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DE UNIVERSA SAGRADA ESCRITURA [aula 1; Am, 17.10.08]. Tese 1. Os pobres como chave hermenêutica para a compreensão da Bíblia. [Hermenêutica]. [Prof. Ranatus Porath]. Os pobres como chave hermenêutica para a compreensão da Bíblia. O tema primeiro, do prefácio da Bíblia hebraica. Não parece ser, não é o tema dos pobres; No princípio Deus criou os céus e a terra. Pobre. Conceito. sociológico; hermenêutico. Como conciliar um conceito que originalmente procede da sociologia, a partir da interpretação, de uma compreensão, cujo objetivo inicial não parece ser o que os termos originalmente significa? ‘anī, oprimido. ’anavīm, encurvado. ’ebyōn, necessitado. Ver artigo de Enrico Dussel, profetismo e marxismo, in. DUSSEL, Enrico. Método para una filosofia de la liberación. Superación analéctica de la dialéctica hegeliana. Salamanca: Sígueme, 1974). mišpāt: direito/ estrutura. Julgar, devolver o direito a quem é de direito (perdeu o direito) e garante vida para o excluído. s e daqā: justiça, postura, ação. Is 10,7 (7,10). - povo/ exilado. ’eběd: servo - Cf. Severino Croatto. Êxodo: uma hermenêutica da liberdade. São Paulo: Paulinas, 1981 (Liberación y liberdad – pautas hermenêuticas). Preservação da liberdade: o decálogo numa perspectivas histórico-social (Cebi). Werner H. Scmidt. A do Antigo Testamento (Alttestamentlicher Glaube); tradução, Vilma Schneider. São Leopoldo: Sinodal, 2004. GRENZER, Mathias. O projeto do êxodo. São Paulo: Paulinas, 2004. 1

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Exames de Teologia

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DE UNIVERSA

SAGRADA ESCRITURA[aula 1; Am, 17.10.08].

Tese 1. Os pobres como chave hermenêutica para a compreensão da Bíblia.[Hermenêutica].[Prof. Ranatus Porath].

Os pobres como chave hermenêutica para a compreensão da Bíblia.O tema primeiro, do prefácio da Bíblia hebraica.Não parece ser, não é o tema dos pobres;No princípio Deus criou os céus e a terra.

Pobre.Conceito.sociológico;hermenêutico.

Como conciliar um conceito que originalmente procede da sociologia, a partir da interpretação, de uma compreensão, cujo objetivo inicial não parece ser o que os termos originalmente significa?

‘anī, oprimido.’anavīm, encurvado.’ebyōn, necessitado.

Ver artigo de Enrico Dussel, profetismo e marxismo, in. DUSSEL, Enrico. Método para una filosofia de la liberación. Superación analéctica de la dialéctica hegeliana. Salamanca: Sígueme, 1974).

mišpāt: direito/ estrutura.Julgar, devolver o direito a quem é de direito (perdeu o direito) e garante vida para o excluído.

sedaqā: justiça, postura, ação.

Is 10,7 (7,10).- povo/ exilado.

’eběd: servo -

Cf. Severino Croatto. Êxodo: uma hermenêutica da liberdade. São Paulo: Paulinas, 1981 (Liberación y liberdad – pautas hermenêuticas).Preservação da liberdade: o decálogo numa perspectivas histórico-social (Cebi).

Werner H. Scmidt. A fé do Antigo Testamento (Alttestamentlicher Glaube); tradução, Vilma Schneider. São Leopoldo: Sinodal, 2004.GRENZER, Mathias. O projeto do êxodo. São Paulo: Paulinas, 2004.CRÜSEMANN, Frank. Preservação da liberdade. O decálogo numa perspectiva histórico-social (Bewahrung der Freiheit. Das Thema des Dekalogs in sozialgeschichtlicher Perspektive); tadução, Haroldo Reimer. São Leopoldo/Cebi, 1995.

J. L. SICRE. A justiça social dos profetas. São Paulo: Paulinas, 1990.-----. De Davi ao Messias. Petrópolis: Vozes, 2002.Jorge PIXLEI. Reino de Deus. São Paulo: Paulinas, s/d.

- núcleo oral.- “pré-estatal”

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Tese 3. O êxodo como paradigma de libertação dos pobres. Êxodo - narrativa “estatal”

- narrativa exílica;- pós-exílica.

GESTENBERGER, E. (Org.). Deus no Antigo Testamento. São Paulo: Aste, 1981.WOLLF, H. W. Bíblia. Antigo Testamento. São Paulo: Paulinas, 1978.FOHRER, G. História da religião de Israel. São Paulo: Paulinas, 1983.

Tese 4. O profetismo como consciência crítica e apelo de esperança.

Miquéias. Cf. J. L. Sicre. A justiça social dos profetas. São Paulo: Paulinas, 1990.

Mq 2.3,1–4; 3,9.5 – (3,5).3,12 – 5,12.Jr 26,18 – Mq 3,12.Um século depois Jeremias retoma a proposta de Miquéias.

[Aula 2; Am, 22.10.08].

Tese 5. O discipulado de Jesus no evangelho segundo Marcos.Profª: Maria Antônia Marques.

Discípulo: , “ir atrás”; coloquial, “ir atrás de...”.

, seguir Jesus.

Mc 1,16–20 // Mt 4,18–22; Lc 5,1–3.10–11.Mc 2,13–17 // Mt 9,9–13; Lc 5,27–32.

O discipulado de Jesus não tem discriminação.

[anos 37–41 d.C.: Calígula insere sua imagem no templo.Revolta dos judeus.

41–54: Claúdio ± ano 41 fecha algumas sinagogas em Roma; expulsão dos judeus.

sofrimento 54–64: Nero – perseguição – Roma.dispersão. 66–73: guerra judaica.

Renasce a teologia davídica oficial; povo eleito, Messias, rei – nacionalismo judaico. O Messias não deve morrer.

Mc (escrito ± 68–70) espera de um Messias: quem é o Messias?9,33–37; 10,42–45 – a prática do Messias se baseia no serviço.O Messias não veio somente para o povo escolhido?

Jesus rompe com a lei da pureza, da eleição de um único povo eleito.1,1–8,26.Ordens de silêncio, no que respeita ao messianismo (“silêncio messiânico”).

1,24–25.1,33–34.1,42–44.3,11–12.5,41–43.

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7,35–36.Jesus não pretende ser reconhecido como um Messias rei.Outra ordem:1,29–31; 2,1–12 (v.12).3,1–8.5,21–43, (v. 34), (v. 42);16,6;levantar-se ().88,27–30.(v. 30) – 8,32.14,62.O Messias é explicado a partir das Escrituras, sobremodo, do livro de Isaías.Mc 9.Anúncio da paixão e morte de Jesus.

Repete-se três vezes.Mc 9,2–13 // Mt 17,1–9; Lc 9,28–36.9,30–32.10,32–45: terceiro anúncio da paixão.10,34b–35:

A partir da cruz a comunidade entende que Jesus é o verdadeiro Filho de Deus.Para os cristãos que acreditam, eles veem a morte de Jesus como auto-sacrifício livre, por compaixão, para a salvação dos homens.

Jesus é o crucificado.Por que Jesus foi crucificado?Como consequência de sua prática.

A ideia de ressurreição na teologia judaica já era algo que nascera desde algum tempo, os fariseus pensavam-na, mas tal concepção aconteceria com o justo, jamais com um condenado.

Para Marcos, Jesus de Nazaré, o crucificado, é o ressuscitado.

[Tese 6. A justiça de Deus no evangelho segundo Mateus].

Mateus, Pós-guerra – Antioquia.(± 80–85)reorganização do povo judeu / judeus, fariseus, alguns cristãos.

Yohanan ben Zakkai/ Sinagoga.

Gamaliel II – lei.

Mateus inicia seu evangelho com a genealogia de Jesus.Jesus, filho de Abraão, de Davi.

Cristo (1,17).Mt 23.

Mt 5,17–20.Mt 1,19: José homem justo.Mt 2: Jesus.Mt 18,19–20.Mt 28,20.9,13: misericórdia.

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12,7.Cita duas vezes Os 6,6.Que significa realizar a misericórdia?Cf. Mt 25,31–46 // Is 58, qual é o jejum que agrada a Deus?

Mt 6,1–18.Práticas:esmola;oração;jejum;práticas de justiça – tais práticas devem ser comprometidas com a justiça.Mt 23,34.Mt 10,17.

[Am, 07.11.08].

“Teses”:O homem novo e a nova criatura – não está submetido à lei.

Adão – pecado.homem submetido à lei.escraviza, expressa a auto-suficiência do homem.Rm 5–7.

Lei/ sem lei.Está em Cristo (± 155 vezes).

O que significa “estar morto para o pecado” (Rm 6,11)?

Rm 8,1–2.Estar em Cristo (2Cor 5,17).1Cor 1,30.Na teologia de Paulo, qual é o poder do Cristo, ressuscitado?Ele nos possibilita morrermos para o pecado e ressuscitarmos para uma vida nova (Rm 6,4; Gl 3,26–27).1Cor 15,21–22.1Cor 15,20–23: Cristo, primícia () dos que morreram.1Cor 15,21a: “a morte veio por um homem” ().1Cor 15,21b: “Por um homem veio a ressurreição” (cf. Rm 5,17: );(v. 22a): “Todos morreram em Adão” (6,6: ). (v. 22b): “Em Cristo todos receberão a vida” ().

Cristo crucificado = morte e ressurreição.xLei/ Adão. Cruz – judeus = maldição/ escândalo.

gregos = loucura. cristãos = “poder de Deus”.

Cristo morreu, por quê?Ele entra na história e em comunhão com os crucificados da história.

Qual o problema fundamental que os gálatas e os romanos enfrentam?O debate com os judeus, especialmente, o grupo dos judaizantes.A morte/ cruz insere o homem na vida nova.

O imperativo da vida cristã é o amor ().Gl 5,5-6.Fl 3,3–11.Encontram-se em Cristo (v. 10-11).Paulo é o primeiro a descrever Jesus Cristo como o último Adão (cf. Rm 5).

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Citações contextuais acerca do tema:Rm 5–7;1Cor 15,20–34;1Cor 15,50-58.

Tese 07: Jesus, o enviado do Pai, na teologia de João.

A noção de mundo em João exprime,a) primeiramente uma acepção neutra, pois entende o mundo como lugar onde vive a comunidade e, onde se desdobra a história;b) a segunda, positiva, entende o mundo como o conjunto das pessoas humanas, às quais o Pai proporcionou o dom do Filho e em prol dos quais o Filho se deu a si mesmo;c) a terceira, enfim, o mundo representa o conjunto das forças hostis que procura impedir o desdobramento do desígnio de Deus. Este é o mundo que odeia o discípulo.

O termo “mundo” () aparece no Evangelho segundo João 78 vezes.

Crer que Jesus é o Filho de Deus ().Crer aparece no Evangelho segundo João, 98 vezes.

Esquema: Éfeso60 110.ComunidadeFormada expressivamente por:discípulos de João Batista;galileus; // há conflitos.samaritanos;judeus;gregos; // liderança expressiva de mulheres.

Deve imperar no centro da comunidade para que ela subsista e sobreviva o amor () e o serviço ().

Forças hostis/ conflitantes.Império romano.(vizinhos); (pós-70).judeus fariseus.

Aliança entre os judeus e os romanos pela qual os primeiros adquiram alguns direitos para administrar as sinagogas.A comunidade de João é expulsa da sinagoga (cf. Jo 9).

Sinagoga.Outras religiões oficiais.Os simpatizantes dos batistas;comunidades apostólicas.

Jo 4.Revelação de Deus no “Evangelho” de Deus.“Eu sou a luz” ( – Jo 8,12);“Eu sou a água viva” ().No Antigo Testamento, esses títulos eram atribuídos a Ihwh.Jr 2,13; Is 55,1; (55,1-3).

Conflitos com o pré-gnosticismo cristão.Seus signatários defendem a impossibilidade da encarnação de Jesus, pois ela é apenas aparente.Jo 1,14: “O verbo se fez carne” ().1Jo 1,1-4.Sinais ():

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Jo 2,1–12. - 13,1–17. Sinal da presença de Jesus. Livro da comunidade.

Amor - amor.Jo 11: vida Jo 14,23: pelo amor que Deus se faz presente.Entregar a sua vida (Jo 10).

1Jo.Jo 15.Símbolo da comunidade, a videira ().Permanecer em Cristo.O Cristo nos deixa outro Paráclito para vivermos no amor.Função do Paráclito:Jo 16.O projeto de Jesus no evangelho segundo João se realiza plenamente na cruz e ressurreição.

TEOLOGIA DOGMÁTICA

[Profº: José Donizete Xavier].

Tese 10: A trindade econômica como revelação da Trindade imanente.

Compreensão.A partir da revelaçãoHb 1.

DeusPai.

Jesus Conceito de pessoa1.Espírito Santo.

1. Fórmulas trinitárias.

Utilizadas pelas primeiras comunidades. Revela um conhecimento de Deus enquanto Trindade.

Liturgia.

Termos:Hipóstasis2. Cristologia heresias dos primeiros séculos.

Trindade.

1 Etimologicamente, o termo pessoa, vem do latim personare, “ressoar”. No latim clássico “pessoa” era o nome dado à máscara e era igual ao grego prósopon (). Desde Tertuliano esta palavra recebeu um significado novo para indicar os Três Nomes divinos. É o termo dado à hipóstase quando é um sujeito racional ou espiritual. Eis a definição: Pessoa é a substância individual de natureza racional que existe por si. É necessário insistir particularmente no elemento fundamental ontológico, sobre a existência por si, contra o Monismo que reduz a personalidade à consciência de si, à independência no sentido de caráter forte e seguro de si. A personalidade seria mutilada quando se a fizesse consistir unicamente na consciência. Pois, havendo em Deus uma única natureza, deveria haver uma só pessoa, já que em Deus há uma só consciência. E, possuindo Jesus duas consciências, haveria nele também duas pessoas, enquanto a criança, que ainda não tem consciência de si, não seria pessoa (cf. B. KLOPPENBURG. Trindade: o amor em Deus. Petrópolis: Vozes, 20002, p. 66.2 - “hypóstasis” - “hipóstase”. Designa a substância que não faz parte de um todo, substância individual, completa, existente em si e por si. Possui três características: individualidade, existência em si e existência por si. A existência em si pode pertencer a uma substância parcial, incompleta; a existência por si é própria somente das substâncias completas. Entre existência em si e por si há pelo menos uma diferença virtual. A existência por si é uma propriedade mais completa do que a existência em si. A hipóstase (suppositum) é a existência individual perfeita, existente de modo tal a constituir não só um ente em si, mas que é distinta de todas as demais. Ela é o sujeito de ação (principium quod), donde o axioma: actiones sunt suppositi; a natureza, ao invés, lhe é somente o princípio próximo (ou o principium quo), cf. Idem., p. 64-65.

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A Trindade econômica é a que se revela na história. É o objeto da teologia querigmática e prática.Forma, maneira: é o agir de Deus na história.

O “princípio fundamental de não-contradição” entre a doutrina da salvação e a doxologia apóia-se no fato de que não existem duas Trindades distintas, mas tão-somente uma única Trindade divina e uma única história da salvação3.

(Cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 232s; 292. São Paulo: Paulinas [et al.], 1993). [“Fides omnium christianorum in Trinitate consistit – a fé de todos os cristãos consiste na Trindade” (Cesário de Arles, symb.). O mistério da Santíssima Trindade é o mistério central da fé e da vida cristã. É o mistério de Deus em si mesmo. É, portanto, a fonte de todos os outros mistérios da fé; é a luz que os ilumina. É o ensinamento mais fundamental e essencial na “hierarquia das verdades de fé”. “Toda a história da salvação não é senão a história da via e dos meios pelos quais o Deus verdadeiro e único, Pai, Filho e Espírito Santo, se revela, reconcilia consigo e une a si os homens que se afastam do pecado”. A Trindade é um mistério de fé no sentido estrito, um dos “mistérios escondidos em Deus, que não podem ser conhecidos se não forem revelados do alto”4. Sem dúvida Deus deixou vestígios do seu ser trinitário na sua obra de Criação e na sua Revelação ao longo do Antigo Testamento. Mas a intimidade do seu Ser como Santíssima Trindade constitui um mistério inacessível à pura razão e até mesmo à fé de Israel antes da Encarnação do Filho de Deus e da missão do Espírito Santo.“O espírito Santo procede do Pai enquanto fonte primeira e, pela doação eterna deste último ao Filho, do Pai e do Filho em comunhão (S. Agostinho. De Trin. 15,26,47) ]

Agir – ser.reflexo.

Pode-se chegar ao conhecimento da Trindade imanente pelo agir da Trindade econômica.

- 1. imanente (ser). É o objeto da teologia doxológica5.Trindade6 - 2. Econômica (ação) – natureza/ essência, .

[Trindade imanente e Trindade econômica: é uma terminologia mais moderna que denomina “Trindade imanente” a Trindade em si mesma, em sua eternidade e em sua comunhão pericorética entre o Pai e o Filho e o Espírito Santo; e a “Trindade econômica” é a Santíssima Trindade enquanto se comunica na história da humanidade para a sua redenção e santificação. A Trindade Econômica é para nós a fonte, única e definitiva, de todo o conhecimento do mistério da Santíssima Trindade: a elaboração da doutrina trinitária teve sua origem na Economia da salvação. A Trindade Econômica (que só começou com a Criação) pressupõe sempre necessariamente a Trindade Imanente, que é eterna, cf. B. KLOPPENBURG. Trindade: o amor em Deus. Petrópolis: Vozes, 20002, p. 68].

A ação de Deus na história se revela em seu agir nessa mesma história.Conceito de processão [Pai].Quantas processões há em Deus?Duas.a) imanente: movimento que se dá em Deus mesmo;

1) geração; 2) espiração.

3 Cf. J. MOLTMANN. Trindade e Reino de Deus: uma contribuição para a teologia. Petrópolis: Vozes, 2000, p. 163. 4 Conc. Vaticano I: DS 3015.5 Cf. J. MOLTMANN, op. cit., p. 161-195.6 Os antigos Padres da Igreja distinguiam entre Theologia e Oikonomia, designando com o primeiro termo o mistério da vida íntima do Deus-Trindade (hoje também se diz Trindade Imanente), e com o segundo todas as obras de Deus através das quais ele se revela e comunica sua vida. É através da Economia que nos é revelada a Teologia; mas, inversamente, é a Teologia que ilumina toda a Economia. As obras de Deus revelam quem ele é em si mesmo; e, inversamente, o mistério do seu Ser íntimo ilumina a compreensão de todas as suas obras. Analogicamente acontece o mesmo entre as pessoas humanas: a pessoa mostra-se no seu agir, e quanto melhor conhecemos uma pessoa, tanto melhor compreendemos o seu agir (cf. Catecismo, n. 236).

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b) transeunte: criação – transbordamento de Deus.

a) Filho.1) geração:

a) Imanente.2) espiração – Espírito Santo.

a) ativa.Espiração7:

b) passiva.

As processões em Deus constituem pessoas que são ao mesmo tempo idênticas com a essência e distintas graças às relações subsistentes8.

Tratados: criação.

[A sentença fundamental reza: “Os enunciados sobre a Trindade imanente não podem estar em contradição com os enunciados sobre a Trindade econômica. Os enunciados sobre a Trindade econômica correspondem aos enunciados doxológicos sobre a Trindade imanente (cf. J. MOLTMANN. Trindade e Reino de Deus: uma contribuição para a teologia. Petrópolis: Vozes, 2000, p. 120)].

O que em Deus se chama?(Cf. Bruno FORTE. Trindade como história: ensaio sobre o Deus cristão. São Paulo: Paulinas, 1987).

a) Pai: fontalidade, sempre a fonte do amor.Princípio sem “amor” a) doador.

Receptor.Recíproco.

A geração é um ato eterno em Deus.Pericórese.[Expressão grega que significa “girar em torno”, e usada na teologia trinitária para indicar a mútua compenetração sem mistura das três Pessoas divinas. Na época escolástica usava-se o latim circuminsessione (circum = ao redor e insidere = estar em cima ou dentro) ou circumincessione (circum = ao redor e incidere = avançar). Hoje costuma-se usar o grego, que assinala a terceira grande verdade da teologia trinitária, a que faz a ponte entre a unidade e a trindade, ou a comunhão. Enquanto a Unidade é indicada pelo termo natureza, substância, essência, a Trindade pelo termo pessoa, hipóstase e sujeito, a Comunhão é significada pelo vocábulo pericórese. Cf. B. KLOPPENBURG. Trindade: o amor em Deus. Petrópolis: Vozes, 20002, p. 66].

Mútua inclusão de uma pessoa na outra, sem confusão, em distinção e em comunhão.

Alteridade em Deus. Daí, entende-se o sentido de pericórese.Pai – amor que se doa sempre.

b) Filho.Princípio de alteridade.

Princípio de busca.

Doação recepção.movimento dinâmico.(reciprocidade).

c) Espírito Santo.

7 Termo técnico para designar a processão do Espírito Santo. Fala-se de uma espiração ativa e passiva. A ativa é um ato eterno pelo qual o Pai e o Filho, amando-se reciprocamente, “espiram” ou “expiram” ou “exalam” o Espírito Santo. Cf. Idem, p. 64.8 Cf. B. KLOPENBURG. Op. cit., p. 120.

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Reciprocidade do amor em Deus.Amor em Deus/ une o Pai e o Filho.

Qual a implicação pastoral da Trindade na vida do homem?O homem é um ser aberto, de relação.Ele está implicado na pericórese divina.

Em Deus há um movimento de saída para o outro.

[Hans Urs von Balthasar: denomina esse movimento como kenósis-pericorético].

permite que o outro seja ele mesmo (outro).Pai: saída de si Filho para si mesmo.Eu sou / mundoeu mesmo. Espírito / homem

Filioque.

Princípio teológico.Refutação das heresias.arianismo;[Ário afirma a existência de um único Deus, o Pai, eterno, absoluto, imutável, incorruptível. Este Ser Supremo e Absoluto, não pode comunicar, segundo sua concepção, seu Ser, nem mesmo parcelas dele, nem por criação, nem por geração. Se Deus não é corpo, não pode ser composto, divisível. Assim é impossível a Deus gerar um filho. Tudo o que está fora dele, portanto, foi criado do nada. Tudo o que existe fora do Deus Absoluto, eterno, incriado, incomunicável, são meras criaturas. Para criar o mundo, o Deus Supremo criou antes um ser intermediário para servir de instrumento da criação. Este ser intermediário é o Logos. O Logos é superior e anterior a todas as criaturas, mas não é eterno. É o primogênito de todas as criaturas, a mais excelente de todas, acima de todo o criado, mas não é igual a Deus. Se Jesus foi gerado quer dizer que houve um tempo, um instante ao menos, em que não era, razão pela qual não pode ser coeterno nem consubstancial. Para ele, embora representando o sumo da humanidade, Jesus era somente uma criatura, receptáculo do Logos. Segundo Ário, o mistério de Jesus é assim pensado: o Logos divino é criado, embora a melhor de todas as criaturas; torna-se o criador de todos os outros seres como instrumento de Deus Pai; ele é “deus” em relação às outras criaturas; este Logos divino se encarnou e se tornou a alma de Jesus Cristo, que foi adotado como Filho de Deus. Aquele Logos que se fizera homem, que se contaminara com um corpo humano, não podia ser Deus como o Pai, que é incorruptível, intemporal, puro, eterno, incomunicável].

Suburdinacionismo (séc. IV).[O subordinacionismo afirma que só o Pai é, rigorosamente, Deus. Enquanto Verbo-Logos, submerso no tempo e na matéria, na qualidade de Filho, o Cristo é um “deus subordinado” ao Pai, um “segundo Deus” (Déutero Theós, Orígenes e Fílon de Alexandria). O subordinacionismo reconhece em Jesus Cristo não apenas um homem dotado por Deus, mas o Filho criado pelo Pai antes da criação do mundo. Cristo foi chamado à existência antes de todas as coisas e desempenhou uma função mediadora na obra da criação. É uma criatura excelsa, mas subordinada ao Pai. É bem a influência do espírito grego que preserva a distância entre o múltiplo contaminado da história e o Uno puríssimo do divino.O subordinacionismo, uma das controvérsias mais longas e graves da história da dogmática, está amarrado à questão da especulação filosófica sobre o Logos. O Concílio de Nicéia (325 d.C), em duas secções, confessará não só a preexistência de Jesus Cristo, mas também sua igualdade com o Pai.].

“Deus dá tudo de si e não perde nada” (Joseph Ratzinger).

Processões reais (cf. Tomás de Aquino. S. th., I, q. 27-43. São Paulo: Loyola, 2001).1. geração.2. espiração.

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“O Filho procede do Pai por via da geração eterna. E o Espírito procede do Pai e do Filho por espiração (processão de amor)”.

Propriedades de Deus.paternidade;reciprocidade;espiração.

[Cf. LADARIA, Luis F. O Deus vivo e verdadeiro. O mistério da Trindade. São Paulo: Loyola, 2005].

Revelação da teologia trinitária da pericórese para a compreensão eclesiológica.Não fundamenta a hierarquia e o subordinacionismo.Essa teologia ressalta a comunhão.

1. Monoteísmo.unidade.a) Modalismo.Modos distintos.Trindade.2. Triteísmo.igualdade de pessoas.b) Subordinacionismo.

- Filho.Pai

- E. S.

Definições dogmáticas:a) Monoteísmo.Deus uno.

b) Unidade:igualdade de pessoas (na Trindade).

c) Trindade.

Heresias:a) Triteísmo, séculos II, XII.b) Subordinacionismo, (arianismo, século IV); adopcionismo (séc. VIII).Negação da igualdade das pessoas (da Trindade).

c) Modalismo [ou a monarquia em tríplices operações]9 (Sabélio).Negação das três pessoas. O Pai, o Filho e o Espírito Santo são modos distintos da representação de um Deus unipessoal.

Definições dos Concílios de Nicéia (19 de jun. – 25 ago. 325) e Constantinopla (381).

9 Sabélio era defensor rígido da monarquia divina. Apresentava a divindade como uma mônada que se dilatava em três operações distintas: Pai, no A.T.; Filho, na encarnação e Espírito Santo, no Pentecostes. Contudo, tratava-se de uma única hipóstase, i.é., pessoa. Os sabelianos propõem uma analogia perfeita tomada do corpo, da alma e do espírito do homem. O corpo seria o Pai, a alma seria o Filho, enquanto o Espírito Santo seria para a divindidade o que o espírito é para o homem. Ou tome-se o sol: o sol é uma só substância, mas com tríplice manifestação (prósôpa): luz, calor e globo solar. O calor (...), (análogo a) o Espírito, a luz, ao Filho, enquanto o Pai é representado pela verdadeira substância. Em certo momento, o Filho foi emitido como um raio de luz; cumpriu no mundo tudo o que cabia à dispensação do Evangelho e à salvação dos homens, e retirou-se para os céus, semelhantemente ao raio enviado pelo sol que é novamente incorporado a ele. O Espírito Santo é enviado mais sigilosamente ao mundo e, sucessivamente, aos indivíduos dignos de o receberem (...)”. Irineu de Lyon. Ad. haer., LXI,1; cf. FRANGIOTI, R. História das heresias (séculos I-VII): conflitos ideológicos dentro do cristianismo. São Paulo: Paulus, 1995, p. 48-51.

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“Deus existe, isso basta”.O Filho é criado. Houve um tempo em que o Filho não era.

[Cf. Gregório de Nanzianzo, Padres Capadócios].

As pessoas divinas (cf. Tomás de Aquino. S. th., I, q. 27-43).

Relações em Deus: são opostas entre si, pois estão em distinção.a) Paternidade;b) Filiação;c) Espiração passiva.

Pessoa:Boécio10.

Substância individual de natureza racional.Só os que possuem natureza racional possuem capacidade de amar, de ser livre e de conhecer, podem ser chamados de pessoas.Pessoa é o ser subsistente de natureza racional. É o que há de mais perfeito na natureza. Isso elucida a natureza subsistente (essência) e a noção de essência (pessoa).

I Concílio de Nicéia (1º ecumênico): 19, jun. – 25, ago. 32511.

Este concílio dos “318 Padres”, convocado pelo imperador Constantino, o Grande, condenou sobretudo os arianos. Começou em 19 de jun. (não em 20 de maio; cf. E. Schwartz, in, Nachr. der Gesellsch. der Wissensch. Göttingen [1904], 398; Turner 1/I/II [1094], 105: “XIII Kal. Iul.”). Encontram-se conservados somente o Símbolo da fé, 20 cânones e uma carta sinodal.

125-126: É contado entre as definições de fé mais significativas. O texto melhor é oferecido por Eusébio de Cesaréia, Carta aos seus diocesanos (PG 20, 1540 BC); Atanásio de Alexandria, Carta ao Imperador Joviano, c. 3 (PG 26, 817 B); De decretis Nicaenae synodi 37, § 2 (cf. a ed. infra citada de Opitz, 36); Basílio Magno, Carta 125, c. 2 (PG 32, 548 C). Os testemunhos textuais posteriores não valem como originários, por exemplo, o do Concílio de Calcedônia (ACOe 2/I/II, 7816-23). O exemplo deste Concílio deu origem ao costume de redigir “Símbolos sinodais”. Entre as traduções latinas do Símbolo sobressaem por antigüidade as versões de Hilário de Poitiers, das quais vem aqui apresentada, ao lado do texto grego, a que consta da obra De Synodis 84 (PL 10,36A) (incluído o anatematismo). Ed.: [texto grego] I. Ortiz de Urbina, El simbolo Niceno (Madrid 1947) 21s / idem, in: OrChrPer 2 (1936) 342s/ H.G. Opitz, Athanasius Werke 2/I (Berlin-Leipzig 1935) 30 36s / G.L. Dossetti, Il simbolo di Nicea e di Constantinopoli (Testi e ricerche di scienze religiose 2; Roma 1967) 222-237 / Hn § 142 / MaC 2, 665C-E (cf. 6, 688B) / COeD3 52-19 / Kelly 215 / Ltzm 26s. – [versão latina] As outras traduções de Hilário de Poitiers (exceto a supra citada), ver A. Feder: CSEL, 65, 150 / a maior parte das traduções colhidas das coleções dos cânones, in Turner 1/I/II (1904) 106-109 [= as mais antigas]; 1/II/1 (1913) 297-319 [= as posteriores]; ibid. 320-324: rico elenco das variantes.

[Recensio latina]

Credimus in unum Deum, Patrem omnipotentem, omnium visibilium et invisibilium factorem.Et in unum Dominum nostrum Iesum Christum Filium Dei, natum ex Patre unigenitum, hoc est de substantia Patris, Deum ex Deo, lumen ex lumine, Deum verum de Deo vero, natum, non factum, unius substantiae cum Patre (quod graece dicunt homousion), per quem omnia facta sunt, quae in caelo et in terra, qui propter nostram salutem descendit, incarnatus est et homo factus est et passus est, et resurrexit tertia die, et ascendit in caelos, venturus iudicare vivos et mortuos.

Et in Spiritum Sanctum.

10 Cf. AQUINO, Tomás de. Comentário ao ‘Tratado da Trindade’ de Boécio: questões 5 e 6. Tradução e introdução de Carlos Arthur R. do Nascimento. São Paulo: Editora Unesp, 1999.11 Cf. DENZINGER, Heinrich. Compêndio dos símbolos, definições e declarações de fé e moral; traduzido por José Marino e Johan Konings. São Paulo: Paulinas/Loyola, 2007, p. 50-52.

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Eos autem, qui dicunt “Erat, quando non erat” et “Antequam nasceretur, non erat” et “Quod de non exstantibus factus est” vel ex alia substantia aut essentia dicentes aut convertibilem aut demutabilem Deum, hos anathematizat catholica Ecclesia.

[Versão latina]

Cremos em um só Deus, Pai onipotente, artífice de todas as coisas visíveis e invisíveis.E em um só nosso Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, nascido unigênito do Pai, isso é, da substância do Pai, Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, nascido, não feito, de uma só substância com o Pai (o que em grego se diz homoúsion); por meio do qual foram feitas todas as coisas que <há> no céu e as na terra; o qual, por causa de nossa salvação desceu, se encarnou e se fez homem, e padeceu, e ressuscitou ao terceiro dia, e subiu aos céus, havendo de vir julgar os vivos e os mortos.

E no Espirito Santo.Aqueles, porém, que dizem: “Houve um tempo em que não era” e: “Antes que nascesse não era”, e que foi feito do que não era, ou que dizem ser de outra substância ou essência, ou que Deus é mutável ou alterável, a eles anatematiza a Igreja católica.

[Recensio graeca]

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[Versão grega]Cremos em um só Deus, Pai onipotente, artífice de todas as coisas visíveis e invisíveis.E em um só Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus, gerado unigênito do Pai, isto é, da substância do Pai, Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado não feito, consubstancial ao Pai, por meio do qual vieram a ser todas as coisas, tanto no céu como na terra;o qual, por causa de nós homens e da nossa salvação, desceu e se encarnou, se en-humanou, padeceu, e ressuscitou ao terceiro dia, [e] subiu aos céus, havendo de vir julgar os vivos e os mortos;e no Espírito Santo.Aqueles, porém, que dizem: “Houve um tempo em que não era”, e: “Antes de ser gerado não era”, e que veio a ser do que não é, ou que dizem ser o Filho de Deus de uma outra hipóstase ou substância ou criado [–!], ou mutável ou alterável, <a eles> anatematiza a Igreja católica.

Concílio de Calcedônia (4º ecumênico); 08 de outubro – início de novembro de 451).

Convocado pelo imperador Marciano, conclui de certo modo as disputas cristológicas da Igreja primeva. Rejeita o monofisismo. Êutiques, arquimandrita de Constantinopla, já tinha sido condenado em novembro de 448 por um sínodo local de Constantinopla sob o patriarca Flaviano. No assim chamado “Sínodo dos ladrões, de Éfeso” (“latrocínio”: Leão I [ACOe 2/IV, 514], em agosto de 449, ele havia sido reabilitado, enquanto Teodoreto de Ciro, por causa dos seus escritos anticirilianos, e Ibas de Edessa, por causa da sua carta ao persa Máris, ambos foram depostos como “nestorianos”. Foram reabilitados pelo Concílio de Calcedônia (26-27 de outubro, sessões 9-11 [outros 8-10]. Mais tarde, na disputa dos três capítulos e em algumas formulações de símbolos de fé, a ortodoxia deles foi novamente posta em questão (cf. 436s 472 e o Liber Diurnus fórmula 84 Codex Vativanus = fórmula 65 Codex Claromontanus <Clermont-Ferrand> = fórmula 60 Codex Ambrosianus: ed. H.

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Foerster [Bern 1958] 153 228 245; nesta fórmula a sua condenação foi atribuída não ao II Concílio de Constantinopla [ano 553], mas, erroneamente, ao Concílio de Calcedônia). Os decretos do Concílio foram confirmados por Leão I, por via epistolar (114–117 em Ballerini, PL 54, 1027-1039; = Collectio Grimanica, carta 64 61-63, ACOe 2/IV, 70 67-69; JR 490-493), em cartas datadas de 21 de março de 453, exceto a resolução sobre os privilégios da sé patriarcal de Constantinopla. O “cânon 28 de Calcedônia” reedita o cânon 3 do Concílio de Constantinopla.

330-330: 5ª sessão, 22, out. 451: Símbolo de fé de Calcedônia.Ed.: ACOe 3/I/II, 128-130; trad. latina: 2/III/II, 136-138 / MaC 7, 112C-116D / HaC 2,453D-456D / Hn § 146 / Ltzm 35s / CoeD3 84-87.

As duas naturezas em Cristo.

[Prooemium definitionis. Praemissis duobus symbolis Nicaeno et Constantinopolitano sequitur:],... ,, [= ]

[=],,...,[290-295],

[Definitio],,,,,,,[cf. Hbr 4,15]

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12,,,,,

[Sanctio],,...

[Proêmio da definição. Depois de transcritos os dois símbolos de fé de Nicéia e de Constantinopla, segue-se:] Para o pleno conhecimento e confirmação da fé, seria suficiente este sábio e salutar Sínodo da divina graça, pois oferece um perfeito ensinamento referente ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo e expõe, a quem o acolhe com fé, a en-humanação do Senhor. Mas aqueles que tentam repelir o anúncio da verdade, com suas heresias cunharam novas expressões: alguns... negam à Virgem o termo “Deípara”, outros introduzem confusão e mistura, imaginando insensatamente que seja uma só a natureza da carne e da divindade e sustentando absurdamente que, em virtude dessa confusão, a natureza divina do Unigênito seja passível. Diante de tudo disso, querendo impedir-lhes qualquer devaneio contrário à verdade, o atual santo, grande e ecumênico Sínodo, que ensina a imutável doutrina pregada desde o início, estabelece antes de tudo que a fé dos 318 santos Padres deve ser intangível.

E por causa daqueles que combatiam o Espírito Santo <= pneumatômatos>, <o Sínodo> confirma também a doutrina sobre a natureza do Espírito Santo, transmitida ulteriormente pelos 150 Padres reunidos na cidade imperial, os quais declararam a todos que não queriam acrescentar nada ao ensinamento dos seus predecessores, como se nele faltasse alguma coisa, mas desejavam somente expor com clareza, segundo os testemunhos da Escritura, o seu pensamento sobre o Espírito Santo, contra aqueles que tentavam negar seu senhorio. Quanto, porém, aos que tentam alterar o mistério da economia da salvação e têm o despudor de sustentar que aquele que nasceu da santa Virgem Maria seja mero homem, <este Sínodo> fez suas as cartas sinodais do bem-aventurado Cirilo, que foi pastor da Igreja de Alexandria, a Nestório e aos orientais, sendo adequadas para refutar o desvario nestoriano..., e acrescentou-lhes, com justa razão, a carta que o beatíssimo e santíssimo arcebispo Leão, que preside a máxima e antiga Roma, escreveu ao arcebispo Flaviano, de santa memória, para eliminar a opinião errônea de Êutiques [290–295]; essa <carta> está em harmonia com a profissão de fé do grande apóstolo Pedro e é para nós uma coluna comum contra os heterodoxos, a favor das sentenças corretas.<Este Sínodo> se opõe aos que tentam separar o mistério da economia numa dualidade de filhos, exclui da assembléia sacerdotal aqueles que ousem afirmar passível a divindade do Unigênito, resiste aos que pensam numa mistura ou confusão das duas naturezas de Cristo, expulsa os que, delirando, julgam celeste ou de qualquer outra substância aquela forma humana de servo que de nós assumiu e anatematiza os que inventam a fábula das duas naturezas do Senhor antes da união e de uma só depois da união.

[Definição] Seguindo, pois, os santos Padres, com unanimidade ensinamos que se confesse que um só e mesmo Filho, o Senhor nosso Jesus Cristo, perfeito na sua divindade e perfeito na sua humanidade, verdadeiro Deus e verdadeiro homem <composto> de alma racional e de corpo, consubstancial ao Pai segundo a divindade e consubstancial a nós segundo a humanidade, semelhante em tudo a nós, menos no pecado [cf. Hb 4,15], gerado do Pai antes dos séculos segundo

12 Leia-se “” (“em duas naturezas”), não “” (“a partir de duas naturezas”), variante oferecida em edições mais antigas e menos críticas do texto grego; todas as versões atestam “em duas naturezas” (“in duabus naturis”). A outra variante, acenando ao monofisismo, seria contrária à intenção do concílio. A variante certa é atestada também em texto extraconciliares: apud R.V. Sellers. The Council of Chalcedon (London, 1953) 120s nota 6; I. Ortiz de Urbina. Das Symbol von Chalkedon, in: A. Grillmeier – H. Bacht (ed.). Das Konzil von Chalkedon 1 (Würzburg 19592) 391 nota 4 (para a ed. 19511, cf. apêndice do t. 3 [1954] 877).

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a divindade e, nestes últimos dias, em prol de nós e de nossa salvação, <gerado> de Maria, a virgem, a Deípara, segundo a humanidade;

um só e mesmo Cristo, Filho, Senhor, unigênito, reconhecido em duas naturezas13, sem confusão, sem mudança, sem divisão, sem separação, não sendo de modo algum anulada a diferença das naturezas por causa da sua união, mas, pelo contrário, salvaguardada a propriedade de cada uma das naturezas e concorrendo numa só pessoa e numa só hipóstase; não dividido ou separado em duas pessoas, mas um único e mesmo Filho, unigênito, Deus Verbo, o Senhor Jesus Cristo, como anteriormente nos ensinaram a respeito dele os Profetas, e também o mesmo Jesus Cristo, e como nos transmitiu o Símbolo dos Padres.

[Sanção] Depois de termos estabelecido tudo com toda a possível acríbia e diligência, o santo Sínodo ecumênico decidiu que ninguém pode apresentar, escrever ou compor uma outra fórmula de fé ou julgar ou ensinar de outro modo...

TEOLOGIA DOGMÁTICAProfº: Fernando Altemeyer Jr.[Am, 26.11.08, en el día su cumpleaños].

Tese 11. O Reino de Deus compreendido como centro da pregação de Jesus de Nazaré.

“A realidade histórica vive as contradições do fazer humano e o esforço dos cristãos é diagnosticar e discernir os sinais de Deus nesta única história que é prenhe de salvação e amor divino”.

Como verificar na história, nas contradições que nela se apresentam, que ele é prenhe da salvação e de amor divino?

Qual foi a fé de Jesus, o que ela proclamou?O que é o Reino?Onde ele surge?Qual a relevância de seu pensar e sua envergadura hoje?Manifestação metafórica do Reino.Por que Jesus elegeu o estilo de parábola () para falar do Reino?Segundo o estudioso do Novo Testamento, Joaquim Jeremias, há 86 modos de falar do Reino no N.T.A prática de Jesus é a prática de Deus, a prática de Deus é a prática de Jesus.

Evangelizar pelo Reino.Uma questão genético-sintomática se faz necessária colocá-la: situar o Jesus histórico na problemática do Reino.Por que Jesus não se auto-proclamou?

Quais são os sinais do Reino? Como eles se apresentam?

Tese 12. A Igreja como comunidade que guarda a memória de Jesus Cristo, celebra a sua presença de ressuscitado e o anuncia ao mundo.

Dimensões da Igreja:

13 Leia-se “” (“em duas naturezas”), não “” (a partir de duas naturezas”), variante oferecida em edições mais antigas e menos críticas do texto grego; todas as versões latinas atestam “em duas naturezas” (“in duabus naturis”). A outra variante, acenando ao monofisismo, seria contrária à intenção do concílio. A variante certa é atestada também em texto extraconciliares: apud R. V. Sellers, The Council of Chalcedon (London, 1953) 120s nota 6; I. Ortiz de Urbina, Das Symbol von Chalkedon, in: A. Grillmeier – H. Bacht (ed.), Das Konzil von Chalkedon 1 (Würzburg, 19592), 391 nota 4 (para a ed. 19511, cf. apêndice do t. 3 [1954], 877).

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A Igreja ontem, hoje e amanhã.

[Temática: o mistério da Igreja].

Desafios:

1. Não perder a memória;2. Celebrar bem;3. Sair. Pregar.

Qual o sentido adquirido pela Igreja hoje? Como ela enfrenta os desafios que a interpelam?A realidade complexa e mistérica da Igreja revela a presença do Espírito do ressuscitado entre nós.

Paulo VI, Ecclesiam suam, 6 de agosto de 1964.Igreja e diálogo.Pio XII, Mystici corporis, 29 de julho de 1943.O poder da graça de Deus não significa o poder extraordinário de algo exterior, que lhe transmite força e vitalidade.

Igreja - mística.- seguimento.

Questões:A Igreja católica está disposta a fazer uma reforma ministerial profunda?

Sobre a tese 11. O que é o Reino de Deus?O reinado em nossa vida. O senhorio de Deus.O reino de Deus surge e acontece com a presença do Senhor, afirma o salmista.O Reino acontece nas experiências de amor, nos gestos de caridade, onde haja um homem que faça com que o Reino exista, e leve consigo as sementes do Reino com sua vida.

Os sinais do Reino acontece, mas sua plenitude jamais se esgota.O perdão constitui um valor nevrálgico para quem vive na dinâmica do Reino.

TEOLOGIA MORAL[Am, 27.11.08].

Tese 16. Sobre a perspectiva moral do destino do homem e do mundo.

Introdução.Por que teologia fundamental?Fundamento.Tarefa crítica.Condições da possibilidade para o saber.O agir humano.Como investigá-lo apoditicamente?Há possibilidade de o homem agir a partir de um ponto de vista geral?Que fundamentos do agir do homem podem ser válidos para todos os homens em geral?O fundamento da teologia é o dado revelado. Supõe-se a existência da fé.

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O cristianismo é formado na cultura pelos movimentos de diástole e sístole14. Fragmentado em princípio, converge para um todo. O que se tornou comum na cultura Ocidental.O agir humano segundo o evangelho, coloca um problema essencial para a cultura tal qual ele se dar hoje.

2. Aspectos históricos da teologia moral fundamental.No cristianismo dos primeiros séculos, o fato de falar em teologia consistia saber em falar do querigma pascal.

[Eusébio, Preparatio evangelica].O agir do homem, especialmente do cristão, implicava falar da metanóia, do anúncio do evangelho, i.é., da mensagem anunciada e vivida por Cristo.

Aqui, falar de Jesus implica falar de tudo o que [existe] na realidade humana, inclusive seu modo de agir.O homem deve se comportar como Jesus.A moral cristã é baseada em Jesus Cristo e globalmente nas Escrituras.

Caracteriza-se como uma moral do martírio (, testemunho).

Orígenes, Contra Celso.

A resposta de Orígenes visa elevar o conceito antropológico à categoria universal: o conceito de homem não se aplica apenas aos romanos.

Agostinho de Tagaste (354–430).Em outro contexto, pensa-se na possibilidade de se aceitar a “guerra justa”.

Sociedade homogênea.Vários problemas surgem, se manifestam.“Fuga mundi”.Rigorismo moral.Problema dos lapsi.

Período patrístico.Problema do elitismo moral e do mal para os simples.Registro no qual constitui um período recorrente da Igreja.Influências da gnose.

Heresias.Arianismo.Reação do “sensus fidei” a heresia ariana, na tentativa de corrigi-lo.Idade Média.Escolástica.Etapas sucessivas.Pedro Abelardo (1079–1142).

Apogeu:

Alberto Magno (1220–1280), Tomás de Aquino (1224–1274), Boaventura (1217–1274).Baixa-escolástica.

14 Sístole (gr. sustolé: “contração”) parte do ciclo cardíaco caracterizado por contração rítmica, espec. dos ventrículos, por meio da qual o sangue é ejetado para a aorta e para a artéria pulmonar. Rubrica (gramática): deslocamento do acento tônico de uma sílaba para a sílaba precedente (p. ex., na passagem do latim para o português, erāmus torna-se éramos). Diástole (gr. diastolé; “separação”, “afastamento”) parte do círculo cardíaco caracterizado por relaxamento muscular e enchimento dos ventrículos. Rubrica: fonética, gramática: alongamento de uma sílaba breve; éctase.

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Teologia casuística.No tempo de Agostinho, soía acontecer de o homem orientar sua vida (por uma ordem) à ordem do cosmo.Tomás de Aquino, marca sua época e estabelece os fundamentos para a teologia cristã. Período áureo da Escolástica.Baixa-Escolástica.A teologia preocupa-se com problemas e questões de ordem casuística.

Martin Luther (1483–1546).Reforma Protestante.Nova mentalidade espaço-temporal na sucessão do pensamento. Introdução da subjetividade no pensamento ocidental.

A subjetividade consola em primeiro plano a consciência.Influências na teologia moral.

Casuística.Estudo dos casos de consciência.Passagem do princípio universal ao particular.Domínio de uma percepção sacramentalista da vida cristã.Por outro lado, procurava-se responder às necessidades de uma época. Como responder às dificuldades da consciência?

19. Sacramentos e consciência moral.

Planetarização da razão ocidental.

Sentidos da consciência:objeção;adesão.

2. Responsabilidade, adesão pessoal – liberdade de consciência.3. Voz interior.Lugar das decisões pessoais com função dos juízos de valores.

Autonomia e consciência.Como agir tendo em mente a autonomia, a consciência, haja vista esta ser individual e livre?É possível renunciar à consciência pela pacificação?Negar totalmente a consciência é possível?Como conciliar consciência e liberdade?O problema da liberdade já aparece na gênese do Cristianismo.Encíclica Mirabilis vocis [?].

Temas congêneres à teologia fundamental.a) Liberdade – liberdade da pessoa.b) Antropologia cristã.A pessoa tem sua imagem distinta que se configura à imagem e semelhança de Deus.A Trindade é o paradigma singular da ética cristã. Isso se dá na figura de Jesus Cristo.Configurar-se ao agir da Trindade, eis o imperativo da teologia moral cristã.

Elemento essencial que aí se institui e assume proporções enormes é a graça.A lei do amor () é o que fundamenta a moral cristã.

Moral e Igreja.

Moral e tradição eclesial.O Espírito age na história e nos pequenos acontecimentos do povo de Deus?

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O problema aqui discutido, diz respeito à Tradição.O Espírito age nas envergaduras do agir humano.

A presença do Espírito na Igreja ajuda-a a ter um comportamento apropriado a cada momento da história.

Capítulos da moral:a) moral social;b) moral sexual;c) bioética.O pano de fundo será sempre o mesmo. A dimensão trinitária do agir do homem segundo a conformação do agir de Jesus Cristo permanece sempre.

TEMÁRIO

Tese 9: A teologia sistemática como reflexão sobre a fé no Deus que se revela na história.É a priori que Deus se revela na história. “Aprouve Deus, em sua bondade e sabedoria, revelar-se a si mesmo e tornar conhecido o mistério de sua vontade” (...) (Ef 1,19).A descrição global segue o duplo objetivo da comunicação e da “concentração cristológica”. Na C. D.V. procura-se expor com olhar trinitário o mistério (sacramentum) da “auto-revelação” de Deus, por Cristo e no seu Espírito. Este anuncia a concentração na pessoa de Cristo, sacramento de Deus. O desígnio de Deus é dar aos homens acesso e participação na vida trinitária.

Para tanto, Deus se dirige aos homens como a amigos (Ex 33,11; Jo 15,14-15). A linguagem da comunicação e desse encontro, é do relacionamento e do convite à comunhão. Pela revelação, Deus, como Sabedoria, “conversa com os homens” (Br 3,38). Esse plano de revelação se concretiza através de acontecimentos e palavras conexos entre si, pois as obras realizadas por Deus na história da salvação manifestam e corroboram os ensinamentos e as realidades significadas pelas palavras (...)” (n. 2).

A economia da revelação passa por gestos e palavras dentro da solidariedade do ver e do ouvir. “O conteúdo profundo da verdade da parte de Deus e da salvação do homem se nos manifesta por meio dessa revelação em Cristo, que é mediador e plenitude de toda a revelação” (n. 2).O Cristo em pessoa, “Palavra substancial do Pai”, é o ápice dessa revelação. É o revelador, o mediador dela, “o mensageiro e o conteúdo da mensagem“.

2. A Revelação é uma longa história (n. 3).

A revelação é apresentada na moldura da história da salvação. Como esta e solidária com ela a revelação caminha. Quanto mais Deus se revela, mais Ele se dá, mais Ele salva.Nessa revelação há três etapas: 1) A primeira base das demais é a revelação cósmica – ligada, desde os primórdios, à revelação pessoal e gratuita de Deus. Foi destinada não somente a uma vocação à comunhão com Deus, mas também uma revelação do mesmo nível. O desígnio divino é comunicar-se pessoalmente com a humanidade.

2) A segunda vai do pecado de origem até Abraão. Após a queda, Deus promete a redenção, como se pode entrever no “proto-evangelho” de Gn 3,15. Ele continua a cuidar do gênero humano “permanentemente”, para dar a vida eterna aos que o procuram. Deus continua a propor sua graça e, por isso mesmo, algum tipo de revelação, expressões de sua vontade salvífica universal (1Tm 2,4). Ele “vela” pelo ser humano sempre, para conduzi-lo a uma única salvação: a vida eterna em Cristo.

3) A terceira etapa vai de Abraão ao Evangelho. Resume toda a economia do A.T., dos Patriarcas e os Profetas. Deus escolhe um povo para lhe confiar uma missão. Essa pedagogia de preparação passa pela Lei e pelos Profetas. É uma história que converge para a vinda de Cristo.

4) A revelação que se completa em Cristo. “Depois de ter falado de muitos modos pelos Profetas, Deus ultimamente, (...) falou-nos pelo Filho” (Hb 1,1-2). Agora é o Filho que nos conta a boa-nova, dando-se a nós. Depois das revelações parciais, o revelador absoluto, a “palavra-síntese”, Cristo, o “exegeta” do Pai (Jo 1,18) narra-nos os segredos de Deus.“O destino humano de Cristo é a revelação absoluta e pura de Deus” (K. Rahner).

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O Verbo é enviado no bojo de uma missão trinitária. Ele vem do Pai, que lhe dá uma missão e, por sua vez, envia o E.S.5) A fé, resposta do homem à revelação (n. 5). “Ao Deus que se revela deve-se à obediência da fé” (...) (Rm 16,26).Nasce daí o diálogo. A fé cristã é inteiramente diálogo entre Deus e os homens. Um diálogo de salvação. A origem transcendente do diálogo está no plano de Deus.

Tese 11: O Reino de Deus compreendido como centro da pregação de Jesus de Nazaré.“A realidade histórica vive as contradições do fazer humano e o esforço dos cristãos é diagnosticar e discernir os sinais de Deus nesta única história que é prenhe de salvação e amor divino”.

Como verificar na história, nas contradições que nela se apresentam, que ele é prenhe da salvação e de amor divino?A expressão “Reino de Deus” ocorre 122 x no N.T., sendo 99 x nos evangelhos sinóticos e, destas, 90 x pertencem às palavras de Jesus.Na história da Igreja a palavra “Reino de Deus” foi concebida dos seguintes modos. Nos Padres reconhecemos três dimensões na explicação desta palavra-chave:

1) designação cristológica. Orígenes caracteriza Jesus como auto basiléia, i.é., como o reino de Deus em pessoa. Jesus mesmo é o “Reino”; a expressão em si mesma, seria como que uma cristologia oculta: no prodígio que é Deus mesmo que está em Cristo presente entre os homens. Cristo presença de Deus, conduz os homens para Ele através do modo como Ele fala do “Reino de Deus”.

2) Designação idealista ou mística, a qual vê o Reino de Deus situado na interioridade do homem.No escrito sobre a oração, Orígenes diz: “quem reza pela chegada do reino de Deus reza sem dúvida pelo Reino de Deus que ele já leva em si mesmo e pede para que este Reino produza frutos e para que chegue à sua plenitude. Pois em cada homem santo, Deus domina (= é soberania, Reino de Deus).3) explicação eclesiológica: o Reino de Deus e a Igreja são colocados de um modo distinto um em relação ao outro e mais ou menos aproximados um do outro. Qual foi a fé de Jesus, o que ela proclamou?O que é o Reino?Reino (malkut (heb.) basiléia) designa a realeza de Deus sobre o mundo, a qual de um modo novo se torna acontecimento na história.O “Reino de Deus” fala da condição senhorial de Deus ou da soberania de Deus.O conteúdo da “mensagem de Jesus sobre o Reino” radica no A.T, que Ele, no seu movimento progressivo desde os inícios em Abraão até sua hora, lê como um todo, o qual precisamente se se capta a totalidade deste movimento – conduz diretamente a Jesus.A partir do séc. VI a.C o Reino de Deus torna-se expressão da esperança a respeito do futuro.A soberania de Deus, o divino ser senhor sobre o mundo e sobre a história, transcende o momento, transcende a história no seu todo e vai para além dela; a sua dinâmica interna conduz a história para além de si mesma. No entanto, o Reino é ao mesmo tempo algo sempre presente – presente na Liturgia etc. –, presente como força que transporta o jugo de Deus e assim alcança antecipadamente a sua parte no mundo futuro.

O agir de Jesus que acontece no E.S. revela o “Reino de Deus”. Torna-se presente Nele e por Ele.Através da presença e atuação de Jesus, Deus irrompe como atuante na história. N’Ele Deus está agora em ação e é verdadeiramente Senhor, dominando divinamente através do amor que vai até o “fim” (Jo 13,1), até a cruz.Onde ele surge?

Qual a relevância de seu pensar sua envergadura hoje?Evangelizar pelo Reino, pois a prática de Jesus que, por sua vez, revela a prática de Deus. A prática de Deus revela o agir de Jesus.Uma questão genético-sintomática se faz necessária colocá-la: situar o Jesus histórico na problemática do Reino.Quais as manifestações metafóricas do Reino.Por que Jesus elegeu o estilo de parábola (parabolesis) para falar do Reino?Segundo o estudioso do Novo Testamento, Joaquim Jeremias, há 86 modos de falar do Reino no N.T.

Por que Jesus não se auto-proclamou ?Quais são sinais do Reino? Como eles se apresentam?

Tese 20: A moral entendida como defesa intransigente da vida.

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Page 21: De Universa

Sobre um ponto tão delicado que implica a relação homem-Deus, natural-sobrenatural, razão-Revelação e que tem um mesmo autor, Deus, merece igual respeito e exige apoio mútuo.Temas que envolvem vida e morte, princípio e fim da existência humana afetam profundamente a consciência do homem, a bioética e o aborto nesse terreno se inserem.Bioética (bios + ethos) pode ser definida como um estudo sistemático do enquadramento humano na área das ciências humanas e da atenção sanitária, quando se examina esse comportamento à luz dos valores e princípios morais.Bio, representa o conhecimento dos sistemas, a ciência dos sistemas vivos; ethos, designa o conhecimento dos sistemas de valores humanos.Deverá ser uma ética racional que, a partir da descrição do fato cientifico, biológico e médico, analisa racionalmente a liceidade da intervenção do homem sobre o outro. A reflexão que aqui se impõe, tem seu ser imediato e sua referência última em Deus, que é valor Absoluto. Nessa linha, faz-se necessário e normal seu confronto com a Revelação cristã e com as concepções filosóficas.

1. Bioética e teologia moral.(A congregação da Doutrina da Fé elaborou um documento, Donun vitae, 1987)15.A moral médica, parte da moral voltada para a formação de quem trabalha na área da saúde – considera as intervenções inerentes à bioética à luz da fé e, por isso, à luz da Revelação cristã, especificada pelo Magistério: tem sua visão de ser como reflexão sobre o dado da fé e sobre a aplicação da lei divina no comportamento humano.A reflexão racional e deontológica sobre a vida humana se faz necessária, sobremodo sobre a licitude das intervenções acerca do homem pelo médico e pelo biólogo.Ora, a vida humana é um bem e antes de qualquer coisa, um valor natural. Tornou-se um bem precioso, pela graça e dom do E.S. e não cessa ser para todos e, particularmente para os crentes, um valor inatingível. A Igreja não nega o valor da razão e a legitimidade da ética racional (= natural).Essas considerações são também válidas para o aborto.Aborto (abortus), significa privação do nascimento; provém de ab (i.é., privação) e ortus (nascimento).O aborto é considerado pelo posicionamento da Igreja, tem como fundamento das reflexões a priori, e como Faktum der Vernunft, que a vida é igual para todos os homens e o imperativo de respeitá-la é dever do homem enquanto homem.

2. Posicionamento do Magistério. Baseia-se:1) Na visão natural (ordem estabelecida por Deus), pois a moral tem princípios absolutos e indiscutíveis, iluminados pela “teologia escatológica”, porque apontam para uma situação ideal do ser humano, da sociedade e da ação histórica;2) A vida deve ser respeitada e protegida de maneira absoluta a partir da concepção (Cat. I. C);3) Deve-se reconhecer os direitos da pessoa – do ser humano – desde os primeiros momentos de sua existência, entre os quais o direito inviolável de todo ser humano à vida.4) A base do juízo moral sobre isso, não reside em atos predeterminados como intrinsecamente maus, mas no respeito da pessoa ao chamado de Deus nas realidades concretas da existência;5) A “identidade humana” do embrião constitui a argumentação basilar da fundamentação do direito à vida, direito fundamental e prioritário, embora não absoluto;6) A GS (n. 27; 51) condenam o aborto (cf. Evangelium vitae).

15 Instrução sobre o respeito à vida humana nascente e da dignidade da procriação. É uma resposta a algumas questões atuais. Acerca da conformidade com os princípios da moral católica das técnicas biomédicas que consentem em intervir na fase inicial da vida humana e nos próprios processos da procriação.

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