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RAPHAEL MOTTA HIRTZ RAPHAEL MOTTA HIRTZ Advogado Advogado OAB-RR 543 OAB-RR 543 EXCELENTÍSSIMO SENHOR SECRETÁRIO MUNICIPAL DE GESTÃO AMBIENTAL E ASSUNTOS INDÍGENAS DO MUNICÍPIO DE BOA VISTA – RR LIGIA HELENA LIMA GUTIERRE , brasileira, união estável, servidora pública estadual, portadora da carteira de identidade RG nº. 170.447 SSP/RR e do CPF/MF nº. 513.558.762-49, residente e domiciliada na Rua Nilo Melo, nº. 183 – Bairro 31 de março, nesta capital, por seu Advogado ao final assinado, conforme procuração em anexo (Doc. 01), vem perante Vossa Excelência, com fulcro no Art. 25 da Lei Municipal nº. 513/00 e demais dispositivos legais aplicáveis à espécie, apresentar: DEFESA ADMINISTRATIVA Av. Mário Homem de Melo n.º 652 – Centro – Boa Vista – RR – Cep: 69301-200 Tel.: (95) 3224-6785 – Fax: (95) 3224-8596 – Cel: (95)8111-2752 E-mail: [email protected] 1

Defesa Ambiental

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OAB-RR 543OAB-RR 543

EXCELENTÍSSIMO SENHOR SECRETÁRIO MUNICIPAL DE

GESTÃO AMBIENTAL E ASSUNTOS INDÍGENAS DO MUNICÍPIO

DE BOA VISTA – RR

LIGIA HELENA LIMA GUTIERRE, brasileira, união

estável, servidora pública estadual, portadora da carteira de

identidade RG nº. 170.447 SSP/RR e do CPF/MF nº. 513.558.762-49,

residente e domiciliada na Rua Nilo Melo, nº. 183 – Bairro 31 de

março, nesta capital, por seu Advogado ao final assinado, conforme

procuração em anexo (Doc. 01), vem perante Vossa Excelência, com

fulcro no Art. 25 da Lei Municipal nº. 513/00 e demais dispositivos

legais aplicáveis à espécie, apresentar:

DEFESA ADMINISTRATIVA

Ao AUTO DE INFRAÇÃO Nº. 000763 – SÉRIE-E, e ao

TERMO DE EMBARGO Nº. 000496 – SÉRIE-E, pelos motivos fáticos

e jurídicos a seguir expendidos:

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I – DA TEMPESTIVIDADE

A Defendente recebeu o Auto de Infração e o Termo de

embargo no dia 16/02/2011. Conforme disposição inserta no Art. 25

da Lei Municipal nº. 513/00, o prazo para apresentação da

presente defesa é de 15 (quinze) dias contados da ciência da

autuação.

De acordo com o Art. 184 do Código de Processo

Civil, para o cômputo do prazo, será excluído o dia de início e incluído

o dia do vencimento. Seguindo-se essa regra, a fluência do prazo teve

seu início no dia 17/02/2011 e se expirará somente no dia

03/03/2011, conferindo, portanto, tempestividade a presente

Defesa.

II – SUMÁRIO FÁTICO

A Defendente é proprietária de um lote de terras

urbanas com 440,00 m², situado na Rua Capitão Bessa, nº. 781 –

Centro, nesta capital, conforme certidão expedida pelo Cartório de

Registro de Imóveis (Doc. 06 a 09). O referido lote de terras foi

adquirido dos herdeiros do senhor JOÃO RIBEIRO DA CRUZ em 17

de agosto de 2010.

Sobre o terreno encontra-se edificada uma casa

que se destinava à moradia dos antigos proprietários que ali

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residiram por aproximadamente mais de 30 (trinta) anos. Vale

ressaltar que o Poder Público Municipal outorgou o título

definitivo da citada propriedade em 17 de agosto de 1995.

Em razão da precariedade do imóvel edificado

sobre o terreno em questão, a Defendente contratou os serviços

de profissional especializado para sua reforma e adaptação, com

intuito de ali residir com sua família, haja vista atualmente residir

em imóvel alugado.

Cumpre esclarecer que antes de iniciar os trabalhos, a

Defendente buscou informações junto à Secretaria Municipal

de Obras e Urbanismo acerca dos trâmites a serem seguidos,

sendo informada que seria necessária a elaboração de um

projeto técnico contendo planta baixa, planta elétrica, planta

hidráulica, memorial descritivo, cronograma de execução,

além do registro no CREA (Conselho Regional de Arquitetura e

Urbanismo) e na própria Secretaria Municipal de Obras e

Urbanismo para posterior averbação junto ao Cadastro Imobiliário

Municipal, ou seja, após a conclusão das obras, etapa em que se

efetua a vistoria final e expedição do Habite-se. Note-se que em

momento algum a Defendente foi orientada a procurar o

órgão ambiental municipal para que efetuasse o

licenciamento ambiental requerido.

Cumpridas as exigências supracitadas, deu-se início

aos trabalhos de reforma e melhoria do imóvel, porém, No dia 16 de

fevereiro do ano em curso, uma equipe de fiscais ambientais

compareceu ao seu imóvel, motivada por denúncia, onde foi

lavrado o Auto de Infração nº. 000763 – Série-E (Doc. 04), que

resultou na aplicação de multa no valor de R$ 15.000,00 (quinze

mil reais) sob a alegação de que a Defendente é:

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“Responsável pela construção de um muro em

alvenaria, instalação preliminar (Buracos) p/ coluna

estrutural de uma ampliação residencial em um

imóvel localizado na Área de Preservação

Permanente (APP) da margem direita do Rio Branco,

coordenada geográfica N 2° 49’ 23.8” e O 60° 39’

37.1”, Rua Capitão Bessa, 781, Centro, sem o devido

Licenciamento Ambiental.” (Grifo nosso)

Além do Mencionado Auto de Infração, a equipe de

fiscalização também embargou a obra por meio do Termo de

Embargo nº. 000496 – Série-E (Doc. 05), sob a seguinte

justificativa:

“Fica embargada as construções civis localizadas na

Área de Preservação Permanente – APP do Rio

Branco, localizada na Rua Capitão Bessa, 781,

Centro. Coordenada geográfica N 2° 49’ 23.8” e O 60°

39’ 37.1”, em virtude de falta de Licenciamento

Ambiental. Base legal: Art. 101, Inc. II do Dec.

Federal 6.514/08.”

Tal atitude deixou bastante surpresa a Defendente,

pois, como já mencionado, seguiu todas as orientações

repassadas pela Secretaria Municipal de Obras e Urbanismo

para a realização dos serviços de reforma e melhoria de seu imóvel.

Frise-se nobre Secretário que ao edificar o muro do

imóvel em questão, não houve qualquer agressão ambiental, haja

vista existir anteriormente naquele local cerca delimitando as

propriedades vizinhas, ou seja, houve apenas a substituição da

citada cerca pelo muro, não trazendo quaisquer prejuízos ao

ecossistema ali existente.

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Outro ponto que merece o devido esclarecimento são

as dimensões da obra a ser realizada naquela espacialidade, que,

saliente-se, ocupará a mesma área atualmente construída em

razão do aproveitamento da edificação existente, prevendo

apenas a construção de um segundo piso, conforme planta baixa em

anexo (Doc. 13).

De se notar que a região onde se encontra edificado o

imóvel da defendente é atendida por todos os serviços essenciais,

tais como: água tratada, energia elétrica, telefonia fixa, rede

de esgoto sanitário, arruamento e pavimentação asfáltica, ou

seja, dispõe de todos os elementos essenciais à demonstração

de urbanização da área.

Atualmente se encontram edificadas diversas

moradias edificadas naquela região, muitas delas com mais de

50 (cinqüenta) anos, conforme demonstra o levantamento

fotográfico em anexo (Doc. 14 a 24).

Do exposto ilustre Secretário, de se notar que a

Defendente agiu de boa-fé, sob a presunção de que o imóvel o qual

adquiriu já possuía as licenças necessárias junto ao Poder Público

Municipal, em razão das informações que obteve junto à Secretaria

Municipal de Obras e urbanismo, que de certa maneira se mostraram

incompletas e induziram-na ao erro.

Assim sendo, tanto a multa aplicada por meio do Auto

de Infração quanto o Termo de Embargo ora combatidos se mostram

injustos, merecendo desse respeitável órgão a atenção necessária no

tocante à sua anulação, amparando-se nos fundamentos a seguir

demonstrados.

Eis o sucinto relato dos fatos.

III – PRELIMINARMENTE

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Não merecem prosperar o Auto de Infração e o Termo

de Embargo, como se verificará a seguir:

1. DA NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO E DO

TERMO DE EMBARGO

Tanto o Auto de Infração como o Termo de Embargo

lavrados em 16/02/2011 identificaram o autuado – DENYLSON

NANTES DE OLIVEIRA - como sendo proprietário do imóvel

localizado na Rua Capitão Bessa nº. 781, Centro.

Como já demonstrado, o imóvel em questão é de

propriedade da Defendente, que, repise-se, não praticou

quaisquer das condutas descritas nos supracitados documentos.

Nesse sentido, não merecem prosperar o Auto de

Infração e o Termo de Embargo, haja vista tais documentos terem

sido dirigidos à pessoa diversa da relação jurídica, ou seja, ilegítima

para figurar em seu pólo passivo.

É cediço que o direito de defesa é garantido pela

Constituição Federal, ainda que se trate de procedimento

administrativo, nos termos do Art. 5º, inc. LV, da Constituição Federal:

“LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e

aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla

defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”.

Portanto, ao dirigir Tanto o Auto de Infração quanto o

Termo de Embargo à pessoa que não deva suportar as conseqüências

da demanda, o Poder Público Municipal violou o princípio

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constitucional da ampla defesa e do contraditório, que consiste em

um dos alicerces do Estado Democrático de Direito brasileiro.

Acerca da Legitimidade passiva, trazemos à colação

ensinamento do eminente processualista VICENTE GRECO FILHO,

que do alto de seu saber jurídico leciona:

“A legitimação, para ser regular, deve verificar-se no pólo ativo e

no pólo passivo da relação processual. O autor deve estar

legitimado para agir em relação ao objeto da demanda e

deve propô-la contra o outro pólo da relação jurídica

discutida, ou seja, o réu deve ser aquele que, por força da

ordem jurídica material, deve, adequadamente, suportar

as conseqüências da demanda.” (In Direito Processual civil

Brasileiro. 21ª edição. São Paulo: Saraiva, 2009. Pág. 83) (Grifo

nosso)

No mesmo diapasão, os Tribunais pátrios perfilham tal

entendimento, como se verifica do aresto abaixo colacionado:

“PROCESSO CIVIL. ILEGITIMIDADE PASSIVA. INOVAÇÃO DO

PEDIDO E DA CAUSA DE PEDIR NO RECURSO. 1 - Sendo a

relação jurídica de direito material estabelecida com

pessoa diversa daquela que figura no pólo passivo da

relação processual, há ilegitimidade passiva, que leva à

extinção do feito sem exame de mérito. 2 - Inviável, na

apelação, alterar a causa de pedir e o pedido (CPC, Arts. 264,

parágrafo único e 517). 3 - Apelação não provida.” (APC

nº. 20060110711725 (312348), 6ª Turma Cível do TJDFT,

Rel. Jair Soares. j. 02.07.2008, unânime, DJU 09.07.2008,

p. 68) (Grifo nosso)

Por todo o exposto, requer que seja reconhecida a

ilegitimidade passiva do autuado, decretando a nulidade do

AUTO DE INFRAÇÃO Nº. 000763 – SÉRIE-E e do TERMO DE

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EMBARGO Nº. 000496 – SÉRIE-E, em ato contínuo, seja anulada a

multa aplicada, tendo em vista não ter praticado as infrações

narradas nos referidos autos, haja vista a área onde supostamente

ocorreram os fatos não ser de sua propriedade.

IV – DO MÉRITO

Como dito alhures, a Defendente não praticou

quaisquer das condutas descritas tanto no AUTO DE INFRAÇÃO Nº.

000763 – SÉRIE-E quanto no TERMO DE EMBARGO Nº. 000496 –

SÉRIE-E, no entanto, atendendo o princípio de eventualidade, caso

ultrapassada a preliminar argüida, passamos a examinar o mérito, em

razão dos fatos e documentos acostados a presente Defesa

Administrativa.

1. DO DIREITO ADQUIRIDO

Como já mencionado, a ocupação da área em questão

remonta há mais de 30 (trinta) anos, contando com a

anuência do Poder Público Municipal, conforme se constata

através da Certidão do Cartório de Registro de Imóveis acostada

em anexo.

Do anteriormente exposto, há no caso em apreço a

figura da pré-ocupação, não podendo o Poder Público Municipal, após

o interregno de significativo lapso temporal insurgir-se

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mediante tal situação sob pena de estar ferindo o direito

adquirido.

Nesse sentido, balizamo-nos pela mais autorizada

doutrina sobre o tema, qual seja, a cátedra do ilustre publicista HELY

LOPES MEIRELLES, que em breves linhas assevera:

“O mais sério problema a ser resolvido é o da pré-

ocupação de bairros ou áreas por indústrias e outras

atividades poluidoras que, posteriormente, venham a ser

consideradas em uso desconforme, diante da nova

legislação para o local. Em tais casos não pode a

Administração paralisar sumariamente essas indústrias e

atividades, nem lhes reduzir a produção, porque isto

ofenderia o direito adquirido em conformidade com as

normas legais anteriores.” (In Direito Municipal Brasileiro,

15ª Edição, São Paulo: Malheiros, 2007. Págs. 570 e 571)

(Grifos nossos)

Perfilhando esse entendimento, os Tribunais pátrios

têm assentado o seguinte entendimento:

“CONSTITUCIONAL E AMBIENTAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.

OCUPAÇÃO IRREGULAR DE ÁREA DE PRESERVAÇÃO

PERMANENTE. DANOS CAUSADOS. ÁREA SITUADA NO

PERÍMETRO URBANO. RESPONSABILIDADE DO MUNICÍPIO.

1. É de competência do município a fiscalização das áreas

de preservação permanente, quando situadas no

perímetro urbano, atuando a União apenas supletivamente

(artigo 22, parágrafo único, da Lei nº 4.771/65 - Código Florestal,

incluído pela Lei nº 7.803/89, c/c o artigo 2º, parágrafo único, do

mesmo Código). 2. A Lei Municipal nº 1.933/98, em seu

anexo 1, demonstra que a delimitação do perímetro

urbano de Teresina/PI envolve o rio Poty, em que está

situada a área objeto do litígio, evidenciando a

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responsabilidade do Município na fiscalização da área de

preservação permanente, tendo sua omissão contribuído

para a ocorrência dos danos relatados nos autos, em

decorrência de sua desídia ter permitido a ocupação

irregular por posseiros. 3. Demonstrada a ocorrência dos

danos ambientais na margem do rio Poty e a

responsabilidade do município por não ter evitado tal fato,

mediante a devida fiscalização, de modo a impedir a sua

ocupação ilegal, impõe-se o seu dever de repará-los,

independentemente da área ser de sua propriedade ou não. 4. O

Poder Público não se exime de sua responsabilidade na proteção

e defesa do meio ambiente alegando a omissão do particular

responsável pelo dano. Decorrência de seu poder de polícia e do

dever imputado pela Constituição Federal e ressalva da ação de

regresso. Precedente deste Tribunal (TRF 1ª Região, AG

199801000976736, 3ª Turma Suplementar, Rel. Convocado

Convocado Julier Sebastião da Silva, DJU de 09.07.2001, p. 60). 5.

Não provimento da apelação e da remessa oficial.” (Apelação

Cível nº 2000.40.00.005669-1/PI, 6ª Turma do TRF da 1ª

Região, Rel. Maria Isabel Gallotti Rodrigues, Rel.

Convocado David Wilson de Abreu Pardo. j. 06.08.2007,

unânime, DJU 03.09.2007)

“DIREITO AMBIENTAL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL

PÚBLICA. EDIFICAÇÃO EM ÁREA PRESERVAÇÃO

AMBIENTAL. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DO

MUNICÍPIO. 1. Compete ao município a fiscalização das

questões referentes às áreas de preservação ambiental de

interesse local, sendo a atuação do Estado e da União

puramente supletiva. 2. O apelante incorreu em omissão ao

deixar de fiscalizar área de preservação ambiental de sua

alçada, devendo ser responsabilizado solidariamente pela

construção indevida. 3. Apelação a que se nega provimento.”

(Apelação Cível nº 373733/PB (2002.82.00.009188-7), 4ª

Turma do TRF da 5ª Região, Rel. Des. Fed. Ivan Lira de

Carvalho. j. 13.12.2005, unânime, DJU 31.01.2006)

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(Grifos nossos)

Como se observa no caso em apreço, o direito

adquirido da Defendente, mesmo que de maneira derivada,

deve prevalecer, haja vista ter agido sob a presunção de

legalidade, pois, como dito alhures, o imóvel objeto da reforma

já existia, presumindo-se a existência das autorizações

necessárias, somado ao fato das informações incorretas

prestadas pela secretaria Municipal de Obras e Urbanismo

que corroboraram para a consumação tanto do Auto de

infração quanto do Termo de Embargo.

Posto isso nobre Secretário, não podem prosperar

tanto o Auto de Infração nº. 000763 – Série-E quanto o Termo de

Embargo nº. 000496 – Série-E por estarem colidindo diretamente

com o postulado consignado no Art. 5º, inciso XXXVI da Constituição

Federal.

2. DO ENQUADRAMENTO LEGAL

Observando-se o Auto de Infração nº. 000763 –

Série-E e o Termo de Embargo nº. 000496 – Série-E, de se notar

que a capitulação empregada norteou-se pelos seguintes dispositivos

legais a seguir transcritos:

Lei Federal nº. 4.771/65, alínea “a”, item 5:

“Art. 2º Consideram-se de preservação permanente, pelo só efeito

desta Lei, as florestas e demais formas de vegetação natural

situadas:

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a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu

nível mais alto em faixa marginal cuja largura mínima seja:

[...]

5) de 500 (quinhentos) metros para os cursos d'água que tenham

largura superior a 600 (seiscentos) metros;”

Decreto Federal nº. 6.514/08, Art. 43:

“Art. 3º As infrações administrativas são punidas com as

seguintes sanções:

[...]

II - multa simples;

[...]

VII - embargo de obra ou atividade e suas respectivas áreas;

[...]

Art. 43. Destruir ou danificar florestas ou demais formas de

vegetação natural ou utilizá-las com infringência das

normas de proteção em área considerada de preservação

permanente, sem autorização do órgão competente,

quando exigível, ou em desacordo com a obtida: (Redação

dada pelo Decreto nº. 6.686, de 2008).

Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 50.000,00 (cinqüenta

mil reais), por hectare ou fração”.

[...]

Art. 101. Constatada a infração ambiental, o agente autuante, no

uso do seu poder de polícia, poderá adotar as seguintes medidas

administrativas:

[...]

II - embargo de obra ou atividade e suas respectivas áreas;”

Lei Municipal nº. 513/00, art. 9º.

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“Art. 27 – As pessoas físicas ou jurídicas, inclusive as entidades da

administração pública indireta, que causarem poluição e/ou

degradação dos recursos naturais no território do

Município de Boa Vista, ou que infringirem qualquer dispositivo

desta Lei, de seus regulamentos, normas decorrentes e demais

legislações ambientais, ficam sujeitas às seguintes penalidades:

[...]

b) Multa no valor mínimo correspondente de 05 (cinco) UFIR

(Unidade Fiscal de Referência) até o valor máximo de 500.000

(quinhentas mil) UFIR;

[...]

d) Suspensão parcial ou total das atividades, até a correção da

irregularidade;”

Como se observa dos dispositivos legais acima

elencados, em especial o Art. 43 do Decreto 6.514/08, o mesmo

prevê, para sua consumação a efetivação dos seguintes núcleos da

conduta: Destruir ou danificar florestas ou demais formas de

vegetação natural ou utilizá-las com infringência das normas

de proteção em área considerada de preservação

permanente, sem autorização do órgão competente, quando

exigível, ou em desacordo com a obtida.

Do exposto, percebe-se claramente que, para a

configuração da infração capitulada no Auto de Infração nº.

000763 – Série-E seria imprescindível a consumação dos núcleos

“destruir” ou “danificar” previstos no tipo legal acima citado, além

do elemento objetivo “florestas ou demais formas de vegetação

natural”, o que seria impossível, haja vista a ocupação do imóvel da

Defendente e dos demais imóveis situados à margem direita do Rio

Branco, como já mencionado, remontarem há mais de 30 (trinta)

anos, como se demonstra pelas fotografias acostadas em anexo.

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Acerca da tipicidade nos crimes ambientais,

importante trazer à tona rico ensinamento do mestre e profundo

conhecedor da matéria ÉDIS MILARÉ, que define claramente os

contornos essenciais à sua caracterização, vejamos:

“Em tais casos, a conduta típica depende da transgressão

de normas a que a incriminação do fato se refere e que

devem ser necessariamente consideradas pelo juiz para

estabelecer a tipicidade do comportamento do agente.” (In

Direito do Ambiente. 6ª edição revista e ampliada. São

Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. Pág. 889)

(Grifos nossos)

Corroborando a tese suso elencada, os Tribunais

pátrios se manifestam com clarividência acerca dos requisitos para

sua caracterização, como se percebe através do julgado abaixo

colacionado que se amolda perfeitamente ao caso em tela:

“PENAL. CRIME AMBIENTAL. ART. 38 DA LEI Nº. 9.605/98.

FLORESTA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. DESTRUIÇÃO,

DANO OU UTILIZAÇÃO COM INFRINGÊNCIA DAS NORMAS

DE PROTEÇÃO. AUTORIA NÃO DEMONSTRADA. 1. Não

existem provas nos autos de que o réu tenha praticado a

conduta que lhe foi atribuída na denúncia. 2. Meros

indícios ou conjecturas não bastam para firmar um decreto

condenatório, que deve alicerçar-se em provas estremes

de dúvidas, o que inocorre na hipótese dos autos, onde, no

ponto, tem lugar o princípio “in dubio pro reo”. 3.

Apelação improvida”. (Apelação Criminal nº.

2003.43.00.002748-2/TO, 4ª Turma do TRF da 1ª Região,

Rel. Hilton Queiroz, Rel. Convocado Ney Barros Bello Filho.

j. 16.06.2008, unânime, e-DJF1 07.07.2008, p. 59). (Grifos

nossos)

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OAB-RR 543OAB-RR 543

Em igual sentido:

“APELAÇÃO CÍVEL. MANDADO DE SEGURANÇA. ATO DA

POLÍCIA AMBIENTAL. INTERDIÇÃO DE ESTABELECIMENTO

INDUSTRIAL. FATOS DANOSOS AO MEIO AMBIENTE NÃO

DISCRIMINADOS NO TERMO. ALEGAÇÃO GENÉRICA DE

INOBSERVÂNCIA ÀS CONDIÇÕES PREVISTAS NA LICENÇA

AMBIENTAL. MOTIVAÇÃO GENÉRICA QUE MACULA O ATO

ADMINISTRATIVO DE NULIDADE. NÃO INSTAURAÇÃO DO

PROCESSO ADMINISTRATIVO. INDISPENSABILIDADE PARA

A COMINAÇÃO DA PENA DE INTERDIÇÃO. ART. 5º, INCISOS

LIV E LV, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. ARTS. 6º, 70, § 4º, E

72, INCISO VI, DA LEI Nº 9.605, DE 12.02.1998. RECURSO

PROVIDO. 1. A motivação genérica do ato administrativo

equivale à ausência de fundamentação, o que implica na

sua nulidade. Assim, o termo de embargo de atividade que tem

por fundamento a inobservância das condições previstas na

licença ambiental, sem discriminar as condutas danosas ao meio

ambiente, não pode persistir. 2. A aplicação da sanção de

embargo de atividade, em razão de infração ambiental, não

dispensa a prévia instauração do devido processo administrativo,

que assegure o exercício do contraditório e da ampla defesa.”

(Apelação Cível em Mandado de Segurança nº

2006.038654-4, 4ª Câmara de Direito Público do TJSC, Rel.

Jânio Machado. unânime, DJ 13.03.2008).

Do exposto, de se reconhecer que as sanções impostas

no Auto de Infração nº. 000763 – Série-E e no Termo de

Embargo nº. 000496 – Série-E padecem de tipicidade adequada às

condutas descritas, ensejando desde já a sua nulidade, sob pena

de se estar ferindo mortalmente a legalidade e a taxatividade

das normas, resultando em cerceamento de defesa, afrontando

os postulados da ampla defesa e do contraditório, consignados no Art.

5º, inciso LV da Constituição Republicana.

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OAB-RR 543OAB-RR 543

3. DA BOA-FÉ DA DEFENDENTE

Como se percebe ilustre Secretário a conduta da

Defendente ao procurar informações junto ao órgão municipal

responsável pela autorização e fiscalização de construções demonstra

inequivocamente a sua boa-fé, não merecendo ser penalizada sua

iniciativa de proceder a reforma em seu imóvel em razão das

errôneas informações prestadas pelo aludido órgão.

Tal conduta merece ser prestigiada por esse notável

órgão, devendo-se também levar em consideração a condição

econômica da Defendente, que é servidora pública e dispõe

apenas do esforço de seu trabalho e parcos recursos, frutos da

economia de uma vida toda, destinados à concretização do sonho da

casa própria para si e sua família, restando demonstrada a

desproporcionalidade da sanção aplicada.

Sendo assim, indubitavelmente seria mais viável que o

poder público municipal, em vez de impor sanção financeira à

Defendente, lhe propiciasse acesso às informações necessárias às

medidas que deve adotar para suprir eventuais carências exigidas

pela legislação pátria, como prevê o artigo 72, § 3º, inciso I e § 4º da

Lei Federal nº. 9.605/98, senão, vejamos:

“§ 3º A multa simples será aplicada sempre que o agente, por

negligência ou dolo:

I - advertido por irregularidades que tenham sido

praticadas, deixar de saná-las, no prazo assinalado por órgão

competente do SISNAMA ou pela Capitania dos Portos, do

Ministério da Marinha;” (Grifos nossos)

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Tal medida em nada prejudicará a administração

pública municipal, ao contrário, contribuirá para o estreitamento dos

laços entre esta e a Defendente em razão de seu caráter educativo,

fortalecendo ainda mais as atividades de preservação ambiental, em

consonância com os ditames da Carta Política de 1988:

“Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

[...]

§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe

ao Poder Público:

[...]

VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de

ensino e a conscientização pública para a preservação do

meio ambiente;” (Grifos nossos)

4. DA DECLARAÇÃO DE AUTENTICIDADE DOS

DOCUMENTOS ACOSTADOS À PRESENTE

DEFESA

O signatário desta petição e patrono da Defendente

declara a autenticidade de todos os documentos carreados aos autos,

requerendo, desde logo, a concessão de oportunidade para

apresentação dos originais perante essa respeitável instituição em

caso de impugnação fundamentada.

V – DO PEDIDO

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OAB-RR 543OAB-RR 543

Pelo exposto e fundamentado, requer a Vossa

Excelência:

a) Seja julgada totalmente procedente a presente

Defesa Administrativa face à inexistência do dano

na forma alardeada;

b) A anulação Auto de Infração nº. 000763 – Série-

E e no Termo de Embargo nº. 000496 – Série-E,

anulando-se, conseqüentemente a multa aplicada,

tendo em vista que a Defendente não praticou as

infrações narradas nos referidos autos;

c) Caso não seja este o entendimento de Vossa

excelência, requer a conversão da pena de multa

em advertência, proporcionando à Defendente a

oportunidade de se regularizar perante esse

respeitável órgão;

d) Desde logo protesta por todos os meios de provas

em direito admitidas, especialmente a realização de

perícias, caso seja necessário;

e) Finalmente requer que todas as intimações à

Defendente sejam encaminhadas, na forma da lei

processual, ao profissional que esta subscreve no

endereço descrito preambularmente.

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Termos em que,

Pede e aguarda deferimento.

Boa Vista – RR, 02 de março de 2011.

RAPHAEL MOTTA HIRTZ

OAB/RR 543

ROL DE DOCUMENTOS EM ANEXO

- Procuração;

- RG e comprovante de endereço da Defendente;

- Auto de Infração nº. 000763 – Série-E e no Termo de Embargo nº. 000496 – Série-

E;

- Certidão do Cartório de registro de Imóveis;

- Escritura Pública de Compra e venda;

- Comprovante de Recolhimento do ITBI;

- Planta de Locação do Imóvel;

- ART/CREA;

- Planta Baixa do Imóvel;

- Levantamento fotográfico.

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