento desses elementos
é essencialmente relativo ao plano da substrutura em que se encontram inseridos.
Relativamente aos elementos pertencentes a pilares, que integram substruturas não complanares,
a modelação admitida é apenas válida considerando que o comportamento não linear pode ser
idealizado separadamente nas duas direcções. Seria, no entanto, possível utilizar o mesmo tipo de
modelos para idealizar o comportamento de estruturas tridimensionais, desde que fosse efectuada
uma adequada discretização ao nível das fibras.
3.5. COMPORTAMENTO HISTERÉTICO DOS MATERIAIS
Como já foi referido, as análises não lineares mais complexas baseiam-se em modelos de
plasticidade distribuída, que idealizam o elemento através da sua discretização em fatias ao longo
do comprimento do elemento e em fibras ao longo da sua secção transversal. Estes modelos,
quando aplicados em análises dinâmicas, exigem uma modelação cuidada do comportamento
cíclico do aço e do betão, que vai dar origem à idealização do comportamento cíclico das fibras
discretizadas na secção de betão armado. Em análises estáticas apenas é necessária a definição
adequada da envolvente das relações constitutivas dos materiais.
CAPÍTULO 3 ANÁLISES NÃO LINEARES
24
3.5.1. COMPORTAMENTO DO AÇO
O comportamento de elementos estruturais de betão armado é muito influenciado pelo
comportamento das armaduras, especialmente depois da ocorrência da fendilhação no betão.
Quando as fendas se verificam em toda a altura da secção de um elemento, o comportamento da
secção passa a depender quase exclusivamente dos varões de aço, sendo estes que resistem aos
esforços de flexão instalados na secção devido a um carregamento alternado. Assim, as relações
constitutivas do aço das armaduras ordinárias têm um papel preponderante na modelação
adequada do comportamento histerético de uma secção de betão armado, quando submetida a
carregamentos repetidos e alternados.
As armaduras existentes em elementos de betão armado quando sujeitos a carregamentos
cíclicos simétricos, estão longe de ficar submetidas a um diagrama simétrico no seu histórico de
tensões-extensões. Este facto explica-se pela degradação do betão, uma vez que antes desta, as
forças de compressão são suportadas principalmente pelo betão e as forças de tracção pelas
armaduras longitudinais, originando fundamentalmente deformações positivas nos varões. Após a
ocorrência da fendilhação ou mesmo rotura do betão, a aderência entre o betão e as armaduras
fica comprometida, provocando ainda menores valores de deformações de compressão nos
varões longitudinais. Esta situação apenas se altera depois de ocorrer o esmagamento do betão
de recobrimento das armaduras e a consequente diminuição da capacidade resistente do betão
confinado. Após esta fase, os varões longitudinais que se encontram comprimidos têm tendência a
encurvar devido à ausência do confinamento conferido pelo betão de recobrimento, e ao facto de
geralmente exibirem deformações plásticas positivas, ocorridas no semi-ciclo de tracção anterior.
A encurvadura dos varões longitudinais pode ser evitada através da realização de uma cintagem
apropriada.
O comportamento característico dos varões de aço, quando submetidos a carregamento alternado
e repetido, apresenta-se na Figura 3.5 e tem as seguintes características:
� Curva monotónica caracterizada por um troço elástico e um patamar de cedência onde se
verifica um troço com endurecimento;
� Efeito de Baushinger, que se verifica quando um varão é traccionado até atingir o troço de
endurecimento e, após alternância de carga, apresenta um comportamento não linear
para valores de tensão significativamente mais baixos que o valor inicial da tensão de
cedência;
� Redução do módulo de elasticidade na zona não elástica (degradação da rigidez);
� Endurecimento cíclico isotrópico, que consiste no aumento do valor da tensão máxima em
ciclos posteriores a excursões plásticas.
ANÁLISES NÃO LINEARES CAPÍTULO 3
25
Figura 3.5 – Características principais do comportamento histerético do aço (adaptado de Bento, 1996).
Como exemplo deste tipo de modelo, apresenta-se na Figura 3.6 o modelo de Giuffrè-Menegotto-
Pinto (Giuffrè e Pinto, 1970), por ser um dos modelos propostos para o comportamento do aço
mais relevantes e o utilizado nas análises dinâmicas não lineares realizadas nesta dissertação.
Este modelo baseia-se na utilização de equações que permitem determinar explicitamente os
valores das tensões (σs) no aço em função dos valores das extensões (εs), sem ser necessário
recorrer à resolução de equações não lineares (como acontece com alguns de outros modelos de
aço propostos, que explicitam as extensões em função das tensões).
Figura 3.6 – Modelo de comportamento histerético do aço proposto por Giuffrè-Menegotto-Pinto (adaptado de
Bento, 1996).
CAPÍTULO 3 ANÁLISES NÃO LINEARES
26
Como se pode ver na representação da Figura 3.6, a idealização de Giuffrè-Menegotto-Pinto
estabelece para os caminhos de carga e descarga um desenvolvimento assimptótico para duas
rectas paralelas, definidas através do diagrama monotónico, estando portanto contidas numa
envolvente bilinear constituída por um troço elástico e um troço plástico com endurecimento. De
referir que os parâmetros R1 e R2 têm em conta o efeito de Baushinger e R0 representa o valor do
parâmetro R no primeiro carregamento, que tal como os parâmetros a1 e a2, pode ser calibrado
experimentalmente.
Este modelo corresponde a uma formulação simples capaz de reproduzir adequadamente os
resultados experimentais relativos a historiais de deformações cíclicas simétricas, com amplitudes
em tracção e em compressão semelhantes. No entanto, as curvas tensão-extensão para os ciclos
desenvolvem-se assimptoticamente a duas rectas paralelas, definidas com base no diagrama
monotónico, tendo o inconveniente de não conseguir simular o endurecimento cíclico isotrópico,
propriedade que pode ser de grande importância na modelação do comportamento cíclico de
armaduras longitudinais pertencentes a elementos de betão armado. A consideração do
endurecimento cíclico isotrópico foi proposta por Filippou, Popov e Bertero (1983), através de uma
alteração nas rectas assimptóticas envolventes.
3.5.2. COMPORTAMENTO DO BETÃO
Relativamente às características principais do comportamento do betão, no que diz respeito à sua
influência na resposta cíclica dos elementos estruturais de betão armado, como vigas e pilares,
refere-se aqui apenas o comportamento uniaxial do betão e os aspectos mais significativos
relativos à idealização do seu comportamento. Os modelos mais usuais para estabelecer as
relações constitutivas do betão sujeito à compressão, considerando o efeito do confinamento
conferido pelas armaduras transversais, baseiam-se em formulações incrementais da teoria da
elasticidade.
O comportamento do betão à compressão, em termos de tensão-extensão, obtido num ensaio de
compressão uniaxial de um cilindro de betão, pode ser observado na Figura 3.7 e apresenta os
seguintes fenómenos:
� Redução da rigidez antes de se atingir o valor máximo da tensão (fc) correspondente à
extensão εco, que se deve à ocorrência de fendilhação na estrutura;
� Após a ocorrência da tensão máxima (fc), verifica-se um troço descendente que se
designa por amolecimento (softening) e que termina na rotura, quando é atingida a
extensão última (εcu).
ANÁLISES NÃO LINEARES CAPÍTULO 3
27
Figura 3.7 – Diagrama tensão-extensão do betão sob carregamento monotónico (adaptado de Bento, 1996).
O diagrama tipo apresentado na Figura 3.7, que é representativo do comportamento do betão
sujeito a carregamentos monotónicos de compressão em termos de tensão-extensão (σc-εc), pode
ser definido analiticamente através de uma variação parabólica.
Um dos factores que influencia muito o comportamento do betão é o seu confinamento, pois uma
cintagem eficaz das armaduras transversais pode aumentar muito a ductilidade, e
consequentemente, influenciar de forma relevante o comportamento do betão depois de ser
atingida a tensão máxima, especialmente no que diz respeito à capacidade de deformação do
betão (Park e Paulay, 1975). O efeito do confinamento consiste num impedimento da expansão
lateral do betão que tende a ocorrer por efeito de Poisson, e que é especialmente importante para
valores elevados de tensões, aos quais ocorre a microfissuração interna do betão. O efeito da
cintagem tende a ser maior quanto menor for a deformabilidade dos estribos, isto é, quanto maior
for a sua rigidez e mais curto o seu afastamento. Verifica-se ainda que o tipo de confinamento
também influencia o comportamento do betão, sendo que as cintas circulares ou helicoidais são
bastante eficazes, enquanto as cintas rectangulares apresentam menor rigidez à expansão lateral
do betão devido ao seu funcionamento em flexão.
Com base em resultados experimentais conhecidos, é possível enumerar as seguintes
características do efeito do confinamento no betão:
� Aumento do valor da tensão máxima no betão (fc);
� Aumento da ductilidade através do incremento da extensão para a qual se verifica a
tensão máxima (εco) e através do incremento do valor da extensão última (εcu);
� Alterações imperceptíveis da rigidez inicial (Eco).
σc
εc
fc
εco
Ec1
Eco
εcu
CAPÍTULO 3 ANÁLISES NÃO LINEARES
28
Num elemento de betão armado sujeito a compressão simples ocorre inicialmente o esmagamento
do betão de recobrimento e, no caso de a cintagem ser inadequada, verifica-se uma rotura frágil
provocada pelo esmagamento do betão interior, logo após a rotura do betão de recobrimento,
fenómeno este que tende a agravar-se devido à encurvadura dos varões longitudinais. Quando o
elemento de betão armado está também sujeito a flexão, as consequências do descasque do
betão de recobrimento são ainda mais gravosas, pois verifica-se a redução da área de
compressão e também a diminuição da altura da secção. Em forma de conclusão, conclui-se que
a cintagem adequada das secções de betão armado tem um papel fundamental no aumento da
ductilidade, uma vez que torna mais resistente o betão do núcleo da secção e também porque
evita a encurvadura dos varões longitudinais, garantindo assim uma maior capacidade de
compressão desses varões.
Constatou-se experimentalmente que se pode definir uma envolvente independente da história de
carregamento, e onde o diagrama cíclico σc-εc está contido, coincidindo esta envolvente com a
curva do ensaio monotónico do betão apresentada na Figura 3.7. O comportamento uniaxial do
betão sujeito a um carregamento cíclico e o seu historial em termos de tensão-extensão está
ilustrado na Figura 3.8:
Figura 3.8 – Diagrama σc-εc do betão para carregamento cíclico em compressão (adaptado de Bento, 1996).
A influência da relação constitutiva do betão no comportamento cíclico de um elemento de betão
armado é muito menos relevante que a correspondente ao aço. No entanto, tem-se constatado
experimentalmente que a envolvente monotónica condiciona de certa forma o comportamento do
elemento, enquanto alterações nos caminhos de carga e descarga representam alterações pouco
significativas na resposta estrutural do elemento. Assim, conclui-se que não existe a necessidade
de desenvolver modelos muito sofisticados para idealizar o comportamento cíclico do betão, sendo
a definição da sua envolvente o aspecto que exige uma maior atenção.
A Figura 3.9 representa o modelo da envolvente para o comportamento do betão proposto por
Scott, Park e Priestley (1982), que considera o efeito da cintagem não só na inclinação do troço
σc
εc
ANÁLISES NÃO LINEARES CAPÍTULO 3
29
descendente da curva envolvente, em função da constante z, mas também no valor da tensão
máxima e na extensão correspondente, em função do factor de confinamento k.
Figura 3.9 – Modelo de Scott, Park e Priestley para a envolvente do betão cintado (adaptado de Bento, 1996).
A envolvente para o betão cintado é definida a partir de três troços distintos, começando por um
troço parabólico até ser atingida a tensão máxima kfc, seguido de um troço recto descendente até
ser atingida uma tensão igual a 0,2kfc, terminando num patamar constante.
A envolvente para o betão não cintado está representada na Figura 3.10, e obtém-se a partir da
envolvente proposta por Scott, Park e Priestley para o betão cintado, admitindo que o parâmetro k
é igual à unidade e a extensão εc2o toma o valor de 0,004, sendo desprezada a armadura
transversal existente. A envolvente para o betão não cintado é definida a partir de dois troços,
começando por um troço parabólico até se atingir a tensão máxima fc, seguido de um troço recto
descendente até se atingir uma tensão igual a 0,2fc.
Figura 3.10 – Modelo para a envolvente do betão não cintado (adaptado de Bento, 1996).
σc
εc
kfc
kεco
Ec0
εcmax
0,2kfc
εc2o
zkfc
σc
εc
fc
εco
Ec0
0,2fc
εc2o
zfc
CAPÍTULO 3 ANÁLISES NÃO LINEARES
30
Existem diferentes modelos propostos para idealizar o comportamento cíclico do betão, com
regras para as cargas e descargas, sendo apresentado na Figura 3.11 o modelo de Thompson e
Park (1980), por ser um dos mais utilizados.
Figura 3.11 – Modelo de comportamento histerético do betão proposto por Thompson e Park (adaptado de
Bento, 1996).
Este modelo tensão-extensão foi definido com base em observações experimentais, tendo-se
verificado que apesar da sua simplicidade, fornecia resultados suficientemente precisos na
avaliação do comportamento cíclico de elementos estruturais de betão armado.
3.6. EQUAÇÕES DE EQUILÍBRIO DINÂMICO – MÉTODO DE INTEGRAÇÃO DIRECTA
Em problemas de análise dinâmica não linear de estruturas, a equação de equilíbrio dinâmico
(equação do movimento) pode escrever-se de acordo com a equação (3.4), onde as parcelas do
primeiro membro representam as forças de inércia (Mü), as forças de amortecimento (Cuɺ ) e as
forças de restituição (Ku), respectivamente, e o segundo membro representa as forças exteriores
aplicadas à estrutura (P):
Mu Cu Ku P+ + =ɺɺ ɺ (3.4)
Existem dois métodos para a resolução da equação (3.4):
� Métodos de sobreposição modal;
� Métodos de integração numérica.
Os métodos de sobreposição modal baseiam-se no Princípio da Sobreposição de Efeitos,
aplicando-se em análises lineares.
ANÁLISES NÃO LINEARES CAPÍTULO 3
31
Os métodos de integração numérica consistem na integração directa da equação (3.4) para obter
a história da resposta no tempo em termos de deslocamentos, velocidade ou acelerações, através
da utilização de procedimentos incrementais, como por exemplo, a integração passo-a-passo.
Estes métodos são os únicos capazes de considerar a variação da rigidez e do amortecimento ao
longo do tempo, atendendo ao comportamento fisicamente não linear dos materiais/estrutura.
A integração passo-a-passo é realizada de forma a satisfazer as equações de equilíbrio dinâmico
incrementalmente, para que no final de cada passo, o equilíbrio seja mantido, e o deslocamento u,
a velocidade uɺ e a aceleração ü sirvam de condições iniciais para o incremento seguinte. De
modo a evitar a acumulação de erros resultantes das forças de desequilíbrio em cada passo de
integração, é corrente nos métodos de integração passo-a-passo para a análise dinâmica não
linear de estruturas, aplicar uma força correctiva (de desequilibro – Qi) no passo de integração
seguinte, de modo a garantir a manutenção do equilíbrio, como se pode ver na Figura 3.12:
Figura 3.12 – Forças de desequilíbrio Qi (adaptado de Bento e Lopes, 1999).
Este procedimento implica a subdivisão do tempo total em intervalos ∆t, tomando a equação de
equilíbrio a seguinte forma:
M u C u K u P∆ + ∆ + ∆ = ∆ɺɺ ɺ (3.5)
Os métodos de integração passo-a-passo são normalmente classificados em duas categorias,
respeitando estratégias diferentes:
� Métodos explícitos;
� Métodos implícitos.
P
δ
∆P
Qi P=∆P+Qi
CAPÍTULO 3 ANÁLISES NÃO LINEARES
32
Nos métodos explícitos, a resposta ut+∆t num instante genérico t+∆t, pode ser obtida a partir do
estabelecimento de equações no instante t, não sendo necessária a resolução do sistema de
equações para o instante t+∆t. O exemplo de um método explícito, é o método das diferenças
centrais, que é um dos métodos mais conhecidos de integração passo-a-passo.
Nos métodos implícitos, o esquema de integração é baseado na consideração de determinadas
hipóteses para a variação dos deslocamentos, velocidades ou acelerações, entre os instantes t e
t+∆t. A resposta no instante t+∆t depende da resolução das equações de equilíbrio estabelecidas
nesse instante. Assim, a solução obtida depende não só da solução dos valores dos
deslocamentos, velocidades e acelerações correspondentes ao instante t (ut, tuɺ e üt) como
também do deslocamento no instante t+∆t (ut+∆t). Um exemplo deste tipo de método é o método de
Wilson-θ e o método de Newmark.
3.6.1. MÉTODO DAS DIFERENÇAS CENTRAIS
Este método recorre a expressões das diferenças finitas para exprimir as velocidades e as
acelerações em função dos deslocamentos. Assim, este método baseia-se nas seguintes
expressões:
( )2
12t t t t t tu u u u
t −∆ +∆= − +∆
ɺɺ (3.6)
( )12t t t t tu u u
t −∆ +∆= − +∆
ɺ (3.7)
Utilizando as equações (3.7) e (3.6) para exprimir as velocidades e as acelerações na equação de
equilíbrio para o instante t ( tuɺ e üt), pode obter-se a solução ut+∆t através da equação (3.8):
t tMu P+∆ = (3.8)
2
1 12
M M Ctt
= +∆∆
(3.9)
2 2
2 1 12t t t tP P K M u M C u
tt t −∆ = − − − − ∆∆ ∆
(3.10)
ANÁLISES NÃO LINEARES CAPÍTULO 3
33
Como se pode constatar, a solução ut+∆t é baseada em condições de equilíbrio estabelecidas no
instante t, ou seja, ut+∆t é determinado usando a equação (3.4) para o instante t. Por esta razão,
este procedimento de integração é chamado de método de integração explícito. Note-se que a
solução ut+∆t só pode ser determinada se forem conhecidos os valores da resposta nos dois
instantes anteriores, o que geralmente obriga a procedimentos específicos no início do cálculo.
3.6.2. MÉTODO DE WILSON-Θ
O método de Wilson-θ é um método implícito de integração e baseia-se no estabelecimento de
uma variação para a resposta estrutural em aceleração idêntica para todos os graus de liberdade.
Este método é essencialmente uma extensão do método de aceleração linear onde se assume
uma variação linear da aceleração entre o instante genérico t e o instante t+∆t. No método de
Wilson-θ considera-se a aceleração linear entre o instante t e o instante t+θ∆t, onde θ≥1. Para
θ=1, o método reduz-se ao método de aceleração linear.
Considerando um intervalo de tempo θ∆t entre dois instantes genéricos t e t+θ∆t, a lei de variação
da aceleração neste intervalo, pode exprimir-se pela equação (3.11), em que τ se situa entre t e
θ∆t:
( )1t t t t tu u u u
tτ θ τθ+ + ∆= + −
∆ɺɺ ɺɺ ɺɺ ɺɺ (3.11)
Integrando a equação (3.11), obtém-se as seguintes expressões para a velocidade e o
deslocamento:
( )21
2t t t t t tu u u u utτ θ
ττθ+ + ∆= + + −
∆ɺ ɺ ɺɺ ɺɺ ɺɺ (3.12)
( )2 31
2 6t t t t t t tu u u u u utτ θ
τ ττθ+ + ∆= + + + −
∆ɺ ɺɺ ɺɺ ɺɺ (3.13)
Aplicando as expressões anteriores ao instante t+θ∆t, temos o seguinte:
( )2t t t t t t
tu u u uθ θ
θ+ ∆ + ∆
∆= + +ɺ ɺ ɺɺ ɺɺ (3.14)
( )2 2
26t t t t t t t
tu u tu u uθ θ
θθ+ ∆ + ∆∆= + ∆ + +ɺ ɺɺ ɺɺ (3.15)
CAPÍTULO 3 ANÁLISES NÃO LINEARES
34
O objectivo é exprimir t tu +∆ɺ e üt+∆t em função de ut+θ∆t, para substituição na equação do
movimento, tendo-se a partir da equação (3.15):
( )2 2
6 62t t t t t t tu u u u u
ttθ θ θθ+ ∆ + ∆= − − −∆∆
ɺɺ ɺ ɺɺ (3.16)
Substituindo a equação (3.16) na equação (3.14), tem-se o seguinte:
( )32
2t t t t t t t
tu u u u u
tθ θθ
θ+ ∆ + ∆∆= − − −
∆ɺ ɺ ɺɺ (3.17)
Estas equações podem ser substituídas na equação de equilíbrio para o instante t+θ∆t, onde Pt+θ∆t
se obtém assumindo uma variação linear para a carga:
t t t t t t t tMu Cu Ku Pθ θ θ θ+ ∆ + ∆ + ∆ + ∆+ + =ɺɺ ɺ (3.18)
( )t t t t t tP P P Pθ θ+ ∆ +∆= + − (3.19)
Assim, substituindo as equações (3.16) e (3.17) na equação (3.18), a equação de equilíbrio obtida
é a seguinte:
� �t tt tKu P θθ + ∆+ ∆ = (3.20)
�
( )2
6 3K K M C
tt θθ= + +
∆∆ (3.21)
�
( )2
6 6 32 2
2t t t t t t t t t t
tP P M u u u C u u u
t ttθ θ
θθ θθ
+ ∆ + ∆
∆ = + + + + + + ∆ ∆ ∆
ɺ ɺɺ ɺ ɺɺ (3.22)
Depois de calculado ut+θ∆t, calcula-se üt+θ∆t através da equação (3.16), e por fim, calcula-se üt+∆t,
t tu +∆ɺ e ut+∆t recorrendo às equações (3.11), (3.12) e (3.13), respectivamente, e considerando τ=∆t.
O valor ideal para θ, em termos de uma análise de estabilidade é 1,420815, com um mínimo igual
a 1,37. Por defeito é habitual admitir θ=1,4.
ANÁLISES NÃO LINEARES CAPÍTULO 3
35
3.6.3. MÉTODO DE NEWMARK
O método de Newmark é um dos métodos de integração implícitos mais utilizados, sendo um dos
aplicados no programa SeismoStruct, utilizado nesta dissertação para realizar as análises
dinâmicas não lineares. Tal como o método de Wilson-θ, também este método se baseia no
estabelecimento de uma variação para a resposta estrutural em aceleração, sendo uma extensão
do método da aceleração linear.
( )1t t t t t tu u u u tδ δ+∆ +∆ = + − + ∆ ɺ ɺ ɺɺ ɺɺ (3.23)
212t t t t t t tu u tu u u tα α+∆ +∆
= + ∆ + − + ∆
ɺ ɺɺ ɺɺ (3.24)
Nestas expressões, α e δ são parâmetros determinados de forma a obter integrações estáveis e
precisas. No caso de α ser igual a 1/6 e δ igual a 1/2, o método de Newmark corresponde à
consideração de uma lei de variação linear para a aceleração entre os instantes t e t+∆t. Newmark
propôs α=1/4 e δ=1/2, uma vez que para estes valores, o método é incondicionalmente estável.
Para estes valores dos parâmetros α e δ, o método de Newmark corresponde a um esquema de
integração onde se considera uma aceleração constante no intervalo ∆t, com um valor igual à
média entre üt e üt+∆t.
Exprimindo t tu +∆ɺ e üt+∆t em função de ut+∆t, pode-se substituir na equação (3.25), calcular ut+∆t e
obter através do método implícito t tu +∆ɺ e üt+∆t.
t t t t t t t tMu Cu Ku P+∆ +∆ +∆ +∆+ + =ɺɺ ɺ (3.25)
3.6.4. INTERVALO DE INTEGRAÇÃO - ∆T
A principal desvantagem do método das diferenças centrais é o facto de a solução se tornar
instável para um incremento ∆t superior a um determinado valor crítico ∆tc, definido em função do
menor período de vibração da estrutura. Como tal, pode-se dizer que este é um método
condicionalmente estável. No caso do método das diferenças centrais, ∆tc é dado pela equação
(3.26), onde Tm é o menor período do sistema, sendo habitual ∆tc tomar o valor Tm/10 para se
obter uma solução estável.
mc
Tt t
π∆ ≤ ∆ = (3.26)
CAPÍTULO 3 ANÁLISES NÃO LINEARES
36
O método Wilson-θ e o método de Newmark são esquemas incondicionalmente estáveis, portanto
a dimensão do seu intervalo de integração ∆t pode ser escolhida independentemente dos
problemas de estabilidade numérica. Assim, nestes métodos, a escolha do valor de ∆t depende
apenas da precisão do resultado, uma vez que uma escolha inadequada deste intervalo pode
conduzir a uma diminuição da amplitude máxima da resposta ou a um aumento do período de
vibração. Para evitar problemas de precisão, o intervalo ∆t deve ser inferior a T/100, sendo T o
período fundamental de vibração da estrutura.
37
4. CASO DE ESTUDO – EDIFÍCIO SPEAR
4.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS
Os sismos representam um dos fenómenos mais devastadores e com maior potencial de risco
para a vida humana e as construções. Estes fenómenos têm provocado ao longo dos tempos
significativas perdas humanas e avultadas perdas materiais nas sociedades, muito por causa da
fraca resistência sísmica de uma significativa parcela dos edifícios de betão armado já existentes,
tradicionalmente projectados sem dimensionamento sísmico específico. Esta filosofia de projecto,
datada entre 1930 e 1970, é vulgarmente designada por Gravity Load Design (GLD) que, como o
próprio nome indica, representa um dimensionamento apenas para cargas gravíticas.
Os edifícios do tipo GLD, devido às características associadas ao seu dimensionamento, possuem
algumas deficiências que originam um comportamento estrutural face à acção sísmica pouco
eficaz (Massena, 2004), como por exemplo:
� Pilares muito esbeltos com uma secção transversal de área inferior à das vigas, o que
pode conduzir à formação de mecanismos de piso. Este dimensionamento está em total
desacordo com a actual filosofia de dimensionamento do Eurocódigo 8 (CEN, 2004 b), no
qual se sugere a formação de rótulas plásticas na estrutura preferencialmente nas vigas,
conduzindo a ligações do tipo viga fraca - pilar forte;
� Utilização de varões lisos, que prejudicam a aderência entre o aço e o betão e que
conduzem a uma deficiente ligação entre os dois materiais. Este facto conduz a um
comportamento conjunto dos materiais muito pouco eficiente e a um aumento significativo
nas deformações da estrutura;
� As armaduras longitudinais na zona dos apoios encontram-se dispostas de forma a resistir
apenas a cargas gravíticas, ou seja, para momentos sempre negativos, não considerando
a possibilidade de ocorrência de momentos positivos durante uma acção sísmica;
� A inclinação das armaduras longitudinais nas vigas torna-se pouco eficiente no caso de se
dar uma mudança no sentido do esforço transverso, tal como acontece durante as acções
sísmicas;
� A irregularidade em planta pode provocar torção e a formação de mecanismos de piso;
� Ausência de armadura de esforço transverso na zona de ligação viga-pilar, que é a
principal zona de formação de rótulas plásticas;
CAPÍTULO 4 CASO DE ESTUDO – EDIFÍCIO SPEAR
38
� Emendas de armaduras localizadas em potenciais zonas de formação de rótulas plásticas;
� Ancoragem e amarração dos estribos inadequada e pouco eficiente;
� Os estribos das vigas e as cintas nos pilares são insuficientes, originando um
confinamento do betão quase inexistente, que não contribui para o aumento da sua
resistência nem para o aumento da ductilidade da estrutura.
Esta dissertação incide sobre uma estrutura em pórtico de betão armado com três pisos,
denominada de estrutura SPEAR. Esta estrutura possui características específicas de
irregularidade em planta, que provocam um desequilíbrio em termos de torção e que a tornam
representativa de uma tipologia construtiva própria dos anos 50 na região Mediterrânica, sem
resistência específica para as acções horizontais, nomeadamente as acções sísmicas.
4.2. DESCRIÇÃO DA ESTRUTURA
A estrutura SPEAR original (protótipo) foi desenhada por Fardis, na Universidade de Patras, e
corresponde à simplificação de uma tipologia de edifício representativa da construção no sul da
Europa, anterior à existência de regulamentação específica para a consideração das acções
sísmicas. Esta estrutura foi dimensionada para resistir apenas a cargas gravíticas, com base nas
regras de dimensionamento para o betão aplicadas na Grécia entre 1954 e 1995, e utilizando
técnicas construtivas e materiais semelhantes aos utilizados na Grécia nos anos 70 (Coelho et al.,
2005). A configuração da estrutura, assimétrica em planta e com uma excentricidade significativa
entre os centros de massa e de rigidez, é típica da ausência de preocupação existente nessa
época relativamente à resistência sísmica, exibindo as principais deficiências que se verificam nos
edifícios do tipo GLD. Esta estrutura tem sido estudada em diversos locais, no âmbito do Projecto
Europeu SPEAR (Seismic Performance Assessment and Rehabilitation of Existing Buildings).
O caso de estudo analisado nesta dissertação é um modelo a uma escala reduzida da estrutura
idealizada por Fardis. Este modelo foi concebido e ensaiado na mesa sísmica do LNEC, tendo
sido obtido reduzindo o protótipo de uma escala geométrica de 1:2,5. A escolha desta escala
deveu-se fundamentalmente aos condicionalismos existentes relativamente à mesa sísmica
disponível, nomeadamente no respeitante às dimensões da mesma e à sua capacidade de carga
(Coelho et al., 2005).
A mesa sísmica do LNEC apresenta dimensões de 4,60 x 5,60 m2 e uma capacidade máxima de
carga de 40 toneladas, sendo a máxima capacidade dos actuadores produzirem movimentos de
base exactos também limitada e dependente das características dinâmicas da estrutura.
CASO DE ESTUDO – EDIFÍCIO SPEAR CAPÍTULO 4
39
Tendo em consideração as dimensões e a capacidade da plataforma da mesa sísmica, foi
escolhida uma escala geométrica de 1:2,5 (λ=2,5), que permitiu utilizar no modelo reduzido os
mesmos materiais utilizados no protótipo, obtendo-se um betão armado com ligeiras modificações
e tendo sido possível a aplicação das tradicionais técnicas de betonagem in situ. O limite máximo
de capacidade de carga da mesa sísmica (40 toneladas) foi também preenchido quase na
totalidade. Como consequência da utilização de betão armado no modelo reduzido, o módulo de
elasticidade não sofreu qualquer alteração:
1p
m
E
E= (4.1)
Por outro lado, foi também possível e conveniente não se realizar nenhuma alteração nos valores
das acelerações impostas ao modelo:
1p
m
a
a= (4.2)
Apresenta-se na Figura 4.1 uma vista geral do modelo reduzido da estrutura concebido no LNEC:
Figura 4.1 – Vista geral do modelo reduzido da estrutura SPEAR (Coelho et al., 2005).
CAPÍTULO 4 CASO DE ESTUDO – EDIFÍCIO SPEAR
40
4.3. CARACTERÍSTICAS GEOMÉTRICAS DO MODELO E DIMENSIONAMENTO
Sendo este um modelo homotético não distorcido, todas as dimensões lineares da estrutura
podem ser obtidas das dimensões do protótipo, através da aplicação da expressão (4.3):
pm
LL
λ= (4.3)
Apresenta-se na Figura 4.2 uma planta tipo da estrutura reduzida concebida no LNEC, com a
identificação das vigas e pilares e a orientação do sistema de eixos coordenados considerado na
posterior identificação dos resultados:
Figura 4.2 – Planta tipo do modelo reduzido da estrutura SPEAR (m) (Coelho et al., 2005).
Em altura, a estrutura apresenta-se regular com uma distância entre pisos de 1,2 m, como se pode
ver no alçado da Figura 4.3, e uma altura das vigas de 0,2 m:
Y
X
CASO DE ESTUDO – EDIFÍCIO SPEAR CAPÍTULO 4
41
Figura 4.3 – Alçado do modelo reduzido da estrutura SPEAR (m) (Coelho et al., 2005).
A secção transversal do pilar P6 é rectangular e tem dimensões de 300 mm por 100 mm, que o
tornam mais rígido que os restantes pilares (P1 a P5 e P7 a P9), que apresentam uma secção
quadrada com 100 mm de lado, como se pode ver na Figura 4.4 e na Figura 4.5. A maior rigidez
do pilar P6 manifesta-se principalmente na direcção Y, como se explicará posteriormente. As
armaduras longitudinais dos pilares consistem em varões lisos de 6 mm de diâmetro, confinados
por cintas de 3 mm também lisas e que fecham num ângulo de 90º, não se prolongando para
dentro dos nós.
Figura 4.4 – Dimensões e pormenorização das
armaduras do pilar P6 (m) (Coelho et al., 2005).
Figura 4.5 – Dimensões e pormenorização das
armaduras dos pilares P1 a P5 e P7 a P9 (m)
(Coelho et al., 2005).
Z
X
CAPÍTULO 4 CASO DE ESTUDO – EDIFÍCIO SPEAR
42
Na Figura 4.6 pode-se ver um pormenor das armaduras dos pilares em altura, com especial
destaque para a escassa cintagem existente e a consequente falta de confinamento do betão nas
zonas dos nós de ligação viga-pilar.
Figura 4.6 – Pormenor das armaduras nos pilares em altura (m) (Coelho et al., 2005).
O modelo reduzido foi construído numa laje rígida, de modo a simular uma conexão rígida entre a
estrutura e a fundação, tendo sido necessária uma especial atenção relativamente à ligação entre
a laje de fundação e os pilares do piso térreo. O betão da laje de fundação em que a estrutura foi
construída foi removido até se atingir as armaduras inferiores, a partir das quais foram colocadas
as armaduras de arranque de cada um dos pilares, bem como os devidos estribos, seguindo-se a
execução da betonagem.
Apresenta-se na Figura 4.7 um pormenor da selagem de arranque dos pilares no maciço de
fundação:
CASO DE ESTUDO – EDIFÍCIO SPEAR CAPÍTULO 4
43
Figura 4.7 – Pormenor da selagem das armaduras de arranque (m) (Coelho et al., 2005).
No que diz respeito às vigas, estas têm uma largura de 100 mm e uma altura de 200 mm e a
disposição típica de armaduras longitudinais consiste de varões de 6 mm na face superior, dois
ancorados no nó de ligação viga-pilar com ganchos que fazem um ângulo de 180º, e por outros
dois varões de 6 mm que a meio vão estão junto à face inferior e que dobram para cima na
proximidade dos pilares. Nestes varões, a amarração é realizada dobrando os varões para baixo,
para dentro do núcleo de betão dos nós, no caso dos nós de extremidade, continuando para o vão
seguinte nos nós de continuidade. Os estribos das vigas são compostos por varões com 3 mm de
diâmetro, amarrados através de ganchos com um ângulo de 90º. Verifica-se que em algumas
vigas sujeitas a carregamentos mais elevados, foram utilizados varões de maior diâmetro,
nomeadamente de 8 mm, de modo a reforçar a armadura existente.
Apresenta-se na Figura 4.8 as dimensões e pormenorização tipo das vigas V1 e V2 como exemplo
do indicado anteriormente, deixando-se para o Anexo B a pormenorização das restantes vigas:
Figura 4.8 – Dimensões e pormenorização das armaduras das vigas V1 e V2 (m) (Coelho et al., 2005).
Relativamente às lajes, estas são maciças e apresentam uma espessura de 60 mm com uma
pormenorização típica de armaduras com varões de 3 mm espaçados de 80 mm ou 160 mm, de
modo a satisfazer as condições de semelhança necessárias. A pormenorização das lajes
apresenta-se no Anexo C. O modelo foi transportado para a mesa sísmica suspenso por
intermédio de um aparelho de elevação, utilizando dois cabos ligados à laje de fundação, tendo
sido necessário realizar em cada piso aberturas na laje, para permitir a suspensão vertical dos
cabos.
CAPÍTULO 4 CASO DE ESTUDO – EDIFÍCIO SPEAR
44
No modelo reduzido e analogamente com o que sucedeu no protótipo, as escadas e as paredes
de alvenaria foram desprezadas.
4.4. CARREGAMENTO E MASSAS
O carregamento da estrutura, aplicado ao nível de todos os pisos do modelo estrutural, foi
calculado considerando o peso próprio da estrutura (G), as restantes cargas permanentes (rcp) e a
parcela quase-permanente da sobrecarga (ψ2Q). Esta combinação é preconizada no Eurocódigo 8
(CEN, 2004) apresentando a seguinte expressão:
, 2, ,d k j i k iS G rcp Qψ= + +∑ ∑ (4.4)
O peso próprio da estrutura foi calculado considerando um peso volúmico para o betão armado de
25 kN/m3, os revestimentos foram considerados através de uma carga de 0,5 kN/m2, e as
sobrecargas tomaram um valor de 2,0 kN/m2 com um factor de combinação (ψ2) igual a 0,3,
devido à utilização tipicamente habitacional do edifício. Ao carregamento vertical correspondente
ao peso próprio da estrutura, foi necessário adicionar o carregamento correspondente às restantes
cargas permanentes e à parcela quase-permanente da sobrecarga, o que, a par da redução da
escala do modelo e da necessidade de garantir o cumprimento das relações de semelhança,
originou a necessidade de colocar massas adicionais na estrutura. Assim, as massas adicionais
que foram aplicadas na estrutura correspondem às cargas permanentes e à parcela quase
permanente das cargas variáveis, modificadas e amplificadas de modo a cumprir a relação de
semelhança necessária:
1p
m
ρλ
ρ−= (4.5)
O posicionamento das massas adicionais é apresentado na Figura 4.9 e na Figura 4.10, e foi
definido segundo os seguintes critérios (Coelho et al., 2005):
� Gama de massas existentes no mercado: simples de 600 kgf e duplas de 1200 kgf;
� Posicionamento dos pilares e das vigas nas lajes;
� Momento polar de inércia e momento de inércia segundo as direcções horizontais do
sistema total, equivalentes aos do protótipo;
� Distribuição do esforço axial nos pilares (influência na resistência).
CASO DE ESTUDO – EDIFÍCIO SPEAR CAPÍTULO 4
45
Refira-se que nos pisos 1 e 2 as massas 1, 3, 5 e 7 são duplas de 1200 kgf e as massas 2, 4 e 6
são simples de 600 kgf, enquanto no piso 3 as massas 1, 2, 6 e 7 são duplas e as restantes
simples. Relativamente à sua colocação, estas foram posicionadas em cada piso antes da
construção do piso superior, à excepção das massas do último piso que foram aplicadas apenas
quando a estrutura foi colocada na mesa sísmica, de modo a reduzir o peso global da estrutura no
transporte. A ligação das massas à laje foi feita por intermédio de quatro barras.
Figura 4.9 – Planta de posicionamento das massas adicionais – Piso 1 e Piso 2 (m) (Coelho et al., 2005).
Figura 4.10 – Planta de posicionamento das massas adicionais – Piso 3 (m) (Coelho et al., 2005).
CAPÍTULO 4 CASO DE ESTUDO – EDIFÍCIO SPEAR
46
4.5. MATERIAIS UTILIZADOS
Os ensaios realizados no LNEC incidiram sobre uma estrutura a uma escala reduzida, facto este
que introduziu algumas dificuldades no que diz respeito à construção do modelo e à garantia de
serem mantidas as características pretendidas dos materiais.
As principais questões que foram tomadas em consideração durante a fase de escolha dos
materiais para a construção do modelo foram as seguintes:
� Os materiais deviam respeitar os critérios iniciais e as leis de semelhança
correspondentes;
� Os materiais deviam ter uma resistência adequada, nomeadamente em termos da tensão
de cedência e da tensão última;
� No caso do aço das armaduras, este devia apresentar uma ductilidade semelhante;
� Os materiais deviam permitir a realização de todas as fases construtivas de uma forma
adequada, especialmente no que diz respeito à betonagem dos elementos estruturais.
Tendo em consideração as pequenas dimensões dos elementos estruturais no modelo à escala
reduzida e a elevada concentração de armaduras ordinárias em alguns nós da estrutura, foi
concebido um “micro-betão” constituído por agregados de granulometria fina, com uma dimensão
máxima inferior a 6 mm. Devido às características inerentes a este betão e às condições de
betonagem, e de modo a garantir uma maior trabalhabilidade durante a colocação do betão, foi
também escolhido um betão mais fluido, com a classe S4 no ensaio de abaixamento do cone de
Abrams (ENV206, 1993). As armaduras ordinárias foram escolhidas de acordo com os resultados
dos testes realizados no LNEC às armaduras ordinárias utilizadas no modelo à escala real
(protótipo) construído e ensaiado em ISPRA.
Em resumo, apresentam-se os materiais usados na construção do modelo e as suas
características:
� Elementos estruturais: Pilares, Vigas e Lajes
� Betão da classe C25/30 segundo o Eurocódigo 2 (CEN, 2004 a);
� Máxima dimensão dos agregados: Dmáx ≤ 5-6 mm;
� Classe S4 no ensaio de abaixamento do cone de Abrams;
� Aço das armaduras ordinárias, semelhante ao da classe FeB32K, usado no modelo
à escala real de ISPRA.
CASO DE ESTUDO – EDIFÍCIO SPEAR CAPÍTULO 4
47
� Laje de fundação
� Betão da classe C25/30 segundo o Eurocódigo 2 (CEN, 2004 a);
� Máxima dimensão dos agregados: Dmáx ≤ 25 mm;
� Aço das armaduras ordinárias da classe A400NR (REBAP, 1983).
Todos os materiais utilizados no modelo respeitaram os seguintes regulamentos portugueses e
europeus:
� Regulamento de Estruturas de Betão Armado e Pré-Esforçado (REBAP, 1983);
� Norma Portuguesa - NP ENV206 (ENV206, 1993);
� Especificações do LNEC - E378 (E378, 1996);
� Eurocódigo 2: Projecto de Estruturas de Betão, (CEN, 2004 a).
Em seguida, apresentam-se em maior detalhe as características dos materiais utilizados.
4.5.1. BETÃO
O “micro-betão” utilizado foi disponibilizado por uma empresa fornecedora de betão e a sua
composição foi estudada de modo a obter um material com as características pretendidas. A
composição do betão escolhido apresenta-se na Tabela 4.1, representando-se na Figura 4.11 e na
Figura 4.12 as curvas granulométricas dos agregados utilizados:
Materiais Unidades Quantidades
Cimento II A/L 42.5R (kg/m3) 305
Cinzas (kg/m3) 85
Brita de pequenas dimensões " Bago de Arroz" (kg/m3) 619
Areia média (kg/m3) 1146
Mistura Reobuild 561 (kg/m3) 4,68
Água (l/m3) 175
Tabela 4.1 – Composição do betão C25/30, da classe S4, utilizado nos elementos estruturais (Coelho et al.,
2005).
CAPÍTULO 4 CASO DE ESTUDO – EDIFÍCIO SPEAR
48
Figura 4.11 – Curva granulométrica dos agregados de pequenas dimensões (Coelho et al., 2005).
Figura 4.12 – Curva granulométrica da areia média (Coelho et al., 2005).
Durante cada fase construtiva foram realizados testes de abaixamento do cone de Abrams ao
betão e preparados provetes para testes de compressão, como ilustrado na Figura 4.13 e na
Figura 4.14:
Figura 4.13 – Ensaio de abaixamento do cone de
Abrams (Coelho et al., 2005).
Figura 4.14 – Vibração dos provetes de betão
(Coelho et al., 2005).
CASO DE ESTUDO – EDIFÍCIO SPEAR CAPÍTULO 4
49
Na Tabela 4.2 são apresentados os resultados obtidos nos testes de compressão realizados aos
provetes cúbicos de betão (15 x 15 x 15 cm3), obtidos nas diferentes fases construtivas:
Data do ensaio Referência do provete
Idade (dias)
Abaixamento (mm)
Tensão Última (MPa)
2003-09-15 1.1 28 7,506 28,6
30,2
2003-09-15 1.2 28 7,509 28,8
2003-09-15 1.3 28 7,515 28,4
2003-09-24 2.1 28 7,726 30,4
2003-09-24 2.2 28 7,666 31,4
2003-09-24 2.3 28 7,675 31,8
2003-10-01 3.1 28 7,777 30,7
2003-10-01 3.2 28 7,762 30,7
2003-10-01 3.3 28 7,757 31,0
Tabela 4.2 - Resultados dos ensaios de compressão realizados aos provetes (Coelho et al., 2005).
Refira-se que os valores da resistência à compressão do betão obtidos através de ensaios a
provetes cúbicos de betão são usualmente 10 a 25 % superiores aos valores obtidos em provetes
cilíndricos. O valor médio da tensão de compressão aos 28 dias foi determinado com base na
média aritmética dos valores obtidos para os diferentes provetes, cujo valor é 30,2 MPa. Os
resultados obtidos foram inferiores aos esperados, uma vez que, segundo o Eurocódigo 2 (CEN,
2004 a), um betão C25/30 deve apresentar uma resistência à compressão média (fcm) não inferior
a 33 MPa.
4.5.2. AÇO
Uma das maiores dificuldades na construção do modelo foi encontrar armaduras ordinárias
adequadas ao modelo reduzido devido à redução da escala, e que tivessem um comportamento
semelhante às armaduras utilizadas no protótipo de referência e no modelo à escala real
construído em ISPRA. Estas armaduras deviam ter um diâmetro bastante pequeno, e
simultaneamente, patamares de cedência e fases de endurecimento bem definidas. Foi então
muito difícil encontrar varões com estas características, especialmente para os diâmetros mais
pequenos (3 mm), não existindo no mercado armaduras laminadas a quente com estas
dimensões.
Apresentam-se na Figura 4.15, Figura 4.16 e Figura 4.17 os diagramas qualitativos das relações
tensão-extensão para o aço utilizado no modelo à escala real de ISPRA, e do aço das armaduras
utilizadas no LNEC, dos varões de 3 mm e dos varões de 5 a 10 mm, respectivamente:
CAPÍTULO 4 CASO DE ESTUDO – EDIFÍCIO SPEAR
50
Figura 4.15 – Diagrama qualitativo da relação tensão-extensão do aço utilizado no modelo à escala real de
ISPRA (Coelho et al., 2005).
Figura 4.16 – Diagrama qualitativo da relação tensão-extensão do aço utilizado nos varões de 3 mm do
modelo reduzido do LNEC (Coelho et al., 2005).
Figura 4.17 – Diagrama qualitativo da relação tensão-extensão do aço utilizado nos varões de 5 a 10 mm do
modelo reduzido do LNEC (Coelho et al., 2005).
Para os diâmetros maiores, entre 5 e 10 mm, que seriam usados nas vigas e nos pilares, foi
possível encontrar varões com características próximas das pretendidas, que foram fornecidos
pela Siderurgia Nacional Portuguesa. Relativamente aos diâmetros mais pequenos, de 3 mm,
usados na armadura distribuída das lajes e nos estribos das vigas e pilares, a solução acabou por
adoptar as armaduras habitualmente utilizadas em malhas soldadas. Estes varões são tratados
mecanicamente, não apresentando o habitual patamar de cedência do aço laminado a quente, e
com um valor de deformação última também muito menor. Estes varões foram fornecidos por uma
companhia de malhas electrossoldadas.
CASO DE ESTUDO – EDIFÍCIO SPEAR CAPÍTULO 4
51
Foram realizados testes às armaduras utilizadas no modelo à escala real de ISPRA e aos
utilizados no modelo reduzido do LNEC, apresentando-se os resultados correspondentes na
Tabela 4.3 e na Tabela 4.4:
Varões Diâmetro (mm)
Área (mm 2)
Força na cedência
(kN)
Tensão de cedência
(MPa)
Tensão última (MPa)
Deformação última
(%)
Φ8mm 7,95 49,77 29,3 588,7 583 15,3
Φ12mm 11,98 113,19 65,7 580,4 581 17,0
Φ20mm 20,17 319,31 184,1 576,6 586 19,3
Tabela 4.3 – Resultados médios dos testes de tracção aos varões utilizados no modelo à escala real de
ISPRA (adaptado de Coelho et al., 2005).
Varões Diâmetro (mm)
Área (mm 2)
Força na cedência
(kN)
Tensão de cedência
(MPa)
Tensão última (MPa)
Deformação última
(%)
Φ3mm 2,99 6,66 4,6 690,7 722 1,4
Φ5,5mm 5,53 24,00 10,3 429,2 432 20,2
Φ6mm 5,97 28,00 12,6 450,0 446 17,1
Φ9mm 8,98 63,18 28,2 446,3 443 19,5
Tabela 4.4 – Resultados médios dos testes de tracção aos varões utilizados no modelo reduzido do LNEC
(adaptado de Coelho et al., 2005).
Devido à inexistência do habitual patamar de cedência nos varões de 3 mm, o valor da força na
cedência nesta situação foi determinado através da intersecção entre a curva obtida nos testes e
uma curva com declive igual à fase elástica e uma deformação inicial de 0,2%.
Em alguns casos os diâmetros dos varões foram ajustados de acordo com a sua tensão de
cedência, tensão última e com os diâmetros disponíveis no mercado.
A solução final adoptada consistiu na utilização de varões de 3 mm, 6 mm e 8 mm.
52
53
5. MODELAÇÃO ANALÍTICA DA ESTRUTURA
A modelação analítica das estruturas é uma das fases de maior importância na realização das
análises não lineares. Como já foi referido, as análises não lineares realizadas nesta dissertação
têm por base modelos de plasticidade distribuída, tendo sido utilizado o programa SeismoStruct
para a sua realização. Assim, este capítulo tem dois objectivos distintos, começando por uma
apresentação do SeismoStruct com a descrição das suas principais características, numa
abordagem que poderá servir de documento didáctico para futuros utilizadores do programa, e a
descrição e explicação detalhada das principais opções tomadas na modelação analítica do
edifício.
5.1. PROGRAMA DE CÁLCULO – SEISMOSTRUCT
O software utilizado para realizar as análises dinâmicas não lineares ao modelo foi o
SeismoStruct, programa desenvolvido por Antoniou e Pinho (2003). Este programa é capaz de
prever o comportamento de uma estrutura tridimensional sujeita a carregamentos estáticos ou
dinâmicos, tendo em consideração a não linearidade geométrica da estrutura e o comportamento
fisicamente não linear dos materiais.
A principal característica deste programa consiste na capacidade de considerar a distribuição da
plasticidade ao longo do comprimento dos elementos e da sua secção, sendo esta modelada
explicitamente, permitindo uma estimativa bastante precisa da distribuição de dano ao longo da
estrutura. A par da estabilidade numérica do programa e precisão para elevados níveis de
deformação, este permite também a determinação precisa da resposta não linear da estrutura e da
carga de colapso de qualquer elemento estrutural, independentemente da sua configuração. No
que diz respeito às acções a impor à estrutura, o programa permite a introdução de acções
estáticas na forma de forças e deslocamentos, ou acções dinâmicas como forças variáveis no
tempo ou acelerações.
Apresenta-se em seguida um resumo dos principais recursos do SeismoStruct:
� Fácil interacção do programa com o utilizador, sem necessidade de introduzir ficheiros de
configuração, input, etc.;
� Total integração com o ambiente Windows. Possibilidade de transferir dados para o
programa através de ficheiros Excel, e outros. Toda a informação visível na interface
gráfica do SeismoStruct, tal como gráficos, configurações deformadas e indeformadas da
estrutura, pode também ser copiada para diversas aplicações externas ao programa;
CAPÍTULO 5 MODELAÇÃO ANALÍTICA DA ESTRUTURA
54
� Através da funcionalidade Wizard, é possível criar modelos 2D e 3D regulares ou
irregulares e realizar diversos tipos de análise, num reduzido período de tempo;
� Estão disponíveis sete diferentes tipos de análises: análises estáticas e dinâmicas ao
longo do tempo, análises estáticas pushover do tipo convencional e adaptativo, análises
dinâmicas incrementais, análises modais e análises estáticas de carregamento constante;
� O carregamento aplicado pode consistir de forças, deslocamentos ou acelerações,
constantes ou variáveis, sempre aplicados nos nós da estrutura. Os carregamentos
variáveis podem variar proporcionalmente ou independentemente, no intervalo de tempo
considerado para a análise;
� O programa considera a não linearidade física no comportamento dos materiais e a não
linearidade geométrica dos elementos estruturais;
� Está disponível uma grande variedade de secções de betão armado, aço e mistas;
� A distribuição da plasticidade ao longo do comprimento dos elementos e ao longo da
secção é explicitamente modelada no programa, permitindo uma estimativa precisa da
acumulação de dano na estrutura;
� A estabilidade numérica e precisão em elevados níveis de deformação permitem uma
determinação precisa da carga de colapso da estrutura;
� A inovadora análise pushover adaptativa. Neste procedimento pushover, a distribuição
lateral de forças/deslocamentos não é constante mas sim actualizada ao longo do tempo,
de acordo com as configurações modais e os factores de participação derivados de uma
análise modal desenvolvida nesse passo de cálculo. Assim, o estado de rigidez e a
deformação da estrutura em cada passo, bem como os efeitos dos modos mais elevados,
são tidos em consideração;
� O programa tem a capacidade de reduzir automaticamente os incrementos de carga,
quando surgem problemas de convergência do método utilizado. O nível de subdivisão
depende das dificuldades de convergência detectadas. Quando estes problemas são
resolvidos, o problema retoma automaticamente o passo de integração original;
� Durante uma análise, o SeismoStruct permite a apresentação em tempo real da
configuração deformada ou dos deslocamentos em determinado ponto da estrutura. O
programa permite também que a análise seja interrompida e retomada sempre que se
pretenda;
MODELAÇÃO ANALÍTICA DA ESTRUTURA CAPÍTULO 5
55
� É possível, através de critérios pré-estabelecidos, determinar os instantes em que
determinados estados limites são atingidos. Deste modo, pode ser obtida a sequência da
fendilhação, cedência e rotura de elementos ao longo da estrutura;
� No que diz respeito ao processamento dos resultados obtidos, o programa permite tratar
as deformadas da estrutura e os gráficos obtidos das análises efectuadas;
� Por fim, é possível criar ficheiros de vídeo com o objectivo de ilustrar a sequência da
deformação estrutural;
� No programa SeismoStruct é automaticamente considerada a não linearidade geométrica,
tanto devida aos efeitos locais relativos aos efeitos de viga-coluna, como aos globais
relativos aos efeitos de grandes deslocamentos e rotações.
� Actualmente, a deformação por esforço transverso no elemento não é modelada no
SeismoStruct, sendo o estado de deformação de uma secção representado apenas pela
curvatura e deformações axiais. Como tal, a possibilidade de empenamento e os efeitos
associados como a distorção das secções do elemento, não são também considerados na
formulação do programa.
CAPÍTULO 5 MODELAÇÃO ANALÍTICA DA ESTRUTURA
56
5.1.1. NÃO LINEARIDADE FÍSICA DOS MATERIAIS
Para se poder estimar de um modo preciso a distribuição de danos na estrutura, o alastramento da
plasticidade ao longo do comprimento dos elementos e da área da sua secção é explicitamente
representado através da utilização de um modelo de fibras, existente no SeismoStruct através da
formulação dos elementos de barra viga-coluna com comportamento inelástico (infrm).
O estado de tensão-deformação das secções de elementos viga-coluna é obtido através da
integração da resposta não linear uniaxial do material, em termos das tensões-deformações das
fibras individuais nas quais a secção foi subdividida. A discretização típica de uma secção
transversal de um elemento em betão armado, através de um modelo de fibras, está representada
na Figura 5.1.
Figura 5.1 – Discretização de uma secção de betão armado num modelo de fibras (Antoniou e Pinho, 2003).
Se for definido um número suficiente de fibras (entre 100 a 300 em análises espaciais), a
distribuição da não linearidade física dos materiais ao longo da secção é garantida de uma forma
bastante precisa, mesmo para níveis elevados de não linearidade. Para a integração numérica das
equações que regem a formulação cúbica dos elementos, utilizam-se dois pontos de integração de
Gauss por elemento. Os resultados obtidos no SeismoStruct referem-se sempre às secções
correspondentes aos pontos de Gauss e não aos nós extremos dos elementos. A localização dos
pontos de Gauss num elemento apresenta-se na Figura 5.2:
Figura 5.2 – Localização dos pontos de Gauss num elemento (Massena, 2004).
MODELAÇÃO ANALÍTICA DA ESTRUTURA CAPÍTULO 5
57
Deve ser definido um número suficiente de elementos (entre 5 a 6 por elemento estrutural) para
que o alastramento da plasticidade ao longo do comprimento do elemento seja estimado com uma
precisão satisfatória.
No SeismoStruct o utilizador tem também a possibilidade de adoptar modelos de plasticidade
concentrada, o que pode ser conseguido através da associação entre elementos elásticos viga-
coluna (elfrm) e elementos localizados nas suas extremidades, onde se concentra a inelasticidade
do elemento (links). Este procedimento deve ser utilizado com precaução, uma vez que a precisão
das análises associadas pode estar comprometida quando os utilizadores não sejam
suficientemente experientes na calibração das curvas que descrevem o comportamento não linear,
monotónico e histerético, das extremidades dos elementos estruturais. Outra dificuldade associada
a estas análises consiste na definição do comprimento dessas zonas de concentração da não
linearidade, denominado comprimento da rótula plástica.
Por outro lado, a modelação através da plasticidade distribuída não exige uma vasta experiência
em termos de modelação, uma vez que apenas é pedido ao utilizador a introdução das
características geométricas e materiais dos elementos estruturais. O uso deste tipo de
procedimento na modelação é o mais recomendado e garante uma previsão mais aproximada da
resposta não linear das estruturas.
5.1.2. SISTEMAS DE EIXOS GLOBAL E LOCAL
No SeismoStruct, está definido um sistema de eixos global x-y-z, cuja função consiste em definir o
comprimento (x), a largura (y) e a altura (z) de todos os elementos estruturais. Para além deste,
sendo um programa de modelação 3D, o SeismoStruct associa também a todos os elementos
estruturais um sistema de coordenadas locais 1-2-3, de modo que a sua orientação no espaço
seja bem definida. Por convenção, a direcção local 1 refere-se ao eixo do elemento considerado,
enquanto os eixos 2 e 3 definem o plano da secção transversal do elemento e a sua orientação.
Apesar de não haver qualquer regra imposta para a definição dos eixos 2 e 3, é comum associar o
eixo 2 à direcção mais fraca do elemento estrutural e o eixo 3 à direcção forte do elemento, como
se pode ver no exemplo de viga demonstrado na Figura 5.3:
Figura 5.3 – Eixos locais dos elementos estruturais (Antoniou e Pinho, 2003).
Estes eixos locais também serão os utilizados nos desenhos ilustrativos na definição das secções.
CAPÍTULO 5 MODELAÇÃO ANALÍTICA DA ESTRUTURA
58
Enquanto a orientação do vector local 1 é caracterizada pela linha que une os dois nós extremos
do elemento (o sentido positivo corresponde à direcção que parte de n2 para n1), é necessário um
terceiro ponto de referência para se poder caracterizar exactamente a orientação dos dois
restantes eixos locais, e portanto a secção transversal do elemento em causa. Assim, é escolhido
um nó n3 que define o plano 1-3 no qual o eixo 3 se localiza, a direcção do eixo 3 que é
perpendicular ao eixo 1 e a sua orientação com o eixo positivo na direcção do ponto n3, como
ilustrado na Figura 5.4. O eixo local 2 é automaticamente obtido através do produto externo dos
vectores correspondentes ao eixo 1 e eixo 3, com a sua direcção positiva obtida através da regra
da mão direita.
Figura 5.4 – Definição dos eixos locais (Antoniou e Pinho, 2003).
A grande maioria das estruturas modeladas no SeismoStruct é definida através de pórticos planos
representados por pilares verticais com secções transversais simétricas e vigas em T horizontais,
que são simétricas apenas em torno do eixo 3. Assim, para todos os pórticos definidos nos planos
x-z e y-z, o utilizador deve criar um nó não estrutural situado no plano do pórtico, que não esteja
alinhado com nenhum dos elementos que o constituem, localizando-se numa cota acima da cota
máxima de todos os elementos desse pórtico. Uma boa regra para os utilizadores consiste em
definir um nó não estrutural por pórtico, localizado por cima deste independentemente para a
direita ou esquerda, associando este nó não estrutural ao nó n3 de todos os elementos
constituintes desse pórtico.
5.1.3. PROCEDIMENTO DE CÁLCULO DA SOLUÇÃO NÃO LINEAR
O verdadeiro comportamento estrutural é, em geral, um comportamento não linear, caracterizado
por uma variação não proporcional dos deslocamentos com o carregamento, particularmente na
presença de grandes deslocamentos e não linearidades dos materiais. Assim, no SeismoStruct,
MODELAÇÃO ANALÍTICA DA ESTRUTURA CAPÍTULO 5
59
todas as análises são tratadas como potencialmente não lineares, implicando o uso dum
procedimento iterativo incremental, onde as cargas são aplicadas em incrementos pré-definidos,
equilibrados através de um procedimento iterativo.
5.1.3.1. ALGORITMO ITERATIVO INCREMENTAL
O algoritmo da solução é bastante flexível uma vez que permite a utilização dos procedimentos
Newton-Raphson (NR), Newton-Raphson modificado (mNR) e o procedimento híbrido entre estes
dois. A poupança computacional na formação, montagem e redução da matriz de rigidez durante o
processo iterativo, pode ser significativa quando é utilizado o procedimento mNR em vez do
procedimento NR. No entanto, este procedimento exige habitualmente um maior número de
iterações, levando em alguns casos a um esforço computacional excessivo. Por esta razão, a
abordagem que mistura estes dois procedimentos, onde a matriz de rigidez é actualizada apenas
nas primeiras iterações de determinado incremento de carga, leva habitualmente a resultados
satisfatórios.
O procedimento iterativo segue o esquema convencional empregue nas análises não lineares,
onde as forças internas correspondentes a um incremento nos deslocamentos são determinadas e
a convergência é avaliada. No caso de a convergência não ser atingida, as forças exteriores (a
diferença entre o vector das forças exteriores e das forças interiores equilibradas) são aplicadas à
estrutura e o novo incremento nos deslocamentos é aplicado. Esta sequência prossegue até que a
convergência seja atingida, ou seja atingido o número máximo de iterações possíveis,
especificadas pelo utilizador.
5.1.3.2. AJUSTE AUTOMÁTICO DO INCREMENTO DE CARGA OU PASSO DE INTEGRAÇÃO
Como discutido anteriormente, para cada incremento, inúmeras iterações são realizadas até que a
convergência seja atingida. Se a convergência não for atingida dentro dos limites especificados do
número de iterações, o incremento de carga ou passo de integração é reduzido e a análise é
reiniciada a partir do último ponto de equilíbrio (final do último incremento ou passo de integração).
Esta redução do passo de integração não é constante mas sim adaptada ao nível a que se
verificou a não convergência.
No final de um passo de integração ou incremento, é calculado um indicador do nível de
convergência, definido como o máximo das relações entre os factores de convergência entre
deslocamentos e forças obtidos e os procurados. Nessa altura, dependendo da distância a que a
análise ficou de atingir a convergência, é adoptado um factor de redução pequeno, médio ou
grande, no cálculo do novo passo de integração. O produto entre este factor e o passo de
integração ou incremento de carga inicial, definido pelo utilizador no início da análise, resulta no
passo de integração reduzido que vai ser utilizado no incremento seguinte.
CAPÍTULO 5 MODELAÇÃO ANALÍTICA DA ESTRUTURA
60
Refira-se que, de modo a prevenir análises que não atingem a convergência e continuem a correr
indefinidamente, o utilizador tem a possibilidade de definir um limite inferior para o factor de
redução do passo de integração, para que a análise termine quando esse valor seja atingido.
De modo a minimizar a duração das análises, é fundamental que uma vez atingida a
convergência, o incremento de carga ou passo de integração seja restituído ao seu valor inicial.
Por esta razão, é calculado um factor indicador de eficiência, definido como a relação entre o
número de iterações realizadas para atingir a convergência e o número máximo de iterações
permitido. Dependendo da distância a que a análise ficou da eficiência pretendida, é adoptado um
factor multiplicativo pequeno, médio ou grande ao passo de integração, e empregue no cálculo do
novo passo de integração. O produto entre este último e o passo de integração ou incremento de
carga inicial definido no início da análise leva a um aumento do passo de integração a ser utilizado
no passo seguinte. Este factor é limitado superiormente pelo valor 1, de modo a garantir que o
passo de integração ou incremento de carga não se torna maior que o inicialmente previsto.
5.1.3.3. CRITÉRIOS DE CONVERGÊNCIA
O SeismoStruct utiliza quatro diferentes esquemas para determinar a convergência da solução no
final de cada iteração, os quais se baseiam em dois critérios distintos: deslocamentos/rotações e
forças/momentos.
� Baseado em Deslocamentos/Rotações: Em cada grau de liberdade da estrutura, verificar
se o deslocamento/rotação actual é inferior ou igual à tolerância especificada permite ao
utilizador controlar a precisão ou aproximação pretendida na solução do problema. Na
maioria das análises, este controle é suficiente para garantir uma precisão global na
solução final obtida. Como tal, é este o critério de convergência pré-definido no
SeismoStruct, com uma tolerância nos deslocamentos de 0,1 mm e uma tolerância nas
rotações de 10-4 rad, o que leva a soluções precisas e estáveis na maioria dos casos;
� Baseado em Forças/Momentos: Existem ocasiões em que o uso de um critério de
convergência através dos deslocamentos/rotações não é suficiente para garantir uma
solução precisa e numericamente estável, devido ao facto de o equilíbrio nos
deslocamentos/rotações nem sempre garantir um equilíbrio das forças/momentos. Este é
o comportamento típico, por exemplo, de sistemas estruturais simples onde a
convergência dos deslocamentos/rotações é obtida em poucas iterações, devido à grande
simplicidade do sistema e da sua deformada, podendo no entanto não ser suficiente para
garantir que as forças internas dos elementos sejam adequadamente equilibradas. Este
facto é bem exemplificado numa secção de uma parede em betão armado, onde a
distribuição da tensão-deformação ao longo da secção pode assumir diferentes e
complexos padrões, devido ao seu elevado comprimento, exigindo um muito maior
MODELAÇÃO ANALÍTICA DA ESTRUTURA CAPÍTULO 5
61
número de iterações para se conseguir atingir um total equilíbrio. Neste tipo de casos, se
não for utilizado um critério de convergência de forças/momentos, a resposta da estrutura
irá resultar extremamente irregular, com variações irrealistas nas forças/momentos;
� Baseado em Deslocamentos/Rotações e Forças/Momentos: Tendo em conta os aspectos
referidos anteriormente, torna-se claro que a máxima precisão e controle sobre os
resultados deve ser obtida quando combinados os dois critérios de convergência referidos
nos pontos anteriores;
� Baseado em Deslocamentos/Rotações ou Forças/Momentos: Este último critério de
convergência fornece aos utilizadores uma maior flexibilidade, no que diz respeito à
estabilidade numérica da análise, uma vez que a convergência é atingida quando um
destes critérios é cumprido. Esta opção é recomendada quando se procura chegar a uma
solução particular final para a estrutura, assumindo a precisão um papel secundário.
O critério baseado nos deslocamentos/rotações consiste em verificar, para cada grau de liberdade
individual da estrutura, que o deslocamento/rotação da iteração actual é menor ou igual que a
tolerância admita como máxima pelo utilizador. Por outras palavras, quando todos os valores de
deslocamentos ou rotações que resultam da aplicação do vector de forças da iteração são
menores ou iguais à tolerância para deslocamentos/rotações, pode-se considerar que a solução
convergiu.
Este conceito pode ser matematicamente expresso pela equação (5.1), onde δdi representa o
deslocamento na iteração do grau de liberdade translaccional i, δθj representa a rotação na
iteração do grau de liberdade rotacional j, nd representa o número de graus de liberdade
translaccionais, nθ representa o número de graus de liberdade rotacionais, dtol representa a
tolerância para o deslocamento e θtol representa a tolerância para a rotação:
1 1
max , 1dn n
ji
tol toli j
dConvergência
d
θδθδθ
= =
≤ →
(5.1)
O critério baseado nas forças/momentos, por outro lado, compreende o cálculo da norma
euclidiana do vector de forças da iteração (normalizado às cargas incrementais), e a consequente
comparação com o factor de tolerância estabelecido pelo utilizador. Trata-se de um critério de
convergência global (uma vez que a convergência não é verificada para todos os graus de
liberdade individuais como no caso dos deslocamentos/rotações) que fornece uma imagem do
estado geral de convergência da solução, e que pode ser matematicamente expresso segundo a
expressão (5.2), onde Gnorm representa a norma euclidiana do vector de forças da iteração, GiF
representa a força da iteração no grau de liberdade translaccional i (GiF≥1), Gi
M representa a força
da iteração no grau de liberdade rotacional i (GiM≥1), Vi
F representa a força incremental no grau de
CAPÍTULO 5 MODELAÇÃO ANALÍTICA DA ESTRUTURA
62
liberdade translaccional i, ViM representa o momento incremental no grau de liberdade rotacional i
e Gtol representa a tolerância para a força/momento:
2 2
1 1
F Mi jn nF M
norm norm toli ji jF M
G GG se G G Convergência
V V= =
= + ≤ →
∑ ∑ (5.2)
5.1.3.4. INSTABILIDADE NUMÉRICA, DIVERGÊNCIA E PREVISÃO DA ITERAÇÃO
Para além da verificação da convergência no final de um passo iterativo, três outras análises
podem ser desenvolvidas: a instabilidade numérica, a divergência da solução e a previsão da
iteração. Estes critérios, todos da natureza de forças/momentos, servem o objectivo de evitar a
computação de iterações desnecessárias em casos onde aparentemente, a convergência não
será atingida, minimizando assim a duração da análise.
� Instabilidade numérica: A possibilidade da solução se tornar numericamente instável é
analisada a cada iteração, através da comparação da norma euclidiana dos
carregamentos, com uma tolerância pré-definida, várias ordens de grandeza maiores que
o vector de forças aplicadas. Se Gnorm exceder a tolerância, então a solução é assumida
como sendo numericamente instável e as iterações no incremento actual são
interrompidas. Em algumas ocasiões, modelos muito instáveis levam a um repentino
desenvolvimento de forças não equilibradas muito elevadas, que excedem largamente os
valores limite da tolerância admitidos;
� Divergência da solução: A divergência da solução é analisada comparando o valor de
Gnorm obtido na iteração em causa, com a obtida na iteração anterior. Se o valor de Gnorm
tiver aumentado, então assume-se que a solução está a divergir e as iterações no
incremento actual são interrompidas;
� Previsão da iteração: Finalmente, é realizada uma análise à convergência logarítmica, de
modo a tentar prever o número de iterações necessário para a convergência ser atingida.
Se este número for superior ao valor máximo de iterações especificado pelo utilizador, é
então assumido que a solução não vai atingir a convergência e as iterações no incremento
corrente são interrompidas. A equação seguinte é utilizada para determinar o valor
anterior, sendo que ite representa o número actual de iterações e Gtol representa a
tolerância do momento/força:
1
log
log
tolitenom
itenomitenom
GG
itepred iteGG −
= +
(5.3)
MODELAÇÃO ANALÍTICA DA ESTRUTURA CAPÍTULO 5
63
5.1.4. INTERFACE DO PROGRAMA
Os modelos analíticos criados no SeismoStruct são compostos por um conjunto de dados
introduzidos pelo utilizador, de modo a definir o modelo estrutural e os carregamentos sobre ele
aplicados. Estes dados correspondem à modelação da estrutura e são divididos por diferentes
separadores que estão disponíveis no menu inicial do programa consoante o tipo de análise
pretendida (Figura 5.5).
Figura 5.5 – Interface gráfico do programa SeismoStruct.
Os seguintes separadores são comuns a todas as análises:
� Materials;
� Sections;
� Element Classes;
� Nodes;
� Element Connectivity;
� Restraints;
� Nodal Constraints;
� Analysis Output.
CAPÍTULO 5 MODELAÇÃO ANALÍTICA DA ESTRUTURA
64
Para os diferentes tipos de análises, podem surgir os seguintes separadores:
� Time-history Curves;
� Applied Loading;
� Performance Criteria;
� Loading Phases;
� Adaptive Parameters;
� IDA Parameters.
Existe um conjunto de regras e opções pré-definidas sempre aplicadas a todos os procedimentos
do programa, sendo aconselhável o seu conhecimento, de modo a poder criar os modelos com
base num conhecimento consistente das condições do problema.
5.2. TIPOS DE ANÁLISES
Actualmente, estão disponíveis sete diferentes tipos de análises no SeismoStruct:
� Eigenvalue analysis;
� Static analysis (non-variable load);
� Static pushover analysis;
� Static adaptive pushover analysis;
� Static time-history analysis;
� Dynamic time-history analysis;
� Incremental dynamic analysis.
Referem-se aqui pormenorizadamente apenas as análises realizadas na presente dissertação.
5.2.1. EIGENVALUE ANALYSIS – ANÁLISE MODAL
O algoritmo utilizado pelo programa para avaliar as frequências naturais da estrutura e a
configuração dos seus modos de vibração é o algoritmo de Lanczos (Hughes, 1987). O número de
modos ou o intervalo de frequências pretendido pode ser definido pelo utilizador nas configurações
do programa. Neste tipo de análise apenas é necessária a definição da distribuição de massa e
rigidez da estrutura.
A análise modal é uma análise estrutural elástica, uma vez que as propriedades dos materiais são
consideradas constantes durante todo o procedimento de cálculo, e por isso, é natural que sejam
utilizados elementos de barra elásticos na construção do modelo estrutural. Sendo a análise modal
realizada à estrutura no seu estado não fendilhado, pode ser obtida uma estimativa dos períodos
de vibração da estrutura num estado fendilhado, se for aplicado um coeficiente de redução ao
MODELAÇÃO ANALÍTICA DA ESTRUTURA CAPÍTULO 5
65
momento de inércia das secções das vigas e pilares. No entanto, esta é uma situação que tem de
ser estudada pormenorizadamente, dependendo de factores como o tipo de elemento estrutural
em causa, das características do carregamento a que a estrutura vai estar sujeita e da
configuração estrutural.
No caso de o utilizador pretender realizar não apenas a análise modal mas também outro tipo de
análise, como é o caso de uma análise dinâmica não linear, o utilizador poderá no lugar da
utilização de elementos elásticos, optar por um modelo com a utilização de elementos inelásticos.
Neste caso, são definidos os diferentes tipos de materiais e secções do modelo, ficando o cálculo
das propriedades mecânicas dos elementos a cargo do programa, através das fórmulas gerais da
teoria da mecânica estrutural. Como consequência deste facto, torna-se impossível para o
utilizador modificar directamente o momento de inércia de uma secção, de modo a contabilizar os
efeitos da fendilhação, razão pela qual a redução da rigidez dos elementos devido à fendilhação
tem de ser simulada através de uma alteração no módulo de elasticidade do betão.
A grande vantagem da utilização de elementos inelásticos numa análise modal é o facto de evitar
a necessidade do utilizador calcular manualmente as propriedades mecânicas da secção para
cada tipo de elemento, tendo em consideração a presença da armadura longitudinal na secção.
5.2.2. STATIC PUSHOVER ANALYSIS – ANÁLISE ESTÁTICA NÃO LINEAR
A análise estática não linear convencional é utilizada frequentemente para estimar a capacidade
horizontal das estruturas caracterizadas por uma resposta dinâmica que não é significativamente
afectada pelos níveis de deformação ocorridos.
Nesta análise, as cargas são aplicadas lateralmente na estrutura, separadamente nas duas
direcções, podendo a sua distribuição em altura ser de diversos tipos. Os regulamentos sugerem
distribuições constantes, modais e triangulares invertidas. As cargas vão sendo aplicadas
incrementalmente, mantidas proporcionais ao padrão de cargas iniciais (P0) definidas pelo
utilizador:
0.P Pλ= (5.4)
O factor de carga λ é automaticamente aumentado pelo programa até um valor pré-definido pelo
utilizador, ou até ocorrer uma falha numérica. Para o estabelecimento dos incrementos no factor
de carga, podem ser empregues três diferentes estratégias, controladas pelo carregamento, pela
resposta ou automáticas.
As análises pushover convencionais apresentam uma incapacidade para ter em consideração os
efeitos de degradação progressiva da rigidez, típicos de estruturas sujeitas a acções sísmicas
CAPÍTULO 5 MODELAÇÃO ANALÍTICA DA ESTRUTURA
66
violentas, nas características da resposta dinâmica das estruturas. Esta dificuldade tem uma
importante influência nos padrões das forças estáticas equivalentes aplicadas à estrutura numa
análise deste tipo. Este facto pode traduzir erros significativos nos resultados das análises, uma
vez que esta análise não consegue ter em conta a possível redistribuição de esforços durante uma
acção sísmica e as consequentes alterações nas características dinâmicas da estrutura.
Para tal, desenvolveu-se a análise estática pushover adaptativa, que tem a capacidade de
actualizar a cada passo de integração o padrão de forças laterais, consoante as configurações dos
modos de vibração e os correspondentes factores de participação nesse passo da análise.
5.2.3. DYNAMIC TIME-HISTORY ANALYSIS – ANÁLISE DINÂMICA NÃO LINEAR
As análises dinâmicas são usualmente utilizadas na previsão da resposta não linear de uma
estrutura sujeita a uma acção sísmica, podendo a resposta obtida ser também elástica no caso
dos elementos estruturais serem elásticos e/ou o nível de excitação do solo ser de tal modo
pequeno que os elementos não entram em regime não linear.
A integração directa das equações do movimento é realizada utilizando o algoritmo de integração-
α, ou o bem conhecido esquema de Newmark, com um ajuste automático do passo de integração
para um aumento da precisão e eficiência.
A modelação da acção sísmica pode ser realizada através da introdução de um acelerograma nos
apoios da estrutura, podendo estas funções ser diferentes em cada um dos apoios, permitindo a
representação de uma excitação nos diferentes pontos do solo diferida no tempo. As análises
dinâmicas podem também consistir da aplicação de forças ao longo do tempo nos nós da
estrutura, de modo a simular qualquer espécie de impulso imposto à estrutura.
5.3. MODELAÇÃO DOS MATERIAIS
Actualmente estão disponíveis onze tipos de materiais no SeismoStruct. Através da utilização
destes tipos de materiais, o utilizador pode criar um número ilimitado de materiais, para definir as
secções transversais dos elementos estruturais.
Os materiais disponíveis estão definidos na secção Materials, onde o nome atribuído ao material,
o tipo de material e as suas propriedades mecânicas (resistência, módulo de elasticidade,
endurecimento, etc.) são especificados. Os materiais disponíveis são os seguintes:
� Modelo bilinear para o aço – srl_bl;
� Modelo para o aço de Menegotto-Pinto – stl_mp;
� Modelo para o aço de Monti-Nutti – stl_mn;
MODELAÇÃO ANALÍTICA DA ESTRUTURA CAPÍTULO 5
67
� Modelo trilinear para o betão – com_tl;
� Modelo não linear para o betão com confinamento constante – con_cc;
� Modelo não linear para o betão com confinamento variável – con_vc;
� Modelo não linear para betão de alta resistência com confinamento constante – con_hs;
� Modelo não linear para betão confinado com FRP – con_frp;
� Modelo trilinear FRP – frp_tl;
� Modelo para material elástico – el_mat.
Refira-se também que os coeficientes de Poisson considerados no SeismoStruct são de 0,2 para o
betão e de 0,3 para o aço.
Na modelação analítica da estrutura estudada neste trabalho, foi definido para o betão um modelo
não linear com confinamento constante e para o aço o modelo de Menegotto-Pinto, apresentando-
se em seguida uma explicação breve destes modelos e das propriedades que os caracterizam.
5.3.1. MODELO NÃO LINEAR PARA O BETÃO COM CONFINAMENTO CONSTANTE
O modelo analítico utilizado para modelar o betão foi um modelo uniaxial não linear com
confinamento constante, inicialmente proposto por Madas (1993), que tem por base a relação
constitutiva proposta por Mander et al. (1988) e as regras cíclicas propostas por Martinez-Rueda e
Elnashai (1997), ilustrado na Figura 5.6. Os efeitos do confinamento associados às armaduras de
esforço transverso estão incorporados no modelo proposto por Mander et al. (1988), onde a
pressão devida ao confinamento constante é assumida em toda a gama de tensões-deformações
nos elementos. O modelo desenvolvido por Martinez-Rueda e Elnashai é um modelo estável, que
tem em conta o aumento da degradação da rigidez e resistência devido aos efeitos cíclicos,
garantindo de forma mais eficiente a convergência.
De modo a descrever as características mecânicas do material no programa de cálculo, têm de ser
calibrados cinco parâmetros:
� Tensão resistente à compressão – fc: Este valor representa a tensão máxima de
compressão do betão num provete cilíndrico (100 x 200 mm), variando habitualmente
entre 15 MPa e 45 MPa, tendo sido atribuído o valor de 25 MPa;
� Tensão resistente à tracção – ft: Este valor representa a tensão máxima de tracção do
betão, sendo geralmente estimado a partir da expressão (5.5), onde kt varia entre 0,5
(betão directamente à tracção) e 0,75 (betão em tracção de flexão):
t t cf k f= (5.5)
CAPÍTULO 5 MODELAÇÃO ANALÍTICA DA ESTRUTURA
68
Quando este valor é atingido, o betão perde abruptamente a sua resistência à tracção. No
entanto, o valor definido para este parâmetro foi de 0,001 MPa;
� Deformação na tensão máxima – εc: Este parâmetro representa a deformação
correspondente ao pico da tensão de compressão no betão não confinado (fc). Para o
caso da resistência normal de um betão, este valor está compreendido entre 0,002 e
0,0022, tendo sido utilizado o valor de 0,002;
� Factor de confinamento – kc: Este parâmetro é o factor de confinamento constante,
definido como a relação entre a tensão de compressão do betão confinado (fc,c) e a tensão
de compressão do betão não confinado (fc,nc), sendo usado para aumentar a relação
tensão-deformação do betão, em toda a gama possível de deformações do betão:
,
,
c cc
c nc
fk
f= (5.6)
Apesar de poder ser usado o valor referido em modelos de confinamento disponíveis em
inúmeras literaturas, o uso do modelo proposto por Mander et al. (1988) é recomendado.
Este valor varia geralmente entre 1,0 e 1,3 em elementos de betão armado, mas visto ser
insuficiente a quantidade de cintas e estribos nos elementos estruturais da estrutura, foi
considerado um valor de 1,001;
• Peso volúmico – γ: Este parâmetro representa o peso específico do betão, tendo sido
adoptado o valor de 0 kN/m3, uma vez que o peso da estrutura será concentrado nos nós
de ligação viga-pilar.
Figura 5.6 – Modelo não linear com confinamento constante (Antoniou e Pinho, 2003).
MODELAÇÃO ANALÍTICA DA ESTRUTURA CAPÍTULO 5
69
5.3.2. MODELO PARA O AÇO DE MENEGOTTO-PINTO
O modelo adoptado, ilustrado na Figura 5.7, é um modelo uniaxial do aço programado por Yassin
(1994), baseado numa relação tensão-deformação simples mas eficiente, proposta por Menegotto
e Pinto (1973). Este modelo considera também a influência do endurecimento isotrópico proposto
por Filippou et al. (1983). A utilização deste modelo deve-se restringir aos casos em que se
pretende modelar estruturas de betão armado, em especial as que estejam sujeitas a complexos
históricos de carregamento, onde podem ocorrer significativas alterações nas cargas.
Têm de ser definidos sete parâmetros de calibração do modelo, de modo a descrever as
propriedades mecânicas do material:
• Módulo de elasticidade – Es: Este parâmetro representa a rigidez elástica inicial do aço e
o seu valor oscila normalmente entre 200 e 210 GPa, tendo sido adoptado no modelo o
valor de 206 GPa;
• Tensão de cedência – fy: Corresponde ao valor da tensão na cedência, tendo sido
utilizados os valores obtidos nos ensaios para o aço utilizado no modelo do LNEC. Assim,
foi utilizado um valor de 690,7 MPa nas armaduras de 3 mm, 450 MPa nas armaduras de
6 mm e 446,3 MPa nas armaduras de 8 mm;
• Parâmetro de endurecimento – µ: Este é um parâmetro que representa a relação entre a
rigidez pós-cedência (Esp) e a rigidez elástica inicial (Es) do material. A rigidez pós-
cedência é definida pela expressão (5.7), onde fult e εult representam a tensão última e
deformação última do material, respectivamente.
ult y
spy
ults
f fE
f
Eε
−=
− (5.7)
O parâmetro de endurecimento oscila geralmente entre 0,005 e 0,015, tendo sido
adoptado em todas as armaduras o valor de 0,005;
• Parâmetro de forma da curva de transição inicial – R0: Este parâmetro representa o
valor inicial (referente ao primeiro ciclo) para o parâmetro R, que controla a forma da curva
de transição entre a rigidez inicial e a rigidez pós-cedência. Este valor é necessário para
representar de uma forma precisa os efeitos de Baushinger e Pinching do efeito
histerético. Utilizou-se o valor pré-definido pelo programa de cálculo para este parâmetro
que é de 20;
CAPÍTULO 5 MODELAÇÃO ANALÍTICA DA ESTRUTURA
70
• Coeficientes de calibração da forma da curva de tra nsição – a1 e a2: Estes são os dois
coeficientes utilizados para calibrar as mudanças que têm de ser aplicadas ao parâmetro
R0 de modo a obter o parâmetro de forma da curva de transição actualizado Rn. Enquanto
o coeficiente a1 é habitualmente considerado como tendo o valor fixo de 18,5, o coeficiente
a2 pode variar entre 0,05 e 0,15, tendo-se utilizado o valor 0,15;
• Coeficientes de calibração do endurecimento isotróp ico – a3 e a4: Estes dois
coeficientes são utilizados para definir o grau em que o endurecimento isotrópico é
introduzido nas características dos ciclos de resposta em tensão-deformação do material.
Nos casos gerais, o coeficiente a3 varia entre 0,01 e 0,025, enquanto o coeficiente a4
oscila entre 2 e 7. Note-se que, apesar da contribuição do endurecimento isotrópico ser
consideravelmente menor que o endurecimento cinemático, a variação destes coeficientes
não afecta significativamente as características cíclicas de resposta do material. Os
valores definidos para estes coeficientes foram de 0,02 e 2, respectivamente para os
coeficientes a3 e a4;
• Peso volúmico – γ: Este parâmetro representa o peso específico do aço, que foi tomado
como nulo, pelas razões referidas anteriormente.
Figura 5.7 – Modelo de Menegotto-Pinto (Antoniou e Pinho, 2003).
5.4. MODELAÇÃO DAS SECÇÕES
Actualmente, estão disponíveis quinze tipos diferentes de secções no SeismoStruct. Estas variam
desde secções simples de um só material a secções mais complexas de betão armado e secções
mistas. Através destes tipos de secção, o utilizador pode criar um número ilimitado de secções
transversais utilizadas para definir as classes de elementos do modelo estrutural.
As secções transversais disponíveis estão definidas no separador Sections, onde a sua
designação, tipo, material e características geométricas podem ser definidos pelo utilizador. As
secções disponíveis são as seguintes:
MODELAÇÃO ANALÍTICA DA ESTRUTURA CAPÍTULO 5
71
� Secção sólida rectangular – rss;
� Secção vazada rectangular – rhs;
� Secção sólida circular – css;
� Secção vazada circular – chs;
� Secção simétrica I ou T – sits;
� Secção assimétrica genérica – agss;
� Secção mista em I – cpis;
� Secção mista em I parcialmente envolta em betão – pecs;
� Secção mista em I totalmente envolta em betão – fecs;
� Secção rectangular em betão armado – rcrs;
� Secção circular em betão armado – rccs;
� Secção T em betão armado – rcts;
� Secção rectangular assimétrica em betão armado – rcars;
� Secção de uma parede resistente em betão armado – rcfws;
� Secção rectangular vazada em betão armado – rcrhs;
� Secção circular vazada em betão armado – rcchs;
� Secção rectangular (encamisada) em betão armado – rcjrs.
No modelo analítico criado na presente dissertação, foram consideradas secções rectangulares
em betão armado para os pilares e uma secção em T de betão armado para as vigas, de modo a
ter em conta a contribuição da laje na rigidez e resistência das vigas.
5.4.1. SECÇÃO RECTANGULAR EM BETÃO ARMADO
Este tipo de secção é a secção tipicamente utilizada para proceder à modelação de pilares.
A descrição da secção exige a definição de três diferentes materiais: o aço das armaduras
ordinárias correspondentes ao reforço longitudinal da secção, o betão confinado presente no
núcleo da secção e o betão de recobrimento.
Relativamente às dimensões da secção, tem de ser definida a altura da secção, a altura de
confinamento (estribos), a largura da secção e a largura de confinamento.
Por fim, é necessário definir a armadura longitudinal da secção, sendo ilimitado o número de
varões que se podem utilizar. Esta definição consiste na introdução da área dos respectivos
varões e da sua localização na secção, através do sistema de coordenadas locais que se
apresenta na Figura 5.8, e tendo em consideração que o programa apenas aceita uma localização
das armaduras dentro do núcleo da secção. A definição da localização das armaduras baseou-se,
na medida do possível, na pormenorização dos pilares apresentada na Figura 4.4 e na Figura 4.5.
CAPÍTULO 5 MODELAÇÃO ANALÍTICA DA ESTRUTURA
72
Figura 5.8 – Secção rectangular em betão armado (Antoniou e Pinho, 2003).
Refira-se também que, sendo a secção bi-simétrica, só é necessário definir os varões num dos
quadrantes, sendo os restantes automaticamente determinados pelo programa.
5.4.2. SECÇÃO T EM BETÃO ARMADO
Esta secção é a secção tipicamente utilizada para representar as vigas de um modelo estrutural,
uma vez que para uma modelação adequada segundo os regulamentos vigentes, é necessário
contabilizar a contribuição da laje para a rigidez e resistência das vigas de betão armado.
Para a definição da secção, analogamente ao que aconteceu na secção rectangular dos pilares, é
necessário definir três materiais, referentes à armadura longitudinal, ao betão do núcleo da secção
e ao betão de recobrimento.
Relativamente às dimensões, a definição da secção é mais complexa que a anterior, sendo
necessário apresentar a espessura da laje, a altura da viga, a espessura do betão confinado na
laje, a altura de betão confinado na viga, a largura efectiva da laje, a largura da viga, e as larguras
de betão confinado na viga e na laje.
A contribuição da laje na resposta de uma estrutura é difícil de estimar pois varia ao longo do
comprimento do elemento e depende do nível de deformações inelásticas, assim como da
presença de vigas transversais e da amarração das armaduras da laje. Nos diversos regulamentos
e recomendações existentes, existem diferentes propostas para a determinação das larguras
efectivas das vigas, destacando-se neste caso as presentes no Regulamento de Estruturas de
Betão Armado e Pré-Esforçado (REBAP, 1983), que serão as utilizadas na modelação do caso de
estudo.
MODELAÇÃO ANALÍTICA DA ESTRUTURA CAPÍTULO 5
73
O art.º88 do REBAP sugere que, para os casos correntes de vigas contínuas, pode-se adicionar à
largura da alma (bw), de cada um dos lados, uma largura efectiva (beff,i) que não exceda o menor
dos seguintes valores:
� 1/10 da distância entre secções de momento nulo;
� 1/2 da distância entre as faces das almas de vigas contínuas.
Relativamente à distância entre secções de momento nulo, este regulamento indica que para
casos correntes de vigas contínuas, pode ser tomado um valor igual a 0,7 do vão teórico. Note-se
que, em casos de vigas de contorno, se deve considerar esta largura efectiva apenas uma vez.
Na Figura 5.9 apresenta-se uma ilustração relativa à consideração da largura efectiva (beff) das
vigas.
Figura 5.9 – Largura efectiva das vigas (adaptado de Massena, 2004).
Assim, as larguras efectivas do banzo superior das vigas em T do modelo reduzido do LNEC são
apresentadas na Tabela 5.1, fazendo-se uma comparação com as larguras efectivas utilizadas por
Bhatt (2008) na modelação do protótipo, em que se verifica a relação de semelhança
correspondente à redução da escala:
p
m
L
Lλ= (5.8)
hf
beff=bw+beff,1+beff,2
bwbeff,1 beff,2
beff
CAPÍTULO 5 MODELAÇÃO ANALÍTICA DA ESTRUTURA
74
Viga Vão (m) Larguras efectivas – REBAP (mm)
Modelo Reduzido Protótipo
V1 1,2 177 442,5
V2 2,0 233 582,5
V3 1,2 254 635
V4 2,4 422 1055
V5 1,2 177 442,5
V6 2,4 261 652,5
V7 2,4 422 1055
V8 1,6 310 775
V9 2,4 422 1055
V10 1,6 310 775
V11 2,2 247 617,5
V12 2,0 233 582,5
Tabela 5.1 – Larguras efectivas das vigas no protótipo e no modelo reduzido.
No que diz respeito às armaduras longitudinais da secção, são pedidos os mesmos parâmetros
que na secção rectangular, ou seja, a localização das armaduras e a sua área, ficando a sua
localização condicionada ao referencial local que se apresenta na Figura 5.10, e às
pormenorizações apresentadas no Anexo B e na Figura 4.8.
Refira-se também que, sendo a secção simétrica relativamente ao eixo vertical, só é necessário
definir os varões num dos lados desse eixo, sendo os restantes automaticamente determinados
pelo programa.
Figura 5.10 – Secção T em betão armado (Antoniou e Pinho, 2003).
MODELAÇÃO ANALÍTICA DA ESTRUTURA CAPÍTULO 5
75
5.5. MODELAÇÃO DOS ELEMENTOS ESTRUTURAIS
O SeismoStruct disponibiliza actualmente dez tipos diferentes de elementos para representar os
elementos estruturais de um modelo. Através destes elementos, o utilizador pode criar um número
ilimitado de classes de elementos que podem ser capazes de não só representar precisamente
elementos estruturais intactos e reparados (como pilares, vigas, paredes, etc.) como também
elementos não estruturais e elementos que permitem a definição de molas e isolamento sísmico,
entre outros.
Os diferentes tipos de elementos que existem no SeismoStruct são:
� Elementos de barra inelásticos – infrm & refrm;
� Elementos de barra elásticos – elfrm;
� Elementos de painéis de alvenaria inelásticos – infill;
� Elementos de treliça inelásticos – truss;
� Elementos links – link & relnk;
� Elementos de massa – lmass & dmass;
� Elementos de amortecimento – dashpt.
Descrevem-se de seguida os elementos utilizados no modelo analítico realizado.
5.5.1. ELEMENTOS DE BARRA INELÁSTICOS – INFRM
Estes elementos são os elementos de barra em 3D que permitem modelar elementos de pórticos
espaciais, considerando as não linearidades geométricas e físicas dos materiais. Como já foi
descrito, a relação histerética momento-curvatura de uma determinada secção de um elemento
estrutural é obtida através da integração da resposta uniaxial não linear do material nas fibras em
que a secção foi subdividida, tendo em consideração a propagação da plasticidade ao longo do
comprimento do elemento e da área da secção.
Na definição da classe dos elementos, é necessário definir o número de fibras em que a secção é
subdividida, sendo cada uma destas fibras utilizadas nos cálculos de equilíbrio desenvolvidos em
cada secção de Gauss dos elementos. O número ideal de fibras, necessário para garantir uma
adequada reprodução da distribuição de tensões-extensões ao longo da secção do elemento,
varia com a forma e as características dos materiais da secção, dependendo também do grau de
inelasticidade aplicado à secção. Para o modelo analítico realizado nesta dissertação foram
adoptadas 300 fibras por secção.
Relativamente ao amortecimento, este pode ser definido globalmente para a estrutura ou
individualmente para cada elemento, tendo sido adoptado um amortecimento global.
CAPÍTULO 5 MODELAÇÃO ANALÍTICA DA ESTRUTURA
76
5.5.2. ELEMENTOS DE BARRA ELÁSTICOS – “ ELFRM”
Estes elementos foram utilizados para modelar barras rígidas, sempre que se pretendeu garantir
uma continuidade de esforços entre dois elementos cujos eixos não se intersectavam, como
aconteceu, por exemplo, na ligação das vigas V5 e V6 ao pilar P6, como se pode ver na Figura
5.11:
Figura 5.11 – Descontinuidade junto ao pilar P6.
Para se definir este elemento, é necessário introduzir os valores de EA, EI2, EI3 e GJ, onde E
representa o módulo de elasticidade do elemento, A é a área da secção, I2 e I3 são os momentos
de inércia em torno dos eixos locais perpendiculares ao elemento, J representa a constante de
torção e G é o módulo de distorção.
5.5.3. ELEMENTOS DE MASSA – “ LMASS”
O peso dos elementos da estrutura pode ser considerado através de três hipóteses distintas,
através da consideração do peso específico dos materiais, ou então colocando elementos de
massa adicionais, que podem ser pontuais (lmass) ou distribuídos (dmass). Estes elementos de
massa podem servir para representar a massa da estrutura, mas também as lajes, restante carga
permanente, revestimentos ou sobrecargas.
Na modelação analítica do edifício, como já foi referido quando apresentados os materiais
utilizados no modelo, foi considerado nulo o peso próprio dos materiais, tendo sido utilizados
elementos de massa pontuais colocados nos nós de ligação viga-pilar, para contabilizar a massa
dos elementos estruturais e as cargas adicionais que foram colocadas na estrutura.
Os elementos lmass representam as massas colocadas nos nós da estrutura e caracterizam-se
por três valores de massa de translação e três valores de inércias de rotação, nas direcções do
espaço tridimensional. Os valores das massas são definidos relativamente ao referencial global
definido na Figura 5.12, tomando valores iguais ao valor da massa a colocar no nó para Mx, My e
Mz e sendo igual a zero para as inércias de rotação Mxx, Myy e Mzz, uma vez que as massas
adicionais foram distribuídas de modo que o modelo reduzido tivesse um momento polar de inércia
semelhante ao do protótipo.
MODELAÇÃO ANALÍTICA DA ESTRUTURA CAPÍTULO 5
77
Figura 5.12 – Definição dos elementos de massa pontuais (Antoniou e Pinho, 2003).
Como já foi referido, as massas foram colocadas em todos os pisos nos nós de ligação viga-pilar e
também em dois nós adicionais, nomeadamente o nó de ligação entre a viga V4 e V7 (M10) e o nó
de ligação entre a viga V3 e V9 (M11), que se podem ver na Figura 4.2. Os valores das massas
utilizadas no modelo analítico apresentam-se na Tabela 5.2 e na Tabela 5.3, comparando-se estas
com as utilizadas por Bhatt (2008) no protótipo, em que se verifica a relação de semelhança
correspondente à redução da escala:
2p
m
m
mλ= (5.9)
Massas (ton)
Pilar Massa % Protótipo Modelo Reduzido
P1 M1 10,10 6,8 1,09
P2 M2 12,18 8,2 1,31
P3 M3 12,48 8,4 1,34
P4 M4 5,79 3,9 0,62
P5 M5 5,05 3,4 0,55
P6 M6 10,55 7,1 1,14
P7 M7 7,13 4,8 0,77
P8 M8 3,42 2,3 0,37
P9 M9 7,28 4,9 0,78
- M10 13,37 9,0 1,44
- M11 12,63 8,5 1,36
Total 100 67,3 10,77
Tabela 5.2 – Distribuição das massas pelos nós de ligação viga-pilar nos pisos 1 e 2.
CAPÍTULO 5 MODELAÇÃO ANALÍTICA DA ESTRUTURA
78
Massas (ton)
Pilar Massa % Protótipo Modelo Reduzido
P1 M1 10,67 6,7 1,07
P2 M2 12,74 8,0 1,28
P3 M3 13,22 8,3 1,33
P4 M4 5,73 3,6 0,58
P5 M5 4,62 2,9 0,46
P6 M6 9,55 6,0 0,96
P7 M7 7,17 4,5 0,72
P8 M8 3,18 2,0 0,32
P9 M9 6,37 4,0 0,64
- M10 13,38 8,4 1,34
- M11 13,38 8,4 1,34
Total 100 62,8 10,05
Tabela 5.3 – Distribuição das massas pelos nós de ligação viga-pilar no piso 3.
5.6. GEOMETRIA DA ESTRUTURA
Os elementos estruturais como os pilares e as vigas foram modelados com elementos lineares,
sendo estes representados pelo seu eixo.
Para a definição da geometria da estrutura, começou-se por definir todos os nós estruturais e não
estruturais da estrutura. Todos os nós estruturais foram ligados entre si pelos tipos de elementos
definidos anteriormente, formando os diferentes elementos estruturais do edifício. Por fim, foram
estabelecidas as condições de fronteira da estrutura e foi considerado um comportamento de
diafragma rígido para as lajes.
5.6.1. NÓS DA ESTRUTURA
Os nós estruturais são definidos na secção Nodes e são todos aqueles que pertencem
efectivamente a elementos estruturais, enquanto os não estruturais servem apenas para definir a
orientação dos eixos locais desses elementos.
5.6.2. LIGAÇÃO ENTRE ELEMENTOS
A ligação dos elementos da estrutura é definida na secção Element Connectivity, sendo
especificado o nome do elemento, a respectiva classe e os seus nós de identificação.
MODELAÇÃO ANALÍTICA DA ESTRUTURA CAPÍTULO 5
79
No caso dos elementos infrm, definem-se três nós, dois correspondentes aos pontos extremos do
elemento que definem o seu comprimento, posição no espaço e direcção (eixo local 1), e o último
para definir a orientação da secção do elemento (eixos locais 2 e 3).
Relativamente ao pilar P6, como se pode ver na Figura 5.11, as vigas V5 e V6 apresentam uma
descontinuidade que tem de ser ultrapassada na modelação. Assim, foram utilizados elementos
lineares rígidos, através de elementos elfrm, para modelar correctamente a transferência de
esforços entre os dois elementos estruturais, como ilustrado na Figura 5.13.
Figura 5.13 – Modelação da descontinuidade do pilar P6 (adaptado de Massena, 2004).
Para a definição dos elementos de massa da estrutura, apenas é necessário definir um nó, sendo
habitual associar um elemento de massa por nó de ligação viga-pilar, quando se trata de
estruturas sujeitas a acções horizontais.
5.6.3. CONDIÇÕES DE FRONTEIRA
Com a definição das condições de fronteira na secção Restraints, fica definida a geometria
estrutural do edifício e a sua ligação ao exterior. As condições de fronteira definem-se escolhendo
um nó estrutural da lista existente e atribuindo as restrições necessárias a qualquer um dos seis
graus de liberdade existentes no espaço tridimensional, tendo sido escolhidos encastramentos
perfeitos em todos os pilares.
5.6.4. COMPORTAMENTO DE DIAFRAGMA RÍGIDO DOS PISOS
A consideração do comportamento de diafragma rígido nos pisos da estrutura é um método que só
recentemente está disponível no SeismoStruct, sendo que anteriormente era necessária a
definição de elementos de treliça muito rígidos para simular este tipo de comportamento das lajes.
PilarP6
VigaV5
VigaV6
Pilar P6
Viga V6
Viga V5
Elemento Rígido
Elemento Rígido
CAPÍTULO 5 MODELAÇÃO ANALÍTICA DA ESTRUTURA
80
Actualmente, na secção Nodal Constraints, é possível associar a um conjunto de nós da estrutura
o comportamento de diafragma rígido, sendo este procedimento conseguido através de
multiplicadores de Lagrange.
5.7. CARREGAMENTO APLICADO
Existem quatro categorias de carregamento no SeismoStruct, que podem ser aplicadas a qualquer
modelo estrutural. Estes carregamentos podem ser forças, deslocamentos ou acelerações.
5.7.1. CARGAS PERMANENTES
Estes carregamentos incluem todas as cargas estáticas que estão permanentemente aplicadas à
estrutura, podendo ser forças ou deslocamentos aplicados nos nós. Estas cargas são utilizadas
em todos os tipos de análises, e são consideradas antes de qualquer outro tipo de carregamento.
São exemplo deste tipo de carregamento as cargas gravíticas, correspondentes às massas
aplicadas nos nós da estrutura, sendo que o programa pode contabilizar automaticamente estas
forças, desde que esteja activa a opção Automatically Transform Masses to Gravity Loads.
5.7.2. CARGAS INCREMENTAIS
Estes carregamentos representam todas as cargas pseudo-estáticas, que podem ser forças ou
deslocamentos aplicados nos nós da estrutura, e que são incrementalmente aumentadas. Estas
cargas são utilizadas nas análises estáticas pushover, convencional e adaptativa.
5.7.3. CARGAS DINÂMICAS AO LONGO DO TEMPO
Os carregamentos dinâmicos ao longo do tempo são definidos pelo utilizador e podem ser
aplicados à estrutura na forma de forças ou acelerações. São estes os carregamentos utilizados
nas análises dinâmicas não lineares, para reproduzir a acção de um sismo sobre a estrutura. No
caso das análises dinâmicas realizadas nesta dissertação, estes carregamentos foram aplicados
na base da estrutura, na forma de acelerogramas. Estes carregamentos permitiram também a
modelação de um impulso variável no tempo aplicado à estrutura.
81
6. PROGRAMA EXPERIMENTAL
6.1. DESCRIÇÃO DOS ENSAIOS
Os ensaios experimentais foram realizados na mesa sísmica do LNEC e desenvolvidos em duas
fases distintas. A primeira fase teve lugar em Novembro de 2003 e a segunda fase em Janeiro de
2004. O programa experimental incluiu oito ensaios com acelerações de pico aplicadas na base da
estrutura crescentes, como indicado na Tabela 6.1:
1ªFase
Ensaio Aceleração de pico (g)
2ªFase
Ensaio Aceleração de pico (g)
1 0,1 5 0,2
2 0,2 6 0,6
3 0,3 7 0,8
4 0,4 8 1,0
Tabela 6.1 – Sequência de ensaios experimentais (adaptado de Coelho et al., 2005).
Foram também realizados ensaios de caracterização, de modo a obter uma informação
experimental sobre as características dinâmicas da estrutura em cada fase dos ensaios. Estes
ensaios de caracterização consistiram na imposição de um ruído branco de longa duração e baixa
intensidade na fundação do modelo, e no registo das respostas da estrutura em termos de
acelerações. Os resultados obtidos nestes testes permitiram obter as frequências e configurações
dos modos de vibração da estrutura inicial e da estrutura sequencialmente danificada ao longo do
programa experimental.
6.2. CARACTERÍSTICAS DA MESA SÍSMICA
A plataforma sísmica triaxial do LNEC é constituída por três sistemas principais. O primeiro
sistema é designado por corpo e corresponde à plataforma sobre a qual são montados os modelos
a ensaiar. O segundo sistema é designado por sistema de guiamento e tem como função principal
assegurar o movimento do corpo segundo os graus de liberdade pretendidos. Este sistema
permite três movimentos de translação independentes segundo os três eixos ortogonais do espaço
tridimensional, sendo os graus de liberdade rotacionais eliminados por intermédio de dispositivos
mecânicos (barras de torção) integrados no sistema de guiamento. O terceiro sistema é o sistema
actuador e consiste de actuadores hidráulicos que têm a função de impor ao corpo o movimento
com as características requeridas pelos ensaios sísmicos. A mesa sísmica permite deslocamentos
até cerca de ± 14 cm, velocidades até 70 cm/s e acelerações entre 1,2 g e 2 g, consoante a
direcção e dependendo do peso do modelo ensaiado. Apresenta dimensões em planta de 4,60 x
5,60 m2 e uma capacidade máxima de carga de 40 toneladas (site: LNEC).
CAPÍTULO 6 PROGRAMA EXPERIMENTAL
82
Apresenta-se na Figura 6.1 um panorama da nave de ensaios e da mesa sísmica do LNEC.
Figura 6.1 – Nave de ensaios e mesa sísmica do LNEC (LNEC, 2006).
6.3. INSTRUMENTAÇÃO DO MODELO
Para a obtenção dos históricos de deslocamentos e acelerações durante os ensaios, o modelo
reduzido foi instrumentado, tendo em conta um plano baseado na consideração de um
comportamento de diafragma rígido das lajes dos pisos. Com base nesta hipótese, a medição de
três movimentos não paralelos em dois pontos diferentes de cada piso foi suficiente para
caracterizar o movimento de qualquer ponto dos três pisos. Os movimentos de vibração da
estrutura foram obtidos na forma de deslocamentos e de acelerações (Coelho et al., 2005).
Os deslocamentos absolutos foram medidos através de transdutores ópticos infravermelhos 2D
em todos os pisos, sendo que na base apenas foi necessária a colocação de um transdutor, por
nesta não haver rotações. Nos pisos 1, 2 e 3, os dois transdutores foram colocados em posições
opostas do piso relativamente ao seu centro de massa, como ilustrado na Figura 6.2:
PROGRAMA EXPERIMENTAL CAPÍTULO 6
83
Figura 6.2 – Localização dos transdutores ópticos para medição dos deslocamentos absolutos (adaptado de
Coelho et al., 2005).
No que diz respeito às acelerações, estas foram registadas a todos os níveis por intermédio de
acelerómetros 3D PCB colocados em quatro pontos distintos, como se pode ver na Figura 6.3:
Figura 6.3 – Localização dos acelerómetros nos pisos 1, 2 e 3 (adaptado de Coelho et al., 2005).
Sul
Este Oeste
Norte
Sul
Este Oeste
Norte
Sul
Este Oeste
Norte
1ºPiso 2ºPiso
3ºPiso Transdutor Óptico
Legenda:
Sul
Este Oeste
Norte
Acelerómetro
Legenda:
CAPÍTULO 6 PROGRAMA EXPERIMENTAL
84
6.4. ACELEROGRAMAS
Os sinais introduzidos na mesa sísmica consistiram em séries semi-artificiais determinadas
através da modificação das componentes Norte-Sul (NS) e Este-Oeste (WE) obtidas na estação
de Herceg Novi, durante o sismo de Montenegro em 1979. Com este processo, conseguiu-se que
o sinal estivesse em conformidade com os espectros elásticos do Eurocódigo 8 (CEN, 2004 b).
Estas duas componentes foram aplicadas simultaneamente nas duas direcções horizontais
ortogonais (transversal e longitudinal), não tendo sido considerada qualquer excitação na direcção
vertical.
Para que fossem cumpridas as relações de semelhança necessárias, foi necessário realizar uma
mudança de escala para o tempo na introdução do acelerograma, dada pela equação (6.1), não
tendo sido necessária qualquer alteração no valor da aceleração.
p
m
tt
λ= (6.1)
Os acelerogramas aplicados na análise dinâmica não linear não foram, no entanto, os sinais
fornecidos à mesa sísmica, mas sim os obtidos na base durante o ensaio, que reproduzem com
maior precisão o efeito que efectivamente foi aplicado à estrutura.
Os acelerogramas utilizados para as intensidades de 0,1 g, 0,2 g e 0,3 g, nas direcções X e Y,
apresentam-se na Figura 6.4, Figura 6.5 e Figura 6.6:
Figura 6.4 – Acelerogramas nas direcções X e Y para a intensidade de 0,1 g (Coelho et al., 2005).
0,1g
-1000
-750
-500
-250
0
250
500
750
1000
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)Ace
lera
ção
(mm
/s2 )
Acelerograma X
Acelerograma Y
PROGRAMA EXPERIMENTAL CAPÍTULO 6
85
Figura 6.5 – Acelerogramas nas direcções X e Y para a intensidade de 0,2 g (Coelho et al., 2005).
Figura 6.6 – Acelerogramas nas direcções X e Y para a intensidade de 0,3 g (Coelho et al., 2005).
0,2g
-4000
-3000
-2000
-1000
0
1000
2000
3000
4000
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)Ace
lera
ção
(mm
/s2 )
Acelerograma X
Acelerograma Y
0,3g
-4000
-3000
-2000
-1000
0
1000
2000
3000
4000
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)Ace
lera
ção
(mm
/s2 )
Acelerograma X
Acelerograma Y
CAPÍTULO 6 PROGRAMA EXPERIMENTAL
86
6.5. ANÁLISE DOS RESULTADOS EXPERIMENTAIS
6.5.1. DESLOCAMENTOS E ROTAÇÕES DOS PISOS
Com base nos históricos de deslocamentos e acelerações nos diferentes aparelhos, foi possível
determinar ao longo do tempo os deslocamentos relativos e as acelerações absolutas, no centro
de massa de cada piso, para as direcções transversal e longitudinal e para as rotações. Na Figura
6.7, Figura 6.8 e Figura 6.9, apresentam-se os deslocamentos dos pisos na direcção X,
relativamente à base, para o teste inicial a 0,1 g, intermédio a 0,4 g e para o teste final a 1,0 g.
Figura 6.7 – Deslocamentos na direcção X para uma intensidade de 0,1g (Coelho et al., 2005).
Figura 6.8 – Deslocamentos na direcção X para uma intensidade de 0,4g (Coelho et al., 2005).
Figura 6.9 – Deslocamentos na direcção X para uma intensidade de 1,0g (Coelho et al., 2005).
0,1g - Direcção Transversal X
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)Des
loca
men
to
(mm
)
1ºPiso
2ºPiso
3ºPiso
0,4g - Direcção Transversal X
-60
-40
-20
0
20
40
60
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)Des
loca
men
to
(mm
)
1ºPiso
2ºPiso
3ºPiso
1,0g - Direcção Transversal X
-100
-75
-50
-25
0
25
50
75
100
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)Des
loca
men
to
(mm
)
1ºPiso
2ºPiso
3ºPiso
PROGRAMA EXPERIMENTAL CAPÍTULO 6
87
Como se pode ver nos gráficos anteriores, o padrão de deslocamentos não se manteve ao longo
dos ensaios, verificando-se que para o ensaio a 0,1 g os deslocamentos crescem em altura, não
acontecendo o mesmo a partir do ensaio a 0,4 g, onde se verifica um deslocamento maior no
1ºpiso que nos superiores.
Na Figura 6.10, Figura 6.11 e Figura 6.12, apresentam-se os deslocamentos dos pisos na direcção
Y, relativamente à base, para o teste inicial a 0,1 g, intermédio a 0,4 g e para o teste final a 1,0 g.
Figura 6.10 – Deslocamentos na direcção Y para uma intensidade de 0,1g (Coelho et al., 2005).
Figura 6.11 – Deslocamentos na direcção Y para uma intensidade de 0,4g (Coelho et al., 2005).
Figura 6.12 – Deslocamentos na direcção Y para uma intensidade de 1,0g (Coelho et al., 2005).
0,1g - Direcção Longitudinal Y
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12Tempo (s)D
eslo
cam
ento
(m
m)
1ºPiso
2ºPiso
3ºPiso
0,4g - Direcção Longitudinal Y
-60
-40
-20
0
20
40
60
0 2 4 6 8 10 12Tempo (s)D
eslo
cam
ento
(m
m)
1ºPiso
2ºPiso
3ºPiso
1,0g - Direcção Longitudinal Y
-100
-75
-50
-25
0
25
50
75
100
0 2 4 6 8 10 12Tempo (s)D
eslo
cam
ento
(m
m)
1ºPiso
2ºPiso
3ºPiso
CAPÍTULO 6 PROGRAMA EXPERIMENTAL
88
Na direcção longitudinal, verifica-se que os deslocamentos de topo máximos sofrem um aumento,
entre os ensaios a 0,1 g e 1,0 g, bastante maior que o verificado na direcção transversal. Para o
primeiro ensaio, o deslocamento de topo foi aproximadamente de 6 mm, enquanto para o último
teste o deslocamento máximo atingiu valores da ordem dos 90 mm. Nesta direcção, o
comportamento relativo entre pisos manteve-se ao longo de todos os ensaios, com um padrão dos
deslocamentos a aumentar sempre dos pisos inferiores para os superiores.
Na Figura 6.13 e na Figura 6.14, apresentam-se as rotações dos pisos relativamente à base, para
o teste inicial a 0,1 g e para o teste final a 1,0 g:
Figura 6.13 – Rotações para uma intensidade de 0,1g (Coelho et al., 2005).
Figura 6.14 – Rotações para uma intensidade de 1,0g (Coelho et al., 2005).
Relativamente às rotações, verifica-se que os valores máximos observados ocorrem sempre no
piso superior, atingindo valores de cerca de 2,2 milirad no primeiro ensaio e 20 milirad no último,
correspondendo a um factor de amplificação de aproximadamente 10. O padrão de rotações ao
longo da altura do edifício e ao longo dos ensaios mostrou um comportamento semelhante ao
verificado para os deslocamentos longitudinais, o que indicia que um paralelismo entre os
deslocamentos longitudinais e as rotações se manteve ao longo dos ensaios.
0,1g - Rotações
-5-4-3-2-1012345
0 2 4 6 8 10 12Tempo (s)R
otaç
ão (
mili
rad)
1ºPiso
2ºPiso
3ºPiso
1,0g - Rotações
-25-20-15-10-505
10152025
0 2 4 6 8 10 12Tempo (s)R
otaç
ão (
mili
rad)
1ºPiso
2ºPiso
3ºPiso
PROGRAMA EXPERIMENTAL CAPÍTULO 6
89
Na Tabela 6.2 apresentam-se os valores máximos atingidos para os deslocamentos e rotações
dos pisos, durante os ensaios experimentais realizados, apresentando-se na Figura 6.15 os
deslocamentos de pico em forma de gráfico.
Deslocamentos na
Transversal “X” (mm) Deslocamentos na
Longitudinal “Y” (mm) Rotações (milirad)
Aceleração Pico (g)
1ºPiso 2ºPiso 3ºPiso 1ºPiso 2ºPiso 3ºPiso 1ºPiso 2ºPiso 3ºPiso
0,1 11,45 13,10 14,72 2,43 4,86 5,40 0,82 1,75 2,00
0,2 23,01 28,99 33,57 5,04 10,31 11,44 1,83 3,70 4,15
0,3 34,14 37,26 44,58 7,89 15,49 17,92 2,79 5,32 6,25
0,4 45,01 49,33 49,83 13,92 25,38 28,06 4,30 8,37 10,27
0,6 36,35 31,29 36,91 25,39 44,59 51,24 7,47 13,86 16,66
0,8 45,12 35,73 32,69 33,90 59,01 72,95 8,82 16,77 20,92
1,0 57,05 40,43 35,54 47,78 73,40 92,43 10,66 16,76 20,32
Tabela 6.2 – Deslocamentos e rotações máximas nos pisos durante os ensaios experimentais realizados
(Coelho et al., 2005).
Figura 6.15 – Deslocamentos de pico nos pisos para as duas direcções, ao longo dos ensaios (Coelho et al.,
2005).
Como se pode ver pela Tabela 6.2 e Figura 6.15, o comportamento da estrutura na direcção
transversal sofreu uma alteração significativa a partir do ensaio a 0,4 g, com os deslocamentos
dos pisos a deixar de ter o padrão crescente em altura que apresentava nos ensaios anteriores e
que é característico de uma estrutura em pórtico. Esta alteração no comportamento da estrutura
Deslocamentos de Pico
0
1
2
3
-100 -80 -60 -40 -20 0 20 40 60 80 100
Deslocamento na Transversal
(mm)
Piso 0,1g
0,2g
0,3g
0,4g
0,6g
0,8g
1,0g
Deslocamento na Longitudinal
(mm)
CAPÍTULO 6 PROGRAMA EXPERIMENTAL
90
na direcção transversal surgiu gradualmente, à medida que a intensidade dos ensaios foi
aumentando, o que indicia a formação de um mecanismo de piso (1ºpiso) nesta direcção.
Relativamente aos deslocamentos na direcção longitudinal, estes apresentam um padrão
constante ao longo dos ensaios, com deslocamentos dos pisos crescentes em altura mas
diminuindo em termos relativos, característica própria das estruturas do tipo pórtico-parede. Esta
regularidade em altura deve-se muito provavelmente à presença do pilar P6, que com uma rigidez
muito maior que a dos restantes, compatibiliza os deslocamentos da estrutura em altura.
6.5.2. ESFORÇO TRANSVERSO E TORÇÃO
Na Tabela 6.3 apresentam-se os valores máximos do esforço transverso nos pisos, durante os
ensaios experimentais realizados.
Esforço Transverso na Transversal “X” (kN)
Esforço Transverso na Longitudinal “Y” (kN)
Aceleração Pico (g)
1ºPiso 2ºPiso 3ºPiso 1ºPiso 2ºPiso 3ºPiso
0,1 19,59 13,91 9,45 14,53 12,51 8,59
0,2 45,20 36,40 22,79 31,29 27,19 17,61
0,3 59,84 45,45 37,35 48,05 36,19 23,33
0,4 64,48 56,21 45,92 52,39 47,22 29,29
0,6 55,75 56,76 37,88 62,21 56,19 36,66
0,8 45,49 40,12 33,13 63,68 55,84 40,76
1,0 42,84 41,34 31,22 66,94 42,43 33,30
Tabela 6.3 – Esforço transverso máximo nos pisos durante os ensaios experimentais realizados (Coelho et
al., 2005).
Pela observação da tabela anterior, verifica-se que na direcção transversal há uma diminuição
abrupta do valor do esforço transverso na base a partir do ensaio a 0,4 g, que é justificada pela
formação do mecanismo de piso referido anteriormente. No que diz respeito ao esforço transverso
na direcção longitudinal e à torção, estas mantém um padrão crescente à medida que a
intensidade dos ensaios vai aumentando. Por outro lado, também se pode notar que o esforço
transverso é sempre máximo no 1ºpiso e decresce em altura, como é habitual numa estrutura
deste tipo sujeita a uma acção sísmica.
PROGRAMA EXPERIMENTAL CAPÍTULO 6
91
Apresentam-se na Figura 6.16, Figura 6.17 e Figura 6.18, os diagramas dos ciclos histeréticos da
estrutura em termos do esforço de corte basal em função do deslocamento de topo, para os
ensaios a 0,1 g, 0,4 g e 1,0 g, respectivamente.
Figura 6.16 – Corte basal - deslocamento de topo, no ensaio a 0,1 g (Coelho et al., 2005).
Figura 6.17 – Corte basal - deslocamento de topo, no ensaio a 0,4 g (Coelho et al., 2005).
Figura 6.18 – Corte basal - deslocamento de topo, no ensaio a 1,0 g (Coelho et al., 2005).
Como se pode ver, para o ensaio a 0,1 g, a estrutura responde praticamente em regime linear com
uma rigidez superior na direcção longitudinal, que se deve à presença do pilar P6. À medida que a
0,1g
-75
-50
-25
0
25
50
75
-100 -75 -50 -25 0 25 50 75 100Deslocamento de topo (mm)
Corte Basal (kN)
Transversal
Longitudinal
0,4g
-75
-50
-25
0
25
50
75
-100 -75 -50 -25 0 25 50 75 100Deslocamento de topo (mm)
Corte Basal (kN)
Transversal
Longitudinal
1,0g
-75
-50
-25
0
25
50
75
-100 -75 -50 -25 0 25 50 75 100Deslocamento de topo (mm)
Corte Basal (kN)
Transversal
Longitudinal
CAPÍTULO 6 PROGRAMA EXPERIMENTAL
92
intensidade vai aumentando, verifica-se a entrada em regime não linear com uma degradação
progressiva da rigidez da estrutura e consequente aumento da dispersão dos ciclos histeréticos
face a um regime elástico. Salienta-se o facto dos deslocamentos na direcção longitudinal se
tornarem superiores aos deslocamentos na direcção transversal para os ensaios com maior
intensidade, o que pode estar relacionado com a existência na direcção transversal de uma
deformação plástica ao nível do 1ºpiso, que influencia os deslocamentos dos pisos superiores.
6.5.3. DESLOCAMENTOS E ROTAÇÕES INTER-PISOS
Na Tabela 6.4 apresentam-se os deslocamentos e as rotações inter-pisos de pico, durante os
ensaios.
Deslocamentos Inter-Pisos na
Transversal X (%)
Deslocamentos Inter-Pisos na
Longitudinal Y (%)
Rotações Inter-Pisos (milirad)
Aceleração Pico (g)
1ºPiso 2ºPiso 3ºPiso 1ºPiso 2ºPiso 3ºPiso 1ºPiso 2ºPiso 3ºPiso
0,1 0,95% 0,32% 0,16% 0,20% 0,22% 0,15% 0,82 0,96 0,63
0,2 1,92% 0,94% 0,94% 0,42% 0,46% 0,14% 1,83 1,88 0,81
0,3 2,85% 1,22% 0,65% 0,66% 0,64% 0,23% 2,79 2,65 1,25
0,4 3,75% 1,69% 0,99% 1,16% 0,96% 0,58% 4,30 4,07 1,90
0,6 3,03% 2,00% 1,91% 2,12% 1,66% 0,83% 7,47 7,60 3,69
0,8 3,76% 1,75% 1,92% 2,83% 2,18% 1,35% 8,82 8,24 6,41
1,0 4,75% 3,37% 2,17% 3,98% 2,60% 1,95% 10,66 7,67 5,81
Tabela 6.4 – Deslocamentos inter-pisos e rotações inter-pisos máximos durante os ensaios experimentais
realizados (Coelho et al., 2005).
Geralmente, é aceite o valor de 2,5% de deslocamento inter-pisos para o Estado Limite Último.
Verifica-se que na direcção transversal (X) este valor é ultrapassado para 0,3 g, enquanto na
direcção longitudinal (Y) este valor apenas é ultrapassado para uma intensidade de 0,8 g.
Justifica-se assim a formação do mecanismo de piso na direcção transversal, durante a primeira
fase dos ensaios.
6.5.4. EVOLUÇÃO DAS FREQUÊNCIAS EXPERIMENTAIS
A evolução das frequências experimentais da estrutura pode ser obtida através da realização de
análises FFT (Fast Fourier Transform) às séries de deslocamentos e às séries de rotações. Os
resultados obtidos nesta análise foram apresentados por Coelho et al. (2005), tendo sido repetido
este processo neste trabalho, através do programa SeismoSignal (Seismosoft, 2004). Este
programa permite o tratamento dos dados obtidos em análises dinâmicas, nomeadamente a
PROGRAMA EXPERIMENTAL CAPÍTULO 6
93
determinação do espectro de amplitudes de Fourier de uma série ao longo do tempo de
deslocamentos, que apresenta o conteúdo de frequências dessa resposta em termos de
deslocamentos.
Apresenta-se na Figura 6.19 a evolução das frequências da estrutura ao longo dos ensaios, para a
direcção transversal, longitudinal e rotações:
Figura 6.19 – Evolução das frequências experimentais ao longo dos ensaios.
Uma comparação dos valores das frequências para o ensaio a 0,1 g, permite verificar que a
direcção longitudinal apresenta maior rigidez inicial que a direcção transversal, que se deve em
grande parte à maior rigidez do pilar P6 nesta direcção, relativamente a todos os outros pilares.
Assim, é natural que para os ensaios de menor intensidade os deslocamentos de topo sejam
maiores na direcção transversal que na longitudinal, como já se tinha verificado nas séries de
deslocamentos. Relativamente à diminuição gradual das frequências na direcção longitudinal, esta
deve-se à formação da rótula plástica na base do pilar P6, podendo estar aqui a justificação para o
aumento de cerca de 10 vezes do deslocamento de topo nessa direcção, entre o primeiro e o
último ensaio. A diminuição abrupta da frequência na direcção transversal, para os ensaios de
maior intensidade, deverá estar relacionada com a formação do mecanismo de piso já referida
anteriormente.
Relativamente à direcção longitudinal e às rotações, verifica-se na evolução das frequências o
mesmo paralelismo que já se tinha verificado ao longo dos ensaios na evolução dos
deslocamentos e rotações.
Evolução das Frequências Experimentais
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
0,1g 0,2g 0,3g 0,4g 0,6g 0,8g 1,0g
Ensaio Experimental
Frequência (Hz)
Transversal
Longitudinal
Rotação
CAPÍTULO 6 PROGRAMA EXPERIMENTAL
94
6.5.5. DANOS ESTRUTURAIS OBSERVADOS
O padrão da distribuição de danos na estrutura no final dos ensaios está de acordo com os
resultados e as observações referidas anteriormente. Foram observados comportamentos
diferentes na direcção longitudinal e transversal. Relativamente à direcção transversal, identificou-
se um mecanismo de piso com rótulas concentradas no topo e na base dos pilares do 1ºpiso, as
quais foram responsáveis pela deformação permanente da estrutura nessa direcção, enquanto na
direcção longitudinal se verificou um comportamento do tipo parede, com uma rótula concentrada
na base do pilar P6. Verificou-se também uma deformação significativa nos pilares P2 e P7,
devido à influência da excessiva torção da estrutura nos pilares mais afastados do centro de
rigidez da mesma.
Outro aspecto importante de referir é o facto de a estrutura não ter atingido o colapso global,
apesar da elevada intensidade da aceleração de pico atingida pelo solo durante os ensaios
experimentais, numa estrutura apenas dimensionada para cargas verticais.
A Figura 6.20 e a Figura 6.21 apresentam alguns exemplos do desenvolvimento de danos na
estrutura após o ensaio com uma intensidade de 0,3 g.
Figura 6.20 – Fendilhação e descasque do betão
de recobrimento na base do pilar P6 (Coelho et
al., 2005).
Figura 6.21 – Fissuração a meia altura do 1ºpiso
do pilar P2 (Coelho et al., 2005).
As figuras que se apresentam em seguida ilustram alguns exemplos da distribuição de danos na
estrutura no final dos ensaios.
PROGRAMA EXPERIMENTAL CAPÍTULO 6
95
Figura 6.22 – Deformação longitudinal
permanente no pilar P7 (Coelho et al., 2005).
Figura 6.23 – Concentração de dano no pilar
excêntrico P2 (Coelho et al., 2005).
Figura 6.24 – Medição da deformação transversal
permanente no pilar P6 (Coelho et al., 2005).
Figura 6.25 – Danos no pilar P4 (Coelho et al.,
2005).
Figura 6.26 – Formação do mecanismo de piso na direcção transversal e ausência de armadura de esforço
transverso na zona de ligação viga-pilar (Coelho et al., 2005).
CAPÍTULO 6 PROGRAMA EXPERIMENTAL
96
97
7. ANÁLISE DE RESULTADOS
7.1. AVALIAÇÃO PRELIMINAR DO MODELO
Para avaliar a representatividade do modelo reduzido face ao modelo à escala real em termos das
relações de semelhança envolvidas, foi realizada uma avaliação de ambos os modelos e
comparadas as suas características dinâmicas obtidas através de uma análise modal e as suas
curvas de capacidade obtidas através de uma análise estática não linear pushover. O modelo
analítico utilizado para representar a estrutura reduzida foi o desenvolvido nesta dissertação com o
programa SeismoStruct, e o modelo analítico utilizado para representar o protótipo foi o modelo
desenvolvido por Bhatt (2008), tendo também sido analisado o modelo definido por Massena
(2004).
7.1.1. CARACTERÍSTICAS DINÂMICAS DA ESTRUTURA
Tratando-se de um edifício de três pisos, e considerando três graus de liberdade por piso (dois
deslocamentos horizontais ortogonais e uma rotação no plano horizontal), pode-se concluir que o
edifício apresenta 9 graus de liberdade. Apresentam-se na Tabela 7.1 as características dinâmicas
da estrutura reduzida, obtidas através de uma análise modal realizada ao modelo analítico
concebido no SeismoStruct.
Modo Período
T (s)
Frequência
f (Hz)
Tipo de Modo
Factores de P articipação de Massa Modal
Factores de Participação de Massa Modal
Acumulados
UX (%) UY (%) UX (%) UY (%)
1º 0,381 2,624 Transversal /
Rotação 60,414 7,943 60,414 7,943
2º 0,326 3,066 Rotação /
Longitudinal 23,542 43,060 83,957 51,004
3º 0,273 3,664 Longitudinal /
Rotação 3,112 31,382 87,069 82,386
4º 0,134 7,449 - 7,426 0,779 94,495 83,165
5º 0,112 8,968 - 2,817 3,937 97,312 87,102
6º 0,093 10,794 - 1,641 0,002 98,953 87,104
7º 0,088 11,373 - 0,364 7,845 99,317 94,949
8º 0,075 13,258 - 0,671 1,025 99,988 95,973
9º 0,050 20,182 - 0,007 3,901 99,995 99,874
Tabela 7.1 – Características dinâmicas da estrutura.
A frequência própria fundamental da estrutura corresponde à frequência do 1º modo de vibração
que é de 2,624 Hz.
CAPÍTULO 7 ANÁLISE DE RESULTADOS
98
Como se pode ver pelos valores apresentados na Tabela 7.1, os três primeiros modos são os
modos mais significativos da estrutura, pois são aqueles que apresentam uma frequência de
vibração mais baixa, sendo também bastante próxima entre si. Após o 3º modo, verifica-se um
aumento significativo das frequências associadas aos modos de vibração, que indicam um
acréscimo importante da energia de deformação associada a esses modos, devido ao
aparecimento de um ponto de inflexão na sua configuração deformada. Este salto significativo
verifica-se novamente após o 8º modo, não sendo, no entanto, muito importante a análise desta
situação, por estes modos superiores serem pouco relevantes para o comportamento da estrutura,
como se pode analisar pelos factores de participação correspondentes, e por ser provável que
para frequências de vibração elevadas comecem também a surgir modos de vibração verticais. É
também de salientar o facto de ao fim dos três primeiros modos estar mobilizada cerca de 87% e
82% da percentagem de massa na direcção X e Y, respectivamente.
Relativamente à configuração dos modos de vibração, serão apenas considerados os três
primeiros modos, podendo-se facilmente concluir pela sua configuração deformada e pelos
factores de participação de massa, que em todos os modos existe uma torção significativa
associada aos movimentos de translação.
Apresenta-se de seguida a configuração do 1º modo de vibração:
Figura 7.1 – Perspectiva do 1º modo de vibração.
Figura 7.2 – Planta do 1º modo de vibração.
Como se pode ver pela Figura 7.1 e Figura 7.2, o 1º modo de vibração da estrutura, com uma
frequência de 2,624 Hz, é um modo de translação segundo X com uma importante componente de
torção. Este facto pode ser facilmente verificado pelo valor de 60,4% de percentagem de massa
mobilizada na direcção X e apenas 7,9% na direcção Y. A componente de torção deste modo
apresenta um centro de rotação na zona inferior da planta do edifício, ou seja, perto do pilar P6.
Apresenta-se de seguida a configuração do 2º modo de vibração:
ANÁLISE DE RESULTADOS CAPÍTULO 7
99
Figura 7.3 – Perspectiva do 2º modo de vibração.
Figura 7.4 – Planta do 2º modo de vibração.
Pela análise da Figura 7.3 e Figura 7.4, o 2º modo de vibração da estrutura, com uma frequência
de 3,066 Hz, é um modo em que a rotação é predominante, notando-se também uma importante
componente de translação segundo Y. Este facto pode ser facilmente verificado pelo valor de
23,5% de percentagem de massa mobilizada na direcção X e 43,1% na direcção Y. O centro de
rotação associado a este modo de vibração situa-se mais perto do centro de rigidez do edifício.
A configuração do 3º modo de vibração é apresentada na Figura 7.5 e na Figura 7.6:
Figura 7.5 – Perspectiva do 3º modo de vibração.
Figura 7.6 – Planta do 3º modo de vibração.
A partir da Figura 7.5 e Figura 7.6, que representa o 3º modo de vibração da estrutura, com uma
frequência de 3,664 Hz, confirma-se que se trata de um modo de translação segundo Y com uma
componente de torção bastante significativa. Este facto pode ser facilmente verificado pelo valor
de 3,1% de percentagem de massa a vibrar na direcção X e 31,4% na direcção Y.
CAPÍTULO 7 ANÁLISE DE RESULTADOS
100
Como comentário às configurações e tipos de modos de vibração da estrutura, parece lógico
referir o facto de a torção estar sempre presente nos vários modos de vibração, não surgindo
nenhum modo de translação pura segundo as direcções X ou Y. Esta situação deve-se à
irregularidade da estrutura em planta, caracterizada por uma distribuição da rigidez pouco
equilibrada, que afasta o centro de rigidez da estrutura do seu centro de massa, tornando-a mais
susceptível aos efeitos da torção. Esta irregularidade deve-se em grande parte à rigidez e
localização do pilar P6, com uma dimensão em Y muito superior às dimensões dos restantes
pilares, e à existência de uma consola no lado direito do edifício. A maior rigidez da direcção Y tem
também como efeito o facto do 1º modo mobilizar fundamentalmente a direcção X que é a menos
rígida, ficando para o 2º e 3º modo, a mobilização da maioria da percentagem de massa na
direcção Y. Outro comentário importante relativamente aos modos de vibração, consiste no facto
do 2º e 3º modo se confundirem relativamente a qual destes apresenta uma componente mais
importante de torção e de translação segundo Y.
Conhecidos os modos de vibração obtidos no modelo reduzido da estrutura SPEAR, é importante
efectuar uma análise dos mesmos do ponto de vista da semelhança com o protótipo. Como tal, é
necessária uma avaliação comparativa entre os modos de vibração da estrutura à escala reduzida
e os modos de vibração do protótipo, utilizando-se para tal os valores obtidos em (Bhatt, 2008). A
estes valores foram aplicadas as relações de semelhança apresentadas anteriormente e que a
seguir se resumem nas equações (7.1) e (7.2), tendo-se obtido os resultados apresentados na
Tabela 7.2.
p
m
tt
λ= (7.1)
m pf f λ= (7.2)
Modo
Protótipo Teórico Modelo Reduzido Relação entre Frequências
Período T (s)
Frequência f (Hz)
Período T (s)
Frequência f (Hz)
Período T (s)
Frequência f (Hz)
Analítico/ Teórico
1º 0,617 1,621 0,390 2,563 0,381 2,624 1,02
2º 0,527 1,898 0,333 3,001 0,326 3,066 1,02
3º 0,441 2,268 0,279 3,586 0,273 3,664 1,02
Tabela 7.2 – Comparação entre os modos de vibração do protótipo e do modelo reduzido.
Como se pode verificar pelas relações entre as frequências apresentadas na última coluna da
Tabela 7.2, os modos de vibração para ambos os modelos estão em concordância, tendo em
ANÁLISE DE RESULTADOS CAPÍTULO 7
101
conta as relações de semelhança consideradas. Esta semelhança indica que os factores de escala
intervenientes nas propriedades elásticas lineares, nas propriedades geométricas dos elementos,
na rigidez dos materiais em regime linear e na distribuição da massa e da rigidez na estrutura,
respeitaram as leis de semelhança de Froude e Cauchy.
7.1.2. CURVAS DE CAPACIDADE
Foi realizada uma análise estática não linear pushover ao modelo analítico da estrutura reduzida
criado no SeismoStruct, de modo a estimar as curvas de capacidade nas duas direcções
principais, e outras importantes características, como os picos de força de corte basal e a diferente
rigidez e resistência nas duas direcções. As curvas de capacidade foram definidas em termos da
relação entre a força de corte basal global e o deslocamento do centro de massa do piso superior.
A aplicação das análises estáticas não lineares a estruturas assimétricas tem sido muito discutida,
pelas dificuldades em representar adequadamente a torção no comportamento global de uma
estrutura. Trata-se de um tópico de investigação muito actual, em que diferentes grupos de
investigadores têm apresentado resultados recentes, dos quais se destacam os de Bento et al.
(2008) e os de Fajfar et al. (2008). De acordo com estes estudos, propõe-se a realização de
análises estáticas não lineares distintas para cada direcção do edifício. O padrão de forças em
altura (Fi) adoptado correspondeu a uma distribuição modal, em função do deslocamento modal
do piso (Φi) e da massa (mi), tendo-se concentrado a totalidade da força por piso no respectivo
centro de massa:
i i iF mφ= (7.3)
Apesar do Eurocódigo 8 (CEN, 2004 b) sugerir a realização de análises para pelo menos dois
tipos diferentes de distribuição lateral de forças, considerou-se que, visto se tratar de uma
avaliação meramente qualitativa para efeitos de comparação com as curvas correspondentes do
protótipo, bastaria a consideração da distribuição modal. As curvas de capacidade obtidas para o
modelo reduzido apresentam-se na Figura 7.7.
CAPÍTULO 7 ANÁLISE DE RESULTADOS
102
Figura 7.7 – Curvas de capacidade do modelo reduzido nas direcções transversal e longitudinal.
As curvas de capacidade obtidas no modelo analítico realizado por Bhatt (2008) para representar
o protótipo apresentam-se na Figura 7.8.
Figura 7.8 – Curvas de capacidade do modelo do protótipo nas direcções transversal e longitudinal.
Comparando as curvas referentes aos dois modelos, chega-se à conclusão que o andamento das
curvas tem um aspecto semelhante, sendo a capacidade na direcção longitudinal superior à
capacidade na direcção transversal, devido fundamentalmente à maior resistência conferida pelo
pilar P6 nesta direcção.
No entanto, uma análise mais atenta da Figura 7.7 e da Figura 7.8 permite verificar que no caso
do modelo reduzido, a curva de capacidade na direcção longitudinal e no seu sentido negativo não
apresenta um pico mais elevado comparativamente com o pico no sentido positivo, como acontece
Curvas de Capacidade Modelo Reduzido
0
20
40
60
80
100
-75 -50 -25 0 25 50 75
Deslocamento no Topo (mm)
Corte Basal (kN)
Transversal
Poly. (Longitudinal -)
Curvas de CapacidadeProtótipo
0
100
200
300
400
500
-200 -150 -100 -50 0 50 100 150 200
Deslocamento no Topo (mm)
Corte Basal (kN)
Transversal
Poly. (Longitudinal)
Transversal
Longitudinal
Transversal
Longitudinal
ANÁLISE DE RESULTADOS CAPÍTULO 7
103
na curva correspondente obtida no modelo analítico representativo do protótipo. Este pico deve-se
possivelmente à irregularidade em planta na direcção longitudinal, devido à presença do pilar P6
numa das extremidades do edifício e também à disposição assimétrica de armaduras nas vigas V9
e V10 e nas vigas V7 e V8. Relativamente ao pilar P6, a sua localização na extremidade do
edifício, quando analisada a direcção Y, implica que o betão da sua secção se apresentará
totalmente à tracção ou à compressão, conforme o sismo esteja a carregar ou a descarregar, facto
este que pode justificar a diferença de capacidade nos dois sentidos. Na direcção transversal, a
disposição simétrica das armaduras nas vigas origina um comportamento semelhante em ambos
os sentidos.
Apresentam-se em seguida as relações de semelhança a aplicar às forças e aos deslocamentos
no protótipo para obter os correspondentes valores à escala reduzida, sendo λ a escala
geométrica:
2p
m
FF
λ= (7.4)
pm
dd
λ= (7.5)
Na Tabela 7.3 apresentam-se os valores da força de corte basal máxima e deslocamento de topo
no protótipo, os valores resultantes da passagem destes por semelhança para a escala reduzida,
os valores obtidos no modelo reduzido, e por fim a relação entre estes dois últimos:
Direcção
Protótipo Teórico Modelo Reduzido
Relação Analítico/Teórico
Corte Basal (kN)
Desl. (mm)
Corte Basal (kN)
Desl. (mm)
Corte Basal (kN)
Desl. (mm)
Corte Basal Desl.
Transversal + 298,12 72,0 47,70 28,8 60,73 29,50 1,27 1,02
Transversal - 301,65 71,0 48,26 28,4 61,95 30,75 1,28 1,08
Longitudinal + 380,58 102,0 60,89 40,8 78,27 43,00 1,29 1,05
Longitudinal - 418,31 72,0 66,93 28,8 80,30 29,25 1,20 1,02
Tabela 7.3 – Comparação entre o corte basal máximo e o deslocamento de topo, no modelo reduzido e no
protótipo.
Como se pode ver pelas relações obtidas, o modelo reduzido não está a representar
correctamente o modelo do protótipo, principalmente em termos da força máxima de corte basal.
Este facto permite concluir que as condições definidas no modelo reduzido não estão a respeitar,
na sua generalidade, as relações de semelhança nas fases pós-elásticas das propriedades dos
CAPÍTULO 7 ANÁLISE DE RESULTADOS
104
materiais e no comportamento das relações momento-curvatura das secções de betão armado
associadas aos diferentes elementos estruturais.
Apresentam-se em seguida os gráficos comparativos entre as curvas de capacidade obtidas para
o modelo reduzido e as obtidas para o protótipo, devidamente afectadas das relações de
semelhança:
Figura 7.9 – Comparação entre as curvas de capacidade do modelo reduzido e do protótipo, na direcção
transversal.
Figura 7.10 – Comparação entre as curvas de capacidade do modelo reduzido e do protótipo, na direcção
longitudinal.
Como se pode verificar, a estrutura do modelo reduzido apresenta-se em ambas as direcções
mais rígida quando entra em regime não linear, atingindo valores máximos do corte basal bastante
superiores aos valores verificados no protótipo. Nota-se também que, em regime linear, o declive
Curvas de Capacidade Transversal
0
25
50
75
100
-75 -50 -25 0 25 50 75
Deslocamento no Topo (mm)
Corte Basal (kN)
Modelo Reduzido
Protótipo
Curvas de CapacidadeLongitudinal
0
25
50
75
100
-75 -50 -25 0 25 50 75
Deslocamento no Topo (mm)
Corte Basal (kN)
Poly. (Miguel X -)
Poly. (Protótipo)
Modelo Reduzido
Protótipo
ANÁLISE DE RESULTADOS CAPÍTULO 7
105
de ambas as curvas é semelhante, indiciando que os problemas de representatividade do modelo
reduzido estão a ocorrer principalmente em regime não linear.
Tendo em conta os resultados obtidos e as conclusões apresentadas, considerou-se importante
tentar perceber quais os factores relativos à concepção do modelo reduzido do LNEC que
poderiam estar a originar este tipo de resposta estrutural.
Relativamente à distribuição de massas e da rigidez na estrutura, estes factores foram à partida
postos de parte, uma vez que a avaliação do modelo, através da análise modal efectuada,
demonstrou uma boa representatividade do modelo reduzido nessas propriedades.
Chegou-se então à conclusão que o problema poderia estar nas armaduras utilizadas no modelo
reduzido. No modelo à escala reduzida concebido no LNEC utilizaram-se armaduras de 3, 6 e 8
mm, representativas das armaduras de 8, 12 e 20 mm utilizadas no protótipo. Como se pode ver
na Tabela 7.4, através da aplicação da relação de semelhança para as áreas apresentada na
equação (7.6), a representatividade das armaduras de 3 mm e 8 mm, no que diz respeito à sua
área, é bastante aceitável. No entanto, as armaduras de 6 mm estão longe de representar
razoavelmente o protótipo, apresentando uma área bastante superior à necessária para verificar a
relação de semelhança:
2p
m
AA
λ= (7.6)
Armaduras Protótipo Φ (mm)
Área Ap
(mm 2)
Área Am Teórica
(mm 2)
Armaduras Modelo Reduzido
Φ (mm)
Área (mm 2)
Relação Analítico/Teórico
8 50,265 8,042 3 7,069 0,88
12 113,097 18,096 6 28,274 1,56
20 314,159 50,265 8 50,265 1,00
Tabela 7.4 – Relação entre as armaduras utilizadas no protótipo e no modelo reduzido do LNEC.
Este facto tem ainda maior importância ao constatar que as armaduras de 6 mm são as mais
utilizadas na pormenorização dos elementos estruturais, tendo um papel fundamental no reforço
longitudinal dos pilares e das vigas.
Foram então efectuadas alterações ao modelo analítico representativo da estrutura reduzida, ao
nível da área das armaduras de 6 mm e de 8 mm, tendo sido alterada a sua área para o valor que
verificaria a relação de semelhança. Realizou-se uma nova análise estática não linear pushover a
esse modelo e obtiveram-se as novas curvas de capacidade, que se apresentam na Figura 7.11:
CAPÍTULO 7 ANÁLISE DE RESULTADOS
106
Figura 7.11 – Curvas de capacidade do modelo reduzido*** alterado, nas direcções transversal e longitudinal.
Observando as curvas de capacidade, verifica-se que os valores máximos do corte basal
desceram bastante, e que no sentido negativo da direcção longitudinal já se consegue distinguir o
pico que se verificava no protótipo.
Realizou-se, então, uma comparação para cada direcção com as curvas de capacidade do
protótipo afectadas das relações de semelhança, tendo-se verificado uma correlação bastante
boa, como se pode ver na Figura 7.12, Figura 7.13 e na Tabela 7.5.
Figura 7.12 – Comparação entre as curvas de capacidade do modelo reduzido*** alterado e do protótipo, na
direcção transversal.
Curvas de CapacidadeModelo Reduzido***
0
25
50
75
-75 -50 -25 0 25 50 75
Deslocamento no Topo (mm)
Corte Basal (kN)
Poly. (Longitudinal -)
Poly. (Transversal)
Curvas de CapacidadeTransversal
0
25
50
75
-75 -50 -25 0 25 50 75
Deslocamento no Topo (mm)
Corte Basal (kN)
Protótipo
Poly. (Miguel X -)
Longitudinal
Transversal
Protótipo
Modelo Reduzido
ANÁLISE DE RESULTADOS CAPÍTULO 7
107
Figura 7.13 – Comparação entre as curvas de capacidade do modelo reduzido*** alterado e do protótipo, na
direcção longitudinal.
Direcção
Protótipo Teórico Modelo Reduzido Relação Analítico/Teórico
Corte Basal (kN)
Desl. (mm)
Corte Basal (kN)
Desl. (mm)
Corte Basal (kN)
Desl. (mm)
Corte Basal Desl.
Transversal + 298,12 72,0 47,70 28,8 47,43 28,75 0,99 1,00
Transversal - 301,65 71,0 48,26 28,4 47,60 29,25 0,99 1,03
Longitudinal + 380,58 102,0 60,89 40,8 59,43 38,25 0,98 0,94
Longitudinal - 418,31 72,0 66,93 28,8 66,20 29,50 0,99 1,02
Tabela 7.5 – Comparação entre o corte basal máximo e o deslocamento de topo, no modelo reduzido***
alterado e no protótipo.
As principais conclusões que se podem tirar da avaliação realizada aos modelos, através da
análise estática não linear, são de que o modelo à escala reduzida realizado no LNEC não é
representativo na totalidade do protótipo concebido em ISPRA. Esta situação deve-se,
principalmente, à dificuldade em encontrar varões de aço que pudessem representar com
exactidão a distribuição de armaduras nos elementos da estrutura real, tanto em termos da área
de aço, como em termos da relação constitutiva do material.
De qualquer das formas, este facto não invalida o objectivo principal desta dissertação, que
consiste na comparação entre os resultados obtidos experimentalmente na mesa sísmica do
LNEC e os resultados analíticos obtidos em análises dinâmicas não lineares, uma vez que o
modelo analítico concebido representa na medida do possível todas as condições estabelecidas
no modelo físico ensaiado.
Curvas de CapacidadeLongitudinal
0
25
50
75
-75 -50 -25 0 25 50 75
Deslocamento no Topo (mm)
Corte Basal (kN)
Poly. (Protótipo)
Poly. (Modelo Reduzido)
Protótipo
Modelo Reduzido
CAPÍTULO 7 ANÁLISE DE RESULTADOS
108
7.2. COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS ANALÍTICOS E EXPERIMENTAIS
Depois de avaliada a representatividade do modelo reduzido face ao protótipo, o principal
objectivo desta dissertação consiste na comparação entre os resultados experimentais obtidos na
mesa sísmica do LNEC e os resultados obtidos em análises dinâmicas não lineares realizadas ao
modelo analítico concebido no SeismoStruct.
Esta comparação será feita fundamentalmente através dos deslocamentos relativos solo/estrutura,
com base nas séries de deslocamentos do centro de massa de cada piso nas direcções
transversal (X) e longitudinal (Y). Para evitar uma confusão entre os deslocamentos relativos
solo/estrutura e os deslocamentos inter-pisos, estes deslocamentos serão designados
simplesmente por deslocamentos. Apresentam-se em seguida estes resultados e as principais
conclusões obtidas.
7.2.1. ENSAIO COM ACELERAÇÃO DE PICO A 0,1 g
Para a intensidade de 0,1 g e para simular o primeiro ensaio realizado na mesa sísmica do LNEC,
introduziu-se no modelo analítico criado no SeismoStruct os acelerogramas correspondentes às
acelerações obtidas na base da estrutura nas duas direcções.
Com os resultados obtidos na análise dinâmica não linear realizada, rapidamente se verificou que
as séries de deslocamentos dos centros de massa dos vários pisos em ambas as direcções
apresentavam características muito diferentes das obtidas no ensaio experimental.
A comparação entre os deslocamentos experimentais e analíticos de cada piso apresenta-se na
Figura 7.14, Figura 7.15 e Figura 7.16 para a direcção X e na Figura 7.17, Figura 7.18 e Figura
7.19 para a direcção Y.
ANÁLISE DE RESULTADOS CAPÍTULO 7
109
Figura 7.14 – Deslocamentos do 1ºpiso na direcção X, para o ensaio a 0,1g.
Figura 7.15 – Deslocamentos do 2ºpiso na direcção X, para o ensaio a 0,1g.
Figura 7.16 – Deslocamentos do 3ºpiso na direcção X, para o ensaio a 0,1g.
0,1g - Deslocamentos 1ºPisoDirecção X
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm)
Modelo Analítico
Modelo Experimental
0,1g - Deslocamentos 2ºPiso Direcção X
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm)Modelo Analítico
Modelo Experimental
0,1g - Deslocamentos 3ºPiso Direcção X
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm)Modelo Analítico
Modelo Experimental
CAPÍTULO 7 ANÁLISE DE RESULTADOS
110
Figura 7.17 – Deslocamentos do 1ºpiso na direcção Y, para o ensaio a 0,1g.
Figura 7.18 – Deslocamentos do 2ºpiso na direcção Y, para o ensaio a 0,1g.
Figura 7.19 – Deslocamentos do 3ºpiso na direcção Y, para o ensaio a 0,1g.
0,1g - Deslocamentos 1ºPiso Direcção Y
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm)Modelo Analítico
Modelo Experimental
0,1g - Deslocamentos 2ºPiso Direcção Y
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm)Modelo Analítico
Modelo Experimental
0,1g - Deslocamentos 3ºPiso Direcção Y
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm)Modelo Analítico
Modelo Experimental
ANÁLISE DE RESULTADOS CAPÍTULO 7
111
As principais conclusões que se podem retirar da observação dos gráficos anteriores são de que
os resultados experimentais são representativos de uma estrutura com características muito
diferentes da estrutura modelada analiticamente, facto este que pode ser comprovado pelo
período de vibração observado para os ciclos, da ordem dos 0,8 a 0,9 segundos, ou seja, muito
superior aos períodos de vibração associados aos primeiros modos de vibração da estrutura, da
ordem dos 0,3 a 0,4 segundos. Estes resultados são surpreendentes, tendo em conta que para
acelerações de pico do solo de 0,1 g, a estrutura deveria responder ainda em regime linear ou
numa fase de não linearidade pouco evidente, e como tal, a rigidez da estrutura deveria manter-se
praticamente intacta, resultando em características dinâmicas da resposta semelhantes às
determinadas para a estrutura no seu estado inicial.
Para além deste facto, que obrigou a uma análise cuidada das condições do ensaio, é de salientar
o facto de a amplitude dos deslocamentos na direcção X ser bastante maior que na direcção Y, o
que está de acordo com a diferença de rigidez nas duas direcções, conferida pelo pilar P6. Outro
aspecto que parece importante de salientar corresponde aos deslocamentos na direcção X, e ao
facto de haver um desfasamento entre o pico dos deslocamentos experimentais, situado entre os
7 e os 8 segundos do registo de deslocamentos, e o pico dos deslocamentos teóricos, que ocorre
por volta dos 4 segundos, precisamente na zona onde se situam os picos de aceleração nos
acelerogramas.
As principais conclusões obtidas pelo LNEC relativamente ao programa experimental realizado
foram apresentadas no capítulo 6 e estão também descritas em Coelho et al. (2005) e em Coelho
et al. (2006). No entanto, é de salientar nesta fase uma questão importante indicada pela equipa
que trabalhou neste projecto, que foi o facto de a estrutura ter sofrido um forte impulso provocado
durante o arranque da mesa sísmica, que terá danificado alguns dos seus elementos estruturais.
Contudo, apesar de se ter conhecimento da sua ocorrência, não se conseguiu quantificar esse
impulso nem existem registos fotográficos dessa fase, para que se pudesse tentar identificar as
zonas mais danificadas e incluir essas condições na modelação analítica. A única informação
existente, por parte dos investigadores do LNEC que presenciaram o ensaio e que posteriormente
analisaram a estrutura, consiste na hipótese do impulso ter sido aplicado principalmente na
direcção transversal (ou seja, na direcção X) e na possibilidade do pilar P6 se ter danificado
bastante na zona da base e topo do 1º piso.
Os dados relativos a esta situação são manifestamente insuficientes para que se consiga modelar
o impulso adequadamente, no entanto, com este conjunto de informações e tendo em
consideração os resultados relativos aos deslocamentos experimentais da estrutura para o
primeiro ensaio, realizaram-se algumas tentativas para definir analiticamente um impulso inicial à
estrutura, que fosse equivalente ao impulso imposto pelo arranque da mesa sísmica. Refira-se
que, não sendo este o modo mais indicado para modelar esta situação, foi a solução encontrada
para procurar obter resultados analíticos comparáveis aos resultados experimentais.
CAPÍTULO 7 ANÁLISE DE RESULTADOS
112
Relativamente à modelação do impulso, esta teve de ser compatível com os recursos disponíveis
no programa SeismoStruct, ou seja, visto tratar-se de uma análise dinâmica não linear, a
simulação do impulso teve ser feita por intermédio da aplicação de forças variáveis no tempo, não
tendo sido possível a aplicação directa de deslocamentos aos nós da base da estrutura. Como tal,
o procedimento realizado consistiu na aplicação de forças horizontais constantes ao nível dos nós
estruturais de ligação viga-pilar durante um curto período de tempo, seguida de um intervalo de
tempo significativo sem qualquer acção aplicada para permitir o amortecimento natural dos
deslocamentos na estrutura, aplicando-se posteriormente os acelerogramas correspondentes ao
ensaio com uma intensidade de pico de 0,1 g.
Não havendo qualquer pista relativamente ao tipo e intensidade do impulso, foram feitas várias
análises deste tipo, para diversos níveis de intensidade e período de aplicação do impulso, e foi-se
observando para quais destas características a estrutura começava a apresentar diferenças
significativas ao nível do período de vibração da resposta, aproximando-se das características
dinâmicas iniciais da estrutura real ensaiada. Esta análise foi feita com o contributo de análises
FFT (Fast Fourier Transform) realizadas no programa SeismoSignal às séries de deslocamentos
obtidas, identificando-se o conteúdo de frequências da resposta estrutural em termos de
deslocamentos.
Depois de ter uma ideia da ordem de grandeza do impulso aplicado e do intervalo de tempo de
aplicação do mesmo, fizeram-se alterar outras variáveis, nomeadamente o valor do amortecimento
na estrutura, o padrão de forças a representar o impulso e a possibilidade de existência ou não de
uma rótula na base do pilar P6, como se explica em seguida:
� Relativamente ao amortecimento, e tendo-se começado por analisar a estrutura apenas
com o amortecimento associado à relação constitutiva considerada para os materiais,
considerou-se também a hipótese de 2% e 5% de amortecimento viscoso proporcional à
rigidez (stiffness-proportional damping);
� No que diz respeito ao padrão de forças a representar o impulso, foram realizadas
análises com forças aplicadas apenas no topo e com forças aplicadas em altura numa
distribuição triangular invertida, garantindo-se nestes casos a comparação entre situações
com corte basal global equivalente. Foi também considerada a hipótese das forças serem
aplicadas por piso em cada um dos 9 nós de ligação viga-pilar, ou concentradas no centro
de massa do mesmo;
� Relativamente à direcção de aplicação das forças, foram consideradas as hipóteses
destas estarem aplicadas nas direcções X e Y simultaneamente, ou apenas em X ou em
Y;
ANÁLISE DE RESULTADOS CAPÍTULO 7
113
� Por fim, consideraram-se 4 casos de intensidade de forças aplicadas. Assim, foram
analisados casos para um impulso total de 27 kN, 40,5 kN e 54 kN, correspondendo estes
aproximadamente a 10%, 15% e 20% do peso total da estrutura. Para o caso das forças
aplicadas apenas no topo, estes valores foram divididos igualmente por cada um dos nós
dos pilares do piso superior, resultando numa força em cada nó de 3,0 kN, 4,5 kN e 6,0
kN, respectivamente. Para o caso de um padrão de forças triangular invertido em altura,
foi realizada uma distribuição proporcional das forças pelos 3 pisos, resultando por
exemplo para o caso de 27 kN, forças de 1,5 kN, 1,0 kN e 0,5 kN, para cada nó do 3ºpiso,
2ºpiso e 1º piso, respectivamente;
� Para todos estes casos, foi também simulada a hipótese da estrutura ter uma rótula na
base do pilar P6.
Foram então realizadas análises dinâmicas não lineares para todas estas situações, tendo-se
observado o comportamento da estrutura e avaliado as características da resposta face à
alteração de cada uma destas variáveis.
Os principais parâmetros considerados na avaliação dos resultados obtidos nas inúmeras análises
dinâmicas não lineares realizadas, e na sua comparação com os resultados obtidos
experimentalmente, foram os seguintes:
� Amplitude dos deslocamentos dos pisos em ambas as direcções;
� Instante temporal em que os picos de deslocamento ocorrem;
� Estimativa do período de vibração (intervalo de tempo entre picos consecutivos) associado
à resposta da estrutura;
� Análises FFT realizadas às séries de deslocamentos obtidas, para identificação do
conteúdo de frequências da resposta estrutural.
Entre todas as situações referidas anteriormente, resumem-se no diagrama da Figura 7.20 os
principais casos de análise que serão referidos neste capítulo, por serem aqueles que mais claras
conclusões permitem obter relativamente ao impulso e à consequente resposta estrutural.
CAPÍTULO 7
114
Figura 7.20 – Resumo dos casos de análise
A generalidade dos resultados obtidos
entanto serão aqui abordadas as principais conclusões relativas a cada um dos parâmetros fe
variar durante as análises, devidamente ilustradas com a apresentação de alguns gráficos
exemplificativos de cada uma destas.
Uma análise atenta das várias séries de deslocamentos obtid
comparadas com as séries de
conclusões gerais:
Com/Sem rótula na base do
pilar P6
27,0 kN
54,0 kN
40,5 kN
ANÁLISE DE
asos de análise considerados na tentativa de simulação do impulso aplicado à
estrutura.
A generalidade dos resultados obtidos nestas análises serão apresentados no A
as as principais conclusões relativas a cada um dos parâmetros fe
variar durante as análises, devidamente ilustradas com a apresentação de alguns gráficos
exemplificativos de cada uma destas.
séries de deslocamentos obtidas para ambas as direcções
paradas com as séries de deslocamentos experimentais, permitiu obter as seguintes
27,0 kN
Forças aplicadas no
topo
X e Y
X
Y
Forças com distribuição triangular invertida
X e Y
X
54,0 kNForças
aplicadas
no topoX
40,5 kNForças
aplicadas no topo
X
Y
NÁLISE DE RESULTADOS
na tentativa de simulação do impulso aplicado à
apresentados no Anexo E, no
as as principais conclusões relativas a cada um dos parâmetros feitos
variar durante as análises, devidamente ilustradas com a apresentação de alguns gráficos
as para ambas as direcções, quando
permitiu obter as seguintes
ξ = 2%
ξ = 5%
ξ = 2%
ξ = 5%
ξ = 2%
ξ = 2%
ξ = 5%
ξ = 2%
ξ = 5%
ξ = 2%
ξ = 2%
ξ = 2%
ANÁLISE DE RESULTADOS CAPÍTULO 7
115
� À partida, a colocação da rótula na base do pilar P6 não parece ser indicada, uma vez que
o objectivo da aplicação das forças na estrutura seria induzir à estrutura os danos
ocorridos no arranque da mesa sísmica. Para além deste facto, uma análise dos
resultados obtidos para as situações com rótula e sem rótula na base do pilar P6, permitiu
verificar diferenças pouco significativas relativamente aos principais parâmetros de
avaliação dos resultados referidos anteriormente;
� Relativamente aos dois tipos de amortecimento considerados, também não parece ser
alterando este parâmetro que se conseguirá obter resultados analíticos mais próximos dos
experimentais. Como tal, considerou-se que o amortecimento de 2% adicionado ao
amortecimento resultante dos ciclos histeréticos da estrutura seria a opção mais indicada;
� A aplicação das forças apenas no topo ou numa distribuição triangular em altura não
apresentou, aparentemente, uma diferença muito significativa na resposta estrutural, o
mesmo sucedendo para a aplicação das forças distribuídas pelos vários nós ou
concentradas no centro de massa, considerando-se daqui para a frente apenas os casos
com forças aplicadas no topo, e distribuídas pelos vários nós;
� Em termos das direcções de aplicação das forças, os resultados que parecem aproximar-
se mais dos resultados experimentais correspondem a uma aplicação das forças apenas
segundo a direcção X, o que está de acordo com a informação fornecida no LNEC de que
o impulso terá sido maioritariamente segundo essa direcção. Quando são aplicadas forças
nas duas direcções ou apenas na direcção Y, é notório que os deslocamentos da estrutura
nessa direcção apresentam valores muito superiores aos experimentais;
� Assim, considerando forças aplicadas apenas em X, verifica-se que para forças de 3,0 kN
nos nós de topo da estrutura, as séries de deslocamentos começam efectivamente a
apresentar períodos maiores, e consequentemente, as características dinâmicas da
estrutura parecem começar a aproximar-se das correspondentes à estrutura real
ensaiada;
� Quando estas forças são aplicadas com um valor de 4,5 kN em cada nó do topo, as
características dinâmicas tornam-se muito próximas das experimentais para a direcção Y,
mas começa-se a notar uma estrutura demasiado danificada na direcção X, sem que os
pisos superiores consigam voltar à sua configuração indeformada, o que indicia a
formação de deformações plásticas acentuadas nesta direcção;
� Para forças de 6,0 kN, as características dinâmicas da estrutura aproximam-se ainda mais
das experimentais na direcção Y, no entanto, a amplitude dos deslocamentos em X
aumenta demasiado relativamente à amplitude dos deslocamentos experimentais.
CAPÍTULO 7 ANÁLISE DE RESULTADOS
116
Para ilustrar o exposto anteriormente, vão-se apresentar em seguida alguns casos seleccionados,
começando pelos deslocamentos do 3ºpiso da estrutura nas direcções X e Y (Figura 7.21 e Figura
7.22, respectivamente) quando aplicadas forças de 3,0 kN apenas segundo a direcção X:
Figura 7.21 – Deslocamentos em X do 3ºpiso, para forças de 3,0 kN aplicadas apenas segundo X.
Figura 7.22 – Deslocamentos em Y do 3ºpiso, para forças de 3,0 kN aplicadas apenas segundo X.
Como se pode ver pelas séries anteriores, comparativamente com as séries apresentadas na
Figura 7.16 e na Figura 7.19, referentes à análise dinâmica não linear realizada sem a
consideração do impulso inicial, a resposta da estrutura apresenta características diferentes, com
amplitudes maiores e mais próximas das amplitudes experimentais. No entanto, os períodos de
vibração da estrutura continuam bastante menores que os experimentais e o desfasamento entre
os picos de deslocamentos continuam a verificar-se, principalmente na direcção X.
0,1g - Deslocamentos 3ºPiso Direcção X - Sem Rótula - Força no Topo (3,0kN) só em X - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm)Modelo Analítico
Modelo Experimental
0,1g - Deslocamentos 3ºPisoDirecção Y - Sem Rótula - Força no Topo (3,0kN) só em X - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm)Modelo Analítico
Modelo Experimental
ANÁLISE DE RESULTADOS CAPÍTULO 7
117
Na Figura 7.23 e na Figura 7.24 apresentam-se os deslocamentos do 3ºpiso para as mesmas
forças de 3,0 kN, mas aplicadas simultaneamente nas direcções X e Y:
Figura 7.23 – Deslocamentos em X do 3ºpiso, para forças de 3,0 kN aplicadas segundo X e Y.
Figura 7.24 – Deslocamentos em Y do 3ºpiso, para forças de 3,0 kN aplicadas segundo X e Y.
Como já tinha sido referido anteriormente e se pode constatar pela Figura 7.24, a aplicação das
forças também na direcção Y originou deslocamentos em Y do 3ºpiso muito elevados
relativamente aos experimentais, durante a totalidade do intervalo de tempo relativo ao ensaio, o
que vem sustentar a hipótese do impulso ter ocorrido fundamentalmente na direcção X. Na Figura
7.23 pode-se ver que também na direcção X os deslocamentos se apresentam muito maiores
nesta situação, o que se deve à enorme importância da torção nesta estrutura, sendo significativas
as diferenças de comportamento na direcção X apesar de, relativamente ao caso anterior, apenas
se ter alterado as forças na direcção Y. No Anexo E apresentam-se também as séries
correspondentes a uma situação com 3,0 kN de força por nó de topo, mas aplicadas apenas na
direcção Y, sendo ainda mais explícitas as conclusões aqui apresentadas relativamente às
diferenças face ao ensaio experimental.
0,1g - Deslocamentos 3ºPiso Direcção X - Sem Rótula - Força no topo (3,0kN) em X e Y - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
0,1g - Deslocamentos 3ºPisoDirecção Y - Sem Rótula - Força no Topo (3,0kN) em X e Y - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
CAPÍTULO 7 ANÁLISE DE RESULTADOS
118
Como tal, daqui em diante apenas se apresentarão resultados de análises com forças aplicadas
unicamente segundo a direcção X.
De seguida, representam-se os deslocamentos do 3ºpiso nas direcções X e Y, para o mesmo nível
de forças apresentado anteriormente (3,0 kN por nó de topo), mas com uma rótula colocada na
base do pilar P6:
Figura 7.25 – Deslocamentos em X do 3ºpiso, para forças de 3,0 kN aplicadas apenas segundo X, com uma
rótula localizada na base do pilar P6.
Figura 7.26 – Deslocamentos em Y do 3ºpiso, para forças de 3,0 kN aplicadas apenas segundo X, com uma
rótula localizada na base do pilar P6.
Como se pode ver pela comparação destes gráficos com os apresentados na Figura 7.21 e na
Figura 7.22, as diferenças nas séries de deslocamentos com rótula e sem rótula na base do pilar
P6 não parece ser muito significativa, e como tal, os casos que a seguir se apresentam não
consideram a existência dessa rótula.
0,1g - Deslocamentos 3ºPisoDirecção X - Com Rótula - Força no topo (3,0kN) só em X - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
0,1g - Deslocamentos 3ºPisoDirecção Y - Com Rótula - Força no Topo (3,0kN) só em X - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
ANÁLISE DE RESULTADOS CAPÍTULO 7
119
Seguidamente, apresentam-se na Figura 7.27 e na Figura 7.28 as séries de deslocamentos para
forças aplicadas de 3,0 kN apenas na direcção X, mas considerando um amortecimento de 5% em
vez de 2% para tentar perceber a influência que este facto poderá ter na resposta estrutural:
Figura 7.27 – Deslocamentos em X do 3ºpiso, para forças de 3,0 kN aplicadas apenas segundo X, para um
amortecimento de 5%.
Figura 7.28 – Deslocamentos em Y do 3ºpiso, para forças de 3,0 kN aplicadas apenas segundo X, para um
amortecimento de 5%.
Comparando estas séries de deslocamentos com as séries apresentadas na Figura 7.21 e na
Figura 7.22, com forças iguais mas um amortecimento de 2%, nota-se que também não será com
a alteração deste parâmetro que se conseguirá reproduzir melhor a estrutura real, uma vez que se
verifica apenas uma pequena diferença na amplitude dos deslocamentos. Como tal, considera-se
como aceitável para a apresentação das próximas séries, um amortecimento viscoso proporcional
à rigidez de 2%.
0,1g - Deslocamentos 3ºPisoDirecção X - Sem Rótula - Força no Topo (3,0kN) só em X - 5%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
ModeloExperimental
0,1g - Deslocamentos 3ºPisoDirecção Y - Sem Rótula - Força no Topo (3,0kN) só em X - 5%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
CAPÍTULO 7 ANÁLISE DE RESULTADOS
120
O último parâmetro que aqui convém ilustrar, consiste no padrão da distribuição de forças em
altura. Tendo sido até aqui consideradas forças sempre aplicadas no piso superior, apresenta-se
aqui uma situação para um total de forças aplicadas igual às apresentadas anteriormente,
colocadas apenas segundo a direcção X, mas distribuídas com um padrão triangular invertido em
altura. Como tal, serão aplicadas as forças em cada um dos 9 nós existentes por piso, com o valor
de 1,5 kN, 1,0 kN e 0,5 kN, para o 3ºpiso, 2ºpiso e 1ºpiso, respectivamente. Apresentam-se na
Figura 7.29 e na Figura 7.30 os deslocamentos obtidos na direcção X e Y, respectivamente:
Figura 7.29 – Deslocamentos em X do 3ºpiso, para forças de 1,5 kN, 1,0 kN e 0,5 kN aplicadas nos pisos 3, 2
e 1, respectivamente, apenas segundo X.
Figura 7.30 – Deslocamentos em Y do 3ºpiso, para forças de 1,5 kN, 1,0 kN e 0,5 kN aplicadas nos pisos 3, 2
e 1, respectivamente, apenas segundo X.
Comparando estas séries de deslocamentos com as séries apresentadas na Figura 7.21 e na
Figura 7.22, com forças concentradas no topo da estrutura, nota-se que neste caso as amplitudes
são um pouco menores, no entanto, o afastamento das séries face às experimentais mantém-se.
Tendo em conta análises realizadas com outras intensidades, considera-se daqui para a frente
apenas casos com forças aplicadas no ao nível do 3ºpiso.
0,1g - Deslocamentos 3ºPisoDirecção X - Sem Rótula - Força Triangular (1,5kN) só em X - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
0,1g - Deslocamentos 3ºPisoDirecção Y - Sem Rótula - Força triangular (1,5kN) só em X - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
ANÁLISE DE RESULTADOS CAPÍTULO 7
121
Sintetizados os resultados face à grande parte dos parâmetros envolvidos nas análises realizadas,
nos casos que se seguem apenas se vai fazer variar o valor absoluto da força aplicada, com o
objectivo de analisar a evolução do comportamento estrutural.
As próximas séries representam a aplicação na direcção X de forças de 4,5 kN nos nós do piso
superior, apresentando-se na Figura 7.31 e na Figura 7.32 os deslocamentos do centro de massa
do 3ºpiso nas direcções X e Y, respectivamente:
Figura 7.31 – Deslocamentos em X do 3ºpiso, para forças de 4,5 kN aplicadas apenas segundo X.
Figura 7.32 – Deslocamentos em Y do 3ºpiso, para forças de 4,5 kN aplicadas apenas segundo X.
Como se pode ver, é curioso constatar que os deslocamentos na direcção Y aparentam
aproximar-se um pouco dos deslocamentos experimentais, sobretudo na primeira fase do ensaio.
Relativamente aos deslocamentos em X, a amplitude dos deslocamentos aumentou
significativamente face ao ensaio equivalente com forças de 3,0 kN, estando muito longe de
representar a resposta experimental. No entanto, é de salientar que para a direcção X o período
dos ciclos parece estar muito próximo do período verificado no ensaio experimental.
0,1g - Deslocamentos 3ºPiso Direcção X - Sem Rótula - Força no Topo (4,5kN) só em X - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
0,1g - Deslocamentos 3ºPisoDirecção Y - Sem Rótula - Força no Topo (4,5kN) só em X - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
CAPÍTULO 7 ANÁLISE DE RESULTADOS
122
A última situação que aqui se apresenta consiste na aplicação de forças de 6,0 kN na direcção X,
cujos deslocamentos obtidos no 3ºpiso se apresentam na Figura 7.33 e na Figura 7.34:
Figura 7.33 – Deslocamentos em X do 3ºpiso, para forças de 6,0 kN aplicadas apenas segundo X.
Figura 7.34 – Deslocamentos em Y do 3ºpiso, para forças de 6,0 kN aplicadas apenas segundo X.
As séries apresentadas na Figura 7.33 e na Figura 7.34, para forças aplicadas de 6,0 kN,
apresentam um agravamento gradual relativamente às conclusões apresentadas para as forças de
4,5 kN, sendo de salientar neste caso a maior proximidade existente na direcção Y entre as
amplitudes dos deslocamentos e dos períodos apresentados pelos ciclos de deslocamentos.
Como já foi referido, paralelamente à análise efectuada com base nos picos de deslocamentos e
na estimativa dos períodos de vibração da estrutura, foram realizadas análises FFT às principais
séries de deslocamentos obtidas (com forças aplicadas no topo e um amortecimento de 2% de
amortecimento), com o intuito de obter o seu conteúdo de frequências, cujo resumo se apresenta
na Figura 7.35.
0,1g - Deslocamentos 3ºPisoDirecção X - Sem Rótula - Força no Topo (6,0kN) só em X - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
0,1g - Deslocamentos 3ºPisoDirecção Y - Sem Rótula - Força no Topo (6,0kN) só em X - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
ANÁLISE DE RESULTADOS CAPÍTULO 7
123
Figura 7.35 – Comparação das frequências obtidas através de análises FFT para diferentes situações
estudadas.
O gráfico apresentado na Figura 7.35 é bastante ilustrativo da evolução das frequências da
estrutura para os diferentes casos estudados, e é possível encontrar paralelismos com as
conclusões já obtidas anteriormente, mas também algumas discrepâncias:
� No primeiro conjunto de barras estão ilustradas as frequências experimentais já
apresentadas no capítulo referente aos resultados obtidos no programa experimental,
representando-se no segundo conjunto de barras as frequências obtidas na análise
dinâmica não linear sem qualquer modelação do impulso. Comparando estas duas
situações, torna-se claro que a estrutura ensaiada experimentalmente se apresenta muito
mais flexível do que seria de esperar, facto este que já foi largamente discutido;
� Verifica-se que, quando as forças são aplicadas na direcção X e Y ou só na direcção Y,
não se observa a maior frequência na direcção Y face à direcção X, que se verifica
sempre para as frequências experimentais;
� Os resultados que aparentam manter a mesma distância relativa entre as frequências
verificadas experimentalmente para a direcção X e para a direcção Y, são os referentes à
aplicação de forças apenas na direcção X;
� Para as forças de 4,5 kN e 6,0 kN, as frequências parecem aproximar-se das
experimentais, como já se tinha verificado pela estimativa visual dos períodos nas séries
de deslocamentos. As análises FFT, contudo, tornaram-se mais confusas à medida que as
forças aplicadas foram aumentando, notando-se uma maior dispersão no conteúdo de
frequências que indicia um aumento significativo dos danos estruturais.
Comparação das Frequências a 0,1g
0
0,5
1
1,5
2
2,5
0,1g
Experim
enta
l0,
1g
0,1g
3,0
kN X
0,1g
3,0
kN X
Y
0,1g
3,0
kN Y
0,1g
4,5
X
0,1g
4,5
Y
0,1g
6,0
X
Ensaio
Frequência (Hz)
Transversal
Longitudinal
CAPÍTULO 7 ANÁLISE DE RESULTADOS
124
7.2.2. ENSAIO COM ACELERAÇÃO DE PICO A 0,2 g
Devido à incerteza existente relativamente ao impulso e ao facto de não se ter conseguido
aproximar totalmente o modelo analítico do modelo efectivamente ensaiado na mesa sísmica,
considerou-se desnecessário e demasiado extenso apresentar nesta dissertação conclusões
relativamente às curvas histeréticas e aos valores das forças de corte basal na estrutura ao longo
do tempo, uma vez que a estes resultados estaria sempre associada uma imprecisão que não se
conseguiu controlar.
No entanto, considerou-se interessante realizar uma análise dinâmica não linear para simular o 2º
ensaio realizado, para uma aceleração de pico na base de 0,2 g, sendo que para tal se colocou no
SeismoStruct um acelerograma composto pela seguinte sequência de acções:
Figura 7.36 – Diagrama representativo da simulação do 2ºensaio realizado à estrutura, para 0,2 g.
As séries de deslocamentos obtidas para as direcções X e Y representam-se, respectivamente, na
Figura 7.37 e na Figura 7.38, apresentando-se também os deslocamentos experimentais obtidos
na mesa sísmica:
Figura 7.37 – Deslocamentos em X do 3ºpiso, durante o ensaio a 0,2 g, para forças iniciais de 3,0 kN
aplicadas apenas segundo X.
Impulso3,0 kN Topo
Intervalo para Amortecimento
Acelerograma 0,1 g
Intervalo para Amortecimento
Acelerograma 0,2 g
0,2g - Deslocamentos 3ºPiso Direcção X - Sem Rótula - Força no Topo (3,0kN) só em X - 2%
-50
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
40
50
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
ANÁLISE DE RESULTADOS CAPÍTULO 7
125
Figura 7.38 – Deslocamentos em Y do 3ºpiso, durante o ensaio a 0,2 g, para forças iniciais de 3,0 kN
aplicadas apenas segundo X.
Apesar de aqui se apresentar apenas o caso de 3,0 kN de forças aplicadas no topo, é curioso
verificar que para ambas as direcções as amplitudes de deslocamentos são bastante parecidas
com as experimentais, bem como os períodos de vibração da estrutura.
Deste facto pode-se concluir que apesar da indefinição existente relativamente ao impulso
aplicado na estrutura, as análises dinâmicas não lineares para uma intensidade superior
conseguem reproduzir melhor o ensaio experimental, principalmente no que diz respeito às
amplitudes de deslocamentos dos pisos. Esta situação deve-se ao facto da modelação exacta das
características elásticas da estrutura ter menor importância quando a estrutura entra
significativamente em regime não linear.
7.2.3. ENSAIO COM ACELERAÇÃO DE PICO A 0,3 g
Um processo análogo ao realizado para o ensaio a 0,2 g foi aplicado para o ensaio a 0,3 g, ou
seja, considerando sempre a sequência dos ensaios de modo a ter em consideração a evolução
dos danos na estrutura ao longo do programa experimental.
A comparação entre as séries de deslocamentos obtidas experimentalmente para as direcções X e
Y e as séries de deslocamentos obtidas analiticamente são apresentadas na Figura 7.39 e na
Figura 7.40.
0,2g - Deslocamentos 3ºPisoDirecção Y - Sem Rótula - Força no Topo (3,0kN) só em X - 2%
-50
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
40
50
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
CAPÍTULO 7 ANÁLISE DE RESULTADOS
126
Figura 7.39 – Deslocamentos em X do 3ºpiso, durante o ensaio a 0,3 g, para forças iniciais de 3,0 kN
aplicadas apenas segundo X.
Figura 7.40 – Deslocamentos em Y do 3ºpiso, durante o ensaio a 0,3 g, para forças de 3,0 kN aplicadas
apenas segundo X.
As principais conclusões que se podem retirar da comparação feita na Figura 7.39 e na Figura
7.40 são de que na direcção Y as séries apresentam-se bastante semelhantes, com amplitudes de
deslocamentos bastante parecidas e ciclos de deslocamentos aparentemente semelhantes,
apesar de o modelo analítico prever um certo nível de deformações plásticas na parte final da
série. Relativamente à direcção X, o modelo analítico aparenta uma maior dificuldade em prever o
resultado experimental, facto que se pode justificar pela imprecisão na modelação do impulso
inicial na direcção X, que se poderá alastrar ao modo como se formou o mecanismo de piso.
Apresenta-se na Figura 7.41 a evolução das frequências para os três primeiros ensaios, para o
caso considerado de 3,0 kN de forças aplicadas em cada nó de topo na direcção X:
0,3g - Deslocamentos 3ºPiso Direcção X - Sem Rótula - Força no Topo (3,0kN) só em X - 2%
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
80
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
0,3g - Deslocamentos 3ºPisoDirecção Y - Sem Rótula - Força no Topo (3,0kN) só em X - 2%
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
80
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
ANÁLISE DE RESULTADOS CAPÍTULO 7
127
Figura 7.41 – Comparação das frequências para os primeiros três ensaios e para o caso de forças de 3,0 kN
aplicadas nos nós de topo.
Como se pode observar, verifica-se uma diminuição gradual das frequências associadas aos
deslocamentos em ambas as direcções à medida que a intensidade dos ensaios vai aumentando,
Apesar de o programa experimental ter contemplado mais ensaios, considerou-se excessivo
continuar este processo, uma vez que a imprecisão associada aos resultados será sempre
significativa e as conclusões apresentadas deverão ser encaradas com reserva.
Comparação das Frequências
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
0,1g
3,0
kN X
0,2g
3,0
kN X
0,3g
3,0
kN X
Ensaio
Frequência (Hz)
Transversal
Longitudinal
CAPÍTULO 7 ANÁLISE DE RESULTADOS
128
129
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
8.1. CONCLUSÕES
O principal objectivo desta dissertação consistiu na avaliação sísmica do modelo reduzido da
estrutura SPEAR ensaiada num programa experimental realizado no LNEC, nomeadamente
através da comparação entre os resultados experimentais obtidos na mesa sísmica e os
resultados obtidos através de análises não lineares realizadas à estrutura.
Antes da realização das análises dinâmicas não lineares, procedeu-se a uma avaliação preliminar
do modelo analítico, através da realização de uma análise modal e de uma análise estática não-
linear, com o intuito de aferir se as condições de semelhança entre o modelo reduzido e o
protótipo estavam a ser verificadas e se o modelo estava a representar adequadamente o
protótipo:
� Relativamente à análise modal, esta mostrou que os factores de escala utilizados no
modelo analítico representavam correctamente a estrutura real, no que diz respeito à
distribuição da massa e da rigidez na estrutura, e às propriedades da estrutura em regime
elástico linear;
� Relativamente à análise pushover, a comparação das curvas de capacidade do modelo
reduzido e do protótipo permitiram concluir que o modelo reduzido criado no LNEC não
representava na perfeição o protótipo, devido à dificuldade em encontrar armaduras que
respeitassem as condições de semelhança necessárias, relativas às relações constitutivas
do material e principalmente ao seu diâmetro. Através de uma alteração ao modelo, com a
substituição das armaduras de 6 mm utilizadas no modelo reduzido por uma área de
armaduras que cumprisse exactamente a relação de semelhança necessária, obtiveram-
se curvas de capacidade que respeitavam as relações de semelhança existentes com o
protótipo. Este facto permitiu concluir que, devido à imprecisão associada à
pormenorização das armaduras dos pilares e vigas, a estrutura reduzida apresenta uma
capacidade (resistência) e rigidez maior do que as do protótipo, que se manifestam
principalmente em regime não linear.
Esta conclusão mostrou que a estrutura do LNEC não era representativa na perfeição da estrutura
real concebida em ISPRA, principalmente em regime não linear. No entanto, este facto não
comprometia à partida uma comparação entre os resultados de análises dinâmicas não lineares
realizadas ao modelo analítico e os obtidos experimentalmente na mesa sísmica, uma vez que as
condições estabelecidas no modelo analítico descrevem o modelo reduzido criado no LNEC e os
acelerogramas utilizados são iguais.
CAPÍTULO 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
130
No entanto, depois de realizada a análise dinâmica não linear à estrutura, rapidamente se verificou
que a estrutura ensaiada no LNEC não apresentava as características que seriam de esperar, o
que se terá devido a um impulso aplicado à estrutura pelo arranque da mesa sísmica. Este
impulso, que não se conseguiu quantificar, provocou na estrutura danos iniciais significativos que
reduziram a sua rigidez e, consequentemente, alteraram bastante as suas características
dinâmicas.
A solução encontrada para simular o comportamento da estrutura durante o ensaio consistiu na
tentativa de modelar o impulso sofrido pela estrutura. Esta tarefa revelou-se, no entanto, bastante
complicada, e baseou-se na consideração de forças representativas do impulso, aplicadas à
estrutura durante um determinado período de tempo. Depois da aplicação destas forças, que à
partida deveriam induzir à estrutura os danos pretendidos, deixou-se a estrutura amortecer os
deslocamentos e aplicaram-se os acelerogramas correspondentes ao primeiro ensaio.
Nestas tentativas, fizeram-se variar diversos parâmetros com o intuito de obter através das
análises dinâmicas não lineares a resposta estrutural mais próxima possível da resposta obtida
experimentalmente. Esses parâmetros foram o padrão de aplicação das forças e a sua direcção, a
intensidade da força, o amortecimento considerado para a estrutura e a possibilidade de existência
de uma rótula na base do pilar P6.
As conclusões gerais que se podem obter das inúmeras análises dinâmicas não lineares
realizadas para tentar simular analiticamente o programa experimental realizado na mesa sísmica
do LNEC estão muito limitadas pelas dificuldades encontradas na modelação do impulso.
Efectivamente, a partir de tão escassa informação, foi bastante complicado encontrar maneira de
atingir resultados comparáveis ao verdadeiro comportamento da estrutura, podendo-se concluir
que as diversas tentativas efectuadas não conduziram à modelação exacta do impulso, mas
permitiram, ainda assim, concluir que a direcção de aplicação do impulso foi maioritariamente a
direcção X. Relativamente ao amortecimento considerado e à distribuição das forças em altura,
não se chegou a nenhuma conclusão concreta, concluindo-se apenas que a variação destes
factores teve uma influência limitada na resposta estrutural.
Contudo, é de salientar o facto de a amplitude máxima dos deslocamentos da estrutura ter sido
estimada razoavelmente pelas análises dinâmicas não lineares realizadas com o impulso de 3,0
kN por nó do piso superior, o que é também comprovado pelos resultados obtidos na análise
realizada para o segundo ensaio a 0,2 g e pelo ensaio a 0,3 g.
CONSIDERAÇÕES FINAIS CAPÍTULO 8
131
8.2. AVALIAÇÃO DO TRABALHO REALIZADO E DESENVOLVIMENTOS FUTUROS
O trabalho realizado revelou-se bastante interessante porque permitiu ao autor desenvolver o seu
conhecimento relativamente a metodologias existentes na avaliação sísmica de estruturas, que
permitem a obtenção de resultados mais exactos relativamente à resposta sísmica das estruturas.
Estes procedimentos, nomeadamente as análises dinâmicas não lineares e as análises estáticas
pushover, foram realizados no programa SeismoStruct, um programa de análises não lineares cuja
aprendizagem por parte do autor se revelou também muito importante, do ponto de vista dos
conceitos teóricos envolvidos nas análises não lineares e das diferentes características existentes
neste tipo de modelação, face à modelação própria das análises lineares.
Como conclusão final de todo o trabalho realizado, é de salientar o facto dos ensaios
experimentais numa mesa sísmica permitirem a simulação real de um ensaio dinâmico, ao
contrário de outras metodologias como a utilizada em ISPRA, em ensaios realizados a um modelo
à escala real desta estrutura, denominada de ensaio pseudo-dinâmico. No entanto, a qualidade e
representatividade dos ensaios em mesas sísmicas depende muito da correcta definição do
acelerograma imposto à estrutura, da correcta aplicação dos factores de escala às grandezas
intervenientes no fenómeno e principalmente, do conhecimento preciso do estado inicial da
estrutura.
No que diz respeito a desenvolvimentos futuros, seria interessante a realização de uma
abordagem diferente à situação ocorrida na mesa sísmica, considerando não o impulso aplicado à
mesa sísmica mas sim uma alteração das características iniciais (rigidez, por exemplo) de alguns
elementos estruturais, nomeadamente os mais excêntricos, por serem possivelmente os mais
afectados por esta situação. De qualquer das formas, a indefinição relativamente às verdadeiras
condições da estrutura inicial estará sempre presente.
CAPÍTULO 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
132
133
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137
ANEXOS
138
PORMENORIZAÇÃO DAS ARMADURAS DOS PILARES ANEXO A
139
ANEXO A PORMENORIZAÇÃO DAS ARMADURAS DOS PILARES
140
PORMENORIZAÇÃO DAS ARMADURAS DAS VIGAS ANEXO B
141
ANEXO B PORMENORIZAÇÃO DAS ARMADURAS DAS VIGAS
142
PORMENORIZAÇÃO DAS ARMADURAS DAS VIGAS ANEXO B
143
ANEXO B PORMENORIZAÇÃO DAS ARMADURAS DAS VIGAS
144
PORMENORIZAÇÃO DAS ARMADURAS DAS VIGAS ANEXO B
145
ANEXO B PORMENORIZAÇÃO DAS ARMADURAS DAS VIGAS
146
PORMENORIZAÇÃO DAS ARMADURAS DAS LAJES ANEXO C
147
ANEXO C PORMENORIZAÇÃO DAS ARMADURAS DAS LAJES
148
PORMENORIZAÇÃO DAS ARMADURAS DAS LAJES ANEXO C
149
ANEXO C PORMENORIZAÇÃO DAS ARMADURAS DAS LAJES
150
PORMENORIZAÇÃO DAS ARMADURAS DAS LAJES ANEXO C
151
ANEXO C PORMENORIZAÇÃO DAS ARMADURAS DAS LAJES
152
POSICIONAMENTO DAS MASSAS ADICIONAIS ANEXO D
153
ANEXO D POSICIONAMENTO DAS MASSAS ADICIONAIS
154
POSICIONAMENTO DAS MASSAS ADICIONAIS ANEXO D
155
156
RESULTADOS ANALÍTICOS 0,1 g ANEXO E
157
Figura E.1 – Deslocamentos em X do 1ºpiso, para forças de 3,0 kN aplicadas apenas segundo X.
Figura E.2 – Deslocamentos em X do 2ºpiso, para forças de 3,0 kN aplicadas apenas segundo X.
Figura E.3 – Deslocamentos em X do 3ºpiso, para forças de 3,0 kN aplicadas apenas segundo X.
0,1g - Deslocamentos 1ºPisoDirecção X - Sem Rótula - Força no Topo (3,0kN) só em X - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm)Modelo Analítico
Modelo Experimental
0,1g - Deslocamentos 2ºPisoDirecção X - Sem Rótula - Força no Topo (3,0kN) só em X - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm)Modelo Analítico
Modelo Experimental
0,1g - Deslocamentos 3ºPiso Direcção X - Sem Rótula - Força no Topo (3,0kN) só em X - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm)Modelo Analítico
Modelo Experimental
ANEXO E RESULTADOS ANALÍTICOS 0,1 g
158
Figura E.4 – Deslocamentos em Y do 1ºpiso, para forças de 3,0 kN aplicadas apenas segundo X.
Figura E.5 – Deslocamentos em Y do 2ºpiso, para forças de 3,0 kN aplicadas apenas segundo X.
Figura E.6 – Deslocamentos em Y do 3ºpiso, para forças de 3,0 kN aplicadas apenas segundo X.
0,1g - Deslocamentos 1ºPiso Direcção Y - Sem Rótula - Força no Topo (3,0kN) só em X - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm)Modelo Analítico
Modelo Experimental
0,1g - Deslocamentos 2ºPiso Direcção Y - Sem Rótula - Força no Topo (3,0kN) só em X - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm)Modelo Analítico
Modelo Experimental
0,1g - Deslocamentos 3ºPisoDirecção Y - Sem Rótula - Força no Topo (3,0kN) só em X - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm)Modelo Analítico
Modelo Experimental
RESULTADOS ANALÍTICOS 0,1 g ANEXO E
159
Figura E.7 – Deslocamentos em X do 1ºpiso, para forças de 3,0 kN aplicadas segundo X e Y.
Figura E.8 – Deslocamentos em X do 2ºpiso, para forças de 3,0 kN aplicadas segundo X e Y.
Figura E.9 – Deslocamentos em X do 3ºpiso, para forças de 3,0 kN aplicadas segundo X e Y.
0,1g - Deslocamentos 1ºPisoDirecção X - Sem Rótula - Força no topo (3,0kN) em X e Y - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
0,1g - Deslocamentos 2ºPiso Direcção X - Sem Rótula - Força no topo (3,0kN) em X e Y - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
0,1g - Deslocamentos 3ºPiso Direcção X - Sem Rótula - Força no topo (3,0kN) em X e Y - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
ANEXO E RESULTADOS ANALÍTICOS 0,1 g
160
Figura E.10 – Deslocamentos em Y do 1ºpiso, para forças de 3,0 kN aplicadas segundo X e Y.
Figura E.11 – Deslocamentos em Y do 2ºpiso, para forças de 3,0 kN aplicadas segundo X e Y.
Figura E.12 – Deslocamentos em Y do 3ºpiso, para forças de 3,0 kN aplicadas segundo X e Y.
0,1g - Deslocamentos 1ºPiso Direcção Y - Sem Rótula - Força no Topo (3,0kN) em X e Y - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
0,1g - Deslocamentos 2ºPiso Direcção Y - Sem Rótula - Força no Topo (3,0kN) em X e Y - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
0,1g - Deslocamentos 3ºPisoDirecção Y - Sem Rótula - Força no Topo (3,0kN) em X e Y - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
RESULTADOS ANALÍTICOS 0,1 g ANEXO E
161
Figura E.13 – Deslocamentos em X do 1ºpiso, para forças de 3,0 kN aplicadas apenas segundo Y.
Figura E.14 – Deslocamentos em X do 2ºpiso, para forças de 3,0 kN aplicadas apenas segundo Y.
Figura E.15 – Deslocamentos em X do 3ºpiso, para forças de 3,0 kN aplicadas apenas segundo Y.
0,1g - Deslocamentos 1ºPiso Direcção X - Sem Rótula - Força no Topo (3,0kN) só em Y - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
0,1g - Deslocamentos 3ºPiso Direcção X - Sem Rótula - Força no Topo (3,0kN) só em Y - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
0,1g - Deslocamentos 3ºPiso Direcção X - Sem Rótula - Força no Topo (3,0kN) só em Y - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
ANEXO E RESULTADOS ANALÍTICOS 0,1 g
162
Figura E.16 – Deslocamentos em Y do 1ºpiso, para forças de 3,0 kN aplicadas apenas segundo Y.
Figura E.17 – Deslocamentos em Y do 2ºpiso, para forças de 3,0 kN aplicadas apenas segundo Y.
Figura E.18 – Deslocamentos em Y do 3ºpiso, para forças de 3,0 kN aplicadas apenas segundo Y.
0,1g - Deslocamentos 1ºPiso Direcção Y - Sem Rótula - Força no Topo (3,0kN) só em Y - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
0,1g - Deslocamentos 2ºPiso Direcção Y - Sem Rótula - Força no Topo (3,0kN) só em Y - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
0,1g - Deslocamentos 3ºPisoDirecção Y - Sem Rótula - Força no Topo (3,0kN) só em Y - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
RESULTADOS ANALÍTICOS 0,1 g ANEXO E
163
Figura E.19 – Deslocamentos em X do 1ºpiso, para forças de 3,0 kN aplicadas apenas segundo X, com rótula
na base do pilar P6.
Figura E.20 – Deslocamentos em X do 2ºpiso, para forças de 3,0 kN aplicadas apenas segundo X, com rótula
na base do pilar P6.
Figura E.21 – Deslocamentos em X do 3ºpiso, para forças de 3,0 kN aplicadas apenas segundo X, com rótula
na base do pilar P6.
0,1g - Deslocamentos 1ºPiso Direcção X - Com Rótula - Força no topo (3,0kN) só em X - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
0,1g - Deslocamentos 2ºPisoDirecção X - Com Rótula - Força no topo (3,0kN) só em X - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
0,1g - Deslocamentos 3ºPisoDirecção X - Com Rótula - Força no topo (3,0kN) só em X - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
ANEXO E RESULTADOS ANALÍTICOS 0,1 g
164
Figura E.22 – Deslocamentos em Y do 1ºpiso, para forças de 3,0 kN aplicadas apenas segundo X, com rótula
na base do pilar P6.
Figura E.23 – Deslocamentos em Y do 2ºpiso, para forças de 3,0 kN aplicadas apenas segundo X, com rótula
na base do pilar P6.
Figura E.24 – Deslocamentos em Y do 3ºpiso, para forças de 3,0 kN aplicadas apenas segundo X, com rótula
na base do pilar P6.
0,1g - Deslocamentos 1ºPisoDirecção Y - Com Rótula - Força no Topo (3,0kN) só em X - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
0,1g - Deslocamentos 2ºPisoDirecção Y - Com Rótula - Força no Topo (3,0kN) só em X - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
0,1g - Deslocamentos 3ºPisoDirecção Y - Com Rótula - Força no Topo (3,0kN) só em X - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
RESULTADOS ANALÍTICOS 0,1 g ANEXO E
165
Figura E.25 – Deslocamentos em X do 1ºpiso, para forças de 3,0 kN aplicadas apenas segundo X,
considerando um amortecimento de 5%.
Figura E.26 – Deslocamentos em X do 2ºpiso, para forças de 3,0 kN aplicadas apenas segundo X,
considerando um amortecimento de 5%.
Figura E.27 – Deslocamentos em X do 3ºpiso, para forças de 3,0 kN aplicadas apenas segundo X,
considerando um amortecimento de 5%.
0,1g - Deslocamentos 1ºPisoDirecção X - Sem Rótula - Força no Topo (3,0kN) só em X - 5%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
0,1g - Deslocamentos 2ºPisoDirecção X - Sem Rótula - Força no Topo (3,0kN) só em X - 5%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
0,1g - Deslocamentos 3ºPisoDirecção X - Sem Rótula - Força no Topo (3,0kN) só em X - 5%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
ModeloExperimental
ANEXO E RESULTADOS ANALÍTICOS 0,1 g
166
Figura E.28 – Deslocamentos em Y do 1ºpiso, para forças de 3,0 kN aplicadas apenas segundo X,
considerando um amortecimento de 5%.
Figura E.29 – Deslocamentos em Y do 2ºpiso, para forças de 3,0 kN aplicadas apenas segundo X,
considerando um amortecimento de 5%.
Figura E.30 – Deslocamentos em Y do 3ºpiso, para forças de 3,0 kN aplicadas apenas segundo X,
considerando um amortecimento de 5%.
0,1g - Deslocamentos 1ºPiso Direcção Y - Sem Rótula - Força no Topo (3,0kN) só em X - 5%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
0,1g - Deslocamentos 2ºPisoDirecção Y - Sem Rótula - Força no Topo (3,0kN) só em X - 5%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
0,1g - Deslocamentos 3ºPisoDirecção Y - Sem Rótula - Força no Topo (3,0kN) só em X - 5%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
RESULTADOS ANALÍTICOS 0,1 g ANEXO E
167
Figura E.31 – Deslocamentos em X do 1ºpiso, para forças de 1,5 kN, 1,0 kN e 0,5 kN aplicadas nos pisos 3, 2
e 1, respectivamente, apenas segundo X.
Figura E.32 – Deslocamentos em X do 2ºpiso, para forças de 1,5 kN, 1,0 kN e 0,5 kN aplicadas nos pisos 3, 2
e 1, respectivamente, apenas segundo X.
Figura E.33 – Deslocamentos em X do 3ºpiso, para forças de 1,5 kN, 1,0 kN e 0,5 kN aplicadas nos pisos 3, 2
e 1, respectivamente, apenas segundo X.
0,1g - Deslocamentos 1ºPiso Direcção X - Sem Rótula - Força Triangular (1,5kN) só em X - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
0,1g - Deslocamentos 2ºPiso Direcção X - Sem Rótula - Força Triangular (1,5kN) só em X - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
0,1g - Deslocamentos 3ºPisoDirecção X - Sem Rótula - Força Triangular (1,5kN) só em X - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
ANEXO E RESULTADOS ANALÍTICOS 0,1 g
168
Figura E.34 – Deslocamentos em Y do 1ºpiso, para forças de 1,5 kN, 1,0 kN e 0,5 kN aplicadas nos pisos 3, 2
e 1, respectivamente, apenas segundo X.
Figura E.35 – Deslocamentos em Y do 2ºpiso, para forças de 1,5 kN, 1,0 kN e 0,5 kN aplicadas nos pisos 3, 2
e 1, respectivamente, apenas segundo X.
Figura E.36 – Deslocamentos em Y do 3ºpiso, para forças de 1,5 kN, 1,0 kN e 0,5 kN aplicadas nos pisos 3, 2
e 1, respectivamente, apenas segundo X.
0,1g - Deslocamentos 1ºPisoDirecção Y - Sem Rótula - Força triangular (1,5kN) só em X - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
0,1g - Deslocamentos 2ºPisoDirecção Y - Sem Rótula - Força triangular (1,5kN) só em X - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
0,1g - Deslocamentos 3ºPisoDirecção Y - Sem Rótula - Força triangular (1,5kN) só em X - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
RESULTADOS ANALÍTICOS 0,1 g ANEXO E
169
Figura E.37 – Deslocamentos em X do 1ºpiso, para forças de 4,5 kN aplicadas apenas segundo X.
Figura E.38 – Deslocamentos em X do 2ºpiso, para forças de 4,5 kN aplicadas apenas segundo X.
Figura E.39 – Deslocamentos em X do 3ºpiso, para forças de 4,5 kN aplicadas apenas segundo X.
0,1g - Deslocamentos 1ºPiso Direcção X - Sem Rótula - Força no Topo (4,5kN) só em X - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
0,1g - Deslocamentos 2ºPisoDirecção X - Sem Rótula - Força no Topo (4,5kN) só em X - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
0,1g - Deslocamentos 3ºPiso Direcção X - Sem Rótula - Força no Topo (4,5kN) só em X - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
ANEXO E RESULTADOS ANALÍTICOS 0,1 g
170
Figura E.40 – Deslocamentos em Y do 1ºpiso, para forças de 4,5 kN aplicadas apenas segundo X.
Figura E.41 – Deslocamentos em Y do 2ºpiso, para forças de 4,5 kN aplicadas apenas segundo X.
Figura E.42 – Deslocamentos em Y do 3ºpiso, para forças de 4,5 kN aplicadas apenas segundo X.
0,1g - Deslocamentos 1ºPiso Direcção Y - Sem Rótula - Força no Topo (4,5kN) só em X - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm)Modelo Analítico
Modelo Experimental
0,1g - Deslocamentos 2ºPiso Direcção Y - Sem Rótula - Força no Topo (4,5kN) só em X - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
0,1g - Deslocamentos 3ºPisoDirecção Y - Sem Rótula - Força no Topo (4,5kN) só em X - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
RESULTADOS ANALÍTICOS 0,1 g ANEXO E
171
Figura E.43 – Deslocamentos em X do 1ºpiso, para forças de 6,0 kN aplicadas apenas segundo X.
Figura E.44 – Deslocamentos em X do 2ºpiso, para forças de 6,0 kN aplicadas apenas segundo X.
Figura E.45 – Deslocamentos em X do 3ºpiso, para forças de 6,0 kN aplicadas apenas segundo X.
0,1g - Deslocamentos 1ºPiso Direcção X - Sem Rótula - Força no Topo (6,0kN) só em X - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
0,1g - Deslocamentos 2ºPiso Direcção X - Sem Rótula - Força no Topo (6,0kN) só em X - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
0,1g - Deslocamentos 3ºPisoDirecção X - Sem Rótula - Força no Topo (6,0kN) só em X - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
ANEXO E RESULTADOS ANALÍTICOS 0,1 g
172
Figura E.46 – Deslocamentos em Y do 1ºpiso, para forças de 6,0 kN aplicadas apenas segundo X.
Figura E.47 – Deslocamentos em Y do 2ºpiso, para forças de 6,0 kN aplicadas apenas segundo X.
Figura E.48 – Deslocamentos em Y do 3ºpiso, para forças de 6,0 kN aplicadas apenas segundo X.
0,1g - Deslocamentos 1ºPiso Direcção Y - Sem Rótula - Força no Topo (6,0kN) só em X - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
0,1g - Deslocamentos 2ºPisoDirecção Y - Sem Rótula - Força no Topo (6,0kN) só em X - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
0,1g - Deslocamentos 3ºPisoDirecção Y - Sem Rótula - Força no Topo (6,0kN) só em X - 2%
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
RESULTADOS ANALÍTICOS 0,2 g ANEXO F
173
Figura F.1 – Deslocamentos em X do 1ºpiso, para forças de 3,0 kN aplicadas apenas segundo X.
Figura F.2 – Deslocamentos em X do 2ºpiso, para forças de 3,0 kN aplicadas apenas segundo X.
Figura F.3 – Deslocamentos em X do 3ºpiso, para forças de 3,0 kN aplicadas apenas segundo X.
0,2g - Deslocamentos 1ºPisoDirecção X - Sem Rótula - Força no Topo (3,0kN) só em X - 2%
-50
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
40
50
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
0,2g - Deslocamentos 2ºPiso Direcção X - Sem Rótula - Força no Topo (3,0kN) só em X - 2%
-50
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
40
50
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
0,2g - Deslocamentos 3ºPiso Direcção X - Sem Rótula - Força no Topo (3,0kN) só em X - 2%
-50
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
40
50
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
ANEXO F RESULTADOS ANALÍTICOS 0,2 g
174
Figura F.4 – Deslocamentos em Y do 1ºpiso, para forças de 3,0 kN aplicadas apenas segundo X.
Figura F.5 – Deslocamentos em Y do 2ºpiso, para forças de 3,0 kN aplicadas apenas segundo X.
Figura F.6 – Deslocamentos em Y do 3ºpiso, para forças de 3,0 kN aplicadas apenas segundo X.
0,2g - Deslocamentos 1ºPisoDirecção Y - Sem Rótula - Força no Topo (3,0kN) só em X - 2%
-50
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
40
50
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
0,2g - Deslocamentos 2ºPisoDirecção Y - Sem Rótula - Força no Topo (3,0kN) só em X - 2%
-50
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
40
50
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
0,2g - Deslocamentos 3ºPisoDirecção Y - Sem Rótula - Força no Topo (3,0kN) só em X - 2%
-50
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
40
50
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
RESULTADOS ANALÍTICOS 0,3 g ANEXO G
175
Figura G.1 – Deslocamentos em X do 1ºpiso, para forças iniciais de 3,0 kN aplicadas apenas segundo X.
Figura G.2 – Deslocamentos em X do 2ºpiso, para forças iniciais de 3,0 kN aplicadas apenas segundo X.
Figura G.3 – Deslocamentos em X do 3ºpiso, para forças iniciais de 3,0 kN aplicadas apenas segundo X.
0,3g - Deslocamentos 1ºPisoDirecção X - Sem Rótula - Força no Topo (3,0kN) só em X - 2%
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
80
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
0,3g - Deslocamentos 2ºPiso Direcção X - Sem Rótula - Força no Topo (3,0kN) só em X - 2%
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
80
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
0,3g - Deslocamentos 3ºPiso Direcção X - Sem Rótula - Força no Topo (3,0kN) só em X - 2%
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
80
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
ANEXO G RESULTADOS ANALÍTICOS 0,3 g
176
Figura G.4 – Deslocamentos em Y do 1ºpiso, para forças iniciais de 3,0 kN aplicadas apenas segundo X.
Figura G.5 – Deslocamentos em Y do 2ºpiso, para forças iniciais de 3,0 kN aplicadas apenas segundo X.
Figura G.6 – Deslocamentos em Y do 3ºpiso, para forças iniciais de 3,0 kN aplicadas apenas segundo X.
0,3g - Deslocamentos 1ºPisoDirecção Y - Sem Rótula - Força no Topo (3,0kN) só em X - 2%
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
80
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
0,3g - Deslocamentos 2ºPisoDirecção Y - Sem Rótula - Força no Topo (3,0kN) só em X - 2%
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
80
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental
0,3g - Deslocamentos 3ºPisoDirecção Y - Sem Rótula - Força no Topo (3,0kN) só em X - 2%
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
80
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)
Deslocamento (mm) Modelo Analítico
Modelo Experimental