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Primavera do Leste - MT 2017 DANIEL HENRIQUE HERMES DO NASCIMENTO ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NA SAÚDE DO HIPERTENSO

DANIEL HENRIQUE HERMES DO NASCIMENTO · DANIEL HENRIQUE HERMES DO NASCIMENTO ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NA SAÚDE DO HIPERTENSO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade

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Primavera do Leste - MT 2017

DANIEL HENRIQUE HERMES DO NASCIMENTO

ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NA SAÚDE DO HIPERTENSO

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Primavera do Leste - MT

2017

ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NA SAÚDE DO HIPERTENSO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Ciências Humanas, Biológicas e da Saúde de Primavera do Leste, Universidade de Cuiabá – UNIC, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Farmácia.

Orientador: Prof. Msc. Roberta Carreto

DANIEL HENRIQUE HERMES DO NASCIMENTO

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DANIEL HENRIQUE HERMES DO NASCIMENTO

ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NA SAÚDE DO HIPERTENSO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Ciências Humanas, Biológicas e da Saúde de Primavera do Leste, Universidade de Cuiabá – UNIC, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Farmácia.

BANCA EXAMINADORA

Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a)

Primavera do Leste, __ de dezembro de 2017.

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NASCIMENTO, Daniel Henrique Hermes do. Assistência farmacêutica na saúde do hipertenso. 2017. 32 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Farmácia) – Faculdade de Ciências Humanas, Biológicas e da Saúde de Primavera do Leste, Universidade de Cuiabá - UNIC, Primavera do Leste - MT, 2017.

RESUMO

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) tem agravado parcela significativa da população brasileira devido ao sedentarismo e a falta de uma alimentação saudável, onde se percebe também que a assistência farmacêutica é fraca com esse tipo de paciente, não dando a devida importância e assim deixando passar despercebida a chance de melhorar a saúde e garantir que ele não volte a cometer os mesmos erros durante a doença. O objetivo geral de estudo foi discutir a importância da assistência farmacêutica na saúde do hipertenso. Como objetivos secundários procurou-se relatar o sistema cardiovascular e a hipertensão arterial sistêmica; abordar a importância da assistência farmacêutica na saúde de hipertensos; descrever os fatores que asseguram melhor qualidade de vida para orientar as pessoas com hipertensão. Como principal resultado apresentou-se que o farmacêutico deve prestar assistência na prescrição e dispensação de medicamentos aos pacientes hipertensos, informando sobre a prevenção e cuidados com hábitos de vida saudáveis e o uso racional dos fármacos. Também é importante que integre as equipes de saúde nas unidades de atendimento para o acompanhamento e educação em saúde dos profissionais e pacientes no uso racional de medicamentos e na prevenção a automedicação. A metodologia utilizada foi à revisão de literatura com os seguintes descritores em saúde: assistência farmacêutica, prevalência de automedicação, fatores associados à automedicação e política nacional de assistência farmacêutica no Sistema Único de Saúde, tendo-se como base de dados, a Biblioteca Virtual da Saúde (BVS), que foi amplamente utilizada.

Palavras-chave: Assistência farmacêutica ao hipertenso; Hábitos de vida saudáveis; Hipertensão arterial sistêmica; Pressão alta.

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NASCIMENTO, Daniel Henrique Hermes do. Pharmaceutical assistance in hypertensive health. 2017. 32 f. Graduation Work (Graduation in Pharmacy) – Faculdade de Ciências Humanas, Biológicas e da Saúde de Primavera do Leste, Universidade de Cuiabá - UNIC, Primavera do Leste - MT, 2017.

ABSTRACT

Systemic arterial hypertension (SAH) has aggravated a significant portion of the Brazilian population due to sedentary lifestyle and the lack of healthy eating, where it is also noticed that the pharmaceutical assistance is weak with this type of patient, not giving due importance and thus letting go unnoticed the chance to improve health and ensure that he does not make the same mistakes again during illness. The general objective of this study is to discuss the importance of pharmaceutical care in hypertensive health. Secondary objectives were to report the cardiovascular system and systemic arterial hypertension; to address the importance of pharmaceutical care in hypertensive health; describe the factors that ensure a better quality of life to guide people with hypertension. The main result was that the pharmacist should assist in prescribing and dispensing medications to hypertensive patients, informing about the prevention and care of healthy life habits and the rational use of drugs. It is also important that health teams be integrated in the care units for the health monitoring and education of professionals and patients in the rational use of medicines and in the prevention of self-medication. The methodology used was to review the literature with the following health descriptors: pharmaceutical assistance, prevalence of self-medication, factors associated with self-medication, and national policy of pharmaceutical assistance in the Unified Health System, based on the Virtual Library of Cheers (VLC), which was widely used.

Key-words: Pharmaceutical assistance to hypertensive patients; Healthy living habits; Systemic arterial hypertension; High pressure.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABS Atenção Básica de Saúde

AF Assistência farmacêutica

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

AT1 Receptor de Angiotensina II Tipo 1

AVC Acidente Vascular Cerebral

BVS Biblioteca Virtual da Saúde

ETA Receptores A

ETB Receptores B

g Grama

HAS Hipertensão Arterial Sistêmica

IECA Inibidores da Enzima que Converte a Angiotensina

mm Hg Milímetro de Mercúrio

PNAF Política Nacional de Assistência Farmacêutica

PNM Política Nacional de Medicamentos

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 7

1 SISTEMA CARDIOVASCULAR .............................................................................. 8

1.1 Sangue e Componentes ........................................................................................ 8

1.2 Anatomia do Coração ............................................................................................ 9

1.3 Vasos Sanguíneos .............................................................................................. 10

1.4 Fisiologia Cardiovascular .................................................................................... 11

1.4.1 Dupla Circulação Humana ....................................................................... 11

1.4.2 Ciclo Cardíaco ......................................................................................... 12

1.4.3 Frequência Cardíaca ............................................................................... 13

1.4.4 Pressão Sanguínea ................................................................................. 14

2 HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA .............................................................. 16

2.1 Tratamento da Hipertensão Arterial Sistêmica .................................................... 17

2.1.1 Tratamento Não Farmacológico ................................................................ 17

2.1.2 Tratamento Farmacológico ....................................................................... 18

3 ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NA PREVENÇÃO DA HIPERTENSÃO ........... 21

3.1 Programa de Assistência Farmacêutica no Brasil ............................................... 21

3.2 Atribuições do Profissional Farmacêutico............................................................ 23

3.3 Principais Fatores Relacionados à Automedicação no Brasil .............................. 25

3.4 Principais Complicações Relacionadas à Automedicação na Hipertensão ......... 26

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 27

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 29

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INTRODUÇÃO

No processo saúde-doença utilizam-se os medicamentos como forma de

instrumentação terapêutica para o controle das patologias. Os medicamentos

resultam em um aumento da expectativa e da qualidade de vida dos indivíduos

doentes, além de poderem salvar vidas e melhorarem a saúde das pessoas. Assim,

o acesso aos medicamentos é essencial para que tais fatores se concretizem, pois

serve de condicionante para a prevenção, controle, tratamento e cura de doenças.

A abordagem deste tema foi escolhida, pois a assistência farmacêutica é de

suma importância tanto para o individuo quanto para a sociedade, é nela onde se

pode abordar o conjunto de ações direcionadas para a promoção, proteção e

recuperação do individuo ou sociedade.

Quanto à patologia hipertensão arterial sistêmica (HAS), percebe-se que a

assistência farmacêutica é fraca com esse tipo de paciente, não dando a devida

importância e assim deixando passar despercebida a chance de melhorar a saúde

do paciente e garantir que ele não volte a cometer os mesmos erros durante a

doença. Assim, a problemática apresenta-se no entendimento de qual a importância

da atuação do farmacêutico na assistência farmacêutica para a saúde do

hipertenso?

O estudo teve objetivo discutir a importância da assistência farmacêutica na

saúde do hipertenso. Como objetivos secundários procurou-se relatar o sistema

cardiovascular e a hipertensão arterial sistêmica; abordar a importância da

assistência farmacêutica na saúde de hipertensos; descrever os fatores que

asseguram melhor qualidade de vida para orientar as pessoas com hipertensão.

Para a seleção das informações utilizadas na fundamentação, têm-se os

seguintes descritores em saúde: assistência farmacêutica, prevalência de

automedicação, fatores associados à automedicação e política nacional de

assistência farmacêutica no Sistema Único de Saúde. Como base de dados, a

Biblioteca Virtual da Saúde (BVS) foi amplamente utilizada. Este estudo aconteceu

de agosto a dezembro de 2017. No que tange aos preceitos éticos, por se tratar de

uma pesquisa bibliográfica de análise secundária, não foi necessário o envio deste

projeto para o parecer do Comitê de Ética em Pesquisa com seres humanos.

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1 SISTEMA CARDIOVASCULAR

O sistema cardiovascular é composto pelo coração (Figura 1) e de uma série

de vasos sanguíneos pelos quais circula o sangue. Sua funcionalidade está na

distribuição dos nutrientes absorvidos no intestino delgado e o gás oxigênio

absorvido pelos pulmões a todas as células do corpo humano, além de remover

delas as excretas nitrogenadas e o gás carbônico produzidos na metabolização

celular (COSTANZO, 2014).

1.1 Sangue e Componentes

O sangue possui um fluído amarelo que se constitui de água, sais minerais e

diversas proteínas, denominadas plasma sanguíneo e de células e fragmentos

celulares nele mergulhados. Tais células sanguíneas são chamadas de hemácias e

leucócitos, bem como os fragmentos celulares denominados de plaquetas

(KOEPPE; LEVY; BERNE, 2009).

Segundo Watanabe (2009), as hemácias ou glóbulos vermelhos são as

células mais abundantes no sangue, sendo que homens adultos saudáveis possuem

cerca de 5 milhões delas por milímetro cúbico de sangue e as mulheres adultas

saudáveis possuem cerca de 4,5 milhões de hemácias por milímetro cúbico de

sangue no corpo. O processo de origem de uma hemácia, a célula precursora perde

o núcleo, ou seja, torna-se anucleada e adquire formato discoidal e fica repleta de

hemoglobina, que é uma proteína de cor vermelha, rica em ferro, com a finalidade de

capturar o oxigênio nos pulmões e distribuir a todas as células corporais.

Os leucócitos ou glóbulos brancos são células esféricas nucleadas, com

diâmetro cerca de duas vezes maior do que o das hemácias. Em condições normais

de saúde, cada milímetro cúbico de sangue de uma pessoa contém entre 5 e 10 mil

leucócitos. Há cinco tipos básicos de leucócitos: neutrófilos, eosinófilos ou acidófilos,

basófilos, monócitos e linfócitos. Os três primeiros apresentam granulações

evidentes no citoplasma e por isso são chamados leucócitos granulócitos; os dois

últimos, que não apresentam tais granulações, são os leucócitos agranulócitos

(DANGELO; FATTINI, 2007).

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A função dos leucócitos é defender o organismo contra agentes invasores,

como vírus e micro-organismos. Cita-se como exemplo, quando uma pessoa adquire

uma infecção bacteriana, o número de leucócitos no sangue aumenta, podendo

dobrar ou mesmo triplicar. O pus que se forma em um ferimento infeccionado é

constituído basicamente por milhões de leucócitos que morreram no combate a

agentes invasores (COSTANZO, 2014).

De acordo com Watanabe (2009), as plaquetas ou trombócitos são

fragmentos citoplasmáticos que medem de 2 a 4 µm de diâmetro. Elas se originam

da fragmentação de prolongamentos citoplasmáticos de células chamadas

megacariócitos.

Segundo Dangelo e Fattini (2007), o número de plaquetas em uma pessoa

saudável é da ordem de 300 ml por mm3 de sangue e tem a finalidade de promover

a coagulação sanguínea. Por exemplo, se acontece um ferimento, as plaquetas

liberam substâncias que atuam sobre certas proteínas do plasma, fazendo-as formar

uma rede fibrosa que estanca a hemorragia.

1.2 Anatomia do Coração

O coração é um órgão centralizado no peito humano e possui tamanho

parecido com o de um punho fechado, em média o seu peso é de 400 g, estando no

osso esterno, em que a sua extremidade inferior fica pouco deslocada à esquerda.

Constitui-se de tecido muscular estriado cardíaco, o miocárdio, e apresenta quatro

orifícios internos, que são denominadas câmaras cardíacas (WATANABE, 2009).

Figura 1 – Coração

Fonte: Netter (2015, p. 329)

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As câmaras superiores, que são duas, denominadas de átrios cardíacos, ou

aurículas, e têm finas paredes. As câmaras inferiores (número de duas) são

denominadas de ventrículos cardíacos e suas paredes são mais grossas. Tal

diferença se explica em função da atividade exercida por essas câmaras, pois os

átrios conduzem o sangue no sentido ventricular, que se situa abaixo deles, onde o

ventrículo direito se conecta com os pulmões e o ventrículo esquerdo se direciona

para o corpo. Assim, percebe-se que os ventrículos necessitam de maior força e

resistência nas paredes (KOEPPE; LEVY; BERNE, 2009).

Para Costanzo (2014), um orifício abaixo do átrio esquerdo é o canal de

comunicação com o ventrículo esquerdo, que há guarnição da valva atrioventricular

esquerda/bicúspide/mitral, que é responsável pela circulação do sangue em apenas

um sentido, ou seja, direcionando do átrio para o ventrículo. A guarnição do átrio

cardíaco direito para haver comunicação com o ventrículo direito também se dá por

um orifício denominado valva atrioventricular direita/tricúspide. As valvas

semilunares se situam no embocamento das artérias pulmonares e aorta. Na

normalidade do sistema cardiovascular não acontece comunicação sanguínea de

uma metade do coração com a outra.

1.3 Vasos Sanguíneos

A classificação dos vasos sanguíneos é a seguinte: artérias, veias e capilares

sanguíneos. A função das artérias é de transportar o sangue que sai do coração no

sentido dos órgãos e tecidos corporais; no caso das veias, que possuem função de

coletar o sangue do corpo e trazer ao coração; já a conectividade entre as

extremidades das artérias ou arteríolas e das veias ou vênulas acontece por

intermédio dos capilares sanguíneos (WATANABE, 2009).

As artérias possuem paredes consideravelmente grossas, que se constituem

de três camadas de tecido, chamadas túnicas. A túnica interna das artérias, ou

endotélio, é formada por um tecido epitelial que possui apenas uma camada

achatada com células. Tecido muscular liso e conjuntivo elástico compõe a formação

da túnica média. A parte externa da artéria é constituída de tecido conjuntivo fibroso

(DANGELO; FATTINI, 2007).

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Em quase todas as régios do corpo existem capilares sanguíneos, pois

nenhuma célula fica distante mais que 130 micrometros (0,13 mm) de distância de

um deles. Suas paredes são formadas por apenas uma camada de células, que são

uma extensão do endotélio, arteríolas e das vênulas (JUNQUEIRA; CARNEIRO,

2017).

Para Dangelo e Fattini (2007), o líquido tissular é o plasma sanguíneo que

abastece as células (nutrientes e oxigênio) e sai de pequenos espaços que as

paredes dos capilares formam entre si. Nesse líquido também acontece o depósito

de gás carbônico e excretas nitrogenadas que as células liberam.

Na conectividade de uma arteríola e um capilar se encontra uma célula

muscular lisa que se enrola no vaso sanguíneo, denominado esfíncter pré-capilar.

Na contração do esfíncter acontece a diminuição ou bloqueio do sangue que vai

para a capilar, que assim, tem-se um controle de suprimento sanguíneo para

abastecer os tecidos (KOEPPE; LEVY; BERNE, 2009).

Há nas paredes das veias três túnicas, que são iguais as das artérias. Porém,

duas túnicas (média e adventícia) são mais finas que as das artérias. Também há

veias de maior diâmetro que apresentam válvulas no interior para bloquear o refluxo

de sangue e propiciar que a circulação aconteça em uma única direção (DANGELO;

FATTINI, 2007).

Os órgãos corporais estão ligados a vasos grossos que vão desembocar nos

átrios cardíacos (veias cavas e pulmonares) (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2017).

1.4 Fisiologia Cardiovascular

1.4.1 Dupla Circulação Humana

Segundo Watanabe (2009), o sangue transita pelo corpo através das

contrações rítmicas que acontecem na musculação do coração. O sangue entra nas

câmaras cardíacas quando sua musculatura relaxa, no processo denominado

diástole, e expulso de seu interior quando a musculatura cardíaca se contrai, no

processo denominado sístole. A diástole e a sístole podem ser atriais ou

ventriculares, pois ocorrem tanto nos átrios como nos ventrículos.

No momento em que acontece a diástole atrial, o sangue que chega de todos

os locais do corpo penetra no átrio direito. A chegada do sangue ao coração ocorre

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por duas veias de grosso calibre: a veia cava superior, que traz sangue que irrigou a

cabeça, os braços e a parte superior do tronco, e a veia cava inferior, que traz

sangue que irrigou a parte inferior do tronco e as pernas. Ao mesmo tempo, o átrio

esquerdo recebe sangue proveniente dos pulmões. Após os átrios estrem

preenchidos com sangue, ocorre à sístole atrial, ao mesmo tempo em que se dá a

diástole ventricular, em que o átrio direito recebe o sangue e depois vai diretamente

ao ventrículo direito, e o mesmo processo ocorre no lado esquerdo do coração

(COSTANZO, 2014).

Para Junqueira e Carneiro (2017), quando os ventrículos estão preenchidos

com sangue, ocorre a sístole ventricular. As artérias pulmonares recebem sangue

que vem do bombeamento ocorrido no ventrículo, que o conduzem aos pulmões.

Após circular pelos pulmões e ser oxigenado, o sangue se transfere para as veias

pulmonares e vai até o átrio esquerdo. Esse percurso do sangue, do coração para

os pulmões e destes de volta ao coração, que se chama circulação pulmonar ou

pequena.

O sangue que recebeu oxigenação se insere no átrio esquerdo e vai ao

sentido do ventrículo esquerdo durante a sístole atrial e a diástole ventricular. Com a

sístole ventricular que ocorre a seguir, o sangue oxigenado é expulso do ventrículo

esquerdo pela artéria aorta, que se divide em artérias progressivamente mais finas

até atingir todos os tecidos corporais. Desses tecidos, o sangue retorna ao coração

através das veias que desembocam no átrio direito. Esse percurso do sangue, do

coração para os sistemas corporais e deles de volta ao coração, é denominada

circulação sistêmica ou grande (KOEPPE; LEVY; BERNE, 2009).

Ainda na visão de Koeppe, Levy e Berne (2009), um dos primeiros ramos da

aorta ramifica-se sobre o próprio coração formando as artérias coronárias, que

oxigenam e alimentam a musculatura cardíaca.

1.4.2 Ciclo Cardíaco

Quando acontece um trabalho completo da sístole e também da diástole,

internamente nas câmaras cardíacas diz-se que houve um ciclo cardíaco, que dura

em média 0,8 segundos. O ciclo possui início com a sístole dos átrios, que

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impulsionam o sangue e vaio no sentido do interior dos ventrículos, que se encontra

em fase de diástole (WATANABE, 2009).

Para Junqueira e Carneiro (2017), no átrio direito tem-se as veias cavas e na

entrada destas existem as valvas, já nas veias pulmonares tem-se as valvas que

estão próximas ao átrio esquerdo, que possuem a função de se fechar enquanto

acontece o processo de sístole atrial, para evitar que o sangue passe por refluxo.

Passados uns 0,2 segundos iniciais do ciclo cardíaco, tanto o ventrículo direito como

o esquerdo começam um processo de sístole, onde impulsionam o sangue,

respectivamente, em direção à artéria pulmonar e a aorta.

No momento em que acontece a sístole ventricular, acontece o fechamento

da valva atrioventricular direita e a esquerda para não deixar o sangue retornar para

os átrios. Assim, quando for acontecer outra sístole atrial, dá-se início a um novo

ciclo cardíaco (KOEPPE; LEVY; BERNE, 2009).

1.4.3 Frequência Cardíaca

De acordo com Costanzo (2014), entende-se por frequência cardíaca a

quantidade de vezes que o coração exerce a contração muscular por unidade de

tempo. Essa frequência pode variar devido a fatores como o exercício físico, a

movimentação, ou mesmo por condições que afetem as emoções do ser humano.

Geralmente, a frequência cardíaca varia entre 70 a 80 batimentos por minuto. No

momento em que a pessoa está dormindo acontece a diminuição dessa frequência,

que pode variar entre 35 e 50 batimentos por minuto. No caso em que o indivíduo

está praticando exercício físico intenso, pode acontecer de a frequência atingir 180

batimentos por minuto ou mais, depende da intensidade da atividade.

Esse processo de elevação da frequência se dá pelo sangue circular mais

rápido que o normal, onde todos os órgãos e até a musculatura recebem grande

quantidade de nutrientes e de oxigênio, permitindo assim, o suprimento de

demandas exigidas pelo metabolismo elevado pela atividade desenvolvida

(JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2017).

A frequência de batimentos cardíacos é controlada por um aglomerado de

células musculares especializadas, localizado perto da junção entre o átrio direito e a

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veia cava superior, denominado nó sinoatrial ou marca-passo cardíaco

(WATANABE, 2009).

Analisando-se o tempo de um segundo, em média, Dangelo e Fattini (2007)

dizem que o marca-passo emite informação elétrica que passa para a musculatura

dos átrios de forma direta, que promove uma contração ou sístole atrial. Outra região

especializada do coração, que é o nó atrioventricular, que informa o sinal enviado

pelo marca-passo, dando estimulo aos músculos dos ventrículos para que estes

iniciem uma sístole.

1.4.4 Pressão Sanguínea

Ao ser impulsionado pelos ventrículos, o sangue se insere nas artérias

através de pressão elevada. De forma simultânea, as artérias tem o relaxamento de

suas paredes, que automaticamente aumenta seu diâmetro. Casos as artérias não

relaxassem, a pressão do sangue em seu interior subiria a níveis perigosos, com

risco de ruptura da parede do vaso. As paredes arteriais começam a relaxar devido

aos impulsos nervosos que acontecem em toda sístole ventricular e que há radiação

como uma onda, que vai do coração até as bordas das artérias mais finas

(WATANABE, 2009).

Com o término do impulso, as artérias passam por nova contração. No

processo de diástole ventricular a pressão sanguínea diminui, onde a contração das

artérias é suficiente para manter a pressão interna e o sangue em circulação até que

aconteça outra sístole (KOEPPE; LEVY; BERNE, 2009).

De acordo com Junqueira e Carneiro (2017), o sangue exerce pressão nas

paredes das artérias, onde se denomina pressão arterial. Os indivíduos jovens e que

apresentam saúde em condições normais tem pressão arterial durante a sístole

ventricular, chamada de pressão sistólica ou pressão máxima, na média de 120 mm

Hg. Já na fase de diástole, a pressão desses indivíduos jovens diminui e fica na

média de 80 mm Hg, chamada de pressão diastólica ou pressão mínima. O aparelho

utilizado para medira à pressão arterial, tanto na máxima como na mínima, é o

esfigmomanômetro.

O sangue, pelo fato de passar por milhares de arteríolas e capilares, chega

com pressão baixíssima ao atingir o interior das veias, sendo insuficiente para que o

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mesmo retorne ao coração. Portanto, acontece à circulação venosa quando

acontece à volta do sangue ao coração e somente se dá pela contração e

relaxamento dos músculos esqueléticos. Acontece da seguinte forma: na contração

da musculatura as veias são comprimidas e o sangue no seu interior se movimenta;

aí entra o trabalho das válvulas, que se encontram internamente nas veias e fecham-

se impedindo o sangue de retornar, pois o mesmo sempre seguirá no sentido do

coração (DANGELO; FATTINI, 2007).

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2 HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA

Hipertensão arterial sistêmica (HAS) se refere à pressão arterial elevada,

conhecida popularmente como ‘pressão alta’. Ela aumenta os riscos de ataques

cardíacos e acidente vascular cerebral (AVC), este último também denominado

derrame de sangue no tecido cerebral (SOUZA, 2011).

Para Fonseca et al. (2009), as causas mais comuns da hipertensão são o

estresse emocional, a alimentação inadequada, com excesso de gordura e sódio,

vida sedentária, ou seja, pessoas que não costumam se movimentar ou praticar

alguma atividade física.

A hipertensão arterial também é decorrente do tabagismo, mesmo que não

haja conhecimento da razão dessa predisposição, pessoas fumantes têm chances

duas vezes maiores para doenças cardiovasculares do que pessoas não fumantes.

O ato de fumar proporciona o espasmo dos vasos coronários, ou devido o efeito de

substâncias lesivas na fumaça, que é o monóxido de carbono e substâncias tóxicas

(GUYTON; HALL, 2006).

A pressão arterial pode elevar-se pelo consumo de bebidas como cerveja,

vinho e destilados, onde o efeito pode variar de acordo com o gênero e a magnitude

associa-se a quantidade de etanol, bem como o uso frequente de bebidas. Quando

há redução do consumo de etanol nota-se a redução média de 3,3 mmHg (2,5 a 4,1

mmHg) na pressão sistólica e 2,0 mmHg (1,5 a 2,6 mmHg) na pressão diastólica

(ABREU, 2007).

O uso de algumas drogas favorece o aumento da pressão arterial, tais como

os anticoncepcionais orais, corticosteroides, anti-inflamatórios não hormonais,

esteroides anabolizantes, descongestionantes, antidepressivos tricíclicos, antiácidos

ricos em sódio, hormônios tireoidianos em doses elevadas, ciclosporinas,

anfetaminas, eritropoietina, cocaína e carbenoxolona (ABREU, 2007).

Boa parte das pessoas hipertensas não apresenta, inicialmente, sintomas da

doença, por isso, a medição regular da pressão arterial é importante para prevenir a

hipertensão, que pode ser controlada com medicamentos, dieta, atividades físicas e

atividades de relaxamento (RADOVANOVIC et al. 2014).

Segundo Souza (2011), embora a pressão arterial possua tendência a elevar-

se com o aumento da idade, deve-se procurar cuidados médicos caso a pressão

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diastólica (mínima) atinja mais de 9 mmHg e a sistólica (máxima) fique superior a 13

mmHg.

De acordo com Longo et al. (2011), na aferição de pressão arterial em

pessoas idosas deve-se tomar cuidado ao diagnosticar a hipertensão arterial

sistêmica devido à probabilidade de ocorrência da pseudohipertensão, hiato

auscultatório, hipotensão pós-prandial, hipertensão do avental branco e hipotensão

ortostática. A maioria dos pacientes com hipertensão apresenta peso elevado, e

algumas pesquisas com diversas populações mostram que o sobrepeso e a

obesidade responsabilizam-se por 20% a 30% dos casos de hipertensão arterial.

2.1 Tratamento da Hipertensão Arterial Sistêmica

A mudança no estilo de vida do paciente que possui pressão arterial sistêmica

é necessária, com a realização de exercícios físicos, controle de peso e uma dieta

que contenha redução de sal, associando-se ou não o uso de medicamentos, que

pode ser administrado de forma isolada ou associado (LONGO et al, 2011).

2.1.1 Tratamento Não Farmacológico

A finalidade do tratamento para controlar a pressão arterial é a redução da

morbidade e da mortalidade cardiovascular que decorre da hipertensão, elevada

devido aos altos níveis tensionais e de outros fatores agravantes. No tratamento

utilizam-se medidas não medicamentosas isoladas, e também associadas à adoção

de fármacos anti-hipertensivos. O tratamento não farmacológico está na mudança de

estilo de vida do paciente, com dieta saudável, redução do consumo de bebida

alcoólica, abandono do tabagismo, pratica de atividade física, controle do estresse e

suspensão de drogas hipertensivas. No caso da alimentação que deve ter baixo teor

de gordura poli saturadas, baixo teor de colesterol e sódio e alto teor de potássio e

fibras (BRANDÃO et al., 2012).

Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (2007), reduzir a ingestão de

sódio é à medida que causa maior impacto na prevenção da hipertensão arterial,

associando-se a menor elevação anual da pressão arterial e resulta na queda

pressórica proporcional à baixa de teor de sódio, onde se recomenda a ingestão de

até 6g de sal/dia, equivalente a quatro colheres de café (4g) rasas de sal na

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preparação dos alimentos, que contêm 2g de sal.

As pessoas que apresentam excesso de peso precisam entrar num programa

de emagrecimento e restrição de ingestão calórica, com a execução de exercícios

físicos. Estes devem se orientados por profissional para a prevenção primária ou

secundária de doenças cardiovasculares, inserindo-se atividades aeróbias

dinâmicas, como ciclismo, corridas leves, caminhadas rápidas e natação

(BRANDÃO, et al., 2012).

O controle de estresse também é necessário para que a hipertensão baixe a

níveis normais, assim, utilizar-se de técnicas de relaxamento e de aconselhamento

pessoal são necessárias na elaboração de estratégias que direcionem o indivíduo

fumante a abandonar o tabagismo e os que consomem bebidas alcoólicas devem

ser instruídos para que o consumo não ultrapasse 30g/dia de etanol para homens e

15g/dia para mulheres ou indivíduos de baixo peso (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIA, 2007).

Segundo Pierin et al. (2004), no caso de pacientes que utilizem

medicamentos que promovam a hipertensão arterial sistêmica devem evitar ou

interromper o uso de imediato.

2.1.2 Tratamento Farmacológico

Não havendo melhora no quadro hipertensivo do paciente, com as medidas

de mudança no estilo de vida apresentados, deve-se utilizar o tratamento com

medicamentos, contudo, não quer dizer que as mudanças sejam dispensadas. Os

medicamentos utilizados no tratamento da hipertensão devem reduzir os níveis

tensionais e cardiovasculares, tanto os fatais como não fatais. Os farmacológicos

anti-hipertensivos são classificados em diuréticos; inibidores adrenérgicos;

vasodilatadores diretos; inibidores da enzima que converte a angiotensina (IECA);

bloqueadores dos canais de cálcio; inibidores dos receptores da angiotensina II; e

inibidores da endotelina (KATZUNG, 2006).

Os medicamentos diuréticos são utilizados para reduzir a morbidade e

mortalidade cardiovascular, pois possui mecanismo que se baseia, inicialmente, na

depleção do volume e em seguida reduz a resistência da vascularização periférica.

No Brasil são autorizados os tiazídicos (clortalidona, hidroclorotiazida, indapamida);

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alça (bumetamida, furosemida, piretanida); e poupadores de potássio (Amilorida,

espironolactona, triantereno) (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2007).

A utilização de inibidores adrenérgicos de ação central é para estimular os

receptores alfas-2- adrenérgicos pré-sinápticos no sistema nervoso central, que

produz a redução do tônus simpático, como fazem a alfametildopa, a clonidina e o

guanabenzo, e/ou os receptores imidazolidínicos, como a moxonidina e a

rilmenidina. No tratamento da hipertensão são usados como monoterapia discreta,

contudo, pode haver associação com fármacos de outras classes terapêuticas nos

casos de evidência de hiperatividade simpática (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIA, 2007).

Utilizam-se também os betabloqueadores para antagonizar as respostas às

catecolaminas, mediadas pelos receptores beta. Desta forma a frequência e o débito

cardíaco encontram-se na normalidade com o tratamento por meio dessas drogas.

Além disso, são importantes nas arritmias cardíacas, prolapso da valva mitral, infarto

do miocárdio, angina do peito e hipertensão portal esquistossomótica. O propranolol

e o atenolol são os medicamentos mais utilizados na indicação clínica (BRASIL,

2001).

De acordo com Katzung (2006), a musculatura lisa das arteríolas passa por

relaxamento com uso de vasodilatadores que provoca a diminuição da resistência

vascular sistêmica. Tanto a diminuição da resistência arterial como da pressão

arterial resulta em um desencadeamento compensatório, que podem ser mediados

com os barorreceptores e pelo sistema nervoso simpático, além da renina,

angiotensina e aldosterona. Tais compensações são opostas ao anti-hipertensivo do

vasodilatador. Portanto, os vasodilatadores apresentam melhor resultado quando

associados com outros medicamentos anti-hipertensivos que vão contra as

respostas cardiovasculares compensatórias, sendo os principais vasodilatadores

orais a hidralazina e minoxidil, no tratamento ambulatorial ao longo prazo de quadro

hipertensivo; os vasodilatadores parenterais, nitroprussiato de sódio, diazóxido e

fenoldopam que são administrados nas emergências hipertensivas.

Além de efeitos antianginosos e antiarrítmicos, os bloqueadores dos canais

de cálcio atuam na dilatação das arteríolas periféricas e reduzem a pressão arterial.

O mecanismo que atua na hipertensão resulta na inibição do influxo de cálcio nas

células musculares arteriais, sendo os mais utilizados o verapamil, o diltiazem e o

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grupo da diidropiridina (anlodipina, felodipina, isradipina, nicardipina, nifedipina e

nisoldipina) (KATZUNG, 2006).

Para Rang et al. (2004), os medicamentos inibidores da enzima conversora

da angiotensina (IECA) bloqueiam a transformação da angiotensina I em II no

sangue e nos tecidos. O pioneiro a ser usado foi o captopril e atualmente, tem-se o

enalapril, lisinopril, ramipril, perindopril e trandolapril, que possuem suas diferenças

na duração do tratamento e na ação de distribuição tecidual.

Também há outros medicamentos que são eficazes no tratamento da

hipertensão, como os bloqueadores do receptor AT1, com antagonização da ação

da angiotensina II, que bloqueia os receptores AT1. O uso destes é mais restrito do

que os IECA aos hipertensos que não podem tolerá-lo, em virtude da ocorrência de

tosse seca (RANG et al., 2004).

Existem três tipos de endotelinas, a um que é a mais potente; a dois; e a três,

bem como dois tipos de receptores: os receptores A (ETA); e os receptores B (ETB).

Os ETA possuem alta especificidade para a endoletina 1 e são encontrados nas

células musculares lisas vasculares; e os ETB possuem afinidade semelhante para

as três endoletinas e são encontrados no endotélio. Ainda tem-se a inibição da

endoletina quando se restringe a endoletina sintetase, que se responsabiliza pela

transformação da pró-endotelina em endotelina 1 no endotélio vascular

(phosphoramidon) (KATZUNG, 2006).

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3 ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NA PREVENÇÃO DA HIPERTENSÃO

No ano de 1988 o Brasil estabeleceu um sistema de saúde dinâmico e

complexo, baseado nos princípios da saúde como um direito do cidadão e um dever

do Estado. O Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado com o objetivo de prover

uma atenção abrangente e universal, preventiva e curativa, por meio da gestão e

prestação descentralizadas de serviços de saúde, promovendo a participação da

comunidade em todos os níveis de governo (PAIM et al., 2011).

O SUS transformou-se no maior projeto público de inclusão social em menos

de duas décadas: 110 milhões de pessoas atendidas por agentes comunitários de

saúde em 95% dos municípios e 87 milhões atendidos por 27 mil equipes de saúde

de família. Como parte fundamental no funcionamento desta política nacional, faz-se

necessário que se tenha profissionais habilitados para gerenciar este sistema de

uma forma ética, eficaz e transparente. No que tange aos conceitos e as

necessidades, torna-se necessário um gestor contemporâneo, capaz de assimilar as

complexidades e diversidades atuais (SANTOS; MIRANDA, 2006).

De acordo com Brasil (2011) a lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990,

dispõe sobre a organização do SUS, o planejamento da saúde, a assistência à

saúde e a articulação inter federativa. Ele é constituído pela conjugação das ações e

serviços de promoção, proteção e recuperação da saúde executados pelos entes

federativos, de forma direta ou indireta, mediante a participação complementar da

iniciativa privada, sendo organizado de forma regionalizada e hierarquizada.

3.1 Programa de Assistência Farmacêutica no Brasil

A estruturação da Assistência Farmacêutica é um dos grandes desafios que

se apresenta aos gestores e profissionais do SUS, quer pelos recursos financeiros

envolvidos como pela necessidade de aperfeiçoamento contínuo com busca de

novas estratégias no seu gerenciamento (BRASIL, 2007).

Partindo da premissa legal, a Resolução nº 338, de 06 de maio de 2004,

aprova a Política Nacional de Assistência Farmacêutica, estabelecida com base nos

seguintes princípios:

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I - a Política Nacional de Assistência Farmacêutica é parte integrante da Política Nacional de Saúde, envolvendo um conjunto de ações voltadas à promoção, proteção e recuperação da saúde e garantindo os princípios da universalidade, integralidade e equidade; II - a Assistência Farmacêutica deve ser compreendida como política pública norteadora para a formulação de políticas setoriais, entre as quais se destacam as políticas de medicamentos, de ciência e tecnologia, de desenvolvimento industrial e de formação de recursos humanos, dentre outras, garantindo a intersetorialidade inerente ao sistema de saúde do país (SUS) e cuja implantação envolve tanto o setor público como privado de atenção à saúde; III - a Assistência Farmacêutica trata de um conjunto de ações voltadas à promoção, proteção e recuperação da saúde, tanto individual como coletivo, tendo o medicamento como insumo essencial e visando o acesso e ao seu uso racional. Este conjunto envolve a pesquisa, o desenvolvimento e a produção de medicamentos e insumos, bem como a sua seleção, programação, aquisição, distribuição, dispensação, garantia da qualidade dos produtos e serviços, acompanhamento e avaliação de sua utilização, na perspectiva da obtenção de resultados concretos e da melhoria da qualidade de vida da população; IV - as ações de Assistência Farmacêutica envolvem aquelas referentes à Atenção Farmacêutica, considerada como um modelo de prática farmacêutica, desenvolvida no contexto da Assistência Farmacêutica e compreendendo atitudes, valores éticos, comportamentos, habilidades, compromissos e corresponsabilidades na prevenção de doenças, promoção e recuperação da saúde, de forma integrada à equipe de saúde. (BRASIL, 2004).

O farmacêutico tem que inteirar-se de forma direta ao problema apresentado

pelo usuário, na finalidade de proceder a farmacoterapia racional para obter

resultados precisos e mensuráveis, em prol da melhoria da qualidade de vida da

população assistida. Nesta interação também há o envolvimento de concepções dos

seus sujeitos, respeitando-se as especificidades biopsicossociais, no ponto de vista

da integralidade das ações de saúde brasileira (BRASIL, 2004).

Brasil (2007) ainda ressalta que as ações desenvolvidas nessa área não

devem se limitar apenas à aquisição e distribuição de medicamentos exigindo, para

a sua implementação, a elaboração de planos, programas e atividades específicas,

de acordo com as competências estabelecidas para cada esfera de governo.

Brasil (2001) afirma que nas últimas décadas com a unificação dos serviços

de saúde pelo Sistema Único de Saúde (SUS) fez-se um redesenho dos contornos

da atenção básica à saúde brasileira. Portanto, a Política Nacional de Medicamentos

(PNM) e a Política Nacional de Assistência Farmacêutica (PNAF), sendo programas

fundamentais da Política Nacional de Saúde, tornam-se meios essenciais para a

efetivação de ações capazes da promoção e melhoria das condições de assistência

sanitária a sociedade brasileira.

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As diretrizes da PNAF têm, por conseguinte garantir a acessibilidade e

equilíbrio das ações na área de saúde, incluindo-se de forma essencial a assistência

farmacêutica; o procedimento de ações, bem como a valorização, a formação, a

fixação e a capacitação de pessoas para o exercício farmacêutico; promover à

racionalidade do uso de medicamentos através de ações que venha disciplinar a

prescrição de medicamentos, a dispensação e o consumo; serviços de assistência

farmacêutica mantidos corretamente na rede pública de saúde, nas mais diversas

formas e níveis de atenção, com articulação necessária e dando-se as prioridades

regionais que são definidas na gestão do SUS e de serviços de assistência

farmacêutica qualificados, articulando-se com a gestão estadual e municipal, nas

mais diversas formas de atenção à saúde da população brasileira (BRASIL, 2001).

Por volta de 1999 a 2000, os municípios começaram a desenvolver sua

própria gestão para adquirir medicamentos necessários a distribuição na Atenção

Básica de Saúde (ABS), sendo que os demais fármacos referentes a programas

específicos continuaram a ser geridos pelos Estados e o Governo Federal. Nos dias

de hoje, na organização e o financiamento da AF no âmbito do SUS, notam-se duas

realidades distintas: a AF regulamentada que está consolidada e estruturada pelas

respectivas leis e portarias, sendo de certa maneira o norteamento e contribuição

para melhorar a organização da AF nos municípios; também há o enfrentamento de

vários problemas de ordem organizacional e financeira que causam

comprometimento do acesso dos usuários aos fármacos essenciais para o

tratamento específico de patologias (OLIVEIRA et al., 2010).

3.2 Atribuições do Profissional Farmacêutico

É imprescindível a presença do profissional farmacêutico na responsabilidade

técnica de farmácias municipais, tanto que está regulamentada essa imposição na

Lei Federal nº 5.991/73, além de estar assinado nos protocolos municipais quando

assumiram a responsabilidade de gerenciar a Assistência Farmacêutica (AF) Básica

e dos mais diversos programas de saúde implantados pelo Sistema Único de Saúde

(SUS) (CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DO PARANÁ, 2013).

O farmacêutico tem de atuar na Vigilância em Saúde e Laboratórios de

Análises Clínicas, além da função específica a que lhe é destinada de

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responsabilizarem-se tecnicamente pelos serviços relacionados aos medicamentos

(Central de Abastecimento Farmacêutico e Farmácia) e outras atividades do âmbito

da Assistência Farmacêutica do município, entre outras áreas do SUS. O

desenvolvimento das atividades de Assistência Farmacêutica necessita de

profissionais com o perfil ideal para representar as melhorias na qualidade de vida

dos brasileiros e no aperfeiçoamento do SUS (CONSELHO REGIONAL DE

FARMÁCIA DO ESTADO DO PARANÁ, 2013).

As funções do farmacêutico na Saúde Pública na Atenção Primária à Saúde

se dividem entre ações técnico-gerenciais e ações técnico-assistenciais.

As atividades meio ou de serviços de suporte que levem ao encontro de

resultados são as ações técnico-gerenciais do processo gerencial da assistência

farmacêutica (AF), que se refere essencialmente na logística dos fármacos, sendo

também a forma de suporte ao prescrever e dispensação de medicamentos

(CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DE MINAS GERAIS, 2011).

Já no sentido de dar atenção ao usuário, levando em conta o uso do

medicamento e na contribuição para que o tratamento se realize, seja de forma

individual ou coletiva em ações direcionadas ao paciente e não ao medicamento,

essas são denominadas ações técnico-assistenciais. Tendo-se por embasamento a

gestão clínica do fármaco e se caracteriza por serviços direcionados ao usuário para

garantir a utilização certa no uso de medicamentos e consequente evolução

terapêutica positiva (CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DE MINAS GERAIS,

2011).

A estruturação da Assistência Farmacêutica é um dos grandes desafios que

se apresenta aos gestores e profissionais do SUS, quer pelos recursos financeiros

envolvidos como pela necessidade de aperfeiçoamento contínuo com busca de

novas estratégias no seu gerenciamento (BRASIL, 2007).

O farmacêutico tem responsabilidade efetiva e permanentemente, assumindo

e exercendo a direção técnica do estabelecimento, sem prejuízo de mantença de

farmacêutico substituto, para atendimento às exigências de lei.

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3.3 Principais Fatores Relacionados à Automedicação no Brasil

Apesar da nítida melhora do sistema do SUS, desde sua implementação,

ainda existem dificuldades de acesso às unidades de atenção básica e aos

medicamentos, e são inúmeras as reclamações sobre a qualidade dos serviços.

O alto índice de automedicação da população brasileira tem forte relação com

o mercado ocupado pela indústria farmacêutica, que não mede esforços através das

ferramentas de marketing, das propagandas e das drogarias adaptadas a

verdadeiros supermercados. Tudo para vender medicamentos e até criar uma

cultura desenfreada de consumo excessivo dos mais variados medicamentos

(JESUS, 2007, apud SOUSA et al., 2008, p. 12).

Segundo Arrais et al. (2005), o acesso aos serviços de saúde, a cultura

médica e a facilidade em adquirir medicamentos também são fatores considerados

de grande peso, pois a maioria das pessoas consegue medicamentos com bastante

facilidade, aumentando assim, a possibilidade da automedicação.

O aconselhamento acerca do uso racional de medicamento é prática

importante para a população em geral e em especial para o idoso, em função da

presença frequente de múltiplas patologias, requerendo terapias diferentes, as quais

podem resultar no uso concomitante de vários medicamentos (ANDRADE et al.,

2002).

Na visão de Marques (2014), o Conselho Federal de Farmácia vem

chamando a atenção das autoridades e da população em geral quanto à venda

irregular de medicamentos, pois se trata de uma prática gravíssima e nem todos

entendem dessa forma, bem como com o tráfico, acumula outros graves problemas

à saúde da população, principalmente dos usuários de múltiplas drogas, os ex-

pacientes que se tornam dependentes e permanecem fazendo uso de

medicamentos, mesmo depois de terem concluído o tratamento.

A população brasileira necessita de mudanças na legislação da saúde quanto

à assistência farmacêutica, com garantia de acessibilidade aos serviços de saúde e

a medicamentos de qualidade, com a projeção de práticas assistenciais que

promovam o uso racional de medicamentos, resultando assim, na influência direta

dos indicadores sanitários.

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3.4 Principais Complicações Relacionadas à Automedicação na Hipertensão

Em um estudo os pacientes relataram que os sintomas que os motivam a

utilizar medicamentos por conta própria são: cefaleia, infecção, gastrite,

dismenorreia, febre, lombalgia, gripe, tosse, rinite, dor abdominal, colesterol elevado,

laringite, labirintite, cansaço, sinusite, hipertensão arterial, alergia, mal estar, artrose,

contracepção, tratamento dermatológico, acne, obesidade, amidalite, dor de

garganta e continuação de tratamento anterior que o especialista havia indicado

medicação. Nota-se assim, que a automedicação é uma forma de autoatenção à

saúde, que consiste em utilizar um medicamento para promover a melhora,

independentemente da orientação profissional e que serve de alerta a área da saúde

na informação e prevenção contra esse procedimento das pessoas (OLIVEIRA;

PELÓGIA, 2011).

A prescrição errônea ou a automedicação pode ter como consequência

efeitos indesejáveis, enfermidades iatrogênicas e mascaramento de doenças

evolutivas como a hipertensão, representando, portanto, problema a ser prevenido.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) cita outra preocupação

frente à automedicação e ao uso indiscriminado de medicamentos que é o risco de

intoxicação. A intoxicação por medicamentos ocupa o primeiro lugar dentre as

causas de intoxicação registradas em todo o país, à frente dos produtos de limpeza,

dos agrotóxicos e dos alimentos estragados. Os analgésicos, os antitérmicos e os

anti-inflamatórios representam as classes de medicamentos que mais intoxicam

(SOTERIO; SANTOS, 2016).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Atualmente, nota-se uma preocupação com a saúde da população brasileira,

principalmente com o incentivo de hábitos saudáveis, como a alimentação adequada

e a prática de atividades físicas, que são essenciais também na prevenção da

hipertensão.

A HAS acontece quando o sangue é impulsionado pelos ventrículos e se

insere nas artérias através de pressão elevada, onde não acontece o relaxamento

arterial adequado e não acontece o aumento de diâmetro de suas paredes. O não

relaxamento das artérias faz a pressão do sangue em seu interior subiria a níveis

perigosos, com risco de ruptura da parede do vaso, que aumenta os riscos de

ataques cardíacos e acidente vascular cerebral (AVC), este último também

denominado derrame de sangue no tecido cerebral.

Os fatores que elevam o risco de HAS mais comuns são o estresse

emocional, a alimentação inadequada, com excesso de gordura e sódio, vida

sedentária, ou seja, pessoas que não costumam se movimentar ou praticar alguma

atividade física, o tabagismo, o uso de drogas e o consumo de bebidas como vinho,

cerveja e destilados.

O tratamento da HAS pode ser com uso de farmacológicos ou não, em que há

necessidade de mudança no estilo de vida do paciente que apresenta a patologia,

com a realização de exercícios físicos, controle de peso e uma dieta que contenha

redução de sal, associando-se ou não o uso de medicamentos, que pode ser

administrado de forma isolada ou associado. Os medicamentos utilizados no

tratamento da HAS devem reduzir os níveis tensionais e cardiovasculares, tanto os

fatais como não fatais. Os farmacológicos anti-hipertensivos são classificados em

diuréticos; inibidores adrenérgicos; vasodilatadores diretos; inibidores da enzima que

converte a angiotensina (IECA); bloqueadores dos canais de cálcio; inibidores dos

receptores da angiotensina II; e inibidores da endotelina.

Além disso, vale ressaltar a grande importância da assistência farmacêutica

para o acompanhamento e no repasse de informações ao hipertenso para que não

haja a automedicação com o uso inadequado de medicamentos que possam agravar

a doença, sempre buscando a prevenção e a mudança no modo de vida da

população, com o uso racional de medicamentos, para que adquiram os hábitos

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saudáveis de vida e haja o controle da pressão arterial.

O farmacêutico não é somente responsável pela dispensação de

medicamentos e na interpretação de prescrição, deve sempre que necessário

orientar a sociedade e também as equipes de saúde para a administração correta

dos fármacos, onde é essencial a sua participação na educação em saúde.

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