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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA DAVID LUIZ RODRIGUES DE ALMEIDA MAPAS MENTAIS PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA: PRÁTICAS E REFLEXÕES EM UMA ESCOLA DE CAMPINA GRANDE - PB JOÃO PESSOA - PB 2015 Fonte: Mapas mentais, aluno 7, 19, 30 e grupo 3. Representação de crianças: Daniella Régis.

DAVID LUIZ RODRIGUES DE ALMEIDA MAPAS MENTAIS PARA O ... total.pdf · Destacamos que a Cartografia Escolar, que se dedica a investigar o uso dos mapas ... as potencialidades e limitações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA

CENTRO DE CIEcircNCIAS EXATAS E DA NATUREZA

DEPARTAMENTO DE GEOCIEcircNCIAS

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM GEOGRAFIA

DAVID LUIZ RODRIGUES DE ALMEIDA

MAPAS MENTAIS PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA PRAacuteTICAS E

REFLEXOtildeES EM UMA ESCOLA DE CAMPINA GRANDE - PB

JOAtildeO PESSOA - PB

2015

Fonte Mapas mentais aluno 7 19 30 e grupo 3

Representaccedilatildeo de crianccedilas Daniella Reacutegis

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA

CENTRO DE CIEcircNCIAS EXATAS E DA NATUREZA

DEPARTAMENTO DE GEOCIEcircNCIAS

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM GEOGRAFIA

DAVID LUIZ RODRIGUES DE ALMEIDA

MAPAS MENTAIS PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA PRAacuteTICAS E

REFLEXOtildeES EM UMA ESCOLA DE CAMPINA GRANDE - PB

Dissertaccedilatildeo apresentada como requisito agrave obtenccedilatildeo do

tiacutetulo de Mestre em Geografia pelo Programa de Poacutes-

Graduaccedilatildeo em Geografia da Universidade Federal da

Paraiacuteba (PPGGUFPB) sob a orientaccedilatildeo do Professor Dr

Antonio Carlos Pinheiro

Aacuterea de Concentraccedilatildeo Territoacuterio Trabalho e Ambiente

Linha de Pesquisa Educaccedilatildeo Geograacutefica

JOAtildeO PESSOA - PB

2015

A447m Almeida David Luiz Rodrigues de Mapas mentais para o ensino de geografia praacuteticas e

reflexotildees em uma escola de Campina Grande-PB David Luiz Rodrigues de Almeida- Joatildeo Pessoa 2015

242f il Orientador Antonio Carlos Pinheiro Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - UFPBCCEN 1 Geografia - ensino 2 Cartografia escolar

3 Alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica 4 Mapas mentais 5 Ensino fundamental - anos iniciais

UFPBBC CDU 9137(043)

Aos meus avocircs paternos e padrinhos de batismo Alice Alves e Luiacutes

Laurindo (in memorian) por me ensinarem o valor do trabalho e

acreditarem no meu potencial

Dedico esta assim como as demais conquistas os meus pais Gerusa

Rodrigues e Davy Alves e a minha irmatilde Giovanna Mayda Obrigado

pela paciecircncia pelo incentivo pela forccedila e principalmente pelo

carinho

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo ao meu orientador professor Dr Antonio Carlos Pinheiro pelas cordiais

conversas as leituras sugeridas e correccedilotildees realizadas ao longo das etapas da pesquisa aleacutem

disso a sua amizade e auxiacutelio para a construccedilatildeo desse estudo liccedilotildees que levarei para o resto

da vida

Aos professores e alunos da (poacutes) graduaccedilatildeo em Geografia do Laboratoacuterio de Estudos

e Pesquisas em Educaccedilatildeo Geograacutefica (LEPEG) da Universidade Federal de Goiaacutes em

especial ao professor Denis Richter tutor durante minha estada em Goiacircnia e grande

motivador da pesquisa sobre os mapas mentais

Ao professor Vanilton Camilo pela acolhida em sua casa assim como agrave professora

Odiones de Faacutetima pela gentil recepccedilatildeo em terras goianas Agrave professora Rusvecircnia Luiza por

abrir a porta de sua sala de aula e permitir que aprendesse com ela as potencialidades do

ensino de Geografia nos anos iniciais do Ensino Fundamental

Sou grato tambeacutem as professoras e demais profissionais da escola Luacutecia de Faacutetima

que permitiram a efetivaccedilatildeo dessa pesquisa Aos alunos envolvidos pela alegria cordialidade

e peripeacutecias que deram outro tom as propostas nas aulas de Geografia sujeitos essenciais

desse estudo torccedilo pelo sucesso de cada um deles

Aos potiguaras Luiz Eduardo Djanniacute e Rute por me acolherem em seu apartamento

em algumas ocasiotildees de estudo pelos momentos de diversatildeo e sobretudo pela amizade

Aleacutem deles a turma do mestrado em Geografia da UFPB do ano de 2013 desde os antigos

companheiros de graduaccedilatildeo da UEPB (Jessica Lima Jamerson e Izabelle) aos mais novos

parceiros Um agradecimento especial a Mocircnica Aires ldquoMoniquinhardquo pelas conversas

aconselhamentos e sua disposiccedilatildeo em sempre ajudar

Ao Grupo de Estudos e Pesquisas em Educaccedilatildeo Geograacutefica (GEPEG) da UFPB ao

professor Marcelo de Moura exemplo de profissional e pessoa aos integrantes e amigos

Adeni Alisson as trecircs Anas (Cristina Neacuteri e Paula) David de Abreu Eliane Guibson e

Jilyane Rouse

Aos meus professores da graduaccedilatildeo e de outros momentos de estudo na UEPB

Antonio Albuquerque Arthur Valverde Angelina Maria Jackeline Joatildeo Damasceno e a

professora Josandra Arauacutejo minha primeira orientadora de pesquisa e incentivadora

Aos professores doutores da banca de qualificaccedilatildeo Rafael Straforini e Christianne

Maria que auxiliaram na identificaccedilatildeo das potencialidades e limitaccedilotildees do trabalho com suas

significativas contribuiccedilotildees

Agradeccedilo ao professor Aderson e aos companheiros da escola hulong de kung fu por

ensinar o significado das palavras respeito lealdade honestidade coragem e disciplina

Aos mais novos amigos de Campina Grande que tive o prazer de conhecer nos

uacuteltimos anos Aline Dione Erivaacutegna Gleydson Jessica Santos Mayara e Nemo Obrigado

pela companhia e amizade em especial a Daniella (Dani) por sua alegria contagiante

A minha famiacutelia ao tio Vando grande geoacutegrafo aos meus avocircs maternos Maria Leni

e Joatildeo e a nova geraccedilatildeo dos Rodrigues que aos poucos comeccedilam a seguir na vida acadecircmica

Aos meus amigos de infacircncia Adriel e Rafael agradeccedilo por compreender a minha

ausecircncia nos uacuteltimos tempos pela torcida pelo sucesso no mestrado Estamos juntos

A Capes pelo auxiacutelio financeiro concedido durante a realizaccedilatildeo desse curso А todos

vocecircs que fizeram dessa caminhada uma transiccedilatildeo mais agradaacutevel A palavra mestre nunca

faraacute justiccedila аоs professores e amigos que teratildeo os meus eternos agradecimentos

Se um homem natildeo for forte ele natildeo inspiraraacute respeito Se natildeo for

culto natildeo teraacute firmeza Lealdade e boa-feacute satildeo para ele e para os

amigos que escolhe valores fundamentais Quando erra natildeo hesita

em corrigir o erro

Confuacutecio (551 ndash 479 a C) filoacutesofo chinecircs

RESUMO

Atualmente no Brasil os anos iniciais do Ensino Fundamental eacute composto por cinco anos (1ordm

ao 5ordm ano) Isso resulta segundo a legislaccedilatildeo num maior periacuteodo para a alfabetizaccedilatildeo dos

sujeitos que desde os seis anos de idade devem ingressar na escola Muito se tecircm investido na

alfabetizaccedilatildeo da Liacutengua materna (Portuguecircs) e da Matemaacutetica para a formaccedilatildeo baacutesica dos

alunos ateacute o 3ordm ano Por outro lado pouco se tem discutido sobre a progressatildeo desta

alfabetizaccedilatildeo nos anos subsequente A presenccedila da Geografia no curriacuteculo escolar pode

auxiliar a formaccedilatildeo dos sujeitos sua leitura de mundo ao destacar a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica

enquanto metodologia que busca pensar o espaccedilo geograacutefico desde o lugar ateacute outras escalas

espaciais Destacamos que a Cartografia Escolar que se dedica a investigar o uso dos mapas

nas praacuteticas de ensino de Geografia atribuem valor na produccedilatildeo e leitura dos mapas

realizados pelos proacuteprios alunos Este potencial eacute encontrado no uso dos mapas mentais

representaccedilotildees livres mas orientadas pelos docentes voltadas a inserccedilatildeo reflexatildeo e leituras

espaciais tratadas na escola Com base nesses apontamentos esta pesquisa objetiva investigar

as potencialidades e limitaccedilotildees do recurso mapa mental para o ensino-aprendizagem de

Geografia com alunos do 4ordm e 5ordm ano do Ensino Fundamental Para isso desenvolvemos a

nossa pesquisa na Escola Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira localizada na cidade de Campina

Grande ndash PB Paralelamente ao uso dos mapas mentais desenvolvemos atividades teoacutericas e

praacuteticas com a finalidade de motivar apresentar construir e refletir noccedilotildees conceituais e

habilidades com uma turma de 4ordm e outra de 5ordm ano Para realizaccedilatildeo desta pesquisa resgatamos

ainda as consideraccedilotildees da gestora escolar professoras e principalmente dos alunos

utilizando questionaacuterios e entrevistas Como resultados percebemos as leituras e

compreensotildees dos alunos em relaccedilatildeo a organizaccedilatildeo de diferentes escalas do espaccedilo

geograacutefico ora voltadas ao seu proacuteprio cotidiano ora aos conteuacutedos ministrados em sala de

aula Identificamos tambeacutem limites no que corresponde ao uso de conteuacutedos

descontextualizados e que se estes saberes natildeo estiverem relacionadas as praacuteticas cotidianas

natildeo haveraacute sentido em apreende-los o que consequentemente poderaacute resultar em retenccedilotildees ou

desmotivaccedilotildees acerca do se aprender Geografia nas escolas

Palavras- chave Ensino de Geografia Cartografia Escolar Alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica

Mapas mentais Anos Iniciais do Ensino Fundamental

ABSTRACT

Currently in Brazil the early years of primary education consists of five years (1st to 5th

grade) This results under the law a longer period for literacy of subjects from the age of six

should enter school Much has been invested in literacy Native language (Portuguese) and

mathematics for basic training of students to the 3rd year Moreover little has been discussed

about the progression of literacy in subsequent years The presence of Geography in the

school curriculum can aid the formation of the subjects their world of reading highlighting

the cartographic literacy as methodology to thinking the geographical space from the place up

other spatial scales We emphasize that the School Cartography which is dedicated to

investigate the use of maps in geography teaching practices attribute value in the production

and reading of maps made by the students themselves This potential is found in the use of

mind maps free representations but guided by teachers aimed at inclusion reflection and

spatial readings treated at school Based on these notes this research aims to investigate the

potential and limitations of the mental map resource for geography teaching and learning with

students of 4th and 5th year of elementary school For this we developed our research in the

School Lucia of Fatima Gayoso Meira in the city of Campina Grande - PB Parallel to the use

of mind maps developed theoretical and practical activities in order to motivate present build

and reflect conceptual notions and skills with a group of 4 and another 5 years For this

research also rescued the considerations of school management teachers and especially the

students using questionnaires and interviews As a result we see the readings and

understandings of the students regarding the organization of different scales of geographic

space now turned to their own daily life sometimes the contents taught in the classroom

Also identified limits corresponding to the use of decontextualized contents and that this

knowledge is not related daily practices there is no sense apprehends them which

consequently may result in withholding or discouragement about learning geography in

schools

Key words Geography Teaching School Cartography Cartographic literacy Mind maps

Years Elementary School Initials

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - FOCOS TEMAacuteTICOS DE PESQUISAS REALIZADAS NA AacuteREA DE

GEOGRAFIA ESCOLAR (1967 ndash 2003)

35

FIGURA 2 - MAPA VIVENCIAL MAPA DOS CHEIROS 52

FIGURA 3 - MAPA MENTAL DO TRAJETO CASA-ESCOLA 53

FIGURA 4 - MAPA DE LOCALIZACcedilAtildeO DA ESCOLA 83

FIGURA 5 - FACHADA DA ESCOLA MUNICIPAL LUacuteCIA DE FAacuteTIMA

GAYOSO MEIRA

84

FIGURA 6 - MAQUETE MAPA MENTAL CANAL DAS PIABAS 98

FIGURA 7 - CANAL DAS PIABAS EM PROXIMIDADE A ESCOLA 100

FIGURA 8 - PROCESSO DE REALIZACcedilAtildeO DA MAQUETE MENTAL 101

FIGURA 9 - PERSPECTIVAS DE OBSERVACcedilAtildeO DAS FORMAS ESPACIAIS 102

FIGURA 10 - MAPA MENTAL EM PERSPECTIVA VERTICAL REALIZADO

PELO ALUNO 04

105

FIGURA 11 - MAPA MENTAL EM PERSPECTIVA LATERAL REALIZADO

PELO ALUNO 05

111

FIGURA 12 - MAPA MENTAL DO ALUNO 14 COM DESTAQUE A ELEMENTOS

SINCRETICOS

110

FIGURA 13 - USO DAS TOPONIMIAS PELO ALUNO 01 114

FIGURA 14 - USO DE TOPONIMIAS PELO ALUNO 03 115

FIGURA 15 - MAPA MENTAL E A LOCALIZACcedilAtildeO DOS BAIRROS DECAMPINA

GRANDE PELO ALUNO 10

118

FIGURA 16 - MAPA MUDO REALIZADO BRASIL (REGIAtildeO NORDESTE)

REALIZADO PELO ALUNO 07

122

FIGURA 17 - MAPA MUDO DAS MESSOREGIOtildeES DA PARAIacuteBA REALIZADO

PELO ALUNO 01

122

FIGURA 18 - PERCEPCcedilAtildeO SEQUENCIAL DAS MESORREGIOtildeES

GEOGRAacuteFICAS DO ALUNO 08

126

FIGURA 19 - PERCEPCcedilAtildeO CIRCULAR DAS MESORREGIOtildeES GEOGRAacuteFICAS

DO ALUNO 03

127

FIGURA 20 - USO DAS TOPONIacuteMIAS NA CONSTRUCcedilAtildeO DAS MESORREGIOtildeES

DA PARAIacuteBA DO ALUNO 11

130

FIGURA 21 - ORIENTACcedilAtildeO E LOCALIZACcedilAtildeO DAS MESSOREGIOtildeES DA

PARAacuteIBA ALUNO 15

133

FIGURA 22 - USO INDISCRIMINADO DA ESCALA GEOGRAacuteFICA ALUNO 09 136

FIGURA 23 - MAPA MUDO DAS REGIOtildeES DO BRASIL REALIZADO PELO

ALUNO 29

139

FIGURA 24 - DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE LUacuteDICA BALEADA

GEOGRAacuteFICA

141

FIGURA 25 - PARAcircMETROS PARA ANAacuteLISE DAS SILHUETAS DOS MAPAS

MENTAIS

143

FIGURA 26 - MAPA MENTAL EM FORMATO PROacuteXIMO A REPRESENTACcedilAtildeO

TRADICIONAL DO BRASIL DO ALUNO 41

146

FIGURA 27 - MAPA MENTAL EM FORMA DE BALAtildeO ALUNO 39 147

FIGURA 28 - MAPA MENTAL EM FORMA DE TRIAcircNGULO ALUNO 25 148

FIGURA 29 - APRESENTACcedilAtildeO DAS INFORMACcedilOtildeES EM FORMA DE

LEGENDA ALUNO 48

150

FIGURA 30 - MAPA MENTAL DO ALUNO 24 DESTAQUE AO EXCESSO DE

TOPONIMIAS

152

FIGURA 31 - MAPA MENTAL DO ALUNO 38 DESTAQUE A EXPRESSAtildeO

SINCREacuteTICA

153

FIGURA 32 - MAPA MENTAL DO ALUNO 22 COM DESTAQUE A

LOCALIZACcedilAtildeO DA REGIAtildeO NORTE DO BRASIL

155

FIGURA 33 - MAPA MENTAL DO ALUNO 29 COM DISTORCcedilOtildeES

RELACIONADAS A LOCALIZACcedilAtildeO E ORIENTACcedilAtildeO ESPACIAL

157

FIGURA 34 - MAPA MENTAL DO ALUNO 42 DESTAQUE A LEGIBILIDADE DA

LOCALIZACcedilAtildeO E ORIENTACcedilAtildeO ESPACIAL

158

FIGURA 35 -

MAPA MENTAL DO ALUNO 43 PROBLEMAS NA SELECcedilAtildeO DA

ESCALA GEOGRAFICA

161

FIGURA 36 - MAPA MENTAL DO ALUNO 46 COM DESTAQUE A ESCALA

GEOGRAFICA DAS REGIOtildeES BRASILEIRAS

163

FIGURA 37 - MAPA MUDO DOS ESTAacuteDIOS BRASILEIRO VISITADO

REALIZADO PELO ALUNO 39

166

FIGURA 38 - MAPA MENTAL COM SILHUETA PROacuteXIMA AO DO BRASIL

(GRUPO 7)

170

FIGURA 39 - COMPARACcedilAtildeO ENTRE MAPA EXISTENTE E MAPA MENTAL

(GRUPO 05)

172

FIGURA 40 - MAPA MENTAL COM A UTILIZACcedilAtildeO DE IacuteCONES (GRUPO 10) 175

FIGURA 41 - ARTICULACcedilAtildeO DO USO DE TOPONIacuteMIAS COM A

APRESENTACcedilAtildeO DE IacuteCONES (GRUPO 3)

177

FIGURA 42 - MAPA MENTAL COM DESTAQUE NA ORIENTACcedilAtildeO E

LOCALIZACcedilAtildeO ESPACIAL DA REGIAtildeO CENTRO-OESTE

(GRUPO 6)

179

FIGURA 43 - MAPA MENTAL NA ESCALA GEOGRAacuteFICA BRASIL (GRUPO 4) 183

FIGURA 44 - RELACcedilAtildeO DE ENSINO E APRENDIZAGEM NA ESCOLA 192

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - ESTRUTURA DA EDUCACcedilAtildeO BAacuteSICA NO BRASIL 26

TABELA 2 - MAPAS MENTAIS PRODUZIDOS DURANTE A PESQUISA 89

TABELA 3 - PERSPECTIVAS ESPACIAIS APRESENTADAS NOS MAPAS

MENTAIS

104

TABELA 4 - USO DAS TOPONIacuteMIAS NOS MAPAS MENTAIS 111

TABELA 5 - RANKING DAS TOPONIacuteMIAS RELACIONADOS AOS BAIRROS DE

CAMPINA GRANDE

111

TABELA 6 - ESCALA GEOGRAacuteFICA EM DESTAQUE NOS MAPAS MENTAIS 119

TABELA 7 - OCORREcircNCIA DAS TOPONIacuteMIAS EXPRESSAS NOS MAPAS

MENTAIS

128

TABELA 8 - OCORREcircNCIA DA UTILIZACcedilAtildeO DA ROSA DOS VENTOS NOS

MAPAS MENTAIS

132

TABELA 9 - ESCALA GEOGRAacuteFICA EM DESTAQUE NOS MAPAS MENTAIS 134

TABELA 10 - PERCEPCcedilOtildeES DA FORMA DO BRASIL DESTACADO NOS MAPAS

MENTAIS

143

TABELA 11 - COEREcircNCIA DAS TOPONIacuteMIAS EXPRESSAS NOS MAPAS

MENTAIS

149

TABELA 12 - NIacuteVEL CORRESPONDENTE Agrave LOCALIZACcedilAtildeO ESPACIAL 154

TABELA 13 - ESCALAS ENCONTRADAS NOS MAPAS MENTAIS 159

TABELA 14 - PERCEPCcedilOtildeES DA FORMA DO BRASIL DESTACADO NOS MAPAS

MENTAIS

168

TABELA 15 - NUacuteMERO DE OCORREcircNCIA DE TOPONIacuteMIAS 173

TABELA 16 - LOCALIZACcedilAtildeO DOS ELEMENTOS ENCONTRADOS NOS MAPAS

MENTAIS

178

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - OPERACcedilOtildeES MENTAIS PARA O DESENVOLVIMENTO DA

LEITURA DE MAPAS

40

QUADRO 2 - AS NOCcedilOtildeES COMO PROCESSO DE FORMACcedilAtildeO DOS

CONCEITOS CIENTIacuteFICOS

63

QUADRO 3 - HABILIDADES PARA O DESENVOLVIMENTO DOS MAPAS

MENTAIS

91

QUADRO 4 - PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO CARTOGRAacuteFICA POR MEIO

DOS MAPAS MENTAIS

93

QUADRO 5 - SIacuteNTESE DO TEXTO SOBRE O CANAL DAS PIABAS 99

QUADRO 6 - ORDEM DAS TOPONIacuteMIAS ENCONTRADAS NOS MAPAS

MENTAIS

131

QUADRO 7 - SIacuteNTESE DOS DADOS ENCONTRADOS NOS MAPAS 165

QUADRO 8 - PROPOSTA DAS OFICINAS PEDAGOGICAS PARA CONSTRUCcedilAtildeO

DE NOCcedilOtildeES E HABILIDADES

188

QUADRO 9 - GRAacuteFICO DAS NOCcedilOtildeES GEOGRAacuteFICAS ANALISADAS NOS

MAPAS MENTAIS

189

QUADRO 10 - GRAacuteFICO DAS HABILIDADES DESTACADAS PARA O

DESENVOLVIMENTO DOS MAPAS MENTAIS

190

LISTA DE SIGLAS

CEB Cacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica

CNE Conselho Nacional de Educaccedilatildeo

EF Ensino Fundamental

GO Estado de Goiaacutes

LDB Lei de Diretrizes e Bases

PCN Paracircmetros Curriculares Nacionais

PB Estado da Paraiacuteba

PNAIC Plano Nacional de Educaccedilatildeo na Idade Certa

UFG Universidade Federal de Goiaacutes

UEPB Universidade Estadual da Paraiacuteba

UFPB Universidade Federal da Paraiacuteba

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 18

1 LEITURAS GEOGRAacuteFICAS DE MUNDO HISTOacuteRIAS DE

ALFABETIZACcedilAtildeO CARTOGRAacuteFICA

24

11 SISTEMA EDUCATIVO E ANOS INICIAIS DO ENSINO

FUNDAMENTAL

24

12 GEOGRAFIA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL 27

13 CARTOGRAFIA ESCOLAR E SEUS CONTEXTOS NO ENSINO DE

GEOGRAFIA

34

131 As propostas de Piaget voltada a Cartografia Escolar 37

14 A CARTOGRAFIA ESCOLAR E OUTRAS INTERPRETACcedilOtildeES PARA O

CONHECIMENTO DO ESPACcedilO

42

141 Percursos dos Mapas Mentais e suas praacuteticas na Educaccedilatildeo Geograacutefica 48

142 Os mapa mentais no ensino-aprendizagem de Geografia 50

2 ITINERAacuteRIO DA PESQUISA E SEUS ENCAMINHAMENTOS

METODOLOacuteGICOS

69

21 CARACTERIZACcedilAtildeO DA METODOLOGIA DA PESQUISA 71

22 PROCEDIMENTOS DA PESQUISA 76

221 Referenciais teoacuterico-metodoloacutegicos 76

222 Instrumentos de Pesquisa 77

223 Os espaccedilos e os sujeitos da pesquisa 81

23 A ANAacuteLISE DOS RESULTADOS 88

231 Da totalidade dos mapas mentais 88

24 AS HABILIDADES E CATEGORIAS DE ANAacuteLISE SELECIONADAS

PARA A PESQUISA

90

241 As categorias de anaacutelise dos mapas mentais 92

3 PROPOSTAS E PRAacuteTICAS ESCOLARES ANAacuteLISES DOS MAPAS

MENTAIS COM OS ALUNOS DO 4ordm ANO

96

31 OFICINA 1 A MAQUETE MENTAL PRAacuteTICA COLETIVA DO

ENSINO-APRENDIZAGEM EM GEOGRAFIA

96

32 MAPA MENTAL 1 CANAL DAS PIABAS 102

33 OFICINA 2 PRAacuteTICAS COM MAPA MUDO (RE) CONSTRUINDO O

MAPA MENTAL DA PARAIacuteBA

120

34 MAPA MENTAL 2 MESORREGIOtildeES DA PARAIacuteBA 123

4 PROPOSTAS E PRAacuteTICAS ESCOLARES ANAacuteLISES DOS MAPAS

MENTAIS COM OS ALUNOS DO 5ordm ANO

137

41 OFICINA 1 USO DOS MAPAS MUDOS E A ldquoBALEADA

GEOGRAacuteFICArdquo NOCcedilOtildeES PRAacuteTICAS E TEOacuteRICAS DE GEOGRAFIA

138

42 MAPA MENTAL 1 MAPA DA MINHA VIDA 142

43 OFICINA 2 MAPA MUDO DA REGIAtildeO CENTRO-OESTE UMA

PROPOSTA DE APROXIMACcedilAtildeO

164

44 MAPA MENTAL 2 MAPA DA REGIAtildeO CENTRO-OESTE 168

5 MAPAS MENTAIS E SUAS POTENCIALIDADES E LIMITACcedilOtildeES

PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA

184

51 O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DE GEOGRAFIA 184

52 PROPOSTAS DAS OFICINAS O LUacuteDICO E SUAS INTERVENCcedilOtildeES

PARA CONSTRUCcedilAtildeO DOS SABERES

187

53 DOS MAPAS MENTAIS UTILIZADOS EM SALA DE AULA 190

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 198

REFEREcircNCIAS 202

APEcircNDICES 207

APEcircNDICE I - JORNAL DE PESQUISA 208

APEcircNDICE II ndash QUESTIONAacuteRIO DE PERGUNTAS PARA PROFESSORES 222

APEcircNDICE III ndash PRANCHA PARA MAPA MENTAL 225

APEcircNDICE IV ndash TEXTO CANAL DAS PIABAS 226

APEcircNDICE V ndash MAPA MUDO DA REGIAtildeO NORDESTE 228

APEcircNDICE VI ndash MAPA MUDO DAS MESORREGIOtildeES DA PARAIacuteBA 229

APEcircNDICE VII ndash QUESTOtildeES DA PROVA 230

APEcircNDICE VIII ndash LISTA DE CAPITAIS E ESTADOS 231

APEcircNDICE IX ndash MAPA BRASIL REGIOtildeES 232

APEcircNDICE X ndash ATIVIDADE BALEADA GEOGRAacuteFICA 233

APEcircNDICE XI ndash MAPA MUDO DAS ARENAS E ESTAacuteDIOS DE FUTEBOL 235

ANEXOS 239

ANEXO I ndash FICHA DE ACOMPANHAMENTO DA ESCOLA MUNICIPAL

LUacuteCIA DE FAacuteTIMA GAYOSO MEIRA

240

ANEXO II ndash TERMO DE CONSENTIMENTO 241

18

INTRODUCcedilAtildeO

Para realizar uma pesquisa acadecircmica acredito na necessidade das justificativas

planejamento encaminhamentos obstaacuteculos que potildeem agrave prova a investigaccedilatildeo cientiacutefica

Eacute relevante expor algumas questotildees relacionadas ao percurso do desenvolvimento desta

dissertaccedilatildeo situando o leitor a respeito dos contextos e acontecimentos que levaram a

realizaccedilatildeo desta pesquisa

Meu primeiro contato com os anos iniciais do Ensino Fundamental ocorreu

enquanto professor de atividades luacutedicas (jogo de xadrez) em uma escola municipal por

meio do Programa Mais Educaccedilatildeo no ano de 2010 Nesta eacutepoca se iniciava a construccedilatildeo

de uma agenda de educaccedilatildeo integral nas escolas municipais e estaduais de Campina

Grande ndash PB

Soma-se a esta experiecircncia as atividades desenvolvidas no curso de licenciatura

em Geografia na Universidade Estadual da Paraiacuteba - UEPB campus Campina Grande

No ano de 2011 fui convidado pela Professora Doutora Josandra Arauacutejo Barreto de

Melo a participar de um projeto voltado a formaccedilatildeo de alunos do magisteacuterio na escola

Normal em Campina Grande mediante o uso de recursos geotecnoloacutegicos novas

tecnologias (sites e ou softwares) relacionadas a geociecircncias ou correlatas que auxiliam

estudar a estrutura do espaccedilo geograacutefico

Naquela eacutepoca os estudantes estavam em processo de formaccedilatildeo docente para

ministrar aulas na Educaccedilatildeo Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental Entre as

dificuldades encontradas estava agrave compreensatildeo de conceitos e das propostas do recurso

geotecnoloacutegico para o ensino de Geografia

Diante destes resultados decido organizar uma investigaccedilatildeo sobre o uso do

recurso geotecnoloacutegico para o ensino-aprendizagem de Geografia com alunos dos anos

iniciais do Ensino Fundamental particularmente o 5ordm ano no trabalho de conclusatildeo de

curso Trabalhamos com fotografias desenhos e construccedilatildeo de mapas digitais e

impressos Como resultado foi observado dificuldades no desenvolvimento e leitura dos

recursos cartograacuteficos pelos alunos e a sua pouca utilizaccedilatildeo nas aulas de Geografia

Com o teacutermino da graduaccedilatildeo apresento ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em

Geografia da Universidade Federal da Paraiacuteba - UFPB um projeto sobre a importacircncia

da Cartografia Escolar nos anos iniciais do Ensino Fundamental visto que o trabalho

da graduaccedilatildeo demonstrava a necessidade em avanccedilar nessa perspectiva e articulaacute-lo ao

desenvolvimento do ensino de Geografia

19

Ao ingressar no programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geografia jaacute havia o interesse

em realizar uma pesquisa relacionada agrave Cartografia Escolar entretanto a possibilidade

do uso do mapa mental foi apresentada pelo Professor Doutor Antonio Carlos Pinheiro

orientador deste estudo

Senti-me interessado e sobretudo desafiado em estudar este recurso

aparentemente mais acessiacutevel a alunos e professores O processo de ensino-

aprendizagem de Geografia mediada pelo uso de recursos cartograacuteficos com alunos dos

anos iniciais do Ensino Fundamental o modo como fazemos o meacutetodo de pesquisa

nossa metodologia de trabalho muda consideravelmente Novos dados informaccedilotildees e

experiecircncias de pesquisa possibilitam (re) pensar estrateacutegias para a utilizaccedilatildeo dos mapas

mentais

Durante os anos de 2013 a 2014 realizamos diferentes pesquisas-piloto com

alunos dos anos iniciais principalmente no 5ordm ano tanto na Paraiacuteba como em Goiaacutes no

Coleacutegio de Aplicaccedilatildeo da Universidade Federal de Goiaacutes (UFG) Aleacutem disso houveram

experiecircncias de estaacutegio supervisionado no curso de Pedagogia da UFPB e propostas de

oficinas realizadas com estudantes do curso de Geografia a soma de todos estes

exerciacutecios resultou na produccedilatildeo de 128 mapas mentais

Com base nestas informaccedilotildees esclarecemos que as pesquisas supracitadas

viabilizaram o estudo realizado na Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira

situado no bairro Lauritzen na cidade de Campina Grande - PB no ano de 2014 O

puacuteblico alvo foram estudantes do 4ordm e 5ordm ano do periacuteodo vespertino a caracterizaccedilatildeo da

escola estudada e dos sujeitos da pesquisa seraacute apresentada mais nitidamente no

segundo capiacutetulo

Esclarecemos que os anos iniciais do Ensino Fundamental correspondem a uma

nova nomenclatura o qual altera o termo seacuteries para anos conforme a Resoluccedilatildeo nordm 3

de 3 de agosto de 2005 do Conselho Nacional de Educaccedilatildeo (CNE) A medida

aumentou o periacuteodo de formaccedilatildeo para as crianccedilas e adolescentes que conforme o art 32

da Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional (LDB) constitui o Ensino

Fundamental obrigatoacuterio de nove anos a partir dos seis anos de idade Com o acreacutescimo

de mais um ano nesta primeira fase do Ensino fundamental podemos dividi-la em dois

ciclos o I ciclo ou ldquociclo da infacircnciardquo (1ordm ao 3ordm ano) e o II ciclo (4ordm e 5ordm ano)

Na atualidade haacute uma crescente preocupaccedilatildeo com a alfabetizaccedilatildeo da Liacutengua

portuguesa e da Matemaacutetica principalmente atraveacutes do Pacto Nacional pela

Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa em todo territoacuterio brasileiro A intenccedilatildeo eacute assegurar a

20

todos os alunos ateacute os oito anos final do 3ordm ano uma alfabetizaccedilatildeo de qualidade Mas

acreditamos que nesta fase eacute possiacutevel uma alfabetizaccedilatildeo que evidencie a disciplina

escolar de Geografia

Autores como a Callai (2005) Lessan (2011) e Castrogiovanni amp Costella

(2006) apontam outro tipo de alfabetizaccedilatildeo tambeacutem necessaacuteria a formaccedilatildeo dos sujeitos

como a cartograacutefica Acreditamos que o mundo pode ser lido de diferentes formas entre

elas por intermeacutedio da linguagem cartograacutefica Seu potencial estaacute presente no uso de

mapas em livros didaacuteticos atlas escolar mapas murais maquetes globos terrestres

encontrados nas escolas e satildeo importantes enquanto portadores de uma educaccedilatildeo visual

do espaccedilo geograacutefico

Natildeo se trata de um tema inexplorado tampouco desconhecido no campo da

Geografia As pesquisas relacionadas agrave Cartografia Escolar campo consolidado no

ensino de Geografia investiga o uso da Cartografia para escolares Elas comeccedilam com

as pesquisas de Oliveira (1978) realizada a mais de 30 anos Na eacutepoca a autora jaacute

apresentava algumas criacuteticas relacionadas aos procedimentos do uso de mapas em sala

de aula

Os procedimentos didaacuteticos enfatizavam a coacutepia mecacircnica e a leitura dos

recursos cartograacuteficos geralmente em uma linguagem mais simplificada um recurso

visual quando comparado aos mapas utilizados pelos adultos com suas escalas

simbologias e convenccedilotildees cartograacuteficas Natildeo consideravam a perspectiva cognitiva de

aprendizagem das crianccedilas desenvolvida por Jean Piaget e seus colaboradores e

consequentemente o desenvolvimento mental da noccedilatildeo de espaccedilo (OLIVEIRA 1978)

Em sucessatildeo a esta pesquisa estudiosos sobre a questatildeo da Cartografia Escolar

como Passini (2012) observaram a necessidade de uma accedilatildeo didaacutetica uma proposta

metodoloacutegica procedimental para o estudo do mapa neste aspecto eacute visado agrave

alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica como uma metodologia que possibilita a construccedilatildeo de

conhecimentos procedimentais habilidades e conceitos que agrega significado a leitura

de mundo do aluno

Os estudos de Almeida amp Passini (2010) Castellar (2000) Lessan (2011) entre

outros enfatizam o uso da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica afirmando a necessidade da

contextualizaccedilatildeo dos conteuacutedos de Geografia para o desenvolvimento de competecircncias

o aprender a apreender a mobilizar as habilidades como verbalizar observar registrar

ler comparar localizar e entender e ainda outras como a persuadir comunicar criar

trabalhar em equipe refletir e interagir

21

Apostando no potencial da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica enquanto uma continuaccedilatildeo

para o processo de ldquoleitura de mundordquo fundamentado por Callai (2005) privilegiamos

o desenvolvimento da produccedilatildeo cartograacutefica a proacuteprio punho com o mapa mental O

mapa eacute uma linguagem de comunicaccedilatildeo utilizada ao longo da histoacuteria por remotas

comunidades e grupos humanos onde se identifica o uso da representaccedilatildeo espacial

(TEIXEIRA 2001 GIRARDI 2005)

Quais as principais dificuldades com o trabalho do uso dos mapas existentes

baseados em uma concepccedilatildeo cartesiana nas salas de aula Os alunos ldquonatildeo gostamrdquo de

mapas acham complicados porque tecircm latitudes longitudes orientaccedilatildeo da rosa dos

ventos escala numeacuterica escala graacutefica matemaacutetica Quando o mapa se livra deste

rigor cientiacutefico o aluno comeccedila a ver o mapa como algo mais proacuteximo dele que pode

ser construiacutedo realizado a partir dos seus conhecimentos embora natildeo deva se restringir

a eles

As discussotildees estabelecidas por Teixeira (2001) indicam as particularidades da

percepccedilatildeo estabelecida por cada indiviacuteduo Enfatiza poreacutem que estas representaccedilotildees

baseadas na realidade ou idealizadas advecircm do campo do simboacutelico da apreensatildeo dos

significados que em muitos casos natildeo satildeo decifrados pela razatildeo As imagens espaciais

satildeo construiacutedas neste processo e foram denominados por mapas cognitivos mapas

conceituais e atualmente mapas mentais

Quando recorremos ao uso destes mapas mentais enquanto recurso didaacutetico para

o ensino de Geografia Richter (2010 p 27) esclarece que ele

[] eacute analisado como um recurso que permite a construccedilatildeo de uma expressatildeo

graacutefica mais livre tendo a perspectiva de que o estudante possa transpor para

esta representaccedilatildeo espacial os conteuacutedos geograacuteficos aprendidos ao longo da

educaccedilatildeo baacutesica Assim aleacutem de utilizar a fala a escrita a imagem ou o

proacuteprio mapa convencional tradicional o aluno teraacute a oportunidade de

apresentar num mapa mental suas interpretaccedilotildees a respeito de um

determinado lugar provenientes de leituras mais cientiacuteficas da realidade

Ao realizarmos nossas experiecircncias com as pesquisas-piloto desenvolvemos a

seguinte hipoacutetese o mapa mental pode auxiliar os alunos a desenvolver natildeo apenas uma

representaccedilatildeo do espaccedilo geograacutefico mas uma habilidade consciente do ato de mapear

aleacutem de uma leitura de mundo que desenvolva a compreensatildeo e reconhecimento do

aluno como sujeito soacutecio-histoacuterico e cultural

Estudamos propostas metodoloacutegicas que possibilitem a aprendizagem de

Geografia Aprendizagem que consideramos aqui como sinocircnimo da capacidade do

22

ensinar-apreender entre os sujeitos baseado no diaacutelogo que estabelece a relaccedilatildeo entre os

conhecimentos cientiacuteficos e cotidianos como considera Vigotski (1998) e Bakhtin

(2012) Pensamos que aleacutem da aquisiccedilatildeo do conhecimento e habilidades os mapas

mentais possibilitam construir atitudes e valores virtudes assentadas na solidariedade

humana e toleracircncia ao proacuteximo constituindo sua identidade e a formaccedilatildeo da cidadania

Entendemos que a proposta da pesquisa eacute auxiliar o trabalho de professores na

praacutetica da docecircncia enfatizando a importacircncia dos conhecimentos geograacuteficos

construiacutedos pelos alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental consequentemente a

proposta auxilia o trabalho dos professores de Geografia que acolhem estes alunos nos

anos subsequentes a partir do 6ordm ano anos finais do Ensino Fundamental

Com base nessas ideias temos como principal objetivo investigar as

potencialidades e limitaccedilotildees do recurso mapa mental para o ensino-aprendizagem de

Geografia com alunos do 4ordm e 5ordm ano dos anos iniciais do Ensino Fundamental Nossos

objetivos especiacuteficos satildeo

Diagnosticar as dificuldades referentes ao domiacutenio de habilidades e noccedilotildees

cartograacuteficas dos alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental realizando

uma anaacutelise dessas dificuldades

Pesquisar o mapa mental mediante situaccedilotildees de ensino-aprendizagem que

conduzam a reflexatildeo sobre a espacialidade

Apresentar atividades que permitam desenvolver habilidades e noccedilotildees

conceituais para os alunos atraveacutes do desenvolvimento de mapas mentais e que

possam auxiliar as aulas de Geografia dos professores dos anos iniciais do

Ensino Fundamental

Propor orientaccedilotildees que auxiliem o professor desta fase a trabalharem com os

mapas mentais junto ao puacuteblico dos anos iniciais do Ensino Fundamental

Ao realizarmos nossos experimentos observamos a dificuldade em representar o

espaccedilo geograacutefico considerando elementos como agrave perspectiva do acircngulo de visatildeo

orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo espacial por exemplo Em virtude disso criamos estrateacutegias

metodoloacutegicas recursos de apoio e categorias de anaacutelise as quais consideramos

importantes para o processo de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica Com a intenccedilatildeo de atingir os

objetivos propostos estruturamos essa pesquisa em cinco capiacutetulos

O primeiro capiacutetulo intitulado ldquoLeituras geograacuteficas de mundo histoacuterias de

alfabetizaccedilatildeo cartograacuteficardquo trata da pertinecircncia do ensino de Geografia nos anos

23

iniciais do Ensino Fundamental indica os principais avanccedilos sobre a alfabetizaccedilatildeo e de

sua relaccedilatildeo com a Cartografia Escolar Procura aleacutem disso apresentar o surgimento das

praacuteticas com os mapas mentais e algumas propostas relacionadas ao seu uso para a

pesquisa e ensino da Geografia

O segundo capiacutetulo ldquoItineraacuterio da pesquisa e seus encaminhamentos

metodoloacutegicosrdquo esclarece os procedimentos para a realizaccedilatildeo da pesquisa ressaltando

sua metodologia (de caraacuteter qualitativo) caracterizando os espaccedilos e sujeitos da

pesquisa Apontamos ainda nossa revisatildeo bibliograacutefica para a construccedilatildeo da dissertaccedilatildeo

e os instrumentos para realizaccedilatildeo da pesquisa

No terceiro capiacutetulo ldquoPropostas e praacuteticas escolares anaacutelises dos mapas

mentais com os alunos do 4ordm anordquo e no quarto capiacutetulo ldquoPropostas e praacuteticas

escolares anaacutelises dos mapas mentais com os alunos do 5ordm anordquo satildeo apresentadas e

analisadas as praacuteticas desenvolvidas em forma de oficinas pedagoacutegicas e os mapas

mentais utilizados em cada uma das turmas Procuramos discutir a importacircncia do

ensino de Geografia e quais as relaccedilotildees encontradas na construccedilatildeo das representaccedilotildees

dos alunos

O quinto capiacutetulo ldquoMapas mentais e suas potencialidades e limitaccedilotildees para o

ensino de Geografiardquo analisamos as entrevistas efetivadas com os alunos do 4ordm e 5ordm

ano e a apresentaccedilatildeo da resposta dos questionaacuterios respondidos pelas professoras que

expotildeem suas concepccedilotildees sobre o uso dos mapas mentais e das oficinas para as

propostas de ensino de Geografia

24

1 LEITURAS GEOGRAacuteFICAS DE MUNDO HISTOacuteRIAS DE

ALFABETIZACcedilAtildeO CARTOGRAacuteFICA

Este capiacutetulo estaacute dedicado agrave compreensatildeo sobre o que se entende atualmente

por anos iniciais do Ensino Fundamental (EF) para isso recorremos agraves leis que

alicerccedilam o sistema educativo no Brasil Prosseguimos com a apresentaccedilatildeo do ensino de

Geografia e sua importacircncia nos primeiros anos de escolarizaccedilatildeo

Em seguida o leitor eacute convidado a entender os contextos que influenciaram a

criaccedilatildeo do eixo de pesquisa e estudo chamado de Cartografia Escolar aleacutem disso suas

contribuiccedilotildees para a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica e leitura de mundo dos alunos Mediante

estes apontamentos apresentamos recentes praacuteticas escolares que destacam o uso dos

mapas mentais enquanto um recurso didaacutetico que pode auxiliar as praacuteticas de ensino-

aprendizagem de Geografia

11 SISTEMA EDUCATIVO E ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Atualmente no Brasil a escolarizaccedilatildeo eacute obrigatoacuteria a partir dos seis anos de

idade O curriacuteculo escolar estaacute organizado em nove anos natildeo mais em oito seacuteries

Mudanccedilas no sistema educativo ocorrem desde 1930 quando se pensou pela primeira

vez um programa de poliacutetica educacional para o Brasil legitimado pela nova

Constituiccedilatildeo Federal do Brasil (1934)1 Mudanccedilas significativas para a compreensatildeo do

atual Ensino Fundamental ocorreram nas uacuteltimas deacutecadas as quais satildeo destacadas

Lei nordm 4024 de 20 de dezembro de 19612ndash estabeleceu quatro anos de Ensino

Fundamental

Lei nordm 5692 de 11 de agosto de 19713 - obrigatoriedade do Ensino Fundamental

de oito anos que ficou conhecido como 1ordm e 2ordm grau e posteriormente como

Ensino Fundamental I e II e

Art 32 da LDB (1996) firmada pela resoluccedilatildeo CNE CEB nordm de 0308 2005

oferece o Ensino Fundamental gratuito e obrigatoacuterio com duraccedilatildeo de nove anos

1Mais informaccedilotildees disponiacuteveis em

httpportalmecgovbroption=com_contentampview=articleampid=2ampItemid=171gt acesso em 22 01

2014 2 Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisl4024htmgt acesso em 22 01 2014 3 Disponiacutevel em httpwww010dataprevgovbrsislexpaginas4219715692htmgt acesso em 22 01

2014

25

caracterizado por duas etapas anos iniciais do EF (1ordm ao 5ordm ano) e anos finais

do EF (6ordm ao 9ordm ano)

No seacuteculo XXI o sistema de ensino brasileiro tem como uma das preocupaccedilotildees

o mundo do trabalho e a praacutetica social4 A escolarizaccedilatildeo divide-se em duas etapas

Educaccedilatildeo Baacutesica ndash formada pela Educaccedilatildeo Infantil Ensino Fundamental e Ensino

Meacutedio ndash e Educaccedilatildeo Superior como consta na Lei de Diretrizes e Bases ndash LDB (1996)

nordm 9394 art 21 inciso I e II

De acordo com a LDB (1996) eacute evidente que o conhecimento dos discentes eacute

construiacutedo ao longo do tempo escolar durante a Educaccedilatildeo Baacutesica e possivelmente no

decorrer da Educaccedilatildeo Superior Ao ingressar nos anos iniciais do EF a crianccedila pode ter

passado ou natildeo por uma creche e ou uma escola de Ensino Infantil visto que natildeo satildeo

obrigatoacuterios para formaccedilatildeo escolar brasileira5 Qualquer que seja o caso o aluno possui

conhecimentos e desenvolveu algumas habilidades antes de iniciar os anos iniciais do

EF seja na Educaccedilatildeo Infantil ou junto agrave famiacutelia

Um dos avanccedilos mais recentes na compreensatildeo do iniacutecio do processo de

escolarizaccedilatildeo foi aumentar um ano letivo nos anos iniciais do EF Segundo o

documento ldquoEnsino Fundamental de nove anos passo a passo do processo de

ampliaccedilatildeordquo (BRASIL 2009 p 05) a justificativa para esse aumento no Ensino

Fundamental eacute relativa a trecircs objetivos

a) Melhorar as condiccedilotildees de equidade e de qualidade da Educaccedilatildeo Baacutesica

b) Estruturar um novo ensino fundamental para que as crianccedilas prossigam

nos estudos alcanccedilando maior niacutevel de escolaridade

c) Assegurar que ingressando mais cedo no sistema de ensino as crianccedilas

tenham um tempo mais longo para as aprendizagens da alfabetizaccedilatildeo e

do letramento (BRASIL 2009 p 05)

A primeira observaccedilatildeo a respeito dos trecircs objetivos expostos eacute considerar que a

equidade ou seja a idade correspondente para cada ano escolar esteja em acordo com

proposta da Resoluccedilatildeo CNE CEB nordm 3 03082005 evitando a retenccedilatildeo (reprovaccedilatildeo) do

aluno nos anos iniciais do EF O parecer CNECEB ndeg 7 de 09072007 explica que a

duraccedilatildeo do Ensino Fundamental de nove anos necessita ser pensada pelos educadores

como uma fase de adequaccedilatildeo do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico para a busca do sucesso

4 Lei 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Art 1ordm sect 2ordm 5Segundo a Seccedilatildeo II ldquoDa Educaccedilatildeo Infantilrdquo da LDB arts 29 a 30 eacute garantido pelo municiacutepio a primeira

etapa da educaccedilatildeo baacutesica natildeo obrigatoacuteria para crianccedilas de quatro a seis anos de idade A fase da

educaccedilatildeo infantil natildeo eacute constituiacuteda por uma avaliaccedilatildeo com objetivos de promoccedilatildeo mas do

desenvolvimento fiacutesico psicoloacutegico intelectual e social como consta na lei (BRASIL 2010)

26

escolar dito isso o mesmo documento aponta que reter o aluno durante os anos iniciais

do EF pode resultar na ideia de retrocesso fracasso escolar e gerar desistecircncias por

parte dos alunos (como observado na tabela 01)

TABELA 1 ESTRUTURA DA EDUCACcedilAtildeO BAacuteSICA NO BRASIL

EDUCACcedilAtildeO BAacuteSICA

Educaccedilatildeo

Infantil

Anos iniciais do Ensino Fundamental Anos

finais

do EF

Ensino

Meacutedio I ciclo ou ldquociclo da

infacircnciardquo

II ciclo

Etapa Inf 1 Inf 2 1ordm 2ordm 3ordm 4ordm 5ordm 6ordm ao 9ordm 1ordm ao 3ordm

Idade

4 5 6 7 8 9 10 11 aos

14

15 aos

17

Fonte Resoluccedilatildeo CNE CEB nordm 3 03082005 e CNECEB ndeg 7 de 09072007

Como observado na tabela 1 eacute facultado aos sistemas escolares estruturar os

anos iniciais do EF em ciclos de aprendizagem ndash I ciclo ou ldquociclo da infacircnciardquo (1ordm 2ordm e

3ordm ano) e II ciclo (4ordm e 5ordm ano) ndash utilizando a progressatildeo continuada (BRASIL 2009)

Estruturas como as do apoio pedagoacutegico no contra turno de estudo eacute uma das estrateacutegias

para reduccedilatildeo das dificuldades dos alunos e da sua progressatildeo

Outra estrateacutegia eacute o Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa6 ele eacute um

programa governamental que enfatiza os domiacutenios baacutesicos da leitura escrita e caacutelculo o

objetivo eacute alfabetizar todas as crianccedilas de seis a oito anos de idade periacuteodo relacionado

ao primeiro ciclo O plano tambeacutem investe na formaccedilatildeo continuada de professores que

atuam no primeiro ciclo (1ordm 2ordm e 3ordm ano) da rede baacutesica de ensino atraveacutes de uma

associaccedilatildeo com as universidades federais

Por fim eacute observado que as poliacuteticas educacionais entendem que o aluno de seis

anos jaacute estaacute apto para aprender os conceitos da alfabetizaccedilatildeo letramento7 do

conhecimento loacutegico-matemaacutetico da reflexatildeo e do desenvolvimento psicomotor

Garantir nove anos no Ensino Fundamental eacute possibilitar que o processo de ensino-

aprendizagem comece antes valorizando o processo de alfabetizaccedilatildeo e letramento

constituiacutedos por uma linguagem global que ultrapassa a escrita convencional

6 Para mais informaccedilotildees acessar httppactomecgovbrindexphplt acessado em 02032015 7Entendemos o letramento com uma praacutetica escolar correspondente a leitura e escrita da Liacutengua materna

(portuguesa) e estabelecimento dessa cultura na vida das crianccedilas ou seja do haacutebito do ler e escrever

27

(CALLAI 2005) Aleacutem disso possibilitar uma passagem tranquila entre a educaccedilatildeo

infantil e os anos iniciais do EF

Observa-se entretanto a inexistecircncia de uma poliacutetica nacional de alfabetizaccedilatildeo

para o segundo ciclo e do prosseguimento da linguagem aprendida Outros objetivos

para o Ensino Fundamental como ldquoa compreensatildeo do ambiente natural e social do

sistema poliacutetico da tecnologia das artes e dos valores que se fundamenta a sociedaderdquo

satildeo encontrados no Art 32 Inciso II da LDB (BRASIL 2010 p 47) Neste ponto

buscamos refletir sobre as contribuiccedilotildees do ensino de Geografia Procuramos apontar

alguns caminhos do ensino de Geografia no toacutepico a seguir aproximando-o de uma

concepccedilatildeo de alfabetizaccedilatildeo para aprendizagem do espaccedilo geograacutefico

12 GEOGRAFIA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

As praacuteticas escolares voltadas ao processo de ensino-aprendizagem de Geografia

nos anos iniciais do EF requerem pressupostos baacutesicos que auxiliam o professor nesta

etapa de ensino dessa forma a disciplina pode permitir o alcance dos objetivos

educacionais O processo de alfabetizaccedilatildeo e letramento da liacutengua portuguesa da crianccedila

a alfabetizaccedilatildeo geograacutefica (com os conceitos e princiacutepios da Geografia) alfabetizaccedilatildeo

cartograacutefica (por meio da Cartografia Escolar) e as tendecircncias do ensino (teorias

cognitivas) compotildeem os principais pressuposto para a Geografia

Refletir sobre o ensino-aprendizagem da Geografia nos anos iniciais do EF

tomando como referecircncia tais pressupostos possibilitaraacute a accedilatildeo do professor a mediar agrave

aprendizagem da construccedilatildeo de conceitos geograacuteficos Dessa forma a Geografia seraacute

um conhecimento uacutetil e contextualizado agraves praacuteticas cotidianas dos alunos

desenvolvendo habilidades como localizaccedilatildeo orientaccedilatildeo compreensatildeo da relaccedilatildeo entre

diferentes escalas geograacuteficas aspectos da sociedade e transformaccedilatildeo da natureza

construindo os fundamentos dessa disciplina

A alfabetizaccedilatildeo nos anos iniciais do EF deve considerar as experiecircncias

anteriores dos alunos tanto os conhecimentos adquiridos junto agrave famiacutelia como os

voltados a Educaccedilatildeo Infantil quando a tiver Mas eacute durante o Ensino Fundamental que

haveraacute o iniacutecio de outras teacutecnicas de interpretaccedilatildeo Explica Mendes (2010 p 47) que

ldquopor meio da leitura e da escrita a crianccedila comeccedila gradativamente a se apropriar dos

conhecimentos historicamente construiacutedos pela humanidaderdquo e eacute na escola na maioria

dos casos que a aprendizagem dessas teacutecnicas se realizaraacute

28

Lessan (2011 p 40) afirma que a alfabetizaccedilatildeo eacute um processo complexo longo

e contiacutenuo aleacutem disso a autora destaca que ldquoa tarefa essencial para o professor do

iniacutecio do Ensino Fundamental I eacute ajudaacute-lo [o aluno] a desenvolver o potencial de

expressatildeo oral e enriquecer o vocabulaacuterio antes de ensinar a escreverrdquo portanto a

alfabetizaccedilatildeo natildeo se limita aos primeiros anos do EF mas acompanha o curriacuteculo

escolar durante toda a Educaccedilatildeo Baacutesica

Acreditamos que a linguagem envolve um conteuacutedocontextotema que em

muitos casos eacute perdido pela natildeo compreensatildeo do significado das outras ciecircncias aleacutem

da liacutengua portuguesa no processo de alfabetizaccedilatildeo Borba amp Oliveira (2012 p 119 -

120) afirmam que entre os alunos do curso de Pedagogia eacute comum a compreensatildeo da

Geografia enquanto disciplina de memorizaccedilatildeo enumeraccedilatildeo classificatoacuteria e descritiva

ademais em muitos casos esses alunos ldquo[] apresentam dificuldades de entendimento

dos conceitos e procedimentos baacutesicos []rdquo da ciecircncia geograacutefica Perceber a Geografia

enquanto uma disciplina enciclopeacutedica diminui portanto a perspectiva de um trabalho

que agregue significado a palavra aprendida

Por outro lado natildeo eacute novidade para a educaccedilatildeo as contribuiccedilotildees da Geografia no

processo didaacutetico Os Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCN) de Geografia para os

anos iniciais do EF contribuem para a compreensatildeo dessa ciecircncia realizando um resgate

histoacuterico epistemoloacutegico aleacutem de contribuir com orientaccedilotildees teoacuterico-metodoloacutegicas da

Geografia para o ensino explica Borba amp Oliveira (2012) Os PCN (BRASIL 1997 p

74) entendem que

A Geografia estuda as relaccedilotildees entre o processo histoacuterico que regula a

formaccedilatildeo das sociedades humanas e o funcionamento da natureza por meio

da leitura do espaccedilo geograacutefico e da paisagem [] a Geografia tem que

trabalhar com diferentes noccedilotildees espaciais e temporais bem como com os

fenocircmenos sociais culturais e naturais que satildeo caracteriacutesticos de cada

paisagem para permitir uma compreensatildeo processual e dinacircmica de sua

constituiccedilatildeo

Como parte do curriacuteculo escolar a Geografia pode auxiliar na alfabetizaccedilatildeo do

aluno pois de acordo com Straforini (2008 p 120)

[] eacute um meio de enriquecer o processo de alfabetizaccedilatildeo porque eacute no espaccedilo

geograacutefico que as crianccedilas tecircm as muacuteltiplas possibilidades da realidade Eacute

nele que a vida se faz Assim eacute no espaccedilo geograacutefico que as crianccedilas buscam

e encontram os siacutembolos e os seus significados

Autores como Straforini (2008) Mendes (2010) Lessan (2011) Castrogiovanni

amp Costella (2006) concordam que a alfabetizaccedilatildeo natildeo se limita a decifrar o coacutedigo da

liacutengua materna mas na possibilidade de relacionaacute-la a tomada de decisotildees referentes ao

29

espaccedilo geograacutefico A relaccedilatildeo entre a alfabetizaccedilatildeo e o ensino de Geografia eacute entendida

por diferentes sinocircnimos ldquoAlfabetizaccedilatildeo em Geografiardquo como destaca Castellar (2000)

ldquoAlfabetizaccedilatildeo espacialrdquo retratado por Callai (2005) ou ainda ldquoAlfabetizaccedilatildeo

Geograacuteficardquo explicado por Borba amp Oliveira (2012)

A alfabetizaccedilatildeo geograacutefica aproxima os conteuacutedos temas e conceitos da

Geografia com uma leitura que natildeo se restringe aos procedimentos de escrita e leitura

textual ldquo[] tem por objetivo formar para a cidadania a partir dos elementos proacuteximos

do aluno e das interfaces local-globalrdquo (BORBA amp OLIVEIRA 2012 p 128)

Jaacute a constituiccedilatildeo da Alfabetizaccedilatildeo Geograacutefica por sua vez surge como processo

de ldquoalfabetizaccedilatildeo cartograacuteficardquo que ldquo[] permite uma alfabetizaccedilatildeo geograacutefica mais

eficiente mediante o desenvolvimento das habilidades operatoacuterias tiacutepicas do trabalho de

representaccedilatildeo graacutefica [uso da linguagem cartograacutefica]rdquo (CASTELLAR 2000 p 29)

Quando relacionamos essas trecircs concepccedilotildees de Alfabetizaccedilatildeo (Alfabetizaccedilatildeo da

liacutengua alfabetizaccedilatildeo geograacutefica e alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica) nos anos iniciais do EF

ampliamos a possibilidade de uma aprendizagem que considera o mundo e seu contexto

geograacutefico e histoacuterico Isto por sua vez ultrapassa a ideia da leituraescrita como

habilidade mecacircnica a alfabetizaccedilatildeo do ler e escrever (inclusive por mapas) eacute um meio

para a desenvolvimento do espiacuterito de cidadania e na reflexatildeo sobre o quecirc por quecirc e

para que se lecirc e escreve

Como eixo de articulaccedilatildeo entre as concepccedilotildees destacadas no paraacutegrafo anterior

destacamos Callai (2005) que reflete sobre o exerciacutecio de alfabetizaccedilatildeo pelas crianccedilas

nomeando o processo de ldquoleitura de mundordquo Os estudos de Callai (2005 2013)

consideram a importacircncia da clareza do professor ao ensinar Geografia apontando trecircs

razotildees (1) corresponde ao conhecimento do mundo e as informaccedilotildees pertencentes a ele

(2) conhecer o espaccedilo produzido pelo homem e (3) contribuir para a formaccedilatildeo do

cidadatildeo

Entender a leitura de mundo eacute considerar que desde o nascimento a crianccedila

adquire experiecircncias espaciais e que elas possibilitam a superaccedilatildeo dos obstaacuteculos

desvendando pouco a pouco a visatildeo linear a respeito do mundo Por meio da realidade

vivida cotidianamente ela avanccedila no reconhecimento da percepccedilatildeo e complexidade do

mundo (CALLAI 2005)

No processo de leitura de mundo a crianccedila desenvolve tambeacutem representaccedilotildees

espaciais estas por conseguinte se aproximam da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica Lessan

(2011 p 58) compreende que ldquorepresentar eacute essencial para adquirir conhecimentos

30

uma vez que qualquer conhecimento passa por uma representaccedilatildeo mental para que a

imagem mental possa ser assimiladardquo logo o espaccedilo vivido percebido imaginado e

concebido satildeo modos de pensar a vida cotidiana Katuta (2001 p 179) corrobora com

esta discussatildeo apontando que

A humanidade desde os seus primoacuterdios segundo consta em vaacuterios

documentos sempre representou seu espaccedilo vivido Por isso ao longo da

construccedilatildeo histoacuterica do que hoje denominamos grosso modo por

representaccedilotildees cartograacuteficas verificamos vaacuterias tentativas de se representar

saberes sobre os territoacuterios

Dentre as vaacuterias descobertas pelo homem sobre a representaccedilatildeo do espaccedilo

vivido citamos como exemplo os estudos de Claval (2011) que relatam que na Greacutecia

antiga por volta do seacuteculo V a C pensadores como Heroacutedoto Hiparco e Ptolomeu jaacute

recorriam aos campos da matemaacutetica astronomia e astrologia para estabelecer

representaccedilotildees da Terra calcular dimensotildees e registrar fenocircmenos geograacuteficos

observados Desse modo eacute niacutetido que as representaccedilotildees natildeo se apresentam de forma

linear tampouco desarticulada do mundo A dimensatildeo espacial histoacuterica e cultural

auxilia a construccedilatildeo dos significados sobre os lugares e as comunidades que nela

habitam

Contudo a educaccedilatildeo escolar natildeo pode basear-se apenas nas experiecircncias vividas

dos alunos Dessa forma segundo Cavalcanti (2014) o que se apresenta como proposta

para a praacutetica do ensino de Geografia eacute a reflexatildeo sobre a espacialidade explica a autora

que eacute papel desta ciecircncia

[] prover bases e meios de desenvolvimento e ampliaccedilatildeo da capacidade dos

alunos de apreensatildeo da realidade do ponto de vista da espacialidade ou seja

de compreensatildeo do papel do espaccedilo nas praacuteticas sociais e destas na

configuraccedilatildeo do espaccedilo [] o pensar geograacutefico contribui para a

contextualizaccedilatildeo do proacuteprio aluno como cidadatildeo do mundo em que vive

desde a escala local agrave regional nacional e mundial O conhecimento

geograacutefico eacute pois indispensaacutevel agrave formaccedilatildeo de indiviacuteduos participantes da

vida social agrave medida que propicia o entendimento do espaccedilo geograacutefico e do

papel desse espaccedilo nas praacuteticas sociais (CAVALCANTI 2014 p 11)

De acordo com a citaccedilatildeo apresentada compreendemos que o conhecimento

cientiacutefico de Geografia deve ser primordialmente ensinado no espaccedilo escolar

Conceitos geograacuteficos como espaccedilo territoacuterio regiatildeo lugar cotidiano paisagem entre

outros satildeo pautas do curriacuteculo escolar devendo estar articulados a temas e

metodologias de trabalho para que o aluno reflita e se identifique enquanto cidadatildeo

participando e construindo sua identidade

31

O conceito de lugar eacute uma das referecircncias para o ensino de Geografia nos anos

iniciais do EF Conforme os PCN o lugar consiste na dimensatildeo espacial mais proacutexima

do aluno onde constroacutei sua relaccedilatildeo de identidade O documento tambeacutem argumenta que

o ldquo[] lugar traduz os espaccedilos com os quais as pessoas tecircm viacutenculos mais afetivos e

subjetivos que racionais e objetivos []rdquo (BRASIL 1997 p 76)

Nessa mesma linha de raciociacutenio afirma Tuan (1983) que a experiecircncia constroacutei

a realidade segundo ele a praacutetica cotidiana permite aos sujeitos acumular informaccedilotildees

ao longo do tempo construindo memoacuterias estabelecendo laccedilos afetivos com o espaccedilo

Assim a experiecircncia implica a capacidade de aprender significa atuar sobre

o dado e criar a partir dele O dado natildeo pode ser construiacutedo em sua essecircncia

O que pode ser conhecido eacute uma realidade que eacute construto da experiecircncia

uma criaccedilatildeo de sentimento e pensamento (TUAN 1983 p 10)

Eacute necessaacuterio compreender que a praacutetica o contato direto com o espaccedilo permite

segundo os apontamentos de Tuan as possibilidades para construccedilatildeo do conceito de

lugar Diante disso Callai (2005 p 240) admite que ldquoler o mundo a partir do lugar eacute o

desafiordquo Mediante os apontamentos realizados por Tuan (1983) e Callai (2005)

reconhecemos a importacircncia da realidade concreta do espaccedilo vivido do aluno como

ponto de partida para a leitura de mundo Desta forma precisamos entender que o lugar

[] natildeo eacute apenas um quadro de vida mas um espaccedilo vivido isto eacute de

experiecircncia sempre renovada o que permite ao mesmo tempo a reavaliaccedilatildeo

das heranccedilas e a indagaccedilatildeo sobre o presente e o futuro A existecircncia naquele

espaccedilo exerce um papel revelador sobre o mundo (SANTOS 2006 p 114)

Em outro texto Santos (2009) esclarece que a discussatildeo do conceito de lugar

deve ser compreendida mediante o processo de globalizaccedilatildeo apontando que fenocircmenos

poliacuteticos econocircmicos e ou sociais contribuem para definir o contexto histoacuterico

espacial e cultural dos lugares Desta forma cabe ao professor compreender que natildeo haacute

dois lugares no mundo totalmente idecircnticos mas que podem conter traccedilos semelhantes

e que todo lugar faz parte de um contexto da totalidade espacial

Autores como Lessan (2011) Mendes (2010) e Campos amp Buitoni (2010)

relatam que eacute necessaacuterio que as atividades relacionadas agrave construccedilatildeo dos conceitos pelos

alunos tenham como ponto de partida o espaccedilo vivido e desenvolva exerciacutecios de

observaccedilatildeo descriccedilatildeo levantamento de hipoacuteteses e explicaccedilotildees comparaccedilatildeo

representaccedilatildeo interpretaccedilatildeo e pesquisa sobre o tema estudado Segundo Mendes (2010

p 52 - 53) eacute possiacutevel considerar que

32

[] nos anos iniciais do Ensino Fundamental eacute possiacutevel ldquolevar o mundordquo

para a sala de aula criando uma interaccedilatildeo do aluno com aspectos de outros

lugares e a observaccedilatildeo de diferentes paisagens do Planeta possibilitando a

ele perceber que a geografia estaacute inserida em vaacuterias situaccedilotildees do dia a dia

Argumenta Callai (2005) Straforini (2008) Mendes (2010) e Lessan (2011) que

mesmo sendo necessaacuterio iniciar o trabalho a partir do espaccedilo de vivencia do aluno (o

lugar) natildeo devemos nos reduzir a essa escala de anaacutelise Aleacutem disso os autores apontam

que a escala natildeo deveria se restringir a meacutetodos que organizem os conteuacutedos mediante

propostas dos ciacuterculos concecircntricos (que discutem as escalas casa ndash bairro ndash municiacutepio

ndash estado ndash paiacutes e mundo isoladamente) mas mediante o contexto dos conteuacutedos e

objetivos propostos pelo professor

Neste sentido o processo de construccedilatildeo de conceitos eacute para Straforini (2008 p

92) entender que o espaccedilo geograacutefico eacute composto por diferentes escalas que natildeo satildeo

uacutenicas ou isoladas pois ldquo[] eacute impossiacutevel esconder das crianccedilas o mundo quando as

informaccedilotildees lhes satildeo passadas no exato instante do seu acontecimentordquo8 Observamos

em nosso contexto de pesquisa que o professor apoacutes contextualizar a noccedilatildeo de lugar

com o aluno pode levantar outras provocaccedilotildees apresentando outras escalas geograacuteficas

como a regional questionando e mediando o aluno a pensar sobre o mundo construindo

uma reflexatildeo criacutetica do espaccedilo

Ao levarmos em consideraccedilatildeo este argumento observamos que as orientaccedilotildees

didaacuteticas nacionais tambeacutem indicam o trabalho com outros conceitos Os PCN destacam

entre seus objetivos comuns para as aulas de Geografia e Histoacuteria ldquoconhecer

caracteriacutesticas fundamentais do Brasil nas dimensotildees sociais materiais e culturais como

meio para construir progressivamente a noccedilatildeo de identidade nacional e pessoal e o

sentimento de pertinecircncia ao Paiacutesrdquo (BRASIL 1997 p 09)

Recorrer a outras escalas de compreensatildeo permite natildeo nos reduzirmos ao

imediato local entendendo que

A crianccedila faz parte do mundo e os lugares por mais distantes que sejam por

fazerem parte da histoacuteria familiar e cultural do aluno podem natildeo ser

abstratos [] desse modo ao observar uma foto ou ver televisatildeo uma

paisagem por exemplo mesmo sem conhecer fisicamente o lugar a crianccedila

pode identificar aspectos de sua organizaccedilatildeo espacial Trabalhando nesta

8 Em decorrecircncia das miacutedias como a televisatildeo o raacutedio e a internet as informaccedilotildees de diferentes partes

mundo satildeo dadas mas isso natildeo corresponde necessariamente a um conhecimento acerca de tal

fenocircmeno A escola pode contextualizar a notiacutecia e evidenciar as possibilidades de aprendizagem acerca

do fato

33

perspectiva o ensino de geografia possibilita ao educando sentir-se

pertencente a um lugar que eacute resultado das relaccedilotildees entre sociedade e

natureza formando um todo do qual ele proacuteprio faz parte e no qual suas

accedilotildees interferem (MENDES 2010 p 53)

Ao trabalhar com os princiacutepios do conceito de regiatildeo por exemplo o aluno pode

adquirir habilidades essenciais para o desenvolvimento de sua aprendizagem A este

respeito Campos amp Buitoni (2010 p 89) afirmam que

Pensar a regiatildeo [] implica raciocinar sobre ldquoum recorte uma porccedilatildeo do

espaccedilo terrestrerdquo um ldquosubespaccedilo de gestatildeo territorialrdquo ldquoum espaccedilo marcado

por relaccedilotildees cotidianasrdquo ldquoum espaccedilo vivido que se apoia em sua construccedilatildeo

material e nas relaccedilotildees com o entornordquo ou outras concepccedilotildees conforme o

objetivo do estudo (acadecircmico escolar ou planejamento) e os pressupostos

teoacuterico-metodoloacutegicos adotados

Entende-se desse modo a que o lugar tambeacutem eacute uma construccedilatildeo histoacuterica que

natildeo se restringe a sua escala de compreensatildeo dessa forma ao longo do percurso dos

anos iniciais do EF mais precisamente no segundo ciclo os alunos poderatildeo reconhecer

mudanccedilas e permanecircncias espaccedilo-temporais em escalas diversas permitindo construir

habilidades como ldquoentender a distribuiccedilatildeo espacial das principais elementos do espaccedilo

(regiotildees estado)rdquo (LESSAN 2011 p 79)

Ainda em se tratando desse assunto Campos amp Buitoni (2010) afirmam que a

construccedilatildeo da noccedilatildeo de conceitos como regiatildeo eacute um processo contiacutenuo que natildeo se

restringe aos anos iniciais do EF Deste modo o aluno constroacutei definiccedilotildees provisoacuterias

do conceito pensando o uso do conceito de lugar e regiatildeo de acordo com as

possibilidades cognitivas da situaccedilatildeo escolar e do contexto do tema discutido

Desse modo o ensino de Geografia nos anos iniciais do EF tem a possibilidade

de integrar trecircs concepccedilotildees de alfabetizaccedilatildeo (da liacutengua geograacutefica e cartograacutefica) cada

uma delas articulada a uma base comum que eacute a leitura de mundo Entendemos que

esse processo pode iniciar-se por qualquer um dos tipos de alfabetizaccedilatildeo destacado

Pretendemos no proacuteximo toacutepico esclarecer o que eacute a Cartografia Escolar e

posteriormente nossa compreensatildeo acerca da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica e seu auxiacutelio

nas aulas de Geografia no intuito de promover um melhoramento qualitativo nos iacutendices

de aprendizagem dos educandos envolvidos no processo bem como refletir sobre o

papel do educador no mesmo

34

13 CARTOGRAFIA ESCOLAR E SEUS CONTEXTOS NO ENSINO DE

GEOGRAFIA

Desde os primeiros registros encontrados pelos historiadores sobre o

desenvolvimento humano vaacuterios foram os desenhos encontrados que remontam agrave

percepccedilatildeo sobre a representaccedilatildeo do espaccedilo geograacutefico Francischett (2004) comenta que

a arte de traccedilar mapas iniciou-se no seacuteculo VI a C com funccedilotildees voltadas a navegaccedilatildeo e

militar Jolly (1990) por sua vez argumenta por meio da definiccedilatildeo adotada pela

Associaccedilatildeo Cartograacutefica Internacional que a Cartografia eacute um conjunto de operaccedilotildees

cientiacuteficas artiacutesticas e teacutecnicas que possibilita a elaboraccedilatildeo de mapas planos e outros

meios de representaccedilatildeo da superfiacutecie terrestre

Jolly (1990) e Fitz (2008) consideram a Cartografia como uma ciecircncia de

seleccedilatildeo organizaccedilatildeo e sistematizaccedilatildeo de informaccedilotildees relacionadas ao espaccedilo

geograacutefico utilizada para diferentes fins Foram justamente estes avanccedilos tecnoloacutegicos

que permitiram ampliar os conhecimentos sobre a forma e dimensatildeo da Terra Aleacutem

disso percebemos que muitos princiacutepios baacutesicos satildeo utilizados ainda hoje a exemplo da

localizaccedilatildeo orientaccedilatildeo e escala (dimensatildeo) da representaccedilatildeo do espaccedilo real O mapa

demonstra uma das possiacuteveis imagens do terreno Em siacutentese ldquo[] eacute uma simplificaccedilatildeo

da realidaderdquo (JOLLY 1990 p 07)

Atualmente estaacute ciecircncia eacute um importante eixo de pesquisa e estudo relacionado

ao ensino de Geografia denominado de Cartografia Escolar Tambeacutem conhecida como

Cartografia para crianccedilas e escolares a Cartografia Escolar tecircm como diferencial a

constituiccedilatildeo de um saber que articula as aacutereas da Cartografia Educaccedilatildeo e Geografia

(ALMEIDA 2011) Eacute evidente sua presenccedila em livros didaacuteticos e paradidaacuteticos de

Geografia nos documentos e orientaccedilotildees pedagoacutegicas brasileiras como os Paracircmetros

Curriculares Nacionais ndash PCN (1997)

Uma das questotildees fundamentais para se compreender as propostas relacionadas

agrave Cartografia Escolar eacute identificar diferenccedilas correspondentes ao uso e interpretaccedilatildeo dos

mapas pelas crianccedilas e adultos De acordo com Oliveira (1978) haacute uma grande

importacircncia no desenvolvimento da Cartografia ao longo da histoacuteria humana aleacutem

disso indaga sobre a utilizaccedilatildeo dos mapas na escola e a realizaccedilatildeo de materiais

cartograacuteficos realizados por adultos para a interpretaccedilatildeo pelas crianccedilas

A tese de livre docecircncia de Oliveira (1978) ldquoEstudo metodoloacutegico e cognitivo do

mapardquo aproxima o puacuteblico da Teoria Cognitiva ou Epistemologia Geneacutetica de Piaget e

35

seus colaboradores contribui com estudos de autores norte - americanos e europeus que

em meados de 1980 natildeo eram acessiacuteveis a classe de professores brasileiros

Uma das grandes contribuiccedilotildees dos estudos de Oliveira (1978) encontra-se nos

mecanismos perceptivos e cognitivos das crianccedilas e aponta que o ato de mapear

possibilita a preparaccedilatildeo do aluno para compreensatildeo de mapas

Ao longo das uacuteltimas deacutecadas a Cartografia Escolar apresenta-se entre um dos

significativos nuacutecleos de pesquisa voltado ao Ensino de Geografia no Brasil A

investigaccedilatildeo de Pinheiro (2005) cataloga dissertaccedilotildees e teses relacionadas ao Ensino de

Geografia e demonstra as temaacuteticas de pesquisa entre o periacuteodo 1967 a 2003 As

representaccedilotildees espaciais (trabalhos correspondentes a Cartografia Escolar) constituem

no feixe temporal supramencionado um expressivo nuacutemero de trabalhos o maior

registrado A Figura 01 sintetiza esta informaccedilatildeo

FIGURA 01 - FOCOS TEMAacuteTICOS DE PESQUISAS REALIZADAS NA AacuteREA DE

GEOGRAFIA ESCOLAR (1967 ndash 2003)

Fonte PINHEIRO 2005 p 81

Observamos que dos 281 trabalhos apresentados entre dissertaccedilotildees e teses 49

correspondem agraves representaccedilotildees espaciais As pesquisas desenvolvidas referendam

teacutecnicas e metodologias como mapas graacuteficos atlas loacutegica de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

espacial que natildeo se restringem a educaccedilatildeo formal (escolar) Investigam as

representaccedilotildees e percepccedilotildees do espaccedilo geograacutefico por crianccedilas e jovens diferenciando-

se em seus meacutetodos de investigaccedilatildeo (PINHEIRO 2005)

39 4038

31 31

2119 20

14 15

910

52

6 53 2

04

2 1

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

Mestrado

Doutorado

36

Apontamos que a discussatildeo estabelecida por Oliveira (1978) contribuiu para esta

reflexatildeo do mapa natildeo como instrumento mnemocircnico (por meio do simples decalque

pintura e lista de nomes de cidades ou paiacuteses) permitindo que outros autores

progredissem na investigaccedilatildeo do ensino do mapa como recurso para o raciociacutenio

geograacutefico popularizando-o

O mapa dessa maneira ganha status como recurso didaacutetico nas atividades

relacionadas agrave Geografia em sala de aula Eacute inserido no curriacuteculo escolar assim como eacute

introduzido nos cursos de formaccedilatildeo de professores de Geografia e Pedagogia atribui-se

significantes avanccedilos no campo do ensino de Geografia (FRANCISCHETT 2004

ALMEIDA amp PASSINI 2010 RICHTER 2010)

Neste sentido questionamos por que utilizar os mapas no ensino-aprendizagem

de Geografia Em que estes estudos contribuem para esse processo Para Oliveira

(1978) o mapa deve ser compreendido atraveacutes de sua abordagem geograacutefica Nestas

condiccedilotildees eacute fundamental responder a questatildeo onde Que se desdobra em outras quatro

perguntas a saber O quecirc Quando Como E por quecirc

A geografia como toda ciecircncia tem por tarefa descrever analisar e predizer

os acontecimentos terrestres A descriccedilatildeo anaacutelise ou prediccedilatildeo geograacutefica dos

fenocircmenos eacute sempre realizada tendo em vista as suas coordenadas espaciais

Como o conceito geograacutefico de espaccedilo coincide com o de toda Terra o

geoacutegrafo teve necessidade de recorrer agrave representaccedilatildeo da superfiacutecie terrestre

para realizar seus estudos (OLIVEIRA 1978 p 17)

Sobre as finalidades do mapa satildeo destacados inuacutemeros usos os quais se destaca

o da localizaccedilatildeo a relaccedilatildeo espacial visto que ldquoa necessidade de localizar-se e orientar-se

se manifesta em termos de defesa seguranccedila e movimentaccedilatildeordquo (OLIVEIRA 1978 p

19) O mapa eacute tratado nesta perspectiva como uma forma de comunicaccedilatildeo graacutefica

constituiacutedo por uma linguagem proacutepria de comunicaccedilatildeo de expressatildeo espacial de

determinado objeto de estudo a linguagem cartograacutefica

Trabalhos posteriores a exemplo de Almeida amp Passini (2010) discutem o

desenvolvimento das garatujas rabiscos das crianccedilas para a representaccedilatildeo espacial O

reconhecimento dos traccedilados e formas geomeacutetricas (ciacuterculo quadrado retacircngulo e

triacircngulo) e espaciais (casa aacutervore praccedila figuras humanas etc) eacute interpretes da

percepccedilatildeo dos alunos Essa compreensatildeo eacute importante para o processo de

desenvolvimento metodoloacutegico do mapa Agora o aluno natildeo eacute visto apenas como um

leitor de mapas mas um produtor de mapa Considera-se o espaccedilo dialoacutegico em que o

conhecimento eacute produzido internalizado e socializado

37

Ao mapear o estudante desenvolve habilidades como o ato de observar

representar comparar sintetizar interpretar e verbalizar Estas seriam algumas

capacidades dos alunos em mobilizar suas habilidades (saber fazer) seus conhecimentos

geograacuteficos e suas atitudes (saber ser) para solucionar determinadas situaccedilotildees

problemas agrave qual poderemos entender por competecircncias (ANDREIS 1999)

A linguagem cartograacutefica como aponta os PCN (1997)

[] eacute uma forma de atender a diversas necessidades das mais cotidianas

(chegar a um lugar que natildeo se conhece entender o trajeto dos mananciais

por exemplo) agraves mais especiacuteficas (como delimitar aacutereas de plantio

compreender zonas de influecircncia do clima) A escola deve criar

oportunidades para que os alunos construam conhecimentos sobre essa

linguagem nos dois sentidos como pessoas que representam e codificam o

espaccedilo e como leitores das informaccedilotildees expressas por ela

Destarte fica niacutetida a importacircncia da articulaccedilatildeo dos conhecimentos de

Geografia apreendidos com a vivecircncia dos alunos representados por meio dos mapas

Aleacutem disso percebemos que as necessidades cotidianas natildeo se restringem aos

conhecimentos relacionados ao espaccedilo vivido mas de todas as relaccedilotildees estabelecidas

com o mundo enfatizando a relaccedilatildeo lugar - mundo em sua totalidade Ler representar e

codificar elementos do espaccedilo eacute um processo dialeacutetico para o desenvolvimento

cognitivo dos alunos como veremos no proacuteximo item

131As propostas de Piaget voltada a Cartografia Escolar

O desenvolvimento do trabalho de Piaget (2007) privilegiou estudos sobre o

processo de aprendizagem considerando a influecircncia do meio externo A progressatildeo de

suas pesquisas ocorre em uma eacutepoca em que as teorias associacionistas e empiristas

destacavam os estiacutemulos do ambiente como atitude do desenvolvimento da experiecircncia

humana Investigou a capacidade da construccedilatildeo do conhecimento cientiacutefico e como a

aprendizagem se altera no decorrer da vida humana

Em busca de suas respostas realiza trabalhos com diferentes colaboradores

desenvolvendo uma teoria cognitiva9 Estes trabalhos por sua vez reconhecem o papel

9Bock Furtado amp Teixeira (2008 p 134) consideram a cogniccedilatildeo enquanto um ldquoProcesso atraveacutes do qual

o mundo de significados tem origem Agrave medida que o ser se situa no mundo estabelece relaccedilotildees de

significaccedilotildees isto eacute atribui significados agrave realidade em que se encontra Esses significados natildeo satildeo

entidades estaacuteticas mas pontos de partida para a atribuiccedilatildeo de outros significados Tem origem entatildeo a

38

da organizaccedilatildeo proacutepria dos sujeitos a experiecircncia sensiacutevel onde os estiacutemulos do meio

conduziriam a atividade interna dos indiviacuteduos Nestes termos

[] a inteligecircncia eacute uma adaptaccedilatildeo ndash eacute assimilaccedilatildeo pois incorpora dados da

experiecircncia do indiviacuteduo e eacute ao mesmo tempo acomodaccedilatildeo uma vez que o

sujeito modifica suas estruturas mentais para incorporar os novos elementos

da experiecircncia (BOCK FURTADO amp TEIXEIRA 2008 p 134)

Percebe-se portanto que o saldo das trocas dialeacuteticas entre indiviacuteduo e ambiente

possibilitaria o desenvolvimento da inteligecircncia ao longo da vida Piaget (2007)

estabelece trecircs niacuteveis sensoriomotores ndash preacute-operatoacuterio operatoacuterio e operaccedilotildees formais

ndash indicando a adaptaccedilatildeo do sujeito inicialmente por seus instintos de sobrevivecircncia e

posteriormente pela construccedilatildeo gradual mediante a experiecircncia

Piaget (2007) desenvolve inuacutemeros estudos entre eles sobre a linguagem e

pensamento inteligecircncia raciociacutenio aprendizagem e conhecimento e construccedilatildeo do

espaccedilo Entre todas estas investigaccedilotildees a uacuteltima citada estaacute relacionada agrave gecircnese da

representaccedilatildeo espacial a partir de uma perspectiva matemaacutetica e geomeacutetrica do espaccedilo

O trabalho escrito por Piaget amp Inhelder (1993) consiste na principal base teoacuterica para

os estudos relacionados agrave Cartografia Escolar

Esta abordagem repercute ateacute hoje a exemplo dos estudos de Almeida amp Passini

(2010) e Ribeiro amp Marques (2001) para o processo de construccedilatildeo e compreensatildeo dos

mapas no Ensino Fundamental Foi por meio das relaccedilotildees espaciais tambeacutem conhecidas

por noccedilotildees espaciais topoloacutegicas projetivas e euclidianas que se propuseram

metodologias e didaacuteticas voltadas ao ensino-aprendizagem de Geografia

Em siacutentese a relaccedilatildeo topoloacutegica eacute desenvolvida quando haacute propostas para a

fundamentaccedilatildeo de atividade no que se refere agrave identificaccedilatildeo de posiccedilotildees e referenciais

elementares ou seja empregada uma das principais funccedilotildees da representaccedilatildeo

cartograacutefica a localizaccedilatildeo

Ribeiro amp Marques (2001 p 59) enfatizam que ldquoa princiacutepio o espaccedilo eacute para a

crianccedila apenas o espaccedilo da accedilatildeo um espaccedilo praacutetico que se manifesta atraveacutes de suas

accedilotildeesrdquo Normalmente desenvolve-se nesta fase atividades que exercite experiecircncias

corporais enfatizando relaccedilotildees como dentro fora perto longe agrave frente atraacutes etc10

estrutura cognitiva (os primeiros significados) constituindo-se nos lsquopontos baacutesicos de ancoragemrsquo dos

quais derivam outros significadosrdquo 10Castrogiovanni amp Costella (2006) Almeida amp Passini (2010) Passini (2010) propotildeem diferentes

atividades que auxiliam a construccedilatildeo destas noccedilotildees pelas crianccedilas

39

As propostas associadas agraves relaccedilotildees projetivas favoreceriam a percepccedilatildeo da

mudanccedila de perspectiva sobre o objeto observado influenciando a grafia do objeto

quando desenhado O mesmo objeto pode ser percebido em sua dimensatildeo (ou ponto de

vista) lateral vertical ou obliacutequo

Por convenccedilatildeo o mapa existente eacute geralmente representado verticalmente

Segundo Richter (2004 p 68) as ldquo[] noccedilotildees projetivas visa colaborar na compreensatildeo

das perspectivas e projeccedilotildees que o mapa possui demonstrando para o aluno que as

representaccedilotildees cartograacuteficas respeitam a perspectiva utilizadardquo Nestas condiccedilotildees a

proposta eacute que todos os elementos a serem representados obedeccedilam a uma soacute

perspectiva a vertical

Passini (2012) esclarece que as relaccedilotildees euclidianas correspondem agrave introduccedilatildeo

em medidas de tamanho e proporcionalidade No mapa corresponde agrave escala espacial e

numeacuterica ndash relaccedilatildeo entre o real (dimensatildeo espacial) e o abstrato (representaccedilatildeo)

Partindo do estudo de Almeida amp Passini (2010) podemos ainda concluir que para o

mapa esta relaccedilatildeo possibilita o envolvimento da perspectiva e coordenadas geograacuteficas

no plano espacial localizando e orientando por meio de referenciais abstratos

O processo metodoloacutegico de elaboraccedilatildeo do mapa pela crianccedila estaacute

contextualizado nas relaccedilotildees espaciais Segundo a perspectiva piagetiana elas

repercutem no processo metodoloacutegico de desenvolvimento de recursos cartograacuteficos

(croquis desenhos mapas e maquetes) Com a intenccedilatildeo de correlacionar as propostas

metodoloacutegicas para a construccedilatildeo do mapa ao ensino de Geografia elaboramos o Quadro

01 Ele sintetiza por meio da visatildeo de alguns autores a leitura piagetiana para cada

fase atividades relacionadas agrave Cartografia Escolar conteuacutedos e as relaccedilotildees espaciais

40

QUADRO 1 - OPERACcedilOtildeES MENTAIS PARA O DESENVOLVIMENTO DA LEITURA DE MAPAS

PERIacuteODOS DE DESENVOLVIMENTO COGNITIVO RELACcedilOtildeES ESPACIAIS ELEMENTOS

CARTOGRAacuteFICOS

ATIVIDADES RELACIONADAS Agrave

CARTOGRAFIA ESCOLAR

PREacute-OPERATOacuteRIO

Primeiras noccedilotildees espaciais

Construccedilatildeo via sentidos atraveacutes de um contato direto

com o objeto

RELACcedilAtildeO SIGNIFICANTE

SIGNIFICADO

Siacutembolos e legendas

Mapa do corpo (onde os alunos podem

mapear o proacuteprio corpo em uma folha de

papel)

Banho de papel

OPERATOacuteRIO

Iniacutecio do aparecimento da funccedilatildeo simboacutelica

Utilizaccedilatildeo de representaccedilotildees

Aparecircncia dos fenocircmenos

Representaccedilotildees estatiacutesticas (a crianccedila natildeo consegue

refazer a ordem inversa dos acontecimentos)

RELACcedilOtildeES TOPOLOacuteGICAS

Vizinhanccedila proximidade

separaccedilatildeo envolvimento

interioridade exterioridade

Limites e fronteiras

Realizaccedilatildeo de maquetes

Planta da sala de aula

Trajeto casa-escola Noccedilotildees de esquerda e direita satildeo consideradas apenas

do ponto de vista do observador

Representaccedilotildees dinacircmicas (representam tambeacutem em

ordem inversa)

OPERACcedilOtildeES FORMAIS

Localiza quando o objeto estaacute agrave sua direita ou agrave direita

do outro

Introduccedilatildeo da noccedilatildeo de perspectiva

RELACcedilOtildeES PROJETIVAS

Esquerda direita em cima

embaixo agrave frente atraacutes

Escala e coordenadas

geograacuteficas Orientaccedilatildeo espacial (A partir do sol ou

buacutessola)

Realizaccedilatildeo de plantas ndash mapas de grande

escala - mediante fita meacutetrica e reacutegua

Analise na completa ausecircncia do objeto

Passagem da accedilatildeo agrave operaccedilatildeo

Considera que os objetos estatildeo agrave esquerda - direita uns

dos outros

Superaccedilatildeo egocentrismo - descentralizaccedilatildeo

RELACcedilOtildeES EUCLIDIANAS

Relaccedilotildees meacutetricas comprimento

altura largura

Sistema de coordenadas

Projeccedilotildees cartograacuteficas e

orientaccedilatildeo geograacutefica

Fonte PASSINI apud RICHTER (2010) p 44 - 45 RIBEIRO amp MARQUES (2001) CASTROGIOVANNI amp COSTELLA (2006) ALMEIDA amp PASSINI (2010)

PASSINI (2012)

41

Eacute observado no quadro 01 (p 40) que para cada periacuteodo de desenvolvimento

cognitivo dos alunos haacute intenccedilotildees no que se refere ao desenvolvimento de relaccedilotildees

espaciais e elementos cartograacuteficos Passini apud Richter (2010) e Passini (2012)

destacam elementos cartograacuteficos e atividades didaacuteticas para a construccedilatildeo das relaccedilotildees

espaciais outros autores indicam atividades praacuteticas a exemplo do mapa do corpo

apresentado por Almeida amp Passini (2010) ou banho de papel por Castrogiovanni amp

Costella (2006)

No que se refere aos elementos apresentados no quadro 01 (p 40) o primeiro

periacuteodo de desenvolvimento cognitivo (preacute-operatoacuterio) indica a relaccedilatildeo entre a

representaccedilatildeo do corpo da crianccedila (significante - siacutembolo) e o corpo humano

(significado ndash o que o siacutembolo representa) possibilitando a construccedilatildeo de uma legenda

Aleacutem disso assim como na segunda atividade possibilita uma conexatildeo para as relaccedilotildees

topoloacutegicas

Posteriormente no periacuteodo operatoacuterio estas relaccedilotildees satildeo aprofundadas incluem-

se a discussatildeo dos limites e fronteiras bases na discussatildeo das escalas geograacuteficas ndash

municiacutepio estados regiatildeo paiacutes entre outras E finalmente as operaccedilotildees formais

quando as crianccedilas jaacute conseguem realizar uma descentralizaccedilatildeo de sua percepccedilatildeo

espacial contribuindo para o desenvolvimento da orientaccedilatildeo geograacutefica do uso de

escalas de reduccedilatildeo e coordenadas geograacuteficas

Como resultado foi desenvolvido propostas para o trabalho com mapas

existentes ou seja aqueles que possuem uma linguagem cartograacutefica composto por

ldquo[] um sistema de siacutembolos que envolvem proporcionalidade uso de signos ordenados

e teacutecnicas de projeccedilatildeordquo (PCN 1997 p 79) Esses envolvem tambeacutem discussotildees sobre

orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo espacial O princiacutepio eacute a capacitaccedilatildeo do aluno para a construccedilatildeo

do mapa e concomitantemente a leitura de produtos cartograacuteficos auxiliando a

ampliaccedilatildeo do conhecimento geograacutefico e soluccedilatildeo de problemas cotidianos

Com base nestas prerrogativas assinaladas no campo da Cartografia Escolar

seria possiacutevel a formaccedilatildeo de um ldquoleitor consciente da linguagem cartograacuteficardquo

(ALMEIDA amp PASSINI 2010 p 21) Agrave medida que o aluno realiza os mapas ele

participa do processo de construccedilatildeo de habilidades e conceitos referentes agrave elaboraccedilatildeo

de mapas possibilitando a leitura eficaz dos mapas existentes

Toda esta metodologia do desenvolvimento da aprendizagem do mapa que

enfatizamos anteriormente ficou conhecida como alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica Mediante

esses apontamentos Passini (2012 p 13) define

42

ldquoAlfabetizaccedilatildeo Cartograacuteficardquo eacute uma metodologia que estuda os processos de

construccedilatildeo de conhecimentos conceituais e procedimentais que desenvolvam

habilidades para que o aluno possa fazer as leituras do mundo por meio das

suas representaccedilotildees Eacute a inteligecircncia espacial e estrateacutegica que permite ao

sujeito ler o espaccedilo e pensar a sua Geografia O sujeito que desenvolve essas

habilidades para ser leitor eficiente de diferentes representaccedilotildees desenvolve o

domiacutenio espacial

Nestes termos conhecer a Cartografia Escolar eacute compreender as relaccedilotildees

existentes no espaccedilo e tempo permitindo ao aluno atender agraves necessidades que

apareceratildeo no seu cotidiano (natildeo restrita a realidade local) como traccedilar itineraacuterios

localizar lugares desenvolver formar conscientes de accedilatildeo no ambiente em que vive

dando-lhe por fim a possibilidade de planejar seu futuro

Sendo assim observamos que este processo de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica

deveria iniciar-se desde os anos iniciais do EF tendo em vista que o fato de interpretar

e produzir mapas satildeo habilidades que se formam gradualmente Por meio dessa

alfabetizaccedilatildeo os alunos podem construir conceitos baacutesicos para interpretar e produzir

representaccedilotildees com proficiecircncia crescente

Natildeo haacute uma exclusividade da perspectiva piagetiana para a leitura e

metodologias para a realizaccedilatildeo de mapas Como expotildeem Richter (2010) estes estudos

atingem o ambiente escolar mediante os referenciais curriculares da produccedilatildeo de

materiais escolares (principalmente os livros didaacuteticos) Entretanto isso natildeo

corresponde necessariamente a uma mudanccedila desejada no trabalho docente e

conseguinte da compreensatildeo dos alunos acerca deste recurso Observa-se um limite

entre a proposta e sua execuccedilatildeo no trabalho docente

Em contrapartida outras propostas surgem voltadas para o ensino-aprendizagem

de Geografia nas escolas sem necessariamente desprivilegiar ou ldquosuperarrdquo os estudos

das relaccedilotildees espaciais Indubitavelmente com o avanccedilo da Cartografia surgem novas

sugestotildees para o trabalho docente Integra outras perspectivas epistemoloacutegicas e

metodoloacutegicas a respeito do desenvolvimento da aprendizagem dos sujeitos e da ciecircncia

cartograacutefica Verificaremos essas leituras e interpretaccedilotildees no toacutepico a seguir

14 A CARTOGRAFIA ESCOLAR E OUTRAS INTERPRETACcedilOtildeES PARA O

CONHECIMENTO DO ESPACcedilO

Apoacutes 30 anos de estudos o desenvolvimento relacionado a atividades com a

Cartografia Escolar possibilitaram pesquisadores como Oliveira (1978) Almeida amp

43

Passini (2010) Castrogiovanni amp Costella (2006) Castellar (2000) e Passini (2012)

afirmarem que mediante a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica as crianccedilas estariam aptas ao

processo de leitura e interpretaccedilatildeo do mapa e consequentemente dos conhecimentos

relacionados agrave Geografia possibilitando desenvolver uma leitura de mundo

As pesquisas dos autores supracitados satildeo importantes pois valorizam e firmam

a posiccedilatildeo da representaccedilatildeo cartograacutefica nas praacuteticas escolares de Geografia ademais

parte de um mesmo vieacutes cartograacutefico o cartesiano Entretanto eacute importante lembrar que

ainda existem dificuldades no trabalho com essa perspectiva cartograacutefica na escola

principalmente nos anos iniciais do EF

A pesquisa de mestrado de Richter (2004) com alunos do uacuteltimo semestre do

curso de Pedagogia esclarece que muitos estudantes concluem o curso sem compreender

os processos metodoloacutegicos e cognitivos relacionados agrave alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica Os

discentes apontam e discutem a importacircncia do saber cartograacutefico nas praacuteticas escolares

muito embora quando interrogados natildeo consigam explicar os passos que possibilitaria

a accedilatildeo do ensino-aprendizagem da Cartografia Escolar

Mediante algumas experiecircncias no curso de Pedagogia da UFPB (ALMEIDA

2014) notamos que na maioria dos casos a leitura de orientaccedilotildees como os PCN (1997)

pelos professores estatildeo presentes apenas enquanto estudante universitaacuterio Visto a

obrigaccedilatildeo destas referecircncias pela academia Por outro lado haacute de se perceber que a

formaccedilatildeo presente nos cursos de Pedagogia eacute distinta a oferecida aos professores de

Geografia Os pedagogos tecircm apenas um semestre no maacuteximo um ano para

aprenderem tudo o que se refere ao ensino de Geografia inclusive as praacuteticas referentes

ao uso do mapa tornando essa relaccedilatildeo tecircnue quando eles se deparam com a sala de aula

Como resultado discute Pinheiro (2012) que as noccedilotildees espaciais satildeo trabalhadas

de forma descontextualizada do curriacuteculo escolar Os professores muitas vezes natildeo se

baseiam em um planejamento preacutevio ou apresentam um prosseguimento de uma

proposta para o ensino de Geografia A oportunidade de construir conceitos e de

relacionar a leitura de mundo eacute perdida em decorrecircncia de praacuteticas aleatoacuterias que natildeo se

baseiam em meacutetodos geograacuteficos

Pinheiro (2012) afirma que embora as noccedilotildees espaciais sejam trabalhadas em

sala de aula elas satildeo postas como parte da tradiccedilatildeo Satildeo usadas para disciplinar os

alunos as normas e regras escolares como a realizaccedilatildeo da fila a divisatildeo dos banheiros

para meninas e meninos e o lugar na sala de aula Opondo-se a esta praacutetica descrita

anteriormente julgamos necessaacuterio que a Cartografia Escolar deve estar atrelada a uma

44

tomada de consciecircncia do professor em relaccedilatildeo aos objetivos e ao posicionamento

metodoloacutegico do uso do mapa para as aulas de Geografia

Acreditamos que as praacuteticas da Cartografia tradicional no contexto escolar natildeo

podem se tornar a uacutenica referecircncia teoacuterico-metodoloacutegica Satildeo observados avanccedilos nessa

linha que permitiriam integrar outras praacuteticas para o ensino de Geografia Autores como

Teixeira11 (2001) Kozel (2002 2005) Katuta (2001) Girardi (2005) Raffestin (2007)

Lladoacute (2013) e Farinelli (2013) questionam e discutem a visatildeo de representaccedilatildeo espacial

em contextos tradicionais e progridem na avaliaccedilatildeo do mapa apontando novas

abordagens

A discussatildeo inicial estabelecida por Girardi (2005) destaca que a Cartografia

por anos eacute produzida mediante as regras da ordem da geometria e razatildeo positivista

Apresenta uma relaccedilatildeo entre a realidade e sua abstraccedilatildeo no papel O mapa enquanto

representaccedilatildeo permite compreender a dimensatildeo territorial por meio do proacuteprio

documento auxiliando na tomada de decisotildees e planejamento do espaccedilo urbano por

exemplo considerando a representaccedilatildeo como o proacuteprio objeto

Raffestin (2007 p 09 ndash 10) realiza criacuteticas em torno da Cartografia tradicional e

sua representaccedilatildeo por se constituir um significativo instrumento ideoloacutegico de poder

poliacutetico e militar ele menciona que

A representaccedilatildeo eacute triplamente uma moeda fiduciaacuteria12 em primeiro lugar ela

eacute a cristalizaccedilatildeo de um conjunto de valores e de normas de um sujeito

histoacuterico em seguida ela eacute o meio para se chegar a uma praacutetica e a um

conhecimento do real ou agrave praacutetica e a um conhecimento do imaginaacuterio e

enfim ela eacute um meio de acumulaccedilatildeo e de tesourizaccedilatildeo

Nas palavras do autor supracitado a carta (tipo de mapa geograacutefico de escala

meacutedia ou grande) tanto pode revelar verdades como mentiras sobre determinada

realidade espacial Nestas condiccedilotildees a representaccedilatildeo da superfiacutecie terrestre permite a

quem a detecircm e dela interpreta suas informaccedilotildees uma observaccedilatildeo geral do plano das

relaccedilotildees e organizaccedilotildees do territoacuterio e consequentemente uma accedilatildeo planejada sobre a

realidade apontando informaccedilotildees nem sempre verossiacutemeis mas um produto imaginaacuterio

intencional

Interpretando as palavras de Raffestin (2007) o ato de mapear natildeo eacute considerado

apenas no plano do conhecimento geograacutefico mas na posiccedilatildeo de organizaccedilatildeo espacial

11Uma observaccedilatildeo sobre a bibliografia deste trabalho eacute que Salete Kozel Teixeiraeacute citada durante esta

dissertaccedilatildeo de duas formas Teixeira e Kozel isso ocorre devido agrave mudanccedila do sobrenome da autora 12 Podemos considerar a expressatildeo ldquomoeda fiduciaacuteriardquo como um recurso de troca que garante seguranccedila

confianccedila na tomada de posiccedilatildeo do conhecimento para o sujeito

45

do domiacutenio do homem sobre o trabalho e o ambiente garantindo-lhe capital e poder As

caracteriacutesticas descritas segundo Lladoacute (2013) surgem com o advento da modernidade

e do Estado Naccedilatildeo ganhando prestiacutegio enquanto representaccedilatildeo espacial

O mapa nas condiccedilotildees a que se refere Raffestin (2007) e Lladoacute (2013) eacute

considerado legiacutetimo instrumento do governo Segundo Lladoacute (2013) poderiacuteamos

entender o mapa em dois momentos ideoloacutegicos distintos o primeiro destacaria o mapa

enquanto signo e o territoacuterio representado como significado O territoacuterio eacute um dado

original e o mapa uma abstraccedilatildeo uma imagem mais ou menos fiel do espaccedilo

Em um segundo momento Lladoacute (2013) e Farinelli (2013) demonstram que a

interpretaccedilatildeo sobre o mapa eacute transformada na modernidade pois haacute alteraccedilotildees culturais

Se antes o territoacuterio era a base para o mapeamento agora o mapa precede o territoacuterio

possibilitando a tomada de decisotildees planejamento criam-se inicialmente as fronteiras

fictiacutecias e depois as reais O Estado territorial moderno assume ldquo[] propriedades

geomeacutetricas e espaciais da projeccedilatildeo cartograacutefica algumas propriedades jaacute presentes na

definiccedilatildeo euclidiana de lsquoextensatildeorsquo espacialrdquo13 (LLADOacute 2013 p 242 ndash 243)

Segundo Lladoacute (2013 p 242 - 243) trecircs caracteriacutesticas estatildeo presentes no mapa

existente a ldquocontinuidaderdquo natildeo fragmentaccedilatildeo territorial ldquohomogeneidaderdquo o Estado e

consequentemente seu povo satildeo homogecircneos no que corresponde a cultura manipulam

os mesmo signos (liacutengua e consciecircncia histoacuterica) e ldquoisotropiardquo todos respondem ao

mesmo centro a capital do Estado14

Essa visatildeo eurocecircntrica do mundo da construccedilatildeo de mapas ocidentais

cientiacuteficos e contemporacircneo portanto ldquoverdadeirosrdquo haacute muito negligencia a confecccedilatildeo

de mapas primitivos histoacutericos e mentais por natildeo obedecerem a padrotildees de

normatizaccedilatildeo e leituras Girardi (2005 p 65) sintetiza esses fatores atraveacutes dos

seguintes pontos

1ordf ndash representaccedilatildeo cartograacuteficas verdadeiras satildeo aquelas construiacutedas com

rigor cientifico 2ordf ndash mapas satildeo produtos da evoluccedilatildeo histoacuterica da ciecircncia e da

13 [] propiedades geomeacutetricas y espaciales de La proyeccioacuten cartograacutefica unas propiedades presentes ya

em La definicioacuten euclidiana de laltltextensioacutengtgt espacial 14 Se os argumentos natildeo foram suficientes para convencer o leitor exemplos histoacutericos satildeo destacados

por Lladoacute (2013) e Farinelli (2013) os mapas utilizados por Benjamin Franklin George Washington e

Thomas Jeferson que promoveram a colonizaccedilatildeo das terras a Oeste dos Estados Unidos mediante a

divisatildeo territorial por meio da quadriacutecula cartograacutefica Outro exemplo mais proacuteximo historicamente e

geograficamente seria a construccedilatildeo de Brasiacutelia Cidade planejada na regiatildeo Centro-Oeste do Brasil

construiacuteda na deacutecada de 1950-60 durante o governo de Juscelino Kubitschek destaca-se aqui a realizaccedilatildeo

do plano piloto para a construccedilatildeo do Distrito Federal

46

tecnologia 3ordf ndash mapas soacute podem ser construiacutedos pelos que dominam todo

esse arcabouccedilo teacutecnico-cientiacutefico

Por outro lado a autora questiona

E os mapas das naccedilotildees indiacutegenas e de outras sociedades cujo referencial eacute

outro Natildeo satildeo mapas E os mapas turiacutesticos de propaganda imobiliaacuteria de

jornal A criacutetica corporativa resolveu essa questatildeo mudando o nome dessas

representaccedilotildees croquis mapa mental mapa ilustrativo Essa visatildeo

eurocecircntrica e elitista da cartografia em muito pouco contribuiacutea para avanccedilar

a discussatildeo sobre o mapa na Geografia (GIRARDI 2005 p 65)

A partir de Girardi (2005) questionamos no cenaacuterio contemporacircneo eacute possiacutevel

entender diferentes espacialidades de forma inteligente e humana em um mundo

globalizado regido por regras e direitos Haacute grupos ocupando distintas posiccedilotildees dentro

de uma mesma sociedade pessoas de diversas classes sociais etnias que residem em

diferentes lugares que possuem distintas profissotildees provenientes da imigraccedilatildeo e

comunidades tribais Natildeo seria equivocado afirmar que todos possuem a mesma leitura

de mundo Que satildeo todos iguais Ou ainda que expressatildeo a mesma relaccedilatildeo com o

ambiente

O que nos chama atenccedilatildeo natildeo eacute a aprendizagem do mapa em seu plano

cartesiano com normas e padrotildees pelo contraacuterio ressaltamos a importacircncia deste nas

atividades escolares visto sua forte expressatildeo e necessidade na vida contemporacircnea

Por outro lado eacute importante destacar que o mapa natildeo eacute um recurso neutro sua loacutegica eacute

composta por uma relaccedilatildeo que eacute historicamente e socialmente construiacuteda (KOZEL

2005)

Mediante o exposto Francischett (2012) relata uma mudanccedila epistemoloacutegica na

forma de interpretar a natureza da Cartografia correspondendo necessariamente a sua

didaacutetica metodologia do ensino de Geografia

Uma epistemologia com base na teoria social eacute mais apropriada para a

histoacuteria da Cartografia Ela mostraraacute que os mapas cientiacuteficos satildeo igualmente

produtos das regras da ordem da geometria e da razatildeo mas tambeacutem das

normas e valores da ordem social e da tradiccedilatildeo cultural (FRANCISCHETT

2012 p 93)

O mapa natildeo eacute uma ferramenta meramente teacutecnica ou mecacircnica Ela eacute carregada

de escolhas eacute portador de uma seleccedilatildeo das informaccedilotildees geograacuteficas Dito isto eacute

apresentada outra perspectiva do uso das representaccedilotildees geograacuteficas Kozel (2002) se

aventura em outras correntes epistemoloacutegicas oriundas da psicologia e discute o

conceito de representaccedilatildeo espacial para os estudos geograacuteficos Ela demonstra que

47

Caberia sobretudo agrave geografia das representaccedilotildees entender os processos que

submetem o comportamento humano tendo como premissa que este eacute

adquirido por meio de experiecircncias (temporal espacial e social) existindo

uma relaccedilatildeo direta e indireta entre essas representaccedilotildees e as accedilotildees humanas

ou seja entre as representaccedilotildees e o imaginaacuterio revolucionando a gecircnese do

conhecimento permitindo-nos compreender a diversidade inerente aacutes praacuteticas

sociais agraves mentalidades aos vividos (KOZEL 2002 p 215)

Partimos do princiacutepio que o mapa eacute um elemento da comunicaccedilatildeo logo este

recurso eacute portador de uma linguagem Eacute tambeacutem resultado de uma accedilatildeo colaborativa

visto que a aprendizagem ocorre por meio da participaccedilatildeo Neste caso eacute constatada uma

proximidade com linhas de estudo que discutem uma epistemologia do mapa voltada a

ldquoCartografia SocialCulturalrdquo (KOZEL 2002) que se relacionam com estudos de

pequenos grupos sociais e comunidades tradicionais brasileiras

Eacute de conhecimento de todos que no Brasil existem grupos indiacutegenas

quilombolas ciganos entre outros Dentre as caracteriacutesticas comuns das comunidades

grifadas estatildeo as condiccedilotildees econocircmicas de pobreza moradias distantes dos grandes

centros urbanos e dificuldades ao acesso a poliacuteticas governamentais Esses grupos

sociais o modo como eles lidam com a emoccedilatildeo e a razatildeo para mudar a realidade de vida

satildeo um dos desafios da ciecircncia para compreender essa realidade

Neste contexto experiecircncias com a Cartografia Social ganham cada vez mais

prestiacutegio entre as ciecircncias humanas A regiatildeo Norte do Brasil vem se destacando neste

campo de pesquisa O Projeto Nova Cartografia Social da Amazocircnia15 por exemplo

desenvolve pesquisas com o objetivo de proporcionar aos povos e comunidades

tradicionais na Amazocircnia agrave auto-cartografia oferecendo tecnologias que possibilitam a

delimitaccedilatildeo de seus territoacuterios de referecircncia os recursos naturais que utilizam para o

desenvolvimento dessas comunidades e sua cultura16

O projeto desenvolveu diferentes fasciacuteculos mediante a proposta supracitada

Entre eles o do Movimento Interestadual de Quebradeiras de Coco Babaccedilu (PROJETO

NOVA CARTOGRAFIA SOCIAL DA AMAZOcircNIA 2005) Este fasciacuteculo demonstra

a importacircncia da atividade da coleta da amecircndoa do coco babaccedilu como uma das poucas

15 Para mais informaccedilotildees sobre o Projeto Nova Cartografia Social da Amazocircnia e a produccedilatildeo de seus

materiais didaacuteticos e pesquisas acesse o link Disponiacutevel em

httpnovacartografiasocialcomapresentacaogt acessado em 03042015 16 Por meio projeto eacute possiacutevel a realizaccedilatildeo do georeferenciamento do territoacuterio Possibilita aleacutem disso a

formaccedilatildeo pedagoacutegica para essas comunidades aprendem a manusear GPS e outras teacutecnicas fundamentais

de cartografia possibilitando a escolha das informaccedilotildees que consideram relevantes para o seu modo de

vida e que devem ser representadas nos mapas Satildeo levantadas histoacuterias estoacuterias e experiecircncias cotidianas

a respeito das comunidades tradicionais com a intenccedilatildeo de preservar as praacuteticas e culturas regionais

48

alternativas econocircmicas Satildeo notoacuterios as ameaccedilas e conflitos com grandes proprietaacuterios

de terra para continuar essa cultura regional em estados como Maranhatildeo Paranaacute

Tocantins e Piauiacute

O espaccedilo enquanto referencial possibilita a estas comunidades principalmente

as mulheres responsaacuteveis pelo trabalho com o coco a consciecircncia de lutar por seus

direitos17 Haacute tambeacutem as dificuldades para a realizaccedilatildeo deste movimento resistecircncias e

crenccedilas a respeito do trabalho feminino A funccedilatildeo das cooperativas por exemplo satildeo

significativas para a mudanccedila de vida dessa populaccedilatildeo Produzem a exemplo sabonete

com oacuteleo de amecircndoas do babaccedilu tornando-se fonte de renda para muitas famiacutelias

(PROJETO NOVA CARTOGRAFIA SOCIAL DA AMAZOcircNIA 2005)

Esses apontamentos dialogam com os estudos de Teixeira (2001) que por sua

vez discute sobre o desenvolvimento da Geografia Cultural ao longo da histoacuteria Suas

consideraccedilotildees sobre a percepccedilatildeo geograacutefica reportam os enfoques do comportamento e

a cogniccedilatildeo O espaccedilo passa a ser apreendido pelos sentidos como resultado passa a ser

percebido sentido e representado tornando-se vivido Eacute dado creacutedito agraves experiecircncias

humanas a construccedilatildeo das imagens lembranccedilas significaccedilotildees e experiecircncias na

construccedilatildeo das relaccedilotildees sociais e ambientais

Os avanccedilos alcanccedilados pela Cartografia Social e as representaccedilotildees sociais

colaboram para a compreensatildeo dos mapas mentais enquanto um instrumento que

permitiria inserir na representaccedilatildeo dos alunos elementos subjetivos e sua compreensatildeo

da realidade Procuramos a seguir ilustrar alguns episoacutedios que aproximam agrave

interpretaccedilatildeo dos mapas mentais voltados as praacuteticas escolares para o Ensino de

Geografia

141 Percursos dos Mapas Mentais e suas praacuteticas na Educaccedilatildeo Geograacutefica

Por meio dos argumentos levantados sobre a Cartografia Social eacute observado que

a cogniccedilatildeo humana natildeo se restringe a um modelo de representaccedilatildeo espacial Para que

uma proposta de ensino-aprendizagem por meio do mapa seja sistematizada natildeo se daraacute

necessariamente em uma base cartesiana De acordo com Oliveira (2010) a proposta

17 O ldquodireito a palmeira livrerdquo a territoacuterios particulares para a coleta dos frutos satildeo accedilotildees garantidas por

leis municipais conquistadas a partir da organizaccedilatildeo do movimento das quebradeiras de coco babaccedilu

(exemplo lei municipal nordm 0012002 ndash Lago do Junco (MA) que dispotildeem sobre a proibiccedilatildeo da derrubada

de palmeiras de babaccedilu no municiacutepio e daacute outras providecircncias)

49

com o trabalho com o mapa dependeraacute dos objetivos a serem alcanccedilados pelos

professores em sala de aula

Natildeo satildeo recentes os estudos voltados agrave construccedilatildeo da imagem mental para a

percepccedilatildeo ambiental nos anos de 1960 ndash 1970 advertem Nogueira (2006) e Kozel

(2005) pesquisas de autores como William Kirk Peter Gould e White jaacute discutiam as

preferecircncias dos espaccedilos cotidianos e a escolha de itineraacuterios de estudantes

universitaacuterios norte-americanos

A reflexatildeo sobre a percepccedilatildeo ambiental nas cidades contribuiu para o

planejamento urbano e regional surgindo neste contexto agrave expressatildeo carta mental18 para

o mapeamento das preferecircncias das sociedades Nogueira ao estudar os trabalhos de

Gould e White destaca que

Esses autores consideram os ldquomapas mentaisrdquo as imagens espaciais que estatildeo

nas cabeccedilas dos homens natildeo soacute dos lugares vividos mas tambeacutem dos lugares

distantes construiacutedos pelas pessoas valendo-se de universos simboacutelicos

sendo produzidos por acontecimentos histoacutericos econocircmicos sociais e

econocircmicos divulgados (NOGUEIRA 2006 p 126)

Entre as obras citadas com frequecircncia nos estudos relacionados aos mapas

mentais estaacute o livro ldquoA imagem da cidaderdquo de Kelvin Lynch O autor reconstroacutei a

imagem do ambiente por meio da percepccedilatildeo de moradores das cidades norte-americanas

de Boston Jersey City e Los Angeles Lynch (2011) discute ainda o conceito de

legibilidade a clareza sobre a qual as pessoas percebem interpretam e organizam o seu

espaccedilo na cidade para nela sobreviver uma espeacutecie de sistematizaccedilatildeo cognitiva do

espaccedilo vivido ou seja seu mapa mental

Segundo os paracircmetros anteriormente destacados os mapas mentais possibilitam

destacar aspectos subjetivos e perceptivos de cada sujeito presentes na produccedilatildeo das

linguagens cartograacuteficas de espaccedilos e tempos proacuteximos ou distantes tal fato natildeo eacute

diferente quando relacionado agraves praacuteticas escolares Os PCN desde a deacutecada de 1990

apontam para os professores variados recursos didaacuteticos para o ensino de Geografia

eles explicam que

[] consultar diferentes fontes de informaccedilatildeo tais como obras literaacuterias

muacutesicas regionais fotografias entrevistas ou relatos torna-se essencial na

busca de novas informaccedilotildees que ampliem aquelas que jaacute se possui A

18 Teixeira (2001) adverte em sua tese que o mapa mental embora seja um termo corriqueiro na

atualidade eacute fruto de uma longa reflexatildeo Estudos anteriores podem identificar os mapas mentais pelos

seguintes sinocircnimos mapas cognitivos e ou cartas mentais

50

compreensatildeo geograacutefica das paisagens significa a construccedilatildeo de imagens

vivas dos lugares que passam a fazer parte do universo de conhecimentos dos

alunos tornando-se parte de sua cultura Os trabalhos praacuteticos com maquetes

mapas mentais e fotografias aeacutereas podem tambeacutem ser utilizados Grifo

nosso (BRASIL 1997 101)

As orientaccedilotildees dos PCN sublinham que diferentes praacuteticas e recursos escolares

podem ser utilizados nas aulas de Geografia entretanto na maioria dos casos recursos

como o desenho e os mapas mentais sofrem criacuteticas visto que satildeo tratados apenas como

instrumentos luacutedicos e ou descontextualizados a praacutetica pedagoacutegica

Miranda (2005) ao estudar o uso do desenho como recurso voltado ao ensino de

Geografia realizou uma pesquisa com alunos do atual 3ordm e 4ordm ano do EF Afirma o autor

que haacute o descaso relacionado agraves imagens manuais aleacutem de consideraacute-los como uma

possibilidade de transiccedilatildeo para os mapas existentes19 contexto que se aplica aos mapas

mentais

Miranda (2005 p 57) considera o ato de desenhar ldquo[] como meacutetodo de

abordagem e de anaacutelise como investigaccedilatildeo da paisagem atraveacutes de confrontaccedilotildees entre

o assunto observado (e natildeo o modelo) e os traccedilados que resultam da anaacuteliserdquo Aleacutem

disso ressalta que o desenho natildeo eacute portador de uma ldquoeducaccedilatildeo visualrdquo acabada sem

brechas para uma anaacutelise criacutetica da imagem

Portanto o foco do desenho eacute abranger ldquo[] a sua produccedilatildeo histoacuterica como

linguagem como uma forma de se pensar comunicar apresentar representarrdquo

(MIRANDA 2005 p 58) consideramos que os criteacuterios de educaccedilatildeo visual e

linguagem se aproximam das praacuteticas com os mapas mentais

Ao contraacuterio do desenho os mapas mentais satildeo recursos cartograacuteficos voltados agrave

anaacutelise espacial compostos por uma linguagem especiacutefica A seguir apresentamos

algumas experiecircncias do uso dos mapas mentais em contextos sociais e escolares a fim

de apontar algumas caracteriacutesticas e metodologias relacionadas ao ensino de Geografia

142 Os mapas mentais no ensino-aprendizagem de Geografia

Os trabalhos de Archela Gratatildeo amp Trostdorf (2004) e Santos (2011) embora natildeo

estejam relacionadas agrave educaccedilatildeo formal dispotildeem de algumas informaccedilotildees importantes

19 Esclarece Miranda (2005) que com o avanccedilo de novas teacutecnicas cartograacuteficas e de geoprocessamento a

ciecircncia geograacutefica deixou-se seduzir por estes novos instrumentos criando-se descaso pelas imagens

manuais A credibilidade do desenho eacute expressa com maior nitidez apoacutes o trabalho de Almeida amp Passini

(2010) muito embora como recurso de transiccedilatildeo que permitiria o desenvolvimento da crianccedila para a

chegada aos mapas existentes

51

sobre os mapas mentais A primeira autora utiliza os mapas mentais enquanto recurso

de avaliaccedilatildeo a respeito da aacuterea central da cidade de Cambeacute estado do Paranaacute A

pesquisa eacute realizada com crianccedilas e jovens deste espaccedilo urbano Articula a

representaccedilatildeo do lugar pelos jovens mostrando relaccedilotildees de topofilia (apego ao lugar) e

topofobia (medo do lugar)

Santos (2011) por sua vez expotildeem uma pesquisa realizada com pessoas de

faixa etaacuteria distintas em uma comunidade rural de Vilas Rurais Recanto Verde e Nova

Jerusaleacutem Paranaacute Os mapas mentais satildeo realizados pelos participantes de um projeto

social agriacutecola que busca reduzir as desigualdades sociais no interior do estado

Ambas as pesquisas discutem a relaccedilatildeo de lugar e trabalho e tambeacutem como os

signos (formas espaciais) expressam significados sociais Como exemplo eacute destacado a

igreja enquanto signo espacial nas representaccedilotildees dos mapas mentais Ela corresponde

aos significados das manifestaccedilotildees culturais e religiosas expressadas nos artigos de

Archela Gratatildeo amp Trostdorf (2004) e Santos (2011)

A discussatildeo teoacuterica a respeito do recurso mapa mental eacute realizada por diferentes

autores aleacutem dos supracitados Rocha (2007) Gomes amp Vargas (2011) e Kozel amp

Galvatildeo (2008) enfatizam que as questotildees subjetivas deste recurso (o valor simboacutelico do

mapa) satildeo uma construccedilatildeo dialoacutegica e social do espaccedilo representado O mapa mental

neste sentido revela os sentimentos e apreensotildees das pessoas em relaccedilatildeo ao espaccedilo

podendo estar relacionados agrave memoacuteria ou a imaginaccedilatildeo de espaccedilos natildeo vividos

fisicamente Aleacutem disso possibilita condiccedilotildees de aprendizagem escolar que

possivelmente poderia influenciar na construccedilatildeo da imagem mental

Para alcanccedilarmos trabalhos que se aproximassem com a investigaccedilatildeo da

produccedilatildeo de mapas mentais em contexto escolar pesquisamos experiecircncias relacionadas

a praacuteticas de ensino de Geografia nos primeiros anos de educaccedilatildeo escolar Apesar do

pouco sucesso encontramos uma experiecircncia na Educaccedilatildeo Infantil e outra realizada nos

anos iniciais do EF

O artigo de Lopes (2012) eacute resultado de suas pesquisas sobre a apropriaccedilatildeo dos

espaccedilos pelas crianccedilas ele discorre sobre a infacircncia e outras possibilidades do uso da

Cartografia Escolar O autor realiza investigaccedilotildees baseadas na teoria histoacuterico-cultural

de Vigotski Explica tambeacutem que suas pesquisas com ldquocrianccedilas pequenasrdquo (de zero a

seis anos de idade) vecircm ldquo[] buscando compreender suas linguagens seus

enamoramentos pelas coisas pelos objetos suas vivecircncias em seus contextos histoacuterico-

geograacuteficosrdquo (LOPES 2012 p 215 - 216)

52

O estudo de Lopes (2012) natildeo busca apenas uma cartografia para crianccedilas uma

visatildeo dos adultos sobre as representaccedilotildees realizadas mas enfatiza que os ldquopequenosrdquo

busquem suas proacuteprias referencias promovendo suas Geo-cartografias singularidades

localizem e pensem seu lugar no mundo O autor nomeou esta praacutetica cartograacutefica de

ldquoMapas vivenciaisrdquo eacute notada uma proximidade metodoloacutegica com a pesquisa de

Miranda (2005)

Eacute demonstrado ainda que o mapa vivencial tenha como referecircncia natildeo apenas o

mundo dos adultos mas a proacutepria percepccedilatildeo da crianccedila sobre o mundo Lopes (2012)

considera o exemplo de um mapa realizado por um garoto de quatro anos de idade que

representa o mapa dos cheiros de sua casa A crianccedila estabelece a relaccedilatildeo entre o signo

(cocircmodos de sua casa) e os significados (os cheiros encontrados nestes espaccedilos)

(observar a figura 02 p 52) Esta experiecircncia enfatiza o olfato como oacutergatildeo sensorial

que permite localizar organizar e diferenciar os cocircmodos da casa

FIGURA 02 - MAPA VIVENCIAL MAPA DOS CHEIROS

Fonte LOPES 2012 p 216

Em outro cenaacuterio eacute realizado o trabalho por Silva amp Bernadelli (2010) Eles

conduziram na Escola Estadual Cristoacutevatildeo Colombo Uberlacircndia ndash MG uma oficina

pedagoacutegica sobre mapas mentais com uma turma do 5ordm ano do EF O projeto havia

como intenccedilatildeo promover praacuteticas de ensino de Geografia na Educaccedilatildeo Infantil mediante

experiecircncia de Estaacutegio Supervisionado I realizados com alunos do curso de Geografia

da Universidade Federal de Uberlacircndia

53

A oficina discutiu o uso da Geografia nas atividades do dia a dia e aconteceu em

duas etapas A primeira correspondeu agrave produccedilatildeo de um texto que apresentava conceitos

voltados a cartografia escala orientaccedilatildeo espacial as toponiacutemias e outros levando em

consideraccedilatildeo relaccedilotildees espaciais de base piagetiana A segunda constituiu a realizaccedilatildeo de

mapas mentais que traccedilavam o percurso casa-escola seguindo orientaccedilotildees estabelecidas

por Nogueira (2006) discutindo a importacircncia dos pontos de referecircncia lugares

destacados nas representaccedilotildees experiecircncias pessoais atraveacutes de sentidos e atividades

socioculturais temas apresentados apoacutes a leitura dos mapas mentais com os alunos A

figura 03 (p 53) apresenta um dos mapas que retratam esta discussatildeo

FIGURA 3 - MAPA MENTAL DO TRAJETO CASA-ESCOLA

Fonte SILVA amp BERNADELLI 2010 p 05

Eacute observado que preocupaccedilotildees para um direcionamento teoacuterico ndash metodoloacutegico

com os mapas mentais para a Educaccedilatildeo Infantil e os anos iniciais do Ensino Infantil eacute

algo recente e pontual Em alguns casos estatildeo voltados a experiecircncias com os mapas

existentes (SILVA amp BERNADELLI 2010) entretanto buscam diversificar as

estrateacutegias inserindo a importacircncia do diaacutelogo e das experiecircncias cotidianas Aleacutem

disso fica evidente a pouca referecircncia sobre o uso de mapas mentais voltadas a

54

educaccedilatildeo escolar no que correspondem aos anos iniciais do EF20 que validem uma

proposta metodoloacutegica deste recurso a ser pensada e utilizada pelos pedagogos

Entre as teses que buscam um tratamento de uma construccedilatildeo metodoloacutegica para

o trabalho com os mapas mentais destacamos as teses de Teixeira (2001) e Richter

(2010) os quais daremos maior enfoque na anaacutelise de nosso trabalho

Teixeira (2001) discute como eacute materializado o discurso proferido pela miacutedia da

cidade de Curitiba Paranaacute enquanto ldquocapital ecoloacutegicardquo para isso diagnostica a

construccedilatildeo da imagem social recorrendo agrave percepccedilatildeo da populaccedilatildeo que a habita e a

frequenta Sua pesquisa envolve moradores (estudante do Ensino Fundamental Meacutedio e

Superior discentes e docentes) e natildeo-moradores (turistas) a diversidade de

participantes foi escolhida intencionalmente para responder se havia ou natildeo

divergecircncia dos grupos em relaccedilatildeo a esta imagem de Curitiba

Em busca de respostas para suas indagaccedilotildees Teixeira (2001) utilizou como

instrumento de anaacutelise os mapas mentais Aleacutem do mais discute por meio dos mapas as

representaccedilotildees sociais e espaciais avaliando as construccedilotildees siacutegnicas Por meio de uma

metodologia proacutepria desenvolve paracircmetros de anaacutelise para os mapas mentais fato

inexistente antes do seu trabalho

Como suporte teoacuterico de sua pesquisa resgatou os apontamentos realizados por

Bakhtin (2012) sobre a linguagem o uso do signo e do enunciado como elementos que

possibilitam a comunicaccedilatildeo (dialogismo) por meio da representaccedilatildeo espacial

encontradas nos mapas mentais Produziu estudos posteriores que discute

epistemologicamente e empiricamente o uso dos mapas mentais como recurso didaacutetico

para o ensino de Geografia em diferentes niacuteveis de ensino (KOZEL 2002 2008)

Kozel influenciou a realizaccedilatildeo de outros estudos Em um artigo Galvatildeo amp Kozel

(2008) discutem sobre os aspectos teoacutericos - metodoloacutegicos da Geografia enfatizando as

questotildees de representaccedilatildeo e ensino Reproduzem a metodologia utilizada por Teixeira

para os mapas mentais com um grupo de alunos do 7ordm ano Esse trabalho registra a

compreensatildeo e anaacutelises dos estudantes sobre a contribuiccedilatildeo da Geografia Eacute destacado

nos mapas a temaacutetica Brasil e seus desdobramentos (Relaccedilatildeo local-global identidade

nacional siacutembolos territoacuterio etnias entre outros)

20 Embora as pesquisas de Lopes (2012) discutam o uso de mapas com crianccedilas observamos algumas

divergecircncias A primeira corresponde agrave faixa etaacuteria das crianccedilas pois natildeo podemos comparar as

experiecircncias de vida entre alunos da Educaccedilatildeo Infantil (faixa com a qual trabalha) com os anos iniciais do

EF pois a leitura de mundo eacute distinta A segunda corresponde aos interesses e avanccedilos sobre a

aprendizagem ocorrida na escola lembrando que todos os alunos a partir dos seis anos devem ser

matriculados na rede regular de ensino como discutimos no iniacutecio deste capiacutetulo

55

Em outro caso semelhante Oliveira (2010) dispotildee da metodologia de Teixeira

para o desenvolvimento de sua dissertaccedilatildeo de mestrado Propotildee um estudo de caso em

duas escolas puacuteblicas estaduais em Madalena e Fortaleza ndash CE A pesquisa foi realizada

com alunos do 2ordm ano do Ensino Meacutedio e buscou discutir qual a relaccedilatildeo os estudantes

fazem entre o meio urbano e rural Oliveira (2010) sustenta a ideia que o mapa mental

deve estar direcionado a uma praacutetica pedagoacutegica para a consolidaccedilatildeo do conhecimento

geograacutefico e no reconhecimento e formaccedilatildeo do aluno enquanto um sujeito pertencente a

uma coletividade social

Em outra perspectiva Richter (2010) realiza uma investigaccedilatildeo com duas turmas

de alunos do 3ordm ano do Ensino Meacutedio na cidade de Presidente Prudente ndash Satildeo Paulo

uma escola puacuteblica e outra privada Enfatiza a importacircncia da aprendizagem de

Geografia como um conhecimento necessaacuterio para a Educaccedilatildeo Baacutesica O autor pondera

que a Geografia capacita o aluno a realizar uma interpretaccedilatildeo da realidade sob uma

perspectiva espacial auxiliando a interpretar o seu cotidiano considera isso de

raciociacutenio geograacutefico

Ao desenvolver sua proposta com os mapas mentais define temaacuteticas como os

problemas urbanos e o processo de globalizaccedilatildeo na cidade de Presidente Prudente para a

realizaccedilatildeo das representaccedilotildees Paralelamente resgata a Teoria Histoacuterico-cultural

desenvolvida por Vigotski (1998) e aproxima do desenvolvimento da Cartografia

Escolar Atraveacutes desta discussatildeo estabelece a importacircncia da linguagem para o

desenvolvimento humano a qual a cartograacutefica tambeacutem faz parte

Este pesquisador discute a importacircncia da construccedilatildeo dos conceitos espontacircneos

e cientiacuteficos pelos alunos Estes conceitos segundo o Richter (2010) possibilitam o

aluno compreender a sistematizaccedilatildeo do conhecimento geograacutefico e consequentemente

utilizar este saber em sua vida cotidiana No desenvolvimento da linguagem dos mapas

mentais seleciona os conceitos de legibilidade usada por Kevin Lynch e espaccedilo por

Milton Santos para a disposiccedilatildeo dos elementos retratados Ele considera tambeacutem as

experiecircncias vividas dos alunos assim como os conteuacutedos de Geografia como elos de

produccedilatildeo do raciociacutenio geograacutefico

Richter (2010) julga o mapa mental enquanto recurso didaacutetico que possibilita ao

aluno transpor para o papel sua compreensatildeo sobre a dinacircmica espacial articulando

seus conhecimentos sobre Geografia e ampliando seu conhecimento tornando o

estudante leitor e produtor de mapa Reconhece tambeacutem a importacircncia da criticidade na

56

elaboraccedilatildeo dos mapas mentais Observa em alguns casos que o aluno natildeo domina certos

conceitos da Geografia

Richter (2010) assim como Teixeira (2001) tambeacutem prossegue em seus estudos

sobre Cartografia Escolar Ele enfatiza a importacircncia dos mapas mentais nas praacuteticas

escolares sem perder o foco do ensino-aprendizagem de Geografia como fator

preponderante Nesta mesma linha jaacute apresentada desenvolve projetos de pesquisas em

escolas na regiatildeo norte da cidade de Goiacircnia ndash GO atraveacutes do Programa de

Financiamento de Bolsas para alunos de Licenciatura (PROLICEN) do curso de

Geografia da UFG (RICHTER 2013)

No desenvolvimento dos mapas mentais encontramos diversos fatores que

contribuem com a sua produccedilatildeo ora referem-se agrave percepccedilatildeo que cada indiviacuteduo tem

acerca do espaccedilo cotidiano ora essas leituras satildeo provenientes de um saber

sistematizado cientiacutefico orientado por uma educaccedilatildeo escolar em ambos os casos

carecem de habilidade para transcrever no papel as imagens mentais que o sujeito deteacutem

sobre o espaccedilo (TEIXEIRA 2001 RICHTER 2010) Portanto o mapa mental eacute

resultado de uma representaccedilatildeo dialeacutetica possuindo caracteriacutesticas individuais do

sujeito tal como a influecircncia sociocultural do mesmo

O desenvolvimento dos mapas mentais enquanto capacidade cartograacutefica

pressupotildee habilidade para abstrair e simbolizar eacute incontestaacutevel o poder de conceituar as

relaccedilotildees espaciais (TEIXEIRA 2001 GALVAtildeO amp KOZEL 2008 RICHTER 2010)

A ocasiatildeo mais comum de seu uso eacute quando eacute necessaacuterio transpor eficientemente para

o papel o conhecimento geograacutefico a outros sujeitos e como a linguagem verbal eacute mais

utilizada para narrar acontecimentos do que para descrever e explicar relaccedilotildees espaciais

simultacircneas os mapas mentais satildeo adotados para a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica e

consequentemente para a leitura de mundo do aluno

15 AS CONTRIBUICcedilOtildeES DE VIGOTSKI E BAKHTIN PARA A COMPREENSAtildeO

METODOLOacuteGICA DOS MAPAS MENTAIS

Ao relacionarmos os mapas mentais enquanto portadores de uma comunicaccedilatildeo

afirmamos que eles possuem uma linguagem cartograacutefica Esta compreensatildeo tem como

base os estudos estabelecidos por Teixeira (2001) Kozel (2002 2005 2008) e Richter

(2010) Essa preocupaccedilatildeo sobre a visatildeo do mapa enquanto portador de uma linguagem

57

natildeo eacute ineacutedito Richter (2010) apresenta o trabalho acadecircmico de Simielli sobre a

reflexatildeo do mapa como possibilidade de um tratamento didaacutetico da linguagem espacial

Simielli (2008 p 71) foi uma das primeiras autoras a discutir ldquoo mapa como

elemento transmissor de informaccedilatildeordquo e avaliar sua ldquoeficaacuteciardquo A teoria da informaccedilatildeo

discutida pela autora embora natildeo aponte os mapas mentais compreende o aluno

enquanto mapeador possibilitando o desenvolvimento de habilidades como observaccedilatildeo

seleccedilatildeo e representaccedilatildeo do espaccedilo geograacutefico Constitui um modelo cognitivo de

apreensatildeo da realidade atraveacutes dos sentidos para a representaccedilatildeo do mapa Explica

Simielli (2008 p 78) que

Para se entender plenamente a linguagem cartograacutefica eacute preciso destacar aqui

a importacircncia da semioacutetica ciecircncia geral de todas as linguagens mais

especialmente dos signos O signo eacute algo que representa o seu proacuteprio objeto

Ele soacute eacute signo se tiver o poder de representar esse objeto de um certo modo e

com uma certa capacidade O signo soacute pode representar seu objeto para um

inteacuterprete produzindo na mente deste um outro signo considerando o fato de

que o significado de um signo eacute outro signo

O signo apresentado no mapa se divide em duas esferas o significante que

corresponde ao aspecto real (material) do signo e o significado que eacute o aspecto irreal

(representado) Segundo as orientaccedilotildees da autora supracitada o mapa constitui uma

relaccedilatildeo entre dois sujeitos o emissor (produtor do mapa) e o receptor (leitor do mapa)

Aleacutem disso satildeo empregadas teacutecnicas da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica para a

construccedilatildeo do sentido dos mapas da relaccedilatildeo dos significados e significantes expressos

por meio de um alfabeto cartograacutefico (linha ponto e aacuterea) aparato da linguagem

cartograacutefica Simielli (2008 p 88) considera que ldquo[] o aluno interpreta os mapas

orienta-se e estabelece-se a correspondecircncia entre a representaccedilatildeo cartograacutefica e a

realidaderdquo21

O mapa diferentemente de outras teacutecnicas de informaccedilatildeo e conhecimento como

a liacutengua portuguesa ou a Matemaacutetica eacute portador de uma linguagem natildeo-verbal Traduz

um processo de aprendizagem natildeo sequencial de fenocircmenos que quando apresentados

na fala em texto ou operaccedilotildees matemaacuteticas naturalmente vatildeo apresentar uma

hierarquia disposiccedilatildeo sequencialidade que nem todas agraves vezes satildeo desejaacuteveis

A utilizaccedilatildeo dos mapas mentais sugere metodologias para interpretaacute-los e

existem diferentes formas de fazecirc-lo Para isso como meio de sistematizar

21 Podemos observar o uso deste alfabeto cartograacutefico na larga produccedilatildeo de mapas existentes (nos uso da

legenda) em nosso cotidiano nos mapas murais atlas escolares livros didaacuteticos etc

58

geograficamente as informaccedilotildees registradas nos mapas mentais elaborados pelos alunos

apresentamos dois processos metodoloacutegicos que consideramos satisfatoacuterios Eles se

completam e satildeo empregados como guias para a avaliaccedilatildeo dos mapas produzidos em

nossa pesquisa

O primeiro corresponde aos trabalhos de Richter (2010) que aproxima da teoria

histoacuterico-cultural de Vigostki (1998) e o segundo de Teixeira (2001) e Kozel (2002

2005 2008) ao referendar os estudos de Bakhtin para interpretaccedilatildeo dos mapas mentais

Consideramos que ambas as metodologias tem como foco a interpretaccedilatildeo das

informaccedilotildees contidas nos mapas mentais bem como o estabelecimento de relaccedilotildees entre

o espaccedilo geograacutefico e o representado Consideram os aspectos socioculturais como algo

imprescindiacutevel agrave compreensatildeo dos mapas mentais

Portanto escolhemos os dois autores russos Vigostki (1998) e Bakhtin (2012)

por eles promoverem uma discussatildeo acerca da linguagem no desenvolvimento da

aprendizagem humana e no estabelecimento do dialogo social Essa tese eacute sustentada

por Jobim e Souza (1994 p 93) ao considerar que embora Vigotski e Bakhtin tomem

diferentes caminhos para interpretaccedilatildeo deste ponto convergem em explicar ldquoa

linguagem como espaccedilo de recuperaccedilatildeo do sujeito histoacuterico e socialrdquo

Vigotski (1998) e Bakhtin (2012) provocaram importantes mudanccedilas sobre a

reflexatildeo hegemocircnica da condiccedilatildeo humana no seacuteculo XX Ambos os autores construiacuteram

suas perspectivas de estudo baseados no campo filosoacutefico do materialismo histoacuterico-

dialeacutetico indicando o campo cultural da sociabilidade humana como base para a

tematizaccedilatildeo da consciecircncia Se Vigotski por um lado contrapocircs agrave corrente objetivista e

subjetivista na Psicologia por outro Bakhtin os desafiou em seus estudos sobre a

linguagem

Bakhtin (2012) considera a linguagem como fenocircmeno socioideoloacutegico e

apreendido dialogicamente no contexto histoacuterico Critica a postura das grandes

correntes linguiacutesticas da deacutecada de 1920 por empregar teorias que natildeo considerava a

liacutengua como fenocircmeno social O objetivismo abstrato representado por Saussure e o

subjetivismo idealista empregado por Humboldt

Segundo Rego (1995) a perspectiva de aprendizagem para Vigotski eacute sempre

relativa agrave dimensatildeo social e natildeo exclusivamente a maturaccedilatildeo do organismo22 A

22 Durante o desenvolvimento de nossa pesquisa foi posto pela professora do 5ordm ano que alguns alunos

natildeo conseguiam desenvolver ou compreender determinadas propostas com os mapas mentais ou

relacionadas a conteuacutedo da Geografia Segundo sua explicaccedilatildeo isso ocorre porque natildeo estaria ldquomadurosrdquo

59

formaccedilatildeo humana eacute constituiacuteda em relaccedilatildeo coletiva A cultura torna-se parte da natureza

humana O desenvolvimento decorre da histoacuteria das funccedilotildees psicoloacutegicas superiores

caracterizadas por mudanccedilas qualitativas e quantitativas

As funccedilotildees psicoloacutegicas superiores (percepccedilatildeo memoacuteria pensamento)

transformam-se em contiguidade dando suporte aos processos elementares que se

tornam complexos Nestes termos inexiste um instrumento endoacutegeno23 para o

desenvolvimento humano Consequentemente

Os sistemas de signos (a linguagem a escrita o sistema de nuacutemeros) eacute

pensado como um sistema de instrumentos os quais foram criados pela

sociedade ao longo de sua histoacuteria Esse sistema muda a forma social e o

niacutevel de desenvolvimento cultural da humanidade A internalizaccedilatildeo desses

signos provoca mudanccedilas no homem Seguindo a tradiccedilatildeo marxista Vigotski

considera que as mudanccedilas que ocorrem em cada um de noacutes tem sua raiz na

sociedade e na cultura (BOCK FURTADO amp TEIXEIRA 2008 p 141)

A linguagem para Vigotski (1998) se torna o principal instrumento mediador

da interaccedilatildeo humana O ato da comunicaccedilatildeo para o desenvolvimento da humanidade eacute

incontestaacutevel Ao longo da histoacuteria ela contribuiu para o desenvolvimento das formas de

sobrevivecircncia no espaccedilo geograacutefico Pouco a pouco se tornou importante o legado das

experiecircncias atraveacutes das geraccedilotildees permitindo o avanccedilo da sociedade em termos sociais

evolutivos e adaptativos ao ambiente

Vigotski (1998) considera que o discurso egocecircntrico eacute ponto de partida para o

discurso interior Interior porque corresponde agrave internalizaccedilatildeo da linguagem Nestas

condiccedilotildees ao longo de nosso desenvolvimento passamos da fala socializada (a

comunicaccedilatildeo em contato social) a fala internalizada (instrumento de pensamento sem

vocalizaccedilatildeo) correspondente a um diaacutelogo consigo mesmo (REGO 1995)

Nessas conjunccedilotildees a questatildeo levanta por Vigotski (1998) eacute o planejamento de

uma teoria sociopsicoloacutegica que relaciona o pensamento a palavra como processo

dinacircmico E tambeacutem a necessidade da linguagem como fator constituinte para as

funccedilotildees psicoloacutegica superiores e da construccedilatildeo da subjetividade (JOBIM E SOUZA

1994) No campo da didaacutetica e do ensino-aprendizagem de Geografia especificamente

estudos sobre uma concepccedilatildeo socioconstrutivista enfatizam a educaccedilatildeo escolar como

o suficiente para progredir em seu desenvolvimento intelectual Observa que em muitos casos apenas o

fator ldquotempo de estudordquo o proporcionaria se desenvolver Posicionamo-nos de forma contraacuteria ao

entender por meio dos estudos de Vigotski (1998) que os fatores sociais e o processo de mediaccedilatildeo

contribuem para o progresso da aprendizagem do aluno 23 Relativo a algo originaacuterio ou desenvolvimento no interior do organismo

60

processo de conhecimento onde haacute a intervenccedilatildeo premeditada pelo professor a fim de

preparar o aluno para a construccedilatildeo de conceitos (CAVALCANTI 2014)

Na concepccedilatildeo de Vigotski (1998) o conhecimento natildeo eacute construiacutedo de forma

individual mas ao contraacuterio relata que pessoas mais experientes intervecircm na

construccedilatildeo do conhecimento elas satildeo denominadas mediadores A interaccedilatildeo ocorre

tambeacutem por meio de teacutecnicas materiais e instrumentos psicoloacutegicos oferecidos pela

cultura Para Vigotski (1998 p 112) a mediaccedilatildeo eacute explicada por meio do conceito de

Zona de Desenvolvimento Proximal que

[] eacute a distacircncia entre o niacutevel de desenvolvimento real que se costuma

determinar atraveacutes da soluccedilatildeo independente de problemas e o niacutevel de

desenvolvimento potencial determinado atraveacutes da soluccedilatildeo de problemas sob

a orientaccedilatildeo de um adulto ou em colaboraccedilatildeo com companheiro mais

capazes

Em outras palavras a Zona de Desenvolvimento Real eacute quando o aluno

consegue resolver determinado problema sozinho Zona de Desenvolvimento

Potencial eacute quando o aluno necessita de auxiacutelios mediadores para construir uma

compreensatildeo sobre algum conceito Jaacute a Zona de Desenvolvimento Proximal eacute o

estaacutegio intermediaacuterio com sucessivos avanccedilos e retrocessos ao longo do processo

educativo

Semelhante ao conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal e os processos

de ensino-aprendizagem de Geografia nos anos iniciais do EF apontamos os

mediadores que nesse caso eacute representado pelo professor os colegas e os recursos

didaacuteticos24 (no caso desta pesquisa os mapas mentais) que podem influenciar na

educaccedilatildeo escolar O professor nesse processo ganha importacircncia significativa pois eacute

sua tarefa problematizar e criar situaccedilotildees de aprendizagem Os alunos por sua vez satildeo

motivados a interpretar analisar levantar hipoacuteteses propor soluccedilotildees e representar as

dinacircmicas do espaccedilo geograacutefico orientaccedilotildees expressas nos PCN (BRASIL 1997)

Portanto segundo Cavalcanti (2014) na relaccedilatildeo entre desenvolvimento e

aprendizagem os instrumentos mediadores e a situaccedilatildeo de ensino-aprendizagem

possibilita o desenvolvimento do pensamento nas praacuteticas escolares destacando-se

entre os instrumentos a linguagem De acordo com a interpretaccedilatildeo de Rego sobre o

24 Entendemos que satildeo diversos os recursos didaacuteticos (instrumentos mediadores) utilizados como aporte

para as aulas de Geografia Eles correspondem aos jaacute tradicionalmente conhecidos e utilizados no espaccedilo

escolar (livro didaacutetico atlas caderno) e outros utilizados no cotidiano dos alunos (raacutedio televisatildeo

jornais revistas computador internet etc) Apoiamos a diversidade desses recursos para a praacutetica de

ensino possibilitando diferentes caminhos para o professor atingir seus objetivos em sala de aula

61

trabalho de Vigotski a linguagem confere trecircs mudanccedilas essenciais nos processos

psiacutequicos do homem

A primeira relaciona-se ao fato de que a linguagem permite lidar com os

objetos do mundo exterior mesmo quando eles estatildeo ausentes [] A segunda

refere-se ao processo de abstraccedilatildeo e generalizaccedilatildeo que a linguagem

possibilita [] a linguagem natildeo somente designa os elementos presentes na

realidade mas tambeacutem fornece conceitos e modos de ordenar o real em

categorias conceituais [] A terceira estaacute associada agrave funccedilatildeo de

comunicaccedilatildeo entre os homens que garante como consequecircncia a preservar

transmissatildeo e assimilaccedilatildeo de informaccedilotildees e experiecircncias acumuladas pela

humanidade ao longo da histoacuteria (REGO 1995 p 53 ndash 54)

Aleacutem disso haacute outro pressuposto relativo ao estudo de Vigotski para aplicaccedilotildees

no contexto escolar Satildeo na interaccedilatildeo com o meio que o sujeito desenvolve conceitos

espontacircneos e depois na escola mediados pelo professor conceitos cientiacuteficos O

primeiro corresponde aos conhecimentos construiacutedos na experiecircncia pessoal cotidiana

concreta O conceito cientiacutefico eacute o conhecimento construiacutedo ao longo da histoacuteria que eacute

disponibilizado pela educaccedilatildeo escolar por meio de um ensino sistemaacutetico (REGO

1995)

Esclarecendo um pouco mais estes conceitos Rego (1995 p 77) afirma que

Os conceitos cotidianos referem-se agravequeles conceitos construiacutedos a partir da

observaccedilatildeo manipulaccedilatildeo e vivencia direta da crianccedila [] Os conceitos

cientiacuteficos se relacionam agravequeles eventos natildeo diretamente acessiacuteveis agrave

observaccedilatildeo ou accedilatildeo imediata da crianccedila satildeo os conhecimentos

sistematizados adquiridos nas interaccedilotildees escolarizadas

Richter (2010) discute a importacircncia da construccedilatildeo desses conceitos espontacircneos

e cientiacuteficos para o desenvolvimento do raciociacutenio geograacutefico Aleacutem disso relaciona os

estudos de Vigotski agrave compreensatildeo da linguagem cartograacutefica o desenvolvimento da

aprendizagem neste caso eacute mediado pelo uso do mapa mental Resgatamos

sumariamente as ideias de Vigotski a respeito da construccedilatildeo dos conceitos e como

entendemos esse processo para explicaccedilatildeo do uso das noccedilotildees para o ensino de

Geografia

Para Vigotski segundo expotildee Friedrich (2012) o desenvolvimento da

linguagem pela crianccedila eacute distinguido em trecircs fases no processo de formaccedilatildeo de

conceitos A primeira fase corresponde agrave formaccedilatildeo dos sincreacuteticos a segunda eacute a do

pensamento por complexos nessa fase haacute um momento chamado de pseudoconceito e

por uacuteltimo o verdadeiro conceito (conceito cientiacutefico)

Na formaccedilatildeo dos sincreacuteticos ldquo[] a crianccedila designa diferentes objetos

utilizando a mesma palavrardquo (FRIEDRICH 2012 p 91) Nesse processo de

62

desenvolvimento cognitivo da crianccedila ela pode utilizar a mesma palavra (entendida

aqui como imagem) para situaccedilotildees distintas em decorrecircncia de seu caraacuteter difuso e

aleatoacuterio O que haacute eacute uma utilizaccedilatildeo funcional da imagem independentemente do

contexto ao qual se encontra

Ao relacionar a formaccedilatildeo da imagem sincreacutetica as representaccedilotildees dos mapas

mentais Richter (2010 p 72) adverte que o aluno embora observe o meio ou em outro

caso jaacute tenha estudado outros modelos de representaccedilatildeo

[] natildeo consegue discernir os contextos que satildeo responsaacuteveis pela sua

configuraccedilatildeo [espacial] Ou seja produz um mapa em que todos os elementos

representados natildeo apresentam diferenccedilas Por exemplo natildeo entende que uma

aacutervore pode ser mais velha que um preacutedio abandonado Mas ao cruzar

determinadas informaccedilotildees como a localizaccedilatildeo de alguns objetos ou a anaacutelise

temporal transforma essa imagem complexa numa leitura mais criteriosa

Os complexos pensamento e linguagem satildeo desenvolvidos pelas crianccedilas

possibilitando a compreensatildeo de relaccedilotildees objetivas existentes entre o mapa mental e o

mundo real tomando a representaccedilatildeo como fonte de conhecimento do mundo (natildeo)

conhecido O mapa mental por exemplo eacute observado como aproximaccedilatildeo da

representaccedilatildeo espacial do mapa existente do Brasil Isso ocorre por conter criteacuterios

miacutenimos de comunicaccedilatildeo que podem ou natildeo ter alguma relaccedilatildeo aos modelos

tradicionalmente expressos pela ciecircncia geograacutefica (tema legenda tiacutetulo uso de signos

orientaccedilatildeo espacial) Devemos compreender que

A organizaccedilatildeo do pensamento por complexo ajuda a crianccedila na interpretaccedilatildeo

do mundo e assim na sua representaccedilatildeo Neste momento o mapa deixa de

ser um amontoado de objetos para representar fenocircmenos especiacuteficos que

mesmo tendo alguns niacuteveis de complexidade natildeo compatiacuteveis com a

cogniccedilatildeo da crianccedila ela jaacute eacute capaz de estabelecer criteacuterios de seleccedilatildeo Assim

o mapa construiacutedo comeccedila a ser analisado como um meio de comunicaccedilatildeo

entre o que a crianccedila observa no mundo no seu meio e no que eacute possiacutevel

expressar nele (RICHTER 2010 p 73)

Por meio dos complexos e do agrupamento de ligaccedilotildees entre os objetos e

fenocircmenos estudados surge no final da segunda fase o pseudoconceito Essa fase eacute

significativa visto que ele eacute o antecessor ao verdadeiro conceito correspondendo como

elo ao conceito cientiacutefico O pseudoconceito segundo as observaccedilotildees de Friedrich

(2012) ainda natildeo eacute o proacuteprio conceito muito embora as bases de abstraccedilatildeo da palavra

as possiacuteveis semelhanccedilas e agrupamentos sejam levados em consideraccedilatildeo pela crianccedila

O pseudoconceito quando relacionado agraves atividades voltadas aos mapas mentais

compreende em um estaacutegio onde as crianccedilas conseguem desenvolver interpretaccedilotildees e

representaccedilotildees proacuteximas a compreensatildeo dos adultos embora natildeo tenha desenvolvido

autonomia ou habilidade cognitiva suficiente para desenvolver o processo sem o auxiacutelio

63

da mediaccedilatildeo de outros sujeitos colegas ou professor (RICHTER 2010) A terceira fase

eacute a de formaccedilatildeo de conceito cientiacuteficos anteriormente explicados

Diferentemente de Richter (2010) que realiza sua pesquisa com alunos do

ensino meacutedio observamos que por diferentes razotildees (formaccedilatildeo do professor de

Pedagogia tempo de aula destinado a disciplina de Geografia metodologia e recursos

empregados etc) natildeo haacute o ensino-aprendizagem do conceito propriamente dito nos

anos iniciais do EF mas o de noccedilotildees referentes agrave ciecircncia geograacutefica Entendemos as

noccedilotildees de Geografia como o processo inicial de construccedilatildeo de conhecimentos baacutesicos

dessa ciecircncia na escola O quadro 2 sintetiza esse modelo

QUADRO 2 - AS NOCcedilOtildeES COMO PROCESSO DE FORMACcedilAtildeO DOS CONCEITOS

CIENTIacuteFICOS

Fonte Friedrich (2012) e Richter (2010)

Baseado nesse modelo eacute apontado que as noccedilotildees devem estar niacutetidas enquanto

conceitos cientiacuteficos na compreensatildeo dos professores Para os alunos as noccedilotildees de

Geografia se apresentam enquanto condiccedilotildees iniciais de raciociacutenio e abstraccedilatildeo dos

conhecimentos referentes a essa ciecircncia em outros termos ldquo[] natildeo significa apenas

generalizar colocar junto agraves coisas no mundo mas pensar o mundo o que pode

conduzir a ligaccedilotildees entre as coisas no mundo que natildeo satildeo ligaccedilotildees fatuaisrdquo

(FRIEDRICH 2012 p 95)

Desenvolve autonomia e

habilidade cognitiva para

uma interpretaccedilatildeo mais

aprofundada

Pensamento por

complexos

Caraacuteter difuso e aleatoacuterio

Conceitos cientiacuteficos

Sincreacuteticos

Des

envolv

imen

to d

as

noccedilotilde

es d

e

Geo

gra

fia n

os

an

os

inic

iais

do E

F

Pensamento linguagem ndash

representa fenocircmenos

especiacuteficos

Pseudoconceito

Aproxima-se da

compreensatildeo dos adultos

64

Portanto as noccedilotildees podem passar por todas as fases da construccedilatildeo do conceito

cientiacutefico (sincreacuteticos pensamento por complexos e pseudoconceitos) Entretanto natildeo

haacute a garantia da formaccedilatildeo de conceitos tampouco dos pseudoconceitos tendo em vista

que o conceito cientiacutefico na maioria das vezes natildeo eacute alcanccedilado nos anos iniciais do EF

As noccedilotildees auxiliam os fundamentos para compreensatildeo das relaccedilotildees espaciais e temas

geograacuteficos viabilizando o aluno a progredir em seus estudos

Entender a linguagem mediante as ideias expressas por Vigostki eacute observar que

ela eacute uma construccedilatildeo social e que se desenvolve ao longo da vida Adicionamos a esta

interpretaccedilatildeo a proposta de Bakhtin (2012) que entende a linguagem como um

fenocircmeno social da interaccedilatildeo verbal Buscamos nesse processo observar como as

noccedilotildees de Geografia expressam sentido na representaccedilatildeo por meio dos mapas mentais

Bakhtin (2012) contesta as teses empregadas sobre a linguagem a liacutengua com

influecircncia histoacuterica da filologia que desconsiderou o enunciado e o contexto

transformando-a em um monologo morto com enunciaccedilatildeo fechada isolada Esse autor

afirma que a liacutengua eacute viva e natildeo pertence a um sistema abstrato de normas possui um

contexto soacutecio-histoacuterico A linguagem eacute vista a partir da interaccedilatildeo entre os sujeitos

envolvidos numa praacutetica social Assim

A verdadeira substacircncia da liacutengua [] eacute constituiacuteda [] pelo fenocircmeno social

da interaccedilatildeo verbal realizada atraveacutes da enunciaccedilatildeo ou das enunciaccedilotildees A

interaccedilatildeo verbal constitui assim a realidade fundamental da liacutengua [] Mas

pode-se compreender a palavra ldquodiaacutelogordquo num sentido amplo isto eacute natildeo

apenas com a comunicaccedilatildeo em voz alta de pessoas colocadas face a face

mas toda comunicaccedilatildeo verbal de qualquer tipo que seja (BAKHTIN 2012

p127)

O conceito de dialogismo e interaccedilatildeo verbal estatildeo diretamente ligados pois se

apresentam enquanto sustentaccedilatildeo do processo de produccedilatildeo dos discursos em outras

palavras eacute agrave base da proacutepria linguagem Portanto para Bakhtin (2012) todos os

interlocutores envolvidos no processo apresentam o mesmo grau de importacircncia visto

que todo enunciado eacute uma reacuteplica uma resposta a enunciados passados e possiacuteveis

enunciados que venham a ser produzidos De modo simultacircneo a uma resposta todo o

enunciado se configura tambeacutem em uma indagaccedilatildeo em uma pergunta a outros

possiacuteveis enunciados25

25Para Bakhtin (2012) o enunciado eacute um diaacutelogo que se produz em um contexto que eacute sempre social entre

duas pessoas socialmente organizadas Estabelece relaccedilotildees com a realidade dialoacutegica entre o falante e o

ouvinte

65

Nessas condiccedilotildees Freitas (2000 p 135) entende que ldquotoda enunciaccedilatildeo tem pois

dois aspectos o linguumliacutestico [sic] que eacute reiterativo e se refere a um objeto preacute-existente e

o contextual que eacute uacutenico tendo como referecircncia novos enunciadosrdquo Portanto no caso

do uso dos mapas mentais entendemos que ele sempre seraacute relativo a um modelo preacute-

existente seja a imagem mental que o aluno tem do mundo ou uma construccedilatildeo jaacute

sistematiza atraveacutes dos mapas existentes possibilitando (re) significar sua compreensatildeo

acerca do espaccedilo geograacutefico26

Nesse sentido Jobim e Souza (1994) demonstram que a visatildeo bakhtiniana propotildee

que as relaccedilotildees dialoacutegicas satildeo particulares elas natildeo podem ser reduzidas agraves reacuteplicas de

um diaacutelogo real Decorre que estas relaccedilotildees dialoacutegicas satildeo amplas heterogecircneas e

complexas Dois enunciados de lugar e ou tempo diferente quando confrontados em

relaccedilatildeo ao seu sentido podem resultar em uma relaccedilatildeo dialoacutegica Estas constituem

relaccedilatildeo de sentido quer seja no discurso de um diaacutelogo real e especiacutefico (espaccedilo vivido)

como no acircmbito plural das ideias desenvolvidas pela ciecircncia em espaccedilos e tempos

distintos27

O tema e a construccedilatildeo das noccedilotildees geograacuteficas satildeo conforme a interpretaccedilatildeo dos

estudos de Bakhtin e Vigotski algo exterior ao sujeito O aluno natildeo eacute o criador por

excelecircncia do saber geograacutefico do produto cartograacutefico mas um (re) contextualizador

dessa histoacuteria (Re) contextualiza para compreender No ato da mediaccedilatildeo aprimora

suas teacutecnicas contextualiza novos conhecimentos memoriza esquece inventa

descobre deixa de acreditar em fantasias e estoacuterias como consequecircncia

Nenhum falante eacute o primeiro a falar sobre o toacutepico de seu discurso O falante

natildeo eacute o Adatildeo biacuteblico que nomeia o mundo pela primeira vez Cada um de noacutes

encontra um mundo que jaacute foi articulado elucidado avaliado de muitos

modos diferentes mdash jaacute-falado por algueacutem Ao usar as palavras para falar

sobre um determinado toacutepico encontramo-nos jaacute habitado por outras falas de

outras pessoas Para Bakhtin a linguagem nunca estaacute completa ela eacute uma

26 Compreendemos que os mapas mentais podem se aproximar em sua configuraccedilatildeo dos mapas

existentes mas isso natildeo eacute a intenccedilatildeo primeira O que procuramos explicar eacute que a imagem espacial acerca

do espaccedilo geograacutefico eacute apresentada ao aluno de diferentes formas seja ela a partir de suas proacuteprias

experiecircncias cotidianas assim como por abstraccedilotildees (mapas) utilizadas pelas diferentes esferas sociais

Isto influecircncia a percepccedilatildeo de mundo dos estudantes podendo ser re-significada na escola mediante o

processo de ensino-aprendizagem de Geografia 27

Haacute uma diferenccedila expressa que distingue significado e sentido nas obras de Bakhtin segundo Freitas

(2000 p 136) o ldquosignificado refere-se ao significado abstrato dicionarizado que eacute reconhecido pelos

linguumlistas [sic] [] O sentido exige uma compreensatildeo ativa mais complexa em que o ouvinte aleacutem de

decodificar relaciona o que estaacute sendo dito com o que ele estaacute presumindo e prepara uma resposta ao

enunciadordquo

66

tarefa um projeto sempre caminhando e sempre inacabado (JOBIM E

SOUZA 1994 p 99)

No contexto escolar o aluno ao produzir um mapa mental entendido por Kozel

(2005 2008) como enunciado sempre leva em consideraccedilatildeo o outro (colegas e

professor e a proacutepria condiccedilatildeo social ao que estaacute inserido) natildeo de forma passiva mas

sobretudo como sujeito que participa de maneira ativa Eacute a partir dessa corrente

comunicativa de enunciados concretos que a linguagem no sentido bakhtiniano se

define como dialoacutegica Um dos fatos que possibilita o uso da concepccedilatildeo bakhtiniana

para interpretaccedilatildeo dos mapas mentais eacute que

A especificidade das relaccedilotildees dialoacutegicas precisa de uma abordagem que

considere os aspectos metalinguumliacutesticos [sic] que constituem qualquer

enunciado e que natildeo satildeo redutiacuteveis agraves relaccedilotildees loacutegicas da liacutengua Embora as

relaccedilotildees loacutegicas na liacutengua sejam evidentes e necessaacuterias elas natildeo esgotam

toda a complexidade presente nas relaccedilotildees dialoacutegicas (JOBIM E SOUZA

1994 p 100)

Jobim e Souza oferece outras pistas para compreendermos a funccedilatildeo dos mapas

mentais a autora ao referir-se aos estudos de Bakhtin elucida que ldquoas relaccedilotildees

dialoacutegicas pressupotildeem a liacutengua como sistema mas natildeo existem propriamente no

sistema da liacutenguardquo (JOBIM E SOUZA 1994 p 101) portanto natildeo apenas a expressatildeo

verbal poderaacute constituir um sistema linguiacutestico mas tambeacutem as natildeo-verbais como a

libras desenho e os mapas mentais

Teixeira (2001) ao estudar os mapas mentais explica que eles constituem um

discurso que emprega uma variedade de signos expressos em forma de enunciado

constituindo novas formas de linguagem destaca que

Eacute atraveacutes de nossa capacidade de combinar signos que desenvolvemos nossa

capacidade semioacutetica pois os sistemas de signos satildeo sobretudo conjuntos

heterogecircneos Com base nessas consideraccedilotildees podemos entender a

importacircncia dessa abordagem para a anaacutelise das representaccedilotildees elaboradas

atraveacutes dos mapas mentais (TEIXEIRA 2001 p 273)

Como exemplo Teixeira (2001) estuda o slogan ldquoCuritiba Capital ecoloacutegicardquo

enquanto um signo de representaccedilatildeo social da cidade de Curitiba ndash PR Os mapas

mentais realizados em sua pesquisa observam a percepccedilatildeo da imagem ambiental de

Curitiba criada pela sociedade dividindo a interpretaccedilatildeo em duas esferas de um lado

como uma urbanizaccedilatildeo organizada e por outro com problemas como favelizaccedilatildeo

poluiccedilatildeo entre outros

67

O enunciado portanto pode se contradizer mas natildeo discordar Isto soacute eacute possiacutevel

quando ocorre as interaccedilotildees do sistema linguiacutestico com a realidade satildeo as interaccedilotildees

que datildeo o caraacuteter de verdadeiro falso belo etc O mapa mental enquanto um recurso

visual tambeacutem eacute carregado desta relaccedilatildeo dialoacutegica possui interaccedilotildees de signos que

dialogam com a realidade espacial vivida e ou conhecida pelo aluno durante suas

praacuteticas estudantis e sociais

Explica Barros (2012) que o signo eacute carregado de um conteuacutedo valor ideoloacutegico

ou vivencial possui tambeacutem caraacuteter mediador operador (realiza) e conversor (altera) as

relaccedilotildees sociais e percepccedilotildees A atividade do signo eacute para Vigotski e Bakhtin um

processo de mudanccedila do proacuteprio sujeito sobre outros e a cultura Admite Barros (2012)

que para Vigotski a palavra eacute sempre comando e Bakhtin desfaz a dicotomia entre

linguagem e praacutetica social Como conclusatildeo ao uso do signo nessa perspectiva

Os signos soacute podem existir onde os indiviacuteduos estejam socialmente

organizados formando grupos ou sociedades organizadas natildeo sendo possiacutevel

serem construiacutedos apenas na intermediaccedilatildeo entre dois elementos ou coisas

quaisquer Eacute necessaacuterio que exista a materialidade social para que haja a

exteriorizaccedilatildeo do signo tornando-o objeto concreto de estudo garantindo-lhe

sua convencionalizaccedilatildeo e garantindo sua utilizaccedilatildeo como signo (TEIXEIRA

2001 p 269)

Consideramos que o mapa mental ao se constituir em um fator de caracterizaccedilatildeo

para a linguagem cartograacutefica possui funccedilatildeo de enunciado da mesma forma como

Bakhtin valoriza a enunciaccedilatildeo na fala afirmando sua natureza social o mapa mental estaacute

relacionado agraves condiccedilotildees da comunicaccedilatildeo que por sua vez estatildeo sempre ligadas agraves

estruturas sociais Essa comunicaccedilatildeo envolve no miacutenimo dois sujeitos o sujeito

destinador (mapeador) e o destinataacuterio (leitor de mapa) mas

[] o vivido soacute se semiotiza quando eacute expresso em caso contraacuterio natildeo seraacute

uma experiecircncia humana mas uma mera resposta fisioloacutegica a um estiacutemulo

do meio que natildeo se diferenciaria do animal Portanto expressar externar um

enunciado eacute um produto das inter-relaccedilotildees sociais (KOZEL 2008 p 74)

Concluindo nossos apontamentos sobre as consideraccedilotildees de Bakhtin

ressaltamos que o mapa mental pode ser considerado mais que um veiacuteculo de

comunicaccedilatildeo entre os sujeitos a materializaccedilatildeo do proacuteprio conhecimento cientiacutefico

aprendido coletivamente em condiccedilotildees escolares Apresenta natildeo apenas sinais relativos

ao sujeito que aprende mas refletem sobre as ideologias criadas pela sociedade

contrapondo e ressignificando as experiecircncias cotidianas do sujeito que vive e do

conhecimento cientiacutefico que aprende com o auxiacutelio dos mediadores escolares

68

Dessa maneira com base nas reflexotildees acima entende-se o mapa mental como

um recurso didaacutetico para a comunicaccedilatildeo (carto)graacutefica dos espaccedilos que vivenciamos em

nosso dia a dia ou cartograficamente puacuteblicos como o mapa mundo Ao tornar possiacutevel

ensaiar comportamentos espaciais na mente torna-se um instrumento mnemocircnico

Quando expresso no papel os mapas mentais satildeo instrumentos para estruturar e

armazenar o conhecimento apreendido no processo de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica

Desta forma buscamos nos proacuteximos capiacutetulos aprofundar a possibilidade de

uma alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica relacionada agrave linguagem por meio dos mapas mentais

pensando as praacuteticas de Ensino de Geografia nos anos iniciais do EF Aleacutem disso

descrevemos e explicamos o percurso metodoloacutegico da pesquisa a escola escolhida os

sujeitos e instrumentos de pesquisa que corroboram com nossa investigaccedilatildeo

69

2 ITINERAacuteRIO DA PESQUISA E SEUS ENCAMINHAMENTOS

METODOLOacuteGICOS

Antes de explicarmos os procedimentos de nossa pesquisa eacute necessaacuteria uma

ressalva a respeito de sua metodologia Ao iniciarmos nossa investigaccedilatildeo realizamos

duas pesquisas-piloto nos anos iniciais do EF uma na Escola Municipal Luacutecia de

Faacutetima Gayoso Meira Campina Grande ndash PB no ano de 2013 e a outra na Escola de

Aplicaccedilatildeo da Universidade Federal de Goiaacutes em Goiacircnia ndash GO em 2014 (ambas em

turmas do 5ordm ano) Nestas ocasiotildees a proposta metodoloacutegica para esta dissertaccedilatildeo era a

pesquisa-accedilatildeo

Durante a qualificaccedilatildeo desta pesquisa a metodologia pesquisa-accedilatildeo foi

questionada no que corresponde ao criteacuterio ldquotempordquo haja vista que a pesquisa-accedilatildeo

ldquo[] eacute singular e define-se por uma situaccedilatildeo precisa concernente a um lugar a pessoas

a um tempo a praacuteticas e a valores sociais e agrave esperanccedila de mudanccedilardquo (BARBIER 2007

p 119) Nossas pesquisas-piloto ateacute o momento haviam sido pontuais (dois meses em

meacutedia) e com puacuteblicos de realidade distintos o que natildeo resultaria em ldquoesperanccedila de

mudanccedilardquo ou seja das soluccedilotildees de problemas referentes agrave proposta de alfabetizaccedilatildeo

cartograacutefica

Buscamos outras propostas metodoloacutegicas que permitissem contribuir com o

desenvolvimento da investigaccedilatildeo realizando consequentemente uma uacuteltima pesquisa

a qual deu base para as anaacutelises registradas neste trabalho Consequentemente ao

estudarmos o artigo ldquoO que eacute um estudo de caso qualitativo em educaccedilatildeo28rdquo escrito por

Andreacute (2013) compreendemos as criacuteticas relacionadas a uma tipificaccedilatildeo da pesquisa em

educaccedilatildeo sem uma reflexatildeo aprofundada A respeito dessas consideraccedilotildees expotildeem

Andreacute (2013 p 96)

O que parece estar presente na cultura acadecircmica pelo menos para o poacutes-

graduando eacute uma convicccedilatildeo de que eacute necessaacuterio e obrigatoacuterio dar um nome a

sua pesquisa Acontece que nem sempre existe uma classe ndash ou tipificaccedilatildeo ndash

em que se pode enquadrar a pesquisa

A autora completa seus argumentos ressaltando que

28

ANDREacute Marli O que eacute um estudo de caso qualitativo em educaccedilatildeo Revista da FAEEBA - Educaccedilatildeo

e Contemporaneidade Salvador v 22 n 40 2013 p 95 ndash 103 Disponiacutevel em

lthttpwwwrevistasunebbrindexphpfaeebaarticleview753gt Acesso em 15102014

70

Na perspectiva das abordagens qualitativas natildeo eacute a atribuiccedilatildeo de um nome

que estabelece o rigor metodoloacutegico da pesquisa mas a explicitaccedilatildeo dos

passos seguidos na realizaccedilatildeo da pesquisa ou seja a descriccedilatildeo clara e

pormenorizada do caminho percorrido para alcanccedilar os objetivos com a

justificativa de cada opccedilatildeo feita Isso sim eacute importante porque revela a

preocupaccedilatildeo com o rigor cientiacutefico do trabalho ou seja se foram ou natildeo

tomadas as devidas cautelas na escolha dos sujeitos dos procedimentos de

coleta e anaacutelise de dados na elaboraccedilatildeo e validaccedilatildeo dos instrumentos no

tratamento dos dados (ANDREacute 2013 p 96)

Entendemos que uma pesquisa acadecircmica natildeo necessariamente deve estar

relacionada a uma tipificaccedilatildeo de pesquisa o que interessa satildeo os procedimentos que

conduziram a investigaccedilatildeo e a clareza para compreensatildeo do leitor Procurando natildeo

cometer os mesmos erros resolvemos entatildeo destacar a abordagem qualitativa

recorrendo a alguns procedimentos utilizados durante as pesquisas-piloto ao qual

daremos maior enfoque a seguir

21 CARACTERIZACcedilAtildeO DA METODOLOGIA DA PESQUISA

Segundo Gil (1999) uma investigaccedilatildeo cientiacutefica requer um processo formal e

sistemaacutetico de desenvolvimento do meacutetodo de investigaccedilatildeo Na busca por soluccedilotildees para

determinado problema o pesquisador adota uma seacuterie de procedimentos permitindo

colaborar com novos conhecimentos acerca do objeto pesquisado Quando nos

referimos as Ciecircncias Sociais fica claro que o comportamento humano eacute complexo

Tambeacutem mais mutaacutevel que os fenocircmenos fiacutesicos (rochas minerais etc) dessa forma

opccedilotildees metodoloacutegicas necessitam ser realizadas

Seguindo as observaccedilotildees do paraacutegrafo anterior concordamos com Oliveira

(2007 p 43) quando caracteriza a metodologia como

[] um processo que se inicia desde a disposiccedilatildeo inicial de se escolher um

determinado tema para pesquisar ateacute a anaacutelise dos dados com as

recomendaccedilotildees para minimizaccedilatildeo ou soluccedilatildeo do problema pesquisado

Portanto metodologia eacute um processo que engloba um conjunto de meacutetodos e

teacutecnicas para ensinar analisar conhecer a realidade e produzir novos

conhecimentos

Oliveira (2007) e Gil (1999) afirmam que a pesquisa eacute um processo de

desenvolvimento do conhecimento cientiacutefico e por meio dela novas descobertas e

avanccedilos na realidade social podem ser realizados Para Oliveira (2007) eacute indispensaacutevel

que o pesquisador tenha afinidade pelo tema investigado e que esteja relacionado agrave vida

e experiecircncias do cientista A proximidade com o tema possibilita o conhecimento da

71

gecircnese do problema crescimento pessoal e possiacuteveis contribuiccedilotildees Em virtude dessas

palavras eacute importante revelar as circunstacircncias que nos aproximam da aacuterea da

Cartografia Escolar

Durante a graduaccedilatildeo em licenciatura em Geografia os estudos relacionados agrave

Cartografia jaacute me despertava interesse levando-me a participar enquanto monitor da

disciplina ldquoCartografia Baacutesica Irdquo na Universidade Estadual da Paraiacuteba Campus

Campina Grande Outra experiecircncia em projeto de extensatildeo inquietou-me

pesquisaacutevamos o uso de recursos geotecnoloacutegicos nas praacuteticas de ensino de Geografia

Como resultado decidi investigar o uso das geotecnologias (entre elas a Cartografia

digital) com alunos dos anos iniciais do EF29

Portanto o interesse sobre ensino de Geografia e Cartografia Escolar se estende

ao desenvolvimento desta dissertaccedilatildeo Neste vieacutes eacute necessaacuterio identificar as opccedilotildees

realizadas principalmente ao que se refere aos paracircmetros metodoloacutegicos Escolhemos

enquanto orientaccedilatildeo de pesquisa a abordagem qualitativa que

[] pode ser caracterizada como sendo uma tentativa de explicar em

profundidade o significado e as caracteriacutesticas do resultado das informaccedilotildees

obtidas atraveacutes de entrevistas ou questotildees abertas sem a mensuraccedilatildeo

quantitativa de caracteriacutesticas ou comportamento (OLIVEIRA 2007 p 59)

Aleacutem disso eacute possiacutevel destacar outras caracteriacutesticas da pesquisa qualitativa

como descrever a complexidade de problemas e hipoacuteteses compreender e classificar

grupos sociais contribuir no processo de mudanccedila criar grupos com a finalidade de

interpretaccedilatildeo das particularidades e dos comportamentos e atitudes dos sujeitos (GIL

1999 OLIVEIRA 2007) Segundo as orientaccedilotildees de Oliveira (2007 p 59) e Godoy

apud Neves (1996 p 01) a abordagem qualitativa segue algumas situaccedilotildees de pesquisa

29 O projeto de extensatildeo intitulado ldquoPotencialidades da utilizaccedilatildeo de geotecnologias como recursos

didaacuteticos no ensino-aprendizagem de Geografiardquo foi coordenado pela Prof Drordf Josandra Arauacutejo Barreto

de Melo O projeto visava capacitar os alunos da Escola Normal de Campina Grande denominados de

formandos (profissionais formados para atuarem na Educaccedilatildeo Infantil e anos iniciais do Ensino

Fundamental) a utilizarem geotecnologias (sites e softwares como o google earth) atraveacutes da criaccedilatildeo de

situaccedilotildees de ensino-aprendizagem geograacuteficas Apoacutes essa experiecircncia no ano de 2012 realizei uma

investigaccedilatildeo sobre as potencialidades dos recursos geotecnoloacutegicos para as aulas de Geografia

especificamente com alunos do 5ordm ano da Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira A monografia

eacute intitulada ldquoEnsino de Geografia no Ensino Fundamental I o uso de recursos geotecnoloacutegicos e de novas

metodologias de ensino-aprendizagemrdquo Em ambas as experiecircncias encontramos dificuldades na

execuccedilatildeo da proposta seja por falta do laboratoacuterio de informaacutetica desconhecimento sobre teacutecnicas da

informaacutetica (por professores e ou alunos) ou dos procedimentos metodoloacutegicos e conceituais da

Geografia

72

que se converge em cinco aspectos os quais relacionaram com as justificativas e

contextos desta dissertaccedilatildeo

1 Necessidade de substituir informaccedilotildees estatiacutesticas30 por quadros

qualitativos investigar fatos em novos contextos ou quando haacute pouca

informaccedilatildeo sobre determinado tema Esse dado justifica a intenccedilatildeo de

pesquisar o uso dos mapas mentais em contexto escolar com alunos dos anos

iniciais do EF em decorrecircncia do pouco referencial teoacuterico e uma proposta

metodoloacutegica sobre o uso de esboccedilos cartograacuteficos livres no referido periacuteodo de

escolarizaccedilatildeo

2 As observaccedilotildees qualitativas satildeo indicadores de estruturas sociais Ao

realizar a nossa pesquisa nas turmas de 4ordm e 5ordm ano do EF utilizamos como

estrateacutegia a observaccedilatildeo participante registrando fatos e fenocircmenos encontrados

em campo realizando descriccedilotildees acerca das aulas de Geografia ministradas

3 Compreender aspectos psicoloacutegicos cujos dados natildeo podem ser coletados

por outros meacutetodos de investigaccedilatildeo Neste quesito foi verificada a

complexidade do processo de ensino-aprendizagem de Geografia

especialmente das praacuteticas que envolvem a Cartografia Escolar necessitando de

uma compreensatildeo do contexto da escola das leituras de mundo dos alunos sobre

os mapas mentais produzidos e da apreensatildeo das professoras

4 O significado que as pessoas datildeo as coisas e a sua vida como preocupaccedilatildeo

para o investigador Valorizamos em nossa pesquisa natildeo apenas os mapas

mentais enquanto produto final mas o processo de produccedilatildeo das representaccedilotildees

pelos alunos Procuramos dialogar e observar os contextos em sala de aula

procurando buscar soluccedilotildees para o ensino-aprendizagem de Geografia com as

turmas com as quais trabalhamos Aleacutem disso procuramos ressaltar a

importacircncia da Geografia para o cotidiano dos alunos

5 Enfoque indutivo Partimos de uma realidade particular para o

desenvolvimento da pesquisa uma escola municipal a qual seraacute apresentada

posteriormente efetivando nesse processo (novas) propostas correspondentes a

30 Para Oliveira (2007 p 58) eacute possiacutevel ldquo[] utilizar dados quantitativos em uma pesquisa qualitativa

visto que face ao novo paradigma da ciecircncia contemporacircnea no processo de construccedilatildeo do conhecimento

(epistemologia) deve-se incluir a descriccedilatildeo de todos os fenocircmenos []rdquo

73

praacuteticas com os mapas mentais e ateacute mesmo observando seus (in) sucessos em

sala de aula

Tendo as situaccedilotildees descritas anteriormente como pontos norteadores do estudo

foi necessaacuterio tambeacutem recorremos a outros gecircneros de pesquisa com a intenccedilatildeo de (1)

empregar procedimentos utilizados em pesquisas-piloto anteriores os quais os

resultados demonstraram-se positivos e (2) Ampliar as fontes de dados relacionadas aos

resultados da investigaccedilatildeo Nestas condiccedilotildees os meacutetodos seguidos pela abordagem

qualitativa estudo de caso a pesquisa participativa e a pesquisa-accedilatildeo serviram como

guias para refinarmos outros procedimentos

Relata Gil (1999) e Oliveira (2007) que a pesquisa participativa requer

compromisso espiacuterito de solidariedade e comunhatildeo entre o pesquisador e a populaccedilatildeo

da comunidade em que eacute realizado o estudo De acordo com Oliveira (2007 p 75) a

pesquisa participativa eacute uma ldquo[] modalidade de pesquisa [que] eacute realizada em

comunidades carentes ou com grupos desfavorecidos como operaacuterios iacutendios e

camponeses entre outrosrdquo Aleacutem disso procura uma associaccedilatildeo entre uma accedilatildeo para

soluccedilatildeo de um problema coletivo desenvolvendo autonomia dos sujeitos pesquisados a

uma exterioridade poliacutetica econocircmica administrativa por exemplo (GIL 1999)

A pesquisa-accedilatildeo assim como a pesquisa participativa eacute caracterizada pela

participaccedilatildeo do pesquisador no contexto social investigado A metodologia eacute definida

por Engel (2000 p 182) como

[] um tipo de pesquisa participante engajada em oposiccedilatildeo agrave pesquisa

tradicional que eacute considerada como ldquoindependenterdquo ldquonatildeo-reativardquo e

ldquoobjetivardquo Como o proacuteprio nome jaacute diz a pesquisa-accedilatildeo procura unir a

pesquisa agrave accedilatildeo ou praacutetica isto eacute desenvolver o conhecimento e a

compreensatildeo como parte da praacutetica Eacute portanto uma maneira de se fazer

pesquisa em situaccedilotildees em que tambeacutem se eacute uma pessoa da praacutetica e se deseja

melhorar a compreensatildeo desta

No desenvolvimento da pesquisa-accedilatildeo assim como da pesquisa participativa se

busca a accedilatildeo efetiva dos membros para a realizaccedilatildeo de determinada atividade com o

objetivo da conscientizaccedilatildeo social trabalhista ou educacional por exemplo No caso da

Cartografia Social as investigaccedilotildees se valem da produccedilatildeo dos mapas mentais

considerando as experiecircncias dos grupos humanos Outro fator eacute que na pesquisa-accedilatildeo o

conhecimento eacute produto de uma praacutetica considera nesta modalidade a reflexatildeo que

ocorre durante todo o processo da pesquisa

74

Parte dos procedimentos adotados corresponde agraves pesquisas de gecircnero

participativa especialmente da pesquisa-accedilatildeo as quais satildeo caracterizadas a partir das

obras de Barbier (2007) e Morin (2004) Elas satildeo explicitadas nos seguintes toacutepicos

Realizaccedilatildeo de um ldquocontratordquo segundo Barbier (2007) e Morin (2004) eacute um

acordo realizado entre o pesquisador e o grupo de trabalho O contrato tem um

caraacuteter aberto formal e de preferecircncia natildeo-estruturado Para realizaccedilatildeo da

pesquisa tivemos que concordar com algumas condiccedilotildees dadas pelas

professoras entre elas que os assuntos abordados durante as aulas

correspondessem com os conteuacutedos ministrados no quarto bimestre (em ambas

as turmas) e que as aulas fossem ministradas durante um dia

(quinzenalmente)31

Participaccedilatildeo coletiva e cooperativa e de cogestatildeo A pesquisa-accedilatildeo

corresponde ao envolvimento dos sujeitos e do pesquisador que satildeo sujeitos da

praacutetica Desta forma nossa intenccedilatildeo natildeo era apenas aplicar os mapas mentais

com as turmas selecionadas (4ordm e 5ordm ano) mas participar e lecionar os assuntos

de Geografia visto que foi nos dada agrave oportunidade em ambas as turmas

muito embora as professoras tenham participado de todo o processo

Mudanccedila que leve a transformaccedilatildeo Inicialmente questionamos os alunos

acerca dos recursos cartograacuteficos (utilizaccedilatildeo dos mapas) a leitura dos recursos

e sua utilizaccedilatildeo no cotidiano Neste quesito realizamos atividades

direcionadas aos mapas mentais aleacutem de outras atividades com mapas

existentes e atividades luacutedicas para a soluccedilatildeo de duacutevidas e problemas

encontrados neste percurso O produto resultou em diferentes praacuteticas de

ensino entretanto assim como aponta a metodologia de pesquisa nem todas

as praacuteticas foram eficazes (como apresentaremos nos proacuteximos capiacutetulos)

Nestas condiccedilotildees Morin (2007) esclarece que os erros levam ao avanccedilo da

pesquisa e satildeo relevantes para a adaptaccedilatildeo do objeto investigado Neste contexto esses

procedimentos da pesquisa-accedilatildeo podem ser esclarecedores para o pesquisador pois o

31 Geralmente as aulas ocorriam uma vez por semana em periacuteodos equivalentes a uma hora (em meacutedia)

Ao dialogarmos com as professoras conseguimos um dia por semana durante todo o periacuteodo da tarde Em

entrevista os alunos se queixavam que as aulas de Geografia e Histoacuteria pouco ocorriam havendo

semanas que simplesmente natildeo aconteciam (principalmente no 5ordm ano) Voltaremos a abordar essas

questotildees no capiacutetulo III

75

faz debruccedilar natildeo apenas pelos resultados positivos mas situa a reflexatildeo global do

processo de ensino-aprendizagem no processo de aperfeiccediloamento As pesquisas

participativas consideram o conhecimento sempre provisoacuterio e dependente do contexto

histoacuterico e cultural observado e interpretado (MORIN 2004 BARBIER 2007

OLIVEIRA 2007)

Ademais com a intenccedilatildeo de estruturar as accedilotildees para realizaccedilatildeo da pesquisa

resgatamos criteacuterios do estudo de caso o qual segundo Oliveira (2007 p 55) eacute

caracterizado como ldquouma estrateacutegia metodoloacutegica do tipo exploratoacuterio descritivo e

interpretativordquo possui caracteriacutesticas holiacutesticas e significativas para desvendar fatos ou

fenocircmenos

Aleacutem disso procuramos ldquo[] focalizar um fenocircmeno particular levando em

conta seu contexto e suas muacuteltiplas dimensotildees Valoriza-se o aspecto unitaacuterio mas

ressalta-se a necessidade da anaacutelise situada e em profundidaderdquo (ANDREacute 2013 p 97)

Como estrateacutegia de pesquisa o estudo de caso eacute compreendida como uma metodologia

que considera uma loacutegica de planejamento teacutecnica e anaacutelises de coleta especifica

De acordo com esses argumentos procuramos organizar e construir as etapas de

nossa pesquisa para o desenvolvimento das aulas e anaacutelise dos mapas mentais

produzidos Sistematizamos os procedimentos da pesquisa ressaltando a importacircncia

metodoloacutegica para a realizaccedilatildeo desses passos revisatildeo bibliograacutefica escolha dos espaccedilos

e sujeitos da pesquisa instrumentos de pesquisa e resultados coletados

22 PROCEDIMENTOS DA PESQUISA

2 2 1 Referenciais teoacuterico-metodoloacutegicos

Na orientaccedilatildeo da pesquisa realizamos o levantamento do referencial teoacuterico-

metodoloacutegico que orienta o tema em questatildeo Pesquisamos autores e obras para

realizaccedilatildeo das etapas da pesquisa Os materiais utilizados pertencem a diferentes aacutereas

ensino de Geografia Pedagogia Psicologia Linguiacutestica e Cartografia Escolar estes

foram substanciais para a construccedilatildeo teoacuterica e da proposta metodoloacutegica Buscamos

analisar experiecircncias com os mapas mentais na discussatildeo de trecircs pontos

76

A) Ensino de Geografia

Propomos para este estudo destacar obras que em nossa compreensatildeo valorizam

o ensino-aprendizagem de Geografia especialmente nos anos iniciais do EF Elas

integram a discussatildeo acerca da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica e a leitura de mundo

demarcado por temas voltados aos estudos geograacuteficos

Destacamos que as obras de Callai (2005 2013) Straforini (2008) Campos amp

Buitoni (2010) Lessan (2011) e Pinheiro (2012) foram fundamentais para se efetivar

uma proposta de pesquisa para o conjunto do ensino-aprendizagem de Geografia com

alunos e professores dos anos iniciais do EF O trabalho de Cavalcanti (2014) relaciona

os conceito e metodologias do trabalho docente para o ensino de Geografia contribuindo

com as propostas do que e como ensinar

Procuramos apoiar nossas escolhas tambeacutem mediante obras que fundamentam a

ciecircncia geograacutefica Partindo da proacutepria indicaccedilatildeo do referencial teoacuterico suas teorias e

conceitos das obras supramencionadas para auxiliar o desenvolvimento das praacuteticas

pedagoacutegicas assim como a compreensatildeo e anaacutelise dos mapas mentais produzidos

Desta forma o trabalho de Tuan (1983 2012) auxiliam na compreensatildeo dos conceitos

de espaccedilo geograacutefico e lugar Racine Raffestin amp Ruffy (1983) Silveira (2004) e

Castro (2008) para a compreensatildeo de escala geograacutefica Aleacutem desses as obras de Claval

(2006 2010 2011) que discute a importacircncia da localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial

B) Alfabetizaccedilatildeo Cartograacutefica e mapas mentais

Este toacutepico que vem sendo composto desde a (re) elaboraccedilatildeo de nosso projeto

abarca a intenccedilatildeo principal desta pesquisa (que como discutido no capiacutetulo I) estaacute

relacionada ao uso de Cartografia para escolares Pontuamos mediante a realizaccedilatildeo de

nosso estudo leituras direcionadas a linguagem espacial no ensino-aprendizagem de

Geografia

Os estudos de Oliveira (1978) Castrogiovanni amp Costella (2006) Castellar

(2000) Almeida amp Passini (2010) Almeida (2010 2011) Richter (2011) e Passini

(2012) estatildeo presentes como a base para a construccedilatildeo e revisatildeo de nossa proposta de

pesquisa voltada agrave Cartografia Escolar

77

Resgatamos teoacutericos que discutem o uso da Cartografia e seus novos

direcionamentos a uma Cartografia Social mesmo que natildeo explicitamente como Katuta

(2001) Girardi (2005) Raffestin (2007) Farinelli (2013) e Lladoacute (2013)

Nossa proposta metodoloacutegica eacute baseada nos trabalhos de dissertaccedilatildeo de Richter

(2010) e Teixeira (2001) Recorremos tambeacutem a outras experiecircncias de trabalhos

relacionados a atividades proacuteximas aos mapas mentais como o uso do desenho discutido

por Miranda (2005) e mapas vivenciais apresentados no trabalho de Lopes (2012)

Contextualizamos aleacutem disso as experiecircncias com o uso dos mapas mentais

desenvolvidos nas pesquisas de Nogueira (2006) Kozel (2008) Galvatildeo amp Kozel

(2008) Oliveira (2010) Silva amp Bernardelli (2010) Santos (2011) e Archela Gratatildeo amp

Trostdorf (2004)

C) Teoria histoacuterico-cultural ou soacutecio histoacuterica

Nossa intenccedilatildeo ao nos referirmos agrave teoria histoacuterico-cultural corrente psicoloacutegica

que explica o desenvolvimento da mente humana atraveacutes de uma perspectiva dialeacutetica

natildeo eacute nos resumirmos a uma anaacutelise metoacutedica mas entendermos o processo das funccedilotildees

superiores no modo de funcionamento psicoloacutegico do sujeito o processo de cogniccedilatildeo

para a aprendizagem de Geografia

Entendemos o processo de ensino-aprendizagem em uma perspectiva histoacuterica e

social Ele eacute em sua natureza baseado na vivecircncia e no diaacutelogo existente em

comunidade resultando em uma cultura A linguagem constroacutei valores ideias e accedilotildees

sociais As representaccedilotildees espaciais neste contexto tambeacutem se constituem como uma

linguagem possibilitando a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica

Nesta perspectiva destacamos as obras de Vigotski (1998) e de Bakhtin (2012)

fundamentalmente Para a compreensatildeo mais consistente das obras de Vigotski e

Bakhtin decidimos incorporar o debate dos seguintes autores Jobim e Souza (1994)

Freitas (2000) Rego (1995) Barros (2012) e Friedrich (2012)

2 2 2 Instrumentos de Pesquisa

Consideramos que o principal instrumento de estudo eacute o pesquisador Sua

funccedilatildeo ampla recorre ao observar e participar recriar estrateacutegias organizar

circunstacircncias para a aprendizagem motivar e coordenar as atividades em sala de aula

78

Ele atribui significados a um objetivo preacute-elaborado com a compreensatildeo que as

circunstacircncias podem se alterar a qualquer momento em seu percurso tanto na teoria

quanto na praacutetica Os criteacuterios para realizaccedilatildeo da pesquisa satildeo descritos pelos pontos a

seguir

A) A observaccedilatildeo

Ressalta Vianna (2007 p 12) ldquoAo observador natildeo basta simplesmente olhar

Deve certamente saber ver identificar e descrever diversos tipos de interaccedilotildees e

processos humanosrdquo Para tanto o pesquisador deveraacute estar preparado possuindo um

adequado treinamento identificando problemas (a partir de observaccedilotildees causais)

envolvendo os quatro sentidos baacutesicos aleacutem da visatildeo registrando dados accedilotildees e

emoccedilotildees das circunstacircncias verificadas

Em trabalhos onde o observador eacute tambeacutem participante alguns cuidados devem

estar em voga sobretudo no que diz respeito ao registro dos dados evitando o excesso

de sentimentalismo com os observados Tambeacutem deve prestar atenccedilatildeo ateacute onde suas

emoccedilotildees e sentimentos constituem dados e quando elas poderatildeo influenciar as accedilotildees dos

outros sujeitos (OLIVEIRA 2007)

Quando bem executada a observaccedilatildeo participante possibilita a investigaccedilatildeo de

contextos particulares desvendando situaccedilotildees cotidianas em virtude da abertura e

flexibilidade da pesquisa aleacutem do aprofundamento das questotildees referentes agrave

investigaccedilatildeo em processo

Criamos instrumentos de registro para cada oportunidade de pesquisa oferecida

nas escolas ou na universidade Adequamos os instrumentos para cada circunstacircncia

Utilizamos nos ambientes escolares trecircs principais instrumentos de coleta de dados

(jornal de pesquisa entrevistas e questionaacuterio)

B) Jornal de pesquisa

O jornal de pesquisa (tambeacutem conhecido como diaacuterio de campo) consiste

segundo Barbosa (2010) na possibilidade de ultrapassar a simples coacutepia mecacircnica e

produzir um conhecimento condizente com a realidade Natildeo aponta a pesquisa como

aprendizagem para si mesmo nestas circunstacircncias tem um caraacuteter puacuteblico que

pretende esclarecer os passos de determinada investigaccedilatildeo

79

Durante as pesquisas-piloto notamos que o uso de blocos de anotaccedilotildees era

inconveniente pois prejudicavam a observaccedilatildeo participante aleacutem de distrair os alunos

nas atividades estabelecidas em sala de aula Neste aspecto nos detemos na escrita do

jornal de pesquisa anotando nossos (in) sucessos relacionados agrave investigaccedilatildeo

Sendo assim trechos de diaacutelogos e reaccedilotildees ocorridas durante as aulas e

principalmente durante a realizaccedilatildeo dos mapas mentais foram registrados e se

encontram em apecircndice (Apecircndice I em CD)

C) Entrevistas

Segundo Oliveira (2007 p 86) ldquoa entrevista eacute um excelente instrumento de

pesquisa por permitir a interaccedilatildeo entre pesquisador (a) e entrevistado (a) e obtenccedilatildeo de

descriccedilotildees detalhadas sobre o que se estaacute pesquisandordquo Dessa forma apoacutes o termino

das atividades procuramos realizar um diagnoacutestico final sobre as possiacuteveis contribuiccedilotildees

das praacuteticas realizadas especialmente do uso dos mapas mentais na perspectiva dos

alunos Em decorrecircncia do tempo as entrevistas foram realizadas em grupos (de trecircs a

cinco alunos) com todos os estudantes do 4ordm e 5ordm ano salvo os faltosos As entrevistas

foram norteadas por questotildees semiestruturadas descritas abaixo

Questotildees para entrevista com os alunos

1 Qual das atividades realizadas vocecircs acharam mais interessante Por quecirc

2 Qual das atividades vocecircs menos gostaram de fazer Por quecirc

3 O que vocecircs acham que aprenderam com a realizaccedilatildeo dos mapas mentais

durante as aulas de Geografia

4 Vocecircs acham importante estudar Geografia Explique

Em outra ocasiatildeo estivemos em contato com a gestora da escola com a qual

realizamos uma entrevista focalizada Para Gil (1999 p 120) esse tipo de entrevista eacute

de caraacuteter ldquo[] livre todavia enfoca um tema bem especifico O entrevistador permite

ao entrevistado falar livremente sobre o assunto mas quando este se desvia do tema

original esforccedila-se para a sua retomadardquo

O tema em questatildeo foi o processo de ensino-aprendizagem no segundo ciclo dos

anos iniciais do EF (4ordm e 5ordm ano) surgindo questotildees referentes ao cumprimento da

legislaccedilatildeo na escola a estrutura fiacutesica da escola organizaccedilatildeo do trabalho escolar

80

(principalmente das professoras) desempenho escolar dos alunos do 4ordm e 5ordm ano Essas

temaacuteticas satildeo contextualizadas ao longo do capiacutetulo 3 e 4

D) Questionaacuterio de investigaccedilatildeo

Em decorrecircncia do tempo da pesquisa uacuteltimo bimestre de 2014 foi necessaacuterio

aplicar o recurso ldquoquestionaacuterio de investigaccedilatildeordquo com as docentes do 4ordm e 5ordm ano Nossa

intenccedilatildeo inicial foi o de registrar o perfil das professoras Tambeacutem o de discutir as

problemaacuteticas e estabelecer uma troca de experiecircncias das observaccedilotildees de cada

professora sobre a execuccedilatildeo e propostas da pesquisa

Para fins de registro o questionaacuterio foi construiacutedo possuindo treze (13) questotildees

divididas em cinco partes identificaccedilatildeo formaccedilatildeo experiecircncia profissional praacutetica

profissional e execuccedilatildeo da pesquisa (ver apecircndice II) Com base na leitura das respostas

das professoras tivemos condiccedilotildees de entender as dificuldades Entre elas a relaccedilatildeo ao

ensino de Geografia e suas sugestotildees para o trabalho com os mapas mentais e

metodologias auxiliares

E) Outros instrumentos para as praacuteticas com os alunos

Para a realizaccedilatildeo das atividades com mapas mentais confeccionamos dois

modelos de prancha para desenho O primeiro voltado agraves atividades realizadas

individualmente (em folha A4) constituiacuteda por cabeccedilalho com espaccedilo para nome e

idade o que auxiliou na identificaccedilatildeo dos sujeitos da pesquisa (Apecircndice III) A

segunda para uso em grupo (em folha A3)

Os outros recursos utilizados foram Atlas Geograacutefico mapa do Brasil32 Regiatildeo

Nordeste33 e Centro-Oeste34 Estado da Paraiacuteba35 Campina Grande ndash PB36 Atlas

Escolar da Paraiacuteba37

32 BRASIL Editora Globomapas Brasil poliacutetico- rodoviaacuterio[Satildeo Paulo] 2014 1 mapa 89 x 117 cm

Escala 15000000 33 BRASIL Editora Globomapas Brasil regiatildeo nordeste[Satildeo Paulo] 2014 1 mapa 89 x 117 cm Escala

12000000 34 BRASIL Editora Globomapas Brasil regiatildeo centro-oeste poliacutetico rodoviaacuterio regional e

turiacutestico[Satildeo Paulo] 2014 1 mapa 89 x 117 cm Escala 12000000 35 ESTADO DA PARAIacuteBA Editora Trieste Estado da Paraiacuteba poliacutetico rodoviaacuterio e escolar [Satildeo

Paulo] 2008 1 mapa 89 x 117 cm Escala 1 500 000 36 CAMPINA GRANDE Editora Trieste Campina Grande PB[Satildeo Paulo] 2008 1 mapa 89 x 117 cm

Escala 1 10 000 37 RODRIGUEZ Janete Lins Atlas Escolar da Paraiacuteba 3ordf Ed Joatildeo Pessoa GRAFSET 2002

81

Mediante termo de consentimento a gestatildeo escolar permitiu o uso da cacircmera

fotograacuteficacelular e da filmadora Isso auxiliou na percepccedilatildeo de elementos natildeo

identificados na accedilatildeo da pesquisa servindo como um registro de apoio As fotos

filmagens e gravaccedilotildees serviram para interpretaccedilatildeo das atividades com os mapas mentais

realizados Aleacutem desses se fez uso de material de papelaria laacutepis grafite e de cor

caneta hidrocor cola tesoura fita adesiva (durex) e borracha

Utilizamos o recurso do brinquedo didaacutetico ldquoBrincando de engenheirordquo38 para

construccedilatildeo de maquetes introduzindo a noccedilatildeo do luacutedico no trabalho pedagoacutegico com

mapa mental A maquete mental (mapa mental construiacutedo coletivamente o qual eacute

discutido na paacutegina 97 e 98) foi construiacuteda sob uma superfiacutecie de cartolinas (papel

cartatildeo)

2 2 3 Os espaccedilos e os sujeitos da pesquisa

O espaccedilo da pesquisa

Nosso estudo estaacute relacionado ao ensino de Geografia desta forma foi

necessaacuterio delimitarmos a escola como espaccedilo de pesquisa Justificamos esta escolha

natildeo apenas por consideraacute-la como um dos lugares onde se aprende o uso de um coacutedigo

cultural ou por sua influecircncia no imaginaacuterio das crianccedilas jovens e adultos que a

frequenta mas sobretudo pela influecircncia na comunidade a qual pertence

De acordo com objetivos e propostas deste estudo procuramos uma escola que

atendesse os anos iniciais do EF Tiacutenhamos como intenccedilatildeo realizar um trabalho que

contasse com a participaccedilatildeo dos alunos necessitando tempo e disposiccedilatildeo dos

professores e da coordenaccedilatildeo para realizaccedilatildeo da nossa pesquisa De acordo com estes

criteacuterios escolhemos a Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira visto que jaacute

haviacuteamos realizado outras experiecircncias de investigaccedilatildeo incluindo nossa pesquisa-

piloto portanto aproveitamos essa relaccedilatildeo de proximidade e confianccedila com os sujeitos

Entre os motivos que nos condicionaram a continuar nessa escola enquanto

campo de pesquisa foi

Histoacuterico de retenccedilatildeo escolar principalmente dos alunos no 5ordm ano Isso nos

possibilitou realizar um diagnoacutestico das dificuldades referentes agraves habilidades

38 BRINCANDO DE ENGENHEIRO Xalingo brinquedos Fabricado no Brasil atestado pelo

INMETRO para crianccedilas acima de 3 anos de idade 4 brinquedo educativo 42 peccedilas

82

cartograacuteficas e a construccedilatildeo de noccedilotildees relativas a conceitos e temas da

Geografia

Matriacutecula e frequecircncia de alunos de faixa etaacuteria distinta as normas cronoloacutegicas

estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educaccedilatildeo (CNE) e

O perfil socioeconocircmico e familiar dos alunos Suas famiacutelias sobrevivem

predominantemente com menos de dois salaacuterios miacutenimos A maioria dos pais

ou responsaacuteveis exercem atividades autocircnomas (encanador pedreiro pintor

diaristas comerciantes informais entre outros) nestes casos os alunos recebem

recurso do Governo Federal como Bolsa Famiacutelia39

Descriccedilotildees da localizaccedilatildeo geograacutefica escolar

O bairro do Lauritzen eacute localizado na Zona Norte da Cidade de Campina

Grande embora seja considerado um bairro oficial para a administraccedilatildeo poliacutetica do

municiacutepio natildeo chega a ser reconhecido pela populaccedilatildeo local nem mesmo pela Escola

Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira40 A identidade estaacute representada pelo bairro

vizinho o Alto Branco o qual deteacutem maior status social em decorrecircncia do mercado

imobiliaacuterio (ver figura 4 p 83)

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica - IBGE (2010)41

Campina Grande eacute um municiacutepio paraibano que surgiu como posto de reabastecimento

dos tropeiros Esse fato se deve a sua localizaccedilatildeo intermediaria entre o alto sertatildeo e a

capital litoracircnea atual Joatildeo Pessoa No censo do IBGE em 2010 foi registrada uma

populaccedilatildeo proacutexima aos 400 mil habitantes (exatamente 385213 habitantes) distribuiacuteda

em uma aacuterea de 594 182 km2

39

O programa Bolsa famiacutelia recurso do governo federal auxilia financeiramente famiacutelias em condiccedilotildees

de pobreza (valor de renda per capita familiar igual ou menor a 150 reais) e extrema pobreza (valor de

renda per capita igual ou menor a 77 reais) como consta no Decreto nordm 5209 de 17 de Setembro de 2004

Este recurso disponiacutevel as famiacutelias eacute realizado sob duas condiccedilotildees a primeira corresponde agrave renda per

capita familiar e a segunda o nuacutemero de crianccedilas ou adolescentes matriculados na rede baacutesica de ensino

ateacute os dezessete anos de idade variando o valor do auxiacutelio Para mais informaccedilotildees

httpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2004-20062004DecretoD5209htmgt acessado em

29012014 40

O nome da escola eacute uma homenagem a filha de WaldecyVillarim Meira (na eacutepoca proprietaacuterio de uma

empresa campinense Irmatildeos Villarim Meira SA) e InaldaGayoso Meira A jovem estudou no coleacutegio

Imaculada Conceiccedilatildeo (Damas) na cidade de Campina Grande Viacutetima de atropelamento em 1974 faleceu

aos 15 anos de idade no municiacutepio de Joatildeo Pessoa cidade onde se encontra enterrada 41 Informaccedilotildees disponiacuteveis em

httpcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=250400ampsearch=||infogrE1ficos-

informaE7F5es-completaslt acessado em 0204 2015

83

FIGURA 4 ndash MAPA DE LOCALIZACcedilAtildeO DA ESCOLA

Elaborado por Francisco Vilar Arauacutejo Segundo 2015

84

A maioria dos alunos matriculados na Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso

Meira satildeo moradores de bairros como Centro Conceiccedilatildeo e Lauritzen destacados na

figura 4 (p 83) em laranja Outros provecircm de bairros um pouco mais distantes a

exemplo do Alto Branco e Jardim Tavares localizados a norte e destacados no mapa em

amarelo (figura 4 p 83)

A Escola Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira construiacuteda na deacutecada de 1969 foi

fundada e autorizada pelo decreto de criaccedilatildeo nordm 195 de 08031981 segundo registros

escolares pesquisados42 A escola (ver figura 5 p 84) desde a sua inauguraccedilatildeo passou

por diversas ampliaccedilotildees e reformas relacionada ao seu espaccedilo fiacutesico Atualmente eacute

constituiacuteda por quatro salas de aula uma sala de Atendimento Especial (AE) um

laboratoacuterio de informaacutetica uma sala de leitura (biblioteca escolar) uma sala de

professores diretoria dois banheiros ndash um masculino e outro feminino ndash uma cantina

uma quadra de areia para esportes um playground e uma aacuterea de recreaccedilatildeo

razoavelmente extensa e arborizada

FIGURA 5 - FACHADA DA ESCOLA MUNICIPAL LUacuteCIA DE FAacuteTIMA GAYOSO MEIRA

Fonte Pesquisa de Campo (2014)

42 Durante nossa pesquisa natildeo fomos autorizados a retirar nenhuma documentaccedilatildeo da escola O projeto

poliacutetico pedagoacutegico da instituiccedilatildeo estava em atualizaccedilatildeo o que dificultou o acesso e consequentemente a

leitura do documento em sua integra

85

Hoje a escola atende a Educaccedilatildeo Infantil (I e II) e os anos iniciais do EF (1ordm ao

5ordm ano) Em decorrecircncia do seu espaccedilo fiacutesico no ano de 2014 atendeu alunos da

Educaccedilatildeo Infantil ao 3ordm ano no periacuteodo matutino e do 4ordm e 5ordm ano no periacuteodo vespertino

havendo nessa escola apenas uma turma para cada ano (seacuterie)

Os sujeitos da pesquisa ndash alunos e professoras

Apoacutes a definiccedilatildeo da escola necessitamos recorrer agraves justificativas sobre a

seleccedilatildeo das turmas as quais realizamos nossa investigaccedilatildeo Nestas condiccedilotildees

escolhemos trabalhar com alunos do segundo ciclo dos anos iniciais do EF ou seja uma

turma do 4ordm e outra do 5ordm ano

Optamos por estas turmas em decorrecircncia do Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo

na Idade Certa (PNAIC) o qual promove accedilotildees para alfabetizaccedilatildeo da liacutengua portuguesa

de crianccedilas no primeiro ciclo dos anos iniciais do EF (1ordm ao 3ordm ano) muito embora natildeo

desenvolva poliacuteticas que garantam a progressatildeo do ato de alfabetizar no segundo ciclo

(4ordm e 5ordm ano)

Entendendo a problemaacutetica da alfabetizaccedilatildeo e aproximando dos contextos das

aulas de Geografia recorremos ao uso do mapa mental com as turmas do 4ordm e 5ordm por

compreendecirc-lo enquanto portador de uma linguagem de comunicaccedilatildeo visual Ele pode

auxiliar no desenvolvimento de estruturas cognitivas e habilidades para a leitura de

mapas ou seja alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica

Os estudantes que participaram desta pesquisa satildeo apresentados mediante um

coacutedigo de identificaccedilatildeo Consideramos a palavra ldquoalunordquo mais o nuacutemero correspondente

a lista de registro dos participantes Na turma do 4ordm ano teremos os seguintes discentes

ldquoAluno 01rdquo ao ldquoAluno 21rdquo Evitando a repeticcedilatildeo dos nuacutemeros foi decidido nomear os

estudantes do 5ordm ano de ldquoAluno 22rdquo ateacute ldquoAluno 51rdquo

No caso dos mapas produzidos coletivamente identificamos todos os sujeitos

que participaram do processo no ato da apresentaccedilatildeo do mapa mental Lembramos que

as anaacutelises dos mapas mentais satildeo realizadas em dois blocos distintos um do 4ordm e outro

do 5ordm ano Desse modo em ocasiotildees que necessitamos fazer comparaccedilotildees entre os

alunos das turmas pesquisadas identificamos cada estudante e seu respectivo niacutevel de

escolaridade

86

Com a turma do 4ordm ano contamos com a participaccedilatildeo da professora Marta43 64

anos A professora eacute formada em Pedagogia pela Universidade Regional do Nordeste

atual Universidade Estadual da Paraiacuteba possuiu especializaccedilatildeo em Educaccedilatildeo pela

Universidade Federal da Paraiacuteba atual UFCG campus Campina Grande Tem 46 anos

de experiecircncia profissional jaacute ministrou aulas nos anos iniciais do EF e em cursos

profissionalizantes no Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC)

Durante o processo de pesquisa houve a participaccedilatildeo de 21 alunos do 4ordm ano a faixa

etaacuteria corresponde entre os 09 a 13 anos de idade

A docente responsaacutevel pelo 5ordm ano Beatriz 42 anos eacute professora formada pela

Universidade Estadual da Paraiacuteba no curso de licenciatura em Matemaacutetica e

especializaccedilatildeo em Ensino de Matemaacutetica (2009) na mesma universidade Possuiu

licenciatura em Pedagogia em modalidade regular pela Universidade Estadual Vale do

Acarauacute (UVA) trabalha na rede municipal de Campina Grande do 1ordm ao 5ordm haacute dez anos

Na rede estadual ministra aulas de matemaacutetica haacute 22 anos na cidade de Alagoa Grande

ndash PB44 lugar onde reside Na turma do 5ordm ano contamos com a participaccedilatildeo de 29

alunos com faixa etaacuteria entre 08 a 13 anos de idade45

O tempo e as etapas da pesquisa

O estudo realizado na Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira no ano

de 2014 ocorre como conclusatildeo de nossas experiecircncias de pesquisa durante o

desenvolvimento do trabalho de mestrado em Geografia Em 2013 haviacuteamos realizado

uma pesquisa-piloto com a turma do 5ordm ano na mesma escola Apoacutes o desenvolvimento

de experiecircncias em outras escolas e oficinas ministradas em universidades

aperfeiccediloamos a metodologia considerando quesitos como conteuacutedo metodologia de

trabalho e recursos didaacuteticos de apoio

43 Os nomes aqui apresentados satildeo fictiacutecios com a finalidade de preservar a identidade dos sujeitos

participantes desta pesquisa Escolhemos nomes ao inveacutes de nuacutemeros em decorrecircncia da quantidade dos

docentes (duas apenas) 44 Cidade localizada no brejo paraibano acerca de 33 quilocircmetros de distacircncia de Campina Grande

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGE a cidade possuiacutea em 2010 uma

populaccedilatildeo de 28479 tendo uma estimada de aproximadamente 28733 pessoas para o ano de 2013 A

aacuterea de extensatildeo territorial ultrapassa os 320 km2 Informaccedilotildees disponiacuteveis em

httpcidadesibgegovbrxtrasperfilphpcodmun=2500303Cgt acesso em 07072014 45 Havia na ocasiatildeo um aluno com 37 anos de idade neste caso afirma a gestora escolar que o estudante

apresenta dificuldades cognitivas as quais natildeo nos foram reveladas Sua permanecircncia na escola foi

justificada por dois motivos pedido da famiacutelia do estudante e da possiacutevel dificuldade de se adaptar a uma

turma de Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos Ressaltamos poreacutem que este aluno natildeo elaborou nenhum mapa

mental visto que havia faltado nas ocasiotildees das atividades

87

O retorno a escola ocorreu no mecircs de setembro e a pesquisa ocorreu entre os

meses de outubro a dezembro de 2014 A execuccedilatildeo da proposta com o 4ordm ano durou seis

dias a do 5ordm ano aconteceu em sete dias visto que a turma era mais numerosa Este

periacuteodo correspondeu com o quarto bimestre escolar A pesquisa foi desenvolvida

quinzenalmente salvo problemas com feriados

A realizaccedilatildeo das aulas ocorreu durante o periacuteodo vespertino das 13h 00min agraves

17h 00min Dos seis dias de pesquisa realizado no 4ordm ano cinco voltaram-se as aulas e

mais dois de entrevista com os estudantes Por sua vez no 5ordm ano dos sete dias cinco

visavam o desenvolvimento das aulas e mais dois direcionados a entrevista com os

alunos Realizamos entrevista com a gestora escolar (a qual daremos o nome fictiacutecio de

Rosacircngela) nos dias 16 e 22 de dezembro e tambeacutem os questionaacuterios de investigaccedilatildeo

com as docentes (professora Marta 4ordm ano e Professora Beatriz 5ordm ano)

Durante este periacuteodo as aulas eram ministradas pelo pesquisador com a cogestatildeo

das professoras regentes de cada turma O que nos motivou a agir desta maneira foi agrave

oportunidade de experimentar e validar os procedimentos de trabalho com os mapas

mentais aperfeiccediloando concomitantemente possibilidades e observando suas

limitaccedilotildees Embora natildeo tiveacutessemos o objetivo de fornecer uma formaccedilatildeo docente para

as professoras estas participaram do processo das atividades desde o planejamento a

execuccedilatildeo das tarefas escolares

A escolha das atividades respeitou o curriacuteculo escolar e o planejamento das

professoras para os temas das aulas de Geografia Procuramos negociar em alguns

momentos a abrangecircncia dos conteuacutedos metodologias o tempo considerado agrave pesquisa

e sua relaccedilatildeo com as representaccedilotildees com os mapas mentais essas discussotildees foram

realizadas nos dias 17 18 e 26 de setembro de 2014 A seguir uma caracterizaccedilatildeo das

atividades organizadas em cada turma

Datas e atividades realizadas com o 4ordm ano

Temaacutetica das aulas ldquoGeografia da Paraiacuteba um estudo atraveacutes da produccedilatildeo e leitura de

mapas mentaisrdquo

14 de outubro ndash primeira aula com os alunos do 4ordm ano Introduccedilatildeo agraves noccedilotildees

baacutesicas de Cartografia e discussatildeo sobre o uso dos mapas no cotidiano

Representaccedilatildeo do mapa da sala de aula (atividade 1)

88

21 de outubro ndash discussatildeo sobre as mesorregiotildees da Paraiacuteba Iniacutecio de atividade

mapa mudo46 (atividade 2) enquanto proposta para a leitura de mundo

Importacircncia da orientaccedilatildeo e construccedilatildeo da legenda

04 de Novembro ndash continuaccedilatildeo da atividade mapa mudo Consideraccedilotildees sobre

zona urbana e zona rural e a organizaccedilatildeo das mesorregiotildees da Paraiacuteba

12 de Novembro ndash a terceira aula discutiu a influecircncia dos rios na vida da

populaccedilatildeo paraibana e as modificaccedilotildees espaciais A atividade 3 discutiu a

influecircncia dos rios e trabalho humano na transformaccedilatildeo da paisagem urbana e

rural

26 de Novembro ndash discutindo a importacircncia do Canal das Piabas desenvolvemos

a proposta da maquete mental (atividade 4) e posteriormente dos mapas mentais

(atividade 5) Entre o intervalo do dia 26 a 05 de Novembro a professora regente

executou uma avaliaccedilatildeo compondo as notas do quarto bimestre entre elas um

mapa mental das mesorregiotildees paraibanas (atividade 6)47

10 de Dezembro ndash Realizaccedilatildeo das entrevistas com alunos do 4ordm ano

Datas e atividades realizadas com o 5ordm ano

Temaacutetica das aulas ldquoSaberes cartograacuteficos discutindo a regionalizaccedilatildeo brasileirardquo

09 de outubro ndash primeira aula com alunos do 5ordm ano A escala mundial e

nacional noccedilotildees de leitura e interpretaccedilatildeo de mapas A importacircncia da escala e

da rosa dos ventos na comunicaccedilatildeo dos mapas

15 de outubro ndash discussatildeo sobre as regiotildees brasileiras Construccedilatildeo do mapa

mudo (atividade 1) Realizaccedilatildeo de atividade praacutetica sobre orientaccedilatildeo espacial

(baleada geograacutefica48)

05 de Novembro ndash Realizaccedilatildeo dos mapas mentais com o tiacutetulo ldquomapa da minha

vidardquo (atividade 2)

46O mapa mudo tambeacutem conhecido como mapa em branco eacute um tipo de esboccedilo cartograacutefico o qual

apresenta apenas a silhueta forma do mapa por exemplo o mapa mudo do Brasil que mostra o territoacuterio

nacional e os estados brasileiros Este tipo de mapa tem uma finalidade didaacutetica permite os alunos

destacarem os elementos geograacuteficos aleacutem da construccedilatildeo de novos saberes baseado nas orientaccedilotildees do

professor 47 A atividade foi elabora em conjunto com a professora regente e considerou os conteuacutedos estudados

durante a execuccedilatildeo da pesquisa 48 A baleada geograacutefica corresponde a uma atividade luacutedica para aprendizagem dos pontos cardeais

(norte sul leste e oeste) sua explicaccedilatildeo encontra-se no capiacutetulo 4 ver figura 24 p 141

89

13 de Novembro ndash discussatildeo sobre os mapas mentais realizados

Desenvolvimento de atividades que procuravam discutir o aspecto da

regionalizaccedilatildeo brasileira mediante evento da copa do mundo no Brasil (atividade

3)

24 de Novembro ndash aula teoacuterica sobre a regiatildeo centro-oeste e meio ambiente

Realizaccedilatildeo de mapas mentais em grupo (atividade 4)

05 e 10 de Dezembro ndash Realizaccedilatildeo de entrevista com alunos do 4ordm ano

23 A ANAacuteLISE DOS RESULTADOS

231 Da totalidade dos mapas mentais

Embora no decorrer deste trabalho tenhamos realizado atividades com os mapas

existentes (mapa mudos e leitura de mapas murais e atlas escolar) com a turma do 4ordm e

5ordm ano levamos em consideraccedilatildeo apenas a anaacutelise dos mapas mentais por ser nosso

objeto de estudo A quantidade final dos mapas eacute apresentada na tabela 2 nele satildeo

expressas as atividades realizadas individualmente e coletivamente pelo (s) grupo (s) de

estudantes do 4ordm e 5ordm ano da Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira

TABELA 2 MAPAS MENTAIS PRODUZIDOS DURANTE A PESQUISA

Turma

Resultado

4ordm ano 5ordm ano

Mapa mental (individual) 30 22

Mapa maquete mental49

(coletivo grupo) 1 11

Subtotal 31 33

Total final 64 Fonte Pesquisa de campo (2014)

Os alunos do 4ordm ano realizaram duas atividades referentes aos mapas mentais

individualmente A primeira relacionada ao mapa do Canal das Piabas que resultou em

16 mapas mentais a segunda aos mapas das mesorregiotildees paraibanas com o nuacutemero de

49 A maquete mental eacute um tipo de representaccedilatildeo em trecircs dimensotildees realizada mediante o inventaacuterio de

informaccedilotildees dos alunos seja pela sua proacutepria vivencia espacial ou adquirida mediante outros meios de

comunicaccedilatildeo (TV raacutedio e internet) Tambeacutem pode ser fruto dos estudos realizados em acircmbito escolar

Essa definiccedilatildeo seraacute vista com mais detalhe no terceiro capiacutetulo

90

14 mapas (total de 30 mapas) Os alunos do 5ordm ano desenvolveram 22 mapas mentais

referentes agraves regiotildees brasileiras mediante o tema mapa da minha vida

Dos mapas mentais em grupo observamos que a turma do 4ordm realizou apenas

um Destacamos que este mapa mental eacute o resultado da atividade denominada de

maquete mental (tema Canal das Piabas) Os mapas mentais apresentados na turma do

5ordm ano (11 mapas) por sua vez foram desenvolvidos em grupos de dois a trecircs alunos

Levando em consideraccedilatildeo a quantidade de mapas apresentados na tabela 2

podemos notar a diferenccedila do nuacutemero de mapas produzidos para a quantidade de

participantes da pesquisa Isto se deve ao fato principalmente da ocorrecircncia de faltas

dos alunos durante os dias do desenvolvimento da pesquisa entretanto observamos que

para o nosso foco de estudo as representaccedilotildees (64 mapas mentais) realizadas pelos

alunos eacute considerado um universo significativo para a realizaccedilatildeo da leitura anaacutelise e

interpretaccedilatildeo

Apoacutes a elaboraccedilatildeo dos mapas mentais pelos alunos realizamos o escaneamento

dos arquivos transformando todas as representaccedilotildees realizadas em papel A4 e A3 em

arquivos digitais As ediccedilotildees dos mapas foram realizadas por meio do programa

Photoshop CS5 onde retiramos as informaccedilotildees que identificavam os sujeitos

participantes (cabeccedilalho) e algumas ediccedilotildees realizadas no Microsoft Office Word 2010

Para facilitar a leitura dos mapas mentais nos capiacutetulos que seguem decidimos

apresentar cada representaccedilatildeo por folha

24 AS HABILIDADES E CATEGORIAS DE ANAacuteLISE SELECIONADAS PARA A

PESQUISA

A imagem mental embora esteja relacionada a uma perspectiva individual sobre

o espaccedilo geograacutefico reflete condiccedilotildees e apreensotildees pertencentes agrave cultura e sociedade a

qual o sujeito estaacute inserido (VIGOTSKI 1998 BAKHTIN 2012) De todo modo

quando os mapas mentais satildeo utilizados como recursos didaacuteticos e visam fins

educacionais orientaccedilotildees sobre a realizaccedilatildeo destes mapas devem ser realizadas para que

atendam os objetivos da aula Por outro lado paracircmetros de leitura e avaliaccedilatildeo tambeacutem

precisam ser criados permitindo o professor diagnosticar os avanccedilos e limites com a

praacutetica dos mapas mentais

Neste sentido para o desenvolvimento da proposta de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica

mediante o recurso didaacutetico mapa mental preocupamo-nos em ressaltar as experiecircncias

91

e condiccedilotildees de identidade das crianccedilas (sua origem gostos e experiecircncias) Estas natildeo

somente relacionados agraves condiccedilotildees do lugar mas as influecircncias culturais recorrentes a

outras escalas geograacuteficas como a regional

Com base nos autores citados anteriormente compreendemos que a

alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica eacute um dos caminhos que possibilita a leitura de mundo Esta

habilidade de criar esboccedilos cartograacuteficos livres ndash os mapas mentais ndash permite a

representaccedilatildeo do espaccedilo geograacutefico pelo aluno Ao mesmo tempo valoriza a autonomia

possibilitando a decodificaccedilatildeo dos siacutembolos encontrados em outros tipos de linguagem

cartograacutefica Nesse processo o aluno desenvolve competecircncias voltadas agrave dimensatildeo

cognitiva afetiva e pragmaacutetica (PASSINI 2012)

Nossas praacuteticas com o uso do mapa mental dialogou com um conjunto de

atividades voltadas agrave realizaccedilatildeo e interpretaccedilatildeo de mapas existentes e atividades luacutedicas

realizadas em forma de oficinas que ldquo[] satildeo formas encontradas por noacutes para mediar a

construccedilatildeo de conceitos e desenvolver habilidades atraveacutes de vivecircncias portanto

considerando essas e outras possiacuteveis particularidadesrdquo (CASTROGIOVANNI amp

COSTELLA 2006 p 50)

Durante o desenvolvimento das aulas o processo de aprendizagem esteve

relacionado ao emprego de habilidades-chave para o desenvolvimento das propostas

com os temas de Geografia o quadro 3 (p 91) apresenta estas habilidades-chave e seus

desdobramentos

QUADRO 3 HABILIDADES PARA O DESENVOLVIMENTO DOS MAPAS MENTAIS

HABILIDADES-

CHAVE OUTRAS HABILIDADES RELACIONADAS

Representar Observar comparar organizar sistematizar localizar e

orientar

Comunicar Verbalizar e questionar

Interagir Iniciativa trabalho em equipe e persuasatildeo

Refletir Capacidade criacutetica e aprendizagem e desenvolvimento

pessoal

Fonte Lessan (2011 p 69 - 75)

A funccedilatildeo do quadro 3 eacute demonstrar habilidades que se destacaram na execuccedilatildeo

desta pesquisa Compreendemos que as habilidades apresentadas natildeo abrangem todo

92

curriacuteculo tampouco esgota as possibilidades com as noccedilotildees (conceitos) fundamentais

para o ensino de Geografia As habilidades de representaccedilatildeo comunicaccedilatildeo interaccedilatildeo e

reflexatildeo natildeo devem ser compreendidas de forma hieraacuterquica no desenvolvimento do

trabalho pedagoacutegico pois seus desdobramentos podem ser expressos em maior ou

menor grau pelos alunos

Procurando atender criteacuterios estabelecidos pelos PCN (BRASIL 1997)

intermediamos a atividade exercida pelos alunos objetivando mobilizar as habilidades

anteriormente apresentadas Consequentemente buscamos o desenvolvimento de

competecircncias relacionadas agrave elaboraccedilatildeo dos mapas mentais a partir dos temas propostos

para cada turma dessa forma o 4ordm ano desenvolveu os mapas mentais o 1 Canal das

Piabas e 2 Mesorregiotildees geograacuteficas da Paraiacuteba jaacute o 5ordm ano realizou 1 Mapa da minha

vida e 2 Mapa da Regiatildeo Centro-Oeste

Esses procedimentos foram necessaacuterios por entendermos que

[] natildeo basta ter como conteuacutedo escolar as questotildees sociais atuais mas que eacute

necessaacuterio que se tenha domiacutenio de conhecimentos habilidades e

capacidades mais amplas para que os alunos possam interpretar suas

experiecircncias de vida e defender seus interesses de classe (BRASIL 1997 p

32)

Dessa forma assinalamos que nosso interesse natildeo eacute a formaccedilatildeo teacutecnica dos

alunos para a leitura e interpretaccedilatildeo de recursos cartograacuteficos muito menos em uma

anaacutelise restrita aos produtos finais (os mapas mentais) Mas ao contraacuterio em considerar

os mapas mentais como uma accedilatildeo consciente do ato de mapear ou seja todo o processo

metodoloacutegico observando a organizaccedilatildeo da sociedade a partir da sua espacialidade

geograacutefica (re) construindo sua leitura de mundo

241 As categorias de anaacutelise dos mapas mentais

Com base nos apontamentos apresentados no item anterior elaboramos um

mapa conceitual (quadro 4 p 93) com a intenccedilatildeo de possibilitar uma visualizaccedilatildeo geral

das orientaccedilotildees e os procedimentos descritos aleacutem disso indica as categorias de anaacutelise

(as noccedilotildees) selecionadas para anaacutelise dos mapas mentais realizados

93

QUADRO 4 PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO CARTOGRAacuteFICA POR MEIO DOS MAPAS

MENTAIS

Organizado por David L R de Almeida (2015)

Como apresentado no quadro 4 podemos identificar as categorias de anaacutelise

para metodologia do recurso didaacutetico mapas mentais A seleccedilatildeo das categorias as quais

seratildeo denominadas como noccedilotildees Elas indicam as operaccedilotildees cognitivas para realizaccedilatildeo

e interpretaccedilatildeo dos mapas mentais As noccedilotildees de percepccedilatildeo espacial localizaccedilatildeo e

orientaccedilatildeo o uso de toponiacutemias e a escala geograacutefica satildeo conceituados a seguir para que

o leitor tenha uma visatildeo geral do que se tratam cada uma delas

A Noccedilotildees de percepccedilatildeo espacial Correspondem agrave visualizaccedilatildeo do aluno a

respeito das formas dos elementos espaciais representados Observamos que a imagem

mental eacute um ponto de vista decorrente de diferentes condicionantes bioloacutegicos idade

cultura e gecircnero variando do morador ao visitante do lugar estes correspondem a

fatores da percepccedilatildeo humana (TUAN 2012)

Tuan (2012 p 18) conceitua a percepccedilatildeo espacial enquanto uma

[] resposta dos sentidos aos estiacutemulos externos como a atividade proposital

na qual certos fenocircmenos satildeo claramente registrados enquanto outros

retrocedem para a sombra ou satildeo bloqueados Muito do que percebemos tem

valor para noacutes para sobrevivecircncia bioloacutegica e para propiciar algumas

satisfaccedilotildees que estatildeo enraizadas na cultura

No ato da realizaccedilatildeo dos mapas mentais uma questatildeo eacute posta em jogo ldquo[] a

representaccedilatildeo bidimensional de uma realidade tridimensionalrdquo (PASSINI 2012 p 146)

94

isso significa que o aluno pontua em seus mapas a largura e comprimento dos elementos

espaciais entretanto necessita saber que o espaccedilo apresenta uma terceira dimensatildeo que

eacute a altura Esta eacute importante para entendermos assuntos como relevo e a constituiccedilatildeo das

redes hidrograacuteficas por exemplo

O meio ambiente transformado pela accedilatildeo do homem tambeacutem se caracteriza pelos

traccedilados que nos lembra as primeiras formas geomeacutetricas aprendidas na escola que satildeo

observadas na organizaccedilatildeo espacial Aponta Tuan (2012) que estas simetrias do espaccedilo

estiveram relacionadas a manifestaccedilotildees da organizaccedilatildeo de diferentes povos

Consideramos nas anaacutelises dos mapas mentais elementos representados na visatildeo lateral

obliacutequa e ou horizontal

Portanto considera-se aqui percepccedilatildeo espacial como a capacidade de avaliar

como se ordenam as coisas no espaccedilo e investigar as suas relaccedilotildees no ambiente Uma

boa noccedilatildeo de percepccedilatildeo espacial nos permite compreender a disposiccedilatildeo das formas que

compotildeem o espaccedilo geograacutefico e a nossa relaccedilatildeo com elas

B Uso de Toponiacutemias estaacute relacionada ao estudo dos nomes proacuteprios dos

lugares ou seja a onomaacutestica considerando a origem e evoluccedilatildeo da palavra apesar de

ser uma aacuterea relacionada agrave linguiacutestica estaacute diretamente associada agrave Histoacuteria e Geografia

Nas consideraccedilotildees de Claval (2011) desde o surgimento das Geografias

vernaculares conhecimento geograacutefico relativo ao senso comum a necessidade da

criaccedilatildeo de uma grade de toponiacutemia eacute fundamental visto que possibilita falar sobre o

lugar sem a necessidade de um contato direto Tambeacutem compartilha referecircncias

espaciais tornando esta rede de informaccedilotildees acessiacuteveis a todos socializando-a

O significado da toponiacutemia pode representar a percepccedilatildeo do grupo para

determinado espaccedilo Possibilitam revelar e ou alterar a dinacircmica social visto que todo

nome eacute um signo e todo signo possui um significado

Considerando os mapas mentais enquanto recurso didaacutetico que media a

aprendizagem entre os sujeitos como menciona Vigotski (1998) entendemos que ele

possibilita a siacutentese e comunicaccedilatildeo linguagem de informaccedilotildees geograacuteficas Atraveacutes

deste processo utilizamos o signo discutido por Bakhtin (2012) como instrumento de

significaccedilatildeo baseado na realidade social do aluno Ele corresponde agrave construccedilatildeo social

da ideia pois como afirma Bakhtin (2012 p 35) ldquoA consciecircncia individual eacute um fato

socioideoloacutegicordquo

Nos mapas mentais o uso das toponiacutemias permite apresentar os referenciais

espaciais (nomes de bairros regiotildees ou Estados) identificadas pela exposiccedilatildeo de

95

palavras ou iacutecones associada ou natildeo a legenda e a compreensatildeo dos signos e

significados

C Noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo Para Geografia eacute importante identificar

os lugares a partir da sua localizaccedilatildeo demarcar as posiccedilotildees relativas nestas condiccedilotildees

[] o trabalho do geoacutegrafo estaacute intimamente ligado ao do cartoacutegrafo pois

ambos partilham a preocupaccedilatildeo de localizar aquilo de que datildeo conta Para o

geoacutegrafo a apreensatildeo de uma pluralidade de lugares soacute se torna clara quando

eles figuram num documento que permita compreendecirc-los em conjunto

(CLAVAL 2006 p 19)

A localizaccedilatildeo constitui um dos princiacutepios do meacutetodo geograacutefico ela possibilita

apreender a manifestaccedilatildeo de determinado fenocircmeno e delimitaacute-lo Mas nomear e

localizar fenocircmenos no espaccedilo natildeo eacute suficiente Eacute necessaacuterio traccedilar itineraacuterios O que

caracteriza o sujeito enquanto pessoa eacute sua vida social Todo grupo humano necessita de

uma base territorial para manter suas relaccedilotildees de poder habitat frequentando e ou

conhecendo lugares proacuteximos ou longiacutenquos

Inicialmente nos orientamos no espaccedilo atraveacutes de referenciais topoloacutegicos o

nosso corpo estabelecemos o que eacute direita e esquerda frente e traacutes para o alto ou

abaixo etc Aos poucos relacionamos outros pontos de referecircncia que ultrapassam a

dimensatildeo do corpo utilizamos o relevo o coacuterrego ruas e monumentos histoacutericos para

traccedilarmos a direccedilatildeo (CLAVAL 2010) O cotidiano eacute cheio destes elementos que

permitem a orientaccedilatildeo espacial e por meio de experiecircncias e conhecimentos comuns

podendo assim estimular o desenvolvimento destas noccedilotildees com os alunos dos anos

inicias do EF Assim

Nosso corpo eacute orientado agrave nossa frente se estende aquilo que nosso olhar

descobre Apenas atraveacutes dos rumores e dos odores que nos chegam dali

aprendemos o que estaacute atraacutes Do lado direito e do lado esquerdo haacute zonas nas

quais os olhos detectam os movimentos mas captam mal as formas um

ligeiro movimento com a cabeccedila basta para descobri-las (CLAVAL 2010 p

15)

A orientaccedilatildeo nos mapas mentais foi analisada mediante a correlaccedilatildeo entre os

lugares ou fenocircmenos apresentados (toponiacutemias) como atraveacutes da rosa dos ventos na

organizaccedilatildeo do esboccedilo cartograacutefico o que correspondeu ao criteacuterio de localizaccedilatildeo

D Noccedilotildees de escala geograacutefica Destacamos as contribuiccedilotildees Racine Raffestin

amp Ruffy (1983) Silveira (2004) e Castro (2008) neste quesito Os autores apresentam

que a escala enquanto conceito cartograacutefico sempre foi considerado com uma fraccedilatildeo

96

entre a medida do real e abstrato mediante uma representaccedilatildeo50 Esta visatildeo cartesiana do

espaccedilo geomeacutetrico por muito tempo foi aceita e pouco discutida no modo do

desenvolvimento cientiacutefico da Geografia

Os estudos com a escala geograacutefica propotildeem que esta seja uma estrateacutegia de

aproximaccedilatildeo e identificaccedilatildeo de fenocircmenos espaciais sobre a superfiacutecie terrestre que se

apresentam por meio do conjunto de formas e eventos do espaccedilo Eacute a partir da escala

geograacutefica que os alunos tecircm a possibilidade de avaliar selecionar e representar a

dimensatildeo espacial do espaccedilo vivido e do mundo

Afirma Castro que ldquoA escala eacute na realidade agrave medida que confere visibilidade

ao fenocircmenordquo (CASTRO 2008 p 123) Pensamos que ela possibilita atraveacutes dos

mapas mentais dimensionar e mensurar determinado fenocircmeno comparar e distinguir

realidades e permite a tomada de decisatildeo consciente no lugar ao qual habita

Haacute de se deixar claro que o conjunto de noccedilotildees escolhidas para este estudo eacute

indissociaacutevel Observamos tambeacutem que estas correspondem a outras noccedilotildees e conceitos

e na possibilidade da construccedilatildeo de habilidades pelos alunos no desenvolvimento da

aprendizagem

As atividades seratildeo apresentadas seguindo a ordem de realizaccedilatildeo dos mapas

mentais Logo as praacuteticas e metodologias que auxiliaram a realizaccedilatildeo destes esboccedilos

cartograacuteficos natildeo necessariamente correspondem com a ordem cronoloacutegica das aulas

Dessa forma nos capiacutetulos seguintes apresentaremos algumas propostas de atividades

aleacutem de uma anaacutelise aprofundada dos mapas mentais inicialmente com a turma do 4ordm

ano no capiacutetulo 3 e posteriormente com a do 5ordm ano no capiacutetulo 4

50 Comumente apresentada nos mapas existentes por meio da escala numeacuterica 1 10 000 no exemplo do

mapa mural de Campina Grande onde o nuacutemero 1 representa o mapa e 10 000 a distacircncia em cm de cada

1 cm apresentado no mapa neste caso 1 cm = 100 m ou 010 km

97

3 PROPOSTAS E PRAacuteTICAS ESCOLARES ANAacuteLISES DOS MAPAS

MENTAIS COM OS ALUNOS DO 4ordm ANO

Observamos que o desenvolvimento de um recurso didaacutetico eacute precioso e

complexo Ele precisa ser adaptado as circunstacircncias do desenvolvimento cognitivo das

crianccedilas e tambeacutem as condiccedilotildees oferecidas pela escola para efetivaccedilatildeo do trabalho do

professor Diante disso este capiacutetulo apresenta as praacuteticas desenvolvidas com os alunos

do 4ordm ano

Temos por objetivo apresentar e avaliar propostas e praacuteticas luacutedicas para a

compreensatildeo espacial Para isso apresentamos estas experiecircncias em quatro itens (1)

Oficina 1 Maquete mental (2) Mapa mental 1 Canal das Piabas (3) Oficina 2 Praacuteticas

com mapa mudo e (4) Mapa mental 2 Mesorregiotildees da Paraiacuteba

As aulas de Geografia com a turma do 4ordm ano teve como temaacutetica das aulas

ldquoGeografia da Paraiacuteba um estudo atraveacutes da produccedilatildeo leitura de mapas mentaisrdquo Na

produccedilatildeo dos mapas mentais contextualizamos a discussatildeo sobre os principais rios da

Paraiacuteba e sua influecircncia no cotidiano dos paraibanos especialmente dos alunos Durante

o periacuteodo de trecircs aulas realizamos debates desenvolvemos propostas com mapas mudos

e outros exerciacutecios os quais seratildeo apresentados ao longo deste capiacutetulo

31 OFICINA 1 A MAQUETE MENTAL PRAacuteTICA COLETIVA DO ENSINO-

APRENDIZAGEM EM GEOGRAFIA

Apresentamos inicialmente uma proposta de ensino a qual intitulamos de

ldquomaquete mentalrdquo nossa compreensatildeo eacute que

O uso de maquetes favorece a passagem da representaccedilatildeo tridimensional para

a bidimensional por possibilitar domiacutenio visual do espaccedilo a partir do

modelo reduzido Na atividade proposta essa reduccedilatildeo apesar de natildeo

conservar as mesmas relaccedilotildees de comprimento aacuterea e volume do real (ou

seja apesar de natildeo seguir uma escala uacutenica) permite ao aluno ver o todo e

portanto refletir sobre ele Aleacutem disso as maquetes satildeo conhecidas das

crianccedilas acostumadas com brinquedos que satildeo miniaturas de objetos reais

(ALMEIDA 2010 p 77 ndash 78)

A maquete mental corresponde neste trabalho a uma representaccedilatildeo livre de uma

microescala (local) disposta em trecircs dimensotildees Ela eacute um recurso de transiccedilatildeo entre a

projeccedilatildeo da maquete (ver figura 6 - A p 98) para um mapa mental coletivo (figura 6 ndash

B) Aleacutem disso apresenta um tema que pode ou natildeo se referir ao cotidiano dos alunos

98

FIGURA 6 - A MAQUETE MAPA MENTAL CANAL DAS PIABAS

A - Maquete mental produzido pelos alunos do 4ordm ano

B- Mapa mental produzido pelos alunos do 4ordm ano Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

registrado por David L R de Almeida (2015)

A proposta executada a partir da interpretaccedilatildeo do texto ldquoProjeto de educaccedilatildeo

ambiental atraveacutes do estudo histoacuterico-geograacutefico e ecoloacutegico da bacia do Riacho das

Piabas (Canal) Campina Grande ndash Paraiacutebardquo51 apresentou noccedilotildees acerca das

51 Este projeto corresponde a uma accedilatildeo da comunidade local escolas e moradores da zona Sul de

Campina Grande que tem a intenccedilatildeo de realizar um levantamento histoacuterico e social da bacia do riacho

(mais conhecido como Canal) das Piabas Busca reconhecer o valor do referido recurso hiacutedrico aleacutem de

seu potencial Aleacutem disso a conscientizaccedilatildeo para preservar este recurso natural O texto esta disponiacutevel

no seguinte link httpwwwcdccuspbrbioeducarpb_camphtml gt acesso em 231115

99

toponiacutemias da orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo espacial e uso da aacutegua os quais

organizamos no quadro 5

QUADRO 5 SIacuteNTESE DO TEXTO SOBRE O CANAL DAS PIABAS

NOCcedilOtildeES PALAVRAS ENCONTRADAS NO TEXTO

Toponiacutemias

Cidade Campina Grande

Bairros Alto Branco Centro Santo Antonio e Joseacute

Pinheiro

Outros pontos de referecircncia natildeo oficiais para

administraccedilatildeo da prefeitura Rosa Miacutestica Ponto Cem

Reacuteis52 e Bairro do Cachoeira

Orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo Zona Norte

Uso da aacutegua

Recursos hiacutedricos aacutegua potaacutevel canal rios riacho e

cursos drsquoaacutegua

Problemas ambientais Lixo detritos e esgotos

Organizado por David L R de Almeida 2015

Apoacutes a explicaccedilatildeo de algumas palavras desconhecidas pelos alunos (entre elas

cursos drsquoaacutegua detritos e bifurcaccedilatildeo) realizamos uma reflexatildeo sobre a importacircncia dos

recursos hiacutedricos e qual influecircncia do Canal das Piabas53 no cotidiano dos estudantes A

discussatildeo sobre o tema surpreendeu os estudantes eles natildeo sabiam que se tratava do

canal que se encontra vizinho a escola o que motivou a curiosidade da maioria dos

alunos (ver figura 7 p 100)

Com base nesta interpretaccedilatildeo na aula seguinte desenvolvemos a proposta com a

maquete mental Para isso os alunos consideraram enquanto modelo de representaccedilatildeo

suas anotaccedilotildees sobre o texto discutido Aleacutem disso utilizamos recursos como imagens

de sateacutelite (disponiacuteveis pelo Google maps) e o mapa mural da cidade de Campina

Grande ndash PB como fontes de consulta

52 O Ponto Cem Reacuteis eacute localizado no bairro da Conceiccedilatildeo Este lugar eacute historicamente conhecido pela

populaccedilatildeo campinense como ponto de passagem para o Brejo paraibano a qual haacute deacutecadas atraacutes tinha a

funccedilatildeo de rodoviaacuteria e de comeacutercio para a populaccedilatildeo local e transeunte Natildeo se haacute um consenso da

origem da utilizaccedilatildeo da toponiacutemia mas alguns negam a referecircncia ao Ponto Cem Reacuteis encontrado na

atual capital paraibana Joatildeo Pessoa 53 A partir desse momento trataremos esse recurso hiacutedrico por Canal das Piabas visando facilitar a leitura

do texto e tambeacutem por ser uma referecircncia espacial mais comum para a populaccedilatildeo da cidade de Campina

Grande ndash PB

100

FIGURA 7 - CANAL DAS PIABAS EM PROXIMIDADE A ESCOLA

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) registrado por David L R de Almeida (2015)

Entregamos aos alunos orientaccedilotildees para a realizaccedilatildeo da maquete mental que

tambeacutem serviram de base para a produccedilatildeo dos mapas mentais como veremos adiante

Os estudantes desenvolveram suas representaccedilotildees considerando as informaccedilotildees

presentes no texto devendo

1 Representar o curso do Riacho Canal das Piabas do seu ponto inicial (nascente)

ateacute o ponto final (jusante)

2 Localizar os bairros e ou pontos de referecircncia (comeacutercio serviccedilos escolas) em

seu mapa

3 Orientar seu mapa atraveacutes da rosa dos ventos

4 Construir a legenda do mapa mental

Com base nos pontos supracitados a maquete mental foi realizada pelos alunos

mediante os procedimentos enumerados a seguir

1 Observar e relacionar as informaccedilotildees do texto com as representaccedilotildees expressas

nos mapas existentes e nas imagens de sateacutelite

2 Refletir e comparar a proporccedilatildeo entre os elementos e representaacute-los na cartolina

101

3 Localizar os bairros e pontos de referecircncia Traccedilar os itineraacuterios (avenidas ruas

canal das Piabas)

4 Distribuir os elementos (casas e carros) na maquete relacionando com as

condiccedilotildees de cada bairro (comercial de moradia etc)

5 Orientar o mapa mediante a rosa dos ventos

Durante o processo descrito os alunos estabeleceram um diaacutelogo contiacutenuo para

resolver o problema da escala geograacutefica da disposiccedilatildeo da formas e da localizaccedilatildeo dos

bairros na maquete (ver figura 8 p 101)

Para Vigotski (1998) a aprendizagem e desenvolvimento do aluno necessitam da

participaccedilatildeo ativa caso contraacuterio a mesma aprendizagem pode ser condenada ao

fracasso Nestes termos observamos que a iniciativa e trabalho em equipe possibilitam

os alunos a abranger sua leitura de mundo especialmente do lugar representado

refletindo sobre as suas experiecircncias cotidianas

FIGURA 8 PROCESSO DE REALIZACcedilAtildeO DA MAQUETE MENTAL

A Estaacutegio inicial ndash alunos traccedilando os itineraacuterios na

maquete mental

B Estaacutegio final ndash atribuindo as formas espaciais na maquete

mental

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) registrado por David L R de Almeida 2015

A maquete enquanto recurso didaacutetico possibilita o trabalho com temas de

elevado grau de dificuldade e abstraccedilatildeo Ressalta Mendes (2010 p 72) que ldquonos

processos de ensino e aprendizagem de geografia a utilizaccedilatildeo de modelos

tridimensionais permite ao educando simular observar descrever identificar e analisar

as dinacircmicas de determinados fenocircmenos geograacuteficosrdquo

Compreendemos que a maquete pode viabilizar a reflexatildeo sobre

102

A proporccedilatildeo entre os objetos

Reduccedilatildeo dos objetos

Localizaccedilatildeo das formas espaciais

Relaccedilotildees de orientaccedilatildeo frente atraacutes direita e esquerda ou mediante as

orientaccedilotildees espaciais (norte sul leste e oeste)

Sobre as diferenccedilas dos pontos de vista (lateral vertical e obliacutequo)

(ALMEIDA 2010 p 79)

De forma geral um dos primeiros criteacuterios relacionados ao uso da maquete eacute a

possibilidade de refletir sobre a percepccedilatildeo e a representaccedilatildeo do espaccedilo no mapa Na

perspectiva cartesiana os trabalhos de Almeida (2010) Almeida amp Passini (2010) e

Passini (2012) resgatam o debate sobre a relaccedilatildeo projetiva para anaacutelise mental Nessa

perspectiva encontramos na figura 9 o mesmo conjunto de objetos destacados em trecircs

pontos de vista diferente (lateral obliacutequo e vertical)

FIGURA 9 PERSPECTIVAS DE OBSERVACcedilAtildeO DAS FORMAS ESPACIAIS

A Visatildeo lateral B Visatildeo obliacutequa C Visatildeo vertical

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) registrado por David L R de Almeida 2015

Autores como Almeida (2010) e Castrogiovanni amp Costella (2006) observam na

maquete a oportunidade para o professor construir as relaccedilotildees projetivas com os alunos

saindo de uma visatildeo estritamente lateral ou obliacutequa a qual corresponde ao campo de

observaccedilatildeo do aluno para a perspectiva vertical traccedilado comum nos mapas existentes

O uso da maquete mental enquanto portadora do luacutedico permite as crianccedilas

externalizar sua compreensatildeo sobre o mundo Para Tuan (2012) o significado do jogo

para a primeira infacircncia (ateacute os seis anos de idade) contribui mais com o

desenvolvimento da coordenaccedilatildeo motora da crianccedila Entretanto ressaltamos que as

ldquobrincadeirasrdquo e a efetivaccedilatildeo dos jogos escolares tecircm objetivos expressos e um tema

preacute-definido seja ele para a aprendizagem de conteuacutedo vinculado ao curriacuteculo escolar

como para os valores exigidos para a vida em sociedade como a participaccedilatildeo respeito e

solidariedade (REGO 1995)

103

Eacute importante frisar que apenas decalcar ou ler o mapa natildeo traz a motivaccedilatildeo

necessaacuteria ao estudante Segundo Tuan (2012 p 30) ldquoa percepccedilatildeo eacute uma atividade um

estender-se para o mundo Os oacutergatildeos dos sentidos satildeo pouco eficazes quando natildeo satildeo

ativamente usadosrdquo por isso eacute importante a participaccedilatildeo do aluno ao rabiscar

estabelecer a localizaccedilatildeo das casas na maquete e falar sobre suas experiecircncias neste

ambiente para os companheiros

Temos uma visatildeo limitada de mundo relata Yi-Fu Tuan (1983) nem mesmo para

um adulto eacute faacutecil a tarefa de transpor um ponto de vista A funccedilatildeo da maquete mental eacute

ampliar a leitura de mundo do aluno Esta atividade quando mediada pelo recurso

permite observar a mesma realidade de diversos pontos de vista decorrente natildeo apenas

das relaccedilotildees projetivas mas da estrutura social e ambiental

Finalizado o processo de elaboraccedilatildeo da maquete mental os alunos foram

chamados a realizar os mapas mentais individualmente A maquete eacute um paracircmetro de

representaccedilatildeo para os mapas mentais Para esta anaacutelise houve a comparaccedilatildeo entre os

mapas mentais dos alunos e a maquete Retiramos as peccedilas sobrepostas sobre a folha de

cartolina (maquete mental) como resultado eacute observado o mapa mental coletivo

(apresentado na figura 6 B p 98)

32 MAPA MENTAL 1 CANAL DAS PIABAS

A Noccedilotildees de percepccedilatildeo espacial

Entre os questionamentos realizados aos alunos do 4ordm ano destacamos a

pergunta ldquo- Como vocecircs imaginam que eacute realizado o mapardquo entre as respostas estava

ldquocom papel e laacutepisrdquo (aluno 08) ou ainda ldquoele eacute feito de uma visatildeo de cimardquo (aluno 17)

O fragmento extraiacutedo de nosso jornal de pesquisa sublinha o imaginaacuterio das crianccedilas

sobre a produccedilatildeo dos mapas Embora algumas respostas apresentem certa ldquoinocecircnciardquo

por parte dos alunos outros percebem a necessidade da mudanccedila da perspectiva na

produccedilatildeo cartograacutefica

Ao longo da anaacutelise e leitura dos mapas mentais constatamos que as

representaccedilotildees dos alunos assumiram diferentes perspectivas Os alunos tiveram

liberdade de escolha para o traccedilado dos mapas mentais Ao compararmos os 16

(dezesseis) mapas mentais com a maquete mental uma questatildeo se destaca a perspectiva

espacial dos elementos representados ou seja seu ponto de vista A tabela 3 (p 104)

104

apresenta as trecircs visotildees predominantes na representaccedilatildeo espacial lateral vertical e

mista (elemento na perspectiva lateral vertical e ou obliacutequa)

TABELA 3 PERSPECTIVAS ESPACIAIS APRESENTADAS NOS MAPAS MENTAIS

Perspectiva espacial Ocorrecircncia

Lateral 01

Vertical 05

Mista 10

Total 16

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

Inicialmente a nossa anaacutelise corresponde aos cinco mapas mentais que

apresentam uma perspectiva vertical das formas espaciais representadas (casas preacutedios

e igreja) Estes mapas apresentam semelhanccedila ao acircngulo de visatildeo encontrado nos mapas

existentes O mapa mental do aluno 04 (figura 10 p 105) por exemplo apresenta uma

projeccedilatildeo totalmente vertical Ao visualizarmos o mapa mental satildeo notados apenas

quadrados coloridos o que corresponderia ao telhado das casas encontrado no modelo

(a maquete mental)

Quando sistematizamos os dados referentes agrave noccedilatildeo da percepccedilatildeo espacial dos

alunos observamos que a maioria deles (dez mapas) transita entre o esboccedilo de objetos

representado entre a perspectiva vertical e obliacutequa (um mapa) e vertical e horizontal

(nove mapas) (figura 15 p 118 e figura 12 p 110 respectivamente) Mesmo

apresentando certa disparidade entre os elementos desenhados suas representaccedilotildees

estatildeo proacuteximas a outros modelos de mapas como os turiacutesticos os quais normalmente

apresentam gravuras dispostas em acircngulos obliacutequos ou laterais

105

FIGURA 10 MAPA MENTAL EM PERSPECTIVA VERTICAL REALIZADO PELO ALUNO 04

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

106

Segundo Tuan (1983) os adultos e principalmente as crianccedilas vivem no chatildeo e

notam os objetos lateralmente natildeo eacute comum a eles perceberem a paisagem por outro

acircngulo de vista Na maioria das vezes a experiecircncia de olhar a paisagem de outra

perspectiva estaacute relacionada apenas a viagens de aviatildeo ou a oportunidade de escalar

uma montanha No entanto o mesmo autor afirma que as crianccedilas

[] podem ldquolerrdquo fotografias aeacutereas verticais em branco e preto de povoados e

campos de cultivo com uma acuidade e seguranccedila inesperadas Podem

reconhecer casas caminhos e aacutervores nas fotografias aeacutereas ainda que estes

aspectos apareccedilam em uma escala muito reduzida e sejam vistos de um

acircngulo e posiccedilatildeo desconhecidos em sua experiecircncia Eacute possiacutevel que as

crianccedilas da cidade tenham tido a experiecircncia de olhar fotografias em revistas

ou na televisatildeo [] (TUAN 1983 p 31)

Notamos portanto que estaacute transposiccedilatildeo de um acircngulo de vista a outro eacute haacutebito

comum entre as crianccedilas Acostumadas a brincar com brinquedos experimentam uma

realidade social ldquosimuladardquo inventam estoacuterias e constroem ldquorelaccedilotildees espaciais atraveacutes

de um jogo de imaginaccedilatildeordquo onde em muitos casos se destacam enquanto ldquodeuses do

Olimpordquo diferentemente de sua situaccedilatildeo no mundo dos adultos (TUAN 1983 p 31)

Entretanto em algumas situaccedilotildees essa percepccedilatildeo apresenta-se totalmente

divergente eacute o caso do mapa mental aluno 05 (figura 11 p 111) esse esboccedilo apresenta

uma visatildeo lateral da realidade Eacute o uacutenico mapa mental a apresentar a sociedade seus

sujeitos (ldquobonecos de palitordquo) atribuindo-os funccedilotildees como pilotar uma moto ou

transitar entre o cenaacuterio urbano (casa preacutedio mercado ndash ideal ndash semaacuteforo e rua) que

segundo relatou o aluno localiza-se no Ponto Cem Reacuteis Aleacutem disso retrata o sol como

um dos elementos que constituem a paisagem expressa na folha (em laranja)

O que nos chama a atenccedilatildeo eacute que mesmo participando da produccedilatildeo da maquete

mental e recebendo orientaccedilotildees do pesquisador o aluno 05 natildeo consegue deslocar seu

ponto de vista do cenaacuterio urbano Para Vigotski (1998 p 36) quando uma crianccedila se

defronta com um problema ao qual natildeo pode solucionar individualmente recorre a um

adulto ou ldquodiante de tal desafio aumenta o uso emocional da linguagem pelas crianccedilas

assim como aumentam seus esforccedilos no sentido de atingir uma soluccedilatildeo mais inteligente

menos automaacuteticardquo

A representaccedilatildeo geograacutefica do mapa mental do aluno 05 sugeriu uma condiccedilatildeo

referente agrave percepccedilatildeo do espaccedilo a qual Tuan (1983) denomina de apinhamento

Segundo o autor o apinhamento pode ser uma condiccedilatildeo a qual nossa liberdade espacial

eacute privada em decorrecircncia da presenccedila de outras pessoas em outro caso tambeacutem pode

107

estar relacionada agrave necessidade do contato com o outro do sentimento de pertencer a

um coletivo a sociedade Nestas condiccedilotildees escreve Tuan

As pessoas nos restringem mas tambeacutem podem ampliar o nosso mundo O

coraccedilatildeo e a mente se expandem na presenccedila daqueles que admiramos e

amamos [] quando as pessoas trabalham juntas por uma causa comum um

homem natildeo tira espaccedilo do outro pelo contraacuterio ele aumenta o espaccedilo do

companheiro dando-lhe apoio (TUAN 1983 p 72 ndash 73)

Podemos considerar que o espaccedilo apresentado pelo aluno natildeo situa o Canal das

Piabas mas sim o lugar que vive cotidianamente Para o trabalho escolar o professor

deve estar atento a esta questatildeo e criar subsiacutedios para que o aluno amplie sua escala de

percepccedilatildeo O trabalho em equipe e o diaacutelogo com o professor pode auxiliar nesta tarefa

fazendo o aluno notar elementos espaciais como o canal das Piabas que fazem parte da

sua vida e da comunidade

108

FIGURA 11 MAPA MENTAL EM PERSPECTIVA LATERAL PELO ALUNO 05

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

109

B Uso de Toponiacutemias

O desafio para a constituiccedilatildeo de uma linguagem atraveacutes dos mapas mentais

ressaltou o conjunto dos nomes dos lugares ou seja as toponiacutemias que desenvolvem o

ldquotecido espacialrdquo e indica o trajeto do Canal das Piabas Estas palavras servem como

ponto de referecircncia e suporte do raciociacutenio geograacutefico por parte dos alunos Neste

quesito 15 (quinze) alunos destacaram o nome dos bairros pontos de referecircncia (a

escola) ou nome do Canal das Piabas e do Accedilude Velho em seus mapas mentais

Apenas um mapa natildeo realizou qualquer referecircncia deste tipo

Ao analisarmos o mapa mental aluno 14 (figura 12 p 109) eacute observado seu

caraacuteter difuso enquanto representaccedilatildeo espacial As toponiacutemias mais que fazer

referecircncia aos lugares estabelece as relaccedilotildees e a compreensatildeo do mapeador a respeito do

tema tratado Baseado na interpretaccedilatildeo vigotskiana de Friedrich (2012) podemos situar

que imagem mental construiacuteda pelo aluno encontra-se no estaacutegio sincreacutetico Outros

criteacuterios devem fazer parte da interpretaccedilatildeo dos mapas mentais No caso do mapa

mental do aluno 14 correspondem as necessidades ou dificuldades especiais do

estudante Em entrevista com a gestora escolar ela comenta que o aluno 14 apresenta

dificuldades ou necessidades especiais de ordem intelectual voltadas a aprendizagem54

Neste caso especiacutefico o trabalho pedagoacutegico na Escola Municipal Luacutecia de

Faacutetima Gayoso Meira eacute realizado na sala de atendimento especializado onde os alunos

desenvolvem atividades que estimulam sua coordenaccedilatildeo sensoacuterio-motora e cognitiva

Para Friedrich (2012) este auxiacutelio eacute imprescindiacutevel as atividades escolares em

decorrecircncia da maior necessidade da mediaccedilatildeo do professor caso contraacuterio o aluno

apresentaraacute dificuldade de abstrair seus conhecimentos acerca do assunto estudado

54 Embora coloque este ponto a gestora escolar confessa natildeo saber qual o diagnoacutestico meacutedico referente a

dificuldade do aluno Relata que na escola apenas um aluno com deficiecircncia (siacutendrome de Down) e que

os demais apresentariam outras deficiecircncias correspondentes a aprendizagem como dislexia Atualmente

a escola possui uma sala de Atendimento Especial e professora especializada no trabalhado pedagoacutegico

com pessoas com deficiecircncia embora natildeo tenha os recursos didaacuteticos disponibilizados pelo governo

(computadores jogos entre outros materiais didaacuteticos) O termo ldquopessoa com deficiecircnciardquo foi criado pelo

Conselho Nacional da Pessoa com Deficiecircncia definido atraveacutes da resoluccedilatildeo estabelecida pela portaria nordm

2344 de 3 de novembro de 2010 Para mais informaccedilotildees acessar Disponiacutevel em

httpwwwmpgompbrportalwebhp41docsparecer_-_mudanca_da_nomeclaturapdf lt acesso

20072014

110

FIGURA 12 MAPA MENTAL DO ALUNO 14 COM DESTAQUE A ELEMENTOS SINCRETICOS

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

111

Divergente do caso do mapa do aluno 14 outros esboccedilos cartograacuteficos

apresentam uma rede de palavras que vincula o tema discutido Canal das Piabas aos

lugares de travessia da rede hidrograacutefica A tabela 4 apresenta o nuacutemero de ocorrecircncia

de cada toponiacutemia utilizada nos mapas mentais

TABELA 4 USO DAS TOPONIacuteMIAS NOS MAPAS MENTAIS

Toponiacutemias utilizadas Ocorrecircncia

Bairro (s) 13

Accedilude Velho 13

Riacho Canal das Piabas 12

Escola 10

Outros 01 Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

A organizaccedilatildeo das toponiacutemias apresentadas nos mapas mentais aluno 01 e 03

(figura 13 p 114 e 14 p 115) exemplificam um raciociacutenio geograacutefico recorrente a

linguagem social Observando os mapas mentais do aluno 01 e 03 eacute possiacutevel destacar

uma coerecircncia na organizaccedilatildeo das toponiacutemias enquanto uma sequencialidade de nomes

que permite identificar e reconstruir uma abstraccedilatildeo do percurso real do Canal das

Piabas

Para que o processo de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica ocorra eacute necessaacuterio que o

aluno esteja atento ao processo de codificaccedilatildeo do mapa para isso ldquoa codificaccedilatildeo seraacute

significativa se a crianccedila construir seus proacuteprios siacutembolos trabalhando do significado

para o coacutedigordquo (PASSINI 2012 p 46) Eacute necessaacuterio observar que o significado eacute

variaacutevel para cada indiviacuteduo mas tambeacutem corresponde a uma expressatildeo social O

ranking dos nomes referentes aos bairros eacute apresentado a seguir na tabela 5

TABELA 5 RANKING DAS TOPONIacuteMIAS RELACIONADOS AOS BAIRROS DE

CAMPINA GRANDE

Bairro Ocorrecircncia Bairro Ocorrecircncia

Conceiccedilatildeo 10 Joseacute Pinheiro 06

Centro 07 Louzeiro 06

Lauritzen 07 Alto Branco 02

Monte Castelo 07 Monte Santo 01

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

112

Na atividade de interpretaccedilatildeo dos bairros representados pelos alunos uma

importante observaccedilatildeo refere-se agrave escolha das toponiacutemias apresentadas e o contexto

social a qual corresponde agrave identidade Em experiecircncias anteriores (ALMEIDA 2012)

jaacute haviacuteamos percebido que os alunos assim como funcionaacuterios do coleacutegio relatam que

a escola localiza-se no bairro do Alto Branco entretanto para administraccedilatildeo poliacutetica do

municiacutepio de Campina Grande ela estaacute localizada no bairro Lauritzen

Segundo os estudos de Maia (2010) um dos fatores para valorizaccedilatildeo de bairros

como Alto Branco Jardim Tavares e Bairro das Naccedilotildees (todos localizados na Zona

Norte de Campina Grande) eacute a valorizaccedilatildeo imobiliaacuteria em decorrecircncia da presenccedila de

condomiacutenios fechados Ressaltamos que esta diferenccedila entre a identidade da populaccedilatildeo

e a organizaccedilatildeo administrativa do municiacutepio foi explicada aos alunos que Em sua

maioria os alunos fizeram mais referecircncias ao bairro Lauritzen (sete ocorrecircncias) que

ao Alto Branco (duas ocorrecircncias)

Essa diferenccedila entre o destaque dos bairros quando comparado a outros pontos

de referecircncia como Rosa Miacutestica e Ponto Cem Reacuteis eacute proveniente da percepccedilatildeo

referente agrave Zona Norte da cidade de Campina Grande Para explicar este fato

apresentamos um diaacutelogo realizado entre o aluno 15 o pesquisador e a professora

Marta a respeito da comunidade Rosa Miacutestica

Apoacutes compreender onde se localizava a comunidade Rosa Miacutestica o aluno 15

se levanta e fala - ldquoProfessor [pesquisador] eacute o BG55 natildeo eacute

Professora Marta - ldquoO que eacute BG meninordquo

Aluno 15 - ldquoSabe natildeo professora lsquoBuraco da Giarsquo professorardquo

Para entendermos o contexto social ao qual se refere o aluno algumas

observaccedilotildees devem ser realizadas visto que caracteriza relaccedilotildees de identidade e

percepccedilotildees espaciais natildeo apenas destas crianccedilas mas da populaccedilatildeo campinense Arauacutejo

amp Valverde (2013) discutem o surgimento e processo de urbanizaccedilatildeo de uma

comunidade localizada na Zona Norte de Campina Grande a Rosa Miacutestica

Relata os autores que a Rosa Miacutestica surge na deacutecada de 1940 conhecida como

ldquoBuraco da Jiardquo

Inicialmente houve o loteamento e arrendamento de uma aacuterea (antes ocupada

por mata subcaducifoacutelia de transiccedilatildeo e reservatoacuterios de aacutegua) que se

encontrava sob os cuidados de uma famiacutelia que residia nas proximidades O

antigo Buraco da Jia durante algumas deacutecadas de existecircncia foi considerado

55 O significado de BG para o aluno eacute relativo a Buraco da Jia observa-se aiacute uma alteraccedilatildeo da letra ldquoGrdquo e

ldquoJrdquo

113

pela Prefeitura Municipal de Campina Grande como favela (ARAUacuteJO amp

VALVERDE 2013 p 151)

O termo Buraco da Jia segundo os autores consiste em uma das toponiacutemias

condizentes a uma aacuterea de contato entre trecircs bairros (Alto Branco Louzeiro e

Conceiccedilatildeo) embora natildeo se tenha consenso a respeito da origem deste nome antigos

moradores atribuem o significado agraves condiccedilotildees ambientais do lugar Aleacutem disso carrega

estereoacutetipos sociais como violecircncia favelizaccedilatildeo drogas entre outros A toponiacutemia Rosa

Miacutestica soacute viria surgir anos mais tarde em decorrecircncia do movimento da igreja e de

seus moradores com o objetivo de diminuir a violecircncia presente na comunidade

(ARAUacuteJO amp VALVERDE 2013)

Consideramos que a percepccedilatildeo social e a escolha destas toponiacutemias natildeo satildeo

involuntaacuterias pois agrave medida que apresentam bairros considerados ldquobons seguros

organizadosrdquo negam aqueles espaccedilos percebidos como ldquomarginalizados inseguros

precaacuteriosrdquo Embora o aluno 15 natildeo estivesse presente no dia da realizaccedilatildeo destes mapas

mentais seus colegas natildeo fizeram nenhuma referecircncia mesmo os que conhecem e

vivem esta realidade

114

FIGURA 13 USO DAS TOPONIMIAS PELO ALUNO 01

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

115

FIGURA 14 USO DE TOPONIMIAS PELO ALUNO 03

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

116

C Noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

Como expotildeem Claval (2010) localizar e orientar satildeo duas bases importantes no

posicionamento das toponiacutemias A pontuaccedilatildeo aleatoacuteria desses nomes pode resultar em

problemas na identificaccedilatildeo dos lugares e na comunicaccedilatildeo do mapa mental Durante o

desenvolvimento de atividades como a maquete mental houve praacuteticas e discussotildees a

respeito da importacircncia da localizaccedilatildeo dos fenocircmenos espaciais e da orientaccedilatildeo atraveacutes

dos pontos cardeais (norte sul leste e oeste)

Dessa forma a experiecircncia se repetiu no desenho dos mapas mentais os quais

deveriam ser orientados pela rosa dos ventos e seus pontos cardeais Ao analisarmos os

16 mapas encontramos em apenas seis o procedimento exigido Dos seis casos que

apontaram a rosa dos ventos apenas o mapa mental aluno 03 (figura 14 p 115)

consegue estabelecer com propriedade a orientaccedilatildeo espacial

Diferentemente do caso anterior os outros cinco mapas mentais (a exemplo do

aluno 01 ver figura 13 p 114) apresentam agrave rosa dos ventos muito embora o norte

referende a posiccedilatildeo superior da folha e natildeo a nascente do Canal das Piabas Este

problema de orientaccedilatildeo haacute muito jaacute vem sido discutido por especialistas da aacuterea da

Cartografia Escolar Passini (2012 p 96) menciona que embora os livros didaacuteticos dos

primeiros ciclos (1ordm ao 5ordm ano) abordem a questatildeo da orientaccedilatildeo espacial afirma que

O que temos visto [] satildeo explicaccedilotildees sobre a indicaccedilatildeo da nascente do Sol

como direccedilatildeo Leste muitas vezes com a figura de um menino de braccedilos

abertos com a matildeo direita apontando o Leste Essa forma de ldquoorientarrdquo pode

criar o equiacutevoco de que o lado Leste eacute determinado com a matildeo direita

O problema encontrado eacute que na compreensatildeo dos alunos os pontos cardeais satildeo

encarados como um criteacuterio estaacutetico quando na verdade seu posicionamento eacute relativo

Esse tipo de orientaccedilatildeo (pelos astros ndash sol lua etc) necessita de uma transposiccedilatildeo da

compreensatildeo da macroescala (dos planetas) para a microescala (dos bairros da Zona

Norte de Campina Grande)

Por outro lado podemos analisar que os mapas mentais como o aluno 01 pode

ter outro referencial de orientaccedilatildeo o do corpo Nesta linha de raciociacutenio os trabalhos de

Claval (2010) e Tuan (1983) afirmam que mediante a experiecircncia os nosso sentidos

(olfato audiccedilatildeo e ateacute mesmo o tato) nos auxilia na experiecircncia do espaccedilo permitindo

traccedilar itineraacuterios mediante a localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

117

A pesquisa com alunos do curso de Geografia da Universidade Federal do

Paranaacute (UFPR) realizada por Kozel (2008) demonstra ser possiacutevel o trabalho da

representaccedilatildeo da cidade a partir das percepccedilotildees sensoacuterias A autora revela que a

linguagem pode ser construiacuteda a partir dos sentidos desde que desenvolva a construccedilatildeo

semioacutetica (expresse em signos os elementos sentidos como o cheiro) e possibilite sua

transformaccedilatildeo em enunciados Para a autora a imagem mental pode ser ldquoconstruiacutedas a

partir das sensaccedilotildees e percepccedilotildees assim como signos verbais ou natildeo-verbais tambeacutem se

constroem dentro desse processordquo (KOZEL 2008 p 74)

No caso dos mapas mentais dos alunos do 4ordm ano observamos que a ordem e

sequencialidade da orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo quando comparado agrave maquete mental

estiveram presentes em 50 dos casos (oito mapas) Nestes oito mapas como eacute o caso

do aluno 10 (Figura 15 p 118) as toponiacutemias foram localizadas de forma que

possibilita a compreensatildeo total do fenocircmeno estudado o Canal das Piabas pelo leitor

Aleacutem disso tal como eacute relatado no texto o curso drsquoaacutegua estabelece o limite e

localizaccedilatildeo entre os bairros ldquoacima do canalrdquo os bairros Centro Conceiccedilatildeo e Louzeiro e

ldquoabaixordquo o Joseacute Pinheiro (escrito como Satildeo Pinheiro) e Lauritzen (onde estaacute localizada

a escola)

Nos outros oito casos do uso da localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial as noccedilotildees

ainda natildeo foram internalizadas Os alunos conseguem apenas desenvolver relaccedilotildees

topoloacutegicas (frente atraacutes direita e esquerda como discutido no capiacutetulo I p 39)

quando os elementos estatildeo em seu campo de visatildeo como a atividade em que os alunos

do 4ordm ano construiacuteram um mapa da sala de aula e destacaram atraveacutes da legenda a

localizaccedilatildeo de sua carteira Observaremos outros exemplos relacionados agrave localizaccedilatildeo e

orientaccedilatildeo espacial no toacutepico a seguir

118

FIGURA 15 MAPA MENTAL E A LOCALIZACcedilAtildeO DOS BAIRROS DE CAMPINA GRANDE PELO ALUNO 10

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

119

D Noccedilotildees de escala geograacutefica

Em trabalho com os mapas existentes a escala numeacuterica (matemaacutetica) eacute essencial

para o trabalho pedagoacutegico Permite ao aluno compreender a ldquogeneralizaccedilatildeo

cartograacuteficardquo a relaccedilatildeo entre a escala e a quantidade de elementos do mapa Dessa forma

ldquoquanto menor a escala menos detalhes (maior a generalizaccedilatildeo) quanto maior a escala

mais detalhes (menor generalizaccedilatildeo)rdquo (ALMEIDA 2010 p 92)

Todavia no que corresponde ao uso dos mapas mentais ela aparece enquanto

elemento secundaacuterio A escala meacutetrica eacute importante para a formaccedilatildeo do aluno

entretanto na transposiccedilatildeo da imagem mental ela natildeo aparece Isso se deve ao fato da

nossa percepccedilatildeo espacial natildeo ser decorrente da distacircncia fiacutesica entre os lugares mas da

afetiva (TUAN 1983)

A primeira vista a escala geograacutefica pode ser considerada banal e ateacute mesmo

desarticulada agraves praacuteticas do ensino de Geografia nos anos iniciais do EF Entretanto a

escala eacute um ldquoproblema metodoloacutegicordquo visto que se torna para noacutes um procedimento

praacutetico e ldquouma estrateacutegia de apreensatildeo da realidaderdquo ao discutir noccedilotildees de Geografia e

contextualizar o tema em estudo Aleacutem disso permite avaliar a compreensatildeo dos alunos

a respeito do assunto abordado (CASTRO 2008 p 120)

Montar a maquete mental necessita de habilidade para a compreensatildeo da

totalidade do fenocircmeno estudado e a reduccedilatildeo necessaacuteria para que nenhuma informaccedilatildeo

relevante seja perdida a transposiccedilatildeo dessas ideias para os mapas mentais segue a

mesma loacutegica

Percebemos que haacute diferenccedilas no trabalho pedagoacutegico com a escala numeacuterica e a

escala geograacutefica entretanto existe um ponto em comum entre elas ldquoeacute importante notar

que a escala natildeo eacute a mesma em todo o mapardquo (ALMEIDA 2010 p 91) Os sujeitos de

uma turma podem ter compreensotildees escalares distintas fato presente na produccedilatildeo dos

mapas mentais como eacute apresentado na tabela 6 que caracteriza as escalas geograacuteficas

TABELA 6 ESCALA GEOGRAacuteFICA EM DESTAQUE NOS MAPAS MENTAIS

ESCALA

GEOGRAacuteFICA OCORREcircNCIA

Bairro 11

Rua 03

Natildeo apresenta comunica 02 Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

120

Podemos observar na realizaccedilatildeo da maioria dos mapas mentais (11 mapas) a

presenccedila do raciociacutenio geograacutefico ao atribuir uma reduccedilatildeo dos objetos representados

sem a necessidade de recorrer agrave escala meacutetrica As representaccedilotildees apresentam a

compreensatildeo dos estudantes sobre a aacuterea estudada Na maioria dos casos observamos

que os alunos tiveram a preocupaccedilatildeo de indicar a reduccedilatildeo necessaacuteria para exposiccedilatildeo dos

fenocircmenos apresentados em seus esboccedilos (uso das toponiacutemias)

A maioria dos esboccedilos cartograacuteficos destaca o nome dos bairros o que contribui

para leitura das informaccedilotildees contidas em cada mapa (por exemplo o mapa mental do

aluno 04 figura 10 p 105) Em casos mais especiacuteficos houve uma reduccedilatildeo a uma

escala geograacutefica mais local a da rua a qual apresenta mais relaccedilotildees da experiecircncia

cotidiana do que com o resgate do tema estudado

Se considerarmos a escala geograacutefica enquanto procedimento do raciociacutenio

geograacutefico observaremos que nos trecircs casos onde a rua aparece como escala de

representaccedilatildeo (aluno 05 figura 11 p 111) e ainda nos outros dois que natildeo fazem

menccedilatildeo a qualquer tipo de reduccedilatildeo espacial (aluno 14 figura 12 p 110) podemos notar

dificuldades na sistematizaccedilatildeo da linguagem e da comunicaccedilatildeo do tema indicando a

necessidade de um papel mais ativo da mediaccedilatildeo do professor

Diante desta dificuldade expotildeem Vigotski (1998) que

A linguagem habilita as crianccedilas a providenciarem instrumentos auxiliares na

soluccedilatildeo de tarefas difiacuteceis a superar a accedilatildeo impulsiva a planejar uma soluccedilatildeo

para um problema antes de sua execuccedilatildeo e a controlar seu proacuteprio

comportamento Signos e palavras constituem para as crianccedilas primeiro e

acima de tudo um meio de contato social com outras pessoas As funccedilotildees

cognitivas e comunicativas da linguagem tornam-se entatildeo a base de uma

forma nova e superior de atividade nas crianccedilas distinguindo-as dos animais

(VIGOTSKI 1998 p 38)

Considerando as palavras da citaccedilatildeo anterior notamos que a praacutetica da

construccedilatildeo do pensamento se reproduz na execuccedilatildeo da atividade proposta ou seja dos

mapas mentais Entretanto observamos que mesmo a ldquoimitaccedilatildeordquo de um modelo

produzido pelos alunos (a maquete mental) enquanto elemento responsaacutevel por criar

uma zona de desenvolvimento potencial natildeo eacute em alguns casos o suficiente para

desenvolver habilidades como observaccedilatildeo e planejamento do trabalho a ser executado

pelo aluno

121

3 3 OFICINA 2 PRAacuteTICAS COM MAPA MUDO (RE) CONSTRUINDO O MAPA

MENTAL DA PARAIacuteBA

A Paraiacuteba foi o tema em pauta para as atividades do 4ordm ano no uacuteltimo bimestre

escolar Em minha primeira visita realizada a escola apoacutes o aceite para realizaccedilatildeo da

pesquisa perguntei a professora Marta quais eram as suas orientaccedilotildees para as aulas de

Geografia embora tenha exposto o tema ficou de apresentar seu planejamento

posteriormente

Quando retornamos agrave escola recebemos da professora duas folhas elas

realizavam uma caracterizaccedilatildeo geneacuterica da Paraiacuteba Com os papeacuteis em matildeos

percebemos que se tratava de trechos disponibilizados no site do Wikipeacutedia As

informaccedilotildees natildeo eram confiaacuteveis tampouco suficientes Resolvemos explorar os

recursos didaacuteticos disponibilizados pela escola e descobrimos que havia mapas murais

atlas escolares e livros didaacuteticos sobre o Estado da Paraiacuteba Sugerimos que as fontes e

recursos didaacuteticos disponibilizados pela escola fossem articulados a proposta das aulas

Natildeo foi encontrada nenhuma objeccedilatildeo da professora em utilizar estes materiais

O caso descrito no paraacutegrafo anterior natildeo eacute apenas uma anedota de pesquisa

para a gestora Rosacircngela as professoras desconhecem os materiais existentes na escola

Ela relata que o governo investe em recursos didaacuteticos como mapas atlas livros e aleacutem

disso DVD jogos entre outros materiais que poderiam ser utilizados em sala de aula

Apoacutes as mudanccedilas relatadas pensamos em atividades para os alunos do 4ordm ano

recapitulando alguns assuntos tratados pela professora regente no 3ordm bimestre como a

discussatildeo sobre a cidade de Campina Grande e a regiatildeo Nordeste Com esta intenccedilatildeo

realizamos mapas mudos da regiatildeo Nordeste (modelo em apecircndice V) e do Estado da

Paraiacuteba (modelo em apecircndice VI) situando as discussotildees sobre os temas discutidos (ver

figura 16 e 17 p 122)56

56 Procuramos realizar praacuteticas que possibilitassem o processo de regionalizaccedilatildeo com alunos do 4ordm ano

Aleacutem disso observamos e comparamos diferentes fotografias pertencentes agrave Paraiacuteba o que auxiliou na

produccedilatildeo de mapas mudos pretendendo desenvolver modelos para a internalizaccedilatildeo da noccedilatildeo de regiatildeo

122

FIGURA 16 MAPA MUDO REALIZADO BRASIL (REGIAtildeO NORDESTE) REALIZADO PELO

ALUNO 07

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

Em seguida temos outro mapa realizado pelo aluno 01 Podemos perceber como

ele se apropria dos conhecimentos necessaacuterios para preenchimento das informaccedilotildees de

forma praacutetica

FIGURA 17 MAPA MUDO DAS MESSOREGIOtildeES DA PARAIacuteBA REALIZADO PELO ALUNO

01

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

123

O mapa da regiatildeo Nordeste (figura 16 p 122) procurou discutir os

procedimentos para realizaccedilatildeo da leitura dos mapas existentes enfatizando a construccedilatildeo

da legenda por meio da construccedilatildeo do signo (significado - as cores - utilizado aos seus

significantes - estados representados) A rosa dos ventos tambeacutem fez parte destes

procedimentos pois buscamos substituir a associaccedilatildeo da orientaccedilatildeo do corpo pela

orientaccedilatildeo atraveacutes dos pontos cardeais

Se considerarmos que o mapa eacute uma forma de representaccedilatildeo do espaccedilo e que

representa uma linguagem com siacutembolos legendas escalas geograacuteficas e toponiacutemias

podemos concluir que eacute necessaacuterio fazer com que o aluno busque potencializar

habilidades e competecircncias para entendecirc-lo decifraacute-lo e utilizaacute-lo

Desse modo a praacutetica de produccedilatildeo de mapas eacute necessaacuteria pois permite aos

alunos atingir uma organizaccedilatildeo cognitiva da estrutura do espaccedilo Alem disso

desenvolver princiacutepios de organizaccedilatildeo sistematizaccedilatildeo e correspondecircncia com outros

mapas visualizados em seu cotidiano que em muitos casos natildeo fazem muito sentido

Para Almeida amp Passini (2010 p 13) o mapa soacute faz sentido enquanto recurso de

aprendizagem

[] se o aluno participou ativamente do processo de construccedilatildeo

(reconstruccedilatildeo) do conhecimento atraveacutes da praacutetica escolar orientada pelo

professor E quanto ao domiacutenio espacial envolve preacute-aprendizagens relativas

a referencias e categorias essenciais ao processo de concepccedilatildeo do espaccedilo

De acordo com esses apontamentos pretendemos analisar os mapas mentais

correlacionando com o mapa mudo elaborado pelos alunos A produccedilatildeo dos mapas

mentais que seratildeo apresentados a seguir foi uma sugestatildeo da professora regente para

compor a avaliaccedilatildeo final do 4ordm bimestre (ver apecircndice VII) Desta forma algumas

observaccedilotildees deveratildeo ser verificadas

1 A realizaccedilatildeo destes mapas ficou a cargo da professora regente Segundo ela

nenhum dos alunos teve acesso as informaccedilotildees presentes nos cadernos livros

ou outras fontes de consulta

2 A prova foi realizada individualmente

3 As atividades natildeo foram realizadas no mesmo dia pelos alunos A professora

Marta emprega como praacutetica que os alunos realizem as provas em dias

aleatoacuterios evitando a possibilidade de ldquocolardquo entre os alunos

4 Realizamos as orientaccedilotildees para o desenho dos mapas mentais considerando

os temas estudados em sala de aula

124

3 4 MAPA MENTAL 2 MESORREGIOtildeES DA PARAIacuteBA

A Noccedilotildees de percepccedilatildeo espacial

Durante esta fase foram elaborados 14 mapas mentais sobre as mesorregiotildees

Geograacuteficas da Paraiacuteba Todos os mapas apresentados a partir deste momento natildeo

apresentaram problemas em relaccedilatildeo ao ponto de vista (lateral vertical ou obliacutequa) dos

elementos representados Todos eles satildeo apresentados na perspectiva vertical

Os alunos progrediram na anaacutelise e construccedilatildeo dos mapas mentais e agora

consideram o procedimento dos pontos de vista Natildeo necessariamente O que ocorre eacute

que como discute Castro (2008) os fenocircmenos mudam de acordo com a escala

geograacutefica O tema pode ser um dos grandes influenciadores dessa mudanccedila de

perspectiva A escala regional e as orientaccedilotildees para a realizaccedilatildeo do mapa impotildeem outra

problemaacutetica que natildeo corresponde aos elementos representados na escala local como a

disposiccedilatildeo de preacutedios ou casas por exemplo

Desta forma natildeo seria conveniente tampouco realista considerar os mesmos

paracircmetros (pontos de vista) de anaacutelise do mapa mental do Canal das Piabas Outro fato

eacute que os modelos ou imagens mentais construiacutedas natildeo se baseiam em uma representaccedilatildeo

em trecircs mas em apenas duas dimensotildees

Se considerarmos a concepccedilatildeo de Tuan (2012 p 18) acerca da percepccedilatildeo

espacial eacute possiacutevel inferir que ela pode ser uma resposta a uma ldquoatividade propositalrdquo

escolar Neste aspecto se torna uma capacidade de avaliaccedilatildeo e ordenamento dos objetos

dispostos no espaccedilo Os mapas mentais podem corresponder agraves relaccedilotildees entre as formas

representadas

Os esboccedilos cartograacuteficos elaborados pelos alunos assumiram duas ldquoformasrdquo a

primeira de sequencialidade das Mesorregiotildees Geograacuteficas (dez mapas mentais) e a

segunda a circularidade (quatro mapas) Algumas observaccedilotildees devem ser feitas antes de

avanccedilarmos na anaacutelise destes mapas mentais

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) os estudos da

divisatildeo regional pelo IBGE originaram-se em 1941 sob a coordenaccedilatildeo do prof Faacutebio

Macedo Soares Guimaratildees Ateacute aquele momento diversas sistematizaccedilotildees para divisatildeo

regional do territoacuterio brasileiro havia sido proposta dessa forma o objetivo do oacutergatildeo foi

organizar um uacutenico modelo de divisatildeo regional do Brasil

125

Aleacutem disso eacute relatado no site do IBGE que entre os fatores que influenciaram a

divisatildeo das regiotildees em Mesorregiotildees Geograacuteficas foram a elaboraccedilatildeo de poliacuteticas

puacuteblicas locais localizaccedilatildeo de atividades econocircmicas sociais e tributaacuterias

planejamento urbano estudos de identificaccedilatildeo das regiotildees metropolitanas

aglomeraccedilotildees urbanas e rurais entre outros O IBGE conclui que

A Divisatildeo Regional do Brasil em mesorregiotildees partindo de determinaccedilotildees

mais amplas a niacutevel conjuntural buscou identificar aacutereas individualizadas em

cada uma das Unidades Federadas tomadas como universo de anaacutelise e

definiu as mesorregiotildees com base nas seguintes dimensotildees o processo social

como determinante o quadro natural como condicionante e a rede de

comunicaccedilatildeo e de lugares como elemento da articulaccedilatildeo espacial57

No tocante aos aspectos poliacuteticos econocircmicos sociais e naturais a Paraiacuteba estaacute

dividida em quatro Mesorregiotildees Geograacuteficas Mata Paraibana Agreste Paraibano

Borborema e Sertatildeo Paraibano (ver figura 17 p 122) cada uma delas apresenta

caracteriacutesticas proacuteprias De acordo com Carvalho Travassos amp Maciel (2002 p 33) ldquoA

distribuiccedilatildeo dos climas da Paraiacuteba estaacute relacionada com a localizaccedilatildeo geograacutefica ou

seja quanto mais proacuteximo do litoral mais uacutemido seraacute o clima quanto mais longe mais

secordquo Este traccedilado de sequencialidade eacute encontrado no mapa do aluno 08 (figura 18 p

126)

Por outro lado quatro alunos desenharam a silhueta da Paraiacuteba em formas

circulares (aluno 03 figura 19 p 127) distinguindo-se dos modelos preacute-elaborados

(mapa mudo) e trabalhados em classe atraveacutes do atlas escolar da Paraiacuteba Neste aspecto

Tuan (2012 p 63) comenta que ldquoo etnocentrismo casa bem com a ideia do cosmo

circularrdquo Perceber o seu mundo enquanto um paracircmetro circular daacute ao sujeito a

compreensatildeo que todos os espaccedilos estatildeo proacuteximos e acessiacuteveis

Desde que nascemos nossas experiecircncias espaciais se desenvolvem inicialmente

por relaccedilatildeo aos estiacutemulos do meio e posteriormente com nosso conviacutevio em sociedade

Tuan (1983) revela que para um bebecirc de seis meses de idade o simples fato de estar

sentado jaacute possibilita um novo campo de visatildeo a que tinha anteriormente quando

ficava apenas deitado Aleacutem disso ldquotoda pessoa estaacute no centro do seu mundo e o

espaccedilo circundante eacute diferenciado de acordo com o esquema de seu corpordquo (TUAN

1983 p 46) Outra justificativa que corresponde agrave representaccedilatildeo deste traccedilado circular

corresponderia agraves dificuldades dos alunos ao abstrair o princiacutepio da conexatildeo entre as

Mesorregiotildees Geograacuteficas Observaremos outros casos semelhantes no toacutepico a seguir

57 As informaccedilotildees pertinentes ao IBGE estatildeo disponiacuteveis no link a seguir

httpwwwibgegovbrhomegeocienciasgeografiadefault_div_intshtmlt acessado em 16 05 2015

126

FIGURA 18 PERCEPCcedilAtildeO SEQUENCIAL DAS MESORREGIOtildeES GEOGRAacuteFICAS DO ALUNO 08

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

127

FIGURA 19 PERCEPCcedilAtildeO CIRCULAR DAS MESORREGIOtildeES GEOGRAacuteFICAS DO ALUNO 03

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

128

B Uso de Toponiacutemias

Qual o processo de organizaccedilatildeo das toponiacutemias apresentadas pelos alunos

Encontramos duas respostas a primeira correspondente ao fragmento textual no

enunciado dos mapas mentais a segunda as paredes da sala de aula Como eacute de costume

nos anos iniciais do EF expomos os cartazes e atividades que haviacuteamos realizado sobre

o Canal das Piabas Este cartaz foi utilizado enquanto instrumento de coacutepia em alguns

casos

Em uma anaacutelise geral dos mapas mentais produzidos pelos alunos tendo como

objetivos identificar as toponiacutemias dos lugares representados encontrou a seguinte

configuraccedilatildeo (Tabela 7 p 128)

TABELA 7 OCORREcircNCIA DAS TOPONIMAS EXPRESSAS NOS MAPAS MENTAIS

TOPONIacuteMIA OCORREcircNCIA

Mesorregiotildees Geograacuteficas 8

Mesorregiotildees Geograacuteficas e bairros de Campina Grande 3

Bairros de Campina Grande 1

Outros 2

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

Para Vigotski (1998) o uso da palavra eacute de fundamental importacircncia para a

construccedilatildeo do conceito ela identifica os objetos e distingui-os de outros termos

semelhantes A palavra quando caracterizada enquanto toponiacutemia permite ao sujeito

nomear o espaccedilo geograacutefico segundo alguma caracteriacutestica social fiacutesica poliacutetica

econocircmica entre outras

Para Gomes (2008 p 53) ldquona linguagem do senso comum a noccedilatildeo de regiatildeo

parece existir relacionada a dois princiacutepios fundamentais o de localizaccedilatildeo e o de

extensatildeordquo Compreendemos que este processo envolve dois exerciacutecios O primeiro de

compreensatildeo identificaccedilatildeo e extensatildeo do fenocircmeno e o segundo metodoloacutegico quais os

criteacuterios que possibilitaram a organizaccedilatildeo das Mesorregiotildees Geograacuteficas da Paraiacuteba

Eacute complexo o desenvolvimento da noccedilatildeo geograacutefica de regiatildeo mas em seu

processo de ensino-aprendizagem outros elementos podem ser destacados Ao trabalhar

com este conceito com a turma do 4ordm ano associamos a discussatildeo das caracteriacutesticas

regionais com as suas paisagens realizando a leitura de imagens fotograacuteficas

129

disponibilizadas pelos livros didaacuteticos atlas escolar e outras desenvolvidas em forma de

atividades

Em mapas mentais como o do aluno 11 (figura 20 p 130) foi observado que o

uso das toponiacutemias permite uma compreensatildeo da organizaccedilatildeo regional pelos alunos Em

outros casos o excesso de informaccedilotildees demonstra que esta comunicaccedilatildeo ainda se

apresenta de forma confusa para os estudantes (aluno 08 figura 18 p 126) Por outro

lado seguindo as orientaccedilotildees de Richter (2010 p 71) para a anaacutelise sobre o uso da

palavra na construccedilatildeo dos mapas mentais destacamos que escrever a palavra ldquosertatildeordquo

ldquoagresterdquo ou ldquooceano atlacircnticordquo ldquo[] natildeo define ou estabelece que esse estudante tenha

uma compreensatildeo ampla sobre os termos ou ideias apresentadasrdquo

Outro fato que nos chama a atenccedilatildeo eacute a ecircnfase dada agrave temaacutetica dos mapas

mentais os rios da Paraiacuteba As expressotildees rio Paraiacuteba e Piranhas apresentam-se em 50

dos mapas mentais analisados (sete mapas) assim como a presenccedila do Oceano

Atlacircntico Em outros dois casos os alunos representam em seus mapas a presenccedila do

Accedilude Velho e Riacho das Piabas

Percebemos com essa avaliaccedilatildeo a dificuldade dos alunos para o entendimento do

significado das toponiacutemias e a construccedilatildeo desta imagem mental Longe de encerrar esta

compreensatildeo pelos alunos veremos a seguir algumas anaacutelises relacionadas as noccedilotildees de

localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial

130

FIGURA 20 USO DAS TOPONIacuteMIAS NA CONSTRUCcedilAtildeO DAS MESORREGIOtildeES DA PARAIacuteBA DO ALUNO 11

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

131

C Noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

A alfabetizaccedilatildeo da liacutengua materna corresponde a uma das primeiras formas de

comunicaccedilatildeo ensinadas na escola Escrever as primeiras letras do nome pode acontecer

antes dos seis anos de idade mas eacute a partir do 1ordm ano do EF que este aprendizado seraacute

mais niacutetido

No ocidente o processo da escrita das palavras ocorre geralmente em uma

ordem sequencial da esquerda para a direita Este procedimento tambeacutem eacute realizado

para a leitura de textos onde eacute expressa a liacutengua portuguesa Somos desde pequenos

ensinados e aos poucos nos habituamos a este processo de leitura e escrita Mas haacute

alguma relaccedilatildeo entre o raciociacutenio geograacutefico a imagem mental e a representaccedilatildeo dos

mapas mentais com o processo de leitura e escrita A anaacutelise dos mapas afirma que sim

No item noccedilotildees de percepccedilatildeo espacial identificamos a ocorrecircncia de dez mapas

mentais que distribuiacuteram as Mesorregiotildees Geograacuteficas em uma ordem sequencial Mais

que uma relevacircncia na percepccedilatildeo dos alunos ela revela uma teacutecnica de

desenvolvimento do coacutedigo da liacutengua Dos dez mapas mentais que apresentam esta

caracteriacutestica sete denotam uma ordem idecircntica agrave do enunciado da questatildeo O quadro 6

realiza uma comparaccedilatildeo das toponiacutemias utilizadas e sua relaccedilatildeo com os mapas

mentais58

QUADRO 6 ORDEM DAS TOPONIacuteMIAS ENCONTRADAS NOS MAPAS MENTAIS

Ocorrecircncia Toponiacutemia 1 Toponiacutemia 2 Toponiacutemia 3 Toponiacutemia 4

Enunciado Mata Paraibana Agreste Paraibano Borborema Sertatildeo Paraibano

07 mapas Mata Paraibana Agreste Paraibano Borborema Sertatildeo Paraibano

03 mapas Sertatildeo Paraibano Borborema Agreste Paraibano Mata Paraibana

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

Quando comparado a disposiccedilatildeo das mesorregiotildees no enunciado da questatildeo e a

localizaccedilatildeo sete dos dez mapas eacute niacutetido que a transposiccedilatildeo da imagem mental para o

papel seguiu a mesma loacutegica expressa no enunciado da questatildeo Mas o simples fato de

localizar as toponiacutemias da esquerda agrave direita e vice versa natildeo significa que o aluno

58O mapa diferentemente de outras teacutecnicas de informaccedilatildeo e conhecimento como a Liacutengua portuguesa ou

a Matemaacutetica eacute portador de uma linguagem natildeo-verbal Traduz um processo de aprendizagem natildeo

sequencial de fenocircmenos que quando apresentados na fala em texto ou operaccedilotildees matemaacuteticas

naturalmente vatildeo apresentar uma hierarquia disposiccedilatildeo sequencialidade que nem sempre eacute desejaacutevel

132

consegue abstrair a posiccedilatildeo dos lugares em escalas regionais Torna-se importante notar

outros referenciais

A orientaccedilatildeo de outras referecircncias como Oceano Atlacircntico servem como

correspondente entre os signos (mesorregiotildees) apresentados nos mapas mentais A

leitura realizada pelo aluno 11 localiza a mesorregiatildeo do Sertatildeo Paraibano vizinho ao

Oceano Atlacircntico (figura 20 p 130) este fato esteve presente em quatro mapas

mentais

Por meio do mapa mental realizado pelo aluno 15 (figura 21 p 133) eacute possiacutevel

afirmar que mesmo havendo semelhanccedila entre a sequencialidade do enunciado da

questatildeo e o mapa mental eacute possiacutevel estabelecer uma relaccedilatildeo de orientaccedilatildeo espacial

condizente com a realidade a partir do uso coerente da rosa dos ventos

Encontramos ainda no caso do mapa mental supracitado uma reordenaccedilatildeo dos

pontos cardeais que a primeira vista pode parecer estranha para um experiente leitor de

mapas existentes Eacute notado que o aluno altera a posiccedilatildeo L (leste) ndash O (oeste) do mapa

mental permitindo uma comunicaccedilatildeo entre a orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo real das

Mesorregiotildees Geograacuteficas

O caso citado acima eacute o uacutenico a realizar esse raciociacutenio da orientaccedilatildeo dos

elementos representados podemos notar que o aluno consegue articular a noccedilatildeo de

orientaccedilatildeo espacial o que nos leva a considerar a possibilidade de coincidecircncia Dos

quatorze (14) mapas mentais doze (12) apresentam a rosa dos ventos A tabela 8

demonstra a noccedilatildeo de orientaccedilatildeo espacial atraveacutes dos pontos cardeais pelos alunos

TABELA 8 OCORREcircNCIA DA UTILIZACcedilAtildeO DA ROSA DOS VENTOS NOS MAPAS

MENTAIS

USO DA ROSA DOS VENTOS OCORREcircNCIA

Apresenta coerecircncia 2

Natildeo apresenta coerecircncia 7

Natildeo corresponde a uma comunicaccedilatildeo 6

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

Eacute observado que o posicionamento mediado pelos pontos cardeais natildeo obteve

sucesso As atividades desenvolvidas natildeo foram suficientes para possibilitar a

compreensatildeo da orientaccedilatildeo espacial Embora sete alunos tracem a rosa dos ventos em

seus mapas mentais elas natildeo correspondem agraves toponiacutemias expressas ou outros pontos de

referecircncia como o oceano Outros seis alunos invertem o posicionamento dos pontos

cardeais ou simplesmente natildeo apresenta tais referenciais

133

FIGURA 21 ORIENTACcedilAtildeO E LOCALIZACcedilAtildeO DAS MESSOREGIOtildeES DA PARAacuteIBA ALUNO 15

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

134

D Noccedilotildees de escala geograacutefica

Todas as noccedilotildees discutidas acerca dos mapas mentais das mesorregiotildees

demonstram que na escala regional paraibana os alunos sentiram mais dificuldades na

realizaccedilatildeo dos elementos dos mapas Com isso a leitura dos esboccedilos apresentou alguns

contratempos como excesso ausecircncia ou desconexatildeo entre as toponiacutemias apresentadas

com a temaacutetica dos mapas

Sem instrumentos mediadores ou modelos os alunos tiveram diferentes

problemas Entre eles o que deve ser representado no mapa Os rios eram destaque no

enunciado da prova embora seus nomes estivessem em negrito poucos alunos

distinguiram as palavras enquanto regiotildees (Mata Paraibana) e rios Paraiacuteba e Piranhas

Os rios revelam o propoacutesito do mapa mas tambeacutem coincidem com a localizaccedilatildeo Estado

da Paraiacuteba

Se considerarmos as palavras de Callai (2005 p 239) sobre o retrato do tema

ldquo[] eacute importante perceber que os fenocircmenos da natureza se configuram em outra

escala que eacute da natureza mesmo e que vai pautar os acontecimentos ao contraacuterio de

uma escala histoacuterica intrinsecamente ligada ao tempo e ao espaccedilo de nossas vidasrdquo

O conjunto das Mesorregiotildees Geograacuteficas tinha como intenccedilatildeo localizar ordenar

e apresentar um panorama geral do Estado da Paraiacuteba O resultado da observaccedilatildeo da

escala geograacutefica (Tabela 9) revela que a maioria dos estudantes apresenta maior

acuidade para a escolha da escala

TABELA 9 ESCALA GEOGRAacuteFICA EM DESTAQUE NOS MAPAS MENTAIS

ESCALA GEOGRAacuteFICA OCORREcircNCIA

Estado da Paraiacuteba 11

Outra 2

Natildeo identificada 1 Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

O que demonstra estes dados eacute que os alunos tiveram o cuidado de reduzir os

objetos da escala real para a dimensatildeo do papel mas o motivo para essa reduccedilatildeo natildeo

corresponde com a proposta da atividade Observamos que os alunos tecircm na maioria

dos casos o cuidado de representar as mesorregiotildees entretanto os rios Paraiacuteba e

Piranhas satildeo observados como coisas distintas do territoacuterio Dos quatorze (14) mapas

135

mentais analisados nove apresentam os rios enquanto elemento externo os outros cinco

casos natildeo fazem qualquer menccedilatildeo ao tema

Se por um lado a ldquohomogeneidaderdquo e ldquoconcentraccedilatildeordquo satildeo traccedilos pertinentes a

escala da proposta dos mapas mentais por outro ldquocolocar o problema da escala eacute

tambeacutem colocar o problema da pertinecircncia da ligaccedilatildeo entre uma unidade de observaccedilatildeo

e o atributo que associamos a elardquo (RACINE RAFFESTIN amp RUFFY 1983 p 125) A

anaacutelise destas representaccedilotildees demonstra que os rios e o territoacuterio paraibano satildeo como

ldquoaacutegua e oacuteleordquo natildeo se misturam esta heterogeneidade fez os alunos observarem estes

elementos como distintos

A escala ainda segundo Racine Raffestin amp Ruffy (1983) eacute um processo de

esquecimento coerente visto que agrave medida que observamos um conjunto agraves

singularidades satildeo ldquoesquecidasrdquo Dito de outra forma agrave medida que avanccedilamos na

representaccedilatildeo das mesorregiotildees geograacuteficas da Paraiacuteba os bairros de Campina Grande

natildeo deveriam ter ecircnfase na produccedilatildeo dos mapas mentais como aconteceu na

representaccedilatildeo do aluno 09 (Figura 22 p 136)

Por fim observamos que a escala geograacutefica enquanto noccedilatildeo para os estudos de

Geografia contribui para observarmos a percepccedilatildeo e sistematizaccedilatildeo mental dos assuntos

abordados em sala de aula Ela possibilita avaliar os avanccedilos dos alunos aleacutem de

auxiliar o planejamento do professor para a progressatildeo de habilidades e noccedilotildees a serem

trabalhadas

Buscamos no proacuteximo capiacutetulo avanccedilar na discussatildeo acerca do uso dos mapas

mentais dessa forma apontamos as praacuteticas e estrateacutegias utilizadas que possibilitaram o

ensino de Geografia com uma turma do 5ordm ano Recorremos assim como na turma do 4ordm

ano a experiecircncias luacutedicas e teoacutericas que possibilitassem o desenvolvimento de

habilidades e uso das noccedilotildees para o desenvolvimento das representaccedilotildees cartograacuteficas e

da leitura de mundo desses alunos

136

FIGURA 22 USO INDISCRIMINADO DA ESCALA GEOGRAacuteFICA ALUNO 09

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

137

4 PROPOSTAS E PRAacuteTICAS ESCOLARES ANAacuteLISES DOS MAPAS

MENTAIS COM OS ALUNOS DO 5ordm ANO

No decorrer deste capiacutetulo temos como objetivo apresentar e analisar as

atividades realizadas com os alunos do 5ordm ano Nossas praacuteticas direcionadas ao recurso

didaacutetico mapa mental dialogaram com um conjunto de atividades de construccedilatildeo e

interpretaccedilatildeo de mapas existentes e atividade luacutedica

Empregamos os mapas existentes (mapas murais e mapa do Brasil regiotildees)

mapas mudos e o jogo de baleada para o desenvolvimento de habilidades relacionado

aos assuntos estudados nas aulas de Geografia Conforme seraacute apresentado dividimos

estas experiecircncias em quatro itens (1) Oficina 1 Uso dos mapas mudos e a ldquobaleada

geograacuteficardquo (2) Mapa mental 1 Mapa da minha vida (3) Oficina 2 Mapa mudo da

regiatildeo Centro-Oeste e (4) Mapa mental 2 Mapa da regiatildeo Centro-Oeste

51 OFICINA 1 USO DOS MAPAS MUDOS E A ldquoBALEADA GEOGRAacuteFICArdquo

NOCcedilOtildeES PRAacuteTICAS E TEOacuteRICAS DE GEOGRAFIA

Compreende-se que para a construccedilatildeo dos procedimentos de trabalho coordenar

e dirigir o pensamento atraveacutes da linguagem cartograacutefica eacute fundamental Necessita

aleacutem disso envolver atividades teoacutericas e luacutedicas como mostramos no capiacutetulo 1

(Quadro 1 p 40) Haacute diferentes condicionantes que despertam a motivaccedilatildeo ou

desmotivaccedilatildeo a positividade ou apatia acerca das atividades desenvolvidas entre os jaacute

destacados a atenccedilatildeo memoacuteria cogniccedilatildeo e emoccedilatildeo retrata Vigotski (1998)

Para Bock Furtado amp Teixeira (2008) a escola eacute o lugar privilegiado para o

desenvolvimento dos condicionantes citados no paraacutegrafo anterior por meio da

educaccedilatildeo formal Neste espaccedilo ocorre o contato com a cultura de forma sistemaacutetica

intencional e planejada visando o desenvolvimento cognitivo dos sujeitos Por outro

lado o aluno jaacute traz consigo necessidades curiosidades e um imaginaacuterio a respeito da

realidade espacial

A aprendizagem natildeo eacute equivalente a todos os sujeitos de uma turma Entretanto

enfatizamos a importacircncia do trabalho coletivo como meio para o progresso do

raciociacutenio espacial Dessa forma segundo Rego (1995) eacute necessaacuterio a intervenccedilatildeo do

professor nas zonas de desenvolvimento proximal dos alunos Acreditamos que o

138

diaacutelogo as atividades com recursos cartograacuteficos e atividades luacutedicas podem auxiliar

nesse quesito

A escolha do recurso didaacutetico a exemplo do mapa corresponde

necessariamente com a proposta da aula de Geografia Uma escolha equivocada pode

gerar problemas para o encaminhamento da aula Ao conversar com a professora

Beatriz sobre as aulas de Geografia perguntei quais os assuntos trabalhados nos

bimestres anteriores Empolgada ela fala sobre suas consideraccedilotildees sobre o mapa-

muacutendi localizaccedilatildeo dos paiacuteses e organizaccedilatildeo poliacutetica A professora pega seu livro

didaacutetico o abre e mostra um mapa das Ameacutericas Diante deste caso apontamos que o

professor e o aluno

[] natildeo alfabetizado para a leitura da linguagem cartograacutefica natildeo possui

habilidades suficientes para ldquoentrarrdquo em mapas de escala pequena com os

que representam o Brasil ou o mundo com siacutembolos abstratos e entender o

conteuacutedo neles apresentado (PASSINI 2012 p 31)

Natildeo procuramos julgar as praacuteticas da professora tampouco desprivilegiar o uso

do livro didaacutetico em sala de aula mas observamos a necessidade da correspondecircncia

entre tema e recurso empregado Ademais discordamos das palavras de Passini (2012 p

31) que apenas por meio da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica que o aluno tem ldquohabilidade

suficienterdquo para entender um mapa Seraacute que esta afirmaccedilatildeo corresponde com as

praacuteticas cotidianas dos alunos E os mapas apresentados nos telejornais que

demonstram a previsatildeo do tempo ou o itineraacuterio dos ocircnibus localizaccedilatildeo de lojas eles

tambeacutem necessitam de uma alfabetizaccedilatildeo para ser compreendidos O professor eacute o

uacutenico sujeito a mediar agrave compreensatildeo da linguagem cartograacutefica

Acreditamos que a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica deve ser um processo de

construccedilatildeo e leitura de mapas De acordo com Callai (2005) os alunos trazem os

conhecimentos de sua experiecircncia de vida e eacute a partir daiacute que podemos iniciar a alusatildeo

aos conhecimentos da Geografia Dito isto enfatizamos que no decorrer das duas

primeiras aulas realizamos leitura de mapas enfatizando a importacircncia da construccedilatildeo da

legenda e da correspondecircncia aos elementos do mapa trabalhados Outros fatores como

a importacircncia da rosa dos ventos e dos pontos cardeais tambeacutem estiveram presente

nestas aulas

As regiotildees brasileiras e o processo de regionalizaccedilatildeo foi o tema trabalhado em

Geografia com a professora regente no terceiro bimestre de 2014 Iniciamos o trabalho

revisando o assunto Os alunos construiacuteram mapas mudos na ocasiatildeo entregamos uma

lista com o nome dos estados (com suas respectivas siglas) e capitais (ver apecircndice

139

VIII) buscando construir um modelo mental para o desenvolvimento dos primeiros

mapas mentais Um exemplo de mapa mudo desenvolvido pelo aluno 29 (Figura 23 p

139) o modelo encontra-se em apecircndice (apecircndice IX)

A realizaccedilatildeo dos mapas mudos embora mediada natildeo foi trabalhada com a

consulta de mapas existentes Foi permitida a interaccedilatildeo entre os alunos para chegarem a

uma interpretaccedilatildeo proacutepria da localizaccedilatildeo dos estados e extensatildeo das cinco regiotildees

brasileiras59 (Nordeste Sul Sudeste Centro-Oeste e Norte) Na ocasiatildeo jaacute haviam

estudado o panorama geral da organizaccedilatildeo territorial do paiacutes aleacutem disso a Regiatildeo

Norte a qual demonstravam a maioria dos alunos mostrava interesse

FIGURA 23 MAPA MUDO DAS REGIOtildeES DO BRASIL REALIZADO PELO ALUNO 29

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

59 Eacute observado que os limites das regiotildees eacute estabelecido por linhas mais escuras o que deveria facilitar a

distinccedilatildeo entre elas mas em alguns casos como o do aluno 29 (figura 23) esta compreensatildeo ainda natildeo

estava clara

140

Outra questatildeo em pauta satildeo as consideraccedilotildees de Castrogionni amp Costella (2006)

Almeida amp Passini (2010) e Passini (2012) eles apontam que as noccedilotildees de localizaccedilatildeo e

orientaccedilatildeo espacial satildeo problemas complexos ao se desenvolver experiecircncias com

mapas O plano das relaccedilotildees de localizaccedilatildeo extensatildeo e vizinhanccedila eacute algo complicado

seja quando a referecircncia eacute o proacuteprio corpo (direita esquerda frente e atraacutes) ou os pontos

cardeais (norte sul leste e oeste)

Na anaacutelise das noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial nos mapas mentais do

Canal das Piabas (p 116 terceiro paraacutegrafo) apresentamos o problema dos modelos de

orientaccedilatildeo espacial discutido por Passini (2012 p 112 ndash 117) Mediante algumas

atividades sugeridas pela autora como ldquoorientando-se na cidaderdquo ldquotrabalho com

sombrasrdquo e ldquoorientando-se com vizinhos e natildeo vizinhosrdquo desenvolvemos uma proposta

de atividade a qual intitulamos de ldquobaleada geograacuteficardquo

Para a realizaccedilatildeo da experiecircncia da baleada geograacutefica resgatamos as praacuteticas do

jogo conhecido como baleada ou queimada60 com os alunos do 5ordm ano Dessa forma

seguimos os passos descritos

1 Dividir os alunos em quatro grupos cada um representando um ponto cardeal

(Norte Sul Leste e Oeste)

2 Posicionar os grupos nas respectivas direccedilotildees neste caso eacute indicado que a

atividade seja realizada em um local aberto e os pontos cardeais sejam marcados

no chatildeo considerando o posicionamento do sol61

3 O grupo deve acertar com a bola um dos participantes do time oposto entretanto

a direccedilatildeo da bola deve seguir a orientaccedilatildeo falada pelo mediador (professor)

exemplo ldquogrupo Oeste acerte a bola no grupo Sulrdquo (Figura 24 p 141)

O objetivo do jogo foi localizar os grupos no plano espacial do paacutetio da escola

mostrando que as coisas e as pessoas estatildeo em determinado lugar Aleacutem disso os alunos

observaram a relaccedilatildeo existente entre o pocircr do sol e o posicionamento dos pontos

cardeais Tambeacutem a possibilidade de coordenar direccedilotildees atraveacutes deles

Na aula seguinte dialogamos sobre esta experiecircncia e realizamos uma atividade

teoacuterica sobre a ldquobaleada geograacuteficardquo (ver apecircndice X) Percebemos que alguns alunos

60 Nos Estados Unidos a brincadeira vem ganhando prestiacutegio principalmente apoacutes seu reconhecimento

enquanto esporte o ldquododgeballrdquo O esporte eacute composto por dois grupos onde cada equipe busca acertar

membros do time adversaacuterio quando um integrante eacute acertado ele eacute retirado do jogo Ganha quem tiver o

maior nuacutemero de integrantes no final da partida Para mais informaccedilotildees acesse

httpenwikipediaorgwikiDodgeball lt acessado em 26052015 61 Ressaltamos que esta atividade seja realizada no iniacutecio da manhatilde (para o turno matutino) ou final da

tarde (para o turno vespertino) em decorrecircncia da exposiccedilatildeo das crianccedilas ou jovens ao sol e ainda a

possibilidade de ver mais nitidamente o nascer ou o pocircr do sol (como foi o caso com a turma do 5ordm ano)

141

os que faltaram principalmente sentiram dificuldade na compreensatildeo da uacuteltima questatildeo

que se referia ao posicionamento atraveacutes da posiccedilatildeo aparente do sol Retornamos ao

paacutetio da escola e realizamos outra simulaccedilatildeo sobre a dinacircmica do jogo desta vez os

alunos explicavam como deveria ser realizado o jogo e suas regras62

FIGURA 24 DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE LUacuteDICA BALEADA GEOGRAacuteFICA

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

Apoacutes a realizaccedilatildeo destas experiecircncias os alunos tiveram como desafio a

realizaccedilatildeo dos primeiros mapas mentais Contextualizamos a atividade das regiotildees do

Brasil atraveacutes da proposta ldquoMapa da minha vidardquo63 onde os alunos teriam que destacar

os procedimentos descritos a seguir

Desenhe um mapa mental do Brasil considerando as informaccedilotildees abaixo

1 Localizar em seus mapas mentais as seguintes informaccedilotildees

- Estado em que vocecirc nasceu

62 Nestes termos caracterizamos que as aulas ocorrem em atividades cineacuteticas articulando o

desenvolvimento das representaccedilotildees aos movimentos corpoacutereos descentralizando a atenccedilatildeo focal

(observaccedilatildeo) aos outros sentidos tato fala e audiccedilatildeo Afirmamos que isto ocorre em um processo que

avanccedila e regride ao longo das atividades escolares e que os resultados positivos nem sempre satildeo

alcanccedilados 63 A proposta de atividade com o tema ldquomapa da minha vidardquo eacute fruto de experiecircncia de pesquisa-piloto

realizada no Centro de Ensino Pesquisa Aplicada agrave Educaccedilatildeo (CEPAE) da Universidade Federal de Goiaacutes

(UFG) com alunos do 5ordm ano em 2014 A proposta desenvolvida pela Profordf Drordf Rusvecircnia Luiza para o

trabalho com mapas mudos foi incorporada ao desenvolvimento de mapas mentais em uma de suas

turmas de 5ordm ano Na ocasiatildeo o recurso possibilitou avaliar os conteuacutedos sobre regiatildeo e regionalizaccedilatildeo

brasileira ensinados pela referida professora

142

- Estado em que seus pais nasceram

- Estado que jaacute visitou e

- Estado que gostaria de visitar

2 Orientar seu mapa atraveacutes da rosa dos ventos

3 Construir a legenda do mapa mental

4 Baseado no tema apresentado decirc um tiacutetulo para o seu mapa mental

Inicialmente explicamos aos alunos qual era a proposta dos mapas mentais e que

estas representaccedilotildees natildeo iriam ser idecircnticas aos mapas estudados ateacute a ocasiatildeo Os

alunos se mostraram resistentes a proposta de trabalho De iniacutecio alguns se recusaram a

realizar a atividade alegando ldquonatildeo saber desenharrdquo outros alegavam a necessidade da

consulta aos mapas existentes Realizamos um acordo eles poderiam consultar a lista

com o nome dos estados entretanto natildeo seria permitida a consulta a outros materiais

Todos aceitaram este termo

Apoacutes o iniacutecio das atividades poucos alunos utilizaram a lista com o nome dos

estados Entretanto discutiam entre eles sobre a localizaccedilatildeo dos estados e pediam

auxiacutelio agrave professora e para o pesquisador para realizaccedilatildeo da proposta O proacuteximo item

corresponde agraves anaacutelises dos mapas mentais elaborados

42 MAPA MENTAL 1 MAPA DA MINHA VIDA

A Noccedilatildeo de percepccedilatildeo espacial

Como discutido no primeiro bloco de anaacutelise dos mapas mentais (alunos do 4ordm

ano) a percepccedilatildeo espacial eacute variante de sujeito para sujeito mesmo quando sua

experiecircncia ambiental valores e status social satildeo semelhantes Pinheiro (2005) assim

como Tuan (2012) percebe que a compreensatildeo espacial e a composiccedilatildeo da imagem

mental satildeo decorrentes de um ldquocircuito psicoloacutegicordquo

A imagem mental eacute um processo de ldquo[] apreensatildeo da informaccedilatildeo (sensaccedilatildeo

percepccedilatildeo) sua organizaccedilatildeo interna (percepccedilatildeo cogniccedilatildeo) armazenamento na memoacuteria

e resgate para utilizaccedilatildeo como accedilatildeordquo (PINHEIRO 2005 p 152) No ensino-

aprendizagem de Geografia os mesmos ldquoestiacutemulosrdquo ou imagens experimentadas (seja

pela vivecircncia nos lugares ou aprendizagens) natildeo seratildeo idecircnticos ao modelo expresso Os

ruiacutedos satildeo inevitaacuteveis na construccedilatildeo da imagem e na (re) produccedilatildeo dos mapas mentais

143

Os 21 mapas mentais produzidos com o tema ldquomapa da minha vidardquo retratam

diferentes modelos de percepccedilatildeo dos alunos acerca da silhueta do Brasil Agrupamos

estes mapas mentais em quatro grupos silhueta em forma proacutexima a do Brasil de balatildeo

e de triacircngulo e como apresentada na figura 25 A quarta categoria apresenta os mapas

mentais que natildeo se enquadraram nestes paracircmetros

FIGURA 25 PARAcircMETROS PARA ANAacuteLISE DAS SILHUETAS DOS MAPAS MENTAIS

A Forma proacutexima a do Brasil B Forma de um balatildeo C Forma de um triacircngulo

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) Organizado por David L R de Almeida 2015

Como observamos na tabela 10 nove dos 21 alunos contornam os seus mapas

mentais e apresentam correlaccedilatildeo com o mapa mudo do Brasil Entre estes casos

apresentamos o mapa mental realizado pelo aluno 41 (figura 26 p 146) Observamos

que os traccedilos expressos nos mapas mentais aproximam-se da silhueta do mapa existente

do Brasil e conservaram a localizaccedilatildeo de alguns estados estrateacutegicos em suas

representaccedilotildees a Paraiacuteba (PB) na posiccedilatildeo nordeste o Acre (AC) proacutexima a uma

curvatura no norte do Brasil e o Rio Grande do Sul (RS) como o ponto mais extremo ao

sul do territoacuterio nacional64

TABELA 10 PERCEPCcedilOtildeES DA FORMA DO BRASIL DESTACADO NOS MAPAS

MENTAIS

FORMA OCORREcircNCIA

Brasil 9

Balatildeo 4

Triacircngulo 2

Outra forma 6

Total 21

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

64 Em virtude da ausecircncia dos pontos cardeais no mapa mental estamos considerando que a posiccedilatildeo Norte

esteja no lado superior da folha

Menor extensatildeo (L-O)

Ex

ten

satildeo

(N

-S)

Maior extensatildeo (L-O)

144

Os mapas em formato de balatildeo tambeacutem tiveram suas peculiaridades entre elas o

fator de concentricidade dos estados retratados em forma circulares ou de meia lua O

mapa mental do aluno 39 (figura 27 p 147) eacute composto por um agrupamento de feiccedilatildeo

circular o mais niacutetido eacute encontrado no centro da imagem relativo ao estado de Goiaacutes

(GO) Na regiatildeo nordeste o aluno situa a Paraiacuteba (em verde) seguido pela cidade

paraibana de Taperoaacute (em laranja) e um dos distritos de Campina Grande Galante (em

azul)

Jaacute haviacuteamos reparado o mesmo traccedilado circular em alguns mapas do Canal das

Piabas (p 125 quarto paraacutegrafo) e analisado que a esfericidade segundo Tuan (1983

2012) casa com a ideia de etnocentrismo Mas precisamos observar que diferentes

povos ao longo da histoacuteria tambeacutem utilizaram e ainda utilizam o paracircmetro esfeacuterico

para confecccedilatildeo de mapas existentes a exemplo dos chineses (com os mapas formados

por cinturotildees No centro do mapa localiza-se o impeacuterio nas bordas os baacuterbaros e

selvagens) gregos e europeus com os ldquomapas O-T (Orbis terrarum)rdquo Atualmente os

atlas escolares a exemplo do mapa-muacutendi ldquomostra todo o mundo em uma projeccedilatildeo que

estaacute centralizada no sul da Gratilde-Bretanha ou noroeste da Franccedilardquo (TUAN 2012 p 65 ndash

69)

O terceiro caso por exemplo aponta os mapas mentais em contornos relativos agrave

forma triangular Eles aproximaram-se ao formato do triacircngulo equilaacutetero (o qual possui

trecircs partes iguais e contecircm trecircs acircngulos de 60ordm)

No que se refere aos dois mapas mentais que apresentaram esta configuraccedilatildeo

observamos que os estados que ficam a norte da linha do equador como Roraima e

Amapaacute natildeo satildeo apresentados Ou ainda satildeo localizados em outros lugares como

observado no mapa mental do aluno 25 (Figura 28 p148)

Os exemplos anteriores indicam que para estes alunos a associaccedilatildeo a forma

geomeacutetrica triangular corresponde com uma estrateacutegia de memorizaccedilatildeo da imagem

mental do Brasil Recordemos que eacute comum a menccedilatildeo da forma arredondada do planeta

Terra nas aulas de Geografia entretanto relata Jolly (1990) que a muito se eacute estudado a

ldquoverdadeirardquo forma do planeta Terra suas formas e dimensotildees a qual hoje se denomina

de geoacuteide

Ao longo do desenvolvimento da Idade Meacutedia relata Jolly (1990) que houve o

aperfeiccediloamento das teacutecnicas de observaccedilatildeo instrumentos como a buacutessola sistemas de

medidas e intersecccedilatildeo a grandes distacircncias para o autor

145

A triangulaccedilatildeo tem como objetivo fixar sobre a superfiacutecie a ser

cartografada a posiccedilatildeo relativa em distacircncia e em direccedilatildeo de pontos

fundamentais ou ldquopontos geodeacutesicosrdquo sobre os quais se apoiara a rede de

quadriculas do mapa Consiste em cobrir a superfiacutecie estudada com uma rede

de referecircncias dispostas segundo os veacutertices de triacircngulos [] (JOLLY 1990

p 42)

Neste sentido eacute importante apontar que a forma triangular pode ser um caminho

para a construccedilatildeo dessa imagem mental entretanto o papel da mediaccedilatildeo do professor

deve propor anaacutelises mais aprofundadas sobre as irregularidades do traccedilado territorial

Por quais motivos haacute a irregularidade na silhueta do mapa mental do Brasil Por causa

das fronteiras poliacuteticas e econocircmicas Os acidentes geograacuteficos Esses satildeo alguns

elementos que podem ser discutidos

Seis dos 21 mapas mentais apresentaram formas distintas entre si e dos trecircs

grupos apresentados anteriormente Seus traccedilados irregulares apresentavam uma

compreensatildeo sincreacutetica da imagem do territoacuterio nacional natildeo apenas pelo traccedilado do

mapa mental mas pela associaccedilatildeo dos elementos destacados ao tema do mapa Em

alguns casos ocorreu o comprometimento da comunicaccedilatildeo do mapa para seu

destinataacuterio como destacaremos nos proacuteximos toacutepicos

146

FIGURA 26 MAPA MENTAL EM FORMATO PROacuteXIMO A REPRESENTACcedilAtildeO TRADICIONAL DO BRASIL DO ALUNO 41

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

147

FIGURA 27 MAPA MENTAL EM FORMA DE BALAtildeO ALUNO 39

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

148

FIGURA 28 MAPA MENTAL EM FORMA DE TRIAcircNGULO ALUNO 25

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

149

B Uso de toponiacutemias

As toponiacutemias permitem a apresentaccedilatildeo do tema nos mapas mentais As palavras

possibilitam a apreensatildeo do significado e a intenccedilatildeo do produtor de mapas para um

segundo sujeito o leitor de mapas viabilizando a interaccedilatildeo verbal entre eles

(BAKHTIN 2012)

Nos mapas mentais produzidos constatamos que 17 das 21 representaccedilotildees

apresentam o nome de estados brasileiros Um caso expotildee a classificaccedilatildeo atraveacutes das

regiotildees (Norte Nordeste Centro-Oeste e Sul) e outros trecircs natildeo demonstram

correspondecircncia com o tema (sendo que um deles natildeo apresenta nenhuma informaccedilatildeo)

Aleacutem disso na anaacutelise dos 17 mapas que expressam a relaccedilatildeo signo-significado

atraveacutes da legenda classificamos o grau de coerecircncia desta relaccedilatildeo em bom regular e

insuficiente para a proposta de interpretaccedilatildeo dos dados a tabela 11 apresenta o nuacutemero

destas ocorrecircncias

TABELA 11 COEREcircNCIA DAS TOPONIacuteMIAS EXPRESSAS NOS MAPAS MENTAIS

GRAU DE COEREcircNCIA OCORREcircNCIA

Bom 12

Regular 4

Insuficiente 1

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

Entre os casos onde podemos observar um bom desempenho em relaccedilatildeo a

construccedilatildeo da legenda e os significados expressos no mapa mental estaacute a representaccedilatildeo

do aluno 48 (figura 29 p 150) O esboccedilo cartograacutefico identifica o estado que o aluno e

seus pais nasceram (Paraiacuteba) outros estados conhecidos expressos na legenda na cor

laranja (o que significa que o estudante natildeo conhece outro estado aleacutem da Paraiacuteba) e

por fim os estados que gostaria de conhecer Amazonas e Rio Grande do Sul pintado

em azuis Nos casos semelhantes ao mapa mental da figura 29 podemos creditar sucesso

na realizaccedilatildeo da proposta

150

FIGURA 29 APRESENTACcedilAtildeO DAS INFORMACcedilOtildeES EM FORMA DE LEGENDA ALUNO 48

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

151

Entre os outros esboccedilos que apresentaram um grau regular na apresentaccedilatildeo dos

mapas mentais destacamos o mapa do aluno 24 (Figura 30 p 152) Observamos que o

mapa mental apresenta um excesso de informaccedilatildeo que prejudica a leitura Este foi um

entre os quatro casos em que o estudante utilizou a lista com o nome dos estados como

instrumento mediador para realizaccedilatildeo do mapa Podemos notar que a construccedilatildeo da

legenda do mapa natildeo atribuiu significado aos estados pintados em roacuteseo ou em

vermelhos deixando um sentido vago em relaccedilatildeo aos seus significados

O terceiro caso corresponde ao mapa mental produzido pelo aluno 38 (Figura 31

p 153) todas as informaccedilotildees expressas na legenda e em seu mapa utiliza a referecircncia da

cor laranja entretanto natildeo haacute um discernimento isto prejudica a comunicaccedilatildeo entre o

estado que o aluno conhece e natildeo conhece por exemplo Ademais as toponiacutemias

apresentadas no mapa satildeo quase imperceptiacuteveis para o leitor na interpretaccedilatildeo do mapa

identificamos apenas o estado de Satildeo Paulo (quadrado em laranja no centro do mapa)65

Outro fator que contribuiu para a anaacutelise dos mapas mentais foi a indicaccedilatildeo do

tiacutetulo pelos alunos Para a realizaccedilatildeo dos mapas mentais pedimos aos alunos que o nome

da representaccedilatildeo correspondesse com o tema da proposta Ao estudar os esboccedilos

produzidos observamos que mais de 50 dos alunos (ou seja 11 mapas) apontaram um

tiacutetulo para os seus mapas mentais como o do aluno 41 ldquoO mapa que fala da minha vidardquo

(Figura 26 p 146) Em apenas um caso o tiacutetulo apresentado ldquoMinha cidaderdquo (aluno 29

Figura 33 p 157) natildeo corresponde com a proposta do tema em questatildeo

65 Para anaacutelise do mapa da figura 31 utilizamos o recurso zoom com a imagem em arquivo digital certos

traccedilos deste mapa mental eacute incompreensiacutevel em uma visualizaccedilatildeo normal

152

FIGURA 30 MAPA MENTAL DO ALUNO 24 DESTAQUE AO EXCESSO DE TOPONIacuteMIAS

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

153

FIGURA 31 MAPA MENTAL DO ALUNO 38 DESTAQUE A EXPRESSAtildeO SINCREacuteTICA

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

154

C Noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

As noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial foram um dos fatores mais

difiacuteceis de serem analisados principalmente nas situaccedilotildees que envolveram o destaque a

um maior nuacutemero de toponiacutemias Como proposta para avaliaccedilatildeo da localizaccedilatildeo espacial

procuramos observar a totalidade da representaccedilatildeo e a orientaccedilatildeo dessas toponiacutemias em

seu contexto Dessa forma classificamos a localizaccedilatildeo dos estados em quatro

categorias Consideramos sua proximidade ao modelo dos mapas mudos anteriormente

apresentado Aleacutem disso enfatizamos o grau de vizinhanccedila entre os estados e sua

posiccedilatildeo relativa aos pontos cardeais a tabela 12 apresenta esta tentativa de siacutentese

TABELA 12 NIacuteVEL CORRESPONDENTE Agrave LOCALIZACcedilAtildeO ESPACIAL

NIacuteVEL OCORREcircNCIA

Corresponde 8

Natildeo corresponde 2

Corresponde em sua maioria 8

Natildeo corresponde em sua maioria 3

Total 21

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

Na leitura destes mapas mentais observamos que a maioria dos alunos (16 casos

quando somado os alunos que acertam ou apresentam o maior nuacutemero de

correspondecircncia) possui habilidade suficiente para localizar os estados apresentados

Conservam certo grau de conformidade com a estrutura territorial brasileira

Na anaacutelise da noccedilatildeo espacial de localizaccedilatildeo o mapa mental produzido pelo

aluno 48 identifica os estados de forma coerente situa o Amazonas ao Norte Paraiacuteba na

direccedilatildeo nordeste e o Rio Grande do Sul ao Sul do Brasil (Figura 29 p 150) Outros

alunos tambeacutem mostraram a mesma habilidade na localizaccedilatildeo dos estados a exemplo

do aluno 22 (Figura 32 p 155) O referido mapa mental apresenta o Amazonas com a

indicaccedilatildeo da regiatildeo ldquoNorterdquo apresenta o caraacuteter de vizinhanccedila com o Acre o estado de

Tocantins e o estado da Paraiacuteba conserva a localizaccedilatildeo e proporccedilatildeo entre estes estados

155

FIGURA 32 MAPA MENTAL DO ALUNO 22 COM DESTAQUE A LOCALIZACcedilAtildeO DA REGIAtildeO NORTE DO BRASIL

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

156

Outros cinco alunos por sua vez apresentaram dificuldades na localizaccedilatildeo dos

estados entre eles destaca-se o mapa mental do aluno 29 (Figura 33 p 158) O

mencionado mapa mental representa o estado da Paraiacuteba (PB) vizinho ao Paranaacute (PR)

enquanto Pernambuco (PE) se situa a esquerda da representaccedilatildeo Destaca outro

elemento um ldquoXrdquo no centro do mapa o que pode indicar a tentativa do traccedilado da rosa

dos ventos

Entender o uso dos pontos cardeais permite ao aluno a habilidade de agrupar os

estados brasileiros utilizar conscientemente a rosa dos ventos e atribuir significado no

processo de organizaccedilatildeo espacial O uso da rosa dos ventos esteve presente em oito dos

21 mapas mentais realizados sendo que apenas quatro casos permitiram um uso

significativo deste procedimento

O mapa do aluno 42 (figura 34 p 158) apresenta agrave rosa dos ventos e associa os

estados em suas regiotildees geograacuteficas (salvo algumas exceccedilotildees como o Paranaacute entre

outros) De todo modo orienta corretamente todos os estados destacados em sua

legenda (Acre na regiatildeo Norte Rio Grande do Norte e Paraiacuteba no Nordeste Satildeo Paulo

na regiatildeo Sudeste Distrito Federal no Centro-Oeste e Santa Catarina no Sul) Ao situar

os estado chave em seu mapa consegue atingir os objetivos das noccedilotildees geograacuteficas

discutidas neste toacutepico atribuindo sentido a proposta da atividade

Nos outros quatro casos onde haacute indicaccedilatildeo da rosa dos ventos ocorrem trecircs

circunstacircncias distintas (1) Ela natildeo indica a posiccedilatildeo dos pontos cardeais (2) Apresenta

os pontos cardeais opostos de forma errocircnea (Norte-Sul eacute apresentado por Sul-Leste

por exemplo ver figura 35 p 161) ou (3) Inverte o posicionamento dos pontos

cardeais Neste terceiro caso o mapa aluno 25 (figura 28 p 148) apresenta a silhueta do

mapa com a indicaccedilatildeo de estados (Paraiacuteba ndash PB Cearaacute ndash CE e Pernambuco ndash PE) ao

Nordeste indicando consequentemente que o Norte situar-se-ia no lado superior da

folha Entretanto altera o posicionamento do ldquoNorterdquo da rosa dos ventos apresentado no

lado esquerdo da folha haacute desse modo um desacordo entre o esboccedilo e a teacutecnica de

orientaccedilatildeo

157

FIGURA 33 MAPA MENTAL DO ALUNO 29 COM DISTORCcedilOtildeES RELACIONADAS A LOCALIZACcedilAtildeO E ORIENTACcedilAtildeO ESPACIAL

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

158

FIGURA 34 MAPA MENTAL DO ALUNO 42 DESTAQUE A LEGIBILIDADE DA LOCALIZACcedilAtildeO E ORIENTACcedilAtildeO ESPACIAL

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

159

D Noccedilotildees de escala geograacutefica

No que corresponde agrave proposta de representaccedilatildeo dos mapas mentais ldquoMapa da

minha vidardquo a maioria dos alunos apresentaram uma percepccedilatildeo relativa agrave apreensatildeo do

territoacuterio brasileiro ver siacutentese apresentada na tabela 13

TABELA 13 ESCALAS ENCONTRADAS NOS MAPAS MENTAIS

ESCALA GEOGRAacuteFICA OCORREcircNCIA

Brasil 18

Outra 2

Natildeo identificada 1

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

Observando a tabela 13 eacute niacutetida a ecircnfase a uma escala geograacutefica ndash Brasil Entre

os trecircs mapas mentais que dispersam da proposta escalar ldquoBrasilrdquo podemos destacar o

aluno 43 (Figura 35 p 161) que indica uma proximidade de vizinhanccedila entre os estados

brasileiros e paiacuteses como Itaacutelia Meacutexico e Japatildeo O aluno natildeo consegue diferenciar a

relaccedilatildeo entre estado (Paraiacuteba) e paiacutes (Argentina) este dado eacute confirmado quando

comparamos a legenda com as informaccedilotildees presentes em seu mapa

O grande problema no caso do mapa mental do aluno 43 eacute saber realizar o

processo de ldquoesquecimento coerenterdquo o qual se refere Racine Raffestin amp Ruffy (1983)

Em uma escala relativa ao Brasil natildeo haacute necessidade para o destaque de outros paiacuteses

muito menos quando natildeo fazem fronteira com este territoacuterio Outro problema eacute o da

compreensatildeo entre as escalas geograacutefica internacional (Itaacutelia) nacional (Brasil)

estaduais (Paraiacuteba por exemplo) municipal (Taperoaacute) e distrital (Galante) os dois

uacuteltimos expressos no mapa mental do aluno 39 (Figura 27 p 147)

Retomando o que foi discutido no primeiro capiacutetulo sobre a questatildeo da escala

nos estudos de geografia Santos apud Straforini (2008 p 88) verificou duas

abordagens teoacuterico-metodoloacutegicas em seus estudos sobre o ensino-aprendizagem em

Geografia O primeiro refere-se agrave abordagem ldquosinteacuteticardquo ndash onde se apresenta

inicialmente a escala de vivecircncia do aluno (bairro) ateacute a mais distante e ldquodesconhecidardquo

(mundo) ndash e a ldquoanaliacuteticardquo que seria o processo inverso

Segundo Straforini (2008 p 91) qualquer uma das abordagens (sinteacutetica ou

analiacutetica) ldquo[] na praacutetica pedagoacutegica dos professores eacute uma total hierarquizaccedilatildeo do

160

espaccedilo geograacutefico onde cada dimensatildeo espacial eacute ensinada de forma fragmentada e

independenterdquo O objetivo referente ao termino do 5ordm ano eacute que a crianccedila consiga

compreender a dimensatildeo mundo entretanto o que acontece na maioria dos casos eacute a

total desconexatildeo entre as escalas geograacuteficas

A escala geograacutefica corresponde agrave aacuterea abrangida pelo mapa e tem de apresentar

a informaccedilatildeo A proposta ldquomapa da minha vidardquo referente ao Brasil por exemplo

abrange uma escala geograacutefica maior que a do estado da Paraiacuteba entretanto seraacute ao

mesmo tempo menor que a do mundo

A noccedilatildeo de escala geograacutefica deve comeccedilar a ser abordada atraveacutes da ideia de

proporccedilatildeo reduccedilatildeo e ampliaccedilatildeo Satildeo nestes trecircs aspectos que observamos a

configuraccedilatildeo dos 18 mapas mentais que apontam o Brasil enquanto escala de apreensatildeo

Ao analisar o mapa mental aluno 42 (Figura 34 p 158) foi observado que natildeo haacute

proporccedilatildeo entre os estados ela acompanha a loacutegica de regionalizaccedilatildeo Os estados

encontrados a leste possuem menor extensatildeo territorial enquanto que os situados ao

oeste possuem maior aacuterea territorial estes fatos correspondem necessariamente agrave

estrutura histoacuterica e poliacutetica de divisatildeo territorial

161

FIGURA 35 MAPA MENTAL DO ALUNO 43 PROBLEMAS NA SELECcedilAtildeO DA ESCALA GEOGRAacuteFICA

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

162

Segundo Pinheiro (2006 p 164) ldquoas projeccedilotildees cartograacuteficas satildeo expressas

atraveacutes de foacutermulas matemaacuteticas ao passo que natildeo existe linguagem equivalente para

traduzir os lsquomapas mentaisrsquordquo No que corresponde ao trabalho desenvolvido pelos

alunos do 5ordm ano observamos que a escala Brasil pode ser organizada de diferentes

formas Entre elas a das regiotildees geograacuteficas como a apresentada pelo aluno 46 (figura

36 p 163) todavia eacute niacutetido que embora o aluno indique os estados da Paraiacuteba e Satildeo

Paulo em seu mapa natildeo consegue estabelecer uma comunicaccedilatildeo sobre o assunto

A turma tem de prestar atenccedilatildeo quanto maior a aacuterea do terreno a ser

representada (maior escala geograacutefica) maior a reduccedilatildeo necessaacuteria No caso dos mapas

mentais corresponde em apresentar o tema respeitando o espaccedilo determinado na folha

de papel Verificamos que dos 21 esboccedilos produzidos pelos alunos do 5ordm ano oito

ultrapassaram as margens da prancha de desenho este fato indica que a ideia de

reduccedilatildeo siacutentese e ordenamento das informaccedilotildees satildeo um problema natildeo apenas no que

corresponde ao tema estudado mas tambeacutem ao processo de representaccedilatildeo na folha de

papel

No desenvolvimento com a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica autores como Ribeiro amp

Marques (2001) e Callai (2005) enfatizam que o processo de aprendizagem eacute complexo

e envolvem sistema e habilidades diversas inclusive motoras Geralmente a educaccedilatildeo

psicomotora eacute trabalhada na educaccedilatildeo infantil salienta a aprendizagem do esquema

corporal lateralidade organizaccedilatildeo espacial e temporal daiacute os creacuteditos as propostas

piagetianas

Estas habilidades psicomotoras auxiliam as trecircs alfabetizaccedilotildees (da liacutengua

materna geograacutefica e cartograacutefica) Dessa forma apontamos a necessidade de um

resgate deste trabalho quando necessaacuterio visto que um esquema corporal mal

construiacutedo resultaraacute em problema de coordenaccedilatildeo dos movimentos das crianccedilas

lentidatildeo para o raciociacutenio abstrato atraveacutes das noccedilotildees dificuldades em habilidade

manuais como a caligrafia leitura inexpressiva constituiccedilatildeo de uma linguagem

egocecircntrica e sem significado social

163

FIGURA 36 MAPA MENTAL DO ALUNO 46 COM DESTAQUE A ESCALA GEOGRAFICA DAS REGIOtildeES BRASILEIRAS

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

164

4 3 OFICINA 2 MAPA MUDO DA REGIAtildeO CENTRO-OESTE UMA PROPOSTA

DE APROXIMACcedilAtildeO

Para o desenvolvimento da segunda atividade sobre a regiatildeo Centro-Oeste

observamos a necessidade de aproximaacute-la dos contextos e experiecircncias dos alunos com

a regiatildeo Nordeste Realizamos um trabalho de comparaccedilatildeo e progressatildeo das noccedilotildees de

percepccedilatildeo organizaccedilatildeo dos signos e significados atraveacutes da legenda da localizaccedilatildeo e

orientaccedilatildeo espacial aleacutem da escala geograacutefica dos fenocircmenos estudados

No desenvolvimento dos primeiros mapas mentais atentamos que nenhum dos

alunos havia visitado a regiatildeo Centro-Oeste por isso resolvemos trabalhar com as

informaccedilotildees adquiridas durante a Copa do mundo de 2014 no Brasil A partir do mapa

de apresentaccedilatildeo dos estaacutedios onde aconteceram as partidas de futebol e outro das

cidades sedes dos jogos desenvolvemos um trabalho de comparaccedilatildeo e localizaccedilatildeo dos

estaacutedios da regiatildeo Nordeste e Centro-Oeste (ver apecircndice XI)

De acordo com Simielli (2006 p 95) a proposta de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica

para o processo de ensino-aprendizagem nos anos iniciais do Ensino Fundamental deve

privilegiar trecircs criteacuterios

Localizaccedilatildeo e anaacutelise ndash envolve a anaacutelise da localizaccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de

fenocircmenos isoladamente

Correlaccedilatildeo ndash permite a combinaccedilatildeo de dados representados em duas ou

mais representaccedilotildees cartograacuteficas

Siacutentese ndash relaccedilatildeo entre duas ou mais representaccedilotildees cartograacuteficas

buscando uma siacutentese dos fenocircmenos geograacuteficos nelas representados

Em concordacircncia com os princiacutepios descritos na citaccedilatildeo acima os alunos

realizaram as correlaccedilotildees entre os dois mapas Discutidos tambeacutem acerca de quais

estaacutedios de futebol gostariam de visitar Encontramos no quadro 07 (p 165) as opccedilotildees

disponibilizadas na interpretaccedilatildeo dos mapas

165

QUADRO 07 SIacuteNTESE DOS DADOS ENCONTRADOS NOS MAPAS

REGIAtildeO NOME DO ESTAacuteDIO DE

FUTEBOL

LOCALIZACcedilAtildeO DA

CIDADE

Nordeste

Estaacutedio Castelatildeo Fortaleza ndash CE

Estaacutedio das Dunas Natal ndash RN

Arena Pernambuco Recife ndash PE

Arena Fonte Nova Salvador ndash BA

Centro-

Oeste

Arena Pantanal Cuiabaacute ndash MT

Estaacutedio Nacional Brasiacutelia ndash DF

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

Mais que a construccedilatildeo de um modelo o mapa tinha como proposta avaliar a

interpretaccedilatildeo dos alunos sobre a localizaccedilatildeo das cidades pertencentes agraves regiotildees

Nordeste e Centro-Oeste Ademais distinguir as escalas locais (cidades) regionais

(Nordeste e Centro-Oeste) internacionais (seleccedilotildees que realizaram partidas contra o

Brasil a exemplo de Camarotildees e Chile)

A discussatildeo sobre o evento da Copa do Mundo difundido em massa pela miacutedia

no ano de 2014 possibilitou que os alunos observassem que os conceitos cotidianos dos

lugares correspondem as suas praacuteticas Permitiu verificar que torcer pela seleccedilatildeo

brasileira corresponde a fatores aleacutem do esportivo como a identidade cultural e a

relaccedilatildeo de topofilia com o paiacutes e a possibilidade de refletir sobre as informaccedilotildees

experimentadas no cotidiano

Segundo Passini (2012) ldquoo pensamento proacuteprio e a autonomia intelectual

precisam ser vivenciados Eacute necessaacuterio que o trabalho na sala de aula seja

problematizador questionador que haja mais duacutevidas e menos frases prontas para

memorizaccedilatildeordquo De acordo com os apontamentos de Passini (2012) propomos que os

alunos considerassem a seguinte situaccedilatildeo

ldquoVocecirc foi convidado por um amigo para assistir trecircs partidas de futebol em

estaacutedios da regiatildeo Nordeste e Centro-Oeste Construa um mapa com as informaccedilotildees

desta viagem a partir da silhueta do Brasilrdquo

As informaccedilotildees referendadas foram A localizaccedilatildeo dos estaacutedios de futebol e a

respectiva cidade indicando a ordem da visita a estes lugares orientaccedilatildeo atraveacutes da rosa

dos ventos e a construccedilatildeo da legenda Na realizaccedilatildeo desta atividade a maioria dos

166

alunos pediu auxiacutelio ao pesquisador e a professora Beatriz Outros por sua vez

discutiam com os colegas identificando e selecionando os locais de sua preferecircncia

Invertemos o mapa mudo do Brasil indicando o Norte para o lado de baixo da

folha com a intenccedilatildeo de demonstrar que o posicionamento do Norte geograacutefico eacute fixo

entretanto sua representaccedilatildeo desde que obedeccedila a esse princiacutepio eacute relativa

possibilitando a reflexatildeo entre a orientaccedilatildeo espacial e o esboccedilo cartograacutefico

Apresentamos a seguir o mapa mudo desenvolvido pelo aluno 37 (figura 37 p 166)

FIGURA 37 MAPA MUDO DOS ESTAacuteDIOS BRASILEIRO VISITADO REALIZADO PELO

ALUNO 37

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

167

O mapa mudo desenvolvido aluno 37 (figura 37 p 166) seleciona dois Estados

da Regiatildeo Centro-Oeste e destaca as cidades sedes dos jogos ldquoCuiabaacuterdquo em verde

Distrito Federal - ldquoDFrdquo (Brasiacutelia) em vermelho e a cidade de ldquoFortalezardquo em amarelo

Observamos que utiliza agrave legenda correlacionando as cores encontradas no mapa mudo

com os estaacutedios de futebol Aleacutem disso a ordem das visitas que gostaria de realizar

Apoacutes o fim desta atividade da leitura sobre o segundo texto (apecircndice XI)

realizamos consideraccedilotildees sobre as caracteriacutesticas sociais e ambientais da regiatildeo Centro-

Oeste em comparaccedilatildeo com o Nordeste Estes procedimentos foram baseados nas

orientaccedilotildees de Cavalcanti (2002) ao indicar a necessidade da preparaccedilatildeo e introduccedilatildeo da

mateacuteria a ser estudada nas aulas de Geografia Segundo a autora

Esses momentos no ensino consistem na preparaccedilatildeo preacutevia do professor e dos

alunos para o trabalho quando eacute necessaacuterio mobilizar e suscitar o interesse

do aluno bem como organizar o ambiente Eacute fundamental nessas ocasiotildees

que o professor faccedila ligaccedilotildees do conteuacutedo com a mateacuteria anteriormente

estudada e com o conhecimento cotidiano do aluno Eacute preciso sobretudo

problematizar o conteuacutedo estudado (CAVALCANTI 2002 p 80)

Ao considerarmos como pertinente na anaacutelise o evento cultural da eacutepoca (copa

do mundo) discutimos os fenocircmenos fiacutesicos (clima e os biomas) e sua relaccedilatildeo para as

condiccedilotildees econocircmicas sociais e turiacutesticas Mediados pelo livro didaacutetico refletimos

sobre os principais biomas encontrados na regiatildeo Centro-Oeste pantanal e cerrado

Tambeacutem quais os problemas ambientais que eram apresentados como desmatamento

queimadas uso indevido de agrotoacutexicos mineraccedilatildeo entre outros

Consideramos nesta ocasiatildeo o desenvolvimento de atividades em grupo de dois

a trecircs alunos com a possibilidade de consulta ao livro didaacutetico A proposta era que os

alunos desenvolvessem um mapa mental sobre um dos biomas estudados Pantanal ou

Cerrado enfatizando os problemas ambientais e destacando as noccedilotildees trabalhadas de

perspectiva toponiacutemias localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial e escala geograacutefica

As orientaccedilotildees expressas para a realizaccedilatildeo dos mapas mentais que tratavam

sobre as questotildees ambientais na Regiatildeo Centro-Oeste foram

1 Decirc um tiacutetulo ao seu mapa

2 Localize em seu mapa a localizaccedilatildeo (onde fica) e extensatildeo (ateacute onde eacute

encontrado) o bioma indicado pelo professor

3 Destaque os principais problemas ambientais referentes a este bioma

168

4 Identifique os lugares por pontos de referecircncia nome do Estado de rios cidades

ou outros

5 Oriente seu mapa por meio da rosa dos ventos (pontos cardeais norte sul leste

e oeste)

6 Construa uma legenda para identificaccedilatildeo dos problemas ambientais destacados

Mediante a realizaccedilatildeo dessa experiecircncia procuramos observar se a consulta a

modelos (mapas existentes) informaccedilotildees de livros didaacuteticos seriam o suficiente para o

cumprimento do desenvolvimento da proposta com os mapas mentais Aleacutem disso

procuramos saber se a mediaccedilatildeo do pesquisador e da professora regente tambeacutem

auxiliou este processo de confecccedilatildeo dos mapas Esses fatores seratildeo analisados a partir

do toacutepico a seguir

44 MAPA MENTAL 2 MAPA DA REGIAtildeO CENTRO-OESTE

A Noccedilotildees de percepccedilatildeo espacial

A consulta e visualizaccedilatildeo a modelos de mapas existentes podem alterar a

percepccedilatildeo espacial e a projeccedilatildeo cartograacutefica dos mapas mentais Natildeo necessariamente

Entre as projeccedilotildees destacadas no mapa da minha vida podemos identificar

algumas semelhanccedilas entre as 11 representaccedilotildees referentes ao tema regiatildeo Centro-Oeste

e meio ambiente classificamos esta percepccedilatildeo espacial na tabela 14

TABELA 14 PERCEPCcedilOtildeES DA FORMA DO BRASIL DESTACADO NOS MAPAS

MENTAIS

FORMA OCORREcircNCIA

Balatildeo 4

Brasil 3

Triacircngulo 2

Centro-Oeste 2

Total 11

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

169

Salientamos que natildeo pretendemos agora repetir o que jaacute foi discutido sobre a

percepccedilatildeo espacial entretanto necessitamos realizar outras consideraccedilotildees acerca dos

motivos destes condicionantes

Eacute necessaacuterio compreender que o mundo e suas diversas escalas natildeo se remetem

apenas ao mundo vivido mas tambeacutem ao percebido imaginado e concebido tal como

expotildeem Lessan (2011) Os mapas construiacutedos pelos alunos 22 39 e 41 Grupo 7 (figura

38 p 170) demonstra que o trabalho em equipe possibilita a mudanccedila de perspectiva

na construccedilatildeo da imagem mental quando comparado aos mapas mentais individuais

realizados pelos seus membros

Entre os trecircs estudantes o aluno 22 e 41 havia na primeira ocasiatildeo apresentado

uma percepccedilatildeo mais proacutexima a silhueta do Brasil (ver figura 32 p 155 e figura 26 p

146) o outro estudante aluno 39 (ver figura 27 p 147) por sua vez apresentou uma

percepccedilatildeo mais proacutexima a forma de balatildeo

Eacute sabido que natildeo haacute um estudante igual ao outro Habilidades noccedilotildees e

competecircncias satildeo distintas e construiacutedas por cada crianccedila em seu proacuteprio ritmo Essas

individualidades de percepccedilotildees por exemplo demonstram as particularidades dos

sujeitos o que a primeira vista pode ser um obstaacuteculo para identificaccedilatildeo das

dificuldades e habilidades para o professor mas atraveacutes do trabalho em equipe

acreditamos que eacute a oportunidade para a troca de experiecircncias entre os discentes

Seguindo este criteacuterio de aproximaccedilatildeo e tentativa de mediaccedilatildeo a professora e o

pesquisador procuraram selecionar as equipes sobretudo respeitando os criteacuterios de

niacutevel de conhecimento de cada aluno sugerindo os membros para a formaccedilatildeo dos

grupos66 Baseado nas propostas de Vigotski (1998) sobre a atuaccedilatildeo na Zona de

Desenvolvimento Proximal observou que a Zona de Desenvolvimento Real do aluno 39

mudou mas tambeacutem os alunos 22 e 41 incorporaram novas informaccedilotildees possibilitando

uma comunicaccedilatildeo mais rigorosa sobre o tema

66 Em pesquisa-piloto na escola Luacutecia de Faacutetima no ano de 2013 tambeacutem em uma turma de 5ordm ano

realizamos a divisatildeo das equipes previamente entretanto houve casos de rejeiccedilatildeo pelos alunos

principalmente no que se refere agraves relaccedilotildees meninos e meninas No caso desta pesquisa a maioria dos

alunos acatou as sugestotildees do pesquisador a respeito das equipes Salientamos que cabe ao professor

identificar quais as dificuldades dos alunos sobre determinado assunto e propor que a interaccedilatildeo possibilite

a assistecircncia e colaboraccedilatildeo entre os estudantes visando agrave aprendizagem do tema da aula

170

FIGURA 38 MAPA MENTAL COM SILHUETA PROacuteXIMA AO DO BRASIL (GRUPO 7)67

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) Adaptado por David L R de Almeida 2015

67 Optamos por apresentar este mapa ampliado destacando a regiatildeo Centro-Oeste a intenccedilatildeo eacute proporcionar ao leitor a observaccedilatildeo dos detalhes expressos na representaccedilatildeo

171

Outro fator a ser observado segundo Rego (1995) eacute a referecircncia ao modelo

Divergente da reproduccedilatildeo da coacutepia mecacircnica a proposta de nossas atividades com os

mapas mentais eacute que os alunos internalizem atraveacutes da accedilatildeo da resposta ao problema

estrateacutegias e conhecimentos para a soluccedilatildeo da atividade Dessa relaccedilatildeo pode nascer agrave

autorregulaccedilatildeo que fundamenta o ato voluntaacuterio pensado planejado e executado da

imagem mental para sua expressatildeo cartograacutefica no papel O processo permite ao longo

prazo criar o funcionamento individual e instrumentos necessaacuterios para solucionar

problemas semelhantes para a vida aleacutem de desenvolver outras aprendizagens

Eacute necessaacuteria uma ressalva a respeito das atividades que faz o uso de modelos

principalmente a praacuteticas da coacutepia e o decalque de mapas (mental ou existente) Em um

dos casos notamos que o grupo 5 (aluno 29 e 38) apoacutes sua segunda tentativa de

representaccedilatildeo do mapa mental da regiatildeo Centro-Oeste realizou a coacutepia do mapa

encontrado no livro didaacutetico (Figura 39 p 172)

Oliveira (1978) e Passini (2012) haacute anos criticam o mero decalque do mapa

pelos alunos A este respeito podemos considerar que a atividade tinha por objetivo

incentivar a pesquisa a modelos para elaboraccedilatildeo de esboccedilos cartograacuteficos visto que nos

materiais disponibilizados para os alunos natildeo havia nenhum mapa existente pronto que

destacasse a proposta da atividade A intenccedilatildeo era a criaccedilatildeo e natildeo replicar outros mapas

Verificamos que o caso do mapa mental do grupo 5 foi isolado Veremos nos

proacuteximos itens que os outros mapas mentais tiveram traccedilados mais espontacircneos

criativos e autocircnomos nas representaccedilotildees realizadas pelos estudantes do 5ordm ano

172

FIGURA 39 COMPARACcedilAtildeO ENTRE MAPA EXISTENTE E MAPA MENTAL (GRUPO 05 )

Fonte A esquerda MAESTU Juliana Projeto Buriti geografia 2 Ed Satildeo Paulo Moderna 2011 p 68 Agrave direita pesquisa de Campo out nov (2014) Adaptado por David

L R de Almeida

173

B Uso de toponiacutemias

De acordo com Claval (2010) a memorizaccedilatildeo dos pontos de referecircncia garante a

locomoccedilatildeo do corpo no espaccedilo e sua orientaccedilatildeo espacial em outros contextos permite a

construccedilatildeo de uma imagem mental de paisagens ainda natildeo visitadas Mediante estas

informaccedilotildees e baseado no papel do enunciado discutido por Bakhtin (2012) observamos

que o mapa mental pode estabelecer a comunicaccedilatildeo entre o grupo de sujeitos de

mapeadores e leitores do mapa

As toponiacutemias apresentadas nos mapas mentais corresponderam agrave divisatildeo

poliacutetica do territoacuterio nacional ou da regiatildeo Centro-Oeste a tabela 15 apresenta a

ocorrecircncia destas caracteriacutesticas nos mapas mentais

TABELA 15 NUacuteMERO DE OCORREcircNCIA DE TOPONIacuteMIAS

TOPONIacuteMIA OCORREcircNCIA

Estados 11

Distrito Federal 05

Regiotildees 03

Outros 03

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

No tocante a referecircncia aos estados brasileiros seja restrita a regiatildeo Centro-Oeste

ou a escala nacional os alunos referendam os estados atraveacutes do uso da toponiacutemia

enquanto palavra por exemplo ldquoMato Grossordquo em cinco casos e nos outros seis casos

eacute apresentado o uso de siglas ldquoMTrdquo Essa mudanccedila da palavra as siglas segundo

Vigotski (1998) e Bakhtin (2012) se deve ao sentido que damos ao signo Ele eacute sempre

mutaacutevel pois incorporamos raciociacutenios interagimos socialmente e tornamos a

linguagem e a praacutetica escolar elos da corrente de significaccedilatildeo

Por meio da anaacutelise dos mapas mentais identificamos em oito dos 11 esboccedilos

cartograacuteficos uma tentativa de esquematizaccedilatildeo do raciociacutenio geograacutefico atraveacutes da

organizaccedilatildeo da legenda Segundo Oliveira (1978 p 23) a linguagem cartograacutefica ndash a

construccedilatildeo da legenda do mapa (relaccedilatildeo signo-significado) ndash pode ser apresentada

atraveacutes de trecircs variedades de signos cartograacuteficos satildeo eles

[] o iacutecone que representa por semelhanccedila entre significante e significado

(os mapas pictoacutericos de distribuiccedilatildeo de produtos agriacutecolas satildeo exemplos deste

tipo de representaccedilatildeo) o iacutendice que representa por contiguumlidade [sic] de fato

entre significante e significado (os mapas da superfiacutecie terrestre que atraveacutes

174

da cor ou sombreamento representam as formas do terreno reproduzindo o

relevo como um modelo tridimensional) e o siacutembolo que representa por

contiguumlidade [sic] instituiacuteda isto eacute por uma regra convencional entre o

significante e o significado

Analisando o mapa mental do grupo 10 (figura 40 p 175) constituiacutedo pelos

alunos 31 e 41 eacute possiacutevel notar a seleccedilatildeo de iacutecones os quais tem a intenccedilatildeo de destacar

alguns problemas ambientais encontrados na regiatildeo Centro-Oeste satildeo eles ldquoaacutervoresrdquo

que tecircm como significado a extraccedilatildeo de madeira o ldquomartelordquo correspondente a

mineraccedilatildeo de pedras preciosas e um ldquosaco de lixo no riordquo que indica a contaminaccedilatildeo

dos rios A intenccedilatildeo dos alunos neste caso eacute apresentar a ocorrecircncia e localizar os

estados onde ocorrem estes problemas ambientais

Prosseguindo nesta anaacutelise autores com Kozel (2002) e Richter (2010) ressaltam

a importacircncia da representaccedilatildeo dos conhecimentos geograacuteficos atraveacutes dos mapas

mentais Richter (2010) por exemplo destaca a necessidade da compreensatildeo da

proposta didaacutetico-pedagoacutegica pelo professor para valorizaccedilatildeo do uso das imagens

A associaccedilatildeo do uso das toponiacutemias e o destaque para os fenocircmenos ambientais

destacados permitem que o aluno caracterize em muitos casos pela primeira vez uma

estrutura cognitiva sobre um espaccedilo geograacutefico natildeo vivido experimentado Segundo

Claval (2010) a imaginaccedilatildeo eacute um dos aportes para construccedilatildeo da imagem mental

geograacutefica ela torna-se uma experiecircncia para se conhecer outros mundos Esclarece o

autor que

A experiecircncia geograacutefica nesse sentido vai muito aleacutem do real Os homens

tecircm a capacidade de falar de lugares que eles nunca viram e que talvez natildeo

existam Eles lhe atribuem propriedades que faltam aos espaccedilos conhecidos

O imaginaacuterio que eles constroem dessa forma (e que eacute proacuteprio de cada

cultura) daacute ao mundo uma dimensatildeo poeacutetica indica as regras a serem

respeitadas mostra para que direccedilatildeo deve tender a accedilatildeo humana e confere um

sentido de existecircncia dos indiviacuteduos e dos grupos (CLAVAL 2010 p 57)

Inuacutemeras formas do significado simboacutelico dado ao espaccedilo miacutetico imaginado

simboacutelico jaacute foram tratados por Tuan (1983) e Claval (2010) o que nos interessa eacute notar

que a escola tambeacutem possibilita o desenvolvimento de noccedilotildees geograacuteficas com a de

regiatildeo geograacutefica O ato de desenhar uma dimensatildeo espacial geograacutefica natildeo conhecida

pode contribuir com o processo de regionalizaccedilatildeo o que daacute origem agraves regiotildees

175

FIGURA 40 MAPA MENTAL COM A UTILIZACcedilAtildeO DE IacuteCONES (GRUPO 10)

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

176

Para Castrogiovanni et al (2011) embora a ciecircncia geograacutefica tenha diferentes

perspectivas sobre a compreensatildeo da conceituaccedilatildeo sobre regiatildeo em todos seus

seguimentos eacute possiacutevel traccedilar uma caracteriacutestica geral a seleccedilatildeo de elementos em

comum e seu agrupamento em determinada aacuterea Completa o autor supracitado que ldquoo

processo de regionalizar estaacute ligado agrave ideia de agrupar em um espaccedilo dessa forma

podemos agrupar pessoas vegetais animais paisagens habitaccedilotildees e outras variaacuteveis em

um determinado subespaccedilordquo Grifo do autor (CASTROGIOVANNI 2011 p 25)

Em nossa pesquisa o processo de regionalizaccedilatildeo se deu agrave medida que os alunos

estabeleceram um conjunto de objetivos e de criteacuterios segundo os quais caracterizariam

o bioma estudado No mapa mental do grupo 3 (figura 41 p 177) alunos 25 e 35 eacute

possiacutevel identificar as cinco regiotildees brasileiras destacadas cada qual por uma cor (signo

em forma de iacutendice) apresentando fenocircmenos naturais como os raios ou as queimadas

provocadas pela accedilatildeo humana (ambos apresentados em forma de iacutecones) tal exerciacutecio

demonstra que para o desenvolvimento do enunciado do mapa mental eacute necessaacuterio a

articulaccedilatildeo das noccedilotildees do uso das toponiacutemias e da regiatildeo

No que corresponde a informaccedilatildeo do tiacutetulo dos mapas mentais foi analisado que

ele esteve presente em oito representaccedilotildees Eacute necessaacuterio realizar uma ressalva sobre a

coerecircncia dos tiacutetulos em relaccedilatildeo agrave representaccedilatildeo dos desenhos produzidos observamos

que das oito representaccedilotildees seis transporaacute uma objetividade na interpretaccedilatildeo do aluno

sobre a anaacutelise regional (ver figura 40 p 175 e figura 37 p 166)

177

FIGURA 41 ARTICULACcedilAtildeO DO USO DE TOPONIacuteMIAS COM A APRESENTACcedilAtildeO DE IacuteCONES (GRUPO 3)

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

178

C Noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial

As noccedilotildees de localizaccedilatildeo tornam-se mais fieacuteis aos modelos dos mapas existentes

quando a atividade tende a ser consultada O posicionamento das toponiacutemias

demonstra-se mais proacuteximas as representaccedilotildees cartograacuteficas habituais (mapas

existentes) Observamos isto apoacutes verificar que a localizaccedilatildeo dos estados Distrito

Federal e do posicionamento entre as regiotildees em alguns casos demonstra-se coerente e

possibilita a leitura

Todos os mapas mentais desenhados localizam algo relacionado ao meio

ambiente da regiatildeo Centro-Oeste seja ela voltada a proacutepria organizaccedilatildeo regional ao

bioma ou os seus problemas ambientais como podemos observar na tabela 16

TABELA 16 LOCALIZACcedilAtildeO DOS ELEMENTOS ENCONTRADOS NOS MAPAS MENTAIS

LOCALIZACcedilAtildeO OCORREcircNCIA

Regiatildeo 03

Bioma 04

Problemas ambientais 04

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

Ao analisarmos os mapas mentais os elementos apresentados e localizados neles

notamos que em oito das 11 representaccedilotildees os alunos apresentam caracteriacutesticas

relacionadas ao ambiente seja voltada a localizaccedilatildeo do bioma ldquoPantanalrdquo como

apresentado no mapa do grupo 7 (figura 38 p 170) ou aos problemas ambientais

observados no mapa mental do grupo 10 (figura 40 p 175) Observamos nos dois casos

que os alunos restringem suas anaacutelises a pontos especiacuteficos do territoacuterio

Em outro mapa mental realizado pelo grupo 6 (figura 42 p 179) aluno 28 37 e

48 eacute evidente a referecircncia ao bioma estudado A indicaccedilatildeo ocorre atraveacutes do signo

atraveacutes do iacutendice (uso da cor verde) e da indicaccedilatildeo da sentenccedila ldquoplaniacutecie do Pantanalrdquo

nestas condiccedilotildees observamos que sua localizaccedilatildeo relativa aos estados do Mato Grosso e

Mato Grosso do Sul torna-se coerente aleacutem disso marca um limite com Goiaacutes (GO)

onde prevalece o bioma de Cerrado

179

FIGURA 42 MAPA MENTAL COM DESTAQUE NA ORIENTACcedilAtildeO E LOCALIZACcedilAtildeO ESPACIAL DA REGIAtildeO CENTRO-OESTE (GRUPO 6)

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

180

Identificamos no mapa do grupo 6 (Figura 42 p 179) a indicaccedilatildeo da ldquoexpansatildeo

da atividade agropecuaacuteriardquo que eacute destacado no livro didaacutetico assim como o ldquouso

indevido de agrotoacutexicosrdquo como impactos ambientais referentes ao Pantanal A esse

respeito surgiram duacutevidas na realizaccedilatildeo da atividade principalmente sobre o significado

das palavras

Entre as palavras incompreensiacuteveis para alunos estava o termo ldquoagrotoacutexicordquo

Explicamos que esta palavra refere-se a um defensivo agriacutecola inseticida e aleacutem disso

que o contato com o produto pode provocar doenccedilas como cacircncer problemas funcionais

na musculatura do corpo e do ceacuterebro Posteriormente os alunos comentavam sobre

reportagens ou experiecircncias de parentes que eram fazendeiros mas natildeo faziam uso de

inseticidas Observamos que entender a informaccedilatildeo eacute uma ponte fundamental para a

seleccedilatildeo do fenocircmeno

No que corresponde agrave orientaccedilatildeo espacial apenas um grupo natildeo faz qualquer

referecircncia ao uso da rosa dos ventos os outros dez mapas apresentam o uso coerente

dos pontos cardeais para a orientaccedilatildeo dos mapas mentais Verificamos que os estados de

Mato Grosso situado a norte e Mato Grosso do Sul situado a sul correspondem

necessariamente com os pontos cardeais e aleacutem disso situam Goiaacutes e o Distrito Federal

a leste

D Noccedilotildees de escala geograacutefica

Dos mapas mentais jaacute apresentados observamos que quanto menor a escala

geograacutefica maior as chances de identificaccedilatildeo dos fenocircmenos e da captaccedilatildeo da

informaccedilatildeo da imagem pelo leitor do mapa Afirmamos entretanto que se engana

quem imagina que uma atividade mediada seja pela possibilidade da pesquisa auxiacutelio

de colegas ou professor pode gerar necessariamente resultados positivos

No que correspondem aos 11 mapas mentais produzidos pelos estudantes do 5ordm

ano sete alunos apresentam a escala regional do Centro-Oeste como enfoque de anaacutelise

para do tema estudado os outros quatro alunos apresentam a escala nacional como

proposta de representaccedilatildeo

O mapa mental desenvolvido pelo grupo 4 (figura 43 p 183) demonstra a

construccedilatildeo de uma imagem sincreacutetica desenvolvida pelos estudantes aluno 27 e 4568 Haacute

68 O aluno 45 faltou na primeira atividade relacionada ao desenvolvimento do mapa mental (mapa da

minha vida) o que dificultou nossa mediaccedilatildeo e estrateacutegia para o desenvolvimento na escolha desta dupla

181

uma discrepacircncia com relaccedilatildeo aos mapas produzidos pelos colegas suas estrateacutegias para

o desenvolvimento de comunicaccedilatildeo apresentam diferentes ruiacutedos entre eles uma

ldquotempestade de siglasrdquo (relacionadas aos estados brasileiros) cores aleatoacuterias sem um

significado explicito e a ausecircncia de elementos como tiacutetulo ou referecircncia ao tema do

mapa mental

O mapa do grupo 4 eacute um entre os quatro mapas mentais que escolhem a escala

geograacutefica ldquoBrasilrdquo como referencial Como jaacute demonstramos outras equipes a

exemplo do grupo 3 (figura 41 p 177) tambeacutem escolhe a escala Brasil todavia

estabelecem criteacuterios de seleccedilatildeo regional Eles utilizam criteriosamente as cores as

toponiacutemias e os iacutecones (fogueiras e raios) Aleacutem disso demonstra uma relaccedilatildeo entre os

trecircs estados da regiatildeo Centro-Oeste representado no qual observamos uma

diferenciaccedilatildeo no tamanho territorial69

De acordo com Jolly (1990 p 20) na cartografia cartesiana ldquoa escala de um

mapa eacute a relaccedilatildeo constante que existe entre as distacircncias lineares medidas sobre o mapa

e as distacircncias lineares correspondentes medidas sobre o terrenordquo O autor

anteriormente citado esclarece ainda que o grau da generalizaccedilatildeo expressa nos mapas eacute

fruto de uma generalizaccedilatildeo que corresponde a ldquoseleccedilatildeo dos detalhes apresentadosrdquo a

ldquoesquematizaccedilatildeo do desenhordquo e uma ldquoharmonizaccedilatildeo relativa dos elementosrdquo As

caracteriacutesticas discutidas por Fernand Jolly pode ser encontrada no mapa mental

realizado pelo grupo 10 (Figura 40 p 175)

De acordo com os paracircmetros expressos nos mapas mentais podemos destacar

uma observaccedilatildeo de Silveira (2004 p 89) a respeito da escala geograacutefica a autora

afirma que ldquoeacute o reconhecimento de subdivisotildees subespaccedilos regionalizaccedilotildees

produzidos na histoacuteria do territoacuterio que pareceria nos conduzir ao problema da escala

geograacuteficardquo

No ensino de Geografia a distacircncia da relaccedilatildeo sujeito e objeto estudado podem

limitar a compreensatildeo dos alunos a respeito da temaacutetica Entretanto para Castrogiovanni

amp Costella (2006 p 35) eacute importante que os alunos principalmente do 5ordm ano

ultrapassem o estudo do espaccedilo vivido possibilitando experiecircncias com o ldquo[] espaccedilo

O aluno 27 por exemplo havia realizado a atividade relacionada ao mapa mudo dos estaacutedios de futebol e

na ocasiatildeo mostrou resultados significativos o outro estudante todavia faltou na maioria das aulas que

desenvolvemos as atividades com os mapas (existentes e mentais) salvo a experiecircncia com a baleada

geograacutefica 69 Segundo o IBGE o estado com maior proporccedilatildeo territorial em quilocircmetros quadrado pertencente agrave

regiatildeo Centro-Oeste eacute o Mato Grosso (903378292 Km2) em seguida Mato Grosso do Sul (357145 534

Km2) Goiaacutes (340111376 Km2) e por uacuteltimo Distrito Federal (5779999 Km2) Fonte

httpwwwibgegovbrhomegeocienciasareaterritorialprincipalshtmgt acessado em 0705 2015

182

concebido onde se desenvolve o poder de representaccedilatildeo sem que necessariamente o

aluno tenha conhecido na praacutetica o espaccedilo representadordquo (Grifo dos autores)

Ao delimitarmos o tema propomos uma escala de anaacutelise selecionamos os

lugares e seus principais fenocircmenos O professor pode relacionar os saberes que os

alunos jaacute possuem As experiecircncias cotidianas dos discentes e os assuntos estudados em

sala de aula compotildeem o quadro de referecircncia para vida

Por fim esta leitura de mundo ao considerar diferentes escalas geograacuteficas

permite que o aluno compreenda que o espaccedilo eacute composto por um conjunto de

singularidades A busca de interpretaccedilotildees natildeo se limita agrave possibilidade de solucionar os

diferentes problemas que possam existir em cada escala mas em se aproveitar

experiecircncias da realidade cotidiana que se processam nessas diferentes escalas

Observamos portanto que as oficinas e mapas mentais produzidos pelos alunos

do 4ordm e 5ordm ano Buscou desenvolver habilidades e noccedilotildees relacionadas ao ensino-

aprendizagem de Geografia nos anos iniciais do EF Diante disso eacute tomado no capiacutetulo

5 o posicionamento dos estudantes (a partir das entrevistas realizadas) e professores (por

meio do uso de questionaacuterios) com a finalidade de avaliar as apreensotildees dos sujeitos

sobre essa pesquisa

Temos ainda o objetivo de revelar algumas incoacutegnitas ou seja circunstacircncias

que promoveram ou dificultaram a realizaccedilatildeo das atividades e que natildeo foram expressas

nos mapas mentais em decorrecircncia do seu valor subjetivo

183

FIGURA 43 MAPA MENTAL NA ESCALA GEOGRAFICA BRASIL (GRUPO 4)

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

184

5 MAPAS MENTAIS E SUAS POTENCIALIDADES E LIMITACcedilOtildeES PARA O

ENSINO DE GEOGRAFIA

Observamos que entre as representaccedilotildees e o diaacutelogo para produccedilatildeo dos mapas

mentais existem incoacutegnitas que se referem agraves experiecircncias de vida ao contexto escolar e

as apreensotildees sobre o processo de ensino-aprendizagem de Geografia Eles em alguns

casos estatildeo impliacutecitos nos mapas mentais

A representaccedilatildeo eacute por assim dizer um processo longo e complexo na formaccedilatildeo

do aluno Ao avaliarmos o mapa mental enquanto recurso didaacutetico-pedagoacutegico eacute

importante entender que

[] o ensino da geografia teria mais significado se priorizasse a pesquisa e

anaacutelise das representaccedilotildees construiacutedas pelas sociedades considerando ainda

o proacuteprio aluno como agente de representaccedilotildees e conhecimentos necessaacuterios

para entendimento das relaccedilotildees estabelecidas na organizaccedilatildeo espacial

(KOZEL 2002 p 216)

A partir da proposta metodoloacutegica realizada na citaccedilatildeo anterior buscamos

ampliar o universo de anaacutelise Indicamos o entendimento dos alunos e professoras a

respeito das potencialidades e limitaccedilotildees do recurso didaacutetico mapa mental para o

processo de ensino-aprendizagem de Geografia

De iniacutecio apresentamos o processo de ensino-aprendizagem de Geografia e sua

contextualizaccedilatildeo em nossas experiecircncias em sala de aula Posteriormente a realizaccedilatildeo

das oficinas e suas contribuiccedilotildees e por fim as possiacuteveis potencialidades e limitaccedilotildees do

uso do recurso mapa mental nas turmas de 4ordm e 5ordm ano

51 O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DE GEOGRAFIA

Mediante a anaacutelise dos questionaacuterios as professoras Marta e Beatriz reconhecem

a importacircncia do conhecimento preacutevio dos alunos para o direcionamento das aulas de

Geografia e os conhecimentos trabalhados na escola Para elas esses conhecimentos

tecircm por objetivo instruir os alunos Diante disso apresentamos a fala das docentes ao

esclarecem a importacircncia da ciecircncia geograacutefica nas praacuteticas escolares como as

seguintes falas

ldquoA Geografia possibilita a compreensatildeo do espaccedilo geograacutefico espaccedilo este

resultante da relaccedilatildeo natureza-sociedade como a materializaccedilatildeo dos tempos da vida

socialrdquo (Prof Marta 4ordm ano)

185

ldquoO ensino da Geografia possibilita por meio da compreensatildeo do espaccedilo

geograacutefico a formaccedilatildeo de um indiviacuteduordquo (Prof Beatriz 5ordm ano)

As respostas expressas pelas professoras satildeo condizentes com a proposta de

ensino de Geografia Entretanto satildeo aparentemente vagas quando confrontamos com as

propostas nacionais dos PCN (BRASIL 1997) ou ainda com as ideias de alfabetizaccedilatildeo

(cartograacutefica ou geograacutefica) mediante a construccedilatildeo de noccedilotildees geograacuteficas habilidades e

competecircncias expressas por autores como Callai (2005) Lessan (2011) e Passini

(2012)

Qual o propoacutesito de se estudar Geografia A maioria dos alunos entrevistados

de ambas as turmas afirmam que a expectativa corresponde agrave efetivaccedilatildeo das avaliaccedilotildees

escolares progressatildeo escolar ou ainda agrave educaccedilatildeo profissional visando assumir uma

futura condiccedilatildeo de trabalhador Em resumo ndash ldquoPorque eacute o futuro da genterdquo (Aluno 25

5ordm ano) Os alunos apontam que este valor disciplinar eacute agregado a todas as ldquomateacuteriasrdquo

escolares

Em muitos casos a importacircncia das crianccedilas aprenderem algo eacute condicionada a

posiccedilatildeo futura ao bom trabalho a moradia ao salaacuterio entre outros Canaacuterio (2006 p

103) chama essa perspectiva de escola do ldquotempo de promessasrdquo Eacute evidente que este

fato eacute uma construccedilatildeo histoacuterica a qual ainda na deacutecada de 1960 nos Estados Unidos

desenvolveram-se poliacuteticas de discriminaccedilatildeo positivas ou seja programas de

valorizaccedilatildeo das praacuteticas educacionais tendo em vista o progresso social Estas poliacuteticas

se espalharam pelo mundo e a escola das promessas tinha (e ainda tem) ldquotrecircs promessas

fundamentais desenvolvimento igualdade social e mobilidade social ascendenterdquo

(CANAacuteRIO 2006 p 103 ndash 105)

Sabemos que a principal atribuiccedilatildeo da escola eacute comunicar e instruir por meio dos

saberes socialmente construiacutedos ao longo da histoacuteria estas outras promessas satildeo (ou

natildeo) qualidades adicionais relativas a esta instituiccedilatildeo70 Ademais observamos que o

atributo sobre a importacircncia do conhecimento geograacutefico deve estar voltado as praacuteticas

presentes para que progridam e se valorizem em atividade futuras

Ao realizarmos a praacutetica com os mapas mentais observamos que os alunos

puderam atribuir sentido aos temas apreendidos Quando perguntamos a um grupo de

alunos do 4ordm e 5ordm ano sobre a importacircncia da Geografia especificamente dos mapas

(mentais) para suas vidas eles responderam

70 Como eacute o caso do Art 39 da LDB 9394 1996 que discute a importacircncia da educaccedilatildeo profissional e

tecnoloacutegica (BRASIL 2010)

186

Estudantes do 4ordm ano

Aluno 09 ndash Para a gente ver uma coisa e saber o que diz o mapa para a gente

natildeo se perder e Por exemplo Onde eacute que minha tia mora Ai eu fico

pensando onde minha tia mora em Lagoa Seca71 [e continua] Para a minha

vida Assim professor seu eu passar de ano todos os anos ai assim se eu

for algueacutem na vida ai assim se eu quiser construir se eu comprar um terreno

e quiser construir uma casa

Pesquisador ndash O que vocecircs acham que aprenderam com os mapas mentais

Aluno 13 ndash Eu aprendi Campina Grande as cidades dizendo um monte de

coisa o Accedilude Velho [risos] a escola o riacho das Piabas

Pesquisador ndash Antes da realizaccedilatildeo das atividades vocecircs jaacute sabiam disso

Aluno 13 ndash Eu natildeo sabia que isso era canal

Pesquisador ndash Mas o que vocecirc pensava que era

Aluno 17 ndash Um canal que passava esgoto

Aluno 13 ndash Um canalzinho simples

Estudantes do 5ordm ano

Pesquisador ndash Vocecirc acha importante estudar Geografia

Aluno 42 ndash Sim Para saber os estados Porque se for viajar vou saber onde eacute

Aluno 39 ndash Porque quando a pessoa for viajar jaacute sabe os lugares a regiatildeo

onde estaacute se tiver perdido

Aluno 46 ndash Sim para ir para casa para ir para escola para pegar o ocircnibus

(5ordm ano)

Observamos na fala destes alunos a importacircncia do conhecimento geograacutefico

para as praacuteticas presentes (saber onde a tia mora viajar tomar o ocircnibus todas as

competecircncias utilizadas em seus cotidianos) e a futuras atividades (como comprar um

terreno para construccedilatildeo de sua moradia) Para Callai (2005 p 240) eacute necessaacuterio ldquoler o

lugar para compreender o mundo que vivemos Pode-se partir de temaacuteticas de

problemas e a partir daiacute aguccedilar a curiosidade infantil traccedilando os caminhos a seguirrdquo

Qual o resultado desta accedilatildeo Desmistificar que o lugar ao qual habitamos eacute simploacuterio

constituiacutedo por ldquoum canalzinho simplesrdquo e que as coisas existentes no mundo tecircm sua

razatildeo e ultrapassam a loacutegica do perceber

Nesta concepccedilatildeo o mapa mental tem que estar a serviccedilo de um conhecimento

de um processo de ensino-aprendizagem propotildee uma reflexatildeo sobre o conhecimento

histoacuterico construiacutedo pela humanidade A escola deve propiciar a oportunidade da

apropriaccedilatildeo deste conhecimento e sua reelaboraccedilatildeo

52 PROPOSTAS DAS OFICINAS O LUacuteDICO E SUAS INTERVENCcedilOtildeES PARA

CONSTRUCcedilAtildeO DOS SABERES

Desenvolver propostas em condiccedilotildees de oficinas permite segundo

71 Lagoa Seca possuiacutea em 2010 uacuteltimo senso do IBGE uma populaccedilatildeo de 25 900 habitantes Sua aacuterea eacute

de 107 589 km2 Situado ao norte de Campina Grande foi ateacute 1964 um distrito campinense apoacutes essa

data foi elevado agrave categoria de municiacutepio Fonte httpcidadesibgegovbr lt acessado em 18 05 2015

187

Castrogiovanni amp Costella (2006) construir conhecimentos pela e para a praacutetica social

o quadro 08 (p 189) apresenta um resumo das oficinas desenvolvidas e nossa percepccedilatildeo

sobre seus resultados

Ao propormos a estrutura de oficinas de aprendizagem afirmamos ser possiacutevel

realizar a transiccedilatildeo entre os conhecimentos praacuteticos e teoacutericos relacionados ao processo

de ensino-aprendizagem de Geografia

Eacute necessaacuterio observar que tatildeo importante quanto os conteuacutedos trazidos pelo

curriacuteculo escolar satildeo as praacuteticas luacutedicas O espaccedilo geograacutefico tambeacutem educa alfabetiza

a crianccedila Eacute necessaacuterio mostrar que a famiacutelia a sociedade preferecircncias de lugares de

habitaccedilatildeo estudo e lazer relacionados agraves suas atividades cotidianas integram a leitura de

mundo dos estudantes

Para os alunos as atividades realizadas por meio da maquete mental ou dos

mapas mudos possibilitaram a construccedilatildeo de uma imagem mental em muitos casos

possibilitou um primeiro contato com assunto Em outras as atividades como a baleada

geograacutefica foi reconhecida da seguinte forma

A de baleada [] no modo de dizer eacute um jogo e uma atividade aiacute eacute um

jogo Como eacute que se diz professor Eacute uma tarefa [] A gente aprende na

praacutetica quais satildeo os pontos cardeais norte sul leste oeste e depois usa isso

na sala de aula (Aluno 45 5ordm ano)

Observamos que na efetivaccedilatildeo do saber compartilhado (enunciado coletivo) e da

realizaccedilatildeo de atividades que possibilite a capacidade de aprender a aprender a

motivaccedilatildeo para descobrir e o estiacutemulo a autonomia dos sujeitos compotildeem uma relaccedilatildeo

dialeacutetica entre a praacutetica e diaacutelogo72 Eles buscam interpretar e compreender um ao outro

ldquo[] a compreensatildeo eacute uma forma de diaacutelogo ela estaacute para a enunciaccedilatildeo assim como

uma reacuteplica estaacute para a outra no diaacutelogo Compreender eacute opor agrave palavra do locutor uma

contrapalavra []rdquo (BAKHTIN 2012 p 137)

As praacuteticas apresentadas no quadro 08 (p 188) compotildeem algumas sugestotildees de

como o professor pode utilizar tais estrateacutegias objetivando construir noccedilotildees habilidades

e competecircncias Natildeo satildeo receitas prontas pretendem auxiliar no processo de

observaccedilatildeo registro e avaliaccedilatildeo dos alunos Outra ressalva eacute que tais praacuteticas desafiem

os discentes e que estejam a serviccedilo do planejamento do professor

72 Segundo os alunos o uso do brinquedo (bola) e a atividade praacutetica do jogo auxiliaram no

desenvolvimento dos mapas pois como mencionado ldquoaprenderam maisrdquo porque foi uma atividade

diferente divertida O aluno aprende mais quando estaacute feliz motivado envolvido

188

QUADRO 08 PROPOSTA DAS OFICINAS PEDAGOGICAS PARA CONSTRUCcedilAtildeO DE NOCcedilOtildeES E HABILIDADES

OFICINA CONTEUacuteDOS NOCcedilOtildeES HABILIDADES

1 M

AQ

UE

TE

ME

NT

AL

A divisatildeo administrativa dos bairros encontrados em um municiacutepio

Recursos hiacutedricos na cidade

Meio Ambiente e poluiccedilatildeo

Identidade e cidadania

Desenvolver o trabalho em equipe para a realizaccedilatildeo

de uma atividade

Refletir sobre sua condiccedilatildeo de cidadatildeo que

participa e constroacutei a sociedade

2 M

AP

AS

MU

DO

S

4ordm

AN

O

Regionalizaccedilatildeo nordestina e das mesorregiotildees geograacuteficas da Paraiacuteba

Construccedilatildeo da legenda orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo das toponiacutemias Representar e refletir sobre a condiccedilatildeo da

regionalizaccedilatildeo estadual nacional

5 ordm

AN

O Regionalizaccedilatildeo brasileira

As praacuteticas desportivas no Brasil (futebol)

Construccedilatildeo da legenda orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo das toponiacutemias

3 B

AL

EA

DA

GE

OG

RAacute

FIC

A

Localizaccedilatildeo orientaccedilatildeo e direccedilatildeo espacial

Iniciativa coordenaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo no trabalho

em equipe

Planejar e verbalizar as accedilotildees a serem executadas

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) Organizado por David L R de Almeida

189

53 DOS MAPAS MENTAIS UTILIZADOS EM SALA DE AULA

Apoacutes analisarmos os mapas mentais das crianccedilas bem como sua relevacircncia no

processo de alfabetizaccedilatildeo geograacutefica e cartograacutefica veremos como estes podem auxiliar nos

processos de ensino-aprendizagem Para isto consideraremos o discurso das professoras Nas

palavras das docentes apoacutes a realizaccedilatildeo das oficinas pedagoacutegicas e do trabalho com os mapas

mentais foi avaliadas diferenccedilas com relaccedilatildeo agrave percepccedilatildeo da aprendizagem de Geografia

pelos alunos do 4ordm e 5ordm ano elas consideram que

ldquoAs mudanccedilas na aprendizagem dos alunos se deu com gostar da lsquomateacuteriarsquo ter

curiosidade em conhecer e pocircr em praacutetica o que aprenderam Por exemplo ler e

desenhar mapas mentais e pesquisar em livrosrdquo (Prof Marta 4ordm ano)

ldquoA leitura de mapas e suas legendas a rosa dos ventos O reconhecimento dos pontos

cardeais observar diferentes paisagens identificando suas transformaccedilotildeesrdquo (Prof

Beatriz 5ordm ano)

Eacute importante frisar que buscamos sintetizar as informaccedilotildees apresentadas na anaacutelise

dos mapas mentais sobre a forma de dois graacuteficos o primeiro correspondente as noccedilotildees

geograacuteficas utilizadas em nossas anaacutelises (quadro 09 p 189) e das habilidades utilizadas

pelos alunos durante estas atividades (quadro 10 p190)

O estaacutegio das noccedilotildees geograacuteficas analisadas nos mapas mentais tal como as

habilidades desenvolvidas pelos alunos foram classificadas com base em seu grau de

ocorrecircncia em cada uma das atividades soma-se a estas anaacutelises as observaccedilotildees e descriccedilotildees

dos alunos e professoras realizadas em cada turma Lembramos que os mapas apresentados

correspondem aos seguintes temas Mapa A Canal das Piabas mapa B Mesorregiotildees da

Paraiacuteba mapa C Mapa da minha vida e mapa D Regiatildeo Centro-oeste

QUADRO 9 GRAacuteFICO DAS NOCcedilOtildeES GEOGRAacuteFICAS ANALISADAS NOS MAPAS MENTAIS

Nos mapas mentais observa-se 4ordm ano 5 ordm ano

as noccedilotildees de Mapa A Mapa B Mapa C Mapa D

Percepccedilatildeo espacial

Uso de toponiacutemias

Localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial

Escala geograacutefica

Legenda

Ausente

Pouca

Suficiente

Muita

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) Organizado por David L R de Almeida

190

A seguir temos o quadro das habilidades destacada para o desenvolvimento dos

mapas mentais Podemos observar mais atentamente os mecanismos utilizados para

construccedilatildeo desses mapas bem como sua relevacircncia no processo de aprendizagem e

internalizaccedilatildeo do conhecimento

QUADRO 10 GRAacuteFICO DAS HABILIDADES DESTACADAS PARA O DESENVOLVIMENTO DOS

MAPAS MENTAIS

Nos mapas mentais observa-se 4ordm ano 5 ordm ano

as habilidades de Mapa A Mapa B Mapa C Mapa D

Representaccedilatildeo

Comunicaccedilatildeo

Interaccedilatildeo

Reflexatildeo

Legenda

Ausente

Pouca

Suficiente

Muita

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) Organizado por David L R de Almeida

Em anaacutelise geral do quadro 09 da construccedilatildeo dos mapas mentais eacute verificado que as

atividades individuais que contaram com pouca ou nenhuma mediaccedilatildeo entre os alunos da

professora regente ou do pesquisador encontraram-se entre as representaccedilotildees com menores

rendimentos de desempenho pelos alunos principalmente no que corresponde aos temas do

mapa B e C

Eacute preciso ressaltar que embora o erro seja socialmente caracterizado como algo

negativo o mesmo tem seus fundamentos e satildeo passiacuteveis de serem identificados Ele eacute

indispensaacutevel para a conquista de novos saberes Segundo Lessan (2011 p 81) ldquonenhum erro

eacute devido ao acaso Todo erro eacute resultado de um raciociacutenio que falhou ou mesmo da falta de

raciociacutenio Uma resposta considerada lsquoerradarsquo pelo professor foi dada por um aluno cujo

pensamento loacutegico de algum modo desviou-se do esperadordquo

Um fator que merece destaque foi agrave ausecircncia da comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo entre os

alunos do 4ordm ano na realizaccedilatildeo do mapa B (ver quadro 09 p 189) por exemplo

Questionamo-nos se isto pode ter repercutido no desenvolvimento do raciociacutenio geograacutefico

acerca do tema proposto Em entrevista com os estudantes do 4ordm ano eacute ressaltada dificuldades

na realizaccedilatildeo da proposta Para eles o formato de prova mais prejudicou que auxiliou no

desenvolvimento da atividade O seguinte fragmento da entrevista esclarece alguns

posicionamentos dos alunos vejamos

191

Aluno 09 ndash Na hora eu achei difiacutecil mas daiacute eu fiquei assim olhando mesorregiatildeo

mesorregiatildeo daiacute quando natildeo podia colar eu fui e fiz na doida73 Eu natildeo sabia

mesmo Soacute faltava duas provas para eu terminar de ano

Aluno 11ndash A prova [] Porque era para desenhar o mapa desenhar as regiotildees ai

ficou complicado

Pesquisador ndash Mas vocecircs se lembram que jaacute haviacuteamos realizado uma atividade bem

parecida

Aluno 09 ndash Sim mas eles natildeo podiam pegar o caderno porque estavam bem

proacuteximos a professora

Aluno 18 ndash Mas a maioria estava consultando

Aluno 09 ndash Eacute professor quem acertou eacute porque colou Se eu errar assim eu tocirc

dizendo que eu fiz na doida

Aluno 18 ndash Eu tambeacutem meu coraccedilatildeo ficou tu tutututu

Entre as respostas apresentadas pelos alunos do 5ordm ano tambeacutem estiveram justificativas

semelhantes Quando qustionamos aos alunos sobre as atividades que menos gostaram de

realizar o aluno 39 aponta ndash ldquoA que eu menos gostei foi agrave primeira [mapa da minha vida] Foi

um pouquinho difiacutecil porque quando eu chamava a professora ela natildeo vinha Eu fiz tudo na

doidardquo

Supomos inicialmente que o problema se encontrava no enunciado das atividades

mas os alunos afirmaram que sabia qual era o objetivo dos exerciacutecios Entendemos que para

os alunos do 4ordm ano a ldquoconsultardquo forneceria um melhor desempenho nos resultados por sua

vez o estudante do 5ordm ano ressalta a mediaccedilatildeo da professora

Podemos perceber que os mapas anteriormente citados apontam que a ausecircncia do

uso de instrumentos mediadores ou do auxiacutelio de pessoas mais ldquocapacitadasrdquo resultou em

atividades realizadas na ldquodoidardquo ou seja por atividades mecacircnicas com alto grau de

sincretismo Em ambos os casos percebemos de forma niacutetida que a Zona de

Desenvolvimento Proximal se fez presente enquanto elo entre os conhecimentos antigos e os

receacutem construiacutedos tal como argumenta Rego (1995) Como consequecircncia deste fator a carga

emocional e possivelmente uma repressatildeo atraveacutes de notas cobranccedila dos colegas pais e

professora fizeram-se presente como nos faz acreditar o aluno 18 (4ordm ano)

Salientamos ainda que os mapas mentais possuem limites uma vez que satildeo apenas

mais um entre tantos outros recursos que podem ser utilizados nas aulas de Geografia Ao

utilizar o mapa mental enquanto prova na turma do 4ordm ano observamos que a tensatildeo

emocional prejudicou a execuccedilatildeo da proposta Outro fato decorre da compreensatildeo dos alunos

sobre o tema que por mais que tivesse sido trabalhado durante as aulas natildeo conseguiram

sistematizar esses conhecimentos em forma de imagens mentais coerentes sequer transpor

esses saberes para o papel

73 Para os alunos ldquofazer na doidardquo significa realizar uma tarefa sem muitos paracircmetros Realizar uma

determinada atividade e tentar por sorte resolver determinado problema

192

Observamos que estaacute tensatildeo entre certo e errado no sistema de ensino-aprendizagem

escolar adveacutem de outras situaccedilotildees de aprendizagem Ao questionarmos os alunos sobre seus

procedimentos de aprendizagem estudo a grande maioria recorre aos meacutetodos de coacutepia

leitura e recitaccedilatildeo oral em outros casos eles relatam o seguinte

Pesquisador ndash Como vocecircs fazem para estudar para uma prova por exemplo

Aluno 39 ndash Eu natildeo estudo natildeo

Aluno 22ndash Ela [a professora Beatriz] manda as questotildees que vatildeo cair na prova e a

gente estuda

Aluno 25ndash De vez em quando eu estudo em casa

Copiar repetir ler recitar oralmente o processo decorar as questotildees que vatildeo ldquocair na

provardquo ou simplesmente natildeo estudar Estes argumentos possivelmente justificam algumas

accedilotildees como a desenvolvida no mapa da regiatildeo Centro-Oeste pelo grupo 05 (figura 39 p 172)

ao copiar o mapa encontrado no livro didaacutetico A charge (figura 44 p 192) parece sintetizar

as situaccedilotildees vivenciadas O professor apoacutes explicar determinado assunto pergunta a seus

alunos - Perceberam E todos respondem - Sim Cada um agrave sua forma e distintas do

professor

FIGURA 44 RELACcedilAtildeO DE ENSINO E APRENDIZAGEM NA ESCOLA

Fonte CANAacuteRIO 2006 p 43

Segundo Canaacuterio (2006 p 42) o sistema escolar enfatiza ldquoa loacutegica da repeticcedilatildeo da

informaccedilatildeordquo Somos instruiacutedos desde a infacircncia a repetir a versatildeo apresentada pelo professor

esperando que nossas respostas se aproximem do que nos eacute exigido ldquoa escola condena-se agrave

entropiardquo e consequentemente eacute reduzido o tempo para repensarmos e criarmos novos

saberes

Outro limite que pode estar envolto nas praacuteticas com os mapas mentais eacute consideraacute-las

como uma ldquosimples atividade de desenhordquo Ao perguntarmos ao grupo de estudantes do 5ordm

193

ano sobre as dificuldades encontradas na realizaccedilatildeo dos mapas mentais e suas justificativas

eles apontam

Aluno 43ndash [] O que a gente teve que desenhar o mapa O mapa mental eacute esse aiacute

[] Porque eu natildeo sei desenhar Ah E soacute E porque dava preguiccedila

Aluno 24ndash Eu natildeo tenho paciecircncia de fazer desenho natildeo Eu sou mais escrever

ldquotudinhordquo e responder do que fazer desenho

Como expresso por esses estudantes o haacutebito voltado agraves ldquoatividades tradicionaisrdquo ateacute

mesmo nos anos iniciais do Ensino Fundamental fazem da praacutetica do ldquodesenhar o mapardquo algo

enfadonho caracterizado como infantil e atingem graus de preacute-conceitos pois se natildeo se

encontram na praacutetica da professora eacute ultrapassado Resultados proacuteximos as consideraccedilotildees

realizadas por Miranda (2005)

Observamos ainda que a cultura escolar natildeo corresponde apenas a resistecircncia dos

professores na utilizaccedilatildeo de uma metodologia ou recurso mas tambeacutem dos pais de alunos da

direccedilatildeo escolar e dos proacuteprios estudantes Eles acreditam muitas vezes que as didaacuteticas

tradicionais satildeo as mais eficazes ou que como afirma a gestora Rosacircngela o pilar dos anos

iniciais do Ensino Fundamental esteja nos componentes curriculares de Portuguecircs e

Matemaacutetica

Possivelmente as praacuteticas analisadas expliquem o alto iacutendice de reprovaccedilatildeo dos

alunos do 5ordm ano na Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira no ano de 2014

Resgatando o que falaacutevamos sobre a equidade etaacuteria sucesso escolar e promoccedilatildeo dos

alunos74 com o posicionamento da gestora escolar eacute apontado que dos 21 alunos que

frequentavam o 5ordm ano em 2014 dez alunos foram retidos por natildeo adquirirem uma seacuterie de

capacidades consideradas suficiente para o 6ordm ano Alguns foram promovidos entretanto com

uma seacuterie de dificuldades ainda a superar75 Destacamos as competecircncias relacionadas agrave accedilatildeo

cognitiva (expressatildeo oral e escrita realizaccedilatildeo das tarefas entre outros) e habilidades

relacionadas agrave interaccedilatildeo social (relacionamento com colegas e adultos respeito agraves regras)76

Eacute importante acrescentar que para ldquosuperar essa situaccedilatildeo soacute eacute possiacutevel se as escolas

puderem estabelecer rupturas com a sua matriz organizacional histoacuterica evoluindo de

sistemas de repeticcedilatildeo de informaccedilotildees para sistemas de produccedilatildeo de saberesrdquo (CANAacuteRIO

74 Esta discussatildeo eacute encontrada no primeiro capiacutetulo paacuteginas 24 a 27 75 Os alunos retidos satildeo 22 24 25 29 33 34 37 40 44 e 51 Dos alunos que foram promovidos mas com

algumas dificuldades satildeo 23 26 27 30 38 43 e 49 Eacute valido observar que a maioria dos alunos retidos foram os

mesmos que apresentaram dificuldades na realizaccedilatildeo dos mapas mentais Isso nos leva a considerar o baixo

iacutendice de rendimento dos estudantes em outras disciplinas escolares visto que o ato da retenccedilatildeo eacute resultado de

uma accedilatildeo global do aluno em acircmbito escolar 76 O modelo da ficha de acompanhamento (com todos os preacute-requisitos relacionados agrave condiccedilatildeo de aprovaccedilatildeo ou

reprovaccedilatildeo) utilizada pelas professoras encontra-se em anexo (Anexo II)

194

2006 p 43) Em outras palavras eacute preciso relacionar as condiccedilotildees do descobrir criar errar e

aprender no processo escolar de aprendizagem

A proposta eacute incentivar os alunos a serem criativos e curiosos Nossa percepccedilatildeo sobre

a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica eacute que ela aponte o trabalho em equipe (o que natildeo necessariamente

produziraacute resultados coletivos) desenvolver uma postura assertiva por parte dos professores e

alunos ou seja formar sujeitos confiantes que defendam suas ideias mas que saibam ouvir

lidar com a criacutetica e respeitar a opiniatildeo do outro como eacute observado no quadro 10 (p 190) os

criteacuterios de comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo nos mapas A B e C

As limitaccedilotildees que muitas vezes se apresentam nos mapas mentais podem servir como

indiacutecios das dificuldades encontradas pelos alunos como a compreensatildeo das noccedilotildees de

localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial por exemplo (mapas A e C) Em alguns casos as limitaccedilotildees

poderatildeo estar relacionadas com as temaacuteticas trabalhadas em sala de aula como o processo de

regionalizaccedilatildeo estadual ou brasileiro

Como discutimos ao longo da interpretaccedilatildeo dos mapas mentais agrave medida que a escala

geograacutefica muda altera-se o enfoque de anaacutelise A maioria das crianccedilas e adolescentes pode

apresentar facilidades no uso e compreensatildeo de algumas noccedilotildees como a percepccedilatildeo espacial

Isso se evidencia ao selecionar agrupar e destacar estados e ou regiotildees (quadro 10 p 190

mapa C e D) como dificuldades para localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial (mapa C)

Como discutem Almeida amp Passini (2010) alfabetizar cartograficamente eacute possibilitar

que os discentes realizem o exerciacutecio de codificaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo dos mapas Percebemos

que ao realizar estas atividades eles podem ler e expressar mensagens impliacutecitas relacionadas

aos conhecimentos apreendidos na escola ampliando sua leitura de mundo vivido como foi o

caso do ldquoBuraco da Giardquo

O principal aspecto que devemos nos certificar ao trabalharmos os mapas mentais

com alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental eacute se haacute ou natildeo a formaccedilatildeo de uma

imagem mental preacutevia acerca do espaccedilo trabalhado Observamos que em muitos casos os

alunos do 4ordm e 5ordm ano destacam a importacircncia da apresentaccedilatildeo e fundamentaccedilatildeo do conteuacutedo

mediante as oficinas pedagoacutegicas antes da execuccedilatildeo das atividades A partir disso novas

descobertas podem ser realizadas como explica o discente do 4ordm ano

Pesquisador ndash O que vocecirc acha que aprendeu fazendo o mapa mental

Aluno 03 - Uma coisa que eu nunca iria imaginar que existissem as quatro

mesorregiotildees

Pesquisador ndash E como vocecirc entendia antes da gente realizar esta atividade

195

Aluno 03 ndash A uacutenica coisa que eu sabia sobre a Paraiacuteba era a populaccedilatildeo e os

223 municiacutepios77

Ao nos basearmos na proposta interacionista de Vigostki (1998) pressupomos que o

modelo de atividades (mapas existentes) natildeo expressa necessariamente um instrumento de

coacutepia mas um referencial para internalizaccedilatildeo do conhecimento trabalhado na escola praacutetica

semelhante agrave universitaacuteria Contudo muitas vezes a escola se limita em praacuteticas arcaicas de

repeticcedilatildeo e memorizaccedilatildeo do conhecimento como se isso fosse de fato efetivar os

conhecimentos algo perceptiacutevel no discurso do aluno 03 Infelizmente parece que a escola

promove um ensino segregado em que

Desencoraja-se a cooperaccedilatildeo incita-se ao trabalho individual e proiacutebe-se a

consulta de documentaccedilatildeo (para que natildeo seja copiada) Os exames

representam a situaccedilatildeo-limite em que tais caracteriacutesticas estatildeo mais

claramente acentuadas (CANAacuteRIO 2006 p 45)

Salientamos que natildeo queremos transmitir a ideia de desvalorizaccedilatildeo da escola mas

destacar que as informaccedilotildees satildeo externas a noacutes A proacutepria constituiccedilatildeo da linguagem apontada

por Bakhtin (2012) destaca o enunciado como o princiacutepio dialoacutegico produzido

propositalmente na direccedilatildeo do outro Ao enunciar buscamos agir sobre o outro reconstruir

experiecircncias natildeo apenas para responder a questotildees das provas a proposta eacute redimensionar o

sentido e ampliar nossa perspectiva de aprendizagem nossa leitura de mundo

De acordo com as nossas anaacutelises e interpretaccedilotildees relacionadas agrave construccedilatildeo e

interpretaccedilatildeo dos mapas mentais podemos considerar a importacircncia de cada uma das noccedilotildees

utilizadas percepccedilatildeo espacial uso das toponiacutemias localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo e a escala

geograacutefica que satildeo frutos de um saber sistematizado mas que considera a loacutegica da

organizaccedilatildeo espacial da realidade percebida concebida vivenciada e aprendida pelos alunos

das turmas as quais trabalhamos

Por fim de acordo com as propostas apresentas ao longo desse trabalho temos

condiccedilotildees de apontar algumas estrateacutegias Elas poderatildeo orientar o trabalho docente em

proposta de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica Ressaltamos por fim a importacircncia dos mapas

mentais e suas praacuteticas auxiliares como um processo que possibilite o ensino-aprendizagem

de Geografia

77 Eacute veriacutedica a informaccedilatildeo sobre a quantidade de municiacutepios paraibanos apresentados pelo aluno Entretanto

como jaacute destacado nos paraacutegrafos anteriores seraacute que esta informaccedilatildeo contribui para a formaccedilatildeo de um

raciociacutenio geograacutefico Acreditamos que apenas o ato da memorizaccedilatildeo natildeo auxilia o desenvolvimento desse

raciociacutenio

196

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Em nossa pesquisa procuramos aprofundar as discussotildees acerca da Cartografia

Escolar Valorizamos o recurso mapa mental enquanto uma praacutetica didaacutetico-pedagoacutegica nas

aulas de Geografia nos anos iniciais do Ensino Fundamental Para isso nos preocupamos em

construir junto com os alunos noccedilotildees e habilidades consideradas necessaacuterias para este estaacutegio

de formaccedilatildeo a partir de atividades praacuteticas e teoacutericas

Consideramos que nosso objetivo geral foi alcanccedilado ao investigar as potencialidades e

limitaccedilotildees do recurso mapa mental para o ensino-aprendizagem de Geografia com alunos do

4ordm e 5ordm ano dos anos iniciais do Ensino Fundamental tal como nossos objetivos especiacuteficos

que buscavam

Diagnosticar as dificuldades referentes ao domiacutenio de habilidades e noccedilotildees

cartograacuteficas dos alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental realizando uma

anaacutelise dessas dificuldades

Pesquisar o mapa mental mediante situaccedilotildees de ensino-aprendizagem que conduzam a

reflexatildeo sobre a espacialidade

Apresentar atividades que permitam desenvolver habilidades e noccedilotildees conceituais para

os alunos atraveacutes do desenvolvimento de mapas mentais e que possam auxiliar as

aulas de Geografia dos professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental

Propor orientaccedilotildees que auxiliem o professor desta fase a trabalharem com os mapas

mentais junto ao puacuteblico dos anos iniciais do Ensino Fundamental

Pudemos notar com o desenvolvimento dos mapas mentais que modelos de ensino-

aprendizagem de Geografia que valorizam o ato de decorar a coacutepia mecacircnica e a recitaccedilatildeo ou

mesmo o fato de ldquonatildeo estudarrdquo caso da turma do 5ordm ano justificam possivelmente o alto

iacutendice de retenccedilatildeo na unidade escolar Fatos que natildeo se restringem agraves praacuteticas escolares de

Geografia na Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira

Aleacutem disso chegamos agrave conclusatildeo que de acordo com o relato dos sujeitos participantes

da pesquisa que a escola principalmente entre o 1ordm ao 5ordm ano haacute um alto valor para as

disciplinas de Matemaacutetica e Portuguecircs Acreditamos que elas satildeo fundamentais para a

progressatildeo escolar e social dos alunos mas natildeo satildeo as uacutenicas Para Bakhtin (2012) eacute

197

necessaacuterio atribuir sentido a palavra apreendida e isso pode ser realizado a partir da

Geografia

Natildeo pretendemos assegurar os insucessos ou limitaccedilotildees das praacuteticas com os mapas

mentais apenas aos resultados supracitados visto que na maioria dos casos os alunos do 4ordm e

5ordm ano puderam demonstrar avanccedilos no que corresponde a percepccedilatildeo espacial do lugar e o

iniacutecio de uma estruturaccedilatildeo de imagens mentais e saberes acerca do (SEU) mundo

Vale ressaltar que nenhuma aprendizagem eacute inata e que aleacutem disso nem tudo que eacute

ensinado eacute apreendido ou expresso com o mesmo valor (CANAacuteRIO 2006) A imagem mental

construiacuteda cognitivamente pelos alunos passa por diferentes ruiacutedos pragmaacuteticos emocionais

sociais etc que podem resultar em diferentes expressotildees entre elas as representaccedilotildees

cartograacuteficas

Consideramos o valor da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica enquanto uma proposta

metodoloacutegica para a construccedilatildeo de noccedilotildees e habilidades espaciais para isso as sugestotildees de

oficinas e suas praacuteticas luacutedicas e teoacutericas foram realizadas considerando o nosso puacuteblico pois

acreditamos que eacute possiacutevel ensinar-aprender brincando divertindo-se motivando Eacute

necessaacuterio deixar as crianccedilas e adolescentes serem o que satildeo

Por outro lado observamos que durante estas praacuteticas os alunos puderam desenvolver

raciociacutenios que ora se expressaram nos mapas mentais ora na verbalizaccedilatildeo destes saberes

Puderam tambeacutem construir sua identidade ao pensarem o seu cotidiano Como exemplo houve

a construccedilatildeo da maquete e mapas mentais sobre o Canal das Piabas (alunos do 4ordm ano) e os

alunos do 5ordm ano ao construiacuterem uma regionalizaccedilatildeo por meio do mapa da minha vida da

construccedilatildeo dos mapas mudos

As atividades promovidas buscaram atribuir sentido e coerecircncia aos assuntos

estudados nas aulas de Geografia Partimos da percepccedilatildeo habitual construindo uma anaacutelise

geograacutefica com os alunos ao propor o ato de observar comparar sistematizar refletir

representar e ler o espaccedilo em diferentes escalas Essas praacuteticas confirmam parcialmente

nossa hipoacutetese inicial sobre a potencialidade do mapa mental enquanto recurso que possibilita

uma habilidade consciente do ato de mapear Verificamos que ao relacionar experiecircncias e

informaccedilotildees trazidas pelos alunos a maioria deles pocircde atribuir sentido as atividades

cotidianas no espaccedilo geograacutefico

Nesse sentido as noccedilotildees escolhidas percepccedilatildeo espacial o uso de toponiacutemias

localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo e escala geograacutefica puderam servir de paracircmetros para representaccedilatildeo

e avaliaccedilatildeo dos mapas mentais Apontamos algumas consideraccedilotildees importantes que

possivelmente podem colaborar com o uso dos esboccedilos cartograacuteficos nas salas de aula

198

Desenvolver praacuteticas com os mapas mentais em escalas locais assim como

regionais Observamos que ao mudar a escala geograacutefica os alunos podem apresentar

aptidotildees ou deacuteficits de aprendizagem Entre os exemplos estaacute o da percepccedilatildeo espacial

retratada nos mapas mentais dos alunos do 4ordm ano o Canal das Piabas em que os

alunos divergiam ao representar o espaccedilo em perspectivas laterais verticais e ou

obliacutequas O mesmo natildeo ocorreu necessariamente no desenvolvimento do segundo

mapa mental sobre as mesorregiotildees da Paraiacuteba

A alfabetizaccedilatildeo da liacutengua materna pode e deve utilizar-se dos conhecimentos das

mais diversas aacutereas da ciecircncia tais como no nosso contexto de pesquisa os

geograacuteficos e vice-versa Observamos que em alguns casos a hierarquizaccedilatildeo

sequencialidade (da direita agrave esquerda) eacute utilizada na escrita e transposta ao mapa

resultando em equiacutevocos como localizar o Sertatildeo vizinho ao Oceano Atlacircntico

Tambeacutem foi expresso nos mapas mentais o que nos leva a ressaltar a importacircncia da

leitura de imagens (desenhos mapas fotos etc) como uma forma de comunicaccedilatildeo

essencial para a leitura de mundo

Incentivar a participaccedilatildeo do aluno individualmente ou em grupo possibilitando

o diaacutelogo entre os estudantes Instigar a mediaccedilatildeo entre os alunos aleacutem do auxiacutelio do

professor Zona de Desenvolvimento Proximal para o Real (VIGOTSKI 1998)

Lembrar que a realizaccedilatildeo das atividades eacute mais importante que o proacuteprio

resultado Estes momentos de construccedilatildeo natildeo devem estar desassociados dos

argumentos trazidos pelos alunos de modo que a avaliaccedilatildeo das noccedilotildees conceituais e

habilidades devem estar em acordo com a proposta da aula

Retomar sempre que necessaacuterio o desenvolvimento das noccedilotildees ainda natildeo

compreendidas No 5ordm ano por exemplo ao observarmos que o aluno 43 havia

apresentado no ldquoMapa da minha vidardquo paiacuteses como Itaacutelia e Japatildeo buscamos por meio

da oficina produzir mapas mudos sobre as partidas ocorridas nos estaacutedios de futebol

brasileiro Diferenciamos a escala de cidade (onde foi realizado o jogo) regiatildeo (qual a

regiatildeo se encontra) nacional (qual paiacutes a minha seleccedilatildeo representa) e internacional

(quais as seleccedilotildees jogaram contra o Brasil Quais paiacuteses elas representam)

Entendemos que a escola deva formar o sujeito para o mercado de trabalho

sonho de muitos alunos entrevistados mas tambeacutem favorecer e esclarecer a

importacircncia desses conhecimentos para o presente Os estudantes devem utilizar

199

cotidianamente os saberes aprendidos para estimular sua memoacuteria de longa duraccedilatildeo

aleacutem de motivaacute-los a busca de novos conhecimentos

Natildeo se pretende com esta dissertaccedilatildeo apresentar receitas prontas mas estimular

outras pesquisas acadecircmicas e praacuteticas escolares Para os estudantes e professores de

Geografia ressaltamos que estas praacuteticas natildeo se restringem aos anos iniciais do Ensino

Fundamental O que nos leva acreditar sobre a importacircncia de uma sistematizaccedilatildeo destes

saberes para a formaccedilatildeo universitaacuteria de professores de Geografia e Pedagogia

Convidamos tambeacutem o professor e sua equipe pedagoacutegica para uma reflexatildeo sobre os

objetivos conteuacutedos e metodologias pertinentes aos anos iniciais do Ensino Fundamental

Desse modo nenhuma das propostas apresentadas estaacute fechada acabada Acreditamos na

experiecircncia autonomia e criatividade dos docentes para dar novos contornos agraves sugestotildees

escritas possibilitando abrir novos caminhos para utilizaccedilatildeo dos mapas mentais nas escolas

200

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207

APEcircNDICES

208

APEcircNDICE I - JORNAL DE PESQUISA

ATIVIDADES ANTERIORES AO PROJETO DE PESQUISA

Dias 17 de setembro de 2014

Primeira visita a Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira ndash solicitaccedilatildeo da

pesquisa de campo Vou ateacute a escola pelo periacuteodo da manhatilde conversar com a gestora escolar

Rosacircngela79 Ao entrar sou reconhecido pelo porteiro da escola em decorrecircncia da pesquisa-

piloto realizada com os alunos do 5ordm ano em 2013 Apoacutes uma raacutepida conversa ele me informa

que a gestora encontra-se na sua sala

Sigo ateacute a diretoria e apoacutes aguardar alguns minutos sou atendido Entrego e apresento

a gestora a proposta do projeto de dissertaccedilatildeo e pergunto sobre a disponibilidade da sua

execuccedilatildeo da pesquisa nas turmas de 4ordm e 5ordm ano A gestora me pede que retorne amanhatilde agrave

tarde visto que o horaacuterios de aulas das turmas de 4ordm e 5ordm ano satildeo no periacuteodo vespertino e

explica que necessita conversar com as professoras sobre o assunto

Dia 18 de setembro de 2014

Retorno a escola agora no periacuteodo da tarde a gestora jaacute me aguardava Me relata que

as professoras gostariam que explicasse o projeto para elas me pedindo para aguarda-las na

sala dos professores ateacute o horaacuterio do recreio

Chegado o horaacuterio do intervalo as professoras se dirigem ateacute o local onde eu as

aguardava Sou apresentado a professora Marta do 4ordm ano jaacute a professora Beatriz80 havia

conhecido no ano anterior em decorrecircncia da pesquisa piloto que havia realizado em sua

turma de 5ordm ano

Apresentei e entreguei o projeto para as docentes demonstrei algumas pesquisas-

pilotos realizadas anteriormente Ao iniciarmos a conversa a professora Beatriz relatou alguns

pontos positivos da proposta com os mapas mentais com a sua turma do ano passado Ambas

as professoras estavam preocupadas com o calendaacuterio escolar e perguntaram se poderiacuteamos

relacionar os mapas mentais com os temas a serem trabalhados na disciplina durante o 4ordm

bimestre Aceitei os termos das professoras e elas se prontificaram a auxiliar no

79 Nome fictiacutecio que adotamos para a gestora escolar 80 O nome atribuiacutedo as professoras satildeo fictiacutecios com a intenccedilatildeo de preservar sua identidade

209

desenvolvimento do planejamento das aulas Combinamos de realizar a delimitaccedilatildeo desse

planejamento no dia 26 de setembro

Dia 26 de setembro de 2014

Neste dia retorno a escola para conversar com as professoras inicialmente vou ateacute a

sala da professora Marta ela havia passado uma atividade para a sua turma e todos estavam

concentrados em sua liccedilatildeo Fui apresentado a turma e alguns estudantes me reconheceram

dizendo que jaacute haviam me visto pela nos corredores da escola

Conversei com a professora Marta durante meia hora ela me apresentou os conteuacutedos

a serem ministrados no 4ordm bimestre se trata da temaacutetica Paraiacuteba Ela me entregou duas folhas

havia nelas uma descriccedilatildeo geneacuterica do estado mais tarde em casa apoacutes uma pesquisa na

internet comprovei que se tratava de uma descriccedilatildeo retirada do site do Wikipeacutedia Perguntei a

professora se poderiacuteamos utilizar outras fontes de informaccedilatildeo como atlas escolares mapas

murais entre outros ela mencionou que haviam atlas na escola e se fosse necessaacuterio poderia

ser disponibilizados nas aulas

Em seguida fui a sala da professora Beatriz ela tambeacutem havia passado uma atividade

para os estudantes (que pareciam agitados) alguns jaacute se retiravam-se da sala e dirigiam-se ao

recreio em decorrecircncia do horaacuterio Durante o intervalo ela me explicou o que havia ministrado

durante o 1ordm ao 3ordm bimestre apresentou um mapa das Ameacutericas (mapa Ameacuterica colonizaccedilatildeo

europeia do seacuteculo XVII para ser mais exato disponibilizado no livro didaacutetico usado na

disciplina de Geografia) explicando que se tratava do mapa mundo Fiquei um pouco

pensativo seraacute que a professora natildeo sabe distinguir a relaccedilatildeo de escala Ela acrescenta que

natildeo segue a ordem do livro didaacutetico ensinando os assuntos que lhe parecem mais

apropriados

Prossegui a conversa e perguntei quais os uacuteltimos assuntos haviam sido tratados ela

responde que o processo de regionalizaccedilatildeo e as regiotildees do Brasil com ecircnfase no Norte e

Nordeste Explica que alguns alunos haviam tido certa dificuldade perguntei se poderia

resgatar alguns assuntos jaacute estudados ela responde que sim

No intervalo combino com as professoras o dia das aulas trocamos contatos de

telefone e e-mail dessa forma finalizamos e organizamos as aulas realizadas nas turmas do 4ordm

e 5ordm ano

TURMA DO 4ordm ANO

210

Dia 14 de outubro de 2014

A pesquisa realizada com os 21 alunos e a professora Marta na Escola Municipal

Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira iniciou-se nesta tarde de primavera Apoacutes o retorno do feriado

do dia das crianccedilas dos 150 anos de emancipaccedilatildeo da cidade de Campina Grande - PB e de

anteceder os festejos do dia do professor as aulas retornam prosseguindo o curriacuteculo escolar

habitual

A temaacutetica geral discutida com os alunos do 4ordm ano foi ldquoGeografia da Paraiacuteba um

estudo atraveacutes da produccedilatildeo e leitura de mapas mentaisrdquo Conversei com os alunos sobre a

importacircncia dos mapas em seu cotidiano se jaacute haviam usado este recurso dentro e fora da

escola quais assuntos os mapas tratavam recebi respostas como ldquoos continentesrdquo ldquoos

paiacutesesrdquo ldquoos bairrosrdquo ldquoos estados e capitaisrdquo entre outras Tentei relacionar a outros temas

como os mapas da previsatildeo do tempo apresentados no programas de TV

Nossa discussatildeo se baseou posteriormente na seguinte pergunta - Algueacutem sabe como

eacute realizado os mapas A turma indicou diferentes procedimentos o aluno 17 ressaltou - ldquoeacute

realizado a partir de uma visatildeo de cimardquo o aluno 11 por sua vez respondeu - ldquocom papel e

laacutepisrdquo entre outras respostas

Para conquistar os alunos e sua participaccedilatildeo nas aulas de Geografia propomos uma

representaccedilatildeo da sala de aula ressaltando algumas caracteriacutesticas dos mapas existentes Entre

os elementos destacados estava a lateralidade e distribuiccedilatildeo espacial dos moacuteveis na sala

Prestativos os alunos observavam com atenccedilatildeo as explicaccedilotildees dadas relacionando o espaccedilo

real da sala de aula com seu croqui Os estudantes eram agitados mas realizavam a atividade

com acircnimo

Iniciamos a atividade observando a sala de aula destacando o seu espaccedilo e os moacuteveis

presentes (carteiras mesa da professora estantes janelas e porta) Apoacutes listar os moacuteveis no

quadro alguns alunos foram chamados para mediar a dimensatildeo da sala a partir de passos

Relacionamos agrave quantidade de passos destes alunos a quantidade de quadrados presente na

folha de papel quadriculado entregue aos discentes Localizamos o lugar de cada aluno em

sala de aula aleacutem disso expliquei a importacircncia da escala geograacutefica e o motivo dos laacutepis e

livros natildeo fazerem parte desta representaccedilatildeo em consequecircncia dessa reduccedilatildeo

A professora regente jaacute havia usado mapas para discutir o tema sobre a cidade de

Campina Grande ndash PB isto facilitou consequentemente a construccedilatildeo destes croquis pelos

alunos A maioria dos estudantes apresentaram dificuldades com a identificaccedilatildeo de espaccedilos

211

em grande escala em alguns casos natildeo distinguiam a relaccedilatildeo de identidade (campinense

paraibano nordestino brasileiro) ou confundiam as escalas geograacuteficas

Partindo desta atividade realizamos uma atividade com o mapa mudo da regiatildeo

Nordeste do Brasil Este exerciacutecio tinha como objetivo revisar os assuntos jaacute trabalhados pela

professora Marta O mapa mudo foi utilizado enquanto recurso de avaliaccedilatildeo Observamos que

de iniacutecio os alunos tiveram ecircxito na distinccedilatildeo dos estados da regiatildeo Nordeste entretanto

houve dificuldades no que se refere a localizaccedilatildeo de alguns estados a exemplo do Piauiacute e

Pernambuco O que necessitaria de mais tempo para a discussatildeo deste trabalho A aula chega

ao fim e os alunos se preparam para ir para casa

Dia 21 de outubro de 2014

Esta aula foi iniciada com o teacutermino da atividade do dia 14 de outubro Os alunos por

meio de mapa mudo sobre a regiatildeo Nordeste do Brasil jaacute haviam identificado os estados e

capitais Aleacutem disso localizado a Regiatildeo Nordeste no mapa do Brasil apresentado na mesma

folha Neste momento os alunos foram questionados a respeito da localizaccedilatildeo das regiotildees

brasileiras

Durante a explicaccedilatildeo associei os pontos cardeais (Norte Sul Leste e Oeste) as regiotildees

brasileiras Os alunos aparentemente tinham noccedilotildees sobre o assunto Busquei apresentar para

os alunos que a orientaccedilatildeo por meio da rosa dos ventos possibilita evitar confusotildees como a

tomada de posiccedilatildeo do observador no que se refere agrave localizaccedilatildeo dos objetos representados e

que o uso de noccedilotildees espaciais como frente atraacutes direita e esquerda pode confundir a leitura

do mapa visto que satildeo paracircmetros relativos

As explicaccedilotildees durante o processo de localizaccedilatildeo foram trabalhadas por meio do uso

de um mapa mural da regiatildeo Nordeste do Brasil Para a visualizaccedilatildeo e acompanhamento das

minhas explicaccedilotildees logo apoacutes recolhi o mapa mural para continuaccedilatildeo da atividade

Os alunos pintavam os estados em seu mapa e atribuiacuteam a mesma cor na legenda do

mapa mudo eles ficaram livres para escolher as cores desde que natildeo distinguissem na relaccedilatildeo

estado-legenda No decorrer da atividade fui questionado sobre o uso de cores semelhantes

visto que os alunos haviam percebido isso no mapa mural Expliquei que embora o mapa

apresenta-se cores semelhantes a exemplo do roxo a tonalidade era diferente permitindo

diferenciar estados como o Piauiacute Sergipe e Alagoas

212

Atraveacutes desta duacutevida que pouco a pouco se tornava comum entre os discentes

expliquei que havia outras maneiras de diferenciar os estados pintados a teacutecnica de hachura81

era uma delas Alguns estudantes chegaram a traccedilar riscos em alguns estados em sentido

vertical ou horizontal destacando as informaccedilotildees equivalentes na legenda

Apoacutes a introduccedilatildeo destes princiacutepios baacutesicos da realizaccedilatildeo e leitura dos mapas

discutiacuteamos paralelamente o posicionamento da Paraiacuteba com os estados vizinhos comparando

o tamanho do territoacuterio a localizaccedilatildeo das praias populaccedilatildeo de alguns estados o que

possibilitaria a conexatildeo para o proacuteximo assunto

04 de Novembro de 2014

Iniciamos a terceira aula com uma introduccedilatildeo sobre o Estado da Paraiacuteba ressaltamos

algumas curiosidades sobre os aspectos fiacutesicos poliacuteticos e culturais Os alunos foram

indagados sobre os municiacutepios que jaacute conheciam desse modo relacionamos as mesorregiotildees

da Paraiacuteba que jaacute haviam visitado

Neste dia comeccedilamos a aula apoacutes a chamada realizada pela professora regente Apoacutes

alguns instantes pergunto aos alunos conceitos que haviacuteamos discutido na aula anterior e se

por ventura sabiam explicaacute-los Apoacutes realizar algumas consideraccedilotildees sobre os assuntos jaacute

abordados os alunos mostravam-se atentos

Durante as explicaccedilotildees realizava alguns desenhos no quadro o que consequentemente

chamava a atenccedilatildeo dos alunos No instante que escrevia no quadro branco algumas

explicaccedilotildees e noccedilotildees conceituais sobre as mesorregiotildees (Mata paraibana Borborema Agreste

paraibano e Sertatildeo paraibano) percebi que ato natildeo agradou a turma Este fato pode estar

relacionado ao uso excessivo do quadro pela professora Marta visto que segundos os alunos

a coacutepia era uma accedilatildeo comum nas aulas Apesar disso resolvi relacionar a escrita com a

produccedilatildeo de alguns desenhos o que despertou o interesse da maioria dos alunos Mais tarde

no horaacuterio do recreio a professora Marta relata - ldquoAh os alunos gostam quando tecircm uma

aula diferenterdquo

Aleacutem disso utilizamos o atlas escolar da Paraiacuteba os alunos foram chamados a localizar

as mesorregiotildees estudadas aleacutem de estudar sua orientaccedilatildeo espacial Mediante a associaccedilatildeo da

rosa dos ventos a maioria dos alunos conseguiu realizar a leitura dos mapas identificando a

mesorregiatildeo tratada e sua localizaccedilatildeo conseguindo aleacutem disso indicar as direccedilotildees de uma

em relaccedilatildeo a outra (ex Mata paraibana a leste do Agreste paraibano)

81 Eacute uma teacutecnica utilizada para criar efeitos de tons ou sombras a partir do desenho de linhas paralelas proacutexima eacute

usado comumente em mapas existentes para diferenciar as informaccedilotildees

213

Dadas agraves explicaccedilotildees partimos para a elaboraccedilatildeo de um novo mapa mudo desta vez

referente as mesorregiotildees da Paraiacuteba Os alunos realizaram a atividade destacando a

orientaccedilatildeo espacial por meio da rosa dos ventos destacaram o nome dos estados vizinhos (Rio

Grande do Norte Pernambuco e Cearaacute) aleacutem do Oceano Atlacircntico desenvolveram a legenda

e nomearam seus mapas com um tiacutetulo

Os alunos natildeo se utilizaram de modelos para realizaccedilatildeo dessa atividade entretanto

auxiliava-os sempre que necessaacuterio outros natildeo queriam auxiacutelio alguns pretendiam apenas

terminar a atividade contando os minutos de voltar para casa

No final da aula entregamos a cada um dos estudantes um mapa de localizaccedilatildeo da

Paraiacuteba com destaque as principais rodovias e rios da Paraiacuteba82 pedi aos alunos que colassem

esse material no caderno e que procurassem nele os principais rios da paraiacuteba visto que seria

o tema da proacutexima aula

10 de Novembro de 2014

Ao avaliarmos os mapas mudos produzidos pelos alunos na aula anterior notamos que

alguns confundiram os estado do Rio Grande do Norte com o Cearaacute outros por sua vez

esqueceram de indicar os pontos cardeais dessa forma devolvemos os mapas mudos das

mesorregiotildees da Paraiacuteba e auxiliamos a correccedilatildeo destas informaccedilotildees

Eventualmente realizamos as aulas na terccedila-feira mas por ventura de outras

atividades da escola alteramos para a segunda-feira Diante disso o nuacutemero de alunos que

participaram desta aula foi reduzido aleacutem disso outros participavam de atividades

extracurriculares realizada na escola trecircs alunas se ausentaram da sala

A terceira aula discutiu a influecircncia dos rios na vida da populaccedilatildeo paraibana e as

modificaccedilotildees espaciais Recorremos ao mapa entregue na aula anterior e expliquei a

influecircncia dos rios e o trabalho humano na transformaccedilatildeo da paisagem urbana e rural

Destacamos ainda a presenccedila dos dois principais rios da Paraiacuteba o Piranhas ou Accedilu e o Rio

Paraiacuteba o qual alimenta o Accedilude Epitaacutecio Pessoa (tambeacutem conhecido como accedilude de

Boqueiratildeo) localizado no municiacutepio de Boqueiratildeo O accedilude de Boqueiratildeo chamou a atenccedilatildeo

dos alunos visto que eacute de laacute que proveacutem o abastecimento de aacutegua em Campina Grande

Diante dessa dinacircmica realizamos a leitura de um texto que se referia ao Canal Riacho

das Piabas que fica a oeste da escola na Avenida Januacutencio Ferreira Foi oportuno relacionar

82 O mapa entregue aos alunos corresponde a uma representaccedilatildeo da Paraiacuteba indicada a alunos entre 7 a 12 anos

de idade disponiacutevel no site do IBGE lt http7a12ibgegovbrimages7a12estadosparaibapdf gt Acesso em

111114

214

uma accedilatildeo que outrora parecia abstrata imaginaria ao cotidiano dos alunos Muitos estudantes

natildeo sabiam que o canal que passava ao lado da escola era na verdade um curso drsquoaacutegua

enxergavam o canal das Piabas como um coacuterrego de esgoto Outros estudantes achavam

impossiacutevel haver rios dentro da cidade admitiam apenas a presenccedila de accediludes visto que entre

os cartotildees postais da cidade de Campina Grande estaacute o Accedilude Velho primeira fonte de

abastecimento da cidade

Apresentei fotos antigas da cidade e outras atuais que apresentavam o riacho das

Piabas questionei os alunos sobre a importacircncia do uso da aacutegua em seu cotidiano eles

responderam que usavam a aacutegua para o uso domeacutestico (lavar louccedila tomar banho preparar a

alimentaccedilatildeo etc) Mencionei que a aacutegua de riachos rios e accediludes poderiam ser utilizada para

a agricultura induacutestria e pecuaacuteria

Estudamos tambeacutem a importacircncia da preservaccedilatildeo das encostas dos percursos de aacutegua

dando exemplos reais de aacutereas de riscos em bairros proacuteximos a escola como a Conceiccedilatildeo e

Louzeiro explicando a influecircncia do solo e dos periacuteodos de cheia do riacho das Piabas em

determinadas estaccedilotildees do ano

Foi motivador o uso deste exemplo Quando falaacutevamos da comunidade da Rosa

Miacutestica e de algumas enchentes que jaacute haviam acontecido neste momento o aluno 12 se

levanta e fala - ldquoProfessor eacute o BG natildeo eacute Logo a professora Marta responde - ldquoO que eacute BG

meninordquo Aluno 12 - ldquoSabe natildeo professora Buraco da Gia professorardquo Achei cocircmica a

situaccedilatildeo adverti o aluno que a sigla seria BJ pois Jia se escrevia com a letra ldquoJrdquo e natildeo com

ldquoGrdquo Expliquei tambeacutem os motivos que levaram a mudanccedila de nome para Rosa Miacutestica Notei

que muitos alunos tinham preconceitos relacionados a este lugar estereoacutetipos como um lugar

violento desorganizado favelado entre outros Diante disso fiz algumas ressalvas sobre as

condiccedilotildees sociais do lugar Deste modo finaliza-se mais uma aula

26 de Novembro de 2014

Iniciamos a aula retomando a discussatildeo sobre o texto do Canal das Piabas dessa vez

havia um nuacutemero maior de alunos Apoacutes lermos o texto pedi que os estudantes grifassem as

palavras desconhecidas Entre as duacutevidas estava o conceito de riacho rio cachoeira e canal

Identifiquei e exemplifiquei cada um dos conceitos lembrando a diferenccedila entre os rios

(Paraiacuteba e Piranhas) ou o canal riacho das Piabas pedi tambeacutem que os alunos registrassem as

observaccedilotildees em seus cadernos

Expliquei aos alunos que a nossa atividade consistiria em uma representaccedilatildeo do trajeto

do canal das Piabas ateacute o Accedilude Velho mas que para isso deveriacuteamos inicialmente destacar

215

os principais referenciais geograacuteficos destacados no texto para localizarmos na maquete que

seria construiacuteda

Os estudantes atenderam todas as orientaccedilotildees Analisamos inicialmente o mapa mural

da cidade de Campina Grande que foi colocado em cima da mesa Localizamos os pontos de

referecircncia e realizamos a delimitaccedilatildeo da escala geograacutefica que utilizariacuteamos Em seguida

expomos o mapa mural na parede da sala de aula e distribui imagens de sateacutelite e mapas que

apresentavam o recorte espacial de nosso objeto de estudo Organizei os alunos em

subequipes que auxiliaram na montagem da maquete mental

Enquanto uns traccedilavam as ruas outros escreviam o nome dos bairros ou realizavam

alguma pinturas destacando aacutereas de mata ou a rede hidrograacutefica Com o termino desta etapa

coloquei as peccedilas do jogo ldquobrincando de engenheirordquo em cima da mesa todos se animaram

com a possibilidade de ldquocolocar as casinhasrdquo no lugar Pedi que olhassem mais uma vez para

as imagens de sateacutelite e contassem sobre o que percebiam da paisagem dos bairros sobre a

presenccedila de aacutereas mais verticalizadas (preacutedios) e mais horizontalizadas (casas e pequenos

comeacutercios como bodegas bares pequenos mercados) Distribuiacuteram tambeacutem carros de

brinquedo pelo trajeto simulando o tracircnsito da cidade

Aos poucos os alunos foram montando as casas disseram que no Accedilude Velho haveria

mais preacutedios e nos bairros mais perifeacutericos a presenccedila marcante seria de casas Logo apoacutes

pedi que colocassem alguns discos de orientaccedilatildeo com a rosa dos ventos Alguns confundiram-

se na orientaccedilatildeo espacial os lembrei que a nascente do Canal das Piabas situava-se ao norte

Quando terminamos esta fase pedi que os alunos comparassem o mapa mural as

imagens de sateacutelite e a maquete mental eles notaram diferenccedilas na presenccedila dos objetos como

os carros (relatei que geralmente os carros natildeo fazia parte das representaccedilotildees dos mapas em

decorrecircncia de serem elementos moveis no espaccedilo tal como as pessoas dificultando traccedilar sua

localizaccedilatildeo exata) Notaram em poucos casos a mudanccedila de perspectiva (lateral horizontal e

obliacutequa) entre os mapas e a maquete mental Em sequecircncia pedi que fosse realizado um mapa

mental individualmente e que para isso poderiam consultar a maquete mental Proacuteximo ao

final da aula realizei uma legenda para o mapa e expomos a atividade na parede expliquei que

a maquete seria agora um mapa mural realizado pela turma do 4ordm ano

10 de Dezembro de 2014

Neste meio tempo a professora pediu que desenvolvesse uma proposta para a

sua avaliaccedilatildeo final de Geografia entreguei a proposta da construccedilatildeo de um mapa mental que

apresentasse os principais rios do Estado da Paraiacuteba rio Piranhas e Paraiacuteba Neste dia foi

216

realizado entrevistas com os alunos do 4ordm ano Na ocasiatildeo foi entregue o questionaacuterio de

perguntas sobre o projeto e tambeacutem o termo de consentimento como sujeito da pesquisa para

a professora Marta

TURMA DO 5ordm ANO

09 de Outubro de 2014

A pesquisa realizada com alunos e a professora Beatriz do 5ordm ano eacute iniciada na semana

do dia das crianccedilas amanhatilde aconteceraacute um festejo com recitais danccedilas e cinema na escola

De todo forma as aulas prosseguem normalmente o que possibilitou o iniacutecio da pesquisa que

tecircm como temaacutetica ldquoSaberes cartograacuteficos discutindo a regionalizaccedilatildeo brasileirardquo

Comecei a aula perguntando quais eram os recursos cartograacuteficos conhecido pelos

alunos eles responderam os mapas o globo terrestre e a buacutessola Apresentei diferentes

mapas murais e mostrei que eles poderiam variar em decorrecircncia do seu tema (mapa do Brasil

poliacutetico ou fiacutesico) ou de sua escala (Mapa mundo mapa do continente americano) Os

estudantes apontavam as informaccedilotildees encontradas geralmente nestes mapas como o nome e

localizaccedilatildeo dos oceanos continentes paiacuteses etc Participativos ateacute mesmo os mais tiacutemidos

verbalizaram o assunto quando questionados

A professora Beatriz auxiliou e colaborou a todo o momento com as explicaccedilotildees

realizadas em sala de aula Recordamos assuntos ministrados pela professora regente como a

relaccedilatildeo da orientaccedilatildeo espacial e o movimento de rotaccedilatildeo do planeta Terra As observaccedilotildees

eram apresentadas mediante o uso de um globo terrestre e registradas no quadro branco os

alunos foram solicitados a anotarem em seus cadernos

Apresentamos alguns atlas escolares que apresentavam introduccedilotildees sobre o uso da

rosa dos ventos da importacircncia da legenda Os alunos pareciam aacutegeis na localizaccedilatildeo e leitura

das informaccedilotildees presentes no mapa mundo Em decorrecircncia das festividades da semana

tivemos que terminar a aula antes do horaacuterio normal mas informei aos alunos que na proacutexima

aula realizariacuteamos algumas atividades relacionadas as aulas de Geografia os alunos

demonstraram-se felizes

Dia 15 de outubro de 2014 - Dia dos professores

A escola adiou o feriado do dia dos professores contudo a professora Beatriz havia

marcado uma consulta ao meacutedico neste dia ela estava preocupada em adiar as atividades do

217

projeto em decorrecircncia da entrega do preacutedio (escola) agrave justiccedila eleitoral em decorrecircncia das

eleiccedilotildees deste ano Apoacutes conversarmos com a diretora tive a permissatildeo de substitui-la e

prosseguir com a execuccedilatildeo do projeto

Ao entrar na classe os alunos estavam realmente contentes e jaacute sabiam que a

professora natildeo viria neste dia Muitos queriam aproveitar a ocasiatildeo para fazer bagunccedila

entretanto com a permissatildeo da coordenadora pedagoacutegica e da diretora Rosacircngela pude

chamar atenccedilatildeo dos alunos o que foi necessaacuterio em alguns casos

A professora regente jaacute havia trabalhado os assuntos referentes ao processo de

regionalizaccedilatildeo e as regiotildees do Brasil (Norte e Nordeste) entretanto ao trabalhar o mapa

mudo das regiotildees brasileiras (mapa mudo) com os alunos observei que eles apresentavam

dificuldades para compreender a linguagem cartograacutefica e localizar as regiotildees Havia

entregado naquela ocasiatildeo uma lista com o nome dos Estados e capitais as respectivas siglas

e qual regiatildeo estes estados pertenciam

Notei que os alunos jaacute possuiacuteam informaccedilotildees baacutesicas sobre o tema ldquoO Brasil tecircm 26

estados e o Distrito Federalrdquo (Aluno 31) ldquoBrasiacutelia fica no Distrito Federal professorrdquo (Aluno

39) ldquoA gente mora na Paraiacutebardquo (Aluno 22) ldquoEu nasci em Satildeo Paulordquo (Aluno 46) etc

Entretanto apoacutes o iniacutecio da atividade a comoccedilatildeo foi geral ldquoprofessor essa tarefa eacute muito

difiacutecilrdquo Embora more na regiatildeo Nordeste e em sua maioria soubessem qual Estado

correspondiam agrave Paraiacuteba poucos apontavam os estados que faziam limite com este territoacuterio

Minha conclusatildeo foi que embora dominassem o nome dos lugares natildeo associavam o lugar agrave

regiatildeo pertencente por exemplo indicar que Piauiacute localiza-se no Nordeste ou que Satildeo Paulo

esteja a sudeste

Entendo que o processo de regionalizaccedilatildeo tecircm que ter algum significado sentido e

comeccedilo a perceber a importacircncia das ideias de Ausubel e Vigotski83 para o desenvolvimento

dessa missatildeo Talvez ao se utilizar pontos de ancoragem os estudantes possam resgatar e (re)

significar os conteuacutedos ministrados pela professora regente Os alunos jaacute dominavam com

certa astucia os estados da Regiatildeo Norte A professora jaacute havia ministrado este conteuacutedo nas

uacuteltimas aulas de Geografia Os alunos tecircm assim algumas noccedilotildees jaacute desenvolvidas mas esta

visatildeo geral dos estados a exemplo do Nordeste regiatildeo que habita deve ser reforccedilada por

outras propostas de atividades

Mediante estaacute dificuldade no final da tarde foi proposta a atividade de baleada

geograacutefica (semelhante ao jogo de queimado ou baleada tradicional) no paacutetio aberto da escola

83 Neste momento me refiro as ideias estudadas na seguinte obra bibliograacutefica BOCK Ana M B FURTADO

Odair TEIXEIRA Maria de L T Psicologias uma introduccedilatildeo ao estudo de psicologia 14ordf ed Satildeo Paulo

Saraiva 2008

218

Os alunos foram divididos em quatro grupos cada um correspondente a um ponto cardeal

(norte sul leste e oeste) Orientamos a localizaccedilatildeo dos grupos com o uso de um bussola

marcamos os pontos no chatildeo e iniciamos a brincadeira

Dava os comando da trajetoacuteria da bola indicando as direccedilotildees (ex grupo norte jogue a

bola no grupo oeste) Ao final da brincadeira observamos o pocircr do sol e entatildeo relacionamos

que a orientaccedilatildeo espacial poderia ser realizada a partir dele e que muitos lugares a exemplo

das regiotildees brasileiras referenciam esta orientaccedilatildeo espacial Mesmo apoacutes o uacuteltimo sinal alguns

alunos queriam continuar a brincadeira avisei que teriacuteamos que terminar pois a escola seria

fechada e alguns pais jaacute estavam a sua espera

05 de Novembro de 2014

A proposta da aula foi agrave realizaccedilatildeo dos mapas mentais levando considerando os

conhecimentos sobre regiatildeo e regionalizaccedilatildeo do Brasil Os alunos foram instruiacutedos a respeito

de quais informaccedilotildees deveriam relacionar ao mapa construiacutedo Com base em uma ficha sobre

informaccedilotildees sobre sua identidade (filiaccedilatildeo cidade natal entre outros) os alunos foram

chamados a representar o Brasil levantando questotildees como o nome dos estados e capitais

quando sabido a orientaccedilatildeo espacial e o uso da legenda

A atividade levava em conta a mobilizaccedilatildeo das habilidades voltadas a construccedilatildeo de

mapas das aulas anteriores por exemplo a dimensatildeo espacial dos estados o uso da legenda

como elemento agregador de significado e a importacircncia da orientaccedilatildeo espacial Todas as

etapas foram escritas no quadro Para os alunos que permaneciam com duacutevidas dava

orientaccedilotildees individuais tambeacutem acompanhei a confecccedilatildeo dos esboccedilos

Foi explicado aos alunos que neste momento eles deveriam realizar a atividade sem

nenhuma consulta disseram que natildeo seria possiacutevel desse modo concordamos que eles

poderiam utilizar apenas a lista de estados e capitais entregue na aula anterior

Inicialmente os alunos mostraram-se preocupados com a esteacutetica do mapa se iria

aproximar-se ou natildeo dos mapas existentes Expliquei que isto natildeo era o objetivo da

atividade mas demonstrar seus conhecimentos sobre a regionalizaccedilatildeo brasileira Frases como

ldquoNatildeo tocirc entendendo nadardquo (Aluno 24) ldquoNatildeo sei desenharrdquo (Aluno 27) ldquoNatildeo vou fazer isso

natildeordquo (Aluno 22) estiveram no processo do desenvolvimento do trabalho mas no final e com

um pouco de paciecircncia todos finalizaram seus mapas mentais

Outros estudantes procuravam aleacutem de representar verbalizar seus conhecimentos

acerca do mapa elaborado Os grupos se formavam voluntariamente os alunos discutiam

219

buscavam estrateacutegias em alguns casos chegavam a procurar os mapas desenvolvidos nas

aulas anteriores mesmo com o aviso de natildeo utilizaacute-los nestes casos pedi que o guardassem

Observavam e comparavam os seus mapas e se questionavam quem estaria mais

certo Houve o meu auxiacutelio e da professora Beatriz na confecccedilatildeo das representaccedilotildees o que

motivou o desenvolvimento da atividade em alguns casos

13 de Novembro de 2014

Alguns problemas foram observados mediante a anaacutelise dos mapas mentais Na ficha

entregue aos alunos para o desenvolvimento dos mapas mentais e na representaccedilatildeo do aluno

43 houve a confusatildeo entre o que seria os estados brasileiros e outros paiacuteses (Itaacutelia Japatildeo

Meacutexico entre outros) Alguns discentes pareciam se atrapalhar na referecircncia a escalas

geograacuteficas que variam do lugar ao contexto mundial

Como estrateacutegia para discutir esta questatildeo recorri a algo que acreditei que agradaria a

todos a realizaccedilatildeo da copa do mundo no Brasil Passando a distinguir o que eacute paiacutes estado e

Distrito Federal por meio dos estaacutedios e arenas dos jogos e as seleccedilotildees que participaram deste

evento

A atividade do dia apresentou dois esboccedilos cartograacuteficos O primeiro apresentava os

estaacutedios e arenas de futebol e a outra a localizaccedilatildeo das capitais brasileiras onde ocorreram as

partidas Comparamos e relacionamos este material com o objetivo de compreender a

distribuiccedilatildeo espacial dos estaacutedios a partir da anaacutelise regional dando enfoque agrave regiatildeo

Nordeste e Centro-Oeste

Expliquei aos alunos que era necessaacuterio distinguir as escalas geograacuteficas entatildeo

estruturamos da seguinte forma Onde se localiza os estaacutedios e arenas de futebol Nas

capitais cidades brasileiras Quais satildeo os estaacutedios encontrados na regiatildeo Nordeste e Centro-

Oeste Para qual seleccedilatildeo eles torceram durante a copa do mundo Quem jogou contra a

seleccedilatildeo brasileira e que paiacuteses eles representavam

Apoacutes esta atividade os alunos expressaram sua compreensatildeo da atividade com o mapa

mudo produzido sobre os estaacutedios arena que gostariam de visitar Os meninos apresentaram-

se mais motivados para a realizaccedilatildeo da atividade do que as meninas Uma das orientaccedilotildees era

que fosse escolhido apenas lugares relativos a regiatildeo Nordeste e Centro-Oeste A medida que

os alunos realizavam a leitura dos mapas existentes comparavam e traccedilavam o seu mapa

falando que um dia assistiria uma partida de futebol em algum desses campos

Mediante essa ponte introduzimos algumas consideraccedilotildees sobre a regiatildeo Centro-

Oeste principalmente dos biomas Cerrado e Pantanal em decorrecircncia da programaccedilatildeo

220

curricular e da cobranccedila da professora em ministrar tais conteuacutedo Para esta tarefa utilizamos

o livro didaacutetico fotografias aleacutem de um dos textos da atividade da copa do mundo realizar

esta ponte para discussatildeo

Aos poucos os alunos mostravam-se mais interessados pela temaacutetica o aluno 31 chega

a fazer o seguinte comentaacuterio - ldquoprofessor o pantanal parece um pacircntanordquo Sabiacuteamos que os

alunos nunca haviam visitado a regiatildeo Centro-Oeste em decorrecircncia do mapa da minha vida

realizado na aula anterior dessa forma tentamos realizar estas pontes entre os assuntos

24 de Novembro de 2014

Neste dia realizamos mais algumas consideraccedilotildees sobre o bioma pantanal e cerrado

explicando que eles assim como a caatinga (bioma nordestino) tem suas caracteriacutesticas e

problemas ambientais Em muitos casos em decorrecircncia da accedilatildeo do homem como a

agropecuaacuteria extensiva o uso de agrotoacutexicos poluiccedilatildeo de rios e nascentes caccedila predatoacuteria

entre outros

Os alunos contavam casos semelhantes presenciados em visita a familiares a outros

municiacutepios mais interioranos como o sertatildeo paraibano Eles contavam que seus tios ou avoacutes

natildeo usavam agrotoacutexicos em outros casos relatavam que o gado ficava dentro do cercado

Deste modo iniciamos a proposta relacionada ao mapa da regiatildeo Centro-Oeste os

alunos forma divididos em grupos eles escolheram as equipes mas em alguns casos sugeri os

integrantes do grupo com a finalidade de equilibrar os saberes de cada integrante

Durante o desenvolvimento da proposta foi permitido aos alunos realizarem pesquisas

ao livro didaacutetico84 Natildeo haviam mapas semelhantes a propostas dos mapas mentais pedidos

expliquei aos discentes que os mapas apresentados no livro didaacutetico poderiam servir como

modelo mas natildeo havia mapas prontos com a mesma temaacutetica

Mesmo com o referencial notei que alguns alunos tinham dificuldades em realizar

pesquisas selecionar as informaccedilotildees mais importantes e contextualiza-la com o objetivo da

aula Aleacutem disso muitos alunos me procuravam assim como a professora Beatriz para

esclarecer duacutevidas em certos casos desnecessaacuterias como com que cor pintar o estado de

Goiaacutes

Aos poucos senti que a turma ficava mais autocircnoma nas tomadas de decisotildees Em

alguns casos notei que as dificuldades se situavam natildeo na compreensatildeo dos temas estudados

na Geografia e sim a outras disciplinas escolares Observei que muitos estudantes tinham

84 Referecircncia do livro didaacutetico utilizado na escola MESTSU Juliana Projeto Buriti geografia 5ordm ano Satildeo

Paulo Moderna 2011

221

dificuldades na leitura e principalmente na interpretaccedilatildeo de textos No final da aula recolhi os

trabalhos e expliquei que voltaria para realizar uma entrevista com eles na proacutexima semana

05 e 10 de Dezembro de 2014

Nestas datas foram realizado entrevistas com os alunos do 5ordm ano Na ocasiatildeo foi

entregue o questionaacuterio de perguntas sobre o projeto e tambeacutem o termo de consentimento

como sujeito da pesquisa para a professora Beatriz Deixei duas coacutepias do termo de

consentimento com a gestora escolar Rosacircngela

ATIVIDADES POSTERIORES AO PROJETO DE PESQUISA

16 e 22 de dezembro de 2014

Recolhi os questionaacuterios e termos de consentimento da professora Marta e Beatriz

agradeci a elas e seus alunos por sua participaccedilatildeo na pesquisa Ainda no dia 16 de dezembro

iniciei a entrevista com a gestora escolar Rosacircngela entretanto tive que retornar no dia 22 de

dezembro para finalizar a nossa conversa No dia 22 de dezembro finalizei a pesquisa recolhi

o termo de consentimento e agradeci sua participaccedilatildeo na pesquisa

222

APEcircNDICE II ndash QUESTIONAacuteRIO DE PERGUNTAS PARA PROFESSORES

Universidade Federal da Paraiacuteba ndash UFPB

Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza ndash CCEN

Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geografia

ldquoMapas mentais para o ensino de Geografia praacuteticas e reflexotildees em uma escola de

Campina Grande ndash PBrdquo

QUESTIONAacuteRIO DE PERGUNTAS PARA PROFESSORES

A IDENTIFICACcedilAtildeO

Nome______________________________________________ idade ____________

B FORMACcedilAtildeO

1 Universidade curso (s) de graduaccedilatildeo e ano que se formou

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

2 Especializaccedilatildeo (otildees) e ano

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

3 Qual foram os temas do seu trabalho na graduaccedilatildeo (otildees) e especializaccedilatildeo (otildees)

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

____________________________________________________________

C EXPERIEcircNCIA PROFISSIONAL

4 Quais as seacuteries anos que jaacute lecionou Em que aacuterea

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

____________________________________________________________

5 Qual o tempo de experiecircncia profissional como professora

223

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

____________________________________________________________

6 Fez algum curso de formaccedilatildeo continuada voltada para o curso de Geografia

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

____________________________________________________________

D PRAacuteTICA PROFISSIONAL

7 Qual a maior dificuldade que vocecirc observa para o ensino-aprendizagem de Geografia para

os alunos dos anos iniciais do ensino Fundamental Explique

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

__________________________________________________

8 Como vocecirc organiza o trabalho e efetiva sua praacutetica em sala de aula

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

__________________________________________________

E SOBRE A EXECUCcedilAtildeO DA PESQUISA

9 Em sua opiniatildeo qual a importacircncia de se ensinar Geografia Explique

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

__________________________________________________

10 Observou alguma mudanccedila na aprendizagem dos alunos durante e apoacutes a realizaccedilatildeo da

oficina sobre mapas mentais Quais Explique

224

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

____________________________________________

11 Qual o ponto positivo destacaria da proposta desta pesquisa E negativos

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

__________________________________________________

12 Quais suas sugestotildees para melhorar o trabalho com mapas mentais metodologicamente e

ou teoricamente com os alunos dos anos iniciais

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

Obrigado por sua participaccedilatildeo nesta pesquisa

David Luiz

225

APEcircNDICE III ndash PRANCHA PARA MAPA MENTAL

Universidade Federal da Paraiacuteba

Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza

Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado

Pesquisador David Luiz

Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira

Campina Grande data___________________________________

Disciplina Geografia Turma ___ ano

Prof _________________________________________________

Nome_______________________________________________________________________________ Idade______________________

226

APEcircNDICE IV ndash TEXTO CANAL DAS PIABAS

Universidade Federal da Paraiacuteba

Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza

Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado

Pesquisador David Luiz

Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira

Campina Grande data___________________________________

Disciplina Geografia Turma 4ordm ano

Prof _________________________________________________

Nome________________________________________________

PROJETO DE EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL ATRAVEacuteS DO

ESTUDO HISTOacuteRICO-GEOGRAacuteFICO E ECOLOacuteGICO

DA BACIA DO RIACHO DAS PIABAS (CANAL)

Campina Grande ndash Paraiacuteba

A presenccedila de aacutegua potaacutevel em quantidade

suficiente para as necessidades humanas

tem sido a grande preocupaccedilatildeo de ecologistas

teacutecnicos e educadores que se preocupam com a

educaccedilatildeo ambiental nesta fase final do seacuteculo XX

Aacute aacutegua eacute primordial para o homem para o

atendimento de suas necessidades vitais

(alimentaccedilatildeo bebida higiene e limpeza)

por isso devemos preocupar-nos com a

preservaccedilatildeo de cursos daacutegua bem como com

os aspectos qualidade e quantidade e despoluiccedilatildeo

O Riacho das Piabas tem sua nascente no siacutetio

Covatildeo eacute represado nas granjas do Dr Mauriacutecio

Almeida apoacutes as represas eacute totalmente poluiacutedo

por lixo detritos diversos e esgotos indo em

seguida para o Canal (Canal das Piabas)

Percebe-se com o fato observado que aacuteguas que

227

poderiam ser utilizadas por um grande nuacutemero

de pessoas satildeo simplesmente desperdiccediladas

Do ponto de vista histoacuterico o Riacho das Piabas

teve seu papel no atendimento agraves necessidades da

populaccedilatildeo em eacutepocas em que Campina Grande

era simplesmente povoado e pequena cidade

geograficamente

O riacho estaacute localizado na parte norte de

Campina Grande passando pelas granjas do Dr

Mauriacutecio Almeida tendo continuidade no Canal

que comeccedila entre o Alto Branco e a Rosa Miacutestica

passando pelo Ponto Cem Reacuteis e separando o

Centro do Alto Branco Santo Antonio e Joseacute

Pinheiro havendo uma bifurcaccedilatildeo que vai para

o Accedilude Velho e outra parte para o bairro da

Cachoeira

Fonte httpeducarscuspbrbiologiapb_camphtml

Orientaccedilotildees para realizaccedilatildeo do mapa mental

Desenhe um mapa considerando as informaccedilotildees

presentes no texto para isto sua representaccedilatildeo

deveraacute conter

1 Representar o curso do Canal Riacho das

Piabas do seu ponto inicial ateacute o ponto

final relatado no texto

2 Localizar os bairros e lugares (comeacutercio

serviccedilos escolas) em seu mapa

3 Localizar onde podemos encontrar as

pontes e acessos entre os bairros relatados

4 Orientar seu mapa atraveacutes do uso da rosa-

dos-ventos

5 Construir a legenda

228

APEcircNDICE V ndash MAPA MUDO DA REGIAtildeO NORDESTE Universidade Federal da Paraiacuteba

Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza

Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado

Pesquisador David Luiz

Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira

Campina Grande data___________________________________

Disciplina Geografia Turma 4ordm ano

Prof _________________________________________________

Nome________________________________________________

COR ESTADO SIGLA DO ESTADO

Alagoas AL

Bahia BA

Cearaacute CE

Maranhatildeo MA

Paraiacuteba PB

Pernambuco PE

Piauiacute PI

Rio Grande do Norte RN

Sergipe SE

Legenda

229

APEcircNDICE VI ndash MAPA MUDO DAS MESORREGIOtildeES DA PARAIacuteBA

Tiacutetulo_________________________________________________________________

__

Rosa dos ventos

Universidade Federal da Paraiacuteba

Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza

Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado

Pesquisador David Luiz

Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira

Campina Grande

data___________________________________

Disciplina Geografia Turma 4ordm ano

Prof

______________________________________________

___

Nome_________________________________________

_______

Campina Grande data___________________________________

Disciplina Geografia Turma 4ordm ano

Prof _________________________________________________

Nome________________________________________________

LEGENDA

230

APEcircNDICE VIII ndash QUESTOtildeES DA PROVA

Universidade Federal da Paraiacuteba

Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza

Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado

Pesquisador David Luiz

Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira

Campina Grande data___________________________________

Disciplina Geografia Turma 4ordm ano

Prof _________________________________________________

Nome________________________________________________

EXERCIacuteCIO DE VERIFICACcedilAtildeO DE GEOGRAFIA

Leia o texto abaixo

Rio Piranhas e Paraiacuteba aacuteguas paraibanas

Os principais rios do estado da Paraiacuteba satildeo o rio Piranhas e o Paraiacuteba O

rio Piranhas eacute o maior rio da Paraiacuteba ele nasce na mesorregiatildeo do sertatildeo

paraibano e ldquocorrerdquo em direccedilatildeo ao Rio Grande do Norte O rio Paraiacuteba eacute

totalmente paraibano Nasce no municiacutepio de Monteiro na mesorregiatildeo da

Borborema A foz lugar onde o chega fica no municiacutepio de Cabedelo O

rio Paraiacuteba desaacutegua no oceano Atlacircntico

Represente as informaccedilotildees deste texto por meio de um mapa mental para

isto vocecirc deveraacute seguir os seguintes passos

1 Desenhar o estado da Paraiacuteba e suas quatro mesorregiotildees (Mata

paraibana Agreste paraibano Borborema e Sertatildeo paraibano)

2 Escrever o nome dos lugares que fazem limite com o estado da

Paraiacuteba (estados e o Oceano Atlacircntico)

3 Desenhar o percurso dos rios apresentados no texto (Piranhas e o

Paraiacuteba)

4 Orientar seu mapa atraveacutes da rosa dos ventos

231

APEcircNDICE VIII ndash LISTA DE CAPITAIS E ESTADOS

Universidade Federal da Paraiacuteba

Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza

Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado

Pesquisador David Luiz

Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira

Campina Grande data___________________________________

Disciplina Geografia Turma 4ordm ano

Prof _________________________________________________

Nome________________________________________________

LISTA DE ESTADOS E CAPITAIS

Estado Sigla Capital Regiatildeo

Distrito Federal DF Brasiacutelia Centro-Oeste

Goiaacutes GO Goiacircnia Centro-Oeste

Mato Grosso do Sul MS Campo Grande Centro-Oeste

Mato Grosso MT Cuiabaacute Centro-Oeste

Alagoas AL Maceioacute Nordeste

Bahia BA Salvador Nordeste

Cearaacute CE Fortaleza Nordeste

Maranhatildeo MA Satildeo Luiacutes Nordeste

Paraiacuteba PB Joatildeo Pessoa Nordeste

Pernambuco PE Recife Nordeste

Piauiacute PI Teresina Nordeste

Rio Grande do Norte RN Natal Nordeste

Sergipe SE Aracaju Nordeste

Acre AC Rio Branco Norte

Amazonas AM Manaus Norte

Amapaacute AP Macapaacute Norte

Paraacute PA Beleacutem Norte

Rondocircnia RO Porto Velho Norte

Roraima RR Boa Vista Norte

Tocantins TO Palmas Norte

Espiacuterito Santo ES Vitoacuteria Sudeste

Minas Gerais MG Belo Horizonte Sudeste

Rio de Janeiro RJ Rio de Janeiro Sudeste

Satildeo Paulo SP Satildeo Paulo Sudeste

Paranaacute PR Curitiba Sul

Rio Grande do Sul RS Porto Alegre Sul

Santa Catarina SC Florianoacutepolis Sul

232

APEcircNDICE IX ndash MAPA BRASIL REGIOtildeES

Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira

Campina Grande ____de outubro de 2014

Professores David Luiz e Elane

Nome _________________________________________________________

233

APEcircNDICE X ndash ATIVIDADE BALEADA GEOGRAacuteFICA

Universidade Federal da Paraiacuteba

Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza

Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado

Pesquisador David Luiz

Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira

Campina Grande data___________________________________

Disciplina Geografia Turma 5ordm ano

Prof _________________________________________________

Nome________________________________________________

ATIVIDADE

Observe a foto e responda

1 Em qual dos grupos (Norte Sul Leste ou Oeste) vocecirc estava presente no dia desta

brincadeira Caso natildeo tenha participado indique um grupo que vocecirc gostaria de

participar

_______________________________________________________

2 Observe o mapa da baleada geograacutefica e responda

L

O

S N

234

A Em qual sentido a bola se direciona

_______________________________________________________

B Indique as trecircs proacuteximas direccedilotildees que a bola deveraacute tomar

1_____________________________________________________

2_____________________________________________________

3_____________________________________________________

3 Eacute um final de tarde vocecirc estaacute na rua de sua casa e natildeo tem uma buacutessola nem

tampouco um mapa como vocecirc poderia indicar os pontos cardeais (Norte Sul Leste e

Oeste) Explique

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

235

APEcircNDICE XI ndash MAPA MUDO DAS ARENAS E ESTAacuteDIOS DE FUTEBOL

Universidade Federal da Paraiacuteba

Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza

Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado

Pesquisador David Luiz

Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira

Campina Grande data___________________________________

Disciplina Geografia Turma 5ordm ano

Prof _________________________________________________

Nome________________________________________________

ATIVIDADE

Observe os mapas

Mapa 1 Estaacutedios da copa do mundo ndash Brasil 2014

Mapa 2 Capitais brasileiras onde se localizam os estaacutedios brasileiros

236

1 Quais destes estaacutedios ficam na regiatildeo Nordeste

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

2 Quais destes estaacutedios ficam na regiatildeo Centro-Oeste

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

3 Leia o texto abaixo

NEYMAR VENCE CAMAROtildeES COM GOL 100 E BRASIL PEGARAacute CHILE NAS

OITAVAS

Atacante compensa atuaccedilatildeo irregular da Seleccedilatildeo vira artilheiro da Copa vecirc fim do jejum de

Fred brilho de Fernandinho e desenha caminho do hexa

Neymar Mecacircnico Carrossel do Neymar Neymaacutequina Tiki-Neymar-Taka Haacute times que

entraram para a histoacuteria por seus estilos de jogo Essa Seleccedilatildeo poderaacute entrar para a histoacuteria por ter

Neymar Ateacute onde o Brasil chegaraacute na Copa do Mundo Ateacute onde Neymar permitir E daqui para

frente contra adversaacuterios mais poderosos exigir que o garoto leve um paiacutes nas costas eacute demais ateacute

para sua genialidade

Diante de Camarotildees e um puacuteblico de 69112 no Estaacutedio Nacional Maneacute Garrincha em Brasiacutelia

Neymar foi suficiente Ele venceu os africanos por 4 a 1 Sozinho Natildeo Luiz Gustavo se fez

gigante Felipatildeo ajudou muito ao trocar Paulinho por Fernandinho Fred voltou a marcar Mas na

hora da dificuldade do sofrimento foi o menino das mechas louras quem resolveu

Fonte Disponiacutevel em lt httpgloboesporteglobocomfutebolcopa-do-mundo gt Acesso em 01 11 15

2014 Eacute ANO DE COPA DO MUNDO DE FUTEBOL NO BRASIL

Brasiacutelia eacute uma cidade planejada localizada na regiatildeo Centro-Oeste do paiacutes que foi construiacuteda

para ser a Capital do Brasil O plano urbaniacutestico da capital conhecido como ldquoPlano Pilotordquo

foi elaborado pelo urbanista Luacutecio Costa Oscar Niemeyer foi o arquiteto

237

Considerada Patrimocircnio Mundial pela UNESCO devido ao seu conjunto arquitetocircnico e

urbaniacutestico

Com um veratildeo uacutemido e chuvoso e um inverno seco e relativamente frio com temperatura

meacutedia anual de 21ordmC

Brasiacutelia estaacute dentro do bioma Cerrado

Falando em futebol Os principais times satildeo o Brasiliense Futebol Clube e Sociedade

Esportiva do Gama

Brasiacutelia seraacute a sede que realizaraacute o jogo de Abertura da Copa de 2014

Fonte Disponiacutevel em lt httpamigasviajantescom20140313sedes-da-copa-2014braslia gt Acesso em 01

11 15

Vocecirc foi convidado por um amigo para assistir trecircs partidas de futebol em estaacutedios da regiatildeo

Nordeste e Centro-Oeste Construa um mapa com as informaccedilotildees desta viagem a partir da

silhueta do Brasil

ESTAacuteDIOS BRASILEIROS VISITADOS

238

Nome_________________________________________________________________

LEGENDA

239

ANEXOS

240

ANEXO I ndash FICHA DE ACOMPANHAMENTO DA ESCOLA MUNICIPAL LUacuteCIA

DE FAacuteTIMA GAYOSO MEIRA

Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira

Endereccedilo

Aluno (a)______________________________________________________________

Ciclo__________________________Turno__________Semestre____________2014

Ficha de acompanhamento

Sim Natildeo Em desenvolvimento

Assiduidade e pontualidade

Interesse pelo estudo

Participaccedilatildeo nas aulas

Responsabilidade com o material escolar

Realizaccedilatildeo das tarefas de casa e classe

Expressatildeo oral

Expressatildeo escrita

Leitura

Comportamento na escola

Organizaccedilatildeo

Relacionamento com os colegas e Adultos

Respeito as regras e normas da escola

______________________________________________________________________

Assinatura do responsaacutevel

241

ANEXO II ndash TERMO DE CONSENTIMENTO

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA

CENTRO DE CIEcircNCIAS EXATAS E DA NATUREZA

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM GEOGRAFIA

TERMO DE CONSENTIMENTO

O respeito agrave dignidade humana exige que toda pesquisa se processe apoacutes consentimento livre

e esclarecido dos sujeitos indiviacuteduos ou grupos que por si eou seus representantes legais

manifestem a sua concordacircncia agrave participaccedilatildeo Exige-se que o esclarecimento se faccedila em

linguagem acessiacutevel e que inclua os seguintes aspectos justificativa objetivos procedimentos

que seratildeo utilizados na pesquisa desconforto e riscos possiacuteveis que seratildeo utilizados na

pesquisa garantia de esclarecimentos ates e durante o curso da pesquisa sobre a

metodologia liberdade do sujeito em recusar-se a participar ou retirar seu consentimento em

qualquer fase da pesquisa sem penalidade alguma e sem prejuiacutezo ao seu cuidado garantia do

sigilo que assegure a privacidade dos sujeitos quanto aos dados confidenciais envolvidos na

pesquisa

CONSENTIMENTO DA PARTICIPACcedilAtildeO DA PESSOA COMO SUJEITO DA

PESQUISA

Vocecirc estaacute sendo convidado (a) para participar como voluntaacuterio em uma pesquisa Apoacutes ser

esclarecido (a) sobre as informaccedilotildees no caso de aceitar fazer parte do estudo assine ao final

deste documento que estaacute em duas vias Uma delas eacute sua e a outra eacute do pesquisador

responsaacutevel Em caso de recusa vocecirc natildeo seraacute penalizado de forma alguma

Eu__________________________________________________________RGnordm

____________________ CPF nordm_____________________concordo em participar do estudo

ldquoMapas mentais para o ensino de Geografia praacuteticas e reflexotildees em uma escola de

Campina Grande ndash PBrdquo como sujeito Fui devidamente informado e esclarecido pelo

pesquisador David Luiz Rodrigues de Almeida sobre a pesquisa os procedimentos nela

envolvidos assim como os possiacuteveis riscos e benefiacutecios decorrentes de minha participaccedilatildeo

242

Local e data___________________________________________________________

Nome da Escola_______________________________________________________

Assinatura do participante_______________________________________________

Assinatura do pesquisador_______________________________________________

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA

CENTRO DE CIEcircNCIAS EXATAS E DA NATUREZA

DEPARTAMENTO DE GEOCIEcircNCIAS

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM GEOGRAFIA

DAVID LUIZ RODRIGUES DE ALMEIDA

MAPAS MENTAIS PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA PRAacuteTICAS E

REFLEXOtildeES EM UMA ESCOLA DE CAMPINA GRANDE - PB

Dissertaccedilatildeo apresentada como requisito agrave obtenccedilatildeo do

tiacutetulo de Mestre em Geografia pelo Programa de Poacutes-

Graduaccedilatildeo em Geografia da Universidade Federal da

Paraiacuteba (PPGGUFPB) sob a orientaccedilatildeo do Professor Dr

Antonio Carlos Pinheiro

Aacuterea de Concentraccedilatildeo Territoacuterio Trabalho e Ambiente

Linha de Pesquisa Educaccedilatildeo Geograacutefica

JOAtildeO PESSOA - PB

2015

A447m Almeida David Luiz Rodrigues de Mapas mentais para o ensino de geografia praacuteticas e

reflexotildees em uma escola de Campina Grande-PB David Luiz Rodrigues de Almeida- Joatildeo Pessoa 2015

242f il Orientador Antonio Carlos Pinheiro Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - UFPBCCEN 1 Geografia - ensino 2 Cartografia escolar

3 Alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica 4 Mapas mentais 5 Ensino fundamental - anos iniciais

UFPBBC CDU 9137(043)

Aos meus avocircs paternos e padrinhos de batismo Alice Alves e Luiacutes

Laurindo (in memorian) por me ensinarem o valor do trabalho e

acreditarem no meu potencial

Dedico esta assim como as demais conquistas os meus pais Gerusa

Rodrigues e Davy Alves e a minha irmatilde Giovanna Mayda Obrigado

pela paciecircncia pelo incentivo pela forccedila e principalmente pelo

carinho

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo ao meu orientador professor Dr Antonio Carlos Pinheiro pelas cordiais

conversas as leituras sugeridas e correccedilotildees realizadas ao longo das etapas da pesquisa aleacutem

disso a sua amizade e auxiacutelio para a construccedilatildeo desse estudo liccedilotildees que levarei para o resto

da vida

Aos professores e alunos da (poacutes) graduaccedilatildeo em Geografia do Laboratoacuterio de Estudos

e Pesquisas em Educaccedilatildeo Geograacutefica (LEPEG) da Universidade Federal de Goiaacutes em

especial ao professor Denis Richter tutor durante minha estada em Goiacircnia e grande

motivador da pesquisa sobre os mapas mentais

Ao professor Vanilton Camilo pela acolhida em sua casa assim como agrave professora

Odiones de Faacutetima pela gentil recepccedilatildeo em terras goianas Agrave professora Rusvecircnia Luiza por

abrir a porta de sua sala de aula e permitir que aprendesse com ela as potencialidades do

ensino de Geografia nos anos iniciais do Ensino Fundamental

Sou grato tambeacutem as professoras e demais profissionais da escola Luacutecia de Faacutetima

que permitiram a efetivaccedilatildeo dessa pesquisa Aos alunos envolvidos pela alegria cordialidade

e peripeacutecias que deram outro tom as propostas nas aulas de Geografia sujeitos essenciais

desse estudo torccedilo pelo sucesso de cada um deles

Aos potiguaras Luiz Eduardo Djanniacute e Rute por me acolherem em seu apartamento

em algumas ocasiotildees de estudo pelos momentos de diversatildeo e sobretudo pela amizade

Aleacutem deles a turma do mestrado em Geografia da UFPB do ano de 2013 desde os antigos

companheiros de graduaccedilatildeo da UEPB (Jessica Lima Jamerson e Izabelle) aos mais novos

parceiros Um agradecimento especial a Mocircnica Aires ldquoMoniquinhardquo pelas conversas

aconselhamentos e sua disposiccedilatildeo em sempre ajudar

Ao Grupo de Estudos e Pesquisas em Educaccedilatildeo Geograacutefica (GEPEG) da UFPB ao

professor Marcelo de Moura exemplo de profissional e pessoa aos integrantes e amigos

Adeni Alisson as trecircs Anas (Cristina Neacuteri e Paula) David de Abreu Eliane Guibson e

Jilyane Rouse

Aos meus professores da graduaccedilatildeo e de outros momentos de estudo na UEPB

Antonio Albuquerque Arthur Valverde Angelina Maria Jackeline Joatildeo Damasceno e a

professora Josandra Arauacutejo minha primeira orientadora de pesquisa e incentivadora

Aos professores doutores da banca de qualificaccedilatildeo Rafael Straforini e Christianne

Maria que auxiliaram na identificaccedilatildeo das potencialidades e limitaccedilotildees do trabalho com suas

significativas contribuiccedilotildees

Agradeccedilo ao professor Aderson e aos companheiros da escola hulong de kung fu por

ensinar o significado das palavras respeito lealdade honestidade coragem e disciplina

Aos mais novos amigos de Campina Grande que tive o prazer de conhecer nos

uacuteltimos anos Aline Dione Erivaacutegna Gleydson Jessica Santos Mayara e Nemo Obrigado

pela companhia e amizade em especial a Daniella (Dani) por sua alegria contagiante

A minha famiacutelia ao tio Vando grande geoacutegrafo aos meus avocircs maternos Maria Leni

e Joatildeo e a nova geraccedilatildeo dos Rodrigues que aos poucos comeccedilam a seguir na vida acadecircmica

Aos meus amigos de infacircncia Adriel e Rafael agradeccedilo por compreender a minha

ausecircncia nos uacuteltimos tempos pela torcida pelo sucesso no mestrado Estamos juntos

A Capes pelo auxiacutelio financeiro concedido durante a realizaccedilatildeo desse curso А todos

vocecircs que fizeram dessa caminhada uma transiccedilatildeo mais agradaacutevel A palavra mestre nunca

faraacute justiccedila аоs professores e amigos que teratildeo os meus eternos agradecimentos

Se um homem natildeo for forte ele natildeo inspiraraacute respeito Se natildeo for

culto natildeo teraacute firmeza Lealdade e boa-feacute satildeo para ele e para os

amigos que escolhe valores fundamentais Quando erra natildeo hesita

em corrigir o erro

Confuacutecio (551 ndash 479 a C) filoacutesofo chinecircs

RESUMO

Atualmente no Brasil os anos iniciais do Ensino Fundamental eacute composto por cinco anos (1ordm

ao 5ordm ano) Isso resulta segundo a legislaccedilatildeo num maior periacuteodo para a alfabetizaccedilatildeo dos

sujeitos que desde os seis anos de idade devem ingressar na escola Muito se tecircm investido na

alfabetizaccedilatildeo da Liacutengua materna (Portuguecircs) e da Matemaacutetica para a formaccedilatildeo baacutesica dos

alunos ateacute o 3ordm ano Por outro lado pouco se tem discutido sobre a progressatildeo desta

alfabetizaccedilatildeo nos anos subsequente A presenccedila da Geografia no curriacuteculo escolar pode

auxiliar a formaccedilatildeo dos sujeitos sua leitura de mundo ao destacar a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica

enquanto metodologia que busca pensar o espaccedilo geograacutefico desde o lugar ateacute outras escalas

espaciais Destacamos que a Cartografia Escolar que se dedica a investigar o uso dos mapas

nas praacuteticas de ensino de Geografia atribuem valor na produccedilatildeo e leitura dos mapas

realizados pelos proacuteprios alunos Este potencial eacute encontrado no uso dos mapas mentais

representaccedilotildees livres mas orientadas pelos docentes voltadas a inserccedilatildeo reflexatildeo e leituras

espaciais tratadas na escola Com base nesses apontamentos esta pesquisa objetiva investigar

as potencialidades e limitaccedilotildees do recurso mapa mental para o ensino-aprendizagem de

Geografia com alunos do 4ordm e 5ordm ano do Ensino Fundamental Para isso desenvolvemos a

nossa pesquisa na Escola Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira localizada na cidade de Campina

Grande ndash PB Paralelamente ao uso dos mapas mentais desenvolvemos atividades teoacutericas e

praacuteticas com a finalidade de motivar apresentar construir e refletir noccedilotildees conceituais e

habilidades com uma turma de 4ordm e outra de 5ordm ano Para realizaccedilatildeo desta pesquisa resgatamos

ainda as consideraccedilotildees da gestora escolar professoras e principalmente dos alunos

utilizando questionaacuterios e entrevistas Como resultados percebemos as leituras e

compreensotildees dos alunos em relaccedilatildeo a organizaccedilatildeo de diferentes escalas do espaccedilo

geograacutefico ora voltadas ao seu proacuteprio cotidiano ora aos conteuacutedos ministrados em sala de

aula Identificamos tambeacutem limites no que corresponde ao uso de conteuacutedos

descontextualizados e que se estes saberes natildeo estiverem relacionadas as praacuteticas cotidianas

natildeo haveraacute sentido em apreende-los o que consequentemente poderaacute resultar em retenccedilotildees ou

desmotivaccedilotildees acerca do se aprender Geografia nas escolas

Palavras- chave Ensino de Geografia Cartografia Escolar Alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica

Mapas mentais Anos Iniciais do Ensino Fundamental

ABSTRACT

Currently in Brazil the early years of primary education consists of five years (1st to 5th

grade) This results under the law a longer period for literacy of subjects from the age of six

should enter school Much has been invested in literacy Native language (Portuguese) and

mathematics for basic training of students to the 3rd year Moreover little has been discussed

about the progression of literacy in subsequent years The presence of Geography in the

school curriculum can aid the formation of the subjects their world of reading highlighting

the cartographic literacy as methodology to thinking the geographical space from the place up

other spatial scales We emphasize that the School Cartography which is dedicated to

investigate the use of maps in geography teaching practices attribute value in the production

and reading of maps made by the students themselves This potential is found in the use of

mind maps free representations but guided by teachers aimed at inclusion reflection and

spatial readings treated at school Based on these notes this research aims to investigate the

potential and limitations of the mental map resource for geography teaching and learning with

students of 4th and 5th year of elementary school For this we developed our research in the

School Lucia of Fatima Gayoso Meira in the city of Campina Grande - PB Parallel to the use

of mind maps developed theoretical and practical activities in order to motivate present build

and reflect conceptual notions and skills with a group of 4 and another 5 years For this

research also rescued the considerations of school management teachers and especially the

students using questionnaires and interviews As a result we see the readings and

understandings of the students regarding the organization of different scales of geographic

space now turned to their own daily life sometimes the contents taught in the classroom

Also identified limits corresponding to the use of decontextualized contents and that this

knowledge is not related daily practices there is no sense apprehends them which

consequently may result in withholding or discouragement about learning geography in

schools

Key words Geography Teaching School Cartography Cartographic literacy Mind maps

Years Elementary School Initials

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - FOCOS TEMAacuteTICOS DE PESQUISAS REALIZADAS NA AacuteREA DE

GEOGRAFIA ESCOLAR (1967 ndash 2003)

35

FIGURA 2 - MAPA VIVENCIAL MAPA DOS CHEIROS 52

FIGURA 3 - MAPA MENTAL DO TRAJETO CASA-ESCOLA 53

FIGURA 4 - MAPA DE LOCALIZACcedilAtildeO DA ESCOLA 83

FIGURA 5 - FACHADA DA ESCOLA MUNICIPAL LUacuteCIA DE FAacuteTIMA

GAYOSO MEIRA

84

FIGURA 6 - MAQUETE MAPA MENTAL CANAL DAS PIABAS 98

FIGURA 7 - CANAL DAS PIABAS EM PROXIMIDADE A ESCOLA 100

FIGURA 8 - PROCESSO DE REALIZACcedilAtildeO DA MAQUETE MENTAL 101

FIGURA 9 - PERSPECTIVAS DE OBSERVACcedilAtildeO DAS FORMAS ESPACIAIS 102

FIGURA 10 - MAPA MENTAL EM PERSPECTIVA VERTICAL REALIZADO

PELO ALUNO 04

105

FIGURA 11 - MAPA MENTAL EM PERSPECTIVA LATERAL REALIZADO

PELO ALUNO 05

111

FIGURA 12 - MAPA MENTAL DO ALUNO 14 COM DESTAQUE A ELEMENTOS

SINCRETICOS

110

FIGURA 13 - USO DAS TOPONIMIAS PELO ALUNO 01 114

FIGURA 14 - USO DE TOPONIMIAS PELO ALUNO 03 115

FIGURA 15 - MAPA MENTAL E A LOCALIZACcedilAtildeO DOS BAIRROS DECAMPINA

GRANDE PELO ALUNO 10

118

FIGURA 16 - MAPA MUDO REALIZADO BRASIL (REGIAtildeO NORDESTE)

REALIZADO PELO ALUNO 07

122

FIGURA 17 - MAPA MUDO DAS MESSOREGIOtildeES DA PARAIacuteBA REALIZADO

PELO ALUNO 01

122

FIGURA 18 - PERCEPCcedilAtildeO SEQUENCIAL DAS MESORREGIOtildeES

GEOGRAacuteFICAS DO ALUNO 08

126

FIGURA 19 - PERCEPCcedilAtildeO CIRCULAR DAS MESORREGIOtildeES GEOGRAacuteFICAS

DO ALUNO 03

127

FIGURA 20 - USO DAS TOPONIacuteMIAS NA CONSTRUCcedilAtildeO DAS MESORREGIOtildeES

DA PARAIacuteBA DO ALUNO 11

130

FIGURA 21 - ORIENTACcedilAtildeO E LOCALIZACcedilAtildeO DAS MESSOREGIOtildeES DA

PARAacuteIBA ALUNO 15

133

FIGURA 22 - USO INDISCRIMINADO DA ESCALA GEOGRAacuteFICA ALUNO 09 136

FIGURA 23 - MAPA MUDO DAS REGIOtildeES DO BRASIL REALIZADO PELO

ALUNO 29

139

FIGURA 24 - DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE LUacuteDICA BALEADA

GEOGRAacuteFICA

141

FIGURA 25 - PARAcircMETROS PARA ANAacuteLISE DAS SILHUETAS DOS MAPAS

MENTAIS

143

FIGURA 26 - MAPA MENTAL EM FORMATO PROacuteXIMO A REPRESENTACcedilAtildeO

TRADICIONAL DO BRASIL DO ALUNO 41

146

FIGURA 27 - MAPA MENTAL EM FORMA DE BALAtildeO ALUNO 39 147

FIGURA 28 - MAPA MENTAL EM FORMA DE TRIAcircNGULO ALUNO 25 148

FIGURA 29 - APRESENTACcedilAtildeO DAS INFORMACcedilOtildeES EM FORMA DE

LEGENDA ALUNO 48

150

FIGURA 30 - MAPA MENTAL DO ALUNO 24 DESTAQUE AO EXCESSO DE

TOPONIMIAS

152

FIGURA 31 - MAPA MENTAL DO ALUNO 38 DESTAQUE A EXPRESSAtildeO

SINCREacuteTICA

153

FIGURA 32 - MAPA MENTAL DO ALUNO 22 COM DESTAQUE A

LOCALIZACcedilAtildeO DA REGIAtildeO NORTE DO BRASIL

155

FIGURA 33 - MAPA MENTAL DO ALUNO 29 COM DISTORCcedilOtildeES

RELACIONADAS A LOCALIZACcedilAtildeO E ORIENTACcedilAtildeO ESPACIAL

157

FIGURA 34 - MAPA MENTAL DO ALUNO 42 DESTAQUE A LEGIBILIDADE DA

LOCALIZACcedilAtildeO E ORIENTACcedilAtildeO ESPACIAL

158

FIGURA 35 -

MAPA MENTAL DO ALUNO 43 PROBLEMAS NA SELECcedilAtildeO DA

ESCALA GEOGRAFICA

161

FIGURA 36 - MAPA MENTAL DO ALUNO 46 COM DESTAQUE A ESCALA

GEOGRAFICA DAS REGIOtildeES BRASILEIRAS

163

FIGURA 37 - MAPA MUDO DOS ESTAacuteDIOS BRASILEIRO VISITADO

REALIZADO PELO ALUNO 39

166

FIGURA 38 - MAPA MENTAL COM SILHUETA PROacuteXIMA AO DO BRASIL

(GRUPO 7)

170

FIGURA 39 - COMPARACcedilAtildeO ENTRE MAPA EXISTENTE E MAPA MENTAL

(GRUPO 05)

172

FIGURA 40 - MAPA MENTAL COM A UTILIZACcedilAtildeO DE IacuteCONES (GRUPO 10) 175

FIGURA 41 - ARTICULACcedilAtildeO DO USO DE TOPONIacuteMIAS COM A

APRESENTACcedilAtildeO DE IacuteCONES (GRUPO 3)

177

FIGURA 42 - MAPA MENTAL COM DESTAQUE NA ORIENTACcedilAtildeO E

LOCALIZACcedilAtildeO ESPACIAL DA REGIAtildeO CENTRO-OESTE

(GRUPO 6)

179

FIGURA 43 - MAPA MENTAL NA ESCALA GEOGRAacuteFICA BRASIL (GRUPO 4) 183

FIGURA 44 - RELACcedilAtildeO DE ENSINO E APRENDIZAGEM NA ESCOLA 192

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - ESTRUTURA DA EDUCACcedilAtildeO BAacuteSICA NO BRASIL 26

TABELA 2 - MAPAS MENTAIS PRODUZIDOS DURANTE A PESQUISA 89

TABELA 3 - PERSPECTIVAS ESPACIAIS APRESENTADAS NOS MAPAS

MENTAIS

104

TABELA 4 - USO DAS TOPONIacuteMIAS NOS MAPAS MENTAIS 111

TABELA 5 - RANKING DAS TOPONIacuteMIAS RELACIONADOS AOS BAIRROS DE

CAMPINA GRANDE

111

TABELA 6 - ESCALA GEOGRAacuteFICA EM DESTAQUE NOS MAPAS MENTAIS 119

TABELA 7 - OCORREcircNCIA DAS TOPONIacuteMIAS EXPRESSAS NOS MAPAS

MENTAIS

128

TABELA 8 - OCORREcircNCIA DA UTILIZACcedilAtildeO DA ROSA DOS VENTOS NOS

MAPAS MENTAIS

132

TABELA 9 - ESCALA GEOGRAacuteFICA EM DESTAQUE NOS MAPAS MENTAIS 134

TABELA 10 - PERCEPCcedilOtildeES DA FORMA DO BRASIL DESTACADO NOS MAPAS

MENTAIS

143

TABELA 11 - COEREcircNCIA DAS TOPONIacuteMIAS EXPRESSAS NOS MAPAS

MENTAIS

149

TABELA 12 - NIacuteVEL CORRESPONDENTE Agrave LOCALIZACcedilAtildeO ESPACIAL 154

TABELA 13 - ESCALAS ENCONTRADAS NOS MAPAS MENTAIS 159

TABELA 14 - PERCEPCcedilOtildeES DA FORMA DO BRASIL DESTACADO NOS MAPAS

MENTAIS

168

TABELA 15 - NUacuteMERO DE OCORREcircNCIA DE TOPONIacuteMIAS 173

TABELA 16 - LOCALIZACcedilAtildeO DOS ELEMENTOS ENCONTRADOS NOS MAPAS

MENTAIS

178

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - OPERACcedilOtildeES MENTAIS PARA O DESENVOLVIMENTO DA

LEITURA DE MAPAS

40

QUADRO 2 - AS NOCcedilOtildeES COMO PROCESSO DE FORMACcedilAtildeO DOS

CONCEITOS CIENTIacuteFICOS

63

QUADRO 3 - HABILIDADES PARA O DESENVOLVIMENTO DOS MAPAS

MENTAIS

91

QUADRO 4 - PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO CARTOGRAacuteFICA POR MEIO

DOS MAPAS MENTAIS

93

QUADRO 5 - SIacuteNTESE DO TEXTO SOBRE O CANAL DAS PIABAS 99

QUADRO 6 - ORDEM DAS TOPONIacuteMIAS ENCONTRADAS NOS MAPAS

MENTAIS

131

QUADRO 7 - SIacuteNTESE DOS DADOS ENCONTRADOS NOS MAPAS 165

QUADRO 8 - PROPOSTA DAS OFICINAS PEDAGOGICAS PARA CONSTRUCcedilAtildeO

DE NOCcedilOtildeES E HABILIDADES

188

QUADRO 9 - GRAacuteFICO DAS NOCcedilOtildeES GEOGRAacuteFICAS ANALISADAS NOS

MAPAS MENTAIS

189

QUADRO 10 - GRAacuteFICO DAS HABILIDADES DESTACADAS PARA O

DESENVOLVIMENTO DOS MAPAS MENTAIS

190

LISTA DE SIGLAS

CEB Cacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica

CNE Conselho Nacional de Educaccedilatildeo

EF Ensino Fundamental

GO Estado de Goiaacutes

LDB Lei de Diretrizes e Bases

PCN Paracircmetros Curriculares Nacionais

PB Estado da Paraiacuteba

PNAIC Plano Nacional de Educaccedilatildeo na Idade Certa

UFG Universidade Federal de Goiaacutes

UEPB Universidade Estadual da Paraiacuteba

UFPB Universidade Federal da Paraiacuteba

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 18

1 LEITURAS GEOGRAacuteFICAS DE MUNDO HISTOacuteRIAS DE

ALFABETIZACcedilAtildeO CARTOGRAacuteFICA

24

11 SISTEMA EDUCATIVO E ANOS INICIAIS DO ENSINO

FUNDAMENTAL

24

12 GEOGRAFIA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL 27

13 CARTOGRAFIA ESCOLAR E SEUS CONTEXTOS NO ENSINO DE

GEOGRAFIA

34

131 As propostas de Piaget voltada a Cartografia Escolar 37

14 A CARTOGRAFIA ESCOLAR E OUTRAS INTERPRETACcedilOtildeES PARA O

CONHECIMENTO DO ESPACcedilO

42

141 Percursos dos Mapas Mentais e suas praacuteticas na Educaccedilatildeo Geograacutefica 48

142 Os mapa mentais no ensino-aprendizagem de Geografia 50

2 ITINERAacuteRIO DA PESQUISA E SEUS ENCAMINHAMENTOS

METODOLOacuteGICOS

69

21 CARACTERIZACcedilAtildeO DA METODOLOGIA DA PESQUISA 71

22 PROCEDIMENTOS DA PESQUISA 76

221 Referenciais teoacuterico-metodoloacutegicos 76

222 Instrumentos de Pesquisa 77

223 Os espaccedilos e os sujeitos da pesquisa 81

23 A ANAacuteLISE DOS RESULTADOS 88

231 Da totalidade dos mapas mentais 88

24 AS HABILIDADES E CATEGORIAS DE ANAacuteLISE SELECIONADAS

PARA A PESQUISA

90

241 As categorias de anaacutelise dos mapas mentais 92

3 PROPOSTAS E PRAacuteTICAS ESCOLARES ANAacuteLISES DOS MAPAS

MENTAIS COM OS ALUNOS DO 4ordm ANO

96

31 OFICINA 1 A MAQUETE MENTAL PRAacuteTICA COLETIVA DO

ENSINO-APRENDIZAGEM EM GEOGRAFIA

96

32 MAPA MENTAL 1 CANAL DAS PIABAS 102

33 OFICINA 2 PRAacuteTICAS COM MAPA MUDO (RE) CONSTRUINDO O

MAPA MENTAL DA PARAIacuteBA

120

34 MAPA MENTAL 2 MESORREGIOtildeES DA PARAIacuteBA 123

4 PROPOSTAS E PRAacuteTICAS ESCOLARES ANAacuteLISES DOS MAPAS

MENTAIS COM OS ALUNOS DO 5ordm ANO

137

41 OFICINA 1 USO DOS MAPAS MUDOS E A ldquoBALEADA

GEOGRAacuteFICArdquo NOCcedilOtildeES PRAacuteTICAS E TEOacuteRICAS DE GEOGRAFIA

138

42 MAPA MENTAL 1 MAPA DA MINHA VIDA 142

43 OFICINA 2 MAPA MUDO DA REGIAtildeO CENTRO-OESTE UMA

PROPOSTA DE APROXIMACcedilAtildeO

164

44 MAPA MENTAL 2 MAPA DA REGIAtildeO CENTRO-OESTE 168

5 MAPAS MENTAIS E SUAS POTENCIALIDADES E LIMITACcedilOtildeES

PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA

184

51 O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DE GEOGRAFIA 184

52 PROPOSTAS DAS OFICINAS O LUacuteDICO E SUAS INTERVENCcedilOtildeES

PARA CONSTRUCcedilAtildeO DOS SABERES

187

53 DOS MAPAS MENTAIS UTILIZADOS EM SALA DE AULA 190

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 198

REFEREcircNCIAS 202

APEcircNDICES 207

APEcircNDICE I - JORNAL DE PESQUISA 208

APEcircNDICE II ndash QUESTIONAacuteRIO DE PERGUNTAS PARA PROFESSORES 222

APEcircNDICE III ndash PRANCHA PARA MAPA MENTAL 225

APEcircNDICE IV ndash TEXTO CANAL DAS PIABAS 226

APEcircNDICE V ndash MAPA MUDO DA REGIAtildeO NORDESTE 228

APEcircNDICE VI ndash MAPA MUDO DAS MESORREGIOtildeES DA PARAIacuteBA 229

APEcircNDICE VII ndash QUESTOtildeES DA PROVA 230

APEcircNDICE VIII ndash LISTA DE CAPITAIS E ESTADOS 231

APEcircNDICE IX ndash MAPA BRASIL REGIOtildeES 232

APEcircNDICE X ndash ATIVIDADE BALEADA GEOGRAacuteFICA 233

APEcircNDICE XI ndash MAPA MUDO DAS ARENAS E ESTAacuteDIOS DE FUTEBOL 235

ANEXOS 239

ANEXO I ndash FICHA DE ACOMPANHAMENTO DA ESCOLA MUNICIPAL

LUacuteCIA DE FAacuteTIMA GAYOSO MEIRA

240

ANEXO II ndash TERMO DE CONSENTIMENTO 241

18

INTRODUCcedilAtildeO

Para realizar uma pesquisa acadecircmica acredito na necessidade das justificativas

planejamento encaminhamentos obstaacuteculos que potildeem agrave prova a investigaccedilatildeo cientiacutefica

Eacute relevante expor algumas questotildees relacionadas ao percurso do desenvolvimento desta

dissertaccedilatildeo situando o leitor a respeito dos contextos e acontecimentos que levaram a

realizaccedilatildeo desta pesquisa

Meu primeiro contato com os anos iniciais do Ensino Fundamental ocorreu

enquanto professor de atividades luacutedicas (jogo de xadrez) em uma escola municipal por

meio do Programa Mais Educaccedilatildeo no ano de 2010 Nesta eacutepoca se iniciava a construccedilatildeo

de uma agenda de educaccedilatildeo integral nas escolas municipais e estaduais de Campina

Grande ndash PB

Soma-se a esta experiecircncia as atividades desenvolvidas no curso de licenciatura

em Geografia na Universidade Estadual da Paraiacuteba - UEPB campus Campina Grande

No ano de 2011 fui convidado pela Professora Doutora Josandra Arauacutejo Barreto de

Melo a participar de um projeto voltado a formaccedilatildeo de alunos do magisteacuterio na escola

Normal em Campina Grande mediante o uso de recursos geotecnoloacutegicos novas

tecnologias (sites e ou softwares) relacionadas a geociecircncias ou correlatas que auxiliam

estudar a estrutura do espaccedilo geograacutefico

Naquela eacutepoca os estudantes estavam em processo de formaccedilatildeo docente para

ministrar aulas na Educaccedilatildeo Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental Entre as

dificuldades encontradas estava agrave compreensatildeo de conceitos e das propostas do recurso

geotecnoloacutegico para o ensino de Geografia

Diante destes resultados decido organizar uma investigaccedilatildeo sobre o uso do

recurso geotecnoloacutegico para o ensino-aprendizagem de Geografia com alunos dos anos

iniciais do Ensino Fundamental particularmente o 5ordm ano no trabalho de conclusatildeo de

curso Trabalhamos com fotografias desenhos e construccedilatildeo de mapas digitais e

impressos Como resultado foi observado dificuldades no desenvolvimento e leitura dos

recursos cartograacuteficos pelos alunos e a sua pouca utilizaccedilatildeo nas aulas de Geografia

Com o teacutermino da graduaccedilatildeo apresento ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em

Geografia da Universidade Federal da Paraiacuteba - UFPB um projeto sobre a importacircncia

da Cartografia Escolar nos anos iniciais do Ensino Fundamental visto que o trabalho

da graduaccedilatildeo demonstrava a necessidade em avanccedilar nessa perspectiva e articulaacute-lo ao

desenvolvimento do ensino de Geografia

19

Ao ingressar no programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geografia jaacute havia o interesse

em realizar uma pesquisa relacionada agrave Cartografia Escolar entretanto a possibilidade

do uso do mapa mental foi apresentada pelo Professor Doutor Antonio Carlos Pinheiro

orientador deste estudo

Senti-me interessado e sobretudo desafiado em estudar este recurso

aparentemente mais acessiacutevel a alunos e professores O processo de ensino-

aprendizagem de Geografia mediada pelo uso de recursos cartograacuteficos com alunos dos

anos iniciais do Ensino Fundamental o modo como fazemos o meacutetodo de pesquisa

nossa metodologia de trabalho muda consideravelmente Novos dados informaccedilotildees e

experiecircncias de pesquisa possibilitam (re) pensar estrateacutegias para a utilizaccedilatildeo dos mapas

mentais

Durante os anos de 2013 a 2014 realizamos diferentes pesquisas-piloto com

alunos dos anos iniciais principalmente no 5ordm ano tanto na Paraiacuteba como em Goiaacutes no

Coleacutegio de Aplicaccedilatildeo da Universidade Federal de Goiaacutes (UFG) Aleacutem disso houveram

experiecircncias de estaacutegio supervisionado no curso de Pedagogia da UFPB e propostas de

oficinas realizadas com estudantes do curso de Geografia a soma de todos estes

exerciacutecios resultou na produccedilatildeo de 128 mapas mentais

Com base nestas informaccedilotildees esclarecemos que as pesquisas supracitadas

viabilizaram o estudo realizado na Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira

situado no bairro Lauritzen na cidade de Campina Grande - PB no ano de 2014 O

puacuteblico alvo foram estudantes do 4ordm e 5ordm ano do periacuteodo vespertino a caracterizaccedilatildeo da

escola estudada e dos sujeitos da pesquisa seraacute apresentada mais nitidamente no

segundo capiacutetulo

Esclarecemos que os anos iniciais do Ensino Fundamental correspondem a uma

nova nomenclatura o qual altera o termo seacuteries para anos conforme a Resoluccedilatildeo nordm 3

de 3 de agosto de 2005 do Conselho Nacional de Educaccedilatildeo (CNE) A medida

aumentou o periacuteodo de formaccedilatildeo para as crianccedilas e adolescentes que conforme o art 32

da Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional (LDB) constitui o Ensino

Fundamental obrigatoacuterio de nove anos a partir dos seis anos de idade Com o acreacutescimo

de mais um ano nesta primeira fase do Ensino fundamental podemos dividi-la em dois

ciclos o I ciclo ou ldquociclo da infacircnciardquo (1ordm ao 3ordm ano) e o II ciclo (4ordm e 5ordm ano)

Na atualidade haacute uma crescente preocupaccedilatildeo com a alfabetizaccedilatildeo da Liacutengua

portuguesa e da Matemaacutetica principalmente atraveacutes do Pacto Nacional pela

Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa em todo territoacuterio brasileiro A intenccedilatildeo eacute assegurar a

20

todos os alunos ateacute os oito anos final do 3ordm ano uma alfabetizaccedilatildeo de qualidade Mas

acreditamos que nesta fase eacute possiacutevel uma alfabetizaccedilatildeo que evidencie a disciplina

escolar de Geografia

Autores como a Callai (2005) Lessan (2011) e Castrogiovanni amp Costella

(2006) apontam outro tipo de alfabetizaccedilatildeo tambeacutem necessaacuteria a formaccedilatildeo dos sujeitos

como a cartograacutefica Acreditamos que o mundo pode ser lido de diferentes formas entre

elas por intermeacutedio da linguagem cartograacutefica Seu potencial estaacute presente no uso de

mapas em livros didaacuteticos atlas escolar mapas murais maquetes globos terrestres

encontrados nas escolas e satildeo importantes enquanto portadores de uma educaccedilatildeo visual

do espaccedilo geograacutefico

Natildeo se trata de um tema inexplorado tampouco desconhecido no campo da

Geografia As pesquisas relacionadas agrave Cartografia Escolar campo consolidado no

ensino de Geografia investiga o uso da Cartografia para escolares Elas comeccedilam com

as pesquisas de Oliveira (1978) realizada a mais de 30 anos Na eacutepoca a autora jaacute

apresentava algumas criacuteticas relacionadas aos procedimentos do uso de mapas em sala

de aula

Os procedimentos didaacuteticos enfatizavam a coacutepia mecacircnica e a leitura dos

recursos cartograacuteficos geralmente em uma linguagem mais simplificada um recurso

visual quando comparado aos mapas utilizados pelos adultos com suas escalas

simbologias e convenccedilotildees cartograacuteficas Natildeo consideravam a perspectiva cognitiva de

aprendizagem das crianccedilas desenvolvida por Jean Piaget e seus colaboradores e

consequentemente o desenvolvimento mental da noccedilatildeo de espaccedilo (OLIVEIRA 1978)

Em sucessatildeo a esta pesquisa estudiosos sobre a questatildeo da Cartografia Escolar

como Passini (2012) observaram a necessidade de uma accedilatildeo didaacutetica uma proposta

metodoloacutegica procedimental para o estudo do mapa neste aspecto eacute visado agrave

alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica como uma metodologia que possibilita a construccedilatildeo de

conhecimentos procedimentais habilidades e conceitos que agrega significado a leitura

de mundo do aluno

Os estudos de Almeida amp Passini (2010) Castellar (2000) Lessan (2011) entre

outros enfatizam o uso da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica afirmando a necessidade da

contextualizaccedilatildeo dos conteuacutedos de Geografia para o desenvolvimento de competecircncias

o aprender a apreender a mobilizar as habilidades como verbalizar observar registrar

ler comparar localizar e entender e ainda outras como a persuadir comunicar criar

trabalhar em equipe refletir e interagir

21

Apostando no potencial da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica enquanto uma continuaccedilatildeo

para o processo de ldquoleitura de mundordquo fundamentado por Callai (2005) privilegiamos

o desenvolvimento da produccedilatildeo cartograacutefica a proacuteprio punho com o mapa mental O

mapa eacute uma linguagem de comunicaccedilatildeo utilizada ao longo da histoacuteria por remotas

comunidades e grupos humanos onde se identifica o uso da representaccedilatildeo espacial

(TEIXEIRA 2001 GIRARDI 2005)

Quais as principais dificuldades com o trabalho do uso dos mapas existentes

baseados em uma concepccedilatildeo cartesiana nas salas de aula Os alunos ldquonatildeo gostamrdquo de

mapas acham complicados porque tecircm latitudes longitudes orientaccedilatildeo da rosa dos

ventos escala numeacuterica escala graacutefica matemaacutetica Quando o mapa se livra deste

rigor cientiacutefico o aluno comeccedila a ver o mapa como algo mais proacuteximo dele que pode

ser construiacutedo realizado a partir dos seus conhecimentos embora natildeo deva se restringir

a eles

As discussotildees estabelecidas por Teixeira (2001) indicam as particularidades da

percepccedilatildeo estabelecida por cada indiviacuteduo Enfatiza poreacutem que estas representaccedilotildees

baseadas na realidade ou idealizadas advecircm do campo do simboacutelico da apreensatildeo dos

significados que em muitos casos natildeo satildeo decifrados pela razatildeo As imagens espaciais

satildeo construiacutedas neste processo e foram denominados por mapas cognitivos mapas

conceituais e atualmente mapas mentais

Quando recorremos ao uso destes mapas mentais enquanto recurso didaacutetico para

o ensino de Geografia Richter (2010 p 27) esclarece que ele

[] eacute analisado como um recurso que permite a construccedilatildeo de uma expressatildeo

graacutefica mais livre tendo a perspectiva de que o estudante possa transpor para

esta representaccedilatildeo espacial os conteuacutedos geograacuteficos aprendidos ao longo da

educaccedilatildeo baacutesica Assim aleacutem de utilizar a fala a escrita a imagem ou o

proacuteprio mapa convencional tradicional o aluno teraacute a oportunidade de

apresentar num mapa mental suas interpretaccedilotildees a respeito de um

determinado lugar provenientes de leituras mais cientiacuteficas da realidade

Ao realizarmos nossas experiecircncias com as pesquisas-piloto desenvolvemos a

seguinte hipoacutetese o mapa mental pode auxiliar os alunos a desenvolver natildeo apenas uma

representaccedilatildeo do espaccedilo geograacutefico mas uma habilidade consciente do ato de mapear

aleacutem de uma leitura de mundo que desenvolva a compreensatildeo e reconhecimento do

aluno como sujeito soacutecio-histoacuterico e cultural

Estudamos propostas metodoloacutegicas que possibilitem a aprendizagem de

Geografia Aprendizagem que consideramos aqui como sinocircnimo da capacidade do

22

ensinar-apreender entre os sujeitos baseado no diaacutelogo que estabelece a relaccedilatildeo entre os

conhecimentos cientiacuteficos e cotidianos como considera Vigotski (1998) e Bakhtin

(2012) Pensamos que aleacutem da aquisiccedilatildeo do conhecimento e habilidades os mapas

mentais possibilitam construir atitudes e valores virtudes assentadas na solidariedade

humana e toleracircncia ao proacuteximo constituindo sua identidade e a formaccedilatildeo da cidadania

Entendemos que a proposta da pesquisa eacute auxiliar o trabalho de professores na

praacutetica da docecircncia enfatizando a importacircncia dos conhecimentos geograacuteficos

construiacutedos pelos alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental consequentemente a

proposta auxilia o trabalho dos professores de Geografia que acolhem estes alunos nos

anos subsequentes a partir do 6ordm ano anos finais do Ensino Fundamental

Com base nessas ideias temos como principal objetivo investigar as

potencialidades e limitaccedilotildees do recurso mapa mental para o ensino-aprendizagem de

Geografia com alunos do 4ordm e 5ordm ano dos anos iniciais do Ensino Fundamental Nossos

objetivos especiacuteficos satildeo

Diagnosticar as dificuldades referentes ao domiacutenio de habilidades e noccedilotildees

cartograacuteficas dos alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental realizando

uma anaacutelise dessas dificuldades

Pesquisar o mapa mental mediante situaccedilotildees de ensino-aprendizagem que

conduzam a reflexatildeo sobre a espacialidade

Apresentar atividades que permitam desenvolver habilidades e noccedilotildees

conceituais para os alunos atraveacutes do desenvolvimento de mapas mentais e que

possam auxiliar as aulas de Geografia dos professores dos anos iniciais do

Ensino Fundamental

Propor orientaccedilotildees que auxiliem o professor desta fase a trabalharem com os

mapas mentais junto ao puacuteblico dos anos iniciais do Ensino Fundamental

Ao realizarmos nossos experimentos observamos a dificuldade em representar o

espaccedilo geograacutefico considerando elementos como agrave perspectiva do acircngulo de visatildeo

orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo espacial por exemplo Em virtude disso criamos estrateacutegias

metodoloacutegicas recursos de apoio e categorias de anaacutelise as quais consideramos

importantes para o processo de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica Com a intenccedilatildeo de atingir os

objetivos propostos estruturamos essa pesquisa em cinco capiacutetulos

O primeiro capiacutetulo intitulado ldquoLeituras geograacuteficas de mundo histoacuterias de

alfabetizaccedilatildeo cartograacuteficardquo trata da pertinecircncia do ensino de Geografia nos anos

23

iniciais do Ensino Fundamental indica os principais avanccedilos sobre a alfabetizaccedilatildeo e de

sua relaccedilatildeo com a Cartografia Escolar Procura aleacutem disso apresentar o surgimento das

praacuteticas com os mapas mentais e algumas propostas relacionadas ao seu uso para a

pesquisa e ensino da Geografia

O segundo capiacutetulo ldquoItineraacuterio da pesquisa e seus encaminhamentos

metodoloacutegicosrdquo esclarece os procedimentos para a realizaccedilatildeo da pesquisa ressaltando

sua metodologia (de caraacuteter qualitativo) caracterizando os espaccedilos e sujeitos da

pesquisa Apontamos ainda nossa revisatildeo bibliograacutefica para a construccedilatildeo da dissertaccedilatildeo

e os instrumentos para realizaccedilatildeo da pesquisa

No terceiro capiacutetulo ldquoPropostas e praacuteticas escolares anaacutelises dos mapas

mentais com os alunos do 4ordm anordquo e no quarto capiacutetulo ldquoPropostas e praacuteticas

escolares anaacutelises dos mapas mentais com os alunos do 5ordm anordquo satildeo apresentadas e

analisadas as praacuteticas desenvolvidas em forma de oficinas pedagoacutegicas e os mapas

mentais utilizados em cada uma das turmas Procuramos discutir a importacircncia do

ensino de Geografia e quais as relaccedilotildees encontradas na construccedilatildeo das representaccedilotildees

dos alunos

O quinto capiacutetulo ldquoMapas mentais e suas potencialidades e limitaccedilotildees para o

ensino de Geografiardquo analisamos as entrevistas efetivadas com os alunos do 4ordm e 5ordm

ano e a apresentaccedilatildeo da resposta dos questionaacuterios respondidos pelas professoras que

expotildeem suas concepccedilotildees sobre o uso dos mapas mentais e das oficinas para as

propostas de ensino de Geografia

24

1 LEITURAS GEOGRAacuteFICAS DE MUNDO HISTOacuteRIAS DE

ALFABETIZACcedilAtildeO CARTOGRAacuteFICA

Este capiacutetulo estaacute dedicado agrave compreensatildeo sobre o que se entende atualmente

por anos iniciais do Ensino Fundamental (EF) para isso recorremos agraves leis que

alicerccedilam o sistema educativo no Brasil Prosseguimos com a apresentaccedilatildeo do ensino de

Geografia e sua importacircncia nos primeiros anos de escolarizaccedilatildeo

Em seguida o leitor eacute convidado a entender os contextos que influenciaram a

criaccedilatildeo do eixo de pesquisa e estudo chamado de Cartografia Escolar aleacutem disso suas

contribuiccedilotildees para a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica e leitura de mundo dos alunos Mediante

estes apontamentos apresentamos recentes praacuteticas escolares que destacam o uso dos

mapas mentais enquanto um recurso didaacutetico que pode auxiliar as praacuteticas de ensino-

aprendizagem de Geografia

11 SISTEMA EDUCATIVO E ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Atualmente no Brasil a escolarizaccedilatildeo eacute obrigatoacuteria a partir dos seis anos de

idade O curriacuteculo escolar estaacute organizado em nove anos natildeo mais em oito seacuteries

Mudanccedilas no sistema educativo ocorrem desde 1930 quando se pensou pela primeira

vez um programa de poliacutetica educacional para o Brasil legitimado pela nova

Constituiccedilatildeo Federal do Brasil (1934)1 Mudanccedilas significativas para a compreensatildeo do

atual Ensino Fundamental ocorreram nas uacuteltimas deacutecadas as quais satildeo destacadas

Lei nordm 4024 de 20 de dezembro de 19612ndash estabeleceu quatro anos de Ensino

Fundamental

Lei nordm 5692 de 11 de agosto de 19713 - obrigatoriedade do Ensino Fundamental

de oito anos que ficou conhecido como 1ordm e 2ordm grau e posteriormente como

Ensino Fundamental I e II e

Art 32 da LDB (1996) firmada pela resoluccedilatildeo CNE CEB nordm de 0308 2005

oferece o Ensino Fundamental gratuito e obrigatoacuterio com duraccedilatildeo de nove anos

1Mais informaccedilotildees disponiacuteveis em

httpportalmecgovbroption=com_contentampview=articleampid=2ampItemid=171gt acesso em 22 01

2014 2 Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisl4024htmgt acesso em 22 01 2014 3 Disponiacutevel em httpwww010dataprevgovbrsislexpaginas4219715692htmgt acesso em 22 01

2014

25

caracterizado por duas etapas anos iniciais do EF (1ordm ao 5ordm ano) e anos finais

do EF (6ordm ao 9ordm ano)

No seacuteculo XXI o sistema de ensino brasileiro tem como uma das preocupaccedilotildees

o mundo do trabalho e a praacutetica social4 A escolarizaccedilatildeo divide-se em duas etapas

Educaccedilatildeo Baacutesica ndash formada pela Educaccedilatildeo Infantil Ensino Fundamental e Ensino

Meacutedio ndash e Educaccedilatildeo Superior como consta na Lei de Diretrizes e Bases ndash LDB (1996)

nordm 9394 art 21 inciso I e II

De acordo com a LDB (1996) eacute evidente que o conhecimento dos discentes eacute

construiacutedo ao longo do tempo escolar durante a Educaccedilatildeo Baacutesica e possivelmente no

decorrer da Educaccedilatildeo Superior Ao ingressar nos anos iniciais do EF a crianccedila pode ter

passado ou natildeo por uma creche e ou uma escola de Ensino Infantil visto que natildeo satildeo

obrigatoacuterios para formaccedilatildeo escolar brasileira5 Qualquer que seja o caso o aluno possui

conhecimentos e desenvolveu algumas habilidades antes de iniciar os anos iniciais do

EF seja na Educaccedilatildeo Infantil ou junto agrave famiacutelia

Um dos avanccedilos mais recentes na compreensatildeo do iniacutecio do processo de

escolarizaccedilatildeo foi aumentar um ano letivo nos anos iniciais do EF Segundo o

documento ldquoEnsino Fundamental de nove anos passo a passo do processo de

ampliaccedilatildeordquo (BRASIL 2009 p 05) a justificativa para esse aumento no Ensino

Fundamental eacute relativa a trecircs objetivos

a) Melhorar as condiccedilotildees de equidade e de qualidade da Educaccedilatildeo Baacutesica

b) Estruturar um novo ensino fundamental para que as crianccedilas prossigam

nos estudos alcanccedilando maior niacutevel de escolaridade

c) Assegurar que ingressando mais cedo no sistema de ensino as crianccedilas

tenham um tempo mais longo para as aprendizagens da alfabetizaccedilatildeo e

do letramento (BRASIL 2009 p 05)

A primeira observaccedilatildeo a respeito dos trecircs objetivos expostos eacute considerar que a

equidade ou seja a idade correspondente para cada ano escolar esteja em acordo com

proposta da Resoluccedilatildeo CNE CEB nordm 3 03082005 evitando a retenccedilatildeo (reprovaccedilatildeo) do

aluno nos anos iniciais do EF O parecer CNECEB ndeg 7 de 09072007 explica que a

duraccedilatildeo do Ensino Fundamental de nove anos necessita ser pensada pelos educadores

como uma fase de adequaccedilatildeo do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico para a busca do sucesso

4 Lei 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Art 1ordm sect 2ordm 5Segundo a Seccedilatildeo II ldquoDa Educaccedilatildeo Infantilrdquo da LDB arts 29 a 30 eacute garantido pelo municiacutepio a primeira

etapa da educaccedilatildeo baacutesica natildeo obrigatoacuteria para crianccedilas de quatro a seis anos de idade A fase da

educaccedilatildeo infantil natildeo eacute constituiacuteda por uma avaliaccedilatildeo com objetivos de promoccedilatildeo mas do

desenvolvimento fiacutesico psicoloacutegico intelectual e social como consta na lei (BRASIL 2010)

26

escolar dito isso o mesmo documento aponta que reter o aluno durante os anos iniciais

do EF pode resultar na ideia de retrocesso fracasso escolar e gerar desistecircncias por

parte dos alunos (como observado na tabela 01)

TABELA 1 ESTRUTURA DA EDUCACcedilAtildeO BAacuteSICA NO BRASIL

EDUCACcedilAtildeO BAacuteSICA

Educaccedilatildeo

Infantil

Anos iniciais do Ensino Fundamental Anos

finais

do EF

Ensino

Meacutedio I ciclo ou ldquociclo da

infacircnciardquo

II ciclo

Etapa Inf 1 Inf 2 1ordm 2ordm 3ordm 4ordm 5ordm 6ordm ao 9ordm 1ordm ao 3ordm

Idade

4 5 6 7 8 9 10 11 aos

14

15 aos

17

Fonte Resoluccedilatildeo CNE CEB nordm 3 03082005 e CNECEB ndeg 7 de 09072007

Como observado na tabela 1 eacute facultado aos sistemas escolares estruturar os

anos iniciais do EF em ciclos de aprendizagem ndash I ciclo ou ldquociclo da infacircnciardquo (1ordm 2ordm e

3ordm ano) e II ciclo (4ordm e 5ordm ano) ndash utilizando a progressatildeo continuada (BRASIL 2009)

Estruturas como as do apoio pedagoacutegico no contra turno de estudo eacute uma das estrateacutegias

para reduccedilatildeo das dificuldades dos alunos e da sua progressatildeo

Outra estrateacutegia eacute o Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa6 ele eacute um

programa governamental que enfatiza os domiacutenios baacutesicos da leitura escrita e caacutelculo o

objetivo eacute alfabetizar todas as crianccedilas de seis a oito anos de idade periacuteodo relacionado

ao primeiro ciclo O plano tambeacutem investe na formaccedilatildeo continuada de professores que

atuam no primeiro ciclo (1ordm 2ordm e 3ordm ano) da rede baacutesica de ensino atraveacutes de uma

associaccedilatildeo com as universidades federais

Por fim eacute observado que as poliacuteticas educacionais entendem que o aluno de seis

anos jaacute estaacute apto para aprender os conceitos da alfabetizaccedilatildeo letramento7 do

conhecimento loacutegico-matemaacutetico da reflexatildeo e do desenvolvimento psicomotor

Garantir nove anos no Ensino Fundamental eacute possibilitar que o processo de ensino-

aprendizagem comece antes valorizando o processo de alfabetizaccedilatildeo e letramento

constituiacutedos por uma linguagem global que ultrapassa a escrita convencional

6 Para mais informaccedilotildees acessar httppactomecgovbrindexphplt acessado em 02032015 7Entendemos o letramento com uma praacutetica escolar correspondente a leitura e escrita da Liacutengua materna

(portuguesa) e estabelecimento dessa cultura na vida das crianccedilas ou seja do haacutebito do ler e escrever

27

(CALLAI 2005) Aleacutem disso possibilitar uma passagem tranquila entre a educaccedilatildeo

infantil e os anos iniciais do EF

Observa-se entretanto a inexistecircncia de uma poliacutetica nacional de alfabetizaccedilatildeo

para o segundo ciclo e do prosseguimento da linguagem aprendida Outros objetivos

para o Ensino Fundamental como ldquoa compreensatildeo do ambiente natural e social do

sistema poliacutetico da tecnologia das artes e dos valores que se fundamenta a sociedaderdquo

satildeo encontrados no Art 32 Inciso II da LDB (BRASIL 2010 p 47) Neste ponto

buscamos refletir sobre as contribuiccedilotildees do ensino de Geografia Procuramos apontar

alguns caminhos do ensino de Geografia no toacutepico a seguir aproximando-o de uma

concepccedilatildeo de alfabetizaccedilatildeo para aprendizagem do espaccedilo geograacutefico

12 GEOGRAFIA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

As praacuteticas escolares voltadas ao processo de ensino-aprendizagem de Geografia

nos anos iniciais do EF requerem pressupostos baacutesicos que auxiliam o professor nesta

etapa de ensino dessa forma a disciplina pode permitir o alcance dos objetivos

educacionais O processo de alfabetizaccedilatildeo e letramento da liacutengua portuguesa da crianccedila

a alfabetizaccedilatildeo geograacutefica (com os conceitos e princiacutepios da Geografia) alfabetizaccedilatildeo

cartograacutefica (por meio da Cartografia Escolar) e as tendecircncias do ensino (teorias

cognitivas) compotildeem os principais pressuposto para a Geografia

Refletir sobre o ensino-aprendizagem da Geografia nos anos iniciais do EF

tomando como referecircncia tais pressupostos possibilitaraacute a accedilatildeo do professor a mediar agrave

aprendizagem da construccedilatildeo de conceitos geograacuteficos Dessa forma a Geografia seraacute

um conhecimento uacutetil e contextualizado agraves praacuteticas cotidianas dos alunos

desenvolvendo habilidades como localizaccedilatildeo orientaccedilatildeo compreensatildeo da relaccedilatildeo entre

diferentes escalas geograacuteficas aspectos da sociedade e transformaccedilatildeo da natureza

construindo os fundamentos dessa disciplina

A alfabetizaccedilatildeo nos anos iniciais do EF deve considerar as experiecircncias

anteriores dos alunos tanto os conhecimentos adquiridos junto agrave famiacutelia como os

voltados a Educaccedilatildeo Infantil quando a tiver Mas eacute durante o Ensino Fundamental que

haveraacute o iniacutecio de outras teacutecnicas de interpretaccedilatildeo Explica Mendes (2010 p 47) que

ldquopor meio da leitura e da escrita a crianccedila comeccedila gradativamente a se apropriar dos

conhecimentos historicamente construiacutedos pela humanidaderdquo e eacute na escola na maioria

dos casos que a aprendizagem dessas teacutecnicas se realizaraacute

28

Lessan (2011 p 40) afirma que a alfabetizaccedilatildeo eacute um processo complexo longo

e contiacutenuo aleacutem disso a autora destaca que ldquoa tarefa essencial para o professor do

iniacutecio do Ensino Fundamental I eacute ajudaacute-lo [o aluno] a desenvolver o potencial de

expressatildeo oral e enriquecer o vocabulaacuterio antes de ensinar a escreverrdquo portanto a

alfabetizaccedilatildeo natildeo se limita aos primeiros anos do EF mas acompanha o curriacuteculo

escolar durante toda a Educaccedilatildeo Baacutesica

Acreditamos que a linguagem envolve um conteuacutedocontextotema que em

muitos casos eacute perdido pela natildeo compreensatildeo do significado das outras ciecircncias aleacutem

da liacutengua portuguesa no processo de alfabetizaccedilatildeo Borba amp Oliveira (2012 p 119 -

120) afirmam que entre os alunos do curso de Pedagogia eacute comum a compreensatildeo da

Geografia enquanto disciplina de memorizaccedilatildeo enumeraccedilatildeo classificatoacuteria e descritiva

ademais em muitos casos esses alunos ldquo[] apresentam dificuldades de entendimento

dos conceitos e procedimentos baacutesicos []rdquo da ciecircncia geograacutefica Perceber a Geografia

enquanto uma disciplina enciclopeacutedica diminui portanto a perspectiva de um trabalho

que agregue significado a palavra aprendida

Por outro lado natildeo eacute novidade para a educaccedilatildeo as contribuiccedilotildees da Geografia no

processo didaacutetico Os Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCN) de Geografia para os

anos iniciais do EF contribuem para a compreensatildeo dessa ciecircncia realizando um resgate

histoacuterico epistemoloacutegico aleacutem de contribuir com orientaccedilotildees teoacuterico-metodoloacutegicas da

Geografia para o ensino explica Borba amp Oliveira (2012) Os PCN (BRASIL 1997 p

74) entendem que

A Geografia estuda as relaccedilotildees entre o processo histoacuterico que regula a

formaccedilatildeo das sociedades humanas e o funcionamento da natureza por meio

da leitura do espaccedilo geograacutefico e da paisagem [] a Geografia tem que

trabalhar com diferentes noccedilotildees espaciais e temporais bem como com os

fenocircmenos sociais culturais e naturais que satildeo caracteriacutesticos de cada

paisagem para permitir uma compreensatildeo processual e dinacircmica de sua

constituiccedilatildeo

Como parte do curriacuteculo escolar a Geografia pode auxiliar na alfabetizaccedilatildeo do

aluno pois de acordo com Straforini (2008 p 120)

[] eacute um meio de enriquecer o processo de alfabetizaccedilatildeo porque eacute no espaccedilo

geograacutefico que as crianccedilas tecircm as muacuteltiplas possibilidades da realidade Eacute

nele que a vida se faz Assim eacute no espaccedilo geograacutefico que as crianccedilas buscam

e encontram os siacutembolos e os seus significados

Autores como Straforini (2008) Mendes (2010) Lessan (2011) Castrogiovanni

amp Costella (2006) concordam que a alfabetizaccedilatildeo natildeo se limita a decifrar o coacutedigo da

liacutengua materna mas na possibilidade de relacionaacute-la a tomada de decisotildees referentes ao

29

espaccedilo geograacutefico A relaccedilatildeo entre a alfabetizaccedilatildeo e o ensino de Geografia eacute entendida

por diferentes sinocircnimos ldquoAlfabetizaccedilatildeo em Geografiardquo como destaca Castellar (2000)

ldquoAlfabetizaccedilatildeo espacialrdquo retratado por Callai (2005) ou ainda ldquoAlfabetizaccedilatildeo

Geograacuteficardquo explicado por Borba amp Oliveira (2012)

A alfabetizaccedilatildeo geograacutefica aproxima os conteuacutedos temas e conceitos da

Geografia com uma leitura que natildeo se restringe aos procedimentos de escrita e leitura

textual ldquo[] tem por objetivo formar para a cidadania a partir dos elementos proacuteximos

do aluno e das interfaces local-globalrdquo (BORBA amp OLIVEIRA 2012 p 128)

Jaacute a constituiccedilatildeo da Alfabetizaccedilatildeo Geograacutefica por sua vez surge como processo

de ldquoalfabetizaccedilatildeo cartograacuteficardquo que ldquo[] permite uma alfabetizaccedilatildeo geograacutefica mais

eficiente mediante o desenvolvimento das habilidades operatoacuterias tiacutepicas do trabalho de

representaccedilatildeo graacutefica [uso da linguagem cartograacutefica]rdquo (CASTELLAR 2000 p 29)

Quando relacionamos essas trecircs concepccedilotildees de Alfabetizaccedilatildeo (Alfabetizaccedilatildeo da

liacutengua alfabetizaccedilatildeo geograacutefica e alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica) nos anos iniciais do EF

ampliamos a possibilidade de uma aprendizagem que considera o mundo e seu contexto

geograacutefico e histoacuterico Isto por sua vez ultrapassa a ideia da leituraescrita como

habilidade mecacircnica a alfabetizaccedilatildeo do ler e escrever (inclusive por mapas) eacute um meio

para a desenvolvimento do espiacuterito de cidadania e na reflexatildeo sobre o quecirc por quecirc e

para que se lecirc e escreve

Como eixo de articulaccedilatildeo entre as concepccedilotildees destacadas no paraacutegrafo anterior

destacamos Callai (2005) que reflete sobre o exerciacutecio de alfabetizaccedilatildeo pelas crianccedilas

nomeando o processo de ldquoleitura de mundordquo Os estudos de Callai (2005 2013)

consideram a importacircncia da clareza do professor ao ensinar Geografia apontando trecircs

razotildees (1) corresponde ao conhecimento do mundo e as informaccedilotildees pertencentes a ele

(2) conhecer o espaccedilo produzido pelo homem e (3) contribuir para a formaccedilatildeo do

cidadatildeo

Entender a leitura de mundo eacute considerar que desde o nascimento a crianccedila

adquire experiecircncias espaciais e que elas possibilitam a superaccedilatildeo dos obstaacuteculos

desvendando pouco a pouco a visatildeo linear a respeito do mundo Por meio da realidade

vivida cotidianamente ela avanccedila no reconhecimento da percepccedilatildeo e complexidade do

mundo (CALLAI 2005)

No processo de leitura de mundo a crianccedila desenvolve tambeacutem representaccedilotildees

espaciais estas por conseguinte se aproximam da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica Lessan

(2011 p 58) compreende que ldquorepresentar eacute essencial para adquirir conhecimentos

30

uma vez que qualquer conhecimento passa por uma representaccedilatildeo mental para que a

imagem mental possa ser assimiladardquo logo o espaccedilo vivido percebido imaginado e

concebido satildeo modos de pensar a vida cotidiana Katuta (2001 p 179) corrobora com

esta discussatildeo apontando que

A humanidade desde os seus primoacuterdios segundo consta em vaacuterios

documentos sempre representou seu espaccedilo vivido Por isso ao longo da

construccedilatildeo histoacuterica do que hoje denominamos grosso modo por

representaccedilotildees cartograacuteficas verificamos vaacuterias tentativas de se representar

saberes sobre os territoacuterios

Dentre as vaacuterias descobertas pelo homem sobre a representaccedilatildeo do espaccedilo

vivido citamos como exemplo os estudos de Claval (2011) que relatam que na Greacutecia

antiga por volta do seacuteculo V a C pensadores como Heroacutedoto Hiparco e Ptolomeu jaacute

recorriam aos campos da matemaacutetica astronomia e astrologia para estabelecer

representaccedilotildees da Terra calcular dimensotildees e registrar fenocircmenos geograacuteficos

observados Desse modo eacute niacutetido que as representaccedilotildees natildeo se apresentam de forma

linear tampouco desarticulada do mundo A dimensatildeo espacial histoacuterica e cultural

auxilia a construccedilatildeo dos significados sobre os lugares e as comunidades que nela

habitam

Contudo a educaccedilatildeo escolar natildeo pode basear-se apenas nas experiecircncias vividas

dos alunos Dessa forma segundo Cavalcanti (2014) o que se apresenta como proposta

para a praacutetica do ensino de Geografia eacute a reflexatildeo sobre a espacialidade explica a autora

que eacute papel desta ciecircncia

[] prover bases e meios de desenvolvimento e ampliaccedilatildeo da capacidade dos

alunos de apreensatildeo da realidade do ponto de vista da espacialidade ou seja

de compreensatildeo do papel do espaccedilo nas praacuteticas sociais e destas na

configuraccedilatildeo do espaccedilo [] o pensar geograacutefico contribui para a

contextualizaccedilatildeo do proacuteprio aluno como cidadatildeo do mundo em que vive

desde a escala local agrave regional nacional e mundial O conhecimento

geograacutefico eacute pois indispensaacutevel agrave formaccedilatildeo de indiviacuteduos participantes da

vida social agrave medida que propicia o entendimento do espaccedilo geograacutefico e do

papel desse espaccedilo nas praacuteticas sociais (CAVALCANTI 2014 p 11)

De acordo com a citaccedilatildeo apresentada compreendemos que o conhecimento

cientiacutefico de Geografia deve ser primordialmente ensinado no espaccedilo escolar

Conceitos geograacuteficos como espaccedilo territoacuterio regiatildeo lugar cotidiano paisagem entre

outros satildeo pautas do curriacuteculo escolar devendo estar articulados a temas e

metodologias de trabalho para que o aluno reflita e se identifique enquanto cidadatildeo

participando e construindo sua identidade

31

O conceito de lugar eacute uma das referecircncias para o ensino de Geografia nos anos

iniciais do EF Conforme os PCN o lugar consiste na dimensatildeo espacial mais proacutexima

do aluno onde constroacutei sua relaccedilatildeo de identidade O documento tambeacutem argumenta que

o ldquo[] lugar traduz os espaccedilos com os quais as pessoas tecircm viacutenculos mais afetivos e

subjetivos que racionais e objetivos []rdquo (BRASIL 1997 p 76)

Nessa mesma linha de raciociacutenio afirma Tuan (1983) que a experiecircncia constroacutei

a realidade segundo ele a praacutetica cotidiana permite aos sujeitos acumular informaccedilotildees

ao longo do tempo construindo memoacuterias estabelecendo laccedilos afetivos com o espaccedilo

Assim a experiecircncia implica a capacidade de aprender significa atuar sobre

o dado e criar a partir dele O dado natildeo pode ser construiacutedo em sua essecircncia

O que pode ser conhecido eacute uma realidade que eacute construto da experiecircncia

uma criaccedilatildeo de sentimento e pensamento (TUAN 1983 p 10)

Eacute necessaacuterio compreender que a praacutetica o contato direto com o espaccedilo permite

segundo os apontamentos de Tuan as possibilidades para construccedilatildeo do conceito de

lugar Diante disso Callai (2005 p 240) admite que ldquoler o mundo a partir do lugar eacute o

desafiordquo Mediante os apontamentos realizados por Tuan (1983) e Callai (2005)

reconhecemos a importacircncia da realidade concreta do espaccedilo vivido do aluno como

ponto de partida para a leitura de mundo Desta forma precisamos entender que o lugar

[] natildeo eacute apenas um quadro de vida mas um espaccedilo vivido isto eacute de

experiecircncia sempre renovada o que permite ao mesmo tempo a reavaliaccedilatildeo

das heranccedilas e a indagaccedilatildeo sobre o presente e o futuro A existecircncia naquele

espaccedilo exerce um papel revelador sobre o mundo (SANTOS 2006 p 114)

Em outro texto Santos (2009) esclarece que a discussatildeo do conceito de lugar

deve ser compreendida mediante o processo de globalizaccedilatildeo apontando que fenocircmenos

poliacuteticos econocircmicos e ou sociais contribuem para definir o contexto histoacuterico

espacial e cultural dos lugares Desta forma cabe ao professor compreender que natildeo haacute

dois lugares no mundo totalmente idecircnticos mas que podem conter traccedilos semelhantes

e que todo lugar faz parte de um contexto da totalidade espacial

Autores como Lessan (2011) Mendes (2010) e Campos amp Buitoni (2010)

relatam que eacute necessaacuterio que as atividades relacionadas agrave construccedilatildeo dos conceitos pelos

alunos tenham como ponto de partida o espaccedilo vivido e desenvolva exerciacutecios de

observaccedilatildeo descriccedilatildeo levantamento de hipoacuteteses e explicaccedilotildees comparaccedilatildeo

representaccedilatildeo interpretaccedilatildeo e pesquisa sobre o tema estudado Segundo Mendes (2010

p 52 - 53) eacute possiacutevel considerar que

32

[] nos anos iniciais do Ensino Fundamental eacute possiacutevel ldquolevar o mundordquo

para a sala de aula criando uma interaccedilatildeo do aluno com aspectos de outros

lugares e a observaccedilatildeo de diferentes paisagens do Planeta possibilitando a

ele perceber que a geografia estaacute inserida em vaacuterias situaccedilotildees do dia a dia

Argumenta Callai (2005) Straforini (2008) Mendes (2010) e Lessan (2011) que

mesmo sendo necessaacuterio iniciar o trabalho a partir do espaccedilo de vivencia do aluno (o

lugar) natildeo devemos nos reduzir a essa escala de anaacutelise Aleacutem disso os autores apontam

que a escala natildeo deveria se restringir a meacutetodos que organizem os conteuacutedos mediante

propostas dos ciacuterculos concecircntricos (que discutem as escalas casa ndash bairro ndash municiacutepio

ndash estado ndash paiacutes e mundo isoladamente) mas mediante o contexto dos conteuacutedos e

objetivos propostos pelo professor

Neste sentido o processo de construccedilatildeo de conceitos eacute para Straforini (2008 p

92) entender que o espaccedilo geograacutefico eacute composto por diferentes escalas que natildeo satildeo

uacutenicas ou isoladas pois ldquo[] eacute impossiacutevel esconder das crianccedilas o mundo quando as

informaccedilotildees lhes satildeo passadas no exato instante do seu acontecimentordquo8 Observamos

em nosso contexto de pesquisa que o professor apoacutes contextualizar a noccedilatildeo de lugar

com o aluno pode levantar outras provocaccedilotildees apresentando outras escalas geograacuteficas

como a regional questionando e mediando o aluno a pensar sobre o mundo construindo

uma reflexatildeo criacutetica do espaccedilo

Ao levarmos em consideraccedilatildeo este argumento observamos que as orientaccedilotildees

didaacuteticas nacionais tambeacutem indicam o trabalho com outros conceitos Os PCN destacam

entre seus objetivos comuns para as aulas de Geografia e Histoacuteria ldquoconhecer

caracteriacutesticas fundamentais do Brasil nas dimensotildees sociais materiais e culturais como

meio para construir progressivamente a noccedilatildeo de identidade nacional e pessoal e o

sentimento de pertinecircncia ao Paiacutesrdquo (BRASIL 1997 p 09)

Recorrer a outras escalas de compreensatildeo permite natildeo nos reduzirmos ao

imediato local entendendo que

A crianccedila faz parte do mundo e os lugares por mais distantes que sejam por

fazerem parte da histoacuteria familiar e cultural do aluno podem natildeo ser

abstratos [] desse modo ao observar uma foto ou ver televisatildeo uma

paisagem por exemplo mesmo sem conhecer fisicamente o lugar a crianccedila

pode identificar aspectos de sua organizaccedilatildeo espacial Trabalhando nesta

8 Em decorrecircncia das miacutedias como a televisatildeo o raacutedio e a internet as informaccedilotildees de diferentes partes

mundo satildeo dadas mas isso natildeo corresponde necessariamente a um conhecimento acerca de tal

fenocircmeno A escola pode contextualizar a notiacutecia e evidenciar as possibilidades de aprendizagem acerca

do fato

33

perspectiva o ensino de geografia possibilita ao educando sentir-se

pertencente a um lugar que eacute resultado das relaccedilotildees entre sociedade e

natureza formando um todo do qual ele proacuteprio faz parte e no qual suas

accedilotildees interferem (MENDES 2010 p 53)

Ao trabalhar com os princiacutepios do conceito de regiatildeo por exemplo o aluno pode

adquirir habilidades essenciais para o desenvolvimento de sua aprendizagem A este

respeito Campos amp Buitoni (2010 p 89) afirmam que

Pensar a regiatildeo [] implica raciocinar sobre ldquoum recorte uma porccedilatildeo do

espaccedilo terrestrerdquo um ldquosubespaccedilo de gestatildeo territorialrdquo ldquoum espaccedilo marcado

por relaccedilotildees cotidianasrdquo ldquoum espaccedilo vivido que se apoia em sua construccedilatildeo

material e nas relaccedilotildees com o entornordquo ou outras concepccedilotildees conforme o

objetivo do estudo (acadecircmico escolar ou planejamento) e os pressupostos

teoacuterico-metodoloacutegicos adotados

Entende-se desse modo a que o lugar tambeacutem eacute uma construccedilatildeo histoacuterica que

natildeo se restringe a sua escala de compreensatildeo dessa forma ao longo do percurso dos

anos iniciais do EF mais precisamente no segundo ciclo os alunos poderatildeo reconhecer

mudanccedilas e permanecircncias espaccedilo-temporais em escalas diversas permitindo construir

habilidades como ldquoentender a distribuiccedilatildeo espacial das principais elementos do espaccedilo

(regiotildees estado)rdquo (LESSAN 2011 p 79)

Ainda em se tratando desse assunto Campos amp Buitoni (2010) afirmam que a

construccedilatildeo da noccedilatildeo de conceitos como regiatildeo eacute um processo contiacutenuo que natildeo se

restringe aos anos iniciais do EF Deste modo o aluno constroacutei definiccedilotildees provisoacuterias

do conceito pensando o uso do conceito de lugar e regiatildeo de acordo com as

possibilidades cognitivas da situaccedilatildeo escolar e do contexto do tema discutido

Desse modo o ensino de Geografia nos anos iniciais do EF tem a possibilidade

de integrar trecircs concepccedilotildees de alfabetizaccedilatildeo (da liacutengua geograacutefica e cartograacutefica) cada

uma delas articulada a uma base comum que eacute a leitura de mundo Entendemos que

esse processo pode iniciar-se por qualquer um dos tipos de alfabetizaccedilatildeo destacado

Pretendemos no proacuteximo toacutepico esclarecer o que eacute a Cartografia Escolar e

posteriormente nossa compreensatildeo acerca da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica e seu auxiacutelio

nas aulas de Geografia no intuito de promover um melhoramento qualitativo nos iacutendices

de aprendizagem dos educandos envolvidos no processo bem como refletir sobre o

papel do educador no mesmo

34

13 CARTOGRAFIA ESCOLAR E SEUS CONTEXTOS NO ENSINO DE

GEOGRAFIA

Desde os primeiros registros encontrados pelos historiadores sobre o

desenvolvimento humano vaacuterios foram os desenhos encontrados que remontam agrave

percepccedilatildeo sobre a representaccedilatildeo do espaccedilo geograacutefico Francischett (2004) comenta que

a arte de traccedilar mapas iniciou-se no seacuteculo VI a C com funccedilotildees voltadas a navegaccedilatildeo e

militar Jolly (1990) por sua vez argumenta por meio da definiccedilatildeo adotada pela

Associaccedilatildeo Cartograacutefica Internacional que a Cartografia eacute um conjunto de operaccedilotildees

cientiacuteficas artiacutesticas e teacutecnicas que possibilita a elaboraccedilatildeo de mapas planos e outros

meios de representaccedilatildeo da superfiacutecie terrestre

Jolly (1990) e Fitz (2008) consideram a Cartografia como uma ciecircncia de

seleccedilatildeo organizaccedilatildeo e sistematizaccedilatildeo de informaccedilotildees relacionadas ao espaccedilo

geograacutefico utilizada para diferentes fins Foram justamente estes avanccedilos tecnoloacutegicos

que permitiram ampliar os conhecimentos sobre a forma e dimensatildeo da Terra Aleacutem

disso percebemos que muitos princiacutepios baacutesicos satildeo utilizados ainda hoje a exemplo da

localizaccedilatildeo orientaccedilatildeo e escala (dimensatildeo) da representaccedilatildeo do espaccedilo real O mapa

demonstra uma das possiacuteveis imagens do terreno Em siacutentese ldquo[] eacute uma simplificaccedilatildeo

da realidaderdquo (JOLLY 1990 p 07)

Atualmente estaacute ciecircncia eacute um importante eixo de pesquisa e estudo relacionado

ao ensino de Geografia denominado de Cartografia Escolar Tambeacutem conhecida como

Cartografia para crianccedilas e escolares a Cartografia Escolar tecircm como diferencial a

constituiccedilatildeo de um saber que articula as aacutereas da Cartografia Educaccedilatildeo e Geografia

(ALMEIDA 2011) Eacute evidente sua presenccedila em livros didaacuteticos e paradidaacuteticos de

Geografia nos documentos e orientaccedilotildees pedagoacutegicas brasileiras como os Paracircmetros

Curriculares Nacionais ndash PCN (1997)

Uma das questotildees fundamentais para se compreender as propostas relacionadas

agrave Cartografia Escolar eacute identificar diferenccedilas correspondentes ao uso e interpretaccedilatildeo dos

mapas pelas crianccedilas e adultos De acordo com Oliveira (1978) haacute uma grande

importacircncia no desenvolvimento da Cartografia ao longo da histoacuteria humana aleacutem

disso indaga sobre a utilizaccedilatildeo dos mapas na escola e a realizaccedilatildeo de materiais

cartograacuteficos realizados por adultos para a interpretaccedilatildeo pelas crianccedilas

A tese de livre docecircncia de Oliveira (1978) ldquoEstudo metodoloacutegico e cognitivo do

mapardquo aproxima o puacuteblico da Teoria Cognitiva ou Epistemologia Geneacutetica de Piaget e

35

seus colaboradores contribui com estudos de autores norte - americanos e europeus que

em meados de 1980 natildeo eram acessiacuteveis a classe de professores brasileiros

Uma das grandes contribuiccedilotildees dos estudos de Oliveira (1978) encontra-se nos

mecanismos perceptivos e cognitivos das crianccedilas e aponta que o ato de mapear

possibilita a preparaccedilatildeo do aluno para compreensatildeo de mapas

Ao longo das uacuteltimas deacutecadas a Cartografia Escolar apresenta-se entre um dos

significativos nuacutecleos de pesquisa voltado ao Ensino de Geografia no Brasil A

investigaccedilatildeo de Pinheiro (2005) cataloga dissertaccedilotildees e teses relacionadas ao Ensino de

Geografia e demonstra as temaacuteticas de pesquisa entre o periacuteodo 1967 a 2003 As

representaccedilotildees espaciais (trabalhos correspondentes a Cartografia Escolar) constituem

no feixe temporal supramencionado um expressivo nuacutemero de trabalhos o maior

registrado A Figura 01 sintetiza esta informaccedilatildeo

FIGURA 01 - FOCOS TEMAacuteTICOS DE PESQUISAS REALIZADAS NA AacuteREA DE

GEOGRAFIA ESCOLAR (1967 ndash 2003)

Fonte PINHEIRO 2005 p 81

Observamos que dos 281 trabalhos apresentados entre dissertaccedilotildees e teses 49

correspondem agraves representaccedilotildees espaciais As pesquisas desenvolvidas referendam

teacutecnicas e metodologias como mapas graacuteficos atlas loacutegica de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

espacial que natildeo se restringem a educaccedilatildeo formal (escolar) Investigam as

representaccedilotildees e percepccedilotildees do espaccedilo geograacutefico por crianccedilas e jovens diferenciando-

se em seus meacutetodos de investigaccedilatildeo (PINHEIRO 2005)

39 4038

31 31

2119 20

14 15

910

52

6 53 2

04

2 1

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

Mestrado

Doutorado

36

Apontamos que a discussatildeo estabelecida por Oliveira (1978) contribuiu para esta

reflexatildeo do mapa natildeo como instrumento mnemocircnico (por meio do simples decalque

pintura e lista de nomes de cidades ou paiacuteses) permitindo que outros autores

progredissem na investigaccedilatildeo do ensino do mapa como recurso para o raciociacutenio

geograacutefico popularizando-o

O mapa dessa maneira ganha status como recurso didaacutetico nas atividades

relacionadas agrave Geografia em sala de aula Eacute inserido no curriacuteculo escolar assim como eacute

introduzido nos cursos de formaccedilatildeo de professores de Geografia e Pedagogia atribui-se

significantes avanccedilos no campo do ensino de Geografia (FRANCISCHETT 2004

ALMEIDA amp PASSINI 2010 RICHTER 2010)

Neste sentido questionamos por que utilizar os mapas no ensino-aprendizagem

de Geografia Em que estes estudos contribuem para esse processo Para Oliveira

(1978) o mapa deve ser compreendido atraveacutes de sua abordagem geograacutefica Nestas

condiccedilotildees eacute fundamental responder a questatildeo onde Que se desdobra em outras quatro

perguntas a saber O quecirc Quando Como E por quecirc

A geografia como toda ciecircncia tem por tarefa descrever analisar e predizer

os acontecimentos terrestres A descriccedilatildeo anaacutelise ou prediccedilatildeo geograacutefica dos

fenocircmenos eacute sempre realizada tendo em vista as suas coordenadas espaciais

Como o conceito geograacutefico de espaccedilo coincide com o de toda Terra o

geoacutegrafo teve necessidade de recorrer agrave representaccedilatildeo da superfiacutecie terrestre

para realizar seus estudos (OLIVEIRA 1978 p 17)

Sobre as finalidades do mapa satildeo destacados inuacutemeros usos os quais se destaca

o da localizaccedilatildeo a relaccedilatildeo espacial visto que ldquoa necessidade de localizar-se e orientar-se

se manifesta em termos de defesa seguranccedila e movimentaccedilatildeordquo (OLIVEIRA 1978 p

19) O mapa eacute tratado nesta perspectiva como uma forma de comunicaccedilatildeo graacutefica

constituiacutedo por uma linguagem proacutepria de comunicaccedilatildeo de expressatildeo espacial de

determinado objeto de estudo a linguagem cartograacutefica

Trabalhos posteriores a exemplo de Almeida amp Passini (2010) discutem o

desenvolvimento das garatujas rabiscos das crianccedilas para a representaccedilatildeo espacial O

reconhecimento dos traccedilados e formas geomeacutetricas (ciacuterculo quadrado retacircngulo e

triacircngulo) e espaciais (casa aacutervore praccedila figuras humanas etc) eacute interpretes da

percepccedilatildeo dos alunos Essa compreensatildeo eacute importante para o processo de

desenvolvimento metodoloacutegico do mapa Agora o aluno natildeo eacute visto apenas como um

leitor de mapas mas um produtor de mapa Considera-se o espaccedilo dialoacutegico em que o

conhecimento eacute produzido internalizado e socializado

37

Ao mapear o estudante desenvolve habilidades como o ato de observar

representar comparar sintetizar interpretar e verbalizar Estas seriam algumas

capacidades dos alunos em mobilizar suas habilidades (saber fazer) seus conhecimentos

geograacuteficos e suas atitudes (saber ser) para solucionar determinadas situaccedilotildees

problemas agrave qual poderemos entender por competecircncias (ANDREIS 1999)

A linguagem cartograacutefica como aponta os PCN (1997)

[] eacute uma forma de atender a diversas necessidades das mais cotidianas

(chegar a um lugar que natildeo se conhece entender o trajeto dos mananciais

por exemplo) agraves mais especiacuteficas (como delimitar aacutereas de plantio

compreender zonas de influecircncia do clima) A escola deve criar

oportunidades para que os alunos construam conhecimentos sobre essa

linguagem nos dois sentidos como pessoas que representam e codificam o

espaccedilo e como leitores das informaccedilotildees expressas por ela

Destarte fica niacutetida a importacircncia da articulaccedilatildeo dos conhecimentos de

Geografia apreendidos com a vivecircncia dos alunos representados por meio dos mapas

Aleacutem disso percebemos que as necessidades cotidianas natildeo se restringem aos

conhecimentos relacionados ao espaccedilo vivido mas de todas as relaccedilotildees estabelecidas

com o mundo enfatizando a relaccedilatildeo lugar - mundo em sua totalidade Ler representar e

codificar elementos do espaccedilo eacute um processo dialeacutetico para o desenvolvimento

cognitivo dos alunos como veremos no proacuteximo item

131As propostas de Piaget voltada a Cartografia Escolar

O desenvolvimento do trabalho de Piaget (2007) privilegiou estudos sobre o

processo de aprendizagem considerando a influecircncia do meio externo A progressatildeo de

suas pesquisas ocorre em uma eacutepoca em que as teorias associacionistas e empiristas

destacavam os estiacutemulos do ambiente como atitude do desenvolvimento da experiecircncia

humana Investigou a capacidade da construccedilatildeo do conhecimento cientiacutefico e como a

aprendizagem se altera no decorrer da vida humana

Em busca de suas respostas realiza trabalhos com diferentes colaboradores

desenvolvendo uma teoria cognitiva9 Estes trabalhos por sua vez reconhecem o papel

9Bock Furtado amp Teixeira (2008 p 134) consideram a cogniccedilatildeo enquanto um ldquoProcesso atraveacutes do qual

o mundo de significados tem origem Agrave medida que o ser se situa no mundo estabelece relaccedilotildees de

significaccedilotildees isto eacute atribui significados agrave realidade em que se encontra Esses significados natildeo satildeo

entidades estaacuteticas mas pontos de partida para a atribuiccedilatildeo de outros significados Tem origem entatildeo a

38

da organizaccedilatildeo proacutepria dos sujeitos a experiecircncia sensiacutevel onde os estiacutemulos do meio

conduziriam a atividade interna dos indiviacuteduos Nestes termos

[] a inteligecircncia eacute uma adaptaccedilatildeo ndash eacute assimilaccedilatildeo pois incorpora dados da

experiecircncia do indiviacuteduo e eacute ao mesmo tempo acomodaccedilatildeo uma vez que o

sujeito modifica suas estruturas mentais para incorporar os novos elementos

da experiecircncia (BOCK FURTADO amp TEIXEIRA 2008 p 134)

Percebe-se portanto que o saldo das trocas dialeacuteticas entre indiviacuteduo e ambiente

possibilitaria o desenvolvimento da inteligecircncia ao longo da vida Piaget (2007)

estabelece trecircs niacuteveis sensoriomotores ndash preacute-operatoacuterio operatoacuterio e operaccedilotildees formais

ndash indicando a adaptaccedilatildeo do sujeito inicialmente por seus instintos de sobrevivecircncia e

posteriormente pela construccedilatildeo gradual mediante a experiecircncia

Piaget (2007) desenvolve inuacutemeros estudos entre eles sobre a linguagem e

pensamento inteligecircncia raciociacutenio aprendizagem e conhecimento e construccedilatildeo do

espaccedilo Entre todas estas investigaccedilotildees a uacuteltima citada estaacute relacionada agrave gecircnese da

representaccedilatildeo espacial a partir de uma perspectiva matemaacutetica e geomeacutetrica do espaccedilo

O trabalho escrito por Piaget amp Inhelder (1993) consiste na principal base teoacuterica para

os estudos relacionados agrave Cartografia Escolar

Esta abordagem repercute ateacute hoje a exemplo dos estudos de Almeida amp Passini

(2010) e Ribeiro amp Marques (2001) para o processo de construccedilatildeo e compreensatildeo dos

mapas no Ensino Fundamental Foi por meio das relaccedilotildees espaciais tambeacutem conhecidas

por noccedilotildees espaciais topoloacutegicas projetivas e euclidianas que se propuseram

metodologias e didaacuteticas voltadas ao ensino-aprendizagem de Geografia

Em siacutentese a relaccedilatildeo topoloacutegica eacute desenvolvida quando haacute propostas para a

fundamentaccedilatildeo de atividade no que se refere agrave identificaccedilatildeo de posiccedilotildees e referenciais

elementares ou seja empregada uma das principais funccedilotildees da representaccedilatildeo

cartograacutefica a localizaccedilatildeo

Ribeiro amp Marques (2001 p 59) enfatizam que ldquoa princiacutepio o espaccedilo eacute para a

crianccedila apenas o espaccedilo da accedilatildeo um espaccedilo praacutetico que se manifesta atraveacutes de suas

accedilotildeesrdquo Normalmente desenvolve-se nesta fase atividades que exercite experiecircncias

corporais enfatizando relaccedilotildees como dentro fora perto longe agrave frente atraacutes etc10

estrutura cognitiva (os primeiros significados) constituindo-se nos lsquopontos baacutesicos de ancoragemrsquo dos

quais derivam outros significadosrdquo 10Castrogiovanni amp Costella (2006) Almeida amp Passini (2010) Passini (2010) propotildeem diferentes

atividades que auxiliam a construccedilatildeo destas noccedilotildees pelas crianccedilas

39

As propostas associadas agraves relaccedilotildees projetivas favoreceriam a percepccedilatildeo da

mudanccedila de perspectiva sobre o objeto observado influenciando a grafia do objeto

quando desenhado O mesmo objeto pode ser percebido em sua dimensatildeo (ou ponto de

vista) lateral vertical ou obliacutequo

Por convenccedilatildeo o mapa existente eacute geralmente representado verticalmente

Segundo Richter (2004 p 68) as ldquo[] noccedilotildees projetivas visa colaborar na compreensatildeo

das perspectivas e projeccedilotildees que o mapa possui demonstrando para o aluno que as

representaccedilotildees cartograacuteficas respeitam a perspectiva utilizadardquo Nestas condiccedilotildees a

proposta eacute que todos os elementos a serem representados obedeccedilam a uma soacute

perspectiva a vertical

Passini (2012) esclarece que as relaccedilotildees euclidianas correspondem agrave introduccedilatildeo

em medidas de tamanho e proporcionalidade No mapa corresponde agrave escala espacial e

numeacuterica ndash relaccedilatildeo entre o real (dimensatildeo espacial) e o abstrato (representaccedilatildeo)

Partindo do estudo de Almeida amp Passini (2010) podemos ainda concluir que para o

mapa esta relaccedilatildeo possibilita o envolvimento da perspectiva e coordenadas geograacuteficas

no plano espacial localizando e orientando por meio de referenciais abstratos

O processo metodoloacutegico de elaboraccedilatildeo do mapa pela crianccedila estaacute

contextualizado nas relaccedilotildees espaciais Segundo a perspectiva piagetiana elas

repercutem no processo metodoloacutegico de desenvolvimento de recursos cartograacuteficos

(croquis desenhos mapas e maquetes) Com a intenccedilatildeo de correlacionar as propostas

metodoloacutegicas para a construccedilatildeo do mapa ao ensino de Geografia elaboramos o Quadro

01 Ele sintetiza por meio da visatildeo de alguns autores a leitura piagetiana para cada

fase atividades relacionadas agrave Cartografia Escolar conteuacutedos e as relaccedilotildees espaciais

40

QUADRO 1 - OPERACcedilOtildeES MENTAIS PARA O DESENVOLVIMENTO DA LEITURA DE MAPAS

PERIacuteODOS DE DESENVOLVIMENTO COGNITIVO RELACcedilOtildeES ESPACIAIS ELEMENTOS

CARTOGRAacuteFICOS

ATIVIDADES RELACIONADAS Agrave

CARTOGRAFIA ESCOLAR

PREacute-OPERATOacuteRIO

Primeiras noccedilotildees espaciais

Construccedilatildeo via sentidos atraveacutes de um contato direto

com o objeto

RELACcedilAtildeO SIGNIFICANTE

SIGNIFICADO

Siacutembolos e legendas

Mapa do corpo (onde os alunos podem

mapear o proacuteprio corpo em uma folha de

papel)

Banho de papel

OPERATOacuteRIO

Iniacutecio do aparecimento da funccedilatildeo simboacutelica

Utilizaccedilatildeo de representaccedilotildees

Aparecircncia dos fenocircmenos

Representaccedilotildees estatiacutesticas (a crianccedila natildeo consegue

refazer a ordem inversa dos acontecimentos)

RELACcedilOtildeES TOPOLOacuteGICAS

Vizinhanccedila proximidade

separaccedilatildeo envolvimento

interioridade exterioridade

Limites e fronteiras

Realizaccedilatildeo de maquetes

Planta da sala de aula

Trajeto casa-escola Noccedilotildees de esquerda e direita satildeo consideradas apenas

do ponto de vista do observador

Representaccedilotildees dinacircmicas (representam tambeacutem em

ordem inversa)

OPERACcedilOtildeES FORMAIS

Localiza quando o objeto estaacute agrave sua direita ou agrave direita

do outro

Introduccedilatildeo da noccedilatildeo de perspectiva

RELACcedilOtildeES PROJETIVAS

Esquerda direita em cima

embaixo agrave frente atraacutes

Escala e coordenadas

geograacuteficas Orientaccedilatildeo espacial (A partir do sol ou

buacutessola)

Realizaccedilatildeo de plantas ndash mapas de grande

escala - mediante fita meacutetrica e reacutegua

Analise na completa ausecircncia do objeto

Passagem da accedilatildeo agrave operaccedilatildeo

Considera que os objetos estatildeo agrave esquerda - direita uns

dos outros

Superaccedilatildeo egocentrismo - descentralizaccedilatildeo

RELACcedilOtildeES EUCLIDIANAS

Relaccedilotildees meacutetricas comprimento

altura largura

Sistema de coordenadas

Projeccedilotildees cartograacuteficas e

orientaccedilatildeo geograacutefica

Fonte PASSINI apud RICHTER (2010) p 44 - 45 RIBEIRO amp MARQUES (2001) CASTROGIOVANNI amp COSTELLA (2006) ALMEIDA amp PASSINI (2010)

PASSINI (2012)

41

Eacute observado no quadro 01 (p 40) que para cada periacuteodo de desenvolvimento

cognitivo dos alunos haacute intenccedilotildees no que se refere ao desenvolvimento de relaccedilotildees

espaciais e elementos cartograacuteficos Passini apud Richter (2010) e Passini (2012)

destacam elementos cartograacuteficos e atividades didaacuteticas para a construccedilatildeo das relaccedilotildees

espaciais outros autores indicam atividades praacuteticas a exemplo do mapa do corpo

apresentado por Almeida amp Passini (2010) ou banho de papel por Castrogiovanni amp

Costella (2006)

No que se refere aos elementos apresentados no quadro 01 (p 40) o primeiro

periacuteodo de desenvolvimento cognitivo (preacute-operatoacuterio) indica a relaccedilatildeo entre a

representaccedilatildeo do corpo da crianccedila (significante - siacutembolo) e o corpo humano

(significado ndash o que o siacutembolo representa) possibilitando a construccedilatildeo de uma legenda

Aleacutem disso assim como na segunda atividade possibilita uma conexatildeo para as relaccedilotildees

topoloacutegicas

Posteriormente no periacuteodo operatoacuterio estas relaccedilotildees satildeo aprofundadas incluem-

se a discussatildeo dos limites e fronteiras bases na discussatildeo das escalas geograacuteficas ndash

municiacutepio estados regiatildeo paiacutes entre outras E finalmente as operaccedilotildees formais

quando as crianccedilas jaacute conseguem realizar uma descentralizaccedilatildeo de sua percepccedilatildeo

espacial contribuindo para o desenvolvimento da orientaccedilatildeo geograacutefica do uso de

escalas de reduccedilatildeo e coordenadas geograacuteficas

Como resultado foi desenvolvido propostas para o trabalho com mapas

existentes ou seja aqueles que possuem uma linguagem cartograacutefica composto por

ldquo[] um sistema de siacutembolos que envolvem proporcionalidade uso de signos ordenados

e teacutecnicas de projeccedilatildeordquo (PCN 1997 p 79) Esses envolvem tambeacutem discussotildees sobre

orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo espacial O princiacutepio eacute a capacitaccedilatildeo do aluno para a construccedilatildeo

do mapa e concomitantemente a leitura de produtos cartograacuteficos auxiliando a

ampliaccedilatildeo do conhecimento geograacutefico e soluccedilatildeo de problemas cotidianos

Com base nestas prerrogativas assinaladas no campo da Cartografia Escolar

seria possiacutevel a formaccedilatildeo de um ldquoleitor consciente da linguagem cartograacuteficardquo

(ALMEIDA amp PASSINI 2010 p 21) Agrave medida que o aluno realiza os mapas ele

participa do processo de construccedilatildeo de habilidades e conceitos referentes agrave elaboraccedilatildeo

de mapas possibilitando a leitura eficaz dos mapas existentes

Toda esta metodologia do desenvolvimento da aprendizagem do mapa que

enfatizamos anteriormente ficou conhecida como alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica Mediante

esses apontamentos Passini (2012 p 13) define

42

ldquoAlfabetizaccedilatildeo Cartograacuteficardquo eacute uma metodologia que estuda os processos de

construccedilatildeo de conhecimentos conceituais e procedimentais que desenvolvam

habilidades para que o aluno possa fazer as leituras do mundo por meio das

suas representaccedilotildees Eacute a inteligecircncia espacial e estrateacutegica que permite ao

sujeito ler o espaccedilo e pensar a sua Geografia O sujeito que desenvolve essas

habilidades para ser leitor eficiente de diferentes representaccedilotildees desenvolve o

domiacutenio espacial

Nestes termos conhecer a Cartografia Escolar eacute compreender as relaccedilotildees

existentes no espaccedilo e tempo permitindo ao aluno atender agraves necessidades que

apareceratildeo no seu cotidiano (natildeo restrita a realidade local) como traccedilar itineraacuterios

localizar lugares desenvolver formar conscientes de accedilatildeo no ambiente em que vive

dando-lhe por fim a possibilidade de planejar seu futuro

Sendo assim observamos que este processo de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica

deveria iniciar-se desde os anos iniciais do EF tendo em vista que o fato de interpretar

e produzir mapas satildeo habilidades que se formam gradualmente Por meio dessa

alfabetizaccedilatildeo os alunos podem construir conceitos baacutesicos para interpretar e produzir

representaccedilotildees com proficiecircncia crescente

Natildeo haacute uma exclusividade da perspectiva piagetiana para a leitura e

metodologias para a realizaccedilatildeo de mapas Como expotildeem Richter (2010) estes estudos

atingem o ambiente escolar mediante os referenciais curriculares da produccedilatildeo de

materiais escolares (principalmente os livros didaacuteticos) Entretanto isso natildeo

corresponde necessariamente a uma mudanccedila desejada no trabalho docente e

conseguinte da compreensatildeo dos alunos acerca deste recurso Observa-se um limite

entre a proposta e sua execuccedilatildeo no trabalho docente

Em contrapartida outras propostas surgem voltadas para o ensino-aprendizagem

de Geografia nas escolas sem necessariamente desprivilegiar ou ldquosuperarrdquo os estudos

das relaccedilotildees espaciais Indubitavelmente com o avanccedilo da Cartografia surgem novas

sugestotildees para o trabalho docente Integra outras perspectivas epistemoloacutegicas e

metodoloacutegicas a respeito do desenvolvimento da aprendizagem dos sujeitos e da ciecircncia

cartograacutefica Verificaremos essas leituras e interpretaccedilotildees no toacutepico a seguir

14 A CARTOGRAFIA ESCOLAR E OUTRAS INTERPRETACcedilOtildeES PARA O

CONHECIMENTO DO ESPACcedilO

Apoacutes 30 anos de estudos o desenvolvimento relacionado a atividades com a

Cartografia Escolar possibilitaram pesquisadores como Oliveira (1978) Almeida amp

43

Passini (2010) Castrogiovanni amp Costella (2006) Castellar (2000) e Passini (2012)

afirmarem que mediante a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica as crianccedilas estariam aptas ao

processo de leitura e interpretaccedilatildeo do mapa e consequentemente dos conhecimentos

relacionados agrave Geografia possibilitando desenvolver uma leitura de mundo

As pesquisas dos autores supracitados satildeo importantes pois valorizam e firmam

a posiccedilatildeo da representaccedilatildeo cartograacutefica nas praacuteticas escolares de Geografia ademais

parte de um mesmo vieacutes cartograacutefico o cartesiano Entretanto eacute importante lembrar que

ainda existem dificuldades no trabalho com essa perspectiva cartograacutefica na escola

principalmente nos anos iniciais do EF

A pesquisa de mestrado de Richter (2004) com alunos do uacuteltimo semestre do

curso de Pedagogia esclarece que muitos estudantes concluem o curso sem compreender

os processos metodoloacutegicos e cognitivos relacionados agrave alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica Os

discentes apontam e discutem a importacircncia do saber cartograacutefico nas praacuteticas escolares

muito embora quando interrogados natildeo consigam explicar os passos que possibilitaria

a accedilatildeo do ensino-aprendizagem da Cartografia Escolar

Mediante algumas experiecircncias no curso de Pedagogia da UFPB (ALMEIDA

2014) notamos que na maioria dos casos a leitura de orientaccedilotildees como os PCN (1997)

pelos professores estatildeo presentes apenas enquanto estudante universitaacuterio Visto a

obrigaccedilatildeo destas referecircncias pela academia Por outro lado haacute de se perceber que a

formaccedilatildeo presente nos cursos de Pedagogia eacute distinta a oferecida aos professores de

Geografia Os pedagogos tecircm apenas um semestre no maacuteximo um ano para

aprenderem tudo o que se refere ao ensino de Geografia inclusive as praacuteticas referentes

ao uso do mapa tornando essa relaccedilatildeo tecircnue quando eles se deparam com a sala de aula

Como resultado discute Pinheiro (2012) que as noccedilotildees espaciais satildeo trabalhadas

de forma descontextualizada do curriacuteculo escolar Os professores muitas vezes natildeo se

baseiam em um planejamento preacutevio ou apresentam um prosseguimento de uma

proposta para o ensino de Geografia A oportunidade de construir conceitos e de

relacionar a leitura de mundo eacute perdida em decorrecircncia de praacuteticas aleatoacuterias que natildeo se

baseiam em meacutetodos geograacuteficos

Pinheiro (2012) afirma que embora as noccedilotildees espaciais sejam trabalhadas em

sala de aula elas satildeo postas como parte da tradiccedilatildeo Satildeo usadas para disciplinar os

alunos as normas e regras escolares como a realizaccedilatildeo da fila a divisatildeo dos banheiros

para meninas e meninos e o lugar na sala de aula Opondo-se a esta praacutetica descrita

anteriormente julgamos necessaacuterio que a Cartografia Escolar deve estar atrelada a uma

44

tomada de consciecircncia do professor em relaccedilatildeo aos objetivos e ao posicionamento

metodoloacutegico do uso do mapa para as aulas de Geografia

Acreditamos que as praacuteticas da Cartografia tradicional no contexto escolar natildeo

podem se tornar a uacutenica referecircncia teoacuterico-metodoloacutegica Satildeo observados avanccedilos nessa

linha que permitiriam integrar outras praacuteticas para o ensino de Geografia Autores como

Teixeira11 (2001) Kozel (2002 2005) Katuta (2001) Girardi (2005) Raffestin (2007)

Lladoacute (2013) e Farinelli (2013) questionam e discutem a visatildeo de representaccedilatildeo espacial

em contextos tradicionais e progridem na avaliaccedilatildeo do mapa apontando novas

abordagens

A discussatildeo inicial estabelecida por Girardi (2005) destaca que a Cartografia

por anos eacute produzida mediante as regras da ordem da geometria e razatildeo positivista

Apresenta uma relaccedilatildeo entre a realidade e sua abstraccedilatildeo no papel O mapa enquanto

representaccedilatildeo permite compreender a dimensatildeo territorial por meio do proacuteprio

documento auxiliando na tomada de decisotildees e planejamento do espaccedilo urbano por

exemplo considerando a representaccedilatildeo como o proacuteprio objeto

Raffestin (2007 p 09 ndash 10) realiza criacuteticas em torno da Cartografia tradicional e

sua representaccedilatildeo por se constituir um significativo instrumento ideoloacutegico de poder

poliacutetico e militar ele menciona que

A representaccedilatildeo eacute triplamente uma moeda fiduciaacuteria12 em primeiro lugar ela

eacute a cristalizaccedilatildeo de um conjunto de valores e de normas de um sujeito

histoacuterico em seguida ela eacute o meio para se chegar a uma praacutetica e a um

conhecimento do real ou agrave praacutetica e a um conhecimento do imaginaacuterio e

enfim ela eacute um meio de acumulaccedilatildeo e de tesourizaccedilatildeo

Nas palavras do autor supracitado a carta (tipo de mapa geograacutefico de escala

meacutedia ou grande) tanto pode revelar verdades como mentiras sobre determinada

realidade espacial Nestas condiccedilotildees a representaccedilatildeo da superfiacutecie terrestre permite a

quem a detecircm e dela interpreta suas informaccedilotildees uma observaccedilatildeo geral do plano das

relaccedilotildees e organizaccedilotildees do territoacuterio e consequentemente uma accedilatildeo planejada sobre a

realidade apontando informaccedilotildees nem sempre verossiacutemeis mas um produto imaginaacuterio

intencional

Interpretando as palavras de Raffestin (2007) o ato de mapear natildeo eacute considerado

apenas no plano do conhecimento geograacutefico mas na posiccedilatildeo de organizaccedilatildeo espacial

11Uma observaccedilatildeo sobre a bibliografia deste trabalho eacute que Salete Kozel Teixeiraeacute citada durante esta

dissertaccedilatildeo de duas formas Teixeira e Kozel isso ocorre devido agrave mudanccedila do sobrenome da autora 12 Podemos considerar a expressatildeo ldquomoeda fiduciaacuteriardquo como um recurso de troca que garante seguranccedila

confianccedila na tomada de posiccedilatildeo do conhecimento para o sujeito

45

do domiacutenio do homem sobre o trabalho e o ambiente garantindo-lhe capital e poder As

caracteriacutesticas descritas segundo Lladoacute (2013) surgem com o advento da modernidade

e do Estado Naccedilatildeo ganhando prestiacutegio enquanto representaccedilatildeo espacial

O mapa nas condiccedilotildees a que se refere Raffestin (2007) e Lladoacute (2013) eacute

considerado legiacutetimo instrumento do governo Segundo Lladoacute (2013) poderiacuteamos

entender o mapa em dois momentos ideoloacutegicos distintos o primeiro destacaria o mapa

enquanto signo e o territoacuterio representado como significado O territoacuterio eacute um dado

original e o mapa uma abstraccedilatildeo uma imagem mais ou menos fiel do espaccedilo

Em um segundo momento Lladoacute (2013) e Farinelli (2013) demonstram que a

interpretaccedilatildeo sobre o mapa eacute transformada na modernidade pois haacute alteraccedilotildees culturais

Se antes o territoacuterio era a base para o mapeamento agora o mapa precede o territoacuterio

possibilitando a tomada de decisotildees planejamento criam-se inicialmente as fronteiras

fictiacutecias e depois as reais O Estado territorial moderno assume ldquo[] propriedades

geomeacutetricas e espaciais da projeccedilatildeo cartograacutefica algumas propriedades jaacute presentes na

definiccedilatildeo euclidiana de lsquoextensatildeorsquo espacialrdquo13 (LLADOacute 2013 p 242 ndash 243)

Segundo Lladoacute (2013 p 242 - 243) trecircs caracteriacutesticas estatildeo presentes no mapa

existente a ldquocontinuidaderdquo natildeo fragmentaccedilatildeo territorial ldquohomogeneidaderdquo o Estado e

consequentemente seu povo satildeo homogecircneos no que corresponde a cultura manipulam

os mesmo signos (liacutengua e consciecircncia histoacuterica) e ldquoisotropiardquo todos respondem ao

mesmo centro a capital do Estado14

Essa visatildeo eurocecircntrica do mundo da construccedilatildeo de mapas ocidentais

cientiacuteficos e contemporacircneo portanto ldquoverdadeirosrdquo haacute muito negligencia a confecccedilatildeo

de mapas primitivos histoacutericos e mentais por natildeo obedecerem a padrotildees de

normatizaccedilatildeo e leituras Girardi (2005 p 65) sintetiza esses fatores atraveacutes dos

seguintes pontos

1ordf ndash representaccedilatildeo cartograacuteficas verdadeiras satildeo aquelas construiacutedas com

rigor cientifico 2ordf ndash mapas satildeo produtos da evoluccedilatildeo histoacuterica da ciecircncia e da

13 [] propiedades geomeacutetricas y espaciales de La proyeccioacuten cartograacutefica unas propiedades presentes ya

em La definicioacuten euclidiana de laltltextensioacutengtgt espacial 14 Se os argumentos natildeo foram suficientes para convencer o leitor exemplos histoacutericos satildeo destacados

por Lladoacute (2013) e Farinelli (2013) os mapas utilizados por Benjamin Franklin George Washington e

Thomas Jeferson que promoveram a colonizaccedilatildeo das terras a Oeste dos Estados Unidos mediante a

divisatildeo territorial por meio da quadriacutecula cartograacutefica Outro exemplo mais proacuteximo historicamente e

geograficamente seria a construccedilatildeo de Brasiacutelia Cidade planejada na regiatildeo Centro-Oeste do Brasil

construiacuteda na deacutecada de 1950-60 durante o governo de Juscelino Kubitschek destaca-se aqui a realizaccedilatildeo

do plano piloto para a construccedilatildeo do Distrito Federal

46

tecnologia 3ordf ndash mapas soacute podem ser construiacutedos pelos que dominam todo

esse arcabouccedilo teacutecnico-cientiacutefico

Por outro lado a autora questiona

E os mapas das naccedilotildees indiacutegenas e de outras sociedades cujo referencial eacute

outro Natildeo satildeo mapas E os mapas turiacutesticos de propaganda imobiliaacuteria de

jornal A criacutetica corporativa resolveu essa questatildeo mudando o nome dessas

representaccedilotildees croquis mapa mental mapa ilustrativo Essa visatildeo

eurocecircntrica e elitista da cartografia em muito pouco contribuiacutea para avanccedilar

a discussatildeo sobre o mapa na Geografia (GIRARDI 2005 p 65)

A partir de Girardi (2005) questionamos no cenaacuterio contemporacircneo eacute possiacutevel

entender diferentes espacialidades de forma inteligente e humana em um mundo

globalizado regido por regras e direitos Haacute grupos ocupando distintas posiccedilotildees dentro

de uma mesma sociedade pessoas de diversas classes sociais etnias que residem em

diferentes lugares que possuem distintas profissotildees provenientes da imigraccedilatildeo e

comunidades tribais Natildeo seria equivocado afirmar que todos possuem a mesma leitura

de mundo Que satildeo todos iguais Ou ainda que expressatildeo a mesma relaccedilatildeo com o

ambiente

O que nos chama atenccedilatildeo natildeo eacute a aprendizagem do mapa em seu plano

cartesiano com normas e padrotildees pelo contraacuterio ressaltamos a importacircncia deste nas

atividades escolares visto sua forte expressatildeo e necessidade na vida contemporacircnea

Por outro lado eacute importante destacar que o mapa natildeo eacute um recurso neutro sua loacutegica eacute

composta por uma relaccedilatildeo que eacute historicamente e socialmente construiacuteda (KOZEL

2005)

Mediante o exposto Francischett (2012) relata uma mudanccedila epistemoloacutegica na

forma de interpretar a natureza da Cartografia correspondendo necessariamente a sua

didaacutetica metodologia do ensino de Geografia

Uma epistemologia com base na teoria social eacute mais apropriada para a

histoacuteria da Cartografia Ela mostraraacute que os mapas cientiacuteficos satildeo igualmente

produtos das regras da ordem da geometria e da razatildeo mas tambeacutem das

normas e valores da ordem social e da tradiccedilatildeo cultural (FRANCISCHETT

2012 p 93)

O mapa natildeo eacute uma ferramenta meramente teacutecnica ou mecacircnica Ela eacute carregada

de escolhas eacute portador de uma seleccedilatildeo das informaccedilotildees geograacuteficas Dito isto eacute

apresentada outra perspectiva do uso das representaccedilotildees geograacuteficas Kozel (2002) se

aventura em outras correntes epistemoloacutegicas oriundas da psicologia e discute o

conceito de representaccedilatildeo espacial para os estudos geograacuteficos Ela demonstra que

47

Caberia sobretudo agrave geografia das representaccedilotildees entender os processos que

submetem o comportamento humano tendo como premissa que este eacute

adquirido por meio de experiecircncias (temporal espacial e social) existindo

uma relaccedilatildeo direta e indireta entre essas representaccedilotildees e as accedilotildees humanas

ou seja entre as representaccedilotildees e o imaginaacuterio revolucionando a gecircnese do

conhecimento permitindo-nos compreender a diversidade inerente aacutes praacuteticas

sociais agraves mentalidades aos vividos (KOZEL 2002 p 215)

Partimos do princiacutepio que o mapa eacute um elemento da comunicaccedilatildeo logo este

recurso eacute portador de uma linguagem Eacute tambeacutem resultado de uma accedilatildeo colaborativa

visto que a aprendizagem ocorre por meio da participaccedilatildeo Neste caso eacute constatada uma

proximidade com linhas de estudo que discutem uma epistemologia do mapa voltada a

ldquoCartografia SocialCulturalrdquo (KOZEL 2002) que se relacionam com estudos de

pequenos grupos sociais e comunidades tradicionais brasileiras

Eacute de conhecimento de todos que no Brasil existem grupos indiacutegenas

quilombolas ciganos entre outros Dentre as caracteriacutesticas comuns das comunidades

grifadas estatildeo as condiccedilotildees econocircmicas de pobreza moradias distantes dos grandes

centros urbanos e dificuldades ao acesso a poliacuteticas governamentais Esses grupos

sociais o modo como eles lidam com a emoccedilatildeo e a razatildeo para mudar a realidade de vida

satildeo um dos desafios da ciecircncia para compreender essa realidade

Neste contexto experiecircncias com a Cartografia Social ganham cada vez mais

prestiacutegio entre as ciecircncias humanas A regiatildeo Norte do Brasil vem se destacando neste

campo de pesquisa O Projeto Nova Cartografia Social da Amazocircnia15 por exemplo

desenvolve pesquisas com o objetivo de proporcionar aos povos e comunidades

tradicionais na Amazocircnia agrave auto-cartografia oferecendo tecnologias que possibilitam a

delimitaccedilatildeo de seus territoacuterios de referecircncia os recursos naturais que utilizam para o

desenvolvimento dessas comunidades e sua cultura16

O projeto desenvolveu diferentes fasciacuteculos mediante a proposta supracitada

Entre eles o do Movimento Interestadual de Quebradeiras de Coco Babaccedilu (PROJETO

NOVA CARTOGRAFIA SOCIAL DA AMAZOcircNIA 2005) Este fasciacuteculo demonstra

a importacircncia da atividade da coleta da amecircndoa do coco babaccedilu como uma das poucas

15 Para mais informaccedilotildees sobre o Projeto Nova Cartografia Social da Amazocircnia e a produccedilatildeo de seus

materiais didaacuteticos e pesquisas acesse o link Disponiacutevel em

httpnovacartografiasocialcomapresentacaogt acessado em 03042015 16 Por meio projeto eacute possiacutevel a realizaccedilatildeo do georeferenciamento do territoacuterio Possibilita aleacutem disso a

formaccedilatildeo pedagoacutegica para essas comunidades aprendem a manusear GPS e outras teacutecnicas fundamentais

de cartografia possibilitando a escolha das informaccedilotildees que consideram relevantes para o seu modo de

vida e que devem ser representadas nos mapas Satildeo levantadas histoacuterias estoacuterias e experiecircncias cotidianas

a respeito das comunidades tradicionais com a intenccedilatildeo de preservar as praacuteticas e culturas regionais

48

alternativas econocircmicas Satildeo notoacuterios as ameaccedilas e conflitos com grandes proprietaacuterios

de terra para continuar essa cultura regional em estados como Maranhatildeo Paranaacute

Tocantins e Piauiacute

O espaccedilo enquanto referencial possibilita a estas comunidades principalmente

as mulheres responsaacuteveis pelo trabalho com o coco a consciecircncia de lutar por seus

direitos17 Haacute tambeacutem as dificuldades para a realizaccedilatildeo deste movimento resistecircncias e

crenccedilas a respeito do trabalho feminino A funccedilatildeo das cooperativas por exemplo satildeo

significativas para a mudanccedila de vida dessa populaccedilatildeo Produzem a exemplo sabonete

com oacuteleo de amecircndoas do babaccedilu tornando-se fonte de renda para muitas famiacutelias

(PROJETO NOVA CARTOGRAFIA SOCIAL DA AMAZOcircNIA 2005)

Esses apontamentos dialogam com os estudos de Teixeira (2001) que por sua

vez discute sobre o desenvolvimento da Geografia Cultural ao longo da histoacuteria Suas

consideraccedilotildees sobre a percepccedilatildeo geograacutefica reportam os enfoques do comportamento e

a cogniccedilatildeo O espaccedilo passa a ser apreendido pelos sentidos como resultado passa a ser

percebido sentido e representado tornando-se vivido Eacute dado creacutedito agraves experiecircncias

humanas a construccedilatildeo das imagens lembranccedilas significaccedilotildees e experiecircncias na

construccedilatildeo das relaccedilotildees sociais e ambientais

Os avanccedilos alcanccedilados pela Cartografia Social e as representaccedilotildees sociais

colaboram para a compreensatildeo dos mapas mentais enquanto um instrumento que

permitiria inserir na representaccedilatildeo dos alunos elementos subjetivos e sua compreensatildeo

da realidade Procuramos a seguir ilustrar alguns episoacutedios que aproximam agrave

interpretaccedilatildeo dos mapas mentais voltados as praacuteticas escolares para o Ensino de

Geografia

141 Percursos dos Mapas Mentais e suas praacuteticas na Educaccedilatildeo Geograacutefica

Por meio dos argumentos levantados sobre a Cartografia Social eacute observado que

a cogniccedilatildeo humana natildeo se restringe a um modelo de representaccedilatildeo espacial Para que

uma proposta de ensino-aprendizagem por meio do mapa seja sistematizada natildeo se daraacute

necessariamente em uma base cartesiana De acordo com Oliveira (2010) a proposta

17 O ldquodireito a palmeira livrerdquo a territoacuterios particulares para a coleta dos frutos satildeo accedilotildees garantidas por

leis municipais conquistadas a partir da organizaccedilatildeo do movimento das quebradeiras de coco babaccedilu

(exemplo lei municipal nordm 0012002 ndash Lago do Junco (MA) que dispotildeem sobre a proibiccedilatildeo da derrubada

de palmeiras de babaccedilu no municiacutepio e daacute outras providecircncias)

49

com o trabalho com o mapa dependeraacute dos objetivos a serem alcanccedilados pelos

professores em sala de aula

Natildeo satildeo recentes os estudos voltados agrave construccedilatildeo da imagem mental para a

percepccedilatildeo ambiental nos anos de 1960 ndash 1970 advertem Nogueira (2006) e Kozel

(2005) pesquisas de autores como William Kirk Peter Gould e White jaacute discutiam as

preferecircncias dos espaccedilos cotidianos e a escolha de itineraacuterios de estudantes

universitaacuterios norte-americanos

A reflexatildeo sobre a percepccedilatildeo ambiental nas cidades contribuiu para o

planejamento urbano e regional surgindo neste contexto agrave expressatildeo carta mental18 para

o mapeamento das preferecircncias das sociedades Nogueira ao estudar os trabalhos de

Gould e White destaca que

Esses autores consideram os ldquomapas mentaisrdquo as imagens espaciais que estatildeo

nas cabeccedilas dos homens natildeo soacute dos lugares vividos mas tambeacutem dos lugares

distantes construiacutedos pelas pessoas valendo-se de universos simboacutelicos

sendo produzidos por acontecimentos histoacutericos econocircmicos sociais e

econocircmicos divulgados (NOGUEIRA 2006 p 126)

Entre as obras citadas com frequecircncia nos estudos relacionados aos mapas

mentais estaacute o livro ldquoA imagem da cidaderdquo de Kelvin Lynch O autor reconstroacutei a

imagem do ambiente por meio da percepccedilatildeo de moradores das cidades norte-americanas

de Boston Jersey City e Los Angeles Lynch (2011) discute ainda o conceito de

legibilidade a clareza sobre a qual as pessoas percebem interpretam e organizam o seu

espaccedilo na cidade para nela sobreviver uma espeacutecie de sistematizaccedilatildeo cognitiva do

espaccedilo vivido ou seja seu mapa mental

Segundo os paracircmetros anteriormente destacados os mapas mentais possibilitam

destacar aspectos subjetivos e perceptivos de cada sujeito presentes na produccedilatildeo das

linguagens cartograacuteficas de espaccedilos e tempos proacuteximos ou distantes tal fato natildeo eacute

diferente quando relacionado agraves praacuteticas escolares Os PCN desde a deacutecada de 1990

apontam para os professores variados recursos didaacuteticos para o ensino de Geografia

eles explicam que

[] consultar diferentes fontes de informaccedilatildeo tais como obras literaacuterias

muacutesicas regionais fotografias entrevistas ou relatos torna-se essencial na

busca de novas informaccedilotildees que ampliem aquelas que jaacute se possui A

18 Teixeira (2001) adverte em sua tese que o mapa mental embora seja um termo corriqueiro na

atualidade eacute fruto de uma longa reflexatildeo Estudos anteriores podem identificar os mapas mentais pelos

seguintes sinocircnimos mapas cognitivos e ou cartas mentais

50

compreensatildeo geograacutefica das paisagens significa a construccedilatildeo de imagens

vivas dos lugares que passam a fazer parte do universo de conhecimentos dos

alunos tornando-se parte de sua cultura Os trabalhos praacuteticos com maquetes

mapas mentais e fotografias aeacutereas podem tambeacutem ser utilizados Grifo

nosso (BRASIL 1997 101)

As orientaccedilotildees dos PCN sublinham que diferentes praacuteticas e recursos escolares

podem ser utilizados nas aulas de Geografia entretanto na maioria dos casos recursos

como o desenho e os mapas mentais sofrem criacuteticas visto que satildeo tratados apenas como

instrumentos luacutedicos e ou descontextualizados a praacutetica pedagoacutegica

Miranda (2005) ao estudar o uso do desenho como recurso voltado ao ensino de

Geografia realizou uma pesquisa com alunos do atual 3ordm e 4ordm ano do EF Afirma o autor

que haacute o descaso relacionado agraves imagens manuais aleacutem de consideraacute-los como uma

possibilidade de transiccedilatildeo para os mapas existentes19 contexto que se aplica aos mapas

mentais

Miranda (2005 p 57) considera o ato de desenhar ldquo[] como meacutetodo de

abordagem e de anaacutelise como investigaccedilatildeo da paisagem atraveacutes de confrontaccedilotildees entre

o assunto observado (e natildeo o modelo) e os traccedilados que resultam da anaacuteliserdquo Aleacutem

disso ressalta que o desenho natildeo eacute portador de uma ldquoeducaccedilatildeo visualrdquo acabada sem

brechas para uma anaacutelise criacutetica da imagem

Portanto o foco do desenho eacute abranger ldquo[] a sua produccedilatildeo histoacuterica como

linguagem como uma forma de se pensar comunicar apresentar representarrdquo

(MIRANDA 2005 p 58) consideramos que os criteacuterios de educaccedilatildeo visual e

linguagem se aproximam das praacuteticas com os mapas mentais

Ao contraacuterio do desenho os mapas mentais satildeo recursos cartograacuteficos voltados agrave

anaacutelise espacial compostos por uma linguagem especiacutefica A seguir apresentamos

algumas experiecircncias do uso dos mapas mentais em contextos sociais e escolares a fim

de apontar algumas caracteriacutesticas e metodologias relacionadas ao ensino de Geografia

142 Os mapas mentais no ensino-aprendizagem de Geografia

Os trabalhos de Archela Gratatildeo amp Trostdorf (2004) e Santos (2011) embora natildeo

estejam relacionadas agrave educaccedilatildeo formal dispotildeem de algumas informaccedilotildees importantes

19 Esclarece Miranda (2005) que com o avanccedilo de novas teacutecnicas cartograacuteficas e de geoprocessamento a

ciecircncia geograacutefica deixou-se seduzir por estes novos instrumentos criando-se descaso pelas imagens

manuais A credibilidade do desenho eacute expressa com maior nitidez apoacutes o trabalho de Almeida amp Passini

(2010) muito embora como recurso de transiccedilatildeo que permitiria o desenvolvimento da crianccedila para a

chegada aos mapas existentes

51

sobre os mapas mentais A primeira autora utiliza os mapas mentais enquanto recurso

de avaliaccedilatildeo a respeito da aacuterea central da cidade de Cambeacute estado do Paranaacute A

pesquisa eacute realizada com crianccedilas e jovens deste espaccedilo urbano Articula a

representaccedilatildeo do lugar pelos jovens mostrando relaccedilotildees de topofilia (apego ao lugar) e

topofobia (medo do lugar)

Santos (2011) por sua vez expotildeem uma pesquisa realizada com pessoas de

faixa etaacuteria distintas em uma comunidade rural de Vilas Rurais Recanto Verde e Nova

Jerusaleacutem Paranaacute Os mapas mentais satildeo realizados pelos participantes de um projeto

social agriacutecola que busca reduzir as desigualdades sociais no interior do estado

Ambas as pesquisas discutem a relaccedilatildeo de lugar e trabalho e tambeacutem como os

signos (formas espaciais) expressam significados sociais Como exemplo eacute destacado a

igreja enquanto signo espacial nas representaccedilotildees dos mapas mentais Ela corresponde

aos significados das manifestaccedilotildees culturais e religiosas expressadas nos artigos de

Archela Gratatildeo amp Trostdorf (2004) e Santos (2011)

A discussatildeo teoacuterica a respeito do recurso mapa mental eacute realizada por diferentes

autores aleacutem dos supracitados Rocha (2007) Gomes amp Vargas (2011) e Kozel amp

Galvatildeo (2008) enfatizam que as questotildees subjetivas deste recurso (o valor simboacutelico do

mapa) satildeo uma construccedilatildeo dialoacutegica e social do espaccedilo representado O mapa mental

neste sentido revela os sentimentos e apreensotildees das pessoas em relaccedilatildeo ao espaccedilo

podendo estar relacionados agrave memoacuteria ou a imaginaccedilatildeo de espaccedilos natildeo vividos

fisicamente Aleacutem disso possibilita condiccedilotildees de aprendizagem escolar que

possivelmente poderia influenciar na construccedilatildeo da imagem mental

Para alcanccedilarmos trabalhos que se aproximassem com a investigaccedilatildeo da

produccedilatildeo de mapas mentais em contexto escolar pesquisamos experiecircncias relacionadas

a praacuteticas de ensino de Geografia nos primeiros anos de educaccedilatildeo escolar Apesar do

pouco sucesso encontramos uma experiecircncia na Educaccedilatildeo Infantil e outra realizada nos

anos iniciais do EF

O artigo de Lopes (2012) eacute resultado de suas pesquisas sobre a apropriaccedilatildeo dos

espaccedilos pelas crianccedilas ele discorre sobre a infacircncia e outras possibilidades do uso da

Cartografia Escolar O autor realiza investigaccedilotildees baseadas na teoria histoacuterico-cultural

de Vigotski Explica tambeacutem que suas pesquisas com ldquocrianccedilas pequenasrdquo (de zero a

seis anos de idade) vecircm ldquo[] buscando compreender suas linguagens seus

enamoramentos pelas coisas pelos objetos suas vivecircncias em seus contextos histoacuterico-

geograacuteficosrdquo (LOPES 2012 p 215 - 216)

52

O estudo de Lopes (2012) natildeo busca apenas uma cartografia para crianccedilas uma

visatildeo dos adultos sobre as representaccedilotildees realizadas mas enfatiza que os ldquopequenosrdquo

busquem suas proacuteprias referencias promovendo suas Geo-cartografias singularidades

localizem e pensem seu lugar no mundo O autor nomeou esta praacutetica cartograacutefica de

ldquoMapas vivenciaisrdquo eacute notada uma proximidade metodoloacutegica com a pesquisa de

Miranda (2005)

Eacute demonstrado ainda que o mapa vivencial tenha como referecircncia natildeo apenas o

mundo dos adultos mas a proacutepria percepccedilatildeo da crianccedila sobre o mundo Lopes (2012)

considera o exemplo de um mapa realizado por um garoto de quatro anos de idade que

representa o mapa dos cheiros de sua casa A crianccedila estabelece a relaccedilatildeo entre o signo

(cocircmodos de sua casa) e os significados (os cheiros encontrados nestes espaccedilos)

(observar a figura 02 p 52) Esta experiecircncia enfatiza o olfato como oacutergatildeo sensorial

que permite localizar organizar e diferenciar os cocircmodos da casa

FIGURA 02 - MAPA VIVENCIAL MAPA DOS CHEIROS

Fonte LOPES 2012 p 216

Em outro cenaacuterio eacute realizado o trabalho por Silva amp Bernadelli (2010) Eles

conduziram na Escola Estadual Cristoacutevatildeo Colombo Uberlacircndia ndash MG uma oficina

pedagoacutegica sobre mapas mentais com uma turma do 5ordm ano do EF O projeto havia

como intenccedilatildeo promover praacuteticas de ensino de Geografia na Educaccedilatildeo Infantil mediante

experiecircncia de Estaacutegio Supervisionado I realizados com alunos do curso de Geografia

da Universidade Federal de Uberlacircndia

53

A oficina discutiu o uso da Geografia nas atividades do dia a dia e aconteceu em

duas etapas A primeira correspondeu agrave produccedilatildeo de um texto que apresentava conceitos

voltados a cartografia escala orientaccedilatildeo espacial as toponiacutemias e outros levando em

consideraccedilatildeo relaccedilotildees espaciais de base piagetiana A segunda constituiu a realizaccedilatildeo de

mapas mentais que traccedilavam o percurso casa-escola seguindo orientaccedilotildees estabelecidas

por Nogueira (2006) discutindo a importacircncia dos pontos de referecircncia lugares

destacados nas representaccedilotildees experiecircncias pessoais atraveacutes de sentidos e atividades

socioculturais temas apresentados apoacutes a leitura dos mapas mentais com os alunos A

figura 03 (p 53) apresenta um dos mapas que retratam esta discussatildeo

FIGURA 3 - MAPA MENTAL DO TRAJETO CASA-ESCOLA

Fonte SILVA amp BERNADELLI 2010 p 05

Eacute observado que preocupaccedilotildees para um direcionamento teoacuterico ndash metodoloacutegico

com os mapas mentais para a Educaccedilatildeo Infantil e os anos iniciais do Ensino Infantil eacute

algo recente e pontual Em alguns casos estatildeo voltados a experiecircncias com os mapas

existentes (SILVA amp BERNADELLI 2010) entretanto buscam diversificar as

estrateacutegias inserindo a importacircncia do diaacutelogo e das experiecircncias cotidianas Aleacutem

disso fica evidente a pouca referecircncia sobre o uso de mapas mentais voltadas a

54

educaccedilatildeo escolar no que correspondem aos anos iniciais do EF20 que validem uma

proposta metodoloacutegica deste recurso a ser pensada e utilizada pelos pedagogos

Entre as teses que buscam um tratamento de uma construccedilatildeo metodoloacutegica para

o trabalho com os mapas mentais destacamos as teses de Teixeira (2001) e Richter

(2010) os quais daremos maior enfoque na anaacutelise de nosso trabalho

Teixeira (2001) discute como eacute materializado o discurso proferido pela miacutedia da

cidade de Curitiba Paranaacute enquanto ldquocapital ecoloacutegicardquo para isso diagnostica a

construccedilatildeo da imagem social recorrendo agrave percepccedilatildeo da populaccedilatildeo que a habita e a

frequenta Sua pesquisa envolve moradores (estudante do Ensino Fundamental Meacutedio e

Superior discentes e docentes) e natildeo-moradores (turistas) a diversidade de

participantes foi escolhida intencionalmente para responder se havia ou natildeo

divergecircncia dos grupos em relaccedilatildeo a esta imagem de Curitiba

Em busca de respostas para suas indagaccedilotildees Teixeira (2001) utilizou como

instrumento de anaacutelise os mapas mentais Aleacutem do mais discute por meio dos mapas as

representaccedilotildees sociais e espaciais avaliando as construccedilotildees siacutegnicas Por meio de uma

metodologia proacutepria desenvolve paracircmetros de anaacutelise para os mapas mentais fato

inexistente antes do seu trabalho

Como suporte teoacuterico de sua pesquisa resgatou os apontamentos realizados por

Bakhtin (2012) sobre a linguagem o uso do signo e do enunciado como elementos que

possibilitam a comunicaccedilatildeo (dialogismo) por meio da representaccedilatildeo espacial

encontradas nos mapas mentais Produziu estudos posteriores que discute

epistemologicamente e empiricamente o uso dos mapas mentais como recurso didaacutetico

para o ensino de Geografia em diferentes niacuteveis de ensino (KOZEL 2002 2008)

Kozel influenciou a realizaccedilatildeo de outros estudos Em um artigo Galvatildeo amp Kozel

(2008) discutem sobre os aspectos teoacutericos - metodoloacutegicos da Geografia enfatizando as

questotildees de representaccedilatildeo e ensino Reproduzem a metodologia utilizada por Teixeira

para os mapas mentais com um grupo de alunos do 7ordm ano Esse trabalho registra a

compreensatildeo e anaacutelises dos estudantes sobre a contribuiccedilatildeo da Geografia Eacute destacado

nos mapas a temaacutetica Brasil e seus desdobramentos (Relaccedilatildeo local-global identidade

nacional siacutembolos territoacuterio etnias entre outros)

20 Embora as pesquisas de Lopes (2012) discutam o uso de mapas com crianccedilas observamos algumas

divergecircncias A primeira corresponde agrave faixa etaacuteria das crianccedilas pois natildeo podemos comparar as

experiecircncias de vida entre alunos da Educaccedilatildeo Infantil (faixa com a qual trabalha) com os anos iniciais do

EF pois a leitura de mundo eacute distinta A segunda corresponde aos interesses e avanccedilos sobre a

aprendizagem ocorrida na escola lembrando que todos os alunos a partir dos seis anos devem ser

matriculados na rede regular de ensino como discutimos no iniacutecio deste capiacutetulo

55

Em outro caso semelhante Oliveira (2010) dispotildee da metodologia de Teixeira

para o desenvolvimento de sua dissertaccedilatildeo de mestrado Propotildee um estudo de caso em

duas escolas puacuteblicas estaduais em Madalena e Fortaleza ndash CE A pesquisa foi realizada

com alunos do 2ordm ano do Ensino Meacutedio e buscou discutir qual a relaccedilatildeo os estudantes

fazem entre o meio urbano e rural Oliveira (2010) sustenta a ideia que o mapa mental

deve estar direcionado a uma praacutetica pedagoacutegica para a consolidaccedilatildeo do conhecimento

geograacutefico e no reconhecimento e formaccedilatildeo do aluno enquanto um sujeito pertencente a

uma coletividade social

Em outra perspectiva Richter (2010) realiza uma investigaccedilatildeo com duas turmas

de alunos do 3ordm ano do Ensino Meacutedio na cidade de Presidente Prudente ndash Satildeo Paulo

uma escola puacuteblica e outra privada Enfatiza a importacircncia da aprendizagem de

Geografia como um conhecimento necessaacuterio para a Educaccedilatildeo Baacutesica O autor pondera

que a Geografia capacita o aluno a realizar uma interpretaccedilatildeo da realidade sob uma

perspectiva espacial auxiliando a interpretar o seu cotidiano considera isso de

raciociacutenio geograacutefico

Ao desenvolver sua proposta com os mapas mentais define temaacuteticas como os

problemas urbanos e o processo de globalizaccedilatildeo na cidade de Presidente Prudente para a

realizaccedilatildeo das representaccedilotildees Paralelamente resgata a Teoria Histoacuterico-cultural

desenvolvida por Vigotski (1998) e aproxima do desenvolvimento da Cartografia

Escolar Atraveacutes desta discussatildeo estabelece a importacircncia da linguagem para o

desenvolvimento humano a qual a cartograacutefica tambeacutem faz parte

Este pesquisador discute a importacircncia da construccedilatildeo dos conceitos espontacircneos

e cientiacuteficos pelos alunos Estes conceitos segundo o Richter (2010) possibilitam o

aluno compreender a sistematizaccedilatildeo do conhecimento geograacutefico e consequentemente

utilizar este saber em sua vida cotidiana No desenvolvimento da linguagem dos mapas

mentais seleciona os conceitos de legibilidade usada por Kevin Lynch e espaccedilo por

Milton Santos para a disposiccedilatildeo dos elementos retratados Ele considera tambeacutem as

experiecircncias vividas dos alunos assim como os conteuacutedos de Geografia como elos de

produccedilatildeo do raciociacutenio geograacutefico

Richter (2010) julga o mapa mental enquanto recurso didaacutetico que possibilita ao

aluno transpor para o papel sua compreensatildeo sobre a dinacircmica espacial articulando

seus conhecimentos sobre Geografia e ampliando seu conhecimento tornando o

estudante leitor e produtor de mapa Reconhece tambeacutem a importacircncia da criticidade na

56

elaboraccedilatildeo dos mapas mentais Observa em alguns casos que o aluno natildeo domina certos

conceitos da Geografia

Richter (2010) assim como Teixeira (2001) tambeacutem prossegue em seus estudos

sobre Cartografia Escolar Ele enfatiza a importacircncia dos mapas mentais nas praacuteticas

escolares sem perder o foco do ensino-aprendizagem de Geografia como fator

preponderante Nesta mesma linha jaacute apresentada desenvolve projetos de pesquisas em

escolas na regiatildeo norte da cidade de Goiacircnia ndash GO atraveacutes do Programa de

Financiamento de Bolsas para alunos de Licenciatura (PROLICEN) do curso de

Geografia da UFG (RICHTER 2013)

No desenvolvimento dos mapas mentais encontramos diversos fatores que

contribuem com a sua produccedilatildeo ora referem-se agrave percepccedilatildeo que cada indiviacuteduo tem

acerca do espaccedilo cotidiano ora essas leituras satildeo provenientes de um saber

sistematizado cientiacutefico orientado por uma educaccedilatildeo escolar em ambos os casos

carecem de habilidade para transcrever no papel as imagens mentais que o sujeito deteacutem

sobre o espaccedilo (TEIXEIRA 2001 RICHTER 2010) Portanto o mapa mental eacute

resultado de uma representaccedilatildeo dialeacutetica possuindo caracteriacutesticas individuais do

sujeito tal como a influecircncia sociocultural do mesmo

O desenvolvimento dos mapas mentais enquanto capacidade cartograacutefica

pressupotildee habilidade para abstrair e simbolizar eacute incontestaacutevel o poder de conceituar as

relaccedilotildees espaciais (TEIXEIRA 2001 GALVAtildeO amp KOZEL 2008 RICHTER 2010)

A ocasiatildeo mais comum de seu uso eacute quando eacute necessaacuterio transpor eficientemente para

o papel o conhecimento geograacutefico a outros sujeitos e como a linguagem verbal eacute mais

utilizada para narrar acontecimentos do que para descrever e explicar relaccedilotildees espaciais

simultacircneas os mapas mentais satildeo adotados para a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica e

consequentemente para a leitura de mundo do aluno

15 AS CONTRIBUICcedilOtildeES DE VIGOTSKI E BAKHTIN PARA A COMPREENSAtildeO

METODOLOacuteGICA DOS MAPAS MENTAIS

Ao relacionarmos os mapas mentais enquanto portadores de uma comunicaccedilatildeo

afirmamos que eles possuem uma linguagem cartograacutefica Esta compreensatildeo tem como

base os estudos estabelecidos por Teixeira (2001) Kozel (2002 2005 2008) e Richter

(2010) Essa preocupaccedilatildeo sobre a visatildeo do mapa enquanto portador de uma linguagem

57

natildeo eacute ineacutedito Richter (2010) apresenta o trabalho acadecircmico de Simielli sobre a

reflexatildeo do mapa como possibilidade de um tratamento didaacutetico da linguagem espacial

Simielli (2008 p 71) foi uma das primeiras autoras a discutir ldquoo mapa como

elemento transmissor de informaccedilatildeordquo e avaliar sua ldquoeficaacuteciardquo A teoria da informaccedilatildeo

discutida pela autora embora natildeo aponte os mapas mentais compreende o aluno

enquanto mapeador possibilitando o desenvolvimento de habilidades como observaccedilatildeo

seleccedilatildeo e representaccedilatildeo do espaccedilo geograacutefico Constitui um modelo cognitivo de

apreensatildeo da realidade atraveacutes dos sentidos para a representaccedilatildeo do mapa Explica

Simielli (2008 p 78) que

Para se entender plenamente a linguagem cartograacutefica eacute preciso destacar aqui

a importacircncia da semioacutetica ciecircncia geral de todas as linguagens mais

especialmente dos signos O signo eacute algo que representa o seu proacuteprio objeto

Ele soacute eacute signo se tiver o poder de representar esse objeto de um certo modo e

com uma certa capacidade O signo soacute pode representar seu objeto para um

inteacuterprete produzindo na mente deste um outro signo considerando o fato de

que o significado de um signo eacute outro signo

O signo apresentado no mapa se divide em duas esferas o significante que

corresponde ao aspecto real (material) do signo e o significado que eacute o aspecto irreal

(representado) Segundo as orientaccedilotildees da autora supracitada o mapa constitui uma

relaccedilatildeo entre dois sujeitos o emissor (produtor do mapa) e o receptor (leitor do mapa)

Aleacutem disso satildeo empregadas teacutecnicas da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica para a

construccedilatildeo do sentido dos mapas da relaccedilatildeo dos significados e significantes expressos

por meio de um alfabeto cartograacutefico (linha ponto e aacuterea) aparato da linguagem

cartograacutefica Simielli (2008 p 88) considera que ldquo[] o aluno interpreta os mapas

orienta-se e estabelece-se a correspondecircncia entre a representaccedilatildeo cartograacutefica e a

realidaderdquo21

O mapa diferentemente de outras teacutecnicas de informaccedilatildeo e conhecimento como

a liacutengua portuguesa ou a Matemaacutetica eacute portador de uma linguagem natildeo-verbal Traduz

um processo de aprendizagem natildeo sequencial de fenocircmenos que quando apresentados

na fala em texto ou operaccedilotildees matemaacuteticas naturalmente vatildeo apresentar uma

hierarquia disposiccedilatildeo sequencialidade que nem todas agraves vezes satildeo desejaacuteveis

A utilizaccedilatildeo dos mapas mentais sugere metodologias para interpretaacute-los e

existem diferentes formas de fazecirc-lo Para isso como meio de sistematizar

21 Podemos observar o uso deste alfabeto cartograacutefico na larga produccedilatildeo de mapas existentes (nos uso da

legenda) em nosso cotidiano nos mapas murais atlas escolares livros didaacuteticos etc

58

geograficamente as informaccedilotildees registradas nos mapas mentais elaborados pelos alunos

apresentamos dois processos metodoloacutegicos que consideramos satisfatoacuterios Eles se

completam e satildeo empregados como guias para a avaliaccedilatildeo dos mapas produzidos em

nossa pesquisa

O primeiro corresponde aos trabalhos de Richter (2010) que aproxima da teoria

histoacuterico-cultural de Vigostki (1998) e o segundo de Teixeira (2001) e Kozel (2002

2005 2008) ao referendar os estudos de Bakhtin para interpretaccedilatildeo dos mapas mentais

Consideramos que ambas as metodologias tem como foco a interpretaccedilatildeo das

informaccedilotildees contidas nos mapas mentais bem como o estabelecimento de relaccedilotildees entre

o espaccedilo geograacutefico e o representado Consideram os aspectos socioculturais como algo

imprescindiacutevel agrave compreensatildeo dos mapas mentais

Portanto escolhemos os dois autores russos Vigostki (1998) e Bakhtin (2012)

por eles promoverem uma discussatildeo acerca da linguagem no desenvolvimento da

aprendizagem humana e no estabelecimento do dialogo social Essa tese eacute sustentada

por Jobim e Souza (1994 p 93) ao considerar que embora Vigotski e Bakhtin tomem

diferentes caminhos para interpretaccedilatildeo deste ponto convergem em explicar ldquoa

linguagem como espaccedilo de recuperaccedilatildeo do sujeito histoacuterico e socialrdquo

Vigotski (1998) e Bakhtin (2012) provocaram importantes mudanccedilas sobre a

reflexatildeo hegemocircnica da condiccedilatildeo humana no seacuteculo XX Ambos os autores construiacuteram

suas perspectivas de estudo baseados no campo filosoacutefico do materialismo histoacuterico-

dialeacutetico indicando o campo cultural da sociabilidade humana como base para a

tematizaccedilatildeo da consciecircncia Se Vigotski por um lado contrapocircs agrave corrente objetivista e

subjetivista na Psicologia por outro Bakhtin os desafiou em seus estudos sobre a

linguagem

Bakhtin (2012) considera a linguagem como fenocircmeno socioideoloacutegico e

apreendido dialogicamente no contexto histoacuterico Critica a postura das grandes

correntes linguiacutesticas da deacutecada de 1920 por empregar teorias que natildeo considerava a

liacutengua como fenocircmeno social O objetivismo abstrato representado por Saussure e o

subjetivismo idealista empregado por Humboldt

Segundo Rego (1995) a perspectiva de aprendizagem para Vigotski eacute sempre

relativa agrave dimensatildeo social e natildeo exclusivamente a maturaccedilatildeo do organismo22 A

22 Durante o desenvolvimento de nossa pesquisa foi posto pela professora do 5ordm ano que alguns alunos

natildeo conseguiam desenvolver ou compreender determinadas propostas com os mapas mentais ou

relacionadas a conteuacutedo da Geografia Segundo sua explicaccedilatildeo isso ocorre porque natildeo estaria ldquomadurosrdquo

59

formaccedilatildeo humana eacute constituiacuteda em relaccedilatildeo coletiva A cultura torna-se parte da natureza

humana O desenvolvimento decorre da histoacuteria das funccedilotildees psicoloacutegicas superiores

caracterizadas por mudanccedilas qualitativas e quantitativas

As funccedilotildees psicoloacutegicas superiores (percepccedilatildeo memoacuteria pensamento)

transformam-se em contiguidade dando suporte aos processos elementares que se

tornam complexos Nestes termos inexiste um instrumento endoacutegeno23 para o

desenvolvimento humano Consequentemente

Os sistemas de signos (a linguagem a escrita o sistema de nuacutemeros) eacute

pensado como um sistema de instrumentos os quais foram criados pela

sociedade ao longo de sua histoacuteria Esse sistema muda a forma social e o

niacutevel de desenvolvimento cultural da humanidade A internalizaccedilatildeo desses

signos provoca mudanccedilas no homem Seguindo a tradiccedilatildeo marxista Vigotski

considera que as mudanccedilas que ocorrem em cada um de noacutes tem sua raiz na

sociedade e na cultura (BOCK FURTADO amp TEIXEIRA 2008 p 141)

A linguagem para Vigotski (1998) se torna o principal instrumento mediador

da interaccedilatildeo humana O ato da comunicaccedilatildeo para o desenvolvimento da humanidade eacute

incontestaacutevel Ao longo da histoacuteria ela contribuiu para o desenvolvimento das formas de

sobrevivecircncia no espaccedilo geograacutefico Pouco a pouco se tornou importante o legado das

experiecircncias atraveacutes das geraccedilotildees permitindo o avanccedilo da sociedade em termos sociais

evolutivos e adaptativos ao ambiente

Vigotski (1998) considera que o discurso egocecircntrico eacute ponto de partida para o

discurso interior Interior porque corresponde agrave internalizaccedilatildeo da linguagem Nestas

condiccedilotildees ao longo de nosso desenvolvimento passamos da fala socializada (a

comunicaccedilatildeo em contato social) a fala internalizada (instrumento de pensamento sem

vocalizaccedilatildeo) correspondente a um diaacutelogo consigo mesmo (REGO 1995)

Nessas conjunccedilotildees a questatildeo levanta por Vigotski (1998) eacute o planejamento de

uma teoria sociopsicoloacutegica que relaciona o pensamento a palavra como processo

dinacircmico E tambeacutem a necessidade da linguagem como fator constituinte para as

funccedilotildees psicoloacutegica superiores e da construccedilatildeo da subjetividade (JOBIM E SOUZA

1994) No campo da didaacutetica e do ensino-aprendizagem de Geografia especificamente

estudos sobre uma concepccedilatildeo socioconstrutivista enfatizam a educaccedilatildeo escolar como

o suficiente para progredir em seu desenvolvimento intelectual Observa que em muitos casos apenas o

fator ldquotempo de estudordquo o proporcionaria se desenvolver Posicionamo-nos de forma contraacuteria ao

entender por meio dos estudos de Vigotski (1998) que os fatores sociais e o processo de mediaccedilatildeo

contribuem para o progresso da aprendizagem do aluno 23 Relativo a algo originaacuterio ou desenvolvimento no interior do organismo

60

processo de conhecimento onde haacute a intervenccedilatildeo premeditada pelo professor a fim de

preparar o aluno para a construccedilatildeo de conceitos (CAVALCANTI 2014)

Na concepccedilatildeo de Vigotski (1998) o conhecimento natildeo eacute construiacutedo de forma

individual mas ao contraacuterio relata que pessoas mais experientes intervecircm na

construccedilatildeo do conhecimento elas satildeo denominadas mediadores A interaccedilatildeo ocorre

tambeacutem por meio de teacutecnicas materiais e instrumentos psicoloacutegicos oferecidos pela

cultura Para Vigotski (1998 p 112) a mediaccedilatildeo eacute explicada por meio do conceito de

Zona de Desenvolvimento Proximal que

[] eacute a distacircncia entre o niacutevel de desenvolvimento real que se costuma

determinar atraveacutes da soluccedilatildeo independente de problemas e o niacutevel de

desenvolvimento potencial determinado atraveacutes da soluccedilatildeo de problemas sob

a orientaccedilatildeo de um adulto ou em colaboraccedilatildeo com companheiro mais

capazes

Em outras palavras a Zona de Desenvolvimento Real eacute quando o aluno

consegue resolver determinado problema sozinho Zona de Desenvolvimento

Potencial eacute quando o aluno necessita de auxiacutelios mediadores para construir uma

compreensatildeo sobre algum conceito Jaacute a Zona de Desenvolvimento Proximal eacute o

estaacutegio intermediaacuterio com sucessivos avanccedilos e retrocessos ao longo do processo

educativo

Semelhante ao conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal e os processos

de ensino-aprendizagem de Geografia nos anos iniciais do EF apontamos os

mediadores que nesse caso eacute representado pelo professor os colegas e os recursos

didaacuteticos24 (no caso desta pesquisa os mapas mentais) que podem influenciar na

educaccedilatildeo escolar O professor nesse processo ganha importacircncia significativa pois eacute

sua tarefa problematizar e criar situaccedilotildees de aprendizagem Os alunos por sua vez satildeo

motivados a interpretar analisar levantar hipoacuteteses propor soluccedilotildees e representar as

dinacircmicas do espaccedilo geograacutefico orientaccedilotildees expressas nos PCN (BRASIL 1997)

Portanto segundo Cavalcanti (2014) na relaccedilatildeo entre desenvolvimento e

aprendizagem os instrumentos mediadores e a situaccedilatildeo de ensino-aprendizagem

possibilita o desenvolvimento do pensamento nas praacuteticas escolares destacando-se

entre os instrumentos a linguagem De acordo com a interpretaccedilatildeo de Rego sobre o

24 Entendemos que satildeo diversos os recursos didaacuteticos (instrumentos mediadores) utilizados como aporte

para as aulas de Geografia Eles correspondem aos jaacute tradicionalmente conhecidos e utilizados no espaccedilo

escolar (livro didaacutetico atlas caderno) e outros utilizados no cotidiano dos alunos (raacutedio televisatildeo

jornais revistas computador internet etc) Apoiamos a diversidade desses recursos para a praacutetica de

ensino possibilitando diferentes caminhos para o professor atingir seus objetivos em sala de aula

61

trabalho de Vigotski a linguagem confere trecircs mudanccedilas essenciais nos processos

psiacutequicos do homem

A primeira relaciona-se ao fato de que a linguagem permite lidar com os

objetos do mundo exterior mesmo quando eles estatildeo ausentes [] A segunda

refere-se ao processo de abstraccedilatildeo e generalizaccedilatildeo que a linguagem

possibilita [] a linguagem natildeo somente designa os elementos presentes na

realidade mas tambeacutem fornece conceitos e modos de ordenar o real em

categorias conceituais [] A terceira estaacute associada agrave funccedilatildeo de

comunicaccedilatildeo entre os homens que garante como consequecircncia a preservar

transmissatildeo e assimilaccedilatildeo de informaccedilotildees e experiecircncias acumuladas pela

humanidade ao longo da histoacuteria (REGO 1995 p 53 ndash 54)

Aleacutem disso haacute outro pressuposto relativo ao estudo de Vigotski para aplicaccedilotildees

no contexto escolar Satildeo na interaccedilatildeo com o meio que o sujeito desenvolve conceitos

espontacircneos e depois na escola mediados pelo professor conceitos cientiacuteficos O

primeiro corresponde aos conhecimentos construiacutedos na experiecircncia pessoal cotidiana

concreta O conceito cientiacutefico eacute o conhecimento construiacutedo ao longo da histoacuteria que eacute

disponibilizado pela educaccedilatildeo escolar por meio de um ensino sistemaacutetico (REGO

1995)

Esclarecendo um pouco mais estes conceitos Rego (1995 p 77) afirma que

Os conceitos cotidianos referem-se agravequeles conceitos construiacutedos a partir da

observaccedilatildeo manipulaccedilatildeo e vivencia direta da crianccedila [] Os conceitos

cientiacuteficos se relacionam agravequeles eventos natildeo diretamente acessiacuteveis agrave

observaccedilatildeo ou accedilatildeo imediata da crianccedila satildeo os conhecimentos

sistematizados adquiridos nas interaccedilotildees escolarizadas

Richter (2010) discute a importacircncia da construccedilatildeo desses conceitos espontacircneos

e cientiacuteficos para o desenvolvimento do raciociacutenio geograacutefico Aleacutem disso relaciona os

estudos de Vigotski agrave compreensatildeo da linguagem cartograacutefica o desenvolvimento da

aprendizagem neste caso eacute mediado pelo uso do mapa mental Resgatamos

sumariamente as ideias de Vigotski a respeito da construccedilatildeo dos conceitos e como

entendemos esse processo para explicaccedilatildeo do uso das noccedilotildees para o ensino de

Geografia

Para Vigotski segundo expotildee Friedrich (2012) o desenvolvimento da

linguagem pela crianccedila eacute distinguido em trecircs fases no processo de formaccedilatildeo de

conceitos A primeira fase corresponde agrave formaccedilatildeo dos sincreacuteticos a segunda eacute a do

pensamento por complexos nessa fase haacute um momento chamado de pseudoconceito e

por uacuteltimo o verdadeiro conceito (conceito cientiacutefico)

Na formaccedilatildeo dos sincreacuteticos ldquo[] a crianccedila designa diferentes objetos

utilizando a mesma palavrardquo (FRIEDRICH 2012 p 91) Nesse processo de

62

desenvolvimento cognitivo da crianccedila ela pode utilizar a mesma palavra (entendida

aqui como imagem) para situaccedilotildees distintas em decorrecircncia de seu caraacuteter difuso e

aleatoacuterio O que haacute eacute uma utilizaccedilatildeo funcional da imagem independentemente do

contexto ao qual se encontra

Ao relacionar a formaccedilatildeo da imagem sincreacutetica as representaccedilotildees dos mapas

mentais Richter (2010 p 72) adverte que o aluno embora observe o meio ou em outro

caso jaacute tenha estudado outros modelos de representaccedilatildeo

[] natildeo consegue discernir os contextos que satildeo responsaacuteveis pela sua

configuraccedilatildeo [espacial] Ou seja produz um mapa em que todos os elementos

representados natildeo apresentam diferenccedilas Por exemplo natildeo entende que uma

aacutervore pode ser mais velha que um preacutedio abandonado Mas ao cruzar

determinadas informaccedilotildees como a localizaccedilatildeo de alguns objetos ou a anaacutelise

temporal transforma essa imagem complexa numa leitura mais criteriosa

Os complexos pensamento e linguagem satildeo desenvolvidos pelas crianccedilas

possibilitando a compreensatildeo de relaccedilotildees objetivas existentes entre o mapa mental e o

mundo real tomando a representaccedilatildeo como fonte de conhecimento do mundo (natildeo)

conhecido O mapa mental por exemplo eacute observado como aproximaccedilatildeo da

representaccedilatildeo espacial do mapa existente do Brasil Isso ocorre por conter criteacuterios

miacutenimos de comunicaccedilatildeo que podem ou natildeo ter alguma relaccedilatildeo aos modelos

tradicionalmente expressos pela ciecircncia geograacutefica (tema legenda tiacutetulo uso de signos

orientaccedilatildeo espacial) Devemos compreender que

A organizaccedilatildeo do pensamento por complexo ajuda a crianccedila na interpretaccedilatildeo

do mundo e assim na sua representaccedilatildeo Neste momento o mapa deixa de

ser um amontoado de objetos para representar fenocircmenos especiacuteficos que

mesmo tendo alguns niacuteveis de complexidade natildeo compatiacuteveis com a

cogniccedilatildeo da crianccedila ela jaacute eacute capaz de estabelecer criteacuterios de seleccedilatildeo Assim

o mapa construiacutedo comeccedila a ser analisado como um meio de comunicaccedilatildeo

entre o que a crianccedila observa no mundo no seu meio e no que eacute possiacutevel

expressar nele (RICHTER 2010 p 73)

Por meio dos complexos e do agrupamento de ligaccedilotildees entre os objetos e

fenocircmenos estudados surge no final da segunda fase o pseudoconceito Essa fase eacute

significativa visto que ele eacute o antecessor ao verdadeiro conceito correspondendo como

elo ao conceito cientiacutefico O pseudoconceito segundo as observaccedilotildees de Friedrich

(2012) ainda natildeo eacute o proacuteprio conceito muito embora as bases de abstraccedilatildeo da palavra

as possiacuteveis semelhanccedilas e agrupamentos sejam levados em consideraccedilatildeo pela crianccedila

O pseudoconceito quando relacionado agraves atividades voltadas aos mapas mentais

compreende em um estaacutegio onde as crianccedilas conseguem desenvolver interpretaccedilotildees e

representaccedilotildees proacuteximas a compreensatildeo dos adultos embora natildeo tenha desenvolvido

autonomia ou habilidade cognitiva suficiente para desenvolver o processo sem o auxiacutelio

63

da mediaccedilatildeo de outros sujeitos colegas ou professor (RICHTER 2010) A terceira fase

eacute a de formaccedilatildeo de conceito cientiacuteficos anteriormente explicados

Diferentemente de Richter (2010) que realiza sua pesquisa com alunos do

ensino meacutedio observamos que por diferentes razotildees (formaccedilatildeo do professor de

Pedagogia tempo de aula destinado a disciplina de Geografia metodologia e recursos

empregados etc) natildeo haacute o ensino-aprendizagem do conceito propriamente dito nos

anos iniciais do EF mas o de noccedilotildees referentes agrave ciecircncia geograacutefica Entendemos as

noccedilotildees de Geografia como o processo inicial de construccedilatildeo de conhecimentos baacutesicos

dessa ciecircncia na escola O quadro 2 sintetiza esse modelo

QUADRO 2 - AS NOCcedilOtildeES COMO PROCESSO DE FORMACcedilAtildeO DOS CONCEITOS

CIENTIacuteFICOS

Fonte Friedrich (2012) e Richter (2010)

Baseado nesse modelo eacute apontado que as noccedilotildees devem estar niacutetidas enquanto

conceitos cientiacuteficos na compreensatildeo dos professores Para os alunos as noccedilotildees de

Geografia se apresentam enquanto condiccedilotildees iniciais de raciociacutenio e abstraccedilatildeo dos

conhecimentos referentes a essa ciecircncia em outros termos ldquo[] natildeo significa apenas

generalizar colocar junto agraves coisas no mundo mas pensar o mundo o que pode

conduzir a ligaccedilotildees entre as coisas no mundo que natildeo satildeo ligaccedilotildees fatuaisrdquo

(FRIEDRICH 2012 p 95)

Desenvolve autonomia e

habilidade cognitiva para

uma interpretaccedilatildeo mais

aprofundada

Pensamento por

complexos

Caraacuteter difuso e aleatoacuterio

Conceitos cientiacuteficos

Sincreacuteticos

Des

envolv

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F

Pensamento linguagem ndash

representa fenocircmenos

especiacuteficos

Pseudoconceito

Aproxima-se da

compreensatildeo dos adultos

64

Portanto as noccedilotildees podem passar por todas as fases da construccedilatildeo do conceito

cientiacutefico (sincreacuteticos pensamento por complexos e pseudoconceitos) Entretanto natildeo

haacute a garantia da formaccedilatildeo de conceitos tampouco dos pseudoconceitos tendo em vista

que o conceito cientiacutefico na maioria das vezes natildeo eacute alcanccedilado nos anos iniciais do EF

As noccedilotildees auxiliam os fundamentos para compreensatildeo das relaccedilotildees espaciais e temas

geograacuteficos viabilizando o aluno a progredir em seus estudos

Entender a linguagem mediante as ideias expressas por Vigostki eacute observar que

ela eacute uma construccedilatildeo social e que se desenvolve ao longo da vida Adicionamos a esta

interpretaccedilatildeo a proposta de Bakhtin (2012) que entende a linguagem como um

fenocircmeno social da interaccedilatildeo verbal Buscamos nesse processo observar como as

noccedilotildees de Geografia expressam sentido na representaccedilatildeo por meio dos mapas mentais

Bakhtin (2012) contesta as teses empregadas sobre a linguagem a liacutengua com

influecircncia histoacuterica da filologia que desconsiderou o enunciado e o contexto

transformando-a em um monologo morto com enunciaccedilatildeo fechada isolada Esse autor

afirma que a liacutengua eacute viva e natildeo pertence a um sistema abstrato de normas possui um

contexto soacutecio-histoacuterico A linguagem eacute vista a partir da interaccedilatildeo entre os sujeitos

envolvidos numa praacutetica social Assim

A verdadeira substacircncia da liacutengua [] eacute constituiacuteda [] pelo fenocircmeno social

da interaccedilatildeo verbal realizada atraveacutes da enunciaccedilatildeo ou das enunciaccedilotildees A

interaccedilatildeo verbal constitui assim a realidade fundamental da liacutengua [] Mas

pode-se compreender a palavra ldquodiaacutelogordquo num sentido amplo isto eacute natildeo

apenas com a comunicaccedilatildeo em voz alta de pessoas colocadas face a face

mas toda comunicaccedilatildeo verbal de qualquer tipo que seja (BAKHTIN 2012

p127)

O conceito de dialogismo e interaccedilatildeo verbal estatildeo diretamente ligados pois se

apresentam enquanto sustentaccedilatildeo do processo de produccedilatildeo dos discursos em outras

palavras eacute agrave base da proacutepria linguagem Portanto para Bakhtin (2012) todos os

interlocutores envolvidos no processo apresentam o mesmo grau de importacircncia visto

que todo enunciado eacute uma reacuteplica uma resposta a enunciados passados e possiacuteveis

enunciados que venham a ser produzidos De modo simultacircneo a uma resposta todo o

enunciado se configura tambeacutem em uma indagaccedilatildeo em uma pergunta a outros

possiacuteveis enunciados25

25Para Bakhtin (2012) o enunciado eacute um diaacutelogo que se produz em um contexto que eacute sempre social entre

duas pessoas socialmente organizadas Estabelece relaccedilotildees com a realidade dialoacutegica entre o falante e o

ouvinte

65

Nessas condiccedilotildees Freitas (2000 p 135) entende que ldquotoda enunciaccedilatildeo tem pois

dois aspectos o linguumliacutestico [sic] que eacute reiterativo e se refere a um objeto preacute-existente e

o contextual que eacute uacutenico tendo como referecircncia novos enunciadosrdquo Portanto no caso

do uso dos mapas mentais entendemos que ele sempre seraacute relativo a um modelo preacute-

existente seja a imagem mental que o aluno tem do mundo ou uma construccedilatildeo jaacute

sistematiza atraveacutes dos mapas existentes possibilitando (re) significar sua compreensatildeo

acerca do espaccedilo geograacutefico26

Nesse sentido Jobim e Souza (1994) demonstram que a visatildeo bakhtiniana propotildee

que as relaccedilotildees dialoacutegicas satildeo particulares elas natildeo podem ser reduzidas agraves reacuteplicas de

um diaacutelogo real Decorre que estas relaccedilotildees dialoacutegicas satildeo amplas heterogecircneas e

complexas Dois enunciados de lugar e ou tempo diferente quando confrontados em

relaccedilatildeo ao seu sentido podem resultar em uma relaccedilatildeo dialoacutegica Estas constituem

relaccedilatildeo de sentido quer seja no discurso de um diaacutelogo real e especiacutefico (espaccedilo vivido)

como no acircmbito plural das ideias desenvolvidas pela ciecircncia em espaccedilos e tempos

distintos27

O tema e a construccedilatildeo das noccedilotildees geograacuteficas satildeo conforme a interpretaccedilatildeo dos

estudos de Bakhtin e Vigotski algo exterior ao sujeito O aluno natildeo eacute o criador por

excelecircncia do saber geograacutefico do produto cartograacutefico mas um (re) contextualizador

dessa histoacuteria (Re) contextualiza para compreender No ato da mediaccedilatildeo aprimora

suas teacutecnicas contextualiza novos conhecimentos memoriza esquece inventa

descobre deixa de acreditar em fantasias e estoacuterias como consequecircncia

Nenhum falante eacute o primeiro a falar sobre o toacutepico de seu discurso O falante

natildeo eacute o Adatildeo biacuteblico que nomeia o mundo pela primeira vez Cada um de noacutes

encontra um mundo que jaacute foi articulado elucidado avaliado de muitos

modos diferentes mdash jaacute-falado por algueacutem Ao usar as palavras para falar

sobre um determinado toacutepico encontramo-nos jaacute habitado por outras falas de

outras pessoas Para Bakhtin a linguagem nunca estaacute completa ela eacute uma

26 Compreendemos que os mapas mentais podem se aproximar em sua configuraccedilatildeo dos mapas

existentes mas isso natildeo eacute a intenccedilatildeo primeira O que procuramos explicar eacute que a imagem espacial acerca

do espaccedilo geograacutefico eacute apresentada ao aluno de diferentes formas seja ela a partir de suas proacuteprias

experiecircncias cotidianas assim como por abstraccedilotildees (mapas) utilizadas pelas diferentes esferas sociais

Isto influecircncia a percepccedilatildeo de mundo dos estudantes podendo ser re-significada na escola mediante o

processo de ensino-aprendizagem de Geografia 27

Haacute uma diferenccedila expressa que distingue significado e sentido nas obras de Bakhtin segundo Freitas

(2000 p 136) o ldquosignificado refere-se ao significado abstrato dicionarizado que eacute reconhecido pelos

linguumlistas [sic] [] O sentido exige uma compreensatildeo ativa mais complexa em que o ouvinte aleacutem de

decodificar relaciona o que estaacute sendo dito com o que ele estaacute presumindo e prepara uma resposta ao

enunciadordquo

66

tarefa um projeto sempre caminhando e sempre inacabado (JOBIM E

SOUZA 1994 p 99)

No contexto escolar o aluno ao produzir um mapa mental entendido por Kozel

(2005 2008) como enunciado sempre leva em consideraccedilatildeo o outro (colegas e

professor e a proacutepria condiccedilatildeo social ao que estaacute inserido) natildeo de forma passiva mas

sobretudo como sujeito que participa de maneira ativa Eacute a partir dessa corrente

comunicativa de enunciados concretos que a linguagem no sentido bakhtiniano se

define como dialoacutegica Um dos fatos que possibilita o uso da concepccedilatildeo bakhtiniana

para interpretaccedilatildeo dos mapas mentais eacute que

A especificidade das relaccedilotildees dialoacutegicas precisa de uma abordagem que

considere os aspectos metalinguumliacutesticos [sic] que constituem qualquer

enunciado e que natildeo satildeo redutiacuteveis agraves relaccedilotildees loacutegicas da liacutengua Embora as

relaccedilotildees loacutegicas na liacutengua sejam evidentes e necessaacuterias elas natildeo esgotam

toda a complexidade presente nas relaccedilotildees dialoacutegicas (JOBIM E SOUZA

1994 p 100)

Jobim e Souza oferece outras pistas para compreendermos a funccedilatildeo dos mapas

mentais a autora ao referir-se aos estudos de Bakhtin elucida que ldquoas relaccedilotildees

dialoacutegicas pressupotildeem a liacutengua como sistema mas natildeo existem propriamente no

sistema da liacutenguardquo (JOBIM E SOUZA 1994 p 101) portanto natildeo apenas a expressatildeo

verbal poderaacute constituir um sistema linguiacutestico mas tambeacutem as natildeo-verbais como a

libras desenho e os mapas mentais

Teixeira (2001) ao estudar os mapas mentais explica que eles constituem um

discurso que emprega uma variedade de signos expressos em forma de enunciado

constituindo novas formas de linguagem destaca que

Eacute atraveacutes de nossa capacidade de combinar signos que desenvolvemos nossa

capacidade semioacutetica pois os sistemas de signos satildeo sobretudo conjuntos

heterogecircneos Com base nessas consideraccedilotildees podemos entender a

importacircncia dessa abordagem para a anaacutelise das representaccedilotildees elaboradas

atraveacutes dos mapas mentais (TEIXEIRA 2001 p 273)

Como exemplo Teixeira (2001) estuda o slogan ldquoCuritiba Capital ecoloacutegicardquo

enquanto um signo de representaccedilatildeo social da cidade de Curitiba ndash PR Os mapas

mentais realizados em sua pesquisa observam a percepccedilatildeo da imagem ambiental de

Curitiba criada pela sociedade dividindo a interpretaccedilatildeo em duas esferas de um lado

como uma urbanizaccedilatildeo organizada e por outro com problemas como favelizaccedilatildeo

poluiccedilatildeo entre outros

67

O enunciado portanto pode se contradizer mas natildeo discordar Isto soacute eacute possiacutevel

quando ocorre as interaccedilotildees do sistema linguiacutestico com a realidade satildeo as interaccedilotildees

que datildeo o caraacuteter de verdadeiro falso belo etc O mapa mental enquanto um recurso

visual tambeacutem eacute carregado desta relaccedilatildeo dialoacutegica possui interaccedilotildees de signos que

dialogam com a realidade espacial vivida e ou conhecida pelo aluno durante suas

praacuteticas estudantis e sociais

Explica Barros (2012) que o signo eacute carregado de um conteuacutedo valor ideoloacutegico

ou vivencial possui tambeacutem caraacuteter mediador operador (realiza) e conversor (altera) as

relaccedilotildees sociais e percepccedilotildees A atividade do signo eacute para Vigotski e Bakhtin um

processo de mudanccedila do proacuteprio sujeito sobre outros e a cultura Admite Barros (2012)

que para Vigotski a palavra eacute sempre comando e Bakhtin desfaz a dicotomia entre

linguagem e praacutetica social Como conclusatildeo ao uso do signo nessa perspectiva

Os signos soacute podem existir onde os indiviacuteduos estejam socialmente

organizados formando grupos ou sociedades organizadas natildeo sendo possiacutevel

serem construiacutedos apenas na intermediaccedilatildeo entre dois elementos ou coisas

quaisquer Eacute necessaacuterio que exista a materialidade social para que haja a

exteriorizaccedilatildeo do signo tornando-o objeto concreto de estudo garantindo-lhe

sua convencionalizaccedilatildeo e garantindo sua utilizaccedilatildeo como signo (TEIXEIRA

2001 p 269)

Consideramos que o mapa mental ao se constituir em um fator de caracterizaccedilatildeo

para a linguagem cartograacutefica possui funccedilatildeo de enunciado da mesma forma como

Bakhtin valoriza a enunciaccedilatildeo na fala afirmando sua natureza social o mapa mental estaacute

relacionado agraves condiccedilotildees da comunicaccedilatildeo que por sua vez estatildeo sempre ligadas agraves

estruturas sociais Essa comunicaccedilatildeo envolve no miacutenimo dois sujeitos o sujeito

destinador (mapeador) e o destinataacuterio (leitor de mapa) mas

[] o vivido soacute se semiotiza quando eacute expresso em caso contraacuterio natildeo seraacute

uma experiecircncia humana mas uma mera resposta fisioloacutegica a um estiacutemulo

do meio que natildeo se diferenciaria do animal Portanto expressar externar um

enunciado eacute um produto das inter-relaccedilotildees sociais (KOZEL 2008 p 74)

Concluindo nossos apontamentos sobre as consideraccedilotildees de Bakhtin

ressaltamos que o mapa mental pode ser considerado mais que um veiacuteculo de

comunicaccedilatildeo entre os sujeitos a materializaccedilatildeo do proacuteprio conhecimento cientiacutefico

aprendido coletivamente em condiccedilotildees escolares Apresenta natildeo apenas sinais relativos

ao sujeito que aprende mas refletem sobre as ideologias criadas pela sociedade

contrapondo e ressignificando as experiecircncias cotidianas do sujeito que vive e do

conhecimento cientiacutefico que aprende com o auxiacutelio dos mediadores escolares

68

Dessa maneira com base nas reflexotildees acima entende-se o mapa mental como

um recurso didaacutetico para a comunicaccedilatildeo (carto)graacutefica dos espaccedilos que vivenciamos em

nosso dia a dia ou cartograficamente puacuteblicos como o mapa mundo Ao tornar possiacutevel

ensaiar comportamentos espaciais na mente torna-se um instrumento mnemocircnico

Quando expresso no papel os mapas mentais satildeo instrumentos para estruturar e

armazenar o conhecimento apreendido no processo de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica

Desta forma buscamos nos proacuteximos capiacutetulos aprofundar a possibilidade de

uma alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica relacionada agrave linguagem por meio dos mapas mentais

pensando as praacuteticas de Ensino de Geografia nos anos iniciais do EF Aleacutem disso

descrevemos e explicamos o percurso metodoloacutegico da pesquisa a escola escolhida os

sujeitos e instrumentos de pesquisa que corroboram com nossa investigaccedilatildeo

69

2 ITINERAacuteRIO DA PESQUISA E SEUS ENCAMINHAMENTOS

METODOLOacuteGICOS

Antes de explicarmos os procedimentos de nossa pesquisa eacute necessaacuteria uma

ressalva a respeito de sua metodologia Ao iniciarmos nossa investigaccedilatildeo realizamos

duas pesquisas-piloto nos anos iniciais do EF uma na Escola Municipal Luacutecia de

Faacutetima Gayoso Meira Campina Grande ndash PB no ano de 2013 e a outra na Escola de

Aplicaccedilatildeo da Universidade Federal de Goiaacutes em Goiacircnia ndash GO em 2014 (ambas em

turmas do 5ordm ano) Nestas ocasiotildees a proposta metodoloacutegica para esta dissertaccedilatildeo era a

pesquisa-accedilatildeo

Durante a qualificaccedilatildeo desta pesquisa a metodologia pesquisa-accedilatildeo foi

questionada no que corresponde ao criteacuterio ldquotempordquo haja vista que a pesquisa-accedilatildeo

ldquo[] eacute singular e define-se por uma situaccedilatildeo precisa concernente a um lugar a pessoas

a um tempo a praacuteticas e a valores sociais e agrave esperanccedila de mudanccedilardquo (BARBIER 2007

p 119) Nossas pesquisas-piloto ateacute o momento haviam sido pontuais (dois meses em

meacutedia) e com puacuteblicos de realidade distintos o que natildeo resultaria em ldquoesperanccedila de

mudanccedilardquo ou seja das soluccedilotildees de problemas referentes agrave proposta de alfabetizaccedilatildeo

cartograacutefica

Buscamos outras propostas metodoloacutegicas que permitissem contribuir com o

desenvolvimento da investigaccedilatildeo realizando consequentemente uma uacuteltima pesquisa

a qual deu base para as anaacutelises registradas neste trabalho Consequentemente ao

estudarmos o artigo ldquoO que eacute um estudo de caso qualitativo em educaccedilatildeo28rdquo escrito por

Andreacute (2013) compreendemos as criacuteticas relacionadas a uma tipificaccedilatildeo da pesquisa em

educaccedilatildeo sem uma reflexatildeo aprofundada A respeito dessas consideraccedilotildees expotildeem

Andreacute (2013 p 96)

O que parece estar presente na cultura acadecircmica pelo menos para o poacutes-

graduando eacute uma convicccedilatildeo de que eacute necessaacuterio e obrigatoacuterio dar um nome a

sua pesquisa Acontece que nem sempre existe uma classe ndash ou tipificaccedilatildeo ndash

em que se pode enquadrar a pesquisa

A autora completa seus argumentos ressaltando que

28

ANDREacute Marli O que eacute um estudo de caso qualitativo em educaccedilatildeo Revista da FAEEBA - Educaccedilatildeo

e Contemporaneidade Salvador v 22 n 40 2013 p 95 ndash 103 Disponiacutevel em

lthttpwwwrevistasunebbrindexphpfaeebaarticleview753gt Acesso em 15102014

70

Na perspectiva das abordagens qualitativas natildeo eacute a atribuiccedilatildeo de um nome

que estabelece o rigor metodoloacutegico da pesquisa mas a explicitaccedilatildeo dos

passos seguidos na realizaccedilatildeo da pesquisa ou seja a descriccedilatildeo clara e

pormenorizada do caminho percorrido para alcanccedilar os objetivos com a

justificativa de cada opccedilatildeo feita Isso sim eacute importante porque revela a

preocupaccedilatildeo com o rigor cientiacutefico do trabalho ou seja se foram ou natildeo

tomadas as devidas cautelas na escolha dos sujeitos dos procedimentos de

coleta e anaacutelise de dados na elaboraccedilatildeo e validaccedilatildeo dos instrumentos no

tratamento dos dados (ANDREacute 2013 p 96)

Entendemos que uma pesquisa acadecircmica natildeo necessariamente deve estar

relacionada a uma tipificaccedilatildeo de pesquisa o que interessa satildeo os procedimentos que

conduziram a investigaccedilatildeo e a clareza para compreensatildeo do leitor Procurando natildeo

cometer os mesmos erros resolvemos entatildeo destacar a abordagem qualitativa

recorrendo a alguns procedimentos utilizados durante as pesquisas-piloto ao qual

daremos maior enfoque a seguir

21 CARACTERIZACcedilAtildeO DA METODOLOGIA DA PESQUISA

Segundo Gil (1999) uma investigaccedilatildeo cientiacutefica requer um processo formal e

sistemaacutetico de desenvolvimento do meacutetodo de investigaccedilatildeo Na busca por soluccedilotildees para

determinado problema o pesquisador adota uma seacuterie de procedimentos permitindo

colaborar com novos conhecimentos acerca do objeto pesquisado Quando nos

referimos as Ciecircncias Sociais fica claro que o comportamento humano eacute complexo

Tambeacutem mais mutaacutevel que os fenocircmenos fiacutesicos (rochas minerais etc) dessa forma

opccedilotildees metodoloacutegicas necessitam ser realizadas

Seguindo as observaccedilotildees do paraacutegrafo anterior concordamos com Oliveira

(2007 p 43) quando caracteriza a metodologia como

[] um processo que se inicia desde a disposiccedilatildeo inicial de se escolher um

determinado tema para pesquisar ateacute a anaacutelise dos dados com as

recomendaccedilotildees para minimizaccedilatildeo ou soluccedilatildeo do problema pesquisado

Portanto metodologia eacute um processo que engloba um conjunto de meacutetodos e

teacutecnicas para ensinar analisar conhecer a realidade e produzir novos

conhecimentos

Oliveira (2007) e Gil (1999) afirmam que a pesquisa eacute um processo de

desenvolvimento do conhecimento cientiacutefico e por meio dela novas descobertas e

avanccedilos na realidade social podem ser realizados Para Oliveira (2007) eacute indispensaacutevel

que o pesquisador tenha afinidade pelo tema investigado e que esteja relacionado agrave vida

e experiecircncias do cientista A proximidade com o tema possibilita o conhecimento da

71

gecircnese do problema crescimento pessoal e possiacuteveis contribuiccedilotildees Em virtude dessas

palavras eacute importante revelar as circunstacircncias que nos aproximam da aacuterea da

Cartografia Escolar

Durante a graduaccedilatildeo em licenciatura em Geografia os estudos relacionados agrave

Cartografia jaacute me despertava interesse levando-me a participar enquanto monitor da

disciplina ldquoCartografia Baacutesica Irdquo na Universidade Estadual da Paraiacuteba Campus

Campina Grande Outra experiecircncia em projeto de extensatildeo inquietou-me

pesquisaacutevamos o uso de recursos geotecnoloacutegicos nas praacuteticas de ensino de Geografia

Como resultado decidi investigar o uso das geotecnologias (entre elas a Cartografia

digital) com alunos dos anos iniciais do EF29

Portanto o interesse sobre ensino de Geografia e Cartografia Escolar se estende

ao desenvolvimento desta dissertaccedilatildeo Neste vieacutes eacute necessaacuterio identificar as opccedilotildees

realizadas principalmente ao que se refere aos paracircmetros metodoloacutegicos Escolhemos

enquanto orientaccedilatildeo de pesquisa a abordagem qualitativa que

[] pode ser caracterizada como sendo uma tentativa de explicar em

profundidade o significado e as caracteriacutesticas do resultado das informaccedilotildees

obtidas atraveacutes de entrevistas ou questotildees abertas sem a mensuraccedilatildeo

quantitativa de caracteriacutesticas ou comportamento (OLIVEIRA 2007 p 59)

Aleacutem disso eacute possiacutevel destacar outras caracteriacutesticas da pesquisa qualitativa

como descrever a complexidade de problemas e hipoacuteteses compreender e classificar

grupos sociais contribuir no processo de mudanccedila criar grupos com a finalidade de

interpretaccedilatildeo das particularidades e dos comportamentos e atitudes dos sujeitos (GIL

1999 OLIVEIRA 2007) Segundo as orientaccedilotildees de Oliveira (2007 p 59) e Godoy

apud Neves (1996 p 01) a abordagem qualitativa segue algumas situaccedilotildees de pesquisa

29 O projeto de extensatildeo intitulado ldquoPotencialidades da utilizaccedilatildeo de geotecnologias como recursos

didaacuteticos no ensino-aprendizagem de Geografiardquo foi coordenado pela Prof Drordf Josandra Arauacutejo Barreto

de Melo O projeto visava capacitar os alunos da Escola Normal de Campina Grande denominados de

formandos (profissionais formados para atuarem na Educaccedilatildeo Infantil e anos iniciais do Ensino

Fundamental) a utilizarem geotecnologias (sites e softwares como o google earth) atraveacutes da criaccedilatildeo de

situaccedilotildees de ensino-aprendizagem geograacuteficas Apoacutes essa experiecircncia no ano de 2012 realizei uma

investigaccedilatildeo sobre as potencialidades dos recursos geotecnoloacutegicos para as aulas de Geografia

especificamente com alunos do 5ordm ano da Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira A monografia

eacute intitulada ldquoEnsino de Geografia no Ensino Fundamental I o uso de recursos geotecnoloacutegicos e de novas

metodologias de ensino-aprendizagemrdquo Em ambas as experiecircncias encontramos dificuldades na

execuccedilatildeo da proposta seja por falta do laboratoacuterio de informaacutetica desconhecimento sobre teacutecnicas da

informaacutetica (por professores e ou alunos) ou dos procedimentos metodoloacutegicos e conceituais da

Geografia

72

que se converge em cinco aspectos os quais relacionaram com as justificativas e

contextos desta dissertaccedilatildeo

1 Necessidade de substituir informaccedilotildees estatiacutesticas30 por quadros

qualitativos investigar fatos em novos contextos ou quando haacute pouca

informaccedilatildeo sobre determinado tema Esse dado justifica a intenccedilatildeo de

pesquisar o uso dos mapas mentais em contexto escolar com alunos dos anos

iniciais do EF em decorrecircncia do pouco referencial teoacuterico e uma proposta

metodoloacutegica sobre o uso de esboccedilos cartograacuteficos livres no referido periacuteodo de

escolarizaccedilatildeo

2 As observaccedilotildees qualitativas satildeo indicadores de estruturas sociais Ao

realizar a nossa pesquisa nas turmas de 4ordm e 5ordm ano do EF utilizamos como

estrateacutegia a observaccedilatildeo participante registrando fatos e fenocircmenos encontrados

em campo realizando descriccedilotildees acerca das aulas de Geografia ministradas

3 Compreender aspectos psicoloacutegicos cujos dados natildeo podem ser coletados

por outros meacutetodos de investigaccedilatildeo Neste quesito foi verificada a

complexidade do processo de ensino-aprendizagem de Geografia

especialmente das praacuteticas que envolvem a Cartografia Escolar necessitando de

uma compreensatildeo do contexto da escola das leituras de mundo dos alunos sobre

os mapas mentais produzidos e da apreensatildeo das professoras

4 O significado que as pessoas datildeo as coisas e a sua vida como preocupaccedilatildeo

para o investigador Valorizamos em nossa pesquisa natildeo apenas os mapas

mentais enquanto produto final mas o processo de produccedilatildeo das representaccedilotildees

pelos alunos Procuramos dialogar e observar os contextos em sala de aula

procurando buscar soluccedilotildees para o ensino-aprendizagem de Geografia com as

turmas com as quais trabalhamos Aleacutem disso procuramos ressaltar a

importacircncia da Geografia para o cotidiano dos alunos

5 Enfoque indutivo Partimos de uma realidade particular para o

desenvolvimento da pesquisa uma escola municipal a qual seraacute apresentada

posteriormente efetivando nesse processo (novas) propostas correspondentes a

30 Para Oliveira (2007 p 58) eacute possiacutevel ldquo[] utilizar dados quantitativos em uma pesquisa qualitativa

visto que face ao novo paradigma da ciecircncia contemporacircnea no processo de construccedilatildeo do conhecimento

(epistemologia) deve-se incluir a descriccedilatildeo de todos os fenocircmenos []rdquo

73

praacuteticas com os mapas mentais e ateacute mesmo observando seus (in) sucessos em

sala de aula

Tendo as situaccedilotildees descritas anteriormente como pontos norteadores do estudo

foi necessaacuterio tambeacutem recorremos a outros gecircneros de pesquisa com a intenccedilatildeo de (1)

empregar procedimentos utilizados em pesquisas-piloto anteriores os quais os

resultados demonstraram-se positivos e (2) Ampliar as fontes de dados relacionadas aos

resultados da investigaccedilatildeo Nestas condiccedilotildees os meacutetodos seguidos pela abordagem

qualitativa estudo de caso a pesquisa participativa e a pesquisa-accedilatildeo serviram como

guias para refinarmos outros procedimentos

Relata Gil (1999) e Oliveira (2007) que a pesquisa participativa requer

compromisso espiacuterito de solidariedade e comunhatildeo entre o pesquisador e a populaccedilatildeo

da comunidade em que eacute realizado o estudo De acordo com Oliveira (2007 p 75) a

pesquisa participativa eacute uma ldquo[] modalidade de pesquisa [que] eacute realizada em

comunidades carentes ou com grupos desfavorecidos como operaacuterios iacutendios e

camponeses entre outrosrdquo Aleacutem disso procura uma associaccedilatildeo entre uma accedilatildeo para

soluccedilatildeo de um problema coletivo desenvolvendo autonomia dos sujeitos pesquisados a

uma exterioridade poliacutetica econocircmica administrativa por exemplo (GIL 1999)

A pesquisa-accedilatildeo assim como a pesquisa participativa eacute caracterizada pela

participaccedilatildeo do pesquisador no contexto social investigado A metodologia eacute definida

por Engel (2000 p 182) como

[] um tipo de pesquisa participante engajada em oposiccedilatildeo agrave pesquisa

tradicional que eacute considerada como ldquoindependenterdquo ldquonatildeo-reativardquo e

ldquoobjetivardquo Como o proacuteprio nome jaacute diz a pesquisa-accedilatildeo procura unir a

pesquisa agrave accedilatildeo ou praacutetica isto eacute desenvolver o conhecimento e a

compreensatildeo como parte da praacutetica Eacute portanto uma maneira de se fazer

pesquisa em situaccedilotildees em que tambeacutem se eacute uma pessoa da praacutetica e se deseja

melhorar a compreensatildeo desta

No desenvolvimento da pesquisa-accedilatildeo assim como da pesquisa participativa se

busca a accedilatildeo efetiva dos membros para a realizaccedilatildeo de determinada atividade com o

objetivo da conscientizaccedilatildeo social trabalhista ou educacional por exemplo No caso da

Cartografia Social as investigaccedilotildees se valem da produccedilatildeo dos mapas mentais

considerando as experiecircncias dos grupos humanos Outro fator eacute que na pesquisa-accedilatildeo o

conhecimento eacute produto de uma praacutetica considera nesta modalidade a reflexatildeo que

ocorre durante todo o processo da pesquisa

74

Parte dos procedimentos adotados corresponde agraves pesquisas de gecircnero

participativa especialmente da pesquisa-accedilatildeo as quais satildeo caracterizadas a partir das

obras de Barbier (2007) e Morin (2004) Elas satildeo explicitadas nos seguintes toacutepicos

Realizaccedilatildeo de um ldquocontratordquo segundo Barbier (2007) e Morin (2004) eacute um

acordo realizado entre o pesquisador e o grupo de trabalho O contrato tem um

caraacuteter aberto formal e de preferecircncia natildeo-estruturado Para realizaccedilatildeo da

pesquisa tivemos que concordar com algumas condiccedilotildees dadas pelas

professoras entre elas que os assuntos abordados durante as aulas

correspondessem com os conteuacutedos ministrados no quarto bimestre (em ambas

as turmas) e que as aulas fossem ministradas durante um dia

(quinzenalmente)31

Participaccedilatildeo coletiva e cooperativa e de cogestatildeo A pesquisa-accedilatildeo

corresponde ao envolvimento dos sujeitos e do pesquisador que satildeo sujeitos da

praacutetica Desta forma nossa intenccedilatildeo natildeo era apenas aplicar os mapas mentais

com as turmas selecionadas (4ordm e 5ordm ano) mas participar e lecionar os assuntos

de Geografia visto que foi nos dada agrave oportunidade em ambas as turmas

muito embora as professoras tenham participado de todo o processo

Mudanccedila que leve a transformaccedilatildeo Inicialmente questionamos os alunos

acerca dos recursos cartograacuteficos (utilizaccedilatildeo dos mapas) a leitura dos recursos

e sua utilizaccedilatildeo no cotidiano Neste quesito realizamos atividades

direcionadas aos mapas mentais aleacutem de outras atividades com mapas

existentes e atividades luacutedicas para a soluccedilatildeo de duacutevidas e problemas

encontrados neste percurso O produto resultou em diferentes praacuteticas de

ensino entretanto assim como aponta a metodologia de pesquisa nem todas

as praacuteticas foram eficazes (como apresentaremos nos proacuteximos capiacutetulos)

Nestas condiccedilotildees Morin (2007) esclarece que os erros levam ao avanccedilo da

pesquisa e satildeo relevantes para a adaptaccedilatildeo do objeto investigado Neste contexto esses

procedimentos da pesquisa-accedilatildeo podem ser esclarecedores para o pesquisador pois o

31 Geralmente as aulas ocorriam uma vez por semana em periacuteodos equivalentes a uma hora (em meacutedia)

Ao dialogarmos com as professoras conseguimos um dia por semana durante todo o periacuteodo da tarde Em

entrevista os alunos se queixavam que as aulas de Geografia e Histoacuteria pouco ocorriam havendo

semanas que simplesmente natildeo aconteciam (principalmente no 5ordm ano) Voltaremos a abordar essas

questotildees no capiacutetulo III

75

faz debruccedilar natildeo apenas pelos resultados positivos mas situa a reflexatildeo global do

processo de ensino-aprendizagem no processo de aperfeiccediloamento As pesquisas

participativas consideram o conhecimento sempre provisoacuterio e dependente do contexto

histoacuterico e cultural observado e interpretado (MORIN 2004 BARBIER 2007

OLIVEIRA 2007)

Ademais com a intenccedilatildeo de estruturar as accedilotildees para realizaccedilatildeo da pesquisa

resgatamos criteacuterios do estudo de caso o qual segundo Oliveira (2007 p 55) eacute

caracterizado como ldquouma estrateacutegia metodoloacutegica do tipo exploratoacuterio descritivo e

interpretativordquo possui caracteriacutesticas holiacutesticas e significativas para desvendar fatos ou

fenocircmenos

Aleacutem disso procuramos ldquo[] focalizar um fenocircmeno particular levando em

conta seu contexto e suas muacuteltiplas dimensotildees Valoriza-se o aspecto unitaacuterio mas

ressalta-se a necessidade da anaacutelise situada e em profundidaderdquo (ANDREacute 2013 p 97)

Como estrateacutegia de pesquisa o estudo de caso eacute compreendida como uma metodologia

que considera uma loacutegica de planejamento teacutecnica e anaacutelises de coleta especifica

De acordo com esses argumentos procuramos organizar e construir as etapas de

nossa pesquisa para o desenvolvimento das aulas e anaacutelise dos mapas mentais

produzidos Sistematizamos os procedimentos da pesquisa ressaltando a importacircncia

metodoloacutegica para a realizaccedilatildeo desses passos revisatildeo bibliograacutefica escolha dos espaccedilos

e sujeitos da pesquisa instrumentos de pesquisa e resultados coletados

22 PROCEDIMENTOS DA PESQUISA

2 2 1 Referenciais teoacuterico-metodoloacutegicos

Na orientaccedilatildeo da pesquisa realizamos o levantamento do referencial teoacuterico-

metodoloacutegico que orienta o tema em questatildeo Pesquisamos autores e obras para

realizaccedilatildeo das etapas da pesquisa Os materiais utilizados pertencem a diferentes aacutereas

ensino de Geografia Pedagogia Psicologia Linguiacutestica e Cartografia Escolar estes

foram substanciais para a construccedilatildeo teoacuterica e da proposta metodoloacutegica Buscamos

analisar experiecircncias com os mapas mentais na discussatildeo de trecircs pontos

76

A) Ensino de Geografia

Propomos para este estudo destacar obras que em nossa compreensatildeo valorizam

o ensino-aprendizagem de Geografia especialmente nos anos iniciais do EF Elas

integram a discussatildeo acerca da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica e a leitura de mundo

demarcado por temas voltados aos estudos geograacuteficos

Destacamos que as obras de Callai (2005 2013) Straforini (2008) Campos amp

Buitoni (2010) Lessan (2011) e Pinheiro (2012) foram fundamentais para se efetivar

uma proposta de pesquisa para o conjunto do ensino-aprendizagem de Geografia com

alunos e professores dos anos iniciais do EF O trabalho de Cavalcanti (2014) relaciona

os conceito e metodologias do trabalho docente para o ensino de Geografia contribuindo

com as propostas do que e como ensinar

Procuramos apoiar nossas escolhas tambeacutem mediante obras que fundamentam a

ciecircncia geograacutefica Partindo da proacutepria indicaccedilatildeo do referencial teoacuterico suas teorias e

conceitos das obras supramencionadas para auxiliar o desenvolvimento das praacuteticas

pedagoacutegicas assim como a compreensatildeo e anaacutelise dos mapas mentais produzidos

Desta forma o trabalho de Tuan (1983 2012) auxiliam na compreensatildeo dos conceitos

de espaccedilo geograacutefico e lugar Racine Raffestin amp Ruffy (1983) Silveira (2004) e

Castro (2008) para a compreensatildeo de escala geograacutefica Aleacutem desses as obras de Claval

(2006 2010 2011) que discute a importacircncia da localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial

B) Alfabetizaccedilatildeo Cartograacutefica e mapas mentais

Este toacutepico que vem sendo composto desde a (re) elaboraccedilatildeo de nosso projeto

abarca a intenccedilatildeo principal desta pesquisa (que como discutido no capiacutetulo I) estaacute

relacionada ao uso de Cartografia para escolares Pontuamos mediante a realizaccedilatildeo de

nosso estudo leituras direcionadas a linguagem espacial no ensino-aprendizagem de

Geografia

Os estudos de Oliveira (1978) Castrogiovanni amp Costella (2006) Castellar

(2000) Almeida amp Passini (2010) Almeida (2010 2011) Richter (2011) e Passini

(2012) estatildeo presentes como a base para a construccedilatildeo e revisatildeo de nossa proposta de

pesquisa voltada agrave Cartografia Escolar

77

Resgatamos teoacutericos que discutem o uso da Cartografia e seus novos

direcionamentos a uma Cartografia Social mesmo que natildeo explicitamente como Katuta

(2001) Girardi (2005) Raffestin (2007) Farinelli (2013) e Lladoacute (2013)

Nossa proposta metodoloacutegica eacute baseada nos trabalhos de dissertaccedilatildeo de Richter

(2010) e Teixeira (2001) Recorremos tambeacutem a outras experiecircncias de trabalhos

relacionados a atividades proacuteximas aos mapas mentais como o uso do desenho discutido

por Miranda (2005) e mapas vivenciais apresentados no trabalho de Lopes (2012)

Contextualizamos aleacutem disso as experiecircncias com o uso dos mapas mentais

desenvolvidos nas pesquisas de Nogueira (2006) Kozel (2008) Galvatildeo amp Kozel

(2008) Oliveira (2010) Silva amp Bernardelli (2010) Santos (2011) e Archela Gratatildeo amp

Trostdorf (2004)

C) Teoria histoacuterico-cultural ou soacutecio histoacuterica

Nossa intenccedilatildeo ao nos referirmos agrave teoria histoacuterico-cultural corrente psicoloacutegica

que explica o desenvolvimento da mente humana atraveacutes de uma perspectiva dialeacutetica

natildeo eacute nos resumirmos a uma anaacutelise metoacutedica mas entendermos o processo das funccedilotildees

superiores no modo de funcionamento psicoloacutegico do sujeito o processo de cogniccedilatildeo

para a aprendizagem de Geografia

Entendemos o processo de ensino-aprendizagem em uma perspectiva histoacuterica e

social Ele eacute em sua natureza baseado na vivecircncia e no diaacutelogo existente em

comunidade resultando em uma cultura A linguagem constroacutei valores ideias e accedilotildees

sociais As representaccedilotildees espaciais neste contexto tambeacutem se constituem como uma

linguagem possibilitando a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica

Nesta perspectiva destacamos as obras de Vigotski (1998) e de Bakhtin (2012)

fundamentalmente Para a compreensatildeo mais consistente das obras de Vigotski e

Bakhtin decidimos incorporar o debate dos seguintes autores Jobim e Souza (1994)

Freitas (2000) Rego (1995) Barros (2012) e Friedrich (2012)

2 2 2 Instrumentos de Pesquisa

Consideramos que o principal instrumento de estudo eacute o pesquisador Sua

funccedilatildeo ampla recorre ao observar e participar recriar estrateacutegias organizar

circunstacircncias para a aprendizagem motivar e coordenar as atividades em sala de aula

78

Ele atribui significados a um objetivo preacute-elaborado com a compreensatildeo que as

circunstacircncias podem se alterar a qualquer momento em seu percurso tanto na teoria

quanto na praacutetica Os criteacuterios para realizaccedilatildeo da pesquisa satildeo descritos pelos pontos a

seguir

A) A observaccedilatildeo

Ressalta Vianna (2007 p 12) ldquoAo observador natildeo basta simplesmente olhar

Deve certamente saber ver identificar e descrever diversos tipos de interaccedilotildees e

processos humanosrdquo Para tanto o pesquisador deveraacute estar preparado possuindo um

adequado treinamento identificando problemas (a partir de observaccedilotildees causais)

envolvendo os quatro sentidos baacutesicos aleacutem da visatildeo registrando dados accedilotildees e

emoccedilotildees das circunstacircncias verificadas

Em trabalhos onde o observador eacute tambeacutem participante alguns cuidados devem

estar em voga sobretudo no que diz respeito ao registro dos dados evitando o excesso

de sentimentalismo com os observados Tambeacutem deve prestar atenccedilatildeo ateacute onde suas

emoccedilotildees e sentimentos constituem dados e quando elas poderatildeo influenciar as accedilotildees dos

outros sujeitos (OLIVEIRA 2007)

Quando bem executada a observaccedilatildeo participante possibilita a investigaccedilatildeo de

contextos particulares desvendando situaccedilotildees cotidianas em virtude da abertura e

flexibilidade da pesquisa aleacutem do aprofundamento das questotildees referentes agrave

investigaccedilatildeo em processo

Criamos instrumentos de registro para cada oportunidade de pesquisa oferecida

nas escolas ou na universidade Adequamos os instrumentos para cada circunstacircncia

Utilizamos nos ambientes escolares trecircs principais instrumentos de coleta de dados

(jornal de pesquisa entrevistas e questionaacuterio)

B) Jornal de pesquisa

O jornal de pesquisa (tambeacutem conhecido como diaacuterio de campo) consiste

segundo Barbosa (2010) na possibilidade de ultrapassar a simples coacutepia mecacircnica e

produzir um conhecimento condizente com a realidade Natildeo aponta a pesquisa como

aprendizagem para si mesmo nestas circunstacircncias tem um caraacuteter puacuteblico que

pretende esclarecer os passos de determinada investigaccedilatildeo

79

Durante as pesquisas-piloto notamos que o uso de blocos de anotaccedilotildees era

inconveniente pois prejudicavam a observaccedilatildeo participante aleacutem de distrair os alunos

nas atividades estabelecidas em sala de aula Neste aspecto nos detemos na escrita do

jornal de pesquisa anotando nossos (in) sucessos relacionados agrave investigaccedilatildeo

Sendo assim trechos de diaacutelogos e reaccedilotildees ocorridas durante as aulas e

principalmente durante a realizaccedilatildeo dos mapas mentais foram registrados e se

encontram em apecircndice (Apecircndice I em CD)

C) Entrevistas

Segundo Oliveira (2007 p 86) ldquoa entrevista eacute um excelente instrumento de

pesquisa por permitir a interaccedilatildeo entre pesquisador (a) e entrevistado (a) e obtenccedilatildeo de

descriccedilotildees detalhadas sobre o que se estaacute pesquisandordquo Dessa forma apoacutes o termino

das atividades procuramos realizar um diagnoacutestico final sobre as possiacuteveis contribuiccedilotildees

das praacuteticas realizadas especialmente do uso dos mapas mentais na perspectiva dos

alunos Em decorrecircncia do tempo as entrevistas foram realizadas em grupos (de trecircs a

cinco alunos) com todos os estudantes do 4ordm e 5ordm ano salvo os faltosos As entrevistas

foram norteadas por questotildees semiestruturadas descritas abaixo

Questotildees para entrevista com os alunos

1 Qual das atividades realizadas vocecircs acharam mais interessante Por quecirc

2 Qual das atividades vocecircs menos gostaram de fazer Por quecirc

3 O que vocecircs acham que aprenderam com a realizaccedilatildeo dos mapas mentais

durante as aulas de Geografia

4 Vocecircs acham importante estudar Geografia Explique

Em outra ocasiatildeo estivemos em contato com a gestora da escola com a qual

realizamos uma entrevista focalizada Para Gil (1999 p 120) esse tipo de entrevista eacute

de caraacuteter ldquo[] livre todavia enfoca um tema bem especifico O entrevistador permite

ao entrevistado falar livremente sobre o assunto mas quando este se desvia do tema

original esforccedila-se para a sua retomadardquo

O tema em questatildeo foi o processo de ensino-aprendizagem no segundo ciclo dos

anos iniciais do EF (4ordm e 5ordm ano) surgindo questotildees referentes ao cumprimento da

legislaccedilatildeo na escola a estrutura fiacutesica da escola organizaccedilatildeo do trabalho escolar

80

(principalmente das professoras) desempenho escolar dos alunos do 4ordm e 5ordm ano Essas

temaacuteticas satildeo contextualizadas ao longo do capiacutetulo 3 e 4

D) Questionaacuterio de investigaccedilatildeo

Em decorrecircncia do tempo da pesquisa uacuteltimo bimestre de 2014 foi necessaacuterio

aplicar o recurso ldquoquestionaacuterio de investigaccedilatildeordquo com as docentes do 4ordm e 5ordm ano Nossa

intenccedilatildeo inicial foi o de registrar o perfil das professoras Tambeacutem o de discutir as

problemaacuteticas e estabelecer uma troca de experiecircncias das observaccedilotildees de cada

professora sobre a execuccedilatildeo e propostas da pesquisa

Para fins de registro o questionaacuterio foi construiacutedo possuindo treze (13) questotildees

divididas em cinco partes identificaccedilatildeo formaccedilatildeo experiecircncia profissional praacutetica

profissional e execuccedilatildeo da pesquisa (ver apecircndice II) Com base na leitura das respostas

das professoras tivemos condiccedilotildees de entender as dificuldades Entre elas a relaccedilatildeo ao

ensino de Geografia e suas sugestotildees para o trabalho com os mapas mentais e

metodologias auxiliares

E) Outros instrumentos para as praacuteticas com os alunos

Para a realizaccedilatildeo das atividades com mapas mentais confeccionamos dois

modelos de prancha para desenho O primeiro voltado agraves atividades realizadas

individualmente (em folha A4) constituiacuteda por cabeccedilalho com espaccedilo para nome e

idade o que auxiliou na identificaccedilatildeo dos sujeitos da pesquisa (Apecircndice III) A

segunda para uso em grupo (em folha A3)

Os outros recursos utilizados foram Atlas Geograacutefico mapa do Brasil32 Regiatildeo

Nordeste33 e Centro-Oeste34 Estado da Paraiacuteba35 Campina Grande ndash PB36 Atlas

Escolar da Paraiacuteba37

32 BRASIL Editora Globomapas Brasil poliacutetico- rodoviaacuterio[Satildeo Paulo] 2014 1 mapa 89 x 117 cm

Escala 15000000 33 BRASIL Editora Globomapas Brasil regiatildeo nordeste[Satildeo Paulo] 2014 1 mapa 89 x 117 cm Escala

12000000 34 BRASIL Editora Globomapas Brasil regiatildeo centro-oeste poliacutetico rodoviaacuterio regional e

turiacutestico[Satildeo Paulo] 2014 1 mapa 89 x 117 cm Escala 12000000 35 ESTADO DA PARAIacuteBA Editora Trieste Estado da Paraiacuteba poliacutetico rodoviaacuterio e escolar [Satildeo

Paulo] 2008 1 mapa 89 x 117 cm Escala 1 500 000 36 CAMPINA GRANDE Editora Trieste Campina Grande PB[Satildeo Paulo] 2008 1 mapa 89 x 117 cm

Escala 1 10 000 37 RODRIGUEZ Janete Lins Atlas Escolar da Paraiacuteba 3ordf Ed Joatildeo Pessoa GRAFSET 2002

81

Mediante termo de consentimento a gestatildeo escolar permitiu o uso da cacircmera

fotograacuteficacelular e da filmadora Isso auxiliou na percepccedilatildeo de elementos natildeo

identificados na accedilatildeo da pesquisa servindo como um registro de apoio As fotos

filmagens e gravaccedilotildees serviram para interpretaccedilatildeo das atividades com os mapas mentais

realizados Aleacutem desses se fez uso de material de papelaria laacutepis grafite e de cor

caneta hidrocor cola tesoura fita adesiva (durex) e borracha

Utilizamos o recurso do brinquedo didaacutetico ldquoBrincando de engenheirordquo38 para

construccedilatildeo de maquetes introduzindo a noccedilatildeo do luacutedico no trabalho pedagoacutegico com

mapa mental A maquete mental (mapa mental construiacutedo coletivamente o qual eacute

discutido na paacutegina 97 e 98) foi construiacuteda sob uma superfiacutecie de cartolinas (papel

cartatildeo)

2 2 3 Os espaccedilos e os sujeitos da pesquisa

O espaccedilo da pesquisa

Nosso estudo estaacute relacionado ao ensino de Geografia desta forma foi

necessaacuterio delimitarmos a escola como espaccedilo de pesquisa Justificamos esta escolha

natildeo apenas por consideraacute-la como um dos lugares onde se aprende o uso de um coacutedigo

cultural ou por sua influecircncia no imaginaacuterio das crianccedilas jovens e adultos que a

frequenta mas sobretudo pela influecircncia na comunidade a qual pertence

De acordo com objetivos e propostas deste estudo procuramos uma escola que

atendesse os anos iniciais do EF Tiacutenhamos como intenccedilatildeo realizar um trabalho que

contasse com a participaccedilatildeo dos alunos necessitando tempo e disposiccedilatildeo dos

professores e da coordenaccedilatildeo para realizaccedilatildeo da nossa pesquisa De acordo com estes

criteacuterios escolhemos a Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira visto que jaacute

haviacuteamos realizado outras experiecircncias de investigaccedilatildeo incluindo nossa pesquisa-

piloto portanto aproveitamos essa relaccedilatildeo de proximidade e confianccedila com os sujeitos

Entre os motivos que nos condicionaram a continuar nessa escola enquanto

campo de pesquisa foi

Histoacuterico de retenccedilatildeo escolar principalmente dos alunos no 5ordm ano Isso nos

possibilitou realizar um diagnoacutestico das dificuldades referentes agraves habilidades

38 BRINCANDO DE ENGENHEIRO Xalingo brinquedos Fabricado no Brasil atestado pelo

INMETRO para crianccedilas acima de 3 anos de idade 4 brinquedo educativo 42 peccedilas

82

cartograacuteficas e a construccedilatildeo de noccedilotildees relativas a conceitos e temas da

Geografia

Matriacutecula e frequecircncia de alunos de faixa etaacuteria distinta as normas cronoloacutegicas

estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educaccedilatildeo (CNE) e

O perfil socioeconocircmico e familiar dos alunos Suas famiacutelias sobrevivem

predominantemente com menos de dois salaacuterios miacutenimos A maioria dos pais

ou responsaacuteveis exercem atividades autocircnomas (encanador pedreiro pintor

diaristas comerciantes informais entre outros) nestes casos os alunos recebem

recurso do Governo Federal como Bolsa Famiacutelia39

Descriccedilotildees da localizaccedilatildeo geograacutefica escolar

O bairro do Lauritzen eacute localizado na Zona Norte da Cidade de Campina

Grande embora seja considerado um bairro oficial para a administraccedilatildeo poliacutetica do

municiacutepio natildeo chega a ser reconhecido pela populaccedilatildeo local nem mesmo pela Escola

Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira40 A identidade estaacute representada pelo bairro

vizinho o Alto Branco o qual deteacutem maior status social em decorrecircncia do mercado

imobiliaacuterio (ver figura 4 p 83)

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica - IBGE (2010)41

Campina Grande eacute um municiacutepio paraibano que surgiu como posto de reabastecimento

dos tropeiros Esse fato se deve a sua localizaccedilatildeo intermediaria entre o alto sertatildeo e a

capital litoracircnea atual Joatildeo Pessoa No censo do IBGE em 2010 foi registrada uma

populaccedilatildeo proacutexima aos 400 mil habitantes (exatamente 385213 habitantes) distribuiacuteda

em uma aacuterea de 594 182 km2

39

O programa Bolsa famiacutelia recurso do governo federal auxilia financeiramente famiacutelias em condiccedilotildees

de pobreza (valor de renda per capita familiar igual ou menor a 150 reais) e extrema pobreza (valor de

renda per capita igual ou menor a 77 reais) como consta no Decreto nordm 5209 de 17 de Setembro de 2004

Este recurso disponiacutevel as famiacutelias eacute realizado sob duas condiccedilotildees a primeira corresponde agrave renda per

capita familiar e a segunda o nuacutemero de crianccedilas ou adolescentes matriculados na rede baacutesica de ensino

ateacute os dezessete anos de idade variando o valor do auxiacutelio Para mais informaccedilotildees

httpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2004-20062004DecretoD5209htmgt acessado em

29012014 40

O nome da escola eacute uma homenagem a filha de WaldecyVillarim Meira (na eacutepoca proprietaacuterio de uma

empresa campinense Irmatildeos Villarim Meira SA) e InaldaGayoso Meira A jovem estudou no coleacutegio

Imaculada Conceiccedilatildeo (Damas) na cidade de Campina Grande Viacutetima de atropelamento em 1974 faleceu

aos 15 anos de idade no municiacutepio de Joatildeo Pessoa cidade onde se encontra enterrada 41 Informaccedilotildees disponiacuteveis em

httpcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=250400ampsearch=||infogrE1ficos-

informaE7F5es-completaslt acessado em 0204 2015

83

FIGURA 4 ndash MAPA DE LOCALIZACcedilAtildeO DA ESCOLA

Elaborado por Francisco Vilar Arauacutejo Segundo 2015

84

A maioria dos alunos matriculados na Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso

Meira satildeo moradores de bairros como Centro Conceiccedilatildeo e Lauritzen destacados na

figura 4 (p 83) em laranja Outros provecircm de bairros um pouco mais distantes a

exemplo do Alto Branco e Jardim Tavares localizados a norte e destacados no mapa em

amarelo (figura 4 p 83)

A Escola Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira construiacuteda na deacutecada de 1969 foi

fundada e autorizada pelo decreto de criaccedilatildeo nordm 195 de 08031981 segundo registros

escolares pesquisados42 A escola (ver figura 5 p 84) desde a sua inauguraccedilatildeo passou

por diversas ampliaccedilotildees e reformas relacionada ao seu espaccedilo fiacutesico Atualmente eacute

constituiacuteda por quatro salas de aula uma sala de Atendimento Especial (AE) um

laboratoacuterio de informaacutetica uma sala de leitura (biblioteca escolar) uma sala de

professores diretoria dois banheiros ndash um masculino e outro feminino ndash uma cantina

uma quadra de areia para esportes um playground e uma aacuterea de recreaccedilatildeo

razoavelmente extensa e arborizada

FIGURA 5 - FACHADA DA ESCOLA MUNICIPAL LUacuteCIA DE FAacuteTIMA GAYOSO MEIRA

Fonte Pesquisa de Campo (2014)

42 Durante nossa pesquisa natildeo fomos autorizados a retirar nenhuma documentaccedilatildeo da escola O projeto

poliacutetico pedagoacutegico da instituiccedilatildeo estava em atualizaccedilatildeo o que dificultou o acesso e consequentemente a

leitura do documento em sua integra

85

Hoje a escola atende a Educaccedilatildeo Infantil (I e II) e os anos iniciais do EF (1ordm ao

5ordm ano) Em decorrecircncia do seu espaccedilo fiacutesico no ano de 2014 atendeu alunos da

Educaccedilatildeo Infantil ao 3ordm ano no periacuteodo matutino e do 4ordm e 5ordm ano no periacuteodo vespertino

havendo nessa escola apenas uma turma para cada ano (seacuterie)

Os sujeitos da pesquisa ndash alunos e professoras

Apoacutes a definiccedilatildeo da escola necessitamos recorrer agraves justificativas sobre a

seleccedilatildeo das turmas as quais realizamos nossa investigaccedilatildeo Nestas condiccedilotildees

escolhemos trabalhar com alunos do segundo ciclo dos anos iniciais do EF ou seja uma

turma do 4ordm e outra do 5ordm ano

Optamos por estas turmas em decorrecircncia do Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo

na Idade Certa (PNAIC) o qual promove accedilotildees para alfabetizaccedilatildeo da liacutengua portuguesa

de crianccedilas no primeiro ciclo dos anos iniciais do EF (1ordm ao 3ordm ano) muito embora natildeo

desenvolva poliacuteticas que garantam a progressatildeo do ato de alfabetizar no segundo ciclo

(4ordm e 5ordm ano)

Entendendo a problemaacutetica da alfabetizaccedilatildeo e aproximando dos contextos das

aulas de Geografia recorremos ao uso do mapa mental com as turmas do 4ordm e 5ordm por

compreendecirc-lo enquanto portador de uma linguagem de comunicaccedilatildeo visual Ele pode

auxiliar no desenvolvimento de estruturas cognitivas e habilidades para a leitura de

mapas ou seja alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica

Os estudantes que participaram desta pesquisa satildeo apresentados mediante um

coacutedigo de identificaccedilatildeo Consideramos a palavra ldquoalunordquo mais o nuacutemero correspondente

a lista de registro dos participantes Na turma do 4ordm ano teremos os seguintes discentes

ldquoAluno 01rdquo ao ldquoAluno 21rdquo Evitando a repeticcedilatildeo dos nuacutemeros foi decidido nomear os

estudantes do 5ordm ano de ldquoAluno 22rdquo ateacute ldquoAluno 51rdquo

No caso dos mapas produzidos coletivamente identificamos todos os sujeitos

que participaram do processo no ato da apresentaccedilatildeo do mapa mental Lembramos que

as anaacutelises dos mapas mentais satildeo realizadas em dois blocos distintos um do 4ordm e outro

do 5ordm ano Desse modo em ocasiotildees que necessitamos fazer comparaccedilotildees entre os

alunos das turmas pesquisadas identificamos cada estudante e seu respectivo niacutevel de

escolaridade

86

Com a turma do 4ordm ano contamos com a participaccedilatildeo da professora Marta43 64

anos A professora eacute formada em Pedagogia pela Universidade Regional do Nordeste

atual Universidade Estadual da Paraiacuteba possuiu especializaccedilatildeo em Educaccedilatildeo pela

Universidade Federal da Paraiacuteba atual UFCG campus Campina Grande Tem 46 anos

de experiecircncia profissional jaacute ministrou aulas nos anos iniciais do EF e em cursos

profissionalizantes no Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC)

Durante o processo de pesquisa houve a participaccedilatildeo de 21 alunos do 4ordm ano a faixa

etaacuteria corresponde entre os 09 a 13 anos de idade

A docente responsaacutevel pelo 5ordm ano Beatriz 42 anos eacute professora formada pela

Universidade Estadual da Paraiacuteba no curso de licenciatura em Matemaacutetica e

especializaccedilatildeo em Ensino de Matemaacutetica (2009) na mesma universidade Possuiu

licenciatura em Pedagogia em modalidade regular pela Universidade Estadual Vale do

Acarauacute (UVA) trabalha na rede municipal de Campina Grande do 1ordm ao 5ordm haacute dez anos

Na rede estadual ministra aulas de matemaacutetica haacute 22 anos na cidade de Alagoa Grande

ndash PB44 lugar onde reside Na turma do 5ordm ano contamos com a participaccedilatildeo de 29

alunos com faixa etaacuteria entre 08 a 13 anos de idade45

O tempo e as etapas da pesquisa

O estudo realizado na Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira no ano

de 2014 ocorre como conclusatildeo de nossas experiecircncias de pesquisa durante o

desenvolvimento do trabalho de mestrado em Geografia Em 2013 haviacuteamos realizado

uma pesquisa-piloto com a turma do 5ordm ano na mesma escola Apoacutes o desenvolvimento

de experiecircncias em outras escolas e oficinas ministradas em universidades

aperfeiccediloamos a metodologia considerando quesitos como conteuacutedo metodologia de

trabalho e recursos didaacuteticos de apoio

43 Os nomes aqui apresentados satildeo fictiacutecios com a finalidade de preservar a identidade dos sujeitos

participantes desta pesquisa Escolhemos nomes ao inveacutes de nuacutemeros em decorrecircncia da quantidade dos

docentes (duas apenas) 44 Cidade localizada no brejo paraibano acerca de 33 quilocircmetros de distacircncia de Campina Grande

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGE a cidade possuiacutea em 2010 uma

populaccedilatildeo de 28479 tendo uma estimada de aproximadamente 28733 pessoas para o ano de 2013 A

aacuterea de extensatildeo territorial ultrapassa os 320 km2 Informaccedilotildees disponiacuteveis em

httpcidadesibgegovbrxtrasperfilphpcodmun=2500303Cgt acesso em 07072014 45 Havia na ocasiatildeo um aluno com 37 anos de idade neste caso afirma a gestora escolar que o estudante

apresenta dificuldades cognitivas as quais natildeo nos foram reveladas Sua permanecircncia na escola foi

justificada por dois motivos pedido da famiacutelia do estudante e da possiacutevel dificuldade de se adaptar a uma

turma de Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos Ressaltamos poreacutem que este aluno natildeo elaborou nenhum mapa

mental visto que havia faltado nas ocasiotildees das atividades

87

O retorno a escola ocorreu no mecircs de setembro e a pesquisa ocorreu entre os

meses de outubro a dezembro de 2014 A execuccedilatildeo da proposta com o 4ordm ano durou seis

dias a do 5ordm ano aconteceu em sete dias visto que a turma era mais numerosa Este

periacuteodo correspondeu com o quarto bimestre escolar A pesquisa foi desenvolvida

quinzenalmente salvo problemas com feriados

A realizaccedilatildeo das aulas ocorreu durante o periacuteodo vespertino das 13h 00min agraves

17h 00min Dos seis dias de pesquisa realizado no 4ordm ano cinco voltaram-se as aulas e

mais dois de entrevista com os estudantes Por sua vez no 5ordm ano dos sete dias cinco

visavam o desenvolvimento das aulas e mais dois direcionados a entrevista com os

alunos Realizamos entrevista com a gestora escolar (a qual daremos o nome fictiacutecio de

Rosacircngela) nos dias 16 e 22 de dezembro e tambeacutem os questionaacuterios de investigaccedilatildeo

com as docentes (professora Marta 4ordm ano e Professora Beatriz 5ordm ano)

Durante este periacuteodo as aulas eram ministradas pelo pesquisador com a cogestatildeo

das professoras regentes de cada turma O que nos motivou a agir desta maneira foi agrave

oportunidade de experimentar e validar os procedimentos de trabalho com os mapas

mentais aperfeiccediloando concomitantemente possibilidades e observando suas

limitaccedilotildees Embora natildeo tiveacutessemos o objetivo de fornecer uma formaccedilatildeo docente para

as professoras estas participaram do processo das atividades desde o planejamento a

execuccedilatildeo das tarefas escolares

A escolha das atividades respeitou o curriacuteculo escolar e o planejamento das

professoras para os temas das aulas de Geografia Procuramos negociar em alguns

momentos a abrangecircncia dos conteuacutedos metodologias o tempo considerado agrave pesquisa

e sua relaccedilatildeo com as representaccedilotildees com os mapas mentais essas discussotildees foram

realizadas nos dias 17 18 e 26 de setembro de 2014 A seguir uma caracterizaccedilatildeo das

atividades organizadas em cada turma

Datas e atividades realizadas com o 4ordm ano

Temaacutetica das aulas ldquoGeografia da Paraiacuteba um estudo atraveacutes da produccedilatildeo e leitura de

mapas mentaisrdquo

14 de outubro ndash primeira aula com os alunos do 4ordm ano Introduccedilatildeo agraves noccedilotildees

baacutesicas de Cartografia e discussatildeo sobre o uso dos mapas no cotidiano

Representaccedilatildeo do mapa da sala de aula (atividade 1)

88

21 de outubro ndash discussatildeo sobre as mesorregiotildees da Paraiacuteba Iniacutecio de atividade

mapa mudo46 (atividade 2) enquanto proposta para a leitura de mundo

Importacircncia da orientaccedilatildeo e construccedilatildeo da legenda

04 de Novembro ndash continuaccedilatildeo da atividade mapa mudo Consideraccedilotildees sobre

zona urbana e zona rural e a organizaccedilatildeo das mesorregiotildees da Paraiacuteba

12 de Novembro ndash a terceira aula discutiu a influecircncia dos rios na vida da

populaccedilatildeo paraibana e as modificaccedilotildees espaciais A atividade 3 discutiu a

influecircncia dos rios e trabalho humano na transformaccedilatildeo da paisagem urbana e

rural

26 de Novembro ndash discutindo a importacircncia do Canal das Piabas desenvolvemos

a proposta da maquete mental (atividade 4) e posteriormente dos mapas mentais

(atividade 5) Entre o intervalo do dia 26 a 05 de Novembro a professora regente

executou uma avaliaccedilatildeo compondo as notas do quarto bimestre entre elas um

mapa mental das mesorregiotildees paraibanas (atividade 6)47

10 de Dezembro ndash Realizaccedilatildeo das entrevistas com alunos do 4ordm ano

Datas e atividades realizadas com o 5ordm ano

Temaacutetica das aulas ldquoSaberes cartograacuteficos discutindo a regionalizaccedilatildeo brasileirardquo

09 de outubro ndash primeira aula com alunos do 5ordm ano A escala mundial e

nacional noccedilotildees de leitura e interpretaccedilatildeo de mapas A importacircncia da escala e

da rosa dos ventos na comunicaccedilatildeo dos mapas

15 de outubro ndash discussatildeo sobre as regiotildees brasileiras Construccedilatildeo do mapa

mudo (atividade 1) Realizaccedilatildeo de atividade praacutetica sobre orientaccedilatildeo espacial

(baleada geograacutefica48)

05 de Novembro ndash Realizaccedilatildeo dos mapas mentais com o tiacutetulo ldquomapa da minha

vidardquo (atividade 2)

46O mapa mudo tambeacutem conhecido como mapa em branco eacute um tipo de esboccedilo cartograacutefico o qual

apresenta apenas a silhueta forma do mapa por exemplo o mapa mudo do Brasil que mostra o territoacuterio

nacional e os estados brasileiros Este tipo de mapa tem uma finalidade didaacutetica permite os alunos

destacarem os elementos geograacuteficos aleacutem da construccedilatildeo de novos saberes baseado nas orientaccedilotildees do

professor 47 A atividade foi elabora em conjunto com a professora regente e considerou os conteuacutedos estudados

durante a execuccedilatildeo da pesquisa 48 A baleada geograacutefica corresponde a uma atividade luacutedica para aprendizagem dos pontos cardeais

(norte sul leste e oeste) sua explicaccedilatildeo encontra-se no capiacutetulo 4 ver figura 24 p 141

89

13 de Novembro ndash discussatildeo sobre os mapas mentais realizados

Desenvolvimento de atividades que procuravam discutir o aspecto da

regionalizaccedilatildeo brasileira mediante evento da copa do mundo no Brasil (atividade

3)

24 de Novembro ndash aula teoacuterica sobre a regiatildeo centro-oeste e meio ambiente

Realizaccedilatildeo de mapas mentais em grupo (atividade 4)

05 e 10 de Dezembro ndash Realizaccedilatildeo de entrevista com alunos do 4ordm ano

23 A ANAacuteLISE DOS RESULTADOS

231 Da totalidade dos mapas mentais

Embora no decorrer deste trabalho tenhamos realizado atividades com os mapas

existentes (mapa mudos e leitura de mapas murais e atlas escolar) com a turma do 4ordm e

5ordm ano levamos em consideraccedilatildeo apenas a anaacutelise dos mapas mentais por ser nosso

objeto de estudo A quantidade final dos mapas eacute apresentada na tabela 2 nele satildeo

expressas as atividades realizadas individualmente e coletivamente pelo (s) grupo (s) de

estudantes do 4ordm e 5ordm ano da Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira

TABELA 2 MAPAS MENTAIS PRODUZIDOS DURANTE A PESQUISA

Turma

Resultado

4ordm ano 5ordm ano

Mapa mental (individual) 30 22

Mapa maquete mental49

(coletivo grupo) 1 11

Subtotal 31 33

Total final 64 Fonte Pesquisa de campo (2014)

Os alunos do 4ordm ano realizaram duas atividades referentes aos mapas mentais

individualmente A primeira relacionada ao mapa do Canal das Piabas que resultou em

16 mapas mentais a segunda aos mapas das mesorregiotildees paraibanas com o nuacutemero de

49 A maquete mental eacute um tipo de representaccedilatildeo em trecircs dimensotildees realizada mediante o inventaacuterio de

informaccedilotildees dos alunos seja pela sua proacutepria vivencia espacial ou adquirida mediante outros meios de

comunicaccedilatildeo (TV raacutedio e internet) Tambeacutem pode ser fruto dos estudos realizados em acircmbito escolar

Essa definiccedilatildeo seraacute vista com mais detalhe no terceiro capiacutetulo

90

14 mapas (total de 30 mapas) Os alunos do 5ordm ano desenvolveram 22 mapas mentais

referentes agraves regiotildees brasileiras mediante o tema mapa da minha vida

Dos mapas mentais em grupo observamos que a turma do 4ordm realizou apenas

um Destacamos que este mapa mental eacute o resultado da atividade denominada de

maquete mental (tema Canal das Piabas) Os mapas mentais apresentados na turma do

5ordm ano (11 mapas) por sua vez foram desenvolvidos em grupos de dois a trecircs alunos

Levando em consideraccedilatildeo a quantidade de mapas apresentados na tabela 2

podemos notar a diferenccedila do nuacutemero de mapas produzidos para a quantidade de

participantes da pesquisa Isto se deve ao fato principalmente da ocorrecircncia de faltas

dos alunos durante os dias do desenvolvimento da pesquisa entretanto observamos que

para o nosso foco de estudo as representaccedilotildees (64 mapas mentais) realizadas pelos

alunos eacute considerado um universo significativo para a realizaccedilatildeo da leitura anaacutelise e

interpretaccedilatildeo

Apoacutes a elaboraccedilatildeo dos mapas mentais pelos alunos realizamos o escaneamento

dos arquivos transformando todas as representaccedilotildees realizadas em papel A4 e A3 em

arquivos digitais As ediccedilotildees dos mapas foram realizadas por meio do programa

Photoshop CS5 onde retiramos as informaccedilotildees que identificavam os sujeitos

participantes (cabeccedilalho) e algumas ediccedilotildees realizadas no Microsoft Office Word 2010

Para facilitar a leitura dos mapas mentais nos capiacutetulos que seguem decidimos

apresentar cada representaccedilatildeo por folha

24 AS HABILIDADES E CATEGORIAS DE ANAacuteLISE SELECIONADAS PARA A

PESQUISA

A imagem mental embora esteja relacionada a uma perspectiva individual sobre

o espaccedilo geograacutefico reflete condiccedilotildees e apreensotildees pertencentes agrave cultura e sociedade a

qual o sujeito estaacute inserido (VIGOTSKI 1998 BAKHTIN 2012) De todo modo

quando os mapas mentais satildeo utilizados como recursos didaacuteticos e visam fins

educacionais orientaccedilotildees sobre a realizaccedilatildeo destes mapas devem ser realizadas para que

atendam os objetivos da aula Por outro lado paracircmetros de leitura e avaliaccedilatildeo tambeacutem

precisam ser criados permitindo o professor diagnosticar os avanccedilos e limites com a

praacutetica dos mapas mentais

Neste sentido para o desenvolvimento da proposta de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica

mediante o recurso didaacutetico mapa mental preocupamo-nos em ressaltar as experiecircncias

91

e condiccedilotildees de identidade das crianccedilas (sua origem gostos e experiecircncias) Estas natildeo

somente relacionados agraves condiccedilotildees do lugar mas as influecircncias culturais recorrentes a

outras escalas geograacuteficas como a regional

Com base nos autores citados anteriormente compreendemos que a

alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica eacute um dos caminhos que possibilita a leitura de mundo Esta

habilidade de criar esboccedilos cartograacuteficos livres ndash os mapas mentais ndash permite a

representaccedilatildeo do espaccedilo geograacutefico pelo aluno Ao mesmo tempo valoriza a autonomia

possibilitando a decodificaccedilatildeo dos siacutembolos encontrados em outros tipos de linguagem

cartograacutefica Nesse processo o aluno desenvolve competecircncias voltadas agrave dimensatildeo

cognitiva afetiva e pragmaacutetica (PASSINI 2012)

Nossas praacuteticas com o uso do mapa mental dialogou com um conjunto de

atividades voltadas agrave realizaccedilatildeo e interpretaccedilatildeo de mapas existentes e atividades luacutedicas

realizadas em forma de oficinas que ldquo[] satildeo formas encontradas por noacutes para mediar a

construccedilatildeo de conceitos e desenvolver habilidades atraveacutes de vivecircncias portanto

considerando essas e outras possiacuteveis particularidadesrdquo (CASTROGIOVANNI amp

COSTELLA 2006 p 50)

Durante o desenvolvimento das aulas o processo de aprendizagem esteve

relacionado ao emprego de habilidades-chave para o desenvolvimento das propostas

com os temas de Geografia o quadro 3 (p 91) apresenta estas habilidades-chave e seus

desdobramentos

QUADRO 3 HABILIDADES PARA O DESENVOLVIMENTO DOS MAPAS MENTAIS

HABILIDADES-

CHAVE OUTRAS HABILIDADES RELACIONADAS

Representar Observar comparar organizar sistematizar localizar e

orientar

Comunicar Verbalizar e questionar

Interagir Iniciativa trabalho em equipe e persuasatildeo

Refletir Capacidade criacutetica e aprendizagem e desenvolvimento

pessoal

Fonte Lessan (2011 p 69 - 75)

A funccedilatildeo do quadro 3 eacute demonstrar habilidades que se destacaram na execuccedilatildeo

desta pesquisa Compreendemos que as habilidades apresentadas natildeo abrangem todo

92

curriacuteculo tampouco esgota as possibilidades com as noccedilotildees (conceitos) fundamentais

para o ensino de Geografia As habilidades de representaccedilatildeo comunicaccedilatildeo interaccedilatildeo e

reflexatildeo natildeo devem ser compreendidas de forma hieraacuterquica no desenvolvimento do

trabalho pedagoacutegico pois seus desdobramentos podem ser expressos em maior ou

menor grau pelos alunos

Procurando atender criteacuterios estabelecidos pelos PCN (BRASIL 1997)

intermediamos a atividade exercida pelos alunos objetivando mobilizar as habilidades

anteriormente apresentadas Consequentemente buscamos o desenvolvimento de

competecircncias relacionadas agrave elaboraccedilatildeo dos mapas mentais a partir dos temas propostos

para cada turma dessa forma o 4ordm ano desenvolveu os mapas mentais o 1 Canal das

Piabas e 2 Mesorregiotildees geograacuteficas da Paraiacuteba jaacute o 5ordm ano realizou 1 Mapa da minha

vida e 2 Mapa da Regiatildeo Centro-Oeste

Esses procedimentos foram necessaacuterios por entendermos que

[] natildeo basta ter como conteuacutedo escolar as questotildees sociais atuais mas que eacute

necessaacuterio que se tenha domiacutenio de conhecimentos habilidades e

capacidades mais amplas para que os alunos possam interpretar suas

experiecircncias de vida e defender seus interesses de classe (BRASIL 1997 p

32)

Dessa forma assinalamos que nosso interesse natildeo eacute a formaccedilatildeo teacutecnica dos

alunos para a leitura e interpretaccedilatildeo de recursos cartograacuteficos muito menos em uma

anaacutelise restrita aos produtos finais (os mapas mentais) Mas ao contraacuterio em considerar

os mapas mentais como uma accedilatildeo consciente do ato de mapear ou seja todo o processo

metodoloacutegico observando a organizaccedilatildeo da sociedade a partir da sua espacialidade

geograacutefica (re) construindo sua leitura de mundo

241 As categorias de anaacutelise dos mapas mentais

Com base nos apontamentos apresentados no item anterior elaboramos um

mapa conceitual (quadro 4 p 93) com a intenccedilatildeo de possibilitar uma visualizaccedilatildeo geral

das orientaccedilotildees e os procedimentos descritos aleacutem disso indica as categorias de anaacutelise

(as noccedilotildees) selecionadas para anaacutelise dos mapas mentais realizados

93

QUADRO 4 PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO CARTOGRAacuteFICA POR MEIO DOS MAPAS

MENTAIS

Organizado por David L R de Almeida (2015)

Como apresentado no quadro 4 podemos identificar as categorias de anaacutelise

para metodologia do recurso didaacutetico mapas mentais A seleccedilatildeo das categorias as quais

seratildeo denominadas como noccedilotildees Elas indicam as operaccedilotildees cognitivas para realizaccedilatildeo

e interpretaccedilatildeo dos mapas mentais As noccedilotildees de percepccedilatildeo espacial localizaccedilatildeo e

orientaccedilatildeo o uso de toponiacutemias e a escala geograacutefica satildeo conceituados a seguir para que

o leitor tenha uma visatildeo geral do que se tratam cada uma delas

A Noccedilotildees de percepccedilatildeo espacial Correspondem agrave visualizaccedilatildeo do aluno a

respeito das formas dos elementos espaciais representados Observamos que a imagem

mental eacute um ponto de vista decorrente de diferentes condicionantes bioloacutegicos idade

cultura e gecircnero variando do morador ao visitante do lugar estes correspondem a

fatores da percepccedilatildeo humana (TUAN 2012)

Tuan (2012 p 18) conceitua a percepccedilatildeo espacial enquanto uma

[] resposta dos sentidos aos estiacutemulos externos como a atividade proposital

na qual certos fenocircmenos satildeo claramente registrados enquanto outros

retrocedem para a sombra ou satildeo bloqueados Muito do que percebemos tem

valor para noacutes para sobrevivecircncia bioloacutegica e para propiciar algumas

satisfaccedilotildees que estatildeo enraizadas na cultura

No ato da realizaccedilatildeo dos mapas mentais uma questatildeo eacute posta em jogo ldquo[] a

representaccedilatildeo bidimensional de uma realidade tridimensionalrdquo (PASSINI 2012 p 146)

94

isso significa que o aluno pontua em seus mapas a largura e comprimento dos elementos

espaciais entretanto necessita saber que o espaccedilo apresenta uma terceira dimensatildeo que

eacute a altura Esta eacute importante para entendermos assuntos como relevo e a constituiccedilatildeo das

redes hidrograacuteficas por exemplo

O meio ambiente transformado pela accedilatildeo do homem tambeacutem se caracteriza pelos

traccedilados que nos lembra as primeiras formas geomeacutetricas aprendidas na escola que satildeo

observadas na organizaccedilatildeo espacial Aponta Tuan (2012) que estas simetrias do espaccedilo

estiveram relacionadas a manifestaccedilotildees da organizaccedilatildeo de diferentes povos

Consideramos nas anaacutelises dos mapas mentais elementos representados na visatildeo lateral

obliacutequa e ou horizontal

Portanto considera-se aqui percepccedilatildeo espacial como a capacidade de avaliar

como se ordenam as coisas no espaccedilo e investigar as suas relaccedilotildees no ambiente Uma

boa noccedilatildeo de percepccedilatildeo espacial nos permite compreender a disposiccedilatildeo das formas que

compotildeem o espaccedilo geograacutefico e a nossa relaccedilatildeo com elas

B Uso de Toponiacutemias estaacute relacionada ao estudo dos nomes proacuteprios dos

lugares ou seja a onomaacutestica considerando a origem e evoluccedilatildeo da palavra apesar de

ser uma aacuterea relacionada agrave linguiacutestica estaacute diretamente associada agrave Histoacuteria e Geografia

Nas consideraccedilotildees de Claval (2011) desde o surgimento das Geografias

vernaculares conhecimento geograacutefico relativo ao senso comum a necessidade da

criaccedilatildeo de uma grade de toponiacutemia eacute fundamental visto que possibilita falar sobre o

lugar sem a necessidade de um contato direto Tambeacutem compartilha referecircncias

espaciais tornando esta rede de informaccedilotildees acessiacuteveis a todos socializando-a

O significado da toponiacutemia pode representar a percepccedilatildeo do grupo para

determinado espaccedilo Possibilitam revelar e ou alterar a dinacircmica social visto que todo

nome eacute um signo e todo signo possui um significado

Considerando os mapas mentais enquanto recurso didaacutetico que media a

aprendizagem entre os sujeitos como menciona Vigotski (1998) entendemos que ele

possibilita a siacutentese e comunicaccedilatildeo linguagem de informaccedilotildees geograacuteficas Atraveacutes

deste processo utilizamos o signo discutido por Bakhtin (2012) como instrumento de

significaccedilatildeo baseado na realidade social do aluno Ele corresponde agrave construccedilatildeo social

da ideia pois como afirma Bakhtin (2012 p 35) ldquoA consciecircncia individual eacute um fato

socioideoloacutegicordquo

Nos mapas mentais o uso das toponiacutemias permite apresentar os referenciais

espaciais (nomes de bairros regiotildees ou Estados) identificadas pela exposiccedilatildeo de

95

palavras ou iacutecones associada ou natildeo a legenda e a compreensatildeo dos signos e

significados

C Noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo Para Geografia eacute importante identificar

os lugares a partir da sua localizaccedilatildeo demarcar as posiccedilotildees relativas nestas condiccedilotildees

[] o trabalho do geoacutegrafo estaacute intimamente ligado ao do cartoacutegrafo pois

ambos partilham a preocupaccedilatildeo de localizar aquilo de que datildeo conta Para o

geoacutegrafo a apreensatildeo de uma pluralidade de lugares soacute se torna clara quando

eles figuram num documento que permita compreendecirc-los em conjunto

(CLAVAL 2006 p 19)

A localizaccedilatildeo constitui um dos princiacutepios do meacutetodo geograacutefico ela possibilita

apreender a manifestaccedilatildeo de determinado fenocircmeno e delimitaacute-lo Mas nomear e

localizar fenocircmenos no espaccedilo natildeo eacute suficiente Eacute necessaacuterio traccedilar itineraacuterios O que

caracteriza o sujeito enquanto pessoa eacute sua vida social Todo grupo humano necessita de

uma base territorial para manter suas relaccedilotildees de poder habitat frequentando e ou

conhecendo lugares proacuteximos ou longiacutenquos

Inicialmente nos orientamos no espaccedilo atraveacutes de referenciais topoloacutegicos o

nosso corpo estabelecemos o que eacute direita e esquerda frente e traacutes para o alto ou

abaixo etc Aos poucos relacionamos outros pontos de referecircncia que ultrapassam a

dimensatildeo do corpo utilizamos o relevo o coacuterrego ruas e monumentos histoacutericos para

traccedilarmos a direccedilatildeo (CLAVAL 2010) O cotidiano eacute cheio destes elementos que

permitem a orientaccedilatildeo espacial e por meio de experiecircncias e conhecimentos comuns

podendo assim estimular o desenvolvimento destas noccedilotildees com os alunos dos anos

inicias do EF Assim

Nosso corpo eacute orientado agrave nossa frente se estende aquilo que nosso olhar

descobre Apenas atraveacutes dos rumores e dos odores que nos chegam dali

aprendemos o que estaacute atraacutes Do lado direito e do lado esquerdo haacute zonas nas

quais os olhos detectam os movimentos mas captam mal as formas um

ligeiro movimento com a cabeccedila basta para descobri-las (CLAVAL 2010 p

15)

A orientaccedilatildeo nos mapas mentais foi analisada mediante a correlaccedilatildeo entre os

lugares ou fenocircmenos apresentados (toponiacutemias) como atraveacutes da rosa dos ventos na

organizaccedilatildeo do esboccedilo cartograacutefico o que correspondeu ao criteacuterio de localizaccedilatildeo

D Noccedilotildees de escala geograacutefica Destacamos as contribuiccedilotildees Racine Raffestin

amp Ruffy (1983) Silveira (2004) e Castro (2008) neste quesito Os autores apresentam

que a escala enquanto conceito cartograacutefico sempre foi considerado com uma fraccedilatildeo

96

entre a medida do real e abstrato mediante uma representaccedilatildeo50 Esta visatildeo cartesiana do

espaccedilo geomeacutetrico por muito tempo foi aceita e pouco discutida no modo do

desenvolvimento cientiacutefico da Geografia

Os estudos com a escala geograacutefica propotildeem que esta seja uma estrateacutegia de

aproximaccedilatildeo e identificaccedilatildeo de fenocircmenos espaciais sobre a superfiacutecie terrestre que se

apresentam por meio do conjunto de formas e eventos do espaccedilo Eacute a partir da escala

geograacutefica que os alunos tecircm a possibilidade de avaliar selecionar e representar a

dimensatildeo espacial do espaccedilo vivido e do mundo

Afirma Castro que ldquoA escala eacute na realidade agrave medida que confere visibilidade

ao fenocircmenordquo (CASTRO 2008 p 123) Pensamos que ela possibilita atraveacutes dos

mapas mentais dimensionar e mensurar determinado fenocircmeno comparar e distinguir

realidades e permite a tomada de decisatildeo consciente no lugar ao qual habita

Haacute de se deixar claro que o conjunto de noccedilotildees escolhidas para este estudo eacute

indissociaacutevel Observamos tambeacutem que estas correspondem a outras noccedilotildees e conceitos

e na possibilidade da construccedilatildeo de habilidades pelos alunos no desenvolvimento da

aprendizagem

As atividades seratildeo apresentadas seguindo a ordem de realizaccedilatildeo dos mapas

mentais Logo as praacuteticas e metodologias que auxiliaram a realizaccedilatildeo destes esboccedilos

cartograacuteficos natildeo necessariamente correspondem com a ordem cronoloacutegica das aulas

Dessa forma nos capiacutetulos seguintes apresentaremos algumas propostas de atividades

aleacutem de uma anaacutelise aprofundada dos mapas mentais inicialmente com a turma do 4ordm

ano no capiacutetulo 3 e posteriormente com a do 5ordm ano no capiacutetulo 4

50 Comumente apresentada nos mapas existentes por meio da escala numeacuterica 1 10 000 no exemplo do

mapa mural de Campina Grande onde o nuacutemero 1 representa o mapa e 10 000 a distacircncia em cm de cada

1 cm apresentado no mapa neste caso 1 cm = 100 m ou 010 km

97

3 PROPOSTAS E PRAacuteTICAS ESCOLARES ANAacuteLISES DOS MAPAS

MENTAIS COM OS ALUNOS DO 4ordm ANO

Observamos que o desenvolvimento de um recurso didaacutetico eacute precioso e

complexo Ele precisa ser adaptado as circunstacircncias do desenvolvimento cognitivo das

crianccedilas e tambeacutem as condiccedilotildees oferecidas pela escola para efetivaccedilatildeo do trabalho do

professor Diante disso este capiacutetulo apresenta as praacuteticas desenvolvidas com os alunos

do 4ordm ano

Temos por objetivo apresentar e avaliar propostas e praacuteticas luacutedicas para a

compreensatildeo espacial Para isso apresentamos estas experiecircncias em quatro itens (1)

Oficina 1 Maquete mental (2) Mapa mental 1 Canal das Piabas (3) Oficina 2 Praacuteticas

com mapa mudo e (4) Mapa mental 2 Mesorregiotildees da Paraiacuteba

As aulas de Geografia com a turma do 4ordm ano teve como temaacutetica das aulas

ldquoGeografia da Paraiacuteba um estudo atraveacutes da produccedilatildeo leitura de mapas mentaisrdquo Na

produccedilatildeo dos mapas mentais contextualizamos a discussatildeo sobre os principais rios da

Paraiacuteba e sua influecircncia no cotidiano dos paraibanos especialmente dos alunos Durante

o periacuteodo de trecircs aulas realizamos debates desenvolvemos propostas com mapas mudos

e outros exerciacutecios os quais seratildeo apresentados ao longo deste capiacutetulo

31 OFICINA 1 A MAQUETE MENTAL PRAacuteTICA COLETIVA DO ENSINO-

APRENDIZAGEM EM GEOGRAFIA

Apresentamos inicialmente uma proposta de ensino a qual intitulamos de

ldquomaquete mentalrdquo nossa compreensatildeo eacute que

O uso de maquetes favorece a passagem da representaccedilatildeo tridimensional para

a bidimensional por possibilitar domiacutenio visual do espaccedilo a partir do

modelo reduzido Na atividade proposta essa reduccedilatildeo apesar de natildeo

conservar as mesmas relaccedilotildees de comprimento aacuterea e volume do real (ou

seja apesar de natildeo seguir uma escala uacutenica) permite ao aluno ver o todo e

portanto refletir sobre ele Aleacutem disso as maquetes satildeo conhecidas das

crianccedilas acostumadas com brinquedos que satildeo miniaturas de objetos reais

(ALMEIDA 2010 p 77 ndash 78)

A maquete mental corresponde neste trabalho a uma representaccedilatildeo livre de uma

microescala (local) disposta em trecircs dimensotildees Ela eacute um recurso de transiccedilatildeo entre a

projeccedilatildeo da maquete (ver figura 6 - A p 98) para um mapa mental coletivo (figura 6 ndash

B) Aleacutem disso apresenta um tema que pode ou natildeo se referir ao cotidiano dos alunos

98

FIGURA 6 - A MAQUETE MAPA MENTAL CANAL DAS PIABAS

A - Maquete mental produzido pelos alunos do 4ordm ano

B- Mapa mental produzido pelos alunos do 4ordm ano Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

registrado por David L R de Almeida (2015)

A proposta executada a partir da interpretaccedilatildeo do texto ldquoProjeto de educaccedilatildeo

ambiental atraveacutes do estudo histoacuterico-geograacutefico e ecoloacutegico da bacia do Riacho das

Piabas (Canal) Campina Grande ndash Paraiacutebardquo51 apresentou noccedilotildees acerca das

51 Este projeto corresponde a uma accedilatildeo da comunidade local escolas e moradores da zona Sul de

Campina Grande que tem a intenccedilatildeo de realizar um levantamento histoacuterico e social da bacia do riacho

(mais conhecido como Canal) das Piabas Busca reconhecer o valor do referido recurso hiacutedrico aleacutem de

seu potencial Aleacutem disso a conscientizaccedilatildeo para preservar este recurso natural O texto esta disponiacutevel

no seguinte link httpwwwcdccuspbrbioeducarpb_camphtml gt acesso em 231115

99

toponiacutemias da orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo espacial e uso da aacutegua os quais

organizamos no quadro 5

QUADRO 5 SIacuteNTESE DO TEXTO SOBRE O CANAL DAS PIABAS

NOCcedilOtildeES PALAVRAS ENCONTRADAS NO TEXTO

Toponiacutemias

Cidade Campina Grande

Bairros Alto Branco Centro Santo Antonio e Joseacute

Pinheiro

Outros pontos de referecircncia natildeo oficiais para

administraccedilatildeo da prefeitura Rosa Miacutestica Ponto Cem

Reacuteis52 e Bairro do Cachoeira

Orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo Zona Norte

Uso da aacutegua

Recursos hiacutedricos aacutegua potaacutevel canal rios riacho e

cursos drsquoaacutegua

Problemas ambientais Lixo detritos e esgotos

Organizado por David L R de Almeida 2015

Apoacutes a explicaccedilatildeo de algumas palavras desconhecidas pelos alunos (entre elas

cursos drsquoaacutegua detritos e bifurcaccedilatildeo) realizamos uma reflexatildeo sobre a importacircncia dos

recursos hiacutedricos e qual influecircncia do Canal das Piabas53 no cotidiano dos estudantes A

discussatildeo sobre o tema surpreendeu os estudantes eles natildeo sabiam que se tratava do

canal que se encontra vizinho a escola o que motivou a curiosidade da maioria dos

alunos (ver figura 7 p 100)

Com base nesta interpretaccedilatildeo na aula seguinte desenvolvemos a proposta com a

maquete mental Para isso os alunos consideraram enquanto modelo de representaccedilatildeo

suas anotaccedilotildees sobre o texto discutido Aleacutem disso utilizamos recursos como imagens

de sateacutelite (disponiacuteveis pelo Google maps) e o mapa mural da cidade de Campina

Grande ndash PB como fontes de consulta

52 O Ponto Cem Reacuteis eacute localizado no bairro da Conceiccedilatildeo Este lugar eacute historicamente conhecido pela

populaccedilatildeo campinense como ponto de passagem para o Brejo paraibano a qual haacute deacutecadas atraacutes tinha a

funccedilatildeo de rodoviaacuteria e de comeacutercio para a populaccedilatildeo local e transeunte Natildeo se haacute um consenso da

origem da utilizaccedilatildeo da toponiacutemia mas alguns negam a referecircncia ao Ponto Cem Reacuteis encontrado na

atual capital paraibana Joatildeo Pessoa 53 A partir desse momento trataremos esse recurso hiacutedrico por Canal das Piabas visando facilitar a leitura

do texto e tambeacutem por ser uma referecircncia espacial mais comum para a populaccedilatildeo da cidade de Campina

Grande ndash PB

100

FIGURA 7 - CANAL DAS PIABAS EM PROXIMIDADE A ESCOLA

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) registrado por David L R de Almeida (2015)

Entregamos aos alunos orientaccedilotildees para a realizaccedilatildeo da maquete mental que

tambeacutem serviram de base para a produccedilatildeo dos mapas mentais como veremos adiante

Os estudantes desenvolveram suas representaccedilotildees considerando as informaccedilotildees

presentes no texto devendo

1 Representar o curso do Riacho Canal das Piabas do seu ponto inicial (nascente)

ateacute o ponto final (jusante)

2 Localizar os bairros e ou pontos de referecircncia (comeacutercio serviccedilos escolas) em

seu mapa

3 Orientar seu mapa atraveacutes da rosa dos ventos

4 Construir a legenda do mapa mental

Com base nos pontos supracitados a maquete mental foi realizada pelos alunos

mediante os procedimentos enumerados a seguir

1 Observar e relacionar as informaccedilotildees do texto com as representaccedilotildees expressas

nos mapas existentes e nas imagens de sateacutelite

2 Refletir e comparar a proporccedilatildeo entre os elementos e representaacute-los na cartolina

101

3 Localizar os bairros e pontos de referecircncia Traccedilar os itineraacuterios (avenidas ruas

canal das Piabas)

4 Distribuir os elementos (casas e carros) na maquete relacionando com as

condiccedilotildees de cada bairro (comercial de moradia etc)

5 Orientar o mapa mediante a rosa dos ventos

Durante o processo descrito os alunos estabeleceram um diaacutelogo contiacutenuo para

resolver o problema da escala geograacutefica da disposiccedilatildeo da formas e da localizaccedilatildeo dos

bairros na maquete (ver figura 8 p 101)

Para Vigotski (1998) a aprendizagem e desenvolvimento do aluno necessitam da

participaccedilatildeo ativa caso contraacuterio a mesma aprendizagem pode ser condenada ao

fracasso Nestes termos observamos que a iniciativa e trabalho em equipe possibilitam

os alunos a abranger sua leitura de mundo especialmente do lugar representado

refletindo sobre as suas experiecircncias cotidianas

FIGURA 8 PROCESSO DE REALIZACcedilAtildeO DA MAQUETE MENTAL

A Estaacutegio inicial ndash alunos traccedilando os itineraacuterios na

maquete mental

B Estaacutegio final ndash atribuindo as formas espaciais na maquete

mental

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) registrado por David L R de Almeida 2015

A maquete enquanto recurso didaacutetico possibilita o trabalho com temas de

elevado grau de dificuldade e abstraccedilatildeo Ressalta Mendes (2010 p 72) que ldquonos

processos de ensino e aprendizagem de geografia a utilizaccedilatildeo de modelos

tridimensionais permite ao educando simular observar descrever identificar e analisar

as dinacircmicas de determinados fenocircmenos geograacuteficosrdquo

Compreendemos que a maquete pode viabilizar a reflexatildeo sobre

102

A proporccedilatildeo entre os objetos

Reduccedilatildeo dos objetos

Localizaccedilatildeo das formas espaciais

Relaccedilotildees de orientaccedilatildeo frente atraacutes direita e esquerda ou mediante as

orientaccedilotildees espaciais (norte sul leste e oeste)

Sobre as diferenccedilas dos pontos de vista (lateral vertical e obliacutequo)

(ALMEIDA 2010 p 79)

De forma geral um dos primeiros criteacuterios relacionados ao uso da maquete eacute a

possibilidade de refletir sobre a percepccedilatildeo e a representaccedilatildeo do espaccedilo no mapa Na

perspectiva cartesiana os trabalhos de Almeida (2010) Almeida amp Passini (2010) e

Passini (2012) resgatam o debate sobre a relaccedilatildeo projetiva para anaacutelise mental Nessa

perspectiva encontramos na figura 9 o mesmo conjunto de objetos destacados em trecircs

pontos de vista diferente (lateral obliacutequo e vertical)

FIGURA 9 PERSPECTIVAS DE OBSERVACcedilAtildeO DAS FORMAS ESPACIAIS

A Visatildeo lateral B Visatildeo obliacutequa C Visatildeo vertical

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) registrado por David L R de Almeida 2015

Autores como Almeida (2010) e Castrogiovanni amp Costella (2006) observam na

maquete a oportunidade para o professor construir as relaccedilotildees projetivas com os alunos

saindo de uma visatildeo estritamente lateral ou obliacutequa a qual corresponde ao campo de

observaccedilatildeo do aluno para a perspectiva vertical traccedilado comum nos mapas existentes

O uso da maquete mental enquanto portadora do luacutedico permite as crianccedilas

externalizar sua compreensatildeo sobre o mundo Para Tuan (2012) o significado do jogo

para a primeira infacircncia (ateacute os seis anos de idade) contribui mais com o

desenvolvimento da coordenaccedilatildeo motora da crianccedila Entretanto ressaltamos que as

ldquobrincadeirasrdquo e a efetivaccedilatildeo dos jogos escolares tecircm objetivos expressos e um tema

preacute-definido seja ele para a aprendizagem de conteuacutedo vinculado ao curriacuteculo escolar

como para os valores exigidos para a vida em sociedade como a participaccedilatildeo respeito e

solidariedade (REGO 1995)

103

Eacute importante frisar que apenas decalcar ou ler o mapa natildeo traz a motivaccedilatildeo

necessaacuteria ao estudante Segundo Tuan (2012 p 30) ldquoa percepccedilatildeo eacute uma atividade um

estender-se para o mundo Os oacutergatildeos dos sentidos satildeo pouco eficazes quando natildeo satildeo

ativamente usadosrdquo por isso eacute importante a participaccedilatildeo do aluno ao rabiscar

estabelecer a localizaccedilatildeo das casas na maquete e falar sobre suas experiecircncias neste

ambiente para os companheiros

Temos uma visatildeo limitada de mundo relata Yi-Fu Tuan (1983) nem mesmo para

um adulto eacute faacutecil a tarefa de transpor um ponto de vista A funccedilatildeo da maquete mental eacute

ampliar a leitura de mundo do aluno Esta atividade quando mediada pelo recurso

permite observar a mesma realidade de diversos pontos de vista decorrente natildeo apenas

das relaccedilotildees projetivas mas da estrutura social e ambiental

Finalizado o processo de elaboraccedilatildeo da maquete mental os alunos foram

chamados a realizar os mapas mentais individualmente A maquete eacute um paracircmetro de

representaccedilatildeo para os mapas mentais Para esta anaacutelise houve a comparaccedilatildeo entre os

mapas mentais dos alunos e a maquete Retiramos as peccedilas sobrepostas sobre a folha de

cartolina (maquete mental) como resultado eacute observado o mapa mental coletivo

(apresentado na figura 6 B p 98)

32 MAPA MENTAL 1 CANAL DAS PIABAS

A Noccedilotildees de percepccedilatildeo espacial

Entre os questionamentos realizados aos alunos do 4ordm ano destacamos a

pergunta ldquo- Como vocecircs imaginam que eacute realizado o mapardquo entre as respostas estava

ldquocom papel e laacutepisrdquo (aluno 08) ou ainda ldquoele eacute feito de uma visatildeo de cimardquo (aluno 17)

O fragmento extraiacutedo de nosso jornal de pesquisa sublinha o imaginaacuterio das crianccedilas

sobre a produccedilatildeo dos mapas Embora algumas respostas apresentem certa ldquoinocecircnciardquo

por parte dos alunos outros percebem a necessidade da mudanccedila da perspectiva na

produccedilatildeo cartograacutefica

Ao longo da anaacutelise e leitura dos mapas mentais constatamos que as

representaccedilotildees dos alunos assumiram diferentes perspectivas Os alunos tiveram

liberdade de escolha para o traccedilado dos mapas mentais Ao compararmos os 16

(dezesseis) mapas mentais com a maquete mental uma questatildeo se destaca a perspectiva

espacial dos elementos representados ou seja seu ponto de vista A tabela 3 (p 104)

104

apresenta as trecircs visotildees predominantes na representaccedilatildeo espacial lateral vertical e

mista (elemento na perspectiva lateral vertical e ou obliacutequa)

TABELA 3 PERSPECTIVAS ESPACIAIS APRESENTADAS NOS MAPAS MENTAIS

Perspectiva espacial Ocorrecircncia

Lateral 01

Vertical 05

Mista 10

Total 16

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

Inicialmente a nossa anaacutelise corresponde aos cinco mapas mentais que

apresentam uma perspectiva vertical das formas espaciais representadas (casas preacutedios

e igreja) Estes mapas apresentam semelhanccedila ao acircngulo de visatildeo encontrado nos mapas

existentes O mapa mental do aluno 04 (figura 10 p 105) por exemplo apresenta uma

projeccedilatildeo totalmente vertical Ao visualizarmos o mapa mental satildeo notados apenas

quadrados coloridos o que corresponderia ao telhado das casas encontrado no modelo

(a maquete mental)

Quando sistematizamos os dados referentes agrave noccedilatildeo da percepccedilatildeo espacial dos

alunos observamos que a maioria deles (dez mapas) transita entre o esboccedilo de objetos

representado entre a perspectiva vertical e obliacutequa (um mapa) e vertical e horizontal

(nove mapas) (figura 15 p 118 e figura 12 p 110 respectivamente) Mesmo

apresentando certa disparidade entre os elementos desenhados suas representaccedilotildees

estatildeo proacuteximas a outros modelos de mapas como os turiacutesticos os quais normalmente

apresentam gravuras dispostas em acircngulos obliacutequos ou laterais

105

FIGURA 10 MAPA MENTAL EM PERSPECTIVA VERTICAL REALIZADO PELO ALUNO 04

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

106

Segundo Tuan (1983) os adultos e principalmente as crianccedilas vivem no chatildeo e

notam os objetos lateralmente natildeo eacute comum a eles perceberem a paisagem por outro

acircngulo de vista Na maioria das vezes a experiecircncia de olhar a paisagem de outra

perspectiva estaacute relacionada apenas a viagens de aviatildeo ou a oportunidade de escalar

uma montanha No entanto o mesmo autor afirma que as crianccedilas

[] podem ldquolerrdquo fotografias aeacutereas verticais em branco e preto de povoados e

campos de cultivo com uma acuidade e seguranccedila inesperadas Podem

reconhecer casas caminhos e aacutervores nas fotografias aeacutereas ainda que estes

aspectos apareccedilam em uma escala muito reduzida e sejam vistos de um

acircngulo e posiccedilatildeo desconhecidos em sua experiecircncia Eacute possiacutevel que as

crianccedilas da cidade tenham tido a experiecircncia de olhar fotografias em revistas

ou na televisatildeo [] (TUAN 1983 p 31)

Notamos portanto que estaacute transposiccedilatildeo de um acircngulo de vista a outro eacute haacutebito

comum entre as crianccedilas Acostumadas a brincar com brinquedos experimentam uma

realidade social ldquosimuladardquo inventam estoacuterias e constroem ldquorelaccedilotildees espaciais atraveacutes

de um jogo de imaginaccedilatildeordquo onde em muitos casos se destacam enquanto ldquodeuses do

Olimpordquo diferentemente de sua situaccedilatildeo no mundo dos adultos (TUAN 1983 p 31)

Entretanto em algumas situaccedilotildees essa percepccedilatildeo apresenta-se totalmente

divergente eacute o caso do mapa mental aluno 05 (figura 11 p 111) esse esboccedilo apresenta

uma visatildeo lateral da realidade Eacute o uacutenico mapa mental a apresentar a sociedade seus

sujeitos (ldquobonecos de palitordquo) atribuindo-os funccedilotildees como pilotar uma moto ou

transitar entre o cenaacuterio urbano (casa preacutedio mercado ndash ideal ndash semaacuteforo e rua) que

segundo relatou o aluno localiza-se no Ponto Cem Reacuteis Aleacutem disso retrata o sol como

um dos elementos que constituem a paisagem expressa na folha (em laranja)

O que nos chama a atenccedilatildeo eacute que mesmo participando da produccedilatildeo da maquete

mental e recebendo orientaccedilotildees do pesquisador o aluno 05 natildeo consegue deslocar seu

ponto de vista do cenaacuterio urbano Para Vigotski (1998 p 36) quando uma crianccedila se

defronta com um problema ao qual natildeo pode solucionar individualmente recorre a um

adulto ou ldquodiante de tal desafio aumenta o uso emocional da linguagem pelas crianccedilas

assim como aumentam seus esforccedilos no sentido de atingir uma soluccedilatildeo mais inteligente

menos automaacuteticardquo

A representaccedilatildeo geograacutefica do mapa mental do aluno 05 sugeriu uma condiccedilatildeo

referente agrave percepccedilatildeo do espaccedilo a qual Tuan (1983) denomina de apinhamento

Segundo o autor o apinhamento pode ser uma condiccedilatildeo a qual nossa liberdade espacial

eacute privada em decorrecircncia da presenccedila de outras pessoas em outro caso tambeacutem pode

107

estar relacionada agrave necessidade do contato com o outro do sentimento de pertencer a

um coletivo a sociedade Nestas condiccedilotildees escreve Tuan

As pessoas nos restringem mas tambeacutem podem ampliar o nosso mundo O

coraccedilatildeo e a mente se expandem na presenccedila daqueles que admiramos e

amamos [] quando as pessoas trabalham juntas por uma causa comum um

homem natildeo tira espaccedilo do outro pelo contraacuterio ele aumenta o espaccedilo do

companheiro dando-lhe apoio (TUAN 1983 p 72 ndash 73)

Podemos considerar que o espaccedilo apresentado pelo aluno natildeo situa o Canal das

Piabas mas sim o lugar que vive cotidianamente Para o trabalho escolar o professor

deve estar atento a esta questatildeo e criar subsiacutedios para que o aluno amplie sua escala de

percepccedilatildeo O trabalho em equipe e o diaacutelogo com o professor pode auxiliar nesta tarefa

fazendo o aluno notar elementos espaciais como o canal das Piabas que fazem parte da

sua vida e da comunidade

108

FIGURA 11 MAPA MENTAL EM PERSPECTIVA LATERAL PELO ALUNO 05

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

109

B Uso de Toponiacutemias

O desafio para a constituiccedilatildeo de uma linguagem atraveacutes dos mapas mentais

ressaltou o conjunto dos nomes dos lugares ou seja as toponiacutemias que desenvolvem o

ldquotecido espacialrdquo e indica o trajeto do Canal das Piabas Estas palavras servem como

ponto de referecircncia e suporte do raciociacutenio geograacutefico por parte dos alunos Neste

quesito 15 (quinze) alunos destacaram o nome dos bairros pontos de referecircncia (a

escola) ou nome do Canal das Piabas e do Accedilude Velho em seus mapas mentais

Apenas um mapa natildeo realizou qualquer referecircncia deste tipo

Ao analisarmos o mapa mental aluno 14 (figura 12 p 109) eacute observado seu

caraacuteter difuso enquanto representaccedilatildeo espacial As toponiacutemias mais que fazer

referecircncia aos lugares estabelece as relaccedilotildees e a compreensatildeo do mapeador a respeito do

tema tratado Baseado na interpretaccedilatildeo vigotskiana de Friedrich (2012) podemos situar

que imagem mental construiacuteda pelo aluno encontra-se no estaacutegio sincreacutetico Outros

criteacuterios devem fazer parte da interpretaccedilatildeo dos mapas mentais No caso do mapa

mental do aluno 14 correspondem as necessidades ou dificuldades especiais do

estudante Em entrevista com a gestora escolar ela comenta que o aluno 14 apresenta

dificuldades ou necessidades especiais de ordem intelectual voltadas a aprendizagem54

Neste caso especiacutefico o trabalho pedagoacutegico na Escola Municipal Luacutecia de

Faacutetima Gayoso Meira eacute realizado na sala de atendimento especializado onde os alunos

desenvolvem atividades que estimulam sua coordenaccedilatildeo sensoacuterio-motora e cognitiva

Para Friedrich (2012) este auxiacutelio eacute imprescindiacutevel as atividades escolares em

decorrecircncia da maior necessidade da mediaccedilatildeo do professor caso contraacuterio o aluno

apresentaraacute dificuldade de abstrair seus conhecimentos acerca do assunto estudado

54 Embora coloque este ponto a gestora escolar confessa natildeo saber qual o diagnoacutestico meacutedico referente a

dificuldade do aluno Relata que na escola apenas um aluno com deficiecircncia (siacutendrome de Down) e que

os demais apresentariam outras deficiecircncias correspondentes a aprendizagem como dislexia Atualmente

a escola possui uma sala de Atendimento Especial e professora especializada no trabalhado pedagoacutegico

com pessoas com deficiecircncia embora natildeo tenha os recursos didaacuteticos disponibilizados pelo governo

(computadores jogos entre outros materiais didaacuteticos) O termo ldquopessoa com deficiecircnciardquo foi criado pelo

Conselho Nacional da Pessoa com Deficiecircncia definido atraveacutes da resoluccedilatildeo estabelecida pela portaria nordm

2344 de 3 de novembro de 2010 Para mais informaccedilotildees acessar Disponiacutevel em

httpwwwmpgompbrportalwebhp41docsparecer_-_mudanca_da_nomeclaturapdf lt acesso

20072014

110

FIGURA 12 MAPA MENTAL DO ALUNO 14 COM DESTAQUE A ELEMENTOS SINCRETICOS

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

111

Divergente do caso do mapa do aluno 14 outros esboccedilos cartograacuteficos

apresentam uma rede de palavras que vincula o tema discutido Canal das Piabas aos

lugares de travessia da rede hidrograacutefica A tabela 4 apresenta o nuacutemero de ocorrecircncia

de cada toponiacutemia utilizada nos mapas mentais

TABELA 4 USO DAS TOPONIacuteMIAS NOS MAPAS MENTAIS

Toponiacutemias utilizadas Ocorrecircncia

Bairro (s) 13

Accedilude Velho 13

Riacho Canal das Piabas 12

Escola 10

Outros 01 Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

A organizaccedilatildeo das toponiacutemias apresentadas nos mapas mentais aluno 01 e 03

(figura 13 p 114 e 14 p 115) exemplificam um raciociacutenio geograacutefico recorrente a

linguagem social Observando os mapas mentais do aluno 01 e 03 eacute possiacutevel destacar

uma coerecircncia na organizaccedilatildeo das toponiacutemias enquanto uma sequencialidade de nomes

que permite identificar e reconstruir uma abstraccedilatildeo do percurso real do Canal das

Piabas

Para que o processo de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica ocorra eacute necessaacuterio que o

aluno esteja atento ao processo de codificaccedilatildeo do mapa para isso ldquoa codificaccedilatildeo seraacute

significativa se a crianccedila construir seus proacuteprios siacutembolos trabalhando do significado

para o coacutedigordquo (PASSINI 2012 p 46) Eacute necessaacuterio observar que o significado eacute

variaacutevel para cada indiviacuteduo mas tambeacutem corresponde a uma expressatildeo social O

ranking dos nomes referentes aos bairros eacute apresentado a seguir na tabela 5

TABELA 5 RANKING DAS TOPONIacuteMIAS RELACIONADOS AOS BAIRROS DE

CAMPINA GRANDE

Bairro Ocorrecircncia Bairro Ocorrecircncia

Conceiccedilatildeo 10 Joseacute Pinheiro 06

Centro 07 Louzeiro 06

Lauritzen 07 Alto Branco 02

Monte Castelo 07 Monte Santo 01

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

112

Na atividade de interpretaccedilatildeo dos bairros representados pelos alunos uma

importante observaccedilatildeo refere-se agrave escolha das toponiacutemias apresentadas e o contexto

social a qual corresponde agrave identidade Em experiecircncias anteriores (ALMEIDA 2012)

jaacute haviacuteamos percebido que os alunos assim como funcionaacuterios do coleacutegio relatam que

a escola localiza-se no bairro do Alto Branco entretanto para administraccedilatildeo poliacutetica do

municiacutepio de Campina Grande ela estaacute localizada no bairro Lauritzen

Segundo os estudos de Maia (2010) um dos fatores para valorizaccedilatildeo de bairros

como Alto Branco Jardim Tavares e Bairro das Naccedilotildees (todos localizados na Zona

Norte de Campina Grande) eacute a valorizaccedilatildeo imobiliaacuteria em decorrecircncia da presenccedila de

condomiacutenios fechados Ressaltamos que esta diferenccedila entre a identidade da populaccedilatildeo

e a organizaccedilatildeo administrativa do municiacutepio foi explicada aos alunos que Em sua

maioria os alunos fizeram mais referecircncias ao bairro Lauritzen (sete ocorrecircncias) que

ao Alto Branco (duas ocorrecircncias)

Essa diferenccedila entre o destaque dos bairros quando comparado a outros pontos

de referecircncia como Rosa Miacutestica e Ponto Cem Reacuteis eacute proveniente da percepccedilatildeo

referente agrave Zona Norte da cidade de Campina Grande Para explicar este fato

apresentamos um diaacutelogo realizado entre o aluno 15 o pesquisador e a professora

Marta a respeito da comunidade Rosa Miacutestica

Apoacutes compreender onde se localizava a comunidade Rosa Miacutestica o aluno 15

se levanta e fala - ldquoProfessor [pesquisador] eacute o BG55 natildeo eacute

Professora Marta - ldquoO que eacute BG meninordquo

Aluno 15 - ldquoSabe natildeo professora lsquoBuraco da Giarsquo professorardquo

Para entendermos o contexto social ao qual se refere o aluno algumas

observaccedilotildees devem ser realizadas visto que caracteriza relaccedilotildees de identidade e

percepccedilotildees espaciais natildeo apenas destas crianccedilas mas da populaccedilatildeo campinense Arauacutejo

amp Valverde (2013) discutem o surgimento e processo de urbanizaccedilatildeo de uma

comunidade localizada na Zona Norte de Campina Grande a Rosa Miacutestica

Relata os autores que a Rosa Miacutestica surge na deacutecada de 1940 conhecida como

ldquoBuraco da Jiardquo

Inicialmente houve o loteamento e arrendamento de uma aacuterea (antes ocupada

por mata subcaducifoacutelia de transiccedilatildeo e reservatoacuterios de aacutegua) que se

encontrava sob os cuidados de uma famiacutelia que residia nas proximidades O

antigo Buraco da Jia durante algumas deacutecadas de existecircncia foi considerado

55 O significado de BG para o aluno eacute relativo a Buraco da Jia observa-se aiacute uma alteraccedilatildeo da letra ldquoGrdquo e

ldquoJrdquo

113

pela Prefeitura Municipal de Campina Grande como favela (ARAUacuteJO amp

VALVERDE 2013 p 151)

O termo Buraco da Jia segundo os autores consiste em uma das toponiacutemias

condizentes a uma aacuterea de contato entre trecircs bairros (Alto Branco Louzeiro e

Conceiccedilatildeo) embora natildeo se tenha consenso a respeito da origem deste nome antigos

moradores atribuem o significado agraves condiccedilotildees ambientais do lugar Aleacutem disso carrega

estereoacutetipos sociais como violecircncia favelizaccedilatildeo drogas entre outros A toponiacutemia Rosa

Miacutestica soacute viria surgir anos mais tarde em decorrecircncia do movimento da igreja e de

seus moradores com o objetivo de diminuir a violecircncia presente na comunidade

(ARAUacuteJO amp VALVERDE 2013)

Consideramos que a percepccedilatildeo social e a escolha destas toponiacutemias natildeo satildeo

involuntaacuterias pois agrave medida que apresentam bairros considerados ldquobons seguros

organizadosrdquo negam aqueles espaccedilos percebidos como ldquomarginalizados inseguros

precaacuteriosrdquo Embora o aluno 15 natildeo estivesse presente no dia da realizaccedilatildeo destes mapas

mentais seus colegas natildeo fizeram nenhuma referecircncia mesmo os que conhecem e

vivem esta realidade

114

FIGURA 13 USO DAS TOPONIMIAS PELO ALUNO 01

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

115

FIGURA 14 USO DE TOPONIMIAS PELO ALUNO 03

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

116

C Noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

Como expotildeem Claval (2010) localizar e orientar satildeo duas bases importantes no

posicionamento das toponiacutemias A pontuaccedilatildeo aleatoacuteria desses nomes pode resultar em

problemas na identificaccedilatildeo dos lugares e na comunicaccedilatildeo do mapa mental Durante o

desenvolvimento de atividades como a maquete mental houve praacuteticas e discussotildees a

respeito da importacircncia da localizaccedilatildeo dos fenocircmenos espaciais e da orientaccedilatildeo atraveacutes

dos pontos cardeais (norte sul leste e oeste)

Dessa forma a experiecircncia se repetiu no desenho dos mapas mentais os quais

deveriam ser orientados pela rosa dos ventos e seus pontos cardeais Ao analisarmos os

16 mapas encontramos em apenas seis o procedimento exigido Dos seis casos que

apontaram a rosa dos ventos apenas o mapa mental aluno 03 (figura 14 p 115)

consegue estabelecer com propriedade a orientaccedilatildeo espacial

Diferentemente do caso anterior os outros cinco mapas mentais (a exemplo do

aluno 01 ver figura 13 p 114) apresentam agrave rosa dos ventos muito embora o norte

referende a posiccedilatildeo superior da folha e natildeo a nascente do Canal das Piabas Este

problema de orientaccedilatildeo haacute muito jaacute vem sido discutido por especialistas da aacuterea da

Cartografia Escolar Passini (2012 p 96) menciona que embora os livros didaacuteticos dos

primeiros ciclos (1ordm ao 5ordm ano) abordem a questatildeo da orientaccedilatildeo espacial afirma que

O que temos visto [] satildeo explicaccedilotildees sobre a indicaccedilatildeo da nascente do Sol

como direccedilatildeo Leste muitas vezes com a figura de um menino de braccedilos

abertos com a matildeo direita apontando o Leste Essa forma de ldquoorientarrdquo pode

criar o equiacutevoco de que o lado Leste eacute determinado com a matildeo direita

O problema encontrado eacute que na compreensatildeo dos alunos os pontos cardeais satildeo

encarados como um criteacuterio estaacutetico quando na verdade seu posicionamento eacute relativo

Esse tipo de orientaccedilatildeo (pelos astros ndash sol lua etc) necessita de uma transposiccedilatildeo da

compreensatildeo da macroescala (dos planetas) para a microescala (dos bairros da Zona

Norte de Campina Grande)

Por outro lado podemos analisar que os mapas mentais como o aluno 01 pode

ter outro referencial de orientaccedilatildeo o do corpo Nesta linha de raciociacutenio os trabalhos de

Claval (2010) e Tuan (1983) afirmam que mediante a experiecircncia os nosso sentidos

(olfato audiccedilatildeo e ateacute mesmo o tato) nos auxilia na experiecircncia do espaccedilo permitindo

traccedilar itineraacuterios mediante a localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

117

A pesquisa com alunos do curso de Geografia da Universidade Federal do

Paranaacute (UFPR) realizada por Kozel (2008) demonstra ser possiacutevel o trabalho da

representaccedilatildeo da cidade a partir das percepccedilotildees sensoacuterias A autora revela que a

linguagem pode ser construiacuteda a partir dos sentidos desde que desenvolva a construccedilatildeo

semioacutetica (expresse em signos os elementos sentidos como o cheiro) e possibilite sua

transformaccedilatildeo em enunciados Para a autora a imagem mental pode ser ldquoconstruiacutedas a

partir das sensaccedilotildees e percepccedilotildees assim como signos verbais ou natildeo-verbais tambeacutem se

constroem dentro desse processordquo (KOZEL 2008 p 74)

No caso dos mapas mentais dos alunos do 4ordm ano observamos que a ordem e

sequencialidade da orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo quando comparado agrave maquete mental

estiveram presentes em 50 dos casos (oito mapas) Nestes oito mapas como eacute o caso

do aluno 10 (Figura 15 p 118) as toponiacutemias foram localizadas de forma que

possibilita a compreensatildeo total do fenocircmeno estudado o Canal das Piabas pelo leitor

Aleacutem disso tal como eacute relatado no texto o curso drsquoaacutegua estabelece o limite e

localizaccedilatildeo entre os bairros ldquoacima do canalrdquo os bairros Centro Conceiccedilatildeo e Louzeiro e

ldquoabaixordquo o Joseacute Pinheiro (escrito como Satildeo Pinheiro) e Lauritzen (onde estaacute localizada

a escola)

Nos outros oito casos do uso da localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial as noccedilotildees

ainda natildeo foram internalizadas Os alunos conseguem apenas desenvolver relaccedilotildees

topoloacutegicas (frente atraacutes direita e esquerda como discutido no capiacutetulo I p 39)

quando os elementos estatildeo em seu campo de visatildeo como a atividade em que os alunos

do 4ordm ano construiacuteram um mapa da sala de aula e destacaram atraveacutes da legenda a

localizaccedilatildeo de sua carteira Observaremos outros exemplos relacionados agrave localizaccedilatildeo e

orientaccedilatildeo espacial no toacutepico a seguir

118

FIGURA 15 MAPA MENTAL E A LOCALIZACcedilAtildeO DOS BAIRROS DE CAMPINA GRANDE PELO ALUNO 10

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

119

D Noccedilotildees de escala geograacutefica

Em trabalho com os mapas existentes a escala numeacuterica (matemaacutetica) eacute essencial

para o trabalho pedagoacutegico Permite ao aluno compreender a ldquogeneralizaccedilatildeo

cartograacuteficardquo a relaccedilatildeo entre a escala e a quantidade de elementos do mapa Dessa forma

ldquoquanto menor a escala menos detalhes (maior a generalizaccedilatildeo) quanto maior a escala

mais detalhes (menor generalizaccedilatildeo)rdquo (ALMEIDA 2010 p 92)

Todavia no que corresponde ao uso dos mapas mentais ela aparece enquanto

elemento secundaacuterio A escala meacutetrica eacute importante para a formaccedilatildeo do aluno

entretanto na transposiccedilatildeo da imagem mental ela natildeo aparece Isso se deve ao fato da

nossa percepccedilatildeo espacial natildeo ser decorrente da distacircncia fiacutesica entre os lugares mas da

afetiva (TUAN 1983)

A primeira vista a escala geograacutefica pode ser considerada banal e ateacute mesmo

desarticulada agraves praacuteticas do ensino de Geografia nos anos iniciais do EF Entretanto a

escala eacute um ldquoproblema metodoloacutegicordquo visto que se torna para noacutes um procedimento

praacutetico e ldquouma estrateacutegia de apreensatildeo da realidaderdquo ao discutir noccedilotildees de Geografia e

contextualizar o tema em estudo Aleacutem disso permite avaliar a compreensatildeo dos alunos

a respeito do assunto abordado (CASTRO 2008 p 120)

Montar a maquete mental necessita de habilidade para a compreensatildeo da

totalidade do fenocircmeno estudado e a reduccedilatildeo necessaacuteria para que nenhuma informaccedilatildeo

relevante seja perdida a transposiccedilatildeo dessas ideias para os mapas mentais segue a

mesma loacutegica

Percebemos que haacute diferenccedilas no trabalho pedagoacutegico com a escala numeacuterica e a

escala geograacutefica entretanto existe um ponto em comum entre elas ldquoeacute importante notar

que a escala natildeo eacute a mesma em todo o mapardquo (ALMEIDA 2010 p 91) Os sujeitos de

uma turma podem ter compreensotildees escalares distintas fato presente na produccedilatildeo dos

mapas mentais como eacute apresentado na tabela 6 que caracteriza as escalas geograacuteficas

TABELA 6 ESCALA GEOGRAacuteFICA EM DESTAQUE NOS MAPAS MENTAIS

ESCALA

GEOGRAacuteFICA OCORREcircNCIA

Bairro 11

Rua 03

Natildeo apresenta comunica 02 Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

120

Podemos observar na realizaccedilatildeo da maioria dos mapas mentais (11 mapas) a

presenccedila do raciociacutenio geograacutefico ao atribuir uma reduccedilatildeo dos objetos representados

sem a necessidade de recorrer agrave escala meacutetrica As representaccedilotildees apresentam a

compreensatildeo dos estudantes sobre a aacuterea estudada Na maioria dos casos observamos

que os alunos tiveram a preocupaccedilatildeo de indicar a reduccedilatildeo necessaacuteria para exposiccedilatildeo dos

fenocircmenos apresentados em seus esboccedilos (uso das toponiacutemias)

A maioria dos esboccedilos cartograacuteficos destaca o nome dos bairros o que contribui

para leitura das informaccedilotildees contidas em cada mapa (por exemplo o mapa mental do

aluno 04 figura 10 p 105) Em casos mais especiacuteficos houve uma reduccedilatildeo a uma

escala geograacutefica mais local a da rua a qual apresenta mais relaccedilotildees da experiecircncia

cotidiana do que com o resgate do tema estudado

Se considerarmos a escala geograacutefica enquanto procedimento do raciociacutenio

geograacutefico observaremos que nos trecircs casos onde a rua aparece como escala de

representaccedilatildeo (aluno 05 figura 11 p 111) e ainda nos outros dois que natildeo fazem

menccedilatildeo a qualquer tipo de reduccedilatildeo espacial (aluno 14 figura 12 p 110) podemos notar

dificuldades na sistematizaccedilatildeo da linguagem e da comunicaccedilatildeo do tema indicando a

necessidade de um papel mais ativo da mediaccedilatildeo do professor

Diante desta dificuldade expotildeem Vigotski (1998) que

A linguagem habilita as crianccedilas a providenciarem instrumentos auxiliares na

soluccedilatildeo de tarefas difiacuteceis a superar a accedilatildeo impulsiva a planejar uma soluccedilatildeo

para um problema antes de sua execuccedilatildeo e a controlar seu proacuteprio

comportamento Signos e palavras constituem para as crianccedilas primeiro e

acima de tudo um meio de contato social com outras pessoas As funccedilotildees

cognitivas e comunicativas da linguagem tornam-se entatildeo a base de uma

forma nova e superior de atividade nas crianccedilas distinguindo-as dos animais

(VIGOTSKI 1998 p 38)

Considerando as palavras da citaccedilatildeo anterior notamos que a praacutetica da

construccedilatildeo do pensamento se reproduz na execuccedilatildeo da atividade proposta ou seja dos

mapas mentais Entretanto observamos que mesmo a ldquoimitaccedilatildeordquo de um modelo

produzido pelos alunos (a maquete mental) enquanto elemento responsaacutevel por criar

uma zona de desenvolvimento potencial natildeo eacute em alguns casos o suficiente para

desenvolver habilidades como observaccedilatildeo e planejamento do trabalho a ser executado

pelo aluno

121

3 3 OFICINA 2 PRAacuteTICAS COM MAPA MUDO (RE) CONSTRUINDO O MAPA

MENTAL DA PARAIacuteBA

A Paraiacuteba foi o tema em pauta para as atividades do 4ordm ano no uacuteltimo bimestre

escolar Em minha primeira visita realizada a escola apoacutes o aceite para realizaccedilatildeo da

pesquisa perguntei a professora Marta quais eram as suas orientaccedilotildees para as aulas de

Geografia embora tenha exposto o tema ficou de apresentar seu planejamento

posteriormente

Quando retornamos agrave escola recebemos da professora duas folhas elas

realizavam uma caracterizaccedilatildeo geneacuterica da Paraiacuteba Com os papeacuteis em matildeos

percebemos que se tratava de trechos disponibilizados no site do Wikipeacutedia As

informaccedilotildees natildeo eram confiaacuteveis tampouco suficientes Resolvemos explorar os

recursos didaacuteticos disponibilizados pela escola e descobrimos que havia mapas murais

atlas escolares e livros didaacuteticos sobre o Estado da Paraiacuteba Sugerimos que as fontes e

recursos didaacuteticos disponibilizados pela escola fossem articulados a proposta das aulas

Natildeo foi encontrada nenhuma objeccedilatildeo da professora em utilizar estes materiais

O caso descrito no paraacutegrafo anterior natildeo eacute apenas uma anedota de pesquisa

para a gestora Rosacircngela as professoras desconhecem os materiais existentes na escola

Ela relata que o governo investe em recursos didaacuteticos como mapas atlas livros e aleacutem

disso DVD jogos entre outros materiais que poderiam ser utilizados em sala de aula

Apoacutes as mudanccedilas relatadas pensamos em atividades para os alunos do 4ordm ano

recapitulando alguns assuntos tratados pela professora regente no 3ordm bimestre como a

discussatildeo sobre a cidade de Campina Grande e a regiatildeo Nordeste Com esta intenccedilatildeo

realizamos mapas mudos da regiatildeo Nordeste (modelo em apecircndice V) e do Estado da

Paraiacuteba (modelo em apecircndice VI) situando as discussotildees sobre os temas discutidos (ver

figura 16 e 17 p 122)56

56 Procuramos realizar praacuteticas que possibilitassem o processo de regionalizaccedilatildeo com alunos do 4ordm ano

Aleacutem disso observamos e comparamos diferentes fotografias pertencentes agrave Paraiacuteba o que auxiliou na

produccedilatildeo de mapas mudos pretendendo desenvolver modelos para a internalizaccedilatildeo da noccedilatildeo de regiatildeo

122

FIGURA 16 MAPA MUDO REALIZADO BRASIL (REGIAtildeO NORDESTE) REALIZADO PELO

ALUNO 07

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

Em seguida temos outro mapa realizado pelo aluno 01 Podemos perceber como

ele se apropria dos conhecimentos necessaacuterios para preenchimento das informaccedilotildees de

forma praacutetica

FIGURA 17 MAPA MUDO DAS MESSOREGIOtildeES DA PARAIacuteBA REALIZADO PELO ALUNO

01

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

123

O mapa da regiatildeo Nordeste (figura 16 p 122) procurou discutir os

procedimentos para realizaccedilatildeo da leitura dos mapas existentes enfatizando a construccedilatildeo

da legenda por meio da construccedilatildeo do signo (significado - as cores - utilizado aos seus

significantes - estados representados) A rosa dos ventos tambeacutem fez parte destes

procedimentos pois buscamos substituir a associaccedilatildeo da orientaccedilatildeo do corpo pela

orientaccedilatildeo atraveacutes dos pontos cardeais

Se considerarmos que o mapa eacute uma forma de representaccedilatildeo do espaccedilo e que

representa uma linguagem com siacutembolos legendas escalas geograacuteficas e toponiacutemias

podemos concluir que eacute necessaacuterio fazer com que o aluno busque potencializar

habilidades e competecircncias para entendecirc-lo decifraacute-lo e utilizaacute-lo

Desse modo a praacutetica de produccedilatildeo de mapas eacute necessaacuteria pois permite aos

alunos atingir uma organizaccedilatildeo cognitiva da estrutura do espaccedilo Alem disso

desenvolver princiacutepios de organizaccedilatildeo sistematizaccedilatildeo e correspondecircncia com outros

mapas visualizados em seu cotidiano que em muitos casos natildeo fazem muito sentido

Para Almeida amp Passini (2010 p 13) o mapa soacute faz sentido enquanto recurso de

aprendizagem

[] se o aluno participou ativamente do processo de construccedilatildeo

(reconstruccedilatildeo) do conhecimento atraveacutes da praacutetica escolar orientada pelo

professor E quanto ao domiacutenio espacial envolve preacute-aprendizagens relativas

a referencias e categorias essenciais ao processo de concepccedilatildeo do espaccedilo

De acordo com esses apontamentos pretendemos analisar os mapas mentais

correlacionando com o mapa mudo elaborado pelos alunos A produccedilatildeo dos mapas

mentais que seratildeo apresentados a seguir foi uma sugestatildeo da professora regente para

compor a avaliaccedilatildeo final do 4ordm bimestre (ver apecircndice VII) Desta forma algumas

observaccedilotildees deveratildeo ser verificadas

1 A realizaccedilatildeo destes mapas ficou a cargo da professora regente Segundo ela

nenhum dos alunos teve acesso as informaccedilotildees presentes nos cadernos livros

ou outras fontes de consulta

2 A prova foi realizada individualmente

3 As atividades natildeo foram realizadas no mesmo dia pelos alunos A professora

Marta emprega como praacutetica que os alunos realizem as provas em dias

aleatoacuterios evitando a possibilidade de ldquocolardquo entre os alunos

4 Realizamos as orientaccedilotildees para o desenho dos mapas mentais considerando

os temas estudados em sala de aula

124

3 4 MAPA MENTAL 2 MESORREGIOtildeES DA PARAIacuteBA

A Noccedilotildees de percepccedilatildeo espacial

Durante esta fase foram elaborados 14 mapas mentais sobre as mesorregiotildees

Geograacuteficas da Paraiacuteba Todos os mapas apresentados a partir deste momento natildeo

apresentaram problemas em relaccedilatildeo ao ponto de vista (lateral vertical ou obliacutequa) dos

elementos representados Todos eles satildeo apresentados na perspectiva vertical

Os alunos progrediram na anaacutelise e construccedilatildeo dos mapas mentais e agora

consideram o procedimento dos pontos de vista Natildeo necessariamente O que ocorre eacute

que como discute Castro (2008) os fenocircmenos mudam de acordo com a escala

geograacutefica O tema pode ser um dos grandes influenciadores dessa mudanccedila de

perspectiva A escala regional e as orientaccedilotildees para a realizaccedilatildeo do mapa impotildeem outra

problemaacutetica que natildeo corresponde aos elementos representados na escala local como a

disposiccedilatildeo de preacutedios ou casas por exemplo

Desta forma natildeo seria conveniente tampouco realista considerar os mesmos

paracircmetros (pontos de vista) de anaacutelise do mapa mental do Canal das Piabas Outro fato

eacute que os modelos ou imagens mentais construiacutedas natildeo se baseiam em uma representaccedilatildeo

em trecircs mas em apenas duas dimensotildees

Se considerarmos a concepccedilatildeo de Tuan (2012 p 18) acerca da percepccedilatildeo

espacial eacute possiacutevel inferir que ela pode ser uma resposta a uma ldquoatividade propositalrdquo

escolar Neste aspecto se torna uma capacidade de avaliaccedilatildeo e ordenamento dos objetos

dispostos no espaccedilo Os mapas mentais podem corresponder agraves relaccedilotildees entre as formas

representadas

Os esboccedilos cartograacuteficos elaborados pelos alunos assumiram duas ldquoformasrdquo a

primeira de sequencialidade das Mesorregiotildees Geograacuteficas (dez mapas mentais) e a

segunda a circularidade (quatro mapas) Algumas observaccedilotildees devem ser feitas antes de

avanccedilarmos na anaacutelise destes mapas mentais

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) os estudos da

divisatildeo regional pelo IBGE originaram-se em 1941 sob a coordenaccedilatildeo do prof Faacutebio

Macedo Soares Guimaratildees Ateacute aquele momento diversas sistematizaccedilotildees para divisatildeo

regional do territoacuterio brasileiro havia sido proposta dessa forma o objetivo do oacutergatildeo foi

organizar um uacutenico modelo de divisatildeo regional do Brasil

125

Aleacutem disso eacute relatado no site do IBGE que entre os fatores que influenciaram a

divisatildeo das regiotildees em Mesorregiotildees Geograacuteficas foram a elaboraccedilatildeo de poliacuteticas

puacuteblicas locais localizaccedilatildeo de atividades econocircmicas sociais e tributaacuterias

planejamento urbano estudos de identificaccedilatildeo das regiotildees metropolitanas

aglomeraccedilotildees urbanas e rurais entre outros O IBGE conclui que

A Divisatildeo Regional do Brasil em mesorregiotildees partindo de determinaccedilotildees

mais amplas a niacutevel conjuntural buscou identificar aacutereas individualizadas em

cada uma das Unidades Federadas tomadas como universo de anaacutelise e

definiu as mesorregiotildees com base nas seguintes dimensotildees o processo social

como determinante o quadro natural como condicionante e a rede de

comunicaccedilatildeo e de lugares como elemento da articulaccedilatildeo espacial57

No tocante aos aspectos poliacuteticos econocircmicos sociais e naturais a Paraiacuteba estaacute

dividida em quatro Mesorregiotildees Geograacuteficas Mata Paraibana Agreste Paraibano

Borborema e Sertatildeo Paraibano (ver figura 17 p 122) cada uma delas apresenta

caracteriacutesticas proacuteprias De acordo com Carvalho Travassos amp Maciel (2002 p 33) ldquoA

distribuiccedilatildeo dos climas da Paraiacuteba estaacute relacionada com a localizaccedilatildeo geograacutefica ou

seja quanto mais proacuteximo do litoral mais uacutemido seraacute o clima quanto mais longe mais

secordquo Este traccedilado de sequencialidade eacute encontrado no mapa do aluno 08 (figura 18 p

126)

Por outro lado quatro alunos desenharam a silhueta da Paraiacuteba em formas

circulares (aluno 03 figura 19 p 127) distinguindo-se dos modelos preacute-elaborados

(mapa mudo) e trabalhados em classe atraveacutes do atlas escolar da Paraiacuteba Neste aspecto

Tuan (2012 p 63) comenta que ldquoo etnocentrismo casa bem com a ideia do cosmo

circularrdquo Perceber o seu mundo enquanto um paracircmetro circular daacute ao sujeito a

compreensatildeo que todos os espaccedilos estatildeo proacuteximos e acessiacuteveis

Desde que nascemos nossas experiecircncias espaciais se desenvolvem inicialmente

por relaccedilatildeo aos estiacutemulos do meio e posteriormente com nosso conviacutevio em sociedade

Tuan (1983) revela que para um bebecirc de seis meses de idade o simples fato de estar

sentado jaacute possibilita um novo campo de visatildeo a que tinha anteriormente quando

ficava apenas deitado Aleacutem disso ldquotoda pessoa estaacute no centro do seu mundo e o

espaccedilo circundante eacute diferenciado de acordo com o esquema de seu corpordquo (TUAN

1983 p 46) Outra justificativa que corresponde agrave representaccedilatildeo deste traccedilado circular

corresponderia agraves dificuldades dos alunos ao abstrair o princiacutepio da conexatildeo entre as

Mesorregiotildees Geograacuteficas Observaremos outros casos semelhantes no toacutepico a seguir

57 As informaccedilotildees pertinentes ao IBGE estatildeo disponiacuteveis no link a seguir

httpwwwibgegovbrhomegeocienciasgeografiadefault_div_intshtmlt acessado em 16 05 2015

126

FIGURA 18 PERCEPCcedilAtildeO SEQUENCIAL DAS MESORREGIOtildeES GEOGRAacuteFICAS DO ALUNO 08

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

127

FIGURA 19 PERCEPCcedilAtildeO CIRCULAR DAS MESORREGIOtildeES GEOGRAacuteFICAS DO ALUNO 03

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

128

B Uso de Toponiacutemias

Qual o processo de organizaccedilatildeo das toponiacutemias apresentadas pelos alunos

Encontramos duas respostas a primeira correspondente ao fragmento textual no

enunciado dos mapas mentais a segunda as paredes da sala de aula Como eacute de costume

nos anos iniciais do EF expomos os cartazes e atividades que haviacuteamos realizado sobre

o Canal das Piabas Este cartaz foi utilizado enquanto instrumento de coacutepia em alguns

casos

Em uma anaacutelise geral dos mapas mentais produzidos pelos alunos tendo como

objetivos identificar as toponiacutemias dos lugares representados encontrou a seguinte

configuraccedilatildeo (Tabela 7 p 128)

TABELA 7 OCORREcircNCIA DAS TOPONIMAS EXPRESSAS NOS MAPAS MENTAIS

TOPONIacuteMIA OCORREcircNCIA

Mesorregiotildees Geograacuteficas 8

Mesorregiotildees Geograacuteficas e bairros de Campina Grande 3

Bairros de Campina Grande 1

Outros 2

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

Para Vigotski (1998) o uso da palavra eacute de fundamental importacircncia para a

construccedilatildeo do conceito ela identifica os objetos e distingui-os de outros termos

semelhantes A palavra quando caracterizada enquanto toponiacutemia permite ao sujeito

nomear o espaccedilo geograacutefico segundo alguma caracteriacutestica social fiacutesica poliacutetica

econocircmica entre outras

Para Gomes (2008 p 53) ldquona linguagem do senso comum a noccedilatildeo de regiatildeo

parece existir relacionada a dois princiacutepios fundamentais o de localizaccedilatildeo e o de

extensatildeordquo Compreendemos que este processo envolve dois exerciacutecios O primeiro de

compreensatildeo identificaccedilatildeo e extensatildeo do fenocircmeno e o segundo metodoloacutegico quais os

criteacuterios que possibilitaram a organizaccedilatildeo das Mesorregiotildees Geograacuteficas da Paraiacuteba

Eacute complexo o desenvolvimento da noccedilatildeo geograacutefica de regiatildeo mas em seu

processo de ensino-aprendizagem outros elementos podem ser destacados Ao trabalhar

com este conceito com a turma do 4ordm ano associamos a discussatildeo das caracteriacutesticas

regionais com as suas paisagens realizando a leitura de imagens fotograacuteficas

129

disponibilizadas pelos livros didaacuteticos atlas escolar e outras desenvolvidas em forma de

atividades

Em mapas mentais como o do aluno 11 (figura 20 p 130) foi observado que o

uso das toponiacutemias permite uma compreensatildeo da organizaccedilatildeo regional pelos alunos Em

outros casos o excesso de informaccedilotildees demonstra que esta comunicaccedilatildeo ainda se

apresenta de forma confusa para os estudantes (aluno 08 figura 18 p 126) Por outro

lado seguindo as orientaccedilotildees de Richter (2010 p 71) para a anaacutelise sobre o uso da

palavra na construccedilatildeo dos mapas mentais destacamos que escrever a palavra ldquosertatildeordquo

ldquoagresterdquo ou ldquooceano atlacircnticordquo ldquo[] natildeo define ou estabelece que esse estudante tenha

uma compreensatildeo ampla sobre os termos ou ideias apresentadasrdquo

Outro fato que nos chama a atenccedilatildeo eacute a ecircnfase dada agrave temaacutetica dos mapas

mentais os rios da Paraiacuteba As expressotildees rio Paraiacuteba e Piranhas apresentam-se em 50

dos mapas mentais analisados (sete mapas) assim como a presenccedila do Oceano

Atlacircntico Em outros dois casos os alunos representam em seus mapas a presenccedila do

Accedilude Velho e Riacho das Piabas

Percebemos com essa avaliaccedilatildeo a dificuldade dos alunos para o entendimento do

significado das toponiacutemias e a construccedilatildeo desta imagem mental Longe de encerrar esta

compreensatildeo pelos alunos veremos a seguir algumas anaacutelises relacionadas as noccedilotildees de

localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial

130

FIGURA 20 USO DAS TOPONIacuteMIAS NA CONSTRUCcedilAtildeO DAS MESORREGIOtildeES DA PARAIacuteBA DO ALUNO 11

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

131

C Noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

A alfabetizaccedilatildeo da liacutengua materna corresponde a uma das primeiras formas de

comunicaccedilatildeo ensinadas na escola Escrever as primeiras letras do nome pode acontecer

antes dos seis anos de idade mas eacute a partir do 1ordm ano do EF que este aprendizado seraacute

mais niacutetido

No ocidente o processo da escrita das palavras ocorre geralmente em uma

ordem sequencial da esquerda para a direita Este procedimento tambeacutem eacute realizado

para a leitura de textos onde eacute expressa a liacutengua portuguesa Somos desde pequenos

ensinados e aos poucos nos habituamos a este processo de leitura e escrita Mas haacute

alguma relaccedilatildeo entre o raciociacutenio geograacutefico a imagem mental e a representaccedilatildeo dos

mapas mentais com o processo de leitura e escrita A anaacutelise dos mapas afirma que sim

No item noccedilotildees de percepccedilatildeo espacial identificamos a ocorrecircncia de dez mapas

mentais que distribuiacuteram as Mesorregiotildees Geograacuteficas em uma ordem sequencial Mais

que uma relevacircncia na percepccedilatildeo dos alunos ela revela uma teacutecnica de

desenvolvimento do coacutedigo da liacutengua Dos dez mapas mentais que apresentam esta

caracteriacutestica sete denotam uma ordem idecircntica agrave do enunciado da questatildeo O quadro 6

realiza uma comparaccedilatildeo das toponiacutemias utilizadas e sua relaccedilatildeo com os mapas

mentais58

QUADRO 6 ORDEM DAS TOPONIacuteMIAS ENCONTRADAS NOS MAPAS MENTAIS

Ocorrecircncia Toponiacutemia 1 Toponiacutemia 2 Toponiacutemia 3 Toponiacutemia 4

Enunciado Mata Paraibana Agreste Paraibano Borborema Sertatildeo Paraibano

07 mapas Mata Paraibana Agreste Paraibano Borborema Sertatildeo Paraibano

03 mapas Sertatildeo Paraibano Borborema Agreste Paraibano Mata Paraibana

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

Quando comparado a disposiccedilatildeo das mesorregiotildees no enunciado da questatildeo e a

localizaccedilatildeo sete dos dez mapas eacute niacutetido que a transposiccedilatildeo da imagem mental para o

papel seguiu a mesma loacutegica expressa no enunciado da questatildeo Mas o simples fato de

localizar as toponiacutemias da esquerda agrave direita e vice versa natildeo significa que o aluno

58O mapa diferentemente de outras teacutecnicas de informaccedilatildeo e conhecimento como a Liacutengua portuguesa ou

a Matemaacutetica eacute portador de uma linguagem natildeo-verbal Traduz um processo de aprendizagem natildeo

sequencial de fenocircmenos que quando apresentados na fala em texto ou operaccedilotildees matemaacuteticas

naturalmente vatildeo apresentar uma hierarquia disposiccedilatildeo sequencialidade que nem sempre eacute desejaacutevel

132

consegue abstrair a posiccedilatildeo dos lugares em escalas regionais Torna-se importante notar

outros referenciais

A orientaccedilatildeo de outras referecircncias como Oceano Atlacircntico servem como

correspondente entre os signos (mesorregiotildees) apresentados nos mapas mentais A

leitura realizada pelo aluno 11 localiza a mesorregiatildeo do Sertatildeo Paraibano vizinho ao

Oceano Atlacircntico (figura 20 p 130) este fato esteve presente em quatro mapas

mentais

Por meio do mapa mental realizado pelo aluno 15 (figura 21 p 133) eacute possiacutevel

afirmar que mesmo havendo semelhanccedila entre a sequencialidade do enunciado da

questatildeo e o mapa mental eacute possiacutevel estabelecer uma relaccedilatildeo de orientaccedilatildeo espacial

condizente com a realidade a partir do uso coerente da rosa dos ventos

Encontramos ainda no caso do mapa mental supracitado uma reordenaccedilatildeo dos

pontos cardeais que a primeira vista pode parecer estranha para um experiente leitor de

mapas existentes Eacute notado que o aluno altera a posiccedilatildeo L (leste) ndash O (oeste) do mapa

mental permitindo uma comunicaccedilatildeo entre a orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo real das

Mesorregiotildees Geograacuteficas

O caso citado acima eacute o uacutenico a realizar esse raciociacutenio da orientaccedilatildeo dos

elementos representados podemos notar que o aluno consegue articular a noccedilatildeo de

orientaccedilatildeo espacial o que nos leva a considerar a possibilidade de coincidecircncia Dos

quatorze (14) mapas mentais doze (12) apresentam a rosa dos ventos A tabela 8

demonstra a noccedilatildeo de orientaccedilatildeo espacial atraveacutes dos pontos cardeais pelos alunos

TABELA 8 OCORREcircNCIA DA UTILIZACcedilAtildeO DA ROSA DOS VENTOS NOS MAPAS

MENTAIS

USO DA ROSA DOS VENTOS OCORREcircNCIA

Apresenta coerecircncia 2

Natildeo apresenta coerecircncia 7

Natildeo corresponde a uma comunicaccedilatildeo 6

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

Eacute observado que o posicionamento mediado pelos pontos cardeais natildeo obteve

sucesso As atividades desenvolvidas natildeo foram suficientes para possibilitar a

compreensatildeo da orientaccedilatildeo espacial Embora sete alunos tracem a rosa dos ventos em

seus mapas mentais elas natildeo correspondem agraves toponiacutemias expressas ou outros pontos de

referecircncia como o oceano Outros seis alunos invertem o posicionamento dos pontos

cardeais ou simplesmente natildeo apresenta tais referenciais

133

FIGURA 21 ORIENTACcedilAtildeO E LOCALIZACcedilAtildeO DAS MESSOREGIOtildeES DA PARAacuteIBA ALUNO 15

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

134

D Noccedilotildees de escala geograacutefica

Todas as noccedilotildees discutidas acerca dos mapas mentais das mesorregiotildees

demonstram que na escala regional paraibana os alunos sentiram mais dificuldades na

realizaccedilatildeo dos elementos dos mapas Com isso a leitura dos esboccedilos apresentou alguns

contratempos como excesso ausecircncia ou desconexatildeo entre as toponiacutemias apresentadas

com a temaacutetica dos mapas

Sem instrumentos mediadores ou modelos os alunos tiveram diferentes

problemas Entre eles o que deve ser representado no mapa Os rios eram destaque no

enunciado da prova embora seus nomes estivessem em negrito poucos alunos

distinguiram as palavras enquanto regiotildees (Mata Paraibana) e rios Paraiacuteba e Piranhas

Os rios revelam o propoacutesito do mapa mas tambeacutem coincidem com a localizaccedilatildeo Estado

da Paraiacuteba

Se considerarmos as palavras de Callai (2005 p 239) sobre o retrato do tema

ldquo[] eacute importante perceber que os fenocircmenos da natureza se configuram em outra

escala que eacute da natureza mesmo e que vai pautar os acontecimentos ao contraacuterio de

uma escala histoacuterica intrinsecamente ligada ao tempo e ao espaccedilo de nossas vidasrdquo

O conjunto das Mesorregiotildees Geograacuteficas tinha como intenccedilatildeo localizar ordenar

e apresentar um panorama geral do Estado da Paraiacuteba O resultado da observaccedilatildeo da

escala geograacutefica (Tabela 9) revela que a maioria dos estudantes apresenta maior

acuidade para a escolha da escala

TABELA 9 ESCALA GEOGRAacuteFICA EM DESTAQUE NOS MAPAS MENTAIS

ESCALA GEOGRAacuteFICA OCORREcircNCIA

Estado da Paraiacuteba 11

Outra 2

Natildeo identificada 1 Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

O que demonstra estes dados eacute que os alunos tiveram o cuidado de reduzir os

objetos da escala real para a dimensatildeo do papel mas o motivo para essa reduccedilatildeo natildeo

corresponde com a proposta da atividade Observamos que os alunos tecircm na maioria

dos casos o cuidado de representar as mesorregiotildees entretanto os rios Paraiacuteba e

Piranhas satildeo observados como coisas distintas do territoacuterio Dos quatorze (14) mapas

135

mentais analisados nove apresentam os rios enquanto elemento externo os outros cinco

casos natildeo fazem qualquer menccedilatildeo ao tema

Se por um lado a ldquohomogeneidaderdquo e ldquoconcentraccedilatildeordquo satildeo traccedilos pertinentes a

escala da proposta dos mapas mentais por outro ldquocolocar o problema da escala eacute

tambeacutem colocar o problema da pertinecircncia da ligaccedilatildeo entre uma unidade de observaccedilatildeo

e o atributo que associamos a elardquo (RACINE RAFFESTIN amp RUFFY 1983 p 125) A

anaacutelise destas representaccedilotildees demonstra que os rios e o territoacuterio paraibano satildeo como

ldquoaacutegua e oacuteleordquo natildeo se misturam esta heterogeneidade fez os alunos observarem estes

elementos como distintos

A escala ainda segundo Racine Raffestin amp Ruffy (1983) eacute um processo de

esquecimento coerente visto que agrave medida que observamos um conjunto agraves

singularidades satildeo ldquoesquecidasrdquo Dito de outra forma agrave medida que avanccedilamos na

representaccedilatildeo das mesorregiotildees geograacuteficas da Paraiacuteba os bairros de Campina Grande

natildeo deveriam ter ecircnfase na produccedilatildeo dos mapas mentais como aconteceu na

representaccedilatildeo do aluno 09 (Figura 22 p 136)

Por fim observamos que a escala geograacutefica enquanto noccedilatildeo para os estudos de

Geografia contribui para observarmos a percepccedilatildeo e sistematizaccedilatildeo mental dos assuntos

abordados em sala de aula Ela possibilita avaliar os avanccedilos dos alunos aleacutem de

auxiliar o planejamento do professor para a progressatildeo de habilidades e noccedilotildees a serem

trabalhadas

Buscamos no proacuteximo capiacutetulo avanccedilar na discussatildeo acerca do uso dos mapas

mentais dessa forma apontamos as praacuteticas e estrateacutegias utilizadas que possibilitaram o

ensino de Geografia com uma turma do 5ordm ano Recorremos assim como na turma do 4ordm

ano a experiecircncias luacutedicas e teoacutericas que possibilitassem o desenvolvimento de

habilidades e uso das noccedilotildees para o desenvolvimento das representaccedilotildees cartograacuteficas e

da leitura de mundo desses alunos

136

FIGURA 22 USO INDISCRIMINADO DA ESCALA GEOGRAacuteFICA ALUNO 09

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

137

4 PROPOSTAS E PRAacuteTICAS ESCOLARES ANAacuteLISES DOS MAPAS

MENTAIS COM OS ALUNOS DO 5ordm ANO

No decorrer deste capiacutetulo temos como objetivo apresentar e analisar as

atividades realizadas com os alunos do 5ordm ano Nossas praacuteticas direcionadas ao recurso

didaacutetico mapa mental dialogaram com um conjunto de atividades de construccedilatildeo e

interpretaccedilatildeo de mapas existentes e atividade luacutedica

Empregamos os mapas existentes (mapas murais e mapa do Brasil regiotildees)

mapas mudos e o jogo de baleada para o desenvolvimento de habilidades relacionado

aos assuntos estudados nas aulas de Geografia Conforme seraacute apresentado dividimos

estas experiecircncias em quatro itens (1) Oficina 1 Uso dos mapas mudos e a ldquobaleada

geograacuteficardquo (2) Mapa mental 1 Mapa da minha vida (3) Oficina 2 Mapa mudo da

regiatildeo Centro-Oeste e (4) Mapa mental 2 Mapa da regiatildeo Centro-Oeste

51 OFICINA 1 USO DOS MAPAS MUDOS E A ldquoBALEADA GEOGRAacuteFICArdquo

NOCcedilOtildeES PRAacuteTICAS E TEOacuteRICAS DE GEOGRAFIA

Compreende-se que para a construccedilatildeo dos procedimentos de trabalho coordenar

e dirigir o pensamento atraveacutes da linguagem cartograacutefica eacute fundamental Necessita

aleacutem disso envolver atividades teoacutericas e luacutedicas como mostramos no capiacutetulo 1

(Quadro 1 p 40) Haacute diferentes condicionantes que despertam a motivaccedilatildeo ou

desmotivaccedilatildeo a positividade ou apatia acerca das atividades desenvolvidas entre os jaacute

destacados a atenccedilatildeo memoacuteria cogniccedilatildeo e emoccedilatildeo retrata Vigotski (1998)

Para Bock Furtado amp Teixeira (2008) a escola eacute o lugar privilegiado para o

desenvolvimento dos condicionantes citados no paraacutegrafo anterior por meio da

educaccedilatildeo formal Neste espaccedilo ocorre o contato com a cultura de forma sistemaacutetica

intencional e planejada visando o desenvolvimento cognitivo dos sujeitos Por outro

lado o aluno jaacute traz consigo necessidades curiosidades e um imaginaacuterio a respeito da

realidade espacial

A aprendizagem natildeo eacute equivalente a todos os sujeitos de uma turma Entretanto

enfatizamos a importacircncia do trabalho coletivo como meio para o progresso do

raciociacutenio espacial Dessa forma segundo Rego (1995) eacute necessaacuterio a intervenccedilatildeo do

professor nas zonas de desenvolvimento proximal dos alunos Acreditamos que o

138

diaacutelogo as atividades com recursos cartograacuteficos e atividades luacutedicas podem auxiliar

nesse quesito

A escolha do recurso didaacutetico a exemplo do mapa corresponde

necessariamente com a proposta da aula de Geografia Uma escolha equivocada pode

gerar problemas para o encaminhamento da aula Ao conversar com a professora

Beatriz sobre as aulas de Geografia perguntei quais os assuntos trabalhados nos

bimestres anteriores Empolgada ela fala sobre suas consideraccedilotildees sobre o mapa-

muacutendi localizaccedilatildeo dos paiacuteses e organizaccedilatildeo poliacutetica A professora pega seu livro

didaacutetico o abre e mostra um mapa das Ameacutericas Diante deste caso apontamos que o

professor e o aluno

[] natildeo alfabetizado para a leitura da linguagem cartograacutefica natildeo possui

habilidades suficientes para ldquoentrarrdquo em mapas de escala pequena com os

que representam o Brasil ou o mundo com siacutembolos abstratos e entender o

conteuacutedo neles apresentado (PASSINI 2012 p 31)

Natildeo procuramos julgar as praacuteticas da professora tampouco desprivilegiar o uso

do livro didaacutetico em sala de aula mas observamos a necessidade da correspondecircncia

entre tema e recurso empregado Ademais discordamos das palavras de Passini (2012 p

31) que apenas por meio da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica que o aluno tem ldquohabilidade

suficienterdquo para entender um mapa Seraacute que esta afirmaccedilatildeo corresponde com as

praacuteticas cotidianas dos alunos E os mapas apresentados nos telejornais que

demonstram a previsatildeo do tempo ou o itineraacuterio dos ocircnibus localizaccedilatildeo de lojas eles

tambeacutem necessitam de uma alfabetizaccedilatildeo para ser compreendidos O professor eacute o

uacutenico sujeito a mediar agrave compreensatildeo da linguagem cartograacutefica

Acreditamos que a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica deve ser um processo de

construccedilatildeo e leitura de mapas De acordo com Callai (2005) os alunos trazem os

conhecimentos de sua experiecircncia de vida e eacute a partir daiacute que podemos iniciar a alusatildeo

aos conhecimentos da Geografia Dito isto enfatizamos que no decorrer das duas

primeiras aulas realizamos leitura de mapas enfatizando a importacircncia da construccedilatildeo da

legenda e da correspondecircncia aos elementos do mapa trabalhados Outros fatores como

a importacircncia da rosa dos ventos e dos pontos cardeais tambeacutem estiveram presente

nestas aulas

As regiotildees brasileiras e o processo de regionalizaccedilatildeo foi o tema trabalhado em

Geografia com a professora regente no terceiro bimestre de 2014 Iniciamos o trabalho

revisando o assunto Os alunos construiacuteram mapas mudos na ocasiatildeo entregamos uma

lista com o nome dos estados (com suas respectivas siglas) e capitais (ver apecircndice

139

VIII) buscando construir um modelo mental para o desenvolvimento dos primeiros

mapas mentais Um exemplo de mapa mudo desenvolvido pelo aluno 29 (Figura 23 p

139) o modelo encontra-se em apecircndice (apecircndice IX)

A realizaccedilatildeo dos mapas mudos embora mediada natildeo foi trabalhada com a

consulta de mapas existentes Foi permitida a interaccedilatildeo entre os alunos para chegarem a

uma interpretaccedilatildeo proacutepria da localizaccedilatildeo dos estados e extensatildeo das cinco regiotildees

brasileiras59 (Nordeste Sul Sudeste Centro-Oeste e Norte) Na ocasiatildeo jaacute haviam

estudado o panorama geral da organizaccedilatildeo territorial do paiacutes aleacutem disso a Regiatildeo

Norte a qual demonstravam a maioria dos alunos mostrava interesse

FIGURA 23 MAPA MUDO DAS REGIOtildeES DO BRASIL REALIZADO PELO ALUNO 29

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

59 Eacute observado que os limites das regiotildees eacute estabelecido por linhas mais escuras o que deveria facilitar a

distinccedilatildeo entre elas mas em alguns casos como o do aluno 29 (figura 23) esta compreensatildeo ainda natildeo

estava clara

140

Outra questatildeo em pauta satildeo as consideraccedilotildees de Castrogionni amp Costella (2006)

Almeida amp Passini (2010) e Passini (2012) eles apontam que as noccedilotildees de localizaccedilatildeo e

orientaccedilatildeo espacial satildeo problemas complexos ao se desenvolver experiecircncias com

mapas O plano das relaccedilotildees de localizaccedilatildeo extensatildeo e vizinhanccedila eacute algo complicado

seja quando a referecircncia eacute o proacuteprio corpo (direita esquerda frente e atraacutes) ou os pontos

cardeais (norte sul leste e oeste)

Na anaacutelise das noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial nos mapas mentais do

Canal das Piabas (p 116 terceiro paraacutegrafo) apresentamos o problema dos modelos de

orientaccedilatildeo espacial discutido por Passini (2012 p 112 ndash 117) Mediante algumas

atividades sugeridas pela autora como ldquoorientando-se na cidaderdquo ldquotrabalho com

sombrasrdquo e ldquoorientando-se com vizinhos e natildeo vizinhosrdquo desenvolvemos uma proposta

de atividade a qual intitulamos de ldquobaleada geograacuteficardquo

Para a realizaccedilatildeo da experiecircncia da baleada geograacutefica resgatamos as praacuteticas do

jogo conhecido como baleada ou queimada60 com os alunos do 5ordm ano Dessa forma

seguimos os passos descritos

1 Dividir os alunos em quatro grupos cada um representando um ponto cardeal

(Norte Sul Leste e Oeste)

2 Posicionar os grupos nas respectivas direccedilotildees neste caso eacute indicado que a

atividade seja realizada em um local aberto e os pontos cardeais sejam marcados

no chatildeo considerando o posicionamento do sol61

3 O grupo deve acertar com a bola um dos participantes do time oposto entretanto

a direccedilatildeo da bola deve seguir a orientaccedilatildeo falada pelo mediador (professor)

exemplo ldquogrupo Oeste acerte a bola no grupo Sulrdquo (Figura 24 p 141)

O objetivo do jogo foi localizar os grupos no plano espacial do paacutetio da escola

mostrando que as coisas e as pessoas estatildeo em determinado lugar Aleacutem disso os alunos

observaram a relaccedilatildeo existente entre o pocircr do sol e o posicionamento dos pontos

cardeais Tambeacutem a possibilidade de coordenar direccedilotildees atraveacutes deles

Na aula seguinte dialogamos sobre esta experiecircncia e realizamos uma atividade

teoacuterica sobre a ldquobaleada geograacuteficardquo (ver apecircndice X) Percebemos que alguns alunos

60 Nos Estados Unidos a brincadeira vem ganhando prestiacutegio principalmente apoacutes seu reconhecimento

enquanto esporte o ldquododgeballrdquo O esporte eacute composto por dois grupos onde cada equipe busca acertar

membros do time adversaacuterio quando um integrante eacute acertado ele eacute retirado do jogo Ganha quem tiver o

maior nuacutemero de integrantes no final da partida Para mais informaccedilotildees acesse

httpenwikipediaorgwikiDodgeball lt acessado em 26052015 61 Ressaltamos que esta atividade seja realizada no iniacutecio da manhatilde (para o turno matutino) ou final da

tarde (para o turno vespertino) em decorrecircncia da exposiccedilatildeo das crianccedilas ou jovens ao sol e ainda a

possibilidade de ver mais nitidamente o nascer ou o pocircr do sol (como foi o caso com a turma do 5ordm ano)

141

os que faltaram principalmente sentiram dificuldade na compreensatildeo da uacuteltima questatildeo

que se referia ao posicionamento atraveacutes da posiccedilatildeo aparente do sol Retornamos ao

paacutetio da escola e realizamos outra simulaccedilatildeo sobre a dinacircmica do jogo desta vez os

alunos explicavam como deveria ser realizado o jogo e suas regras62

FIGURA 24 DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE LUacuteDICA BALEADA GEOGRAacuteFICA

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

Apoacutes a realizaccedilatildeo destas experiecircncias os alunos tiveram como desafio a

realizaccedilatildeo dos primeiros mapas mentais Contextualizamos a atividade das regiotildees do

Brasil atraveacutes da proposta ldquoMapa da minha vidardquo63 onde os alunos teriam que destacar

os procedimentos descritos a seguir

Desenhe um mapa mental do Brasil considerando as informaccedilotildees abaixo

1 Localizar em seus mapas mentais as seguintes informaccedilotildees

- Estado em que vocecirc nasceu

62 Nestes termos caracterizamos que as aulas ocorrem em atividades cineacuteticas articulando o

desenvolvimento das representaccedilotildees aos movimentos corpoacutereos descentralizando a atenccedilatildeo focal

(observaccedilatildeo) aos outros sentidos tato fala e audiccedilatildeo Afirmamos que isto ocorre em um processo que

avanccedila e regride ao longo das atividades escolares e que os resultados positivos nem sempre satildeo

alcanccedilados 63 A proposta de atividade com o tema ldquomapa da minha vidardquo eacute fruto de experiecircncia de pesquisa-piloto

realizada no Centro de Ensino Pesquisa Aplicada agrave Educaccedilatildeo (CEPAE) da Universidade Federal de Goiaacutes

(UFG) com alunos do 5ordm ano em 2014 A proposta desenvolvida pela Profordf Drordf Rusvecircnia Luiza para o

trabalho com mapas mudos foi incorporada ao desenvolvimento de mapas mentais em uma de suas

turmas de 5ordm ano Na ocasiatildeo o recurso possibilitou avaliar os conteuacutedos sobre regiatildeo e regionalizaccedilatildeo

brasileira ensinados pela referida professora

142

- Estado em que seus pais nasceram

- Estado que jaacute visitou e

- Estado que gostaria de visitar

2 Orientar seu mapa atraveacutes da rosa dos ventos

3 Construir a legenda do mapa mental

4 Baseado no tema apresentado decirc um tiacutetulo para o seu mapa mental

Inicialmente explicamos aos alunos qual era a proposta dos mapas mentais e que

estas representaccedilotildees natildeo iriam ser idecircnticas aos mapas estudados ateacute a ocasiatildeo Os

alunos se mostraram resistentes a proposta de trabalho De iniacutecio alguns se recusaram a

realizar a atividade alegando ldquonatildeo saber desenharrdquo outros alegavam a necessidade da

consulta aos mapas existentes Realizamos um acordo eles poderiam consultar a lista

com o nome dos estados entretanto natildeo seria permitida a consulta a outros materiais

Todos aceitaram este termo

Apoacutes o iniacutecio das atividades poucos alunos utilizaram a lista com o nome dos

estados Entretanto discutiam entre eles sobre a localizaccedilatildeo dos estados e pediam

auxiacutelio agrave professora e para o pesquisador para realizaccedilatildeo da proposta O proacuteximo item

corresponde agraves anaacutelises dos mapas mentais elaborados

42 MAPA MENTAL 1 MAPA DA MINHA VIDA

A Noccedilatildeo de percepccedilatildeo espacial

Como discutido no primeiro bloco de anaacutelise dos mapas mentais (alunos do 4ordm

ano) a percepccedilatildeo espacial eacute variante de sujeito para sujeito mesmo quando sua

experiecircncia ambiental valores e status social satildeo semelhantes Pinheiro (2005) assim

como Tuan (2012) percebe que a compreensatildeo espacial e a composiccedilatildeo da imagem

mental satildeo decorrentes de um ldquocircuito psicoloacutegicordquo

A imagem mental eacute um processo de ldquo[] apreensatildeo da informaccedilatildeo (sensaccedilatildeo

percepccedilatildeo) sua organizaccedilatildeo interna (percepccedilatildeo cogniccedilatildeo) armazenamento na memoacuteria

e resgate para utilizaccedilatildeo como accedilatildeordquo (PINHEIRO 2005 p 152) No ensino-

aprendizagem de Geografia os mesmos ldquoestiacutemulosrdquo ou imagens experimentadas (seja

pela vivecircncia nos lugares ou aprendizagens) natildeo seratildeo idecircnticos ao modelo expresso Os

ruiacutedos satildeo inevitaacuteveis na construccedilatildeo da imagem e na (re) produccedilatildeo dos mapas mentais

143

Os 21 mapas mentais produzidos com o tema ldquomapa da minha vidardquo retratam

diferentes modelos de percepccedilatildeo dos alunos acerca da silhueta do Brasil Agrupamos

estes mapas mentais em quatro grupos silhueta em forma proacutexima a do Brasil de balatildeo

e de triacircngulo e como apresentada na figura 25 A quarta categoria apresenta os mapas

mentais que natildeo se enquadraram nestes paracircmetros

FIGURA 25 PARAcircMETROS PARA ANAacuteLISE DAS SILHUETAS DOS MAPAS MENTAIS

A Forma proacutexima a do Brasil B Forma de um balatildeo C Forma de um triacircngulo

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) Organizado por David L R de Almeida 2015

Como observamos na tabela 10 nove dos 21 alunos contornam os seus mapas

mentais e apresentam correlaccedilatildeo com o mapa mudo do Brasil Entre estes casos

apresentamos o mapa mental realizado pelo aluno 41 (figura 26 p 146) Observamos

que os traccedilos expressos nos mapas mentais aproximam-se da silhueta do mapa existente

do Brasil e conservaram a localizaccedilatildeo de alguns estados estrateacutegicos em suas

representaccedilotildees a Paraiacuteba (PB) na posiccedilatildeo nordeste o Acre (AC) proacutexima a uma

curvatura no norte do Brasil e o Rio Grande do Sul (RS) como o ponto mais extremo ao

sul do territoacuterio nacional64

TABELA 10 PERCEPCcedilOtildeES DA FORMA DO BRASIL DESTACADO NOS MAPAS

MENTAIS

FORMA OCORREcircNCIA

Brasil 9

Balatildeo 4

Triacircngulo 2

Outra forma 6

Total 21

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

64 Em virtude da ausecircncia dos pontos cardeais no mapa mental estamos considerando que a posiccedilatildeo Norte

esteja no lado superior da folha

Menor extensatildeo (L-O)

Ex

ten

satildeo

(N

-S)

Maior extensatildeo (L-O)

144

Os mapas em formato de balatildeo tambeacutem tiveram suas peculiaridades entre elas o

fator de concentricidade dos estados retratados em forma circulares ou de meia lua O

mapa mental do aluno 39 (figura 27 p 147) eacute composto por um agrupamento de feiccedilatildeo

circular o mais niacutetido eacute encontrado no centro da imagem relativo ao estado de Goiaacutes

(GO) Na regiatildeo nordeste o aluno situa a Paraiacuteba (em verde) seguido pela cidade

paraibana de Taperoaacute (em laranja) e um dos distritos de Campina Grande Galante (em

azul)

Jaacute haviacuteamos reparado o mesmo traccedilado circular em alguns mapas do Canal das

Piabas (p 125 quarto paraacutegrafo) e analisado que a esfericidade segundo Tuan (1983

2012) casa com a ideia de etnocentrismo Mas precisamos observar que diferentes

povos ao longo da histoacuteria tambeacutem utilizaram e ainda utilizam o paracircmetro esfeacuterico

para confecccedilatildeo de mapas existentes a exemplo dos chineses (com os mapas formados

por cinturotildees No centro do mapa localiza-se o impeacuterio nas bordas os baacuterbaros e

selvagens) gregos e europeus com os ldquomapas O-T (Orbis terrarum)rdquo Atualmente os

atlas escolares a exemplo do mapa-muacutendi ldquomostra todo o mundo em uma projeccedilatildeo que

estaacute centralizada no sul da Gratilde-Bretanha ou noroeste da Franccedilardquo (TUAN 2012 p 65 ndash

69)

O terceiro caso por exemplo aponta os mapas mentais em contornos relativos agrave

forma triangular Eles aproximaram-se ao formato do triacircngulo equilaacutetero (o qual possui

trecircs partes iguais e contecircm trecircs acircngulos de 60ordm)

No que se refere aos dois mapas mentais que apresentaram esta configuraccedilatildeo

observamos que os estados que ficam a norte da linha do equador como Roraima e

Amapaacute natildeo satildeo apresentados Ou ainda satildeo localizados em outros lugares como

observado no mapa mental do aluno 25 (Figura 28 p148)

Os exemplos anteriores indicam que para estes alunos a associaccedilatildeo a forma

geomeacutetrica triangular corresponde com uma estrateacutegia de memorizaccedilatildeo da imagem

mental do Brasil Recordemos que eacute comum a menccedilatildeo da forma arredondada do planeta

Terra nas aulas de Geografia entretanto relata Jolly (1990) que a muito se eacute estudado a

ldquoverdadeirardquo forma do planeta Terra suas formas e dimensotildees a qual hoje se denomina

de geoacuteide

Ao longo do desenvolvimento da Idade Meacutedia relata Jolly (1990) que houve o

aperfeiccediloamento das teacutecnicas de observaccedilatildeo instrumentos como a buacutessola sistemas de

medidas e intersecccedilatildeo a grandes distacircncias para o autor

145

A triangulaccedilatildeo tem como objetivo fixar sobre a superfiacutecie a ser

cartografada a posiccedilatildeo relativa em distacircncia e em direccedilatildeo de pontos

fundamentais ou ldquopontos geodeacutesicosrdquo sobre os quais se apoiara a rede de

quadriculas do mapa Consiste em cobrir a superfiacutecie estudada com uma rede

de referecircncias dispostas segundo os veacutertices de triacircngulos [] (JOLLY 1990

p 42)

Neste sentido eacute importante apontar que a forma triangular pode ser um caminho

para a construccedilatildeo dessa imagem mental entretanto o papel da mediaccedilatildeo do professor

deve propor anaacutelises mais aprofundadas sobre as irregularidades do traccedilado territorial

Por quais motivos haacute a irregularidade na silhueta do mapa mental do Brasil Por causa

das fronteiras poliacuteticas e econocircmicas Os acidentes geograacuteficos Esses satildeo alguns

elementos que podem ser discutidos

Seis dos 21 mapas mentais apresentaram formas distintas entre si e dos trecircs

grupos apresentados anteriormente Seus traccedilados irregulares apresentavam uma

compreensatildeo sincreacutetica da imagem do territoacuterio nacional natildeo apenas pelo traccedilado do

mapa mental mas pela associaccedilatildeo dos elementos destacados ao tema do mapa Em

alguns casos ocorreu o comprometimento da comunicaccedilatildeo do mapa para seu

destinataacuterio como destacaremos nos proacuteximos toacutepicos

146

FIGURA 26 MAPA MENTAL EM FORMATO PROacuteXIMO A REPRESENTACcedilAtildeO TRADICIONAL DO BRASIL DO ALUNO 41

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

147

FIGURA 27 MAPA MENTAL EM FORMA DE BALAtildeO ALUNO 39

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

148

FIGURA 28 MAPA MENTAL EM FORMA DE TRIAcircNGULO ALUNO 25

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

149

B Uso de toponiacutemias

As toponiacutemias permitem a apresentaccedilatildeo do tema nos mapas mentais As palavras

possibilitam a apreensatildeo do significado e a intenccedilatildeo do produtor de mapas para um

segundo sujeito o leitor de mapas viabilizando a interaccedilatildeo verbal entre eles

(BAKHTIN 2012)

Nos mapas mentais produzidos constatamos que 17 das 21 representaccedilotildees

apresentam o nome de estados brasileiros Um caso expotildee a classificaccedilatildeo atraveacutes das

regiotildees (Norte Nordeste Centro-Oeste e Sul) e outros trecircs natildeo demonstram

correspondecircncia com o tema (sendo que um deles natildeo apresenta nenhuma informaccedilatildeo)

Aleacutem disso na anaacutelise dos 17 mapas que expressam a relaccedilatildeo signo-significado

atraveacutes da legenda classificamos o grau de coerecircncia desta relaccedilatildeo em bom regular e

insuficiente para a proposta de interpretaccedilatildeo dos dados a tabela 11 apresenta o nuacutemero

destas ocorrecircncias

TABELA 11 COEREcircNCIA DAS TOPONIacuteMIAS EXPRESSAS NOS MAPAS MENTAIS

GRAU DE COEREcircNCIA OCORREcircNCIA

Bom 12

Regular 4

Insuficiente 1

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

Entre os casos onde podemos observar um bom desempenho em relaccedilatildeo a

construccedilatildeo da legenda e os significados expressos no mapa mental estaacute a representaccedilatildeo

do aluno 48 (figura 29 p 150) O esboccedilo cartograacutefico identifica o estado que o aluno e

seus pais nasceram (Paraiacuteba) outros estados conhecidos expressos na legenda na cor

laranja (o que significa que o estudante natildeo conhece outro estado aleacutem da Paraiacuteba) e

por fim os estados que gostaria de conhecer Amazonas e Rio Grande do Sul pintado

em azuis Nos casos semelhantes ao mapa mental da figura 29 podemos creditar sucesso

na realizaccedilatildeo da proposta

150

FIGURA 29 APRESENTACcedilAtildeO DAS INFORMACcedilOtildeES EM FORMA DE LEGENDA ALUNO 48

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

151

Entre os outros esboccedilos que apresentaram um grau regular na apresentaccedilatildeo dos

mapas mentais destacamos o mapa do aluno 24 (Figura 30 p 152) Observamos que o

mapa mental apresenta um excesso de informaccedilatildeo que prejudica a leitura Este foi um

entre os quatro casos em que o estudante utilizou a lista com o nome dos estados como

instrumento mediador para realizaccedilatildeo do mapa Podemos notar que a construccedilatildeo da

legenda do mapa natildeo atribuiu significado aos estados pintados em roacuteseo ou em

vermelhos deixando um sentido vago em relaccedilatildeo aos seus significados

O terceiro caso corresponde ao mapa mental produzido pelo aluno 38 (Figura 31

p 153) todas as informaccedilotildees expressas na legenda e em seu mapa utiliza a referecircncia da

cor laranja entretanto natildeo haacute um discernimento isto prejudica a comunicaccedilatildeo entre o

estado que o aluno conhece e natildeo conhece por exemplo Ademais as toponiacutemias

apresentadas no mapa satildeo quase imperceptiacuteveis para o leitor na interpretaccedilatildeo do mapa

identificamos apenas o estado de Satildeo Paulo (quadrado em laranja no centro do mapa)65

Outro fator que contribuiu para a anaacutelise dos mapas mentais foi a indicaccedilatildeo do

tiacutetulo pelos alunos Para a realizaccedilatildeo dos mapas mentais pedimos aos alunos que o nome

da representaccedilatildeo correspondesse com o tema da proposta Ao estudar os esboccedilos

produzidos observamos que mais de 50 dos alunos (ou seja 11 mapas) apontaram um

tiacutetulo para os seus mapas mentais como o do aluno 41 ldquoO mapa que fala da minha vidardquo

(Figura 26 p 146) Em apenas um caso o tiacutetulo apresentado ldquoMinha cidaderdquo (aluno 29

Figura 33 p 157) natildeo corresponde com a proposta do tema em questatildeo

65 Para anaacutelise do mapa da figura 31 utilizamos o recurso zoom com a imagem em arquivo digital certos

traccedilos deste mapa mental eacute incompreensiacutevel em uma visualizaccedilatildeo normal

152

FIGURA 30 MAPA MENTAL DO ALUNO 24 DESTAQUE AO EXCESSO DE TOPONIacuteMIAS

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

153

FIGURA 31 MAPA MENTAL DO ALUNO 38 DESTAQUE A EXPRESSAtildeO SINCREacuteTICA

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

154

C Noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

As noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial foram um dos fatores mais

difiacuteceis de serem analisados principalmente nas situaccedilotildees que envolveram o destaque a

um maior nuacutemero de toponiacutemias Como proposta para avaliaccedilatildeo da localizaccedilatildeo espacial

procuramos observar a totalidade da representaccedilatildeo e a orientaccedilatildeo dessas toponiacutemias em

seu contexto Dessa forma classificamos a localizaccedilatildeo dos estados em quatro

categorias Consideramos sua proximidade ao modelo dos mapas mudos anteriormente

apresentado Aleacutem disso enfatizamos o grau de vizinhanccedila entre os estados e sua

posiccedilatildeo relativa aos pontos cardeais a tabela 12 apresenta esta tentativa de siacutentese

TABELA 12 NIacuteVEL CORRESPONDENTE Agrave LOCALIZACcedilAtildeO ESPACIAL

NIacuteVEL OCORREcircNCIA

Corresponde 8

Natildeo corresponde 2

Corresponde em sua maioria 8

Natildeo corresponde em sua maioria 3

Total 21

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

Na leitura destes mapas mentais observamos que a maioria dos alunos (16 casos

quando somado os alunos que acertam ou apresentam o maior nuacutemero de

correspondecircncia) possui habilidade suficiente para localizar os estados apresentados

Conservam certo grau de conformidade com a estrutura territorial brasileira

Na anaacutelise da noccedilatildeo espacial de localizaccedilatildeo o mapa mental produzido pelo

aluno 48 identifica os estados de forma coerente situa o Amazonas ao Norte Paraiacuteba na

direccedilatildeo nordeste e o Rio Grande do Sul ao Sul do Brasil (Figura 29 p 150) Outros

alunos tambeacutem mostraram a mesma habilidade na localizaccedilatildeo dos estados a exemplo

do aluno 22 (Figura 32 p 155) O referido mapa mental apresenta o Amazonas com a

indicaccedilatildeo da regiatildeo ldquoNorterdquo apresenta o caraacuteter de vizinhanccedila com o Acre o estado de

Tocantins e o estado da Paraiacuteba conserva a localizaccedilatildeo e proporccedilatildeo entre estes estados

155

FIGURA 32 MAPA MENTAL DO ALUNO 22 COM DESTAQUE A LOCALIZACcedilAtildeO DA REGIAtildeO NORTE DO BRASIL

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

156

Outros cinco alunos por sua vez apresentaram dificuldades na localizaccedilatildeo dos

estados entre eles destaca-se o mapa mental do aluno 29 (Figura 33 p 158) O

mencionado mapa mental representa o estado da Paraiacuteba (PB) vizinho ao Paranaacute (PR)

enquanto Pernambuco (PE) se situa a esquerda da representaccedilatildeo Destaca outro

elemento um ldquoXrdquo no centro do mapa o que pode indicar a tentativa do traccedilado da rosa

dos ventos

Entender o uso dos pontos cardeais permite ao aluno a habilidade de agrupar os

estados brasileiros utilizar conscientemente a rosa dos ventos e atribuir significado no

processo de organizaccedilatildeo espacial O uso da rosa dos ventos esteve presente em oito dos

21 mapas mentais realizados sendo que apenas quatro casos permitiram um uso

significativo deste procedimento

O mapa do aluno 42 (figura 34 p 158) apresenta agrave rosa dos ventos e associa os

estados em suas regiotildees geograacuteficas (salvo algumas exceccedilotildees como o Paranaacute entre

outros) De todo modo orienta corretamente todos os estados destacados em sua

legenda (Acre na regiatildeo Norte Rio Grande do Norte e Paraiacuteba no Nordeste Satildeo Paulo

na regiatildeo Sudeste Distrito Federal no Centro-Oeste e Santa Catarina no Sul) Ao situar

os estado chave em seu mapa consegue atingir os objetivos das noccedilotildees geograacuteficas

discutidas neste toacutepico atribuindo sentido a proposta da atividade

Nos outros quatro casos onde haacute indicaccedilatildeo da rosa dos ventos ocorrem trecircs

circunstacircncias distintas (1) Ela natildeo indica a posiccedilatildeo dos pontos cardeais (2) Apresenta

os pontos cardeais opostos de forma errocircnea (Norte-Sul eacute apresentado por Sul-Leste

por exemplo ver figura 35 p 161) ou (3) Inverte o posicionamento dos pontos

cardeais Neste terceiro caso o mapa aluno 25 (figura 28 p 148) apresenta a silhueta do

mapa com a indicaccedilatildeo de estados (Paraiacuteba ndash PB Cearaacute ndash CE e Pernambuco ndash PE) ao

Nordeste indicando consequentemente que o Norte situar-se-ia no lado superior da

folha Entretanto altera o posicionamento do ldquoNorterdquo da rosa dos ventos apresentado no

lado esquerdo da folha haacute desse modo um desacordo entre o esboccedilo e a teacutecnica de

orientaccedilatildeo

157

FIGURA 33 MAPA MENTAL DO ALUNO 29 COM DISTORCcedilOtildeES RELACIONADAS A LOCALIZACcedilAtildeO E ORIENTACcedilAtildeO ESPACIAL

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

158

FIGURA 34 MAPA MENTAL DO ALUNO 42 DESTAQUE A LEGIBILIDADE DA LOCALIZACcedilAtildeO E ORIENTACcedilAtildeO ESPACIAL

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

159

D Noccedilotildees de escala geograacutefica

No que corresponde agrave proposta de representaccedilatildeo dos mapas mentais ldquoMapa da

minha vidardquo a maioria dos alunos apresentaram uma percepccedilatildeo relativa agrave apreensatildeo do

territoacuterio brasileiro ver siacutentese apresentada na tabela 13

TABELA 13 ESCALAS ENCONTRADAS NOS MAPAS MENTAIS

ESCALA GEOGRAacuteFICA OCORREcircNCIA

Brasil 18

Outra 2

Natildeo identificada 1

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

Observando a tabela 13 eacute niacutetida a ecircnfase a uma escala geograacutefica ndash Brasil Entre

os trecircs mapas mentais que dispersam da proposta escalar ldquoBrasilrdquo podemos destacar o

aluno 43 (Figura 35 p 161) que indica uma proximidade de vizinhanccedila entre os estados

brasileiros e paiacuteses como Itaacutelia Meacutexico e Japatildeo O aluno natildeo consegue diferenciar a

relaccedilatildeo entre estado (Paraiacuteba) e paiacutes (Argentina) este dado eacute confirmado quando

comparamos a legenda com as informaccedilotildees presentes em seu mapa

O grande problema no caso do mapa mental do aluno 43 eacute saber realizar o

processo de ldquoesquecimento coerenterdquo o qual se refere Racine Raffestin amp Ruffy (1983)

Em uma escala relativa ao Brasil natildeo haacute necessidade para o destaque de outros paiacuteses

muito menos quando natildeo fazem fronteira com este territoacuterio Outro problema eacute o da

compreensatildeo entre as escalas geograacutefica internacional (Itaacutelia) nacional (Brasil)

estaduais (Paraiacuteba por exemplo) municipal (Taperoaacute) e distrital (Galante) os dois

uacuteltimos expressos no mapa mental do aluno 39 (Figura 27 p 147)

Retomando o que foi discutido no primeiro capiacutetulo sobre a questatildeo da escala

nos estudos de geografia Santos apud Straforini (2008 p 88) verificou duas

abordagens teoacuterico-metodoloacutegicas em seus estudos sobre o ensino-aprendizagem em

Geografia O primeiro refere-se agrave abordagem ldquosinteacuteticardquo ndash onde se apresenta

inicialmente a escala de vivecircncia do aluno (bairro) ateacute a mais distante e ldquodesconhecidardquo

(mundo) ndash e a ldquoanaliacuteticardquo que seria o processo inverso

Segundo Straforini (2008 p 91) qualquer uma das abordagens (sinteacutetica ou

analiacutetica) ldquo[] na praacutetica pedagoacutegica dos professores eacute uma total hierarquizaccedilatildeo do

160

espaccedilo geograacutefico onde cada dimensatildeo espacial eacute ensinada de forma fragmentada e

independenterdquo O objetivo referente ao termino do 5ordm ano eacute que a crianccedila consiga

compreender a dimensatildeo mundo entretanto o que acontece na maioria dos casos eacute a

total desconexatildeo entre as escalas geograacuteficas

A escala geograacutefica corresponde agrave aacuterea abrangida pelo mapa e tem de apresentar

a informaccedilatildeo A proposta ldquomapa da minha vidardquo referente ao Brasil por exemplo

abrange uma escala geograacutefica maior que a do estado da Paraiacuteba entretanto seraacute ao

mesmo tempo menor que a do mundo

A noccedilatildeo de escala geograacutefica deve comeccedilar a ser abordada atraveacutes da ideia de

proporccedilatildeo reduccedilatildeo e ampliaccedilatildeo Satildeo nestes trecircs aspectos que observamos a

configuraccedilatildeo dos 18 mapas mentais que apontam o Brasil enquanto escala de apreensatildeo

Ao analisar o mapa mental aluno 42 (Figura 34 p 158) foi observado que natildeo haacute

proporccedilatildeo entre os estados ela acompanha a loacutegica de regionalizaccedilatildeo Os estados

encontrados a leste possuem menor extensatildeo territorial enquanto que os situados ao

oeste possuem maior aacuterea territorial estes fatos correspondem necessariamente agrave

estrutura histoacuterica e poliacutetica de divisatildeo territorial

161

FIGURA 35 MAPA MENTAL DO ALUNO 43 PROBLEMAS NA SELECcedilAtildeO DA ESCALA GEOGRAacuteFICA

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

162

Segundo Pinheiro (2006 p 164) ldquoas projeccedilotildees cartograacuteficas satildeo expressas

atraveacutes de foacutermulas matemaacuteticas ao passo que natildeo existe linguagem equivalente para

traduzir os lsquomapas mentaisrsquordquo No que corresponde ao trabalho desenvolvido pelos

alunos do 5ordm ano observamos que a escala Brasil pode ser organizada de diferentes

formas Entre elas a das regiotildees geograacuteficas como a apresentada pelo aluno 46 (figura

36 p 163) todavia eacute niacutetido que embora o aluno indique os estados da Paraiacuteba e Satildeo

Paulo em seu mapa natildeo consegue estabelecer uma comunicaccedilatildeo sobre o assunto

A turma tem de prestar atenccedilatildeo quanto maior a aacuterea do terreno a ser

representada (maior escala geograacutefica) maior a reduccedilatildeo necessaacuteria No caso dos mapas

mentais corresponde em apresentar o tema respeitando o espaccedilo determinado na folha

de papel Verificamos que dos 21 esboccedilos produzidos pelos alunos do 5ordm ano oito

ultrapassaram as margens da prancha de desenho este fato indica que a ideia de

reduccedilatildeo siacutentese e ordenamento das informaccedilotildees satildeo um problema natildeo apenas no que

corresponde ao tema estudado mas tambeacutem ao processo de representaccedilatildeo na folha de

papel

No desenvolvimento com a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica autores como Ribeiro amp

Marques (2001) e Callai (2005) enfatizam que o processo de aprendizagem eacute complexo

e envolvem sistema e habilidades diversas inclusive motoras Geralmente a educaccedilatildeo

psicomotora eacute trabalhada na educaccedilatildeo infantil salienta a aprendizagem do esquema

corporal lateralidade organizaccedilatildeo espacial e temporal daiacute os creacuteditos as propostas

piagetianas

Estas habilidades psicomotoras auxiliam as trecircs alfabetizaccedilotildees (da liacutengua

materna geograacutefica e cartograacutefica) Dessa forma apontamos a necessidade de um

resgate deste trabalho quando necessaacuterio visto que um esquema corporal mal

construiacutedo resultaraacute em problema de coordenaccedilatildeo dos movimentos das crianccedilas

lentidatildeo para o raciociacutenio abstrato atraveacutes das noccedilotildees dificuldades em habilidade

manuais como a caligrafia leitura inexpressiva constituiccedilatildeo de uma linguagem

egocecircntrica e sem significado social

163

FIGURA 36 MAPA MENTAL DO ALUNO 46 COM DESTAQUE A ESCALA GEOGRAFICA DAS REGIOtildeES BRASILEIRAS

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

164

4 3 OFICINA 2 MAPA MUDO DA REGIAtildeO CENTRO-OESTE UMA PROPOSTA

DE APROXIMACcedilAtildeO

Para o desenvolvimento da segunda atividade sobre a regiatildeo Centro-Oeste

observamos a necessidade de aproximaacute-la dos contextos e experiecircncias dos alunos com

a regiatildeo Nordeste Realizamos um trabalho de comparaccedilatildeo e progressatildeo das noccedilotildees de

percepccedilatildeo organizaccedilatildeo dos signos e significados atraveacutes da legenda da localizaccedilatildeo e

orientaccedilatildeo espacial aleacutem da escala geograacutefica dos fenocircmenos estudados

No desenvolvimento dos primeiros mapas mentais atentamos que nenhum dos

alunos havia visitado a regiatildeo Centro-Oeste por isso resolvemos trabalhar com as

informaccedilotildees adquiridas durante a Copa do mundo de 2014 no Brasil A partir do mapa

de apresentaccedilatildeo dos estaacutedios onde aconteceram as partidas de futebol e outro das

cidades sedes dos jogos desenvolvemos um trabalho de comparaccedilatildeo e localizaccedilatildeo dos

estaacutedios da regiatildeo Nordeste e Centro-Oeste (ver apecircndice XI)

De acordo com Simielli (2006 p 95) a proposta de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica

para o processo de ensino-aprendizagem nos anos iniciais do Ensino Fundamental deve

privilegiar trecircs criteacuterios

Localizaccedilatildeo e anaacutelise ndash envolve a anaacutelise da localizaccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de

fenocircmenos isoladamente

Correlaccedilatildeo ndash permite a combinaccedilatildeo de dados representados em duas ou

mais representaccedilotildees cartograacuteficas

Siacutentese ndash relaccedilatildeo entre duas ou mais representaccedilotildees cartograacuteficas

buscando uma siacutentese dos fenocircmenos geograacuteficos nelas representados

Em concordacircncia com os princiacutepios descritos na citaccedilatildeo acima os alunos

realizaram as correlaccedilotildees entre os dois mapas Discutidos tambeacutem acerca de quais

estaacutedios de futebol gostariam de visitar Encontramos no quadro 07 (p 165) as opccedilotildees

disponibilizadas na interpretaccedilatildeo dos mapas

165

QUADRO 07 SIacuteNTESE DOS DADOS ENCONTRADOS NOS MAPAS

REGIAtildeO NOME DO ESTAacuteDIO DE

FUTEBOL

LOCALIZACcedilAtildeO DA

CIDADE

Nordeste

Estaacutedio Castelatildeo Fortaleza ndash CE

Estaacutedio das Dunas Natal ndash RN

Arena Pernambuco Recife ndash PE

Arena Fonte Nova Salvador ndash BA

Centro-

Oeste

Arena Pantanal Cuiabaacute ndash MT

Estaacutedio Nacional Brasiacutelia ndash DF

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

Mais que a construccedilatildeo de um modelo o mapa tinha como proposta avaliar a

interpretaccedilatildeo dos alunos sobre a localizaccedilatildeo das cidades pertencentes agraves regiotildees

Nordeste e Centro-Oeste Ademais distinguir as escalas locais (cidades) regionais

(Nordeste e Centro-Oeste) internacionais (seleccedilotildees que realizaram partidas contra o

Brasil a exemplo de Camarotildees e Chile)

A discussatildeo sobre o evento da Copa do Mundo difundido em massa pela miacutedia

no ano de 2014 possibilitou que os alunos observassem que os conceitos cotidianos dos

lugares correspondem as suas praacuteticas Permitiu verificar que torcer pela seleccedilatildeo

brasileira corresponde a fatores aleacutem do esportivo como a identidade cultural e a

relaccedilatildeo de topofilia com o paiacutes e a possibilidade de refletir sobre as informaccedilotildees

experimentadas no cotidiano

Segundo Passini (2012) ldquoo pensamento proacuteprio e a autonomia intelectual

precisam ser vivenciados Eacute necessaacuterio que o trabalho na sala de aula seja

problematizador questionador que haja mais duacutevidas e menos frases prontas para

memorizaccedilatildeordquo De acordo com os apontamentos de Passini (2012) propomos que os

alunos considerassem a seguinte situaccedilatildeo

ldquoVocecirc foi convidado por um amigo para assistir trecircs partidas de futebol em

estaacutedios da regiatildeo Nordeste e Centro-Oeste Construa um mapa com as informaccedilotildees

desta viagem a partir da silhueta do Brasilrdquo

As informaccedilotildees referendadas foram A localizaccedilatildeo dos estaacutedios de futebol e a

respectiva cidade indicando a ordem da visita a estes lugares orientaccedilatildeo atraveacutes da rosa

dos ventos e a construccedilatildeo da legenda Na realizaccedilatildeo desta atividade a maioria dos

166

alunos pediu auxiacutelio ao pesquisador e a professora Beatriz Outros por sua vez

discutiam com os colegas identificando e selecionando os locais de sua preferecircncia

Invertemos o mapa mudo do Brasil indicando o Norte para o lado de baixo da

folha com a intenccedilatildeo de demonstrar que o posicionamento do Norte geograacutefico eacute fixo

entretanto sua representaccedilatildeo desde que obedeccedila a esse princiacutepio eacute relativa

possibilitando a reflexatildeo entre a orientaccedilatildeo espacial e o esboccedilo cartograacutefico

Apresentamos a seguir o mapa mudo desenvolvido pelo aluno 37 (figura 37 p 166)

FIGURA 37 MAPA MUDO DOS ESTAacuteDIOS BRASILEIRO VISITADO REALIZADO PELO

ALUNO 37

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

167

O mapa mudo desenvolvido aluno 37 (figura 37 p 166) seleciona dois Estados

da Regiatildeo Centro-Oeste e destaca as cidades sedes dos jogos ldquoCuiabaacuterdquo em verde

Distrito Federal - ldquoDFrdquo (Brasiacutelia) em vermelho e a cidade de ldquoFortalezardquo em amarelo

Observamos que utiliza agrave legenda correlacionando as cores encontradas no mapa mudo

com os estaacutedios de futebol Aleacutem disso a ordem das visitas que gostaria de realizar

Apoacutes o fim desta atividade da leitura sobre o segundo texto (apecircndice XI)

realizamos consideraccedilotildees sobre as caracteriacutesticas sociais e ambientais da regiatildeo Centro-

Oeste em comparaccedilatildeo com o Nordeste Estes procedimentos foram baseados nas

orientaccedilotildees de Cavalcanti (2002) ao indicar a necessidade da preparaccedilatildeo e introduccedilatildeo da

mateacuteria a ser estudada nas aulas de Geografia Segundo a autora

Esses momentos no ensino consistem na preparaccedilatildeo preacutevia do professor e dos

alunos para o trabalho quando eacute necessaacuterio mobilizar e suscitar o interesse

do aluno bem como organizar o ambiente Eacute fundamental nessas ocasiotildees

que o professor faccedila ligaccedilotildees do conteuacutedo com a mateacuteria anteriormente

estudada e com o conhecimento cotidiano do aluno Eacute preciso sobretudo

problematizar o conteuacutedo estudado (CAVALCANTI 2002 p 80)

Ao considerarmos como pertinente na anaacutelise o evento cultural da eacutepoca (copa

do mundo) discutimos os fenocircmenos fiacutesicos (clima e os biomas) e sua relaccedilatildeo para as

condiccedilotildees econocircmicas sociais e turiacutesticas Mediados pelo livro didaacutetico refletimos

sobre os principais biomas encontrados na regiatildeo Centro-Oeste pantanal e cerrado

Tambeacutem quais os problemas ambientais que eram apresentados como desmatamento

queimadas uso indevido de agrotoacutexicos mineraccedilatildeo entre outros

Consideramos nesta ocasiatildeo o desenvolvimento de atividades em grupo de dois

a trecircs alunos com a possibilidade de consulta ao livro didaacutetico A proposta era que os

alunos desenvolvessem um mapa mental sobre um dos biomas estudados Pantanal ou

Cerrado enfatizando os problemas ambientais e destacando as noccedilotildees trabalhadas de

perspectiva toponiacutemias localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial e escala geograacutefica

As orientaccedilotildees expressas para a realizaccedilatildeo dos mapas mentais que tratavam

sobre as questotildees ambientais na Regiatildeo Centro-Oeste foram

1 Decirc um tiacutetulo ao seu mapa

2 Localize em seu mapa a localizaccedilatildeo (onde fica) e extensatildeo (ateacute onde eacute

encontrado) o bioma indicado pelo professor

3 Destaque os principais problemas ambientais referentes a este bioma

168

4 Identifique os lugares por pontos de referecircncia nome do Estado de rios cidades

ou outros

5 Oriente seu mapa por meio da rosa dos ventos (pontos cardeais norte sul leste

e oeste)

6 Construa uma legenda para identificaccedilatildeo dos problemas ambientais destacados

Mediante a realizaccedilatildeo dessa experiecircncia procuramos observar se a consulta a

modelos (mapas existentes) informaccedilotildees de livros didaacuteticos seriam o suficiente para o

cumprimento do desenvolvimento da proposta com os mapas mentais Aleacutem disso

procuramos saber se a mediaccedilatildeo do pesquisador e da professora regente tambeacutem

auxiliou este processo de confecccedilatildeo dos mapas Esses fatores seratildeo analisados a partir

do toacutepico a seguir

44 MAPA MENTAL 2 MAPA DA REGIAtildeO CENTRO-OESTE

A Noccedilotildees de percepccedilatildeo espacial

A consulta e visualizaccedilatildeo a modelos de mapas existentes podem alterar a

percepccedilatildeo espacial e a projeccedilatildeo cartograacutefica dos mapas mentais Natildeo necessariamente

Entre as projeccedilotildees destacadas no mapa da minha vida podemos identificar

algumas semelhanccedilas entre as 11 representaccedilotildees referentes ao tema regiatildeo Centro-Oeste

e meio ambiente classificamos esta percepccedilatildeo espacial na tabela 14

TABELA 14 PERCEPCcedilOtildeES DA FORMA DO BRASIL DESTACADO NOS MAPAS

MENTAIS

FORMA OCORREcircNCIA

Balatildeo 4

Brasil 3

Triacircngulo 2

Centro-Oeste 2

Total 11

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

169

Salientamos que natildeo pretendemos agora repetir o que jaacute foi discutido sobre a

percepccedilatildeo espacial entretanto necessitamos realizar outras consideraccedilotildees acerca dos

motivos destes condicionantes

Eacute necessaacuterio compreender que o mundo e suas diversas escalas natildeo se remetem

apenas ao mundo vivido mas tambeacutem ao percebido imaginado e concebido tal como

expotildeem Lessan (2011) Os mapas construiacutedos pelos alunos 22 39 e 41 Grupo 7 (figura

38 p 170) demonstra que o trabalho em equipe possibilita a mudanccedila de perspectiva

na construccedilatildeo da imagem mental quando comparado aos mapas mentais individuais

realizados pelos seus membros

Entre os trecircs estudantes o aluno 22 e 41 havia na primeira ocasiatildeo apresentado

uma percepccedilatildeo mais proacutexima a silhueta do Brasil (ver figura 32 p 155 e figura 26 p

146) o outro estudante aluno 39 (ver figura 27 p 147) por sua vez apresentou uma

percepccedilatildeo mais proacutexima a forma de balatildeo

Eacute sabido que natildeo haacute um estudante igual ao outro Habilidades noccedilotildees e

competecircncias satildeo distintas e construiacutedas por cada crianccedila em seu proacuteprio ritmo Essas

individualidades de percepccedilotildees por exemplo demonstram as particularidades dos

sujeitos o que a primeira vista pode ser um obstaacuteculo para identificaccedilatildeo das

dificuldades e habilidades para o professor mas atraveacutes do trabalho em equipe

acreditamos que eacute a oportunidade para a troca de experiecircncias entre os discentes

Seguindo este criteacuterio de aproximaccedilatildeo e tentativa de mediaccedilatildeo a professora e o

pesquisador procuraram selecionar as equipes sobretudo respeitando os criteacuterios de

niacutevel de conhecimento de cada aluno sugerindo os membros para a formaccedilatildeo dos

grupos66 Baseado nas propostas de Vigotski (1998) sobre a atuaccedilatildeo na Zona de

Desenvolvimento Proximal observou que a Zona de Desenvolvimento Real do aluno 39

mudou mas tambeacutem os alunos 22 e 41 incorporaram novas informaccedilotildees possibilitando

uma comunicaccedilatildeo mais rigorosa sobre o tema

66 Em pesquisa-piloto na escola Luacutecia de Faacutetima no ano de 2013 tambeacutem em uma turma de 5ordm ano

realizamos a divisatildeo das equipes previamente entretanto houve casos de rejeiccedilatildeo pelos alunos

principalmente no que se refere agraves relaccedilotildees meninos e meninas No caso desta pesquisa a maioria dos

alunos acatou as sugestotildees do pesquisador a respeito das equipes Salientamos que cabe ao professor

identificar quais as dificuldades dos alunos sobre determinado assunto e propor que a interaccedilatildeo possibilite

a assistecircncia e colaboraccedilatildeo entre os estudantes visando agrave aprendizagem do tema da aula

170

FIGURA 38 MAPA MENTAL COM SILHUETA PROacuteXIMA AO DO BRASIL (GRUPO 7)67

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) Adaptado por David L R de Almeida 2015

67 Optamos por apresentar este mapa ampliado destacando a regiatildeo Centro-Oeste a intenccedilatildeo eacute proporcionar ao leitor a observaccedilatildeo dos detalhes expressos na representaccedilatildeo

171

Outro fator a ser observado segundo Rego (1995) eacute a referecircncia ao modelo

Divergente da reproduccedilatildeo da coacutepia mecacircnica a proposta de nossas atividades com os

mapas mentais eacute que os alunos internalizem atraveacutes da accedilatildeo da resposta ao problema

estrateacutegias e conhecimentos para a soluccedilatildeo da atividade Dessa relaccedilatildeo pode nascer agrave

autorregulaccedilatildeo que fundamenta o ato voluntaacuterio pensado planejado e executado da

imagem mental para sua expressatildeo cartograacutefica no papel O processo permite ao longo

prazo criar o funcionamento individual e instrumentos necessaacuterios para solucionar

problemas semelhantes para a vida aleacutem de desenvolver outras aprendizagens

Eacute necessaacuteria uma ressalva a respeito das atividades que faz o uso de modelos

principalmente a praacuteticas da coacutepia e o decalque de mapas (mental ou existente) Em um

dos casos notamos que o grupo 5 (aluno 29 e 38) apoacutes sua segunda tentativa de

representaccedilatildeo do mapa mental da regiatildeo Centro-Oeste realizou a coacutepia do mapa

encontrado no livro didaacutetico (Figura 39 p 172)

Oliveira (1978) e Passini (2012) haacute anos criticam o mero decalque do mapa

pelos alunos A este respeito podemos considerar que a atividade tinha por objetivo

incentivar a pesquisa a modelos para elaboraccedilatildeo de esboccedilos cartograacuteficos visto que nos

materiais disponibilizados para os alunos natildeo havia nenhum mapa existente pronto que

destacasse a proposta da atividade A intenccedilatildeo era a criaccedilatildeo e natildeo replicar outros mapas

Verificamos que o caso do mapa mental do grupo 5 foi isolado Veremos nos

proacuteximos itens que os outros mapas mentais tiveram traccedilados mais espontacircneos

criativos e autocircnomos nas representaccedilotildees realizadas pelos estudantes do 5ordm ano

172

FIGURA 39 COMPARACcedilAtildeO ENTRE MAPA EXISTENTE E MAPA MENTAL (GRUPO 05 )

Fonte A esquerda MAESTU Juliana Projeto Buriti geografia 2 Ed Satildeo Paulo Moderna 2011 p 68 Agrave direita pesquisa de Campo out nov (2014) Adaptado por David

L R de Almeida

173

B Uso de toponiacutemias

De acordo com Claval (2010) a memorizaccedilatildeo dos pontos de referecircncia garante a

locomoccedilatildeo do corpo no espaccedilo e sua orientaccedilatildeo espacial em outros contextos permite a

construccedilatildeo de uma imagem mental de paisagens ainda natildeo visitadas Mediante estas

informaccedilotildees e baseado no papel do enunciado discutido por Bakhtin (2012) observamos

que o mapa mental pode estabelecer a comunicaccedilatildeo entre o grupo de sujeitos de

mapeadores e leitores do mapa

As toponiacutemias apresentadas nos mapas mentais corresponderam agrave divisatildeo

poliacutetica do territoacuterio nacional ou da regiatildeo Centro-Oeste a tabela 15 apresenta a

ocorrecircncia destas caracteriacutesticas nos mapas mentais

TABELA 15 NUacuteMERO DE OCORREcircNCIA DE TOPONIacuteMIAS

TOPONIacuteMIA OCORREcircNCIA

Estados 11

Distrito Federal 05

Regiotildees 03

Outros 03

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

No tocante a referecircncia aos estados brasileiros seja restrita a regiatildeo Centro-Oeste

ou a escala nacional os alunos referendam os estados atraveacutes do uso da toponiacutemia

enquanto palavra por exemplo ldquoMato Grossordquo em cinco casos e nos outros seis casos

eacute apresentado o uso de siglas ldquoMTrdquo Essa mudanccedila da palavra as siglas segundo

Vigotski (1998) e Bakhtin (2012) se deve ao sentido que damos ao signo Ele eacute sempre

mutaacutevel pois incorporamos raciociacutenios interagimos socialmente e tornamos a

linguagem e a praacutetica escolar elos da corrente de significaccedilatildeo

Por meio da anaacutelise dos mapas mentais identificamos em oito dos 11 esboccedilos

cartograacuteficos uma tentativa de esquematizaccedilatildeo do raciociacutenio geograacutefico atraveacutes da

organizaccedilatildeo da legenda Segundo Oliveira (1978 p 23) a linguagem cartograacutefica ndash a

construccedilatildeo da legenda do mapa (relaccedilatildeo signo-significado) ndash pode ser apresentada

atraveacutes de trecircs variedades de signos cartograacuteficos satildeo eles

[] o iacutecone que representa por semelhanccedila entre significante e significado

(os mapas pictoacutericos de distribuiccedilatildeo de produtos agriacutecolas satildeo exemplos deste

tipo de representaccedilatildeo) o iacutendice que representa por contiguumlidade [sic] de fato

entre significante e significado (os mapas da superfiacutecie terrestre que atraveacutes

174

da cor ou sombreamento representam as formas do terreno reproduzindo o

relevo como um modelo tridimensional) e o siacutembolo que representa por

contiguumlidade [sic] instituiacuteda isto eacute por uma regra convencional entre o

significante e o significado

Analisando o mapa mental do grupo 10 (figura 40 p 175) constituiacutedo pelos

alunos 31 e 41 eacute possiacutevel notar a seleccedilatildeo de iacutecones os quais tem a intenccedilatildeo de destacar

alguns problemas ambientais encontrados na regiatildeo Centro-Oeste satildeo eles ldquoaacutervoresrdquo

que tecircm como significado a extraccedilatildeo de madeira o ldquomartelordquo correspondente a

mineraccedilatildeo de pedras preciosas e um ldquosaco de lixo no riordquo que indica a contaminaccedilatildeo

dos rios A intenccedilatildeo dos alunos neste caso eacute apresentar a ocorrecircncia e localizar os

estados onde ocorrem estes problemas ambientais

Prosseguindo nesta anaacutelise autores com Kozel (2002) e Richter (2010) ressaltam

a importacircncia da representaccedilatildeo dos conhecimentos geograacuteficos atraveacutes dos mapas

mentais Richter (2010) por exemplo destaca a necessidade da compreensatildeo da

proposta didaacutetico-pedagoacutegica pelo professor para valorizaccedilatildeo do uso das imagens

A associaccedilatildeo do uso das toponiacutemias e o destaque para os fenocircmenos ambientais

destacados permitem que o aluno caracterize em muitos casos pela primeira vez uma

estrutura cognitiva sobre um espaccedilo geograacutefico natildeo vivido experimentado Segundo

Claval (2010) a imaginaccedilatildeo eacute um dos aportes para construccedilatildeo da imagem mental

geograacutefica ela torna-se uma experiecircncia para se conhecer outros mundos Esclarece o

autor que

A experiecircncia geograacutefica nesse sentido vai muito aleacutem do real Os homens

tecircm a capacidade de falar de lugares que eles nunca viram e que talvez natildeo

existam Eles lhe atribuem propriedades que faltam aos espaccedilos conhecidos

O imaginaacuterio que eles constroem dessa forma (e que eacute proacuteprio de cada

cultura) daacute ao mundo uma dimensatildeo poeacutetica indica as regras a serem

respeitadas mostra para que direccedilatildeo deve tender a accedilatildeo humana e confere um

sentido de existecircncia dos indiviacuteduos e dos grupos (CLAVAL 2010 p 57)

Inuacutemeras formas do significado simboacutelico dado ao espaccedilo miacutetico imaginado

simboacutelico jaacute foram tratados por Tuan (1983) e Claval (2010) o que nos interessa eacute notar

que a escola tambeacutem possibilita o desenvolvimento de noccedilotildees geograacuteficas com a de

regiatildeo geograacutefica O ato de desenhar uma dimensatildeo espacial geograacutefica natildeo conhecida

pode contribuir com o processo de regionalizaccedilatildeo o que daacute origem agraves regiotildees

175

FIGURA 40 MAPA MENTAL COM A UTILIZACcedilAtildeO DE IacuteCONES (GRUPO 10)

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

176

Para Castrogiovanni et al (2011) embora a ciecircncia geograacutefica tenha diferentes

perspectivas sobre a compreensatildeo da conceituaccedilatildeo sobre regiatildeo em todos seus

seguimentos eacute possiacutevel traccedilar uma caracteriacutestica geral a seleccedilatildeo de elementos em

comum e seu agrupamento em determinada aacuterea Completa o autor supracitado que ldquoo

processo de regionalizar estaacute ligado agrave ideia de agrupar em um espaccedilo dessa forma

podemos agrupar pessoas vegetais animais paisagens habitaccedilotildees e outras variaacuteveis em

um determinado subespaccedilordquo Grifo do autor (CASTROGIOVANNI 2011 p 25)

Em nossa pesquisa o processo de regionalizaccedilatildeo se deu agrave medida que os alunos

estabeleceram um conjunto de objetivos e de criteacuterios segundo os quais caracterizariam

o bioma estudado No mapa mental do grupo 3 (figura 41 p 177) alunos 25 e 35 eacute

possiacutevel identificar as cinco regiotildees brasileiras destacadas cada qual por uma cor (signo

em forma de iacutendice) apresentando fenocircmenos naturais como os raios ou as queimadas

provocadas pela accedilatildeo humana (ambos apresentados em forma de iacutecones) tal exerciacutecio

demonstra que para o desenvolvimento do enunciado do mapa mental eacute necessaacuterio a

articulaccedilatildeo das noccedilotildees do uso das toponiacutemias e da regiatildeo

No que corresponde a informaccedilatildeo do tiacutetulo dos mapas mentais foi analisado que

ele esteve presente em oito representaccedilotildees Eacute necessaacuterio realizar uma ressalva sobre a

coerecircncia dos tiacutetulos em relaccedilatildeo agrave representaccedilatildeo dos desenhos produzidos observamos

que das oito representaccedilotildees seis transporaacute uma objetividade na interpretaccedilatildeo do aluno

sobre a anaacutelise regional (ver figura 40 p 175 e figura 37 p 166)

177

FIGURA 41 ARTICULACcedilAtildeO DO USO DE TOPONIacuteMIAS COM A APRESENTACcedilAtildeO DE IacuteCONES (GRUPO 3)

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

178

C Noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial

As noccedilotildees de localizaccedilatildeo tornam-se mais fieacuteis aos modelos dos mapas existentes

quando a atividade tende a ser consultada O posicionamento das toponiacutemias

demonstra-se mais proacuteximas as representaccedilotildees cartograacuteficas habituais (mapas

existentes) Observamos isto apoacutes verificar que a localizaccedilatildeo dos estados Distrito

Federal e do posicionamento entre as regiotildees em alguns casos demonstra-se coerente e

possibilita a leitura

Todos os mapas mentais desenhados localizam algo relacionado ao meio

ambiente da regiatildeo Centro-Oeste seja ela voltada a proacutepria organizaccedilatildeo regional ao

bioma ou os seus problemas ambientais como podemos observar na tabela 16

TABELA 16 LOCALIZACcedilAtildeO DOS ELEMENTOS ENCONTRADOS NOS MAPAS MENTAIS

LOCALIZACcedilAtildeO OCORREcircNCIA

Regiatildeo 03

Bioma 04

Problemas ambientais 04

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

Ao analisarmos os mapas mentais os elementos apresentados e localizados neles

notamos que em oito das 11 representaccedilotildees os alunos apresentam caracteriacutesticas

relacionadas ao ambiente seja voltada a localizaccedilatildeo do bioma ldquoPantanalrdquo como

apresentado no mapa do grupo 7 (figura 38 p 170) ou aos problemas ambientais

observados no mapa mental do grupo 10 (figura 40 p 175) Observamos nos dois casos

que os alunos restringem suas anaacutelises a pontos especiacuteficos do territoacuterio

Em outro mapa mental realizado pelo grupo 6 (figura 42 p 179) aluno 28 37 e

48 eacute evidente a referecircncia ao bioma estudado A indicaccedilatildeo ocorre atraveacutes do signo

atraveacutes do iacutendice (uso da cor verde) e da indicaccedilatildeo da sentenccedila ldquoplaniacutecie do Pantanalrdquo

nestas condiccedilotildees observamos que sua localizaccedilatildeo relativa aos estados do Mato Grosso e

Mato Grosso do Sul torna-se coerente aleacutem disso marca um limite com Goiaacutes (GO)

onde prevalece o bioma de Cerrado

179

FIGURA 42 MAPA MENTAL COM DESTAQUE NA ORIENTACcedilAtildeO E LOCALIZACcedilAtildeO ESPACIAL DA REGIAtildeO CENTRO-OESTE (GRUPO 6)

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

180

Identificamos no mapa do grupo 6 (Figura 42 p 179) a indicaccedilatildeo da ldquoexpansatildeo

da atividade agropecuaacuteriardquo que eacute destacado no livro didaacutetico assim como o ldquouso

indevido de agrotoacutexicosrdquo como impactos ambientais referentes ao Pantanal A esse

respeito surgiram duacutevidas na realizaccedilatildeo da atividade principalmente sobre o significado

das palavras

Entre as palavras incompreensiacuteveis para alunos estava o termo ldquoagrotoacutexicordquo

Explicamos que esta palavra refere-se a um defensivo agriacutecola inseticida e aleacutem disso

que o contato com o produto pode provocar doenccedilas como cacircncer problemas funcionais

na musculatura do corpo e do ceacuterebro Posteriormente os alunos comentavam sobre

reportagens ou experiecircncias de parentes que eram fazendeiros mas natildeo faziam uso de

inseticidas Observamos que entender a informaccedilatildeo eacute uma ponte fundamental para a

seleccedilatildeo do fenocircmeno

No que corresponde agrave orientaccedilatildeo espacial apenas um grupo natildeo faz qualquer

referecircncia ao uso da rosa dos ventos os outros dez mapas apresentam o uso coerente

dos pontos cardeais para a orientaccedilatildeo dos mapas mentais Verificamos que os estados de

Mato Grosso situado a norte e Mato Grosso do Sul situado a sul correspondem

necessariamente com os pontos cardeais e aleacutem disso situam Goiaacutes e o Distrito Federal

a leste

D Noccedilotildees de escala geograacutefica

Dos mapas mentais jaacute apresentados observamos que quanto menor a escala

geograacutefica maior as chances de identificaccedilatildeo dos fenocircmenos e da captaccedilatildeo da

informaccedilatildeo da imagem pelo leitor do mapa Afirmamos entretanto que se engana

quem imagina que uma atividade mediada seja pela possibilidade da pesquisa auxiacutelio

de colegas ou professor pode gerar necessariamente resultados positivos

No que correspondem aos 11 mapas mentais produzidos pelos estudantes do 5ordm

ano sete alunos apresentam a escala regional do Centro-Oeste como enfoque de anaacutelise

para do tema estudado os outros quatro alunos apresentam a escala nacional como

proposta de representaccedilatildeo

O mapa mental desenvolvido pelo grupo 4 (figura 43 p 183) demonstra a

construccedilatildeo de uma imagem sincreacutetica desenvolvida pelos estudantes aluno 27 e 4568 Haacute

68 O aluno 45 faltou na primeira atividade relacionada ao desenvolvimento do mapa mental (mapa da

minha vida) o que dificultou nossa mediaccedilatildeo e estrateacutegia para o desenvolvimento na escolha desta dupla

181

uma discrepacircncia com relaccedilatildeo aos mapas produzidos pelos colegas suas estrateacutegias para

o desenvolvimento de comunicaccedilatildeo apresentam diferentes ruiacutedos entre eles uma

ldquotempestade de siglasrdquo (relacionadas aos estados brasileiros) cores aleatoacuterias sem um

significado explicito e a ausecircncia de elementos como tiacutetulo ou referecircncia ao tema do

mapa mental

O mapa do grupo 4 eacute um entre os quatro mapas mentais que escolhem a escala

geograacutefica ldquoBrasilrdquo como referencial Como jaacute demonstramos outras equipes a

exemplo do grupo 3 (figura 41 p 177) tambeacutem escolhe a escala Brasil todavia

estabelecem criteacuterios de seleccedilatildeo regional Eles utilizam criteriosamente as cores as

toponiacutemias e os iacutecones (fogueiras e raios) Aleacutem disso demonstra uma relaccedilatildeo entre os

trecircs estados da regiatildeo Centro-Oeste representado no qual observamos uma

diferenciaccedilatildeo no tamanho territorial69

De acordo com Jolly (1990 p 20) na cartografia cartesiana ldquoa escala de um

mapa eacute a relaccedilatildeo constante que existe entre as distacircncias lineares medidas sobre o mapa

e as distacircncias lineares correspondentes medidas sobre o terrenordquo O autor

anteriormente citado esclarece ainda que o grau da generalizaccedilatildeo expressa nos mapas eacute

fruto de uma generalizaccedilatildeo que corresponde a ldquoseleccedilatildeo dos detalhes apresentadosrdquo a

ldquoesquematizaccedilatildeo do desenhordquo e uma ldquoharmonizaccedilatildeo relativa dos elementosrdquo As

caracteriacutesticas discutidas por Fernand Jolly pode ser encontrada no mapa mental

realizado pelo grupo 10 (Figura 40 p 175)

De acordo com os paracircmetros expressos nos mapas mentais podemos destacar

uma observaccedilatildeo de Silveira (2004 p 89) a respeito da escala geograacutefica a autora

afirma que ldquoeacute o reconhecimento de subdivisotildees subespaccedilos regionalizaccedilotildees

produzidos na histoacuteria do territoacuterio que pareceria nos conduzir ao problema da escala

geograacuteficardquo

No ensino de Geografia a distacircncia da relaccedilatildeo sujeito e objeto estudado podem

limitar a compreensatildeo dos alunos a respeito da temaacutetica Entretanto para Castrogiovanni

amp Costella (2006 p 35) eacute importante que os alunos principalmente do 5ordm ano

ultrapassem o estudo do espaccedilo vivido possibilitando experiecircncias com o ldquo[] espaccedilo

O aluno 27 por exemplo havia realizado a atividade relacionada ao mapa mudo dos estaacutedios de futebol e

na ocasiatildeo mostrou resultados significativos o outro estudante todavia faltou na maioria das aulas que

desenvolvemos as atividades com os mapas (existentes e mentais) salvo a experiecircncia com a baleada

geograacutefica 69 Segundo o IBGE o estado com maior proporccedilatildeo territorial em quilocircmetros quadrado pertencente agrave

regiatildeo Centro-Oeste eacute o Mato Grosso (903378292 Km2) em seguida Mato Grosso do Sul (357145 534

Km2) Goiaacutes (340111376 Km2) e por uacuteltimo Distrito Federal (5779999 Km2) Fonte

httpwwwibgegovbrhomegeocienciasareaterritorialprincipalshtmgt acessado em 0705 2015

182

concebido onde se desenvolve o poder de representaccedilatildeo sem que necessariamente o

aluno tenha conhecido na praacutetica o espaccedilo representadordquo (Grifo dos autores)

Ao delimitarmos o tema propomos uma escala de anaacutelise selecionamos os

lugares e seus principais fenocircmenos O professor pode relacionar os saberes que os

alunos jaacute possuem As experiecircncias cotidianas dos discentes e os assuntos estudados em

sala de aula compotildeem o quadro de referecircncia para vida

Por fim esta leitura de mundo ao considerar diferentes escalas geograacuteficas

permite que o aluno compreenda que o espaccedilo eacute composto por um conjunto de

singularidades A busca de interpretaccedilotildees natildeo se limita agrave possibilidade de solucionar os

diferentes problemas que possam existir em cada escala mas em se aproveitar

experiecircncias da realidade cotidiana que se processam nessas diferentes escalas

Observamos portanto que as oficinas e mapas mentais produzidos pelos alunos

do 4ordm e 5ordm ano Buscou desenvolver habilidades e noccedilotildees relacionadas ao ensino-

aprendizagem de Geografia nos anos iniciais do EF Diante disso eacute tomado no capiacutetulo

5 o posicionamento dos estudantes (a partir das entrevistas realizadas) e professores (por

meio do uso de questionaacuterios) com a finalidade de avaliar as apreensotildees dos sujeitos

sobre essa pesquisa

Temos ainda o objetivo de revelar algumas incoacutegnitas ou seja circunstacircncias

que promoveram ou dificultaram a realizaccedilatildeo das atividades e que natildeo foram expressas

nos mapas mentais em decorrecircncia do seu valor subjetivo

183

FIGURA 43 MAPA MENTAL NA ESCALA GEOGRAFICA BRASIL (GRUPO 4)

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

184

5 MAPAS MENTAIS E SUAS POTENCIALIDADES E LIMITACcedilOtildeES PARA O

ENSINO DE GEOGRAFIA

Observamos que entre as representaccedilotildees e o diaacutelogo para produccedilatildeo dos mapas

mentais existem incoacutegnitas que se referem agraves experiecircncias de vida ao contexto escolar e

as apreensotildees sobre o processo de ensino-aprendizagem de Geografia Eles em alguns

casos estatildeo impliacutecitos nos mapas mentais

A representaccedilatildeo eacute por assim dizer um processo longo e complexo na formaccedilatildeo

do aluno Ao avaliarmos o mapa mental enquanto recurso didaacutetico-pedagoacutegico eacute

importante entender que

[] o ensino da geografia teria mais significado se priorizasse a pesquisa e

anaacutelise das representaccedilotildees construiacutedas pelas sociedades considerando ainda

o proacuteprio aluno como agente de representaccedilotildees e conhecimentos necessaacuterios

para entendimento das relaccedilotildees estabelecidas na organizaccedilatildeo espacial

(KOZEL 2002 p 216)

A partir da proposta metodoloacutegica realizada na citaccedilatildeo anterior buscamos

ampliar o universo de anaacutelise Indicamos o entendimento dos alunos e professoras a

respeito das potencialidades e limitaccedilotildees do recurso didaacutetico mapa mental para o

processo de ensino-aprendizagem de Geografia

De iniacutecio apresentamos o processo de ensino-aprendizagem de Geografia e sua

contextualizaccedilatildeo em nossas experiecircncias em sala de aula Posteriormente a realizaccedilatildeo

das oficinas e suas contribuiccedilotildees e por fim as possiacuteveis potencialidades e limitaccedilotildees do

uso do recurso mapa mental nas turmas de 4ordm e 5ordm ano

51 O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DE GEOGRAFIA

Mediante a anaacutelise dos questionaacuterios as professoras Marta e Beatriz reconhecem

a importacircncia do conhecimento preacutevio dos alunos para o direcionamento das aulas de

Geografia e os conhecimentos trabalhados na escola Para elas esses conhecimentos

tecircm por objetivo instruir os alunos Diante disso apresentamos a fala das docentes ao

esclarecem a importacircncia da ciecircncia geograacutefica nas praacuteticas escolares como as

seguintes falas

ldquoA Geografia possibilita a compreensatildeo do espaccedilo geograacutefico espaccedilo este

resultante da relaccedilatildeo natureza-sociedade como a materializaccedilatildeo dos tempos da vida

socialrdquo (Prof Marta 4ordm ano)

185

ldquoO ensino da Geografia possibilita por meio da compreensatildeo do espaccedilo

geograacutefico a formaccedilatildeo de um indiviacuteduordquo (Prof Beatriz 5ordm ano)

As respostas expressas pelas professoras satildeo condizentes com a proposta de

ensino de Geografia Entretanto satildeo aparentemente vagas quando confrontamos com as

propostas nacionais dos PCN (BRASIL 1997) ou ainda com as ideias de alfabetizaccedilatildeo

(cartograacutefica ou geograacutefica) mediante a construccedilatildeo de noccedilotildees geograacuteficas habilidades e

competecircncias expressas por autores como Callai (2005) Lessan (2011) e Passini

(2012)

Qual o propoacutesito de se estudar Geografia A maioria dos alunos entrevistados

de ambas as turmas afirmam que a expectativa corresponde agrave efetivaccedilatildeo das avaliaccedilotildees

escolares progressatildeo escolar ou ainda agrave educaccedilatildeo profissional visando assumir uma

futura condiccedilatildeo de trabalhador Em resumo ndash ldquoPorque eacute o futuro da genterdquo (Aluno 25

5ordm ano) Os alunos apontam que este valor disciplinar eacute agregado a todas as ldquomateacuteriasrdquo

escolares

Em muitos casos a importacircncia das crianccedilas aprenderem algo eacute condicionada a

posiccedilatildeo futura ao bom trabalho a moradia ao salaacuterio entre outros Canaacuterio (2006 p

103) chama essa perspectiva de escola do ldquotempo de promessasrdquo Eacute evidente que este

fato eacute uma construccedilatildeo histoacuterica a qual ainda na deacutecada de 1960 nos Estados Unidos

desenvolveram-se poliacuteticas de discriminaccedilatildeo positivas ou seja programas de

valorizaccedilatildeo das praacuteticas educacionais tendo em vista o progresso social Estas poliacuteticas

se espalharam pelo mundo e a escola das promessas tinha (e ainda tem) ldquotrecircs promessas

fundamentais desenvolvimento igualdade social e mobilidade social ascendenterdquo

(CANAacuteRIO 2006 p 103 ndash 105)

Sabemos que a principal atribuiccedilatildeo da escola eacute comunicar e instruir por meio dos

saberes socialmente construiacutedos ao longo da histoacuteria estas outras promessas satildeo (ou

natildeo) qualidades adicionais relativas a esta instituiccedilatildeo70 Ademais observamos que o

atributo sobre a importacircncia do conhecimento geograacutefico deve estar voltado as praacuteticas

presentes para que progridam e se valorizem em atividade futuras

Ao realizarmos a praacutetica com os mapas mentais observamos que os alunos

puderam atribuir sentido aos temas apreendidos Quando perguntamos a um grupo de

alunos do 4ordm e 5ordm ano sobre a importacircncia da Geografia especificamente dos mapas

(mentais) para suas vidas eles responderam

70 Como eacute o caso do Art 39 da LDB 9394 1996 que discute a importacircncia da educaccedilatildeo profissional e

tecnoloacutegica (BRASIL 2010)

186

Estudantes do 4ordm ano

Aluno 09 ndash Para a gente ver uma coisa e saber o que diz o mapa para a gente

natildeo se perder e Por exemplo Onde eacute que minha tia mora Ai eu fico

pensando onde minha tia mora em Lagoa Seca71 [e continua] Para a minha

vida Assim professor seu eu passar de ano todos os anos ai assim se eu

for algueacutem na vida ai assim se eu quiser construir se eu comprar um terreno

e quiser construir uma casa

Pesquisador ndash O que vocecircs acham que aprenderam com os mapas mentais

Aluno 13 ndash Eu aprendi Campina Grande as cidades dizendo um monte de

coisa o Accedilude Velho [risos] a escola o riacho das Piabas

Pesquisador ndash Antes da realizaccedilatildeo das atividades vocecircs jaacute sabiam disso

Aluno 13 ndash Eu natildeo sabia que isso era canal

Pesquisador ndash Mas o que vocecirc pensava que era

Aluno 17 ndash Um canal que passava esgoto

Aluno 13 ndash Um canalzinho simples

Estudantes do 5ordm ano

Pesquisador ndash Vocecirc acha importante estudar Geografia

Aluno 42 ndash Sim Para saber os estados Porque se for viajar vou saber onde eacute

Aluno 39 ndash Porque quando a pessoa for viajar jaacute sabe os lugares a regiatildeo

onde estaacute se tiver perdido

Aluno 46 ndash Sim para ir para casa para ir para escola para pegar o ocircnibus

(5ordm ano)

Observamos na fala destes alunos a importacircncia do conhecimento geograacutefico

para as praacuteticas presentes (saber onde a tia mora viajar tomar o ocircnibus todas as

competecircncias utilizadas em seus cotidianos) e a futuras atividades (como comprar um

terreno para construccedilatildeo de sua moradia) Para Callai (2005 p 240) eacute necessaacuterio ldquoler o

lugar para compreender o mundo que vivemos Pode-se partir de temaacuteticas de

problemas e a partir daiacute aguccedilar a curiosidade infantil traccedilando os caminhos a seguirrdquo

Qual o resultado desta accedilatildeo Desmistificar que o lugar ao qual habitamos eacute simploacuterio

constituiacutedo por ldquoum canalzinho simplesrdquo e que as coisas existentes no mundo tecircm sua

razatildeo e ultrapassam a loacutegica do perceber

Nesta concepccedilatildeo o mapa mental tem que estar a serviccedilo de um conhecimento

de um processo de ensino-aprendizagem propotildee uma reflexatildeo sobre o conhecimento

histoacuterico construiacutedo pela humanidade A escola deve propiciar a oportunidade da

apropriaccedilatildeo deste conhecimento e sua reelaboraccedilatildeo

52 PROPOSTAS DAS OFICINAS O LUacuteDICO E SUAS INTERVENCcedilOtildeES PARA

CONSTRUCcedilAtildeO DOS SABERES

Desenvolver propostas em condiccedilotildees de oficinas permite segundo

71 Lagoa Seca possuiacutea em 2010 uacuteltimo senso do IBGE uma populaccedilatildeo de 25 900 habitantes Sua aacuterea eacute

de 107 589 km2 Situado ao norte de Campina Grande foi ateacute 1964 um distrito campinense apoacutes essa

data foi elevado agrave categoria de municiacutepio Fonte httpcidadesibgegovbr lt acessado em 18 05 2015

187

Castrogiovanni amp Costella (2006) construir conhecimentos pela e para a praacutetica social

o quadro 08 (p 189) apresenta um resumo das oficinas desenvolvidas e nossa percepccedilatildeo

sobre seus resultados

Ao propormos a estrutura de oficinas de aprendizagem afirmamos ser possiacutevel

realizar a transiccedilatildeo entre os conhecimentos praacuteticos e teoacutericos relacionados ao processo

de ensino-aprendizagem de Geografia

Eacute necessaacuterio observar que tatildeo importante quanto os conteuacutedos trazidos pelo

curriacuteculo escolar satildeo as praacuteticas luacutedicas O espaccedilo geograacutefico tambeacutem educa alfabetiza

a crianccedila Eacute necessaacuterio mostrar que a famiacutelia a sociedade preferecircncias de lugares de

habitaccedilatildeo estudo e lazer relacionados agraves suas atividades cotidianas integram a leitura de

mundo dos estudantes

Para os alunos as atividades realizadas por meio da maquete mental ou dos

mapas mudos possibilitaram a construccedilatildeo de uma imagem mental em muitos casos

possibilitou um primeiro contato com assunto Em outras as atividades como a baleada

geograacutefica foi reconhecida da seguinte forma

A de baleada [] no modo de dizer eacute um jogo e uma atividade aiacute eacute um

jogo Como eacute que se diz professor Eacute uma tarefa [] A gente aprende na

praacutetica quais satildeo os pontos cardeais norte sul leste oeste e depois usa isso

na sala de aula (Aluno 45 5ordm ano)

Observamos que na efetivaccedilatildeo do saber compartilhado (enunciado coletivo) e da

realizaccedilatildeo de atividades que possibilite a capacidade de aprender a aprender a

motivaccedilatildeo para descobrir e o estiacutemulo a autonomia dos sujeitos compotildeem uma relaccedilatildeo

dialeacutetica entre a praacutetica e diaacutelogo72 Eles buscam interpretar e compreender um ao outro

ldquo[] a compreensatildeo eacute uma forma de diaacutelogo ela estaacute para a enunciaccedilatildeo assim como

uma reacuteplica estaacute para a outra no diaacutelogo Compreender eacute opor agrave palavra do locutor uma

contrapalavra []rdquo (BAKHTIN 2012 p 137)

As praacuteticas apresentadas no quadro 08 (p 188) compotildeem algumas sugestotildees de

como o professor pode utilizar tais estrateacutegias objetivando construir noccedilotildees habilidades

e competecircncias Natildeo satildeo receitas prontas pretendem auxiliar no processo de

observaccedilatildeo registro e avaliaccedilatildeo dos alunos Outra ressalva eacute que tais praacuteticas desafiem

os discentes e que estejam a serviccedilo do planejamento do professor

72 Segundo os alunos o uso do brinquedo (bola) e a atividade praacutetica do jogo auxiliaram no

desenvolvimento dos mapas pois como mencionado ldquoaprenderam maisrdquo porque foi uma atividade

diferente divertida O aluno aprende mais quando estaacute feliz motivado envolvido

188

QUADRO 08 PROPOSTA DAS OFICINAS PEDAGOGICAS PARA CONSTRUCcedilAtildeO DE NOCcedilOtildeES E HABILIDADES

OFICINA CONTEUacuteDOS NOCcedilOtildeES HABILIDADES

1 M

AQ

UE

TE

ME

NT

AL

A divisatildeo administrativa dos bairros encontrados em um municiacutepio

Recursos hiacutedricos na cidade

Meio Ambiente e poluiccedilatildeo

Identidade e cidadania

Desenvolver o trabalho em equipe para a realizaccedilatildeo

de uma atividade

Refletir sobre sua condiccedilatildeo de cidadatildeo que

participa e constroacutei a sociedade

2 M

AP

AS

MU

DO

S

4ordm

AN

O

Regionalizaccedilatildeo nordestina e das mesorregiotildees geograacuteficas da Paraiacuteba

Construccedilatildeo da legenda orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo das toponiacutemias Representar e refletir sobre a condiccedilatildeo da

regionalizaccedilatildeo estadual nacional

5 ordm

AN

O Regionalizaccedilatildeo brasileira

As praacuteticas desportivas no Brasil (futebol)

Construccedilatildeo da legenda orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo das toponiacutemias

3 B

AL

EA

DA

GE

OG

RAacute

FIC

A

Localizaccedilatildeo orientaccedilatildeo e direccedilatildeo espacial

Iniciativa coordenaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo no trabalho

em equipe

Planejar e verbalizar as accedilotildees a serem executadas

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) Organizado por David L R de Almeida

189

53 DOS MAPAS MENTAIS UTILIZADOS EM SALA DE AULA

Apoacutes analisarmos os mapas mentais das crianccedilas bem como sua relevacircncia no

processo de alfabetizaccedilatildeo geograacutefica e cartograacutefica veremos como estes podem auxiliar nos

processos de ensino-aprendizagem Para isto consideraremos o discurso das professoras Nas

palavras das docentes apoacutes a realizaccedilatildeo das oficinas pedagoacutegicas e do trabalho com os mapas

mentais foi avaliadas diferenccedilas com relaccedilatildeo agrave percepccedilatildeo da aprendizagem de Geografia

pelos alunos do 4ordm e 5ordm ano elas consideram que

ldquoAs mudanccedilas na aprendizagem dos alunos se deu com gostar da lsquomateacuteriarsquo ter

curiosidade em conhecer e pocircr em praacutetica o que aprenderam Por exemplo ler e

desenhar mapas mentais e pesquisar em livrosrdquo (Prof Marta 4ordm ano)

ldquoA leitura de mapas e suas legendas a rosa dos ventos O reconhecimento dos pontos

cardeais observar diferentes paisagens identificando suas transformaccedilotildeesrdquo (Prof

Beatriz 5ordm ano)

Eacute importante frisar que buscamos sintetizar as informaccedilotildees apresentadas na anaacutelise

dos mapas mentais sobre a forma de dois graacuteficos o primeiro correspondente as noccedilotildees

geograacuteficas utilizadas em nossas anaacutelises (quadro 09 p 189) e das habilidades utilizadas

pelos alunos durante estas atividades (quadro 10 p190)

O estaacutegio das noccedilotildees geograacuteficas analisadas nos mapas mentais tal como as

habilidades desenvolvidas pelos alunos foram classificadas com base em seu grau de

ocorrecircncia em cada uma das atividades soma-se a estas anaacutelises as observaccedilotildees e descriccedilotildees

dos alunos e professoras realizadas em cada turma Lembramos que os mapas apresentados

correspondem aos seguintes temas Mapa A Canal das Piabas mapa B Mesorregiotildees da

Paraiacuteba mapa C Mapa da minha vida e mapa D Regiatildeo Centro-oeste

QUADRO 9 GRAacuteFICO DAS NOCcedilOtildeES GEOGRAacuteFICAS ANALISADAS NOS MAPAS MENTAIS

Nos mapas mentais observa-se 4ordm ano 5 ordm ano

as noccedilotildees de Mapa A Mapa B Mapa C Mapa D

Percepccedilatildeo espacial

Uso de toponiacutemias

Localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial

Escala geograacutefica

Legenda

Ausente

Pouca

Suficiente

Muita

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) Organizado por David L R de Almeida

190

A seguir temos o quadro das habilidades destacada para o desenvolvimento dos

mapas mentais Podemos observar mais atentamente os mecanismos utilizados para

construccedilatildeo desses mapas bem como sua relevacircncia no processo de aprendizagem e

internalizaccedilatildeo do conhecimento

QUADRO 10 GRAacuteFICO DAS HABILIDADES DESTACADAS PARA O DESENVOLVIMENTO DOS

MAPAS MENTAIS

Nos mapas mentais observa-se 4ordm ano 5 ordm ano

as habilidades de Mapa A Mapa B Mapa C Mapa D

Representaccedilatildeo

Comunicaccedilatildeo

Interaccedilatildeo

Reflexatildeo

Legenda

Ausente

Pouca

Suficiente

Muita

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) Organizado por David L R de Almeida

Em anaacutelise geral do quadro 09 da construccedilatildeo dos mapas mentais eacute verificado que as

atividades individuais que contaram com pouca ou nenhuma mediaccedilatildeo entre os alunos da

professora regente ou do pesquisador encontraram-se entre as representaccedilotildees com menores

rendimentos de desempenho pelos alunos principalmente no que corresponde aos temas do

mapa B e C

Eacute preciso ressaltar que embora o erro seja socialmente caracterizado como algo

negativo o mesmo tem seus fundamentos e satildeo passiacuteveis de serem identificados Ele eacute

indispensaacutevel para a conquista de novos saberes Segundo Lessan (2011 p 81) ldquonenhum erro

eacute devido ao acaso Todo erro eacute resultado de um raciociacutenio que falhou ou mesmo da falta de

raciociacutenio Uma resposta considerada lsquoerradarsquo pelo professor foi dada por um aluno cujo

pensamento loacutegico de algum modo desviou-se do esperadordquo

Um fator que merece destaque foi agrave ausecircncia da comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo entre os

alunos do 4ordm ano na realizaccedilatildeo do mapa B (ver quadro 09 p 189) por exemplo

Questionamo-nos se isto pode ter repercutido no desenvolvimento do raciociacutenio geograacutefico

acerca do tema proposto Em entrevista com os estudantes do 4ordm ano eacute ressaltada dificuldades

na realizaccedilatildeo da proposta Para eles o formato de prova mais prejudicou que auxiliou no

desenvolvimento da atividade O seguinte fragmento da entrevista esclarece alguns

posicionamentos dos alunos vejamos

191

Aluno 09 ndash Na hora eu achei difiacutecil mas daiacute eu fiquei assim olhando mesorregiatildeo

mesorregiatildeo daiacute quando natildeo podia colar eu fui e fiz na doida73 Eu natildeo sabia

mesmo Soacute faltava duas provas para eu terminar de ano

Aluno 11ndash A prova [] Porque era para desenhar o mapa desenhar as regiotildees ai

ficou complicado

Pesquisador ndash Mas vocecircs se lembram que jaacute haviacuteamos realizado uma atividade bem

parecida

Aluno 09 ndash Sim mas eles natildeo podiam pegar o caderno porque estavam bem

proacuteximos a professora

Aluno 18 ndash Mas a maioria estava consultando

Aluno 09 ndash Eacute professor quem acertou eacute porque colou Se eu errar assim eu tocirc

dizendo que eu fiz na doida

Aluno 18 ndash Eu tambeacutem meu coraccedilatildeo ficou tu tutututu

Entre as respostas apresentadas pelos alunos do 5ordm ano tambeacutem estiveram justificativas

semelhantes Quando qustionamos aos alunos sobre as atividades que menos gostaram de

realizar o aluno 39 aponta ndash ldquoA que eu menos gostei foi agrave primeira [mapa da minha vida] Foi

um pouquinho difiacutecil porque quando eu chamava a professora ela natildeo vinha Eu fiz tudo na

doidardquo

Supomos inicialmente que o problema se encontrava no enunciado das atividades

mas os alunos afirmaram que sabia qual era o objetivo dos exerciacutecios Entendemos que para

os alunos do 4ordm ano a ldquoconsultardquo forneceria um melhor desempenho nos resultados por sua

vez o estudante do 5ordm ano ressalta a mediaccedilatildeo da professora

Podemos perceber que os mapas anteriormente citados apontam que a ausecircncia do

uso de instrumentos mediadores ou do auxiacutelio de pessoas mais ldquocapacitadasrdquo resultou em

atividades realizadas na ldquodoidardquo ou seja por atividades mecacircnicas com alto grau de

sincretismo Em ambos os casos percebemos de forma niacutetida que a Zona de

Desenvolvimento Proximal se fez presente enquanto elo entre os conhecimentos antigos e os

receacutem construiacutedos tal como argumenta Rego (1995) Como consequecircncia deste fator a carga

emocional e possivelmente uma repressatildeo atraveacutes de notas cobranccedila dos colegas pais e

professora fizeram-se presente como nos faz acreditar o aluno 18 (4ordm ano)

Salientamos ainda que os mapas mentais possuem limites uma vez que satildeo apenas

mais um entre tantos outros recursos que podem ser utilizados nas aulas de Geografia Ao

utilizar o mapa mental enquanto prova na turma do 4ordm ano observamos que a tensatildeo

emocional prejudicou a execuccedilatildeo da proposta Outro fato decorre da compreensatildeo dos alunos

sobre o tema que por mais que tivesse sido trabalhado durante as aulas natildeo conseguiram

sistematizar esses conhecimentos em forma de imagens mentais coerentes sequer transpor

esses saberes para o papel

73 Para os alunos ldquofazer na doidardquo significa realizar uma tarefa sem muitos paracircmetros Realizar uma

determinada atividade e tentar por sorte resolver determinado problema

192

Observamos que estaacute tensatildeo entre certo e errado no sistema de ensino-aprendizagem

escolar adveacutem de outras situaccedilotildees de aprendizagem Ao questionarmos os alunos sobre seus

procedimentos de aprendizagem estudo a grande maioria recorre aos meacutetodos de coacutepia

leitura e recitaccedilatildeo oral em outros casos eles relatam o seguinte

Pesquisador ndash Como vocecircs fazem para estudar para uma prova por exemplo

Aluno 39 ndash Eu natildeo estudo natildeo

Aluno 22ndash Ela [a professora Beatriz] manda as questotildees que vatildeo cair na prova e a

gente estuda

Aluno 25ndash De vez em quando eu estudo em casa

Copiar repetir ler recitar oralmente o processo decorar as questotildees que vatildeo ldquocair na

provardquo ou simplesmente natildeo estudar Estes argumentos possivelmente justificam algumas

accedilotildees como a desenvolvida no mapa da regiatildeo Centro-Oeste pelo grupo 05 (figura 39 p 172)

ao copiar o mapa encontrado no livro didaacutetico A charge (figura 44 p 192) parece sintetizar

as situaccedilotildees vivenciadas O professor apoacutes explicar determinado assunto pergunta a seus

alunos - Perceberam E todos respondem - Sim Cada um agrave sua forma e distintas do

professor

FIGURA 44 RELACcedilAtildeO DE ENSINO E APRENDIZAGEM NA ESCOLA

Fonte CANAacuteRIO 2006 p 43

Segundo Canaacuterio (2006 p 42) o sistema escolar enfatiza ldquoa loacutegica da repeticcedilatildeo da

informaccedilatildeordquo Somos instruiacutedos desde a infacircncia a repetir a versatildeo apresentada pelo professor

esperando que nossas respostas se aproximem do que nos eacute exigido ldquoa escola condena-se agrave

entropiardquo e consequentemente eacute reduzido o tempo para repensarmos e criarmos novos

saberes

Outro limite que pode estar envolto nas praacuteticas com os mapas mentais eacute consideraacute-las

como uma ldquosimples atividade de desenhordquo Ao perguntarmos ao grupo de estudantes do 5ordm

193

ano sobre as dificuldades encontradas na realizaccedilatildeo dos mapas mentais e suas justificativas

eles apontam

Aluno 43ndash [] O que a gente teve que desenhar o mapa O mapa mental eacute esse aiacute

[] Porque eu natildeo sei desenhar Ah E soacute E porque dava preguiccedila

Aluno 24ndash Eu natildeo tenho paciecircncia de fazer desenho natildeo Eu sou mais escrever

ldquotudinhordquo e responder do que fazer desenho

Como expresso por esses estudantes o haacutebito voltado agraves ldquoatividades tradicionaisrdquo ateacute

mesmo nos anos iniciais do Ensino Fundamental fazem da praacutetica do ldquodesenhar o mapardquo algo

enfadonho caracterizado como infantil e atingem graus de preacute-conceitos pois se natildeo se

encontram na praacutetica da professora eacute ultrapassado Resultados proacuteximos as consideraccedilotildees

realizadas por Miranda (2005)

Observamos ainda que a cultura escolar natildeo corresponde apenas a resistecircncia dos

professores na utilizaccedilatildeo de uma metodologia ou recurso mas tambeacutem dos pais de alunos da

direccedilatildeo escolar e dos proacuteprios estudantes Eles acreditam muitas vezes que as didaacuteticas

tradicionais satildeo as mais eficazes ou que como afirma a gestora Rosacircngela o pilar dos anos

iniciais do Ensino Fundamental esteja nos componentes curriculares de Portuguecircs e

Matemaacutetica

Possivelmente as praacuteticas analisadas expliquem o alto iacutendice de reprovaccedilatildeo dos

alunos do 5ordm ano na Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira no ano de 2014

Resgatando o que falaacutevamos sobre a equidade etaacuteria sucesso escolar e promoccedilatildeo dos

alunos74 com o posicionamento da gestora escolar eacute apontado que dos 21 alunos que

frequentavam o 5ordm ano em 2014 dez alunos foram retidos por natildeo adquirirem uma seacuterie de

capacidades consideradas suficiente para o 6ordm ano Alguns foram promovidos entretanto com

uma seacuterie de dificuldades ainda a superar75 Destacamos as competecircncias relacionadas agrave accedilatildeo

cognitiva (expressatildeo oral e escrita realizaccedilatildeo das tarefas entre outros) e habilidades

relacionadas agrave interaccedilatildeo social (relacionamento com colegas e adultos respeito agraves regras)76

Eacute importante acrescentar que para ldquosuperar essa situaccedilatildeo soacute eacute possiacutevel se as escolas

puderem estabelecer rupturas com a sua matriz organizacional histoacuterica evoluindo de

sistemas de repeticcedilatildeo de informaccedilotildees para sistemas de produccedilatildeo de saberesrdquo (CANAacuteRIO

74 Esta discussatildeo eacute encontrada no primeiro capiacutetulo paacuteginas 24 a 27 75 Os alunos retidos satildeo 22 24 25 29 33 34 37 40 44 e 51 Dos alunos que foram promovidos mas com

algumas dificuldades satildeo 23 26 27 30 38 43 e 49 Eacute valido observar que a maioria dos alunos retidos foram os

mesmos que apresentaram dificuldades na realizaccedilatildeo dos mapas mentais Isso nos leva a considerar o baixo

iacutendice de rendimento dos estudantes em outras disciplinas escolares visto que o ato da retenccedilatildeo eacute resultado de

uma accedilatildeo global do aluno em acircmbito escolar 76 O modelo da ficha de acompanhamento (com todos os preacute-requisitos relacionados agrave condiccedilatildeo de aprovaccedilatildeo ou

reprovaccedilatildeo) utilizada pelas professoras encontra-se em anexo (Anexo II)

194

2006 p 43) Em outras palavras eacute preciso relacionar as condiccedilotildees do descobrir criar errar e

aprender no processo escolar de aprendizagem

A proposta eacute incentivar os alunos a serem criativos e curiosos Nossa percepccedilatildeo sobre

a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica eacute que ela aponte o trabalho em equipe (o que natildeo necessariamente

produziraacute resultados coletivos) desenvolver uma postura assertiva por parte dos professores e

alunos ou seja formar sujeitos confiantes que defendam suas ideias mas que saibam ouvir

lidar com a criacutetica e respeitar a opiniatildeo do outro como eacute observado no quadro 10 (p 190) os

criteacuterios de comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo nos mapas A B e C

As limitaccedilotildees que muitas vezes se apresentam nos mapas mentais podem servir como

indiacutecios das dificuldades encontradas pelos alunos como a compreensatildeo das noccedilotildees de

localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial por exemplo (mapas A e C) Em alguns casos as limitaccedilotildees

poderatildeo estar relacionadas com as temaacuteticas trabalhadas em sala de aula como o processo de

regionalizaccedilatildeo estadual ou brasileiro

Como discutimos ao longo da interpretaccedilatildeo dos mapas mentais agrave medida que a escala

geograacutefica muda altera-se o enfoque de anaacutelise A maioria das crianccedilas e adolescentes pode

apresentar facilidades no uso e compreensatildeo de algumas noccedilotildees como a percepccedilatildeo espacial

Isso se evidencia ao selecionar agrupar e destacar estados e ou regiotildees (quadro 10 p 190

mapa C e D) como dificuldades para localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial (mapa C)

Como discutem Almeida amp Passini (2010) alfabetizar cartograficamente eacute possibilitar

que os discentes realizem o exerciacutecio de codificaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo dos mapas Percebemos

que ao realizar estas atividades eles podem ler e expressar mensagens impliacutecitas relacionadas

aos conhecimentos apreendidos na escola ampliando sua leitura de mundo vivido como foi o

caso do ldquoBuraco da Giardquo

O principal aspecto que devemos nos certificar ao trabalharmos os mapas mentais

com alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental eacute se haacute ou natildeo a formaccedilatildeo de uma

imagem mental preacutevia acerca do espaccedilo trabalhado Observamos que em muitos casos os

alunos do 4ordm e 5ordm ano destacam a importacircncia da apresentaccedilatildeo e fundamentaccedilatildeo do conteuacutedo

mediante as oficinas pedagoacutegicas antes da execuccedilatildeo das atividades A partir disso novas

descobertas podem ser realizadas como explica o discente do 4ordm ano

Pesquisador ndash O que vocecirc acha que aprendeu fazendo o mapa mental

Aluno 03 - Uma coisa que eu nunca iria imaginar que existissem as quatro

mesorregiotildees

Pesquisador ndash E como vocecirc entendia antes da gente realizar esta atividade

195

Aluno 03 ndash A uacutenica coisa que eu sabia sobre a Paraiacuteba era a populaccedilatildeo e os

223 municiacutepios77

Ao nos basearmos na proposta interacionista de Vigostki (1998) pressupomos que o

modelo de atividades (mapas existentes) natildeo expressa necessariamente um instrumento de

coacutepia mas um referencial para internalizaccedilatildeo do conhecimento trabalhado na escola praacutetica

semelhante agrave universitaacuteria Contudo muitas vezes a escola se limita em praacuteticas arcaicas de

repeticcedilatildeo e memorizaccedilatildeo do conhecimento como se isso fosse de fato efetivar os

conhecimentos algo perceptiacutevel no discurso do aluno 03 Infelizmente parece que a escola

promove um ensino segregado em que

Desencoraja-se a cooperaccedilatildeo incita-se ao trabalho individual e proiacutebe-se a

consulta de documentaccedilatildeo (para que natildeo seja copiada) Os exames

representam a situaccedilatildeo-limite em que tais caracteriacutesticas estatildeo mais

claramente acentuadas (CANAacuteRIO 2006 p 45)

Salientamos que natildeo queremos transmitir a ideia de desvalorizaccedilatildeo da escola mas

destacar que as informaccedilotildees satildeo externas a noacutes A proacutepria constituiccedilatildeo da linguagem apontada

por Bakhtin (2012) destaca o enunciado como o princiacutepio dialoacutegico produzido

propositalmente na direccedilatildeo do outro Ao enunciar buscamos agir sobre o outro reconstruir

experiecircncias natildeo apenas para responder a questotildees das provas a proposta eacute redimensionar o

sentido e ampliar nossa perspectiva de aprendizagem nossa leitura de mundo

De acordo com as nossas anaacutelises e interpretaccedilotildees relacionadas agrave construccedilatildeo e

interpretaccedilatildeo dos mapas mentais podemos considerar a importacircncia de cada uma das noccedilotildees

utilizadas percepccedilatildeo espacial uso das toponiacutemias localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo e a escala

geograacutefica que satildeo frutos de um saber sistematizado mas que considera a loacutegica da

organizaccedilatildeo espacial da realidade percebida concebida vivenciada e aprendida pelos alunos

das turmas as quais trabalhamos

Por fim de acordo com as propostas apresentas ao longo desse trabalho temos

condiccedilotildees de apontar algumas estrateacutegias Elas poderatildeo orientar o trabalho docente em

proposta de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica Ressaltamos por fim a importacircncia dos mapas

mentais e suas praacuteticas auxiliares como um processo que possibilite o ensino-aprendizagem

de Geografia

77 Eacute veriacutedica a informaccedilatildeo sobre a quantidade de municiacutepios paraibanos apresentados pelo aluno Entretanto

como jaacute destacado nos paraacutegrafos anteriores seraacute que esta informaccedilatildeo contribui para a formaccedilatildeo de um

raciociacutenio geograacutefico Acreditamos que apenas o ato da memorizaccedilatildeo natildeo auxilia o desenvolvimento desse

raciociacutenio

196

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Em nossa pesquisa procuramos aprofundar as discussotildees acerca da Cartografia

Escolar Valorizamos o recurso mapa mental enquanto uma praacutetica didaacutetico-pedagoacutegica nas

aulas de Geografia nos anos iniciais do Ensino Fundamental Para isso nos preocupamos em

construir junto com os alunos noccedilotildees e habilidades consideradas necessaacuterias para este estaacutegio

de formaccedilatildeo a partir de atividades praacuteticas e teoacutericas

Consideramos que nosso objetivo geral foi alcanccedilado ao investigar as potencialidades e

limitaccedilotildees do recurso mapa mental para o ensino-aprendizagem de Geografia com alunos do

4ordm e 5ordm ano dos anos iniciais do Ensino Fundamental tal como nossos objetivos especiacuteficos

que buscavam

Diagnosticar as dificuldades referentes ao domiacutenio de habilidades e noccedilotildees

cartograacuteficas dos alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental realizando uma

anaacutelise dessas dificuldades

Pesquisar o mapa mental mediante situaccedilotildees de ensino-aprendizagem que conduzam a

reflexatildeo sobre a espacialidade

Apresentar atividades que permitam desenvolver habilidades e noccedilotildees conceituais para

os alunos atraveacutes do desenvolvimento de mapas mentais e que possam auxiliar as

aulas de Geografia dos professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental

Propor orientaccedilotildees que auxiliem o professor desta fase a trabalharem com os mapas

mentais junto ao puacuteblico dos anos iniciais do Ensino Fundamental

Pudemos notar com o desenvolvimento dos mapas mentais que modelos de ensino-

aprendizagem de Geografia que valorizam o ato de decorar a coacutepia mecacircnica e a recitaccedilatildeo ou

mesmo o fato de ldquonatildeo estudarrdquo caso da turma do 5ordm ano justificam possivelmente o alto

iacutendice de retenccedilatildeo na unidade escolar Fatos que natildeo se restringem agraves praacuteticas escolares de

Geografia na Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira

Aleacutem disso chegamos agrave conclusatildeo que de acordo com o relato dos sujeitos participantes

da pesquisa que a escola principalmente entre o 1ordm ao 5ordm ano haacute um alto valor para as

disciplinas de Matemaacutetica e Portuguecircs Acreditamos que elas satildeo fundamentais para a

progressatildeo escolar e social dos alunos mas natildeo satildeo as uacutenicas Para Bakhtin (2012) eacute

197

necessaacuterio atribuir sentido a palavra apreendida e isso pode ser realizado a partir da

Geografia

Natildeo pretendemos assegurar os insucessos ou limitaccedilotildees das praacuteticas com os mapas

mentais apenas aos resultados supracitados visto que na maioria dos casos os alunos do 4ordm e

5ordm ano puderam demonstrar avanccedilos no que corresponde a percepccedilatildeo espacial do lugar e o

iniacutecio de uma estruturaccedilatildeo de imagens mentais e saberes acerca do (SEU) mundo

Vale ressaltar que nenhuma aprendizagem eacute inata e que aleacutem disso nem tudo que eacute

ensinado eacute apreendido ou expresso com o mesmo valor (CANAacuteRIO 2006) A imagem mental

construiacuteda cognitivamente pelos alunos passa por diferentes ruiacutedos pragmaacuteticos emocionais

sociais etc que podem resultar em diferentes expressotildees entre elas as representaccedilotildees

cartograacuteficas

Consideramos o valor da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica enquanto uma proposta

metodoloacutegica para a construccedilatildeo de noccedilotildees e habilidades espaciais para isso as sugestotildees de

oficinas e suas praacuteticas luacutedicas e teoacutericas foram realizadas considerando o nosso puacuteblico pois

acreditamos que eacute possiacutevel ensinar-aprender brincando divertindo-se motivando Eacute

necessaacuterio deixar as crianccedilas e adolescentes serem o que satildeo

Por outro lado observamos que durante estas praacuteticas os alunos puderam desenvolver

raciociacutenios que ora se expressaram nos mapas mentais ora na verbalizaccedilatildeo destes saberes

Puderam tambeacutem construir sua identidade ao pensarem o seu cotidiano Como exemplo houve

a construccedilatildeo da maquete e mapas mentais sobre o Canal das Piabas (alunos do 4ordm ano) e os

alunos do 5ordm ano ao construiacuterem uma regionalizaccedilatildeo por meio do mapa da minha vida da

construccedilatildeo dos mapas mudos

As atividades promovidas buscaram atribuir sentido e coerecircncia aos assuntos

estudados nas aulas de Geografia Partimos da percepccedilatildeo habitual construindo uma anaacutelise

geograacutefica com os alunos ao propor o ato de observar comparar sistematizar refletir

representar e ler o espaccedilo em diferentes escalas Essas praacuteticas confirmam parcialmente

nossa hipoacutetese inicial sobre a potencialidade do mapa mental enquanto recurso que possibilita

uma habilidade consciente do ato de mapear Verificamos que ao relacionar experiecircncias e

informaccedilotildees trazidas pelos alunos a maioria deles pocircde atribuir sentido as atividades

cotidianas no espaccedilo geograacutefico

Nesse sentido as noccedilotildees escolhidas percepccedilatildeo espacial o uso de toponiacutemias

localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo e escala geograacutefica puderam servir de paracircmetros para representaccedilatildeo

e avaliaccedilatildeo dos mapas mentais Apontamos algumas consideraccedilotildees importantes que

possivelmente podem colaborar com o uso dos esboccedilos cartograacuteficos nas salas de aula

198

Desenvolver praacuteticas com os mapas mentais em escalas locais assim como

regionais Observamos que ao mudar a escala geograacutefica os alunos podem apresentar

aptidotildees ou deacuteficits de aprendizagem Entre os exemplos estaacute o da percepccedilatildeo espacial

retratada nos mapas mentais dos alunos do 4ordm ano o Canal das Piabas em que os

alunos divergiam ao representar o espaccedilo em perspectivas laterais verticais e ou

obliacutequas O mesmo natildeo ocorreu necessariamente no desenvolvimento do segundo

mapa mental sobre as mesorregiotildees da Paraiacuteba

A alfabetizaccedilatildeo da liacutengua materna pode e deve utilizar-se dos conhecimentos das

mais diversas aacutereas da ciecircncia tais como no nosso contexto de pesquisa os

geograacuteficos e vice-versa Observamos que em alguns casos a hierarquizaccedilatildeo

sequencialidade (da direita agrave esquerda) eacute utilizada na escrita e transposta ao mapa

resultando em equiacutevocos como localizar o Sertatildeo vizinho ao Oceano Atlacircntico

Tambeacutem foi expresso nos mapas mentais o que nos leva a ressaltar a importacircncia da

leitura de imagens (desenhos mapas fotos etc) como uma forma de comunicaccedilatildeo

essencial para a leitura de mundo

Incentivar a participaccedilatildeo do aluno individualmente ou em grupo possibilitando

o diaacutelogo entre os estudantes Instigar a mediaccedilatildeo entre os alunos aleacutem do auxiacutelio do

professor Zona de Desenvolvimento Proximal para o Real (VIGOTSKI 1998)

Lembrar que a realizaccedilatildeo das atividades eacute mais importante que o proacuteprio

resultado Estes momentos de construccedilatildeo natildeo devem estar desassociados dos

argumentos trazidos pelos alunos de modo que a avaliaccedilatildeo das noccedilotildees conceituais e

habilidades devem estar em acordo com a proposta da aula

Retomar sempre que necessaacuterio o desenvolvimento das noccedilotildees ainda natildeo

compreendidas No 5ordm ano por exemplo ao observarmos que o aluno 43 havia

apresentado no ldquoMapa da minha vidardquo paiacuteses como Itaacutelia e Japatildeo buscamos por meio

da oficina produzir mapas mudos sobre as partidas ocorridas nos estaacutedios de futebol

brasileiro Diferenciamos a escala de cidade (onde foi realizado o jogo) regiatildeo (qual a

regiatildeo se encontra) nacional (qual paiacutes a minha seleccedilatildeo representa) e internacional

(quais as seleccedilotildees jogaram contra o Brasil Quais paiacuteses elas representam)

Entendemos que a escola deva formar o sujeito para o mercado de trabalho

sonho de muitos alunos entrevistados mas tambeacutem favorecer e esclarecer a

importacircncia desses conhecimentos para o presente Os estudantes devem utilizar

199

cotidianamente os saberes aprendidos para estimular sua memoacuteria de longa duraccedilatildeo

aleacutem de motivaacute-los a busca de novos conhecimentos

Natildeo se pretende com esta dissertaccedilatildeo apresentar receitas prontas mas estimular

outras pesquisas acadecircmicas e praacuteticas escolares Para os estudantes e professores de

Geografia ressaltamos que estas praacuteticas natildeo se restringem aos anos iniciais do Ensino

Fundamental O que nos leva acreditar sobre a importacircncia de uma sistematizaccedilatildeo destes

saberes para a formaccedilatildeo universitaacuteria de professores de Geografia e Pedagogia

Convidamos tambeacutem o professor e sua equipe pedagoacutegica para uma reflexatildeo sobre os

objetivos conteuacutedos e metodologias pertinentes aos anos iniciais do Ensino Fundamental

Desse modo nenhuma das propostas apresentadas estaacute fechada acabada Acreditamos na

experiecircncia autonomia e criatividade dos docentes para dar novos contornos agraves sugestotildees

escritas possibilitando abrir novos caminhos para utilizaccedilatildeo dos mapas mentais nas escolas

200

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207

APEcircNDICES

208

APEcircNDICE I - JORNAL DE PESQUISA

ATIVIDADES ANTERIORES AO PROJETO DE PESQUISA

Dias 17 de setembro de 2014

Primeira visita a Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira ndash solicitaccedilatildeo da

pesquisa de campo Vou ateacute a escola pelo periacuteodo da manhatilde conversar com a gestora escolar

Rosacircngela79 Ao entrar sou reconhecido pelo porteiro da escola em decorrecircncia da pesquisa-

piloto realizada com os alunos do 5ordm ano em 2013 Apoacutes uma raacutepida conversa ele me informa

que a gestora encontra-se na sua sala

Sigo ateacute a diretoria e apoacutes aguardar alguns minutos sou atendido Entrego e apresento

a gestora a proposta do projeto de dissertaccedilatildeo e pergunto sobre a disponibilidade da sua

execuccedilatildeo da pesquisa nas turmas de 4ordm e 5ordm ano A gestora me pede que retorne amanhatilde agrave

tarde visto que o horaacuterios de aulas das turmas de 4ordm e 5ordm ano satildeo no periacuteodo vespertino e

explica que necessita conversar com as professoras sobre o assunto

Dia 18 de setembro de 2014

Retorno a escola agora no periacuteodo da tarde a gestora jaacute me aguardava Me relata que

as professoras gostariam que explicasse o projeto para elas me pedindo para aguarda-las na

sala dos professores ateacute o horaacuterio do recreio

Chegado o horaacuterio do intervalo as professoras se dirigem ateacute o local onde eu as

aguardava Sou apresentado a professora Marta do 4ordm ano jaacute a professora Beatriz80 havia

conhecido no ano anterior em decorrecircncia da pesquisa piloto que havia realizado em sua

turma de 5ordm ano

Apresentei e entreguei o projeto para as docentes demonstrei algumas pesquisas-

pilotos realizadas anteriormente Ao iniciarmos a conversa a professora Beatriz relatou alguns

pontos positivos da proposta com os mapas mentais com a sua turma do ano passado Ambas

as professoras estavam preocupadas com o calendaacuterio escolar e perguntaram se poderiacuteamos

relacionar os mapas mentais com os temas a serem trabalhados na disciplina durante o 4ordm

bimestre Aceitei os termos das professoras e elas se prontificaram a auxiliar no

79 Nome fictiacutecio que adotamos para a gestora escolar 80 O nome atribuiacutedo as professoras satildeo fictiacutecios com a intenccedilatildeo de preservar sua identidade

209

desenvolvimento do planejamento das aulas Combinamos de realizar a delimitaccedilatildeo desse

planejamento no dia 26 de setembro

Dia 26 de setembro de 2014

Neste dia retorno a escola para conversar com as professoras inicialmente vou ateacute a

sala da professora Marta ela havia passado uma atividade para a sua turma e todos estavam

concentrados em sua liccedilatildeo Fui apresentado a turma e alguns estudantes me reconheceram

dizendo que jaacute haviam me visto pela nos corredores da escola

Conversei com a professora Marta durante meia hora ela me apresentou os conteuacutedos

a serem ministrados no 4ordm bimestre se trata da temaacutetica Paraiacuteba Ela me entregou duas folhas

havia nelas uma descriccedilatildeo geneacuterica do estado mais tarde em casa apoacutes uma pesquisa na

internet comprovei que se tratava de uma descriccedilatildeo retirada do site do Wikipeacutedia Perguntei a

professora se poderiacuteamos utilizar outras fontes de informaccedilatildeo como atlas escolares mapas

murais entre outros ela mencionou que haviam atlas na escola e se fosse necessaacuterio poderia

ser disponibilizados nas aulas

Em seguida fui a sala da professora Beatriz ela tambeacutem havia passado uma atividade

para os estudantes (que pareciam agitados) alguns jaacute se retiravam-se da sala e dirigiam-se ao

recreio em decorrecircncia do horaacuterio Durante o intervalo ela me explicou o que havia ministrado

durante o 1ordm ao 3ordm bimestre apresentou um mapa das Ameacutericas (mapa Ameacuterica colonizaccedilatildeo

europeia do seacuteculo XVII para ser mais exato disponibilizado no livro didaacutetico usado na

disciplina de Geografia) explicando que se tratava do mapa mundo Fiquei um pouco

pensativo seraacute que a professora natildeo sabe distinguir a relaccedilatildeo de escala Ela acrescenta que

natildeo segue a ordem do livro didaacutetico ensinando os assuntos que lhe parecem mais

apropriados

Prossegui a conversa e perguntei quais os uacuteltimos assuntos haviam sido tratados ela

responde que o processo de regionalizaccedilatildeo e as regiotildees do Brasil com ecircnfase no Norte e

Nordeste Explica que alguns alunos haviam tido certa dificuldade perguntei se poderia

resgatar alguns assuntos jaacute estudados ela responde que sim

No intervalo combino com as professoras o dia das aulas trocamos contatos de

telefone e e-mail dessa forma finalizamos e organizamos as aulas realizadas nas turmas do 4ordm

e 5ordm ano

TURMA DO 4ordm ANO

210

Dia 14 de outubro de 2014

A pesquisa realizada com os 21 alunos e a professora Marta na Escola Municipal

Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira iniciou-se nesta tarde de primavera Apoacutes o retorno do feriado

do dia das crianccedilas dos 150 anos de emancipaccedilatildeo da cidade de Campina Grande - PB e de

anteceder os festejos do dia do professor as aulas retornam prosseguindo o curriacuteculo escolar

habitual

A temaacutetica geral discutida com os alunos do 4ordm ano foi ldquoGeografia da Paraiacuteba um

estudo atraveacutes da produccedilatildeo e leitura de mapas mentaisrdquo Conversei com os alunos sobre a

importacircncia dos mapas em seu cotidiano se jaacute haviam usado este recurso dentro e fora da

escola quais assuntos os mapas tratavam recebi respostas como ldquoos continentesrdquo ldquoos

paiacutesesrdquo ldquoos bairrosrdquo ldquoos estados e capitaisrdquo entre outras Tentei relacionar a outros temas

como os mapas da previsatildeo do tempo apresentados no programas de TV

Nossa discussatildeo se baseou posteriormente na seguinte pergunta - Algueacutem sabe como

eacute realizado os mapas A turma indicou diferentes procedimentos o aluno 17 ressaltou - ldquoeacute

realizado a partir de uma visatildeo de cimardquo o aluno 11 por sua vez respondeu - ldquocom papel e

laacutepisrdquo entre outras respostas

Para conquistar os alunos e sua participaccedilatildeo nas aulas de Geografia propomos uma

representaccedilatildeo da sala de aula ressaltando algumas caracteriacutesticas dos mapas existentes Entre

os elementos destacados estava a lateralidade e distribuiccedilatildeo espacial dos moacuteveis na sala

Prestativos os alunos observavam com atenccedilatildeo as explicaccedilotildees dadas relacionando o espaccedilo

real da sala de aula com seu croqui Os estudantes eram agitados mas realizavam a atividade

com acircnimo

Iniciamos a atividade observando a sala de aula destacando o seu espaccedilo e os moacuteveis

presentes (carteiras mesa da professora estantes janelas e porta) Apoacutes listar os moacuteveis no

quadro alguns alunos foram chamados para mediar a dimensatildeo da sala a partir de passos

Relacionamos agrave quantidade de passos destes alunos a quantidade de quadrados presente na

folha de papel quadriculado entregue aos discentes Localizamos o lugar de cada aluno em

sala de aula aleacutem disso expliquei a importacircncia da escala geograacutefica e o motivo dos laacutepis e

livros natildeo fazerem parte desta representaccedilatildeo em consequecircncia dessa reduccedilatildeo

A professora regente jaacute havia usado mapas para discutir o tema sobre a cidade de

Campina Grande ndash PB isto facilitou consequentemente a construccedilatildeo destes croquis pelos

alunos A maioria dos estudantes apresentaram dificuldades com a identificaccedilatildeo de espaccedilos

211

em grande escala em alguns casos natildeo distinguiam a relaccedilatildeo de identidade (campinense

paraibano nordestino brasileiro) ou confundiam as escalas geograacuteficas

Partindo desta atividade realizamos uma atividade com o mapa mudo da regiatildeo

Nordeste do Brasil Este exerciacutecio tinha como objetivo revisar os assuntos jaacute trabalhados pela

professora Marta O mapa mudo foi utilizado enquanto recurso de avaliaccedilatildeo Observamos que

de iniacutecio os alunos tiveram ecircxito na distinccedilatildeo dos estados da regiatildeo Nordeste entretanto

houve dificuldades no que se refere a localizaccedilatildeo de alguns estados a exemplo do Piauiacute e

Pernambuco O que necessitaria de mais tempo para a discussatildeo deste trabalho A aula chega

ao fim e os alunos se preparam para ir para casa

Dia 21 de outubro de 2014

Esta aula foi iniciada com o teacutermino da atividade do dia 14 de outubro Os alunos por

meio de mapa mudo sobre a regiatildeo Nordeste do Brasil jaacute haviam identificado os estados e

capitais Aleacutem disso localizado a Regiatildeo Nordeste no mapa do Brasil apresentado na mesma

folha Neste momento os alunos foram questionados a respeito da localizaccedilatildeo das regiotildees

brasileiras

Durante a explicaccedilatildeo associei os pontos cardeais (Norte Sul Leste e Oeste) as regiotildees

brasileiras Os alunos aparentemente tinham noccedilotildees sobre o assunto Busquei apresentar para

os alunos que a orientaccedilatildeo por meio da rosa dos ventos possibilita evitar confusotildees como a

tomada de posiccedilatildeo do observador no que se refere agrave localizaccedilatildeo dos objetos representados e

que o uso de noccedilotildees espaciais como frente atraacutes direita e esquerda pode confundir a leitura

do mapa visto que satildeo paracircmetros relativos

As explicaccedilotildees durante o processo de localizaccedilatildeo foram trabalhadas por meio do uso

de um mapa mural da regiatildeo Nordeste do Brasil Para a visualizaccedilatildeo e acompanhamento das

minhas explicaccedilotildees logo apoacutes recolhi o mapa mural para continuaccedilatildeo da atividade

Os alunos pintavam os estados em seu mapa e atribuiacuteam a mesma cor na legenda do

mapa mudo eles ficaram livres para escolher as cores desde que natildeo distinguissem na relaccedilatildeo

estado-legenda No decorrer da atividade fui questionado sobre o uso de cores semelhantes

visto que os alunos haviam percebido isso no mapa mural Expliquei que embora o mapa

apresenta-se cores semelhantes a exemplo do roxo a tonalidade era diferente permitindo

diferenciar estados como o Piauiacute Sergipe e Alagoas

212

Atraveacutes desta duacutevida que pouco a pouco se tornava comum entre os discentes

expliquei que havia outras maneiras de diferenciar os estados pintados a teacutecnica de hachura81

era uma delas Alguns estudantes chegaram a traccedilar riscos em alguns estados em sentido

vertical ou horizontal destacando as informaccedilotildees equivalentes na legenda

Apoacutes a introduccedilatildeo destes princiacutepios baacutesicos da realizaccedilatildeo e leitura dos mapas

discutiacuteamos paralelamente o posicionamento da Paraiacuteba com os estados vizinhos comparando

o tamanho do territoacuterio a localizaccedilatildeo das praias populaccedilatildeo de alguns estados o que

possibilitaria a conexatildeo para o proacuteximo assunto

04 de Novembro de 2014

Iniciamos a terceira aula com uma introduccedilatildeo sobre o Estado da Paraiacuteba ressaltamos

algumas curiosidades sobre os aspectos fiacutesicos poliacuteticos e culturais Os alunos foram

indagados sobre os municiacutepios que jaacute conheciam desse modo relacionamos as mesorregiotildees

da Paraiacuteba que jaacute haviam visitado

Neste dia comeccedilamos a aula apoacutes a chamada realizada pela professora regente Apoacutes

alguns instantes pergunto aos alunos conceitos que haviacuteamos discutido na aula anterior e se

por ventura sabiam explicaacute-los Apoacutes realizar algumas consideraccedilotildees sobre os assuntos jaacute

abordados os alunos mostravam-se atentos

Durante as explicaccedilotildees realizava alguns desenhos no quadro o que consequentemente

chamava a atenccedilatildeo dos alunos No instante que escrevia no quadro branco algumas

explicaccedilotildees e noccedilotildees conceituais sobre as mesorregiotildees (Mata paraibana Borborema Agreste

paraibano e Sertatildeo paraibano) percebi que ato natildeo agradou a turma Este fato pode estar

relacionado ao uso excessivo do quadro pela professora Marta visto que segundos os alunos

a coacutepia era uma accedilatildeo comum nas aulas Apesar disso resolvi relacionar a escrita com a

produccedilatildeo de alguns desenhos o que despertou o interesse da maioria dos alunos Mais tarde

no horaacuterio do recreio a professora Marta relata - ldquoAh os alunos gostam quando tecircm uma

aula diferenterdquo

Aleacutem disso utilizamos o atlas escolar da Paraiacuteba os alunos foram chamados a localizar

as mesorregiotildees estudadas aleacutem de estudar sua orientaccedilatildeo espacial Mediante a associaccedilatildeo da

rosa dos ventos a maioria dos alunos conseguiu realizar a leitura dos mapas identificando a

mesorregiatildeo tratada e sua localizaccedilatildeo conseguindo aleacutem disso indicar as direccedilotildees de uma

em relaccedilatildeo a outra (ex Mata paraibana a leste do Agreste paraibano)

81 Eacute uma teacutecnica utilizada para criar efeitos de tons ou sombras a partir do desenho de linhas paralelas proacutexima eacute

usado comumente em mapas existentes para diferenciar as informaccedilotildees

213

Dadas agraves explicaccedilotildees partimos para a elaboraccedilatildeo de um novo mapa mudo desta vez

referente as mesorregiotildees da Paraiacuteba Os alunos realizaram a atividade destacando a

orientaccedilatildeo espacial por meio da rosa dos ventos destacaram o nome dos estados vizinhos (Rio

Grande do Norte Pernambuco e Cearaacute) aleacutem do Oceano Atlacircntico desenvolveram a legenda

e nomearam seus mapas com um tiacutetulo

Os alunos natildeo se utilizaram de modelos para realizaccedilatildeo dessa atividade entretanto

auxiliava-os sempre que necessaacuterio outros natildeo queriam auxiacutelio alguns pretendiam apenas

terminar a atividade contando os minutos de voltar para casa

No final da aula entregamos a cada um dos estudantes um mapa de localizaccedilatildeo da

Paraiacuteba com destaque as principais rodovias e rios da Paraiacuteba82 pedi aos alunos que colassem

esse material no caderno e que procurassem nele os principais rios da paraiacuteba visto que seria

o tema da proacutexima aula

10 de Novembro de 2014

Ao avaliarmos os mapas mudos produzidos pelos alunos na aula anterior notamos que

alguns confundiram os estado do Rio Grande do Norte com o Cearaacute outros por sua vez

esqueceram de indicar os pontos cardeais dessa forma devolvemos os mapas mudos das

mesorregiotildees da Paraiacuteba e auxiliamos a correccedilatildeo destas informaccedilotildees

Eventualmente realizamos as aulas na terccedila-feira mas por ventura de outras

atividades da escola alteramos para a segunda-feira Diante disso o nuacutemero de alunos que

participaram desta aula foi reduzido aleacutem disso outros participavam de atividades

extracurriculares realizada na escola trecircs alunas se ausentaram da sala

A terceira aula discutiu a influecircncia dos rios na vida da populaccedilatildeo paraibana e as

modificaccedilotildees espaciais Recorremos ao mapa entregue na aula anterior e expliquei a

influecircncia dos rios e o trabalho humano na transformaccedilatildeo da paisagem urbana e rural

Destacamos ainda a presenccedila dos dois principais rios da Paraiacuteba o Piranhas ou Accedilu e o Rio

Paraiacuteba o qual alimenta o Accedilude Epitaacutecio Pessoa (tambeacutem conhecido como accedilude de

Boqueiratildeo) localizado no municiacutepio de Boqueiratildeo O accedilude de Boqueiratildeo chamou a atenccedilatildeo

dos alunos visto que eacute de laacute que proveacutem o abastecimento de aacutegua em Campina Grande

Diante dessa dinacircmica realizamos a leitura de um texto que se referia ao Canal Riacho

das Piabas que fica a oeste da escola na Avenida Januacutencio Ferreira Foi oportuno relacionar

82 O mapa entregue aos alunos corresponde a uma representaccedilatildeo da Paraiacuteba indicada a alunos entre 7 a 12 anos

de idade disponiacutevel no site do IBGE lt http7a12ibgegovbrimages7a12estadosparaibapdf gt Acesso em

111114

214

uma accedilatildeo que outrora parecia abstrata imaginaria ao cotidiano dos alunos Muitos estudantes

natildeo sabiam que o canal que passava ao lado da escola era na verdade um curso drsquoaacutegua

enxergavam o canal das Piabas como um coacuterrego de esgoto Outros estudantes achavam

impossiacutevel haver rios dentro da cidade admitiam apenas a presenccedila de accediludes visto que entre

os cartotildees postais da cidade de Campina Grande estaacute o Accedilude Velho primeira fonte de

abastecimento da cidade

Apresentei fotos antigas da cidade e outras atuais que apresentavam o riacho das

Piabas questionei os alunos sobre a importacircncia do uso da aacutegua em seu cotidiano eles

responderam que usavam a aacutegua para o uso domeacutestico (lavar louccedila tomar banho preparar a

alimentaccedilatildeo etc) Mencionei que a aacutegua de riachos rios e accediludes poderiam ser utilizada para

a agricultura induacutestria e pecuaacuteria

Estudamos tambeacutem a importacircncia da preservaccedilatildeo das encostas dos percursos de aacutegua

dando exemplos reais de aacutereas de riscos em bairros proacuteximos a escola como a Conceiccedilatildeo e

Louzeiro explicando a influecircncia do solo e dos periacuteodos de cheia do riacho das Piabas em

determinadas estaccedilotildees do ano

Foi motivador o uso deste exemplo Quando falaacutevamos da comunidade da Rosa

Miacutestica e de algumas enchentes que jaacute haviam acontecido neste momento o aluno 12 se

levanta e fala - ldquoProfessor eacute o BG natildeo eacute Logo a professora Marta responde - ldquoO que eacute BG

meninordquo Aluno 12 - ldquoSabe natildeo professora Buraco da Gia professorardquo Achei cocircmica a

situaccedilatildeo adverti o aluno que a sigla seria BJ pois Jia se escrevia com a letra ldquoJrdquo e natildeo com

ldquoGrdquo Expliquei tambeacutem os motivos que levaram a mudanccedila de nome para Rosa Miacutestica Notei

que muitos alunos tinham preconceitos relacionados a este lugar estereoacutetipos como um lugar

violento desorganizado favelado entre outros Diante disso fiz algumas ressalvas sobre as

condiccedilotildees sociais do lugar Deste modo finaliza-se mais uma aula

26 de Novembro de 2014

Iniciamos a aula retomando a discussatildeo sobre o texto do Canal das Piabas dessa vez

havia um nuacutemero maior de alunos Apoacutes lermos o texto pedi que os estudantes grifassem as

palavras desconhecidas Entre as duacutevidas estava o conceito de riacho rio cachoeira e canal

Identifiquei e exemplifiquei cada um dos conceitos lembrando a diferenccedila entre os rios

(Paraiacuteba e Piranhas) ou o canal riacho das Piabas pedi tambeacutem que os alunos registrassem as

observaccedilotildees em seus cadernos

Expliquei aos alunos que a nossa atividade consistiria em uma representaccedilatildeo do trajeto

do canal das Piabas ateacute o Accedilude Velho mas que para isso deveriacuteamos inicialmente destacar

215

os principais referenciais geograacuteficos destacados no texto para localizarmos na maquete que

seria construiacuteda

Os estudantes atenderam todas as orientaccedilotildees Analisamos inicialmente o mapa mural

da cidade de Campina Grande que foi colocado em cima da mesa Localizamos os pontos de

referecircncia e realizamos a delimitaccedilatildeo da escala geograacutefica que utilizariacuteamos Em seguida

expomos o mapa mural na parede da sala de aula e distribui imagens de sateacutelite e mapas que

apresentavam o recorte espacial de nosso objeto de estudo Organizei os alunos em

subequipes que auxiliaram na montagem da maquete mental

Enquanto uns traccedilavam as ruas outros escreviam o nome dos bairros ou realizavam

alguma pinturas destacando aacutereas de mata ou a rede hidrograacutefica Com o termino desta etapa

coloquei as peccedilas do jogo ldquobrincando de engenheirordquo em cima da mesa todos se animaram

com a possibilidade de ldquocolocar as casinhasrdquo no lugar Pedi que olhassem mais uma vez para

as imagens de sateacutelite e contassem sobre o que percebiam da paisagem dos bairros sobre a

presenccedila de aacutereas mais verticalizadas (preacutedios) e mais horizontalizadas (casas e pequenos

comeacutercios como bodegas bares pequenos mercados) Distribuiacuteram tambeacutem carros de

brinquedo pelo trajeto simulando o tracircnsito da cidade

Aos poucos os alunos foram montando as casas disseram que no Accedilude Velho haveria

mais preacutedios e nos bairros mais perifeacutericos a presenccedila marcante seria de casas Logo apoacutes

pedi que colocassem alguns discos de orientaccedilatildeo com a rosa dos ventos Alguns confundiram-

se na orientaccedilatildeo espacial os lembrei que a nascente do Canal das Piabas situava-se ao norte

Quando terminamos esta fase pedi que os alunos comparassem o mapa mural as

imagens de sateacutelite e a maquete mental eles notaram diferenccedilas na presenccedila dos objetos como

os carros (relatei que geralmente os carros natildeo fazia parte das representaccedilotildees dos mapas em

decorrecircncia de serem elementos moveis no espaccedilo tal como as pessoas dificultando traccedilar sua

localizaccedilatildeo exata) Notaram em poucos casos a mudanccedila de perspectiva (lateral horizontal e

obliacutequa) entre os mapas e a maquete mental Em sequecircncia pedi que fosse realizado um mapa

mental individualmente e que para isso poderiam consultar a maquete mental Proacuteximo ao

final da aula realizei uma legenda para o mapa e expomos a atividade na parede expliquei que

a maquete seria agora um mapa mural realizado pela turma do 4ordm ano

10 de Dezembro de 2014

Neste meio tempo a professora pediu que desenvolvesse uma proposta para a

sua avaliaccedilatildeo final de Geografia entreguei a proposta da construccedilatildeo de um mapa mental que

apresentasse os principais rios do Estado da Paraiacuteba rio Piranhas e Paraiacuteba Neste dia foi

216

realizado entrevistas com os alunos do 4ordm ano Na ocasiatildeo foi entregue o questionaacuterio de

perguntas sobre o projeto e tambeacutem o termo de consentimento como sujeito da pesquisa para

a professora Marta

TURMA DO 5ordm ANO

09 de Outubro de 2014

A pesquisa realizada com alunos e a professora Beatriz do 5ordm ano eacute iniciada na semana

do dia das crianccedilas amanhatilde aconteceraacute um festejo com recitais danccedilas e cinema na escola

De todo forma as aulas prosseguem normalmente o que possibilitou o iniacutecio da pesquisa que

tecircm como temaacutetica ldquoSaberes cartograacuteficos discutindo a regionalizaccedilatildeo brasileirardquo

Comecei a aula perguntando quais eram os recursos cartograacuteficos conhecido pelos

alunos eles responderam os mapas o globo terrestre e a buacutessola Apresentei diferentes

mapas murais e mostrei que eles poderiam variar em decorrecircncia do seu tema (mapa do Brasil

poliacutetico ou fiacutesico) ou de sua escala (Mapa mundo mapa do continente americano) Os

estudantes apontavam as informaccedilotildees encontradas geralmente nestes mapas como o nome e

localizaccedilatildeo dos oceanos continentes paiacuteses etc Participativos ateacute mesmo os mais tiacutemidos

verbalizaram o assunto quando questionados

A professora Beatriz auxiliou e colaborou a todo o momento com as explicaccedilotildees

realizadas em sala de aula Recordamos assuntos ministrados pela professora regente como a

relaccedilatildeo da orientaccedilatildeo espacial e o movimento de rotaccedilatildeo do planeta Terra As observaccedilotildees

eram apresentadas mediante o uso de um globo terrestre e registradas no quadro branco os

alunos foram solicitados a anotarem em seus cadernos

Apresentamos alguns atlas escolares que apresentavam introduccedilotildees sobre o uso da

rosa dos ventos da importacircncia da legenda Os alunos pareciam aacutegeis na localizaccedilatildeo e leitura

das informaccedilotildees presentes no mapa mundo Em decorrecircncia das festividades da semana

tivemos que terminar a aula antes do horaacuterio normal mas informei aos alunos que na proacutexima

aula realizariacuteamos algumas atividades relacionadas as aulas de Geografia os alunos

demonstraram-se felizes

Dia 15 de outubro de 2014 - Dia dos professores

A escola adiou o feriado do dia dos professores contudo a professora Beatriz havia

marcado uma consulta ao meacutedico neste dia ela estava preocupada em adiar as atividades do

217

projeto em decorrecircncia da entrega do preacutedio (escola) agrave justiccedila eleitoral em decorrecircncia das

eleiccedilotildees deste ano Apoacutes conversarmos com a diretora tive a permissatildeo de substitui-la e

prosseguir com a execuccedilatildeo do projeto

Ao entrar na classe os alunos estavam realmente contentes e jaacute sabiam que a

professora natildeo viria neste dia Muitos queriam aproveitar a ocasiatildeo para fazer bagunccedila

entretanto com a permissatildeo da coordenadora pedagoacutegica e da diretora Rosacircngela pude

chamar atenccedilatildeo dos alunos o que foi necessaacuterio em alguns casos

A professora regente jaacute havia trabalhado os assuntos referentes ao processo de

regionalizaccedilatildeo e as regiotildees do Brasil (Norte e Nordeste) entretanto ao trabalhar o mapa

mudo das regiotildees brasileiras (mapa mudo) com os alunos observei que eles apresentavam

dificuldades para compreender a linguagem cartograacutefica e localizar as regiotildees Havia

entregado naquela ocasiatildeo uma lista com o nome dos Estados e capitais as respectivas siglas

e qual regiatildeo estes estados pertenciam

Notei que os alunos jaacute possuiacuteam informaccedilotildees baacutesicas sobre o tema ldquoO Brasil tecircm 26

estados e o Distrito Federalrdquo (Aluno 31) ldquoBrasiacutelia fica no Distrito Federal professorrdquo (Aluno

39) ldquoA gente mora na Paraiacutebardquo (Aluno 22) ldquoEu nasci em Satildeo Paulordquo (Aluno 46) etc

Entretanto apoacutes o iniacutecio da atividade a comoccedilatildeo foi geral ldquoprofessor essa tarefa eacute muito

difiacutecilrdquo Embora more na regiatildeo Nordeste e em sua maioria soubessem qual Estado

correspondiam agrave Paraiacuteba poucos apontavam os estados que faziam limite com este territoacuterio

Minha conclusatildeo foi que embora dominassem o nome dos lugares natildeo associavam o lugar agrave

regiatildeo pertencente por exemplo indicar que Piauiacute localiza-se no Nordeste ou que Satildeo Paulo

esteja a sudeste

Entendo que o processo de regionalizaccedilatildeo tecircm que ter algum significado sentido e

comeccedilo a perceber a importacircncia das ideias de Ausubel e Vigotski83 para o desenvolvimento

dessa missatildeo Talvez ao se utilizar pontos de ancoragem os estudantes possam resgatar e (re)

significar os conteuacutedos ministrados pela professora regente Os alunos jaacute dominavam com

certa astucia os estados da Regiatildeo Norte A professora jaacute havia ministrado este conteuacutedo nas

uacuteltimas aulas de Geografia Os alunos tecircm assim algumas noccedilotildees jaacute desenvolvidas mas esta

visatildeo geral dos estados a exemplo do Nordeste regiatildeo que habita deve ser reforccedilada por

outras propostas de atividades

Mediante estaacute dificuldade no final da tarde foi proposta a atividade de baleada

geograacutefica (semelhante ao jogo de queimado ou baleada tradicional) no paacutetio aberto da escola

83 Neste momento me refiro as ideias estudadas na seguinte obra bibliograacutefica BOCK Ana M B FURTADO

Odair TEIXEIRA Maria de L T Psicologias uma introduccedilatildeo ao estudo de psicologia 14ordf ed Satildeo Paulo

Saraiva 2008

218

Os alunos foram divididos em quatro grupos cada um correspondente a um ponto cardeal

(norte sul leste e oeste) Orientamos a localizaccedilatildeo dos grupos com o uso de um bussola

marcamos os pontos no chatildeo e iniciamos a brincadeira

Dava os comando da trajetoacuteria da bola indicando as direccedilotildees (ex grupo norte jogue a

bola no grupo oeste) Ao final da brincadeira observamos o pocircr do sol e entatildeo relacionamos

que a orientaccedilatildeo espacial poderia ser realizada a partir dele e que muitos lugares a exemplo

das regiotildees brasileiras referenciam esta orientaccedilatildeo espacial Mesmo apoacutes o uacuteltimo sinal alguns

alunos queriam continuar a brincadeira avisei que teriacuteamos que terminar pois a escola seria

fechada e alguns pais jaacute estavam a sua espera

05 de Novembro de 2014

A proposta da aula foi agrave realizaccedilatildeo dos mapas mentais levando considerando os

conhecimentos sobre regiatildeo e regionalizaccedilatildeo do Brasil Os alunos foram instruiacutedos a respeito

de quais informaccedilotildees deveriam relacionar ao mapa construiacutedo Com base em uma ficha sobre

informaccedilotildees sobre sua identidade (filiaccedilatildeo cidade natal entre outros) os alunos foram

chamados a representar o Brasil levantando questotildees como o nome dos estados e capitais

quando sabido a orientaccedilatildeo espacial e o uso da legenda

A atividade levava em conta a mobilizaccedilatildeo das habilidades voltadas a construccedilatildeo de

mapas das aulas anteriores por exemplo a dimensatildeo espacial dos estados o uso da legenda

como elemento agregador de significado e a importacircncia da orientaccedilatildeo espacial Todas as

etapas foram escritas no quadro Para os alunos que permaneciam com duacutevidas dava

orientaccedilotildees individuais tambeacutem acompanhei a confecccedilatildeo dos esboccedilos

Foi explicado aos alunos que neste momento eles deveriam realizar a atividade sem

nenhuma consulta disseram que natildeo seria possiacutevel desse modo concordamos que eles

poderiam utilizar apenas a lista de estados e capitais entregue na aula anterior

Inicialmente os alunos mostraram-se preocupados com a esteacutetica do mapa se iria

aproximar-se ou natildeo dos mapas existentes Expliquei que isto natildeo era o objetivo da

atividade mas demonstrar seus conhecimentos sobre a regionalizaccedilatildeo brasileira Frases como

ldquoNatildeo tocirc entendendo nadardquo (Aluno 24) ldquoNatildeo sei desenharrdquo (Aluno 27) ldquoNatildeo vou fazer isso

natildeordquo (Aluno 22) estiveram no processo do desenvolvimento do trabalho mas no final e com

um pouco de paciecircncia todos finalizaram seus mapas mentais

Outros estudantes procuravam aleacutem de representar verbalizar seus conhecimentos

acerca do mapa elaborado Os grupos se formavam voluntariamente os alunos discutiam

219

buscavam estrateacutegias em alguns casos chegavam a procurar os mapas desenvolvidos nas

aulas anteriores mesmo com o aviso de natildeo utilizaacute-los nestes casos pedi que o guardassem

Observavam e comparavam os seus mapas e se questionavam quem estaria mais

certo Houve o meu auxiacutelio e da professora Beatriz na confecccedilatildeo das representaccedilotildees o que

motivou o desenvolvimento da atividade em alguns casos

13 de Novembro de 2014

Alguns problemas foram observados mediante a anaacutelise dos mapas mentais Na ficha

entregue aos alunos para o desenvolvimento dos mapas mentais e na representaccedilatildeo do aluno

43 houve a confusatildeo entre o que seria os estados brasileiros e outros paiacuteses (Itaacutelia Japatildeo

Meacutexico entre outros) Alguns discentes pareciam se atrapalhar na referecircncia a escalas

geograacuteficas que variam do lugar ao contexto mundial

Como estrateacutegia para discutir esta questatildeo recorri a algo que acreditei que agradaria a

todos a realizaccedilatildeo da copa do mundo no Brasil Passando a distinguir o que eacute paiacutes estado e

Distrito Federal por meio dos estaacutedios e arenas dos jogos e as seleccedilotildees que participaram deste

evento

A atividade do dia apresentou dois esboccedilos cartograacuteficos O primeiro apresentava os

estaacutedios e arenas de futebol e a outra a localizaccedilatildeo das capitais brasileiras onde ocorreram as

partidas Comparamos e relacionamos este material com o objetivo de compreender a

distribuiccedilatildeo espacial dos estaacutedios a partir da anaacutelise regional dando enfoque agrave regiatildeo

Nordeste e Centro-Oeste

Expliquei aos alunos que era necessaacuterio distinguir as escalas geograacuteficas entatildeo

estruturamos da seguinte forma Onde se localiza os estaacutedios e arenas de futebol Nas

capitais cidades brasileiras Quais satildeo os estaacutedios encontrados na regiatildeo Nordeste e Centro-

Oeste Para qual seleccedilatildeo eles torceram durante a copa do mundo Quem jogou contra a

seleccedilatildeo brasileira e que paiacuteses eles representavam

Apoacutes esta atividade os alunos expressaram sua compreensatildeo da atividade com o mapa

mudo produzido sobre os estaacutedios arena que gostariam de visitar Os meninos apresentaram-

se mais motivados para a realizaccedilatildeo da atividade do que as meninas Uma das orientaccedilotildees era

que fosse escolhido apenas lugares relativos a regiatildeo Nordeste e Centro-Oeste A medida que

os alunos realizavam a leitura dos mapas existentes comparavam e traccedilavam o seu mapa

falando que um dia assistiria uma partida de futebol em algum desses campos

Mediante essa ponte introduzimos algumas consideraccedilotildees sobre a regiatildeo Centro-

Oeste principalmente dos biomas Cerrado e Pantanal em decorrecircncia da programaccedilatildeo

220

curricular e da cobranccedila da professora em ministrar tais conteuacutedo Para esta tarefa utilizamos

o livro didaacutetico fotografias aleacutem de um dos textos da atividade da copa do mundo realizar

esta ponte para discussatildeo

Aos poucos os alunos mostravam-se mais interessados pela temaacutetica o aluno 31 chega

a fazer o seguinte comentaacuterio - ldquoprofessor o pantanal parece um pacircntanordquo Sabiacuteamos que os

alunos nunca haviam visitado a regiatildeo Centro-Oeste em decorrecircncia do mapa da minha vida

realizado na aula anterior dessa forma tentamos realizar estas pontes entre os assuntos

24 de Novembro de 2014

Neste dia realizamos mais algumas consideraccedilotildees sobre o bioma pantanal e cerrado

explicando que eles assim como a caatinga (bioma nordestino) tem suas caracteriacutesticas e

problemas ambientais Em muitos casos em decorrecircncia da accedilatildeo do homem como a

agropecuaacuteria extensiva o uso de agrotoacutexicos poluiccedilatildeo de rios e nascentes caccedila predatoacuteria

entre outros

Os alunos contavam casos semelhantes presenciados em visita a familiares a outros

municiacutepios mais interioranos como o sertatildeo paraibano Eles contavam que seus tios ou avoacutes

natildeo usavam agrotoacutexicos em outros casos relatavam que o gado ficava dentro do cercado

Deste modo iniciamos a proposta relacionada ao mapa da regiatildeo Centro-Oeste os

alunos forma divididos em grupos eles escolheram as equipes mas em alguns casos sugeri os

integrantes do grupo com a finalidade de equilibrar os saberes de cada integrante

Durante o desenvolvimento da proposta foi permitido aos alunos realizarem pesquisas

ao livro didaacutetico84 Natildeo haviam mapas semelhantes a propostas dos mapas mentais pedidos

expliquei aos discentes que os mapas apresentados no livro didaacutetico poderiam servir como

modelo mas natildeo havia mapas prontos com a mesma temaacutetica

Mesmo com o referencial notei que alguns alunos tinham dificuldades em realizar

pesquisas selecionar as informaccedilotildees mais importantes e contextualiza-la com o objetivo da

aula Aleacutem disso muitos alunos me procuravam assim como a professora Beatriz para

esclarecer duacutevidas em certos casos desnecessaacuterias como com que cor pintar o estado de

Goiaacutes

Aos poucos senti que a turma ficava mais autocircnoma nas tomadas de decisotildees Em

alguns casos notei que as dificuldades se situavam natildeo na compreensatildeo dos temas estudados

na Geografia e sim a outras disciplinas escolares Observei que muitos estudantes tinham

84 Referecircncia do livro didaacutetico utilizado na escola MESTSU Juliana Projeto Buriti geografia 5ordm ano Satildeo

Paulo Moderna 2011

221

dificuldades na leitura e principalmente na interpretaccedilatildeo de textos No final da aula recolhi os

trabalhos e expliquei que voltaria para realizar uma entrevista com eles na proacutexima semana

05 e 10 de Dezembro de 2014

Nestas datas foram realizado entrevistas com os alunos do 5ordm ano Na ocasiatildeo foi

entregue o questionaacuterio de perguntas sobre o projeto e tambeacutem o termo de consentimento

como sujeito da pesquisa para a professora Beatriz Deixei duas coacutepias do termo de

consentimento com a gestora escolar Rosacircngela

ATIVIDADES POSTERIORES AO PROJETO DE PESQUISA

16 e 22 de dezembro de 2014

Recolhi os questionaacuterios e termos de consentimento da professora Marta e Beatriz

agradeci a elas e seus alunos por sua participaccedilatildeo na pesquisa Ainda no dia 16 de dezembro

iniciei a entrevista com a gestora escolar Rosacircngela entretanto tive que retornar no dia 22 de

dezembro para finalizar a nossa conversa No dia 22 de dezembro finalizei a pesquisa recolhi

o termo de consentimento e agradeci sua participaccedilatildeo na pesquisa

222

APEcircNDICE II ndash QUESTIONAacuteRIO DE PERGUNTAS PARA PROFESSORES

Universidade Federal da Paraiacuteba ndash UFPB

Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza ndash CCEN

Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geografia

ldquoMapas mentais para o ensino de Geografia praacuteticas e reflexotildees em uma escola de

Campina Grande ndash PBrdquo

QUESTIONAacuteRIO DE PERGUNTAS PARA PROFESSORES

A IDENTIFICACcedilAtildeO

Nome______________________________________________ idade ____________

B FORMACcedilAtildeO

1 Universidade curso (s) de graduaccedilatildeo e ano que se formou

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

2 Especializaccedilatildeo (otildees) e ano

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

3 Qual foram os temas do seu trabalho na graduaccedilatildeo (otildees) e especializaccedilatildeo (otildees)

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

____________________________________________________________

C EXPERIEcircNCIA PROFISSIONAL

4 Quais as seacuteries anos que jaacute lecionou Em que aacuterea

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

____________________________________________________________

5 Qual o tempo de experiecircncia profissional como professora

223

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

____________________________________________________________

6 Fez algum curso de formaccedilatildeo continuada voltada para o curso de Geografia

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

____________________________________________________________

D PRAacuteTICA PROFISSIONAL

7 Qual a maior dificuldade que vocecirc observa para o ensino-aprendizagem de Geografia para

os alunos dos anos iniciais do ensino Fundamental Explique

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

__________________________________________________

8 Como vocecirc organiza o trabalho e efetiva sua praacutetica em sala de aula

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

__________________________________________________

E SOBRE A EXECUCcedilAtildeO DA PESQUISA

9 Em sua opiniatildeo qual a importacircncia de se ensinar Geografia Explique

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

__________________________________________________

10 Observou alguma mudanccedila na aprendizagem dos alunos durante e apoacutes a realizaccedilatildeo da

oficina sobre mapas mentais Quais Explique

224

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

____________________________________________

11 Qual o ponto positivo destacaria da proposta desta pesquisa E negativos

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

__________________________________________________

12 Quais suas sugestotildees para melhorar o trabalho com mapas mentais metodologicamente e

ou teoricamente com os alunos dos anos iniciais

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

Obrigado por sua participaccedilatildeo nesta pesquisa

David Luiz

225

APEcircNDICE III ndash PRANCHA PARA MAPA MENTAL

Universidade Federal da Paraiacuteba

Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza

Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado

Pesquisador David Luiz

Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira

Campina Grande data___________________________________

Disciplina Geografia Turma ___ ano

Prof _________________________________________________

Nome_______________________________________________________________________________ Idade______________________

226

APEcircNDICE IV ndash TEXTO CANAL DAS PIABAS

Universidade Federal da Paraiacuteba

Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza

Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado

Pesquisador David Luiz

Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira

Campina Grande data___________________________________

Disciplina Geografia Turma 4ordm ano

Prof _________________________________________________

Nome________________________________________________

PROJETO DE EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL ATRAVEacuteS DO

ESTUDO HISTOacuteRICO-GEOGRAacuteFICO E ECOLOacuteGICO

DA BACIA DO RIACHO DAS PIABAS (CANAL)

Campina Grande ndash Paraiacuteba

A presenccedila de aacutegua potaacutevel em quantidade

suficiente para as necessidades humanas

tem sido a grande preocupaccedilatildeo de ecologistas

teacutecnicos e educadores que se preocupam com a

educaccedilatildeo ambiental nesta fase final do seacuteculo XX

Aacute aacutegua eacute primordial para o homem para o

atendimento de suas necessidades vitais

(alimentaccedilatildeo bebida higiene e limpeza)

por isso devemos preocupar-nos com a

preservaccedilatildeo de cursos daacutegua bem como com

os aspectos qualidade e quantidade e despoluiccedilatildeo

O Riacho das Piabas tem sua nascente no siacutetio

Covatildeo eacute represado nas granjas do Dr Mauriacutecio

Almeida apoacutes as represas eacute totalmente poluiacutedo

por lixo detritos diversos e esgotos indo em

seguida para o Canal (Canal das Piabas)

Percebe-se com o fato observado que aacuteguas que

227

poderiam ser utilizadas por um grande nuacutemero

de pessoas satildeo simplesmente desperdiccediladas

Do ponto de vista histoacuterico o Riacho das Piabas

teve seu papel no atendimento agraves necessidades da

populaccedilatildeo em eacutepocas em que Campina Grande

era simplesmente povoado e pequena cidade

geograficamente

O riacho estaacute localizado na parte norte de

Campina Grande passando pelas granjas do Dr

Mauriacutecio Almeida tendo continuidade no Canal

que comeccedila entre o Alto Branco e a Rosa Miacutestica

passando pelo Ponto Cem Reacuteis e separando o

Centro do Alto Branco Santo Antonio e Joseacute

Pinheiro havendo uma bifurcaccedilatildeo que vai para

o Accedilude Velho e outra parte para o bairro da

Cachoeira

Fonte httpeducarscuspbrbiologiapb_camphtml

Orientaccedilotildees para realizaccedilatildeo do mapa mental

Desenhe um mapa considerando as informaccedilotildees

presentes no texto para isto sua representaccedilatildeo

deveraacute conter

1 Representar o curso do Canal Riacho das

Piabas do seu ponto inicial ateacute o ponto

final relatado no texto

2 Localizar os bairros e lugares (comeacutercio

serviccedilos escolas) em seu mapa

3 Localizar onde podemos encontrar as

pontes e acessos entre os bairros relatados

4 Orientar seu mapa atraveacutes do uso da rosa-

dos-ventos

5 Construir a legenda

228

APEcircNDICE V ndash MAPA MUDO DA REGIAtildeO NORDESTE Universidade Federal da Paraiacuteba

Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza

Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado

Pesquisador David Luiz

Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira

Campina Grande data___________________________________

Disciplina Geografia Turma 4ordm ano

Prof _________________________________________________

Nome________________________________________________

COR ESTADO SIGLA DO ESTADO

Alagoas AL

Bahia BA

Cearaacute CE

Maranhatildeo MA

Paraiacuteba PB

Pernambuco PE

Piauiacute PI

Rio Grande do Norte RN

Sergipe SE

Legenda

229

APEcircNDICE VI ndash MAPA MUDO DAS MESORREGIOtildeES DA PARAIacuteBA

Tiacutetulo_________________________________________________________________

__

Rosa dos ventos

Universidade Federal da Paraiacuteba

Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza

Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado

Pesquisador David Luiz

Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira

Campina Grande

data___________________________________

Disciplina Geografia Turma 4ordm ano

Prof

______________________________________________

___

Nome_________________________________________

_______

Campina Grande data___________________________________

Disciplina Geografia Turma 4ordm ano

Prof _________________________________________________

Nome________________________________________________

LEGENDA

230

APEcircNDICE VIII ndash QUESTOtildeES DA PROVA

Universidade Federal da Paraiacuteba

Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza

Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado

Pesquisador David Luiz

Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira

Campina Grande data___________________________________

Disciplina Geografia Turma 4ordm ano

Prof _________________________________________________

Nome________________________________________________

EXERCIacuteCIO DE VERIFICACcedilAtildeO DE GEOGRAFIA

Leia o texto abaixo

Rio Piranhas e Paraiacuteba aacuteguas paraibanas

Os principais rios do estado da Paraiacuteba satildeo o rio Piranhas e o Paraiacuteba O

rio Piranhas eacute o maior rio da Paraiacuteba ele nasce na mesorregiatildeo do sertatildeo

paraibano e ldquocorrerdquo em direccedilatildeo ao Rio Grande do Norte O rio Paraiacuteba eacute

totalmente paraibano Nasce no municiacutepio de Monteiro na mesorregiatildeo da

Borborema A foz lugar onde o chega fica no municiacutepio de Cabedelo O

rio Paraiacuteba desaacutegua no oceano Atlacircntico

Represente as informaccedilotildees deste texto por meio de um mapa mental para

isto vocecirc deveraacute seguir os seguintes passos

1 Desenhar o estado da Paraiacuteba e suas quatro mesorregiotildees (Mata

paraibana Agreste paraibano Borborema e Sertatildeo paraibano)

2 Escrever o nome dos lugares que fazem limite com o estado da

Paraiacuteba (estados e o Oceano Atlacircntico)

3 Desenhar o percurso dos rios apresentados no texto (Piranhas e o

Paraiacuteba)

4 Orientar seu mapa atraveacutes da rosa dos ventos

231

APEcircNDICE VIII ndash LISTA DE CAPITAIS E ESTADOS

Universidade Federal da Paraiacuteba

Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza

Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado

Pesquisador David Luiz

Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira

Campina Grande data___________________________________

Disciplina Geografia Turma 4ordm ano

Prof _________________________________________________

Nome________________________________________________

LISTA DE ESTADOS E CAPITAIS

Estado Sigla Capital Regiatildeo

Distrito Federal DF Brasiacutelia Centro-Oeste

Goiaacutes GO Goiacircnia Centro-Oeste

Mato Grosso do Sul MS Campo Grande Centro-Oeste

Mato Grosso MT Cuiabaacute Centro-Oeste

Alagoas AL Maceioacute Nordeste

Bahia BA Salvador Nordeste

Cearaacute CE Fortaleza Nordeste

Maranhatildeo MA Satildeo Luiacutes Nordeste

Paraiacuteba PB Joatildeo Pessoa Nordeste

Pernambuco PE Recife Nordeste

Piauiacute PI Teresina Nordeste

Rio Grande do Norte RN Natal Nordeste

Sergipe SE Aracaju Nordeste

Acre AC Rio Branco Norte

Amazonas AM Manaus Norte

Amapaacute AP Macapaacute Norte

Paraacute PA Beleacutem Norte

Rondocircnia RO Porto Velho Norte

Roraima RR Boa Vista Norte

Tocantins TO Palmas Norte

Espiacuterito Santo ES Vitoacuteria Sudeste

Minas Gerais MG Belo Horizonte Sudeste

Rio de Janeiro RJ Rio de Janeiro Sudeste

Satildeo Paulo SP Satildeo Paulo Sudeste

Paranaacute PR Curitiba Sul

Rio Grande do Sul RS Porto Alegre Sul

Santa Catarina SC Florianoacutepolis Sul

232

APEcircNDICE IX ndash MAPA BRASIL REGIOtildeES

Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira

Campina Grande ____de outubro de 2014

Professores David Luiz e Elane

Nome _________________________________________________________

233

APEcircNDICE X ndash ATIVIDADE BALEADA GEOGRAacuteFICA

Universidade Federal da Paraiacuteba

Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza

Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado

Pesquisador David Luiz

Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira

Campina Grande data___________________________________

Disciplina Geografia Turma 5ordm ano

Prof _________________________________________________

Nome________________________________________________

ATIVIDADE

Observe a foto e responda

1 Em qual dos grupos (Norte Sul Leste ou Oeste) vocecirc estava presente no dia desta

brincadeira Caso natildeo tenha participado indique um grupo que vocecirc gostaria de

participar

_______________________________________________________

2 Observe o mapa da baleada geograacutefica e responda

L

O

S N

234

A Em qual sentido a bola se direciona

_______________________________________________________

B Indique as trecircs proacuteximas direccedilotildees que a bola deveraacute tomar

1_____________________________________________________

2_____________________________________________________

3_____________________________________________________

3 Eacute um final de tarde vocecirc estaacute na rua de sua casa e natildeo tem uma buacutessola nem

tampouco um mapa como vocecirc poderia indicar os pontos cardeais (Norte Sul Leste e

Oeste) Explique

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

235

APEcircNDICE XI ndash MAPA MUDO DAS ARENAS E ESTAacuteDIOS DE FUTEBOL

Universidade Federal da Paraiacuteba

Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza

Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado

Pesquisador David Luiz

Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira

Campina Grande data___________________________________

Disciplina Geografia Turma 5ordm ano

Prof _________________________________________________

Nome________________________________________________

ATIVIDADE

Observe os mapas

Mapa 1 Estaacutedios da copa do mundo ndash Brasil 2014

Mapa 2 Capitais brasileiras onde se localizam os estaacutedios brasileiros

236

1 Quais destes estaacutedios ficam na regiatildeo Nordeste

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

2 Quais destes estaacutedios ficam na regiatildeo Centro-Oeste

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

3 Leia o texto abaixo

NEYMAR VENCE CAMAROtildeES COM GOL 100 E BRASIL PEGARAacute CHILE NAS

OITAVAS

Atacante compensa atuaccedilatildeo irregular da Seleccedilatildeo vira artilheiro da Copa vecirc fim do jejum de

Fred brilho de Fernandinho e desenha caminho do hexa

Neymar Mecacircnico Carrossel do Neymar Neymaacutequina Tiki-Neymar-Taka Haacute times que

entraram para a histoacuteria por seus estilos de jogo Essa Seleccedilatildeo poderaacute entrar para a histoacuteria por ter

Neymar Ateacute onde o Brasil chegaraacute na Copa do Mundo Ateacute onde Neymar permitir E daqui para

frente contra adversaacuterios mais poderosos exigir que o garoto leve um paiacutes nas costas eacute demais ateacute

para sua genialidade

Diante de Camarotildees e um puacuteblico de 69112 no Estaacutedio Nacional Maneacute Garrincha em Brasiacutelia

Neymar foi suficiente Ele venceu os africanos por 4 a 1 Sozinho Natildeo Luiz Gustavo se fez

gigante Felipatildeo ajudou muito ao trocar Paulinho por Fernandinho Fred voltou a marcar Mas na

hora da dificuldade do sofrimento foi o menino das mechas louras quem resolveu

Fonte Disponiacutevel em lt httpgloboesporteglobocomfutebolcopa-do-mundo gt Acesso em 01 11 15

2014 Eacute ANO DE COPA DO MUNDO DE FUTEBOL NO BRASIL

Brasiacutelia eacute uma cidade planejada localizada na regiatildeo Centro-Oeste do paiacutes que foi construiacuteda

para ser a Capital do Brasil O plano urbaniacutestico da capital conhecido como ldquoPlano Pilotordquo

foi elaborado pelo urbanista Luacutecio Costa Oscar Niemeyer foi o arquiteto

237

Considerada Patrimocircnio Mundial pela UNESCO devido ao seu conjunto arquitetocircnico e

urbaniacutestico

Com um veratildeo uacutemido e chuvoso e um inverno seco e relativamente frio com temperatura

meacutedia anual de 21ordmC

Brasiacutelia estaacute dentro do bioma Cerrado

Falando em futebol Os principais times satildeo o Brasiliense Futebol Clube e Sociedade

Esportiva do Gama

Brasiacutelia seraacute a sede que realizaraacute o jogo de Abertura da Copa de 2014

Fonte Disponiacutevel em lt httpamigasviajantescom20140313sedes-da-copa-2014braslia gt Acesso em 01

11 15

Vocecirc foi convidado por um amigo para assistir trecircs partidas de futebol em estaacutedios da regiatildeo

Nordeste e Centro-Oeste Construa um mapa com as informaccedilotildees desta viagem a partir da

silhueta do Brasil

ESTAacuteDIOS BRASILEIROS VISITADOS

238

Nome_________________________________________________________________

LEGENDA

239

ANEXOS

240

ANEXO I ndash FICHA DE ACOMPANHAMENTO DA ESCOLA MUNICIPAL LUacuteCIA

DE FAacuteTIMA GAYOSO MEIRA

Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira

Endereccedilo

Aluno (a)______________________________________________________________

Ciclo__________________________Turno__________Semestre____________2014

Ficha de acompanhamento

Sim Natildeo Em desenvolvimento

Assiduidade e pontualidade

Interesse pelo estudo

Participaccedilatildeo nas aulas

Responsabilidade com o material escolar

Realizaccedilatildeo das tarefas de casa e classe

Expressatildeo oral

Expressatildeo escrita

Leitura

Comportamento na escola

Organizaccedilatildeo

Relacionamento com os colegas e Adultos

Respeito as regras e normas da escola

______________________________________________________________________

Assinatura do responsaacutevel

241

ANEXO II ndash TERMO DE CONSENTIMENTO

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA

CENTRO DE CIEcircNCIAS EXATAS E DA NATUREZA

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM GEOGRAFIA

TERMO DE CONSENTIMENTO

O respeito agrave dignidade humana exige que toda pesquisa se processe apoacutes consentimento livre

e esclarecido dos sujeitos indiviacuteduos ou grupos que por si eou seus representantes legais

manifestem a sua concordacircncia agrave participaccedilatildeo Exige-se que o esclarecimento se faccedila em

linguagem acessiacutevel e que inclua os seguintes aspectos justificativa objetivos procedimentos

que seratildeo utilizados na pesquisa desconforto e riscos possiacuteveis que seratildeo utilizados na

pesquisa garantia de esclarecimentos ates e durante o curso da pesquisa sobre a

metodologia liberdade do sujeito em recusar-se a participar ou retirar seu consentimento em

qualquer fase da pesquisa sem penalidade alguma e sem prejuiacutezo ao seu cuidado garantia do

sigilo que assegure a privacidade dos sujeitos quanto aos dados confidenciais envolvidos na

pesquisa

CONSENTIMENTO DA PARTICIPACcedilAtildeO DA PESSOA COMO SUJEITO DA

PESQUISA

Vocecirc estaacute sendo convidado (a) para participar como voluntaacuterio em uma pesquisa Apoacutes ser

esclarecido (a) sobre as informaccedilotildees no caso de aceitar fazer parte do estudo assine ao final

deste documento que estaacute em duas vias Uma delas eacute sua e a outra eacute do pesquisador

responsaacutevel Em caso de recusa vocecirc natildeo seraacute penalizado de forma alguma

Eu__________________________________________________________RGnordm

____________________ CPF nordm_____________________concordo em participar do estudo

ldquoMapas mentais para o ensino de Geografia praacuteticas e reflexotildees em uma escola de

Campina Grande ndash PBrdquo como sujeito Fui devidamente informado e esclarecido pelo

pesquisador David Luiz Rodrigues de Almeida sobre a pesquisa os procedimentos nela

envolvidos assim como os possiacuteveis riscos e benefiacutecios decorrentes de minha participaccedilatildeo

242

Local e data___________________________________________________________

Nome da Escola_______________________________________________________

Assinatura do participante_______________________________________________

Assinatura do pesquisador_______________________________________________

A447m Almeida David Luiz Rodrigues de Mapas mentais para o ensino de geografia praacuteticas e

reflexotildees em uma escola de Campina Grande-PB David Luiz Rodrigues de Almeida- Joatildeo Pessoa 2015

242f il Orientador Antonio Carlos Pinheiro Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - UFPBCCEN 1 Geografia - ensino 2 Cartografia escolar

3 Alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica 4 Mapas mentais 5 Ensino fundamental - anos iniciais

UFPBBC CDU 9137(043)

Aos meus avocircs paternos e padrinhos de batismo Alice Alves e Luiacutes

Laurindo (in memorian) por me ensinarem o valor do trabalho e

acreditarem no meu potencial

Dedico esta assim como as demais conquistas os meus pais Gerusa

Rodrigues e Davy Alves e a minha irmatilde Giovanna Mayda Obrigado

pela paciecircncia pelo incentivo pela forccedila e principalmente pelo

carinho

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo ao meu orientador professor Dr Antonio Carlos Pinheiro pelas cordiais

conversas as leituras sugeridas e correccedilotildees realizadas ao longo das etapas da pesquisa aleacutem

disso a sua amizade e auxiacutelio para a construccedilatildeo desse estudo liccedilotildees que levarei para o resto

da vida

Aos professores e alunos da (poacutes) graduaccedilatildeo em Geografia do Laboratoacuterio de Estudos

e Pesquisas em Educaccedilatildeo Geograacutefica (LEPEG) da Universidade Federal de Goiaacutes em

especial ao professor Denis Richter tutor durante minha estada em Goiacircnia e grande

motivador da pesquisa sobre os mapas mentais

Ao professor Vanilton Camilo pela acolhida em sua casa assim como agrave professora

Odiones de Faacutetima pela gentil recepccedilatildeo em terras goianas Agrave professora Rusvecircnia Luiza por

abrir a porta de sua sala de aula e permitir que aprendesse com ela as potencialidades do

ensino de Geografia nos anos iniciais do Ensino Fundamental

Sou grato tambeacutem as professoras e demais profissionais da escola Luacutecia de Faacutetima

que permitiram a efetivaccedilatildeo dessa pesquisa Aos alunos envolvidos pela alegria cordialidade

e peripeacutecias que deram outro tom as propostas nas aulas de Geografia sujeitos essenciais

desse estudo torccedilo pelo sucesso de cada um deles

Aos potiguaras Luiz Eduardo Djanniacute e Rute por me acolherem em seu apartamento

em algumas ocasiotildees de estudo pelos momentos de diversatildeo e sobretudo pela amizade

Aleacutem deles a turma do mestrado em Geografia da UFPB do ano de 2013 desde os antigos

companheiros de graduaccedilatildeo da UEPB (Jessica Lima Jamerson e Izabelle) aos mais novos

parceiros Um agradecimento especial a Mocircnica Aires ldquoMoniquinhardquo pelas conversas

aconselhamentos e sua disposiccedilatildeo em sempre ajudar

Ao Grupo de Estudos e Pesquisas em Educaccedilatildeo Geograacutefica (GEPEG) da UFPB ao

professor Marcelo de Moura exemplo de profissional e pessoa aos integrantes e amigos

Adeni Alisson as trecircs Anas (Cristina Neacuteri e Paula) David de Abreu Eliane Guibson e

Jilyane Rouse

Aos meus professores da graduaccedilatildeo e de outros momentos de estudo na UEPB

Antonio Albuquerque Arthur Valverde Angelina Maria Jackeline Joatildeo Damasceno e a

professora Josandra Arauacutejo minha primeira orientadora de pesquisa e incentivadora

Aos professores doutores da banca de qualificaccedilatildeo Rafael Straforini e Christianne

Maria que auxiliaram na identificaccedilatildeo das potencialidades e limitaccedilotildees do trabalho com suas

significativas contribuiccedilotildees

Agradeccedilo ao professor Aderson e aos companheiros da escola hulong de kung fu por

ensinar o significado das palavras respeito lealdade honestidade coragem e disciplina

Aos mais novos amigos de Campina Grande que tive o prazer de conhecer nos

uacuteltimos anos Aline Dione Erivaacutegna Gleydson Jessica Santos Mayara e Nemo Obrigado

pela companhia e amizade em especial a Daniella (Dani) por sua alegria contagiante

A minha famiacutelia ao tio Vando grande geoacutegrafo aos meus avocircs maternos Maria Leni

e Joatildeo e a nova geraccedilatildeo dos Rodrigues que aos poucos comeccedilam a seguir na vida acadecircmica

Aos meus amigos de infacircncia Adriel e Rafael agradeccedilo por compreender a minha

ausecircncia nos uacuteltimos tempos pela torcida pelo sucesso no mestrado Estamos juntos

A Capes pelo auxiacutelio financeiro concedido durante a realizaccedilatildeo desse curso А todos

vocecircs que fizeram dessa caminhada uma transiccedilatildeo mais agradaacutevel A palavra mestre nunca

faraacute justiccedila аоs professores e amigos que teratildeo os meus eternos agradecimentos

Se um homem natildeo for forte ele natildeo inspiraraacute respeito Se natildeo for

culto natildeo teraacute firmeza Lealdade e boa-feacute satildeo para ele e para os

amigos que escolhe valores fundamentais Quando erra natildeo hesita

em corrigir o erro

Confuacutecio (551 ndash 479 a C) filoacutesofo chinecircs

RESUMO

Atualmente no Brasil os anos iniciais do Ensino Fundamental eacute composto por cinco anos (1ordm

ao 5ordm ano) Isso resulta segundo a legislaccedilatildeo num maior periacuteodo para a alfabetizaccedilatildeo dos

sujeitos que desde os seis anos de idade devem ingressar na escola Muito se tecircm investido na

alfabetizaccedilatildeo da Liacutengua materna (Portuguecircs) e da Matemaacutetica para a formaccedilatildeo baacutesica dos

alunos ateacute o 3ordm ano Por outro lado pouco se tem discutido sobre a progressatildeo desta

alfabetizaccedilatildeo nos anos subsequente A presenccedila da Geografia no curriacuteculo escolar pode

auxiliar a formaccedilatildeo dos sujeitos sua leitura de mundo ao destacar a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica

enquanto metodologia que busca pensar o espaccedilo geograacutefico desde o lugar ateacute outras escalas

espaciais Destacamos que a Cartografia Escolar que se dedica a investigar o uso dos mapas

nas praacuteticas de ensino de Geografia atribuem valor na produccedilatildeo e leitura dos mapas

realizados pelos proacuteprios alunos Este potencial eacute encontrado no uso dos mapas mentais

representaccedilotildees livres mas orientadas pelos docentes voltadas a inserccedilatildeo reflexatildeo e leituras

espaciais tratadas na escola Com base nesses apontamentos esta pesquisa objetiva investigar

as potencialidades e limitaccedilotildees do recurso mapa mental para o ensino-aprendizagem de

Geografia com alunos do 4ordm e 5ordm ano do Ensino Fundamental Para isso desenvolvemos a

nossa pesquisa na Escola Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira localizada na cidade de Campina

Grande ndash PB Paralelamente ao uso dos mapas mentais desenvolvemos atividades teoacutericas e

praacuteticas com a finalidade de motivar apresentar construir e refletir noccedilotildees conceituais e

habilidades com uma turma de 4ordm e outra de 5ordm ano Para realizaccedilatildeo desta pesquisa resgatamos

ainda as consideraccedilotildees da gestora escolar professoras e principalmente dos alunos

utilizando questionaacuterios e entrevistas Como resultados percebemos as leituras e

compreensotildees dos alunos em relaccedilatildeo a organizaccedilatildeo de diferentes escalas do espaccedilo

geograacutefico ora voltadas ao seu proacuteprio cotidiano ora aos conteuacutedos ministrados em sala de

aula Identificamos tambeacutem limites no que corresponde ao uso de conteuacutedos

descontextualizados e que se estes saberes natildeo estiverem relacionadas as praacuteticas cotidianas

natildeo haveraacute sentido em apreende-los o que consequentemente poderaacute resultar em retenccedilotildees ou

desmotivaccedilotildees acerca do se aprender Geografia nas escolas

Palavras- chave Ensino de Geografia Cartografia Escolar Alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica

Mapas mentais Anos Iniciais do Ensino Fundamental

ABSTRACT

Currently in Brazil the early years of primary education consists of five years (1st to 5th

grade) This results under the law a longer period for literacy of subjects from the age of six

should enter school Much has been invested in literacy Native language (Portuguese) and

mathematics for basic training of students to the 3rd year Moreover little has been discussed

about the progression of literacy in subsequent years The presence of Geography in the

school curriculum can aid the formation of the subjects their world of reading highlighting

the cartographic literacy as methodology to thinking the geographical space from the place up

other spatial scales We emphasize that the School Cartography which is dedicated to

investigate the use of maps in geography teaching practices attribute value in the production

and reading of maps made by the students themselves This potential is found in the use of

mind maps free representations but guided by teachers aimed at inclusion reflection and

spatial readings treated at school Based on these notes this research aims to investigate the

potential and limitations of the mental map resource for geography teaching and learning with

students of 4th and 5th year of elementary school For this we developed our research in the

School Lucia of Fatima Gayoso Meira in the city of Campina Grande - PB Parallel to the use

of mind maps developed theoretical and practical activities in order to motivate present build

and reflect conceptual notions and skills with a group of 4 and another 5 years For this

research also rescued the considerations of school management teachers and especially the

students using questionnaires and interviews As a result we see the readings and

understandings of the students regarding the organization of different scales of geographic

space now turned to their own daily life sometimes the contents taught in the classroom

Also identified limits corresponding to the use of decontextualized contents and that this

knowledge is not related daily practices there is no sense apprehends them which

consequently may result in withholding or discouragement about learning geography in

schools

Key words Geography Teaching School Cartography Cartographic literacy Mind maps

Years Elementary School Initials

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - FOCOS TEMAacuteTICOS DE PESQUISAS REALIZADAS NA AacuteREA DE

GEOGRAFIA ESCOLAR (1967 ndash 2003)

35

FIGURA 2 - MAPA VIVENCIAL MAPA DOS CHEIROS 52

FIGURA 3 - MAPA MENTAL DO TRAJETO CASA-ESCOLA 53

FIGURA 4 - MAPA DE LOCALIZACcedilAtildeO DA ESCOLA 83

FIGURA 5 - FACHADA DA ESCOLA MUNICIPAL LUacuteCIA DE FAacuteTIMA

GAYOSO MEIRA

84

FIGURA 6 - MAQUETE MAPA MENTAL CANAL DAS PIABAS 98

FIGURA 7 - CANAL DAS PIABAS EM PROXIMIDADE A ESCOLA 100

FIGURA 8 - PROCESSO DE REALIZACcedilAtildeO DA MAQUETE MENTAL 101

FIGURA 9 - PERSPECTIVAS DE OBSERVACcedilAtildeO DAS FORMAS ESPACIAIS 102

FIGURA 10 - MAPA MENTAL EM PERSPECTIVA VERTICAL REALIZADO

PELO ALUNO 04

105

FIGURA 11 - MAPA MENTAL EM PERSPECTIVA LATERAL REALIZADO

PELO ALUNO 05

111

FIGURA 12 - MAPA MENTAL DO ALUNO 14 COM DESTAQUE A ELEMENTOS

SINCRETICOS

110

FIGURA 13 - USO DAS TOPONIMIAS PELO ALUNO 01 114

FIGURA 14 - USO DE TOPONIMIAS PELO ALUNO 03 115

FIGURA 15 - MAPA MENTAL E A LOCALIZACcedilAtildeO DOS BAIRROS DECAMPINA

GRANDE PELO ALUNO 10

118

FIGURA 16 - MAPA MUDO REALIZADO BRASIL (REGIAtildeO NORDESTE)

REALIZADO PELO ALUNO 07

122

FIGURA 17 - MAPA MUDO DAS MESSOREGIOtildeES DA PARAIacuteBA REALIZADO

PELO ALUNO 01

122

FIGURA 18 - PERCEPCcedilAtildeO SEQUENCIAL DAS MESORREGIOtildeES

GEOGRAacuteFICAS DO ALUNO 08

126

FIGURA 19 - PERCEPCcedilAtildeO CIRCULAR DAS MESORREGIOtildeES GEOGRAacuteFICAS

DO ALUNO 03

127

FIGURA 20 - USO DAS TOPONIacuteMIAS NA CONSTRUCcedilAtildeO DAS MESORREGIOtildeES

DA PARAIacuteBA DO ALUNO 11

130

FIGURA 21 - ORIENTACcedilAtildeO E LOCALIZACcedilAtildeO DAS MESSOREGIOtildeES DA

PARAacuteIBA ALUNO 15

133

FIGURA 22 - USO INDISCRIMINADO DA ESCALA GEOGRAacuteFICA ALUNO 09 136

FIGURA 23 - MAPA MUDO DAS REGIOtildeES DO BRASIL REALIZADO PELO

ALUNO 29

139

FIGURA 24 - DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE LUacuteDICA BALEADA

GEOGRAacuteFICA

141

FIGURA 25 - PARAcircMETROS PARA ANAacuteLISE DAS SILHUETAS DOS MAPAS

MENTAIS

143

FIGURA 26 - MAPA MENTAL EM FORMATO PROacuteXIMO A REPRESENTACcedilAtildeO

TRADICIONAL DO BRASIL DO ALUNO 41

146

FIGURA 27 - MAPA MENTAL EM FORMA DE BALAtildeO ALUNO 39 147

FIGURA 28 - MAPA MENTAL EM FORMA DE TRIAcircNGULO ALUNO 25 148

FIGURA 29 - APRESENTACcedilAtildeO DAS INFORMACcedilOtildeES EM FORMA DE

LEGENDA ALUNO 48

150

FIGURA 30 - MAPA MENTAL DO ALUNO 24 DESTAQUE AO EXCESSO DE

TOPONIMIAS

152

FIGURA 31 - MAPA MENTAL DO ALUNO 38 DESTAQUE A EXPRESSAtildeO

SINCREacuteTICA

153

FIGURA 32 - MAPA MENTAL DO ALUNO 22 COM DESTAQUE A

LOCALIZACcedilAtildeO DA REGIAtildeO NORTE DO BRASIL

155

FIGURA 33 - MAPA MENTAL DO ALUNO 29 COM DISTORCcedilOtildeES

RELACIONADAS A LOCALIZACcedilAtildeO E ORIENTACcedilAtildeO ESPACIAL

157

FIGURA 34 - MAPA MENTAL DO ALUNO 42 DESTAQUE A LEGIBILIDADE DA

LOCALIZACcedilAtildeO E ORIENTACcedilAtildeO ESPACIAL

158

FIGURA 35 -

MAPA MENTAL DO ALUNO 43 PROBLEMAS NA SELECcedilAtildeO DA

ESCALA GEOGRAFICA

161

FIGURA 36 - MAPA MENTAL DO ALUNO 46 COM DESTAQUE A ESCALA

GEOGRAFICA DAS REGIOtildeES BRASILEIRAS

163

FIGURA 37 - MAPA MUDO DOS ESTAacuteDIOS BRASILEIRO VISITADO

REALIZADO PELO ALUNO 39

166

FIGURA 38 - MAPA MENTAL COM SILHUETA PROacuteXIMA AO DO BRASIL

(GRUPO 7)

170

FIGURA 39 - COMPARACcedilAtildeO ENTRE MAPA EXISTENTE E MAPA MENTAL

(GRUPO 05)

172

FIGURA 40 - MAPA MENTAL COM A UTILIZACcedilAtildeO DE IacuteCONES (GRUPO 10) 175

FIGURA 41 - ARTICULACcedilAtildeO DO USO DE TOPONIacuteMIAS COM A

APRESENTACcedilAtildeO DE IacuteCONES (GRUPO 3)

177

FIGURA 42 - MAPA MENTAL COM DESTAQUE NA ORIENTACcedilAtildeO E

LOCALIZACcedilAtildeO ESPACIAL DA REGIAtildeO CENTRO-OESTE

(GRUPO 6)

179

FIGURA 43 - MAPA MENTAL NA ESCALA GEOGRAacuteFICA BRASIL (GRUPO 4) 183

FIGURA 44 - RELACcedilAtildeO DE ENSINO E APRENDIZAGEM NA ESCOLA 192

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - ESTRUTURA DA EDUCACcedilAtildeO BAacuteSICA NO BRASIL 26

TABELA 2 - MAPAS MENTAIS PRODUZIDOS DURANTE A PESQUISA 89

TABELA 3 - PERSPECTIVAS ESPACIAIS APRESENTADAS NOS MAPAS

MENTAIS

104

TABELA 4 - USO DAS TOPONIacuteMIAS NOS MAPAS MENTAIS 111

TABELA 5 - RANKING DAS TOPONIacuteMIAS RELACIONADOS AOS BAIRROS DE

CAMPINA GRANDE

111

TABELA 6 - ESCALA GEOGRAacuteFICA EM DESTAQUE NOS MAPAS MENTAIS 119

TABELA 7 - OCORREcircNCIA DAS TOPONIacuteMIAS EXPRESSAS NOS MAPAS

MENTAIS

128

TABELA 8 - OCORREcircNCIA DA UTILIZACcedilAtildeO DA ROSA DOS VENTOS NOS

MAPAS MENTAIS

132

TABELA 9 - ESCALA GEOGRAacuteFICA EM DESTAQUE NOS MAPAS MENTAIS 134

TABELA 10 - PERCEPCcedilOtildeES DA FORMA DO BRASIL DESTACADO NOS MAPAS

MENTAIS

143

TABELA 11 - COEREcircNCIA DAS TOPONIacuteMIAS EXPRESSAS NOS MAPAS

MENTAIS

149

TABELA 12 - NIacuteVEL CORRESPONDENTE Agrave LOCALIZACcedilAtildeO ESPACIAL 154

TABELA 13 - ESCALAS ENCONTRADAS NOS MAPAS MENTAIS 159

TABELA 14 - PERCEPCcedilOtildeES DA FORMA DO BRASIL DESTACADO NOS MAPAS

MENTAIS

168

TABELA 15 - NUacuteMERO DE OCORREcircNCIA DE TOPONIacuteMIAS 173

TABELA 16 - LOCALIZACcedilAtildeO DOS ELEMENTOS ENCONTRADOS NOS MAPAS

MENTAIS

178

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - OPERACcedilOtildeES MENTAIS PARA O DESENVOLVIMENTO DA

LEITURA DE MAPAS

40

QUADRO 2 - AS NOCcedilOtildeES COMO PROCESSO DE FORMACcedilAtildeO DOS

CONCEITOS CIENTIacuteFICOS

63

QUADRO 3 - HABILIDADES PARA O DESENVOLVIMENTO DOS MAPAS

MENTAIS

91

QUADRO 4 - PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO CARTOGRAacuteFICA POR MEIO

DOS MAPAS MENTAIS

93

QUADRO 5 - SIacuteNTESE DO TEXTO SOBRE O CANAL DAS PIABAS 99

QUADRO 6 - ORDEM DAS TOPONIacuteMIAS ENCONTRADAS NOS MAPAS

MENTAIS

131

QUADRO 7 - SIacuteNTESE DOS DADOS ENCONTRADOS NOS MAPAS 165

QUADRO 8 - PROPOSTA DAS OFICINAS PEDAGOGICAS PARA CONSTRUCcedilAtildeO

DE NOCcedilOtildeES E HABILIDADES

188

QUADRO 9 - GRAacuteFICO DAS NOCcedilOtildeES GEOGRAacuteFICAS ANALISADAS NOS

MAPAS MENTAIS

189

QUADRO 10 - GRAacuteFICO DAS HABILIDADES DESTACADAS PARA O

DESENVOLVIMENTO DOS MAPAS MENTAIS

190

LISTA DE SIGLAS

CEB Cacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica

CNE Conselho Nacional de Educaccedilatildeo

EF Ensino Fundamental

GO Estado de Goiaacutes

LDB Lei de Diretrizes e Bases

PCN Paracircmetros Curriculares Nacionais

PB Estado da Paraiacuteba

PNAIC Plano Nacional de Educaccedilatildeo na Idade Certa

UFG Universidade Federal de Goiaacutes

UEPB Universidade Estadual da Paraiacuteba

UFPB Universidade Federal da Paraiacuteba

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 18

1 LEITURAS GEOGRAacuteFICAS DE MUNDO HISTOacuteRIAS DE

ALFABETIZACcedilAtildeO CARTOGRAacuteFICA

24

11 SISTEMA EDUCATIVO E ANOS INICIAIS DO ENSINO

FUNDAMENTAL

24

12 GEOGRAFIA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL 27

13 CARTOGRAFIA ESCOLAR E SEUS CONTEXTOS NO ENSINO DE

GEOGRAFIA

34

131 As propostas de Piaget voltada a Cartografia Escolar 37

14 A CARTOGRAFIA ESCOLAR E OUTRAS INTERPRETACcedilOtildeES PARA O

CONHECIMENTO DO ESPACcedilO

42

141 Percursos dos Mapas Mentais e suas praacuteticas na Educaccedilatildeo Geograacutefica 48

142 Os mapa mentais no ensino-aprendizagem de Geografia 50

2 ITINERAacuteRIO DA PESQUISA E SEUS ENCAMINHAMENTOS

METODOLOacuteGICOS

69

21 CARACTERIZACcedilAtildeO DA METODOLOGIA DA PESQUISA 71

22 PROCEDIMENTOS DA PESQUISA 76

221 Referenciais teoacuterico-metodoloacutegicos 76

222 Instrumentos de Pesquisa 77

223 Os espaccedilos e os sujeitos da pesquisa 81

23 A ANAacuteLISE DOS RESULTADOS 88

231 Da totalidade dos mapas mentais 88

24 AS HABILIDADES E CATEGORIAS DE ANAacuteLISE SELECIONADAS

PARA A PESQUISA

90

241 As categorias de anaacutelise dos mapas mentais 92

3 PROPOSTAS E PRAacuteTICAS ESCOLARES ANAacuteLISES DOS MAPAS

MENTAIS COM OS ALUNOS DO 4ordm ANO

96

31 OFICINA 1 A MAQUETE MENTAL PRAacuteTICA COLETIVA DO

ENSINO-APRENDIZAGEM EM GEOGRAFIA

96

32 MAPA MENTAL 1 CANAL DAS PIABAS 102

33 OFICINA 2 PRAacuteTICAS COM MAPA MUDO (RE) CONSTRUINDO O

MAPA MENTAL DA PARAIacuteBA

120

34 MAPA MENTAL 2 MESORREGIOtildeES DA PARAIacuteBA 123

4 PROPOSTAS E PRAacuteTICAS ESCOLARES ANAacuteLISES DOS MAPAS

MENTAIS COM OS ALUNOS DO 5ordm ANO

137

41 OFICINA 1 USO DOS MAPAS MUDOS E A ldquoBALEADA

GEOGRAacuteFICArdquo NOCcedilOtildeES PRAacuteTICAS E TEOacuteRICAS DE GEOGRAFIA

138

42 MAPA MENTAL 1 MAPA DA MINHA VIDA 142

43 OFICINA 2 MAPA MUDO DA REGIAtildeO CENTRO-OESTE UMA

PROPOSTA DE APROXIMACcedilAtildeO

164

44 MAPA MENTAL 2 MAPA DA REGIAtildeO CENTRO-OESTE 168

5 MAPAS MENTAIS E SUAS POTENCIALIDADES E LIMITACcedilOtildeES

PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA

184

51 O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DE GEOGRAFIA 184

52 PROPOSTAS DAS OFICINAS O LUacuteDICO E SUAS INTERVENCcedilOtildeES

PARA CONSTRUCcedilAtildeO DOS SABERES

187

53 DOS MAPAS MENTAIS UTILIZADOS EM SALA DE AULA 190

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 198

REFEREcircNCIAS 202

APEcircNDICES 207

APEcircNDICE I - JORNAL DE PESQUISA 208

APEcircNDICE II ndash QUESTIONAacuteRIO DE PERGUNTAS PARA PROFESSORES 222

APEcircNDICE III ndash PRANCHA PARA MAPA MENTAL 225

APEcircNDICE IV ndash TEXTO CANAL DAS PIABAS 226

APEcircNDICE V ndash MAPA MUDO DA REGIAtildeO NORDESTE 228

APEcircNDICE VI ndash MAPA MUDO DAS MESORREGIOtildeES DA PARAIacuteBA 229

APEcircNDICE VII ndash QUESTOtildeES DA PROVA 230

APEcircNDICE VIII ndash LISTA DE CAPITAIS E ESTADOS 231

APEcircNDICE IX ndash MAPA BRASIL REGIOtildeES 232

APEcircNDICE X ndash ATIVIDADE BALEADA GEOGRAacuteFICA 233

APEcircNDICE XI ndash MAPA MUDO DAS ARENAS E ESTAacuteDIOS DE FUTEBOL 235

ANEXOS 239

ANEXO I ndash FICHA DE ACOMPANHAMENTO DA ESCOLA MUNICIPAL

LUacuteCIA DE FAacuteTIMA GAYOSO MEIRA

240

ANEXO II ndash TERMO DE CONSENTIMENTO 241

18

INTRODUCcedilAtildeO

Para realizar uma pesquisa acadecircmica acredito na necessidade das justificativas

planejamento encaminhamentos obstaacuteculos que potildeem agrave prova a investigaccedilatildeo cientiacutefica

Eacute relevante expor algumas questotildees relacionadas ao percurso do desenvolvimento desta

dissertaccedilatildeo situando o leitor a respeito dos contextos e acontecimentos que levaram a

realizaccedilatildeo desta pesquisa

Meu primeiro contato com os anos iniciais do Ensino Fundamental ocorreu

enquanto professor de atividades luacutedicas (jogo de xadrez) em uma escola municipal por

meio do Programa Mais Educaccedilatildeo no ano de 2010 Nesta eacutepoca se iniciava a construccedilatildeo

de uma agenda de educaccedilatildeo integral nas escolas municipais e estaduais de Campina

Grande ndash PB

Soma-se a esta experiecircncia as atividades desenvolvidas no curso de licenciatura

em Geografia na Universidade Estadual da Paraiacuteba - UEPB campus Campina Grande

No ano de 2011 fui convidado pela Professora Doutora Josandra Arauacutejo Barreto de

Melo a participar de um projeto voltado a formaccedilatildeo de alunos do magisteacuterio na escola

Normal em Campina Grande mediante o uso de recursos geotecnoloacutegicos novas

tecnologias (sites e ou softwares) relacionadas a geociecircncias ou correlatas que auxiliam

estudar a estrutura do espaccedilo geograacutefico

Naquela eacutepoca os estudantes estavam em processo de formaccedilatildeo docente para

ministrar aulas na Educaccedilatildeo Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental Entre as

dificuldades encontradas estava agrave compreensatildeo de conceitos e das propostas do recurso

geotecnoloacutegico para o ensino de Geografia

Diante destes resultados decido organizar uma investigaccedilatildeo sobre o uso do

recurso geotecnoloacutegico para o ensino-aprendizagem de Geografia com alunos dos anos

iniciais do Ensino Fundamental particularmente o 5ordm ano no trabalho de conclusatildeo de

curso Trabalhamos com fotografias desenhos e construccedilatildeo de mapas digitais e

impressos Como resultado foi observado dificuldades no desenvolvimento e leitura dos

recursos cartograacuteficos pelos alunos e a sua pouca utilizaccedilatildeo nas aulas de Geografia

Com o teacutermino da graduaccedilatildeo apresento ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em

Geografia da Universidade Federal da Paraiacuteba - UFPB um projeto sobre a importacircncia

da Cartografia Escolar nos anos iniciais do Ensino Fundamental visto que o trabalho

da graduaccedilatildeo demonstrava a necessidade em avanccedilar nessa perspectiva e articulaacute-lo ao

desenvolvimento do ensino de Geografia

19

Ao ingressar no programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geografia jaacute havia o interesse

em realizar uma pesquisa relacionada agrave Cartografia Escolar entretanto a possibilidade

do uso do mapa mental foi apresentada pelo Professor Doutor Antonio Carlos Pinheiro

orientador deste estudo

Senti-me interessado e sobretudo desafiado em estudar este recurso

aparentemente mais acessiacutevel a alunos e professores O processo de ensino-

aprendizagem de Geografia mediada pelo uso de recursos cartograacuteficos com alunos dos

anos iniciais do Ensino Fundamental o modo como fazemos o meacutetodo de pesquisa

nossa metodologia de trabalho muda consideravelmente Novos dados informaccedilotildees e

experiecircncias de pesquisa possibilitam (re) pensar estrateacutegias para a utilizaccedilatildeo dos mapas

mentais

Durante os anos de 2013 a 2014 realizamos diferentes pesquisas-piloto com

alunos dos anos iniciais principalmente no 5ordm ano tanto na Paraiacuteba como em Goiaacutes no

Coleacutegio de Aplicaccedilatildeo da Universidade Federal de Goiaacutes (UFG) Aleacutem disso houveram

experiecircncias de estaacutegio supervisionado no curso de Pedagogia da UFPB e propostas de

oficinas realizadas com estudantes do curso de Geografia a soma de todos estes

exerciacutecios resultou na produccedilatildeo de 128 mapas mentais

Com base nestas informaccedilotildees esclarecemos que as pesquisas supracitadas

viabilizaram o estudo realizado na Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira

situado no bairro Lauritzen na cidade de Campina Grande - PB no ano de 2014 O

puacuteblico alvo foram estudantes do 4ordm e 5ordm ano do periacuteodo vespertino a caracterizaccedilatildeo da

escola estudada e dos sujeitos da pesquisa seraacute apresentada mais nitidamente no

segundo capiacutetulo

Esclarecemos que os anos iniciais do Ensino Fundamental correspondem a uma

nova nomenclatura o qual altera o termo seacuteries para anos conforme a Resoluccedilatildeo nordm 3

de 3 de agosto de 2005 do Conselho Nacional de Educaccedilatildeo (CNE) A medida

aumentou o periacuteodo de formaccedilatildeo para as crianccedilas e adolescentes que conforme o art 32

da Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional (LDB) constitui o Ensino

Fundamental obrigatoacuterio de nove anos a partir dos seis anos de idade Com o acreacutescimo

de mais um ano nesta primeira fase do Ensino fundamental podemos dividi-la em dois

ciclos o I ciclo ou ldquociclo da infacircnciardquo (1ordm ao 3ordm ano) e o II ciclo (4ordm e 5ordm ano)

Na atualidade haacute uma crescente preocupaccedilatildeo com a alfabetizaccedilatildeo da Liacutengua

portuguesa e da Matemaacutetica principalmente atraveacutes do Pacto Nacional pela

Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa em todo territoacuterio brasileiro A intenccedilatildeo eacute assegurar a

20

todos os alunos ateacute os oito anos final do 3ordm ano uma alfabetizaccedilatildeo de qualidade Mas

acreditamos que nesta fase eacute possiacutevel uma alfabetizaccedilatildeo que evidencie a disciplina

escolar de Geografia

Autores como a Callai (2005) Lessan (2011) e Castrogiovanni amp Costella

(2006) apontam outro tipo de alfabetizaccedilatildeo tambeacutem necessaacuteria a formaccedilatildeo dos sujeitos

como a cartograacutefica Acreditamos que o mundo pode ser lido de diferentes formas entre

elas por intermeacutedio da linguagem cartograacutefica Seu potencial estaacute presente no uso de

mapas em livros didaacuteticos atlas escolar mapas murais maquetes globos terrestres

encontrados nas escolas e satildeo importantes enquanto portadores de uma educaccedilatildeo visual

do espaccedilo geograacutefico

Natildeo se trata de um tema inexplorado tampouco desconhecido no campo da

Geografia As pesquisas relacionadas agrave Cartografia Escolar campo consolidado no

ensino de Geografia investiga o uso da Cartografia para escolares Elas comeccedilam com

as pesquisas de Oliveira (1978) realizada a mais de 30 anos Na eacutepoca a autora jaacute

apresentava algumas criacuteticas relacionadas aos procedimentos do uso de mapas em sala

de aula

Os procedimentos didaacuteticos enfatizavam a coacutepia mecacircnica e a leitura dos

recursos cartograacuteficos geralmente em uma linguagem mais simplificada um recurso

visual quando comparado aos mapas utilizados pelos adultos com suas escalas

simbologias e convenccedilotildees cartograacuteficas Natildeo consideravam a perspectiva cognitiva de

aprendizagem das crianccedilas desenvolvida por Jean Piaget e seus colaboradores e

consequentemente o desenvolvimento mental da noccedilatildeo de espaccedilo (OLIVEIRA 1978)

Em sucessatildeo a esta pesquisa estudiosos sobre a questatildeo da Cartografia Escolar

como Passini (2012) observaram a necessidade de uma accedilatildeo didaacutetica uma proposta

metodoloacutegica procedimental para o estudo do mapa neste aspecto eacute visado agrave

alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica como uma metodologia que possibilita a construccedilatildeo de

conhecimentos procedimentais habilidades e conceitos que agrega significado a leitura

de mundo do aluno

Os estudos de Almeida amp Passini (2010) Castellar (2000) Lessan (2011) entre

outros enfatizam o uso da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica afirmando a necessidade da

contextualizaccedilatildeo dos conteuacutedos de Geografia para o desenvolvimento de competecircncias

o aprender a apreender a mobilizar as habilidades como verbalizar observar registrar

ler comparar localizar e entender e ainda outras como a persuadir comunicar criar

trabalhar em equipe refletir e interagir

21

Apostando no potencial da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica enquanto uma continuaccedilatildeo

para o processo de ldquoleitura de mundordquo fundamentado por Callai (2005) privilegiamos

o desenvolvimento da produccedilatildeo cartograacutefica a proacuteprio punho com o mapa mental O

mapa eacute uma linguagem de comunicaccedilatildeo utilizada ao longo da histoacuteria por remotas

comunidades e grupos humanos onde se identifica o uso da representaccedilatildeo espacial

(TEIXEIRA 2001 GIRARDI 2005)

Quais as principais dificuldades com o trabalho do uso dos mapas existentes

baseados em uma concepccedilatildeo cartesiana nas salas de aula Os alunos ldquonatildeo gostamrdquo de

mapas acham complicados porque tecircm latitudes longitudes orientaccedilatildeo da rosa dos

ventos escala numeacuterica escala graacutefica matemaacutetica Quando o mapa se livra deste

rigor cientiacutefico o aluno comeccedila a ver o mapa como algo mais proacuteximo dele que pode

ser construiacutedo realizado a partir dos seus conhecimentos embora natildeo deva se restringir

a eles

As discussotildees estabelecidas por Teixeira (2001) indicam as particularidades da

percepccedilatildeo estabelecida por cada indiviacuteduo Enfatiza poreacutem que estas representaccedilotildees

baseadas na realidade ou idealizadas advecircm do campo do simboacutelico da apreensatildeo dos

significados que em muitos casos natildeo satildeo decifrados pela razatildeo As imagens espaciais

satildeo construiacutedas neste processo e foram denominados por mapas cognitivos mapas

conceituais e atualmente mapas mentais

Quando recorremos ao uso destes mapas mentais enquanto recurso didaacutetico para

o ensino de Geografia Richter (2010 p 27) esclarece que ele

[] eacute analisado como um recurso que permite a construccedilatildeo de uma expressatildeo

graacutefica mais livre tendo a perspectiva de que o estudante possa transpor para

esta representaccedilatildeo espacial os conteuacutedos geograacuteficos aprendidos ao longo da

educaccedilatildeo baacutesica Assim aleacutem de utilizar a fala a escrita a imagem ou o

proacuteprio mapa convencional tradicional o aluno teraacute a oportunidade de

apresentar num mapa mental suas interpretaccedilotildees a respeito de um

determinado lugar provenientes de leituras mais cientiacuteficas da realidade

Ao realizarmos nossas experiecircncias com as pesquisas-piloto desenvolvemos a

seguinte hipoacutetese o mapa mental pode auxiliar os alunos a desenvolver natildeo apenas uma

representaccedilatildeo do espaccedilo geograacutefico mas uma habilidade consciente do ato de mapear

aleacutem de uma leitura de mundo que desenvolva a compreensatildeo e reconhecimento do

aluno como sujeito soacutecio-histoacuterico e cultural

Estudamos propostas metodoloacutegicas que possibilitem a aprendizagem de

Geografia Aprendizagem que consideramos aqui como sinocircnimo da capacidade do

22

ensinar-apreender entre os sujeitos baseado no diaacutelogo que estabelece a relaccedilatildeo entre os

conhecimentos cientiacuteficos e cotidianos como considera Vigotski (1998) e Bakhtin

(2012) Pensamos que aleacutem da aquisiccedilatildeo do conhecimento e habilidades os mapas

mentais possibilitam construir atitudes e valores virtudes assentadas na solidariedade

humana e toleracircncia ao proacuteximo constituindo sua identidade e a formaccedilatildeo da cidadania

Entendemos que a proposta da pesquisa eacute auxiliar o trabalho de professores na

praacutetica da docecircncia enfatizando a importacircncia dos conhecimentos geograacuteficos

construiacutedos pelos alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental consequentemente a

proposta auxilia o trabalho dos professores de Geografia que acolhem estes alunos nos

anos subsequentes a partir do 6ordm ano anos finais do Ensino Fundamental

Com base nessas ideias temos como principal objetivo investigar as

potencialidades e limitaccedilotildees do recurso mapa mental para o ensino-aprendizagem de

Geografia com alunos do 4ordm e 5ordm ano dos anos iniciais do Ensino Fundamental Nossos

objetivos especiacuteficos satildeo

Diagnosticar as dificuldades referentes ao domiacutenio de habilidades e noccedilotildees

cartograacuteficas dos alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental realizando

uma anaacutelise dessas dificuldades

Pesquisar o mapa mental mediante situaccedilotildees de ensino-aprendizagem que

conduzam a reflexatildeo sobre a espacialidade

Apresentar atividades que permitam desenvolver habilidades e noccedilotildees

conceituais para os alunos atraveacutes do desenvolvimento de mapas mentais e que

possam auxiliar as aulas de Geografia dos professores dos anos iniciais do

Ensino Fundamental

Propor orientaccedilotildees que auxiliem o professor desta fase a trabalharem com os

mapas mentais junto ao puacuteblico dos anos iniciais do Ensino Fundamental

Ao realizarmos nossos experimentos observamos a dificuldade em representar o

espaccedilo geograacutefico considerando elementos como agrave perspectiva do acircngulo de visatildeo

orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo espacial por exemplo Em virtude disso criamos estrateacutegias

metodoloacutegicas recursos de apoio e categorias de anaacutelise as quais consideramos

importantes para o processo de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica Com a intenccedilatildeo de atingir os

objetivos propostos estruturamos essa pesquisa em cinco capiacutetulos

O primeiro capiacutetulo intitulado ldquoLeituras geograacuteficas de mundo histoacuterias de

alfabetizaccedilatildeo cartograacuteficardquo trata da pertinecircncia do ensino de Geografia nos anos

23

iniciais do Ensino Fundamental indica os principais avanccedilos sobre a alfabetizaccedilatildeo e de

sua relaccedilatildeo com a Cartografia Escolar Procura aleacutem disso apresentar o surgimento das

praacuteticas com os mapas mentais e algumas propostas relacionadas ao seu uso para a

pesquisa e ensino da Geografia

O segundo capiacutetulo ldquoItineraacuterio da pesquisa e seus encaminhamentos

metodoloacutegicosrdquo esclarece os procedimentos para a realizaccedilatildeo da pesquisa ressaltando

sua metodologia (de caraacuteter qualitativo) caracterizando os espaccedilos e sujeitos da

pesquisa Apontamos ainda nossa revisatildeo bibliograacutefica para a construccedilatildeo da dissertaccedilatildeo

e os instrumentos para realizaccedilatildeo da pesquisa

No terceiro capiacutetulo ldquoPropostas e praacuteticas escolares anaacutelises dos mapas

mentais com os alunos do 4ordm anordquo e no quarto capiacutetulo ldquoPropostas e praacuteticas

escolares anaacutelises dos mapas mentais com os alunos do 5ordm anordquo satildeo apresentadas e

analisadas as praacuteticas desenvolvidas em forma de oficinas pedagoacutegicas e os mapas

mentais utilizados em cada uma das turmas Procuramos discutir a importacircncia do

ensino de Geografia e quais as relaccedilotildees encontradas na construccedilatildeo das representaccedilotildees

dos alunos

O quinto capiacutetulo ldquoMapas mentais e suas potencialidades e limitaccedilotildees para o

ensino de Geografiardquo analisamos as entrevistas efetivadas com os alunos do 4ordm e 5ordm

ano e a apresentaccedilatildeo da resposta dos questionaacuterios respondidos pelas professoras que

expotildeem suas concepccedilotildees sobre o uso dos mapas mentais e das oficinas para as

propostas de ensino de Geografia

24

1 LEITURAS GEOGRAacuteFICAS DE MUNDO HISTOacuteRIAS DE

ALFABETIZACcedilAtildeO CARTOGRAacuteFICA

Este capiacutetulo estaacute dedicado agrave compreensatildeo sobre o que se entende atualmente

por anos iniciais do Ensino Fundamental (EF) para isso recorremos agraves leis que

alicerccedilam o sistema educativo no Brasil Prosseguimos com a apresentaccedilatildeo do ensino de

Geografia e sua importacircncia nos primeiros anos de escolarizaccedilatildeo

Em seguida o leitor eacute convidado a entender os contextos que influenciaram a

criaccedilatildeo do eixo de pesquisa e estudo chamado de Cartografia Escolar aleacutem disso suas

contribuiccedilotildees para a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica e leitura de mundo dos alunos Mediante

estes apontamentos apresentamos recentes praacuteticas escolares que destacam o uso dos

mapas mentais enquanto um recurso didaacutetico que pode auxiliar as praacuteticas de ensino-

aprendizagem de Geografia

11 SISTEMA EDUCATIVO E ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Atualmente no Brasil a escolarizaccedilatildeo eacute obrigatoacuteria a partir dos seis anos de

idade O curriacuteculo escolar estaacute organizado em nove anos natildeo mais em oito seacuteries

Mudanccedilas no sistema educativo ocorrem desde 1930 quando se pensou pela primeira

vez um programa de poliacutetica educacional para o Brasil legitimado pela nova

Constituiccedilatildeo Federal do Brasil (1934)1 Mudanccedilas significativas para a compreensatildeo do

atual Ensino Fundamental ocorreram nas uacuteltimas deacutecadas as quais satildeo destacadas

Lei nordm 4024 de 20 de dezembro de 19612ndash estabeleceu quatro anos de Ensino

Fundamental

Lei nordm 5692 de 11 de agosto de 19713 - obrigatoriedade do Ensino Fundamental

de oito anos que ficou conhecido como 1ordm e 2ordm grau e posteriormente como

Ensino Fundamental I e II e

Art 32 da LDB (1996) firmada pela resoluccedilatildeo CNE CEB nordm de 0308 2005

oferece o Ensino Fundamental gratuito e obrigatoacuterio com duraccedilatildeo de nove anos

1Mais informaccedilotildees disponiacuteveis em

httpportalmecgovbroption=com_contentampview=articleampid=2ampItemid=171gt acesso em 22 01

2014 2 Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisl4024htmgt acesso em 22 01 2014 3 Disponiacutevel em httpwww010dataprevgovbrsislexpaginas4219715692htmgt acesso em 22 01

2014

25

caracterizado por duas etapas anos iniciais do EF (1ordm ao 5ordm ano) e anos finais

do EF (6ordm ao 9ordm ano)

No seacuteculo XXI o sistema de ensino brasileiro tem como uma das preocupaccedilotildees

o mundo do trabalho e a praacutetica social4 A escolarizaccedilatildeo divide-se em duas etapas

Educaccedilatildeo Baacutesica ndash formada pela Educaccedilatildeo Infantil Ensino Fundamental e Ensino

Meacutedio ndash e Educaccedilatildeo Superior como consta na Lei de Diretrizes e Bases ndash LDB (1996)

nordm 9394 art 21 inciso I e II

De acordo com a LDB (1996) eacute evidente que o conhecimento dos discentes eacute

construiacutedo ao longo do tempo escolar durante a Educaccedilatildeo Baacutesica e possivelmente no

decorrer da Educaccedilatildeo Superior Ao ingressar nos anos iniciais do EF a crianccedila pode ter

passado ou natildeo por uma creche e ou uma escola de Ensino Infantil visto que natildeo satildeo

obrigatoacuterios para formaccedilatildeo escolar brasileira5 Qualquer que seja o caso o aluno possui

conhecimentos e desenvolveu algumas habilidades antes de iniciar os anos iniciais do

EF seja na Educaccedilatildeo Infantil ou junto agrave famiacutelia

Um dos avanccedilos mais recentes na compreensatildeo do iniacutecio do processo de

escolarizaccedilatildeo foi aumentar um ano letivo nos anos iniciais do EF Segundo o

documento ldquoEnsino Fundamental de nove anos passo a passo do processo de

ampliaccedilatildeordquo (BRASIL 2009 p 05) a justificativa para esse aumento no Ensino

Fundamental eacute relativa a trecircs objetivos

a) Melhorar as condiccedilotildees de equidade e de qualidade da Educaccedilatildeo Baacutesica

b) Estruturar um novo ensino fundamental para que as crianccedilas prossigam

nos estudos alcanccedilando maior niacutevel de escolaridade

c) Assegurar que ingressando mais cedo no sistema de ensino as crianccedilas

tenham um tempo mais longo para as aprendizagens da alfabetizaccedilatildeo e

do letramento (BRASIL 2009 p 05)

A primeira observaccedilatildeo a respeito dos trecircs objetivos expostos eacute considerar que a

equidade ou seja a idade correspondente para cada ano escolar esteja em acordo com

proposta da Resoluccedilatildeo CNE CEB nordm 3 03082005 evitando a retenccedilatildeo (reprovaccedilatildeo) do

aluno nos anos iniciais do EF O parecer CNECEB ndeg 7 de 09072007 explica que a

duraccedilatildeo do Ensino Fundamental de nove anos necessita ser pensada pelos educadores

como uma fase de adequaccedilatildeo do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico para a busca do sucesso

4 Lei 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Art 1ordm sect 2ordm 5Segundo a Seccedilatildeo II ldquoDa Educaccedilatildeo Infantilrdquo da LDB arts 29 a 30 eacute garantido pelo municiacutepio a primeira

etapa da educaccedilatildeo baacutesica natildeo obrigatoacuteria para crianccedilas de quatro a seis anos de idade A fase da

educaccedilatildeo infantil natildeo eacute constituiacuteda por uma avaliaccedilatildeo com objetivos de promoccedilatildeo mas do

desenvolvimento fiacutesico psicoloacutegico intelectual e social como consta na lei (BRASIL 2010)

26

escolar dito isso o mesmo documento aponta que reter o aluno durante os anos iniciais

do EF pode resultar na ideia de retrocesso fracasso escolar e gerar desistecircncias por

parte dos alunos (como observado na tabela 01)

TABELA 1 ESTRUTURA DA EDUCACcedilAtildeO BAacuteSICA NO BRASIL

EDUCACcedilAtildeO BAacuteSICA

Educaccedilatildeo

Infantil

Anos iniciais do Ensino Fundamental Anos

finais

do EF

Ensino

Meacutedio I ciclo ou ldquociclo da

infacircnciardquo

II ciclo

Etapa Inf 1 Inf 2 1ordm 2ordm 3ordm 4ordm 5ordm 6ordm ao 9ordm 1ordm ao 3ordm

Idade

4 5 6 7 8 9 10 11 aos

14

15 aos

17

Fonte Resoluccedilatildeo CNE CEB nordm 3 03082005 e CNECEB ndeg 7 de 09072007

Como observado na tabela 1 eacute facultado aos sistemas escolares estruturar os

anos iniciais do EF em ciclos de aprendizagem ndash I ciclo ou ldquociclo da infacircnciardquo (1ordm 2ordm e

3ordm ano) e II ciclo (4ordm e 5ordm ano) ndash utilizando a progressatildeo continuada (BRASIL 2009)

Estruturas como as do apoio pedagoacutegico no contra turno de estudo eacute uma das estrateacutegias

para reduccedilatildeo das dificuldades dos alunos e da sua progressatildeo

Outra estrateacutegia eacute o Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa6 ele eacute um

programa governamental que enfatiza os domiacutenios baacutesicos da leitura escrita e caacutelculo o

objetivo eacute alfabetizar todas as crianccedilas de seis a oito anos de idade periacuteodo relacionado

ao primeiro ciclo O plano tambeacutem investe na formaccedilatildeo continuada de professores que

atuam no primeiro ciclo (1ordm 2ordm e 3ordm ano) da rede baacutesica de ensino atraveacutes de uma

associaccedilatildeo com as universidades federais

Por fim eacute observado que as poliacuteticas educacionais entendem que o aluno de seis

anos jaacute estaacute apto para aprender os conceitos da alfabetizaccedilatildeo letramento7 do

conhecimento loacutegico-matemaacutetico da reflexatildeo e do desenvolvimento psicomotor

Garantir nove anos no Ensino Fundamental eacute possibilitar que o processo de ensino-

aprendizagem comece antes valorizando o processo de alfabetizaccedilatildeo e letramento

constituiacutedos por uma linguagem global que ultrapassa a escrita convencional

6 Para mais informaccedilotildees acessar httppactomecgovbrindexphplt acessado em 02032015 7Entendemos o letramento com uma praacutetica escolar correspondente a leitura e escrita da Liacutengua materna

(portuguesa) e estabelecimento dessa cultura na vida das crianccedilas ou seja do haacutebito do ler e escrever

27

(CALLAI 2005) Aleacutem disso possibilitar uma passagem tranquila entre a educaccedilatildeo

infantil e os anos iniciais do EF

Observa-se entretanto a inexistecircncia de uma poliacutetica nacional de alfabetizaccedilatildeo

para o segundo ciclo e do prosseguimento da linguagem aprendida Outros objetivos

para o Ensino Fundamental como ldquoa compreensatildeo do ambiente natural e social do

sistema poliacutetico da tecnologia das artes e dos valores que se fundamenta a sociedaderdquo

satildeo encontrados no Art 32 Inciso II da LDB (BRASIL 2010 p 47) Neste ponto

buscamos refletir sobre as contribuiccedilotildees do ensino de Geografia Procuramos apontar

alguns caminhos do ensino de Geografia no toacutepico a seguir aproximando-o de uma

concepccedilatildeo de alfabetizaccedilatildeo para aprendizagem do espaccedilo geograacutefico

12 GEOGRAFIA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

As praacuteticas escolares voltadas ao processo de ensino-aprendizagem de Geografia

nos anos iniciais do EF requerem pressupostos baacutesicos que auxiliam o professor nesta

etapa de ensino dessa forma a disciplina pode permitir o alcance dos objetivos

educacionais O processo de alfabetizaccedilatildeo e letramento da liacutengua portuguesa da crianccedila

a alfabetizaccedilatildeo geograacutefica (com os conceitos e princiacutepios da Geografia) alfabetizaccedilatildeo

cartograacutefica (por meio da Cartografia Escolar) e as tendecircncias do ensino (teorias

cognitivas) compotildeem os principais pressuposto para a Geografia

Refletir sobre o ensino-aprendizagem da Geografia nos anos iniciais do EF

tomando como referecircncia tais pressupostos possibilitaraacute a accedilatildeo do professor a mediar agrave

aprendizagem da construccedilatildeo de conceitos geograacuteficos Dessa forma a Geografia seraacute

um conhecimento uacutetil e contextualizado agraves praacuteticas cotidianas dos alunos

desenvolvendo habilidades como localizaccedilatildeo orientaccedilatildeo compreensatildeo da relaccedilatildeo entre

diferentes escalas geograacuteficas aspectos da sociedade e transformaccedilatildeo da natureza

construindo os fundamentos dessa disciplina

A alfabetizaccedilatildeo nos anos iniciais do EF deve considerar as experiecircncias

anteriores dos alunos tanto os conhecimentos adquiridos junto agrave famiacutelia como os

voltados a Educaccedilatildeo Infantil quando a tiver Mas eacute durante o Ensino Fundamental que

haveraacute o iniacutecio de outras teacutecnicas de interpretaccedilatildeo Explica Mendes (2010 p 47) que

ldquopor meio da leitura e da escrita a crianccedila comeccedila gradativamente a se apropriar dos

conhecimentos historicamente construiacutedos pela humanidaderdquo e eacute na escola na maioria

dos casos que a aprendizagem dessas teacutecnicas se realizaraacute

28

Lessan (2011 p 40) afirma que a alfabetizaccedilatildeo eacute um processo complexo longo

e contiacutenuo aleacutem disso a autora destaca que ldquoa tarefa essencial para o professor do

iniacutecio do Ensino Fundamental I eacute ajudaacute-lo [o aluno] a desenvolver o potencial de

expressatildeo oral e enriquecer o vocabulaacuterio antes de ensinar a escreverrdquo portanto a

alfabetizaccedilatildeo natildeo se limita aos primeiros anos do EF mas acompanha o curriacuteculo

escolar durante toda a Educaccedilatildeo Baacutesica

Acreditamos que a linguagem envolve um conteuacutedocontextotema que em

muitos casos eacute perdido pela natildeo compreensatildeo do significado das outras ciecircncias aleacutem

da liacutengua portuguesa no processo de alfabetizaccedilatildeo Borba amp Oliveira (2012 p 119 -

120) afirmam que entre os alunos do curso de Pedagogia eacute comum a compreensatildeo da

Geografia enquanto disciplina de memorizaccedilatildeo enumeraccedilatildeo classificatoacuteria e descritiva

ademais em muitos casos esses alunos ldquo[] apresentam dificuldades de entendimento

dos conceitos e procedimentos baacutesicos []rdquo da ciecircncia geograacutefica Perceber a Geografia

enquanto uma disciplina enciclopeacutedica diminui portanto a perspectiva de um trabalho

que agregue significado a palavra aprendida

Por outro lado natildeo eacute novidade para a educaccedilatildeo as contribuiccedilotildees da Geografia no

processo didaacutetico Os Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCN) de Geografia para os

anos iniciais do EF contribuem para a compreensatildeo dessa ciecircncia realizando um resgate

histoacuterico epistemoloacutegico aleacutem de contribuir com orientaccedilotildees teoacuterico-metodoloacutegicas da

Geografia para o ensino explica Borba amp Oliveira (2012) Os PCN (BRASIL 1997 p

74) entendem que

A Geografia estuda as relaccedilotildees entre o processo histoacuterico que regula a

formaccedilatildeo das sociedades humanas e o funcionamento da natureza por meio

da leitura do espaccedilo geograacutefico e da paisagem [] a Geografia tem que

trabalhar com diferentes noccedilotildees espaciais e temporais bem como com os

fenocircmenos sociais culturais e naturais que satildeo caracteriacutesticos de cada

paisagem para permitir uma compreensatildeo processual e dinacircmica de sua

constituiccedilatildeo

Como parte do curriacuteculo escolar a Geografia pode auxiliar na alfabetizaccedilatildeo do

aluno pois de acordo com Straforini (2008 p 120)

[] eacute um meio de enriquecer o processo de alfabetizaccedilatildeo porque eacute no espaccedilo

geograacutefico que as crianccedilas tecircm as muacuteltiplas possibilidades da realidade Eacute

nele que a vida se faz Assim eacute no espaccedilo geograacutefico que as crianccedilas buscam

e encontram os siacutembolos e os seus significados

Autores como Straforini (2008) Mendes (2010) Lessan (2011) Castrogiovanni

amp Costella (2006) concordam que a alfabetizaccedilatildeo natildeo se limita a decifrar o coacutedigo da

liacutengua materna mas na possibilidade de relacionaacute-la a tomada de decisotildees referentes ao

29

espaccedilo geograacutefico A relaccedilatildeo entre a alfabetizaccedilatildeo e o ensino de Geografia eacute entendida

por diferentes sinocircnimos ldquoAlfabetizaccedilatildeo em Geografiardquo como destaca Castellar (2000)

ldquoAlfabetizaccedilatildeo espacialrdquo retratado por Callai (2005) ou ainda ldquoAlfabetizaccedilatildeo

Geograacuteficardquo explicado por Borba amp Oliveira (2012)

A alfabetizaccedilatildeo geograacutefica aproxima os conteuacutedos temas e conceitos da

Geografia com uma leitura que natildeo se restringe aos procedimentos de escrita e leitura

textual ldquo[] tem por objetivo formar para a cidadania a partir dos elementos proacuteximos

do aluno e das interfaces local-globalrdquo (BORBA amp OLIVEIRA 2012 p 128)

Jaacute a constituiccedilatildeo da Alfabetizaccedilatildeo Geograacutefica por sua vez surge como processo

de ldquoalfabetizaccedilatildeo cartograacuteficardquo que ldquo[] permite uma alfabetizaccedilatildeo geograacutefica mais

eficiente mediante o desenvolvimento das habilidades operatoacuterias tiacutepicas do trabalho de

representaccedilatildeo graacutefica [uso da linguagem cartograacutefica]rdquo (CASTELLAR 2000 p 29)

Quando relacionamos essas trecircs concepccedilotildees de Alfabetizaccedilatildeo (Alfabetizaccedilatildeo da

liacutengua alfabetizaccedilatildeo geograacutefica e alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica) nos anos iniciais do EF

ampliamos a possibilidade de uma aprendizagem que considera o mundo e seu contexto

geograacutefico e histoacuterico Isto por sua vez ultrapassa a ideia da leituraescrita como

habilidade mecacircnica a alfabetizaccedilatildeo do ler e escrever (inclusive por mapas) eacute um meio

para a desenvolvimento do espiacuterito de cidadania e na reflexatildeo sobre o quecirc por quecirc e

para que se lecirc e escreve

Como eixo de articulaccedilatildeo entre as concepccedilotildees destacadas no paraacutegrafo anterior

destacamos Callai (2005) que reflete sobre o exerciacutecio de alfabetizaccedilatildeo pelas crianccedilas

nomeando o processo de ldquoleitura de mundordquo Os estudos de Callai (2005 2013)

consideram a importacircncia da clareza do professor ao ensinar Geografia apontando trecircs

razotildees (1) corresponde ao conhecimento do mundo e as informaccedilotildees pertencentes a ele

(2) conhecer o espaccedilo produzido pelo homem e (3) contribuir para a formaccedilatildeo do

cidadatildeo

Entender a leitura de mundo eacute considerar que desde o nascimento a crianccedila

adquire experiecircncias espaciais e que elas possibilitam a superaccedilatildeo dos obstaacuteculos

desvendando pouco a pouco a visatildeo linear a respeito do mundo Por meio da realidade

vivida cotidianamente ela avanccedila no reconhecimento da percepccedilatildeo e complexidade do

mundo (CALLAI 2005)

No processo de leitura de mundo a crianccedila desenvolve tambeacutem representaccedilotildees

espaciais estas por conseguinte se aproximam da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica Lessan

(2011 p 58) compreende que ldquorepresentar eacute essencial para adquirir conhecimentos

30

uma vez que qualquer conhecimento passa por uma representaccedilatildeo mental para que a

imagem mental possa ser assimiladardquo logo o espaccedilo vivido percebido imaginado e

concebido satildeo modos de pensar a vida cotidiana Katuta (2001 p 179) corrobora com

esta discussatildeo apontando que

A humanidade desde os seus primoacuterdios segundo consta em vaacuterios

documentos sempre representou seu espaccedilo vivido Por isso ao longo da

construccedilatildeo histoacuterica do que hoje denominamos grosso modo por

representaccedilotildees cartograacuteficas verificamos vaacuterias tentativas de se representar

saberes sobre os territoacuterios

Dentre as vaacuterias descobertas pelo homem sobre a representaccedilatildeo do espaccedilo

vivido citamos como exemplo os estudos de Claval (2011) que relatam que na Greacutecia

antiga por volta do seacuteculo V a C pensadores como Heroacutedoto Hiparco e Ptolomeu jaacute

recorriam aos campos da matemaacutetica astronomia e astrologia para estabelecer

representaccedilotildees da Terra calcular dimensotildees e registrar fenocircmenos geograacuteficos

observados Desse modo eacute niacutetido que as representaccedilotildees natildeo se apresentam de forma

linear tampouco desarticulada do mundo A dimensatildeo espacial histoacuterica e cultural

auxilia a construccedilatildeo dos significados sobre os lugares e as comunidades que nela

habitam

Contudo a educaccedilatildeo escolar natildeo pode basear-se apenas nas experiecircncias vividas

dos alunos Dessa forma segundo Cavalcanti (2014) o que se apresenta como proposta

para a praacutetica do ensino de Geografia eacute a reflexatildeo sobre a espacialidade explica a autora

que eacute papel desta ciecircncia

[] prover bases e meios de desenvolvimento e ampliaccedilatildeo da capacidade dos

alunos de apreensatildeo da realidade do ponto de vista da espacialidade ou seja

de compreensatildeo do papel do espaccedilo nas praacuteticas sociais e destas na

configuraccedilatildeo do espaccedilo [] o pensar geograacutefico contribui para a

contextualizaccedilatildeo do proacuteprio aluno como cidadatildeo do mundo em que vive

desde a escala local agrave regional nacional e mundial O conhecimento

geograacutefico eacute pois indispensaacutevel agrave formaccedilatildeo de indiviacuteduos participantes da

vida social agrave medida que propicia o entendimento do espaccedilo geograacutefico e do

papel desse espaccedilo nas praacuteticas sociais (CAVALCANTI 2014 p 11)

De acordo com a citaccedilatildeo apresentada compreendemos que o conhecimento

cientiacutefico de Geografia deve ser primordialmente ensinado no espaccedilo escolar

Conceitos geograacuteficos como espaccedilo territoacuterio regiatildeo lugar cotidiano paisagem entre

outros satildeo pautas do curriacuteculo escolar devendo estar articulados a temas e

metodologias de trabalho para que o aluno reflita e se identifique enquanto cidadatildeo

participando e construindo sua identidade

31

O conceito de lugar eacute uma das referecircncias para o ensino de Geografia nos anos

iniciais do EF Conforme os PCN o lugar consiste na dimensatildeo espacial mais proacutexima

do aluno onde constroacutei sua relaccedilatildeo de identidade O documento tambeacutem argumenta que

o ldquo[] lugar traduz os espaccedilos com os quais as pessoas tecircm viacutenculos mais afetivos e

subjetivos que racionais e objetivos []rdquo (BRASIL 1997 p 76)

Nessa mesma linha de raciociacutenio afirma Tuan (1983) que a experiecircncia constroacutei

a realidade segundo ele a praacutetica cotidiana permite aos sujeitos acumular informaccedilotildees

ao longo do tempo construindo memoacuterias estabelecendo laccedilos afetivos com o espaccedilo

Assim a experiecircncia implica a capacidade de aprender significa atuar sobre

o dado e criar a partir dele O dado natildeo pode ser construiacutedo em sua essecircncia

O que pode ser conhecido eacute uma realidade que eacute construto da experiecircncia

uma criaccedilatildeo de sentimento e pensamento (TUAN 1983 p 10)

Eacute necessaacuterio compreender que a praacutetica o contato direto com o espaccedilo permite

segundo os apontamentos de Tuan as possibilidades para construccedilatildeo do conceito de

lugar Diante disso Callai (2005 p 240) admite que ldquoler o mundo a partir do lugar eacute o

desafiordquo Mediante os apontamentos realizados por Tuan (1983) e Callai (2005)

reconhecemos a importacircncia da realidade concreta do espaccedilo vivido do aluno como

ponto de partida para a leitura de mundo Desta forma precisamos entender que o lugar

[] natildeo eacute apenas um quadro de vida mas um espaccedilo vivido isto eacute de

experiecircncia sempre renovada o que permite ao mesmo tempo a reavaliaccedilatildeo

das heranccedilas e a indagaccedilatildeo sobre o presente e o futuro A existecircncia naquele

espaccedilo exerce um papel revelador sobre o mundo (SANTOS 2006 p 114)

Em outro texto Santos (2009) esclarece que a discussatildeo do conceito de lugar

deve ser compreendida mediante o processo de globalizaccedilatildeo apontando que fenocircmenos

poliacuteticos econocircmicos e ou sociais contribuem para definir o contexto histoacuterico

espacial e cultural dos lugares Desta forma cabe ao professor compreender que natildeo haacute

dois lugares no mundo totalmente idecircnticos mas que podem conter traccedilos semelhantes

e que todo lugar faz parte de um contexto da totalidade espacial

Autores como Lessan (2011) Mendes (2010) e Campos amp Buitoni (2010)

relatam que eacute necessaacuterio que as atividades relacionadas agrave construccedilatildeo dos conceitos pelos

alunos tenham como ponto de partida o espaccedilo vivido e desenvolva exerciacutecios de

observaccedilatildeo descriccedilatildeo levantamento de hipoacuteteses e explicaccedilotildees comparaccedilatildeo

representaccedilatildeo interpretaccedilatildeo e pesquisa sobre o tema estudado Segundo Mendes (2010

p 52 - 53) eacute possiacutevel considerar que

32

[] nos anos iniciais do Ensino Fundamental eacute possiacutevel ldquolevar o mundordquo

para a sala de aula criando uma interaccedilatildeo do aluno com aspectos de outros

lugares e a observaccedilatildeo de diferentes paisagens do Planeta possibilitando a

ele perceber que a geografia estaacute inserida em vaacuterias situaccedilotildees do dia a dia

Argumenta Callai (2005) Straforini (2008) Mendes (2010) e Lessan (2011) que

mesmo sendo necessaacuterio iniciar o trabalho a partir do espaccedilo de vivencia do aluno (o

lugar) natildeo devemos nos reduzir a essa escala de anaacutelise Aleacutem disso os autores apontam

que a escala natildeo deveria se restringir a meacutetodos que organizem os conteuacutedos mediante

propostas dos ciacuterculos concecircntricos (que discutem as escalas casa ndash bairro ndash municiacutepio

ndash estado ndash paiacutes e mundo isoladamente) mas mediante o contexto dos conteuacutedos e

objetivos propostos pelo professor

Neste sentido o processo de construccedilatildeo de conceitos eacute para Straforini (2008 p

92) entender que o espaccedilo geograacutefico eacute composto por diferentes escalas que natildeo satildeo

uacutenicas ou isoladas pois ldquo[] eacute impossiacutevel esconder das crianccedilas o mundo quando as

informaccedilotildees lhes satildeo passadas no exato instante do seu acontecimentordquo8 Observamos

em nosso contexto de pesquisa que o professor apoacutes contextualizar a noccedilatildeo de lugar

com o aluno pode levantar outras provocaccedilotildees apresentando outras escalas geograacuteficas

como a regional questionando e mediando o aluno a pensar sobre o mundo construindo

uma reflexatildeo criacutetica do espaccedilo

Ao levarmos em consideraccedilatildeo este argumento observamos que as orientaccedilotildees

didaacuteticas nacionais tambeacutem indicam o trabalho com outros conceitos Os PCN destacam

entre seus objetivos comuns para as aulas de Geografia e Histoacuteria ldquoconhecer

caracteriacutesticas fundamentais do Brasil nas dimensotildees sociais materiais e culturais como

meio para construir progressivamente a noccedilatildeo de identidade nacional e pessoal e o

sentimento de pertinecircncia ao Paiacutesrdquo (BRASIL 1997 p 09)

Recorrer a outras escalas de compreensatildeo permite natildeo nos reduzirmos ao

imediato local entendendo que

A crianccedila faz parte do mundo e os lugares por mais distantes que sejam por

fazerem parte da histoacuteria familiar e cultural do aluno podem natildeo ser

abstratos [] desse modo ao observar uma foto ou ver televisatildeo uma

paisagem por exemplo mesmo sem conhecer fisicamente o lugar a crianccedila

pode identificar aspectos de sua organizaccedilatildeo espacial Trabalhando nesta

8 Em decorrecircncia das miacutedias como a televisatildeo o raacutedio e a internet as informaccedilotildees de diferentes partes

mundo satildeo dadas mas isso natildeo corresponde necessariamente a um conhecimento acerca de tal

fenocircmeno A escola pode contextualizar a notiacutecia e evidenciar as possibilidades de aprendizagem acerca

do fato

33

perspectiva o ensino de geografia possibilita ao educando sentir-se

pertencente a um lugar que eacute resultado das relaccedilotildees entre sociedade e

natureza formando um todo do qual ele proacuteprio faz parte e no qual suas

accedilotildees interferem (MENDES 2010 p 53)

Ao trabalhar com os princiacutepios do conceito de regiatildeo por exemplo o aluno pode

adquirir habilidades essenciais para o desenvolvimento de sua aprendizagem A este

respeito Campos amp Buitoni (2010 p 89) afirmam que

Pensar a regiatildeo [] implica raciocinar sobre ldquoum recorte uma porccedilatildeo do

espaccedilo terrestrerdquo um ldquosubespaccedilo de gestatildeo territorialrdquo ldquoum espaccedilo marcado

por relaccedilotildees cotidianasrdquo ldquoum espaccedilo vivido que se apoia em sua construccedilatildeo

material e nas relaccedilotildees com o entornordquo ou outras concepccedilotildees conforme o

objetivo do estudo (acadecircmico escolar ou planejamento) e os pressupostos

teoacuterico-metodoloacutegicos adotados

Entende-se desse modo a que o lugar tambeacutem eacute uma construccedilatildeo histoacuterica que

natildeo se restringe a sua escala de compreensatildeo dessa forma ao longo do percurso dos

anos iniciais do EF mais precisamente no segundo ciclo os alunos poderatildeo reconhecer

mudanccedilas e permanecircncias espaccedilo-temporais em escalas diversas permitindo construir

habilidades como ldquoentender a distribuiccedilatildeo espacial das principais elementos do espaccedilo

(regiotildees estado)rdquo (LESSAN 2011 p 79)

Ainda em se tratando desse assunto Campos amp Buitoni (2010) afirmam que a

construccedilatildeo da noccedilatildeo de conceitos como regiatildeo eacute um processo contiacutenuo que natildeo se

restringe aos anos iniciais do EF Deste modo o aluno constroacutei definiccedilotildees provisoacuterias

do conceito pensando o uso do conceito de lugar e regiatildeo de acordo com as

possibilidades cognitivas da situaccedilatildeo escolar e do contexto do tema discutido

Desse modo o ensino de Geografia nos anos iniciais do EF tem a possibilidade

de integrar trecircs concepccedilotildees de alfabetizaccedilatildeo (da liacutengua geograacutefica e cartograacutefica) cada

uma delas articulada a uma base comum que eacute a leitura de mundo Entendemos que

esse processo pode iniciar-se por qualquer um dos tipos de alfabetizaccedilatildeo destacado

Pretendemos no proacuteximo toacutepico esclarecer o que eacute a Cartografia Escolar e

posteriormente nossa compreensatildeo acerca da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica e seu auxiacutelio

nas aulas de Geografia no intuito de promover um melhoramento qualitativo nos iacutendices

de aprendizagem dos educandos envolvidos no processo bem como refletir sobre o

papel do educador no mesmo

34

13 CARTOGRAFIA ESCOLAR E SEUS CONTEXTOS NO ENSINO DE

GEOGRAFIA

Desde os primeiros registros encontrados pelos historiadores sobre o

desenvolvimento humano vaacuterios foram os desenhos encontrados que remontam agrave

percepccedilatildeo sobre a representaccedilatildeo do espaccedilo geograacutefico Francischett (2004) comenta que

a arte de traccedilar mapas iniciou-se no seacuteculo VI a C com funccedilotildees voltadas a navegaccedilatildeo e

militar Jolly (1990) por sua vez argumenta por meio da definiccedilatildeo adotada pela

Associaccedilatildeo Cartograacutefica Internacional que a Cartografia eacute um conjunto de operaccedilotildees

cientiacuteficas artiacutesticas e teacutecnicas que possibilita a elaboraccedilatildeo de mapas planos e outros

meios de representaccedilatildeo da superfiacutecie terrestre

Jolly (1990) e Fitz (2008) consideram a Cartografia como uma ciecircncia de

seleccedilatildeo organizaccedilatildeo e sistematizaccedilatildeo de informaccedilotildees relacionadas ao espaccedilo

geograacutefico utilizada para diferentes fins Foram justamente estes avanccedilos tecnoloacutegicos

que permitiram ampliar os conhecimentos sobre a forma e dimensatildeo da Terra Aleacutem

disso percebemos que muitos princiacutepios baacutesicos satildeo utilizados ainda hoje a exemplo da

localizaccedilatildeo orientaccedilatildeo e escala (dimensatildeo) da representaccedilatildeo do espaccedilo real O mapa

demonstra uma das possiacuteveis imagens do terreno Em siacutentese ldquo[] eacute uma simplificaccedilatildeo

da realidaderdquo (JOLLY 1990 p 07)

Atualmente estaacute ciecircncia eacute um importante eixo de pesquisa e estudo relacionado

ao ensino de Geografia denominado de Cartografia Escolar Tambeacutem conhecida como

Cartografia para crianccedilas e escolares a Cartografia Escolar tecircm como diferencial a

constituiccedilatildeo de um saber que articula as aacutereas da Cartografia Educaccedilatildeo e Geografia

(ALMEIDA 2011) Eacute evidente sua presenccedila em livros didaacuteticos e paradidaacuteticos de

Geografia nos documentos e orientaccedilotildees pedagoacutegicas brasileiras como os Paracircmetros

Curriculares Nacionais ndash PCN (1997)

Uma das questotildees fundamentais para se compreender as propostas relacionadas

agrave Cartografia Escolar eacute identificar diferenccedilas correspondentes ao uso e interpretaccedilatildeo dos

mapas pelas crianccedilas e adultos De acordo com Oliveira (1978) haacute uma grande

importacircncia no desenvolvimento da Cartografia ao longo da histoacuteria humana aleacutem

disso indaga sobre a utilizaccedilatildeo dos mapas na escola e a realizaccedilatildeo de materiais

cartograacuteficos realizados por adultos para a interpretaccedilatildeo pelas crianccedilas

A tese de livre docecircncia de Oliveira (1978) ldquoEstudo metodoloacutegico e cognitivo do

mapardquo aproxima o puacuteblico da Teoria Cognitiva ou Epistemologia Geneacutetica de Piaget e

35

seus colaboradores contribui com estudos de autores norte - americanos e europeus que

em meados de 1980 natildeo eram acessiacuteveis a classe de professores brasileiros

Uma das grandes contribuiccedilotildees dos estudos de Oliveira (1978) encontra-se nos

mecanismos perceptivos e cognitivos das crianccedilas e aponta que o ato de mapear

possibilita a preparaccedilatildeo do aluno para compreensatildeo de mapas

Ao longo das uacuteltimas deacutecadas a Cartografia Escolar apresenta-se entre um dos

significativos nuacutecleos de pesquisa voltado ao Ensino de Geografia no Brasil A

investigaccedilatildeo de Pinheiro (2005) cataloga dissertaccedilotildees e teses relacionadas ao Ensino de

Geografia e demonstra as temaacuteticas de pesquisa entre o periacuteodo 1967 a 2003 As

representaccedilotildees espaciais (trabalhos correspondentes a Cartografia Escolar) constituem

no feixe temporal supramencionado um expressivo nuacutemero de trabalhos o maior

registrado A Figura 01 sintetiza esta informaccedilatildeo

FIGURA 01 - FOCOS TEMAacuteTICOS DE PESQUISAS REALIZADAS NA AacuteREA DE

GEOGRAFIA ESCOLAR (1967 ndash 2003)

Fonte PINHEIRO 2005 p 81

Observamos que dos 281 trabalhos apresentados entre dissertaccedilotildees e teses 49

correspondem agraves representaccedilotildees espaciais As pesquisas desenvolvidas referendam

teacutecnicas e metodologias como mapas graacuteficos atlas loacutegica de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

espacial que natildeo se restringem a educaccedilatildeo formal (escolar) Investigam as

representaccedilotildees e percepccedilotildees do espaccedilo geograacutefico por crianccedilas e jovens diferenciando-

se em seus meacutetodos de investigaccedilatildeo (PINHEIRO 2005)

39 4038

31 31

2119 20

14 15

910

52

6 53 2

04

2 1

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

Mestrado

Doutorado

36

Apontamos que a discussatildeo estabelecida por Oliveira (1978) contribuiu para esta

reflexatildeo do mapa natildeo como instrumento mnemocircnico (por meio do simples decalque

pintura e lista de nomes de cidades ou paiacuteses) permitindo que outros autores

progredissem na investigaccedilatildeo do ensino do mapa como recurso para o raciociacutenio

geograacutefico popularizando-o

O mapa dessa maneira ganha status como recurso didaacutetico nas atividades

relacionadas agrave Geografia em sala de aula Eacute inserido no curriacuteculo escolar assim como eacute

introduzido nos cursos de formaccedilatildeo de professores de Geografia e Pedagogia atribui-se

significantes avanccedilos no campo do ensino de Geografia (FRANCISCHETT 2004

ALMEIDA amp PASSINI 2010 RICHTER 2010)

Neste sentido questionamos por que utilizar os mapas no ensino-aprendizagem

de Geografia Em que estes estudos contribuem para esse processo Para Oliveira

(1978) o mapa deve ser compreendido atraveacutes de sua abordagem geograacutefica Nestas

condiccedilotildees eacute fundamental responder a questatildeo onde Que se desdobra em outras quatro

perguntas a saber O quecirc Quando Como E por quecirc

A geografia como toda ciecircncia tem por tarefa descrever analisar e predizer

os acontecimentos terrestres A descriccedilatildeo anaacutelise ou prediccedilatildeo geograacutefica dos

fenocircmenos eacute sempre realizada tendo em vista as suas coordenadas espaciais

Como o conceito geograacutefico de espaccedilo coincide com o de toda Terra o

geoacutegrafo teve necessidade de recorrer agrave representaccedilatildeo da superfiacutecie terrestre

para realizar seus estudos (OLIVEIRA 1978 p 17)

Sobre as finalidades do mapa satildeo destacados inuacutemeros usos os quais se destaca

o da localizaccedilatildeo a relaccedilatildeo espacial visto que ldquoa necessidade de localizar-se e orientar-se

se manifesta em termos de defesa seguranccedila e movimentaccedilatildeordquo (OLIVEIRA 1978 p

19) O mapa eacute tratado nesta perspectiva como uma forma de comunicaccedilatildeo graacutefica

constituiacutedo por uma linguagem proacutepria de comunicaccedilatildeo de expressatildeo espacial de

determinado objeto de estudo a linguagem cartograacutefica

Trabalhos posteriores a exemplo de Almeida amp Passini (2010) discutem o

desenvolvimento das garatujas rabiscos das crianccedilas para a representaccedilatildeo espacial O

reconhecimento dos traccedilados e formas geomeacutetricas (ciacuterculo quadrado retacircngulo e

triacircngulo) e espaciais (casa aacutervore praccedila figuras humanas etc) eacute interpretes da

percepccedilatildeo dos alunos Essa compreensatildeo eacute importante para o processo de

desenvolvimento metodoloacutegico do mapa Agora o aluno natildeo eacute visto apenas como um

leitor de mapas mas um produtor de mapa Considera-se o espaccedilo dialoacutegico em que o

conhecimento eacute produzido internalizado e socializado

37

Ao mapear o estudante desenvolve habilidades como o ato de observar

representar comparar sintetizar interpretar e verbalizar Estas seriam algumas

capacidades dos alunos em mobilizar suas habilidades (saber fazer) seus conhecimentos

geograacuteficos e suas atitudes (saber ser) para solucionar determinadas situaccedilotildees

problemas agrave qual poderemos entender por competecircncias (ANDREIS 1999)

A linguagem cartograacutefica como aponta os PCN (1997)

[] eacute uma forma de atender a diversas necessidades das mais cotidianas

(chegar a um lugar que natildeo se conhece entender o trajeto dos mananciais

por exemplo) agraves mais especiacuteficas (como delimitar aacutereas de plantio

compreender zonas de influecircncia do clima) A escola deve criar

oportunidades para que os alunos construam conhecimentos sobre essa

linguagem nos dois sentidos como pessoas que representam e codificam o

espaccedilo e como leitores das informaccedilotildees expressas por ela

Destarte fica niacutetida a importacircncia da articulaccedilatildeo dos conhecimentos de

Geografia apreendidos com a vivecircncia dos alunos representados por meio dos mapas

Aleacutem disso percebemos que as necessidades cotidianas natildeo se restringem aos

conhecimentos relacionados ao espaccedilo vivido mas de todas as relaccedilotildees estabelecidas

com o mundo enfatizando a relaccedilatildeo lugar - mundo em sua totalidade Ler representar e

codificar elementos do espaccedilo eacute um processo dialeacutetico para o desenvolvimento

cognitivo dos alunos como veremos no proacuteximo item

131As propostas de Piaget voltada a Cartografia Escolar

O desenvolvimento do trabalho de Piaget (2007) privilegiou estudos sobre o

processo de aprendizagem considerando a influecircncia do meio externo A progressatildeo de

suas pesquisas ocorre em uma eacutepoca em que as teorias associacionistas e empiristas

destacavam os estiacutemulos do ambiente como atitude do desenvolvimento da experiecircncia

humana Investigou a capacidade da construccedilatildeo do conhecimento cientiacutefico e como a

aprendizagem se altera no decorrer da vida humana

Em busca de suas respostas realiza trabalhos com diferentes colaboradores

desenvolvendo uma teoria cognitiva9 Estes trabalhos por sua vez reconhecem o papel

9Bock Furtado amp Teixeira (2008 p 134) consideram a cogniccedilatildeo enquanto um ldquoProcesso atraveacutes do qual

o mundo de significados tem origem Agrave medida que o ser se situa no mundo estabelece relaccedilotildees de

significaccedilotildees isto eacute atribui significados agrave realidade em que se encontra Esses significados natildeo satildeo

entidades estaacuteticas mas pontos de partida para a atribuiccedilatildeo de outros significados Tem origem entatildeo a

38

da organizaccedilatildeo proacutepria dos sujeitos a experiecircncia sensiacutevel onde os estiacutemulos do meio

conduziriam a atividade interna dos indiviacuteduos Nestes termos

[] a inteligecircncia eacute uma adaptaccedilatildeo ndash eacute assimilaccedilatildeo pois incorpora dados da

experiecircncia do indiviacuteduo e eacute ao mesmo tempo acomodaccedilatildeo uma vez que o

sujeito modifica suas estruturas mentais para incorporar os novos elementos

da experiecircncia (BOCK FURTADO amp TEIXEIRA 2008 p 134)

Percebe-se portanto que o saldo das trocas dialeacuteticas entre indiviacuteduo e ambiente

possibilitaria o desenvolvimento da inteligecircncia ao longo da vida Piaget (2007)

estabelece trecircs niacuteveis sensoriomotores ndash preacute-operatoacuterio operatoacuterio e operaccedilotildees formais

ndash indicando a adaptaccedilatildeo do sujeito inicialmente por seus instintos de sobrevivecircncia e

posteriormente pela construccedilatildeo gradual mediante a experiecircncia

Piaget (2007) desenvolve inuacutemeros estudos entre eles sobre a linguagem e

pensamento inteligecircncia raciociacutenio aprendizagem e conhecimento e construccedilatildeo do

espaccedilo Entre todas estas investigaccedilotildees a uacuteltima citada estaacute relacionada agrave gecircnese da

representaccedilatildeo espacial a partir de uma perspectiva matemaacutetica e geomeacutetrica do espaccedilo

O trabalho escrito por Piaget amp Inhelder (1993) consiste na principal base teoacuterica para

os estudos relacionados agrave Cartografia Escolar

Esta abordagem repercute ateacute hoje a exemplo dos estudos de Almeida amp Passini

(2010) e Ribeiro amp Marques (2001) para o processo de construccedilatildeo e compreensatildeo dos

mapas no Ensino Fundamental Foi por meio das relaccedilotildees espaciais tambeacutem conhecidas

por noccedilotildees espaciais topoloacutegicas projetivas e euclidianas que se propuseram

metodologias e didaacuteticas voltadas ao ensino-aprendizagem de Geografia

Em siacutentese a relaccedilatildeo topoloacutegica eacute desenvolvida quando haacute propostas para a

fundamentaccedilatildeo de atividade no que se refere agrave identificaccedilatildeo de posiccedilotildees e referenciais

elementares ou seja empregada uma das principais funccedilotildees da representaccedilatildeo

cartograacutefica a localizaccedilatildeo

Ribeiro amp Marques (2001 p 59) enfatizam que ldquoa princiacutepio o espaccedilo eacute para a

crianccedila apenas o espaccedilo da accedilatildeo um espaccedilo praacutetico que se manifesta atraveacutes de suas

accedilotildeesrdquo Normalmente desenvolve-se nesta fase atividades que exercite experiecircncias

corporais enfatizando relaccedilotildees como dentro fora perto longe agrave frente atraacutes etc10

estrutura cognitiva (os primeiros significados) constituindo-se nos lsquopontos baacutesicos de ancoragemrsquo dos

quais derivam outros significadosrdquo 10Castrogiovanni amp Costella (2006) Almeida amp Passini (2010) Passini (2010) propotildeem diferentes

atividades que auxiliam a construccedilatildeo destas noccedilotildees pelas crianccedilas

39

As propostas associadas agraves relaccedilotildees projetivas favoreceriam a percepccedilatildeo da

mudanccedila de perspectiva sobre o objeto observado influenciando a grafia do objeto

quando desenhado O mesmo objeto pode ser percebido em sua dimensatildeo (ou ponto de

vista) lateral vertical ou obliacutequo

Por convenccedilatildeo o mapa existente eacute geralmente representado verticalmente

Segundo Richter (2004 p 68) as ldquo[] noccedilotildees projetivas visa colaborar na compreensatildeo

das perspectivas e projeccedilotildees que o mapa possui demonstrando para o aluno que as

representaccedilotildees cartograacuteficas respeitam a perspectiva utilizadardquo Nestas condiccedilotildees a

proposta eacute que todos os elementos a serem representados obedeccedilam a uma soacute

perspectiva a vertical

Passini (2012) esclarece que as relaccedilotildees euclidianas correspondem agrave introduccedilatildeo

em medidas de tamanho e proporcionalidade No mapa corresponde agrave escala espacial e

numeacuterica ndash relaccedilatildeo entre o real (dimensatildeo espacial) e o abstrato (representaccedilatildeo)

Partindo do estudo de Almeida amp Passini (2010) podemos ainda concluir que para o

mapa esta relaccedilatildeo possibilita o envolvimento da perspectiva e coordenadas geograacuteficas

no plano espacial localizando e orientando por meio de referenciais abstratos

O processo metodoloacutegico de elaboraccedilatildeo do mapa pela crianccedila estaacute

contextualizado nas relaccedilotildees espaciais Segundo a perspectiva piagetiana elas

repercutem no processo metodoloacutegico de desenvolvimento de recursos cartograacuteficos

(croquis desenhos mapas e maquetes) Com a intenccedilatildeo de correlacionar as propostas

metodoloacutegicas para a construccedilatildeo do mapa ao ensino de Geografia elaboramos o Quadro

01 Ele sintetiza por meio da visatildeo de alguns autores a leitura piagetiana para cada

fase atividades relacionadas agrave Cartografia Escolar conteuacutedos e as relaccedilotildees espaciais

40

QUADRO 1 - OPERACcedilOtildeES MENTAIS PARA O DESENVOLVIMENTO DA LEITURA DE MAPAS

PERIacuteODOS DE DESENVOLVIMENTO COGNITIVO RELACcedilOtildeES ESPACIAIS ELEMENTOS

CARTOGRAacuteFICOS

ATIVIDADES RELACIONADAS Agrave

CARTOGRAFIA ESCOLAR

PREacute-OPERATOacuteRIO

Primeiras noccedilotildees espaciais

Construccedilatildeo via sentidos atraveacutes de um contato direto

com o objeto

RELACcedilAtildeO SIGNIFICANTE

SIGNIFICADO

Siacutembolos e legendas

Mapa do corpo (onde os alunos podem

mapear o proacuteprio corpo em uma folha de

papel)

Banho de papel

OPERATOacuteRIO

Iniacutecio do aparecimento da funccedilatildeo simboacutelica

Utilizaccedilatildeo de representaccedilotildees

Aparecircncia dos fenocircmenos

Representaccedilotildees estatiacutesticas (a crianccedila natildeo consegue

refazer a ordem inversa dos acontecimentos)

RELACcedilOtildeES TOPOLOacuteGICAS

Vizinhanccedila proximidade

separaccedilatildeo envolvimento

interioridade exterioridade

Limites e fronteiras

Realizaccedilatildeo de maquetes

Planta da sala de aula

Trajeto casa-escola Noccedilotildees de esquerda e direita satildeo consideradas apenas

do ponto de vista do observador

Representaccedilotildees dinacircmicas (representam tambeacutem em

ordem inversa)

OPERACcedilOtildeES FORMAIS

Localiza quando o objeto estaacute agrave sua direita ou agrave direita

do outro

Introduccedilatildeo da noccedilatildeo de perspectiva

RELACcedilOtildeES PROJETIVAS

Esquerda direita em cima

embaixo agrave frente atraacutes

Escala e coordenadas

geograacuteficas Orientaccedilatildeo espacial (A partir do sol ou

buacutessola)

Realizaccedilatildeo de plantas ndash mapas de grande

escala - mediante fita meacutetrica e reacutegua

Analise na completa ausecircncia do objeto

Passagem da accedilatildeo agrave operaccedilatildeo

Considera que os objetos estatildeo agrave esquerda - direita uns

dos outros

Superaccedilatildeo egocentrismo - descentralizaccedilatildeo

RELACcedilOtildeES EUCLIDIANAS

Relaccedilotildees meacutetricas comprimento

altura largura

Sistema de coordenadas

Projeccedilotildees cartograacuteficas e

orientaccedilatildeo geograacutefica

Fonte PASSINI apud RICHTER (2010) p 44 - 45 RIBEIRO amp MARQUES (2001) CASTROGIOVANNI amp COSTELLA (2006) ALMEIDA amp PASSINI (2010)

PASSINI (2012)

41

Eacute observado no quadro 01 (p 40) que para cada periacuteodo de desenvolvimento

cognitivo dos alunos haacute intenccedilotildees no que se refere ao desenvolvimento de relaccedilotildees

espaciais e elementos cartograacuteficos Passini apud Richter (2010) e Passini (2012)

destacam elementos cartograacuteficos e atividades didaacuteticas para a construccedilatildeo das relaccedilotildees

espaciais outros autores indicam atividades praacuteticas a exemplo do mapa do corpo

apresentado por Almeida amp Passini (2010) ou banho de papel por Castrogiovanni amp

Costella (2006)

No que se refere aos elementos apresentados no quadro 01 (p 40) o primeiro

periacuteodo de desenvolvimento cognitivo (preacute-operatoacuterio) indica a relaccedilatildeo entre a

representaccedilatildeo do corpo da crianccedila (significante - siacutembolo) e o corpo humano

(significado ndash o que o siacutembolo representa) possibilitando a construccedilatildeo de uma legenda

Aleacutem disso assim como na segunda atividade possibilita uma conexatildeo para as relaccedilotildees

topoloacutegicas

Posteriormente no periacuteodo operatoacuterio estas relaccedilotildees satildeo aprofundadas incluem-

se a discussatildeo dos limites e fronteiras bases na discussatildeo das escalas geograacuteficas ndash

municiacutepio estados regiatildeo paiacutes entre outras E finalmente as operaccedilotildees formais

quando as crianccedilas jaacute conseguem realizar uma descentralizaccedilatildeo de sua percepccedilatildeo

espacial contribuindo para o desenvolvimento da orientaccedilatildeo geograacutefica do uso de

escalas de reduccedilatildeo e coordenadas geograacuteficas

Como resultado foi desenvolvido propostas para o trabalho com mapas

existentes ou seja aqueles que possuem uma linguagem cartograacutefica composto por

ldquo[] um sistema de siacutembolos que envolvem proporcionalidade uso de signos ordenados

e teacutecnicas de projeccedilatildeordquo (PCN 1997 p 79) Esses envolvem tambeacutem discussotildees sobre

orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo espacial O princiacutepio eacute a capacitaccedilatildeo do aluno para a construccedilatildeo

do mapa e concomitantemente a leitura de produtos cartograacuteficos auxiliando a

ampliaccedilatildeo do conhecimento geograacutefico e soluccedilatildeo de problemas cotidianos

Com base nestas prerrogativas assinaladas no campo da Cartografia Escolar

seria possiacutevel a formaccedilatildeo de um ldquoleitor consciente da linguagem cartograacuteficardquo

(ALMEIDA amp PASSINI 2010 p 21) Agrave medida que o aluno realiza os mapas ele

participa do processo de construccedilatildeo de habilidades e conceitos referentes agrave elaboraccedilatildeo

de mapas possibilitando a leitura eficaz dos mapas existentes

Toda esta metodologia do desenvolvimento da aprendizagem do mapa que

enfatizamos anteriormente ficou conhecida como alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica Mediante

esses apontamentos Passini (2012 p 13) define

42

ldquoAlfabetizaccedilatildeo Cartograacuteficardquo eacute uma metodologia que estuda os processos de

construccedilatildeo de conhecimentos conceituais e procedimentais que desenvolvam

habilidades para que o aluno possa fazer as leituras do mundo por meio das

suas representaccedilotildees Eacute a inteligecircncia espacial e estrateacutegica que permite ao

sujeito ler o espaccedilo e pensar a sua Geografia O sujeito que desenvolve essas

habilidades para ser leitor eficiente de diferentes representaccedilotildees desenvolve o

domiacutenio espacial

Nestes termos conhecer a Cartografia Escolar eacute compreender as relaccedilotildees

existentes no espaccedilo e tempo permitindo ao aluno atender agraves necessidades que

apareceratildeo no seu cotidiano (natildeo restrita a realidade local) como traccedilar itineraacuterios

localizar lugares desenvolver formar conscientes de accedilatildeo no ambiente em que vive

dando-lhe por fim a possibilidade de planejar seu futuro

Sendo assim observamos que este processo de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica

deveria iniciar-se desde os anos iniciais do EF tendo em vista que o fato de interpretar

e produzir mapas satildeo habilidades que se formam gradualmente Por meio dessa

alfabetizaccedilatildeo os alunos podem construir conceitos baacutesicos para interpretar e produzir

representaccedilotildees com proficiecircncia crescente

Natildeo haacute uma exclusividade da perspectiva piagetiana para a leitura e

metodologias para a realizaccedilatildeo de mapas Como expotildeem Richter (2010) estes estudos

atingem o ambiente escolar mediante os referenciais curriculares da produccedilatildeo de

materiais escolares (principalmente os livros didaacuteticos) Entretanto isso natildeo

corresponde necessariamente a uma mudanccedila desejada no trabalho docente e

conseguinte da compreensatildeo dos alunos acerca deste recurso Observa-se um limite

entre a proposta e sua execuccedilatildeo no trabalho docente

Em contrapartida outras propostas surgem voltadas para o ensino-aprendizagem

de Geografia nas escolas sem necessariamente desprivilegiar ou ldquosuperarrdquo os estudos

das relaccedilotildees espaciais Indubitavelmente com o avanccedilo da Cartografia surgem novas

sugestotildees para o trabalho docente Integra outras perspectivas epistemoloacutegicas e

metodoloacutegicas a respeito do desenvolvimento da aprendizagem dos sujeitos e da ciecircncia

cartograacutefica Verificaremos essas leituras e interpretaccedilotildees no toacutepico a seguir

14 A CARTOGRAFIA ESCOLAR E OUTRAS INTERPRETACcedilOtildeES PARA O

CONHECIMENTO DO ESPACcedilO

Apoacutes 30 anos de estudos o desenvolvimento relacionado a atividades com a

Cartografia Escolar possibilitaram pesquisadores como Oliveira (1978) Almeida amp

43

Passini (2010) Castrogiovanni amp Costella (2006) Castellar (2000) e Passini (2012)

afirmarem que mediante a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica as crianccedilas estariam aptas ao

processo de leitura e interpretaccedilatildeo do mapa e consequentemente dos conhecimentos

relacionados agrave Geografia possibilitando desenvolver uma leitura de mundo

As pesquisas dos autores supracitados satildeo importantes pois valorizam e firmam

a posiccedilatildeo da representaccedilatildeo cartograacutefica nas praacuteticas escolares de Geografia ademais

parte de um mesmo vieacutes cartograacutefico o cartesiano Entretanto eacute importante lembrar que

ainda existem dificuldades no trabalho com essa perspectiva cartograacutefica na escola

principalmente nos anos iniciais do EF

A pesquisa de mestrado de Richter (2004) com alunos do uacuteltimo semestre do

curso de Pedagogia esclarece que muitos estudantes concluem o curso sem compreender

os processos metodoloacutegicos e cognitivos relacionados agrave alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica Os

discentes apontam e discutem a importacircncia do saber cartograacutefico nas praacuteticas escolares

muito embora quando interrogados natildeo consigam explicar os passos que possibilitaria

a accedilatildeo do ensino-aprendizagem da Cartografia Escolar

Mediante algumas experiecircncias no curso de Pedagogia da UFPB (ALMEIDA

2014) notamos que na maioria dos casos a leitura de orientaccedilotildees como os PCN (1997)

pelos professores estatildeo presentes apenas enquanto estudante universitaacuterio Visto a

obrigaccedilatildeo destas referecircncias pela academia Por outro lado haacute de se perceber que a

formaccedilatildeo presente nos cursos de Pedagogia eacute distinta a oferecida aos professores de

Geografia Os pedagogos tecircm apenas um semestre no maacuteximo um ano para

aprenderem tudo o que se refere ao ensino de Geografia inclusive as praacuteticas referentes

ao uso do mapa tornando essa relaccedilatildeo tecircnue quando eles se deparam com a sala de aula

Como resultado discute Pinheiro (2012) que as noccedilotildees espaciais satildeo trabalhadas

de forma descontextualizada do curriacuteculo escolar Os professores muitas vezes natildeo se

baseiam em um planejamento preacutevio ou apresentam um prosseguimento de uma

proposta para o ensino de Geografia A oportunidade de construir conceitos e de

relacionar a leitura de mundo eacute perdida em decorrecircncia de praacuteticas aleatoacuterias que natildeo se

baseiam em meacutetodos geograacuteficos

Pinheiro (2012) afirma que embora as noccedilotildees espaciais sejam trabalhadas em

sala de aula elas satildeo postas como parte da tradiccedilatildeo Satildeo usadas para disciplinar os

alunos as normas e regras escolares como a realizaccedilatildeo da fila a divisatildeo dos banheiros

para meninas e meninos e o lugar na sala de aula Opondo-se a esta praacutetica descrita

anteriormente julgamos necessaacuterio que a Cartografia Escolar deve estar atrelada a uma

44

tomada de consciecircncia do professor em relaccedilatildeo aos objetivos e ao posicionamento

metodoloacutegico do uso do mapa para as aulas de Geografia

Acreditamos que as praacuteticas da Cartografia tradicional no contexto escolar natildeo

podem se tornar a uacutenica referecircncia teoacuterico-metodoloacutegica Satildeo observados avanccedilos nessa

linha que permitiriam integrar outras praacuteticas para o ensino de Geografia Autores como

Teixeira11 (2001) Kozel (2002 2005) Katuta (2001) Girardi (2005) Raffestin (2007)

Lladoacute (2013) e Farinelli (2013) questionam e discutem a visatildeo de representaccedilatildeo espacial

em contextos tradicionais e progridem na avaliaccedilatildeo do mapa apontando novas

abordagens

A discussatildeo inicial estabelecida por Girardi (2005) destaca que a Cartografia

por anos eacute produzida mediante as regras da ordem da geometria e razatildeo positivista

Apresenta uma relaccedilatildeo entre a realidade e sua abstraccedilatildeo no papel O mapa enquanto

representaccedilatildeo permite compreender a dimensatildeo territorial por meio do proacuteprio

documento auxiliando na tomada de decisotildees e planejamento do espaccedilo urbano por

exemplo considerando a representaccedilatildeo como o proacuteprio objeto

Raffestin (2007 p 09 ndash 10) realiza criacuteticas em torno da Cartografia tradicional e

sua representaccedilatildeo por se constituir um significativo instrumento ideoloacutegico de poder

poliacutetico e militar ele menciona que

A representaccedilatildeo eacute triplamente uma moeda fiduciaacuteria12 em primeiro lugar ela

eacute a cristalizaccedilatildeo de um conjunto de valores e de normas de um sujeito

histoacuterico em seguida ela eacute o meio para se chegar a uma praacutetica e a um

conhecimento do real ou agrave praacutetica e a um conhecimento do imaginaacuterio e

enfim ela eacute um meio de acumulaccedilatildeo e de tesourizaccedilatildeo

Nas palavras do autor supracitado a carta (tipo de mapa geograacutefico de escala

meacutedia ou grande) tanto pode revelar verdades como mentiras sobre determinada

realidade espacial Nestas condiccedilotildees a representaccedilatildeo da superfiacutecie terrestre permite a

quem a detecircm e dela interpreta suas informaccedilotildees uma observaccedilatildeo geral do plano das

relaccedilotildees e organizaccedilotildees do territoacuterio e consequentemente uma accedilatildeo planejada sobre a

realidade apontando informaccedilotildees nem sempre verossiacutemeis mas um produto imaginaacuterio

intencional

Interpretando as palavras de Raffestin (2007) o ato de mapear natildeo eacute considerado

apenas no plano do conhecimento geograacutefico mas na posiccedilatildeo de organizaccedilatildeo espacial

11Uma observaccedilatildeo sobre a bibliografia deste trabalho eacute que Salete Kozel Teixeiraeacute citada durante esta

dissertaccedilatildeo de duas formas Teixeira e Kozel isso ocorre devido agrave mudanccedila do sobrenome da autora 12 Podemos considerar a expressatildeo ldquomoeda fiduciaacuteriardquo como um recurso de troca que garante seguranccedila

confianccedila na tomada de posiccedilatildeo do conhecimento para o sujeito

45

do domiacutenio do homem sobre o trabalho e o ambiente garantindo-lhe capital e poder As

caracteriacutesticas descritas segundo Lladoacute (2013) surgem com o advento da modernidade

e do Estado Naccedilatildeo ganhando prestiacutegio enquanto representaccedilatildeo espacial

O mapa nas condiccedilotildees a que se refere Raffestin (2007) e Lladoacute (2013) eacute

considerado legiacutetimo instrumento do governo Segundo Lladoacute (2013) poderiacuteamos

entender o mapa em dois momentos ideoloacutegicos distintos o primeiro destacaria o mapa

enquanto signo e o territoacuterio representado como significado O territoacuterio eacute um dado

original e o mapa uma abstraccedilatildeo uma imagem mais ou menos fiel do espaccedilo

Em um segundo momento Lladoacute (2013) e Farinelli (2013) demonstram que a

interpretaccedilatildeo sobre o mapa eacute transformada na modernidade pois haacute alteraccedilotildees culturais

Se antes o territoacuterio era a base para o mapeamento agora o mapa precede o territoacuterio

possibilitando a tomada de decisotildees planejamento criam-se inicialmente as fronteiras

fictiacutecias e depois as reais O Estado territorial moderno assume ldquo[] propriedades

geomeacutetricas e espaciais da projeccedilatildeo cartograacutefica algumas propriedades jaacute presentes na

definiccedilatildeo euclidiana de lsquoextensatildeorsquo espacialrdquo13 (LLADOacute 2013 p 242 ndash 243)

Segundo Lladoacute (2013 p 242 - 243) trecircs caracteriacutesticas estatildeo presentes no mapa

existente a ldquocontinuidaderdquo natildeo fragmentaccedilatildeo territorial ldquohomogeneidaderdquo o Estado e

consequentemente seu povo satildeo homogecircneos no que corresponde a cultura manipulam

os mesmo signos (liacutengua e consciecircncia histoacuterica) e ldquoisotropiardquo todos respondem ao

mesmo centro a capital do Estado14

Essa visatildeo eurocecircntrica do mundo da construccedilatildeo de mapas ocidentais

cientiacuteficos e contemporacircneo portanto ldquoverdadeirosrdquo haacute muito negligencia a confecccedilatildeo

de mapas primitivos histoacutericos e mentais por natildeo obedecerem a padrotildees de

normatizaccedilatildeo e leituras Girardi (2005 p 65) sintetiza esses fatores atraveacutes dos

seguintes pontos

1ordf ndash representaccedilatildeo cartograacuteficas verdadeiras satildeo aquelas construiacutedas com

rigor cientifico 2ordf ndash mapas satildeo produtos da evoluccedilatildeo histoacuterica da ciecircncia e da

13 [] propiedades geomeacutetricas y espaciales de La proyeccioacuten cartograacutefica unas propiedades presentes ya

em La definicioacuten euclidiana de laltltextensioacutengtgt espacial 14 Se os argumentos natildeo foram suficientes para convencer o leitor exemplos histoacutericos satildeo destacados

por Lladoacute (2013) e Farinelli (2013) os mapas utilizados por Benjamin Franklin George Washington e

Thomas Jeferson que promoveram a colonizaccedilatildeo das terras a Oeste dos Estados Unidos mediante a

divisatildeo territorial por meio da quadriacutecula cartograacutefica Outro exemplo mais proacuteximo historicamente e

geograficamente seria a construccedilatildeo de Brasiacutelia Cidade planejada na regiatildeo Centro-Oeste do Brasil

construiacuteda na deacutecada de 1950-60 durante o governo de Juscelino Kubitschek destaca-se aqui a realizaccedilatildeo

do plano piloto para a construccedilatildeo do Distrito Federal

46

tecnologia 3ordf ndash mapas soacute podem ser construiacutedos pelos que dominam todo

esse arcabouccedilo teacutecnico-cientiacutefico

Por outro lado a autora questiona

E os mapas das naccedilotildees indiacutegenas e de outras sociedades cujo referencial eacute

outro Natildeo satildeo mapas E os mapas turiacutesticos de propaganda imobiliaacuteria de

jornal A criacutetica corporativa resolveu essa questatildeo mudando o nome dessas

representaccedilotildees croquis mapa mental mapa ilustrativo Essa visatildeo

eurocecircntrica e elitista da cartografia em muito pouco contribuiacutea para avanccedilar

a discussatildeo sobre o mapa na Geografia (GIRARDI 2005 p 65)

A partir de Girardi (2005) questionamos no cenaacuterio contemporacircneo eacute possiacutevel

entender diferentes espacialidades de forma inteligente e humana em um mundo

globalizado regido por regras e direitos Haacute grupos ocupando distintas posiccedilotildees dentro

de uma mesma sociedade pessoas de diversas classes sociais etnias que residem em

diferentes lugares que possuem distintas profissotildees provenientes da imigraccedilatildeo e

comunidades tribais Natildeo seria equivocado afirmar que todos possuem a mesma leitura

de mundo Que satildeo todos iguais Ou ainda que expressatildeo a mesma relaccedilatildeo com o

ambiente

O que nos chama atenccedilatildeo natildeo eacute a aprendizagem do mapa em seu plano

cartesiano com normas e padrotildees pelo contraacuterio ressaltamos a importacircncia deste nas

atividades escolares visto sua forte expressatildeo e necessidade na vida contemporacircnea

Por outro lado eacute importante destacar que o mapa natildeo eacute um recurso neutro sua loacutegica eacute

composta por uma relaccedilatildeo que eacute historicamente e socialmente construiacuteda (KOZEL

2005)

Mediante o exposto Francischett (2012) relata uma mudanccedila epistemoloacutegica na

forma de interpretar a natureza da Cartografia correspondendo necessariamente a sua

didaacutetica metodologia do ensino de Geografia

Uma epistemologia com base na teoria social eacute mais apropriada para a

histoacuteria da Cartografia Ela mostraraacute que os mapas cientiacuteficos satildeo igualmente

produtos das regras da ordem da geometria e da razatildeo mas tambeacutem das

normas e valores da ordem social e da tradiccedilatildeo cultural (FRANCISCHETT

2012 p 93)

O mapa natildeo eacute uma ferramenta meramente teacutecnica ou mecacircnica Ela eacute carregada

de escolhas eacute portador de uma seleccedilatildeo das informaccedilotildees geograacuteficas Dito isto eacute

apresentada outra perspectiva do uso das representaccedilotildees geograacuteficas Kozel (2002) se

aventura em outras correntes epistemoloacutegicas oriundas da psicologia e discute o

conceito de representaccedilatildeo espacial para os estudos geograacuteficos Ela demonstra que

47

Caberia sobretudo agrave geografia das representaccedilotildees entender os processos que

submetem o comportamento humano tendo como premissa que este eacute

adquirido por meio de experiecircncias (temporal espacial e social) existindo

uma relaccedilatildeo direta e indireta entre essas representaccedilotildees e as accedilotildees humanas

ou seja entre as representaccedilotildees e o imaginaacuterio revolucionando a gecircnese do

conhecimento permitindo-nos compreender a diversidade inerente aacutes praacuteticas

sociais agraves mentalidades aos vividos (KOZEL 2002 p 215)

Partimos do princiacutepio que o mapa eacute um elemento da comunicaccedilatildeo logo este

recurso eacute portador de uma linguagem Eacute tambeacutem resultado de uma accedilatildeo colaborativa

visto que a aprendizagem ocorre por meio da participaccedilatildeo Neste caso eacute constatada uma

proximidade com linhas de estudo que discutem uma epistemologia do mapa voltada a

ldquoCartografia SocialCulturalrdquo (KOZEL 2002) que se relacionam com estudos de

pequenos grupos sociais e comunidades tradicionais brasileiras

Eacute de conhecimento de todos que no Brasil existem grupos indiacutegenas

quilombolas ciganos entre outros Dentre as caracteriacutesticas comuns das comunidades

grifadas estatildeo as condiccedilotildees econocircmicas de pobreza moradias distantes dos grandes

centros urbanos e dificuldades ao acesso a poliacuteticas governamentais Esses grupos

sociais o modo como eles lidam com a emoccedilatildeo e a razatildeo para mudar a realidade de vida

satildeo um dos desafios da ciecircncia para compreender essa realidade

Neste contexto experiecircncias com a Cartografia Social ganham cada vez mais

prestiacutegio entre as ciecircncias humanas A regiatildeo Norte do Brasil vem se destacando neste

campo de pesquisa O Projeto Nova Cartografia Social da Amazocircnia15 por exemplo

desenvolve pesquisas com o objetivo de proporcionar aos povos e comunidades

tradicionais na Amazocircnia agrave auto-cartografia oferecendo tecnologias que possibilitam a

delimitaccedilatildeo de seus territoacuterios de referecircncia os recursos naturais que utilizam para o

desenvolvimento dessas comunidades e sua cultura16

O projeto desenvolveu diferentes fasciacuteculos mediante a proposta supracitada

Entre eles o do Movimento Interestadual de Quebradeiras de Coco Babaccedilu (PROJETO

NOVA CARTOGRAFIA SOCIAL DA AMAZOcircNIA 2005) Este fasciacuteculo demonstra

a importacircncia da atividade da coleta da amecircndoa do coco babaccedilu como uma das poucas

15 Para mais informaccedilotildees sobre o Projeto Nova Cartografia Social da Amazocircnia e a produccedilatildeo de seus

materiais didaacuteticos e pesquisas acesse o link Disponiacutevel em

httpnovacartografiasocialcomapresentacaogt acessado em 03042015 16 Por meio projeto eacute possiacutevel a realizaccedilatildeo do georeferenciamento do territoacuterio Possibilita aleacutem disso a

formaccedilatildeo pedagoacutegica para essas comunidades aprendem a manusear GPS e outras teacutecnicas fundamentais

de cartografia possibilitando a escolha das informaccedilotildees que consideram relevantes para o seu modo de

vida e que devem ser representadas nos mapas Satildeo levantadas histoacuterias estoacuterias e experiecircncias cotidianas

a respeito das comunidades tradicionais com a intenccedilatildeo de preservar as praacuteticas e culturas regionais

48

alternativas econocircmicas Satildeo notoacuterios as ameaccedilas e conflitos com grandes proprietaacuterios

de terra para continuar essa cultura regional em estados como Maranhatildeo Paranaacute

Tocantins e Piauiacute

O espaccedilo enquanto referencial possibilita a estas comunidades principalmente

as mulheres responsaacuteveis pelo trabalho com o coco a consciecircncia de lutar por seus

direitos17 Haacute tambeacutem as dificuldades para a realizaccedilatildeo deste movimento resistecircncias e

crenccedilas a respeito do trabalho feminino A funccedilatildeo das cooperativas por exemplo satildeo

significativas para a mudanccedila de vida dessa populaccedilatildeo Produzem a exemplo sabonete

com oacuteleo de amecircndoas do babaccedilu tornando-se fonte de renda para muitas famiacutelias

(PROJETO NOVA CARTOGRAFIA SOCIAL DA AMAZOcircNIA 2005)

Esses apontamentos dialogam com os estudos de Teixeira (2001) que por sua

vez discute sobre o desenvolvimento da Geografia Cultural ao longo da histoacuteria Suas

consideraccedilotildees sobre a percepccedilatildeo geograacutefica reportam os enfoques do comportamento e

a cogniccedilatildeo O espaccedilo passa a ser apreendido pelos sentidos como resultado passa a ser

percebido sentido e representado tornando-se vivido Eacute dado creacutedito agraves experiecircncias

humanas a construccedilatildeo das imagens lembranccedilas significaccedilotildees e experiecircncias na

construccedilatildeo das relaccedilotildees sociais e ambientais

Os avanccedilos alcanccedilados pela Cartografia Social e as representaccedilotildees sociais

colaboram para a compreensatildeo dos mapas mentais enquanto um instrumento que

permitiria inserir na representaccedilatildeo dos alunos elementos subjetivos e sua compreensatildeo

da realidade Procuramos a seguir ilustrar alguns episoacutedios que aproximam agrave

interpretaccedilatildeo dos mapas mentais voltados as praacuteticas escolares para o Ensino de

Geografia

141 Percursos dos Mapas Mentais e suas praacuteticas na Educaccedilatildeo Geograacutefica

Por meio dos argumentos levantados sobre a Cartografia Social eacute observado que

a cogniccedilatildeo humana natildeo se restringe a um modelo de representaccedilatildeo espacial Para que

uma proposta de ensino-aprendizagem por meio do mapa seja sistematizada natildeo se daraacute

necessariamente em uma base cartesiana De acordo com Oliveira (2010) a proposta

17 O ldquodireito a palmeira livrerdquo a territoacuterios particulares para a coleta dos frutos satildeo accedilotildees garantidas por

leis municipais conquistadas a partir da organizaccedilatildeo do movimento das quebradeiras de coco babaccedilu

(exemplo lei municipal nordm 0012002 ndash Lago do Junco (MA) que dispotildeem sobre a proibiccedilatildeo da derrubada

de palmeiras de babaccedilu no municiacutepio e daacute outras providecircncias)

49

com o trabalho com o mapa dependeraacute dos objetivos a serem alcanccedilados pelos

professores em sala de aula

Natildeo satildeo recentes os estudos voltados agrave construccedilatildeo da imagem mental para a

percepccedilatildeo ambiental nos anos de 1960 ndash 1970 advertem Nogueira (2006) e Kozel

(2005) pesquisas de autores como William Kirk Peter Gould e White jaacute discutiam as

preferecircncias dos espaccedilos cotidianos e a escolha de itineraacuterios de estudantes

universitaacuterios norte-americanos

A reflexatildeo sobre a percepccedilatildeo ambiental nas cidades contribuiu para o

planejamento urbano e regional surgindo neste contexto agrave expressatildeo carta mental18 para

o mapeamento das preferecircncias das sociedades Nogueira ao estudar os trabalhos de

Gould e White destaca que

Esses autores consideram os ldquomapas mentaisrdquo as imagens espaciais que estatildeo

nas cabeccedilas dos homens natildeo soacute dos lugares vividos mas tambeacutem dos lugares

distantes construiacutedos pelas pessoas valendo-se de universos simboacutelicos

sendo produzidos por acontecimentos histoacutericos econocircmicos sociais e

econocircmicos divulgados (NOGUEIRA 2006 p 126)

Entre as obras citadas com frequecircncia nos estudos relacionados aos mapas

mentais estaacute o livro ldquoA imagem da cidaderdquo de Kelvin Lynch O autor reconstroacutei a

imagem do ambiente por meio da percepccedilatildeo de moradores das cidades norte-americanas

de Boston Jersey City e Los Angeles Lynch (2011) discute ainda o conceito de

legibilidade a clareza sobre a qual as pessoas percebem interpretam e organizam o seu

espaccedilo na cidade para nela sobreviver uma espeacutecie de sistematizaccedilatildeo cognitiva do

espaccedilo vivido ou seja seu mapa mental

Segundo os paracircmetros anteriormente destacados os mapas mentais possibilitam

destacar aspectos subjetivos e perceptivos de cada sujeito presentes na produccedilatildeo das

linguagens cartograacuteficas de espaccedilos e tempos proacuteximos ou distantes tal fato natildeo eacute

diferente quando relacionado agraves praacuteticas escolares Os PCN desde a deacutecada de 1990

apontam para os professores variados recursos didaacuteticos para o ensino de Geografia

eles explicam que

[] consultar diferentes fontes de informaccedilatildeo tais como obras literaacuterias

muacutesicas regionais fotografias entrevistas ou relatos torna-se essencial na

busca de novas informaccedilotildees que ampliem aquelas que jaacute se possui A

18 Teixeira (2001) adverte em sua tese que o mapa mental embora seja um termo corriqueiro na

atualidade eacute fruto de uma longa reflexatildeo Estudos anteriores podem identificar os mapas mentais pelos

seguintes sinocircnimos mapas cognitivos e ou cartas mentais

50

compreensatildeo geograacutefica das paisagens significa a construccedilatildeo de imagens

vivas dos lugares que passam a fazer parte do universo de conhecimentos dos

alunos tornando-se parte de sua cultura Os trabalhos praacuteticos com maquetes

mapas mentais e fotografias aeacutereas podem tambeacutem ser utilizados Grifo

nosso (BRASIL 1997 101)

As orientaccedilotildees dos PCN sublinham que diferentes praacuteticas e recursos escolares

podem ser utilizados nas aulas de Geografia entretanto na maioria dos casos recursos

como o desenho e os mapas mentais sofrem criacuteticas visto que satildeo tratados apenas como

instrumentos luacutedicos e ou descontextualizados a praacutetica pedagoacutegica

Miranda (2005) ao estudar o uso do desenho como recurso voltado ao ensino de

Geografia realizou uma pesquisa com alunos do atual 3ordm e 4ordm ano do EF Afirma o autor

que haacute o descaso relacionado agraves imagens manuais aleacutem de consideraacute-los como uma

possibilidade de transiccedilatildeo para os mapas existentes19 contexto que se aplica aos mapas

mentais

Miranda (2005 p 57) considera o ato de desenhar ldquo[] como meacutetodo de

abordagem e de anaacutelise como investigaccedilatildeo da paisagem atraveacutes de confrontaccedilotildees entre

o assunto observado (e natildeo o modelo) e os traccedilados que resultam da anaacuteliserdquo Aleacutem

disso ressalta que o desenho natildeo eacute portador de uma ldquoeducaccedilatildeo visualrdquo acabada sem

brechas para uma anaacutelise criacutetica da imagem

Portanto o foco do desenho eacute abranger ldquo[] a sua produccedilatildeo histoacuterica como

linguagem como uma forma de se pensar comunicar apresentar representarrdquo

(MIRANDA 2005 p 58) consideramos que os criteacuterios de educaccedilatildeo visual e

linguagem se aproximam das praacuteticas com os mapas mentais

Ao contraacuterio do desenho os mapas mentais satildeo recursos cartograacuteficos voltados agrave

anaacutelise espacial compostos por uma linguagem especiacutefica A seguir apresentamos

algumas experiecircncias do uso dos mapas mentais em contextos sociais e escolares a fim

de apontar algumas caracteriacutesticas e metodologias relacionadas ao ensino de Geografia

142 Os mapas mentais no ensino-aprendizagem de Geografia

Os trabalhos de Archela Gratatildeo amp Trostdorf (2004) e Santos (2011) embora natildeo

estejam relacionadas agrave educaccedilatildeo formal dispotildeem de algumas informaccedilotildees importantes

19 Esclarece Miranda (2005) que com o avanccedilo de novas teacutecnicas cartograacuteficas e de geoprocessamento a

ciecircncia geograacutefica deixou-se seduzir por estes novos instrumentos criando-se descaso pelas imagens

manuais A credibilidade do desenho eacute expressa com maior nitidez apoacutes o trabalho de Almeida amp Passini

(2010) muito embora como recurso de transiccedilatildeo que permitiria o desenvolvimento da crianccedila para a

chegada aos mapas existentes

51

sobre os mapas mentais A primeira autora utiliza os mapas mentais enquanto recurso

de avaliaccedilatildeo a respeito da aacuterea central da cidade de Cambeacute estado do Paranaacute A

pesquisa eacute realizada com crianccedilas e jovens deste espaccedilo urbano Articula a

representaccedilatildeo do lugar pelos jovens mostrando relaccedilotildees de topofilia (apego ao lugar) e

topofobia (medo do lugar)

Santos (2011) por sua vez expotildeem uma pesquisa realizada com pessoas de

faixa etaacuteria distintas em uma comunidade rural de Vilas Rurais Recanto Verde e Nova

Jerusaleacutem Paranaacute Os mapas mentais satildeo realizados pelos participantes de um projeto

social agriacutecola que busca reduzir as desigualdades sociais no interior do estado

Ambas as pesquisas discutem a relaccedilatildeo de lugar e trabalho e tambeacutem como os

signos (formas espaciais) expressam significados sociais Como exemplo eacute destacado a

igreja enquanto signo espacial nas representaccedilotildees dos mapas mentais Ela corresponde

aos significados das manifestaccedilotildees culturais e religiosas expressadas nos artigos de

Archela Gratatildeo amp Trostdorf (2004) e Santos (2011)

A discussatildeo teoacuterica a respeito do recurso mapa mental eacute realizada por diferentes

autores aleacutem dos supracitados Rocha (2007) Gomes amp Vargas (2011) e Kozel amp

Galvatildeo (2008) enfatizam que as questotildees subjetivas deste recurso (o valor simboacutelico do

mapa) satildeo uma construccedilatildeo dialoacutegica e social do espaccedilo representado O mapa mental

neste sentido revela os sentimentos e apreensotildees das pessoas em relaccedilatildeo ao espaccedilo

podendo estar relacionados agrave memoacuteria ou a imaginaccedilatildeo de espaccedilos natildeo vividos

fisicamente Aleacutem disso possibilita condiccedilotildees de aprendizagem escolar que

possivelmente poderia influenciar na construccedilatildeo da imagem mental

Para alcanccedilarmos trabalhos que se aproximassem com a investigaccedilatildeo da

produccedilatildeo de mapas mentais em contexto escolar pesquisamos experiecircncias relacionadas

a praacuteticas de ensino de Geografia nos primeiros anos de educaccedilatildeo escolar Apesar do

pouco sucesso encontramos uma experiecircncia na Educaccedilatildeo Infantil e outra realizada nos

anos iniciais do EF

O artigo de Lopes (2012) eacute resultado de suas pesquisas sobre a apropriaccedilatildeo dos

espaccedilos pelas crianccedilas ele discorre sobre a infacircncia e outras possibilidades do uso da

Cartografia Escolar O autor realiza investigaccedilotildees baseadas na teoria histoacuterico-cultural

de Vigotski Explica tambeacutem que suas pesquisas com ldquocrianccedilas pequenasrdquo (de zero a

seis anos de idade) vecircm ldquo[] buscando compreender suas linguagens seus

enamoramentos pelas coisas pelos objetos suas vivecircncias em seus contextos histoacuterico-

geograacuteficosrdquo (LOPES 2012 p 215 - 216)

52

O estudo de Lopes (2012) natildeo busca apenas uma cartografia para crianccedilas uma

visatildeo dos adultos sobre as representaccedilotildees realizadas mas enfatiza que os ldquopequenosrdquo

busquem suas proacuteprias referencias promovendo suas Geo-cartografias singularidades

localizem e pensem seu lugar no mundo O autor nomeou esta praacutetica cartograacutefica de

ldquoMapas vivenciaisrdquo eacute notada uma proximidade metodoloacutegica com a pesquisa de

Miranda (2005)

Eacute demonstrado ainda que o mapa vivencial tenha como referecircncia natildeo apenas o

mundo dos adultos mas a proacutepria percepccedilatildeo da crianccedila sobre o mundo Lopes (2012)

considera o exemplo de um mapa realizado por um garoto de quatro anos de idade que

representa o mapa dos cheiros de sua casa A crianccedila estabelece a relaccedilatildeo entre o signo

(cocircmodos de sua casa) e os significados (os cheiros encontrados nestes espaccedilos)

(observar a figura 02 p 52) Esta experiecircncia enfatiza o olfato como oacutergatildeo sensorial

que permite localizar organizar e diferenciar os cocircmodos da casa

FIGURA 02 - MAPA VIVENCIAL MAPA DOS CHEIROS

Fonte LOPES 2012 p 216

Em outro cenaacuterio eacute realizado o trabalho por Silva amp Bernadelli (2010) Eles

conduziram na Escola Estadual Cristoacutevatildeo Colombo Uberlacircndia ndash MG uma oficina

pedagoacutegica sobre mapas mentais com uma turma do 5ordm ano do EF O projeto havia

como intenccedilatildeo promover praacuteticas de ensino de Geografia na Educaccedilatildeo Infantil mediante

experiecircncia de Estaacutegio Supervisionado I realizados com alunos do curso de Geografia

da Universidade Federal de Uberlacircndia

53

A oficina discutiu o uso da Geografia nas atividades do dia a dia e aconteceu em

duas etapas A primeira correspondeu agrave produccedilatildeo de um texto que apresentava conceitos

voltados a cartografia escala orientaccedilatildeo espacial as toponiacutemias e outros levando em

consideraccedilatildeo relaccedilotildees espaciais de base piagetiana A segunda constituiu a realizaccedilatildeo de

mapas mentais que traccedilavam o percurso casa-escola seguindo orientaccedilotildees estabelecidas

por Nogueira (2006) discutindo a importacircncia dos pontos de referecircncia lugares

destacados nas representaccedilotildees experiecircncias pessoais atraveacutes de sentidos e atividades

socioculturais temas apresentados apoacutes a leitura dos mapas mentais com os alunos A

figura 03 (p 53) apresenta um dos mapas que retratam esta discussatildeo

FIGURA 3 - MAPA MENTAL DO TRAJETO CASA-ESCOLA

Fonte SILVA amp BERNADELLI 2010 p 05

Eacute observado que preocupaccedilotildees para um direcionamento teoacuterico ndash metodoloacutegico

com os mapas mentais para a Educaccedilatildeo Infantil e os anos iniciais do Ensino Infantil eacute

algo recente e pontual Em alguns casos estatildeo voltados a experiecircncias com os mapas

existentes (SILVA amp BERNADELLI 2010) entretanto buscam diversificar as

estrateacutegias inserindo a importacircncia do diaacutelogo e das experiecircncias cotidianas Aleacutem

disso fica evidente a pouca referecircncia sobre o uso de mapas mentais voltadas a

54

educaccedilatildeo escolar no que correspondem aos anos iniciais do EF20 que validem uma

proposta metodoloacutegica deste recurso a ser pensada e utilizada pelos pedagogos

Entre as teses que buscam um tratamento de uma construccedilatildeo metodoloacutegica para

o trabalho com os mapas mentais destacamos as teses de Teixeira (2001) e Richter

(2010) os quais daremos maior enfoque na anaacutelise de nosso trabalho

Teixeira (2001) discute como eacute materializado o discurso proferido pela miacutedia da

cidade de Curitiba Paranaacute enquanto ldquocapital ecoloacutegicardquo para isso diagnostica a

construccedilatildeo da imagem social recorrendo agrave percepccedilatildeo da populaccedilatildeo que a habita e a

frequenta Sua pesquisa envolve moradores (estudante do Ensino Fundamental Meacutedio e

Superior discentes e docentes) e natildeo-moradores (turistas) a diversidade de

participantes foi escolhida intencionalmente para responder se havia ou natildeo

divergecircncia dos grupos em relaccedilatildeo a esta imagem de Curitiba

Em busca de respostas para suas indagaccedilotildees Teixeira (2001) utilizou como

instrumento de anaacutelise os mapas mentais Aleacutem do mais discute por meio dos mapas as

representaccedilotildees sociais e espaciais avaliando as construccedilotildees siacutegnicas Por meio de uma

metodologia proacutepria desenvolve paracircmetros de anaacutelise para os mapas mentais fato

inexistente antes do seu trabalho

Como suporte teoacuterico de sua pesquisa resgatou os apontamentos realizados por

Bakhtin (2012) sobre a linguagem o uso do signo e do enunciado como elementos que

possibilitam a comunicaccedilatildeo (dialogismo) por meio da representaccedilatildeo espacial

encontradas nos mapas mentais Produziu estudos posteriores que discute

epistemologicamente e empiricamente o uso dos mapas mentais como recurso didaacutetico

para o ensino de Geografia em diferentes niacuteveis de ensino (KOZEL 2002 2008)

Kozel influenciou a realizaccedilatildeo de outros estudos Em um artigo Galvatildeo amp Kozel

(2008) discutem sobre os aspectos teoacutericos - metodoloacutegicos da Geografia enfatizando as

questotildees de representaccedilatildeo e ensino Reproduzem a metodologia utilizada por Teixeira

para os mapas mentais com um grupo de alunos do 7ordm ano Esse trabalho registra a

compreensatildeo e anaacutelises dos estudantes sobre a contribuiccedilatildeo da Geografia Eacute destacado

nos mapas a temaacutetica Brasil e seus desdobramentos (Relaccedilatildeo local-global identidade

nacional siacutembolos territoacuterio etnias entre outros)

20 Embora as pesquisas de Lopes (2012) discutam o uso de mapas com crianccedilas observamos algumas

divergecircncias A primeira corresponde agrave faixa etaacuteria das crianccedilas pois natildeo podemos comparar as

experiecircncias de vida entre alunos da Educaccedilatildeo Infantil (faixa com a qual trabalha) com os anos iniciais do

EF pois a leitura de mundo eacute distinta A segunda corresponde aos interesses e avanccedilos sobre a

aprendizagem ocorrida na escola lembrando que todos os alunos a partir dos seis anos devem ser

matriculados na rede regular de ensino como discutimos no iniacutecio deste capiacutetulo

55

Em outro caso semelhante Oliveira (2010) dispotildee da metodologia de Teixeira

para o desenvolvimento de sua dissertaccedilatildeo de mestrado Propotildee um estudo de caso em

duas escolas puacuteblicas estaduais em Madalena e Fortaleza ndash CE A pesquisa foi realizada

com alunos do 2ordm ano do Ensino Meacutedio e buscou discutir qual a relaccedilatildeo os estudantes

fazem entre o meio urbano e rural Oliveira (2010) sustenta a ideia que o mapa mental

deve estar direcionado a uma praacutetica pedagoacutegica para a consolidaccedilatildeo do conhecimento

geograacutefico e no reconhecimento e formaccedilatildeo do aluno enquanto um sujeito pertencente a

uma coletividade social

Em outra perspectiva Richter (2010) realiza uma investigaccedilatildeo com duas turmas

de alunos do 3ordm ano do Ensino Meacutedio na cidade de Presidente Prudente ndash Satildeo Paulo

uma escola puacuteblica e outra privada Enfatiza a importacircncia da aprendizagem de

Geografia como um conhecimento necessaacuterio para a Educaccedilatildeo Baacutesica O autor pondera

que a Geografia capacita o aluno a realizar uma interpretaccedilatildeo da realidade sob uma

perspectiva espacial auxiliando a interpretar o seu cotidiano considera isso de

raciociacutenio geograacutefico

Ao desenvolver sua proposta com os mapas mentais define temaacuteticas como os

problemas urbanos e o processo de globalizaccedilatildeo na cidade de Presidente Prudente para a

realizaccedilatildeo das representaccedilotildees Paralelamente resgata a Teoria Histoacuterico-cultural

desenvolvida por Vigotski (1998) e aproxima do desenvolvimento da Cartografia

Escolar Atraveacutes desta discussatildeo estabelece a importacircncia da linguagem para o

desenvolvimento humano a qual a cartograacutefica tambeacutem faz parte

Este pesquisador discute a importacircncia da construccedilatildeo dos conceitos espontacircneos

e cientiacuteficos pelos alunos Estes conceitos segundo o Richter (2010) possibilitam o

aluno compreender a sistematizaccedilatildeo do conhecimento geograacutefico e consequentemente

utilizar este saber em sua vida cotidiana No desenvolvimento da linguagem dos mapas

mentais seleciona os conceitos de legibilidade usada por Kevin Lynch e espaccedilo por

Milton Santos para a disposiccedilatildeo dos elementos retratados Ele considera tambeacutem as

experiecircncias vividas dos alunos assim como os conteuacutedos de Geografia como elos de

produccedilatildeo do raciociacutenio geograacutefico

Richter (2010) julga o mapa mental enquanto recurso didaacutetico que possibilita ao

aluno transpor para o papel sua compreensatildeo sobre a dinacircmica espacial articulando

seus conhecimentos sobre Geografia e ampliando seu conhecimento tornando o

estudante leitor e produtor de mapa Reconhece tambeacutem a importacircncia da criticidade na

56

elaboraccedilatildeo dos mapas mentais Observa em alguns casos que o aluno natildeo domina certos

conceitos da Geografia

Richter (2010) assim como Teixeira (2001) tambeacutem prossegue em seus estudos

sobre Cartografia Escolar Ele enfatiza a importacircncia dos mapas mentais nas praacuteticas

escolares sem perder o foco do ensino-aprendizagem de Geografia como fator

preponderante Nesta mesma linha jaacute apresentada desenvolve projetos de pesquisas em

escolas na regiatildeo norte da cidade de Goiacircnia ndash GO atraveacutes do Programa de

Financiamento de Bolsas para alunos de Licenciatura (PROLICEN) do curso de

Geografia da UFG (RICHTER 2013)

No desenvolvimento dos mapas mentais encontramos diversos fatores que

contribuem com a sua produccedilatildeo ora referem-se agrave percepccedilatildeo que cada indiviacuteduo tem

acerca do espaccedilo cotidiano ora essas leituras satildeo provenientes de um saber

sistematizado cientiacutefico orientado por uma educaccedilatildeo escolar em ambos os casos

carecem de habilidade para transcrever no papel as imagens mentais que o sujeito deteacutem

sobre o espaccedilo (TEIXEIRA 2001 RICHTER 2010) Portanto o mapa mental eacute

resultado de uma representaccedilatildeo dialeacutetica possuindo caracteriacutesticas individuais do

sujeito tal como a influecircncia sociocultural do mesmo

O desenvolvimento dos mapas mentais enquanto capacidade cartograacutefica

pressupotildee habilidade para abstrair e simbolizar eacute incontestaacutevel o poder de conceituar as

relaccedilotildees espaciais (TEIXEIRA 2001 GALVAtildeO amp KOZEL 2008 RICHTER 2010)

A ocasiatildeo mais comum de seu uso eacute quando eacute necessaacuterio transpor eficientemente para

o papel o conhecimento geograacutefico a outros sujeitos e como a linguagem verbal eacute mais

utilizada para narrar acontecimentos do que para descrever e explicar relaccedilotildees espaciais

simultacircneas os mapas mentais satildeo adotados para a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica e

consequentemente para a leitura de mundo do aluno

15 AS CONTRIBUICcedilOtildeES DE VIGOTSKI E BAKHTIN PARA A COMPREENSAtildeO

METODOLOacuteGICA DOS MAPAS MENTAIS

Ao relacionarmos os mapas mentais enquanto portadores de uma comunicaccedilatildeo

afirmamos que eles possuem uma linguagem cartograacutefica Esta compreensatildeo tem como

base os estudos estabelecidos por Teixeira (2001) Kozel (2002 2005 2008) e Richter

(2010) Essa preocupaccedilatildeo sobre a visatildeo do mapa enquanto portador de uma linguagem

57

natildeo eacute ineacutedito Richter (2010) apresenta o trabalho acadecircmico de Simielli sobre a

reflexatildeo do mapa como possibilidade de um tratamento didaacutetico da linguagem espacial

Simielli (2008 p 71) foi uma das primeiras autoras a discutir ldquoo mapa como

elemento transmissor de informaccedilatildeordquo e avaliar sua ldquoeficaacuteciardquo A teoria da informaccedilatildeo

discutida pela autora embora natildeo aponte os mapas mentais compreende o aluno

enquanto mapeador possibilitando o desenvolvimento de habilidades como observaccedilatildeo

seleccedilatildeo e representaccedilatildeo do espaccedilo geograacutefico Constitui um modelo cognitivo de

apreensatildeo da realidade atraveacutes dos sentidos para a representaccedilatildeo do mapa Explica

Simielli (2008 p 78) que

Para se entender plenamente a linguagem cartograacutefica eacute preciso destacar aqui

a importacircncia da semioacutetica ciecircncia geral de todas as linguagens mais

especialmente dos signos O signo eacute algo que representa o seu proacuteprio objeto

Ele soacute eacute signo se tiver o poder de representar esse objeto de um certo modo e

com uma certa capacidade O signo soacute pode representar seu objeto para um

inteacuterprete produzindo na mente deste um outro signo considerando o fato de

que o significado de um signo eacute outro signo

O signo apresentado no mapa se divide em duas esferas o significante que

corresponde ao aspecto real (material) do signo e o significado que eacute o aspecto irreal

(representado) Segundo as orientaccedilotildees da autora supracitada o mapa constitui uma

relaccedilatildeo entre dois sujeitos o emissor (produtor do mapa) e o receptor (leitor do mapa)

Aleacutem disso satildeo empregadas teacutecnicas da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica para a

construccedilatildeo do sentido dos mapas da relaccedilatildeo dos significados e significantes expressos

por meio de um alfabeto cartograacutefico (linha ponto e aacuterea) aparato da linguagem

cartograacutefica Simielli (2008 p 88) considera que ldquo[] o aluno interpreta os mapas

orienta-se e estabelece-se a correspondecircncia entre a representaccedilatildeo cartograacutefica e a

realidaderdquo21

O mapa diferentemente de outras teacutecnicas de informaccedilatildeo e conhecimento como

a liacutengua portuguesa ou a Matemaacutetica eacute portador de uma linguagem natildeo-verbal Traduz

um processo de aprendizagem natildeo sequencial de fenocircmenos que quando apresentados

na fala em texto ou operaccedilotildees matemaacuteticas naturalmente vatildeo apresentar uma

hierarquia disposiccedilatildeo sequencialidade que nem todas agraves vezes satildeo desejaacuteveis

A utilizaccedilatildeo dos mapas mentais sugere metodologias para interpretaacute-los e

existem diferentes formas de fazecirc-lo Para isso como meio de sistematizar

21 Podemos observar o uso deste alfabeto cartograacutefico na larga produccedilatildeo de mapas existentes (nos uso da

legenda) em nosso cotidiano nos mapas murais atlas escolares livros didaacuteticos etc

58

geograficamente as informaccedilotildees registradas nos mapas mentais elaborados pelos alunos

apresentamos dois processos metodoloacutegicos que consideramos satisfatoacuterios Eles se

completam e satildeo empregados como guias para a avaliaccedilatildeo dos mapas produzidos em

nossa pesquisa

O primeiro corresponde aos trabalhos de Richter (2010) que aproxima da teoria

histoacuterico-cultural de Vigostki (1998) e o segundo de Teixeira (2001) e Kozel (2002

2005 2008) ao referendar os estudos de Bakhtin para interpretaccedilatildeo dos mapas mentais

Consideramos que ambas as metodologias tem como foco a interpretaccedilatildeo das

informaccedilotildees contidas nos mapas mentais bem como o estabelecimento de relaccedilotildees entre

o espaccedilo geograacutefico e o representado Consideram os aspectos socioculturais como algo

imprescindiacutevel agrave compreensatildeo dos mapas mentais

Portanto escolhemos os dois autores russos Vigostki (1998) e Bakhtin (2012)

por eles promoverem uma discussatildeo acerca da linguagem no desenvolvimento da

aprendizagem humana e no estabelecimento do dialogo social Essa tese eacute sustentada

por Jobim e Souza (1994 p 93) ao considerar que embora Vigotski e Bakhtin tomem

diferentes caminhos para interpretaccedilatildeo deste ponto convergem em explicar ldquoa

linguagem como espaccedilo de recuperaccedilatildeo do sujeito histoacuterico e socialrdquo

Vigotski (1998) e Bakhtin (2012) provocaram importantes mudanccedilas sobre a

reflexatildeo hegemocircnica da condiccedilatildeo humana no seacuteculo XX Ambos os autores construiacuteram

suas perspectivas de estudo baseados no campo filosoacutefico do materialismo histoacuterico-

dialeacutetico indicando o campo cultural da sociabilidade humana como base para a

tematizaccedilatildeo da consciecircncia Se Vigotski por um lado contrapocircs agrave corrente objetivista e

subjetivista na Psicologia por outro Bakhtin os desafiou em seus estudos sobre a

linguagem

Bakhtin (2012) considera a linguagem como fenocircmeno socioideoloacutegico e

apreendido dialogicamente no contexto histoacuterico Critica a postura das grandes

correntes linguiacutesticas da deacutecada de 1920 por empregar teorias que natildeo considerava a

liacutengua como fenocircmeno social O objetivismo abstrato representado por Saussure e o

subjetivismo idealista empregado por Humboldt

Segundo Rego (1995) a perspectiva de aprendizagem para Vigotski eacute sempre

relativa agrave dimensatildeo social e natildeo exclusivamente a maturaccedilatildeo do organismo22 A

22 Durante o desenvolvimento de nossa pesquisa foi posto pela professora do 5ordm ano que alguns alunos

natildeo conseguiam desenvolver ou compreender determinadas propostas com os mapas mentais ou

relacionadas a conteuacutedo da Geografia Segundo sua explicaccedilatildeo isso ocorre porque natildeo estaria ldquomadurosrdquo

59

formaccedilatildeo humana eacute constituiacuteda em relaccedilatildeo coletiva A cultura torna-se parte da natureza

humana O desenvolvimento decorre da histoacuteria das funccedilotildees psicoloacutegicas superiores

caracterizadas por mudanccedilas qualitativas e quantitativas

As funccedilotildees psicoloacutegicas superiores (percepccedilatildeo memoacuteria pensamento)

transformam-se em contiguidade dando suporte aos processos elementares que se

tornam complexos Nestes termos inexiste um instrumento endoacutegeno23 para o

desenvolvimento humano Consequentemente

Os sistemas de signos (a linguagem a escrita o sistema de nuacutemeros) eacute

pensado como um sistema de instrumentos os quais foram criados pela

sociedade ao longo de sua histoacuteria Esse sistema muda a forma social e o

niacutevel de desenvolvimento cultural da humanidade A internalizaccedilatildeo desses

signos provoca mudanccedilas no homem Seguindo a tradiccedilatildeo marxista Vigotski

considera que as mudanccedilas que ocorrem em cada um de noacutes tem sua raiz na

sociedade e na cultura (BOCK FURTADO amp TEIXEIRA 2008 p 141)

A linguagem para Vigotski (1998) se torna o principal instrumento mediador

da interaccedilatildeo humana O ato da comunicaccedilatildeo para o desenvolvimento da humanidade eacute

incontestaacutevel Ao longo da histoacuteria ela contribuiu para o desenvolvimento das formas de

sobrevivecircncia no espaccedilo geograacutefico Pouco a pouco se tornou importante o legado das

experiecircncias atraveacutes das geraccedilotildees permitindo o avanccedilo da sociedade em termos sociais

evolutivos e adaptativos ao ambiente

Vigotski (1998) considera que o discurso egocecircntrico eacute ponto de partida para o

discurso interior Interior porque corresponde agrave internalizaccedilatildeo da linguagem Nestas

condiccedilotildees ao longo de nosso desenvolvimento passamos da fala socializada (a

comunicaccedilatildeo em contato social) a fala internalizada (instrumento de pensamento sem

vocalizaccedilatildeo) correspondente a um diaacutelogo consigo mesmo (REGO 1995)

Nessas conjunccedilotildees a questatildeo levanta por Vigotski (1998) eacute o planejamento de

uma teoria sociopsicoloacutegica que relaciona o pensamento a palavra como processo

dinacircmico E tambeacutem a necessidade da linguagem como fator constituinte para as

funccedilotildees psicoloacutegica superiores e da construccedilatildeo da subjetividade (JOBIM E SOUZA

1994) No campo da didaacutetica e do ensino-aprendizagem de Geografia especificamente

estudos sobre uma concepccedilatildeo socioconstrutivista enfatizam a educaccedilatildeo escolar como

o suficiente para progredir em seu desenvolvimento intelectual Observa que em muitos casos apenas o

fator ldquotempo de estudordquo o proporcionaria se desenvolver Posicionamo-nos de forma contraacuteria ao

entender por meio dos estudos de Vigotski (1998) que os fatores sociais e o processo de mediaccedilatildeo

contribuem para o progresso da aprendizagem do aluno 23 Relativo a algo originaacuterio ou desenvolvimento no interior do organismo

60

processo de conhecimento onde haacute a intervenccedilatildeo premeditada pelo professor a fim de

preparar o aluno para a construccedilatildeo de conceitos (CAVALCANTI 2014)

Na concepccedilatildeo de Vigotski (1998) o conhecimento natildeo eacute construiacutedo de forma

individual mas ao contraacuterio relata que pessoas mais experientes intervecircm na

construccedilatildeo do conhecimento elas satildeo denominadas mediadores A interaccedilatildeo ocorre

tambeacutem por meio de teacutecnicas materiais e instrumentos psicoloacutegicos oferecidos pela

cultura Para Vigotski (1998 p 112) a mediaccedilatildeo eacute explicada por meio do conceito de

Zona de Desenvolvimento Proximal que

[] eacute a distacircncia entre o niacutevel de desenvolvimento real que se costuma

determinar atraveacutes da soluccedilatildeo independente de problemas e o niacutevel de

desenvolvimento potencial determinado atraveacutes da soluccedilatildeo de problemas sob

a orientaccedilatildeo de um adulto ou em colaboraccedilatildeo com companheiro mais

capazes

Em outras palavras a Zona de Desenvolvimento Real eacute quando o aluno

consegue resolver determinado problema sozinho Zona de Desenvolvimento

Potencial eacute quando o aluno necessita de auxiacutelios mediadores para construir uma

compreensatildeo sobre algum conceito Jaacute a Zona de Desenvolvimento Proximal eacute o

estaacutegio intermediaacuterio com sucessivos avanccedilos e retrocessos ao longo do processo

educativo

Semelhante ao conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal e os processos

de ensino-aprendizagem de Geografia nos anos iniciais do EF apontamos os

mediadores que nesse caso eacute representado pelo professor os colegas e os recursos

didaacuteticos24 (no caso desta pesquisa os mapas mentais) que podem influenciar na

educaccedilatildeo escolar O professor nesse processo ganha importacircncia significativa pois eacute

sua tarefa problematizar e criar situaccedilotildees de aprendizagem Os alunos por sua vez satildeo

motivados a interpretar analisar levantar hipoacuteteses propor soluccedilotildees e representar as

dinacircmicas do espaccedilo geograacutefico orientaccedilotildees expressas nos PCN (BRASIL 1997)

Portanto segundo Cavalcanti (2014) na relaccedilatildeo entre desenvolvimento e

aprendizagem os instrumentos mediadores e a situaccedilatildeo de ensino-aprendizagem

possibilita o desenvolvimento do pensamento nas praacuteticas escolares destacando-se

entre os instrumentos a linguagem De acordo com a interpretaccedilatildeo de Rego sobre o

24 Entendemos que satildeo diversos os recursos didaacuteticos (instrumentos mediadores) utilizados como aporte

para as aulas de Geografia Eles correspondem aos jaacute tradicionalmente conhecidos e utilizados no espaccedilo

escolar (livro didaacutetico atlas caderno) e outros utilizados no cotidiano dos alunos (raacutedio televisatildeo

jornais revistas computador internet etc) Apoiamos a diversidade desses recursos para a praacutetica de

ensino possibilitando diferentes caminhos para o professor atingir seus objetivos em sala de aula

61

trabalho de Vigotski a linguagem confere trecircs mudanccedilas essenciais nos processos

psiacutequicos do homem

A primeira relaciona-se ao fato de que a linguagem permite lidar com os

objetos do mundo exterior mesmo quando eles estatildeo ausentes [] A segunda

refere-se ao processo de abstraccedilatildeo e generalizaccedilatildeo que a linguagem

possibilita [] a linguagem natildeo somente designa os elementos presentes na

realidade mas tambeacutem fornece conceitos e modos de ordenar o real em

categorias conceituais [] A terceira estaacute associada agrave funccedilatildeo de

comunicaccedilatildeo entre os homens que garante como consequecircncia a preservar

transmissatildeo e assimilaccedilatildeo de informaccedilotildees e experiecircncias acumuladas pela

humanidade ao longo da histoacuteria (REGO 1995 p 53 ndash 54)

Aleacutem disso haacute outro pressuposto relativo ao estudo de Vigotski para aplicaccedilotildees

no contexto escolar Satildeo na interaccedilatildeo com o meio que o sujeito desenvolve conceitos

espontacircneos e depois na escola mediados pelo professor conceitos cientiacuteficos O

primeiro corresponde aos conhecimentos construiacutedos na experiecircncia pessoal cotidiana

concreta O conceito cientiacutefico eacute o conhecimento construiacutedo ao longo da histoacuteria que eacute

disponibilizado pela educaccedilatildeo escolar por meio de um ensino sistemaacutetico (REGO

1995)

Esclarecendo um pouco mais estes conceitos Rego (1995 p 77) afirma que

Os conceitos cotidianos referem-se agravequeles conceitos construiacutedos a partir da

observaccedilatildeo manipulaccedilatildeo e vivencia direta da crianccedila [] Os conceitos

cientiacuteficos se relacionam agravequeles eventos natildeo diretamente acessiacuteveis agrave

observaccedilatildeo ou accedilatildeo imediata da crianccedila satildeo os conhecimentos

sistematizados adquiridos nas interaccedilotildees escolarizadas

Richter (2010) discute a importacircncia da construccedilatildeo desses conceitos espontacircneos

e cientiacuteficos para o desenvolvimento do raciociacutenio geograacutefico Aleacutem disso relaciona os

estudos de Vigotski agrave compreensatildeo da linguagem cartograacutefica o desenvolvimento da

aprendizagem neste caso eacute mediado pelo uso do mapa mental Resgatamos

sumariamente as ideias de Vigotski a respeito da construccedilatildeo dos conceitos e como

entendemos esse processo para explicaccedilatildeo do uso das noccedilotildees para o ensino de

Geografia

Para Vigotski segundo expotildee Friedrich (2012) o desenvolvimento da

linguagem pela crianccedila eacute distinguido em trecircs fases no processo de formaccedilatildeo de

conceitos A primeira fase corresponde agrave formaccedilatildeo dos sincreacuteticos a segunda eacute a do

pensamento por complexos nessa fase haacute um momento chamado de pseudoconceito e

por uacuteltimo o verdadeiro conceito (conceito cientiacutefico)

Na formaccedilatildeo dos sincreacuteticos ldquo[] a crianccedila designa diferentes objetos

utilizando a mesma palavrardquo (FRIEDRICH 2012 p 91) Nesse processo de

62

desenvolvimento cognitivo da crianccedila ela pode utilizar a mesma palavra (entendida

aqui como imagem) para situaccedilotildees distintas em decorrecircncia de seu caraacuteter difuso e

aleatoacuterio O que haacute eacute uma utilizaccedilatildeo funcional da imagem independentemente do

contexto ao qual se encontra

Ao relacionar a formaccedilatildeo da imagem sincreacutetica as representaccedilotildees dos mapas

mentais Richter (2010 p 72) adverte que o aluno embora observe o meio ou em outro

caso jaacute tenha estudado outros modelos de representaccedilatildeo

[] natildeo consegue discernir os contextos que satildeo responsaacuteveis pela sua

configuraccedilatildeo [espacial] Ou seja produz um mapa em que todos os elementos

representados natildeo apresentam diferenccedilas Por exemplo natildeo entende que uma

aacutervore pode ser mais velha que um preacutedio abandonado Mas ao cruzar

determinadas informaccedilotildees como a localizaccedilatildeo de alguns objetos ou a anaacutelise

temporal transforma essa imagem complexa numa leitura mais criteriosa

Os complexos pensamento e linguagem satildeo desenvolvidos pelas crianccedilas

possibilitando a compreensatildeo de relaccedilotildees objetivas existentes entre o mapa mental e o

mundo real tomando a representaccedilatildeo como fonte de conhecimento do mundo (natildeo)

conhecido O mapa mental por exemplo eacute observado como aproximaccedilatildeo da

representaccedilatildeo espacial do mapa existente do Brasil Isso ocorre por conter criteacuterios

miacutenimos de comunicaccedilatildeo que podem ou natildeo ter alguma relaccedilatildeo aos modelos

tradicionalmente expressos pela ciecircncia geograacutefica (tema legenda tiacutetulo uso de signos

orientaccedilatildeo espacial) Devemos compreender que

A organizaccedilatildeo do pensamento por complexo ajuda a crianccedila na interpretaccedilatildeo

do mundo e assim na sua representaccedilatildeo Neste momento o mapa deixa de

ser um amontoado de objetos para representar fenocircmenos especiacuteficos que

mesmo tendo alguns niacuteveis de complexidade natildeo compatiacuteveis com a

cogniccedilatildeo da crianccedila ela jaacute eacute capaz de estabelecer criteacuterios de seleccedilatildeo Assim

o mapa construiacutedo comeccedila a ser analisado como um meio de comunicaccedilatildeo

entre o que a crianccedila observa no mundo no seu meio e no que eacute possiacutevel

expressar nele (RICHTER 2010 p 73)

Por meio dos complexos e do agrupamento de ligaccedilotildees entre os objetos e

fenocircmenos estudados surge no final da segunda fase o pseudoconceito Essa fase eacute

significativa visto que ele eacute o antecessor ao verdadeiro conceito correspondendo como

elo ao conceito cientiacutefico O pseudoconceito segundo as observaccedilotildees de Friedrich

(2012) ainda natildeo eacute o proacuteprio conceito muito embora as bases de abstraccedilatildeo da palavra

as possiacuteveis semelhanccedilas e agrupamentos sejam levados em consideraccedilatildeo pela crianccedila

O pseudoconceito quando relacionado agraves atividades voltadas aos mapas mentais

compreende em um estaacutegio onde as crianccedilas conseguem desenvolver interpretaccedilotildees e

representaccedilotildees proacuteximas a compreensatildeo dos adultos embora natildeo tenha desenvolvido

autonomia ou habilidade cognitiva suficiente para desenvolver o processo sem o auxiacutelio

63

da mediaccedilatildeo de outros sujeitos colegas ou professor (RICHTER 2010) A terceira fase

eacute a de formaccedilatildeo de conceito cientiacuteficos anteriormente explicados

Diferentemente de Richter (2010) que realiza sua pesquisa com alunos do

ensino meacutedio observamos que por diferentes razotildees (formaccedilatildeo do professor de

Pedagogia tempo de aula destinado a disciplina de Geografia metodologia e recursos

empregados etc) natildeo haacute o ensino-aprendizagem do conceito propriamente dito nos

anos iniciais do EF mas o de noccedilotildees referentes agrave ciecircncia geograacutefica Entendemos as

noccedilotildees de Geografia como o processo inicial de construccedilatildeo de conhecimentos baacutesicos

dessa ciecircncia na escola O quadro 2 sintetiza esse modelo

QUADRO 2 - AS NOCcedilOtildeES COMO PROCESSO DE FORMACcedilAtildeO DOS CONCEITOS

CIENTIacuteFICOS

Fonte Friedrich (2012) e Richter (2010)

Baseado nesse modelo eacute apontado que as noccedilotildees devem estar niacutetidas enquanto

conceitos cientiacuteficos na compreensatildeo dos professores Para os alunos as noccedilotildees de

Geografia se apresentam enquanto condiccedilotildees iniciais de raciociacutenio e abstraccedilatildeo dos

conhecimentos referentes a essa ciecircncia em outros termos ldquo[] natildeo significa apenas

generalizar colocar junto agraves coisas no mundo mas pensar o mundo o que pode

conduzir a ligaccedilotildees entre as coisas no mundo que natildeo satildeo ligaccedilotildees fatuaisrdquo

(FRIEDRICH 2012 p 95)

Desenvolve autonomia e

habilidade cognitiva para

uma interpretaccedilatildeo mais

aprofundada

Pensamento por

complexos

Caraacuteter difuso e aleatoacuterio

Conceitos cientiacuteficos

Sincreacuteticos

Des

envolv

imen

to d

as

noccedilotilde

es d

e

Geo

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os

an

os

inic

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do E

F

Pensamento linguagem ndash

representa fenocircmenos

especiacuteficos

Pseudoconceito

Aproxima-se da

compreensatildeo dos adultos

64

Portanto as noccedilotildees podem passar por todas as fases da construccedilatildeo do conceito

cientiacutefico (sincreacuteticos pensamento por complexos e pseudoconceitos) Entretanto natildeo

haacute a garantia da formaccedilatildeo de conceitos tampouco dos pseudoconceitos tendo em vista

que o conceito cientiacutefico na maioria das vezes natildeo eacute alcanccedilado nos anos iniciais do EF

As noccedilotildees auxiliam os fundamentos para compreensatildeo das relaccedilotildees espaciais e temas

geograacuteficos viabilizando o aluno a progredir em seus estudos

Entender a linguagem mediante as ideias expressas por Vigostki eacute observar que

ela eacute uma construccedilatildeo social e que se desenvolve ao longo da vida Adicionamos a esta

interpretaccedilatildeo a proposta de Bakhtin (2012) que entende a linguagem como um

fenocircmeno social da interaccedilatildeo verbal Buscamos nesse processo observar como as

noccedilotildees de Geografia expressam sentido na representaccedilatildeo por meio dos mapas mentais

Bakhtin (2012) contesta as teses empregadas sobre a linguagem a liacutengua com

influecircncia histoacuterica da filologia que desconsiderou o enunciado e o contexto

transformando-a em um monologo morto com enunciaccedilatildeo fechada isolada Esse autor

afirma que a liacutengua eacute viva e natildeo pertence a um sistema abstrato de normas possui um

contexto soacutecio-histoacuterico A linguagem eacute vista a partir da interaccedilatildeo entre os sujeitos

envolvidos numa praacutetica social Assim

A verdadeira substacircncia da liacutengua [] eacute constituiacuteda [] pelo fenocircmeno social

da interaccedilatildeo verbal realizada atraveacutes da enunciaccedilatildeo ou das enunciaccedilotildees A

interaccedilatildeo verbal constitui assim a realidade fundamental da liacutengua [] Mas

pode-se compreender a palavra ldquodiaacutelogordquo num sentido amplo isto eacute natildeo

apenas com a comunicaccedilatildeo em voz alta de pessoas colocadas face a face

mas toda comunicaccedilatildeo verbal de qualquer tipo que seja (BAKHTIN 2012

p127)

O conceito de dialogismo e interaccedilatildeo verbal estatildeo diretamente ligados pois se

apresentam enquanto sustentaccedilatildeo do processo de produccedilatildeo dos discursos em outras

palavras eacute agrave base da proacutepria linguagem Portanto para Bakhtin (2012) todos os

interlocutores envolvidos no processo apresentam o mesmo grau de importacircncia visto

que todo enunciado eacute uma reacuteplica uma resposta a enunciados passados e possiacuteveis

enunciados que venham a ser produzidos De modo simultacircneo a uma resposta todo o

enunciado se configura tambeacutem em uma indagaccedilatildeo em uma pergunta a outros

possiacuteveis enunciados25

25Para Bakhtin (2012) o enunciado eacute um diaacutelogo que se produz em um contexto que eacute sempre social entre

duas pessoas socialmente organizadas Estabelece relaccedilotildees com a realidade dialoacutegica entre o falante e o

ouvinte

65

Nessas condiccedilotildees Freitas (2000 p 135) entende que ldquotoda enunciaccedilatildeo tem pois

dois aspectos o linguumliacutestico [sic] que eacute reiterativo e se refere a um objeto preacute-existente e

o contextual que eacute uacutenico tendo como referecircncia novos enunciadosrdquo Portanto no caso

do uso dos mapas mentais entendemos que ele sempre seraacute relativo a um modelo preacute-

existente seja a imagem mental que o aluno tem do mundo ou uma construccedilatildeo jaacute

sistematiza atraveacutes dos mapas existentes possibilitando (re) significar sua compreensatildeo

acerca do espaccedilo geograacutefico26

Nesse sentido Jobim e Souza (1994) demonstram que a visatildeo bakhtiniana propotildee

que as relaccedilotildees dialoacutegicas satildeo particulares elas natildeo podem ser reduzidas agraves reacuteplicas de

um diaacutelogo real Decorre que estas relaccedilotildees dialoacutegicas satildeo amplas heterogecircneas e

complexas Dois enunciados de lugar e ou tempo diferente quando confrontados em

relaccedilatildeo ao seu sentido podem resultar em uma relaccedilatildeo dialoacutegica Estas constituem

relaccedilatildeo de sentido quer seja no discurso de um diaacutelogo real e especiacutefico (espaccedilo vivido)

como no acircmbito plural das ideias desenvolvidas pela ciecircncia em espaccedilos e tempos

distintos27

O tema e a construccedilatildeo das noccedilotildees geograacuteficas satildeo conforme a interpretaccedilatildeo dos

estudos de Bakhtin e Vigotski algo exterior ao sujeito O aluno natildeo eacute o criador por

excelecircncia do saber geograacutefico do produto cartograacutefico mas um (re) contextualizador

dessa histoacuteria (Re) contextualiza para compreender No ato da mediaccedilatildeo aprimora

suas teacutecnicas contextualiza novos conhecimentos memoriza esquece inventa

descobre deixa de acreditar em fantasias e estoacuterias como consequecircncia

Nenhum falante eacute o primeiro a falar sobre o toacutepico de seu discurso O falante

natildeo eacute o Adatildeo biacuteblico que nomeia o mundo pela primeira vez Cada um de noacutes

encontra um mundo que jaacute foi articulado elucidado avaliado de muitos

modos diferentes mdash jaacute-falado por algueacutem Ao usar as palavras para falar

sobre um determinado toacutepico encontramo-nos jaacute habitado por outras falas de

outras pessoas Para Bakhtin a linguagem nunca estaacute completa ela eacute uma

26 Compreendemos que os mapas mentais podem se aproximar em sua configuraccedilatildeo dos mapas

existentes mas isso natildeo eacute a intenccedilatildeo primeira O que procuramos explicar eacute que a imagem espacial acerca

do espaccedilo geograacutefico eacute apresentada ao aluno de diferentes formas seja ela a partir de suas proacuteprias

experiecircncias cotidianas assim como por abstraccedilotildees (mapas) utilizadas pelas diferentes esferas sociais

Isto influecircncia a percepccedilatildeo de mundo dos estudantes podendo ser re-significada na escola mediante o

processo de ensino-aprendizagem de Geografia 27

Haacute uma diferenccedila expressa que distingue significado e sentido nas obras de Bakhtin segundo Freitas

(2000 p 136) o ldquosignificado refere-se ao significado abstrato dicionarizado que eacute reconhecido pelos

linguumlistas [sic] [] O sentido exige uma compreensatildeo ativa mais complexa em que o ouvinte aleacutem de

decodificar relaciona o que estaacute sendo dito com o que ele estaacute presumindo e prepara uma resposta ao

enunciadordquo

66

tarefa um projeto sempre caminhando e sempre inacabado (JOBIM E

SOUZA 1994 p 99)

No contexto escolar o aluno ao produzir um mapa mental entendido por Kozel

(2005 2008) como enunciado sempre leva em consideraccedilatildeo o outro (colegas e

professor e a proacutepria condiccedilatildeo social ao que estaacute inserido) natildeo de forma passiva mas

sobretudo como sujeito que participa de maneira ativa Eacute a partir dessa corrente

comunicativa de enunciados concretos que a linguagem no sentido bakhtiniano se

define como dialoacutegica Um dos fatos que possibilita o uso da concepccedilatildeo bakhtiniana

para interpretaccedilatildeo dos mapas mentais eacute que

A especificidade das relaccedilotildees dialoacutegicas precisa de uma abordagem que

considere os aspectos metalinguumliacutesticos [sic] que constituem qualquer

enunciado e que natildeo satildeo redutiacuteveis agraves relaccedilotildees loacutegicas da liacutengua Embora as

relaccedilotildees loacutegicas na liacutengua sejam evidentes e necessaacuterias elas natildeo esgotam

toda a complexidade presente nas relaccedilotildees dialoacutegicas (JOBIM E SOUZA

1994 p 100)

Jobim e Souza oferece outras pistas para compreendermos a funccedilatildeo dos mapas

mentais a autora ao referir-se aos estudos de Bakhtin elucida que ldquoas relaccedilotildees

dialoacutegicas pressupotildeem a liacutengua como sistema mas natildeo existem propriamente no

sistema da liacutenguardquo (JOBIM E SOUZA 1994 p 101) portanto natildeo apenas a expressatildeo

verbal poderaacute constituir um sistema linguiacutestico mas tambeacutem as natildeo-verbais como a

libras desenho e os mapas mentais

Teixeira (2001) ao estudar os mapas mentais explica que eles constituem um

discurso que emprega uma variedade de signos expressos em forma de enunciado

constituindo novas formas de linguagem destaca que

Eacute atraveacutes de nossa capacidade de combinar signos que desenvolvemos nossa

capacidade semioacutetica pois os sistemas de signos satildeo sobretudo conjuntos

heterogecircneos Com base nessas consideraccedilotildees podemos entender a

importacircncia dessa abordagem para a anaacutelise das representaccedilotildees elaboradas

atraveacutes dos mapas mentais (TEIXEIRA 2001 p 273)

Como exemplo Teixeira (2001) estuda o slogan ldquoCuritiba Capital ecoloacutegicardquo

enquanto um signo de representaccedilatildeo social da cidade de Curitiba ndash PR Os mapas

mentais realizados em sua pesquisa observam a percepccedilatildeo da imagem ambiental de

Curitiba criada pela sociedade dividindo a interpretaccedilatildeo em duas esferas de um lado

como uma urbanizaccedilatildeo organizada e por outro com problemas como favelizaccedilatildeo

poluiccedilatildeo entre outros

67

O enunciado portanto pode se contradizer mas natildeo discordar Isto soacute eacute possiacutevel

quando ocorre as interaccedilotildees do sistema linguiacutestico com a realidade satildeo as interaccedilotildees

que datildeo o caraacuteter de verdadeiro falso belo etc O mapa mental enquanto um recurso

visual tambeacutem eacute carregado desta relaccedilatildeo dialoacutegica possui interaccedilotildees de signos que

dialogam com a realidade espacial vivida e ou conhecida pelo aluno durante suas

praacuteticas estudantis e sociais

Explica Barros (2012) que o signo eacute carregado de um conteuacutedo valor ideoloacutegico

ou vivencial possui tambeacutem caraacuteter mediador operador (realiza) e conversor (altera) as

relaccedilotildees sociais e percepccedilotildees A atividade do signo eacute para Vigotski e Bakhtin um

processo de mudanccedila do proacuteprio sujeito sobre outros e a cultura Admite Barros (2012)

que para Vigotski a palavra eacute sempre comando e Bakhtin desfaz a dicotomia entre

linguagem e praacutetica social Como conclusatildeo ao uso do signo nessa perspectiva

Os signos soacute podem existir onde os indiviacuteduos estejam socialmente

organizados formando grupos ou sociedades organizadas natildeo sendo possiacutevel

serem construiacutedos apenas na intermediaccedilatildeo entre dois elementos ou coisas

quaisquer Eacute necessaacuterio que exista a materialidade social para que haja a

exteriorizaccedilatildeo do signo tornando-o objeto concreto de estudo garantindo-lhe

sua convencionalizaccedilatildeo e garantindo sua utilizaccedilatildeo como signo (TEIXEIRA

2001 p 269)

Consideramos que o mapa mental ao se constituir em um fator de caracterizaccedilatildeo

para a linguagem cartograacutefica possui funccedilatildeo de enunciado da mesma forma como

Bakhtin valoriza a enunciaccedilatildeo na fala afirmando sua natureza social o mapa mental estaacute

relacionado agraves condiccedilotildees da comunicaccedilatildeo que por sua vez estatildeo sempre ligadas agraves

estruturas sociais Essa comunicaccedilatildeo envolve no miacutenimo dois sujeitos o sujeito

destinador (mapeador) e o destinataacuterio (leitor de mapa) mas

[] o vivido soacute se semiotiza quando eacute expresso em caso contraacuterio natildeo seraacute

uma experiecircncia humana mas uma mera resposta fisioloacutegica a um estiacutemulo

do meio que natildeo se diferenciaria do animal Portanto expressar externar um

enunciado eacute um produto das inter-relaccedilotildees sociais (KOZEL 2008 p 74)

Concluindo nossos apontamentos sobre as consideraccedilotildees de Bakhtin

ressaltamos que o mapa mental pode ser considerado mais que um veiacuteculo de

comunicaccedilatildeo entre os sujeitos a materializaccedilatildeo do proacuteprio conhecimento cientiacutefico

aprendido coletivamente em condiccedilotildees escolares Apresenta natildeo apenas sinais relativos

ao sujeito que aprende mas refletem sobre as ideologias criadas pela sociedade

contrapondo e ressignificando as experiecircncias cotidianas do sujeito que vive e do

conhecimento cientiacutefico que aprende com o auxiacutelio dos mediadores escolares

68

Dessa maneira com base nas reflexotildees acima entende-se o mapa mental como

um recurso didaacutetico para a comunicaccedilatildeo (carto)graacutefica dos espaccedilos que vivenciamos em

nosso dia a dia ou cartograficamente puacuteblicos como o mapa mundo Ao tornar possiacutevel

ensaiar comportamentos espaciais na mente torna-se um instrumento mnemocircnico

Quando expresso no papel os mapas mentais satildeo instrumentos para estruturar e

armazenar o conhecimento apreendido no processo de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica

Desta forma buscamos nos proacuteximos capiacutetulos aprofundar a possibilidade de

uma alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica relacionada agrave linguagem por meio dos mapas mentais

pensando as praacuteticas de Ensino de Geografia nos anos iniciais do EF Aleacutem disso

descrevemos e explicamos o percurso metodoloacutegico da pesquisa a escola escolhida os

sujeitos e instrumentos de pesquisa que corroboram com nossa investigaccedilatildeo

69

2 ITINERAacuteRIO DA PESQUISA E SEUS ENCAMINHAMENTOS

METODOLOacuteGICOS

Antes de explicarmos os procedimentos de nossa pesquisa eacute necessaacuteria uma

ressalva a respeito de sua metodologia Ao iniciarmos nossa investigaccedilatildeo realizamos

duas pesquisas-piloto nos anos iniciais do EF uma na Escola Municipal Luacutecia de

Faacutetima Gayoso Meira Campina Grande ndash PB no ano de 2013 e a outra na Escola de

Aplicaccedilatildeo da Universidade Federal de Goiaacutes em Goiacircnia ndash GO em 2014 (ambas em

turmas do 5ordm ano) Nestas ocasiotildees a proposta metodoloacutegica para esta dissertaccedilatildeo era a

pesquisa-accedilatildeo

Durante a qualificaccedilatildeo desta pesquisa a metodologia pesquisa-accedilatildeo foi

questionada no que corresponde ao criteacuterio ldquotempordquo haja vista que a pesquisa-accedilatildeo

ldquo[] eacute singular e define-se por uma situaccedilatildeo precisa concernente a um lugar a pessoas

a um tempo a praacuteticas e a valores sociais e agrave esperanccedila de mudanccedilardquo (BARBIER 2007

p 119) Nossas pesquisas-piloto ateacute o momento haviam sido pontuais (dois meses em

meacutedia) e com puacuteblicos de realidade distintos o que natildeo resultaria em ldquoesperanccedila de

mudanccedilardquo ou seja das soluccedilotildees de problemas referentes agrave proposta de alfabetizaccedilatildeo

cartograacutefica

Buscamos outras propostas metodoloacutegicas que permitissem contribuir com o

desenvolvimento da investigaccedilatildeo realizando consequentemente uma uacuteltima pesquisa

a qual deu base para as anaacutelises registradas neste trabalho Consequentemente ao

estudarmos o artigo ldquoO que eacute um estudo de caso qualitativo em educaccedilatildeo28rdquo escrito por

Andreacute (2013) compreendemos as criacuteticas relacionadas a uma tipificaccedilatildeo da pesquisa em

educaccedilatildeo sem uma reflexatildeo aprofundada A respeito dessas consideraccedilotildees expotildeem

Andreacute (2013 p 96)

O que parece estar presente na cultura acadecircmica pelo menos para o poacutes-

graduando eacute uma convicccedilatildeo de que eacute necessaacuterio e obrigatoacuterio dar um nome a

sua pesquisa Acontece que nem sempre existe uma classe ndash ou tipificaccedilatildeo ndash

em que se pode enquadrar a pesquisa

A autora completa seus argumentos ressaltando que

28

ANDREacute Marli O que eacute um estudo de caso qualitativo em educaccedilatildeo Revista da FAEEBA - Educaccedilatildeo

e Contemporaneidade Salvador v 22 n 40 2013 p 95 ndash 103 Disponiacutevel em

lthttpwwwrevistasunebbrindexphpfaeebaarticleview753gt Acesso em 15102014

70

Na perspectiva das abordagens qualitativas natildeo eacute a atribuiccedilatildeo de um nome

que estabelece o rigor metodoloacutegico da pesquisa mas a explicitaccedilatildeo dos

passos seguidos na realizaccedilatildeo da pesquisa ou seja a descriccedilatildeo clara e

pormenorizada do caminho percorrido para alcanccedilar os objetivos com a

justificativa de cada opccedilatildeo feita Isso sim eacute importante porque revela a

preocupaccedilatildeo com o rigor cientiacutefico do trabalho ou seja se foram ou natildeo

tomadas as devidas cautelas na escolha dos sujeitos dos procedimentos de

coleta e anaacutelise de dados na elaboraccedilatildeo e validaccedilatildeo dos instrumentos no

tratamento dos dados (ANDREacute 2013 p 96)

Entendemos que uma pesquisa acadecircmica natildeo necessariamente deve estar

relacionada a uma tipificaccedilatildeo de pesquisa o que interessa satildeo os procedimentos que

conduziram a investigaccedilatildeo e a clareza para compreensatildeo do leitor Procurando natildeo

cometer os mesmos erros resolvemos entatildeo destacar a abordagem qualitativa

recorrendo a alguns procedimentos utilizados durante as pesquisas-piloto ao qual

daremos maior enfoque a seguir

21 CARACTERIZACcedilAtildeO DA METODOLOGIA DA PESQUISA

Segundo Gil (1999) uma investigaccedilatildeo cientiacutefica requer um processo formal e

sistemaacutetico de desenvolvimento do meacutetodo de investigaccedilatildeo Na busca por soluccedilotildees para

determinado problema o pesquisador adota uma seacuterie de procedimentos permitindo

colaborar com novos conhecimentos acerca do objeto pesquisado Quando nos

referimos as Ciecircncias Sociais fica claro que o comportamento humano eacute complexo

Tambeacutem mais mutaacutevel que os fenocircmenos fiacutesicos (rochas minerais etc) dessa forma

opccedilotildees metodoloacutegicas necessitam ser realizadas

Seguindo as observaccedilotildees do paraacutegrafo anterior concordamos com Oliveira

(2007 p 43) quando caracteriza a metodologia como

[] um processo que se inicia desde a disposiccedilatildeo inicial de se escolher um

determinado tema para pesquisar ateacute a anaacutelise dos dados com as

recomendaccedilotildees para minimizaccedilatildeo ou soluccedilatildeo do problema pesquisado

Portanto metodologia eacute um processo que engloba um conjunto de meacutetodos e

teacutecnicas para ensinar analisar conhecer a realidade e produzir novos

conhecimentos

Oliveira (2007) e Gil (1999) afirmam que a pesquisa eacute um processo de

desenvolvimento do conhecimento cientiacutefico e por meio dela novas descobertas e

avanccedilos na realidade social podem ser realizados Para Oliveira (2007) eacute indispensaacutevel

que o pesquisador tenha afinidade pelo tema investigado e que esteja relacionado agrave vida

e experiecircncias do cientista A proximidade com o tema possibilita o conhecimento da

71

gecircnese do problema crescimento pessoal e possiacuteveis contribuiccedilotildees Em virtude dessas

palavras eacute importante revelar as circunstacircncias que nos aproximam da aacuterea da

Cartografia Escolar

Durante a graduaccedilatildeo em licenciatura em Geografia os estudos relacionados agrave

Cartografia jaacute me despertava interesse levando-me a participar enquanto monitor da

disciplina ldquoCartografia Baacutesica Irdquo na Universidade Estadual da Paraiacuteba Campus

Campina Grande Outra experiecircncia em projeto de extensatildeo inquietou-me

pesquisaacutevamos o uso de recursos geotecnoloacutegicos nas praacuteticas de ensino de Geografia

Como resultado decidi investigar o uso das geotecnologias (entre elas a Cartografia

digital) com alunos dos anos iniciais do EF29

Portanto o interesse sobre ensino de Geografia e Cartografia Escolar se estende

ao desenvolvimento desta dissertaccedilatildeo Neste vieacutes eacute necessaacuterio identificar as opccedilotildees

realizadas principalmente ao que se refere aos paracircmetros metodoloacutegicos Escolhemos

enquanto orientaccedilatildeo de pesquisa a abordagem qualitativa que

[] pode ser caracterizada como sendo uma tentativa de explicar em

profundidade o significado e as caracteriacutesticas do resultado das informaccedilotildees

obtidas atraveacutes de entrevistas ou questotildees abertas sem a mensuraccedilatildeo

quantitativa de caracteriacutesticas ou comportamento (OLIVEIRA 2007 p 59)

Aleacutem disso eacute possiacutevel destacar outras caracteriacutesticas da pesquisa qualitativa

como descrever a complexidade de problemas e hipoacuteteses compreender e classificar

grupos sociais contribuir no processo de mudanccedila criar grupos com a finalidade de

interpretaccedilatildeo das particularidades e dos comportamentos e atitudes dos sujeitos (GIL

1999 OLIVEIRA 2007) Segundo as orientaccedilotildees de Oliveira (2007 p 59) e Godoy

apud Neves (1996 p 01) a abordagem qualitativa segue algumas situaccedilotildees de pesquisa

29 O projeto de extensatildeo intitulado ldquoPotencialidades da utilizaccedilatildeo de geotecnologias como recursos

didaacuteticos no ensino-aprendizagem de Geografiardquo foi coordenado pela Prof Drordf Josandra Arauacutejo Barreto

de Melo O projeto visava capacitar os alunos da Escola Normal de Campina Grande denominados de

formandos (profissionais formados para atuarem na Educaccedilatildeo Infantil e anos iniciais do Ensino

Fundamental) a utilizarem geotecnologias (sites e softwares como o google earth) atraveacutes da criaccedilatildeo de

situaccedilotildees de ensino-aprendizagem geograacuteficas Apoacutes essa experiecircncia no ano de 2012 realizei uma

investigaccedilatildeo sobre as potencialidades dos recursos geotecnoloacutegicos para as aulas de Geografia

especificamente com alunos do 5ordm ano da Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira A monografia

eacute intitulada ldquoEnsino de Geografia no Ensino Fundamental I o uso de recursos geotecnoloacutegicos e de novas

metodologias de ensino-aprendizagemrdquo Em ambas as experiecircncias encontramos dificuldades na

execuccedilatildeo da proposta seja por falta do laboratoacuterio de informaacutetica desconhecimento sobre teacutecnicas da

informaacutetica (por professores e ou alunos) ou dos procedimentos metodoloacutegicos e conceituais da

Geografia

72

que se converge em cinco aspectos os quais relacionaram com as justificativas e

contextos desta dissertaccedilatildeo

1 Necessidade de substituir informaccedilotildees estatiacutesticas30 por quadros

qualitativos investigar fatos em novos contextos ou quando haacute pouca

informaccedilatildeo sobre determinado tema Esse dado justifica a intenccedilatildeo de

pesquisar o uso dos mapas mentais em contexto escolar com alunos dos anos

iniciais do EF em decorrecircncia do pouco referencial teoacuterico e uma proposta

metodoloacutegica sobre o uso de esboccedilos cartograacuteficos livres no referido periacuteodo de

escolarizaccedilatildeo

2 As observaccedilotildees qualitativas satildeo indicadores de estruturas sociais Ao

realizar a nossa pesquisa nas turmas de 4ordm e 5ordm ano do EF utilizamos como

estrateacutegia a observaccedilatildeo participante registrando fatos e fenocircmenos encontrados

em campo realizando descriccedilotildees acerca das aulas de Geografia ministradas

3 Compreender aspectos psicoloacutegicos cujos dados natildeo podem ser coletados

por outros meacutetodos de investigaccedilatildeo Neste quesito foi verificada a

complexidade do processo de ensino-aprendizagem de Geografia

especialmente das praacuteticas que envolvem a Cartografia Escolar necessitando de

uma compreensatildeo do contexto da escola das leituras de mundo dos alunos sobre

os mapas mentais produzidos e da apreensatildeo das professoras

4 O significado que as pessoas datildeo as coisas e a sua vida como preocupaccedilatildeo

para o investigador Valorizamos em nossa pesquisa natildeo apenas os mapas

mentais enquanto produto final mas o processo de produccedilatildeo das representaccedilotildees

pelos alunos Procuramos dialogar e observar os contextos em sala de aula

procurando buscar soluccedilotildees para o ensino-aprendizagem de Geografia com as

turmas com as quais trabalhamos Aleacutem disso procuramos ressaltar a

importacircncia da Geografia para o cotidiano dos alunos

5 Enfoque indutivo Partimos de uma realidade particular para o

desenvolvimento da pesquisa uma escola municipal a qual seraacute apresentada

posteriormente efetivando nesse processo (novas) propostas correspondentes a

30 Para Oliveira (2007 p 58) eacute possiacutevel ldquo[] utilizar dados quantitativos em uma pesquisa qualitativa

visto que face ao novo paradigma da ciecircncia contemporacircnea no processo de construccedilatildeo do conhecimento

(epistemologia) deve-se incluir a descriccedilatildeo de todos os fenocircmenos []rdquo

73

praacuteticas com os mapas mentais e ateacute mesmo observando seus (in) sucessos em

sala de aula

Tendo as situaccedilotildees descritas anteriormente como pontos norteadores do estudo

foi necessaacuterio tambeacutem recorremos a outros gecircneros de pesquisa com a intenccedilatildeo de (1)

empregar procedimentos utilizados em pesquisas-piloto anteriores os quais os

resultados demonstraram-se positivos e (2) Ampliar as fontes de dados relacionadas aos

resultados da investigaccedilatildeo Nestas condiccedilotildees os meacutetodos seguidos pela abordagem

qualitativa estudo de caso a pesquisa participativa e a pesquisa-accedilatildeo serviram como

guias para refinarmos outros procedimentos

Relata Gil (1999) e Oliveira (2007) que a pesquisa participativa requer

compromisso espiacuterito de solidariedade e comunhatildeo entre o pesquisador e a populaccedilatildeo

da comunidade em que eacute realizado o estudo De acordo com Oliveira (2007 p 75) a

pesquisa participativa eacute uma ldquo[] modalidade de pesquisa [que] eacute realizada em

comunidades carentes ou com grupos desfavorecidos como operaacuterios iacutendios e

camponeses entre outrosrdquo Aleacutem disso procura uma associaccedilatildeo entre uma accedilatildeo para

soluccedilatildeo de um problema coletivo desenvolvendo autonomia dos sujeitos pesquisados a

uma exterioridade poliacutetica econocircmica administrativa por exemplo (GIL 1999)

A pesquisa-accedilatildeo assim como a pesquisa participativa eacute caracterizada pela

participaccedilatildeo do pesquisador no contexto social investigado A metodologia eacute definida

por Engel (2000 p 182) como

[] um tipo de pesquisa participante engajada em oposiccedilatildeo agrave pesquisa

tradicional que eacute considerada como ldquoindependenterdquo ldquonatildeo-reativardquo e

ldquoobjetivardquo Como o proacuteprio nome jaacute diz a pesquisa-accedilatildeo procura unir a

pesquisa agrave accedilatildeo ou praacutetica isto eacute desenvolver o conhecimento e a

compreensatildeo como parte da praacutetica Eacute portanto uma maneira de se fazer

pesquisa em situaccedilotildees em que tambeacutem se eacute uma pessoa da praacutetica e se deseja

melhorar a compreensatildeo desta

No desenvolvimento da pesquisa-accedilatildeo assim como da pesquisa participativa se

busca a accedilatildeo efetiva dos membros para a realizaccedilatildeo de determinada atividade com o

objetivo da conscientizaccedilatildeo social trabalhista ou educacional por exemplo No caso da

Cartografia Social as investigaccedilotildees se valem da produccedilatildeo dos mapas mentais

considerando as experiecircncias dos grupos humanos Outro fator eacute que na pesquisa-accedilatildeo o

conhecimento eacute produto de uma praacutetica considera nesta modalidade a reflexatildeo que

ocorre durante todo o processo da pesquisa

74

Parte dos procedimentos adotados corresponde agraves pesquisas de gecircnero

participativa especialmente da pesquisa-accedilatildeo as quais satildeo caracterizadas a partir das

obras de Barbier (2007) e Morin (2004) Elas satildeo explicitadas nos seguintes toacutepicos

Realizaccedilatildeo de um ldquocontratordquo segundo Barbier (2007) e Morin (2004) eacute um

acordo realizado entre o pesquisador e o grupo de trabalho O contrato tem um

caraacuteter aberto formal e de preferecircncia natildeo-estruturado Para realizaccedilatildeo da

pesquisa tivemos que concordar com algumas condiccedilotildees dadas pelas

professoras entre elas que os assuntos abordados durante as aulas

correspondessem com os conteuacutedos ministrados no quarto bimestre (em ambas

as turmas) e que as aulas fossem ministradas durante um dia

(quinzenalmente)31

Participaccedilatildeo coletiva e cooperativa e de cogestatildeo A pesquisa-accedilatildeo

corresponde ao envolvimento dos sujeitos e do pesquisador que satildeo sujeitos da

praacutetica Desta forma nossa intenccedilatildeo natildeo era apenas aplicar os mapas mentais

com as turmas selecionadas (4ordm e 5ordm ano) mas participar e lecionar os assuntos

de Geografia visto que foi nos dada agrave oportunidade em ambas as turmas

muito embora as professoras tenham participado de todo o processo

Mudanccedila que leve a transformaccedilatildeo Inicialmente questionamos os alunos

acerca dos recursos cartograacuteficos (utilizaccedilatildeo dos mapas) a leitura dos recursos

e sua utilizaccedilatildeo no cotidiano Neste quesito realizamos atividades

direcionadas aos mapas mentais aleacutem de outras atividades com mapas

existentes e atividades luacutedicas para a soluccedilatildeo de duacutevidas e problemas

encontrados neste percurso O produto resultou em diferentes praacuteticas de

ensino entretanto assim como aponta a metodologia de pesquisa nem todas

as praacuteticas foram eficazes (como apresentaremos nos proacuteximos capiacutetulos)

Nestas condiccedilotildees Morin (2007) esclarece que os erros levam ao avanccedilo da

pesquisa e satildeo relevantes para a adaptaccedilatildeo do objeto investigado Neste contexto esses

procedimentos da pesquisa-accedilatildeo podem ser esclarecedores para o pesquisador pois o

31 Geralmente as aulas ocorriam uma vez por semana em periacuteodos equivalentes a uma hora (em meacutedia)

Ao dialogarmos com as professoras conseguimos um dia por semana durante todo o periacuteodo da tarde Em

entrevista os alunos se queixavam que as aulas de Geografia e Histoacuteria pouco ocorriam havendo

semanas que simplesmente natildeo aconteciam (principalmente no 5ordm ano) Voltaremos a abordar essas

questotildees no capiacutetulo III

75

faz debruccedilar natildeo apenas pelos resultados positivos mas situa a reflexatildeo global do

processo de ensino-aprendizagem no processo de aperfeiccediloamento As pesquisas

participativas consideram o conhecimento sempre provisoacuterio e dependente do contexto

histoacuterico e cultural observado e interpretado (MORIN 2004 BARBIER 2007

OLIVEIRA 2007)

Ademais com a intenccedilatildeo de estruturar as accedilotildees para realizaccedilatildeo da pesquisa

resgatamos criteacuterios do estudo de caso o qual segundo Oliveira (2007 p 55) eacute

caracterizado como ldquouma estrateacutegia metodoloacutegica do tipo exploratoacuterio descritivo e

interpretativordquo possui caracteriacutesticas holiacutesticas e significativas para desvendar fatos ou

fenocircmenos

Aleacutem disso procuramos ldquo[] focalizar um fenocircmeno particular levando em

conta seu contexto e suas muacuteltiplas dimensotildees Valoriza-se o aspecto unitaacuterio mas

ressalta-se a necessidade da anaacutelise situada e em profundidaderdquo (ANDREacute 2013 p 97)

Como estrateacutegia de pesquisa o estudo de caso eacute compreendida como uma metodologia

que considera uma loacutegica de planejamento teacutecnica e anaacutelises de coleta especifica

De acordo com esses argumentos procuramos organizar e construir as etapas de

nossa pesquisa para o desenvolvimento das aulas e anaacutelise dos mapas mentais

produzidos Sistematizamos os procedimentos da pesquisa ressaltando a importacircncia

metodoloacutegica para a realizaccedilatildeo desses passos revisatildeo bibliograacutefica escolha dos espaccedilos

e sujeitos da pesquisa instrumentos de pesquisa e resultados coletados

22 PROCEDIMENTOS DA PESQUISA

2 2 1 Referenciais teoacuterico-metodoloacutegicos

Na orientaccedilatildeo da pesquisa realizamos o levantamento do referencial teoacuterico-

metodoloacutegico que orienta o tema em questatildeo Pesquisamos autores e obras para

realizaccedilatildeo das etapas da pesquisa Os materiais utilizados pertencem a diferentes aacutereas

ensino de Geografia Pedagogia Psicologia Linguiacutestica e Cartografia Escolar estes

foram substanciais para a construccedilatildeo teoacuterica e da proposta metodoloacutegica Buscamos

analisar experiecircncias com os mapas mentais na discussatildeo de trecircs pontos

76

A) Ensino de Geografia

Propomos para este estudo destacar obras que em nossa compreensatildeo valorizam

o ensino-aprendizagem de Geografia especialmente nos anos iniciais do EF Elas

integram a discussatildeo acerca da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica e a leitura de mundo

demarcado por temas voltados aos estudos geograacuteficos

Destacamos que as obras de Callai (2005 2013) Straforini (2008) Campos amp

Buitoni (2010) Lessan (2011) e Pinheiro (2012) foram fundamentais para se efetivar

uma proposta de pesquisa para o conjunto do ensino-aprendizagem de Geografia com

alunos e professores dos anos iniciais do EF O trabalho de Cavalcanti (2014) relaciona

os conceito e metodologias do trabalho docente para o ensino de Geografia contribuindo

com as propostas do que e como ensinar

Procuramos apoiar nossas escolhas tambeacutem mediante obras que fundamentam a

ciecircncia geograacutefica Partindo da proacutepria indicaccedilatildeo do referencial teoacuterico suas teorias e

conceitos das obras supramencionadas para auxiliar o desenvolvimento das praacuteticas

pedagoacutegicas assim como a compreensatildeo e anaacutelise dos mapas mentais produzidos

Desta forma o trabalho de Tuan (1983 2012) auxiliam na compreensatildeo dos conceitos

de espaccedilo geograacutefico e lugar Racine Raffestin amp Ruffy (1983) Silveira (2004) e

Castro (2008) para a compreensatildeo de escala geograacutefica Aleacutem desses as obras de Claval

(2006 2010 2011) que discute a importacircncia da localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial

B) Alfabetizaccedilatildeo Cartograacutefica e mapas mentais

Este toacutepico que vem sendo composto desde a (re) elaboraccedilatildeo de nosso projeto

abarca a intenccedilatildeo principal desta pesquisa (que como discutido no capiacutetulo I) estaacute

relacionada ao uso de Cartografia para escolares Pontuamos mediante a realizaccedilatildeo de

nosso estudo leituras direcionadas a linguagem espacial no ensino-aprendizagem de

Geografia

Os estudos de Oliveira (1978) Castrogiovanni amp Costella (2006) Castellar

(2000) Almeida amp Passini (2010) Almeida (2010 2011) Richter (2011) e Passini

(2012) estatildeo presentes como a base para a construccedilatildeo e revisatildeo de nossa proposta de

pesquisa voltada agrave Cartografia Escolar

77

Resgatamos teoacutericos que discutem o uso da Cartografia e seus novos

direcionamentos a uma Cartografia Social mesmo que natildeo explicitamente como Katuta

(2001) Girardi (2005) Raffestin (2007) Farinelli (2013) e Lladoacute (2013)

Nossa proposta metodoloacutegica eacute baseada nos trabalhos de dissertaccedilatildeo de Richter

(2010) e Teixeira (2001) Recorremos tambeacutem a outras experiecircncias de trabalhos

relacionados a atividades proacuteximas aos mapas mentais como o uso do desenho discutido

por Miranda (2005) e mapas vivenciais apresentados no trabalho de Lopes (2012)

Contextualizamos aleacutem disso as experiecircncias com o uso dos mapas mentais

desenvolvidos nas pesquisas de Nogueira (2006) Kozel (2008) Galvatildeo amp Kozel

(2008) Oliveira (2010) Silva amp Bernardelli (2010) Santos (2011) e Archela Gratatildeo amp

Trostdorf (2004)

C) Teoria histoacuterico-cultural ou soacutecio histoacuterica

Nossa intenccedilatildeo ao nos referirmos agrave teoria histoacuterico-cultural corrente psicoloacutegica

que explica o desenvolvimento da mente humana atraveacutes de uma perspectiva dialeacutetica

natildeo eacute nos resumirmos a uma anaacutelise metoacutedica mas entendermos o processo das funccedilotildees

superiores no modo de funcionamento psicoloacutegico do sujeito o processo de cogniccedilatildeo

para a aprendizagem de Geografia

Entendemos o processo de ensino-aprendizagem em uma perspectiva histoacuterica e

social Ele eacute em sua natureza baseado na vivecircncia e no diaacutelogo existente em

comunidade resultando em uma cultura A linguagem constroacutei valores ideias e accedilotildees

sociais As representaccedilotildees espaciais neste contexto tambeacutem se constituem como uma

linguagem possibilitando a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica

Nesta perspectiva destacamos as obras de Vigotski (1998) e de Bakhtin (2012)

fundamentalmente Para a compreensatildeo mais consistente das obras de Vigotski e

Bakhtin decidimos incorporar o debate dos seguintes autores Jobim e Souza (1994)

Freitas (2000) Rego (1995) Barros (2012) e Friedrich (2012)

2 2 2 Instrumentos de Pesquisa

Consideramos que o principal instrumento de estudo eacute o pesquisador Sua

funccedilatildeo ampla recorre ao observar e participar recriar estrateacutegias organizar

circunstacircncias para a aprendizagem motivar e coordenar as atividades em sala de aula

78

Ele atribui significados a um objetivo preacute-elaborado com a compreensatildeo que as

circunstacircncias podem se alterar a qualquer momento em seu percurso tanto na teoria

quanto na praacutetica Os criteacuterios para realizaccedilatildeo da pesquisa satildeo descritos pelos pontos a

seguir

A) A observaccedilatildeo

Ressalta Vianna (2007 p 12) ldquoAo observador natildeo basta simplesmente olhar

Deve certamente saber ver identificar e descrever diversos tipos de interaccedilotildees e

processos humanosrdquo Para tanto o pesquisador deveraacute estar preparado possuindo um

adequado treinamento identificando problemas (a partir de observaccedilotildees causais)

envolvendo os quatro sentidos baacutesicos aleacutem da visatildeo registrando dados accedilotildees e

emoccedilotildees das circunstacircncias verificadas

Em trabalhos onde o observador eacute tambeacutem participante alguns cuidados devem

estar em voga sobretudo no que diz respeito ao registro dos dados evitando o excesso

de sentimentalismo com os observados Tambeacutem deve prestar atenccedilatildeo ateacute onde suas

emoccedilotildees e sentimentos constituem dados e quando elas poderatildeo influenciar as accedilotildees dos

outros sujeitos (OLIVEIRA 2007)

Quando bem executada a observaccedilatildeo participante possibilita a investigaccedilatildeo de

contextos particulares desvendando situaccedilotildees cotidianas em virtude da abertura e

flexibilidade da pesquisa aleacutem do aprofundamento das questotildees referentes agrave

investigaccedilatildeo em processo

Criamos instrumentos de registro para cada oportunidade de pesquisa oferecida

nas escolas ou na universidade Adequamos os instrumentos para cada circunstacircncia

Utilizamos nos ambientes escolares trecircs principais instrumentos de coleta de dados

(jornal de pesquisa entrevistas e questionaacuterio)

B) Jornal de pesquisa

O jornal de pesquisa (tambeacutem conhecido como diaacuterio de campo) consiste

segundo Barbosa (2010) na possibilidade de ultrapassar a simples coacutepia mecacircnica e

produzir um conhecimento condizente com a realidade Natildeo aponta a pesquisa como

aprendizagem para si mesmo nestas circunstacircncias tem um caraacuteter puacuteblico que

pretende esclarecer os passos de determinada investigaccedilatildeo

79

Durante as pesquisas-piloto notamos que o uso de blocos de anotaccedilotildees era

inconveniente pois prejudicavam a observaccedilatildeo participante aleacutem de distrair os alunos

nas atividades estabelecidas em sala de aula Neste aspecto nos detemos na escrita do

jornal de pesquisa anotando nossos (in) sucessos relacionados agrave investigaccedilatildeo

Sendo assim trechos de diaacutelogos e reaccedilotildees ocorridas durante as aulas e

principalmente durante a realizaccedilatildeo dos mapas mentais foram registrados e se

encontram em apecircndice (Apecircndice I em CD)

C) Entrevistas

Segundo Oliveira (2007 p 86) ldquoa entrevista eacute um excelente instrumento de

pesquisa por permitir a interaccedilatildeo entre pesquisador (a) e entrevistado (a) e obtenccedilatildeo de

descriccedilotildees detalhadas sobre o que se estaacute pesquisandordquo Dessa forma apoacutes o termino

das atividades procuramos realizar um diagnoacutestico final sobre as possiacuteveis contribuiccedilotildees

das praacuteticas realizadas especialmente do uso dos mapas mentais na perspectiva dos

alunos Em decorrecircncia do tempo as entrevistas foram realizadas em grupos (de trecircs a

cinco alunos) com todos os estudantes do 4ordm e 5ordm ano salvo os faltosos As entrevistas

foram norteadas por questotildees semiestruturadas descritas abaixo

Questotildees para entrevista com os alunos

1 Qual das atividades realizadas vocecircs acharam mais interessante Por quecirc

2 Qual das atividades vocecircs menos gostaram de fazer Por quecirc

3 O que vocecircs acham que aprenderam com a realizaccedilatildeo dos mapas mentais

durante as aulas de Geografia

4 Vocecircs acham importante estudar Geografia Explique

Em outra ocasiatildeo estivemos em contato com a gestora da escola com a qual

realizamos uma entrevista focalizada Para Gil (1999 p 120) esse tipo de entrevista eacute

de caraacuteter ldquo[] livre todavia enfoca um tema bem especifico O entrevistador permite

ao entrevistado falar livremente sobre o assunto mas quando este se desvia do tema

original esforccedila-se para a sua retomadardquo

O tema em questatildeo foi o processo de ensino-aprendizagem no segundo ciclo dos

anos iniciais do EF (4ordm e 5ordm ano) surgindo questotildees referentes ao cumprimento da

legislaccedilatildeo na escola a estrutura fiacutesica da escola organizaccedilatildeo do trabalho escolar

80

(principalmente das professoras) desempenho escolar dos alunos do 4ordm e 5ordm ano Essas

temaacuteticas satildeo contextualizadas ao longo do capiacutetulo 3 e 4

D) Questionaacuterio de investigaccedilatildeo

Em decorrecircncia do tempo da pesquisa uacuteltimo bimestre de 2014 foi necessaacuterio

aplicar o recurso ldquoquestionaacuterio de investigaccedilatildeordquo com as docentes do 4ordm e 5ordm ano Nossa

intenccedilatildeo inicial foi o de registrar o perfil das professoras Tambeacutem o de discutir as

problemaacuteticas e estabelecer uma troca de experiecircncias das observaccedilotildees de cada

professora sobre a execuccedilatildeo e propostas da pesquisa

Para fins de registro o questionaacuterio foi construiacutedo possuindo treze (13) questotildees

divididas em cinco partes identificaccedilatildeo formaccedilatildeo experiecircncia profissional praacutetica

profissional e execuccedilatildeo da pesquisa (ver apecircndice II) Com base na leitura das respostas

das professoras tivemos condiccedilotildees de entender as dificuldades Entre elas a relaccedilatildeo ao

ensino de Geografia e suas sugestotildees para o trabalho com os mapas mentais e

metodologias auxiliares

E) Outros instrumentos para as praacuteticas com os alunos

Para a realizaccedilatildeo das atividades com mapas mentais confeccionamos dois

modelos de prancha para desenho O primeiro voltado agraves atividades realizadas

individualmente (em folha A4) constituiacuteda por cabeccedilalho com espaccedilo para nome e

idade o que auxiliou na identificaccedilatildeo dos sujeitos da pesquisa (Apecircndice III) A

segunda para uso em grupo (em folha A3)

Os outros recursos utilizados foram Atlas Geograacutefico mapa do Brasil32 Regiatildeo

Nordeste33 e Centro-Oeste34 Estado da Paraiacuteba35 Campina Grande ndash PB36 Atlas

Escolar da Paraiacuteba37

32 BRASIL Editora Globomapas Brasil poliacutetico- rodoviaacuterio[Satildeo Paulo] 2014 1 mapa 89 x 117 cm

Escala 15000000 33 BRASIL Editora Globomapas Brasil regiatildeo nordeste[Satildeo Paulo] 2014 1 mapa 89 x 117 cm Escala

12000000 34 BRASIL Editora Globomapas Brasil regiatildeo centro-oeste poliacutetico rodoviaacuterio regional e

turiacutestico[Satildeo Paulo] 2014 1 mapa 89 x 117 cm Escala 12000000 35 ESTADO DA PARAIacuteBA Editora Trieste Estado da Paraiacuteba poliacutetico rodoviaacuterio e escolar [Satildeo

Paulo] 2008 1 mapa 89 x 117 cm Escala 1 500 000 36 CAMPINA GRANDE Editora Trieste Campina Grande PB[Satildeo Paulo] 2008 1 mapa 89 x 117 cm

Escala 1 10 000 37 RODRIGUEZ Janete Lins Atlas Escolar da Paraiacuteba 3ordf Ed Joatildeo Pessoa GRAFSET 2002

81

Mediante termo de consentimento a gestatildeo escolar permitiu o uso da cacircmera

fotograacuteficacelular e da filmadora Isso auxiliou na percepccedilatildeo de elementos natildeo

identificados na accedilatildeo da pesquisa servindo como um registro de apoio As fotos

filmagens e gravaccedilotildees serviram para interpretaccedilatildeo das atividades com os mapas mentais

realizados Aleacutem desses se fez uso de material de papelaria laacutepis grafite e de cor

caneta hidrocor cola tesoura fita adesiva (durex) e borracha

Utilizamos o recurso do brinquedo didaacutetico ldquoBrincando de engenheirordquo38 para

construccedilatildeo de maquetes introduzindo a noccedilatildeo do luacutedico no trabalho pedagoacutegico com

mapa mental A maquete mental (mapa mental construiacutedo coletivamente o qual eacute

discutido na paacutegina 97 e 98) foi construiacuteda sob uma superfiacutecie de cartolinas (papel

cartatildeo)

2 2 3 Os espaccedilos e os sujeitos da pesquisa

O espaccedilo da pesquisa

Nosso estudo estaacute relacionado ao ensino de Geografia desta forma foi

necessaacuterio delimitarmos a escola como espaccedilo de pesquisa Justificamos esta escolha

natildeo apenas por consideraacute-la como um dos lugares onde se aprende o uso de um coacutedigo

cultural ou por sua influecircncia no imaginaacuterio das crianccedilas jovens e adultos que a

frequenta mas sobretudo pela influecircncia na comunidade a qual pertence

De acordo com objetivos e propostas deste estudo procuramos uma escola que

atendesse os anos iniciais do EF Tiacutenhamos como intenccedilatildeo realizar um trabalho que

contasse com a participaccedilatildeo dos alunos necessitando tempo e disposiccedilatildeo dos

professores e da coordenaccedilatildeo para realizaccedilatildeo da nossa pesquisa De acordo com estes

criteacuterios escolhemos a Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira visto que jaacute

haviacuteamos realizado outras experiecircncias de investigaccedilatildeo incluindo nossa pesquisa-

piloto portanto aproveitamos essa relaccedilatildeo de proximidade e confianccedila com os sujeitos

Entre os motivos que nos condicionaram a continuar nessa escola enquanto

campo de pesquisa foi

Histoacuterico de retenccedilatildeo escolar principalmente dos alunos no 5ordm ano Isso nos

possibilitou realizar um diagnoacutestico das dificuldades referentes agraves habilidades

38 BRINCANDO DE ENGENHEIRO Xalingo brinquedos Fabricado no Brasil atestado pelo

INMETRO para crianccedilas acima de 3 anos de idade 4 brinquedo educativo 42 peccedilas

82

cartograacuteficas e a construccedilatildeo de noccedilotildees relativas a conceitos e temas da

Geografia

Matriacutecula e frequecircncia de alunos de faixa etaacuteria distinta as normas cronoloacutegicas

estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educaccedilatildeo (CNE) e

O perfil socioeconocircmico e familiar dos alunos Suas famiacutelias sobrevivem

predominantemente com menos de dois salaacuterios miacutenimos A maioria dos pais

ou responsaacuteveis exercem atividades autocircnomas (encanador pedreiro pintor

diaristas comerciantes informais entre outros) nestes casos os alunos recebem

recurso do Governo Federal como Bolsa Famiacutelia39

Descriccedilotildees da localizaccedilatildeo geograacutefica escolar

O bairro do Lauritzen eacute localizado na Zona Norte da Cidade de Campina

Grande embora seja considerado um bairro oficial para a administraccedilatildeo poliacutetica do

municiacutepio natildeo chega a ser reconhecido pela populaccedilatildeo local nem mesmo pela Escola

Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira40 A identidade estaacute representada pelo bairro

vizinho o Alto Branco o qual deteacutem maior status social em decorrecircncia do mercado

imobiliaacuterio (ver figura 4 p 83)

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica - IBGE (2010)41

Campina Grande eacute um municiacutepio paraibano que surgiu como posto de reabastecimento

dos tropeiros Esse fato se deve a sua localizaccedilatildeo intermediaria entre o alto sertatildeo e a

capital litoracircnea atual Joatildeo Pessoa No censo do IBGE em 2010 foi registrada uma

populaccedilatildeo proacutexima aos 400 mil habitantes (exatamente 385213 habitantes) distribuiacuteda

em uma aacuterea de 594 182 km2

39

O programa Bolsa famiacutelia recurso do governo federal auxilia financeiramente famiacutelias em condiccedilotildees

de pobreza (valor de renda per capita familiar igual ou menor a 150 reais) e extrema pobreza (valor de

renda per capita igual ou menor a 77 reais) como consta no Decreto nordm 5209 de 17 de Setembro de 2004

Este recurso disponiacutevel as famiacutelias eacute realizado sob duas condiccedilotildees a primeira corresponde agrave renda per

capita familiar e a segunda o nuacutemero de crianccedilas ou adolescentes matriculados na rede baacutesica de ensino

ateacute os dezessete anos de idade variando o valor do auxiacutelio Para mais informaccedilotildees

httpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2004-20062004DecretoD5209htmgt acessado em

29012014 40

O nome da escola eacute uma homenagem a filha de WaldecyVillarim Meira (na eacutepoca proprietaacuterio de uma

empresa campinense Irmatildeos Villarim Meira SA) e InaldaGayoso Meira A jovem estudou no coleacutegio

Imaculada Conceiccedilatildeo (Damas) na cidade de Campina Grande Viacutetima de atropelamento em 1974 faleceu

aos 15 anos de idade no municiacutepio de Joatildeo Pessoa cidade onde se encontra enterrada 41 Informaccedilotildees disponiacuteveis em

httpcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=250400ampsearch=||infogrE1ficos-

informaE7F5es-completaslt acessado em 0204 2015

83

FIGURA 4 ndash MAPA DE LOCALIZACcedilAtildeO DA ESCOLA

Elaborado por Francisco Vilar Arauacutejo Segundo 2015

84

A maioria dos alunos matriculados na Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso

Meira satildeo moradores de bairros como Centro Conceiccedilatildeo e Lauritzen destacados na

figura 4 (p 83) em laranja Outros provecircm de bairros um pouco mais distantes a

exemplo do Alto Branco e Jardim Tavares localizados a norte e destacados no mapa em

amarelo (figura 4 p 83)

A Escola Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira construiacuteda na deacutecada de 1969 foi

fundada e autorizada pelo decreto de criaccedilatildeo nordm 195 de 08031981 segundo registros

escolares pesquisados42 A escola (ver figura 5 p 84) desde a sua inauguraccedilatildeo passou

por diversas ampliaccedilotildees e reformas relacionada ao seu espaccedilo fiacutesico Atualmente eacute

constituiacuteda por quatro salas de aula uma sala de Atendimento Especial (AE) um

laboratoacuterio de informaacutetica uma sala de leitura (biblioteca escolar) uma sala de

professores diretoria dois banheiros ndash um masculino e outro feminino ndash uma cantina

uma quadra de areia para esportes um playground e uma aacuterea de recreaccedilatildeo

razoavelmente extensa e arborizada

FIGURA 5 - FACHADA DA ESCOLA MUNICIPAL LUacuteCIA DE FAacuteTIMA GAYOSO MEIRA

Fonte Pesquisa de Campo (2014)

42 Durante nossa pesquisa natildeo fomos autorizados a retirar nenhuma documentaccedilatildeo da escola O projeto

poliacutetico pedagoacutegico da instituiccedilatildeo estava em atualizaccedilatildeo o que dificultou o acesso e consequentemente a

leitura do documento em sua integra

85

Hoje a escola atende a Educaccedilatildeo Infantil (I e II) e os anos iniciais do EF (1ordm ao

5ordm ano) Em decorrecircncia do seu espaccedilo fiacutesico no ano de 2014 atendeu alunos da

Educaccedilatildeo Infantil ao 3ordm ano no periacuteodo matutino e do 4ordm e 5ordm ano no periacuteodo vespertino

havendo nessa escola apenas uma turma para cada ano (seacuterie)

Os sujeitos da pesquisa ndash alunos e professoras

Apoacutes a definiccedilatildeo da escola necessitamos recorrer agraves justificativas sobre a

seleccedilatildeo das turmas as quais realizamos nossa investigaccedilatildeo Nestas condiccedilotildees

escolhemos trabalhar com alunos do segundo ciclo dos anos iniciais do EF ou seja uma

turma do 4ordm e outra do 5ordm ano

Optamos por estas turmas em decorrecircncia do Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo

na Idade Certa (PNAIC) o qual promove accedilotildees para alfabetizaccedilatildeo da liacutengua portuguesa

de crianccedilas no primeiro ciclo dos anos iniciais do EF (1ordm ao 3ordm ano) muito embora natildeo

desenvolva poliacuteticas que garantam a progressatildeo do ato de alfabetizar no segundo ciclo

(4ordm e 5ordm ano)

Entendendo a problemaacutetica da alfabetizaccedilatildeo e aproximando dos contextos das

aulas de Geografia recorremos ao uso do mapa mental com as turmas do 4ordm e 5ordm por

compreendecirc-lo enquanto portador de uma linguagem de comunicaccedilatildeo visual Ele pode

auxiliar no desenvolvimento de estruturas cognitivas e habilidades para a leitura de

mapas ou seja alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica

Os estudantes que participaram desta pesquisa satildeo apresentados mediante um

coacutedigo de identificaccedilatildeo Consideramos a palavra ldquoalunordquo mais o nuacutemero correspondente

a lista de registro dos participantes Na turma do 4ordm ano teremos os seguintes discentes

ldquoAluno 01rdquo ao ldquoAluno 21rdquo Evitando a repeticcedilatildeo dos nuacutemeros foi decidido nomear os

estudantes do 5ordm ano de ldquoAluno 22rdquo ateacute ldquoAluno 51rdquo

No caso dos mapas produzidos coletivamente identificamos todos os sujeitos

que participaram do processo no ato da apresentaccedilatildeo do mapa mental Lembramos que

as anaacutelises dos mapas mentais satildeo realizadas em dois blocos distintos um do 4ordm e outro

do 5ordm ano Desse modo em ocasiotildees que necessitamos fazer comparaccedilotildees entre os

alunos das turmas pesquisadas identificamos cada estudante e seu respectivo niacutevel de

escolaridade

86

Com a turma do 4ordm ano contamos com a participaccedilatildeo da professora Marta43 64

anos A professora eacute formada em Pedagogia pela Universidade Regional do Nordeste

atual Universidade Estadual da Paraiacuteba possuiu especializaccedilatildeo em Educaccedilatildeo pela

Universidade Federal da Paraiacuteba atual UFCG campus Campina Grande Tem 46 anos

de experiecircncia profissional jaacute ministrou aulas nos anos iniciais do EF e em cursos

profissionalizantes no Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC)

Durante o processo de pesquisa houve a participaccedilatildeo de 21 alunos do 4ordm ano a faixa

etaacuteria corresponde entre os 09 a 13 anos de idade

A docente responsaacutevel pelo 5ordm ano Beatriz 42 anos eacute professora formada pela

Universidade Estadual da Paraiacuteba no curso de licenciatura em Matemaacutetica e

especializaccedilatildeo em Ensino de Matemaacutetica (2009) na mesma universidade Possuiu

licenciatura em Pedagogia em modalidade regular pela Universidade Estadual Vale do

Acarauacute (UVA) trabalha na rede municipal de Campina Grande do 1ordm ao 5ordm haacute dez anos

Na rede estadual ministra aulas de matemaacutetica haacute 22 anos na cidade de Alagoa Grande

ndash PB44 lugar onde reside Na turma do 5ordm ano contamos com a participaccedilatildeo de 29

alunos com faixa etaacuteria entre 08 a 13 anos de idade45

O tempo e as etapas da pesquisa

O estudo realizado na Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira no ano

de 2014 ocorre como conclusatildeo de nossas experiecircncias de pesquisa durante o

desenvolvimento do trabalho de mestrado em Geografia Em 2013 haviacuteamos realizado

uma pesquisa-piloto com a turma do 5ordm ano na mesma escola Apoacutes o desenvolvimento

de experiecircncias em outras escolas e oficinas ministradas em universidades

aperfeiccediloamos a metodologia considerando quesitos como conteuacutedo metodologia de

trabalho e recursos didaacuteticos de apoio

43 Os nomes aqui apresentados satildeo fictiacutecios com a finalidade de preservar a identidade dos sujeitos

participantes desta pesquisa Escolhemos nomes ao inveacutes de nuacutemeros em decorrecircncia da quantidade dos

docentes (duas apenas) 44 Cidade localizada no brejo paraibano acerca de 33 quilocircmetros de distacircncia de Campina Grande

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGE a cidade possuiacutea em 2010 uma

populaccedilatildeo de 28479 tendo uma estimada de aproximadamente 28733 pessoas para o ano de 2013 A

aacuterea de extensatildeo territorial ultrapassa os 320 km2 Informaccedilotildees disponiacuteveis em

httpcidadesibgegovbrxtrasperfilphpcodmun=2500303Cgt acesso em 07072014 45 Havia na ocasiatildeo um aluno com 37 anos de idade neste caso afirma a gestora escolar que o estudante

apresenta dificuldades cognitivas as quais natildeo nos foram reveladas Sua permanecircncia na escola foi

justificada por dois motivos pedido da famiacutelia do estudante e da possiacutevel dificuldade de se adaptar a uma

turma de Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos Ressaltamos poreacutem que este aluno natildeo elaborou nenhum mapa

mental visto que havia faltado nas ocasiotildees das atividades

87

O retorno a escola ocorreu no mecircs de setembro e a pesquisa ocorreu entre os

meses de outubro a dezembro de 2014 A execuccedilatildeo da proposta com o 4ordm ano durou seis

dias a do 5ordm ano aconteceu em sete dias visto que a turma era mais numerosa Este

periacuteodo correspondeu com o quarto bimestre escolar A pesquisa foi desenvolvida

quinzenalmente salvo problemas com feriados

A realizaccedilatildeo das aulas ocorreu durante o periacuteodo vespertino das 13h 00min agraves

17h 00min Dos seis dias de pesquisa realizado no 4ordm ano cinco voltaram-se as aulas e

mais dois de entrevista com os estudantes Por sua vez no 5ordm ano dos sete dias cinco

visavam o desenvolvimento das aulas e mais dois direcionados a entrevista com os

alunos Realizamos entrevista com a gestora escolar (a qual daremos o nome fictiacutecio de

Rosacircngela) nos dias 16 e 22 de dezembro e tambeacutem os questionaacuterios de investigaccedilatildeo

com as docentes (professora Marta 4ordm ano e Professora Beatriz 5ordm ano)

Durante este periacuteodo as aulas eram ministradas pelo pesquisador com a cogestatildeo

das professoras regentes de cada turma O que nos motivou a agir desta maneira foi agrave

oportunidade de experimentar e validar os procedimentos de trabalho com os mapas

mentais aperfeiccediloando concomitantemente possibilidades e observando suas

limitaccedilotildees Embora natildeo tiveacutessemos o objetivo de fornecer uma formaccedilatildeo docente para

as professoras estas participaram do processo das atividades desde o planejamento a

execuccedilatildeo das tarefas escolares

A escolha das atividades respeitou o curriacuteculo escolar e o planejamento das

professoras para os temas das aulas de Geografia Procuramos negociar em alguns

momentos a abrangecircncia dos conteuacutedos metodologias o tempo considerado agrave pesquisa

e sua relaccedilatildeo com as representaccedilotildees com os mapas mentais essas discussotildees foram

realizadas nos dias 17 18 e 26 de setembro de 2014 A seguir uma caracterizaccedilatildeo das

atividades organizadas em cada turma

Datas e atividades realizadas com o 4ordm ano

Temaacutetica das aulas ldquoGeografia da Paraiacuteba um estudo atraveacutes da produccedilatildeo e leitura de

mapas mentaisrdquo

14 de outubro ndash primeira aula com os alunos do 4ordm ano Introduccedilatildeo agraves noccedilotildees

baacutesicas de Cartografia e discussatildeo sobre o uso dos mapas no cotidiano

Representaccedilatildeo do mapa da sala de aula (atividade 1)

88

21 de outubro ndash discussatildeo sobre as mesorregiotildees da Paraiacuteba Iniacutecio de atividade

mapa mudo46 (atividade 2) enquanto proposta para a leitura de mundo

Importacircncia da orientaccedilatildeo e construccedilatildeo da legenda

04 de Novembro ndash continuaccedilatildeo da atividade mapa mudo Consideraccedilotildees sobre

zona urbana e zona rural e a organizaccedilatildeo das mesorregiotildees da Paraiacuteba

12 de Novembro ndash a terceira aula discutiu a influecircncia dos rios na vida da

populaccedilatildeo paraibana e as modificaccedilotildees espaciais A atividade 3 discutiu a

influecircncia dos rios e trabalho humano na transformaccedilatildeo da paisagem urbana e

rural

26 de Novembro ndash discutindo a importacircncia do Canal das Piabas desenvolvemos

a proposta da maquete mental (atividade 4) e posteriormente dos mapas mentais

(atividade 5) Entre o intervalo do dia 26 a 05 de Novembro a professora regente

executou uma avaliaccedilatildeo compondo as notas do quarto bimestre entre elas um

mapa mental das mesorregiotildees paraibanas (atividade 6)47

10 de Dezembro ndash Realizaccedilatildeo das entrevistas com alunos do 4ordm ano

Datas e atividades realizadas com o 5ordm ano

Temaacutetica das aulas ldquoSaberes cartograacuteficos discutindo a regionalizaccedilatildeo brasileirardquo

09 de outubro ndash primeira aula com alunos do 5ordm ano A escala mundial e

nacional noccedilotildees de leitura e interpretaccedilatildeo de mapas A importacircncia da escala e

da rosa dos ventos na comunicaccedilatildeo dos mapas

15 de outubro ndash discussatildeo sobre as regiotildees brasileiras Construccedilatildeo do mapa

mudo (atividade 1) Realizaccedilatildeo de atividade praacutetica sobre orientaccedilatildeo espacial

(baleada geograacutefica48)

05 de Novembro ndash Realizaccedilatildeo dos mapas mentais com o tiacutetulo ldquomapa da minha

vidardquo (atividade 2)

46O mapa mudo tambeacutem conhecido como mapa em branco eacute um tipo de esboccedilo cartograacutefico o qual

apresenta apenas a silhueta forma do mapa por exemplo o mapa mudo do Brasil que mostra o territoacuterio

nacional e os estados brasileiros Este tipo de mapa tem uma finalidade didaacutetica permite os alunos

destacarem os elementos geograacuteficos aleacutem da construccedilatildeo de novos saberes baseado nas orientaccedilotildees do

professor 47 A atividade foi elabora em conjunto com a professora regente e considerou os conteuacutedos estudados

durante a execuccedilatildeo da pesquisa 48 A baleada geograacutefica corresponde a uma atividade luacutedica para aprendizagem dos pontos cardeais

(norte sul leste e oeste) sua explicaccedilatildeo encontra-se no capiacutetulo 4 ver figura 24 p 141

89

13 de Novembro ndash discussatildeo sobre os mapas mentais realizados

Desenvolvimento de atividades que procuravam discutir o aspecto da

regionalizaccedilatildeo brasileira mediante evento da copa do mundo no Brasil (atividade

3)

24 de Novembro ndash aula teoacuterica sobre a regiatildeo centro-oeste e meio ambiente

Realizaccedilatildeo de mapas mentais em grupo (atividade 4)

05 e 10 de Dezembro ndash Realizaccedilatildeo de entrevista com alunos do 4ordm ano

23 A ANAacuteLISE DOS RESULTADOS

231 Da totalidade dos mapas mentais

Embora no decorrer deste trabalho tenhamos realizado atividades com os mapas

existentes (mapa mudos e leitura de mapas murais e atlas escolar) com a turma do 4ordm e

5ordm ano levamos em consideraccedilatildeo apenas a anaacutelise dos mapas mentais por ser nosso

objeto de estudo A quantidade final dos mapas eacute apresentada na tabela 2 nele satildeo

expressas as atividades realizadas individualmente e coletivamente pelo (s) grupo (s) de

estudantes do 4ordm e 5ordm ano da Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira

TABELA 2 MAPAS MENTAIS PRODUZIDOS DURANTE A PESQUISA

Turma

Resultado

4ordm ano 5ordm ano

Mapa mental (individual) 30 22

Mapa maquete mental49

(coletivo grupo) 1 11

Subtotal 31 33

Total final 64 Fonte Pesquisa de campo (2014)

Os alunos do 4ordm ano realizaram duas atividades referentes aos mapas mentais

individualmente A primeira relacionada ao mapa do Canal das Piabas que resultou em

16 mapas mentais a segunda aos mapas das mesorregiotildees paraibanas com o nuacutemero de

49 A maquete mental eacute um tipo de representaccedilatildeo em trecircs dimensotildees realizada mediante o inventaacuterio de

informaccedilotildees dos alunos seja pela sua proacutepria vivencia espacial ou adquirida mediante outros meios de

comunicaccedilatildeo (TV raacutedio e internet) Tambeacutem pode ser fruto dos estudos realizados em acircmbito escolar

Essa definiccedilatildeo seraacute vista com mais detalhe no terceiro capiacutetulo

90

14 mapas (total de 30 mapas) Os alunos do 5ordm ano desenvolveram 22 mapas mentais

referentes agraves regiotildees brasileiras mediante o tema mapa da minha vida

Dos mapas mentais em grupo observamos que a turma do 4ordm realizou apenas

um Destacamos que este mapa mental eacute o resultado da atividade denominada de

maquete mental (tema Canal das Piabas) Os mapas mentais apresentados na turma do

5ordm ano (11 mapas) por sua vez foram desenvolvidos em grupos de dois a trecircs alunos

Levando em consideraccedilatildeo a quantidade de mapas apresentados na tabela 2

podemos notar a diferenccedila do nuacutemero de mapas produzidos para a quantidade de

participantes da pesquisa Isto se deve ao fato principalmente da ocorrecircncia de faltas

dos alunos durante os dias do desenvolvimento da pesquisa entretanto observamos que

para o nosso foco de estudo as representaccedilotildees (64 mapas mentais) realizadas pelos

alunos eacute considerado um universo significativo para a realizaccedilatildeo da leitura anaacutelise e

interpretaccedilatildeo

Apoacutes a elaboraccedilatildeo dos mapas mentais pelos alunos realizamos o escaneamento

dos arquivos transformando todas as representaccedilotildees realizadas em papel A4 e A3 em

arquivos digitais As ediccedilotildees dos mapas foram realizadas por meio do programa

Photoshop CS5 onde retiramos as informaccedilotildees que identificavam os sujeitos

participantes (cabeccedilalho) e algumas ediccedilotildees realizadas no Microsoft Office Word 2010

Para facilitar a leitura dos mapas mentais nos capiacutetulos que seguem decidimos

apresentar cada representaccedilatildeo por folha

24 AS HABILIDADES E CATEGORIAS DE ANAacuteLISE SELECIONADAS PARA A

PESQUISA

A imagem mental embora esteja relacionada a uma perspectiva individual sobre

o espaccedilo geograacutefico reflete condiccedilotildees e apreensotildees pertencentes agrave cultura e sociedade a

qual o sujeito estaacute inserido (VIGOTSKI 1998 BAKHTIN 2012) De todo modo

quando os mapas mentais satildeo utilizados como recursos didaacuteticos e visam fins

educacionais orientaccedilotildees sobre a realizaccedilatildeo destes mapas devem ser realizadas para que

atendam os objetivos da aula Por outro lado paracircmetros de leitura e avaliaccedilatildeo tambeacutem

precisam ser criados permitindo o professor diagnosticar os avanccedilos e limites com a

praacutetica dos mapas mentais

Neste sentido para o desenvolvimento da proposta de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica

mediante o recurso didaacutetico mapa mental preocupamo-nos em ressaltar as experiecircncias

91

e condiccedilotildees de identidade das crianccedilas (sua origem gostos e experiecircncias) Estas natildeo

somente relacionados agraves condiccedilotildees do lugar mas as influecircncias culturais recorrentes a

outras escalas geograacuteficas como a regional

Com base nos autores citados anteriormente compreendemos que a

alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica eacute um dos caminhos que possibilita a leitura de mundo Esta

habilidade de criar esboccedilos cartograacuteficos livres ndash os mapas mentais ndash permite a

representaccedilatildeo do espaccedilo geograacutefico pelo aluno Ao mesmo tempo valoriza a autonomia

possibilitando a decodificaccedilatildeo dos siacutembolos encontrados em outros tipos de linguagem

cartograacutefica Nesse processo o aluno desenvolve competecircncias voltadas agrave dimensatildeo

cognitiva afetiva e pragmaacutetica (PASSINI 2012)

Nossas praacuteticas com o uso do mapa mental dialogou com um conjunto de

atividades voltadas agrave realizaccedilatildeo e interpretaccedilatildeo de mapas existentes e atividades luacutedicas

realizadas em forma de oficinas que ldquo[] satildeo formas encontradas por noacutes para mediar a

construccedilatildeo de conceitos e desenvolver habilidades atraveacutes de vivecircncias portanto

considerando essas e outras possiacuteveis particularidadesrdquo (CASTROGIOVANNI amp

COSTELLA 2006 p 50)

Durante o desenvolvimento das aulas o processo de aprendizagem esteve

relacionado ao emprego de habilidades-chave para o desenvolvimento das propostas

com os temas de Geografia o quadro 3 (p 91) apresenta estas habilidades-chave e seus

desdobramentos

QUADRO 3 HABILIDADES PARA O DESENVOLVIMENTO DOS MAPAS MENTAIS

HABILIDADES-

CHAVE OUTRAS HABILIDADES RELACIONADAS

Representar Observar comparar organizar sistematizar localizar e

orientar

Comunicar Verbalizar e questionar

Interagir Iniciativa trabalho em equipe e persuasatildeo

Refletir Capacidade criacutetica e aprendizagem e desenvolvimento

pessoal

Fonte Lessan (2011 p 69 - 75)

A funccedilatildeo do quadro 3 eacute demonstrar habilidades que se destacaram na execuccedilatildeo

desta pesquisa Compreendemos que as habilidades apresentadas natildeo abrangem todo

92

curriacuteculo tampouco esgota as possibilidades com as noccedilotildees (conceitos) fundamentais

para o ensino de Geografia As habilidades de representaccedilatildeo comunicaccedilatildeo interaccedilatildeo e

reflexatildeo natildeo devem ser compreendidas de forma hieraacuterquica no desenvolvimento do

trabalho pedagoacutegico pois seus desdobramentos podem ser expressos em maior ou

menor grau pelos alunos

Procurando atender criteacuterios estabelecidos pelos PCN (BRASIL 1997)

intermediamos a atividade exercida pelos alunos objetivando mobilizar as habilidades

anteriormente apresentadas Consequentemente buscamos o desenvolvimento de

competecircncias relacionadas agrave elaboraccedilatildeo dos mapas mentais a partir dos temas propostos

para cada turma dessa forma o 4ordm ano desenvolveu os mapas mentais o 1 Canal das

Piabas e 2 Mesorregiotildees geograacuteficas da Paraiacuteba jaacute o 5ordm ano realizou 1 Mapa da minha

vida e 2 Mapa da Regiatildeo Centro-Oeste

Esses procedimentos foram necessaacuterios por entendermos que

[] natildeo basta ter como conteuacutedo escolar as questotildees sociais atuais mas que eacute

necessaacuterio que se tenha domiacutenio de conhecimentos habilidades e

capacidades mais amplas para que os alunos possam interpretar suas

experiecircncias de vida e defender seus interesses de classe (BRASIL 1997 p

32)

Dessa forma assinalamos que nosso interesse natildeo eacute a formaccedilatildeo teacutecnica dos

alunos para a leitura e interpretaccedilatildeo de recursos cartograacuteficos muito menos em uma

anaacutelise restrita aos produtos finais (os mapas mentais) Mas ao contraacuterio em considerar

os mapas mentais como uma accedilatildeo consciente do ato de mapear ou seja todo o processo

metodoloacutegico observando a organizaccedilatildeo da sociedade a partir da sua espacialidade

geograacutefica (re) construindo sua leitura de mundo

241 As categorias de anaacutelise dos mapas mentais

Com base nos apontamentos apresentados no item anterior elaboramos um

mapa conceitual (quadro 4 p 93) com a intenccedilatildeo de possibilitar uma visualizaccedilatildeo geral

das orientaccedilotildees e os procedimentos descritos aleacutem disso indica as categorias de anaacutelise

(as noccedilotildees) selecionadas para anaacutelise dos mapas mentais realizados

93

QUADRO 4 PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO CARTOGRAacuteFICA POR MEIO DOS MAPAS

MENTAIS

Organizado por David L R de Almeida (2015)

Como apresentado no quadro 4 podemos identificar as categorias de anaacutelise

para metodologia do recurso didaacutetico mapas mentais A seleccedilatildeo das categorias as quais

seratildeo denominadas como noccedilotildees Elas indicam as operaccedilotildees cognitivas para realizaccedilatildeo

e interpretaccedilatildeo dos mapas mentais As noccedilotildees de percepccedilatildeo espacial localizaccedilatildeo e

orientaccedilatildeo o uso de toponiacutemias e a escala geograacutefica satildeo conceituados a seguir para que

o leitor tenha uma visatildeo geral do que se tratam cada uma delas

A Noccedilotildees de percepccedilatildeo espacial Correspondem agrave visualizaccedilatildeo do aluno a

respeito das formas dos elementos espaciais representados Observamos que a imagem

mental eacute um ponto de vista decorrente de diferentes condicionantes bioloacutegicos idade

cultura e gecircnero variando do morador ao visitante do lugar estes correspondem a

fatores da percepccedilatildeo humana (TUAN 2012)

Tuan (2012 p 18) conceitua a percepccedilatildeo espacial enquanto uma

[] resposta dos sentidos aos estiacutemulos externos como a atividade proposital

na qual certos fenocircmenos satildeo claramente registrados enquanto outros

retrocedem para a sombra ou satildeo bloqueados Muito do que percebemos tem

valor para noacutes para sobrevivecircncia bioloacutegica e para propiciar algumas

satisfaccedilotildees que estatildeo enraizadas na cultura

No ato da realizaccedilatildeo dos mapas mentais uma questatildeo eacute posta em jogo ldquo[] a

representaccedilatildeo bidimensional de uma realidade tridimensionalrdquo (PASSINI 2012 p 146)

94

isso significa que o aluno pontua em seus mapas a largura e comprimento dos elementos

espaciais entretanto necessita saber que o espaccedilo apresenta uma terceira dimensatildeo que

eacute a altura Esta eacute importante para entendermos assuntos como relevo e a constituiccedilatildeo das

redes hidrograacuteficas por exemplo

O meio ambiente transformado pela accedilatildeo do homem tambeacutem se caracteriza pelos

traccedilados que nos lembra as primeiras formas geomeacutetricas aprendidas na escola que satildeo

observadas na organizaccedilatildeo espacial Aponta Tuan (2012) que estas simetrias do espaccedilo

estiveram relacionadas a manifestaccedilotildees da organizaccedilatildeo de diferentes povos

Consideramos nas anaacutelises dos mapas mentais elementos representados na visatildeo lateral

obliacutequa e ou horizontal

Portanto considera-se aqui percepccedilatildeo espacial como a capacidade de avaliar

como se ordenam as coisas no espaccedilo e investigar as suas relaccedilotildees no ambiente Uma

boa noccedilatildeo de percepccedilatildeo espacial nos permite compreender a disposiccedilatildeo das formas que

compotildeem o espaccedilo geograacutefico e a nossa relaccedilatildeo com elas

B Uso de Toponiacutemias estaacute relacionada ao estudo dos nomes proacuteprios dos

lugares ou seja a onomaacutestica considerando a origem e evoluccedilatildeo da palavra apesar de

ser uma aacuterea relacionada agrave linguiacutestica estaacute diretamente associada agrave Histoacuteria e Geografia

Nas consideraccedilotildees de Claval (2011) desde o surgimento das Geografias

vernaculares conhecimento geograacutefico relativo ao senso comum a necessidade da

criaccedilatildeo de uma grade de toponiacutemia eacute fundamental visto que possibilita falar sobre o

lugar sem a necessidade de um contato direto Tambeacutem compartilha referecircncias

espaciais tornando esta rede de informaccedilotildees acessiacuteveis a todos socializando-a

O significado da toponiacutemia pode representar a percepccedilatildeo do grupo para

determinado espaccedilo Possibilitam revelar e ou alterar a dinacircmica social visto que todo

nome eacute um signo e todo signo possui um significado

Considerando os mapas mentais enquanto recurso didaacutetico que media a

aprendizagem entre os sujeitos como menciona Vigotski (1998) entendemos que ele

possibilita a siacutentese e comunicaccedilatildeo linguagem de informaccedilotildees geograacuteficas Atraveacutes

deste processo utilizamos o signo discutido por Bakhtin (2012) como instrumento de

significaccedilatildeo baseado na realidade social do aluno Ele corresponde agrave construccedilatildeo social

da ideia pois como afirma Bakhtin (2012 p 35) ldquoA consciecircncia individual eacute um fato

socioideoloacutegicordquo

Nos mapas mentais o uso das toponiacutemias permite apresentar os referenciais

espaciais (nomes de bairros regiotildees ou Estados) identificadas pela exposiccedilatildeo de

95

palavras ou iacutecones associada ou natildeo a legenda e a compreensatildeo dos signos e

significados

C Noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo Para Geografia eacute importante identificar

os lugares a partir da sua localizaccedilatildeo demarcar as posiccedilotildees relativas nestas condiccedilotildees

[] o trabalho do geoacutegrafo estaacute intimamente ligado ao do cartoacutegrafo pois

ambos partilham a preocupaccedilatildeo de localizar aquilo de que datildeo conta Para o

geoacutegrafo a apreensatildeo de uma pluralidade de lugares soacute se torna clara quando

eles figuram num documento que permita compreendecirc-los em conjunto

(CLAVAL 2006 p 19)

A localizaccedilatildeo constitui um dos princiacutepios do meacutetodo geograacutefico ela possibilita

apreender a manifestaccedilatildeo de determinado fenocircmeno e delimitaacute-lo Mas nomear e

localizar fenocircmenos no espaccedilo natildeo eacute suficiente Eacute necessaacuterio traccedilar itineraacuterios O que

caracteriza o sujeito enquanto pessoa eacute sua vida social Todo grupo humano necessita de

uma base territorial para manter suas relaccedilotildees de poder habitat frequentando e ou

conhecendo lugares proacuteximos ou longiacutenquos

Inicialmente nos orientamos no espaccedilo atraveacutes de referenciais topoloacutegicos o

nosso corpo estabelecemos o que eacute direita e esquerda frente e traacutes para o alto ou

abaixo etc Aos poucos relacionamos outros pontos de referecircncia que ultrapassam a

dimensatildeo do corpo utilizamos o relevo o coacuterrego ruas e monumentos histoacutericos para

traccedilarmos a direccedilatildeo (CLAVAL 2010) O cotidiano eacute cheio destes elementos que

permitem a orientaccedilatildeo espacial e por meio de experiecircncias e conhecimentos comuns

podendo assim estimular o desenvolvimento destas noccedilotildees com os alunos dos anos

inicias do EF Assim

Nosso corpo eacute orientado agrave nossa frente se estende aquilo que nosso olhar

descobre Apenas atraveacutes dos rumores e dos odores que nos chegam dali

aprendemos o que estaacute atraacutes Do lado direito e do lado esquerdo haacute zonas nas

quais os olhos detectam os movimentos mas captam mal as formas um

ligeiro movimento com a cabeccedila basta para descobri-las (CLAVAL 2010 p

15)

A orientaccedilatildeo nos mapas mentais foi analisada mediante a correlaccedilatildeo entre os

lugares ou fenocircmenos apresentados (toponiacutemias) como atraveacutes da rosa dos ventos na

organizaccedilatildeo do esboccedilo cartograacutefico o que correspondeu ao criteacuterio de localizaccedilatildeo

D Noccedilotildees de escala geograacutefica Destacamos as contribuiccedilotildees Racine Raffestin

amp Ruffy (1983) Silveira (2004) e Castro (2008) neste quesito Os autores apresentam

que a escala enquanto conceito cartograacutefico sempre foi considerado com uma fraccedilatildeo

96

entre a medida do real e abstrato mediante uma representaccedilatildeo50 Esta visatildeo cartesiana do

espaccedilo geomeacutetrico por muito tempo foi aceita e pouco discutida no modo do

desenvolvimento cientiacutefico da Geografia

Os estudos com a escala geograacutefica propotildeem que esta seja uma estrateacutegia de

aproximaccedilatildeo e identificaccedilatildeo de fenocircmenos espaciais sobre a superfiacutecie terrestre que se

apresentam por meio do conjunto de formas e eventos do espaccedilo Eacute a partir da escala

geograacutefica que os alunos tecircm a possibilidade de avaliar selecionar e representar a

dimensatildeo espacial do espaccedilo vivido e do mundo

Afirma Castro que ldquoA escala eacute na realidade agrave medida que confere visibilidade

ao fenocircmenordquo (CASTRO 2008 p 123) Pensamos que ela possibilita atraveacutes dos

mapas mentais dimensionar e mensurar determinado fenocircmeno comparar e distinguir

realidades e permite a tomada de decisatildeo consciente no lugar ao qual habita

Haacute de se deixar claro que o conjunto de noccedilotildees escolhidas para este estudo eacute

indissociaacutevel Observamos tambeacutem que estas correspondem a outras noccedilotildees e conceitos

e na possibilidade da construccedilatildeo de habilidades pelos alunos no desenvolvimento da

aprendizagem

As atividades seratildeo apresentadas seguindo a ordem de realizaccedilatildeo dos mapas

mentais Logo as praacuteticas e metodologias que auxiliaram a realizaccedilatildeo destes esboccedilos

cartograacuteficos natildeo necessariamente correspondem com a ordem cronoloacutegica das aulas

Dessa forma nos capiacutetulos seguintes apresentaremos algumas propostas de atividades

aleacutem de uma anaacutelise aprofundada dos mapas mentais inicialmente com a turma do 4ordm

ano no capiacutetulo 3 e posteriormente com a do 5ordm ano no capiacutetulo 4

50 Comumente apresentada nos mapas existentes por meio da escala numeacuterica 1 10 000 no exemplo do

mapa mural de Campina Grande onde o nuacutemero 1 representa o mapa e 10 000 a distacircncia em cm de cada

1 cm apresentado no mapa neste caso 1 cm = 100 m ou 010 km

97

3 PROPOSTAS E PRAacuteTICAS ESCOLARES ANAacuteLISES DOS MAPAS

MENTAIS COM OS ALUNOS DO 4ordm ANO

Observamos que o desenvolvimento de um recurso didaacutetico eacute precioso e

complexo Ele precisa ser adaptado as circunstacircncias do desenvolvimento cognitivo das

crianccedilas e tambeacutem as condiccedilotildees oferecidas pela escola para efetivaccedilatildeo do trabalho do

professor Diante disso este capiacutetulo apresenta as praacuteticas desenvolvidas com os alunos

do 4ordm ano

Temos por objetivo apresentar e avaliar propostas e praacuteticas luacutedicas para a

compreensatildeo espacial Para isso apresentamos estas experiecircncias em quatro itens (1)

Oficina 1 Maquete mental (2) Mapa mental 1 Canal das Piabas (3) Oficina 2 Praacuteticas

com mapa mudo e (4) Mapa mental 2 Mesorregiotildees da Paraiacuteba

As aulas de Geografia com a turma do 4ordm ano teve como temaacutetica das aulas

ldquoGeografia da Paraiacuteba um estudo atraveacutes da produccedilatildeo leitura de mapas mentaisrdquo Na

produccedilatildeo dos mapas mentais contextualizamos a discussatildeo sobre os principais rios da

Paraiacuteba e sua influecircncia no cotidiano dos paraibanos especialmente dos alunos Durante

o periacuteodo de trecircs aulas realizamos debates desenvolvemos propostas com mapas mudos

e outros exerciacutecios os quais seratildeo apresentados ao longo deste capiacutetulo

31 OFICINA 1 A MAQUETE MENTAL PRAacuteTICA COLETIVA DO ENSINO-

APRENDIZAGEM EM GEOGRAFIA

Apresentamos inicialmente uma proposta de ensino a qual intitulamos de

ldquomaquete mentalrdquo nossa compreensatildeo eacute que

O uso de maquetes favorece a passagem da representaccedilatildeo tridimensional para

a bidimensional por possibilitar domiacutenio visual do espaccedilo a partir do

modelo reduzido Na atividade proposta essa reduccedilatildeo apesar de natildeo

conservar as mesmas relaccedilotildees de comprimento aacuterea e volume do real (ou

seja apesar de natildeo seguir uma escala uacutenica) permite ao aluno ver o todo e

portanto refletir sobre ele Aleacutem disso as maquetes satildeo conhecidas das

crianccedilas acostumadas com brinquedos que satildeo miniaturas de objetos reais

(ALMEIDA 2010 p 77 ndash 78)

A maquete mental corresponde neste trabalho a uma representaccedilatildeo livre de uma

microescala (local) disposta em trecircs dimensotildees Ela eacute um recurso de transiccedilatildeo entre a

projeccedilatildeo da maquete (ver figura 6 - A p 98) para um mapa mental coletivo (figura 6 ndash

B) Aleacutem disso apresenta um tema que pode ou natildeo se referir ao cotidiano dos alunos

98

FIGURA 6 - A MAQUETE MAPA MENTAL CANAL DAS PIABAS

A - Maquete mental produzido pelos alunos do 4ordm ano

B- Mapa mental produzido pelos alunos do 4ordm ano Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

registrado por David L R de Almeida (2015)

A proposta executada a partir da interpretaccedilatildeo do texto ldquoProjeto de educaccedilatildeo

ambiental atraveacutes do estudo histoacuterico-geograacutefico e ecoloacutegico da bacia do Riacho das

Piabas (Canal) Campina Grande ndash Paraiacutebardquo51 apresentou noccedilotildees acerca das

51 Este projeto corresponde a uma accedilatildeo da comunidade local escolas e moradores da zona Sul de

Campina Grande que tem a intenccedilatildeo de realizar um levantamento histoacuterico e social da bacia do riacho

(mais conhecido como Canal) das Piabas Busca reconhecer o valor do referido recurso hiacutedrico aleacutem de

seu potencial Aleacutem disso a conscientizaccedilatildeo para preservar este recurso natural O texto esta disponiacutevel

no seguinte link httpwwwcdccuspbrbioeducarpb_camphtml gt acesso em 231115

99

toponiacutemias da orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo espacial e uso da aacutegua os quais

organizamos no quadro 5

QUADRO 5 SIacuteNTESE DO TEXTO SOBRE O CANAL DAS PIABAS

NOCcedilOtildeES PALAVRAS ENCONTRADAS NO TEXTO

Toponiacutemias

Cidade Campina Grande

Bairros Alto Branco Centro Santo Antonio e Joseacute

Pinheiro

Outros pontos de referecircncia natildeo oficiais para

administraccedilatildeo da prefeitura Rosa Miacutestica Ponto Cem

Reacuteis52 e Bairro do Cachoeira

Orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo Zona Norte

Uso da aacutegua

Recursos hiacutedricos aacutegua potaacutevel canal rios riacho e

cursos drsquoaacutegua

Problemas ambientais Lixo detritos e esgotos

Organizado por David L R de Almeida 2015

Apoacutes a explicaccedilatildeo de algumas palavras desconhecidas pelos alunos (entre elas

cursos drsquoaacutegua detritos e bifurcaccedilatildeo) realizamos uma reflexatildeo sobre a importacircncia dos

recursos hiacutedricos e qual influecircncia do Canal das Piabas53 no cotidiano dos estudantes A

discussatildeo sobre o tema surpreendeu os estudantes eles natildeo sabiam que se tratava do

canal que se encontra vizinho a escola o que motivou a curiosidade da maioria dos

alunos (ver figura 7 p 100)

Com base nesta interpretaccedilatildeo na aula seguinte desenvolvemos a proposta com a

maquete mental Para isso os alunos consideraram enquanto modelo de representaccedilatildeo

suas anotaccedilotildees sobre o texto discutido Aleacutem disso utilizamos recursos como imagens

de sateacutelite (disponiacuteveis pelo Google maps) e o mapa mural da cidade de Campina

Grande ndash PB como fontes de consulta

52 O Ponto Cem Reacuteis eacute localizado no bairro da Conceiccedilatildeo Este lugar eacute historicamente conhecido pela

populaccedilatildeo campinense como ponto de passagem para o Brejo paraibano a qual haacute deacutecadas atraacutes tinha a

funccedilatildeo de rodoviaacuteria e de comeacutercio para a populaccedilatildeo local e transeunte Natildeo se haacute um consenso da

origem da utilizaccedilatildeo da toponiacutemia mas alguns negam a referecircncia ao Ponto Cem Reacuteis encontrado na

atual capital paraibana Joatildeo Pessoa 53 A partir desse momento trataremos esse recurso hiacutedrico por Canal das Piabas visando facilitar a leitura

do texto e tambeacutem por ser uma referecircncia espacial mais comum para a populaccedilatildeo da cidade de Campina

Grande ndash PB

100

FIGURA 7 - CANAL DAS PIABAS EM PROXIMIDADE A ESCOLA

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) registrado por David L R de Almeida (2015)

Entregamos aos alunos orientaccedilotildees para a realizaccedilatildeo da maquete mental que

tambeacutem serviram de base para a produccedilatildeo dos mapas mentais como veremos adiante

Os estudantes desenvolveram suas representaccedilotildees considerando as informaccedilotildees

presentes no texto devendo

1 Representar o curso do Riacho Canal das Piabas do seu ponto inicial (nascente)

ateacute o ponto final (jusante)

2 Localizar os bairros e ou pontos de referecircncia (comeacutercio serviccedilos escolas) em

seu mapa

3 Orientar seu mapa atraveacutes da rosa dos ventos

4 Construir a legenda do mapa mental

Com base nos pontos supracitados a maquete mental foi realizada pelos alunos

mediante os procedimentos enumerados a seguir

1 Observar e relacionar as informaccedilotildees do texto com as representaccedilotildees expressas

nos mapas existentes e nas imagens de sateacutelite

2 Refletir e comparar a proporccedilatildeo entre os elementos e representaacute-los na cartolina

101

3 Localizar os bairros e pontos de referecircncia Traccedilar os itineraacuterios (avenidas ruas

canal das Piabas)

4 Distribuir os elementos (casas e carros) na maquete relacionando com as

condiccedilotildees de cada bairro (comercial de moradia etc)

5 Orientar o mapa mediante a rosa dos ventos

Durante o processo descrito os alunos estabeleceram um diaacutelogo contiacutenuo para

resolver o problema da escala geograacutefica da disposiccedilatildeo da formas e da localizaccedilatildeo dos

bairros na maquete (ver figura 8 p 101)

Para Vigotski (1998) a aprendizagem e desenvolvimento do aluno necessitam da

participaccedilatildeo ativa caso contraacuterio a mesma aprendizagem pode ser condenada ao

fracasso Nestes termos observamos que a iniciativa e trabalho em equipe possibilitam

os alunos a abranger sua leitura de mundo especialmente do lugar representado

refletindo sobre as suas experiecircncias cotidianas

FIGURA 8 PROCESSO DE REALIZACcedilAtildeO DA MAQUETE MENTAL

A Estaacutegio inicial ndash alunos traccedilando os itineraacuterios na

maquete mental

B Estaacutegio final ndash atribuindo as formas espaciais na maquete

mental

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) registrado por David L R de Almeida 2015

A maquete enquanto recurso didaacutetico possibilita o trabalho com temas de

elevado grau de dificuldade e abstraccedilatildeo Ressalta Mendes (2010 p 72) que ldquonos

processos de ensino e aprendizagem de geografia a utilizaccedilatildeo de modelos

tridimensionais permite ao educando simular observar descrever identificar e analisar

as dinacircmicas de determinados fenocircmenos geograacuteficosrdquo

Compreendemos que a maquete pode viabilizar a reflexatildeo sobre

102

A proporccedilatildeo entre os objetos

Reduccedilatildeo dos objetos

Localizaccedilatildeo das formas espaciais

Relaccedilotildees de orientaccedilatildeo frente atraacutes direita e esquerda ou mediante as

orientaccedilotildees espaciais (norte sul leste e oeste)

Sobre as diferenccedilas dos pontos de vista (lateral vertical e obliacutequo)

(ALMEIDA 2010 p 79)

De forma geral um dos primeiros criteacuterios relacionados ao uso da maquete eacute a

possibilidade de refletir sobre a percepccedilatildeo e a representaccedilatildeo do espaccedilo no mapa Na

perspectiva cartesiana os trabalhos de Almeida (2010) Almeida amp Passini (2010) e

Passini (2012) resgatam o debate sobre a relaccedilatildeo projetiva para anaacutelise mental Nessa

perspectiva encontramos na figura 9 o mesmo conjunto de objetos destacados em trecircs

pontos de vista diferente (lateral obliacutequo e vertical)

FIGURA 9 PERSPECTIVAS DE OBSERVACcedilAtildeO DAS FORMAS ESPACIAIS

A Visatildeo lateral B Visatildeo obliacutequa C Visatildeo vertical

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) registrado por David L R de Almeida 2015

Autores como Almeida (2010) e Castrogiovanni amp Costella (2006) observam na

maquete a oportunidade para o professor construir as relaccedilotildees projetivas com os alunos

saindo de uma visatildeo estritamente lateral ou obliacutequa a qual corresponde ao campo de

observaccedilatildeo do aluno para a perspectiva vertical traccedilado comum nos mapas existentes

O uso da maquete mental enquanto portadora do luacutedico permite as crianccedilas

externalizar sua compreensatildeo sobre o mundo Para Tuan (2012) o significado do jogo

para a primeira infacircncia (ateacute os seis anos de idade) contribui mais com o

desenvolvimento da coordenaccedilatildeo motora da crianccedila Entretanto ressaltamos que as

ldquobrincadeirasrdquo e a efetivaccedilatildeo dos jogos escolares tecircm objetivos expressos e um tema

preacute-definido seja ele para a aprendizagem de conteuacutedo vinculado ao curriacuteculo escolar

como para os valores exigidos para a vida em sociedade como a participaccedilatildeo respeito e

solidariedade (REGO 1995)

103

Eacute importante frisar que apenas decalcar ou ler o mapa natildeo traz a motivaccedilatildeo

necessaacuteria ao estudante Segundo Tuan (2012 p 30) ldquoa percepccedilatildeo eacute uma atividade um

estender-se para o mundo Os oacutergatildeos dos sentidos satildeo pouco eficazes quando natildeo satildeo

ativamente usadosrdquo por isso eacute importante a participaccedilatildeo do aluno ao rabiscar

estabelecer a localizaccedilatildeo das casas na maquete e falar sobre suas experiecircncias neste

ambiente para os companheiros

Temos uma visatildeo limitada de mundo relata Yi-Fu Tuan (1983) nem mesmo para

um adulto eacute faacutecil a tarefa de transpor um ponto de vista A funccedilatildeo da maquete mental eacute

ampliar a leitura de mundo do aluno Esta atividade quando mediada pelo recurso

permite observar a mesma realidade de diversos pontos de vista decorrente natildeo apenas

das relaccedilotildees projetivas mas da estrutura social e ambiental

Finalizado o processo de elaboraccedilatildeo da maquete mental os alunos foram

chamados a realizar os mapas mentais individualmente A maquete eacute um paracircmetro de

representaccedilatildeo para os mapas mentais Para esta anaacutelise houve a comparaccedilatildeo entre os

mapas mentais dos alunos e a maquete Retiramos as peccedilas sobrepostas sobre a folha de

cartolina (maquete mental) como resultado eacute observado o mapa mental coletivo

(apresentado na figura 6 B p 98)

32 MAPA MENTAL 1 CANAL DAS PIABAS

A Noccedilotildees de percepccedilatildeo espacial

Entre os questionamentos realizados aos alunos do 4ordm ano destacamos a

pergunta ldquo- Como vocecircs imaginam que eacute realizado o mapardquo entre as respostas estava

ldquocom papel e laacutepisrdquo (aluno 08) ou ainda ldquoele eacute feito de uma visatildeo de cimardquo (aluno 17)

O fragmento extraiacutedo de nosso jornal de pesquisa sublinha o imaginaacuterio das crianccedilas

sobre a produccedilatildeo dos mapas Embora algumas respostas apresentem certa ldquoinocecircnciardquo

por parte dos alunos outros percebem a necessidade da mudanccedila da perspectiva na

produccedilatildeo cartograacutefica

Ao longo da anaacutelise e leitura dos mapas mentais constatamos que as

representaccedilotildees dos alunos assumiram diferentes perspectivas Os alunos tiveram

liberdade de escolha para o traccedilado dos mapas mentais Ao compararmos os 16

(dezesseis) mapas mentais com a maquete mental uma questatildeo se destaca a perspectiva

espacial dos elementos representados ou seja seu ponto de vista A tabela 3 (p 104)

104

apresenta as trecircs visotildees predominantes na representaccedilatildeo espacial lateral vertical e

mista (elemento na perspectiva lateral vertical e ou obliacutequa)

TABELA 3 PERSPECTIVAS ESPACIAIS APRESENTADAS NOS MAPAS MENTAIS

Perspectiva espacial Ocorrecircncia

Lateral 01

Vertical 05

Mista 10

Total 16

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

Inicialmente a nossa anaacutelise corresponde aos cinco mapas mentais que

apresentam uma perspectiva vertical das formas espaciais representadas (casas preacutedios

e igreja) Estes mapas apresentam semelhanccedila ao acircngulo de visatildeo encontrado nos mapas

existentes O mapa mental do aluno 04 (figura 10 p 105) por exemplo apresenta uma

projeccedilatildeo totalmente vertical Ao visualizarmos o mapa mental satildeo notados apenas

quadrados coloridos o que corresponderia ao telhado das casas encontrado no modelo

(a maquete mental)

Quando sistematizamos os dados referentes agrave noccedilatildeo da percepccedilatildeo espacial dos

alunos observamos que a maioria deles (dez mapas) transita entre o esboccedilo de objetos

representado entre a perspectiva vertical e obliacutequa (um mapa) e vertical e horizontal

(nove mapas) (figura 15 p 118 e figura 12 p 110 respectivamente) Mesmo

apresentando certa disparidade entre os elementos desenhados suas representaccedilotildees

estatildeo proacuteximas a outros modelos de mapas como os turiacutesticos os quais normalmente

apresentam gravuras dispostas em acircngulos obliacutequos ou laterais

105

FIGURA 10 MAPA MENTAL EM PERSPECTIVA VERTICAL REALIZADO PELO ALUNO 04

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

106

Segundo Tuan (1983) os adultos e principalmente as crianccedilas vivem no chatildeo e

notam os objetos lateralmente natildeo eacute comum a eles perceberem a paisagem por outro

acircngulo de vista Na maioria das vezes a experiecircncia de olhar a paisagem de outra

perspectiva estaacute relacionada apenas a viagens de aviatildeo ou a oportunidade de escalar

uma montanha No entanto o mesmo autor afirma que as crianccedilas

[] podem ldquolerrdquo fotografias aeacutereas verticais em branco e preto de povoados e

campos de cultivo com uma acuidade e seguranccedila inesperadas Podem

reconhecer casas caminhos e aacutervores nas fotografias aeacutereas ainda que estes

aspectos apareccedilam em uma escala muito reduzida e sejam vistos de um

acircngulo e posiccedilatildeo desconhecidos em sua experiecircncia Eacute possiacutevel que as

crianccedilas da cidade tenham tido a experiecircncia de olhar fotografias em revistas

ou na televisatildeo [] (TUAN 1983 p 31)

Notamos portanto que estaacute transposiccedilatildeo de um acircngulo de vista a outro eacute haacutebito

comum entre as crianccedilas Acostumadas a brincar com brinquedos experimentam uma

realidade social ldquosimuladardquo inventam estoacuterias e constroem ldquorelaccedilotildees espaciais atraveacutes

de um jogo de imaginaccedilatildeordquo onde em muitos casos se destacam enquanto ldquodeuses do

Olimpordquo diferentemente de sua situaccedilatildeo no mundo dos adultos (TUAN 1983 p 31)

Entretanto em algumas situaccedilotildees essa percepccedilatildeo apresenta-se totalmente

divergente eacute o caso do mapa mental aluno 05 (figura 11 p 111) esse esboccedilo apresenta

uma visatildeo lateral da realidade Eacute o uacutenico mapa mental a apresentar a sociedade seus

sujeitos (ldquobonecos de palitordquo) atribuindo-os funccedilotildees como pilotar uma moto ou

transitar entre o cenaacuterio urbano (casa preacutedio mercado ndash ideal ndash semaacuteforo e rua) que

segundo relatou o aluno localiza-se no Ponto Cem Reacuteis Aleacutem disso retrata o sol como

um dos elementos que constituem a paisagem expressa na folha (em laranja)

O que nos chama a atenccedilatildeo eacute que mesmo participando da produccedilatildeo da maquete

mental e recebendo orientaccedilotildees do pesquisador o aluno 05 natildeo consegue deslocar seu

ponto de vista do cenaacuterio urbano Para Vigotski (1998 p 36) quando uma crianccedila se

defronta com um problema ao qual natildeo pode solucionar individualmente recorre a um

adulto ou ldquodiante de tal desafio aumenta o uso emocional da linguagem pelas crianccedilas

assim como aumentam seus esforccedilos no sentido de atingir uma soluccedilatildeo mais inteligente

menos automaacuteticardquo

A representaccedilatildeo geograacutefica do mapa mental do aluno 05 sugeriu uma condiccedilatildeo

referente agrave percepccedilatildeo do espaccedilo a qual Tuan (1983) denomina de apinhamento

Segundo o autor o apinhamento pode ser uma condiccedilatildeo a qual nossa liberdade espacial

eacute privada em decorrecircncia da presenccedila de outras pessoas em outro caso tambeacutem pode

107

estar relacionada agrave necessidade do contato com o outro do sentimento de pertencer a

um coletivo a sociedade Nestas condiccedilotildees escreve Tuan

As pessoas nos restringem mas tambeacutem podem ampliar o nosso mundo O

coraccedilatildeo e a mente se expandem na presenccedila daqueles que admiramos e

amamos [] quando as pessoas trabalham juntas por uma causa comum um

homem natildeo tira espaccedilo do outro pelo contraacuterio ele aumenta o espaccedilo do

companheiro dando-lhe apoio (TUAN 1983 p 72 ndash 73)

Podemos considerar que o espaccedilo apresentado pelo aluno natildeo situa o Canal das

Piabas mas sim o lugar que vive cotidianamente Para o trabalho escolar o professor

deve estar atento a esta questatildeo e criar subsiacutedios para que o aluno amplie sua escala de

percepccedilatildeo O trabalho em equipe e o diaacutelogo com o professor pode auxiliar nesta tarefa

fazendo o aluno notar elementos espaciais como o canal das Piabas que fazem parte da

sua vida e da comunidade

108

FIGURA 11 MAPA MENTAL EM PERSPECTIVA LATERAL PELO ALUNO 05

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

109

B Uso de Toponiacutemias

O desafio para a constituiccedilatildeo de uma linguagem atraveacutes dos mapas mentais

ressaltou o conjunto dos nomes dos lugares ou seja as toponiacutemias que desenvolvem o

ldquotecido espacialrdquo e indica o trajeto do Canal das Piabas Estas palavras servem como

ponto de referecircncia e suporte do raciociacutenio geograacutefico por parte dos alunos Neste

quesito 15 (quinze) alunos destacaram o nome dos bairros pontos de referecircncia (a

escola) ou nome do Canal das Piabas e do Accedilude Velho em seus mapas mentais

Apenas um mapa natildeo realizou qualquer referecircncia deste tipo

Ao analisarmos o mapa mental aluno 14 (figura 12 p 109) eacute observado seu

caraacuteter difuso enquanto representaccedilatildeo espacial As toponiacutemias mais que fazer

referecircncia aos lugares estabelece as relaccedilotildees e a compreensatildeo do mapeador a respeito do

tema tratado Baseado na interpretaccedilatildeo vigotskiana de Friedrich (2012) podemos situar

que imagem mental construiacuteda pelo aluno encontra-se no estaacutegio sincreacutetico Outros

criteacuterios devem fazer parte da interpretaccedilatildeo dos mapas mentais No caso do mapa

mental do aluno 14 correspondem as necessidades ou dificuldades especiais do

estudante Em entrevista com a gestora escolar ela comenta que o aluno 14 apresenta

dificuldades ou necessidades especiais de ordem intelectual voltadas a aprendizagem54

Neste caso especiacutefico o trabalho pedagoacutegico na Escola Municipal Luacutecia de

Faacutetima Gayoso Meira eacute realizado na sala de atendimento especializado onde os alunos

desenvolvem atividades que estimulam sua coordenaccedilatildeo sensoacuterio-motora e cognitiva

Para Friedrich (2012) este auxiacutelio eacute imprescindiacutevel as atividades escolares em

decorrecircncia da maior necessidade da mediaccedilatildeo do professor caso contraacuterio o aluno

apresentaraacute dificuldade de abstrair seus conhecimentos acerca do assunto estudado

54 Embora coloque este ponto a gestora escolar confessa natildeo saber qual o diagnoacutestico meacutedico referente a

dificuldade do aluno Relata que na escola apenas um aluno com deficiecircncia (siacutendrome de Down) e que

os demais apresentariam outras deficiecircncias correspondentes a aprendizagem como dislexia Atualmente

a escola possui uma sala de Atendimento Especial e professora especializada no trabalhado pedagoacutegico

com pessoas com deficiecircncia embora natildeo tenha os recursos didaacuteticos disponibilizados pelo governo

(computadores jogos entre outros materiais didaacuteticos) O termo ldquopessoa com deficiecircnciardquo foi criado pelo

Conselho Nacional da Pessoa com Deficiecircncia definido atraveacutes da resoluccedilatildeo estabelecida pela portaria nordm

2344 de 3 de novembro de 2010 Para mais informaccedilotildees acessar Disponiacutevel em

httpwwwmpgompbrportalwebhp41docsparecer_-_mudanca_da_nomeclaturapdf lt acesso

20072014

110

FIGURA 12 MAPA MENTAL DO ALUNO 14 COM DESTAQUE A ELEMENTOS SINCRETICOS

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

111

Divergente do caso do mapa do aluno 14 outros esboccedilos cartograacuteficos

apresentam uma rede de palavras que vincula o tema discutido Canal das Piabas aos

lugares de travessia da rede hidrograacutefica A tabela 4 apresenta o nuacutemero de ocorrecircncia

de cada toponiacutemia utilizada nos mapas mentais

TABELA 4 USO DAS TOPONIacuteMIAS NOS MAPAS MENTAIS

Toponiacutemias utilizadas Ocorrecircncia

Bairro (s) 13

Accedilude Velho 13

Riacho Canal das Piabas 12

Escola 10

Outros 01 Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

A organizaccedilatildeo das toponiacutemias apresentadas nos mapas mentais aluno 01 e 03

(figura 13 p 114 e 14 p 115) exemplificam um raciociacutenio geograacutefico recorrente a

linguagem social Observando os mapas mentais do aluno 01 e 03 eacute possiacutevel destacar

uma coerecircncia na organizaccedilatildeo das toponiacutemias enquanto uma sequencialidade de nomes

que permite identificar e reconstruir uma abstraccedilatildeo do percurso real do Canal das

Piabas

Para que o processo de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica ocorra eacute necessaacuterio que o

aluno esteja atento ao processo de codificaccedilatildeo do mapa para isso ldquoa codificaccedilatildeo seraacute

significativa se a crianccedila construir seus proacuteprios siacutembolos trabalhando do significado

para o coacutedigordquo (PASSINI 2012 p 46) Eacute necessaacuterio observar que o significado eacute

variaacutevel para cada indiviacuteduo mas tambeacutem corresponde a uma expressatildeo social O

ranking dos nomes referentes aos bairros eacute apresentado a seguir na tabela 5

TABELA 5 RANKING DAS TOPONIacuteMIAS RELACIONADOS AOS BAIRROS DE

CAMPINA GRANDE

Bairro Ocorrecircncia Bairro Ocorrecircncia

Conceiccedilatildeo 10 Joseacute Pinheiro 06

Centro 07 Louzeiro 06

Lauritzen 07 Alto Branco 02

Monte Castelo 07 Monte Santo 01

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

112

Na atividade de interpretaccedilatildeo dos bairros representados pelos alunos uma

importante observaccedilatildeo refere-se agrave escolha das toponiacutemias apresentadas e o contexto

social a qual corresponde agrave identidade Em experiecircncias anteriores (ALMEIDA 2012)

jaacute haviacuteamos percebido que os alunos assim como funcionaacuterios do coleacutegio relatam que

a escola localiza-se no bairro do Alto Branco entretanto para administraccedilatildeo poliacutetica do

municiacutepio de Campina Grande ela estaacute localizada no bairro Lauritzen

Segundo os estudos de Maia (2010) um dos fatores para valorizaccedilatildeo de bairros

como Alto Branco Jardim Tavares e Bairro das Naccedilotildees (todos localizados na Zona

Norte de Campina Grande) eacute a valorizaccedilatildeo imobiliaacuteria em decorrecircncia da presenccedila de

condomiacutenios fechados Ressaltamos que esta diferenccedila entre a identidade da populaccedilatildeo

e a organizaccedilatildeo administrativa do municiacutepio foi explicada aos alunos que Em sua

maioria os alunos fizeram mais referecircncias ao bairro Lauritzen (sete ocorrecircncias) que

ao Alto Branco (duas ocorrecircncias)

Essa diferenccedila entre o destaque dos bairros quando comparado a outros pontos

de referecircncia como Rosa Miacutestica e Ponto Cem Reacuteis eacute proveniente da percepccedilatildeo

referente agrave Zona Norte da cidade de Campina Grande Para explicar este fato

apresentamos um diaacutelogo realizado entre o aluno 15 o pesquisador e a professora

Marta a respeito da comunidade Rosa Miacutestica

Apoacutes compreender onde se localizava a comunidade Rosa Miacutestica o aluno 15

se levanta e fala - ldquoProfessor [pesquisador] eacute o BG55 natildeo eacute

Professora Marta - ldquoO que eacute BG meninordquo

Aluno 15 - ldquoSabe natildeo professora lsquoBuraco da Giarsquo professorardquo

Para entendermos o contexto social ao qual se refere o aluno algumas

observaccedilotildees devem ser realizadas visto que caracteriza relaccedilotildees de identidade e

percepccedilotildees espaciais natildeo apenas destas crianccedilas mas da populaccedilatildeo campinense Arauacutejo

amp Valverde (2013) discutem o surgimento e processo de urbanizaccedilatildeo de uma

comunidade localizada na Zona Norte de Campina Grande a Rosa Miacutestica

Relata os autores que a Rosa Miacutestica surge na deacutecada de 1940 conhecida como

ldquoBuraco da Jiardquo

Inicialmente houve o loteamento e arrendamento de uma aacuterea (antes ocupada

por mata subcaducifoacutelia de transiccedilatildeo e reservatoacuterios de aacutegua) que se

encontrava sob os cuidados de uma famiacutelia que residia nas proximidades O

antigo Buraco da Jia durante algumas deacutecadas de existecircncia foi considerado

55 O significado de BG para o aluno eacute relativo a Buraco da Jia observa-se aiacute uma alteraccedilatildeo da letra ldquoGrdquo e

ldquoJrdquo

113

pela Prefeitura Municipal de Campina Grande como favela (ARAUacuteJO amp

VALVERDE 2013 p 151)

O termo Buraco da Jia segundo os autores consiste em uma das toponiacutemias

condizentes a uma aacuterea de contato entre trecircs bairros (Alto Branco Louzeiro e

Conceiccedilatildeo) embora natildeo se tenha consenso a respeito da origem deste nome antigos

moradores atribuem o significado agraves condiccedilotildees ambientais do lugar Aleacutem disso carrega

estereoacutetipos sociais como violecircncia favelizaccedilatildeo drogas entre outros A toponiacutemia Rosa

Miacutestica soacute viria surgir anos mais tarde em decorrecircncia do movimento da igreja e de

seus moradores com o objetivo de diminuir a violecircncia presente na comunidade

(ARAUacuteJO amp VALVERDE 2013)

Consideramos que a percepccedilatildeo social e a escolha destas toponiacutemias natildeo satildeo

involuntaacuterias pois agrave medida que apresentam bairros considerados ldquobons seguros

organizadosrdquo negam aqueles espaccedilos percebidos como ldquomarginalizados inseguros

precaacuteriosrdquo Embora o aluno 15 natildeo estivesse presente no dia da realizaccedilatildeo destes mapas

mentais seus colegas natildeo fizeram nenhuma referecircncia mesmo os que conhecem e

vivem esta realidade

114

FIGURA 13 USO DAS TOPONIMIAS PELO ALUNO 01

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

115

FIGURA 14 USO DE TOPONIMIAS PELO ALUNO 03

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

116

C Noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

Como expotildeem Claval (2010) localizar e orientar satildeo duas bases importantes no

posicionamento das toponiacutemias A pontuaccedilatildeo aleatoacuteria desses nomes pode resultar em

problemas na identificaccedilatildeo dos lugares e na comunicaccedilatildeo do mapa mental Durante o

desenvolvimento de atividades como a maquete mental houve praacuteticas e discussotildees a

respeito da importacircncia da localizaccedilatildeo dos fenocircmenos espaciais e da orientaccedilatildeo atraveacutes

dos pontos cardeais (norte sul leste e oeste)

Dessa forma a experiecircncia se repetiu no desenho dos mapas mentais os quais

deveriam ser orientados pela rosa dos ventos e seus pontos cardeais Ao analisarmos os

16 mapas encontramos em apenas seis o procedimento exigido Dos seis casos que

apontaram a rosa dos ventos apenas o mapa mental aluno 03 (figura 14 p 115)

consegue estabelecer com propriedade a orientaccedilatildeo espacial

Diferentemente do caso anterior os outros cinco mapas mentais (a exemplo do

aluno 01 ver figura 13 p 114) apresentam agrave rosa dos ventos muito embora o norte

referende a posiccedilatildeo superior da folha e natildeo a nascente do Canal das Piabas Este

problema de orientaccedilatildeo haacute muito jaacute vem sido discutido por especialistas da aacuterea da

Cartografia Escolar Passini (2012 p 96) menciona que embora os livros didaacuteticos dos

primeiros ciclos (1ordm ao 5ordm ano) abordem a questatildeo da orientaccedilatildeo espacial afirma que

O que temos visto [] satildeo explicaccedilotildees sobre a indicaccedilatildeo da nascente do Sol

como direccedilatildeo Leste muitas vezes com a figura de um menino de braccedilos

abertos com a matildeo direita apontando o Leste Essa forma de ldquoorientarrdquo pode

criar o equiacutevoco de que o lado Leste eacute determinado com a matildeo direita

O problema encontrado eacute que na compreensatildeo dos alunos os pontos cardeais satildeo

encarados como um criteacuterio estaacutetico quando na verdade seu posicionamento eacute relativo

Esse tipo de orientaccedilatildeo (pelos astros ndash sol lua etc) necessita de uma transposiccedilatildeo da

compreensatildeo da macroescala (dos planetas) para a microescala (dos bairros da Zona

Norte de Campina Grande)

Por outro lado podemos analisar que os mapas mentais como o aluno 01 pode

ter outro referencial de orientaccedilatildeo o do corpo Nesta linha de raciociacutenio os trabalhos de

Claval (2010) e Tuan (1983) afirmam que mediante a experiecircncia os nosso sentidos

(olfato audiccedilatildeo e ateacute mesmo o tato) nos auxilia na experiecircncia do espaccedilo permitindo

traccedilar itineraacuterios mediante a localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

117

A pesquisa com alunos do curso de Geografia da Universidade Federal do

Paranaacute (UFPR) realizada por Kozel (2008) demonstra ser possiacutevel o trabalho da

representaccedilatildeo da cidade a partir das percepccedilotildees sensoacuterias A autora revela que a

linguagem pode ser construiacuteda a partir dos sentidos desde que desenvolva a construccedilatildeo

semioacutetica (expresse em signos os elementos sentidos como o cheiro) e possibilite sua

transformaccedilatildeo em enunciados Para a autora a imagem mental pode ser ldquoconstruiacutedas a

partir das sensaccedilotildees e percepccedilotildees assim como signos verbais ou natildeo-verbais tambeacutem se

constroem dentro desse processordquo (KOZEL 2008 p 74)

No caso dos mapas mentais dos alunos do 4ordm ano observamos que a ordem e

sequencialidade da orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo quando comparado agrave maquete mental

estiveram presentes em 50 dos casos (oito mapas) Nestes oito mapas como eacute o caso

do aluno 10 (Figura 15 p 118) as toponiacutemias foram localizadas de forma que

possibilita a compreensatildeo total do fenocircmeno estudado o Canal das Piabas pelo leitor

Aleacutem disso tal como eacute relatado no texto o curso drsquoaacutegua estabelece o limite e

localizaccedilatildeo entre os bairros ldquoacima do canalrdquo os bairros Centro Conceiccedilatildeo e Louzeiro e

ldquoabaixordquo o Joseacute Pinheiro (escrito como Satildeo Pinheiro) e Lauritzen (onde estaacute localizada

a escola)

Nos outros oito casos do uso da localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial as noccedilotildees

ainda natildeo foram internalizadas Os alunos conseguem apenas desenvolver relaccedilotildees

topoloacutegicas (frente atraacutes direita e esquerda como discutido no capiacutetulo I p 39)

quando os elementos estatildeo em seu campo de visatildeo como a atividade em que os alunos

do 4ordm ano construiacuteram um mapa da sala de aula e destacaram atraveacutes da legenda a

localizaccedilatildeo de sua carteira Observaremos outros exemplos relacionados agrave localizaccedilatildeo e

orientaccedilatildeo espacial no toacutepico a seguir

118

FIGURA 15 MAPA MENTAL E A LOCALIZACcedilAtildeO DOS BAIRROS DE CAMPINA GRANDE PELO ALUNO 10

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

119

D Noccedilotildees de escala geograacutefica

Em trabalho com os mapas existentes a escala numeacuterica (matemaacutetica) eacute essencial

para o trabalho pedagoacutegico Permite ao aluno compreender a ldquogeneralizaccedilatildeo

cartograacuteficardquo a relaccedilatildeo entre a escala e a quantidade de elementos do mapa Dessa forma

ldquoquanto menor a escala menos detalhes (maior a generalizaccedilatildeo) quanto maior a escala

mais detalhes (menor generalizaccedilatildeo)rdquo (ALMEIDA 2010 p 92)

Todavia no que corresponde ao uso dos mapas mentais ela aparece enquanto

elemento secundaacuterio A escala meacutetrica eacute importante para a formaccedilatildeo do aluno

entretanto na transposiccedilatildeo da imagem mental ela natildeo aparece Isso se deve ao fato da

nossa percepccedilatildeo espacial natildeo ser decorrente da distacircncia fiacutesica entre os lugares mas da

afetiva (TUAN 1983)

A primeira vista a escala geograacutefica pode ser considerada banal e ateacute mesmo

desarticulada agraves praacuteticas do ensino de Geografia nos anos iniciais do EF Entretanto a

escala eacute um ldquoproblema metodoloacutegicordquo visto que se torna para noacutes um procedimento

praacutetico e ldquouma estrateacutegia de apreensatildeo da realidaderdquo ao discutir noccedilotildees de Geografia e

contextualizar o tema em estudo Aleacutem disso permite avaliar a compreensatildeo dos alunos

a respeito do assunto abordado (CASTRO 2008 p 120)

Montar a maquete mental necessita de habilidade para a compreensatildeo da

totalidade do fenocircmeno estudado e a reduccedilatildeo necessaacuteria para que nenhuma informaccedilatildeo

relevante seja perdida a transposiccedilatildeo dessas ideias para os mapas mentais segue a

mesma loacutegica

Percebemos que haacute diferenccedilas no trabalho pedagoacutegico com a escala numeacuterica e a

escala geograacutefica entretanto existe um ponto em comum entre elas ldquoeacute importante notar

que a escala natildeo eacute a mesma em todo o mapardquo (ALMEIDA 2010 p 91) Os sujeitos de

uma turma podem ter compreensotildees escalares distintas fato presente na produccedilatildeo dos

mapas mentais como eacute apresentado na tabela 6 que caracteriza as escalas geograacuteficas

TABELA 6 ESCALA GEOGRAacuteFICA EM DESTAQUE NOS MAPAS MENTAIS

ESCALA

GEOGRAacuteFICA OCORREcircNCIA

Bairro 11

Rua 03

Natildeo apresenta comunica 02 Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

120

Podemos observar na realizaccedilatildeo da maioria dos mapas mentais (11 mapas) a

presenccedila do raciociacutenio geograacutefico ao atribuir uma reduccedilatildeo dos objetos representados

sem a necessidade de recorrer agrave escala meacutetrica As representaccedilotildees apresentam a

compreensatildeo dos estudantes sobre a aacuterea estudada Na maioria dos casos observamos

que os alunos tiveram a preocupaccedilatildeo de indicar a reduccedilatildeo necessaacuteria para exposiccedilatildeo dos

fenocircmenos apresentados em seus esboccedilos (uso das toponiacutemias)

A maioria dos esboccedilos cartograacuteficos destaca o nome dos bairros o que contribui

para leitura das informaccedilotildees contidas em cada mapa (por exemplo o mapa mental do

aluno 04 figura 10 p 105) Em casos mais especiacuteficos houve uma reduccedilatildeo a uma

escala geograacutefica mais local a da rua a qual apresenta mais relaccedilotildees da experiecircncia

cotidiana do que com o resgate do tema estudado

Se considerarmos a escala geograacutefica enquanto procedimento do raciociacutenio

geograacutefico observaremos que nos trecircs casos onde a rua aparece como escala de

representaccedilatildeo (aluno 05 figura 11 p 111) e ainda nos outros dois que natildeo fazem

menccedilatildeo a qualquer tipo de reduccedilatildeo espacial (aluno 14 figura 12 p 110) podemos notar

dificuldades na sistematizaccedilatildeo da linguagem e da comunicaccedilatildeo do tema indicando a

necessidade de um papel mais ativo da mediaccedilatildeo do professor

Diante desta dificuldade expotildeem Vigotski (1998) que

A linguagem habilita as crianccedilas a providenciarem instrumentos auxiliares na

soluccedilatildeo de tarefas difiacuteceis a superar a accedilatildeo impulsiva a planejar uma soluccedilatildeo

para um problema antes de sua execuccedilatildeo e a controlar seu proacuteprio

comportamento Signos e palavras constituem para as crianccedilas primeiro e

acima de tudo um meio de contato social com outras pessoas As funccedilotildees

cognitivas e comunicativas da linguagem tornam-se entatildeo a base de uma

forma nova e superior de atividade nas crianccedilas distinguindo-as dos animais

(VIGOTSKI 1998 p 38)

Considerando as palavras da citaccedilatildeo anterior notamos que a praacutetica da

construccedilatildeo do pensamento se reproduz na execuccedilatildeo da atividade proposta ou seja dos

mapas mentais Entretanto observamos que mesmo a ldquoimitaccedilatildeordquo de um modelo

produzido pelos alunos (a maquete mental) enquanto elemento responsaacutevel por criar

uma zona de desenvolvimento potencial natildeo eacute em alguns casos o suficiente para

desenvolver habilidades como observaccedilatildeo e planejamento do trabalho a ser executado

pelo aluno

121

3 3 OFICINA 2 PRAacuteTICAS COM MAPA MUDO (RE) CONSTRUINDO O MAPA

MENTAL DA PARAIacuteBA

A Paraiacuteba foi o tema em pauta para as atividades do 4ordm ano no uacuteltimo bimestre

escolar Em minha primeira visita realizada a escola apoacutes o aceite para realizaccedilatildeo da

pesquisa perguntei a professora Marta quais eram as suas orientaccedilotildees para as aulas de

Geografia embora tenha exposto o tema ficou de apresentar seu planejamento

posteriormente

Quando retornamos agrave escola recebemos da professora duas folhas elas

realizavam uma caracterizaccedilatildeo geneacuterica da Paraiacuteba Com os papeacuteis em matildeos

percebemos que se tratava de trechos disponibilizados no site do Wikipeacutedia As

informaccedilotildees natildeo eram confiaacuteveis tampouco suficientes Resolvemos explorar os

recursos didaacuteticos disponibilizados pela escola e descobrimos que havia mapas murais

atlas escolares e livros didaacuteticos sobre o Estado da Paraiacuteba Sugerimos que as fontes e

recursos didaacuteticos disponibilizados pela escola fossem articulados a proposta das aulas

Natildeo foi encontrada nenhuma objeccedilatildeo da professora em utilizar estes materiais

O caso descrito no paraacutegrafo anterior natildeo eacute apenas uma anedota de pesquisa

para a gestora Rosacircngela as professoras desconhecem os materiais existentes na escola

Ela relata que o governo investe em recursos didaacuteticos como mapas atlas livros e aleacutem

disso DVD jogos entre outros materiais que poderiam ser utilizados em sala de aula

Apoacutes as mudanccedilas relatadas pensamos em atividades para os alunos do 4ordm ano

recapitulando alguns assuntos tratados pela professora regente no 3ordm bimestre como a

discussatildeo sobre a cidade de Campina Grande e a regiatildeo Nordeste Com esta intenccedilatildeo

realizamos mapas mudos da regiatildeo Nordeste (modelo em apecircndice V) e do Estado da

Paraiacuteba (modelo em apecircndice VI) situando as discussotildees sobre os temas discutidos (ver

figura 16 e 17 p 122)56

56 Procuramos realizar praacuteticas que possibilitassem o processo de regionalizaccedilatildeo com alunos do 4ordm ano

Aleacutem disso observamos e comparamos diferentes fotografias pertencentes agrave Paraiacuteba o que auxiliou na

produccedilatildeo de mapas mudos pretendendo desenvolver modelos para a internalizaccedilatildeo da noccedilatildeo de regiatildeo

122

FIGURA 16 MAPA MUDO REALIZADO BRASIL (REGIAtildeO NORDESTE) REALIZADO PELO

ALUNO 07

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

Em seguida temos outro mapa realizado pelo aluno 01 Podemos perceber como

ele se apropria dos conhecimentos necessaacuterios para preenchimento das informaccedilotildees de

forma praacutetica

FIGURA 17 MAPA MUDO DAS MESSOREGIOtildeES DA PARAIacuteBA REALIZADO PELO ALUNO

01

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

123

O mapa da regiatildeo Nordeste (figura 16 p 122) procurou discutir os

procedimentos para realizaccedilatildeo da leitura dos mapas existentes enfatizando a construccedilatildeo

da legenda por meio da construccedilatildeo do signo (significado - as cores - utilizado aos seus

significantes - estados representados) A rosa dos ventos tambeacutem fez parte destes

procedimentos pois buscamos substituir a associaccedilatildeo da orientaccedilatildeo do corpo pela

orientaccedilatildeo atraveacutes dos pontos cardeais

Se considerarmos que o mapa eacute uma forma de representaccedilatildeo do espaccedilo e que

representa uma linguagem com siacutembolos legendas escalas geograacuteficas e toponiacutemias

podemos concluir que eacute necessaacuterio fazer com que o aluno busque potencializar

habilidades e competecircncias para entendecirc-lo decifraacute-lo e utilizaacute-lo

Desse modo a praacutetica de produccedilatildeo de mapas eacute necessaacuteria pois permite aos

alunos atingir uma organizaccedilatildeo cognitiva da estrutura do espaccedilo Alem disso

desenvolver princiacutepios de organizaccedilatildeo sistematizaccedilatildeo e correspondecircncia com outros

mapas visualizados em seu cotidiano que em muitos casos natildeo fazem muito sentido

Para Almeida amp Passini (2010 p 13) o mapa soacute faz sentido enquanto recurso de

aprendizagem

[] se o aluno participou ativamente do processo de construccedilatildeo

(reconstruccedilatildeo) do conhecimento atraveacutes da praacutetica escolar orientada pelo

professor E quanto ao domiacutenio espacial envolve preacute-aprendizagens relativas

a referencias e categorias essenciais ao processo de concepccedilatildeo do espaccedilo

De acordo com esses apontamentos pretendemos analisar os mapas mentais

correlacionando com o mapa mudo elaborado pelos alunos A produccedilatildeo dos mapas

mentais que seratildeo apresentados a seguir foi uma sugestatildeo da professora regente para

compor a avaliaccedilatildeo final do 4ordm bimestre (ver apecircndice VII) Desta forma algumas

observaccedilotildees deveratildeo ser verificadas

1 A realizaccedilatildeo destes mapas ficou a cargo da professora regente Segundo ela

nenhum dos alunos teve acesso as informaccedilotildees presentes nos cadernos livros

ou outras fontes de consulta

2 A prova foi realizada individualmente

3 As atividades natildeo foram realizadas no mesmo dia pelos alunos A professora

Marta emprega como praacutetica que os alunos realizem as provas em dias

aleatoacuterios evitando a possibilidade de ldquocolardquo entre os alunos

4 Realizamos as orientaccedilotildees para o desenho dos mapas mentais considerando

os temas estudados em sala de aula

124

3 4 MAPA MENTAL 2 MESORREGIOtildeES DA PARAIacuteBA

A Noccedilotildees de percepccedilatildeo espacial

Durante esta fase foram elaborados 14 mapas mentais sobre as mesorregiotildees

Geograacuteficas da Paraiacuteba Todos os mapas apresentados a partir deste momento natildeo

apresentaram problemas em relaccedilatildeo ao ponto de vista (lateral vertical ou obliacutequa) dos

elementos representados Todos eles satildeo apresentados na perspectiva vertical

Os alunos progrediram na anaacutelise e construccedilatildeo dos mapas mentais e agora

consideram o procedimento dos pontos de vista Natildeo necessariamente O que ocorre eacute

que como discute Castro (2008) os fenocircmenos mudam de acordo com a escala

geograacutefica O tema pode ser um dos grandes influenciadores dessa mudanccedila de

perspectiva A escala regional e as orientaccedilotildees para a realizaccedilatildeo do mapa impotildeem outra

problemaacutetica que natildeo corresponde aos elementos representados na escala local como a

disposiccedilatildeo de preacutedios ou casas por exemplo

Desta forma natildeo seria conveniente tampouco realista considerar os mesmos

paracircmetros (pontos de vista) de anaacutelise do mapa mental do Canal das Piabas Outro fato

eacute que os modelos ou imagens mentais construiacutedas natildeo se baseiam em uma representaccedilatildeo

em trecircs mas em apenas duas dimensotildees

Se considerarmos a concepccedilatildeo de Tuan (2012 p 18) acerca da percepccedilatildeo

espacial eacute possiacutevel inferir que ela pode ser uma resposta a uma ldquoatividade propositalrdquo

escolar Neste aspecto se torna uma capacidade de avaliaccedilatildeo e ordenamento dos objetos

dispostos no espaccedilo Os mapas mentais podem corresponder agraves relaccedilotildees entre as formas

representadas

Os esboccedilos cartograacuteficos elaborados pelos alunos assumiram duas ldquoformasrdquo a

primeira de sequencialidade das Mesorregiotildees Geograacuteficas (dez mapas mentais) e a

segunda a circularidade (quatro mapas) Algumas observaccedilotildees devem ser feitas antes de

avanccedilarmos na anaacutelise destes mapas mentais

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) os estudos da

divisatildeo regional pelo IBGE originaram-se em 1941 sob a coordenaccedilatildeo do prof Faacutebio

Macedo Soares Guimaratildees Ateacute aquele momento diversas sistematizaccedilotildees para divisatildeo

regional do territoacuterio brasileiro havia sido proposta dessa forma o objetivo do oacutergatildeo foi

organizar um uacutenico modelo de divisatildeo regional do Brasil

125

Aleacutem disso eacute relatado no site do IBGE que entre os fatores que influenciaram a

divisatildeo das regiotildees em Mesorregiotildees Geograacuteficas foram a elaboraccedilatildeo de poliacuteticas

puacuteblicas locais localizaccedilatildeo de atividades econocircmicas sociais e tributaacuterias

planejamento urbano estudos de identificaccedilatildeo das regiotildees metropolitanas

aglomeraccedilotildees urbanas e rurais entre outros O IBGE conclui que

A Divisatildeo Regional do Brasil em mesorregiotildees partindo de determinaccedilotildees

mais amplas a niacutevel conjuntural buscou identificar aacutereas individualizadas em

cada uma das Unidades Federadas tomadas como universo de anaacutelise e

definiu as mesorregiotildees com base nas seguintes dimensotildees o processo social

como determinante o quadro natural como condicionante e a rede de

comunicaccedilatildeo e de lugares como elemento da articulaccedilatildeo espacial57

No tocante aos aspectos poliacuteticos econocircmicos sociais e naturais a Paraiacuteba estaacute

dividida em quatro Mesorregiotildees Geograacuteficas Mata Paraibana Agreste Paraibano

Borborema e Sertatildeo Paraibano (ver figura 17 p 122) cada uma delas apresenta

caracteriacutesticas proacuteprias De acordo com Carvalho Travassos amp Maciel (2002 p 33) ldquoA

distribuiccedilatildeo dos climas da Paraiacuteba estaacute relacionada com a localizaccedilatildeo geograacutefica ou

seja quanto mais proacuteximo do litoral mais uacutemido seraacute o clima quanto mais longe mais

secordquo Este traccedilado de sequencialidade eacute encontrado no mapa do aluno 08 (figura 18 p

126)

Por outro lado quatro alunos desenharam a silhueta da Paraiacuteba em formas

circulares (aluno 03 figura 19 p 127) distinguindo-se dos modelos preacute-elaborados

(mapa mudo) e trabalhados em classe atraveacutes do atlas escolar da Paraiacuteba Neste aspecto

Tuan (2012 p 63) comenta que ldquoo etnocentrismo casa bem com a ideia do cosmo

circularrdquo Perceber o seu mundo enquanto um paracircmetro circular daacute ao sujeito a

compreensatildeo que todos os espaccedilos estatildeo proacuteximos e acessiacuteveis

Desde que nascemos nossas experiecircncias espaciais se desenvolvem inicialmente

por relaccedilatildeo aos estiacutemulos do meio e posteriormente com nosso conviacutevio em sociedade

Tuan (1983) revela que para um bebecirc de seis meses de idade o simples fato de estar

sentado jaacute possibilita um novo campo de visatildeo a que tinha anteriormente quando

ficava apenas deitado Aleacutem disso ldquotoda pessoa estaacute no centro do seu mundo e o

espaccedilo circundante eacute diferenciado de acordo com o esquema de seu corpordquo (TUAN

1983 p 46) Outra justificativa que corresponde agrave representaccedilatildeo deste traccedilado circular

corresponderia agraves dificuldades dos alunos ao abstrair o princiacutepio da conexatildeo entre as

Mesorregiotildees Geograacuteficas Observaremos outros casos semelhantes no toacutepico a seguir

57 As informaccedilotildees pertinentes ao IBGE estatildeo disponiacuteveis no link a seguir

httpwwwibgegovbrhomegeocienciasgeografiadefault_div_intshtmlt acessado em 16 05 2015

126

FIGURA 18 PERCEPCcedilAtildeO SEQUENCIAL DAS MESORREGIOtildeES GEOGRAacuteFICAS DO ALUNO 08

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

127

FIGURA 19 PERCEPCcedilAtildeO CIRCULAR DAS MESORREGIOtildeES GEOGRAacuteFICAS DO ALUNO 03

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

128

B Uso de Toponiacutemias

Qual o processo de organizaccedilatildeo das toponiacutemias apresentadas pelos alunos

Encontramos duas respostas a primeira correspondente ao fragmento textual no

enunciado dos mapas mentais a segunda as paredes da sala de aula Como eacute de costume

nos anos iniciais do EF expomos os cartazes e atividades que haviacuteamos realizado sobre

o Canal das Piabas Este cartaz foi utilizado enquanto instrumento de coacutepia em alguns

casos

Em uma anaacutelise geral dos mapas mentais produzidos pelos alunos tendo como

objetivos identificar as toponiacutemias dos lugares representados encontrou a seguinte

configuraccedilatildeo (Tabela 7 p 128)

TABELA 7 OCORREcircNCIA DAS TOPONIMAS EXPRESSAS NOS MAPAS MENTAIS

TOPONIacuteMIA OCORREcircNCIA

Mesorregiotildees Geograacuteficas 8

Mesorregiotildees Geograacuteficas e bairros de Campina Grande 3

Bairros de Campina Grande 1

Outros 2

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

Para Vigotski (1998) o uso da palavra eacute de fundamental importacircncia para a

construccedilatildeo do conceito ela identifica os objetos e distingui-os de outros termos

semelhantes A palavra quando caracterizada enquanto toponiacutemia permite ao sujeito

nomear o espaccedilo geograacutefico segundo alguma caracteriacutestica social fiacutesica poliacutetica

econocircmica entre outras

Para Gomes (2008 p 53) ldquona linguagem do senso comum a noccedilatildeo de regiatildeo

parece existir relacionada a dois princiacutepios fundamentais o de localizaccedilatildeo e o de

extensatildeordquo Compreendemos que este processo envolve dois exerciacutecios O primeiro de

compreensatildeo identificaccedilatildeo e extensatildeo do fenocircmeno e o segundo metodoloacutegico quais os

criteacuterios que possibilitaram a organizaccedilatildeo das Mesorregiotildees Geograacuteficas da Paraiacuteba

Eacute complexo o desenvolvimento da noccedilatildeo geograacutefica de regiatildeo mas em seu

processo de ensino-aprendizagem outros elementos podem ser destacados Ao trabalhar

com este conceito com a turma do 4ordm ano associamos a discussatildeo das caracteriacutesticas

regionais com as suas paisagens realizando a leitura de imagens fotograacuteficas

129

disponibilizadas pelos livros didaacuteticos atlas escolar e outras desenvolvidas em forma de

atividades

Em mapas mentais como o do aluno 11 (figura 20 p 130) foi observado que o

uso das toponiacutemias permite uma compreensatildeo da organizaccedilatildeo regional pelos alunos Em

outros casos o excesso de informaccedilotildees demonstra que esta comunicaccedilatildeo ainda se

apresenta de forma confusa para os estudantes (aluno 08 figura 18 p 126) Por outro

lado seguindo as orientaccedilotildees de Richter (2010 p 71) para a anaacutelise sobre o uso da

palavra na construccedilatildeo dos mapas mentais destacamos que escrever a palavra ldquosertatildeordquo

ldquoagresterdquo ou ldquooceano atlacircnticordquo ldquo[] natildeo define ou estabelece que esse estudante tenha

uma compreensatildeo ampla sobre os termos ou ideias apresentadasrdquo

Outro fato que nos chama a atenccedilatildeo eacute a ecircnfase dada agrave temaacutetica dos mapas

mentais os rios da Paraiacuteba As expressotildees rio Paraiacuteba e Piranhas apresentam-se em 50

dos mapas mentais analisados (sete mapas) assim como a presenccedila do Oceano

Atlacircntico Em outros dois casos os alunos representam em seus mapas a presenccedila do

Accedilude Velho e Riacho das Piabas

Percebemos com essa avaliaccedilatildeo a dificuldade dos alunos para o entendimento do

significado das toponiacutemias e a construccedilatildeo desta imagem mental Longe de encerrar esta

compreensatildeo pelos alunos veremos a seguir algumas anaacutelises relacionadas as noccedilotildees de

localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial

130

FIGURA 20 USO DAS TOPONIacuteMIAS NA CONSTRUCcedilAtildeO DAS MESORREGIOtildeES DA PARAIacuteBA DO ALUNO 11

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

131

C Noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

A alfabetizaccedilatildeo da liacutengua materna corresponde a uma das primeiras formas de

comunicaccedilatildeo ensinadas na escola Escrever as primeiras letras do nome pode acontecer

antes dos seis anos de idade mas eacute a partir do 1ordm ano do EF que este aprendizado seraacute

mais niacutetido

No ocidente o processo da escrita das palavras ocorre geralmente em uma

ordem sequencial da esquerda para a direita Este procedimento tambeacutem eacute realizado

para a leitura de textos onde eacute expressa a liacutengua portuguesa Somos desde pequenos

ensinados e aos poucos nos habituamos a este processo de leitura e escrita Mas haacute

alguma relaccedilatildeo entre o raciociacutenio geograacutefico a imagem mental e a representaccedilatildeo dos

mapas mentais com o processo de leitura e escrita A anaacutelise dos mapas afirma que sim

No item noccedilotildees de percepccedilatildeo espacial identificamos a ocorrecircncia de dez mapas

mentais que distribuiacuteram as Mesorregiotildees Geograacuteficas em uma ordem sequencial Mais

que uma relevacircncia na percepccedilatildeo dos alunos ela revela uma teacutecnica de

desenvolvimento do coacutedigo da liacutengua Dos dez mapas mentais que apresentam esta

caracteriacutestica sete denotam uma ordem idecircntica agrave do enunciado da questatildeo O quadro 6

realiza uma comparaccedilatildeo das toponiacutemias utilizadas e sua relaccedilatildeo com os mapas

mentais58

QUADRO 6 ORDEM DAS TOPONIacuteMIAS ENCONTRADAS NOS MAPAS MENTAIS

Ocorrecircncia Toponiacutemia 1 Toponiacutemia 2 Toponiacutemia 3 Toponiacutemia 4

Enunciado Mata Paraibana Agreste Paraibano Borborema Sertatildeo Paraibano

07 mapas Mata Paraibana Agreste Paraibano Borborema Sertatildeo Paraibano

03 mapas Sertatildeo Paraibano Borborema Agreste Paraibano Mata Paraibana

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

Quando comparado a disposiccedilatildeo das mesorregiotildees no enunciado da questatildeo e a

localizaccedilatildeo sete dos dez mapas eacute niacutetido que a transposiccedilatildeo da imagem mental para o

papel seguiu a mesma loacutegica expressa no enunciado da questatildeo Mas o simples fato de

localizar as toponiacutemias da esquerda agrave direita e vice versa natildeo significa que o aluno

58O mapa diferentemente de outras teacutecnicas de informaccedilatildeo e conhecimento como a Liacutengua portuguesa ou

a Matemaacutetica eacute portador de uma linguagem natildeo-verbal Traduz um processo de aprendizagem natildeo

sequencial de fenocircmenos que quando apresentados na fala em texto ou operaccedilotildees matemaacuteticas

naturalmente vatildeo apresentar uma hierarquia disposiccedilatildeo sequencialidade que nem sempre eacute desejaacutevel

132

consegue abstrair a posiccedilatildeo dos lugares em escalas regionais Torna-se importante notar

outros referenciais

A orientaccedilatildeo de outras referecircncias como Oceano Atlacircntico servem como

correspondente entre os signos (mesorregiotildees) apresentados nos mapas mentais A

leitura realizada pelo aluno 11 localiza a mesorregiatildeo do Sertatildeo Paraibano vizinho ao

Oceano Atlacircntico (figura 20 p 130) este fato esteve presente em quatro mapas

mentais

Por meio do mapa mental realizado pelo aluno 15 (figura 21 p 133) eacute possiacutevel

afirmar que mesmo havendo semelhanccedila entre a sequencialidade do enunciado da

questatildeo e o mapa mental eacute possiacutevel estabelecer uma relaccedilatildeo de orientaccedilatildeo espacial

condizente com a realidade a partir do uso coerente da rosa dos ventos

Encontramos ainda no caso do mapa mental supracitado uma reordenaccedilatildeo dos

pontos cardeais que a primeira vista pode parecer estranha para um experiente leitor de

mapas existentes Eacute notado que o aluno altera a posiccedilatildeo L (leste) ndash O (oeste) do mapa

mental permitindo uma comunicaccedilatildeo entre a orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo real das

Mesorregiotildees Geograacuteficas

O caso citado acima eacute o uacutenico a realizar esse raciociacutenio da orientaccedilatildeo dos

elementos representados podemos notar que o aluno consegue articular a noccedilatildeo de

orientaccedilatildeo espacial o que nos leva a considerar a possibilidade de coincidecircncia Dos

quatorze (14) mapas mentais doze (12) apresentam a rosa dos ventos A tabela 8

demonstra a noccedilatildeo de orientaccedilatildeo espacial atraveacutes dos pontos cardeais pelos alunos

TABELA 8 OCORREcircNCIA DA UTILIZACcedilAtildeO DA ROSA DOS VENTOS NOS MAPAS

MENTAIS

USO DA ROSA DOS VENTOS OCORREcircNCIA

Apresenta coerecircncia 2

Natildeo apresenta coerecircncia 7

Natildeo corresponde a uma comunicaccedilatildeo 6

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

Eacute observado que o posicionamento mediado pelos pontos cardeais natildeo obteve

sucesso As atividades desenvolvidas natildeo foram suficientes para possibilitar a

compreensatildeo da orientaccedilatildeo espacial Embora sete alunos tracem a rosa dos ventos em

seus mapas mentais elas natildeo correspondem agraves toponiacutemias expressas ou outros pontos de

referecircncia como o oceano Outros seis alunos invertem o posicionamento dos pontos

cardeais ou simplesmente natildeo apresenta tais referenciais

133

FIGURA 21 ORIENTACcedilAtildeO E LOCALIZACcedilAtildeO DAS MESSOREGIOtildeES DA PARAacuteIBA ALUNO 15

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

134

D Noccedilotildees de escala geograacutefica

Todas as noccedilotildees discutidas acerca dos mapas mentais das mesorregiotildees

demonstram que na escala regional paraibana os alunos sentiram mais dificuldades na

realizaccedilatildeo dos elementos dos mapas Com isso a leitura dos esboccedilos apresentou alguns

contratempos como excesso ausecircncia ou desconexatildeo entre as toponiacutemias apresentadas

com a temaacutetica dos mapas

Sem instrumentos mediadores ou modelos os alunos tiveram diferentes

problemas Entre eles o que deve ser representado no mapa Os rios eram destaque no

enunciado da prova embora seus nomes estivessem em negrito poucos alunos

distinguiram as palavras enquanto regiotildees (Mata Paraibana) e rios Paraiacuteba e Piranhas

Os rios revelam o propoacutesito do mapa mas tambeacutem coincidem com a localizaccedilatildeo Estado

da Paraiacuteba

Se considerarmos as palavras de Callai (2005 p 239) sobre o retrato do tema

ldquo[] eacute importante perceber que os fenocircmenos da natureza se configuram em outra

escala que eacute da natureza mesmo e que vai pautar os acontecimentos ao contraacuterio de

uma escala histoacuterica intrinsecamente ligada ao tempo e ao espaccedilo de nossas vidasrdquo

O conjunto das Mesorregiotildees Geograacuteficas tinha como intenccedilatildeo localizar ordenar

e apresentar um panorama geral do Estado da Paraiacuteba O resultado da observaccedilatildeo da

escala geograacutefica (Tabela 9) revela que a maioria dos estudantes apresenta maior

acuidade para a escolha da escala

TABELA 9 ESCALA GEOGRAacuteFICA EM DESTAQUE NOS MAPAS MENTAIS

ESCALA GEOGRAacuteFICA OCORREcircNCIA

Estado da Paraiacuteba 11

Outra 2

Natildeo identificada 1 Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

O que demonstra estes dados eacute que os alunos tiveram o cuidado de reduzir os

objetos da escala real para a dimensatildeo do papel mas o motivo para essa reduccedilatildeo natildeo

corresponde com a proposta da atividade Observamos que os alunos tecircm na maioria

dos casos o cuidado de representar as mesorregiotildees entretanto os rios Paraiacuteba e

Piranhas satildeo observados como coisas distintas do territoacuterio Dos quatorze (14) mapas

135

mentais analisados nove apresentam os rios enquanto elemento externo os outros cinco

casos natildeo fazem qualquer menccedilatildeo ao tema

Se por um lado a ldquohomogeneidaderdquo e ldquoconcentraccedilatildeordquo satildeo traccedilos pertinentes a

escala da proposta dos mapas mentais por outro ldquocolocar o problema da escala eacute

tambeacutem colocar o problema da pertinecircncia da ligaccedilatildeo entre uma unidade de observaccedilatildeo

e o atributo que associamos a elardquo (RACINE RAFFESTIN amp RUFFY 1983 p 125) A

anaacutelise destas representaccedilotildees demonstra que os rios e o territoacuterio paraibano satildeo como

ldquoaacutegua e oacuteleordquo natildeo se misturam esta heterogeneidade fez os alunos observarem estes

elementos como distintos

A escala ainda segundo Racine Raffestin amp Ruffy (1983) eacute um processo de

esquecimento coerente visto que agrave medida que observamos um conjunto agraves

singularidades satildeo ldquoesquecidasrdquo Dito de outra forma agrave medida que avanccedilamos na

representaccedilatildeo das mesorregiotildees geograacuteficas da Paraiacuteba os bairros de Campina Grande

natildeo deveriam ter ecircnfase na produccedilatildeo dos mapas mentais como aconteceu na

representaccedilatildeo do aluno 09 (Figura 22 p 136)

Por fim observamos que a escala geograacutefica enquanto noccedilatildeo para os estudos de

Geografia contribui para observarmos a percepccedilatildeo e sistematizaccedilatildeo mental dos assuntos

abordados em sala de aula Ela possibilita avaliar os avanccedilos dos alunos aleacutem de

auxiliar o planejamento do professor para a progressatildeo de habilidades e noccedilotildees a serem

trabalhadas

Buscamos no proacuteximo capiacutetulo avanccedilar na discussatildeo acerca do uso dos mapas

mentais dessa forma apontamos as praacuteticas e estrateacutegias utilizadas que possibilitaram o

ensino de Geografia com uma turma do 5ordm ano Recorremos assim como na turma do 4ordm

ano a experiecircncias luacutedicas e teoacutericas que possibilitassem o desenvolvimento de

habilidades e uso das noccedilotildees para o desenvolvimento das representaccedilotildees cartograacuteficas e

da leitura de mundo desses alunos

136

FIGURA 22 USO INDISCRIMINADO DA ESCALA GEOGRAacuteFICA ALUNO 09

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

137

4 PROPOSTAS E PRAacuteTICAS ESCOLARES ANAacuteLISES DOS MAPAS

MENTAIS COM OS ALUNOS DO 5ordm ANO

No decorrer deste capiacutetulo temos como objetivo apresentar e analisar as

atividades realizadas com os alunos do 5ordm ano Nossas praacuteticas direcionadas ao recurso

didaacutetico mapa mental dialogaram com um conjunto de atividades de construccedilatildeo e

interpretaccedilatildeo de mapas existentes e atividade luacutedica

Empregamos os mapas existentes (mapas murais e mapa do Brasil regiotildees)

mapas mudos e o jogo de baleada para o desenvolvimento de habilidades relacionado

aos assuntos estudados nas aulas de Geografia Conforme seraacute apresentado dividimos

estas experiecircncias em quatro itens (1) Oficina 1 Uso dos mapas mudos e a ldquobaleada

geograacuteficardquo (2) Mapa mental 1 Mapa da minha vida (3) Oficina 2 Mapa mudo da

regiatildeo Centro-Oeste e (4) Mapa mental 2 Mapa da regiatildeo Centro-Oeste

51 OFICINA 1 USO DOS MAPAS MUDOS E A ldquoBALEADA GEOGRAacuteFICArdquo

NOCcedilOtildeES PRAacuteTICAS E TEOacuteRICAS DE GEOGRAFIA

Compreende-se que para a construccedilatildeo dos procedimentos de trabalho coordenar

e dirigir o pensamento atraveacutes da linguagem cartograacutefica eacute fundamental Necessita

aleacutem disso envolver atividades teoacutericas e luacutedicas como mostramos no capiacutetulo 1

(Quadro 1 p 40) Haacute diferentes condicionantes que despertam a motivaccedilatildeo ou

desmotivaccedilatildeo a positividade ou apatia acerca das atividades desenvolvidas entre os jaacute

destacados a atenccedilatildeo memoacuteria cogniccedilatildeo e emoccedilatildeo retrata Vigotski (1998)

Para Bock Furtado amp Teixeira (2008) a escola eacute o lugar privilegiado para o

desenvolvimento dos condicionantes citados no paraacutegrafo anterior por meio da

educaccedilatildeo formal Neste espaccedilo ocorre o contato com a cultura de forma sistemaacutetica

intencional e planejada visando o desenvolvimento cognitivo dos sujeitos Por outro

lado o aluno jaacute traz consigo necessidades curiosidades e um imaginaacuterio a respeito da

realidade espacial

A aprendizagem natildeo eacute equivalente a todos os sujeitos de uma turma Entretanto

enfatizamos a importacircncia do trabalho coletivo como meio para o progresso do

raciociacutenio espacial Dessa forma segundo Rego (1995) eacute necessaacuterio a intervenccedilatildeo do

professor nas zonas de desenvolvimento proximal dos alunos Acreditamos que o

138

diaacutelogo as atividades com recursos cartograacuteficos e atividades luacutedicas podem auxiliar

nesse quesito

A escolha do recurso didaacutetico a exemplo do mapa corresponde

necessariamente com a proposta da aula de Geografia Uma escolha equivocada pode

gerar problemas para o encaminhamento da aula Ao conversar com a professora

Beatriz sobre as aulas de Geografia perguntei quais os assuntos trabalhados nos

bimestres anteriores Empolgada ela fala sobre suas consideraccedilotildees sobre o mapa-

muacutendi localizaccedilatildeo dos paiacuteses e organizaccedilatildeo poliacutetica A professora pega seu livro

didaacutetico o abre e mostra um mapa das Ameacutericas Diante deste caso apontamos que o

professor e o aluno

[] natildeo alfabetizado para a leitura da linguagem cartograacutefica natildeo possui

habilidades suficientes para ldquoentrarrdquo em mapas de escala pequena com os

que representam o Brasil ou o mundo com siacutembolos abstratos e entender o

conteuacutedo neles apresentado (PASSINI 2012 p 31)

Natildeo procuramos julgar as praacuteticas da professora tampouco desprivilegiar o uso

do livro didaacutetico em sala de aula mas observamos a necessidade da correspondecircncia

entre tema e recurso empregado Ademais discordamos das palavras de Passini (2012 p

31) que apenas por meio da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica que o aluno tem ldquohabilidade

suficienterdquo para entender um mapa Seraacute que esta afirmaccedilatildeo corresponde com as

praacuteticas cotidianas dos alunos E os mapas apresentados nos telejornais que

demonstram a previsatildeo do tempo ou o itineraacuterio dos ocircnibus localizaccedilatildeo de lojas eles

tambeacutem necessitam de uma alfabetizaccedilatildeo para ser compreendidos O professor eacute o

uacutenico sujeito a mediar agrave compreensatildeo da linguagem cartograacutefica

Acreditamos que a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica deve ser um processo de

construccedilatildeo e leitura de mapas De acordo com Callai (2005) os alunos trazem os

conhecimentos de sua experiecircncia de vida e eacute a partir daiacute que podemos iniciar a alusatildeo

aos conhecimentos da Geografia Dito isto enfatizamos que no decorrer das duas

primeiras aulas realizamos leitura de mapas enfatizando a importacircncia da construccedilatildeo da

legenda e da correspondecircncia aos elementos do mapa trabalhados Outros fatores como

a importacircncia da rosa dos ventos e dos pontos cardeais tambeacutem estiveram presente

nestas aulas

As regiotildees brasileiras e o processo de regionalizaccedilatildeo foi o tema trabalhado em

Geografia com a professora regente no terceiro bimestre de 2014 Iniciamos o trabalho

revisando o assunto Os alunos construiacuteram mapas mudos na ocasiatildeo entregamos uma

lista com o nome dos estados (com suas respectivas siglas) e capitais (ver apecircndice

139

VIII) buscando construir um modelo mental para o desenvolvimento dos primeiros

mapas mentais Um exemplo de mapa mudo desenvolvido pelo aluno 29 (Figura 23 p

139) o modelo encontra-se em apecircndice (apecircndice IX)

A realizaccedilatildeo dos mapas mudos embora mediada natildeo foi trabalhada com a

consulta de mapas existentes Foi permitida a interaccedilatildeo entre os alunos para chegarem a

uma interpretaccedilatildeo proacutepria da localizaccedilatildeo dos estados e extensatildeo das cinco regiotildees

brasileiras59 (Nordeste Sul Sudeste Centro-Oeste e Norte) Na ocasiatildeo jaacute haviam

estudado o panorama geral da organizaccedilatildeo territorial do paiacutes aleacutem disso a Regiatildeo

Norte a qual demonstravam a maioria dos alunos mostrava interesse

FIGURA 23 MAPA MUDO DAS REGIOtildeES DO BRASIL REALIZADO PELO ALUNO 29

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

59 Eacute observado que os limites das regiotildees eacute estabelecido por linhas mais escuras o que deveria facilitar a

distinccedilatildeo entre elas mas em alguns casos como o do aluno 29 (figura 23) esta compreensatildeo ainda natildeo

estava clara

140

Outra questatildeo em pauta satildeo as consideraccedilotildees de Castrogionni amp Costella (2006)

Almeida amp Passini (2010) e Passini (2012) eles apontam que as noccedilotildees de localizaccedilatildeo e

orientaccedilatildeo espacial satildeo problemas complexos ao se desenvolver experiecircncias com

mapas O plano das relaccedilotildees de localizaccedilatildeo extensatildeo e vizinhanccedila eacute algo complicado

seja quando a referecircncia eacute o proacuteprio corpo (direita esquerda frente e atraacutes) ou os pontos

cardeais (norte sul leste e oeste)

Na anaacutelise das noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial nos mapas mentais do

Canal das Piabas (p 116 terceiro paraacutegrafo) apresentamos o problema dos modelos de

orientaccedilatildeo espacial discutido por Passini (2012 p 112 ndash 117) Mediante algumas

atividades sugeridas pela autora como ldquoorientando-se na cidaderdquo ldquotrabalho com

sombrasrdquo e ldquoorientando-se com vizinhos e natildeo vizinhosrdquo desenvolvemos uma proposta

de atividade a qual intitulamos de ldquobaleada geograacuteficardquo

Para a realizaccedilatildeo da experiecircncia da baleada geograacutefica resgatamos as praacuteticas do

jogo conhecido como baleada ou queimada60 com os alunos do 5ordm ano Dessa forma

seguimos os passos descritos

1 Dividir os alunos em quatro grupos cada um representando um ponto cardeal

(Norte Sul Leste e Oeste)

2 Posicionar os grupos nas respectivas direccedilotildees neste caso eacute indicado que a

atividade seja realizada em um local aberto e os pontos cardeais sejam marcados

no chatildeo considerando o posicionamento do sol61

3 O grupo deve acertar com a bola um dos participantes do time oposto entretanto

a direccedilatildeo da bola deve seguir a orientaccedilatildeo falada pelo mediador (professor)

exemplo ldquogrupo Oeste acerte a bola no grupo Sulrdquo (Figura 24 p 141)

O objetivo do jogo foi localizar os grupos no plano espacial do paacutetio da escola

mostrando que as coisas e as pessoas estatildeo em determinado lugar Aleacutem disso os alunos

observaram a relaccedilatildeo existente entre o pocircr do sol e o posicionamento dos pontos

cardeais Tambeacutem a possibilidade de coordenar direccedilotildees atraveacutes deles

Na aula seguinte dialogamos sobre esta experiecircncia e realizamos uma atividade

teoacuterica sobre a ldquobaleada geograacuteficardquo (ver apecircndice X) Percebemos que alguns alunos

60 Nos Estados Unidos a brincadeira vem ganhando prestiacutegio principalmente apoacutes seu reconhecimento

enquanto esporte o ldquododgeballrdquo O esporte eacute composto por dois grupos onde cada equipe busca acertar

membros do time adversaacuterio quando um integrante eacute acertado ele eacute retirado do jogo Ganha quem tiver o

maior nuacutemero de integrantes no final da partida Para mais informaccedilotildees acesse

httpenwikipediaorgwikiDodgeball lt acessado em 26052015 61 Ressaltamos que esta atividade seja realizada no iniacutecio da manhatilde (para o turno matutino) ou final da

tarde (para o turno vespertino) em decorrecircncia da exposiccedilatildeo das crianccedilas ou jovens ao sol e ainda a

possibilidade de ver mais nitidamente o nascer ou o pocircr do sol (como foi o caso com a turma do 5ordm ano)

141

os que faltaram principalmente sentiram dificuldade na compreensatildeo da uacuteltima questatildeo

que se referia ao posicionamento atraveacutes da posiccedilatildeo aparente do sol Retornamos ao

paacutetio da escola e realizamos outra simulaccedilatildeo sobre a dinacircmica do jogo desta vez os

alunos explicavam como deveria ser realizado o jogo e suas regras62

FIGURA 24 DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE LUacuteDICA BALEADA GEOGRAacuteFICA

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

Apoacutes a realizaccedilatildeo destas experiecircncias os alunos tiveram como desafio a

realizaccedilatildeo dos primeiros mapas mentais Contextualizamos a atividade das regiotildees do

Brasil atraveacutes da proposta ldquoMapa da minha vidardquo63 onde os alunos teriam que destacar

os procedimentos descritos a seguir

Desenhe um mapa mental do Brasil considerando as informaccedilotildees abaixo

1 Localizar em seus mapas mentais as seguintes informaccedilotildees

- Estado em que vocecirc nasceu

62 Nestes termos caracterizamos que as aulas ocorrem em atividades cineacuteticas articulando o

desenvolvimento das representaccedilotildees aos movimentos corpoacutereos descentralizando a atenccedilatildeo focal

(observaccedilatildeo) aos outros sentidos tato fala e audiccedilatildeo Afirmamos que isto ocorre em um processo que

avanccedila e regride ao longo das atividades escolares e que os resultados positivos nem sempre satildeo

alcanccedilados 63 A proposta de atividade com o tema ldquomapa da minha vidardquo eacute fruto de experiecircncia de pesquisa-piloto

realizada no Centro de Ensino Pesquisa Aplicada agrave Educaccedilatildeo (CEPAE) da Universidade Federal de Goiaacutes

(UFG) com alunos do 5ordm ano em 2014 A proposta desenvolvida pela Profordf Drordf Rusvecircnia Luiza para o

trabalho com mapas mudos foi incorporada ao desenvolvimento de mapas mentais em uma de suas

turmas de 5ordm ano Na ocasiatildeo o recurso possibilitou avaliar os conteuacutedos sobre regiatildeo e regionalizaccedilatildeo

brasileira ensinados pela referida professora

142

- Estado em que seus pais nasceram

- Estado que jaacute visitou e

- Estado que gostaria de visitar

2 Orientar seu mapa atraveacutes da rosa dos ventos

3 Construir a legenda do mapa mental

4 Baseado no tema apresentado decirc um tiacutetulo para o seu mapa mental

Inicialmente explicamos aos alunos qual era a proposta dos mapas mentais e que

estas representaccedilotildees natildeo iriam ser idecircnticas aos mapas estudados ateacute a ocasiatildeo Os

alunos se mostraram resistentes a proposta de trabalho De iniacutecio alguns se recusaram a

realizar a atividade alegando ldquonatildeo saber desenharrdquo outros alegavam a necessidade da

consulta aos mapas existentes Realizamos um acordo eles poderiam consultar a lista

com o nome dos estados entretanto natildeo seria permitida a consulta a outros materiais

Todos aceitaram este termo

Apoacutes o iniacutecio das atividades poucos alunos utilizaram a lista com o nome dos

estados Entretanto discutiam entre eles sobre a localizaccedilatildeo dos estados e pediam

auxiacutelio agrave professora e para o pesquisador para realizaccedilatildeo da proposta O proacuteximo item

corresponde agraves anaacutelises dos mapas mentais elaborados

42 MAPA MENTAL 1 MAPA DA MINHA VIDA

A Noccedilatildeo de percepccedilatildeo espacial

Como discutido no primeiro bloco de anaacutelise dos mapas mentais (alunos do 4ordm

ano) a percepccedilatildeo espacial eacute variante de sujeito para sujeito mesmo quando sua

experiecircncia ambiental valores e status social satildeo semelhantes Pinheiro (2005) assim

como Tuan (2012) percebe que a compreensatildeo espacial e a composiccedilatildeo da imagem

mental satildeo decorrentes de um ldquocircuito psicoloacutegicordquo

A imagem mental eacute um processo de ldquo[] apreensatildeo da informaccedilatildeo (sensaccedilatildeo

percepccedilatildeo) sua organizaccedilatildeo interna (percepccedilatildeo cogniccedilatildeo) armazenamento na memoacuteria

e resgate para utilizaccedilatildeo como accedilatildeordquo (PINHEIRO 2005 p 152) No ensino-

aprendizagem de Geografia os mesmos ldquoestiacutemulosrdquo ou imagens experimentadas (seja

pela vivecircncia nos lugares ou aprendizagens) natildeo seratildeo idecircnticos ao modelo expresso Os

ruiacutedos satildeo inevitaacuteveis na construccedilatildeo da imagem e na (re) produccedilatildeo dos mapas mentais

143

Os 21 mapas mentais produzidos com o tema ldquomapa da minha vidardquo retratam

diferentes modelos de percepccedilatildeo dos alunos acerca da silhueta do Brasil Agrupamos

estes mapas mentais em quatro grupos silhueta em forma proacutexima a do Brasil de balatildeo

e de triacircngulo e como apresentada na figura 25 A quarta categoria apresenta os mapas

mentais que natildeo se enquadraram nestes paracircmetros

FIGURA 25 PARAcircMETROS PARA ANAacuteLISE DAS SILHUETAS DOS MAPAS MENTAIS

A Forma proacutexima a do Brasil B Forma de um balatildeo C Forma de um triacircngulo

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) Organizado por David L R de Almeida 2015

Como observamos na tabela 10 nove dos 21 alunos contornam os seus mapas

mentais e apresentam correlaccedilatildeo com o mapa mudo do Brasil Entre estes casos

apresentamos o mapa mental realizado pelo aluno 41 (figura 26 p 146) Observamos

que os traccedilos expressos nos mapas mentais aproximam-se da silhueta do mapa existente

do Brasil e conservaram a localizaccedilatildeo de alguns estados estrateacutegicos em suas

representaccedilotildees a Paraiacuteba (PB) na posiccedilatildeo nordeste o Acre (AC) proacutexima a uma

curvatura no norte do Brasil e o Rio Grande do Sul (RS) como o ponto mais extremo ao

sul do territoacuterio nacional64

TABELA 10 PERCEPCcedilOtildeES DA FORMA DO BRASIL DESTACADO NOS MAPAS

MENTAIS

FORMA OCORREcircNCIA

Brasil 9

Balatildeo 4

Triacircngulo 2

Outra forma 6

Total 21

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

64 Em virtude da ausecircncia dos pontos cardeais no mapa mental estamos considerando que a posiccedilatildeo Norte

esteja no lado superior da folha

Menor extensatildeo (L-O)

Ex

ten

satildeo

(N

-S)

Maior extensatildeo (L-O)

144

Os mapas em formato de balatildeo tambeacutem tiveram suas peculiaridades entre elas o

fator de concentricidade dos estados retratados em forma circulares ou de meia lua O

mapa mental do aluno 39 (figura 27 p 147) eacute composto por um agrupamento de feiccedilatildeo

circular o mais niacutetido eacute encontrado no centro da imagem relativo ao estado de Goiaacutes

(GO) Na regiatildeo nordeste o aluno situa a Paraiacuteba (em verde) seguido pela cidade

paraibana de Taperoaacute (em laranja) e um dos distritos de Campina Grande Galante (em

azul)

Jaacute haviacuteamos reparado o mesmo traccedilado circular em alguns mapas do Canal das

Piabas (p 125 quarto paraacutegrafo) e analisado que a esfericidade segundo Tuan (1983

2012) casa com a ideia de etnocentrismo Mas precisamos observar que diferentes

povos ao longo da histoacuteria tambeacutem utilizaram e ainda utilizam o paracircmetro esfeacuterico

para confecccedilatildeo de mapas existentes a exemplo dos chineses (com os mapas formados

por cinturotildees No centro do mapa localiza-se o impeacuterio nas bordas os baacuterbaros e

selvagens) gregos e europeus com os ldquomapas O-T (Orbis terrarum)rdquo Atualmente os

atlas escolares a exemplo do mapa-muacutendi ldquomostra todo o mundo em uma projeccedilatildeo que

estaacute centralizada no sul da Gratilde-Bretanha ou noroeste da Franccedilardquo (TUAN 2012 p 65 ndash

69)

O terceiro caso por exemplo aponta os mapas mentais em contornos relativos agrave

forma triangular Eles aproximaram-se ao formato do triacircngulo equilaacutetero (o qual possui

trecircs partes iguais e contecircm trecircs acircngulos de 60ordm)

No que se refere aos dois mapas mentais que apresentaram esta configuraccedilatildeo

observamos que os estados que ficam a norte da linha do equador como Roraima e

Amapaacute natildeo satildeo apresentados Ou ainda satildeo localizados em outros lugares como

observado no mapa mental do aluno 25 (Figura 28 p148)

Os exemplos anteriores indicam que para estes alunos a associaccedilatildeo a forma

geomeacutetrica triangular corresponde com uma estrateacutegia de memorizaccedilatildeo da imagem

mental do Brasil Recordemos que eacute comum a menccedilatildeo da forma arredondada do planeta

Terra nas aulas de Geografia entretanto relata Jolly (1990) que a muito se eacute estudado a

ldquoverdadeirardquo forma do planeta Terra suas formas e dimensotildees a qual hoje se denomina

de geoacuteide

Ao longo do desenvolvimento da Idade Meacutedia relata Jolly (1990) que houve o

aperfeiccediloamento das teacutecnicas de observaccedilatildeo instrumentos como a buacutessola sistemas de

medidas e intersecccedilatildeo a grandes distacircncias para o autor

145

A triangulaccedilatildeo tem como objetivo fixar sobre a superfiacutecie a ser

cartografada a posiccedilatildeo relativa em distacircncia e em direccedilatildeo de pontos

fundamentais ou ldquopontos geodeacutesicosrdquo sobre os quais se apoiara a rede de

quadriculas do mapa Consiste em cobrir a superfiacutecie estudada com uma rede

de referecircncias dispostas segundo os veacutertices de triacircngulos [] (JOLLY 1990

p 42)

Neste sentido eacute importante apontar que a forma triangular pode ser um caminho

para a construccedilatildeo dessa imagem mental entretanto o papel da mediaccedilatildeo do professor

deve propor anaacutelises mais aprofundadas sobre as irregularidades do traccedilado territorial

Por quais motivos haacute a irregularidade na silhueta do mapa mental do Brasil Por causa

das fronteiras poliacuteticas e econocircmicas Os acidentes geograacuteficos Esses satildeo alguns

elementos que podem ser discutidos

Seis dos 21 mapas mentais apresentaram formas distintas entre si e dos trecircs

grupos apresentados anteriormente Seus traccedilados irregulares apresentavam uma

compreensatildeo sincreacutetica da imagem do territoacuterio nacional natildeo apenas pelo traccedilado do

mapa mental mas pela associaccedilatildeo dos elementos destacados ao tema do mapa Em

alguns casos ocorreu o comprometimento da comunicaccedilatildeo do mapa para seu

destinataacuterio como destacaremos nos proacuteximos toacutepicos

146

FIGURA 26 MAPA MENTAL EM FORMATO PROacuteXIMO A REPRESENTACcedilAtildeO TRADICIONAL DO BRASIL DO ALUNO 41

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

147

FIGURA 27 MAPA MENTAL EM FORMA DE BALAtildeO ALUNO 39

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

148

FIGURA 28 MAPA MENTAL EM FORMA DE TRIAcircNGULO ALUNO 25

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

149

B Uso de toponiacutemias

As toponiacutemias permitem a apresentaccedilatildeo do tema nos mapas mentais As palavras

possibilitam a apreensatildeo do significado e a intenccedilatildeo do produtor de mapas para um

segundo sujeito o leitor de mapas viabilizando a interaccedilatildeo verbal entre eles

(BAKHTIN 2012)

Nos mapas mentais produzidos constatamos que 17 das 21 representaccedilotildees

apresentam o nome de estados brasileiros Um caso expotildee a classificaccedilatildeo atraveacutes das

regiotildees (Norte Nordeste Centro-Oeste e Sul) e outros trecircs natildeo demonstram

correspondecircncia com o tema (sendo que um deles natildeo apresenta nenhuma informaccedilatildeo)

Aleacutem disso na anaacutelise dos 17 mapas que expressam a relaccedilatildeo signo-significado

atraveacutes da legenda classificamos o grau de coerecircncia desta relaccedilatildeo em bom regular e

insuficiente para a proposta de interpretaccedilatildeo dos dados a tabela 11 apresenta o nuacutemero

destas ocorrecircncias

TABELA 11 COEREcircNCIA DAS TOPONIacuteMIAS EXPRESSAS NOS MAPAS MENTAIS

GRAU DE COEREcircNCIA OCORREcircNCIA

Bom 12

Regular 4

Insuficiente 1

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

Entre os casos onde podemos observar um bom desempenho em relaccedilatildeo a

construccedilatildeo da legenda e os significados expressos no mapa mental estaacute a representaccedilatildeo

do aluno 48 (figura 29 p 150) O esboccedilo cartograacutefico identifica o estado que o aluno e

seus pais nasceram (Paraiacuteba) outros estados conhecidos expressos na legenda na cor

laranja (o que significa que o estudante natildeo conhece outro estado aleacutem da Paraiacuteba) e

por fim os estados que gostaria de conhecer Amazonas e Rio Grande do Sul pintado

em azuis Nos casos semelhantes ao mapa mental da figura 29 podemos creditar sucesso

na realizaccedilatildeo da proposta

150

FIGURA 29 APRESENTACcedilAtildeO DAS INFORMACcedilOtildeES EM FORMA DE LEGENDA ALUNO 48

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

151

Entre os outros esboccedilos que apresentaram um grau regular na apresentaccedilatildeo dos

mapas mentais destacamos o mapa do aluno 24 (Figura 30 p 152) Observamos que o

mapa mental apresenta um excesso de informaccedilatildeo que prejudica a leitura Este foi um

entre os quatro casos em que o estudante utilizou a lista com o nome dos estados como

instrumento mediador para realizaccedilatildeo do mapa Podemos notar que a construccedilatildeo da

legenda do mapa natildeo atribuiu significado aos estados pintados em roacuteseo ou em

vermelhos deixando um sentido vago em relaccedilatildeo aos seus significados

O terceiro caso corresponde ao mapa mental produzido pelo aluno 38 (Figura 31

p 153) todas as informaccedilotildees expressas na legenda e em seu mapa utiliza a referecircncia da

cor laranja entretanto natildeo haacute um discernimento isto prejudica a comunicaccedilatildeo entre o

estado que o aluno conhece e natildeo conhece por exemplo Ademais as toponiacutemias

apresentadas no mapa satildeo quase imperceptiacuteveis para o leitor na interpretaccedilatildeo do mapa

identificamos apenas o estado de Satildeo Paulo (quadrado em laranja no centro do mapa)65

Outro fator que contribuiu para a anaacutelise dos mapas mentais foi a indicaccedilatildeo do

tiacutetulo pelos alunos Para a realizaccedilatildeo dos mapas mentais pedimos aos alunos que o nome

da representaccedilatildeo correspondesse com o tema da proposta Ao estudar os esboccedilos

produzidos observamos que mais de 50 dos alunos (ou seja 11 mapas) apontaram um

tiacutetulo para os seus mapas mentais como o do aluno 41 ldquoO mapa que fala da minha vidardquo

(Figura 26 p 146) Em apenas um caso o tiacutetulo apresentado ldquoMinha cidaderdquo (aluno 29

Figura 33 p 157) natildeo corresponde com a proposta do tema em questatildeo

65 Para anaacutelise do mapa da figura 31 utilizamos o recurso zoom com a imagem em arquivo digital certos

traccedilos deste mapa mental eacute incompreensiacutevel em uma visualizaccedilatildeo normal

152

FIGURA 30 MAPA MENTAL DO ALUNO 24 DESTAQUE AO EXCESSO DE TOPONIacuteMIAS

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

153

FIGURA 31 MAPA MENTAL DO ALUNO 38 DESTAQUE A EXPRESSAtildeO SINCREacuteTICA

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

154

C Noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

As noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial foram um dos fatores mais

difiacuteceis de serem analisados principalmente nas situaccedilotildees que envolveram o destaque a

um maior nuacutemero de toponiacutemias Como proposta para avaliaccedilatildeo da localizaccedilatildeo espacial

procuramos observar a totalidade da representaccedilatildeo e a orientaccedilatildeo dessas toponiacutemias em

seu contexto Dessa forma classificamos a localizaccedilatildeo dos estados em quatro

categorias Consideramos sua proximidade ao modelo dos mapas mudos anteriormente

apresentado Aleacutem disso enfatizamos o grau de vizinhanccedila entre os estados e sua

posiccedilatildeo relativa aos pontos cardeais a tabela 12 apresenta esta tentativa de siacutentese

TABELA 12 NIacuteVEL CORRESPONDENTE Agrave LOCALIZACcedilAtildeO ESPACIAL

NIacuteVEL OCORREcircNCIA

Corresponde 8

Natildeo corresponde 2

Corresponde em sua maioria 8

Natildeo corresponde em sua maioria 3

Total 21

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

Na leitura destes mapas mentais observamos que a maioria dos alunos (16 casos

quando somado os alunos que acertam ou apresentam o maior nuacutemero de

correspondecircncia) possui habilidade suficiente para localizar os estados apresentados

Conservam certo grau de conformidade com a estrutura territorial brasileira

Na anaacutelise da noccedilatildeo espacial de localizaccedilatildeo o mapa mental produzido pelo

aluno 48 identifica os estados de forma coerente situa o Amazonas ao Norte Paraiacuteba na

direccedilatildeo nordeste e o Rio Grande do Sul ao Sul do Brasil (Figura 29 p 150) Outros

alunos tambeacutem mostraram a mesma habilidade na localizaccedilatildeo dos estados a exemplo

do aluno 22 (Figura 32 p 155) O referido mapa mental apresenta o Amazonas com a

indicaccedilatildeo da regiatildeo ldquoNorterdquo apresenta o caraacuteter de vizinhanccedila com o Acre o estado de

Tocantins e o estado da Paraiacuteba conserva a localizaccedilatildeo e proporccedilatildeo entre estes estados

155

FIGURA 32 MAPA MENTAL DO ALUNO 22 COM DESTAQUE A LOCALIZACcedilAtildeO DA REGIAtildeO NORTE DO BRASIL

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

156

Outros cinco alunos por sua vez apresentaram dificuldades na localizaccedilatildeo dos

estados entre eles destaca-se o mapa mental do aluno 29 (Figura 33 p 158) O

mencionado mapa mental representa o estado da Paraiacuteba (PB) vizinho ao Paranaacute (PR)

enquanto Pernambuco (PE) se situa a esquerda da representaccedilatildeo Destaca outro

elemento um ldquoXrdquo no centro do mapa o que pode indicar a tentativa do traccedilado da rosa

dos ventos

Entender o uso dos pontos cardeais permite ao aluno a habilidade de agrupar os

estados brasileiros utilizar conscientemente a rosa dos ventos e atribuir significado no

processo de organizaccedilatildeo espacial O uso da rosa dos ventos esteve presente em oito dos

21 mapas mentais realizados sendo que apenas quatro casos permitiram um uso

significativo deste procedimento

O mapa do aluno 42 (figura 34 p 158) apresenta agrave rosa dos ventos e associa os

estados em suas regiotildees geograacuteficas (salvo algumas exceccedilotildees como o Paranaacute entre

outros) De todo modo orienta corretamente todos os estados destacados em sua

legenda (Acre na regiatildeo Norte Rio Grande do Norte e Paraiacuteba no Nordeste Satildeo Paulo

na regiatildeo Sudeste Distrito Federal no Centro-Oeste e Santa Catarina no Sul) Ao situar

os estado chave em seu mapa consegue atingir os objetivos das noccedilotildees geograacuteficas

discutidas neste toacutepico atribuindo sentido a proposta da atividade

Nos outros quatro casos onde haacute indicaccedilatildeo da rosa dos ventos ocorrem trecircs

circunstacircncias distintas (1) Ela natildeo indica a posiccedilatildeo dos pontos cardeais (2) Apresenta

os pontos cardeais opostos de forma errocircnea (Norte-Sul eacute apresentado por Sul-Leste

por exemplo ver figura 35 p 161) ou (3) Inverte o posicionamento dos pontos

cardeais Neste terceiro caso o mapa aluno 25 (figura 28 p 148) apresenta a silhueta do

mapa com a indicaccedilatildeo de estados (Paraiacuteba ndash PB Cearaacute ndash CE e Pernambuco ndash PE) ao

Nordeste indicando consequentemente que o Norte situar-se-ia no lado superior da

folha Entretanto altera o posicionamento do ldquoNorterdquo da rosa dos ventos apresentado no

lado esquerdo da folha haacute desse modo um desacordo entre o esboccedilo e a teacutecnica de

orientaccedilatildeo

157

FIGURA 33 MAPA MENTAL DO ALUNO 29 COM DISTORCcedilOtildeES RELACIONADAS A LOCALIZACcedilAtildeO E ORIENTACcedilAtildeO ESPACIAL

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

158

FIGURA 34 MAPA MENTAL DO ALUNO 42 DESTAQUE A LEGIBILIDADE DA LOCALIZACcedilAtildeO E ORIENTACcedilAtildeO ESPACIAL

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

159

D Noccedilotildees de escala geograacutefica

No que corresponde agrave proposta de representaccedilatildeo dos mapas mentais ldquoMapa da

minha vidardquo a maioria dos alunos apresentaram uma percepccedilatildeo relativa agrave apreensatildeo do

territoacuterio brasileiro ver siacutentese apresentada na tabela 13

TABELA 13 ESCALAS ENCONTRADAS NOS MAPAS MENTAIS

ESCALA GEOGRAacuteFICA OCORREcircNCIA

Brasil 18

Outra 2

Natildeo identificada 1

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

Observando a tabela 13 eacute niacutetida a ecircnfase a uma escala geograacutefica ndash Brasil Entre

os trecircs mapas mentais que dispersam da proposta escalar ldquoBrasilrdquo podemos destacar o

aluno 43 (Figura 35 p 161) que indica uma proximidade de vizinhanccedila entre os estados

brasileiros e paiacuteses como Itaacutelia Meacutexico e Japatildeo O aluno natildeo consegue diferenciar a

relaccedilatildeo entre estado (Paraiacuteba) e paiacutes (Argentina) este dado eacute confirmado quando

comparamos a legenda com as informaccedilotildees presentes em seu mapa

O grande problema no caso do mapa mental do aluno 43 eacute saber realizar o

processo de ldquoesquecimento coerenterdquo o qual se refere Racine Raffestin amp Ruffy (1983)

Em uma escala relativa ao Brasil natildeo haacute necessidade para o destaque de outros paiacuteses

muito menos quando natildeo fazem fronteira com este territoacuterio Outro problema eacute o da

compreensatildeo entre as escalas geograacutefica internacional (Itaacutelia) nacional (Brasil)

estaduais (Paraiacuteba por exemplo) municipal (Taperoaacute) e distrital (Galante) os dois

uacuteltimos expressos no mapa mental do aluno 39 (Figura 27 p 147)

Retomando o que foi discutido no primeiro capiacutetulo sobre a questatildeo da escala

nos estudos de geografia Santos apud Straforini (2008 p 88) verificou duas

abordagens teoacuterico-metodoloacutegicas em seus estudos sobre o ensino-aprendizagem em

Geografia O primeiro refere-se agrave abordagem ldquosinteacuteticardquo ndash onde se apresenta

inicialmente a escala de vivecircncia do aluno (bairro) ateacute a mais distante e ldquodesconhecidardquo

(mundo) ndash e a ldquoanaliacuteticardquo que seria o processo inverso

Segundo Straforini (2008 p 91) qualquer uma das abordagens (sinteacutetica ou

analiacutetica) ldquo[] na praacutetica pedagoacutegica dos professores eacute uma total hierarquizaccedilatildeo do

160

espaccedilo geograacutefico onde cada dimensatildeo espacial eacute ensinada de forma fragmentada e

independenterdquo O objetivo referente ao termino do 5ordm ano eacute que a crianccedila consiga

compreender a dimensatildeo mundo entretanto o que acontece na maioria dos casos eacute a

total desconexatildeo entre as escalas geograacuteficas

A escala geograacutefica corresponde agrave aacuterea abrangida pelo mapa e tem de apresentar

a informaccedilatildeo A proposta ldquomapa da minha vidardquo referente ao Brasil por exemplo

abrange uma escala geograacutefica maior que a do estado da Paraiacuteba entretanto seraacute ao

mesmo tempo menor que a do mundo

A noccedilatildeo de escala geograacutefica deve comeccedilar a ser abordada atraveacutes da ideia de

proporccedilatildeo reduccedilatildeo e ampliaccedilatildeo Satildeo nestes trecircs aspectos que observamos a

configuraccedilatildeo dos 18 mapas mentais que apontam o Brasil enquanto escala de apreensatildeo

Ao analisar o mapa mental aluno 42 (Figura 34 p 158) foi observado que natildeo haacute

proporccedilatildeo entre os estados ela acompanha a loacutegica de regionalizaccedilatildeo Os estados

encontrados a leste possuem menor extensatildeo territorial enquanto que os situados ao

oeste possuem maior aacuterea territorial estes fatos correspondem necessariamente agrave

estrutura histoacuterica e poliacutetica de divisatildeo territorial

161

FIGURA 35 MAPA MENTAL DO ALUNO 43 PROBLEMAS NA SELECcedilAtildeO DA ESCALA GEOGRAacuteFICA

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

162

Segundo Pinheiro (2006 p 164) ldquoas projeccedilotildees cartograacuteficas satildeo expressas

atraveacutes de foacutermulas matemaacuteticas ao passo que natildeo existe linguagem equivalente para

traduzir os lsquomapas mentaisrsquordquo No que corresponde ao trabalho desenvolvido pelos

alunos do 5ordm ano observamos que a escala Brasil pode ser organizada de diferentes

formas Entre elas a das regiotildees geograacuteficas como a apresentada pelo aluno 46 (figura

36 p 163) todavia eacute niacutetido que embora o aluno indique os estados da Paraiacuteba e Satildeo

Paulo em seu mapa natildeo consegue estabelecer uma comunicaccedilatildeo sobre o assunto

A turma tem de prestar atenccedilatildeo quanto maior a aacuterea do terreno a ser

representada (maior escala geograacutefica) maior a reduccedilatildeo necessaacuteria No caso dos mapas

mentais corresponde em apresentar o tema respeitando o espaccedilo determinado na folha

de papel Verificamos que dos 21 esboccedilos produzidos pelos alunos do 5ordm ano oito

ultrapassaram as margens da prancha de desenho este fato indica que a ideia de

reduccedilatildeo siacutentese e ordenamento das informaccedilotildees satildeo um problema natildeo apenas no que

corresponde ao tema estudado mas tambeacutem ao processo de representaccedilatildeo na folha de

papel

No desenvolvimento com a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica autores como Ribeiro amp

Marques (2001) e Callai (2005) enfatizam que o processo de aprendizagem eacute complexo

e envolvem sistema e habilidades diversas inclusive motoras Geralmente a educaccedilatildeo

psicomotora eacute trabalhada na educaccedilatildeo infantil salienta a aprendizagem do esquema

corporal lateralidade organizaccedilatildeo espacial e temporal daiacute os creacuteditos as propostas

piagetianas

Estas habilidades psicomotoras auxiliam as trecircs alfabetizaccedilotildees (da liacutengua

materna geograacutefica e cartograacutefica) Dessa forma apontamos a necessidade de um

resgate deste trabalho quando necessaacuterio visto que um esquema corporal mal

construiacutedo resultaraacute em problema de coordenaccedilatildeo dos movimentos das crianccedilas

lentidatildeo para o raciociacutenio abstrato atraveacutes das noccedilotildees dificuldades em habilidade

manuais como a caligrafia leitura inexpressiva constituiccedilatildeo de uma linguagem

egocecircntrica e sem significado social

163

FIGURA 36 MAPA MENTAL DO ALUNO 46 COM DESTAQUE A ESCALA GEOGRAFICA DAS REGIOtildeES BRASILEIRAS

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

164

4 3 OFICINA 2 MAPA MUDO DA REGIAtildeO CENTRO-OESTE UMA PROPOSTA

DE APROXIMACcedilAtildeO

Para o desenvolvimento da segunda atividade sobre a regiatildeo Centro-Oeste

observamos a necessidade de aproximaacute-la dos contextos e experiecircncias dos alunos com

a regiatildeo Nordeste Realizamos um trabalho de comparaccedilatildeo e progressatildeo das noccedilotildees de

percepccedilatildeo organizaccedilatildeo dos signos e significados atraveacutes da legenda da localizaccedilatildeo e

orientaccedilatildeo espacial aleacutem da escala geograacutefica dos fenocircmenos estudados

No desenvolvimento dos primeiros mapas mentais atentamos que nenhum dos

alunos havia visitado a regiatildeo Centro-Oeste por isso resolvemos trabalhar com as

informaccedilotildees adquiridas durante a Copa do mundo de 2014 no Brasil A partir do mapa

de apresentaccedilatildeo dos estaacutedios onde aconteceram as partidas de futebol e outro das

cidades sedes dos jogos desenvolvemos um trabalho de comparaccedilatildeo e localizaccedilatildeo dos

estaacutedios da regiatildeo Nordeste e Centro-Oeste (ver apecircndice XI)

De acordo com Simielli (2006 p 95) a proposta de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica

para o processo de ensino-aprendizagem nos anos iniciais do Ensino Fundamental deve

privilegiar trecircs criteacuterios

Localizaccedilatildeo e anaacutelise ndash envolve a anaacutelise da localizaccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de

fenocircmenos isoladamente

Correlaccedilatildeo ndash permite a combinaccedilatildeo de dados representados em duas ou

mais representaccedilotildees cartograacuteficas

Siacutentese ndash relaccedilatildeo entre duas ou mais representaccedilotildees cartograacuteficas

buscando uma siacutentese dos fenocircmenos geograacuteficos nelas representados

Em concordacircncia com os princiacutepios descritos na citaccedilatildeo acima os alunos

realizaram as correlaccedilotildees entre os dois mapas Discutidos tambeacutem acerca de quais

estaacutedios de futebol gostariam de visitar Encontramos no quadro 07 (p 165) as opccedilotildees

disponibilizadas na interpretaccedilatildeo dos mapas

165

QUADRO 07 SIacuteNTESE DOS DADOS ENCONTRADOS NOS MAPAS

REGIAtildeO NOME DO ESTAacuteDIO DE

FUTEBOL

LOCALIZACcedilAtildeO DA

CIDADE

Nordeste

Estaacutedio Castelatildeo Fortaleza ndash CE

Estaacutedio das Dunas Natal ndash RN

Arena Pernambuco Recife ndash PE

Arena Fonte Nova Salvador ndash BA

Centro-

Oeste

Arena Pantanal Cuiabaacute ndash MT

Estaacutedio Nacional Brasiacutelia ndash DF

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

Mais que a construccedilatildeo de um modelo o mapa tinha como proposta avaliar a

interpretaccedilatildeo dos alunos sobre a localizaccedilatildeo das cidades pertencentes agraves regiotildees

Nordeste e Centro-Oeste Ademais distinguir as escalas locais (cidades) regionais

(Nordeste e Centro-Oeste) internacionais (seleccedilotildees que realizaram partidas contra o

Brasil a exemplo de Camarotildees e Chile)

A discussatildeo sobre o evento da Copa do Mundo difundido em massa pela miacutedia

no ano de 2014 possibilitou que os alunos observassem que os conceitos cotidianos dos

lugares correspondem as suas praacuteticas Permitiu verificar que torcer pela seleccedilatildeo

brasileira corresponde a fatores aleacutem do esportivo como a identidade cultural e a

relaccedilatildeo de topofilia com o paiacutes e a possibilidade de refletir sobre as informaccedilotildees

experimentadas no cotidiano

Segundo Passini (2012) ldquoo pensamento proacuteprio e a autonomia intelectual

precisam ser vivenciados Eacute necessaacuterio que o trabalho na sala de aula seja

problematizador questionador que haja mais duacutevidas e menos frases prontas para

memorizaccedilatildeordquo De acordo com os apontamentos de Passini (2012) propomos que os

alunos considerassem a seguinte situaccedilatildeo

ldquoVocecirc foi convidado por um amigo para assistir trecircs partidas de futebol em

estaacutedios da regiatildeo Nordeste e Centro-Oeste Construa um mapa com as informaccedilotildees

desta viagem a partir da silhueta do Brasilrdquo

As informaccedilotildees referendadas foram A localizaccedilatildeo dos estaacutedios de futebol e a

respectiva cidade indicando a ordem da visita a estes lugares orientaccedilatildeo atraveacutes da rosa

dos ventos e a construccedilatildeo da legenda Na realizaccedilatildeo desta atividade a maioria dos

166

alunos pediu auxiacutelio ao pesquisador e a professora Beatriz Outros por sua vez

discutiam com os colegas identificando e selecionando os locais de sua preferecircncia

Invertemos o mapa mudo do Brasil indicando o Norte para o lado de baixo da

folha com a intenccedilatildeo de demonstrar que o posicionamento do Norte geograacutefico eacute fixo

entretanto sua representaccedilatildeo desde que obedeccedila a esse princiacutepio eacute relativa

possibilitando a reflexatildeo entre a orientaccedilatildeo espacial e o esboccedilo cartograacutefico

Apresentamos a seguir o mapa mudo desenvolvido pelo aluno 37 (figura 37 p 166)

FIGURA 37 MAPA MUDO DOS ESTAacuteDIOS BRASILEIRO VISITADO REALIZADO PELO

ALUNO 37

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

167

O mapa mudo desenvolvido aluno 37 (figura 37 p 166) seleciona dois Estados

da Regiatildeo Centro-Oeste e destaca as cidades sedes dos jogos ldquoCuiabaacuterdquo em verde

Distrito Federal - ldquoDFrdquo (Brasiacutelia) em vermelho e a cidade de ldquoFortalezardquo em amarelo

Observamos que utiliza agrave legenda correlacionando as cores encontradas no mapa mudo

com os estaacutedios de futebol Aleacutem disso a ordem das visitas que gostaria de realizar

Apoacutes o fim desta atividade da leitura sobre o segundo texto (apecircndice XI)

realizamos consideraccedilotildees sobre as caracteriacutesticas sociais e ambientais da regiatildeo Centro-

Oeste em comparaccedilatildeo com o Nordeste Estes procedimentos foram baseados nas

orientaccedilotildees de Cavalcanti (2002) ao indicar a necessidade da preparaccedilatildeo e introduccedilatildeo da

mateacuteria a ser estudada nas aulas de Geografia Segundo a autora

Esses momentos no ensino consistem na preparaccedilatildeo preacutevia do professor e dos

alunos para o trabalho quando eacute necessaacuterio mobilizar e suscitar o interesse

do aluno bem como organizar o ambiente Eacute fundamental nessas ocasiotildees

que o professor faccedila ligaccedilotildees do conteuacutedo com a mateacuteria anteriormente

estudada e com o conhecimento cotidiano do aluno Eacute preciso sobretudo

problematizar o conteuacutedo estudado (CAVALCANTI 2002 p 80)

Ao considerarmos como pertinente na anaacutelise o evento cultural da eacutepoca (copa

do mundo) discutimos os fenocircmenos fiacutesicos (clima e os biomas) e sua relaccedilatildeo para as

condiccedilotildees econocircmicas sociais e turiacutesticas Mediados pelo livro didaacutetico refletimos

sobre os principais biomas encontrados na regiatildeo Centro-Oeste pantanal e cerrado

Tambeacutem quais os problemas ambientais que eram apresentados como desmatamento

queimadas uso indevido de agrotoacutexicos mineraccedilatildeo entre outros

Consideramos nesta ocasiatildeo o desenvolvimento de atividades em grupo de dois

a trecircs alunos com a possibilidade de consulta ao livro didaacutetico A proposta era que os

alunos desenvolvessem um mapa mental sobre um dos biomas estudados Pantanal ou

Cerrado enfatizando os problemas ambientais e destacando as noccedilotildees trabalhadas de

perspectiva toponiacutemias localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial e escala geograacutefica

As orientaccedilotildees expressas para a realizaccedilatildeo dos mapas mentais que tratavam

sobre as questotildees ambientais na Regiatildeo Centro-Oeste foram

1 Decirc um tiacutetulo ao seu mapa

2 Localize em seu mapa a localizaccedilatildeo (onde fica) e extensatildeo (ateacute onde eacute

encontrado) o bioma indicado pelo professor

3 Destaque os principais problemas ambientais referentes a este bioma

168

4 Identifique os lugares por pontos de referecircncia nome do Estado de rios cidades

ou outros

5 Oriente seu mapa por meio da rosa dos ventos (pontos cardeais norte sul leste

e oeste)

6 Construa uma legenda para identificaccedilatildeo dos problemas ambientais destacados

Mediante a realizaccedilatildeo dessa experiecircncia procuramos observar se a consulta a

modelos (mapas existentes) informaccedilotildees de livros didaacuteticos seriam o suficiente para o

cumprimento do desenvolvimento da proposta com os mapas mentais Aleacutem disso

procuramos saber se a mediaccedilatildeo do pesquisador e da professora regente tambeacutem

auxiliou este processo de confecccedilatildeo dos mapas Esses fatores seratildeo analisados a partir

do toacutepico a seguir

44 MAPA MENTAL 2 MAPA DA REGIAtildeO CENTRO-OESTE

A Noccedilotildees de percepccedilatildeo espacial

A consulta e visualizaccedilatildeo a modelos de mapas existentes podem alterar a

percepccedilatildeo espacial e a projeccedilatildeo cartograacutefica dos mapas mentais Natildeo necessariamente

Entre as projeccedilotildees destacadas no mapa da minha vida podemos identificar

algumas semelhanccedilas entre as 11 representaccedilotildees referentes ao tema regiatildeo Centro-Oeste

e meio ambiente classificamos esta percepccedilatildeo espacial na tabela 14

TABELA 14 PERCEPCcedilOtildeES DA FORMA DO BRASIL DESTACADO NOS MAPAS

MENTAIS

FORMA OCORREcircNCIA

Balatildeo 4

Brasil 3

Triacircngulo 2

Centro-Oeste 2

Total 11

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

169

Salientamos que natildeo pretendemos agora repetir o que jaacute foi discutido sobre a

percepccedilatildeo espacial entretanto necessitamos realizar outras consideraccedilotildees acerca dos

motivos destes condicionantes

Eacute necessaacuterio compreender que o mundo e suas diversas escalas natildeo se remetem

apenas ao mundo vivido mas tambeacutem ao percebido imaginado e concebido tal como

expotildeem Lessan (2011) Os mapas construiacutedos pelos alunos 22 39 e 41 Grupo 7 (figura

38 p 170) demonstra que o trabalho em equipe possibilita a mudanccedila de perspectiva

na construccedilatildeo da imagem mental quando comparado aos mapas mentais individuais

realizados pelos seus membros

Entre os trecircs estudantes o aluno 22 e 41 havia na primeira ocasiatildeo apresentado

uma percepccedilatildeo mais proacutexima a silhueta do Brasil (ver figura 32 p 155 e figura 26 p

146) o outro estudante aluno 39 (ver figura 27 p 147) por sua vez apresentou uma

percepccedilatildeo mais proacutexima a forma de balatildeo

Eacute sabido que natildeo haacute um estudante igual ao outro Habilidades noccedilotildees e

competecircncias satildeo distintas e construiacutedas por cada crianccedila em seu proacuteprio ritmo Essas

individualidades de percepccedilotildees por exemplo demonstram as particularidades dos

sujeitos o que a primeira vista pode ser um obstaacuteculo para identificaccedilatildeo das

dificuldades e habilidades para o professor mas atraveacutes do trabalho em equipe

acreditamos que eacute a oportunidade para a troca de experiecircncias entre os discentes

Seguindo este criteacuterio de aproximaccedilatildeo e tentativa de mediaccedilatildeo a professora e o

pesquisador procuraram selecionar as equipes sobretudo respeitando os criteacuterios de

niacutevel de conhecimento de cada aluno sugerindo os membros para a formaccedilatildeo dos

grupos66 Baseado nas propostas de Vigotski (1998) sobre a atuaccedilatildeo na Zona de

Desenvolvimento Proximal observou que a Zona de Desenvolvimento Real do aluno 39

mudou mas tambeacutem os alunos 22 e 41 incorporaram novas informaccedilotildees possibilitando

uma comunicaccedilatildeo mais rigorosa sobre o tema

66 Em pesquisa-piloto na escola Luacutecia de Faacutetima no ano de 2013 tambeacutem em uma turma de 5ordm ano

realizamos a divisatildeo das equipes previamente entretanto houve casos de rejeiccedilatildeo pelos alunos

principalmente no que se refere agraves relaccedilotildees meninos e meninas No caso desta pesquisa a maioria dos

alunos acatou as sugestotildees do pesquisador a respeito das equipes Salientamos que cabe ao professor

identificar quais as dificuldades dos alunos sobre determinado assunto e propor que a interaccedilatildeo possibilite

a assistecircncia e colaboraccedilatildeo entre os estudantes visando agrave aprendizagem do tema da aula

170

FIGURA 38 MAPA MENTAL COM SILHUETA PROacuteXIMA AO DO BRASIL (GRUPO 7)67

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) Adaptado por David L R de Almeida 2015

67 Optamos por apresentar este mapa ampliado destacando a regiatildeo Centro-Oeste a intenccedilatildeo eacute proporcionar ao leitor a observaccedilatildeo dos detalhes expressos na representaccedilatildeo

171

Outro fator a ser observado segundo Rego (1995) eacute a referecircncia ao modelo

Divergente da reproduccedilatildeo da coacutepia mecacircnica a proposta de nossas atividades com os

mapas mentais eacute que os alunos internalizem atraveacutes da accedilatildeo da resposta ao problema

estrateacutegias e conhecimentos para a soluccedilatildeo da atividade Dessa relaccedilatildeo pode nascer agrave

autorregulaccedilatildeo que fundamenta o ato voluntaacuterio pensado planejado e executado da

imagem mental para sua expressatildeo cartograacutefica no papel O processo permite ao longo

prazo criar o funcionamento individual e instrumentos necessaacuterios para solucionar

problemas semelhantes para a vida aleacutem de desenvolver outras aprendizagens

Eacute necessaacuteria uma ressalva a respeito das atividades que faz o uso de modelos

principalmente a praacuteticas da coacutepia e o decalque de mapas (mental ou existente) Em um

dos casos notamos que o grupo 5 (aluno 29 e 38) apoacutes sua segunda tentativa de

representaccedilatildeo do mapa mental da regiatildeo Centro-Oeste realizou a coacutepia do mapa

encontrado no livro didaacutetico (Figura 39 p 172)

Oliveira (1978) e Passini (2012) haacute anos criticam o mero decalque do mapa

pelos alunos A este respeito podemos considerar que a atividade tinha por objetivo

incentivar a pesquisa a modelos para elaboraccedilatildeo de esboccedilos cartograacuteficos visto que nos

materiais disponibilizados para os alunos natildeo havia nenhum mapa existente pronto que

destacasse a proposta da atividade A intenccedilatildeo era a criaccedilatildeo e natildeo replicar outros mapas

Verificamos que o caso do mapa mental do grupo 5 foi isolado Veremos nos

proacuteximos itens que os outros mapas mentais tiveram traccedilados mais espontacircneos

criativos e autocircnomos nas representaccedilotildees realizadas pelos estudantes do 5ordm ano

172

FIGURA 39 COMPARACcedilAtildeO ENTRE MAPA EXISTENTE E MAPA MENTAL (GRUPO 05 )

Fonte A esquerda MAESTU Juliana Projeto Buriti geografia 2 Ed Satildeo Paulo Moderna 2011 p 68 Agrave direita pesquisa de Campo out nov (2014) Adaptado por David

L R de Almeida

173

B Uso de toponiacutemias

De acordo com Claval (2010) a memorizaccedilatildeo dos pontos de referecircncia garante a

locomoccedilatildeo do corpo no espaccedilo e sua orientaccedilatildeo espacial em outros contextos permite a

construccedilatildeo de uma imagem mental de paisagens ainda natildeo visitadas Mediante estas

informaccedilotildees e baseado no papel do enunciado discutido por Bakhtin (2012) observamos

que o mapa mental pode estabelecer a comunicaccedilatildeo entre o grupo de sujeitos de

mapeadores e leitores do mapa

As toponiacutemias apresentadas nos mapas mentais corresponderam agrave divisatildeo

poliacutetica do territoacuterio nacional ou da regiatildeo Centro-Oeste a tabela 15 apresenta a

ocorrecircncia destas caracteriacutesticas nos mapas mentais

TABELA 15 NUacuteMERO DE OCORREcircNCIA DE TOPONIacuteMIAS

TOPONIacuteMIA OCORREcircNCIA

Estados 11

Distrito Federal 05

Regiotildees 03

Outros 03

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

No tocante a referecircncia aos estados brasileiros seja restrita a regiatildeo Centro-Oeste

ou a escala nacional os alunos referendam os estados atraveacutes do uso da toponiacutemia

enquanto palavra por exemplo ldquoMato Grossordquo em cinco casos e nos outros seis casos

eacute apresentado o uso de siglas ldquoMTrdquo Essa mudanccedila da palavra as siglas segundo

Vigotski (1998) e Bakhtin (2012) se deve ao sentido que damos ao signo Ele eacute sempre

mutaacutevel pois incorporamos raciociacutenios interagimos socialmente e tornamos a

linguagem e a praacutetica escolar elos da corrente de significaccedilatildeo

Por meio da anaacutelise dos mapas mentais identificamos em oito dos 11 esboccedilos

cartograacuteficos uma tentativa de esquematizaccedilatildeo do raciociacutenio geograacutefico atraveacutes da

organizaccedilatildeo da legenda Segundo Oliveira (1978 p 23) a linguagem cartograacutefica ndash a

construccedilatildeo da legenda do mapa (relaccedilatildeo signo-significado) ndash pode ser apresentada

atraveacutes de trecircs variedades de signos cartograacuteficos satildeo eles

[] o iacutecone que representa por semelhanccedila entre significante e significado

(os mapas pictoacutericos de distribuiccedilatildeo de produtos agriacutecolas satildeo exemplos deste

tipo de representaccedilatildeo) o iacutendice que representa por contiguumlidade [sic] de fato

entre significante e significado (os mapas da superfiacutecie terrestre que atraveacutes

174

da cor ou sombreamento representam as formas do terreno reproduzindo o

relevo como um modelo tridimensional) e o siacutembolo que representa por

contiguumlidade [sic] instituiacuteda isto eacute por uma regra convencional entre o

significante e o significado

Analisando o mapa mental do grupo 10 (figura 40 p 175) constituiacutedo pelos

alunos 31 e 41 eacute possiacutevel notar a seleccedilatildeo de iacutecones os quais tem a intenccedilatildeo de destacar

alguns problemas ambientais encontrados na regiatildeo Centro-Oeste satildeo eles ldquoaacutervoresrdquo

que tecircm como significado a extraccedilatildeo de madeira o ldquomartelordquo correspondente a

mineraccedilatildeo de pedras preciosas e um ldquosaco de lixo no riordquo que indica a contaminaccedilatildeo

dos rios A intenccedilatildeo dos alunos neste caso eacute apresentar a ocorrecircncia e localizar os

estados onde ocorrem estes problemas ambientais

Prosseguindo nesta anaacutelise autores com Kozel (2002) e Richter (2010) ressaltam

a importacircncia da representaccedilatildeo dos conhecimentos geograacuteficos atraveacutes dos mapas

mentais Richter (2010) por exemplo destaca a necessidade da compreensatildeo da

proposta didaacutetico-pedagoacutegica pelo professor para valorizaccedilatildeo do uso das imagens

A associaccedilatildeo do uso das toponiacutemias e o destaque para os fenocircmenos ambientais

destacados permitem que o aluno caracterize em muitos casos pela primeira vez uma

estrutura cognitiva sobre um espaccedilo geograacutefico natildeo vivido experimentado Segundo

Claval (2010) a imaginaccedilatildeo eacute um dos aportes para construccedilatildeo da imagem mental

geograacutefica ela torna-se uma experiecircncia para se conhecer outros mundos Esclarece o

autor que

A experiecircncia geograacutefica nesse sentido vai muito aleacutem do real Os homens

tecircm a capacidade de falar de lugares que eles nunca viram e que talvez natildeo

existam Eles lhe atribuem propriedades que faltam aos espaccedilos conhecidos

O imaginaacuterio que eles constroem dessa forma (e que eacute proacuteprio de cada

cultura) daacute ao mundo uma dimensatildeo poeacutetica indica as regras a serem

respeitadas mostra para que direccedilatildeo deve tender a accedilatildeo humana e confere um

sentido de existecircncia dos indiviacuteduos e dos grupos (CLAVAL 2010 p 57)

Inuacutemeras formas do significado simboacutelico dado ao espaccedilo miacutetico imaginado

simboacutelico jaacute foram tratados por Tuan (1983) e Claval (2010) o que nos interessa eacute notar

que a escola tambeacutem possibilita o desenvolvimento de noccedilotildees geograacuteficas com a de

regiatildeo geograacutefica O ato de desenhar uma dimensatildeo espacial geograacutefica natildeo conhecida

pode contribuir com o processo de regionalizaccedilatildeo o que daacute origem agraves regiotildees

175

FIGURA 40 MAPA MENTAL COM A UTILIZACcedilAtildeO DE IacuteCONES (GRUPO 10)

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

176

Para Castrogiovanni et al (2011) embora a ciecircncia geograacutefica tenha diferentes

perspectivas sobre a compreensatildeo da conceituaccedilatildeo sobre regiatildeo em todos seus

seguimentos eacute possiacutevel traccedilar uma caracteriacutestica geral a seleccedilatildeo de elementos em

comum e seu agrupamento em determinada aacuterea Completa o autor supracitado que ldquoo

processo de regionalizar estaacute ligado agrave ideia de agrupar em um espaccedilo dessa forma

podemos agrupar pessoas vegetais animais paisagens habitaccedilotildees e outras variaacuteveis em

um determinado subespaccedilordquo Grifo do autor (CASTROGIOVANNI 2011 p 25)

Em nossa pesquisa o processo de regionalizaccedilatildeo se deu agrave medida que os alunos

estabeleceram um conjunto de objetivos e de criteacuterios segundo os quais caracterizariam

o bioma estudado No mapa mental do grupo 3 (figura 41 p 177) alunos 25 e 35 eacute

possiacutevel identificar as cinco regiotildees brasileiras destacadas cada qual por uma cor (signo

em forma de iacutendice) apresentando fenocircmenos naturais como os raios ou as queimadas

provocadas pela accedilatildeo humana (ambos apresentados em forma de iacutecones) tal exerciacutecio

demonstra que para o desenvolvimento do enunciado do mapa mental eacute necessaacuterio a

articulaccedilatildeo das noccedilotildees do uso das toponiacutemias e da regiatildeo

No que corresponde a informaccedilatildeo do tiacutetulo dos mapas mentais foi analisado que

ele esteve presente em oito representaccedilotildees Eacute necessaacuterio realizar uma ressalva sobre a

coerecircncia dos tiacutetulos em relaccedilatildeo agrave representaccedilatildeo dos desenhos produzidos observamos

que das oito representaccedilotildees seis transporaacute uma objetividade na interpretaccedilatildeo do aluno

sobre a anaacutelise regional (ver figura 40 p 175 e figura 37 p 166)

177

FIGURA 41 ARTICULACcedilAtildeO DO USO DE TOPONIacuteMIAS COM A APRESENTACcedilAtildeO DE IacuteCONES (GRUPO 3)

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

178

C Noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial

As noccedilotildees de localizaccedilatildeo tornam-se mais fieacuteis aos modelos dos mapas existentes

quando a atividade tende a ser consultada O posicionamento das toponiacutemias

demonstra-se mais proacuteximas as representaccedilotildees cartograacuteficas habituais (mapas

existentes) Observamos isto apoacutes verificar que a localizaccedilatildeo dos estados Distrito

Federal e do posicionamento entre as regiotildees em alguns casos demonstra-se coerente e

possibilita a leitura

Todos os mapas mentais desenhados localizam algo relacionado ao meio

ambiente da regiatildeo Centro-Oeste seja ela voltada a proacutepria organizaccedilatildeo regional ao

bioma ou os seus problemas ambientais como podemos observar na tabela 16

TABELA 16 LOCALIZACcedilAtildeO DOS ELEMENTOS ENCONTRADOS NOS MAPAS MENTAIS

LOCALIZACcedilAtildeO OCORREcircNCIA

Regiatildeo 03

Bioma 04

Problemas ambientais 04

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

Ao analisarmos os mapas mentais os elementos apresentados e localizados neles

notamos que em oito das 11 representaccedilotildees os alunos apresentam caracteriacutesticas

relacionadas ao ambiente seja voltada a localizaccedilatildeo do bioma ldquoPantanalrdquo como

apresentado no mapa do grupo 7 (figura 38 p 170) ou aos problemas ambientais

observados no mapa mental do grupo 10 (figura 40 p 175) Observamos nos dois casos

que os alunos restringem suas anaacutelises a pontos especiacuteficos do territoacuterio

Em outro mapa mental realizado pelo grupo 6 (figura 42 p 179) aluno 28 37 e

48 eacute evidente a referecircncia ao bioma estudado A indicaccedilatildeo ocorre atraveacutes do signo

atraveacutes do iacutendice (uso da cor verde) e da indicaccedilatildeo da sentenccedila ldquoplaniacutecie do Pantanalrdquo

nestas condiccedilotildees observamos que sua localizaccedilatildeo relativa aos estados do Mato Grosso e

Mato Grosso do Sul torna-se coerente aleacutem disso marca um limite com Goiaacutes (GO)

onde prevalece o bioma de Cerrado

179

FIGURA 42 MAPA MENTAL COM DESTAQUE NA ORIENTACcedilAtildeO E LOCALIZACcedilAtildeO ESPACIAL DA REGIAtildeO CENTRO-OESTE (GRUPO 6)

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

180

Identificamos no mapa do grupo 6 (Figura 42 p 179) a indicaccedilatildeo da ldquoexpansatildeo

da atividade agropecuaacuteriardquo que eacute destacado no livro didaacutetico assim como o ldquouso

indevido de agrotoacutexicosrdquo como impactos ambientais referentes ao Pantanal A esse

respeito surgiram duacutevidas na realizaccedilatildeo da atividade principalmente sobre o significado

das palavras

Entre as palavras incompreensiacuteveis para alunos estava o termo ldquoagrotoacutexicordquo

Explicamos que esta palavra refere-se a um defensivo agriacutecola inseticida e aleacutem disso

que o contato com o produto pode provocar doenccedilas como cacircncer problemas funcionais

na musculatura do corpo e do ceacuterebro Posteriormente os alunos comentavam sobre

reportagens ou experiecircncias de parentes que eram fazendeiros mas natildeo faziam uso de

inseticidas Observamos que entender a informaccedilatildeo eacute uma ponte fundamental para a

seleccedilatildeo do fenocircmeno

No que corresponde agrave orientaccedilatildeo espacial apenas um grupo natildeo faz qualquer

referecircncia ao uso da rosa dos ventos os outros dez mapas apresentam o uso coerente

dos pontos cardeais para a orientaccedilatildeo dos mapas mentais Verificamos que os estados de

Mato Grosso situado a norte e Mato Grosso do Sul situado a sul correspondem

necessariamente com os pontos cardeais e aleacutem disso situam Goiaacutes e o Distrito Federal

a leste

D Noccedilotildees de escala geograacutefica

Dos mapas mentais jaacute apresentados observamos que quanto menor a escala

geograacutefica maior as chances de identificaccedilatildeo dos fenocircmenos e da captaccedilatildeo da

informaccedilatildeo da imagem pelo leitor do mapa Afirmamos entretanto que se engana

quem imagina que uma atividade mediada seja pela possibilidade da pesquisa auxiacutelio

de colegas ou professor pode gerar necessariamente resultados positivos

No que correspondem aos 11 mapas mentais produzidos pelos estudantes do 5ordm

ano sete alunos apresentam a escala regional do Centro-Oeste como enfoque de anaacutelise

para do tema estudado os outros quatro alunos apresentam a escala nacional como

proposta de representaccedilatildeo

O mapa mental desenvolvido pelo grupo 4 (figura 43 p 183) demonstra a

construccedilatildeo de uma imagem sincreacutetica desenvolvida pelos estudantes aluno 27 e 4568 Haacute

68 O aluno 45 faltou na primeira atividade relacionada ao desenvolvimento do mapa mental (mapa da

minha vida) o que dificultou nossa mediaccedilatildeo e estrateacutegia para o desenvolvimento na escolha desta dupla

181

uma discrepacircncia com relaccedilatildeo aos mapas produzidos pelos colegas suas estrateacutegias para

o desenvolvimento de comunicaccedilatildeo apresentam diferentes ruiacutedos entre eles uma

ldquotempestade de siglasrdquo (relacionadas aos estados brasileiros) cores aleatoacuterias sem um

significado explicito e a ausecircncia de elementos como tiacutetulo ou referecircncia ao tema do

mapa mental

O mapa do grupo 4 eacute um entre os quatro mapas mentais que escolhem a escala

geograacutefica ldquoBrasilrdquo como referencial Como jaacute demonstramos outras equipes a

exemplo do grupo 3 (figura 41 p 177) tambeacutem escolhe a escala Brasil todavia

estabelecem criteacuterios de seleccedilatildeo regional Eles utilizam criteriosamente as cores as

toponiacutemias e os iacutecones (fogueiras e raios) Aleacutem disso demonstra uma relaccedilatildeo entre os

trecircs estados da regiatildeo Centro-Oeste representado no qual observamos uma

diferenciaccedilatildeo no tamanho territorial69

De acordo com Jolly (1990 p 20) na cartografia cartesiana ldquoa escala de um

mapa eacute a relaccedilatildeo constante que existe entre as distacircncias lineares medidas sobre o mapa

e as distacircncias lineares correspondentes medidas sobre o terrenordquo O autor

anteriormente citado esclarece ainda que o grau da generalizaccedilatildeo expressa nos mapas eacute

fruto de uma generalizaccedilatildeo que corresponde a ldquoseleccedilatildeo dos detalhes apresentadosrdquo a

ldquoesquematizaccedilatildeo do desenhordquo e uma ldquoharmonizaccedilatildeo relativa dos elementosrdquo As

caracteriacutesticas discutidas por Fernand Jolly pode ser encontrada no mapa mental

realizado pelo grupo 10 (Figura 40 p 175)

De acordo com os paracircmetros expressos nos mapas mentais podemos destacar

uma observaccedilatildeo de Silveira (2004 p 89) a respeito da escala geograacutefica a autora

afirma que ldquoeacute o reconhecimento de subdivisotildees subespaccedilos regionalizaccedilotildees

produzidos na histoacuteria do territoacuterio que pareceria nos conduzir ao problema da escala

geograacuteficardquo

No ensino de Geografia a distacircncia da relaccedilatildeo sujeito e objeto estudado podem

limitar a compreensatildeo dos alunos a respeito da temaacutetica Entretanto para Castrogiovanni

amp Costella (2006 p 35) eacute importante que os alunos principalmente do 5ordm ano

ultrapassem o estudo do espaccedilo vivido possibilitando experiecircncias com o ldquo[] espaccedilo

O aluno 27 por exemplo havia realizado a atividade relacionada ao mapa mudo dos estaacutedios de futebol e

na ocasiatildeo mostrou resultados significativos o outro estudante todavia faltou na maioria das aulas que

desenvolvemos as atividades com os mapas (existentes e mentais) salvo a experiecircncia com a baleada

geograacutefica 69 Segundo o IBGE o estado com maior proporccedilatildeo territorial em quilocircmetros quadrado pertencente agrave

regiatildeo Centro-Oeste eacute o Mato Grosso (903378292 Km2) em seguida Mato Grosso do Sul (357145 534

Km2) Goiaacutes (340111376 Km2) e por uacuteltimo Distrito Federal (5779999 Km2) Fonte

httpwwwibgegovbrhomegeocienciasareaterritorialprincipalshtmgt acessado em 0705 2015

182

concebido onde se desenvolve o poder de representaccedilatildeo sem que necessariamente o

aluno tenha conhecido na praacutetica o espaccedilo representadordquo (Grifo dos autores)

Ao delimitarmos o tema propomos uma escala de anaacutelise selecionamos os

lugares e seus principais fenocircmenos O professor pode relacionar os saberes que os

alunos jaacute possuem As experiecircncias cotidianas dos discentes e os assuntos estudados em

sala de aula compotildeem o quadro de referecircncia para vida

Por fim esta leitura de mundo ao considerar diferentes escalas geograacuteficas

permite que o aluno compreenda que o espaccedilo eacute composto por um conjunto de

singularidades A busca de interpretaccedilotildees natildeo se limita agrave possibilidade de solucionar os

diferentes problemas que possam existir em cada escala mas em se aproveitar

experiecircncias da realidade cotidiana que se processam nessas diferentes escalas

Observamos portanto que as oficinas e mapas mentais produzidos pelos alunos

do 4ordm e 5ordm ano Buscou desenvolver habilidades e noccedilotildees relacionadas ao ensino-

aprendizagem de Geografia nos anos iniciais do EF Diante disso eacute tomado no capiacutetulo

5 o posicionamento dos estudantes (a partir das entrevistas realizadas) e professores (por

meio do uso de questionaacuterios) com a finalidade de avaliar as apreensotildees dos sujeitos

sobre essa pesquisa

Temos ainda o objetivo de revelar algumas incoacutegnitas ou seja circunstacircncias

que promoveram ou dificultaram a realizaccedilatildeo das atividades e que natildeo foram expressas

nos mapas mentais em decorrecircncia do seu valor subjetivo

183

FIGURA 43 MAPA MENTAL NA ESCALA GEOGRAFICA BRASIL (GRUPO 4)

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

184

5 MAPAS MENTAIS E SUAS POTENCIALIDADES E LIMITACcedilOtildeES PARA O

ENSINO DE GEOGRAFIA

Observamos que entre as representaccedilotildees e o diaacutelogo para produccedilatildeo dos mapas

mentais existem incoacutegnitas que se referem agraves experiecircncias de vida ao contexto escolar e

as apreensotildees sobre o processo de ensino-aprendizagem de Geografia Eles em alguns

casos estatildeo impliacutecitos nos mapas mentais

A representaccedilatildeo eacute por assim dizer um processo longo e complexo na formaccedilatildeo

do aluno Ao avaliarmos o mapa mental enquanto recurso didaacutetico-pedagoacutegico eacute

importante entender que

[] o ensino da geografia teria mais significado se priorizasse a pesquisa e

anaacutelise das representaccedilotildees construiacutedas pelas sociedades considerando ainda

o proacuteprio aluno como agente de representaccedilotildees e conhecimentos necessaacuterios

para entendimento das relaccedilotildees estabelecidas na organizaccedilatildeo espacial

(KOZEL 2002 p 216)

A partir da proposta metodoloacutegica realizada na citaccedilatildeo anterior buscamos

ampliar o universo de anaacutelise Indicamos o entendimento dos alunos e professoras a

respeito das potencialidades e limitaccedilotildees do recurso didaacutetico mapa mental para o

processo de ensino-aprendizagem de Geografia

De iniacutecio apresentamos o processo de ensino-aprendizagem de Geografia e sua

contextualizaccedilatildeo em nossas experiecircncias em sala de aula Posteriormente a realizaccedilatildeo

das oficinas e suas contribuiccedilotildees e por fim as possiacuteveis potencialidades e limitaccedilotildees do

uso do recurso mapa mental nas turmas de 4ordm e 5ordm ano

51 O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DE GEOGRAFIA

Mediante a anaacutelise dos questionaacuterios as professoras Marta e Beatriz reconhecem

a importacircncia do conhecimento preacutevio dos alunos para o direcionamento das aulas de

Geografia e os conhecimentos trabalhados na escola Para elas esses conhecimentos

tecircm por objetivo instruir os alunos Diante disso apresentamos a fala das docentes ao

esclarecem a importacircncia da ciecircncia geograacutefica nas praacuteticas escolares como as

seguintes falas

ldquoA Geografia possibilita a compreensatildeo do espaccedilo geograacutefico espaccedilo este

resultante da relaccedilatildeo natureza-sociedade como a materializaccedilatildeo dos tempos da vida

socialrdquo (Prof Marta 4ordm ano)

185

ldquoO ensino da Geografia possibilita por meio da compreensatildeo do espaccedilo

geograacutefico a formaccedilatildeo de um indiviacuteduordquo (Prof Beatriz 5ordm ano)

As respostas expressas pelas professoras satildeo condizentes com a proposta de

ensino de Geografia Entretanto satildeo aparentemente vagas quando confrontamos com as

propostas nacionais dos PCN (BRASIL 1997) ou ainda com as ideias de alfabetizaccedilatildeo

(cartograacutefica ou geograacutefica) mediante a construccedilatildeo de noccedilotildees geograacuteficas habilidades e

competecircncias expressas por autores como Callai (2005) Lessan (2011) e Passini

(2012)

Qual o propoacutesito de se estudar Geografia A maioria dos alunos entrevistados

de ambas as turmas afirmam que a expectativa corresponde agrave efetivaccedilatildeo das avaliaccedilotildees

escolares progressatildeo escolar ou ainda agrave educaccedilatildeo profissional visando assumir uma

futura condiccedilatildeo de trabalhador Em resumo ndash ldquoPorque eacute o futuro da genterdquo (Aluno 25

5ordm ano) Os alunos apontam que este valor disciplinar eacute agregado a todas as ldquomateacuteriasrdquo

escolares

Em muitos casos a importacircncia das crianccedilas aprenderem algo eacute condicionada a

posiccedilatildeo futura ao bom trabalho a moradia ao salaacuterio entre outros Canaacuterio (2006 p

103) chama essa perspectiva de escola do ldquotempo de promessasrdquo Eacute evidente que este

fato eacute uma construccedilatildeo histoacuterica a qual ainda na deacutecada de 1960 nos Estados Unidos

desenvolveram-se poliacuteticas de discriminaccedilatildeo positivas ou seja programas de

valorizaccedilatildeo das praacuteticas educacionais tendo em vista o progresso social Estas poliacuteticas

se espalharam pelo mundo e a escola das promessas tinha (e ainda tem) ldquotrecircs promessas

fundamentais desenvolvimento igualdade social e mobilidade social ascendenterdquo

(CANAacuteRIO 2006 p 103 ndash 105)

Sabemos que a principal atribuiccedilatildeo da escola eacute comunicar e instruir por meio dos

saberes socialmente construiacutedos ao longo da histoacuteria estas outras promessas satildeo (ou

natildeo) qualidades adicionais relativas a esta instituiccedilatildeo70 Ademais observamos que o

atributo sobre a importacircncia do conhecimento geograacutefico deve estar voltado as praacuteticas

presentes para que progridam e se valorizem em atividade futuras

Ao realizarmos a praacutetica com os mapas mentais observamos que os alunos

puderam atribuir sentido aos temas apreendidos Quando perguntamos a um grupo de

alunos do 4ordm e 5ordm ano sobre a importacircncia da Geografia especificamente dos mapas

(mentais) para suas vidas eles responderam

70 Como eacute o caso do Art 39 da LDB 9394 1996 que discute a importacircncia da educaccedilatildeo profissional e

tecnoloacutegica (BRASIL 2010)

186

Estudantes do 4ordm ano

Aluno 09 ndash Para a gente ver uma coisa e saber o que diz o mapa para a gente

natildeo se perder e Por exemplo Onde eacute que minha tia mora Ai eu fico

pensando onde minha tia mora em Lagoa Seca71 [e continua] Para a minha

vida Assim professor seu eu passar de ano todos os anos ai assim se eu

for algueacutem na vida ai assim se eu quiser construir se eu comprar um terreno

e quiser construir uma casa

Pesquisador ndash O que vocecircs acham que aprenderam com os mapas mentais

Aluno 13 ndash Eu aprendi Campina Grande as cidades dizendo um monte de

coisa o Accedilude Velho [risos] a escola o riacho das Piabas

Pesquisador ndash Antes da realizaccedilatildeo das atividades vocecircs jaacute sabiam disso

Aluno 13 ndash Eu natildeo sabia que isso era canal

Pesquisador ndash Mas o que vocecirc pensava que era

Aluno 17 ndash Um canal que passava esgoto

Aluno 13 ndash Um canalzinho simples

Estudantes do 5ordm ano

Pesquisador ndash Vocecirc acha importante estudar Geografia

Aluno 42 ndash Sim Para saber os estados Porque se for viajar vou saber onde eacute

Aluno 39 ndash Porque quando a pessoa for viajar jaacute sabe os lugares a regiatildeo

onde estaacute se tiver perdido

Aluno 46 ndash Sim para ir para casa para ir para escola para pegar o ocircnibus

(5ordm ano)

Observamos na fala destes alunos a importacircncia do conhecimento geograacutefico

para as praacuteticas presentes (saber onde a tia mora viajar tomar o ocircnibus todas as

competecircncias utilizadas em seus cotidianos) e a futuras atividades (como comprar um

terreno para construccedilatildeo de sua moradia) Para Callai (2005 p 240) eacute necessaacuterio ldquoler o

lugar para compreender o mundo que vivemos Pode-se partir de temaacuteticas de

problemas e a partir daiacute aguccedilar a curiosidade infantil traccedilando os caminhos a seguirrdquo

Qual o resultado desta accedilatildeo Desmistificar que o lugar ao qual habitamos eacute simploacuterio

constituiacutedo por ldquoum canalzinho simplesrdquo e que as coisas existentes no mundo tecircm sua

razatildeo e ultrapassam a loacutegica do perceber

Nesta concepccedilatildeo o mapa mental tem que estar a serviccedilo de um conhecimento

de um processo de ensino-aprendizagem propotildee uma reflexatildeo sobre o conhecimento

histoacuterico construiacutedo pela humanidade A escola deve propiciar a oportunidade da

apropriaccedilatildeo deste conhecimento e sua reelaboraccedilatildeo

52 PROPOSTAS DAS OFICINAS O LUacuteDICO E SUAS INTERVENCcedilOtildeES PARA

CONSTRUCcedilAtildeO DOS SABERES

Desenvolver propostas em condiccedilotildees de oficinas permite segundo

71 Lagoa Seca possuiacutea em 2010 uacuteltimo senso do IBGE uma populaccedilatildeo de 25 900 habitantes Sua aacuterea eacute

de 107 589 km2 Situado ao norte de Campina Grande foi ateacute 1964 um distrito campinense apoacutes essa

data foi elevado agrave categoria de municiacutepio Fonte httpcidadesibgegovbr lt acessado em 18 05 2015

187

Castrogiovanni amp Costella (2006) construir conhecimentos pela e para a praacutetica social

o quadro 08 (p 189) apresenta um resumo das oficinas desenvolvidas e nossa percepccedilatildeo

sobre seus resultados

Ao propormos a estrutura de oficinas de aprendizagem afirmamos ser possiacutevel

realizar a transiccedilatildeo entre os conhecimentos praacuteticos e teoacutericos relacionados ao processo

de ensino-aprendizagem de Geografia

Eacute necessaacuterio observar que tatildeo importante quanto os conteuacutedos trazidos pelo

curriacuteculo escolar satildeo as praacuteticas luacutedicas O espaccedilo geograacutefico tambeacutem educa alfabetiza

a crianccedila Eacute necessaacuterio mostrar que a famiacutelia a sociedade preferecircncias de lugares de

habitaccedilatildeo estudo e lazer relacionados agraves suas atividades cotidianas integram a leitura de

mundo dos estudantes

Para os alunos as atividades realizadas por meio da maquete mental ou dos

mapas mudos possibilitaram a construccedilatildeo de uma imagem mental em muitos casos

possibilitou um primeiro contato com assunto Em outras as atividades como a baleada

geograacutefica foi reconhecida da seguinte forma

A de baleada [] no modo de dizer eacute um jogo e uma atividade aiacute eacute um

jogo Como eacute que se diz professor Eacute uma tarefa [] A gente aprende na

praacutetica quais satildeo os pontos cardeais norte sul leste oeste e depois usa isso

na sala de aula (Aluno 45 5ordm ano)

Observamos que na efetivaccedilatildeo do saber compartilhado (enunciado coletivo) e da

realizaccedilatildeo de atividades que possibilite a capacidade de aprender a aprender a

motivaccedilatildeo para descobrir e o estiacutemulo a autonomia dos sujeitos compotildeem uma relaccedilatildeo

dialeacutetica entre a praacutetica e diaacutelogo72 Eles buscam interpretar e compreender um ao outro

ldquo[] a compreensatildeo eacute uma forma de diaacutelogo ela estaacute para a enunciaccedilatildeo assim como

uma reacuteplica estaacute para a outra no diaacutelogo Compreender eacute opor agrave palavra do locutor uma

contrapalavra []rdquo (BAKHTIN 2012 p 137)

As praacuteticas apresentadas no quadro 08 (p 188) compotildeem algumas sugestotildees de

como o professor pode utilizar tais estrateacutegias objetivando construir noccedilotildees habilidades

e competecircncias Natildeo satildeo receitas prontas pretendem auxiliar no processo de

observaccedilatildeo registro e avaliaccedilatildeo dos alunos Outra ressalva eacute que tais praacuteticas desafiem

os discentes e que estejam a serviccedilo do planejamento do professor

72 Segundo os alunos o uso do brinquedo (bola) e a atividade praacutetica do jogo auxiliaram no

desenvolvimento dos mapas pois como mencionado ldquoaprenderam maisrdquo porque foi uma atividade

diferente divertida O aluno aprende mais quando estaacute feliz motivado envolvido

188

QUADRO 08 PROPOSTA DAS OFICINAS PEDAGOGICAS PARA CONSTRUCcedilAtildeO DE NOCcedilOtildeES E HABILIDADES

OFICINA CONTEUacuteDOS NOCcedilOtildeES HABILIDADES

1 M

AQ

UE

TE

ME

NT

AL

A divisatildeo administrativa dos bairros encontrados em um municiacutepio

Recursos hiacutedricos na cidade

Meio Ambiente e poluiccedilatildeo

Identidade e cidadania

Desenvolver o trabalho em equipe para a realizaccedilatildeo

de uma atividade

Refletir sobre sua condiccedilatildeo de cidadatildeo que

participa e constroacutei a sociedade

2 M

AP

AS

MU

DO

S

4ordm

AN

O

Regionalizaccedilatildeo nordestina e das mesorregiotildees geograacuteficas da Paraiacuteba

Construccedilatildeo da legenda orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo das toponiacutemias Representar e refletir sobre a condiccedilatildeo da

regionalizaccedilatildeo estadual nacional

5 ordm

AN

O Regionalizaccedilatildeo brasileira

As praacuteticas desportivas no Brasil (futebol)

Construccedilatildeo da legenda orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo das toponiacutemias

3 B

AL

EA

DA

GE

OG

RAacute

FIC

A

Localizaccedilatildeo orientaccedilatildeo e direccedilatildeo espacial

Iniciativa coordenaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo no trabalho

em equipe

Planejar e verbalizar as accedilotildees a serem executadas

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) Organizado por David L R de Almeida

189

53 DOS MAPAS MENTAIS UTILIZADOS EM SALA DE AULA

Apoacutes analisarmos os mapas mentais das crianccedilas bem como sua relevacircncia no

processo de alfabetizaccedilatildeo geograacutefica e cartograacutefica veremos como estes podem auxiliar nos

processos de ensino-aprendizagem Para isto consideraremos o discurso das professoras Nas

palavras das docentes apoacutes a realizaccedilatildeo das oficinas pedagoacutegicas e do trabalho com os mapas

mentais foi avaliadas diferenccedilas com relaccedilatildeo agrave percepccedilatildeo da aprendizagem de Geografia

pelos alunos do 4ordm e 5ordm ano elas consideram que

ldquoAs mudanccedilas na aprendizagem dos alunos se deu com gostar da lsquomateacuteriarsquo ter

curiosidade em conhecer e pocircr em praacutetica o que aprenderam Por exemplo ler e

desenhar mapas mentais e pesquisar em livrosrdquo (Prof Marta 4ordm ano)

ldquoA leitura de mapas e suas legendas a rosa dos ventos O reconhecimento dos pontos

cardeais observar diferentes paisagens identificando suas transformaccedilotildeesrdquo (Prof

Beatriz 5ordm ano)

Eacute importante frisar que buscamos sintetizar as informaccedilotildees apresentadas na anaacutelise

dos mapas mentais sobre a forma de dois graacuteficos o primeiro correspondente as noccedilotildees

geograacuteficas utilizadas em nossas anaacutelises (quadro 09 p 189) e das habilidades utilizadas

pelos alunos durante estas atividades (quadro 10 p190)

O estaacutegio das noccedilotildees geograacuteficas analisadas nos mapas mentais tal como as

habilidades desenvolvidas pelos alunos foram classificadas com base em seu grau de

ocorrecircncia em cada uma das atividades soma-se a estas anaacutelises as observaccedilotildees e descriccedilotildees

dos alunos e professoras realizadas em cada turma Lembramos que os mapas apresentados

correspondem aos seguintes temas Mapa A Canal das Piabas mapa B Mesorregiotildees da

Paraiacuteba mapa C Mapa da minha vida e mapa D Regiatildeo Centro-oeste

QUADRO 9 GRAacuteFICO DAS NOCcedilOtildeES GEOGRAacuteFICAS ANALISADAS NOS MAPAS MENTAIS

Nos mapas mentais observa-se 4ordm ano 5 ordm ano

as noccedilotildees de Mapa A Mapa B Mapa C Mapa D

Percepccedilatildeo espacial

Uso de toponiacutemias

Localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial

Escala geograacutefica

Legenda

Ausente

Pouca

Suficiente

Muita

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) Organizado por David L R de Almeida

190

A seguir temos o quadro das habilidades destacada para o desenvolvimento dos

mapas mentais Podemos observar mais atentamente os mecanismos utilizados para

construccedilatildeo desses mapas bem como sua relevacircncia no processo de aprendizagem e

internalizaccedilatildeo do conhecimento

QUADRO 10 GRAacuteFICO DAS HABILIDADES DESTACADAS PARA O DESENVOLVIMENTO DOS

MAPAS MENTAIS

Nos mapas mentais observa-se 4ordm ano 5 ordm ano

as habilidades de Mapa A Mapa B Mapa C Mapa D

Representaccedilatildeo

Comunicaccedilatildeo

Interaccedilatildeo

Reflexatildeo

Legenda

Ausente

Pouca

Suficiente

Muita

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) Organizado por David L R de Almeida

Em anaacutelise geral do quadro 09 da construccedilatildeo dos mapas mentais eacute verificado que as

atividades individuais que contaram com pouca ou nenhuma mediaccedilatildeo entre os alunos da

professora regente ou do pesquisador encontraram-se entre as representaccedilotildees com menores

rendimentos de desempenho pelos alunos principalmente no que corresponde aos temas do

mapa B e C

Eacute preciso ressaltar que embora o erro seja socialmente caracterizado como algo

negativo o mesmo tem seus fundamentos e satildeo passiacuteveis de serem identificados Ele eacute

indispensaacutevel para a conquista de novos saberes Segundo Lessan (2011 p 81) ldquonenhum erro

eacute devido ao acaso Todo erro eacute resultado de um raciociacutenio que falhou ou mesmo da falta de

raciociacutenio Uma resposta considerada lsquoerradarsquo pelo professor foi dada por um aluno cujo

pensamento loacutegico de algum modo desviou-se do esperadordquo

Um fator que merece destaque foi agrave ausecircncia da comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo entre os

alunos do 4ordm ano na realizaccedilatildeo do mapa B (ver quadro 09 p 189) por exemplo

Questionamo-nos se isto pode ter repercutido no desenvolvimento do raciociacutenio geograacutefico

acerca do tema proposto Em entrevista com os estudantes do 4ordm ano eacute ressaltada dificuldades

na realizaccedilatildeo da proposta Para eles o formato de prova mais prejudicou que auxiliou no

desenvolvimento da atividade O seguinte fragmento da entrevista esclarece alguns

posicionamentos dos alunos vejamos

191

Aluno 09 ndash Na hora eu achei difiacutecil mas daiacute eu fiquei assim olhando mesorregiatildeo

mesorregiatildeo daiacute quando natildeo podia colar eu fui e fiz na doida73 Eu natildeo sabia

mesmo Soacute faltava duas provas para eu terminar de ano

Aluno 11ndash A prova [] Porque era para desenhar o mapa desenhar as regiotildees ai

ficou complicado

Pesquisador ndash Mas vocecircs se lembram que jaacute haviacuteamos realizado uma atividade bem

parecida

Aluno 09 ndash Sim mas eles natildeo podiam pegar o caderno porque estavam bem

proacuteximos a professora

Aluno 18 ndash Mas a maioria estava consultando

Aluno 09 ndash Eacute professor quem acertou eacute porque colou Se eu errar assim eu tocirc

dizendo que eu fiz na doida

Aluno 18 ndash Eu tambeacutem meu coraccedilatildeo ficou tu tutututu

Entre as respostas apresentadas pelos alunos do 5ordm ano tambeacutem estiveram justificativas

semelhantes Quando qustionamos aos alunos sobre as atividades que menos gostaram de

realizar o aluno 39 aponta ndash ldquoA que eu menos gostei foi agrave primeira [mapa da minha vida] Foi

um pouquinho difiacutecil porque quando eu chamava a professora ela natildeo vinha Eu fiz tudo na

doidardquo

Supomos inicialmente que o problema se encontrava no enunciado das atividades

mas os alunos afirmaram que sabia qual era o objetivo dos exerciacutecios Entendemos que para

os alunos do 4ordm ano a ldquoconsultardquo forneceria um melhor desempenho nos resultados por sua

vez o estudante do 5ordm ano ressalta a mediaccedilatildeo da professora

Podemos perceber que os mapas anteriormente citados apontam que a ausecircncia do

uso de instrumentos mediadores ou do auxiacutelio de pessoas mais ldquocapacitadasrdquo resultou em

atividades realizadas na ldquodoidardquo ou seja por atividades mecacircnicas com alto grau de

sincretismo Em ambos os casos percebemos de forma niacutetida que a Zona de

Desenvolvimento Proximal se fez presente enquanto elo entre os conhecimentos antigos e os

receacutem construiacutedos tal como argumenta Rego (1995) Como consequecircncia deste fator a carga

emocional e possivelmente uma repressatildeo atraveacutes de notas cobranccedila dos colegas pais e

professora fizeram-se presente como nos faz acreditar o aluno 18 (4ordm ano)

Salientamos ainda que os mapas mentais possuem limites uma vez que satildeo apenas

mais um entre tantos outros recursos que podem ser utilizados nas aulas de Geografia Ao

utilizar o mapa mental enquanto prova na turma do 4ordm ano observamos que a tensatildeo

emocional prejudicou a execuccedilatildeo da proposta Outro fato decorre da compreensatildeo dos alunos

sobre o tema que por mais que tivesse sido trabalhado durante as aulas natildeo conseguiram

sistematizar esses conhecimentos em forma de imagens mentais coerentes sequer transpor

esses saberes para o papel

73 Para os alunos ldquofazer na doidardquo significa realizar uma tarefa sem muitos paracircmetros Realizar uma

determinada atividade e tentar por sorte resolver determinado problema

192

Observamos que estaacute tensatildeo entre certo e errado no sistema de ensino-aprendizagem

escolar adveacutem de outras situaccedilotildees de aprendizagem Ao questionarmos os alunos sobre seus

procedimentos de aprendizagem estudo a grande maioria recorre aos meacutetodos de coacutepia

leitura e recitaccedilatildeo oral em outros casos eles relatam o seguinte

Pesquisador ndash Como vocecircs fazem para estudar para uma prova por exemplo

Aluno 39 ndash Eu natildeo estudo natildeo

Aluno 22ndash Ela [a professora Beatriz] manda as questotildees que vatildeo cair na prova e a

gente estuda

Aluno 25ndash De vez em quando eu estudo em casa

Copiar repetir ler recitar oralmente o processo decorar as questotildees que vatildeo ldquocair na

provardquo ou simplesmente natildeo estudar Estes argumentos possivelmente justificam algumas

accedilotildees como a desenvolvida no mapa da regiatildeo Centro-Oeste pelo grupo 05 (figura 39 p 172)

ao copiar o mapa encontrado no livro didaacutetico A charge (figura 44 p 192) parece sintetizar

as situaccedilotildees vivenciadas O professor apoacutes explicar determinado assunto pergunta a seus

alunos - Perceberam E todos respondem - Sim Cada um agrave sua forma e distintas do

professor

FIGURA 44 RELACcedilAtildeO DE ENSINO E APRENDIZAGEM NA ESCOLA

Fonte CANAacuteRIO 2006 p 43

Segundo Canaacuterio (2006 p 42) o sistema escolar enfatiza ldquoa loacutegica da repeticcedilatildeo da

informaccedilatildeordquo Somos instruiacutedos desde a infacircncia a repetir a versatildeo apresentada pelo professor

esperando que nossas respostas se aproximem do que nos eacute exigido ldquoa escola condena-se agrave

entropiardquo e consequentemente eacute reduzido o tempo para repensarmos e criarmos novos

saberes

Outro limite que pode estar envolto nas praacuteticas com os mapas mentais eacute consideraacute-las

como uma ldquosimples atividade de desenhordquo Ao perguntarmos ao grupo de estudantes do 5ordm

193

ano sobre as dificuldades encontradas na realizaccedilatildeo dos mapas mentais e suas justificativas

eles apontam

Aluno 43ndash [] O que a gente teve que desenhar o mapa O mapa mental eacute esse aiacute

[] Porque eu natildeo sei desenhar Ah E soacute E porque dava preguiccedila

Aluno 24ndash Eu natildeo tenho paciecircncia de fazer desenho natildeo Eu sou mais escrever

ldquotudinhordquo e responder do que fazer desenho

Como expresso por esses estudantes o haacutebito voltado agraves ldquoatividades tradicionaisrdquo ateacute

mesmo nos anos iniciais do Ensino Fundamental fazem da praacutetica do ldquodesenhar o mapardquo algo

enfadonho caracterizado como infantil e atingem graus de preacute-conceitos pois se natildeo se

encontram na praacutetica da professora eacute ultrapassado Resultados proacuteximos as consideraccedilotildees

realizadas por Miranda (2005)

Observamos ainda que a cultura escolar natildeo corresponde apenas a resistecircncia dos

professores na utilizaccedilatildeo de uma metodologia ou recurso mas tambeacutem dos pais de alunos da

direccedilatildeo escolar e dos proacuteprios estudantes Eles acreditam muitas vezes que as didaacuteticas

tradicionais satildeo as mais eficazes ou que como afirma a gestora Rosacircngela o pilar dos anos

iniciais do Ensino Fundamental esteja nos componentes curriculares de Portuguecircs e

Matemaacutetica

Possivelmente as praacuteticas analisadas expliquem o alto iacutendice de reprovaccedilatildeo dos

alunos do 5ordm ano na Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira no ano de 2014

Resgatando o que falaacutevamos sobre a equidade etaacuteria sucesso escolar e promoccedilatildeo dos

alunos74 com o posicionamento da gestora escolar eacute apontado que dos 21 alunos que

frequentavam o 5ordm ano em 2014 dez alunos foram retidos por natildeo adquirirem uma seacuterie de

capacidades consideradas suficiente para o 6ordm ano Alguns foram promovidos entretanto com

uma seacuterie de dificuldades ainda a superar75 Destacamos as competecircncias relacionadas agrave accedilatildeo

cognitiva (expressatildeo oral e escrita realizaccedilatildeo das tarefas entre outros) e habilidades

relacionadas agrave interaccedilatildeo social (relacionamento com colegas e adultos respeito agraves regras)76

Eacute importante acrescentar que para ldquosuperar essa situaccedilatildeo soacute eacute possiacutevel se as escolas

puderem estabelecer rupturas com a sua matriz organizacional histoacuterica evoluindo de

sistemas de repeticcedilatildeo de informaccedilotildees para sistemas de produccedilatildeo de saberesrdquo (CANAacuteRIO

74 Esta discussatildeo eacute encontrada no primeiro capiacutetulo paacuteginas 24 a 27 75 Os alunos retidos satildeo 22 24 25 29 33 34 37 40 44 e 51 Dos alunos que foram promovidos mas com

algumas dificuldades satildeo 23 26 27 30 38 43 e 49 Eacute valido observar que a maioria dos alunos retidos foram os

mesmos que apresentaram dificuldades na realizaccedilatildeo dos mapas mentais Isso nos leva a considerar o baixo

iacutendice de rendimento dos estudantes em outras disciplinas escolares visto que o ato da retenccedilatildeo eacute resultado de

uma accedilatildeo global do aluno em acircmbito escolar 76 O modelo da ficha de acompanhamento (com todos os preacute-requisitos relacionados agrave condiccedilatildeo de aprovaccedilatildeo ou

reprovaccedilatildeo) utilizada pelas professoras encontra-se em anexo (Anexo II)

194

2006 p 43) Em outras palavras eacute preciso relacionar as condiccedilotildees do descobrir criar errar e

aprender no processo escolar de aprendizagem

A proposta eacute incentivar os alunos a serem criativos e curiosos Nossa percepccedilatildeo sobre

a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica eacute que ela aponte o trabalho em equipe (o que natildeo necessariamente

produziraacute resultados coletivos) desenvolver uma postura assertiva por parte dos professores e

alunos ou seja formar sujeitos confiantes que defendam suas ideias mas que saibam ouvir

lidar com a criacutetica e respeitar a opiniatildeo do outro como eacute observado no quadro 10 (p 190) os

criteacuterios de comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo nos mapas A B e C

As limitaccedilotildees que muitas vezes se apresentam nos mapas mentais podem servir como

indiacutecios das dificuldades encontradas pelos alunos como a compreensatildeo das noccedilotildees de

localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial por exemplo (mapas A e C) Em alguns casos as limitaccedilotildees

poderatildeo estar relacionadas com as temaacuteticas trabalhadas em sala de aula como o processo de

regionalizaccedilatildeo estadual ou brasileiro

Como discutimos ao longo da interpretaccedilatildeo dos mapas mentais agrave medida que a escala

geograacutefica muda altera-se o enfoque de anaacutelise A maioria das crianccedilas e adolescentes pode

apresentar facilidades no uso e compreensatildeo de algumas noccedilotildees como a percepccedilatildeo espacial

Isso se evidencia ao selecionar agrupar e destacar estados e ou regiotildees (quadro 10 p 190

mapa C e D) como dificuldades para localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial (mapa C)

Como discutem Almeida amp Passini (2010) alfabetizar cartograficamente eacute possibilitar

que os discentes realizem o exerciacutecio de codificaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo dos mapas Percebemos

que ao realizar estas atividades eles podem ler e expressar mensagens impliacutecitas relacionadas

aos conhecimentos apreendidos na escola ampliando sua leitura de mundo vivido como foi o

caso do ldquoBuraco da Giardquo

O principal aspecto que devemos nos certificar ao trabalharmos os mapas mentais

com alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental eacute se haacute ou natildeo a formaccedilatildeo de uma

imagem mental preacutevia acerca do espaccedilo trabalhado Observamos que em muitos casos os

alunos do 4ordm e 5ordm ano destacam a importacircncia da apresentaccedilatildeo e fundamentaccedilatildeo do conteuacutedo

mediante as oficinas pedagoacutegicas antes da execuccedilatildeo das atividades A partir disso novas

descobertas podem ser realizadas como explica o discente do 4ordm ano

Pesquisador ndash O que vocecirc acha que aprendeu fazendo o mapa mental

Aluno 03 - Uma coisa que eu nunca iria imaginar que existissem as quatro

mesorregiotildees

Pesquisador ndash E como vocecirc entendia antes da gente realizar esta atividade

195

Aluno 03 ndash A uacutenica coisa que eu sabia sobre a Paraiacuteba era a populaccedilatildeo e os

223 municiacutepios77

Ao nos basearmos na proposta interacionista de Vigostki (1998) pressupomos que o

modelo de atividades (mapas existentes) natildeo expressa necessariamente um instrumento de

coacutepia mas um referencial para internalizaccedilatildeo do conhecimento trabalhado na escola praacutetica

semelhante agrave universitaacuteria Contudo muitas vezes a escola se limita em praacuteticas arcaicas de

repeticcedilatildeo e memorizaccedilatildeo do conhecimento como se isso fosse de fato efetivar os

conhecimentos algo perceptiacutevel no discurso do aluno 03 Infelizmente parece que a escola

promove um ensino segregado em que

Desencoraja-se a cooperaccedilatildeo incita-se ao trabalho individual e proiacutebe-se a

consulta de documentaccedilatildeo (para que natildeo seja copiada) Os exames

representam a situaccedilatildeo-limite em que tais caracteriacutesticas estatildeo mais

claramente acentuadas (CANAacuteRIO 2006 p 45)

Salientamos que natildeo queremos transmitir a ideia de desvalorizaccedilatildeo da escola mas

destacar que as informaccedilotildees satildeo externas a noacutes A proacutepria constituiccedilatildeo da linguagem apontada

por Bakhtin (2012) destaca o enunciado como o princiacutepio dialoacutegico produzido

propositalmente na direccedilatildeo do outro Ao enunciar buscamos agir sobre o outro reconstruir

experiecircncias natildeo apenas para responder a questotildees das provas a proposta eacute redimensionar o

sentido e ampliar nossa perspectiva de aprendizagem nossa leitura de mundo

De acordo com as nossas anaacutelises e interpretaccedilotildees relacionadas agrave construccedilatildeo e

interpretaccedilatildeo dos mapas mentais podemos considerar a importacircncia de cada uma das noccedilotildees

utilizadas percepccedilatildeo espacial uso das toponiacutemias localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo e a escala

geograacutefica que satildeo frutos de um saber sistematizado mas que considera a loacutegica da

organizaccedilatildeo espacial da realidade percebida concebida vivenciada e aprendida pelos alunos

das turmas as quais trabalhamos

Por fim de acordo com as propostas apresentas ao longo desse trabalho temos

condiccedilotildees de apontar algumas estrateacutegias Elas poderatildeo orientar o trabalho docente em

proposta de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica Ressaltamos por fim a importacircncia dos mapas

mentais e suas praacuteticas auxiliares como um processo que possibilite o ensino-aprendizagem

de Geografia

77 Eacute veriacutedica a informaccedilatildeo sobre a quantidade de municiacutepios paraibanos apresentados pelo aluno Entretanto

como jaacute destacado nos paraacutegrafos anteriores seraacute que esta informaccedilatildeo contribui para a formaccedilatildeo de um

raciociacutenio geograacutefico Acreditamos que apenas o ato da memorizaccedilatildeo natildeo auxilia o desenvolvimento desse

raciociacutenio

196

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Em nossa pesquisa procuramos aprofundar as discussotildees acerca da Cartografia

Escolar Valorizamos o recurso mapa mental enquanto uma praacutetica didaacutetico-pedagoacutegica nas

aulas de Geografia nos anos iniciais do Ensino Fundamental Para isso nos preocupamos em

construir junto com os alunos noccedilotildees e habilidades consideradas necessaacuterias para este estaacutegio

de formaccedilatildeo a partir de atividades praacuteticas e teoacutericas

Consideramos que nosso objetivo geral foi alcanccedilado ao investigar as potencialidades e

limitaccedilotildees do recurso mapa mental para o ensino-aprendizagem de Geografia com alunos do

4ordm e 5ordm ano dos anos iniciais do Ensino Fundamental tal como nossos objetivos especiacuteficos

que buscavam

Diagnosticar as dificuldades referentes ao domiacutenio de habilidades e noccedilotildees

cartograacuteficas dos alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental realizando uma

anaacutelise dessas dificuldades

Pesquisar o mapa mental mediante situaccedilotildees de ensino-aprendizagem que conduzam a

reflexatildeo sobre a espacialidade

Apresentar atividades que permitam desenvolver habilidades e noccedilotildees conceituais para

os alunos atraveacutes do desenvolvimento de mapas mentais e que possam auxiliar as

aulas de Geografia dos professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental

Propor orientaccedilotildees que auxiliem o professor desta fase a trabalharem com os mapas

mentais junto ao puacuteblico dos anos iniciais do Ensino Fundamental

Pudemos notar com o desenvolvimento dos mapas mentais que modelos de ensino-

aprendizagem de Geografia que valorizam o ato de decorar a coacutepia mecacircnica e a recitaccedilatildeo ou

mesmo o fato de ldquonatildeo estudarrdquo caso da turma do 5ordm ano justificam possivelmente o alto

iacutendice de retenccedilatildeo na unidade escolar Fatos que natildeo se restringem agraves praacuteticas escolares de

Geografia na Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira

Aleacutem disso chegamos agrave conclusatildeo que de acordo com o relato dos sujeitos participantes

da pesquisa que a escola principalmente entre o 1ordm ao 5ordm ano haacute um alto valor para as

disciplinas de Matemaacutetica e Portuguecircs Acreditamos que elas satildeo fundamentais para a

progressatildeo escolar e social dos alunos mas natildeo satildeo as uacutenicas Para Bakhtin (2012) eacute

197

necessaacuterio atribuir sentido a palavra apreendida e isso pode ser realizado a partir da

Geografia

Natildeo pretendemos assegurar os insucessos ou limitaccedilotildees das praacuteticas com os mapas

mentais apenas aos resultados supracitados visto que na maioria dos casos os alunos do 4ordm e

5ordm ano puderam demonstrar avanccedilos no que corresponde a percepccedilatildeo espacial do lugar e o

iniacutecio de uma estruturaccedilatildeo de imagens mentais e saberes acerca do (SEU) mundo

Vale ressaltar que nenhuma aprendizagem eacute inata e que aleacutem disso nem tudo que eacute

ensinado eacute apreendido ou expresso com o mesmo valor (CANAacuteRIO 2006) A imagem mental

construiacuteda cognitivamente pelos alunos passa por diferentes ruiacutedos pragmaacuteticos emocionais

sociais etc que podem resultar em diferentes expressotildees entre elas as representaccedilotildees

cartograacuteficas

Consideramos o valor da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica enquanto uma proposta

metodoloacutegica para a construccedilatildeo de noccedilotildees e habilidades espaciais para isso as sugestotildees de

oficinas e suas praacuteticas luacutedicas e teoacutericas foram realizadas considerando o nosso puacuteblico pois

acreditamos que eacute possiacutevel ensinar-aprender brincando divertindo-se motivando Eacute

necessaacuterio deixar as crianccedilas e adolescentes serem o que satildeo

Por outro lado observamos que durante estas praacuteticas os alunos puderam desenvolver

raciociacutenios que ora se expressaram nos mapas mentais ora na verbalizaccedilatildeo destes saberes

Puderam tambeacutem construir sua identidade ao pensarem o seu cotidiano Como exemplo houve

a construccedilatildeo da maquete e mapas mentais sobre o Canal das Piabas (alunos do 4ordm ano) e os

alunos do 5ordm ano ao construiacuterem uma regionalizaccedilatildeo por meio do mapa da minha vida da

construccedilatildeo dos mapas mudos

As atividades promovidas buscaram atribuir sentido e coerecircncia aos assuntos

estudados nas aulas de Geografia Partimos da percepccedilatildeo habitual construindo uma anaacutelise

geograacutefica com os alunos ao propor o ato de observar comparar sistematizar refletir

representar e ler o espaccedilo em diferentes escalas Essas praacuteticas confirmam parcialmente

nossa hipoacutetese inicial sobre a potencialidade do mapa mental enquanto recurso que possibilita

uma habilidade consciente do ato de mapear Verificamos que ao relacionar experiecircncias e

informaccedilotildees trazidas pelos alunos a maioria deles pocircde atribuir sentido as atividades

cotidianas no espaccedilo geograacutefico

Nesse sentido as noccedilotildees escolhidas percepccedilatildeo espacial o uso de toponiacutemias

localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo e escala geograacutefica puderam servir de paracircmetros para representaccedilatildeo

e avaliaccedilatildeo dos mapas mentais Apontamos algumas consideraccedilotildees importantes que

possivelmente podem colaborar com o uso dos esboccedilos cartograacuteficos nas salas de aula

198

Desenvolver praacuteticas com os mapas mentais em escalas locais assim como

regionais Observamos que ao mudar a escala geograacutefica os alunos podem apresentar

aptidotildees ou deacuteficits de aprendizagem Entre os exemplos estaacute o da percepccedilatildeo espacial

retratada nos mapas mentais dos alunos do 4ordm ano o Canal das Piabas em que os

alunos divergiam ao representar o espaccedilo em perspectivas laterais verticais e ou

obliacutequas O mesmo natildeo ocorreu necessariamente no desenvolvimento do segundo

mapa mental sobre as mesorregiotildees da Paraiacuteba

A alfabetizaccedilatildeo da liacutengua materna pode e deve utilizar-se dos conhecimentos das

mais diversas aacutereas da ciecircncia tais como no nosso contexto de pesquisa os

geograacuteficos e vice-versa Observamos que em alguns casos a hierarquizaccedilatildeo

sequencialidade (da direita agrave esquerda) eacute utilizada na escrita e transposta ao mapa

resultando em equiacutevocos como localizar o Sertatildeo vizinho ao Oceano Atlacircntico

Tambeacutem foi expresso nos mapas mentais o que nos leva a ressaltar a importacircncia da

leitura de imagens (desenhos mapas fotos etc) como uma forma de comunicaccedilatildeo

essencial para a leitura de mundo

Incentivar a participaccedilatildeo do aluno individualmente ou em grupo possibilitando

o diaacutelogo entre os estudantes Instigar a mediaccedilatildeo entre os alunos aleacutem do auxiacutelio do

professor Zona de Desenvolvimento Proximal para o Real (VIGOTSKI 1998)

Lembrar que a realizaccedilatildeo das atividades eacute mais importante que o proacuteprio

resultado Estes momentos de construccedilatildeo natildeo devem estar desassociados dos

argumentos trazidos pelos alunos de modo que a avaliaccedilatildeo das noccedilotildees conceituais e

habilidades devem estar em acordo com a proposta da aula

Retomar sempre que necessaacuterio o desenvolvimento das noccedilotildees ainda natildeo

compreendidas No 5ordm ano por exemplo ao observarmos que o aluno 43 havia

apresentado no ldquoMapa da minha vidardquo paiacuteses como Itaacutelia e Japatildeo buscamos por meio

da oficina produzir mapas mudos sobre as partidas ocorridas nos estaacutedios de futebol

brasileiro Diferenciamos a escala de cidade (onde foi realizado o jogo) regiatildeo (qual a

regiatildeo se encontra) nacional (qual paiacutes a minha seleccedilatildeo representa) e internacional

(quais as seleccedilotildees jogaram contra o Brasil Quais paiacuteses elas representam)

Entendemos que a escola deva formar o sujeito para o mercado de trabalho

sonho de muitos alunos entrevistados mas tambeacutem favorecer e esclarecer a

importacircncia desses conhecimentos para o presente Os estudantes devem utilizar

199

cotidianamente os saberes aprendidos para estimular sua memoacuteria de longa duraccedilatildeo

aleacutem de motivaacute-los a busca de novos conhecimentos

Natildeo se pretende com esta dissertaccedilatildeo apresentar receitas prontas mas estimular

outras pesquisas acadecircmicas e praacuteticas escolares Para os estudantes e professores de

Geografia ressaltamos que estas praacuteticas natildeo se restringem aos anos iniciais do Ensino

Fundamental O que nos leva acreditar sobre a importacircncia de uma sistematizaccedilatildeo destes

saberes para a formaccedilatildeo universitaacuteria de professores de Geografia e Pedagogia

Convidamos tambeacutem o professor e sua equipe pedagoacutegica para uma reflexatildeo sobre os

objetivos conteuacutedos e metodologias pertinentes aos anos iniciais do Ensino Fundamental

Desse modo nenhuma das propostas apresentadas estaacute fechada acabada Acreditamos na

experiecircncia autonomia e criatividade dos docentes para dar novos contornos agraves sugestotildees

escritas possibilitando abrir novos caminhos para utilizaccedilatildeo dos mapas mentais nas escolas

200

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207

APEcircNDICES

208

APEcircNDICE I - JORNAL DE PESQUISA

ATIVIDADES ANTERIORES AO PROJETO DE PESQUISA

Dias 17 de setembro de 2014

Primeira visita a Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira ndash solicitaccedilatildeo da

pesquisa de campo Vou ateacute a escola pelo periacuteodo da manhatilde conversar com a gestora escolar

Rosacircngela79 Ao entrar sou reconhecido pelo porteiro da escola em decorrecircncia da pesquisa-

piloto realizada com os alunos do 5ordm ano em 2013 Apoacutes uma raacutepida conversa ele me informa

que a gestora encontra-se na sua sala

Sigo ateacute a diretoria e apoacutes aguardar alguns minutos sou atendido Entrego e apresento

a gestora a proposta do projeto de dissertaccedilatildeo e pergunto sobre a disponibilidade da sua

execuccedilatildeo da pesquisa nas turmas de 4ordm e 5ordm ano A gestora me pede que retorne amanhatilde agrave

tarde visto que o horaacuterios de aulas das turmas de 4ordm e 5ordm ano satildeo no periacuteodo vespertino e

explica que necessita conversar com as professoras sobre o assunto

Dia 18 de setembro de 2014

Retorno a escola agora no periacuteodo da tarde a gestora jaacute me aguardava Me relata que

as professoras gostariam que explicasse o projeto para elas me pedindo para aguarda-las na

sala dos professores ateacute o horaacuterio do recreio

Chegado o horaacuterio do intervalo as professoras se dirigem ateacute o local onde eu as

aguardava Sou apresentado a professora Marta do 4ordm ano jaacute a professora Beatriz80 havia

conhecido no ano anterior em decorrecircncia da pesquisa piloto que havia realizado em sua

turma de 5ordm ano

Apresentei e entreguei o projeto para as docentes demonstrei algumas pesquisas-

pilotos realizadas anteriormente Ao iniciarmos a conversa a professora Beatriz relatou alguns

pontos positivos da proposta com os mapas mentais com a sua turma do ano passado Ambas

as professoras estavam preocupadas com o calendaacuterio escolar e perguntaram se poderiacuteamos

relacionar os mapas mentais com os temas a serem trabalhados na disciplina durante o 4ordm

bimestre Aceitei os termos das professoras e elas se prontificaram a auxiliar no

79 Nome fictiacutecio que adotamos para a gestora escolar 80 O nome atribuiacutedo as professoras satildeo fictiacutecios com a intenccedilatildeo de preservar sua identidade

209

desenvolvimento do planejamento das aulas Combinamos de realizar a delimitaccedilatildeo desse

planejamento no dia 26 de setembro

Dia 26 de setembro de 2014

Neste dia retorno a escola para conversar com as professoras inicialmente vou ateacute a

sala da professora Marta ela havia passado uma atividade para a sua turma e todos estavam

concentrados em sua liccedilatildeo Fui apresentado a turma e alguns estudantes me reconheceram

dizendo que jaacute haviam me visto pela nos corredores da escola

Conversei com a professora Marta durante meia hora ela me apresentou os conteuacutedos

a serem ministrados no 4ordm bimestre se trata da temaacutetica Paraiacuteba Ela me entregou duas folhas

havia nelas uma descriccedilatildeo geneacuterica do estado mais tarde em casa apoacutes uma pesquisa na

internet comprovei que se tratava de uma descriccedilatildeo retirada do site do Wikipeacutedia Perguntei a

professora se poderiacuteamos utilizar outras fontes de informaccedilatildeo como atlas escolares mapas

murais entre outros ela mencionou que haviam atlas na escola e se fosse necessaacuterio poderia

ser disponibilizados nas aulas

Em seguida fui a sala da professora Beatriz ela tambeacutem havia passado uma atividade

para os estudantes (que pareciam agitados) alguns jaacute se retiravam-se da sala e dirigiam-se ao

recreio em decorrecircncia do horaacuterio Durante o intervalo ela me explicou o que havia ministrado

durante o 1ordm ao 3ordm bimestre apresentou um mapa das Ameacutericas (mapa Ameacuterica colonizaccedilatildeo

europeia do seacuteculo XVII para ser mais exato disponibilizado no livro didaacutetico usado na

disciplina de Geografia) explicando que se tratava do mapa mundo Fiquei um pouco

pensativo seraacute que a professora natildeo sabe distinguir a relaccedilatildeo de escala Ela acrescenta que

natildeo segue a ordem do livro didaacutetico ensinando os assuntos que lhe parecem mais

apropriados

Prossegui a conversa e perguntei quais os uacuteltimos assuntos haviam sido tratados ela

responde que o processo de regionalizaccedilatildeo e as regiotildees do Brasil com ecircnfase no Norte e

Nordeste Explica que alguns alunos haviam tido certa dificuldade perguntei se poderia

resgatar alguns assuntos jaacute estudados ela responde que sim

No intervalo combino com as professoras o dia das aulas trocamos contatos de

telefone e e-mail dessa forma finalizamos e organizamos as aulas realizadas nas turmas do 4ordm

e 5ordm ano

TURMA DO 4ordm ANO

210

Dia 14 de outubro de 2014

A pesquisa realizada com os 21 alunos e a professora Marta na Escola Municipal

Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira iniciou-se nesta tarde de primavera Apoacutes o retorno do feriado

do dia das crianccedilas dos 150 anos de emancipaccedilatildeo da cidade de Campina Grande - PB e de

anteceder os festejos do dia do professor as aulas retornam prosseguindo o curriacuteculo escolar

habitual

A temaacutetica geral discutida com os alunos do 4ordm ano foi ldquoGeografia da Paraiacuteba um

estudo atraveacutes da produccedilatildeo e leitura de mapas mentaisrdquo Conversei com os alunos sobre a

importacircncia dos mapas em seu cotidiano se jaacute haviam usado este recurso dentro e fora da

escola quais assuntos os mapas tratavam recebi respostas como ldquoos continentesrdquo ldquoos

paiacutesesrdquo ldquoos bairrosrdquo ldquoos estados e capitaisrdquo entre outras Tentei relacionar a outros temas

como os mapas da previsatildeo do tempo apresentados no programas de TV

Nossa discussatildeo se baseou posteriormente na seguinte pergunta - Algueacutem sabe como

eacute realizado os mapas A turma indicou diferentes procedimentos o aluno 17 ressaltou - ldquoeacute

realizado a partir de uma visatildeo de cimardquo o aluno 11 por sua vez respondeu - ldquocom papel e

laacutepisrdquo entre outras respostas

Para conquistar os alunos e sua participaccedilatildeo nas aulas de Geografia propomos uma

representaccedilatildeo da sala de aula ressaltando algumas caracteriacutesticas dos mapas existentes Entre

os elementos destacados estava a lateralidade e distribuiccedilatildeo espacial dos moacuteveis na sala

Prestativos os alunos observavam com atenccedilatildeo as explicaccedilotildees dadas relacionando o espaccedilo

real da sala de aula com seu croqui Os estudantes eram agitados mas realizavam a atividade

com acircnimo

Iniciamos a atividade observando a sala de aula destacando o seu espaccedilo e os moacuteveis

presentes (carteiras mesa da professora estantes janelas e porta) Apoacutes listar os moacuteveis no

quadro alguns alunos foram chamados para mediar a dimensatildeo da sala a partir de passos

Relacionamos agrave quantidade de passos destes alunos a quantidade de quadrados presente na

folha de papel quadriculado entregue aos discentes Localizamos o lugar de cada aluno em

sala de aula aleacutem disso expliquei a importacircncia da escala geograacutefica e o motivo dos laacutepis e

livros natildeo fazerem parte desta representaccedilatildeo em consequecircncia dessa reduccedilatildeo

A professora regente jaacute havia usado mapas para discutir o tema sobre a cidade de

Campina Grande ndash PB isto facilitou consequentemente a construccedilatildeo destes croquis pelos

alunos A maioria dos estudantes apresentaram dificuldades com a identificaccedilatildeo de espaccedilos

211

em grande escala em alguns casos natildeo distinguiam a relaccedilatildeo de identidade (campinense

paraibano nordestino brasileiro) ou confundiam as escalas geograacuteficas

Partindo desta atividade realizamos uma atividade com o mapa mudo da regiatildeo

Nordeste do Brasil Este exerciacutecio tinha como objetivo revisar os assuntos jaacute trabalhados pela

professora Marta O mapa mudo foi utilizado enquanto recurso de avaliaccedilatildeo Observamos que

de iniacutecio os alunos tiveram ecircxito na distinccedilatildeo dos estados da regiatildeo Nordeste entretanto

houve dificuldades no que se refere a localizaccedilatildeo de alguns estados a exemplo do Piauiacute e

Pernambuco O que necessitaria de mais tempo para a discussatildeo deste trabalho A aula chega

ao fim e os alunos se preparam para ir para casa

Dia 21 de outubro de 2014

Esta aula foi iniciada com o teacutermino da atividade do dia 14 de outubro Os alunos por

meio de mapa mudo sobre a regiatildeo Nordeste do Brasil jaacute haviam identificado os estados e

capitais Aleacutem disso localizado a Regiatildeo Nordeste no mapa do Brasil apresentado na mesma

folha Neste momento os alunos foram questionados a respeito da localizaccedilatildeo das regiotildees

brasileiras

Durante a explicaccedilatildeo associei os pontos cardeais (Norte Sul Leste e Oeste) as regiotildees

brasileiras Os alunos aparentemente tinham noccedilotildees sobre o assunto Busquei apresentar para

os alunos que a orientaccedilatildeo por meio da rosa dos ventos possibilita evitar confusotildees como a

tomada de posiccedilatildeo do observador no que se refere agrave localizaccedilatildeo dos objetos representados e

que o uso de noccedilotildees espaciais como frente atraacutes direita e esquerda pode confundir a leitura

do mapa visto que satildeo paracircmetros relativos

As explicaccedilotildees durante o processo de localizaccedilatildeo foram trabalhadas por meio do uso

de um mapa mural da regiatildeo Nordeste do Brasil Para a visualizaccedilatildeo e acompanhamento das

minhas explicaccedilotildees logo apoacutes recolhi o mapa mural para continuaccedilatildeo da atividade

Os alunos pintavam os estados em seu mapa e atribuiacuteam a mesma cor na legenda do

mapa mudo eles ficaram livres para escolher as cores desde que natildeo distinguissem na relaccedilatildeo

estado-legenda No decorrer da atividade fui questionado sobre o uso de cores semelhantes

visto que os alunos haviam percebido isso no mapa mural Expliquei que embora o mapa

apresenta-se cores semelhantes a exemplo do roxo a tonalidade era diferente permitindo

diferenciar estados como o Piauiacute Sergipe e Alagoas

212

Atraveacutes desta duacutevida que pouco a pouco se tornava comum entre os discentes

expliquei que havia outras maneiras de diferenciar os estados pintados a teacutecnica de hachura81

era uma delas Alguns estudantes chegaram a traccedilar riscos em alguns estados em sentido

vertical ou horizontal destacando as informaccedilotildees equivalentes na legenda

Apoacutes a introduccedilatildeo destes princiacutepios baacutesicos da realizaccedilatildeo e leitura dos mapas

discutiacuteamos paralelamente o posicionamento da Paraiacuteba com os estados vizinhos comparando

o tamanho do territoacuterio a localizaccedilatildeo das praias populaccedilatildeo de alguns estados o que

possibilitaria a conexatildeo para o proacuteximo assunto

04 de Novembro de 2014

Iniciamos a terceira aula com uma introduccedilatildeo sobre o Estado da Paraiacuteba ressaltamos

algumas curiosidades sobre os aspectos fiacutesicos poliacuteticos e culturais Os alunos foram

indagados sobre os municiacutepios que jaacute conheciam desse modo relacionamos as mesorregiotildees

da Paraiacuteba que jaacute haviam visitado

Neste dia comeccedilamos a aula apoacutes a chamada realizada pela professora regente Apoacutes

alguns instantes pergunto aos alunos conceitos que haviacuteamos discutido na aula anterior e se

por ventura sabiam explicaacute-los Apoacutes realizar algumas consideraccedilotildees sobre os assuntos jaacute

abordados os alunos mostravam-se atentos

Durante as explicaccedilotildees realizava alguns desenhos no quadro o que consequentemente

chamava a atenccedilatildeo dos alunos No instante que escrevia no quadro branco algumas

explicaccedilotildees e noccedilotildees conceituais sobre as mesorregiotildees (Mata paraibana Borborema Agreste

paraibano e Sertatildeo paraibano) percebi que ato natildeo agradou a turma Este fato pode estar

relacionado ao uso excessivo do quadro pela professora Marta visto que segundos os alunos

a coacutepia era uma accedilatildeo comum nas aulas Apesar disso resolvi relacionar a escrita com a

produccedilatildeo de alguns desenhos o que despertou o interesse da maioria dos alunos Mais tarde

no horaacuterio do recreio a professora Marta relata - ldquoAh os alunos gostam quando tecircm uma

aula diferenterdquo

Aleacutem disso utilizamos o atlas escolar da Paraiacuteba os alunos foram chamados a localizar

as mesorregiotildees estudadas aleacutem de estudar sua orientaccedilatildeo espacial Mediante a associaccedilatildeo da

rosa dos ventos a maioria dos alunos conseguiu realizar a leitura dos mapas identificando a

mesorregiatildeo tratada e sua localizaccedilatildeo conseguindo aleacutem disso indicar as direccedilotildees de uma

em relaccedilatildeo a outra (ex Mata paraibana a leste do Agreste paraibano)

81 Eacute uma teacutecnica utilizada para criar efeitos de tons ou sombras a partir do desenho de linhas paralelas proacutexima eacute

usado comumente em mapas existentes para diferenciar as informaccedilotildees

213

Dadas agraves explicaccedilotildees partimos para a elaboraccedilatildeo de um novo mapa mudo desta vez

referente as mesorregiotildees da Paraiacuteba Os alunos realizaram a atividade destacando a

orientaccedilatildeo espacial por meio da rosa dos ventos destacaram o nome dos estados vizinhos (Rio

Grande do Norte Pernambuco e Cearaacute) aleacutem do Oceano Atlacircntico desenvolveram a legenda

e nomearam seus mapas com um tiacutetulo

Os alunos natildeo se utilizaram de modelos para realizaccedilatildeo dessa atividade entretanto

auxiliava-os sempre que necessaacuterio outros natildeo queriam auxiacutelio alguns pretendiam apenas

terminar a atividade contando os minutos de voltar para casa

No final da aula entregamos a cada um dos estudantes um mapa de localizaccedilatildeo da

Paraiacuteba com destaque as principais rodovias e rios da Paraiacuteba82 pedi aos alunos que colassem

esse material no caderno e que procurassem nele os principais rios da paraiacuteba visto que seria

o tema da proacutexima aula

10 de Novembro de 2014

Ao avaliarmos os mapas mudos produzidos pelos alunos na aula anterior notamos que

alguns confundiram os estado do Rio Grande do Norte com o Cearaacute outros por sua vez

esqueceram de indicar os pontos cardeais dessa forma devolvemos os mapas mudos das

mesorregiotildees da Paraiacuteba e auxiliamos a correccedilatildeo destas informaccedilotildees

Eventualmente realizamos as aulas na terccedila-feira mas por ventura de outras

atividades da escola alteramos para a segunda-feira Diante disso o nuacutemero de alunos que

participaram desta aula foi reduzido aleacutem disso outros participavam de atividades

extracurriculares realizada na escola trecircs alunas se ausentaram da sala

A terceira aula discutiu a influecircncia dos rios na vida da populaccedilatildeo paraibana e as

modificaccedilotildees espaciais Recorremos ao mapa entregue na aula anterior e expliquei a

influecircncia dos rios e o trabalho humano na transformaccedilatildeo da paisagem urbana e rural

Destacamos ainda a presenccedila dos dois principais rios da Paraiacuteba o Piranhas ou Accedilu e o Rio

Paraiacuteba o qual alimenta o Accedilude Epitaacutecio Pessoa (tambeacutem conhecido como accedilude de

Boqueiratildeo) localizado no municiacutepio de Boqueiratildeo O accedilude de Boqueiratildeo chamou a atenccedilatildeo

dos alunos visto que eacute de laacute que proveacutem o abastecimento de aacutegua em Campina Grande

Diante dessa dinacircmica realizamos a leitura de um texto que se referia ao Canal Riacho

das Piabas que fica a oeste da escola na Avenida Januacutencio Ferreira Foi oportuno relacionar

82 O mapa entregue aos alunos corresponde a uma representaccedilatildeo da Paraiacuteba indicada a alunos entre 7 a 12 anos

de idade disponiacutevel no site do IBGE lt http7a12ibgegovbrimages7a12estadosparaibapdf gt Acesso em

111114

214

uma accedilatildeo que outrora parecia abstrata imaginaria ao cotidiano dos alunos Muitos estudantes

natildeo sabiam que o canal que passava ao lado da escola era na verdade um curso drsquoaacutegua

enxergavam o canal das Piabas como um coacuterrego de esgoto Outros estudantes achavam

impossiacutevel haver rios dentro da cidade admitiam apenas a presenccedila de accediludes visto que entre

os cartotildees postais da cidade de Campina Grande estaacute o Accedilude Velho primeira fonte de

abastecimento da cidade

Apresentei fotos antigas da cidade e outras atuais que apresentavam o riacho das

Piabas questionei os alunos sobre a importacircncia do uso da aacutegua em seu cotidiano eles

responderam que usavam a aacutegua para o uso domeacutestico (lavar louccedila tomar banho preparar a

alimentaccedilatildeo etc) Mencionei que a aacutegua de riachos rios e accediludes poderiam ser utilizada para

a agricultura induacutestria e pecuaacuteria

Estudamos tambeacutem a importacircncia da preservaccedilatildeo das encostas dos percursos de aacutegua

dando exemplos reais de aacutereas de riscos em bairros proacuteximos a escola como a Conceiccedilatildeo e

Louzeiro explicando a influecircncia do solo e dos periacuteodos de cheia do riacho das Piabas em

determinadas estaccedilotildees do ano

Foi motivador o uso deste exemplo Quando falaacutevamos da comunidade da Rosa

Miacutestica e de algumas enchentes que jaacute haviam acontecido neste momento o aluno 12 se

levanta e fala - ldquoProfessor eacute o BG natildeo eacute Logo a professora Marta responde - ldquoO que eacute BG

meninordquo Aluno 12 - ldquoSabe natildeo professora Buraco da Gia professorardquo Achei cocircmica a

situaccedilatildeo adverti o aluno que a sigla seria BJ pois Jia se escrevia com a letra ldquoJrdquo e natildeo com

ldquoGrdquo Expliquei tambeacutem os motivos que levaram a mudanccedila de nome para Rosa Miacutestica Notei

que muitos alunos tinham preconceitos relacionados a este lugar estereoacutetipos como um lugar

violento desorganizado favelado entre outros Diante disso fiz algumas ressalvas sobre as

condiccedilotildees sociais do lugar Deste modo finaliza-se mais uma aula

26 de Novembro de 2014

Iniciamos a aula retomando a discussatildeo sobre o texto do Canal das Piabas dessa vez

havia um nuacutemero maior de alunos Apoacutes lermos o texto pedi que os estudantes grifassem as

palavras desconhecidas Entre as duacutevidas estava o conceito de riacho rio cachoeira e canal

Identifiquei e exemplifiquei cada um dos conceitos lembrando a diferenccedila entre os rios

(Paraiacuteba e Piranhas) ou o canal riacho das Piabas pedi tambeacutem que os alunos registrassem as

observaccedilotildees em seus cadernos

Expliquei aos alunos que a nossa atividade consistiria em uma representaccedilatildeo do trajeto

do canal das Piabas ateacute o Accedilude Velho mas que para isso deveriacuteamos inicialmente destacar

215

os principais referenciais geograacuteficos destacados no texto para localizarmos na maquete que

seria construiacuteda

Os estudantes atenderam todas as orientaccedilotildees Analisamos inicialmente o mapa mural

da cidade de Campina Grande que foi colocado em cima da mesa Localizamos os pontos de

referecircncia e realizamos a delimitaccedilatildeo da escala geograacutefica que utilizariacuteamos Em seguida

expomos o mapa mural na parede da sala de aula e distribui imagens de sateacutelite e mapas que

apresentavam o recorte espacial de nosso objeto de estudo Organizei os alunos em

subequipes que auxiliaram na montagem da maquete mental

Enquanto uns traccedilavam as ruas outros escreviam o nome dos bairros ou realizavam

alguma pinturas destacando aacutereas de mata ou a rede hidrograacutefica Com o termino desta etapa

coloquei as peccedilas do jogo ldquobrincando de engenheirordquo em cima da mesa todos se animaram

com a possibilidade de ldquocolocar as casinhasrdquo no lugar Pedi que olhassem mais uma vez para

as imagens de sateacutelite e contassem sobre o que percebiam da paisagem dos bairros sobre a

presenccedila de aacutereas mais verticalizadas (preacutedios) e mais horizontalizadas (casas e pequenos

comeacutercios como bodegas bares pequenos mercados) Distribuiacuteram tambeacutem carros de

brinquedo pelo trajeto simulando o tracircnsito da cidade

Aos poucos os alunos foram montando as casas disseram que no Accedilude Velho haveria

mais preacutedios e nos bairros mais perifeacutericos a presenccedila marcante seria de casas Logo apoacutes

pedi que colocassem alguns discos de orientaccedilatildeo com a rosa dos ventos Alguns confundiram-

se na orientaccedilatildeo espacial os lembrei que a nascente do Canal das Piabas situava-se ao norte

Quando terminamos esta fase pedi que os alunos comparassem o mapa mural as

imagens de sateacutelite e a maquete mental eles notaram diferenccedilas na presenccedila dos objetos como

os carros (relatei que geralmente os carros natildeo fazia parte das representaccedilotildees dos mapas em

decorrecircncia de serem elementos moveis no espaccedilo tal como as pessoas dificultando traccedilar sua

localizaccedilatildeo exata) Notaram em poucos casos a mudanccedila de perspectiva (lateral horizontal e

obliacutequa) entre os mapas e a maquete mental Em sequecircncia pedi que fosse realizado um mapa

mental individualmente e que para isso poderiam consultar a maquete mental Proacuteximo ao

final da aula realizei uma legenda para o mapa e expomos a atividade na parede expliquei que

a maquete seria agora um mapa mural realizado pela turma do 4ordm ano

10 de Dezembro de 2014

Neste meio tempo a professora pediu que desenvolvesse uma proposta para a

sua avaliaccedilatildeo final de Geografia entreguei a proposta da construccedilatildeo de um mapa mental que

apresentasse os principais rios do Estado da Paraiacuteba rio Piranhas e Paraiacuteba Neste dia foi

216

realizado entrevistas com os alunos do 4ordm ano Na ocasiatildeo foi entregue o questionaacuterio de

perguntas sobre o projeto e tambeacutem o termo de consentimento como sujeito da pesquisa para

a professora Marta

TURMA DO 5ordm ANO

09 de Outubro de 2014

A pesquisa realizada com alunos e a professora Beatriz do 5ordm ano eacute iniciada na semana

do dia das crianccedilas amanhatilde aconteceraacute um festejo com recitais danccedilas e cinema na escola

De todo forma as aulas prosseguem normalmente o que possibilitou o iniacutecio da pesquisa que

tecircm como temaacutetica ldquoSaberes cartograacuteficos discutindo a regionalizaccedilatildeo brasileirardquo

Comecei a aula perguntando quais eram os recursos cartograacuteficos conhecido pelos

alunos eles responderam os mapas o globo terrestre e a buacutessola Apresentei diferentes

mapas murais e mostrei que eles poderiam variar em decorrecircncia do seu tema (mapa do Brasil

poliacutetico ou fiacutesico) ou de sua escala (Mapa mundo mapa do continente americano) Os

estudantes apontavam as informaccedilotildees encontradas geralmente nestes mapas como o nome e

localizaccedilatildeo dos oceanos continentes paiacuteses etc Participativos ateacute mesmo os mais tiacutemidos

verbalizaram o assunto quando questionados

A professora Beatriz auxiliou e colaborou a todo o momento com as explicaccedilotildees

realizadas em sala de aula Recordamos assuntos ministrados pela professora regente como a

relaccedilatildeo da orientaccedilatildeo espacial e o movimento de rotaccedilatildeo do planeta Terra As observaccedilotildees

eram apresentadas mediante o uso de um globo terrestre e registradas no quadro branco os

alunos foram solicitados a anotarem em seus cadernos

Apresentamos alguns atlas escolares que apresentavam introduccedilotildees sobre o uso da

rosa dos ventos da importacircncia da legenda Os alunos pareciam aacutegeis na localizaccedilatildeo e leitura

das informaccedilotildees presentes no mapa mundo Em decorrecircncia das festividades da semana

tivemos que terminar a aula antes do horaacuterio normal mas informei aos alunos que na proacutexima

aula realizariacuteamos algumas atividades relacionadas as aulas de Geografia os alunos

demonstraram-se felizes

Dia 15 de outubro de 2014 - Dia dos professores

A escola adiou o feriado do dia dos professores contudo a professora Beatriz havia

marcado uma consulta ao meacutedico neste dia ela estava preocupada em adiar as atividades do

217

projeto em decorrecircncia da entrega do preacutedio (escola) agrave justiccedila eleitoral em decorrecircncia das

eleiccedilotildees deste ano Apoacutes conversarmos com a diretora tive a permissatildeo de substitui-la e

prosseguir com a execuccedilatildeo do projeto

Ao entrar na classe os alunos estavam realmente contentes e jaacute sabiam que a

professora natildeo viria neste dia Muitos queriam aproveitar a ocasiatildeo para fazer bagunccedila

entretanto com a permissatildeo da coordenadora pedagoacutegica e da diretora Rosacircngela pude

chamar atenccedilatildeo dos alunos o que foi necessaacuterio em alguns casos

A professora regente jaacute havia trabalhado os assuntos referentes ao processo de

regionalizaccedilatildeo e as regiotildees do Brasil (Norte e Nordeste) entretanto ao trabalhar o mapa

mudo das regiotildees brasileiras (mapa mudo) com os alunos observei que eles apresentavam

dificuldades para compreender a linguagem cartograacutefica e localizar as regiotildees Havia

entregado naquela ocasiatildeo uma lista com o nome dos Estados e capitais as respectivas siglas

e qual regiatildeo estes estados pertenciam

Notei que os alunos jaacute possuiacuteam informaccedilotildees baacutesicas sobre o tema ldquoO Brasil tecircm 26

estados e o Distrito Federalrdquo (Aluno 31) ldquoBrasiacutelia fica no Distrito Federal professorrdquo (Aluno

39) ldquoA gente mora na Paraiacutebardquo (Aluno 22) ldquoEu nasci em Satildeo Paulordquo (Aluno 46) etc

Entretanto apoacutes o iniacutecio da atividade a comoccedilatildeo foi geral ldquoprofessor essa tarefa eacute muito

difiacutecilrdquo Embora more na regiatildeo Nordeste e em sua maioria soubessem qual Estado

correspondiam agrave Paraiacuteba poucos apontavam os estados que faziam limite com este territoacuterio

Minha conclusatildeo foi que embora dominassem o nome dos lugares natildeo associavam o lugar agrave

regiatildeo pertencente por exemplo indicar que Piauiacute localiza-se no Nordeste ou que Satildeo Paulo

esteja a sudeste

Entendo que o processo de regionalizaccedilatildeo tecircm que ter algum significado sentido e

comeccedilo a perceber a importacircncia das ideias de Ausubel e Vigotski83 para o desenvolvimento

dessa missatildeo Talvez ao se utilizar pontos de ancoragem os estudantes possam resgatar e (re)

significar os conteuacutedos ministrados pela professora regente Os alunos jaacute dominavam com

certa astucia os estados da Regiatildeo Norte A professora jaacute havia ministrado este conteuacutedo nas

uacuteltimas aulas de Geografia Os alunos tecircm assim algumas noccedilotildees jaacute desenvolvidas mas esta

visatildeo geral dos estados a exemplo do Nordeste regiatildeo que habita deve ser reforccedilada por

outras propostas de atividades

Mediante estaacute dificuldade no final da tarde foi proposta a atividade de baleada

geograacutefica (semelhante ao jogo de queimado ou baleada tradicional) no paacutetio aberto da escola

83 Neste momento me refiro as ideias estudadas na seguinte obra bibliograacutefica BOCK Ana M B FURTADO

Odair TEIXEIRA Maria de L T Psicologias uma introduccedilatildeo ao estudo de psicologia 14ordf ed Satildeo Paulo

Saraiva 2008

218

Os alunos foram divididos em quatro grupos cada um correspondente a um ponto cardeal

(norte sul leste e oeste) Orientamos a localizaccedilatildeo dos grupos com o uso de um bussola

marcamos os pontos no chatildeo e iniciamos a brincadeira

Dava os comando da trajetoacuteria da bola indicando as direccedilotildees (ex grupo norte jogue a

bola no grupo oeste) Ao final da brincadeira observamos o pocircr do sol e entatildeo relacionamos

que a orientaccedilatildeo espacial poderia ser realizada a partir dele e que muitos lugares a exemplo

das regiotildees brasileiras referenciam esta orientaccedilatildeo espacial Mesmo apoacutes o uacuteltimo sinal alguns

alunos queriam continuar a brincadeira avisei que teriacuteamos que terminar pois a escola seria

fechada e alguns pais jaacute estavam a sua espera

05 de Novembro de 2014

A proposta da aula foi agrave realizaccedilatildeo dos mapas mentais levando considerando os

conhecimentos sobre regiatildeo e regionalizaccedilatildeo do Brasil Os alunos foram instruiacutedos a respeito

de quais informaccedilotildees deveriam relacionar ao mapa construiacutedo Com base em uma ficha sobre

informaccedilotildees sobre sua identidade (filiaccedilatildeo cidade natal entre outros) os alunos foram

chamados a representar o Brasil levantando questotildees como o nome dos estados e capitais

quando sabido a orientaccedilatildeo espacial e o uso da legenda

A atividade levava em conta a mobilizaccedilatildeo das habilidades voltadas a construccedilatildeo de

mapas das aulas anteriores por exemplo a dimensatildeo espacial dos estados o uso da legenda

como elemento agregador de significado e a importacircncia da orientaccedilatildeo espacial Todas as

etapas foram escritas no quadro Para os alunos que permaneciam com duacutevidas dava

orientaccedilotildees individuais tambeacutem acompanhei a confecccedilatildeo dos esboccedilos

Foi explicado aos alunos que neste momento eles deveriam realizar a atividade sem

nenhuma consulta disseram que natildeo seria possiacutevel desse modo concordamos que eles

poderiam utilizar apenas a lista de estados e capitais entregue na aula anterior

Inicialmente os alunos mostraram-se preocupados com a esteacutetica do mapa se iria

aproximar-se ou natildeo dos mapas existentes Expliquei que isto natildeo era o objetivo da

atividade mas demonstrar seus conhecimentos sobre a regionalizaccedilatildeo brasileira Frases como

ldquoNatildeo tocirc entendendo nadardquo (Aluno 24) ldquoNatildeo sei desenharrdquo (Aluno 27) ldquoNatildeo vou fazer isso

natildeordquo (Aluno 22) estiveram no processo do desenvolvimento do trabalho mas no final e com

um pouco de paciecircncia todos finalizaram seus mapas mentais

Outros estudantes procuravam aleacutem de representar verbalizar seus conhecimentos

acerca do mapa elaborado Os grupos se formavam voluntariamente os alunos discutiam

219

buscavam estrateacutegias em alguns casos chegavam a procurar os mapas desenvolvidos nas

aulas anteriores mesmo com o aviso de natildeo utilizaacute-los nestes casos pedi que o guardassem

Observavam e comparavam os seus mapas e se questionavam quem estaria mais

certo Houve o meu auxiacutelio e da professora Beatriz na confecccedilatildeo das representaccedilotildees o que

motivou o desenvolvimento da atividade em alguns casos

13 de Novembro de 2014

Alguns problemas foram observados mediante a anaacutelise dos mapas mentais Na ficha

entregue aos alunos para o desenvolvimento dos mapas mentais e na representaccedilatildeo do aluno

43 houve a confusatildeo entre o que seria os estados brasileiros e outros paiacuteses (Itaacutelia Japatildeo

Meacutexico entre outros) Alguns discentes pareciam se atrapalhar na referecircncia a escalas

geograacuteficas que variam do lugar ao contexto mundial

Como estrateacutegia para discutir esta questatildeo recorri a algo que acreditei que agradaria a

todos a realizaccedilatildeo da copa do mundo no Brasil Passando a distinguir o que eacute paiacutes estado e

Distrito Federal por meio dos estaacutedios e arenas dos jogos e as seleccedilotildees que participaram deste

evento

A atividade do dia apresentou dois esboccedilos cartograacuteficos O primeiro apresentava os

estaacutedios e arenas de futebol e a outra a localizaccedilatildeo das capitais brasileiras onde ocorreram as

partidas Comparamos e relacionamos este material com o objetivo de compreender a

distribuiccedilatildeo espacial dos estaacutedios a partir da anaacutelise regional dando enfoque agrave regiatildeo

Nordeste e Centro-Oeste

Expliquei aos alunos que era necessaacuterio distinguir as escalas geograacuteficas entatildeo

estruturamos da seguinte forma Onde se localiza os estaacutedios e arenas de futebol Nas

capitais cidades brasileiras Quais satildeo os estaacutedios encontrados na regiatildeo Nordeste e Centro-

Oeste Para qual seleccedilatildeo eles torceram durante a copa do mundo Quem jogou contra a

seleccedilatildeo brasileira e que paiacuteses eles representavam

Apoacutes esta atividade os alunos expressaram sua compreensatildeo da atividade com o mapa

mudo produzido sobre os estaacutedios arena que gostariam de visitar Os meninos apresentaram-

se mais motivados para a realizaccedilatildeo da atividade do que as meninas Uma das orientaccedilotildees era

que fosse escolhido apenas lugares relativos a regiatildeo Nordeste e Centro-Oeste A medida que

os alunos realizavam a leitura dos mapas existentes comparavam e traccedilavam o seu mapa

falando que um dia assistiria uma partida de futebol em algum desses campos

Mediante essa ponte introduzimos algumas consideraccedilotildees sobre a regiatildeo Centro-

Oeste principalmente dos biomas Cerrado e Pantanal em decorrecircncia da programaccedilatildeo

220

curricular e da cobranccedila da professora em ministrar tais conteuacutedo Para esta tarefa utilizamos

o livro didaacutetico fotografias aleacutem de um dos textos da atividade da copa do mundo realizar

esta ponte para discussatildeo

Aos poucos os alunos mostravam-se mais interessados pela temaacutetica o aluno 31 chega

a fazer o seguinte comentaacuterio - ldquoprofessor o pantanal parece um pacircntanordquo Sabiacuteamos que os

alunos nunca haviam visitado a regiatildeo Centro-Oeste em decorrecircncia do mapa da minha vida

realizado na aula anterior dessa forma tentamos realizar estas pontes entre os assuntos

24 de Novembro de 2014

Neste dia realizamos mais algumas consideraccedilotildees sobre o bioma pantanal e cerrado

explicando que eles assim como a caatinga (bioma nordestino) tem suas caracteriacutesticas e

problemas ambientais Em muitos casos em decorrecircncia da accedilatildeo do homem como a

agropecuaacuteria extensiva o uso de agrotoacutexicos poluiccedilatildeo de rios e nascentes caccedila predatoacuteria

entre outros

Os alunos contavam casos semelhantes presenciados em visita a familiares a outros

municiacutepios mais interioranos como o sertatildeo paraibano Eles contavam que seus tios ou avoacutes

natildeo usavam agrotoacutexicos em outros casos relatavam que o gado ficava dentro do cercado

Deste modo iniciamos a proposta relacionada ao mapa da regiatildeo Centro-Oeste os

alunos forma divididos em grupos eles escolheram as equipes mas em alguns casos sugeri os

integrantes do grupo com a finalidade de equilibrar os saberes de cada integrante

Durante o desenvolvimento da proposta foi permitido aos alunos realizarem pesquisas

ao livro didaacutetico84 Natildeo haviam mapas semelhantes a propostas dos mapas mentais pedidos

expliquei aos discentes que os mapas apresentados no livro didaacutetico poderiam servir como

modelo mas natildeo havia mapas prontos com a mesma temaacutetica

Mesmo com o referencial notei que alguns alunos tinham dificuldades em realizar

pesquisas selecionar as informaccedilotildees mais importantes e contextualiza-la com o objetivo da

aula Aleacutem disso muitos alunos me procuravam assim como a professora Beatriz para

esclarecer duacutevidas em certos casos desnecessaacuterias como com que cor pintar o estado de

Goiaacutes

Aos poucos senti que a turma ficava mais autocircnoma nas tomadas de decisotildees Em

alguns casos notei que as dificuldades se situavam natildeo na compreensatildeo dos temas estudados

na Geografia e sim a outras disciplinas escolares Observei que muitos estudantes tinham

84 Referecircncia do livro didaacutetico utilizado na escola MESTSU Juliana Projeto Buriti geografia 5ordm ano Satildeo

Paulo Moderna 2011

221

dificuldades na leitura e principalmente na interpretaccedilatildeo de textos No final da aula recolhi os

trabalhos e expliquei que voltaria para realizar uma entrevista com eles na proacutexima semana

05 e 10 de Dezembro de 2014

Nestas datas foram realizado entrevistas com os alunos do 5ordm ano Na ocasiatildeo foi

entregue o questionaacuterio de perguntas sobre o projeto e tambeacutem o termo de consentimento

como sujeito da pesquisa para a professora Beatriz Deixei duas coacutepias do termo de

consentimento com a gestora escolar Rosacircngela

ATIVIDADES POSTERIORES AO PROJETO DE PESQUISA

16 e 22 de dezembro de 2014

Recolhi os questionaacuterios e termos de consentimento da professora Marta e Beatriz

agradeci a elas e seus alunos por sua participaccedilatildeo na pesquisa Ainda no dia 16 de dezembro

iniciei a entrevista com a gestora escolar Rosacircngela entretanto tive que retornar no dia 22 de

dezembro para finalizar a nossa conversa No dia 22 de dezembro finalizei a pesquisa recolhi

o termo de consentimento e agradeci sua participaccedilatildeo na pesquisa

222

APEcircNDICE II ndash QUESTIONAacuteRIO DE PERGUNTAS PARA PROFESSORES

Universidade Federal da Paraiacuteba ndash UFPB

Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza ndash CCEN

Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geografia

ldquoMapas mentais para o ensino de Geografia praacuteticas e reflexotildees em uma escola de

Campina Grande ndash PBrdquo

QUESTIONAacuteRIO DE PERGUNTAS PARA PROFESSORES

A IDENTIFICACcedilAtildeO

Nome______________________________________________ idade ____________

B FORMACcedilAtildeO

1 Universidade curso (s) de graduaccedilatildeo e ano que se formou

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

2 Especializaccedilatildeo (otildees) e ano

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

3 Qual foram os temas do seu trabalho na graduaccedilatildeo (otildees) e especializaccedilatildeo (otildees)

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

____________________________________________________________

C EXPERIEcircNCIA PROFISSIONAL

4 Quais as seacuteries anos que jaacute lecionou Em que aacuterea

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

____________________________________________________________

5 Qual o tempo de experiecircncia profissional como professora

223

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

____________________________________________________________

6 Fez algum curso de formaccedilatildeo continuada voltada para o curso de Geografia

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

____________________________________________________________

D PRAacuteTICA PROFISSIONAL

7 Qual a maior dificuldade que vocecirc observa para o ensino-aprendizagem de Geografia para

os alunos dos anos iniciais do ensino Fundamental Explique

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

__________________________________________________

8 Como vocecirc organiza o trabalho e efetiva sua praacutetica em sala de aula

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

__________________________________________________

E SOBRE A EXECUCcedilAtildeO DA PESQUISA

9 Em sua opiniatildeo qual a importacircncia de se ensinar Geografia Explique

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

__________________________________________________

10 Observou alguma mudanccedila na aprendizagem dos alunos durante e apoacutes a realizaccedilatildeo da

oficina sobre mapas mentais Quais Explique

224

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

____________________________________________

11 Qual o ponto positivo destacaria da proposta desta pesquisa E negativos

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

__________________________________________________

12 Quais suas sugestotildees para melhorar o trabalho com mapas mentais metodologicamente e

ou teoricamente com os alunos dos anos iniciais

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

Obrigado por sua participaccedilatildeo nesta pesquisa

David Luiz

225

APEcircNDICE III ndash PRANCHA PARA MAPA MENTAL

Universidade Federal da Paraiacuteba

Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza

Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado

Pesquisador David Luiz

Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira

Campina Grande data___________________________________

Disciplina Geografia Turma ___ ano

Prof _________________________________________________

Nome_______________________________________________________________________________ Idade______________________

226

APEcircNDICE IV ndash TEXTO CANAL DAS PIABAS

Universidade Federal da Paraiacuteba

Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza

Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado

Pesquisador David Luiz

Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira

Campina Grande data___________________________________

Disciplina Geografia Turma 4ordm ano

Prof _________________________________________________

Nome________________________________________________

PROJETO DE EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL ATRAVEacuteS DO

ESTUDO HISTOacuteRICO-GEOGRAacuteFICO E ECOLOacuteGICO

DA BACIA DO RIACHO DAS PIABAS (CANAL)

Campina Grande ndash Paraiacuteba

A presenccedila de aacutegua potaacutevel em quantidade

suficiente para as necessidades humanas

tem sido a grande preocupaccedilatildeo de ecologistas

teacutecnicos e educadores que se preocupam com a

educaccedilatildeo ambiental nesta fase final do seacuteculo XX

Aacute aacutegua eacute primordial para o homem para o

atendimento de suas necessidades vitais

(alimentaccedilatildeo bebida higiene e limpeza)

por isso devemos preocupar-nos com a

preservaccedilatildeo de cursos daacutegua bem como com

os aspectos qualidade e quantidade e despoluiccedilatildeo

O Riacho das Piabas tem sua nascente no siacutetio

Covatildeo eacute represado nas granjas do Dr Mauriacutecio

Almeida apoacutes as represas eacute totalmente poluiacutedo

por lixo detritos diversos e esgotos indo em

seguida para o Canal (Canal das Piabas)

Percebe-se com o fato observado que aacuteguas que

227

poderiam ser utilizadas por um grande nuacutemero

de pessoas satildeo simplesmente desperdiccediladas

Do ponto de vista histoacuterico o Riacho das Piabas

teve seu papel no atendimento agraves necessidades da

populaccedilatildeo em eacutepocas em que Campina Grande

era simplesmente povoado e pequena cidade

geograficamente

O riacho estaacute localizado na parte norte de

Campina Grande passando pelas granjas do Dr

Mauriacutecio Almeida tendo continuidade no Canal

que comeccedila entre o Alto Branco e a Rosa Miacutestica

passando pelo Ponto Cem Reacuteis e separando o

Centro do Alto Branco Santo Antonio e Joseacute

Pinheiro havendo uma bifurcaccedilatildeo que vai para

o Accedilude Velho e outra parte para o bairro da

Cachoeira

Fonte httpeducarscuspbrbiologiapb_camphtml

Orientaccedilotildees para realizaccedilatildeo do mapa mental

Desenhe um mapa considerando as informaccedilotildees

presentes no texto para isto sua representaccedilatildeo

deveraacute conter

1 Representar o curso do Canal Riacho das

Piabas do seu ponto inicial ateacute o ponto

final relatado no texto

2 Localizar os bairros e lugares (comeacutercio

serviccedilos escolas) em seu mapa

3 Localizar onde podemos encontrar as

pontes e acessos entre os bairros relatados

4 Orientar seu mapa atraveacutes do uso da rosa-

dos-ventos

5 Construir a legenda

228

APEcircNDICE V ndash MAPA MUDO DA REGIAtildeO NORDESTE Universidade Federal da Paraiacuteba

Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza

Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado

Pesquisador David Luiz

Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira

Campina Grande data___________________________________

Disciplina Geografia Turma 4ordm ano

Prof _________________________________________________

Nome________________________________________________

COR ESTADO SIGLA DO ESTADO

Alagoas AL

Bahia BA

Cearaacute CE

Maranhatildeo MA

Paraiacuteba PB

Pernambuco PE

Piauiacute PI

Rio Grande do Norte RN

Sergipe SE

Legenda

229

APEcircNDICE VI ndash MAPA MUDO DAS MESORREGIOtildeES DA PARAIacuteBA

Tiacutetulo_________________________________________________________________

__

Rosa dos ventos

Universidade Federal da Paraiacuteba

Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza

Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado

Pesquisador David Luiz

Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira

Campina Grande

data___________________________________

Disciplina Geografia Turma 4ordm ano

Prof

______________________________________________

___

Nome_________________________________________

_______

Campina Grande data___________________________________

Disciplina Geografia Turma 4ordm ano

Prof _________________________________________________

Nome________________________________________________

LEGENDA

230

APEcircNDICE VIII ndash QUESTOtildeES DA PROVA

Universidade Federal da Paraiacuteba

Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza

Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado

Pesquisador David Luiz

Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira

Campina Grande data___________________________________

Disciplina Geografia Turma 4ordm ano

Prof _________________________________________________

Nome________________________________________________

EXERCIacuteCIO DE VERIFICACcedilAtildeO DE GEOGRAFIA

Leia o texto abaixo

Rio Piranhas e Paraiacuteba aacuteguas paraibanas

Os principais rios do estado da Paraiacuteba satildeo o rio Piranhas e o Paraiacuteba O

rio Piranhas eacute o maior rio da Paraiacuteba ele nasce na mesorregiatildeo do sertatildeo

paraibano e ldquocorrerdquo em direccedilatildeo ao Rio Grande do Norte O rio Paraiacuteba eacute

totalmente paraibano Nasce no municiacutepio de Monteiro na mesorregiatildeo da

Borborema A foz lugar onde o chega fica no municiacutepio de Cabedelo O

rio Paraiacuteba desaacutegua no oceano Atlacircntico

Represente as informaccedilotildees deste texto por meio de um mapa mental para

isto vocecirc deveraacute seguir os seguintes passos

1 Desenhar o estado da Paraiacuteba e suas quatro mesorregiotildees (Mata

paraibana Agreste paraibano Borborema e Sertatildeo paraibano)

2 Escrever o nome dos lugares que fazem limite com o estado da

Paraiacuteba (estados e o Oceano Atlacircntico)

3 Desenhar o percurso dos rios apresentados no texto (Piranhas e o

Paraiacuteba)

4 Orientar seu mapa atraveacutes da rosa dos ventos

231

APEcircNDICE VIII ndash LISTA DE CAPITAIS E ESTADOS

Universidade Federal da Paraiacuteba

Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza

Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado

Pesquisador David Luiz

Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira

Campina Grande data___________________________________

Disciplina Geografia Turma 4ordm ano

Prof _________________________________________________

Nome________________________________________________

LISTA DE ESTADOS E CAPITAIS

Estado Sigla Capital Regiatildeo

Distrito Federal DF Brasiacutelia Centro-Oeste

Goiaacutes GO Goiacircnia Centro-Oeste

Mato Grosso do Sul MS Campo Grande Centro-Oeste

Mato Grosso MT Cuiabaacute Centro-Oeste

Alagoas AL Maceioacute Nordeste

Bahia BA Salvador Nordeste

Cearaacute CE Fortaleza Nordeste

Maranhatildeo MA Satildeo Luiacutes Nordeste

Paraiacuteba PB Joatildeo Pessoa Nordeste

Pernambuco PE Recife Nordeste

Piauiacute PI Teresina Nordeste

Rio Grande do Norte RN Natal Nordeste

Sergipe SE Aracaju Nordeste

Acre AC Rio Branco Norte

Amazonas AM Manaus Norte

Amapaacute AP Macapaacute Norte

Paraacute PA Beleacutem Norte

Rondocircnia RO Porto Velho Norte

Roraima RR Boa Vista Norte

Tocantins TO Palmas Norte

Espiacuterito Santo ES Vitoacuteria Sudeste

Minas Gerais MG Belo Horizonte Sudeste

Rio de Janeiro RJ Rio de Janeiro Sudeste

Satildeo Paulo SP Satildeo Paulo Sudeste

Paranaacute PR Curitiba Sul

Rio Grande do Sul RS Porto Alegre Sul

Santa Catarina SC Florianoacutepolis Sul

232

APEcircNDICE IX ndash MAPA BRASIL REGIOtildeES

Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira

Campina Grande ____de outubro de 2014

Professores David Luiz e Elane

Nome _________________________________________________________

233

APEcircNDICE X ndash ATIVIDADE BALEADA GEOGRAacuteFICA

Universidade Federal da Paraiacuteba

Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza

Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado

Pesquisador David Luiz

Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira

Campina Grande data___________________________________

Disciplina Geografia Turma 5ordm ano

Prof _________________________________________________

Nome________________________________________________

ATIVIDADE

Observe a foto e responda

1 Em qual dos grupos (Norte Sul Leste ou Oeste) vocecirc estava presente no dia desta

brincadeira Caso natildeo tenha participado indique um grupo que vocecirc gostaria de

participar

_______________________________________________________

2 Observe o mapa da baleada geograacutefica e responda

L

O

S N

234

A Em qual sentido a bola se direciona

_______________________________________________________

B Indique as trecircs proacuteximas direccedilotildees que a bola deveraacute tomar

1_____________________________________________________

2_____________________________________________________

3_____________________________________________________

3 Eacute um final de tarde vocecirc estaacute na rua de sua casa e natildeo tem uma buacutessola nem

tampouco um mapa como vocecirc poderia indicar os pontos cardeais (Norte Sul Leste e

Oeste) Explique

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

235

APEcircNDICE XI ndash MAPA MUDO DAS ARENAS E ESTAacuteDIOS DE FUTEBOL

Universidade Federal da Paraiacuteba

Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza

Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado

Pesquisador David Luiz

Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira

Campina Grande data___________________________________

Disciplina Geografia Turma 5ordm ano

Prof _________________________________________________

Nome________________________________________________

ATIVIDADE

Observe os mapas

Mapa 1 Estaacutedios da copa do mundo ndash Brasil 2014

Mapa 2 Capitais brasileiras onde se localizam os estaacutedios brasileiros

236

1 Quais destes estaacutedios ficam na regiatildeo Nordeste

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

2 Quais destes estaacutedios ficam na regiatildeo Centro-Oeste

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

3 Leia o texto abaixo

NEYMAR VENCE CAMAROtildeES COM GOL 100 E BRASIL PEGARAacute CHILE NAS

OITAVAS

Atacante compensa atuaccedilatildeo irregular da Seleccedilatildeo vira artilheiro da Copa vecirc fim do jejum de

Fred brilho de Fernandinho e desenha caminho do hexa

Neymar Mecacircnico Carrossel do Neymar Neymaacutequina Tiki-Neymar-Taka Haacute times que

entraram para a histoacuteria por seus estilos de jogo Essa Seleccedilatildeo poderaacute entrar para a histoacuteria por ter

Neymar Ateacute onde o Brasil chegaraacute na Copa do Mundo Ateacute onde Neymar permitir E daqui para

frente contra adversaacuterios mais poderosos exigir que o garoto leve um paiacutes nas costas eacute demais ateacute

para sua genialidade

Diante de Camarotildees e um puacuteblico de 69112 no Estaacutedio Nacional Maneacute Garrincha em Brasiacutelia

Neymar foi suficiente Ele venceu os africanos por 4 a 1 Sozinho Natildeo Luiz Gustavo se fez

gigante Felipatildeo ajudou muito ao trocar Paulinho por Fernandinho Fred voltou a marcar Mas na

hora da dificuldade do sofrimento foi o menino das mechas louras quem resolveu

Fonte Disponiacutevel em lt httpgloboesporteglobocomfutebolcopa-do-mundo gt Acesso em 01 11 15

2014 Eacute ANO DE COPA DO MUNDO DE FUTEBOL NO BRASIL

Brasiacutelia eacute uma cidade planejada localizada na regiatildeo Centro-Oeste do paiacutes que foi construiacuteda

para ser a Capital do Brasil O plano urbaniacutestico da capital conhecido como ldquoPlano Pilotordquo

foi elaborado pelo urbanista Luacutecio Costa Oscar Niemeyer foi o arquiteto

237

Considerada Patrimocircnio Mundial pela UNESCO devido ao seu conjunto arquitetocircnico e

urbaniacutestico

Com um veratildeo uacutemido e chuvoso e um inverno seco e relativamente frio com temperatura

meacutedia anual de 21ordmC

Brasiacutelia estaacute dentro do bioma Cerrado

Falando em futebol Os principais times satildeo o Brasiliense Futebol Clube e Sociedade

Esportiva do Gama

Brasiacutelia seraacute a sede que realizaraacute o jogo de Abertura da Copa de 2014

Fonte Disponiacutevel em lt httpamigasviajantescom20140313sedes-da-copa-2014braslia gt Acesso em 01

11 15

Vocecirc foi convidado por um amigo para assistir trecircs partidas de futebol em estaacutedios da regiatildeo

Nordeste e Centro-Oeste Construa um mapa com as informaccedilotildees desta viagem a partir da

silhueta do Brasil

ESTAacuteDIOS BRASILEIROS VISITADOS

238

Nome_________________________________________________________________

LEGENDA

239

ANEXOS

240

ANEXO I ndash FICHA DE ACOMPANHAMENTO DA ESCOLA MUNICIPAL LUacuteCIA

DE FAacuteTIMA GAYOSO MEIRA

Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira

Endereccedilo

Aluno (a)______________________________________________________________

Ciclo__________________________Turno__________Semestre____________2014

Ficha de acompanhamento

Sim Natildeo Em desenvolvimento

Assiduidade e pontualidade

Interesse pelo estudo

Participaccedilatildeo nas aulas

Responsabilidade com o material escolar

Realizaccedilatildeo das tarefas de casa e classe

Expressatildeo oral

Expressatildeo escrita

Leitura

Comportamento na escola

Organizaccedilatildeo

Relacionamento com os colegas e Adultos

Respeito as regras e normas da escola

______________________________________________________________________

Assinatura do responsaacutevel

241

ANEXO II ndash TERMO DE CONSENTIMENTO

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA

CENTRO DE CIEcircNCIAS EXATAS E DA NATUREZA

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM GEOGRAFIA

TERMO DE CONSENTIMENTO

O respeito agrave dignidade humana exige que toda pesquisa se processe apoacutes consentimento livre

e esclarecido dos sujeitos indiviacuteduos ou grupos que por si eou seus representantes legais

manifestem a sua concordacircncia agrave participaccedilatildeo Exige-se que o esclarecimento se faccedila em

linguagem acessiacutevel e que inclua os seguintes aspectos justificativa objetivos procedimentos

que seratildeo utilizados na pesquisa desconforto e riscos possiacuteveis que seratildeo utilizados na

pesquisa garantia de esclarecimentos ates e durante o curso da pesquisa sobre a

metodologia liberdade do sujeito em recusar-se a participar ou retirar seu consentimento em

qualquer fase da pesquisa sem penalidade alguma e sem prejuiacutezo ao seu cuidado garantia do

sigilo que assegure a privacidade dos sujeitos quanto aos dados confidenciais envolvidos na

pesquisa

CONSENTIMENTO DA PARTICIPACcedilAtildeO DA PESSOA COMO SUJEITO DA

PESQUISA

Vocecirc estaacute sendo convidado (a) para participar como voluntaacuterio em uma pesquisa Apoacutes ser

esclarecido (a) sobre as informaccedilotildees no caso de aceitar fazer parte do estudo assine ao final

deste documento que estaacute em duas vias Uma delas eacute sua e a outra eacute do pesquisador

responsaacutevel Em caso de recusa vocecirc natildeo seraacute penalizado de forma alguma

Eu__________________________________________________________RGnordm

____________________ CPF nordm_____________________concordo em participar do estudo

ldquoMapas mentais para o ensino de Geografia praacuteticas e reflexotildees em uma escola de

Campina Grande ndash PBrdquo como sujeito Fui devidamente informado e esclarecido pelo

pesquisador David Luiz Rodrigues de Almeida sobre a pesquisa os procedimentos nela

envolvidos assim como os possiacuteveis riscos e benefiacutecios decorrentes de minha participaccedilatildeo

242

Local e data___________________________________________________________

Nome da Escola_______________________________________________________

Assinatura do participante_______________________________________________

Assinatura do pesquisador_______________________________________________

Aos meus avocircs paternos e padrinhos de batismo Alice Alves e Luiacutes

Laurindo (in memorian) por me ensinarem o valor do trabalho e

acreditarem no meu potencial

Dedico esta assim como as demais conquistas os meus pais Gerusa

Rodrigues e Davy Alves e a minha irmatilde Giovanna Mayda Obrigado

pela paciecircncia pelo incentivo pela forccedila e principalmente pelo

carinho

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo ao meu orientador professor Dr Antonio Carlos Pinheiro pelas cordiais

conversas as leituras sugeridas e correccedilotildees realizadas ao longo das etapas da pesquisa aleacutem

disso a sua amizade e auxiacutelio para a construccedilatildeo desse estudo liccedilotildees que levarei para o resto

da vida

Aos professores e alunos da (poacutes) graduaccedilatildeo em Geografia do Laboratoacuterio de Estudos

e Pesquisas em Educaccedilatildeo Geograacutefica (LEPEG) da Universidade Federal de Goiaacutes em

especial ao professor Denis Richter tutor durante minha estada em Goiacircnia e grande

motivador da pesquisa sobre os mapas mentais

Ao professor Vanilton Camilo pela acolhida em sua casa assim como agrave professora

Odiones de Faacutetima pela gentil recepccedilatildeo em terras goianas Agrave professora Rusvecircnia Luiza por

abrir a porta de sua sala de aula e permitir que aprendesse com ela as potencialidades do

ensino de Geografia nos anos iniciais do Ensino Fundamental

Sou grato tambeacutem as professoras e demais profissionais da escola Luacutecia de Faacutetima

que permitiram a efetivaccedilatildeo dessa pesquisa Aos alunos envolvidos pela alegria cordialidade

e peripeacutecias que deram outro tom as propostas nas aulas de Geografia sujeitos essenciais

desse estudo torccedilo pelo sucesso de cada um deles

Aos potiguaras Luiz Eduardo Djanniacute e Rute por me acolherem em seu apartamento

em algumas ocasiotildees de estudo pelos momentos de diversatildeo e sobretudo pela amizade

Aleacutem deles a turma do mestrado em Geografia da UFPB do ano de 2013 desde os antigos

companheiros de graduaccedilatildeo da UEPB (Jessica Lima Jamerson e Izabelle) aos mais novos

parceiros Um agradecimento especial a Mocircnica Aires ldquoMoniquinhardquo pelas conversas

aconselhamentos e sua disposiccedilatildeo em sempre ajudar

Ao Grupo de Estudos e Pesquisas em Educaccedilatildeo Geograacutefica (GEPEG) da UFPB ao

professor Marcelo de Moura exemplo de profissional e pessoa aos integrantes e amigos

Adeni Alisson as trecircs Anas (Cristina Neacuteri e Paula) David de Abreu Eliane Guibson e

Jilyane Rouse

Aos meus professores da graduaccedilatildeo e de outros momentos de estudo na UEPB

Antonio Albuquerque Arthur Valverde Angelina Maria Jackeline Joatildeo Damasceno e a

professora Josandra Arauacutejo minha primeira orientadora de pesquisa e incentivadora

Aos professores doutores da banca de qualificaccedilatildeo Rafael Straforini e Christianne

Maria que auxiliaram na identificaccedilatildeo das potencialidades e limitaccedilotildees do trabalho com suas

significativas contribuiccedilotildees

Agradeccedilo ao professor Aderson e aos companheiros da escola hulong de kung fu por

ensinar o significado das palavras respeito lealdade honestidade coragem e disciplina

Aos mais novos amigos de Campina Grande que tive o prazer de conhecer nos

uacuteltimos anos Aline Dione Erivaacutegna Gleydson Jessica Santos Mayara e Nemo Obrigado

pela companhia e amizade em especial a Daniella (Dani) por sua alegria contagiante

A minha famiacutelia ao tio Vando grande geoacutegrafo aos meus avocircs maternos Maria Leni

e Joatildeo e a nova geraccedilatildeo dos Rodrigues que aos poucos comeccedilam a seguir na vida acadecircmica

Aos meus amigos de infacircncia Adriel e Rafael agradeccedilo por compreender a minha

ausecircncia nos uacuteltimos tempos pela torcida pelo sucesso no mestrado Estamos juntos

A Capes pelo auxiacutelio financeiro concedido durante a realizaccedilatildeo desse curso А todos

vocecircs que fizeram dessa caminhada uma transiccedilatildeo mais agradaacutevel A palavra mestre nunca

faraacute justiccedila аоs professores e amigos que teratildeo os meus eternos agradecimentos

Se um homem natildeo for forte ele natildeo inspiraraacute respeito Se natildeo for

culto natildeo teraacute firmeza Lealdade e boa-feacute satildeo para ele e para os

amigos que escolhe valores fundamentais Quando erra natildeo hesita

em corrigir o erro

Confuacutecio (551 ndash 479 a C) filoacutesofo chinecircs

RESUMO

Atualmente no Brasil os anos iniciais do Ensino Fundamental eacute composto por cinco anos (1ordm

ao 5ordm ano) Isso resulta segundo a legislaccedilatildeo num maior periacuteodo para a alfabetizaccedilatildeo dos

sujeitos que desde os seis anos de idade devem ingressar na escola Muito se tecircm investido na

alfabetizaccedilatildeo da Liacutengua materna (Portuguecircs) e da Matemaacutetica para a formaccedilatildeo baacutesica dos

alunos ateacute o 3ordm ano Por outro lado pouco se tem discutido sobre a progressatildeo desta

alfabetizaccedilatildeo nos anos subsequente A presenccedila da Geografia no curriacuteculo escolar pode

auxiliar a formaccedilatildeo dos sujeitos sua leitura de mundo ao destacar a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica

enquanto metodologia que busca pensar o espaccedilo geograacutefico desde o lugar ateacute outras escalas

espaciais Destacamos que a Cartografia Escolar que se dedica a investigar o uso dos mapas

nas praacuteticas de ensino de Geografia atribuem valor na produccedilatildeo e leitura dos mapas

realizados pelos proacuteprios alunos Este potencial eacute encontrado no uso dos mapas mentais

representaccedilotildees livres mas orientadas pelos docentes voltadas a inserccedilatildeo reflexatildeo e leituras

espaciais tratadas na escola Com base nesses apontamentos esta pesquisa objetiva investigar

as potencialidades e limitaccedilotildees do recurso mapa mental para o ensino-aprendizagem de

Geografia com alunos do 4ordm e 5ordm ano do Ensino Fundamental Para isso desenvolvemos a

nossa pesquisa na Escola Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira localizada na cidade de Campina

Grande ndash PB Paralelamente ao uso dos mapas mentais desenvolvemos atividades teoacutericas e

praacuteticas com a finalidade de motivar apresentar construir e refletir noccedilotildees conceituais e

habilidades com uma turma de 4ordm e outra de 5ordm ano Para realizaccedilatildeo desta pesquisa resgatamos

ainda as consideraccedilotildees da gestora escolar professoras e principalmente dos alunos

utilizando questionaacuterios e entrevistas Como resultados percebemos as leituras e

compreensotildees dos alunos em relaccedilatildeo a organizaccedilatildeo de diferentes escalas do espaccedilo

geograacutefico ora voltadas ao seu proacuteprio cotidiano ora aos conteuacutedos ministrados em sala de

aula Identificamos tambeacutem limites no que corresponde ao uso de conteuacutedos

descontextualizados e que se estes saberes natildeo estiverem relacionadas as praacuteticas cotidianas

natildeo haveraacute sentido em apreende-los o que consequentemente poderaacute resultar em retenccedilotildees ou

desmotivaccedilotildees acerca do se aprender Geografia nas escolas

Palavras- chave Ensino de Geografia Cartografia Escolar Alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica

Mapas mentais Anos Iniciais do Ensino Fundamental

ABSTRACT

Currently in Brazil the early years of primary education consists of five years (1st to 5th

grade) This results under the law a longer period for literacy of subjects from the age of six

should enter school Much has been invested in literacy Native language (Portuguese) and

mathematics for basic training of students to the 3rd year Moreover little has been discussed

about the progression of literacy in subsequent years The presence of Geography in the

school curriculum can aid the formation of the subjects their world of reading highlighting

the cartographic literacy as methodology to thinking the geographical space from the place up

other spatial scales We emphasize that the School Cartography which is dedicated to

investigate the use of maps in geography teaching practices attribute value in the production

and reading of maps made by the students themselves This potential is found in the use of

mind maps free representations but guided by teachers aimed at inclusion reflection and

spatial readings treated at school Based on these notes this research aims to investigate the

potential and limitations of the mental map resource for geography teaching and learning with

students of 4th and 5th year of elementary school For this we developed our research in the

School Lucia of Fatima Gayoso Meira in the city of Campina Grande - PB Parallel to the use

of mind maps developed theoretical and practical activities in order to motivate present build

and reflect conceptual notions and skills with a group of 4 and another 5 years For this

research also rescued the considerations of school management teachers and especially the

students using questionnaires and interviews As a result we see the readings and

understandings of the students regarding the organization of different scales of geographic

space now turned to their own daily life sometimes the contents taught in the classroom

Also identified limits corresponding to the use of decontextualized contents and that this

knowledge is not related daily practices there is no sense apprehends them which

consequently may result in withholding or discouragement about learning geography in

schools

Key words Geography Teaching School Cartography Cartographic literacy Mind maps

Years Elementary School Initials

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - FOCOS TEMAacuteTICOS DE PESQUISAS REALIZADAS NA AacuteREA DE

GEOGRAFIA ESCOLAR (1967 ndash 2003)

35

FIGURA 2 - MAPA VIVENCIAL MAPA DOS CHEIROS 52

FIGURA 3 - MAPA MENTAL DO TRAJETO CASA-ESCOLA 53

FIGURA 4 - MAPA DE LOCALIZACcedilAtildeO DA ESCOLA 83

FIGURA 5 - FACHADA DA ESCOLA MUNICIPAL LUacuteCIA DE FAacuteTIMA

GAYOSO MEIRA

84

FIGURA 6 - MAQUETE MAPA MENTAL CANAL DAS PIABAS 98

FIGURA 7 - CANAL DAS PIABAS EM PROXIMIDADE A ESCOLA 100

FIGURA 8 - PROCESSO DE REALIZACcedilAtildeO DA MAQUETE MENTAL 101

FIGURA 9 - PERSPECTIVAS DE OBSERVACcedilAtildeO DAS FORMAS ESPACIAIS 102

FIGURA 10 - MAPA MENTAL EM PERSPECTIVA VERTICAL REALIZADO

PELO ALUNO 04

105

FIGURA 11 - MAPA MENTAL EM PERSPECTIVA LATERAL REALIZADO

PELO ALUNO 05

111

FIGURA 12 - MAPA MENTAL DO ALUNO 14 COM DESTAQUE A ELEMENTOS

SINCRETICOS

110

FIGURA 13 - USO DAS TOPONIMIAS PELO ALUNO 01 114

FIGURA 14 - USO DE TOPONIMIAS PELO ALUNO 03 115

FIGURA 15 - MAPA MENTAL E A LOCALIZACcedilAtildeO DOS BAIRROS DECAMPINA

GRANDE PELO ALUNO 10

118

FIGURA 16 - MAPA MUDO REALIZADO BRASIL (REGIAtildeO NORDESTE)

REALIZADO PELO ALUNO 07

122

FIGURA 17 - MAPA MUDO DAS MESSOREGIOtildeES DA PARAIacuteBA REALIZADO

PELO ALUNO 01

122

FIGURA 18 - PERCEPCcedilAtildeO SEQUENCIAL DAS MESORREGIOtildeES

GEOGRAacuteFICAS DO ALUNO 08

126

FIGURA 19 - PERCEPCcedilAtildeO CIRCULAR DAS MESORREGIOtildeES GEOGRAacuteFICAS

DO ALUNO 03

127

FIGURA 20 - USO DAS TOPONIacuteMIAS NA CONSTRUCcedilAtildeO DAS MESORREGIOtildeES

DA PARAIacuteBA DO ALUNO 11

130

FIGURA 21 - ORIENTACcedilAtildeO E LOCALIZACcedilAtildeO DAS MESSOREGIOtildeES DA

PARAacuteIBA ALUNO 15

133

FIGURA 22 - USO INDISCRIMINADO DA ESCALA GEOGRAacuteFICA ALUNO 09 136

FIGURA 23 - MAPA MUDO DAS REGIOtildeES DO BRASIL REALIZADO PELO

ALUNO 29

139

FIGURA 24 - DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE LUacuteDICA BALEADA

GEOGRAacuteFICA

141

FIGURA 25 - PARAcircMETROS PARA ANAacuteLISE DAS SILHUETAS DOS MAPAS

MENTAIS

143

FIGURA 26 - MAPA MENTAL EM FORMATO PROacuteXIMO A REPRESENTACcedilAtildeO

TRADICIONAL DO BRASIL DO ALUNO 41

146

FIGURA 27 - MAPA MENTAL EM FORMA DE BALAtildeO ALUNO 39 147

FIGURA 28 - MAPA MENTAL EM FORMA DE TRIAcircNGULO ALUNO 25 148

FIGURA 29 - APRESENTACcedilAtildeO DAS INFORMACcedilOtildeES EM FORMA DE

LEGENDA ALUNO 48

150

FIGURA 30 - MAPA MENTAL DO ALUNO 24 DESTAQUE AO EXCESSO DE

TOPONIMIAS

152

FIGURA 31 - MAPA MENTAL DO ALUNO 38 DESTAQUE A EXPRESSAtildeO

SINCREacuteTICA

153

FIGURA 32 - MAPA MENTAL DO ALUNO 22 COM DESTAQUE A

LOCALIZACcedilAtildeO DA REGIAtildeO NORTE DO BRASIL

155

FIGURA 33 - MAPA MENTAL DO ALUNO 29 COM DISTORCcedilOtildeES

RELACIONADAS A LOCALIZACcedilAtildeO E ORIENTACcedilAtildeO ESPACIAL

157

FIGURA 34 - MAPA MENTAL DO ALUNO 42 DESTAQUE A LEGIBILIDADE DA

LOCALIZACcedilAtildeO E ORIENTACcedilAtildeO ESPACIAL

158

FIGURA 35 -

MAPA MENTAL DO ALUNO 43 PROBLEMAS NA SELECcedilAtildeO DA

ESCALA GEOGRAFICA

161

FIGURA 36 - MAPA MENTAL DO ALUNO 46 COM DESTAQUE A ESCALA

GEOGRAFICA DAS REGIOtildeES BRASILEIRAS

163

FIGURA 37 - MAPA MUDO DOS ESTAacuteDIOS BRASILEIRO VISITADO

REALIZADO PELO ALUNO 39

166

FIGURA 38 - MAPA MENTAL COM SILHUETA PROacuteXIMA AO DO BRASIL

(GRUPO 7)

170

FIGURA 39 - COMPARACcedilAtildeO ENTRE MAPA EXISTENTE E MAPA MENTAL

(GRUPO 05)

172

FIGURA 40 - MAPA MENTAL COM A UTILIZACcedilAtildeO DE IacuteCONES (GRUPO 10) 175

FIGURA 41 - ARTICULACcedilAtildeO DO USO DE TOPONIacuteMIAS COM A

APRESENTACcedilAtildeO DE IacuteCONES (GRUPO 3)

177

FIGURA 42 - MAPA MENTAL COM DESTAQUE NA ORIENTACcedilAtildeO E

LOCALIZACcedilAtildeO ESPACIAL DA REGIAtildeO CENTRO-OESTE

(GRUPO 6)

179

FIGURA 43 - MAPA MENTAL NA ESCALA GEOGRAacuteFICA BRASIL (GRUPO 4) 183

FIGURA 44 - RELACcedilAtildeO DE ENSINO E APRENDIZAGEM NA ESCOLA 192

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - ESTRUTURA DA EDUCACcedilAtildeO BAacuteSICA NO BRASIL 26

TABELA 2 - MAPAS MENTAIS PRODUZIDOS DURANTE A PESQUISA 89

TABELA 3 - PERSPECTIVAS ESPACIAIS APRESENTADAS NOS MAPAS

MENTAIS

104

TABELA 4 - USO DAS TOPONIacuteMIAS NOS MAPAS MENTAIS 111

TABELA 5 - RANKING DAS TOPONIacuteMIAS RELACIONADOS AOS BAIRROS DE

CAMPINA GRANDE

111

TABELA 6 - ESCALA GEOGRAacuteFICA EM DESTAQUE NOS MAPAS MENTAIS 119

TABELA 7 - OCORREcircNCIA DAS TOPONIacuteMIAS EXPRESSAS NOS MAPAS

MENTAIS

128

TABELA 8 - OCORREcircNCIA DA UTILIZACcedilAtildeO DA ROSA DOS VENTOS NOS

MAPAS MENTAIS

132

TABELA 9 - ESCALA GEOGRAacuteFICA EM DESTAQUE NOS MAPAS MENTAIS 134

TABELA 10 - PERCEPCcedilOtildeES DA FORMA DO BRASIL DESTACADO NOS MAPAS

MENTAIS

143

TABELA 11 - COEREcircNCIA DAS TOPONIacuteMIAS EXPRESSAS NOS MAPAS

MENTAIS

149

TABELA 12 - NIacuteVEL CORRESPONDENTE Agrave LOCALIZACcedilAtildeO ESPACIAL 154

TABELA 13 - ESCALAS ENCONTRADAS NOS MAPAS MENTAIS 159

TABELA 14 - PERCEPCcedilOtildeES DA FORMA DO BRASIL DESTACADO NOS MAPAS

MENTAIS

168

TABELA 15 - NUacuteMERO DE OCORREcircNCIA DE TOPONIacuteMIAS 173

TABELA 16 - LOCALIZACcedilAtildeO DOS ELEMENTOS ENCONTRADOS NOS MAPAS

MENTAIS

178

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - OPERACcedilOtildeES MENTAIS PARA O DESENVOLVIMENTO DA

LEITURA DE MAPAS

40

QUADRO 2 - AS NOCcedilOtildeES COMO PROCESSO DE FORMACcedilAtildeO DOS

CONCEITOS CIENTIacuteFICOS

63

QUADRO 3 - HABILIDADES PARA O DESENVOLVIMENTO DOS MAPAS

MENTAIS

91

QUADRO 4 - PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO CARTOGRAacuteFICA POR MEIO

DOS MAPAS MENTAIS

93

QUADRO 5 - SIacuteNTESE DO TEXTO SOBRE O CANAL DAS PIABAS 99

QUADRO 6 - ORDEM DAS TOPONIacuteMIAS ENCONTRADAS NOS MAPAS

MENTAIS

131

QUADRO 7 - SIacuteNTESE DOS DADOS ENCONTRADOS NOS MAPAS 165

QUADRO 8 - PROPOSTA DAS OFICINAS PEDAGOGICAS PARA CONSTRUCcedilAtildeO

DE NOCcedilOtildeES E HABILIDADES

188

QUADRO 9 - GRAacuteFICO DAS NOCcedilOtildeES GEOGRAacuteFICAS ANALISADAS NOS

MAPAS MENTAIS

189

QUADRO 10 - GRAacuteFICO DAS HABILIDADES DESTACADAS PARA O

DESENVOLVIMENTO DOS MAPAS MENTAIS

190

LISTA DE SIGLAS

CEB Cacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica

CNE Conselho Nacional de Educaccedilatildeo

EF Ensino Fundamental

GO Estado de Goiaacutes

LDB Lei de Diretrizes e Bases

PCN Paracircmetros Curriculares Nacionais

PB Estado da Paraiacuteba

PNAIC Plano Nacional de Educaccedilatildeo na Idade Certa

UFG Universidade Federal de Goiaacutes

UEPB Universidade Estadual da Paraiacuteba

UFPB Universidade Federal da Paraiacuteba

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 18

1 LEITURAS GEOGRAacuteFICAS DE MUNDO HISTOacuteRIAS DE

ALFABETIZACcedilAtildeO CARTOGRAacuteFICA

24

11 SISTEMA EDUCATIVO E ANOS INICIAIS DO ENSINO

FUNDAMENTAL

24

12 GEOGRAFIA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL 27

13 CARTOGRAFIA ESCOLAR E SEUS CONTEXTOS NO ENSINO DE

GEOGRAFIA

34

131 As propostas de Piaget voltada a Cartografia Escolar 37

14 A CARTOGRAFIA ESCOLAR E OUTRAS INTERPRETACcedilOtildeES PARA O

CONHECIMENTO DO ESPACcedilO

42

141 Percursos dos Mapas Mentais e suas praacuteticas na Educaccedilatildeo Geograacutefica 48

142 Os mapa mentais no ensino-aprendizagem de Geografia 50

2 ITINERAacuteRIO DA PESQUISA E SEUS ENCAMINHAMENTOS

METODOLOacuteGICOS

69

21 CARACTERIZACcedilAtildeO DA METODOLOGIA DA PESQUISA 71

22 PROCEDIMENTOS DA PESQUISA 76

221 Referenciais teoacuterico-metodoloacutegicos 76

222 Instrumentos de Pesquisa 77

223 Os espaccedilos e os sujeitos da pesquisa 81

23 A ANAacuteLISE DOS RESULTADOS 88

231 Da totalidade dos mapas mentais 88

24 AS HABILIDADES E CATEGORIAS DE ANAacuteLISE SELECIONADAS

PARA A PESQUISA

90

241 As categorias de anaacutelise dos mapas mentais 92

3 PROPOSTAS E PRAacuteTICAS ESCOLARES ANAacuteLISES DOS MAPAS

MENTAIS COM OS ALUNOS DO 4ordm ANO

96

31 OFICINA 1 A MAQUETE MENTAL PRAacuteTICA COLETIVA DO

ENSINO-APRENDIZAGEM EM GEOGRAFIA

96

32 MAPA MENTAL 1 CANAL DAS PIABAS 102

33 OFICINA 2 PRAacuteTICAS COM MAPA MUDO (RE) CONSTRUINDO O

MAPA MENTAL DA PARAIacuteBA

120

34 MAPA MENTAL 2 MESORREGIOtildeES DA PARAIacuteBA 123

4 PROPOSTAS E PRAacuteTICAS ESCOLARES ANAacuteLISES DOS MAPAS

MENTAIS COM OS ALUNOS DO 5ordm ANO

137

41 OFICINA 1 USO DOS MAPAS MUDOS E A ldquoBALEADA

GEOGRAacuteFICArdquo NOCcedilOtildeES PRAacuteTICAS E TEOacuteRICAS DE GEOGRAFIA

138

42 MAPA MENTAL 1 MAPA DA MINHA VIDA 142

43 OFICINA 2 MAPA MUDO DA REGIAtildeO CENTRO-OESTE UMA

PROPOSTA DE APROXIMACcedilAtildeO

164

44 MAPA MENTAL 2 MAPA DA REGIAtildeO CENTRO-OESTE 168

5 MAPAS MENTAIS E SUAS POTENCIALIDADES E LIMITACcedilOtildeES

PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA

184

51 O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DE GEOGRAFIA 184

52 PROPOSTAS DAS OFICINAS O LUacuteDICO E SUAS INTERVENCcedilOtildeES

PARA CONSTRUCcedilAtildeO DOS SABERES

187

53 DOS MAPAS MENTAIS UTILIZADOS EM SALA DE AULA 190

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 198

REFEREcircNCIAS 202

APEcircNDICES 207

APEcircNDICE I - JORNAL DE PESQUISA 208

APEcircNDICE II ndash QUESTIONAacuteRIO DE PERGUNTAS PARA PROFESSORES 222

APEcircNDICE III ndash PRANCHA PARA MAPA MENTAL 225

APEcircNDICE IV ndash TEXTO CANAL DAS PIABAS 226

APEcircNDICE V ndash MAPA MUDO DA REGIAtildeO NORDESTE 228

APEcircNDICE VI ndash MAPA MUDO DAS MESORREGIOtildeES DA PARAIacuteBA 229

APEcircNDICE VII ndash QUESTOtildeES DA PROVA 230

APEcircNDICE VIII ndash LISTA DE CAPITAIS E ESTADOS 231

APEcircNDICE IX ndash MAPA BRASIL REGIOtildeES 232

APEcircNDICE X ndash ATIVIDADE BALEADA GEOGRAacuteFICA 233

APEcircNDICE XI ndash MAPA MUDO DAS ARENAS E ESTAacuteDIOS DE FUTEBOL 235

ANEXOS 239

ANEXO I ndash FICHA DE ACOMPANHAMENTO DA ESCOLA MUNICIPAL

LUacuteCIA DE FAacuteTIMA GAYOSO MEIRA

240

ANEXO II ndash TERMO DE CONSENTIMENTO 241

18

INTRODUCcedilAtildeO

Para realizar uma pesquisa acadecircmica acredito na necessidade das justificativas

planejamento encaminhamentos obstaacuteculos que potildeem agrave prova a investigaccedilatildeo cientiacutefica

Eacute relevante expor algumas questotildees relacionadas ao percurso do desenvolvimento desta

dissertaccedilatildeo situando o leitor a respeito dos contextos e acontecimentos que levaram a

realizaccedilatildeo desta pesquisa

Meu primeiro contato com os anos iniciais do Ensino Fundamental ocorreu

enquanto professor de atividades luacutedicas (jogo de xadrez) em uma escola municipal por

meio do Programa Mais Educaccedilatildeo no ano de 2010 Nesta eacutepoca se iniciava a construccedilatildeo

de uma agenda de educaccedilatildeo integral nas escolas municipais e estaduais de Campina

Grande ndash PB

Soma-se a esta experiecircncia as atividades desenvolvidas no curso de licenciatura

em Geografia na Universidade Estadual da Paraiacuteba - UEPB campus Campina Grande

No ano de 2011 fui convidado pela Professora Doutora Josandra Arauacutejo Barreto de

Melo a participar de um projeto voltado a formaccedilatildeo de alunos do magisteacuterio na escola

Normal em Campina Grande mediante o uso de recursos geotecnoloacutegicos novas

tecnologias (sites e ou softwares) relacionadas a geociecircncias ou correlatas que auxiliam

estudar a estrutura do espaccedilo geograacutefico

Naquela eacutepoca os estudantes estavam em processo de formaccedilatildeo docente para

ministrar aulas na Educaccedilatildeo Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental Entre as

dificuldades encontradas estava agrave compreensatildeo de conceitos e das propostas do recurso

geotecnoloacutegico para o ensino de Geografia

Diante destes resultados decido organizar uma investigaccedilatildeo sobre o uso do

recurso geotecnoloacutegico para o ensino-aprendizagem de Geografia com alunos dos anos

iniciais do Ensino Fundamental particularmente o 5ordm ano no trabalho de conclusatildeo de

curso Trabalhamos com fotografias desenhos e construccedilatildeo de mapas digitais e

impressos Como resultado foi observado dificuldades no desenvolvimento e leitura dos

recursos cartograacuteficos pelos alunos e a sua pouca utilizaccedilatildeo nas aulas de Geografia

Com o teacutermino da graduaccedilatildeo apresento ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em

Geografia da Universidade Federal da Paraiacuteba - UFPB um projeto sobre a importacircncia

da Cartografia Escolar nos anos iniciais do Ensino Fundamental visto que o trabalho

da graduaccedilatildeo demonstrava a necessidade em avanccedilar nessa perspectiva e articulaacute-lo ao

desenvolvimento do ensino de Geografia

19

Ao ingressar no programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geografia jaacute havia o interesse

em realizar uma pesquisa relacionada agrave Cartografia Escolar entretanto a possibilidade

do uso do mapa mental foi apresentada pelo Professor Doutor Antonio Carlos Pinheiro

orientador deste estudo

Senti-me interessado e sobretudo desafiado em estudar este recurso

aparentemente mais acessiacutevel a alunos e professores O processo de ensino-

aprendizagem de Geografia mediada pelo uso de recursos cartograacuteficos com alunos dos

anos iniciais do Ensino Fundamental o modo como fazemos o meacutetodo de pesquisa

nossa metodologia de trabalho muda consideravelmente Novos dados informaccedilotildees e

experiecircncias de pesquisa possibilitam (re) pensar estrateacutegias para a utilizaccedilatildeo dos mapas

mentais

Durante os anos de 2013 a 2014 realizamos diferentes pesquisas-piloto com

alunos dos anos iniciais principalmente no 5ordm ano tanto na Paraiacuteba como em Goiaacutes no

Coleacutegio de Aplicaccedilatildeo da Universidade Federal de Goiaacutes (UFG) Aleacutem disso houveram

experiecircncias de estaacutegio supervisionado no curso de Pedagogia da UFPB e propostas de

oficinas realizadas com estudantes do curso de Geografia a soma de todos estes

exerciacutecios resultou na produccedilatildeo de 128 mapas mentais

Com base nestas informaccedilotildees esclarecemos que as pesquisas supracitadas

viabilizaram o estudo realizado na Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira

situado no bairro Lauritzen na cidade de Campina Grande - PB no ano de 2014 O

puacuteblico alvo foram estudantes do 4ordm e 5ordm ano do periacuteodo vespertino a caracterizaccedilatildeo da

escola estudada e dos sujeitos da pesquisa seraacute apresentada mais nitidamente no

segundo capiacutetulo

Esclarecemos que os anos iniciais do Ensino Fundamental correspondem a uma

nova nomenclatura o qual altera o termo seacuteries para anos conforme a Resoluccedilatildeo nordm 3

de 3 de agosto de 2005 do Conselho Nacional de Educaccedilatildeo (CNE) A medida

aumentou o periacuteodo de formaccedilatildeo para as crianccedilas e adolescentes que conforme o art 32

da Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional (LDB) constitui o Ensino

Fundamental obrigatoacuterio de nove anos a partir dos seis anos de idade Com o acreacutescimo

de mais um ano nesta primeira fase do Ensino fundamental podemos dividi-la em dois

ciclos o I ciclo ou ldquociclo da infacircnciardquo (1ordm ao 3ordm ano) e o II ciclo (4ordm e 5ordm ano)

Na atualidade haacute uma crescente preocupaccedilatildeo com a alfabetizaccedilatildeo da Liacutengua

portuguesa e da Matemaacutetica principalmente atraveacutes do Pacto Nacional pela

Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa em todo territoacuterio brasileiro A intenccedilatildeo eacute assegurar a

20

todos os alunos ateacute os oito anos final do 3ordm ano uma alfabetizaccedilatildeo de qualidade Mas

acreditamos que nesta fase eacute possiacutevel uma alfabetizaccedilatildeo que evidencie a disciplina

escolar de Geografia

Autores como a Callai (2005) Lessan (2011) e Castrogiovanni amp Costella

(2006) apontam outro tipo de alfabetizaccedilatildeo tambeacutem necessaacuteria a formaccedilatildeo dos sujeitos

como a cartograacutefica Acreditamos que o mundo pode ser lido de diferentes formas entre

elas por intermeacutedio da linguagem cartograacutefica Seu potencial estaacute presente no uso de

mapas em livros didaacuteticos atlas escolar mapas murais maquetes globos terrestres

encontrados nas escolas e satildeo importantes enquanto portadores de uma educaccedilatildeo visual

do espaccedilo geograacutefico

Natildeo se trata de um tema inexplorado tampouco desconhecido no campo da

Geografia As pesquisas relacionadas agrave Cartografia Escolar campo consolidado no

ensino de Geografia investiga o uso da Cartografia para escolares Elas comeccedilam com

as pesquisas de Oliveira (1978) realizada a mais de 30 anos Na eacutepoca a autora jaacute

apresentava algumas criacuteticas relacionadas aos procedimentos do uso de mapas em sala

de aula

Os procedimentos didaacuteticos enfatizavam a coacutepia mecacircnica e a leitura dos

recursos cartograacuteficos geralmente em uma linguagem mais simplificada um recurso

visual quando comparado aos mapas utilizados pelos adultos com suas escalas

simbologias e convenccedilotildees cartograacuteficas Natildeo consideravam a perspectiva cognitiva de

aprendizagem das crianccedilas desenvolvida por Jean Piaget e seus colaboradores e

consequentemente o desenvolvimento mental da noccedilatildeo de espaccedilo (OLIVEIRA 1978)

Em sucessatildeo a esta pesquisa estudiosos sobre a questatildeo da Cartografia Escolar

como Passini (2012) observaram a necessidade de uma accedilatildeo didaacutetica uma proposta

metodoloacutegica procedimental para o estudo do mapa neste aspecto eacute visado agrave

alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica como uma metodologia que possibilita a construccedilatildeo de

conhecimentos procedimentais habilidades e conceitos que agrega significado a leitura

de mundo do aluno

Os estudos de Almeida amp Passini (2010) Castellar (2000) Lessan (2011) entre

outros enfatizam o uso da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica afirmando a necessidade da

contextualizaccedilatildeo dos conteuacutedos de Geografia para o desenvolvimento de competecircncias

o aprender a apreender a mobilizar as habilidades como verbalizar observar registrar

ler comparar localizar e entender e ainda outras como a persuadir comunicar criar

trabalhar em equipe refletir e interagir

21

Apostando no potencial da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica enquanto uma continuaccedilatildeo

para o processo de ldquoleitura de mundordquo fundamentado por Callai (2005) privilegiamos

o desenvolvimento da produccedilatildeo cartograacutefica a proacuteprio punho com o mapa mental O

mapa eacute uma linguagem de comunicaccedilatildeo utilizada ao longo da histoacuteria por remotas

comunidades e grupos humanos onde se identifica o uso da representaccedilatildeo espacial

(TEIXEIRA 2001 GIRARDI 2005)

Quais as principais dificuldades com o trabalho do uso dos mapas existentes

baseados em uma concepccedilatildeo cartesiana nas salas de aula Os alunos ldquonatildeo gostamrdquo de

mapas acham complicados porque tecircm latitudes longitudes orientaccedilatildeo da rosa dos

ventos escala numeacuterica escala graacutefica matemaacutetica Quando o mapa se livra deste

rigor cientiacutefico o aluno comeccedila a ver o mapa como algo mais proacuteximo dele que pode

ser construiacutedo realizado a partir dos seus conhecimentos embora natildeo deva se restringir

a eles

As discussotildees estabelecidas por Teixeira (2001) indicam as particularidades da

percepccedilatildeo estabelecida por cada indiviacuteduo Enfatiza poreacutem que estas representaccedilotildees

baseadas na realidade ou idealizadas advecircm do campo do simboacutelico da apreensatildeo dos

significados que em muitos casos natildeo satildeo decifrados pela razatildeo As imagens espaciais

satildeo construiacutedas neste processo e foram denominados por mapas cognitivos mapas

conceituais e atualmente mapas mentais

Quando recorremos ao uso destes mapas mentais enquanto recurso didaacutetico para

o ensino de Geografia Richter (2010 p 27) esclarece que ele

[] eacute analisado como um recurso que permite a construccedilatildeo de uma expressatildeo

graacutefica mais livre tendo a perspectiva de que o estudante possa transpor para

esta representaccedilatildeo espacial os conteuacutedos geograacuteficos aprendidos ao longo da

educaccedilatildeo baacutesica Assim aleacutem de utilizar a fala a escrita a imagem ou o

proacuteprio mapa convencional tradicional o aluno teraacute a oportunidade de

apresentar num mapa mental suas interpretaccedilotildees a respeito de um

determinado lugar provenientes de leituras mais cientiacuteficas da realidade

Ao realizarmos nossas experiecircncias com as pesquisas-piloto desenvolvemos a

seguinte hipoacutetese o mapa mental pode auxiliar os alunos a desenvolver natildeo apenas uma

representaccedilatildeo do espaccedilo geograacutefico mas uma habilidade consciente do ato de mapear

aleacutem de uma leitura de mundo que desenvolva a compreensatildeo e reconhecimento do

aluno como sujeito soacutecio-histoacuterico e cultural

Estudamos propostas metodoloacutegicas que possibilitem a aprendizagem de

Geografia Aprendizagem que consideramos aqui como sinocircnimo da capacidade do

22

ensinar-apreender entre os sujeitos baseado no diaacutelogo que estabelece a relaccedilatildeo entre os

conhecimentos cientiacuteficos e cotidianos como considera Vigotski (1998) e Bakhtin

(2012) Pensamos que aleacutem da aquisiccedilatildeo do conhecimento e habilidades os mapas

mentais possibilitam construir atitudes e valores virtudes assentadas na solidariedade

humana e toleracircncia ao proacuteximo constituindo sua identidade e a formaccedilatildeo da cidadania

Entendemos que a proposta da pesquisa eacute auxiliar o trabalho de professores na

praacutetica da docecircncia enfatizando a importacircncia dos conhecimentos geograacuteficos

construiacutedos pelos alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental consequentemente a

proposta auxilia o trabalho dos professores de Geografia que acolhem estes alunos nos

anos subsequentes a partir do 6ordm ano anos finais do Ensino Fundamental

Com base nessas ideias temos como principal objetivo investigar as

potencialidades e limitaccedilotildees do recurso mapa mental para o ensino-aprendizagem de

Geografia com alunos do 4ordm e 5ordm ano dos anos iniciais do Ensino Fundamental Nossos

objetivos especiacuteficos satildeo

Diagnosticar as dificuldades referentes ao domiacutenio de habilidades e noccedilotildees

cartograacuteficas dos alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental realizando

uma anaacutelise dessas dificuldades

Pesquisar o mapa mental mediante situaccedilotildees de ensino-aprendizagem que

conduzam a reflexatildeo sobre a espacialidade

Apresentar atividades que permitam desenvolver habilidades e noccedilotildees

conceituais para os alunos atraveacutes do desenvolvimento de mapas mentais e que

possam auxiliar as aulas de Geografia dos professores dos anos iniciais do

Ensino Fundamental

Propor orientaccedilotildees que auxiliem o professor desta fase a trabalharem com os

mapas mentais junto ao puacuteblico dos anos iniciais do Ensino Fundamental

Ao realizarmos nossos experimentos observamos a dificuldade em representar o

espaccedilo geograacutefico considerando elementos como agrave perspectiva do acircngulo de visatildeo

orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo espacial por exemplo Em virtude disso criamos estrateacutegias

metodoloacutegicas recursos de apoio e categorias de anaacutelise as quais consideramos

importantes para o processo de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica Com a intenccedilatildeo de atingir os

objetivos propostos estruturamos essa pesquisa em cinco capiacutetulos

O primeiro capiacutetulo intitulado ldquoLeituras geograacuteficas de mundo histoacuterias de

alfabetizaccedilatildeo cartograacuteficardquo trata da pertinecircncia do ensino de Geografia nos anos

23

iniciais do Ensino Fundamental indica os principais avanccedilos sobre a alfabetizaccedilatildeo e de

sua relaccedilatildeo com a Cartografia Escolar Procura aleacutem disso apresentar o surgimento das

praacuteticas com os mapas mentais e algumas propostas relacionadas ao seu uso para a

pesquisa e ensino da Geografia

O segundo capiacutetulo ldquoItineraacuterio da pesquisa e seus encaminhamentos

metodoloacutegicosrdquo esclarece os procedimentos para a realizaccedilatildeo da pesquisa ressaltando

sua metodologia (de caraacuteter qualitativo) caracterizando os espaccedilos e sujeitos da

pesquisa Apontamos ainda nossa revisatildeo bibliograacutefica para a construccedilatildeo da dissertaccedilatildeo

e os instrumentos para realizaccedilatildeo da pesquisa

No terceiro capiacutetulo ldquoPropostas e praacuteticas escolares anaacutelises dos mapas

mentais com os alunos do 4ordm anordquo e no quarto capiacutetulo ldquoPropostas e praacuteticas

escolares anaacutelises dos mapas mentais com os alunos do 5ordm anordquo satildeo apresentadas e

analisadas as praacuteticas desenvolvidas em forma de oficinas pedagoacutegicas e os mapas

mentais utilizados em cada uma das turmas Procuramos discutir a importacircncia do

ensino de Geografia e quais as relaccedilotildees encontradas na construccedilatildeo das representaccedilotildees

dos alunos

O quinto capiacutetulo ldquoMapas mentais e suas potencialidades e limitaccedilotildees para o

ensino de Geografiardquo analisamos as entrevistas efetivadas com os alunos do 4ordm e 5ordm

ano e a apresentaccedilatildeo da resposta dos questionaacuterios respondidos pelas professoras que

expotildeem suas concepccedilotildees sobre o uso dos mapas mentais e das oficinas para as

propostas de ensino de Geografia

24

1 LEITURAS GEOGRAacuteFICAS DE MUNDO HISTOacuteRIAS DE

ALFABETIZACcedilAtildeO CARTOGRAacuteFICA

Este capiacutetulo estaacute dedicado agrave compreensatildeo sobre o que se entende atualmente

por anos iniciais do Ensino Fundamental (EF) para isso recorremos agraves leis que

alicerccedilam o sistema educativo no Brasil Prosseguimos com a apresentaccedilatildeo do ensino de

Geografia e sua importacircncia nos primeiros anos de escolarizaccedilatildeo

Em seguida o leitor eacute convidado a entender os contextos que influenciaram a

criaccedilatildeo do eixo de pesquisa e estudo chamado de Cartografia Escolar aleacutem disso suas

contribuiccedilotildees para a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica e leitura de mundo dos alunos Mediante

estes apontamentos apresentamos recentes praacuteticas escolares que destacam o uso dos

mapas mentais enquanto um recurso didaacutetico que pode auxiliar as praacuteticas de ensino-

aprendizagem de Geografia

11 SISTEMA EDUCATIVO E ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Atualmente no Brasil a escolarizaccedilatildeo eacute obrigatoacuteria a partir dos seis anos de

idade O curriacuteculo escolar estaacute organizado em nove anos natildeo mais em oito seacuteries

Mudanccedilas no sistema educativo ocorrem desde 1930 quando se pensou pela primeira

vez um programa de poliacutetica educacional para o Brasil legitimado pela nova

Constituiccedilatildeo Federal do Brasil (1934)1 Mudanccedilas significativas para a compreensatildeo do

atual Ensino Fundamental ocorreram nas uacuteltimas deacutecadas as quais satildeo destacadas

Lei nordm 4024 de 20 de dezembro de 19612ndash estabeleceu quatro anos de Ensino

Fundamental

Lei nordm 5692 de 11 de agosto de 19713 - obrigatoriedade do Ensino Fundamental

de oito anos que ficou conhecido como 1ordm e 2ordm grau e posteriormente como

Ensino Fundamental I e II e

Art 32 da LDB (1996) firmada pela resoluccedilatildeo CNE CEB nordm de 0308 2005

oferece o Ensino Fundamental gratuito e obrigatoacuterio com duraccedilatildeo de nove anos

1Mais informaccedilotildees disponiacuteveis em

httpportalmecgovbroption=com_contentampview=articleampid=2ampItemid=171gt acesso em 22 01

2014 2 Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisl4024htmgt acesso em 22 01 2014 3 Disponiacutevel em httpwww010dataprevgovbrsislexpaginas4219715692htmgt acesso em 22 01

2014

25

caracterizado por duas etapas anos iniciais do EF (1ordm ao 5ordm ano) e anos finais

do EF (6ordm ao 9ordm ano)

No seacuteculo XXI o sistema de ensino brasileiro tem como uma das preocupaccedilotildees

o mundo do trabalho e a praacutetica social4 A escolarizaccedilatildeo divide-se em duas etapas

Educaccedilatildeo Baacutesica ndash formada pela Educaccedilatildeo Infantil Ensino Fundamental e Ensino

Meacutedio ndash e Educaccedilatildeo Superior como consta na Lei de Diretrizes e Bases ndash LDB (1996)

nordm 9394 art 21 inciso I e II

De acordo com a LDB (1996) eacute evidente que o conhecimento dos discentes eacute

construiacutedo ao longo do tempo escolar durante a Educaccedilatildeo Baacutesica e possivelmente no

decorrer da Educaccedilatildeo Superior Ao ingressar nos anos iniciais do EF a crianccedila pode ter

passado ou natildeo por uma creche e ou uma escola de Ensino Infantil visto que natildeo satildeo

obrigatoacuterios para formaccedilatildeo escolar brasileira5 Qualquer que seja o caso o aluno possui

conhecimentos e desenvolveu algumas habilidades antes de iniciar os anos iniciais do

EF seja na Educaccedilatildeo Infantil ou junto agrave famiacutelia

Um dos avanccedilos mais recentes na compreensatildeo do iniacutecio do processo de

escolarizaccedilatildeo foi aumentar um ano letivo nos anos iniciais do EF Segundo o

documento ldquoEnsino Fundamental de nove anos passo a passo do processo de

ampliaccedilatildeordquo (BRASIL 2009 p 05) a justificativa para esse aumento no Ensino

Fundamental eacute relativa a trecircs objetivos

a) Melhorar as condiccedilotildees de equidade e de qualidade da Educaccedilatildeo Baacutesica

b) Estruturar um novo ensino fundamental para que as crianccedilas prossigam

nos estudos alcanccedilando maior niacutevel de escolaridade

c) Assegurar que ingressando mais cedo no sistema de ensino as crianccedilas

tenham um tempo mais longo para as aprendizagens da alfabetizaccedilatildeo e

do letramento (BRASIL 2009 p 05)

A primeira observaccedilatildeo a respeito dos trecircs objetivos expostos eacute considerar que a

equidade ou seja a idade correspondente para cada ano escolar esteja em acordo com

proposta da Resoluccedilatildeo CNE CEB nordm 3 03082005 evitando a retenccedilatildeo (reprovaccedilatildeo) do

aluno nos anos iniciais do EF O parecer CNECEB ndeg 7 de 09072007 explica que a

duraccedilatildeo do Ensino Fundamental de nove anos necessita ser pensada pelos educadores

como uma fase de adequaccedilatildeo do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico para a busca do sucesso

4 Lei 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Art 1ordm sect 2ordm 5Segundo a Seccedilatildeo II ldquoDa Educaccedilatildeo Infantilrdquo da LDB arts 29 a 30 eacute garantido pelo municiacutepio a primeira

etapa da educaccedilatildeo baacutesica natildeo obrigatoacuteria para crianccedilas de quatro a seis anos de idade A fase da

educaccedilatildeo infantil natildeo eacute constituiacuteda por uma avaliaccedilatildeo com objetivos de promoccedilatildeo mas do

desenvolvimento fiacutesico psicoloacutegico intelectual e social como consta na lei (BRASIL 2010)

26

escolar dito isso o mesmo documento aponta que reter o aluno durante os anos iniciais

do EF pode resultar na ideia de retrocesso fracasso escolar e gerar desistecircncias por

parte dos alunos (como observado na tabela 01)

TABELA 1 ESTRUTURA DA EDUCACcedilAtildeO BAacuteSICA NO BRASIL

EDUCACcedilAtildeO BAacuteSICA

Educaccedilatildeo

Infantil

Anos iniciais do Ensino Fundamental Anos

finais

do EF

Ensino

Meacutedio I ciclo ou ldquociclo da

infacircnciardquo

II ciclo

Etapa Inf 1 Inf 2 1ordm 2ordm 3ordm 4ordm 5ordm 6ordm ao 9ordm 1ordm ao 3ordm

Idade

4 5 6 7 8 9 10 11 aos

14

15 aos

17

Fonte Resoluccedilatildeo CNE CEB nordm 3 03082005 e CNECEB ndeg 7 de 09072007

Como observado na tabela 1 eacute facultado aos sistemas escolares estruturar os

anos iniciais do EF em ciclos de aprendizagem ndash I ciclo ou ldquociclo da infacircnciardquo (1ordm 2ordm e

3ordm ano) e II ciclo (4ordm e 5ordm ano) ndash utilizando a progressatildeo continuada (BRASIL 2009)

Estruturas como as do apoio pedagoacutegico no contra turno de estudo eacute uma das estrateacutegias

para reduccedilatildeo das dificuldades dos alunos e da sua progressatildeo

Outra estrateacutegia eacute o Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa6 ele eacute um

programa governamental que enfatiza os domiacutenios baacutesicos da leitura escrita e caacutelculo o

objetivo eacute alfabetizar todas as crianccedilas de seis a oito anos de idade periacuteodo relacionado

ao primeiro ciclo O plano tambeacutem investe na formaccedilatildeo continuada de professores que

atuam no primeiro ciclo (1ordm 2ordm e 3ordm ano) da rede baacutesica de ensino atraveacutes de uma

associaccedilatildeo com as universidades federais

Por fim eacute observado que as poliacuteticas educacionais entendem que o aluno de seis

anos jaacute estaacute apto para aprender os conceitos da alfabetizaccedilatildeo letramento7 do

conhecimento loacutegico-matemaacutetico da reflexatildeo e do desenvolvimento psicomotor

Garantir nove anos no Ensino Fundamental eacute possibilitar que o processo de ensino-

aprendizagem comece antes valorizando o processo de alfabetizaccedilatildeo e letramento

constituiacutedos por uma linguagem global que ultrapassa a escrita convencional

6 Para mais informaccedilotildees acessar httppactomecgovbrindexphplt acessado em 02032015 7Entendemos o letramento com uma praacutetica escolar correspondente a leitura e escrita da Liacutengua materna

(portuguesa) e estabelecimento dessa cultura na vida das crianccedilas ou seja do haacutebito do ler e escrever

27

(CALLAI 2005) Aleacutem disso possibilitar uma passagem tranquila entre a educaccedilatildeo

infantil e os anos iniciais do EF

Observa-se entretanto a inexistecircncia de uma poliacutetica nacional de alfabetizaccedilatildeo

para o segundo ciclo e do prosseguimento da linguagem aprendida Outros objetivos

para o Ensino Fundamental como ldquoa compreensatildeo do ambiente natural e social do

sistema poliacutetico da tecnologia das artes e dos valores que se fundamenta a sociedaderdquo

satildeo encontrados no Art 32 Inciso II da LDB (BRASIL 2010 p 47) Neste ponto

buscamos refletir sobre as contribuiccedilotildees do ensino de Geografia Procuramos apontar

alguns caminhos do ensino de Geografia no toacutepico a seguir aproximando-o de uma

concepccedilatildeo de alfabetizaccedilatildeo para aprendizagem do espaccedilo geograacutefico

12 GEOGRAFIA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

As praacuteticas escolares voltadas ao processo de ensino-aprendizagem de Geografia

nos anos iniciais do EF requerem pressupostos baacutesicos que auxiliam o professor nesta

etapa de ensino dessa forma a disciplina pode permitir o alcance dos objetivos

educacionais O processo de alfabetizaccedilatildeo e letramento da liacutengua portuguesa da crianccedila

a alfabetizaccedilatildeo geograacutefica (com os conceitos e princiacutepios da Geografia) alfabetizaccedilatildeo

cartograacutefica (por meio da Cartografia Escolar) e as tendecircncias do ensino (teorias

cognitivas) compotildeem os principais pressuposto para a Geografia

Refletir sobre o ensino-aprendizagem da Geografia nos anos iniciais do EF

tomando como referecircncia tais pressupostos possibilitaraacute a accedilatildeo do professor a mediar agrave

aprendizagem da construccedilatildeo de conceitos geograacuteficos Dessa forma a Geografia seraacute

um conhecimento uacutetil e contextualizado agraves praacuteticas cotidianas dos alunos

desenvolvendo habilidades como localizaccedilatildeo orientaccedilatildeo compreensatildeo da relaccedilatildeo entre

diferentes escalas geograacuteficas aspectos da sociedade e transformaccedilatildeo da natureza

construindo os fundamentos dessa disciplina

A alfabetizaccedilatildeo nos anos iniciais do EF deve considerar as experiecircncias

anteriores dos alunos tanto os conhecimentos adquiridos junto agrave famiacutelia como os

voltados a Educaccedilatildeo Infantil quando a tiver Mas eacute durante o Ensino Fundamental que

haveraacute o iniacutecio de outras teacutecnicas de interpretaccedilatildeo Explica Mendes (2010 p 47) que

ldquopor meio da leitura e da escrita a crianccedila comeccedila gradativamente a se apropriar dos

conhecimentos historicamente construiacutedos pela humanidaderdquo e eacute na escola na maioria

dos casos que a aprendizagem dessas teacutecnicas se realizaraacute

28

Lessan (2011 p 40) afirma que a alfabetizaccedilatildeo eacute um processo complexo longo

e contiacutenuo aleacutem disso a autora destaca que ldquoa tarefa essencial para o professor do

iniacutecio do Ensino Fundamental I eacute ajudaacute-lo [o aluno] a desenvolver o potencial de

expressatildeo oral e enriquecer o vocabulaacuterio antes de ensinar a escreverrdquo portanto a

alfabetizaccedilatildeo natildeo se limita aos primeiros anos do EF mas acompanha o curriacuteculo

escolar durante toda a Educaccedilatildeo Baacutesica

Acreditamos que a linguagem envolve um conteuacutedocontextotema que em

muitos casos eacute perdido pela natildeo compreensatildeo do significado das outras ciecircncias aleacutem

da liacutengua portuguesa no processo de alfabetizaccedilatildeo Borba amp Oliveira (2012 p 119 -

120) afirmam que entre os alunos do curso de Pedagogia eacute comum a compreensatildeo da

Geografia enquanto disciplina de memorizaccedilatildeo enumeraccedilatildeo classificatoacuteria e descritiva

ademais em muitos casos esses alunos ldquo[] apresentam dificuldades de entendimento

dos conceitos e procedimentos baacutesicos []rdquo da ciecircncia geograacutefica Perceber a Geografia

enquanto uma disciplina enciclopeacutedica diminui portanto a perspectiva de um trabalho

que agregue significado a palavra aprendida

Por outro lado natildeo eacute novidade para a educaccedilatildeo as contribuiccedilotildees da Geografia no

processo didaacutetico Os Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCN) de Geografia para os

anos iniciais do EF contribuem para a compreensatildeo dessa ciecircncia realizando um resgate

histoacuterico epistemoloacutegico aleacutem de contribuir com orientaccedilotildees teoacuterico-metodoloacutegicas da

Geografia para o ensino explica Borba amp Oliveira (2012) Os PCN (BRASIL 1997 p

74) entendem que

A Geografia estuda as relaccedilotildees entre o processo histoacuterico que regula a

formaccedilatildeo das sociedades humanas e o funcionamento da natureza por meio

da leitura do espaccedilo geograacutefico e da paisagem [] a Geografia tem que

trabalhar com diferentes noccedilotildees espaciais e temporais bem como com os

fenocircmenos sociais culturais e naturais que satildeo caracteriacutesticos de cada

paisagem para permitir uma compreensatildeo processual e dinacircmica de sua

constituiccedilatildeo

Como parte do curriacuteculo escolar a Geografia pode auxiliar na alfabetizaccedilatildeo do

aluno pois de acordo com Straforini (2008 p 120)

[] eacute um meio de enriquecer o processo de alfabetizaccedilatildeo porque eacute no espaccedilo

geograacutefico que as crianccedilas tecircm as muacuteltiplas possibilidades da realidade Eacute

nele que a vida se faz Assim eacute no espaccedilo geograacutefico que as crianccedilas buscam

e encontram os siacutembolos e os seus significados

Autores como Straforini (2008) Mendes (2010) Lessan (2011) Castrogiovanni

amp Costella (2006) concordam que a alfabetizaccedilatildeo natildeo se limita a decifrar o coacutedigo da

liacutengua materna mas na possibilidade de relacionaacute-la a tomada de decisotildees referentes ao

29

espaccedilo geograacutefico A relaccedilatildeo entre a alfabetizaccedilatildeo e o ensino de Geografia eacute entendida

por diferentes sinocircnimos ldquoAlfabetizaccedilatildeo em Geografiardquo como destaca Castellar (2000)

ldquoAlfabetizaccedilatildeo espacialrdquo retratado por Callai (2005) ou ainda ldquoAlfabetizaccedilatildeo

Geograacuteficardquo explicado por Borba amp Oliveira (2012)

A alfabetizaccedilatildeo geograacutefica aproxima os conteuacutedos temas e conceitos da

Geografia com uma leitura que natildeo se restringe aos procedimentos de escrita e leitura

textual ldquo[] tem por objetivo formar para a cidadania a partir dos elementos proacuteximos

do aluno e das interfaces local-globalrdquo (BORBA amp OLIVEIRA 2012 p 128)

Jaacute a constituiccedilatildeo da Alfabetizaccedilatildeo Geograacutefica por sua vez surge como processo

de ldquoalfabetizaccedilatildeo cartograacuteficardquo que ldquo[] permite uma alfabetizaccedilatildeo geograacutefica mais

eficiente mediante o desenvolvimento das habilidades operatoacuterias tiacutepicas do trabalho de

representaccedilatildeo graacutefica [uso da linguagem cartograacutefica]rdquo (CASTELLAR 2000 p 29)

Quando relacionamos essas trecircs concepccedilotildees de Alfabetizaccedilatildeo (Alfabetizaccedilatildeo da

liacutengua alfabetizaccedilatildeo geograacutefica e alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica) nos anos iniciais do EF

ampliamos a possibilidade de uma aprendizagem que considera o mundo e seu contexto

geograacutefico e histoacuterico Isto por sua vez ultrapassa a ideia da leituraescrita como

habilidade mecacircnica a alfabetizaccedilatildeo do ler e escrever (inclusive por mapas) eacute um meio

para a desenvolvimento do espiacuterito de cidadania e na reflexatildeo sobre o quecirc por quecirc e

para que se lecirc e escreve

Como eixo de articulaccedilatildeo entre as concepccedilotildees destacadas no paraacutegrafo anterior

destacamos Callai (2005) que reflete sobre o exerciacutecio de alfabetizaccedilatildeo pelas crianccedilas

nomeando o processo de ldquoleitura de mundordquo Os estudos de Callai (2005 2013)

consideram a importacircncia da clareza do professor ao ensinar Geografia apontando trecircs

razotildees (1) corresponde ao conhecimento do mundo e as informaccedilotildees pertencentes a ele

(2) conhecer o espaccedilo produzido pelo homem e (3) contribuir para a formaccedilatildeo do

cidadatildeo

Entender a leitura de mundo eacute considerar que desde o nascimento a crianccedila

adquire experiecircncias espaciais e que elas possibilitam a superaccedilatildeo dos obstaacuteculos

desvendando pouco a pouco a visatildeo linear a respeito do mundo Por meio da realidade

vivida cotidianamente ela avanccedila no reconhecimento da percepccedilatildeo e complexidade do

mundo (CALLAI 2005)

No processo de leitura de mundo a crianccedila desenvolve tambeacutem representaccedilotildees

espaciais estas por conseguinte se aproximam da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica Lessan

(2011 p 58) compreende que ldquorepresentar eacute essencial para adquirir conhecimentos

30

uma vez que qualquer conhecimento passa por uma representaccedilatildeo mental para que a

imagem mental possa ser assimiladardquo logo o espaccedilo vivido percebido imaginado e

concebido satildeo modos de pensar a vida cotidiana Katuta (2001 p 179) corrobora com

esta discussatildeo apontando que

A humanidade desde os seus primoacuterdios segundo consta em vaacuterios

documentos sempre representou seu espaccedilo vivido Por isso ao longo da

construccedilatildeo histoacuterica do que hoje denominamos grosso modo por

representaccedilotildees cartograacuteficas verificamos vaacuterias tentativas de se representar

saberes sobre os territoacuterios

Dentre as vaacuterias descobertas pelo homem sobre a representaccedilatildeo do espaccedilo

vivido citamos como exemplo os estudos de Claval (2011) que relatam que na Greacutecia

antiga por volta do seacuteculo V a C pensadores como Heroacutedoto Hiparco e Ptolomeu jaacute

recorriam aos campos da matemaacutetica astronomia e astrologia para estabelecer

representaccedilotildees da Terra calcular dimensotildees e registrar fenocircmenos geograacuteficos

observados Desse modo eacute niacutetido que as representaccedilotildees natildeo se apresentam de forma

linear tampouco desarticulada do mundo A dimensatildeo espacial histoacuterica e cultural

auxilia a construccedilatildeo dos significados sobre os lugares e as comunidades que nela

habitam

Contudo a educaccedilatildeo escolar natildeo pode basear-se apenas nas experiecircncias vividas

dos alunos Dessa forma segundo Cavalcanti (2014) o que se apresenta como proposta

para a praacutetica do ensino de Geografia eacute a reflexatildeo sobre a espacialidade explica a autora

que eacute papel desta ciecircncia

[] prover bases e meios de desenvolvimento e ampliaccedilatildeo da capacidade dos

alunos de apreensatildeo da realidade do ponto de vista da espacialidade ou seja

de compreensatildeo do papel do espaccedilo nas praacuteticas sociais e destas na

configuraccedilatildeo do espaccedilo [] o pensar geograacutefico contribui para a

contextualizaccedilatildeo do proacuteprio aluno como cidadatildeo do mundo em que vive

desde a escala local agrave regional nacional e mundial O conhecimento

geograacutefico eacute pois indispensaacutevel agrave formaccedilatildeo de indiviacuteduos participantes da

vida social agrave medida que propicia o entendimento do espaccedilo geograacutefico e do

papel desse espaccedilo nas praacuteticas sociais (CAVALCANTI 2014 p 11)

De acordo com a citaccedilatildeo apresentada compreendemos que o conhecimento

cientiacutefico de Geografia deve ser primordialmente ensinado no espaccedilo escolar

Conceitos geograacuteficos como espaccedilo territoacuterio regiatildeo lugar cotidiano paisagem entre

outros satildeo pautas do curriacuteculo escolar devendo estar articulados a temas e

metodologias de trabalho para que o aluno reflita e se identifique enquanto cidadatildeo

participando e construindo sua identidade

31

O conceito de lugar eacute uma das referecircncias para o ensino de Geografia nos anos

iniciais do EF Conforme os PCN o lugar consiste na dimensatildeo espacial mais proacutexima

do aluno onde constroacutei sua relaccedilatildeo de identidade O documento tambeacutem argumenta que

o ldquo[] lugar traduz os espaccedilos com os quais as pessoas tecircm viacutenculos mais afetivos e

subjetivos que racionais e objetivos []rdquo (BRASIL 1997 p 76)

Nessa mesma linha de raciociacutenio afirma Tuan (1983) que a experiecircncia constroacutei

a realidade segundo ele a praacutetica cotidiana permite aos sujeitos acumular informaccedilotildees

ao longo do tempo construindo memoacuterias estabelecendo laccedilos afetivos com o espaccedilo

Assim a experiecircncia implica a capacidade de aprender significa atuar sobre

o dado e criar a partir dele O dado natildeo pode ser construiacutedo em sua essecircncia

O que pode ser conhecido eacute uma realidade que eacute construto da experiecircncia

uma criaccedilatildeo de sentimento e pensamento (TUAN 1983 p 10)

Eacute necessaacuterio compreender que a praacutetica o contato direto com o espaccedilo permite

segundo os apontamentos de Tuan as possibilidades para construccedilatildeo do conceito de

lugar Diante disso Callai (2005 p 240) admite que ldquoler o mundo a partir do lugar eacute o

desafiordquo Mediante os apontamentos realizados por Tuan (1983) e Callai (2005)

reconhecemos a importacircncia da realidade concreta do espaccedilo vivido do aluno como

ponto de partida para a leitura de mundo Desta forma precisamos entender que o lugar

[] natildeo eacute apenas um quadro de vida mas um espaccedilo vivido isto eacute de

experiecircncia sempre renovada o que permite ao mesmo tempo a reavaliaccedilatildeo

das heranccedilas e a indagaccedilatildeo sobre o presente e o futuro A existecircncia naquele

espaccedilo exerce um papel revelador sobre o mundo (SANTOS 2006 p 114)

Em outro texto Santos (2009) esclarece que a discussatildeo do conceito de lugar

deve ser compreendida mediante o processo de globalizaccedilatildeo apontando que fenocircmenos

poliacuteticos econocircmicos e ou sociais contribuem para definir o contexto histoacuterico

espacial e cultural dos lugares Desta forma cabe ao professor compreender que natildeo haacute

dois lugares no mundo totalmente idecircnticos mas que podem conter traccedilos semelhantes

e que todo lugar faz parte de um contexto da totalidade espacial

Autores como Lessan (2011) Mendes (2010) e Campos amp Buitoni (2010)

relatam que eacute necessaacuterio que as atividades relacionadas agrave construccedilatildeo dos conceitos pelos

alunos tenham como ponto de partida o espaccedilo vivido e desenvolva exerciacutecios de

observaccedilatildeo descriccedilatildeo levantamento de hipoacuteteses e explicaccedilotildees comparaccedilatildeo

representaccedilatildeo interpretaccedilatildeo e pesquisa sobre o tema estudado Segundo Mendes (2010

p 52 - 53) eacute possiacutevel considerar que

32

[] nos anos iniciais do Ensino Fundamental eacute possiacutevel ldquolevar o mundordquo

para a sala de aula criando uma interaccedilatildeo do aluno com aspectos de outros

lugares e a observaccedilatildeo de diferentes paisagens do Planeta possibilitando a

ele perceber que a geografia estaacute inserida em vaacuterias situaccedilotildees do dia a dia

Argumenta Callai (2005) Straforini (2008) Mendes (2010) e Lessan (2011) que

mesmo sendo necessaacuterio iniciar o trabalho a partir do espaccedilo de vivencia do aluno (o

lugar) natildeo devemos nos reduzir a essa escala de anaacutelise Aleacutem disso os autores apontam

que a escala natildeo deveria se restringir a meacutetodos que organizem os conteuacutedos mediante

propostas dos ciacuterculos concecircntricos (que discutem as escalas casa ndash bairro ndash municiacutepio

ndash estado ndash paiacutes e mundo isoladamente) mas mediante o contexto dos conteuacutedos e

objetivos propostos pelo professor

Neste sentido o processo de construccedilatildeo de conceitos eacute para Straforini (2008 p

92) entender que o espaccedilo geograacutefico eacute composto por diferentes escalas que natildeo satildeo

uacutenicas ou isoladas pois ldquo[] eacute impossiacutevel esconder das crianccedilas o mundo quando as

informaccedilotildees lhes satildeo passadas no exato instante do seu acontecimentordquo8 Observamos

em nosso contexto de pesquisa que o professor apoacutes contextualizar a noccedilatildeo de lugar

com o aluno pode levantar outras provocaccedilotildees apresentando outras escalas geograacuteficas

como a regional questionando e mediando o aluno a pensar sobre o mundo construindo

uma reflexatildeo criacutetica do espaccedilo

Ao levarmos em consideraccedilatildeo este argumento observamos que as orientaccedilotildees

didaacuteticas nacionais tambeacutem indicam o trabalho com outros conceitos Os PCN destacam

entre seus objetivos comuns para as aulas de Geografia e Histoacuteria ldquoconhecer

caracteriacutesticas fundamentais do Brasil nas dimensotildees sociais materiais e culturais como

meio para construir progressivamente a noccedilatildeo de identidade nacional e pessoal e o

sentimento de pertinecircncia ao Paiacutesrdquo (BRASIL 1997 p 09)

Recorrer a outras escalas de compreensatildeo permite natildeo nos reduzirmos ao

imediato local entendendo que

A crianccedila faz parte do mundo e os lugares por mais distantes que sejam por

fazerem parte da histoacuteria familiar e cultural do aluno podem natildeo ser

abstratos [] desse modo ao observar uma foto ou ver televisatildeo uma

paisagem por exemplo mesmo sem conhecer fisicamente o lugar a crianccedila

pode identificar aspectos de sua organizaccedilatildeo espacial Trabalhando nesta

8 Em decorrecircncia das miacutedias como a televisatildeo o raacutedio e a internet as informaccedilotildees de diferentes partes

mundo satildeo dadas mas isso natildeo corresponde necessariamente a um conhecimento acerca de tal

fenocircmeno A escola pode contextualizar a notiacutecia e evidenciar as possibilidades de aprendizagem acerca

do fato

33

perspectiva o ensino de geografia possibilita ao educando sentir-se

pertencente a um lugar que eacute resultado das relaccedilotildees entre sociedade e

natureza formando um todo do qual ele proacuteprio faz parte e no qual suas

accedilotildees interferem (MENDES 2010 p 53)

Ao trabalhar com os princiacutepios do conceito de regiatildeo por exemplo o aluno pode

adquirir habilidades essenciais para o desenvolvimento de sua aprendizagem A este

respeito Campos amp Buitoni (2010 p 89) afirmam que

Pensar a regiatildeo [] implica raciocinar sobre ldquoum recorte uma porccedilatildeo do

espaccedilo terrestrerdquo um ldquosubespaccedilo de gestatildeo territorialrdquo ldquoum espaccedilo marcado

por relaccedilotildees cotidianasrdquo ldquoum espaccedilo vivido que se apoia em sua construccedilatildeo

material e nas relaccedilotildees com o entornordquo ou outras concepccedilotildees conforme o

objetivo do estudo (acadecircmico escolar ou planejamento) e os pressupostos

teoacuterico-metodoloacutegicos adotados

Entende-se desse modo a que o lugar tambeacutem eacute uma construccedilatildeo histoacuterica que

natildeo se restringe a sua escala de compreensatildeo dessa forma ao longo do percurso dos

anos iniciais do EF mais precisamente no segundo ciclo os alunos poderatildeo reconhecer

mudanccedilas e permanecircncias espaccedilo-temporais em escalas diversas permitindo construir

habilidades como ldquoentender a distribuiccedilatildeo espacial das principais elementos do espaccedilo

(regiotildees estado)rdquo (LESSAN 2011 p 79)

Ainda em se tratando desse assunto Campos amp Buitoni (2010) afirmam que a

construccedilatildeo da noccedilatildeo de conceitos como regiatildeo eacute um processo contiacutenuo que natildeo se

restringe aos anos iniciais do EF Deste modo o aluno constroacutei definiccedilotildees provisoacuterias

do conceito pensando o uso do conceito de lugar e regiatildeo de acordo com as

possibilidades cognitivas da situaccedilatildeo escolar e do contexto do tema discutido

Desse modo o ensino de Geografia nos anos iniciais do EF tem a possibilidade

de integrar trecircs concepccedilotildees de alfabetizaccedilatildeo (da liacutengua geograacutefica e cartograacutefica) cada

uma delas articulada a uma base comum que eacute a leitura de mundo Entendemos que

esse processo pode iniciar-se por qualquer um dos tipos de alfabetizaccedilatildeo destacado

Pretendemos no proacuteximo toacutepico esclarecer o que eacute a Cartografia Escolar e

posteriormente nossa compreensatildeo acerca da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica e seu auxiacutelio

nas aulas de Geografia no intuito de promover um melhoramento qualitativo nos iacutendices

de aprendizagem dos educandos envolvidos no processo bem como refletir sobre o

papel do educador no mesmo

34

13 CARTOGRAFIA ESCOLAR E SEUS CONTEXTOS NO ENSINO DE

GEOGRAFIA

Desde os primeiros registros encontrados pelos historiadores sobre o

desenvolvimento humano vaacuterios foram os desenhos encontrados que remontam agrave

percepccedilatildeo sobre a representaccedilatildeo do espaccedilo geograacutefico Francischett (2004) comenta que

a arte de traccedilar mapas iniciou-se no seacuteculo VI a C com funccedilotildees voltadas a navegaccedilatildeo e

militar Jolly (1990) por sua vez argumenta por meio da definiccedilatildeo adotada pela

Associaccedilatildeo Cartograacutefica Internacional que a Cartografia eacute um conjunto de operaccedilotildees

cientiacuteficas artiacutesticas e teacutecnicas que possibilita a elaboraccedilatildeo de mapas planos e outros

meios de representaccedilatildeo da superfiacutecie terrestre

Jolly (1990) e Fitz (2008) consideram a Cartografia como uma ciecircncia de

seleccedilatildeo organizaccedilatildeo e sistematizaccedilatildeo de informaccedilotildees relacionadas ao espaccedilo

geograacutefico utilizada para diferentes fins Foram justamente estes avanccedilos tecnoloacutegicos

que permitiram ampliar os conhecimentos sobre a forma e dimensatildeo da Terra Aleacutem

disso percebemos que muitos princiacutepios baacutesicos satildeo utilizados ainda hoje a exemplo da

localizaccedilatildeo orientaccedilatildeo e escala (dimensatildeo) da representaccedilatildeo do espaccedilo real O mapa

demonstra uma das possiacuteveis imagens do terreno Em siacutentese ldquo[] eacute uma simplificaccedilatildeo

da realidaderdquo (JOLLY 1990 p 07)

Atualmente estaacute ciecircncia eacute um importante eixo de pesquisa e estudo relacionado

ao ensino de Geografia denominado de Cartografia Escolar Tambeacutem conhecida como

Cartografia para crianccedilas e escolares a Cartografia Escolar tecircm como diferencial a

constituiccedilatildeo de um saber que articula as aacutereas da Cartografia Educaccedilatildeo e Geografia

(ALMEIDA 2011) Eacute evidente sua presenccedila em livros didaacuteticos e paradidaacuteticos de

Geografia nos documentos e orientaccedilotildees pedagoacutegicas brasileiras como os Paracircmetros

Curriculares Nacionais ndash PCN (1997)

Uma das questotildees fundamentais para se compreender as propostas relacionadas

agrave Cartografia Escolar eacute identificar diferenccedilas correspondentes ao uso e interpretaccedilatildeo dos

mapas pelas crianccedilas e adultos De acordo com Oliveira (1978) haacute uma grande

importacircncia no desenvolvimento da Cartografia ao longo da histoacuteria humana aleacutem

disso indaga sobre a utilizaccedilatildeo dos mapas na escola e a realizaccedilatildeo de materiais

cartograacuteficos realizados por adultos para a interpretaccedilatildeo pelas crianccedilas

A tese de livre docecircncia de Oliveira (1978) ldquoEstudo metodoloacutegico e cognitivo do

mapardquo aproxima o puacuteblico da Teoria Cognitiva ou Epistemologia Geneacutetica de Piaget e

35

seus colaboradores contribui com estudos de autores norte - americanos e europeus que

em meados de 1980 natildeo eram acessiacuteveis a classe de professores brasileiros

Uma das grandes contribuiccedilotildees dos estudos de Oliveira (1978) encontra-se nos

mecanismos perceptivos e cognitivos das crianccedilas e aponta que o ato de mapear

possibilita a preparaccedilatildeo do aluno para compreensatildeo de mapas

Ao longo das uacuteltimas deacutecadas a Cartografia Escolar apresenta-se entre um dos

significativos nuacutecleos de pesquisa voltado ao Ensino de Geografia no Brasil A

investigaccedilatildeo de Pinheiro (2005) cataloga dissertaccedilotildees e teses relacionadas ao Ensino de

Geografia e demonstra as temaacuteticas de pesquisa entre o periacuteodo 1967 a 2003 As

representaccedilotildees espaciais (trabalhos correspondentes a Cartografia Escolar) constituem

no feixe temporal supramencionado um expressivo nuacutemero de trabalhos o maior

registrado A Figura 01 sintetiza esta informaccedilatildeo

FIGURA 01 - FOCOS TEMAacuteTICOS DE PESQUISAS REALIZADAS NA AacuteREA DE

GEOGRAFIA ESCOLAR (1967 ndash 2003)

Fonte PINHEIRO 2005 p 81

Observamos que dos 281 trabalhos apresentados entre dissertaccedilotildees e teses 49

correspondem agraves representaccedilotildees espaciais As pesquisas desenvolvidas referendam

teacutecnicas e metodologias como mapas graacuteficos atlas loacutegica de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

espacial que natildeo se restringem a educaccedilatildeo formal (escolar) Investigam as

representaccedilotildees e percepccedilotildees do espaccedilo geograacutefico por crianccedilas e jovens diferenciando-

se em seus meacutetodos de investigaccedilatildeo (PINHEIRO 2005)

39 4038

31 31

2119 20

14 15

910

52

6 53 2

04

2 1

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

Mestrado

Doutorado

36

Apontamos que a discussatildeo estabelecida por Oliveira (1978) contribuiu para esta

reflexatildeo do mapa natildeo como instrumento mnemocircnico (por meio do simples decalque

pintura e lista de nomes de cidades ou paiacuteses) permitindo que outros autores

progredissem na investigaccedilatildeo do ensino do mapa como recurso para o raciociacutenio

geograacutefico popularizando-o

O mapa dessa maneira ganha status como recurso didaacutetico nas atividades

relacionadas agrave Geografia em sala de aula Eacute inserido no curriacuteculo escolar assim como eacute

introduzido nos cursos de formaccedilatildeo de professores de Geografia e Pedagogia atribui-se

significantes avanccedilos no campo do ensino de Geografia (FRANCISCHETT 2004

ALMEIDA amp PASSINI 2010 RICHTER 2010)

Neste sentido questionamos por que utilizar os mapas no ensino-aprendizagem

de Geografia Em que estes estudos contribuem para esse processo Para Oliveira

(1978) o mapa deve ser compreendido atraveacutes de sua abordagem geograacutefica Nestas

condiccedilotildees eacute fundamental responder a questatildeo onde Que se desdobra em outras quatro

perguntas a saber O quecirc Quando Como E por quecirc

A geografia como toda ciecircncia tem por tarefa descrever analisar e predizer

os acontecimentos terrestres A descriccedilatildeo anaacutelise ou prediccedilatildeo geograacutefica dos

fenocircmenos eacute sempre realizada tendo em vista as suas coordenadas espaciais

Como o conceito geograacutefico de espaccedilo coincide com o de toda Terra o

geoacutegrafo teve necessidade de recorrer agrave representaccedilatildeo da superfiacutecie terrestre

para realizar seus estudos (OLIVEIRA 1978 p 17)

Sobre as finalidades do mapa satildeo destacados inuacutemeros usos os quais se destaca

o da localizaccedilatildeo a relaccedilatildeo espacial visto que ldquoa necessidade de localizar-se e orientar-se

se manifesta em termos de defesa seguranccedila e movimentaccedilatildeordquo (OLIVEIRA 1978 p

19) O mapa eacute tratado nesta perspectiva como uma forma de comunicaccedilatildeo graacutefica

constituiacutedo por uma linguagem proacutepria de comunicaccedilatildeo de expressatildeo espacial de

determinado objeto de estudo a linguagem cartograacutefica

Trabalhos posteriores a exemplo de Almeida amp Passini (2010) discutem o

desenvolvimento das garatujas rabiscos das crianccedilas para a representaccedilatildeo espacial O

reconhecimento dos traccedilados e formas geomeacutetricas (ciacuterculo quadrado retacircngulo e

triacircngulo) e espaciais (casa aacutervore praccedila figuras humanas etc) eacute interpretes da

percepccedilatildeo dos alunos Essa compreensatildeo eacute importante para o processo de

desenvolvimento metodoloacutegico do mapa Agora o aluno natildeo eacute visto apenas como um

leitor de mapas mas um produtor de mapa Considera-se o espaccedilo dialoacutegico em que o

conhecimento eacute produzido internalizado e socializado

37

Ao mapear o estudante desenvolve habilidades como o ato de observar

representar comparar sintetizar interpretar e verbalizar Estas seriam algumas

capacidades dos alunos em mobilizar suas habilidades (saber fazer) seus conhecimentos

geograacuteficos e suas atitudes (saber ser) para solucionar determinadas situaccedilotildees

problemas agrave qual poderemos entender por competecircncias (ANDREIS 1999)

A linguagem cartograacutefica como aponta os PCN (1997)

[] eacute uma forma de atender a diversas necessidades das mais cotidianas

(chegar a um lugar que natildeo se conhece entender o trajeto dos mananciais

por exemplo) agraves mais especiacuteficas (como delimitar aacutereas de plantio

compreender zonas de influecircncia do clima) A escola deve criar

oportunidades para que os alunos construam conhecimentos sobre essa

linguagem nos dois sentidos como pessoas que representam e codificam o

espaccedilo e como leitores das informaccedilotildees expressas por ela

Destarte fica niacutetida a importacircncia da articulaccedilatildeo dos conhecimentos de

Geografia apreendidos com a vivecircncia dos alunos representados por meio dos mapas

Aleacutem disso percebemos que as necessidades cotidianas natildeo se restringem aos

conhecimentos relacionados ao espaccedilo vivido mas de todas as relaccedilotildees estabelecidas

com o mundo enfatizando a relaccedilatildeo lugar - mundo em sua totalidade Ler representar e

codificar elementos do espaccedilo eacute um processo dialeacutetico para o desenvolvimento

cognitivo dos alunos como veremos no proacuteximo item

131As propostas de Piaget voltada a Cartografia Escolar

O desenvolvimento do trabalho de Piaget (2007) privilegiou estudos sobre o

processo de aprendizagem considerando a influecircncia do meio externo A progressatildeo de

suas pesquisas ocorre em uma eacutepoca em que as teorias associacionistas e empiristas

destacavam os estiacutemulos do ambiente como atitude do desenvolvimento da experiecircncia

humana Investigou a capacidade da construccedilatildeo do conhecimento cientiacutefico e como a

aprendizagem se altera no decorrer da vida humana

Em busca de suas respostas realiza trabalhos com diferentes colaboradores

desenvolvendo uma teoria cognitiva9 Estes trabalhos por sua vez reconhecem o papel

9Bock Furtado amp Teixeira (2008 p 134) consideram a cogniccedilatildeo enquanto um ldquoProcesso atraveacutes do qual

o mundo de significados tem origem Agrave medida que o ser se situa no mundo estabelece relaccedilotildees de

significaccedilotildees isto eacute atribui significados agrave realidade em que se encontra Esses significados natildeo satildeo

entidades estaacuteticas mas pontos de partida para a atribuiccedilatildeo de outros significados Tem origem entatildeo a

38

da organizaccedilatildeo proacutepria dos sujeitos a experiecircncia sensiacutevel onde os estiacutemulos do meio

conduziriam a atividade interna dos indiviacuteduos Nestes termos

[] a inteligecircncia eacute uma adaptaccedilatildeo ndash eacute assimilaccedilatildeo pois incorpora dados da

experiecircncia do indiviacuteduo e eacute ao mesmo tempo acomodaccedilatildeo uma vez que o

sujeito modifica suas estruturas mentais para incorporar os novos elementos

da experiecircncia (BOCK FURTADO amp TEIXEIRA 2008 p 134)

Percebe-se portanto que o saldo das trocas dialeacuteticas entre indiviacuteduo e ambiente

possibilitaria o desenvolvimento da inteligecircncia ao longo da vida Piaget (2007)

estabelece trecircs niacuteveis sensoriomotores ndash preacute-operatoacuterio operatoacuterio e operaccedilotildees formais

ndash indicando a adaptaccedilatildeo do sujeito inicialmente por seus instintos de sobrevivecircncia e

posteriormente pela construccedilatildeo gradual mediante a experiecircncia

Piaget (2007) desenvolve inuacutemeros estudos entre eles sobre a linguagem e

pensamento inteligecircncia raciociacutenio aprendizagem e conhecimento e construccedilatildeo do

espaccedilo Entre todas estas investigaccedilotildees a uacuteltima citada estaacute relacionada agrave gecircnese da

representaccedilatildeo espacial a partir de uma perspectiva matemaacutetica e geomeacutetrica do espaccedilo

O trabalho escrito por Piaget amp Inhelder (1993) consiste na principal base teoacuterica para

os estudos relacionados agrave Cartografia Escolar

Esta abordagem repercute ateacute hoje a exemplo dos estudos de Almeida amp Passini

(2010) e Ribeiro amp Marques (2001) para o processo de construccedilatildeo e compreensatildeo dos

mapas no Ensino Fundamental Foi por meio das relaccedilotildees espaciais tambeacutem conhecidas

por noccedilotildees espaciais topoloacutegicas projetivas e euclidianas que se propuseram

metodologias e didaacuteticas voltadas ao ensino-aprendizagem de Geografia

Em siacutentese a relaccedilatildeo topoloacutegica eacute desenvolvida quando haacute propostas para a

fundamentaccedilatildeo de atividade no que se refere agrave identificaccedilatildeo de posiccedilotildees e referenciais

elementares ou seja empregada uma das principais funccedilotildees da representaccedilatildeo

cartograacutefica a localizaccedilatildeo

Ribeiro amp Marques (2001 p 59) enfatizam que ldquoa princiacutepio o espaccedilo eacute para a

crianccedila apenas o espaccedilo da accedilatildeo um espaccedilo praacutetico que se manifesta atraveacutes de suas

accedilotildeesrdquo Normalmente desenvolve-se nesta fase atividades que exercite experiecircncias

corporais enfatizando relaccedilotildees como dentro fora perto longe agrave frente atraacutes etc10

estrutura cognitiva (os primeiros significados) constituindo-se nos lsquopontos baacutesicos de ancoragemrsquo dos

quais derivam outros significadosrdquo 10Castrogiovanni amp Costella (2006) Almeida amp Passini (2010) Passini (2010) propotildeem diferentes

atividades que auxiliam a construccedilatildeo destas noccedilotildees pelas crianccedilas

39

As propostas associadas agraves relaccedilotildees projetivas favoreceriam a percepccedilatildeo da

mudanccedila de perspectiva sobre o objeto observado influenciando a grafia do objeto

quando desenhado O mesmo objeto pode ser percebido em sua dimensatildeo (ou ponto de

vista) lateral vertical ou obliacutequo

Por convenccedilatildeo o mapa existente eacute geralmente representado verticalmente

Segundo Richter (2004 p 68) as ldquo[] noccedilotildees projetivas visa colaborar na compreensatildeo

das perspectivas e projeccedilotildees que o mapa possui demonstrando para o aluno que as

representaccedilotildees cartograacuteficas respeitam a perspectiva utilizadardquo Nestas condiccedilotildees a

proposta eacute que todos os elementos a serem representados obedeccedilam a uma soacute

perspectiva a vertical

Passini (2012) esclarece que as relaccedilotildees euclidianas correspondem agrave introduccedilatildeo

em medidas de tamanho e proporcionalidade No mapa corresponde agrave escala espacial e

numeacuterica ndash relaccedilatildeo entre o real (dimensatildeo espacial) e o abstrato (representaccedilatildeo)

Partindo do estudo de Almeida amp Passini (2010) podemos ainda concluir que para o

mapa esta relaccedilatildeo possibilita o envolvimento da perspectiva e coordenadas geograacuteficas

no plano espacial localizando e orientando por meio de referenciais abstratos

O processo metodoloacutegico de elaboraccedilatildeo do mapa pela crianccedila estaacute

contextualizado nas relaccedilotildees espaciais Segundo a perspectiva piagetiana elas

repercutem no processo metodoloacutegico de desenvolvimento de recursos cartograacuteficos

(croquis desenhos mapas e maquetes) Com a intenccedilatildeo de correlacionar as propostas

metodoloacutegicas para a construccedilatildeo do mapa ao ensino de Geografia elaboramos o Quadro

01 Ele sintetiza por meio da visatildeo de alguns autores a leitura piagetiana para cada

fase atividades relacionadas agrave Cartografia Escolar conteuacutedos e as relaccedilotildees espaciais

40

QUADRO 1 - OPERACcedilOtildeES MENTAIS PARA O DESENVOLVIMENTO DA LEITURA DE MAPAS

PERIacuteODOS DE DESENVOLVIMENTO COGNITIVO RELACcedilOtildeES ESPACIAIS ELEMENTOS

CARTOGRAacuteFICOS

ATIVIDADES RELACIONADAS Agrave

CARTOGRAFIA ESCOLAR

PREacute-OPERATOacuteRIO

Primeiras noccedilotildees espaciais

Construccedilatildeo via sentidos atraveacutes de um contato direto

com o objeto

RELACcedilAtildeO SIGNIFICANTE

SIGNIFICADO

Siacutembolos e legendas

Mapa do corpo (onde os alunos podem

mapear o proacuteprio corpo em uma folha de

papel)

Banho de papel

OPERATOacuteRIO

Iniacutecio do aparecimento da funccedilatildeo simboacutelica

Utilizaccedilatildeo de representaccedilotildees

Aparecircncia dos fenocircmenos

Representaccedilotildees estatiacutesticas (a crianccedila natildeo consegue

refazer a ordem inversa dos acontecimentos)

RELACcedilOtildeES TOPOLOacuteGICAS

Vizinhanccedila proximidade

separaccedilatildeo envolvimento

interioridade exterioridade

Limites e fronteiras

Realizaccedilatildeo de maquetes

Planta da sala de aula

Trajeto casa-escola Noccedilotildees de esquerda e direita satildeo consideradas apenas

do ponto de vista do observador

Representaccedilotildees dinacircmicas (representam tambeacutem em

ordem inversa)

OPERACcedilOtildeES FORMAIS

Localiza quando o objeto estaacute agrave sua direita ou agrave direita

do outro

Introduccedilatildeo da noccedilatildeo de perspectiva

RELACcedilOtildeES PROJETIVAS

Esquerda direita em cima

embaixo agrave frente atraacutes

Escala e coordenadas

geograacuteficas Orientaccedilatildeo espacial (A partir do sol ou

buacutessola)

Realizaccedilatildeo de plantas ndash mapas de grande

escala - mediante fita meacutetrica e reacutegua

Analise na completa ausecircncia do objeto

Passagem da accedilatildeo agrave operaccedilatildeo

Considera que os objetos estatildeo agrave esquerda - direita uns

dos outros

Superaccedilatildeo egocentrismo - descentralizaccedilatildeo

RELACcedilOtildeES EUCLIDIANAS

Relaccedilotildees meacutetricas comprimento

altura largura

Sistema de coordenadas

Projeccedilotildees cartograacuteficas e

orientaccedilatildeo geograacutefica

Fonte PASSINI apud RICHTER (2010) p 44 - 45 RIBEIRO amp MARQUES (2001) CASTROGIOVANNI amp COSTELLA (2006) ALMEIDA amp PASSINI (2010)

PASSINI (2012)

41

Eacute observado no quadro 01 (p 40) que para cada periacuteodo de desenvolvimento

cognitivo dos alunos haacute intenccedilotildees no que se refere ao desenvolvimento de relaccedilotildees

espaciais e elementos cartograacuteficos Passini apud Richter (2010) e Passini (2012)

destacam elementos cartograacuteficos e atividades didaacuteticas para a construccedilatildeo das relaccedilotildees

espaciais outros autores indicam atividades praacuteticas a exemplo do mapa do corpo

apresentado por Almeida amp Passini (2010) ou banho de papel por Castrogiovanni amp

Costella (2006)

No que se refere aos elementos apresentados no quadro 01 (p 40) o primeiro

periacuteodo de desenvolvimento cognitivo (preacute-operatoacuterio) indica a relaccedilatildeo entre a

representaccedilatildeo do corpo da crianccedila (significante - siacutembolo) e o corpo humano

(significado ndash o que o siacutembolo representa) possibilitando a construccedilatildeo de uma legenda

Aleacutem disso assim como na segunda atividade possibilita uma conexatildeo para as relaccedilotildees

topoloacutegicas

Posteriormente no periacuteodo operatoacuterio estas relaccedilotildees satildeo aprofundadas incluem-

se a discussatildeo dos limites e fronteiras bases na discussatildeo das escalas geograacuteficas ndash

municiacutepio estados regiatildeo paiacutes entre outras E finalmente as operaccedilotildees formais

quando as crianccedilas jaacute conseguem realizar uma descentralizaccedilatildeo de sua percepccedilatildeo

espacial contribuindo para o desenvolvimento da orientaccedilatildeo geograacutefica do uso de

escalas de reduccedilatildeo e coordenadas geograacuteficas

Como resultado foi desenvolvido propostas para o trabalho com mapas

existentes ou seja aqueles que possuem uma linguagem cartograacutefica composto por

ldquo[] um sistema de siacutembolos que envolvem proporcionalidade uso de signos ordenados

e teacutecnicas de projeccedilatildeordquo (PCN 1997 p 79) Esses envolvem tambeacutem discussotildees sobre

orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo espacial O princiacutepio eacute a capacitaccedilatildeo do aluno para a construccedilatildeo

do mapa e concomitantemente a leitura de produtos cartograacuteficos auxiliando a

ampliaccedilatildeo do conhecimento geograacutefico e soluccedilatildeo de problemas cotidianos

Com base nestas prerrogativas assinaladas no campo da Cartografia Escolar

seria possiacutevel a formaccedilatildeo de um ldquoleitor consciente da linguagem cartograacuteficardquo

(ALMEIDA amp PASSINI 2010 p 21) Agrave medida que o aluno realiza os mapas ele

participa do processo de construccedilatildeo de habilidades e conceitos referentes agrave elaboraccedilatildeo

de mapas possibilitando a leitura eficaz dos mapas existentes

Toda esta metodologia do desenvolvimento da aprendizagem do mapa que

enfatizamos anteriormente ficou conhecida como alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica Mediante

esses apontamentos Passini (2012 p 13) define

42

ldquoAlfabetizaccedilatildeo Cartograacuteficardquo eacute uma metodologia que estuda os processos de

construccedilatildeo de conhecimentos conceituais e procedimentais que desenvolvam

habilidades para que o aluno possa fazer as leituras do mundo por meio das

suas representaccedilotildees Eacute a inteligecircncia espacial e estrateacutegica que permite ao

sujeito ler o espaccedilo e pensar a sua Geografia O sujeito que desenvolve essas

habilidades para ser leitor eficiente de diferentes representaccedilotildees desenvolve o

domiacutenio espacial

Nestes termos conhecer a Cartografia Escolar eacute compreender as relaccedilotildees

existentes no espaccedilo e tempo permitindo ao aluno atender agraves necessidades que

apareceratildeo no seu cotidiano (natildeo restrita a realidade local) como traccedilar itineraacuterios

localizar lugares desenvolver formar conscientes de accedilatildeo no ambiente em que vive

dando-lhe por fim a possibilidade de planejar seu futuro

Sendo assim observamos que este processo de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica

deveria iniciar-se desde os anos iniciais do EF tendo em vista que o fato de interpretar

e produzir mapas satildeo habilidades que se formam gradualmente Por meio dessa

alfabetizaccedilatildeo os alunos podem construir conceitos baacutesicos para interpretar e produzir

representaccedilotildees com proficiecircncia crescente

Natildeo haacute uma exclusividade da perspectiva piagetiana para a leitura e

metodologias para a realizaccedilatildeo de mapas Como expotildeem Richter (2010) estes estudos

atingem o ambiente escolar mediante os referenciais curriculares da produccedilatildeo de

materiais escolares (principalmente os livros didaacuteticos) Entretanto isso natildeo

corresponde necessariamente a uma mudanccedila desejada no trabalho docente e

conseguinte da compreensatildeo dos alunos acerca deste recurso Observa-se um limite

entre a proposta e sua execuccedilatildeo no trabalho docente

Em contrapartida outras propostas surgem voltadas para o ensino-aprendizagem

de Geografia nas escolas sem necessariamente desprivilegiar ou ldquosuperarrdquo os estudos

das relaccedilotildees espaciais Indubitavelmente com o avanccedilo da Cartografia surgem novas

sugestotildees para o trabalho docente Integra outras perspectivas epistemoloacutegicas e

metodoloacutegicas a respeito do desenvolvimento da aprendizagem dos sujeitos e da ciecircncia

cartograacutefica Verificaremos essas leituras e interpretaccedilotildees no toacutepico a seguir

14 A CARTOGRAFIA ESCOLAR E OUTRAS INTERPRETACcedilOtildeES PARA O

CONHECIMENTO DO ESPACcedilO

Apoacutes 30 anos de estudos o desenvolvimento relacionado a atividades com a

Cartografia Escolar possibilitaram pesquisadores como Oliveira (1978) Almeida amp

43

Passini (2010) Castrogiovanni amp Costella (2006) Castellar (2000) e Passini (2012)

afirmarem que mediante a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica as crianccedilas estariam aptas ao

processo de leitura e interpretaccedilatildeo do mapa e consequentemente dos conhecimentos

relacionados agrave Geografia possibilitando desenvolver uma leitura de mundo

As pesquisas dos autores supracitados satildeo importantes pois valorizam e firmam

a posiccedilatildeo da representaccedilatildeo cartograacutefica nas praacuteticas escolares de Geografia ademais

parte de um mesmo vieacutes cartograacutefico o cartesiano Entretanto eacute importante lembrar que

ainda existem dificuldades no trabalho com essa perspectiva cartograacutefica na escola

principalmente nos anos iniciais do EF

A pesquisa de mestrado de Richter (2004) com alunos do uacuteltimo semestre do

curso de Pedagogia esclarece que muitos estudantes concluem o curso sem compreender

os processos metodoloacutegicos e cognitivos relacionados agrave alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica Os

discentes apontam e discutem a importacircncia do saber cartograacutefico nas praacuteticas escolares

muito embora quando interrogados natildeo consigam explicar os passos que possibilitaria

a accedilatildeo do ensino-aprendizagem da Cartografia Escolar

Mediante algumas experiecircncias no curso de Pedagogia da UFPB (ALMEIDA

2014) notamos que na maioria dos casos a leitura de orientaccedilotildees como os PCN (1997)

pelos professores estatildeo presentes apenas enquanto estudante universitaacuterio Visto a

obrigaccedilatildeo destas referecircncias pela academia Por outro lado haacute de se perceber que a

formaccedilatildeo presente nos cursos de Pedagogia eacute distinta a oferecida aos professores de

Geografia Os pedagogos tecircm apenas um semestre no maacuteximo um ano para

aprenderem tudo o que se refere ao ensino de Geografia inclusive as praacuteticas referentes

ao uso do mapa tornando essa relaccedilatildeo tecircnue quando eles se deparam com a sala de aula

Como resultado discute Pinheiro (2012) que as noccedilotildees espaciais satildeo trabalhadas

de forma descontextualizada do curriacuteculo escolar Os professores muitas vezes natildeo se

baseiam em um planejamento preacutevio ou apresentam um prosseguimento de uma

proposta para o ensino de Geografia A oportunidade de construir conceitos e de

relacionar a leitura de mundo eacute perdida em decorrecircncia de praacuteticas aleatoacuterias que natildeo se

baseiam em meacutetodos geograacuteficos

Pinheiro (2012) afirma que embora as noccedilotildees espaciais sejam trabalhadas em

sala de aula elas satildeo postas como parte da tradiccedilatildeo Satildeo usadas para disciplinar os

alunos as normas e regras escolares como a realizaccedilatildeo da fila a divisatildeo dos banheiros

para meninas e meninos e o lugar na sala de aula Opondo-se a esta praacutetica descrita

anteriormente julgamos necessaacuterio que a Cartografia Escolar deve estar atrelada a uma

44

tomada de consciecircncia do professor em relaccedilatildeo aos objetivos e ao posicionamento

metodoloacutegico do uso do mapa para as aulas de Geografia

Acreditamos que as praacuteticas da Cartografia tradicional no contexto escolar natildeo

podem se tornar a uacutenica referecircncia teoacuterico-metodoloacutegica Satildeo observados avanccedilos nessa

linha que permitiriam integrar outras praacuteticas para o ensino de Geografia Autores como

Teixeira11 (2001) Kozel (2002 2005) Katuta (2001) Girardi (2005) Raffestin (2007)

Lladoacute (2013) e Farinelli (2013) questionam e discutem a visatildeo de representaccedilatildeo espacial

em contextos tradicionais e progridem na avaliaccedilatildeo do mapa apontando novas

abordagens

A discussatildeo inicial estabelecida por Girardi (2005) destaca que a Cartografia

por anos eacute produzida mediante as regras da ordem da geometria e razatildeo positivista

Apresenta uma relaccedilatildeo entre a realidade e sua abstraccedilatildeo no papel O mapa enquanto

representaccedilatildeo permite compreender a dimensatildeo territorial por meio do proacuteprio

documento auxiliando na tomada de decisotildees e planejamento do espaccedilo urbano por

exemplo considerando a representaccedilatildeo como o proacuteprio objeto

Raffestin (2007 p 09 ndash 10) realiza criacuteticas em torno da Cartografia tradicional e

sua representaccedilatildeo por se constituir um significativo instrumento ideoloacutegico de poder

poliacutetico e militar ele menciona que

A representaccedilatildeo eacute triplamente uma moeda fiduciaacuteria12 em primeiro lugar ela

eacute a cristalizaccedilatildeo de um conjunto de valores e de normas de um sujeito

histoacuterico em seguida ela eacute o meio para se chegar a uma praacutetica e a um

conhecimento do real ou agrave praacutetica e a um conhecimento do imaginaacuterio e

enfim ela eacute um meio de acumulaccedilatildeo e de tesourizaccedilatildeo

Nas palavras do autor supracitado a carta (tipo de mapa geograacutefico de escala

meacutedia ou grande) tanto pode revelar verdades como mentiras sobre determinada

realidade espacial Nestas condiccedilotildees a representaccedilatildeo da superfiacutecie terrestre permite a

quem a detecircm e dela interpreta suas informaccedilotildees uma observaccedilatildeo geral do plano das

relaccedilotildees e organizaccedilotildees do territoacuterio e consequentemente uma accedilatildeo planejada sobre a

realidade apontando informaccedilotildees nem sempre verossiacutemeis mas um produto imaginaacuterio

intencional

Interpretando as palavras de Raffestin (2007) o ato de mapear natildeo eacute considerado

apenas no plano do conhecimento geograacutefico mas na posiccedilatildeo de organizaccedilatildeo espacial

11Uma observaccedilatildeo sobre a bibliografia deste trabalho eacute que Salete Kozel Teixeiraeacute citada durante esta

dissertaccedilatildeo de duas formas Teixeira e Kozel isso ocorre devido agrave mudanccedila do sobrenome da autora 12 Podemos considerar a expressatildeo ldquomoeda fiduciaacuteriardquo como um recurso de troca que garante seguranccedila

confianccedila na tomada de posiccedilatildeo do conhecimento para o sujeito

45

do domiacutenio do homem sobre o trabalho e o ambiente garantindo-lhe capital e poder As

caracteriacutesticas descritas segundo Lladoacute (2013) surgem com o advento da modernidade

e do Estado Naccedilatildeo ganhando prestiacutegio enquanto representaccedilatildeo espacial

O mapa nas condiccedilotildees a que se refere Raffestin (2007) e Lladoacute (2013) eacute

considerado legiacutetimo instrumento do governo Segundo Lladoacute (2013) poderiacuteamos

entender o mapa em dois momentos ideoloacutegicos distintos o primeiro destacaria o mapa

enquanto signo e o territoacuterio representado como significado O territoacuterio eacute um dado

original e o mapa uma abstraccedilatildeo uma imagem mais ou menos fiel do espaccedilo

Em um segundo momento Lladoacute (2013) e Farinelli (2013) demonstram que a

interpretaccedilatildeo sobre o mapa eacute transformada na modernidade pois haacute alteraccedilotildees culturais

Se antes o territoacuterio era a base para o mapeamento agora o mapa precede o territoacuterio

possibilitando a tomada de decisotildees planejamento criam-se inicialmente as fronteiras

fictiacutecias e depois as reais O Estado territorial moderno assume ldquo[] propriedades

geomeacutetricas e espaciais da projeccedilatildeo cartograacutefica algumas propriedades jaacute presentes na

definiccedilatildeo euclidiana de lsquoextensatildeorsquo espacialrdquo13 (LLADOacute 2013 p 242 ndash 243)

Segundo Lladoacute (2013 p 242 - 243) trecircs caracteriacutesticas estatildeo presentes no mapa

existente a ldquocontinuidaderdquo natildeo fragmentaccedilatildeo territorial ldquohomogeneidaderdquo o Estado e

consequentemente seu povo satildeo homogecircneos no que corresponde a cultura manipulam

os mesmo signos (liacutengua e consciecircncia histoacuterica) e ldquoisotropiardquo todos respondem ao

mesmo centro a capital do Estado14

Essa visatildeo eurocecircntrica do mundo da construccedilatildeo de mapas ocidentais

cientiacuteficos e contemporacircneo portanto ldquoverdadeirosrdquo haacute muito negligencia a confecccedilatildeo

de mapas primitivos histoacutericos e mentais por natildeo obedecerem a padrotildees de

normatizaccedilatildeo e leituras Girardi (2005 p 65) sintetiza esses fatores atraveacutes dos

seguintes pontos

1ordf ndash representaccedilatildeo cartograacuteficas verdadeiras satildeo aquelas construiacutedas com

rigor cientifico 2ordf ndash mapas satildeo produtos da evoluccedilatildeo histoacuterica da ciecircncia e da

13 [] propiedades geomeacutetricas y espaciales de La proyeccioacuten cartograacutefica unas propiedades presentes ya

em La definicioacuten euclidiana de laltltextensioacutengtgt espacial 14 Se os argumentos natildeo foram suficientes para convencer o leitor exemplos histoacutericos satildeo destacados

por Lladoacute (2013) e Farinelli (2013) os mapas utilizados por Benjamin Franklin George Washington e

Thomas Jeferson que promoveram a colonizaccedilatildeo das terras a Oeste dos Estados Unidos mediante a

divisatildeo territorial por meio da quadriacutecula cartograacutefica Outro exemplo mais proacuteximo historicamente e

geograficamente seria a construccedilatildeo de Brasiacutelia Cidade planejada na regiatildeo Centro-Oeste do Brasil

construiacuteda na deacutecada de 1950-60 durante o governo de Juscelino Kubitschek destaca-se aqui a realizaccedilatildeo

do plano piloto para a construccedilatildeo do Distrito Federal

46

tecnologia 3ordf ndash mapas soacute podem ser construiacutedos pelos que dominam todo

esse arcabouccedilo teacutecnico-cientiacutefico

Por outro lado a autora questiona

E os mapas das naccedilotildees indiacutegenas e de outras sociedades cujo referencial eacute

outro Natildeo satildeo mapas E os mapas turiacutesticos de propaganda imobiliaacuteria de

jornal A criacutetica corporativa resolveu essa questatildeo mudando o nome dessas

representaccedilotildees croquis mapa mental mapa ilustrativo Essa visatildeo

eurocecircntrica e elitista da cartografia em muito pouco contribuiacutea para avanccedilar

a discussatildeo sobre o mapa na Geografia (GIRARDI 2005 p 65)

A partir de Girardi (2005) questionamos no cenaacuterio contemporacircneo eacute possiacutevel

entender diferentes espacialidades de forma inteligente e humana em um mundo

globalizado regido por regras e direitos Haacute grupos ocupando distintas posiccedilotildees dentro

de uma mesma sociedade pessoas de diversas classes sociais etnias que residem em

diferentes lugares que possuem distintas profissotildees provenientes da imigraccedilatildeo e

comunidades tribais Natildeo seria equivocado afirmar que todos possuem a mesma leitura

de mundo Que satildeo todos iguais Ou ainda que expressatildeo a mesma relaccedilatildeo com o

ambiente

O que nos chama atenccedilatildeo natildeo eacute a aprendizagem do mapa em seu plano

cartesiano com normas e padrotildees pelo contraacuterio ressaltamos a importacircncia deste nas

atividades escolares visto sua forte expressatildeo e necessidade na vida contemporacircnea

Por outro lado eacute importante destacar que o mapa natildeo eacute um recurso neutro sua loacutegica eacute

composta por uma relaccedilatildeo que eacute historicamente e socialmente construiacuteda (KOZEL

2005)

Mediante o exposto Francischett (2012) relata uma mudanccedila epistemoloacutegica na

forma de interpretar a natureza da Cartografia correspondendo necessariamente a sua

didaacutetica metodologia do ensino de Geografia

Uma epistemologia com base na teoria social eacute mais apropriada para a

histoacuteria da Cartografia Ela mostraraacute que os mapas cientiacuteficos satildeo igualmente

produtos das regras da ordem da geometria e da razatildeo mas tambeacutem das

normas e valores da ordem social e da tradiccedilatildeo cultural (FRANCISCHETT

2012 p 93)

O mapa natildeo eacute uma ferramenta meramente teacutecnica ou mecacircnica Ela eacute carregada

de escolhas eacute portador de uma seleccedilatildeo das informaccedilotildees geograacuteficas Dito isto eacute

apresentada outra perspectiva do uso das representaccedilotildees geograacuteficas Kozel (2002) se

aventura em outras correntes epistemoloacutegicas oriundas da psicologia e discute o

conceito de representaccedilatildeo espacial para os estudos geograacuteficos Ela demonstra que

47

Caberia sobretudo agrave geografia das representaccedilotildees entender os processos que

submetem o comportamento humano tendo como premissa que este eacute

adquirido por meio de experiecircncias (temporal espacial e social) existindo

uma relaccedilatildeo direta e indireta entre essas representaccedilotildees e as accedilotildees humanas

ou seja entre as representaccedilotildees e o imaginaacuterio revolucionando a gecircnese do

conhecimento permitindo-nos compreender a diversidade inerente aacutes praacuteticas

sociais agraves mentalidades aos vividos (KOZEL 2002 p 215)

Partimos do princiacutepio que o mapa eacute um elemento da comunicaccedilatildeo logo este

recurso eacute portador de uma linguagem Eacute tambeacutem resultado de uma accedilatildeo colaborativa

visto que a aprendizagem ocorre por meio da participaccedilatildeo Neste caso eacute constatada uma

proximidade com linhas de estudo que discutem uma epistemologia do mapa voltada a

ldquoCartografia SocialCulturalrdquo (KOZEL 2002) que se relacionam com estudos de

pequenos grupos sociais e comunidades tradicionais brasileiras

Eacute de conhecimento de todos que no Brasil existem grupos indiacutegenas

quilombolas ciganos entre outros Dentre as caracteriacutesticas comuns das comunidades

grifadas estatildeo as condiccedilotildees econocircmicas de pobreza moradias distantes dos grandes

centros urbanos e dificuldades ao acesso a poliacuteticas governamentais Esses grupos

sociais o modo como eles lidam com a emoccedilatildeo e a razatildeo para mudar a realidade de vida

satildeo um dos desafios da ciecircncia para compreender essa realidade

Neste contexto experiecircncias com a Cartografia Social ganham cada vez mais

prestiacutegio entre as ciecircncias humanas A regiatildeo Norte do Brasil vem se destacando neste

campo de pesquisa O Projeto Nova Cartografia Social da Amazocircnia15 por exemplo

desenvolve pesquisas com o objetivo de proporcionar aos povos e comunidades

tradicionais na Amazocircnia agrave auto-cartografia oferecendo tecnologias que possibilitam a

delimitaccedilatildeo de seus territoacuterios de referecircncia os recursos naturais que utilizam para o

desenvolvimento dessas comunidades e sua cultura16

O projeto desenvolveu diferentes fasciacuteculos mediante a proposta supracitada

Entre eles o do Movimento Interestadual de Quebradeiras de Coco Babaccedilu (PROJETO

NOVA CARTOGRAFIA SOCIAL DA AMAZOcircNIA 2005) Este fasciacuteculo demonstra

a importacircncia da atividade da coleta da amecircndoa do coco babaccedilu como uma das poucas

15 Para mais informaccedilotildees sobre o Projeto Nova Cartografia Social da Amazocircnia e a produccedilatildeo de seus

materiais didaacuteticos e pesquisas acesse o link Disponiacutevel em

httpnovacartografiasocialcomapresentacaogt acessado em 03042015 16 Por meio projeto eacute possiacutevel a realizaccedilatildeo do georeferenciamento do territoacuterio Possibilita aleacutem disso a

formaccedilatildeo pedagoacutegica para essas comunidades aprendem a manusear GPS e outras teacutecnicas fundamentais

de cartografia possibilitando a escolha das informaccedilotildees que consideram relevantes para o seu modo de

vida e que devem ser representadas nos mapas Satildeo levantadas histoacuterias estoacuterias e experiecircncias cotidianas

a respeito das comunidades tradicionais com a intenccedilatildeo de preservar as praacuteticas e culturas regionais

48

alternativas econocircmicas Satildeo notoacuterios as ameaccedilas e conflitos com grandes proprietaacuterios

de terra para continuar essa cultura regional em estados como Maranhatildeo Paranaacute

Tocantins e Piauiacute

O espaccedilo enquanto referencial possibilita a estas comunidades principalmente

as mulheres responsaacuteveis pelo trabalho com o coco a consciecircncia de lutar por seus

direitos17 Haacute tambeacutem as dificuldades para a realizaccedilatildeo deste movimento resistecircncias e

crenccedilas a respeito do trabalho feminino A funccedilatildeo das cooperativas por exemplo satildeo

significativas para a mudanccedila de vida dessa populaccedilatildeo Produzem a exemplo sabonete

com oacuteleo de amecircndoas do babaccedilu tornando-se fonte de renda para muitas famiacutelias

(PROJETO NOVA CARTOGRAFIA SOCIAL DA AMAZOcircNIA 2005)

Esses apontamentos dialogam com os estudos de Teixeira (2001) que por sua

vez discute sobre o desenvolvimento da Geografia Cultural ao longo da histoacuteria Suas

consideraccedilotildees sobre a percepccedilatildeo geograacutefica reportam os enfoques do comportamento e

a cogniccedilatildeo O espaccedilo passa a ser apreendido pelos sentidos como resultado passa a ser

percebido sentido e representado tornando-se vivido Eacute dado creacutedito agraves experiecircncias

humanas a construccedilatildeo das imagens lembranccedilas significaccedilotildees e experiecircncias na

construccedilatildeo das relaccedilotildees sociais e ambientais

Os avanccedilos alcanccedilados pela Cartografia Social e as representaccedilotildees sociais

colaboram para a compreensatildeo dos mapas mentais enquanto um instrumento que

permitiria inserir na representaccedilatildeo dos alunos elementos subjetivos e sua compreensatildeo

da realidade Procuramos a seguir ilustrar alguns episoacutedios que aproximam agrave

interpretaccedilatildeo dos mapas mentais voltados as praacuteticas escolares para o Ensino de

Geografia

141 Percursos dos Mapas Mentais e suas praacuteticas na Educaccedilatildeo Geograacutefica

Por meio dos argumentos levantados sobre a Cartografia Social eacute observado que

a cogniccedilatildeo humana natildeo se restringe a um modelo de representaccedilatildeo espacial Para que

uma proposta de ensino-aprendizagem por meio do mapa seja sistematizada natildeo se daraacute

necessariamente em uma base cartesiana De acordo com Oliveira (2010) a proposta

17 O ldquodireito a palmeira livrerdquo a territoacuterios particulares para a coleta dos frutos satildeo accedilotildees garantidas por

leis municipais conquistadas a partir da organizaccedilatildeo do movimento das quebradeiras de coco babaccedilu

(exemplo lei municipal nordm 0012002 ndash Lago do Junco (MA) que dispotildeem sobre a proibiccedilatildeo da derrubada

de palmeiras de babaccedilu no municiacutepio e daacute outras providecircncias)

49

com o trabalho com o mapa dependeraacute dos objetivos a serem alcanccedilados pelos

professores em sala de aula

Natildeo satildeo recentes os estudos voltados agrave construccedilatildeo da imagem mental para a

percepccedilatildeo ambiental nos anos de 1960 ndash 1970 advertem Nogueira (2006) e Kozel

(2005) pesquisas de autores como William Kirk Peter Gould e White jaacute discutiam as

preferecircncias dos espaccedilos cotidianos e a escolha de itineraacuterios de estudantes

universitaacuterios norte-americanos

A reflexatildeo sobre a percepccedilatildeo ambiental nas cidades contribuiu para o

planejamento urbano e regional surgindo neste contexto agrave expressatildeo carta mental18 para

o mapeamento das preferecircncias das sociedades Nogueira ao estudar os trabalhos de

Gould e White destaca que

Esses autores consideram os ldquomapas mentaisrdquo as imagens espaciais que estatildeo

nas cabeccedilas dos homens natildeo soacute dos lugares vividos mas tambeacutem dos lugares

distantes construiacutedos pelas pessoas valendo-se de universos simboacutelicos

sendo produzidos por acontecimentos histoacutericos econocircmicos sociais e

econocircmicos divulgados (NOGUEIRA 2006 p 126)

Entre as obras citadas com frequecircncia nos estudos relacionados aos mapas

mentais estaacute o livro ldquoA imagem da cidaderdquo de Kelvin Lynch O autor reconstroacutei a

imagem do ambiente por meio da percepccedilatildeo de moradores das cidades norte-americanas

de Boston Jersey City e Los Angeles Lynch (2011) discute ainda o conceito de

legibilidade a clareza sobre a qual as pessoas percebem interpretam e organizam o seu

espaccedilo na cidade para nela sobreviver uma espeacutecie de sistematizaccedilatildeo cognitiva do

espaccedilo vivido ou seja seu mapa mental

Segundo os paracircmetros anteriormente destacados os mapas mentais possibilitam

destacar aspectos subjetivos e perceptivos de cada sujeito presentes na produccedilatildeo das

linguagens cartograacuteficas de espaccedilos e tempos proacuteximos ou distantes tal fato natildeo eacute

diferente quando relacionado agraves praacuteticas escolares Os PCN desde a deacutecada de 1990

apontam para os professores variados recursos didaacuteticos para o ensino de Geografia

eles explicam que

[] consultar diferentes fontes de informaccedilatildeo tais como obras literaacuterias

muacutesicas regionais fotografias entrevistas ou relatos torna-se essencial na

busca de novas informaccedilotildees que ampliem aquelas que jaacute se possui A

18 Teixeira (2001) adverte em sua tese que o mapa mental embora seja um termo corriqueiro na

atualidade eacute fruto de uma longa reflexatildeo Estudos anteriores podem identificar os mapas mentais pelos

seguintes sinocircnimos mapas cognitivos e ou cartas mentais

50

compreensatildeo geograacutefica das paisagens significa a construccedilatildeo de imagens

vivas dos lugares que passam a fazer parte do universo de conhecimentos dos

alunos tornando-se parte de sua cultura Os trabalhos praacuteticos com maquetes

mapas mentais e fotografias aeacutereas podem tambeacutem ser utilizados Grifo

nosso (BRASIL 1997 101)

As orientaccedilotildees dos PCN sublinham que diferentes praacuteticas e recursos escolares

podem ser utilizados nas aulas de Geografia entretanto na maioria dos casos recursos

como o desenho e os mapas mentais sofrem criacuteticas visto que satildeo tratados apenas como

instrumentos luacutedicos e ou descontextualizados a praacutetica pedagoacutegica

Miranda (2005) ao estudar o uso do desenho como recurso voltado ao ensino de

Geografia realizou uma pesquisa com alunos do atual 3ordm e 4ordm ano do EF Afirma o autor

que haacute o descaso relacionado agraves imagens manuais aleacutem de consideraacute-los como uma

possibilidade de transiccedilatildeo para os mapas existentes19 contexto que se aplica aos mapas

mentais

Miranda (2005 p 57) considera o ato de desenhar ldquo[] como meacutetodo de

abordagem e de anaacutelise como investigaccedilatildeo da paisagem atraveacutes de confrontaccedilotildees entre

o assunto observado (e natildeo o modelo) e os traccedilados que resultam da anaacuteliserdquo Aleacutem

disso ressalta que o desenho natildeo eacute portador de uma ldquoeducaccedilatildeo visualrdquo acabada sem

brechas para uma anaacutelise criacutetica da imagem

Portanto o foco do desenho eacute abranger ldquo[] a sua produccedilatildeo histoacuterica como

linguagem como uma forma de se pensar comunicar apresentar representarrdquo

(MIRANDA 2005 p 58) consideramos que os criteacuterios de educaccedilatildeo visual e

linguagem se aproximam das praacuteticas com os mapas mentais

Ao contraacuterio do desenho os mapas mentais satildeo recursos cartograacuteficos voltados agrave

anaacutelise espacial compostos por uma linguagem especiacutefica A seguir apresentamos

algumas experiecircncias do uso dos mapas mentais em contextos sociais e escolares a fim

de apontar algumas caracteriacutesticas e metodologias relacionadas ao ensino de Geografia

142 Os mapas mentais no ensino-aprendizagem de Geografia

Os trabalhos de Archela Gratatildeo amp Trostdorf (2004) e Santos (2011) embora natildeo

estejam relacionadas agrave educaccedilatildeo formal dispotildeem de algumas informaccedilotildees importantes

19 Esclarece Miranda (2005) que com o avanccedilo de novas teacutecnicas cartograacuteficas e de geoprocessamento a

ciecircncia geograacutefica deixou-se seduzir por estes novos instrumentos criando-se descaso pelas imagens

manuais A credibilidade do desenho eacute expressa com maior nitidez apoacutes o trabalho de Almeida amp Passini

(2010) muito embora como recurso de transiccedilatildeo que permitiria o desenvolvimento da crianccedila para a

chegada aos mapas existentes

51

sobre os mapas mentais A primeira autora utiliza os mapas mentais enquanto recurso

de avaliaccedilatildeo a respeito da aacuterea central da cidade de Cambeacute estado do Paranaacute A

pesquisa eacute realizada com crianccedilas e jovens deste espaccedilo urbano Articula a

representaccedilatildeo do lugar pelos jovens mostrando relaccedilotildees de topofilia (apego ao lugar) e

topofobia (medo do lugar)

Santos (2011) por sua vez expotildeem uma pesquisa realizada com pessoas de

faixa etaacuteria distintas em uma comunidade rural de Vilas Rurais Recanto Verde e Nova

Jerusaleacutem Paranaacute Os mapas mentais satildeo realizados pelos participantes de um projeto

social agriacutecola que busca reduzir as desigualdades sociais no interior do estado

Ambas as pesquisas discutem a relaccedilatildeo de lugar e trabalho e tambeacutem como os

signos (formas espaciais) expressam significados sociais Como exemplo eacute destacado a

igreja enquanto signo espacial nas representaccedilotildees dos mapas mentais Ela corresponde

aos significados das manifestaccedilotildees culturais e religiosas expressadas nos artigos de

Archela Gratatildeo amp Trostdorf (2004) e Santos (2011)

A discussatildeo teoacuterica a respeito do recurso mapa mental eacute realizada por diferentes

autores aleacutem dos supracitados Rocha (2007) Gomes amp Vargas (2011) e Kozel amp

Galvatildeo (2008) enfatizam que as questotildees subjetivas deste recurso (o valor simboacutelico do

mapa) satildeo uma construccedilatildeo dialoacutegica e social do espaccedilo representado O mapa mental

neste sentido revela os sentimentos e apreensotildees das pessoas em relaccedilatildeo ao espaccedilo

podendo estar relacionados agrave memoacuteria ou a imaginaccedilatildeo de espaccedilos natildeo vividos

fisicamente Aleacutem disso possibilita condiccedilotildees de aprendizagem escolar que

possivelmente poderia influenciar na construccedilatildeo da imagem mental

Para alcanccedilarmos trabalhos que se aproximassem com a investigaccedilatildeo da

produccedilatildeo de mapas mentais em contexto escolar pesquisamos experiecircncias relacionadas

a praacuteticas de ensino de Geografia nos primeiros anos de educaccedilatildeo escolar Apesar do

pouco sucesso encontramos uma experiecircncia na Educaccedilatildeo Infantil e outra realizada nos

anos iniciais do EF

O artigo de Lopes (2012) eacute resultado de suas pesquisas sobre a apropriaccedilatildeo dos

espaccedilos pelas crianccedilas ele discorre sobre a infacircncia e outras possibilidades do uso da

Cartografia Escolar O autor realiza investigaccedilotildees baseadas na teoria histoacuterico-cultural

de Vigotski Explica tambeacutem que suas pesquisas com ldquocrianccedilas pequenasrdquo (de zero a

seis anos de idade) vecircm ldquo[] buscando compreender suas linguagens seus

enamoramentos pelas coisas pelos objetos suas vivecircncias em seus contextos histoacuterico-

geograacuteficosrdquo (LOPES 2012 p 215 - 216)

52

O estudo de Lopes (2012) natildeo busca apenas uma cartografia para crianccedilas uma

visatildeo dos adultos sobre as representaccedilotildees realizadas mas enfatiza que os ldquopequenosrdquo

busquem suas proacuteprias referencias promovendo suas Geo-cartografias singularidades

localizem e pensem seu lugar no mundo O autor nomeou esta praacutetica cartograacutefica de

ldquoMapas vivenciaisrdquo eacute notada uma proximidade metodoloacutegica com a pesquisa de

Miranda (2005)

Eacute demonstrado ainda que o mapa vivencial tenha como referecircncia natildeo apenas o

mundo dos adultos mas a proacutepria percepccedilatildeo da crianccedila sobre o mundo Lopes (2012)

considera o exemplo de um mapa realizado por um garoto de quatro anos de idade que

representa o mapa dos cheiros de sua casa A crianccedila estabelece a relaccedilatildeo entre o signo

(cocircmodos de sua casa) e os significados (os cheiros encontrados nestes espaccedilos)

(observar a figura 02 p 52) Esta experiecircncia enfatiza o olfato como oacutergatildeo sensorial

que permite localizar organizar e diferenciar os cocircmodos da casa

FIGURA 02 - MAPA VIVENCIAL MAPA DOS CHEIROS

Fonte LOPES 2012 p 216

Em outro cenaacuterio eacute realizado o trabalho por Silva amp Bernadelli (2010) Eles

conduziram na Escola Estadual Cristoacutevatildeo Colombo Uberlacircndia ndash MG uma oficina

pedagoacutegica sobre mapas mentais com uma turma do 5ordm ano do EF O projeto havia

como intenccedilatildeo promover praacuteticas de ensino de Geografia na Educaccedilatildeo Infantil mediante

experiecircncia de Estaacutegio Supervisionado I realizados com alunos do curso de Geografia

da Universidade Federal de Uberlacircndia

53

A oficina discutiu o uso da Geografia nas atividades do dia a dia e aconteceu em

duas etapas A primeira correspondeu agrave produccedilatildeo de um texto que apresentava conceitos

voltados a cartografia escala orientaccedilatildeo espacial as toponiacutemias e outros levando em

consideraccedilatildeo relaccedilotildees espaciais de base piagetiana A segunda constituiu a realizaccedilatildeo de

mapas mentais que traccedilavam o percurso casa-escola seguindo orientaccedilotildees estabelecidas

por Nogueira (2006) discutindo a importacircncia dos pontos de referecircncia lugares

destacados nas representaccedilotildees experiecircncias pessoais atraveacutes de sentidos e atividades

socioculturais temas apresentados apoacutes a leitura dos mapas mentais com os alunos A

figura 03 (p 53) apresenta um dos mapas que retratam esta discussatildeo

FIGURA 3 - MAPA MENTAL DO TRAJETO CASA-ESCOLA

Fonte SILVA amp BERNADELLI 2010 p 05

Eacute observado que preocupaccedilotildees para um direcionamento teoacuterico ndash metodoloacutegico

com os mapas mentais para a Educaccedilatildeo Infantil e os anos iniciais do Ensino Infantil eacute

algo recente e pontual Em alguns casos estatildeo voltados a experiecircncias com os mapas

existentes (SILVA amp BERNADELLI 2010) entretanto buscam diversificar as

estrateacutegias inserindo a importacircncia do diaacutelogo e das experiecircncias cotidianas Aleacutem

disso fica evidente a pouca referecircncia sobre o uso de mapas mentais voltadas a

54

educaccedilatildeo escolar no que correspondem aos anos iniciais do EF20 que validem uma

proposta metodoloacutegica deste recurso a ser pensada e utilizada pelos pedagogos

Entre as teses que buscam um tratamento de uma construccedilatildeo metodoloacutegica para

o trabalho com os mapas mentais destacamos as teses de Teixeira (2001) e Richter

(2010) os quais daremos maior enfoque na anaacutelise de nosso trabalho

Teixeira (2001) discute como eacute materializado o discurso proferido pela miacutedia da

cidade de Curitiba Paranaacute enquanto ldquocapital ecoloacutegicardquo para isso diagnostica a

construccedilatildeo da imagem social recorrendo agrave percepccedilatildeo da populaccedilatildeo que a habita e a

frequenta Sua pesquisa envolve moradores (estudante do Ensino Fundamental Meacutedio e

Superior discentes e docentes) e natildeo-moradores (turistas) a diversidade de

participantes foi escolhida intencionalmente para responder se havia ou natildeo

divergecircncia dos grupos em relaccedilatildeo a esta imagem de Curitiba

Em busca de respostas para suas indagaccedilotildees Teixeira (2001) utilizou como

instrumento de anaacutelise os mapas mentais Aleacutem do mais discute por meio dos mapas as

representaccedilotildees sociais e espaciais avaliando as construccedilotildees siacutegnicas Por meio de uma

metodologia proacutepria desenvolve paracircmetros de anaacutelise para os mapas mentais fato

inexistente antes do seu trabalho

Como suporte teoacuterico de sua pesquisa resgatou os apontamentos realizados por

Bakhtin (2012) sobre a linguagem o uso do signo e do enunciado como elementos que

possibilitam a comunicaccedilatildeo (dialogismo) por meio da representaccedilatildeo espacial

encontradas nos mapas mentais Produziu estudos posteriores que discute

epistemologicamente e empiricamente o uso dos mapas mentais como recurso didaacutetico

para o ensino de Geografia em diferentes niacuteveis de ensino (KOZEL 2002 2008)

Kozel influenciou a realizaccedilatildeo de outros estudos Em um artigo Galvatildeo amp Kozel

(2008) discutem sobre os aspectos teoacutericos - metodoloacutegicos da Geografia enfatizando as

questotildees de representaccedilatildeo e ensino Reproduzem a metodologia utilizada por Teixeira

para os mapas mentais com um grupo de alunos do 7ordm ano Esse trabalho registra a

compreensatildeo e anaacutelises dos estudantes sobre a contribuiccedilatildeo da Geografia Eacute destacado

nos mapas a temaacutetica Brasil e seus desdobramentos (Relaccedilatildeo local-global identidade

nacional siacutembolos territoacuterio etnias entre outros)

20 Embora as pesquisas de Lopes (2012) discutam o uso de mapas com crianccedilas observamos algumas

divergecircncias A primeira corresponde agrave faixa etaacuteria das crianccedilas pois natildeo podemos comparar as

experiecircncias de vida entre alunos da Educaccedilatildeo Infantil (faixa com a qual trabalha) com os anos iniciais do

EF pois a leitura de mundo eacute distinta A segunda corresponde aos interesses e avanccedilos sobre a

aprendizagem ocorrida na escola lembrando que todos os alunos a partir dos seis anos devem ser

matriculados na rede regular de ensino como discutimos no iniacutecio deste capiacutetulo

55

Em outro caso semelhante Oliveira (2010) dispotildee da metodologia de Teixeira

para o desenvolvimento de sua dissertaccedilatildeo de mestrado Propotildee um estudo de caso em

duas escolas puacuteblicas estaduais em Madalena e Fortaleza ndash CE A pesquisa foi realizada

com alunos do 2ordm ano do Ensino Meacutedio e buscou discutir qual a relaccedilatildeo os estudantes

fazem entre o meio urbano e rural Oliveira (2010) sustenta a ideia que o mapa mental

deve estar direcionado a uma praacutetica pedagoacutegica para a consolidaccedilatildeo do conhecimento

geograacutefico e no reconhecimento e formaccedilatildeo do aluno enquanto um sujeito pertencente a

uma coletividade social

Em outra perspectiva Richter (2010) realiza uma investigaccedilatildeo com duas turmas

de alunos do 3ordm ano do Ensino Meacutedio na cidade de Presidente Prudente ndash Satildeo Paulo

uma escola puacuteblica e outra privada Enfatiza a importacircncia da aprendizagem de

Geografia como um conhecimento necessaacuterio para a Educaccedilatildeo Baacutesica O autor pondera

que a Geografia capacita o aluno a realizar uma interpretaccedilatildeo da realidade sob uma

perspectiva espacial auxiliando a interpretar o seu cotidiano considera isso de

raciociacutenio geograacutefico

Ao desenvolver sua proposta com os mapas mentais define temaacuteticas como os

problemas urbanos e o processo de globalizaccedilatildeo na cidade de Presidente Prudente para a

realizaccedilatildeo das representaccedilotildees Paralelamente resgata a Teoria Histoacuterico-cultural

desenvolvida por Vigotski (1998) e aproxima do desenvolvimento da Cartografia

Escolar Atraveacutes desta discussatildeo estabelece a importacircncia da linguagem para o

desenvolvimento humano a qual a cartograacutefica tambeacutem faz parte

Este pesquisador discute a importacircncia da construccedilatildeo dos conceitos espontacircneos

e cientiacuteficos pelos alunos Estes conceitos segundo o Richter (2010) possibilitam o

aluno compreender a sistematizaccedilatildeo do conhecimento geograacutefico e consequentemente

utilizar este saber em sua vida cotidiana No desenvolvimento da linguagem dos mapas

mentais seleciona os conceitos de legibilidade usada por Kevin Lynch e espaccedilo por

Milton Santos para a disposiccedilatildeo dos elementos retratados Ele considera tambeacutem as

experiecircncias vividas dos alunos assim como os conteuacutedos de Geografia como elos de

produccedilatildeo do raciociacutenio geograacutefico

Richter (2010) julga o mapa mental enquanto recurso didaacutetico que possibilita ao

aluno transpor para o papel sua compreensatildeo sobre a dinacircmica espacial articulando

seus conhecimentos sobre Geografia e ampliando seu conhecimento tornando o

estudante leitor e produtor de mapa Reconhece tambeacutem a importacircncia da criticidade na

56

elaboraccedilatildeo dos mapas mentais Observa em alguns casos que o aluno natildeo domina certos

conceitos da Geografia

Richter (2010) assim como Teixeira (2001) tambeacutem prossegue em seus estudos

sobre Cartografia Escolar Ele enfatiza a importacircncia dos mapas mentais nas praacuteticas

escolares sem perder o foco do ensino-aprendizagem de Geografia como fator

preponderante Nesta mesma linha jaacute apresentada desenvolve projetos de pesquisas em

escolas na regiatildeo norte da cidade de Goiacircnia ndash GO atraveacutes do Programa de

Financiamento de Bolsas para alunos de Licenciatura (PROLICEN) do curso de

Geografia da UFG (RICHTER 2013)

No desenvolvimento dos mapas mentais encontramos diversos fatores que

contribuem com a sua produccedilatildeo ora referem-se agrave percepccedilatildeo que cada indiviacuteduo tem

acerca do espaccedilo cotidiano ora essas leituras satildeo provenientes de um saber

sistematizado cientiacutefico orientado por uma educaccedilatildeo escolar em ambos os casos

carecem de habilidade para transcrever no papel as imagens mentais que o sujeito deteacutem

sobre o espaccedilo (TEIXEIRA 2001 RICHTER 2010) Portanto o mapa mental eacute

resultado de uma representaccedilatildeo dialeacutetica possuindo caracteriacutesticas individuais do

sujeito tal como a influecircncia sociocultural do mesmo

O desenvolvimento dos mapas mentais enquanto capacidade cartograacutefica

pressupotildee habilidade para abstrair e simbolizar eacute incontestaacutevel o poder de conceituar as

relaccedilotildees espaciais (TEIXEIRA 2001 GALVAtildeO amp KOZEL 2008 RICHTER 2010)

A ocasiatildeo mais comum de seu uso eacute quando eacute necessaacuterio transpor eficientemente para

o papel o conhecimento geograacutefico a outros sujeitos e como a linguagem verbal eacute mais

utilizada para narrar acontecimentos do que para descrever e explicar relaccedilotildees espaciais

simultacircneas os mapas mentais satildeo adotados para a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica e

consequentemente para a leitura de mundo do aluno

15 AS CONTRIBUICcedilOtildeES DE VIGOTSKI E BAKHTIN PARA A COMPREENSAtildeO

METODOLOacuteGICA DOS MAPAS MENTAIS

Ao relacionarmos os mapas mentais enquanto portadores de uma comunicaccedilatildeo

afirmamos que eles possuem uma linguagem cartograacutefica Esta compreensatildeo tem como

base os estudos estabelecidos por Teixeira (2001) Kozel (2002 2005 2008) e Richter

(2010) Essa preocupaccedilatildeo sobre a visatildeo do mapa enquanto portador de uma linguagem

57

natildeo eacute ineacutedito Richter (2010) apresenta o trabalho acadecircmico de Simielli sobre a

reflexatildeo do mapa como possibilidade de um tratamento didaacutetico da linguagem espacial

Simielli (2008 p 71) foi uma das primeiras autoras a discutir ldquoo mapa como

elemento transmissor de informaccedilatildeordquo e avaliar sua ldquoeficaacuteciardquo A teoria da informaccedilatildeo

discutida pela autora embora natildeo aponte os mapas mentais compreende o aluno

enquanto mapeador possibilitando o desenvolvimento de habilidades como observaccedilatildeo

seleccedilatildeo e representaccedilatildeo do espaccedilo geograacutefico Constitui um modelo cognitivo de

apreensatildeo da realidade atraveacutes dos sentidos para a representaccedilatildeo do mapa Explica

Simielli (2008 p 78) que

Para se entender plenamente a linguagem cartograacutefica eacute preciso destacar aqui

a importacircncia da semioacutetica ciecircncia geral de todas as linguagens mais

especialmente dos signos O signo eacute algo que representa o seu proacuteprio objeto

Ele soacute eacute signo se tiver o poder de representar esse objeto de um certo modo e

com uma certa capacidade O signo soacute pode representar seu objeto para um

inteacuterprete produzindo na mente deste um outro signo considerando o fato de

que o significado de um signo eacute outro signo

O signo apresentado no mapa se divide em duas esferas o significante que

corresponde ao aspecto real (material) do signo e o significado que eacute o aspecto irreal

(representado) Segundo as orientaccedilotildees da autora supracitada o mapa constitui uma

relaccedilatildeo entre dois sujeitos o emissor (produtor do mapa) e o receptor (leitor do mapa)

Aleacutem disso satildeo empregadas teacutecnicas da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica para a

construccedilatildeo do sentido dos mapas da relaccedilatildeo dos significados e significantes expressos

por meio de um alfabeto cartograacutefico (linha ponto e aacuterea) aparato da linguagem

cartograacutefica Simielli (2008 p 88) considera que ldquo[] o aluno interpreta os mapas

orienta-se e estabelece-se a correspondecircncia entre a representaccedilatildeo cartograacutefica e a

realidaderdquo21

O mapa diferentemente de outras teacutecnicas de informaccedilatildeo e conhecimento como

a liacutengua portuguesa ou a Matemaacutetica eacute portador de uma linguagem natildeo-verbal Traduz

um processo de aprendizagem natildeo sequencial de fenocircmenos que quando apresentados

na fala em texto ou operaccedilotildees matemaacuteticas naturalmente vatildeo apresentar uma

hierarquia disposiccedilatildeo sequencialidade que nem todas agraves vezes satildeo desejaacuteveis

A utilizaccedilatildeo dos mapas mentais sugere metodologias para interpretaacute-los e

existem diferentes formas de fazecirc-lo Para isso como meio de sistematizar

21 Podemos observar o uso deste alfabeto cartograacutefico na larga produccedilatildeo de mapas existentes (nos uso da

legenda) em nosso cotidiano nos mapas murais atlas escolares livros didaacuteticos etc

58

geograficamente as informaccedilotildees registradas nos mapas mentais elaborados pelos alunos

apresentamos dois processos metodoloacutegicos que consideramos satisfatoacuterios Eles se

completam e satildeo empregados como guias para a avaliaccedilatildeo dos mapas produzidos em

nossa pesquisa

O primeiro corresponde aos trabalhos de Richter (2010) que aproxima da teoria

histoacuterico-cultural de Vigostki (1998) e o segundo de Teixeira (2001) e Kozel (2002

2005 2008) ao referendar os estudos de Bakhtin para interpretaccedilatildeo dos mapas mentais

Consideramos que ambas as metodologias tem como foco a interpretaccedilatildeo das

informaccedilotildees contidas nos mapas mentais bem como o estabelecimento de relaccedilotildees entre

o espaccedilo geograacutefico e o representado Consideram os aspectos socioculturais como algo

imprescindiacutevel agrave compreensatildeo dos mapas mentais

Portanto escolhemos os dois autores russos Vigostki (1998) e Bakhtin (2012)

por eles promoverem uma discussatildeo acerca da linguagem no desenvolvimento da

aprendizagem humana e no estabelecimento do dialogo social Essa tese eacute sustentada

por Jobim e Souza (1994 p 93) ao considerar que embora Vigotski e Bakhtin tomem

diferentes caminhos para interpretaccedilatildeo deste ponto convergem em explicar ldquoa

linguagem como espaccedilo de recuperaccedilatildeo do sujeito histoacuterico e socialrdquo

Vigotski (1998) e Bakhtin (2012) provocaram importantes mudanccedilas sobre a

reflexatildeo hegemocircnica da condiccedilatildeo humana no seacuteculo XX Ambos os autores construiacuteram

suas perspectivas de estudo baseados no campo filosoacutefico do materialismo histoacuterico-

dialeacutetico indicando o campo cultural da sociabilidade humana como base para a

tematizaccedilatildeo da consciecircncia Se Vigotski por um lado contrapocircs agrave corrente objetivista e

subjetivista na Psicologia por outro Bakhtin os desafiou em seus estudos sobre a

linguagem

Bakhtin (2012) considera a linguagem como fenocircmeno socioideoloacutegico e

apreendido dialogicamente no contexto histoacuterico Critica a postura das grandes

correntes linguiacutesticas da deacutecada de 1920 por empregar teorias que natildeo considerava a

liacutengua como fenocircmeno social O objetivismo abstrato representado por Saussure e o

subjetivismo idealista empregado por Humboldt

Segundo Rego (1995) a perspectiva de aprendizagem para Vigotski eacute sempre

relativa agrave dimensatildeo social e natildeo exclusivamente a maturaccedilatildeo do organismo22 A

22 Durante o desenvolvimento de nossa pesquisa foi posto pela professora do 5ordm ano que alguns alunos

natildeo conseguiam desenvolver ou compreender determinadas propostas com os mapas mentais ou

relacionadas a conteuacutedo da Geografia Segundo sua explicaccedilatildeo isso ocorre porque natildeo estaria ldquomadurosrdquo

59

formaccedilatildeo humana eacute constituiacuteda em relaccedilatildeo coletiva A cultura torna-se parte da natureza

humana O desenvolvimento decorre da histoacuteria das funccedilotildees psicoloacutegicas superiores

caracterizadas por mudanccedilas qualitativas e quantitativas

As funccedilotildees psicoloacutegicas superiores (percepccedilatildeo memoacuteria pensamento)

transformam-se em contiguidade dando suporte aos processos elementares que se

tornam complexos Nestes termos inexiste um instrumento endoacutegeno23 para o

desenvolvimento humano Consequentemente

Os sistemas de signos (a linguagem a escrita o sistema de nuacutemeros) eacute

pensado como um sistema de instrumentos os quais foram criados pela

sociedade ao longo de sua histoacuteria Esse sistema muda a forma social e o

niacutevel de desenvolvimento cultural da humanidade A internalizaccedilatildeo desses

signos provoca mudanccedilas no homem Seguindo a tradiccedilatildeo marxista Vigotski

considera que as mudanccedilas que ocorrem em cada um de noacutes tem sua raiz na

sociedade e na cultura (BOCK FURTADO amp TEIXEIRA 2008 p 141)

A linguagem para Vigotski (1998) se torna o principal instrumento mediador

da interaccedilatildeo humana O ato da comunicaccedilatildeo para o desenvolvimento da humanidade eacute

incontestaacutevel Ao longo da histoacuteria ela contribuiu para o desenvolvimento das formas de

sobrevivecircncia no espaccedilo geograacutefico Pouco a pouco se tornou importante o legado das

experiecircncias atraveacutes das geraccedilotildees permitindo o avanccedilo da sociedade em termos sociais

evolutivos e adaptativos ao ambiente

Vigotski (1998) considera que o discurso egocecircntrico eacute ponto de partida para o

discurso interior Interior porque corresponde agrave internalizaccedilatildeo da linguagem Nestas

condiccedilotildees ao longo de nosso desenvolvimento passamos da fala socializada (a

comunicaccedilatildeo em contato social) a fala internalizada (instrumento de pensamento sem

vocalizaccedilatildeo) correspondente a um diaacutelogo consigo mesmo (REGO 1995)

Nessas conjunccedilotildees a questatildeo levanta por Vigotski (1998) eacute o planejamento de

uma teoria sociopsicoloacutegica que relaciona o pensamento a palavra como processo

dinacircmico E tambeacutem a necessidade da linguagem como fator constituinte para as

funccedilotildees psicoloacutegica superiores e da construccedilatildeo da subjetividade (JOBIM E SOUZA

1994) No campo da didaacutetica e do ensino-aprendizagem de Geografia especificamente

estudos sobre uma concepccedilatildeo socioconstrutivista enfatizam a educaccedilatildeo escolar como

o suficiente para progredir em seu desenvolvimento intelectual Observa que em muitos casos apenas o

fator ldquotempo de estudordquo o proporcionaria se desenvolver Posicionamo-nos de forma contraacuteria ao

entender por meio dos estudos de Vigotski (1998) que os fatores sociais e o processo de mediaccedilatildeo

contribuem para o progresso da aprendizagem do aluno 23 Relativo a algo originaacuterio ou desenvolvimento no interior do organismo

60

processo de conhecimento onde haacute a intervenccedilatildeo premeditada pelo professor a fim de

preparar o aluno para a construccedilatildeo de conceitos (CAVALCANTI 2014)

Na concepccedilatildeo de Vigotski (1998) o conhecimento natildeo eacute construiacutedo de forma

individual mas ao contraacuterio relata que pessoas mais experientes intervecircm na

construccedilatildeo do conhecimento elas satildeo denominadas mediadores A interaccedilatildeo ocorre

tambeacutem por meio de teacutecnicas materiais e instrumentos psicoloacutegicos oferecidos pela

cultura Para Vigotski (1998 p 112) a mediaccedilatildeo eacute explicada por meio do conceito de

Zona de Desenvolvimento Proximal que

[] eacute a distacircncia entre o niacutevel de desenvolvimento real que se costuma

determinar atraveacutes da soluccedilatildeo independente de problemas e o niacutevel de

desenvolvimento potencial determinado atraveacutes da soluccedilatildeo de problemas sob

a orientaccedilatildeo de um adulto ou em colaboraccedilatildeo com companheiro mais

capazes

Em outras palavras a Zona de Desenvolvimento Real eacute quando o aluno

consegue resolver determinado problema sozinho Zona de Desenvolvimento

Potencial eacute quando o aluno necessita de auxiacutelios mediadores para construir uma

compreensatildeo sobre algum conceito Jaacute a Zona de Desenvolvimento Proximal eacute o

estaacutegio intermediaacuterio com sucessivos avanccedilos e retrocessos ao longo do processo

educativo

Semelhante ao conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal e os processos

de ensino-aprendizagem de Geografia nos anos iniciais do EF apontamos os

mediadores que nesse caso eacute representado pelo professor os colegas e os recursos

didaacuteticos24 (no caso desta pesquisa os mapas mentais) que podem influenciar na

educaccedilatildeo escolar O professor nesse processo ganha importacircncia significativa pois eacute

sua tarefa problematizar e criar situaccedilotildees de aprendizagem Os alunos por sua vez satildeo

motivados a interpretar analisar levantar hipoacuteteses propor soluccedilotildees e representar as

dinacircmicas do espaccedilo geograacutefico orientaccedilotildees expressas nos PCN (BRASIL 1997)

Portanto segundo Cavalcanti (2014) na relaccedilatildeo entre desenvolvimento e

aprendizagem os instrumentos mediadores e a situaccedilatildeo de ensino-aprendizagem

possibilita o desenvolvimento do pensamento nas praacuteticas escolares destacando-se

entre os instrumentos a linguagem De acordo com a interpretaccedilatildeo de Rego sobre o

24 Entendemos que satildeo diversos os recursos didaacuteticos (instrumentos mediadores) utilizados como aporte

para as aulas de Geografia Eles correspondem aos jaacute tradicionalmente conhecidos e utilizados no espaccedilo

escolar (livro didaacutetico atlas caderno) e outros utilizados no cotidiano dos alunos (raacutedio televisatildeo

jornais revistas computador internet etc) Apoiamos a diversidade desses recursos para a praacutetica de

ensino possibilitando diferentes caminhos para o professor atingir seus objetivos em sala de aula

61

trabalho de Vigotski a linguagem confere trecircs mudanccedilas essenciais nos processos

psiacutequicos do homem

A primeira relaciona-se ao fato de que a linguagem permite lidar com os

objetos do mundo exterior mesmo quando eles estatildeo ausentes [] A segunda

refere-se ao processo de abstraccedilatildeo e generalizaccedilatildeo que a linguagem

possibilita [] a linguagem natildeo somente designa os elementos presentes na

realidade mas tambeacutem fornece conceitos e modos de ordenar o real em

categorias conceituais [] A terceira estaacute associada agrave funccedilatildeo de

comunicaccedilatildeo entre os homens que garante como consequecircncia a preservar

transmissatildeo e assimilaccedilatildeo de informaccedilotildees e experiecircncias acumuladas pela

humanidade ao longo da histoacuteria (REGO 1995 p 53 ndash 54)

Aleacutem disso haacute outro pressuposto relativo ao estudo de Vigotski para aplicaccedilotildees

no contexto escolar Satildeo na interaccedilatildeo com o meio que o sujeito desenvolve conceitos

espontacircneos e depois na escola mediados pelo professor conceitos cientiacuteficos O

primeiro corresponde aos conhecimentos construiacutedos na experiecircncia pessoal cotidiana

concreta O conceito cientiacutefico eacute o conhecimento construiacutedo ao longo da histoacuteria que eacute

disponibilizado pela educaccedilatildeo escolar por meio de um ensino sistemaacutetico (REGO

1995)

Esclarecendo um pouco mais estes conceitos Rego (1995 p 77) afirma que

Os conceitos cotidianos referem-se agravequeles conceitos construiacutedos a partir da

observaccedilatildeo manipulaccedilatildeo e vivencia direta da crianccedila [] Os conceitos

cientiacuteficos se relacionam agravequeles eventos natildeo diretamente acessiacuteveis agrave

observaccedilatildeo ou accedilatildeo imediata da crianccedila satildeo os conhecimentos

sistematizados adquiridos nas interaccedilotildees escolarizadas

Richter (2010) discute a importacircncia da construccedilatildeo desses conceitos espontacircneos

e cientiacuteficos para o desenvolvimento do raciociacutenio geograacutefico Aleacutem disso relaciona os

estudos de Vigotski agrave compreensatildeo da linguagem cartograacutefica o desenvolvimento da

aprendizagem neste caso eacute mediado pelo uso do mapa mental Resgatamos

sumariamente as ideias de Vigotski a respeito da construccedilatildeo dos conceitos e como

entendemos esse processo para explicaccedilatildeo do uso das noccedilotildees para o ensino de

Geografia

Para Vigotski segundo expotildee Friedrich (2012) o desenvolvimento da

linguagem pela crianccedila eacute distinguido em trecircs fases no processo de formaccedilatildeo de

conceitos A primeira fase corresponde agrave formaccedilatildeo dos sincreacuteticos a segunda eacute a do

pensamento por complexos nessa fase haacute um momento chamado de pseudoconceito e

por uacuteltimo o verdadeiro conceito (conceito cientiacutefico)

Na formaccedilatildeo dos sincreacuteticos ldquo[] a crianccedila designa diferentes objetos

utilizando a mesma palavrardquo (FRIEDRICH 2012 p 91) Nesse processo de

62

desenvolvimento cognitivo da crianccedila ela pode utilizar a mesma palavra (entendida

aqui como imagem) para situaccedilotildees distintas em decorrecircncia de seu caraacuteter difuso e

aleatoacuterio O que haacute eacute uma utilizaccedilatildeo funcional da imagem independentemente do

contexto ao qual se encontra

Ao relacionar a formaccedilatildeo da imagem sincreacutetica as representaccedilotildees dos mapas

mentais Richter (2010 p 72) adverte que o aluno embora observe o meio ou em outro

caso jaacute tenha estudado outros modelos de representaccedilatildeo

[] natildeo consegue discernir os contextos que satildeo responsaacuteveis pela sua

configuraccedilatildeo [espacial] Ou seja produz um mapa em que todos os elementos

representados natildeo apresentam diferenccedilas Por exemplo natildeo entende que uma

aacutervore pode ser mais velha que um preacutedio abandonado Mas ao cruzar

determinadas informaccedilotildees como a localizaccedilatildeo de alguns objetos ou a anaacutelise

temporal transforma essa imagem complexa numa leitura mais criteriosa

Os complexos pensamento e linguagem satildeo desenvolvidos pelas crianccedilas

possibilitando a compreensatildeo de relaccedilotildees objetivas existentes entre o mapa mental e o

mundo real tomando a representaccedilatildeo como fonte de conhecimento do mundo (natildeo)

conhecido O mapa mental por exemplo eacute observado como aproximaccedilatildeo da

representaccedilatildeo espacial do mapa existente do Brasil Isso ocorre por conter criteacuterios

miacutenimos de comunicaccedilatildeo que podem ou natildeo ter alguma relaccedilatildeo aos modelos

tradicionalmente expressos pela ciecircncia geograacutefica (tema legenda tiacutetulo uso de signos

orientaccedilatildeo espacial) Devemos compreender que

A organizaccedilatildeo do pensamento por complexo ajuda a crianccedila na interpretaccedilatildeo

do mundo e assim na sua representaccedilatildeo Neste momento o mapa deixa de

ser um amontoado de objetos para representar fenocircmenos especiacuteficos que

mesmo tendo alguns niacuteveis de complexidade natildeo compatiacuteveis com a

cogniccedilatildeo da crianccedila ela jaacute eacute capaz de estabelecer criteacuterios de seleccedilatildeo Assim

o mapa construiacutedo comeccedila a ser analisado como um meio de comunicaccedilatildeo

entre o que a crianccedila observa no mundo no seu meio e no que eacute possiacutevel

expressar nele (RICHTER 2010 p 73)

Por meio dos complexos e do agrupamento de ligaccedilotildees entre os objetos e

fenocircmenos estudados surge no final da segunda fase o pseudoconceito Essa fase eacute

significativa visto que ele eacute o antecessor ao verdadeiro conceito correspondendo como

elo ao conceito cientiacutefico O pseudoconceito segundo as observaccedilotildees de Friedrich

(2012) ainda natildeo eacute o proacuteprio conceito muito embora as bases de abstraccedilatildeo da palavra

as possiacuteveis semelhanccedilas e agrupamentos sejam levados em consideraccedilatildeo pela crianccedila

O pseudoconceito quando relacionado agraves atividades voltadas aos mapas mentais

compreende em um estaacutegio onde as crianccedilas conseguem desenvolver interpretaccedilotildees e

representaccedilotildees proacuteximas a compreensatildeo dos adultos embora natildeo tenha desenvolvido

autonomia ou habilidade cognitiva suficiente para desenvolver o processo sem o auxiacutelio

63

da mediaccedilatildeo de outros sujeitos colegas ou professor (RICHTER 2010) A terceira fase

eacute a de formaccedilatildeo de conceito cientiacuteficos anteriormente explicados

Diferentemente de Richter (2010) que realiza sua pesquisa com alunos do

ensino meacutedio observamos que por diferentes razotildees (formaccedilatildeo do professor de

Pedagogia tempo de aula destinado a disciplina de Geografia metodologia e recursos

empregados etc) natildeo haacute o ensino-aprendizagem do conceito propriamente dito nos

anos iniciais do EF mas o de noccedilotildees referentes agrave ciecircncia geograacutefica Entendemos as

noccedilotildees de Geografia como o processo inicial de construccedilatildeo de conhecimentos baacutesicos

dessa ciecircncia na escola O quadro 2 sintetiza esse modelo

QUADRO 2 - AS NOCcedilOtildeES COMO PROCESSO DE FORMACcedilAtildeO DOS CONCEITOS

CIENTIacuteFICOS

Fonte Friedrich (2012) e Richter (2010)

Baseado nesse modelo eacute apontado que as noccedilotildees devem estar niacutetidas enquanto

conceitos cientiacuteficos na compreensatildeo dos professores Para os alunos as noccedilotildees de

Geografia se apresentam enquanto condiccedilotildees iniciais de raciociacutenio e abstraccedilatildeo dos

conhecimentos referentes a essa ciecircncia em outros termos ldquo[] natildeo significa apenas

generalizar colocar junto agraves coisas no mundo mas pensar o mundo o que pode

conduzir a ligaccedilotildees entre as coisas no mundo que natildeo satildeo ligaccedilotildees fatuaisrdquo

(FRIEDRICH 2012 p 95)

Desenvolve autonomia e

habilidade cognitiva para

uma interpretaccedilatildeo mais

aprofundada

Pensamento por

complexos

Caraacuteter difuso e aleatoacuterio

Conceitos cientiacuteficos

Sincreacuteticos

Des

envolv

imen

to d

as

noccedilotilde

es d

e

Geo

gra

fia n

os

an

os

inic

iais

do E

F

Pensamento linguagem ndash

representa fenocircmenos

especiacuteficos

Pseudoconceito

Aproxima-se da

compreensatildeo dos adultos

64

Portanto as noccedilotildees podem passar por todas as fases da construccedilatildeo do conceito

cientiacutefico (sincreacuteticos pensamento por complexos e pseudoconceitos) Entretanto natildeo

haacute a garantia da formaccedilatildeo de conceitos tampouco dos pseudoconceitos tendo em vista

que o conceito cientiacutefico na maioria das vezes natildeo eacute alcanccedilado nos anos iniciais do EF

As noccedilotildees auxiliam os fundamentos para compreensatildeo das relaccedilotildees espaciais e temas

geograacuteficos viabilizando o aluno a progredir em seus estudos

Entender a linguagem mediante as ideias expressas por Vigostki eacute observar que

ela eacute uma construccedilatildeo social e que se desenvolve ao longo da vida Adicionamos a esta

interpretaccedilatildeo a proposta de Bakhtin (2012) que entende a linguagem como um

fenocircmeno social da interaccedilatildeo verbal Buscamos nesse processo observar como as

noccedilotildees de Geografia expressam sentido na representaccedilatildeo por meio dos mapas mentais

Bakhtin (2012) contesta as teses empregadas sobre a linguagem a liacutengua com

influecircncia histoacuterica da filologia que desconsiderou o enunciado e o contexto

transformando-a em um monologo morto com enunciaccedilatildeo fechada isolada Esse autor

afirma que a liacutengua eacute viva e natildeo pertence a um sistema abstrato de normas possui um

contexto soacutecio-histoacuterico A linguagem eacute vista a partir da interaccedilatildeo entre os sujeitos

envolvidos numa praacutetica social Assim

A verdadeira substacircncia da liacutengua [] eacute constituiacuteda [] pelo fenocircmeno social

da interaccedilatildeo verbal realizada atraveacutes da enunciaccedilatildeo ou das enunciaccedilotildees A

interaccedilatildeo verbal constitui assim a realidade fundamental da liacutengua [] Mas

pode-se compreender a palavra ldquodiaacutelogordquo num sentido amplo isto eacute natildeo

apenas com a comunicaccedilatildeo em voz alta de pessoas colocadas face a face

mas toda comunicaccedilatildeo verbal de qualquer tipo que seja (BAKHTIN 2012

p127)

O conceito de dialogismo e interaccedilatildeo verbal estatildeo diretamente ligados pois se

apresentam enquanto sustentaccedilatildeo do processo de produccedilatildeo dos discursos em outras

palavras eacute agrave base da proacutepria linguagem Portanto para Bakhtin (2012) todos os

interlocutores envolvidos no processo apresentam o mesmo grau de importacircncia visto

que todo enunciado eacute uma reacuteplica uma resposta a enunciados passados e possiacuteveis

enunciados que venham a ser produzidos De modo simultacircneo a uma resposta todo o

enunciado se configura tambeacutem em uma indagaccedilatildeo em uma pergunta a outros

possiacuteveis enunciados25

25Para Bakhtin (2012) o enunciado eacute um diaacutelogo que se produz em um contexto que eacute sempre social entre

duas pessoas socialmente organizadas Estabelece relaccedilotildees com a realidade dialoacutegica entre o falante e o

ouvinte

65

Nessas condiccedilotildees Freitas (2000 p 135) entende que ldquotoda enunciaccedilatildeo tem pois

dois aspectos o linguumliacutestico [sic] que eacute reiterativo e se refere a um objeto preacute-existente e

o contextual que eacute uacutenico tendo como referecircncia novos enunciadosrdquo Portanto no caso

do uso dos mapas mentais entendemos que ele sempre seraacute relativo a um modelo preacute-

existente seja a imagem mental que o aluno tem do mundo ou uma construccedilatildeo jaacute

sistematiza atraveacutes dos mapas existentes possibilitando (re) significar sua compreensatildeo

acerca do espaccedilo geograacutefico26

Nesse sentido Jobim e Souza (1994) demonstram que a visatildeo bakhtiniana propotildee

que as relaccedilotildees dialoacutegicas satildeo particulares elas natildeo podem ser reduzidas agraves reacuteplicas de

um diaacutelogo real Decorre que estas relaccedilotildees dialoacutegicas satildeo amplas heterogecircneas e

complexas Dois enunciados de lugar e ou tempo diferente quando confrontados em

relaccedilatildeo ao seu sentido podem resultar em uma relaccedilatildeo dialoacutegica Estas constituem

relaccedilatildeo de sentido quer seja no discurso de um diaacutelogo real e especiacutefico (espaccedilo vivido)

como no acircmbito plural das ideias desenvolvidas pela ciecircncia em espaccedilos e tempos

distintos27

O tema e a construccedilatildeo das noccedilotildees geograacuteficas satildeo conforme a interpretaccedilatildeo dos

estudos de Bakhtin e Vigotski algo exterior ao sujeito O aluno natildeo eacute o criador por

excelecircncia do saber geograacutefico do produto cartograacutefico mas um (re) contextualizador

dessa histoacuteria (Re) contextualiza para compreender No ato da mediaccedilatildeo aprimora

suas teacutecnicas contextualiza novos conhecimentos memoriza esquece inventa

descobre deixa de acreditar em fantasias e estoacuterias como consequecircncia

Nenhum falante eacute o primeiro a falar sobre o toacutepico de seu discurso O falante

natildeo eacute o Adatildeo biacuteblico que nomeia o mundo pela primeira vez Cada um de noacutes

encontra um mundo que jaacute foi articulado elucidado avaliado de muitos

modos diferentes mdash jaacute-falado por algueacutem Ao usar as palavras para falar

sobre um determinado toacutepico encontramo-nos jaacute habitado por outras falas de

outras pessoas Para Bakhtin a linguagem nunca estaacute completa ela eacute uma

26 Compreendemos que os mapas mentais podem se aproximar em sua configuraccedilatildeo dos mapas

existentes mas isso natildeo eacute a intenccedilatildeo primeira O que procuramos explicar eacute que a imagem espacial acerca

do espaccedilo geograacutefico eacute apresentada ao aluno de diferentes formas seja ela a partir de suas proacuteprias

experiecircncias cotidianas assim como por abstraccedilotildees (mapas) utilizadas pelas diferentes esferas sociais

Isto influecircncia a percepccedilatildeo de mundo dos estudantes podendo ser re-significada na escola mediante o

processo de ensino-aprendizagem de Geografia 27

Haacute uma diferenccedila expressa que distingue significado e sentido nas obras de Bakhtin segundo Freitas

(2000 p 136) o ldquosignificado refere-se ao significado abstrato dicionarizado que eacute reconhecido pelos

linguumlistas [sic] [] O sentido exige uma compreensatildeo ativa mais complexa em que o ouvinte aleacutem de

decodificar relaciona o que estaacute sendo dito com o que ele estaacute presumindo e prepara uma resposta ao

enunciadordquo

66

tarefa um projeto sempre caminhando e sempre inacabado (JOBIM E

SOUZA 1994 p 99)

No contexto escolar o aluno ao produzir um mapa mental entendido por Kozel

(2005 2008) como enunciado sempre leva em consideraccedilatildeo o outro (colegas e

professor e a proacutepria condiccedilatildeo social ao que estaacute inserido) natildeo de forma passiva mas

sobretudo como sujeito que participa de maneira ativa Eacute a partir dessa corrente

comunicativa de enunciados concretos que a linguagem no sentido bakhtiniano se

define como dialoacutegica Um dos fatos que possibilita o uso da concepccedilatildeo bakhtiniana

para interpretaccedilatildeo dos mapas mentais eacute que

A especificidade das relaccedilotildees dialoacutegicas precisa de uma abordagem que

considere os aspectos metalinguumliacutesticos [sic] que constituem qualquer

enunciado e que natildeo satildeo redutiacuteveis agraves relaccedilotildees loacutegicas da liacutengua Embora as

relaccedilotildees loacutegicas na liacutengua sejam evidentes e necessaacuterias elas natildeo esgotam

toda a complexidade presente nas relaccedilotildees dialoacutegicas (JOBIM E SOUZA

1994 p 100)

Jobim e Souza oferece outras pistas para compreendermos a funccedilatildeo dos mapas

mentais a autora ao referir-se aos estudos de Bakhtin elucida que ldquoas relaccedilotildees

dialoacutegicas pressupotildeem a liacutengua como sistema mas natildeo existem propriamente no

sistema da liacutenguardquo (JOBIM E SOUZA 1994 p 101) portanto natildeo apenas a expressatildeo

verbal poderaacute constituir um sistema linguiacutestico mas tambeacutem as natildeo-verbais como a

libras desenho e os mapas mentais

Teixeira (2001) ao estudar os mapas mentais explica que eles constituem um

discurso que emprega uma variedade de signos expressos em forma de enunciado

constituindo novas formas de linguagem destaca que

Eacute atraveacutes de nossa capacidade de combinar signos que desenvolvemos nossa

capacidade semioacutetica pois os sistemas de signos satildeo sobretudo conjuntos

heterogecircneos Com base nessas consideraccedilotildees podemos entender a

importacircncia dessa abordagem para a anaacutelise das representaccedilotildees elaboradas

atraveacutes dos mapas mentais (TEIXEIRA 2001 p 273)

Como exemplo Teixeira (2001) estuda o slogan ldquoCuritiba Capital ecoloacutegicardquo

enquanto um signo de representaccedilatildeo social da cidade de Curitiba ndash PR Os mapas

mentais realizados em sua pesquisa observam a percepccedilatildeo da imagem ambiental de

Curitiba criada pela sociedade dividindo a interpretaccedilatildeo em duas esferas de um lado

como uma urbanizaccedilatildeo organizada e por outro com problemas como favelizaccedilatildeo

poluiccedilatildeo entre outros

67

O enunciado portanto pode se contradizer mas natildeo discordar Isto soacute eacute possiacutevel

quando ocorre as interaccedilotildees do sistema linguiacutestico com a realidade satildeo as interaccedilotildees

que datildeo o caraacuteter de verdadeiro falso belo etc O mapa mental enquanto um recurso

visual tambeacutem eacute carregado desta relaccedilatildeo dialoacutegica possui interaccedilotildees de signos que

dialogam com a realidade espacial vivida e ou conhecida pelo aluno durante suas

praacuteticas estudantis e sociais

Explica Barros (2012) que o signo eacute carregado de um conteuacutedo valor ideoloacutegico

ou vivencial possui tambeacutem caraacuteter mediador operador (realiza) e conversor (altera) as

relaccedilotildees sociais e percepccedilotildees A atividade do signo eacute para Vigotski e Bakhtin um

processo de mudanccedila do proacuteprio sujeito sobre outros e a cultura Admite Barros (2012)

que para Vigotski a palavra eacute sempre comando e Bakhtin desfaz a dicotomia entre

linguagem e praacutetica social Como conclusatildeo ao uso do signo nessa perspectiva

Os signos soacute podem existir onde os indiviacuteduos estejam socialmente

organizados formando grupos ou sociedades organizadas natildeo sendo possiacutevel

serem construiacutedos apenas na intermediaccedilatildeo entre dois elementos ou coisas

quaisquer Eacute necessaacuterio que exista a materialidade social para que haja a

exteriorizaccedilatildeo do signo tornando-o objeto concreto de estudo garantindo-lhe

sua convencionalizaccedilatildeo e garantindo sua utilizaccedilatildeo como signo (TEIXEIRA

2001 p 269)

Consideramos que o mapa mental ao se constituir em um fator de caracterizaccedilatildeo

para a linguagem cartograacutefica possui funccedilatildeo de enunciado da mesma forma como

Bakhtin valoriza a enunciaccedilatildeo na fala afirmando sua natureza social o mapa mental estaacute

relacionado agraves condiccedilotildees da comunicaccedilatildeo que por sua vez estatildeo sempre ligadas agraves

estruturas sociais Essa comunicaccedilatildeo envolve no miacutenimo dois sujeitos o sujeito

destinador (mapeador) e o destinataacuterio (leitor de mapa) mas

[] o vivido soacute se semiotiza quando eacute expresso em caso contraacuterio natildeo seraacute

uma experiecircncia humana mas uma mera resposta fisioloacutegica a um estiacutemulo

do meio que natildeo se diferenciaria do animal Portanto expressar externar um

enunciado eacute um produto das inter-relaccedilotildees sociais (KOZEL 2008 p 74)

Concluindo nossos apontamentos sobre as consideraccedilotildees de Bakhtin

ressaltamos que o mapa mental pode ser considerado mais que um veiacuteculo de

comunicaccedilatildeo entre os sujeitos a materializaccedilatildeo do proacuteprio conhecimento cientiacutefico

aprendido coletivamente em condiccedilotildees escolares Apresenta natildeo apenas sinais relativos

ao sujeito que aprende mas refletem sobre as ideologias criadas pela sociedade

contrapondo e ressignificando as experiecircncias cotidianas do sujeito que vive e do

conhecimento cientiacutefico que aprende com o auxiacutelio dos mediadores escolares

68

Dessa maneira com base nas reflexotildees acima entende-se o mapa mental como

um recurso didaacutetico para a comunicaccedilatildeo (carto)graacutefica dos espaccedilos que vivenciamos em

nosso dia a dia ou cartograficamente puacuteblicos como o mapa mundo Ao tornar possiacutevel

ensaiar comportamentos espaciais na mente torna-se um instrumento mnemocircnico

Quando expresso no papel os mapas mentais satildeo instrumentos para estruturar e

armazenar o conhecimento apreendido no processo de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica

Desta forma buscamos nos proacuteximos capiacutetulos aprofundar a possibilidade de

uma alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica relacionada agrave linguagem por meio dos mapas mentais

pensando as praacuteticas de Ensino de Geografia nos anos iniciais do EF Aleacutem disso

descrevemos e explicamos o percurso metodoloacutegico da pesquisa a escola escolhida os

sujeitos e instrumentos de pesquisa que corroboram com nossa investigaccedilatildeo

69

2 ITINERAacuteRIO DA PESQUISA E SEUS ENCAMINHAMENTOS

METODOLOacuteGICOS

Antes de explicarmos os procedimentos de nossa pesquisa eacute necessaacuteria uma

ressalva a respeito de sua metodologia Ao iniciarmos nossa investigaccedilatildeo realizamos

duas pesquisas-piloto nos anos iniciais do EF uma na Escola Municipal Luacutecia de

Faacutetima Gayoso Meira Campina Grande ndash PB no ano de 2013 e a outra na Escola de

Aplicaccedilatildeo da Universidade Federal de Goiaacutes em Goiacircnia ndash GO em 2014 (ambas em

turmas do 5ordm ano) Nestas ocasiotildees a proposta metodoloacutegica para esta dissertaccedilatildeo era a

pesquisa-accedilatildeo

Durante a qualificaccedilatildeo desta pesquisa a metodologia pesquisa-accedilatildeo foi

questionada no que corresponde ao criteacuterio ldquotempordquo haja vista que a pesquisa-accedilatildeo

ldquo[] eacute singular e define-se por uma situaccedilatildeo precisa concernente a um lugar a pessoas

a um tempo a praacuteticas e a valores sociais e agrave esperanccedila de mudanccedilardquo (BARBIER 2007

p 119) Nossas pesquisas-piloto ateacute o momento haviam sido pontuais (dois meses em

meacutedia) e com puacuteblicos de realidade distintos o que natildeo resultaria em ldquoesperanccedila de

mudanccedilardquo ou seja das soluccedilotildees de problemas referentes agrave proposta de alfabetizaccedilatildeo

cartograacutefica

Buscamos outras propostas metodoloacutegicas que permitissem contribuir com o

desenvolvimento da investigaccedilatildeo realizando consequentemente uma uacuteltima pesquisa

a qual deu base para as anaacutelises registradas neste trabalho Consequentemente ao

estudarmos o artigo ldquoO que eacute um estudo de caso qualitativo em educaccedilatildeo28rdquo escrito por

Andreacute (2013) compreendemos as criacuteticas relacionadas a uma tipificaccedilatildeo da pesquisa em

educaccedilatildeo sem uma reflexatildeo aprofundada A respeito dessas consideraccedilotildees expotildeem

Andreacute (2013 p 96)

O que parece estar presente na cultura acadecircmica pelo menos para o poacutes-

graduando eacute uma convicccedilatildeo de que eacute necessaacuterio e obrigatoacuterio dar um nome a

sua pesquisa Acontece que nem sempre existe uma classe ndash ou tipificaccedilatildeo ndash

em que se pode enquadrar a pesquisa

A autora completa seus argumentos ressaltando que

28

ANDREacute Marli O que eacute um estudo de caso qualitativo em educaccedilatildeo Revista da FAEEBA - Educaccedilatildeo

e Contemporaneidade Salvador v 22 n 40 2013 p 95 ndash 103 Disponiacutevel em

lthttpwwwrevistasunebbrindexphpfaeebaarticleview753gt Acesso em 15102014

70

Na perspectiva das abordagens qualitativas natildeo eacute a atribuiccedilatildeo de um nome

que estabelece o rigor metodoloacutegico da pesquisa mas a explicitaccedilatildeo dos

passos seguidos na realizaccedilatildeo da pesquisa ou seja a descriccedilatildeo clara e

pormenorizada do caminho percorrido para alcanccedilar os objetivos com a

justificativa de cada opccedilatildeo feita Isso sim eacute importante porque revela a

preocupaccedilatildeo com o rigor cientiacutefico do trabalho ou seja se foram ou natildeo

tomadas as devidas cautelas na escolha dos sujeitos dos procedimentos de

coleta e anaacutelise de dados na elaboraccedilatildeo e validaccedilatildeo dos instrumentos no

tratamento dos dados (ANDREacute 2013 p 96)

Entendemos que uma pesquisa acadecircmica natildeo necessariamente deve estar

relacionada a uma tipificaccedilatildeo de pesquisa o que interessa satildeo os procedimentos que

conduziram a investigaccedilatildeo e a clareza para compreensatildeo do leitor Procurando natildeo

cometer os mesmos erros resolvemos entatildeo destacar a abordagem qualitativa

recorrendo a alguns procedimentos utilizados durante as pesquisas-piloto ao qual

daremos maior enfoque a seguir

21 CARACTERIZACcedilAtildeO DA METODOLOGIA DA PESQUISA

Segundo Gil (1999) uma investigaccedilatildeo cientiacutefica requer um processo formal e

sistemaacutetico de desenvolvimento do meacutetodo de investigaccedilatildeo Na busca por soluccedilotildees para

determinado problema o pesquisador adota uma seacuterie de procedimentos permitindo

colaborar com novos conhecimentos acerca do objeto pesquisado Quando nos

referimos as Ciecircncias Sociais fica claro que o comportamento humano eacute complexo

Tambeacutem mais mutaacutevel que os fenocircmenos fiacutesicos (rochas minerais etc) dessa forma

opccedilotildees metodoloacutegicas necessitam ser realizadas

Seguindo as observaccedilotildees do paraacutegrafo anterior concordamos com Oliveira

(2007 p 43) quando caracteriza a metodologia como

[] um processo que se inicia desde a disposiccedilatildeo inicial de se escolher um

determinado tema para pesquisar ateacute a anaacutelise dos dados com as

recomendaccedilotildees para minimizaccedilatildeo ou soluccedilatildeo do problema pesquisado

Portanto metodologia eacute um processo que engloba um conjunto de meacutetodos e

teacutecnicas para ensinar analisar conhecer a realidade e produzir novos

conhecimentos

Oliveira (2007) e Gil (1999) afirmam que a pesquisa eacute um processo de

desenvolvimento do conhecimento cientiacutefico e por meio dela novas descobertas e

avanccedilos na realidade social podem ser realizados Para Oliveira (2007) eacute indispensaacutevel

que o pesquisador tenha afinidade pelo tema investigado e que esteja relacionado agrave vida

e experiecircncias do cientista A proximidade com o tema possibilita o conhecimento da

71

gecircnese do problema crescimento pessoal e possiacuteveis contribuiccedilotildees Em virtude dessas

palavras eacute importante revelar as circunstacircncias que nos aproximam da aacuterea da

Cartografia Escolar

Durante a graduaccedilatildeo em licenciatura em Geografia os estudos relacionados agrave

Cartografia jaacute me despertava interesse levando-me a participar enquanto monitor da

disciplina ldquoCartografia Baacutesica Irdquo na Universidade Estadual da Paraiacuteba Campus

Campina Grande Outra experiecircncia em projeto de extensatildeo inquietou-me

pesquisaacutevamos o uso de recursos geotecnoloacutegicos nas praacuteticas de ensino de Geografia

Como resultado decidi investigar o uso das geotecnologias (entre elas a Cartografia

digital) com alunos dos anos iniciais do EF29

Portanto o interesse sobre ensino de Geografia e Cartografia Escolar se estende

ao desenvolvimento desta dissertaccedilatildeo Neste vieacutes eacute necessaacuterio identificar as opccedilotildees

realizadas principalmente ao que se refere aos paracircmetros metodoloacutegicos Escolhemos

enquanto orientaccedilatildeo de pesquisa a abordagem qualitativa que

[] pode ser caracterizada como sendo uma tentativa de explicar em

profundidade o significado e as caracteriacutesticas do resultado das informaccedilotildees

obtidas atraveacutes de entrevistas ou questotildees abertas sem a mensuraccedilatildeo

quantitativa de caracteriacutesticas ou comportamento (OLIVEIRA 2007 p 59)

Aleacutem disso eacute possiacutevel destacar outras caracteriacutesticas da pesquisa qualitativa

como descrever a complexidade de problemas e hipoacuteteses compreender e classificar

grupos sociais contribuir no processo de mudanccedila criar grupos com a finalidade de

interpretaccedilatildeo das particularidades e dos comportamentos e atitudes dos sujeitos (GIL

1999 OLIVEIRA 2007) Segundo as orientaccedilotildees de Oliveira (2007 p 59) e Godoy

apud Neves (1996 p 01) a abordagem qualitativa segue algumas situaccedilotildees de pesquisa

29 O projeto de extensatildeo intitulado ldquoPotencialidades da utilizaccedilatildeo de geotecnologias como recursos

didaacuteticos no ensino-aprendizagem de Geografiardquo foi coordenado pela Prof Drordf Josandra Arauacutejo Barreto

de Melo O projeto visava capacitar os alunos da Escola Normal de Campina Grande denominados de

formandos (profissionais formados para atuarem na Educaccedilatildeo Infantil e anos iniciais do Ensino

Fundamental) a utilizarem geotecnologias (sites e softwares como o google earth) atraveacutes da criaccedilatildeo de

situaccedilotildees de ensino-aprendizagem geograacuteficas Apoacutes essa experiecircncia no ano de 2012 realizei uma

investigaccedilatildeo sobre as potencialidades dos recursos geotecnoloacutegicos para as aulas de Geografia

especificamente com alunos do 5ordm ano da Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira A monografia

eacute intitulada ldquoEnsino de Geografia no Ensino Fundamental I o uso de recursos geotecnoloacutegicos e de novas

metodologias de ensino-aprendizagemrdquo Em ambas as experiecircncias encontramos dificuldades na

execuccedilatildeo da proposta seja por falta do laboratoacuterio de informaacutetica desconhecimento sobre teacutecnicas da

informaacutetica (por professores e ou alunos) ou dos procedimentos metodoloacutegicos e conceituais da

Geografia

72

que se converge em cinco aspectos os quais relacionaram com as justificativas e

contextos desta dissertaccedilatildeo

1 Necessidade de substituir informaccedilotildees estatiacutesticas30 por quadros

qualitativos investigar fatos em novos contextos ou quando haacute pouca

informaccedilatildeo sobre determinado tema Esse dado justifica a intenccedilatildeo de

pesquisar o uso dos mapas mentais em contexto escolar com alunos dos anos

iniciais do EF em decorrecircncia do pouco referencial teoacuterico e uma proposta

metodoloacutegica sobre o uso de esboccedilos cartograacuteficos livres no referido periacuteodo de

escolarizaccedilatildeo

2 As observaccedilotildees qualitativas satildeo indicadores de estruturas sociais Ao

realizar a nossa pesquisa nas turmas de 4ordm e 5ordm ano do EF utilizamos como

estrateacutegia a observaccedilatildeo participante registrando fatos e fenocircmenos encontrados

em campo realizando descriccedilotildees acerca das aulas de Geografia ministradas

3 Compreender aspectos psicoloacutegicos cujos dados natildeo podem ser coletados

por outros meacutetodos de investigaccedilatildeo Neste quesito foi verificada a

complexidade do processo de ensino-aprendizagem de Geografia

especialmente das praacuteticas que envolvem a Cartografia Escolar necessitando de

uma compreensatildeo do contexto da escola das leituras de mundo dos alunos sobre

os mapas mentais produzidos e da apreensatildeo das professoras

4 O significado que as pessoas datildeo as coisas e a sua vida como preocupaccedilatildeo

para o investigador Valorizamos em nossa pesquisa natildeo apenas os mapas

mentais enquanto produto final mas o processo de produccedilatildeo das representaccedilotildees

pelos alunos Procuramos dialogar e observar os contextos em sala de aula

procurando buscar soluccedilotildees para o ensino-aprendizagem de Geografia com as

turmas com as quais trabalhamos Aleacutem disso procuramos ressaltar a

importacircncia da Geografia para o cotidiano dos alunos

5 Enfoque indutivo Partimos de uma realidade particular para o

desenvolvimento da pesquisa uma escola municipal a qual seraacute apresentada

posteriormente efetivando nesse processo (novas) propostas correspondentes a

30 Para Oliveira (2007 p 58) eacute possiacutevel ldquo[] utilizar dados quantitativos em uma pesquisa qualitativa

visto que face ao novo paradigma da ciecircncia contemporacircnea no processo de construccedilatildeo do conhecimento

(epistemologia) deve-se incluir a descriccedilatildeo de todos os fenocircmenos []rdquo

73

praacuteticas com os mapas mentais e ateacute mesmo observando seus (in) sucessos em

sala de aula

Tendo as situaccedilotildees descritas anteriormente como pontos norteadores do estudo

foi necessaacuterio tambeacutem recorremos a outros gecircneros de pesquisa com a intenccedilatildeo de (1)

empregar procedimentos utilizados em pesquisas-piloto anteriores os quais os

resultados demonstraram-se positivos e (2) Ampliar as fontes de dados relacionadas aos

resultados da investigaccedilatildeo Nestas condiccedilotildees os meacutetodos seguidos pela abordagem

qualitativa estudo de caso a pesquisa participativa e a pesquisa-accedilatildeo serviram como

guias para refinarmos outros procedimentos

Relata Gil (1999) e Oliveira (2007) que a pesquisa participativa requer

compromisso espiacuterito de solidariedade e comunhatildeo entre o pesquisador e a populaccedilatildeo

da comunidade em que eacute realizado o estudo De acordo com Oliveira (2007 p 75) a

pesquisa participativa eacute uma ldquo[] modalidade de pesquisa [que] eacute realizada em

comunidades carentes ou com grupos desfavorecidos como operaacuterios iacutendios e

camponeses entre outrosrdquo Aleacutem disso procura uma associaccedilatildeo entre uma accedilatildeo para

soluccedilatildeo de um problema coletivo desenvolvendo autonomia dos sujeitos pesquisados a

uma exterioridade poliacutetica econocircmica administrativa por exemplo (GIL 1999)

A pesquisa-accedilatildeo assim como a pesquisa participativa eacute caracterizada pela

participaccedilatildeo do pesquisador no contexto social investigado A metodologia eacute definida

por Engel (2000 p 182) como

[] um tipo de pesquisa participante engajada em oposiccedilatildeo agrave pesquisa

tradicional que eacute considerada como ldquoindependenterdquo ldquonatildeo-reativardquo e

ldquoobjetivardquo Como o proacuteprio nome jaacute diz a pesquisa-accedilatildeo procura unir a

pesquisa agrave accedilatildeo ou praacutetica isto eacute desenvolver o conhecimento e a

compreensatildeo como parte da praacutetica Eacute portanto uma maneira de se fazer

pesquisa em situaccedilotildees em que tambeacutem se eacute uma pessoa da praacutetica e se deseja

melhorar a compreensatildeo desta

No desenvolvimento da pesquisa-accedilatildeo assim como da pesquisa participativa se

busca a accedilatildeo efetiva dos membros para a realizaccedilatildeo de determinada atividade com o

objetivo da conscientizaccedilatildeo social trabalhista ou educacional por exemplo No caso da

Cartografia Social as investigaccedilotildees se valem da produccedilatildeo dos mapas mentais

considerando as experiecircncias dos grupos humanos Outro fator eacute que na pesquisa-accedilatildeo o

conhecimento eacute produto de uma praacutetica considera nesta modalidade a reflexatildeo que

ocorre durante todo o processo da pesquisa

74

Parte dos procedimentos adotados corresponde agraves pesquisas de gecircnero

participativa especialmente da pesquisa-accedilatildeo as quais satildeo caracterizadas a partir das

obras de Barbier (2007) e Morin (2004) Elas satildeo explicitadas nos seguintes toacutepicos

Realizaccedilatildeo de um ldquocontratordquo segundo Barbier (2007) e Morin (2004) eacute um

acordo realizado entre o pesquisador e o grupo de trabalho O contrato tem um

caraacuteter aberto formal e de preferecircncia natildeo-estruturado Para realizaccedilatildeo da

pesquisa tivemos que concordar com algumas condiccedilotildees dadas pelas

professoras entre elas que os assuntos abordados durante as aulas

correspondessem com os conteuacutedos ministrados no quarto bimestre (em ambas

as turmas) e que as aulas fossem ministradas durante um dia

(quinzenalmente)31

Participaccedilatildeo coletiva e cooperativa e de cogestatildeo A pesquisa-accedilatildeo

corresponde ao envolvimento dos sujeitos e do pesquisador que satildeo sujeitos da

praacutetica Desta forma nossa intenccedilatildeo natildeo era apenas aplicar os mapas mentais

com as turmas selecionadas (4ordm e 5ordm ano) mas participar e lecionar os assuntos

de Geografia visto que foi nos dada agrave oportunidade em ambas as turmas

muito embora as professoras tenham participado de todo o processo

Mudanccedila que leve a transformaccedilatildeo Inicialmente questionamos os alunos

acerca dos recursos cartograacuteficos (utilizaccedilatildeo dos mapas) a leitura dos recursos

e sua utilizaccedilatildeo no cotidiano Neste quesito realizamos atividades

direcionadas aos mapas mentais aleacutem de outras atividades com mapas

existentes e atividades luacutedicas para a soluccedilatildeo de duacutevidas e problemas

encontrados neste percurso O produto resultou em diferentes praacuteticas de

ensino entretanto assim como aponta a metodologia de pesquisa nem todas

as praacuteticas foram eficazes (como apresentaremos nos proacuteximos capiacutetulos)

Nestas condiccedilotildees Morin (2007) esclarece que os erros levam ao avanccedilo da

pesquisa e satildeo relevantes para a adaptaccedilatildeo do objeto investigado Neste contexto esses

procedimentos da pesquisa-accedilatildeo podem ser esclarecedores para o pesquisador pois o

31 Geralmente as aulas ocorriam uma vez por semana em periacuteodos equivalentes a uma hora (em meacutedia)

Ao dialogarmos com as professoras conseguimos um dia por semana durante todo o periacuteodo da tarde Em

entrevista os alunos se queixavam que as aulas de Geografia e Histoacuteria pouco ocorriam havendo

semanas que simplesmente natildeo aconteciam (principalmente no 5ordm ano) Voltaremos a abordar essas

questotildees no capiacutetulo III

75

faz debruccedilar natildeo apenas pelos resultados positivos mas situa a reflexatildeo global do

processo de ensino-aprendizagem no processo de aperfeiccediloamento As pesquisas

participativas consideram o conhecimento sempre provisoacuterio e dependente do contexto

histoacuterico e cultural observado e interpretado (MORIN 2004 BARBIER 2007

OLIVEIRA 2007)

Ademais com a intenccedilatildeo de estruturar as accedilotildees para realizaccedilatildeo da pesquisa

resgatamos criteacuterios do estudo de caso o qual segundo Oliveira (2007 p 55) eacute

caracterizado como ldquouma estrateacutegia metodoloacutegica do tipo exploratoacuterio descritivo e

interpretativordquo possui caracteriacutesticas holiacutesticas e significativas para desvendar fatos ou

fenocircmenos

Aleacutem disso procuramos ldquo[] focalizar um fenocircmeno particular levando em

conta seu contexto e suas muacuteltiplas dimensotildees Valoriza-se o aspecto unitaacuterio mas

ressalta-se a necessidade da anaacutelise situada e em profundidaderdquo (ANDREacute 2013 p 97)

Como estrateacutegia de pesquisa o estudo de caso eacute compreendida como uma metodologia

que considera uma loacutegica de planejamento teacutecnica e anaacutelises de coleta especifica

De acordo com esses argumentos procuramos organizar e construir as etapas de

nossa pesquisa para o desenvolvimento das aulas e anaacutelise dos mapas mentais

produzidos Sistematizamos os procedimentos da pesquisa ressaltando a importacircncia

metodoloacutegica para a realizaccedilatildeo desses passos revisatildeo bibliograacutefica escolha dos espaccedilos

e sujeitos da pesquisa instrumentos de pesquisa e resultados coletados

22 PROCEDIMENTOS DA PESQUISA

2 2 1 Referenciais teoacuterico-metodoloacutegicos

Na orientaccedilatildeo da pesquisa realizamos o levantamento do referencial teoacuterico-

metodoloacutegico que orienta o tema em questatildeo Pesquisamos autores e obras para

realizaccedilatildeo das etapas da pesquisa Os materiais utilizados pertencem a diferentes aacutereas

ensino de Geografia Pedagogia Psicologia Linguiacutestica e Cartografia Escolar estes

foram substanciais para a construccedilatildeo teoacuterica e da proposta metodoloacutegica Buscamos

analisar experiecircncias com os mapas mentais na discussatildeo de trecircs pontos

76

A) Ensino de Geografia

Propomos para este estudo destacar obras que em nossa compreensatildeo valorizam

o ensino-aprendizagem de Geografia especialmente nos anos iniciais do EF Elas

integram a discussatildeo acerca da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica e a leitura de mundo

demarcado por temas voltados aos estudos geograacuteficos

Destacamos que as obras de Callai (2005 2013) Straforini (2008) Campos amp

Buitoni (2010) Lessan (2011) e Pinheiro (2012) foram fundamentais para se efetivar

uma proposta de pesquisa para o conjunto do ensino-aprendizagem de Geografia com

alunos e professores dos anos iniciais do EF O trabalho de Cavalcanti (2014) relaciona

os conceito e metodologias do trabalho docente para o ensino de Geografia contribuindo

com as propostas do que e como ensinar

Procuramos apoiar nossas escolhas tambeacutem mediante obras que fundamentam a

ciecircncia geograacutefica Partindo da proacutepria indicaccedilatildeo do referencial teoacuterico suas teorias e

conceitos das obras supramencionadas para auxiliar o desenvolvimento das praacuteticas

pedagoacutegicas assim como a compreensatildeo e anaacutelise dos mapas mentais produzidos

Desta forma o trabalho de Tuan (1983 2012) auxiliam na compreensatildeo dos conceitos

de espaccedilo geograacutefico e lugar Racine Raffestin amp Ruffy (1983) Silveira (2004) e

Castro (2008) para a compreensatildeo de escala geograacutefica Aleacutem desses as obras de Claval

(2006 2010 2011) que discute a importacircncia da localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial

B) Alfabetizaccedilatildeo Cartograacutefica e mapas mentais

Este toacutepico que vem sendo composto desde a (re) elaboraccedilatildeo de nosso projeto

abarca a intenccedilatildeo principal desta pesquisa (que como discutido no capiacutetulo I) estaacute

relacionada ao uso de Cartografia para escolares Pontuamos mediante a realizaccedilatildeo de

nosso estudo leituras direcionadas a linguagem espacial no ensino-aprendizagem de

Geografia

Os estudos de Oliveira (1978) Castrogiovanni amp Costella (2006) Castellar

(2000) Almeida amp Passini (2010) Almeida (2010 2011) Richter (2011) e Passini

(2012) estatildeo presentes como a base para a construccedilatildeo e revisatildeo de nossa proposta de

pesquisa voltada agrave Cartografia Escolar

77

Resgatamos teoacutericos que discutem o uso da Cartografia e seus novos

direcionamentos a uma Cartografia Social mesmo que natildeo explicitamente como Katuta

(2001) Girardi (2005) Raffestin (2007) Farinelli (2013) e Lladoacute (2013)

Nossa proposta metodoloacutegica eacute baseada nos trabalhos de dissertaccedilatildeo de Richter

(2010) e Teixeira (2001) Recorremos tambeacutem a outras experiecircncias de trabalhos

relacionados a atividades proacuteximas aos mapas mentais como o uso do desenho discutido

por Miranda (2005) e mapas vivenciais apresentados no trabalho de Lopes (2012)

Contextualizamos aleacutem disso as experiecircncias com o uso dos mapas mentais

desenvolvidos nas pesquisas de Nogueira (2006) Kozel (2008) Galvatildeo amp Kozel

(2008) Oliveira (2010) Silva amp Bernardelli (2010) Santos (2011) e Archela Gratatildeo amp

Trostdorf (2004)

C) Teoria histoacuterico-cultural ou soacutecio histoacuterica

Nossa intenccedilatildeo ao nos referirmos agrave teoria histoacuterico-cultural corrente psicoloacutegica

que explica o desenvolvimento da mente humana atraveacutes de uma perspectiva dialeacutetica

natildeo eacute nos resumirmos a uma anaacutelise metoacutedica mas entendermos o processo das funccedilotildees

superiores no modo de funcionamento psicoloacutegico do sujeito o processo de cogniccedilatildeo

para a aprendizagem de Geografia

Entendemos o processo de ensino-aprendizagem em uma perspectiva histoacuterica e

social Ele eacute em sua natureza baseado na vivecircncia e no diaacutelogo existente em

comunidade resultando em uma cultura A linguagem constroacutei valores ideias e accedilotildees

sociais As representaccedilotildees espaciais neste contexto tambeacutem se constituem como uma

linguagem possibilitando a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica

Nesta perspectiva destacamos as obras de Vigotski (1998) e de Bakhtin (2012)

fundamentalmente Para a compreensatildeo mais consistente das obras de Vigotski e

Bakhtin decidimos incorporar o debate dos seguintes autores Jobim e Souza (1994)

Freitas (2000) Rego (1995) Barros (2012) e Friedrich (2012)

2 2 2 Instrumentos de Pesquisa

Consideramos que o principal instrumento de estudo eacute o pesquisador Sua

funccedilatildeo ampla recorre ao observar e participar recriar estrateacutegias organizar

circunstacircncias para a aprendizagem motivar e coordenar as atividades em sala de aula

78

Ele atribui significados a um objetivo preacute-elaborado com a compreensatildeo que as

circunstacircncias podem se alterar a qualquer momento em seu percurso tanto na teoria

quanto na praacutetica Os criteacuterios para realizaccedilatildeo da pesquisa satildeo descritos pelos pontos a

seguir

A) A observaccedilatildeo

Ressalta Vianna (2007 p 12) ldquoAo observador natildeo basta simplesmente olhar

Deve certamente saber ver identificar e descrever diversos tipos de interaccedilotildees e

processos humanosrdquo Para tanto o pesquisador deveraacute estar preparado possuindo um

adequado treinamento identificando problemas (a partir de observaccedilotildees causais)

envolvendo os quatro sentidos baacutesicos aleacutem da visatildeo registrando dados accedilotildees e

emoccedilotildees das circunstacircncias verificadas

Em trabalhos onde o observador eacute tambeacutem participante alguns cuidados devem

estar em voga sobretudo no que diz respeito ao registro dos dados evitando o excesso

de sentimentalismo com os observados Tambeacutem deve prestar atenccedilatildeo ateacute onde suas

emoccedilotildees e sentimentos constituem dados e quando elas poderatildeo influenciar as accedilotildees dos

outros sujeitos (OLIVEIRA 2007)

Quando bem executada a observaccedilatildeo participante possibilita a investigaccedilatildeo de

contextos particulares desvendando situaccedilotildees cotidianas em virtude da abertura e

flexibilidade da pesquisa aleacutem do aprofundamento das questotildees referentes agrave

investigaccedilatildeo em processo

Criamos instrumentos de registro para cada oportunidade de pesquisa oferecida

nas escolas ou na universidade Adequamos os instrumentos para cada circunstacircncia

Utilizamos nos ambientes escolares trecircs principais instrumentos de coleta de dados

(jornal de pesquisa entrevistas e questionaacuterio)

B) Jornal de pesquisa

O jornal de pesquisa (tambeacutem conhecido como diaacuterio de campo) consiste

segundo Barbosa (2010) na possibilidade de ultrapassar a simples coacutepia mecacircnica e

produzir um conhecimento condizente com a realidade Natildeo aponta a pesquisa como

aprendizagem para si mesmo nestas circunstacircncias tem um caraacuteter puacuteblico que

pretende esclarecer os passos de determinada investigaccedilatildeo

79

Durante as pesquisas-piloto notamos que o uso de blocos de anotaccedilotildees era

inconveniente pois prejudicavam a observaccedilatildeo participante aleacutem de distrair os alunos

nas atividades estabelecidas em sala de aula Neste aspecto nos detemos na escrita do

jornal de pesquisa anotando nossos (in) sucessos relacionados agrave investigaccedilatildeo

Sendo assim trechos de diaacutelogos e reaccedilotildees ocorridas durante as aulas e

principalmente durante a realizaccedilatildeo dos mapas mentais foram registrados e se

encontram em apecircndice (Apecircndice I em CD)

C) Entrevistas

Segundo Oliveira (2007 p 86) ldquoa entrevista eacute um excelente instrumento de

pesquisa por permitir a interaccedilatildeo entre pesquisador (a) e entrevistado (a) e obtenccedilatildeo de

descriccedilotildees detalhadas sobre o que se estaacute pesquisandordquo Dessa forma apoacutes o termino

das atividades procuramos realizar um diagnoacutestico final sobre as possiacuteveis contribuiccedilotildees

das praacuteticas realizadas especialmente do uso dos mapas mentais na perspectiva dos

alunos Em decorrecircncia do tempo as entrevistas foram realizadas em grupos (de trecircs a

cinco alunos) com todos os estudantes do 4ordm e 5ordm ano salvo os faltosos As entrevistas

foram norteadas por questotildees semiestruturadas descritas abaixo

Questotildees para entrevista com os alunos

1 Qual das atividades realizadas vocecircs acharam mais interessante Por quecirc

2 Qual das atividades vocecircs menos gostaram de fazer Por quecirc

3 O que vocecircs acham que aprenderam com a realizaccedilatildeo dos mapas mentais

durante as aulas de Geografia

4 Vocecircs acham importante estudar Geografia Explique

Em outra ocasiatildeo estivemos em contato com a gestora da escola com a qual

realizamos uma entrevista focalizada Para Gil (1999 p 120) esse tipo de entrevista eacute

de caraacuteter ldquo[] livre todavia enfoca um tema bem especifico O entrevistador permite

ao entrevistado falar livremente sobre o assunto mas quando este se desvia do tema

original esforccedila-se para a sua retomadardquo

O tema em questatildeo foi o processo de ensino-aprendizagem no segundo ciclo dos

anos iniciais do EF (4ordm e 5ordm ano) surgindo questotildees referentes ao cumprimento da

legislaccedilatildeo na escola a estrutura fiacutesica da escola organizaccedilatildeo do trabalho escolar

80

(principalmente das professoras) desempenho escolar dos alunos do 4ordm e 5ordm ano Essas

temaacuteticas satildeo contextualizadas ao longo do capiacutetulo 3 e 4

D) Questionaacuterio de investigaccedilatildeo

Em decorrecircncia do tempo da pesquisa uacuteltimo bimestre de 2014 foi necessaacuterio

aplicar o recurso ldquoquestionaacuterio de investigaccedilatildeordquo com as docentes do 4ordm e 5ordm ano Nossa

intenccedilatildeo inicial foi o de registrar o perfil das professoras Tambeacutem o de discutir as

problemaacuteticas e estabelecer uma troca de experiecircncias das observaccedilotildees de cada

professora sobre a execuccedilatildeo e propostas da pesquisa

Para fins de registro o questionaacuterio foi construiacutedo possuindo treze (13) questotildees

divididas em cinco partes identificaccedilatildeo formaccedilatildeo experiecircncia profissional praacutetica

profissional e execuccedilatildeo da pesquisa (ver apecircndice II) Com base na leitura das respostas

das professoras tivemos condiccedilotildees de entender as dificuldades Entre elas a relaccedilatildeo ao

ensino de Geografia e suas sugestotildees para o trabalho com os mapas mentais e

metodologias auxiliares

E) Outros instrumentos para as praacuteticas com os alunos

Para a realizaccedilatildeo das atividades com mapas mentais confeccionamos dois

modelos de prancha para desenho O primeiro voltado agraves atividades realizadas

individualmente (em folha A4) constituiacuteda por cabeccedilalho com espaccedilo para nome e

idade o que auxiliou na identificaccedilatildeo dos sujeitos da pesquisa (Apecircndice III) A

segunda para uso em grupo (em folha A3)

Os outros recursos utilizados foram Atlas Geograacutefico mapa do Brasil32 Regiatildeo

Nordeste33 e Centro-Oeste34 Estado da Paraiacuteba35 Campina Grande ndash PB36 Atlas

Escolar da Paraiacuteba37

32 BRASIL Editora Globomapas Brasil poliacutetico- rodoviaacuterio[Satildeo Paulo] 2014 1 mapa 89 x 117 cm

Escala 15000000 33 BRASIL Editora Globomapas Brasil regiatildeo nordeste[Satildeo Paulo] 2014 1 mapa 89 x 117 cm Escala

12000000 34 BRASIL Editora Globomapas Brasil regiatildeo centro-oeste poliacutetico rodoviaacuterio regional e

turiacutestico[Satildeo Paulo] 2014 1 mapa 89 x 117 cm Escala 12000000 35 ESTADO DA PARAIacuteBA Editora Trieste Estado da Paraiacuteba poliacutetico rodoviaacuterio e escolar [Satildeo

Paulo] 2008 1 mapa 89 x 117 cm Escala 1 500 000 36 CAMPINA GRANDE Editora Trieste Campina Grande PB[Satildeo Paulo] 2008 1 mapa 89 x 117 cm

Escala 1 10 000 37 RODRIGUEZ Janete Lins Atlas Escolar da Paraiacuteba 3ordf Ed Joatildeo Pessoa GRAFSET 2002

81

Mediante termo de consentimento a gestatildeo escolar permitiu o uso da cacircmera

fotograacuteficacelular e da filmadora Isso auxiliou na percepccedilatildeo de elementos natildeo

identificados na accedilatildeo da pesquisa servindo como um registro de apoio As fotos

filmagens e gravaccedilotildees serviram para interpretaccedilatildeo das atividades com os mapas mentais

realizados Aleacutem desses se fez uso de material de papelaria laacutepis grafite e de cor

caneta hidrocor cola tesoura fita adesiva (durex) e borracha

Utilizamos o recurso do brinquedo didaacutetico ldquoBrincando de engenheirordquo38 para

construccedilatildeo de maquetes introduzindo a noccedilatildeo do luacutedico no trabalho pedagoacutegico com

mapa mental A maquete mental (mapa mental construiacutedo coletivamente o qual eacute

discutido na paacutegina 97 e 98) foi construiacuteda sob uma superfiacutecie de cartolinas (papel

cartatildeo)

2 2 3 Os espaccedilos e os sujeitos da pesquisa

O espaccedilo da pesquisa

Nosso estudo estaacute relacionado ao ensino de Geografia desta forma foi

necessaacuterio delimitarmos a escola como espaccedilo de pesquisa Justificamos esta escolha

natildeo apenas por consideraacute-la como um dos lugares onde se aprende o uso de um coacutedigo

cultural ou por sua influecircncia no imaginaacuterio das crianccedilas jovens e adultos que a

frequenta mas sobretudo pela influecircncia na comunidade a qual pertence

De acordo com objetivos e propostas deste estudo procuramos uma escola que

atendesse os anos iniciais do EF Tiacutenhamos como intenccedilatildeo realizar um trabalho que

contasse com a participaccedilatildeo dos alunos necessitando tempo e disposiccedilatildeo dos

professores e da coordenaccedilatildeo para realizaccedilatildeo da nossa pesquisa De acordo com estes

criteacuterios escolhemos a Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira visto que jaacute

haviacuteamos realizado outras experiecircncias de investigaccedilatildeo incluindo nossa pesquisa-

piloto portanto aproveitamos essa relaccedilatildeo de proximidade e confianccedila com os sujeitos

Entre os motivos que nos condicionaram a continuar nessa escola enquanto

campo de pesquisa foi

Histoacuterico de retenccedilatildeo escolar principalmente dos alunos no 5ordm ano Isso nos

possibilitou realizar um diagnoacutestico das dificuldades referentes agraves habilidades

38 BRINCANDO DE ENGENHEIRO Xalingo brinquedos Fabricado no Brasil atestado pelo

INMETRO para crianccedilas acima de 3 anos de idade 4 brinquedo educativo 42 peccedilas

82

cartograacuteficas e a construccedilatildeo de noccedilotildees relativas a conceitos e temas da

Geografia

Matriacutecula e frequecircncia de alunos de faixa etaacuteria distinta as normas cronoloacutegicas

estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educaccedilatildeo (CNE) e

O perfil socioeconocircmico e familiar dos alunos Suas famiacutelias sobrevivem

predominantemente com menos de dois salaacuterios miacutenimos A maioria dos pais

ou responsaacuteveis exercem atividades autocircnomas (encanador pedreiro pintor

diaristas comerciantes informais entre outros) nestes casos os alunos recebem

recurso do Governo Federal como Bolsa Famiacutelia39

Descriccedilotildees da localizaccedilatildeo geograacutefica escolar

O bairro do Lauritzen eacute localizado na Zona Norte da Cidade de Campina

Grande embora seja considerado um bairro oficial para a administraccedilatildeo poliacutetica do

municiacutepio natildeo chega a ser reconhecido pela populaccedilatildeo local nem mesmo pela Escola

Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira40 A identidade estaacute representada pelo bairro

vizinho o Alto Branco o qual deteacutem maior status social em decorrecircncia do mercado

imobiliaacuterio (ver figura 4 p 83)

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica - IBGE (2010)41

Campina Grande eacute um municiacutepio paraibano que surgiu como posto de reabastecimento

dos tropeiros Esse fato se deve a sua localizaccedilatildeo intermediaria entre o alto sertatildeo e a

capital litoracircnea atual Joatildeo Pessoa No censo do IBGE em 2010 foi registrada uma

populaccedilatildeo proacutexima aos 400 mil habitantes (exatamente 385213 habitantes) distribuiacuteda

em uma aacuterea de 594 182 km2

39

O programa Bolsa famiacutelia recurso do governo federal auxilia financeiramente famiacutelias em condiccedilotildees

de pobreza (valor de renda per capita familiar igual ou menor a 150 reais) e extrema pobreza (valor de

renda per capita igual ou menor a 77 reais) como consta no Decreto nordm 5209 de 17 de Setembro de 2004

Este recurso disponiacutevel as famiacutelias eacute realizado sob duas condiccedilotildees a primeira corresponde agrave renda per

capita familiar e a segunda o nuacutemero de crianccedilas ou adolescentes matriculados na rede baacutesica de ensino

ateacute os dezessete anos de idade variando o valor do auxiacutelio Para mais informaccedilotildees

httpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2004-20062004DecretoD5209htmgt acessado em

29012014 40

O nome da escola eacute uma homenagem a filha de WaldecyVillarim Meira (na eacutepoca proprietaacuterio de uma

empresa campinense Irmatildeos Villarim Meira SA) e InaldaGayoso Meira A jovem estudou no coleacutegio

Imaculada Conceiccedilatildeo (Damas) na cidade de Campina Grande Viacutetima de atropelamento em 1974 faleceu

aos 15 anos de idade no municiacutepio de Joatildeo Pessoa cidade onde se encontra enterrada 41 Informaccedilotildees disponiacuteveis em

httpcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=250400ampsearch=||infogrE1ficos-

informaE7F5es-completaslt acessado em 0204 2015

83

FIGURA 4 ndash MAPA DE LOCALIZACcedilAtildeO DA ESCOLA

Elaborado por Francisco Vilar Arauacutejo Segundo 2015

84

A maioria dos alunos matriculados na Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso

Meira satildeo moradores de bairros como Centro Conceiccedilatildeo e Lauritzen destacados na

figura 4 (p 83) em laranja Outros provecircm de bairros um pouco mais distantes a

exemplo do Alto Branco e Jardim Tavares localizados a norte e destacados no mapa em

amarelo (figura 4 p 83)

A Escola Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira construiacuteda na deacutecada de 1969 foi

fundada e autorizada pelo decreto de criaccedilatildeo nordm 195 de 08031981 segundo registros

escolares pesquisados42 A escola (ver figura 5 p 84) desde a sua inauguraccedilatildeo passou

por diversas ampliaccedilotildees e reformas relacionada ao seu espaccedilo fiacutesico Atualmente eacute

constituiacuteda por quatro salas de aula uma sala de Atendimento Especial (AE) um

laboratoacuterio de informaacutetica uma sala de leitura (biblioteca escolar) uma sala de

professores diretoria dois banheiros ndash um masculino e outro feminino ndash uma cantina

uma quadra de areia para esportes um playground e uma aacuterea de recreaccedilatildeo

razoavelmente extensa e arborizada

FIGURA 5 - FACHADA DA ESCOLA MUNICIPAL LUacuteCIA DE FAacuteTIMA GAYOSO MEIRA

Fonte Pesquisa de Campo (2014)

42 Durante nossa pesquisa natildeo fomos autorizados a retirar nenhuma documentaccedilatildeo da escola O projeto

poliacutetico pedagoacutegico da instituiccedilatildeo estava em atualizaccedilatildeo o que dificultou o acesso e consequentemente a

leitura do documento em sua integra

85

Hoje a escola atende a Educaccedilatildeo Infantil (I e II) e os anos iniciais do EF (1ordm ao

5ordm ano) Em decorrecircncia do seu espaccedilo fiacutesico no ano de 2014 atendeu alunos da

Educaccedilatildeo Infantil ao 3ordm ano no periacuteodo matutino e do 4ordm e 5ordm ano no periacuteodo vespertino

havendo nessa escola apenas uma turma para cada ano (seacuterie)

Os sujeitos da pesquisa ndash alunos e professoras

Apoacutes a definiccedilatildeo da escola necessitamos recorrer agraves justificativas sobre a

seleccedilatildeo das turmas as quais realizamos nossa investigaccedilatildeo Nestas condiccedilotildees

escolhemos trabalhar com alunos do segundo ciclo dos anos iniciais do EF ou seja uma

turma do 4ordm e outra do 5ordm ano

Optamos por estas turmas em decorrecircncia do Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo

na Idade Certa (PNAIC) o qual promove accedilotildees para alfabetizaccedilatildeo da liacutengua portuguesa

de crianccedilas no primeiro ciclo dos anos iniciais do EF (1ordm ao 3ordm ano) muito embora natildeo

desenvolva poliacuteticas que garantam a progressatildeo do ato de alfabetizar no segundo ciclo

(4ordm e 5ordm ano)

Entendendo a problemaacutetica da alfabetizaccedilatildeo e aproximando dos contextos das

aulas de Geografia recorremos ao uso do mapa mental com as turmas do 4ordm e 5ordm por

compreendecirc-lo enquanto portador de uma linguagem de comunicaccedilatildeo visual Ele pode

auxiliar no desenvolvimento de estruturas cognitivas e habilidades para a leitura de

mapas ou seja alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica

Os estudantes que participaram desta pesquisa satildeo apresentados mediante um

coacutedigo de identificaccedilatildeo Consideramos a palavra ldquoalunordquo mais o nuacutemero correspondente

a lista de registro dos participantes Na turma do 4ordm ano teremos os seguintes discentes

ldquoAluno 01rdquo ao ldquoAluno 21rdquo Evitando a repeticcedilatildeo dos nuacutemeros foi decidido nomear os

estudantes do 5ordm ano de ldquoAluno 22rdquo ateacute ldquoAluno 51rdquo

No caso dos mapas produzidos coletivamente identificamos todos os sujeitos

que participaram do processo no ato da apresentaccedilatildeo do mapa mental Lembramos que

as anaacutelises dos mapas mentais satildeo realizadas em dois blocos distintos um do 4ordm e outro

do 5ordm ano Desse modo em ocasiotildees que necessitamos fazer comparaccedilotildees entre os

alunos das turmas pesquisadas identificamos cada estudante e seu respectivo niacutevel de

escolaridade

86

Com a turma do 4ordm ano contamos com a participaccedilatildeo da professora Marta43 64

anos A professora eacute formada em Pedagogia pela Universidade Regional do Nordeste

atual Universidade Estadual da Paraiacuteba possuiu especializaccedilatildeo em Educaccedilatildeo pela

Universidade Federal da Paraiacuteba atual UFCG campus Campina Grande Tem 46 anos

de experiecircncia profissional jaacute ministrou aulas nos anos iniciais do EF e em cursos

profissionalizantes no Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC)

Durante o processo de pesquisa houve a participaccedilatildeo de 21 alunos do 4ordm ano a faixa

etaacuteria corresponde entre os 09 a 13 anos de idade

A docente responsaacutevel pelo 5ordm ano Beatriz 42 anos eacute professora formada pela

Universidade Estadual da Paraiacuteba no curso de licenciatura em Matemaacutetica e

especializaccedilatildeo em Ensino de Matemaacutetica (2009) na mesma universidade Possuiu

licenciatura em Pedagogia em modalidade regular pela Universidade Estadual Vale do

Acarauacute (UVA) trabalha na rede municipal de Campina Grande do 1ordm ao 5ordm haacute dez anos

Na rede estadual ministra aulas de matemaacutetica haacute 22 anos na cidade de Alagoa Grande

ndash PB44 lugar onde reside Na turma do 5ordm ano contamos com a participaccedilatildeo de 29

alunos com faixa etaacuteria entre 08 a 13 anos de idade45

O tempo e as etapas da pesquisa

O estudo realizado na Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira no ano

de 2014 ocorre como conclusatildeo de nossas experiecircncias de pesquisa durante o

desenvolvimento do trabalho de mestrado em Geografia Em 2013 haviacuteamos realizado

uma pesquisa-piloto com a turma do 5ordm ano na mesma escola Apoacutes o desenvolvimento

de experiecircncias em outras escolas e oficinas ministradas em universidades

aperfeiccediloamos a metodologia considerando quesitos como conteuacutedo metodologia de

trabalho e recursos didaacuteticos de apoio

43 Os nomes aqui apresentados satildeo fictiacutecios com a finalidade de preservar a identidade dos sujeitos

participantes desta pesquisa Escolhemos nomes ao inveacutes de nuacutemeros em decorrecircncia da quantidade dos

docentes (duas apenas) 44 Cidade localizada no brejo paraibano acerca de 33 quilocircmetros de distacircncia de Campina Grande

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGE a cidade possuiacutea em 2010 uma

populaccedilatildeo de 28479 tendo uma estimada de aproximadamente 28733 pessoas para o ano de 2013 A

aacuterea de extensatildeo territorial ultrapassa os 320 km2 Informaccedilotildees disponiacuteveis em

httpcidadesibgegovbrxtrasperfilphpcodmun=2500303Cgt acesso em 07072014 45 Havia na ocasiatildeo um aluno com 37 anos de idade neste caso afirma a gestora escolar que o estudante

apresenta dificuldades cognitivas as quais natildeo nos foram reveladas Sua permanecircncia na escola foi

justificada por dois motivos pedido da famiacutelia do estudante e da possiacutevel dificuldade de se adaptar a uma

turma de Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos Ressaltamos poreacutem que este aluno natildeo elaborou nenhum mapa

mental visto que havia faltado nas ocasiotildees das atividades

87

O retorno a escola ocorreu no mecircs de setembro e a pesquisa ocorreu entre os

meses de outubro a dezembro de 2014 A execuccedilatildeo da proposta com o 4ordm ano durou seis

dias a do 5ordm ano aconteceu em sete dias visto que a turma era mais numerosa Este

periacuteodo correspondeu com o quarto bimestre escolar A pesquisa foi desenvolvida

quinzenalmente salvo problemas com feriados

A realizaccedilatildeo das aulas ocorreu durante o periacuteodo vespertino das 13h 00min agraves

17h 00min Dos seis dias de pesquisa realizado no 4ordm ano cinco voltaram-se as aulas e

mais dois de entrevista com os estudantes Por sua vez no 5ordm ano dos sete dias cinco

visavam o desenvolvimento das aulas e mais dois direcionados a entrevista com os

alunos Realizamos entrevista com a gestora escolar (a qual daremos o nome fictiacutecio de

Rosacircngela) nos dias 16 e 22 de dezembro e tambeacutem os questionaacuterios de investigaccedilatildeo

com as docentes (professora Marta 4ordm ano e Professora Beatriz 5ordm ano)

Durante este periacuteodo as aulas eram ministradas pelo pesquisador com a cogestatildeo

das professoras regentes de cada turma O que nos motivou a agir desta maneira foi agrave

oportunidade de experimentar e validar os procedimentos de trabalho com os mapas

mentais aperfeiccediloando concomitantemente possibilidades e observando suas

limitaccedilotildees Embora natildeo tiveacutessemos o objetivo de fornecer uma formaccedilatildeo docente para

as professoras estas participaram do processo das atividades desde o planejamento a

execuccedilatildeo das tarefas escolares

A escolha das atividades respeitou o curriacuteculo escolar e o planejamento das

professoras para os temas das aulas de Geografia Procuramos negociar em alguns

momentos a abrangecircncia dos conteuacutedos metodologias o tempo considerado agrave pesquisa

e sua relaccedilatildeo com as representaccedilotildees com os mapas mentais essas discussotildees foram

realizadas nos dias 17 18 e 26 de setembro de 2014 A seguir uma caracterizaccedilatildeo das

atividades organizadas em cada turma

Datas e atividades realizadas com o 4ordm ano

Temaacutetica das aulas ldquoGeografia da Paraiacuteba um estudo atraveacutes da produccedilatildeo e leitura de

mapas mentaisrdquo

14 de outubro ndash primeira aula com os alunos do 4ordm ano Introduccedilatildeo agraves noccedilotildees

baacutesicas de Cartografia e discussatildeo sobre o uso dos mapas no cotidiano

Representaccedilatildeo do mapa da sala de aula (atividade 1)

88

21 de outubro ndash discussatildeo sobre as mesorregiotildees da Paraiacuteba Iniacutecio de atividade

mapa mudo46 (atividade 2) enquanto proposta para a leitura de mundo

Importacircncia da orientaccedilatildeo e construccedilatildeo da legenda

04 de Novembro ndash continuaccedilatildeo da atividade mapa mudo Consideraccedilotildees sobre

zona urbana e zona rural e a organizaccedilatildeo das mesorregiotildees da Paraiacuteba

12 de Novembro ndash a terceira aula discutiu a influecircncia dos rios na vida da

populaccedilatildeo paraibana e as modificaccedilotildees espaciais A atividade 3 discutiu a

influecircncia dos rios e trabalho humano na transformaccedilatildeo da paisagem urbana e

rural

26 de Novembro ndash discutindo a importacircncia do Canal das Piabas desenvolvemos

a proposta da maquete mental (atividade 4) e posteriormente dos mapas mentais

(atividade 5) Entre o intervalo do dia 26 a 05 de Novembro a professora regente

executou uma avaliaccedilatildeo compondo as notas do quarto bimestre entre elas um

mapa mental das mesorregiotildees paraibanas (atividade 6)47

10 de Dezembro ndash Realizaccedilatildeo das entrevistas com alunos do 4ordm ano

Datas e atividades realizadas com o 5ordm ano

Temaacutetica das aulas ldquoSaberes cartograacuteficos discutindo a regionalizaccedilatildeo brasileirardquo

09 de outubro ndash primeira aula com alunos do 5ordm ano A escala mundial e

nacional noccedilotildees de leitura e interpretaccedilatildeo de mapas A importacircncia da escala e

da rosa dos ventos na comunicaccedilatildeo dos mapas

15 de outubro ndash discussatildeo sobre as regiotildees brasileiras Construccedilatildeo do mapa

mudo (atividade 1) Realizaccedilatildeo de atividade praacutetica sobre orientaccedilatildeo espacial

(baleada geograacutefica48)

05 de Novembro ndash Realizaccedilatildeo dos mapas mentais com o tiacutetulo ldquomapa da minha

vidardquo (atividade 2)

46O mapa mudo tambeacutem conhecido como mapa em branco eacute um tipo de esboccedilo cartograacutefico o qual

apresenta apenas a silhueta forma do mapa por exemplo o mapa mudo do Brasil que mostra o territoacuterio

nacional e os estados brasileiros Este tipo de mapa tem uma finalidade didaacutetica permite os alunos

destacarem os elementos geograacuteficos aleacutem da construccedilatildeo de novos saberes baseado nas orientaccedilotildees do

professor 47 A atividade foi elabora em conjunto com a professora regente e considerou os conteuacutedos estudados

durante a execuccedilatildeo da pesquisa 48 A baleada geograacutefica corresponde a uma atividade luacutedica para aprendizagem dos pontos cardeais

(norte sul leste e oeste) sua explicaccedilatildeo encontra-se no capiacutetulo 4 ver figura 24 p 141

89

13 de Novembro ndash discussatildeo sobre os mapas mentais realizados

Desenvolvimento de atividades que procuravam discutir o aspecto da

regionalizaccedilatildeo brasileira mediante evento da copa do mundo no Brasil (atividade

3)

24 de Novembro ndash aula teoacuterica sobre a regiatildeo centro-oeste e meio ambiente

Realizaccedilatildeo de mapas mentais em grupo (atividade 4)

05 e 10 de Dezembro ndash Realizaccedilatildeo de entrevista com alunos do 4ordm ano

23 A ANAacuteLISE DOS RESULTADOS

231 Da totalidade dos mapas mentais

Embora no decorrer deste trabalho tenhamos realizado atividades com os mapas

existentes (mapa mudos e leitura de mapas murais e atlas escolar) com a turma do 4ordm e

5ordm ano levamos em consideraccedilatildeo apenas a anaacutelise dos mapas mentais por ser nosso

objeto de estudo A quantidade final dos mapas eacute apresentada na tabela 2 nele satildeo

expressas as atividades realizadas individualmente e coletivamente pelo (s) grupo (s) de

estudantes do 4ordm e 5ordm ano da Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira

TABELA 2 MAPAS MENTAIS PRODUZIDOS DURANTE A PESQUISA

Turma

Resultado

4ordm ano 5ordm ano

Mapa mental (individual) 30 22

Mapa maquete mental49

(coletivo grupo) 1 11

Subtotal 31 33

Total final 64 Fonte Pesquisa de campo (2014)

Os alunos do 4ordm ano realizaram duas atividades referentes aos mapas mentais

individualmente A primeira relacionada ao mapa do Canal das Piabas que resultou em

16 mapas mentais a segunda aos mapas das mesorregiotildees paraibanas com o nuacutemero de

49 A maquete mental eacute um tipo de representaccedilatildeo em trecircs dimensotildees realizada mediante o inventaacuterio de

informaccedilotildees dos alunos seja pela sua proacutepria vivencia espacial ou adquirida mediante outros meios de

comunicaccedilatildeo (TV raacutedio e internet) Tambeacutem pode ser fruto dos estudos realizados em acircmbito escolar

Essa definiccedilatildeo seraacute vista com mais detalhe no terceiro capiacutetulo

90

14 mapas (total de 30 mapas) Os alunos do 5ordm ano desenvolveram 22 mapas mentais

referentes agraves regiotildees brasileiras mediante o tema mapa da minha vida

Dos mapas mentais em grupo observamos que a turma do 4ordm realizou apenas

um Destacamos que este mapa mental eacute o resultado da atividade denominada de

maquete mental (tema Canal das Piabas) Os mapas mentais apresentados na turma do

5ordm ano (11 mapas) por sua vez foram desenvolvidos em grupos de dois a trecircs alunos

Levando em consideraccedilatildeo a quantidade de mapas apresentados na tabela 2

podemos notar a diferenccedila do nuacutemero de mapas produzidos para a quantidade de

participantes da pesquisa Isto se deve ao fato principalmente da ocorrecircncia de faltas

dos alunos durante os dias do desenvolvimento da pesquisa entretanto observamos que

para o nosso foco de estudo as representaccedilotildees (64 mapas mentais) realizadas pelos

alunos eacute considerado um universo significativo para a realizaccedilatildeo da leitura anaacutelise e

interpretaccedilatildeo

Apoacutes a elaboraccedilatildeo dos mapas mentais pelos alunos realizamos o escaneamento

dos arquivos transformando todas as representaccedilotildees realizadas em papel A4 e A3 em

arquivos digitais As ediccedilotildees dos mapas foram realizadas por meio do programa

Photoshop CS5 onde retiramos as informaccedilotildees que identificavam os sujeitos

participantes (cabeccedilalho) e algumas ediccedilotildees realizadas no Microsoft Office Word 2010

Para facilitar a leitura dos mapas mentais nos capiacutetulos que seguem decidimos

apresentar cada representaccedilatildeo por folha

24 AS HABILIDADES E CATEGORIAS DE ANAacuteLISE SELECIONADAS PARA A

PESQUISA

A imagem mental embora esteja relacionada a uma perspectiva individual sobre

o espaccedilo geograacutefico reflete condiccedilotildees e apreensotildees pertencentes agrave cultura e sociedade a

qual o sujeito estaacute inserido (VIGOTSKI 1998 BAKHTIN 2012) De todo modo

quando os mapas mentais satildeo utilizados como recursos didaacuteticos e visam fins

educacionais orientaccedilotildees sobre a realizaccedilatildeo destes mapas devem ser realizadas para que

atendam os objetivos da aula Por outro lado paracircmetros de leitura e avaliaccedilatildeo tambeacutem

precisam ser criados permitindo o professor diagnosticar os avanccedilos e limites com a

praacutetica dos mapas mentais

Neste sentido para o desenvolvimento da proposta de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica

mediante o recurso didaacutetico mapa mental preocupamo-nos em ressaltar as experiecircncias

91

e condiccedilotildees de identidade das crianccedilas (sua origem gostos e experiecircncias) Estas natildeo

somente relacionados agraves condiccedilotildees do lugar mas as influecircncias culturais recorrentes a

outras escalas geograacuteficas como a regional

Com base nos autores citados anteriormente compreendemos que a

alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica eacute um dos caminhos que possibilita a leitura de mundo Esta

habilidade de criar esboccedilos cartograacuteficos livres ndash os mapas mentais ndash permite a

representaccedilatildeo do espaccedilo geograacutefico pelo aluno Ao mesmo tempo valoriza a autonomia

possibilitando a decodificaccedilatildeo dos siacutembolos encontrados em outros tipos de linguagem

cartograacutefica Nesse processo o aluno desenvolve competecircncias voltadas agrave dimensatildeo

cognitiva afetiva e pragmaacutetica (PASSINI 2012)

Nossas praacuteticas com o uso do mapa mental dialogou com um conjunto de

atividades voltadas agrave realizaccedilatildeo e interpretaccedilatildeo de mapas existentes e atividades luacutedicas

realizadas em forma de oficinas que ldquo[] satildeo formas encontradas por noacutes para mediar a

construccedilatildeo de conceitos e desenvolver habilidades atraveacutes de vivecircncias portanto

considerando essas e outras possiacuteveis particularidadesrdquo (CASTROGIOVANNI amp

COSTELLA 2006 p 50)

Durante o desenvolvimento das aulas o processo de aprendizagem esteve

relacionado ao emprego de habilidades-chave para o desenvolvimento das propostas

com os temas de Geografia o quadro 3 (p 91) apresenta estas habilidades-chave e seus

desdobramentos

QUADRO 3 HABILIDADES PARA O DESENVOLVIMENTO DOS MAPAS MENTAIS

HABILIDADES-

CHAVE OUTRAS HABILIDADES RELACIONADAS

Representar Observar comparar organizar sistematizar localizar e

orientar

Comunicar Verbalizar e questionar

Interagir Iniciativa trabalho em equipe e persuasatildeo

Refletir Capacidade criacutetica e aprendizagem e desenvolvimento

pessoal

Fonte Lessan (2011 p 69 - 75)

A funccedilatildeo do quadro 3 eacute demonstrar habilidades que se destacaram na execuccedilatildeo

desta pesquisa Compreendemos que as habilidades apresentadas natildeo abrangem todo

92

curriacuteculo tampouco esgota as possibilidades com as noccedilotildees (conceitos) fundamentais

para o ensino de Geografia As habilidades de representaccedilatildeo comunicaccedilatildeo interaccedilatildeo e

reflexatildeo natildeo devem ser compreendidas de forma hieraacuterquica no desenvolvimento do

trabalho pedagoacutegico pois seus desdobramentos podem ser expressos em maior ou

menor grau pelos alunos

Procurando atender criteacuterios estabelecidos pelos PCN (BRASIL 1997)

intermediamos a atividade exercida pelos alunos objetivando mobilizar as habilidades

anteriormente apresentadas Consequentemente buscamos o desenvolvimento de

competecircncias relacionadas agrave elaboraccedilatildeo dos mapas mentais a partir dos temas propostos

para cada turma dessa forma o 4ordm ano desenvolveu os mapas mentais o 1 Canal das

Piabas e 2 Mesorregiotildees geograacuteficas da Paraiacuteba jaacute o 5ordm ano realizou 1 Mapa da minha

vida e 2 Mapa da Regiatildeo Centro-Oeste

Esses procedimentos foram necessaacuterios por entendermos que

[] natildeo basta ter como conteuacutedo escolar as questotildees sociais atuais mas que eacute

necessaacuterio que se tenha domiacutenio de conhecimentos habilidades e

capacidades mais amplas para que os alunos possam interpretar suas

experiecircncias de vida e defender seus interesses de classe (BRASIL 1997 p

32)

Dessa forma assinalamos que nosso interesse natildeo eacute a formaccedilatildeo teacutecnica dos

alunos para a leitura e interpretaccedilatildeo de recursos cartograacuteficos muito menos em uma

anaacutelise restrita aos produtos finais (os mapas mentais) Mas ao contraacuterio em considerar

os mapas mentais como uma accedilatildeo consciente do ato de mapear ou seja todo o processo

metodoloacutegico observando a organizaccedilatildeo da sociedade a partir da sua espacialidade

geograacutefica (re) construindo sua leitura de mundo

241 As categorias de anaacutelise dos mapas mentais

Com base nos apontamentos apresentados no item anterior elaboramos um

mapa conceitual (quadro 4 p 93) com a intenccedilatildeo de possibilitar uma visualizaccedilatildeo geral

das orientaccedilotildees e os procedimentos descritos aleacutem disso indica as categorias de anaacutelise

(as noccedilotildees) selecionadas para anaacutelise dos mapas mentais realizados

93

QUADRO 4 PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO CARTOGRAacuteFICA POR MEIO DOS MAPAS

MENTAIS

Organizado por David L R de Almeida (2015)

Como apresentado no quadro 4 podemos identificar as categorias de anaacutelise

para metodologia do recurso didaacutetico mapas mentais A seleccedilatildeo das categorias as quais

seratildeo denominadas como noccedilotildees Elas indicam as operaccedilotildees cognitivas para realizaccedilatildeo

e interpretaccedilatildeo dos mapas mentais As noccedilotildees de percepccedilatildeo espacial localizaccedilatildeo e

orientaccedilatildeo o uso de toponiacutemias e a escala geograacutefica satildeo conceituados a seguir para que

o leitor tenha uma visatildeo geral do que se tratam cada uma delas

A Noccedilotildees de percepccedilatildeo espacial Correspondem agrave visualizaccedilatildeo do aluno a

respeito das formas dos elementos espaciais representados Observamos que a imagem

mental eacute um ponto de vista decorrente de diferentes condicionantes bioloacutegicos idade

cultura e gecircnero variando do morador ao visitante do lugar estes correspondem a

fatores da percepccedilatildeo humana (TUAN 2012)

Tuan (2012 p 18) conceitua a percepccedilatildeo espacial enquanto uma

[] resposta dos sentidos aos estiacutemulos externos como a atividade proposital

na qual certos fenocircmenos satildeo claramente registrados enquanto outros

retrocedem para a sombra ou satildeo bloqueados Muito do que percebemos tem

valor para noacutes para sobrevivecircncia bioloacutegica e para propiciar algumas

satisfaccedilotildees que estatildeo enraizadas na cultura

No ato da realizaccedilatildeo dos mapas mentais uma questatildeo eacute posta em jogo ldquo[] a

representaccedilatildeo bidimensional de uma realidade tridimensionalrdquo (PASSINI 2012 p 146)

94

isso significa que o aluno pontua em seus mapas a largura e comprimento dos elementos

espaciais entretanto necessita saber que o espaccedilo apresenta uma terceira dimensatildeo que

eacute a altura Esta eacute importante para entendermos assuntos como relevo e a constituiccedilatildeo das

redes hidrograacuteficas por exemplo

O meio ambiente transformado pela accedilatildeo do homem tambeacutem se caracteriza pelos

traccedilados que nos lembra as primeiras formas geomeacutetricas aprendidas na escola que satildeo

observadas na organizaccedilatildeo espacial Aponta Tuan (2012) que estas simetrias do espaccedilo

estiveram relacionadas a manifestaccedilotildees da organizaccedilatildeo de diferentes povos

Consideramos nas anaacutelises dos mapas mentais elementos representados na visatildeo lateral

obliacutequa e ou horizontal

Portanto considera-se aqui percepccedilatildeo espacial como a capacidade de avaliar

como se ordenam as coisas no espaccedilo e investigar as suas relaccedilotildees no ambiente Uma

boa noccedilatildeo de percepccedilatildeo espacial nos permite compreender a disposiccedilatildeo das formas que

compotildeem o espaccedilo geograacutefico e a nossa relaccedilatildeo com elas

B Uso de Toponiacutemias estaacute relacionada ao estudo dos nomes proacuteprios dos

lugares ou seja a onomaacutestica considerando a origem e evoluccedilatildeo da palavra apesar de

ser uma aacuterea relacionada agrave linguiacutestica estaacute diretamente associada agrave Histoacuteria e Geografia

Nas consideraccedilotildees de Claval (2011) desde o surgimento das Geografias

vernaculares conhecimento geograacutefico relativo ao senso comum a necessidade da

criaccedilatildeo de uma grade de toponiacutemia eacute fundamental visto que possibilita falar sobre o

lugar sem a necessidade de um contato direto Tambeacutem compartilha referecircncias

espaciais tornando esta rede de informaccedilotildees acessiacuteveis a todos socializando-a

O significado da toponiacutemia pode representar a percepccedilatildeo do grupo para

determinado espaccedilo Possibilitam revelar e ou alterar a dinacircmica social visto que todo

nome eacute um signo e todo signo possui um significado

Considerando os mapas mentais enquanto recurso didaacutetico que media a

aprendizagem entre os sujeitos como menciona Vigotski (1998) entendemos que ele

possibilita a siacutentese e comunicaccedilatildeo linguagem de informaccedilotildees geograacuteficas Atraveacutes

deste processo utilizamos o signo discutido por Bakhtin (2012) como instrumento de

significaccedilatildeo baseado na realidade social do aluno Ele corresponde agrave construccedilatildeo social

da ideia pois como afirma Bakhtin (2012 p 35) ldquoA consciecircncia individual eacute um fato

socioideoloacutegicordquo

Nos mapas mentais o uso das toponiacutemias permite apresentar os referenciais

espaciais (nomes de bairros regiotildees ou Estados) identificadas pela exposiccedilatildeo de

95

palavras ou iacutecones associada ou natildeo a legenda e a compreensatildeo dos signos e

significados

C Noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo Para Geografia eacute importante identificar

os lugares a partir da sua localizaccedilatildeo demarcar as posiccedilotildees relativas nestas condiccedilotildees

[] o trabalho do geoacutegrafo estaacute intimamente ligado ao do cartoacutegrafo pois

ambos partilham a preocupaccedilatildeo de localizar aquilo de que datildeo conta Para o

geoacutegrafo a apreensatildeo de uma pluralidade de lugares soacute se torna clara quando

eles figuram num documento que permita compreendecirc-los em conjunto

(CLAVAL 2006 p 19)

A localizaccedilatildeo constitui um dos princiacutepios do meacutetodo geograacutefico ela possibilita

apreender a manifestaccedilatildeo de determinado fenocircmeno e delimitaacute-lo Mas nomear e

localizar fenocircmenos no espaccedilo natildeo eacute suficiente Eacute necessaacuterio traccedilar itineraacuterios O que

caracteriza o sujeito enquanto pessoa eacute sua vida social Todo grupo humano necessita de

uma base territorial para manter suas relaccedilotildees de poder habitat frequentando e ou

conhecendo lugares proacuteximos ou longiacutenquos

Inicialmente nos orientamos no espaccedilo atraveacutes de referenciais topoloacutegicos o

nosso corpo estabelecemos o que eacute direita e esquerda frente e traacutes para o alto ou

abaixo etc Aos poucos relacionamos outros pontos de referecircncia que ultrapassam a

dimensatildeo do corpo utilizamos o relevo o coacuterrego ruas e monumentos histoacutericos para

traccedilarmos a direccedilatildeo (CLAVAL 2010) O cotidiano eacute cheio destes elementos que

permitem a orientaccedilatildeo espacial e por meio de experiecircncias e conhecimentos comuns

podendo assim estimular o desenvolvimento destas noccedilotildees com os alunos dos anos

inicias do EF Assim

Nosso corpo eacute orientado agrave nossa frente se estende aquilo que nosso olhar

descobre Apenas atraveacutes dos rumores e dos odores que nos chegam dali

aprendemos o que estaacute atraacutes Do lado direito e do lado esquerdo haacute zonas nas

quais os olhos detectam os movimentos mas captam mal as formas um

ligeiro movimento com a cabeccedila basta para descobri-las (CLAVAL 2010 p

15)

A orientaccedilatildeo nos mapas mentais foi analisada mediante a correlaccedilatildeo entre os

lugares ou fenocircmenos apresentados (toponiacutemias) como atraveacutes da rosa dos ventos na

organizaccedilatildeo do esboccedilo cartograacutefico o que correspondeu ao criteacuterio de localizaccedilatildeo

D Noccedilotildees de escala geograacutefica Destacamos as contribuiccedilotildees Racine Raffestin

amp Ruffy (1983) Silveira (2004) e Castro (2008) neste quesito Os autores apresentam

que a escala enquanto conceito cartograacutefico sempre foi considerado com uma fraccedilatildeo

96

entre a medida do real e abstrato mediante uma representaccedilatildeo50 Esta visatildeo cartesiana do

espaccedilo geomeacutetrico por muito tempo foi aceita e pouco discutida no modo do

desenvolvimento cientiacutefico da Geografia

Os estudos com a escala geograacutefica propotildeem que esta seja uma estrateacutegia de

aproximaccedilatildeo e identificaccedilatildeo de fenocircmenos espaciais sobre a superfiacutecie terrestre que se

apresentam por meio do conjunto de formas e eventos do espaccedilo Eacute a partir da escala

geograacutefica que os alunos tecircm a possibilidade de avaliar selecionar e representar a

dimensatildeo espacial do espaccedilo vivido e do mundo

Afirma Castro que ldquoA escala eacute na realidade agrave medida que confere visibilidade

ao fenocircmenordquo (CASTRO 2008 p 123) Pensamos que ela possibilita atraveacutes dos

mapas mentais dimensionar e mensurar determinado fenocircmeno comparar e distinguir

realidades e permite a tomada de decisatildeo consciente no lugar ao qual habita

Haacute de se deixar claro que o conjunto de noccedilotildees escolhidas para este estudo eacute

indissociaacutevel Observamos tambeacutem que estas correspondem a outras noccedilotildees e conceitos

e na possibilidade da construccedilatildeo de habilidades pelos alunos no desenvolvimento da

aprendizagem

As atividades seratildeo apresentadas seguindo a ordem de realizaccedilatildeo dos mapas

mentais Logo as praacuteticas e metodologias que auxiliaram a realizaccedilatildeo destes esboccedilos

cartograacuteficos natildeo necessariamente correspondem com a ordem cronoloacutegica das aulas

Dessa forma nos capiacutetulos seguintes apresentaremos algumas propostas de atividades

aleacutem de uma anaacutelise aprofundada dos mapas mentais inicialmente com a turma do 4ordm

ano no capiacutetulo 3 e posteriormente com a do 5ordm ano no capiacutetulo 4

50 Comumente apresentada nos mapas existentes por meio da escala numeacuterica 1 10 000 no exemplo do

mapa mural de Campina Grande onde o nuacutemero 1 representa o mapa e 10 000 a distacircncia em cm de cada

1 cm apresentado no mapa neste caso 1 cm = 100 m ou 010 km

97

3 PROPOSTAS E PRAacuteTICAS ESCOLARES ANAacuteLISES DOS MAPAS

MENTAIS COM OS ALUNOS DO 4ordm ANO

Observamos que o desenvolvimento de um recurso didaacutetico eacute precioso e

complexo Ele precisa ser adaptado as circunstacircncias do desenvolvimento cognitivo das

crianccedilas e tambeacutem as condiccedilotildees oferecidas pela escola para efetivaccedilatildeo do trabalho do

professor Diante disso este capiacutetulo apresenta as praacuteticas desenvolvidas com os alunos

do 4ordm ano

Temos por objetivo apresentar e avaliar propostas e praacuteticas luacutedicas para a

compreensatildeo espacial Para isso apresentamos estas experiecircncias em quatro itens (1)

Oficina 1 Maquete mental (2) Mapa mental 1 Canal das Piabas (3) Oficina 2 Praacuteticas

com mapa mudo e (4) Mapa mental 2 Mesorregiotildees da Paraiacuteba

As aulas de Geografia com a turma do 4ordm ano teve como temaacutetica das aulas

ldquoGeografia da Paraiacuteba um estudo atraveacutes da produccedilatildeo leitura de mapas mentaisrdquo Na

produccedilatildeo dos mapas mentais contextualizamos a discussatildeo sobre os principais rios da

Paraiacuteba e sua influecircncia no cotidiano dos paraibanos especialmente dos alunos Durante

o periacuteodo de trecircs aulas realizamos debates desenvolvemos propostas com mapas mudos

e outros exerciacutecios os quais seratildeo apresentados ao longo deste capiacutetulo

31 OFICINA 1 A MAQUETE MENTAL PRAacuteTICA COLETIVA DO ENSINO-

APRENDIZAGEM EM GEOGRAFIA

Apresentamos inicialmente uma proposta de ensino a qual intitulamos de

ldquomaquete mentalrdquo nossa compreensatildeo eacute que

O uso de maquetes favorece a passagem da representaccedilatildeo tridimensional para

a bidimensional por possibilitar domiacutenio visual do espaccedilo a partir do

modelo reduzido Na atividade proposta essa reduccedilatildeo apesar de natildeo

conservar as mesmas relaccedilotildees de comprimento aacuterea e volume do real (ou

seja apesar de natildeo seguir uma escala uacutenica) permite ao aluno ver o todo e

portanto refletir sobre ele Aleacutem disso as maquetes satildeo conhecidas das

crianccedilas acostumadas com brinquedos que satildeo miniaturas de objetos reais

(ALMEIDA 2010 p 77 ndash 78)

A maquete mental corresponde neste trabalho a uma representaccedilatildeo livre de uma

microescala (local) disposta em trecircs dimensotildees Ela eacute um recurso de transiccedilatildeo entre a

projeccedilatildeo da maquete (ver figura 6 - A p 98) para um mapa mental coletivo (figura 6 ndash

B) Aleacutem disso apresenta um tema que pode ou natildeo se referir ao cotidiano dos alunos

98

FIGURA 6 - A MAQUETE MAPA MENTAL CANAL DAS PIABAS

A - Maquete mental produzido pelos alunos do 4ordm ano

B- Mapa mental produzido pelos alunos do 4ordm ano Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

registrado por David L R de Almeida (2015)

A proposta executada a partir da interpretaccedilatildeo do texto ldquoProjeto de educaccedilatildeo

ambiental atraveacutes do estudo histoacuterico-geograacutefico e ecoloacutegico da bacia do Riacho das

Piabas (Canal) Campina Grande ndash Paraiacutebardquo51 apresentou noccedilotildees acerca das

51 Este projeto corresponde a uma accedilatildeo da comunidade local escolas e moradores da zona Sul de

Campina Grande que tem a intenccedilatildeo de realizar um levantamento histoacuterico e social da bacia do riacho

(mais conhecido como Canal) das Piabas Busca reconhecer o valor do referido recurso hiacutedrico aleacutem de

seu potencial Aleacutem disso a conscientizaccedilatildeo para preservar este recurso natural O texto esta disponiacutevel

no seguinte link httpwwwcdccuspbrbioeducarpb_camphtml gt acesso em 231115

99

toponiacutemias da orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo espacial e uso da aacutegua os quais

organizamos no quadro 5

QUADRO 5 SIacuteNTESE DO TEXTO SOBRE O CANAL DAS PIABAS

NOCcedilOtildeES PALAVRAS ENCONTRADAS NO TEXTO

Toponiacutemias

Cidade Campina Grande

Bairros Alto Branco Centro Santo Antonio e Joseacute

Pinheiro

Outros pontos de referecircncia natildeo oficiais para

administraccedilatildeo da prefeitura Rosa Miacutestica Ponto Cem

Reacuteis52 e Bairro do Cachoeira

Orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo Zona Norte

Uso da aacutegua

Recursos hiacutedricos aacutegua potaacutevel canal rios riacho e

cursos drsquoaacutegua

Problemas ambientais Lixo detritos e esgotos

Organizado por David L R de Almeida 2015

Apoacutes a explicaccedilatildeo de algumas palavras desconhecidas pelos alunos (entre elas

cursos drsquoaacutegua detritos e bifurcaccedilatildeo) realizamos uma reflexatildeo sobre a importacircncia dos

recursos hiacutedricos e qual influecircncia do Canal das Piabas53 no cotidiano dos estudantes A

discussatildeo sobre o tema surpreendeu os estudantes eles natildeo sabiam que se tratava do

canal que se encontra vizinho a escola o que motivou a curiosidade da maioria dos

alunos (ver figura 7 p 100)

Com base nesta interpretaccedilatildeo na aula seguinte desenvolvemos a proposta com a

maquete mental Para isso os alunos consideraram enquanto modelo de representaccedilatildeo

suas anotaccedilotildees sobre o texto discutido Aleacutem disso utilizamos recursos como imagens

de sateacutelite (disponiacuteveis pelo Google maps) e o mapa mural da cidade de Campina

Grande ndash PB como fontes de consulta

52 O Ponto Cem Reacuteis eacute localizado no bairro da Conceiccedilatildeo Este lugar eacute historicamente conhecido pela

populaccedilatildeo campinense como ponto de passagem para o Brejo paraibano a qual haacute deacutecadas atraacutes tinha a

funccedilatildeo de rodoviaacuteria e de comeacutercio para a populaccedilatildeo local e transeunte Natildeo se haacute um consenso da

origem da utilizaccedilatildeo da toponiacutemia mas alguns negam a referecircncia ao Ponto Cem Reacuteis encontrado na

atual capital paraibana Joatildeo Pessoa 53 A partir desse momento trataremos esse recurso hiacutedrico por Canal das Piabas visando facilitar a leitura

do texto e tambeacutem por ser uma referecircncia espacial mais comum para a populaccedilatildeo da cidade de Campina

Grande ndash PB

100

FIGURA 7 - CANAL DAS PIABAS EM PROXIMIDADE A ESCOLA

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) registrado por David L R de Almeida (2015)

Entregamos aos alunos orientaccedilotildees para a realizaccedilatildeo da maquete mental que

tambeacutem serviram de base para a produccedilatildeo dos mapas mentais como veremos adiante

Os estudantes desenvolveram suas representaccedilotildees considerando as informaccedilotildees

presentes no texto devendo

1 Representar o curso do Riacho Canal das Piabas do seu ponto inicial (nascente)

ateacute o ponto final (jusante)

2 Localizar os bairros e ou pontos de referecircncia (comeacutercio serviccedilos escolas) em

seu mapa

3 Orientar seu mapa atraveacutes da rosa dos ventos

4 Construir a legenda do mapa mental

Com base nos pontos supracitados a maquete mental foi realizada pelos alunos

mediante os procedimentos enumerados a seguir

1 Observar e relacionar as informaccedilotildees do texto com as representaccedilotildees expressas

nos mapas existentes e nas imagens de sateacutelite

2 Refletir e comparar a proporccedilatildeo entre os elementos e representaacute-los na cartolina

101

3 Localizar os bairros e pontos de referecircncia Traccedilar os itineraacuterios (avenidas ruas

canal das Piabas)

4 Distribuir os elementos (casas e carros) na maquete relacionando com as

condiccedilotildees de cada bairro (comercial de moradia etc)

5 Orientar o mapa mediante a rosa dos ventos

Durante o processo descrito os alunos estabeleceram um diaacutelogo contiacutenuo para

resolver o problema da escala geograacutefica da disposiccedilatildeo da formas e da localizaccedilatildeo dos

bairros na maquete (ver figura 8 p 101)

Para Vigotski (1998) a aprendizagem e desenvolvimento do aluno necessitam da

participaccedilatildeo ativa caso contraacuterio a mesma aprendizagem pode ser condenada ao

fracasso Nestes termos observamos que a iniciativa e trabalho em equipe possibilitam

os alunos a abranger sua leitura de mundo especialmente do lugar representado

refletindo sobre as suas experiecircncias cotidianas

FIGURA 8 PROCESSO DE REALIZACcedilAtildeO DA MAQUETE MENTAL

A Estaacutegio inicial ndash alunos traccedilando os itineraacuterios na

maquete mental

B Estaacutegio final ndash atribuindo as formas espaciais na maquete

mental

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) registrado por David L R de Almeida 2015

A maquete enquanto recurso didaacutetico possibilita o trabalho com temas de

elevado grau de dificuldade e abstraccedilatildeo Ressalta Mendes (2010 p 72) que ldquonos

processos de ensino e aprendizagem de geografia a utilizaccedilatildeo de modelos

tridimensionais permite ao educando simular observar descrever identificar e analisar

as dinacircmicas de determinados fenocircmenos geograacuteficosrdquo

Compreendemos que a maquete pode viabilizar a reflexatildeo sobre

102

A proporccedilatildeo entre os objetos

Reduccedilatildeo dos objetos

Localizaccedilatildeo das formas espaciais

Relaccedilotildees de orientaccedilatildeo frente atraacutes direita e esquerda ou mediante as

orientaccedilotildees espaciais (norte sul leste e oeste)

Sobre as diferenccedilas dos pontos de vista (lateral vertical e obliacutequo)

(ALMEIDA 2010 p 79)

De forma geral um dos primeiros criteacuterios relacionados ao uso da maquete eacute a

possibilidade de refletir sobre a percepccedilatildeo e a representaccedilatildeo do espaccedilo no mapa Na

perspectiva cartesiana os trabalhos de Almeida (2010) Almeida amp Passini (2010) e

Passini (2012) resgatam o debate sobre a relaccedilatildeo projetiva para anaacutelise mental Nessa

perspectiva encontramos na figura 9 o mesmo conjunto de objetos destacados em trecircs

pontos de vista diferente (lateral obliacutequo e vertical)

FIGURA 9 PERSPECTIVAS DE OBSERVACcedilAtildeO DAS FORMAS ESPACIAIS

A Visatildeo lateral B Visatildeo obliacutequa C Visatildeo vertical

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) registrado por David L R de Almeida 2015

Autores como Almeida (2010) e Castrogiovanni amp Costella (2006) observam na

maquete a oportunidade para o professor construir as relaccedilotildees projetivas com os alunos

saindo de uma visatildeo estritamente lateral ou obliacutequa a qual corresponde ao campo de

observaccedilatildeo do aluno para a perspectiva vertical traccedilado comum nos mapas existentes

O uso da maquete mental enquanto portadora do luacutedico permite as crianccedilas

externalizar sua compreensatildeo sobre o mundo Para Tuan (2012) o significado do jogo

para a primeira infacircncia (ateacute os seis anos de idade) contribui mais com o

desenvolvimento da coordenaccedilatildeo motora da crianccedila Entretanto ressaltamos que as

ldquobrincadeirasrdquo e a efetivaccedilatildeo dos jogos escolares tecircm objetivos expressos e um tema

preacute-definido seja ele para a aprendizagem de conteuacutedo vinculado ao curriacuteculo escolar

como para os valores exigidos para a vida em sociedade como a participaccedilatildeo respeito e

solidariedade (REGO 1995)

103

Eacute importante frisar que apenas decalcar ou ler o mapa natildeo traz a motivaccedilatildeo

necessaacuteria ao estudante Segundo Tuan (2012 p 30) ldquoa percepccedilatildeo eacute uma atividade um

estender-se para o mundo Os oacutergatildeos dos sentidos satildeo pouco eficazes quando natildeo satildeo

ativamente usadosrdquo por isso eacute importante a participaccedilatildeo do aluno ao rabiscar

estabelecer a localizaccedilatildeo das casas na maquete e falar sobre suas experiecircncias neste

ambiente para os companheiros

Temos uma visatildeo limitada de mundo relata Yi-Fu Tuan (1983) nem mesmo para

um adulto eacute faacutecil a tarefa de transpor um ponto de vista A funccedilatildeo da maquete mental eacute

ampliar a leitura de mundo do aluno Esta atividade quando mediada pelo recurso

permite observar a mesma realidade de diversos pontos de vista decorrente natildeo apenas

das relaccedilotildees projetivas mas da estrutura social e ambiental

Finalizado o processo de elaboraccedilatildeo da maquete mental os alunos foram

chamados a realizar os mapas mentais individualmente A maquete eacute um paracircmetro de

representaccedilatildeo para os mapas mentais Para esta anaacutelise houve a comparaccedilatildeo entre os

mapas mentais dos alunos e a maquete Retiramos as peccedilas sobrepostas sobre a folha de

cartolina (maquete mental) como resultado eacute observado o mapa mental coletivo

(apresentado na figura 6 B p 98)

32 MAPA MENTAL 1 CANAL DAS PIABAS

A Noccedilotildees de percepccedilatildeo espacial

Entre os questionamentos realizados aos alunos do 4ordm ano destacamos a

pergunta ldquo- Como vocecircs imaginam que eacute realizado o mapardquo entre as respostas estava

ldquocom papel e laacutepisrdquo (aluno 08) ou ainda ldquoele eacute feito de uma visatildeo de cimardquo (aluno 17)

O fragmento extraiacutedo de nosso jornal de pesquisa sublinha o imaginaacuterio das crianccedilas

sobre a produccedilatildeo dos mapas Embora algumas respostas apresentem certa ldquoinocecircnciardquo

por parte dos alunos outros percebem a necessidade da mudanccedila da perspectiva na

produccedilatildeo cartograacutefica

Ao longo da anaacutelise e leitura dos mapas mentais constatamos que as

representaccedilotildees dos alunos assumiram diferentes perspectivas Os alunos tiveram

liberdade de escolha para o traccedilado dos mapas mentais Ao compararmos os 16

(dezesseis) mapas mentais com a maquete mental uma questatildeo se destaca a perspectiva

espacial dos elementos representados ou seja seu ponto de vista A tabela 3 (p 104)

104

apresenta as trecircs visotildees predominantes na representaccedilatildeo espacial lateral vertical e

mista (elemento na perspectiva lateral vertical e ou obliacutequa)

TABELA 3 PERSPECTIVAS ESPACIAIS APRESENTADAS NOS MAPAS MENTAIS

Perspectiva espacial Ocorrecircncia

Lateral 01

Vertical 05

Mista 10

Total 16

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

Inicialmente a nossa anaacutelise corresponde aos cinco mapas mentais que

apresentam uma perspectiva vertical das formas espaciais representadas (casas preacutedios

e igreja) Estes mapas apresentam semelhanccedila ao acircngulo de visatildeo encontrado nos mapas

existentes O mapa mental do aluno 04 (figura 10 p 105) por exemplo apresenta uma

projeccedilatildeo totalmente vertical Ao visualizarmos o mapa mental satildeo notados apenas

quadrados coloridos o que corresponderia ao telhado das casas encontrado no modelo

(a maquete mental)

Quando sistematizamos os dados referentes agrave noccedilatildeo da percepccedilatildeo espacial dos

alunos observamos que a maioria deles (dez mapas) transita entre o esboccedilo de objetos

representado entre a perspectiva vertical e obliacutequa (um mapa) e vertical e horizontal

(nove mapas) (figura 15 p 118 e figura 12 p 110 respectivamente) Mesmo

apresentando certa disparidade entre os elementos desenhados suas representaccedilotildees

estatildeo proacuteximas a outros modelos de mapas como os turiacutesticos os quais normalmente

apresentam gravuras dispostas em acircngulos obliacutequos ou laterais

105

FIGURA 10 MAPA MENTAL EM PERSPECTIVA VERTICAL REALIZADO PELO ALUNO 04

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

106

Segundo Tuan (1983) os adultos e principalmente as crianccedilas vivem no chatildeo e

notam os objetos lateralmente natildeo eacute comum a eles perceberem a paisagem por outro

acircngulo de vista Na maioria das vezes a experiecircncia de olhar a paisagem de outra

perspectiva estaacute relacionada apenas a viagens de aviatildeo ou a oportunidade de escalar

uma montanha No entanto o mesmo autor afirma que as crianccedilas

[] podem ldquolerrdquo fotografias aeacutereas verticais em branco e preto de povoados e

campos de cultivo com uma acuidade e seguranccedila inesperadas Podem

reconhecer casas caminhos e aacutervores nas fotografias aeacutereas ainda que estes

aspectos apareccedilam em uma escala muito reduzida e sejam vistos de um

acircngulo e posiccedilatildeo desconhecidos em sua experiecircncia Eacute possiacutevel que as

crianccedilas da cidade tenham tido a experiecircncia de olhar fotografias em revistas

ou na televisatildeo [] (TUAN 1983 p 31)

Notamos portanto que estaacute transposiccedilatildeo de um acircngulo de vista a outro eacute haacutebito

comum entre as crianccedilas Acostumadas a brincar com brinquedos experimentam uma

realidade social ldquosimuladardquo inventam estoacuterias e constroem ldquorelaccedilotildees espaciais atraveacutes

de um jogo de imaginaccedilatildeordquo onde em muitos casos se destacam enquanto ldquodeuses do

Olimpordquo diferentemente de sua situaccedilatildeo no mundo dos adultos (TUAN 1983 p 31)

Entretanto em algumas situaccedilotildees essa percepccedilatildeo apresenta-se totalmente

divergente eacute o caso do mapa mental aluno 05 (figura 11 p 111) esse esboccedilo apresenta

uma visatildeo lateral da realidade Eacute o uacutenico mapa mental a apresentar a sociedade seus

sujeitos (ldquobonecos de palitordquo) atribuindo-os funccedilotildees como pilotar uma moto ou

transitar entre o cenaacuterio urbano (casa preacutedio mercado ndash ideal ndash semaacuteforo e rua) que

segundo relatou o aluno localiza-se no Ponto Cem Reacuteis Aleacutem disso retrata o sol como

um dos elementos que constituem a paisagem expressa na folha (em laranja)

O que nos chama a atenccedilatildeo eacute que mesmo participando da produccedilatildeo da maquete

mental e recebendo orientaccedilotildees do pesquisador o aluno 05 natildeo consegue deslocar seu

ponto de vista do cenaacuterio urbano Para Vigotski (1998 p 36) quando uma crianccedila se

defronta com um problema ao qual natildeo pode solucionar individualmente recorre a um

adulto ou ldquodiante de tal desafio aumenta o uso emocional da linguagem pelas crianccedilas

assim como aumentam seus esforccedilos no sentido de atingir uma soluccedilatildeo mais inteligente

menos automaacuteticardquo

A representaccedilatildeo geograacutefica do mapa mental do aluno 05 sugeriu uma condiccedilatildeo

referente agrave percepccedilatildeo do espaccedilo a qual Tuan (1983) denomina de apinhamento

Segundo o autor o apinhamento pode ser uma condiccedilatildeo a qual nossa liberdade espacial

eacute privada em decorrecircncia da presenccedila de outras pessoas em outro caso tambeacutem pode

107

estar relacionada agrave necessidade do contato com o outro do sentimento de pertencer a

um coletivo a sociedade Nestas condiccedilotildees escreve Tuan

As pessoas nos restringem mas tambeacutem podem ampliar o nosso mundo O

coraccedilatildeo e a mente se expandem na presenccedila daqueles que admiramos e

amamos [] quando as pessoas trabalham juntas por uma causa comum um

homem natildeo tira espaccedilo do outro pelo contraacuterio ele aumenta o espaccedilo do

companheiro dando-lhe apoio (TUAN 1983 p 72 ndash 73)

Podemos considerar que o espaccedilo apresentado pelo aluno natildeo situa o Canal das

Piabas mas sim o lugar que vive cotidianamente Para o trabalho escolar o professor

deve estar atento a esta questatildeo e criar subsiacutedios para que o aluno amplie sua escala de

percepccedilatildeo O trabalho em equipe e o diaacutelogo com o professor pode auxiliar nesta tarefa

fazendo o aluno notar elementos espaciais como o canal das Piabas que fazem parte da

sua vida e da comunidade

108

FIGURA 11 MAPA MENTAL EM PERSPECTIVA LATERAL PELO ALUNO 05

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

109

B Uso de Toponiacutemias

O desafio para a constituiccedilatildeo de uma linguagem atraveacutes dos mapas mentais

ressaltou o conjunto dos nomes dos lugares ou seja as toponiacutemias que desenvolvem o

ldquotecido espacialrdquo e indica o trajeto do Canal das Piabas Estas palavras servem como

ponto de referecircncia e suporte do raciociacutenio geograacutefico por parte dos alunos Neste

quesito 15 (quinze) alunos destacaram o nome dos bairros pontos de referecircncia (a

escola) ou nome do Canal das Piabas e do Accedilude Velho em seus mapas mentais

Apenas um mapa natildeo realizou qualquer referecircncia deste tipo

Ao analisarmos o mapa mental aluno 14 (figura 12 p 109) eacute observado seu

caraacuteter difuso enquanto representaccedilatildeo espacial As toponiacutemias mais que fazer

referecircncia aos lugares estabelece as relaccedilotildees e a compreensatildeo do mapeador a respeito do

tema tratado Baseado na interpretaccedilatildeo vigotskiana de Friedrich (2012) podemos situar

que imagem mental construiacuteda pelo aluno encontra-se no estaacutegio sincreacutetico Outros

criteacuterios devem fazer parte da interpretaccedilatildeo dos mapas mentais No caso do mapa

mental do aluno 14 correspondem as necessidades ou dificuldades especiais do

estudante Em entrevista com a gestora escolar ela comenta que o aluno 14 apresenta

dificuldades ou necessidades especiais de ordem intelectual voltadas a aprendizagem54

Neste caso especiacutefico o trabalho pedagoacutegico na Escola Municipal Luacutecia de

Faacutetima Gayoso Meira eacute realizado na sala de atendimento especializado onde os alunos

desenvolvem atividades que estimulam sua coordenaccedilatildeo sensoacuterio-motora e cognitiva

Para Friedrich (2012) este auxiacutelio eacute imprescindiacutevel as atividades escolares em

decorrecircncia da maior necessidade da mediaccedilatildeo do professor caso contraacuterio o aluno

apresentaraacute dificuldade de abstrair seus conhecimentos acerca do assunto estudado

54 Embora coloque este ponto a gestora escolar confessa natildeo saber qual o diagnoacutestico meacutedico referente a

dificuldade do aluno Relata que na escola apenas um aluno com deficiecircncia (siacutendrome de Down) e que

os demais apresentariam outras deficiecircncias correspondentes a aprendizagem como dislexia Atualmente

a escola possui uma sala de Atendimento Especial e professora especializada no trabalhado pedagoacutegico

com pessoas com deficiecircncia embora natildeo tenha os recursos didaacuteticos disponibilizados pelo governo

(computadores jogos entre outros materiais didaacuteticos) O termo ldquopessoa com deficiecircnciardquo foi criado pelo

Conselho Nacional da Pessoa com Deficiecircncia definido atraveacutes da resoluccedilatildeo estabelecida pela portaria nordm

2344 de 3 de novembro de 2010 Para mais informaccedilotildees acessar Disponiacutevel em

httpwwwmpgompbrportalwebhp41docsparecer_-_mudanca_da_nomeclaturapdf lt acesso

20072014

110

FIGURA 12 MAPA MENTAL DO ALUNO 14 COM DESTAQUE A ELEMENTOS SINCRETICOS

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

111

Divergente do caso do mapa do aluno 14 outros esboccedilos cartograacuteficos

apresentam uma rede de palavras que vincula o tema discutido Canal das Piabas aos

lugares de travessia da rede hidrograacutefica A tabela 4 apresenta o nuacutemero de ocorrecircncia

de cada toponiacutemia utilizada nos mapas mentais

TABELA 4 USO DAS TOPONIacuteMIAS NOS MAPAS MENTAIS

Toponiacutemias utilizadas Ocorrecircncia

Bairro (s) 13

Accedilude Velho 13

Riacho Canal das Piabas 12

Escola 10

Outros 01 Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

A organizaccedilatildeo das toponiacutemias apresentadas nos mapas mentais aluno 01 e 03

(figura 13 p 114 e 14 p 115) exemplificam um raciociacutenio geograacutefico recorrente a

linguagem social Observando os mapas mentais do aluno 01 e 03 eacute possiacutevel destacar

uma coerecircncia na organizaccedilatildeo das toponiacutemias enquanto uma sequencialidade de nomes

que permite identificar e reconstruir uma abstraccedilatildeo do percurso real do Canal das

Piabas

Para que o processo de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica ocorra eacute necessaacuterio que o

aluno esteja atento ao processo de codificaccedilatildeo do mapa para isso ldquoa codificaccedilatildeo seraacute

significativa se a crianccedila construir seus proacuteprios siacutembolos trabalhando do significado

para o coacutedigordquo (PASSINI 2012 p 46) Eacute necessaacuterio observar que o significado eacute

variaacutevel para cada indiviacuteduo mas tambeacutem corresponde a uma expressatildeo social O

ranking dos nomes referentes aos bairros eacute apresentado a seguir na tabela 5

TABELA 5 RANKING DAS TOPONIacuteMIAS RELACIONADOS AOS BAIRROS DE

CAMPINA GRANDE

Bairro Ocorrecircncia Bairro Ocorrecircncia

Conceiccedilatildeo 10 Joseacute Pinheiro 06

Centro 07 Louzeiro 06

Lauritzen 07 Alto Branco 02

Monte Castelo 07 Monte Santo 01

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

112

Na atividade de interpretaccedilatildeo dos bairros representados pelos alunos uma

importante observaccedilatildeo refere-se agrave escolha das toponiacutemias apresentadas e o contexto

social a qual corresponde agrave identidade Em experiecircncias anteriores (ALMEIDA 2012)

jaacute haviacuteamos percebido que os alunos assim como funcionaacuterios do coleacutegio relatam que

a escola localiza-se no bairro do Alto Branco entretanto para administraccedilatildeo poliacutetica do

municiacutepio de Campina Grande ela estaacute localizada no bairro Lauritzen

Segundo os estudos de Maia (2010) um dos fatores para valorizaccedilatildeo de bairros

como Alto Branco Jardim Tavares e Bairro das Naccedilotildees (todos localizados na Zona

Norte de Campina Grande) eacute a valorizaccedilatildeo imobiliaacuteria em decorrecircncia da presenccedila de

condomiacutenios fechados Ressaltamos que esta diferenccedila entre a identidade da populaccedilatildeo

e a organizaccedilatildeo administrativa do municiacutepio foi explicada aos alunos que Em sua

maioria os alunos fizeram mais referecircncias ao bairro Lauritzen (sete ocorrecircncias) que

ao Alto Branco (duas ocorrecircncias)

Essa diferenccedila entre o destaque dos bairros quando comparado a outros pontos

de referecircncia como Rosa Miacutestica e Ponto Cem Reacuteis eacute proveniente da percepccedilatildeo

referente agrave Zona Norte da cidade de Campina Grande Para explicar este fato

apresentamos um diaacutelogo realizado entre o aluno 15 o pesquisador e a professora

Marta a respeito da comunidade Rosa Miacutestica

Apoacutes compreender onde se localizava a comunidade Rosa Miacutestica o aluno 15

se levanta e fala - ldquoProfessor [pesquisador] eacute o BG55 natildeo eacute

Professora Marta - ldquoO que eacute BG meninordquo

Aluno 15 - ldquoSabe natildeo professora lsquoBuraco da Giarsquo professorardquo

Para entendermos o contexto social ao qual se refere o aluno algumas

observaccedilotildees devem ser realizadas visto que caracteriza relaccedilotildees de identidade e

percepccedilotildees espaciais natildeo apenas destas crianccedilas mas da populaccedilatildeo campinense Arauacutejo

amp Valverde (2013) discutem o surgimento e processo de urbanizaccedilatildeo de uma

comunidade localizada na Zona Norte de Campina Grande a Rosa Miacutestica

Relata os autores que a Rosa Miacutestica surge na deacutecada de 1940 conhecida como

ldquoBuraco da Jiardquo

Inicialmente houve o loteamento e arrendamento de uma aacuterea (antes ocupada

por mata subcaducifoacutelia de transiccedilatildeo e reservatoacuterios de aacutegua) que se

encontrava sob os cuidados de uma famiacutelia que residia nas proximidades O

antigo Buraco da Jia durante algumas deacutecadas de existecircncia foi considerado

55 O significado de BG para o aluno eacute relativo a Buraco da Jia observa-se aiacute uma alteraccedilatildeo da letra ldquoGrdquo e

ldquoJrdquo

113

pela Prefeitura Municipal de Campina Grande como favela (ARAUacuteJO amp

VALVERDE 2013 p 151)

O termo Buraco da Jia segundo os autores consiste em uma das toponiacutemias

condizentes a uma aacuterea de contato entre trecircs bairros (Alto Branco Louzeiro e

Conceiccedilatildeo) embora natildeo se tenha consenso a respeito da origem deste nome antigos

moradores atribuem o significado agraves condiccedilotildees ambientais do lugar Aleacutem disso carrega

estereoacutetipos sociais como violecircncia favelizaccedilatildeo drogas entre outros A toponiacutemia Rosa

Miacutestica soacute viria surgir anos mais tarde em decorrecircncia do movimento da igreja e de

seus moradores com o objetivo de diminuir a violecircncia presente na comunidade

(ARAUacuteJO amp VALVERDE 2013)

Consideramos que a percepccedilatildeo social e a escolha destas toponiacutemias natildeo satildeo

involuntaacuterias pois agrave medida que apresentam bairros considerados ldquobons seguros

organizadosrdquo negam aqueles espaccedilos percebidos como ldquomarginalizados inseguros

precaacuteriosrdquo Embora o aluno 15 natildeo estivesse presente no dia da realizaccedilatildeo destes mapas

mentais seus colegas natildeo fizeram nenhuma referecircncia mesmo os que conhecem e

vivem esta realidade

114

FIGURA 13 USO DAS TOPONIMIAS PELO ALUNO 01

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

115

FIGURA 14 USO DE TOPONIMIAS PELO ALUNO 03

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

116

C Noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

Como expotildeem Claval (2010) localizar e orientar satildeo duas bases importantes no

posicionamento das toponiacutemias A pontuaccedilatildeo aleatoacuteria desses nomes pode resultar em

problemas na identificaccedilatildeo dos lugares e na comunicaccedilatildeo do mapa mental Durante o

desenvolvimento de atividades como a maquete mental houve praacuteticas e discussotildees a

respeito da importacircncia da localizaccedilatildeo dos fenocircmenos espaciais e da orientaccedilatildeo atraveacutes

dos pontos cardeais (norte sul leste e oeste)

Dessa forma a experiecircncia se repetiu no desenho dos mapas mentais os quais

deveriam ser orientados pela rosa dos ventos e seus pontos cardeais Ao analisarmos os

16 mapas encontramos em apenas seis o procedimento exigido Dos seis casos que

apontaram a rosa dos ventos apenas o mapa mental aluno 03 (figura 14 p 115)

consegue estabelecer com propriedade a orientaccedilatildeo espacial

Diferentemente do caso anterior os outros cinco mapas mentais (a exemplo do

aluno 01 ver figura 13 p 114) apresentam agrave rosa dos ventos muito embora o norte

referende a posiccedilatildeo superior da folha e natildeo a nascente do Canal das Piabas Este

problema de orientaccedilatildeo haacute muito jaacute vem sido discutido por especialistas da aacuterea da

Cartografia Escolar Passini (2012 p 96) menciona que embora os livros didaacuteticos dos

primeiros ciclos (1ordm ao 5ordm ano) abordem a questatildeo da orientaccedilatildeo espacial afirma que

O que temos visto [] satildeo explicaccedilotildees sobre a indicaccedilatildeo da nascente do Sol

como direccedilatildeo Leste muitas vezes com a figura de um menino de braccedilos

abertos com a matildeo direita apontando o Leste Essa forma de ldquoorientarrdquo pode

criar o equiacutevoco de que o lado Leste eacute determinado com a matildeo direita

O problema encontrado eacute que na compreensatildeo dos alunos os pontos cardeais satildeo

encarados como um criteacuterio estaacutetico quando na verdade seu posicionamento eacute relativo

Esse tipo de orientaccedilatildeo (pelos astros ndash sol lua etc) necessita de uma transposiccedilatildeo da

compreensatildeo da macroescala (dos planetas) para a microescala (dos bairros da Zona

Norte de Campina Grande)

Por outro lado podemos analisar que os mapas mentais como o aluno 01 pode

ter outro referencial de orientaccedilatildeo o do corpo Nesta linha de raciociacutenio os trabalhos de

Claval (2010) e Tuan (1983) afirmam que mediante a experiecircncia os nosso sentidos

(olfato audiccedilatildeo e ateacute mesmo o tato) nos auxilia na experiecircncia do espaccedilo permitindo

traccedilar itineraacuterios mediante a localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

117

A pesquisa com alunos do curso de Geografia da Universidade Federal do

Paranaacute (UFPR) realizada por Kozel (2008) demonstra ser possiacutevel o trabalho da

representaccedilatildeo da cidade a partir das percepccedilotildees sensoacuterias A autora revela que a

linguagem pode ser construiacuteda a partir dos sentidos desde que desenvolva a construccedilatildeo

semioacutetica (expresse em signos os elementos sentidos como o cheiro) e possibilite sua

transformaccedilatildeo em enunciados Para a autora a imagem mental pode ser ldquoconstruiacutedas a

partir das sensaccedilotildees e percepccedilotildees assim como signos verbais ou natildeo-verbais tambeacutem se

constroem dentro desse processordquo (KOZEL 2008 p 74)

No caso dos mapas mentais dos alunos do 4ordm ano observamos que a ordem e

sequencialidade da orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo quando comparado agrave maquete mental

estiveram presentes em 50 dos casos (oito mapas) Nestes oito mapas como eacute o caso

do aluno 10 (Figura 15 p 118) as toponiacutemias foram localizadas de forma que

possibilita a compreensatildeo total do fenocircmeno estudado o Canal das Piabas pelo leitor

Aleacutem disso tal como eacute relatado no texto o curso drsquoaacutegua estabelece o limite e

localizaccedilatildeo entre os bairros ldquoacima do canalrdquo os bairros Centro Conceiccedilatildeo e Louzeiro e

ldquoabaixordquo o Joseacute Pinheiro (escrito como Satildeo Pinheiro) e Lauritzen (onde estaacute localizada

a escola)

Nos outros oito casos do uso da localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial as noccedilotildees

ainda natildeo foram internalizadas Os alunos conseguem apenas desenvolver relaccedilotildees

topoloacutegicas (frente atraacutes direita e esquerda como discutido no capiacutetulo I p 39)

quando os elementos estatildeo em seu campo de visatildeo como a atividade em que os alunos

do 4ordm ano construiacuteram um mapa da sala de aula e destacaram atraveacutes da legenda a

localizaccedilatildeo de sua carteira Observaremos outros exemplos relacionados agrave localizaccedilatildeo e

orientaccedilatildeo espacial no toacutepico a seguir

118

FIGURA 15 MAPA MENTAL E A LOCALIZACcedilAtildeO DOS BAIRROS DE CAMPINA GRANDE PELO ALUNO 10

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

119

D Noccedilotildees de escala geograacutefica

Em trabalho com os mapas existentes a escala numeacuterica (matemaacutetica) eacute essencial

para o trabalho pedagoacutegico Permite ao aluno compreender a ldquogeneralizaccedilatildeo

cartograacuteficardquo a relaccedilatildeo entre a escala e a quantidade de elementos do mapa Dessa forma

ldquoquanto menor a escala menos detalhes (maior a generalizaccedilatildeo) quanto maior a escala

mais detalhes (menor generalizaccedilatildeo)rdquo (ALMEIDA 2010 p 92)

Todavia no que corresponde ao uso dos mapas mentais ela aparece enquanto

elemento secundaacuterio A escala meacutetrica eacute importante para a formaccedilatildeo do aluno

entretanto na transposiccedilatildeo da imagem mental ela natildeo aparece Isso se deve ao fato da

nossa percepccedilatildeo espacial natildeo ser decorrente da distacircncia fiacutesica entre os lugares mas da

afetiva (TUAN 1983)

A primeira vista a escala geograacutefica pode ser considerada banal e ateacute mesmo

desarticulada agraves praacuteticas do ensino de Geografia nos anos iniciais do EF Entretanto a

escala eacute um ldquoproblema metodoloacutegicordquo visto que se torna para noacutes um procedimento

praacutetico e ldquouma estrateacutegia de apreensatildeo da realidaderdquo ao discutir noccedilotildees de Geografia e

contextualizar o tema em estudo Aleacutem disso permite avaliar a compreensatildeo dos alunos

a respeito do assunto abordado (CASTRO 2008 p 120)

Montar a maquete mental necessita de habilidade para a compreensatildeo da

totalidade do fenocircmeno estudado e a reduccedilatildeo necessaacuteria para que nenhuma informaccedilatildeo

relevante seja perdida a transposiccedilatildeo dessas ideias para os mapas mentais segue a

mesma loacutegica

Percebemos que haacute diferenccedilas no trabalho pedagoacutegico com a escala numeacuterica e a

escala geograacutefica entretanto existe um ponto em comum entre elas ldquoeacute importante notar

que a escala natildeo eacute a mesma em todo o mapardquo (ALMEIDA 2010 p 91) Os sujeitos de

uma turma podem ter compreensotildees escalares distintas fato presente na produccedilatildeo dos

mapas mentais como eacute apresentado na tabela 6 que caracteriza as escalas geograacuteficas

TABELA 6 ESCALA GEOGRAacuteFICA EM DESTAQUE NOS MAPAS MENTAIS

ESCALA

GEOGRAacuteFICA OCORREcircNCIA

Bairro 11

Rua 03

Natildeo apresenta comunica 02 Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

120

Podemos observar na realizaccedilatildeo da maioria dos mapas mentais (11 mapas) a

presenccedila do raciociacutenio geograacutefico ao atribuir uma reduccedilatildeo dos objetos representados

sem a necessidade de recorrer agrave escala meacutetrica As representaccedilotildees apresentam a

compreensatildeo dos estudantes sobre a aacuterea estudada Na maioria dos casos observamos

que os alunos tiveram a preocupaccedilatildeo de indicar a reduccedilatildeo necessaacuteria para exposiccedilatildeo dos

fenocircmenos apresentados em seus esboccedilos (uso das toponiacutemias)

A maioria dos esboccedilos cartograacuteficos destaca o nome dos bairros o que contribui

para leitura das informaccedilotildees contidas em cada mapa (por exemplo o mapa mental do

aluno 04 figura 10 p 105) Em casos mais especiacuteficos houve uma reduccedilatildeo a uma

escala geograacutefica mais local a da rua a qual apresenta mais relaccedilotildees da experiecircncia

cotidiana do que com o resgate do tema estudado

Se considerarmos a escala geograacutefica enquanto procedimento do raciociacutenio

geograacutefico observaremos que nos trecircs casos onde a rua aparece como escala de

representaccedilatildeo (aluno 05 figura 11 p 111) e ainda nos outros dois que natildeo fazem

menccedilatildeo a qualquer tipo de reduccedilatildeo espacial (aluno 14 figura 12 p 110) podemos notar

dificuldades na sistematizaccedilatildeo da linguagem e da comunicaccedilatildeo do tema indicando a

necessidade de um papel mais ativo da mediaccedilatildeo do professor

Diante desta dificuldade expotildeem Vigotski (1998) que

A linguagem habilita as crianccedilas a providenciarem instrumentos auxiliares na

soluccedilatildeo de tarefas difiacuteceis a superar a accedilatildeo impulsiva a planejar uma soluccedilatildeo

para um problema antes de sua execuccedilatildeo e a controlar seu proacuteprio

comportamento Signos e palavras constituem para as crianccedilas primeiro e

acima de tudo um meio de contato social com outras pessoas As funccedilotildees

cognitivas e comunicativas da linguagem tornam-se entatildeo a base de uma

forma nova e superior de atividade nas crianccedilas distinguindo-as dos animais

(VIGOTSKI 1998 p 38)

Considerando as palavras da citaccedilatildeo anterior notamos que a praacutetica da

construccedilatildeo do pensamento se reproduz na execuccedilatildeo da atividade proposta ou seja dos

mapas mentais Entretanto observamos que mesmo a ldquoimitaccedilatildeordquo de um modelo

produzido pelos alunos (a maquete mental) enquanto elemento responsaacutevel por criar

uma zona de desenvolvimento potencial natildeo eacute em alguns casos o suficiente para

desenvolver habilidades como observaccedilatildeo e planejamento do trabalho a ser executado

pelo aluno

121

3 3 OFICINA 2 PRAacuteTICAS COM MAPA MUDO (RE) CONSTRUINDO O MAPA

MENTAL DA PARAIacuteBA

A Paraiacuteba foi o tema em pauta para as atividades do 4ordm ano no uacuteltimo bimestre

escolar Em minha primeira visita realizada a escola apoacutes o aceite para realizaccedilatildeo da

pesquisa perguntei a professora Marta quais eram as suas orientaccedilotildees para as aulas de

Geografia embora tenha exposto o tema ficou de apresentar seu planejamento

posteriormente

Quando retornamos agrave escola recebemos da professora duas folhas elas

realizavam uma caracterizaccedilatildeo geneacuterica da Paraiacuteba Com os papeacuteis em matildeos

percebemos que se tratava de trechos disponibilizados no site do Wikipeacutedia As

informaccedilotildees natildeo eram confiaacuteveis tampouco suficientes Resolvemos explorar os

recursos didaacuteticos disponibilizados pela escola e descobrimos que havia mapas murais

atlas escolares e livros didaacuteticos sobre o Estado da Paraiacuteba Sugerimos que as fontes e

recursos didaacuteticos disponibilizados pela escola fossem articulados a proposta das aulas

Natildeo foi encontrada nenhuma objeccedilatildeo da professora em utilizar estes materiais

O caso descrito no paraacutegrafo anterior natildeo eacute apenas uma anedota de pesquisa

para a gestora Rosacircngela as professoras desconhecem os materiais existentes na escola

Ela relata que o governo investe em recursos didaacuteticos como mapas atlas livros e aleacutem

disso DVD jogos entre outros materiais que poderiam ser utilizados em sala de aula

Apoacutes as mudanccedilas relatadas pensamos em atividades para os alunos do 4ordm ano

recapitulando alguns assuntos tratados pela professora regente no 3ordm bimestre como a

discussatildeo sobre a cidade de Campina Grande e a regiatildeo Nordeste Com esta intenccedilatildeo

realizamos mapas mudos da regiatildeo Nordeste (modelo em apecircndice V) e do Estado da

Paraiacuteba (modelo em apecircndice VI) situando as discussotildees sobre os temas discutidos (ver

figura 16 e 17 p 122)56

56 Procuramos realizar praacuteticas que possibilitassem o processo de regionalizaccedilatildeo com alunos do 4ordm ano

Aleacutem disso observamos e comparamos diferentes fotografias pertencentes agrave Paraiacuteba o que auxiliou na

produccedilatildeo de mapas mudos pretendendo desenvolver modelos para a internalizaccedilatildeo da noccedilatildeo de regiatildeo

122

FIGURA 16 MAPA MUDO REALIZADO BRASIL (REGIAtildeO NORDESTE) REALIZADO PELO

ALUNO 07

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

Em seguida temos outro mapa realizado pelo aluno 01 Podemos perceber como

ele se apropria dos conhecimentos necessaacuterios para preenchimento das informaccedilotildees de

forma praacutetica

FIGURA 17 MAPA MUDO DAS MESSOREGIOtildeES DA PARAIacuteBA REALIZADO PELO ALUNO

01

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

123

O mapa da regiatildeo Nordeste (figura 16 p 122) procurou discutir os

procedimentos para realizaccedilatildeo da leitura dos mapas existentes enfatizando a construccedilatildeo

da legenda por meio da construccedilatildeo do signo (significado - as cores - utilizado aos seus

significantes - estados representados) A rosa dos ventos tambeacutem fez parte destes

procedimentos pois buscamos substituir a associaccedilatildeo da orientaccedilatildeo do corpo pela

orientaccedilatildeo atraveacutes dos pontos cardeais

Se considerarmos que o mapa eacute uma forma de representaccedilatildeo do espaccedilo e que

representa uma linguagem com siacutembolos legendas escalas geograacuteficas e toponiacutemias

podemos concluir que eacute necessaacuterio fazer com que o aluno busque potencializar

habilidades e competecircncias para entendecirc-lo decifraacute-lo e utilizaacute-lo

Desse modo a praacutetica de produccedilatildeo de mapas eacute necessaacuteria pois permite aos

alunos atingir uma organizaccedilatildeo cognitiva da estrutura do espaccedilo Alem disso

desenvolver princiacutepios de organizaccedilatildeo sistematizaccedilatildeo e correspondecircncia com outros

mapas visualizados em seu cotidiano que em muitos casos natildeo fazem muito sentido

Para Almeida amp Passini (2010 p 13) o mapa soacute faz sentido enquanto recurso de

aprendizagem

[] se o aluno participou ativamente do processo de construccedilatildeo

(reconstruccedilatildeo) do conhecimento atraveacutes da praacutetica escolar orientada pelo

professor E quanto ao domiacutenio espacial envolve preacute-aprendizagens relativas

a referencias e categorias essenciais ao processo de concepccedilatildeo do espaccedilo

De acordo com esses apontamentos pretendemos analisar os mapas mentais

correlacionando com o mapa mudo elaborado pelos alunos A produccedilatildeo dos mapas

mentais que seratildeo apresentados a seguir foi uma sugestatildeo da professora regente para

compor a avaliaccedilatildeo final do 4ordm bimestre (ver apecircndice VII) Desta forma algumas

observaccedilotildees deveratildeo ser verificadas

1 A realizaccedilatildeo destes mapas ficou a cargo da professora regente Segundo ela

nenhum dos alunos teve acesso as informaccedilotildees presentes nos cadernos livros

ou outras fontes de consulta

2 A prova foi realizada individualmente

3 As atividades natildeo foram realizadas no mesmo dia pelos alunos A professora

Marta emprega como praacutetica que os alunos realizem as provas em dias

aleatoacuterios evitando a possibilidade de ldquocolardquo entre os alunos

4 Realizamos as orientaccedilotildees para o desenho dos mapas mentais considerando

os temas estudados em sala de aula

124

3 4 MAPA MENTAL 2 MESORREGIOtildeES DA PARAIacuteBA

A Noccedilotildees de percepccedilatildeo espacial

Durante esta fase foram elaborados 14 mapas mentais sobre as mesorregiotildees

Geograacuteficas da Paraiacuteba Todos os mapas apresentados a partir deste momento natildeo

apresentaram problemas em relaccedilatildeo ao ponto de vista (lateral vertical ou obliacutequa) dos

elementos representados Todos eles satildeo apresentados na perspectiva vertical

Os alunos progrediram na anaacutelise e construccedilatildeo dos mapas mentais e agora

consideram o procedimento dos pontos de vista Natildeo necessariamente O que ocorre eacute

que como discute Castro (2008) os fenocircmenos mudam de acordo com a escala

geograacutefica O tema pode ser um dos grandes influenciadores dessa mudanccedila de

perspectiva A escala regional e as orientaccedilotildees para a realizaccedilatildeo do mapa impotildeem outra

problemaacutetica que natildeo corresponde aos elementos representados na escala local como a

disposiccedilatildeo de preacutedios ou casas por exemplo

Desta forma natildeo seria conveniente tampouco realista considerar os mesmos

paracircmetros (pontos de vista) de anaacutelise do mapa mental do Canal das Piabas Outro fato

eacute que os modelos ou imagens mentais construiacutedas natildeo se baseiam em uma representaccedilatildeo

em trecircs mas em apenas duas dimensotildees

Se considerarmos a concepccedilatildeo de Tuan (2012 p 18) acerca da percepccedilatildeo

espacial eacute possiacutevel inferir que ela pode ser uma resposta a uma ldquoatividade propositalrdquo

escolar Neste aspecto se torna uma capacidade de avaliaccedilatildeo e ordenamento dos objetos

dispostos no espaccedilo Os mapas mentais podem corresponder agraves relaccedilotildees entre as formas

representadas

Os esboccedilos cartograacuteficos elaborados pelos alunos assumiram duas ldquoformasrdquo a

primeira de sequencialidade das Mesorregiotildees Geograacuteficas (dez mapas mentais) e a

segunda a circularidade (quatro mapas) Algumas observaccedilotildees devem ser feitas antes de

avanccedilarmos na anaacutelise destes mapas mentais

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) os estudos da

divisatildeo regional pelo IBGE originaram-se em 1941 sob a coordenaccedilatildeo do prof Faacutebio

Macedo Soares Guimaratildees Ateacute aquele momento diversas sistematizaccedilotildees para divisatildeo

regional do territoacuterio brasileiro havia sido proposta dessa forma o objetivo do oacutergatildeo foi

organizar um uacutenico modelo de divisatildeo regional do Brasil

125

Aleacutem disso eacute relatado no site do IBGE que entre os fatores que influenciaram a

divisatildeo das regiotildees em Mesorregiotildees Geograacuteficas foram a elaboraccedilatildeo de poliacuteticas

puacuteblicas locais localizaccedilatildeo de atividades econocircmicas sociais e tributaacuterias

planejamento urbano estudos de identificaccedilatildeo das regiotildees metropolitanas

aglomeraccedilotildees urbanas e rurais entre outros O IBGE conclui que

A Divisatildeo Regional do Brasil em mesorregiotildees partindo de determinaccedilotildees

mais amplas a niacutevel conjuntural buscou identificar aacutereas individualizadas em

cada uma das Unidades Federadas tomadas como universo de anaacutelise e

definiu as mesorregiotildees com base nas seguintes dimensotildees o processo social

como determinante o quadro natural como condicionante e a rede de

comunicaccedilatildeo e de lugares como elemento da articulaccedilatildeo espacial57

No tocante aos aspectos poliacuteticos econocircmicos sociais e naturais a Paraiacuteba estaacute

dividida em quatro Mesorregiotildees Geograacuteficas Mata Paraibana Agreste Paraibano

Borborema e Sertatildeo Paraibano (ver figura 17 p 122) cada uma delas apresenta

caracteriacutesticas proacuteprias De acordo com Carvalho Travassos amp Maciel (2002 p 33) ldquoA

distribuiccedilatildeo dos climas da Paraiacuteba estaacute relacionada com a localizaccedilatildeo geograacutefica ou

seja quanto mais proacuteximo do litoral mais uacutemido seraacute o clima quanto mais longe mais

secordquo Este traccedilado de sequencialidade eacute encontrado no mapa do aluno 08 (figura 18 p

126)

Por outro lado quatro alunos desenharam a silhueta da Paraiacuteba em formas

circulares (aluno 03 figura 19 p 127) distinguindo-se dos modelos preacute-elaborados

(mapa mudo) e trabalhados em classe atraveacutes do atlas escolar da Paraiacuteba Neste aspecto

Tuan (2012 p 63) comenta que ldquoo etnocentrismo casa bem com a ideia do cosmo

circularrdquo Perceber o seu mundo enquanto um paracircmetro circular daacute ao sujeito a

compreensatildeo que todos os espaccedilos estatildeo proacuteximos e acessiacuteveis

Desde que nascemos nossas experiecircncias espaciais se desenvolvem inicialmente

por relaccedilatildeo aos estiacutemulos do meio e posteriormente com nosso conviacutevio em sociedade

Tuan (1983) revela que para um bebecirc de seis meses de idade o simples fato de estar

sentado jaacute possibilita um novo campo de visatildeo a que tinha anteriormente quando

ficava apenas deitado Aleacutem disso ldquotoda pessoa estaacute no centro do seu mundo e o

espaccedilo circundante eacute diferenciado de acordo com o esquema de seu corpordquo (TUAN

1983 p 46) Outra justificativa que corresponde agrave representaccedilatildeo deste traccedilado circular

corresponderia agraves dificuldades dos alunos ao abstrair o princiacutepio da conexatildeo entre as

Mesorregiotildees Geograacuteficas Observaremos outros casos semelhantes no toacutepico a seguir

57 As informaccedilotildees pertinentes ao IBGE estatildeo disponiacuteveis no link a seguir

httpwwwibgegovbrhomegeocienciasgeografiadefault_div_intshtmlt acessado em 16 05 2015

126

FIGURA 18 PERCEPCcedilAtildeO SEQUENCIAL DAS MESORREGIOtildeES GEOGRAacuteFICAS DO ALUNO 08

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

127

FIGURA 19 PERCEPCcedilAtildeO CIRCULAR DAS MESORREGIOtildeES GEOGRAacuteFICAS DO ALUNO 03

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

128

B Uso de Toponiacutemias

Qual o processo de organizaccedilatildeo das toponiacutemias apresentadas pelos alunos

Encontramos duas respostas a primeira correspondente ao fragmento textual no

enunciado dos mapas mentais a segunda as paredes da sala de aula Como eacute de costume

nos anos iniciais do EF expomos os cartazes e atividades que haviacuteamos realizado sobre

o Canal das Piabas Este cartaz foi utilizado enquanto instrumento de coacutepia em alguns

casos

Em uma anaacutelise geral dos mapas mentais produzidos pelos alunos tendo como

objetivos identificar as toponiacutemias dos lugares representados encontrou a seguinte

configuraccedilatildeo (Tabela 7 p 128)

TABELA 7 OCORREcircNCIA DAS TOPONIMAS EXPRESSAS NOS MAPAS MENTAIS

TOPONIacuteMIA OCORREcircNCIA

Mesorregiotildees Geograacuteficas 8

Mesorregiotildees Geograacuteficas e bairros de Campina Grande 3

Bairros de Campina Grande 1

Outros 2

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

Para Vigotski (1998) o uso da palavra eacute de fundamental importacircncia para a

construccedilatildeo do conceito ela identifica os objetos e distingui-os de outros termos

semelhantes A palavra quando caracterizada enquanto toponiacutemia permite ao sujeito

nomear o espaccedilo geograacutefico segundo alguma caracteriacutestica social fiacutesica poliacutetica

econocircmica entre outras

Para Gomes (2008 p 53) ldquona linguagem do senso comum a noccedilatildeo de regiatildeo

parece existir relacionada a dois princiacutepios fundamentais o de localizaccedilatildeo e o de

extensatildeordquo Compreendemos que este processo envolve dois exerciacutecios O primeiro de

compreensatildeo identificaccedilatildeo e extensatildeo do fenocircmeno e o segundo metodoloacutegico quais os

criteacuterios que possibilitaram a organizaccedilatildeo das Mesorregiotildees Geograacuteficas da Paraiacuteba

Eacute complexo o desenvolvimento da noccedilatildeo geograacutefica de regiatildeo mas em seu

processo de ensino-aprendizagem outros elementos podem ser destacados Ao trabalhar

com este conceito com a turma do 4ordm ano associamos a discussatildeo das caracteriacutesticas

regionais com as suas paisagens realizando a leitura de imagens fotograacuteficas

129

disponibilizadas pelos livros didaacuteticos atlas escolar e outras desenvolvidas em forma de

atividades

Em mapas mentais como o do aluno 11 (figura 20 p 130) foi observado que o

uso das toponiacutemias permite uma compreensatildeo da organizaccedilatildeo regional pelos alunos Em

outros casos o excesso de informaccedilotildees demonstra que esta comunicaccedilatildeo ainda se

apresenta de forma confusa para os estudantes (aluno 08 figura 18 p 126) Por outro

lado seguindo as orientaccedilotildees de Richter (2010 p 71) para a anaacutelise sobre o uso da

palavra na construccedilatildeo dos mapas mentais destacamos que escrever a palavra ldquosertatildeordquo

ldquoagresterdquo ou ldquooceano atlacircnticordquo ldquo[] natildeo define ou estabelece que esse estudante tenha

uma compreensatildeo ampla sobre os termos ou ideias apresentadasrdquo

Outro fato que nos chama a atenccedilatildeo eacute a ecircnfase dada agrave temaacutetica dos mapas

mentais os rios da Paraiacuteba As expressotildees rio Paraiacuteba e Piranhas apresentam-se em 50

dos mapas mentais analisados (sete mapas) assim como a presenccedila do Oceano

Atlacircntico Em outros dois casos os alunos representam em seus mapas a presenccedila do

Accedilude Velho e Riacho das Piabas

Percebemos com essa avaliaccedilatildeo a dificuldade dos alunos para o entendimento do

significado das toponiacutemias e a construccedilatildeo desta imagem mental Longe de encerrar esta

compreensatildeo pelos alunos veremos a seguir algumas anaacutelises relacionadas as noccedilotildees de

localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial

130

FIGURA 20 USO DAS TOPONIacuteMIAS NA CONSTRUCcedilAtildeO DAS MESORREGIOtildeES DA PARAIacuteBA DO ALUNO 11

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

131

C Noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

A alfabetizaccedilatildeo da liacutengua materna corresponde a uma das primeiras formas de

comunicaccedilatildeo ensinadas na escola Escrever as primeiras letras do nome pode acontecer

antes dos seis anos de idade mas eacute a partir do 1ordm ano do EF que este aprendizado seraacute

mais niacutetido

No ocidente o processo da escrita das palavras ocorre geralmente em uma

ordem sequencial da esquerda para a direita Este procedimento tambeacutem eacute realizado

para a leitura de textos onde eacute expressa a liacutengua portuguesa Somos desde pequenos

ensinados e aos poucos nos habituamos a este processo de leitura e escrita Mas haacute

alguma relaccedilatildeo entre o raciociacutenio geograacutefico a imagem mental e a representaccedilatildeo dos

mapas mentais com o processo de leitura e escrita A anaacutelise dos mapas afirma que sim

No item noccedilotildees de percepccedilatildeo espacial identificamos a ocorrecircncia de dez mapas

mentais que distribuiacuteram as Mesorregiotildees Geograacuteficas em uma ordem sequencial Mais

que uma relevacircncia na percepccedilatildeo dos alunos ela revela uma teacutecnica de

desenvolvimento do coacutedigo da liacutengua Dos dez mapas mentais que apresentam esta

caracteriacutestica sete denotam uma ordem idecircntica agrave do enunciado da questatildeo O quadro 6

realiza uma comparaccedilatildeo das toponiacutemias utilizadas e sua relaccedilatildeo com os mapas

mentais58

QUADRO 6 ORDEM DAS TOPONIacuteMIAS ENCONTRADAS NOS MAPAS MENTAIS

Ocorrecircncia Toponiacutemia 1 Toponiacutemia 2 Toponiacutemia 3 Toponiacutemia 4

Enunciado Mata Paraibana Agreste Paraibano Borborema Sertatildeo Paraibano

07 mapas Mata Paraibana Agreste Paraibano Borborema Sertatildeo Paraibano

03 mapas Sertatildeo Paraibano Borborema Agreste Paraibano Mata Paraibana

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

Quando comparado a disposiccedilatildeo das mesorregiotildees no enunciado da questatildeo e a

localizaccedilatildeo sete dos dez mapas eacute niacutetido que a transposiccedilatildeo da imagem mental para o

papel seguiu a mesma loacutegica expressa no enunciado da questatildeo Mas o simples fato de

localizar as toponiacutemias da esquerda agrave direita e vice versa natildeo significa que o aluno

58O mapa diferentemente de outras teacutecnicas de informaccedilatildeo e conhecimento como a Liacutengua portuguesa ou

a Matemaacutetica eacute portador de uma linguagem natildeo-verbal Traduz um processo de aprendizagem natildeo

sequencial de fenocircmenos que quando apresentados na fala em texto ou operaccedilotildees matemaacuteticas

naturalmente vatildeo apresentar uma hierarquia disposiccedilatildeo sequencialidade que nem sempre eacute desejaacutevel

132

consegue abstrair a posiccedilatildeo dos lugares em escalas regionais Torna-se importante notar

outros referenciais

A orientaccedilatildeo de outras referecircncias como Oceano Atlacircntico servem como

correspondente entre os signos (mesorregiotildees) apresentados nos mapas mentais A

leitura realizada pelo aluno 11 localiza a mesorregiatildeo do Sertatildeo Paraibano vizinho ao

Oceano Atlacircntico (figura 20 p 130) este fato esteve presente em quatro mapas

mentais

Por meio do mapa mental realizado pelo aluno 15 (figura 21 p 133) eacute possiacutevel

afirmar que mesmo havendo semelhanccedila entre a sequencialidade do enunciado da

questatildeo e o mapa mental eacute possiacutevel estabelecer uma relaccedilatildeo de orientaccedilatildeo espacial

condizente com a realidade a partir do uso coerente da rosa dos ventos

Encontramos ainda no caso do mapa mental supracitado uma reordenaccedilatildeo dos

pontos cardeais que a primeira vista pode parecer estranha para um experiente leitor de

mapas existentes Eacute notado que o aluno altera a posiccedilatildeo L (leste) ndash O (oeste) do mapa

mental permitindo uma comunicaccedilatildeo entre a orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo real das

Mesorregiotildees Geograacuteficas

O caso citado acima eacute o uacutenico a realizar esse raciociacutenio da orientaccedilatildeo dos

elementos representados podemos notar que o aluno consegue articular a noccedilatildeo de

orientaccedilatildeo espacial o que nos leva a considerar a possibilidade de coincidecircncia Dos

quatorze (14) mapas mentais doze (12) apresentam a rosa dos ventos A tabela 8

demonstra a noccedilatildeo de orientaccedilatildeo espacial atraveacutes dos pontos cardeais pelos alunos

TABELA 8 OCORREcircNCIA DA UTILIZACcedilAtildeO DA ROSA DOS VENTOS NOS MAPAS

MENTAIS

USO DA ROSA DOS VENTOS OCORREcircNCIA

Apresenta coerecircncia 2

Natildeo apresenta coerecircncia 7

Natildeo corresponde a uma comunicaccedilatildeo 6

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

Eacute observado que o posicionamento mediado pelos pontos cardeais natildeo obteve

sucesso As atividades desenvolvidas natildeo foram suficientes para possibilitar a

compreensatildeo da orientaccedilatildeo espacial Embora sete alunos tracem a rosa dos ventos em

seus mapas mentais elas natildeo correspondem agraves toponiacutemias expressas ou outros pontos de

referecircncia como o oceano Outros seis alunos invertem o posicionamento dos pontos

cardeais ou simplesmente natildeo apresenta tais referenciais

133

FIGURA 21 ORIENTACcedilAtildeO E LOCALIZACcedilAtildeO DAS MESSOREGIOtildeES DA PARAacuteIBA ALUNO 15

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

134

D Noccedilotildees de escala geograacutefica

Todas as noccedilotildees discutidas acerca dos mapas mentais das mesorregiotildees

demonstram que na escala regional paraibana os alunos sentiram mais dificuldades na

realizaccedilatildeo dos elementos dos mapas Com isso a leitura dos esboccedilos apresentou alguns

contratempos como excesso ausecircncia ou desconexatildeo entre as toponiacutemias apresentadas

com a temaacutetica dos mapas

Sem instrumentos mediadores ou modelos os alunos tiveram diferentes

problemas Entre eles o que deve ser representado no mapa Os rios eram destaque no

enunciado da prova embora seus nomes estivessem em negrito poucos alunos

distinguiram as palavras enquanto regiotildees (Mata Paraibana) e rios Paraiacuteba e Piranhas

Os rios revelam o propoacutesito do mapa mas tambeacutem coincidem com a localizaccedilatildeo Estado

da Paraiacuteba

Se considerarmos as palavras de Callai (2005 p 239) sobre o retrato do tema

ldquo[] eacute importante perceber que os fenocircmenos da natureza se configuram em outra

escala que eacute da natureza mesmo e que vai pautar os acontecimentos ao contraacuterio de

uma escala histoacuterica intrinsecamente ligada ao tempo e ao espaccedilo de nossas vidasrdquo

O conjunto das Mesorregiotildees Geograacuteficas tinha como intenccedilatildeo localizar ordenar

e apresentar um panorama geral do Estado da Paraiacuteba O resultado da observaccedilatildeo da

escala geograacutefica (Tabela 9) revela que a maioria dos estudantes apresenta maior

acuidade para a escolha da escala

TABELA 9 ESCALA GEOGRAacuteFICA EM DESTAQUE NOS MAPAS MENTAIS

ESCALA GEOGRAacuteFICA OCORREcircNCIA

Estado da Paraiacuteba 11

Outra 2

Natildeo identificada 1 Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

O que demonstra estes dados eacute que os alunos tiveram o cuidado de reduzir os

objetos da escala real para a dimensatildeo do papel mas o motivo para essa reduccedilatildeo natildeo

corresponde com a proposta da atividade Observamos que os alunos tecircm na maioria

dos casos o cuidado de representar as mesorregiotildees entretanto os rios Paraiacuteba e

Piranhas satildeo observados como coisas distintas do territoacuterio Dos quatorze (14) mapas

135

mentais analisados nove apresentam os rios enquanto elemento externo os outros cinco

casos natildeo fazem qualquer menccedilatildeo ao tema

Se por um lado a ldquohomogeneidaderdquo e ldquoconcentraccedilatildeordquo satildeo traccedilos pertinentes a

escala da proposta dos mapas mentais por outro ldquocolocar o problema da escala eacute

tambeacutem colocar o problema da pertinecircncia da ligaccedilatildeo entre uma unidade de observaccedilatildeo

e o atributo que associamos a elardquo (RACINE RAFFESTIN amp RUFFY 1983 p 125) A

anaacutelise destas representaccedilotildees demonstra que os rios e o territoacuterio paraibano satildeo como

ldquoaacutegua e oacuteleordquo natildeo se misturam esta heterogeneidade fez os alunos observarem estes

elementos como distintos

A escala ainda segundo Racine Raffestin amp Ruffy (1983) eacute um processo de

esquecimento coerente visto que agrave medida que observamos um conjunto agraves

singularidades satildeo ldquoesquecidasrdquo Dito de outra forma agrave medida que avanccedilamos na

representaccedilatildeo das mesorregiotildees geograacuteficas da Paraiacuteba os bairros de Campina Grande

natildeo deveriam ter ecircnfase na produccedilatildeo dos mapas mentais como aconteceu na

representaccedilatildeo do aluno 09 (Figura 22 p 136)

Por fim observamos que a escala geograacutefica enquanto noccedilatildeo para os estudos de

Geografia contribui para observarmos a percepccedilatildeo e sistematizaccedilatildeo mental dos assuntos

abordados em sala de aula Ela possibilita avaliar os avanccedilos dos alunos aleacutem de

auxiliar o planejamento do professor para a progressatildeo de habilidades e noccedilotildees a serem

trabalhadas

Buscamos no proacuteximo capiacutetulo avanccedilar na discussatildeo acerca do uso dos mapas

mentais dessa forma apontamos as praacuteticas e estrateacutegias utilizadas que possibilitaram o

ensino de Geografia com uma turma do 5ordm ano Recorremos assim como na turma do 4ordm

ano a experiecircncias luacutedicas e teoacutericas que possibilitassem o desenvolvimento de

habilidades e uso das noccedilotildees para o desenvolvimento das representaccedilotildees cartograacuteficas e

da leitura de mundo desses alunos

136

FIGURA 22 USO INDISCRIMINADO DA ESCALA GEOGRAacuteFICA ALUNO 09

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

137

4 PROPOSTAS E PRAacuteTICAS ESCOLARES ANAacuteLISES DOS MAPAS

MENTAIS COM OS ALUNOS DO 5ordm ANO

No decorrer deste capiacutetulo temos como objetivo apresentar e analisar as

atividades realizadas com os alunos do 5ordm ano Nossas praacuteticas direcionadas ao recurso

didaacutetico mapa mental dialogaram com um conjunto de atividades de construccedilatildeo e

interpretaccedilatildeo de mapas existentes e atividade luacutedica

Empregamos os mapas existentes (mapas murais e mapa do Brasil regiotildees)

mapas mudos e o jogo de baleada para o desenvolvimento de habilidades relacionado

aos assuntos estudados nas aulas de Geografia Conforme seraacute apresentado dividimos

estas experiecircncias em quatro itens (1) Oficina 1 Uso dos mapas mudos e a ldquobaleada

geograacuteficardquo (2) Mapa mental 1 Mapa da minha vida (3) Oficina 2 Mapa mudo da

regiatildeo Centro-Oeste e (4) Mapa mental 2 Mapa da regiatildeo Centro-Oeste

51 OFICINA 1 USO DOS MAPAS MUDOS E A ldquoBALEADA GEOGRAacuteFICArdquo

NOCcedilOtildeES PRAacuteTICAS E TEOacuteRICAS DE GEOGRAFIA

Compreende-se que para a construccedilatildeo dos procedimentos de trabalho coordenar

e dirigir o pensamento atraveacutes da linguagem cartograacutefica eacute fundamental Necessita

aleacutem disso envolver atividades teoacutericas e luacutedicas como mostramos no capiacutetulo 1

(Quadro 1 p 40) Haacute diferentes condicionantes que despertam a motivaccedilatildeo ou

desmotivaccedilatildeo a positividade ou apatia acerca das atividades desenvolvidas entre os jaacute

destacados a atenccedilatildeo memoacuteria cogniccedilatildeo e emoccedilatildeo retrata Vigotski (1998)

Para Bock Furtado amp Teixeira (2008) a escola eacute o lugar privilegiado para o

desenvolvimento dos condicionantes citados no paraacutegrafo anterior por meio da

educaccedilatildeo formal Neste espaccedilo ocorre o contato com a cultura de forma sistemaacutetica

intencional e planejada visando o desenvolvimento cognitivo dos sujeitos Por outro

lado o aluno jaacute traz consigo necessidades curiosidades e um imaginaacuterio a respeito da

realidade espacial

A aprendizagem natildeo eacute equivalente a todos os sujeitos de uma turma Entretanto

enfatizamos a importacircncia do trabalho coletivo como meio para o progresso do

raciociacutenio espacial Dessa forma segundo Rego (1995) eacute necessaacuterio a intervenccedilatildeo do

professor nas zonas de desenvolvimento proximal dos alunos Acreditamos que o

138

diaacutelogo as atividades com recursos cartograacuteficos e atividades luacutedicas podem auxiliar

nesse quesito

A escolha do recurso didaacutetico a exemplo do mapa corresponde

necessariamente com a proposta da aula de Geografia Uma escolha equivocada pode

gerar problemas para o encaminhamento da aula Ao conversar com a professora

Beatriz sobre as aulas de Geografia perguntei quais os assuntos trabalhados nos

bimestres anteriores Empolgada ela fala sobre suas consideraccedilotildees sobre o mapa-

muacutendi localizaccedilatildeo dos paiacuteses e organizaccedilatildeo poliacutetica A professora pega seu livro

didaacutetico o abre e mostra um mapa das Ameacutericas Diante deste caso apontamos que o

professor e o aluno

[] natildeo alfabetizado para a leitura da linguagem cartograacutefica natildeo possui

habilidades suficientes para ldquoentrarrdquo em mapas de escala pequena com os

que representam o Brasil ou o mundo com siacutembolos abstratos e entender o

conteuacutedo neles apresentado (PASSINI 2012 p 31)

Natildeo procuramos julgar as praacuteticas da professora tampouco desprivilegiar o uso

do livro didaacutetico em sala de aula mas observamos a necessidade da correspondecircncia

entre tema e recurso empregado Ademais discordamos das palavras de Passini (2012 p

31) que apenas por meio da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica que o aluno tem ldquohabilidade

suficienterdquo para entender um mapa Seraacute que esta afirmaccedilatildeo corresponde com as

praacuteticas cotidianas dos alunos E os mapas apresentados nos telejornais que

demonstram a previsatildeo do tempo ou o itineraacuterio dos ocircnibus localizaccedilatildeo de lojas eles

tambeacutem necessitam de uma alfabetizaccedilatildeo para ser compreendidos O professor eacute o

uacutenico sujeito a mediar agrave compreensatildeo da linguagem cartograacutefica

Acreditamos que a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica deve ser um processo de

construccedilatildeo e leitura de mapas De acordo com Callai (2005) os alunos trazem os

conhecimentos de sua experiecircncia de vida e eacute a partir daiacute que podemos iniciar a alusatildeo

aos conhecimentos da Geografia Dito isto enfatizamos que no decorrer das duas

primeiras aulas realizamos leitura de mapas enfatizando a importacircncia da construccedilatildeo da

legenda e da correspondecircncia aos elementos do mapa trabalhados Outros fatores como

a importacircncia da rosa dos ventos e dos pontos cardeais tambeacutem estiveram presente

nestas aulas

As regiotildees brasileiras e o processo de regionalizaccedilatildeo foi o tema trabalhado em

Geografia com a professora regente no terceiro bimestre de 2014 Iniciamos o trabalho

revisando o assunto Os alunos construiacuteram mapas mudos na ocasiatildeo entregamos uma

lista com o nome dos estados (com suas respectivas siglas) e capitais (ver apecircndice

139

VIII) buscando construir um modelo mental para o desenvolvimento dos primeiros

mapas mentais Um exemplo de mapa mudo desenvolvido pelo aluno 29 (Figura 23 p

139) o modelo encontra-se em apecircndice (apecircndice IX)

A realizaccedilatildeo dos mapas mudos embora mediada natildeo foi trabalhada com a

consulta de mapas existentes Foi permitida a interaccedilatildeo entre os alunos para chegarem a

uma interpretaccedilatildeo proacutepria da localizaccedilatildeo dos estados e extensatildeo das cinco regiotildees

brasileiras59 (Nordeste Sul Sudeste Centro-Oeste e Norte) Na ocasiatildeo jaacute haviam

estudado o panorama geral da organizaccedilatildeo territorial do paiacutes aleacutem disso a Regiatildeo

Norte a qual demonstravam a maioria dos alunos mostrava interesse

FIGURA 23 MAPA MUDO DAS REGIOtildeES DO BRASIL REALIZADO PELO ALUNO 29

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

59 Eacute observado que os limites das regiotildees eacute estabelecido por linhas mais escuras o que deveria facilitar a

distinccedilatildeo entre elas mas em alguns casos como o do aluno 29 (figura 23) esta compreensatildeo ainda natildeo

estava clara

140

Outra questatildeo em pauta satildeo as consideraccedilotildees de Castrogionni amp Costella (2006)

Almeida amp Passini (2010) e Passini (2012) eles apontam que as noccedilotildees de localizaccedilatildeo e

orientaccedilatildeo espacial satildeo problemas complexos ao se desenvolver experiecircncias com

mapas O plano das relaccedilotildees de localizaccedilatildeo extensatildeo e vizinhanccedila eacute algo complicado

seja quando a referecircncia eacute o proacuteprio corpo (direita esquerda frente e atraacutes) ou os pontos

cardeais (norte sul leste e oeste)

Na anaacutelise das noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial nos mapas mentais do

Canal das Piabas (p 116 terceiro paraacutegrafo) apresentamos o problema dos modelos de

orientaccedilatildeo espacial discutido por Passini (2012 p 112 ndash 117) Mediante algumas

atividades sugeridas pela autora como ldquoorientando-se na cidaderdquo ldquotrabalho com

sombrasrdquo e ldquoorientando-se com vizinhos e natildeo vizinhosrdquo desenvolvemos uma proposta

de atividade a qual intitulamos de ldquobaleada geograacuteficardquo

Para a realizaccedilatildeo da experiecircncia da baleada geograacutefica resgatamos as praacuteticas do

jogo conhecido como baleada ou queimada60 com os alunos do 5ordm ano Dessa forma

seguimos os passos descritos

1 Dividir os alunos em quatro grupos cada um representando um ponto cardeal

(Norte Sul Leste e Oeste)

2 Posicionar os grupos nas respectivas direccedilotildees neste caso eacute indicado que a

atividade seja realizada em um local aberto e os pontos cardeais sejam marcados

no chatildeo considerando o posicionamento do sol61

3 O grupo deve acertar com a bola um dos participantes do time oposto entretanto

a direccedilatildeo da bola deve seguir a orientaccedilatildeo falada pelo mediador (professor)

exemplo ldquogrupo Oeste acerte a bola no grupo Sulrdquo (Figura 24 p 141)

O objetivo do jogo foi localizar os grupos no plano espacial do paacutetio da escola

mostrando que as coisas e as pessoas estatildeo em determinado lugar Aleacutem disso os alunos

observaram a relaccedilatildeo existente entre o pocircr do sol e o posicionamento dos pontos

cardeais Tambeacutem a possibilidade de coordenar direccedilotildees atraveacutes deles

Na aula seguinte dialogamos sobre esta experiecircncia e realizamos uma atividade

teoacuterica sobre a ldquobaleada geograacuteficardquo (ver apecircndice X) Percebemos que alguns alunos

60 Nos Estados Unidos a brincadeira vem ganhando prestiacutegio principalmente apoacutes seu reconhecimento

enquanto esporte o ldquododgeballrdquo O esporte eacute composto por dois grupos onde cada equipe busca acertar

membros do time adversaacuterio quando um integrante eacute acertado ele eacute retirado do jogo Ganha quem tiver o

maior nuacutemero de integrantes no final da partida Para mais informaccedilotildees acesse

httpenwikipediaorgwikiDodgeball lt acessado em 26052015 61 Ressaltamos que esta atividade seja realizada no iniacutecio da manhatilde (para o turno matutino) ou final da

tarde (para o turno vespertino) em decorrecircncia da exposiccedilatildeo das crianccedilas ou jovens ao sol e ainda a

possibilidade de ver mais nitidamente o nascer ou o pocircr do sol (como foi o caso com a turma do 5ordm ano)

141

os que faltaram principalmente sentiram dificuldade na compreensatildeo da uacuteltima questatildeo

que se referia ao posicionamento atraveacutes da posiccedilatildeo aparente do sol Retornamos ao

paacutetio da escola e realizamos outra simulaccedilatildeo sobre a dinacircmica do jogo desta vez os

alunos explicavam como deveria ser realizado o jogo e suas regras62

FIGURA 24 DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE LUacuteDICA BALEADA GEOGRAacuteFICA

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

Apoacutes a realizaccedilatildeo destas experiecircncias os alunos tiveram como desafio a

realizaccedilatildeo dos primeiros mapas mentais Contextualizamos a atividade das regiotildees do

Brasil atraveacutes da proposta ldquoMapa da minha vidardquo63 onde os alunos teriam que destacar

os procedimentos descritos a seguir

Desenhe um mapa mental do Brasil considerando as informaccedilotildees abaixo

1 Localizar em seus mapas mentais as seguintes informaccedilotildees

- Estado em que vocecirc nasceu

62 Nestes termos caracterizamos que as aulas ocorrem em atividades cineacuteticas articulando o

desenvolvimento das representaccedilotildees aos movimentos corpoacutereos descentralizando a atenccedilatildeo focal

(observaccedilatildeo) aos outros sentidos tato fala e audiccedilatildeo Afirmamos que isto ocorre em um processo que

avanccedila e regride ao longo das atividades escolares e que os resultados positivos nem sempre satildeo

alcanccedilados 63 A proposta de atividade com o tema ldquomapa da minha vidardquo eacute fruto de experiecircncia de pesquisa-piloto

realizada no Centro de Ensino Pesquisa Aplicada agrave Educaccedilatildeo (CEPAE) da Universidade Federal de Goiaacutes

(UFG) com alunos do 5ordm ano em 2014 A proposta desenvolvida pela Profordf Drordf Rusvecircnia Luiza para o

trabalho com mapas mudos foi incorporada ao desenvolvimento de mapas mentais em uma de suas

turmas de 5ordm ano Na ocasiatildeo o recurso possibilitou avaliar os conteuacutedos sobre regiatildeo e regionalizaccedilatildeo

brasileira ensinados pela referida professora

142

- Estado em que seus pais nasceram

- Estado que jaacute visitou e

- Estado que gostaria de visitar

2 Orientar seu mapa atraveacutes da rosa dos ventos

3 Construir a legenda do mapa mental

4 Baseado no tema apresentado decirc um tiacutetulo para o seu mapa mental

Inicialmente explicamos aos alunos qual era a proposta dos mapas mentais e que

estas representaccedilotildees natildeo iriam ser idecircnticas aos mapas estudados ateacute a ocasiatildeo Os

alunos se mostraram resistentes a proposta de trabalho De iniacutecio alguns se recusaram a

realizar a atividade alegando ldquonatildeo saber desenharrdquo outros alegavam a necessidade da

consulta aos mapas existentes Realizamos um acordo eles poderiam consultar a lista

com o nome dos estados entretanto natildeo seria permitida a consulta a outros materiais

Todos aceitaram este termo

Apoacutes o iniacutecio das atividades poucos alunos utilizaram a lista com o nome dos

estados Entretanto discutiam entre eles sobre a localizaccedilatildeo dos estados e pediam

auxiacutelio agrave professora e para o pesquisador para realizaccedilatildeo da proposta O proacuteximo item

corresponde agraves anaacutelises dos mapas mentais elaborados

42 MAPA MENTAL 1 MAPA DA MINHA VIDA

A Noccedilatildeo de percepccedilatildeo espacial

Como discutido no primeiro bloco de anaacutelise dos mapas mentais (alunos do 4ordm

ano) a percepccedilatildeo espacial eacute variante de sujeito para sujeito mesmo quando sua

experiecircncia ambiental valores e status social satildeo semelhantes Pinheiro (2005) assim

como Tuan (2012) percebe que a compreensatildeo espacial e a composiccedilatildeo da imagem

mental satildeo decorrentes de um ldquocircuito psicoloacutegicordquo

A imagem mental eacute um processo de ldquo[] apreensatildeo da informaccedilatildeo (sensaccedilatildeo

percepccedilatildeo) sua organizaccedilatildeo interna (percepccedilatildeo cogniccedilatildeo) armazenamento na memoacuteria

e resgate para utilizaccedilatildeo como accedilatildeordquo (PINHEIRO 2005 p 152) No ensino-

aprendizagem de Geografia os mesmos ldquoestiacutemulosrdquo ou imagens experimentadas (seja

pela vivecircncia nos lugares ou aprendizagens) natildeo seratildeo idecircnticos ao modelo expresso Os

ruiacutedos satildeo inevitaacuteveis na construccedilatildeo da imagem e na (re) produccedilatildeo dos mapas mentais

143

Os 21 mapas mentais produzidos com o tema ldquomapa da minha vidardquo retratam

diferentes modelos de percepccedilatildeo dos alunos acerca da silhueta do Brasil Agrupamos

estes mapas mentais em quatro grupos silhueta em forma proacutexima a do Brasil de balatildeo

e de triacircngulo e como apresentada na figura 25 A quarta categoria apresenta os mapas

mentais que natildeo se enquadraram nestes paracircmetros

FIGURA 25 PARAcircMETROS PARA ANAacuteLISE DAS SILHUETAS DOS MAPAS MENTAIS

A Forma proacutexima a do Brasil B Forma de um balatildeo C Forma de um triacircngulo

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) Organizado por David L R de Almeida 2015

Como observamos na tabela 10 nove dos 21 alunos contornam os seus mapas

mentais e apresentam correlaccedilatildeo com o mapa mudo do Brasil Entre estes casos

apresentamos o mapa mental realizado pelo aluno 41 (figura 26 p 146) Observamos

que os traccedilos expressos nos mapas mentais aproximam-se da silhueta do mapa existente

do Brasil e conservaram a localizaccedilatildeo de alguns estados estrateacutegicos em suas

representaccedilotildees a Paraiacuteba (PB) na posiccedilatildeo nordeste o Acre (AC) proacutexima a uma

curvatura no norte do Brasil e o Rio Grande do Sul (RS) como o ponto mais extremo ao

sul do territoacuterio nacional64

TABELA 10 PERCEPCcedilOtildeES DA FORMA DO BRASIL DESTACADO NOS MAPAS

MENTAIS

FORMA OCORREcircNCIA

Brasil 9

Balatildeo 4

Triacircngulo 2

Outra forma 6

Total 21

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

64 Em virtude da ausecircncia dos pontos cardeais no mapa mental estamos considerando que a posiccedilatildeo Norte

esteja no lado superior da folha

Menor extensatildeo (L-O)

Ex

ten

satildeo

(N

-S)

Maior extensatildeo (L-O)

144

Os mapas em formato de balatildeo tambeacutem tiveram suas peculiaridades entre elas o

fator de concentricidade dos estados retratados em forma circulares ou de meia lua O

mapa mental do aluno 39 (figura 27 p 147) eacute composto por um agrupamento de feiccedilatildeo

circular o mais niacutetido eacute encontrado no centro da imagem relativo ao estado de Goiaacutes

(GO) Na regiatildeo nordeste o aluno situa a Paraiacuteba (em verde) seguido pela cidade

paraibana de Taperoaacute (em laranja) e um dos distritos de Campina Grande Galante (em

azul)

Jaacute haviacuteamos reparado o mesmo traccedilado circular em alguns mapas do Canal das

Piabas (p 125 quarto paraacutegrafo) e analisado que a esfericidade segundo Tuan (1983

2012) casa com a ideia de etnocentrismo Mas precisamos observar que diferentes

povos ao longo da histoacuteria tambeacutem utilizaram e ainda utilizam o paracircmetro esfeacuterico

para confecccedilatildeo de mapas existentes a exemplo dos chineses (com os mapas formados

por cinturotildees No centro do mapa localiza-se o impeacuterio nas bordas os baacuterbaros e

selvagens) gregos e europeus com os ldquomapas O-T (Orbis terrarum)rdquo Atualmente os

atlas escolares a exemplo do mapa-muacutendi ldquomostra todo o mundo em uma projeccedilatildeo que

estaacute centralizada no sul da Gratilde-Bretanha ou noroeste da Franccedilardquo (TUAN 2012 p 65 ndash

69)

O terceiro caso por exemplo aponta os mapas mentais em contornos relativos agrave

forma triangular Eles aproximaram-se ao formato do triacircngulo equilaacutetero (o qual possui

trecircs partes iguais e contecircm trecircs acircngulos de 60ordm)

No que se refere aos dois mapas mentais que apresentaram esta configuraccedilatildeo

observamos que os estados que ficam a norte da linha do equador como Roraima e

Amapaacute natildeo satildeo apresentados Ou ainda satildeo localizados em outros lugares como

observado no mapa mental do aluno 25 (Figura 28 p148)

Os exemplos anteriores indicam que para estes alunos a associaccedilatildeo a forma

geomeacutetrica triangular corresponde com uma estrateacutegia de memorizaccedilatildeo da imagem

mental do Brasil Recordemos que eacute comum a menccedilatildeo da forma arredondada do planeta

Terra nas aulas de Geografia entretanto relata Jolly (1990) que a muito se eacute estudado a

ldquoverdadeirardquo forma do planeta Terra suas formas e dimensotildees a qual hoje se denomina

de geoacuteide

Ao longo do desenvolvimento da Idade Meacutedia relata Jolly (1990) que houve o

aperfeiccediloamento das teacutecnicas de observaccedilatildeo instrumentos como a buacutessola sistemas de

medidas e intersecccedilatildeo a grandes distacircncias para o autor

145

A triangulaccedilatildeo tem como objetivo fixar sobre a superfiacutecie a ser

cartografada a posiccedilatildeo relativa em distacircncia e em direccedilatildeo de pontos

fundamentais ou ldquopontos geodeacutesicosrdquo sobre os quais se apoiara a rede de

quadriculas do mapa Consiste em cobrir a superfiacutecie estudada com uma rede

de referecircncias dispostas segundo os veacutertices de triacircngulos [] (JOLLY 1990

p 42)

Neste sentido eacute importante apontar que a forma triangular pode ser um caminho

para a construccedilatildeo dessa imagem mental entretanto o papel da mediaccedilatildeo do professor

deve propor anaacutelises mais aprofundadas sobre as irregularidades do traccedilado territorial

Por quais motivos haacute a irregularidade na silhueta do mapa mental do Brasil Por causa

das fronteiras poliacuteticas e econocircmicas Os acidentes geograacuteficos Esses satildeo alguns

elementos que podem ser discutidos

Seis dos 21 mapas mentais apresentaram formas distintas entre si e dos trecircs

grupos apresentados anteriormente Seus traccedilados irregulares apresentavam uma

compreensatildeo sincreacutetica da imagem do territoacuterio nacional natildeo apenas pelo traccedilado do

mapa mental mas pela associaccedilatildeo dos elementos destacados ao tema do mapa Em

alguns casos ocorreu o comprometimento da comunicaccedilatildeo do mapa para seu

destinataacuterio como destacaremos nos proacuteximos toacutepicos

146

FIGURA 26 MAPA MENTAL EM FORMATO PROacuteXIMO A REPRESENTACcedilAtildeO TRADICIONAL DO BRASIL DO ALUNO 41

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

147

FIGURA 27 MAPA MENTAL EM FORMA DE BALAtildeO ALUNO 39

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

148

FIGURA 28 MAPA MENTAL EM FORMA DE TRIAcircNGULO ALUNO 25

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

149

B Uso de toponiacutemias

As toponiacutemias permitem a apresentaccedilatildeo do tema nos mapas mentais As palavras

possibilitam a apreensatildeo do significado e a intenccedilatildeo do produtor de mapas para um

segundo sujeito o leitor de mapas viabilizando a interaccedilatildeo verbal entre eles

(BAKHTIN 2012)

Nos mapas mentais produzidos constatamos que 17 das 21 representaccedilotildees

apresentam o nome de estados brasileiros Um caso expotildee a classificaccedilatildeo atraveacutes das

regiotildees (Norte Nordeste Centro-Oeste e Sul) e outros trecircs natildeo demonstram

correspondecircncia com o tema (sendo que um deles natildeo apresenta nenhuma informaccedilatildeo)

Aleacutem disso na anaacutelise dos 17 mapas que expressam a relaccedilatildeo signo-significado

atraveacutes da legenda classificamos o grau de coerecircncia desta relaccedilatildeo em bom regular e

insuficiente para a proposta de interpretaccedilatildeo dos dados a tabela 11 apresenta o nuacutemero

destas ocorrecircncias

TABELA 11 COEREcircNCIA DAS TOPONIacuteMIAS EXPRESSAS NOS MAPAS MENTAIS

GRAU DE COEREcircNCIA OCORREcircNCIA

Bom 12

Regular 4

Insuficiente 1

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

Entre os casos onde podemos observar um bom desempenho em relaccedilatildeo a

construccedilatildeo da legenda e os significados expressos no mapa mental estaacute a representaccedilatildeo

do aluno 48 (figura 29 p 150) O esboccedilo cartograacutefico identifica o estado que o aluno e

seus pais nasceram (Paraiacuteba) outros estados conhecidos expressos na legenda na cor

laranja (o que significa que o estudante natildeo conhece outro estado aleacutem da Paraiacuteba) e

por fim os estados que gostaria de conhecer Amazonas e Rio Grande do Sul pintado

em azuis Nos casos semelhantes ao mapa mental da figura 29 podemos creditar sucesso

na realizaccedilatildeo da proposta

150

FIGURA 29 APRESENTACcedilAtildeO DAS INFORMACcedilOtildeES EM FORMA DE LEGENDA ALUNO 48

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

151

Entre os outros esboccedilos que apresentaram um grau regular na apresentaccedilatildeo dos

mapas mentais destacamos o mapa do aluno 24 (Figura 30 p 152) Observamos que o

mapa mental apresenta um excesso de informaccedilatildeo que prejudica a leitura Este foi um

entre os quatro casos em que o estudante utilizou a lista com o nome dos estados como

instrumento mediador para realizaccedilatildeo do mapa Podemos notar que a construccedilatildeo da

legenda do mapa natildeo atribuiu significado aos estados pintados em roacuteseo ou em

vermelhos deixando um sentido vago em relaccedilatildeo aos seus significados

O terceiro caso corresponde ao mapa mental produzido pelo aluno 38 (Figura 31

p 153) todas as informaccedilotildees expressas na legenda e em seu mapa utiliza a referecircncia da

cor laranja entretanto natildeo haacute um discernimento isto prejudica a comunicaccedilatildeo entre o

estado que o aluno conhece e natildeo conhece por exemplo Ademais as toponiacutemias

apresentadas no mapa satildeo quase imperceptiacuteveis para o leitor na interpretaccedilatildeo do mapa

identificamos apenas o estado de Satildeo Paulo (quadrado em laranja no centro do mapa)65

Outro fator que contribuiu para a anaacutelise dos mapas mentais foi a indicaccedilatildeo do

tiacutetulo pelos alunos Para a realizaccedilatildeo dos mapas mentais pedimos aos alunos que o nome

da representaccedilatildeo correspondesse com o tema da proposta Ao estudar os esboccedilos

produzidos observamos que mais de 50 dos alunos (ou seja 11 mapas) apontaram um

tiacutetulo para os seus mapas mentais como o do aluno 41 ldquoO mapa que fala da minha vidardquo

(Figura 26 p 146) Em apenas um caso o tiacutetulo apresentado ldquoMinha cidaderdquo (aluno 29

Figura 33 p 157) natildeo corresponde com a proposta do tema em questatildeo

65 Para anaacutelise do mapa da figura 31 utilizamos o recurso zoom com a imagem em arquivo digital certos

traccedilos deste mapa mental eacute incompreensiacutevel em uma visualizaccedilatildeo normal

152

FIGURA 30 MAPA MENTAL DO ALUNO 24 DESTAQUE AO EXCESSO DE TOPONIacuteMIAS

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

153

FIGURA 31 MAPA MENTAL DO ALUNO 38 DESTAQUE A EXPRESSAtildeO SINCREacuteTICA

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

154

C Noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo

As noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial foram um dos fatores mais

difiacuteceis de serem analisados principalmente nas situaccedilotildees que envolveram o destaque a

um maior nuacutemero de toponiacutemias Como proposta para avaliaccedilatildeo da localizaccedilatildeo espacial

procuramos observar a totalidade da representaccedilatildeo e a orientaccedilatildeo dessas toponiacutemias em

seu contexto Dessa forma classificamos a localizaccedilatildeo dos estados em quatro

categorias Consideramos sua proximidade ao modelo dos mapas mudos anteriormente

apresentado Aleacutem disso enfatizamos o grau de vizinhanccedila entre os estados e sua

posiccedilatildeo relativa aos pontos cardeais a tabela 12 apresenta esta tentativa de siacutentese

TABELA 12 NIacuteVEL CORRESPONDENTE Agrave LOCALIZACcedilAtildeO ESPACIAL

NIacuteVEL OCORREcircNCIA

Corresponde 8

Natildeo corresponde 2

Corresponde em sua maioria 8

Natildeo corresponde em sua maioria 3

Total 21

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

Na leitura destes mapas mentais observamos que a maioria dos alunos (16 casos

quando somado os alunos que acertam ou apresentam o maior nuacutemero de

correspondecircncia) possui habilidade suficiente para localizar os estados apresentados

Conservam certo grau de conformidade com a estrutura territorial brasileira

Na anaacutelise da noccedilatildeo espacial de localizaccedilatildeo o mapa mental produzido pelo

aluno 48 identifica os estados de forma coerente situa o Amazonas ao Norte Paraiacuteba na

direccedilatildeo nordeste e o Rio Grande do Sul ao Sul do Brasil (Figura 29 p 150) Outros

alunos tambeacutem mostraram a mesma habilidade na localizaccedilatildeo dos estados a exemplo

do aluno 22 (Figura 32 p 155) O referido mapa mental apresenta o Amazonas com a

indicaccedilatildeo da regiatildeo ldquoNorterdquo apresenta o caraacuteter de vizinhanccedila com o Acre o estado de

Tocantins e o estado da Paraiacuteba conserva a localizaccedilatildeo e proporccedilatildeo entre estes estados

155

FIGURA 32 MAPA MENTAL DO ALUNO 22 COM DESTAQUE A LOCALIZACcedilAtildeO DA REGIAtildeO NORTE DO BRASIL

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

156

Outros cinco alunos por sua vez apresentaram dificuldades na localizaccedilatildeo dos

estados entre eles destaca-se o mapa mental do aluno 29 (Figura 33 p 158) O

mencionado mapa mental representa o estado da Paraiacuteba (PB) vizinho ao Paranaacute (PR)

enquanto Pernambuco (PE) se situa a esquerda da representaccedilatildeo Destaca outro

elemento um ldquoXrdquo no centro do mapa o que pode indicar a tentativa do traccedilado da rosa

dos ventos

Entender o uso dos pontos cardeais permite ao aluno a habilidade de agrupar os

estados brasileiros utilizar conscientemente a rosa dos ventos e atribuir significado no

processo de organizaccedilatildeo espacial O uso da rosa dos ventos esteve presente em oito dos

21 mapas mentais realizados sendo que apenas quatro casos permitiram um uso

significativo deste procedimento

O mapa do aluno 42 (figura 34 p 158) apresenta agrave rosa dos ventos e associa os

estados em suas regiotildees geograacuteficas (salvo algumas exceccedilotildees como o Paranaacute entre

outros) De todo modo orienta corretamente todos os estados destacados em sua

legenda (Acre na regiatildeo Norte Rio Grande do Norte e Paraiacuteba no Nordeste Satildeo Paulo

na regiatildeo Sudeste Distrito Federal no Centro-Oeste e Santa Catarina no Sul) Ao situar

os estado chave em seu mapa consegue atingir os objetivos das noccedilotildees geograacuteficas

discutidas neste toacutepico atribuindo sentido a proposta da atividade

Nos outros quatro casos onde haacute indicaccedilatildeo da rosa dos ventos ocorrem trecircs

circunstacircncias distintas (1) Ela natildeo indica a posiccedilatildeo dos pontos cardeais (2) Apresenta

os pontos cardeais opostos de forma errocircnea (Norte-Sul eacute apresentado por Sul-Leste

por exemplo ver figura 35 p 161) ou (3) Inverte o posicionamento dos pontos

cardeais Neste terceiro caso o mapa aluno 25 (figura 28 p 148) apresenta a silhueta do

mapa com a indicaccedilatildeo de estados (Paraiacuteba ndash PB Cearaacute ndash CE e Pernambuco ndash PE) ao

Nordeste indicando consequentemente que o Norte situar-se-ia no lado superior da

folha Entretanto altera o posicionamento do ldquoNorterdquo da rosa dos ventos apresentado no

lado esquerdo da folha haacute desse modo um desacordo entre o esboccedilo e a teacutecnica de

orientaccedilatildeo

157

FIGURA 33 MAPA MENTAL DO ALUNO 29 COM DISTORCcedilOtildeES RELACIONADAS A LOCALIZACcedilAtildeO E ORIENTACcedilAtildeO ESPACIAL

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

158

FIGURA 34 MAPA MENTAL DO ALUNO 42 DESTAQUE A LEGIBILIDADE DA LOCALIZACcedilAtildeO E ORIENTACcedilAtildeO ESPACIAL

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

159

D Noccedilotildees de escala geograacutefica

No que corresponde agrave proposta de representaccedilatildeo dos mapas mentais ldquoMapa da

minha vidardquo a maioria dos alunos apresentaram uma percepccedilatildeo relativa agrave apreensatildeo do

territoacuterio brasileiro ver siacutentese apresentada na tabela 13

TABELA 13 ESCALAS ENCONTRADAS NOS MAPAS MENTAIS

ESCALA GEOGRAacuteFICA OCORREcircNCIA

Brasil 18

Outra 2

Natildeo identificada 1

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

Observando a tabela 13 eacute niacutetida a ecircnfase a uma escala geograacutefica ndash Brasil Entre

os trecircs mapas mentais que dispersam da proposta escalar ldquoBrasilrdquo podemos destacar o

aluno 43 (Figura 35 p 161) que indica uma proximidade de vizinhanccedila entre os estados

brasileiros e paiacuteses como Itaacutelia Meacutexico e Japatildeo O aluno natildeo consegue diferenciar a

relaccedilatildeo entre estado (Paraiacuteba) e paiacutes (Argentina) este dado eacute confirmado quando

comparamos a legenda com as informaccedilotildees presentes em seu mapa

O grande problema no caso do mapa mental do aluno 43 eacute saber realizar o

processo de ldquoesquecimento coerenterdquo o qual se refere Racine Raffestin amp Ruffy (1983)

Em uma escala relativa ao Brasil natildeo haacute necessidade para o destaque de outros paiacuteses

muito menos quando natildeo fazem fronteira com este territoacuterio Outro problema eacute o da

compreensatildeo entre as escalas geograacutefica internacional (Itaacutelia) nacional (Brasil)

estaduais (Paraiacuteba por exemplo) municipal (Taperoaacute) e distrital (Galante) os dois

uacuteltimos expressos no mapa mental do aluno 39 (Figura 27 p 147)

Retomando o que foi discutido no primeiro capiacutetulo sobre a questatildeo da escala

nos estudos de geografia Santos apud Straforini (2008 p 88) verificou duas

abordagens teoacuterico-metodoloacutegicas em seus estudos sobre o ensino-aprendizagem em

Geografia O primeiro refere-se agrave abordagem ldquosinteacuteticardquo ndash onde se apresenta

inicialmente a escala de vivecircncia do aluno (bairro) ateacute a mais distante e ldquodesconhecidardquo

(mundo) ndash e a ldquoanaliacuteticardquo que seria o processo inverso

Segundo Straforini (2008 p 91) qualquer uma das abordagens (sinteacutetica ou

analiacutetica) ldquo[] na praacutetica pedagoacutegica dos professores eacute uma total hierarquizaccedilatildeo do

160

espaccedilo geograacutefico onde cada dimensatildeo espacial eacute ensinada de forma fragmentada e

independenterdquo O objetivo referente ao termino do 5ordm ano eacute que a crianccedila consiga

compreender a dimensatildeo mundo entretanto o que acontece na maioria dos casos eacute a

total desconexatildeo entre as escalas geograacuteficas

A escala geograacutefica corresponde agrave aacuterea abrangida pelo mapa e tem de apresentar

a informaccedilatildeo A proposta ldquomapa da minha vidardquo referente ao Brasil por exemplo

abrange uma escala geograacutefica maior que a do estado da Paraiacuteba entretanto seraacute ao

mesmo tempo menor que a do mundo

A noccedilatildeo de escala geograacutefica deve comeccedilar a ser abordada atraveacutes da ideia de

proporccedilatildeo reduccedilatildeo e ampliaccedilatildeo Satildeo nestes trecircs aspectos que observamos a

configuraccedilatildeo dos 18 mapas mentais que apontam o Brasil enquanto escala de apreensatildeo

Ao analisar o mapa mental aluno 42 (Figura 34 p 158) foi observado que natildeo haacute

proporccedilatildeo entre os estados ela acompanha a loacutegica de regionalizaccedilatildeo Os estados

encontrados a leste possuem menor extensatildeo territorial enquanto que os situados ao

oeste possuem maior aacuterea territorial estes fatos correspondem necessariamente agrave

estrutura histoacuterica e poliacutetica de divisatildeo territorial

161

FIGURA 35 MAPA MENTAL DO ALUNO 43 PROBLEMAS NA SELECcedilAtildeO DA ESCALA GEOGRAacuteFICA

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

162

Segundo Pinheiro (2006 p 164) ldquoas projeccedilotildees cartograacuteficas satildeo expressas

atraveacutes de foacutermulas matemaacuteticas ao passo que natildeo existe linguagem equivalente para

traduzir os lsquomapas mentaisrsquordquo No que corresponde ao trabalho desenvolvido pelos

alunos do 5ordm ano observamos que a escala Brasil pode ser organizada de diferentes

formas Entre elas a das regiotildees geograacuteficas como a apresentada pelo aluno 46 (figura

36 p 163) todavia eacute niacutetido que embora o aluno indique os estados da Paraiacuteba e Satildeo

Paulo em seu mapa natildeo consegue estabelecer uma comunicaccedilatildeo sobre o assunto

A turma tem de prestar atenccedilatildeo quanto maior a aacuterea do terreno a ser

representada (maior escala geograacutefica) maior a reduccedilatildeo necessaacuteria No caso dos mapas

mentais corresponde em apresentar o tema respeitando o espaccedilo determinado na folha

de papel Verificamos que dos 21 esboccedilos produzidos pelos alunos do 5ordm ano oito

ultrapassaram as margens da prancha de desenho este fato indica que a ideia de

reduccedilatildeo siacutentese e ordenamento das informaccedilotildees satildeo um problema natildeo apenas no que

corresponde ao tema estudado mas tambeacutem ao processo de representaccedilatildeo na folha de

papel

No desenvolvimento com a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica autores como Ribeiro amp

Marques (2001) e Callai (2005) enfatizam que o processo de aprendizagem eacute complexo

e envolvem sistema e habilidades diversas inclusive motoras Geralmente a educaccedilatildeo

psicomotora eacute trabalhada na educaccedilatildeo infantil salienta a aprendizagem do esquema

corporal lateralidade organizaccedilatildeo espacial e temporal daiacute os creacuteditos as propostas

piagetianas

Estas habilidades psicomotoras auxiliam as trecircs alfabetizaccedilotildees (da liacutengua

materna geograacutefica e cartograacutefica) Dessa forma apontamos a necessidade de um

resgate deste trabalho quando necessaacuterio visto que um esquema corporal mal

construiacutedo resultaraacute em problema de coordenaccedilatildeo dos movimentos das crianccedilas

lentidatildeo para o raciociacutenio abstrato atraveacutes das noccedilotildees dificuldades em habilidade

manuais como a caligrafia leitura inexpressiva constituiccedilatildeo de uma linguagem

egocecircntrica e sem significado social

163

FIGURA 36 MAPA MENTAL DO ALUNO 46 COM DESTAQUE A ESCALA GEOGRAFICA DAS REGIOtildeES BRASILEIRAS

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

164

4 3 OFICINA 2 MAPA MUDO DA REGIAtildeO CENTRO-OESTE UMA PROPOSTA

DE APROXIMACcedilAtildeO

Para o desenvolvimento da segunda atividade sobre a regiatildeo Centro-Oeste

observamos a necessidade de aproximaacute-la dos contextos e experiecircncias dos alunos com

a regiatildeo Nordeste Realizamos um trabalho de comparaccedilatildeo e progressatildeo das noccedilotildees de

percepccedilatildeo organizaccedilatildeo dos signos e significados atraveacutes da legenda da localizaccedilatildeo e

orientaccedilatildeo espacial aleacutem da escala geograacutefica dos fenocircmenos estudados

No desenvolvimento dos primeiros mapas mentais atentamos que nenhum dos

alunos havia visitado a regiatildeo Centro-Oeste por isso resolvemos trabalhar com as

informaccedilotildees adquiridas durante a Copa do mundo de 2014 no Brasil A partir do mapa

de apresentaccedilatildeo dos estaacutedios onde aconteceram as partidas de futebol e outro das

cidades sedes dos jogos desenvolvemos um trabalho de comparaccedilatildeo e localizaccedilatildeo dos

estaacutedios da regiatildeo Nordeste e Centro-Oeste (ver apecircndice XI)

De acordo com Simielli (2006 p 95) a proposta de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica

para o processo de ensino-aprendizagem nos anos iniciais do Ensino Fundamental deve

privilegiar trecircs criteacuterios

Localizaccedilatildeo e anaacutelise ndash envolve a anaacutelise da localizaccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de

fenocircmenos isoladamente

Correlaccedilatildeo ndash permite a combinaccedilatildeo de dados representados em duas ou

mais representaccedilotildees cartograacuteficas

Siacutentese ndash relaccedilatildeo entre duas ou mais representaccedilotildees cartograacuteficas

buscando uma siacutentese dos fenocircmenos geograacuteficos nelas representados

Em concordacircncia com os princiacutepios descritos na citaccedilatildeo acima os alunos

realizaram as correlaccedilotildees entre os dois mapas Discutidos tambeacutem acerca de quais

estaacutedios de futebol gostariam de visitar Encontramos no quadro 07 (p 165) as opccedilotildees

disponibilizadas na interpretaccedilatildeo dos mapas

165

QUADRO 07 SIacuteNTESE DOS DADOS ENCONTRADOS NOS MAPAS

REGIAtildeO NOME DO ESTAacuteDIO DE

FUTEBOL

LOCALIZACcedilAtildeO DA

CIDADE

Nordeste

Estaacutedio Castelatildeo Fortaleza ndash CE

Estaacutedio das Dunas Natal ndash RN

Arena Pernambuco Recife ndash PE

Arena Fonte Nova Salvador ndash BA

Centro-

Oeste

Arena Pantanal Cuiabaacute ndash MT

Estaacutedio Nacional Brasiacutelia ndash DF

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

Mais que a construccedilatildeo de um modelo o mapa tinha como proposta avaliar a

interpretaccedilatildeo dos alunos sobre a localizaccedilatildeo das cidades pertencentes agraves regiotildees

Nordeste e Centro-Oeste Ademais distinguir as escalas locais (cidades) regionais

(Nordeste e Centro-Oeste) internacionais (seleccedilotildees que realizaram partidas contra o

Brasil a exemplo de Camarotildees e Chile)

A discussatildeo sobre o evento da Copa do Mundo difundido em massa pela miacutedia

no ano de 2014 possibilitou que os alunos observassem que os conceitos cotidianos dos

lugares correspondem as suas praacuteticas Permitiu verificar que torcer pela seleccedilatildeo

brasileira corresponde a fatores aleacutem do esportivo como a identidade cultural e a

relaccedilatildeo de topofilia com o paiacutes e a possibilidade de refletir sobre as informaccedilotildees

experimentadas no cotidiano

Segundo Passini (2012) ldquoo pensamento proacuteprio e a autonomia intelectual

precisam ser vivenciados Eacute necessaacuterio que o trabalho na sala de aula seja

problematizador questionador que haja mais duacutevidas e menos frases prontas para

memorizaccedilatildeordquo De acordo com os apontamentos de Passini (2012) propomos que os

alunos considerassem a seguinte situaccedilatildeo

ldquoVocecirc foi convidado por um amigo para assistir trecircs partidas de futebol em

estaacutedios da regiatildeo Nordeste e Centro-Oeste Construa um mapa com as informaccedilotildees

desta viagem a partir da silhueta do Brasilrdquo

As informaccedilotildees referendadas foram A localizaccedilatildeo dos estaacutedios de futebol e a

respectiva cidade indicando a ordem da visita a estes lugares orientaccedilatildeo atraveacutes da rosa

dos ventos e a construccedilatildeo da legenda Na realizaccedilatildeo desta atividade a maioria dos

166

alunos pediu auxiacutelio ao pesquisador e a professora Beatriz Outros por sua vez

discutiam com os colegas identificando e selecionando os locais de sua preferecircncia

Invertemos o mapa mudo do Brasil indicando o Norte para o lado de baixo da

folha com a intenccedilatildeo de demonstrar que o posicionamento do Norte geograacutefico eacute fixo

entretanto sua representaccedilatildeo desde que obedeccedila a esse princiacutepio eacute relativa

possibilitando a reflexatildeo entre a orientaccedilatildeo espacial e o esboccedilo cartograacutefico

Apresentamos a seguir o mapa mudo desenvolvido pelo aluno 37 (figura 37 p 166)

FIGURA 37 MAPA MUDO DOS ESTAacuteDIOS BRASILEIRO VISITADO REALIZADO PELO

ALUNO 37

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

167

O mapa mudo desenvolvido aluno 37 (figura 37 p 166) seleciona dois Estados

da Regiatildeo Centro-Oeste e destaca as cidades sedes dos jogos ldquoCuiabaacuterdquo em verde

Distrito Federal - ldquoDFrdquo (Brasiacutelia) em vermelho e a cidade de ldquoFortalezardquo em amarelo

Observamos que utiliza agrave legenda correlacionando as cores encontradas no mapa mudo

com os estaacutedios de futebol Aleacutem disso a ordem das visitas que gostaria de realizar

Apoacutes o fim desta atividade da leitura sobre o segundo texto (apecircndice XI)

realizamos consideraccedilotildees sobre as caracteriacutesticas sociais e ambientais da regiatildeo Centro-

Oeste em comparaccedilatildeo com o Nordeste Estes procedimentos foram baseados nas

orientaccedilotildees de Cavalcanti (2002) ao indicar a necessidade da preparaccedilatildeo e introduccedilatildeo da

mateacuteria a ser estudada nas aulas de Geografia Segundo a autora

Esses momentos no ensino consistem na preparaccedilatildeo preacutevia do professor e dos

alunos para o trabalho quando eacute necessaacuterio mobilizar e suscitar o interesse

do aluno bem como organizar o ambiente Eacute fundamental nessas ocasiotildees

que o professor faccedila ligaccedilotildees do conteuacutedo com a mateacuteria anteriormente

estudada e com o conhecimento cotidiano do aluno Eacute preciso sobretudo

problematizar o conteuacutedo estudado (CAVALCANTI 2002 p 80)

Ao considerarmos como pertinente na anaacutelise o evento cultural da eacutepoca (copa

do mundo) discutimos os fenocircmenos fiacutesicos (clima e os biomas) e sua relaccedilatildeo para as

condiccedilotildees econocircmicas sociais e turiacutesticas Mediados pelo livro didaacutetico refletimos

sobre os principais biomas encontrados na regiatildeo Centro-Oeste pantanal e cerrado

Tambeacutem quais os problemas ambientais que eram apresentados como desmatamento

queimadas uso indevido de agrotoacutexicos mineraccedilatildeo entre outros

Consideramos nesta ocasiatildeo o desenvolvimento de atividades em grupo de dois

a trecircs alunos com a possibilidade de consulta ao livro didaacutetico A proposta era que os

alunos desenvolvessem um mapa mental sobre um dos biomas estudados Pantanal ou

Cerrado enfatizando os problemas ambientais e destacando as noccedilotildees trabalhadas de

perspectiva toponiacutemias localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial e escala geograacutefica

As orientaccedilotildees expressas para a realizaccedilatildeo dos mapas mentais que tratavam

sobre as questotildees ambientais na Regiatildeo Centro-Oeste foram

1 Decirc um tiacutetulo ao seu mapa

2 Localize em seu mapa a localizaccedilatildeo (onde fica) e extensatildeo (ateacute onde eacute

encontrado) o bioma indicado pelo professor

3 Destaque os principais problemas ambientais referentes a este bioma

168

4 Identifique os lugares por pontos de referecircncia nome do Estado de rios cidades

ou outros

5 Oriente seu mapa por meio da rosa dos ventos (pontos cardeais norte sul leste

e oeste)

6 Construa uma legenda para identificaccedilatildeo dos problemas ambientais destacados

Mediante a realizaccedilatildeo dessa experiecircncia procuramos observar se a consulta a

modelos (mapas existentes) informaccedilotildees de livros didaacuteticos seriam o suficiente para o

cumprimento do desenvolvimento da proposta com os mapas mentais Aleacutem disso

procuramos saber se a mediaccedilatildeo do pesquisador e da professora regente tambeacutem

auxiliou este processo de confecccedilatildeo dos mapas Esses fatores seratildeo analisados a partir

do toacutepico a seguir

44 MAPA MENTAL 2 MAPA DA REGIAtildeO CENTRO-OESTE

A Noccedilotildees de percepccedilatildeo espacial

A consulta e visualizaccedilatildeo a modelos de mapas existentes podem alterar a

percepccedilatildeo espacial e a projeccedilatildeo cartograacutefica dos mapas mentais Natildeo necessariamente

Entre as projeccedilotildees destacadas no mapa da minha vida podemos identificar

algumas semelhanccedilas entre as 11 representaccedilotildees referentes ao tema regiatildeo Centro-Oeste

e meio ambiente classificamos esta percepccedilatildeo espacial na tabela 14

TABELA 14 PERCEPCcedilOtildeES DA FORMA DO BRASIL DESTACADO NOS MAPAS

MENTAIS

FORMA OCORREcircNCIA

Balatildeo 4

Brasil 3

Triacircngulo 2

Centro-Oeste 2

Total 11

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

169

Salientamos que natildeo pretendemos agora repetir o que jaacute foi discutido sobre a

percepccedilatildeo espacial entretanto necessitamos realizar outras consideraccedilotildees acerca dos

motivos destes condicionantes

Eacute necessaacuterio compreender que o mundo e suas diversas escalas natildeo se remetem

apenas ao mundo vivido mas tambeacutem ao percebido imaginado e concebido tal como

expotildeem Lessan (2011) Os mapas construiacutedos pelos alunos 22 39 e 41 Grupo 7 (figura

38 p 170) demonstra que o trabalho em equipe possibilita a mudanccedila de perspectiva

na construccedilatildeo da imagem mental quando comparado aos mapas mentais individuais

realizados pelos seus membros

Entre os trecircs estudantes o aluno 22 e 41 havia na primeira ocasiatildeo apresentado

uma percepccedilatildeo mais proacutexima a silhueta do Brasil (ver figura 32 p 155 e figura 26 p

146) o outro estudante aluno 39 (ver figura 27 p 147) por sua vez apresentou uma

percepccedilatildeo mais proacutexima a forma de balatildeo

Eacute sabido que natildeo haacute um estudante igual ao outro Habilidades noccedilotildees e

competecircncias satildeo distintas e construiacutedas por cada crianccedila em seu proacuteprio ritmo Essas

individualidades de percepccedilotildees por exemplo demonstram as particularidades dos

sujeitos o que a primeira vista pode ser um obstaacuteculo para identificaccedilatildeo das

dificuldades e habilidades para o professor mas atraveacutes do trabalho em equipe

acreditamos que eacute a oportunidade para a troca de experiecircncias entre os discentes

Seguindo este criteacuterio de aproximaccedilatildeo e tentativa de mediaccedilatildeo a professora e o

pesquisador procuraram selecionar as equipes sobretudo respeitando os criteacuterios de

niacutevel de conhecimento de cada aluno sugerindo os membros para a formaccedilatildeo dos

grupos66 Baseado nas propostas de Vigotski (1998) sobre a atuaccedilatildeo na Zona de

Desenvolvimento Proximal observou que a Zona de Desenvolvimento Real do aluno 39

mudou mas tambeacutem os alunos 22 e 41 incorporaram novas informaccedilotildees possibilitando

uma comunicaccedilatildeo mais rigorosa sobre o tema

66 Em pesquisa-piloto na escola Luacutecia de Faacutetima no ano de 2013 tambeacutem em uma turma de 5ordm ano

realizamos a divisatildeo das equipes previamente entretanto houve casos de rejeiccedilatildeo pelos alunos

principalmente no que se refere agraves relaccedilotildees meninos e meninas No caso desta pesquisa a maioria dos

alunos acatou as sugestotildees do pesquisador a respeito das equipes Salientamos que cabe ao professor

identificar quais as dificuldades dos alunos sobre determinado assunto e propor que a interaccedilatildeo possibilite

a assistecircncia e colaboraccedilatildeo entre os estudantes visando agrave aprendizagem do tema da aula

170

FIGURA 38 MAPA MENTAL COM SILHUETA PROacuteXIMA AO DO BRASIL (GRUPO 7)67

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) Adaptado por David L R de Almeida 2015

67 Optamos por apresentar este mapa ampliado destacando a regiatildeo Centro-Oeste a intenccedilatildeo eacute proporcionar ao leitor a observaccedilatildeo dos detalhes expressos na representaccedilatildeo

171

Outro fator a ser observado segundo Rego (1995) eacute a referecircncia ao modelo

Divergente da reproduccedilatildeo da coacutepia mecacircnica a proposta de nossas atividades com os

mapas mentais eacute que os alunos internalizem atraveacutes da accedilatildeo da resposta ao problema

estrateacutegias e conhecimentos para a soluccedilatildeo da atividade Dessa relaccedilatildeo pode nascer agrave

autorregulaccedilatildeo que fundamenta o ato voluntaacuterio pensado planejado e executado da

imagem mental para sua expressatildeo cartograacutefica no papel O processo permite ao longo

prazo criar o funcionamento individual e instrumentos necessaacuterios para solucionar

problemas semelhantes para a vida aleacutem de desenvolver outras aprendizagens

Eacute necessaacuteria uma ressalva a respeito das atividades que faz o uso de modelos

principalmente a praacuteticas da coacutepia e o decalque de mapas (mental ou existente) Em um

dos casos notamos que o grupo 5 (aluno 29 e 38) apoacutes sua segunda tentativa de

representaccedilatildeo do mapa mental da regiatildeo Centro-Oeste realizou a coacutepia do mapa

encontrado no livro didaacutetico (Figura 39 p 172)

Oliveira (1978) e Passini (2012) haacute anos criticam o mero decalque do mapa

pelos alunos A este respeito podemos considerar que a atividade tinha por objetivo

incentivar a pesquisa a modelos para elaboraccedilatildeo de esboccedilos cartograacuteficos visto que nos

materiais disponibilizados para os alunos natildeo havia nenhum mapa existente pronto que

destacasse a proposta da atividade A intenccedilatildeo era a criaccedilatildeo e natildeo replicar outros mapas

Verificamos que o caso do mapa mental do grupo 5 foi isolado Veremos nos

proacuteximos itens que os outros mapas mentais tiveram traccedilados mais espontacircneos

criativos e autocircnomos nas representaccedilotildees realizadas pelos estudantes do 5ordm ano

172

FIGURA 39 COMPARACcedilAtildeO ENTRE MAPA EXISTENTE E MAPA MENTAL (GRUPO 05 )

Fonte A esquerda MAESTU Juliana Projeto Buriti geografia 2 Ed Satildeo Paulo Moderna 2011 p 68 Agrave direita pesquisa de Campo out nov (2014) Adaptado por David

L R de Almeida

173

B Uso de toponiacutemias

De acordo com Claval (2010) a memorizaccedilatildeo dos pontos de referecircncia garante a

locomoccedilatildeo do corpo no espaccedilo e sua orientaccedilatildeo espacial em outros contextos permite a

construccedilatildeo de uma imagem mental de paisagens ainda natildeo visitadas Mediante estas

informaccedilotildees e baseado no papel do enunciado discutido por Bakhtin (2012) observamos

que o mapa mental pode estabelecer a comunicaccedilatildeo entre o grupo de sujeitos de

mapeadores e leitores do mapa

As toponiacutemias apresentadas nos mapas mentais corresponderam agrave divisatildeo

poliacutetica do territoacuterio nacional ou da regiatildeo Centro-Oeste a tabela 15 apresenta a

ocorrecircncia destas caracteriacutesticas nos mapas mentais

TABELA 15 NUacuteMERO DE OCORREcircNCIA DE TOPONIacuteMIAS

TOPONIacuteMIA OCORREcircNCIA

Estados 11

Distrito Federal 05

Regiotildees 03

Outros 03

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

No tocante a referecircncia aos estados brasileiros seja restrita a regiatildeo Centro-Oeste

ou a escala nacional os alunos referendam os estados atraveacutes do uso da toponiacutemia

enquanto palavra por exemplo ldquoMato Grossordquo em cinco casos e nos outros seis casos

eacute apresentado o uso de siglas ldquoMTrdquo Essa mudanccedila da palavra as siglas segundo

Vigotski (1998) e Bakhtin (2012) se deve ao sentido que damos ao signo Ele eacute sempre

mutaacutevel pois incorporamos raciociacutenios interagimos socialmente e tornamos a

linguagem e a praacutetica escolar elos da corrente de significaccedilatildeo

Por meio da anaacutelise dos mapas mentais identificamos em oito dos 11 esboccedilos

cartograacuteficos uma tentativa de esquematizaccedilatildeo do raciociacutenio geograacutefico atraveacutes da

organizaccedilatildeo da legenda Segundo Oliveira (1978 p 23) a linguagem cartograacutefica ndash a

construccedilatildeo da legenda do mapa (relaccedilatildeo signo-significado) ndash pode ser apresentada

atraveacutes de trecircs variedades de signos cartograacuteficos satildeo eles

[] o iacutecone que representa por semelhanccedila entre significante e significado

(os mapas pictoacutericos de distribuiccedilatildeo de produtos agriacutecolas satildeo exemplos deste

tipo de representaccedilatildeo) o iacutendice que representa por contiguumlidade [sic] de fato

entre significante e significado (os mapas da superfiacutecie terrestre que atraveacutes

174

da cor ou sombreamento representam as formas do terreno reproduzindo o

relevo como um modelo tridimensional) e o siacutembolo que representa por

contiguumlidade [sic] instituiacuteda isto eacute por uma regra convencional entre o

significante e o significado

Analisando o mapa mental do grupo 10 (figura 40 p 175) constituiacutedo pelos

alunos 31 e 41 eacute possiacutevel notar a seleccedilatildeo de iacutecones os quais tem a intenccedilatildeo de destacar

alguns problemas ambientais encontrados na regiatildeo Centro-Oeste satildeo eles ldquoaacutervoresrdquo

que tecircm como significado a extraccedilatildeo de madeira o ldquomartelordquo correspondente a

mineraccedilatildeo de pedras preciosas e um ldquosaco de lixo no riordquo que indica a contaminaccedilatildeo

dos rios A intenccedilatildeo dos alunos neste caso eacute apresentar a ocorrecircncia e localizar os

estados onde ocorrem estes problemas ambientais

Prosseguindo nesta anaacutelise autores com Kozel (2002) e Richter (2010) ressaltam

a importacircncia da representaccedilatildeo dos conhecimentos geograacuteficos atraveacutes dos mapas

mentais Richter (2010) por exemplo destaca a necessidade da compreensatildeo da

proposta didaacutetico-pedagoacutegica pelo professor para valorizaccedilatildeo do uso das imagens

A associaccedilatildeo do uso das toponiacutemias e o destaque para os fenocircmenos ambientais

destacados permitem que o aluno caracterize em muitos casos pela primeira vez uma

estrutura cognitiva sobre um espaccedilo geograacutefico natildeo vivido experimentado Segundo

Claval (2010) a imaginaccedilatildeo eacute um dos aportes para construccedilatildeo da imagem mental

geograacutefica ela torna-se uma experiecircncia para se conhecer outros mundos Esclarece o

autor que

A experiecircncia geograacutefica nesse sentido vai muito aleacutem do real Os homens

tecircm a capacidade de falar de lugares que eles nunca viram e que talvez natildeo

existam Eles lhe atribuem propriedades que faltam aos espaccedilos conhecidos

O imaginaacuterio que eles constroem dessa forma (e que eacute proacuteprio de cada

cultura) daacute ao mundo uma dimensatildeo poeacutetica indica as regras a serem

respeitadas mostra para que direccedilatildeo deve tender a accedilatildeo humana e confere um

sentido de existecircncia dos indiviacuteduos e dos grupos (CLAVAL 2010 p 57)

Inuacutemeras formas do significado simboacutelico dado ao espaccedilo miacutetico imaginado

simboacutelico jaacute foram tratados por Tuan (1983) e Claval (2010) o que nos interessa eacute notar

que a escola tambeacutem possibilita o desenvolvimento de noccedilotildees geograacuteficas com a de

regiatildeo geograacutefica O ato de desenhar uma dimensatildeo espacial geograacutefica natildeo conhecida

pode contribuir com o processo de regionalizaccedilatildeo o que daacute origem agraves regiotildees

175

FIGURA 40 MAPA MENTAL COM A UTILIZACcedilAtildeO DE IacuteCONES (GRUPO 10)

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

176

Para Castrogiovanni et al (2011) embora a ciecircncia geograacutefica tenha diferentes

perspectivas sobre a compreensatildeo da conceituaccedilatildeo sobre regiatildeo em todos seus

seguimentos eacute possiacutevel traccedilar uma caracteriacutestica geral a seleccedilatildeo de elementos em

comum e seu agrupamento em determinada aacuterea Completa o autor supracitado que ldquoo

processo de regionalizar estaacute ligado agrave ideia de agrupar em um espaccedilo dessa forma

podemos agrupar pessoas vegetais animais paisagens habitaccedilotildees e outras variaacuteveis em

um determinado subespaccedilordquo Grifo do autor (CASTROGIOVANNI 2011 p 25)

Em nossa pesquisa o processo de regionalizaccedilatildeo se deu agrave medida que os alunos

estabeleceram um conjunto de objetivos e de criteacuterios segundo os quais caracterizariam

o bioma estudado No mapa mental do grupo 3 (figura 41 p 177) alunos 25 e 35 eacute

possiacutevel identificar as cinco regiotildees brasileiras destacadas cada qual por uma cor (signo

em forma de iacutendice) apresentando fenocircmenos naturais como os raios ou as queimadas

provocadas pela accedilatildeo humana (ambos apresentados em forma de iacutecones) tal exerciacutecio

demonstra que para o desenvolvimento do enunciado do mapa mental eacute necessaacuterio a

articulaccedilatildeo das noccedilotildees do uso das toponiacutemias e da regiatildeo

No que corresponde a informaccedilatildeo do tiacutetulo dos mapas mentais foi analisado que

ele esteve presente em oito representaccedilotildees Eacute necessaacuterio realizar uma ressalva sobre a

coerecircncia dos tiacutetulos em relaccedilatildeo agrave representaccedilatildeo dos desenhos produzidos observamos

que das oito representaccedilotildees seis transporaacute uma objetividade na interpretaccedilatildeo do aluno

sobre a anaacutelise regional (ver figura 40 p 175 e figura 37 p 166)

177

FIGURA 41 ARTICULACcedilAtildeO DO USO DE TOPONIacuteMIAS COM A APRESENTACcedilAtildeO DE IacuteCONES (GRUPO 3)

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

178

C Noccedilotildees de localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial

As noccedilotildees de localizaccedilatildeo tornam-se mais fieacuteis aos modelos dos mapas existentes

quando a atividade tende a ser consultada O posicionamento das toponiacutemias

demonstra-se mais proacuteximas as representaccedilotildees cartograacuteficas habituais (mapas

existentes) Observamos isto apoacutes verificar que a localizaccedilatildeo dos estados Distrito

Federal e do posicionamento entre as regiotildees em alguns casos demonstra-se coerente e

possibilita a leitura

Todos os mapas mentais desenhados localizam algo relacionado ao meio

ambiente da regiatildeo Centro-Oeste seja ela voltada a proacutepria organizaccedilatildeo regional ao

bioma ou os seus problemas ambientais como podemos observar na tabela 16

TABELA 16 LOCALIZACcedilAtildeO DOS ELEMENTOS ENCONTRADOS NOS MAPAS MENTAIS

LOCALIZACcedilAtildeO OCORREcircNCIA

Regiatildeo 03

Bioma 04

Problemas ambientais 04

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

Ao analisarmos os mapas mentais os elementos apresentados e localizados neles

notamos que em oito das 11 representaccedilotildees os alunos apresentam caracteriacutesticas

relacionadas ao ambiente seja voltada a localizaccedilatildeo do bioma ldquoPantanalrdquo como

apresentado no mapa do grupo 7 (figura 38 p 170) ou aos problemas ambientais

observados no mapa mental do grupo 10 (figura 40 p 175) Observamos nos dois casos

que os alunos restringem suas anaacutelises a pontos especiacuteficos do territoacuterio

Em outro mapa mental realizado pelo grupo 6 (figura 42 p 179) aluno 28 37 e

48 eacute evidente a referecircncia ao bioma estudado A indicaccedilatildeo ocorre atraveacutes do signo

atraveacutes do iacutendice (uso da cor verde) e da indicaccedilatildeo da sentenccedila ldquoplaniacutecie do Pantanalrdquo

nestas condiccedilotildees observamos que sua localizaccedilatildeo relativa aos estados do Mato Grosso e

Mato Grosso do Sul torna-se coerente aleacutem disso marca um limite com Goiaacutes (GO)

onde prevalece o bioma de Cerrado

179

FIGURA 42 MAPA MENTAL COM DESTAQUE NA ORIENTACcedilAtildeO E LOCALIZACcedilAtildeO ESPACIAL DA REGIAtildeO CENTRO-OESTE (GRUPO 6)

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

180

Identificamos no mapa do grupo 6 (Figura 42 p 179) a indicaccedilatildeo da ldquoexpansatildeo

da atividade agropecuaacuteriardquo que eacute destacado no livro didaacutetico assim como o ldquouso

indevido de agrotoacutexicosrdquo como impactos ambientais referentes ao Pantanal A esse

respeito surgiram duacutevidas na realizaccedilatildeo da atividade principalmente sobre o significado

das palavras

Entre as palavras incompreensiacuteveis para alunos estava o termo ldquoagrotoacutexicordquo

Explicamos que esta palavra refere-se a um defensivo agriacutecola inseticida e aleacutem disso

que o contato com o produto pode provocar doenccedilas como cacircncer problemas funcionais

na musculatura do corpo e do ceacuterebro Posteriormente os alunos comentavam sobre

reportagens ou experiecircncias de parentes que eram fazendeiros mas natildeo faziam uso de

inseticidas Observamos que entender a informaccedilatildeo eacute uma ponte fundamental para a

seleccedilatildeo do fenocircmeno

No que corresponde agrave orientaccedilatildeo espacial apenas um grupo natildeo faz qualquer

referecircncia ao uso da rosa dos ventos os outros dez mapas apresentam o uso coerente

dos pontos cardeais para a orientaccedilatildeo dos mapas mentais Verificamos que os estados de

Mato Grosso situado a norte e Mato Grosso do Sul situado a sul correspondem

necessariamente com os pontos cardeais e aleacutem disso situam Goiaacutes e o Distrito Federal

a leste

D Noccedilotildees de escala geograacutefica

Dos mapas mentais jaacute apresentados observamos que quanto menor a escala

geograacutefica maior as chances de identificaccedilatildeo dos fenocircmenos e da captaccedilatildeo da

informaccedilatildeo da imagem pelo leitor do mapa Afirmamos entretanto que se engana

quem imagina que uma atividade mediada seja pela possibilidade da pesquisa auxiacutelio

de colegas ou professor pode gerar necessariamente resultados positivos

No que correspondem aos 11 mapas mentais produzidos pelos estudantes do 5ordm

ano sete alunos apresentam a escala regional do Centro-Oeste como enfoque de anaacutelise

para do tema estudado os outros quatro alunos apresentam a escala nacional como

proposta de representaccedilatildeo

O mapa mental desenvolvido pelo grupo 4 (figura 43 p 183) demonstra a

construccedilatildeo de uma imagem sincreacutetica desenvolvida pelos estudantes aluno 27 e 4568 Haacute

68 O aluno 45 faltou na primeira atividade relacionada ao desenvolvimento do mapa mental (mapa da

minha vida) o que dificultou nossa mediaccedilatildeo e estrateacutegia para o desenvolvimento na escolha desta dupla

181

uma discrepacircncia com relaccedilatildeo aos mapas produzidos pelos colegas suas estrateacutegias para

o desenvolvimento de comunicaccedilatildeo apresentam diferentes ruiacutedos entre eles uma

ldquotempestade de siglasrdquo (relacionadas aos estados brasileiros) cores aleatoacuterias sem um

significado explicito e a ausecircncia de elementos como tiacutetulo ou referecircncia ao tema do

mapa mental

O mapa do grupo 4 eacute um entre os quatro mapas mentais que escolhem a escala

geograacutefica ldquoBrasilrdquo como referencial Como jaacute demonstramos outras equipes a

exemplo do grupo 3 (figura 41 p 177) tambeacutem escolhe a escala Brasil todavia

estabelecem criteacuterios de seleccedilatildeo regional Eles utilizam criteriosamente as cores as

toponiacutemias e os iacutecones (fogueiras e raios) Aleacutem disso demonstra uma relaccedilatildeo entre os

trecircs estados da regiatildeo Centro-Oeste representado no qual observamos uma

diferenciaccedilatildeo no tamanho territorial69

De acordo com Jolly (1990 p 20) na cartografia cartesiana ldquoa escala de um

mapa eacute a relaccedilatildeo constante que existe entre as distacircncias lineares medidas sobre o mapa

e as distacircncias lineares correspondentes medidas sobre o terrenordquo O autor

anteriormente citado esclarece ainda que o grau da generalizaccedilatildeo expressa nos mapas eacute

fruto de uma generalizaccedilatildeo que corresponde a ldquoseleccedilatildeo dos detalhes apresentadosrdquo a

ldquoesquematizaccedilatildeo do desenhordquo e uma ldquoharmonizaccedilatildeo relativa dos elementosrdquo As

caracteriacutesticas discutidas por Fernand Jolly pode ser encontrada no mapa mental

realizado pelo grupo 10 (Figura 40 p 175)

De acordo com os paracircmetros expressos nos mapas mentais podemos destacar

uma observaccedilatildeo de Silveira (2004 p 89) a respeito da escala geograacutefica a autora

afirma que ldquoeacute o reconhecimento de subdivisotildees subespaccedilos regionalizaccedilotildees

produzidos na histoacuteria do territoacuterio que pareceria nos conduzir ao problema da escala

geograacuteficardquo

No ensino de Geografia a distacircncia da relaccedilatildeo sujeito e objeto estudado podem

limitar a compreensatildeo dos alunos a respeito da temaacutetica Entretanto para Castrogiovanni

amp Costella (2006 p 35) eacute importante que os alunos principalmente do 5ordm ano

ultrapassem o estudo do espaccedilo vivido possibilitando experiecircncias com o ldquo[] espaccedilo

O aluno 27 por exemplo havia realizado a atividade relacionada ao mapa mudo dos estaacutedios de futebol e

na ocasiatildeo mostrou resultados significativos o outro estudante todavia faltou na maioria das aulas que

desenvolvemos as atividades com os mapas (existentes e mentais) salvo a experiecircncia com a baleada

geograacutefica 69 Segundo o IBGE o estado com maior proporccedilatildeo territorial em quilocircmetros quadrado pertencente agrave

regiatildeo Centro-Oeste eacute o Mato Grosso (903378292 Km2) em seguida Mato Grosso do Sul (357145 534

Km2) Goiaacutes (340111376 Km2) e por uacuteltimo Distrito Federal (5779999 Km2) Fonte

httpwwwibgegovbrhomegeocienciasareaterritorialprincipalshtmgt acessado em 0705 2015

182

concebido onde se desenvolve o poder de representaccedilatildeo sem que necessariamente o

aluno tenha conhecido na praacutetica o espaccedilo representadordquo (Grifo dos autores)

Ao delimitarmos o tema propomos uma escala de anaacutelise selecionamos os

lugares e seus principais fenocircmenos O professor pode relacionar os saberes que os

alunos jaacute possuem As experiecircncias cotidianas dos discentes e os assuntos estudados em

sala de aula compotildeem o quadro de referecircncia para vida

Por fim esta leitura de mundo ao considerar diferentes escalas geograacuteficas

permite que o aluno compreenda que o espaccedilo eacute composto por um conjunto de

singularidades A busca de interpretaccedilotildees natildeo se limita agrave possibilidade de solucionar os

diferentes problemas que possam existir em cada escala mas em se aproveitar

experiecircncias da realidade cotidiana que se processam nessas diferentes escalas

Observamos portanto que as oficinas e mapas mentais produzidos pelos alunos

do 4ordm e 5ordm ano Buscou desenvolver habilidades e noccedilotildees relacionadas ao ensino-

aprendizagem de Geografia nos anos iniciais do EF Diante disso eacute tomado no capiacutetulo

5 o posicionamento dos estudantes (a partir das entrevistas realizadas) e professores (por

meio do uso de questionaacuterios) com a finalidade de avaliar as apreensotildees dos sujeitos

sobre essa pesquisa

Temos ainda o objetivo de revelar algumas incoacutegnitas ou seja circunstacircncias

que promoveram ou dificultaram a realizaccedilatildeo das atividades e que natildeo foram expressas

nos mapas mentais em decorrecircncia do seu valor subjetivo

183

FIGURA 43 MAPA MENTAL NA ESCALA GEOGRAFICA BRASIL (GRUPO 4)

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014)

184

5 MAPAS MENTAIS E SUAS POTENCIALIDADES E LIMITACcedilOtildeES PARA O

ENSINO DE GEOGRAFIA

Observamos que entre as representaccedilotildees e o diaacutelogo para produccedilatildeo dos mapas

mentais existem incoacutegnitas que se referem agraves experiecircncias de vida ao contexto escolar e

as apreensotildees sobre o processo de ensino-aprendizagem de Geografia Eles em alguns

casos estatildeo impliacutecitos nos mapas mentais

A representaccedilatildeo eacute por assim dizer um processo longo e complexo na formaccedilatildeo

do aluno Ao avaliarmos o mapa mental enquanto recurso didaacutetico-pedagoacutegico eacute

importante entender que

[] o ensino da geografia teria mais significado se priorizasse a pesquisa e

anaacutelise das representaccedilotildees construiacutedas pelas sociedades considerando ainda

o proacuteprio aluno como agente de representaccedilotildees e conhecimentos necessaacuterios

para entendimento das relaccedilotildees estabelecidas na organizaccedilatildeo espacial

(KOZEL 2002 p 216)

A partir da proposta metodoloacutegica realizada na citaccedilatildeo anterior buscamos

ampliar o universo de anaacutelise Indicamos o entendimento dos alunos e professoras a

respeito das potencialidades e limitaccedilotildees do recurso didaacutetico mapa mental para o

processo de ensino-aprendizagem de Geografia

De iniacutecio apresentamos o processo de ensino-aprendizagem de Geografia e sua

contextualizaccedilatildeo em nossas experiecircncias em sala de aula Posteriormente a realizaccedilatildeo

das oficinas e suas contribuiccedilotildees e por fim as possiacuteveis potencialidades e limitaccedilotildees do

uso do recurso mapa mental nas turmas de 4ordm e 5ordm ano

51 O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DE GEOGRAFIA

Mediante a anaacutelise dos questionaacuterios as professoras Marta e Beatriz reconhecem

a importacircncia do conhecimento preacutevio dos alunos para o direcionamento das aulas de

Geografia e os conhecimentos trabalhados na escola Para elas esses conhecimentos

tecircm por objetivo instruir os alunos Diante disso apresentamos a fala das docentes ao

esclarecem a importacircncia da ciecircncia geograacutefica nas praacuteticas escolares como as

seguintes falas

ldquoA Geografia possibilita a compreensatildeo do espaccedilo geograacutefico espaccedilo este

resultante da relaccedilatildeo natureza-sociedade como a materializaccedilatildeo dos tempos da vida

socialrdquo (Prof Marta 4ordm ano)

185

ldquoO ensino da Geografia possibilita por meio da compreensatildeo do espaccedilo

geograacutefico a formaccedilatildeo de um indiviacuteduordquo (Prof Beatriz 5ordm ano)

As respostas expressas pelas professoras satildeo condizentes com a proposta de

ensino de Geografia Entretanto satildeo aparentemente vagas quando confrontamos com as

propostas nacionais dos PCN (BRASIL 1997) ou ainda com as ideias de alfabetizaccedilatildeo

(cartograacutefica ou geograacutefica) mediante a construccedilatildeo de noccedilotildees geograacuteficas habilidades e

competecircncias expressas por autores como Callai (2005) Lessan (2011) e Passini

(2012)

Qual o propoacutesito de se estudar Geografia A maioria dos alunos entrevistados

de ambas as turmas afirmam que a expectativa corresponde agrave efetivaccedilatildeo das avaliaccedilotildees

escolares progressatildeo escolar ou ainda agrave educaccedilatildeo profissional visando assumir uma

futura condiccedilatildeo de trabalhador Em resumo ndash ldquoPorque eacute o futuro da genterdquo (Aluno 25

5ordm ano) Os alunos apontam que este valor disciplinar eacute agregado a todas as ldquomateacuteriasrdquo

escolares

Em muitos casos a importacircncia das crianccedilas aprenderem algo eacute condicionada a

posiccedilatildeo futura ao bom trabalho a moradia ao salaacuterio entre outros Canaacuterio (2006 p

103) chama essa perspectiva de escola do ldquotempo de promessasrdquo Eacute evidente que este

fato eacute uma construccedilatildeo histoacuterica a qual ainda na deacutecada de 1960 nos Estados Unidos

desenvolveram-se poliacuteticas de discriminaccedilatildeo positivas ou seja programas de

valorizaccedilatildeo das praacuteticas educacionais tendo em vista o progresso social Estas poliacuteticas

se espalharam pelo mundo e a escola das promessas tinha (e ainda tem) ldquotrecircs promessas

fundamentais desenvolvimento igualdade social e mobilidade social ascendenterdquo

(CANAacuteRIO 2006 p 103 ndash 105)

Sabemos que a principal atribuiccedilatildeo da escola eacute comunicar e instruir por meio dos

saberes socialmente construiacutedos ao longo da histoacuteria estas outras promessas satildeo (ou

natildeo) qualidades adicionais relativas a esta instituiccedilatildeo70 Ademais observamos que o

atributo sobre a importacircncia do conhecimento geograacutefico deve estar voltado as praacuteticas

presentes para que progridam e se valorizem em atividade futuras

Ao realizarmos a praacutetica com os mapas mentais observamos que os alunos

puderam atribuir sentido aos temas apreendidos Quando perguntamos a um grupo de

alunos do 4ordm e 5ordm ano sobre a importacircncia da Geografia especificamente dos mapas

(mentais) para suas vidas eles responderam

70 Como eacute o caso do Art 39 da LDB 9394 1996 que discute a importacircncia da educaccedilatildeo profissional e

tecnoloacutegica (BRASIL 2010)

186

Estudantes do 4ordm ano

Aluno 09 ndash Para a gente ver uma coisa e saber o que diz o mapa para a gente

natildeo se perder e Por exemplo Onde eacute que minha tia mora Ai eu fico

pensando onde minha tia mora em Lagoa Seca71 [e continua] Para a minha

vida Assim professor seu eu passar de ano todos os anos ai assim se eu

for algueacutem na vida ai assim se eu quiser construir se eu comprar um terreno

e quiser construir uma casa

Pesquisador ndash O que vocecircs acham que aprenderam com os mapas mentais

Aluno 13 ndash Eu aprendi Campina Grande as cidades dizendo um monte de

coisa o Accedilude Velho [risos] a escola o riacho das Piabas

Pesquisador ndash Antes da realizaccedilatildeo das atividades vocecircs jaacute sabiam disso

Aluno 13 ndash Eu natildeo sabia que isso era canal

Pesquisador ndash Mas o que vocecirc pensava que era

Aluno 17 ndash Um canal que passava esgoto

Aluno 13 ndash Um canalzinho simples

Estudantes do 5ordm ano

Pesquisador ndash Vocecirc acha importante estudar Geografia

Aluno 42 ndash Sim Para saber os estados Porque se for viajar vou saber onde eacute

Aluno 39 ndash Porque quando a pessoa for viajar jaacute sabe os lugares a regiatildeo

onde estaacute se tiver perdido

Aluno 46 ndash Sim para ir para casa para ir para escola para pegar o ocircnibus

(5ordm ano)

Observamos na fala destes alunos a importacircncia do conhecimento geograacutefico

para as praacuteticas presentes (saber onde a tia mora viajar tomar o ocircnibus todas as

competecircncias utilizadas em seus cotidianos) e a futuras atividades (como comprar um

terreno para construccedilatildeo de sua moradia) Para Callai (2005 p 240) eacute necessaacuterio ldquoler o

lugar para compreender o mundo que vivemos Pode-se partir de temaacuteticas de

problemas e a partir daiacute aguccedilar a curiosidade infantil traccedilando os caminhos a seguirrdquo

Qual o resultado desta accedilatildeo Desmistificar que o lugar ao qual habitamos eacute simploacuterio

constituiacutedo por ldquoum canalzinho simplesrdquo e que as coisas existentes no mundo tecircm sua

razatildeo e ultrapassam a loacutegica do perceber

Nesta concepccedilatildeo o mapa mental tem que estar a serviccedilo de um conhecimento

de um processo de ensino-aprendizagem propotildee uma reflexatildeo sobre o conhecimento

histoacuterico construiacutedo pela humanidade A escola deve propiciar a oportunidade da

apropriaccedilatildeo deste conhecimento e sua reelaboraccedilatildeo

52 PROPOSTAS DAS OFICINAS O LUacuteDICO E SUAS INTERVENCcedilOtildeES PARA

CONSTRUCcedilAtildeO DOS SABERES

Desenvolver propostas em condiccedilotildees de oficinas permite segundo

71 Lagoa Seca possuiacutea em 2010 uacuteltimo senso do IBGE uma populaccedilatildeo de 25 900 habitantes Sua aacuterea eacute

de 107 589 km2 Situado ao norte de Campina Grande foi ateacute 1964 um distrito campinense apoacutes essa

data foi elevado agrave categoria de municiacutepio Fonte httpcidadesibgegovbr lt acessado em 18 05 2015

187

Castrogiovanni amp Costella (2006) construir conhecimentos pela e para a praacutetica social

o quadro 08 (p 189) apresenta um resumo das oficinas desenvolvidas e nossa percepccedilatildeo

sobre seus resultados

Ao propormos a estrutura de oficinas de aprendizagem afirmamos ser possiacutevel

realizar a transiccedilatildeo entre os conhecimentos praacuteticos e teoacutericos relacionados ao processo

de ensino-aprendizagem de Geografia

Eacute necessaacuterio observar que tatildeo importante quanto os conteuacutedos trazidos pelo

curriacuteculo escolar satildeo as praacuteticas luacutedicas O espaccedilo geograacutefico tambeacutem educa alfabetiza

a crianccedila Eacute necessaacuterio mostrar que a famiacutelia a sociedade preferecircncias de lugares de

habitaccedilatildeo estudo e lazer relacionados agraves suas atividades cotidianas integram a leitura de

mundo dos estudantes

Para os alunos as atividades realizadas por meio da maquete mental ou dos

mapas mudos possibilitaram a construccedilatildeo de uma imagem mental em muitos casos

possibilitou um primeiro contato com assunto Em outras as atividades como a baleada

geograacutefica foi reconhecida da seguinte forma

A de baleada [] no modo de dizer eacute um jogo e uma atividade aiacute eacute um

jogo Como eacute que se diz professor Eacute uma tarefa [] A gente aprende na

praacutetica quais satildeo os pontos cardeais norte sul leste oeste e depois usa isso

na sala de aula (Aluno 45 5ordm ano)

Observamos que na efetivaccedilatildeo do saber compartilhado (enunciado coletivo) e da

realizaccedilatildeo de atividades que possibilite a capacidade de aprender a aprender a

motivaccedilatildeo para descobrir e o estiacutemulo a autonomia dos sujeitos compotildeem uma relaccedilatildeo

dialeacutetica entre a praacutetica e diaacutelogo72 Eles buscam interpretar e compreender um ao outro

ldquo[] a compreensatildeo eacute uma forma de diaacutelogo ela estaacute para a enunciaccedilatildeo assim como

uma reacuteplica estaacute para a outra no diaacutelogo Compreender eacute opor agrave palavra do locutor uma

contrapalavra []rdquo (BAKHTIN 2012 p 137)

As praacuteticas apresentadas no quadro 08 (p 188) compotildeem algumas sugestotildees de

como o professor pode utilizar tais estrateacutegias objetivando construir noccedilotildees habilidades

e competecircncias Natildeo satildeo receitas prontas pretendem auxiliar no processo de

observaccedilatildeo registro e avaliaccedilatildeo dos alunos Outra ressalva eacute que tais praacuteticas desafiem

os discentes e que estejam a serviccedilo do planejamento do professor

72 Segundo os alunos o uso do brinquedo (bola) e a atividade praacutetica do jogo auxiliaram no

desenvolvimento dos mapas pois como mencionado ldquoaprenderam maisrdquo porque foi uma atividade

diferente divertida O aluno aprende mais quando estaacute feliz motivado envolvido

188

QUADRO 08 PROPOSTA DAS OFICINAS PEDAGOGICAS PARA CONSTRUCcedilAtildeO DE NOCcedilOtildeES E HABILIDADES

OFICINA CONTEUacuteDOS NOCcedilOtildeES HABILIDADES

1 M

AQ

UE

TE

ME

NT

AL

A divisatildeo administrativa dos bairros encontrados em um municiacutepio

Recursos hiacutedricos na cidade

Meio Ambiente e poluiccedilatildeo

Identidade e cidadania

Desenvolver o trabalho em equipe para a realizaccedilatildeo

de uma atividade

Refletir sobre sua condiccedilatildeo de cidadatildeo que

participa e constroacutei a sociedade

2 M

AP

AS

MU

DO

S

4ordm

AN

O

Regionalizaccedilatildeo nordestina e das mesorregiotildees geograacuteficas da Paraiacuteba

Construccedilatildeo da legenda orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo das toponiacutemias Representar e refletir sobre a condiccedilatildeo da

regionalizaccedilatildeo estadual nacional

5 ordm

AN

O Regionalizaccedilatildeo brasileira

As praacuteticas desportivas no Brasil (futebol)

Construccedilatildeo da legenda orientaccedilatildeo e localizaccedilatildeo das toponiacutemias

3 B

AL

EA

DA

GE

OG

RAacute

FIC

A

Localizaccedilatildeo orientaccedilatildeo e direccedilatildeo espacial

Iniciativa coordenaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo no trabalho

em equipe

Planejar e verbalizar as accedilotildees a serem executadas

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) Organizado por David L R de Almeida

189

53 DOS MAPAS MENTAIS UTILIZADOS EM SALA DE AULA

Apoacutes analisarmos os mapas mentais das crianccedilas bem como sua relevacircncia no

processo de alfabetizaccedilatildeo geograacutefica e cartograacutefica veremos como estes podem auxiliar nos

processos de ensino-aprendizagem Para isto consideraremos o discurso das professoras Nas

palavras das docentes apoacutes a realizaccedilatildeo das oficinas pedagoacutegicas e do trabalho com os mapas

mentais foi avaliadas diferenccedilas com relaccedilatildeo agrave percepccedilatildeo da aprendizagem de Geografia

pelos alunos do 4ordm e 5ordm ano elas consideram que

ldquoAs mudanccedilas na aprendizagem dos alunos se deu com gostar da lsquomateacuteriarsquo ter

curiosidade em conhecer e pocircr em praacutetica o que aprenderam Por exemplo ler e

desenhar mapas mentais e pesquisar em livrosrdquo (Prof Marta 4ordm ano)

ldquoA leitura de mapas e suas legendas a rosa dos ventos O reconhecimento dos pontos

cardeais observar diferentes paisagens identificando suas transformaccedilotildeesrdquo (Prof

Beatriz 5ordm ano)

Eacute importante frisar que buscamos sintetizar as informaccedilotildees apresentadas na anaacutelise

dos mapas mentais sobre a forma de dois graacuteficos o primeiro correspondente as noccedilotildees

geograacuteficas utilizadas em nossas anaacutelises (quadro 09 p 189) e das habilidades utilizadas

pelos alunos durante estas atividades (quadro 10 p190)

O estaacutegio das noccedilotildees geograacuteficas analisadas nos mapas mentais tal como as

habilidades desenvolvidas pelos alunos foram classificadas com base em seu grau de

ocorrecircncia em cada uma das atividades soma-se a estas anaacutelises as observaccedilotildees e descriccedilotildees

dos alunos e professoras realizadas em cada turma Lembramos que os mapas apresentados

correspondem aos seguintes temas Mapa A Canal das Piabas mapa B Mesorregiotildees da

Paraiacuteba mapa C Mapa da minha vida e mapa D Regiatildeo Centro-oeste

QUADRO 9 GRAacuteFICO DAS NOCcedilOtildeES GEOGRAacuteFICAS ANALISADAS NOS MAPAS MENTAIS

Nos mapas mentais observa-se 4ordm ano 5 ordm ano

as noccedilotildees de Mapa A Mapa B Mapa C Mapa D

Percepccedilatildeo espacial

Uso de toponiacutemias

Localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial

Escala geograacutefica

Legenda

Ausente

Pouca

Suficiente

Muita

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) Organizado por David L R de Almeida

190

A seguir temos o quadro das habilidades destacada para o desenvolvimento dos

mapas mentais Podemos observar mais atentamente os mecanismos utilizados para

construccedilatildeo desses mapas bem como sua relevacircncia no processo de aprendizagem e

internalizaccedilatildeo do conhecimento

QUADRO 10 GRAacuteFICO DAS HABILIDADES DESTACADAS PARA O DESENVOLVIMENTO DOS

MAPAS MENTAIS

Nos mapas mentais observa-se 4ordm ano 5 ordm ano

as habilidades de Mapa A Mapa B Mapa C Mapa D

Representaccedilatildeo

Comunicaccedilatildeo

Interaccedilatildeo

Reflexatildeo

Legenda

Ausente

Pouca

Suficiente

Muita

Fonte Pesquisa de Campo out nov (2014) Organizado por David L R de Almeida

Em anaacutelise geral do quadro 09 da construccedilatildeo dos mapas mentais eacute verificado que as

atividades individuais que contaram com pouca ou nenhuma mediaccedilatildeo entre os alunos da

professora regente ou do pesquisador encontraram-se entre as representaccedilotildees com menores

rendimentos de desempenho pelos alunos principalmente no que corresponde aos temas do

mapa B e C

Eacute preciso ressaltar que embora o erro seja socialmente caracterizado como algo

negativo o mesmo tem seus fundamentos e satildeo passiacuteveis de serem identificados Ele eacute

indispensaacutevel para a conquista de novos saberes Segundo Lessan (2011 p 81) ldquonenhum erro

eacute devido ao acaso Todo erro eacute resultado de um raciociacutenio que falhou ou mesmo da falta de

raciociacutenio Uma resposta considerada lsquoerradarsquo pelo professor foi dada por um aluno cujo

pensamento loacutegico de algum modo desviou-se do esperadordquo

Um fator que merece destaque foi agrave ausecircncia da comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo entre os

alunos do 4ordm ano na realizaccedilatildeo do mapa B (ver quadro 09 p 189) por exemplo

Questionamo-nos se isto pode ter repercutido no desenvolvimento do raciociacutenio geograacutefico

acerca do tema proposto Em entrevista com os estudantes do 4ordm ano eacute ressaltada dificuldades

na realizaccedilatildeo da proposta Para eles o formato de prova mais prejudicou que auxiliou no

desenvolvimento da atividade O seguinte fragmento da entrevista esclarece alguns

posicionamentos dos alunos vejamos

191

Aluno 09 ndash Na hora eu achei difiacutecil mas daiacute eu fiquei assim olhando mesorregiatildeo

mesorregiatildeo daiacute quando natildeo podia colar eu fui e fiz na doida73 Eu natildeo sabia

mesmo Soacute faltava duas provas para eu terminar de ano

Aluno 11ndash A prova [] Porque era para desenhar o mapa desenhar as regiotildees ai

ficou complicado

Pesquisador ndash Mas vocecircs se lembram que jaacute haviacuteamos realizado uma atividade bem

parecida

Aluno 09 ndash Sim mas eles natildeo podiam pegar o caderno porque estavam bem

proacuteximos a professora

Aluno 18 ndash Mas a maioria estava consultando

Aluno 09 ndash Eacute professor quem acertou eacute porque colou Se eu errar assim eu tocirc

dizendo que eu fiz na doida

Aluno 18 ndash Eu tambeacutem meu coraccedilatildeo ficou tu tutututu

Entre as respostas apresentadas pelos alunos do 5ordm ano tambeacutem estiveram justificativas

semelhantes Quando qustionamos aos alunos sobre as atividades que menos gostaram de

realizar o aluno 39 aponta ndash ldquoA que eu menos gostei foi agrave primeira [mapa da minha vida] Foi

um pouquinho difiacutecil porque quando eu chamava a professora ela natildeo vinha Eu fiz tudo na

doidardquo

Supomos inicialmente que o problema se encontrava no enunciado das atividades

mas os alunos afirmaram que sabia qual era o objetivo dos exerciacutecios Entendemos que para

os alunos do 4ordm ano a ldquoconsultardquo forneceria um melhor desempenho nos resultados por sua

vez o estudante do 5ordm ano ressalta a mediaccedilatildeo da professora

Podemos perceber que os mapas anteriormente citados apontam que a ausecircncia do

uso de instrumentos mediadores ou do auxiacutelio de pessoas mais ldquocapacitadasrdquo resultou em

atividades realizadas na ldquodoidardquo ou seja por atividades mecacircnicas com alto grau de

sincretismo Em ambos os casos percebemos de forma niacutetida que a Zona de

Desenvolvimento Proximal se fez presente enquanto elo entre os conhecimentos antigos e os

receacutem construiacutedos tal como argumenta Rego (1995) Como consequecircncia deste fator a carga

emocional e possivelmente uma repressatildeo atraveacutes de notas cobranccedila dos colegas pais e

professora fizeram-se presente como nos faz acreditar o aluno 18 (4ordm ano)

Salientamos ainda que os mapas mentais possuem limites uma vez que satildeo apenas

mais um entre tantos outros recursos que podem ser utilizados nas aulas de Geografia Ao

utilizar o mapa mental enquanto prova na turma do 4ordm ano observamos que a tensatildeo

emocional prejudicou a execuccedilatildeo da proposta Outro fato decorre da compreensatildeo dos alunos

sobre o tema que por mais que tivesse sido trabalhado durante as aulas natildeo conseguiram

sistematizar esses conhecimentos em forma de imagens mentais coerentes sequer transpor

esses saberes para o papel

73 Para os alunos ldquofazer na doidardquo significa realizar uma tarefa sem muitos paracircmetros Realizar uma

determinada atividade e tentar por sorte resolver determinado problema

192

Observamos que estaacute tensatildeo entre certo e errado no sistema de ensino-aprendizagem

escolar adveacutem de outras situaccedilotildees de aprendizagem Ao questionarmos os alunos sobre seus

procedimentos de aprendizagem estudo a grande maioria recorre aos meacutetodos de coacutepia

leitura e recitaccedilatildeo oral em outros casos eles relatam o seguinte

Pesquisador ndash Como vocecircs fazem para estudar para uma prova por exemplo

Aluno 39 ndash Eu natildeo estudo natildeo

Aluno 22ndash Ela [a professora Beatriz] manda as questotildees que vatildeo cair na prova e a

gente estuda

Aluno 25ndash De vez em quando eu estudo em casa

Copiar repetir ler recitar oralmente o processo decorar as questotildees que vatildeo ldquocair na

provardquo ou simplesmente natildeo estudar Estes argumentos possivelmente justificam algumas

accedilotildees como a desenvolvida no mapa da regiatildeo Centro-Oeste pelo grupo 05 (figura 39 p 172)

ao copiar o mapa encontrado no livro didaacutetico A charge (figura 44 p 192) parece sintetizar

as situaccedilotildees vivenciadas O professor apoacutes explicar determinado assunto pergunta a seus

alunos - Perceberam E todos respondem - Sim Cada um agrave sua forma e distintas do

professor

FIGURA 44 RELACcedilAtildeO DE ENSINO E APRENDIZAGEM NA ESCOLA

Fonte CANAacuteRIO 2006 p 43

Segundo Canaacuterio (2006 p 42) o sistema escolar enfatiza ldquoa loacutegica da repeticcedilatildeo da

informaccedilatildeordquo Somos instruiacutedos desde a infacircncia a repetir a versatildeo apresentada pelo professor

esperando que nossas respostas se aproximem do que nos eacute exigido ldquoa escola condena-se agrave

entropiardquo e consequentemente eacute reduzido o tempo para repensarmos e criarmos novos

saberes

Outro limite que pode estar envolto nas praacuteticas com os mapas mentais eacute consideraacute-las

como uma ldquosimples atividade de desenhordquo Ao perguntarmos ao grupo de estudantes do 5ordm

193

ano sobre as dificuldades encontradas na realizaccedilatildeo dos mapas mentais e suas justificativas

eles apontam

Aluno 43ndash [] O que a gente teve que desenhar o mapa O mapa mental eacute esse aiacute

[] Porque eu natildeo sei desenhar Ah E soacute E porque dava preguiccedila

Aluno 24ndash Eu natildeo tenho paciecircncia de fazer desenho natildeo Eu sou mais escrever

ldquotudinhordquo e responder do que fazer desenho

Como expresso por esses estudantes o haacutebito voltado agraves ldquoatividades tradicionaisrdquo ateacute

mesmo nos anos iniciais do Ensino Fundamental fazem da praacutetica do ldquodesenhar o mapardquo algo

enfadonho caracterizado como infantil e atingem graus de preacute-conceitos pois se natildeo se

encontram na praacutetica da professora eacute ultrapassado Resultados proacuteximos as consideraccedilotildees

realizadas por Miranda (2005)

Observamos ainda que a cultura escolar natildeo corresponde apenas a resistecircncia dos

professores na utilizaccedilatildeo de uma metodologia ou recurso mas tambeacutem dos pais de alunos da

direccedilatildeo escolar e dos proacuteprios estudantes Eles acreditam muitas vezes que as didaacuteticas

tradicionais satildeo as mais eficazes ou que como afirma a gestora Rosacircngela o pilar dos anos

iniciais do Ensino Fundamental esteja nos componentes curriculares de Portuguecircs e

Matemaacutetica

Possivelmente as praacuteticas analisadas expliquem o alto iacutendice de reprovaccedilatildeo dos

alunos do 5ordm ano na Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira no ano de 2014

Resgatando o que falaacutevamos sobre a equidade etaacuteria sucesso escolar e promoccedilatildeo dos

alunos74 com o posicionamento da gestora escolar eacute apontado que dos 21 alunos que

frequentavam o 5ordm ano em 2014 dez alunos foram retidos por natildeo adquirirem uma seacuterie de

capacidades consideradas suficiente para o 6ordm ano Alguns foram promovidos entretanto com

uma seacuterie de dificuldades ainda a superar75 Destacamos as competecircncias relacionadas agrave accedilatildeo

cognitiva (expressatildeo oral e escrita realizaccedilatildeo das tarefas entre outros) e habilidades

relacionadas agrave interaccedilatildeo social (relacionamento com colegas e adultos respeito agraves regras)76

Eacute importante acrescentar que para ldquosuperar essa situaccedilatildeo soacute eacute possiacutevel se as escolas

puderem estabelecer rupturas com a sua matriz organizacional histoacuterica evoluindo de

sistemas de repeticcedilatildeo de informaccedilotildees para sistemas de produccedilatildeo de saberesrdquo (CANAacuteRIO

74 Esta discussatildeo eacute encontrada no primeiro capiacutetulo paacuteginas 24 a 27 75 Os alunos retidos satildeo 22 24 25 29 33 34 37 40 44 e 51 Dos alunos que foram promovidos mas com

algumas dificuldades satildeo 23 26 27 30 38 43 e 49 Eacute valido observar que a maioria dos alunos retidos foram os

mesmos que apresentaram dificuldades na realizaccedilatildeo dos mapas mentais Isso nos leva a considerar o baixo

iacutendice de rendimento dos estudantes em outras disciplinas escolares visto que o ato da retenccedilatildeo eacute resultado de

uma accedilatildeo global do aluno em acircmbito escolar 76 O modelo da ficha de acompanhamento (com todos os preacute-requisitos relacionados agrave condiccedilatildeo de aprovaccedilatildeo ou

reprovaccedilatildeo) utilizada pelas professoras encontra-se em anexo (Anexo II)

194

2006 p 43) Em outras palavras eacute preciso relacionar as condiccedilotildees do descobrir criar errar e

aprender no processo escolar de aprendizagem

A proposta eacute incentivar os alunos a serem criativos e curiosos Nossa percepccedilatildeo sobre

a alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica eacute que ela aponte o trabalho em equipe (o que natildeo necessariamente

produziraacute resultados coletivos) desenvolver uma postura assertiva por parte dos professores e

alunos ou seja formar sujeitos confiantes que defendam suas ideias mas que saibam ouvir

lidar com a criacutetica e respeitar a opiniatildeo do outro como eacute observado no quadro 10 (p 190) os

criteacuterios de comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo nos mapas A B e C

As limitaccedilotildees que muitas vezes se apresentam nos mapas mentais podem servir como

indiacutecios das dificuldades encontradas pelos alunos como a compreensatildeo das noccedilotildees de

localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial por exemplo (mapas A e C) Em alguns casos as limitaccedilotildees

poderatildeo estar relacionadas com as temaacuteticas trabalhadas em sala de aula como o processo de

regionalizaccedilatildeo estadual ou brasileiro

Como discutimos ao longo da interpretaccedilatildeo dos mapas mentais agrave medida que a escala

geograacutefica muda altera-se o enfoque de anaacutelise A maioria das crianccedilas e adolescentes pode

apresentar facilidades no uso e compreensatildeo de algumas noccedilotildees como a percepccedilatildeo espacial

Isso se evidencia ao selecionar agrupar e destacar estados e ou regiotildees (quadro 10 p 190

mapa C e D) como dificuldades para localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo espacial (mapa C)

Como discutem Almeida amp Passini (2010) alfabetizar cartograficamente eacute possibilitar

que os discentes realizem o exerciacutecio de codificaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo dos mapas Percebemos

que ao realizar estas atividades eles podem ler e expressar mensagens impliacutecitas relacionadas

aos conhecimentos apreendidos na escola ampliando sua leitura de mundo vivido como foi o

caso do ldquoBuraco da Giardquo

O principal aspecto que devemos nos certificar ao trabalharmos os mapas mentais

com alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental eacute se haacute ou natildeo a formaccedilatildeo de uma

imagem mental preacutevia acerca do espaccedilo trabalhado Observamos que em muitos casos os

alunos do 4ordm e 5ordm ano destacam a importacircncia da apresentaccedilatildeo e fundamentaccedilatildeo do conteuacutedo

mediante as oficinas pedagoacutegicas antes da execuccedilatildeo das atividades A partir disso novas

descobertas podem ser realizadas como explica o discente do 4ordm ano

Pesquisador ndash O que vocecirc acha que aprendeu fazendo o mapa mental

Aluno 03 - Uma coisa que eu nunca iria imaginar que existissem as quatro

mesorregiotildees

Pesquisador ndash E como vocecirc entendia antes da gente realizar esta atividade

195

Aluno 03 ndash A uacutenica coisa que eu sabia sobre a Paraiacuteba era a populaccedilatildeo e os

223 municiacutepios77

Ao nos basearmos na proposta interacionista de Vigostki (1998) pressupomos que o

modelo de atividades (mapas existentes) natildeo expressa necessariamente um instrumento de

coacutepia mas um referencial para internalizaccedilatildeo do conhecimento trabalhado na escola praacutetica

semelhante agrave universitaacuteria Contudo muitas vezes a escola se limita em praacuteticas arcaicas de

repeticcedilatildeo e memorizaccedilatildeo do conhecimento como se isso fosse de fato efetivar os

conhecimentos algo perceptiacutevel no discurso do aluno 03 Infelizmente parece que a escola

promove um ensino segregado em que

Desencoraja-se a cooperaccedilatildeo incita-se ao trabalho individual e proiacutebe-se a

consulta de documentaccedilatildeo (para que natildeo seja copiada) Os exames

representam a situaccedilatildeo-limite em que tais caracteriacutesticas estatildeo mais

claramente acentuadas (CANAacuteRIO 2006 p 45)

Salientamos que natildeo queremos transmitir a ideia de desvalorizaccedilatildeo da escola mas

destacar que as informaccedilotildees satildeo externas a noacutes A proacutepria constituiccedilatildeo da linguagem apontada

por Bakhtin (2012) destaca o enunciado como o princiacutepio dialoacutegico produzido

propositalmente na direccedilatildeo do outro Ao enunciar buscamos agir sobre o outro reconstruir

experiecircncias natildeo apenas para responder a questotildees das provas a proposta eacute redimensionar o

sentido e ampliar nossa perspectiva de aprendizagem nossa leitura de mundo

De acordo com as nossas anaacutelises e interpretaccedilotildees relacionadas agrave construccedilatildeo e

interpretaccedilatildeo dos mapas mentais podemos considerar a importacircncia de cada uma das noccedilotildees

utilizadas percepccedilatildeo espacial uso das toponiacutemias localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo e a escala

geograacutefica que satildeo frutos de um saber sistematizado mas que considera a loacutegica da

organizaccedilatildeo espacial da realidade percebida concebida vivenciada e aprendida pelos alunos

das turmas as quais trabalhamos

Por fim de acordo com as propostas apresentas ao longo desse trabalho temos

condiccedilotildees de apontar algumas estrateacutegias Elas poderatildeo orientar o trabalho docente em

proposta de alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica Ressaltamos por fim a importacircncia dos mapas

mentais e suas praacuteticas auxiliares como um processo que possibilite o ensino-aprendizagem

de Geografia

77 Eacute veriacutedica a informaccedilatildeo sobre a quantidade de municiacutepios paraibanos apresentados pelo aluno Entretanto

como jaacute destacado nos paraacutegrafos anteriores seraacute que esta informaccedilatildeo contribui para a formaccedilatildeo de um

raciociacutenio geograacutefico Acreditamos que apenas o ato da memorizaccedilatildeo natildeo auxilia o desenvolvimento desse

raciociacutenio

196

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Em nossa pesquisa procuramos aprofundar as discussotildees acerca da Cartografia

Escolar Valorizamos o recurso mapa mental enquanto uma praacutetica didaacutetico-pedagoacutegica nas

aulas de Geografia nos anos iniciais do Ensino Fundamental Para isso nos preocupamos em

construir junto com os alunos noccedilotildees e habilidades consideradas necessaacuterias para este estaacutegio

de formaccedilatildeo a partir de atividades praacuteticas e teoacutericas

Consideramos que nosso objetivo geral foi alcanccedilado ao investigar as potencialidades e

limitaccedilotildees do recurso mapa mental para o ensino-aprendizagem de Geografia com alunos do

4ordm e 5ordm ano dos anos iniciais do Ensino Fundamental tal como nossos objetivos especiacuteficos

que buscavam

Diagnosticar as dificuldades referentes ao domiacutenio de habilidades e noccedilotildees

cartograacuteficas dos alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental realizando uma

anaacutelise dessas dificuldades

Pesquisar o mapa mental mediante situaccedilotildees de ensino-aprendizagem que conduzam a

reflexatildeo sobre a espacialidade

Apresentar atividades que permitam desenvolver habilidades e noccedilotildees conceituais para

os alunos atraveacutes do desenvolvimento de mapas mentais e que possam auxiliar as

aulas de Geografia dos professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental

Propor orientaccedilotildees que auxiliem o professor desta fase a trabalharem com os mapas

mentais junto ao puacuteblico dos anos iniciais do Ensino Fundamental

Pudemos notar com o desenvolvimento dos mapas mentais que modelos de ensino-

aprendizagem de Geografia que valorizam o ato de decorar a coacutepia mecacircnica e a recitaccedilatildeo ou

mesmo o fato de ldquonatildeo estudarrdquo caso da turma do 5ordm ano justificam possivelmente o alto

iacutendice de retenccedilatildeo na unidade escolar Fatos que natildeo se restringem agraves praacuteticas escolares de

Geografia na Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira

Aleacutem disso chegamos agrave conclusatildeo que de acordo com o relato dos sujeitos participantes

da pesquisa que a escola principalmente entre o 1ordm ao 5ordm ano haacute um alto valor para as

disciplinas de Matemaacutetica e Portuguecircs Acreditamos que elas satildeo fundamentais para a

progressatildeo escolar e social dos alunos mas natildeo satildeo as uacutenicas Para Bakhtin (2012) eacute

197

necessaacuterio atribuir sentido a palavra apreendida e isso pode ser realizado a partir da

Geografia

Natildeo pretendemos assegurar os insucessos ou limitaccedilotildees das praacuteticas com os mapas

mentais apenas aos resultados supracitados visto que na maioria dos casos os alunos do 4ordm e

5ordm ano puderam demonstrar avanccedilos no que corresponde a percepccedilatildeo espacial do lugar e o

iniacutecio de uma estruturaccedilatildeo de imagens mentais e saberes acerca do (SEU) mundo

Vale ressaltar que nenhuma aprendizagem eacute inata e que aleacutem disso nem tudo que eacute

ensinado eacute apreendido ou expresso com o mesmo valor (CANAacuteRIO 2006) A imagem mental

construiacuteda cognitivamente pelos alunos passa por diferentes ruiacutedos pragmaacuteticos emocionais

sociais etc que podem resultar em diferentes expressotildees entre elas as representaccedilotildees

cartograacuteficas

Consideramos o valor da alfabetizaccedilatildeo cartograacutefica enquanto uma proposta

metodoloacutegica para a construccedilatildeo de noccedilotildees e habilidades espaciais para isso as sugestotildees de

oficinas e suas praacuteticas luacutedicas e teoacutericas foram realizadas considerando o nosso puacuteblico pois

acreditamos que eacute possiacutevel ensinar-aprender brincando divertindo-se motivando Eacute

necessaacuterio deixar as crianccedilas e adolescentes serem o que satildeo

Por outro lado observamos que durante estas praacuteticas os alunos puderam desenvolver

raciociacutenios que ora se expressaram nos mapas mentais ora na verbalizaccedilatildeo destes saberes

Puderam tambeacutem construir sua identidade ao pensarem o seu cotidiano Como exemplo houve

a construccedilatildeo da maquete e mapas mentais sobre o Canal das Piabas (alunos do 4ordm ano) e os

alunos do 5ordm ano ao construiacuterem uma regionalizaccedilatildeo por meio do mapa da minha vida da

construccedilatildeo dos mapas mudos

As atividades promovidas buscaram atribuir sentido e coerecircncia aos assuntos

estudados nas aulas de Geografia Partimos da percepccedilatildeo habitual construindo uma anaacutelise

geograacutefica com os alunos ao propor o ato de observar comparar sistematizar refletir

representar e ler o espaccedilo em diferentes escalas Essas praacuteticas confirmam parcialmente

nossa hipoacutetese inicial sobre a potencialidade do mapa mental enquanto recurso que possibilita

uma habilidade consciente do ato de mapear Verificamos que ao relacionar experiecircncias e

informaccedilotildees trazidas pelos alunos a maioria deles pocircde atribuir sentido as atividades

cotidianas no espaccedilo geograacutefico

Nesse sentido as noccedilotildees escolhidas percepccedilatildeo espacial o uso de toponiacutemias

localizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo e escala geograacutefica puderam servir de paracircmetros para representaccedilatildeo

e avaliaccedilatildeo dos mapas mentais Apontamos algumas consideraccedilotildees importantes que

possivelmente podem colaborar com o uso dos esboccedilos cartograacuteficos nas salas de aula

198

Desenvolver praacuteticas com os mapas mentais em escalas locais assim como

regionais Observamos que ao mudar a escala geograacutefica os alunos podem apresentar

aptidotildees ou deacuteficits de aprendizagem Entre os exemplos estaacute o da percepccedilatildeo espacial

retratada nos mapas mentais dos alunos do 4ordm ano o Canal das Piabas em que os

alunos divergiam ao representar o espaccedilo em perspectivas laterais verticais e ou

obliacutequas O mesmo natildeo ocorreu necessariamente no desenvolvimento do segundo

mapa mental sobre as mesorregiotildees da Paraiacuteba

A alfabetizaccedilatildeo da liacutengua materna pode e deve utilizar-se dos conhecimentos das

mais diversas aacutereas da ciecircncia tais como no nosso contexto de pesquisa os

geograacuteficos e vice-versa Observamos que em alguns casos a hierarquizaccedilatildeo

sequencialidade (da direita agrave esquerda) eacute utilizada na escrita e transposta ao mapa

resultando em equiacutevocos como localizar o Sertatildeo vizinho ao Oceano Atlacircntico

Tambeacutem foi expresso nos mapas mentais o que nos leva a ressaltar a importacircncia da

leitura de imagens (desenhos mapas fotos etc) como uma forma de comunicaccedilatildeo

essencial para a leitura de mundo

Incentivar a participaccedilatildeo do aluno individualmente ou em grupo possibilitando

o diaacutelogo entre os estudantes Instigar a mediaccedilatildeo entre os alunos aleacutem do auxiacutelio do

professor Zona de Desenvolvimento Proximal para o Real (VIGOTSKI 1998)

Lembrar que a realizaccedilatildeo das atividades eacute mais importante que o proacuteprio

resultado Estes momentos de construccedilatildeo natildeo devem estar desassociados dos

argumentos trazidos pelos alunos de modo que a avaliaccedilatildeo das noccedilotildees conceituais e

habilidades devem estar em acordo com a proposta da aula

Retomar sempre que necessaacuterio o desenvolvimento das noccedilotildees ainda natildeo

compreendidas No 5ordm ano por exemplo ao observarmos que o aluno 43 havia

apresentado no ldquoMapa da minha vidardquo paiacuteses como Itaacutelia e Japatildeo buscamos por meio

da oficina produzir mapas mudos sobre as partidas ocorridas nos estaacutedios de futebol

brasileiro Diferenciamos a escala de cidade (onde foi realizado o jogo) regiatildeo (qual a

regiatildeo se encontra) nacional (qual paiacutes a minha seleccedilatildeo representa) e internacional

(quais as seleccedilotildees jogaram contra o Brasil Quais paiacuteses elas representam)

Entendemos que a escola deva formar o sujeito para o mercado de trabalho

sonho de muitos alunos entrevistados mas tambeacutem favorecer e esclarecer a

importacircncia desses conhecimentos para o presente Os estudantes devem utilizar

199

cotidianamente os saberes aprendidos para estimular sua memoacuteria de longa duraccedilatildeo

aleacutem de motivaacute-los a busca de novos conhecimentos

Natildeo se pretende com esta dissertaccedilatildeo apresentar receitas prontas mas estimular

outras pesquisas acadecircmicas e praacuteticas escolares Para os estudantes e professores de

Geografia ressaltamos que estas praacuteticas natildeo se restringem aos anos iniciais do Ensino

Fundamental O que nos leva acreditar sobre a importacircncia de uma sistematizaccedilatildeo destes

saberes para a formaccedilatildeo universitaacuteria de professores de Geografia e Pedagogia

Convidamos tambeacutem o professor e sua equipe pedagoacutegica para uma reflexatildeo sobre os

objetivos conteuacutedos e metodologias pertinentes aos anos iniciais do Ensino Fundamental

Desse modo nenhuma das propostas apresentadas estaacute fechada acabada Acreditamos na

experiecircncia autonomia e criatividade dos docentes para dar novos contornos agraves sugestotildees

escritas possibilitando abrir novos caminhos para utilizaccedilatildeo dos mapas mentais nas escolas

200

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207

APEcircNDICES

208

APEcircNDICE I - JORNAL DE PESQUISA

ATIVIDADES ANTERIORES AO PROJETO DE PESQUISA

Dias 17 de setembro de 2014

Primeira visita a Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira ndash solicitaccedilatildeo da

pesquisa de campo Vou ateacute a escola pelo periacuteodo da manhatilde conversar com a gestora escolar

Rosacircngela79 Ao entrar sou reconhecido pelo porteiro da escola em decorrecircncia da pesquisa-

piloto realizada com os alunos do 5ordm ano em 2013 Apoacutes uma raacutepida conversa ele me informa

que a gestora encontra-se na sua sala

Sigo ateacute a diretoria e apoacutes aguardar alguns minutos sou atendido Entrego e apresento

a gestora a proposta do projeto de dissertaccedilatildeo e pergunto sobre a disponibilidade da sua

execuccedilatildeo da pesquisa nas turmas de 4ordm e 5ordm ano A gestora me pede que retorne amanhatilde agrave

tarde visto que o horaacuterios de aulas das turmas de 4ordm e 5ordm ano satildeo no periacuteodo vespertino e

explica que necessita conversar com as professoras sobre o assunto

Dia 18 de setembro de 2014

Retorno a escola agora no periacuteodo da tarde a gestora jaacute me aguardava Me relata que

as professoras gostariam que explicasse o projeto para elas me pedindo para aguarda-las na

sala dos professores ateacute o horaacuterio do recreio

Chegado o horaacuterio do intervalo as professoras se dirigem ateacute o local onde eu as

aguardava Sou apresentado a professora Marta do 4ordm ano jaacute a professora Beatriz80 havia

conhecido no ano anterior em decorrecircncia da pesquisa piloto que havia realizado em sua

turma de 5ordm ano

Apresentei e entreguei o projeto para as docentes demonstrei algumas pesquisas-

pilotos realizadas anteriormente Ao iniciarmos a conversa a professora Beatriz relatou alguns

pontos positivos da proposta com os mapas mentais com a sua turma do ano passado Ambas

as professoras estavam preocupadas com o calendaacuterio escolar e perguntaram se poderiacuteamos

relacionar os mapas mentais com os temas a serem trabalhados na disciplina durante o 4ordm

bimestre Aceitei os termos das professoras e elas se prontificaram a auxiliar no

79 Nome fictiacutecio que adotamos para a gestora escolar 80 O nome atribuiacutedo as professoras satildeo fictiacutecios com a intenccedilatildeo de preservar sua identidade

209

desenvolvimento do planejamento das aulas Combinamos de realizar a delimitaccedilatildeo desse

planejamento no dia 26 de setembro

Dia 26 de setembro de 2014

Neste dia retorno a escola para conversar com as professoras inicialmente vou ateacute a

sala da professora Marta ela havia passado uma atividade para a sua turma e todos estavam

concentrados em sua liccedilatildeo Fui apresentado a turma e alguns estudantes me reconheceram

dizendo que jaacute haviam me visto pela nos corredores da escola

Conversei com a professora Marta durante meia hora ela me apresentou os conteuacutedos

a serem ministrados no 4ordm bimestre se trata da temaacutetica Paraiacuteba Ela me entregou duas folhas

havia nelas uma descriccedilatildeo geneacuterica do estado mais tarde em casa apoacutes uma pesquisa na

internet comprovei que se tratava de uma descriccedilatildeo retirada do site do Wikipeacutedia Perguntei a

professora se poderiacuteamos utilizar outras fontes de informaccedilatildeo como atlas escolares mapas

murais entre outros ela mencionou que haviam atlas na escola e se fosse necessaacuterio poderia

ser disponibilizados nas aulas

Em seguida fui a sala da professora Beatriz ela tambeacutem havia passado uma atividade

para os estudantes (que pareciam agitados) alguns jaacute se retiravam-se da sala e dirigiam-se ao

recreio em decorrecircncia do horaacuterio Durante o intervalo ela me explicou o que havia ministrado

durante o 1ordm ao 3ordm bimestre apresentou um mapa das Ameacutericas (mapa Ameacuterica colonizaccedilatildeo

europeia do seacuteculo XVII para ser mais exato disponibilizado no livro didaacutetico usado na

disciplina de Geografia) explicando que se tratava do mapa mundo Fiquei um pouco

pensativo seraacute que a professora natildeo sabe distinguir a relaccedilatildeo de escala Ela acrescenta que

natildeo segue a ordem do livro didaacutetico ensinando os assuntos que lhe parecem mais

apropriados

Prossegui a conversa e perguntei quais os uacuteltimos assuntos haviam sido tratados ela

responde que o processo de regionalizaccedilatildeo e as regiotildees do Brasil com ecircnfase no Norte e

Nordeste Explica que alguns alunos haviam tido certa dificuldade perguntei se poderia

resgatar alguns assuntos jaacute estudados ela responde que sim

No intervalo combino com as professoras o dia das aulas trocamos contatos de

telefone e e-mail dessa forma finalizamos e organizamos as aulas realizadas nas turmas do 4ordm

e 5ordm ano

TURMA DO 4ordm ANO

210

Dia 14 de outubro de 2014

A pesquisa realizada com os 21 alunos e a professora Marta na Escola Municipal

Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira iniciou-se nesta tarde de primavera Apoacutes o retorno do feriado

do dia das crianccedilas dos 150 anos de emancipaccedilatildeo da cidade de Campina Grande - PB e de

anteceder os festejos do dia do professor as aulas retornam prosseguindo o curriacuteculo escolar

habitual

A temaacutetica geral discutida com os alunos do 4ordm ano foi ldquoGeografia da Paraiacuteba um

estudo atraveacutes da produccedilatildeo e leitura de mapas mentaisrdquo Conversei com os alunos sobre a

importacircncia dos mapas em seu cotidiano se jaacute haviam usado este recurso dentro e fora da

escola quais assuntos os mapas tratavam recebi respostas como ldquoos continentesrdquo ldquoos

paiacutesesrdquo ldquoos bairrosrdquo ldquoos estados e capitaisrdquo entre outras Tentei relacionar a outros temas

como os mapas da previsatildeo do tempo apresentados no programas de TV

Nossa discussatildeo se baseou posteriormente na seguinte pergunta - Algueacutem sabe como

eacute realizado os mapas A turma indicou diferentes procedimentos o aluno 17 ressaltou - ldquoeacute

realizado a partir de uma visatildeo de cimardquo o aluno 11 por sua vez respondeu - ldquocom papel e

laacutepisrdquo entre outras respostas

Para conquistar os alunos e sua participaccedilatildeo nas aulas de Geografia propomos uma

representaccedilatildeo da sala de aula ressaltando algumas caracteriacutesticas dos mapas existentes Entre

os elementos destacados estava a lateralidade e distribuiccedilatildeo espacial dos moacuteveis na sala

Prestativos os alunos observavam com atenccedilatildeo as explicaccedilotildees dadas relacionando o espaccedilo

real da sala de aula com seu croqui Os estudantes eram agitados mas realizavam a atividade

com acircnimo

Iniciamos a atividade observando a sala de aula destacando o seu espaccedilo e os moacuteveis

presentes (carteiras mesa da professora estantes janelas e porta) Apoacutes listar os moacuteveis no

quadro alguns alunos foram chamados para mediar a dimensatildeo da sala a partir de passos

Relacionamos agrave quantidade de passos destes alunos a quantidade de quadrados presente na

folha de papel quadriculado entregue aos discentes Localizamos o lugar de cada aluno em

sala de aula aleacutem disso expliquei a importacircncia da escala geograacutefica e o motivo dos laacutepis e

livros natildeo fazerem parte desta representaccedilatildeo em consequecircncia dessa reduccedilatildeo

A professora regente jaacute havia usado mapas para discutir o tema sobre a cidade de

Campina Grande ndash PB isto facilitou consequentemente a construccedilatildeo destes croquis pelos

alunos A maioria dos estudantes apresentaram dificuldades com a identificaccedilatildeo de espaccedilos

211

em grande escala em alguns casos natildeo distinguiam a relaccedilatildeo de identidade (campinense

paraibano nordestino brasileiro) ou confundiam as escalas geograacuteficas

Partindo desta atividade realizamos uma atividade com o mapa mudo da regiatildeo

Nordeste do Brasil Este exerciacutecio tinha como objetivo revisar os assuntos jaacute trabalhados pela

professora Marta O mapa mudo foi utilizado enquanto recurso de avaliaccedilatildeo Observamos que

de iniacutecio os alunos tiveram ecircxito na distinccedilatildeo dos estados da regiatildeo Nordeste entretanto

houve dificuldades no que se refere a localizaccedilatildeo de alguns estados a exemplo do Piauiacute e

Pernambuco O que necessitaria de mais tempo para a discussatildeo deste trabalho A aula chega

ao fim e os alunos se preparam para ir para casa

Dia 21 de outubro de 2014

Esta aula foi iniciada com o teacutermino da atividade do dia 14 de outubro Os alunos por

meio de mapa mudo sobre a regiatildeo Nordeste do Brasil jaacute haviam identificado os estados e

capitais Aleacutem disso localizado a Regiatildeo Nordeste no mapa do Brasil apresentado na mesma

folha Neste momento os alunos foram questionados a respeito da localizaccedilatildeo das regiotildees

brasileiras

Durante a explicaccedilatildeo associei os pontos cardeais (Norte Sul Leste e Oeste) as regiotildees

brasileiras Os alunos aparentemente tinham noccedilotildees sobre o assunto Busquei apresentar para

os alunos que a orientaccedilatildeo por meio da rosa dos ventos possibilita evitar confusotildees como a

tomada de posiccedilatildeo do observador no que se refere agrave localizaccedilatildeo dos objetos representados e

que o uso de noccedilotildees espaciais como frente atraacutes direita e esquerda pode confundir a leitura

do mapa visto que satildeo paracircmetros relativos

As explicaccedilotildees durante o processo de localizaccedilatildeo foram trabalhadas por meio do uso

de um mapa mural da regiatildeo Nordeste do Brasil Para a visualizaccedilatildeo e acompanhamento das

minhas explicaccedilotildees logo apoacutes recolhi o mapa mural para continuaccedilatildeo da atividade

Os alunos pintavam os estados em seu mapa e atribuiacuteam a mesma cor na legenda do

mapa mudo eles ficaram livres para escolher as cores desde que natildeo distinguissem na relaccedilatildeo

estado-legenda No decorrer da atividade fui questionado sobre o uso de cores semelhantes

visto que os alunos haviam percebido isso no mapa mural Expliquei que embora o mapa

apresenta-se cores semelhantes a exemplo do roxo a tonalidade era diferente permitindo

diferenciar estados como o Piauiacute Sergipe e Alagoas

212

Atraveacutes desta duacutevida que pouco a pouco se tornava comum entre os discentes

expliquei que havia outras maneiras de diferenciar os estados pintados a teacutecnica de hachura81

era uma delas Alguns estudantes chegaram a traccedilar riscos em alguns estados em sentido

vertical ou horizontal destacando as informaccedilotildees equivalentes na legenda

Apoacutes a introduccedilatildeo destes princiacutepios baacutesicos da realizaccedilatildeo e leitura dos mapas

discutiacuteamos paralelamente o posicionamento da Paraiacuteba com os estados vizinhos comparando

o tamanho do territoacuterio a localizaccedilatildeo das praias populaccedilatildeo de alguns estados o que

possibilitaria a conexatildeo para o proacuteximo assunto

04 de Novembro de 2014

Iniciamos a terceira aula com uma introduccedilatildeo sobre o Estado da Paraiacuteba ressaltamos

algumas curiosidades sobre os aspectos fiacutesicos poliacuteticos e culturais Os alunos foram

indagados sobre os municiacutepios que jaacute conheciam desse modo relacionamos as mesorregiotildees

da Paraiacuteba que jaacute haviam visitado

Neste dia comeccedilamos a aula apoacutes a chamada realizada pela professora regente Apoacutes

alguns instantes pergunto aos alunos conceitos que haviacuteamos discutido na aula anterior e se

por ventura sabiam explicaacute-los Apoacutes realizar algumas consideraccedilotildees sobre os assuntos jaacute

abordados os alunos mostravam-se atentos

Durante as explicaccedilotildees realizava alguns desenhos no quadro o que consequentemente

chamava a atenccedilatildeo dos alunos No instante que escrevia no quadro branco algumas

explicaccedilotildees e noccedilotildees conceituais sobre as mesorregiotildees (Mata paraibana Borborema Agreste

paraibano e Sertatildeo paraibano) percebi que ato natildeo agradou a turma Este fato pode estar

relacionado ao uso excessivo do quadro pela professora Marta visto que segundos os alunos

a coacutepia era uma accedilatildeo comum nas aulas Apesar disso resolvi relacionar a escrita com a

produccedilatildeo de alguns desenhos o que despertou o interesse da maioria dos alunos Mais tarde

no horaacuterio do recreio a professora Marta relata - ldquoAh os alunos gostam quando tecircm uma

aula diferenterdquo

Aleacutem disso utilizamos o atlas escolar da Paraiacuteba os alunos foram chamados a localizar

as mesorregiotildees estudadas aleacutem de estudar sua orientaccedilatildeo espacial Mediante a associaccedilatildeo da

rosa dos ventos a maioria dos alunos conseguiu realizar a leitura dos mapas identificando a

mesorregiatildeo tratada e sua localizaccedilatildeo conseguindo aleacutem disso indicar as direccedilotildees de uma

em relaccedilatildeo a outra (ex Mata paraibana a leste do Agreste paraibano)

81 Eacute uma teacutecnica utilizada para criar efeitos de tons ou sombras a partir do desenho de linhas paralelas proacutexima eacute

usado comumente em mapas existentes para diferenciar as informaccedilotildees

213

Dadas agraves explicaccedilotildees partimos para a elaboraccedilatildeo de um novo mapa mudo desta vez

referente as mesorregiotildees da Paraiacuteba Os alunos realizaram a atividade destacando a

orientaccedilatildeo espacial por meio da rosa dos ventos destacaram o nome dos estados vizinhos (Rio

Grande do Norte Pernambuco e Cearaacute) aleacutem do Oceano Atlacircntico desenvolveram a legenda

e nomearam seus mapas com um tiacutetulo

Os alunos natildeo se utilizaram de modelos para realizaccedilatildeo dessa atividade entretanto

auxiliava-os sempre que necessaacuterio outros natildeo queriam auxiacutelio alguns pretendiam apenas

terminar a atividade contando os minutos de voltar para casa

No final da aula entregamos a cada um dos estudantes um mapa de localizaccedilatildeo da

Paraiacuteba com destaque as principais rodovias e rios da Paraiacuteba82 pedi aos alunos que colassem

esse material no caderno e que procurassem nele os principais rios da paraiacuteba visto que seria

o tema da proacutexima aula

10 de Novembro de 2014

Ao avaliarmos os mapas mudos produzidos pelos alunos na aula anterior notamos que

alguns confundiram os estado do Rio Grande do Norte com o Cearaacute outros por sua vez

esqueceram de indicar os pontos cardeais dessa forma devolvemos os mapas mudos das

mesorregiotildees da Paraiacuteba e auxiliamos a correccedilatildeo destas informaccedilotildees

Eventualmente realizamos as aulas na terccedila-feira mas por ventura de outras

atividades da escola alteramos para a segunda-feira Diante disso o nuacutemero de alunos que

participaram desta aula foi reduzido aleacutem disso outros participavam de atividades

extracurriculares realizada na escola trecircs alunas se ausentaram da sala

A terceira aula discutiu a influecircncia dos rios na vida da populaccedilatildeo paraibana e as

modificaccedilotildees espaciais Recorremos ao mapa entregue na aula anterior e expliquei a

influecircncia dos rios e o trabalho humano na transformaccedilatildeo da paisagem urbana e rural

Destacamos ainda a presenccedila dos dois principais rios da Paraiacuteba o Piranhas ou Accedilu e o Rio

Paraiacuteba o qual alimenta o Accedilude Epitaacutecio Pessoa (tambeacutem conhecido como accedilude de

Boqueiratildeo) localizado no municiacutepio de Boqueiratildeo O accedilude de Boqueiratildeo chamou a atenccedilatildeo

dos alunos visto que eacute de laacute que proveacutem o abastecimento de aacutegua em Campina Grande

Diante dessa dinacircmica realizamos a leitura de um texto que se referia ao Canal Riacho

das Piabas que fica a oeste da escola na Avenida Januacutencio Ferreira Foi oportuno relacionar

82 O mapa entregue aos alunos corresponde a uma representaccedilatildeo da Paraiacuteba indicada a alunos entre 7 a 12 anos

de idade disponiacutevel no site do IBGE lt http7a12ibgegovbrimages7a12estadosparaibapdf gt Acesso em

111114

214

uma accedilatildeo que outrora parecia abstrata imaginaria ao cotidiano dos alunos Muitos estudantes

natildeo sabiam que o canal que passava ao lado da escola era na verdade um curso drsquoaacutegua

enxergavam o canal das Piabas como um coacuterrego de esgoto Outros estudantes achavam

impossiacutevel haver rios dentro da cidade admitiam apenas a presenccedila de accediludes visto que entre

os cartotildees postais da cidade de Campina Grande estaacute o Accedilude Velho primeira fonte de

abastecimento da cidade

Apresentei fotos antigas da cidade e outras atuais que apresentavam o riacho das

Piabas questionei os alunos sobre a importacircncia do uso da aacutegua em seu cotidiano eles

responderam que usavam a aacutegua para o uso domeacutestico (lavar louccedila tomar banho preparar a

alimentaccedilatildeo etc) Mencionei que a aacutegua de riachos rios e accediludes poderiam ser utilizada para

a agricultura induacutestria e pecuaacuteria

Estudamos tambeacutem a importacircncia da preservaccedilatildeo das encostas dos percursos de aacutegua

dando exemplos reais de aacutereas de riscos em bairros proacuteximos a escola como a Conceiccedilatildeo e

Louzeiro explicando a influecircncia do solo e dos periacuteodos de cheia do riacho das Piabas em

determinadas estaccedilotildees do ano

Foi motivador o uso deste exemplo Quando falaacutevamos da comunidade da Rosa

Miacutestica e de algumas enchentes que jaacute haviam acontecido neste momento o aluno 12 se

levanta e fala - ldquoProfessor eacute o BG natildeo eacute Logo a professora Marta responde - ldquoO que eacute BG

meninordquo Aluno 12 - ldquoSabe natildeo professora Buraco da Gia professorardquo Achei cocircmica a

situaccedilatildeo adverti o aluno que a sigla seria BJ pois Jia se escrevia com a letra ldquoJrdquo e natildeo com

ldquoGrdquo Expliquei tambeacutem os motivos que levaram a mudanccedila de nome para Rosa Miacutestica Notei

que muitos alunos tinham preconceitos relacionados a este lugar estereoacutetipos como um lugar

violento desorganizado favelado entre outros Diante disso fiz algumas ressalvas sobre as

condiccedilotildees sociais do lugar Deste modo finaliza-se mais uma aula

26 de Novembro de 2014

Iniciamos a aula retomando a discussatildeo sobre o texto do Canal das Piabas dessa vez

havia um nuacutemero maior de alunos Apoacutes lermos o texto pedi que os estudantes grifassem as

palavras desconhecidas Entre as duacutevidas estava o conceito de riacho rio cachoeira e canal

Identifiquei e exemplifiquei cada um dos conceitos lembrando a diferenccedila entre os rios

(Paraiacuteba e Piranhas) ou o canal riacho das Piabas pedi tambeacutem que os alunos registrassem as

observaccedilotildees em seus cadernos

Expliquei aos alunos que a nossa atividade consistiria em uma representaccedilatildeo do trajeto

do canal das Piabas ateacute o Accedilude Velho mas que para isso deveriacuteamos inicialmente destacar

215

os principais referenciais geograacuteficos destacados no texto para localizarmos na maquete que

seria construiacuteda

Os estudantes atenderam todas as orientaccedilotildees Analisamos inicialmente o mapa mural

da cidade de Campina Grande que foi colocado em cima da mesa Localizamos os pontos de

referecircncia e realizamos a delimitaccedilatildeo da escala geograacutefica que utilizariacuteamos Em seguida

expomos o mapa mural na parede da sala de aula e distribui imagens de sateacutelite e mapas que

apresentavam o recorte espacial de nosso objeto de estudo Organizei os alunos em

subequipes que auxiliaram na montagem da maquete mental

Enquanto uns traccedilavam as ruas outros escreviam o nome dos bairros ou realizavam

alguma pinturas destacando aacutereas de mata ou a rede hidrograacutefica Com o termino desta etapa

coloquei as peccedilas do jogo ldquobrincando de engenheirordquo em cima da mesa todos se animaram

com a possibilidade de ldquocolocar as casinhasrdquo no lugar Pedi que olhassem mais uma vez para

as imagens de sateacutelite e contassem sobre o que percebiam da paisagem dos bairros sobre a

presenccedila de aacutereas mais verticalizadas (preacutedios) e mais horizontalizadas (casas e pequenos

comeacutercios como bodegas bares pequenos mercados) Distribuiacuteram tambeacutem carros de

brinquedo pelo trajeto simulando o tracircnsito da cidade

Aos poucos os alunos foram montando as casas disseram que no Accedilude Velho haveria

mais preacutedios e nos bairros mais perifeacutericos a presenccedila marcante seria de casas Logo apoacutes

pedi que colocassem alguns discos de orientaccedilatildeo com a rosa dos ventos Alguns confundiram-

se na orientaccedilatildeo espacial os lembrei que a nascente do Canal das Piabas situava-se ao norte

Quando terminamos esta fase pedi que os alunos comparassem o mapa mural as

imagens de sateacutelite e a maquete mental eles notaram diferenccedilas na presenccedila dos objetos como

os carros (relatei que geralmente os carros natildeo fazia parte das representaccedilotildees dos mapas em

decorrecircncia de serem elementos moveis no espaccedilo tal como as pessoas dificultando traccedilar sua

localizaccedilatildeo exata) Notaram em poucos casos a mudanccedila de perspectiva (lateral horizontal e

obliacutequa) entre os mapas e a maquete mental Em sequecircncia pedi que fosse realizado um mapa

mental individualmente e que para isso poderiam consultar a maquete mental Proacuteximo ao

final da aula realizei uma legenda para o mapa e expomos a atividade na parede expliquei que

a maquete seria agora um mapa mural realizado pela turma do 4ordm ano

10 de Dezembro de 2014

Neste meio tempo a professora pediu que desenvolvesse uma proposta para a

sua avaliaccedilatildeo final de Geografia entreguei a proposta da construccedilatildeo de um mapa mental que

apresentasse os principais rios do Estado da Paraiacuteba rio Piranhas e Paraiacuteba Neste dia foi

216

realizado entrevistas com os alunos do 4ordm ano Na ocasiatildeo foi entregue o questionaacuterio de

perguntas sobre o projeto e tambeacutem o termo de consentimento como sujeito da pesquisa para

a professora Marta

TURMA DO 5ordm ANO

09 de Outubro de 2014

A pesquisa realizada com alunos e a professora Beatriz do 5ordm ano eacute iniciada na semana

do dia das crianccedilas amanhatilde aconteceraacute um festejo com recitais danccedilas e cinema na escola

De todo forma as aulas prosseguem normalmente o que possibilitou o iniacutecio da pesquisa que

tecircm como temaacutetica ldquoSaberes cartograacuteficos discutindo a regionalizaccedilatildeo brasileirardquo

Comecei a aula perguntando quais eram os recursos cartograacuteficos conhecido pelos

alunos eles responderam os mapas o globo terrestre e a buacutessola Apresentei diferentes

mapas murais e mostrei que eles poderiam variar em decorrecircncia do seu tema (mapa do Brasil

poliacutetico ou fiacutesico) ou de sua escala (Mapa mundo mapa do continente americano) Os

estudantes apontavam as informaccedilotildees encontradas geralmente nestes mapas como o nome e

localizaccedilatildeo dos oceanos continentes paiacuteses etc Participativos ateacute mesmo os mais tiacutemidos

verbalizaram o assunto quando questionados

A professora Beatriz auxiliou e colaborou a todo o momento com as explicaccedilotildees

realizadas em sala de aula Recordamos assuntos ministrados pela professora regente como a

relaccedilatildeo da orientaccedilatildeo espacial e o movimento de rotaccedilatildeo do planeta Terra As observaccedilotildees

eram apresentadas mediante o uso de um globo terrestre e registradas no quadro branco os

alunos foram solicitados a anotarem em seus cadernos

Apresentamos alguns atlas escolares que apresentavam introduccedilotildees sobre o uso da

rosa dos ventos da importacircncia da legenda Os alunos pareciam aacutegeis na localizaccedilatildeo e leitura

das informaccedilotildees presentes no mapa mundo Em decorrecircncia das festividades da semana

tivemos que terminar a aula antes do horaacuterio normal mas informei aos alunos que na proacutexima

aula realizariacuteamos algumas atividades relacionadas as aulas de Geografia os alunos

demonstraram-se felizes

Dia 15 de outubro de 2014 - Dia dos professores

A escola adiou o feriado do dia dos professores contudo a professora Beatriz havia

marcado uma consulta ao meacutedico neste dia ela estava preocupada em adiar as atividades do

217

projeto em decorrecircncia da entrega do preacutedio (escola) agrave justiccedila eleitoral em decorrecircncia das

eleiccedilotildees deste ano Apoacutes conversarmos com a diretora tive a permissatildeo de substitui-la e

prosseguir com a execuccedilatildeo do projeto

Ao entrar na classe os alunos estavam realmente contentes e jaacute sabiam que a

professora natildeo viria neste dia Muitos queriam aproveitar a ocasiatildeo para fazer bagunccedila

entretanto com a permissatildeo da coordenadora pedagoacutegica e da diretora Rosacircngela pude

chamar atenccedilatildeo dos alunos o que foi necessaacuterio em alguns casos

A professora regente jaacute havia trabalhado os assuntos referentes ao processo de

regionalizaccedilatildeo e as regiotildees do Brasil (Norte e Nordeste) entretanto ao trabalhar o mapa

mudo das regiotildees brasileiras (mapa mudo) com os alunos observei que eles apresentavam

dificuldades para compreender a linguagem cartograacutefica e localizar as regiotildees Havia

entregado naquela ocasiatildeo uma lista com o nome dos Estados e capitais as respectivas siglas

e qual regiatildeo estes estados pertenciam

Notei que os alunos jaacute possuiacuteam informaccedilotildees baacutesicas sobre o tema ldquoO Brasil tecircm 26

estados e o Distrito Federalrdquo (Aluno 31) ldquoBrasiacutelia fica no Distrito Federal professorrdquo (Aluno

39) ldquoA gente mora na Paraiacutebardquo (Aluno 22) ldquoEu nasci em Satildeo Paulordquo (Aluno 46) etc

Entretanto apoacutes o iniacutecio da atividade a comoccedilatildeo foi geral ldquoprofessor essa tarefa eacute muito

difiacutecilrdquo Embora more na regiatildeo Nordeste e em sua maioria soubessem qual Estado

correspondiam agrave Paraiacuteba poucos apontavam os estados que faziam limite com este territoacuterio

Minha conclusatildeo foi que embora dominassem o nome dos lugares natildeo associavam o lugar agrave

regiatildeo pertencente por exemplo indicar que Piauiacute localiza-se no Nordeste ou que Satildeo Paulo

esteja a sudeste

Entendo que o processo de regionalizaccedilatildeo tecircm que ter algum significado sentido e

comeccedilo a perceber a importacircncia das ideias de Ausubel e Vigotski83 para o desenvolvimento

dessa missatildeo Talvez ao se utilizar pontos de ancoragem os estudantes possam resgatar e (re)

significar os conteuacutedos ministrados pela professora regente Os alunos jaacute dominavam com

certa astucia os estados da Regiatildeo Norte A professora jaacute havia ministrado este conteuacutedo nas

uacuteltimas aulas de Geografia Os alunos tecircm assim algumas noccedilotildees jaacute desenvolvidas mas esta

visatildeo geral dos estados a exemplo do Nordeste regiatildeo que habita deve ser reforccedilada por

outras propostas de atividades

Mediante estaacute dificuldade no final da tarde foi proposta a atividade de baleada

geograacutefica (semelhante ao jogo de queimado ou baleada tradicional) no paacutetio aberto da escola

83 Neste momento me refiro as ideias estudadas na seguinte obra bibliograacutefica BOCK Ana M B FURTADO

Odair TEIXEIRA Maria de L T Psicologias uma introduccedilatildeo ao estudo de psicologia 14ordf ed Satildeo Paulo

Saraiva 2008

218

Os alunos foram divididos em quatro grupos cada um correspondente a um ponto cardeal

(norte sul leste e oeste) Orientamos a localizaccedilatildeo dos grupos com o uso de um bussola

marcamos os pontos no chatildeo e iniciamos a brincadeira

Dava os comando da trajetoacuteria da bola indicando as direccedilotildees (ex grupo norte jogue a

bola no grupo oeste) Ao final da brincadeira observamos o pocircr do sol e entatildeo relacionamos

que a orientaccedilatildeo espacial poderia ser realizada a partir dele e que muitos lugares a exemplo

das regiotildees brasileiras referenciam esta orientaccedilatildeo espacial Mesmo apoacutes o uacuteltimo sinal alguns

alunos queriam continuar a brincadeira avisei que teriacuteamos que terminar pois a escola seria

fechada e alguns pais jaacute estavam a sua espera

05 de Novembro de 2014

A proposta da aula foi agrave realizaccedilatildeo dos mapas mentais levando considerando os

conhecimentos sobre regiatildeo e regionalizaccedilatildeo do Brasil Os alunos foram instruiacutedos a respeito

de quais informaccedilotildees deveriam relacionar ao mapa construiacutedo Com base em uma ficha sobre

informaccedilotildees sobre sua identidade (filiaccedilatildeo cidade natal entre outros) os alunos foram

chamados a representar o Brasil levantando questotildees como o nome dos estados e capitais

quando sabido a orientaccedilatildeo espacial e o uso da legenda

A atividade levava em conta a mobilizaccedilatildeo das habilidades voltadas a construccedilatildeo de

mapas das aulas anteriores por exemplo a dimensatildeo espacial dos estados o uso da legenda

como elemento agregador de significado e a importacircncia da orientaccedilatildeo espacial Todas as

etapas foram escritas no quadro Para os alunos que permaneciam com duacutevidas dava

orientaccedilotildees individuais tambeacutem acompanhei a confecccedilatildeo dos esboccedilos

Foi explicado aos alunos que neste momento eles deveriam realizar a atividade sem

nenhuma consulta disseram que natildeo seria possiacutevel desse modo concordamos que eles

poderiam utilizar apenas a lista de estados e capitais entregue na aula anterior

Inicialmente os alunos mostraram-se preocupados com a esteacutetica do mapa se iria

aproximar-se ou natildeo dos mapas existentes Expliquei que isto natildeo era o objetivo da

atividade mas demonstrar seus conhecimentos sobre a regionalizaccedilatildeo brasileira Frases como

ldquoNatildeo tocirc entendendo nadardquo (Aluno 24) ldquoNatildeo sei desenharrdquo (Aluno 27) ldquoNatildeo vou fazer isso

natildeordquo (Aluno 22) estiveram no processo do desenvolvimento do trabalho mas no final e com

um pouco de paciecircncia todos finalizaram seus mapas mentais

Outros estudantes procuravam aleacutem de representar verbalizar seus conhecimentos

acerca do mapa elaborado Os grupos se formavam voluntariamente os alunos discutiam

219

buscavam estrateacutegias em alguns casos chegavam a procurar os mapas desenvolvidos nas

aulas anteriores mesmo com o aviso de natildeo utilizaacute-los nestes casos pedi que o guardassem

Observavam e comparavam os seus mapas e se questionavam quem estaria mais

certo Houve o meu auxiacutelio e da professora Beatriz na confecccedilatildeo das representaccedilotildees o que

motivou o desenvolvimento da atividade em alguns casos

13 de Novembro de 2014

Alguns problemas foram observados mediante a anaacutelise dos mapas mentais Na ficha

entregue aos alunos para o desenvolvimento dos mapas mentais e na representaccedilatildeo do aluno

43 houve a confusatildeo entre o que seria os estados brasileiros e outros paiacuteses (Itaacutelia Japatildeo

Meacutexico entre outros) Alguns discentes pareciam se atrapalhar na referecircncia a escalas

geograacuteficas que variam do lugar ao contexto mundial

Como estrateacutegia para discutir esta questatildeo recorri a algo que acreditei que agradaria a

todos a realizaccedilatildeo da copa do mundo no Brasil Passando a distinguir o que eacute paiacutes estado e

Distrito Federal por meio dos estaacutedios e arenas dos jogos e as seleccedilotildees que participaram deste

evento

A atividade do dia apresentou dois esboccedilos cartograacuteficos O primeiro apresentava os

estaacutedios e arenas de futebol e a outra a localizaccedilatildeo das capitais brasileiras onde ocorreram as

partidas Comparamos e relacionamos este material com o objetivo de compreender a

distribuiccedilatildeo espacial dos estaacutedios a partir da anaacutelise regional dando enfoque agrave regiatildeo

Nordeste e Centro-Oeste

Expliquei aos alunos que era necessaacuterio distinguir as escalas geograacuteficas entatildeo

estruturamos da seguinte forma Onde se localiza os estaacutedios e arenas de futebol Nas

capitais cidades brasileiras Quais satildeo os estaacutedios encontrados na regiatildeo Nordeste e Centro-

Oeste Para qual seleccedilatildeo eles torceram durante a copa do mundo Quem jogou contra a

seleccedilatildeo brasileira e que paiacuteses eles representavam

Apoacutes esta atividade os alunos expressaram sua compreensatildeo da atividade com o mapa

mudo produzido sobre os estaacutedios arena que gostariam de visitar Os meninos apresentaram-

se mais motivados para a realizaccedilatildeo da atividade do que as meninas Uma das orientaccedilotildees era

que fosse escolhido apenas lugares relativos a regiatildeo Nordeste e Centro-Oeste A medida que

os alunos realizavam a leitura dos mapas existentes comparavam e traccedilavam o seu mapa

falando que um dia assistiria uma partida de futebol em algum desses campos

Mediante essa ponte introduzimos algumas consideraccedilotildees sobre a regiatildeo Centro-

Oeste principalmente dos biomas Cerrado e Pantanal em decorrecircncia da programaccedilatildeo

220

curricular e da cobranccedila da professora em ministrar tais conteuacutedo Para esta tarefa utilizamos

o livro didaacutetico fotografias aleacutem de um dos textos da atividade da copa do mundo realizar

esta ponte para discussatildeo

Aos poucos os alunos mostravam-se mais interessados pela temaacutetica o aluno 31 chega

a fazer o seguinte comentaacuterio - ldquoprofessor o pantanal parece um pacircntanordquo Sabiacuteamos que os

alunos nunca haviam visitado a regiatildeo Centro-Oeste em decorrecircncia do mapa da minha vida

realizado na aula anterior dessa forma tentamos realizar estas pontes entre os assuntos

24 de Novembro de 2014

Neste dia realizamos mais algumas consideraccedilotildees sobre o bioma pantanal e cerrado

explicando que eles assim como a caatinga (bioma nordestino) tem suas caracteriacutesticas e

problemas ambientais Em muitos casos em decorrecircncia da accedilatildeo do homem como a

agropecuaacuteria extensiva o uso de agrotoacutexicos poluiccedilatildeo de rios e nascentes caccedila predatoacuteria

entre outros

Os alunos contavam casos semelhantes presenciados em visita a familiares a outros

municiacutepios mais interioranos como o sertatildeo paraibano Eles contavam que seus tios ou avoacutes

natildeo usavam agrotoacutexicos em outros casos relatavam que o gado ficava dentro do cercado

Deste modo iniciamos a proposta relacionada ao mapa da regiatildeo Centro-Oeste os

alunos forma divididos em grupos eles escolheram as equipes mas em alguns casos sugeri os

integrantes do grupo com a finalidade de equilibrar os saberes de cada integrante

Durante o desenvolvimento da proposta foi permitido aos alunos realizarem pesquisas

ao livro didaacutetico84 Natildeo haviam mapas semelhantes a propostas dos mapas mentais pedidos

expliquei aos discentes que os mapas apresentados no livro didaacutetico poderiam servir como

modelo mas natildeo havia mapas prontos com a mesma temaacutetica

Mesmo com o referencial notei que alguns alunos tinham dificuldades em realizar

pesquisas selecionar as informaccedilotildees mais importantes e contextualiza-la com o objetivo da

aula Aleacutem disso muitos alunos me procuravam assim como a professora Beatriz para

esclarecer duacutevidas em certos casos desnecessaacuterias como com que cor pintar o estado de

Goiaacutes

Aos poucos senti que a turma ficava mais autocircnoma nas tomadas de decisotildees Em

alguns casos notei que as dificuldades se situavam natildeo na compreensatildeo dos temas estudados

na Geografia e sim a outras disciplinas escolares Observei que muitos estudantes tinham

84 Referecircncia do livro didaacutetico utilizado na escola MESTSU Juliana Projeto Buriti geografia 5ordm ano Satildeo

Paulo Moderna 2011

221

dificuldades na leitura e principalmente na interpretaccedilatildeo de textos No final da aula recolhi os

trabalhos e expliquei que voltaria para realizar uma entrevista com eles na proacutexima semana

05 e 10 de Dezembro de 2014

Nestas datas foram realizado entrevistas com os alunos do 5ordm ano Na ocasiatildeo foi

entregue o questionaacuterio de perguntas sobre o projeto e tambeacutem o termo de consentimento

como sujeito da pesquisa para a professora Beatriz Deixei duas coacutepias do termo de

consentimento com a gestora escolar Rosacircngela

ATIVIDADES POSTERIORES AO PROJETO DE PESQUISA

16 e 22 de dezembro de 2014

Recolhi os questionaacuterios e termos de consentimento da professora Marta e Beatriz

agradeci a elas e seus alunos por sua participaccedilatildeo na pesquisa Ainda no dia 16 de dezembro

iniciei a entrevista com a gestora escolar Rosacircngela entretanto tive que retornar no dia 22 de

dezembro para finalizar a nossa conversa No dia 22 de dezembro finalizei a pesquisa recolhi

o termo de consentimento e agradeci sua participaccedilatildeo na pesquisa

222

APEcircNDICE II ndash QUESTIONAacuteRIO DE PERGUNTAS PARA PROFESSORES

Universidade Federal da Paraiacuteba ndash UFPB

Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza ndash CCEN

Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geografia

ldquoMapas mentais para o ensino de Geografia praacuteticas e reflexotildees em uma escola de

Campina Grande ndash PBrdquo

QUESTIONAacuteRIO DE PERGUNTAS PARA PROFESSORES

A IDENTIFICACcedilAtildeO

Nome______________________________________________ idade ____________

B FORMACcedilAtildeO

1 Universidade curso (s) de graduaccedilatildeo e ano que se formou

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

2 Especializaccedilatildeo (otildees) e ano

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

3 Qual foram os temas do seu trabalho na graduaccedilatildeo (otildees) e especializaccedilatildeo (otildees)

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

____________________________________________________________

C EXPERIEcircNCIA PROFISSIONAL

4 Quais as seacuteries anos que jaacute lecionou Em que aacuterea

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

____________________________________________________________

5 Qual o tempo de experiecircncia profissional como professora

223

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

____________________________________________________________

6 Fez algum curso de formaccedilatildeo continuada voltada para o curso de Geografia

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

____________________________________________________________

D PRAacuteTICA PROFISSIONAL

7 Qual a maior dificuldade que vocecirc observa para o ensino-aprendizagem de Geografia para

os alunos dos anos iniciais do ensino Fundamental Explique

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

__________________________________________________

8 Como vocecirc organiza o trabalho e efetiva sua praacutetica em sala de aula

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

__________________________________________________

E SOBRE A EXECUCcedilAtildeO DA PESQUISA

9 Em sua opiniatildeo qual a importacircncia de se ensinar Geografia Explique

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

__________________________________________________

10 Observou alguma mudanccedila na aprendizagem dos alunos durante e apoacutes a realizaccedilatildeo da

oficina sobre mapas mentais Quais Explique

224

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

____________________________________________

11 Qual o ponto positivo destacaria da proposta desta pesquisa E negativos

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

__________________________________________________

12 Quais suas sugestotildees para melhorar o trabalho com mapas mentais metodologicamente e

ou teoricamente com os alunos dos anos iniciais

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

Obrigado por sua participaccedilatildeo nesta pesquisa

David Luiz

225

APEcircNDICE III ndash PRANCHA PARA MAPA MENTAL

Universidade Federal da Paraiacuteba

Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza

Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado

Pesquisador David Luiz

Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira

Campina Grande data___________________________________

Disciplina Geografia Turma ___ ano

Prof _________________________________________________

Nome_______________________________________________________________________________ Idade______________________

226

APEcircNDICE IV ndash TEXTO CANAL DAS PIABAS

Universidade Federal da Paraiacuteba

Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza

Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado

Pesquisador David Luiz

Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira

Campina Grande data___________________________________

Disciplina Geografia Turma 4ordm ano

Prof _________________________________________________

Nome________________________________________________

PROJETO DE EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL ATRAVEacuteS DO

ESTUDO HISTOacuteRICO-GEOGRAacuteFICO E ECOLOacuteGICO

DA BACIA DO RIACHO DAS PIABAS (CANAL)

Campina Grande ndash Paraiacuteba

A presenccedila de aacutegua potaacutevel em quantidade

suficiente para as necessidades humanas

tem sido a grande preocupaccedilatildeo de ecologistas

teacutecnicos e educadores que se preocupam com a

educaccedilatildeo ambiental nesta fase final do seacuteculo XX

Aacute aacutegua eacute primordial para o homem para o

atendimento de suas necessidades vitais

(alimentaccedilatildeo bebida higiene e limpeza)

por isso devemos preocupar-nos com a

preservaccedilatildeo de cursos daacutegua bem como com

os aspectos qualidade e quantidade e despoluiccedilatildeo

O Riacho das Piabas tem sua nascente no siacutetio

Covatildeo eacute represado nas granjas do Dr Mauriacutecio

Almeida apoacutes as represas eacute totalmente poluiacutedo

por lixo detritos diversos e esgotos indo em

seguida para o Canal (Canal das Piabas)

Percebe-se com o fato observado que aacuteguas que

227

poderiam ser utilizadas por um grande nuacutemero

de pessoas satildeo simplesmente desperdiccediladas

Do ponto de vista histoacuterico o Riacho das Piabas

teve seu papel no atendimento agraves necessidades da

populaccedilatildeo em eacutepocas em que Campina Grande

era simplesmente povoado e pequena cidade

geograficamente

O riacho estaacute localizado na parte norte de

Campina Grande passando pelas granjas do Dr

Mauriacutecio Almeida tendo continuidade no Canal

que comeccedila entre o Alto Branco e a Rosa Miacutestica

passando pelo Ponto Cem Reacuteis e separando o

Centro do Alto Branco Santo Antonio e Joseacute

Pinheiro havendo uma bifurcaccedilatildeo que vai para

o Accedilude Velho e outra parte para o bairro da

Cachoeira

Fonte httpeducarscuspbrbiologiapb_camphtml

Orientaccedilotildees para realizaccedilatildeo do mapa mental

Desenhe um mapa considerando as informaccedilotildees

presentes no texto para isto sua representaccedilatildeo

deveraacute conter

1 Representar o curso do Canal Riacho das

Piabas do seu ponto inicial ateacute o ponto

final relatado no texto

2 Localizar os bairros e lugares (comeacutercio

serviccedilos escolas) em seu mapa

3 Localizar onde podemos encontrar as

pontes e acessos entre os bairros relatados

4 Orientar seu mapa atraveacutes do uso da rosa-

dos-ventos

5 Construir a legenda

228

APEcircNDICE V ndash MAPA MUDO DA REGIAtildeO NORDESTE Universidade Federal da Paraiacuteba

Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza

Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado

Pesquisador David Luiz

Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira

Campina Grande data___________________________________

Disciplina Geografia Turma 4ordm ano

Prof _________________________________________________

Nome________________________________________________

COR ESTADO SIGLA DO ESTADO

Alagoas AL

Bahia BA

Cearaacute CE

Maranhatildeo MA

Paraiacuteba PB

Pernambuco PE

Piauiacute PI

Rio Grande do Norte RN

Sergipe SE

Legenda

229

APEcircNDICE VI ndash MAPA MUDO DAS MESORREGIOtildeES DA PARAIacuteBA

Tiacutetulo_________________________________________________________________

__

Rosa dos ventos

Universidade Federal da Paraiacuteba

Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza

Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado

Pesquisador David Luiz

Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira

Campina Grande

data___________________________________

Disciplina Geografia Turma 4ordm ano

Prof

______________________________________________

___

Nome_________________________________________

_______

Campina Grande data___________________________________

Disciplina Geografia Turma 4ordm ano

Prof _________________________________________________

Nome________________________________________________

LEGENDA

230

APEcircNDICE VIII ndash QUESTOtildeES DA PROVA

Universidade Federal da Paraiacuteba

Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza

Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado

Pesquisador David Luiz

Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira

Campina Grande data___________________________________

Disciplina Geografia Turma 4ordm ano

Prof _________________________________________________

Nome________________________________________________

EXERCIacuteCIO DE VERIFICACcedilAtildeO DE GEOGRAFIA

Leia o texto abaixo

Rio Piranhas e Paraiacuteba aacuteguas paraibanas

Os principais rios do estado da Paraiacuteba satildeo o rio Piranhas e o Paraiacuteba O

rio Piranhas eacute o maior rio da Paraiacuteba ele nasce na mesorregiatildeo do sertatildeo

paraibano e ldquocorrerdquo em direccedilatildeo ao Rio Grande do Norte O rio Paraiacuteba eacute

totalmente paraibano Nasce no municiacutepio de Monteiro na mesorregiatildeo da

Borborema A foz lugar onde o chega fica no municiacutepio de Cabedelo O

rio Paraiacuteba desaacutegua no oceano Atlacircntico

Represente as informaccedilotildees deste texto por meio de um mapa mental para

isto vocecirc deveraacute seguir os seguintes passos

1 Desenhar o estado da Paraiacuteba e suas quatro mesorregiotildees (Mata

paraibana Agreste paraibano Borborema e Sertatildeo paraibano)

2 Escrever o nome dos lugares que fazem limite com o estado da

Paraiacuteba (estados e o Oceano Atlacircntico)

3 Desenhar o percurso dos rios apresentados no texto (Piranhas e o

Paraiacuteba)

4 Orientar seu mapa atraveacutes da rosa dos ventos

231

APEcircNDICE VIII ndash LISTA DE CAPITAIS E ESTADOS

Universidade Federal da Paraiacuteba

Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza

Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado

Pesquisador David Luiz

Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira

Campina Grande data___________________________________

Disciplina Geografia Turma 4ordm ano

Prof _________________________________________________

Nome________________________________________________

LISTA DE ESTADOS E CAPITAIS

Estado Sigla Capital Regiatildeo

Distrito Federal DF Brasiacutelia Centro-Oeste

Goiaacutes GO Goiacircnia Centro-Oeste

Mato Grosso do Sul MS Campo Grande Centro-Oeste

Mato Grosso MT Cuiabaacute Centro-Oeste

Alagoas AL Maceioacute Nordeste

Bahia BA Salvador Nordeste

Cearaacute CE Fortaleza Nordeste

Maranhatildeo MA Satildeo Luiacutes Nordeste

Paraiacuteba PB Joatildeo Pessoa Nordeste

Pernambuco PE Recife Nordeste

Piauiacute PI Teresina Nordeste

Rio Grande do Norte RN Natal Nordeste

Sergipe SE Aracaju Nordeste

Acre AC Rio Branco Norte

Amazonas AM Manaus Norte

Amapaacute AP Macapaacute Norte

Paraacute PA Beleacutem Norte

Rondocircnia RO Porto Velho Norte

Roraima RR Boa Vista Norte

Tocantins TO Palmas Norte

Espiacuterito Santo ES Vitoacuteria Sudeste

Minas Gerais MG Belo Horizonte Sudeste

Rio de Janeiro RJ Rio de Janeiro Sudeste

Satildeo Paulo SP Satildeo Paulo Sudeste

Paranaacute PR Curitiba Sul

Rio Grande do Sul RS Porto Alegre Sul

Santa Catarina SC Florianoacutepolis Sul

232

APEcircNDICE IX ndash MAPA BRASIL REGIOtildeES

Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira

Campina Grande ____de outubro de 2014

Professores David Luiz e Elane

Nome _________________________________________________________

233

APEcircNDICE X ndash ATIVIDADE BALEADA GEOGRAacuteFICA

Universidade Federal da Paraiacuteba

Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza

Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado

Pesquisador David Luiz

Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira

Campina Grande data___________________________________

Disciplina Geografia Turma 5ordm ano

Prof _________________________________________________

Nome________________________________________________

ATIVIDADE

Observe a foto e responda

1 Em qual dos grupos (Norte Sul Leste ou Oeste) vocecirc estava presente no dia desta

brincadeira Caso natildeo tenha participado indique um grupo que vocecirc gostaria de

participar

_______________________________________________________

2 Observe o mapa da baleada geograacutefica e responda

L

O

S N

234

A Em qual sentido a bola se direciona

_______________________________________________________

B Indique as trecircs proacuteximas direccedilotildees que a bola deveraacute tomar

1_____________________________________________________

2_____________________________________________________

3_____________________________________________________

3 Eacute um final de tarde vocecirc estaacute na rua de sua casa e natildeo tem uma buacutessola nem

tampouco um mapa como vocecirc poderia indicar os pontos cardeais (Norte Sul Leste e

Oeste) Explique

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

235

APEcircNDICE XI ndash MAPA MUDO DAS ARENAS E ESTAacuteDIOS DE FUTEBOL

Universidade Federal da Paraiacuteba

Centro de Ciecircncias Exatas e da Natureza

Programa de Poacutes- graduaccedilatildeo em Geografia ndash mestrado

Pesquisador David Luiz

Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira

Campina Grande data___________________________________

Disciplina Geografia Turma 5ordm ano

Prof _________________________________________________

Nome________________________________________________

ATIVIDADE

Observe os mapas

Mapa 1 Estaacutedios da copa do mundo ndash Brasil 2014

Mapa 2 Capitais brasileiras onde se localizam os estaacutedios brasileiros

236

1 Quais destes estaacutedios ficam na regiatildeo Nordeste

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

2 Quais destes estaacutedios ficam na regiatildeo Centro-Oeste

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

3 Leia o texto abaixo

NEYMAR VENCE CAMAROtildeES COM GOL 100 E BRASIL PEGARAacute CHILE NAS

OITAVAS

Atacante compensa atuaccedilatildeo irregular da Seleccedilatildeo vira artilheiro da Copa vecirc fim do jejum de

Fred brilho de Fernandinho e desenha caminho do hexa

Neymar Mecacircnico Carrossel do Neymar Neymaacutequina Tiki-Neymar-Taka Haacute times que

entraram para a histoacuteria por seus estilos de jogo Essa Seleccedilatildeo poderaacute entrar para a histoacuteria por ter

Neymar Ateacute onde o Brasil chegaraacute na Copa do Mundo Ateacute onde Neymar permitir E daqui para

frente contra adversaacuterios mais poderosos exigir que o garoto leve um paiacutes nas costas eacute demais ateacute

para sua genialidade

Diante de Camarotildees e um puacuteblico de 69112 no Estaacutedio Nacional Maneacute Garrincha em Brasiacutelia

Neymar foi suficiente Ele venceu os africanos por 4 a 1 Sozinho Natildeo Luiz Gustavo se fez

gigante Felipatildeo ajudou muito ao trocar Paulinho por Fernandinho Fred voltou a marcar Mas na

hora da dificuldade do sofrimento foi o menino das mechas louras quem resolveu

Fonte Disponiacutevel em lt httpgloboesporteglobocomfutebolcopa-do-mundo gt Acesso em 01 11 15

2014 Eacute ANO DE COPA DO MUNDO DE FUTEBOL NO BRASIL

Brasiacutelia eacute uma cidade planejada localizada na regiatildeo Centro-Oeste do paiacutes que foi construiacuteda

para ser a Capital do Brasil O plano urbaniacutestico da capital conhecido como ldquoPlano Pilotordquo

foi elaborado pelo urbanista Luacutecio Costa Oscar Niemeyer foi o arquiteto

237

Considerada Patrimocircnio Mundial pela UNESCO devido ao seu conjunto arquitetocircnico e

urbaniacutestico

Com um veratildeo uacutemido e chuvoso e um inverno seco e relativamente frio com temperatura

meacutedia anual de 21ordmC

Brasiacutelia estaacute dentro do bioma Cerrado

Falando em futebol Os principais times satildeo o Brasiliense Futebol Clube e Sociedade

Esportiva do Gama

Brasiacutelia seraacute a sede que realizaraacute o jogo de Abertura da Copa de 2014

Fonte Disponiacutevel em lt httpamigasviajantescom20140313sedes-da-copa-2014braslia gt Acesso em 01

11 15

Vocecirc foi convidado por um amigo para assistir trecircs partidas de futebol em estaacutedios da regiatildeo

Nordeste e Centro-Oeste Construa um mapa com as informaccedilotildees desta viagem a partir da

silhueta do Brasil

ESTAacuteDIOS BRASILEIROS VISITADOS

238

Nome_________________________________________________________________

LEGENDA

239

ANEXOS

240

ANEXO I ndash FICHA DE ACOMPANHAMENTO DA ESCOLA MUNICIPAL LUacuteCIA

DE FAacuteTIMA GAYOSO MEIRA

Escola Municipal Luacutecia de Faacutetima Gayoso Meira

Endereccedilo

Aluno (a)______________________________________________________________

Ciclo__________________________Turno__________Semestre____________2014

Ficha de acompanhamento

Sim Natildeo Em desenvolvimento

Assiduidade e pontualidade

Interesse pelo estudo

Participaccedilatildeo nas aulas

Responsabilidade com o material escolar

Realizaccedilatildeo das tarefas de casa e classe

Expressatildeo oral

Expressatildeo escrita

Leitura

Comportamento na escola

Organizaccedilatildeo

Relacionamento com os colegas e Adultos

Respeito as regras e normas da escola

______________________________________________________________________

Assinatura do responsaacutevel

241

ANEXO II ndash TERMO DE CONSENTIMENTO

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA

CENTRO DE CIEcircNCIAS EXATAS E DA NATUREZA

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM GEOGRAFIA

TERMO DE CONSENTIMENTO

O respeito agrave dignidade humana exige que toda pesquisa se processe apoacutes consentimento livre

e esclarecido dos sujeitos indiviacuteduos ou grupos que por si eou seus representantes legais

manifestem a sua concordacircncia agrave participaccedilatildeo Exige-se que o esclarecimento se faccedila em

linguagem acessiacutevel e que inclua os seguintes aspectos justificativa objetivos procedimentos

que seratildeo utilizados na pesquisa desconforto e riscos possiacuteveis que seratildeo utilizados na

pesquisa garantia de esclarecimentos ates e durante o curso da pesquisa sobre a

metodologia liberdade do sujeito em recusar-se a participar ou retirar seu consentimento em

qualquer fase da pesquisa sem penalidade alguma e sem prejuiacutezo ao seu cuidado garantia do

sigilo que assegure a privacidade dos sujeitos quanto aos dados confidenciais envolvidos na

pesquisa

CONSENTIMENTO DA PARTICIPACcedilAtildeO DA PESSOA COMO SUJEITO DA

PESQUISA

Vocecirc estaacute sendo convidado (a) para participar como voluntaacuterio em uma pesquisa Apoacutes ser

esclarecido (a) sobre as informaccedilotildees no caso de aceitar fazer parte do estudo assine ao final

deste documento que estaacute em duas vias Uma delas eacute sua e a outra eacute do pesquisador

responsaacutevel Em caso de recusa vocecirc natildeo seraacute penalizado de forma alguma

Eu__________________________________________________________RGnordm

____________________ CPF nordm_____________________concordo em participar do estudo

ldquoMapas mentais para o ensino de Geografia praacuteticas e reflexotildees em uma escola de

Campina Grande ndash PBrdquo como sujeito Fui devidamente informado e esclarecido pelo

pesquisador David Luiz Rodrigues de Almeida sobre a pesquisa os procedimentos nela

envolvidos assim como os possiacuteveis riscos e benefiacutecios decorrentes de minha participaccedilatildeo

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Local e data___________________________________________________________

Nome da Escola_______________________________________________________

Assinatura do participante_______________________________________________

Assinatura do pesquisador_______________________________________________