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Sanção Penal
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DA SANÇÃO PENAL
Das Penas
ORIGEM
Segundo a teoria do criacionismo da religião, a primeira sanção
da humanidade foi no jardim de Éden quando Adão e Eva
desobedeceram a uma ordem de Deus e foram punidos.
Já a teoria do evolucionismo diz que a partir do momento em
que o homem começou a viver em sociedade, começaram a
estabelecer normas de convivência, e assim surgiu a sanção para
quem as violasse.
Com o surgimento das primeiras codificações, como o código de
Hamurabi, o código de Manu, etc., ocorre uma modificação nas
penalizações dando início ao período da Vingança Divina, onde o
perdão correspondia ao tamanho da pena, quanto maior a punição,
maior era o alcance do perdão divino.
Logo, com o aprimoramento da sociedade, busca-se uma
melhor aplicação da pena, passando para a autoridade pública, onde
o monarca aplica a sanção, mas ainda assim ela era cruel,
desproporcional e desumana.
Mas a partir do período iluminista, por intermédio das idéias de
Beccaria, começou-se a ecoar a voz da indignação com relação a
como os seres humanos estavam sendo tratados pelos seus próprios
semelhantes, sob a falsa bandeira da legalidade.
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Somente no Período Científico, também denominado
Criminológico, passa a ter por principal finalidade a busca dos
motivos que levam o ser humano a cometer o delito e a pena começa
a ser vista como um remédio e não como um castigo. Com a Segunda
Guerra Mundial o período Científico termina e inicia o período atual:
Neodefensismo ou Nova Defesa Social, que busca a conscientização e
valorização do ser humano, para o alcance de uma sociedade digna
para com os valores sociais e inerentes a todo ser humano, com o
objetivo de dar ao delinqüente o direito de ressocialização e
integração social, restabelecendo a dignidade humana e protegendo
os direitos humanos, bem como a toda sociedade.
Conceito
Pena é a sanção aflitiva imposta pelo Estado, mediante ação
penal, ao autor da infração (PENAL), como retribuição de seu ato
ilícito, consistente na diminuição de um bem jurídico, e cujo fim é
evitar novos delitos.
Se o agente praticar um crime e for considerado culpado
pelo poder judiciário ele sofrerá uma sanção penal.
Sanção penal é gênero, onde pena (aplicado para os
imputáveis) e medida de segurança (aplicada aos inimputáveis) são
espécies.
A finalidade da pena é preventiva, com o objetivo do infrator,
evitar a prática de novas infrações.
A prevenção pode ser: a-) geral
b-) especial
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a-) Prevenção Geral: tem por finalidade intimidar todos os
destinatários da norma penal, afim de que os mesmos não pratiquem
crimes.
b-) Prevenção Especial: a penal visa o autor do delito, retirando-o do
meio social, impedindo-o de delinquir e procurando corrigi-lo.
A pena na doutrina penal pátria, até 1984 era considerada de
natureza RETRIBUTIVA.
A partir da reforma penal de 1984, passou a ser considerada de
natureza mista, ou seja : RETRIBUTIVA e PREVENTIVA (art. 59 CP).
Características da pena:
Legalidade: significa que a pena deve ser prevista em lei
vigente a data do fato. (CP, art. 1º, e CF, art. 5º, XXXIX).
Anterioridade: a lei já deve estar em vigor na época em que for
praticada a infração penal (CP, art. 1º e CF, art. 5º, XXXIX).
Personalidade: a pena não pode passar da pessoa do condenado
(CF, art. 5º, XLV). Assim, a pena de multa, ainda que considerada
dívida de valor para fins de cobrança, não pode ser exigida dos
herdeiros do falecido.
Individualidade: a sua imposição e cumprimento deverão ser
individualizados de acordo com a culpabilidade e o mérito do
sentenciado (CF, art. 5º XLVI).
Inderrogabilidade: salvo as exceções legais, a pena não pode
deixar de ser aplicada sob nenhum fundamento. Assim, por exemplo,
o juiz não pode extinguir a pena de multa levando em conta seu valor
irrisório.
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Proporcionalidade: a pena deve ser proporcional ao crime
praticado (CF art. 5º, XLVI e XLVII).
Humanidade: não são admitidas as penas de morte, salvo em
caso de guerra declarada, perpétuas (CP, art. 75), de trabalhos
forçados, de banimento e cruéis (CF, art. 5º, XLVII).
Em termos de pena aqui no Brasil vige o principio da
humanidade, vetando assim ,a CF/88, as chamadas penas cruéis,
penas perpetuais, prisões ou penas que ofendam a dignidade da
pessoa humana e assegurando ainda às mães que se encontram no
período de amamentação condições para que permaneçam com seus
filhos por este período.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano
ou degradante;
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça
ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e
drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por
eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo
evitá-los, se omitirem;
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;
L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam
permanecer com seus filhos durante o período de amamentação;
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. Classificação -
A doutrina classifica as penas em:
a) corporais;
b) privativas de liberdade;
c) restritivas de liberdade;
d) pecuniárias; e
e) privativas e restritivas de direitos.
O artigo 5º, inciso XLVI, da Constituição Federal, prevê cinco
tipos de penas:
a) a privação ou restrição da liberdade,
b) a perda de bens,
c) a multa,
d) a prestação social alternativa,
e) a suspensão ou interdição de direitos.
Tipos de pena adotados pelo Código Penal
Art. 32, do CP/40 - As penas são:
I - privativas de liberdade;
II - restritivas de direitos;
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III - de multa.
I. Privativa de liberdade/ ou a chamada pena de prisão
Art. 33 até 48, do CP/40, A pena de reclusão deve ser cumprida em
regime fechado, semi-aberto ou aberto.
A de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo
necessidade de transferência a regime fechado.
Deverá ser cumprida por aqueles agentes que, em sendo considerado
por sentença penal condenatória, transitada em julgado, culpados por
crimes apenados em:
Reclusão – A pena em que o agente condenado deverá cumprir esta
com privação de liberdade em regime de três tipos:
a) Fechado
Alínea “a”, §1º, art.33, do CP/40, Considera-se regime fechado a
execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou
média;
b) Semi-aberto
Alínea “b”, §1º, art.33, do CP/40, Considera-se regime semi-aberto a
execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento
similar;
c) Aberto
Alínea “c”, §1º, art.33, do CP/40, Considera-se regime aberto a
execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento
adequado.
Detenção -
A pena em que o agente condenado deverá cumprir esta com
privação de liberdade em regime de dois tipos:
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a) Semi-aberto
b) Aberto
Regem-se de igual forma para a reclusão.
Poderá haver transferência para o regime fechado salvo por
necessidade, os requisitos estarão disposto em legislação
extravagante especifica. Evento que chamamos de regressão.
II. Restritivas de direitos
Também denominadas de penas alternativas, encontra-se reguladas
pelo código penal do art. 43 até 48.
Temos cinco hipóteses de penas restritivas de direitos, são elas:
a. Prestação pecuniária;
b. Perda de bens e valores;
c. Prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas;
d. Interdição temporária de direitos, e;
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e. Limitação de fim de semana.
As penas restritivas de direitos são autônomas e se preenchido os
requisitos do art. 44, do CP/40 trazido por seus incisos e parágrafos
substituirá as penas privativas de liberdade.
III. Penas de multa (do art. 49 ao 52, do CP)
Consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na
sentença e calculada em dias-multa, mínimo de 10 e máximo de 360
dias-multa, valor fixado pelo juiz.
O valor da multa terá correção, quando da execução, pelo
índices de correção monetária. Concede-se um prazo de 10 dias para
realização do pagamento da multa contada a data da sentença
transitada em julgado em que será considerada divida de valor
aplicando-se-lhes as normas da legislação relativa à dívida ativa da
Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e
suspensivas da prescrição.
Se for solicitado pelo condenado e conforme circunstâncias poderá o
juiz determinar que o pagamento seja realizado por parcelas mensais.
Nesse caso a cobrança da multa pode ser efetuada mediante
desconto no vencimento ou salário do condenado na hipótese de ser
aplicada isoladamente ou aplicada cumulativamente com pena
restritiva de direitos ou ainda concedida a suspensão condicional da
pena. O desconto não pode recair sobre os recursos indispensáveis ao
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sustento do condenado e de sua família. Se o condenado vier
escalonado de doença mental, este será isento da multa, ficando
suspensa a execução.
Diferença de reclusão e detenção
A diferença esta nos regimes, enquanto nos crimes apenados por
reclusão você pode iniciar o cumprimento de pena no regime
fechado, nos crimes apenados por detenção você não pode iniciar o
cumprimento da pena no regime fechado, somente poderá iniciar o
cumprimento da pena no regime semi-aberto.
Escalonamento do cumprimento da pena
Uma vez tendo que cumprir pena de prisão esta não será eterna.
Haverá uma progressão de regime do cumprimento da pena, que é
feita do regime mais duro, sendo este o fechado, passando pelo
regime semi-abeto e indo para regime aberto. Portando a progressão
de regime é escalonada.
Art. 33,§ 2º, do CP/40 - As penas privativas de liberdade deverão ser
executadas em forma progressiva, segundo o mérito do condenado,
observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de
transferência a regime mais rigoroso: (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a
cumpri-la em regime fechado;
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b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro)
anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em
regime semi-aberto;
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4
(quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto.
5. Fixação da Pena
A fixação da pena não é feita aleatoriamente e por qualquer um. É
competência exclusiva do Juiz de direito, devidamente investido na
sua magistratura e frente ao processo em discussão, respeitar o que
a norma traz como dosagem para fixação da pena. Este terá que
colocar em pauta requisitos como: culpabilidade, realizar análise da
ficha do réu, a conduta deste ser no meio social, o tipo de
personalidade, os motivos que deram causa, às circunstância que o
levaram a pratica e as conseqüências trazidas pelo cometimento do
delito. Além destes requisitos tem-se também o comportamento do
agente como peça indispensável para reprovação e prevenção do
crime. Analisados, assim todos esses segmentos o juiz por fim irá
fazer a dosagem da pena, fixando sua quantidade, o regime inicial a
se cumprir essa restritiva de liberdade e ainda ponderando nos casos
em que forem cabíveis a substituição da privativa de liberdade
aplicada, por outra espécie de pena.
Art. 59, do CP/40, O juiz, atendendo à culpabilidade, aos
antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos
motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao
comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e
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suficiente para reprovação e prevenção do crime:
I- as penas aplicáveis dentre as cominadas;
II- a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;
III- o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;
IV- a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra
espécie de pena, se cabível.
Requisitos para progressão de regime:
São dois os requisitos básicos:
a) Cumprimento de 1/6 do cumprimento da pena;
b) Mérito, bom comportamento prisional para que possa pedir e ter
deferido a progressão de regime.
O crime hediondo tem regra um pouco diferente para a progressão de
regime. Antes de 2007 o art. 2º da Lei n. 8.072, de 25 de julho de
1990 não concedia o direito a progressão de regime para aqueles
condenados por crime hediondos, em 2006 o STF em entendimento
que ganhou força de súmula vinculante, n.º 26, declarou
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inconstitucional esta norma. Sendo assim os crimes hediondos
praticados antes de 2006 ganharam o direito a progressão de regime
com o cumprimento de 1/6 da pena. Em 2007 o legislador criou uma
lei em que aumentava o tempo de cumprimento da pena para a
progressão de regime em crimes hediondos. Estabeleceu ainda
requisitos que deveriam ser avaliados na hora da progressão, tais
como: aqueles que tiverem mérito e for primário deverá cumprir 2/5
da pena para poder progredir de regime e aquele que é reincidente
além do mérito terá que ter cumprido 3/5 da sua pena.
Súmula Vinculante 26 de 2006, STF
Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por
crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a
inconstitucionalidade do art. 2º da Lei n. 8.072, de 25 de julho de
1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os
requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar,
para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame
criminológico.
O preso e o trabalho
O preso não está obrigado a trabalhar. O trabalho na prisão é um
direito, e para que este condenado que está preso cumpra o trabalho
há a remissão, isto é, um beneficio que o ordenamento jurídico
outorga para o preso que trabalhe enquanto estiver cumprindo sua
pena. Pela remissão por cada três dias de trabalho o preso irá
descontar/ abater um dia de pena. Não confunda remissão com
detração penal em que o tempo por qual a pessoa esteve presa
preventivamente/ cautelarmente será descontado do tempo de prisão
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definitivo.
Ex.: imagine que uma determinada pessoa ficou presa
preventivamente durante 2 anos. Ao final desse período ela foi
condenada definitivamente a cumprir 12 anos de prisão. Pelo instituto
da detração penal estes dois anos de prisão preventiva são abatidos
dos doze anos de prisão definitiva, tendo a pessoa que cumprir agora
somente 10 anos de prisão, por que os dois anos em que ela esteve
presa preventivamente são abatidos de sua pena total. Esse
raciocínio chama-se de detração penal.
. Sistemas Penitenciários -
Há três sistemas penitenciários clássicos:
O da Filadéfia - o sentenciado cumpre a pena na cela, sem sair,
salvo em casos esporádicos.
O de Auburn - o sentenciado trabalha durante o dia em silêncio
juntamente com os demais presos, à noite são isolados.
O Inglês ou Progressista - Inicialmente o condenado fica isolado.
Após o isolamento, o mesmo começa a trabalhar com os demais
reclusos. Na fase final da penal, o recluso é colocado em liberdade
condicional.
O nosso Código Penal, em sua reforma de 1984, não adotou o
sistema inglês, progressista, mas sim, um sistema
progressivo( FORMA PROGRESSIVA DE EXECUÇÃO), visando a
ressocialização do criminoso.
De acordo com a Lei de Execução Penal (LEP), as penas
privativas de liberdade deverão ser executadas em forma
progressiva, segundo o mérito do condenado.
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Estágios para o cumprimento de pena no regime fechado:
a-) trabalho em comum no período diurno e isolamento noturno
(art.34,§§1º a 3º da CP)
b-) transferência para os regimes semiabertos e aberto,
sucessivamente (arts. 33, § 2º e 40 CP);
c-) livramento condicional ( art. 83 CP)
A Lei de Execução Penal adotou o regime de Remição, pelo qual
o condenado que cumpre pena nos regimes fechado e semiaberto,
poderá remir pelo trabalho, parte do tempo da execução da pena.
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