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Eles se apresentaram como voluntários antes mesmo do chamamento feito na semana passada pelo Ministério da Saúde De ajuda online à triagem de pacientes, estudantes entram na luta contra o coronavírus José Maria Tomazela, O Estado de S.Paulo 05 de abril de 2020 | 05h00 Aluno do 4.º ano de Medicina na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Zeus Tristão, de 30 anos, se apresentou como voluntário para fazer a triagem de pacientes com sintomas da covid-19 que procuram o Hospital das Clínicas da universidade. Ele faz parte de um grande número de estudantes no fim do curso das áreas de Saúde que engrossam as fileiras de quem trabalha na guerra contra a pandemia pelo País. “Escolhi fazer Medicina para cuidar do próximo e essa é a razão pela qual estou disponível nessa linha de frente.” Os alunos se apresentaram como voluntários antes mesmo da convocação feita pelo Ministério da Saúde na semana passada – o órgão lançou edital para chamar estudantes de Medicina, Enfermagem, Fisioterapia e Farmácia para atuarem na atenção primária durante a pandemia. Os jovens dizem que, embora não estejam formados, já têm conhecimento para compartilhar. Tristão é do grupo de 35 Expedicionários da Saúde que faz triagem em tendas montadas ao lado do hospital. “Atendimento presencial, levando pessoas com sintomas leves para isolamento em casa e encaminhando os mais graves para consulta médica e hospital. Somos os guardiões que direcionam pacientes ao atendimento de que precisam.”

De ajuda online à triagem de pacientes, estudantes entram na ......mobilizou na arrecadação de verba para abrir mais 50 leitos de UTI. O quartanista de Medicina da Universidade

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Page 1: De ajuda online à triagem de pacientes, estudantes entram na ......mobilizou na arrecadação de verba para abrir mais 50 leitos de UTI. O quartanista de Medicina da Universidade

Eles se apresentaram como voluntários antes mesmo do chamamento feito na semana passadapelo Ministério da Saúde

De ajuda online à triagem depacientes, estudantes entram naluta contra o coronavírus

José Maria Tomazela, O Estado de S.Paulo05 de abril de 2020 | 05h00

Aluno do 4.º ano de Medicina na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ZeusTristão, de 30 anos, se apresentou como voluntário para fazer a triagem de pacientes com sintomasda covid-19 que procuram o Hospital das Clínicas da universidade. Ele faz parte de um grandenúmero de estudantes no fim do curso das áreas de Saúde que engrossam as fileiras de quemtrabalha na guerra contra a pandemia pelo País. “Escolhi fazer Medicina para cuidar do próximo eessa é a razão pela qual estou disponível nessa linha de frente.”

Os alunos se apresentaram como voluntários antes mesmo da convocação feita pelo Ministério daSaúde na semana passada – o órgão lançou edital para chamar estudantes de Medicina,Enfermagem, Fisioterapia e Farmácia para atuarem na atenção primária durante a pandemia.

Os jovens dizem que, embora não estejam formados, já têm conhecimento para compartilhar. Tristãoé do grupo de 35 Expedicionários da Saúde que faz triagem em tendas montadas ao lado do hospital.“Atendimento presencial, levando pessoas com sintomas leves para isolamento em casa eencaminhando os mais graves para consulta médica e hospital. Somos os guardiões que direcionampacientes ao atendimento de que precisam.”

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A faculdade exigiu equipamentos de proteção individual e eles fizeram curso para usá-los. O grupo sereveza em três alunos por turno.

Tristão é formado em Direito e optou por Medicina após descobrir um câncer no sistema linfático em2015. “Faz cinco anos que entrei em remissão, mas a família ainda vê com receio minha decisão detrabalhar com possíveis pacientes de covid-19. Meu pais estiveram comigo no tratamento e estãopreocupados, mas já não estou na faixa de risco. Eles entendem que quem escolhe essa profissão écomo ser militar com risco de ir à guerra”, diz. “Vejo o paciente e me sinto no lugar dele, parece que écomigo, minha vida em jogo.”

No 6.º ano de Medicina na Unicamp, Isabela Schoenacker também é do grupo. “Me sinto naobrigação de ajudar com o conhecimento que tenho, mesmo ainda não tendo me formado”, diz ela,que não vê a falta de experiência como um empecilho. Mais novo no curso, David Cirigussi, de 25anos, do 4.º ano, participou da organização de um grupo de alunos da Unicamp que desenvolveu oTelessaúde, de orientações sobre coronavírus por telefone. As pessoas podem tirar dúvidas sobresintomas, transmissão e prevenção com cerca de 200 voluntários. “Em pouco mais de uma semanafizemos 225 atendimentos em 80% do Estado de São Paulo. Tivemos ligações também de Rio,Distrito Federal e até Amazonas”, diz ele. O trabalho tem supervisão de um professor e suporte dafaculdade.

E o benefício do projeto não acaba com o fim da chamada. Os dados coletados servirão para ummapa com as principais demandas da população, o que pode ajudar a direcionar programas

Zeus e Isabela se apresentaram como voluntários para fazer a triagem de pacientes com sintomas da covid-19 Foto:EPITACIO PESSOA/ESTADÃO

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Page 3: De ajuda online à triagem de pacientes, estudantes entram na ......mobilizou na arrecadação de verba para abrir mais 50 leitos de UTI. O quartanista de Medicina da Universidade

preventivos. Um software doado por uma empresa permite tabular as informações. Cirigussitrabalha em casa, em turnos de quatro horas. “Minha mulher também é estudante de Medicina e medá suporte. Nós conciliamos, já que continuamos estudando a distância.”

Fernanda Cristina dos Santos, aluna do 5.º ano de Enfermagem, também esteve na origem doprojeto, que nasceu da necessidade de levar informações confiáveis, em meio a uma onda de fakenews. “Embora remoto, é gratificante passar informações com base oficial e científica. E quanto maisa gente dissemina informações corretas, melhor para a população. É desafiador, pois há informaçõesnovas a toda hora e é preciso estar sempre se atualizando”, conta.

Alunos de Medicina e Psicologia da PUC-Campinas, sob supervisão de docentes, também ajudam noatendimento via chat, de segunda a sexta, das 9 às 17 horas. A voluntária Ana Luiza Squillace, do 6.ºano de Medicina, diz que informação de qualidade evita idas sem necessidade a postos de saúde.“Contribui para não sobrecarregar os serviços hospitalares.”

Outros Estados

O voluntariado mobiliza também a Universidade Estadual do Rio (Uerj). No 4.º ano de Medicina,Gabriel Bittencourt, de 24 anos, se engajou na Policlínica Piquet Carneiro, zona norte carioca.“Auxiliamos na triagem de casos, com aplicação de testes físicos para verificar se o paciente está comproblemas respiratórios. Os casos mais graves são direcionados para o hospital.” Os voluntáriosatendem também o Hospital Universitário Pedro Ernesto e já têm quase 300 adesões. O grupo já semobilizou na arrecadação de verba para abrir mais 50 leitos de UTI.

O quartanista de Medicina da Universidade Federal do Paraná Caio Ribeiro, de 23 anos, trabalhadesde a semana passada na triagem de pessoas com sintomas da covid-19 que buscam pré-atendimento em um pátio da administração regional em Curitiba. “A gente se sente mais útil etambém aprende muito.” O governo estadual também chamou universitários para um serviço deorientação remota.

Bolsa é de R$ 1.045

No edital em que convoca alunos de Medicina, Enfermagem, Fisioterapia e Farmácia para atuaremna atenção primária durante a pandemia, o governo federal oferece bolsa de R$ 1.045, por 40 horassemanais de trabalho. É possível ter bônus em programas de residência.

O Ministério da Educação, por causa da pandemia, autorizou temporariamente o estágio emhospitais de alunos dos dois últimos anos desses cursos.

Coordenadora do Telessaúde, a professora de Medicina da Unicamp Joana Fróes Bastos explicaque os alunos têm treinamento e supervisão técnica. “É preciso deixar claro que é um serviço deorientação, não de consulta, que implicaria a presença de um médico.” Segundo ela, a ajuda virtual apacientes com sintomas leves evita sobrecarga nos hospitais. “Há também casos em que a pessoa temsintoma grave e não vai à unidade com medo de se contaminar. Então, é orientada a procurar oserviço médico.”

Muitas vezes, os jovens ficam abalados com a realidade dura do outro lado da linha, como problemasde moradia e alimentação, e a supervisão é importante. “Fazemos apoio direto ao aluno, mas temostambém a retaguarda de outros médicos e professores para trabalhar a angústia emocional deles”,diz Joana.

A experiência lá fora

A Itália foi o primeiro país a antecipar a formatura de médicos para reforçar o combate à pandemia.Dez mil estudantes de Medicina no último ano do curso estão recebendo a graduação de formaantecipada, sem exames finais. Os novos graduados estão sendo destacados para casas de idosos,