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--o HYMNO DA PROCLAMAÇÃO

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REPUBLlC~ DOS ESTAU JS UNIDOS DJ BRAZlL

E O SEU AUCTOR

ARTIGO - PROTESTO

por Frederico Mallio

EX-PIANISTA E ORGAl'iISTA DA EXTINCT A CAZA IMPERIAL, SOClO flENEl!EI\ITO DA ASSOCIACIo CENT R.U EiIIAN­

CIP.WORA, Pl\OTECTOR DA DENEFI CENTE BETBENCOURT DA SILVA E HONORAI\IO DE ~IUITAS OI:TR,~S, PROFESSOR

DO GYl!NASIO DE DAl\BACENA E DlR tCTOR DO CLl:D MEl'iDELSSOHN •

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~olicia da redacção d'O rOP[L1R

BELLAS ARTES

Por sei' extremamente longo o artigo do maestro Frederi::o­Mallio, deixa elle de apparecer Iloje n 'esta secção (como devia ) para ser no entanto brevemente distribuido em folhetos, o que melllOr agradará aos nossos leitores, que a publicação por partes, como nos era possiyeI fazer.

E' um trabalbo de valor e cujo fim altamente patrintico será digno de grandes :>.pplausos. Intitula-se: O Hy mno da Procla/lla­ção da RqJltulica dos Estados ãi~idos do Bra:; il, e o seu auclor.

N'este importan te Â7'ti{Jo-Prolesto faz o maestro F. Mallio, em linguagem bastante franca a allalyse succinta de todos os factos. oecorridos em relação ao grande concurso rea lisado na Capit:l.1 Fe­deral no dia 30 de Janeiro do corrente anno,

17 de Julllo de 1890,

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ADVERTENCIA

E' este o qninto artigo que ao correr da penna escrevo para O POPULH de Barbacena, interessante c uti! jornal que aqni se pu­blica e em o qual ten bo a bonra de collaborar, escrevendo a secção Bellas-Artes, que todas as quintas feiras é 'lJublicada.

Por ter sabido um tanto longo e não poder ser publicado de uma só vez, acbei convenIente, de commum accordo com os prúprietarios d'essa folba e a conselbo de pessoas de minlJa ami­zade, não o partir como me foi proposto, e sim publicaI-o em folbeto que será distribuido gratuitamente.

Calculando que a susceptibilidade.' partida rias não poderá agradar a leitura do presente A rUga-Protesto que hoje entrego á

luz da publicidade, appello desde já para a Imprensa Li'vre como digna representante da opinião pnblica e cento fico que verei -Justiça!

1<'_ M.ti.uo.

Barbacena, 14 de Julho de 1890.

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BEllAS ARTES

o Hymno da Proclamação da Republica dos Estados Unidos do Brazil

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Ao rnelito Cbefe do Gvverno Provisol'io, aos nossos correligi­ooarios, aos artistas musicos e ao Povo emjgel'aJ.

UArmo convidadü pela ilIustrada re­dacção desta folbaC) para n'ella col­laborarmos, incumbindo-nos da sec­ção -BellasArtes,- acceitámos logo o honrosissimo convite, tomando por base a franqueza, o positivismo e

Justiça. E' por isso que, não regateando

encomios aos artistas que d'elles se façam merecedo­res, não pouparemos tambem a censura desde que ella seja a expressão da verdade.

(0) o P OPULAR, de Barbaeeoa

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Já tivemos occasião de tecer elogios ao InsIgne maestro Leopoldo Miguez, a quem respeitamos como artista, e a quem admiramos como compositor, achan­do-nos mesmo convencido de que S. S. ê talvez o pri­meiro contra-pontista brazileiro; mas isso não basta para deixarmos de dizer que o distincto maestro foi de­sastradamente IllfeJiz no arrunfo de seu hymno da Pro­clamação da Republica dos Estados Unidos do Brazil.

A inspiração, essa scentelha sublime que nos é emanada de Deus, esse anjo celeste que, adejando­suas azas sobre nossos cerebros, nos vem segredar ao­ouvido as melodias soberbas da arte de Wagner, des­presou d'esta vez o notavel compositor da parisina; entendeu que a sua aureola de glorias já estava com­pleta e que a outros deVia então proteger; mas o in­signe maestro não quiz se convencer de tal, e forjou um hymllo, apresentando um trabalho insignificante e detestavel, quanto á parte auditiva, que é a princi­pal para o fim a que se destina.

A parte harmonica acha-se na verdade correctissi­ma; n a melodica, porém, é pauperrima e não tem se­quer o valor da o1'iginalidade.

. t*) Pondo de parte as S" occultas por movimento directo que (} maestro emprega por mais de uma velo Erro gravíssimo que qualquer discípulo d.e barmonia saberia evitar. Encontram-se ellas na resolução tinal da pagina n. 3 e em id entica passagem na pagina 5_

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o ilIustre maestro, sentindo-se exausto no labu­tar de sua iJnagi nação, ou para melhor dizer, não es­tando completamente inspirado. como naufrago que se segura á prim eira taboa de salvação, recorreu aos hymnos Francez e Nacional Brazi leiro e assim fez um hymno de 1'clalhos O), filh o do plagio , o qual de eerto nos enver~onhará perante a Europa, que bem poderá dizer: O Brazil não teve um unic.o compositor que , banhado pela luz da liberdade de :/5 de Novembro, fosse capaz de inspirar-se e compõr um hymno mages­toso, O1'iginal e que por si só representasse a alegria indescriptivel de um povo liberto ; um hymnu que fõsse a photographia fiel deste grande feito-a Procla­mação da 1'epublica ! .. .

Por nOS5a parte oü:;amos perguntar: quantos artistas não foram injustamente reduzidos ao nada, sendo despr~sadas suas inspiradas composições pela prot~cçã.v vergonhosa que foi dispensó.da ao maestro Leopoldo Miguez? ! Quantos? !. ..

hill que logar fi caria collocado o seu hymno, .se todos os trabalhos apresen tados (em num ero de triu ta mais OIL menos) fossem executados e então julgados pelo povo?! pelo povo que nesse caso saberia cumprir a alta missão da escolha, e não por esse jury incon­sciente, que tão habilmente soube preparar o realce para o hymno dr, Miguez, desprestigiando a mór parte

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das composlçoes apresentadas, e apenas escolhendo quatro: uma marcha fun ebre pelo pianista Jeronym<? de Queiroz , um ensaio de instrumentação (partituri1) para banda e orchestra, pelo alumno do conservatorio de Milão, Alberto Nepomuceno, uma lDspirada e bri­lhante marcha triumphal do talentoso Francisco Brag~ e um unico hymno que forçosamente devia ser esco­lhido e que infelizmente é o hymno da Proclamação da Republi ca dos Estados Unidos do Bró.sil !

E' claro que netas condições não poderia deixar de ser %colhid o o hymno do eminente maestro Miguez ; e além disso, a claque preparada de ante-mão nas tqr­rinhas do grande thealro não se fez esperar, rompendo em estrepitosos applausos, e bisando a miscellanea, esse verdldeiro trapo que se ligará á nossa bandeira, como a parasyta ás grandes arvores!... ~

Assim, pois, foi illudido o povo; foi illaqueada a boa fé do inclito marechal Deodoro da Fonseca!

Foi illudido J povo, porque não ouviu todos os hymnos apresentados em concurso, sendo obrigado a acceitar o unico que o jnry entendeu apresentar; foi ilIaqueada a boa fé do Chefe do Governo Provisorio; porque, julgando ter á sua frente quatro juize$lea,es E?

sinceros, que soubessem comprehender o que é JUS-

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liça, teve apenas (á enepçào de um) tres habeis presti­digitadores que perfeitameute lhe souber;iITI fazer essa passagem que em magia se chama (orçar (L carla

Foi um concurso cheio de peripecias desagra­daveis para a Dossa historia, esse do hymno da pro­clam'ação da Republica Brazileira,

o proprio Diario Official, dando a noti cia de que se achava aberto o concurso, não foi tão explicito quanto de"ia ser (não diremos que propositalmente), pois limitou-se a dizer apenas que ell r. se achava aberto na Secretaria do Estado dos Negocios do Inte­rior e que todos os concurrentes deveriam apresentar os seus trabalhos , até o dia 30 de Dezembro .

~sse laconismo collocou a maiol' parle dos candi­datos em collisães horriveis, visto ignorarem a fórma sob que deviam ser feitas as provas: se a piano, se a piano e canto, se por banda marcial, se em grande orchestra . ou ainda se far-se-hia cantar por grande côro.

D'ahi resultaram as fórmas diversa.s sob que fo­ram apresentadas as provas, com grande prejuízo para uns e enormes vantagens para aquelles que, como Leopoldo Miguez, já sabiam que ellas hav iam de ser executadas por grande orchestra, banda e côro,

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Mais um [acto importante: Leopoldo Mi guez, o grande Hercules da musi ca, foi convidado pf lo Go­verno Provisorio para organisar o jury que devia escolher o melhor hymno apresentado; e, em logar de declinar de si essa sublime honra com que mereci­damente o CTOyernO o di::ilinguiu, visto querer concor­rer tambem, não só acceitou tal incumbencia, como deixando ficar o seu trabalhozinho em concur,o, no­meou para o referido jury amigos intimos, profe,sores no Conserralorio de Musica, onde s. ~. é aucloridade superior! !

Mais ainda: quando 09 rectos ministros do go­verno Provisorio prohibià.m a assistencia dos candidatos inscriptos ás provas do concurso (para melhor se poder fazer Justiça), consta-nos que Leopoldo Migu~z acha­va-se na sala secreta do julgamento, á rua dos Ourives n. 43, casa Bevilacqua, e quê escolhia com os inimi­taveis juizes quaes os melhores trabalhos apresentados, achando mui naturalmente e independente de vitu-perio que o melhor seria o seu.

Tivessemos á frente desse cancur50 homens pro­bos, cidadãos de cara(.;ter immaculado, como o illustre Sr. Visconde de Taunay, o erudito Dr. Lniz Francisco da Yeiga ou o amigo dos artistas, Alfredo Camarate7

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esses escandalos tristemente \'ergonhosos não se Le­riam dado.

o maestro Leopoldo Miguez era apontado como o unico artista capaz de compor o hymno da Proclamação da Republica Brazileira, parecendo a alguns que o facto de saber elIe esta difficil sciencia-o contra­ponto-seria bastante p:ua termos um hymno exce­pcional.

Erronea fórma de pensar, porque se assim fôsse, o governo saberia em vez de fazer um concurso pu­blico, encommendar a uma celebridade Européa uma Fuga; e aS::iim teriamos um hymno rigorosamente clas­sico, mas que, como o do maestro Leopoldo Miguez, não serveria para despertar em nossos corações a saudade do torrão natal, quando expatriados; não ser­veria, como não serve o de Miguez, para nos animar , ante os pelouros guerreiros em campo de batalha, e muito menos amda para ser o espelho fi el, em que se devem reflectir todas as irradiações patrioticas de /5 de Novembro f podendo servir tão somente de pequeno exemplo de harmonia aos artistas musicos em seus gabinetes particulares de estudo .

Aõ Governo Provisorio compete, pois, uma tez estudad:l a questão, que J-loje submettemos á sua cri-

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teriosa apreciação, embo}"(l. um pouco tarde, annular o concurso feito, e facilitar ao povo a escolha lirre e ranca dos trabalhos que ainda se acham (art;hivados) na Secretaria do Estado dos Negocios do Interior.

Tomemos o exemplo da Republica Franceza, que tenda ji em 1 'i9'2 notab ili dades eguaes ás que possue hoje, como Camillo de Saiut-Saens, Marm ontel, Gounod, Georges l\'lathias e muitos outros, não rê O seu canto patriotico-A llons en(ants de la palrie firmado por celebridade alguma, mas sim por aquelle que, nada sendo na classe artistica, -Rouget de Lísle, jovem capitão, sentiu em seu cerr.bro os arroubos de uma inspi ração inimitavel, e no ardor do enthusiasmo, no auge do delirio e da febre do genio, produziu esse turbilhão de luz- LA ~lARSEILLAISE!

Generalíssimo Marechal Deodoro da Fonseca! Vós, que não temestes pelo amor do Patria tombar para sempre o throno de um rei; Vós, que não temes­tes pelo amor da Patria as balas que sobre vossa ca­beça cruzavam nos campos do Paraguay, não temais tambem, em nome desse mesmo amor da Patria , em nome do brio e da honra com que tanto se caracteri­sam os militares, em nome da JUSTIÇA que tem sido e será sempre o vosso sccptro, não temais, Senhor,c

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'annullar o coucurso do Hymno da ProclamaçJo da Republica dos Estados Unidos do Brazil, e recebereis por mais este digno acto os applausos do povo brazi­leiro e a gratidão dos ar ti stas depri midos.

CorreEgionarios! Juntai a ,"ossa indignação ii nossa pela falsidade com que fostes enganados, que apresentareis assim aote'c Goremo Provisorio a prora da verdade do que dizflmos.

Provai que o !tymno de Leopo ldo Mi guez é no barr'ete phrygio o que foi a escrav idão nos mantos da monarchia, provai que elIe é o borrão que precisa

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ser limpo; prorai que elIe é a negaç:io absoluta dos pfincipi0s democraticos, porque foi o resultado da extoTsclo e da falsid:l.Iie.Fazei "er que a continuação desse bymno como o Hymno LIa ProclaC'ação da Re­publica Brazileif'a, será um prefixo que se ligará a cada uma das palanas que Unctuam em nossa ban­deira, fazendo com que, cm vez de lermos-ORDEM E

PRO GRESSO que nos enchem elo) enthl1siasmo e orgulho, leiamos com pezar-Desordem e Regresso ,

Artistas! Ley,mtai do pú as r05sas [['onles humi­lhadas por um jury inconscicnt.c; juntai íOSSO brado ao nosso, que assim será mai:; forte ante o Governo Provisorio a quem enviamos este appello.

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Despresemos esse hymno sem inspiração e Gujo thema principal foi copiado (para vergonha nossa) de um peu3amento de além-mar!

Provemos que somos patriotas e que, por i~so

mesmo, queremos um hrmno que sej a a traducção fi el dos nossos sentimentos e do jubilo da Democracia Brazileira ~ um hymno nascido na Patria de Deodoro e escripto del{aix.o da constelIação do Cruzcü'o do Sul.

, Povo ~ Fazei Justiça aos artistas deprimidos, ar­rancando-os da oppressão injusta que sobre elles pesa, e de que foram ,i ct imas por occasião do celebre con­CU1'SO ; evitai de uma vez para sempre a reproducção dos factos e da tyrannia dos pellotiqueiros dos tempo3 idos, provando que é real a soberania dos filhos do­Mundo NOlj O,

FREDERICO MALLIO.

Barbacena, 14 de Julho de 1890,

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